Relatório sobre a Riqueza
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Relatório sobre a Riqueza
Relatório sobre a Riqueza Mundial 2 013 Prefácio3 Mercado de HNWIs recupera-se, levando sua população e seu patrimônio a níveis recorde 4 –– A América do Norte e a Ásia-Pacífico impulsionaram o crescimento da população e do patrimônio dos HNWIs em 2012 4 –– Os mercados da Ásia-Pacífico explodem, mas as 12 primeiras posições do ranking de HNWIs continuam inalteradas. 6 –– Fortunas de ultra-HNWIs revertem o curso, liderando o crescimento global em 2012 6 –– Espera-se que a Ásia-Pacífico lidere um crescimento sólido no patrimônio global dos HNWIs 7 O forte desempenho do mercado levou a um aumento substancial no patrimônio dos HNWIs 8 –– A economia global desacelerou, mas evitou uma catástrofe 8 –– Intervenções das autoridades econômicas moderaram as incertezas 9 –– Principais classes de ativos apresentaram desempenho acima da média com o aumento da confiança dos investidores 11 –– Espera-se que o crescimento acelere com a consolidação do otimismo 13 A primeira Pesquisa Global HNW Insights define o padrão do setor para a compreensão das preferências dos HNWIs 14 –– Confiança dos HNWIs na geração futura de riqueza estimulada pela maior confiança em empresas e gestores de patrimônio, mas prejudicada pela menor confiança no mercado e seus organismos de regulamentação 14 –– A alocação de ativos dos HNWIs reflete uma abordagem conservadora 16 –– O mercado de arte continua em recuperação, com forte valorização nos mercados emergentes 18 –– Características dos HNWIs destacam novas oportunidade para as empresas gestoras de patrimônio 20 A complexidade da regulamentação está mudando a dinâmica das empresas e clientes no setor de gestão de patrimônio 28 –– O escopo intimidador das mudanças regulamentares é o maior desafio do setor 26 –– Efeitos regulamentares amplos, criando dificuldades para empresas e clientes 30 –– A complexidade da regulamentação está levando a mudanças significativas no cenário de gestão de patrimônios 31 –– Regulamentação leva empresas a reavaliar suas principais estratégias 35 Anexos42 A nosso respeito 45 Prefácio A Capgemini e a RBC Wealth Management têm o prazer de apresentar o Relatório sobre a Riqueza Mundial 2013 (WWR), incluindo novas percepções sobre indivíduos com patrimônio pessoal elevado (high net worth individuals – HNWIs) de todo o mundo – pessoas com US$ 1 milhão ou mais em ativos disponíveis para investimento.1 Apesar da turbulência da economia global, particularmente na Zona do Euro, a população e o patrimônio dos HNWIs globais apresentaram aumento significativo em 2012. Embora o inicio do ano tenha sido instável, os HNWIs terminaram por ser beneficiados pelos sólidos retornos do mercado, apesar do crescimento modesto do PIB2 global. Uma novidade foi a introdução dos resultados da Pesquisa Global HNW Insights, criada em colaboração com a Scorpio Partnership e que apresenta percepções diretas dos HNWIs sobre seus níveis de confiança no setor, seus objetivos, como investem e os tipos de relacionamentos e serviços que querem das empresas e consultorias de gestão de patrimônio. Nossa pesquisa coletou respostas de mais de 4.400 HNWIs em 21 países de cinco regiões, o que a transforma em um do maiores e mais aprofundados estudos desse tipo. Embora o setor de serviços financeiros tenha sido maculado pela crise, os HNWIs continuam a ter confiança nos gestores patrimoniais e nas empresas que os atendem. Com as previsões de aceleração do crescimento econômico em 2013 e o aumento da confiança nos gestores de patrimônio, os HNWIs expressaram um grau elevado de confiança na capacidade de gerar riquezas no futuro. Nossa Pesquisa Global HNW Insights também analisou detalhadamente as nuances do relacionamento entre os gestores de patrimônio e os HNWIs, como, por exemplo, a melhor forma de avaliar o sucesso nos investimentos, se existe preferência por uma abordagem contínua à gestão de patrimônio, com uma única firma e ponto de contato, e o nível de interesse por conexões digitais. Enquanto algumas constatações confirmaram as ideias convencionais sobre os HNWIs e suas preferências de gestão de patrimônio, outras mostraram a evolução de algumas dessas preferências, destacando novas oportunidades para que as empresas de gestão de patrimônio aprimorem a forma de iniciar e manter relacionamentos com todos os segmentos desse mercado. Finalmente, analisamos os efeitos das mudanças regulamentares ocorridas em todo o mundo na esteira da crise financeira. A reforma da regulamentação é a maior dificuldade enfrentada pelo setor de gestão de patrimônio e analisamos como seus efeitos estão sendo sentidos não apenas pelas empresas mas também, cada vez mais, pelos clientes. Examinamos também o que as principais empresas do setor estão fazendo para enfrentar esse desafio. Para as empresas que ainda estão começando a avaliar as implicações das alterações regulamentares sobre seus negócios, delineamos as considerações estratégicas que elas devem começar a analisar. Como sempre, é um prazer apresentar nossas conclusões. Até o ano que vem, Jean Lassignardie M. George Lewis Diretor Global de Vendas e Marketing Serviços Financeiros Globais Capgemini Diretor do Grupo RBC Wealth Management e RBC Insurance Royal Bank of Canada 1 O patrimônio disponível para investimento não inclui o valor de ativos e propriedades pessoais, como residência principal, acervos, bens de consumo e bens duráveis. 2 ”PIB” refere-se sempre ao valor ajustado pela inflação, também denominado “PIB real”. Mercado de HNWIs recupera-se, levando sua população e seu patrimônio a níveis recorde A população mundial e o patrimônio agregado disponível para investimento dos indivíduos com patrimônio pessoal elevado (HNWIs3) apresentou forte crescimento em 2012, atingindo níveis recorde. Após permanecer estável em 2011, a população de HNWIs aumentou 9,2%, chegando a 12 milhões de pessoas. Nesse meio tempo, após um ligeiro declínio em 2011, o patrimônio agregado disponível para investimento aumentou 10%, para US$ 46,2 trilhões. O patrimônio dos HNWIs apresentou um vigor renovado em 2012, superando bastante o máximo histórico de US$ 42,7 trilhões registrado em 2010. Taxas de valorização relativamente elevadas nas faixas mais elevadas4 (US$ 5 milhões ou mais) levaram ao crescimento do patrimônio disponível para investimentos no mundo inteiro. A AMÉRICA DO NORTE E A ÁSIA-PACÍFICO IMPULSIONARAM O CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO E DO PATRIMÔNIO DOS HNWIS EM 2012 A população global de HNWIs e seu patrimônio disponível para investimento aumentaram substancialmente, atingindo níveis recorde em 2012. Após permanecer estável em 2011, a população mundial de HNWIs aumentou 9,2%, ou um milhão de pessoas, atingindo a marca de 12,0 milhões (ver Figura 1). Após recuar em dois dos últimos cinco anos, o patrimônio global dos HNWIs também apresentou recuperação considerável, com aumento de 10% (ver Figura 2). Impulsionado pelo crescimento econômico lento, mas estável, e por uma alta significativa no mercado, o patrimônio global dos HNWIs chegou a US$ 46,2 trilhões, bem acima do nível pré-crise, de US$ 40,7 trilhões em 2007, e do recorde anterior de US$ 42,7 trilhões em 2010. O crescimento relativamente forte nos segmentos mais altos do mercado de HNWIs contribuiu para o sólido desempenho global. A América do Norte deu uma contribuição significativa para a expansão da população global de HNWIs, com a maior taxa de crescimento regional (11,5%) atingindo 3,73 milhões de pessoas e reconquistando sua posição de liderança em termos de quantidade de 4 A América do Norte e a Ásia-Pacífico, as duas maiores regiões de HNWIs, impulsionaram o crescimento global, com expansão de 11,5% e 9,4% na população de HNWIs e de 11,7% e 12,2% no seu patrimônio, respectivamente. A América do Norte reconquistou sua posição de maior mercado de HNWIs, já que seus 3,73 milhões de HNWIs superaram os 3,68 milhões da Ásia-Pacífico. Entretanto, esta última região abriga a maioria dos países com crescimento mais rápido nos HNWIs, esperando-se que, em breve, volte a ultrapassar a América do Norte. Projeta-se que o patrimônio dos HNWIs cresça 6,5% ao ano, atingindo US$ 55,8 trilhões até 2015, expansão determinada principalmente pela região da Ásia-Pacífico. indivíduos, além de superar a Ásia-Pacífico, que apresentou crescimento de 9,4% e chegou a 3,68 milhões de pessoas. A América Latina, que teve a maior taxa de crescimento em 2011, perdeu ritmo em 2012, com crescimento de apenas 4,4%, devido, principalmente, à desaceleração no crescimento do PIB e à queda nos mercados acionários brasileiro e argentino. Contudo, o México foi um destaque positivo, com crescimento regular do PIB e um forte desempenho no mercado acionário, resultando em aumento de 6,6% na quantidade de HNWIs. Como nos cinco anos anteriores, a América do Norte continuou a deter a maior parcela de ativos de HNWIs disponíveis para investimento, no montante de US$ 12,7 trilhões em 2012, em comparação com US$ 12,0 trilhões na Ásia-Pacífico, US$ 10,9 trilhões na Europa e US$ 7,5 trilhões na América Latina. O crescimento do patrimônio foi maior na Ásia-Pacífico, onde atingiu 12,2%, impulsionado pelo forte crescimento em muitos países da região. O segundo lugar coube à América do Norte, que cresceu 11,7%. Em termos mundiais, entre 2007 e 2012 o patrimônio disponível para investimento dos HNWIs cresceu à modesta taxa efetiva de 2,6%, ligeiramente superior à do crescimento real do PIB, que foi de 1,6%. 3 HNWIs são definidos como pessoas com ativos disponíveis para investimento iguais ou superiores a US$ 1 milhão, com exclusão da residência principal, acervos, bens de consumo e bens duráveis. 4 Para os fins de nossa análise, dividimos o segmento de HNWIs em três faixas de patrimônio distintas: aqueles com ativos disponíveis para investimento entre US$ 1 milhão e US$ 5 milhões (apelidados de “milionários comuns”), os com ativos disponíveis entre US$ 5 milhões e US$ 30 milhões (os assim chamados “milionários de nível médio”) e, finalmente, aqueles com ativos superiores a US$ 30 milhões (“indivíduos com patrimônio pessoal ultraelevado”). RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013 MERCADO DE HNWIS RECUPERA-SE, LEVANDO SUA POPULAÇÃO E SEU PATRIMÔNIO A NÍVEIS RECORDE FIGURA 1. FIGURA 1. Populaçãode deHNWIs, HNWIs, 2007-2012 região) População 2007-2012 (por(por região) (milhões) (milhões) Taxa efetiva 2007-2011: 3,5% 15 10,1 8,6 Crescimento anual 2011-2012: 9,2% 10,0 10,9 11,0 12,0 Variação percentual 2011-2012 12 0,1 0,4 0,4 9 Número de HNWIs 0,1 0,4 0,4 3,1 0,1 0,4 0,5 2,6 6 2,8 3,0 2,4 África 9,9% Oriente Médio 8,1% América Latina 4,4% Europa 7,5% Ásia-Pacífico 9,4% 3,4 3,2 3,1 3,0 0,1 0,5 0,5 0,1 0,5 0,5 0,1 0,4 0,5 3,7 3,3 3,4 3,4 3,4 3,7 2010 2011 2012 América do Norte 3 3,3 2,7 3,1 2007 2008 2009 11,5% 0 Obs.: Os valores nos gráficos e as percentagem citadas estão arredondados e podem não totalizar exatamente 100% Fonte: Análise de Curva Lorenz da Capgemini, 2013 FIGURA 2. Distribuição Distribuiçãodo dopatrimônio patrimônio dos HNWIs, 2007-2012 região) FIGURA 2. dos HNWIs, 2007-2012 (por(por região) (trilhões de (trilhões deUS$) US$) Taxa efetiva 2007-2011: 2,6% 50 40,7 32,8 30 10,7 42,7 1,0 1,5 6,2 Patrimônio disponível para investimento dos HNWIs 20 39,0 1,0 1,7 40 Crescimento anual 2011-2012: 10,0% 0,8 1,4 5,8 1,2 1,7 7,3 6,7 9,5 42,0 10,2 1,1 1,7 9,7 1,3 1,8 7,5 7,1 10,9 10,1 8,3 9,5 46,2 10,8 10,7 11,4 12,7 2011 2012 11,7 9,1 10,7 11,6 2007 2008 2009 2010 África 11,5% Oriente Médio 8,6% América Latina 6,7% Europa 8,2% 12,0 7,4 10 Variação percentual 2011-2012 Ásia-Pacífico 12,2% América do Norte 11,7% 0 Obs.: Os valores nos gráficos e as percentagens citadas estão arredondados e podem não totalizar exatamente 100% Fonte: Análise de Curva Lorenz da Capgemini, 2013 RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013 5 OS MERCADOS DA ÁSIA-PACÍFICO EXPLODEM, MAS AS 12 PRIMEIRAS POSIÇÕES DO RANKING DE HNWIS CONTINUAM INALTERADAS força da região, as populações de HNWIs da Indonésia, Austrália, China, Nova Zelândia e Tailândia apresentaram taxas de crescimento de dois dígitos. Mais de metade da população global de HNWIs continua concentrada em três países: Estados Unidos, Japão e Alemanha (ver Figura 3). Nos últimos três anos, esses países responderam por cerca de 53% de todos os HNWIs, uma queda em relação aos 54,7% registrados em 2006. Contudo, espera-se que a parcela desses três países diminua ao longo do tempo, conforme os mercados emergentes ganhem maior importância. Notavelmente, após mudanças nos últimos quatro anos (por exemplo, a saída da Espanha do ranking em 2010 e a entrada da Coreia do Sul em 2011), nenhum novo país se juntou aos 12 maiores mercados de HNWIs em 2012 e não houve qualquer alteração na classificação dos países. A população de HNWIs apresentou crescimento de moderado (4% a 7%) a forte (10% a 15%) em todos os países, com exceção do Brasil, onde permaneceu estável devido à desaceleração no crescimento econômico e à retração do mercado acionário. Tanto entre os 12 maiores países como entre os demais, muitos dos mercados de HNWIs de crescimento mais rápido estão localizados na região da Ásia-Pacífico. A quantidade de HNWIs de Hong Kong aumentou 35,7%, impulsionada por uma combinação de comportamento relativamente menos conservador dos investidores e da força dos mercados acionários. Com crescimento de 22,2%, a Índia beneficiou-se das tendências positivas no mercado acionário, renda nacional bruta, consumo e mercado imobiliário. Hong Kong e Índia, que são sabidamente voláteis, superaram o desempenho ruim de 2011 na evolução da população de HNWIs (queda de 17,4% em Hong Kong e de 18,0% na Índia). Em outro sinal de FORTUNAS DE ULTRA-HNWIS REVERTEM O CURSO, LIDERANDO O CRESCIMENTO GLOBAL EM 2012 A população de HNWIs aumentou em número e patrimônio em todos os níveis, com crescimento relativamente mais forte nas camadas mais elevadas (ver Figura 4). Em 2012, a quantidade e o patrimônio dos indivíduos com patrimônio pessoal ultra-elevado (ultra-HNWIs5) aumentou 11,0%, em comparação com uma redução de 2,5% na quantidade e de 4,9% no patrimônio em 2011. Representando menos de 1% do total mundial de HNWIs, os 111 mil ultra-HNWIs controlam mais de um terço (35,2%) da riqueza total dos HNWIs. O patrimônio global dos ultra-HNWIs teria sido ainda maior se não fosse pela taxa de crescimento menor dos domiciliados na América Latina (7,4%), que respondem por mais de um terço dessa faixa de riqueza. De forma similar aos ultra-HNWIs, os milionários de nível médio, com US$ 5 milhões a US$ 30 milhões em ativos disponíveis para investimento, passaram de uma ligeira queda em 2011 para um crescimento de cerca de 10% na população e no patrimônio em 2012. Com 1,07 milhão de pessoas, esse segmento representa 8,9% do mercado de HNWIs e responde por 22,0% de seu patrimônio. Em conjunto, os mercados de ultra-HNWIs e milionários de nível médio controlam 57,2% do patrimônio total. A faixa entre US$ 1 milhão e US$ 5 milhões apresentou crescimento de 9% na população e no patrimônio, em comparação com aumentos meramente marginais em 2011. Esses “milionários comuns”, que totalizam 10,8 milhões de pessoas, ou 90,2% da população total de HNWIs, detêm 42,8% do seu patrimônio. FIGURA Maiores populações de país, HNWIs, 2012 (por país) FIGURA 3.3. População de HNWIs por 2012 (milhares) 2011 Crescimento da 12,0% população de HNWIs, 2011-2012 4.000 4,4% 6,7% 14,3% 5,4% 6,4% 441 465 404 430 2012 6,5% 12,0% 15,1% 4,5% 0,2% 10,9% 280 298 252 282 180 207 168 176 165 165 144 160 Canadá Suíça Austrália Itália 3.436 3.000 3.068 Número de HNWIs 2.000 1.8221.902 9511.015 1.000 562 643 0 EUA Japão Alemanha China Reino Unido França Brasil Coreia do Sul Obs.: As taxas de crescimento percentagens estão arredondadas e não correspondem aos totais das colunas Fonte: Análise de Curva Lorenz da Capgemini, 2012 5 6 Ultra-HNWIs são definidos como pessoas com ativos disponíveis para investimento iguais ou superiores a US$ 30 milhões, com exclusão da residência principal, acervos, bens de consumo e bens duráveis. RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013 MERCADO DE HNWIS RECUPERA-SE, LEVANDO SUA POPULAÇÃO E SEU PATRIMÔNIO A NÍVEIS RECORDE FIGURA 4, Composição da população global de HNWIs por faixa de patrimônio, 2012 Quantidade de pessoas - 2012 Crescimento da população de HNWI Crescimento do patrimônio dos HNWI 2010-2011 2011-2012 2010-2011 2011-2012 % do patrimônio dos HNWI 2012 + US$ 30 mm Ultra-HNWI 111,0 m (0.9% do total) -2,5% 11,0% -4,9% 10,9% 35,2% US$ 5 mm – US$ 30 mm Milionário de nível médio 1.068,5 m (8.9% do total) -1,0% 10,1% -1,2% 10,2% 22,0% US$ 1 mm – US$ 5 mm Milionário comum 10.795,1 m (90.2% do total) 1,1% 9,1% 0,8% 9,3% 42,8% Obs,: Os valores nos gráficos e as porcentagens citadas estão arredondados e podem não totalizar exatamente 100% Fonte: Análise de Curva Lorenz da Capgemini, 2013 ESPERA-SE QUE A ÁSIA-PACÍFICO LIDERE UM CRESCIMENTO SÓLIDO NO PATRIMÔNIO GLOBAL DOS HNWIS Espera-se que o patrimônio global disponível para investimento dos HNWIs aumente para US$ 55,8 trilhões até 2015 (ver Figura 5), impulsionado principalmente pelo crescimento na Ásia-Pacífico (taxa efetiva de 9,8%). Até 2014, a Ásia-Pacífico deverá recuperar FIGURA 5. sua posição de região com a maior população de HNWIs, registrando também o maior nível de patrimônio, cuja projeção para 2015 é de US$ 15,9 trilhões. Na Europa, espera-se que os esforços continuados de recuperação na Eurozona colabore para que o patrimônio dos HNWIs cresça a uma taxa robusta, particularmente em função do desempenho relativamente fraco nos dois últimos anos. Projeção do patrimônio dos HNWIs, 2010–2015 (por região) (trilhões de FIGURA 5. US$) Projeção do patrimônio dos HNWIs, 2010-2015E (por região) (trilhões de US$) 60 42,7 42,0 46,2 2,2 45 Patrimônio disponível 30 para investimento dos HNWIs 15 1,2 1,7 1,1 1,7 7,3 7,1 10,2 10,1 11,6 11,4 Taxa efetiva (2012-2015E) 55,8 1,3 1,8 7,5 1,4 8,3 13,1 10,9 12,7 10,8 10,7 12,0 2010 2011 2012 6,5% de crescimento anualizado 15,0 Global 6,5% África 3,4% Oriente Médio 6,8% América Latina 3,1% Europa 6,2% América do Norte 5,7% Ásia-Pacífico 9,8% 15,9 0 2015E Obs.: Os valores nos gráficos e as porcentagens citadas estão arredondados e podem não totalizar exatamente 100% Fonte: Análise de Curva Lorenz da Capgemini, 2013 RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013 7 O forte desempenho do mercado levou a um aumento substancial no patrimônio dos HNWIs N o início de 2012 havia poucas razões para esperar que o ano terminasse de forma positiva para os investidores. A incerteza generalizada, e até mesmo temor, emanava de todos os cantos do mundo, prejudicando a confiança dos investidores. Além disso, o crescimento econômico global estava desacelerando, com desaquecimento dos mercados emergentes e alguns mercados maduros ameaçados por outra onda de recessão. Em meados do ano, políticas públicas voltadas a promover a estabilidade, sobretudo na Eurozona, afastaram a ameaça de uma catástrofe economica global e deram aos investidores a tão necessária confiança e o estímulo para adotar um leque mais amplo de classes de ativos, contribuindo para o retorno maior dos mercados e abrandando a realidade do crescimento econômico ainda letárgico. Apesar da continuação dos distúrbios em algumas partes da economia global, o patrimônio dos HNWIs cresceu 10,0% em 2012, em grande parte por conta da força dos mercados acionários globais. Em 2012, desdobramentos importantes no cenário mundial econômico e de investimentos contrabalançaram-se mutuamente: A ECONOMIA GLOBAL DESACELEROU, MAS EVITOU UMA CATÁSTROFE Em comparação com 2011, quando eclodiu a crise da dívida europeia, os EUA experimentaram um rebaixamento inédito na classificação de sua dívida, a agitação tomou conta do Oriente Médio e o Japão sofreu uma grande catástrofe natural, 2012 foi um ano relativamente tranquilo de uma perspectiva macroeconômica global. Ainda assim, a miríade de crises de 2011 lançou sombras sobre 2012 e a austeridade fiscal generalizada exerceu um peso palpável, resultando em crescimento modesto do PIB mundial. 8 RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013 O crescimento do produto interno bruto (PIB) global desacelerou com a persistência das dificuldades econômicas ao redor do mundo, inclusive retração na Eurozona, negociações prolongadas sobre o orçamento dos EUA e crescimento mais lento na Ásia-Pacífico. Entretanto, o risco global diminuiu, já que a forte disposição das autoridades europeias ajudou a evitar um possível desastre econômico, enquanto os EUA mostraram recuperação e a China conseguiu um pouso suave. A redução dos níveis globais de risco sobrepujou a trepidação dos investidores com o crescimento econômico baixo, resultando em volatilidade menor e forte desempenho em alguns impulsionadores do patrimônio. Os investidores reagiram positivamente às medidas adotadas pelas autoridades econômicas, estimulando os ganhos nos mercados como um todo. Os mercados globais de ações operaram em alta, todos os segmentos de renda fixa apresentaram desempenho positivo e o mercado imobiliário global deslanchou. Continuam a existir riscos, mas as perspectivas de crescimento do PIB, retorno dos mercados e geração de riqueza geram um otimismo cauteloso enquanto a economia dos EUA continua a se recuperar e a Europa aspira por um pouco de crescimento ao final de 2013. Na ausência de novas crises, o crescimento mais lento foi tolerável. Embora o crescimento de 2,2% não tenha conseguido alcançar a marca exuberante de 4,0% atingida em 2010, o ritmo da desaceleração diminuiu. A América do Norte, que abriga a maior economia do mundo, foi um destaque positivo em 2012, apresentando um aumento marginal no PIB e criando a esperança de que uma recuperação mais generalizada possa ganhar tração. Estando preparados para o pior, em última análise os investidores foram surpreendidos positivamente pela ausência de acontecimentos bombásticos e, mais ao final do ano, a volatilidade estabilizou-se em níveis mais baixos. O FORTE DESEMPENHO DO MERCADO LEVOU A UM AUMENTO SUBSTANCIAL NO PATRIMÔNIO DOS HNWIS Sem sombra de dúvida, a Eurozona continuou a ser uma área de grandes preocupações em 2012, já que a crise da dívida ocasionou medidas severas de austeridade, desemprego elevado e encolhimento das economias de toda a região. Em 2012, a Europa Ocidental apresentou o pior desempenho entre todas as regiões, com contração de 0,1% no PIB (ver Figura 6). Nos países periféricos da Eurozona, inclusive Grécia, Itália, Portugal e Espanha, a recessão aprofundouse ainda mais, enquanto outros países, inclusive a Irlanda e a França, continuaram em situação frágil. menor nível em uma década, o país conseguiu evitar um pouso forçado. A economia indiana foi afetada pela paralisação dos investimentos e a deterioração da confiança das empresas. Contudo, as economias asiáticas industrializadas do Japão, Austrália e Nova Zelândia superaram as tendências regionais e mostraram expansão razoável. Nos EUA, as eleições presidenciais e o impasse político em relação às negociações sobre o orçamento federal induziram uma incerteza paralisante, particularmente ao final do ano, quando os temores quanto ao abismo fiscal ocuparam o topo da lista de preocupações dos investidores. A crise foi evitada na undécima hora, por meio de um acordo que aumentou as alíquotas de IR para as pessoas mais abastadas, mas cortes significativos nos gastos estão restringindo o crescimento dos EUA que, na melhor das hipóteses, engatou a terceira marcha. No primeiro semestre de 2012, eventos na Eurozona, inclusive as eleições na França e na Grécia e os elevados custos de captação dos governos da Espanha e da Itália, puseram os investidores na defensiva e mantiveram a volatilidade elevada. A maré começou a refluir em 26 de julho, quando Mario Draghi, presidente do Banco Central Europeu, comprometeu-se a “fazer o que fosse preciso” para proteger a Eurozona de um colapso. O banco cumpriu seu compromisso verbal com o anúncio, em setembro, de que passaria a atuar como financiador de último recurso dos mercados de títulos públicos. Essa medida, combinada com a ativação do Mecanismo de Estabilidade Europeu (MEE), um fundo permanente destinado a auxiliar economias da União Europeia em dificuldades, e novos avanços na direção da unificação dos regulamentos bancários, foram decisivos para aplacar os temores dos investidores e, até o final do ano, o Banco Central Europeu (BCE) não teve de tomar as medidas prometidas. INTERVENÇÕES DAS AUTORIDADES ECONÔMICAS MODERARAM AS INCERTEZAS A vulnerabilidade das economias exportadoras da região da Ásia-Pacífico voltou a ser destacada, já que a taxa de crescimento do PIB da região (com exclusão do Japão) caiu um ponto percentual devido à retração na demanda externa. Contudo, os fundamentos relativamente fortes das economias e políticas nacionais ajudaram a amortecer o choque sobre os países asiáticos. Embora o crescimento chinês tenha recuado para o FIGURA 6. Taxas de crescimento do PIB real, mundo e regiões específicas, 2010-2012 FIGURA 6. Taxas de crescimento do PIB real, mundo e regiões específicas, 2010-2012 (%) (%) 2010 Crescimento em 2011-2012 (PPa) -0,5 -1,0 1,3 1,1 -1,3 2011 0,3 2012 -1,7 -1,8 10 8,4 8 6,5 6 5,9 5,5 5,3 4,6 Taxa de crescimento 4 4,0 4,3 3,8 3,6 3,3 2,7 3,5 2,5 2,5 2,2 3,8 3,0 1,9 2 2,2 2,1 0 -2 2,3 1,7 -0,1 Mundo Ásia-Pacífico (ex-Japão) África Subsaariana Oriente Médio e África Setentrional América Latina América do Norte Europa Oriental Europa Ocidental a PP = Ponto Percentual Fonte: Análise da Capgemini, 2013; Economist Intelligence Unit, Março de 2013 (Variação do PIB real em relação ao ano anterior) RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013 9 O aumento da confiança e a redução da volatilidade levaram os mercados acionários globais a uma forte alta no segundo semestre de 2012, com os índices referenciais subindo 16,1% a partir de junho (ver Figura 8). Entre junho e dezembro, o índice referencial europeu valorizou-se 26,5%, em contraste marcante com a queda de 8,2% registrada até maio. Até mesmo os mercados das economias periféricas da Europa apresentaram alta substancial, apesar de terminarem o ano com evolução ligeiramente negativa. O referencial dos mercados emergentes da Ásia apresentou alta de 17,8% a partir de junho, uma melhoria sensível em relação à valorização de 1,9% registrada entre janeiro e maio. Muitas das tensões presentes no primeiro semestre reduziram-se significativamente na segunda metade de 2012. Os indicadores de volatilidade implícita do S&P 500 e das ações europeias caíram abaixo das médias históricas (ver Figura 7). Além disso, o rendimento dos títulos públicos dos países mais endividados da Eurozona caiu radicalmente. A maior redução ocorreu na Grécia, onde o rendimento dos títulos públicos de 10 anos caiu 22,1 pontos percentuais, atingindo 11,8% ao final de 2012. Os rendimentos caíram 6,6 pontos percentuais em Portugal, para 7,0%, e 4,0 pontos na Irlanda, para 4,5%. Os rendimentos continuaram elevados na Espanha (5,3%), que relutava em participar do programa de compra de obrigações do BCE, mas ainda assim estão abaixo do nível de 7% observado em meados do ano. Em termos macroeconômicos, uma peça importante do apoio econômico foi o aumento sustentado do consumo global. O consumo total (incluindo gastos públicos e privados) aumentou 2,0% em 2012, em comparação com 2,1% em 2011. Em grande medida, esse crescimento foi determinado pelos gastos públicos, já que os esforços de recuperação após os desastres naturais em diversas economias da Ásia-Pacífico, inclusive Japão, Tailândia, Austrália e Nova Zelândia, levaram a um aumento de 1,5% nas despesas públicas em 2012, mais do que o dobro da taxa observada em 2011. As medidas de estímulo monetário, inclusive o afrouxamento quantitativo, desempenharam um papel crucial na estabilização da economia dos EUA, cuja taxa de crescimento de 2,2% em 2012 superou a média de 0,6% de seus pares do G7. Nos EUA, o aumento nas vendas e nos preços de residências, maior disponibilidade de crédito e inflação baixa colaboraram para o crescimento, apesar das dúvidas surgidas no último trimestre em função da eleição presidencial e das discordâncias permanentes em relação à solução do problema do déficit orçamentário. Embora o consumo privado não tenha conseguido manter seu ritmo de expansão, que foi de 2,5% em 2011, o aumento de 2,1% foi uma boa notícia e decorreu do aumento na confiança dos consumidores, principalmente nos EUA e na Ásia-Pacífico. Com o início da recuperação do mercado habitacional e do descongelamento do crédito nos EUA, o consumo privado apresentou tendência de alta na América do Norte; a ÁsiaPacífico também teve bom desempenho por conta do afrouxamento da política monetária. A única região onde ocorreu redução no consumo privado foi a Europa Ocidental, devido à Na Ásia, a China também escapou de maiores problemas econômicos com o crescimento de sua base de consumidores, retomada do mercado de imóveis residenciais e início da recuperação da demanda global ao longo do segundo semestre. Apesar dos temores de um desempenho fraco, a economia chinesa apresentou crescimento de 7,8%, bem acima da taxa de 3,8% registrada em outros países da região da Ásia-Pacífico (ex-Japão). Além disso, o saldo em transações correntes da China caiu e sua moeda apresentou ligeira valorização em relação ao dólar dos EUA. FIGURA 7. FIGURA 7. DesempenhododoS&P S&P 500 e VSTOXX, 2011-2012 Desempenho 500 VIXVIX e VSTOXX (pontos do índice), 2011-2012 (%) (Pontos do índice) S&P 500 VIX VSTOXX 60 Queda marcante nos níveis de volatilidade desde S2 2012 45 Pontos 30 do índice 15 Média histórica do VIX e VSTOXX (desde o ano 2000) 0 Jan-2011 Abr-2011 Jul-2011 Set-2011 Dez-2011 Mar-2012 Jun-2012 Set-2012 Dez-2012 Fonte: Análise da Capgemini, 2013; http://www.stoxx.com/download/historical_values/h_vstoxx.txt, janeiro de 2013; http://www.cboe.com/micro/srvx/data.aspx, janeiro de 2013 10 RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013 O FORTE DESEMPENHO DO MERCADO LEVOU A UM AUMENTO SUBSTANCIAL NO PATRIMÔNIO DOS HNWIS FIGURA 8.8. Valores Global MSCI, 2012 FIGURA Valores do doíndice índicereferencial referencial Global MSCI, 2012 Valorização (Jan 12-Mai 12) 130 Valores do índice (01/01/2012 = 100) 120 110 100 90 América do Norte 1,9% Mercados emergentes na Ásia 3,4% Mundo -0,7% Mercados emergentes na América Latina -6,5% Europa -8,2% 0 Jan-2012 Mar-2012 Mai-2012 Valorização (Jun 12-Dez 12) 130 Valores do índice (01/06/2012 = 100) 120 110 100 90 Europa 26,5% Mercados emergentes na Ásia 17,8% Mundo 16,1% Mercados emergentes na América Latina 14,4% América do Norte 11,9% 0 Jun-2012 Ago-2012 Out-2012 Dez-2012 Fonte: Análise da Capgemini, 2013; http://www.mscibarra.com/products/indices/performance/regional, acessada em janeiro de 2013 situação lastimável do mercado de trabalho e à baixa confiança dos consumidores. Nesse ínterim, a taxa de poupança das famílias declinou ou permaneceu estável na maioria dos países do G7, indicando uma maior disposição dos consumidores em assumir dívidas, bem como a existência de uma parcela da população desempregada ou em envelhecimento que está sacando de suas poupanças. PRINCIPAIS CLASSES DE ATIVOS APRESENTARAM DESEMPENHO ACIMA DA MÉDIA COM O AUMENTO DA CONFIANÇA DOS INVESTIDORES O desempenho do mercado influencia bastante o patrimônio dos HNWIs e, em 2012, este efeito foi acentuadamente positivo em função dos grandes ganhos apresentados pela maioria dos mercados de todo o mundo. O índice referencial Global MSCI valorizou 13,2%, com desempenho sólido da Alemanha (27,2%), México (27,1%) e Índia (23,9%), indicando motivos para otimismo em todas as regiões e destacando que os investidores aceitaram uma economia que, embora em crescimento lento, reduziu marcadamente os riscos e as incertezas. Combinada com as avaliações atraentes e as políticas monetárias folgadas dos bancos centrais, a ampliação da recuperação estimulou a alta global. Ações regionais: Apesar das tensões no final do ano em relação ao abismo fiscal e das incertezas pré-eleitorais, os mercados acionários norte-americanos tiveram desempenho admirável em 2012, em meio a sinais de recuperação econômica e impulsionados pelas repetidas intervenções do Federal Reserve e pela alta nos preços dos imóveis residenciais. Todos os indicadores de mercado foram otimistas. O S&P 500 amplo valorizou 13,4%, o maior retorno anual desse índice desde 2009. As empresas que pagam dividendos e as multinacionais de primeiríssima linha tiveram desempenho positivo e a Média Industrial Dow Jones apresentou alta de 7,3%. Os investidores também demonstraram maior apetite por empresas de baixa capitalização, levando a uma valorização de 14,6% no índice Russel 2000. RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013 11 Na Ásia-Pacífico, os mercados acionários reagiram bem aos movimentos agressivos de política monetária. Na Índia, as medidas reformistas e o afrouxamento monetário colaboraram para que os mercados acionários apresentassem ganhos de 23,9%, enquanto a força das exportações contribuiu para uma alta de 20,2% na Coreia do Sul. Os mercados chineses operaram em alta no segundo semestre, apresentando valorização de 19,0%. O Japão também teve bom desempenho, com ganho de 5,8%, já que o governo recém-eleito comprometeu-se com a reversão da debilidade da economia. Na Europa, o desempenho do mercado acionário foi ambíguo, com os mercados mais fortes apresentando valorização acima da média e os mais fracos operando em baixa. A intervenção do BCE animou os mercados mais estáveis, atraindo investidores seduzidos pelas avaliações baixas. Os índices referenciais apresentaram valorização de 27,2% na Alemanha, 17,7% na França e 8,6% na Itália. Embora tenham melhorado com a intervenção do banco central, as economias periféricas terminaram o ano com desempenho negativo, já que continuaram sob o peso do endividamento excessivo e da estagnação econômica. A América Latina foi a única exceção no cenário de valorização das ações em todo o mundo. Lá, a queda no preço das commodities e o crescimento econômico mais lento no Brasil, maior economia da região, afetaram fortemente o desempenho. O único destaque foi o México, que foi beneficiado pela resiliência da economia dos EUA e apresentou valorização de 27,1%. Renda fixa: Os mercados globais de obrigações continuaram a proporcionar retornos sólidos em 2012, embora o desempenho tenha variado nos diversos segmentos. Os rendimentos dos títulos públicos globais isentos de risco continuaram em níveis historicamente baixos devido às constantes intervenções dos principais bancos centrais e às preocupações dos investidores em relação à saúde dos mercados financeiros globais. O rendimento dos títulos públicos isentos de risco continuou a cair em 2012, mas o ritmo do declínio foi menor do que em 2011 e existem evidências crescentes de que eles chegaram ao fundo do poço. É provável que o rendimento dos títulos públicos apresente tendência de alta em 2013 se as condições econômicas forem favoráveis. Nos EUA, os investidores direcionaram menos recursos para os títulos do Tesouro, já que começaram a ter confiança na economia e a buscar classes de ativos com rendimento mais elevado. A redução na valorização do índice Dow Jones CBOT Treasury (com alta de apenas 2,5% em 2012, em comparação com 12,2% em 2011) demonstra essa saída dos investidores dos portos seguros dos títulos públicos. Ao mesmo tempo, os títulos privados atraíram investidores que querem tirar proveito da melhora no balanço das empresas e utilizar os recursos liberados pelo afrouxamento quantitativo do Federal Reserve. O índice Dow Jones Corporate Bond apresentou valorização de 6,1% em 2012, em comparação com 3,3% em 2011. No curto prazo, espera-se uma alta marginal no rendimento dos papéis do Tesouro dos EUA devido ao maior 12 RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013 otimismo em relação ao desempenho da economia norteamericana. Nesse meio tempo, o rendimento dos títulos públicos de alguns países problemáticos da Eurozona continuou elevado devido ao alto risco de inadimplência. Imóveis: Os mercados imobiliários globais tiveram desempenho consideravelmente bom em 2012, com forte valorização real anual em todas as regiões. Na América do Norte, os EUA lideraram com valorização de 3,5%, enquanto Hong Kong (20,4%), Brasil (9,4%) e Dinamarca (5,8%), lideraram em outras regiões do mundo. Após recuar 2,4% em 2011, o índice Dow Jones Select REIT apresentou valorização de 18,0%. O mercado dos EUA beneficiou-se de preços mais acessíveis (30% abaixo do pico de 2007), melhoria no balanços das famílias e redução na taxa de desemprego, enquanto o mercado imobiliário da Ásia-Pacífico reagiu bem ao baixo nível de desemprego e inflação. Na Europa, o desempenho variou bastante, com países como Dinamarca, Noruega, Finlândia e Suécia (que foram menos afetados pela crise da dívida) registrando ganhos sólidos, enquanto os países da Eurozona continuaram a enfrentar novas quedas em 2012. Disponibilidades: O rendimento das notas do Tesouro dos EUA teve altos e baixos em 2012, subindo lentamente no começo do ano, em reação às tendências positivas da economia do país, e caindo vertiginosamente mais ao final do ano, quando emperraram as negociações do orçamento federal. Espera-se que, com a melhora na economia e o avanço nas discussões do orçamento, o rendimento das notas do Tesouro aumente um pouco no curto prazo. Os fundos de curto prazo de outros países também tiveram bom desempenho em 2012, embora preocupações com uma eventual inadimplência da Grécia tenham forçado a maioria deles a reduzir sua exposição aos bancos europeus. Investimentos alternativos: Embora alguns bolsões do universo de investimentos alternativos tenham apresentado bom desempenho, outros tiveram resultados contraditórios. Em 2012, os fundos hedge tiveram desempenho melhor do que em 2011, quando caíram 2,5%, mas sua valorização de 7,7% foi bastante inferior ao retorno de 13,4% proporcionado pelo S&P 500, que superou o rendimento de fundos hedge em nove dos últimos 10 anos (a exceção foi 2008). Em outras áreas de investimentos alternativos, o desempenho das commodities foi menos desfavorável do que em 2011, mas continuou fraco devido ao declínio na demanda das economias emergentes. Depois de uma queda de 13,4% em 2011, o índice Dow Jones-UBS Commodity recuou apenas 1,1% em 2012. Nesse ínterim, o dólar dos EUA manteve sua resiliência e espera-se uma estabilização ainda maior em 2013. Os preços do ouro subiram pelo 12º ano consecutivo, mas a alta de 7,1% foi inferior à registrada em 2011 (10,0%) e à valorização da prata (9,2%). Os preços do petróleo caíram 7,1%, principalmente em função da lentidão da atividade econômica como um todo e do aumento da produção interna dos EUA. As cotações do gás natural aumentaram 5,7%, já que os preços baixos registrados em O FORTE DESEMPENHO DO MERCADO LEVOU A UM AUMENTO SUBSTANCIAL NO PATRIMÔNIO DOS HNWIS desenvolvimento, por meio de investimentos públicos e criação de empregos. Embora possam continuar elevados na Europa Ocidental, os níveis de desemprego devem diminuir gradualmente em outras regiões importantes. Além disso, espera-se uma pequena melhora nas taxas globais de poupança em 2013 e 2014. 2011 levaram os consumidores a usá-lo em substituição ao óleo combustível. Finalmente, os preços do trigo e do milho apresentaram recuperação substancial devido à demanda das economias emergentes e em desenvolvimento. Os preços do trigo aumentaram 5,6%, em comparação com uma queda de 33,8% em 2011, enquanto o milho subiu 23,9%, em comparação com uma alta de apenas 1,1% em 2011. Dada essa melhoria nos fundamentos, a perspectiva para os mercados de investimento é cautelosamente otimista, justificando as projeções de patrimônio dos HNWIs apresentadas na Figura 5. Espera-se que, em 2013, as ações globais proporcionem retornos consideráveis para os investidores, graças às avaliações razoáveis, combinadas com o crescimento global e a inflação baixa. O mercado imobiliário também está com ímpeto, com o preço dos imóveis residenciais e as taxas de crédito imobiliário continuando baixas nos EUA. Os investimentos alternativos oferecem bolsões de oportunidade, inclusive commodities e a possibilidade de administrar taticamente as posições de câmbio conforme os bancos centrais continuem a fazer intervenções de política monetária. ESPERA-SE QUE O CRESCIMENTO ACELERE COM A CONSOLIDAÇÃO DO OTIMISMO O bom desempenho geral dos mercados financeiros globais, apesar do crescimento mais lento do PIB, criou motivos para um otimismo cauteloso a partir de 2013. A Europa ainda está envolta em riscos imensos (como indicado pelas eleições italianas e pelo resgate dos bancos de Chipre no primeiro semestre de 2013) e precedentes perigosos foram abertos nas operações de salvamento recentes. Apesar disso, o continente está avançando lentamente na direção de suas metas fiscais e de competitividade, o que deve preparar o terreno para a recuperação que acabará por ocorrer. A economia dos EUA continua a ganhar vigor, enquanto o Japão está atravessando mudanças interessantes, que poderão desencadear um crescimento adicional na terceira maior economia do mundo. Espera-se que, em todo o mundo, as taxas de crescimento do PIB real subam para 2,5% em 2013 e 3,2% em 2014, em comparação com 2,2% em 2012 (ver Figura 9). O maior apetite pelo risco e diversas iniciativas de política econômica para controlar o endividamento e estimular o crescimento deverão alimentar a reaceleração desse crescimento econômico em 2013 e 2014. As expectativas são menos claras para os investimentos em renda fixa, disponibilidades e ouro. O rendimento dos títulos isentos de risco manteve-se dentro de faixas estreitas no segundo semestre de 2012 e poderão subir ligeiramente em 2013. Simultaneamente, fatores como a política de juros baixos e de afrouxamento quantitativo do Federal Reserve dos EUA proporcionam um nível extraordinário de sustentação ao mercado de títulos de dívida. Entretanto, os instrumentos de liquidez deverão oferecer pouco em termos de rendimento, não havendo previsões de que o Federal Reserve e o Banco Central Europeu venham a elevar os juros de curto prazo em 2013. Finalmente, espera-se que os preços do ouro, que passaram por uma correção no início de 2013, continuem contidos no futuro próximo, já que seu valor como proteção contra a alta de preços está diminuindo à luz das perspectivas de inflação estável em todo o mundo. Os fundamentos econômicos estão melhorando segundo diversos indicadores. Espera-se inflação moderada em 2013 e 2014, mesmo com a expansão do consumo público e privado nas economias em FIGURA 9. Perspectivas de crescimento do PIB real, mundo e regiões específicas, 2013-2014E Outlook for Real GDP Growth Rates, World and Select Regions, 2012 – 2014F FIGURE 9. (%) (%) 0,7 0,2 6,6 6 AN 1,0 0,4 1,0 2014E 0,9 1,2 6,8 5,5 4,6 4,8 4,3 4 3,6 3,2 Taxa de crescimento 2013E 2012 Crescimento em 2013E-2014E (PPa) 8 2,2 3,3 3,5 3,9 3,7 3,0 2,5 2,7 2,1 2 2,7 2,2 1,8 1,2 AN 0 -2 0,0 -0,1 Mundo Ásia-Pacífico (ex-Japão) África Subsaariana Oriente Médio e África Setentrional América Latina Europa Oriental América do Norte Europa Ocidental a PP = Ponto Percentual Obs.: Todos os dados de 2012 foram obtidos na EIU; todos os dados referentes a 2013 e 2014 foram obtidos na Consensus Forecasts, salvo os referentes às regiões da África Subsaariana e do Oriente Médio e África Setentrional Fonte: Análise da Capgemini, 2013; Economist Intelligence Unit, março de 2013 (Variação do PIB real em relação ao ano anterior); Consensus Forecasts, março de 2013 RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013 13 A primeira Pesquisa Global HNW Insights define o padrão do setor para a compreensão das preferências dos HNWIs A gestão de patrimônio evoluiu continuamente ao longo do tempo, sendo provável que ocorram novas mudanças nos próximos anos em função da crescente sofisticação dos clientes, mudanças demográficas, mercados desafiadores, volume e ritmo das alterações regulamentares e aumento de patrimônio nos mercados emergentes. A edição inaugural da Pesquisa Global HNW Insights da Capgemini, RBC Wealth Management e Scorpio Partnership é um dos maiores e mais aprofundados levantamentos sobre indivíduos de patrimônio pessoal elevado já conduzido, com a consulta a mais de 4.400 HNWIs em 21 dos principais mercados da América do Norte, América Latina, Europa, Ásia-Pacífico, Oriente Médio e África (ver Figura 10)6. A pesquisa fornece não apenas percepções valiosas sobre a evolução do comportamento de investimento dos HNWIs, mas também informações relativas às abordagens atuais à gestão de patrimônio, relacionamentos e preferências de atendimento. Essa pesquisa anual nos permitirá traçar um perfil das tendências da evolução do comportamento dos HNWIs ao longo dos próximos anos. CONFIANÇA DOS HNWIS NA GERAÇÃO FUTURA DE RIQUEZA ESTIMULADA PELA MAIOR CONFIANÇA EM EMPRESAS E GESTORES DE PATRIMÔNIO, MAS PREJUDICADA PELA MENOR CONFIANÇA NO MERCADO E SEUS ORGANISMOS DE REGULAMENTAÇÃO Essa seção de nosso relatório, direcionada por pesquisas, apresenta perspectivas interessantes baseadas nas opiniões de mais de 4.400 HNWIs de todo o mundo sobre tópicos como confiança no setor, alocação de ativos e preferências de serviços de gestão de patrimônio. 6 14 A Pesquisa Global HNW Insights foi conduzida entre fevereiro e março de 2013. RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013 Além da ampla cobertura geográfica, que oferece percepções valiosas sobre as diferenças regionais nas preferências dos HNWIs, a pesquisa também obteve amostragens demográficas sólidas, permitindo uma análise mais aprofundada por sexo e faixa etária (ver Figura M1 na página 43). A maioria dos entrevistados (77,2%) estava no segmento de US$ 1 milhão a US$ 5 milhões de patrimônio, com média de US$ 1,9 milhão, enquanto 10,1% tinham mais de US$ 10 milhões. Essa segmentação é compatível com a estrutura da pirâmide global da população de HNWIs nas diversas faixas de patrimônio (ver Figura 4 na Página 7). A fonte do patrimônio dos entrevistados incluiu salários, bonificações, investimentos, imóveis (excluindo a residência principal), participações societárias, opções de ações, heranças e produto da venda de empresas. Salários, bonificações, participações societárias e investimentos compunham mais de dois terços da origem do patrimônio dos participantes. A confiança é um componente fundamental do negócio de gestão de patrimônio. Nossa pesquisa mostra um quadro variado do grau de confiança dos clientes em seus gestores de ativos em um momento de incerteza econômica. No primeiro trimestre de 2013, cerca de 61% dos HNWIs afirmaram ter confiança em seus gestores e empresas de gestão de patrimônio, um aumento de aproximadamente quatro e três pontos percentuais, respectivamente, em relação a 2012 (ver Figura 11). Os níveis elevados de confiança sugerem que os HNWIs têm uma opinião relativamente positiva sobre a capacidade de seus gestores e empresas de gestão de patrimônio para oferecer aconselhamento e serviços de valor, usando práticas justas e transparentes. A PRIMEIRA PESQUISA GLOBAL HNW INSIGHTS DEFINE O PADRÃO DO SETOR PARA A COMPREENSÃO DAS PREFERÊNCIAS DOS HNWIS FIGURA 10. Abrangência geográfica da Pesquisa Global HNW Insights, 2013 FIGURE 10. Geographic Scope of Global HNW Insights Survey, 2013 EUROPA (1441) ■ Reino Unido ■ Alemanha ■ França ■ Itália ■ ■ AMÉRICA DO NORTE (1093) EUA ■ Canadá ■ Rússia Espanha ■ outros ÁSIA-PACÍFIC (1387) Índia China ■ Hong Kong ORIENTE MÉDIO E ÁFRICA (231) ■ AMÉRICA LATINA (286) ■ ■ ■ Cingapura Austrália ■ Japão ■ ■ ■ ■ E mirados Árabes Unidos África do Sul Brasil México Respostas de HNWIs Obs.: As fronteiras dos países no diagrama são aproximadas e apenas representativas Fonte: Pesquisa Global HNW Insights 2013 da Capgemini, RBC Wealth Management e Scorpio Partnership FIGURA 11. Níveis de confiança dos HNWIs nos principais participantes, T1 2013 FIGURE 11. HNWI Trust and Confidence Levels in Key Stakeholders (%) (Million) Variação na confiança, T1 2013 x T1 2012, (pontos percentuais) 5,3% 3,9% 6,0% Gestor de patrimônio 15,1% Relacionamentos principais dos HNWIs 5,9% 19,7% 21,3% 20,3% 61,2% 4,2 61,4% 3,5 6,1% Empresa de gestão de patrimônios 15,1% 20,4% 23,9% 17,0% 3,2% Infraestrutura setorial 30,9% 12,9% Mercados financeiros 24,8% 13,5% 12,4% 9,2% Muito baixa Baixa Algo baixa 1,5 6,3% 9,6% 8,4% 35,1% 45,4% 14,3% Organismos e instituições de regulamentação 39,6% 20,1% 13,1% 3,1 6,4% Algo alta Alta Muito alta Obs.: Os valores nos gráficos não somam 100%, pois os valores de confiança média (“nem alta nem baixa”) entre “algo baixa” e “algo alta” não estão apresentados. Os números dos gráficos foram arredondados e seu total pode não ser exato. As respostas à pergunta feita (“Atualmente, até que ponto concorda ou discorda das seguintes afirmações? - Tenho confiança no…“) referindo-se a vários participantes relacionados acima foram analisadas com base na concordância ou discordância para identificar as porcentagens de níveis de confiança dos HNWIs Fonte: Pesquisa Global HNW Insights 2013 da Capgemini, RBC Wealth Management e Scorpio Partnership RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013 15 Apesar das constantes dificuldades econômicas, 75,4% dos HNWIs de todo o mundo mencionaram ter confiança em sua capacidade de gerar riquezas ao longo do próximo ano, demonstrando seu forte otimismo em relação ao futuro. É provável que tal otimismo seja determinado pela elevada confiança depositada em seus gestores de patrimônio, combinada com o alto conceito que os HNWIs têm em relação à competência de seus consultores e respectivas equipes de apoio. A competência do gestor de patrimônio foi a maior prioridade de serviço citada e 67,5% dos HNWIs pesquisados a classificaram como a mais importante. Em termos globais, 52,6% dos HNWIs concederam a seus consultores e equipes de apoio uma classificação elevada nessa área. Contudo, a crise financeira afetou significativamente a imagem do setor como um todo, reduzindo os níveis gerais de confiança dos HNWIs nos mercados financeiros e seus organismos de regulamentação. No primeiro trimestre de 2013, apenas 45,4% dos HNWIs tinham confiança nos mercados financeiros e 39,6% nos organismos e instituições de regulamentação. A confiança nos mercados financeiros europeus era particularmente baixa (30,4%), provavelmente em decorrência da incerteza econômica atual. O cenário regulamentar em mutação contribuiu para o baixo nível de confiança dos HNWIs nas instituições de regulamentação. Os HNWIs podem considerar que, além de carregar parte da culpa pela crise, os regulamentadores estão avançando em ritmo lento na solução de problemas, apesar do aumento da velocidade da regulamentação, e gerando perturbações no serviço devido à falta de alinhamento regulamentar entre as diversas jurisdições. Na Europa e na América do Norte, onde as mudanças regulamentares são tremendas, a confiança nas instituições regulamentadoras é particularmente baixa. Como discutimos em nosso Industry FIGURE 12. Spotlight (ver página 28), o aumento na carga regulamentar tem o potencial de ocasionar mudanças significativas no setor, com efeitos substanciais para as empresas e os clientes. Embora continuem a enfrentar dificuldades para consolidar a confiança dos HNWIs, as empresas de gestão de patrimônio contam com um alicerce sólido para esse trabalho. Será importante que elas comuniquem claramente os efeitos das mudanças de regulamentação a seus funcionários que, por sua vez, poderão orientar os clientes. Apesar das dificuldades setoriais, os gestores e empresas de gestão de patrimônio que conseguirem se apresentar como consultores de confiança poderão tirar maior proveito do aumento da confiança neles depositada pelos HNWIs. A ALOCAÇÃO DE ATIVOS DOS HNWIS REFLETE UMA ABORDAGEM CONSERVADORA Os HNWIs apresentaram uma inclinação clara pela segurança e preservação do patrimônio, alocando quase 30% de seus recursos financeiros a disponibilidades e depósitos bancários. Essa preferência pela preservação do capital foi constatada nos HNWIs de todas as idades e níveis de patrimônio, o que sugere que o baixo nível geral de confiança nos mercados financeiros pode estar influenciando suas decisões de alocação de ativos. Até mesmo os HNWIs que indicaram a valorização como seu principal objetivo destinaram 26,4% de seus ativos para disponibilidades, ligeiramente menos que aqueles voltados principalmente para a preservação do capital, que destinaram 29,7 de seus ativos a esse tipo de aplicações. Breakdown of HNWI Financial Assets (%) FIGURA 12. Detalhamento dos ativos financeiros dos HNWIs, T1 2013 (%) 100% 10,1% 15,7% 9,3% 18,7% 75% 20,0% 13,7% 16,7% 13,5% 24,6% 7,0% 9,2% 11,9% 22,6% 9,1% 15,3% 37,2% 25% 16,0% 24,7% 12,5% 17,0% 21,3% 22,7% 27,3% 27,6% 26,0% Europa América Latina 0% Global América do Norte Asia Pacífico Ásia-Pacífico excl. Japón ex-Japão Japão Ásia-Pacífico a Inclui produtos estruturados, fundos hedge, derivativos, câmbio, commodities, private equity b Exclui residência principal Obs.: Os valores nos gráficos estão arredondados e podem não totalizar exatamente 100% Fonte: Pesquisa Global HNW Insights 2013 da Capgemini, RBC Wealth Management e Scorpio Partnership 16 RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013 Imóveisb Ações 49,4% 28,2% Investimentos alternativosa Renda fixa 30,1% 21,5% 22,3% 16,8% 16,3% 26,7% 50% 26,1% 13,1% Oriente Médio e África Disponibilidades/Depósitos A PRIMEIRA PESQUISA GLOBAL HNW INSIGHTS DEFINE O PADRÃO DO SETOR PARA A COMPREENSÃO DAS PREFERÊNCIAS DOS HNWIS Talvez não seja surpreendente que, em alguns casos, as diferenças econômicas regionais e as normas culturais pareçam ter desempenhado um papel nas preferências de alocação. No Japão, onde o investimento conservador está profundamente arraigado, os HNWIs direcionaram praticamente a metade de seus ativos (49,4%) às disponibilidades. Na América do Norte, as ações gozaram de bastante preferência em relação a todos os demais investimentos, acumulando uma parcela de 37,2%. Na América Latina, o mercado imobiliário, que continuou sólido apesar da crise, atraiu o maior volume de investimentos, que atingiu 30,1%. Devido às altas recentes no mercado, não há dúvida de que a alocação elevada a ativos mais estáveis provavelmente fez com que alguns HNWIs perdessem oportunidades de valorização de seu patrimônio. Contudo, frequentemente essa é uma decisão consciente, já que alguns HNWIs de bom grado abrem mão do retorno em troca da segurança do capital. Com a estabilização da economia global e a expansão dos mercados, os HNWIs em busca de valorização terão a possibilidade de destinar uma parcela maior de seu patrimônio a usos mais produtivos. Os investimentos alternativos responderam por cerca de apenas 10% das aplicações totais dos HNWIs e, nessa categoria, os produtos estruturados e os investimentos em private equity gozaram da mesma preferência. Os HNWIs norte-americanos detiveram o maior volume de produtos estruturados (27,2%). Nas economias emergentes, particularmente na Ásia-Pacífico, as moedas estrangeiras atraíram uma proporção relativamente maior dos recursos destinados a investimentos alternativos. Os HNWIs procuraram, acima de tudo, investir perto de casa. Exceto no Oriente Médio e na África (com aproximadamente 65% mantidos em seus próprios países), os HNWIs do resto do mundo aplicaram entre 74% e 80% de seu patrimônio em suas próprias regiões (ver Figura 13). Esse foco nos mercados locais e a quantidade elevada de HNWIs e patrimônio na América do Norte e na Ásia-Pacífico fizeram com que os maiores montantes de investimento fossem destinados a essas regiões (cerca de 30% em cada uma delas). FIGURA 13. Detalhamento Alocação geográfica do patrimônio HNWIspor porregião região, T1 2013 FIGURA 13. da alocação geográfica dos dos HNWIs (%) Alocação geográfica dos patrimônios dos HNWIs do mundo todo América Latina 6,1% Alocação geográfica dos patrimônios dos HNWIs da América do Norte Alocação geográfica dos patrimônios dos HNWIs da Ásia-Pacífico Oriente Médio e África 1,7% Oriente Médio e África 6,8% América Latina 2,5% Europa 8,0% América Latina 2,7% Ásia-Pacífico 7,4% Oriente Médio e África 4,1% Europa 6,7% Ásia-Pacífico 30,4% América do Norte 7,2% Europa 26,5% América do Norte 30,2% Ásia-Pacífico 79,2% América do Norte 80,3% Alocação geográfica dos patrimônios dos HNWIs da Europa Oriente Médio e África 5,2% Ásia-Pacífico América Latina 9,6% 3,4% América do Norte 7,5% Alocação geográfica dos patrimônios dos HNWIs da América Latina Alocação geográfica dos patrimônios dos HNWIs do Oriente Médio e África Oriente Médio e África Ásia-Pacífico 2,8% 5,1% América do Norte 10,8% Ásia-Pacífico 13,9% América do Norte 5,5% Europa 5,2% Europa 11,9% Europa 74,2% América Latina 76,1% Oriente Médio e África 65,2% América Latina 3,5% Obs.: Os valores nos gráficos estão arredondados e podem não totalizar exatamente 100% Fonte: Pesquisa Global HNW Insights 2013 da Capgemini, RBC Wealth Management e Scorpio Partnership RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013 17 O mercado de arte continua em recuperação, com forte valorização nos mercados emergentes Seja com vistas ao prazer pessoal ou objetivando puramente o retorno financeiro, os HNWIs continuam a ser atraídos para as obras de arte como forma de investimento. Embora tenham citado joias, pedras preciosas e relógios como as formas preferidas de investimentos de paixão (IP), com 31,6% de suas aplicações nessa área, as obras de arte continuam a ser um dos mais dinâmicos mercados de IP, tendo apresentado valorização substancial nos últimos anos, particularmente nos mercados emergentes (ver Figura 14). Agora, em uma retomada após a crise financeira, as obras de arte estão se transformando em um elemento significativo das carteiras dos HNWIs, respondendo por 16,9% da alocação a IP, o que as transforma na terceira categoria mais popular. Uma obra de arte cuidadosamente selecionada pode não apenas funcionar como proteção contra a inflação, mas também apresentar potencial de valorização acima da média no longo prazo, além de ter baixa correlação com as classes de ativos tradicionais. Estimulado pelas casas de leilão, o mercado de arte é dinâmico em comparação com outras categorias, caracterizadas pela transmissão por herança e por vendas particulares. Muitas casas de leilão informam que as vendas de obras de arte superam bastante as de outras categorias de IP. O aumento nas vendas está, em grande parte, sendo impulsionado pelo crescimento do patrimônio dos HNWIs de mercados emergentes. Segundo Lisa Dennison, Presidente da Sotheby’s para as Américas do Norte e do Sul, aproximadamente 20% das vendas de arte contemporânea são feitas por pessoas que estão adquirindo sua primeira obra e muitos desses novos compradores são de mercados emergentes como EAU, México, China e Brasil. Impulsionado pela recuperação continuada, o mercado global de arte está começando a se aproximar do pico atingido em 2007. Animada nos primeiros anos após a crise, a recuperação perdeu parte de seu ímpeto em 2012, devido a uma forte contração no mercado chinês, já que a China estava enfrentando um crescimento econômico mais lento; além disso, investigações das autoridades sobre o valor declarado pelos colecionadores nas importações de obras de arte também podem ter afetado o mercado. Outros segmentos do mercado apresentaram forte valorização em 2012, particularmente o de Mestres Antigos, que deu um salto quando os investidores mostraram interesse por sua suposta confiabilidade. As vendas de Mestres Antigos na Christie’s e na Sotheby’s, principais casas de leilões, aumentaram 56,5%.7 Nos últimos anos, a riqueza recém-criada nas economias emergentes trouxe novos participantes para o mercado global de obras de arte, estimulando também a alta de obras e artistas regionais na Ásia-Pacífico, América Latina e Oriente Médio. Confirmando o interesse crescente, as casas de leilão estão requerendo licenças para conduzir leilões em mercados emergentes. Recentemente, a Christie’s conseguiu uma licença 18 para operar na China e efetuará leilões em Xangai a partir deste outono.8 A criação de novos museus e galerias de arte no Oriente Médio, América Latina, Hong Kong e China também está colaborando para o desenvolvimento de uma infraestrutura internacional de arte e estimulando as vendas globais. O exame do comportamento dos compradores de obras de arte dos mercados emergentes revela interesses bastante diversificados. Na China, boa parte do crescimento do mercado de arte está vindo de novos HNWIs das províncias, que tendem a preferir a aquisição de obras culturais relacionadas à história chinesa. No Brasil, muitas galerias internacionais estão ajudando a sustentar o rápido crescimento do mercado de arte e o interesse dos HNWIs. Os EAU subiram rapidamente nos círculos artísticos graças, em grande parte, ao apoio de infraestrutura por parte das famílias reais, que se concentram não apenas em exibir obras globais em feiras e eventos, mas também em desenvolver a comunidade artística local. A aquisição de obras de arte pelos HNWIs da Índia, outro mercado emergente de destaque, ainda está em um estágio nascente e a alocação a esse tipo de aplicações ainda é pequeno em comparação com outras economias emergentes.9 O aumento das negociações de obras de arte também ajudou a catalisar o desenvolvimento de bolsas e fundos de investimento em arte, embora esses veículos ainda representem apenas uma pequena fração do mercado total, em parte por estarem fora do alcance da fiscalização regulamentar tradicional. O segmento de financiamento de obras de arte é mais desenvolvido nos EUA do que na Europa, devido à existência de um sistema de gravames no Código Comercial Uniforme (UCC, na sigla em inglês), que permite ao tomador manter a posse da obra enquanto o credor mantêm um direito real de garantia sobre ela10. A Europa continua a ser um mercado subdesenvolvido em termos de financiamento de obras de arte, em parte devido a um forte estigma cultural contra seu uso como garantia de empréstimos. Espera-se que o mercado de obras de arte continue forte, particularmente no segmento superior, onde a demanda supera bastante a oferta, não apenas pela raridade das obras-primas, mas também porque, frequentemente, seus proprietários não estão dispostos a vendê-las devido à dificuldade de encontrar ativos com características de retorno comparáveis. Em momentos de incerteza econômica, os investidores sofisticados têm uma preferência histórica por ativos “reais” e buscam obras de arte exemplares, de valor intrínseco elevado. Também é provável que a China, que, nos últimos anos, tem impulsionado o crescimento do mercado de obras de arte, desvie-se para o segmento superior, já que o desaquecimento econômico restringe a demanda aos compradores ultra-ricos. Com a valorização das obras de arte, um vento contrário para os preços poderia vir do planejamento de heranças. As pessoas podem procurar vender as obras herdadas devido aos tributos 7 “Outlook 2013,” Art Market Update, The Fine Art Fund Group, janeiro de 2013. 8 Burroughes, T., “A Sign Of Asia’s Growing Wealth - Christie’s Wins China License,” WealthBriefing Asia, abril de 2013. 9 L. Dennison, Sotheby’s Américas do Norte e do Sul (2013, março). Entrevista telefônica. 10 http://artvest.com/the-truth-about-art-financing-%E2%80%93-a-two-tier-system/, acessado em abril de 2013. RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013 CHAPTER NAME maior interesse por obras de arte como uma classe de investimentos alternativa, é provável que o setor precise dar atenção à crescente demanda por maior transparência e regulamentação. elevados frequentemente incidentes sobre seu valor de avaliação. Esse fenômeno pode fazer com que uma nova fonte de oferta, menos sensível aos preços, afete o mercado. Com o mercado passando por uma retomada, as vendas podem se tornar ainda mais atraentes para alguns herdeiros. Espera-se que a quantidade de fundos de arte venha a aumentar, particularmente nas economias em desenvolvimento, onde o conceito ainda está surgindo, sendo provável que a popularização das bolsas de artetoseja mais lenta.ofPara gerar FIGURE 14. HNWI Allocations Investments Passion (%) FIGURA 14. Alocações dos HNWIs a investimentos de paixão, T1 2013 (%) 100% 24,4% 80% 23,0% 15,4% 26,2% 11,8% 8,0% 60% 16,9% 40% 19,0% 20% 30,6% 4,7% 19,1% 15,2% 31,6% 30,3% Média global América do Norte 9,4% 12,2% 17,3% 16,8% 8,3% 17,7% 29,7% 16,2% 19,8% 10,6% 15,8% 19,6% 17,1% 7,3% 17,1% 23,6% Outros acervosa Investimentos esportivosb Obras de arte Artigos de luxoc 33,5% 30,8% 31,7% 34,2% 35,0% Ásia-Pacífico ex-Japão Japão Europa América Latina Oriente Médio e África Joias, pedras preciosas e relógios 0% Ásia-Pacífico a “Investimentos esportivos” representam equipes esportivas, embarcações, cavalos de corrida, etc. b “Outros acervos” representam moedas, vinhos, antiguidades, etc. c “Artigos de luxo” representam automóveis, barcos, jatos, etc. Obs.: Os valores nos gráficos estão arredondados e podem não totalizar exatamente 100% Fonte: Pesquisa Global HNW Insights 2013 da Capgemini, RBC Wealth Management e Scorpio Partnership Os HNWIs estão cada vez mais fazendo investimentos de propósito e buscando valorização Estamos observando um interesse crescente dos HNWIs e ultra-HNWIs em investimentos direcionados por missão – investimento por paixão e propósito – e não apenas pela valorização. Existe, por parte dos investidores e das principais empresas de todo o mundo, um foco crescente em efetuar mudanças positivas de forma financeiramente sustentável. Estamos vendo, também, novas tendências em filantropia, como o aumento da filantropia de risco e das “doações em vida”. HNWIs e empresas estão começando a avaliar o sucesso de forma totalmente nova. Com o aprimoramento do Relatório sobre a Riqueza Mundial, esperamos abordar de forma mais detalhada esses “investimentos de propósito”. RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013 19 CARACTERÍSTICAS DOS HNWIS DESTACAM NOVAS OPORTUNIDADE PARA AS GESTORAS DE PATRIMÔNIO As conclusões de nossa Pesquisa Global HNW Insights confirmam boa parte do entendimento tradicional das preferências e comportamentos dos HNWIs, com algumas exceções dignas de nota. Também constatamos diferenças demográficas e regionais interessantes entre os HNWIs. Em um mundo cada vez mais complexo, onde a qualidade dos gestores de patrimônios é a maior prioridade para esse tipo de clientes, tais gestores devem continuar a envidar esforços para compreender a evolução de suas expectativas e preferências. Ao se familiarizar com as preferências dos HNWIs, as empresas de gestão de patrimônio podem desenvolver estratégias para atender melhor às necessidades dessa clientela. Alguns destaques da Pesquisa Global HNW Insights 2013: O foco do HNWI na preservação do patrimônio é considerável em todo o mundo, mas existem diferenças regionais e os domiciliados em mercados emergentes estão mais voltados para sua valorização. A preferência por um único ponto de contato para aconselhamento e atendimento é bastante grande. Os HNWIs têm forte preferência por interagir com uma única empresa de gestão de patrimônio, bem como por um único ponto de contato em tal empresa. Mais HNWIs encaram suas necessidades de gestão de patrimônio como sendo “simples” (centradas em investimentos, disponibilidades e créditos) e não “complexas” (envolvendo relações familiares, participações societárias ou filantropia). Entretanto, mercados emergentes como a Ásia-Pacifico e o Oriente Médio contradizem essa tendência global, classificando suas necessidades como mais “complexas”, provavelmente um reflexo de elementos culturais e da forma como a riqueza é gerada nesses mercados. A demanda atual por canais digitais é forte no mundo todo, particularmente entre os HNWIs com idade inferior a 40 anos. Com o aumento do nível de conforto com os canais digitais, é apenas uma questão de “quando”, e não de “se”, a oferta de uma experiência digital de qualidade passará a ser um elemento essencial do relacionamento e da prestação de serviços. 20 RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013 As conclusões da pesquisa confirmam muitas perspectivas convencionais sobre os HNWIs, mas também identificam temas em evolução Estruturamos nossa Pesquisa Global HNW Insights em três partes distintas, a fim de permitir a identificação da gama completa de comportamentos e preferências que caracterizam os HNWIs em suas interações com gestores e empresas de gestão de patrimônio: »» Abordagem à gestão de patrimônio »» Relacionamento com o gestor de patrimônio »» Atendimento do gestor de patrimônio Na categoria “Abordagem à gestão de patrimônio”, analisamos como os HNWIs encaram suas necessidades: Elas são simples ou complexas? Elas envolvem questões familiares ou assessoria personalizada? Eles preferem tratar com várias empresas ou com apenas uma? Como eles avaliam o sucesso de seus investimentos? Finalmente, perguntamos aos HNWIs se eles diriam que estão mais inclinados para a preservação ou para a valorização do patrimônio. O segmento seguinte de nossa pesquisa, Relacionamento com o gestor de patrimônio, envolveu as preferências dos HNWIs em relação aos aspectos amplos de seus relacionamentos de gestão de patrimônio, como a preferência por um único ponto de contato ou o trabalho com diversos especialistas, suas preferências em relação à orientação profissional em investimentos e sua percepção dos produtos do próprio gestor. A parte final de nossa pesquisa, Atendimento do gestor de patrimônio, estudou as preferências dos HNWI em suas interações rotineiras com os gestores de patrimônio, como a forma de recebimento de relatórios ou de comunicação com seus consultores patrimoniais. A PRIMEIRA PESQUISA GLOBAL HNW INSIGHTS DEFINE O PADRÃO DO SETOR PARA A COMPREENSÃO DAS PREFERÊNCIAS DOS HNWIS Nossa pesquisa constatou que, no 1º trimestre de 2013, os HNWIs consideravam segurança e gestão de riscos extremamente importantes, com mais pesquisados informando atenção à preservação do patrimônio (32,7%) do que a sua valorização (26,3%). A maioria dos HNWIs considera que suas necessidades de gestão de patrimônio são simples, envolvendo gestão de caixa, crédito e investimentos. Entretanto, cerca de um quarto deles descreve suas necessidades como mais complexas, envolvendo participações societárias, família ampliada ou atividades filantrópicas. Essa percepção foi ainda mais pronunciada em alguns mercados emergentes, onde o patrimônio tende a estar vinculado a participações societárias ou envolver a família ampliada. Apesar da amplitude e diversidade de suas posições, constatamos que, em termos globais, os HNWIs preferem negociar com uma única empresa de confiança (41,4%) a distribuir seus ativos entre várias delas (14,4%). Essa foi uma das conclusões mais surpreendentes da pesquisa, dada a percepção generalizada no setor de que os HNWIs estão satisfeitos em trabalhar com diversas empresas. Empresas de gestão de patrimônio com modelos de banco múltiplo, capazes de oferecer uma ampla gama de especialidades por meio de um processo perfeitamente integrado, provavelmente serão beneficiadas por essa tendência. Em conformidade com seu desejo de trabalhar com uma única empresa, os HNWIs também afirmaram preferir trabalhar com um único consultor patrimonial, responsável pelo relacionamento como um todo e com capacidade para coordená-lo dentro de toda a organização. Isso confirma uma conclusão do Spotlight on Enterprise Value de nosso WWR 2011,11 onde os gestores de patrimônio afirmaram acreditar que o acionador de valor mais importante (e menos utilizado) era “o aprimoramento da experiência do cliente por meio do consultor como Único Ponto de Contato (SPOC, na sigla em inglês) em toda a empresa”. Nossa análise de 2013 mostra que esse continua a ser o caso, e que talvez isso seja ainda mais necessário. Essa preferência é particularmente importante à luz da constatação de que o fator mais importante para os HNWIs é a qualidade de seu gestor de patrimônio. Os HNWIs também preferem avaliar o sucesso de sua carteira em termos absolutos, por meio do atingimento de metas financeiras e de vida, e não em termos relativos, como a comparação com um índice ou referencial de mercado. 11 No que tange às preferências de atendimento, nossa pesquisa concluiu que os HNWIs estão buscando níveis adicionais de conveniência, indo além dos tradicionais relacionamentos presenciais. Embora uma porcentagem maior de HNWIs (30,7%) ainda dê maior importância ao contato direto, cerca de um quarto deles (23,7%) afirma que as interações digitais são mais importantes. A região da Ásia-Pacífico (ex-Japão) destaca-se pelo desejo de interatividade digital, com 38,2% de seus HNWIs dando maior importância aos contatos digitais, em comparação com 23,8% que preferem o relacionamento direto. Em conformidade com seu crescente interesse pelos contatos digitais, mais HNWIs preferem obter relatórios em tempo real, a qualquer momento, a receber relatórios impressos em datas predefinidas. Entretanto, no segmento de maior patrimônio, onde as interações complexas são mais preponderantes, alguns HNWIs dão importância muito maior ao contato direto e pessoal. De forma geral, o movimento na direção do atendimento digital em tempo real ajudará os gestores de patrimônio a acompanhar melhor a evolução das necessidades dos HNWIs. Embora nossa Pesquisa Global HNW Insights confirme muitas das perspectivas convencionais sobre os HNWIs, surgiram diversos temas que apresentam uma visão mais matizada de seu comportamento e de suas preferências. Essas percepções relativas às atitudes dos HNWIs em relação à preservação do patrimônio, único ponto de contato, maior conveniência e acesso em tempo real por intermédio de canais digitais oferecem novas perspectivas sobre as expectativas dos HNWIs em relação ao relacionamento e atendimento de seu gestor de patrimônios (ver Figura 15). Nossa pesquisa também mostra que essas atitudes diferem segundo a região, faixa etária e nível de patrimônio, destacando ainda mais as oportunidades disponíveis para as organizações que contam com modelos de segmentação mais robustos. O que talvez seja surpreendente é que a pesquisa não mostrou diferenças importantes de atitude entre os sexos. “Relatório sobre a Riqueza Mundial”, Capgemini e Merrill Lynch, 2011. RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013 21 FIGURA 15. Comportamentos e preferências dos HNWIs, T1 2013 FIGURE 15. HNWI Behaviors and Preferences, Q1 2013 (%) (%) Abordagem preferida pelos HNWIs para gestão do patrimônio Necessidades simples Minhas necessidades patrimoniais são simples: desejo gerir meu caixa e crédito e a valorização de meus investimentos Necessidades complexas 42,1% 35,1% Minhas necessidades patrimoniais são complexas e podem abranger minha empresa, minha família ampliada ou filantropia 22,8% Empresa única Prefiro trabalhar com uma única empresa de gestão de patrimônios que possa atender a toda a gama de minhas necessidades financeiras Múltiplas empresas 41,4% 44,2% 14,4% Medição com base em referenciais financeiros Medição de objetivos financeiros e de vida Avalio o sucesso de minha carteira com base em meus objetivos financeiros e de vida (ou seja, em termos absolutos) Preservação do patrimônio Atualmente estou mais concentrado em preservar meu patrimônio Assessoramento para patrimônio pessoal Procuro conselhos e soluções para as necessidades de meu próprio patrimônio pessoal Prefiro trabalhar com várias empresas de gestão de patrimônios, cada uma com uma área específica de especialização que atenda minhas necessidades 35,0% 42,1% Avalio o sucesso de minha carteira comparando-a ao desempenho e aos referenciais do mercado financeiro (ou seja, em termos relativos) 22,9% 32,7% 41,0% 26,3% 32,2% 40,7% 27,1% Valorização do patrimônio Atualmente estou mais concentrado em ampliar meu patrimônio Assessoramento para patrimônio familiar Procuro conselhos e soluções para as necessidades patrimoniais de minha família ampliada Relacionamento preferido com o gestor de patrimônios Único ponto de contato Quero um único ponto de contato com um indivíduo que facilite todos os aspectos de meu relacionamento com a empresa Múltiplos especialistas 34,0% 42,4% 23,5% 33,9% 39,1% 26,9% Quero falar apenas com os vários especialistas da minha empresa de gestão de patrimônios que possam tratar de minhas necessidades específicas Investimentos auto-geridos Raramente busco aconselhamento financeiro profissional, pois prefiro tomar minhas próprias decisões Desconfortável com a preponderância de produtos próprios Sinto-me desconfortável quando as recomendações de meu gestor de patrimônios para atender a minhas necessidades são na maioria produtos próprios Assessoramento profissional 28,4% 43,8% Procuro receber conselhos profissionais e geralmente os sigo Confortável com a preponderância de produtos próprios 27,8% Sinto-me confortável que a linha de produtos próprios de meu gestor de patrimônio seja adequada para atender à maioria de minhas necessidades Serviço preferidos pelos HNWIs para gestão de patrimônios Relatórios em tempo real/a qualquer momento Para mim é importante poder verificar o desempenho de minhas poupanças e investimentos a qualquer momento Contato direto Em geral, o contato direto e pessoal é mais importante do que o contato digital (Internet, móvel, e-mail) 44,5% 35,6% 20,0% 30,7% 45,6% 23,7% 30,9% 43,1% 26,0% Comunicação abrangente Quero que meu gestor de patrimônios me mantenha plenamente informado sobre operações, oportunidades, eventos e notícias 47,2% Sem preferência forte Obs.: Os números dos gráficos foram arredondados e podem não totalizar exatamente 100%. Fonte: Pesquisa Global HNW Insights 2013 da Capgemini, RBC Wealth Management e Scorpio Partnership RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013 Contato digital Em geral, o contato digital (Internet, móvel, e-mail) é mais importante do que o contato direto e pessoal Quero que meu gestor de patrimônios filtre as comunicações para que eu receba apenas o que seja necessário Serviços personalizados 26,8% Forte preferência pelos parâmetros à esquerda 22 Para mim, é de suma importância receber relatórios impressos em momentos do ano predefinidos de comum acordo Comunicação filtrada Serviços padronizados Estou satisfeito com o nível padronizado de serviços que meu gestor de patrimônios oferece, desde que atendam a todas as minhas necessidades Relatórios programados 26,0% Para assegurar o atendimento a todas as minhas necessidades, prefiro pagar mais por um nível personalizado de atendimento pelo meu gestor de patrimônios Forte preferência pelos parâmetros à direita A PRIMEIRA PESQUISA GLOBAL HNW INSIGHTS DEFINE O PADRÃO DO SETOR PARA A COMPREENSÃO DAS PREFERÊNCIAS DOS HNWIS Os HNWIs como um todo mostram foco claro na preservação de patrimônio, embora busquem a valorização em alguns mercados emergentes HNWIs de todo o mundo continua a dar preferência aos instrumentos de preservação de capital, como disponibilidades e depósitos bancários (ver Figura 12 na Página 16). Apesar de 75,4% dos HNWIs estarem confiantes em sua capacidade de gerar riqueza ao longo do próximo ano, a preferência por uma abordagem geral mais conservadora é generalizada. Mais HNWIs citam foco na preservação do patrimônio (32,7%) do que na sua valorização (26,3%) (ver Figura 16). Essa tendência pela preservação do patrimônio é maior entre os HNWIs mais velhos e entre aqueles situados nos patamares mais elevados de patrimônio, já que 44,8% dos HNWIs que possuem US$ 20 milhões ou mais em ativos disponíveis para investimento e 34,8% daqueles com mais de 60 anos de idade estão voltados para esse objetivo. Também existem diferenças regionais, e os HNWIs dos mercados emergentes do Oriente Médio e da África estão mais voltados para a valorização do patrimônio. A maioria dos HNWIs japoneses não mostrou preferência destacada por preservação ou valorização do patrimônio, o que talvez reflita dúvidas sobre suas estratégias patrimoniais e leve a posições maiores em disponibilidades e depósitos, que totalizam 49,4%. Tradicionalmente, e motivados pelas práticas do setor, os HNWIs têm avaliado o sucesso de suas carteiras em bases relativas, usando parâmetros como o retorno de índices ou referenciais de mercado. Contudo, nossa pesquisa mostrou um afastamento desse indicador convencional. Os HNWIs estão agora mais inclinados a avaliar o sucesso de sua carteira em termos absolutos, tal como sua capacidade de ajudá-los a atingir suas metas pessoais financeiras e de vida, ter uma aposentadoria confortável, mandar um filho para a universidade ou comprar uma casa de veraneio. Agora 35% dos HNWIs preferem julgar suas carteiras usando tais indicadores absolutos, enquanto apenas 22,9% preferem empregar retornos referenciais relativos. As preferências de alocação de ativos também refletiram a atenção à preservação do patrimônio. Mesmo em face da forte valorização apresentada pelos mercados acionários nos últimos três anos – entre 2010 e 2012 o Índice MSCI World apresentou valorização anual de 6,9% – a maioria dos FIGURE 16. A mensuração do desempenho patrimonial em bases absolutas foi de particular importância para os HNWIs nos patamares mais elevados de patrimônio, onde 44,3% daqueles com mais de US$ 20 milhões preferem um indicador absoluto. É interessante notar que os HNWIs domiciliados em mercados maduros apresentaram probabilidade muito menor de usar um indicador absoluto do que seus pares em mercados emergentes. Focus on Wealth Growth vs. Wealth Preservation, Q1 2013 (%) FIGURA 16. Enfoque na valorização do patrimônio x preservação do patrimônio, T1 2013 (%) 100% 26,3% 27,7% 23,3% 15,3% 31,5% 37,7% 75% 42,4% Valorizadores de patrimônio 50% 41,0% 39,6% 44,2% 29,6% 60,4% 18,4% 24,9% Nenhuma preferência forte Preservadores de patrimônio 25% 32,7% 32,6% 32,5% Global América do Norte Europa 43,9% 38,9% 24,3% 32,7% 0% Ásia-Pacífico (ex-Japão) AsiaJapão Pacífico América Latina Oriente Médio (excl. Japón) e África Ásia-Pacífico Obs.: Pergunta em uma escala de 10 pontos: “Informe seu foco em valorização ou preservação do patrimônio.” “Preservadores de patrimônio” e “Valorizadores de patrimônio” correspondem à percentagens dos participantes que deram notas nos três pontos extremos da escala para preservação e valorização do patrimônio, respectivamente. “Nenhuma preferência forte” corresponde à porcentagem remanescente dos participantes, que atribuíram notas próximas ao ponto médio da escala. Os números do gráfico podem não totalizar 100 devido ao arredondamento. Fonte: Pesquisa Global HNW Insights 2013 da Capgemini, RBC Wealth Management e Scorpio Partnership RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013 23 Menos é mais – a preferência é por tratar com uma única empresa e ponto de contato Dada a amplitude e diversificação das posições dos HNWIs – de imóveis a ações, renda fixa e acervos – e a presença global de sua riqueza, muitos observadores poderiam esperar que eles buscassem interagir com diversas empresas e especialistas para ajudá-los a atingir seus objetivos patrimoniais. Entretanto, nossa pesquisa constatou que, na realidade, os HNWIs preferem interagir com uma única empresa e ponto de contato. Em comparação com 14,4% dos HNWIs que preferem negociar com diversas empresas, pouco mais de 41% preferem tratar com apenas uma que seja capaz de atender a todas as suas necessidades financeiras (ver Figura 17). Apesar dessa constatação, parcelas substanciais da população de HNWIs, particularmente nas faixas de patrimônio mais elevado e em mercados emergentes, mantêm relacionamento com diversas empresas de gestão de patrimônio. É provável que isso ocorra devido ao fato de que, frequentemente, empresas isoladas, sobretudo as locais e de menor porte, não têm capacidade de atender às diversas necessidades de um HNWI. Além disso, é provável que os HNWIs reconheçam o valor potencial de receber pontos de vista diferentes de várias empresas e consultores. Segundo as conclusões de nossa pesquisa, os HNWIs parecem apresentar uma probabilidade bastante grande de consolidar seus negócios com uma única empresa, desde que ela possa atender completamente a suas necessidades, bem como minimizar a carga burocrática envolvida na transferência de contas. O desejo de trabalhar com uma única empresa é compreensível à luz da crescente complexidade de gerir múltiplas carteiras, entender as exposições globais ao risco e acompanhar o desempenho em diversas organizações. Uma quantidade crescente de regulamentos relativos a clientes e inteligência de risco, inclusive de prevenção da lavagem de dinheiro (AML) e de informações sobre o cliente (KYC), complicam ainda mais o processo de tratar com várias empresas. Em linha com a preferência por trabalhar com uma única empresa, 34,0% desejam um único ponto de contato na empresa para tratar de todos os aspectos do relacionamento, em comparação com 23,5% que preferem interagir com diversos especialistas. Essa preferência é particularmente grande na América do Norte, onde mais da metade dos HNWIs prefere uma única empresa (52,8%) e um único ponto de contato (50,9%). Entre os HNWIs pesquisados no patamar mais elevado de patrimônio (acima de US$20 milhões em ativos disponíveis para investimento12), predominou a preferência por trabalhar com uma única empresa (59,7%), enquanto aqueles mais idosos (60 anos ou mais) também preferem um único ponto de contato (48,0%). A preferência dos HNWIs por manter relacionamento com uma única empresa e ponto de contato exigirá que eles entendam perfeitamente as propostas de valor dos diversos concorrentes do setor de gestão de patrimônio antes de identificar o mais capacitado a atender a suas necessidades. Provavelmente os HNWIs gravitarão na direção das empresas que tenham modelos bancários integrados, permitindo tirar proveito de um amplo leque de produtos e serviços complementares. A mobilização de FIGURA 17. Disposição dos HNWIs para trabalhar com uma única empresa x múltiplas empresas e preferência por HNWI to Workx múltiplos especialistas, T1 2013 único Willingness ponto de contato FIGURE 17. (% Respondents) (%) Empresa única 41,4% Múltiplas empresas Global 53,1% América Latina 52,8% América do Norte Ásia-Pacífico (ex-Japão) 49,2% 14,4% 19,6% 11,8% 16,6% Oriente Médio e África 43,2% 35,4% Europa 19,0% Japão Único ponto de contato 21,9% 18,1% 6,9% 34,0% Múltiplos especialistas 23,5% Global 35,8% 37,0% América Latina América do Norte 50,9% 23,7% 18,7% Ásia-Pacífico (ex-Japão) 40,1% Oriente Médio e África 35,7% 30,6% 15,8% 28,4% 21,6% Europa Japão 15,8% Obs.: Pergunta em uma escala de 10 pontos: Informe se prefere trabalhar com diversas empresas de gestão de patrimônio (cada uma com uma área de especialização específica que atende suas necessidades) ou com uma única empresa (que atenda a todas as suas necessidades financeiras). Informe se prefere tratar com um único ponto de contato (que cuide de todos os aspectos de seu relacionamento com a empresa) ou com vários especialistas de sua empresa de gestão de patrimônio (que possam cuidar de suas necessidades específicas). Como pedimos preferências em uma escala de 10 pontos, com duas extremidades, os números no gráfico acima indicam a porcentagem dos participantes que atribuíram as três maiores notas em cada um dos extremos. Fonte: Pesquisa Global HNW Insights 2013 da Capgemini, RBC Wealth Management e Scorpio Partnership 12 24 Para fins da pesquisa, usamos o patamar de US$ 20 milhões ou mais em ativos financeiros como a faixa de patrimônio mais elevada. O patamar para a classificação como ultra-HNWI continua a ser de US$ 30 milhões. Para fins de análise, a faixa superior da pesquisa funciona como uma aproximação razoável. RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013 A PRIMEIRA PESQUISA GLOBAL HNW INSIGHTS DEFINE O PADRÃO DO SETOR PARA A COMPREENSÃO DAS PREFERÊNCIAS DOS HNWIS equipes de consultoria com vários especialistas, mantendo um gestor de patrimônio como único ponto de contato, é uma abordagem que pode ser usada para capturar parte desse potencial. Esse único ponto de contato (participante de uma equipe de especialistas de toda a empresa) foi identificado como uma exigência essencial para o setor em nosso Relatório sobre a Riqueza Mundial de 2011.13 Consequentemente, os gestores de patrimônio que contem com amplitude e profundidade de especialização se tornarão cada vez mais valiosos. Os HNWIs também ofereceram uma nova perspectiva sobre o popular conceito de “arquitetura aberta”.14 Há anos, muitos gestores de patrimônio vêm abandonando a prática de oferecer apenas produtos próprios, passando a agregar soluções desenvolvidas e administradas por terceiros dentro da assim chamada estrutura de arquitetura aberta. Essa abertura permite que as empresas ofereçam as melhores soluções para atender às necessidades de seus clientes, independentemente de tais soluções serem ou não parte da linha de produtos da organização. essa constatação sugere que a maioria dos HNWIs tem confiança elevada na capacidade de suas empresas de gestão de patrimônio para oferecer os produtos mais adequados a suas necessidades e objetivos pessoais, independentemente da combinação de soluções próprias e de terceiros. Os HNWIs consideram suas necessidades financeiras como simples e pessoais Tradicionalmente, considera-se que os HNWIs têm necessidades complexas de gestão de patrimônio. Ainda assim, nossa pesquisa constatou que 42,1% dos HNWIs de todo o mundo definem suas necessidades patrimoniais como simples, envolvendo a gestão de caixa e crédito e a valorização de seus investimentos. Cerca de um quarto deles (22,8%) afirmou que suas necessidades são mais complicadas, abrangendo participações societárias, família ampliada ou atividades filantrópicas (ver Figura 18). Contudo, um exame por região revela diferenças importantes na percepção dos HNWIs sobre suas necessidades financeiras em mercados emergentes e maduros. Os HNWIs em mercados Nossa pesquisa constatou que os HNWIs estão igualmente emergentes da América Latina, Oriente Médio e África e Ásia-Pacífico divididos em termos de seu nível de conforto com a maioria dos (com exclusão do Japão) apresentam taxas mais elevadas de produtos próprios oferecidos, sendo que cerca de 28% sentiam-se participações societárias maior preocupação com a família confortáveis com a oferta preponderante de produtos próprios, ampliada no planejamento patrimonial e alocações mais elevadas a enquanto uma porcentagem igual não se sentia à vontade com imóveis e investimentos alternativos, inclusive instrumentos isso. A América do Norte se destacou como exceção. Lá, 43,4% cambiais (ver Página 16). Como resultado, 41,3% dos HNWIs em dos HNWIs expressaram um nível elevado de conforto com mercados emergentes descrevem suas necessidades de gestão de produtos próprios, enquanto que apenas 19,8% afirmaram patrimônio como mais complexas, em comparação com apenas sentirem-se desconfortáveis quando são recomendados 18,0% nos mercados desenvolvidos. FIGURE 18. Nature of HNWI Wealth Needs by Markets principalmente produtos da própria instituição. De forma geral, (%) FIGURA 18. Natureza das necessidades patrimoniais dos HNWIs por mercado, T1 2013 (%) 100% 18,0% 23,0% 41,3% 75% Necessidades complexas 37,9% 35,1% 50% 25% 0% Nenhuma preferência forte 25,6% 44,1% 42,1% Global Necessidades simples 33,1% Mercados Mercados desenvolvidos emergentes Obs.: Pergunta em uma escala de 10 pontos: Informe se suas necessidades patrimoniais são simples (gestão de caixa e crédito e valorização de seus investimentos) ou complexas (incluindo participações societárias, família estendida ou filantropia). “Necessidades simples” / “Necessidades complexas” correspondem à porcentagem dos participantes que deram notas nos três pontos extremos da escala para necessidades simples ou necessidades complexas, respectivamente. “Nenhuma preferência forte” corresponde à porcentagem remanescente dos participantes, que atribuíram notas próximas ao ponto médio da escala. Mercados emergentes incluem Brasil, China, Hong Kong, Cingapura, Índia, México, África do Sul e EAU, enquanto os demais países fazem parte dos mercados desenvolvidos. Os números do gráfico podem não totalizar 100 devido ao arredondamento. Fonte: Pesquisa Global HNW Insights 2013 da Capgemini, RBC Wealth Management e Scorpio Partnership 13 “Relatório sobre a Riqueza Mundial”, Capgemini e Merrill Lynch, 2011. 14 Arquitetura aberta é a prática de oferecer produtos de alta qualidade, quer sejam administrados internamente ou por gestores externos, para assegurar que os clientes disponham dos produtos mais adequados a eles sem que haja qualquer conflito de interesses. RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013 25 Também existem diferenças regionais em relação à tendência de buscar aconselhamento sobre patrimônio pessoal x familiar. Os HNWIs da América do Norte afirmaram estar mais voltados para suas necessidades de patrimônio individual (46,1%), enquanto os de mercados emergentes estão mais propensos a buscar aconselhamento sobre o patrimônio familiar. Com efeito, a preferência de 61,3% dos HNWIs latino-americanos por aconselhamento sobre patrimônio familiar é mais do que o dobro da média global. Os HNWIs não mostraram qualquer preferência clara por receber serviços personalizados em contraposição a serviços padronizados. A quantidade de HNWIs que afirmaram estar satisfeitos com serviços padronizados é praticamente a mesma que a daqueles que disseram estar dispostos a pagar mais por serviços personalizados. Vale notar que aqui também surgiram diferenças regionais, com os HNWIs de mercados emergentes, particularmente na Ásia-Pacífico, indicando a disposição de pagar mais por serviços personalizados, talvez porque suas necessidades sejam mais complexas e abranjam negócios, família ampliada e filantropia. Em termos globais, 50,4% dos HNWIs que descreveram suas necessidades como complexas declararam estar confortáveis pagando mais por serviços personalizados, em comparação com apenas 26,0% do universo total. O foco na valorização surgiu como fator determinante para que os HNWIs decidam procurar consultoria profissional ou prefiram administrar eles próprios seu patrimônio. Dos HNWIs voltados para a valorização do patrimônio, quase 59% preferem buscar alguma orientação profissional, em comparação com 44,3% do universo total. Em termos de forte preferência, cerca de um terço dos HNWIs (33,9%) informaram que raramente procuram aconselhamento profissional e preferem tomar suas próprias decisões de investimento, enquanto 26,9% mostraram preferência por receber esse tipo de orientação. Demanda por canais digitais é maior do que a prevista A Pesquisa Global HNW Insights também indicou uma possível mudança em relação à crença tradicional de que, de forma geral, os HNWIs esperam e dão maior importância às interações pessoais. Embora mais HNWIs tenham indicado o contato direto como mais importante (30,7%), a relevância do contato digital é maior do que o previsto, com 23,7% do total de entrevistados dando mais importância aos canais digitais do que ao contato direto. Não chega a ser surpreendente que os HNWIs mais jovens tenham indicado uma maior importância na interação com seus gestores de patrimônio por meio de conexões digitais (ver Figura 19). Com a grande proliferação de dispositivos móveis e conectados à Internet em todo o mundo, conclui-se que as conexões digitais farão incursões na gestão de patrimônio, principalmente entre os grupos mais jovens. Em nível global, 29,1% dos participantes com menos de 40 anos preferem o contato digital, enquanto apenas 20,2% deles preferem contato 26 RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013 direto. A importância do contato digital foi mais destacada nos mercados emergentes, particularmente na Ásia-Pacífico (ex-Japão), onde 38,2% dos HNWIs consideravam o contato digital mais importante, em comparação com 23,8% que dão prioridade ao contato direto. Entretanto, o contato direto continua a ser mais importante que o digital em outras regiões e entre os HNWIs mais velhos e os de maior patrimônio. Considerando a pequena diferença atual de preferência entre contato direto e digital e o aumento da quantidade de HNWIs mais jovens nos mercados emergentes, é provável que seja apenas uma questão de tempo para que a importância do contato digital supere a do contato direto em alguns segmentos. Entretanto, o contato direto continua a desempenhar um papel essencial, criando um imperativo para que as empresas e gestores de patrimônios proporcionem uma experiência integrada aos HNWIs por meio de canais diretos e digitais para assegurar um nível elevado de satisfação entre seus clientes. O movimento digital alinha-se com o desejo de muitos HNWIs de gerir pessoalmente uma parcela de seu patrimônio, já que as conexões digitais proporcionam melhor acesso e controle sobre investimentos e informações da conta. Dos HNWIs que desejam gerir eles próprios seus ativos, quase 45% preferem o contato digital para atividades como fazer investimentos, monitorar carteiras e obter relatórios de pesquisa de investimentos. A tendência digital também se alinha com a clara preferência por relatórios em tempo real, em contraposição aos enviados em datas programadas. Em termos globais, 44,5% dos HNWIs preferem os relatórios em tempo real, em comparação com 20,0% que dão preferência aos emitidos de forma programada. Essas conclusões mostram que as exigências dos HNWIs continuam a evoluir ao longo do tempo. Embora a qualidade do gestor de patrimônio continue a ser a faceta mais importante do relacionamento, outros fatores, como canais digitais e relatórios em tempo real, ganharão cada vez mais importância. Identificadas diferenças entre os HNWIs de mercados desenvolvidos e emergentes Devido às diferenças culturais e ao fato de que as diversas regiões geográficas estão em estágios diferentes do ciclo de geração de riqueza, foram identificadas distinções importantes nas preferências dos HNWIs de mercados desenvolvidos e emergentes. Embora existam diversas diferenças regionais (algumas das quais discutidas anteriormente), as principais para os HNWIs de mercados emergentes são: »» Foco mais claro na valorização ou na preservação do patrimônio em comparação com os mercados desenvolvidos (exceto no Oriente Médio e na África), com poucos HNWIs indicando forte preferência por uma estratégia específica; »» Preferência pelo acesso a diversos especialistas, maior probabilidade de buscar aconselhamento sobre patrimônio familiar e avaliação de suas necessidades como relativamente mais complexas; A PRIMEIRA PESQUISA GLOBAL HNW INSIGHTS DEFINE O PADRÃO DO SETOR PARA A COMPREENSÃO DAS PREFERÊNCIAS DOS HNWIS FIGURE 19. HNWI Preference for Direct Contact direto vs. Digital Contact by Age 2013T1 2013 FIGURA 19. Preferência dos HNWIs por contato x contato digital, porBand, faixa Q1 etária, (% Respondents) (%) Contato direto Contato digital 23,7% Global 20,2% 24,0% 32,0% 38,2% Menos de 40 anos de idade De 40 a 49 anos de idade 29,1% 24,8% De 50 a 59 anos de idade 22,9% 60 anos de idade ou mais 21,7% Obs.: Pergunta em uma escala de 10 pontos: Informe se considera mais importante o contato direto e pessoal ou o contato digital (Internet, celular, e-mail). Como pedimos preferências em uma escala de 10 pontos, com duas extremidades, os números no gráfico acima indicam a porcentagem dos participantes que atribuíram as três maiores notas em cada um dos extremos. Fonte: Pesquisa Global HNW Insights 2013 da Capgemini, RBC Wealth Management e Scorpio Partnership. »» Maior importância ao contato digital em oposição ao contato pessoal direto com os gestores de patrimônio. Entretanto, os HNWIs de mercados desenvolvidos mostraram: »» Maior atenção à preservação do patrimônio, e não a sua valorização, embora uma porcentagem elevada deles não tenha preferência clara por uma estratégia específica; »» Forte preferência pelo relacionamento com uma única empresa e um único ponto de contato, particularmente na América do Norte. Essa preferência é compatível com a percepção de que suas necessidades são, de forma geral, mais simples e voltadas para o patrimônio pessoal. Esses exemplos de diferenças entre HNWIs de mercados desenvolvidos e emergentes indica que as empresas de gestão de patrimônio precisam adaptar sua abordagem às diferentes necessidades e expectativas de sua clientela global. Por exemplo, as empresas que atendem HNWIs de mercados emergentes podem precisar aprimorar seus modelos integrados e o treinamento de seus gestores de patrimônio pessoal para atender às necessidades relativamente mais complexas daqueles clientes. Nesses mercados, as empresas precisarão também personalizar a forma como avaliam e informam o desempenho das carteiras dos HNWIs e ajudá-los a identificar e atingir seus objetivos financeiros pessoais, particularmente nas faixas de patrimônio mais elevado, onde existe uma forte preferência por avaliar o sucesso da carteira em termos absolutos. Com a grande demanda dos HNWIs por canais digitais, e com um terço deles preferindo supervisionar seus próprios investimentos, as empresas de gestão de patrimônio precisarão também definir uma estratégia de atendimento que inclua diversos canais. Oferecendo uma experiência perfeitamente integrada nos diversos canais, as empresas estarão se preparando para ampliar e aprofundar seu relacionamento com os HNWIs. Mais importante, dada a diversidade das expectativas e padrões comportamentais dos HNWIs, as empresas de gestão de patrimônio terão de entender as nuances relacionadas à sua faixa etária, região, sexo, apetite pelo risco e origem do patrimônio e desenvolver estratégias destinadas a atender às necessidades e expectativas de sua clientela global. RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013 27 A complexidade da regulamentação está mudando a dinâmica das empresas e clientes no setor de gestão de patrimônio Na esteira da crise financeira, os organismos de regulamentação têm estado mais ativos do que nunca, conduzindo um período sem precedentes de alterações regulamentares. O novo ambiente tem o potencial de gerar mudanças positivas significativas para os investidores em áreas como transparência, competência do gestor de patrimônios e relatórios mais uniformes e tempestivos. Embora destinado a proteger o setor e os investidores, esse pico no volume e na velocidade da regulamentação teve a consequência imprevista de ser bastante tumultuante, afetando significativamente os modelos de negócios existentes e criando desafios para que as empresas forneçam uma experiência positiva para seus clientes. As reformas abrangem áreas amplas do negócio de serviços financeiros, afetando particularmente o setor de gestão de patrimônio, e têm implicações importantes para a forma como os gestores de patrimônio engajam e atendem aos clientes. 28 Os efeitos da alteração da regulamentação sobre o setor de gestão de patrimônio são amplos: O volume e o ritmo das alterações regulamentares representam o maior desafio enfrentado pelas gestoras de patrimônio, gerando novos custos e aumentando os já existentes para a conformidade e a não conformidade, além de restringir o fornecimento de uma experiência integrada aos clientes. A complexidade crescente dos regulamentos está levando a mudanças significativas dentro do setor, inclusive a consolidação, evolução das propostas de valor e níveis de atendimento para clientes HNW e a necessidade de que as empresas adaptem suas estratégias devido à maior assimetria entre os regulamentos regionais. De forma geral, as empresas estão fazendo os investimentos táticos necessários em diversas áreas para superar as dificuldades regulamentares; contudo, existem oportunidades para que elas criem mais valor transformacional e incremental usando a conformidade como catalisador. Clientes e regulamentadores também têm um papel importante a desempenhar na evolução, principalmente por meio de um maior diálogo colaborativo por parte dos organismos de regulamentação e um melhor entendimento por parte dos clientes de sua responsabilidade de fornecer as informações relativas à conformidade, trabalhando em conjunto com seus consultores e empresas de gestão de patrimônio de confiança. O ESCOPO INTIMIDADOR DAS MUDANÇAS REGULAMENTARES É O MAIOR DESAFIO DO SETOR Os principais temas envolvidos nas recentes intervenções regulamentares são: Uma das principais consequências da crise financeira foi um movimento global para ampliar e aprimorar os regulamentos destinados a proteger o sistema bancário e as pessoas que dele participam. Potencializada pela pressão sísmica sobre o sistema financeiro global observada nos últimos anos, a evolução do ambiente regulamentar representa o maior desafio enfrentado pelas empresas de gestão de patrimônio. Proteção dos clientes RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013 Prevenção de crimes financeiros Transparência Estabilidade do mercado Conformidade tributária e divulgação de informações A COMPLEXIDADE DA REGULAMENTAÇÃO ESTÁ MUDANDO A DINÂMICA DAS EMPRESAS E CLIENTES NO SETOR DE GESTÃO DE PATRIMÔNIO Os problemas generalizados criados pela crise estimularam os organismos de regulamentação em todo o mundo a impor regras mais abrangentes, que abordam um amplo conjunto de problemas e aumentam consideravelmente o grande elenco de normas já em vigor (ver o Anexo B na Página 44). Muitas das determinações que afetam as gestoras de patrimônio são voltadas para a proteção dos clientes, com novas diretrizes para a adequação do aconselhamento oferecido pelas empresas e detalhes de suas interações com eles, como a forma como os gestores de patrimônio oferecem produtos, executam operações e se apresentam aos clientes. Os regulamentadores também ampliaram as obrigações existentes em relação à prevenção da lavagem de dinheiro (AML) e informações sobre o cliente (KYC) em uma tentativa de conter os crimes financeiros e evitar a evasão tributária. Outros regulamentos estão voltados para questões de alto nível, como a estabilidade dos mercados e a segurança do sistema financeiro global. Na Europa os temas da estabilidade financeira e da proteção aos investidores culminaram em medidas regulamentares adicionais, como a Diretriz sobre Mercados de Instrumentos Financeiros (MiFID II). A MiFID II aprimora a proteção aos clientes e busca reduzir o risco sistêmico por meio de iniciativas como a definição clara de poderes para os organismos nacionais de regulamentação para proteger os clientes de produtos inadequados e a maior transparência em uma gama mais ampla de instrumentos e mercados. De forma similar, o complemento à Diretriz Europeia sobre Gestores de Fundos de Investimentos Alternativos (AIFMD Nível 2) determina procedimentos mais favoráveis aos investidores, como relatórios mais detalhados, níveis mais elevados de due diligence e desenvolvimento de uma política de conflito de interesses. Uma das novas regras mais recentes que afetam as empresas do Reino Unido é a Revisão de Distribuição de Varejo (RDR), que determina a desagregação de tarifas, requisitos adicionais de transparência e níveis mínimos de competência para os gestores de patrimônio. Além disso, as autoridades regulamentadoras dividiram as responsabilidades da antiga Autoridade de Serviços Financeiros (Financial Services Authority – FSA) com o objetivo de criar um regime regulamentar mais reativo. A nova Autoridade de Conduta Financeira (Financial Conduct Authority – FCA) tem a atribuição de proteger os clientes e, para tanto, recebeu amplos poderes para regulamentar como as empresas podem comercializar produtos financeiros. Por sua vez, a nova Autoridade de Regulamentação Preventiva (Prudential Regulation Authority – PRA) busca preservar a estabilidade financeira por meio do monitoramento dos riscos enfrentados pelo sistema financeiro. Nos Estados Unidos, a ambiciosa Lei Dodd-Frank de Reforma de Wall Street e Proteção ao Consumidor (Dodd-Frank) não tem precedentes em termos de alcance e escopo. A Dodd-Frank inclui um volume estonteante de mudanças, abrangendo todos os aspectos dos mercados financeiros dos EUA, da proteção ao consumidor à estabilidade financeira, da regulamentação de fundos privados às operações por conta própria e de derivativos à governança corporativa. A legislação abrangente levou à criação de diversas entidades de regulamentação, inclusive um conselho para acompanhar o risco sistêmico, uma autoridade para liquidações, um regime para supervisão dos fundos privados, uma arquitetura para regulamentar os derivativos negociados no mercado de balcão (OTC) e um departamento com amplos poderes de fiscalização e definição de normas para a proteção dos interesses financeiros dos consumidores. Além disso, em uma tentativa de combater a evasão tributária, em 2012 o governo dos EUA promulgou a Lei de Conformidade Tributária de Contas no Exterior (FATCA), que exige que as pessoas físicas declarem contas no exterior e que as instituições financeiras estrangeiras informem à receita federal dos EUA (IRS) detalhes sobre as contas de seus clientes norte-americanos. A FATCA deverá aumentar os custos relativos à identificação e verificação dos clientes norte-americanos e à conformidade com os pedidos de informações adicionais por parte das autoridades. Dados os custos e dificuldades substanciais previstos, diversas empresas decidiram limitar ou interromper o atendimento a clientes dos EUA, levando a menos opções de gestores de patrimônio para os cidadãos norte-americanos. Muitas empresas europeias poderão ter de enfrentar regulamentos locais inspirados na FATCA, o que levaria ao aumento dos custos de due diligence, relatórios e documentação. Embora a Ásia-Pacífico tenha sido menos afetada pela crise financeira do que outras regiões, os reguladores de vários de seus mercados aceleraram o processo de transformação regulamentar. Na Austrália, o pacote do Futuro da Consultoria Financeira (Future of Financial Advice – FOFA) aborda questões de remuneração e inclui diversas reformas para proteção dos consumidores, como a exigência de que os gestores de patrimônio atuem no melhor interesse de seus clientes (por meio do componente de “dever de melhor interesse” da legislação) e que as empresas informem suas tarifas nas demonstrações financeiras anuais. Nos últimos anos, a Autoridade Monetária de Cingapura (MAS) apresentou uma série de propostas visando compatibilizar os padrões de seu setor de gestão de patrimônio com os dos mercados mais maduros. Por exemplo, foi criado um código de conduta para private banking (Código PB) visando aprimorar o nível de competência dos profissionais do setor e fomentar padrões mais elevados. A MAS firmou acordos tributários da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) com diversos países para a troca de informações sobre possíveis sonegadores, no interesse de manter uma reputação sólida e atrair mais clientes offshore. Além disso, em linha com as recomendações de 2012 da Força Tarefa para Ações Financeiras (Financial Action Task Force – FATF), o MAS implementará alterações na legislação pertinente para, a partir de 1º de julho de 2013, tipificar a lavagem do produto de sonegação tributária como crime de lavagem de dinheiro. RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013 29 Além da expansão desmesurada do escopo da regulamentação, as instituições enfrentam pressão adicional devido à falta de clareza de alguns regulamentos, prazos curtos para implementação e a mera quantidade de normas que estão sendo alteradas ou introduzidas, tudo isso enquanto tentam limitar o incômodo para os clientes. Muitos dos regulamentos mais novos já estão sendo implementados ou terão seu maior impacto em 2013 ou logo após (ver Figura 20). Simultaneamente, diversas disposições regulamentares ainda não foram finalizadas, apesar dos prazos finais estarem se aproximando ou até mesmo já terem sido ultrapassados. Por exemplo, nos EUA, em abril de 2013 as autoridades de regulamentação já haviam descumprido mais de 60% dos prazos definidos na Lei Dodd-Frank para a definição de regras, fazendo com que seja difícil entender, avaliar e planejar as mudanças.15 Para as gestoras de patrimônio globais, o volume e o ritmo das alterações regulamentares criaram dificuldades significativas para manter a conformidade em negócios diversificados. As instituições estão encontrando dificuldades para formular uma reação eficiente e coordenada entre todas as jurisdições e, ao mesmo tempo, manter os elevados padrões de atendimento exigidos em um setor onde as empresas se diferenciam por meio da experiência do cliente. As diferenças de regulamentação entre as várias regiões aumentam a complexidade de manter a conformidade, comprometendo a capacidade das empresas para oferecer aos clientes uma experiência homogênea em todo o mundo, particularmente para a parcela significativa dos clientes HNW e Ultra-HNW com necessidades e investimentos internacionais. FIGURA 20. Sequência de períodos de maior impacto regulamentar Origem do regulamento Antes de 2013 Atual (2013) Depois de 2013 (próximos cinco anos) Conheça seu cliente os dut ve e In d sd ote Pac arejo V de do a EUA da Co Futuro Re gra Vo nsulto lck er ria Fin dF Le i Do d Tr Reino Unido anceir ran k m en to at a Re vis ão Ju sto de Di st rib ui çã União Europeia os nd Fu s e o d iv res nat sto ter Ge os Al s o ent iz d etr stim Dir Inve de Le Tr i de no ibutá Con Ex ria for ter de mid ior C ad on e tas o ent stim ro eP ento stim nve I e d mos Valores anis Org tivo em , V I.I IV s sI Cole iliários do eiro a b c c o r n M Me Fina re ob ntos s e z i etr rum da Dir Inst to do u de en ra pe u lam rut uro gu st E Re frae ado In erc M o de Va sC re jo lie nt es Global BASILEIA III dade nais de Contabili Normas Internacio ão rganizaç re da O s offsho nvolvimento o ri tá u s trib ese Tratado ão e o D ooperaç para a C o ic iro Econôm dinhe m de vage la à bate Com Outro (Austrália) Obs.: A figura, que abrange regulamentações específicas de grande escala, apresenta uma sequência ilustrativa de períodos de maior impacto regulamentar para seu cumprimento pelas empresas. Por exemplo, as ações da FATCA estão em curso desde 2010, mas o maior impacto sobre empresas começou em 2013 e deverá continuar nos próximos anos; existem várias regulamentações locais que afetam o setor de gestão de patrimônios e que não estão relacionadas aqui, como a ‘Diretiva referente a abuso de mercados’ (MAD) em alguns países europeus Fonte: Análise da Capgemini, 2013; entrevistas com executivos para o WWR, 2013; www.fsa.uk; www.wsj.com 15 30 “Dodd-Frank Progress Report,” DavisPolk, abril de 2013. RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013 A COMPLEXIDADE DA REGULAMENTAÇÃO ESTÁ MUDANDO A DINÂMICA DAS EMPRESAS E CLIENTES NO SETOR DE GESTÃO DE PATRIMÔNIO Os custos de conformidade e da não conformidade estão aumentando Para as gestoras de patrimônio que já estão se debatendo para compatibilizar os níveis pós-crise de ativos sob gestão, ainda deprimidos, com os custos crescentes, o aumento da carga regulamentar representa um desafio substancial. Embora estejam se nivelando, os índices de custo sobre receita vêm aumentando, tendo saltado de 63,7% em 2007 para 80,0% em 2011.16 Embora a composição mais conservadora das carteiras dos clientes tenha sido um dos fatores determinantes desse aumento no lado da receita, um impulsionador importante foi o aumento de custos decorrentes do fluxo progressivo de despesas relativas à conformidade com a regulamentação, que podem assumir várias formas (ver Figura 21). A simples obediência às normas tornou-se mais complicada e mais cara. Manter a conformidade envolve agora um volume significativo do tempo de muitas pessoas e departamentos, em todos os níveis, para acompanhar e entender a evolução das regras, realinhar as políticas e procedimentos, modernizar plataformas e tecnologias e implementar planos, treinar funcionários e documentar a conformidade e preparar os relatórios correspondentes. Apesar de apontado como um dos principais vetores de custo por empresas de todo o mundo, a maioria tem dificuldade em quantificar o impacto financeiro total do novo ambiente regulamentar. Desde a crise, as multas aplicadas aos bancos por questões de não conformidade têm atingido recordes históricos. A maior informada até agora – quase US$ 2 bilhões para uma única organização por lavagem de dinheiro – foi aplicada em 2012, enquanto as demais dez maiores multas já aplicadas a bancos foram lavradas após 2009.17 Além da despesa com o pagamento de multas e acordos judiciais e com honorários advocatícios, o custo da não conformidade com os regulamentos muitas vezes inclui danos à reputação, que podem ter efeitos significativos sobre a confiança dos clientes, isso sem mencionar a queda no preço das ações. Além desses custo diretos, as empresas precisam também administrar os custos de oportunidade menos óbvios associados à conformidade. Com as questões relativas à conformidade exigindo mais dedicação dos gestores de patrimônio e de outros funcionários da linha de frente, menos tempo é dedicado às atividades centrais e de maior valor, como desenvolver relacionamentos com clientes e prestar assessoria a eles. Pode também vir a ser necessário enfrentar a perspectiva de um marketing às avessas (destinado a conter o crescimento) e clientes de manutenção difícil ou custosa, prejudicando ainda mais a rentabilidade. Adicionalmente, é provável que os aumentos de custos incorridos pelos próprios regulamentadores, na forma de mais pessoal, TI e serviços centralizados de apoio sejam repassados para as empresas na forma de taxas mais altas. No cômputo geral, acontecimentos narrados por executivos entrevistados, inclusive aqueles em conformidade, indicam um aumento significativo no tempo e nos recursos dedicados às atividades de compliance, incluindo as exigências correlatas impostas aos profissionais da linha de frente. Embora muitos executivos considerem difícil quantificar os custos de conformidade, já que eles também abrangem custos rotineiros, existem indicações que os gastos relacionados a conformidade e a riscos consomem cerca de um quarto dos orçamentos operacionais das empresas das Américas e é provável que permaneçam pelo menos neste nível pelos próximos três anos, conforme persista a carga regulamentar apresentada na Figura 21. Quando forem levados em consideração os custos indiretos de conformidade, é provável que o efeito financeiro total seja ainda maior. FIGURA 21. Visão geral dos custos regulamentares Custo de conformidade Custo da não-conformidade Custo de recursos humanos: Multas/penalidades: Custo de contratação de funcionários de período integral adicionais com experiência jurídica e regulamentar Aumento de salários dos especialistas em conformidade Multas pesadas Suspensão de atividades comerciais Custos de documentação: Ações e representação jurídica Instrução e defesa Reformulação de materiais de marketing e comunicações com clientes, inclusive os Documentos de Informações Importantes (KIDs) Monitoramento legislativo Atualização e implementação de novas políticas Custos de TI e infraestrutura: Automação de sistemas de admissão de clientes Atualização de software e hardware existentes Estruturação de operações e infraestrutura sólidas e ampliáveis Custos de oportunidade: Menor produtividade dos gestores de patrimônio nas atividades geradoras de receita Perda de receitas Custos de marketing às avessas Custo de não-conformidade Custos jurídicos: Custos de reputação: Redução do valor da marca Perda de clientes e funcionários Impacto negativo sobre o preço das ações Custos de correção: Tempo e investimento adicional para entrar em conformidade Restituição a clientes Custos adicionais: Maior escrutínio sobre as empresas/franquias em outras jurisdições Potenciais efeitos secundários sobre projetos que precisam de aprovações das autoridades regulamentares Fonte: Análise da Capgemini, 2013; entrevistas com Executivos para o WWR 2013 16 Private Banking Benchmarking Reports, 2007-2012, Scorpio Partnership. 17 “Biggest Bank Fines,” Reuters, dezembro de 2012. RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013 31 EFEITOS REGULAMENTARES AMPLOS, CRIANDO DIFICULDADES PARA EMPRESAS E CLIENTES Embora os regulamentos tenham afetado a forma como as empresas operam e atendem seus clientes, o nível e a extensão de seus efeitos variam segundo o regulamento e a área de patrimônio (ver Figura 22). O nível dos efeitos também é diferente para empresas e clientes. Por exemplo, embora ambos tenham sido bastante afetados pelos regulamentos relativos à admissão de novos clientes e a serviços de consultoria, as primeiras são mais afetadas pelos regulamentos relativos à prospecção e ao desenvolvimento de competências dos gestores de patrimônio. De um ponto de vista competitivo, é provável que as empresas que consigam minimizar os efeitos sobre o cliente durante as fases de conformidade mais visíveis da admissão de clientes e de serviços de consultoria sejam beneficiadas pelo atual aumento da regulamentação. Similarmente, as empresas que utilizarem as mudanças regulamentares como um catalisador para vincular os investimentos em TI a melhorias mais holísticas estarão em posição de lucrar em um ambiente desafiador. A proteção dos clientes é claramente uma das principais prioridades dos organismos de regulamentação. Iniciativas como o Documento de Informações Chave (Key Information Document – KID), da Diretriz Europeia sobre Pacotes de Produtos de Investimento de Varejo (Packaged Retail Investment Products – PRIPs), proporcionam benefícios claros na forma de maior transparência e clareza dos produtos. As disposições exigem o uso de linguagem simples para descrever as características dos produtos de investimento, bem como seus riscos e os custos associados. Com os produtos financeiros cada vez mais complexos, os clientes poderão usar os KIDs para comparar melhor os produtos e analisar suas tarifas. As empresas precisarão dedicar tempo e recursos consideráveis à atualização, reimpressão e distribuição de novos materiais de marketing e planilhas de informações de produto em conformidade com as novas determinações. A exigência de relatórios mais tempestivos para monitorar o desempenho da carteira, determinados por regulamentos como a MiFID II e a AIFMD, bem como de estruturas uniformes de relatórios em todas as carteiras, também facilitarão aos clientes a comparação de produtos e estratégias. Os clientes poderão ser ainda mais beneficiados se as empresas utilizarem os dados coletados no processo de abertura de conta e nos sistemas de gestão de relacionamento com clientes (CRM) (com atenção às leis de proteção de dados) para desenvolver e oferecer produtos personalizados. Com os clientes armados com informações melhores e bem atendidos por gestores de patrimônio cujos níveis de competência foram aprimorados devidos às novas exigências de padrões mínimos, os regulamentos voltados para os investidores podem levar a um círculo virtuoso de clientes mais satisfeitos, totalmente engajados no setor e ansiosos por aumentar sua participação nele. FIGURA 22. Nível de impacto regulamentar sobre empresas e clientes (%) H Tratados tributários offshore da OCDE Impacto sobre o cliente Admissão de clientes Serviços de assessoramento AIFMD FOFA PRIPs UCITS IV EMIR TCF FATCA FATCA Prospecção e marketing PRIPs UCITS IV L MiFID II RDR AML Tratados tributários offshore da OCDE Relatórios L AML FATCA KYC Desenvolvimento de competências do gestor de patrimônios MiFID II RDR FOFA H RDR Dodd-Frank e Regra Volcker Impacto sobre a empresa Obs.: Os parâmetros considerados são estimativas dos investimentos necessários, impacto potencial sobre as receitas, tempo despendido na implementação e grau de esforço; Veja no Anexo B, na página 44, uma descrição detalhada dos regulamentos. Fonte: Análise da Capgemini, 2013; Entrevistas com Executivos para o WWR 2013 32 RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013 A COMPLEXIDADE DA REGULAMENTAÇÃO ESTÁ MUDANDO A DINÂMICA DAS EMPRESAS E CLIENTES NO SETOR DE GESTÃO DE PATRIMÔNIO Embora visem proteger os investidores, alguns regulamentos podem ter efeitos negativos inesperados sobre a experiência do cliente. Com os regulamentadores tentando conter a lavagem de dinheiro, evasão tributária e crimes financeiros correlatos, os anteriormente simples processos de admissão de clientes se transformaram em um emaranhado de obrigações e deveres incômodos para clientes e instituições, devido às diretrizes regulamentares aprimoradas sobre conhecimento do cliente e combate à lavagem de dinheiro. As novas regras impõem exigências mais severas de identificação e conhecimento dos clientes, o que resulta em uma carga administrativa substancialmente maior para ambas as partes. Além disso, as regras podem levar a discussões delicadas com os clientes, que devem fornecer documentos que vão muito além da identificação pessoal para comprovar a legitimidade da origem do patrimônio. Em uma tentativa de evitar vendas casadas e melhorar a transparência, regulamentos como a RDR e a MiFID II buscam desagregar as tarifas. Essa desagregação aumenta a transparência, ajudando os HNWIs a entender seu detalhamento e a tomar decisões mais fundamentadas sobre as opções de serviços. Contudo, alguns clientes não estão acostumados a pagar tarifas separadas por serviços de consultoria e podem considerar tais serviços excessivamente dispendiosos, o que poderia levar algumas empresas a recuperar as tarifas de outras maneiras, desenvolver novos padrões de fornecimento de serviços ou até mesmo buscar parceiros para fusões (ou simplesmente ser adquiridas), como discutido na página 34. Similarmente, outros regulamentos que tratam da uniformização dos padrões fiduciários, níveis de competência do gestor de patrimônio e adequação de produtos podem afetar negativamente os clientes, com tarifas mais altas ou menos opções de produtos e gestores de patrimônio. Essas exigências e conversações são ainda mais difíceis em culturas onde os clientes estão menos familiarizados ou menos confortáveis com a discussão e documentação desses detalhes pessoais e, muitas vezes, familiares. As empresas podem reduzir a tensão dessas interações transmitindo a solidez de suas culturas de conformidade e o papel essencial desempenhado por elas na sua longevidade e reputação. Para ajudar a orientar os clientes nesses novos procedimentos, as empresas poderiam fazer investimentos específicos em áreas como automação de partes do processo de admissão de clientes e na contratação e treinamento de gerentes de relacionamento bem informados e experientes. Plataforma integrada de patrimônio e serviços correlatos para clientes são afetados Com a evolução constante das necessidades e características demográficas dos clientes, ocorreu uma mudança de longo prazo no setor, da gestão de investimento para a gestão integrada de patrimônios, com empresas de todas as regiões posicionando-se e estruturando-se para ajudar os clientes em todos os estágios de sua vida financeira, da geração da riqueza à sua preservação, planejamento de aposentadoria e, finalmente, a transferência de ativos entre gerações e causas filantrópicas. Simultaneamente, alguns regulamentos destinados a beneficiar os clientes estão dificultando a oferta da experiência totalmente integrada que eles se acostumaram a esperar. Por exemplo, pode ser particularmente difícil para as organizações menores atender clientes com necessidades internacionais de investimento devido às dificuldades e custos associados à conformidade com diversos regulamentos regionais diferentes. Isso poderia forçar os clientes a considerar o desenvolvimento de relacionamentos com outras empresas para assegurar o atendimento de todas as suas necessidades, uma situação contrária à sua preferência declarada pelo atendimento unificado (ver página 24) e exigiria que eles passassem por novos processos de admissão em cada uma das empresas que contratassem. Entretanto, dificuldades para uma oferta integrada de serviços de gestão de patrimônios podem restringir a rentabilidade. Há muito tempo as empresas de gestão de patrimônios adotaram uma estrutura de tarifa única, que leva em consideração os custos fixos substanciais necessários para oferecer um conjunto completo de produtos complementares. É provável que o movimento para desagregar as tarifas torne menos rentável atender os HNWIs dos patamares de patrimônio mais baixo, que apresentam tendência menor de usar serviços baseados em consultoria, que geram honorários mais elevados. A COMPLEXIDADE DA REGULAMENTAÇÃO ESTÁ LEVANDO A MUDANÇAS SIGNIFICATIVAS NO CENÁRIO DE GESTÃO DE PATRIMÔNIOS É inquestionável que o impacto da regulamentação está transformando o setor de gestão de patrimônios. Em nível macro, as empresas têm de enfrentar medidas importantes, como os regulamentos Basileia III, que aumentam as exigências de capital, elevando os custos de capital e de liquidez, e pressionam a rentabilidade. Em nível individual, todas as empresas estão enfrentando um grande número de regulamentos recentes, cujo atendimento demanda tempo, esforços e recursos excessivos. Em nível setorial, a transformação está ocorrendo em três dimensões: consolidação do setor, conforme as empresas de pequeno e médio porte se esforçam para conseguir escala, assimetria regional criando um panorama desequilibrado e complexidade dos regulamentos levando a mudanças na proposta de valor e nível de atendimento dos clientes HNW. Consolidação do setor, com as empresas de pequeno e médio porte se esforçando para conseguir escala Com as empresas reagindo às pressões impostas às margens de lucro pelo maior escrutínio regulamentar, é provável que ocorram mudanças no cenário de setor de gestão de patrimônios. Um dos resultados é a maior clareza de propósito à medida que, espremidas pelos crescentes custos regulamentares, as empresas aprimorem estratégias que enfatizem seus pontos fortes específicos e abandonem segmentos menos promissores. Para as organizações de pequeno e médio porte, até mesmo exigências aparentemente simples, como o aperfeiçoamento da comunicação com os investidores para facilitar o entendimento, envolve RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013 33 dificuldades consideráveis. Esmagadas pela carga regulamentar, as empresas de pequeno porte e os consultores financeiros independentes podem achar difícil sobreviver devido a sua falta de escala e optar por buscar parceiros para fusão a fim de racionalizar os custos de conformidade e distribuí-los por uma base maior de clientes e ativos. Outra alternativa para as organizações pequenas é desenvolver ofertas de nicho, que seriam mais atraentes para a população de ultra-HNWIs. Com as empresas de pequeno porte mudando seu enfoque, o poder competitivo pode passar para as empresas maiores, particularmente as líderes de mercado com lucros sólidos e disponibilidade para gastos discricionários. De forma geral, as empresas de grande porte, em especial as líderes de mercado, estão melhor posicionadas do que as de pequeno e médio porte em virtude de sua maior capacidade para fazer os investimentos necessários em conformidade, sem interromper os investimentos em outras áreas estratégicas. As empresas que consigam manter reputação imaculada onde outras fracassem também estarão bem posicionadas para alavancar sua posição para conquistar novos clientes e ativos. A reputação foi apontada como fator essencial na decisão do cliente por uma empresa específica. No total, 48,4% dos HNWIs afirmaram que pagariam mais para negociar com uma empresa de reputação sólida; em mercados como a América Latina, Oriente Médio e África, essa percentagem foi de quase 70%. Em termos globais, o setor de gestão de patrimônios está pronto para uma consolidação, já que os bancos que estão se debatendo para reforçar seus índices de capital nos termos do Basileia III podem considerar a cisão de seus negócios não centrais. As empresas também podem optar por sair de determinados mercados que apresentem restrições regulamentares. Um exemplo de consolidação foi a compra pela Julius Baer das divisões de gestão de patrimônios da Bank of América Merrill Lynch fora dos Estados Unidos, o que lhe proporcionou uma base sólida na Ásia. Esforços de consolidação similares ocorreram em outros mercados da Ásia-Pacífico, já que várias empresas que entraram nesses mercados não conseguiram gerar lucros e foram forçadas a abandoná-los. Nos EUA, mais de US$ 3 trilhões em ativos foram consolidados em empresas maiores após 2008, principalmente em virtude de três incorporações/aquisições de destaque. Em duas delas, a consolidação resultou de situações extremas, onde o vendedor não conseguiria mais sobreviver sozinho. As organizações de médio porte podem ocupar a posição mais difícil no novo regime de regulamentação. Em vista das margens de lucro baixas e da falta de escala, elas têm capacidade menor para distribuir os custos de conformidade por uma base maior de ativos e podem ser encaradas como organizações que não contam nem com um conjunto de serviços complexos (profundidade e amplitude de ofertas) nem com um nicho de ofertas personalizadas que muitos HNWIs procuram e esperam, principalmente os de patrimônio mais elevado. 34 RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013 Assimetria regional cria um campo irregular Para as empresas que operam em nível global ou planejam se expandir fora de seu país sede, as mudanças de regulamentação em todo o mundo representam um desafio substancial. Com a expansão do escopo das normas, sob os auspícios dos diversos organismos de regulamentação, surgiram problemas regionais de coerência e harmonização. Não apenas as regras são diferentes em cada país, mas o mesmo ocorre com as implicações tributárias, práticas de governança, modelos de produtos, estruturas de relatórios, sistemas jurídicos e abordagens aceitas para a conformidade. Ao longo dos anos, o desenvolvimento dos assim chamados “esquemas de passaporte” para apoiar a distribuição internacional de fundos mútuos ajudou a conter a fragmentação. Os Organismos de Investimento Coletivo em Valores Mobiliários (OICVMs ou UCITS na sigla em inglês), por exemplo, conseguiram criar um marco regulatório pan-europeu para os fundos mútuos. Contudo, tais passaportes não são universalmente aceitos. Na região da Ásia-Pacífico, a inexistência de um esquema de passaporte, combinada com a dificuldade para o registro de fundos e a obtenção de licenças em toda a região, cria barreiras significativas para a entrada de empresas em expansão. De forma geral, os mercados da Ásia-Pacífico apresentam grandes dificuldades para a entrada das empresas globais, devido ao campo de jogo irregular criado pelas diferenças de regulamentação. Antes de entrar em novos mercados, as empresas que buscam operar mundialmente precisam criar uma infraestrutura regulamentar sólida, inclusive com especialistas em compliance com profundo conhecimento dos regulamentos locais, assim como sistemas de TI preparados para atender as medidas regulamentares. Se não for esse o caso, ou se a capacidade existente não for facilmente transplantável para o novo mercado, uma abordagem eficiente seria terceirizar o compliance para empresas que contem com a necessária infraestrutura e o conhecimento da regulamentação local. Essa abordagem ajudaria as empresas a manter seu foco nos serviços centrais de consultoria com a certeza de que os processos de conformidade estão em mãos competentes e capazes. Além disso, as empresas globais que entrarem em novos mercados por meio de aquisições devem verificar, por meio de processos de due diligence, se a empresaalvo já conta com controles e práticas regulamentares sólidos. A complexidade dos regulamentos está determinando mudanças nas propostas de valor e níveis de atendimento dos clientes HNW Como muitos dos regulamentos atuais afetam operações e modelos de receita tradicionais, algumas empresas estão reagindo com mudanças em seu atendimento ao cliente. No Reino Unido, por exemplo, a RDR exige que os gestores de patrimônio desagreguem os custos de produtos e consultoria e passem de comissões por produto para um modelo de divulgação antecipada dos honorários de consultoria. Na Austrália, a FOFA determina exigências similares. Como resultado, as empresas A COMPLEXIDADE DA REGULAMENTAÇÃO ESTÁ MUDANDO A DINÂMICA DAS EMPRESAS E CLIENTES NO SETOR DE GESTÃO DE PATRIMÔNIO estão reanalisando as formas como atendem seus clientes e articulam o valor da consultoria, a fim de reconquistar as receitas perdidas devido à mudança. É provável que as empresas precisem investir em tecnologia destinada a apoiar modelos de atendimento econômicos e eficientes, particularmente para os clientes nas faixas de patrimônio mais baixas. A RDR também procura elevar a qualidade profissional, especificando os padrões mínimos esperados dos gestores independentes de patrimônio que prestam consultoria a clientes. Os clientes serão beneficiados pelo atendimento por profissionais bem treinados, bem como pelo afastamento dos consultores e empresas de menor qualidade. Segundo a FSA,18 é provável que cerca de 18% dos consultores financeiros independentes saiam do mercado por não conseguirem atingir o nível de qualificação exigido.19 Embora a presença apenas de gestores de patrimônios altamente qualificados e competentes seja benéfica para os clientes, alguns poderão ter seu atendimento interrompido pelo afastamento do gestor. Nos Estados Unidos, o movimento na direção de um padrão fiduciário uniforme poderia ter efeito similar. A instituição de um único padrão fiduciário, mais rigoroso, significará custos operacionais mais altos para que as empresas atendam aos novos requisitos educacionais e de licenciamento. Em última análise, esses custos serão repassados para os clientes e afetarão os níveis de atendimento. Estudo conduzido pela Associação Nacional de Consultores Financeiros e de Seguros (National Association of Insurance and Financial Advisors – NAIFA)20 concluiu que a imposição de um padrão fiduciário uniforme poderia levar a menos produtos e ao acesso reduzido a eles, afetando negativamente a viabilidade financeira do atendimento a clientes. O novo padrão também poderia resultar em menos opções para os investidores em termos de empresas com as quais trabalham e forma de pagamento dos serviços. De forma geral, as pressões regulamentares estão dificultando cada vez mais o atendimento das empresas a seus clientes de forma tão rentável quanto no passado. Para contrabalançar essa tendência, as empresas podem passar a oferecer aos clientes com carteiras menores serviços apenas de execução e de gestão discricionária de ativos, dedicando a maior parte de seu tempo de consultoria aos clientes de patrimônio mais elevado. Apesar dos benefícios significativos da regulamentação em termos de maior transparências nas tarifas, maior competência dos gestores de patrimônio, relatórios pontuais e informações de produtos, alguns clientes, particularmente nas faixas de patrimônio mais baixo, podem sofrer uma redução na oferta de produtos conforme as empresas busquem otimizar suas margens de lucro. O custo de muitas iniciativas relativas à conformidade, como a reformulação das comunicações e processos de clientes e fornecimento contínuo de desenvolvimento profissional para os gestores de patrimônio, é substancial e pode aumentar a carga sobre as empresas e, em última análise, sobre seus clientes. REGULAMENTAÇÃO LEVA EMPRESAS A REAVALIAR SUAS PRINCIPAIS ESTRATÉGIAS Com o aumento da quantidade de regulamentos que afetam as empresas de gestão de patrimônios, poucas serão capazes de oferecer efetivamente todos os tipos de serviços patrimoniais a clientes de todos os segmentos e em todos os locais. A pressão regulamentar está gerando a necessidade de que as empresas articulem um caminho estratégico claro para o futuro. No processo de fazer investimentos determinados pela regulamentação, as empresas estão se esforçando para obter valor incremental para os clientes. O desenvolvimento de uma visão estratégica clara para as áreas a seguir pode ajudá-las a superar essa dificuldade: Clientes alvo Para muitas empresas, oferecer uma linha completa de serviços para todos os segmentos do mercado de HNWI simplesmente deixou de ser viável. Essa realidade exige que as empresas definam claramente seus segmentos de clientes alvo, levando em consideração o efeito da regulamentação em cada um deles e a importância daquele segmento específico para sua rentabilidade. Por exemplo, embora tenha se tornado mais dispendioso atender clientes das faixas de patrimônio mais baixo, é provável que o rápido crescimento desse segmento produza clientes que terminem por passar para as faixas mais altas. Portanto, é necessária uma abordagem equilibrada na seleção dos segmentos alvo. Também será importante avaliar se as capacidades existentes para atender segmentos específicos de clientes continuam a proporcionar uma vantagem competitiva. Por exemplo, diversas empresas constataram que a conformidade com a FATCA apresenta mais dificuldades do que benefícios, de forma que deixaram de oferecer seus serviços a cidadãos norte-americanos. Isso poderia ser uma vantagem para as organizações que contem com processos para conformidade com a FATCA, já que elas poderiam atrair e atender às necessidades dos clientes dos Estados Unidos recusados por outras empresas. Como ponto de partida nessa jornada, identificamos as principais diferenças de atendimento por faixa de patrimônio que devem ser levadas em consideração conforme o ambiente regulamentar force as empresas a tomar decisões mais direcionadas em relação a seus segmentos de clientes: »» Os HNWIs das faixas inferior (US$ 1 milhão a US$ 5 milhões) e superior (mais de US$ 20 milhões) são os mais satisfeitos com o atendimento de suas empresas atuais e mais da metade deles atribuem a elas notas superiores a 70%. Para os HNWIs de nível médio, essa nota é inferior a 48%. Esse forte diferencial demonstra a oportunidade de que as empresas se direcionem a segmentos específicos, onde podem ser demonstrados capacidade e valor sólidos, em vez de tentar prestar todos os serviços a todos os segmentos. 18 Posteriormente, a FSA foi subvidivida em duas agências, a Autoridade de Conduta Financeira (Financial Conduct Authority – FCA) e a Autoridade de Regulamentação Preventiva (Prudential Regulation Authority – PRA). 19 “A quantidade de consultores de investimentos começou a cair depois da RDR”, ftadviser.com, 9 de janeiro de 2013. 20 “Consumer and NAIFA Member Survey,” LIMRA International, 2010. RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013 35 »» Os HNWIs da faixa superior são muito mais exigentes, fazendo com que as empresas contem com excelente capital humano e uma sólida proposta de valor nos diversos elementos de serviço, uma exigência que excluirá diversas delas de imediato. Em comparação com os demais segmentos, os HNWIs com mais de US$ 20 milhões em ativos disponíveis para investimento atribuem grande importância à solidez e à capacidade em uma ampla gama de áreas de atendimento: transparência da estrutura de tarifas, processo de abertura de contas, comunicação do valor oferecido, reputação sólida, relatórios detalhados, pessoal de qualidade e adequação do aconselhamento, produtos e serviços oferecidos. »» Por sua vez, os HNWIs das faixas de menor patrimônio têm expectativas menores em relação aos critérios acima, com a exceção, digna de nota, da qualidade da equipe de profissionais. Regiões geográficas alvo As empresas que entram em novos mercados sem a devida análise dos regulamentos locais, ou sem a disponibilidade de pessoal especializado nas áreas jurídica, de compliance, fiduciária e de consultoria, correm o risco de ter de sair totalmente do mercado ou de se fundirem a outras que contem com a especialização necessária. Uma avaliação crítica das capacidades regulamentares existentes, inclusive a disponibilidade de especialização local e sistemas de TI robustos, deve preceder qualquer decisão de operar em novos mercados. As empresas que planejem operar em mercados emergentes como a Ásia-Pacífico e o Oriente Médio também devem levar em consideração as sensibilidades culturais dos clientes HNW dessas regiões que, tradicionalmente, nunca estiveram sujeitos ao mesmo nível de escrutínio e carga de informações em relação às diretrizes de conhecimento do cliente e combate à lavagem de dinheiro que seus pares nos mercados desenvolvidos. Em decorrência disso, empresas que buscarem a expansão nessas regiões devem oferecer aos seus gerentes de relacionamento treinamento adequado que os capacite a solucionar os eventuais melindres. Organizações que não contem com infraestrutura de apoio e especialização suficiente na regulamentação local devem pensar duas vezes antes de fazer investimentos significativos na criação de novos centros operacionais. Também será importante prever a provável evolução da regulamentação, já que normas cujos efeitos sejam considerados positivos têm a tendência de serem transplantadas para outras regiões. Por exemplo, as empresas que operam em mercados europeus devem preparar-se para a criação de regulamentos locais inspirados na FATCA. Muitos executivos entrevistados mostraram preocupação com essa enxurrada de regulamentos previstos. Como a regulamentação força as empresas a repensarem suas estratégias de expansão regional, à luz das diversas disparidades regionais entre os HNWIs, nossa pesquisa oferece uma orientação sobre as áreas de atendimento que devem receber prioridade e aquelas onde o atendimento não pode ser comprometido: »» Um processo de abertura de contas sem percalços é encarado como o mínimo absoluto pelos HNWIs. Embora a admissão de clientes tenha sido fortemente afetada pelos novos 36 RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013 regulamentos (ver Figura 22), as empresas não podem se dar ao luxo de permitir que as mudanças nesse processo afetem adversamente os clientes. Quase a metade dos HNWIs pesquisados afirmaram que provavelmente abandonariam sua empresa atual se as notas dos serviços de admissão de clientes caíssem abaixo de 59%, o que indica que existe o risco de perda de ativos e clientes se o nível atual de atendimento cair em virtude das obrigações de conformidade. »» A adequação, um objetivo importantíssimo da regulamentação, também faz eco junto aos HNWIs. Mais de 56% dos entrevistados afirmaram que estariam dispostos a pagar mais por níveis de serviços mais elevados no fornecimentos de produtos, serviços e consultoria, sendo que os HNWIs de mercados emergentes tinham a maior probabilidade de pagar muito mais. As empresas necessitarão de pessoal de peso na linha de frente para assegurar que as expectativas dos clientes em termos de adequação sejam atendidas. A carga regulamentar também é significativa, já que a responsabilidade por determinar a adequação recai sobre as empresas e gestores de patrimônio, mesmo se contrariando os desejos expressos pelo cliente. »» Como discutido na página 34, uma marca com reputação sólida pode ser um fator de diferenciação, particularmente em mercados como a América Latina, Oriente Médio e África (e, em extensão ligeiramente menor, a Ásia-Pacífico). Como resultado, empresas com histórico comprovado de conformidade devem buscar formas de transmitir essa mensagem a seus clientes potenciais. Contudo, essa abordagem não é isenta de riscos, já que até mesmo as melhores empresas em sua categoria em termos de conformidade não terão históricos perfeitos. Oportunidades de diferenciação por meio de investimentos menos táticos e mais estratégicos, direcionados pela conformidade Empresas de todas as regiões do mundo que fizeram investimentos adequados e tempestivos para o cumprimento das normas conseguiram enfrentar o ambiente regulamentar complexo com facilidade relativamente maior do que seus concorrentes. Embora não necessariamente criassem oportunidades significativas para agregar valor, esses investimentos táticos ajudaram as empresas a cumprir suas obrigações de conformidade (ver Figura 23). Os investimentos táticos feitos pelas empresas estão, em sua maior parte, centrados em simplesmente cumprir as exigências regulamentares. Para extrair valor estratégico e obter uma possível diferenciação competitiva com os investimentos em conformidade, deve ser dada mais atenção às áreas de possível transformação na empresa como um todo que, potencialmente, podem levar a eficiência comercial para a empresa e gerar valor adicional para os clientes. É provável que decisões e investimentos em áreas específicas, como tecnologia e processos, pessoal e cultura e comunicação com clientes proporcionem as oportunidades com maior potencial de impulsionar o valor estratégico (ver Figura 24). A COMPLEXIDADE DA REGULAMENTAÇÃO ESTÁ MUDANDO A DINÂMICA DAS EMPRESAS E CLIENTES NO SETOR DE GESTÃO DE PATRIMÔNIO FIGURA 23. Investimentos táticos pelas empresas Treinamento de gestores de patrimônios Estrutura organizacional “Passamos de um modelo de parceria plena para parcerias limitadas para reduzir o impacto das regulamentações” “Criamos uma universidade interna para treinar nossos assessores sobre inovações recentes nas áreas tributária, jurídica, financeira e regulamentar, ajudando-os a ficar informados sobre as evoluções mais recentes” – Empresa de gestão de patrimônios nos Países Baixos – Empresa de gestão de patrimônios na Suíça Tecnologia “A utilização de CRM nos ajudou a acompanhar e monitorar clientes com sucesso” – Empresa de gestão de patrimônios na Bélgica “A utilização de sistemas automatizados para fornecimento de dados e admissão de clientes nos ajudou a simplificar imensamente o processo” – Grande private bank em Cingapura Exemplos de empresas Terceirização da conformidade Centro de peritos em conformidade “Tem sido positivo terceirizar a conformidade regulamentar com peritos locais, que ficam encarregados de tratar dos mecanismos regulamentares” “Criamos uma equipe central composta por peritos em conformidade com conhecimentos sobre diferentes regulamentações regionais onde atuamos, o que facilita as operações” – Grande private bank na América do Norte Processo de conformidade interna “Nossa conformidade interna é rigorosa e pró-ativa. Assim, sempre que uma nova regulamentação entra em vigor, o processo de conformidade já está implantado. O enfoque concentra-se em um regime geral de conformidade. Portanto, essas iniciativas são rotina em nossos negócios e não apresentam nenhuma dificuldade especial” – Private bank global na Ásia – Grande empresa de gestão de patrimônios na Europa Continental Fonte: Análise da Capgemini, 2013; entrevistas com executivos para o WWR 2013; especialistas da Capgemini, 2013 Comunicação Pessoal e cultura Tecnologia e processos FIGURA 24. Áreas de conformidade com potencial de gerar valor incremental Tecnologia Decisões e investimentos relacionados com tecnologia diferenciarão as melhores empresas de cada categoria. CRM, relatórios, automação de processos, gestão de riscos, digital/mobilidade são áreas chave em que os investimentos determinados por regulamentações poderiam ser alavancados para extrair valor adicional. Os dados e as operações dos clientes podem ser analisados para oferecer produtos e serviços personalizados e agregadores de valor Reformulação de processos Novas exigências regulamentares e os custos associados aumentam mais do que nunca a importância da uniformização e agilização dos processos. A concepção e execução dos processos (por exemplo, admissão de clientes) são aspectos importantes para a experiência do cliente e a produtividade e retenção de gestores de patrimônios Treinamento de gestores de patrimônios Ajudar os gestores de patrimônios a compreender as mudanças regulamentares e, acima de tudo, a discutir com os clientes e enfrentar eficientemente as mudanças representa uma oportunidade de diferenciação Cultura e processos de conformidade Processos internos robustos e uma cultura de conformidade ajudam a proteger/melhorar a reputação das empresas e devem ser rotineiros. Outras oportunidades incluem uma área de conformidade sólida e centralizada com especialização regional; aumento da especialização nas áreas de apoio; terceirização da conformidade quando as empresas não tiverem a infraestrutura ou especialização regional necessária Comunicação com clientes Comunicações claras delineando a proposta de valor, o custo dos serviços e as exigências de KYC/ AML são esperadas mas ainda não são o padrão no setor. Um desafio e uma oportunidade que estão surgindo rapidamente será a execução perfeita e harmoniosa em todos os canais (em pessoa, por meios impressos, por meios digitais/móveis) Fonte: Análise da Capgemini, 2013; entrevistas com Executivos para o WWR 2013 RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013 37 Tecnologia e processos Os imperativos regulamentares podem ser o empurrão de que muitas empresas necessitam para investir em transformação; em especial, a tecnologia oferece uma oportunidade bastante sólida para transformar esforços regulamentares táticos em vantagens estratégicas. Investimentos em CRM, relatórios, automação de processos e gestão de riscos, por exemplo, são necessários para atingir a conformidade. Feitos de forma estratégica, eles também podem ser aproveitados para obter valor adicional para a empresa e seus clientes. Com efeito, decisões e investimentos mais estratégicos em tecnologia apresentam o potencial de diferenciar as empresas líderes das demais. produtos inovadores e percepções sobre a cultura local. Tais equipes locais devem ser compostas tendo em mente sua eventual expansão. Considere, por exemplo, a determinação de consolidar os registros de combate à lavagem de dinheiro das linhas de negócios em um painel integrado de todo o banco. A inclusão de análises de dados e clientes permite que essa consolidação seja aproveitada para aprimorar o foco no cliente. Por exemplo, uma das principais empresas dos EUA usou esses dados para conduzir uma análise aprofundada do perfil de clientes e transações, aproveitando os resultados para sugerir-lhes produtos e serviços. Com investimentos estratégicos similares, é possível transformar obrigações em oportunidades. Além de gestores de patrimônio experientes, é essencial contar com uma sólida especialização em jurídico e compliance, particularmente nas áreas de apoio. Mesmo com a automação, a equipe de compliance deve aprovar ou rever as decisões, como as relativas ao conhecimento do cliente, tomadas nos diversos pontos de contato da admissão do cliente ou de outros processos. As complexidades criadas pelos regulamentos regionais, cultura, jurisdições, ofertas de serviços e segmentos de patrimônio forçarão essas pessoas a tomar decisões subjetivas mais frequentes. As líderes do setor não estarão sempre certas mas, ao longo do tempo, desenvolverão um conjunto de precedentes que combine as abordagens de conformidade baseada em regras e em princípios. Além disso, investimentos em automação, principalmente os que reduzam o tempo dedicado pelos gestores de patrimônio a questões de conformidade e que poderia ser utilizado para atividades geradoras de receitas, podem estimular aperfeiçoamentos na eficiência da empresa e no atendimento ao cliente. Pessoal e cultura Em última análise, a força de uma empresa está alicerçada na força de seu pessoal. Não constitui nenhuma surpresa que a competência do gestor de patrimônio tenha sido citada pelos HNWIs como uma de suas maiores prioridades (ver página 16), de forma que contar com gestores de patrimônio capacitados e experientes é um dos maiores fatores de diferenciação das empresas dedicadas a essa atividade. Para melhorar a competência, as empresas podem ampliar os programas de treinamento, não apenas para abranger as novas determinações regulamentares mas também para fortalecer a capacidade dos gestores de patrimônio para cumprir sistematicamente a proposta de valor da organização. Os gestores de patrimônio também devem estar capacitados a personalizar a oferta central global para atender às necessidades dos clientes locais como, por exemplo, financiamentos de comércio exterior na França ou operações com mercadorias na China. Nesses casos, o simples treinamento pode não ser suficiente em função da profunda especialização necessária, forçando as empresas a reavaliar sua abordagem de contratações. As estratégias de expansão e de entrada em novos mercado também podem ser auxiliadas pela contratação direta de equipes estratégicas (além da criação da infraestrutura) que possam proporcionar acesso a centros contábeis, serviços e 38 RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013 As empresas líderes que atuam em diversas localizações geográficas buscarão partilhar com os gestores de patrimônio os conhecimentos sobre as práticas culturais e as normas específicas das áreas onde operam, o que pode ajudá-los a superar a resistência cultural ao tipo de questionamento intenso e de documentação de clientes que caracterizam as principais exigências regulamentares atuais, particularmente em relação ao conhecimento do cliente e à lavagem de dinheiro. De forma geral, as mudanças mais importantes relativas a pessoal são também as mais difíceis de serem conseguidas. As principais empresas do setor defendem o desenvolvimento e fomento de uma cultura de conformidade que inclua um conjunto de valores, normas e processos claramente articulados. Esses princípios devem não apenas ser adotados pela alta administração, mas também ser incrustados no pessoal da linha de frente para destacar o compromisso geral da organização com a confiança e a integridade. Comunicação com clientes Também será importante que as empresas estabeleçam e promovam estratégias de comunicação claras, que permitam aos gestores de patrimônio conduzir com seus clientes discussões construtivas sobre as determinações regulamentares. Deve ser deixado claro que alguns “pontos sensíveis” no atendimento das contas – particularmente as solicitações de documentação e informações pessoais detalhadas – não estão vinculadas a políticas da empresa mas sim a determinações regulamentares sobre conhecimento dos clientes e combate à lavagem de dinheiro, impostos ao setor como um todo a fim de proteger os clientes, manter a transparência e reduzir os riscos. Mais sutilmente, os gestores de patrimônio devem administrar as expectativas dos clientes, já que processos mais complexos determinados pela regulamentação exigirão mais tempo durante o atendimento. Essa clareza na comunicação ajudará a minimizar a frustração dos clientes e a aumentar sua compreensão em relação a suas próprias responsabilidades no ambiente atual. A COMPLEXIDADE DA REGULAMENTAÇÃO ESTÁ MUDANDO A DINÂMICA DAS EMPRESAS E CLIENTES NO SETOR DE GESTÃO DE PATRIMÔNIO Contribuições de todos os interessados podem ajudar a minimizar a complexidade dos regulamentos As empresas que possam incorporar a conformidade em suas estratégias gerais de negócios e não tratem os regulamentos de forma isolada estarão melhor posicionadas para minimizar os impactos financeiros da regulamentação e melhor equipadas para tratar de quaisquer regulamentos novos. Além disso, é provável que o esforço contínuo para colaborar com os regulamentadores e educar os clientes seja suficiente para amenizar as partes mais sensíveis da reforma regulamentar (ver Figura 25). O apoio dos órgãos de regulamentação pode se mostrar inestimável para a conformidade efetiva de clientes e empresas. Como já é feito por alguns órgãos em nível local, as autoridades regulamentadoras podem utilizar a organização de seminários setoriais com a participação de todas as empresas, bem como firmar parcerias com outras organizações do setor, como a Associação de Mercados Financeiros e do Setor de Valores Mobiliários dos EUA (Securities Industry and Financial Markets Association – SIFMA), para colaborar na formulação de soluções coletivas. Esses seminários poderiam funcionar como um canal adicional para discussão das mudanças regulamentares ou regulamentos a serem introduzidos, de forma que as empresas possam compartilhar seus pontos de vista e tenham tempo suficiente para fazer o planejamento adequado. Os organismos de regulamentação poderiam também compilar e compartilhar as práticas recomendadas e auxiliar no desenvolvimento de comunicações com clientes no setor como um todo para descrever as responsabilidades de clientes e empresas. Um exemplo digno de nota de um organismo regulamentador que assumiu uma abordagem colaborativa sem perder o foco na proteção do cliente é a Autoridade Monetária de Cingapura. Quando possível, os órgãos que envolverem clientes no processo de regulamentação, do projeto à avaliação do impacto e ao monitoramento, estarão bem posicionados para promover mudanças positivas no setor. Um das maiores dificuldades regulamentares do setor de gestão de patrimônios é a crescente assimetria das normas regionais. Clientes de todo o mundo estão enfrentando padrões diferentes ao interagir com empresas de outras regiões. Tais disparidades também representam complexidade para as empresas globais que operam em diversas regiões. Padrões regulamentares globais poderiam ajudar a dar condições iguais para todos e, mais importante, tornar mais fácil e econômico para as empresas oferecer uma experiência positiva para o cliente. FIGURA 25. Principais intervenientes em uma implementação eficaz da conformidade Uma compreensão melhor do cliente acerca da importância da conformidade e suas responsabilidade poderia resultar em uma experiência melhor para o cliente gu lad Em es Clientes HNW Normas globais com a devida discrição regional poderiam uniformizar a concorrência or As empresas precisam criar processos eficazes de comunicação com o cliente e definir expectativas claras Os reguladores poderiam partilhar as melhores práticas e ajudar a desenvolver comunicações amistosas com os clientes em todo o setor Re As empresas precisam explorar possíveis oportunidades para otimizar os investimentos determinados pelas regulamentações e as oportunidades de oferecer uma experiência diferenciada para o cliente pr de es a pa s d tr i e g mô es nio t ão s As empresas podem minimizar o impacto financeiro das regulamentações estabelecendo estratégias e prioridades empresariais claras Grupos setoriais Os grupos setoriais podem criar soluções coletivas para enfrentar as diversas dificuldades regulamentares As empresas podem utilizar grupos setoriais para colaborar com os reguladores de uma forma mais eficaz Fonte: Análise da Capgemini, 2013; entrevistas com executivos para o WWR 2013 RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013 39 Embora os clientes estejam certos ao exigir níveis de atendimento sistematicamente elevados das empresas na administração da carga de conformidade, eles também podem desempenhar um papel de destaque no atendimento às mudanças de regulamentação. Clientes que entendam melhor a importância da conformidade considerarão relativamente mais fácil atender aos diferentes pedidos de informação de seu gestor de patrimônio, possibilitando, em última análise, aconselhamento e soluções mais eficientes. Além disso, a carga administrativa inicial para os clientes seria compensada pelos benefícios da associação a empresas com práticas comerciais sólidas, transparentes e em conformidade com as leis e regulamentos pertinentes. Entretanto, cabe às empresas comunicar esse raciocínio e, mais importante, desenvolver, transmitir e atender aos padrões de serviço e experiência do cliente. Dada a complexidade e as diferenças regionais na regulamentação, muitas empresas adotam uma abordagem tática para a conformidade, atendendo a seus requisitos de forma isolada. O ambiente regulamentar atual cria oportunidades para que as empresas façam muito mais do que isso, examinando cuidadosamente os diversos aspectos de suas operações, quem são seus clientes centrais, como seus serviços são cobrados e como elas investem estrategicamente em tecnologia. 40 RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013 As empresas têm um papel importante a desempenhar para auxiliar os organismos de regulamentação em seus esforços para manter mercados depurados e aprimorar a imagem do setor. Por meio do respeito a normas de conformidade bem planejadas, é possível contribuir ativamente para o bem da sociedade e a proteção dos clientes. Ainda que às custas de um impacto financeiro de curto prazo, as empresas e gestores de patrimônios devem colocar em primeiro lugar os melhores interesses de seus clientes e a reputação de sua organização. Encontrar o equilíbrio exato entre a rentabilidade e uma cultura de conformidade é um processo delicado e contínuo. Se conduzido estrategicamente, ele pode ajudar as empresas a tirar proveito das eventuais oportunidades e manter-se à frente de seus concorrentes. Em última análise, a carga regulamentar não irá desaparecer e, provavelmente, irá apenas aumentar. As empresas que tomarem decisões e fizerem investimentos para incorporar o escopo das mudanças regulamentares em um nível estratégico estarão preparadas para obter o máximo de eficiência e de capacidade para atender ou superar as expectativas e necessidades de seus clientes. AGRADECIMENTOS Gostaríamos de agradecer às seguintes pessoas por sua ajuda na compilação deste relatório: William Sullivan, Karen Schneider, David Wilson e Chirag Thakral da Capgemini, por sua liderança geral no relatório deste ano; Sivakanth Dandamudi, Vamsi Gullapalli, Bhaskar Sriyapureddy, Shradha Verma e Chris Costanzo pela pesquisa, compilação e redação dos resultados, bem como por sua análise aprofundada do mercado; Willem-Boudewijn Chalmers-Hoynck-van-Papendrecht, Brendan Clarke, Bhushan Joshi, Claire Sauvanaud, Tej Vakta, Mark Wales e os membros do Departamento de Gestão de Patrimônios da Capgemini, por suas percepções e conhecimento do setor. Além disso, Vanessa Baille, Mary-Ellen Harn, Matt Hebel, Unni Krishnan, Martine Maitre, Sourav Mookherjee, Stacy Prassas, Erin Riemer e Sunoj Vazhapilly por seu apoio permanente em todo o mundo. J-F Courville, Mark Fell, Kathy Engle, Aishling Cullen, Claire Holland e Aimee Wong, da RBC Wealth Management, que forneceram direcionamento, acesso, perspectiva setorial e pesquisas para assegurar o desenvolvimento de questões específicas abordadas no setor de serviços financeiros, bem como pelo planejamento para o lançamento do relatório; David Agnew, Katherine Gibson, Barend Janssens, Donna Meyers, Gay Mitchell, John Montalbano, Paul Patterson, Stuart Rutledge, Tom Smee, Richard Sheldon, John Taft, Ingrid Versnel, Eric Lascelles, Jim Allworth, Janet Engels, Samir Dewan, Evelyn Koh, Frank Lippa, Li Li Seah, Francine Blackburn e outros altos executivos da RBC, que forneceram aconselhamento especializado sobre as tendências setoriais. Além disso, gostaríamos de agradecer a Paul French, Sanam Heidary, Tammy Benson, Jennifer Dela-Cruz, Edith Galinaitis, Peter Hoflich, Bev MacLean e Jamie Steiner por seu apoio global e aos especialistas regionais da Capgemini, RBC Wealth Management e outras instituições que participaram das entrevistas executivas para validar as conclusões e agregar profundidade à análise. À Scorpio Partnership, liderada por Sebastian Dovey e Cath Tillotson, por sua grande colaboração no desenvolvimento e implementação de nossa primeira Pesquisa Global HNW Insights, uma das maiores e mais aprofundadas pesquisas sobre pessoas com patrimônio pessoal elevado já conduzidas. Estendemos nosso agradecimento especial às empresas e autoridades regulamentadoras que nos deram percepções sobre os eventos que estão afetando o setor de gestão de patrimônios em nível mundial. As empresas a seguir estão entre os participantes que concordaram em ser citados publicamente: ABN AMRO Bank (Luxembourg) S.A., ABN AMRO MeesPierson, ABN AMRO Private Banking International, AFM (Authority for the Financial Markets), Association of Foreign Banks in Switzerland, Banif Banca Privada, Bank Insinger de Beaufort N.V., Bankhaus Lampe KG, Banque de Luxembourg, Banque Degroof Bank, Banque Havilland, Banque Privée Espirito Santo, Belfius Private Banking, BNP Paribas Wealth Management Asia, BNP Paribas Wealth Management Luxembourg, BNP Paribas Wealth Management España, BNYM Mellon, BSI AG, CIBC Wealth Management, Citibank (Switzerland) AG, Debtwire, DZ PRIVATBANK S.A., Geneva Financial Center, HSBC Private Bank, HSBC Trinkaus & Burkhardt AG, ING Private Banking, ING Private Banking Belgium, J.P. Morgan (Suisse) SA, Killeen Holdings, Lombard Odier, Lombard Odier & Cie (Switzerland), National Bank of Abu Dhabi, Petercam, Pictet & Cie, Rabobank Private Banking, RBS Private Banking India, Religare Macquarie Private Wealth, Robeco Group, Royal Bank of Canada, Scotiabank, SNS Securities, Sotheby’s North & South America, Theodoor Gilissen Private Bankers, Swiss Bankers Association, Swiss Private Bankers Association e Van Lanschot Bankiers. RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013 41 Appendix Anexo A A METHODOLOGY METODOLOGIA TAMANHO DO MERCADO Em seu modelo de dimensionamento de mercado, o Relatório sobre a Riqueza Mundial 2013 abrange 71 países, que respondem por mais de 98% da renda nacional bruta global e 99% do valor de mercado das ações de empresas de capital aberto de todo o mundo. Estimamos o porte e o crescimento do patrimônio nas diversas regiões usando a metodologia da curva de Lorenz da Capgemini, desenvolvida originalmente em projetos de consultoria na década de 1980. Ela é atualizada anualmente para calcular, em nível macro, o valor do patrimônio disponível para investimento dos HNWIs. O modelo é montado em dois estágios: primeiro, é feita uma estimativa do patrimônio total por país e, a seguir, sua distribuição entre a população adulta de cada nação. Os níveis de patrimônio total por país são estimados usando estatísticas sobre as contas nacionais de fontes reconhecidas, como o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial, para identificar o montante da poupança nacional em cada ano, que é totalizada ao longo do tempo para chegar ao valor acumulado da riqueza do país. Como os ativos financeiros são capturados pelo seu valor contábil, os dados finais são ajustados com base nos índices acionários mundiais para refletir o valor de mercado da parcela do patrimônio dos HNWIs aplicada em ações. A distribuição do patrimônio pelos diversos países é baseada em fórmulas de relacionamento entre patrimônio e renda. Os dados sobre distribuição de renda são fornecidos pelo Banco Mundial e pela Economist Intelligence Unit e obtidos nas contas nacionais de cada país. Usamos então as Curvas de Lorenz resultantes para distribuir o patrimônio pela população adulta de cada nação. Para chegar à parcela do patrimônio total disponível para investimentos, usamos as estatísticas dos países com dados disponíveis para calcular seus números de patrimônio financeiro e extrapolamos os resultados para o resto do mundo. Continuamos, a cada ano, a aprimorar nosso modelo macroeconômico com análises adicionais dos fatores econômicos internos que influenciam a geração de riqueza. Trabalhamos com colegas e parceiros de diversas empresas ao redor do mundo para considerar melhor os efeitos ao longo do tempo das políticas fiscais e monetárias locais sobre a geração de patrimônio disponível para investimento dos HNWIs. Os dados de ativos disponíveis para investimento que publicamos incluem o valor de posições em empresas de capital fechado, apresentadas pelo valor contábil, bem como todas as formas de ações negociadas em mercados públicos, obrigações, fundos e depósitos em dinheiro. Não são incluídos acervos, produtos de consumo, bens duráveis e imóveis usados como residência principal. Os 42 RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013 investimentos offshore são considerados de forma teórica, mas apenas na medida em que os países consigam fazer estimativas precisas dos fluxos relativos de entrada e saída de ativos e investimentos de suas jurisdições. No relatório, levamos em consideração as poupanças não declaradas. Devido às flutuações cambiais ocorridas nos últimos anos, particularmente em relação ao dólar norte-americano, avaliamos os efeitos dessas flutuações sobre nossos resultados. A partir de nossa análise, concluímos que nossa metodologia é sólida e que as flutuações cambiais não têm efeito significativo sobre os resultados. PESQUISA GLOBAL HIGH NET WORTH INSIGHTS DE 2013 A Pesquisa Global HNW Insights de 2013, realizada pela Capgemini, RBC Wealth Management e Scorpio Partnership, entrevistou mais de 4.400 HNWIs em 21 dos principais mercados de gestão de patrimônios da América do Norte, América Latina, Europa, Ásia-Pacífico, Oriente Médio e África. A divisão dos participantes por região, faixa etária, sexo e faixa de patrimônio é apresenta na Figura M1. A pesquisa também ouviu pessoas na faixa de patrimônio de US$ 0,5 a US$ 1 milhão e a quantidade total de respostas foi superior a 5.600. A Pesquisa Global HNW Insights, umas maiores pesquisas de HNWIs, foi conduzida em fevereiro e março de 2013, em colaboração com a Scorpio Partnership, que tem quinze anos de experiência na condução de entrevistas com clientes privados e consultores profissionais do setor de gestão de patrimônios. A pesquisa concentrou-se em três áreas principais: confiança, alocação de ativos e comportamento dos HNWIs. A primeira concentrou-se nos níveis de confiança dos HNWIs nos principais participantes do setor, inclusive empresas de gestão de patrimônios, gestores/consultores de patrimônio individuais, mercados financeiros e organismos e instituições de regulamentação. A segunda, “alocação de ativos”, avaliou os padrões atuais e futuros de alocação de ativos dos HNWIs globais, inclusive investimentos de paixão. A terceira e última, “Comportamento dos HNWIs”, estudou as preferências e os comportamentos em relação a seus objetivos e sua abordagem à gestão de patrimônios, seus relacionamentos com os gestores de patrimônios e o tipo de serviço esperado por eles. Para chegar aos valores regionais e globais, foram utilizadas ponderações por país e região baseadas em suas respectivas parcelas na população global de HNWIs, o que foi feito para assegurar que os resultados da pesquisa sejam representativos da população efetiva de indivíduos de patrimônio pessoal elevado. FIGURE 13. Breakdown of HNWI Geographic Allocation by Region FIGURA M1. Detalhamento demográfico da Pesquisa Global HNW Insights, T1 2013 Detalhamento por região Detalhamento por faixa de patrimônio Oriente Médio e África 5,2% América Latina 6,4% Mais de US$20mm 2,1% US$10mm-US$20mm 8,0% Europa 32,5% US$5mm-US$10mm 12,7% América do Norte 24,6% US$1mm-US$5mm 77,2% Ásia-Pacífico 31,3% Detalhamento por faixa etária Mais de 60 anos 25,1% Detalhamento por sexo Menos de 40 anos 20,2% Sexo fem. 39,9% Sexo masc. 60,1% 50-59 anos 26,9% 40-49 anos 27,8% Fonte: Pesquisa Global HNW Insights 2013 da Capgemini, RBC Wealth Management e Scorpio Partnership As informações aqui contidas foram obtidas em diversas fontes; não garantimos que elas ou as análises relacionadas a elas sejam exatas ou completas. Este relatório de pesquisa destina-se a distribuição geral e é fornecido exclusivamente para fins informativos; qualquer parte que o utilize o faz por sua própria conta e risco. RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013 43 Appendix A GLOSSÁRIO DOS PRINCIPAIS REGULAMENTOS QUE AFETAM AS Anexo B METHODOLOGY Regulamento / iniciativa regulamentar 44 EMPRESAS DE GESTÃO DE PATRIMÔNIOS E SUA ORIGEM Origem Breve descrição Conheça seu cliente (KYC) Global Regulamentos que determinam a coleta de amplos detalhes sobre o cliente para conter a transferência de recursos ilegítimos e evitar práticas de evasão tributária Normas Internacionais de Contabilidade (IFRS) Global A meta é o desenvolvimento, no interesse público, de um conjunto de normas de alta qualidade, compreensíveis, executáveis e aceitas em todo o mundo para a preparação de relatórios financeiros Tratados tributários offshore da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) Global Os centros offshore que firmaram esses tratados com qualquer país terão de informar os detalhes financeiros / investimentos feitos por seus cidadãos em sua jurisdição BASILEIA III Global BASILEIA III define exigências mais rígidas de capital e liquidez para as instituições financeiras que oferecem serviços bancários a seus clientes Combate à lavagem de dinheiro (AML) Global Regulamentos rigorosos que visam conter práticas de lavagem de dinheiro, que são usadas principalmente para financiar o terrorismo, tráfico de drogas e outras atividades ilícitas Organismos de Investimento Coletivo em Valores Mobiliários (UCITS) UE O objetivo dos UCITS é levar eficiência à gestão de fundos e aumentar a proteção dos investidores por meio de informações simplificadas sobre os produtos Pacotes de Produtos de Investimento de Varejo (PRIPs) UE Segundo esse regulamento, todos os que criam produtos de investimento terão de preparar um "Documento de Informações Importantes" (KID) para cada um deles e todos esses documentos deverão ter aparência e conteúdo padronizados para facilitar sua comparação Diretriz sobre Mercados de Instrumentos Financeiros (MiFID II). UE As empresas são obrigadas a declarar a natureza de seus produtos e a divulgar suas tarifas antecipadamente Diretriz dos Gestores de Fundos de Investimentos Alternativos (AIFMD) UE Define regras relativas a diversos aspectos financeiros como o cálculo dos ativos sob gestão, conflito de interesses, gestão de riscos e liquidez Regulamento da Infraestrutura do Mercado Europeu (EMIR) UE Visa regulamentar os derivativos negociados no mercado de balcão, a atenuação do risco sistêmico e o aumento da transparência Revisão de Distribuição de Varejo (RDR) Reino Unido Define regras sobre a informação de tarifas e níveis mínimos de competência profissional para os gestores de patrimônio Tratamento Justo dos Clientes (TCF) Reino Unido Visa elevar os padrões de condução dos negócios e introduz mudanças que beneficiarão os clientes e aumentarão sua confiança no setor de serviços financeiros Lei Dodd-Frank e Regra de Volcker EUA A Lei Dodd-Frank inclui amplos segmentos do setor de serviços financeiros dos EUA, abrangendo todos os seus aspectos, inclusive proteção dos clientes, estabilidade financeira, regulamentação de fundos privados, operações por conta própria, derivativos e governança corporativa Lei de Conformidade Tributária de Contas no Exterior (FATCA) EUA Segundo a FATCA, empresas estrangeiras que ofereçam serviços financeiros a cidadãos norte-americanos terão de informar seus detalhes diretamente ao IRS ou estarão sujeitas a retenção de IR na fonte à alíquota de 30% Futuro da Consultoria Financeira (FOFA) Austrália Determina diretrizes sobre diversos aspectos, como a proibição de estruturas conflitantes de remuneração, inclusive comissões, e a introdução de padrões fiduciários para os gestores de patrimônio RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013 CAPGEMINI FINANCIAL SERVICES CAPGEMINI FINANCIAL SERVICES Com mais de 125.000 funcionários em 44 países, a Capgemini é uma das mais importantes prestadoras de serviços de consultoria, tecnologia e terceirização de todo o mundo. Em 2012, o Grupo teve receitas totais de € 10,3 bilhões. Juntamente com seus clientes, a Capgemini concebe e fornece soluções comerciais e tecnológicas que atendem a suas necessidades e concretizam os resultados desejados. Sendo uma organização profundamente multicultural, a Capgemini desenvolveu sua própria forma de trabalhar, a Collaborative Business Experience™, e utiliza o Rightshore®, seu modelo mundial de prestação de serviços. O departamento de gestão de patrimônios da Capgemini pode ajudar empresas desde a definição da estratégia até sua implementação. Com base em nossas percepções exclusivas em relação ao porte e potencial de mercados alvo em todo o mundo, ajudamos os clientes a implementar novas estratégias, adaptar seus modelos práticos e assegurar soluções e custos adequados às expectativas de receita e rentabilidade. Também ajudamos as empresas a desenvolver e implementar as infraestruturas operacionais — inclusive modelos operacionais, processos e tecnologias — necessárias à retenção dos clientes existentes e conquista de novos relacionamentos. Mais informações a nosso respeito podem ser encontradas em www.capgemini.com/financialservices. Rightshore® é marca registrada da Capgemini Alguns escritórios da Capgemini Bratislava Bruxelas + 421 2 444 556 78 Madri +34 91 657 7000 +32 1 248 4000 Milão +39 024 14931 Bucareste +40 21 209 8000 Budapeste +36 23 506 800 Casablanca Charlotte Cidade de Taguig Cidade do México Cingapura Copenhague Mumbai Nova York +91 22 675 57000 +1 212 314 8000 +212 5 22 46 18 00 Oslo +47 2412 8000 +1 704 350 8500 Paris +33 1 49 67 30 00 Pequim +86 10 656 37 388 Praga +420 222 803 678 +63 2 667 6000 +52 5585 0324 00 +65 6224 6620 Rosemont +1 847 384 6100 +45 70 11 22 00 São Paulo +55 11 3708 9100 Cracóvia (Centro BPO) +48 12 631 6300 Sydney Dubai +971 4 433 56 90 Taipé Dublin +353 1 639 0100 Toronto +1 416 365 4400 Estocolmo +46 853 68 5000 Utrecht +31 306 89 0000 +49 69829 010 Varsóvia +48 22 4647000 +358 9 452 651 Viena Frankfurt Helsinque Lisboa Londres +351 21 412 2200 Zurique +61 292 93 4000 +886 2 8780 0909 +43 1 211630 +41 44 560 2400 +44 207 7936 3800 RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013 45 RBC WEALTH MANAGEMENT RBC WEALTH MANAGEMENT A RBC Wealth Management é uma das 10 maiores gestoras de patrimônio do mundo* e atende diretamente clientes afluentes de patrimônio pessoal elevado e ultraelevado no Canadá, Estados Unidos, América Latina, Europa, Oriente Médio, África e Ásia com um conjunto completo de produtos bancários, de investimento, fiduciários e outras soluções de gestão de patrimônios. Por meio da RBC Global Asset Management (que inclui a BlueBay Asset Management), a empresa também oferece produtos e serviços de gestão de investimentos, diretamente e por intermédio do RBC e de distribuidores externos, para clientes institucionais e pessoas físicas. A RBC Wealth Management tem mais de C$ 593 bilhões em ativos sob administração, mais de C$ 353 bilhões em ativos sob gestão e cerca de 4.300 consultores financeiros, assessores, executivos de private bank e executivos fiduciários. ROYAL BANK OF CANADA O Royal Bank of Canada (código de negociação na TSX e na NYSE: RY) e suas subsidiárias operam sob a marca RBC. Somos o maior banco do Canadá por ativos e por valor de mercado, figurando também entre os maiores do mundo em termos de valor de mercado. Somos uma das principais empresas de serviços financeiros diversificados da América do Norte e oferecemos serviços bancários pessoais e comerciais, serviços de gestão de patrimônios, seguros, serviços para investidores e operações bancárias de atacado em nível mundial. Empregamos cerca de 80.000 funcionários em tempo parcial e integral, que atendem a mais de 15 milhões de pessoas físicas, empresas, órgãos do setor público e clientes institucionais por intermédio de nossos escritórios no Canadá, EUA e outros 49 países. Visite rbc.com para obter mais informações. Canadá Estados Unidos Escritórios em mais de 140 localidades 855-444-5152 Escritórios em mais de 190 localidades 800-759-4029 Alguns escritórios da Global RBC Wealth Management Ásia Europa Brunei (+673) 2 224366 Madri Cingapura (+65) 6230 1888 Genebra Hong Kong (+852) 2848 1388 Pequim (+86-10) 5839 9300 +(34) 91 310 00 13 +(41) 22 819 4242 Oriente Médio Dubai +(971) 4 3313 196 Ilhas Britânicas Guernsey (+44) 1481 744000 América do Sul Jersey (+44) 1534 283000 Montevidéu +(598) 2 518 3200 Santiago +(562) 2 956 4800 São Paulo +55 11 3383-5200 Londres (+44) 20 7653 4000 Caribe Bahamas (242) 702 5900 Barbados (246) 429 4923 Ilhas Cayman (345) 949 9107 * Scorpio Partnership Global Private Banking KPI Benchmark 2012. Nos Estados Unidos, títulos e valores mobiliários são oferecidos por intermédio da RBC Wealth Management, uma divisão da RBC Capital Markets, LLC, subsidiária integral do Royal Bank of Canada. Associada à NYSE/FINRA/SIPC 46 RELATÓRIO SOBRE A RIQUEZA MUNDIAL 2013 ©2013 Capgemini e RBC Wealth Management. Todos os direitos reservados. Capgemini e RBC Wealth Management, e seus respectivos logotipos e marcas aqui utilizados, são marcas comerciais ou marcas registradas de suas respectivas empresas. Todos os demais nomes de empresas, produtos e serviços mencionados são marcas comerciais de seus respectivos titulares e são usados aqui sem intenção de infringi-las. Nenhuma parte deste documento pode ser reproduzida ou copiada por qualquer forma ou meio sem autorização por escrito da Capgemini e da RBC Wealth Management. Informações importantes: Os materiais aqui contidos destinam-se a fins exclusivamente informativos e não são direcionados nem se destinam a distribuição ou uso por parte de qualquer pessoa ou entidade em qualquer país onde tal distribuição ou uso seja contrário à legislação ou regulamentação ou sujeite o Royal Bank of Canada, suas subsidiárias ou as unidades de negócio que o constituem (inclusive a RBC Wealth Management) ou a Capgemini a qualquer exigência de licença ou registro em tal país. O presente documento não se destina a ser uma oferta específica por parte de qualquer entidade do Royal Bank of Canada para vender ou fornecer qualquer conta, produto ou serviço financeiro específico, nem um convite para apresentar uma proposta para sua aquisição. O Royal Bank of Canada não oferece contas, produtos ou serviços em jurisdições onde não tem permissão para fazê-lo, de forma que os negócios da RBC Wealth Management não estão disponíveis em todos os países ou mercados. As informações aqui contidas são de natureza geral e não se destinam a oferecer assessoria ou opinião profissional a qualquer usuário nem uma recomendação de qualquer abordagem específica, não devendo ser interpretadas como tal. Este documento não objetiva ser uma apresentação completa das abordagens ou etapas que possam ser adequadas ao usuário nem leva em consideração sua tolerância ao risco ou seus objetivos de investimento específicos, não se destinando a ser um convite para efetuar uma transação com títulos ou valores mobiliários nem para participar por qualquer forma em qualquer serviço de investimento. Este documento foi redigido originalmente no idioma inglês. A tradução para outros idiomas é fornecida apenas para conveniência de nossos usuários. A Capgemini e o Royal Bank of Canada não assumem qualquer responsabilidade por imprecisões na tradução. As informações aqui prestadas são fornecidas “no estado em que se encontram”. 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