ANÁLISE DOS ÍNDICES DE PASSES, FALTAS DEFENSIVAS E

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ANÁLISE DOS ÍNDICES DE PASSES, FALTAS DEFENSIVAS E
Recebido em: 28/02/2009
Emitido parece em: 17/03/2009
Artigo original.
ANÁLISE DOS ÍNDICES DE PASSES, FALTAS DEFENSIVAS E EFICIÊNCIA DE
ARREMESSO DAS EQUIPES DE HANDEBOL FEMININO NOS JOGOS
INTERIORES DE MINAS - JIMI 2008 – FASE ESTADUAL
1
1
1
Henrique Botelho de Souza , Thiago Mendes Pontes , Cleber Rodrigues Gonçalves ,
1
2
Adriana Bitencourt Reis da Silva , José Geraldo do Carmo Salles .
RESUMO
Esta pesquisa teve como objetivo verificar e analisar o índice de passes, faltas defensivas e
eficiências de arremesso das oito equipes de handebol feminino participantes da fase final dos
Jogos do Interior de Minas - JIMI-2008, realizado na cidade de Ipatinga. Esses números foram
analisados para verificar sua influência no resultado final dos jogos e da competição. Os dados
foram obtidos por meio de observação in loco, através de fichas scouting. Para dar suporte às
análises, foram utilizados também dados referentes a alguns desses fatores das quatro equipes
femininas melhores colocadas nos Jogos Olímpicos de Pequim 2008 (Noruega, Fede ração Russa,
Coreia do Sul e Hungria) e também da seleção brasileira (9ª lugar) neste mesmo evento. Os dados
mostram que, no que diz respeito à eficiência de arremessos, as primeiras colocadas em seus
respectivos campeonatos obtiveram médias superiores às das equipes vice-campeãs. No JIMI, a
média de passe por jogo foi de 448,56. A equipe de Juiz de Fora (campeã) obteve média de 698,80
por jogo, índice superior ao das demais equipes. Apenas uma das oito equipes participantes esteve
abaixo da média de passes. A análise do número de faltas defensivas da competição mostra que,
entre as quatro primeiras colocadas na competição, a equipe campeã foi a que teve menor média de
número de faltas cometidas durante a competição e também o menor número absoluto de faltas . Em
relação aos arremessos, a equipe de Juiz de Fora apresentou aproximadamente 8% a mais de
aproveitamento em relação às demais concorrentes. Em comparação aos índices internacionais, a
referida equipe foi a única que atingiu os mesmos patamares.
Palavras chave: Handebol, JIMI-2008, eficiência de arremessos, passes, faltas defensivas.
ABSTRACT
This study aimed to verify and analyze pass rate, defensive fouls and throw efficiencies of the
8 women’s handball teams participating in the finals of the State Games of Minas Gerais - JIMI-2008,
in the city of Ipatinga. These numbers were analyzed to determine their influence on the outcome of
games and competition. Data were obtained through in situ observation using scout sheets. To
support the analysis, data on some of these factors were also used from the four best ranked
women's teams in the Beijing Olympic Games 2008 (Norway, Russia, South Korea and Hungary) and
the Brazilian team (ranked 9th) in this same event. Data show that, concerning to throw efficienc y,
the first ranked teams in their respective championships had higher averages than the vice champions. At JIMI, the pass average per game was 448.56. The Juiz de Fora team (Champion) had
an average of 698.80 per game, greater rate than other teams. Only one of the eight participating
teams was below the pass average. The analysis of defensive fouls in the competition shows that
among the first four ranked teams in the competition, the champion team had the lowest average
number of mistakes during competition and also the absolute number of minor fouls. The team from
Juiz de Fora showed approximately 8% more throwing success than the other competitors.
Compared to international rates, Juiz de Fora was the only team that reached the same levels.
Key words: Handball, JIMI-2008, throw efficiency, pass, defensive failures.
INTRODUÇÃO
Os Jogos do Interior de Minas (JIMI), em sua estrutura organizacional para a temporada
2008, reuniu no final da temporada as melhores equipes de cada região do estado mais as campe ãs
e vice-campeãs do ano anterior, visando apurar o vencedor anual. Neste referido ano, a fase final da
competição ocorreu no mês de outubro no município de Ipatinga, na região leste de Minas. Na
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modalidade de handebol feminino estiveram presentes as seguintes equipes: Betim, Contagem,
Ipatinga, Itabira, Ituiutaba, Juiz de Fora, Montes Claros e São Lourenço.
O evento, realizado desde 1985, já se tornou tradicional no Estado e, na modalidade de
handebol, acaba por despertar mais interesse das equipes do que o próprio Campeonato Mineiro
oficial. Portanto, espera-se que neste evento estejam as melhores equipes do Estado. Entretanto, o
calendário da competição e a dimensão territorial do Estado dificultam a organização das equipes,
que nem sempre conseguem chegar à competição com suas principais atletas. Praticamente todas
elas trabalham e/ou estudam e, por isso, não podem participar. São atletas amadoras e que têm a
modalidade como hobby.
O handebol contou nesta edição dos jogos com 149 equipes inscritas na com petição
(femininas e masculinas), demonstrando o interesse despertado pela modalidade no Estado. Logo,
torna-se necessário para o desenvolvimento qualitativo da modalidade buscar conhecimentos em
todos os aspectos, de forma que possibilite condições de apr imorar sua prática através do estudo
dos elementos técnicos, táticos e de dinâmicas de jogo.
Este estudo teve como objetivo analisar os aspectos relacionados a quantidade de passes,
número de ataques, finalizações e faltas defensivas das oito equipes final istas do JIMI-2008, divisão
A1, bem como as implicações desses aspectos do jogo no resultado final da competição.
REVISÃO LITERÁRIA
Por ser o handebol um esporte coletivo, o passe torna-se elemento básico para o
desenvolvimento do jogo em qualquer nível em que seja praticado. A concepção do jogo,
invariavelmente, depende deste fundamento, conforme argumenta Tenroler (2005): “Trata -se de
uma ação técnica de extrema importância. É o fundamento mais importante do handebol sob o ponto
de vista de que é a partir de passes corretos que acontecerão os demais fundamentos, e tem a
função de unir a equipe.” (p.65)
De opinião semelhante partilham Stein e Federhoff (1975):
“Com a ajuda do passe a bola é levada a uma posição favorável para o tiro a gol.
Através do passe inteligente se reconhece o grau de desenvolvimento de uma
equipe. Com um passe oportuno e preciso a bola passa a se converter então no
oitavo jogador, uma vez que se move mais rapidamente do que o jogador pode
correr. Através do jogo coletivo, que não pode nunca ser um fim em si mesmo, deve
ser alcançado situações de gol, o mais rápido possível.”(p.18)
Em uma análise da evolução do jogo ofensivo no handebol, Román (2007) argumenta que se
pode perceber que, com a inclusão do jogo passivo na regra e a mudanç a de filosofia de jogo em
algumas escolas importantes do cenário global do esporte (Dinamarca, Noruega, Federação Russa,
Romênia, Coréia e China) nota-se, no alto nível de rendimento, tendências como o aumento da
velocidade do jogo, implicando maior velocidade nas tomadas de decisões, ações táticas exigindo
maior qualidade técnica no fundamento passe (p.8).
Portanto, independentemente do nível da equipe, o trabalho de fundamentação do passe,
repercutindo na manutenção da posse de bola e na construção das ações ofensivas, revela a
dimensão deste fundamento na dinâmica do jogo e, consequentemente, o sucesso da equipe.
Quanto à capacidade de arremesso, o que se espera dos atletas é uma capacidade ampla
de ações para que possa surpreender o goleiro adversário. Quanto mais forem as qualidades
técnicas dos atletas, mais chances de êxito.
O tipo de arremesso no handebol pode ser classificado mediante dois critérios: a forma de
ação preparatória (maneira de se aproximar da meta e impulsão) e a forma de finalização do
arremesso (SALLES, 2001).
Observando a forma de ação preparatória, Salles (2001) aponta quatro possibilidades de
arremesso: (1) Tiro em apoio (em que no momento de projetar a bola, um dos pés se encontra no
solo, proporcionando uma alavanca); (2) Tiro em progressão (que é realizado com passadas
rítmicas frontais, saltando em direção à meta); (3) Tiro em suspensão (que é realizado mediante um
salto vertical); e (4) Tiro em progressão-suspensão (que é a utilização de um salto tanto para frente
quanto para cima, em função dos obstáculos e distanciamento da meta).
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Com relação à forma de finalização, o autor condiciona a eficiência do arremesso a outros
fatores: a pontaria, a potência e o fator surpresa.
Embora a falta seja uma atitude que deveria ser punida, em alguns momentos estratégicos
do jogo poderá ser considerada também uma ação tática. As últimas mudanças de regras e suas
interpretações trabalharam no sentido de modificar esse fato, julgando que o excesso de faltas
prejudica a imagem do esporte. Entretanto, coibida ou não, a falta é um recurso que a equipe
defensora pode utilizar em algumas situações de jogo, como, por exemplo: (a) neutralizar a ação de
contra-ataque dos adversários; (b) interromper as movimentações ofensivas corriqueiras dos
adversários; e (c) interromper ações individuais em situações de 1 x 1 (situação em que se encontra
um atacante x um defensor, sem que haja a possibilidade de ajuda ou cobertura por parte de um
companheiro defensor) em que estas possam criar claras chances de gol.
Quanto a neutralizar as ações de contra-ataque dos adversários, é uma atitude útil quando
aquele pretenso gol poderá modificar o marcador, favorecendo o adversário; daí, opta -se pela falta
mesmo ciente de que poderá sofrer uma exclusão de dois minutos ou m esmo uma desqualificação,
dependendo da circunstância.
A falta utilizada durante a movimentação ofensiva dos adversários será útil no momento em
que se percebe que tal situação poderá eliminar a sequência da jogada habitual. Trata -se de uma
falta que visa retirar a velocidade e o tempo de ação dos adversários. Ao interromper os
adversários, estes terão que reiniciar as ações.
Também se pode optar pela falta no momento em que se percebe que o adversário terá em
situação de 1 x 1 uma clara chance de gol. Ao interromper o jogo dará tempo para a recomposição
da partida.
Todavia, essas ações faltosas são passiveis de punição. Sua utilização deverá ser avaliada,
pois em contrapartida poderá favorecer ações táticas de bola parada. Moraes et al (2000)
argumentam que, quando às equipes se comparam do ponto de vista técnico e tático, aquela que
comete o maior número de faltas tende a ser vencedora, pois, agindo desta forma, estará
interrompendo com mais frequência as ações ofensivas da equipe oponente. Esta afirmativa carece
de estudos mais profundos. Entretanto, parece ser possível que tenha fundamentação.
A condição de contato permitido pela modalidade faz com que em vários lances do jogo
alguma falta seja cometida. Contudo, para a boa dinâmica do jogo, as faltas na maioria das vezes
são ignoradas pela arbitragem. Essa é uma polêmica que habita os congressos técnicos dos
árbitros.
METODOLOGIA
Os dados deste estudo foram obtidos através de observação in loco dos 16 jogos da 3ª
Etapa (Fase Estadual) dos JIMI-2008, realizados na cidade de Ipatinga.
As anotações foram realizadas em planilhas criadas especificamente para obtenção da
quantificação das ações das equipes: número de passes realizados, número de ataques, total de
arremessos, gols e faltas defensivas cometidas.
Para auxiliar na visão e discussões do propósito deste estudo foram desenvolvidas cinco
tabelas: 1) Total de passes das equipes femininas de handebol participantes do JIMI 2008; 2)
Aproveitamento de arremessos das quatro primeiras colocadas no JIMI 2008; 3) Aproveitamento de
arremessos das quatro primeiras colocadas e do Brasil nos J. O. de Pequim 2008; 4) Total de faltas
cometidas pelas equipes femininas de handebol participantes do JIMI 2008; e 5) Relação de faltas
cometidas por gols sofridos por jogo das equipes participantes do JIMI 2008.
Esses dados foram analisados posteriormente, utilizando como referência dados estatísticos
semelhantes obtidos pelas quatro equipes mais bem colocadas nos Jogos Olímpicos de Pequim
2008 (Noruega, Federação Russa, Coreia do Sul e Hungria) e também da seleção brasileira neste
mesmo evento. As equipes participantes do JIMI fizeram 5 e 3 jogos, enquanto as equipes presentes
nos J. O. de Pequim realizaram 8 jogos cada.
Os números dos J. O. de Pequim têm o propósito de servir apenas de referência para o
estudo, pois uma comparação direta seria injusta com as atletas mineiras.
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APRESENTAÇÃO DE DADOS
Na apresentação e discussão desses dados, optou-se por dividi-los em três partes: os
passes, o percentual de aproveitamento do ataque e as faltas cometidas.
Os passes
Tabela 1. Total de passes das equipes femininas de handebol participantes dos JIMI -2008 (por
ordem de classificação).
Equipes
1°Jogo
2ºJogo
Juiz de Fora
936
661
Montes Claros
558
Ipatinga
3º Jogo
Total de
Passes
Média de
passes por
jogo
4º Jogo
5º Jogo
620
595
682
2217
698,80
415
541
576
495
1514
504,67
590
560
588
601
786
3125
579,33
Contagem
425
374
524
532
535
1323
478,00
Betim
573
498
545
1616
538,67
S. Lourenço
497
614
510
1621
540,33
Ituiutaba
446
507
372
1325
441,67
Itabira
492
633
488
1613
537,67
14354
448,56
Competição
A Tabela 1 retrata, em números absolutos e em médias, a diferença de duas equipes sobre as
demais na utilização dos passes durante suas partidas (Juiz de Fora: x = 698,80 e Ipatinga: x = 579,33).
Segundo Román (2007), esse fato pode ser interpretado como um indicativo de superioridade tática já
que a técnica do passe está sujeita à situação tática e não vice-versa (p. 4).
Nota-se nas campanhas dessas equipes número de passes extrapolando em muito a média de
passes por jogo das demais equipes (x = 448,56). Tal situação pode ser explicada pela necessidade
momentânea de uma maior análise tática da situação de jogo, seja por interesse da equipe que está
vencendo a partida e consequentemente manutenção da posse de bola por mais tempo, seja por
necessidade de maior movimentação ofensiva, a fim de vencer a defesa adversária.
A equipe de Juiz de Fora se mostrou superior às demais; em apenas um jogo (3º jogo) ela não
ultrapassou o número de 600 passes, marca que equipes como Ituiutaba, Betim, Contagem e Montes
Claros não alcançaram em nenhuma de suas partidas. Este dado conduz à interpretação de que a
equipe de Juiz de Fora tem um padrão de jogo bem definido para a preparação de suas ações ofensivas,
mesmo diante de adversários inferiores do ponto de vista técnico e tático.
No entanto, uma análise combinada de outro índice das equipes, apresentado nesta pesquisa na
Tabela 2, poderá deixar mais explícita a relação da aplicação tática do passe em função de obter um
melhor posicionamento para a finalização, mostrando a interdependência das valências de uma equipe
(troca de passes e finalização).
Percentual de aproveitamento de ataque
A Tabela 2 demonstra o aproveitamento de arremessos das quatro primeiras colocadas no JIMI
2008, relacionando o total de gols marcados em função do total de arremessos realizados nos cinco
jogos.
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Tabela 2. Número de arremessos e gols das quatro primeiras colocadas no JIMI-2008.
Equipes
Total de arremessos
Total de gols
Eficiência
Juiz de Fora
294
154
53,38%
Montes Claros
269
117
43,49%
Ipatinga
274
113
41,24%
Contagem
275
124
45,26%
1902
790
41,53%
Total da competição
Como base de informação sobre a importância desta eficiência, podem-se observar os mesmos
fatores de aproveitamento de ataques das quatro primeiras colocadas nos Jogos Olímpicos de Pequim
2008 e também da seleção brasileira (9ª colocada) (Tabela 3).
Tabela 3. Número de arremessos e de gols das quatro primeiras colocadas e do Brasil nos J.O. de
Pequim 2008.
Equipes
Total de arremessos
Total de gols
Eficiência
Noruega
407
248
60,93%
Federação Russa
420
229
54,52%
Coreia
422
247
58,53%
Hungria
406
211
51,97%
Brasil
227
124
54,62%
4274
2251
52,67%
Total da Competição
Em ambas as tabelas nota-se uma superioridade no percentual de aproveitamento de
arremessos da primeira colocada em relação às demais equipes. Observa -se que a equipe de Juiz
de Fora obteve percentual superior na ordem de aproximadamente 10% em comparação com a
equipe de Montes Claros, sendo 25 arremessos e 37 gols a mais.
Com relação à média de aproveitamento geral de arremesso das equipes participantes do
JIMI 2008 (41,53%), observa-se que, entre as quatro primeiras colocadas, apenas a equipe de
Ipatinga ficou abaixo da média (41,24%).
A equipe de Contagem (quarta colocação) apresentou um percentual de aproveitamento de
arremessos de 45,26%, marca superior à das segunda e terceira colocadas, sinalizando que outros
fatores podem ter afetado o seu desempenho na competição.
A equipe de Juiz de Fora foi a única do JIMI que teve sua eficiência em proporcionalidade
compatível com as apresentadas pelas seleções citadas nos Jogos Olímpicos.
Sabe-se que as situações de arremessos sofrem influência de outros fatores, como: a
situação no momento do arremesso (pressão pelo jogo passivo, distância do gol, combate do
adversário); fatores técnicos (posição da qual o arremesso é executado e leitura do executor dos
recursos necessários para tal ação); e também da atuação do goleiro adversário.
As faltas
A tabela 4 mostra que a média de faltas defensivas cometidas por jogo pelas oito equipes na
competição foi de 27,03. A equipe mais faltosa foi Betim, com média de 34,33 faltas em três jogos.
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Contrariando a afirmativa acerca da interrupção do jogo através de faltas feita por Moraes et al
(2000), a equipe de Juiz de Fora, campeã da competição, esteve bem abaixo da média da
competição. A referida equipe cometeu apenas 23,20 em média por jogo, enquanto a média da
competição foi de 27,03 faltas. Contudo, isso pode significar que essa equipe teve os seus jogos
em constante domínio, não necessitando realizar esta infração. A equipe de São Lourenço teve
ainda um índice menor em média de faltas cometidas (21,00), mas a equipe não avançou para as
semifinais da competição.
Tabela 4. Total de faltas cometidas pelas equipes femininas de handebol participantes da fase final
dos JIMI 2008.
Equipes
1°Jogo
2º Jogo
3º Jogo
4º Jogo
5º Jogo
Total de
faltas
Média de faltas
por jogo
Juiz de Fora
14
29
15
27
31
116
23,20
Mts. Claros
11
23
40
30
31
135
27,00
Ipatinga
29
23
34
29
25
140
28,00
Contagem
44
18
12
30
32
136
27,20
Betim
34
29
40
-
-
103
34,33
S. Lourenço
24
10
29
-
-
63
21,00
Ituiutaba
12
32
37
-
-
81
27,00
Itabira
27
22
42
-
-
91
30,33
865
27,03
Competição
Pode-se observar que no 3º jogo algumas equipes apresentaram número superior de faltas em
relação aos dois primeiros. Uma explicação talvez seja o fato de que nesta rodada algumas equipes
estavam jogando a classificação para as semifinais dos jogos, exceção feita à equipe de Juiz de Fora,
que nesta rodada já se encontrava classificada. Todavia, a equipe de Contagem, que também estava
buscando a classificação, não apresentou tal comportamento. O número total de faltas cometidas nos
terceiros jogos da fase de classificação foi de 249, enquanto nas rodadas anteriores da fase de
classificação esse número foi de 195 (1º jogo) e 186 (2º jogo).
Outro fator que poderá estar correlacionado à quantidade de faltas é o nível da arbitragem. As
duplas nem sempre apresentam o mesmo padrão: enquanto algumas interrompem o jogo
frequentemente, outras são mais tolerantes.
Tabela 5. Relação de faltas cometidas por gols sofridos por jogo das equipes participantes da fase final
dos JIMI 2008.
1° Jogo
(F/G. S)
2º Jogo
(F/G. S)
3º Jogo
(F/G. S)
4º Jogo
(F/G. S)
5º Jogo
(F/G. S)
Total
(F/G. S)
Juiz de Fora
14/18
29/13
15/19
27/19
31/13
116/82
Mts. Claros
11/28
23/24
40/26
30/18
31/35
135/131
Ipatinga
29/16
23/24
34/23
29/23
25/23
140/109
Contagem
44/23
18/18
12/23
30/19
32/24
136/107
Betim
34/35
29/25
40/27
103/87
S. Lourenço
24/19
10/27
29/37
63/83
Ituiutaba
12/21
32/38
37/38
81/97
Itabira
27/29
22/27
42/45
91/91
Equipes
Competição
865/787
F = faltas cometidas; G. S. = gols sofridos
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A tabela anterior demonstra um panorama onde que, em números absolutos, a equipe de
Juiz de Fora foi a que cometeu menor número de faltas defensivas entre as quatro primeiras
colocadas e a que menos sofreu gols entre todas as equipes participantes dos JI MI 2008. Esse fato
pode levar a uma interpretação de que esta equipe apresentou uma defesa eficiente do ponto de
vista tático, como também da capacidade técnica individual de suas atletas, sem a necessidade de
cometer número excessivo de faltas.
Neste caso, pode-se interpretar
necessariamente uma eficiência defensiva.
que
o
elevado
número
de faltas
não
significa
CONCLUSÃO
Mediante a apresentação dos dados, pode-se observar que, quanto à eficiência dos
arremessos, a equipe de Juiz de Fora (campeã) obteve m édias superiores às das demais equipes,
fato que também ocorreu em Pequim nos Jogos Olímpicos 2008.
A competição teve uma média de passes por jogo igual a 448,56; a equipe campeã obteve
esta média também superior à das demais, aproximadamente 700 passes po r jogo. Das oito equipes
participantes do JIMI 2008 (Fase Final), apenas a equipe de Ituiutaba esteve abaixo da média de
passes da competição (441,67), o que pode ser sinalizar como padrão tático inferior ao das demais
equipes.
Quanto ao aproveitamento de arremessos, ficou evidente a importância desse item para o
sucesso de qualquer equipe, seja em nível amador ou profissional. As atletas da equipe de Juiz de
Fora foram as únicas no JIMI a apresentaram eficiência de arremessos acima de 50%, sendo
semelhantes aos índices das quatro primeiras colocadas nos Jogos Olímpicos 2008, que são atletas
internacionais profissionais.
A análise do número de faltas defensivas da competição mostra uma realidade interessante:
entre as quatro primeiras colocadas, a equipe campeã foi a que teve menor média de faltas durante
os Jogos e também o menor número absoluto de faltas, podendo-se inferir que ela apresentou um
padrão tático defensivo eficiente, pois foi capaz de dificultar ao máximo as ações ofensivas das
adversárias.
No tocante às faltas realizadas, a equipe de Betim realizou 34,33 em média por jogo - cinco
faltas a mais do que a média das oito equipes na competição. A equipe de Juiz de Fora esteve
abaixo dessa média, cometendo 23,20 faltas por jogo. A princípio esses va lores demandam outras
análises para que se possa entender se esse fato foi devido à falta de ofensividade das demais
equipes que Juiz de Fora enfrentou, ou então se tratava de uma adequada postura defensiva que
facilitava a marcação sem a necessidade de utilizar esse recurso na competição.
A relação entre número de faltas realizadas e gols sofridos demonstra que, em valores
absolutos, a equipe de Juiz de Fora foi a que menos cometeu faltas defensivas e também a que
menos sofreu gols entre todas as equipes participantes dos JIMI 2008. Esse fato pode gerar as
seguintes interpretações: (a) A equipe de Juiz de Fora apresentou uma defesa eficiente do ponto de
vista tático; e (b) revelou uma boa capacidade técnica individual de suas atletas, que, bem
posicionadas, não tiveram a necessidade de cometer número excessivo de faltas. Neste caso, pode se interpretar que o elevado número de faltas não significa necessariamente uma eficiência
defensiva. Entretanto, essa relação entre faltas realizadas e gols sofridos necess ita ter uma nova
interpretação em função das punições recebidas pelas atletas.
REFERÊNCIAS
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desenvolvimento técnico defensivo das equipes de handebol feminino, campeãs dos Jogos do
Interior de Minas, nos anos 93 e 98. In: Coletânea do Congresso Científico Latino Americano da
FIEP/UNIMEP. Piracicaba – SP (2000).
ROMÁN, J. D. La Evolución Del juego de ataque en balonmano. Revisión histórica: los inícios desl
siglo XXI. In: e-balonmano.com: Revista Digital Deportiva. 2007, p 5-8; http://www.ebalonmano.com/revista/articulo.htm acessado em 04/02/2009;
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SALLES, J. G. do C. Handebol – Treinamento técnico e tático. Viçosa. Canal 4 Video
comunicações. 2001.
STEIN, H.G. & FEDERHOFF, E. Handbol, Técnica/Táctica/Entrenamiento. Buenos Aires,
Argentina. S.A. Editorial Estadium, página 18. (1975)
TENROLER, C. Handebol - Teoria e Prática. Rio de Janeiro: 2ª Edição: Sprint, 2005, página 65.
1
2
Acadêmicos do curso de Educação Física - UFV
Coordenador do Grupo de Pesquisa. Prof. Dr. Departamento de Educação Física – UFV
[email protected]
56
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