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do jornal em Pdf
Nº 59 - abr./mai./jun. de 2012 - ANO XIII
Associação de Deficientes Visuais e Amigos
Um novo
Código Florestal?
Ecoconvivência p. 9
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dispositivos acessíveis
Convivaware p. 10
CONVIVA fala com um
dos Titulares do Ritmo
Profissão: p. 4
Arquivo pessoal
A primeira porta para a cidadania
Marizia Calife Barsuglia,
professora voluntária de mobilidade
e uma das fundadoras da ADEVA
O ato de ir e vir é um direito básico
do cidadão, garantido pela Constituição
brasileira. No entanto, essa ação, que
pode parecer extremamente simples, em
certos casos especiais necessita de apoio
e aprendizado.
É o caso do portador de deficiência
visual, cujo sucesso e integração na
sociedade dependem também da formação
de orientadores capazes, comprometidos
e conhecedores das limitações dos seus
alunos, assim como de seus sonhos,
desejos e, principalmente, de sua busca por
liberdade, educação e formação profissional.
Com a ajuda da ADEVA e de seus
professores, tudo isso é possível. E
quem me garante são os mais de 30
anos dedicados a ensinar orientação e
mobilidade para pessoas cegas, trabalho
coroado com a maior das recompensas:
sentir-me útil para a sociedade.
Não existe alegria maior do que ter
acompanhado de perto a trajetória da
grande maioria dos meus alunos na
ADEVA, auxiliando-os a realizar seus
objetivos. Na educação, vencendo
barreiras, subindo degraus até a glória
da sua formação universitária; na trajetória
profissional, onde quase tudo parecia
impossível, as conquistas demonstraram
o contrário; no esporte, quem diria, várias
medalhas paralímpicas foram conquistadas;
no social, famílias constituídas no amor
revelam que valeu a pena não ter medo
de ser feliz.
Estou me despedindo dessa atividade
voluntária, que sempre me deu prazer,
com o sentimento do dever cumprido e
segura de que esse trabalho fundamental
continuará sendo realizado pela ADEVA,
que hoje conta com três professores
voluntários devidamente capacitados
pelo mestre Silas Maciel e com uma turma
formada por 30 alunos. Mas muito mais
poderia ser feito com a ajuda de patrocinadores, públicos ou privados.
Nesta “carta de despedida”, quero,
acima de tudo, agradecer a Deus, que
me mostrou esse caminho e iluminou
a minha vida.
Aos meus ex-alunos e eternos amigos,
meu muito obrigada por terem me
permitido participar de suas histórias de
vida e conquistas.
Sim. Existe um verdadeiro sentido
da vida.
Lei de Cotas: bem ou mal?
Shutterstock
“Meu primeiro emprego foi numa empresa
em que trabalhei por sete anos e meio enviando
mensagens para bips. Eu já sabia que existia a
Lei de Cotas, mas não tenho certeza se a minha
contratação foi por causa dela. Por ter uma filha
deficiente visual, o dono criou um projeto para
empregar pessoas com deficiência.
Eu achava que as empresas não deveriam
contratar um deficiente devido à obrigatoriedade
de uma lei, e sim pela sua capacidade de trabalhar
e produzir. Hoje, porém, sei que isso é uma utopia.
Penso que se não fosse pela Lei de Cotas, boa
parte das empresas não empregaria deficientes.
Uma vez contratados, a maioria de nós prova
que é capaz, porém, quase não temos oportunidades
para crescer profissionalmente, ao contrário das
pessoas sem deficiência.
Em 2011, por meio de um projeto da Federação
Brasileira de Bancos (Febraban), fiz um curso de
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capacitação de seis meses pela Avape (Associação
para Valorização de Pessoas com Deficiência), em
que tive aulas de português, matemática financeira,
negociações bancárias, técnicas de vendas etc.,
o que me levou para o Citibank, onde estou faz
um ano.
Atualmente, trabalho na área de cobrança, mas
já aprendi a vender cartões de crédito, empréstimos
pessoais, além de atender telefone e dar informações
gerais, tudo isso graças à Lei de Cotas, à qual eu
era contra. Antes, já havia trabalhado em outras
duas empresas.
Os deficientes não devem se acomodar e têm o
direito de ‘brigar’ pela realização dos seus sonhos
profissionais. A Lei de Cotas é a entrada para o
mercado de trabalho; cabe a nós saber aproveitar
as oportunidades que ele oferece.”
Fátima Farias, 37,
trabalha como assistente da gerência no Citibank Brasil
IV CARNADEVA
Fotos: Miguel Leça/ADEVA
No dia 11 de fevereiro aconteceu o IV CARNADEVA, baile
pré-carnavalesco da ADEVA, com direito a concurso de melhor fantasia
e sorteio de vários prêmios. Após muita folia, foram premiados 12
participantes nas categorias luxo, comicidade, originalidade e infantil
e também o folião mais animado do baile. Confira abaixo as fotos
do evento e a lista de prêmios:
Infantil: as três melhores fantasias foram premiadas com
um par de Passaportes da Alegria do Playcenter.
1º lugar Luxo e Originalidade: vale-cortesia com direito a
acompanhante do restaurante Mestiço.
1º lugar Comicidade: vale-cortesia com acompanhante do
restaurante Rubayat.
2º lugar Luxo: vale-cortesia com acompanhante do restaurante
Dalva e Dito.
2º lugar Originalidade: vale-cortesia com acompanhante
do restaurante Sotero.
2º lugar Comicidade: vale-cortesia com acompanhante da
1900 Pizzeria.
3º lugar Luxo, Originalidade e Comicidade: caixa de
minissom digital.
Folião mais animado: par de Passaportes da Alegria do
Playcenter.
Na ocasião, ainda foram sorteados um celular, oferecimento da
empresa Spoladore Eventos; dois vales-cortesia da churrascaria Fogo
de Chão; dois pares de Passaportes da Alegria; e 20 sacolas ecológicas
oferecidas pela empresa Debrin Brasil.
A ADEVA também foi premiada com a presença de um público
muito animado e do pessoal da Apae, que abrilhantou ainda mais
a festa.
Além das empresas que apoiaram com os vários prêmios, a ADEVA
contou com a colaboração da Festa Express, que doou enfeites para
a decoração do salão e adereços que foram distribuídos entre os
convidados. No ano que vem tem mais!
Cora l
da ADEVA
Ótima oportunidade de lazer e
aprendizado, o Coral da ADEVA
está com inscrições abertas a todos
os associados e ao público em
geral. Regido pelo maestro Júlio
Battesti, os ensaios acontecem
todas as terças-feiras, das 17h às
19h, no Centro de Treinamento da
ADEVA (Rua São Samuel, 174 Vila Mariana). Participe!
Rodrigo na
Era Digital
No dia 5 de maio, um sábado, acontece
o lançamento do livro “Rodrigo na Era
Digital”, de Markiano Charan Filho,
diretor-presidente da ADEVA. O evento
será realizado no Museu Lasar Segall (Rua Berta, 111, Vila
Mariana - São Paulo), das 15h às 19h. Na ocasião, haverá
visita monitorada com audiodescrição a algumas obras da
exposição temporária “Poéticas do Mangue”. Com ilustrações
de Valeriano, “Rodrigo na Era Digital” (Nova Alexandria, 36
págs.) é o terceiro livro da série criada por Markiano.
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Divulgação
Eles cantaram
as coisas
do Brasil
CONVIVA conversa com
um dos integrantes do
Titulares do Ritmo
Por Lúcia Nascimento
[email protected]
Rei, Príncipe, Duque, Visconde,
Marquês e Conde. Eram esses os
apelidos dos seis integrantes do Titulares
do Ritmo, um dos grupos musicais mais
afinados do Brasil.
Formado por seis deficientes visuais,
o Titulares tem sua origem no Instituto
São Rafael para Deficientes Visuais, de
Belo Horizonte, onde, além do ensino
fundamental, seus “nobres” integrantes
estudaram teoria musical e canto, nos
idos de 1940.
“O mais gozado é que nos
tratávamos assim”, lembra o ritmista
e voz aguda do grupo, João Cândido
Brito, 83, o Visconde.
Segundo ele, a ideia de formar um
grupo musical nasceu de uma roda
de samba que os jovens costumavam
fazer nos recreios. “Na brincadeira,
percebemos que muitos colegas
gostavam de cantar, mas nem todos
levavam jeito. Então, o Chico [Francisco
Nepomuceno, o Rei] me chamou para
que fizéssemos uma seleção, a fim de
formar um grupo”, recorda.
Uma vez formado, o sexteto
começou a cantar nos eventos do São
Rafael, inspirado por conjuntos como
Quatro Ases e Um Curinga, Bando da
Lua, Anjos do Inferno e Os Cariocas.
Ao ouvi-los, o apresentador e diretor
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Titulares do Ritmo: Francisco e Geraldo Nepomuceno
de Oliveira, Domingos Ângelo de Carvalho, João
Cândido Brito, Joaquim Alves e Sóter Cordeiro
Elias Salomé, do programa “Escola de
Rádio”, que revelava talentos musicais,
ficou tão emocionado, que os contratou
imediatamente.
A estreia profissional do Titulares
do Ritmo foi no dia 3 de setembro de
1945, na Rádio Inconfidência Mineira,
com o samba “Como Se Faz Uma Cuíca”,
de Pedro Caetano.
Por seis meses, cantaram na
Inconfidência, o que fez com que
ganhassem dinheiro, conquistassem
os ouvintes e a concorrente, a Rádio
Guarani, para onde se transferiram.
Já bem conhecidos em Minas Gerais,
em 1947, a convite de uma turma de
normalistas da Escola Caetano de
Campos, da qual fazia parte a professora
Dorina de Gouvêa Nowill, o sexteto
viajou para São Paulo para uma série
de shows na Fundação para o Livro do
Cego no Brasil (hoje Fundação Dorina
Nowill).
Embora ainda tivessem um programa
na Rádio Guarani, eles já estavam
decididos a se estabelecer em São Paulo.
Para atingir esse objetivo, Brito conta
que eles organizaram uma nova excursão
pelo sul de Minas, onde enfrentaram
muita chuva e pouco público.
Ajudados pelo ex-colega Geraldo
Sandoval e pela Fundação, eles
conseguiram se instalar definitivamente
na capital paulista em fevereiro de 1948,
onde estrearam com grande sucesso
na Rádio Gazeta.
Carreira em
São Paulo e futebol
A passagem do Titulares do Ritmo
pela Gazeta durou aproximadamente
um ano. Como o público era muito
seleto, Brito explica que eles decidiram
se transferir para a Rádio Bandeirantes,
mais popular. Lá eles trabalharam de
1949 a 1956, participando de toda a
programação da emissora.
Em 1950, assinaram contrato com
a gravadora Odeon e lançaram seu
primeiro disco, interpretando o bolero
“Llanto de Luna”, de J. Gutierrez e
Roberto Corte Real, e o samba “Nega
Distinta Taí”, de Francisco Nepomuceno.
Gravaram também a marcha “Chiquita”,
de Chico e Baiano, e o samba “Não
Põe A Mão”, de Mutt, Arnô Canegal e
Buci Moreira, primeiro grande sucesso
do grupo.
Nos anos seguintes, passaram por
quase todas as gravadoras brasileiras.
Foram vários sucessos, entre sambas,
toadas, marchas, foxtrote, baião, e mais
de 16 LPs gravados. Tiveram ainda dois
programas exclusivos, um na Rádio Tupi
e outro na Record.
Hinos de clubes de futebol, como os
do Corinthians e do Grêmio, também
fizeram parte do repertório musical do Titulares. Em
função da conquista da Copa do Mundo da Suécia,
em 1958, gravaram as marchas “Brasil! Brasil!”, de
Alceu Menezes, e “A Taça do Mundo É Nossa”, de
Mau, Dag e Lau, que se tornaram grandes sucessos
e ainda hoje são lembradas.
Ao longo da carreira, o grupo fez também várias
produções voltadas para as festas natalinas, como
as gravações, em 1959, de “O Tannebaum”, de Ernst
Anschultz, e do fox “Sinos de Belém”, com versão
de Evaldo Rui. No mesmo ano, lançaram, pelo selo
Califórnia, o rock-balada “Estúpido Cupido”, de H.
Greenfield e N. Sedaka, com versão de Fred Jorge,
e o maxixe “João Cachaça”, de Vitor Dagô. No ano
seguinte, pelo mesmo selo, gravaram as marchas-hino “Hino a São Paulo” e “Hino do Estudante”, de
Júlio Revoredo.
Os Titulares do Ritmo também fizeram
“background” para inúmeros cantores, de Sílvio
Caldas e Elizeth Cardoso a Benito de Paula.
Na tevê, os Titulares integraram o elenco das
Emissoras Associadas (1956), das Unidas (1960) e
da TV Excelsior (1965), e participaram de diversos
programas, com destaque para o “Programa Viva o
Samba”, de Silvio Santos.
Nos anos 60, gravaram, pela RGE, uma série de três
LPs (The Playing’s) interpretando covers de sucessos
americanos acompanhados de quatro vozes femininas.
No entanto, Brito conta que o trabalho não pôde
ser divulgado à época devido ao contrato que eles
tinham com a RCA. “A primeira propaganda dos
LPs foi uma foto nossa com um disco tampando os
nossos rostos, para ninguém nos reconhecer”, recorda.
Ganhadores de seis prêmios Roquete Pinto, os
Titulares se destacaram também nos jingles. Um dos
seus trabalhos mais famosos foi o jingle de Natal
que eles fizeram para a Casas Pernambucanas. “Foi
a propaganda mais bonita já existente no Brasil”,
afirma Brito sem falsa modéstia.
Dos seis Titulares do Ritmo, infelizmente, apenas
dois estão vivos: Domingos Ângelo de Carvalho, o
Duque, e Brito, que falou com o CONVIVA.
Natural de Bom Jesus do Galho (interior de Minas),
Brito vive e mora em São Paulo. Casado há 58 anos
com Carmen, tem quatro filhas e quatro netos.
Para os deficientes visuais que sonham em vencer
como ele e os colegas, Brito recomenda paciência e
perseverança: “Se vocês desistirem, ninguém saberá
que existiram”.
Marcelo Alexandre/ ADEVA
Televisão
João Cândido Brito, o Visconde
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Eva, um talento que faz parte
das vitórias da ADEVA
Associada desde 2000, venceu no dominó e brilhou nos palcos
Por Lúcia Nascimento
[email protected]
Arquivo pessoal
“O teatro abriu muitas portas para mim.” É o que revela
Eva Martins, 60, cega de nascença e um talento com uma
linda história de vitórias na ADEVA. “Eu não sou fundadora,
mas conheço a entidade desde a sua inauguração, em 1978,
ano em que nasceu o meu filho. Eu era vendedora ambulante
na época e fui informada por alguns colegas de que lá vendia
papel sulfite. Então fui, comprei e conheci a Sandra [Maciel,
vice-presidente da ADEVA]”, lembra.
Ágil na leitura em braile, Eva se destacou na ADEVA
recitando e interpretando textos, como quando da I Gincana
Cultural Louis Braille, promovida pela Sociedade Amigos
da Biblioteca Braille do Centro Cultural São Paulo e que
envolveu, além da ADEVA, mais duas entidades de deficientes
visuais: o Centro de Apoio ao Deficiente Visual (Cadevi) e
o Amigos Pra Valer. Na disputa, Eva fez a leitura da crônica
“Criança, escrava da mídia”, de Laércio Taioli, e conseguiu
a nota máxima, dando uma importante contribuição para
a vitória da equipe Golfinhos, da ADEVA.
Na mesma competição, ela também participou do jogo de
perguntas e respostas e do torneio de duplas de dominó, ao
lado do colega Sérgio Danna, obtendo o segundo lugar nas
duas disputas. Na gincana anterior promovida pelo Cadevi,
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em 2000, foi campeã de dominó ao lado do filho Sandro,
também representando os Golfinhos. “Dominó é a única
coisa que eu sei jogar”, confessa.
Com uma bela voz de contralto, Eva também integrou,
por cerca de um ano, o coral da ADEVA. Mas a sua paixão
é o teatro.
Talento no palco
Em 2003, a ADEVA firmou uma parceria com a Secretaria
da Cultura do Estado de São Paulo, por meio do projeto
Talentos Especiais, que levou vários de seus alunos e associados
Jogo rápido com Eva Martins
Signo: Aquário.
Uma cor: Rosa.
Hobby: Colecionar caixinhas de música.
Um filme: “Ao Mestre, Com Carinho” (1967).
Um livro: “Amor Sem Igual”, de Danielle Steel.
Um estilo de música: Popular.
Uma música: “A Viagem”, de Cleberson
Horsth e Aldir Blanc, interpretada
pelo grupo Roupa Nova.
Cantora preferida: Cláudia.
Cantor: Roberto Carlos.
Sobre a deficiência: Ela tem de ser
esquecida, para a pessoa poder viver.
Religião: Espírita.
Deus: É o centro do universo.
Amigos: Tenho poucos, mas verdadeiros.
Amor: É desejar a felicidade de quem você
ama, mesmo que custe a sua infelicidade.
Esporte preferido: Vôlei.
Time do coração: Corinthians.
Família: Quando unida, é o maior
passo para um lar feliz.
Um sonho: Que um dia não haja mais
violência, desigualdade e preconceito.
O que fazer para viver melhor? Se
colocar no lugar do outro.
Uma frase: “Quem quer o mundo
mudar, deve por si começar.”
para uma oficina de teatro. Eva foi uma das primeiras participantes do grupo, que, sob a orientação e direção da atriz
Nina Mancin, encenou no palco do Teatro Ruth Escobar a
peça “Retalhos”, uma coletânea de textos de vários autores.
“Eu contracenei com a Liane [Constantino, ex-editora
do CONVIVA] e com a Inesita, prima dela. Éramos três
velhas fofoqueiras”, diverte-se. Nos dois anos seguintes,
Nina dirigiu o mesmo grupo nas peças “O Girassol” e “Um
Lugar Qualquer”, de Renato Benedetti, além de vários textos
de Shakespeare, todos com a brilhante atuação de Eva.
Nascida em Guararapes (oeste do Estado), Eva conta
que desde menina tinha uma queda pelo teatro. Junto com
um primo, escrevia peças, preparava os atores e montava
o cenário na varanda da casa de sua avó. “Era tudo muito
bem ensaiadinho. Se algum personagem precisasse desmaiar,
já tinha uma cama para ele cair”, recorda. A plateia, que,
segundo ela, ficava no quintal da casa, aplaudia muito e,
no outro dia, pedia bis.
Eva estudou até a oitava série no Instituto de Cegos Padre
Chico, no Ipiranga, e diz que nos vários eventos realizados
lá era sempre ela a oradora da turma, inclusive na cerimônia
da sua formatura. Posteriormente, fez o segundo grau no
Colégio Estadual Casimiro de Abreu, na Vila Guilherme, e no
Colégio Estadual Dr. Miguel Vieira Ferreira, na Vila Medeiros.
Seu primeiro emprego foi na extinta Fábrica de Biscoitos
Duchen, onde trabalhou por um ano. Posteriormente,
começou um curso de programação no Instituto Brasileiro
de Incentivos Sociais; fez curso de massoterapia; trabalhou
como vendedora ambulante; e, finalmente, em 1989, prestou
concurso público para operadora de câmara escura no Estado,
trabalho que exerce até hoje, prestando serviços no Hospital
do Mandaqui, no setor de raio X.
Casada há 21 anos com o também servidor público
Aguinaldo, Eva tem três filhos: Ricardo, Sandro e Denise; e
três netos: Giulia, Gustavo e Eduardo.
Em 2000, Eva se tornou associada da ADEVA e fez
todos os cursos que a entidade lhe ofereceu, como os de
informática, telemarketing e liderança. Hoje, ela frequenta a
associação em ocasiões especiais, mas acompanha de perto
o trabalho e os cursos profissionalizantes oferecidos, que, na
sua opinião, estão cada dia melhores. “Eu só lamento o fato
de muitos jovens deficientes que recebem o Loas [amparo
assistencial] não quererem trabalhar. É muito importante
poder estudar e trabalhar ao mesmo tempo”, diz.
Por sua vez, Eva ainda sonha voltar ao teatro e, se possível,
fazer um curso profissionalizante nessa área. “O teatro me
ajudou muito. Se eu já não era inibida, fiquei melhor”, conclui.
ADEVA e Instituto
de Pesquisas
Eldorado firmam
parceria
Visando a capacitação e a inclusão da pessoa com
deficiência visual no mercado de trabalho, a ADEVA e
o Instituto de Pesquisas Eldorado firmaram, no final de
2011, uma parceria para ensinar programação Cobol
(linguagem de computação em mainframe) a seus alunos.
Após um primeiro contato, o Instituto Eldorado viu
na ADEVA a possibilidade de atingir pela primeira vez
o deficiente visual por meio de um braço do projeto
de capacitação profissional Oficina do Futuro, que
apoia desde 2004.
Criado em 2007, o Oficina do Futuro PcD é uma
iniciativa do Instituto de Pesquisas Eldorado em parceria
com empresas e instituições ligadas à temática das
pessoas com deficiência, que acreditam no potencial
dessa importante parcela da sociedade e na sua
integração no mercado brasileiro de tecnologia da
informação e comunicação.
“O Cobol ainda é um grande mercado de trabalho
para o deficiente e com essa parceria com o Instituto
Eldorado podemos preparar os deficientes visuais de
São Paulo e Campinas para entrar no mercado de
trabalho atualizados com o que há de mais novo nessa
área no momento”, diz Sandra Maciel, vice-presidente
da ADEVA.
Fundado em dezembro de 1997 em Campinas e em
operação desde março de 1999, o Instituto Eldorado
foi criado com foco em pesquisa e desenvolvimento
na área de tecnologia da informação e comunicação e
na capacitação de pessoas para esse mercado.
A ideia agora é que a ADEVA continue fazendo
outros cursos em parceria com o Instituto, que
no momento está oferecendo um de capacitação
técnica profissional em lógica de programação e
introdução a SQL.
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Fut5 do Brasil vai em
busca do tri em Londres
Divulgação/CBDV
CONVIVA fala com Taffarel, goleiro da seleção de futebol de cinco
CONVIVA: Você joga futebol há quanto
tempo?
Taffarel: Comecei a jogar futebol com quatro
anos. Era muito agitado e minha mãe optou
por me colocar em uma escolinha para que
eu gastasse um pouco de energia.
CV: E futebol de cinco, quando e como
começou?
Taffarel: Após encerrar a minha carreira no
futebol de campo profissional, em 2006,
ingressei na faculdade de Educação Física.
Lá conheci a modalidade e, em 2007, uma
amiga me apresentou a alguns integrantes
da APADV de São Bernardo.
CV: Quais eram as suas expectativas antes
de conhecer essa modalidade?
Por Ivan de Oliveira Freitas
[email protected]
Esperança de medalha para o Brasil, o
futebol de cinco, ou fut5, que já foi tema da
edição 53 do CONVIVA, é uma dasEsperança
de medalha para o Brasil, o futebol de cinco,
ou fut5, que já foi tema da edição 53 do
CONVIVA, é uma das 20 modalidades que
estarão presentes nos Jogos Paralímpicos de
Londres, que acontecem entre os dias 29 de
agosto e 9 de setembro de 2012.
Modalidade do futebol exclusiva para
cegos e deficientes visuais, o fut5 tem uma
peculiaridade especial: o goleiro é o único
atleta que enxerga dentro das quatro linhas.
Mas para que ele não leve vantagem sobre
os demais jogadores, algumas adaptações
foram feitas: a área de defesa abrange apenas
2 metros à frente da trave, e o goleiro não
pode sair em hipótese alguma, muito menos
tocar na bola ou em algum adversário fora
dela. No futsal, por exemplo, a área do goleiro
é de 6 metros e ele pode sair da área e até
fazer gol.
Assim sendo, resolvemos entrevistar o
goleiro da seleção brasileira de fut5 Antônio
Taffarel de Carvalho, 24, que joga pela equipe
da APADV (Associação de Pais, Amigos e
Deficientes Visuais) de São Bernardo do
Campo desde 2007, e está treinando com
o time que irá em busca do inédito tricampeonato paralímpico em Londres.
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Taffarel: Sinceramente, acreditei que ia
conhecer a instituição e iniciar um trabalho
voluntário, com foco social, pois não
imaginava a capacidade e eficiência com
que os cegos podem jogar futebol.
CV: Quais foram as dificuldades encontradas?
Taffarel: Nos primeiros treinos, encontrei
bastante dificuldade na adaptação ao tipo
de orientação necessária que deveria passar
aos atletas dentro do jogo. Além do meu
posicionamento diante de um atleta antes
do chute.
CV: Quais são as diferenças básicas de ser
goleiro de futsal e de fut5?
Taffarel: O goleiro de futsal convencional
tem liberdade total de movimentos. No
fut5, os goleiros são limitados por área
menor de 2 metros de comprimento por
5 metros de largura. Por isso, a velocidade
de reação tem de ser maior, para defesas a
distâncias curtas. Além, é claro, do posicionamento e da orientação diferenciada que
citei anteriormente.
CV: Quais são as suas metas para 2012?
Taffarel: Estou em preparação para os Jogos
Paralímpicos de Londres com a seleção
brasileira, portanto o primeiro objetivo é a
conquista da medalha de ouro.
Passadas as Paralimpíadas, iniciarei uma nova
preparação visando o Campeonato Brasileiro
com a APADV.
A polêmica em torno do
novo Código Florestal
Reforma “flexibiliza” a recomposicão de áreas
desmatadas e a preservação ambiental
Shutterstock
Nos últimos meses, ouviu-se uma enxurrada de
opiniões favoráveis e contrárias ao novo Código Florestal
brasileiro. Certamente, o assunto é polêmico, pois há
interesses antagônicos envolvidos. Ruralistas, ambientalistas, gestores públicos e pequenos agricultores
defendem ou combatem pontos do código que lhes
interessam ou não. Mas o que muda de fato?
A fim de proteger a mata ciliar, o código atual,
que vigora desde 1965, exige uma faixa de proteção
a partir das margens dos rios de 30 a 500 metros,
dependendo da largura do rio, e isso não mudou. A
nova medição, porém, será feita a partir do leito regular
e não mais do leito maior (períodos de cheia), o que
na prática diminui o espaço de preservação. Além
disso, há uma exceção para os rios estreitos com até
10 metros de largura. Caso a mata ciliar desses rios
tenha sido totalmente devastada, a obrigatoriedade de
recomposição é de apenas 15 metros. É bom lembrar
que a função da mata ciliar não é apenas impedir
a erosão, mas também proteger a fauna e a flora.
Portanto, o plantio de árvores somente não basta. É
necessário haver uma cobertura florestal, uma faixa
de proteção ambiental em evolução natural. Para isso,
o limite de 30 metros é pouco.
Para pequenos açudes com menos de 1 hectare,
construídos em propriedades rurais visando a
dessedentação de animais, será dispensada a Área
de Proteção Permanente (APP).
Já represas em zona rural com até 20 hectares
de superfície deverão manter APP de 15 metros, no
mínimo, se não forem usadas para abastecimento
público ou geração de energia. Caso contrário, a APP
deverá ser de 30 a 100 metros em área rural, e de
15 a 50 metros em área urbana.
O novo código exige que as indústrias que utilizam
grande quantidade de matéria-prima florestal tenham
um Plano de Suprimento Sustentável (PSS), com
indicação das áreas de origem da matéria-prima e
cópia do contrato de fornecimento. Além disso, o PSS
de empresas que consomem grande quantidade de
lenha ou carvão vegetal deverá prever o uso exclusivo
de florestas plantadas.
O novo código também prevê que o controle da
origem do carvão, da madeira e de outros subprodutos
florestais fique disponível na internet.
Para exploração de florestas nativas, o código
exige licenciamento ambiental com base em um
Plano de Manejo Florestal Sustentável (PMFS), no
qual devem constar mecanismos de controle dos
cortes, da regeneração e do estoque existente. O corte
autorizado para uso do solo pela agropecuária, o
manejo de florestas plantadas fora da reserva legal e
a exploração não comercial realizada por agricultores
familiares estão isentos do PMFS.
O novo código permite a manutenção de culturas
de espécies lenhosas (café, uva, maçã) ou de atividades
silviculturais, assim como a infraestrutura física
associada a elas em APPs de topos de morros, montes
e serras com altura mínima de 100 metros e inclinação
superior a 25 graus, bem como em locais com altitude
superior a 1,8 mil metros.
Nesses casos, a tragédia da Região Serrana do Rio,
no ano passado, deveria servir como alerta. Naquela
região, houve plantio de café. A cobertura vegetal
da serra, portanto, era resto de floresta, incapaz de
absorver uma grande precipitação.
Enfim, o novo código está aí. Nós, brasileiros, não
queremos uma repetição da destruição que aconteceu na
Mata Atlântica na Amazônia, nem uma desertificação,
com o solo envenenado e esgotado. Fiquemos atentos!
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Por Sidney Tobias de Souza
[email protected]
Curiosidade
ção permanente ocupadas por áreas
Você sabia que existem áreas de preserva
Redentor e o Palácio do Planalto são
urbanas? O Estádio Beira-Rio, o Cristo
desde que não estejam em áreas de
três exemplos. A ideia é regularizá-las
eção de mananciais e as faixas de APP
risco. Em contrapartida, as áreas de prot
à regularização ambiental de imóveis
deverão ser recuperadas. Como incentivo
de multas para proprietários que decirurais, o novo código prevê a suspensão
as APPs e a Reserva Legal.
direm regularizar seu imóvel recuperando
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Empresa cria importantes
recursos de acessibilidade,
como o VoiceOver e o Siri
pode permitir percorrer uma página por cabeçalho, hiperlink,
botões, imagens, etc.
Por mais que eu me esforce, não consigo colocar em
O VoiceOver fala 21 idiomas e funciona com todas as
palavras o que experimentei no dia que o meu sobrinho
aplicações que tenham sido desenvolvidas seguindo os
chegou em casa com o novo iPhone 4S. Ele colocou o
padrões de acessibilidade do W3C.
aparelho em minhas mãos e disse: “Pronto, tio, já ativei a
Para as pessoas idosas ou que têm dificuldade de enxergar,
acessibilidade. Vê se é verdade”. Então, cinco minutos depois,
está disponível o zoom, recurso que permite ampliar a tela
sem conhecer praticamente nada do celular e do leitor de
em até cinco vezes. O zoom funciona em qualquer ponto,
tela VoiceOver, consegui acessar um vídeo no YouTube e
incluindo as telas iniciais. Se o usuário preferir um contraste
tirar uma foto da caçulinha da família com qualidade perfeita.
maior, é possível mudar a tela para branco sobre preto. Para
Os amigos leitores que enxergam não têm ideia do
as pessoas com outros tipos de deficiência, é possível, por
sentimento experimentado por um deficiente visual quando
exemplo, no caso das pessoas com problemas auditivos,
este se sente realmente incluído na sociedade. E é exatamente
encaminhar os canais de áudio direito e esquerdo para
isso que a Apple tem feito há mais de 20 anos, ao criar
ambos os fones, para que seja possível escutar os dois
soluções inovadoras para pessoas com
canais em qualquer dos lados. Para as
deficiência ou não.
pessoas surdas, estão disponíveis ainda
Para nós, deficientes visuais,
App Store
recursos que facilitam o uso de legendas
está disponível o VoiceOver. É o
A App Store é uma loja virtual da
em vídeos e podcasts.
primeiro leitor de tela baseado em
Apple que oferece milhares de proUm dos últimos lançamentos
gestos manuais. Em vez de decorar
gramas (aplicativos) para baixar por
da Apple foi o iPhone 4S. Dentre os
preços muitas vezes acessíveis. Basta
comandos de teclado ou pressionar
inúmeros recursos desse smartphone,
conectar seu produto Apple a ela e,
teclas minúsculas, basta passar o
vale a pena citar o Siri. Com ele, o
com um cartão de crédito, adquirir
dedo pela tela do aparelho para ouvir
aparelho pode ser totalmente operado
o software desejado. O processo de
a descrição do item e, com dois toques,
por comandos de voz. Basta dizer “me
download é muito simples também.
acioná-lo. Basta deslizar rapidamente o
lembre da reunião com o José amanhã
É possível, por exemplo, instalar um
dedo da esquerda para a direita (como se
às 11h”, para que o compromisso seja
aplicativo que indica a contagem dos
estivesse limpando uma sujeira da tela)
registrado no celular, ou “que horas são?”,
batimentos cardíacos da pessoa pelo
para que o software cite item por item
simples toque de um dedo na tela.
para que o aparelho responda a hora
do aplicativo aberto. Um movimento
certa. É uma pena que ainda não esteja
rápido de cima para baixo com dois
disponível em português e que por ser
dedos fará com que o texto apresentado na tela seja lido a
novidade ainda esteja apresentando alguns problemas de
partir do ponto que está até o fim do documento.
reconhecimento.
Outro recurso muito interessante é o rotor. Rodando
No entanto, para um amante de tecnologia, é realmente
dois dedos na tela como se gira um botão de rádio, a forma
um sonho poder apontar um iPhone ou iPad para uma
como o VoiceOver se desloca numa página da internet é
pessoa e ouvir “rosto grande centralizado” antes de bater
modificada, com base numa definição escolhida por você.
uma foto. Pena que para o bolso da grande maioria ainda
Por exemplo, o arrastar do dedo para cima ou para baixo
continue sendo um pesadelo.
Por Laercio Sant’Anna
[email protected]
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| Conviva | 59 |
Divulgação
Apple inova e
traz o deficiente
“de volta para
o futuro”
http://www.adeva.org.br
Totalmente reformulado, o site da ADEVA oferece melhor navegação e compreensão para quem usa o teclado, o mouse ou
um software leitor de tela. Entre as novidades, destacam-se a
versão para leitura e download dos CONVIVAs e um novo
sistema de doações on-line.
http://blogdaaudiodescricao.
blogspot.com.br
O Blog da Audiodescrição tem como propósito manter os
leitores bem informados sobre as últimas novidades da audiodescrição no Brasil e no mundo, além de buscar apoio para o
esclarecimento e convencimento de administradores públicos
e empresários sobre os benefícios da prática.
http://www.dicionarioderuas.
prefeitura.sp.gov.br
O rádio e o esporte
das multidões
Não há histórias mais ricas em conquistas e grandes
jornadas do que as memoráveis coberturas esportivas realizadas
pelo rádio brasileiro nas últimas décadas. Protagonizadas
por uma verdadeira epopeia de radialistas, essas coberturas
marcaram um período glorioso do futebol brasileiro, como
as conquistas da Copa do Mundo da Suécia, em 1958, e do
Chile, quatro anos depois, cujo jubileu de ouro comemora-se
neste mês de junho. Portanto, momento oportuno para
reverenciarmos esse grande feito do esporte brasileiro, com
a participação imperiosa do rádio. Naquele 30 de maio de
1962, cerca de 70 milhões de brasileiros estavam mais uma
vez mobilizados em torno da estreia da seleção brasileira
(que buscava o bicampeonato) diante do México.
Naquela época, as coberturas internacionais eram
extremamente complexas e muitas vezes o trabalho era
realizado quase “no escuro”, isto é, sem retorno. No entanto,
os registros fonográficos disponíveis ainda hoje resgatam no
velho som do SSB (sistema de transmissão de longa distância)
as lembranças de uma época romântica do rádio, assim
como o poder de superação de uma geração de verdadeiros
fenômenos da transmissão esportiva, discípulos do saudoso
Nicolau Tuma, o “locutor-metralhadora”, criador do estilo
das narrativas rápidas do futebol.
A Radional, empresa de comunicação oficial do governo,
tinha a missão de receber e redistribuir o sinal vindo do exterior
para as emissoras de origem, o que tornava o complemento
operacional ainda mais difícil. Mas, apesar de todas essas
limitações operacionais, o rádio teve participação decisiva na
consolidação dessas conquistas, uma vez que ainda estava
distante a fase das transmissões diretas pela televisão. De
forma funcional, emocionante e imediata, o rádio levou ao
torcedor brasileiro uma campanha quase perfeita da seleção
de ouro, como ficou conhecida a equipe que conquistou o
bicampeonato mundial diante da Tchecoslováquia na grande
final do dia 17 de junho.
O rádio brasileiro mais uma vez destacou-se com os
trabalhos desenvolvidos brilhantemente pelas rádios
Bandeirantes, com Pedro Luiz e Edson Leite, Panamericana
(atual Jovem Pan), com Geraldo José de Almeida e Geraldo
Blota, e Guanabara, do Rio, com Odovaldo Cozi, João Saldanha,
Don Alsei Camargo e Mário Viana.
Por Geraldo Pinheiro
Parte do Arquivo Histórico da Prefeitura de São Paulo, o
Dicionário de Ruas permite ao usuário consultar a origem do
nome de qualquer uma das ruas da metrópole por meio de
uma busca rápida. Conta ainda com textos sobre legislação,
histórico das placas e uma bela galeria de imagens.
ADEVA nas redes sociais:
twitter.com/adeva1978
facebook.com/adeva
Fanáticos por Futebol: de segunda a sexta, a partir das 22h.
Apresentação: Marcelo Duarte. Rádio Bandeirantes - AM 840 e
FM 90,9.
Memória do Plantão: todo domingo, às 12h30. Apresentação:
Vander Luiz. Rádio Jovem Pan - AM 620 e FM 100,9.
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Círculo vicioso
Infância é brinquedo usado
que um dia a vida resolve
tomar um pouco emprestado
e nunca mais nos devolve.
Bailando no ar, gemia inquieto vaga-lume:
Quem me dera que fosse aquela loura estrela,
Que arde no eterno azul, como uma eterna vela!
Mas a estrela, fitando a lua, com ciúme:
Arlindo Tadeu Hagen - MG
Longe agora a infância vai...
E nos caminhos que trilho,
que triste é dizer “meu pai”,
sem que respondas “meu filho”!
Sérgio Bernardo - RJ
“Depois não quer que eu me queixe”,
diz ao doutor, a velhinha,
“meu pé tem olho-de-peixe,
meu olho, pé-de-galinha!”
Lothar Bazanella - SP
Pudesse eu copiar o transparente lume,
Que, de grega à gótica janela,
Contemplou, suspirosa, a fronte amada e bela!
Mas a lua, fitando o sol, com azedume:
Mísera! Tivesse eu aquela enorme, aquela
Claridade imortal, que toda a luz resume!
Mas o sol, inclinando a rútila capela:
Pesa-me esta brilhante auréola de nume...
Enfara-me esta azul e desmedida umbela...
Por que não nasci eu um simples vaga-lume?
Machado de Assis
Fernanda Galib
Por Lothar Antenor Bazanella
100 anos de
Jorge Amado
Para celebrar o centenário do escritor Jorge
Amado, o Museu da
Língua Portuguesa, em
São Paulo, abriga, a
partir do dia 17 de abril,
a exposição Jorge
Amado e Universal.
Com acervo pertencente à Fundação Casa de
Jorge Amado, a mostra
está dividida em cinco
módulos que abarcam
os personagens, a vida política, a malandragem e a
sensualidade presentes na obra do autor, e a Bahia.
Museu da Língua Portuguesa - Praça da Luz, s/
nº (próximo à estação Luz do Metrô). De terça
a domingo, das 10h às 17h30. R$ 6. Grátis aos
sábados. Até 22/07.
Exposição
O Centro Cultural São Paulo recebe, entre os dias 28 de abril e 3 de
junho, a mostra Sentido - Matrizes de Gravura, onde o público é
convidado a sentir a expressão da gravura proporcionada pela textura
da matriz ao tato. Parte do programa Livre Acesso, do CCSP, na
exposição estão representados alguns dos mais relevantes gravadores
brasileiros da atualidade. CCSP - Rua Vergueiro, 1.000 (próximo
à estação Vergueiro do Metrô). Espaço Mário Chamie (Praça
das Bibliotecas). De terça a sexta, das 11h às 20h; sábados,
domingos e feriados, das 11h às 18h. Entrada franca.
Passeio
Adaptado para receber pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida,
o Hotel Fazenda Campo dos Sonhos é uma ótima opção para o
fim de semana ou feriado. Localizado na Serra da Mantiqueira, a seis
quilômetros da cidade de Socorro (SP), é uma fazenda que começou
a trabalhar com o turismo rural e se transformou num aconchegante
hotel-fazenda. Informações e reservas: (19) 3895-3161 ou pelo
site www.campodossonhos.com.br
EXPEDIENTE: Jornalista responsável: Rafael Brandimarti (MTb 62.567). Colaboradores: Geraldo Pinheiro da Fonseca Filho, Ivan de Oliveira Freitas,
Laercio Sant’Anna, Lothar Antenor Bazanella, Lúcia Nascimento (MTb 29.273), Márcio Spoladore, Markiano Charan Filho, Sandra Maciel, Sidney
Tobias de Souza. Correspondência: rua São Samuel, 174, Vila Mariana, CEP 04120-030 - São Paulo (SP) - telefones: 11 5084-6693 / 5084-6695 - fax:
11 5084-6298 - e-mail: [email protected] - site: www.adeva.org.br. Editoração: Fernanda Lorenzo. Revisão: Célia Aparecida Ferreira. Fotolitos e
impressão: cortesia Garilli Artes Gráficas Ltda. - tel.: 11 2696-3288 - e-mail: [email protected] Tiragem: 1.000 exemplares. DISTRIBUIÇÃO GRATUITA.
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Um dedo de trova

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