software para gestão de resíduos sólidos em

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software para gestão de resíduos sólidos em
 SOFTWARE PARA GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS EM
COOPERATIVAS DE RECICLADORES
ANDRÉ FERNANDO ROLLWAGEN
Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia Sul-Rio-Grandense
[email protected]
JOSEANE AMARAL
Instituto Federal de Educação Ciêncai e Tecnologia Sul-Rio-Grandense
[email protected]
THIAGO BARBIERI DO AMARAL
Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia Sul-Rio-Grandense
[email protected]
LUCIANA LONDERO BRANDLI
Universidade de Passo Fundo
[email protected]
SOFTWARE PARA GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS EM
COOPERATIVAS DE RECICLADORES
Resumo
A geração de resíduos sólidos cresceu consideravelmente nos último anos, principalmente
devido ao crescimento populacional, e o aumento no consumo de produtos industrializados.
Este fato contribui na ampliação de problemas sociais, econômicos e ambientais. Os catadores
e cooperativas de recicladores são fundamentais no processo de gestão de resíduos sólidos.
Pois, auxiliam na diminuição de descartes inadequados e destinação de resíduos aos aterros
sanitários. No município de Passo Fundo – RS, as cooperativas de recicladores são
responsáveis pela classificação e destinação de grande quantidade dos resíduos gerados.
Devido à inexistência de um software para gestão de resíduos sólidos em algumas dessas
cooperativas, o gerenciamento é efetuado manualmente, por meio de anotações informais,
ocasionando tomadas de decisão desarticuladas. Em função disso, este trabalho tem por
objetivo apresentar o processo de desenvolvimento e implantação do software para gestão de
resíduos sólidos em cooperativas de recicladores deste município, o qual deverá proporcionar
uma gestão eficiente, disponibilizando relatórios e índices que auxiliarão no controle de
processos administrativos e tomada de decisão.
Palavras-chave: Gerenciamento de resíduos sólidos. Associações de recicladores. Sistema de
informação gerencial.
SOFTWARE FOR MANAGING SOLID WASTE IN RECYCLING
COOPERATIVES
Abstract
The solid waste generation has grown considerably in the last years, mainly due to population
growth and increased consumption of processed products. This fact contributes to the
expansion of social, economic and environmental problems. Scavengers and recyclers
Cooperatives are fundamental in the solid waste management process. Therefore assist in the
reduction of discharges and improper disposal of waste to landfills. In Passo Fundo - RS,
cooperatives recyclers are responsible for sorting and disposal of large amount of waste
generated. Due to the lack of a software for management of solid waste in some of these
cooperatives, management is performed manually, through informal notes, resulting in
disjointed decision taken. As a result, this paper aims to present the process of development
and deployment of software for managing solid recyclers in this municipality, which should
provide an efficient waste management cooperatives, providing reports and indices that assist
in the control of administrative processes and decision making.
.
Keywords: Solid waste management. Associations recyclers. Management information
system.
1.
INTRODUÇÃO
A geração de resíduos vem aumentando exponencialmente, isso ocorre devido ao
crescimento populacional, hábitos e costumes da população, ampliação da renda familiar,
agregados ao crescente consumo de produtos industrializados. Segundo Taguchi (2010), a
geração de resíduos sólidos é inerente ao cotidiano da sociedade.
A não reciclagem agregada à destinação incorreta de resíduos sólidos pode agravar os
impactos ambientais. Isto se dá devido aos costumes da sociedade, políticas, e também a
maneira em que os resíduos são gerenciados. Em seu trabalho McDougall (2001), ressalta a
complexidade na gestão de resíduos já relatada por Lynn em 1962, quando propôs uma
abordagem de sistemas para a gestão de resíduos em que a problemática fosse visualizada em
sua totalidade, como um sistema integrado de operações, funções e componentes.
Rathi (2006) considera a responsabilidade pela gestão de resíduos de todos os
envolvidos no processo, desde os geradores, coletores, transportadores, recicladores até os
responsáveis pela deposição final desses resíduos.
Os catadores e recicladores de resíduos executam a coleta seletiva em diversos setores
e locais da sociedade. Esses resíduos podem ser obtidos na fonte separados do lixo orgânico;
junto a parceiros que doam resíduos; catando recicláveis pelas ruas e lixões; e até
classificando os recicláveis misturados ao lixo orgânico não separado pelo gerador.
Historicamente, os catadores tiram seu sustento da classificação de resíduos tirados do lixo
(GONÇALVES, 2013).
O autor considera o trabalho dos catadores e recicladores um serviço prestado a
população, auxiliando na questão ambiental, diminuindo o consumo de matéria prima devido
à reciclagem. Também auxilia a companhia de limpeza urbana, diminuindo a quantidade de
resíduos a serem coletados e destinados a disposição final. Nesse sentido, os catadores e as
cooperativas de recicladores de resíduos sólidos tem importante papel social, econômico e
ambiental.
O processo gerencial de resíduos sólidos executado pelas cooperativas tem relação
direta com seu êxito, influenciando na permanência de cooperados e desempenho produtivo.
Assim, considera-se importante o registro de dados sobre a reciclagem dos resíduos sólidos
por meio de um software para os cooperados na tomada de decisões gerenciais. Stair (2011)
relata que essas ferramentas podem trazer diversas vantagens como: minimizar a
complexidade dos problemas, facilitar o acesso a informações, simplificar o processo de
tomada de decisões e resolver de problemas. Portanto, o cruzamento dessas informações
possibilita aos recicladores um gerenciamento de alta qualidade sobre os resíduos sólidos.
Rollwagen (2013) em sua pesquisa verificou que as cooperativas de recicladores do
município de Passo Fundo – RS, não utilizavam softwares gerenciais em seus processos
administrativos, gerando dificuldades na gestão de resíduos, acarretando acesso a informações
incorretas ou desatualizadas. Assim, entende-se como uma necessidade o desenvolvimento de
um software para gestão de resíduos sólidos nessas organizações.
Portanto, o objetivo deste artigo é apresentar o processo de desenvolvimento e
implantação do software para gestão de resíduos sólidos que será utilizado pelas cooperativas
de recicladores do município de Passo Fundo – RS.
2.
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
A quantidade e a diversidade de resíduos sólidos têm aumentado com o crescimento
dos municípios, diminuindo a vida útil dos aterros sanitários, indicando a necessidade de uma
gestão sustentável nessa área. Segundo Taguchi (2010), um material torna-se resíduo quando
seu gerador considera seu valor insuficiente para conservá-lo.
Resíduos sólidos são definidos pela ABNT (2004, p. 1) Como:
[...] Aqueles que no estado sólido e semissólido, que resultam de atividades de
origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de
varrição. Ficam incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de
tratamento de água, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de
poluição, bem como determinados líquidos cujas particularidades tornem inviável o
seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso
soluções técnica e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia
disponível.
Portanto, com base na norma, os resíduos sólidos podem ser considerados subprodutos
oriundos da atividade humana, de consumo e industrial.
Taguchi (2010) enfatiza a necessidade dos gestores públicos preocuparem-se com a
problemática da geração de resíduos sólidos, pois atingem o meio ambiente, a economia e a
sociedade. Nessas áreas, podem surgir problemas relacionados à qualidade da água e do solo
por contaminação de materiais pesados, propagação de animais vetores de doenças, e os altos
custos nos processos de coleta, transporte, transbordo, tratamento e na disposição final dos
resíduos sólidos.
Com base nesses fatos, pode-se relatar a importância da diminuição da disposição de
resíduos no solo, o reaproveitamento e a redução dos resíduos. Isso pode ser alcançado pela
coleta seletiva e a reciclagem, fatores que auxiliam diretamente na sustentabilidade do
município, proteção ambiental e na saúde da população (BESEN, 2011).
Segundo Abrelpe (2013) os países desenvolvidos tem valorizado a reciclagem como
componente de seus sistemas de gestão de resíduos e recursos, com grandes investimentos em
táticas de comunicação e em infraestrutura física buscando ampliação dos percentuais de
reciclagem. Isto está diretamente relacionado ao elevado custo do aterro, incineração ou
outras formas de tratamentos dos resíduos. Entretanto, países em desenvolvimento têm um
setor informal ativo e microempresas de reciclagem, reparo e reuso de recicláveis,
evidenciando ações fundamentais economicamente na melhoria de suas taxas.
Neste contexto, as cooperativas de recicladores tem papel relevante, pois, auxiliam na
diminuição de descartes inadequados e resíduos destinados aos aterros, redução do custo de
fornecimento de matérias-primas para indústria e na extração de novos recursos naturais, e na
diminuição da proliferação de vetores de doenças (SANTOS, 2012).
Segundo Aquino et al. (2009), as cooperativas de recicladores normalmente são
constituídas por trabalhadores vindos de classes sociais menos privilegiadas, com
vulnerabilidade social, que com o apoio do poder público e órgãos da sociedade, coletam,
classificam, acondicionam os resíduos e encaminham a reciclagem.
Em alguns casos as cooperativas de recicladores apresentam deficiências no seu
processo administrativo, necessitando auxílio externo. No município de Passo Fundo – RS o
Projeto Transformação presta assessoria às cooperativas em áreas de organização interna,
produtividade, autogestão, relação com a sociedade e o poder público. Também apoia os
recicladores em suas atividades de coleta, seleção e comercialização de materiais recicláveis
(TRANSFORMAÇÃO, 2014).
Para uma gestão mais eficiente, com base em Stair (2011), a utilização de um software
pode trazer vantagens como melhora no acesso às informações e qualidade da decisão, auxiliando
na busca dos objetivos de forma eficiente. Assim, as cooperativas de recicladores por meio do uso
de um software podem melhorar seu processo de gestão de resíduos sólidos.
3.
METODOLOGIA
Para a concepção metodológica do software para gestão de resíduos sólidos nas
cooperativas de recicladores do município de Passo Fundo – RS, partiu-se da necessidade de
um estudo bibliográfico sobre o tema resíduos sólidos para identificar os aspectos essenciais
de uma ferramenta computacional nessa área.
O trabalho está sendo desenvolvido em cinco etapas, iniciando pela averiguação da
forma de gestão de resíduos exercida pelas cooperativas. A segunda etapa constituiu-se do
levantamento de requisitos, seguindo com a análise e projeto do software, após foi
desenvolvido o software em questão, e na última etapa, em andamento, o produto está sendo
implantado nas cooperativas de recicladores deste município. O desenvolvimento
metodológico deste trabalho é exposto na figura 1.
Figura 1 – Estrutura metodológica do trabalho
Averiguação da forma de gestão de resíduos nas cooperativas de recicladores
Projeto Transformação
Cooperativas de Recicladores
Levantamento de requisitos
Técnicas de levantamento de requisitos
Documento de especificação de requisitos
Análise e projeto do software
Diagramas de casos de uso
Diagramas de classes
Desenvolvimento do software
Linguagem PHP
MySQL
Implantação do software nas cooperativas
Fonte: Elaborado pelo autor (2014)
Na primeira etapa estabelecida pela averiguação da forma de gestão de resíduos nas
cooperativas de recicladores, identificarem-se os responsáveis pelo processo administrativo
das cooperativas e a estrutura de gestão de resíduos. Também se constatou a inexistência de
softwares para a gestão de resíduos sólidos.
Este procedimento se desencadeou por meio de entrevistas, em um primeiro momento
com o coordenador do projeto Transformação e posteriormente com os responsáveis pelas
cooperativas, sendo complementado por pesquisa bibliográfica. Em função disso, foram
identificados os requisitos fundamentais para o desenvolvimento do software.
No levantamento de requisitos, realizado na segunda etapa, foram utilizadas as
informações obtidas na fase de averiguação como auxílio na identificação dos requisitos.
Seguindo com entrevistas com os responsáveis pelo projeto Transformação e cooperativas de
recicladores, análise de documentos e planilhas eletrônicas. Nesse processo foram analisadas
planilhas eletrônicas e relatórios utilizados para controle de vendas de recicláveis, gastos e
despesas das cooperativas, e divisão de lucro entre os cooperados, horas trabalhas
individualmente, e fundo de reserva.
Para melhor entendimento dos requisitos, foram realizadas visitas às cooperativas de
recicladores, momento em que se aplicou a técnica de levantamento de requisitos role
playing1 (LEFFINGWELL & WIDRIG, 2000), também denominada como etnografia
(SOMMERVILLE, 2011), fundamental quando o usuário não consegue identificar ou
transmitir as informações necessárias para a identificação dos requisitos.
A análise e projeto do software constituído na terceira etapa tem seu arcabouço
fundamentado nos dados obtidos na fase de levantamento de requisitos. Conforme Bezerra
(2007), a análise requer um estudo minucioso dos requisitos, que serão utilizados na
arquitetura dos modelos funcionais para conceber a ferramenta a ser desenvolvida.
Segundo Wazlawick (2004), a análise deve apresentar as funcionalidades do software,
concentrando-se no domínio do problema, que correspondem a um conjunto de características
que deverão estar presentes na ferramenta. Neste processo sempre que possível, deve-se
ignorar a existência de um mundo computacional.
O projeto é considerado por Bezerra (2007) como um complemento da análise, tendo o
foco no domínio da solução computacional. Portanto, de acordo com a tecnologia disponível,
determina-se como o sistema será executado para atender aos requisitos.
Para modelagem do software, na etapa de análise e projeto, utilizaram-se os diagrama
de casos de uso e o diagrama de classes, da Linguagem de Modelagem Unificada (Unified
Modeling Language - UML) (BEZERRA, 2007).
A quarta etapa instituiu-se pelo desenvolvimento do software, processo em que
utilizou a linguagem de programação PHP (Hypertext Preprocessor). Optou-se por esta
linguagem por ser open source,2e pela facilidade de desenvolvimento de páginas web
dinâmicas utilizando códigos PHP com HTML (Hyper Text Markup Language) (SOARES,
2011).
As informações executadas pelo software são depositadas em um banco de dados.
Segundo Damas (p. 16, 2007) um banco de dados “é uma coleção de dados estruturados,
organizados e armazenados de forma persistente”. Também podendo ser conceituado como
uma coleção de dados relacionados (ELMASRI & NAVATHE (p.3, 2011). No processo de
definição, construção e manipulação do banco de dados optou-se pelo sistema de
gerenciamento de banco de dados MySQL, que utiliza a linguagem de consulta estruturada
SQL (Structured Query Language) (MANZANO, 2007).
A última etapa do trabalho é estabelecida pela implantação do software nas
cooperativas de recicladores de Passo Fundo – RS. Os responsáveis pelas cooperativas e o
coordenador do projeto Transformação participam ativamente do processo, recebendo
treinamento e acompanhamento.
4. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
4.1 Gestão de Resíduos nas Cooperativas de Recicladores de Passo Fundo
No procedimento de averiguação da forma de gestão de resíduos nas cooperativas de
recicladores, identificaram-se os responsáveis por essa tarefa, constatando-se o
assessoramento pelo projeto Transformação às cooperativas. Cada cooperativa tem um
presidente e um responsável pela contabilidade e registro dos dados administrativos - quando
não estão desempenhando essas funções, trabalham na reciclagem com os demais cooperados.
As tarefas gerenciais são executadas por demanda, como: o registro das horas trabalhadas é
anotado diariamente; “vale” e divisão dos lucros na primeira quinzena e no final do mês
1
Técnica de observar o usuário na execução de seu trabalho diário. Em casos em que a simples observação não consegue
sanar as dúvidas referentes aos requisitos, o engenheiro de software pode executar o trabalho do cliente, passando a ser o
usuário do sistema para facilitar a identificação das suas dificuldades e necessidades na realização de determinada tarefa.
2
O programa deve incluir seu código fonte e deve permitir a sua distribuição também na forma compilada. Se o programa
não for distribuído com seu código fonte, deve haver algum meio de se obter o mesmo seja via rede ou com custo apenas de
reprodução. O código deve ser legível e inteligível por qualquer programador (OPEN SOURCE, 2014).
respectivamente; venda dos resíduos selecionados para reciclagem ao completar volume
mínimo para transporte.
Esse detalhamento é anotado em folhas de caderno nas sedes das cooperativas, e
repassado ao projeto Transformação para acompanhamento e auxilio contábil e gerencial.
Nessa ocasião os dados são registrados em planilhas eletrônicas.
Ao analisar o processo administrativo das cooperativas, evidenciou-se a necessidade
do desenvolvimento do software para gerenciá-las.
4.2 Requisitos do Software para Gestão de Resíduos
Os dados obtidos na fase anterior serviram como base para o levantamento de
requisitos. Esta etapa resultou em um documento de especificação de requisitos3, onde estão
elencados os requisitos primordiais para o desenvolvimento do software.
Nesse processo obtém-se uma visão geral do sistema, destacando a finalidade do
software em auxiliar as cooperativas em suas ações administrativas e na gestão de resíduos
recicláveis. Suas funcionalidades estão organizadas em cadastros, registros e relatórios.
Na opção Cadastro, são permitidos: cadastro da cooperativa, recicladores cooperados;
materiais recicláveis; comprador dos resíduos e despesas das cooperativas.
No menu Registros são armazenados dados das horas trabalhadas pelos recicladores,
vendas de resíduos, despesas das cooperativas, divisão de lucro e fundo de reservas. Em
relação a essas informações podem ser gerados relatórios por meio do menu Relatórios, que
também permite consultas e listagem de relatórios sobre os cadastros da cooperativa,
recicladores, materiais recicláveis, compradores e despesas.
As especificações obtidas na fase de levantamento de requisitos estão expostas no
quadro 1.
Quadro 1. Documento de Especificação de requisitos
Requisitos Funcionais
Cadastrar cooperativa: id, descrição, razão social, endereço, município, cep, responsável, telefone,
observação;
Cadastrar reciclador: id, nome, idade, rg, órgão expedidor, sexo, escolaridade, data de ingresso no projeto,
município, uf, cep, telefone, renda familiar, tipo de moradia, número de pessoas na residência, bolsa na
família, observação.
Cadastrar materiais recicláveis: id, descrição do tipo, observação.
Cadastrar comprador de resíduos: Informações: id, cnpj, endereço, cidade, uf, cep, telefone, obs.
Cadastrar despesas: id, descrição, obs.
Registrar horas trabalhadas: id, data, horas trabalhadas.
Registrar vendas: id, data, valor total da venda, comprador, item reciclável, peso, preço por kg, valor total do
item.
Registrar despesas: id, despesa, data do vencimento, valor.
Gerar divisão de lucros: id do cooperado, data, número de horas trabalhadas, inss, vale, liquido do
reciclador.
Registrar fundo de reservas: id, data de lançamento, saldo anterior, crédito, débito, total disponível.
Relatórios de cadastros: Informações necessárias para a geração:
Cooperativa: id inicial e final (intervalo de id).
Recicladores: id inicial e final.
Materiais recicláveis: id inicial e final.
Compradores: id inicial e final, município.
Despesas: id inicial e final.
3
O documento de especificação de requisitos está dividido em requisitos funcionais, que determinam as
funcionalidades que o software deve ter na visão do usuário (GUEDES, 2011), e requisitos não funcionais que
são as consistências, validações e restrições executadas sobre essas funcionalidades (BEZERRA, 2007).
Gerar relatório sobre os registros: Informações necessárias para a geração:
Horas trabalhadas: id do cooperado inicial e final, data inicial e final (intervalo do período de horas
lançadas).
Vendas: id inicial e final, data inicial e final, comprador inicial e final.
Despesas: id inicial e final, despesa inicial e final, data do vencimento inicial e final.
Divisão de lucros: data inicial e final.
Fundo de reservas: id inicial e final, data de lançamento inicial e final.
Requisitos Não Funcionais
Descrição
Controle de acesso
Compatibilidade
Facilidade uso
Backup
Restrição
Operador da ferramenta deve estar cadastrado e ter permissão
de acesso.
A ferramenta deve ser compatível com os navegadores
Mozilla Firefox, Google Chrome, Internet Explorer.
A ferramenta deve ser de fácil operação, sendo necessário
apenas conhecimentos básicos de informática.
Backup de dados deve estar disponível e de fácil manuseio.
Fonte: Elaborado pelo autor (2014)
Categoria
Segurança
Portabilidade
Usabilidade
Confiabilidade
Os requisitos funcionais e não funcionais relativos à ferramenta desenvolvida, foram
apresentados no documento de especificação de requisitos exibido no quadro 1.
4.3 Análise e Projeto do Software
Nesta etapa são apresentados os modelos funcionais do software, tendo por base a fase
de levantamento de requisitos. Neste processo são delineados os diagramas de casos de uso e
os diagramas de classe.
Segundo Guedes (2011, p. 52) o diagrama de casos de uso é conceituado como um
diagrama que:
[...] procura, por meio de uma linguagem simples, possibilitar a compreensão do comportamento
externo do sistema (em termos de funcionalidades oferecidas por ele) por qualquer pessoa,
tentando apresentar o sistema por intermédio de uma perspectiva do usuário.
Com base no conceito do autor, esses diagramas apresentam as funcionalidades do
software em uma visão do usuário.
O diagrama de casos de uso envolvendo os cadastros é exibido na figura 2. O ator
Operador – cooperado tem sob sua responsabilidade cadastrar a cooperativa, recicladores,
materiais recicláveis, comprador de resíduos e despesas das cooperativas, também podendo
consultar dados e listar relatórios sobre os dados cadastrais.
Figura 2 – Diagrama de Casos de Uso - Cadastros
Fonte: Elaborado pelo autor (2014)
A função de cadastrar o operador do sistema é do Coordenador do Projeto
Transformação, que conforme a figura 2, também está habilitado a cadastrar cooperativas e
recicladores, consultar e gerar relatórios relacionados aos cadastros.
A figura 3 exibe o diagrama de casos de uso relacionado aos registros de horas
trabalhadas pelos recicladores, vendas de produtos recicláveis, lançamento de despesas,
divisão de lucros, e fundo de reservas. Essas atribuições em conjunto com as consultas e
emissão de relatórios dos respectivos lançamentos são executadas pelo Operador – cooperado.
Figura 3 – Diagrama de casos de uso - Registros
Fonte: Elaborado pelo autor (2014)
Conforme a figura 3, percebe-se que o ator Coordenador do Projeto Transformação
também tem acesso aos relatórios sobre os registros. Isso ocorre devido a sua função de
assessoria as cooperativas de recicladores.
O diagrama de classes também é delineado nessa etapa, detalhando estaticamente a
estrutura organizacional das classes existentes no sistema, com seus atributos e métodos.
As classes pertencentes ao software para gestão de resíduos sólidos nas cooperativas
de recicladores são expostas no diagrama de classes da figura 4, com seus relacionamentos e
as respectivas multiplicidades4.
A classe cooperativa mantém informações sobre a cooperativa de recicladores,
relacionando-se com a classe reciclador, que por meio de seus atributos registra informações
pessoais dos cooperados como nome, endereço, rg, data de nascimento, data associação na
cooperativa, entre outros. A classe reciclador está ligada a classe horasTrabalhadas, desta
forma obtém o tempo de trabalho por reciclador em determinado período para divisão de
lucros.
As despesas da cooperativa são registradas na classe registroDespesas, que busca
dados sobre as mesmas na classe despesas. As vendas efetuadas pela cooperativa são
armazenadas na classe vendas que registra os resíduos recicláveis correspondentes a cada
venda na classe itensVenda, a qual busca informações referentes aos resíduos na classe
materiaisRecicláveis. Vendas também se relaciona com a classe comprador – cadastra os
compradores de resíduos.
4
Multiplicidades são informações dos limites mínimo e máximo do número de objetos aos quais outro objeto
pode estar relacionado (BEZERRA, 2007, p. 114).
Dados armazenados nas classes vendas, registroDespesas e reciclador são necessários
no processo de divisão dos lucros pelos cooperados, que tem seus resultados armazenados nas
classes divisaoLucros e detalheDivisao. A classe fundoReservas registra valores guardados
para possíveis imprevistos pelas cooperativas, como conserto de equipamentos, aquisição de
ferramentas e equipamentos de proteção individual. O fundo de reservas recebe um valor
igual ao salário do reciclador que teve maior rendimento.
Figura 4 - Diagrama de classes – Gestão de resíduos sólidos nas cooperativas de recicladores
Fonte: Elaborado pelo autor (2014)
Conforme figura 4, os métodos das classes correspondentes ao processo de
gerenciamento da cooperativa e gestão de resíduos possibilitam cadastro, alteração, exclusão,
registro, estorno, consulta de dados e emissão de relatórios sobre os dados existentes.
4.4. Software para Gestão de Resíduos Sólidos em Cooperativas de Recicladores
O software apresenta as funcionalidades obtidas nas fases iniciais, necessárias ao
processo gerencial das cooperativas de recicladores. Nesta etapa são apresentadas algumas
telas do software envolvendo cadastros, registros e relatórios.
Para cadastrar cooperativas de recicladores (figura 5), devem ser preenchidos os
atributos descrição - equivalente ao nome fantasia, razão social, endereço, município, cep,
responsável pela cooperativa e observação. Para uma cooperativa já cadastrada há a
possibilidade de alteração e consulta de dados, permitindo também exclusão, caso não
existam associados ligados a ela.
Figura 5 – Cadastro de cooperativas de recicladores
Fonte: Elaborado pelo autor (2014)
O cadastro de materiais recicláveis é exibido na figura 6, em que o atributo tipo
corresponde ao material classificado a ser reciclado, por exemplo, vidro, alumínio, ferro, plástico,
orgânico, etc. Na observação podem ser inseridas informações complementares sobre o material.
Figura 6 – Cadastro de materiais recicláveis
Fonte: Elaborado pelo autor (2014)
Os dados sobre os materiais recicláveis, conforme figura 6, podem ser alterados, excluídos
e consultados. Nesta tela de cadastro há opção para cancelar a alteração ou inclusão antes que o
processo seja finalizado, e também a possibilidade de voltar ao menu principal. Essas alternativas
são padronizadas no software, e ainda apresentam outras funcionalidades como nos módulos
envolvendo vendas, divisão de lucros e registro de despesas que permitem estorno de
informações.
As vendas dos produtos recicláveis são registradas no momento em que os resíduos
classificados são destinados à reciclagem. A ação é iniciada com a identificação da cooperativa
responsável pela classificação dos resíduos, data de envio do material para a reciclagem,
destinatário - corresponde ao comprador do material reciclável, e o valor total dos resíduos,
preenchido automaticamente pelo software no momento em que o registro dos itens da reciclagem
for finalizado.
No registro dos itens da reciclagem – que compõe o registro de vendas; devem ser
informados o material destinado à reciclagem, peso, valor por quilograma. O valor total do item é
calculado automaticamente pelo software multiplicando o peso do material pelo valor do
quilograma. A soma dos valores totais dos itens vai resultar no valor total da venda dos produtos
recicláveis. O formulário para registro de venda de materiais recicláveis é apresentado na figura 7.
Figura 7 – Registro de vendas de materiais recicláveis
Fonte: Elaborado pelo autor (2014)
Dados sobre a venda de materiais recicláveis podem ser consultados, porém, não são
permitidas alterações nem exclusões de registros após efetivação das vendas; o software
possibilita apenas estorno de registros.
O formulário para emissão de relatórios sobre as vendas de materiais recicláveis
(figura 8) permite aplicação de filtros nos atributos cooperativa; data em que foi enviado
vendido o material para reciclagem – intervalo de datas; e comprador dos produtos
recicláveis.
Figura 8 – Formulário para relatórios de vendas de materiais recicláveis
Fonte: Elaborado pelo autor (2014)
Utilizando o formulário para emissão de relatórios de vendas de materiais recicláveis,
exposto na figura 8, obtém-se o relatório de vendas de materiais recicláveis, apresentado na
figura 9, responsável pela visualização de dados sobre cooperativas responsáveis pela
reciclagem, descrição do material classificado, data da venda do material reciclável,
comprador identificado como destinatário, peso em quilograma, e o valor total de cada
material.
Figura 9 – Relatórios de vendas de materiais recicláveis
Fonte: Elaborado pelo autor (2014)
Conforme a figura 9, o campo valor total corresponde ao valor total de cada material
destinado à reciclagem. Na última linha do relatório é listada a soma de todos os valores dos
materiais recicláveis. Este somatório é executado independentemente do tipo de filtro
aplicado na geração do relatório.
4.5 Implantação do Software nas cooperativas
A etapa final do trabalho é constituída pela implantação do software nas cooperativas
de recicladores de Passo Fundo – RS. Nesta fase, que está em andamento, o software para
gestão de resíduos sólidos em cooperativas de recicladores está sendo instalado nos
computadores das cooperativas e também na sede do projeto Transformação.
Os usuários do software e os responsáveis pelas cooperativas recebem treinamento e
acompanhamento posterior a implantação. O coordenado do projeto Transformação participa
de todo processo de implantação do software junto as cooperativa, prestando assessoria
administrativa aos cooperados.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este artigo expôs o processo de desenvolvimento e implantação do software para
gestão de resíduos sólidos em cooperativas de recicladores do município de Passo Fundo –
RS.
Na identificação dos métodos gerenciais executados pelas cooperativas recicladores,
averiguou-se a inexistência de softwares para gestão de resíduos sólidos junto às cooperativas.
Em suas sedes os dados são registrados manualmente, e posteriormente são transferidos para
planilhas eletrônicas junto ao projeto Transformação. Neste processo, percebeu-se a carência
de dados administrativos gerando deficiências gerenciais aos cooperados.
A fase de levantamento de requisitos foi alcançada satisfatoriamente. Inicialmente
encontraram-se algumas dificuldades relacionadas a pouca documentação sobre a gestão de
resíduos nas cooperativas e a dificuldade de detalhar sua forma de gestão. Problema
solucionado com a utilização de técnicas de levantamento de requisitos.
A análise e projeto do software proveram em modelos funcionais da UML, resultantes
do levantamento de requisitos.
O software para gestão de resíduos sólidos foi desenvolvido utilizando a linguagem de
programação PHP, e o banco de dados foi criado com o sistema de gerenciamento de banco
de dados relacional MySQL. Entre as funcionalidades do software estão os cadastros,
registros, consultas e emissão de relatórios sobre o processo gerencial das cooperativas de
recicladores. Portanto conclui-se que este modelo está coerente com o documento de
especificação de requisitos e os modelos funcionais da UML.
A implantação do software nas cooperativas está coerente com o cronograma. O
primeiro passo nesta etapa foi a instalação do software na sede do projeto transformação e nas
cooperativas, e a demonstração do mesmo. Percebeu-se a satisfação e o interesse dos
cooperados em relação a utilização do software auxiliando no processo gerencial de resíduos
nessas cooperativas.
4. REFERÊNCIAS
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sólidos – Classificação. Rio de Janeiro: 2004.
ABRELPE - Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais.
Resíduos Sólidos: Manual de boas práticas no planejamento. 2013. 108 p.
AQUINO, I.; CASTILHO JR., A.; PIRES, T. A organização em rede dos catadores de
materiais recicláveis na cadeia produtiva reversa de pós-consumo da região da grande
Florianópolis: uma alternativa de agregação de valor. Gestão & Produção, v.16, n.1, p.15-24,
2009.
BESEN, G. R. Coleta seletiva com inclusão de catadores: construção participativa de
indicadores e índices de sustentabilidade. 2011. 275 f. Tese (Doutorado em Saúde Pública).
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