Guilherme Mendonça Batista. Handbike para portadores de

Transcrição

Guilherme Mendonça Batista. Handbike para portadores de
0
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS
CURSO DE DESENHO INDUSTRIAL
GUILHERME MENDONÇA BATISTA
HANDBIKE PARA PORTADORES DE DEFICIÊNCIA
FÍSICO-LOCOMOTORA: uma proposta preliminar.
São Luís
2005
1
GUILHERME MENDONÇA BATISTA
HANDBIKE PARA PORTADORES DE DEFICIÊNCIA
FÍSICO-LOCOMOTORA: uma proposta preliminar.
Monografia apresentada ao Curso de Desenho
Industrial da Universidade Federal do Maranhão UFMA, para obtenção do grau de Bacharel em
Desenho Industrial.
Orientador: Raimundo Lopes Diniz,DSc
São Luís
2005
2
GUILHERME MENDONÇA BATISTA
HANDBIKE PARA PORTADORES DE DEFICIÊNCIA
FÍSICO-LOCOMOTORA: uma proposta preliminar.
Monografia apresentada ao Curso de Desenho
Industrial da Universidade Federal do Maranhão UFMA, para obtenção do grau de Bacharel em
Desenho Industrial.
Aprovada em ________/ _________/ ________
BANCA EXAMINADORA
_______________________________________________
Prof° Raimundo Lopes Diniz (Orientador)
Doutor em Engenharia de Produção
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
________________________________________________
_________________________________________________
3
Ao meu bondoso Deus, que por Ele e
para Ele me capacita a criar.
Ao meu pai e minha mãe que deles sinto
um amor incondicional.
E a minha branquinha que acredita, apóia
e me ama muito.
4
AGRADECIMENTOS
Agradeço a minha amada tia e espetacular Terapeuta Ocupacional:
Márcia Andrès Mendonça, pelo incentivo, ensino e acervo literário;
Ao meu orientador e mestre paciente: Dr. Diniz;
Ao meu novo amigo Jucelino por toda assistência técnica na produção da
handbike;
Ao meu amigo Araney pela luta demonstrada em favor dos menos
favorecidos.
5
“E não sede conformados com este mundo, mas
sede transformados pela renovação do vosso
entendimento, para que experimenteis qual seja a
boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.”
(Romanos 12:2)
6
RESUMO
Neste trabalho realizou-se uma intervenção ergonomizadora no caso de handbikes
por pessoas especiais (portadores de deficiência físico-motora) visando
uma
proposta preliminar para o redesign deste produto. Dentro da intervenção, utilizou-se
um método projetual seguindo as etapas de conceito (requisitos) e configuração (até
a confecção de um modelo em escala 1.1). Para compor os requisitos projetuais
aplicaram-se
entrevistas,
questionários
e
observações
(assistemáticas
e
sistemáticas) a usuários de handbikes e, ainda, a análise de produtos similares. No
geral, buscou-se gerar subsídios para contribuir com a qualidade de vida dos
usuários, portadores de deficiência físico-motoras.
Palavras chaves: Intervenção Ergonomizadora, Handbike, Portadores de Deficiência
Físico-Locomotora.
7
ABSTRACT
Key- Words: Ergonomic Intervention, Handbike, disable people
8
LISTA DE FOTOS
Foto 1
– Handbike esportiva da empresa Double Performance.............................29
Foto 2 – Tensionamento dos ombros e pescoço....................................................58
Foto 3 – Dificuldade de apoio ao subir na handbike................................................58
Foto 4 – Movimento para passar a 1ª perna (esquerda)..........................................58
Foto 5 – Movimento para guardar a 2ª perna (direita).............................................58
Foto 6 – Pernas guardadas .....................................................................................58
Foto 7– Luva e manivela improvisadas ..................................................................59
Foto 8– Local inadequado para as pernas .............................................................59
Foto 9a – Força exercida nas subidas em ladeiras ................................................59
Foto 9b – Força exercida nas subidas em ladeiras .................................................59
Foto 10 – Falta de sistema mecânico de freios (improviso com a mão no aro da
roda).......................................................................................................59
Foto 11 – Curva .................................... ..................................................................59
Foto 12 – Falta da corrente para acionamento do sistema de catraca-corentecoroa.....................................................................................................60
Foto 13 – Posição inicial para subida na handbike.................................................61
Foto 14 – Apoio com travamento do freio para efetuar o impulsionamento na
subida....................................................................................................61
Foto 15 – Apoio para começar a sentar .................................................................61
Foto 16 – Posição sentada e pronta para uso da handbike....................................61
Foto 17 – Falta de sistema de marchas/câmbio .....................................................62
Foto 18 – Guidom pequeno, baixo e com restrição de movimentos.......................62
Foto 19 – Restrição de movimentos de direcionamento.........................................62
9
Foto 20 – Detalhe da manivela (corrente quebrada)...............................................62
Foto 21 – Detalhe da manivela e catraca adaptadas no apoio para braços ..........62
Foto 22 – Uso da handbike com esforço excessivo ao girar a manivela................63
Foto 23 – Braço levantado excessivamente para manipulação do direcionamento..64
Foto 24a – Perigo de tombamento em curvas fechadas pela falta de estabilidade...64
Foto 24b – Perigo de tombamento em curvas fechadas pela falta de estabilidade...64
Foto 25 – Detalhe da manivela e da catraca adaptadas no apoio para braço...........64
Foto 26a – Falta de proteção da coroa e corrente.....................................................64
Foto 26b – Falta de proteção da coroa e corrente.....................................................64
Foto 27a – Apoio para as pernas (material estofado e estrutura) em grande
dimensionamento e quantidade..........................................................65
Foto 27b – Apoio para as pernas (material estofado e estrutura) em grande
dimensionamento e quantidade..........................................................65
Foto 28 – Falta de local especial para bolsa de dreno .............................................65
Foto 29 – Estrutura com material excessivo ............................................................65
Foto 30 – Braço levantado excessivamente para o direcionamento ........................66
Foto 31a – Falta de trava e apoios específicos para a subida .................................67
Foto 31b – Falta de trava e apoios específicos para a subida .................................67
Foto 32 – Subida ......................................................................................................67
Foto 33 – Cantos vivos na passagem da subida e descida.....................................67
Foto 34 – Falta de sistema de marchas/câmbio .......................................................67
Foto 35 – Falta de proteção da coroa e corrente .....................................................67
Foto 36 – Passagem do lugar seco para molhado....................................................68
Foto 37 – Falta de estabilidade nas curvas...............................................................68
Foto 38 – Apoio para as pernas em grande dimensionamento.................................68
10
Foto 39 – Ré usando diretamente o pneu traseiro ...................................................68
Foto 40 – Material de revestimento inadequado e toque da luva na corrente .........68
Foto 41 – Cantos vivos .............................................................................................68
Foto 42 –
Esforço excessivo no uso do sistema de manivela e guidom de
direcionamento....................................................................................69
Foto 43a – Dificuldade no subir (ajuda de familiares) ..............................................70
Foto 43b – Dificuldade no subir (ajuda de familiares) ..............................................70
Foto 44 – Falta de alcance do guidom em curvas mais fechadas............................70
Foto 45 – Encosto do guidom nas pernas ...............................................................70
Foto 46 – Esforço excessivo no uso da manivela ...................................................70
Foto 47 – Falta de espaço para o giro do guidom ...................................................70
Foto 48 – Guidom com sistema de freio muito encostado nas pernas ...................71
Foto 49 – Sistema de freios dianteiros .....................................................................71
Foto 50 – Travas ......................................................................................................71
Foto 51 – Apoio para as pernas em grande dimensionamento ...............................71
Foto 52 – Catraca e corrente ....................................................................................71
Foto 53 – Sistema de catraca corrente-coroa ..........................................................71
Foto 54 – Handbike .da Brike – modelo CB-1 aluminum race bike..........................79
Foto 55– Handbike .da Brike – modelo freedomryder stage 1&2 ............................79
Foto 56 – Handbike .da Brike em campeonatos nos Estados Unidos da América....80
Foto 57 – Corredor com Handbike .da Brike em campeonatos nos Estados Unidos
da América..........................................................................................80
Foto 58 – Handbike .modelo AC1 .............................................................................81
Foto 59 – Handbike .Stricker modelo City Kids II ......................................................82
Foto 60 – Handbike .Stricker modelo City 7 ..............................................................82
11
Foto 61 – Handbike .Stricker modelo Ultra Sport ......................................................82
Foto 62 – Acessório Stricker para adaptação em cadeira de roda ...........................82
Foto 63 – Handbike . Varna modelo The Liberator ...................................................83
Foto 64 – Handbike . Varna modelo Speedcycle .. ...................................................83
Foto 65 – Handbike . Varna modelo Varna II Handcycle...........................................83
Foto 66 – Handbike . Varna modelo Varna I Handcycle............................................83
Foto 67 – Handbike . XLT – Gold Handcycle.............................................................84
Foto 68 – Detalhe da XLT – Gold Handcycle.............................................................85
Foto 69a – Manivela modelo C5 Grips.......................................................................86
Foto 69b – Manivela modelo C5 Grips.......................................................................86
Foto 70 – Manivela modelo Xlt Tripin.........................................................................86
Foto 71 – Manivela modelo Verticicle Ergonomic Handcycle Handle........................86
Foto 72 – Sistema de câmbio e freios modelo LD7530 Shimano Deore 9 Speed
Rapid Fire Shifter/Brake ..........................................................................87
Foto 73 –Sistema de câmbio modelo RD8751 Shimano Alivo 8 Speed Rear
Derailleur .................................................................................................87
Foto 74 – Rodas para velocidade...............................................................................87
Foto 75 – Manivela modelo Quad Cuff Handcycle Handle .......................................87
Foto 76 – Manivela modelo LD 6495 Shimano Ultegra Doublé/Triple Ring 9 Speed
STI Shifter/Brake Ergonomic Handcycle Handle......................................87
12
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Símbolo Internacional de Acesso.............................................................25
Figura 2 – Duas vértebras (1) unidas por um disco intervertebral formado por um
anel (2) e um núcleo................................................................................36
Figura 3a – Mudanças na coluna lombar em pé........................................................37
Figura 3b – Mudanças na coluna lombar sentado ....................................................37
Figura 4 – Inclinação do encosto-assento.................................................................38
Figura 5 – Intervalo do ângulo da coxa-perna...........................................................38
Figura 6 – Inclinação do assento...............................................................................38
Figura 7 – Vista superior do alcance do usuário de cadeira de roda........................39
Figura 8 – Vista frontal do alcance do usuário de cadeira de roda...........................39
Figura 9 – Vista lateral do alcance do usuário de cadeira de roda...........................40
Figura 10 – Caracterização e posição serial do SHTM.............................................52
Figura 11 – Ordenação hierárquica do sistema .......................................................53
Figura 12 – Expansão do sistema.............................................................................54
Figura 13 – Modelagem comunicacional do sistema...............................................55
Figura 14 – Fluxograma de atividades ....................................................................56
Figura 15 – Croqui do triciclo 3w..............................................................................78
Figura 16 – Alternativa projetual (croqui 1)............................................................... 91
Figura 17 – Alternativa projetual (croqui 2)............................................................... 92
Figura 18 – Alternativa projetual (croqui 3)............................................................... 93
Figura 19 – Alternativa projetual (croqui 4)............................................................... 94
Figura 20 – Alternativa projetual (croqui 5)............................................................... 95
Figura 21 – Parâmetros para Classificação da Alternativa Final ...............................96
13
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Trabalho estático e queixas no corpo .....................................................32
Tabela 2 – Funções e características dos principais tipos de controles...................33
Tabela 3 – Recomendações de design de manivela................................................. 34
14
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 – Categorização e taxonomia dos problemas ergonômicos do SHTM
(usuário 1).............................................................................................57
Quadro 2 – Categorização e taxonomia dos problemas ergonômicos do SHTM
(usuário 2).............................................................................................60
Quadro 3 – Categorização e taxonomia dos problemas ergonômicos do SHTM
(usuário 3).............................................................................................63
Quadro 4 – Categorização e taxonomia dos problemas ergonômicos do SHTM
(usuário 4).............................................................................................66
Quadro 5 – Categorização e taxonomia dos problemas ergonômicos do SHTM
(usuário 5).............................................................................................69
Quadro 6 – Quadros de formulação dos problemas.................................................72
Quadro 7 – Requisitos de Uso .................................................................................88
Quadro 8 – Requisitos de Função.............................................................................89
Quadro 9 – Requisitos de Estruturais .......................................................................89
Quadro 10 – Requisitos Técnico-Produtivo ..............................................................90
Quadro 11 – Requisitos Formais ..............................................................................90
15
SUMÁRIO
LISTA DE FOTOS .......................................................................................................8
LISTA DE FIGURAS .................................................................................................12
LISTA DE TABELAS .................................................................................................13
LISTA DE QUADROS ...............................................................................................14
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................17
1.1 Justificativa........................................................................................................17
1.2 Objetivos ............................................................................................................19
1.2.1 Objetivo Geral ..................................................................................................19
1.2.2 Objetivos Específicos .......................................................................................20
1.2.3 Objetivos Operacionais ....................................................................................20
1.3 Estrutura do Trabalho .......................................................................................21
2 ERGONOMIA DA REABILITAÇÃO.......................................................................23
2.1 Acessibilidade Integral .....................................................................................24
2.2 Desenho Universal (Universal Design)............................................................26
3 O USO DE HANDBIKES........................................................................................28
3.1 Biomecânica Ocupacional................................................................................29
3.1.1 Trabalho Dinâmico e Trabalho Estático............................................................30
3.1.2 Manejos e Controles ........................................................................................32
3.1.3 Assento ............................................................................................................35
4 MÉTODOS E TÉCNICAS.......................................................................................41
4.1 Intervenção Ergonomizadora ...........................................................................42
4.1.1 Apreciação ergonômica....................................................................................42
4.1.2 Diagnose ergonômica.......................................................................................43
4.1.3 Projetação ergonômica.....................................................................................43
16
4.1.4 Avaliação, validação e/ou testes ergonômicos.................................................44
4.1.5 Detalhamento ergonômico ...............................................................................45
4.2 Técnicas de Pesquisa Descritiva .....................................................................45
4.2.1 Observação Assistemática ...............................................................................45
4.2.2 Observação Sistemática...................................................................................46
4.2.3 Entrevistas Abertas ..........................................................................................46
4.2.4 Questionário e Escala de Avaliação .................................................................47
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES...........................................................................48
5.1 Intervenção Ergonomizadora ...........................................................................48
5.1.1 Apreciação Ergonômica ...................................................................................48
5.1.1.1 Problematização do Sistema Homem – Tarefa – Máquina (SHTM)..............57
5.1.1.2 Parecer Ergonômico do Sistema Homem – Tarefa – Máquina (SHTM) ........72
5.1.2 Diagnose Ergonômica ......................................................................................73
5.1.2.1 Recomendações Ergonômicas......................................................................75
5.1.3 Projetação Ergonômica ....................................................................................76
5.1.3.1 Etapa Conceitual ...........................................................................................76
5.1.3.1.1 Pesquisa e Análise de Similares ................................................................77
5.1.3.1.2 Requisitos Projetuais..................................................................................87
5.1.3.1.3 Geração de Alternativas .............................................................................90
6 PROPOSTA PRELIMINAR ....................................................................................92
6.1 Sugestões para pesquisas posteriores...........................................................94
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................93
REFERÊNCIAS.....................................................................................................95
APÊNDICES..........................................................................................................98
17
1 INTRODUÇÃO
Segundo o Censo 2000, quatorze e meio por cento (14,5%) da população
brasileira apresenta algum tipo de deficiência. Dois por cento (2%), da população
total, cerca de 3.200.000, (baseado em 160 milhões de habitantes), apresentam
disfunções físico-locomotoras, frutos de algum tipo de problema genético ou
acidente (IBGE, 1990 apud CORDE,1992 p.18). Assim, a necessidade de amenizar
parcial ou totalmente essas deficiências e de reintegrar as PPD’s (pessoas
portadoras
de
deficiência)
à
sociedade
gera
a
responsabilidade
pelo
desenvolvimento de novos produtos e ajudas técnicas. A ergonomia é uma ciência
indispensável nesse processo de reabilitação.
Assim, para reabilitar e reintegrar, é preciso entender a realidade vivida
pelos portadores de deficiência. O andar, por exemplo, é uma das etapas básicas do
aprendizado humano, que insere o indivíduo em diversas atividades físicas e sociais,
é adquirido nos primeiros anos de vida. Porém somente é conseguido firmemente
após várias tentativas. O homem aprende a andar. Porém, os deficientes físicolocomotores, devido ao trauma adquirido antes ou depois do período de aprendizado
da marcha humana normal, necessitam de meios que supram esta falta do andar.
Com foco nesta necessidade, há no mercado diversos tipos de produtos
ou ajudas técnicas que já auxiliam o deficiente físico-locomotor a desenvolver seu
transporte, as órteses, próteses (ex: perna mecânica), cadeiras-de-roda são
exemplos destes produtos. Essas ajudas técnicas são dispositivos especiais com o
objetivo de compensar parcial ou totalmente uma ausência ou perda de função
auxiliando os em suas atividades cotidianas como trabalho lazer e educação
18
(TORTOSA, 1992 apud MARQUES, 2004). Para tal, há o suporte de profissionais
especializados
em
reabilitação,
como
os
terapeutas
ocupacionais
e
os
fisioterapeutas.
A handbike também é um tipo de ajuda técnica que pode contribuir com a
qualidade de vida dos PPDs, auxiliando-os essencialmente na sua locomoção, no
seu transporte.
Visando essa interação de conhecimentos, em prol da reabilitação dos
portadores de deficiência físico-locomotoras, o presente trabalho vem trazer as
contribuições da ergonomia enquanto ciência que trata de adaptar o homem,
considerando suas limitações, aos instrumentos, acessórios e produtos. Assim, ela
se torna essencial no estudo dos custos humanos dos deficientes físico-locomotores,
na medida em que “se aplica ao projeto de máquinas, equipamentos, sistemas e
tarefas, com o objetivo de melhorar a segurança, saúde, conforto, e eficiência no
trabalho” (DUL e WEERDMEESTER, 2000, p. 13).
Considerando tudo isso, serão apresentados no presente trabalho, a partir
da intervenção ergonomizadora (MORAES e MONT´ALVÃO, 1998), diagnósticos
das situações peculiares sobre o uso de handbikes artesanais por indivíduos
portadores de deficiência físico-locomotoras encontrados na cidade de São Luís
(MA). Além disso, o trabalho oferece recomendações ergonômicas para novos
projetos ou similares proporcionando a esses indivíduos, uma proposta preliminar de
um produto para acessibilidade em relação às suas atividades diárias como o lazer,
o trabalho e o condicionamento físico.
19
1.1 Justificativa
A importância desse trabalho se justifica, então, no esforço de oferecer a
oportunidade de inclusão social aos portadores de deficiência físico-locomotora, na
medida em que o produto em questão (handbike) é um mediador para o trabalho,
lazer e condicionamento físico, bem como para a vida integral na sociedade.
Se justifica ainda por trazer uma alternativa projetual de baixo custo
baseada em recomendações ergonômicas, visando suprir a escassez de produtos
similares no mercado nacional, situação que obriga os interessados a adquirir tais
produtos em outros países, ou a recorrerem a criações amadoras, sem nenhuma
orientação profissional ou ergonômica.
1.2 Objetivos
1.2.1 Objetivo Geral
Contribuir com a qualidade de vida dos PPDs, oferecendo uma proposta
preliminar em nível de projeto de produto para a realização de suas atividades, como
trabalho, lazer e condicionamento físico.
20
1.2.2 Objetivos Específicos
a) Realizar uma intervenção ergonomizadora (na atividade de locomoção
de deficientes físicos usuários de handbikes;
b) Realizar
um
mapeamento
de
constrangimentos
ergonômicos
(apreciação ergonômica) na atividade de locomoção de deficientes
físicos usuários de handbikes;
c) Analisar as posturas ocupacionais e a tarefa durante a atividade de
locomoção de deficientes físicos usuários de handbikes (diagnose
ergonômica), tendo como referência o estudo de cadeiras-de-rodas;
d) Com base nas etapas anteriores (apreciação e diagnose ergonômica),
elaborar requisitos projetuais que sirvam de referência para eventuais
desenvolvimentos de projetos de handbikes relacionados à locomoção
de deficientes físicos usuários de handbikes;
e) Gerar alternativas projetuais, ao nível de representação tridimensional
preliminar, visando recomendações ergonômicas para o projeto de
uma nova handbike.
1.2.3 Objetivos Operacionais
a) Realizar observação assistemática (por meio de registro fotográfico e
caderneta de campo) da atividade de locomoção de deficientes físicos
usuários de handbikes;
21
b) Realizar observação sistemática, por meio de registro de comportamento
(registro fotográfico), da atividade de locomoção de deficientes físicos
usuários de “handbikes artesanais” (feitas pelo próprio usuário);
c) Realizar entrevistas abertas não estruturadas com usuários de handbikes;
d) Aplicar entrevista aberta e questionário fechado com deficientes usuários
de handbikes;
e) Realizar pesquisa de produtos similares e materiais industriais, que
poderão ser utilizados no desenvolvimento do projeto da nova handbike.
1.3 Estrutura do Trabalho
O trabalho proposto está dividido em seis capítulos. No primeiro capítulo é
disposta a idéia geral do trabalho, sua proposta, importância, justificativa e objetivos,
para que se entenda a que o trabalho se propõe e o porquê de se tratar do tema em
questão.
No segundo capítulo, são comentadas as terminologias usuais para os
deficientes físico-locomotores, trata-se da integração de profissionais da área da
ergonomia, engenharia e terapias, para auxílios de sua locomoção, e também dos
direitos garantidos, porém desrespeitados, das pessoas portadoras de deficiência
aos acessos públicos, bem como de propostas de desenho universal e biomecânica
ocupacional.
No terceiro capítulo, o uso de handbikes, seu manejo e controle, bem
como o trabalho físico-muscular são observados e analisados. No quarto capítulo,
22
são tratados os métodos e técnicas adotados para a intervenção ergonomizadora.
Por fim, no quinto capítulo, são discutidas e sugeridas novas propostas a nível de
projeto conceitual, para novas handbikes.
23
2 ERGONOMIA DA REABILITAÇÃO
A necessidade de reabilitar e reintegrar os portadores de deficiências
físico-locomotoras a uma vida social ativa e participativa vem gerando uma interação
entre diversas áreas (como psicologia, terapia ocupacional, fisioterapia, design,
dentre outras) na busca de soluções. A ergonomia vem, assim, dar a sua
contribuição nesse tema, através da chamada “ergonomia da reabilitação”.
Ergonomia da Reabilitação, proporciona o bem estar físico e mental do deficiente,
melhorando seu desempenho motor e sua postura, conseqüentemente, aumentando
sua qualidade de vida e contribuindo para o não surgimento de problemas físicos,
posturais e mentais no futuro, interagindo o deficiente no seu ambiente físico e de
trabalho, respeitando suas limitações (Nowak, 1999).
De acordo com Karwowski (1996, apud MORAES e MONT´ALVÃO, 1998,
p.11, grifo nosso):
A Ergonomia ou Human Factors é uma ciência que estuda a relação e
interação entre o homem e a tecnologia. A Ergonomia integra o
conhecimento proveniente das ciências humanas para adaptar tarefas,
sistemas, produtos e ambientes às habilidades e limitações físicas e
mentais das pessoas.
Já na visão de Dul e Weerdmeester (2000, p. 13) “a ergonomia se aplica
ao projeto de máquinas, equipamentos, sistemas e tarefas, com o objetivo de
melhorar a segurança, saúde, conforto, e eficiência no trabalho”.
E, ainda, segundo o conselho da International Ergonomics AssociationIEA (2003), a ergonomia (ou fatores humanos) é a disciplina científica dedicada ao
conhecimento das interações entre o ser humano e outros elementos de um sistema,
e a profissão que aplica teorias, princípios, dados e métodos para o projeto, de
24
modo a otimizar o bem estar do ser humano e o desempenho do sistema como um
todo. Entendido o conceito de ergonomia, vejamos agora o que queremos transmitir
quando falamos em pessoas portadoras de deficiência.
De acordo com a Declaração dos Direitos das Pessoas Deficientes, das
Organizações das Nações Unidas – ONU (ONU, 1975, apud CORDE, 1992, p.17), o
termo “pessoas deficientes” “refere-se a qualquer pessoa incapaz de assegurar por
si mesma, total ou parcialmente, as necessidades de uma vida individual ou social
normal em decorrência, congênita ou não, nas suas capacidades físicas, sensoriais
ou mentais”. A terminologia “pessoa portadora de necessidades especiais”, é, no
entanto, uma das terminologias mais aceita por profissionais das áreas de Terapia
Ocupacional, Fisioterapia e algumas entidades (CORDE, 1992, p.17).
Com base nesses conceitos é que são desenvolvidos os diversos pontos
deste quesito de “ergonomia da reabilitação”, visando, através da aplicação da
ergonomia ao contexto do deficiente físico-locomotor, contribuir para a reintegração
dos mesmos na vida social de forma participativa.
2.1 Acessibilidade Integral
A falta de acessos públicos é umas das principais causas da exclusão das
pessoas portadoras de deficiência para uma rotina normal. “Há muito, os espaços
públicos das cidades (brasileiras) são concebidos para serem usados por um padrão
idealizado de pessoas, padrão este que exclui as portadoras de deficiência”.
(CORDE, 1992, p.09). Os projetos urbanísticos, por sua vez, geralmente são feitos
25
apenas para pessoas “normais”, que não possuem nenhum tipo de deficiência física.
Vemos, então, que não são analisados com zelo, no intuito de englobar a maior
gama de pessoas possível, na qual estão, por exemplo, os usuários de muletas,
cadeira de roda e até carrinhos de bebês. São, por causa disso, concretizados de
forma irresponsável, pois mais tarde serão refeitos, gerando mais gastos aos cofres
públicos ou particulares.
Além disso, são projetados e executados quebrando leis já vigentes no
país, conforme Constituição Federal (1988, grifo nosso):
Art. 5.º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, (...)”
Um exemplo visível da existência de barreiras físicas está nos balneários
brasileiros. Lugares que têm o objetivo de oferecer momentos de conforto e lazer
físico e mental, geralmente se transformam, para os deficientes físico-locomotores,
em transtornos, pois não há acessos aos locais desejados. O símbolo internacional
de acesso (Figura 1), presente nos poucos acessos que ainda existem, é
desrespeitado por grande parte da população (motoristas, transeuntes).
Figura 01: Símbolo Internacional
de Acesso
Fonte: ABNT – Comitê Brasileiro de
Construção Civil – NBR 9050/1994
26
É necessário, portanto, criar locais sem barreiras físicas, visando e
acompanhando
o
mercado
de
novos
produtos
(com
seus
padrões
e
dimensionamentos), para que se obtenham bons resultados espaciais, facilitadores
da transposição dos deficientes físicos. É necessário, também, sempre verificar e
respeitar as leis vigentes, bem como os padrões e normas de cada localidade.
2.2 Desenho Universal (Universal Design)
Para que os projetos urbanísticos se adaptem a este público significante e
importante da nossa sociedade, deve haver também compatibilidade para com os
produtos confeccionados para as pessoas portadores de deficiência. O Desenho
Universal
busca,
justamente,
novas
propostas
para
desfazer
essas
incompatibilidades entre projetos, como também, desde o início da projetação de
novos projetos de produtos ou arquitetônicos, suprir as necessidades diárias da
sociedade.
É inconcebível, por exemplo, fazer acesso ao teatro sem saber quais tipos
de ajudas técnicas ou produtos serão usados para o transporte das pessoas
portadoras de deficiência. Calçadas, que são os principais meios de acesso dos
transeuntes aos mais diversos destinos, não podem ser pensadas apenas para as
pessoas consideradas “normais”, pois não são apenas estas que possuem o direito
de ir e vir. Assim, o Desenho Universal vem, com seus princípios, melhor adaptar os
produtos e projetos às mais diversas necessidades (e limitações) humanas.
27
Conforme, CORDE (1992, p. 14), os quatro princípios básicos do Desenho
Universal são:
1. Acomodar uma grande gama antropométrica;
2. Reduzir a quantidade de energia necessária para utilizar produtos e o
meio ambiente;
3. Tornar o ambiente e os produtos mais compreensíveis;
4. Pensar em produtos e ambientes como sistemas.
Nesta monografia, o desenho universal soma seus princípios à
intervenção ergonomizadora para obtenção de requisitos projetuais levando a
sugestões para novos projetos de handbikes e similares. Não há como se pensar em
soluções projetuais (novos produtos) sem se considerar o desenho universal e a
acessibilidade integral.
28
3 O USO DE HANDBIKES
São várias as causas que levam pessoas a perder os movimentos da(s)
perna(s), impossibilitando o andar normal. A cadeira de roda é um dos primeiros e
mais conhecidos instrumentos de ajuda na reabilitação das pessoas que apresentam
disfunções físico-locomotoras, para locomoção em pequenas e médias distâncias.
Além da cadeira de roda, outra solução para o transporte das pessoas que
apresentam disfunções físico-locomotora, é a handbike.
Primeiramente, é preciso considerar que “as causas de muitas deficiências
ainda estão relacionadas às condições de extrema pobreza, nutrição deficiente, falta
de higiene, contaminação ambiental, aliado às causas mais globais, como acidentes
de trânsito e violência urbana” (CORDE, 1992). Assim, paraplegia (perda dos
movimentos dos membros inferiores), amputação, poliomielite (doença já rara) são
exemplos de disfunções físicas que levam pessoas a usar produtos especiais para
se locomover.
Ainda pouco utilizadas no Brasil, principalmente devido ao seu elevado
custo no mercado, na medida em que são produtos importados, as handbikes são
geralmente triciclos, nos quais o sistema mecânico de acionamento para o
movimento das rodas são manivelas. Usam também, muitas vezes, os mesmos
sistemas de câmbio freios e pneus das bicicletas. As handbikes podem ser definidas
como: Bicicletas que podem ser pedaladas com as mãos e braços. (The Manual
Wheelchair Training Guide, 1998)
Há uma considerável diversidade em modelos e materiais na configuração
de handbikes, sendo muitos desses modelos voltados para a prática do esporte. Por
29
isso, além de serem usadas por pessoas que apresentam disfunções físicas, as
handbikes também podem ser usadas por pessoas consideradas “normais” para a
prática de esportes ou mesmo para o lazer (Foto 1).
Foto 1- Handbike esportiva da empresa Double Perfomance
Fonte: http://www.doubleperformance.nl/sportrolstoelen/sportrolstoelen.cfm?art_id=56
3.1 Biomecânica Ocupacional
Para que o projeto de uma handbike se adeque às necessidades
humanas, é necessário a aplicação da biomecânica ocupacional. De acordo com
Iida (1998, p.83), “a biomecânica ocupacional estuda as interações entre o trabalho
e o homem sob o ponto de vista dos movimentos músculo-esqueléticos envolvidos, e
as suas conseqüências”.
30
Explicando esse conceito, pode-se dizer que na biomecânica são
observados, registrados e analisados diversos tipos de posturas aplicadas pelo
homem no efetuar de suas tarefas. Posturas estas que influenciam diretamente na
motivação do trabalhador e no desenvolver do trabalho. As más posturas em postos
de trabalhos e produtos podem acarretar não só no custo do indivíduo (dores,
cansaço) como na baixa produtividade, acidentes e incidentes ou lesões
(permanentes ou temporárias; imediatas ou acumulativas).
A biomecânica ocupacional é interdisciplinar. Chaffin e Anderson (1991) a
definem como aquela que estuda a interação física dos trabalhadores/usuários com
suas ferramentas, máquinas e materiais, assim como permitir a otimização do seu
desempenho minimizando os fatores de risco relacionados às disfunções do sistema
músculo esquelético.
Então, a importância da biomecânica ocupacional no presente trabalho
está em analisar a postura dos deficientes físico-locomotores, a transmissão de
movimentos dos seus membros superiores para o sistema de manivelas, além da
forças e alcance desses movimentos no uso de handbikes.
3.1.1 Trabalho Dinâmico e Trabalho Estático
Por existir disfunções físicas nos membros inferiores das pessoas
portadoras de deficiência físico-locomotora, e boa parte permanecer com atividades
normais nos outros seguimentos corporais (cabeça, tronco e membros superiores), o
estudo do trabalho dos membros superiores se tornará necessário para os
acionamentos dos produtos ou ajudas técnicas.
31
Um dos trabalhos físicos mais relevantes neste estudo é o trabalho
muscular dinâmico. Para que se possa entender essa afirmação, é necessário
observar os conceitos de trabalho dinâmico e trabalho estático.
De acordo com Grandjean (1998, p.18, grifo nosso) o trabalho dinâmico
caracteriza-se por seqüência rítmica de contração e extensão – portanto de
tensionamento e afrouxamento da musculatura em trabalho, ou seja, movimento. Já
o trabalho estático é realizado na manutenção da postura, ou seja, mais parado de
maneira geral e é um tipo de trabalho físico nos quais as pessoas se queixam mais
de dores no corpo. Isto porque, no trabalho dinâmico, o fluxo de irrigação sanguínea
é elevado, enquanto que no trabalho estático, “a irrigação sangüínea é tão mais
diminuída quanto maior a produção de força estática” (GRANDJEAN, 1998, p.20),
causando assim desconfortos por ficarem longos períodos numa mesma posição.
“Conclui-se facilmente que a fadiga muscular aparece em um trabalho estático tão
mais rapidamente quanto maior for a força exercida ou maior a tensão dos músculos
(GRANDJEAN, 1998, p20).”
O usuário de handbikes realiza tanto o trabalho dinâmico, ao girar os
dispositivos para a sua impulsão (sistema de manivelas) utilizando os membros
superiores (mãos e braços); quanto o trabalho estático, na manutenção, durante
longos períodos, da posição sentada. Por isso, a má aplicação de ambos os tipos de
trabalho pelos usuários de handbikes, pode causar diversos problemas físicos como,
por exemplo, inflamações nas bainhas dos tendões e articulações envolvidas nas
posturas adotadas. Isto pode ser observado melhor na Tabela 1 a seguir:
32
Tabela 1 - Trabalho estático e queixas no corpo
Tipo de trabalho
De pé no lugar
Postura sentado, mas sem apoio para as costas
Assento demasiado alto
Assento demasiado baixo
Postura do tronco inclinado, Sentado ou de pé
Braço estendido, pra frente pros lados, ou pra cima
Cabeça curvada demasiado frente ou para trás
Postura de mão forçada em comandos ou
ferramentas
Queixas e conseqüências possíveis
Pés e pernas, eventualmente varizes
Musculatura distensora das costas
Joelhos, pernas e pés
Ombros e nucas
Região lombar, desgaste de discos intervertebrais
Ombro e braço, eventualmente periatrite dos ombros
Nuca e desgaste dos discos intervertebrais
Antebraço, eventualmente inflamação nas bainhas
dos tendões
Fonte: Grandjean, 1998.
Outro fator relevante no trabalho físico muscular é o uso das forças no
manejo de controles das cadeiras de rodas ou handbikes, melhor descritos no item
3.1.2.
3.1.2 Manejos e Controles
Chama-se manejo “(...) a forma de ‘engate’ que ocorre entre o homem e a
máquina, pelo qual se torna possível ao homem, transmitir movimentos de comando
à máquina” (Iida, 1998, p. 178, grifo nosso). Há duas formas de manejos mais
usuais: o manejo fino e o manejo grosseiro.
O manejo fino é um tipo de manejo caracterizado por ser realizado com a
ponta dos dedos, enquanto a palma da mão e o punho permanecem relativamente
estáticos, é também chamado de “pega”. Utiliza pouca força e resulta em
movimentos velozes e precisos. Já o manejo grosseiro, pelo contrário, caracteriza-se
pela utilização dos dedos e da palma da mão com a função de prender,
permanecendo relativamente estáticos, enquanto o punho e o braço realizam os
33
movimentos, é chamada também de “empunhadura”. Utiliza maior força e resulta em
menor velocidade e precisão. No estudo proposto será visto o uso do manejo
grosseiro por se tratar de movimentos mais velozes e com menor precisão no
acionamento da handbike.
Os controles devem ser os mais adaptados possíveis, para que se
obtenha a melhor execução destas tarefas, e com o menor custo físico do operador.
Iida (1998, p.172) afirma ainda que, de acordo com o princípio ergonômico (...) as
máquinas devem ser um “prolongamento” do homem. Ou seja, um melhor manejo de
controles (botões, manivelas, volantes) exige movimentos naturais e mais facilmente
realizados pelo corpo humano (IIDA, idem).
Assim, é possível afirmar que as handbikes são integralmente “extensões”
do corpo do usuário. Este irá usar esse “prolongamento” a partir de dispositivos
(controles) que serão ativados pelo seu trabalho físico muscular, para a
movimentação e transporte.
Tabela 2: Funções e características dos principais tipos de controles.
Fonte: IIDA, ITIRO, Ergonomia – Projeto e Produção. São Paulo: Edgard Blucher LTDA, 5ª edição 1998.
34
Para ajustes finos, a empunhadura da manivela não deve rodar, enquanto
que, para ajustes grosseiros, a empunhadura deve rodar desde que o punho e a
mão sejam mantidos em um alinhamento ótimo durante a rotação (Equipment
Design, p.127). Assim, para manivelas maiores (12 a 20 cm) o torque máximo irá
aumentar, os valores serão alterados pela altura da manivela acima do chão (Tabela
2).
Tabela 3: Recomendações de design de manivela.
Para o melhor manejo das manivelas, neste estudo, é aconselhável o uso
da combinação entre o manejo antropomorfo e o manejo geométrico. Isto porque o
primeiro (antropomorfo) apresenta muitas vezes superfícies irregulares, saliências de
35
encaixe de mão e depressões que correspondem a um usuário com antropometria
da mão diferente da de outros usuários, impossibilitando atender a diferentes tipos
de mãos e pegas ao mesmo tempo. Estas formas são conhecidas também por
“anatômicas”, pois permitem maior firmeza de pega, transmissão de maiores forças,
com concentração menor de tensões (IIDA,1998). O segundo (geométrico), já
atende a uma gama maior de usuários, pois suas formas geralmente são básicas e
de fácil assimilação para a pega e manejo.
3.1.3 Assento
O corpo humano trabalha de forma integrada com as leis da física, sendo
por isso influenciado plenamente pela gravidade. Na posição ereta todo o peso e
esforços (trabalhos dinâmicos e estáticos) da cabeça, dos membros superiores e do
tronco, são distribuídos entre a coluna vertebral e transferidos para os membros
inferiores. Já na posição sentada, toda a base do equilíbrio será transferida para a
bacia (cintura pélvica). De acordo com Coury (1995, p.13): “!A coluna é constituída
por pequenos ossos (as vértebras) móveis entre si e unidos por vários ligamentos
(‘fitas’ de tecidos fibrosos). Entre uma vértebra e outra existem discos intervertebral
de tecido mais macio e cartilaginoso(...)” (figura 2).
Ainda, Iida (1998) afirma que o suporte para o peso do tronco da pessoa
na posição sentada é feito praticamente pela tuberosidade isquiática, que
assemelha-se a uma pirâmide invertida e situa-se na bacia. São ossos cobertos por
36
uma fina camada de tecido muscular e pele grossa, adequados para o suporte de
grandes pressões.
Uma outra observação sobre as posições em pé e sentada é que, na
posição em pé, a coluna vertebral faz com que a parte baixa da coluna (curvatura
lombar) fique com o arco voltado para trás (Figura 3 a) e na posição sentada, o arco
é voltado para frente (Figura 3 b). O simples fato de passar da postura em pé para a
sentada aumenta em aproximadamente 35% a pressão do núcleo dentro do disco
(COURY, 1995, p.15).
Figura 2: Duas vértebras (1) unidas por um disco
intervertebral formado por um anel (2) e um núcleo.
Fonte: Coury, Helenice Jane Cote Gil. Trabalhando Sentado – Manual para Posturas
Confortáveis. 2ª edição. São Carlos. EDUFSCar , 1995, p.13)
37
Figura 3: Mudanças na coluna lombar.
a
b
Fonte: Coury, Helenice Jane Cote Gil. Trabalhando Sentado – Manual para Posturas
Confortáveis. 2ª edição. São Carlos. EDUFSCar , 1995, p.15
É importante ressaltar que, tanto a pessoa portadora de deficiência físicolocomotora como a que não possui, precisa e quer se sentir sempre apoiada e/ou
estável em qualquer local, nas posições em pé ou sentada. Assim, “A falta de
equilíbrio, a inversão de função dos membros superiores e os encurtamentos da
musculatura dos membros inferiores e do tronco, irão afetar diretamente na
determinação de uma boa ou má postura” (DA COSTA RAMOS, 2004, p.28).
É importante conhecer alguns dados antropométricos na postura sentada,
tanto para uma melhor adaptação das pessoas portadoras de deficiência físicolocomotora, quanto para as consideradas ”normais”, no desenvolvimento de novas
handbikes. Para a ação do uso de handbikes, a inclinação do encosto-assento
(Figura 4) será entre os ângulos de 101° a 104° (GRANDJEAN, 1998 et all apud DA
COSTA RAMOS, 2004, p. 67). Já no intervalo do ângulo da coxa-perna (Figura 5)
sentado para conforto, o ângulo mínimo será de 90° chegando até 120° (DA COSTA
38
RAMOS, 2004). Na inclinação do assento (Figura 6) em superfície na horizontal a
angulação ficará Â = ± 5°.
Figura 4: Inclinação do encostoassento.
Figura 5: Intervalo do ângulo da
coxa-perna.
Figura 6: Inclinação do assento.
Assim, como no uso da cadeira de roda, no efetuar do trabalho exigido
pelas handbikes, os usuários precisam estar confiantes no assento desenvolvido,
para acionar livremente os manejos de controles a partir dos membros superiores.
39
Então, é importante observar, segundo a ABNT – Associação Brasileira de Normas
Técnicas, através da NBR 9050/1994, os padrões antropométricos para pessoas em
cadeira de rodas, visando atender o maior número possível de situações, que estão
apresentados conforme as Figuras 7, 8 e 9.
Figura 7: Vista superior do alcance do usuário de cadeira de roda.
Figura 8: Vista frontal do alcance do usuário de cadeira de roda.
40
Figura 9: Vista lateral do alcance do usuário de cadeira de roda.
41
4 MÉTODOS E TÉCNICAS
Segundo Lakatos (1995), investigação, registro, análise e interpretações
são os quatro aspectos fundamentais para a pesquisa descritiva. Com o objetivo de
desenvolver hipóteses e aumentar a familiaridade do pesquisador com o assunto em
questão, implicando na clarificação e modificação de conceitos, a essência da
referida pesquisa descritiva é de caráter exploratório. A ergonomia, ao avaliar as
condições de trabalho e analisar a tarefa, realiza pesquisas descritivas (MORAES e
MONT’ALVÃO, 1998, p. 38).
Este trabalho aborda qualitativamente, os usuários PPDs em tarefas pelo
uso de handbikes. Foram observados cinco usuários PPDs permanentes de cadeira
de roda e handbike, que não estão em tratamento ou acompanhamento terapêutico,
e que foram observados tanto nos seus ambientes de trabalho como nos seus
ambientes domésticos. Todos são do sexo masculino e estão na faixa etária entre 26
e 75 anos.
Um deles é usuário permanente de cadeira de roda e handbike por
apresentar atrofia nos membros inferiores causada pela poliomielite; outro, é usuário
permanente de cadeira de roda e handbike devido à uma lesão causada no sistema
nervoso a partir de uma má intervenção cirúrgica, na administração da anestesia
geral, que causou a paralisia nos membros inferiores; outro, é usuário permanente
de handbike, desde os 17 anos, por lesionamento de vários ossos, inclusive a
coluna vertebral, causando a paralisia dos membros inferiores, o quarto, é também
usuário permanente de handbike por apresentar paralisia nos membros inferiores
causados pela poliomielite; o último usuário investigado na pesquisa, é usuário
42
permanente de handbike por apresentar atrofia nos membros inferiores, mas não há
informações deste e de sua família sobre a causa patológica da atrofia.
Para analisar tais situações, o trabalho proposto obedece a fases e etapas
de pesquisa dentro do método da intervenção ergonomizadora (MORAES e
MONT’ALVÃO, 1998), levantando informações necessárias sobre o uso de
handbikes. Além disso, oferece propostas e recomendações de design para o
desenvolvimento de novas handbikes, bem como para ajustes nos modelos já
existentes. A intervenção ergonomizadora foi, então, realizada junto a pessoas
portadoras de deficiência usuárias de handbikes, por meio de observações,
entrevistas e questionários.
4.1 Intervenção Ergonomizadora
Segundo
Moraes
e
Mont’Alvão
(1998,
p.
49),
a
intervenção
ergonomizadora pode ser dividida nas seguintes grandes etapas:
4.1.1 Apreciação ergonômica
É uma fase exploratória que consiste na sistematização do homem-tarefamáquina e na delimitação dos problemas ou constrangimentos ergonômicos. Fazemse observações no local de trabalho e entrevistas com os trabalhadores/ usuários.
43
Com relação à monografia realizaram-se observações assistemáticas, aplicação de
questionários e entrevistas com os PPDs.
4.1.2 Diagnose ergonômica
Na etapa da diagnose ergonômica é permitido o aprofundamento no
estudo dos problemas e a conjecturação do que isso pode levar a acontecer. Nesta
etapa são observados, de forma sistêmica, os comportamentos reais das pessoas
portadores de deficiência com o uso das handbikes. “Realizam-se gravações de
vídeo, entrevistas estruturadas, verbalizações e aplicam-se questionários e escalas
de avaliação” (MORAES e MONT’ALVÃO, 1998, p. 49). No presente trabalho
abordam-se as posturas ocupacionais dos PPDs, durante o uso de “handbikes
artesanais”, decorrentes das operações de controles e acionamentos, por meio de
observações sistemáticas.
4.1.3 Projetação ergonômica
“(...) trata de adaptar as estações de trabalho (...) às características físicas,
psíquicas e cognitivas do trabalhador” (MORAES e MONT’ALVÃO 1998, p. 50).
44
“(...) tem o objetivo de produzir princípios de projeto para o novo produto.
Ele deve ser suficiente para satisfazer as exigências do consumidor e diferenciar o
novo produto de outros produtos existentes no mercado” (BAXTER, 2000, p.174).
É analisada por meio de análise paramétrica as “handbikes artesanais”
encontradas em São Luís (MA), como também as handbikes importadas (através de
dados coletados pela internet). São feitas, porém, propostas de novas handbikes
(croquis) e analisados pelo diferencial semântico, culminando a uma proposta
preliminar.
Na presente monografia serão apresentados apenas os requisitos
projetuais, geração de idéias e modelo tridimensional preliminar para sugestões
futuras de novos projetos de handbike.
4.1.4 Avaliação, validação e/ou testes ergonômicos
A handbike é testada junto ao usuário PPDs que formula “(...) decisões
relativas às soluções a serem implementadas, detalhadas e implantadas” (MORAES
e MONT’ALVÃO, 1998, p. 50). Neste trabalho foi feito um modelo tridimensional para
testes chegando apenas a resultados preliminares de projeto.
45
4.1.5 Detalhamento ergonômico
Revisa-se o projeto, após testes e avaliações, terminando com “(...)
especificações ergonômicas para os subsistemas (...)”(MORAES e MONT’ALVÃO,
1998, p. 50). Vale enfatizar que esta etapa não foi realizada na presente monografia.
4.2 Técnicas de Pesquisa Descritiva
Descrever, classificar e interpretar é justamente o interesse principal da
pesquisa descritiva (LAKATOS, 1995). Na proposta monográfica, observações
sistemáticas e assistemáticas, bem como entrevistas e questionários, foram
aplicados junto às pessoas portadoras de deficiência físico-locomotora.
4.2.1 Observação Assistemática
Conforme Moura (1999), a observação é uma técnica, que ao contato
direto com o objeto de estudo, permitirá a obtenção de impressões e registros sobre
fenômenos. Primeiramente, deve ser aplicada a observação assistemática, também
chamada de “ocasional”, “simples” ou “não-estrutural” (Rudio, 1986). Nela não há a
preocupação inicial de centrar-se num foco, é mais geral e superficial, no sentido de
46
buscar as máximas informações possíveis do objeto de estudo, sem o
aprofundamento nos detalhes. Sendo assim, foram registrados por meio fotográfico,
as atividades dos PPDs durante o uso de “handbikes artesanais.”
4.2.2 Observação Sistemática
A observação sistemática, também é chamada de “planejada”, “estrutural”
ou “controlada” (Rudio, 1986). Ela implica a adoção de uma série de decisões
prévias (Moura apud Fernandéz-Ballesteros, 1996), desde a escolha do local físico
para os eventos a serem pesquisados, bem como o pessoal e unidades de medição.
Serão usados equipamentos de registro como máquina fotográfica e bloco de notas,
ambos necessários à coleta de informações na observação. Forão observadas
sistematicamente e analisadas de maneira descritiva, as posturas dos usuários de
handbike, bem como os manejos nos controles da mesma, nos locais de trabalho e
domésticos.
4.2.3 Entrevistas Abertas
A entrevista é uma outra técnica de coleta de dados que supõe o contato
face a face, constituindo-se num método flexível e aberto (Fernandéz-Ballesteros,
1996). Foram utilizadas no presente trabalho entrevistas estruturadas (gravadas em
47
fita cassete) e semi-estruturadas já que, apesar de serem baseadas em um roteiro
prévio de perguntas fundamentadas nos objetivos do trabalho, houve a flexibilidade
para, em algumas ocasiões, adaptar-se à situação concreta, ou seja, liberdade para
acrescentar novas perguntas. Foram entrevistados quatro usuários de handbikes em
suas residências e/ou locais de trabalho, sendo que o quinto apresentava surdez e
não conseguia se comunicar de forma clara, como também não conseguia escrever,
desta forma optou-se por coletar os dados a partir de entrevistas com sua família.
4.2.4 Questionário e Escala de Avaliação
Os questionários são também utilizados como instrumentos para a reunião
de informações e opiniões de indivíduos sobre o assunto em questão. A aplicação
deve ser feita de forma direta, sempre com a presença do entrevistador, dando
instruções, tirando dúvidas e esclarecendo os objetivos da pesquisa (Moura et all,
1998).
Dessa forma, foram aplicados questionários a três usuários de handbikes
sendo que três deles responderam por escrito a entrevista e um por meio de
gravação em fita cassete, já um último não conseguiu responder ao questionário
nem falar por meio de gravação em fita cassete.
48
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES
5.1 Intervenção Ergonomizadora
A fase de apreciação foi embasada nos resultados das entrevistas abertas
e observações assistemáticas.
Foram verificadas e anotadas as opiniões referentes às entrevistas
aplicadas aos PPDs.
Os resultados das entrevistas com os deficientes mostraram que há uma
satisfação muito grande no uso das “handbikes artesanais”. Alguns destes
deficientes declararam que nas atividades diárias, o uso das handbikes só
proporciona-os a uma vida normal e decente. As queixa anotadas referem-se
principalmente barreiras físicas que os impedem a ter acesso normal a lugares
diversos com suas “handbikes artesanais.
5.1.1 Apreciação Ergonômica
a) Sistematização do Sistema Homem-Tarefa-Máquina
Segundo a técnica de abordagens de sistemas, para que se possa definir
a obtenção do sistema é necessária propor os modelos do sistema operando. Ao se
elaborarem os modelos de sistematização tem-se uma melhor compreensão do
49
sistema como um todo e de suas partes nesse todo, o que pode facilitar a obtenção
de melhores resultados ao se intervir nesse sistema (MORAES e MONT’ALVÂO,
1998). A seguir, tem-se a caracterização do sistema operando e a ordenação
hierárquica do sistema, como também, a expansão do sistema, modelagem
comunicacional e fluxograma de operacional do SHTM sobre o uso de handbikes
artesanais por PPDs.
52
Figura 10 – Caracterização e posição serial do SHTN
53
Figura 11 - ordenação hierárquica do sistema;
54
Figura 12 - expansão do sistema;
55
Figura 13 - Modelagem comunicacional do sistema
56
Figura 14 - Fluxograma de atividades do andar na Handbike.
57
5.1.1.1 Problematização do Sistema Homem – Tarefa – Máquina (SHTM)
Quadro 1 - Categorização e taxonomia dos problemas ergonômicos do SHTM (usuário 1)
Usuário 01
Problemas
Interfaciais
Acionais
Movimentacionais
Químico-Ambientais
Acidentários
Acessibilidade
Caracterização
• Postura
prejudicial
do
assento,
tencionando ombros e pescoço espaldar baixo (Foto 2);
• Tensionamento inadequado do pulso
no acionamento das manivelas ao fazer
a curva (Foto 11);
• Instabilidade ao subir na handbike
(Foto 3);
• Movimento inadequado ao guardar a
perna esquerda e direita do usuário
(Foto 4 e 5);
• Não há local adequado para descanso
e segurança das pernas (Foto 8);
• Não há local para descanso dos braços
após o uso da manivela de acionamento.
• Luva e manivela improvisadas (Foto 7)
• Falta de sistema de marchas/câmbio
(Foto 9a e 9b);
• Falta de freios e travas para o acesso
e saídas (Foto 3);
• Dificuldade ao girar o sistema de
manivelas para direcionamento (Foto 9a
e 9b).
• Handbike muito pesada (estrutura);
• Excesso de força nas subidas em
ladeiras (Foto 9a e 9b);
• Partículas de óleo e água expelidas no
usuário por não haver proteção do
sistema (catraca-corrente-coroa).
• Perigo de tombamento em curvas
fechadas, pela falta de estabilidade
(Foto 11);
• Dentes do sistema (catraca-correntecoroa) descobertos (Foto 2).
• Falta de acessos públicos para este
tipo de transporte.
58
Foto 2 – Flexão de pescoço; cotovelo encosta na roda;
as pernas não são adequadamente acondicionadas.
Foto 3 - Dificuldade de apoio ao subir
na handbike.
Foto 4 - Movimento para passar a 1ª
perna (esquerda).
Foto 5 - Movimento para guardar a 2ª
perna (direita).
Foto 6 - Pernas guardadas.
59
Foto
7
improvisadas.
Luva
e
manivela
Foto 9a - Força excessiva nas subidas
em ladeiras.
Foto 10 - Falta de sistema mecânico
de freios (improviso com a mão no aro
da roda).
Foto 8 - Local inadequado para as
pernas.
Foto 9b - Força excessiva nas subidas
em ladeiras.
Foto 11- Curva com um nível reduzido
60
Quadro 2 - Categorização e taxonomia dos problemas ergonômicos do SHTM (usuário 2)
Usuário 02
Problemas
Interfaciais
Acionais
Movimentacionais
Químico-Ambientais
Acidentários
Acessibilidade
Caracterização
• Difícil entrada e saída pela grande
altura da handbike (Foto 13, 14,15 e 16).
• Falta da corrente para acionamento do
sistema de catraca-corrente-coroa (Foto
12 e 20);
• Falta de travas para o acesso e saídas
da handbike, precisando segurar no freio
para efetuar o travamento (Foto 14);
• Falta de sistema de marchas/câmbio
(Foto 19);
• Handbike muito pesada (estrutura);
• Restrita movimentação do guidom de
direcionamento por ser baixo (Foto 19).
• Partículas de óleo e água expelidas no
usuário por não haver proteção do
sistema catraca-corrente-coroa e do
pneu dianteiro;
• Perigo de tombamento em curvas
fechadas, pela falta de estabilidade;
• Dentes do sistema catraca-correntecoroa descobertos (Foto 20 e 21);
• Falta de acessos públicos para este
tipo de transporte.
Foto 12 - Falta da corrente para acionamento do sistema de
catraca-corrente-coroa.
61
Foto 13 - Posição inicial para subida na
handbike.
Foto 15 – Apoio para começar a
sentar.
Foto 14 - Apoio com travamento
do
freio
para
efetuar
o
impulsionamento na subida.
Foto 16 – Posição sentada e pronta
para uso da handbike.
62
Foto 17 - Falta se sistema de
marchas/câmbio.
Foto 19 - Restrição de movimentos
de direcionamento.
Foto 18 - Guidom pequeno, baixo e
com restrição de movimentos.
Foto 20 - Detalhe da manivela (corrente
quebrada).
Foto 21 - Detalhe da manivela (corrente
quebrada).
63
Quadro 3 - Categorização e taxonomia dos problemas ergonômicos do SHTM (usuário 3)
Usuário 03
Problemas
Interfaciais
Acionais
Movimentacionais
Químico-Ambientais
Acidentários
Acessibilidade
Caracterização
• Apoio para as pernas (material
estofado) em grande dimensionamento e
quantidade (Foto 27a e 27b).
• Falta de sistema de marchas/câmbio
(Foto 25 e 29);
• Dificuldade ao girar o sistema de
manivela, por ser muito pesado (Foto 22
e 26a);
• Braço excessivamente levantado ao
usar o guidom (Foto 22 e 23);
• Falta de freios (Foto 22 e 27a).
• Handbike com estrutura muito pesada
(Foto 27b e 29).
• Partículas de óleo e água expelidas no
usuário por não haver proteção do
sistema de manivela (Foto 25 e26b).
• Perigo de tombamento em curvas
fechadas, pela falta de estabilidade
(Foto 24a);
• Corrente descoberta (Foto 25 26b).
• Falta de acessos públicos para este
tipo de transporte.
Foto 22 - Uso da handbike com esforço excessivo ao
girar a manivela.
64
Foto
23 - Braço levantado excessivamente
para
manipulação
o
direcionamento.
Foto 24 b Perigo de tombamento em
curvas fechadas pela falta de
estabilidade.
Foto 26a - Falta de proteção da coroa e
corrente.
Foto 24a - Perigo de tombamento em
curvas fechadas pela falta de
estabilidade.
Foto 25 - Detalhe da manivela e
catraca adaptadas no apoio para
braços.
Foto 26b - Falta de proteção da coroa e
corrente.
65
Foto 27a - Apoio para as pernas
(material estofado e estrutura) em
grande dimensionamento e quantidade.
Foto 27b - Apoio para as pernas
(material estofado e estrutura) em
grande dimensionamento e quantidade.
Foto 28 - Falta de local especial para
bolsa de dreno.
Foto 29 - Estrutura com material
excessivo.
66
Quadro 4 - Categorização e taxonomia dos problemas ergonômicos do SHTM (usuário 4)
Usuário 04
Problemas
Interfaciais
Acionais
Movimentacionais
Químico-Ambientais
Acidentários
Acessibilidade
Caracterização
• Apoio para as pernas em grande
dimensionamento (Foto 34e 38).
• Falta de sistema de marchas/câmbio
(Foto 34);
• Braço excessivamente levantado ao
usar o guidon (Foto 30 e 36).
• Handbike com estrutura muito pesada
(Foto 38 e 39);
• Ré usando diretamente o pneu traseiro
(Foto 39).
• Partículas de óleo e água expelidas no
usuário por não haver proteção do
sistema de manivela e pneu dianteiro
(Foto 35 e 36).
• Perigo de tombamento em curvas
fechadas, pela falta de estabilidade
(Foto 37);
• Coroa e corrente descobertas (Foto 34
e 35);
• Toque da luva na corrente (Foto 40).
• Falta de acessos públicos para este
tipo de transporte.
Foto 30 - Braço levantado excessivamente para o
direcionamento.
67
Foto 31a - Falta de trava e apoios
específicos para a subida.
Foto 32 - Subida.
Foto 34 - Falta se sistema de
marchas/câmbio.
Foto 31b - Falta de trava e apoios
específicos para a subida.
Foto 33 - Cantos vivos na
passagem da subida e descida.
Foto 35 - Falta de proteção da coroa e
corrente.
68
Foto 36 - Passagem do lugar seco para
molhado.
Foto 37 - Falta de estabilidade na curvas.
Foto 38 - Apoio para as pernas em
grande dimensionamento.
Foto 39 - Ré usando diretamente o pneu
traseiro.
Foto 40 - Material de revestimento
inadequado e toque da luva na
corrente.
Foto 41 - Cantos vivos.
69
Quadro 5 - Categorização e taxonomia dos problemas ergonômicos do SHTM (usuário 5)
Usuário 05
Problemas
Interfaciais
Acionais
Movimentacionais
Químico-Ambientais
Acidentários
Acessibilidade
Caracterização
• Apoio para as pernas em grande
dimensionamento e quantidade (Foto
51)
• Falta de apoios necessários para a
subida e descida (Foto 43a e 43b).
• Falta de sistema de marchas/câmbio
(Foto 48 e 52);
• Giro do guidom (esquerda para direita
e vice-versa) toca nas pernas (Foto 45,
47 e 48);
• Dificuldade ao girar o sistema de
manivela por ser muito pesado (Foto 42
e 46);
• Braço excessivamente esticado ao
usar o guidom (Foto 42);
• Braços não alcançam o guidom nas
curvas mais fechadas à direita (Foto 44).
•
Handbike com estrutura muito
comprida (Foto 42).
• Partículas de óleo e água expelidas no
usuário por não haver proteção do
sistema de manivela e pneu dianteiro
(Foto 49 e 53).
• Correntes do sistema de manivela
descobertos (Foto 53).
• Falta de acessos públicos para este
tipo de transporte.
Foto 42 - Esforço excessivo no uso do sistema de
manivela e guidom de direcionamento.
70
Foto 43a - Dificuldade no subir (ajuda de
familiares).
Foto 43b - Dificuldade no subir (ajuda de
familiares).
Foto 44 - Falta de alcance do guidom em
curvas mais fechadas.
Foto 45 - Encosto do guidom nas
penas.
Foto 46 - Esforço excessivo no uso da
manivela.
Foto 47 - Falta de espaço para o giro
do guidom.
71
Foto 48 - Guidom com sistema de
freio muito encostado nas pernas.
Foto 50 - Travas.
Foto 52 - Catraca e corrente.
Foto 49 - Sistema de freios dianteiros.
Foto 51 - Apoio para as pernas em
grande dimensionamento.
Foto 53 - Sistema de catraca - corrente
- coroa.
72
5.1.1.2 Parecer Ergonômico do Sistema Homem – Tarefa – Máquina (SHTM)
Quadro 6 - Formulação de problemas:
73
5.1.2 Diagnose Ergonômica
A aplicação do questionário estruturado sobre “O Uso de Handbikes” foi
feita apenas a três dos cinco usuários de handbikes. Neste questionário os níveis de
satisfação ficaram, praticamente todos, acima da média (igual a 7,5) na escala de
avaliação com variação de 0 (satisfação) a 15 (insatisfação).
74
É importante frisar que, dos três usuários que responderam ao
questionário, apenas o usuário 01 ficou mais insatisfeito por se tratar de uma pessoa
que tem melhor escolaridade e acesso a informações sobre equipamentos e
produtos similares a handbike. Este, porém, observa de forma mais crítica sua
handbike e seus problemas do que os outros dois entrevistados que aceitam melhor
e sentem-se mais satisfeitos com suas próprias handbikes.
SATISFAÇÃO DOS DEFICIENTES EM RELAÇÃO AO USO DAS HANDBIKES
Foram detectados os seguintes comportamentos através do diagnóstico
ergonômico conforme a tabela.
1. Cansaço nos ombros e braços após o uso de handbikes em ladeiras;
2. Calejamento nas mão e dedos por não haver sistemas de freios;
3. Insatisfação devido à falta de acessos públicos;
4. Insatisfação devido à falta de transportes coletivos adaptados;
75
5. Insatisfação por não haver desmonte nas handbikes;
6. Insatisfação por não haver apoios para braços e pernas;
7. Insatisfação pelo direcionamento ineficiente das handbikes.
5.1.2.1 Recomendações Ergonômicas
Foi detectada má postura na posição sentada, causando problemas de
dores nas costas no usuário número um de handbike e o uso indevido no
acionamento das manivelas e guidom nos usuários dois e três, causando assim,
excesso de abdução e adução dos movimentos dos braços. Foram detectados
também, falta de apoios para os braços e as pernas, como também, falta de sistema
de câmbio e freios.
Deve-se, portanto, projetar novo assento para resolver a postura
inadequada do usuário número um e providenciar adaptações para sistemas de
câmbio e freios. Dimensionar um novo sistema de manivelas numa inclinação
aceitável, material da estrutura da handbike mais leve, no qual o uso e
acionamentos serão feitos com o menor esforço possível.
76
5.1.3 Projetação Ergonômica
A proposta da projetação ergonômica neste trabalho é de somar todos os
conhecimentos obtidos a partir das observações e análises, como os estudos da
biomecânica ocupacional e antropometria, não esquecendo, ainda, das normas e
leis vigentes para a configuração e adaptação do equipamento (handbike) ao
usuário.
5.1.3.1 Etapa Conceitual
Segundo Baxter (1998, p. 174), o projeto conceitual tem o objetivo de
produzir princípios de projeto para o novo produto. O projeto conceitual terá que
atingir os objetivos básicos, demonstrando o benefício básico do produto em estudo.
Assim, será configurado com melhor facilidade obedecendo às etapas de
modo otimizado, concluindo-se em um excelente produto em estética e função.
Conforme RODRIGUEZ (2004), para se conceituar um problema
(handbike) que se pretende trabalhar é necessário que se tenha um bom
conhecimento de todas as informações que lhe são inerentes.
77
5.1.3.1.1 Pesquisa e Análise de Similares
Na pesquisa de similares considera-se a abrangência do mercado local
maranhense de alguns centros brasileiros de fornecimento deste produto e de
países europeus. É importante frisar que não existe no mercado maranhense (até
esta pesquisa), handbikes importadas internacionalmente ou produzidas por
empresas nacionais.
•
3W
A única patente (de número de pedido PI9701387) brasileira, datada de
fevereiro de 1999, na cidade de Brasília, pertence a um inventor chamado Bernardo
Yuri Beresnitzky. Por não ser engenheiro nem projetista, procurou profissionais que
validassem sua invenção. Ulisses de Araújo, professor de educação física e
especializado em biomecânica, foi um deles. "No mesmo instante vi que aquele tipo
de triciclo, era uma oportunidade para que deficientes físicos com disfunção numa
das pernas pudessem praticar o triatlon", relata Bernardo Yuri Beresnitzky.
A 3W, como foi chamado o triciclo (ver Figura 15), tem por meta incluir os
deficientes físico-locomotores à prática de esportes para-atléticos.
78
Figura 15: Croqui do triciclo 3w.
Fonte: http://planeta.terra.com.br/educacao/inventabrasil/beresni.htm
•
Brike
A Brike Int. Ltd começou a estudar hanbikes no inicio dos anos oitenta e
foi a primeira empresa a oferecer handbikes para modalidades esportivas em 1991
(ver Foto 56 e 57). O handcycling é este esporte, um esporte similar ao ciclismo com
a diferença que o atleta usa a parte superior do corpo para a propulsão (tronco e
membros superiores).
As handbikes da Brike são usadas tanto por pessoas
portadoras de deficiência físico-locomotora como por pessoas consideradas
“normais” (Foto 54 e 55). Usa estrutura em tubos de alumínio com tratamento
anodizado e peças em aço inoxidável, estas feitas por cortes a laser, torneamentos e
soldas especiais. Usam manivelas em forma de “T”, feitas com um plástico chamado
Delron®, e câmbios preferencialmente da empresa Shimano®. A Brike patenteou
uma novo jeito de direcionamento de handbikes que chama-se “body lean steering”,
79
no qual o movimento de inclinação do tronco é quem comanda o direcionamento. Os
preços das handbikes variam entre dois e seis mil dólares.
Foto 54 - Handbike da Brike – modelo CB-1 aluminum race bike.
Fonte: http://www.freedomryder.com/Product_Line/
product_line.html
Foto 55 - Handbike da Brike – modelo freedomryder stage 1&2
Fonte: http://www.freedomryder.com/Product_Line/
product_line.html
80
Foto 56 - Handbike da Brike em campeonatos nos Estados
Unidos da América.
Fonte: http://www.freedomryder.com/Racing_2000/
racing_2000.html
Foto 57 - Corredor com Handbike da Brike em campeonatos
nos Estados Unidos da América.
Fonte: http://www.freedomryder.com/Racing_2000/
racing_2000.html
81
AC1 HANDCYLE
É uma handbike esportiva (ver Foto 50) projetada de acordo com as
necessidade do usuário. Ela é feita sob medida, possui estrutura e assentos de
alumínio e apoios ajustáveis para as pernas. Possuem freios a disco e câmbio de 27
velocidades Shimano®, rodas e pneus para velocidade. Não há mais informações
sobre o produto na pesquisa. O preço sugerido é de quatro mil e quinhentos dólares.
Foto 58 - Handbike modelo AC1
Fonte: http://www.achievableconcepts.com.au/
Aust%20website/cycling_handcycle.htm
Stricker Handbikes
Esta empresa apresenta modelos para crianças a partir de 12 anos (ver
Foto 59) e para adultos, que são tanto esportivas, como para passeio (ver Foto 60 e
61). É, portanto, uma terceira roda (ver Foto 62), com o sistema de manivelas,
82
câmbio e freio, que se adapta às cadeiras de rodas convencionais formando a
handbike. No site pesquisado, não há especificações detalhadas de materiais e
valores.
Foto 59 - Handbike Stricker modelo City Kids II.
Fonte: http://www.strickerhandbikes.de/home_dt/
Bike-Modelle/bike-modelle.html
Foto 61 - Handbike Stricker modelo Ultra Sport.
Fonte: http://www.strickerhandbikes.de/home_dt/
Bike-Modelle/bike-modelle.html
Foto 60 - Handbike Stricker modelo City 7.
Fonte: http://www.strickerhandbikes.de/home_dt/
Bike-Modelle/bike-modelle.html
Foto 62 - Acessório Stricker para
adaptação em cadeiras de roda.
Fonte: http://www.strickerhandbikes.de/home_dt/
Bike-Modelle/bike-modelle.html
83
•
Varna
Empresa que projeta handbikes especialmente para pessoas amputadas,
jovens e adultas. Seus modelos (ver Fotos 63 a 66) são usados em lazer e em
competições a nível mundial. Possuem estrutura em alumínio ou aço, câmbio de
dezoito a vinte e quatro velocidades, freio a disco. Permite também, que as pernas
atrofiadas ou não, fiquem guardadas e esticadas horizontalmente ou em pequenas
inclinações. O valor destas handbikes variam entre dois mil dólares e três mil
dólares.
Foto 63 - Handbike Varna modelo The
Liberator.
Fonte: http://www.varnahandcycles.com/
handcycles/handcycles2.htm
Foto 64 - Handbike Varna modelo Speedcycle.
Fonte: http://www.varnahandcycles.com/
handcycles/handcycles2.htm
Foto 65 - Handbike Varna modelo Varna II
Handcycle.
Foto 66 - Handbike Varna modelo Varna I
Handcycle.
Fonte: http://www.varnahandcycles.com/
handcycles/handcycles2.htm
Fonte: http://www.varnahandcycles.com/
handcycles/handcycles2.htm
84
•
XLT – Gold Handcycle
A Invacare® é uma empresa norte-americana que produz, representa e
distribui ajudas técnicas e produtos esportivos e de lazer para pessoas portadoras
de deficiência físico-locomotora. Possuem em seu catálogo de produtos, modelos de
handbikes como a XLT Gold (ver Foto 67 e 68). Sua estrutura é formada de tubo
oval de alumínio 6061 T6. Possui câmbio de até vinte e sete velocidade e freios
Shimano®, como também, rodas de velocidade para competição em handcycling.
Os valores sugeridos encontrados em sites variam entre dois mil, seiscentos e
noventa e cinco dólares e três mil, seiscentos e sessenta e sete dólares.
Foto 67 - Handbike XLT-Gold Handcycle.
Fonte: http://www.bike-on.com/newhandcycles/XLTGold.htm
85
Foto 68 - Detalhe da XLT-Gold Handcycle.
Fonte: http://www.bike-on.com/newhandcycles/
XLTGold.htm
•
Acessórios
Na pesquisa e análise de similares, são observadas peças e acessórios
que compõem o sistema das handbikes.
As manivelas, rodas e pneus para
competições, câmbios e sistemas de freios (ver Foto 69 a 76) são exemplos de
peças e acessórios que visam adaptar uma handbike às necessidades e
expectativas do usuário final. Assim torna-se importante conhecer empresas e
fornecedores destes produtos, que ajudarão ao desenvolvimento nas etapas de
projetação de novas handbikes.
86
Foto 69a - Manivela modelo C5 Grips.
Fonte: http://www.bike-on.com/
PowerPro.htm
Foto 70 - Manivela modelo Xlt Tri-Pin.
Fonte: http://www.bike-on.com/
PowerPro.htm
Foto 69b - Manivela modelo C5 Grips.
Fonte: http://www.bike-on.com/
PowerPro.htm
Fofo 71 - Manivela modelo Verticle
Ergonomic Handcyle Handle
Fonte: http://www.bike-on.com/
PowerPro.htm
87
Foto 72 - Sistema de câmbio e freios modelo
LD7530 Shimano Deore 9 Speed Rapid Fire
Shifter/Brake
Fonte: http://www.bike-on.com/
Merchant2/merchant.mv?Screen=CT
GY&Store_Code=BOSPS&Category
_Code=HH
Foto 73 - Sistema de
câmbio modelo RD8751
Shimano Alivo 8 Speed
Rear Derailleur
Foto 74 - Rodas para velocidade
Fonte: http://www.bikeon.com/speedzone/Wheelshowcase.htm
Foto 75 - Manivela modelo Quad
Cuff Handcycle Handle..
Fonte: http://www.bike-on.com/
Merchant2/merchant.mv?Screen=CT
GY&Store_Code=BOSPS&Category
_Code=HH
Foto 76 – Manivela modelo LD6495 Shimano
Ultegra Doublé/Triple Ring 9 Speed STI
Shifter/Brake Ergonomic Handcycle Handle
Fonte:http://www.bike-on/com/Merchant2/
nerchant.my?Screen=CTGY&Store_Code=
BOSPS&Category_Code=C
88
5.1.3.1.2 Requisitos Projetuais
De acordo com RODRIGUEZ (sem data), “os requisitos do projeto (...) irão
determinar e delimitar o campo, ou as fronteiras do projeto (...)”.
Quadro 7 - Requisitos de Uso
Praticidade
Conveniência
•
•
•
Segurança
Manutenção
Manipulação
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
Usabilidade
•
•
•
•
•
•
•
•
•
Transporte
•
Produto para transporte de pessoas, passeio, trabalho e
condicionamento físico.
Produto que substitui o andar (marcha humana) para
transporte de pessoas (extensão do corpo humano).
Não soltar peças e respingos de resíduos no corpo do
usuário, ser estável (não tombar);
Não possuir peças com pontas, cantos vivos expostos;
Proteção dos “dentes” das catracas e coroas.
Fácil manutenção e reposição de peças sendo o mesmo
das bicicletas e/ou cadeiras de roda convencionais;
Soldas, encaixe e acabamentos de fácil manutenção;
Fácil limpeza.
Fácil manuseio no giro, engrenagens e direcionamento do
sistema de manivelas.
Sistema de freios simples similar a das bicicletas
convencionais;
Sistema de marchas (câmbio) similar a das bicicletas
convencionais.
Assento confortável para longo tempo de uso;
Encosto no formato triangular para evitar desconforto nos
braços ao manipular as manivelas;
Apoio para braços (em intervalos, paradas,etc.);
Apoio para as pernas;
Sistema de manivela e câmbio para manejo grosseiro;
Baixo nível de ruído resultante dos sistemas mecânicos;
Baixo nível de vibração entre os sistemas mecânicos;
Não acumular resíduos;
Dimensionamento antropométrico adequado;
Ser usado em praias, sítios, chácaras sem o perigo de
atolar ou derrapar.
Fácil desmontagem para ser guardado em veículos
pequenos urbanos;
Dimensões compatíveis para acesso a coletivos (ônibus,
van, etc.).
89
Quadro 8 - Requisitos de Função
•
Mecanismos
Confiabilidade
Versatilidade
Acabamento
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
•
Resistência
•
•
•
Sistema mecânico acionado por manivelas, corrente,
catraca, coroa, câmbio e rodas (similar às bicicletas).
Sistema de frenagem (similar às bicicletas);
Sistema de amortecimento;
Ser confiável à medida que este produto leve o usuário por
meio de ruas, avenidas e estradas;
Fácil assimilação (reconhecimento) nos acionamentos;
Estabilidade durante o uso do produto.
Usado para serviços domésticos, transporte para o
trabalho, lazer e passeio.
Usado tanto pelas pessoas portadoras de deficiência
físico-locomotora quanto por pessoas consideradas
“normais”;
Desenho Universal (Universal Design).
Revestimento em tecido e espuma no assento e apoios.
Tubos, parafusos e partes em alumínio descobertas
revestidas com pintura epóxi e/ou anodização.
Resistente ao dos usuários (pessoas portadoras de
deficiência físico-locomotora e pessoas consideradas
“normais”);
Amortecimento;
Resistente à ferrugem;
Fadiga dos componentes de união (soldas, roscas e
parafusos).
Quadro 9 - Requisitos de Estruturais
•
Número de Componetes
•
Carcaça
União
•
•
•
•
Centro de Gravidade
•
03 rodas/pneus, chassi (quadro), assento/encosto
alcochoados, 02 manivelas (luva e outros) , 01 sistema de
câmbio, 01 sistema de freio dianteiro, 01 sistema correntecatraca-coroa convencional similar à bicicletas, 01 garfo,
01 cubo dianterio, 02 sistemas quick de encaixe para
rodas traseiras, 02 apoios para pernas, 2 apoios para
braços, paralama dianteiro
Proteção do corpo do usuário pelo próprio assento e
partes do chassi;
Proteção do sistema de manivelas.
Soldas na estrutural do chassi;
Parafusos para encaixes de todas as peças de monte e
desmonte no chassi;
Rebites (se necessário) para fixação de peça e
acessórios.
Estabilidade nas curvas.
90
Quadro 10 - Requisitos Técnico-Produtivo
Normalização
•
•
Matérias-Primas
Modo de produção
•
•
•
Tubos e chapas de aço carbono conforme ABNT;
Tubos e peças estruturais padrão internacional ALCOA.
Quadro, parafuso, peças estruturais e acessórios: Aço
Carbono e ferro galvanizado e alumínio;
Pneus e pastilhas de freios: Borracha;
Peças e acessórios: Plásticos de alta resistência.
Industrial
Quadro 11 - Requisitos Formais
Estilo
Unidade
Interesse
Equilíbrio
Superfície
•
•
•
•
•
Formato orgânico.
Formas leves e simplificadas.
Elementos de tecnologia e dinamismo.
Simétrico e estável.
Antiderrapante (sem ser grosseira) nas partes
empunhadura e assento e lisas no resto do produto.
de
5.1.3.1.3 Geração de Alternativas
Foram geradas alternativas projetadas em nível de desenhos à mão-livre
(croquis) para simular as formas mais adequadas dos encaixes, sistema mecânicos,
angulações, distâncias e montagem para proposta preliminar. Usou-se o mesmo
sistema de pedais e catraca-corrente-coroa das bicicletas convencionais, como
também, câmbio e freios.
É importante frisar que maiores detalhes de montagem não foram
consideradas por se tratarem de um modelo preliminar.
91
Figura 16 – Alternativa projetual (croqui 1)
92
Figura 17 – Alternativa projetual (croqui )
93
Figura 18 – Alternativa projetual (croqui 3)
94
Figura 19 – Alternativa projetual (croqui 4)
95
Figura 20 – Alternativa projetual (croqui 5)
96
Figura 21 – Parâmetros para Classificação da Alternativa Final
92
6 PROPOSTA PRELIMINAR
A proposta preliminar (Apêndice G) representa o modelo que mais se
aproxima dos requisitos projetuais já citados e obedece aos valores mais adequados
para a postura no assento e ação no manejo das manivelas. O encosto e o assento
são feitos de chapas de “compensado” em formatos para o melhor uso da handbike
e possui estofado removível pra manutenção, como também opção para regulagem
de ângulos. Contém apoio para braços e apoio para pernas ajustáveis e o quadro
(chassi) é feito de tubo de ferro galvanizado e revestido por pintura automotiva. As
rodas traseiras são de aro 26” x 2.10” e dianteiras de aro 20” de bicicletas comuns
para uso em asfalto e terrenos arenosos e possui o sistema quick release para
encaixe fácil e rápido nas rodas traseiras. Possui o sistema de catraca-correntecoroa, como também, freios e câmbio iguais aos de bicicletas comuns, para
eventuais manutenções.
Contudo, a proposta preliminar tem por objetivo, ser um instrumento para
testes ergonômicos e incentivar novas discussões sobre futuros projetos de
handbikes e similares, pois não foi possível produzir um modelo final pela falta e
apoio de profissionais especializados, equipamentos, materiais adequados e verba.
93
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pesquisa realizada nesta monografia teve como principal objetivo,
apresentar requisitos projetuais para desenvolvimento de novas handbikes de baixo
custo, através de uma intervenção ergonomizadora (MORAES e MONT’ALVÃO,
1998), para obtenção de qualidade de vida no que tange o bom relacionamento dos
usuários de handbikes nos ambientes de trabalho e lazer.
Assim, foram realizadas entrevistas estruturadas, registradas em fita
cassete, bem como, questionários de validação e ficha de dimensionamento das
handbikes com três indivíduos. Analisou-se com a intervenção, cinco usuários de
handbike, a partir de observações assistemáticas por meio de caderneta de campo e
registro fotográfico, as atividades diárias de trabalho e lazer, sistematizando o
sistema homem-tarefa-máquina e mostrando a problematização do sistema a partir
dos quadros de formulações de problemas no parecer ergonômico. Já na diagnose
ergonômica, foram realizadas observações sistemáticas sobre os comportamentos
destes usuários e suas handbikes.
Assim, de acordo com o resultado das entrevistas e observações, foi
possível traçar soluções preliminares e requisitos projetuais para chegar à etapa da
projetação ergonômica. É importante citar que, no presente trabalho, foram
pesquisados e analisados handbikes e similares importados apenas à nível de fotos
obtidas pela internet por não se encontrarem em disponibilidade no mercado local.
Portanto, este estudo tem o seu foco de interesse em handbikes
projetadas e executadas pelos próprios usuários.
94
Foram, porém, analisados similares de handbike no mercado local (dos
próprios usuários já citados), materiais industriais e acessórios relevantes para a
geração de alternativas projetuais. Foram analisados, também, peças de bicicletas
convencionais, para o possível aproveitamento na projetação ergonômica. É
importante ressaltar que, para fabricação de novos modelos de handbikes será
importante obter peças nacionais mais acessíveis no preço e manutenção. É
importante também usar equipamentos de segurança, como por exemplo,
capacetes, óculos, pisca-piscas e retrovisores, para um melhor desempenho no uso
de handbikes e obedecendo as normas de segurança vigentes.
Portanto, este trabalho monográfico se faz necessário no meio científico
brasileiro, à medida que traz sugestões ergonômicas e projetuais para soluções de
acessibilidade e reintegração social, a partir de novos produtos para as pessoas
portadoras de deficiência físico-locomotora.
6.1 Sugestões para pesquisas posteriores
A partir dos resultados apresentados nesta monografia, sugere-se a
continuidade da pesquisa efetuando-se testes das handbikes por PPDs na
abordagem de posturas, manejos, tipos de controle, esforços aplicados ao uso de
manivelas (torque) e outros sistemas, como também dimensionamentos e outros
materiais.
95
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Produtos. São Paulo: Edgard Blucher LTDA, 2ª edição 2000. (cap 7 , 9)
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em: 25 de junho de 2004.
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Brasília, DF: Senado, 1998. TÍTULO II - Dos Direitos e Garantias Fundamentais,
CAPÍTULO I, Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos, Art. 5.º
BRASIL. Governo Federal. Radiobrás. Agência Brasil. 3W. Disponível em:
<http://www.radiobras.gov.br/ct/1999/materia_190299_2.htm>. Acesso em: 10 de
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Distribuição Gratuita.
COURY,Gil Helenice. Trabalhando Sentado: manual para posturas confortáveis. 2.
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Mendes Ripper; Rio de Janeiro: PUC, Departamento de Artes e Design, 2004.
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Trabalho do Cirurgião em Procedimentos Eletivos.. 2003. Tese (Doutorado em
Engenharia de Produção)-Programa de Pós-Graduação em Engenharia de
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DUL, J, WEERDMEESTER, B. Ergonomia Prática. São Paulo: Edgard Blucher
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Ediciones Perâmide, 1994
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APÊNDICES
99
APÊNDICE A - Questionário de Validação
100
101
102
APÊNDICE B – Resultado Tabulados das questões do questionário.
103
APÊNDICE C – Ficha de Dimensionamento da Handbike.
104
105
APÊNDICE D – Ficha de características da Handbike.
106
107
APÊNDICE E – Ficha de Análise Paramétrica para similares de Handbike.
108
APÊNDICE F – Entrevista Estruturada.
109
APÊNDICE G – Proposta Preliminar (Desenho Técnico)

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