CanCro do Pulmão

Transcrição

CanCro do Pulmão
E o risco
aumenta
com …
o tabaco
www.facebook.com/saudenoticias
JANEIRO 2013 | N.º 04 | ANO I | MENSAL
+ Este jornal é gratuito, pelo que não pode ser comercializado +
diretora-geral: Ana Santos
Cancro
do Pulmão
O tabaco é
o principal
responsável
“Fumar, fica-te a matar”
é o mote da campanha da Pulmonale, uma
associação que ajuda
doentes, prestando diversos apoios a nível
social, psicológico, entre
outros. O cancro do pulmão pode levar muitos
anos a desenvolver-se e
em 80% dos casos surge
por causa do tabaco.
O cancro
não a
afastou da
vontade
de viver
Conheça o testemunho
da Vanessa Silva que,
aos 24 anos e com o
casamento à porta, recebeu a notícia de que
tinha um tumor no pulmão. Apesar do choque,
da angústia e do malestar físico e psicológico diz que se agarrou à
vida. O apoio dos familiares, dos amigos e do
noivo foi essencial. pág. 10
Conheça
melhor o
cancro do
pulmão
Entrevista Prof. Fernando
Barata pág. 12
Como Manuel Marques
deixou de fumar
Os avanços da medicina
permitem, hoje em dia,
melhorar a qualidade de
vida dos doentes com
cancro do pulmão. Em
conversa com o pneumologista Prof. Fernando Barata, o Saúde Notícias falou da doença, dos tratamentos, do
grupo de estudos a que
preside e dos mitos que
existem à volta do tabaco, a principal causa do
cancro do pulmão.
breves
Especialistas debatem cancro do pulmão
editorial
“É por milagre que eu ainda não renunciei a todas as
minhas esperanças, na verdade tão absurdas e irrealizáveis. Mas eu agarro-me a elas, apesar de todos e de tudo,
porque tenho fé no que há de bom no homem. Não me é
possível construir a vida tomando como base a morte, a
miséria e a confusão. Vejo o mundo transformar-se, pouco a pouco, num deserto; ouço, cada vez mais forte, a
trovoada que se aproxima, essa trovoada que nos há de
matar; sinto o sofrimento de milhões de seres e, mesmo
assim, quando ergo os olhos para o Céu, penso que, um
dia, tudo isto voltará a ser bom, que a crueldade chegará
ao seu fim e que o Mundo virá a conhecer de novo a
ordem, a paz, a tranquilidade. Até lá tenho que manter
firme os meus ideais - talvez ainda os possa realizar nos
tempos que hão de vir”.
Trecho extraído do dia 15 de julho de 1944, Diário de
Anne Frank
E é com esperança num mundo melhor que entramos em
2013, saber construir novos sonhos, cada dia ser uma
etapa a alcançar, seja porque temos saúde ou porque
não a temos, seja porque nos encontramos com tantos
obstáculos e adversidades que não conseguimos ver
uma luz ao fundo do túnel, ou porque nos sentimos tão
bem que podemos olhar para o lado e ajudar o outro.
Olhar o mundo na sua verdade, mas sem nos deixarmos abater pelas dificuldades. E, apesar das frustrações
provenientes da crise atual, que “quase parece que um
manto de escuridão terá descido sobre o nosso tempo,
impedindo de ver com clareza a luz do dia”, temos que
ter uma atitude confiante e positiva.
Podemos mudar o nosso estilo de vida, podemos andar
mais sem precisar de ir a um ginásio, fazer uma alimentação saudável, olhar para os alimentos como nossos
aliados sem ter que ter custos acrescidos.
Sermos voluntários, sermos fortes e determinados.
Para quem está doente, ter confiança na terapêutica, na
investigação, na procura de novas soluções, em novos
tratamentos, nova esperança de vida.
Que não desista, questione e alcance mais uma etapa.
Não podemos lutar contra o tempo mas podemos vivê-lo
intensamente.
Nesta edição Especial do “Saúde Notícias” abordamos
o tema Cancro do Pulmão, queremos começar o ano a
mostrar como algumas opções da nossa adolescência,
como fumar, podem tornar a nossa vida mais curta, ou
terminá-la sem qualidade de vida.
Herança negativa para os nossos filhos, gastos desnecessários, falta de energia, saúde.
Porque eles e quem nos rodeia são fumadores passivos.
Quantas vezes fizeram a promessa de começar o ano novo
com a frase “vou deixar de fumar”?
Eu deixei de fumar durante 5 anos e voltei no último Verão
ao cigarro social.
Acredito que 2013 será diferente, não porque prometi a
todos que ia deixar de fumar, mas sim, porque fiz um
compromisso com o meu corpo, a minha mente.
Porque tenho consciência e porque adoro viver!
Porque não quero ouvir os meus filhos dizerem: Mãe tu prometeste! O Tabaco mata e eu não quero que tu morras!
Está na altura de lançar o desafio nesta edição, escreva-me um e-mail, uma carta, com a sua decisão e o porquê
da mesma.
Fico à espera! 
E já agora um excelente ano 2013.
Ana Santos
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2
Janeiro 2013
Todos os dias são diagnosticados, em Portugal, dez novos casos de cancro do pulmão em Portugal e a maior
parte em estadios avançados, o que diminui as hipóteses de cura. Quem o afirma é Fernando Barata, diretor
do Serviço de Pneumologia dos Hospitais de Coimbra
(HUC) e presidente do Grupo de Estudos para o Cancro
do Pulmão (GECP).
Perante esta problemática, o GECP organizou o 5º
Congresso Português do Cancro do Pulmão, em Albufeira, onde reuniu os mais diversos profissionais de saúde
em torno deste problema de saúde, que tem agravado
com o tabagismo, ainda de acordo com o mesmo responsável.
Juntos no combate
ao tabagismo
“Fumar fica-te a matar” é o nome da campanha lançada
pela Pulmonale – Associação Portuguesa de Luta Contra
o Cancro do Pulmão. O objetivo deste projeto é sensibilizar
os jovens para os malefícios do tabaco, que podem surgir
a curto prazo ou ao fim de muitos anos, como é o caso do
cancro do pulmão.
A iniciativa teve início em Novembro, o Mês do Cancro
do Pulmão, e contou com o apoio da Global Lung Cancer
Coalition (GLCC) e do Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ).
Fumo passivo
provoca risco de
problemas cardíacos
Os fumadores passivos também estão sujeitos a um risco
elevado de vir a ter complicações cardíacas, segundo alguns estudos recentes, divulgados por Vítor Gil, cardiologista do Hospital dos Lusíadas, em Lisboa. “O fumo do tabaco
mesmo que inalado passivamente, promove a libertação de
radicais livres e diminui os níveis de antioxidantes, expondo
as artérias aos efeitos negativos do chamado stress oxidativo”, salienta.
O cardiologista deixa mais um aviso: “Os esposos de fumadores têm um risco aumentado de cancro do pulmão, calculado em 20 por cento nas mulheres e 30 por cento nos homens,
segundo a Agência Internacional de Pesquisa do Cancro”.
Morre por receber
pulmão de fumador
Jennifer Wederell, de 27 anos, sofria de fibrose cística
desde os dois anos e, nos últimos tempos, precisava de
receber oxigénio 24 horas por dia. A solução podia passar
pelo transplante de pulmão, mas tal não aconteceu porque
recebeu um órgão de um fumador compulsivo. Em vez de
uma nova vida, a jovem acabou por morrer de cancro do
pulmão.
Os pais estão indignados e apresentaram queixa, já que
nunca informaram a filha de que o dador era fumador. Em
comunicado, a administração do hospital reconhece que a
paciente deveria ter tido a opção de escolher e “pede desculpas sinceras”.
FICHA TÉCNICA | Esta edição é de distribuição gratuita, pelo que não pode ser vendida
Ano I – 2013
Propriedade
Guess What Comunicação, Lda
Rua Francisco Sanches, nº55
2ºEsq 1000 Lisboa
Sede da Redação
Rua Ramalho Ortigão, nº8
3ºEsq 1070-230 Lisboa
Tel.: 21 386 15 82
Email: [email protected]
Diretora
Ana Santos
[email protected]
DESIGN E PAGINAÇÃO
Alexandra Miguel
Tiragem
25 mil exemplares
Periodicidade
Mensal
Depósito Legal: DL 319617/10
ERC registo: 125983
Nº Contribuinte
508521211
Impressão
Funchalense - Empresa
Gráfica, SA
Rua da Capela da Nossa
Senhora da Conceição, nº50
Morelena 2715-028 Pêro Pinheiro
Colaboradores
Maria João Ramires
Carla Fonseca
Mário Tomé
Sónia Morais
As opiniões, notas e comentários
são da exclusiva responsabilidade
dos autores ou das entidades que
produziram os dados. Nos termos
da Lei, está proibida a reprodução
total ou parcial dos conteúdos.
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PULMONALE
Associação Portuguesa de Luta Contra
o Cancro do Pulmão
A nossa Missão: A Pulmonale é uma Instituição Particular de Solidariedade Social, de âmbito
nacional, que existe pelos doentes, para os doentes e com os doentes que sofrem de cancro do pulmão, e que desenvolve todos os seus esforços no sentido de diminuir a incidência desta doença.
Os nossos Objectivos
1. Combate ao tabagismo, com principal factor causador da doença, através de
acções de sensibilização escolar e disponibilização de consultas de cessação
tabágica;
2. Aconselhamento e apoio a pessoas que sofram de cancro pulmão, a nível
psicológico, nutricional, social e de reabilitação funcional;
3. Aconselhamento e apoio aos familiares destes doentes, psicológico e social;
4. Difusão de informação sobre esta doença para o público;
5. Promoção de investigação sobre as causas e tratamento desta doença.
Os nossos Princípios e Valores
Os profissionais e os voluntários que desenvolvem as suas actividades na
Pulmonale regem-se pelos princípios da Solidariedade, da Humanização
dos Cuidados e da Disponibilidade para com o seu semelhante.
Todos nós defendemos os seguintes valores: Respeito, Sensibilidade,
Responsabilidade, Compromisso e a Ética.
As nossas Actividades
1. Acções escolares, de sensibilização dos jovens para a importância
de “não fumar”
2. Consulta de cessação tabágica para jovens, gratuita
3. Consulta de psico-oncologia para o doente e família, gratuita
4. Consultas de nutricionismo e de apoio social (brevemente)
5. Apoio domiciliário a doentes com cancro do pulmão (brevemente)
6. Campanha de divulgação da doença durante todo o mês de Novembro,
implementando-o como o Mês do Cancro do Pulmão
7. Apoio à formação e investigação em cancro do pulmão
Av. Antunes de Guimarães, 554 – 4100-077 Porto
Tel.: 22 616 54 50 – Fax 22 618 95 39
Email: [email protected]
Site: www.pulmonale.pt
Facebook: www.facebook.com/Pulmonale
pulmonale
Quando o cancro do
pulmão bate à porta
Não acontece só aos outros.
O cancro do pulmão existe e
as pessoas que estão mais
em risco são as que fumam,
registando-se um total de 10
mil pessoas a morrerem por
dia devido ao tabagismo a
nível mundial. Como a doença
muda de forma radical a vida
de qualquer pessoa, foi criada
a Pulmonale, uma associação
que ajuda doentes, prestando
diversos apoios a nível social,
psicológico, entre outros.
A Pulmonale
reforçou a consulta de
cessação tabágica para
jovens. Está disponível às
terças-feiras, das 14h às
17h, e às quintas-feiras,
das 10h às 13h, no Instituto
Português do Desporto e
Juventude, no Porto.
O serviço é gratuito
Maria João Ramires
“Porquê eu?” Esta é a pergunta que se costuma fazer
mal se recebe o diagnóstico
de cancro do pulmão. Os
sintomas estavam lá, mas,
na maioria das vezes, associavam-se a outras doenças
até ao momento em que se
chega ao médico e ele diz:
“Tem cancro do pulmão.”
“O choque é muito forte.
O doente pensa na morte,
no sofrimento e sente uma
enorme culpa, porque, em
80% dos casos, o cancro
deve-se ao consumo de tabaco”, conta ao Saúde Notícias o presidente da Pulmonale, Prof. António Araújo, a
associação que representa
os doentes que vivem com
esta doença. E continua:
“A sensação de morte iminente é terrível e, como os
4
exames não conseguem
ser feitos de um dia para o
outro, a angústia aumenta”,
acrescenta.
Mal se deteta o cancro, é iniciado todo um processo de
acompanhamento médico,
para que se saiba qual é o
estadiamento do carcinoma,
ou seja, se as células cancerosas se encontram localizadas numa determinada
área ou se já se espalharam
(metastização) para outros
tecidos e órgãos. O facto
de ser maligno ou benigno
também ajuda a delinear um
prognóstico e qual o tratamento mais adequado.
“É um processo muito doloroso, que afeta a vida do doente e dos familiares e amigos que estão à sua volta”,
refere Prof. António Araújo.
Janeiro 2013
Todo o apoio é
necessário
Após o diagnóstico há um
longo caminho a percorrer
e, a melhor forma de o fazer,
é com a ajuda de terceiros.
A Pulmonale foi criada há
cerca de dois anos por se
achar “que havia uma lacuna na sociedade portuguesa, porque não existia
qualquer entidade dedicada
apenas aos doentes”, afirma
Prof. António Araújo, que também é o Director do Serviço de
Oncologia Médica do Centro
Hospitalar de Entre o Douro e
Vouga – Santa Maria da Feira.
Com a Pulmonale, os doentes têm acesso a vários
serviços, como apoio psicológico, nutricional e social,
além de poderem ser acompanhados em consultas
de cessação tabágica. “Os
doentes precisam de quem
os oiça e oriente nesta fase
complicada da sua vida e
todo o apoio psicológico é
necessário. Além disso, é
fundamental ter uma alimentação adequada, ajudar quando há problemas
financeiros e incentivar o
doente a deixar de fumar,
porque isso contribui para
a melhoria do seu estado
de saúde”, explica. Estas
consultas são multidisciplinares, envolvendo diversos
profissionais de saúde e
pretendendo-se ainda vir a
fornecer, de forma gratuita,
uma parte dos medicamentos da cessação tabágica”.
pulmonale
Com a
Pulmonale,
os doentes
têm acesso a vários
serviços,
como apoio
psicológico,
nutricional e
social, além
de poderem
ser acompanhados em
consultas de
cessação
tabágica
A assistência social é fulcral, já que, na maioria dos
casos, o cancro do pulmão
surge entre os 50 e os 60
anos, o que obriga a um
maior absentismo laboral,
a reformas antecipadas por
invalidez e, muitas vezes, à
necessidade de se ter um
cuidador a tempo inteiro”.
Outra valência a ter em
conta é a reabilitação. “A
tosse constante, a atrofia
muscular, a necessidade
que existe, por vezes, de
receber oxigénio durante
24 horas por dia são algu-
O que é a Pulmonale?
É a Associação Portuguesa de Luta Contra o Cancro
do Pulmão que tem o seu âmbito de ação a nível
nacional e por objetivos:
a) Promover o rastreio e o diagnóstico precoce
do cancro pulmão;
b) Aconselhamento e apoio a pessoas que sofram
de cancro pulmão;
c) Melhoria e alargamento dos cuidados médicos;
d) Difusão de informação sobre esta doença para
o público;
e) Promoção de investigação sobre as causas
e tratamento desta doença;
f) Cooperação com a classe médica, pessoal de
enfermagem e paramédicos, indústria farmacêutica,
serviços e entidades públicas ou privadas;
g) Integração nos Organismos Internacionais
representativos de associações nacionais
de doentes com cancro do pulmão;
h) Cooperação com associações congéneres;
i) Instalação de um centro de informação para os
doentes e todos os interessados e emissão de um
boletim informativo periódico.
mas das novas realidades
da vida dos doentes. Se
não tiverem ajuda, é muito
mais complicado lutarem
contra a doença”.
O apoio não se cinge
apenas aos doentes desta forma bem direta, mas
também à investigação.
O cancro do pulmão é uma
doença complexa, cuja
origem e desenvolvimento
têm sido extensivamente es-
1.º Congresso da Pulmonale realizou-se em novembro
Especialistas em diversas áreas reuniram-se, nos dias 16
e 17 de Novembro de 2012, no auditório da Universidade
Católica Portuguesa, no Porto, em torno do tema «Pelo
Doente com Cancro do Pulmão», no 1º Congresso da
Pulmonale.
“Sendo a Pulmonale uma instituição de doentes, cujo
lema é pelo e para o doente com cancro do pulmão,
o seu primeiro congresso funcionou como um foco
sobre o doente e toda a sua envolvente”, esclarece
Prof. António Araújo.
Como que seguindo cronologicamente o trajeto que a
pessoa a quem é diagnosticado um cancro do pulmão
percorre, os trabalhos começaram por abordar causas («O
Tabagismo em Portugal»), prosseguiram com a doença
(«O Doente com Cancro do Pulmão»), os tratamento e
recuperação («A Reabilitação do Doente com Cancro
do Pulmão») e o papel de quem está ao lado do doente
(«O Cuidador do Doente com Cancro do Pulmão»),
terminando com o papel da sociedade civil no apoio a
este tipo de pacientes («A Importância das Estruturas de
Apoio ao Doente com Cancro do Pulmão»).
O balanço da iniciativa é positivo e Prof. António Araújo
espera “que haja verbas suficientes para que se possa
realizar mais um congresso, onde se reúna, como no
primeiro, várias pessoas ligadas à problemática.”
tudados, permanecendo por
elucidar muitos dos mecanismos envolvidos nestes
processos.
“Neste sentido, a investigação nesta área é fundamental, para que se possa
melhorar quer o diagnóstico quer o tratamento desta
doença. No entanto, os custos associados a este tipo de
investigação são elevados,
pelo que um dos propósitos
da Pulmonale é a angariação de fundos para apoiar
os estudos realizados, que
estão frequentemente subfinanciados no nosso país, e
criar bolsas de estudo”, afirma Prof. António Araújo.
Campanhas
de informação
junto dos mais
novos
Como o ideal é nunca se vir a
fumar, a Pulmonale tem realizado ações de educação para
a saúde, a fim de sensibilizar
os jovens para os malefícios
do tabaco, o principal fator
de risco para se vir a ter um
cancro do pulmão, além de
outros tipos de cancro e de
doenças, nomeadamente do
foro respiratório.
As reações não podiam ser
mais preocupantes. “Nestas
campanhas percebemos que
as pessoas, nomeadamente
as mais jovens, não têm qualquer noção da ligação que
existe entre tabagismo e doença. No caso do cancro do
pulmão há um desconheci-
mento quase total”, sublinha
o presidente da Pulmonale.
Uma das possíveis razões
para esta falta de conhecimento deve-se, no seu entender, ao facto de “a doença só surgir ao fim de 20 ou
30 anos após se começar a
fumar”. A ideia que persiste
é: “não vamos pensar nisso,
isso acontece aos outros”.
Ao longo dos últimos anos
têm sido realizados diversos estudos que levam a
crer que os jovens começam a fumar por acharem
que assim vão conseguir
fazer parte de determinado
grupo social, já que, “para
eles, fumar é fixe”. Outra razão é a vontade de descobrir
algo novo e de experimentar
o que é perigoso e proibido.
“É nestes pontos que temos
de agir. Há que dizer aos jovens que fumar não os torna
fixes e que correm, de facto,
riscos ao fazê-lo, mesmo
que não os sintam na pele
de imediato”. A última campanha tem o nome sugestivo de “Fumar, fica-te a matar!”, dando a conhecer que,
por dia, morrem, em todo o
mundo, 10 mil pessoas devido ao tabaco.
A jeito de mensagem final,
reforça, mais uma vez, a importância de “nunca se experimentar fumar”. Caso já se seja
um fumador, “deve procurar-se
ajuda junto do médico assistente, para que se inicie um tratamento de cessação tabágica”.
Tudo porque um dia podemos
ser nós a fazer a tal pergunta:
“Porquê eu?”.
Como apoiar a Pulmonale?
l Sendo sócio
l P
arcerias (com entidades relacionadas com
as atividades da associação)
l Voluntariado
l Donativos (ver www.pulmonale.pt)
Prof. Dr. António Araújo, presidente da Pulmonale.
Contactos:
Rua: Av. Antunes Guimarães,
55 44100-077 Porto
Telefone: 226165450
Fax: 226189539
Email: [email protected]
Website: www.pulmonale.pt
Janeiro 2013
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à conversa com...
Conheça melhor o
cancro do pulmão
Os avanços da medicina permitem, hoje em dia, melhorar a qualidade de vida dos doentes
com cancro do pulmão. Em conversa com o pneumologista Prof. Fernando Barata, o
Saúde Notícias falou da doença, dos tratamentos, do grupo de estudos a que preside e
dos mitos que existem à volta do tabaco, a principal causa do cancro do pulmão.
Maria João Ramires
“O diagnóstico precoce é
essencial para se poder ter
uma taxa de sobrevivência
mais elevada no cancro do
pulmão”. Quem o afirma é
Prof. Fernando Barata, diretor do Serviço de Pneumologia do Hospital Geral do
Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC)
e presidente do Grupo de
Estudos para o Cancro do
Pulmão (GECP).
O especialista alerta para o
desconhecimento que existe
relativamente a esta doença
muitas vezes assintomática até uma fase avançada.
“Como não há sintomas, os
doentes só recorrem ao médico quando o cancro já está
numa fase avançada”, refere. E continua: “De facto, trata-se de um cancro que pode
evoluir de uma forma rápida
e disseminada, mantendo-se
assintomática. Não podemos
alterar esta realidade, mas,
mesmo assim, é possível
ter-se um prognóstico mais
favorável se o doente consultar o médico caso surjam
sinais, como tosse persistente, rouquidão, expetoração
com sangue, febre que não
passa, fadiga e emagreci-
mento que se mantém”.
Perante estes sintomas, “que
podem dever-se também a
outras patologias do foro respiratório”, o médico realizará
os meios complementares
de diagnóstico necessários
e, caso o cancro do pulmão
seja confirmado, o tratamento deve ser iniciado.
“A valorização destes sintomas pode fazer, de facto, a
diferença, porque pode detetar-se o tumor ainda numa
fase localizada, ou seja, ainda não se expandiu (metastizou) para outros tecidos e
órgãos”, salienta.
A importância de se continuar a estudar o cancro
do pulmão
Apesar dos avanços que se têm feito sentir no cancro do pulmão, ainda há um longo caminho a percorrer e “a aposta na investigação continua a ser uma prioridade”.
Prof. Fernando Barata, além de pneumologista, está à frente do Grupo de Estudos para
o Cancro do Pulmão (www.gepc.pt), que reúne há 12 anos uma equipa multidisciplinar.
O grupo está envolvido em várias investigações e ensaios clínicos, fazendo parte de uma
rede europeia de estudos corporativos, além de oferecer também bolsas e estágios.
6
Janeiro 2013
Os dois tipos
de cancro do
pulmão
Os tumores que têm início no
pulmão dividem-se em dois
grupos principais: cancro do
pulmão de não-pequenas
células e cancro do pulmão
de pequenas células, dependendo de qual o aspeto das
células envolvidas, quando
observadas ao microscópio.
Estes dois tipos de cancro
do pulmão crescem e metastizam de formas diferentes,
logo também são tratados
de forma diferente.
O cancro do pulmão de nãopequenas células é mais
comum que o cancro do pulmão de pequenas células e,
geralmente, cresce e metastiza mais lentamente, ou
seja, tem um comportamento menos agressivo. Dentro
deste grupo existem, ainda,
à conversa com...
três subtipos de cancro do
pulmão de não-pequenas
células: carcinoma de células escamosas (também
chamado carcinoma epidermóide), adenocarcinoma e
cancro pulmonar de grandes
células.
O cancro do pulmão de pequenas células, por vezes
chamado de cancro das células em “grão de aveia”, é
menos comum que o cancro
do pulmão de não-pequenas
células e cresce mais rapidamente, sendo mais provável
que metastize para outros
órgãos.
Avanços no
tratamento
melhoram taxa
de sobrevida a
5 anos
Ter cancro do pulmão hoje
em dia ou há 20 anos é, inevitavelmente, diferente. Os
avanços da medicina têm-se
feito sentir nesta área, quer
em termos de prevenção,
diagnóstico, tratamento e
melhoria da qualidade de
vida dos doentes, de acordo
com o pneumologista.
O tratamento a adotar depende sempre do estadiamento do tumor, ou seja,
se se encontra localizado
numa zona isolada ou se já
se metastizou. “Numa fase
inicial da doença, opta-se
pela cirurgia e por terapêuticas adjuvantes e no caso
do tumor localmente avançado já associamos quimioterapia e radioterapia”.
MITOS:
O pneumologista Prof. Fernando Barata desconstrói alguns dos
mitos que existem em torno do tabaco, “o principal responsável
pelo cancro do pulmão”:
O fumador passivo fuma mais que o não-fumador quando está exposto ao fumo
do tabaco?
Sim. O fumador passivo fuma mais que aquela pessoa nunca exposta ou não fumadora.
O fumador passivo tem um maior risco de contrair um cancro do pulmão ou qualquer
outra doença respiratória que um indivíduo que não esteja exposto, regularmente, aos
agentes cancerígenos do tabaco.
O tabaco de enrolar é mais saudável?
Não. A opção por este tipo de tabaco deve-se ao facto de ser mais barato. Este também
contém agentes cancerígenos.
Os cigarros light são mais saudáveis?
Não. As substâncias cancerígenas continuam a ser inaladas. Além disso, costuma-se
fumar mais cigarros por se pensar que faz menos mal.
“Não deixo de fumar, porque pioro da asma quando o tento fazer”
Não. Os fumadores asmáticos costumam a afirmar isto, mas, na realidade, o que
acontece é que a pessoa ao tentar deixar de fumar, tem mais ansiedade nos primeiros
tempos. É normal que a ansiedade possa despoletar uma crise asmática. Nestes casos,
é essencial ser acompanhado em consultas de cessação tabágica.
“O problema
está no
diagnóstico
tardio que,
infelizmente,
é o que
acontece na
maioria dos
casos”,
afirma o
especialista.
A cirurgia permite remover
o tumor e não é igual para
todos os casos, podendo
retirar-se apenas uma parte
do pulmão, remover-se um
lobo inteiro ou o pulmão por
inteiro. Há ainda os casos
dos tumores não operáveis,
ou seja, que não podem
ser removidos por cirurgia,
devido ao seu tamanho ou
localização ou por outros
motivos médicos.
“Os avanços que têm
ocorrido nos últimos 20
anos têm permitido uma
melhoria da taxa de sobrevida aos 5 anos, além
de permitirem ao doente viver com uma melhor
qualidade de vida”, aponta Prof. Fernando Barata.
E continua: ”Hoje em dia
estão disponíveis uma série de biomarcadores que
permitem determinar a melhor terapêutica para cada
doente”.
Apesar das inovações médicas, continua-se a estar perante um cancro que é responsável por várias mortes,
estando em terceiro lugar
em Portugal e em segundo
na Europa. “O problema está
no diagnóstico tardio que,
infelizmente, é o que acontece na maioria dos casos”,
afirma o especialista.
Prof. Fernando Barata, presidente do Grupo de Estudos do
Cancro do Pulmão.
As causas do
diagnóstico
tardio
A palavra cancro faz parte do
vocabulário das pessoas há
muitos anos, mas continua a
haver um elevado número de
diagnósticos tardios de cancro do pulmão. Para Prof.
Fernando Barata, esta situação tem mais que uma razão
de ser. “Antes de mais, o facto de se tratar de uma doença assintomática na primeira
fase. As pessoas sentem-se
bem e não desconfiam de
nada”. Outra razão é o facto de os primeiros sintomas
serem similares a outras patologias e de não se poder
realizar rastreios.
“Nos EUA foi realizado um
estudo, que contou com a
participação de mais de 52
mil indivíduos, que se sub-
meteram a uma tomografia
axial computorizada (TAC).
Entre estes foram detetados
vários casos de cancro do
pulmão numa fase inicial,
tendo-se diminuído de forma significativa a taxa de
mortalidade”. O problema é
que “embora as técnicas de
rastreio utilizadas até hoje
sejam ineficazes, a TAC
é um método muito caro e
muitas dúvidas precisam
ser esclarecidas”.
O melhor continua a ser a
prevenção. “Não se comece a fumar, porque o risco
de se ter um cancro do pulmão é muito elevado, peçase ajuda para deixar de fumar e consulte-se o médico
mal surjam sinais de alerta,
como a tosse persistente, emagrecimento que se
mantém, expetoração com
sangue, rouquidão e febre
persistente”.
Cancro do pulmão: sintomas de alerta
Os sintomas e sinais mais comuns de cancro do pulmão incluem:
l Tosse que não desaparece e que piora com o passar do tempo;
l Dor constante no peito;
l Tosse acompanhada de sangue;
l Falta de ar, asma ou rouquidão;
l Problemas recorrentes, como pneumonia ou bronquite;
l Inchaço do pescoço e rosto;
l Perda de apetite ou de peso;
l Fadiga.
Na maioria das vezes, estes sintomas não estão relacionados com um cancro, e podem,
ainda, ser provocados por tumores benignos ou outros problemas. Só o médico poderá
confirmar. Qualquer pessoa com estes sintomas, ou quaisquer outras alterações de
saúde relevantes, deve consultar o médico, para diagnosticar e tratar o problema tão
cedo quanto possível.
Geralmente, as fases iniciais do cancro não causam dor. Se tem estes sintomas,
não espere até ter dor, para consultar o médico.
Fonte: InfoCancro
Janeiro 2013
7
ICTPC
Especialistas reúnem-se
para debater o tabagismo
A prevenção e o tratamento do tabagismo
continuam a ser as melhores vias para se evitar o
consumo de tabaco ou para se levar os fumadores
a deixarem o cigarro. Para falar sobre estratégias
de prevenção e controlo vai realizar-se uma
conferência, em Portugal, associada à qual haverá
um Concurso de Ideias para os mais jovens.
Saiba também o que pensam os responsáveis da
iniciativa sobre a evolução do tabagismo
em Portugal.
“Fumar já há muito que deixou de ser cool”. As palavras
são de Fátima Reis, do Instituto de Medicina Preventiva
da Faculdade de Medicina
da Universidade de Lisboa
(FMUL) e responsável pela
International Conference on
Tobacco Prevention and Control (ICTPC), um evento que
vai decorrer nos dias 14 e 15
de novembro. A principal causa do cancro do pulmão é o
tabaco e, para Fátima Reis,
nunca é demais relembrar
este facto. Nesta conferência,
dar-se-á destaque às estratégias mais adequadas para se
prevenir o tabagismo entre os
mais novos e para se ajudar
os atuais fumadores a deixarem de lado o cigarro.
os gastos associados com as
doenças causadas pelo tabagismo”.
O mesmo pensa Teresa Almodovar, co-organizadora do
evento e pneumologista no
Instituto Português de Oncologia de Lisboa. Para a especialista, esta iniciativa é ainda
um local privilegiado para
troca de experiências, já que
“Portugal tem muito a melhorar nas campanhas de prevenção, que são realizadas
de forma pouco coordenada,
apesar da boa vontade”.
ICTPC: um
evento
centrado na
prevenção
A conferência internacional
conta com a participação de
especialistas nacionais e internacionais e o objetivo é
“partilhar experiências e as
mais recentes novidades, por
forma a melhorar as abordagens na investigação, prevenção e tratamento”, refere
Fátima Reis.
Para Cristina Bárbara, diretora do Serviço de Pneumologia do Centro Hospitalar
Lisboa Norte e também uma
das organizadoras do evento,
é a oportunidade de se falar
sobre diferentes estratégias
de prevenção, já que “Portugal tem muito a melhorar
nesta área, porque o dinheiro
dos impostos que se obtém
através do tabaco não cobre
8
Janeiro 2013
De acordo com
dados do
Eurobarómetro de 2012,
Maria João Ramires
“Portugal
tem muito
a melhorar
nesta área,
porque o
dinheiro dos
impostos
Indústria taba- que se obtém
queira de olhos através do
postos no leste tabaco não
As mensagens antitabaco já cobre os
não são novidade para ninguém. Ao longo destes anos, gastos
qual é, então, o balanço que associados
se pode fazer do tabagismo em Portugal? Para José com as
Precioso, da Universidade
doenças
do Minho e co-organizador
da conferência, “estamos causadas
numa situação que se carateriza por uma estabilização pelo
do consumo nos homens tabagismo”.
A ICTPC vai contar ainda
com a participação dos mais
novos, através do Concurso
de Ideias, que se propõe levá-los a a agir, no sentido de
contribuirem para se criar um
mundo sem tabaco. As inscrições para o concurso podem
ser feitas em www.fm.ul.pt/
tobacco-conference/.
e um aumento nas mulheres”, de acordo com os vários inquéritos nacionais de
saúde, e “na generalidade,
podemos afirmar que, nos
últimos 12 anos, ocorreu uma
diminuição das prevalências
nos adolescentes de ambos
os sexos, entre os 13 e 15
anos”. Todavia, “verificou-se
um aumento considerável
da prevalência de consumo
de tabaco aos 30 dias, entre
2006 e 2011, nos adolescentes de 16 anos”.
A nível mundial, “tem havido
uma clara redução nos países desenvolvidos, devido
a uma maior consciência da
população em relação aos
riscos, com particular destaque para os EUA, Reino
Unido e Suécia”. O problema é que ”a indústria tabaqueira virou-se para outros
mercados, como a antiga
URSS, a China e outros países de leste, para compen-
82 por cento dos portugueses
declara que, com a nova
legislação, nunca
(ou raramente) está
exposto a fumo ambiental
do tabaco no local
de trabalho
sar a redução das vendas
no ocidente”, explica.
Legislação
apenas
ajudou fumadores passivos
Olhando para a realidade
portuguesa, Fátima Reis e
José Precioso não estão satisfeitos com a legislação antitabaco. “Não teve impacte
na redução da prevalência
de fumadores, quer na faixa
etária dos adolescentes, quer
nos adultos”, afirmam. No entanto, parece ter contribuído
para a redução da exposição
ao fumo ambiental de tabaco.
De acordo com dados do Eurobarómetro de 2012, 82 por
cento dos portugueses declara que, com a nova legislação,
nunca (ou raramente) está
exposto a fumo ambiental
do tabaco no local de traba-
lho. Ainda segundo a mesma
fonte, a percentagem de portugueses que afirmava que
era permitido fumar em casa
desceu, entre 2006 e 2009,
de 71 por cento para 34 por
cento. Quanto às crianças, e
de acordo com um estudo realizado em Braga e liderado
por José Precioso, verificouse que, entre 2007 e 2011,
houve um decréscimo das
crianças expostas ao fumo
do tabaco em casa”. Um dos
maiores problemas é o setor
da restauração e similares, já
que, segundo as conclusões
dum estudo liderado por Fátima Reis, em mais de um
quarto dos estabelecimentos
do sector ainda é possível fumar, o que “é prejudicial para
a saúde dos trabalhadores”.
Por esse motivo, ambos os
investigadores defendem a
proibição de fumar em todo o
setor da restauração e similares, sem exceções.
PUB
LPCC
Cancro
do pulmão
Tabaco é o
grande responsável
pela doença
Será que a taxa de sobrevivência do cancro do
pulmão é elevada ou este é um dos carcinomas
mais letais? Conheça melhor este cancro, os
fatores que contribuem para o seu aparecimento
e saiba o que pensa o presidente da Liga
Portuguesa Contra o Cancro (LPCC) sobre a
legislação antitabaco.
Maria João Ramires
“Em Portugal, a evolução do
cancro do pulmão não é tão
nefasta como no resto do
mundo, mas a mortalidade
continua a ser muito elevada”, afirma, preocupado, o
presidente da Liga Portuguesa Contra o Cancro (LPCC),
Prof. Carlos Oliveira.
O cancro do pulmão é a
terceira causa de morte por
cancro em Portugal e a segunda nos restantes países
da Europa. “A prevalência
aos 5 anos é de 3700 casos, ou seja, são poucas as
pessoas que conseguem
10
vencer este cancro, que
costuma ser detetado numa
fase avançada”.
A não deteção precoce da
doença é um dos fatores
que levam a uma baixa taxa
de sobrevivência, segundo
o responsável da LPCC.
Mas “o grande culpado é
o tabagismo”. Prof. Carlos
Oliveira refere que “quando
o tabaco apareceu, se as
pessoas tivessem previsto
os problemas de saúde que
iriam surgir, teriam proibido,
de imediato, a sua comercialização”. E acrescenta:
Janeiro 2013
“Para agravar a situação,
os estudos epidemiológicos
que estabeleceram uma
correlação entre consumo
de tabaco e cancro do pulmão levaram muitos anos
e, entretanto, o consumo do
tabaco foi incentivado com
extensa publicidade”.
De facto, o tabaco, no mundo, provoca cerca de 3,5
milhões de mortes por ano,
cerca de 10 mil mortes por
dia. A Organização Mundial
de Saúde (OMS) prevê que,
em 2020, o tabaco se torne a
maior causa de mortalidade
e invalidez, causando mais
mortes que a tuberculose, o
VIH, a mortalidade infantil e
os acidentes de viação em
conjunto.
Um problema
grave que não
afeta apenas
fumadores
Em Portugal, entre 1994
e 1998, verificou-se que
32,7% dos homens e 7,6 %
das mulheres fumava, enquanto no período de 1999
a 2001 eram 32,8% e 9,5%
respetivamente a fumar.
Entre os adolescentes portugueses, de 2002 a 2005,
havia 17,6% de rapazes e
26,2% de raparigas a fumar,
segundo dados divulgados
pelo site InfoCancro.
De facto, o
tabaco, no
mundo,
provoca
cerca de 3,5
milhões de
mortes por
ano, cerca de
10 mil mortes
por dia
O tabaco é considerado “o
principal fator que leva ao
surgimento do cancro do
pulmão”, afetando os fumadores, mas também quem
está exposto ao fumo passivo. “Têm que ser assumidos os riscos associados ao
consumo do tabaco, inclusive de quem é obrigado a
respirar o fumo e não é fumador”, salienta Prof. Carlos
Oliveira. A atual legislação,
que proíbe o fumo em locais
públicos, tem trazido grandes
benefícios, mas “o mais importante é mudar a mentalidade dos portugueses”.
“As pessoas têm que perceber que o tabagismo faz
mal a si e aos outros”, continua. No seu entender, uma
boa consciencialização do
problema e a mudança de
hábitos tabágicos são os
passos mais importantes
para se combater “o flagelo
do tabagismo”, mas “como
isso não tem acontecido, é
necessário recorrer à criação de leis”.
Relativamente à discussão
que houve recentemente
sobre a possível proibição,
por lei, de se fumar no carro
quando se transporta crianças, Prof. Carlos Oliveira é
peremptório: “Se os pais não
mudam os seus comportamentos, deve ser o Estado
a proteger as crianças”.
O presidente da LPCC considera que “o simples gesto
de se fumar, já é um mau
exemplo dos pais, porque
estão a incentivar, de alguma forma, os seus filhos a
Prof. Carlos Oliveira, Vogal da LPCC e Presidente
do Núcleo Regional do Centro da LPCC.
LPCC
virem a ser possíveis fumadores”. O ideal seria “acabar
totalmente com o tabagismo”, mas como isso não é
possível a 100 por cento,
“deve fazer-se tudo para
evitar novos consumidores
e ajudar os fumadores a deixarem este vício”.
Prof. Carlos Oliveira é também a favor do alargamento da lei antitabaco a locais
como casinos, “pois os trabalhadores estão expostos,
frequentemente, ao fumo, o
que aumenta a probabilidade de virem a ter um cancro
do pulmão, entre outros problemas respiratórios”.
As campanhas
da LPCC: lutar
contra o cancro do pulmão
São várias as campanhas
de sensibilização e informação desenvolvidas pela
LPCC. Não se foca apenas
no cancro do pulmão, mas
este é um dos problemas
que mais preocupações traz
à equipa da LPCC. “As nossas atividades acontecem
um pouco por todo o país e,
no caso do cancro do pulmão, damos informação sobre a doença, falamos do tabagismo e das consultas de
cessação tabágica.” Para os
mais jovens foi também lançada a banda desenhada “A
Liga dos 4”, que fala sobre
os vários tipos de cancro,
entre os quais o do pulmão,
que, regra geral, é secundarizado pelas pessoas.
Em 2030 deverá registar-se mais 24 por cento de novos
casos de cancro do pulmão em ambos os sexos.
“Como o
cancro do
pulmão leva
muitos anos
a desenvolver-se,
as pessoas
continuam
alheias a este
problema,
à sua baixa
taxa de sobrevivência
e não param
de fumar”
“Como o cancro do pulmão
leva muitos anos a desenvolver-se, as pessoas continuam alheias a este problema, à sua baixa taxa de
sobrevivência e não param
de fumar”. No seu entender,
é este um dos principais
problemas no combate a
este tipo de cancro: “aparece muito tarde, prevalece a ideia de se continuar
a fumar, porque até aí não
se teve problemas, e é fácil
Fonte: International Agency for Research on Cancer,
Organização Mundial de Saúde (OMS).
pensar que só acontece aos
outros”, aponta.
As campanhas vão continuar, “apesar das dificuldades
em se obter verbas” e Prof.
Carlos Oliveira relembra que
o tabagismo “não provoca
Quais os fatores de risco do cancro do pulmão?
Fumo de tabaco: Fumar é o principal fator de risco para cancro do pulmão. Cerca de
87 por cento das mortes por cancro do pulmão estão relacionadas com o tabaco.
O risco de desenvolver cancro do pulmão nos fumadores é várias vezes superior ao
dos não fumadores.
Os não fumadores que vivem com um fumador ou num ambiente de fumadores são
chamados fumadores secundários, e têm um risco de vir a desenvolver a doença cerca
de 20 a 30 por cento maior.
Radiações: Os trabalhadores devem usar o equipamento de proteção adequado e
seguir as normas em vigor nas empresas. Atualmente, na generalidade dos países
há uma muito reduzida utilização destes produtos, que em muitos casos foram
mesmo proibidos. Em algumas casas e edifícios públicos mais antigos ainda
existem revestimentos anti-incêndio à base de amianto, mas que não se consideram
perigosos a não ser quando são removidos durante obras de renovação, demolição ou
por deterioração desses edifícios.
apenas cancro do pulmão,
mas também da bexiga,
orofaringe, boca, pâncreas,
entre outros”.
As ações da Liga desenvolvem-se simultaneamente
através de várias iniciativas, como clubes de jovens, ações de formação
sobre sensibilização e prevenção primária da doença
oncológica dirigidas a potenciais agentes ativos na
luta contra o cancro, como
o tabaco; e atividades de
sensibilização em dias alusivos à problemática do cancro. No caso do cancro do
pulmão são programadas
iniciativas no Dia do Não
Fumador, que se assinala a
17 de novembro.
A LPCC é ainda responsável pela realização de pa-
lestras/colóquios/seminários de debate e
reflexão e dá resposta particular
“O melhor é nunca
aos contatos
experimentar fumar,
da comunidamas se já o faz, peça ajuda.
de, sobretudo a escolar
A diminuição do risco de vir
(alunos, ena padecer de um cancro do
carregados
pulmão diminui, de imediato,
de educação
e professores),
no dia em que se deixa
para ações ponde fumar”.
tuais de esclarecimento e sensibilização sobre a prevenção,
estilos de vida e a preven“O melhor é nunca experição do cancro.
Como mensagem final, real- mentar fumar, mas se já o
ça a importância de se evitar o faz, peça ajuda. A diminuiconsumo de tabaco junto dos ção do risco de vir a pademais novos, assim como a cer de um cancro do pulmão
aposta no apoio a fumado- diminui, de imediato, no dia
res para deixarem este vício. em que se deixa de fumar”.
Poluição: Foi identificada, ainda que não esteja bem definida, a possível ligação entre
o cancro do pulmão e a exposição a certos poluentes do ar, como os subprodutos da
combustão de combustíveis e outros elementos químicos como: arsénio, bretilium,
cádmio, sílica, níquel.
História pessoal e familiar: uma pessoa que já tenha tido cancro do pulmão tem maior
probabilidade de desenvolver um segundo cancro do pulmão do que as que nunca
tiveram. Deixar de fumar, quando o cancro do pulmão é diagnosticado, pode diminuir a
probabilidade de desenvolvimento de um segundo cancro do pulmão.
Fonte: Portal de Oncologia Português
Janeiro 2013
11
testemunho
Maria João Ramires
“Não nos podemos ir abaixo, caso
contrário a doença consome-nos”
Com 24 anos e com o casamento à porta, a notícia de que tinha um tumor no pulmão foi ainda mais
difícil de enfrentar. Apesar do choque, da angústia e do mal-estar físico e psicológico diz que se
agarrou à vida. O apoio dos familiares, dos amigos e do noivo foi essencial.
na realidade e chorei muito”,
conta. Mas acabou por reagir: “Ia casar e não podia
desistir. Isso deu-me muita
força!”, garante.
Do diagnóstico
à cirurgia
Vanessa Silva,
Testemunho de cancro
no pulmão
Com apenas 24 anos e a
menos de seis meses do casamento, o diagnóstico não
podia ser pior: cancro do
pulmão. Vanessa Silva, em
fevereiro de 2012, viu a sua
vida mudar em pouco tempo, mas conseguiu vencer
a doença e realizar o sonho
de casar.
Receber uma notícia destas
nunca é fácil. “Só a palavra
cancro assusta”, afirma. E
continua: “Primeiro senti-me
perdida e sem noção do que
poderia acontecer. Depois caí
12
Se o diagnóstico foi uma
surpresa, mais ainda o foi
saber que o tumor já estava no seu pulmão há quatro
anos. “Não tive sintomas que
indiciassem a existência de
um tumor, apenas me foi diagnosticada asma”. A asma
era afinal um dos sintomas
de um carcinoide do pulmão
de origem atípica e que tem
um desenvolvimento muito
lento, segundo lhe explicaram. De facto, os sintomas
estavam lá, apesar de jamais
a levarem a pensar que este
seria o diagnóstico final.
“Andava sempre constipada
e com infeções pulmonares.
Andava constantemente no
hospital, a fazer raios-X e a
ser medicada, mas pensava
que estes problemas se deviam à exposição constante
a ar condicionado no local
Janeiro 2013
de trabalho”, explica Vanessa Silva. Esteve de baixa e
visitou muitas vezes as urgências do hospital, sempre
com problemas respiratórios.
“Uma situação que se considerava minimamente normal,
se se tiver em conta que era,
supostamente, asmática”.
Supostamente, já que a falta
de ar não era mais do que
um dos sintomas do tumor e
que deixou de existir após a
remoção do mesmo.
Vanessa não desistiu e insistiu em procurar ajuda médica.
Mesmo assim continuava-se
a pensar que não se tratava
de nada de muito grave. Até
ao dia em que a situação começou a piorar. No início do
ano passado, começou a ter
febre alta, que não passava com os medicamentos, e
muitas dores no fundo das
costas. Foi ao médico e acabou por ficar internada 11
dias. “A febre não baixava de
maneira nenhuma”, contanos. Acabou por fazer uma
TAC (tomografia axial computorizada) que detetou uma
mancha “estranha” no lobo
inferior esquerdo do pulmão.
Como tinha crises asmáticas
não pode realizar a TAC com
contraste, para se ver bem
do que se tratava. Os médicos optaram, então, por uma
broncoscopia, um exame visual directo da cavidade dos
órgãos da fonação (laringe)
e das vias aéreas através de
um um broncoscópio. Vanessa
foi, ainda, submetida a uma biópsia e chegou-se finalmente
ao diagnóstico correto.
Vanessa
Silva acredita que a sua
história tem
um final feliz,
porque não
desistiu
O tumor foi detetado a 16 de
fevereiro e no dia 6 de março
já estava a ser operada no
Centro Hospitalar Vila Nova
de Gaia/Espinho. “A equipa
foi excecional!”, relembra.
“Tive um grande apoio de
todo o pessoal de saúde e,
claro, dos meus amigos, familiares e do meu noivo”.
Após a cirurgia, foi a vez da
recuperação, principalmente de aprender a respirar.
Apesar de não ser nada fácil
aprender a respirar de novo,
não foi preciso fazer radioterapia, como se pensara.
“Foi uma ótima notícia”.
A insistência foi
essencial para
um diagnóstico
precoce
Desde, então, realiza exames de três em três meses.
Já lá vai um ano e nunca
mais teve crises asmáticas.
Casou na data prevista e já
voltou a trabalhar, embora já
não esteja num local com ar
condicionado e a atender o
público, “para evitar o contato permanente com possíveis agentes infeciosos”.
Além disso, não fuma (como
não o fazia anteriormente) e
não se pode expor ao fumo
passivo.
Vanessa Silva acredita que a
sua história tem um final feliz,
porque não desistiu. “Insistir
é muito importante, mesmo
que o médico diga que não
é nada. Se não tivesse sido
persistente, a história podia
ser outra. Aconselho todas
as pessoas a insistirem com
os médicos para verem exatamente qual é o seu problema sempre que surjam
sintomas que não desaparecem”. O apoio de todos os
que viviam à sua volta também foi um fator essencial,
assim como o casamento.
“O meu noivo (atual marido)
foi maravilhoso, uma grande
ajuda!”
Atualmente vê a vida de maneira totalmente diferente.
“Mudou muita coisa. Não
me chateio tanto por coisas
mínimas, sou mais direta, não
perco tempo. Posso dizer que
aprendi a viver e a dar muito
valor à vida”.
A todos os doentes com cancro do pulmão deixa uma mensagem de força e esperança:
“Não é nada fácil, mas é muito
importante acreditar no dia de
amanhã. Não nos podemos ir
abaixo, caso contrário a doença consome-nos”.
PUB
No mundo inteiro, milhões de pessoas vivem com
o diagnóstico de cancro
Estar informado(a), é uma das principais armas para a prevenção e/ou tratamento do cancro.
Neste site encontra informação relevante relacionada com os diferentes tipos de cancro, com o
apoio que poderá encontrar junto das associações de doentes… no entanto, toda a informação clínica relacionada com a sua situação, não poderá ser aqui abordada ou respondida: só o seu médico e
restantes profissionais de saúde que o(a) acompanham estão na posse de toda a informação, trabalhando-a de forma integrada e completa.
O que é o cancro
Diagnóstico
Sintomas
Acompanhamento
www.roche.pt/sites-tematicos/infocancro/
Estrada Nacional 249-1
2720 AMADORA
Tel: 351 - 21 425 70 00
Fax: 351 - 21 418 66 77
Contacto Geral: [email protected]
entrevista VIP
testemunho
“Não queria que a minha
filha visse um pai viciado
em tabaco”
O fator saúde foi essencial para deixar de fumar, mas
Manuel Marques refere que a filha também o motivou
bastante. O ator conta-nos como deixou este vício que
o acompanhou durante dez anos e como consegue,
já há três anos, dizer “Não” a um cigarro. Aos mais
novos, que ainda não fumam, espera que esse “ainda”
continue, porque os malefícios do tabagismo são
demasiado elevados.
Saúde Notícias (SN) - Fumou
durante quantos anos?
Manuel Marques (MM) - Fumei durante 10 anos.
SN - O que o levou a fumar?
MM - Foi, sobretudo, a influência que tive na altura
em que andava na Faculdade. Nessa época até se
fumava nas salas de aula.
SN - Quantos maços costumava fumar por dia?
MM - Em alturas de maior
stress chegava a dois maços por dia.
SN - O tabagismo trouxe-lhe
alguns problemas de saúde
ou de outro âmbito?
MM - Felizmente, não.
SN - Quando decidiu deixar
de fumar?
MM - Quando comecei a sentir que a voz não respondia
tão bem, a olhar-me ao espelho e ter um aspeto pouco
saudável. Era muito magro
e, além disso, não queria
que a minha filha visse um
pai viciado em tabaco …
E também deixei pela minha
saúde. Apesar de nunca ter
tido doenças associadas
ao tabagismo, sabia que se
continuasse a fazê-lo, estaria a “condenar” a minha
saúde no futuro.
SN - Como decorreu todo
esse processo de cessação
tabágica?
MM - Primeiro e mais importante foi a força de
vontade, ou seja, tomar a
decisão e estar consciente
dela. Para complementar
a decisão recorri a um
medicamento e nos momentos em que me apetecia um cigarro (sobretudo,
depois de tomar café, a
seguir ao jantar, entre outros) preenchia essa vontade
com pequenas atividades
que me faziam esquecer
ou aliviar a ansiedade da
carência do tabaco.
melhor imagem.
SN - Há quanto tempo não
fuma?
MM - Fez 3 anos em dezembro passado.
SN - Que mensagem gostaria
de deixar para
quem fuma?
MM - Para quem
fuma não quero
passar uma mensagem moralista e
penso que têm de
ser os fumadores a
tomar a decisão de deixar de fumar se assim o
entenderem.
SN - Ainda há momentos que
sente vontade de o fazer?
MM – Não costumo sentir
vontade de voltar a esses
tempos.
SN - O que o impede de voltar a pegar no cigarro?
MM - O que me impede de
voltar a fumar é principalmente saber que estaria
a comprometer a minha
saúde. Mas também existe
um fator muito importante
e até particular que me
ajudou a ter uma maior
motivação. Era demasiado
magro e ao deixar de fumar
consegui atingir o peso
ideal, o que me faz sentir
mais saudável e com uma
SN - E para os jovens que
ainda não fumam?
MM - Em relação aos jovens que ainda não fumam,
aconselho a que o “ainda”
se prolongue para sempre,
pois sabendo que se trata
de uma substância altamente aditiva e com tantos
malefícios para a saúde não
vejo qualquer motivo para
sequer experimentar.
Biografia
Manuel Marques
Uma carreira dedicada à representação e ao humor
Tem estado ligado às Produções Fictícias em projetos como “Manobras de Diversão”, quer em Teatro como em
televisão, e com a peça “Antes eles que nós”.
Atualmente, assina, com António Machado, a rubrica de rádio “Portugalex”, na Antena1 e na Antena3.
Trabalhou com Herman José nos programas Herman SIC, Hora H e Herman 2010. Entrou no filme Julgamento (2007),
de Leonel Vieira. Participou em vários projetos como Paraíso Filmes e Chiquititas.
Integrou a equipa de humoristas do programa da RTP 1, ‘’Os Contemporâneos’’, e em 2009, fez parte da sitcom
“O que se passou foi isto”.
Manuel Marques foi, ainda, protagonista da peça “Os Produtores”, apresentada no Teatro Tivoli em Fevereiro de 2009.
É autor e apresentador da rubrica radiofónica “Portugalex”, na qual se junta a António Machado para resumir o país
em três minutos, na Antena 1.
14
Janeiro 2013
vox pop
Os (des) conhecimentos
sobre o cancro do pulmão
1. Já ouviu falar do cancro do pulmão?
2. Sabe quais são os sintomas?
3. Sabe quais são os fatores de risco?
4. É fumador?
5. Por que não deixa de fumar?
<
Nuno Dias, 40 anos, Lisboa
1. Sim.
nça que não escolhe idades
2. Não, mas penso que é uma doe
e pessoas.
cipal fator.
3.O tabaco é, sem dúvida, o prin
s.
mai
É, pelo menos, do que se fala
4. Sou.
de fumar …
o vício … É complicado deixar
5. É
ar…
volt
Eu já deixei, mas acabei por
poder ter um cancro do pulmão,
Apesar de assustar a ideia de se
que se sente. Não é fácil…
continua-se a fumar pelo gozo
<
Óscar Guimarães,
38 anos, Lisboa
1. Sim.
2. Sei. Falta de ar, fal
ta de apetite e um ca
nsaço extremo.
3. O tabaco é o princ
ipal.
4. Sou.
5. Falta de vontade …
Só fumo há 4 anos e
comecei a fazê-lo ap
a morte do meu pai.
ós
Só quem passa por iss
o é que sabe como
é uma situação muito
difícil. Neste momento
fumo um maço por
dia. Mas há 3 semana
s estive três dias sem
fumar. É mesmo um
refúgio, apesar de ter
consciência dos risco
s.
<
Mariana Silva, 55 anos, Angola
1.
2.
3.
4.
5.
Sim.
Não.
Penso que o principal deve ser o tabaco.
Não.
É o vício, é o vício … Não sei se há outras razões específicas,
porque nunca fumei.
< Yolanda Ferreira,
45 anos, Alverca
<
1. Sim.
2. Não.
3. F
umar. Deve haver outros, porque já ouvi falar
de pessoas que não fumam e que têm esse
cancro.
4. Sim. Fumo há 25 anos.
5. E
stou a pensar em fazê-lo, porque sou hipertensa e a minha médica já me avisou muitas vezes
que tenho mesmo de deixar de fumar. Ainda
não o fiz, porque falta vontade. O stress é muito
grande e é difícil deixar este vício.
Famata, 25 anos, Amadora
1.
2.
3.
4.
5.
Não.
Não.
O tabaco, penso eu …
Sim. Há 2 anos.
O stress. Já deixei de fumar, mas o stress
não facilita.
Janeiro 2013
15
PUB
Grupo de Estudos do
Cancro do Pulmão
O GECP caracteriza-se pelo empenhamento em multidisciplinaridade num trabalho assistencial de qualidade, formação,
investigação, cooperação, inovação e internacionalização.
Núcleo aglutinador das várias especialidades que se dedicam
ao diagnóstico e tratamento do cancro do pulmão, somos e
queremos continuar a ser um grupo de clínicos que partilham
objectivos e projectos com a finalidade de cada vez mais e
melhor tratar os que nos procuram.
Av. Antunes Guimarães, 554 Porto
4100-074 Portugal
Email: [email protected]
Telefone: 226 165 450
Fax: 226 189 539

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