Relatório sobre a Riqueza

Transcrição

Relatório sobre a Riqueza
Relatório sobre
a Riqueza
Mundial
2 013
Prefácio3
Mercado de HNWIs recupera-se, levando sua população e seu patrimônio a níveis recorde
4
–– A América do Norte e a Ásia-Pacífico impulsionaram o crescimento da população e do patrimônio dos HNWIs em 2012
4
–– Os mercados da Ásia-Pacífico explodem, mas as 12 primeiras posições do ranking de HNWIs continuam inalteradas.
6
–– Fortunas de ultra-HNWIs revertem o curso, liderando o crescimento global em 2012
6
–– Espera-se que a Ásia-Pacífico lidere um crescimento sólido no patrimônio global dos HNWIs
7
O forte desempenho do mercado levou a um aumento substancial no patrimônio dos HNWIs
8
–– A economia global desacelerou, mas evitou uma catástrofe
8
–– Intervenções das autoridades econômicas moderaram as incertezas
9
–– Principais classes de ativos apresentaram desempenho acima da média com o aumento da confiança dos investidores
11
–– Espera-se que o crescimento acelere com a consolidação do otimismo
13
A primeira Pesquisa Global HNW Insights define o padrão do setor para a compreensão das preferências dos HNWIs
14
–– Confiança dos HNWIs na geração futura de riqueza estimulada pela maior confiança em empresas e gestores de patrimônio, mas prejudicada pela menor confiança
no mercado e seus organismos de regulamentação
14
–– A alocação de ativos dos HNWIs reflete uma abordagem conservadora
16
–– O mercado de arte continua em recuperação, com forte valorização nos mercados emergentes
18
–– Características dos HNWIs destacam novas oportunidade para as empresas gestoras de patrimônio
20
A complexidade da regulamentação está mudando a dinâmica
das empresas e clientes no setor de gestão de patrimônio
28
–– O escopo intimidador das mudanças regulamentares é o maior desafio do setor
26
–– Efeitos regulamentares amplos, criando dificuldades para empresas e clientes
30
–– A complexidade da regulamentação está levando a mudanças significativas no cenário de gestão de patrimônios
31
–– Regulamentação leva empresas a reavaliar suas principais estratégias
35
Anexos42
A nosso respeito
45
Prefácio
A Capgemini e a RBC Wealth Management têm o prazer de apresentar o Relatório sobre a Riqueza Mundial 2013 (WWR), incluindo
novas percepções sobre indivíduos com patrimônio pessoal elevado (high net worth individuals – HNWIs) de todo o mundo –
pessoas com US$ 1 milhão ou mais em ativos disponíveis para investimento.1
Apesar da turbulência da economia global, particularmente na Zona do Euro, a população e o patrimônio dos HNWIs globais
apresentaram aumento significativo em 2012. Embora o inicio do ano tenha sido instável, os HNWIs terminaram por ser
beneficiados pelos sólidos retornos do mercado, apesar do crescimento modesto do PIB2 global.
Uma novidade foi a introdução dos resultados da Pesquisa Global HNW Insights, criada em colaboração com a Scorpio Partnership
e que apresenta percepções diretas dos HNWIs sobre seus níveis de confiança no setor, seus objetivos, como investem e os tipos de
relacionamentos e serviços que querem das empresas e consultorias de gestão de patrimônio. Nossa pesquisa coletou respostas de mais
de 4.400 HNWIs em 21 países de cinco regiões, o que a transforma em um do maiores e mais aprofundados estudos desse tipo.
Embora o setor de serviços financeiros tenha sido maculado pela crise, os HNWIs continuam a ter confiança nos gestores patrimoniais
e nas empresas que os atendem. Com as previsões de aceleração do crescimento econômico em 2013 e o aumento da confiança nos
gestores de patrimônio, os HNWIs expressaram um grau elevado de confiança na capacidade de gerar riquezas no futuro.
Nossa Pesquisa Global HNW Insights também analisou detalhadamente as nuances do relacionamento entre os gestores de
patrimônio e os HNWIs, como, por exemplo, a melhor forma de avaliar o sucesso nos investimentos, se existe preferência por uma
abordagem contínua à gestão de patrimônio, com uma única firma e ponto de contato, e o nível de interesse por conexões digitais.
Enquanto algumas constatações confirmaram as ideias convencionais sobre os HNWIs e suas preferências de gestão de patrimônio,
outras mostraram a evolução de algumas dessas preferências, destacando novas oportunidades para que as empresas de gestão de
patrimônio aprimorem a forma de iniciar e manter relacionamentos com todos os segmentos desse mercado.
Finalmente, analisamos os efeitos das mudanças regulamentares ocorridas em todo o mundo na esteira da crise financeira. A reforma
da regulamentação é a maior dificuldade enfrentada pelo setor de gestão de patrimônio e analisamos como seus efeitos estão sendo
sentidos não apenas pelas empresas mas também, cada vez mais, pelos clientes. Examinamos também o que as principais empresas
do setor estão fazendo para enfrentar esse desafio. Para as empresas que ainda estão começando a avaliar as implicações das
alterações regulamentares sobre seus negócios, delineamos as considerações estratégicas que elas devem começar a analisar.
Como sempre, é um prazer apresentar nossas conclusões.
Até o ano que vem,
Jean Lassignardie
M. George Lewis
Diretor Global de Vendas e Marketing
Serviços Financeiros Globais
Capgemini
Diretor do Grupo
RBC Wealth Management e RBC Insurance
Royal Bank of Canada
1
O patrimônio disponível para investimento não inclui o valor de ativos e propriedades pessoais, como residência principal, acervos, bens de consumo e bens duráveis.
2
”PIB” refere-se sempre ao valor ajustado pela inflação, também denominado “PIB real”.
Mercado de HNWIs recupera-se,
levando sua população e seu
patrimônio a níveis recorde
ƒƒ A população mundial e o patrimônio agregado disponível
para investimento dos indivíduos com patrimônio
pessoal elevado (HNWIs3) apresentou forte crescimento
em 2012, atingindo níveis recorde. Após permanecer
estável em 2011, a população de HNWIs aumentou
9,2%, chegando a 12 milhões de pessoas. Nesse meio
tempo, após um ligeiro declínio em 2011, o patrimônio
agregado disponível para investimento aumentou 10%,
para US$ 46,2 trilhões.
ƒƒ O patrimônio dos HNWIs apresentou um vigor renovado
em 2012, superando bastante o máximo histórico de
US$ 42,7 trilhões registrado em 2010. Taxas de valorização
relativamente elevadas nas faixas mais elevadas4
(US$ 5 milhões ou mais) levaram ao crescimento do
patrimônio disponível para investimentos no mundo inteiro.
A AMÉRICA DO NORTE E A ÁSIA-PACÍFICO
IMPULSIONARAM O CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO
E DO PATRIMÔNIO DOS HNWIS EM 2012
A população global de HNWIs e seu patrimônio disponível para
investimento aumentaram substancialmente, atingindo níveis
recorde em 2012. Após permanecer estável em 2011, a população
mundial de HNWIs aumentou 9,2%, ou um milhão de pessoas,
atingindo a marca de 12,0 milhões (ver Figura 1). Após recuar em
dois dos últimos cinco anos, o patrimônio global dos HNWIs
também apresentou recuperação considerável, com aumento de
10% (ver Figura 2). Impulsionado pelo crescimento econômico
lento, mas estável, e por uma alta significativa no mercado, o
patrimônio global dos HNWIs chegou a US$ 46,2 trilhões, bem
acima do nível pré-crise, de US$ 40,7 trilhões em 2007, e do
recorde anterior de US$ 42,7 trilhões em 2010. O crescimento
relativamente forte nos segmentos mais altos do mercado de
HNWIs contribuiu para o sólido desempenho global.
A América do Norte deu uma contribuição significativa para a
expansão da população global de HNWIs, com a maior taxa de
crescimento regional (11,5%) atingindo 3,73 milhões de pessoas e
reconquistando sua posição de liderança em termos de quantidade de
4
ƒƒ A América do Norte e a Ásia-Pacífico, as duas maiores
regiões de HNWIs, impulsionaram o crescimento global,
com expansão de 11,5% e 9,4% na população de HNWIs
e de 11,7% e 12,2% no seu patrimônio, respectivamente.
A América do Norte reconquistou sua posição de maior
mercado de HNWIs, já que seus 3,73 milhões de HNWIs
superaram os 3,68 milhões da Ásia-Pacífico. Entretanto,
esta última região abriga a maioria dos países com
crescimento mais rápido nos HNWIs, esperando-se que,
em breve, volte a ultrapassar a América do Norte.
ƒƒ Projeta-se que o patrimônio dos HNWIs cresça 6,5% ao
ano, atingindo US$ 55,8 trilhões até 2015, expansão
determinada principalmente pela região da Ásia-Pacífico.
indivíduos, além de superar a Ásia-Pacífico, que apresentou
crescimento de 9,4% e chegou a 3,68 milhões de pessoas.
A América Latina, que teve a maior taxa de crescimento em 2011,
perdeu ritmo em 2012, com crescimento de apenas 4,4%, devido,
principalmente, à desaceleração no crescimento do PIB e à queda
nos mercados acionários brasileiro e argentino. Contudo, o
México foi um destaque positivo, com crescimento regular do PIB
e um forte desempenho no mercado acionário, resultando em
aumento de 6,6% na quantidade de HNWIs.
Como nos cinco anos anteriores, a América do Norte continuou
a deter a maior parcela de ativos de HNWIs disponíveis para
investimento, no montante de US$ 12,7 trilhões em 2012, em
comparação com US$ 12,0 trilhões na Ásia-Pacífico, US$
10,9 trilhões na Europa e US$ 7,5 trilhões na América Latina.
O crescimento do patrimônio foi maior na Ásia-Pacífico, onde
atingiu 12,2%, impulsionado pelo forte crescimento em muitos
países da região. O segundo lugar coube à América do Norte,
que cresceu 11,7%. Em termos mundiais, entre 2007 e 2012 o
patrimônio disponível para investimento dos HNWIs cresceu
à modesta taxa efetiva de 2,6%, ligeiramente superior à do
crescimento real do PIB, que foi de 1,6%.
3
HNWIs são definidos como pessoas com ativos disponíveis para investimento iguais ou superiores a US$ 1 milhão, com exclusão da residência principal, acervos, bens de consumo e bens
duráveis.
4
Para os fins de nossa análise, dividimos o segmento de HNWIs em três faixas de patrimônio distintas: aqueles com ativos disponíveis para investimento entre US$ 1 milhão e US$ 5 milhões
(apelidados de “milionários comuns”), os com ativos disponíveis entre US$ 5 milhões e US$ 30 milhões (os assim chamados “milionários de nível médio”) e, finalmente, aqueles com ativos
superiores a US$ 30 milhões (“indivíduos com patrimônio pessoal ultraelevado”).
RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013
MERCADO DE HNWIS RECUPERA-SE, LEVANDO SUA POPULAÇÃO E SEU PATRIMÔNIO A NÍVEIS RECORDE
FIGURA
1.
FIGURA 1.
Populaçãode
deHNWIs,
HNWIs,
2007-2012
região)
População
2007-2012
(por(por
região)
(milhões)
(milhões)
Taxa efetiva 2007-2011: 3,5%
15
10,1
8,6
Crescimento anual 2011-2012: 9,2%
10,0
10,9
11,0
12,0
Variação percentual 2011-2012
12
0,1
0,4
0,4
9
Número
de HNWIs
0,1
0,4
0,4
3,1
0,1
0,4
0,5
2,6
6
2,8
3,0
2,4
África
9,9%
Oriente Médio
8,1%
América Latina
4,4%
Europa
7,5%
Ásia-Pacífico
9,4%
3,4
3,2
3,1
3,0
0,1
0,5
0,5
0,1
0,5
0,5
0,1
0,4
0,5
3,7
3,3
3,4
3,4
3,4
3,7
2010
2011
2012
América do Norte
3
3,3
2,7
3,1
2007
2008
2009
11,5%
0
Obs.: Os valores nos gráficos e as percentagem citadas estão arredondados e podem não totalizar exatamente 100%
Fonte: Análise de Curva Lorenz da Capgemini, 2013
FIGURA
2. Distribuição
Distribuiçãodo
dopatrimônio
patrimônio
dos
HNWIs,
2007-2012
região)
FIGURA 2.
dos
HNWIs,
2007-2012
(por(por
região)
(trilhões de
(trilhões
deUS$)
US$)
Taxa efetiva 2007-2011: 2,6%
50
40,7
32,8
30
10,7
42,7
1,0
1,5
6,2
Patrimônio
disponível para
investimento
dos HNWIs 20
39,0
1,0
1,7
40
Crescimento anual 2011-2012: 10,0%
0,8
1,4
5,8
1,2
1,7
7,3
6,7
9,5
42,0
10,2
1,1
1,7
9,7
1,3
1,8
7,5
7,1
10,9
10,1
8,3
9,5
46,2
10,8
10,7
11,4
12,7
2011
2012
11,7
9,1
10,7
11,6
2007
2008
2009
2010
África
11,5%
Oriente Médio
8,6%
América Latina
6,7%
Europa
8,2%
12,0
7,4
10
Variação percentual 2011-2012
Ásia-Pacífico
12,2%
América do Norte
11,7%
0
Obs.: Os valores nos gráficos e as percentagens citadas estão arredondados e podem não totalizar exatamente 100%
Fonte: Análise de Curva Lorenz da Capgemini, 2013
RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013
5
OS MERCADOS DA ÁSIA-PACÍFICO EXPLODEM,
MAS AS 12 PRIMEIRAS POSIÇÕES DO RANKING
DE HNWIS CONTINUAM INALTERADAS
força da região, as populações de HNWIs da Indonésia, Austrália,
China, Nova Zelândia e Tailândia apresentaram taxas de
crescimento de dois dígitos.
Mais de metade da população global de HNWIs continua
concentrada em três países: Estados Unidos, Japão e Alemanha
(ver Figura 3). Nos últimos três anos, esses países responderam por
cerca de 53% de todos os HNWIs, uma queda em relação aos
54,7% registrados em 2006. Contudo, espera-se que a parcela
desses três países diminua ao longo do tempo, conforme os
mercados emergentes ganhem maior importância.
Notavelmente, após mudanças nos últimos quatro anos
(por exemplo, a saída da Espanha do ranking em 2010 e a entrada
da Coreia do Sul em 2011), nenhum novo país se juntou aos
12 maiores mercados de HNWIs em 2012 e não houve qualquer
alteração na classificação dos países. A população de HNWIs
apresentou crescimento de moderado (4% a 7%) a forte (10% a
15%) em todos os países, com exceção do Brasil, onde permaneceu
estável devido à desaceleração no crescimento econômico e à
retração do mercado acionário.
Tanto entre os 12 maiores países como entre os demais, muitos dos
mercados de HNWIs de crescimento mais rápido estão localizados
na região da Ásia-Pacífico. A quantidade de HNWIs de Hong
Kong aumentou 35,7%, impulsionada por uma combinação de
comportamento relativamente menos conservador dos investidores
e da força dos mercados acionários. Com crescimento de 22,2%, a
Índia beneficiou-se das tendências positivas no mercado acionário,
renda nacional bruta, consumo e mercado imobiliário. Hong Kong
e Índia, que são sabidamente voláteis, superaram o desempenho
ruim de 2011 na evolução da população de HNWIs (queda de
17,4% em Hong Kong e de 18,0% na Índia). Em outro sinal de
FORTUNAS DE ULTRA-HNWIS REVERTEM O CURSO,
LIDERANDO O CRESCIMENTO GLOBAL EM 2012
A população de HNWIs aumentou em número e patrimônio em
todos os níveis, com crescimento relativamente mais forte nas
camadas mais elevadas (ver Figura 4). Em 2012, a quantidade e o
patrimônio dos indivíduos com patrimônio pessoal ultra-elevado
(ultra-HNWIs5) aumentou 11,0%, em comparação com uma
redução de 2,5% na quantidade e de 4,9% no patrimônio em 2011.
Representando menos de 1% do total mundial de HNWIs, os
111 mil ultra-HNWIs controlam mais de um terço (35,2%) da
riqueza total dos HNWIs. O patrimônio global dos ultra-HNWIs
teria sido ainda maior se não fosse pela taxa de crescimento menor
dos domiciliados na América Latina (7,4%), que respondem por
mais de um terço dessa faixa de riqueza.
De forma similar aos ultra-HNWIs, os milionários de nível médio,
com US$ 5 milhões a US$ 30 milhões em ativos disponíveis para
investimento, passaram de uma ligeira queda em 2011 para um
crescimento de cerca de 10% na população e no patrimônio em
2012. Com 1,07 milhão de pessoas, esse segmento representa 8,9%
do mercado de HNWIs e responde por 22,0% de seu patrimônio.
Em conjunto, os mercados de ultra-HNWIs e milionários de nível
médio controlam 57,2% do patrimônio total.
A faixa entre US$ 1 milhão e US$ 5 milhões apresentou
crescimento de 9% na população e no patrimônio, em comparação
com aumentos meramente marginais em 2011. Esses “milionários
comuns”, que totalizam 10,8 milhões de pessoas, ou 90,2% da
população total de HNWIs, detêm 42,8% do seu patrimônio.
FIGURA
Maiores populações
de país,
HNWIs,
2012 (por país)
FIGURA 3.3. População
de HNWIs por
2012
(milhares)
2011
Crescimento da
12,0%
população de
HNWIs, 2011-2012
4.000
4,4%
6,7%
14,3%
5,4%
6,4%
441 465
404 430
2012
6,5%
12,0%
15,1%
4,5%
0,2%
10,9%
280 298
252 282
180 207
168 176
165 165
144 160
Canadá
Suíça
Austrália
Itália
3.436
3.000
3.068
Número
de HNWIs 2.000
1.8221.902
9511.015
1.000
562 643
0
EUA
Japão
Alemanha
China
Reino Unido França
Brasil Coreia do Sul
Obs.: As taxas de crescimento percentagens estão arredondadas e não correspondem aos totais das colunas
Fonte: Análise de Curva Lorenz da Capgemini, 2012
5
6
Ultra-HNWIs são definidos como pessoas com ativos disponíveis para investimento iguais ou superiores a US$ 30 milhões, com exclusão da residência principal, acervos,
bens de consumo e bens duráveis.
RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013
MERCADO DE HNWIS RECUPERA-SE, LEVANDO SUA POPULAÇÃO E SEU PATRIMÔNIO A NÍVEIS RECORDE
FIGURA 4, Composição da população global de HNWIs por faixa de patrimônio, 2012
Quantidade de
pessoas - 2012
Crescimento da população
de HNWI
Crescimento do
patrimônio dos HNWI
2010-2011
2011-2012
2010-2011
2011-2012
% do
patrimônio
dos HNWI
2012
+ US$ 30 mm
Ultra-HNWI
111,0 m
(0.9% do total)
-2,5%
11,0%
-4,9%
10,9%
35,2%
US$ 5 mm – US$ 30 mm
Milionário de nível médio
1.068,5 m
(8.9% do total)
-1,0%
10,1%
-1,2%
10,2%
22,0%
US$ 1 mm – US$ 5 mm
Milionário comum
10.795,1 m
(90.2% do total)
1,1%
9,1%
0,8%
9,3%
42,8%
Obs,: Os valores nos gráficos e as porcentagens citadas estão arredondados e podem não totalizar exatamente 100%
Fonte: Análise de Curva Lorenz da Capgemini, 2013
ESPERA-SE QUE A ÁSIA-PACÍFICO LIDERE UM
CRESCIMENTO SÓLIDO NO PATRIMÔNIO GLOBAL
DOS HNWIS
Espera-se que o patrimônio global disponível para investimento dos
HNWIs aumente para US$ 55,8 trilhões até 2015 (ver Figura 5),
impulsionado principalmente pelo crescimento na Ásia-Pacífico
(taxa efetiva de 9,8%). Até 2014, a Ásia-Pacífico deverá recuperar
FIGURA 5.
sua posição de região com a maior população de HNWIs,
registrando também o maior nível de patrimônio, cuja projeção
para 2015 é de US$ 15,9 trilhões.
Na Europa, espera-se que os esforços continuados de recuperação
na Eurozona colabore para que o patrimônio dos HNWIs cresça
a uma taxa robusta, particularmente em função do desempenho
relativamente fraco nos dois últimos anos.
Projeção do patrimônio dos HNWIs, 2010–2015 (por região)
(trilhões de
FIGURA
5. US$)
Projeção do patrimônio dos HNWIs, 2010-2015E (por região)
(trilhões de US$)
60
42,7
42,0
46,2
2,2
45
Patrimônio
disponível 30
para
investimento
dos HNWIs
15
1,2
1,7
1,1
1,7
7,3
7,1
10,2
10,1
11,6
11,4
Taxa efetiva
(2012-2015E)
55,8
1,3
1,8
7,5
1,4
8,3
13,1
10,9
12,7
10,8
10,7
12,0
2010
2011
2012
6,5% de
crescimento
anualizado
15,0
Global
6,5%
África
3,4%
Oriente Médio
6,8%
América Latina
3,1%
Europa
6,2%
América do Norte
5,7%
Ásia-Pacífico
9,8%
15,9
0
2015E
Obs.: Os valores nos gráficos e as porcentagens citadas estão arredondados e podem não totalizar exatamente 100%
Fonte: Análise de Curva Lorenz da Capgemini, 2013
RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013
7
O forte desempenho do mercado levou a
um aumento substancial no patrimônio
dos HNWIs
N
o início de 2012 havia poucas razões para esperar
que o ano terminasse de forma positiva para os
investidores. A incerteza generalizada, e até mesmo
temor, emanava de todos os cantos do mundo,
prejudicando a confiança dos investidores. Além disso,
o crescimento econômico global estava desacelerando,
com desaquecimento dos mercados emergentes e
alguns mercados maduros ameaçados por outra onda
de recessão.
Em meados do ano, políticas públicas voltadas a promover
a estabilidade, sobretudo na Eurozona, afastaram a
ameaça de uma catástrofe economica global e deram
aos investidores a tão necessária confiança e o estímulo
para adotar um leque mais amplo de classes de ativos,
contribuindo para o retorno maior dos mercados e
abrandando a realidade do crescimento econômico
ainda letárgico. Apesar da continuação dos distúrbios
em algumas partes da economia global, o patrimônio
dos HNWIs cresceu 10,0% em 2012, em grande parte
por conta da força dos mercados acionários globais.
Em 2012, desdobramentos importantes no cenário
mundial econômico e de investimentos
contrabalançaram-se mutuamente:
A ECONOMIA GLOBAL DESACELEROU, MAS EVITOU UMA
CATÁSTROFE
Em comparação com 2011, quando eclodiu a crise da dívida
europeia, os EUA experimentaram um rebaixamento inédito na
classificação de sua dívida, a agitação tomou conta do Oriente
Médio e o Japão sofreu uma grande catástrofe natural, 2012 foi
um ano relativamente tranquilo de uma perspectiva
macroeconômica global. Ainda assim, a miríade de crises de 2011
lançou sombras sobre 2012 e a austeridade fiscal generalizada
exerceu um peso palpável, resultando em crescimento modesto do
PIB mundial.
8
RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013
ƒƒ O crescimento do produto interno bruto (PIB) global
desacelerou com a persistência das dificuldades
econômicas ao redor do mundo, inclusive retração na
Eurozona, negociações prolongadas sobre o orçamento
dos EUA e crescimento mais lento na Ásia-Pacífico.
ƒƒ Entretanto, o risco global diminuiu, já que a forte disposição
das autoridades europeias ajudou a evitar um possível
desastre econômico, enquanto os EUA mostraram
recuperação e a China conseguiu um pouso suave.
ƒƒ A redução dos níveis globais de risco sobrepujou a
trepidação dos investidores com o crescimento
econômico baixo, resultando em volatilidade menor e
forte desempenho em alguns impulsionadores do
patrimônio. Os investidores reagiram positivamente às
medidas adotadas pelas autoridades econômicas,
estimulando os ganhos nos mercados como um todo.
Os mercados globais de ações operaram em alta, todos
os segmentos de renda fixa apresentaram desempenho
positivo e o mercado imobiliário global deslanchou.
ƒƒ Continuam a existir riscos, mas as perspectivas de
crescimento do PIB, retorno dos mercados e geração
de riqueza geram um otimismo cauteloso enquanto a
economia dos EUA continua a se recuperar e a Europa
aspira por um pouco de crescimento ao final de 2013.
Na ausência de novas crises, o crescimento mais lento foi
tolerável. Embora o crescimento de 2,2% não tenha conseguido
alcançar a marca exuberante de 4,0% atingida em 2010, o ritmo
da desaceleração diminuiu. A América do Norte, que abriga a
maior economia do mundo, foi um destaque positivo em 2012,
apresentando um aumento marginal no PIB e criando a esperança
de que uma recuperação mais generalizada possa ganhar tração.
Estando preparados para o pior, em última análise os investidores
foram surpreendidos positivamente pela ausência de
acontecimentos bombásticos e, mais ao final do ano, a
volatilidade estabilizou-se em níveis mais baixos.
O FORTE DESEMPENHO DO MERCADO LEVOU A UM AUMENTO SUBSTANCIAL NO PATRIMÔNIO DOS HNWIS
Sem sombra de dúvida, a Eurozona continuou a ser uma área de
grandes preocupações em 2012, já que a crise da dívida ocasionou
medidas severas de austeridade, desemprego elevado e encolhimento
das economias de toda a região. Em 2012, a Europa Ocidental
apresentou o pior desempenho entre todas as regiões, com contração
de 0,1% no PIB (ver Figura 6). Nos países periféricos da Eurozona,
inclusive Grécia, Itália, Portugal e Espanha, a recessão aprofundouse ainda mais, enquanto outros países, inclusive a Irlanda e a França,
continuaram em situação frágil.
menor nível em uma década, o país conseguiu evitar um pouso
forçado. A economia indiana foi afetada pela paralisação dos
investimentos e a deterioração da confiança das empresas.
Contudo, as economias asiáticas industrializadas do Japão,
Austrália e Nova Zelândia superaram as tendências regionais e
mostraram expansão razoável.
Nos EUA, as eleições presidenciais e o impasse político em
relação às negociações sobre o orçamento federal induziram uma
incerteza paralisante, particularmente ao final do ano, quando os
temores quanto ao abismo fiscal ocuparam o topo da lista de
preocupações dos investidores. A crise foi evitada na undécima
hora, por meio de um acordo que aumentou as alíquotas de IR
para as pessoas mais abastadas, mas cortes significativos nos
gastos estão restringindo o crescimento dos EUA que, na melhor
das hipóteses, engatou a terceira marcha.
No primeiro semestre de 2012, eventos na Eurozona, inclusive as
eleições na França e na Grécia e os elevados custos de captação
dos governos da Espanha e da Itália, puseram os investidores na
defensiva e mantiveram a volatilidade elevada. A maré começou a
refluir em 26 de julho, quando Mario Draghi, presidente do
Banco Central Europeu, comprometeu-se a “fazer o que fosse
preciso” para proteger a Eurozona de um colapso. O banco
cumpriu seu compromisso verbal com o anúncio, em setembro,
de que passaria a atuar como financiador de último recurso dos
mercados de títulos públicos. Essa medida, combinada com a
ativação do Mecanismo de Estabilidade Europeu (MEE), um
fundo permanente destinado a auxiliar economias da União
Europeia em dificuldades, e novos avanços na direção da
unificação dos regulamentos bancários, foram decisivos para
aplacar os temores dos investidores e, até o final do ano,
o Banco Central Europeu (BCE) não teve de tomar as medidas
prometidas.
INTERVENÇÕES DAS AUTORIDADES ECONÔMICAS
MODERARAM AS INCERTEZAS
A vulnerabilidade das economias exportadoras da região da
Ásia-Pacífico voltou a ser destacada, já que a taxa de crescimento
do PIB da região (com exclusão do Japão) caiu um ponto
percentual devido à retração na demanda externa. Contudo,
os fundamentos relativamente fortes das economias e políticas
nacionais ajudaram a amortecer o choque sobre os países
asiáticos. Embora o crescimento chinês tenha recuado para o
FIGURA 6. Taxas de crescimento do PIB real, mundo e regiões específicas, 2010-2012
FIGURA 6.
Taxas de crescimento do PIB real, mundo e regiões específicas, 2010-2012
(%)
(%)
2010
Crescimento em
2011-2012 (PPa)
-0,5
-1,0
1,3
1,1
-1,3
2011
0,3
2012
-1,7
-1,8
10
8,4
8
6,5
6
5,9
5,5
5,3
4,6
Taxa de
crescimento 4
4,0
4,3
3,8
3,6
3,3
2,7
3,5
2,5
2,5
2,2
3,8
3,0
1,9
2
2,2
2,1
0
-2
2,3
1,7
-0,1
Mundo
Ásia-Pacífico
(ex-Japão)
África
Subsaariana
Oriente Médio
e África
Setentrional
América
Latina
América
do Norte
Europa
Oriental
Europa
Ocidental
a PP = Ponto Percentual
Fonte: Análise da Capgemini, 2013; Economist Intelligence Unit, Março de 2013 (Variação do PIB real em relação ao ano anterior)
RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013
9
O aumento da confiança e a redução da volatilidade levaram os
mercados acionários globais a uma forte alta no segundo semestre
de 2012, com os índices referenciais subindo 16,1% a partir de
junho (ver Figura 8). Entre junho e dezembro, o índice referencial
europeu valorizou-se 26,5%, em contraste marcante com a queda
de 8,2% registrada até maio. Até mesmo os mercados das
economias periféricas da Europa apresentaram alta substancial,
apesar de terminarem o ano com evolução ligeiramente negativa.
O referencial dos mercados emergentes da Ásia apresentou alta de
17,8% a partir de junho, uma melhoria sensível em relação à
valorização de 1,9% registrada entre janeiro e maio.
Muitas das tensões presentes no primeiro semestre reduziram-se
significativamente na segunda metade de 2012. Os indicadores de
volatilidade implícita do S&P 500 e das ações europeias caíram
abaixo das médias históricas (ver Figura 7). Além disso, o
rendimento dos títulos públicos dos países mais endividados da
Eurozona caiu radicalmente. A maior redução ocorreu na Grécia,
onde o rendimento dos títulos públicos de 10 anos caiu 22,1 pontos
percentuais, atingindo 11,8% ao final de 2012. Os rendimentos
caíram 6,6 pontos percentuais em Portugal, para 7,0%, e 4,0 pontos
na Irlanda, para 4,5%. Os rendimentos continuaram elevados na
Espanha (5,3%), que relutava em participar do programa de compra
de obrigações do BCE, mas ainda assim estão abaixo do nível de 7%
observado em meados do ano.
Em termos macroeconômicos, uma peça importante do apoio
econômico foi o aumento sustentado do consumo global. O
consumo total (incluindo gastos públicos e privados) aumentou
2,0% em 2012, em comparação com 2,1% em 2011. Em grande
medida, esse crescimento foi determinado pelos gastos públicos,
já que os esforços de recuperação após os desastres naturais em
diversas economias da Ásia-Pacífico, inclusive Japão, Tailândia,
Austrália e Nova Zelândia, levaram a um aumento de 1,5% nas
despesas públicas em 2012, mais do que o dobro da taxa
observada em 2011.
As medidas de estímulo monetário, inclusive o afrouxamento
quantitativo, desempenharam um papel crucial na estabilização
da economia dos EUA, cuja taxa de crescimento de 2,2% em
2012 superou a média de 0,6% de seus pares do G7. Nos EUA,
o aumento nas vendas e nos preços de residências, maior
disponibilidade de crédito e inflação baixa colaboraram para o
crescimento, apesar das dúvidas surgidas no último trimestre em
função da eleição presidencial e das discordâncias permanentes
em relação à solução do problema do déficit orçamentário.
Embora o consumo privado não tenha conseguido manter seu
ritmo de expansão, que foi de 2,5% em 2011, o aumento de 2,1%
foi uma boa notícia e decorreu do aumento na confiança dos
consumidores, principalmente nos EUA e na Ásia-Pacífico. Com
o início da recuperação do mercado habitacional e do
descongelamento do crédito nos EUA, o consumo privado
apresentou tendência de alta na América do Norte; a ÁsiaPacífico também teve bom desempenho por conta do
afrouxamento da política monetária. A única região onde ocorreu
redução no consumo privado foi a Europa Ocidental, devido à
Na Ásia, a China também escapou de maiores problemas
econômicos com o crescimento de sua base de consumidores,
retomada do mercado de imóveis residenciais e início da
recuperação da demanda global ao longo do segundo semestre.
Apesar dos temores de um desempenho fraco, a economia chinesa
apresentou crescimento de 7,8%, bem acima da taxa de 3,8%
registrada em outros países da região da Ásia-Pacífico (ex-Japão).
Além disso, o saldo em transações correntes da China caiu e sua
moeda apresentou ligeira valorização em relação ao dólar dos EUA.
FIGURA
7.
FIGURA 7.
DesempenhododoS&P
S&P
500
e VSTOXX,
2011-2012
Desempenho
500
VIXVIX
e VSTOXX
(pontos
do índice), 2011-2012
(%)
(Pontos
do índice)
S&P 500 VIX
VSTOXX
60
Queda marcante nos níveis de
volatilidade desde S2 2012
45
Pontos
30
do índice
15
Média histórica do VIX e
VSTOXX (desde o ano 2000)
0
Jan-2011
Abr-2011
Jul-2011
Set-2011
Dez-2011
Mar-2012
Jun-2012
Set-2012
Dez-2012
Fonte: Análise da Capgemini, 2013; http://www.stoxx.com/download/historical_values/h_vstoxx.txt, janeiro de 2013; http://www.cboe.com/micro/srvx/data.aspx, janeiro de 2013
10
RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013
O FORTE DESEMPENHO DO MERCADO LEVOU A UM AUMENTO SUBSTANCIAL NO PATRIMÔNIO DOS HNWIS
FIGURA 8.8. Valores
Global
MSCI,
2012
FIGURA
Valores do
doíndice
índicereferencial
referencial
Global
MSCI,
2012
Valorização
(Jan 12-Mai 12)
130
Valores do índice
(01/01/2012 = 100)
120
110
100
90
América do Norte
1,9%
Mercados
emergentes
na Ásia
3,4%
Mundo
-0,7%
Mercados
emergentes na
América Latina
-6,5%
Europa
-8,2%
0
Jan-2012
Mar-2012
Mai-2012
Valorização
(Jun 12-Dez 12)
130
Valores do índice
(01/06/2012 = 100)
120
110
100
90
Europa
26,5%
Mercados
emergentes
na Ásia
17,8%
Mundo
16,1%
Mercados
emergentes na
América Latina
14,4%
América do Norte
11,9%
0
Jun-2012
Ago-2012
Out-2012
Dez-2012
Fonte: Análise da Capgemini, 2013; http://www.mscibarra.com/products/indices/performance/regional, acessada em janeiro de 2013
situação lastimável do mercado de trabalho e à baixa confiança
dos consumidores. Nesse ínterim, a taxa de poupança das
famílias declinou ou permaneceu estável na maioria dos países do
G7, indicando uma maior disposição dos consumidores em
assumir dívidas, bem como a existência de uma parcela da
população desempregada ou em envelhecimento que está sacando
de suas poupanças.
PRINCIPAIS CLASSES DE ATIVOS APRESENTARAM
DESEMPENHO ACIMA DA MÉDIA COM O AUMENTO
DA CONFIANÇA DOS INVESTIDORES
O desempenho do mercado influencia bastante o patrimônio dos
HNWIs e, em 2012, este efeito foi acentuadamente positivo em
função dos grandes ganhos apresentados pela maioria dos mercados
de todo o mundo. O índice referencial Global MSCI valorizou
13,2%, com desempenho sólido da Alemanha (27,2%), México
(27,1%) e Índia (23,9%), indicando motivos para otimismo em
todas as regiões e destacando que os investidores aceitaram uma
economia que, embora em crescimento lento, reduziu
marcadamente os riscos e as incertezas. Combinada com as
avaliações atraentes e as políticas monetárias folgadas dos bancos
centrais, a ampliação da recuperação estimulou a alta global.
Ações regionais: Apesar das tensões no final do ano em relação
ao abismo fiscal e das incertezas pré-eleitorais, os mercados
acionários norte-americanos tiveram desempenho admirável em
2012, em meio a sinais de recuperação econômica e
impulsionados pelas repetidas intervenções do Federal Reserve e
pela alta nos preços dos imóveis residenciais. Todos os indicadores
de mercado foram otimistas. O S&P 500 amplo valorizou 13,4%,
o maior retorno anual desse índice desde 2009. As empresas que
pagam dividendos e as multinacionais de primeiríssima linha
tiveram desempenho positivo e a Média Industrial Dow Jones
apresentou alta de 7,3%. Os investidores também demonstraram
maior apetite por empresas de baixa capitalização, levando a uma
valorização de 14,6% no índice Russel 2000.
RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013
11
Na Ásia-Pacífico, os mercados acionários reagiram bem aos
movimentos agressivos de política monetária. Na Índia, as
medidas reformistas e o afrouxamento monetário colaboraram
para que os mercados acionários apresentassem ganhos de 23,9%,
enquanto a força das exportações contribuiu para uma alta de
20,2% na Coreia do Sul. Os mercados chineses operaram em
alta no segundo semestre, apresentando valorização de 19,0%.
O Japão também teve bom desempenho, com ganho de 5,8%,
já que o governo recém-eleito comprometeu-se com a reversão
da debilidade da economia.
Na Europa, o desempenho do mercado acionário foi ambíguo, com
os mercados mais fortes apresentando valorização acima da média e
os mais fracos operando em baixa. A intervenção do BCE animou
os mercados mais estáveis, atraindo investidores seduzidos pelas
avaliações baixas. Os índices referenciais apresentaram valorização
de 27,2% na Alemanha, 17,7% na França e 8,6% na Itália. Embora
tenham melhorado com a intervenção do banco central, as
economias periféricas terminaram o ano com desempenho
negativo, já que continuaram sob o peso do endividamento
excessivo e da estagnação econômica.
A América Latina foi a única exceção no cenário de valorização das
ações em todo o mundo. Lá, a queda no preço das commodities e o
crescimento econômico mais lento no Brasil, maior economia da
região, afetaram fortemente o desempenho. O único destaque foi o
México, que foi beneficiado pela resiliência da economia dos EUA
e apresentou valorização de 27,1%.
Renda fixa: Os mercados globais de obrigações continuaram a
proporcionar retornos sólidos em 2012, embora o desempenho tenha
variado nos diversos segmentos. Os rendimentos dos títulos públicos
globais isentos de risco continuaram em níveis historicamente baixos
devido às constantes intervenções dos principais bancos centrais e às
preocupações dos investidores em relação à saúde dos mercados
financeiros globais. O rendimento dos títulos públicos isentos de
risco continuou a cair em 2012, mas o ritmo do declínio foi menor
do que em 2011 e existem evidências crescentes de que eles chegaram
ao fundo do poço. É provável que o rendimento dos títulos públicos
apresente tendência de alta em 2013 se as condições econômicas
forem favoráveis.
Nos EUA, os investidores direcionaram menos recursos para os
títulos do Tesouro, já que começaram a ter confiança na economia
e a buscar classes de ativos com rendimento mais elevado. A
redução na valorização do índice Dow Jones CBOT Treasury (com
alta de apenas 2,5% em 2012, em comparação com 12,2% em
2011) demonstra essa saída dos investidores dos portos seguros dos
títulos públicos. Ao mesmo tempo, os títulos privados atraíram
investidores que querem tirar proveito da melhora no balanço das
empresas e utilizar os recursos liberados pelo afrouxamento
quantitativo do Federal Reserve. O índice Dow Jones Corporate
Bond apresentou valorização de 6,1% em 2012, em comparação
com 3,3% em 2011. No curto prazo, espera-se uma alta marginal
no rendimento dos papéis do Tesouro dos EUA devido ao maior
12
RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013
otimismo em relação ao desempenho da economia norteamericana. Nesse meio tempo, o rendimento dos títulos públicos
de alguns países problemáticos da Eurozona continuou elevado
devido ao alto risco de inadimplência.
Imóveis: Os mercados imobiliários globais tiveram desempenho
consideravelmente bom em 2012, com forte valorização real anual
em todas as regiões. Na América do Norte, os EUA lideraram com
valorização de 3,5%, enquanto Hong Kong (20,4%), Brasil (9,4%)
e Dinamarca (5,8%), lideraram em outras regiões do mundo. Após
recuar 2,4% em 2011, o índice Dow Jones Select REIT apresentou
valorização de 18,0%. O mercado dos EUA beneficiou-se de preços
mais acessíveis (30% abaixo do pico de 2007), melhoria no
balanços das famílias e redução na taxa de desemprego, enquanto o
mercado imobiliário da Ásia-Pacífico reagiu bem ao baixo nível de
desemprego e inflação. Na Europa, o desempenho variou bastante,
com países como Dinamarca, Noruega, Finlândia e Suécia (que
foram menos afetados pela crise da dívida) registrando ganhos
sólidos, enquanto os países da Eurozona continuaram a enfrentar
novas quedas em 2012.
Disponibilidades: O rendimento das notas do Tesouro dos EUA
teve altos e baixos em 2012, subindo lentamente no começo do
ano, em reação às tendências positivas da economia do país, e
caindo vertiginosamente mais ao final do ano, quando emperraram
as negociações do orçamento federal. Espera-se que, com a melhora
na economia e o avanço nas discussões do orçamento, o
rendimento das notas do Tesouro aumente um pouco no curto
prazo. Os fundos de curto prazo de outros países também tiveram
bom desempenho em 2012, embora preocupações com uma
eventual inadimplência da Grécia tenham forçado a maioria deles a
reduzir sua exposição aos bancos europeus.
Investimentos alternativos: Embora alguns bolsões do universo
de investimentos alternativos tenham apresentado bom
desempenho, outros tiveram resultados contraditórios. Em 2012,
os fundos hedge tiveram desempenho melhor do que em 2011,
quando caíram 2,5%, mas sua valorização de 7,7% foi bastante
inferior ao retorno de 13,4% proporcionado pelo S&P 500, que
superou o rendimento de fundos hedge em nove dos últimos
10 anos (a exceção foi 2008).
Em outras áreas de investimentos alternativos, o desempenho das
commodities foi menos desfavorável do que em 2011, mas
continuou fraco devido ao declínio na demanda das economias
emergentes. Depois de uma queda de 13,4% em 2011, o índice
Dow Jones-UBS Commodity recuou apenas 1,1% em 2012.
Nesse ínterim, o dólar dos EUA manteve sua resiliência e
espera-se uma estabilização ainda maior em 2013. Os preços do
ouro subiram pelo 12º ano consecutivo, mas a alta de 7,1% foi
inferior à registrada em 2011 (10,0%) e à valorização da prata
(9,2%). Os preços do petróleo caíram 7,1%, principalmente em
função da lentidão da atividade econômica como um todo e do
aumento da produção interna dos EUA. As cotações do gás
natural aumentaram 5,7%, já que os preços baixos registrados em
O FORTE DESEMPENHO DO MERCADO LEVOU A UM AUMENTO SUBSTANCIAL NO PATRIMÔNIO DOS HNWIS
desenvolvimento, por meio de investimentos públicos e criação de
empregos. Embora possam continuar elevados na Europa
Ocidental, os níveis de desemprego devem diminuir gradualmente
em outras regiões importantes. Além disso, espera-se uma pequena
melhora nas taxas globais de poupança em 2013 e 2014.
2011 levaram os consumidores a usá-lo em substituição ao óleo
combustível. Finalmente, os preços do trigo e do milho
apresentaram recuperação substancial devido à demanda das
economias emergentes e em desenvolvimento. Os preços do trigo
aumentaram 5,6%, em comparação com uma queda de 33,8%
em 2011, enquanto o milho subiu 23,9%, em comparação com
uma alta de apenas 1,1% em 2011.
Dada essa melhoria nos fundamentos, a perspectiva para os
mercados de investimento é cautelosamente otimista, justificando
as projeções de patrimônio dos HNWIs apresentadas na Figura 5.
Espera-se que, em 2013, as ações globais proporcionem retornos
consideráveis para os investidores, graças às avaliações razoáveis,
combinadas com o crescimento global e a inflação baixa. O
mercado imobiliário também está com ímpeto, com o preço dos
imóveis residenciais e as taxas de crédito imobiliário continuando
baixas nos EUA. Os investimentos alternativos oferecem bolsões de
oportunidade, inclusive commodities e a possibilidade de
administrar taticamente as posições de câmbio conforme os bancos
centrais continuem a fazer intervenções de política monetária.
ESPERA-SE QUE O CRESCIMENTO ACELERE
COM A CONSOLIDAÇÃO DO OTIMISMO
O bom desempenho geral dos mercados financeiros globais, apesar
do crescimento mais lento do PIB, criou motivos para um
otimismo cauteloso a partir de 2013. A Europa ainda está envolta
em riscos imensos (como indicado pelas eleições italianas e pelo
resgate dos bancos de Chipre no primeiro semestre de 2013) e
precedentes perigosos foram abertos nas operações de salvamento
recentes. Apesar disso, o continente está avançando lentamente
na direção de suas metas fiscais e de competitividade, o que deve
preparar o terreno para a recuperação que acabará por ocorrer.
A economia dos EUA continua a ganhar vigor, enquanto o Japão
está atravessando mudanças interessantes, que poderão desencadear
um crescimento adicional na terceira maior economia do mundo.
Espera-se que, em todo o mundo, as taxas de crescimento do PIB
real subam para 2,5% em 2013 e 3,2% em 2014, em comparação
com 2,2% em 2012 (ver Figura 9). O maior apetite pelo risco e
diversas iniciativas de política econômica para controlar o
endividamento e estimular o crescimento deverão alimentar a
reaceleração desse crescimento econômico em 2013 e 2014.
As expectativas são menos claras para os investimentos em renda
fixa, disponibilidades e ouro. O rendimento dos títulos isentos de
risco manteve-se dentro de faixas estreitas no segundo semestre de
2012 e poderão subir ligeiramente em 2013. Simultaneamente,
fatores como a política de juros baixos e de afrouxamento
quantitativo do Federal Reserve dos EUA proporcionam um nível
extraordinário de sustentação ao mercado de títulos de dívida.
Entretanto, os instrumentos de liquidez deverão oferecer pouco em
termos de rendimento, não havendo previsões de que o Federal
Reserve e o Banco Central Europeu venham a elevar os juros de
curto prazo em 2013. Finalmente, espera-se que os preços do ouro,
que passaram por uma correção no início de 2013, continuem
contidos no futuro próximo, já que seu valor como proteção contra
a alta de preços está diminuindo à luz das perspectivas de inflação
estável em todo o mundo.
Os fundamentos econômicos estão melhorando segundo diversos
indicadores. Espera-se inflação moderada em 2013 e 2014, mesmo
com a expansão do consumo público e privado nas economias em
FIGURA 9.
Perspectivas de crescimento do PIB real, mundo e regiões específicas, 2013-2014E
Outlook for Real GDP Growth Rates, World and Select Regions, 2012 – 2014F
FIGURE 9.
(%)
(%)
0,7
0,2
6,6
6
AN
1,0
0,4
1,0
2014E
0,9
1,2
6,8
5,5
4,6
4,8
4,3
4
3,6
3,2
Taxa de
crescimento
2013E
2012
Crescimento em
2013E-2014E
(PPa)
8
2,2
3,3
3,5
3,9
3,7
3,0
2,5
2,7
2,1
2
2,7
2,2
1,8
1,2
AN
0
-2
0,0
-0,1
Mundo
Ásia-Pacífico
(ex-Japão)
África
Subsaariana
Oriente Médio
e África
Setentrional
América
Latina
Europa
Oriental
América
do Norte
Europa
Ocidental
a PP = Ponto Percentual
Obs.: Todos os dados de 2012 foram obtidos na EIU; todos os dados referentes a 2013 e 2014 foram obtidos na Consensus Forecasts, salvo os referentes às regiões
da África Subsaariana e do Oriente Médio e África Setentrional
Fonte: Análise da Capgemini, 2013; Economist Intelligence Unit, março de 2013 (Variação do PIB real em relação ao ano anterior); Consensus Forecasts, março de 2013
RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013
13
A primeira Pesquisa Global HNW Insights
define o padrão do setor para a
compreensão das preferências dos HNWIs
A
gestão de patrimônio evoluiu continuamente ao
longo do tempo, sendo provável que ocorram novas
mudanças nos próximos anos em função da crescente
sofisticação dos clientes, mudanças demográficas,
mercados desafiadores, volume e ritmo das alterações
regulamentares e aumento de patrimônio nos mercados
emergentes.
A edição inaugural da Pesquisa Global HNW Insights
da Capgemini, RBC Wealth Management e Scorpio
Partnership é um dos maiores e mais aprofundados
levantamentos sobre indivíduos de patrimônio pessoal
elevado já conduzido, com a consulta a mais de
4.400 HNWIs em 21 dos principais mercados da América
do Norte, América Latina, Europa, Ásia-Pacífico, Oriente
Médio e África (ver Figura 10)6. A pesquisa fornece não
apenas percepções valiosas sobre a evolução do
comportamento de investimento dos HNWIs, mas
também informações relativas às abordagens atuais à
gestão de patrimônio, relacionamentos e preferências de
atendimento. Essa pesquisa anual nos permitirá traçar um
perfil das tendências da evolução do comportamento dos
HNWIs ao longo dos próximos anos.
CONFIANÇA DOS HNWIS NA GERAÇÃO FUTURA
DE RIQUEZA ESTIMULADA PELA MAIOR CONFIANÇA
EM EMPRESAS E GESTORES DE PATRIMÔNIO, MAS
PREJUDICADA PELA MENOR CONFIANÇA NO MERCADO
E SEUS ORGANISMOS DE REGULAMENTAÇÃO
Essa seção de nosso relatório, direcionada por pesquisas,
apresenta perspectivas interessantes baseadas nas opiniões de mais
de 4.400 HNWIs de todo o mundo sobre tópicos como
confiança no setor, alocação de ativos e preferências de serviços
de gestão de patrimônio.
6
14
A Pesquisa Global HNW Insights foi conduzida entre fevereiro e março de 2013.
RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013
Além da ampla cobertura geográfica, que oferece
percepções valiosas sobre as diferenças regionais nas
preferências dos HNWIs, a pesquisa também obteve
amostragens demográficas sólidas, permitindo uma
análise mais aprofundada por sexo e faixa etária (ver
Figura M1 na página 43). A maioria dos entrevistados
(77,2%) estava no segmento de US$ 1 milhão a
US$ 5 milhões de patrimônio, com média de
US$ 1,9 milhão, enquanto 10,1% tinham mais de
US$ 10 milhões. Essa segmentação é compatível com
a estrutura da pirâmide global da população de HNWIs
nas diversas faixas de patrimônio (ver Figura 4 na
Página 7). A fonte do patrimônio dos entrevistados
incluiu salários, bonificações, investimentos, imóveis
(excluindo a residência principal), participações
societárias, opções de ações, heranças e produto
da venda de empresas. Salários, bonificações,
participações societárias e investimentos compunham
mais de dois terços da origem do patrimônio dos
participantes.
A confiança é um componente fundamental do negócio de gestão
de patrimônio. Nossa pesquisa mostra um quadro variado do
grau de confiança dos clientes em seus gestores de ativos em um
momento de incerteza econômica. No primeiro trimestre de
2013, cerca de 61% dos HNWIs afirmaram ter confiança em
seus gestores e empresas de gestão de patrimônio, um aumento
de aproximadamente quatro e três pontos percentuais,
respectivamente, em relação a 2012 (ver Figura 11). Os níveis
elevados de confiança sugerem que os HNWIs têm uma opinião
relativamente positiva sobre a capacidade de seus gestores e
empresas de gestão de patrimônio para oferecer aconselhamento e
serviços de valor, usando práticas justas e transparentes.
A PRIMEIRA PESQUISA GLOBAL HNW INSIGHTS DEFINE O PADRÃO DO SETOR PARA A COMPREENSÃO DAS PREFERÊNCIAS DOS HNWIS
FIGURA 10. Abrangência geográfica da Pesquisa Global HNW Insights, 2013
FIGURE 10.
Geographic Scope of Global HNW Insights Survey, 2013
EUROPA (1441)
■ Reino Unido
■
Alemanha
■ França
■ Itália
■
■
AMÉRICA DO NORTE (1093)
EUA
■ Canadá
■
Rússia
Espanha
■ outros
ÁSIA-PACÍFIC (1387)
Índia
China
■ Hong Kong
ORIENTE MÉDIO
E ÁFRICA (231)
■
AMÉRICA LATINA (286)
■
■
■
Cingapura
Austrália
■ Japão
■
■
■
■
E
mirados Árabes
Unidos
África do Sul
Brasil
México
Respostas de HNWIs
Obs.: As fronteiras dos países no diagrama são aproximadas e apenas representativas
Fonte: Pesquisa Global HNW Insights 2013 da Capgemini, RBC Wealth Management e Scorpio Partnership
FIGURA 11. Níveis de confiança dos HNWIs nos principais participantes, T1 2013
FIGURE 11.
HNWI Trust and Confidence Levels in Key Stakeholders
(%)
(Million)
Variação na confiança,
T1 2013 x T1 2012,
(pontos percentuais)
5,3%
3,9%
6,0%
Gestor de patrimônio
15,1%
Relacionamentos
principais dos HNWIs
5,9%
19,7%
21,3%
20,3%
61,2%
4,2
61,4%
3,5
6,1%
Empresa de gestão
de patrimônios
15,1%
20,4%
23,9%
17,0%
3,2%
Infraestrutura setorial
30,9%
12,9%
Mercados financeiros
24,8%
13,5%
12,4% 9,2%
Muito baixa
Baixa
Algo baixa
1,5
6,3%
9,6% 8,4%
35,1%
45,4%
14,3%
Organismos e
instituições
de regulamentação
39,6%
20,1% 13,1%
3,1
6,4%
Algo alta
Alta
Muito alta
Obs.: Os valores nos gráficos não somam 100%, pois os valores de confiança média (“nem alta nem baixa”) entre “algo baixa” e “algo alta” não estão apresentados. Os números dos
gráficos foram arredondados e seu total pode não ser exato. As respostas à pergunta feita (“Atualmente, até que ponto concorda ou discorda das seguintes afirmações? - Tenho
confiança no…“) referindo-se a vários participantes relacionados acima foram analisadas com base na concordância ou discordância para identificar as porcentagens de níveis de
confiança dos HNWIs
Fonte: Pesquisa Global HNW Insights 2013 da Capgemini, RBC Wealth Management e Scorpio Partnership
RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013
15
Apesar das constantes dificuldades econômicas, 75,4% dos
HNWIs de todo o mundo mencionaram ter confiança em sua
capacidade de gerar riquezas ao longo do próximo ano,
demonstrando seu forte otimismo em relação ao futuro. É provável
que tal otimismo seja determinado pela elevada confiança
depositada em seus gestores de patrimônio, combinada com o alto
conceito que os HNWIs têm em relação à competência de seus
consultores e respectivas equipes de apoio. A competência do gestor
de patrimônio foi a maior prioridade de serviço citada e 67,5% dos
HNWIs pesquisados a classificaram como a mais importante. Em
termos globais, 52,6% dos HNWIs concederam a seus consultores
e equipes de apoio uma classificação elevada nessa área.
Contudo, a crise financeira afetou significativamente a imagem do
setor como um todo, reduzindo os níveis gerais de confiança dos
HNWIs nos mercados financeiros e seus organismos de
regulamentação. No primeiro trimestre de 2013, apenas 45,4% dos
HNWIs tinham confiança nos mercados financeiros e 39,6% nos
organismos e instituições de regulamentação. A confiança nos
mercados financeiros europeus era particularmente baixa (30,4%),
provavelmente em decorrência da incerteza econômica atual.
O cenário regulamentar em mutação contribuiu para o baixo nível
de confiança dos HNWIs nas instituições de regulamentação.
Os HNWIs podem considerar que, além de carregar parte da culpa
pela crise, os regulamentadores estão avançando em ritmo lento
na solução de problemas, apesar do aumento da velocidade da
regulamentação, e gerando perturbações no serviço devido à falta
de alinhamento regulamentar entre as diversas jurisdições.
Na Europa e na América do Norte, onde as mudanças regulamentares
são tremendas, a confiança nas instituições regulamentadoras é
particularmente baixa. Como discutimos em nosso Industry
FIGURE 12.
Spotlight (ver página 28), o aumento na carga regulamentar tem o
potencial de ocasionar mudanças significativas no setor, com
efeitos substanciais para as empresas e os clientes.
Embora continuem a enfrentar dificuldades para consolidar a
confiança dos HNWIs, as empresas de gestão de patrimônio
contam com um alicerce sólido para esse trabalho. Será importante
que elas comuniquem claramente os efeitos das mudanças de
regulamentação a seus funcionários que, por sua vez, poderão
orientar os clientes. Apesar das dificuldades setoriais, os gestores e
empresas de gestão de patrimônio que conseguirem se apresentar
como consultores de confiança poderão tirar maior proveito do
aumento da confiança neles depositada pelos HNWIs.
A ALOCAÇÃO DE ATIVOS DOS HNWIS REFLETE
UMA ABORDAGEM CONSERVADORA
Os HNWIs apresentaram uma inclinação clara pela segurança e
preservação do patrimônio, alocando quase 30% de seus recursos
financeiros a disponibilidades e depósitos bancários. Essa preferência
pela preservação do capital foi constatada nos HNWIs de todas as
idades e níveis de patrimônio, o que sugere que o baixo nível geral de
confiança nos mercados financeiros pode estar influenciando suas
decisões de alocação de ativos. Até mesmo os HNWIs que indicaram
a valorização como seu principal objetivo destinaram 26,4% de seus
ativos para disponibilidades, ligeiramente menos que aqueles
voltados principalmente para a preservação do capital, que
destinaram 29,7 de seus ativos a esse tipo de aplicações.
Breakdown of HNWI Financial Assets
(%)
FIGURA 12. Detalhamento dos ativos financeiros dos HNWIs, T1 2013
(%)
100%
10,1%
15,7%
9,3%
18,7%
75%
20,0%
13,7%
16,7%
13,5%
24,6%
7,0%
9,2%
11,9%
22,6%
9,1%
15,3%
37,2%
25%
16,0%
24,7%
12,5%
17,0%
21,3%
22,7%
27,3%
27,6%
26,0%
Europa
América
Latina
0%
Global
América
do Norte
Asia Pacífico
Ásia-Pacífico
excl.
Japón
ex-Japão
Japão
Ásia-Pacífico
a Inclui produtos estruturados, fundos hedge, derivativos, câmbio, commodities, private equity
b Exclui residência principal
Obs.: Os valores nos gráficos estão arredondados e podem não totalizar exatamente 100%
Fonte: Pesquisa Global HNW Insights 2013 da Capgemini, RBC Wealth Management e Scorpio Partnership
16
RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013
Imóveisb
Ações
49,4%
28,2%
Investimentos alternativosa
Renda fixa
30,1%
21,5%
22,3%
16,8%
16,3%
26,7%
50%
26,1%
13,1%
Oriente
Médio e
África
Disponibilidades/Depósitos
A PRIMEIRA PESQUISA GLOBAL HNW INSIGHTS DEFINE O PADRÃO DO SETOR PARA A COMPREENSÃO DAS PREFERÊNCIAS DOS HNWIS
Talvez não seja surpreendente que, em alguns casos, as diferenças
econômicas regionais e as normas culturais pareçam ter
desempenhado um papel nas preferências de alocação. No Japão,
onde o investimento conservador está profundamente arraigado,
os HNWIs direcionaram praticamente a metade de seus ativos
(49,4%) às disponibilidades. Na América do Norte, as ações
gozaram de bastante preferência em relação a todos os demais
investimentos, acumulando uma parcela de 37,2%. Na América
Latina, o mercado imobiliário, que continuou sólido apesar da
crise, atraiu o maior volume de investimentos, que atingiu 30,1%.
Devido às altas recentes no mercado, não há dúvida de que a
alocação elevada a ativos mais estáveis provavelmente fez com que
alguns HNWIs perdessem oportunidades de valorização de seu
patrimônio. Contudo, frequentemente essa é uma decisão
consciente, já que alguns HNWIs de bom grado abrem mão do
retorno em troca da segurança do capital. Com a estabilização da
economia global e a expansão dos mercados, os HNWIs em
busca de valorização terão a possibilidade de destinar uma parcela
maior de seu patrimônio a usos mais produtivos.
Os investimentos alternativos responderam por cerca de apenas
10% das aplicações totais dos HNWIs e, nessa categoria, os
produtos estruturados e os investimentos em private equity
gozaram da mesma preferência. Os HNWIs norte-americanos
detiveram o maior volume de produtos estruturados (27,2%).
Nas economias emergentes, particularmente na Ásia-Pacífico,
as moedas estrangeiras atraíram uma proporção relativamente
maior dos recursos destinados a investimentos alternativos.
Os HNWIs procuraram, acima de tudo, investir perto de casa.
Exceto no Oriente Médio e na África (com aproximadamente
65% mantidos em seus próprios países), os HNWIs do resto do
mundo aplicaram entre 74% e 80% de seu patrimônio em suas
próprias regiões (ver Figura 13). Esse foco nos mercados locais
e a quantidade elevada de HNWIs e patrimônio na América do
Norte e na Ásia-Pacífico fizeram com que os maiores montantes
de investimento fossem destinados a essas regiões (cerca de 30%
em cada uma delas).
FIGURA
13. Detalhamento
Alocação geográfica
do patrimônio
HNWIspor
porregião
região, T1 2013
FIGURA 13.
da alocação
geográfica dos
dos HNWIs
(%)
Alocação geográfica
dos patrimônios dos HNWIs
do mundo todo
América Latina
6,1%
Alocação geográfica
dos patrimônios dos HNWIs
da América do Norte
Alocação geográfica
dos patrimônios dos HNWIs
da Ásia-Pacífico
Oriente Médio e África
1,7%
Oriente
Médio e
África
6,8%
América Latina
2,5%
Europa
8,0%
América Latina
2,7%
Ásia-Pacífico
7,4%
Oriente Médio
e África
4,1%
Europa
6,7%
Ásia-Pacífico
30,4%
América
do Norte
7,2%
Europa
26,5%
América do Norte
30,2%
Ásia-Pacífico
79,2%
América do Norte
80,3%
Alocação geográfica
dos patrimônios dos HNWIs
da Europa
Oriente
Médio e
África
5,2%
Ásia-Pacífico
América Latina
9,6%
3,4%
América
do Norte
7,5%
Alocação geográfica
dos patrimônios dos HNWIs
da América Latina
Alocação geográfica
dos patrimônios dos HNWIs
do Oriente Médio e África
Oriente
Médio e
África Ásia-Pacífico
2,8%
5,1%
América
do Norte
10,8%
Ásia-Pacífico
13,9%
América
do Norte
5,5%
Europa
5,2%
Europa
11,9%
Europa
74,2%
América Latina
76,1%
Oriente
Médio e
África
65,2%
América Latina
3,5%
Obs.: Os valores nos gráficos estão arredondados e podem não totalizar exatamente 100%
Fonte: Pesquisa Global HNW Insights 2013 da Capgemini, RBC Wealth Management e Scorpio Partnership
RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013
17
O mercado de arte continua em recuperação,
com forte valorização nos mercados emergentes
Seja com vistas ao prazer pessoal ou objetivando puramente o
retorno financeiro, os HNWIs continuam a ser atraídos para as
obras de arte como forma de investimento. Embora tenham
citado joias, pedras preciosas e relógios como as formas
preferidas de investimentos de paixão (IP), com 31,6% de suas
aplicações nessa área, as obras de arte continuam a ser um dos
mais dinâmicos mercados de IP, tendo apresentado valorização
substancial nos últimos anos, particularmente nos mercados
emergentes (ver Figura 14). Agora, em uma retomada após a
crise financeira, as obras de arte estão se transformando em um
elemento significativo das carteiras dos HNWIs, respondendo
por 16,9% da alocação a IP, o que as transforma na terceira
categoria mais popular. Uma obra de arte cuidadosamente
selecionada pode não apenas funcionar como proteção contra a
inflação, mas também apresentar potencial de valorização acima
da média no longo prazo, além de ter baixa correlação com as
classes de ativos tradicionais.
Estimulado pelas casas de leilão, o mercado de arte é dinâmico
em comparação com outras categorias, caracterizadas pela
transmissão por herança e por vendas particulares. Muitas casas
de leilão informam que as vendas de obras de arte superam
bastante as de outras categorias de IP. O aumento nas vendas
está, em grande parte, sendo impulsionado pelo crescimento do
patrimônio dos HNWIs de mercados emergentes. Segundo Lisa
Dennison, Presidente da Sotheby’s para as Américas do Norte e
do Sul, aproximadamente 20% das vendas de arte
contemporânea são feitas por pessoas que estão adquirindo sua
primeira obra e muitos desses novos compradores são de
mercados emergentes como EAU, México, China e Brasil.
Impulsionado pela recuperação continuada, o mercado global de
arte está começando a se aproximar do pico atingido em 2007.
Animada nos primeiros anos após a crise, a recuperação perdeu
parte de seu ímpeto em 2012, devido a uma forte contração no
mercado chinês, já que a China estava enfrentando um
crescimento econômico mais lento; além disso, investigações
das autoridades sobre o valor declarado pelos colecionadores
nas importações de obras de arte também podem ter afetado o
mercado. Outros segmentos do mercado apresentaram forte
valorização em 2012, particularmente o de Mestres Antigos, que
deu um salto quando os investidores mostraram interesse por
sua suposta confiabilidade. As vendas de Mestres Antigos na
Christie’s e na Sotheby’s, principais casas de leilões,
aumentaram 56,5%.7
Nos últimos anos, a riqueza recém-criada nas economias
emergentes trouxe novos participantes para o mercado global de
obras de arte, estimulando também a alta de obras e artistas
regionais na Ásia-Pacífico, América Latina e Oriente Médio.
Confirmando o interesse crescente, as casas de leilão estão
requerendo licenças para conduzir leilões em mercados
emergentes. Recentemente, a Christie’s conseguiu uma licença
18
para operar na China e efetuará leilões em Xangai a partir deste
outono.8 A criação de novos museus e galerias de arte no Oriente
Médio, América Latina, Hong Kong e China também está
colaborando para o desenvolvimento de uma infraestrutura
internacional de arte e estimulando as vendas globais.
O exame do comportamento dos compradores de obras de arte
dos mercados emergentes revela interesses bastante
diversificados. Na China, boa parte do crescimento do mercado
de arte está vindo de novos HNWIs das províncias, que tendem a
preferir a aquisição de obras culturais relacionadas à história
chinesa. No Brasil, muitas galerias internacionais estão ajudando
a sustentar o rápido crescimento do mercado de arte e o
interesse dos HNWIs. Os EAU subiram rapidamente nos círculos
artísticos graças, em grande parte, ao apoio de infraestrutura por
parte das famílias reais, que se concentram não apenas em
exibir obras globais em feiras e eventos, mas também em
desenvolver a comunidade artística local. A aquisição de obras
de arte pelos HNWIs da Índia, outro mercado emergente de
destaque, ainda está em um estágio nascente e a alocação a
esse tipo de aplicações ainda é pequeno em comparação com
outras economias emergentes.9
O aumento das negociações de obras de arte também ajudou a
catalisar o desenvolvimento de bolsas e fundos de investimento
em arte, embora esses veículos ainda representem apenas uma
pequena fração do mercado total, em parte por estarem fora do
alcance da fiscalização regulamentar tradicional. O segmento de
financiamento de obras de arte é mais desenvolvido nos EUA do
que na Europa, devido à existência de um sistema de gravames
no Código Comercial Uniforme (UCC, na sigla em inglês), que
permite ao tomador manter a posse da obra enquanto o credor
mantêm um direito real de garantia sobre ela10. A Europa
continua a ser um mercado subdesenvolvido em termos de
financiamento de obras de arte, em parte devido a um forte
estigma cultural contra seu uso como garantia de empréstimos.
Espera-se que o mercado de obras de arte continue forte,
particularmente no segmento superior, onde a demanda supera
bastante a oferta, não apenas pela raridade das obras-primas,
mas também porque, frequentemente, seus proprietários não
estão dispostos a vendê-las devido à dificuldade de encontrar
ativos com características de retorno comparáveis. Em
momentos de incerteza econômica, os investidores sofisticados
têm uma preferência histórica por ativos “reais” e buscam obras
de arte exemplares, de valor intrínseco elevado. Também é
provável que a China, que, nos últimos anos, tem impulsionado o
crescimento do mercado de obras de arte, desvie-se para o
segmento superior, já que o desaquecimento econômico
restringe a demanda aos compradores ultra-ricos.
Com a valorização das obras de arte, um vento contrário para os
preços poderia vir do planejamento de heranças. As pessoas
podem procurar vender as obras herdadas devido aos tributos
7
“Outlook 2013,” Art Market Update, The Fine Art Fund Group, janeiro de 2013.
8
Burroughes, T., “A Sign Of Asia’s Growing Wealth - Christie’s Wins China License,” WealthBriefing Asia, abril de 2013.
9
L. Dennison, Sotheby’s Américas do Norte e do Sul (2013, março). Entrevista telefônica.
10
http://artvest.com/the-truth-about-art-financing-%E2%80%93-a-two-tier-system/, acessado em abril de 2013.
RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013
CHAPTER NAME
maior interesse por obras de arte como uma classe de
investimentos alternativa, é provável que o setor precise dar
atenção à crescente demanda por maior transparência e
regulamentação.
elevados frequentemente incidentes sobre seu valor de
avaliação. Esse fenômeno pode fazer com que uma nova fonte
de oferta, menos sensível aos preços, afete o mercado. Com o
mercado passando por uma retomada, as vendas podem se
tornar ainda mais atraentes para alguns herdeiros.
Espera-se que a quantidade de fundos de arte venha a
aumentar, particularmente nas economias em desenvolvimento,
onde o conceito ainda está surgindo, sendo provável que a
popularização
das bolsas
de artetoseja
mais lenta.ofPara
gerar
FIGURE 14. HNWI
Allocations
Investments
Passion
(%)
FIGURA 14. Alocações dos HNWIs a investimentos de paixão, T1 2013
(%)
100%
24,4%
80%
23,0%
15,4%
26,2%
11,8%
8,0%
60%
16,9%
40%
19,0%
20%
30,6%
4,7%
19,1%
15,2%
31,6%
30,3%
Média
global
América
do Norte
9,4%
12,2%
17,3%
16,8%
8,3%
17,7%
29,7%
16,2%
19,8%
10,6%
15,8%
19,6%
17,1%
7,3%
17,1%
23,6%
Outros acervosa
Investimentos esportivosb
Obras de arte
Artigos de luxoc
33,5%
30,8%
31,7%
34,2%
35,0%
Ásia-Pacífico
ex-Japão
Japão
Europa
América
Latina
Oriente
Médio e
África
Joias, pedras preciosas
e relógios
0%
Ásia-Pacífico
a “Investimentos esportivos” representam equipes esportivas, embarcações, cavalos de corrida, etc.
b “Outros acervos” representam moedas, vinhos, antiguidades, etc.
c “Artigos de luxo” representam automóveis, barcos, jatos, etc.
Obs.: Os valores nos gráficos estão arredondados e podem não totalizar exatamente 100%
Fonte: Pesquisa Global HNW Insights 2013 da Capgemini, RBC Wealth Management e Scorpio Partnership
Os HNWIs estão
cada vez mais
fazendo
investimentos de
propósito e buscando
valorização
Estamos observando um interesse crescente dos HNWIs e ultra-HNWIs em
investimentos direcionados por missão – investimento por paixão e
propósito – e não apenas pela valorização. Existe, por parte dos
investidores e das principais empresas de todo o mundo, um foco
crescente em efetuar mudanças positivas de forma financeiramente
sustentável. Estamos vendo, também, novas tendências em filantropia,
como o aumento da filantropia de risco e das “doações em vida”. HNWIs e
empresas estão começando a avaliar o sucesso de forma totalmente nova.
Com o aprimoramento do Relatório sobre a Riqueza Mundial, esperamos
abordar de forma mais detalhada esses “investimentos de propósito”.
RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013
19
CARACTERÍSTICAS DOS HNWIS DESTACAM NOVAS
OPORTUNIDADE PARA AS GESTORAS DE PATRIMÔNIO
As conclusões de nossa Pesquisa Global HNW Insights
confirmam boa parte do entendimento tradicional das
preferências e comportamentos dos HNWIs, com algumas
exceções dignas de nota. Também constatamos diferenças
demográficas e regionais interessantes entre os HNWIs. Em um
mundo cada vez mais complexo, onde a qualidade dos gestores de
patrimônios é a maior prioridade para esse tipo de clientes, tais
gestores devem continuar a envidar esforços para compreender a
evolução de suas expectativas e preferências. Ao se familiarizar
com as preferências dos HNWIs, as empresas de gestão de
patrimônio podem desenvolver estratégias para atender melhor às
necessidades dessa clientela.
Alguns destaques da Pesquisa Global HNW Insights 2013:
ƒƒ O foco do HNWI na preservação do patrimônio é
considerável em todo o mundo, mas existem diferenças
regionais e os domiciliados em mercados emergentes estão
mais voltados para sua valorização.
ƒƒ A preferência por um único ponto de contato para
aconselhamento e atendimento é bastante grande.
Os HNWIs têm forte preferência por interagir com uma
única empresa de gestão de patrimônio, bem como por
um único ponto de contato em tal empresa.
ƒƒ Mais HNWIs encaram suas necessidades de gestão de
patrimônio como sendo “simples” (centradas em
investimentos, disponibilidades e créditos) e não
“complexas” (envolvendo relações familiares, participações
societárias ou filantropia). Entretanto, mercados emergentes
como a Ásia-Pacifico e o Oriente Médio contradizem essa
tendência global, classificando suas necessidades como mais
“complexas”, provavelmente um reflexo de elementos culturais e
da forma como a riqueza é gerada nesses mercados.
ƒƒ A demanda atual por canais digitais é forte no mundo todo,
particularmente entre os HNWIs com idade inferior a
40 anos. Com o aumento do nível de conforto com os canais
digitais, é apenas uma questão de “quando”, e não de “se”, a
oferta de uma experiência digital de qualidade passará a ser um
elemento essencial do relacionamento e da prestação de serviços.
20
RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013
As conclusões da pesquisa confirmam muitas
perspectivas convencionais sobre os HNWIs,
mas também identificam temas em evolução
Estruturamos nossa Pesquisa Global HNW Insights em três partes
distintas, a fim de permitir a identificação da gama completa de
comportamentos e preferências que caracterizam os HNWIs em
suas interações com gestores e empresas de gestão de patrimônio:
»» Abordagem à gestão de patrimônio
»» Relacionamento com o gestor de patrimônio
»» Atendimento do gestor de patrimônio
Na categoria “Abordagem à gestão de patrimônio”, analisamos
como os HNWIs encaram suas necessidades: Elas são simples
ou complexas? Elas envolvem questões familiares ou assessoria
personalizada? Eles preferem tratar com várias empresas ou com
apenas uma? Como eles avaliam o sucesso de seus investimentos?
Finalmente, perguntamos aos HNWIs se eles diriam que estão
mais inclinados para a preservação ou para a valorização do
patrimônio.
O segmento seguinte de nossa pesquisa, Relacionamento com o
gestor de patrimônio, envolveu as preferências dos HNWIs em
relação aos aspectos amplos de seus relacionamentos de gestão de
patrimônio, como a preferência por um único ponto de contato
ou o trabalho com diversos especialistas, suas preferências em
relação à orientação profissional em investimentos e sua
percepção dos produtos do próprio gestor.
A parte final de nossa pesquisa, Atendimento do gestor de
patrimônio, estudou as preferências dos HNWI em suas
interações rotineiras com os gestores de patrimônio, como a
forma de recebimento de relatórios ou de comunicação com seus
consultores patrimoniais.
A PRIMEIRA PESQUISA GLOBAL HNW INSIGHTS DEFINE O PADRÃO DO SETOR PARA A COMPREENSÃO DAS PREFERÊNCIAS DOS HNWIS
Nossa pesquisa constatou que, no 1º trimestre de 2013, os HNWIs
consideravam segurança e gestão de riscos extremamente
importantes, com mais pesquisados informando atenção à
preservação do patrimônio (32,7%) do que a sua valorização
(26,3%). A maioria dos HNWIs considera que suas necessidades de
gestão de patrimônio são simples, envolvendo gestão de caixa, crédito
e investimentos. Entretanto, cerca de um quarto deles descreve suas
necessidades como mais complexas, envolvendo participações
societárias, família ampliada ou atividades filantrópicas. Essa
percepção foi ainda mais pronunciada em alguns mercados
emergentes, onde o patrimônio tende a estar vinculado a
participações societárias ou envolver a família ampliada.
Apesar da amplitude e diversidade de suas posições, constatamos
que, em termos globais, os HNWIs preferem negociar com uma
única empresa de confiança (41,4%) a distribuir seus ativos entre
várias delas (14,4%). Essa foi uma das conclusões mais
surpreendentes da pesquisa, dada a percepção generalizada no
setor de que os HNWIs estão satisfeitos em trabalhar com
diversas empresas. Empresas de gestão de patrimônio com
modelos de banco múltiplo, capazes de oferecer uma ampla gama
de especialidades por meio de um processo perfeitamente
integrado, provavelmente serão beneficiadas por essa tendência.
Em conformidade com seu desejo de trabalhar com uma única
empresa, os HNWIs também afirmaram preferir trabalhar com
um único consultor patrimonial, responsável pelo relacionamento
como um todo e com capacidade para coordená-lo dentro de toda
a organização. Isso confirma uma conclusão do Spotlight on
Enterprise Value de nosso WWR 2011,11 onde os gestores de
patrimônio afirmaram acreditar que o acionador de valor mais
importante (e menos utilizado) era “o aprimoramento da
experiência do cliente por meio do consultor como Único Ponto
de Contato (SPOC, na sigla em inglês) em toda a empresa”.
Nossa análise de 2013 mostra que esse continua a ser o caso, e
que talvez isso seja ainda mais necessário. Essa preferência é
particularmente importante à luz da constatação de que o fator
mais importante para os HNWIs é a qualidade de seu gestor de
patrimônio. Os HNWIs também preferem avaliar o sucesso de
sua carteira em termos absolutos, por meio do atingimento de
metas financeiras e de vida, e não em termos relativos, como a
comparação com um índice ou referencial de mercado.
11
No que tange às preferências de atendimento, nossa pesquisa
concluiu que os HNWIs estão buscando níveis adicionais de
conveniência, indo além dos tradicionais relacionamentos
presenciais. Embora uma porcentagem maior de HNWIs
(30,7%) ainda dê maior importância ao contato direto, cerca de
um quarto deles (23,7%) afirma que as interações digitais são
mais importantes. A região da Ásia-Pacífico (ex-Japão) destaca-se
pelo desejo de interatividade digital, com 38,2% de seus HNWIs
dando maior importância aos contatos digitais, em comparação
com 23,8% que preferem o relacionamento direto. Em
conformidade com seu crescente interesse pelos contatos digitais,
mais HNWIs preferem obter relatórios em tempo real, a qualquer
momento, a receber relatórios impressos em datas predefinidas.
Entretanto, no segmento de maior patrimônio, onde as interações
complexas são mais preponderantes, alguns HNWIs dão
importância muito maior ao contato direto e pessoal. De forma
geral, o movimento na direção do atendimento digital em tempo
real ajudará os gestores de patrimônio a acompanhar melhor a
evolução das necessidades dos HNWIs.
Embora nossa Pesquisa Global HNW Insights confirme muitas
das perspectivas convencionais sobre os HNWIs, surgiram
diversos temas que apresentam uma visão mais matizada de seu
comportamento e de suas preferências. Essas percepções relativas
às atitudes dos HNWIs em relação à preservação do patrimônio,
único ponto de contato, maior conveniência e acesso em tempo
real por intermédio de canais digitais oferecem novas perspectivas
sobre as expectativas dos HNWIs em relação ao relacionamento e
atendimento de seu gestor de patrimônios (ver Figura 15). Nossa
pesquisa também mostra que essas atitudes diferem segundo a
região, faixa etária e nível de patrimônio, destacando ainda mais
as oportunidades disponíveis para as organizações que contam
com modelos de segmentação mais robustos. O que talvez seja
surpreendente é que a pesquisa não mostrou diferenças
importantes de atitude entre os sexos.
“Relatório sobre a Riqueza Mundial”, Capgemini e Merrill Lynch, 2011.
RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013
21
FIGURA
15. Comportamentos e preferências dos HNWIs, T1 2013
FIGURE 15. HNWI Behaviors and Preferences, Q1 2013
(%)
(%)
Abordagem preferida pelos HNWIs para gestão do patrimônio
Necessidades simples
Minhas necessidades patrimoniais são simples:
desejo gerir meu caixa e crédito e a valorização
de meus investimentos
Necessidades complexas
42,1%
35,1%
Minhas necessidades patrimoniais são complexas
e podem abranger minha empresa, minha família
ampliada ou filantropia
22,8%
Empresa única
Prefiro trabalhar com uma única empresa de gestão
de patrimônios que possa atender a toda a gama de
minhas necessidades financeiras
Múltiplas empresas
41,4%
44,2%
14,4%
Medição com base em referenciais financeiros
Medição de objetivos financeiros e de vida
Avalio o sucesso de minha carteira com base em
meus objetivos financeiros e de vida (ou seja, em
termos absolutos)
Preservação do patrimônio
Atualmente estou mais concentrado em preservar
meu patrimônio
Assessoramento para patrimônio pessoal
Procuro conselhos e soluções para as necessidades
de meu próprio patrimônio pessoal
Prefiro trabalhar com várias empresas de gestão
de patrimônios, cada uma com uma área específica
de especialização que atenda minhas necessidades
35,0%
42,1%
Avalio o sucesso de minha carteira comparando-a ao
desempenho e aos referenciais do mercado financeiro
(ou seja, em termos relativos)
22,9%
32,7%
41,0%
26,3%
32,2%
40,7%
27,1%
Valorização do patrimônio
Atualmente estou mais concentrado em ampliar
meu patrimônio
Assessoramento para patrimônio familiar
Procuro conselhos e soluções para as necessidades
patrimoniais de minha família ampliada
Relacionamento preferido com o gestor de patrimônios
Único ponto de contato
Quero um único ponto de contato com um indivíduo
que facilite todos os aspectos de meu relacionamento
com a empresa
Múltiplos especialistas
34,0%
42,4%
23,5%
33,9%
39,1%
26,9%
Quero falar apenas com os vários especialistas
da minha empresa de gestão de patrimônios que
possam tratar de minhas necessidades específicas
Investimentos auto-geridos
Raramente busco aconselhamento financeiro
profissional, pois prefiro tomar minhas próprias
decisões
Desconfortável com a preponderância de
produtos próprios
Sinto-me desconfortável quando as recomendações
de meu gestor de patrimônios para atender a minhas
necessidades são na maioria produtos próprios
Assessoramento profissional
28,4%
43,8%
Procuro receber conselhos profissionais e geralmente
os sigo
Confortável com a preponderância de
produtos próprios
27,8%
Sinto-me confortável que a linha de produtos próprios
de meu gestor de patrimônio seja adequada para
atender à maioria de minhas necessidades
Serviço preferidos pelos HNWIs para gestão de patrimônios
Relatórios em tempo real/a qualquer momento
Para mim é importante poder verificar o desempenho
de minhas poupanças e investimentos a qualquer
momento
Contato direto
Em geral, o contato direto e pessoal é mais importante
do que o contato digital (Internet, móvel, e-mail)
44,5%
35,6%
20,0%
30,7%
45,6%
23,7%
30,9%
43,1%
26,0%
Comunicação abrangente
Quero que meu gestor de patrimônios me
mantenha plenamente informado sobre operações,
oportunidades, eventos e notícias
47,2%
Sem preferência forte
Obs.: Os números dos gráficos foram arredondados e podem não totalizar exatamente 100%.
Fonte: Pesquisa Global HNW Insights 2013 da Capgemini, RBC Wealth Management e Scorpio Partnership
RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013
Contato digital
Em geral, o contato digital (Internet, móvel, e-mail) é
mais importante do que o contato direto e pessoal
Quero que meu gestor de patrimônios filtre
as comunicações para que eu receba apenas
o que seja necessário
Serviços personalizados
26,8%
Forte preferência pelos parâmetros à esquerda
22
Para mim, é de suma importância receber relatórios
impressos em momentos do ano predefinidos de
comum acordo
Comunicação filtrada
Serviços padronizados
Estou satisfeito com o nível padronizado de serviços
que meu gestor de patrimônios oferece, desde que
atendam a todas as minhas necessidades
Relatórios programados
26,0%
Para assegurar o atendimento a todas as minhas
necessidades, prefiro pagar mais por um nível
personalizado de atendimento pelo meu gestor
de patrimônios
Forte preferência pelos parâmetros à direita
A PRIMEIRA PESQUISA GLOBAL HNW INSIGHTS DEFINE O PADRÃO DO SETOR PARA A COMPREENSÃO DAS PREFERÊNCIAS DOS HNWIS
Os HNWIs como um todo mostram foco claro na
preservação de patrimônio, embora busquem a
valorização em alguns mercados emergentes
HNWIs de todo o mundo continua a dar preferência aos
instrumentos de preservação de capital, como disponibilidades
e depósitos bancários (ver Figura 12 na Página 16).
Apesar de 75,4% dos HNWIs estarem confiantes em sua
capacidade de gerar riqueza ao longo do próximo ano, a
preferência por uma abordagem geral mais conservadora é
generalizada. Mais HNWIs citam foco na preservação do
patrimônio (32,7%) do que na sua valorização (26,3%) (ver
Figura 16). Essa tendência pela preservação do patrimônio é
maior entre os HNWIs mais velhos e entre aqueles situados
nos patamares mais elevados de patrimônio, já que 44,8%
dos HNWIs que possuem US$ 20 milhões ou mais em ativos
disponíveis para investimento e 34,8% daqueles com mais de
60 anos de idade estão voltados para esse objetivo. Também
existem diferenças regionais, e os HNWIs dos mercados
emergentes do Oriente Médio e da África estão mais voltados
para a valorização do patrimônio. A maioria dos HNWIs
japoneses não mostrou preferência destacada por preservação
ou valorização do patrimônio, o que talvez reflita dúvidas
sobre suas estratégias patrimoniais e leve a posições maiores
em disponibilidades e depósitos, que totalizam 49,4%.
Tradicionalmente, e motivados pelas práticas do setor, os
HNWIs têm avaliado o sucesso de suas carteiras em bases
relativas, usando parâmetros como o retorno de índices ou
referenciais de mercado. Contudo, nossa pesquisa mostrou um
afastamento desse indicador convencional. Os HNWIs estão
agora mais inclinados a avaliar o sucesso de sua carteira em
termos absolutos, tal como sua capacidade de ajudá-los a atingir
suas metas pessoais financeiras e de vida, ter uma aposentadoria
confortável, mandar um filho para a universidade ou comprar
uma casa de veraneio. Agora 35% dos HNWIs preferem julgar
suas carteiras usando tais indicadores absolutos, enquanto apenas
22,9% preferem empregar retornos referenciais relativos.
As preferências de alocação de ativos também refletiram a
atenção à preservação do patrimônio. Mesmo em face da
forte valorização apresentada pelos mercados acionários
nos últimos três anos – entre 2010 e 2012 o Índice MSCI
World apresentou valorização anual de 6,9% – a maioria dos
FIGURE 16.
A mensuração do desempenho patrimonial em bases absolutas
foi de particular importância para os HNWIs nos patamares
mais elevados de patrimônio, onde 44,3% daqueles com mais de
US$ 20 milhões preferem um indicador absoluto. É interessante
notar que os HNWIs domiciliados em mercados maduros
apresentaram probabilidade muito menor de usar um indicador
absoluto do que seus pares em mercados emergentes.
Focus on Wealth Growth vs. Wealth Preservation, Q1 2013
(%)
FIGURA 16. Enfoque na valorização do patrimônio x preservação do patrimônio, T1 2013
(%)
100%
26,3%
27,7%
23,3%
15,3%
31,5%
37,7%
75%
42,4%
Valorizadores de patrimônio
50%
41,0%
39,6%
44,2%
29,6%
60,4%
18,4%
24,9%
Nenhuma preferência forte
Preservadores de patrimônio
25%
32,7%
32,6%
32,5%
Global
América do Norte
Europa
43,9%
38,9%
24,3%
32,7%
0%
Ásia-Pacífico
(ex-Japão)
AsiaJapão
Pacífico América Latina Oriente Médio
(excl. Japón)
e África
Ásia-Pacífico
Obs.: Pergunta em uma escala de 10 pontos: “Informe seu foco em valorização ou preservação do patrimônio.” “Preservadores de patrimônio” e “Valorizadores de patrimônio”
correspondem à percentagens dos participantes que deram notas nos três pontos extremos da escala para preservação e valorização do patrimônio, respectivamente. “Nenhuma
preferência forte” corresponde à porcentagem remanescente dos participantes, que atribuíram notas próximas ao ponto médio da escala.
Os números do gráfico podem não totalizar 100 devido ao arredondamento.
Fonte: Pesquisa Global HNW Insights 2013 da Capgemini, RBC Wealth Management e Scorpio Partnership
RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013
23
Menos é mais – a preferência é por tratar com
uma única empresa e ponto de contato
Dada a amplitude e diversificação das posições dos HNWIs – de
imóveis a ações, renda fixa e acervos – e a presença global de sua
riqueza, muitos observadores poderiam esperar que eles buscassem
interagir com diversas empresas e especialistas para ajudá-los a
atingir seus objetivos patrimoniais. Entretanto, nossa pesquisa
constatou que, na realidade, os HNWIs preferem interagir com
uma única empresa e ponto de contato. Em comparação com
14,4% dos HNWIs que preferem negociar com diversas empresas,
pouco mais de 41% preferem tratar com apenas uma que seja capaz
de atender a todas as suas necessidades financeiras (ver Figura 17).
Apesar dessa constatação, parcelas substanciais da população de
HNWIs, particularmente nas faixas de patrimônio mais elevado
e em mercados emergentes, mantêm relacionamento com diversas
empresas de gestão de patrimônio. É provável que isso ocorra
devido ao fato de que, frequentemente, empresas isoladas,
sobretudo as locais e de menor porte, não têm capacidade de
atender às diversas necessidades de um HNWI. Além disso, é
provável que os HNWIs reconheçam o valor potencial de receber
pontos de vista diferentes de várias empresas e consultores.
Segundo as conclusões de nossa pesquisa, os HNWIs parecem
apresentar uma probabilidade bastante grande de consolidar seus
negócios com uma única empresa, desde que ela possa atender
completamente a suas necessidades, bem como minimizar a carga
burocrática envolvida na transferência de contas.
O desejo de trabalhar com uma única empresa é compreensível
à luz da crescente complexidade de gerir múltiplas carteiras,
entender as exposições globais ao risco e acompanhar o
desempenho em diversas organizações. Uma quantidade
crescente de regulamentos relativos a clientes e inteligência
de risco, inclusive de prevenção da lavagem de dinheiro (AML)
e de informações sobre o cliente (KYC), complicam ainda mais
o processo de tratar com várias empresas.
Em linha com a preferência por trabalhar com uma única empresa,
34,0% desejam um único ponto de contato na empresa para tratar
de todos os aspectos do relacionamento, em comparação com
23,5% que preferem interagir com diversos especialistas. Essa
preferência é particularmente grande na América do Norte, onde
mais da metade dos HNWIs prefere uma única empresa (52,8%) e
um único ponto de contato (50,9%). Entre os HNWIs pesquisados
no patamar mais elevado de patrimônio (acima de US$20 milhões
em ativos disponíveis para investimento12), predominou a
preferência por trabalhar com uma única empresa (59,7%),
enquanto aqueles mais idosos (60 anos ou mais) também preferem
um único ponto de contato (48,0%).
A preferência dos HNWIs por manter relacionamento com uma
única empresa e ponto de contato exigirá que eles entendam
perfeitamente as propostas de valor dos diversos concorrentes do
setor de gestão de patrimônio antes de identificar o mais
capacitado a atender a suas necessidades. Provavelmente os
HNWIs gravitarão na direção das empresas que tenham modelos
bancários integrados, permitindo tirar proveito de um amplo
leque de produtos e serviços complementares. A mobilização de
FIGURA 17. Disposição dos HNWIs para trabalhar com uma única empresa x múltiplas empresas e preferência por
HNWI
to Workx múltiplos especialistas, T1 2013
único Willingness
ponto de contato
FIGURE 17.
(% Respondents)
(%)
Empresa única
41,4%
Múltiplas empresas
Global
53,1%
América Latina
52,8%
América
do Norte
Ásia-Pacífico
(ex-Japão)
49,2%
14,4%
19,6%
11,8%
16,6%
Oriente Médio
e África
43,2%
35,4%
Europa
19,0%
Japão
Único ponto de contato
21,9%
18,1%
6,9%
34,0%
Múltiplos especialistas
23,5%
Global
35,8%
37,0%
América Latina
América
do Norte
50,9%
23,7%
18,7%
Ásia-Pacífico
(ex-Japão)
40,1%
Oriente Médio
e África
35,7%
30,6%
15,8%
28,4%
21,6%
Europa
Japão
15,8%
Obs.: Pergunta em uma escala de 10 pontos: Informe se prefere trabalhar com diversas empresas de gestão de patrimônio (cada uma com uma área de especialização específica que
atende suas necessidades) ou com uma única empresa (que atenda a todas as suas necessidades financeiras). Informe se prefere tratar com um único ponto de contato (que cuide de
todos os aspectos de seu relacionamento com a empresa) ou com vários especialistas de sua empresa de gestão de patrimônio (que possam cuidar de suas necessidades específicas).
Como pedimos preferências em uma escala de 10 pontos, com duas extremidades, os números no gráfico acima indicam a porcentagem dos participantes que atribuíram as três
maiores notas em cada um dos extremos.
Fonte: Pesquisa Global HNW Insights 2013 da Capgemini, RBC Wealth Management e Scorpio Partnership
12
24
Para fins da pesquisa, usamos o patamar de US$ 20 milhões ou mais em ativos financeiros como a faixa de patrimônio mais elevada. O patamar para a classificação
como ultra-HNWI continua a ser de US$ 30 milhões. Para fins de análise, a faixa superior da pesquisa funciona como uma aproximação razoável.
RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013
A PRIMEIRA PESQUISA GLOBAL HNW INSIGHTS DEFINE O PADRÃO DO SETOR PARA A COMPREENSÃO DAS PREFERÊNCIAS DOS HNWIS
equipes de consultoria com vários especialistas, mantendo um
gestor de patrimônio como único ponto de contato, é uma
abordagem que pode ser usada para capturar parte desse
potencial. Esse único ponto de contato (participante de uma
equipe de especialistas de toda a empresa) foi identificado como
uma exigência essencial para o setor em nosso Relatório sobre a
Riqueza Mundial de 2011.13 Consequentemente, os gestores de
patrimônio que contem com amplitude e profundidade de
especialização se tornarão cada vez mais valiosos.
Os HNWIs também ofereceram uma nova perspectiva sobre o
popular conceito de “arquitetura aberta”.14 Há anos, muitos
gestores de patrimônio vêm abandonando a prática de oferecer
apenas produtos próprios, passando a agregar soluções
desenvolvidas e administradas por terceiros dentro da assim
chamada estrutura de arquitetura aberta. Essa abertura permite
que as empresas ofereçam as melhores soluções para atender às
necessidades de seus clientes, independentemente de tais soluções
serem ou não parte da linha de produtos da organização.
essa constatação sugere que a maioria dos HNWIs tem confiança
elevada na capacidade de suas empresas de gestão de patrimônio
para oferecer os produtos mais adequados a suas necessidades e
objetivos pessoais, independentemente da combinação de
soluções próprias e de terceiros.
Os HNWIs consideram suas necessidades
financeiras como simples e pessoais
Tradicionalmente, considera-se que os HNWIs têm necessidades
complexas de gestão de patrimônio. Ainda assim, nossa pesquisa
constatou que 42,1% dos HNWIs de todo o mundo definem suas
necessidades patrimoniais como simples, envolvendo a gestão
de caixa e crédito e a valorização de seus investimentos. Cerca
de um quarto deles (22,8%) afirmou que suas necessidades são
mais complicadas, abrangendo participações societárias,
família ampliada ou atividades filantrópicas (ver Figura 18).
Contudo, um exame por região revela diferenças importantes na
percepção dos HNWIs sobre suas necessidades financeiras em
mercados emergentes e maduros. Os HNWIs em mercados
Nossa pesquisa constatou que os HNWIs estão igualmente
emergentes da América Latina, Oriente Médio e África e Ásia-Pacífico
divididos em termos de seu nível de conforto com a maioria dos
(com exclusão do Japão) apresentam taxas mais elevadas de
produtos próprios oferecidos, sendo que cerca de 28% sentiam-se
participações societárias maior preocupação com a família
confortáveis com a oferta preponderante de produtos próprios,
ampliada no planejamento patrimonial e alocações mais elevadas a
enquanto uma porcentagem igual não se sentia à vontade com
imóveis e investimentos alternativos, inclusive instrumentos
isso. A América do Norte se destacou como exceção. Lá, 43,4%
cambiais (ver Página 16). Como resultado, 41,3% dos HNWIs em
dos HNWIs expressaram um nível elevado de conforto com
mercados emergentes descrevem suas necessidades de gestão de
produtos próprios, enquanto que apenas 19,8% afirmaram
patrimônio como mais complexas, em comparação com apenas
sentirem-se desconfortáveis quando são recomendados
18,0%
nos mercados desenvolvidos.
FIGURE
18.
Nature
of
HNWI
Wealth
Needs
by
Markets
principalmente produtos da própria instituição. De forma geral,
(%)
FIGURA 18. Natureza das necessidades patrimoniais dos HNWIs por mercado, T1 2013
(%)
100%
18,0%
23,0%
41,3%
75%
Necessidades complexas
37,9%
35,1%
50%
25%
0%
Nenhuma preferência forte
25,6%
44,1%
42,1%
Global
Necessidades simples
33,1%
Mercados
Mercados
desenvolvidos emergentes
Obs.: Pergunta em uma escala de 10 pontos: Informe se suas necessidades patrimoniais são simples (gestão de caixa e crédito e valorização de seus investimentos) ou complexas
(incluindo participações societárias, família estendida ou filantropia). “Necessidades simples” / “Necessidades complexas” correspondem à porcentagem dos participantes que deram notas
nos três pontos extremos da escala para necessidades simples ou necessidades complexas, respectivamente. “Nenhuma preferência forte” corresponde à porcentagem remanescente dos
participantes, que atribuíram notas próximas ao ponto médio da escala.
Mercados emergentes incluem Brasil, China, Hong Kong, Cingapura, Índia, México, África do Sul e EAU, enquanto os demais países fazem parte dos mercados desenvolvidos.
Os números do gráfico podem não totalizar 100 devido ao arredondamento.
Fonte: Pesquisa Global HNW Insights 2013 da Capgemini, RBC Wealth Management e Scorpio Partnership
13
“Relatório sobre a Riqueza Mundial”, Capgemini e Merrill Lynch, 2011.
14
Arquitetura aberta é a prática de oferecer produtos de alta qualidade, quer sejam administrados internamente ou por gestores externos, para assegurar que os clientes disponham
dos produtos mais adequados a eles sem que haja qualquer conflito de interesses.
RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013
25
Também existem diferenças regionais em relação à tendência de
buscar aconselhamento sobre patrimônio pessoal x familiar. Os
HNWIs da América do Norte afirmaram estar mais voltados para
suas necessidades de patrimônio individual (46,1%), enquanto os de
mercados emergentes estão mais propensos a buscar aconselhamento
sobre o patrimônio familiar. Com efeito, a preferência de 61,3% dos
HNWIs latino-americanos por aconselhamento sobre patrimônio
familiar é mais do que o dobro da média global.
Os HNWIs não mostraram qualquer preferência clara por
receber serviços personalizados em contraposição a serviços
padronizados. A quantidade de HNWIs que afirmaram estar
satisfeitos com serviços padronizados é praticamente a mesma que
a daqueles que disseram estar dispostos a pagar mais por serviços
personalizados. Vale notar que aqui também surgiram diferenças
regionais, com os HNWIs de mercados emergentes,
particularmente na Ásia-Pacífico, indicando a disposição de
pagar mais por serviços personalizados, talvez porque suas
necessidades sejam mais complexas e abranjam negócios, família
ampliada e filantropia. Em termos globais, 50,4% dos HNWIs
que descreveram suas necessidades como complexas declararam
estar confortáveis pagando mais por serviços personalizados, em
comparação com apenas 26,0% do universo total.
O foco na valorização surgiu como fator determinante para que
os HNWIs decidam procurar consultoria profissional ou
prefiram administrar eles próprios seu patrimônio. Dos HNWIs
voltados para a valorização do patrimônio, quase 59% preferem
buscar alguma orientação profissional, em comparação com
44,3% do universo total. Em termos de forte preferência, cerca de
um terço dos HNWIs (33,9%) informaram que raramente
procuram aconselhamento profissional e preferem tomar suas
próprias decisões de investimento, enquanto 26,9% mostraram
preferência por receber esse tipo de orientação.
Demanda por canais digitais é maior do que a
prevista
A Pesquisa Global HNW Insights também indicou uma
possível mudança em relação à crença tradicional de que, de
forma geral, os HNWIs esperam e dão maior importância às
interações pessoais. Embora mais HNWIs tenham indicado o
contato direto como mais importante (30,7%), a relevância do
contato digital é maior do que o previsto, com 23,7% do total
de entrevistados dando mais importância aos canais digitais do
que ao contato direto.
Não chega a ser surpreendente que os HNWIs mais jovens
tenham indicado uma maior importância na interação com seus
gestores de patrimônio por meio de conexões digitais (ver
Figura 19). Com a grande proliferação de dispositivos móveis e
conectados à Internet em todo o mundo, conclui-se que as
conexões digitais farão incursões na gestão de patrimônio,
principalmente entre os grupos mais jovens. Em nível global,
29,1% dos participantes com menos de 40 anos preferem o
contato digital, enquanto apenas 20,2% deles preferem contato
26
RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013
direto. A importância do contato digital foi mais destacada nos
mercados emergentes, particularmente na Ásia-Pacífico
(ex-Japão), onde 38,2% dos HNWIs consideravam o contato
digital mais importante, em comparação com 23,8% que dão
prioridade ao contato direto. Entretanto, o contato direto
continua a ser mais importante que o digital em outras regiões e
entre os HNWIs mais velhos e os de maior patrimônio.
Considerando a pequena diferença atual de preferência entre
contato direto e digital e o aumento da quantidade de HNWIs
mais jovens nos mercados emergentes, é provável que seja
apenas uma questão de tempo para que a importância do
contato digital supere a do contato direto em alguns segmentos.
Entretanto, o contato direto continua a desempenhar um papel
essencial, criando um imperativo para que as empresas e
gestores de patrimônios proporcionem uma experiência
integrada aos HNWIs por meio de canais diretos e digitais para
assegurar um nível elevado de satisfação entre seus clientes.
O movimento digital alinha-se com o desejo de muitos HNWIs
de gerir pessoalmente uma parcela de seu patrimônio, já que as
conexões digitais proporcionam melhor acesso e controle sobre
investimentos e informações da conta. Dos HNWIs que desejam
gerir eles próprios seus ativos, quase 45% preferem o contato digital
para atividades como fazer investimentos, monitorar carteiras e obter
relatórios de pesquisa de investimentos. A tendência digital também
se alinha com a clara preferência por relatórios em tempo real, em
contraposição aos enviados em datas programadas. Em termos
globais, 44,5% dos HNWIs preferem os relatórios em tempo real,
em comparação com 20,0% que dão preferência aos emitidos de
forma programada. Essas conclusões mostram que as exigências dos
HNWIs continuam a evoluir ao longo do tempo. Embora a
qualidade do gestor de patrimônio continue a ser a faceta mais
importante do relacionamento, outros fatores, como canais digitais e
relatórios em tempo real, ganharão cada vez mais importância.
Identificadas diferenças entre os HNWIs de
mercados desenvolvidos e emergentes
Devido às diferenças culturais e ao fato de que as diversas regiões
geográficas estão em estágios diferentes do ciclo de geração de
riqueza, foram identificadas distinções importantes nas
preferências dos HNWIs de mercados desenvolvidos e emergentes.
Embora existam diversas diferenças regionais (algumas das quais
discutidas anteriormente), as principais para os HNWIs de
mercados emergentes são:
»» Foco mais claro na valorização ou na preservação do
patrimônio em comparação com os mercados desenvolvidos
(exceto no Oriente Médio e na África), com poucos HNWIs
indicando forte preferência por uma estratégia específica;
»» Preferência pelo acesso a diversos especialistas, maior
probabilidade de buscar aconselhamento sobre patrimônio
familiar e avaliação de suas necessidades como relativamente
mais complexas;
A PRIMEIRA PESQUISA GLOBAL HNW INSIGHTS DEFINE O PADRÃO DO SETOR PARA A COMPREENSÃO DAS PREFERÊNCIAS DOS HNWIS
FIGURE 19.
HNWI Preference
for Direct
Contact direto
vs. Digital
Contact
by Age
2013T1 2013
FIGURA
19. Preferência
dos HNWIs
por contato
x contato
digital,
porBand,
faixa Q1
etária,
(% Respondents)
(%)
Contato direto
Contato digital
23,7%
Global
20,2%
24,0%
32,0%
38,2%
Menos de 40 anos de idade
De 40 a 49 anos de idade
29,1%
24,8%
De 50 a 59 anos de idade
22,9%
60 anos de idade ou mais
21,7%
Obs.: Pergunta em uma escala de 10 pontos: Informe se considera mais importante o contato direto e pessoal ou o contato digital (Internet, celular, e-mail).
Como pedimos preferências em uma escala de 10 pontos, com duas extremidades, os números no gráfico acima indicam a porcentagem dos participantes que atribuíram as três
maiores notas em cada um dos extremos.
Fonte: Pesquisa Global HNW Insights 2013 da Capgemini, RBC Wealth Management e Scorpio Partnership.
»» Maior importância ao contato digital em oposição ao contato
pessoal direto com os gestores de patrimônio.
Entretanto, os HNWIs de mercados desenvolvidos mostraram:
»» Maior atenção à preservação do patrimônio, e não a sua
valorização, embora uma porcentagem elevada deles não
tenha preferência clara por uma estratégia específica;
»» Forte preferência pelo relacionamento com uma única
empresa e um único ponto de contato, particularmente na
América do Norte. Essa preferência é compatível com a
percepção de que suas necessidades são, de forma geral, mais
simples e voltadas para o patrimônio pessoal.
Esses exemplos de diferenças entre HNWIs de mercados
desenvolvidos e emergentes indica que as empresas de gestão de
patrimônio precisam adaptar sua abordagem às diferentes
necessidades e expectativas de sua clientela global. Por exemplo,
as empresas que atendem HNWIs de mercados emergentes
podem precisar aprimorar seus modelos integrados e o
treinamento de seus gestores de patrimônio pessoal para atender
às necessidades relativamente mais complexas daqueles clientes.
Nesses mercados, as empresas precisarão também personalizar a
forma como avaliam e informam o desempenho das carteiras
dos HNWIs e ajudá-los a identificar e atingir seus objetivos
financeiros pessoais, particularmente nas faixas de patrimônio
mais elevado, onde existe uma forte preferência
por avaliar o sucesso da carteira em termos absolutos.
Com a grande demanda dos HNWIs por canais digitais,
e com um terço deles preferindo supervisionar seus próprios
investimentos, as empresas de gestão de patrimônio precisarão
também definir uma estratégia de atendimento que inclua
diversos canais. Oferecendo uma experiência perfeitamente
integrada nos diversos canais, as empresas estarão se preparando
para ampliar e aprofundar seu relacionamento com os HNWIs.
Mais importante, dada a diversidade das expectativas e padrões
comportamentais dos HNWIs, as empresas de gestão de
patrimônio terão de entender as nuances relacionadas à sua
faixa etária, região, sexo, apetite pelo risco e origem do
patrimônio e desenvolver estratégias destinadas a atender
às necessidades e expectativas de sua clientela global.
RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013
27
A complexidade da regulamentação está
mudando a dinâmica das empresas e
clientes no setor de gestão de patrimônio
Na esteira da crise financeira, os
organismos de regulamentação têm estado
mais ativos do que nunca, conduzindo um
período sem precedentes de alterações
regulamentares. O novo ambiente tem o
potencial de gerar mudanças positivas
significativas para os investidores em áreas
como transparência, competência do gestor
de patrimônios e relatórios mais uniformes e
tempestivos. Embora destinado a proteger o
setor e os investidores, esse pico no volume
e na velocidade da regulamentação teve a
consequência imprevista de ser bastante
tumultuante, afetando significativamente os
modelos de negócios existentes e criando
desafios para que as empresas forneçam
uma experiência positiva para seus clientes.
As reformas abrangem áreas amplas do
negócio de serviços financeiros, afetando
particularmente o setor de gestão de
patrimônio, e têm implicações importantes
para a forma como os gestores de
patrimônio engajam e atendem aos clientes.
28
Os efeitos da alteração da regulamentação sobre o setor de gestão de
patrimônio são amplos:
ƒƒ O volume e o ritmo das alterações regulamentares representam o
maior desafio enfrentado pelas gestoras de patrimônio, gerando novos
custos e aumentando os já existentes para a conformidade e a não
conformidade, além de restringir o fornecimento de uma experiência
integrada aos clientes.
ƒƒ A complexidade crescente dos regulamentos está levando a mudanças
significativas dentro do setor, inclusive a consolidação, evolução das
propostas de valor e níveis de atendimento para clientes HNW e a
necessidade de que as empresas adaptem suas estratégias devido à
maior assimetria entre os regulamentos regionais.
ƒƒ De forma geral, as empresas estão fazendo os investimentos táticos
necessários em diversas áreas para superar as dificuldades
regulamentares; contudo, existem oportunidades para que elas criem
mais valor transformacional e incremental usando a conformidade
como catalisador.
ƒƒ Clientes e regulamentadores também têm um papel importante a
desempenhar na evolução, principalmente por meio de um maior diálogo
colaborativo por parte dos organismos de regulamentação e um melhor
entendimento por parte dos clientes de sua responsabilidade de fornecer
as informações relativas à conformidade, trabalhando em conjunto com
seus consultores e empresas de gestão de patrimônio de confiança.
O ESCOPO INTIMIDADOR DAS MUDANÇAS
REGULAMENTARES É O MAIOR DESAFIO DO SETOR
Os principais temas envolvidos nas recentes intervenções
regulamentares são:
Uma das principais consequências da crise financeira foi um
movimento global para ampliar e aprimorar os regulamentos
destinados a proteger o sistema bancário e as pessoas que dele
participam. Potencializada pela pressão sísmica sobre o sistema
financeiro global observada nos últimos anos, a evolução do
ambiente regulamentar representa o maior desafio enfrentado
pelas empresas de gestão de patrimônio.
ƒƒ Proteção dos clientes
RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013
ƒƒ Prevenção de crimes financeiros
ƒƒ Transparência
ƒƒ Estabilidade do mercado
ƒƒ Conformidade tributária e divulgação de informações
A COMPLEXIDADE DA REGULAMENTAÇÃO ESTÁ MUDANDO A DINÂMICA DAS EMPRESAS E CLIENTES NO SETOR DE GESTÃO DE PATRIMÔNIO
Os problemas generalizados criados pela crise estimularam os
organismos de regulamentação em todo o mundo a impor regras
mais abrangentes, que abordam um amplo conjunto de
problemas e aumentam consideravelmente o grande elenco de
normas já em vigor (ver o Anexo B na Página 44). Muitas das
determinações que afetam as gestoras de patrimônio são voltadas
para a proteção dos clientes, com novas diretrizes para a
adequação do aconselhamento oferecido pelas empresas e
detalhes de suas interações com eles, como a forma como os
gestores de patrimônio oferecem produtos, executam operações e
se apresentam aos clientes. Os regulamentadores também
ampliaram as obrigações existentes em relação à prevenção da
lavagem de dinheiro (AML) e informações sobre o cliente (KYC)
em uma tentativa de conter os crimes financeiros e evitar a evasão
tributária. Outros regulamentos estão voltados para questões de
alto nível, como a estabilidade dos mercados e a segurança do
sistema financeiro global.
Na Europa os temas da estabilidade financeira e da proteção aos
investidores culminaram em medidas regulamentares adicionais,
como a Diretriz sobre Mercados de Instrumentos Financeiros
(MiFID II). A MiFID II aprimora a proteção aos clientes e busca
reduzir o risco sistêmico por meio de iniciativas como a definição
clara de poderes para os organismos nacionais de regulamentação
para proteger os clientes de produtos inadequados e a maior
transparência em uma gama mais ampla de instrumentos e
mercados. De forma similar, o complemento à Diretriz Europeia
sobre Gestores de Fundos de Investimentos Alternativos (AIFMD
Nível 2) determina procedimentos mais favoráveis aos
investidores, como relatórios mais detalhados, níveis mais
elevados de due diligence e desenvolvimento de uma política de
conflito de interesses.
Uma das novas regras mais recentes que afetam as empresas do
Reino Unido é a Revisão de Distribuição de Varejo (RDR), que
determina a desagregação de tarifas, requisitos adicionais de
transparência e níveis mínimos de competência para os gestores
de patrimônio. Além disso, as autoridades regulamentadoras
dividiram as responsabilidades da antiga Autoridade de Serviços
Financeiros (Financial Services Authority – FSA) com o objetivo
de criar um regime regulamentar mais reativo. A nova Autoridade
de Conduta Financeira (Financial Conduct Authority – FCA)
tem a atribuição de proteger os clientes e, para tanto, recebeu
amplos poderes para regulamentar como as empresas podem
comercializar produtos financeiros. Por sua vez, a nova
Autoridade de Regulamentação Preventiva (Prudential
Regulation Authority – PRA) busca preservar a estabilidade
financeira por meio do monitoramento dos riscos enfrentados
pelo sistema financeiro.
Nos Estados Unidos, a ambiciosa Lei Dodd-Frank de Reforma de
Wall Street e Proteção ao Consumidor (Dodd-Frank) não tem
precedentes em termos de alcance e escopo. A Dodd-Frank inclui
um volume estonteante de mudanças, abrangendo todos os
aspectos dos mercados financeiros dos EUA, da proteção ao
consumidor à estabilidade financeira, da regulamentação de
fundos privados às operações por conta própria e de derivativos à
governança corporativa. A legislação abrangente levou à criação de
diversas entidades de regulamentação, inclusive um conselho para
acompanhar o risco sistêmico, uma autoridade para liquidações,
um regime para supervisão dos fundos privados, uma arquitetura
para regulamentar os derivativos negociados no mercado de balcão
(OTC) e um departamento com amplos poderes de fiscalização e
definição de normas para a proteção dos interesses financeiros dos
consumidores.
Além disso, em uma tentativa de combater a evasão tributária, em
2012 o governo dos EUA promulgou a Lei de Conformidade
Tributária de Contas no Exterior (FATCA), que exige que as
pessoas físicas declarem contas no exterior e que as instituições
financeiras estrangeiras informem à receita federal dos EUA
(IRS) detalhes sobre as contas de seus clientes norte-americanos.
A FATCA deverá aumentar os custos relativos à identificação e
verificação dos clientes norte-americanos e à conformidade com
os pedidos de informações adicionais por parte das autoridades.
Dados os custos e dificuldades substanciais previstos, diversas
empresas decidiram limitar ou interromper o atendimento a
clientes dos EUA, levando a menos opções de gestores de
patrimônio para os cidadãos norte-americanos. Muitas empresas
europeias poderão ter de enfrentar regulamentos locais inspirados
na FATCA, o que levaria ao aumento dos custos de due diligence,
relatórios e documentação.
Embora a Ásia-Pacífico tenha sido menos afetada pela crise
financeira do que outras regiões, os reguladores de vários de seus
mercados aceleraram o processo de transformação regulamentar.
Na Austrália, o pacote do Futuro da Consultoria Financeira
(Future of Financial Advice – FOFA) aborda questões de
remuneração e inclui diversas reformas para proteção dos
consumidores, como a exigência de que os gestores de patrimônio
atuem no melhor interesse de seus clientes (por meio do
componente de “dever de melhor interesse” da legislação) e que as
empresas informem suas tarifas nas demonstrações financeiras
anuais. Nos últimos anos, a Autoridade Monetária de Cingapura
(MAS) apresentou uma série de propostas visando compatibilizar
os padrões de seu setor de gestão de patrimônio com os dos
mercados mais maduros. Por exemplo, foi criado um código de
conduta para private banking (Código PB) visando aprimorar o
nível de competência dos profissionais do setor e fomentar
padrões mais elevados. A MAS firmou acordos tributários da
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
(OCDE) com diversos países para a troca de informações sobre
possíveis sonegadores, no interesse de manter uma reputação
sólida e atrair mais clientes offshore. Além disso, em linha com as
recomendações de 2012 da Força Tarefa para Ações Financeiras
(Financial Action Task Force – FATF), o MAS implementará
alterações na legislação pertinente para, a partir de 1º de julho de
2013, tipificar a lavagem do produto de sonegação tributária
como crime de lavagem de dinheiro.
RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013
29
Além da expansão desmesurada do escopo da regulamentação, as
instituições enfrentam pressão adicional devido à falta de clareza de
alguns regulamentos, prazos curtos para implementação e a mera
quantidade de normas que estão sendo alteradas ou introduzidas,
tudo isso enquanto tentam limitar o incômodo para os clientes.
Muitos dos regulamentos mais novos já estão sendo implementados
ou terão seu maior impacto em 2013 ou logo após (ver Figura 20).
Simultaneamente, diversas disposições regulamentares ainda não
foram finalizadas, apesar dos prazos finais estarem se aproximando
ou até mesmo já terem sido ultrapassados. Por exemplo, nos EUA,
em abril de 2013 as autoridades de regulamentação já haviam
descumprido mais de 60% dos prazos definidos na Lei Dodd-Frank
para a definição de regras, fazendo com que seja difícil entender,
avaliar e planejar as mudanças.15
Para as gestoras de patrimônio globais, o volume e o ritmo das
alterações regulamentares criaram dificuldades significativas para
manter a conformidade em negócios diversificados. As instituições
estão encontrando dificuldades para formular uma reação eficiente
e coordenada entre todas as jurisdições e, ao mesmo tempo, manter
os elevados padrões de atendimento exigidos em um setor onde as
empresas se diferenciam por meio da experiência do cliente. As
diferenças de regulamentação entre as várias regiões aumentam a
complexidade de manter a conformidade, comprometendo a
capacidade das empresas para oferecer aos clientes uma experiência
homogênea em todo o mundo, particularmente para a parcela
significativa dos clientes HNW e Ultra-HNW com necessidades e
investimentos internacionais.
FIGURA 20. Sequência de períodos de maior impacto regulamentar
Origem do regulamento
Antes de 2013
Atual (2013)
Depois de 2013 (próximos cinco anos)
Conheça seu cliente
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Obs.: A figura, que abrange regulamentações específicas de grande escala, apresenta uma sequência ilustrativa de períodos de maior impacto regulamentar para seu cumprimento pelas
empresas. Por exemplo, as ações da FATCA estão em curso desde 2010, mas o maior impacto sobre empresas começou em 2013 e deverá continuar nos próximos anos; existem várias
regulamentações locais que afetam o setor de gestão de patrimônios e que não estão relacionadas aqui, como a ‘Diretiva referente a abuso de mercados’ (MAD) em alguns países europeus
Fonte: Análise da Capgemini, 2013; entrevistas com executivos para o WWR, 2013; www.fsa.uk; www.wsj.com
15
30
“Dodd-Frank Progress Report,” DavisPolk, abril de 2013.
RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013
A COMPLEXIDADE DA REGULAMENTAÇÃO ESTÁ MUDANDO A DINÂMICA DAS EMPRESAS E CLIENTES NO SETOR DE GESTÃO DE PATRIMÔNIO
Os custos de conformidade e da não conformidade
estão aumentando
Para as gestoras de patrimônio que já estão se debatendo para
compatibilizar os níveis pós-crise de ativos sob gestão, ainda
deprimidos, com os custos crescentes, o aumento da carga
regulamentar representa um desafio substancial. Embora estejam
se nivelando, os índices de custo sobre receita vêm aumentando,
tendo saltado de 63,7% em 2007 para 80,0% em 2011.16 Embora a
composição mais conservadora das carteiras dos clientes tenha sido
um dos fatores determinantes desse aumento no lado da receita,
um impulsionador importante foi o aumento de custos decorrentes
do fluxo progressivo de despesas relativas à conformidade com a
regulamentação, que podem assumir várias formas (ver Figura 21).
A simples obediência às normas tornou-se mais complicada e
mais cara. Manter a conformidade envolve agora um volume
significativo do tempo de muitas pessoas e departamentos, em
todos os níveis, para acompanhar e entender a evolução das
regras, realinhar as políticas e procedimentos, modernizar
plataformas e tecnologias e implementar planos, treinar
funcionários e documentar a conformidade e preparar os
relatórios correspondentes. Apesar de apontado como um dos
principais vetores de custo por empresas de todo o mundo, a
maioria tem dificuldade em quantificar o impacto financeiro
total do novo ambiente regulamentar.
Desde a crise, as multas aplicadas aos bancos por questões de não
conformidade têm atingido recordes históricos. A maior informada
até agora – quase US$ 2 bilhões para uma única organização por
lavagem de dinheiro – foi aplicada em 2012, enquanto as demais dez
maiores multas já aplicadas a bancos foram lavradas após 2009.17
Além da despesa com o pagamento de multas e acordos judiciais e
com honorários advocatícios, o custo da não conformidade com os
regulamentos muitas vezes inclui danos à reputação, que podem ter
efeitos significativos sobre a confiança dos clientes, isso sem
mencionar a queda no preço das ações.
Além desses custo diretos, as empresas precisam também
administrar os custos de oportunidade menos óbvios associados à
conformidade. Com as questões relativas à conformidade
exigindo mais dedicação dos gestores de patrimônio e de outros
funcionários da linha de frente, menos tempo é dedicado às
atividades centrais e de maior valor, como desenvolver
relacionamentos com clientes e prestar assessoria a eles. Pode
também vir a ser necessário enfrentar a perspectiva de um
marketing às avessas (destinado a conter o crescimento) e clientes
de manutenção difícil ou custosa, prejudicando ainda mais a
rentabilidade. Adicionalmente, é provável que os aumentos de
custos incorridos pelos próprios regulamentadores, na forma de
mais pessoal, TI e serviços centralizados de apoio sejam
repassados para as empresas na forma de taxas mais altas.
No cômputo geral, acontecimentos narrados por executivos
entrevistados, inclusive aqueles em conformidade, indicam um
aumento significativo no tempo e nos recursos dedicados às
atividades de compliance, incluindo as exigências correlatas
impostas aos profissionais da linha de frente. Embora muitos
executivos considerem difícil quantificar os custos de
conformidade, já que eles também abrangem custos rotineiros,
existem indicações que os gastos relacionados a conformidade e a
riscos consomem cerca de um quarto dos orçamentos operacionais
das empresas das Américas e é provável que permaneçam pelo
menos neste nível pelos próximos três anos, conforme persista a
carga regulamentar apresentada na Figura 21. Quando forem
levados em consideração os custos indiretos de conformidade,
é provável que o efeito financeiro total seja ainda maior.
FIGURA 21. Visão geral dos custos regulamentares
Custo de conformidade
Custo da não-conformidade
Custo de recursos humanos:
Multas/penalidades:
ƒƒCusto de contratação de funcionários de período integral
adicionais com experiência jurídica e regulamentar
ƒƒAumento de salários dos especialistas em conformidade
ƒƒMultas pesadas
ƒƒSuspensão de atividades comerciais
Custos de documentação:
ƒƒAções e representação jurídica
ƒƒInstrução e defesa
ƒƒ Reformulação de materiais de marketing e comunicações com
clientes, inclusive os Documentos de Informações Importantes (KIDs)
ƒƒMonitoramento legislativo
ƒƒAtualização e implementação de novas políticas
Custos de TI e infraestrutura:
ƒƒAutomação de sistemas de admissão de clientes
ƒƒAtualização de software e hardware existentes
ƒƒ Estruturação de operações e infraestrutura sólidas e ampliáveis
Custos de oportunidade:
ƒƒMenor produtividade dos gestores de patrimônio nas
atividades geradoras de receita
ƒƒPerda de receitas
ƒƒCustos de marketing às avessas
ƒƒCusto de não-conformidade
Custos jurídicos:
Custos de reputação:
ƒƒRedução do valor da marca
ƒƒPerda de clientes e funcionários
ƒƒImpacto negativo sobre o preço das ações
Custos de correção:
ƒƒTempo e investimento adicional para entrar em conformidade
ƒƒRestituição a clientes
Custos adicionais:
ƒƒMaior escrutínio sobre as empresas/franquias em outras
jurisdições
ƒƒPotenciais efeitos secundários sobre projetos que precisam
de aprovações das autoridades regulamentares
Fonte: Análise da Capgemini, 2013; entrevistas com Executivos para o WWR 2013
16
Private Banking Benchmarking Reports, 2007-2012, Scorpio Partnership.
17
“Biggest Bank Fines,” Reuters, dezembro de 2012.
RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013
31
EFEITOS REGULAMENTARES AMPLOS, CRIANDO
DIFICULDADES PARA EMPRESAS E CLIENTES
Embora os regulamentos tenham afetado a forma como as
empresas operam e atendem seus clientes, o nível e a extensão de
seus efeitos variam segundo o regulamento e a área de patrimônio
(ver Figura 22). O nível dos efeitos também é diferente para
empresas e clientes. Por exemplo, embora ambos tenham sido
bastante afetados pelos regulamentos relativos à admissão de
novos clientes e a serviços de consultoria, as primeiras são
mais afetadas pelos regulamentos relativos à prospecção e ao
desenvolvimento de competências dos gestores de patrimônio.
De um ponto de vista competitivo, é provável que as empresas
que consigam minimizar os efeitos sobre o cliente durante as fases
de conformidade mais visíveis da admissão de clientes e de
serviços de consultoria sejam beneficiadas pelo atual aumento
da regulamentação. Similarmente, as empresas que utilizarem
as mudanças regulamentares como um catalisador para vincular
os investimentos em TI a melhorias mais holísticas estarão em
posição de lucrar em um ambiente desafiador.
A proteção dos clientes é claramente uma das principais
prioridades dos organismos de regulamentação. Iniciativas
como o Documento de Informações Chave (Key Information
Document – KID), da Diretriz Europeia sobre Pacotes de
Produtos de Investimento de Varejo (Packaged Retail Investment
Products – PRIPs), proporcionam benefícios claros na forma de
maior transparência e clareza dos produtos. As disposições
exigem o uso de linguagem simples para descrever as
características dos produtos de investimento, bem como seus
riscos e os custos associados. Com os produtos financeiros cada
vez mais complexos, os clientes poderão usar os KIDs para
comparar melhor os produtos e analisar suas tarifas. As empresas
precisarão dedicar tempo e recursos consideráveis à atualização,
reimpressão e distribuição de novos materiais de marketing e
planilhas de informações de produto em conformidade com as
novas determinações.
A exigência de relatórios mais tempestivos para monitorar o
desempenho da carteira, determinados por regulamentos como
a MiFID II e a AIFMD, bem como de estruturas uniformes de
relatórios em todas as carteiras, também facilitarão aos clientes a
comparação de produtos e estratégias. Os clientes poderão ser
ainda mais beneficiados se as empresas utilizarem os dados
coletados no processo de abertura de conta e nos sistemas de
gestão de relacionamento com clientes (CRM) (com atenção às
leis de proteção de dados) para desenvolver e oferecer produtos
personalizados. Com os clientes armados com informações
melhores e bem atendidos por gestores de patrimônio cujos níveis
de competência foram aprimorados devidos às novas exigências de
padrões mínimos, os regulamentos voltados para os investidores
podem levar a um círculo virtuoso de clientes mais satisfeitos,
totalmente engajados no setor e ansiosos por aumentar sua
participação nele.
FIGURA 22. Nível de impacto regulamentar sobre empresas e clientes
(%)
H
Tratados tributários
offshore da OCDE
Impacto sobre o cliente
Admissão de clientes
Serviços de assessoramento
AIFMD
FOFA
PRIPs
UCITS
IV
EMIR
TCF
FATCA
FATCA
Prospecção e marketing
PRIPs
UCITS IV
L
MiFID II
RDR
AML
Tratados tributários
offshore da OCDE
Relatórios
L
AML
FATCA
KYC
Desenvolvimento de competências
do gestor de patrimônios
MiFID II
RDR
FOFA
H
RDR
Dodd-Frank e Regra Volcker
Impacto sobre a empresa
Obs.: Os parâmetros considerados são estimativas dos investimentos necessários, impacto potencial sobre as receitas, tempo despendido na implementação e grau de esforço;
Veja no Anexo B, na página 44, uma descrição detalhada dos regulamentos.
Fonte: Análise da Capgemini, 2013; Entrevistas com Executivos para o WWR 2013
32
RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013
A COMPLEXIDADE DA REGULAMENTAÇÃO ESTÁ MUDANDO A DINÂMICA DAS EMPRESAS E CLIENTES NO SETOR DE GESTÃO DE PATRIMÔNIO
Embora visem proteger os investidores, alguns regulamentos
podem ter efeitos negativos inesperados sobre a experiência do
cliente. Com os regulamentadores tentando conter a lavagem de
dinheiro, evasão tributária e crimes financeiros correlatos, os
anteriormente simples processos de admissão de clientes se
transformaram em um emaranhado de obrigações e deveres
incômodos para clientes e instituições, devido às diretrizes
regulamentares aprimoradas sobre conhecimento do cliente e
combate à lavagem de dinheiro. As novas regras impõem
exigências mais severas de identificação e conhecimento dos
clientes, o que resulta em uma carga administrativa
substancialmente maior para ambas as partes. Além disso, as
regras podem levar a discussões delicadas com os clientes, que
devem fornecer documentos que vão muito além da identificação
pessoal para comprovar a legitimidade da origem do patrimônio.
Em uma tentativa de evitar vendas casadas e melhorar a
transparência, regulamentos como a RDR e a MiFID II buscam
desagregar as tarifas. Essa desagregação aumenta a transparência,
ajudando os HNWIs a entender seu detalhamento e a tomar
decisões mais fundamentadas sobre as opções de serviços.
Contudo, alguns clientes não estão acostumados a pagar tarifas
separadas por serviços de consultoria e podem considerar tais
serviços excessivamente dispendiosos, o que poderia levar
algumas empresas a recuperar as tarifas de outras maneiras,
desenvolver novos padrões de fornecimento de serviços ou até
mesmo buscar parceiros para fusões (ou simplesmente ser
adquiridas), como discutido na página 34. Similarmente, outros
regulamentos que tratam da uniformização dos padrões
fiduciários, níveis de competência do gestor de patrimônio e
adequação de produtos podem afetar negativamente os clientes,
com tarifas mais altas ou menos opções de produtos e gestores de
patrimônio.
Essas exigências e conversações são ainda mais difíceis em
culturas onde os clientes estão menos familiarizados ou menos
confortáveis com a discussão e documentação desses detalhes
pessoais e, muitas vezes, familiares. As empresas podem reduzir a
tensão dessas interações transmitindo a solidez de suas culturas
de conformidade e o papel essencial desempenhado por elas na
sua longevidade e reputação. Para ajudar a orientar os clientes
nesses novos procedimentos, as empresas poderiam fazer
investimentos específicos em áreas como automação de partes do
processo de admissão de clientes e na contratação e treinamento
de gerentes de relacionamento bem informados e experientes.
Plataforma integrada de patrimônio e serviços
correlatos para clientes são afetados
Com a evolução constante das necessidades e características
demográficas dos clientes, ocorreu uma mudança de longo prazo
no setor, da gestão de investimento para a gestão integrada de
patrimônios, com empresas de todas as regiões posicionando-se e
estruturando-se para ajudar os clientes em todos os estágios de
sua vida financeira, da geração da riqueza à sua preservação,
planejamento de aposentadoria e, finalmente, a transferência de
ativos entre gerações e causas filantrópicas.
Simultaneamente, alguns regulamentos destinados a beneficiar os
clientes estão dificultando a oferta da experiência totalmente
integrada que eles se acostumaram a esperar. Por exemplo, pode
ser particularmente difícil para as organizações menores atender
clientes com necessidades internacionais de investimento devido
às dificuldades e custos associados à conformidade com diversos
regulamentos regionais diferentes. Isso poderia forçar os clientes a
considerar o desenvolvimento de relacionamentos com outras
empresas para assegurar o atendimento de todas as suas
necessidades, uma situação contrária à sua preferência declarada
pelo atendimento unificado (ver página 24) e exigiria que eles
passassem por novos processos de admissão em cada uma das
empresas que contratassem.
Entretanto, dificuldades para uma oferta integrada de serviços de
gestão de patrimônios podem restringir a rentabilidade. Há
muito tempo as empresas de gestão de patrimônios adotaram
uma estrutura de tarifa única, que leva em consideração os custos
fixos substanciais necessários para oferecer um conjunto completo
de produtos complementares. É provável que o movimento para
desagregar as tarifas torne menos rentável atender os HNWIs dos
patamares de patrimônio mais baixo, que apresentam tendência
menor de usar serviços baseados em consultoria, que geram
honorários mais elevados.
A COMPLEXIDADE DA REGULAMENTAÇÃO ESTÁ LEVANDO
A MUDANÇAS SIGNIFICATIVAS NO CENÁRIO DE GESTÃO
DE PATRIMÔNIOS
É inquestionável que o impacto da regulamentação está
transformando o setor de gestão de patrimônios. Em nível macro,
as empresas têm de enfrentar medidas importantes, como os
regulamentos Basileia III, que aumentam as exigências de capital,
elevando os custos de capital e de liquidez, e pressionam a
rentabilidade. Em nível individual, todas as empresas estão
enfrentando um grande número de regulamentos recentes, cujo
atendimento demanda tempo, esforços e recursos excessivos. Em
nível setorial, a transformação está ocorrendo em três dimensões:
consolidação do setor, conforme as empresas de pequeno e médio
porte se esforçam para conseguir escala, assimetria regional
criando um panorama desequilibrado e complexidade dos
regulamentos levando a mudanças na proposta de valor e nível
de atendimento dos clientes HNW.
Consolidação do setor, com as empresas de pequeno
e médio porte se esforçando para conseguir escala
Com as empresas reagindo às pressões impostas às margens de
lucro pelo maior escrutínio regulamentar, é provável que ocorram
mudanças no cenário de setor de gestão de patrimônios. Um dos
resultados é a maior clareza de propósito à medida que,
espremidas pelos crescentes custos regulamentares, as empresas
aprimorem estratégias que enfatizem seus pontos fortes
específicos e abandonem segmentos menos promissores. Para as
organizações de pequeno e médio porte, até mesmo exigências
aparentemente simples, como o aperfeiçoamento da comunicação
com os investidores para facilitar o entendimento, envolve
RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013
33
dificuldades consideráveis. Esmagadas pela carga regulamentar,
as empresas de pequeno porte e os consultores financeiros
independentes podem achar difícil sobreviver devido a sua falta
de escala e optar por buscar parceiros para fusão a fim de
racionalizar os custos de conformidade e distribuí-los por uma
base maior de clientes e ativos. Outra alternativa para as
organizações pequenas é desenvolver ofertas de nicho, que seriam
mais atraentes para a população de ultra-HNWIs.
Com as empresas de pequeno porte mudando seu enfoque, o poder
competitivo pode passar para as empresas maiores, particularmente
as líderes de mercado com lucros sólidos e disponibilidade para
gastos discricionários. De forma geral, as empresas de grande porte,
em especial as líderes de mercado, estão melhor posicionadas do
que as de pequeno e médio porte em virtude de sua maior
capacidade para fazer os investimentos necessários em
conformidade, sem interromper os investimentos em outras áreas
estratégicas. As empresas que consigam manter reputação
imaculada onde outras fracassem também estarão bem
posicionadas para alavancar sua posição para conquistar novos
clientes e ativos. A reputação foi apontada como fator essencial na
decisão do cliente por uma empresa específica. No total, 48,4% dos
HNWIs afirmaram que pagariam mais para negociar com uma
empresa de reputação sólida; em mercados como a América Latina,
Oriente Médio e África, essa percentagem foi de quase 70%.
Em termos globais, o setor de gestão de patrimônios está pronto
para uma consolidação, já que os bancos que estão se debatendo
para reforçar seus índices de capital nos termos do Basileia III
podem considerar a cisão de seus negócios não centrais. As
empresas também podem optar por sair de determinados
mercados que apresentem restrições regulamentares. Um exemplo
de consolidação foi a compra pela Julius Baer das divisões de
gestão de patrimônios da Bank of América Merrill Lynch fora dos
Estados Unidos, o que lhe proporcionou uma base sólida na Ásia.
Esforços de consolidação similares ocorreram em outros
mercados da Ásia-Pacífico, já que várias empresas que entraram
nesses mercados não conseguiram gerar lucros e foram forçadas a
abandoná-los. Nos EUA, mais de US$ 3 trilhões em ativos foram
consolidados em empresas maiores após 2008, principalmente em
virtude de três incorporações/aquisições de destaque. Em duas
delas, a consolidação resultou de situações extremas, onde o
vendedor não conseguiria mais sobreviver sozinho.
As organizações de médio porte podem ocupar a posição mais
difícil no novo regime de regulamentação. Em vista das margens
de lucro baixas e da falta de escala, elas têm capacidade menor
para distribuir os custos de conformidade por uma base maior de
ativos e podem ser encaradas como organizações que não contam
nem com um conjunto de serviços complexos (profundidade e
amplitude de ofertas) nem com um nicho de ofertas
personalizadas que muitos HNWIs procuram e esperam,
principalmente os de patrimônio mais elevado.
34
RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013
Assimetria regional cria um campo irregular
Para as empresas que operam em nível global ou planejam se
expandir fora de seu país sede, as mudanças de regulamentação em
todo o mundo representam um desafio substancial. Com a expansão
do escopo das normas, sob os auspícios dos diversos organismos de
regulamentação, surgiram problemas regionais de coerência e
harmonização. Não apenas as regras são diferentes em cada país,
mas o mesmo ocorre com as implicações tributárias, práticas de
governança, modelos de produtos, estruturas de relatórios, sistemas
jurídicos e abordagens aceitas para a conformidade.
Ao longo dos anos, o desenvolvimento dos assim chamados
“esquemas de passaporte” para apoiar a distribuição internacional
de fundos mútuos ajudou a conter a fragmentação. Os
Organismos de Investimento Coletivo em Valores Mobiliários
(OICVMs ou UCITS na sigla em inglês), por exemplo,
conseguiram criar um marco regulatório pan-europeu para os
fundos mútuos. Contudo, tais passaportes não são
universalmente aceitos. Na região da Ásia-Pacífico, a inexistência
de um esquema de passaporte, combinada com a dificuldade para
o registro de fundos e a obtenção de licenças em toda a região,
cria barreiras significativas para a entrada de empresas em
expansão. De forma geral, os mercados da Ásia-Pacífico
apresentam grandes dificuldades para a entrada das empresas
globais, devido ao campo de jogo irregular criado pelas diferenças
de regulamentação.
Antes de entrar em novos mercados, as empresas que buscam
operar mundialmente precisam criar uma infraestrutura
regulamentar sólida, inclusive com especialistas em compliance
com profundo conhecimento dos regulamentos locais, assim
como sistemas de TI preparados para atender as medidas
regulamentares. Se não for esse o caso, ou se a capacidade
existente não for facilmente transplantável para o novo mercado,
uma abordagem eficiente seria terceirizar o compliance para
empresas que contem com a necessária infraestrutura e o
conhecimento da regulamentação local. Essa abordagem ajudaria
as empresas a manter seu foco nos serviços centrais de consultoria
com a certeza de que os processos de conformidade estão em
mãos competentes e capazes. Além disso, as empresas globais que
entrarem em novos mercados por meio de aquisições devem
verificar, por meio de processos de due diligence, se a empresaalvo já conta com controles e práticas regulamentares sólidos.
A complexidade dos regulamentos está
determinando mudanças nas propostas de valor e
níveis de atendimento dos clientes HNW
Como muitos dos regulamentos atuais afetam operações e
modelos de receita tradicionais, algumas empresas estão reagindo
com mudanças em seu atendimento ao cliente.
No Reino Unido, por exemplo, a RDR exige que os gestores de
patrimônio desagreguem os custos de produtos e consultoria e
passem de comissões por produto para um modelo de divulgação
antecipada dos honorários de consultoria. Na Austrália, a FOFA
determina exigências similares. Como resultado, as empresas
A COMPLEXIDADE DA REGULAMENTAÇÃO ESTÁ MUDANDO A DINÂMICA DAS EMPRESAS E CLIENTES NO SETOR DE GESTÃO DE PATRIMÔNIO
estão reanalisando as formas como atendem seus clientes e
articulam o valor da consultoria, a fim de reconquistar as receitas
perdidas devido à mudança. É provável que as empresas precisem
investir em tecnologia destinada a apoiar modelos de atendimento
econômicos e eficientes, particularmente para os clientes nas
faixas de patrimônio mais baixas.
A RDR também procura elevar a qualidade profissional,
especificando os padrões mínimos esperados dos gestores
independentes de patrimônio que prestam consultoria a clientes. Os
clientes serão beneficiados pelo atendimento por profissionais bem
treinados, bem como pelo afastamento dos consultores e empresas de
menor qualidade. Segundo a FSA,18 é provável que cerca de 18% dos
consultores financeiros independentes saiam do mercado por não
conseguirem atingir o nível de qualificação exigido.19 Embora a
presença apenas de gestores de patrimônios altamente qualificados e
competentes seja benéfica para os clientes, alguns poderão ter seu
atendimento interrompido pelo afastamento do gestor.
Nos Estados Unidos, o movimento na direção de um padrão
fiduciário uniforme poderia ter efeito similar. A instituição de
um único padrão fiduciário, mais rigoroso, significará custos
operacionais mais altos para que as empresas atendam aos novos
requisitos educacionais e de licenciamento. Em última análise,
esses custos serão repassados para os clientes e afetarão os níveis
de atendimento. Estudo conduzido pela Associação Nacional de
Consultores Financeiros e de Seguros (National Association of
Insurance and Financial Advisors – NAIFA)20 concluiu que a
imposição de um padrão fiduciário uniforme poderia levar a
menos produtos e ao acesso reduzido a eles, afetando
negativamente a viabilidade financeira do atendimento a clientes.
O novo padrão também poderia resultar em menos opções para
os investidores em termos de empresas com as quais trabalham e
forma de pagamento dos serviços.
De forma geral, as pressões regulamentares estão dificultando
cada vez mais o atendimento das empresas a seus clientes de
forma tão rentável quanto no passado. Para contrabalançar essa
tendência, as empresas podem passar a oferecer aos clientes com
carteiras menores serviços apenas de execução e de gestão
discricionária de ativos, dedicando a maior parte de seu tempo de
consultoria aos clientes de patrimônio mais elevado.
Apesar dos benefícios significativos da regulamentação em
termos de maior transparências nas tarifas, maior competência
dos gestores de patrimônio, relatórios pontuais e informações
de produtos, alguns clientes, particularmente nas faixas de
patrimônio mais baixo, podem sofrer uma redução na oferta de
produtos conforme as empresas busquem otimizar suas margens
de lucro. O custo de muitas iniciativas relativas à conformidade,
como a reformulação das comunicações e processos de clientes e
fornecimento contínuo de desenvolvimento profissional para os
gestores de patrimônio, é substancial e pode aumentar a carga
sobre as empresas e, em última análise, sobre seus clientes.
REGULAMENTAÇÃO LEVA EMPRESAS A REAVALIAR SUAS
PRINCIPAIS ESTRATÉGIAS
Com o aumento da quantidade de regulamentos que afetam as
empresas de gestão de patrimônios, poucas serão capazes de
oferecer efetivamente todos os tipos de serviços patrimoniais a
clientes de todos os segmentos e em todos os locais. A pressão
regulamentar está gerando a necessidade de que as empresas
articulem um caminho estratégico claro para o futuro. No
processo de fazer investimentos determinados pela
regulamentação, as empresas estão se esforçando para obter valor
incremental para os clientes. O desenvolvimento de uma visão
estratégica clara para as áreas a seguir pode ajudá-las a superar
essa dificuldade:
Clientes alvo
Para muitas empresas, oferecer uma linha completa de serviços
para todos os segmentos do mercado de HNWI simplesmente
deixou de ser viável. Essa realidade exige que as empresas definam
claramente seus segmentos de clientes alvo, levando em
consideração o efeito da regulamentação em cada um deles e a
importância daquele segmento específico para sua rentabilidade.
Por exemplo, embora tenha se tornado mais dispendioso atender
clientes das faixas de patrimônio mais baixo, é provável que o
rápido crescimento desse segmento produza clientes que terminem
por passar para as faixas mais altas. Portanto, é necessária uma
abordagem equilibrada na seleção dos segmentos alvo.
Também será importante avaliar se as capacidades existentes para
atender segmentos específicos de clientes continuam a
proporcionar uma vantagem competitiva. Por exemplo, diversas
empresas constataram que a conformidade com a FATCA
apresenta mais dificuldades do que benefícios, de forma que
deixaram de oferecer seus serviços a cidadãos norte-americanos.
Isso poderia ser uma vantagem para as organizações que contem
com processos para conformidade com a FATCA, já que elas
poderiam atrair e atender às necessidades dos clientes dos Estados
Unidos recusados por outras empresas.
Como ponto de partida nessa jornada, identificamos as principais
diferenças de atendimento por faixa de patrimônio que devem ser
levadas em consideração conforme o ambiente regulamentar force
as empresas a tomar decisões mais direcionadas em relação a seus
segmentos de clientes:
»» Os HNWIs das faixas inferior (US$ 1 milhão a
US$ 5 milhões) e superior (mais de US$ 20 milhões) são os
mais satisfeitos com o atendimento de suas empresas atuais e
mais da metade deles atribuem a elas notas superiores a 70%.
Para os HNWIs de nível médio, essa nota é inferior a 48%.
Esse forte diferencial demonstra a oportunidade de que as
empresas se direcionem a segmentos específicos, onde podem
ser demonstrados capacidade e valor sólidos, em vez de tentar
prestar todos os serviços a todos os segmentos.
18
Posteriormente, a FSA foi subvidivida em duas agências, a Autoridade de Conduta Financeira (Financial Conduct Authority – FCA) e a Autoridade de Regulamentação Preventiva (Prudential
Regulation Authority – PRA).
19
“A quantidade de consultores de investimentos começou a cair depois da RDR”, ftadviser.com, 9 de janeiro de 2013.
20
“Consumer and NAIFA Member Survey,” LIMRA International, 2010.
RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013
35
»» Os HNWIs da faixa superior são muito mais exigentes,
fazendo com que as empresas contem com excelente capital
humano e uma sólida proposta de valor nos diversos elementos
de serviço, uma exigência que excluirá diversas delas de
imediato. Em comparação com os demais segmentos, os
HNWIs com mais de US$ 20 milhões em ativos disponíveis
para investimento atribuem grande importância à solidez e à
capacidade em uma ampla gama de áreas de atendimento:
transparência da estrutura de tarifas, processo de abertura de
contas, comunicação do valor oferecido, reputação sólida,
relatórios detalhados, pessoal de qualidade e adequação do
aconselhamento, produtos e serviços oferecidos.
»» Por sua vez, os HNWIs das faixas de menor patrimônio têm
expectativas menores em relação aos critérios acima, com a
exceção, digna de nota, da qualidade da equipe de profissionais.
Regiões geográficas alvo
As empresas que entram em novos mercados sem a devida análise
dos regulamentos locais, ou sem a disponibilidade de pessoal
especializado nas áreas jurídica, de compliance, fiduciária e de
consultoria, correm o risco de ter de sair totalmente do mercado
ou de se fundirem a outras que contem com a especialização
necessária. Uma avaliação crítica das capacidades regulamentares
existentes, inclusive a disponibilidade de especialização local e
sistemas de TI robustos, deve preceder qualquer decisão de operar
em novos mercados.
As empresas que planejem operar em mercados emergentes como a
Ásia-Pacífico e o Oriente Médio também devem levar em
consideração as sensibilidades culturais dos clientes HNW dessas
regiões que, tradicionalmente, nunca estiveram sujeitos ao mesmo
nível de escrutínio e carga de informações em relação às diretrizes
de conhecimento do cliente e combate à lavagem de dinheiro que
seus pares nos mercados desenvolvidos. Em decorrência disso,
empresas que buscarem a expansão nessas regiões devem oferecer
aos seus gerentes de relacionamento treinamento adequado que os
capacite a solucionar os eventuais melindres.
Organizações que não contem com infraestrutura de apoio e
especialização suficiente na regulamentação local devem pensar
duas vezes antes de fazer investimentos significativos na criação
de novos centros operacionais. Também será importante prever a
provável evolução da regulamentação, já que normas cujos efeitos
sejam considerados positivos têm a tendência de serem
transplantadas para outras regiões. Por exemplo, as empresas que
operam em mercados europeus devem preparar-se para a criação
de regulamentos locais inspirados na FATCA. Muitos executivos
entrevistados mostraram preocupação com essa enxurrada de
regulamentos previstos.
Como a regulamentação força as empresas a repensarem suas
estratégias de expansão regional, à luz das diversas disparidades
regionais entre os HNWIs, nossa pesquisa oferece uma orientação
sobre as áreas de atendimento que devem receber prioridade e
aquelas onde o atendimento não pode ser comprometido:
»» Um processo de abertura de contas sem percalços é encarado
como o mínimo absoluto pelos HNWIs. Embora a admissão
de clientes tenha sido fortemente afetada pelos novos
36
RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013
regulamentos (ver Figura 22), as empresas não podem se dar
ao luxo de permitir que as mudanças nesse processo afetem
adversamente os clientes. Quase a metade dos HNWIs
pesquisados afirmaram que provavelmente abandonariam sua
empresa atual se as notas dos serviços de admissão de clientes
caíssem abaixo de 59%, o que indica que existe o risco de
perda de ativos e clientes se o nível atual de atendimento cair
em virtude das obrigações de conformidade.
»» A adequação, um objetivo importantíssimo da
regulamentação, também faz eco junto aos HNWIs. Mais de
56% dos entrevistados afirmaram que estariam dispostos a
pagar mais por níveis de serviços mais elevados no
fornecimentos de produtos, serviços e consultoria, sendo que
os HNWIs de mercados emergentes tinham a maior
probabilidade de pagar muito mais. As empresas necessitarão
de pessoal de peso na linha de frente para assegurar que as
expectativas dos clientes em termos de adequação sejam
atendidas. A carga regulamentar também é significativa, já
que a responsabilidade por determinar a adequação recai
sobre as empresas e gestores de patrimônio, mesmo se
contrariando os desejos expressos pelo cliente.
»» Como discutido na página 34, uma marca com reputação
sólida pode ser um fator de diferenciação, particularmente
em mercados como a América Latina, Oriente Médio e África
(e, em extensão ligeiramente menor, a Ásia-Pacífico).
Como resultado, empresas com histórico comprovado de
conformidade devem buscar formas de transmitir essa
mensagem a seus clientes potenciais. Contudo, essa
abordagem não é isenta de riscos, já que até mesmo as
melhores empresas em sua categoria em termos de
conformidade não terão históricos perfeitos.
Oportunidades de diferenciação por meio de
investimentos menos táticos e mais estratégicos,
direcionados pela conformidade
Empresas de todas as regiões do mundo que fizeram
investimentos adequados e tempestivos para o cumprimento
das normas conseguiram enfrentar o ambiente regulamentar
complexo com facilidade relativamente maior do que seus
concorrentes. Embora não necessariamente criassem
oportunidades significativas para agregar valor, esses
investimentos táticos ajudaram as empresas a cumprir suas
obrigações de conformidade (ver Figura 23).
Os investimentos táticos feitos pelas empresas estão, em sua
maior parte, centrados em simplesmente cumprir as exigências
regulamentares. Para extrair valor estratégico e obter uma
possível diferenciação competitiva com os investimentos em
conformidade, deve ser dada mais atenção às áreas de possível
transformação na empresa como um todo que, potencialmente,
podem levar a eficiência comercial para a empresa e gerar valor
adicional para os clientes. É provável que decisões e investimentos
em áreas específicas, como tecnologia e processos, pessoal e
cultura e comunicação com clientes proporcionem as
oportunidades com maior potencial de impulsionar o valor
estratégico (ver Figura 24).
A COMPLEXIDADE DA REGULAMENTAÇÃO ESTÁ MUDANDO A DINÂMICA DAS EMPRESAS E CLIENTES NO SETOR DE GESTÃO DE PATRIMÔNIO
FIGURA 23. Investimentos táticos pelas empresas
Treinamento de gestores de patrimônios
Estrutura organizacional
“Passamos de um modelo de parceria
plena para parcerias limitadas para
reduzir o impacto das regulamentações”
“Criamos uma universidade interna para
treinar nossos assessores sobre inovações
recentes nas áreas tributária, jurídica,
financeira e regulamentar, ajudando-os a ficar
informados sobre as evoluções mais recentes”
– Empresa de gestão de patrimônios nos Países
Baixos
– Empresa de gestão de patrimônios na Suíça
Tecnologia
“A utilização de CRM nos ajudou a
acompanhar e monitorar clientes com
sucesso”
– Empresa de gestão de patrimônios na Bélgica
“A utilização de sistemas automatizados
para fornecimento de dados e admissão
de clientes nos ajudou a simplificar
imensamente o processo”
– Grande private bank em Cingapura
Exemplos
de empresas
Terceirização da conformidade
Centro de peritos em conformidade
“Tem sido positivo terceirizar a
conformidade regulamentar com peritos
locais, que ficam encarregados de tratar
dos mecanismos regulamentares”
“Criamos uma equipe central composta
por peritos em conformidade com
conhecimentos sobre diferentes
regulamentações regionais onde atuamos,
o que facilita as operações”
– Grande private bank na América do Norte
Processo de conformidade interna
“Nossa conformidade interna é rigorosa e
pró-ativa. Assim, sempre que uma nova
regulamentação entra em vigor, o processo
de conformidade já está implantado. O
enfoque concentra-se em um regime geral de
conformidade. Portanto, essas iniciativas são
rotina em nossos negócios e não apresentam
nenhuma dificuldade especial” – Private bank
global na Ásia
– Grande empresa de gestão de patrimônios
na Europa Continental
Fonte: Análise da Capgemini, 2013; entrevistas com executivos para o WWR 2013; especialistas da Capgemini, 2013
Comunicação
Pessoal
e cultura
Tecnologia e
processos
FIGURA 24. Áreas de conformidade com potencial de gerar valor incremental
Tecnologia
Decisões e investimentos relacionados com tecnologia diferenciarão as melhores empresas de cada
categoria. CRM, relatórios, automação de processos, gestão de riscos, digital/mobilidade são áreas
chave em que os investimentos determinados por regulamentações poderiam ser alavancados para
extrair valor adicional. Os dados e as operações dos clientes podem ser analisados para oferecer
produtos e serviços personalizados e agregadores de valor
Reformulação
de processos
Novas exigências regulamentares e os custos associados aumentam mais do que nunca a importância
da uniformização e agilização dos processos. A concepção e execução dos processos (por exemplo,
admissão de clientes) são aspectos importantes para a experiência do cliente e a produtividade e
retenção de gestores de patrimônios
Treinamento
de gestores
de patrimônios
Ajudar os gestores de patrimônios a compreender as mudanças regulamentares e, acima de tudo,
a discutir com os clientes e enfrentar eficientemente as mudanças representa uma oportunidade
de diferenciação
Cultura e
processos de
conformidade
Processos internos robustos e uma cultura de conformidade ajudam a proteger/melhorar a reputação das
empresas e devem ser rotineiros. Outras oportunidades incluem uma área de conformidade sólida e
centralizada com especialização regional; aumento da especialização nas áreas de apoio; terceirização
da conformidade quando as empresas não tiverem a infraestrutura ou especialização regional necessária
Comunicação
com clientes
Comunicações claras delineando a proposta de valor, o custo dos serviços e as exigências de KYC/
AML são esperadas mas ainda não são o padrão no setor. Um desafio e uma oportunidade que estão
surgindo rapidamente será a execução perfeita e harmoniosa em todos os canais (em pessoa, por
meios impressos, por meios digitais/móveis)
Fonte: Análise da Capgemini, 2013; entrevistas com Executivos para o WWR 2013
RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013
37
Tecnologia e processos
Os imperativos regulamentares podem ser o empurrão de que
muitas empresas necessitam para investir em transformação; em
especial, a tecnologia oferece uma oportunidade bastante sólida
para transformar esforços regulamentares táticos em vantagens
estratégicas. Investimentos em CRM, relatórios, automação de
processos e gestão de riscos, por exemplo, são necessários para
atingir a conformidade. Feitos de forma estratégica, eles também
podem ser aproveitados para obter valor adicional para a empresa
e seus clientes. Com efeito, decisões e investimentos mais
estratégicos em tecnologia apresentam o potencial de diferenciar
as empresas líderes das demais.
produtos inovadores e percepções sobre a cultura local. Tais
equipes locais devem ser compostas tendo em mente sua eventual
expansão.
Considere, por exemplo, a determinação de consolidar os
registros de combate à lavagem de dinheiro das linhas de negócios
em um painel integrado de todo o banco. A inclusão de análises
de dados e clientes permite que essa consolidação seja aproveitada
para aprimorar o foco no cliente. Por exemplo, uma das
principais empresas dos EUA usou esses dados para conduzir uma
análise aprofundada do perfil de clientes e transações,
aproveitando os resultados para sugerir-lhes produtos e serviços.
Com investimentos estratégicos similares, é possível transformar
obrigações em oportunidades.
Além de gestores de patrimônio experientes, é essencial contar com
uma sólida especialização em jurídico e compliance,
particularmente nas áreas de apoio. Mesmo com a automação, a
equipe de compliance deve aprovar ou rever as decisões, como as
relativas ao conhecimento do cliente, tomadas nos diversos pontos
de contato da admissão do cliente ou de outros processos. As
complexidades criadas pelos regulamentos regionais, cultura,
jurisdições, ofertas de serviços e segmentos de patrimônio forçarão
essas pessoas a tomar decisões subjetivas mais frequentes. As líderes
do setor não estarão sempre certas mas, ao longo do tempo,
desenvolverão um conjunto de precedentes que combine as
abordagens de conformidade baseada em regras e em princípios.
Além disso, investimentos em automação, principalmente os que
reduzam o tempo dedicado pelos gestores de patrimônio a questões
de conformidade e que poderia ser utilizado para atividades
geradoras de receitas, podem estimular aperfeiçoamentos na
eficiência da empresa e no atendimento ao cliente.
Pessoal e cultura
Em última análise, a força de uma empresa está alicerçada na
força de seu pessoal. Não constitui nenhuma surpresa que a
competência do gestor de patrimônio tenha sido citada pelos
HNWIs como uma de suas maiores prioridades (ver página 16),
de forma que contar com gestores de patrimônio capacitados e
experientes é um dos maiores fatores de diferenciação das
empresas dedicadas a essa atividade.
Para melhorar a competência, as empresas podem ampliar os
programas de treinamento, não apenas para abranger as novas
determinações regulamentares mas também para fortalecer a
capacidade dos gestores de patrimônio para cumprir
sistematicamente a proposta de valor da organização. Os gestores
de patrimônio também devem estar capacitados a personalizar a
oferta central global para atender às necessidades dos clientes locais
como, por exemplo, financiamentos de comércio exterior na França
ou operações com mercadorias na China. Nesses casos, o simples
treinamento pode não ser suficiente em função da profunda
especialização necessária, forçando as empresas a reavaliar sua
abordagem de contratações. As estratégias de expansão e de entrada
em novos mercado também podem ser auxiliadas pela contratação
direta de equipes estratégicas (além da criação da infraestrutura)
que possam proporcionar acesso a centros contábeis, serviços e
38
RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013
As empresas líderes que atuam em diversas localizações
geográficas buscarão partilhar com os gestores de patrimônio os
conhecimentos sobre as práticas culturais e as normas específicas
das áreas onde operam, o que pode ajudá-los a superar a
resistência cultural ao tipo de questionamento intenso e de
documentação de clientes que caracterizam as principais
exigências regulamentares atuais, particularmente em relação ao
conhecimento do cliente e à lavagem de dinheiro.
De forma geral, as mudanças mais importantes relativas a pessoal
são também as mais difíceis de serem conseguidas. As principais
empresas do setor defendem o desenvolvimento e fomento de
uma cultura de conformidade que inclua um conjunto de valores,
normas e processos claramente articulados. Esses princípios
devem não apenas ser adotados pela alta administração, mas
também ser incrustados no pessoal da linha de frente para
destacar o compromisso geral da organização com a confiança e a
integridade.
Comunicação com clientes
Também será importante que as empresas estabeleçam e
promovam estratégias de comunicação claras, que permitam aos
gestores de patrimônio conduzir com seus clientes discussões
construtivas sobre as determinações regulamentares. Deve ser
deixado claro que alguns “pontos sensíveis” no atendimento
das contas – particularmente as solicitações de documentação
e informações pessoais detalhadas – não estão vinculadas a
políticas da empresa mas sim a determinações regulamentares
sobre conhecimento dos clientes e combate à lavagem de
dinheiro, impostos ao setor como um todo a fim de proteger
os clientes, manter a transparência e reduzir os riscos.
Mais sutilmente, os gestores de patrimônio devem administrar
as expectativas dos clientes, já que processos mais complexos
determinados pela regulamentação exigirão mais tempo durante
o atendimento. Essa clareza na comunicação ajudará a minimizar
a frustração dos clientes e a aumentar sua compreensão em
relação a suas próprias responsabilidades no ambiente atual.
A COMPLEXIDADE DA REGULAMENTAÇÃO ESTÁ MUDANDO A DINÂMICA DAS EMPRESAS E CLIENTES NO SETOR DE GESTÃO DE PATRIMÔNIO
Contribuições de todos os interessados podem
ajudar a minimizar a complexidade dos
regulamentos
As empresas que possam incorporar a conformidade em suas
estratégias gerais de negócios e não tratem os regulamentos de
forma isolada estarão melhor posicionadas para minimizar os
impactos financeiros da regulamentação e melhor equipadas para
tratar de quaisquer regulamentos novos. Além disso, é provável
que o esforço contínuo para colaborar com os regulamentadores e
educar os clientes seja suficiente para amenizar as partes mais
sensíveis da reforma regulamentar (ver Figura 25).
O apoio dos órgãos de regulamentação pode se mostrar
inestimável para a conformidade efetiva de clientes e empresas.
Como já é feito por alguns órgãos em nível local, as autoridades
regulamentadoras podem utilizar a organização de seminários
setoriais com a participação de todas as empresas, bem como
firmar parcerias com outras organizações do setor, como a
Associação de Mercados Financeiros e do Setor de Valores
Mobiliários dos EUA (Securities Industry and Financial Markets
Association – SIFMA), para colaborar na formulação de soluções
coletivas. Esses seminários poderiam funcionar como um canal
adicional para discussão das mudanças regulamentares ou
regulamentos a serem introduzidos, de forma que as empresas
possam compartilhar seus pontos de vista e tenham tempo
suficiente para fazer o planejamento adequado. Os organismos
de regulamentação poderiam também compilar e compartilhar
as práticas recomendadas e auxiliar no desenvolvimento de
comunicações com clientes no setor como um todo para descrever
as responsabilidades de clientes e empresas. Um exemplo digno
de nota de um organismo regulamentador que assumiu uma
abordagem colaborativa sem perder o foco na proteção do cliente
é a Autoridade Monetária de Cingapura. Quando possível, os
órgãos que envolverem clientes no processo de regulamentação,
do projeto à avaliação do impacto e ao monitoramento, estarão
bem posicionados para promover mudanças positivas no setor.
Um das maiores dificuldades regulamentares do setor de gestão
de patrimônios é a crescente assimetria das normas regionais.
Clientes de todo o mundo estão enfrentando padrões diferentes
ao interagir com empresas de outras regiões. Tais disparidades
também representam complexidade para as empresas globais que
operam em diversas regiões. Padrões regulamentares globais
poderiam ajudar a dar condições iguais para todos e, mais
importante, tornar mais fácil e econômico para as empresas
oferecer uma experiência positiva para o cliente.
FIGURA 25. Principais intervenientes em uma implementação eficaz da conformidade
Uma compreensão melhor do
cliente acerca da importância
da conformidade e suas
responsabilidade poderia
resultar em uma experiência
melhor para o cliente
gu
lad
Em
es
Clientes
HNW
ƒƒ Normas globais com a devida discrição
regional poderiam uniformizar a concorrência
or
ƒƒ As empresas precisam criar processos
eficazes de comunicação com o cliente e
definir expectativas claras
ƒƒ Os reguladores poderiam partilhar as
melhores práticas e ajudar a desenvolver
comunicações amistosas com os clientes
em todo o setor
Re
ƒƒ As empresas precisam explorar possíveis
oportunidades para otimizar os
investimentos determinados pelas
regulamentações e as oportunidades de
oferecer uma experiência diferenciada para
o cliente
pr
de es a
pa s d
tr i e g
mô es
nio t ão
s
ƒƒ As empresas podem minimizar o impacto
financeiro das regulamentações
estabelecendo estratégias e prioridades
empresariais claras
Grupos setoriais
ƒƒ Os grupos setoriais podem criar soluções
coletivas para enfrentar as diversas
dificuldades regulamentares
ƒƒ As empresas podem utilizar grupos setoriais
para colaborar com os reguladores de uma
forma mais eficaz
Fonte: Análise da Capgemini, 2013; entrevistas com executivos para o WWR 2013
RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013
39
Embora os clientes estejam certos ao exigir níveis de atendimento
sistematicamente elevados das empresas na administração da
carga de conformidade, eles também podem desempenhar um
papel de destaque no atendimento às mudanças de
regulamentação. Clientes que entendam melhor a importância da
conformidade considerarão relativamente mais fácil atender aos
diferentes pedidos de informação de seu gestor de patrimônio,
possibilitando, em última análise, aconselhamento e soluções
mais eficientes. Além disso, a carga administrativa inicial para os
clientes seria compensada pelos benefícios da associação a
empresas com práticas comerciais sólidas, transparentes e em
conformidade com as leis e regulamentos pertinentes. Entretanto,
cabe às empresas comunicar esse raciocínio e, mais importante,
desenvolver, transmitir e atender aos padrões de serviço e
experiência do cliente.
Dada a complexidade e as diferenças regionais na
regulamentação, muitas empresas adotam uma abordagem tática
para a conformidade, atendendo a seus requisitos de forma
isolada. O ambiente regulamentar atual cria oportunidades para
que as empresas façam muito mais do que isso, examinando
cuidadosamente os diversos aspectos de suas operações, quem são
seus clientes centrais, como seus serviços são cobrados e como
elas investem estrategicamente em tecnologia.
40
RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013
As empresas têm um papel importante a desempenhar para
auxiliar os organismos de regulamentação em seus esforços
para manter mercados depurados e aprimorar a imagem do setor.
Por meio do respeito a normas de conformidade bem planejadas,
é possível contribuir ativamente para o bem da sociedade e a
proteção dos clientes. Ainda que às custas de um impacto
financeiro de curto prazo, as empresas e gestores de patrimônios
devem colocar em primeiro lugar os melhores interesses de seus
clientes e a reputação de sua organização. Encontrar o equilíbrio
exato entre a rentabilidade e uma cultura de conformidade é um
processo delicado e contínuo. Se conduzido estrategicamente, ele
pode ajudar as empresas a tirar proveito das eventuais
oportunidades e manter-se à frente de seus concorrentes.
Em última análise, a carga regulamentar não irá desaparecer e,
provavelmente, irá apenas aumentar. As empresas que tomarem
decisões e fizerem investimentos para incorporar o escopo das
mudanças regulamentares em um nível estratégico estarão
preparadas para obter o máximo de eficiência e de capacidade para
atender ou superar as expectativas e necessidades de seus clientes.
AGRADECIMENTOS
Gostaríamos de agradecer às seguintes pessoas
por sua ajuda na compilação deste relatório:
William Sullivan, Karen Schneider, David Wilson e Chirag Thakral da Capgemini, por sua liderança
geral no relatório deste ano; Sivakanth Dandamudi, Vamsi Gullapalli, Bhaskar Sriyapureddy, Shradha
Verma e Chris Costanzo pela pesquisa, compilação e redação dos resultados, bem como por sua análise
aprofundada do mercado; Willem-Boudewijn Chalmers-Hoynck-van-Papendrecht, Brendan Clarke,
Bhushan Joshi, Claire Sauvanaud, Tej Vakta, Mark Wales e os membros do Departamento de Gestão
de Patrimônios da Capgemini, por suas percepções e conhecimento do setor. Além disso,
Vanessa Baille, Mary-Ellen Harn, Matt Hebel, Unni Krishnan, Martine Maitre, Sourav Mookherjee,
Stacy Prassas, Erin Riemer e Sunoj Vazhapilly por seu apoio permanente em todo o mundo.
J-F Courville, Mark Fell, Kathy Engle, Aishling Cullen, Claire Holland e Aimee Wong, da
RBC Wealth Management, que forneceram direcionamento, acesso, perspectiva setorial e pesquisas
para assegurar o desenvolvimento de questões específicas abordadas no setor de serviços financeiros,
bem como pelo planejamento para o lançamento do relatório; David Agnew, Katherine Gibson,
Barend Janssens, Donna Meyers, Gay Mitchell, John Montalbano, Paul Patterson, Stuart Rutledge,
Tom Smee, Richard Sheldon, John Taft, Ingrid Versnel, Eric Lascelles, Jim Allworth, Janet Engels,
Samir Dewan, Evelyn Koh, Frank Lippa, Li Li Seah, Francine Blackburn e outros altos executivos
da RBC, que forneceram aconselhamento especializado sobre as tendências setoriais. Além disso,
gostaríamos de agradecer a Paul French, Sanam Heidary, Tammy Benson, Jennifer Dela-Cruz, Edith
Galinaitis, Peter Hoflich, Bev MacLean e Jamie Steiner por seu apoio global e aos especialistas
regionais da Capgemini, RBC Wealth Management e outras instituições que participaram das
entrevistas executivas para validar as conclusões e agregar profundidade à análise.
À Scorpio Partnership, liderada por Sebastian Dovey e Cath Tillotson, por sua grande colaboração no
desenvolvimento e implementação de nossa primeira Pesquisa Global HNW Insights, uma das maiores
e mais aprofundadas pesquisas sobre pessoas com patrimônio pessoal elevado já conduzidas.
Estendemos nosso agradecimento especial às empresas e autoridades regulamentadoras que nos deram
percepções sobre os eventos que estão afetando o setor de gestão de patrimônios em nível mundial.
As empresas a seguir estão entre os participantes que concordaram em ser citados publicamente:
ABN AMRO Bank (Luxembourg) S.A., ABN AMRO MeesPierson, ABN AMRO Private Banking
International, AFM (Authority for the Financial Markets), Association of Foreign Banks in
Switzerland, Banif Banca Privada, Bank Insinger de Beaufort N.V., Bankhaus Lampe KG, Banque de
Luxembourg, Banque Degroof Bank, Banque Havilland, Banque Privée Espirito Santo, Belfius Private
Banking, BNP Paribas Wealth Management Asia, BNP Paribas Wealth Management Luxembourg,
BNP Paribas Wealth Management España, BNYM Mellon, BSI AG, CIBC Wealth Management,
Citibank (Switzerland) AG, Debtwire, DZ PRIVATBANK S.A., Geneva Financial Center, HSBC
Private Bank, HSBC Trinkaus & Burkhardt AG, ING Private Banking, ING Private Banking
Belgium, J.P. Morgan (Suisse) SA, Killeen Holdings, Lombard Odier, Lombard Odier & Cie
(Switzerland), National Bank of Abu Dhabi, Petercam, Pictet & Cie, Rabobank Private Banking,
RBS Private Banking India, Religare Macquarie Private Wealth, Robeco Group, Royal Bank of
Canada, Scotiabank, SNS Securities, Sotheby’s North & South America, Theodoor Gilissen Private
Bankers, Swiss Bankers Association, Swiss Private Bankers Association e Van Lanschot Bankiers.
RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013
41
Appendix
Anexo
A A
METHODOLOGY
METODOLOGIA
TAMANHO DO MERCADO
Em seu modelo de dimensionamento de mercado,
o Relatório sobre a Riqueza Mundial 2013 abrange
71 países, que respondem por mais de 98% da renda
nacional bruta global e 99% do valor de mercado das
ações de empresas de capital aberto de todo o mundo.
Estimamos o porte e o crescimento do patrimônio nas
diversas regiões usando a metodologia da curva de
Lorenz da Capgemini, desenvolvida originalmente em
projetos de consultoria na década de 1980. Ela é atualizada
anualmente para calcular, em nível macro, o valor do
patrimônio disponível para investimento dos HNWIs.
O modelo é montado em dois estágios: primeiro, é feita
uma estimativa do patrimônio total por país e, a seguir,
sua distribuição entre a população adulta de cada nação.
Os níveis de patrimônio total por país são estimados
usando estatísticas sobre as contas nacionais de fontes
reconhecidas, como o Fundo Monetário Internacional e o
Banco Mundial, para identificar o montante da poupança
nacional em cada ano, que é totalizada ao longo do tempo
para chegar ao valor acumulado da riqueza do país. Como
os ativos financeiros são capturados pelo seu valor contábil,
os dados finais são ajustados com base nos índices
acionários mundiais para refletir o valor de mercado da
parcela do patrimônio dos HNWIs aplicada em ações.
A distribuição do patrimônio pelos diversos países é baseada
em fórmulas de relacionamento entre patrimônio e renda.
Os dados sobre distribuição de renda são fornecidos pelo
Banco Mundial e pela Economist Intelligence Unit e obtidos
nas contas nacionais de cada país. Usamos então as Curvas
de Lorenz resultantes para distribuir o patrimônio pela
população adulta de cada nação. Para chegar à parcela do
patrimônio total disponível para investimentos, usamos as
estatísticas dos países com dados disponíveis para calcular
seus números de patrimônio financeiro e extrapolamos
os resultados para o resto do mundo. Continuamos, a
cada ano, a aprimorar nosso modelo macroeconômico
com análises adicionais dos fatores econômicos internos
que influenciam a geração de riqueza. Trabalhamos com
colegas e parceiros de diversas empresas ao redor do
mundo para considerar melhor os efeitos ao longo do tempo
das políticas fiscais e monetárias locais sobre a geração
de patrimônio disponível para investimento dos HNWIs.
Os dados de ativos disponíveis para investimento que
publicamos incluem o valor de posições em empresas de
capital fechado, apresentadas pelo valor contábil, bem
como todas as formas de ações negociadas em mercados
públicos, obrigações, fundos e depósitos em dinheiro.
Não são incluídos acervos, produtos de consumo, bens
duráveis e imóveis usados como residência principal. Os
42
RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013
investimentos offshore são considerados de forma teórica,
mas apenas na medida em que os países consigam fazer
estimativas precisas dos fluxos relativos de entrada e saída
de ativos e investimentos de suas jurisdições. No relatório,
levamos em consideração as poupanças não declaradas.
Devido às flutuações cambiais ocorridas nos últimos anos,
particularmente em relação ao dólar norte-americano,
avaliamos os efeitos dessas flutuações sobre nossos
resultados. A partir de nossa análise, concluímos que
nossa metodologia é sólida e que as flutuações cambiais
não têm efeito significativo sobre os resultados.
PESQUISA GLOBAL HIGH NET
WORTH INSIGHTS DE 2013
A Pesquisa Global HNW Insights de 2013, realizada pela
Capgemini, RBC Wealth Management e Scorpio Partnership,
entrevistou mais de 4.400 HNWIs em 21 dos principais
mercados de gestão de patrimônios da América do Norte,
América Latina, Europa, Ásia-Pacífico, Oriente Médio e África. A
divisão dos participantes por região, faixa etária, sexo e faixa de
patrimônio é apresenta na Figura M1. A pesquisa também ouviu
pessoas na faixa de patrimônio de US$ 0,5 a US$ 1 milhão e a
quantidade total de respostas foi superior a 5.600.
A Pesquisa Global HNW Insights, umas maiores pesquisas de
HNWIs, foi conduzida em fevereiro e março de 2013, em
colaboração com a Scorpio Partnership, que tem quinze anos
de experiência na condução de entrevistas com clientes
privados e consultores profissionais do setor de gestão
de patrimônios.
A pesquisa concentrou-se em três áreas principais: confiança,
alocação de ativos e comportamento dos HNWIs. A primeira
concentrou-se nos níveis de confiança dos HNWIs nos
principais participantes do setor, inclusive empresas de gestão
de patrimônios, gestores/consultores de patrimônio
individuais, mercados financeiros e organismos e instituições
de regulamentação. A segunda, “alocação de ativos”, avaliou
os padrões atuais e futuros de alocação de ativos dos HNWIs
globais, inclusive investimentos de paixão. A terceira e última,
“Comportamento dos HNWIs”, estudou as preferências e os
comportamentos em relação a seus objetivos e sua
abordagem à gestão de patrimônios, seus relacionamentos
com os gestores de patrimônios e o tipo de serviço esperado
por eles.
Para chegar aos valores regionais e globais, foram utilizadas
ponderações por país e região baseadas em suas respectivas
parcelas na população global de HNWIs, o que foi feito para
assegurar que os resultados da pesquisa sejam
representativos da população efetiva de indivíduos de
patrimônio pessoal elevado.
FIGURE 13.
Breakdown of HNWI Geographic Allocation by Region
FIGURA M1. Detalhamento demográfico da Pesquisa Global HNW Insights, T1 2013
Detalhamento por região
Detalhamento por faixa de patrimônio
Oriente Médio
e África
5,2%
América Latina
6,4%
Mais de US$20mm
2,1%
US$10mm-US$20mm
8,0%
Europa
32,5%
US$5mm-US$10mm
12,7%
América
do Norte
24,6%
US$1mm-US$5mm
77,2%
Ásia-Pacífico
31,3%
Detalhamento por faixa etária
Mais de 60 anos
25,1%
Detalhamento por sexo
Menos de 40 anos
20,2%
Sexo fem.
39,9%
Sexo masc.
60,1%
50-59 anos
26,9%
40-49 anos
27,8%
Fonte: Pesquisa Global HNW Insights 2013 da Capgemini, RBC Wealth Management e Scorpio Partnership
As informações aqui contidas foram obtidas em diversas fontes; não garantimos que elas ou as análises relacionadas a elas sejam exatas ou completas. Este relatório de pesquisa
destina-se a distribuição geral e é fornecido exclusivamente para fins informativos; qualquer parte que o utilize o faz por sua própria conta e risco.
RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013
43
Appendix
A GLOSSÁRIO DOS PRINCIPAIS REGULAMENTOS QUE AFETAM AS
Anexo B
METHODOLOGY
Regulamento / iniciativa regulamentar
44
EMPRESAS DE GESTÃO DE PATRIMÔNIOS E SUA ORIGEM
Origem
Breve descrição
Conheça seu cliente (KYC)
Global
Regulamentos que determinam a coleta de amplos detalhes sobre o cliente para
conter a transferência de recursos ilegítimos e evitar práticas de evasão tributária
Normas Internacionais de
Contabilidade (IFRS)
Global
A meta é o desenvolvimento, no interesse público, de um conjunto de normas de
alta qualidade, compreensíveis, executáveis e aceitas em todo o mundo para a
preparação de relatórios financeiros
Tratados tributários offshore da
Organização para a Cooperação e o
Desenvolvimento Econômico (OCDE)
Global
Os centros offshore que firmaram esses tratados com qualquer país terão de
informar os detalhes financeiros / investimentos feitos por seus cidadãos em sua
jurisdição
BASILEIA III
Global
BASILEIA III define exigências mais rígidas de capital e liquidez para as
instituições financeiras que oferecem serviços bancários a seus clientes
Combate à lavagem de dinheiro (AML)
Global
Regulamentos rigorosos que visam conter práticas de lavagem de dinheiro, que
são usadas principalmente para financiar o terrorismo, tráfico de drogas e outras
atividades ilícitas
Organismos de Investimento Coletivo
em Valores Mobiliários (UCITS)
UE
O objetivo dos UCITS é levar eficiência à gestão de fundos e aumentar a proteção
dos investidores por meio de informações simplificadas sobre os produtos
Pacotes de Produtos de Investimento
de Varejo (PRIPs)
UE
Segundo esse regulamento, todos os que criam produtos de investimento terão
de preparar um "Documento de Informações Importantes" (KID) para cada um
deles e todos esses documentos deverão ter aparência e conteúdo padronizados
para facilitar sua comparação
Diretriz sobre Mercados de
Instrumentos Financeiros (MiFID II).
UE
As empresas são obrigadas a declarar a natureza de seus produtos e a divulgar
suas tarifas antecipadamente
Diretriz dos Gestores de Fundos de
Investimentos Alternativos (AIFMD)
UE
Define regras relativas a diversos aspectos financeiros como o cálculo dos ativos
sob gestão, conflito de interesses, gestão de riscos e liquidez
Regulamento da Infraestrutura do
Mercado Europeu (EMIR)
UE
Visa regulamentar os derivativos negociados no mercado de balcão, a atenuação
do risco sistêmico e o aumento da transparência
Revisão de Distribuição de Varejo
(RDR)
Reino
Unido
Define regras sobre a informação de tarifas e níveis mínimos de competência
profissional para os gestores de patrimônio
Tratamento Justo dos Clientes (TCF)
Reino
Unido
Visa elevar os padrões de condução dos negócios e introduz mudanças que
beneficiarão os clientes e aumentarão sua confiança no setor de serviços
financeiros
Lei Dodd-Frank e Regra de Volcker
EUA
A Lei Dodd-Frank inclui amplos segmentos do setor de serviços financeiros dos
EUA, abrangendo todos os seus aspectos, inclusive proteção dos clientes,
estabilidade financeira, regulamentação de fundos privados, operações por conta
própria, derivativos e governança corporativa
Lei de Conformidade Tributária de
Contas no Exterior (FATCA)
EUA
Segundo a FATCA, empresas estrangeiras que ofereçam serviços financeiros a
cidadãos norte-americanos terão de informar seus detalhes diretamente ao IRS ou
estarão sujeitas a retenção de IR na fonte à alíquota de 30%
Futuro da Consultoria Financeira
(FOFA)
Austrália
Determina diretrizes sobre diversos aspectos, como a proibição de estruturas
conflitantes de remuneração, inclusive comissões, e a introdução de padrões
fiduciários para os gestores de patrimônio
RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013
CAPGEMINI FINANCIAL SERVICES
CAPGEMINI FINANCIAL SERVICES
Com mais de 125.000 funcionários em 44 países, a Capgemini é uma das mais importantes prestadoras de serviços de consultoria,
tecnologia e terceirização de todo o mundo. Em 2012, o Grupo teve receitas totais de € 10,3 bilhões. Juntamente com seus clientes, a
Capgemini concebe e fornece soluções comerciais e tecnológicas que atendem a suas necessidades e concretizam os resultados desejados.
Sendo uma organização profundamente multicultural, a Capgemini desenvolveu sua própria forma de trabalhar, a Collaborative
Business Experience™, e utiliza o Rightshore®, seu modelo mundial de prestação de serviços.
O departamento de gestão de patrimônios da Capgemini pode ajudar empresas desde a definição da estratégia até sua implementação.
Com base em nossas percepções exclusivas em relação ao porte e potencial de mercados alvo em todo o mundo, ajudamos os clientes a
implementar novas estratégias, adaptar seus modelos práticos e assegurar soluções e custos adequados às expectativas de receita e
rentabilidade. Também ajudamos as empresas a desenvolver e implementar as infraestruturas operacionais — inclusive modelos
operacionais, processos e tecnologias — necessárias à retenção dos clientes existentes e conquista de novos relacionamentos.
Mais informações a nosso respeito podem ser encontradas em www.capgemini.com/financialservices.
Rightshore® é marca registrada da Capgemini
Alguns escritórios da Capgemini
Bratislava
Bruxelas
+ 421 2 444 556 78
Madri
+34 91 657 7000
+32 1 248 4000
Milão
+39 024 14931
Bucareste
+40 21 209 8000
Budapeste
+36 23 506 800
Casablanca
Charlotte
Cidade de Taguig
Cidade do México
Cingapura
Copenhague
Mumbai
Nova York
+91 22 675 57000
+1 212 314 8000
+212 5 22 46 18 00
Oslo
+47 2412 8000
+1 704 350 8500
Paris
+33 1 49 67 30 00
Pequim
+86 10 656 37 388
Praga
+420 222 803 678
+63 2 667 6000
+52 5585 0324 00
+65 6224 6620
Rosemont
+1 847 384 6100
+45 70 11 22 00
São Paulo
+55 11 3708 9100
Cracóvia (Centro BPO)
+48 12 631 6300
Sydney
Dubai
+971 4 433 56 90
Taipé
Dublin
+353 1 639 0100
Toronto
+1 416 365 4400
Estocolmo
+46 853 68 5000
Utrecht
+31 306 89 0000
+49 69829 010
Varsóvia
+48 22 4647000
+358 9 452 651
Viena
Frankfurt
Helsinque
Lisboa
Londres
+351 21 412 2200
Zurique
+61 292 93 4000
+886 2 8780 0909
+43 1 211630
+41 44 560 2400
+44 207 7936 3800
RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013
45
RBC WEALTH MANAGEMENT
RBC WEALTH MANAGEMENT
A RBC Wealth Management é uma das 10 maiores gestoras de patrimônio do mundo* e atende diretamente clientes afluentes de
patrimônio pessoal elevado e ultraelevado no Canadá, Estados Unidos, América Latina, Europa, Oriente Médio, África e Ásia com um
conjunto completo de produtos bancários, de investimento, fiduciários e outras soluções de gestão de patrimônios. Por meio da RBC Global
Asset Management (que inclui a BlueBay Asset Management), a empresa também oferece produtos e serviços de gestão de investimentos,
diretamente e por intermédio do RBC e de distribuidores externos, para clientes institucionais e pessoas físicas. A RBC Wealth
Management tem mais de C$ 593 bilhões em ativos sob administração, mais de C$ 353 bilhões em ativos sob gestão e cerca de
4.300 consultores financeiros, assessores, executivos de private bank e executivos fiduciários.
ROYAL BANK OF CANADA
O Royal Bank of Canada (código de negociação na TSX e na NYSE: RY) e suas subsidiárias operam sob a marca RBC. Somos o maior
banco do Canadá por ativos e por valor de mercado, figurando também entre os maiores do mundo em termos de valor de mercado.
Somos uma das principais empresas de serviços financeiros diversificados da América do Norte e oferecemos serviços bancários pessoais
e comerciais, serviços de gestão de patrimônios, seguros, serviços para investidores e operações bancárias de atacado em nível mundial.
Empregamos cerca de 80.000 funcionários em tempo parcial e integral, que atendem a mais de 15 milhões de pessoas físicas, empresas,
órgãos do setor público e clientes institucionais por intermédio de nossos escritórios no Canadá, EUA e outros 49 países. Visite rbc.com
para obter mais informações.
Canadá
Estados Unidos
Escritórios em mais de 140 localidades
855-444-5152
Escritórios em mais de 190 localidades
800-759-4029
Alguns escritórios da Global RBC Wealth Management
Ásia
Europa
Brunei
(+673) 2 224366
Madri
Cingapura
(+65) 6230 1888
Genebra
Hong Kong
(+852) 2848 1388
Pequim
(+86-10) 5839 9300
+(34) 91 310 00 13
+(41) 22 819 4242
Oriente Médio
Dubai
+(971) 4 3313 196
Ilhas Britânicas
Guernsey
(+44) 1481 744000
América do Sul
Jersey
(+44) 1534 283000
Montevidéu
+(598) 2 518 3200
Santiago
+(562) 2 956 4800
São Paulo
+55 11 3383-5200
Londres
(+44) 20 7653 4000
Caribe
Bahamas
(242) 702 5900
Barbados
(246) 429 4923
Ilhas Cayman
(345) 949 9107
* Scorpio Partnership Global Private Banking KPI Benchmark 2012. Nos Estados Unidos, títulos e valores mobiliários são oferecidos por intermédio da RBC Wealth Management,
uma divisão da RBC Capital Markets, LLC, subsidiária integral do Royal Bank of Canada. Associada à NYSE/FINRA/SIPC
46
RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013
©2013 Capgemini e RBC Wealth Management. Todos os direitos reservados.
Capgemini e RBC Wealth Management, e seus respectivos logotipos e marcas aqui utilizados, são marcas
comerciais ou marcas registradas de suas respectivas empresas. Todos os demais nomes de empresas,
produtos e serviços mencionados são marcas comerciais de seus respectivos titulares e são usados aqui sem
intenção de infringi-las. Nenhuma parte deste documento pode ser reproduzida ou copiada por qualquer forma
ou meio sem autorização por escrito da Capgemini e da RBC Wealth Management.
Informações importantes:
Os materiais aqui contidos destinam-se a fins exclusivamente informativos e não são direcionados nem se
destinam a distribuição ou uso por parte de qualquer pessoa ou entidade em qualquer país onde tal distribuição
ou uso seja contrário à legislação ou regulamentação ou sujeite o Royal Bank of Canada, suas subsidiárias ou as
unidades de negócio que o constituem (inclusive a RBC Wealth Management) ou a Capgemini a qualquer
exigência de licença ou registro em tal país.
O presente documento não se destina a ser uma oferta específica por parte de qualquer entidade do Royal Bank
of Canada para vender ou fornecer qualquer conta, produto ou serviço financeiro específico, nem um convite
para apresentar uma proposta para sua aquisição. O Royal Bank of Canada não oferece contas, produtos ou
serviços em jurisdições onde não tem permissão para fazê-lo, de forma que os negócios da RBC Wealth
Management não estão disponíveis em todos os países ou mercados.
As informações aqui contidas são de natureza geral e não se destinam a oferecer assessoria ou opinião
profissional a qualquer usuário nem uma recomendação de qualquer abordagem específica, não devendo ser
interpretadas como tal. Este documento não objetiva ser uma apresentação completa das abordagens ou etapas
que possam ser adequadas ao usuário nem leva em consideração sua tolerância ao risco ou seus objetivos de
investimento específicos, não se destinando a ser um convite para efetuar uma transação com títulos ou valores
mobiliários nem para participar por qualquer forma em qualquer serviço de investimento.
Este documento foi redigido originalmente no idioma inglês. A tradução para outros idiomas é fornecida apenas
para conveniência de nossos usuários. A Capgemini e o Royal Bank of Canada não assumem qualquer
responsabilidade por imprecisões na tradução. As informações aqui prestadas são fornecidas “no estado em
que se encontram”. A Capgemini e o Royal Bank of Canada não oferecem qualquer garantia de qualquer tipo em
relação a qualquer informação apresentada neste relatório.
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WWR-0613

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