Carta Aberta da SRF - Paramahansa Yogananda

Transcrição

Carta Aberta da SRF - Paramahansa Yogananda
Novembro de 1995
“Foi por um propósito divino que eu vim para a América, e é
pela graça de Deus que este trabalho cresceu. O que fui abençoado a testemunhar em minha vida estava além de meus sonhos.(…) Tem sido um grande sonho, um épico de felicidade.”
Paramahansa Yogananda
Caros Amigos,
Desde o mahasamadhi de Paramahansa Yogananda em 1952, seu
trabalho da Self-Realization Fellowship, a organização que ele fundou na
América para dar prosseguimento à sua missão mundial, continuou a
crescer e a levar a mensagem universal dele aos buscadores da verdade em
todo o mundo. Em 75 anos de serviço, houve muitos acontecimentos
importantes, bem como os inevitáveis desafios que acompanham cada
esforço meritório.
Durante a vida de Paramahansaji, quando ocorriam incidentes que
tinham o potencial para criar confusão e desarmonia, ele fazia seu maior
esforço para trazer à tona o que há de melhor e de mais elevado em cada
pessoa envolvida, enquanto continuava a seguir adiante com plena
confiança. Em todas as circunstâncias, tinha total fé em que a verdade e a
harmonia prevaleceriam no fim, e mantinha seu olhar concentrado nisso.
Este era o seu estilo, e ele encorajava todos nós na SRF a fazermos o
mesmo.
Neste espírito, queremos abordar com vocês a “Carta Aberta da
Ananda Church of Self-Realization, 30 de setembro de 1995”. Cópias desse
documento que contém muitas declarações inexatas e alegações sem
fundamento acerca da honestidade e da integridade da Self-Realization
Fellowship e de seus dirigentes têm sido distribuídas amplamente, não
apenas nos templos da SRF, mas em outros locais públicos. No interesse
da verdade, sentimos que temos a responsabilidade de apresentar os fatos
como os conhecemos, e a nossa esperança é que o evidente mal-entendido
na carta da Ananda será afinal resolvido.
Fundo Histórico
A Ananda é uma organização fundada em 1969 por J. Donald Walters,
no norte da Califórnia. Ex-monge da Self-Realization Fellowship, Sr. Walters
ingressou na Ordem Monástica da SRF no outono de 1948 e recebeu de
Sri Daya Mata os votos finais de sannyas, em 1955. (Nessa época ele
também recebeu o nome monástico de “Kriyananda”.) Ele exerceu o cargo
de vice-presidente da Self-Realization Fellowship de 1960 até 1962, quando o
Conselho de Diretores da SRF (composto de discípulos íntimos,
pessoalmente treinados e nomeados para o Conselho por Paramahansaji)
votou unanimemente por sua demissão. 1
Durante anos o Sr. Walters expressou suas opiniões a respeito da SRF
e de seus dirigentes por meio de cartas e outros escritos. Nos últimos 5
anos, esta campanha escrita tem se agravado e tornado progressivamente
1
Paramahansa Yogananda listou por escrito os discípulos que ele desejava que
servisse no Conselho de Diretores após sua partida. Ele orientou o Conselho para
escolher, conforme necessário, membros adicionais não nomeados especificamente
por ele. Donald Walters não foi designado para o Conselho por Paramahansa
Yogananda, porém eleito por outros membros do Conselho depois da morte do Dr. M.
W. Lewis em 1960.
“A verdadeira religião não
satisfaz às exigências da alma com
palavras e, sim, com provas. Eu
jamais quis ser dogmático a ponto
de deixar de usar minha razão e
meu bom senso. Quando encontrei
meu guru, Sri Yukteswar, ele disse:
“Muitos instrutores lhe dirão para
crer; depois, desviarão seus olhos
da razão e o ensinarão a seguir
apenas a lógica deles. Mas quero
que você mantenha os olhos da
razão bem abertos; além disso,
abrirei em você um outro olho, o
olho da sabedoria.’(…)
“No começo de minha busca
espiritual, na Índia, recusei
terminantemente
filiar-me
a
qualquer organização, pois nelas
não
encontrava
verdades
demonstráveis.
Mas
quando
encontrei meu guru e esta senda,
constatei, por experiência própria,
que ela produzia resultados, e consagrei minha vida a esta causa”.
Paramahansa Yogananda,
em A Eterna Busca do Homem
depreciativa e exaltada em sua natureza. No mínimo uma dúzia de cartas
abertas, escritas por Sr. Walters e outros líderes da Ananda, foram
distribuída aos membros da Ananda bem como (sem serem solicitadas) aos
membros da Self-Realization Fellowship. A carta aberta acima referida é a
mais recente nesta série.
A SRF não tem respondido publicamente a essas cartas altamente
depreciativas; nem nos ocupamos, por respeito à privacidade do Sr.
Walters, com qualquer discussão pública das circunstâncias que se fizeram
necessárias para o Conselho da SRF pedir a demissão dele. 2 Pessoalmente,
no entanto, fizemos numerosas tentativas para chegarmos a um maior
entendimento com ele, até mesmo encorajando-o a continuar servindo o
trabalho de Paramahansaji onde quer que ele estivesse. Em 4 de abril de
1969, Sri Daya Mata escreveu a ele:
Prezado Kriyananda,
Quando você foi removido de seu cargo oficial na SRF, eu o encorajei a
continuar servindo o Mestre. Até o incentivei a continuar palestrando
sobre o Mestre (se isto era tudo que você sabia e queria fazer), e difundir o
nome e o trabalho dele, apresentando os outros à SRF como o canal que o
Mestre estabeleceu para a disseminação da Kriya Yoga e das outras técnicas
e princípios iogues da SRF.(…)
Há tanta coisa que você pode fazer, mesmo no lado de fora, para
realmente servir o Mestre, servindo o trabalho dele em harmonia com as
diretrizes, se você realmente tiver a intenção de fazê-lo. 3 (…) Tudo que
você tem a fazer, Kriyananda, é deixar que suas ações demonstrem as suas
palavras de lealdade e devoção ao Mestre e à SRF, e existirá a harmonia e a
amizade divina desejadas por você e por nós. Se você tivesse sido capaz de
2
A carta aberta da Ananda, datada de 30 de setembro de 1995, afirma que o Sr.
Walters foi injustamente expulso, e que esta decisão foi baseada na “análise emocional
de seus motivos para agir”. Tal afirmação nos força a esclarecer, no entanto, que não
foi uma análise subjetiva de seus motivos que levou a sua demissão, mas as ações
específicas de seu padrão básico de comportamento, e que a situação foi discutida com
ele em muitas ocasiões, nos meses que antecederam sua saída. Uma dessas conversas,
por exemplo, está documentada em uma carta que Sri Daya Mata escreveu da Índia
aos membros do Conselho, na América, em 25 de agosto de 1961:
“Conversamos com Kr. [sic], apontando a ele todas as queixas do Conselho ao seu
comportamento (…) e até deixamos claro que estávamos preparados, se necessário,
para tomar as medidas para retirá-lo do Conselho.”
3
Em uma carta escrita durante a época em que o Sr. Walters era responsável por
coordenar as atividades de nossos centros e grupos de meditação, ele próprio explicou
muito claramente os princípios sustentados pela SRF – princípios que ele, agora,
aparentemente rejeita:
“(…) Como organização, somos forçados a tomar certas posições que não seriam
necessárias para nós se não tivéssemos que considerar o bem-estar de outros membros.
Quando, por exemplo, um instrutor da SRF faz mau uso de sua posição como
representante da Organização para minar a fé dos outros devotos, como podemos
continuar reconhecê-lo como instrutor? Pode-se afirmar que o instrutor não está
minando a fé das pessoas nos Gurus, apenas em sua organização. Mas, podemos
verdadeiramente amar o Mestre e não amar o seu trabalho? Podemos verdadeiramente
ser fiéis ao Mestre e não ser fiéis ao seu trabalho? Podemos honestamente supor que
aqueles com quem ele passou anos treinando e testando não sabem o que ele queria, ou
que não tenham, sinceramente, o melhor dos interesses por sua obra? (…)
“Para nós, não é uma questão pessoal. (…) Que as pessoas nos critiquem, se
quiserem; que até nos condenem. Elas têm as nossas boas intenções,
independentemente de suas atitudes para conosco. Quando, porém, elas começam a
espalhar a desarmonia entre os membros, a questão deixa de ser meramente pessoal. O
bem-estar dos outros e do precioso trabalho do Mestre fica comprometido.”
Sri Daya Mata, presidente da SelfRealization Fellowship
“Como respeitamos e amamos a pessoa
que sempre tem uma palavra gentil para
dizer a cada um! Podemos nem sempre ter
paz e compreensão para com os outros,
porque nem todos irão nos compreender.
Cristo teve seus inimigos, mas da parte
dele sempre havia a dádiva do amor.(…) A
melhor maneira de influenciar os outros é
por
meio
de
nossos
corações
compreensivos, de nossa gentileza, de
nossa compaixão e de nosso amor.(…)
“Somos
todos
filhos
divinos,
compartilhando este caminho para Deus
com milhares e milhares de discípulos de
Guruji em todo o mundo.(…) Estamos
unidos no amor divino, na irmandade
divina, na amizade divina; e no objetivo
comum: buscar juntos a Deus e servi-Lo de
qualquer forma que possamos, à medida
que estendemos as mãos à nossa família
maior de todos os seres vivos.”
Sri Daya Mata,
em Finding the Joy Within You
2
fazer isto em todos esses anos que esteve fora da SRF, as propostas em sua
carta bem poderiam ser consideradas sem reservas, para a grande alegria
mútua sua e da SRF, e você sabe (assim espero) quão leve teria ficado o
meu coração. Hoje é determinado pelas ações passadas; o futuro, pelas
ações presentes. Só posso dizer que depende de você.
Sempre oro por você e por seu bem espiritual mais elevado. Meu amor e
amizade nunca mudam.
No amor e no serviço ao Guru,
Daya Mata
Os líderes da SRF corresponderam-se com o Sr. Walters e também se
encontraram com ele pessoalmente em várias ocasiões desde a sua
renúncia, no esforço para obter harmonia. Tal correspondência ocorreu até
recentemente, apesar das depreciativas cartas públicas da Ananda. Por
exemplo, Daya Mataji escreveu a ele em 1994: “Em todos esses anos,
nunca houve, por parte dos líderes da SRF, uma tentativa semelhante de
publicar ou fazer circular qualquer informação derrogatória sobre você ou
a Ananda.(…) Não nutrimos qualquer má vontade com relação a você ou a
qualquer pessoa da Ananda. Buscamos paz e justiça para o trabalho do
Mestre, e também queremos viver em harmonia com devotos como você.
Esperávamos poder respeitar o direito que cada um tem de não concordar,
mas também nos esforçávamos para encontrar uma base comum. Que este
possa ser o nosso objetivo.”
Preservar a Identidade da Organização
Atualmente existem muitos instrutores e caminhos disponíveis para os
buscadores espirituais, muitas avenidas a escolher na jornada de uma
pessoa para a realização divina. Mesmo entre aquelas sociedades que se
inspiram principalmente nos ensinamentos de nosso Guru, existe ampla
margem de interpretações e aplicações de seus princípios e métodos. A
Self-Realization Fellowship, entretanto, como a organização fundada pelo
próprio Paramahansaji, tem uma identidade e missão únicas.
Anos antes, seu guru, Swami Sri Yukteswar, incutiu nele a importância
deste trabalho:
“– Poderia você ou qualquer outra pessoa atingir a comunhão com Deus
através da ioga se uma linhagem de mestres de coração generoso não
tivesse querido transmitir seu conhecimento aos outros? – E acrescentou:
– Deus é o Mel, as organizações são as colméias; ambos são necessários.
Qualquer forma é inútil, naturalmente, sem o espírito, mas por que não
deveria iniciar colméias operosas, cheias de néctar espiritual?
“Seu conselho comoveu-me profundamente. Embora não respondesse,em
meu peito nasceu uma resolução inflexível: compartilharia com meus
companheiros, tanto quanto estivesse em meu poder, as verdades
libertadoras que aprendera aos pés de meu guru. ‘Senhor’, orei, ‘que o Teu
amor brilhe para sempre no santuário de minha devoção e que eu possa
despertar esse Teu amor em todos os corações’.”
“Medite e traga outros a este
caminho da Self-Realization. Este é
o serviço mais elevado que você
pode prestar. Estes são os meus
dias mais felizes. Estou feliz por
dois motivos: pude agradar a Deus,
e fui capaz de cumprir a promessa
que fiz a meu guru, Swami Sri
Yukteswar, de construir este
trabalho da Yogoda Satsanga/ SelfRealization para disseminar a
mensagem da Kriya Yoga.”
Paramahansa Yogananda,
em The Divine Romance
Paramahansa Yogananda, em Autobiografia de um Iogue
Foi para a sua própria organização, e não a de outrem, que
Paramahansaji pessoalmente confiou a responsabilidade de preservar e
difundir os seus ensinamentos de acordo com seus desejos expressos. Uma
das características distintivas da Self-Realization Fellowship é que, desde sua
fundação em 1920 até o mahasamadhi de Paramahansaji em 1952, todas as
atividades e os assuntos organizacionais da SRF foram pessoalmente
dirigidos por nosso próprio Guru. Posteriormente, a liderança de seu
3
trabalho passou para Rajarsi Janakananda, um discípulo íntimo de
Paramahansaji, escolhido por ele para o cargo de presidente da SRF. Sri
Daya Mata, a atual presidente, ingressou na Ordem Monástica da SRF em
1931 e submeteu-se a mais de 20 anos de treinamento espiritual sob a
amorosa orientação de nosso Guru antes de se tornar presidente depois da
morte de Rajarsi, em 1955. Ela é auxiliada por um Conselho de Diretores
composto de vários outros discípulos diretos de Paramahansaji, que foram
igualmente treinados por ele.
Outra característica essencial da SRF é que, de acordo com os desejos
de seu fundador, seu trabalho é orientado pela ordem monástica
estabelecida por Paramahansaji em conformidade com a antiga tradição
monástica da Índia. Os monges e as monjas da SRF (entre eles, ainda estão
muitos daqueles que estiveram com o Guru durante sua vida) fazem votos
de renúncia e são responsáveis por servir aos membros e amigos da SRF
em todo o mundo e orientar as atividades da organização.
Diferenciar a SRF de Paramahansa Yogananda da Ananda
de J. Donald Walters
Naturalmente existem muitas diferenças entre a SRF e a Ananda, já
que ambas as sociedades desenvolveram-se em linhas de ação diferentes.
Mas enquanto seus propósitos, práticas e atividades podem ser
dessemelhantes – a SRF implementando os desejos de Paramahansaji para
o seu trabalho, e a Ananda seguindo as idéias de J. Donald Walters para o
desenvolvimento de sua própria organização – nós sentimos que esse fato
em si próprio não deveria ser a causa de discórdia entre as duas sociedades.
A única preocupação da SRF tem sido para que as duas organizações
sejam claramente diferenciáveis, uma da outra, aos olhos do público.
Através dos anos, desde a fundação da Ananda em 1969, alguns
editoriais, anúncios e outras práticas promocionais dessa sociedade
contribuíram cada vez mais para tisnar as diferenças entre a SRF e a
Ananda. Quando, em 1990, as autoridades da Ananda decidiram mudar o
nome dela para Church of Self-Realization [“Igreja da Self-Realization”], um
nome muito parecido com o da Self-Realization Fellowship Church [Igreja da
Self-Realization Fellowship], as linhas de distinção foram ainda mais apagadas.
(Qualquer pessoa desejando mais informações sobre isto pode solicitar
uma cópia da carta de 8 páginas que preparamos no ano passado para
tratar destes assuntos.)
Independentemente das diferenças entre a SRF e a Ananda, nós
respeitamos todos os devotos da Ananda que estão se esforçando
sinceramente para viver segundo os ensinamentos de nosso Guru. Nossa
responsabilidade é simplesmente defender o lugar distintivo que
Paramahansaji deu a sua própria organização, para que os buscadores da
verdade sejam sempre capazes de distinguir o que ele ensinou das
numerosas variações disponíveis, criadas por outros.
As Acusações da Ananda Contra a SRF
A recente carta aberta da Ananda afirma apresentar os fatos a respeito
de uma miscelânea de eventos que ocorreram nos últimos 30 anos,
coletivamente oferecidos em apoio às alegações do Sr. Walters acerca da
Self-Realization Fellowship e seus dirigentes.
As acusações estão relacionadas principalmente aos seguintes
casos:
• As práticas organizacionais da SRF;
• A política editorial da SRF como editora das obras de Paramahansaji;
Mrinalini Mata, vice-presidente da SelfRealization Fellowship; discípula de
Paramahansa Yogananda desde 1945
(Falando aos membros da SRF em 1993)
“Quando Gurudeva se encarnou, 100
anos atrás, o mundo pouco sabia que esse
ser divino tinha vindo para trazer uma
mensagem universal de amor e luz, uma
mensagem que tocaria os mais longínquos
recantos do globo.(…)
“Disse Emerson: ‘Uma instituição é o
prolongamento da sombra de um homem’.
A Self-Realization Fellowship é, na
verdade, o prolongamento da vida de nosso
abençoado Guru. Nós que estávamos em
volta dele vimos quão profundamente ele
deu a própria vida, sua alegria, seu amor,
seu entusiasmo, para construir esta
instituição para o benefício de vocês e meu
próprio. Ele criou um templo mundial no
qual uma ‘multidão de almas’ pudesse
reunir-se para beber profundamente do
amor, da sabedoria e da alegria de Deus.
“Eu estava pensando, antes de vir aqui
esta noite: ‘Sim, a organização é uma
extensão do Mestre, mas o coração dessa
instituição, que sempre manterá vivo o
abençoado Guru neste trabalho, é cada
membro individual’. É o esforço de vocês
no sadhana, sua sinceridade na busca de
Deus; são as lágrimas de desejo por Deus
que vocês derramam quando meditam, a
alegria e a elevação que sentem quando
lêem ou estudam as palavras de Gurudeva;
é a bondade e o amor do Guru que vocês
compartilham uns com os outros, com seus
familiares, com todos os que cruzam seu
caminho que, meus queridos do abençoado
Mestre, se encontra a pulsação do coração
dele nesta organização. Esta é a vida dele.
Este é o espírito dele. E enquanto isto
existir, em um ou mesmo em uns poucos,
existirá a Self-Realization Fellowship.”
4
•
•
•
•
As decisões administrativas da SRF envolvendo o fornecimento de
ajuda material a certas pessoas;
A demissão do Sr. Walters da SRF há mais 30 anos;
A decisão da SRF em buscar proteção legal para o seu nome e suas
publicações por meio da atual ação judicial entre a SRF e a Ananda;
Uma ação judicial movida contra a Ananda por uma mulher, membro
antiga da Ananda.
Antes de tratarmos de quaisquer das específicas acusações da Ananda
contra a SRF, é válido notar a maneira com que as citações são usadas na
carta da Ananda. Descobrimos que, com freqüência, as palavras que o Sr.
Walters atribui aos líderes da SRF de modo algum refletem realmente os
pensamentos transmitidos por eles. Ao contrário, muito freqüentemente,
os pensamentos são reformulados, ou elaborados ou apresentados
totalmente fora de contexto, drasticamente modificando sua intenção e
significado. Os leitores que tiveram algum contato com Daya Mata e
outros discípulos citados reconhecerão quão extremamente
descaracterizados são os pensamentos e os sentimentos atribuídos a eles
nessas cartas e naturalmente irão questionar a validade das alegações que
são baseadas em tais citações.
Sri Daya Mata e a liderança da SRF
A respeito dos ataques pessoais da Ananda a nossa presidente, Sri
Daya Mata, e a suas ações como líder do trabalho de Paramahansa
Yogananda, nós podemos apenas dizer que essas alegações estão em direta
oposição ao testemunho daqueles que a conhecem. Durante mais de 40
anos nos quais Daya Mataji tem servido como sanghamata da sociedade
mundial de Paramahansaji, inúmeras almas encontraram nessa grande
discípula a realização do conselho do Guru: “Inspire a todos (…) com sua
própria maternidade espiritual” e experimentaram em suas próprias vidas
os efeitos transformadores de seu amor divino, sabedoria e piedosa
compreensão. O antigo Embaixador da Índia nos Estados Unidos, Dr.
Binay R. Sen, escreveu em 1990: “Aqueles que, como eu mesmo, foram
privilegiados por ter conhecido Paramahansaji encontram refletido em
Daya Mataji aquele mesmo espírito de amor divino e compaixão que tanto
me impressionaram em minha primeira visita ao Centro da Self-Realization
há quase 40 anos”. Considerando a caracterização de Daya Mata na recente
carta da Ananda, vale também notar que representa uma surpreendente
contradição da que foi apresentada por Donald Walters em sua própria
autobiografia, “The Path” (publicado em 1977):
Carta de Paramahansa Yogananda a Sri
Daya Mata no aniversário dela, 31 de
janeiro de 1946
“Por muitos anos Deus nos tem feito viajar
juntos, trabalhando para Ele. Seu
nascimento é importante para a família da
SRF e para a família e os pais que a
educaram. Seu serviço sincero, alegre e
inteligente à SRF e a Deus tem sido motivo
de grande satisfação para mim. Que você
nasça na Mãe Cósmica e inspire a todos
apenas com sua própria maternidade
espiritual – somente para levar os outros a
Deus, por meio do exemplo de sua vida.
Feliz aniversário. Bênçãos eternas.”
“Das monjas, Daya Mata foi a que eu tive a oportunidade de conhecer
melhor, e também aquela de quem obtive a maior inspiração. Eu a
encontrava sempre imparcial, graciosa com todos, humilde, com uma
espontaneidade de criança. O que nela mais me inspirou foi sua completa
devoção a Deus e ao Guru. Segundo constatei, ela não tinha qualquer
desejo, exceto fazer a vontade do Mestre.”
J. Donald Walters, em The Path
Nós que tivemos a bênção de servir sob a liderança de Sri Daya Mata
sabemos que, em qualquer decisão, ao orientar a direção ou as atividades
do trabalho de Paramahansaji, a primeira e única preocupação de Daya
Mataji é sempre: “O que nosso Guru desejaria que fizéssemos?” Jamais
5
ela permitiu que qualquer outro princípio ou atividade se antecipasse a
este. 4
O Sr. Walters e a Ananda sustentam que a SRF “perdeu seu rumo”.
Entretanto, os muitos discípulos diretos que hoje levam adiante o trabalho
da Self-Realization Fellowship tiveram a benção única de serem pessoalmente
treinados pelo próprio Guru (alguns até por 20 anos) e conhecem as
diretrizes e desejos dele para o trabalho por experiência direta. O Sr.
Walters não esteve presente nas inúmeras ocasiões em que Paramahansaji
transmitiu sua orientação para o futuro, e não estava entre os discípulos
íntimos aos quais o Guru confiou a direção de seu trabalho.
É sob a supervisão desses discípulos diretos que os monásticos da
SRF continuam a realizar a missão de Paramahansa Yogananda por meio
dos numerosos serviços e atividades que ele iniciou muitos anos atrás:
publicar e distribuir os ensinamentos de Paramahansaji; supervisionar
templos, centros de meditação, retiros e programas para a juventude;
fornecer conselho espiritual e orientação por carta, telefone e
pessoalmente aos estudantes dos ensinamentos da Self-Realization; conduzir
palestras e aulas em cidades de todo o mundo; e coordenar o Círculo
Mundial de Orações, uma rede de indivíduos e grupos dedicados a orar
por aqueles que necessitam de ajuda física, mental ou espiritual e pela paz e
harmonia globais.
Alegações da Ananda acerca da ação judicial instaurada
pela SRF
Desde o início da ação judicial SRF/Ananda, a Ananda sustentou que
as questões ali levantadas “têm um significado puramente religioso” e
acusou a SRF de usar o litígio como “desculpa” para arruinar
financeiramente a Ananda como uma “organização religiosa rival”. Esta
acusação foi questionada ao Sr. Walters, sob juramento, em seu
depoimento em janeiro de 1994:
Advogado: “Salvo a tentativa de fazer cumprir seus direitos autorais, existe
mais alguma coisa que o sr. ache que a SRF tenha feito para tentar destruir a
Ananda?”
Sr. Walters: “Eu não diria isto.”
Advogado: “Salvo sua opinião, formulada pelo sr. mesmo, de que a ação
judicial foi uma tentativa de arruiná-los (a Ananda) financeiramente, , o sr.
tem qualquer outra informação que apóie esta opinião?”
Sr. Walters: “Eu tenho minha opinião. Nenhuma informação.”
A caracterização por parte da Ananda dos assuntos em questão no litígio
precisa de explicação. Com relação ao uso do termo “Self-realization”
[“Auto-realização”] pela Ananda, gostaríamos de explicar que nossa
4
Na carta circular de 30 de setembro, a Ananda deu muita importância à diretriz
atribuída a lideranças da SRF: “Em qualquer situação que surja, precisamos ser
guiados por uma única consideração: ‘O que é melhor para o trabalho?’” A Ananda
declara: “Infelizmente, a Self-Realization Fellowship interpretou a frase ‘O que é
melhor para o trabalho’ como ‘aquilo que ajudará a Self-Realization Fellowship a
sobreviver a qualquer custo’.” Na realidade, para os monges e monjas da SelfRealization Fellowship, a frase “O que for melhor para o trabalho” expressa a humilde
oração de qualquer discípulo sincero para seguir os desejos do Guru, e não os
caprichos ou ditamos do próprio ego da pessoa. O esforço para discernir “o que é
melhor para o trabalho de Deus” é, na verdade, um princípio básico no caminho
espiritual, sinônimo de procurar a vontade de Deus em tudo, que é a própria essência
de todo esforço espiritual.
Uma Mata, membro do Conselho da SRF
YSS; discípula de Paramahansa
Yogananda desde 1947:
“Para Guruji o principal era que
estivéssemos conscientes da presença de
Deus. Ele refletia essa presença divina, e
nós a sentíamos. Era vívida. Não era
somente algo as pessoas comentavam:
realmente a sentíamos.
“Em uma de suas palestras no templo ele
disse: ‘É meu dever e privilégio estar aqui,
neste jardim de almas, e falar de Deus
para vocês. Quando entrarem nesses
jardins, não falem o mal, não ouçam o mal,
não vejam nada negativo, e sentirão as
sagradas vibrações que estão sempre
presentes. Nunca falei nada negativo aqui.
Eis por que as vibrações são tão puras.
Quero que vocês adotem isto também:
sejam apenas positivos e de mente pura,
pois ao templo de mentes assim, Deus
gosta de vir e permanecer.’
“E mesmo hoje, quando as pessoas se
dirigem aos vários templos da SRF, ou
visitam os ashrams de Guruji, essa mesma
presença está ali, e vemos que quando vão
meditar, rezar ou pedir orientação, elas
realmente a recebem. A presença dele,
vívida e eterna, é por demais parte dos
templos; é muito tangível. É como se
pudéssemos estender a mão e alcançá-la;
está ali para qualquer um pegar.
E neste sentido, sinto que Guruji estará
sempre vivo.”
6
preocupação se estende apenas ao seu uso no nome da Ananda e em
qualquer outra maneira que pudesse igualmente confundir o público a
respeito da origem de bens ou serviços. Nada tem a ver com o uso do
termo em um contexto puramente religioso. Nem desejamos negar a
ninguém o uso do nome ou retrato de Paramahansaji em serviços
religiosos. Nossa ação legal diz respeito mais exatamente a proteção da
marca e aos direitos autorais, e não as práticas religiosas de outrem.
A alegação da Ananda de que a SRF “tem tido uma longa história de
tentar resolver suas batalhas (…) por meio de ações judiciais” é infundada,
em razão do fato de que em mais de 40 anos, desde a partida de
Paramahansaji, a SRF instaurou uma única ação judicial: a atual com a
Ananda. (Uma ação judicial foi instaurada na Índia pela YSS, com relação
ao direito de propriedade de um ashram.)
Proteger o legado espiritual de um mestre
As palavras de todo grande mestre que, como Paramahansaji, trouxe
uma mensagem libertadora ao mundo não têm a intenção de alcançar
apenas aqueles que estiveram com ele durante sua vida, mas também os
incontáveis buscadores espirituais que serão atraídos a seus ensinamentos
por gerações vindouras. Preservar seu legado durante anos com toda a
força e pureza originais, para garantir que não seja diluído, fragmentado ou
distorcido com a passagem do tempo, é a grande responsabilidade dos
discípulos que foram confiados por ele a esta sagrada missão.
Para o benefício de todos que forem atraídos no futuro aos
ensinamentos de Paramahansaji, nosso Guru tomou medidas para
resguardar a integridade de sua obra e evitar que o significado original do
que ele falou ou escreveu fosse alterado ou mesmo perdido. Ele quis
certificar-se de que suas obras alcançassem o público somente depois que
estivessem adequadamente editadas e preparadas para publicação, de
acordo com sua orientação. Foi para este objetivo que ele treinou duas de
suas discípulas próximas (Tara Mata e Mrinalini Mata) para servirem como
suas revisoras, e tomou as providências que pôde para garantir que o
direito de publicação das obras dele permanecesse em sua própria
organização, a Self-Realization Fellowship.
No curso do atual litígio, os advogados da Ananda recorreram a cada
mecanismo legal disponível, no esforço para refutar e distorcer a intenção
expressa de Paramahansaji com relação ao direito de propriedade de suas
obras pela SRF. Independentemente de a Ananda ser ou não bem-sucedida
na justiça, a verdade continua sendo que cada discípulo íntimo de
Paramahansaji, que foi informado dos desejos dele sobre o
desenvolvimento de seu trabalho, sabia ser a intenção expressa do Guru
que os direitos de todas as suas obras pertencessem à sociedade que ele
fundou. Paramahansaji deixou isto claro de inúmeras maneiras durante sua
vida, tanto em suas declarações verbais quanto em declarações escritas
para este fim.
Em sua carta aberta, a Ananda alega que um dos objetivos da ação
judicial da SRF é “impedir a Ananda de citar quaisquer escritos ou
declarações de Paramahansa Yogananda (…) sem a expressa permissão da
SRF”. Nosso objetivo, no entanto, jamais foi evitar que a Ananda
simplesmente citasse a literatura da SRF em suas palestras ou
apresentações públicas, ou mesmo, em um base mais limitada, em suas
publicações (dentro dos parâmetros razoáveis permitidos por lei).
Lançamos mão do sistema legal apenas para evitar a re-edição e
republicação de porções substanciais das publicações da SRF, como faria
qualquer autor e editora em igual situação. Conforme discutimos em nossa
“Quanto mais estiverem em
sintonia comigo e menos se
preocuparem com ninharias, melhor
para vocês. Uma correnteza estável
de poder divino fluirá para vocês,
pois os Grandes me enviaram aqui.
Quando eu me for, compreenderão
esta verdade com maior impacto.
Estou aqui só para transmitir a
mensagem deles. Pouco a pouco,
uma mudança espiritual ocorrerá
nos verdadeiros seguidores deste
caminho, e sua influência se
estenderá pelo mundo. A SelfRealization é um dos maiores
movimentos espirituais já enviados
para ajudar a humanidade. Foi
abençoada pelos Grandes Seres –
Mahavatar
Babaji,
Lahiri
Mahasaya, Sri Yukteswar – em
comunhão com Cristo e Krishna. A
graça
desses
mestres
não
abandonou a Terra.”
Paramahansa Yogananda,
em A Eterna Busca do Homem
7
carta anterior sobre o assunto, o cerne desta questão legal é tão-somente
resguardar o legado de Paramahansaji através dos anos.
Ação judicial movida contra a Ananda por uma de seus
antigos membros
A carta da Ananda refere-se, em termos gerais, a outra recente ação
judicial, pretensamente financiada e promovida pela SRF para prejudicar a
Ananda. A verdade é que a SRF nada tem a ver com essa questão. 5 A ação
foi instaurada contra Donald Walters e outro ministro sênior da Ananda
por uma mulher, ex-membro da Ananda. Enquanto a carta de Ananda alega
que essa ação judicial tem “um significado puramente religioso, e [é]
portanto, injustificável em um tribunal de justiça secular”, na realidade as
acusações dizem respeito a abuso sexual.
O jornal San Jose Mercury News relatou o caso, em sua edição de 25 de
novembro de 1994:
“De acordo com a denúncia, Walters usou a igreja como um
‘mecanismo para a exploração sexual de mulheres desde 1969,
enquanto alegava ser celibatário e um canal direto para Deus’.
“O processo identifica outras oito mulheres, pelo nome ou por
iniciais, como vítimas de abuso sexual na igreja.”
Entendemos que essa ação judicial ainda está em andamento.
Ajuda aos outros
Em sua carta mais recente, a Ananda acusa a SRF de insensibilidade e
falta de caridade para com os que estão em necessidade. Na tentativa de
apoiar esta alegação, revelam circunstâncias muito pessoais a respeito das
vidas de uma série de pessoas, inclusive parentes de Paramahansaji. Nosso
estilo tem sido o de respeitar a privacidade de qualquer indivíduo com
quem tivemos contato, e lamentamos que a Ananda tenha discutido – em
uma carta distribuída publicamente – questões muito particulares dessas
pessoas. Para aqueles que possam ter ficado preocupados com a descrição
alarmante da Ananda a respeito dessas questões, desejamos declarar
brevemente aqui os simples fatos: 6
•
A Ananda alega que a SRF tem sido insensivelmente indiferente às
necessidades de Mira Ghosh e outros parentes de Paramahansa
Yogananda. Na verdade, por muitos anos Mira Ghosh e sua
família residiram livres de aluguel em uma casa pertencente à
Yogoda Satsanga Society. A YSS tornou possível a eles continuarem
assim pelo resto da vida, e ajudou-a com a necessária ajuda
médica.
Irmão Bhaktananda, ministro
encarregado do Ashram e do Templo de
Hollywood da Self-Realization
Fellowship; discípulo desde 1939:
“Um homem veio a mim e disse: ‘Eu
costumava ter a presença de Deus e sentir
a presença do Mestre, mas não as tenho
mais, e não sei por quê.’ Eu lhe perguntei:
‘Você medita regularmente?’ Ele disse:
‘Sim’. ‘Você pratica Kriya?’ ‘Sim.’ ‘Você
lê as Lições todos os dias?’ ‘Oh, não, já
terminei as Lições.’ Pedi-lhe então que
voltasse a ler as Lições, para ver se não
era este o problema.
“Aproximadamente um mês depois, ele
voltou a mim com um grande sorriso e
disse: ‘Sabe, existe algo sobre ler as Lições
que nos dá a sintonia com o Guru. Agora
eu a tenho novamente. Muito obrigado.’
“Quando lemos as Lições, estamos em
sintonia com o Espírito. Aquelas palavras
vêm do Espírito. Aquelas palavras e idéias
não vêm de uma mente humana, limitada.
O Mestre estava sempre em sintonia com o
Espírito quando escrevia, quando falava.
Assim, precisamos perceber que estamos
em sintonia com o Espírito naquela hora.
Quando lemos as Lições, estamos sentados
aos pés do Guru, falando metaforicamente.
Ele está falando conosco através das
Lições. Por este motivo ele disse que as
Lições serão o seu guru, porque é o
próprio ensinamento do guru: completo.”
5
A SRF registrou uma declaração no tribunal em 16 de fevereiro de 1995, recusandose categoricamente a refutar as alegações da Ananda sobre nosso envolvimento com
esta ação judicial. Os documentos relativos a este caso é assunto de registro público no
Tribunal do Condado de San Mateo, na Califórnia.
6
Em conformidade com os Estatutos Sociais da SRF como uma organização religiosa
sem fins lucrativos, qualquer distribuição de recursos a indivíduos é governada por
certas restrições legais de acordo com os impostos legais. A SRF sempre fez tudo que
pode de acordo com a lei para oferecer apoio material àqueles com necessidades
especiais.
8
estará vinculado aos Mestres, por meio dos quais a salvação é
rapidamente alcançada.(…) Alguns recebem a Kriya Yoga, ficam
totalmente satisfeitos e esquecem tudo sobre o vínculo com os mestres.
Esses jamais alcançarão Deus.
“Kriya Yoga é a via aérea mais rápida de acesso a Deus, mas deve ser
pilotada pelos gurus – os ensinamentos regularmente recebidos da
SRF.” 11
Um guru de realização divina pode ajudar seus discípulos, esteja ele ou
não em sua forma física. Como resultado de seu amor pelas inúmeras
gerações de buscadores da verdade que virão, Paramahansaji deixou em
suas Lições da Self-Realization Fellowship um legado espiritual imbuído de seu
poder e bênçãos divinas. Ele prometeu que os discípulos que viessem
depois de sua partida teriam a mesma oportunidade para encontrar a união
com Deus como tiveram aqueles que o conheceram pessoalmente por
meio da prática de seus ensinamentos conforme transmitidos nas Lições.
“Estas Lições da SRF”, disse ele, “estão impregnadas com o espírito dos
grandes mestres. Se as estudarem com reverência e profunda atenção,
junto com a prática da meditação profunda, vocês estarão em contato com
o vínculo divino de nossos mestres, e serão erguidos ao reino da
Consciência Cósmica.”.
O vínculo dos Gurus
No entanto, a carta da Ananda reflete uma visão muito diferente de
Paramahansa Yogananda e do vínculo dos Gurus da SRF . A carta
declara:
“Devemos ressaltar que a Kriya Yoga é amplamente ensinada por outros
discípulos da linhagem de gurus da SRF, dos quais Yogananda foi apenas
o quarto guru, mesmo na linhagem da SRF.(…)
“Além do mais, é vergonhosa presunção (…) exigir o monopólio dos
ensinamentos trazidos [por Lahiri Mahasaya] ao mundo, como se apenas
a apresentação de Yogananda desses ensinamentos, dentre todos os
netos espirituais de Lahiri, tivesse validade.”
O conteúdo e a tendência dessas declarações é um claro contraste
com os princípios que sustentamos e praticamos. E mais importante,
refletem uma significativa diferença entre as crenças dos membros da SRF
e da Ananda a respeito do papel de Paramahansa Yogananda na difusão da
ciência de Kriya Yoga. Na Self-Realization Fellowship, temos o mais alto
respeito pelo fato que, como uma especial revelação divina, foi
Paramahansa Yogananda o escolhido e ordenado por Mahavatar Babaji
para disseminar os ensinamentos de Kriya em todo mundo. Quando
criança, Paramahansaji foi espiritualmente batizado por Lahiri Mahasaya e
Irmão Anandamoy, membro do Conselho
da SRF/YSS; discípulo de Paramahansa
Yogananda desde 1949:
“Paramahansa Yogananda veio com esta
missão mundial; ele veio para trazer
novamente para a humanidade a sagrada
ciência de Kriya Yoga. Kriya havia sido
esquecida nas Eras Obscuras, e era
conhecida apenas a alguns poucos. Lahiri
Mahasaya foi o primeiro a ensinar
abertamente a Kriya em épocas
contemporâneas, mas ele proibiu seus
discípulos de iniciarem uma organização
para disseminar os ensinamentos de Kriya
Yoga porque sabia que Deus e os Grandes
Mestrres haviam delegado essa tarefa a
Paramahansa Yogananda: não apenas
disseminar os ensinamentos da Kriya Yoga
por todo o mundo, mas manter puros esses
ensinamentos.
“Estamos muito perto do início do trabalho
da Self-Realization Fellowship para
apreciarmos a sua grandeza e a influência
que ela, afinal, terá no mundo. ‘Milhões
encontrarão Deus por meio destes
ensinamentos’, disse-nos o Mestre uma vez.
E quando um dos monges olhou para ele de
forma interrogativa, como se dissesse que
ele estaria exagerando, a resposta do Guru
foi muito enfática: ‘E não estou falando em
milhares. Quero dizer milhões!’
11
Refletindo um bom entendimento da orientação de Paramahansaji a este respeito, o
Sr. Walters (em 1954, quando estava servindo no Departamento de Centros de nossa
Sede Central) escreveu o seguinte ao líder de um nosso centro da SRF:
“Talvez você saiba que não esperamos que um instrutor da SRF envie suas próprias
lições.(…) Ser permitido a algum membro considerar as lições de um dos instrutores
mais importantes do que as lições do Guru nos parece inacreditável.(…) Se
permitirmos tal lassidão, este trabalho jamais crescerá como os Mestres pretendiam.”
Em anos recentes, parece que Sr. Walters abandonou este ponto de vista.
Entendemos que embora se refira aos membros de sua Comunidade Ananda como
discípulos de Paramahansa Yogananda, o Sr. Walters agora exige que eles estudem
seu próprio curso de lições, “Fourteen Steps to Higher Awareness” [“The Art and
Science of Raja Yoga”], e os desencoraja a estudarem as Lições da Self-Realization
Fellowship, de Paramahansa Yogananda.
18
treinado – a pedido de Babaji – pelo discípulo de Lahiri Mahasaya, Swami
Sri Yukteswar, na preparação para o trabalho da Self-Realization Fellowship
que ele se responsabilizou, a pedido desses gurus. De acordo com os
desejos de nosso Guru, estamos dedicados a patrocinar os ensinamentos
deste caminho especial, que é a contribuição
única de Paramahansaji e sua linhagem de Gurus ao bem espiritual do
mundo. A orientação de nosso Guru a este respeito está amorosamente
expressa nas seguintes palavras, escritas a um discípulo, em 1947:
Sua carta, com asseguradas palavras de devoção e lealdade a esta Causa
e aos Mestres, comoveu-me profundamente. Enquanto precisamos honrar e
dar o devido respeito a todas as religiões e a todos os seguidores religiosos,
ainda assim, precisamos nos lembrar que a nossa suprema lealdade e
devoção devem ser dirigidas a um só ponto: dadas a um único caminho.
Você já as deu à Self-Realization Fellowship e ao guru. A pessoa precisa se
tornar firmemente alicerçada nos ensinamentos de sua escolha antes de
estudar os méritos de outros ensinamentos, ou ficará confusa e perderá de
vista o seu objetivo, que não é o conhecimento teológico, mas a verdadeira
união com Deus.
Sempre aprecio suas cartas – tão sinceras e doces.
Com as bênçãos mais profundas para você e sua boa esposa, sou,
Sinceramente,
Paramhansa Yogananda
Os membros da Self-Realization Fellowship honram, com fez nosso
Guru, todos os verdadeiros instrutores que se esforçam por fazer o bem
neste mundo. Estamos cientes de que a Kriya Yoga também é ensinada por
outros discípulos de Lahiri Mahasaya e Sri Yukteswarji, e respeitamos o
direito que cada pessoa tem de escolher e seguir qualquer instrutor que ele
ou ela ache espiritualmente mais satisfatório.
Embora Paramahansaji indicasse que seria o último da linhagem de
Gurus da SRF/YSS, com o estabelecimento de sua sociedade ele garantiu a
perpetuação de sua missão bem como a preservação de seus ensinamentos.
O Guru disse que depois de sua partida, o presidente da SRF serviria como
seu representante espiritual e administrativo, e que, prometeu, “sempre
haverá, na liderança desta organização, homens e mulheres de realização”.
Rajarsi Janakananda, a quem nosso Guru proclamou publicamente como
um siddha, alguém que alcançou a libertação final, foi o primeiro a cumprir
essa profecia.
Irmão Anandamoy relembra quão claramente as palavras ditas por
19
Rajarsi, na primeira Convenção da Self-Realization Fellowship depois da
partida de Paramahansaji, confirmou os desejos do Mestre para o seu
trabalho, e seu poder de guiar e abençoar todos os discípulos fiéis:
“Muitos membros (não sabendo que o Mestre havia declarado que era
desejo de Deus que ele fosse o último na linhagem de Gurus da SRF)
esperavam que Rajarsi assumisse o papel de Guru, porque achavam que
tinham de ter um guru em corpo físico, alguém que pudessem ver e
tocar. Teria sido muito fácil para Rajarsi ter-se proclamado Guru, por
causa de seu grande magnetismo e poder espiritual. Mas o que ele disse
na assembléia estabeleceu firmemente o curso da Self-Realization
Fellowship para todas as gerações futuras. Muito simplesmente, com voz
calma, ele disse aos membros: ‘Não haverá outro guru. O Mestre
sempre será o nosso guru.’
“Então, ele disse: ‘Ele está aqui.’ Não estava se referindo à presença
física do Mestre, mas à sua onipresença espiritual. ‘Apenas sintam e
recebam.’ Enquanto dizia essas palavras, uma onda de poder divino
inundou toda a audiência com um grande impulso de elevação espiritual
– e ninguém pôde duvidar de que ele estava certo: O Mestre está vivo!”
Ao lado: Trechos de uma carta escrita por
Paramahansa Yogananda a um discípulo,
em 1947:
"Por amá-lo tanto, estou escrevendo isto.
Assim como um filho deve ser leal a seu
pai, assim deve ser o discípulo para com o
guru, sob todos os aspectos. Nunca
questiono seu amor e lealdade: sinto você
cada vez mais próximo de mim, e é por isto
que me arrisco a pedir-lhe que:
1) Siga 100% a Self-Realization e o
vínculo vivo dos gurus, e não desvie sua
mente para nenhum outro ensinamento ou
trabalho. Faça das Praecepta [Lições da
SRF] toda a sua vida, junto com a Kriya
Yoga.
Em Direção à Harmonia e à Verdade
Nesta carta, compartilhamos com vocês a história e os fatos relativos
às alegações feitas na carta distribuída pela Ananda. Conscientes de que
harmonia e verdade não podem ser cultivadas pelo rancor e pela retórica,
tentamos, ao responder, colocar diante de nós o exemplo estabelecido por
nosso Gurudeva, que disse:
"É natural amar aqueles que nos amam e são bons para conosco. Mas
Jesus disse para darmos amor até mesmo àqueles que abusam de nós. Eu
vivi esta filosofia. Aprendi a amar as pessoas apesar de seus
comportamentos. Para aqueles que falham neste teste, é a sua perdição.
A falha repousa na própria pessoa, não nos outros. Não importa como
você tenta tornar um lugar perfeito, logo notará que sempre virá alguém
para interferir. É a lei deste mundo. Quantos tentaram abalar-me e
perturbar a harmonia de meu trabalho, mas não conseguiram. Por quê?
Porque sigo as leis de Cristo.”
2) Distribuir literaturas de outros
ensinamentos confunde e perturba as
mentes dos novatos, e até mesmo de
estudantes veteranos. Assim, ficarei feliz se
você focalizar as mentes dos estudantes
apenas na SRF.
3) Todos as reuniões deverão estar
estritamente centralizadas na SRF e na
prática da meditação.
Se as regras acima forem seguidas, você
descobrirá os grandes gurus derramando
uma chuva de bênçãos sobre você, e
sentirá uma conexão ativa com o vínculo
vivo dos gurus.”
20
Nosso Guru nos assegurou que aqueles que sinceramente desejarem
Deus serão atraídos ao caminho que é certo a eles, e ali encontrarão a
elevação que procuram. Se as pessoas da Ananda experimentam em suas
vidas e na comunidade a paz e a realização que suas almas procuram,
ficamos realmente felizes por elas. Desejamos o bem para elas, no
caminho espiritual que escolheram.
Continua sendo o nosso desejo não insistir nesses assuntos, ou na
forma infeliz pela qual foram apresentados. No entanto, sentimo-nos na
obrigação de dissipar aqui qualquer mal-entendido que possa ter circulado
com a carta da Ananda. Queremos garantir a cada um que vocês têm toda a
liberdade para escrever ou telefonar, se quaisquer dúvidas ou preocupações
sobre essas assuntos surgirem no futuro.
Sabemos que as pessoas vêm a SRF porque sentem aqui o amor e a
alegria transformadora do Guru como uma experiência direta e pessoal.
Esta é a organização dele, não nossa; e sempre sentimos que se tentarmos
verdadeiramente fazer o nosso melhor possível para seguirmos o que
Paramahansaji nos pediu como sociedade, o divino amor e as bênçãos de
Deus e do Guru continuarão a ser a vida e o espírito da Self-Realization
Fellowship.
“… Um Propósito Divino”
Para encerrar, vamos voltar aos belos pensamentos de nosso Guru
citados no começo desta carta e ao puro espírito de inspiração que atraiu
cada um de nós a esta senda e nos sustenta ao longo do caminho.
“O sonhos que tive, e pelos quais trabalhei, Deus os satisfez – e muito
mais do que planejei. Esses planos se concretizaram porque o Centro de
Mt. Washington sempre se esforçou por ser o instrumento de Deus.(…).
“Foi por um propósito divino que eu vim para a América, e é pela graça
de Deus que este trabalho cresceu. O que fui abençoado a testemunhar
em minha vida estava além de meus sonhos. Temos nossos belos centros
aqui, em Mt. Washington e Encinitas, nossos templos (…) e lindos
lugares na Índia.(…) Tem sido um grande sonho, um épico de alegria.”
Neste aniversário especial da Self-Realization Fellowship, esse épico de
alegria continua, a luz divina acesa por Paramahansa Yogananda há 75
anos está mais brilhante que nunca. E em meses e anos vindouros,
esperamos compartilhar com vocês muitas bênçãos que ainda virão, à
medida que o trabalho divino começado por Paramahansa Yogananda
continuar a desenvolver-se.
“Não é meu desejo desenvolver uma grande organização mecânica,
mas uma colméia repleta do mel espiritual de Deus”, disse Gurudeva.
“Faça sua parte. Espalhe o trabalho da Self-Realization por meio de suas
palavras e de seu exemplo, por meio de sua devoção.(…) Vejo a grande
avalanche da verdade que passa através desta humilde pessoa, e sou muito
grato que Deus tenha honrado alguém tão insignificante como eu com o
dever de difundir a Sua mensagem. Aqueles que sinceramente seguirem
este caminho certamente encontrarão a redenção.”
"Vocês fazem cada um de nós se
sentir especial, como se fôssemos os
únicos.
Normalmente,
quando
aumenta o número, diminui o toque
pessoal; mas na SRF esse toque
está sempre ali. A presença do
Mestre é sentida de forma tão
tangível, que é como se ele mesmo
estivesse ali, servindo e nos
saudando.” R. e R. D., Colorado
“(…) tanto amor, tanta gentileza,
tanto esforço concentrado em nos
oferecer
o
melhor,
com
espontaneidade e afeição (…). Só
um profundo amor por uma causa
divina poderia ter produzido um
trabalho desta magnitude.” D. e A.
C., Brasil
"As palavras do Mestre, ditas a Sri
Daya Mata pouco antes de seu mahasamadhi, foram: ‘Só o amor
poderá tomar o meu lugar’.
Humildemente sugiro que, durante
esta Convocação, o amor não
apenas tomou o lugar dele, mas
confirmou a sua presença.” D. G.,
Trinidad e Tobago
“Jamais senti tanto amor, em
qualquer outro lugar, nunca.” H.
L., Califórnia
No amor e amizade divinas de Deus e do Guru,
Self-Realization Fellowship
21

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