CADERNO DE RESUMOS XVI Simpósio de Citogenética e
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CADERNO DE RESUMOS XVI Simpósio de Citogenética e
CADERNO DE RESUMOS XVI Simpósio de Citogenética e Genética de Peixes ÓRGÃO FINANCIADOR: PATROCÍNADORES: REALIZAÇÃO: 2 COORDENAÇÃO GERAL Prof. Dr. Paulo Cesar Venere COMISSÃO ORGANIZADORA Profª. Dra Daniela Cristina Ferreira Prof. Dr. Liano Centofante Profª. Dra. Sandra Mariotto Prof. Dr. Dalci Maurício Miranda de Oliveira Profª. Dra. Elisangela Bellafronte Gisele S. F. Braga Pábila S. de Souza Thais Kelly S. Teixeira da Silva Ricardo Firmino de Sousa Maria Eduarda Maldaner Carla de Andrade Vitorino COMISSÃO CIENTÍFICA: Prof. Dr. Cesar Martins (UNESP) Profª. Dra. Ana Lúcia Dias (UEL) Profª. Dra. Ana Luiza de Brito e Silva Portella (UEM) Prof. Dr. Cláudio de Oliveira (UNESP) Profª. Dra. Eliana Feldberg (INPA) Prof. Dr. Diogo T. Hashimoto (UNESP) Prof. Dr. Fabio Porto Foresti (UNESP). Prof. Dr. Fausto Foresti (UNESP) Prof. Dr. Jorge Dergam (UFV) Prof. Dr. Jorge Ivan Rebelo Porto (INPA) Profª. Dra. Lúcia Giuliano (UEL) Prof. Dr. Luiz Antônio Carlos Bertollo (UFSCar) Prof. Dr. Marcelo Vicari (UEPG) Prof. Dr. Orlando Moreira-Filho (UFSCar) Profª. Dra. Patrícia Parise Maltempi (UNESP) Prof. Dr. Paulo Roberto Antunes de Mello Affonso (UESB) Prof. Dr. Pedro Manoel Galetti Jr. (UFSCar) Prof. Dr. Roberto Ferreira Artoni (UEPG) Prof. Dr. Rodrigo Torres (UFPE) Prof. Dr. Vladimir Pavan Margarido (UNIOESTE) Prof. Dr. Wagner Molina (UFRN) Cuiabá Mato Grosso- Brasil - 2015 3 APRESENTAÇÃO Entre os dias 25 e 28 de outubro de 2015, a Universidade Federal de Mato Grosso or gani zou o XVI Simpósio de Citogenética e Genética de Peixes (XVI SCGP). Esse evento, inicialmente denominado Simpósio de Citogenética de Peixes, é de caráter bianual, e tem por finalidade congregar pesquisadores que atuam com citogenética e Genética de peixes do Brasil e do exterior, resultando numa reunião já consagrada entre geneticistas, ictiólogos e estudantes de graduação e de pós-graduação. Após 29 anos de existência, essa foi a primeira vez que o evento ocorreu na região Centro–Oeste, na capital do Estado de Mato Grosso, gerando assim grandes expectativas em torno de sua realização. Na edição de 2013, a temática principal foi o uso de ferramentas moleculares para o entendimento da biogeografia da América do Sul, com ênfase em peixes como organismoschave para construir o intricado cenário evolutivo da região que abriga a maior diversidade de peixes de água doce do mundo. Neste ano de 2015, avançamos mais especificamente nos estudos voltados para a utilização de marcadores cromossômicos e moleculares como ferramentas para a conservação de espécies nativas e também na sua aplicação em piscicultura, uma vez que as espécies nativas com potencial para cultivo vêm sendo intensamente utilizadas, e se torna necessário, a cada dia mais, buscarmos ferramentas que permitam o monitoramento dos estoques cultivados e de suas matrizes. Além disso, a crescente construção de barragens para a produção de energia hidroelétrica vem despertando a necessidade de se conhecer mais a fundo as questões voltadas para a diversidade genética de estoques naturais no sentido de se garantir a preservação dessa imensa diversidade ictiogenética presente nas bacias hidrográficas, notadamente da região centro-oeste do Brasil. Foram realizadas várias palestras, 03 mesas-redondas, 04 minicursos, comunicações orais de trabalhos selecionados dentre os inscritos (de estudantes de graduação e de pós-graduação), pôsteres de trabalhos submetidos e atividades de socialização. A programação foi elaborada com o principal objetivo de abrir espaço entre os participantes para uma maior integração entre a comunidade estudantil e de pesquisadores de diferentes entidades de Mato Grosso com pesquisadores de outras localidades do Brasil e do exterior. Assim, é nosso desejo de que esse importante objetivo tenha sido plenamente atingido! Agradecemos a participação de todos desde já estamos nos preparando para o próximo!! Atenciosamente, Paulo Cesar Venere Coordenador do XVI SCGP 4 SUMÁRIO CITOGENÉTICA.............................................................................................................12 (Nº 001) ANÁLISE CROMOSSÔMICA E MORFOMÉTRICA DE Apareiodon affinis (STEINDACHNER 1879) (CHARACIFORMES, PARODONTIDAE) COM POLIMORFISMO ESTRUTURAL DA BACIA DO RIO URUGUAI ............................................................ 13 (Nº 002) ANÁLISE CITOGENÉTICA CLÁSSICA E MOLECULAR DE Crenicichla johanna (HECKEL 1840) COM A UTILIZAÇÃO DE MARCADORES DE DNA REPETITIVO ...... 14 (Nº 003) CARACTERIZAÇÃO CITOGENÉTICA DE EXEMPLARES DE Apareiodon affinis (CHARACIFORMES, PISCES) DAS LOCALIDADES DE POSADAS, LA PLATA E CORRIENTES (ARGENTINA) ...................................................................................... 15 (Nº 004) ESTUDOS CITOGENETICOS DE ESPÉCIES EXÓTICAS CULTIVADAS EM MISIONES, ARGENTINA (Cyprinus carpio L. E Ctenopharyngodon idella V.) .................. 16 (Nº 005) ENSAIO DE ABERRAÇÕES CROMOSSÔMICAS EM Astyanax altiparanae (PISCES: CHARACIDAE) SUBMETIDOS A EXPOSIÇÃO A CORANTES TÊXTEIS E SEUS PRODUTOS DE REMEDIAÇÃO FÚNGICA .................................................................. 17 (Nº 006) DIVERSIDADE CARIOTÍPICA EM DUAS ESPÉCIES DE Astyanax (CHARACIDAE) DE OCORRÊNCIA NO CÓRREGO ITIZ (BACIA DO RIO IVAÍ-PR) .... 18 (Nº 007) DESCRIÇÃO CITOGENÉTICA DE UM NOVO SISTEMA DE CROMOSSOMOS SEXUAIS DO TIPO ZZ/ZW EM Ancistrus sp. (LORICARIIDAE: ANCISTRINI) ............... 19 (Nº 008) CARACTERIZAÇÃO DOS CROMOSSOMOS DE Hoplias malabaricus Bloch 1794 (CHARACIFORMES, ERYTHRINIDAE) DA BACIA DO RIO SEPOTUBA, MUNICÍPIO DE TANGARÁ DA SERRA – MATO GROSSO ................................................................... 20 (Nº 009) ANÁLISE CITOGENÉTICA DE Hoplias aimara Valenciennes 1847 (CHARACIFORMES, ERYTHRINIDAE) DO RIO SUMIDOURO, MUNICÍPIO DE DIAMANTINO – MATO GROSSO ................................................................................ 21 (Nº 010) DADOS CITOGENÉTICOS DE Geophagus parnaibae (Staeck & Schindler, 2006) DA BACIA DO RIO PARNAÍBA, PI, BRASIL ..................................................................... 22 (Nº 011) DESCRIÇÃO DO NÚMERO DE CROMOSSOMOS E REGIÕES ORGANIZADORAS DE NUCLÉOLO (NORs) EM PEIXES DO GÊNERO Leporinus, DA POPULAÇÃO DO RIO IGARAÇU – DELTA DO PARNAÍBA (PI) .................................. 23 (Nº 012) CARACTERIZAÇÃO CITOGENÉTICA DE Pterygoplichthys ambrosetti (LORICARIIDAE: HYPOSTOMINAE) DE SANTA HELENA, PARANÁ (BACIA DO RIO PARANÁ).................................................................................................................... 24 (Nº 013) REDUCED KARYOTYPES DERIVED BY CENTRIC FUSIONS IN Dascyllus (POMACENTRIDAE, PERCIFORMES) ......................................................................... 25 (Nº 014) ESTUDO CROMOSSÔMICO EM Astyanax pirapuan (CHARACIFORMES, CHARACIDAE) DA SERRA DE SÃO VICENTE - MT ................................................... 26 5 (Nº 015) DESCRIÇÃO DE CITOGENÉTICA CLÁSSICA E MOLECULAR EM Astyanax asuncionenses (CHARACIFORMES, CHARACIDAE) DA CHAPADA DOS GUIMARÃES, MT .............................................................................................................................. 27 (Nº 016) ANÁLISE CITOGENÉTICA BÁSICA E MOLECULAR EM Astyanax cf. paris E A. laticeps (CHARACIDAE: INCERTAE SEDIS) PROVENIENTES DA BACIA DO ALTO RIO URUGUAI, BRASIL ..................................................................................................... 28 (Nº 017) ESPÉCIES MORFOLOGICAMENTE CRÍPTICAS DE Astyanax BAIRD & GIRARD 1854 DIAGNOSTICADAS ATRAVÉS DE CARACTERES CITOGENÉTICOS ................. 29 (Nº 018) CITOGENÉTICA BÁSICA E MOLECULAR EM SETE ESPÉCIES DE Pimelodus Lacepède 1803 (PIMELODIDAE) DE TRÊS SISTEMAS HIDROGRÁFICOS BRASILEIROS. ................................................................................................................................... 30 (Nº 019) CARACTERIZAÇÃO CITOGENÉTICA BÁSICA E MOLECULAR DE Bryconamericus aff. iheringii (CHARACIDAE, incertae sedis) DO RIO IJUÍ, BACIA DO ALTO RIO URUGUAI ............................................................................................................ 31 (Nº 020) NOVAS PERSPECTIVAS SOBRE A EVOLUÇÃO CROMOSSÔMICA DE HYPOSTOMINAE (SILURIFORMES:LORICARIIDAE) ................................................. 32 (Nº 021) AVALIAÇÃO CITOGENÉTICA E GENOTÓXICA EM Astyanax altiparanae (PISCES, CHARACIDAE) SUBMETIDOS AO AGROTÓXICO DORMEX ....................... 33 (Nº 022) CONSERVATION STATUS AND CYTOGENETIC OF ACARÁ Gymnogeophagus setequedas Reis, Malabarba & Pavanelli 1992 (CICHLIDAE: GEOPHAGINAE), A POORLY KNOWN SPECIES FROM NEOTROPICS ...................................................................... 34 (Nº 023) COMPARATIVE STUDIES BETWEEN Loricariichthys rostratus Reis & Pereira 2000 (SILURIFORMES, LORICARIIDAE, LORICARIINAE) POPULATIONS COLLECTED DOWNSTREAM AND UPSTREAM FROM IGUAÇU FALLS: CYTOGENETICS AND REPRODUCTIVE FEATURES ...................................................................................... 35 (Nº 024) POLIMORFISMO CROMOSSÔMICO NUMÉRICO E ESTRUTURAL em Rineloricaria aff langei (LORICARIIDAE, LORICARIINAE) DO RIO IGUAÇU, BACIA DO RIO IGUAÇU (PR). ...................................................................................................... 36 (Nº 025) ANÁLISE CITOGENÉTICA CLÁSSICA E MOLECULAR EM Moenkhausia bonita (CHARACIFORMES, CHARACIDAE) DA SUB-BACIA DO RIO IVAÍ, CIANORTE-PR. . 37 (Nº 026) CITOGENÉTICA BÁSICA E MOLECULAR DE Parauchenipterus striatulus Steindachner, 1877 (SILURIFORMES, AUCHENIPTERIDAE) DA BACIA DO RIO DOCE MG. ............................................................................................................................. 38 (Nº 027) EVIDÊNCIA DE AMPLIFICAÇÃO DE HETEROCROMATINA EM ESPÉCIMES DE Hypostomus regani (Loricariidae, Hypostominae) DA BACIA DO RIO TAQUARI (COXIMMS) ............................................................................................................................. 39 (Nº 028) ANÁLISE CROMOSSÔMICA COMPARATIVA EM DUAS POPULAÇÕES DE Pimelodus albofasciatus (SILURIFORMES, PIMELODIDAE) DA REGIÃO DE ALTA FLORESTA – MT......................................................................................................... 40 (Nº 029) ANÁLISE CROMOSSÔMICA DE Parauchenipterus galeatus LINNAEUS, 1766 e Trachelyopterus coriaceus VALENCIENNES, 1840 (SILURIFORMES, AUCHENIPTERIDAE) PROVENIENTE DE DUAS BACIAS HIDROGRÁFICAS ............. 41 6 (Nº 030) ESTUDO CITOGENÉTICO DE PEIXES DA SUBFAMÍLIA SERRASALMINAE (FAMÍLIA CHARACIDAE, ORDEM CHARACIFORME) NA REGIÃO DO TRIÂNGULO MINEIRO – MINAS GERAIS. ....................................................................................... 42 (Nº 031) CARACTERIZAÇÃO DE POLIMORFISMO CROMOSSÔMICO NUMÉRICO E ESTRUTURAL EM Rineloricaria zaina (LORICARIIDAE) DO RIO IJUÍ, BACIA DO ALTO RIO URUGUAI. ........................................................................................................... 43 (Nº 032) CITOGENÉTICA DE PEIXES DA PLANÍCIE COSTEIRA DO RIO GRANDE DO SUL............................................................................................................................. 44 (Nº 033) CULTIVO DE CÉLULAS PARA OBTENÇÃO DE PREPARAÇÕES CROMOSSÔMICAS EM Corydoras aeneus .................................................................... 45 (Nº 034) POLIMORFISMOS CROMOSSÔMICOS EM Rineloricaria wolfei (Siluriformes: Loricariidae) DA BACIA DO IGARAPÉ SÃO FRANCISCO, RIO BRANCO, ACRE .......... 46 (Nº 035) CROSS-SPECIES PAINTING AND COMPARATIVE GENOMIC ...................... 47 HYBRIDIZATION CONFIRM THE COMMON ORIGIN OF THE ZZ/ZW SEX SYSTEM IN Triportheus AND HIGHLIGHT THE DIFFERENTIATION OF THE W CHROMOSOME BETWEEN SPECIES .................................................................................................... 47 (Nº 036) W CHROMOSOME DYNAMICS IN Triportheus SPECIES (CHARACIFORMES, TRIPORTHEIDAE) - AN ONGOING PROCESS AFTER SPECIATION. .......................... 48 (Nº 037) CITOGENÉTICA DE POPULAÇÕES DE Prochilodus costatus Valenciennes, 1849 (CHARACIFORMES: PROCHILODONTIDAE) DA BACIA DO RIO SÃO FRANCISCO, MINAS GERAIS, BRASIL ............................................................................................ 49 (Nº 038) OCORRÊNCIA DE CROMOSSOMOS B EM Prochilodus costatus VALENCIENNES, 1849 (CHARACIFORMES: PROCHILODONTIDAE) E POSSÍVEL ORIGEM COMUM DESTES ELEMENTOS NO GÊNERO ............................................................................ 50 (Nº 039) PAREAMENTO MEIÓTICO EM Astyanax xavante (CHARACIFORMES: CHARACIDAE). .......................................................................................................... 51 (Nº 040) INTERAÇÃO ENTRE CROMOSSOMO B E SEXO ALTERA A EXPRESSÃO DE TRDMT1 EM Astatotilapia latifasciata POR EFEITO DA EXPRESSÃO DIFERENCIAL DO miR-181 ....................................................................................................................... 52 (Nº 041) ANÁLISE CITOGENÉTICA EM TRÊS POPULAÇÕES DE Ancistrus Kner 1854 (SILURIFORMES, LORICARIIDAE) DA BACIA DO RIO PARANÁ, PARANÁ. ............. 53 (Nº 042) GENOMIC ORGANIZATION OF REPETITIVE DNA ELEMENTS AND ITS IMPLICATION FOR THE CHROMOSMAL EVOLUTION IN WALKING CATIFSHES OF THE Clarias GENUS (SILURIFORMES, CLARIIDAE). .................................................. 54 (Nº 043) ESTUDOS CROMOSSÔMICOS E MOLECULARES NAS CINCO ESPÉCIES DE PACU-PEVAS (CHARACIDAE: MYLEINAE) PROVENIENTES DO PANTANAL DE MATO GROSSO, BRASIL ............................................................................................ 55 (Nº 044) CONSERVADORISMO CROMOSSÔMICO EM Hoplosternum litoralle (SILURIFORMES: CALLICHTHYIDAE) DA BACIA DO RIO PARNAÍBA, DIVISA ENTRE MARANHÃO E PIAUÍ. ................................................................................................ 56 7 (Nº 045) PRIMEIRA DESCRIÇÃO CITOGENÉTICA DE ESPÉCIES SIMPÁTRICAS DO GÊNERO HYPOSTOMUS (SILURIFORMES, LORICARIIDAE) NA BACIA HIDROGRÁFICA DO PARAGUAÇU, ESTADO DA BAHIA .......................................... 57 (Nº 046) ANÁLISE CITOGENÉTICA COMPARADA EM DIFERENTES POPULAÇÕES DE ASTYANAX (CHARACIDAE: INCERTAE SEDIS): A. paranae E A. elachylepis .................. 58 (Nº 047) TÉCNICAS CITOGENÉTICAS EVIDENCIAM A PRESENÇA DE CROMOSSOMOS SEXUAIS EM UMA POPULAÇÃO DE Astyanax Baird and Girard 1854 ........................... 59 (Nº 048) ANÁLISE CROMOSSÔMICA DE Hypostomus isbrueckeri (SILURIFORMES: LORICARIIDAE) DA BACIA DO RIO URUGUAI ......................................................... 60 (Nº 049) ANÁLISE CITOGENÉTICA EM Astyanax aff. fasciatus PROVENIENTE DO RIBEIRÃO TRÊS BOCAS COM ÊNFASE NA LOCALIZAÇÃO DE DNAr 5S.................. 61 (Nº 050) MAPEAMENTO CROMOSSOMICO DE DNA REPETITIVOS EM Rhamdia quelen (TELEOSTEI: HEPTAPTERIDAE) ................................................................................ 62 (Nº 051) CARACTERIZAÇÃO CITOGENÉTICA DE Trichomycterus sp. DO RIACHO DO OURO, CHAPADA DIAMANTINA, BAHIA .................................................................. 63 (Nº 052) CARACTERIZAÇÃO, ANÁLISE EVOLUTIVA E DISTRIBUIÇÃO CROMOSSÔMICA DO DNA REPETITIVO AM1, UM DNA SATÉLITE ALTAMENTE DINÂMICO E COMPARTILHADO POR DIFERENTES ESPÉCIES DA FAMÍLIA CHARACIDAE ............................................................................................................ 64 (Nº 053) ORIGEM DO CROMOSSOMO B NO PEIXE Characidium alipioi (CHARACIFORMES, CHRENUCHIDAE) AVALIADA POR PINTURA CROMOSSÔMICA CRUZADA. ................................................................................................................. 65 (Nº 054) CITOGENÉTICA CLÁSSICA E MARCADARORES DE rDNAS 5S E 18S EM REPRESENTANTES DAS SUBFAMÍLIAS CHARACINAE, CYNOPOTAMINAE E ACESTRORHYNCHINAE. ........................................................................................... 66 (Nº 055) CARACTERIZAÇÃO CARIOTÍPICA DE PEIXES DO GÊNERO Synbranchus DA REGIÃO NORTE DO PANTANAL MATO GROSSENSE ............................................... 67 (Nº 056) CARACTERIZAÇÃO CITOGENÉTICA DE Astyanax aff. bimaculatus ................ 68 (CHARACIFORMES, CHARACIDAE), DA BACIA DO RIO DE CONTAS, CHAPADA DIAMANTINA, BAHIA................................................................................................ 68 (Nº 057) MAPEAMENTO DE GENES RIBOSSOMAIS NOS CROMOSSOMOS DE ESPÉCIES DO GÊNERO ANCISTRUS (SILURIFORMES: LORICARIIDAE), DA BACIA DO PARAGUAI, MATO GROSSO, BRASIL. ....................................................................... 69 (Nº 058) ORGANIZAÇÃO E LOCALIZAÇÃO CROMOSSÔMICA DO DNAr 5S DE Hypostomus boulengeri (Eigenmann & Kennedy, 1903) .................................................... 70 (Nº 059) CARACTERIZAÇÃO CARIOTÍPICA DE Bergiaria westermanni Lutken, 1874 (SILURIFORMES, PIMELODIDAE), EVIDENCIANDO A PRESENÇA DE CROMOSSOMOS B ..................................................................................................... 71 (Nº 060) ANÁLISES DO NÚMERO DE NUCLÉOLOS EVIDENCIADOS PELA TÉCNICA DE Ag-RON DEMONSTRARIAM ATIVIDADE DESSA REGIÃO NOS CROMOSSOMOS B DE Bergiaria westermanni LUTKEN, 1874 (SILURIFORMES, PIMELODIDAE)? ................... 72 8 (Nº 061) MODELOS EVOLUTIVOS CONSTRASTANTES ENTRE ESPÉCIES CONGENÉRICAS. UMA INVESTIGAÇÃO CROMOSSÔMICA NO GÊNERO Hoplias (CHARACIFORMES, ERYTHRINIDAE) ....................................................................... 73 (Nº 062) ANÁLISES CROMOSSÔMICAS DE DUAS ESPÉCIES DO GÊNERO Apareiodon Eigenmann, 1916 (CHARACIFORMES, PARODONTIDAE): ........................................... 74 A. argenteus Pavanelli & Britski, 2003 e A. davisi Fowler, 1941 ......................................... 74 (Nº 063) DIVERSIDADE CROMOSSÔMICA NO GÊNERO Loricaria spp. (SILURIFORMES, LORICARIIDAE) ......................................................................................................... 75 (Nº 064) MAPEAMENTO CROMOSSÔMICO DE ELEMENTOS TRANSPONÍVEIS Rex1 e Rex3 NO GENOMA DAS ESPÉCIES DA TRIBO Ancistrini (SILURIFORMES, LORICARIIDAE) ......................................................................................................... 76 GENÉTICA .................................................................................................................. 77 (Nº 001) GENOTIPAGEM SEXUAL ATRAVÉS DO GENE DETERMINANTE DE SEXO SDY EM ESTOQUES BRASILEIROS DE SALMONÍDEOS .................................................... 78 (Nº 002) IDENTIFICAÇÃO PESQUEIRA DE TUBARÕES NA COSTA DE SÃO PAULO (PROVÍNCIA ARGENTINA) UTILIZANDO MARCADORES MOLECULARES.............. 79 (Nº 003) DICRIMINAÇÃO DE POPULAÇÕES DO GENÊRO Ancistrus KNER, 1854 (SILURIFORMES: LORICARIIDAE) DA BACIA DO RIO PARAGUAI ATRAVÉS DA TÉCNICA DE DNA BARCODE .................................................................................... 80 (Nº 004) ANÁLISE DO TRANSCRIPTOMA DE CÉLULAS DA PELE DE Pimelodella avanhandavae (TELEOSTEI: HEPTAPTERIDAE): GENES RELACIONADOS À COLORAÇÃO CORPORAL .......................................................................................... 81 (Nº 005) VARIABILIDADE GENÉTICA DO PIRARUCU (Arapaima gigas) EM PISCICULTURAS DA REGIÃO CENTRAL DO ESTADO DE RONDÔNIA, USANDO MARCADORES STR ................................................................................................... 82 (Nº 006) ISOLATION-BY-TIME EM POPULAÇÕES DE Salminus brasiliensis Cuvier 1816 . 83 (Nº 007) UNIDADES GENÉTICAS DE JUNDIÁ (Rhamdia quelen) DA REGIÃO NEOTROPICAL IDENTIFICADAS POR MEIO DO DNA BARCODE .............................. 84 (Nº 008) CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA POR MEIO DO DNA BARCODE DO JUNDIÁ Rhamdia quelen (SILURIFORMES: HEPTAPTERIDAE) ................................................. 85 COMERCIALIZADO PARA CULTIVO ......................................................................... 85 (Nº 009) ANÁLISE DE DIVERSIDADE GENÉTICA E ESTRUTURA POPULACIONAL DE JUNDIÁS COMERCIALIZADOS E AMBIENTE NATURAL .......................................... 86 (Nº 0 10) “BARCODING” DE PEIXES DO GÊNERO Hypancistrus (SILURIFORMES, LORICARIIDAE) ......................................................................................................... 87 (Nº 011) ECOLOGICAL OPPORTUNITY AND ADAPTIVE RADIATION IN THE SUCKERMOUTH ARMORED CATFISH GENUS HYPOSTOMUS (SILURIFORMES: HYPOSTOMINAE) ...................................................................................................... 88 (Nº 012) DESCRIPTION OF A NEW CATFISH GENUS (SILURIFORMES: LORICARIIDAE) FROM THE RIO TOCANTINS IN CENTRAL BRASIL WITH COMMENTS ON ITS HISTORICAL BIOGEOGRAPHY .................................................................................. 89 9 (Nº 013) CORRELAÇÃO ENTRE O TESTE DE MICRONÚCLEO E O PESOCOMPRIMENTO PARA MONITORAMENTO DO BEM ESTAR ANIMAL EM CRIAÇÃO SEMI-INTENSIVA DE TAMBAQUI ............................................................................. 90 (Nº 014) ANÁLISES CITOGENÉTICAS E DE DNA BARCODE DE Hemiodontichthys acipenserinus (SILURIFORMIS; LORICARIIDAE; LORICARIINAE) REVELAM A EXISTÊNCIA DE UM GRANDE COMPLEXO DE ESPÉCIES. ....................................... 91 (Nº 015) VARIAÇÃO GENÉTICA EM Schizolecis guntheri (SILURIFORMES: LORICARIIDAE) REVELA A EXISTÊNCIA DE PROVÁVEL COMPLEXO DE ESPÉCIES. ................................................................................................................................... 92 (Nº 016) DIVERSIDADE GENÉTICA E ESTRUTURA POPULACIONAL DE SALMINUS FRANCISCANUS NOS SEGMENTOS ALTO E MÉDIO DA BACIA DO RIO SÃO FRANCISCO REVELAM AMEAÇA OCULTA .............................................................. 93 (Nº 017) BACIA TURVO-GRANDE: UMA IMPORTANTE ÁREA PARA CONSERVAÇÃO DA ESPÉCIE Leporinus friderici Bloch 1794 (ANOSTOMIDAE) ..................................... 94 (Nº 018) ESTRUTURAÇÃO GENÉTICA DE Salminus brasiliensis EM TRECHO FRAGMENTADO DA BACIA DO ALTO RIO PARANÁ ................................................ 95 (Nº 019) ANÁLISE MOLECULAR DAS ESPÉCIES Rineloricaria kronei E R. langei (Siluriformes: Loricariidae) AO LONGO DA MATA ATLÂNTICA. .................................. 96 (Nº 020) IDENFICAÇÃO DA COMUNIDADE ICTIOPLACTÔNICA DA BACIA DO MOGIGUAÇU UTILIZANDO UMA FERRAMENTA MOLECULAR (DNA BARCODING) ........ 97 (Nº 021) DNA BARCODING COMO FERRAMENTA PARA CONSERVAÇÃO DA ICTIOFAUNA: RIO MOGI-GUAÇU .............................................................................. 98 (Nº 022) ANÁLISE GENÉTICA DE Brycon spp. NA SUB-BACIA DO ARINOS MATO GROSSO ..................................................................................................................... 99 (Nº 023) SISTEMÁTICA MOLECULAR E EVOLUÇÃO DA FAMÍLIA ANOSTOMIDAE (CHARACIFORMES) ................................................................................................... 99 (Nº 024) FILOGENÔMICA EM PEIXES NEOTROPICAIS: ESTUDOS FILOGENÉTICOS EM CHARACIFORMES USANDO ELEMENTOS ULTRACONSERVADOS ....................... 101 (Nº 025) OCORRÊNCIA DE HÍBRIDOS AVANÇADOS EM ESTOQUES DE CULTIVO DE ESPÉCIES DE PEIXES SERRASALMÍDEOS............................................................... 102 (Nº 026) DIVERSIDADE TAXONÔMICA E MOLECULAR (DNA BARCODING) DA ICTIOFAUNA DE OITO IGARAPÉS NA ÁREA DE INFLUÊNCIA DA BR-163, ENTRE OS MUNICÍPIOS DE SANTARÉM E RURÓPOLIS, PARÁ ................................................ 103 (Nº 027) APLICAÇÃO DE SNPs PARA ANÁLISE DE PARENTESCO EM PACU (Piaractus mesopotamicus) .......................................................................................................... 104 (Nº 028) PEIXES REOFÍLICOS COM ALTA CAPACIDADE DE MANUTENÇÃO DE SUAS POPULAÇÕES SÃO CAPAZES DE MANTER SEU PADRÃO DE VARIABILIDADE GENÉTICA FRENTE ÀS AÇÕES ANTRÓPICAS? ....................................................... 105 (Nº 029) ESTIMATING NUCLEAR DNA CONTENT OF THE SPOTTED CATFISH Pimelodus maculatus BY FLOW CYTOMETRY............................................................ 106 (Nº 030) EVIDÊNCIA MOLECULAR DE DIVISÃO LESTE-OESTE DAS POPULAÇÕES DE Prochilodus nigricans AGASSIZ, 1829 NA BACIA AMAZÔNICA ................................. 107 10 (Nº 031) ALTA ESTRUTURAÇÃO POPULACIONAL REGIONAL DE Atherinella brasiliensis DA COSTA BRASILEIRA .......................................................................................... 108 (Nº 032) TESTANDO CENÁRIOS BIOGEOGRÁFICOS ATRAVÉS DA ABORDAGEM ABC: O CASO PARA Salminus (CHARACIDAE) .................................................................. 109 (Nº 033) BIOGEOGRÁFIA HISTÓRICA DOS Leporinus (CHARACIFORMES: ANOSTOMIDAE) COM CROMOSSOMOS SEXUAIS ZZ/ZW: CONTANDO A HISTÓRIA DAS BACIAS SUL-AMERICANAS ............................................................................ 110 (Nº 034) DNA BARCODING DA ICTIOFAUNA DA BACIA DO RIO DOCE ................. 111 (Nº 035) RECONSTRUÇÃO GENÉTICA DA INTRODUÇÃO DA PIRAMBEBA (Serrasalmus brandtii) NA BACIA DO JEQUITINHONHA ................................................................ 112 (Nº 036) FILOGENIA MOLECULAR DA FAMÍLIA CURIMATIDAE NA BACIA DO RIO MADEIRA ................................................................................................................. 113 (Nº 037) DIVERSIDADE GENÉTICA E ESTRUTURA POPULACIONAL DE Arapaima gigas NA BACIA ARAGUAIA-TOCANTINS ....................................................................... 114 (Nº 038) AVALIAÇÃO DA ESTRUTURA GENÉTICA POPULACIONAL DO SURUBIM (Pseudoplatystoma fasciatum) EM RIOS DO MARANHÃO ............................................ 115 (Nº 039) IDENTIFICAÇÃO POR DNA BARCODING SUGERE A OCORRÊNCIA DE ESPÉCIES CRÍPTICAS EM PEIXES DE RIOS DO MARANHÃO ................................. 116 (Nº 040) DIVERSIDADE GENÉTICA EM Gymnotus Linnaeus, 1758 (GYMNOTIFORMES: GYMNOTIDAE) DO PANTANAL DE MATO GROSSO, BRASIL ................................ 117 (Nº 041) DIVERSIDADE GENÉTICA DE ESTOQUES DE REPRODUTORES DE Colossoma macropomum MEDIANTE O USO DE MARCADOR MICROSSATÉLITE...................... 118 (Nº 042) DNA BARCONDING COMO FERRAMENTA MOLECULAR PARA O ENSINO DE GENÉTICA E IDENTIFICAÇÃO DE FRAUDES EM PESCADO ................................... 119 (Nº 043) DIVERSIDADE GENÉTICA E COMPORTAMENTO REPRODUTIVO DA ESPÉCIE AMEAÇADA DO PEIXE PACAMÃ (Lophiosilurus alexandri) ....................................... 120 (Nº 044) A POSSIBLE CRYPTIC ECUADOREAN SPECIES OF Mugil (ACTINOPTERYGII: MUGILIDAE) SUGGESTED BY CYTOGENETIC AND MOLECULAR DATA ............. 121 (Nº 045) INFERÊNCIAS CROMOSSÔMICAS E MOLECULARES EVIDENCIAM DIVERGÊNCIA EVOLUTIVA RECENTE EM PEIXES DO GÊNERO Apareiodon Eigenmann, 1916 (CHARACIFORMES, PARODONTIDAE) ............................................................ 122 (Nº 046) CARIÓTIPO E DNA BARCODE INDICAM QUE DOIS MORFOTIPOS DE Hypancistrus sp. "pão" (SILURIFORMES: LORICARIIDAE) DO RIO XINGU SÃO A MESMA ESPÉCIE ................................................................................................................... 123 (Nº 047) DELIMITAÇÃO DE ESPÉCIES UTILIZANDO DNA BARCODE E ANÁLISES CITOGENÉTICAS EM REPRESENTANTES DE Eigenmannia Jordan & Evermann, 1896 (GYMNOTIFORMES: STERNOPYGIDAE) ................................................................. 124 (Nº 048) DIVERSIDADE GENÉTICA EM Pygocentrus nattereri (PISCES: CHARACIFORMES: SERRASALMINAE). .................................................................. 125 (Nº 049) CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA EM ESPÉCIES DE PIRANHAS (PISCES: CHARACIFORMES: SERRASALMINAE) EM RIOS MATOGROSSENSES. ................. 126 11 (Nº 050) ORIGEM ADAPTATIVA RECENTE DO PEIXE CAVERNÍCOLA Ancistrus cryptophthalmus.......................................................................................................... 127 (Nº 051) ENTENDENDO OS PROCESSOS EVOLUTIVOS DE ZUNGARO (SILURIFORMES: PIMELODIDAE) ATRAVÉS DA ANÁLISE COMPARATIVA DO GENE MITOCONDRIAL CITOCROMO OXIDASE I (COI) E DA REGIÃO CONTROLE D-Loop.......................... 128 (Nº 052) IDENTIFICAÇÃO MOLECULAR (DNA BARCODING) DO PESCADO COMERCIALIZADO COMO “CAÇÃO” NO SUDESTE DO BRASIL ............................ 129 (Nº 053) DANO GENÔMICO E O STATUS DE CONSERVAÇÃO DE Mugil curema Valenciennes 1836 (ACTINOPTERYGII: MUGILIDAE) EM CINCO ESTUÁRIOS PERNAMBUCANOS, REGIÃO NORDESTE DO BRASIL ............................................ 130 (Nº 054) TESTES DE PROTOCOLOS DE EXTRAÇÃO DE DNA E PCR (BARCODE) DA ICTIOFAUNA ACOMPANHANTE NA PESCA DE CAMARÃO EM ITACARÉ (BA)..... 131 (Nº 055) PLASTICIDADE FENOTÍPICA EM SUBPOPULAÇÕES DE Astyanax goyacensis DA BACIA DO RIO ARAGUAIA ...................................................................................... 132 12 CITOGENÉTICA 13 (Nº 001) ANÁLISE CROMOSSÔMICA E MORFOMÉTRICA DE Apareiodon affinis (STEINDACHNER 1879) (CHARACIFORMES, PARODONTIDAE) COM POLIMORFISMO ESTRUTURAL DA BACIA DO RIO URUGUAI Gisele Gemi1, Mariane Gavazzoni1, Leonardo Marcel Paiz2, Lucas Baumgartner1 Simone Cristina Girardi2, Fagner de Souza2, Carla Simone Pavanelli2, Marcelo Ricardo Vicari3, Vladimir Pavan Margarido1 & Roberto Laridondo Lui1 1. Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Campus Cascavel, PR; 2. Universidade Estadual de Maringá, Campus Maringá-PR; 3. Universidade Estadual de Ponta Grossa, Ponta Grossa-PR. Parodontidae é uma pequena família de peixes neotropicais representada por 3 gêneros e 32 espécies: Apareiodon (15 espécies), Parodon (14 espécies) e Saccodon (3 espécies). Estudos citogenéticos em Apareiodon affinis mostraram número diploide variando de 54 a 55 cromossomos com a presença de polimorfismo cromossômico estrutural, encontrado nas bacias dos rios Paraná e Paraguai, e sistema múltiplo de cromossomos sexuais ZZ/ZW1W2 observado no Alto rio Paraná. Este trabalho teve o objetivo de investigar a constituição cromossômica de uma população da bacia do rio Uruguai, na qual foi detectado a presença de polimorfismo de número de cromossomos acrocêntricos, e verificar se há alguma relação entre cada uma das formas cromossômicas dessa população com a morfologia dos espécimes. Foram analisados através de técnicas citogenéticas e morfometria 57 espécimes de A. affinis do rio Íjui, bacia do Alto rio Uruguai, RS. As análises cromossômicas foram realizadas através da coloração por Giemsa, impregnação pelo nitrato de prata, padrão de distribuição de heterocromatina e localização dos cístrons de rDNA 5S e 18S. A análise morfológica foi realizada através de contagens, medidas tradicionais e uma rede de treliça. Foi observado 2n=54 cromossomos em ambos os sexos e a presença de polimorfismo estrutural intra-populacional caracterizando 4 citótipos, os quais variam a fórmula cariotípica devido o número de cromossomos acrocêntricos: A) (48m/sm+4st+2a); B) (47m/sm+4st+3a); C) (46m/sm+4st+4a); D) (45m/sm+4st+5a). As AgRONs foram localizadas em posição terminal no braço longo de cromossomos submetacêntricos e subtelocêntricos variando de 2 a 4 marcados, o que foi confirmado pela FISH com rDNA 18S, além de um outro par de acrocêntricos na região terminal do braço longo. Heterocromatina foi evidenciada nas regiões centromérica, pericentromérica e terminal da maioria dos cromossomos, coincidentes com as AgRONs e associada aos sítios de rDNA 5S, os quais estão presentes no braço curto de um par submetacêntrico. Em todas as formas cariotípicas foi observado blocos heterocromáticos nas posições proximal e distal em um par acrocêntrico, além de bloco terminal em um cromossomo acrocêntrico (citótipo B) e em um par acrocêntrico (citótipo C). A principal diferença entre os 4 citótipos é devido ao número de cromossomos acrocêntricos, os quais podem ter se originado a partir de rearranjos cromossômicos, como inversões pericêntricas. A morfometria mostra que não há divergências morfológicas, com sobreposição em todas medidas realizadas e apenas uma pequena divergência na contagem nas escamas acima da linha lateral em um dos citótipos. A sobreposição entre os citótipos decorrentes da análise de morfometria sugere que alterações na organização genômica dos cromossomos não são suficientemente responsáveis por diferenças significantes nas características morfológicas, apenas uma sútil divergência na contagem de escamas, o que seria esperado pois todos os espécimes analisados fazem parte de uma mesma população, sem restrição de fluxo gênico. Órgão financiador: CNPq, CAPES, Unioeste. 14 (Nº 002) ANÁLISE CITOGENÉTICA CLÁSSICA E MOLECULAR DE Crenicichla johanna (HECKEL 1840) COM A UTILIZAÇÃO DE MARCADORES DE DNA REPETITIVO Luan Felipe da Silva Frade1, Bruno Rafael Ribeiro de Almeida1, Susana Suely Rodrigues Milhomem Paixão2, Cleusa Yoshiko Nagamachi1, Julio Cezar Pieczarka1, Renata Coelho Rodrigues Noronha1 1. Universidade Federal do Pará, Instituto de Ciências Biológicas, Belém-PA 2. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Goiás-Valparaíso Cichlidae é uma das famílias de peixes de água doce mais diversificadas do mundo, constituída por mais de 1300 espécies e com distribuição geográfica abrangendo o continente africano, Ásia meridional e Américas do Norte, Central e do Sul. Crenicichla é o maior gênero de Cichlidae da América do Sul com 86 espécies válidas, distribuindose desde a cordilheira dos Andes até o rio Prata, na Argentina. O estudo de marcadores citogenéticos ainda é pouco explorado neste gênero, apesar de serem fundamentais para uma melhor compreensão das mudanças estruturais e evolutivas em seus genomas. No presente estudo, foram analisados citogeneticamente 6 indivíduos de Crenicichla johanna, provenientes do município de Abaetetuba, Pará, Brasil. As preparações cromossômicas foram submetidas a técnicas de coloração convencional, bandeamento C, AgNOR e Hibridização in situ fluorescente (FISH) com sondas telomérica (TTAGGG)n, rDNAs 18S e 5S, transposon Mariner e retrotransposon Rex1; além disso, foi realizado Fiber-FISH para verificar a disposição de sequências teloméricas e rDNA 18S. Todos os indivíduos analisados apresentaram 2n=48, NF=56 e fórmula cariotípica com 8M/SM e 40ST/A. O bandeamento C revelou heterocromatina constitutiva nas regiões pericentroméricas e terminais da maioria dos cromossomos. Grandes clusters de rDNA18S foram registrados na região terminal de 3 a 6 cromossomos, dentre os quais, somente o par 5q apresentou marcação NOR. Nestes cromossomos, se observou que blocos de sequencias teloméricas são colocalizados a estes clusters (18S-TEL). O Fiber FISH mostrou que as sequencias 18S-TEL estão dispostas de forma intercalada. Adicionalmente, foi possível observar pequenas marcações de rDNA 18S na região distal de outros pares do cariótipo. Os sítios de rDNA 5S são localizados intersticialmente em um par acrocêntrico. Os elementos transponíveis Mariner e o Rex1 apresentaram distribuição dispersa nos cariótipos, característica comum entre a maioria dos peixes analisados. Os resultados obtidos corroboram a alta conservação do número diplóide com 48 cromossomos, observada em ciclídeos neotropicais. Provavelmente, a distribuição dispersa das marcações de DNA18S pode ter ocorrido por recombinação ectópica e/ou transposição. O significado da associação 18S-TEL ainda não é muito bem compreendido, podendo esta colocalização ser resultado de crossing over desigual e/ou estar relacionada à organização do nucléolo. Assim, o presente estudo mostra pela primeira vez a distribuição de elementos transponíveis e evidencia diferenças na organização e dinâmica de sequências gênicas repetitivas em C. johanna. Órgão financiador: CAPES 15 (Nº 003) CARACTERIZAÇÃO CITOGENÉTICA DE EXEMPLARES DE Apareiodon affinis (CHARACIFORMES, PISCES) DAS LOCALIDADES DE POSADAS, LA PLATA E CORRIENTES (ARGENTINA) Pioli1 UO, Pastori MC1, Roncati HA1, Sánchez S2, Alves de Paula A3, Dias AL3, Swarça A3, Fenocchio AS1 1 Laboratorio de Citogenética General y Monitoreo Ambiental, Facultad de Ciencias Exactas, Químicas y Naturales, Instituto de Biología Subropical, Universidad Nacional de Misiones. (IBS-UNaM-CONICET). 2 Instituto de Ictiología del Nordeste, Facultad de Ciencias Veterinarias, Universidad Nacional del Nordeste. (FCV-UNNE). 3Laboratorio de Citogenética Animal, Universidade Estadual de Londrina. (UEL) [email protected] Apareiodon affinis descritos cariotípicamente em diferentes localidades da bacia do rio Paraná no Brasil possuem número diplóide 54 para machos e 55 para fêmeas devido a um sistema de determinação sexual múltipla do tipo ZZ/ZW1W2. Estudos realizados previamente em localidades pertencentes ao rio Paraná médio e alto (Argentina) mostraram 2n=54 para machos e fêmeas e Número Fundamental (NF) num intervalo entre 103 e 108, evidenciando polimorfismos cromossômicos estruturais, com 0 a 5 cromossomos acrocêntricos e sem ocorrência de sistemas de determinação sexual. No presente trabalho foi realizada uma revisão citogenética das populações provenientes das localidades de Posadas e Corrientes, ampliando a área de amostragem até La Plata (Província de Buenos Aires), sendo estudados ao todo 63 exemplares. Técnicas de coloração convencional e de bandamento cromossômico permitiram identificar 7 citótipos para a localidade de Posadas, 5 para Corrientes e 2 para La Plata, com base no número de cromossomos acrocêntricos e no padrão de bandas NOR. Da mesma forma, foi observado polimorfismo das regiões organizadoras nucleolares, que mostraram de 1 a 3 cromossomos marcados, confirmado pelas técnicas de coloração fluorescente CMA3/DAPI e FISH com sondas 18S e 5S. Em indivíduos de dois citótipos diferentes pertencentes à população de Posadas, pode ser detectada a presença de um cromossomo adicional portador duma região 18S positiva. Em conclusão, até o momento foram achados polimorfismos cromossômicos estruturais em todas as populações estudadas ao longo dos rios Paraná e de La Plata na Argentina. O presente trabalho representa uma nova contribuição ao conhecimento citogenetico de Apareiodon affinis, pela primeira vez foi caracterizada uma população pertencente ao rio de la Plata, a sua localidade tipo, sendo sugerida também pela primeira vez a presença de cromossomos B nestas populações. Estes achados, somados às descobertas realizadas no gênero Apareiodon e na família Parodontidae na última década, reforçam a necessidade de realizar uma reinterpretação taxonômica da espécie. Agradecimentos: Instituto de Biología Subtropical (CONICET-UNaM). Secretaría de Políticas Universitarias (SPU). SecIyP, FCEQyN. Universidad Nacional de Misiones (UNaM). Universidade Estadual de Londrina, UEL. 16 (Nº 004) ESTUDOS CITOGENETICOS DE ESPÉCIES EXÓTICAS CULTIVADAS EM MISIONES, ARGENTINA (Cyprinus carpio L. E Ctenopharyngodon idella V.) Sánchez, Kevin I.1; Pioli, Ulises O.1; Rau, Angemara I. 1; Cafetti, Jacqueline D. 1; Fenocchio, Alberto S.1 1. Laboratorio de Citogenética General y Monitoreo Ambiental. Facultad de Ciencias Exactas, Químicas y Naturales. Instituto de Biología Subtropical, Universidad Nacional de Misiones (IBS-UNaM-CONICET). Félix de Azara 1552. (3300) Posadas, Misiones. Argentina. A carpa comum (Cyprinus carpio) e a carpa capim (Ctenopharyngodon idella) pertencem à família Cyprinidae, considerada a mais numerosa quanto aos peixes de agua doce com umas 3000 espécies descritas. As populações naturais de C. carpio se distribuem em lagos e rios de Europa e Asia entanto as de C. idella se encontram da China a leste da Sibéria, sendo estas espécies amplamente introduzidas no mundo todo, também na Argentina, com finalidade comercial, ornamental, e de pesca esportiva. No presente trabalho foi realizada a descrição cariotípica e a estimação das frequências basais de micronúcleos (MN) y alterações nucleares (AN) de ambas as espécies provenientes da piscicultura da Cooperativa CAUL, da cidade de 25 de Mayo, provincia de Misiones, Argentina. As preparações cromossômicas foram obtidas mediante técnicas diretas a partir de células renais e coradas com Giemsa e AgNO3 a fim de revelar os cromossomos portadores de NORs. Para a análise dos MN e NA foram feitos esfregaços de sangue periférico obtidos por punção da veia caudal e posterior coloração com Giemsa, sendo contabilizados 2000 eritrócitos por exemplar. Foram estudados 30 exemplares de C. carpio (18 machos, 11 fêmeas e um de sexo indeterminado) e 9 de C. idella (6 machos e 3 de sexo indeterminado). Cyprinus carpio apresenta 2n=100 (NF=184) com fórmula cariotípica de 38M-SM+62ST-T, já C. idella mostra 2n=48 (NF=96) e cariótipo constituido por 38MSM+10ST, para machos e fêmeas. A coloração com prata revelou as NORs no braço curto de um par de cromossomos submetacêntricos em C. carpio. As frequências de AN foram: 0,0019 em C. idella e 0,0032 em C. carpio. Os resultados obtidos para C. idella mostraram valores próximos às freqüências basais disponíveis na literatura entanto para C. carpio estes dados constituem o primeiro registro na região, contribuindo ao conhecimento cariotipico de ambas as espécies e ao monitoramento da qualidade ambiental das estações de piscicultura. Agradecimentos: Instituto de Biología Subtropical (CONICET-UNaM). Secretaría de Políticas Universitarias (SPU). SecIyP, FCEQyN. Universidad Nacional de Misiones (UNaM). PICTO-UNaM (n° 0135). FONCYT-AGENCIA 17 (Nº 005) ENSAIO DE ABERRAÇÕES CROMOSSÔMICAS EM Astyanax altiparanae (PISCES: CHARACIDAE) SUBMETIDOS A EXPOSIÇÃO A CORANTES TÊXTEIS E SEUS PRODUTOS DE REMEDIAÇÃO FÚNGICA Vânia Aparecida Sacco, Luciana Andreia Borin-Carvalho, João Alencar Pamphile, Ligia Magrinelli Barbosa, Ana Camila Prizon, Andrea Cius, Greicy Ellen de Brito, Ana Luiza de Brito Portela Castro Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Biotecnologia, Genética e Biologia Celular, Maringá-PR. Os corantes são amplamente utilizados nas indústrias têxteis, contudo essas substâncias podem ser tóxicas, mutagênicas e resistentes a muitos processos de degradação. Estima–se que cerca de 15% dos corantes utilizados sejam perdidos durante o processo de tingimento e lançados no ambiente, atingindo os corpos d’água. Um grupo de grande importância para avaliação de toxicidade ambiental são os peixes, pois participam de diferentes níveis tróficos da cadeia alimentar. Espécimes de Astyanax altiparanae foram analisados quanto ao potencial mutagênico dos corantes têxteis Reactive Black 5 e Reactive Blue 19 e seus produtos remediados por fungos endofíticos, linhagem Phlebias sp. Foram realizadas análises cariotípicas para detectar possíveis alterações cromossômicas e variações no padrão da heterocromatina através do bandeamento C. Exemplares de Astyanax altiparanae (3 indivíduos por aquário) foram submetidos a diferentes tratamentos: tratamento 1 controle (aquário contendo somente água); tratamento 2 (aquário contendo solução de meio de cultura BD - batata-dextrose); tratamento 3 (aquário contendo corante Reactive Blue 19); tratamento 4 (aquário contendo corante Black 5); tratamento 5 (aquário contendo meio de cultura após o crescimento dos fungos); tratamento 6 (aquário contendo solução de produto remediado do corante Reactive Blue) e tratamento 7 (aquário contendo solução de produto remediado pelo fungo do corante Reactive Black 5). Todas as soluções de tratamentos foram feitas na concentração de 0,01%/L durante 24h. Metáfases de A. altiparanae mostraram variações na distribuição e quantidade de heterocromatina entre os diferentes tipos de tratamento. O padrão da heterocromatina constitutiva nos indivíduos controle, revelou marcações frequentes em 7 pares de cromossomos. Nos indivíduos submetidos a solução contendo meio de cultura BD o padrão de banda C foi igual ao dos indivíduos controle. Por outro lado, nos indivíduos submetidos ao tratamento com corante Reactive Blue 19 houve um aumento do número de cromossomos com marcações heterocromáticas, enquanto que nos exemplares tratados com corante Reactive Black 5 observou-se o inverso onde houve uma diminuição do número de cromossomos com marcações heterocromáticas. No tratamento dos peixes com o meio BD após crescimento do fungo o número de pares cromossômicos marcados pela banda C também aumentou. Nos indivíduos com os tratamentos 6 e 7 contendo a solução com o produto remediado pelos fungos, o padrão de heterocromatina foi semelhante em relação ao controle diferindo pela presença de dois pares de cromossomos os quais podem ser considerados marcadores para presença dos fungos, conforme evidenciados nos tratamentos 5, 6 e 7. Além das alterações no padrão de distribuição da heterocromatina, quebras cromossômicas foram vistas em algumas metáfases dos animais tratados com corantes Reactive Black 5. Os corantes têxteis testados parecem exercer tanto efeito genotóxico devido às quebras cromossômicas como efeito epigenético, devido a alteração na distribuição da heterocromatina dos espécimes analisados. Órgão Financiador: Universidade Estadual de Maringá, CAPES, CNPq. 18 (Nº 006) DIVERSIDADE CARIOTÍPICA EM DUAS ESPÉCIES DE Astyanax (CHARACIDAE) DE OCORRÊNCIA NO CÓRREGO ITIZ (BACIA DO RIO IVAÍ-PR) Vania Aparecida Sacco, Layon Zafra Lemos, Leandro Ranucci Silva, Vera Lúcia Lopes, Luciana Andréia Borin de Carvalho, Ana Luiza de Brito Portela-Castro Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Biotecnologia, Genética e Biologia Celular, Maringá-PR. Astyanax é um dos gêneros mais especiosos do grupo Incertae sedis (Characidae), compreendendo mais de 140 espécies válidas, porém, algumas de suas espécies são complexas sob o ponto de vista taxonômico devido a grande similaridade morfológica entre elas. A partir de dados morfológicos e citogenéticos, espécies como A. scabripinnis e A. fasciatus foram consideradas “complexos de espécies” como o “complexo scabripinnis” e complexo fasciatus”, respectivamente. Estima-se que o complexo A. scabripinnis seja composto de 17 espécies, incluindo A. paranae. Portanto, o presente estudo teve por objetivo caracterizar citogenéticamente duas espécies identificadas como Astyanax aff paranae e Astyanax aff. fasciatus que ocorrem em simpatria no córrego Itiz, localizado no município de Marialva (PR). Os exemplares de A. aff paranae apresentaram duas formas cariotípicas; cariótipo A com 2n = 50 e fórmula cariotípica de 8m+22sm+6st+14a (NF= 86) e cariótipo B com 2n= 50 +1 sendo 12m+16sm+6st+16a (NF=84) e um metacêntrico grande caracterizado como cromossomo B. Os cariótipos A e B revelaram um sistema de NORs múltiplas (Ag-NORs e FISH 18S), contendo seis cromossomos portadores dos sítios de DNAr, cujos pares não são equivalentes entre as formas cariotípicas. FISH com sondas de DNAr 5S revelaram dois pares marcados no cariótipo A e somente um par na forma cariotípica B. Espécimes do cariótipo A (2n=50) apresentaram poucos blocos de heterocromatina constitutiva (banda C positiva) distribuídos pelas regiões centroméricas, pericentroméricas e teloméricas dos cromossomos, enquanto que no cariótipo B os blocos teloméricos e pericentroméricos apresentaram-se mais fortemente corados na maioria dos cromossomos, destacando-se o cromossomo B totalmente heterocromático. Astyanax. aff fasciatus apresentou 2n=48 sendo 8m+22sm+6st+12a (NF= 84) e Ag-NORs múltiplas (2 pares de submetacêntricos e um par de subtelocêntricos). Nesta espécie os blocos heterocromáticos apresentaram-se bem definidos e conspícuos nas regiões terminais de seis pares cromossômicos. As diferenças cariotípicas intraespecíficas relatadas em A. aff paranae do córrego Itiz sugerem que as mesmas possam representar duas possíveis espécies. Com relação a A aff. fasciatus sua estrutura cariotípica é divergente de outras populações previamente estudada, constituindo assim um novo dado para este complexo o qual deverá subsidiar futuras revisões taxonômicas nesta espécie. Os dados obtidos no presente estudo acrescentam informações importantes sobre a biodiversidade da ictiofauna ainda pouco conhecida para pequenos rios, riachos e córregos da bacia do rio Ivaí nas proximidades de Maringá. Órgão Financiador: CAPES/CNPq/FUNDAÇÃO ARAUCÁRIA-UEM 19 (Nº 007) DESCRIÇÃO CITOGENÉTICA DE UM NOVO SISTEMA DE CROMOSSOMOS SEXUAIS DO TIPO ZZ/ZW EM Ancistrus sp. (LORICARIIDAE: ANCISTRINI) Franciele Tormes¹, Gabriela Zavan¹, Rafhael Machado Lopes¹, Karina Heberle¹ & Vanessa Bueno¹ 1. Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Santa Helena-PR. Loricariidae é a maior família da ordem dos Siluriformes, com cerca de 960 espécies. A tribo Ancistrini teve grandes mudanças na sua filogenia, devido a análises moleculares recentes. No presente trabalho foi analisada uma espécie: Ancistrus sp. (tribo Ancistrini, duas fêmeas e dois machos, provenientes de um afluente do rio Paraná, Santa HelenaPR). Para a obtenção dos resultados, foram utilizadas três técnicas, coloração por Giemsa, bandamento C e impregnação por nitrato de prata. Ancistrus sp. apresentou 2n=50 cromossomos, sendo 15m+12sm+5st+18a na fêmea, e 14m+12sm+4st+20a no macho. Foram verificadas AgRONs simples, com marcações no braço curto de um cromossomo submetacêntrico. As espécies de Ancistrus já analisadas até o momento apresentam AgRONs simples. O material análisado possui pouca heterocromatina. A banda C evidenciou regiões heterocromáticas em grande parte dos cêntromeros, e nas regiões organizadoras de nucléolo. O número diplóide é igual em ambos os sexos, e pode-se observar que a maior parte de cromossomos é do tipo acrocêntrico. Devido a algumas mudanças na filogenia molecular de Loricariidae, a tribo Ancistrini foi dividida em vários clados. Existe variação na fórmula cariotípica entre espécies com o mesmo número diploide, inclusive entre populações da mesma espécie. Ancistrus sp. possui uma fórmula cariotípica diferente entre os sexos analisados. A diferença está no cariótipo da fêmea, que possui um par de cromossomos onde um dos cromossomos é metacêntrico e o outro é subtelocêntrico, então podemos verificar um sistema de cromossomos sexuais do tipo ZZ/ZW. Na espécie de Ancistrus analisada, o sistema sexual se originou a partir de uma inversão pericêntrica em um dos cromossomos do par 1. De forma geral, a origem dos sistemas do tipo ZZ/ZW está frequentemente relacionada à heterocromatina, o que se diferencia de Ancistrus sp., que possui a inversão em um dos cromossomos do par. O gênero Ancistrus possui uma grande variação na quantidade de cromossomos, que varia de 2n=34 a 2n=54 cromossomos. O sistema de cromossomos sexuais ZZ/ZW já foi descrito em algumas espécies de Ancistrus como Ancistrus ranunculus (2n=48 cromossomos), Ancistrus sp. 8 (2n=44 cromossomos), Ancistrus sp. Macoari (2n=46 cromossomos), Ancistrus sp. Piagaçu (2n=52 cromossomos). Ainda são necessários mais estudos para identificar a origem e evolução deste sistema de cromossomos sexuais, através da técnica de hibridização in situ com sondas feitas através da microdissecção do cromossomo W. 20 (Nº 008) CARACTERIZAÇÃO DOS CROMOSSOMOS DE Hoplias malabaricus Bloch 1794 (CHARACIFORMES, ERYTHRINIDAE) DA BACIA DO RIO SEPOTUBA, MUNICÍPIO DE TANGARÁ DA SERRA – MATO GROSSO Vanessa Melato da Silva¹, Cristiano Neves do Nascimento¹, Waldo Pinheiro Troy¹ 1.Universidade do Estado de Mato Grosso -UNEMAT, Campus de Tangará da Serra, Mato Grosso; Hoplias malabaricus, popularmente conhecido como lobó ou traíra, é um peixe cujo o corpo é alongado e possui manchas irregulares ou em forma de V, nadadeira dorsal com 12 a 15 raios, dentes caniniformes e língua áspera. Pertence à família Erythrinidae, que tem em Hoplias o gênero que possui maior número de espécies, com ampla distribuição em toda a América do Sul. Os dados citogenéticos disponíveis até o momento tem colaborado para o entendimento da evolução cariotípica deste complexo de espécies que possui uma grande diversidade cariotípica, com sete distintos citótipos (A, B, C, D, E, F e G). O presente trabalho apresenta composições cromossômicas macroestruturais de populações de três tributários da bacia hidrográfica do rio Sepotuba, localizados no município de Tangará da Serra. Foram analisados um total de 23 espécimes sendo 12 do rio Russo (2 machos e 10 fêmeas), 4 do rio Queima Pé (2 machos e 2 fêmeas) e 7 do rio Macaco (5 machos e 2 fêmeas). Os peixes foram submetidos a procedimentos convencionais de citogenética clássica. Foi observado o número diploide modal igual a 40 cromossomos organizados em metacêntricos e submetacêntricos, sem heteromorfismo no cromossomo sexual para todas as populações analisadas, correspondendo dessa forma ao citótipo C. Técnicas de detecção de heterocromatina constitutiva e Ag-NOR serão realizadas com alguns ajustes em busca de melhor ilustrar a composição cariotípica das populações, tendo em vista que análises comparativas de populações de mesmo citótipo em diferentes locais mostraram que o genoma de H. malabaricus se encontra em contínua evolução, mesmo com a existência de mecanismos evolutivos capazes de evitar grandes mudanças. Órgão Financiador: FAPEMAT 21 (Nº 009) ANÁLISE CITOGENÉTICA DE Hoplias aimara Valenciennes 1847 (CHARACIFORMES, ERYTHRINIDAE) DO RIO SUMIDOURO, MUNICÍPIO DE DIAMANTINO – MATO GROSSO Vanessa Melato da Silva¹, Cristiano Neves do Nascimento¹, Waldo Pinheiro Troy¹, Luiz Antônio Carlos Bertollo² 1. Universidade do Estado de Mato Grosso -UNEMAT, Campus de Tangará da Serra, Mato Grosso; 2. Universidade Federal de São Carlos - UFSCar, São Carlos, São Paulo A família Erythrinidae reúne peixes carnívoros, predadores e de corpo grosso, cuja nadadeira caudal é arredontada e nunca bifurcada. Além disso, são peixes caracterizados pela ausência de fontanela e nadadeira adiposa e, por possuirem dentes caniniformes na maxila superior e inferior. Esta família é composta por três gêneros: Hoplias, Hoplerythrinus e Erythrinus, dentre eles, Hoplias contém o maior número de espécies. Hoplias aimara, conhecida popularmente como trairão, pode ser diferenciada morfologicamente por uma mancha escura bem visível localizada na porção mediana da membrana do opérculo e as margens mandibulares convergentes possuem uma abertura na sínfise enquanto que em Hoplias malabaricus estas margens se encontram formando um V. Do ponto de vista citogenético, a grande diversidade cariomórfica apresentada pelo complexo Hoplias malabaricus (cariomorfos A, B, C, D, E, F e G) vai de encontro com os dados mostrados por H. aimara (2n=50 cromossomos) até o momento, tendo em vista que esta espécie ainda é pouco estudada. Este trabalho apresenta a constituição cromossômica de uma população de H. aimara de um dos afluentes do rio Arinos (bacia amazônica). Foram analisados 7 exemplares (5 machos e 2 fêmeas) provenientes do rio Sumidouro, localizado no município de Diamantino, Mato Grosso. Os resultados obtidos para a população mostraram um número diploide de 50 cromossomos organizados em metacêntricos e submetacêntricos, sem heteromorfismo cromossômico como já observado para a espécie. A heterocromatina foi observada na região centromérica de todos os cromossomos e as Regiões Organizadoras de Nucléolo na região proximal no braço longo de apenas um par de cromossomos submetacêntricos. Estes dados são similares ao já encontrados na literatura e contribuem para o melhor conhecimento sobre os cromossomos da espécie H. aimara, auxiliando no entendimento da evolução cromossômica deste grupo, que experimenta uma aparente estabilidade cariotípica ainda não presenciada na família Erythrinidae. O aumento no conhecimento citogenético de um maior número de populações desta espécie em diferentes locais/bacias poderá corroborar tal hipótese ou, por outro lado, refuta-la. Órgão Financiador: FAPEMAT 22 (Nº 010) DADOS CITOGENÉTICOS DE Geophagus parnaibae (Staeck & Schindler, 2006) DA BACIA DO RIO PARNAÍBA, PI, BRASIL Marília Cavalcante Araújo, Denize do Nascimento Menezes & Alessandra Ribeiro Torres Universidade Estadual do Piauí, Campus Alexandre Alves de Oliveira, Parnaíba, PI Email para contato: [email protected] Geophagus parnaibae é um peixe da familia Cichlidae, endêmico da bacia do Rio Parnaiba. Conhecidos popularmente como acará ou cará, habitam fundos arenosos em córregos e pequenos rios. Alimentam-se de matéria vegetal (principalmente sementes) e larvas de insetos aquáticos. Nos peixes os estudos citogenéticos podem ser usados como excelente ferramenta para a associação com dados de morfologia, biogeografia, comportamento e genética molecular, e com isso chegar o mais próximo de uma real história evolutiva desses organismos. Estudos citogenéticos em Geophagus desta bacia são inexistentes. Desta forma, objetivou-se com este trabalho determinar o número diplóide e o sistema de NORs (Região Organizadora de Nucléolo) da população de Geophagus parnaibae na Barragem de Piracuruca (PI). Foram utilizados 10 espécimes, coletados na Barragem do Rio Piracuruca (bacia do Rio Parnaíba), para a obtenção de cromossomos mitóticos. Utilizando a técnica convencional de coloração por Giemsa, verificou-se um número diplóide de 48 cromossomos, condição esta, compartilhada com outras espécies do gênero Geophagus, mostrando uma elevada estabilidade no número de cromossomos na família Cichlidae. A impregnação dos núcleos com nitrato de Prata, evidenciou mais de dois nucléolos em um grande número dos núcleos observados, indicando a presença de mais de um par de cromossomos marcados, caracterizando assim, NOR múltipla em contraste com as outras espécies deste gênero, que apresentam NOR simples. O número cromossômico de Geophagus parnaibae é reportado pela primeira vez neste trabalho. Esta espécie não mostrou variação cromossômica nos indivíduos amostrados, porém diferiu das características da NOR e do NF, sugerindo com isso que a espécie pode ser considerada mais atual. Órgãos financiadores: UESPI, FAPEPI 23 (Nº 011) DESCRIÇÃO DO NÚMERO DE CROMOSSOMOS E REGIÕES ORGANIZADORAS DE NUCLÉOLO (NORs) EM PEIXES DO GÊNERO Leporinus, DA POPULAÇÃO DO RIO IGARAÇU – DELTA DO PARNAÍBA (PI) Lucas Carvalho Mororó, Emilane Maria dos Reis Santana e Alessandra Ribeiro Torres Universidade Estadual do Piauí, Campus Alexandre Alves de Oliveira, Parnaíba, PI Email para contato: [email protected] Apesar da diversidade de peixes que possuem na ictiofauna de água doce do planeta, as descritas citogeneticamente são bastante escassas. Os estudos realizados nesta área, são muito importantes, pois contribuem para o conhecimento da biologia, sistemática e evolução dos peixes. A ordem dos Characiformes representa uma boa parte da diversidade da ictiofauna neotropical do Brasil. Nela encontramos a família Anostomidae que possui cerca de 12 gêneros e no mínimo 137 espécies, incluindo o gênero Leporinus que possuem em média 60 espécies. A espécie Leporinus friderici é encontrada desde o sul da América Central até o norte da Argentina. Esta espécie mostra pequena variação numérica e estrutural dos cromossomos. Este trabalho tem como objetivo principal caracterizar citogeneticamente a população de Leporinus friderici do Rio Igaraçu da cidade de Parnaíba – Piauí. Foram utilizadas quatro fêmeas para obtenção dos cromossomos mitóticos, no intuito de determinar o número de cromossomos e número fundamental (NF). Para isso, aplicou-se a técnica de obtenção de cromossomos mitóticos, com coloração convencional de Giemsa e impregnação por nitrato de Prata para localizar as regiões organizadoras de nucléolos (AgNORs). O número diplóide observado foi de 54 cromossomos com a presença de cromossomos sexuais do sistema ZW, o número fundamental foi igual a 108 e o sistema de AgNOR simples. Estes resultados quando comparados com os dados de populações do gênero Leporinus de outras regiões do Brasil, nos permitem revalidar a teoria de que citogenéticamente, este gênero é muito conservado. Órgãos financiadores: UESPI, FAPEPI 24 (Nº 012) CARACTERIZAÇÃO CITOGENÉTICA DE Pterygoplichthys ambrosetti (LORICARIIDAE: HYPOSTOMINAE) DE SANTA HELENA, PARANÁ (BACIA DO RIO PARANÁ) Gabriela Zavan¹, Franciele Tormes¹, Rafhael Machado Lopes¹ Karina Heberle & Vanessa Bueno¹ 1. Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Santa Helena-PR. A subfamília Hypostominae, contida na família Loricariidae, sofreu algumas mudanças em sua filogenia recentemente. O gênero Pterygoplichthys, que antes era o único gênero alocado na tribo Pterygoplichthini, agora foi incluído na tribo Hypostomini, junto a Hypostomus e Hemiancistrus. Vulgarmente conhecidos como cascudos, a maneira mais prática para o reconhecimento do gênero é pelo número de raios na nadadeira dorsal, que possui dez raios ou mais. No atual trabalho foi analisada a espécie Pterygoplichthys ambrosetti (dois machos e seis fêmeas), coletada na região de Santa Helena, Paraná (bacia do alto Paraná), utilizando as técnicas de coloração por Giemsa, impregnação por nitrato de prata e bandamento C. Nas amostras, tanto de machos quanto de fêmeas, foram observados 2n=52 cromossomos, com 28 metacêntricos, 12 submetacêntricos, 08 subtelocêntricos e 04 acrocêntricos. Por meio da impregnação por nitrato de prata foram observadas RONs simples na região instersticial, com uma marcação maior em um dos cromossomos. Vários cromossomos apresentaram heterocromatina na região terminal ou subterminal, com diversos blocos conspícuos. Também foi observada heterocromatina na região centromérica, porém os blocos nesta região apresentaram coloração mais pálida. Há um par em particular que apresenta heterocromatina tanto na região terminal quanto na região intersticial do cromossomo, provavelmente associado à presença de DNAr. Em todas as espécies do gênero analisadas até o momento foi observado o número diplóide de 52 cromossomos. Com a nova reorganização das espécies, os gêneros agrupados na tribo Hypostomini apresentam, apesar de suas morfologias relativamente semelhantes, uma diferença grande no número diploide, com uma variação de 2n=52 até 2n=84 cromossomos na tribo. O gênero Hypostomus apresenta, assim como Pterygoplichthys, diferentes fórmulas cromossômicas para cada espécie, porém, enquanto não há variação no número diploide em Pterygoplichthys, em Hypostomus há espécies com 2n=54 a 2n=84 cromossomos. Quanto ao gênero Hemiancistrus, não é possível fazer comparações pois nenhuma espécie foi analisada citogeneticamente. Segundo alguns taxonomistas, Liposarcus anisitsi e Pterygoplichthys anisitsi são sinônimos de P. ambrosetti, apesar disso, há divergências na fórmula cromossômica entre as populações analisadas. Isso pode ser decorrente de diferentes interpretações dos cariótipos ou da existência de divergências entre as populações. Apesar do atual trabalho, ainda são necessários mais estudos sobre Pterygoplichthys para maiores esclarecimentos sobre sua nova posição na tribo Hypostomini. Órgãos financiadores: CNPq 25 (Nº 013) REDUCED KARYOTYPES DERIVED BY CENTRIC FUSIONS IN Dascyllus (POMACENTRIDAE, PERCIFORMES) Nuntaporn Getlekha1; Wagner Franco Molina2; Marcelo de Bello Cioffi3; Cassia Fernanda Yano3, Nuntiya Maneechot1; Luiz Antônio Carlos Bertollo3, & Alongklod Tanomtong1 1 Department of Biology, Faculty of Science, Khon Kaen University, Muang, KhonKaen 40002, Thailand; 2. Departamento de Biologia Celular e Genética, Centro de Biociências, Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, RN, Brazil; 3. Departamento de Genética e Evolução, Universidade Federal de São Carlos, São CarlosSP, Brazil Dascyllus genus has 11 species spread over vast regions of western Indo-Pacific. Together with Chromis, these genera make up the Chrominae subfamily. Cytogenetic studies in these fishes have revealed drastic reduction in the diploid number due to centric fusions’ events. We analyzed the karyotypes of D. trimaculatus and D. carneus from the Thailand Gulf and D. melanurus and D. aruanus from the Andaman Sea by conventional cytogenetic methods (Giemsa staining, C-banding and ag-NORs) and by fluorescence in situ hybridization (FISH) of six repetitive DNA sequences, including 18S and 5S rDNAs, (TTAGGG)n sequences and CA15, GA15 and CAA10 microsatellites. D. trimaculatus, D. carneus and D. melanurus showed 2n = 48 chromosomes (2st + 46a), and D. aruanus showed only 2n = 30 chromosomes (18m + 2st + 10a). The heterochromatic regions were located in the centromeric regions of most chromosome pairs and also colocalized with Ag-NORs. The 18S rDNA site was located in the short arms of the only subtelocentric pair in all species. However, while the 5S rDNA site was highlighted in the short arms of the acrocentric pair 18 in D. trimaculatus, D. carneus and D. melanurus, it was found in the centromeric region of the large metacentric pair 9 in D. aruanus. In addition, the chromosomal mapping of telomeric sequences in D. aruanus showed evident signals in the centromeric region of four metacentric pairs, one of which with an additional interstitial site on the long arms. The microsatellite sequences were preferentially distributed along the chromosomes of all species. The comparative analyzes of the karyotype structure of the four Dascyllus species, togheter with the distribution of repetitive DNA markers on chromosomes, confirm that centric fusions have played a major role in the karyotype evolution of this genus. Financial Support: Development and Promotion of Science and Technology talents project (DPST) 26 (Nº 014) ESTUDO CROMOSSÔMICO EM Astyanax pirapuan (CHARACIFORMES, CHARACIDAE) DA SERRA DE SÃO VICENTE - MT Thais Kelly Souza Teixeira da Silva¹, Sandra Mariotto² , Paulo Cesar Venere¹, Daniela Cristina Ferreira¹ & Liano Centofante¹ 1. Universidade Federal de Mato Grosso, Instituto de Biociências, Cuiabá-MT 2. Instituto Federal de Mato Grosso – Campus Bela Vista – Cuiabá-M Email: [email protected] Os peixes, por se encontrarem na posição basal da filogenia dos vertebrados, constituem um grupo propicio a estudos citogenéticos e evolutivos. Nos últimos anos a utilização de novas técnicas para análise cromossômica tem possibilitado a citogenética contribuir mais efetivamente não só para análises filogenéticas e taxonômicas, como para uma maior compreensão da estrutura cromossômica. Dentre os membros da família Characidae os representantes do gênero Astyanax ganham certo destaque por ser um dos mais especiosos da região neotropical. Astyanax pirapuan foi descrito recentemente em 2011. Trata-se do primeiro registro de um representante do complexo de “Astyanax scabripinnis” para a Bacia do Paraguai. Com a finalidade de analisar citotaxonomicamente esta espécie, foi realizada coleta no Córrego Arica na Serra de São Vicente – MT. Foram coletados 11 indivíduos (6 machos e 5 fêmeas). Para obtenção cromossômica foi utilizada a técnica de preparação direta de air drying. O número diploide observado foi de 2n=50 cromossomos, sendo a fórmula cariotípica constituída por 6m+14sm+12st+18a. As Região Organizadora de Nucléolos (RON’s) evidenciaram um sistema de RON’s múltiplas observadas na região telomérica do braço maior em um dos cromossomos homólogos do par 11 e na região telomérica do braço menor no par 13 e em um dos cromossomos homólogos do par 19. As regiões de heterocromatina constitutiva obtidas através de bandamento C foram evidenciadas em regiões pericentromérica, intersticiais e telomérica com bloco mais conspícuo no braço maior do par 11, coincidente com a RON. Os resultados obtidos irão contribuir para o entendimento nas relações evolutivas dentro do grupo. O conhecimento das comunidades de peixes de cabeceiras se faz necessário devido ao endemismo encontrado nessas regiões o que pode estar contribuindo para o isolamento de populações e consequentemente direcionando para eventos de especiação. Órgão Financiador: FAPEMAT 27 (Nº 015) DESCRIÇÃO DE CITOGENÉTICA CLÁSSICA E MOLECULAR EM Astyanax asuncionenses (CHARACIFORMES, CHARACIDAE) DA CHAPADA DOS GUIMARÃES, MT Thais Kelly Souza Teixeira da Silva¹, Paulo Cesar Venere¹, Daniela Cristina Ferreira¹ Sandra Mariotto² & Liano Centofante¹ 1. Universidade Federal de Mato Grosso, Instituto de Biociências, Cuiabá-MT 2. Instituto Federal de Mato Grosso – Campus Bela Vista – Cuiabá-MT Email: [email protected] O gênero Astyanax atualmente encontra-se inserido em Incertae Sedis pois não possuem uma sistemática bem definida. Apesar de o gênero possuir uma grande quantidade de espécies semelhantes morfologicamente entre si, é um grupo caracterizado pela grande variabilidade cariotípica. Diante desta diversidade, estudos citotaxonômicos tem apontado para “complexos de espécies” em Astyanax, o que torna o grupo propicio à estudos evolutivos. Possui aproximadamente 140 espécies já conhecidas com ampla distribuição geográfica entre a América Central e do Sul. Para a bacia do Paraguai são descritas cinco espécies, entre elas Astyanax asuncionenses, que faz parte do complexo “bimaculatus”. Riachos ou córregos formadores das grandes bacias hidrográficas tem demonstrado um grande interesse científico pela diversidade ictiológica que tem sido encontrada, onde na maioria dos casos tem sido evidenciado espécies novas. Com o intuito de contribuir com informações citotaxonomicas em Astyanax, o presente trabalho tem como objetivo caracterizar citogenéticamente A. asuncionenses provenientes do Córrego do Soberbo, que é um dos afluentes da margem esquerda do rio Cuiabá. Para isso, 24 indivíduos (6 machos e 18 fêmeas) foram submetidos a técnicas de citogenética clássica e citogenética molecular. Esta população apresentou número diploide de 2n=50 cromossomos com fórmula cariotípica 6m+12sm+16st+16a. As Região Organizadora de Nucléolos (RON’s) evidenciaram um sistema de RON’s simples, e seu posicionamento está na região telomérica do braço menor do par 12. As regiões de heterocromatina constitutiva obtidas através de bandamento C foram evidenciadas em regiões pericentromérica, intersticiais e telomérica com bloco mais conspícuo no braço menor do par 12, coincidente com a RON. A hibridação in situ evidenciou dois cistrons de rDNA 5S em região pericentromérica deu par submetacêntico e cistrons simples de rDNA 18S no braço curto do par cromossomo 12. Estes resultados, quando comparados com os disponíveis na literatura, mostra características específicas em relação a fórmula cariotípica e localização dos sítios de DNAr 5s e 18S, bem como o padrão de distribuição da heterocromatina constitutiva. Isto evidencia que eventos envolvendo rearranjos cromossômicos não-robertsonianos estariam contribuindo para a diferenciação entre as populações de A. asuncionenses. Financiamento: FAPEMAT 28 (Nº 016) ANÁLISE CITOGENÉTICA BÁSICA E MOLECULAR EM Astyanax cf. paris E A. laticeps (CHARACIDAE: INCERTAE SEDIS) PROVENIENTES DA BACIA DO ALTO RIO URUGUAI, BRASIL Mariane Gavazzoni1, Gisele Gemi1, Simone Cristina Girardi2, Leonardo Marcel Paiz2, Carlos Alexandre Miranda Oliveira3, Weferson Junio da Graça2,3 & Vladimir Pavan Margarido1,2 1. Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Cascavel-PR; 2. Universidade Estadual de Maringá, Pós-Graduação em Biologia Comparada, Maringá- PR; 3. Universidade Estadual de Maringá, Núcleo de Pesquisas em Limnologia, Ictiologia e Aquicultura (Nupélia), Maringá-PR. Astyanax compreende um grupo complexo com ampla distribuição geográfica e diversidade de espécies, tornando-se um gênero interessante para estudos sistemáticos e evolutivos. Apesar dos esforços embasados em análises morfológicas e moleculares, atualmente Astyanax está alocado em incertae sedis devido à falta de monofiletismo, formando dois novos ramos na filogenia de Characidae: “clado Astyanax” e “clado Astyanax paris”. Análises citogenéticas básicas e moleculares foram realizadas em duas espécies (Astyanax cf. paris e A. laticeps) coletadas no rio Ijuí, Bacia do Alto rio Uruguai. Astyanax cf. paris apresentou 2n=50 cromossomos (6m+24sm+8st+12a), RONs múltiplas (Ag- e 18S rDNA-FISH), blocos de heterocromatina conspícuos em cromossomos acrocêntricos e pálidos em alguns cromossomos do complemento, e cístrons múltiplos de 5S rDNA em posição centromérica nos pares 2 e 21 e intersticial em um dos cromossomos do par 6. Astyanax laticeps apresentou 2n=50 cromossomos (8m+24sm+6st+12a), RONs simples (Ag- e 18S rDNA-FISH), blocos de heterocromatina conspícuos em cromossomos acrocêntricos e coincidentes com as RONs, e cístrons múltiplos de 5S rDNA em posição centromérica nos pares 2 e 21. Os resultados (2n=50 e primeiro par de metacêntricos grandes) se assemelham aos registrados para a maioria das espécies do gênero. Astyanax laticeps apresentou divergências quanto ao padrão de distribuição de heterocromatina e cístrons de 18S rDNA quando comparado com outra população do sistema da Laguna dos Patos, sendo estes os primeiros dados para 5S rDNA. Cístrons múltiplos de 5S rDNA são comuns no complexo A. scabripinnis e em outras espécies do gênero, e tem se mostrado uma importante ferramenta para diagnose de espécies e para hipóteses de relações de parentesco dentro do grupo, bem como o padrão de distribuição da heterocromatina e cístrons 18S rDNA. Astyanax paris não possui dados cromossômicos e atualmente está alocada fora do “clado Astyanax” devido a diferenças de alguns caracteres que são compartilhados por outras espécies do gênero, como a ausência de ganchos ósseos na nadadeira anal de machos adultos e presença de vários dentes superiores em A. paris, tendo sido proposto a retirada da espécie do gênero. Entretanto, os dados citogenéticos do presente estudo evidenciam grande similaridade cariotípica com outras espécies de Astyanax, principalmente com espécies do complexo A. scabripinnis. Órgão Financiador: CNPq; CAPES; Fundação Araucária; Fundação Parque Tecnológico Itaipu - C&T+I; UNIOESTE; UEM. 29 (Nº 017) ESPÉCIES MORFOLOGICAMENTE CRÍPTICAS DE Astyanax BAIRD & GIRARD 1854 DIAGNOSTICADAS ATRAVÉS DE CARACTERES CITOGENÉTICOS Mariane Gavazzoni1, Leonardo Marcel Paiz2, Carlos Alexandre Miranda Simone Pavanelli2,3, Weferson Junio da Graça2,3 & Vladimir Pavan Margarido1,2 1. Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Cascavel-PR; 2. Universidade Estadual de Maringá, Pós-Graduação em Biologia Comparada, Maringá- PR; 3. Universidade Estadual de Maringá, Núcleo de Pesquisas em Limnologia, Ictiologia e Aquicultura (Nupélia), Maringá-PR. Oliveira3 Carla Astyanax compreende um grupo de peixes de pequeno porte conhecidos popularmente como “lambaris”, com aproximadamente 150 espécies que ocorrem do Sul dos Estados Unidos até a região Central da Argentina. É considerado um taxon polifilético que compreende espécies com formas bastante semelhantes e delimitações taxonômicas pouco detalhadas, o que dificulta a identificação e o estabelecimento de relações filogenéticas dentro do gênero. Também há a presença de espécies crípticas e alguns complexos (grupos de espécies que compartilham características morfológicas em comum), cujas filogenias nunca foram testadas. Análises citogenéticas básicas e moleculares foram realizadas em quatro espécies de Astyanax pertencentes ao grupo A. bimaculatus: Astyanax abramis e Astyanax asuncionensis coletadas no rio Iguaçu, jusante às Cataratas do Iguaçu (Bacia do Médio-Baixo rio Paraná), Astyanax altiparanae coletada no rio Paraná (Bacia do Alto rio Paraná) e Astyanax jacuhiensis coletada no rio Ijuí (bacia do Alto-Médio rio Uruguai). Astyanax abramis apresentou número diplóide de 50 cromossomos (4m+30sm+8st+8a) e RONs simples (par 22), A. asuncionensis apresentou 2n = 50 cromossomos (8m+24sm+6st+12a) e RONs simples (par 20), A. altiparanae exibiu 2n = 50 cromossomos (6m+28sm+4st+12a) e RONs simples (par 20), e A. jacuhiensis exibiu 2n = 50 cromossomos (8m+28sm+6st+8a) e RONs simples (par 22). FISH com sondas de 5S rDNA evidenciou cístrons simples para A. altiparanae e A. asuncionensis, e múltiplos para A. abramis e A. jacuhiensis (4 cístrons), sendo este um marcador espécie-específico. O padrão de distribuição da heterocromatina se mostrou distinto para cada espécie, porém com predomínio de heterocromatina pálida pericentromérica em A. altiparanae e A. jacuhiensis, e heterocromatina centromérica e intersticial-proximal em A. abramis e A. asuncionensis, que também apresentaram o primeiro par de cromossomos acrocêntricos com heterocromatina centromérica, intersticial-proximal e telomérica no braço longo, que pode representar homeologia entre A. abramis e A. asuncionensis. Os resultados mostraram que apesar de algumas similaridades citogenéticas, as diferenças na macro e micro estrutura cariotípica permitem a detecção de cariótipos espécie-específicos que podem servir para diferenciação das espécies crípticas A. altiparanae e A. jacuhiensis, e A. abramis e A. asuncionensis, e contribuir na identificação de grupos filogeneticamente próximos dentro do “clado Astyanax”. Órgão Financiador: CNPq; CAPES; Fundação Araucária, Fundação Parque Tecnológico Itaipu - C&T+I; UNIOESTE, UEM. 30 (Nº 018) CITOGENÉTICA BÁSICA E MOLECULAR EM SETE ESPÉCIES DE Pimelodus Lacepède 1803 (PIMELODIDAE) DE TRÊS SISTEMAS HIDROGRÁFICOS BRASILEIROS. Anahiê Bortoncello Prestes1, Simone Cristina Girardi2, Leonardo Marcel Paiz2, Gisele Gemi1, Mariane Gavazzoni1, Aline Nardelli1, Carla Simone Pavanelli2,3, Vladimir Pavan Margarido1,2 1. Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Cascavel, Paraná; 2. Universidade Estadual de Maringá, Pós-Graduação em Biologia Comparada, Maringá- PR; 3. Universidade Estadual de Maringá, NUPELIA, Maringá, Paraná. Entre os gêneros de Pimelodidae, Pimelodus é o que possui o maior número de espécies e o mais estudado citogeneticamente, embora menos da metade das espécies válidas tenham sido cariotipadas. No presente estudo, P. britskii e P. ortmanni (rio Iguaçu, Bacia do Baixo rio Iguaçu); P. mysteriosus (rio Iguaçu, Bacia do Médio rio Paraná - jusante às Cataratas do Iguaçu); P. microstoma e P. paranaensis (rio Piquiri, Bacia do Alto rio Paraná); P. absconditus e P. maculatus (rio Ijuí, Bacia do Alto rio Uruguai) foram estudadas através das técnicas citogenéticas básicas (Giemsa, AgRONs e banda C) e moleculares (5S e 18S rDNA-FISH). Todas as espécies apresentaram 2n=56 cromossomos, e as fórmulas cariotípicas observadas foram: 24m + 18sm + 8st + 6a em P. absconditus, P. britskii, P. microstoma e P. ortmanni; 24m + 20sm + 10st + 2a em P. maculatus; 28m + 10sm + 2st + 16a em P. mysteriosus e 22m + 22sm + 4st + 8a em P. paranaensis. As RONs (Ag- e 18S rDNA-FISH) foram localizadas na região terminal do braço longo de um par de cromossomos em todas as espécies estudadas, sendo que esta condição é observada em todas as espécies de Pimelodidae e pode indicar um caracter basal para a família. O padrão de distribuição de heterocromatina permitiu diferenciar a maioria das espécies e pode ser um importante marcador, com exceção de P. absconditus e P. microstoma que possuem padrão semelhante. Os sítios de 5S rDNA mostraram variações quanto ao número e a posição. Em P. microstoma, P. ortmanni, P. maculatus e P. absconditus esta sequência foi localizada em apenas um par de cromossomos, enquanto P. britskii, P. mysteriosus e P. paranaensis apresentaram três pares de cromossomos portadores destes sítios. Em Pimelodidae, a maioria das espécies possui apenas um par de cromossomos portador de sítios de 5S rDNA; entretanto, para as espécies de Pimelodus a prevalência é de sítios múltiplos, o que pode indicar a ocorrência de rearranjos cromossômicos do tipo transposição/translocação durante o processo de especiação deste grupo. Em P. britskii e P. maculatus os sítios de 5S e 18S rDNA foram localizados em sintenia, o que pode indicar uma condição derivada, visto que são as únicas em Pimelodidae que apresentam esta característica até o momento. Cromossomos B foram evidenciados em P. ortmanni com variação intra e interindividual. Os resultados do presente estudo fornecem informações que permitem estabelecer relações entre os grupos taxonômicos de Pimelodidae, e auxiliam na compreensão da sistemática deste grupo de peixes. Órgão financiador: CAPES; CNPq; Fundação Araucária; Fundação Parque Tecnológico Itaipu - C&T+I; UEM; UNIOESTE. 31 (Nº 019) CARACTERIZAÇÃO CITOGENÉTICA BÁSICA E MOLECULAR DE Bryconamericus aff. iheringii (CHARACIDAE, incertae sedis) DO RIO IJUÍ, BACIA DO ALTO RIO URUGUAI Anahiê Bortoncello Prestes1, Aline Nardelli1, Simone Poliana Bergmann1, Mariane Gavazzoni1, Leonardo Marcel Paiz2, Jocicléia Thums Konerat1, Rafaela Maria Moresco1, Roberto Laridondo Lui1 & Vladimir Pavan Margarido1,2 1. Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Cascavel-PR; 2. Universidade Estadual de Maringá, Pós-Graduação em Biologia Comparada, Maringá- PR. Entre os gêneros de Characiformes, Bryconamericus é composto por um grande número de espécies de pequeno porte cuja posição filogenética ainda é incerta. Estudos citogenéticos são uma das ferramentas que auxiliam na elucidação destas lacunas, entretanto, estudos com Bryconamericus são poucos e restringem-se à bacia do Alto rio Paraná. No presente estudo estão contidos os primeiros dados citogenéticos para Bryconamericus aff. iheringii da bacia do Alto rio Uruguai. Foram coletados 09 espécimes (04 machos e 05 fêmeas) no rio Ijuí, a partir dos quais foram feitas as preparações para a obtenção dos cromossomos mitóticos, bem como técnicas para a localização das regiões organizadoras de nucléolos, determinação do padrão de distribuição da heterocromatina e mapeamento dos sítios de 5S rDNA e 18S rDNA. Foi observado número de diplóide de 52 cromossomos, sendo: 10 cromossomos metacêntricos, 16 cromossomos submetacêntricos, 14 cromossomos subtelocêntricos e 12 cromossomos acrocêntricos, sem a diferenciação de cromossomos sexuais. As RONs (Ag- e 18S rDNA-FISH) foram localizadas no braço curto do par de cromossomos acrocêntricos 26 e também no braço curto de um dos cromossomos do par acrocêntrico 25. Heterocromatina foi evidenciada na região centromérica de todos os cromossomos e telomérica de alguns, corroborando os dados já descritos para outras populações. A 5S rDNA-FISH evidenciou sítios na região proximal do braço curto do par de cromossomos acrocêntricos 26, em sintenia com os sítios de 18S rDNA. Esta sintenia também foi encontrada em outra população de Bryconamericus aff. iheringii, podendo representar um marcador da espécie, uma vez que outras espécies do gênero (B. stramineus e B. turiuba) não apresentam esta conformação. Embora o número diplóide e a distribuição de heterocromatina sejam compartilhados por outras populações de B. iheringii, a fórmula cariotípica e a localização das RONs mostram-se como importantes marcadores populacionais. Órgão financiador: CNPq; Fundação Araucária; Fundação Parque Tecnológico Itaipu C&T+I; UEM; UNIOESTE. 32 (Nº 020) NOVAS PERSPECTIVAS SOBRE A EVOLUÇÃO CROMOSSÔMICA DE HYPOSTOMINAE (SILURIFORMES:LORICARIIDAE) Vanessa Bueno da Silva¹, Jocicléia Thums Konerat², Daniel Rodrigues Blanco¹, Cláudio Henrique Zawadzki³ & Vladimir Pavan Margarido² 1. Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Santa Helena-PR; 2. Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Cascavel-PR; 3. Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Biologia/Nupelia, Maringá-PR Hypostominae é a maior subfamília de Loricariidae. Análises moleculares recentes modificaram consideravelmente o entendimento sobre a evolução deste grupo de peixes, permitindo novas inferências também sobre sua evolução cromossômica. No presente trabalho foram analisadas duas espécies: Pterygoplichthys ambrosetti (tribo Hypostomini, uma fêmea, proveniente do rio Paraná, Guaíra-PR) e Megalancistrus parananus (clado Acanthicus, 2 machos, provenientes do rio Piquiri, Nova LaranjeirasPR). Pterygoplichthys ambrosetti apresentou 2n=52 cromossomos, com 16m+24sm+8st+4a. Megalancistrus parananus apresentou 2n=52 cromossomos com 18m+24sm+10st. Antes da publicação da filogenia molecular de Loricariidae, Hypostominae era dividida nas tribos Corymbophanini, Rhinelepini, Hypostomini, Pterygoplichthini e Ancistrini. Atualmente, Rhinelepini foi elevada a subfamília, Pterygoplichthini foi incluída em Hypostomini e Ancistrini foi alocada em diversos clados. A divisão da antiga tribo Ancistrini em diversos clados resolve a problemática gerada pela existência de um grande número de espécies com 2n=52 cromossomos anteriormente alocadas nesta tribo em contraste com a presença de algumas espécies com 2n=54 cromossomos, considerado basal para Loricariidae, o que poderia gerar questionamentos sobre o número diploide basal para a tribo. Todas as espécies previamente analisadas citogeneticamente que apresentam 2n=52 cromossomos foram relocadas em novos clados, enquanto gêneros que apresentam espécies com 2n=54 cromossomos (i.e. Ancistrus e Lasiancistrus) permanecem em Ancistrini. Nesse contexto, M. parananus destaca-se por ser a única espécie analisada do clado Acanthicus. Todos os clados em posição mais derivada que o clado Acanthicus também apresentam espécies com 2n=52 cromossomos, indicando fortemente que este grupo (clado Acanthicus, clado Hemiancistrus, Hypostomini e clado Peckoltia) apresenta um ancestral comum com este número diploide. Em contraste, Ancistrus e Lasiancistrus continuam na tribo Ancistrini, em posição mais basal, apresentando algumas espécies com 2n=54 cromossomos, considerado ancestral para Loricariidae. Pterygoplichthys ambrosetti está alocada em Hypostomini. Nesse mesmo clado está alocado Hypostomus, com 2n=64 a 2n=84 cromossomos. A presença de Pterygoplichthys na tribo Hypostomini reforça a existência de um ancestral comum com 2n=52 cromossomos para os clados supracitados, e indica que os eventos que levaram ao aumento no número diploide em Hypostomus ocorreram após a diversificação dos clados, dentro de Hypostomini, o que justifica os números diploides peculiares observados nesse gênero. Ainda existem diversos clados de Hypostominae que não apresentam nenhuma espécie analisada citogeneticamente, sendo possível que ainda mais clados compartilhem um ancestral comum com 2n=52 cromossomos. Estudos posteriores são necessários para uma melhor compreensão da evolução cromossômica deste complexo grupo de peixes. Órgão Financiador: CAPES, CNPq 33 (Nº 021) AVALIAÇÃO CITOGENÉTICA E GENOTÓXICA EM Astyanax altiparanae (PISCES, CHARACIDAE) SUBMETIDOS AO AGROTÓXICO DORMEX Layon Zafra Lemos, Vera Lucia Lopes, Luciana Andréia Borin Carvalho, Ana Luiza de Brito Portela Castro Universidade Estadual de Maringá-PR, Departamento de Biotecnologia, Genética Biologia Celular e [email protected] Estudos cromossômicos têm recebido especial atenção nos últimos anos para a avaliação da genotoxicidade de substâncias lançadas no ambiente. Em peixes efeitos genotóxicos em espécies expostas aos diversos tipos de poluentes têm revelado aberrações cromossômicas como, quebras cromossômicas ou cromatídicas, fragmentos acêntricos, gaps cromatídicos, etc. Assim, o presente estudo tem por objetivo avaliar cromossômicamente, e por meio do teste de micronúcleos em hemácias, possíveis alterações em espécimes de A. altiparanae quando expostos ao agrotóxico Dormex. Este agrotóxico (Classe Cianamida) é utilizado em culturas de uva, pêssego e maçã, com o objetivo de acelerar a quebra da dormência provocando uma brotação vigorosa e uniforme. No entanto, várias recomendações são feitas no manuseio deste produto dado a sua toxicidade para o ambiente e saúde humana. Os testes foram realizados em 40 espécimes (35 fêmeas e 5 indivíduos com sexo indeterminado) os quais, inicialmente, foram acondicionados e mantidos em aquários com água, aeração e temperatura ambiente, por aproximadamente 10 dias. Após esse período, os peixes foram distribuídos em 10 aquários (10 litros de água), sendo colocados 4 indivíduos em cada um. Um dos aquários foi estabelecido como controle negativo contendo somente água. Nos demais aquários (9) foram adicionadas soluções de Dormex com as concentrações de 0,05, 0,1 e 0,5 ml/L. Os peixes receberam estes tratamentos durante 24h, 48h e 72h para cada concentração. Análise dos cromossomos mitóticos de A. altiparanae (obtidos comercialmente) revelou 2n=50 cromossomos, sendo 8m+24sm+6st+12a NF=88, cuja estrutura é coincidente com dados prévios para esta espécie. Dentre as 55 metáfases analisadas, no grupo controle não foram encontradas alterações cromossômicas: contudo, nas concentrações de 0,05 e 0,5 ml/L nos períodos de 24 e 48h respectivamente, encontramos uma leve descondensação da cromatina nos braços cromossômicos em duas metáfases (1,1%), quebras cromossômicas e gaps cromatídicos correspondendo a 2,2%. Para análise do micronúcleo considerou-se a contagem de 1000 células/indivíduo, totalizando 4000 células analisadas. Nos peixes mantidos como controle negativo observou-se após 24h 9 células contendo um micronúcleo/célula (0,225%). Nos peixes com tratamentos as frequências de micronúcleo ocorreram da seguinte forma: em 48h foram observados micronúcleos nas frequências de 0,075% (em 0,05ml/L), 0,2% (0,1ml/L) e 0,125% (0,5ml/L); em 72h observou-se micronúcleos nas frequências de 0,025% (0,05ml/L), 0,05 % (0,1ml/L) e 0,05% (0,5ml/L). Além disso, foram encontradas alterações morfológicas nos núcleos das hemácias dos peixes, em todas as concentrações e tempos expostos ao agrotóxico. Os resultados demonstraram a toxicidade do Dormex ao nível cromossômico e nuclear sugerindo que esta substância ao penetrar no organismo vivo e em pouco tempo provoca danos genéticos significativos. Órgão financiador: CAPES/ Fundação Araucária / Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia Ambiental 34 (Nº 022) CONSERVATION STATUS AND CYTOGENETIC OF ACARÁ Gymnogeophagus setequedas Reis, Malabarba & Pavanelli 1992 (CICHLIDAE: GEOPHAGINAE), A POORLY KNOWN SPECIES FROM NEOTROPICS Stephan Pablo Belim Motter1, Leonardo Marcel Paiz2, Lucas Baumgärtner1, Weferson Júnio da Graça3, Carla Simone Pavanelli3 & Vladimir Pavan Margarido1,2 1. Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, 85819-110 Cascavel, Paraná, Brazil; 2. Universidade Estadual de Maringá, Programa de Pós-Graduação em Biologia Comparada, 87020-900 Maringá, Paraná, Brazil; 3. Universidade Estadual de Maringá, Núcleo de Pesquisas em Limnologia, Ictiologia e Aquicultura (Nupélia), 87020-900 Maringá, Paraná, Brazil. Gymnogeophagus is a monophyletic genus comprising 11 valid species, distributed in Parana, Paraguay and Uruguay river basins and in coastal basins of Southern Brazil and Uruguay. Among them, known popularly as Acará, Gymnogeophagus setequedas is included on the red list of endangered species in Brazil. Cytogenetics has been an important tool in studies of Neotropical fishes when associated with other areas of biology, contributing to the characterization of invasive species, in biogeographic aspects and in works related to systematic and taxonomy in several groups. In Gymnogeophagus, basic cytogenetic data are available for only G. balzanii, G. gymnogenys and G. labiatus. We present the rediscovery of G. setequedas in Brazil, expand its distribution to the Iguaçu River basin (region belonging to the Iguaçu National Park), describe the first basic and molecular cytogenetic data and provide comments on its conservation status. For cytogenetic analyzes, 16 individuals were used (eight females and eight males), 12 from upstream and four from downstream the Iguaçu Falls. Diploid number of 48 chromosomes (4sm + 28st + 16a) and heterochromatin present in centromeric and pericentromeric regions found in G. setequedas indicate conserved characters in Geophagini. Multiple nucleolar organizing regions (Ag-staining and 18S rDNA-FISH) observed in G. setequedas are considered apomorphic characters in Geophagini, whereas the 5S rDNA cistrons simple and located in interstitial position of the long arm of subtelocentric chromosomes represent a plesiomorphic character in the tribe. Regarding conservation status, even though large populations of this species have been sampled both upstream and downstream from the Iguaçu Falls, its threatened category does not change according to the IUCN criteria, and G. setequedas remains categorized as endangered (EN). We considered that the reservoir severely fragmented the population leading it to a continued decline; therefore we strongly recommend discouraging every intention to build any sort of dams in the Iguaçu River basin downstream from the Salto Caxias Reservoir. Órgão financiador: CAPES; CNPq; Fundação Araucária; Fundação Parque Tecnológico Itaipu - C&T+I; UEM; UNIOESTE. 35 (Nº 023) COMPARATIVE STUDIES BETWEEN Loricariichthys rostratus Reis & Pereira 2000 (SILURIFORMES, LORICARIIDAE, LORICARIINAE) POPULATIONS COLLECTED DOWNSTREAM AND UPSTREAM FROM IGUAÇU FALLS: CYTOGENETICS AND REPRODUCTIVE FEATURES Stephan Pablo Belim Motter1, Leonardo Marcel Paiz2, Lucas Baumgärtner1, Mírcea Laís Vessaro da Silva1, Rafaela Maria Moresco1 & Vladimir Pavan Margarido1,2 1. Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, 85819-110 Cascavel, Paraná, Brazil; 2. Universidade Estadual de Maringá, Programa de Pós-Graduação em Biologia Comparada, 87020-900 Maringá, Paraná, Brazil. Loricariichthys is a catfish genus comprising 18 species widespread throughout South America. Loricariichthys rostratus was collected for the first time and described from Lower Parana river, but recently it was also captured on the Iguaçu river, above Iguaçu Falls. This fact was curious because Iguaçu Falls was originated at least 22 million years ago, creating an insurmountable geographic barrier. Therefore, it’s suggested two hypotheses for dispersion of L. rostratus: (1) great periods of floods increasing the Iguaçu river levels below the falls, thus allowing them to go up the falls and (2) eggs dispersion by waterfowls. In the present study, 7 downstream animals and 7 upstream animals from Iguaçu Falls were analyzed. Basic and molecular cytogenetics (Giemsa staining, Cbanding, AgNORs, FISH), and scanning electron microscope to visualize the eggs outer layer structure were used. For individuals from both populations, it was observed 2n= 54 chromosomes (10m + 16sm + 2st + 26a, FN=82). The heterochromatin was detected in centromeric position of the majority of the chromosomes. NORs (Ag-staining and 18S rDNA-FISH) were located in long arm of the 19th pair and 5S rDNA was found in an interstitial site in the long arm of the 15th chromosome pair. Through cytogenetic analyses it was established that there was no difference among upstream and downstream populations. The eggs adhesiveness was observed through light microscopy analyses and follows the described pattern for sedentary with parental care animals. Scanning electron microscope analyses confirmed the adhesiveness structures on eggs shell, reinforcing the bird’s dispersion hypothesis. It’s known that numerous aquatic birds inhabit that region with several water behaviors that could have carried the fish eggs, directly by its ingestion or indirectly, by having the eggs attached to its feathers, beak or even paws. It’s well known in informal knowledge, also documented for other species that birds could carry seeds, eggs, and even other animals across regions, from one place to another, enabling this species to conquer new habitats. Órgão financiador: CAPES; CNPq; Fundação Araucária; Fundação Parque Tecnológico Itaipu - C&T+I; UEM; UNIOESTE. 36 (Nº 024) POLIMORFISMO CROMOSSÔMICO NUMÉRICO E ESTRUTURAL em Rineloricaria aff langei (LORICARIIDAE, LORICARIINAE) DO RIO IGUAÇU, BACIA DO RIO IGUAÇU (PR). Andréa Cius¹, Ana Camila Prizon¹, Ligia Magrinelli Barbosa, Greicy Ellen de Brito Ferreira¹, Leandro Ranucci¹, Luciana Andréia Borin-Carvalho¹, Carla Andréia Lorscheider², Ana Luiza Brito Portela Castro¹. 1.Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Biotecnologia, Genética e Biologia Celular, Maringá-PR.2. Universidade Estadual do Paraná, Campus de União da Vitória, PR. Rineloricaria é um gênero especioso dentre os Loricariinae compreendendo 65 espécies válidas, contudo é muito variável cariotipicamente, com dados registrados até o momento para oito espécies. Estes dados, por sua vez, revelam uma extensa variabilidade numérica e estrutural com uma tendência a redução do número diplóide devido a ocorrência de rearranjos Robertsonianos do tipo fusões cêntricas. Sendo assim, o objetivo do presente estudo foi caracterizar citogenéticamente uma população Rineloricaria aff langei, coletados no Rio Iguaçu, município de União da Vitória (PR). Cromossomos mitóticos de 23 exemplares (9 machos, 11 fêmeas e 3 indivíduos com sexo imaturo) desta espécie foram obtidos pela técnica do “air drying”, corados com Giemsa e submetidos aos diferentes bandeamentos cromossômicos: Ag-NOR, FISH com sondas de DNAr 18S, 5S, DNA telomérico e banda C. Os estudos em Rineloricaria aff langei revelaram variações do número diploide de 2n=64 a 68 cromossomos, com diferentes fórmulas cariotípicas entre indivíduos cujos valores NF (número fundamental) variaram de 73 a 78. Dessa forma, foram identificados 8 formas cariotípicas (cariótipos A - H). Sítios Ag-NOR foram identificados na porção terminal do braço curto do primeiro par de cromossomos subtelocêntricos confirmados pelo FISH 18S em todos os indivíduos. Os sítios de DNAr 5S foram evidenciados em posição terminal dos braços curtos do par 8 (acrocêntrico) em todas as formas cariotípicas. No entanto, sítios adicionais foram evidenciados envolvendo cromossomos acrocêntricos, sendo o par 13 nos cariótipos D, G e H, e par 23 nos cariótipos B e C, e na forma cariotípica com 2n=64 (cariótipo H) foram evidenciados além do par 8,e 13, um sítio de DNAr 5S na região centromérica de um dos homólogos do par 2 (metacêntrico). Blocos heterocromáticos foram localizados, preferencialmente nas regiões centroméricas porém, destacou-se um extenso bloco coincidente com a região Ag-NOR, sugerindo, portanto que esta heterocromatina esteja intercalada entre os sítios ribossomais. Os resultados de FISH com sonda de DNA telomérico revelaram sítios intersticiais teloméricos (ITS) em quatro cariótipos (B, D, E e F) sugerindo assim, evidências de fusões cêntricas. Além disso, a manutenção deste polimorfismo está sendo garantida pelos cruzamentos entre os indivíduos, com formação de gametas viáveis e que se perpetuam na população dado as características comportamentais sedentárias desta espécie. Órgão financiador: CAPES/PBC/UEM 37 (Nº 025) ANÁLISE CITOGENÉTICA CLÁSSICA E MOLECULAR EM Moenkhausia bonita (CHARACIFORMES, CHARACIDAE) DA SUB-BACIA DO RIO IVAÍ, CIANORTE-PR. Leandro Ranucci1, Ligia Magrinelli Barbosa1, Greicy Ellen de Brito Ana Camila Prizon1, Andrea Cius1, Luciana Andreia Borin Carvalho1, Isabel Cristina Martins dos Santos1, Ana Luiza de Brito Portela-Castro1 1 Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Biotecnologia, Genética e Biologia Celular, Avenida Colombo, 5790, 87020-900 Maringá, Paraná, Brasil. Ferreira1, O gênero Moenkhausia consta atualmente com 76 espécies descritas e ainda é um grupo pouco estudado sob o ponto de vista citogenético. Moenkhausia bonita foi descrita a partir de exemplares coletados no Rio Baía Bonita, Bacia do Rio Paraguai na cidade de Bonito – MS, esta espécie tem sido encontrada também em rios da Bacia do Paraná (Paraná). Portanto o presente trabalho teve por objetivo estudar citogeneticamente espécimes de Moenkhausia bonita coletadas no rio dos Índios, Sub-bacia do Rio Ivaí, Bacia do Rio Paraná, localizado no município de Cianorte-PR. A análise compreendeu a detecção do número diploide, fórmula cariotípica, detecção dos sítios de Ag-NOR, padrão de banda C e FISH com sondas de DNAr 18S e 5S. M. bonita apresentou um valor 2n=50 cromossomos com fórmula cariotípica constituída de 14m+24sm+8st+4a, NF=96. Além disso, 56,92% das metáfases apresentaram 1 cromossomo extra pequeno do tipo metacêntrico caracterizando o cromossomo B. A NOR foi evidenciada no par 4 (m), em posição terminal do braço curto, cuja região mostrou-se fluorescente com o FISH 18S. Os sítios de DNAr 5S foram visualizados em 4 pares cromosômicos: dois pares de submetacêntricos (8, 14) e em dois pares de subtelocêntricos (20 e 22), localizados em posição percientromérica estendendo-se por todo o braço curto em alguns casos. A banda C revelou pouca heterocromatina no cariótipo de M. bonita com blocos discretos em regiões teloméricas e pericentroméricas de alguns cromossomos, destacando-se o par 4 (Ag-NOR). M. bonita compartilha dados cromossômicos com outras espécies do gênero como número diplóide (48-50), número fundamental elevado (88-100), NOR simples e ocorrência de cromossomos supranumerários. Ainda são poucas as espécies de Moenkhausia estudadas quanto ao número de distribuição de sítios de DNAr (18S e 5S). Por exemplo, em Moenkhausia sanctaefilomenae foram identificados 12 sítios de DNAr 18S e ainda presença destes sítios em microcromossomos B. Com relação aos sítios de DNAr 5S não há dados para este gênero. Este estudo representa uma importante contribuição ao gênero adicionando informações citogenéticas completas e com dados inéditos para M. bonita fornecendo subsídios para futuros estudos taxonômicos e evolutivos em peixes neotropicais. Órgão financiador: CAPES e Programa de Pós-Graduação em Genética e MelhoramentoUEM. 38 (Nº 026) CITOGENÉTICA BÁSICA E MOLECULAR DE Parauchenipterus striatulus Steindachner, 1877 (SILURIFORMES, AUCHENIPTERIDAE) DA BACIA DO RIO DOCE - MG. Simone Poliana Bergmann¹, Vladimir Pavan Margarido¹, Roberto Laridondo Lui1, Dayane Petik dos Santos1, Roberto Ricardo Kemfer1, Anahiê Bortoncello Prestes1, Aline Nardelli1 1. Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Centro de Ciências Biológicas e Saúde, Cascavel-PR. Parauchenipterus striatulus é uma espécie da família Auchenipteridae, popularmente conhecidos como bagres de médio porte. Esta família apresenta cerca de 110 espécies que são restritas a região Neotropical e, no território brasileiro, 74 espécies já foram registradas. Durante as últimas décadas, Parauchenipterus tem enfrentado problemas referentes à sua validação, tendo em vista que por alguns autores este táxon é considerado sinônimo de Trachelyopterus. Esta espécie é encontrada apenas nos sistemas costeiros da região leste do Brasil, tendo como limite sul o rio Paraíba do Sul, e o limite norte, aparentemente, o rio Paraguaçu. Neste estudo, 12 espécimes, sendo sete machos e cinco fêmeas, foram coletados na Bacia rio Doce, que tem como formadores os rios Piranga e Carmo, localizados no estado de Minas Gerais, região sudeste do Brasil, para serem analisados através de metodologias citogenéticas. Foram realizadas preparações para a obtenção da suspensão de cromossomos mitóticos metafásicos, com posterior análise por Giemsa, determinação das regiões heterocromáticas, impregnação pelo nitrato de prata, dupla coloração DAPI e CMA3, e hibridização in situ fluorescente (FISH) com sondas de rDNA 5S e 18S. Observou-se, portanto, que Parauchenipterus striatulus apresenta número diploide de 58 cromossomos, com a fórmula cariotípica contendo 18 cromossomos metacêntricos, 22 submetacêntricos, 10 subtelocêntricos e 8 acrocêntricos. A heterocromatina foi encontrada na região terminal da maioria dos cromossomos e as Ag-RONs foram localizadas na posição terminal do braço curto do par subtelocêntrico 23. A coloração por DAPI-CMA3 demonstrou marcação CMA3 positiva intercalar às RONs. O rDNA 5S apresentou marcação em região intersticial no braço longo de um cromossomo submetacêntrico e o sítio de rDNA 18S foi coincidente às Ag-RONs. A análise cromossômica dessa espécie sugere que a organização genômica deste gênero é pouco variante quando comparado a outra espécie estudada, P. galeatus, estando relacionada apenas a fórmula cariotípica e número de sítios de rDNA 5S. Os dados obtidos somado as outras espécies deste clado poderão auxiliar na problemática taxonômica entre Parauchenipterus e Trachelyopterus. Órgão financiador: CNPq, Unioeste. 39 (Nº 027) EVIDÊNCIA DE AMPLIFICAÇÃO DE HETEROCROMATINA EM ESPÉCIMES DE Hypostomus regani (Loricariidae, Hypostominae) DA BACIA DO RIO TAQUARI (COXIM-MS) Ferreira GE B 1; Barbosa LM1; Gallo RB2; Borin-Carvalho LA1; Prizon AC1, Cius A1; Rosa R2; Martins-Santos IC1; Portela-Castro ALB1 1 UEM, Dep. de Biotecnologia, Genética e Biol. Ce., 87020-900 Maringá, Paraná, Brazil. 2 UEL, Departamento de Biologia Geral, 86057-970 Londrina, Paraná, Brazil. Hypostomus é um dos gêneros mais ricos em espécies dentre os Loricariidae compreendendo 130 espécies válidas. As espécies deste gênero apresentam uma grande variabilidade cromossômica, envolvendo número diplóide e fórmulas cariotípicas distintas até mesmo dentro de uma mesma espécie. Estudos citogenéticos prévios realizados em uma população de Hypostomus regani coletada no Rio Taquari, afluente do Rio Paraguai (Coxim-MS) revelaram um número diploide de 2n= 72 cromossomos e duas fórmulas cariotípicas: a primeira com 14m+18sm+12st+28a e a segunda com 12m+14sm+18st+28a ambas FN=116. Além disso, no segundo cariótipo, observou-se um par heteromórfico composto de um cromossomo metacêntrico grande (maior do complemento) e outro subtelocêntrico de tamanho médio. O bandeamento C realizado neste cariótipo demonstrou um extenso bloco heterocromático no braço superior do metacêntrico grande. Assim, com o objetivo de compreender a origem deste heteromorfismo, uma análise mais detalhada foi realizada em 10 espécimes (6 machos e 4 fêmeas) de Hypostomus regani portadores deste par heteromórfico, utilizando diferentes tipos de bandeamentos cromossômicos: Ag-NOR, banda C, coloração com fluorocromos base específicos CMA3/DAPI, double FISH utilizando sondas de DNAr 18S, 5S, FISH com sequências teloméricas e FISH utilizando como sonda uma sequência heterocromática originada a partir da microdissecção do cromossomo metacêntrico do par heteromórfico. Os sítios Ag-NOR foram identificados na posição terminal do braço curto do par de submetacêntricos (nº 13), coincidentes com sinais identificados pelo FISH 18S e CMA3. Com relação ao DNAr 5S foram observados 4 pares cromossômicos na posição intersticial e posição terminal. Blocos heterocromáticos foram evidenciados nas regiões pericentroméricas, terminais, intersticiais, flanqueando as regiões da NOR, e destacando-se o braço curto do metacêntrico totalmente heterocromático. As regiões heterocromáticas terminais apresentaram-se fluorescentes pela CMA3, incluindo o braço curto do metacêntrico grande. Por outro lado, os blocos heterocromáticos intersticiais revelaram fluorescência com o DAPI. FISH com sonda telomérica evidenciou somente marcações nos telômeros de todos os cromossomos. A sonda feita a partir do metacêntrico grande microdissectado hibridizou no braço curto do metacêntrico heteromórfico e no braço curto do seu homólogo subtelocêntrico. Essa sonda aplicada aos espécimes de H. regani não portadores do par heteromórfico, também hibridizou nos braços de dois cromossomos subtelocêntricos. Os dados aqui obtidos sugerem que o cromossomo metacêntrico originou-se por amplificação de heterocromatina no braço curto de um dos homólogos do par subtelocêntrico (par 22). Situação semelhante foi observada em outra espécie de Hypostomus (Hypostomus sp B, atualmente identificada como H. strigaticeps) sugerindo que eventos de amplificação de heterocromatina não são incomuns no gênero. Tal evento juntamente com outros rearranjos cromossômicos estruturais podem estar atuando na diferenciação cariotípica de H. regani quando se comparam diferentes populações desta espécie previamente analisadas, as quais possuem um número diploide conservado (2n=72) porém, distintas fórmulas cromossômicas. Órgão financiador: CAPES e Programa de Pós-Graduação em Genética e Melhoramento 40 (Nº 028) ANÁLISE CROMOSSÔMICA COMPARATIVA EM DUAS POPULAÇÕES DE Pimelodus albofasciatus (SILURIFORMES, PIMELODIDAE) DA REGIÃO DE ALTA FLORESTA – MT Ligia Magrinelli Barbosa1, Greicy Ellen de Brito Ferreira1, Ana Camila Prizon1, Andrea Cius1, Leandro Ranucci1, Luciana Andreia Borin Carvalho1, Isabel Cristina Martins dos Santos1, Ana Luiza de Brito Portela Castro1 1 Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Biotecnologia, Genética e Biologia Celular, Avenida Colombo, 5790, 87020-900 Maringá, Paraná, Brasil. Espécies de peixes da família Pimelodidae são endêmicas da região neotropical, porém suas relações filogenéticas não estão bem estabelecidas. Entre os gêneros pertencentes à esta família, Pimelodus é o mais especioso sendo representado por 24 espécies. Considerando a ausência de informações citogenéticas do gênero Pimelodus da bacia Amazônica, este estudo tem como objetivo realizar uma caracterização citogenética de Pimelodus albofasciatus, a fim de contribuir com novos dados citogenéticos neste grupo e comparar os dados obtidos com outros disponíveis para esta família. Duas populações de P. albofasciatus foram coletadas na região de Alta Floresta, MT, sendo onze espécimes (4 machos e 7 fêmeas) coletados no córrego Quatro Pontes e quatorze exemplares (7 machos e 7 fêmeas) no rio Teles Pires. Os exemplares foram submetidos às técnicas de citogenética clássica (coloração com Giemsa, Ag-NOR, banda C e colorações com DAPI e CMA3, para identificação das regiões heterocromáticas) e de citogenética molecular através da técnica de hibridização in situ (FISH) com sonda DNAr 18S e 5S, obtidas de Prochilodus e Imparfinis schubarti, respectivamente. P. albofasciatus apresentou 56 cromossomos, com um cariótipo composto por 26m+12sm+4st+14a e NF = 98, em ambas as populações. Entretanto, uma variação numérica interindividual foi observada na população do Teles Pires, devido à presença de um cromossomo B com tamanho equivalente ao menor acrocêntrico do complemento, em baixa frequência. Nesta espécie a região organizadora de nucléolo encontra-se em posição terminal do braço longo do par 21 (subtelocêntrico), coincidente com a marcação de FISH 18S e CMA3. O padrão de heterocromatina constitutiva consistiu de bandas conspícuas em posição terminal e centromérica em vários pares de cromossomos, sendo algumas dessas marcações também evidenciadas pela coloração com CMA3. Os sítios de DNAr 5S foram localizados na região centromérica de 2 cromossomos não homólogos, envolvendo os pares de acrocêntricos 22 e 28. Esta característica pode ser devido a orientação dos cromossomos durante a interfase meiótica (Orientação de Rabl), pois esta conformação permitiria a transferência de regiões entre locais equidistantes de cromossomos não homólogos. As duas populações analisadas foram cariotipicamente similares em relação ao número diplóide, fórmula cariotípica, região organizadora de nucléolo, padrão de banda C e sítios de 5S, porém uma particularidade na microestrutura foi encontrado na população do rio Teles Pires. O presente estudo representa uma importante contribuição à citogenética do gênero Pimelodus, uma vez que relata a primeira descrição citogenética da espécie P. albofasciatus. Além disso, esses dados representam uma contribuição de interesse ao descrever cariotipicamente espécies de peixes da região Amazônica até o momento pouco estudadas, fornecendo subsídios para futuros estudos taxonômicos e evolutivos. Órgão financiador: CAPES, UEM, PGM 41 (Nº 029) ANÁLISE CROMOSSÔMICA DE Parauchenipterus galeatus LINNAEUS, 1766 e Trachelyopterus coriaceus VALENCIENNES, 1840 (SILURIFORMES, AUCHENIPTERIDAE) PROVENIENTE DE DUAS BACIAS HIDROGRÁFICAS Dayane Petik dos Santos¹, Roberto Ricardo Kemfer¹, Simone Poliana Bergmann¹, Vladimir Pavan Margarido¹, Roberto Laridondo Lui¹ 1. Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Campus Cascavel, PR. Trachelyopterus coriaceus e Parauchenipterus galeatus são peixes pertencentes à Auchenipteridae, que é endêmica a região Neotropical, apresentando 23 gêneros e cerca de 117 espécies. Os dados cromossômicos em Auchenipteridae estão relacionados apenas a alguns gêneros, Ageneiosus, Auchenipterus, Glanidium, Parauchenipterus e Tatia. Parauchenipterus está envolvido em uma intrigante problemática taxonômica, sendo que alguns autores o consideram válido, enquanto outros o consideram sinônimo de Trachelyopterus. Dados genéticos relacionados a este grupo de espécies poderão fornecer informações que contribuam para a discussão envolvendo tais gêneros. Com o objetivo de contribuir com tal problemática, foram coletadas duas espécies, uma de cada gênero: 11 espécimes (06 machos e 05 fêmeas) de T. coriaceus proveniente de uma Lagoa Marginal ao Córrego do Medo (São Miguel do Araguaia - GO), afluente do rio Araguaia, e 9 espécimes (03 machos e 06 fêmeas) de P. galeatus provenientes da Lagoa Arrombado, bacia do rio Cuiabá (Poconé - MT). Análises citogenéticas foram realizadas através da coloração convencional por Giemsa, detecção das heterocromatinas, impregnação por nitrato de prata (Ag-RONs), e hibridização in situ fluorescente (FISH) com sondas de rDNA 18S e 5S. Em T. coriaceus o número diplóide de 58 cromossomos foi organizado em 22 metacêntricos, 16 submetacêntricos, 12 subtelocêntricos e 8 acrocêntricos. Em P. galeatus, o 2n=58 foi igual a T. coriaceus, entretanto, com diferença na fórmula cariotípica, apresentando 28 cromossomos metacêntricos, 16 submetacêntricos, 6 subtelocêntricos e 8 acrocêntricos. As Ag-RONs de ambas espécies são simples observadas no braço curto de cromossomos subtelocêntricos. A heterocromatina de ambas está presente em posição bi-terminal de cromossomos metacêntricos, submetacêntricos e subtelocêntricos, além de na região pericentromérica de acrocêntricos, através de blocos pálidos, como é comum em Auchenipteridae. O sítio de rDNA 18S coincidiu com a marcação de Ag-RONs, enquanto a sonda rDNA 5S evidenciou mais de um par marcado, sendo um par submetacêtrico no braço curto e um par submetacêntrico no braço longo, em ambas espécies. As variações encontradas nas fórmulas cariotípicas entre as duas espécies, devem ser decorrentes de rearranjos não robertsonianos, como translocações e/ou inversões pericêntricas. As características aqui apresentadas para T. coriaceus e P. galeatus, mostram grande semelhança cariotípica entre as duas espécies, reforçando a proximidade filogenética entre os gêneros Parauchenipterus e Trachelyopterus. Órgão financiador: CNPq, Unioeste. 42 (Nº 030) ESTUDO CITOGENÉTICO DE PEIXES DA SUBFAMÍLIA SERRASALMINAE (FAMÍLIA CHARACIDAE, ORDEM CHARACIFORME) NA REGIÃO DO TRIÂNGULO MINEIRO – MINAS GERAIS. Carine de Mendonça Francisco1, Bruna Mohn Terra Santos1 & Sandra Morelli1 1. Universidade Federal de Uberlândia, Instituto de Genética e Bioquímica, UberlândiaMG. O número de espécies de peixes de água doce é de aproximadamente 12.500, devido a essa diversidade o estudo genético dos peixes é de grande importância, visto que eles estão na base da evolução dos vertebrados superiores e são considerados pouco estudados, justificando a importância do entendimento de sua história evolutiva. Neste trabalho foram analisadas duas espécies do gênero Serrasalmus na região do Triângulo MineiroMG, Serrasalmus maculatus e Serrasalmus marginatus, buscando verificar a partir de associações bibliográficas se houveram mudanças cariotípicas decorrentes da evolução deste clado. Para realizar esta investigação foi utilizada a técnica de obtenção de cromossomos mitóticos adaptada por Bertollo et al. (1978), para estudos cromossômicos em peixes, e foi feita a coloração com Giemsa convencional. Com a técnica descrita por Howell e Black (1980) obteve-se a detecção das Regiões Organizadoras dos Nucléolos (RONs), pela impregnação com nitrato de prata. A fim de localizar a Heterocromatina Constitutiva (Banda C) foi aplicada a técnica de Summer (1972). Como resultado todas as populações apresentaram número diploide (2n) igual a 60 cromossomos. Quanto ao número fundamental (NF) e a fórmula cariotípica (FC) ambas espécies apresentaram divergências quando comparadas com outras populações. As Ag-RONs encontradas foram do tipo múltipla, localizadas no braço curto de cromossomos acrocêntricos e na região pericentromérica de cromossomos subtelocêntricos. Em Serrasalmus maculatus o bandeamento C foi evidente nas regiões pericentroméricas da maioria dos cromossomos. Os resultados deste trabalho quando comparados com outras populações apresentaram divergências na fórmula cariotípica, número fundamental podendo reforçar a hipótese de que mecanismos de rearranjos cromossômicos estariam envolvidos na evolução cariotípica do clado. Órgão financiador: UFU, CNPQ, FAPEMIG, CAPES. 43 (Nº 031) CARACTERIZAÇÃO DE POLIMORFISMO CROMOSSÔMICO NUMÉRICO E ESTRUTURAL EM Rineloricaria zaina (LORICARIIDAE) DO RIO IJUÍ, BACIA DO ALTO RIO URUGUAI. Aline Nardelli1, Anahiê Bortoncello Prestes1, Simone Poliana Bergmann1, Mariane Gavazzoni1, Leonardo Marcel Paiz2, Jocicléia Thums Konerat1, Rafaela Maria Moresco1, Roberto Laridondo Lui1 & Vladimir Pavan Margarido1,2 1. Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Cascavel-PR; 2. Universidade Estadual de Maringá, Pós-Graduação em Biologia Comparada, Maringá- PR. Rineloricaria compreende um grupo de aproximadamente 70 espécies que apresentam ampla distribuição geográfica e grande complexidade taxonômica. Tem destaque em Loricariinae em razão de sua composição cariotípica, com grande variação no número diploide, presença de polimorfismos cromossômicos numéricos e estruturais, e ainda presença de cromossomos B. No presente estudo foram realizadas análises citogenéticas básicas e moleculares em Rineloricaria zaina provenientes do rio Ijuí, bacia do Alto rio Uruguai, onde foi observada variação no número diplóide de 55 a 58 cromossomos, com três citótipos distintos: 2n=55 cromossomos (12m + 2sm +41a, NF=71), 2n=57 cromossomos (10m + 1sm + 46a, NF=68) e 2n=58 cromossomos (10m + 1sm + 47a, NF=71). Variações similares ocorrem em populações de R. lima (66 a 70 cromossomos), R. latirostris (36 a 47 cromossomos), R. lanceolata (46 a 48 cromossomos), possivelmente devido a rearranjos cromossômicos como fusões, fissões e inversões. Em R. zaina provavelmente ocorreu fusão entre 6 cromossomos acrocêntricos (3 de tamanho médio e 3 de tamanho pequeno), resultando em um par de cromossomos metacêntricos grande e um cromossomo submetacêntrico grande (2n=582n=55) gerando o polimorfismo observado. As RONs (Ag e rDNA-FISH) foram localizadas no braço curto do par de cromossomos acrocêntricos 15, com polimorfismo no tamanho das constrições, as quais se mostraram também heterocromáticas. Na maioria dos cromossomos foram observados blocos heterocromáticos na região centromérica, sendo este um carácter compartilhado pelos Loricariinae. A 5S rDNA-FISH evidenciou cístrons múltiplos em posição centromérica em um par de cromossomos metacêntricos médios e em um par de cromossomos acrocênticos pequenos, cuja presença nesta região pode gerar instabilidade no cromossomo e permitir rearranjos que levam ao aumento da variabilidade, e auxiliando na ocorrência do polimorfismo observado. Em Rineloricaria, os eventos geradores de polimorfismo parecem não comprometer a dinâmica intrapopulacional, uma vez que são observados em diversas espécies do gênero, possivelmente devido à existência de mecanismos seletivos que permitam esta condição. Os dados obtidos neste estudo, com a ampliação da amostra, visam auxiliar na elucidação dos possíveis eventos de rearranjos envolvidos na formação e manutenção do polimorfismo cromossômico observado, além de colaborar com a taxonomia e sistemática do grupo. Órgão financiador: CNPq; Fundação Araucária; Fundação Parque Tecnológico Itaipu C&T+I; UEM; UNIOESTE. 44 (Nº 032) CITOGENÉTICA DE PEIXES DA PLANÍCIE COSTEIRA DO RIO GRANDE DO SUL Giselle Xavier Perazzo1 & Adriana Gava1 1 Universidade Federal do Rio Grande, Instituto de Ciências Biológicas, Programa de Pós-Graduação em Biologia de Ambientes Aquáticos Continentais, Rio Grande, RS Apesar do conhecimento citogenético sobre peixes estar em franco desenvolvimento na Brasil, há escassez de dados cromossômicos das populações que habitam os ambientes aquáticos do Rio Grande do Sul. Sendo assim, o presente trabalho tem como objetivo apresentar os dados citogenéticos obtidos para sete espécies habitantes da Planície Costeira do Rio Grande do Sul: Geophagus brasiliensis (Cichlidae), Crenicichla lepidota (Cichlidae), Australoheros facetus (Cichlidae), Hyphessobrycon luetkenii (Characidae), Astyanax eignmanniorum (Characidae) e Jenynsia multidentata (Anablepidae). Os animais foram coletados em ambientes aquáticos continentais ao longo da costa gaúcha, sendo submetidos aos procedimentos de obtenção de metáfases mitóticas. Algumas espécies já foram analisadas por meio de marcadores cromossômicos (Ag-NOR, Banda C, DAPI/CMA3, FISH com sondas de rDNA 18S e 5S), estando as outras em processo de análise. A maioria das espécies apresenta 2n=48 cromossomos, exceto H. luetkenii, cujo número diploide é 50. Geophagus brasiliensis apresenta polimorfismo cromossômico, com diferentes fórmulas cariotípicas tanto entre como dentro das populações, sendo possível identificar três cariótipos (2SM+46ST/A, 4SM+44ST/A, 6SM+42ST/A, com FN=50, 52 e 54, respectivamente). Os demais cariótipos são: C. lepidota 4M+4SM+40ST/A (FN=56), A. facetus 22SM+26ST/A (FN=70), H. luetkenii 4M+10SM+36ST/A (FN=64), A. eignamnniorum 4M+8SM+36ST/A (FN=60) e J. multidentata 2M+6SM+40ST/A (FN=56). Bandas heterocromáticas foram observadas principalmente nas regiões pericentroméricas de C. lepidota, A. facetus, J. multidentata e G. brasiliensis, sendo observado para esta última espécie alta variabilidade tanto inter como intrapopulacional para as bandas C. Os ciclídeos apresentaram um único locus para a região organizadora de nucléolo, sendo variável a posição em G. brasiliensis. Para nenhuma das espécies foi identificado heteromorfismo dos cromossomos sexuais. Os resultados apontam características interessantes para as populações do litoral do Rio Grande do Sul, com destaque para as populações de G. brasiliensis que apresentam grande variabilidade cromossômica, indicando que este possa ser um caso de espécies crípticas presentes nas populações de estudo. Além disso, dados inéditos sobre espécies desconhecidas sob a perspectiva da citogenética são descritos, como é o caso de A. facetus e de J. multidentata. Dessa forma, destaca-se a importância de ampliação dos estudos citogenéticos nas comunidades de peixes desta região, os quais além de contribuir com o conhecimento sobre aspectos relevantes da biologia destas espécies, também poderá fornecer subsídios para manejo adequado de peixes desta região. Órgão financiador: CNPq/CAPES 45 (Nº 033) CULTIVO DE CÉLULAS PARA OBTENÇÃO DE PREPARAÇÕES CROMOSSÔMICAS EM Corydoras aeneus Fabilene Gomes Paim1, Christianny Estela André Fiorato1, Viviani França de Sene1, Silvana de Melo1, Fernanda da Cruz Landim Alvarenga2, Fausto Foresti1, Leandro Maia2, Claudio Oliveira1 1Universidade Estadual Paulista Júlio Mesquita Filho, IBB, Departamento de Morfologia, Laboratório de Biologia e Genética de Peixes, Botucatu, SP. 1Universidade Estadual Paulista Júlio Mesquita Filho, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia, Botucatu, SP. O cultivo de células representa uma alternativa importante para obtenção de preparações cromossômicas, principalmente quando há necessidade de manter os indivíduos vivos, o que pode ser uma importante alternativa para espécies utilizadas em aquicultura ou ameaçadas de extinção, por exemplo. Nesse trabalho, testamos o método de digestão enzimática para estabelecer cultivos primários de células fibroblastóides de Corydoras aeneus com o objetivo de obtenção de cromossomos. Foram testados dois tempos de digestão (2h e 3h) e duas concentrações da enzima colagenase (1mg/ml e 0,5 mg/ml) utilizando fragmentos de tecido caudal. Os procedimentos resultaram em uma boa digestão enzimática, nas duas concentrações testadas, e o melhor tempo de incubação foi duas horas. As células do tecido caudal de C. aeneus provenientes da digestão enzimática apresentaram aderência ao plástico entre 24 e 48 horas e começaram a adquirir morfologia fibroblastóide com 4 dias de cultivo. Os cultivos com concentração de enzima 0,5mg/ml apresentaram um melhor crescimento e entre 28 a 35 dias houve formação de monocamadas. Os procedimentos descritos acima foram repetidos com 5 exemplares, com resultados semelhantes. Os experimentos permitiram também realizar os procedimentos de subcultivos, para testar a metodologia de obtenção de cromossomos mitóticos, entretanto os resultados desses experimentos ainda não resultaram em dados concretos, que devem ser obtidos em breve. Órgão financiador: CAPES, CNPq, FAPESP. 46 (Nº 034) POLIMORFISMOS CROMOSSÔMICOS EM Rineloricaria wolfei (Siluriformes: Loricariidae) DA BACIA DO IGARAPÉ SÃO FRANCISCO, RIO BRANCO, ACRE Fabilene Gomes Paim1, Margarida Lima Carvalho2, Viviani França de Sene1, Guilherme J. Costa Silva1, Fausto Foresti1, Claudio Oliveira1 1Universidade Estadual Paulista Júlio Mesquita Filho, IBB, Departamento de Morfologia, Laboratório de Biologia e Genética de Peixes, Botucatu, SP. 2Universidade Federal do Acre – UFAC Distribuído por quase toda região neotropical e com 65 espécies válidas, o gênero Rineloricaria é o mais especioso dentro da subfamília Loricariinae. Esse gênero chama a atenção pela complexidade taxonômica e pela ocorrência de grandes quantidades de polimorfismos cromossômicos encontrados nas poucas espécies estudadas citogeneticamente. Marcadores citogenéticos clássicos e moleculares foram utilizados para caracterizar uma população de Rineloricaria wolfei da bacia do Igarapé São Francisco, afluente do Rio Iquiri (Rio Branco, Acre). Analisamos 45 células mitóticas de seis indivíduos de ambos os sexos R. wolfei que revelaram a ocorrência de um acentuado polimorfismo cromossômico, com números diplóides variando de 2n=56 a 2n=59 cromossomos e fórmulas cariotípicas (2m+3sm+6st+47a; 3m+3sm+2st+49a; 3m+3sm+4st+49; 4m+1sm+6st+47a; 4m+4st+50a). Os blocos heterocromáticos estão localizados preferencialmente na região pericentromérica e na região terminal de alguns cromossomos. A coloração por nitrato de prata revelou a presença e localização de RONs múltiplas (distribuídas em 2 pares cromossômicos), heterocromáticas, e coincidentes com o mapeamento físico das sequências repetitivas de DNAr 18S. Os sítios de DNAr 5S estão presentes em 1 par cromossômico e não são sintênicos com os sítios das RONs. Nossas análises ampliam os dados citogenéticos para gênero e reforçam a hipótese de ocorrência de uma grande quantidade de polimorfismos encontrados na evolução cariotípica do grupo. Estudos adicionais com marcadores teloméricos poderão melhor esclarecer sobre o processo de diferenciação cromossômica dentre grupo. Órgão financiador: CAPES, CNPq, FAPESP. 47 (Nº 035) CROSS-SPECIES PAINTING AND COMPARATIVE GENOMIC HYBRIDIZATION CONFIRM THE COMMON ORIGIN OF THE ZZ/ZW SEX SYSTEM IN Triportheus AND HIGHLIGHT THE DIFFERENTIATION OF THE W CHROMOSOME BETWEEN SPECIES Cassia Fernanda Yano1,5, Luiz Antônio Carlos Bertollo1, Vladimir A. Trifonov2; Alexandr Sember4, Thomas Liehr3 & Marcelo de Bello Cioffi 1 1.Departamento de Genética e Evolução, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos-SP, Brazil; 2. Institute of Molecular and Cellular Biology, SB RAS, Novosibirsk, Russia, 3. Jena University Hospital, Friedrich Schiller University, Institute of Human Genetics, Jena, Germany; 4. Laboratory of Fish Genetics, Institute of Animal Physiology and Genetics, Academy of Sciences of the Czech Republic, Liběchov; 5. CAPES Foundation, Ministry of Education of Brazil, Brasília, DF, 70.040- 19 020, Brazil In fishes, although most species do not show differentiated sex chromosomes, a variety of sex systems is reported. In Triportheus (Characiformes, Triportheidae), all the species cytogenetically studied so far show a ZZ/ZW sex chromosome system. The Z is a metacentric chromosome and the largest one of the karyotype, while the W is always smaller than the Z one, almost entirely heterochromatic and carrying an 18S rDNA site on the long arms. In the present study, we performed reciprocal cross-species whole chromosome painting (WCP), using the two sex-chromosome probes in eight species of Triportheus, and comparative genomic hybridization (CGH) in one species, T. signatus. It was aimed to improve the hypothesis of the common origin of the ZZ/ZW sex chromosome system between Triportheus species, and the differentiation process of the W chromosomes along the evolutionary process. For these purposes, the Z and W chromosomes were microdissected from T. auritus and used as probes in the WCP experiments. CGH was applied in the females’ chromosomes of T. signatus using total genomic DNA (gDNA) probes from males and females. The Z-chromosome probe painted the whole extension of the Z chromosome in all species, confirming the common origin of the ZZ/ZW system. In turn, the W chromosomes showed fluorescent signals in their short arms, but in different chromosomal regions depending on the species. The Wchromosome probe showed high level of homology to this chromosome between the species, however with different hybridization patterns. Thus, despite the common origin, the W chromosomes have undergone specific differentiation processes. In addition, CGH demonstrated that sequences from males and females are shared by some W chromosomeregions, i.e., the short arms and proximal region of the long arms. However, the terminal region of this chromosome has high concentration of specific sequences from females. Thus, CGH experiments allowed a clear mapping of genomic sequences that are shared by both sex chromosomes or only found in the sex specific one. The present findings clarify the origin of the sex chromosome system in Triportheus, highlighting the dynamic evolutionary differentiation of the W chromosomes after the speciation process. Órgãos financiadores: CNPq, FAPESP, CAPES (Bolsista da CAPES – Proc. nº BEX 11744/13-8) 48 (Nº 036) W CHROMOSOME DYNAMICS IN Triportheus SPECIES (CHARACIFORMES, TRIPORTHEIDAE) - AN ONGOING PROCESS AFTER SPECIATION. Cassia Fernanda Yano1,5, Luiz Antônio Carlos Bertollo1,4, Thomas Liehr2, Waldo Pinheiro Troy3 & Marcelo de Bello Cioffi 1 1.Departamento de Genética e Evolução, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos-SP, Brazil; 2. Jena University Hospital, Friedrich Schiller University, Institute of Human Genetics, Jena, Germany; 3. Departamento de Ciências Biológicas, Universidade do Estado de Mato Grosso, Tangará da Serra-MT, Brazil; 4. Professor Sênior at Universidade Federal de São Carlos; 5. CAPES Foundation, Ministry of Education of Brazil, Brasília, DF, 70.040- 19 020, Brazil Relevant evolutionary information has been provided by repetitive DNAs analyses, especially focusing on the origin and differentiation of sex chromosomes. Triportheus fishes offer a useful model to analyze sex chromosomes evolution, since they represent a particular genus in which all species share a ZZ/ZW sex chromosome system. Although the role of the sex chromosomes to promote speciation was already put in evidence, what is the fate of the newly evolved sex chromosomes after the speciation process? In this study, we analyzed the distribution of 13 classes of repetitive DNA sequences, including microsatellites, rDNAs and transposable elements in the sex chromosomes of six Triportheus species using the fluorescence in situ hybridization method (FISH). Besides, T. pantanensis and T. aff. rotundatus were cytogenetically analyzed for the first time and they showed identical karyotype features of the other Triportheus species, i.e., 2n = 52 chromosomes in males and females, composed mainly by m/sm and some st chromosomes, with a clear heteromorphic ZZ/ZW sex chromosome system. Several repetitive DNAs showed a specific and preferential distribution on the W chromosomes clearly associated with microsatellites accumulation, while no differential accumulation was found for retrotransposons. Our studies emphasized how the sex chromosomes evolution is a labile process, even between related species sharing a common sex chromosome system. The unequal accumulation of repetitive DNAs on the W chromosome of the distinct species highlights its distinct evolutionary dynamics and particular ongoing process after the speciation. Órgãos financiadores: CNPq, FAPESP, CAPES (Bolsista da CAPES – Proc. nº BEX 11744/13-8) 49 (Nº 037) CITOGENÉTICA DE POPULAÇÕES DE Prochilodus costatus Valenciennes, 1849 (CHARACIFORMES: PROCHILODONTIDAE) DA BACIA DO RIO SÃO FRANCISCO, MINAS GERAIS, BRASIL Silvana de Melo1, Filipe Schitini Salgado2, Frederico Fernandes Ferreira2, Jorge Abdala Dergam2, Claudio de Oliveira1 & Fausto Foresti1 1. Departamento de Morfologia, Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista, Distrito de Rubião Junior, Botucatu, SP; 2. Departamento de Biologia Animal, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG. A família de peixes migratórios Prochilodontidae é constituída de 21 espécies distribuídas em três gêneros, sendo o gênero Prochilodus o mais diverso, com 13 espécies de ampla distribuição na América do Sul. Os estudos citogenéticos indicam que as espécies deste gênero apresentam alta uniformidade macrocromossômica, com todas as espécies partilhando o mesmo número diploide e a mesma fórmula cariotípica. Este estudo teve como objetivo uma análise populacional para verificar o grau de variação cromossômica entre populações de P. costatus isoladas pela barragem de Três Marias, construída no final da década de 1950, utilizando técnicas de citogenética clássica (coloração convencional, Banda C e Ag-NOR) e de citogenética molecular (hibridação in situ fluorescente (FISH) com sondas de rDNA 5S e 18S, além de sequências de DNA microssatélite (GA)15, (CA)15, (CAA)10 e (CAT)10). Trinta e cinco indivíduos analisados apresentaram número diploide de 54 cromossomos, com fórmula cariotípica 40m+14sm. Onze indivíduos capturados a montante e seis a jusante da represa apresentaram um cromossomo B e um indivíduo a montante apresentou instabilidade mitótica, com células variando de um a dois microcromossomos supranumerários. A técnica de bandamento C revelou marcações pericentroméricas em todos os cromossomos e um bloco adicional na região intersticial do braço maior do segundo par de cromossomos metacêntricos; o cromossomo B mostrou-se inteiramente heterocromático. Utilizando a técnica de impregnação por prata foi possível identificar regiões ativas de NOR no segundo par cromossômico, porém, um indivíduo coletado a montante apresentou uma marcação adicional na região terminal no braço maior de um homólogo do oitavo par cromossômico. As sondas de rDNA 5S e 18S marcaram em sintenia no braço maior do segundo par de cromossomos metacêntricos, sendo que a sonda 18S confirmou a variação na NOR no indivíduo localizado a montante da barragem, além de uma marcação na região terminal do braço menor de um dos homólogos do par 4. As sondas de DNA microssatélite (GA)15 e (CA)15 apresentaram marcações predominantemente subteloméricas e conspícuas em todos os cromossomos. Já as sondas (CAA)10 e (CAT)10 apresentaram padrão disperso de marcação. Os cromossomos supranumerários apresentaram marcações com a sonda (CA)15 e a sonda (CAT)10 hibridizou em apenas um dos supranumerários nas células de indivíduo portador de dois desses elementos. Os resultados das análises de citogenética clássica corroboram estudos anteriores para o gênero Prochilodus; porém, os polimorfismos cromossômicos encontrados nos indivíduos capturados à montante e identificados pelas técnicas de citogenética molecular sugerem que as populações de P. costatus analisadas não são citogeneticamente homogêneas. As diferenças citogenéticas encontradas com o uso de marcadores moleculares microssatélites para a espécie corroboram dados reportados na literatura em relação à inexistência de uma unidade panmíctica no alto e médio São Francisco e reforçam a citogenética como uma ferramenta importante para estudos populacionais. Órgãos Financiadores: CAPES, CEMIG, FAPEMIG 50 (Nº 038) OCORRÊNCIA DE CROMOSSOMOS B EM Prochilodus costatus VALENCIENNES, 1849 (CHARACIFORMES: PROCHILODONTIDAE) E POSSÍVEL ORIGEM COMUM DESTES ELEMENTOS NO GÊNERO Silvana de Melo1, Manolo Penitente2, Érica Alves Serrano1, Fabilene Gomes Paim1, Viviani França de Sene1, Patrícia Elda Sobrinho-Scudeler1, Priscilla Cardim Scacchetti1, Jorge Abdala Dergam3, Fábio Porto-Foresti2, Claudio de Oliveira1, Fausto Foresti1 1. Departamento de Morfologia, Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista, Distrito de Rubião Junior, Botucatu, SP; 2. Faculdade de Ciências, Universidade Estadual Paulista, Bauru, SP; 3. Departamento de Biologia Animal, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG. Aproximadamente 5% das espécies de peixes da região Neotropical apresentam cromossomos B em seu genoma, sendo o gênero Prochilodus uma referência em estudos de distribuição e frequência desses elementos supranumerários. A técnica de microdissecção cromossômica tem proporcionado avanços no conhecimento da estrutura e composição destes elementos genômicos em um número significativo de organismos portadores de cromossomos B. O presente trabalho foi desenvolvido com o objetivo de descrever a ocorrência de cromossomos B em peixes da espécie P. costatus, analisar sua frequência em populações coletadas no alto e médio São Francisco e investigar a origem desses elementos nesta espécie e em espécies relacionadas, utilizando as técnicas de microdissecção e pintura cromossômica. Para verificar a ocorrência dos cromossomos supranumerários foram analisadas aproximadamente 620 metáfases de 35 indivíduos, sendo 17 amostras coletadas à montante e 18 à jusante da barragem de Três Marias. A sonda total específica do cromossomo B de P. costatus foi hibridizada em preparações cromossômicas de dois indivíduos de P. costatus da população do Rio São Francisco; de um indivíduo de P. argenteus, originário do cruzamento de matrizes coletadas no Rio São Francisco; e de um indivíduo de P. lineatus proveniente da UHE Volta Grande. Foi detectada a presença de cromossomos supranumerários metacêntricos em doze indivíduos da amostra capturada à montante e de seis da amostra capturada à jusante, sendo que um indivíduo da primeira amostra mostrou-se mitoticamente instável, com variação de um a dois microcromossomos supranumerários nas suas células. A sonda do cromossomo B revelou marcação parcial apenas nos cromossomos supranumerários das espécies de Prochilodus analisadas, evidenciando que as sequências presentes nestes elementos não são compartilhadas pelos elementos do complemento A. Os resultados sugerem que a similaridade apresentada pelas sequências presentes nos cromossomos supranumerários de P. costatus, P. argenteus e P. lineatus podem ser indicativas de origem a partir de um evento comum nessas espécies relacionadas, como já sugerido ocorrer para outras espécies do gênero. Órgão financiador: CAPES, CEMIG, CNPq, FAPEMIG, FAPESP 51 (Nº 039) PAREAMENTO MEIÓTICO EM Astyanax xavante (CHARACIFORMES: CHARACIDAE). Augusto Luis Hencke¹; Paulo Cesar Venere2 & Vanessa Veltrini Abril¹ 1. Universidade Federal de Mato Grosso, Campus Universitário do Araguaia, Laboratório de Análises Cromossômicas (UFMT/CUA – LACroM), Pontal do Araguaia, MT. 2. Universidade Federal de Mato Grosso, Instituto de Biociências, Departamento de Biologia e Zoologia, Cuiabá, MT. Astyanax xavante é um peixe endêmico do córrego Avoadeira, no Parque Estadual da Serra Azul (PESA), médio rio Araguaia. Apresenta número 2n=50 cromossomos (8m+16sm+18st+8a), e número fundamental de braços cromossômicos (NF) igual a 92. A espécie apresenta múltiplos sítios de regiões organizadoras de nucléolos detectadas tanto por impregnação de nitrato de prata (Ag-RON) quanto por hibridização com sonda ribossomal 18S, enquanto a sonda ribossomal 5S evidencia marcações somente no par 6. A distribuição de heterocromatina é predominantemente telomérica, com um par acrocêntrico (par 22) mostrando um grande bloco heterocromático ausente em outras espécies. Não se tem informações sobre o comportamento cromossômico meiótico para a espécie. Diante disso, o objetivo deste trabalho foi o de avaliar o pareamento meiótico nos cromossomos de A. xavante. Até o momento foram analisados 04 machos provenientes do córrego da Avoadeira, dos quais os testículos foram processados para obtenção dos cromossomos meióticos e os rins para obtenção dos cromossomos mitóticos, sendo que ambas as preparações foram coradas com Giemsa. Todos os espécimes analisados confirmaram o 2n=50 e NF=92. Entre as fases da meiose foram observadas células em leptóteno/zigóteno, paquíteno, metáfase I, metáfase II, núcleos interfásicos e metáfases espermatogoniais. Na fase de paquíteno não foi possível realizar a contagem das bivalentes, pois as mesmas não apresentaram morfologia bem distendida. Nas células em metáfase I foram encontradas 24 bivalentes e um pareamento em anel, enquanto que as metáfases II evidenciaram 25 cromossomos. Estes são os primeiros dados sobre pareamento meiótico para a espécie, sendo que as próximas etapas serão avaliar o comportamento das regiões organizadoras do nucléolo e da heterocromatina durante a meiose. Órgão financiador: CNPq/PIBIC 52 (Nº 040) INTERAÇÃO ENTRE CROMOSSOMO B E SEXO ALTERA A EXPRESSÃO DE TRDMT1 EM Astatotilapia latifasciata POR EFEITO DA EXPRESSÃO DIFERENCIAL DO miR-181 Adauto Lima Cardoso1, Bruno Evaristo de Almeida Fantinatti1, Rogério Antonio de Oliveira2, Cesar Martins1 1 Laboratório Genômica Integrativa, Departamento de Morfologia, Instituto de Biociências, Universidade Estadual de Paulista, Botucatu, SP, Brasil; 2Departamento de Bioestatística, Instituto de Biociências, Universidade Estadual de Paulista, Botucatu, SP, Brasil Cromossomos B são elementos dispensáveis encontrados no genoma de eucariotos, são ricos em sequências repetitivas e possuem um padrão não mendeliano de transmissão. A origem e estrutura desses elementos são relativamente bem conhecidos, mas sua função e mecanismos de manutenção não são claros. Assim como no DNA, a metilação de citosinas (5mC) é uma importante modificação epigenética e sua ocorrência em RNAs transportadores (tRNA) está relacionada com a estabilidade da tradução. Em vertebrados esta modificação é realizada pelas enzimas Trdmt1 e Nsun2. MicroRNAs (miRNA) constituem uma classe de pequenos RNAs com importante papel na regulação gênica através de interação com RNAs mensageiros (mRNA), principalmente na região 3’UTR. Estudos genômicos prévios indicam possíveis efeitos da presença de cromossomos B no sistema nervoso do ciclídeo africano Astatotilapia latifasciata. Visando explorar estes efeitos na regulação de genes de metilação de tRNAs, foi realizada a predição de miRNAs que regulam Trdmt1 e Nsun2 em cérebro usando os preditores PITA, miRanda e RNAhybrid. Adicionalmente, foram avaliados os níveis de expressão destes genes por RT-qPCR e dos miRNAs por métodos in silico. Foi identificada uma redução significativa dos níves de expressão de Trdmt1 em fêmeas portadoras de cromossomo B. Isso está correlacionado com a alta expressão do miR-181, o qual possui o mRNA de Trdmt1 como alvo. A expressão do gene NSun2 não foi significamente diferente entre os grupos, apesar de ser alvo do miR-449, que é mais expresso em fêmeas com cromossomos B. Nossos dados indicam uma consistente interação entre Trdmt1 e o miR-181 em cérebro de A. latifasciata e revela um efeito funcional da presença de cromossomos B. Apesar disso, nenhum efeito negativo no desenvolvimento e/ou sobrevivência foi detectado. É possível que isso seja compensado pelos níveis normais de expressão de NSun2. Uma vez que níveis reduzidos de Trdmt1 afetam a fragmentação de tRNAs e a geração diferencial de fragmentos de tRNA (tRF), que por sua vez consituem uma classe pouco compreendida de elementos regulatórios, abordagems futuras devem ser conduzidas visando explorar estes efeitos. Órgão financiador: FAPESP, CNPq, CAPES e ProPe/UNESP 53 (Nº 041) ANÁLISE CITOGENÉTICA EM TRÊS POPULAÇÕES DE Ancistrus Kner 1854 (SILURIFORMES, LORICARIIDAE) DA BACIA DO RIO PARANÁ, PARANÁ. Ana Camila Prizon, Luciana Andreia Borin-Carvalho, Ligia Magrinelli Barbosa, Greicy de Brito Ferreira, Andréa Cius, Leandro Ranucci, Ana Luiza de Brito Portela-Castro UEM, Departamento de Biotecnologia, Genética e Biologia Celular, Maringá-PR. O gênero Ancistrus Kner, 1854 é um dos grupos mais especiosos da tribo Ancistrini e os estudos citogenéticos têm demonstrado grande diversidade cromossômica, com valores desde 2n=34 (Ancistrus cuiabae) a 54 cromossomos (Ancistrus claro), incluindo espécies ainda não descritas, o que sugere uma biodiversidade subestimada neste grupo. Na bacia do alto Paraná foi registrada somente uma espécie para o gênero Ancistrus, identificada como Ancistrus cirrhosus, no entanto, espécimes de Ancistrus capturadas em diferentes riachos da bacia do alto rio Paraná (PR) apresentaram variação nos padrões morfológicos e de coloração dos exemplares, sugerindo a existência de espécies ainda não descritas pela ciência. Portanto, uma abordagem integrativa da citogenética com dados morfológicos é uma proposta em andamento envolvendo o estudo de diferentes populações no estado do Paraná. Assim, no presente estudo apresentamos dados cariotípicos de três populações de Ancistrus coletadas nos rios São Francisco Verdadeiro (Toledo, PR), Ocoí (Medianeira, PR) e córrego 19 (Paraíso do Norte, PR). A análise compreendeu a detecção do número diplóide, fórmula cariotípica, identificação dos sítios Ag-NORs e FISH com sondas de DNAr 18S e 5S e padrão de banda C. Os espécimes das três populações apresentaram 2n=50 mas, fórmulas cariotípicas distintas: 14m+16sm+14st+6a (NF=94) para Ancistrus sp. “rio São Francisco Verdadeiro”, 10m+18sm+16st+6a (NF=94) para Ancistrus sp. “rio Ocoí” e Ancistrus sp. “córrego 19” revelou 13m+17sm+12st+8a para machos e 14m+16sm+12st+8a para fêmeas, (NF=92), caracterizando um sistema cromossômico XX/XY. NOR simples (Ag-NOR e FISH 18S) foi detectada nas três populações localizada no braço curto envolvendo os pares: 18 (st) nas populações dos rios São Francisco Verdadeiro e Ocoí, e 12 (sm) na população do córrego 19. Sítios de DNAr 5S foram detectados na região pericentromérica do par 1 e nas regiões teloméricas do par 15 e 21 para Ancistrus sp. “rio São Francisco Verdadeiro” e nas regiões teloméricas do par 21 e em apenas um dos homólogos do par 22 para Ancistrus sp. “rio Ocoí”. Uma condição sintênica e co-localizada dos sítios ribossomais 18S e 5S foi observada nestas duas populações. Blocos heterocromáticos também foram encontrados em regiões pericentroméricas e teloméricas de alguns cromossomos, incluindo o par da NOR, para as três populações. Assim, a constatação de cariótipos específicos, confirmados pela diferenciação na fórmula cariotípica das três populações, incluindo um sistema sexual do tipo XX/XY em Ancistrus sp. “córrego 19” e ainda a presença de múltiplos sítios de DNAr 5S distribuídos em diferentes pares cromossômicos constituem maiores evidências do processo de transformação evolutiva neste grupo, podendo ainda confirmar a presença de espécies diferentes entre as populações analisadas e ainda subsidiar o diagnóstico de novas espécies. Órgão financiador: Capes/Fundação Araucária, Programa de Pós-Graduação em Ciências Biológicas (PBC) - UEM 54 (Nº 042) GENOMIC ORGANIZATION OF REPETITIVE DNA ELEMENTS AND ITS IMPLICATION FOR THE CHROMOSMAL EVOLUTION IN WALKING CATIFSHES OF THE Clarias GENUS (SILURIFORMES, CLARIIDAE). Nuntiya Maneechot1; Marcelo de Bello Cioffi2; Nuntaporn Getlekha1; Cassia Fernanda Yano2, Luiz Antônio Carlos Bertollo2, & Alongklod Tanomtong1 1. Department of Biology, Faculty of Science, Khon Kaen University, Muang, KhonKaen 40002, Thailand; 2. Departamento de Genética e Evolução, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos-SP, Brazil Clarias genus contains 61 species naturally spread over vast regions in Asia India and the Asia and Africa. However, they were introduced in many different countries, representing the most widespread catfishes in the world. Specifically Clarias batrachus has been nominated as among 100 of the "World's Worst" invaders. These fishes are also known as “walking catfishes”, due to their ability to move over land. A large degree of chromosomal variation has been found in this family, mainly through the use of conventional cytogenetic investigations, with the diploid number ranging from 54 to 100. In this study, we analyzed the karyotype structure and the distribution of 4 repetitive DNA sequences (5S and 18S rDNA and (CA)15 and (GA)15 microssatelites) in four Clarias species (named C. batrachus; C. gariepinus; C. macrocephalus and a natural hybrid between the two later ones) from different Thailand river basins. The aim of this study was to investigate the chromosomal differentiation among these species to improve upon the knowledge of their biodiversity and evolutionary history. C. gariepinus and C. macrocephalus presented 56 and 54 chromosomes, respectively, mainly formed by metacentric and submetacentric chromosomes. Besides, they also differ in the number and location of 5S and 18S rDNA and in the degree of microssatelites accumulation. Concordantly, the natural hybrid presented the intermediate chromosomal pattern of both parental species. Therefore, as the hybrid possesses a similar morphology, the chromosomal data represent a powerful tool in its correct identification. C. batrachus showed 2n = 104 chromosomes, mainly acrocentric ones, suggesting that multiple centric fissions were involved in its karyotype evolution. Besides, this species presented 54 and 12 sites of 5S and 18S rDNA, respectively, together with a high accumulation and differential distribution of both microsatellite repeats. The accumulation of these sequences may have created unstable chromosomal regions and probable ‘hot spots’ for chromosomal rearrangements related to this uncommon 2n increasing. The present data highlight the remarkable evolutionary dynamism among walking catfishes, including multiple chromosomal rearrangements and hybridization events. In this sense, both conventional and molecular cytogenetic data were powerful tools to put in evidence the C. gariepinus and C. macrocephalus hybridism. Financial Support: The Royal Thai Government scholarship National Science and Technology Development Agency (NSTDA) 55 (Nº 043) ESTUDOS CROMOSSÔMICOS E MOLECULARES NAS CINCO ESPÉCIES DE PACU-PEVAS (CHARACIDAE: MYLEINAE) PROVENIENTES DO PANTANAL DE MATO GROSSO, BRASIL Sandra Mariotto1, Karine Cássia Gomes de Campos1, Livia Alice Mondin2, Paulo César Vênere3, Daniela Cristina Ferreira3, Elisangela Bellafronte3, Ricardo Firmino de Sousa³, Liano Centofante3 1. Instituto Federal do Mato Grosso, Campus Cuiabá-Bela Vista-MT; 2. Universidade Estadual do Mato Grosso, Campus Tangará da Serra-MT; 3. Universidade Federal do Mato Grosso, Instituto de Biociências, Cuiabá-MT. Os peixes da subfamília Myleinae, conhecidos como pacu-pevas, possuem enorme importância ecológica na dispersão de sementes, e econômica, exploradas no turismo de pesca e também como espécies ornamentais. As espécies conhecidas na bacia do Alto Paraguai são: Metynnis mola, Metynnis maculatus, Myloplus levis, Mylossoma paraguayensis, Mylossoma orbignyanum. O presente trabalho teve por objetivo analisar a variabilidade citogenética e molecular das cinco espécies de pacu-pevas de populações nativas dos rios e baias da Bacia do Alto Paraguai, Mato Grosso. Foram coletados e analisados sete espécimes por espécie dos municípios de Santo Antônio de Leverger e Cáceres. Utilizou-se técnicas de citogénetica convencional e molecular para obter cromossomos mitóticos, visualizar regiões heterocromáticas pela técnica de banda C e regiões organizadoras de nucléolos (NORs) com impregnação de nitrato de prata, hibridação por sondas 5S e 18S por FISH, extração do DNA para técnicas de PCR com primers Fish1. Os resultados evidenciaram uma estreita relação cromossômica entre as espécies do mesmo gênero (Metynnis com 2n=62 e Mylossoma com 2n=54 cromossomos). A espécie Mylopus levis é bem distinta a nível morfológico e cromossômico, com 2n=58, a maioria acrocêntricos. O gênero Metynnis possui dois pares de cromossomos portadores de rDNA 18s e um par com marcaçãoes da sonda de rDNA 5S. O gênero Mylossoma possui NOR múltipla, variando de seis a 16 marcações com AgNa, e, até 32 cromossomos marcados com sonda rDNA 18S e um grande bloco de rDNA 5S. Mylopus levis possui dois pares de rDNA 18S e um par com rDNA 5S. A heterocromatina constitutiva, através da Banda C, apresentou blocos discretos pericentroméricos de poucos cromossomos, sendo mais evidente nos cromossomos portadores dos sítios de rDNAs. Para as análises das sequencias de COI os DNAs foram amplificadas via PCR e geraram sequências de cerca de 700pb. Estas foram enviadas para sequenciamento afim de melhor separar as espécies muito similares. Na sequência deste trabalho, serão utilizados outros primers para auxiliar na filogenia desse importante grupo de peixes do Pantanal. Órgão financiador: FAPEMAT 56 (Nº 044) CONSERVADORISMO CROMOSSÔMICO EM Hoplosternum litoralle (SILURIFORMES: CALLICHTHYIDAE) DA BACIA DO RIO PARNAÍBA, DIVISA ENTRE MARANHÃO E PIAUÍ. Sandra Mariotto2, Lívia Alice de Carvalho Mondin3, Paulo César Vênere1, Liano Centofante1, Daniela Cristina Ferreira1, Jane Melo Lopes4, Nivaldo Magalhães Piorski5, Luis Fernando Carvalho Costa5, Elisangela Bellafronte1 1. Universidade Federal do Mato Grosso, Instituto de Biociências, Cuiabá-MT; 2. Instituto Federal do Mato Grosso, Campus Cuiabá-Bela Vista-MT; 3. Universidade Estadual do Mato Grosso, Campus Tangará da Serra-MT; 4. Universidade Federal do Maranhão, campus Chapadinha-MA; 5. Universidade Federal do Maranhão, campus São Luis-MA O rio Parnaíba é a maior bacia hidrográfica com seus limites inteiramente no interior do Brasil. É um dos poucos rios perenes no nordeste brasileiro compreendendo parte associado à caatinga na sua porção oriental e ao cerrado na sua porção ocidental. Por possuir um alto grau de endemismo (por volta de 30%), o presente trabalho objetivou analisar cromossômicamente a espécie Hoplosternum litoralle, conhecido popularmente como carboja ou tamoatá, através das técnicas de coloração convencional por Giemsa, impregnação por nitrato de Prata (AgRONs), bandamento C e hibridização in situ fluorescente (FISH) com sondas de DNA ribossômico 18S e 5S. O número diploide encontrado foi de 60 cromossomos (6m+2sm+52a) e NF=68. A região organizadora de nucléolo está presente na região centromérica de apenas um par cromossômico acrocêntrico (par 7) revelada pela AgRONs e pelo FISH com DNAr18S. A FISH com DNAr 5S revelou marcações na região centromérica de dois pares acrocêntricos (pares 25 e 29). Estudos demonstram que H. litoralle apresenta um grande conservadorismo cromossômico entre as distintas populações distribuídas pelas principais bacias hidrográficas do Brasil, e no presente trabalho isto foi confirmado. Este conservadorismo pode estar sendo determinado por um evento de radiação recente, dificultando a fixação de rearranjos cromossômicos localmente adaptados; ou ainda, por ser uma espécie visada comercialmente e utilizada na alimentação de grande parte da população ribeirinha, principalmente no norte do Brasil, a transposição da espécie pode estar sendo facilitada pela ação antrópica. Órgão Financiador: FAPEMA, FAPEMAT, CNPq 57 (Nº 045) PRIMEIRA DESCRIÇÃO CITOGENÉTICA DE ESPÉCIES SIMPÁTRICAS DO GÊNERO HYPOSTOMUS (SILURIFORMES, LORICARIIDAE) NA BACIA HIDROGRÁFICA DO PARAGUAÇU, ESTADO DA BAHIA Marcia da Silva Anjos; Alexandre Falcão Aderne; Jamille de Araújo Bitencourt; Paulo Roberto Antunes de Mello Affonso Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Departamento de Ciências Biológicas campus Jequié-BA Os Loricariidae (Siluriformes) estão entre os grupos mais diversificados de peixes ósseos do mundo. Ocupando o segundo lugar em número de espécies, a família apresenta cerca de 860 consideradas válidas. Dentre elas, as do gênero Hypostomus, dominantes nos rios brasileiros, são consideradas taxonomicamente complexas e diversificadas citogeneticamente. Devido a ampla distribuição geográfica e variabilidade morfológica, inúmeros impedimentos taxonômicos ainda dificultam a resolução de seu status. Adicionalmente, números diploides variando de 2n=54 a 2n=84 e grande diversidade estrutural já forma descritos, incluindo casos de cromossomos sexuais e supranumerários. Nesse contexto, dados citogenéticos representam uma ferramenta valiosa na detecção de caracteres diagnósticos que reforcem essa classificação. Sendo assim, o presente trabalho teve por objetivo caracterizar citogeneticamente duas espécies simpátricas do gênero Hypostomus, endêmicas da bacia hidrográfica do Paraguaçu (Bahia). Os espécimes de H. jaguar (17) apresentaram 2n=76 e fórmula 32m/sm+44st/a (NF=108), enquanto em H. chrysostiktus (14) o número modal foi de 2n=52 com fórmula 50m/sm+2st/a (NF=102). Ambas as espécies apresentaram heterocromatina distribuída nas regiões terminais e pericentroméricas da maioria dos cromossomos, assim como RONs simples localizadas na região terminal, em um par submetacêntrico em H. jaguar e um acrocêntrico em H. chrysostiktus. De fato, vários rearranjos Robertsonianos e inversões pericêntricas conduziram a uma evolução cariotípica divergente em Loricariidae, o que pode ser observado particularmente pelos distintos números diplóides e fórmulas cariotípicas descritas em Hypostominae e no presente estudo. Considerando que o 2n=54 e a presença de RONs simples representam a condição plesiomórfica da família, os dados ora obtidos demonstram um cariótipo derivado em ambas as espécies e que além das fissões cêntricas, comumente descritas em espécies do gênero, as fusões também desempenham um importante papel no processo carioevolutivo do grupo, como evidenciado pelo 2n=52 e presença de vários cromossomos metacêntricos em H. chrysostiktus. Vale ressaltar que os resultados do presente estudo representam a primeira descrição citogenética de H. jaguar e H. chrysostiktus e demonstram a eficiência dessa ferramenta para estudos taxonômicos, sendo resolutivos em grupos com sistemática controversa como os Hypostomus. Órgão financiador: FAPESB, UESB e CAPES. 58 (Nº 046) ANÁLISE CITOGENÉTICA COMPARADA EM DIFERENTES POPULAÇÕES DE ASTYANAX (CHARACIDAE: INCERTAE SEDIS): A. paranae E A. elachylepis Luana Pereira dos Santos1, Jonathan Pena Castro3, Carine Mendonça Francisco2, Marcelo Ricardo Vicari3, Sandra Morelli2 & Roberto Ferreira Artoni3 1. Centro Universitário do Triângulo, UNITRI, Uberlândia-MG; 2. Instituto de Genética e Bioquímica, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia-MG; 3. Departamento de Biologia Estrutural, Molecular e Genética, Programa de Pós Graduaç ão em Biologia Evolutiva, Universidade Estadual de Ponta Grossa, Ponta Grossa-PR Várias espécies de Characiformes foram listadas como Incertae sedis devido a falta de evidências consistentes de monofiletismo, dentre elas o gênero Astyanax. Com o propósito de caracterizar o cariótipo de representantes deste gênero, duas espécies foram estudadas: Astyanax paranae, região de Indianópolis-MG (córregos Lajeado e Mandaguari), A. paranae, Distrito Federal (Lago Paranoá) e A. elachylepis, município de Monte do Carmo -TO (Córrego Taboquinha). Análises citogenéticas convencionais revelaram 2n = 50 cromossomos para as quatro populações. A população de A. paranae do Ribeirão Mandaguari apresentou o cariótipo composto por 8m+16sm+12st+14a, o Número Fundamental (NF) de 86. A análise das regiões heterocromáticas evidenciaram blocos marcados na região centromérica e intersticial, além de blocos terminais. A AgRON mostrou-se múltipla com dois pares cromossômicos subtelocêntricos marcados, confirmado pela FISH com sonda de rDNA 18S com cerca de 6 pares marcados. A sequência de rDNA 5S foi localizada na região centromérica do par 3 metacêntrico que também apresentou cístrons de rDNA 18S na sua região telomérica e no braço curto de um par cromossômico acrocêntrico. A população de A. paranae do Córrego Lajeado apresentou 10m+16sm+12st+12a e NF = 88. O bandamento C revelou blocos heterocromáticos centroméricos em todos os cromossomos. A Ag-RON evidenciou ser simples, confirmada pela FISH com rDNA 18S. A sonda de rDNA 5S marcaram o centrômero do par 2 metacêntrico, um dos homólogos do par 8 apresentou sítios 5S junto com 18S, e na região telomérica de um par acrocêntrico. A. paranae do Lago Paranoá evidenciou 8m+24sm+6st+12a e NF = 88. Ag-RONs foram observadas na região terminal do braço curto de um dos homólogos dos pares 11 e 18. Blocos de heterocromatina foram evidentes nas regiões centroméricas e instersticiais e nos dois telômeros de um dos homólogos do par subtelocêntrico também portador da sonda de rDNA 18S nos dois telômeros. Além desta marca de rDNA 18S, mais 3 pares cromossômicos evidenciaram cistrons com sonda de rDNA 18S. Os sítios de rDNA 5S foram localizados no centrômero do par cromossômico 11. O cariótipo de A. elachylepis possui 12m+22sm+16st e NF = 100. Foram evidenciados blocos heterocromáticos na posição intersticial de todos os cromossomos além de alguns blocos heterocromáticos. A FISH com sondas 18S evidenciou cístrons de rDNA localizados em um par cromossômico na posição terminal do braço curto e cístrons de rDNA 5S em um par cromossômico marcado na região intersticial. Esses resultados confirmam a diversidade que este grupo representa, sugerindo que marcadores cromossômicos podem ser relevantes para a citotaxonomia deste grupo de peixes Neotropicais. Órgão Financiador: Fapemig, UFU, CAPES, CNPq 59 (Nº 047) TÉCNICAS CITOGENÉTICAS EVIDENCIAM A PRESENÇA DE CROMOSSOMOS SEXUAIS EM UMA POPULAÇÃO DE Astyanax Baird and Girard 1854 Natália Coutinho-Sanches1, Jorge Abdala Dergam2, Claudio Oliveira1 1. Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Instituto de Biociências, Laboratório de Biologia e Genética de Peixes; 2. Universidade Federal de Viçosa, Departamento de Biologia Animal, Laboratório de Sistemática Molecular O gênero Astyanax possui cerca de 200 populações já cariotipadas e nenhuma apresenta cromossomos sexuais. Dentro do gênero, um conjunto de formas incompletamente definidas são consideradas como “complexos de espécies”, como Astyanax scabripinnis, que se caracteriza por grandes variações morfológicas e cariotípicas dentro e entre populações. Uma população de A. scabripinnis da bacia do rio Santo Antônio, município de Ferros, Minas Gerais, Brasil, foi caracterizada citogeneticamente através das técnicas de coloração convencional Giemsa, impregnação da região organizadora de nucléolos por nitrato de prata, bandamento C e FISH com as sondas (CA)15 e (GA)15. Os espécimes apresentaram número diplóide de 2n=50. O cariótipo das fêmeas é composto por 6 metacêntricos, 13 submetacêntricos, 19 subtelocêntricos e 12 telocêntricos, enquanto que o dos machos apresenta 6 metacêntricos, 14 submetacêntricos, 18 subtelocêntricos e 12 telocêntricos. As regiões organizadoras de nucléolos variaram de duas a 11 e estavam localizadas em cromossomos submetacêntricos e subtelocêntricos e no cromossomo W. O bandamento C evidenciou pouca heterocromatina, mostrando heteromorfismo em alguns pares cromossômicos. O cromossomo W apresentou marcação única de heterocromatina, a qual foi centromérica, pericentromérica e intersticial e terminal no braço maior. As sondas de microssatélites hibridizaram nas regiões teloméricas da maioria dos cromossomos, além de algumas regiões centroméricas e pericentroméricas. O cromossomo W apresentou marcações para ambas as sondas, enquanto o cromossomo Z apresentou apenas marcação da sonda (CA)15. A presença de um par heteromórfico e as diferentes marcações entre esses dois cromossomos nas fêmeas sugere a existência de sistema de cromossomos sexuais do tipo ZZ/ZW, encontrados pela primeira vez em Astyanax. Órgão financiador: CAPES 60 (Nº 048) ANÁLISE CROMOSSÔMICA DE Hypostomus isbrueckeri (SILURIFORMES: LORICARIIDAE) DA BACIA DO RIO URUGUAI Rafhael Machado Lopes¹, Franciele Tormes¹, Gabriela Zavan¹, Karina Heberle¹, Vladimir Pavan Margarido² & Vanessa Bueno¹ 1. Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Santa Helena-PR; 2. Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Cascavel-PR. Hypostominae é a maior subfamília de Loricariidae. As análises moleculares atuais têm permitido modificações no entendimento da evolução deste grupo e também dos processos envolvidos em sua evolução cariotípica. Entre os gêneros de Hypostominae, Hypostomus está distribuído por toda a região neotropical. A etimologia do nome do gênero vem de hipo (sob) e stoma (boca). No atual trabalho foi analisada a espécie Hypostomus isbrueckeri (uma fêmea e dois machos, provenientes do rio Ijuí, bacia do rio Uruguai, Ijuí-RS). A metodologia utilizada foi a de coloração por Giemsa, impregnação com nitrato de prata, e bandamento C. Hypostomus isbrueckeri apresentou 2n=76 cromossomos, com 24m-sm+52st-a. Através da impregnação por nitrato de prata, utilizada para determinar Ag-RONs, foram verificadas AgRONs simples, em um par de cromossomos acrocêntricos, em posição terminal do braço longo. Com o bandamento C as regiões com heterocromatina constitutiva foram observadas. As regiões com a maior quantidade de bandas foram as regiões centromérica e terminal, com uma marcação intersticial em um par de cromossomos acrocêntricos. O gênero Hypostomus apresenta o número de cromossomos entre 2n=62 a 2n=84 (desconsiderando a descrição de H. plecostomus, com 2n=54 cromossomos, que pode se tratar uma identificação incorreta). O resultado obtido para número cromossômico da espécie analisada (2n=76 cromossomos) está conforme o esperado para o gênero, sendo que as características consideradas basais para o grupo são um único par portador de regiões organizadoras de nucléolos (RONs), e um número diploide relativamente baixo. Hypostomus isbrueckeri da bacia do rio Uruguai faz parte de um clado com Hypostomus uruguayensis, Hypostomus aspilogaster e Hypostomus luteus. Atualmente não existem pesquisas publicadas para o grupo de espécies de Hypostomus restrito ao rio Uruguai. As espécies mais próximas deste clado que já foram citogeneticamente analisadas são Hypostomus luetkeni e Hypostomus albopunctatus. As descrições existentes apontam 2n=74 cromossomos para H. albopunctatus, com uma população com AgRONs simples e uma com AgRONS múltiplas; e 2n=76 cromossomos para H. luetkeni, com AgRONs simples. Esses resultados evidenciam o aumento do número diploide no grupo e demonstram similaridade com H. isbrueckeri, principalmente pela proximidade entre os números diploides destas espécies. É necessário um estudo mais abrangente de clados completos dentro de Hypostomus, afim de obter dados mais apurados sobre a evolução cariotípica do grupo, contribuindo com o entendimento da evolução de Hypostominae. Órgão financiador: CAPES, CNPq, Fundação Araucária 61 (Nº 049) ANÁLISE CITOGENÉTICA EM Astyanax aff. fasciatus PROVENIENTE DO RIBEIRÃO TRÊS BOCAS COM ÊNFASE NA LOCALIZAÇÃO DE DNAr 5S Ana Beatriz Goes Fernandes Monteiro12; Poliana Alves Sidol Wolf1; Lucia Giuliano Caetano1 1 2 Universidade Estadual de Londrina /Centro de Ciências Biológicas, Londrina, PR PROIC/ FUND. ARAUCÁRIA O gênero Astyanax pertencente à família Characidae, constitui um grupo bastante complexo do ponto de vista taxonômico compreendendo uma grande variedade de espécies. As populações de Astyanax aff. fasciatus apresentam grande variação quanto ao número diplóide de 2n=45 até 2n=50 cromossomos e também variação estrutural. Devido à variedade de cariótipo do ribeirão Três Bocas, foram analisados exemplares de Astyanax aff. fasciatus, com a finalidade de melhorar o entendimento da evolução cariotípica da população. Foram utilizadas técnicas convencionais: usando a coloração com Giemsa, banda C, localização das NORs por coloração de nitrato de prata e FISH utilizando sonda de DNAr 5S. Todos os exemplares analisados apresentaram número diplóide constante 2n=46 e fórmulas cariotípicas: 10 metacêntricos(m)+16 submetacêntricos(sm)+20 subtelo-acrocêntrico(st-a); 10m+20sm+16st-a e 8m+16sm+22st-a. O bandamento C evidenciou heterocromatina mais abundantemente distribuída na região terminal do braço longo dos cromossomos sm e st-a e também na região intersticial de alguns cromossomos com variações quanto aos pares envolvidos nos diferentes cariótipos. A coloração com nitrato de prata evidenciou um sistema de NORs múltiplas. O DNAr 5S foi detectado na região pericentromérica de um cromossomo e na região terminal do braço longo de outros dois cromossomos. A existência de diferentes cariótipos ocorre devido a rearranjos do tipo inversões pericêntricas, que provavelmente não impede o fluxo gênico proporcionando uma grande variabilidade cariotípica devido aos cruzamentos entre indivíduos portadores ou não de rearranjos cromossômicos. Nem todos os indivíduos analisados do Ribeirão Três Bocas são residentes, o que faz com que alguns cariótipos não sejam encontrados em diferentes períodos de estudo, caracterizando um sistema dinâmico. Em relação ao rDNA existem poucos estudos utilizando a sonda de rDNA 5S no gênero Astyanax e os resultados obtidos vêm contribuir para ampliação da caracterização cromossômica em Astyanax. Órgão financiador: Capes/Fundação Araucária 62 (Nº 050) MAPEAMENTO CROMOSSOMICO DE DNA REPETITIVOS EM Rhamdia quelen (TELEOSTEI: HEPTAPTERIDAE) Viviani França de Sene1, Mauro Nirchio2, José Carlos Pansonato-Alves1, Claudio Oliveira1, Fausto Foresti1 1-Laboratório de Biologia e Genética de Peixes–Instítuto de Biociências de BotucatuUNESP, Brasil 2-Universidad Técnica de Machala, Ecuador O gênero Rhamdia compreende um agrupamento monofilético de espécies de peixes com distribuição desde o extremo Sul do México até o Sul da Argentina, englobando uma série de espécies crípticas com fórmulas cariotípicas constantes de 2n=58 cromossomos, 18 m+18sm+16st+6a e NF=110. Este grupo de peixes, de modo geral, apresenta cromossomos de tamanho pequeno o que contribui para a dificuldade na identificação de sua morfologia e localização de marcadores. O objetivo do presente trabalho foi comparar as fórmulas cromossômicas de exemplares do gênero Rhamdia, oriundos da bacia do rio Tietê, da bacia do rio Grande e da bacia do rio Paranapanema. Foram realizadas análises cromossômicas envolvendo coloração convencional por Giemsa, identificação das regiões heterocromáticas por bandamento C, localização das Regiões Organizadoras de Nucléolos (RONs) por nitrato de prata e hibridização fluorescente in situ (FISH) com sondas para DNAr 5S e U2. Os dados cromossômicos confirmam a ocorrência de uma grande variabilidade cariotípica, tanto intra- como interpopulacional, sugerindo a existência de um complexo de espécies, uma vez que a presença de número ou constituição cromossômica diferenciados pode funcionar como mecanismos de isolamento reprodutivo. Considera-se, pois, que o mapeamento deste marcadores citológicos em representantes do gênero Rhamdia resultaram em informações que permitem estabelecer a trajetória evolutiva desses genes bem como esclarecer o processo de especiação ocorrido. Órgão financiador: CNPq, FAPESP, CAPES. 63 (Nº 051) CARACTERIZAÇÃO CITOGENÉTICA DE Trichomycterus sp. DO RIACHO DO OURO, CHAPADA DIAMANTINA, BAHIA Rayana Tiago Dutra1, Luciana Aguilar Aleixo1 1. Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Departamento de Ciências Naturais, Vitória da Conquista, BA. A família Trichomycteridae é a segunda maior dentre os Loricarioidea e muitas espécies vêm sendo descritas recentemente, o que demonstra que este grupo pode ser bem mais especioso do que se presumia. Têm peculiar resistência e capacidade de ascensão em corredeiras, o que explica sua presença em muitos cursos d’água em montanhas na América do Sul. Esta família apresenta 218 espécies descritas, distribuídas em 44 gêneros. No grupo dos Siluriformes houve uma tendência à manutenção do número diplóide de 56+/-2 cromossomos. Entretanto na família Tricomycteridae o número diplóide varia de 2n=50, em uma espécie de Trichomycterus, a 2n=64, em Vandellia cirrhosa, embora a maioria das espécies da família mantenha o número diplóide em 2n=54 cromossomos. O objetivo deste trabalho foi a caracterização citogenética de uma espécie da subfamília Trichomycterinae. Foram analisados cinco exemplares de Trichomycterus sp. provenientes do Riacho do Ouro, afluente do Rio de Contas no município de Livramento de Nossa Senhora na Chapada Diamantina, BA. Em função da escassez de estudos sobre a ictiofauna desta região, é provável que Trichomycterus sp. seja uma espécie nova que carece de descrição, o que aumenta a relevância deste trabalho. A espécie estudada possui cariótipo com 2n=54 cromossomos e NF= 108, com fórmula cariotípica 42m+12sm. A ausência de cromossomos acrocêntricos é característica de muitas espécies de Siluriformes. Dentre as espécies de Trichomycterus, cromossomos acrocêntricos só foram detectados em populações de T. areolatus do Chile e de T. davisi do Paraná. O número diplóide conservado de 54 cromossomos é comum à maioria das espécies de Trichomycterus já caracterizadas, sendo possivelmente uma característica plesiomórfica da família Trichomycteridae. O primeiro par de cromossomos metacêntricos é consideravelmente maior que os demais, ocorrência comum dentre os tricomicterídeos. Esta parece ser uma plesiomorfia, já que é compartilhada com a família Diplomystidae. Resultados preliminares indicam a presença de pouca heterocromatina constitutiva, restrita à região terminal de poucos pares de cromossomos, o que está de acordo com o padrão observado nas demais espécies da família Trichomycteridae já caracterizadas citogeneticamente. A realização de análises morfológicas, ecológicas e moleculares são importantes para a melhor caracterização desta espécie, permitindo a confirmação de seu status taxonômico. Órgãos Financiadores: FAPESB e UESB. 64 (Nº 052) CARACTERIZAÇÃO, ANÁLISE EVOLUTIVA E DISTRIBUIÇÃO CROMOSSÔMICA DO DNA REPETITIVO AM1, UM DNA SATÉLITE ALTAMENTE DINÂMICO E COMPARTILHADO POR DIFERENTES ESPÉCIES DA FAMÍLIA CHARACIDAE Ricardo Utsunomia1, Duílio Mazoni Zerbinato de Andrade Silva1, Francisco J. Ruiz Ruano2, Cristian Araya Jaime1, Maria Lígia Marques de Oliveira1, Priscilla Cardim Scacchetti1, Fábio Porto Foresti3, Claudio Oliveira1, Fausto Foresti1 1. Universidade Estadual Paulista, Instituto de Biociências de Botucatu, Botucatu-SP 2. Universidad de Granada, Granada-Espanha 3. Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências, Bauru-SP DNAs satélites constituem uma fração não codificante do genoma e consistem em longos arrays de sequências repetidas in tandem. De forma geral, estas sequências são espécie ou gênero-específicas e estão localizadas preferencialmente na heterocromatina centromérica, embora também possam ocorrer intersticialmente nos cromossomos. Até o presente, 1 único DNA satélite, nomeado As51, foi descrito em representantes da família Characidae, sendo restrito a apenas algumas espécies do gênero Astyanax, em estudos ainda escassos sobre estas abundantes sequências. Desta forma, os objetivos do presente trabalho foram: i) isolar, caracterizar e determinar a abundância e localização de DNAs satélites compartilhados entre diferentes espécies da família Characidae; e ii) investigar a variação interespecífica do DNA satélite nos níveis nucleotídico e cromossômico de organização. Para isso foi utilizada uma combinação de técnicas de citogenética molecular, sequenciamento massivo e análises nucleotídicas em 8 espécies desta família (Astyanax mexicanus, A. paranae, A. altiparanae, A. bockmanni, A. fasciatus, Moenkhausia sanctaefilomenae, Hasemania kalunga e Hyphessobrycon bifasciatus). Para identificação de novo de sequências de DNA satélite, foram utilizados dados de corridas Illumina HiSeq2000 2x100PE disponíveis para as espécies A. paranae, A. mexicanus e M. sanctaefilomenae. Assim, uma sub-amostragem de 300.000 reads de cada espécie foi realizada e selecionada para a etapa de clusterização no software RepeatExplorer. Posteriormente, foram buscados gráficos que mostraram uma alta densidade gráfica, típica característica de DNAs satélites, processados os contigs, visualizados os gráficos dotplot, chegando-se aos monômeros de um único DNA satélite nomeado AM1 (166-186pb). Finalmente, foram desenhados primers divergentes, amplificados via PCR, selecionadas as bandas que continham trímeros ou tetrâmeros do DNAsat que foram clonados e sequenciados para cada uma das espécies, além de serem utilizados clones individuais como sondas para FISH. As análises cariotípicas evidenciaram que esta sequência está sempre localizada em posição centromérica. No entanto, uma extensa variação no número de cromossomos marcados foi observada, sendo 2 em H. kalunga e A. bockmanni, 10 em A. altiparanae e A. paranae, 18 em H. bifasciatus e A. mexicanus, 36 em M. sanctaefilomenae e nenhum em A. fasciatus. Embora nenhuma marcação tenha sido observada em A. fasciatus, amplificações do AM1 foram obtidas para todas as espécies. As análises filogenéticas revelaram a diferenciação e evolução em concerto deste DNA satélite, principalmente ao nível inter-genérico. Os resultados obtidos reforçam a adoção do modelo library de evolução, que postula o compartilhamento de “biblioteca” comum de sequências de DNA satélite entre espécies relacionadas. Assim, conforme as espécies se diferenciam, algumas famílias de satélites podem ter seu numero de cópias reduzido e até mesmo desaparecer, enquanto outras podem ser amplificadas e até mesmo novas variantes surgirem. Órgão Financiador: CAPES, CNPq, FAPESP 65 (Nº 053) ORIGEM DO CROMOSSOMO B NO PEIXE Characidium alipioi (CHARACIFORMES, CHRENUCHIDAE) AVALIADA POR PINTURA CROMOSSÔMICA CRUZADA. Érica Alves Serrano, Patricia Elda Sobrinho Scudeler, Cláudio de Oliveira & Fausto Foresti. Departamento de Morfologia, Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista, Distrito de Rubião Junior, s/n, 18618-970, Botucatu, SP, Brazil. Cromossomos B são componentes aparentemente dispensáveis encontrados nos genomas de inúmeras espécies, compostos basicamente de sequências repetitivas de DNA. Dentre uma variedade de questões a respeito destes elementos, a busca pelo conhecimento de sua origem tem sido amplamente estudada. Em peixes, a ocorrência destes cromossomos foi relatada em cerca de 60 espécies, incluindo espécies do gênero Characidium, no qual estes elementos aparentam não ter uma origem única. Com o objetivo de avaliar a origem do cromossomo B na espécie Characidium alipioi, neste trabalho procedeu-se à análise da distribuição de diversas sequências de DNA repetitivo (rDNA 18S e 5S, histona H3, snRNA U2) utilizando a técnica de hibridação in situ fluorescente. Adicionalmente, foram realizados experimentos de pintura cromossômica em níveis intra e interespecíficos, com sondas para os cromossomos B de C. alipioi (CaB), C. gomesi (CgB) e C. oiticicai (CoB). A hibridação evidenciou a presença das sequências repetitivas em apenas um par de cromossomos do cariótipo, não sendo informativas para a avaliação da origem do cromossomo supranumerário. Por outro lado, os experimentos de pintura cromossômica demonstraram resultados interessantes que permitiram realizar algumas inferências. Quando hibridada sobre o cariótipo da própria espécie, a sonda CaB apresentou marcações sobre toda a extensão do cromossomo B e em dois pares de cromossomos do complemento A, sugerindo uma origem intraespecífica para o supranumerário. Em contrapartida, esta mesma sonda não apresentou marcações no cariótipo de C. gomesi e C. oiticicai, indicando que os cromossomos destas espécies não compartilham sequências similares de DNA. Este resultado foi confirmado pela hibridação da sonda CoB em C. alipioi, uma vez que não foram observadas marcações. Por outro lado, a sonda CgB apresentou sinais de hibridação sobre os cromossomos sexuais de C. alipioi, o que confirma hipóteses anteriores sobre o envolvimento destes cromossomos no processo de formação do cromossomos B de C. gomesi. Finalmente, apesar de revelarem uma origem intraespecífica para o cromossomo B de C. alipioi, os dados obtidos permitem sugerir que, de forma diferente aos resultados encontrados para o cromossomo B de C. gomesi, a origem do supranumerário desta espécie não se deu a partir dos cromossomos sexuais, uma vez que não foram observados sinais de hibridação nestes cromossomos das espécies aqui utilizadas. Pode ser considerado, portanto, que o cromossomo B presente em C. alipioi apresenta origem independente das outras duas espécies de Characidium, assim reforçando a hipótese de que os supranumerários neste gênero não possuem uma origem única, e possivelmente ocorreu após o processo de especiação. Estes resultados abrem novas perspectivas de estudos dos cromossomos B em Characidium, e o caracteriza como um modelo potencialmente interessante para estudos que busquem o conhecimento dos mecanismos envolvidos na origem destes elementos genômicos em peixes neotropicais. Órgão financiador: CAPES, CNPq e FAPESP. 66 (Nº 054) CITOGENÉTICA CLÁSSICA E MARCADARORES DE rDNAS 5S E 18S EM REPRESENTANTES DAS SUBFAMÍLIAS CHARACINAE, CYNOPOTAMINAE E ACESTRORHYNCHINAE. Lívia Mondin3, Paulo César Vênere1, Liano Centofante1, Daniela Cristina Ferreira1, Sandra Mariotto2, Elisangela Bellafronte1 1. Universidade Federal do Mato Grosso, Instituto de Biociências, Cuiabá-MT; 2. Instituto Federal do Mato Grosso, Campus Cuiabá-Bela Vista-MT; 3. Universidade Estadual do Mato Grosso, Campus Tangará da Serra-MT. A família Characidae é a maior em número de espécies dentro da ordem Characiformes, e também a mais complexa. Entre seus representantes mais interessantes, destacam-se as subfamílias Characinae, Cynopotaminae e Acestrorhynchinae, conhecidas popularmente como peixes-cadela ou peixes-cachorra, cujas relações de parentesco têm sido discutidas por muitos autores. Alguns incluem Galeocharax e Cynopotamus em Characinae, enquanto outros agrupam Galeocharax e Cynopotamus em Cynopotaminae. Visto a grande semelhança externa entre membros destas três subfamílias, o presente trabalho teve por objetivo analisar citogeneticamente seus representantes e verificar suas relações cromossômicas. Foram coletadas na baía do Arrombado (Alto Paraguai) as espécies Acestrorhynchus pantaneiro (Acestrorhynchinae) e Cynopotamus argenteus (Cynopotaminae) e no rio Cuiabá a espécie Galeocharax humeralis. Através das técnicas coloração convencional por Giemsa, banda C, AgRONs, FISH com DNAr 18S e 5S foi possível verificar que A. pantaneiro apresentou 2n=50 cromossomos (38m-sm+12st-a), Cynopotamus argenteus 2n=52 cromossomos (28m-sm+24st-a) e Galeocharax humeralis 2n=52 cromossomos (30m-sm+30st-a); as técnicas de AgRONs e FISH com DNAr 18S revelaram variação de quatro a seis marcações em A. pantaneiro (pares 22 e 23), quatro marcações em G. humeralis (pares 7 e 17) e duas marcações em C. argenteus (par 4). O padrão de heterocromatina para as três espécies se deu preferencialmente na região centromérica na maioria dos cromossomos, algumas bandas teloméricas e grandes blocos heterocromáticos coincidentes com as RONs. O FISH com DNAr 5S mostrou dois pares marcados em A. pantaneiro e G. humeralis, (sendo que em A. pantaneiro os DNAs ribossômicos 18S e 5S estão em sintenia), e C. argenteus apresentou cinco pares marcados. Os dados cromossômicos para estas subfamílias ainda são escassos, porém determinou-se que cada entidade morfologicamente bem definida é acompanhada de características cromossômicas que as diferenciam. Órgao financiador: FAPEMAT/CNPq 67 (Nº 055) CARACTERIZAÇÃO CARIOTÍPICA DE PEIXES DO GÊNERO Synbranchus DA REGIÃO NORTE DO PANTANAL MATO GROSSENSE Mamynne Correa da Costa Rodrigues¹, Lucélia Fernanda Leite¹, Debora Karla Silvestre Marques, Daniela Cristina Ferreira & Paulo Cesar Vênere¹ 1. Universidade Federal de Mato Grosso, Instituto de Biociências, Cuiabá – MT. O gênero Synbranchus (Synbranchidae) é representado por três espécies S. marmoratus Bloch, 1785, S. lampreia Favorito, Zanata & Assumpção, 2005 e S. madeirae Rosen & Rumney, 1972, sendo S. marmoratus a única citada para o Pantanal de Mato Grosso. Essa espécie tem uma grande importância comercial na região, pois é vendida como isca-viva para pesca esportiva. Do ponto de vista citogenético, há uma grande diversidade cromossômica para o gênero, com números diplóides que variam de 2n=42 a 46 cromossomos, sugerindo a existência de mais de uma espécie na região, que vem sendo identificada como S. marmoratus. Diante disso, o objetivo do presente trabalho é caracterizar citogeneticamente exemplares procedentes de diferentes regiões do norte do Pantanal de Mato Grosso, no sentido de se verificar quantas e quais espécies de Synbranchus ocorrem na região e que são utilizadas pelos pescadores, no comércio de iscas vivas. Foram coletadas 41 espécimes nas cidades de Poconé e Cáceres, que foram submetidos aos procedimentos de citogenética clássica e detecção de Ag-NORs. Foram observados três cariótipos distintos, ou seja, peixes com números diploides de 42 cromossomos (4 m-s + 38 st-a), peixes com 2n=44 cromossomos (6 m-sm + 38 st-a) e peixes com 2n=46 cromossomos (8 m-sm + e 38 st-a). As AgRONs foram detectadas em diferentes porções cromossômicas, nos três citótipos encontrados, nos exemplares com 2n=42, no braço curto de um par acrocêntrico, nos exemplares com 2n=44, foram visualizadas no braço longo de um par acrocêntrico, e nos exemplares com 2n=46, no braço curto de um par metacêntrico. Esses resultados, tomados em conjunto, permitem inferir que existem pelo menos três unidades taxonômicas para o gênero Synbranchus na região de estudo, as quais necessitam, ou serem descritas, ou serem corretamente identificadas. Órgão financiador: FAPEMAT, CNPq 68 (Nº 056) CARACTERIZAÇÃO CITOGENÉTICA DE Astyanax aff. bimaculatus (CHARACIFORMES, CHARACIDAE), DA BACIA DO RIO DE CONTAS, CHAPADA DIAMANTINA, BAHIA. Mariane Alves Brito Pinto¹, Rayana Tiago Dutra¹, Luciana Aguilar Aleixo¹ 1. Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Departamento de Ciências Naturais, Vitória da Conquista, BA. Os peixes do gênero Astyanax pertencem à família Characidae e são conhecidos popularmente como piabas ou lambaris, amplamente distribuídos na região Neotropical. Apresentam grande variedade cariotípica, podendo ser observado desde 2n= 36 até 2n= 50 cromossomos. O conjunto de espécies do gênero Astyanax que apresenta mancha umeral ovalada horizontalmente e mancha negra estendida no pedúnculo caudal até a extremidade dos raios medianos foi agrupado no complexo bimaculatus. Todos os exemplares analisados no presente estudo apresentavam características morfológicas condizentes com este complexo de espécies, sendo por isso tratados como Astyanax aff. bimaculatus. Visando colaborar com dados citotaxônomicos que ajudem a esclarecer a evolução cariotípica do grupo, esse estudo objetivou caracterizar citogeneticamente a espécie A. aff. bimaculatus coletada na Ponte de Coronel, região do alto rio de Contas, Chapada Diamantina, BA. Dez espécimes foram sacrificados e posteriormente submetidos à técnica de preparação direta das células do rim cefálico. As lâminas montadas foram submetidas às técnicas de coloração convencional com Giemsa e bandamento C. As melhores metáfases foram fotografadas e utilizadas para a montagem do cariótipo, que apresentou 2n=50 cromossomos e NF=98. A fórmula cariotípica encontrada foi: 12m+30sm+6st+2a. O número diploide de cromossomos tem se mostrado bastante conservado nas espécies do complexo bimaculatus já cariotipadas. Entretanto, o número de cromossomos acrocêntricos varia de um único par, como no presente estudo, até seis pares em uma população de A. altiparanae do rio Paraná. O número modal de cromossomos metacêntricos observado em espécies deste complexo são seis pares, em consonância com o observado neste trabalho. Um estudo realizado com Astyanax bimaculatus do médio curso do rio de Contas foram encontrados 2n=50, NF=96 e fórmula cariotípica: 4m+6sm+36st+4a, evidenciando grandes diferenças entre os cariótipos das populações do alto e do médio rio de Contas. Portando ao se comparar a população do alto curso do rio de Contas com outras populações, fica evidente alta diversidade cariotípica, provavelmente devida a rearranjos do tipo inversão pericêntrica. O padrão de distribuição da heterocromatina constitutiva revelado pelo bandamento C constituiu-se em blocos intersticiais em alguns pares de cromossomos com dois braços. Este mesmo padrão foi observado para muitas espécies do complexo bimaculatus, diferentemente do que se encontra em espécies do complexo fasciatus, em que a heterocromatina constitutiva se concentra nas regiões terminais dos cromossomos. Assim, este estudo é uma importante contribuição para a compreensão da diversidade cariotípica deste grupo, já que poucos estudos foram realizados na bacia do rio de Contas, concentrando-se especialmente em seu médio curso. Órgão financiador: UESB 69 (Nº 057) MAPEAMENTO DE GENES RIBOSSOMAIS NOS CROMOSSOMOS DE ESPÉCIES DO GÊNERO ANCISTRUS (SILURIFORMES: LORICARIIDAE), DA BACIA DO PARAGUAI, MATO GROSSO, BRASIL. Flávia Marcorin de Oliveira¹, Rafael Splendore de Borba¹, Sandra Mariotto², Liano Centofante³, Patricia Pasquali Parise-Maltempi¹ ¹Laboratório de Citogenética Animal – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” Campus de Rio Claro – Av 24A, 1515 Jardim Bela Vista- 13600-000Rio Claro/SP, Brasil. ²Instituto Federal de Ciências e Tecnologia do Mato Grosso, Cuiabá, MT, Brasil. ³ Instituto de Biociências, UFMT Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá, MT, Brasil. Dentro da tribo Ancistrini, está inserido o gênero Ancistrus, sendo este um dos mais diversificados desta tribo. O gênero Ancistrus é um modelo de estudo muito interessante por possuir uma taxonomia bastante confusa, com muitas espécies ainda não descritas, poucos trabalhos de filogenenia e poucas informações moleculares e citogenéticas. As espécies estudadas até o momento mostraram grande diversidade cariotípica, evidenciando uma possível evolução cromôssomica para este gênero. Há poucos trabalhos na literatura envolvendo a localização física do DNAr 18S e 5S em espécies de Ancistrus utilizando a técnica de Hibridação Fluorescente in situ (FISH), sendo este, então o objetivo do presente trabalho. Foram estudadas uma espécie (espécie 1) proveniente do córrego Cupim, pertencente a Serra de São Vicente/MT, e uma espécie (espécie 2) proveniente do córrego Mutuca, pertencente a Chapada dos Guimarães/MT, ambos da bacia do Paraguai. A espécie 1 apresentou número diplóide 2n=42 (Número Fundamental (NF)=84), já a espécie 2 apresentou número diplóide 2n-54 (NF=90). A Hibridação Fluorescente in situ utilizando a sonda de rDNA 18S, mostrou marcação em apenas um par cromossômico em ambas as espécies, sendo localizada na região intersticial em um par submetacêntrico da espécie 1, e na região terminal de um par submetacêntrico da espécie 2. Estas marcações foram coincidentes com aquelas encontradas na técnica de Ag-RON. Ademais constataou-se que além de localizações diferentes do DNAr 18S nas espécies estudadas, ambas monstraram heteromorfismo de tamanho cromôssomico e tamanho da marcação, onde um cromossomo apresentou marcação maior comparada com seu par, nas duas espécies estudadas. Os resultados utilizando a sonda de DNAr 5S foram diferentes nas espécies estudadas: a espécie 2 possui marcações exclusivamente centroméricas em 3 pares de cromossomos, enquanto a espécie 1 mostrou marcações tanto centroméricas quanto terminais em 4 pares de cromossomos. Essas variações em relação ao DNAr 5S podem revelar importantes eventos evolutivos ocorridos no genoma dos Ancistrus e serão agora estudadas em nível molecular. Já em relação ao DNAr 18S nossos resultados sugerem que a diferença de tamanho nas espécies estudadas, pode ser explicada por uma possível duplicação em tandem da sequência do DNAr 18S, sendo que esse heteromorfismo não está relacionado ao sexo e ocorreu nos exemplares estudados dessas espécies. Órgão financiador: FAPESP 70 (Nº 058) ORGANIZAÇÃO E LOCALIZAÇÃO CROMOSSÔMICA DO DNAr 5S DE Hypostomus boulengeri (Eigenmann & Kennedy, 1903) Poliana Alves Sidol Wolf¹, Natália Bortholazzi Venturelli², Ivan Rodrigo Wolf¹, Juceli Gonzalez Gouveia¹, Laurival Antônio Vilas-Boas¹, César Martins², Fernando Camargo Jerep¹ & Lucia Giuliano Caetano¹ 1. Universidade Estadual de Londrina, Departamento de Biologia Geral, LondrinaPR; 2. Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Departamento de Morfologia, Botucatu-SP. Nos eucariotos superiores as repetições do DNAr 5S consistem de múltiplas cópias de uma sequência codificante separadas umas das outras por espaçadores não transcritos (NTS). Diferentes autores têm mostrado que a região codificante é conservada mesmo entre espécies não relacionadas, entretanto, o NTS apresenta amplas variações de tamanho e composição. Objetivando fornecer novas informações sobre a organização e localização do DNAr 5S em peixes, foram utilizadas as técnicas de coloração, bandamento-C, e hibridização in situ (FISH) em 7 exemplares de Hypostomus boulengeri. A sonda isolada a partir do DNA de um destes exemplares foi obtida por PCR e após a clonagem e sequenciamento, estratégias de bioinformática combinadas foram utilizadas para análise das sequências. A FISH com a sonda de DNAr 5S nos cromossomos mitóticos, revelou sinais intersticiais com heteromorfismo de tamanho na região pericentromérica do braço curto do par 15 subtelocêntrico. Na meiose o sítio simples intersticial também foi confirmado, sendo que na região adjacente, em paquíteno, foram identificadas duas bandas pequenas DAPI+, que provavelmente correspondem às bandas de heterocromatina identificadas no bandamento-C. As diferentes estratégias de bioinformática aplicadas possibilitaram a identificação de 117 pb do gene de RNAr 5S e do NTS completo com 1069 pb. Além disso, com base nos valores de score fornecidos pelos programas, foram identificados novos elementos dentro do NTS, dentre estes: famílias de RNAs não codificantes (ncRNAs), repetições simples (AATGn) e sequências repetitivas com similaridade à elementos transponíveis. A presença do sítio DNAr 5S em um único par tem sido considerada uma característica plesiomórfica para Loricariidae, uma vez que se repete no outgroup Tricomycteridae. Ademais, a localização intersticial dos sítios concorda com resultados encontrados para outros vertebrados, sugerindo que esteja conservada em diferentes genomas. As comparações entre sequências de DNAr 5S de outras espécies com a de H. boulengeri confirmam a conservação da região codificante e mostram que de fato o NTS pode exibir polimorfismos extensivos. Mesmo sem validações para as sequências compatíveis com ncRNAs identificadas pelo programa Infernal, este resultado pode fornecer informações funcionais sobre o NTS, isso porque, esta predição leva em consideração a probabilidade de formação de estruturas secundárias, que são conhecidas por fornecem sítios de ligação para proteínas que interagem com o DNA e/ou RNA. Desta forma, este primeiro relato para a família Loricariidae mostra que a região espaçadora pode conter, além de elementos típicos, componentes que auxiliariam na compreensão da origem e regulação desta família multigênica em peixes. Órgão financiador: CNPq 71 (Nº 059) CARACTERIZAÇÃO CARIOTÍPICA DE Bergiaria westermanni Lutken, 1874 (SILURIFORMES, PIMELODIDAE), EVIDENCIANDO A PRESENÇA DE CROMOSSOMOS B Geovana de Cassia Malimpensa1, Josiane Baccarin Traldi¹ & Orlando MoreiraFilho1 1 Departamento de Genética e Evolução, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos-SP, Brasil Bergiaria westermanni é uma espécie de pequeno porte, endêmica da bacia do rio São Francisco, que apresenta como carácter morfológico diferencial a presença de lábios bem desenvolvidos. Pertence a família Pimelodidae, a qual está alocada na ordem Siluriformes, e inclui 109 espécies, muitas delas, economicamente importantes. Estudos citogenéticos na família indicam que o grupo apresenta grande diversidade cariotípica, com número cromossômico variando de 2n= 50, verificado em Callophysus macropterus, a 2n= 58 cromossomos, observado em Pimelodus blochii, além de existirem relatos da presença de sistemas de cromossomos sexuais e cromossomos B em algumas espécies. Neste contexto, o objetivo do presente trabalho foi analisar através de técnicas citogenéticas clássicas e moleculares 29 espécimes (26 fêmeas e 3 machos) de B. westermani, coletadas no rio São Francisco, na cidade de Piumhi-MG. A coloração com Giemsa revelou a existência de 56 cromossomos do complemento A (28m+14sm+10st+4a e NF = 94), além de uma variação intra e interindividual de 0 até 4 cromossomos do complemento B. O bandamento C evidenciou blocos heterocromáticos alocados nas regiões centroméricas e terminais dos cromossomos do complemento A, e mostrou que os cromossomos B são totalmente heterocromáticos. O tratamento com nitrato de prata revelou a existência de NORs simples localizada na região terminal do braço longo do par cromossômico 27, as quais estão associadas a sítios heterocromáticos. A hibridização in situ fluorescente evidenciou sítios de rDNA 18S coincidentes com as NORs (par cromossômico 27) e também nos cromossomos B. Foi verificado que existem sítios múltiplos de rDNA 5S, localizados nos pares 1 e 5 em posição intersticial. A sequência (GATA)n apresentou-se bem dispersa pelo cariótipo de B. westermanni alocando-se preferencialmente nas porções terminais dos cromossomos do complemento padrão A, com sinal bem fraco nos cromossomos B. A sequência (TTAGGG)n está alocada apenas nas porções terminais dos cromossomos do complemento A e dos cromossomos B. A presença de cromossomos B na espécie, nos quais foram constatados sítios de rDNA 18S, abre uma grande perspectiva sobre a função e origem destes cromossomos. Apesar de muitas espécies de Pimelodidae apresentarem estudos cromossômicos, B. westermani ainda carece de informações. Assim, com este trabalho, espera-se contribuir com mais dados para a caracterização citogenética da espécie, além de auxiliar no entendimento da evolução cromossômica na família Pimelodidae. Órgão financiador: CAPES, CNPq, FAPESP Apoio de coleta: ICMBio (licença nº 10538-1) 72 (Nº 060) ANÁLISES DO NÚMERO DE NUCLÉOLOS EVIDENCIADOS PELA TÉCNICA DE Ag-RON DEMONSTRARIAM ATIVIDADE DESSA REGIÃO NOS CROMOSSOMOS B DE Bergiaria westermanni LUTKEN, 1874 (SILURIFORMES, PIMELODIDAE)? Geovana de Cassia Malimpensa1, Josiane Baccarin Traldi¹ & Orlando MoreiraFilho1 1 Departamento de Genética e Evolução, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos-SP, Brasil A impregnação com nitrato de prata é muito utilizada pelos citogeneticistas para evidenciar as RONs, as quais são responsáveis pela formação do nucléolo e são constituídas por DNAr, RNAr e proteínas, tendo papel na formação dos ribossomos. Esta técnica é considerada como uma marcação indireta, já que o nitrato de prata marca as proteínas associadas ao RNAr. Assim, nas RONs que não estiveram ativas na intérfase, não serão observadas marcações de prata nos cromossomos. Neste trabalho foram realizadas análises citogenéticas clássicas e moleculares em células de exemplares de Bergiaria westermanni, enfatizando os estudos com os cromossomos B e o número de nucléolos encontrados na espécie. A coloração com Giemsa revelou a existência de 56 cromossomos do complemento A (28m+14sm+10st+4a e NF = 94), e uma variação intra e interindividual de 0 até 4 cromossomos B. As análises da freqüência dos B em 193 células de 15 indivíduos, todos com cromossomos supranumerários, revelaram que: 1,6% das células não apresentavam nenhum B; 14,5% apresentavam um B; 20,7%, dois; 44,6%, três e 18,6%, quatro. Através da hibridização in situ fluorescente encontramos sítios de DNAr 18S localizados na região terminal do braço longo do par 27 e também nos B, nos quais as marcações ficam dispersas ao longo do cromossomo, mas em metáfases com quatro B, apenas três apresentam marcações referentes à sonda de DNAr 18S. A impregnação com a prata revelou a existência de NORs simples coincidentes com os sítios de DNAr 18S, porém, não foram encontradas marcações nos B nas metáfases analisadas. Para tanto, analisamos o número de nucléolos com a técnica de Ag-RON em 783 núcleos de 4 exemplares dessa espécie, evidenciando que: 53,2% dos núcleos analisados apresentaram apenas um nucléolo; 38,7%, dois; 6,8%, três; 0,8%, quatro e 0,5%, cinco, ou seja, evidenciamos um número de nucléolos maior que o número de cromossomos marcados nas metáfases analisadas pela prata. Com esses dados obtidos nas análises desta espécie, pairam as seguintes questões: 1) Os sítios de DNAr 18S evidenciado nos três cromossomos B seriam pseudogenes?; 2) A aplicação da técnica de Ag-RON na análise da freqüência dos nucléolos demonstrariam a atividade desta região nos cromossomos B?; 3) O resíduo de proteínas inseridas nos B não seria suficiente para Ag-RON evidenciá-las?; 4) Como iremos responder à essas questões? Os resultados parciais deste trabalho demonstram a importância da aplicação das análises da técnica de Ag-RONs nos nucléolos de peixes portadores de B. Órgão financiador: CAPES, CNPq, FAPESP Apoio de coleta: ICMBio (licença nº 10538-1) 73 (Nº 061) MODELOS EVOLUTIVOS CONSTRASTANTES ENTRE ESPÉCIES CONGENÉRICAS. UMA INVESTIGAÇÃO CROMOSSÔMICA NO GÊNERO Hoplias (CHARACIFORMES, ERYTHRINIDAE) Ezequiel Aguiar de Oliveira1,2, Luiz Antônio Carlos Bertollo4, Cassia Fernanda Yano2, Thomas Liehr3 & Marcelo de Bello Cioffi1 1. Universidade Federal de São Carlos, Departamento de Genética e Evolução, São Carlos, SP – Brazil, 2. Secretaria de Estado de Educação de Mato Grosso – SEDUCMT, Cuiabá, MT – Brazil, 3. Jena University Hospital, Friedrich Schiller University, Institute of Human Genetics, Kollegiengasse 10, D-07743 Jena – Germany e 4. Professor Sênior da Universidade Federal de São Carlos. Erythrinidae é uma pequena família de peixes, com apenas três gêneros, Hoplias, Erythrinus e Hoplerythrinus, amplamente distribuídos na região Neotropical. Esta família é caracterizada por uma notável diversidade cromossômica, tanto numérica como estrutural, com números diploides variando de 2n = 39 a 2n = 54 cromossomos e incluindo a ocorrência de sistemas de cromossomas sexuais simples e múltiplos em algumas espécies. No entanto, excluindo Hoplias malabaricus, pouca informação citogenética está disponível para outras espécies do gênero Hoplias. Aqui nós investigamos as características cromossômicas de quatro espécies pertencentes ao gênero Hoplias - H. lacerdae, H. brasiliensis, H. intermedius e H. aimara - utilizando diferentes procedimentos de análises, como o bandamento C, coloração pelo nitrato de Prata (AgNORs) e CMA3, bem como experimentos de hibridização fluorescente in situ (FISH), utilizando sequências de DNAs microssatélites e ribossomais como sondas. O objetivo foi analisar diferentes modelos de evolução cariotípica dentro deste gênero. O mapeamento citogenético das diferentes classes de DNAs repetitivos revelou algumas diferenças interespecíficas entre as espécies. No entanto, todas as espécies apresentaram uma grande homogeneidade na sua macroestrutura cariótipica, com 2n = 50 cromossomos meta- submetacêntricos, a ausência de cromossomos sexuais heteromórficos, padrão semelhante de heterocromatina C-positiva e um único par cromossômico idêntico, portador de AgNOR. Portanto, os mecanismos evolutivos não foram seguidos por grandes mudanças em seus cariótipos. Entretanto, tal conservadorismo cariotípico contrasta com a alta diversidade cromossômica geralmente observada em outras espécies de Erythrinidae, particularmente na espécie congenérica, H. malabaricus. Mas, o que impulsiona a ocorrência de modos distintos de evolução cariotípica entre espécies estreitamente relacionadas? Diferenças nos modos de vida, na estrutura populacional e em características moleculares intrínsecas são fatores que podem estar provavelmente envolvidos em tais ocorrências. Órgãos financiadores: FAPESP-SP, CAPES, CNPq e SEDUC-MT. 74 (Nº 062) ANÁLISES CROMOSSÔMICAS DE DUAS ESPÉCIES DO GÊNERO Apareiodon Eigenmann, 1916 (CHARACIFORMES, PARODONTIDAE): A. argenteus Pavanelli & Britski, 2003 e A. davisi Fowler, 1941 Josiane Baccarin Traldi1, Marcelo Ricardo Vicari2, Juliana de Fátima Martinez3, Daniel Rodrigues Blanco4, Roberto Laridondo Lui5, & Orlando Moreira Filho1 1. Universidade Federal de São Carlos, São Carlos-SP; 2. Universidade Estadual de Ponta Grossa, Ponta Grossa-PR; 3. Universidade Federal de São Carlos, Sorocaba-SP; 4. Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Santa Helena-PR; 5. Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Cascavel-PR A família Parodontidae é composta por três gêneros: Parodon Valenciennes, 1849; Saccodon Kner, 1863 e Apareiodon Eigenmann, 1916. Do ponto de vista cromossômico, as espécies dessa família exibem manutenção do número diploide igual a 54 cromossomos, variações nas fórmulas cariotípicas, presença de cromossomos sexuais, variação no número e localização de rDNAs 18S e 5S e DNA satélite pPh2004 e diferentes padrões de dispersão da fração repetitiva WAp. Com o intuito de contribuir para o conhecimento da citogenética de Parodontidae, o presente trabalho analisou através de técnicas citogenéticas duas espécies do gênero Apareiodon: A. argenteus (bacia do rio Araguaia – GO) e A. davisi (bacia do rio Jaguaribe – CE), as quais não apresentam dados citogenéticos disponíveis na literatura. Para ambas foi verificado número diploide igual a 54 cromossomos metacêntricos/submetacêntricos e a heterocromatina mostrou-se alocada preferencialmente em porções centroméricas. Para A. argenteus, foram verificadas regiões organizadoras de nucléolo (NORs) ativas apenas no par cromossômico 2, enquanto que para A. davisi tais sítios foram evidenciados nos pares 4 e 9. Os genes ribossomais 18S e 5S mostraram-se alocados nos cromossomos dos pares 2 e 18, respectivamente, em A. argenteus, enquanto em A. davisi, polimorfismos cromossômicos envolvendo as duas sequencias foram verificados. As sequências (GATA)n e WAp mostraram-se dispersas e não foram evidenciados vestígios de sítios teloméricos intersticias (ITS) nos cariótipos das duas espécies. O DNA satélite pPh2004 mostrou-se presente nos pares 7, 8, 10, 11 e 18 em A. argenteus e no par 24 em A. davisi. Os resultados apresentados refletem a diversidade cromossômica neste grupo de peixes estão contribuindo para uma melhor compreensão da evolução cromossômica na família Parodontidae. Órgãos financiadores: FAPESP, CAPES e CNPq Apoio de coleta: ICM-Bio (licença No 10538-1) 75 (Nº 063) DIVERSIDADE CROMOSSÔMICA NO GÊNERO Loricaria spp. (SILURIFORMES, LORICARIIDAE) Renata Cristina Claudino de Oliveira, Carla Andrade Vitorino, Laura Sirqueira Silva Gardinal, e Paulo César Venere 1.Universidade Federal de Mato Grosso – Departamento de Biologia e Zoologia/IB Campus de Cuiabá. A família Loricariidae compõe uma das maiores famílias de peixes do mundo, com aproximadamente 690 espécies distribuídas em cerca de 70 gêneros na região Neotropical. Embora seja uma família tão representativa, os estudos citogenéticos ainda abrangem um número pequeno de espécies. Para Loricariinae, objeto do presente estudo, os resultados disponíveis na literatura revelam ampla variabilidade cariotípica com números cromossômicos variando de 2n=36 em Rineloricaria latirostris a 2n=74 para Sturisoma cf. nigrirostrum. O gênero Loricaria apresenta grande complexidade taxonômica e os estudos cromossômicos já realizados revelaram ampla variabilidade cariotípica (2n=48 cromossomos em Loricaria parva a 2n=66 em Loricaria sp). Desta forma, o presente trabalho teve por objetivo caracterizar citogeneticamente exemplares de Loricaria sp. por meio das técnicas citogenéticas convencionais e moleculares com sondas de DNAr 5S e 18S. Os espécimes foram coletados no rio Araguaia, nas corredeiras de Aragarças, no estado de Goiás e também no córrego Taquaral na estrada que liga Barra do Garças ao distrito de Toriqueje, MT. Os exemplares analisados apresentaram variação quanto ao número diplóide de 2n=64 a 2n=66 cromossomos e também em relação às fórmulas cariotípica, que permitiram a identificação de três cariomorfos distintos aqui citados como grupo 1; grupo 2 e grupo 3. A técnica de impregnação com prata evidenciou um sistema de AgRONs simples, com variação quanto à localização e tamanho dos sítios observados. O bandeamento C destacou regiões variáveis de heterocromatina constitutiva na maioria dos cromossomos nos três grupos identificados. A análise com CMA3 mostrou um resultado muito interessante, pois o grupo 1 possui muitas regiões CMA3+ nas regiões centroméricas e grandes blocos heterocromáticos na região pericentromérica em um par de cromossomos submetacêntrico médio. O grupo 2 apresentou uma quantidade bastante reduzida desses sítios e o grupo 3, apenas o par portador das regiões organizadoras de nucléolos se mostra CMA3+. A hibridação in situ fluorescente destacou, nos grupos 1 e 2, marcações em um par de cromossomos acrocêntricos médios. As marcações são grandes e espalhadas pelo cromossomo. No grupo 3, os sítios evidenciados foram menores e concentrados próximo ao centrômero de um par de cromossomos submetacêntricos médios. A hibridação com sonda para DNAr 18S confirmou as regiões evidenciadas pelo nitrato de prata, como um sistema de AgRONs-simples para os três grupos. Esses dados cromossômicos são bastante informativos e permitem caracterizar as diferentes unidades taxonômicas em estudo como unidades distintas. Órgão financiador: FAPEMAT/CNPq 76 (Nº 064) MAPEAMENTO CROMOSSÔMICO DE ELEMENTOS TRANSPONÍVEIS Rex1 e Rex3 NO GENOMA DAS ESPÉCIES DA TRIBO Ancistrini (SILURIFORMES, LORICARIIDAE) Mirella Meneguzzi1, Fernanda Pederiva1, Sandra Mariotto1, Renata Cristina Claudino de Oliveira¹, Liano Centofante1, Paulo Cesar Venere1, Daniela C. Ferreira1 1. Universidade Federal de Mato Grosso, Instituto de Biociências, Cuiabá. e-mail: [email protected] Dentre os Siluriformes, a família Loricariidae está amplamente distribuída pela América do Sul, sendo a segunda maior família de peixes neotropicais. A tribo Ancistrini possui cerda de 217 espécies distribuídas em 29 gêneros. Do ponto de vista citogenético, caracteriza-se por apresentar uma ampla variação cariotípica, podendo encontrar espécies com 2n=34 a 2n=54 cromossomos. Além disso, nesse grupo são encontrados distintos sistemas de cromossomos sexuais, cromossomos sexuais múltiplos, polimorfismos de cromossomos e de rDNA. Poucos trabalhos estão disponíveis para essa tribo, principalmente no que diz respeito à porção repetitiva do genoma desse grupo. Considerando-se ainda que os estudos sobre a natureza de elementos transponíveis são escassos e limitados a poucas espécies de alguns grupos de peixes, o objetivo do presente trabalho foi analisar a composição e a localização cromossômica dos elementos transponíveis na referida tribo. Foram amplificados os elementos transponíveis Rex1 e Rex3 em oito espécies: A. claro, A. cuiabae, A. cf dubius, Lasiancistrus cf schomburgkii, Ancistrus sp 08, Ancistrus sp 12, A. tombado, Ancistrus sp., pertencentes a duas bacias hidrográficas, Paraguai e Amazônica. O Rex1 apresentou fragmentos com 500pb e o Rex3 apresentou uma banda de 400pb. Hibridações in situ fluorescentes foram obtidas em cinco espécies. Os resultados revelam que tanto o Rex1 quanto o Rex3 apresentaram um padrão de dispersão similar, sendo que os dois elementos estão dispersos em todos os cromossomos das espécies. Blocos conspícuos são notados em quase todas as amostras analisadas. No caso de Ancistrus sp 08, tanto o Rex1 quanto o Rex3 estão dispersos ao longo dos cromossomos, porém apresenta uma hibridação diferencial na região do braço longo de um par cromossômico submetacêntrico em machos e fêmeas. Em Ancistrus cf dubius, o Rex1 hibrida em todos os cromossomos, porém não hibrida na região organizadora de nucléolo. Já, o Rex3 hibrida em todos os cromossomos e preferencialmente na porção telomérica. Em Ancistrus sp o Rex1 esta organizado nas regiões teloméricas e preferencialmente em um cromossomo acrocêntrico grande, já o Rex3 esta disperso ao longo dos cromossomos. Esses dados são os primeiros registros dos elementos transponíveis para a tribo Ancistrini, e trazem novas informações sobre a distribuição de sequências repetitivas no genoma das espécies pertencentes a essa tribo, fornecendo informações significativas acerca da organização e dinâmica evolutiva destes elementos transponíveis. Órgão financiador: FAPEMAT/CNPq 77 GENÉTICA 78 (Nº 001) GENOTIPAGEM SEXUAL ATRAVÉS DO GENE DETERMINANTE DE SEXO SDY EM ESTOQUES BRASILEIROS DE SALMONÍDEOS Ricardo Shohei Hattori1, Yara Aiko Tabata1, Neuza Sumico Takashi2, Ricardo Yasuichi Tsukamoto3 1. UPD-Campos do Jordão APTA/SAA; 2. Instituto de Pesca APTA/SAA; 3. Bioconsult Puriaqua Uma característica explorada em grande parte das espécies cultivadas de peixes de interesse comercial é o sexo fenotípico. Isso se deve ao fato de muitas destas espécies apresentarem dimorfismo sexual em relação às taxas de crescimento, qualidade da carne, tamanho em que atingem a primeira maturação entre outros. A fim de produzir indivíduos do sexo com maior interesse comercial, muitos larvicultores recorrem a técnicas de manipulação hormonal, principalmente com esteróides sexuais, para produção de animais sexo-revertidos. Como exemplo, quando se deseja produzir lotes 100% fêmeas em animais cujo macho é o sexo heterogamético, indivíduos XX são masculinizados por tratamento de andrógenos. Tais animais produzem gametas somente do tipo X e quando usados em cruzamentos com fêmeas normais XX geram lotes 100% XX. Recentemente o gene mestre determinante do sexo masculino sdY (sexually dimorphic on the Ychromosome) foi descoberto primeiro na truta arco-íris e posteriormente em outros 15 salmonídeos. Essa ferramenta molecular permite realizar a sexagem genotípica de forma rápida e eficiente durante estágios iniciais do desenvolvimento larval, sem a necessidade de testes de progênie. Neste estudo, o gene sdY foi examinado em 6 linhagens de truta arco-íris Oncorhynchus mykiss (JJ, GG, AA, KK, SS e BB) e no salmão do atlântico Salmo salar da variedade landlocked mantidos na Estação Experimental de Salmonicultura de Campos do Jordão a fim de avaliar a aplicabilidade desse gene na sexagem genotípica. Também foram analisados animais selvagens de truta arco-íris obtidos no Rio Sapucaí-Mirim em Campos do Jordão. A sexagem genotípica no lote cultivado de reprodutores demonstrou a presença e ausência do gene sdY em todos os indivíduos machos e fêmeas, respectivamente, com exceção das linhagens KK e SS, formadas apenas por indivíduos geneticamente fêmeas. Dentre os animais selvagens, foi encontrado um animal geneticamente macho, mas com ovócitos na região cranial da gônada. Estes resultados demonstram que o gene sdY pode ser usado como um marcador do sexo genético nos estoques cultivados de salmonídeos para triagem de fêmeas revertidas e também para estudos de monitoramento de populações selvagens em ambientes com ação antrópica. Órgão financiador: FAPESP 79 (Nº 002) IDENTIFICAÇÃO PESQUEIRA DE TUBARÕES NA COSTA DE SÃO PAULO (PROVÍNCIA ARGENTINA) UTILIZANDO MARCADORES MOLECULARES Ana Carolina Souto1, Guilherme José da Costa Silva1, Fernando Yuldi Ashikaga1, Luis Henrique Fregadolli Ussami1, Fausto Foresti1& Claudio Oliveira1 1. Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP – Instituto de Biociências de Botucatu-SP, Laboratório de Biologia e Genética de Peixes – LBGP Os elasmobrânquios, um dos grupos de vertebrados com maior número de espécies ameaçadas de extinção, possuem poucas diferenças morfológicas, mesmo entre grupos filogeneticamente próximos. Somando-se a isso, a prática do finning (i.e. remoção de partes como cabeça e nadadeiras durante a pesca) torna inviável a identificação taxonômica na maioria dos desembarques pesqueiros. Nesse contexto, o objetivo do presente estudo foi identificar as espécies de tubarões que estão sendo pescadas na costa do Estado de São Paulo, província Argentina, por meios de identificação molecular, para que assim, planos de manejo possam ser elaborados para a preservação dessa fauna. A coleta do material biológico foi realizada nos principais entrepostos pesqueiros do litoral paulista (i.e. Santos - S, Ubatuba - U e Cananéia - C) e a identificação molecular das amostras, foi realizada por PCR-multiplex com primers espécie-específicos e DNA barcoding, com análises de Barcode Índex Number (BIN) e o modelo General Mixed Yule Coalescent (GMYC). Através de tais análises, identificou-se 1.971 amostras, totalizando doze espécies, sendo elas Prionace glauca (presente em S-U-C), Sphyrna zygaena (S-UC), Sphyrna lewini (S-U-C), Rhizoprionodon lalandii (S-U-C), Rhizoprionodon porosus (S-U-C), Isurus oxyrinchus (S-U-C), Carcharias taurus (S-U), Carcharhinus falciformes (S-C), Galeocerdo cuvier (U-C), Isurus palcos (S), Carcharhinus signatus (S) e Mustelus canis (S). As técnicas de identificação por BIN e GMYC comparada com PCR-multiplex demonstraram resultados divergentes, principalmente entre espécies geneticamente muito similares (i.e. baixa divergência genética) como R. lalandii e R. porosus. Tal divergência entre os resultados pôde demonstrar que embora a técnica de PCR-multiplex seja financeiramente mais viável, ela pode acarretar falhas na discriminação taxonômica. Sobre as espécies identificadas, verificou-se que oito delas estão presentes na lista de espécies ameaçadas de extinção do Estado de São Paulo (conforme Decreto: 60.133/2014), sendo S. zygaena, S. lewini, C. taurus e C. falciformes classificadas como “espécies com necessidade de diretrizes de gestão e ordenamento pesqueiro para conservação”. Já as espécies R. lalandii e R. porosus são classificadas como “espécies quase ameaçadas de extinção”, e I. oxyrinchus e G. cuvier como “espécies que não possuem informações suficientes para análises do seu grau de conservação”, reforçando assim, a importância da identificação correta das espécies de tubarões provenientes da costa do litoral paulista para realização de monitoramento da quantidade de espécies pescadas e para o desenvolvimento de futuras políticas de conservação e preservação dessas espécies. Agradecimentos: CAPES/PNPD 2994/2010 80 (Nº 003) DICRIMINAÇÃO DE POPULAÇÕES DO GENÊRO Ancistrus KNER, 1854 (SILURIFORMES: LORICARIIDAE) DA BACIA DO RIO PARAGUAI ATRAVÉS DA TÉCNICA DE DNA BARCODE Rafael Splendore de Borba1, Sandra Mariotto2; Liano Centofante L3, Daniela Ferreira3, Claudio Henrique Zawadzki4 Patrícia Pasquali Parise-Maltempi1 1 Instituto de Biociências, UNESP Universidade Estadual Paulista, Campus de Rio Claro, SP, Brasil. 2 Instituto Federal de Ciências e Tecnologia do Mato Grosso, Cuiabá, MT, Brasil. 3 Instituto de Biociências, UFMT Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá, MT, Brasil. 4 Departamento de Biologia, NUPELIA, UEM, Maringá, PR. A tribo Ancistrini é constituída por 217 espécies válidas distribuídas em 29 gêneros, e um total de 78 espécies nominais. No Brasil são encontrados 21 gêneros, dentre eles o gênero Ancistrus que é um dos mais diversificados da tribo, possuindo atualmente 59 espécies descritas. O grupo pode ser diferenciado dos outros loricariideos pela presença de pequenos tentáculos carnudos e odontódeos interoperculares bem desenvolvidos. Embora de taxonomia bastante duvidosa, não existindo ainda uma chave precisa de identificação para estas espécies, diversas espécies do gênero Ancistrus já foram descritas na região das bacias dos rios Amazonas e Paraguai nos estados do Amazonas e Mato Grosso. Dados citogenéticos e moleculares como caracterização do número diploide, diferentes padrões de bandamento C e análises de sequências mitocondriais tem ajudado a discriminar e isolar as populações de Ancistrus da bacia do rio Paraguai, porém as relações entre as espécies do gênero nesta região ainda permanecem obscuras. A ferramenta de DNA BARCODE com o gene mitocondrial Citocromo Oxidase subunidade I (COI) tem se mostrado importante como um sistema global de identificação para plantas e animais e vem sendo amplamente utilizada em estudos de identificação e discriminação de espécies crípticas. Essas sequências são interpretadas como um código de barras (barcode), de modo que as espécies são discriminadas por uma sequência particular ou por um conjunto de sequências muito similares. Nesse sentido o presente trabalho teve como objetivo estudar populações e espécies do gênero Ancistrus utilizando o sistema DNA BARCODE também levando em consideração os dados citogenéticos já descritos para estas populações. Foram analisadas 15 populações de Ancistrus distribuídas em 15 localidades ao longo da Bacia do Paraguai, relacionando esses resultados com dados citogenéticos já existentes na literatura. Foi obtido um total de 70 sequências do gene COI, as quais foram editadas no programa Bioedit. As análises de distância e a topologia foram conduzidas no programa MEGA 5.0. O sequenciamento gerou um total de 646 pares de bases, dos quais 433 são conservados e 213 são variáveis, sendo a composição média de nucleotídeos obtida de 30,4 (T), 25,2 (C), 26,6 (A) e 17,8 (G). Na topologia gerada pelo método de NeighbourJoining foi possível observar 13 clados (A-M), nos quais é possível observar um claro isolamento de algumas dessas populações, de modo que esse isolamento está relacionado com a localidade e com o cariótipo. As distâncias genéticas entre os clados apresentaram valores sempre maiores do que 7%, o que é indício de que cada clado poderia representar uma espécie diferente. Estes resultados mostram a eficiência da técnica de DNA BARCODE e dos dados citogenéticos para a discriminação das espécies de Ancistrus desta região, e também apontam um forte isolamento geográfico desse grupo na região da Bacia do rio Paraguai. Órgãos financiadores: FAPESP (2013/17826-9) 81 (Nº 004) ANÁLISE DO TRANSCRIPTOMA DE CÉLULAS DA PELE DE Pimelodella avanhandavae (TELEOSTEI: HEPTAPTERIDAE): GENES RELACIONADOS À COLORAÇÃO CORPORAL Viviani França de Sene1, Riviane Garcez da Silva1, Martin Ian Taylor2, Fausto Foresti1, Claudio Oliveira1 Laboratório de Biologia e Genética de Peixes – Instítuto de Biociências de Botucatu – UNESP, Brasil 1 2 School of Biological Sciences, University of East Anglia, Norwich, England Os padrões de coloração têm sido interpretados como resultado do processo evolutivo. Esses genes desempenham um papel central na origem e manutenção de fenótipos específicos durante o desenvolvimento dos organismos. O objetivo deste estudo foi analisar o transcriptoma de células epiteliais de Pimelodella avanhandavae, buscando identificar os genes relacionados ao padrão de coloração nesta espécie de peixe. Foi extraído o RNA total de tecido epitelial de um espécime adulto e utilizado para construir uma biblioteca de cDNA que foi sequenciado em um sequenciador Ilumina HiSeq. Foram obtidos cerca de 34 milhões de sequências que foram utilizadas na construção de contigs e comparados com 89 genes associados com pigmentação em Danio rerio (zebrafish). No final foram identificados 43 genes associados com a pigmentação em P. avanhandavae, com semelhanças entre 44,7-94,3% com os genes de zebrafish. Foi também encontrada grande similaridade com os genes de mielina, proteína premelanosome, proteína dystrobrevin entre outros, todos eles diretamente relacionadas com a formação de pigmentação. A comparação desses dados com os de outras espécies da mesma família e famílias relacionadas permitirá compreender a importância e o papel desses genes na determinação do padrão de coloração em peixes. Órgãos financiadores: CNPq, FAPESP, CAPES. 82 (Nº 005) VARIABILIDADE GENÉTICA DO PIRARUCU (Arapaima gigas) EM PISCICULTURAS DA REGIÃO CENTRAL DO ESTADO DE RONDÔNIA, USANDO MARCADORES STR Thalitta Silva Cota¹, Andonai Krauze de França², Valdineia de Oliveira Rocha¹, Jucilene Cavali¹, Marlos Oliveira Porto¹ & Bruna Rafaela Caetano Nunes Pazdiora¹ 1.Universidade Federal de Rondônia, Campus de Presidente Médici, RO; 2. Universidade Federal de Rondônia, Campus de Porto Velho, RO O pirarucu (Arapaima gigas), espécie nativa da Bacia Amazônica, é considerada a mais promissora para o desenvolvimento da criação de peixes em regime intensivo nesta região. Entretanto, faltam estudos sobre a espécie que fundamentem um programa de melhoramento genético eficiente, o que pode garantir sua sobrevivência a médio e longo prazo. Para tanto, objetivou-se analisar o grau de variabilidade genética intrapopulacional do pirarucu em pisciculturas localizadas na região central do Estado de Rondônia. Foram coletadas72 amostras de nadadeira caudal de pirarucu em pisciculturas que comercializam alevinos na região. Foram analisados polimorfismos microssatélites tipo STRs, em cinco loci (AgCAm2 AgCTm3, AgCTm5, AgCAm13 e AgCAm26). O DNA foi extraído usando-se o protocolo do kit extração e purificação comercial e quantificado por fluorometria. A genotipagem foi feita por PCR. A visualização dos fragmentos amplificados foi feita em gel de poliacrilamida corado com nitrato de prata a 10%. Os cálculos das frequências gênicas e a aderência ao Equilíbrio de Hardy-Weinberg (EHW) foram feitos com o uso dos programas GENEPOP. Foram identificados 21 alelos, sendo que a variabilidade mínima detectada foi de dois alelos no locus AgCAm26 e máxima de seis no locus AgCAm13. As frequências alélicas observadas foram menores que às encontradas em estudos com espécimes nativas. A estimativa de valores p, pelo método de cadeia de Markov, com base as frequências genotípicas, revelaram desvios significativos em nível de 5% nos loci AgCAm2, AgCTm3 e AgCAm13 (p=0,0000 e desvio padrão ± 0,0000), os demais estão de acordo com H-W. Quando aplicados testes mais sensíveis para se verificar a deficiência (HD) e/ou excesso (HE) de heterozigotos, observa-se uma deficiência de heterozigotos nos loci AgCTm3 e AgCAm13. Tal deficiência de heterozigotos é a provável razão do desvio em relação às proporções esperadas sob equilíbrio de Hardy-Weinberg. Já em relação ao locus AgCAm2, o desvio previamente observado não se confirmou. Desvios do equilíbrio de Hardy-Weinberg podem ser ocasionados pelo não cumprimento de diversas premissas estabelecidas pelo modelo, entre elas estratificações populacionais, tamanho amostral, acasalamento não aleatório, deriva genética, seleção ou endogamia. Com base nos dados analisados, sugerese que os desvios encontrados na amostra populacional estudada foram influenciados pelo tamanho amostral e dada a história de formação dos plantéis de pirarucus para cultivo no estado de Rondônia, provavelmente seleção e endogamia estão fortemente influenciando a não aderência ao equilíbrio de Hardy-Weinberg. Órgão financiador: PROPesq/ UNIR/ CNPq. 83 (Nº 006) ISOLATION-BY-TIME EM POPULAÇÕES DE Salminus brasiliensis Cuvier 1816 Josiane Ribolli123, Evoy Zaniboni-Filho2, Patricia D. de Freitas3, Pedro M. Galetti Jr.3 1 Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Recursos Naturais. Universidade Federal de São Carlos, São Carlos – SP. 2 Laboratório de Biologia e Cultivo de Peixes de Água Doce, Departamento de Aquicultura, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis- SC. 3 Laboratório de Biodiversidade Molecular e Conservação, Departamento de Genética e Evolução, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos- SP. Isolamento por distância é reconhecido como um modelo para descrever a distribuição espacial das frequências dos genes na maioria das espécies. No entanto, outros modos de estruturação podem ocorrer a partir de vários períodos de tempo discretos. O dourado, Salminus brasiliensis está distribuído em diversas bacias hidrográficas da América do Sul, é uma espécie topo de cadeia com grande importância ecológica, econômica e social. Frente à necessidade de conservação biológica e a carência de informações sobre o modo de estruturação das espécies de peixes migradores neotropicais, o objetivo do presente estudo foi investigar a estrutura genética durante o período reprodutivo de S. brasiliensis, em três pontos amostrais na região do Alto e Médio rio Uruguai. Indivíduos adultos foram amostrados nos meses de Outubro/10, Novembro/10, Dezembro/10, Janeiro/10 e Fevereiro/10. 321 espécimes foram analisados através de 11 locos polimórficos de microssatélites. A análise Bayesiana obtida pelo programa Structure e os valores de FST gerados pelo software Arlequin identificaram quatro populações estruturadas temporalmente (1 - Outubro/10; 2 - Novembro e Dezembro/10; 3 - Janeiro/11; 4 Fevereiro/11), e ausência de diferenciação espacial. O modelo de estruturação “isolationby-time” identificado no presente estudo parece estar associado com aspectos evolutivos e a estratégias reprodutivas de S. brasiliensis. Nossos resultados auxiliam a compreensão da organização genética de populações S. brasiliensis durante a estação reprodutiva, fornecendo subsídios para a gestão dessa espécie. Órgão Financiador: Capes, CNPq, Fapesp, Sisbiota. 84 (Nº 007) UNIDADES GENÉTICAS DE JUNDIÁ (Rhamdia quelen) DA REGIÃO NEOTROPICAL IDENTIFICADAS POR MEIO DO DNA BARCODE Josiane Ribolli1, Bianca M. Scaranto1, Giuliano Maia Huergo1, Evoy Zaniboni Filho1 1. Universidade Federal de Santa Catarina, Laboratório de Biologia e Cultivo de Peixes de Água Doce, Florianópolis-SC. O Jundiá Rhamdia quelen apresenta ampla distribuição geográfica nos mais diversos ambientes aquáticos de água doce Sul brasileiras, o que juntamente com sua semelhança morfológica, introduz uma incerteza taxonômica do gênero. O DNA barcode tem sido usado como um sistema global de identificação, através da amplificação de um segmento do gene mitocondrial Citocromo Oxidase subunidade I (COI). O presente trabalho teve como objetivo analisar indivíduos de R. quelen de diferentes regiões através do uso do DNA Barcode. Foram analisados quatro indivíduos da Lagoa do Peri, Florianópolis-SC (LP); cinco do Alto rio Uruguai (ARU) e 29 sequências do Médio rio Uruguai (MRU). Também utilizamos sequências obtidas no BOLD (http://www.boldsystems.org): seis indivíduos da Bacia do rio São Francisco (BSF); cinco da Bacia do rio Paraíba do Sul (BPS); três da Bacia do Alto rio Paraná (BAP); seis do pampa Argentino (PA). Nove sequências de R. guatemalensis e uma de Rhamdella sp. foram utilizados como grupo externo. As análises das sequencias foram feitas através do método de Neighbor-Joining e Máxima Verossimilhança, com 10.000 réplicas, no programa MEGA 6.06. A distância média entre R. quelen e R. guatemalensis foi de 9,4%. Os resultados sugerem a existência de dois principais grupos de R. quelen: um formado por indivíduos oriundos da região que sofreu incursões marinhas a aproximadamente 5-4 milhões de anos (LP, BPS e PA), e outro grupo formado por indivíduos oriundos da região dos escudos e maciços (ARU, MRU, BSF e BAP), com divergência genética de 3,4% entre eles. As divergências médias entre os indivíduos da região dos Escudos Maciços foi 1,1%, e de 0,3% para indivíduos da região das Incursões Marinhas. As maiores diferenciações genéticas foram identificadas entre PAxMRU e PAxARU, com 4,3% de divergência. Os resultados suportam a hipótese da existência de diferentes unidades genéticas, que muito provavelmente se diferenciaram pelas incursões marinhas que ocorreram durante o período do mioceno (há 5 a 4,2 milhões de anos), onde as variações do nível do mar promoveram barreiras físicas de distribuição da fauna na América do Sul. Órgão Financiador: CNPq, CAPES. 85 (Nº 008) CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA POR MEIO DO DNA BARCODE DO JUNDIÁ Rhamdia quelen (SILURIFORMES: HEPTAPTERIDAE) COMERCIALIZADO PARA CULTIVO Bianca Maria Soares Scaranto1, Josiane Ribolli1, Giuliano Maia Huergo1 & Evoy Zaniboni Filho1 1.Universidade Federal de Santa Catarina, Laboratório de Biologia e Cultivo de Peixes de Água Doce, Florianópolis-SC. O gênero Rhamdia é composto por espécies morfologicamente semelhantes, com ampla distribuição geográfica e presença em várias bacias hidrográficas. O jundiá R. quelen destaca-se entre elas, por ser uma espécie de grande importância para a piscicultura do Sul do Brasil. Contudo, existe uma incerteza da identificação taxonômica da espécie, cuja comercialização é feita normalmente com base no nome vulgar de jundiá. O DNA barcode é uma técnica importante que possibilita a identificação precisa e pratica de amostras, se aplica na caracterização de juvenis de peixes comercializados. A identificação genética do jundiá é de grande importância para a conservação dos estoques naturais, evitando a utilização de possíveis híbridos na formação de estoques genéticos, além de possibilitar que o conhecimento prático e científico para a criação do jundiá esteja concentrado em uma única espécie. Adicionalmente, ao identificar distintas unidades genéticas, pode-se comparar o desempenho zootécnico dessas diferentes unidades. O presente trabalho teve como objetivo utilizar o gene Mitocondrial Citocromo Oxidase I (COI) para identificação de possíveis unidades genéticas de jundiá comercializadas em algumas pisciculturas nos estados de Santa Catarina (SC) e Paraná (PR). Para acessar a diversidade genética dos jundiás comercializados nestes estados, realizou-se o sequenciamento do fragmento COI de 20 indivíduos agrupados em três grupos: Comercial 1-SC (C1SC), (n=5), Comercial 2-SC (C2SC), (n=7) e Comercial 3-PR (C3PR), (n=8). Estimou-se as distâncias genéticas par-a-par com 10.000 réplicas (MEGA 6.06, K2P), das sequências obtidas neste estudo e sequências obtidas no GenBank: uma de R. guatemalensis (RG), uma de Rhamdella sp. (RD). As distâncias genéticas médias entre os grupos foram: C1SCxC3PR= 2,4%; C2SCxC3PR= 2,4%; C1SCxRG e C2SCxRG= 9,4%; C3PRxRG= 10,1%. Dentro dos grupos comercializados, a maior diferenciação foi de 4,7% (C3PR). Os resultados revelaram grande diferenciação entre os indivíduos comercializados, sendo fundamentais os esforços para definir e separar as diferentes unidades genéticas, tanto sob o aspecto da piscicultura quanto conservacionista. Órgão financiador: CNPq, CAPES. 86 (Nº 009) ANÁLISE DE DIVERSIDADE GENÉTICA E ESTRUTURA POPULACIONAL DE JUNDIÁS COMERCIALIZADOS E AMBIENTE NATURAL Bianca Maria Soares Scaranto1, Josiane Ribolli1, Jaiane da Silveira1, Giuliano Maia Huergo1 & Evoy Zaniboni Filho1 1 Universidade Federal de Santa Catarina, Laboratório de Biologia e Cultivo de Peixes de Água Doce, Florianópolis-SC. O gênero Rhamdia é um grupo com grande diversidade, onde a grande maioria das espécies é conhecida popularmente como jundiá. Dentre elas, destaca-se a espécie Rhamdia quelen que é amplamente distribuída na América do Sul e apresenta importância ecológica e relevância na piscicultura de água doce da região Sul do Brasil. O objetivo do presente trabalho foi analisar a diversidade e a estrutura genética de jundiás de cultivo e ambiente natural. As análises foram realizadas com sete lócus de microssatélites espécieespecíficos (Rhq2, Rhq7, Rhq13, Rhq15, Rhq20, Rhq26 e Rhq28), em 23 indivíduos distribuídos em quatro grupos amostrais: seis indivíduos de cultivo comercial de Santa Catarina (CSC), dez indivíduos selvagens do rio Uruguai (SRU), quatro indivíduos selvagens da Lagoa do Peri (SLP), e três indivíduos selvagens de um tributário rio Iguaçu (SRI). O DNA foi extraído através de protocolo salino e amplificado via PCR. A genotipagem foi realizada em sequenciador automático ABI e as análises estatísticas foram realizadas utilizando os programas GeneAlex, Arlequin e Genetix. Todos os locos foram polimórficos, com número de alelos variando de quatro a 10. A heterozigosidade esperada variou de 0,585 a 0,846 (SPL e SRU, respectivamente) e a heterozigosidade observada variou de 0,643 a 0,905 (SLP e CSC, respectivamente). A AMOVA revelou que 11,77% da variação genética total correspondem à variação entre os grupos amostrais, e 88,22% à variação dentro deles. A estruturação genética par-a-par foi significativa entre todos os grupos amostrais analisados. Os valores de Fst foram 7% (SRUxCSC, p=0,000; SRUxSRI, p=0,017), 12% (CSCxSRI, p=0,012), 15% (SRUxSLP, p=0,000), 18% (CSCxSLP, p= 0,004) e 21% (SLPxSRI, p=0,029). Esses resultados indicam diferenciação genética moderada e alta entre os grupos amostrais analisados. A análise de correspondência fatorial (FCA) corrobora com os resultados de Fst, revelando clara separação entre os grupos amostrais de jundiá analisadas. Os resultados também sugerem que novas investigações devem ser realizadas, ampliando o número de indivíduos e as regiões amostrais, além do incremento de marcadores moleculares, visando o entendimento da diversidade e distribuição R. quelen dos estoques naturais e comercializados. Órgão financiador: CNPq, CAPES, FAPESC. 87 (Nº 0 10) “BARCODING” DE PEIXES DO GÊNERO Hypancistrus (SILURIFORMES, LORICARIIDAE) Suellen Maria Gales Serrão¹, Hagi Lopescu Silva Carvalho¹, Renata Coelho Rodrigues Noronha¹, Wilsea Maria Batista de Figueiredo-Ready¹ & Jonathan Stuart Ready¹ 1. Universidade Federal do Pará, Instituto de Ciências Biológicas, Campo Belém, PA As espécies do gênero Hypancistrus (Loricariidae, Ancistrini) são popularmente conhecidas como “acaris” e possuem grande importância no comércio aquariofilista, com uma distribuição restringida a América do Sul, Panamá e Costa Rica, sendo a Amazônia uma das maiores exportadoras desses peixes ornamentais. A taxonomia do gênero Hypancistrus é confusa devido a semelhança morfológica entre as espécies; além dos estudos genéticos serem escassos, há muitas espécies sem descrição. O gênero possui apenas 5 espécies descritas, dentre elas Hypancistrus sp. “pão” e Hypancistrus zebra. Este estudo tem como objetivo conhecer e avaliar a diversidade molecular do gênero Hypancistrus (Siluriformes: Loricariidae) em razão de sua importância no mercado de peixes ornamentais, diferença no código “L” de identificação do mercado aquarístico de espécimes morfologicamente parecidos, variações em análises citogenéticas e a falta de pesquisas relacionadas. Com uma amostragem de 40 indivíduos e o uso do sistema de código de barras de DNA que usa o gene COI (citocromo oxidase subunidade I) como universal para discriminação das espécies, conseguimos sugerir uma filogenia de agrupamento de vizinhos das amostras de Hypancistrus sp. “pão” e Hypancistrus zebra com base nas sequências obtidas e informações do banco de dados do barcode, o BOLD. Observamos que essas duas espécies forma um grupo monofilético, mas não foi possível determinar se os Hypancistrus sp. “pão” que possuem diferenças cariotípicas e códigos “L” são duas espécies distintas. Embora isso possa significar uma especiação recente ou uma taxa de mutação lenta da COI nesse grupo, mais análises devem ser feitas utilizando outros genes mitocôndrias ou nucleares para verificar possíveis alterações moleculares. Órgão financiador: FAPESPA 88 (Nº 011) ECOLOGICAL OPPORTUNITY AND ADAPTIVE RADIATION IN THE SUCKERMOUTH ARMORED CATFISH GENUS HYPOSTOMUS (SILURIFORMES: HYPOSTOMINAE) Gabriel de Souza da Costa e Silva¹, Fabio Fernandes Roxo¹, Nathan Lujan², Victor Alberto Tagliacollo³, Claudio Henrique Zawadzki & Claudio Oliveira¹ 1. Laboratório de Biologia e Genética de Peixes, Departamento de Morfologia, IB–UNESP, Campus de Botucatu, Botucatu, São Paulo State, Brazil ;2. Center for Systematic Biology and Evolution, Academy of Natural Sciences of Drexel University, Philadelphia, Pennsylvania, USA;3. Department of Biology, University of Louisiana at Lafayette, Lafayette, Los Angeles, USA; 4.Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Biologia, Núcleo de Pesquisas em Limnologia, Ictiologia e Aquicultura (Nupélia), Maringá, Paraná State, Brazil. A central aim of evolutionary biology is to understand why species richness and phenotypic diversity are unevenly distributed across the tree of life. Ecological opportunity is frequently proposed as a driver of accelerated diversification, but evidence has been largely derived from either contemporary island radiations or the fossil record. Here, we investigate the influence of ecological opportunity on a trans-continental radiation of South American freshwater fishes. We generate a species-dense, timecalibrated, molecular phylogeny for the suckermouth armored catfish subfamily Hypostominae, with a focus on the species rich and geographically widespread genus Hypostomus. We use the resulting chronogram to estimate ancestral geographic ranges, infer historical rates of cladogenesis and diversification in body size and shape and habitat, and test the hypothesis that ecological opportunity accelerated evolutionary evolution and contributed to adaptive radiation. Both the subfamily Hypostominae and the included genus Hypostomus originated in the Amazon/Orinoco Basin. Hypostomus subsequently dispersed throughout tropical South America east of the Andes Mountains. Consequent to invasion of the geographically remote, low-diversity Paraná River basin in southeastern Brazil approximately 12.5 Mya, Paraná lineages of Hypostomus experienced increased rates of diversification of species, body size and shape, and habitat. Contemporary lineages of Paraná Hypostomus are much more morphologically diverse and colorful than their congeners elsewhere. Increased speciation and morphological diversification rates within a Paraná basin Hypostomus are consistent with adaptive radiation. The geographical remoteness of the Paraná River basin, its recent history of marine incursion, and its continuing absence of many species that are widespread in other tropical South American rivers suggest that ecological opportunity played an important role in facilitating the observed accelerations in diversification. Órgão financiador: FAPESP 89 (Nº 012) DESCRIPTION OF A NEW CATFISH GENUS (SILURIFORMES: LORICARIIDAE) FROM THE RIO TOCANTINS IN CENTRAL BRASIL WITH COMMENTS ON ITS HISTORICAL BIOGEOGRAPHY Gabriel de Souza da Costa e Silva¹, Fabio Fernandes Roxo¹, Luz Eneida Ochoa¹ & Claudio Oliveira¹ 1. Laboratório de Biologia e Genética de Peixes, Departamento de Morfologia, IB–UNESP, Campus de Botucatu, Botucatu, São Paulo State, Brazil. This present study deals with the description of a new genus of the subfamily Neoplecostominae from the rio Tocantins basin. It can be distinguished from its congeners by having three hypertrophied bicuspid-shaped odontodes on the lateral portion of the body (character apparently present in mature males), a large area without odontodes around the snout, the presence of a postdorsal ridge on caudal peduncle, by absence of abdomen plates, the tooth series in dentary and premaxilla straight, absence of hypertrophied odontodes on the lateral margins of the head in nuptial males, absence of conspicuous series of enlarged papillae just posterior to the dentary teeth and a caudal peduncle ellipsoid in cross section. Furthermore, we used maximum likelihood and Bayesian methods to estimate a time-calibrated tree with 116 loricariid species from previously publish data, using one nuclear and three mitochondrial genes, and used parametric biogeographic analyses (DEC and DECj models) to estimate the ancestral geographic ranges and to infer the colonization routs of the new genus and the members of the subfamily Neoplecostominae through the rio Tocantins and through hydrographic systems of southeastern Brazil. Our phylogenetic results suggested that the new genus and species is sister group of all other members of Neoplecostominae and it has been originated during the Eocene at 47.5 Mya (32.7–64.5 Mya 95% HPD). The present distribution of the new genus and other members of Neoplecostominae is possibly a result of historical connection between adjacent drainages of rio Paraguay, rio Paraná and the Amazonian basins, mainly as a result of headwater captures. Órgão financiador: FAPESP 90 (Nº 013) CORRELAÇÃO ENTRE O TESTE DE MICRONÚCLEO E O PESOCOMPRIMENTO PARA MONITORAMENTO DO BEM ESTAR ANIMAL EM CRIAÇÃO SEMI-INTENSIVA DE TAMBAQUI Fabiano Moreira Figueiredo¹, Mikelle Perboni Gutierrez ¹, Geovanna Lemos Lima¹, Valdeir Teodoro de Farias Santos¹, Rute Bianchini Pontuschka¹ & Fernanda Bay Hurtado¹ 1. Universidade Federal de Rondônia – Departamento de Engenharia de Pesca, Campus de Presidente Médici, RO O teste de micronúcleo em peixes é um bioindicador de ambientes aquáticos e possibilita a detecção de efeitos genotóxicos provocados por vários agentes químicos e físicos, podendo ser utilizado para avaliação das condições ambientais e bem estar animal. Esta pesquisa objetivou identificar anomalias celulares em eritrócitos periféricos de tambaqui (Colossoma macropomum, Cuvier, 1818) em cultivo semi-intensivo por meio do teste de micronúcleo e realizar a correlação com o fator peso-comprimento. Foram coletadas amostras de sangue periférico de tambaquis, em quatro pisciculturas localizadas na área rural do município de Presidente Médici – RO, através de punção do vaso caudal e também foram realizadas suas biometrias. Em cada piscicultura foram utilizados indivíduos (peixes) de dois tanques e em cada tanque foram amostrados 20 indivíduos. Em todas as propriedades durante o ciclo de cultivo os peixes foram alimentados com ração comercial 28 % de proteína bruta, e permaneceram em jejum 24 horas antes da coleta de sangue, a qual antecedeu a despesca total dos tanques para sua posterior comercialização. Foram confeccionadas três extensões sanguíneas por indivíduo e foram analisadas 1.000 células por lâmina, totalizando 3.000 células por indivíduo. Os dados foram analisados estatisticamente pelo teste Tukey (α = 0,05) e análise de variância com um critério (ANOVA-ONE WAY) e a relação peso- comprimento através do Modelo Clássico de Freundlich pelo programa Originpro versão 8.0 (Origin Lab). Com relação à incidência média de micronúcleos a piscicultura que apresentou a maior frequência foi a P3 com média de 25,58 ± 3,59 e a piscicultura P1 a menor frequência com média 4,87 ± 4,77. A relação peso-comprimento mostrou que os peixes não estavam em estado de bemestar animal, com exceção da P1, pois as pisciculturas P2, P3 e P4 apresentaram b < 3. Verificou-se que a frequência média de micronúcleos em eritrócitos periféricos foi significativamente maior nos peixes das pisciculturas P2 (12,87 ± 3,59), P3 (25,58 ±12,63) e P4 (11,63 ± 8,52) o que coincidiu com o fator peso-comprimento b < 3 (alométrico negativo). A partir destes resultados, pode-se concluir que a alta frequência de micronúcleos nos peixes das pisciculturas P2, P3 e P4 o teste de micronúcleo e a relação peso-comprimento apresentaram correlação, o que pode ser útil para o monitoramento do bem estar animal assim como do biomonitoramento de ambientes contaminados. Órgão financiador: PROPesq/UNIR e CNPq 91 (Nº 014) ANÁLISES CITOGENÉTICAS E DE DNA BARCODE DE Hemiodontichthys acipenserinus (SILURIFORMIS; LORICARIIDAE; LORICARIINAE) REVELAM A EXISTÊNCIA DE UM GRANDE COMPLEXO DE ESPÉCIES. Guilherme José da Costa Silva1, Ricardo Utsunomia1, Cristiane Kioko Shimabukuro-Dias1, Renato Devidé1, Fausto Foresti1, Claudio Oliveira1, Margarida Lima Carvalho2. 1. Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho” UNESP Instituto de Biociências de Botucatu-SP, Laboratório de Biologia e Genética de Peixes – LBP 2. Universidade Federal do Acre UFAC Laboratório de Citogenética e Genética Molecular LABGENE. Com o avanço das técnicas citogenéticas e moleculares e a associação destes dados à sistemática e taxonomia há uma tendência mundial em analisar populações naturais sob diferentes perspectivas. Neste contexto, o presente trabalho visou avaliar a variação genética entre duas populações do gênero monotípico Hemiodontichthys Bleeker, 1862, apresentando uma análise integrada de dados citogenéticos (clássicos e moleculares) e do DNA Barcode da bacia do rio Purus no estado do Acre. Para isso, populações de H. acipenserinus do igarapé Iquiri e do igarapé São Francisco foram analisadas. Para realizarmos comparações mais abrangentes foram adicionadas às análises sequencias do gene COI de populações de H. acipenserinus do rio Araguaia, rio Guamá e rio Madeira, além de diferentes espécies e populações de outros 13 gêneros de Loricariinae distribuídos por quase toda região Neotropical, o que totalizou uma matriz com 307 indivíduos e 560 caracteres. Os resultados obtidos revelam que a população do igarapé Iquiri apresenta um número diploide cromossômico de 2n=58 e ausência de marcações intersticiais pela sonda telomérica, enquanto a população do igarapé São Francisco apresentou 2n=46 e 4 pares cromossômicos com marcações intersticiais teloméricas (ITS), sendo que 2 deles apresentaram ITS duplas, indicando a ocorrência de fusões cromossômicas recentes. Além disso, ao realizarmos análises de GMYC da matriz do gene COI, pudemos notar que a variação genética entre as populações (2.7 - 6.2% de distância-K2P) é superior à encontrada entre espécies distintas de outros gêneros da subfamília, o que sugere a existência de prováveis quatro espécies crípticas: 1) rio Madeira (localidade tipo), 2) rios Araguaia e Guamá, 3) Igarapés Iquirí e São Francisco, 4) aparentemente exclusiva do igarapé São Francisco. A identificação de indivíduos de dois desses grupos no Igarapé São Francisco reforça a hipótese de existência de espécies crípticas, uma vez que não havendo isolamento geográfico entre os haplogrupos, seria necessário um isolamento reprodutivo entre os mesmos para que não houvesse miscigenação e consequentemente homogeneização genética. A observação de simpatria entre espécies crípticas acarreta uma série de questões taxonômicas, pois aumenta a amplitude de variação morfológica das populações o que inviabiliza ou dificulta a distinção de grupos morfológicos. Este parece ser o caso em H. acipenserinus, visto que alguns autores já acreditavam na existência de subespécies no grupo devido à grande variação morfológica. A identificação de um grande complexo de espécies no gênero, juntamente com a constatação de simpatria entre as espécies crípticas, abre perspectivas para uma extensiva revisão taxonômica do grupo com a participação indispensável de analises filogeográficas. Órgão financiador: CNPq, FAPESP, UFAC 92 (Nº 015) VARIAÇÃO GENÉTICA EM Schizolecis guntheri (SILURIFORMES: LORICARIIDAE) REVELA A EXISTÊNCIA DE PROVÁVEL COMPLEXO DE ESPÉCIES. Guilherme José da Costa Silva, Camila da Silva Sousa, Claudio Oliveira Instituto de Biociências, Unesp, Botucatu, SP O gênero Schizolecis, membro da família Loricariidae, é representado por uma única espécie Schizolecis guntheri. Esta encontra-se distribuída em diferentes bacias hidrográficas costeiras independentes desde o norte do estado de Santa Catarina até o norte do Rio de Janeiro. Estudos evidenciam que espécies encontradas em bacias hidrográficas isoladas tendem a se diferenciar ao longo do tempo, devido à ausência do fluxo gênico e diante disto, o trabalho teve como objetivo testar, através de identificação molecular, a hipótese de que Schizolecis guntheri representa uma única unidade evolutiva ou compreende um complexo de espécies crípticas. Para isso foram analisados sequencias do gene mitocondrial COI de 101 exemplares de Schizolecis guntheri provenientes de diferentes regiões desde as bacias do Paraíba do Sul no estado do Rio de Janeiro até os rios litorâneos de Santa Catarina, assim como 345 sequencias de outros membros da família Loricariidae. As sequencias foram editadas e alinhadas, obtendo-se uma matriz com 848 caracteres, com essa matriz realizamos a análise com o modelo de General Mixed Yule Coalescent (GMYC), possibilitando estimar um limite de variação interintraespecífica para a delimitação de espécie. Foram identificadas 67 entidades, sendo quatro identificadas dentro de S. guntheri (G1- Rios costeiros do Paraná e Santa Catarina; G2- Rios costeiros do sul do Rio de Janeiro, G3- Rios costeiros do estado de São Paulo, G4- Paraíba do Sul/Litoral Norte do RJ). Onde os grupos apresentaram divergência genética entre 2,1% e 12,3% e variação interna de 0% a 2,1%, evidenciando a alta diferenciação genética entre as entidades. O estudo então demonstra que S. guntheri é provavelmente um complexo de espécies, e que as espécies crípticas que a constituem não se sobrepõem quanto às distribuições. Dessa forma toda essa diversificação pode ser fruto de eventos vicariantes oriundos tanto de eventos geológicos como paleo-climáticos. Análises de relógio molecular que se seguirão poderão identificar o período de tempo em que ocorreu a diversificação entre e dentro dos grupos e com isso poderemos identificar suas possíveis causas. Órgãos financiadores: FAPESP e CNPq. 93 (Nº 016) DIVERSIDADE GENÉTICA E ESTRUTURA POPULACIONAL DE SALMINUS FRANCISCANUS NOS SEGMENTOS ALTO E MÉDIO DA BACIA DO RIO SÃO FRANCISCO REVELAM AMEAÇA OCULTA Sarah Garcez Biondo¹, Daniel Cardoso de Carvalho¹; Naiara Guimarães Sales² & Fábio Pereira Arantes¹. ¹Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais; 2. University of Salford. O dourado, Salminus franciscanus (LIMA & BRITSKI, 2007), é uma espécie de hábitos migratórios endêmica da bacia hidrográfica do rio São Francisco. Possui grande importância ecológica por ser um predador de topo de cadeia e econômica por ser o principal alvo da pesca esportiva. O presente estudo analisou a diversidade genética e estrutura populacional de Salminus franciscanus de algumas localidades dos segmentos alto e médio da bacia do rio São Francisco. Utilizamos a região controle do DNA mitocondrial para avaliar a diversidade genética e estrutura populacional entre alto (n=32) e médio (n=15) São Francisco e entre montante (n=14) e jusante (n=33) da represa de Três Marias. Haplótipos da região controle muito divergentes foram detectados entre espécimes identificadas morfologicamente como Salminus franciscanus, portanto, através da metodologia DNA barcoding (gene COI), realizamos a identificação molecular dos mesmos. No total, foram verificados dezenove haplótipos e os valores de diversidade haplotípica (Hd) e nucleotídica (Pi) foram de Hd=0,90524 e Pi=0,00617 para o segmento alto da bacia e Hd=0,88571 e Pi=0,00622 para o segmento médio. Em relação à barragem da usina hidrelétrica de Três Marias, os valores foram de Hd=0,95604 e Pi= 0,00620 para o trecho a justante e Hd=0,90720 e Pi= 0,00658 para o trecho a montante. A análise de estrutura populacional baseada no índice de fixação (Fst) evidenciou valores baixos e não significativos, indicando ausência de estruturação entre alto e médio São Francisco e entre jusante e montante da barragem de Três Marias. Além disso, as análises por DNA barcoding dos indivíduos identificados morfologicamente como Salminus franciscanus, mas com haplótipos da região controle muito divergentes, identificaram a ocorrência de Salminus brasiliensis (CUVIER, 1816) na região do rio Abaeté. A introdução desta espécie de dourado, proveniente da bacia do rio Paraná, representa uma ameaça oculta para a espécie endêmica da bacia do rio São Francisco devido à possibilidade de hibridização. Apesar das regiões do alto e médio São Francisco estarem atualmente impactadas por fragmentação de habitat, poluição e sobrepesca, o dourado Salminus franciscanus ainda apresenta elevada diversidade genética. Isso indica que a espécie mantém potencial evolutivo também nos dois trechos relacionados à represa de Três Marias e a elevada diversidade genética a montante pode ser resultado dos constantes repovoamentos realizados para a espécie nesta região. Órgão financiador: PIBIC/CNPq, concedida por FIP PUC Minas. 94 (Nº 017) BACIA TURVO-GRANDE: UMA IMPORTANTE ÁREA PARA CONSERVAÇÃO DA ESPÉCIE Leporinus friderici Bloch 1794 (ANOSTOMIDAE) Rosane Silva dos Santos¹ & Patrícia Domingues de Freitas¹ ¹ Universidade Federal de São Carlos, Departamento de Genética e Evolução, Laboratório de Biodiversidade Molecular e Conservação, São Carlos, SP A Unidade de gerenciamento de recursos hídricos Turvo-Grande, presente no estado de São Paulo, bacia do alto rio Paraná, abriga uma grande diversidade de espécies de peixes. O rio Turvo, ao longo de seus 267 Km de extensão, recebe quatro principais afluentes e sofre intensa pressão antrópica em seu entorno. A atividade pesqueira, o desmatamento da mata ciliar e a poluição por esgotos domésticos são alguns dos fatores que podem levar a perda da biodiversidade ictiofaunística na região. Além desses, a presença de barramentos em cascata ao longo do rio Grande (foz do rio Turvo) pode promover alterações na estrutura genética de espécies migradoras que necessitam deslocar-se por grandes áreas para se reproduzirem com sucesso. Leporinus friderici é uma das espécies de peixes migradores encontrada na bacia Turvo-Grande. Trata-se de um migrador de médias distâncias com importância econômica como recurso pesqueiro e alimentar. O presente trabalho objetivou analisar a diversidade genética de L. friderici da bacia TurvoGrande utilizando o marcador mitocondrial D-loop. Trinta indivíduos foram coletados em três pontos ao longo da bacia, distantes entre si por mais de 80km. Fragmentos de 1046 pb da região controle foram sequenciados e analisados. O número de sítios polimórficos e de haplótipos e os níveis de diversidade nucleotídica e haplotípica foram determinados usando-se o software DnaSP. A análise de estruturação populacional foi feita a partir da determinação do Fst pelo programa Arlequin. Um total de 28 sítios polimórficos e 18 haplótipos foi identificado. O número médio de diferenças nucleotídicas (K) foi 3,79, a diversidade haplotípica (Hd) foi 0,95 e a diversidade nucleotídica (𝜋) foi 0,00362. Os valores de Fst não foram significativos para nenhuma combinação entre todos pontos de coleta, os quais mostraram compartilhamento de haplótipos. Esses resultados sugerem a existência de uma única população de L. friderici na bacia Turvo-Grande e também demonstram que essa população apresenta uma alta diversidade genética, apesar da forte interferência antrópica presente na região. Dessa forma, a bacia do Turvo-Grande se constitui numa área com condições adequadas à presença de L. friderici representando um sistema importante para a conservação e manutenção dessa espécie. Orgão financiador: CAPES 95 (Nº 018) ESTRUTURAÇÃO GENÉTICA DE Salminus brasiliensis EM TRECHO FRAGMENTADO DA BACIA DO ALTO RIO PARANÁ Danielly Veloso Blanck1, Adriana Kazue Takako2, Fernanda Simões de Almeida3, Patrícia Domingues de Freitas1 & Pedro Manoel Galetti Junior1 1 Universidade Federal de São Carlos, Departamento de Genética e Evolução, São Carlos-SP; 2Universidade Federal de Tocantins, Araguaína-TO; 3Universidade Estadual de Londrina, Departamento de Biologia Geral, Londrina-PR. A construção de usinas hidrelétricas (UHE) tem fragmentado muitos rios que eram previamente contínuos, levando à perda de populações de peixes neotropicais. A fragmentação de habitat sujeita as populações à redução do tamanho populacional e consequentemente aos efeitos mais acentuados da endogamia e deriva genética. Avaliações de diversidade e estruturação genética de populações de peixes migradores localizados à jusante e montante dos reservatórios destas usinas podem refletir seus impactos sobre os rios e as espécies. Neste trabalho, as consequências genéticas de construções hidrelétricas em um trecho da bacia do alto rio Paraná foram avaliadas em um peixe migrador, o Salminus brasiliensis. O trecho compreende a um ponto no rio Paraná (Porto Camargo-PR, Parque Nacional de Ilha Grande; denominado aqui como ponto jusante à UHE dispostas em cascata), e dois pontos no rio Paranapanema (UHE de Canoas I e Canoas II; denominado como amostragens a montante à sequência de UHE). Entre os pontos amostrados existem as UHE de Rosana, Taquaraçu e Capivara. Estrutura populacional, diversidade genética e gargalo recente foram avaliados por meio de 11 locos microssatélites. A região controle do DNA mitocondrial (d-loop) foi utilizada para testar se uma possível estruturação genética existente se devia a eventos históricos. As análises de estruturação genética (atribuição Bayesiana com software BAPS, Análise de Correspondência Fatorial e FST) a partir dos locos microssatélites indicaram a existência de dois grupos genéticos de S. brasiliensis, em que as duas populações amostrais localizadas a montante podem ser consideradas como uma população única e a população coletada a jusante no trecho, representa o outro grupo genético. Em contrapartida, a análise de estruturação com o marcador d-loop (atribuição Bayesiana com software BAPS e FST) indicou haver uma única população, levando-nos a rejeitar a hipótese de que estas populações já se encontravam estruturadas antes da construção das UHEs no trecho estudado. Desse modo, nós atribuímos a estruturação genética verificada com os marcadores microssatélites à existência da UHE de Capivara, em operação há cerca de 40 anos (∼16 gerações para a espécie em questão). Os índices de diversidade genética (riqueza alélica e heterozigosidade esperada), contudo, foram altos e não foram significativamente diferentes entre os dois grupos genéticos de S. brasiliensis. O software Bottleneck não foi capaz de identificar gargalo populacional recente, embora pesquisadores e pescadores tenham relatado não encontrar mais exemplares desta espécie na região estudada. Este estudo reforça os impactos que o represamento dos rios causa sobre espécies migradoras de peixes, em especial o S. brasiliensis. Além disso, os dados de diversidade genética podem ser usados em futuros estudos comparativos para monitoramento do status genético e de gestão das populações desta espécie. Estudos desta natureza serão fundamentais para a manutenção dessa espécie. Órgãos financiadores: CAPES, CNPq e FAPESP. 96 (Nº 019) ANÁLISE MOLECULAR DAS ESPÉCIES Rineloricaria kronei E R. langei (Siluriformes: Loricariidae) AO LONGO DA MATA ATLÂNTICA. Camila da Silva de Souza, Guilherme José da Costa Silva, Fausto Foresti, Claudio Oliveira Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho", Instituto de Biociências, Botucatu-SP O gênero Rineloricaria é um dos grupos de peixes de água doce mais complexos e diversos morfologicamente da região neotropical. As espécies desse gênero possuem adaptações morfológicas especializadas para habitats de areia como R. langei, R. cadeae e R. longicauda e de rocha R. kronei, R. nigricauda e R. Jaraguensis, entre outras espécies. Essa profunda diversificação morfológica nos leva a perguntar se ela é também acompanhada de uma grande divergência genética. Nesse sentido o presente trabalho propôs o uso da técnica de DNA barcoding, para testar essa hipótese utilizando amostras de espécies que possuem adaptações morfológicas para diferentes habitats em especial as espécies R. kronei e R. langei que possuem sobreposição quanto às suas distribuições geográficas. Foram analisadas 306 sequências do gene mitocondrial COI de exemplares do gênero de Rineloricaria sendo 14 de R. kronei e 30 de R. langei, as sequências foram editadas e alinhadas, obtendo-se uma matriz com 534 caracteres. Com essa matriz realizamos a análise de General Mixed Yule Coalescent model (GMYC), possibilitando estimar um limite de variação inter-intraespecífica para a delimitação de espécie. Foram identificadas 50 entidades, com intervalo de confiança entre 18-71, no entanto a técnica não permitiu distinguir R. langei de R. kronei pois a divergência genética encontrada dentro do grupo foi de apenas 0,1%, além disso, os morfótipos não apresentaram monofiletismo reciproco. O padrão genético encontrado em R. langei e R. kronei poderia ser resultado de uma introgressão mitocondrial, fruto de miscigenação das linhagens ou devido a uma especiação extremamente recente, seguida de rápida modificação morfológica. Para a confirmação dessas hipóteses são necessários mais estudos utilizando outros marcadores moleculares, tais como genes nucleares. Órgão financiador: Capes e CNPq 97 (Nº 020) IDENFICAÇÃO DA COMUNIDADE ICTIOPLACTÔNICA DA BACIA DO MOGI-GUAÇU UTILIZANDO UMA FERRAMENTA MOLECULAR (DNA BARCODING) Diogo Freitas-Souza¹, Érica Alves Serrano Freitas¹, Guilherme Costa Silva¹, Felipe Pontieri de Lima¹, Fausto Foresti¹, José Augusto Senhorini² & Claudio Oliveira¹ 1. Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho” – UNESP – Instituto de Biociências de Botucatu-SP, Laboratório de Biologia e Genética de Peixes – LBGP; 2. Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Aquática Continental – CEPTA, ICMBio-MMA, Pirassununga-SP O estudo da ecologia de ictioplâncton é uma das melhores ferramentas para delimitação dos períodos e das áreas de reprodução dos peixes neotropicais. No entanto, a dificuldade de identificação das larvas, até mesmo para especialistas, e o conhecimento quase nulo na identificação de ovos, geram restrições na proposição de planos de conservação e manejo de áreas críticas de espécie específicas para reprodução dos peixes. Neste sentido, o objetivo do presente estudo é delimitar os períodos e áreas críticas para a reprodução dos peixes da bacia do rio Mogi-Guaçu, utilizando a ferramenta molecular (DNA barcoding) para identificação espécie específica dos ovos e larvas de peixes. Foram realizadas duas campanhas amostrais na bacia do rio Mogi-Guaçu, a primeira na região do Parque Estadual do Jataí (PEJ) em Luis Antônio-SP, no mês de novembro/2014 e a segunda campanha na Cachoeira de Emas (CE), Pirassununga-SP, no mês de fevereiro/2015. Como resultado, foram capturados 1179 organismos, sendo 567 ovos e 128 larvas na região do PEJ, e 321 ovos e 163 larvas na região da CE, evidenciando que ambas as áreas atuam como locais de desova e de berçários naturais para peixes da bacia. Do total, até o momento, 52 ovos e 30 larvas foram submetidos à amplificação e sequenciamento do gene COI (640pb). As sequências foram analisadas contra informações do banco de dados BOLDSystems para sua identificação. Foi possível identificar ao nível de espécie 81 amostras e apenas uma ao nível de gênero, totalizando 11 táxons identificados. Dentre as amostras identificadas, a variação da distância intraespecífica foi de 0,0% a 0,49%, com média de 0,14%. A amostra identificada ao nível de gênero apresentou distância intraespecífica de 3,16%, já as distâncias dos grupos interespecíficos a variação foi de 4,7% a 26,1%, com média de 21,8%. Verificou-se uma segregação espacial na composição dos táxons, uma vez que Cyphorachax nagelli e Pimelodus sp. foram registrados na região do PEJ e os táxons Prochilodus lineatus, Leporinus elongatus, L. obtusidens, L. friderici, Leporellus vittatus, Pimelodus maculatus, Pseudopimelodus mangurus, Characidium zebra e Parodon nasus foram exclusivos da CE. A presença de espécies que realizam migrações de longa distância (P. lineatus, L. elongatus e L. obtusidens) na CE, corrobora estudos realizados anteriormente que caracterizaram essa área como local de desova de espécies migradoras. De acordo com nossos dados, o PEJ também pode ser considerado área de desova, mas que desempenha papel distinto da CE, atuando na manutenção da diversidade de espécies sedentárias. Apesar deste estudo se apresentar em caráter inicial, os dados aqui apresentados permitiram evidenciar a eficácia da utilização de ferramentas moleculares na identificação de produtos reprodutivos, proporcionando o conhecimento das distintas funções e importância ecológica para as duas áreas de estudo da bacia do rio Mogi-Guaçu. Órgão financiador: FAPESP, CNPQ, CAPES e CEPTA-ICMBio-MMA 98 (Nº 021) DNA BARCODING COMO FERRAMENTA PARA CONSERVAÇÃO DA ICTIOFAUNA: RIO MOGI-GUAÇU Diogo Freitas-Souza¹, Érica Alves Serrano Freitas¹, Guilherme Costa Silva¹, André Batista Nobile1; Fausto Foresti¹, José Augusto Senhorini² & Claudio Oliveira¹ 1. Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP – Instituto de Biociências de Botucatu-SP, Laboratório de Biologia e Genética de Peixes – LBGP; 2. Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Aquática Continental – CEPTA, ICMBio-MMA, Pirassununga-SP O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio-MMA), por meio de políticas públicas, propôs os Planos de Ação Nacional (PAN) para Conservação de Espécies Ameaçadas de Extinção. Os PAN’s tem por objetivo identificar e orientar ações prioritárias a fim de proteger populações de espécies ameaçadas de extinção e seus ambientes naturais. Atualmente o Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Biodiversidade Aquática Continental (CEPTAICMBio-MMA) coordena o PAN-Mogi-Guaçu, Pardo, Sapucaí-Mirim e Grande (PAN-MogiGuaçu) visando elaborar ações para conservação de 14 espécies de peixes ameaçadas de extinção: Brycon nattereri, B. orbignyanus, Piaractus mesopotamicus, Astyanax trierythropterus, Steindachneridion scriptum, Zungaro jahu, Phallotorynus jucundus, Myleus tiete, Prochilodus vimboides, Bunocephalus larai, Chasmocranus brachynema, Neoplecostomus paranensis, Pseudopimelodus mangurus e Sternarchella curvioperculata. Para atingir seus objetivos o PANMogi-Guaçu elaborou seis metas, sendo que a quarta é proteger áreas prioritárias, como áreas de berçários naturais, lagoas marginais e várzeas adjacentes; ambientes associados aos estágios iniciais da vida dos peixes. Neste contexto, o CEPTA e o Instituto de Biociências de Botucatu-SP (IBB-UNESP) estabeleceram uma colaboração para estudar a ecologia do ictioplâncton no rio Mogi-Guaçu, com o intuito de delimitar períodos e áreas críticas para as espécies ameaçadas de extinção previstas no PAN citado. Para solucionar a problemática da identificação de ovos e larvas a nível de espécie, o presente estudo propôs a utilização da ferramenta molecular (DNAbarcoding), como alternativa altamente resolutiva no estudo da ecologia do ictioplâncton. A fim de identificar estas áreas e períodos críticos, estão sendo amostrados três ciclos reprodutivos (2014/2015-2015/2016-2016/2017), sendo que no primeiro ciclo foram realizadas duas campanhas na bacia do rio Mogi-Guaçu, totalizando 14 amostras. Até o momento duas amostras foram analisadas, uma do mês de novembro/2014, coletada próxima ao Parque Estadual do Jataí (PEJ), em Luiz Antônio-SP onde o rio possui características meândricas, com lagoas marginais e várzeas adjacentes, e a segunda coletada em ambiente com forte correnteza, onde o rio corre encaixado, próximo a Cachoeira de Emas (CE), Pirassununga-SP no mês de fevereiro/2015. Apesar do baixo número de amostras analisadas até o momento, foi possível identificar a presença de uma espécie contemplada no PAN Mogi-Guaçu, Pseudopimelodus mangurus, conhecido como jaú-sapo ou bagre-sapo, que possui status “vulnerável” de acordo com Decreto Estadual/SP n° 53.494/2008. Um dos prováveis locais de desova da espécie no rio Mogi-Guaçu é a calha principal, com forte correnteza e oxigenação logo a jusante da CE, local onde o ovo foi capturado. Com base nos resultados preliminares, pode-se inferir que a técnica molecular pode ser de extrema valia para a conservação da ictiofauna, uma vez que identificou precisamente uma espécie ameaçada. Espera-se que, com análise das demais amostras, outras espécies contempladas no PAN-Mogi-Guaçu sejam registradas, auxiliando na precisa delimitação de áreas e períodos prioritários à conservação da ictiofauna do PAN-Mogi-Guaçu. Agradecimento: FAPESP, CNPQ, CAPES e CEPTA-ICMBio-MMA Órgão financiador: 99 (Nº 022) ANÁLISE GENÉTICA DE Brycon spp. NA SUB-BACIA DO ARINOS MATO GROSSO Pábila Stephanie de Souza, Daniela Cristina Ferreira, Juliane Saldanha & Paulo Cesar Venere 1. Universidade Federal de Mato Grosso, Instituto de Biociências, Cuiabá-MT, Laboratório de Genética Animal O gênero Brycon (Characidae) é composto por mais de 40 espécies amplamente distribuídas pelas bacias de águas doces neotropicais. São peixes migratórios, com desova total, bastante sensíveis às mudanças de seus habitats naturais e, apesar da sua importância ecológica e comercial, tem se observado um decréscimo de suas populações, devido às modificações nos ambientes aquáticos, pelo assoreamento dos rios, poluição das águas, construção de barragens para implementação de usinas hidrelétricas, ecoturismo mal planejado, atividades agrícolas, dentre outros fatores. Um dos pontos centrais para o planejamento de medidas de conservação da biodiversidade aquática é o entendimento da estrutura populacional de uma determinada espécie para que se possam planejar estratégias de manejo de suas populações naturais. Para isso estudos genéticopopulacionais em peixes utilizando o DNA mitocondrial vêm sendo amplamente utilizados, em razão dessas sequencias apresentarem herança citoplasmática. Essa herança possibilita esboçar uma genealogia materna ou mesmo uma filogenia materna, que pode facilitar a compreensão do modo de dispersão de muitos organismos e os tipos de acasalamentos, dentre outras características populacionais de interesse para a biologia da conservação. Nesse contexto foram analisados 46 indivíduos do gênero Brycon, todos provenientes do rio Arinos, coletados em diferentes pontos amostrais, tanto de jusante quanto de montante da área planejada para a construção da futura UHE Castanheira. Nas análises moleculares foi utilizado o gene mitocondrial Citocromo Oxidase Subunidade 1 (COI) para caracterização das populações de Brycon, uma vez que esse gênero abriga várias espécies de difícil diagnose apenas pelas características externas. A sequência alvo revelou 623 pares de bases que, pela análise de Neigbor Joining, sugeriu a presença de quatro grupos distintos. Confirmado pela distância genética intraespecífica inferior a 2%, e entre os grupos variou entre 10% a 20%. Todavia, esses resultados são preliminares e necessitam de um aumento na amostragem com especial atenção aos exemplares testemunhos, buscando-se assim a confirmação de quantas e quais são as unidades taxonômicas pertencentes ao gênero Brycon presentes na região de estudo. Órgão financiador: CNPq e Fapemat (Nº 023) SISTEMÁTICA MOLECULAR E EVOLUÇÃO DA FAMÍLIA ANOSTOMIDAE (CHARACIFORMES) 100 Bruno F. Melo1,2, Brian Sidlauskas2,3, Kendra Hoekzema3, Michael D. Burns3, Benjamin W. Frable3, Mark H. Sabaj Pérez4, Richard P. Vari2, Claudio Oliveira1 1. Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Instituto de Biociências, Botucatu-SP, Brasil; 2. Smithsonian Institution, National Museum of Natural History, Department of Vertebrate Zoology, Washington DC, EUA; 3. Oregon State University, Department of Fisheries and Wildlife, Corvallis-OR, EUA; 4. The Academy of Natural Sciences, Department of Ichthyology, Philadelphia-PA, EUA. Dentro da hiperdiversa ordem Characiformes, Anostomidae representa uma das mais diversas e especiosas famílias com aproximadamente 150 espécies distribuídas em 14 gêneros, a maioria delas dentro do parafilético Leporinus. Embora essas espécies sejam prevalentes em todas as grandes bacias hidrográficas da América do Sul, suas relações filogenéticas somente foram estabelecidas recentemente através de caracteres morfológicos, principalmente osteológicos. Nenhum estudo abordou as relações intrafamiliares utilizando dados moleculares com uma extensiva amostragem. Neste trabalho, utilizamos uma matriz multilocus concatenada com três genes nucleares e três mitocondriais contendo 62% das espécies conhecidas contemplando todos os 14 gêneros. Foram conduzidas análises filogenéticas probabilísticas de máxima verossimilhança e Bayesiana utilizando o registro fóssil disponível da superfamília Anostomoidea. Nossos resultados corroboram a monofilia da família e indicam Anostomidae como irmã do clado contendo Prochilodontidae, Chilodontidae e Curimatidae, tendo originado a aproximadamente 55 milhões de anos atrás, durante o Eoceno tardio. Dentro de Anostomidae, as relações intergenéricas concordam amplamente com hipóteses morfológicas prévias mas difere na posição da subfamília Anostominae como irmã de Leporellus, ao contrário de Laemolyta, indicando uma possível convergência evolutiva da retenção ontogenética da boca superior nos dois clados. Nossos resultados também apontam Anostomus como um grupo não-monofilético. Dentro do gênero parafilético Leporinus, o qual estudos prévios mostraram ser insuficientes pra sua resolução, nós encontramos forte suporte para vários clados que podem servir para uma futura reestruturação da classificação de suas espécies em uma eventual revisão. A filogenia suporta a monofilia do clado (Anostomoides (Laemolyta (Rhytiodus + Schizodon) e evidencia Hypomasticus parafilético. Abramites se mostra irmão do clado composto pelo grupo Leporinus obtusidens e grupo L. trifasciatus. Apresentamos diversos clados monofiléticos e bem sustentados de Leporinus, como por exemplo os grupos L. melanopleura, L. amazonicus, L. ortomaculatus, L. friderici, L. lacustris, L. fasciatus, L. reticulatus e L. nigrotaeniatus. Além de propormos uma nova filogenia que pode servir como base para classificação da família, nossos resultados irão subsidiar futuros estudos evolutivos que envolvam pigmentação, osteologia, morfometria, dentição e variação ecológica na família. Órgãos financiadores: NSF-USA, FAPESP, CNPq. 101 (Nº 024) FILOGENÔMICA EM PEIXES NEOTROPICAIS: ESTUDOS FILOGENÉTICOS EM CHARACIFORMES USANDO ELEMENTOS ULTRACONSERVADOS Bruno F. Melo1,2, Brian Sidlauskas2,3, Kendra Hoekzema3, Benjamin W. Frable3, Michael D. Burns3, Brant C. Faircloth4, Michael E. Alfaro5, Richard P. Vari2, Claudio Oliveira1 1. Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Instituto de Biociências, Botucatu-SP, Brasil; 2. Smithsonian Institution, National Museum of Natural History, Department of Vertebrate Zoology, Washington DC, EUA; 3. Oregon State University, Department of Fisheries and Wildlife, Corvallis-OR, EUA; 4. Louisiana State University, Department of Biological Sciences, Baton Rouge-LA, EUA; 5. University of California Los Angeles, Department of Ecology and Evolutionary Biology, Los Angeles-CA, EUA. A grande diversificação de peixes da superordem Ostariophysi, composta pelas ordens Characiformes, Cypriniformes, Gymnotiformes e Siluriformes, foi influenciada por um dos grandes eventos de radiação dentro de Vertebrata. Entre elas, a ordem Characiformes representa uma das maiores linhagens de peixes ósseos viventes com cerca de duas mil espécies distribuídas em famílias africanas e americanas, tendo sido originada aproximadamente no período Cretáceo. Cerca de 300 espécies da superfamiĺ ia Anostomoidea (Anostomidae, Chilodontidae, Curimatidae e Prochilodontidae) representam um dos mais diversos e economicamente importantes grupos de peixes Neotropicais da ordem Characiformes, mas ainda sem nenhuma compreensiva e robusta filogenia molecular. Recentes filogenias moleculares em Characiformes têm revelado incongruências em diferentes análises ou ainda baixos suportes estatísticos em clados relativamente antigos tais como nas relações entre famílias. Neste trabalho, utilizamos uma nova classe de marcadores moleculares chamada elementos ultraconservados (UCEs, ultraconserved elements, Faircloth et al., 2012) contendo aproximadamente 1500 loci ortólogos (~750 mil pb) com altos índices de polimorfismo, com base em uma nova biblioteca genômica específica para Ostariophysi e obtidos através de sequenciamento de nova geração. Apresentamos uma filogenia baseada em UCEs contendo 69 táxons no grupo interno e seis no grupo externo e discutimos suas congruências/incongruências com as hipóteses morfológicas prévias, com destaque para a nova relação encontrada (Anostomidae (Prochilodontidae (Chilodontidae + Curimatidae))). Apresentamos também uma comparação entre as filogenias baseadas em UCEs e aquelas tradicionais multilocus e mostramos que as primeiras se mostram mais robustas e sustentadas, embora ambas possuam a mesma relação interfamiliar. Dentre as incongruências com hipóteses prévias, a mais surpreendente envolve uma nova e bem suportada posição de Chilodontidae, o que remete a uma substancial convergência ou reversaõ das caracteriś ticas osteológicas e miológicas associadas com os arcos branquiais, aparato fariń geo, quadrado, hiomandibular e vários ligamentos. A calibraçao ̃ do relógio molecular utilizando quatro fósseis revela um surpreendente período recente na diversificação de Anostomidae, implicando assim em elevadas taxas de especiação na família. Nossos resultados ilustram a capacidade dos elementos ultraconservados em capturar milhares de loci ortólogos ao longo do genoma, e providenciar estimativas robustas das relações filogenéticas que podem então revelar novas descobertas sobre diversificaçao ̃ , ecomorfologia e evoluçaõ de caracteres. Este trabalho serve como base para futuros estudos filogenômicos entre famílias de Characiformes, e posteriormente entre outros grupos de peixes Neotropicais, abrindo precendente para esta nova classe de marcadores moleculares para reconstrução filogenética. Órgãos financiadores: NSF-USA, FAPESP, CNPq. 102 (Nº 025) OCORRÊNCIA DE HÍBRIDOS AVANÇADOS EM ESTOQUES DE CULTIVO DE ESPÉCIES DE PEIXES SERRASALMÍDEOS Diego Galetti Martins¹, Adriano Carvalho Costa2, Diogo Teruo Hashimoto3, Fausto Foresti4, Fábio Porto-Foresti¹. 1. Departamento de Ciências Biológicas, Faculdade de Ciências, Universidade Estadual Paulista (UNESP), Bauru, SP, Brasil. 2. Instituto Federal Goiano (IF Goiano), Rio Verde, GO, Brasil. 3. Centro de Aquicultura da Unesp (CAUNESP), Jaboticabal, SP, Brasil. 4. Departamento de Morfologia, Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista (UNESP), Botucatu, SP, Brasil. Atualmente observa-se um crescimento na piscicultura brasileira e com ele uma nova gama de técnicas que visam o aumento da produtividade. Dentre os procedimentos adotados destaca-se a hibridação interespecífica, que é realizada através do cruzamento de espécies diferentes. Entretanto, o método pode acarretar riscos ao ambiente e ao cultivo se executado descontroladamente e com a mistura de espécies e híbridos, evento este, que torna-se comum principalmente pela similaridade morfológica quando esses indivíduos ainda são alevinos. Atendendo essa necessidade, a genética molecular se torna uma ferramenta eficaz na identificação de espécies e no manejo desses cultivos. No presente trabalho objetivou-se a identificação um lote contendo 14 indivíduos utilizados como reprodutores em uma piscicultura, a fim de certificar e fornecer informação para o manejo adequado dos mesmos. Para a realização do trabalho foi utilizada a técnica de PCRmultiplex (Polymerase Chain Reaction) para os marcadores mitocondrial COI (Cytochrome Oxydase subunit I) e SNPs (Single Nucleotide Polymorphism) nucleares Zpi e Azin, além da aplicação do PCR-RFLP (Restriction Fragment Lenght Polymorphism) para o gene mitocondrial CYTB (Cytochrome B). Os resultados indicaram a existência de sete exemplares classificados como híbridos avançados pós F1 (indivíduos originados a partir do cruzamento de híbridos), quatro exemplares híbridos e três caracterizados como puros. Estes dados corroboraram inicialmente com a fertilidade do híbrido patinga (híbrido obtido pelo cruzamento entre uma fêmea Piaractus mesopotamicus e um macho Piaractus brachypomus), devido a heterogenidade de bandas eletroforéticas observada para os marcadores utilizados e pela existência do perfil molecular de ambas as espécies nos indivíduos identificados como pós-F1, além de evidenciar os problemas de identificação em estoques destes peixes. Desta forma, os marcadores utilizados mostraram-se eficazes para o adequado manejo dos indivíduos pertencentes a esta família, minimizando os possíveis impactos ao ambiente e ao mesmo tempo maximizando o potencial produtivo destas culturas. Órgão financiador: CNPq 103 (Nº 026) DIVERSIDADE TAXONÔMICA E MOLECULAR (DNA BARCODING) DA ICTIOFAUNA DE OITO IGARAPÉS NA ÁREA DE INFLUÊNCIA DA BR-163, ENTRE OS MUNICÍPIOS DE SANTARÉM E RURÓPOLIS, PARÁ Karen Larissa Auzier Guimarães¹, Frank Raynner Vasconcelos Ribeiro¹, Jorge Ivan Rebelo Porto², Luís Reginaldo Ribeiro Rodrigues3 1. Universidade Federal do Oeste do Pará, Instituto de Ciências e Tecnologia das Águas, Santarém-PA. 2. Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, Manaus-AM. 3. Universidade Federal do Oeste do Pará, Instituto de Ciências da Educação, SantarémPA. A modificação da paisagem natural, decorrente de grandes projetos de infraestrutura contribuem para a diminuição da riqueza de espécies nativas em regiões de grande biodiversidade como a Amazônia. A região da BR-163 representa um polo de desenvolvimento econômico tendo como fator preponderante o agronegócio. As alterações ambientais decorrentes de atividades econômicas nesta região ameaçam diversos ecossistemas aquáticos e sua rica biodiversidade. A ictiofauna presente nos igarapés da região amazônica, constituída principalmente por peixes de pequeno porte, é diversificada e diferenciada daquela que se encontra nos grandes rios. A descoberta rápida de novas espécies e a catalogação taxonômica tem sido adotada por um sistema de identificação molecular que utiliza um pequeno trecho de DNA do gene mitocondrial Citocromo Oxidase subunidade I (COI). Esta ferramenta conhecida como DNA barcoding (HEBERT et al. 2003a, 2013b; BLAXTER 2004), vem sendo útil no aumento de conhecimento de espécies de diversos grupos de animais, inclusive de peixes. No presente estudo analisamos DNA barcoding da ictiofauna de oito igarapés distribuídos ao longo da BR-163 entre os municípios de Santarém e Rurópolis, Pa. Sequências de DNA barcoding (COI) foram isoladas por PCR utilizando-se os primers FishF1 e FishR1. Foram obtidas 156 sequências de DNA barcoding para 20 espécies. A maioria das espécies formam grupos bem delimitados, os indivíduos dentro de cada grupo apresentam pouca variação, no entanto, grupos como Bryconops giacopinii, Hyphessobrycon gr. heterorhabdus, Knodus sp.1, Characidium aff. zebra e Apistogramma regani evidenciam mais de uma linhagem visivelmente divergentes, com distância genética superior ao limiar de 2% compatíveis com a delimitação das espécies. O DNA barcoding como ferramenta de identificação mostrou-se eficiente na caracterização taxonômica da ictiofauna dos igarapés estudados, pois houve consenso entre a identificação morfológica e a molecular na maioria dos grupos. Órgão Financiador: 104 (Nº 027) APLICAÇÃO DE SNPs PARA ANÁLISE DE PARENTESCO EM PACU (Piaractus mesopotamicus) Vito A. Mastrochirico-Filho1, Paulo H. Jorge1, Lucas S. Sato1, Milene E. Hata1, Fábio Porto-Foresti2, Paulino Martínez3, Manuel R. Vera4 & Diogo T. Hashimoto1 1. Centro de Aquicultura da Unesp, Universidade Estadual Paulista, UNESP, Jaboticabal, SP; 2. Departamento de Ciências Biológicas, Universidade Estadual Paulista, UNESP, Bauru, SP; 3. Department of Genetics, University of Santiago de Compostela, Lugo, Spain; 4. Departament of Biology, University of Girona, Girona, Spain. Pacu (Piaractus mesopotamicus) é um peixe de água doce amplamente distribuído em rios da planície de inundação da bacia do rio Prata e uma das espécies nativas de maior potencial para a aquicultura no Brasil. No entanto, estudos genéticos relacionados para esta espécie ainda são insuficientes, tanto para medidas de conservação, quanto para aplicação na aquicultura por meio de melhoramento genético. SNPs (Single Nucleotide Polymorphisms) são polimorfismos pontuais muito abundantes no genoma e, atualmente, o principal foco para o desenvolvimento de marcadores moleculares. Não há na literatura qualquer dado de validação de SNPs para espécies nativas da aquicultura nacional. O objetivo do estudo foi de realizar a validação de 50 SNPs em amostras de uma população de 34 indivíduos de pacu coletados no ambiente natural (rio Paraná). Em seguida, estes marcadores foram usados para análises de parentesco em 21 indivíduos reprodutores da estação de piscicultura do Centro de Aquicultura da Unesp/CAUNESP. Os SNPs foram identificados em sequências de transcriptoma obtidas por montagem de novo e genotipados pela técnica Sequenom MassARRAY. Os resultados demonstraram a validação de 32 SNPs polimórficos, cujos parâmetros de diversidade genética foram estimados por meio dos programas CERVUS e GENEPOP. A heterozigosidade esperada (He) variou de 0,058 (SNP_C271_399) à 0,507 (SNP_C348_245 e SNP_C585_507), com um valor médio de 0,370 ± 0,130. Já a heterozigosidade observada (Ho), apresentou um valor médio de 0,385 ± 0,171 e variou de 0,059 (SNP_C128_1801 e SNP_C271_399) para 0,706 (SNP_C260_818). A frequência do alelo menos frequente (MAF) variou de 0,029 (SNP_C271_399) para 0,485 (SNP_C348_245 e SNP_C585_507), com um valor médio de 0,275 ± 0,132. Quatro SNPs apresentaram desvios do equilíbrio de HardyWeinberg (EHW) (SNP_C128_1801, SNP_C1459_108, SNP_C260_818 e SNP_C585_507). Entretanto, após a correção de Bonferroni (p = 0,0015), todos os SNPs foram estabelecidos como em EHW. A análise global de todos os loci demonstrou que a população estava em concordância com o EHW (0 = 0,2932). As estimativas de parentesco pelo coeficiente r de Wang (programa SPAGeDI) mostraram que 61,0% dos indivíduos não apresentaram parentesco, 13,3% foram considerados meios-irmãos e 25,7% como irmãos completos. Estudos direcionados à busca de um melhor entendimento da variabilidade genética do pacu são fundamentais, pois fornecem subsídios para o desenvolvimento de programas de manejo e de melhoramento genético desta espécie. Órgão financiador: FAPESP (2014/12412-4 e 2014/03772-7), CNPq (446779/2014-8 e 130262/2014-5) e Prope/UNESP. 105 (Nº 028) PEIXES REOFÍLICOS COM ALTA CAPACIDADE DE MANUTENÇÃO DE SUAS POPULAÇÕES SÃO CAPAZES DE MANTER SEU PADRÃO DE VARIABILIDADE GENÉTICA FRENTE ÀS AÇÕES ANTRÓPICAS? Ivana Felipe da Rosa1, Daniela José de Oliveira1, Fernando Yuldi Ashikaga1, José Augusto Senhorini2, Claudio de Oliveira1 & Fausto Foresti1 1. Laboratório de Biologia e Genética de Peixes, IBB/UNESP; 2. Centro Nacional de Pesquisa e Conservação Biodiversidade Aquática Continental – ICMBio O Curimbatá (Prochilodus lineatus Valenciennes, 1836) é uma espécie de peixe migrador de elevado valor econômico e oferece grandes vantagens à piscicultura. Está amplamente distribuída na bacia do Rio Paraná, principalmente nos rios Grande, Pardo e Mogi-Guaçu, envolvendo grande área no Estado de São Paulo. Entretanto, o aumento das ações antrópicas sobre os ambientes ocupados por esta espécie pode levar a alterações do padrão genético de suas populações. Espécies migradoras sofrem com as modificações ambientais, identificadas principalmente por alterações nos regimes pluviais que podem interferir nas rotas migratórias das espécies e que, por sua vez, podem determinar alterações também nos níveis de variabilidade genética e reduzir sua capacidade de adaptação frente a mudanças evolutivas. Dessa forma, o principal objetivo deste estudo foi realizar uma análise genética temporal em populações de P. lineatus na região de Cachoeira de Emas (Rio Mogi Guaçu), amostradas durante sua temporada reprodutiva dos anos 2003, 2005, 2006 e 2015. Para as análises genéticas foram retiradas amostras de tecido da nadadeira adiposa de um total de 136 indivíduos coletados, das quais foi extraído e purificado o DNA genômico. Posteriormente, as amostras de DNA foram submetidas à PCR e o fragmento correspondente a região controladora do DNA mitocondrial (D-loop) foi amplificado e seqüenciado. Os resultados obtidos mostraram valores elevados de variabilidade genética para todos os grupos analisados, permitindo a caracterização de 56 haplótipos, dos quais 37 (66%) mostraram-se exclusivos e 19 (34%) compartilhados, referentes às capturas efetuadas entre 2003/2005 e 2003/2015. Verificou-se um aumento dos haplótipos exclusivos entre 2003/2005, com a concomitante diminuição dos haplótipos compartilhados. Em conformidade com os resultados, a diversidade nucleotídica variou de 0.9973 a 0.9636 e a diversidade haplótipica de 0.0138 a 0.1223. A análise de Variância Molecular (AMOVA) mostrou que a maior fonte de variação está entre indivíduos (98.78%). Conseqüentemente, o índice de diferenciação interpopulacional (FST) obtido foi baixo (0,0224), revelando valores de baixa diferenciação populacional. Considera-se que a alta variabilidade e baixa diferenciação genética desta espécie podem ser atribuídas ao grande tamanho da sua população, conseqüência de seu sucesso reprodutivo e da capacidade de manutenção das populações. Entretanto, mesmo apresentando tais características, foram observadas alterações em relação a haplótipos compartilhados e exclusivos, provavelmente devido a ações antrópicas ocorridas no Rio Mogi-Guaçu no ano de 2004, que resultaram em expressiva mortandade de peixes neste ecossistema, modificando o padrão genético de suas populações. Os dados obtidos advertem, contudo, sobre a existência de espécies sem esta capacidade, o que as torna mais propensas a sofrerem redução populacional, que podem levá-las à extinção. Neste contexto, também se fazem necessários estudos de dinâmica populacional com o uso de marcadores nucleares, além da aplicação de técnicas adequadas de manejo ambiental que visem reduzir os impactos de ações antrópicas sobre os estoques naturais, contribuindo, assim, para sua conservação. Órgão Financiador: CNPq, CAPES, CEPTA/ICMBio. 106 (Nº 029) ESTIMATING NUCLEAR DNA CONTENT OF THE SPOTTED CATFISH Pimelodus maculatus BY FLOW CYTOMETRY George Shigueki Yasui1,5, Nivaldo Ferreira do Nascimento2, José Augusto Senhorini3, Matheus Pareira-Santos2, Rafaela Manchin Bertolini1, Silvio Carlos Alves dos Santos4 1. Universidade de São Paulo, Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos, Pirassununga-SP; 2. Centro de Aquicultura da Unesp, CAUNESP, Jaboticabal; 3.Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Peixes Continentais – CEPTA; 4.Hidrelétrica AES Tietê – AES, Promissão, SP; 5.Endereço atual: Unesp Bauru, Departamento de Ciências Biológicas. E-mail: [email protected] The DNA content is an interesting tool for taxonomic studies and detection of interspecific hybridization in fish. In addition, polyploid fish such as triploids and tetraploids may be confirmed by measuring DNA content by flow cytometry. The aim of this study was to quantify the DNA content of the spotted catfish Pimelodus maculatus for future application in chromosome-set manipulation studies. A small piece of fin (n = 6) was processed for flow cytometric analysis using a 2-step procedure with cell lysing using detergent buffer followed by nuclear staining using 4´,6-diamidino-2-phenylindole (DAPI). As a reference, we used a fin sample from the zebrafish Danio rerio, with known DNA content of 3.5 pg, in order to obtain the relative DNA content using the median peak. The nuclear DNA content of the spotted catfish was estimated 2.15 ± 0.04 pg of DNA, lower than the zebrafish content. This result is applicable for future studies in flow cytometric analysis because both zebrafish and spotted catfish may be used as a control group in various flow cytometric analysis in fish and biomedicine. Órgão financiador: AES Tietê 107 (Nº 030) EVIDÊNCIA MOLECULAR DE DIVISÃO LESTE-OESTE DAS POPULAÇÕES DE Prochilodus nigricans AGASSIZ, 1829 NA BACIA AMAZÔNICA Ueslei Lopes1, Jorge Luis Ramirez1 & Patrícia Domingues de Freitas1 1. Universidade Federal de São Carlos, Departamento de Genética e Evolução, Laboratório de Biodiversidade Molecular e Conservação, São Carlos, SP O gênero Prochilodus é constituído por 13 espécies nominais válidas, das quais apenas quatro (Prochilodus britskii Castro, 1993, Prochilodus mariae Eigenmann, 1922, Prochilodus nigricans Agassis, 1829 e Prochilodus rubrotaeniatus Jardine, 1841) têm registros para a bacia Amazônica. Dentre estas, P. nigricans é a espécie com a maior distribuição na referida bacia. Por meio de coletas, empréstimos ou doação foram obtidas 93 amostras de P. nigricans, oriundas das sub-bacias Ucayali (Peru), Madeira, Xingu, Tapajós, Tocantins-Araguaia e no rio Orteguaza, na Colômbia. Foram sequenciadas até o momento 36 amostras de três diferentes sub-bacias: Ucayali, Madeira e TocantinsAraguaia para os marcadores mitocondriais COI e D-loop. As árvores foram construídas a partir dos métodos de Máxima Verossimilhança, Bayesiana e Neighbor Joining, bem como foram construídas redes de haplótipos utilizando o software PopART. Os resultados encontrados evidenciam a formação de dois grandes grupos: um mais ao leste, constituído pelas populações das sub-bacias do Tocantins-Araguaia, Xingu e Tapajós; e outro ao oeste, formado pelas populações das sub-bacias do rio Madeira e Ucayali, as quais formam clado único e bem suportado. Os resultados apresentados se assemelham a estudos com outras espécies animais, e podem estar relacionados a aspectos da formação da bacia Amazônica. Os dados sugerem que as sub-bacias do Tapajós, Xingu e TocantinsAraguaia podem representar uma área de endemismo diferente do restante da bacia Amazônica. Visto que transformações geológicas podem atuar na separação de linhagens e estruturação geográfica, amostras de outras localidades deverão ser acrescentadas às analises e novas hipóteses de diversificação deverão ser postuladas visando elucidar o padrão encontrado. Órgãos financiadores: CAPES, CNPq e IDEA WILD 108 (Nº 031) ALTA ESTRUTURAÇÃO POPULACIONAL REGIONAL DE Atherinella brasiliensis DA COSTA BRASILEIRA Maria Cristina da Silva Cortinhas1, Ralf Kersanach1, Maíra Proietti1, Felipe Cestari Dumont1, Fernando D’Incao1, Ana Luzia Lacerda1, Pedro Sanmartin Prata1, Daniele Aparecida Matoso2, Rafael Bueno Noleto3, Wanessa Ramsdorf4, Talge Aiex Boni5, Alberto José Prioli5 e Marta Margerete Cestari6 1. Universidade Federal do Rio Grande, Instituto de Oceanografia; 2. Universidade Federal do Amazonas, Departamento de Genética; 3. Universidade Estadual do Paraná - Campus União da Vitória, Departamento de Biologia; 4. Universidade Tecnológica Federal do Paraná - Campus Curitiba, Departamento Acadêmico de Química e Biologia; 5. Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Biologia Celular e Genética; 6. Universidade Federal do Paraná, Departamento de Genética. A espécie Atherinella brasiliensis pertence à ordem Atheriniformes e família Atherinopsidae, sendo um peixe residente, constante e abundante em ambientes estuarinos da costa brasileira. Estas características fazem com que esta espécie seja utilizada como fonte complementar de renda e alimento para os pescadores locais. A. brasiliensis não realiza migrações horizontais visíveis sendo encontrada esporadicamente em regiões de arrebentação. Estudos recentes, realizados com o marcador de RAPD em peixes de sete diferentes localidades da costa brasileira, desde o Rio Grande do Sul até a Bahia, sugeriram a existência de quatro diferentes populações. Para detectar a diferenciação genética e estruturação populacional e confirmar os dados obtidos através do RAPD, foi realizado o sequenciamento da Região Controle (D-loop) do DNA mitocondrial. Os resultados encontrados de Fst para ambos os marcadores demonstraram um cenário de estruturação genética regional, com alta diferenciação entre Itaparica (BA) e Carapebus (RJ), assim como entre estas duas populações e as demais localidades da Região Sul (Paranaguá, Conceição, Camacho e Patos). A diversidade haplotípica intrapopulacional foi alta e a nucleotídica baixa em todas as populações analisadas, com exceção de Carapebus cuja diversidade haplotípica foi baixa. Itaparica e Carapebus apresentaram haplótipos exclusivos. Quase todas as populações analisadas apresentaram distribuição mismatch unimodal (indicando recente expansão demográfica); somente a população de Carapebus exibiu distribuição mismatch multimodal (indicando população estável). Itaparica apresentou o maior tempo de expansão populacional (32.500 anos atrás e h = 0,98), seguido de Carapebus (29.540 e h = 0,54) enquanto para a Região Sul o maior tempo foi de Conceição (25.500 e h = 0,99) e o menor de Patos (9.700 e h = 0,75). De modo geral é possível observar que o aumento da diversidade haplotípica das populações analisadas foi diretamente proporcional ao tempo de expansão. Carapebus foi a exceção, apresentando baixa diversidade apesar do alto tempo de expansão, possivelmente por ter sofrido um efeito gargalo devido ao fato de ser uma lagoa fechada (durante a maior parte do tempo), altamente influenciada por atividades antrópicas e variações ambientais (pluviosidade e temperatura). A alta diferenciação e estruturação genética dos exemplares de Itaparica e Carapebus em relação aos da Região Sul sugere um processo de especiação devido ao isolamento por distância. Quanto às demais populações, a baixa e moderada estruturação e curto tempo de expansão podem indicar que os eventos que formaram os estuários e lagoas ocorreram mais recentemente e, que os efeitos de vicariância na diversidade e estruturação genética podem ainda ser baixos e não detectáveis através dos marcadores utilizados. Órgão financiador: CAPES 109 (Nº 032) TESTANDO CENÁRIOS BIOGEOGRÁFICOS ATRAVÉS DA ABORDAGEM ABC: O CASO PARA Salminus (CHARACIDAE) Carolina de Barros Machado da Silva & Pedro Manoel Galetti Junior Universidade Federal de São Carlos, Departamento de Genética e Evolução, Laboratório de Biodiversidade Molecular e Conservação, São Carlos –SP Estudos filogeográficos da ictiofauna neotropical, em geral, envolvem estimativas de tempos de divergências com a posterior correlação dos resultados com eventos geoclimáticos conhecidos. Entretanto, inferências estatísticas para teste de hipóteses sugeridas são ainda incomuns. Sabendo dessa deficiência, nosso objetivo foi avaliar a utilidade da abordagem ABC para testar quais cenários biogeográficos (Paleográfico e Hidrogeológico) moldaram a atual estrutura populacional de Salminus brasiliensis, Salminus hilarii e Salminus sp. As análises foram implementadas no software DIYABC 2.0.4. Para a construção dos cenários foi levado em consideração as quebras filogeográficas e tempos de divergência determinados pela árvore de Inferência Bayesiana, baseada em três marcadores mitocondriais e dois nucleares, e calibrada com o soerguimento da cadeia oriental dos Andes. Para S. brasiliensis duas linhagens foram observadas: uma do Alto Paraná e outra com espécimes do Paraguai, Uruguai e Lagoa dos Patos. S. sp também possuiu duas linhagens: uma com espécimes do TocantinsAraguaia e outra do Amazonas. S. hilarii apresentou três linhagens: duas do São Francisco (formam um clado monofilético) e uma do Alto Paraná. Dois cenários foram testados independentemente para cada espécie: vicariância e captura de cabeceiras. O cenário de vicariância assume uma divergência a partir de população ancestral comum mais recente no tempo t2, resultando em duas linhagens com tamanho efetivo menor. O cenário de captura de cabeceira é caracterizado por um evento fundador em t2, momento em que uma bacia hidrográfica captura parte da população proveniente da bacia-fonte, com a consequente expansão populacional no tempo t1. Após as simulações, as análises estatísticas avaliaram a qualidade do ajuste entre simulações e os dados observados. Os cenários com maiores probabilidades posterior revelaram que as linhagens de S. brasiliensis e S. sp diversificaram por evento de vicariância (Hipótese paleogeográfica) enquanto para S. hilarii capturas de cabeceiras (Hipótese hidrogeológica) foram eventos promotores de diversificação. O tempo de divergência e o tipo de cenário escolhido revelaram correspondência com eventos históricos conhecidos. As duas linhagens S. brasiliensis diversificaram 0.892 Ma (milhão de anos), idade próxima ao surgimento de Sete Quedas (1 Ma); S. sp apresentou a diversificação de suas linhagens a 2.36 Ma, coincidindo com a última descarga direta do Tocantins-Araguaia dentro do Amazonas (2.588 – 1.806 Ma) com posterior isolamento das bacias. Os tempos obtidos para S. hilarii (momento da captura de cabeceira por parte do Alto Paraná e divergência entre as linhagens do São Francisco) coincidiram com as contínuas reativações tectônicas (durante o Pleistoceno) que promoveram rearranjos e consequentes capturas entre essas bacias. A aplicabilidade do método ABC deve ser considerada em futuros estudos filogeográficos, uma vez que análise foi capaz de testar hipóteses alternativas sobre a história demográfica das espécies, com base nas mudanças de tamanho populacional e diversificação populacional ao longo do tempo evolutivo. Órgão financiador: CAPES, CNPq e FAPESP 110 (Nº 033) BIOGEOGRÁFIA HISTÓRICA DOS Leporinus (CHARACIFORMES: ANOSTOMIDAE) COM CROMOSSOMOS SEXUAIS ZZ/ZW: CONTANDO A HISTÓRIA DAS BACIAS SUL-AMERICANAS Jorge Luis Ramirez1 & Pedro Manoel Galetti Jr.1 1. Laboratório de Biodiversidade Molecular e Conservação, Departamento de Genética e Evolução, Universidade Federal de São Carlos, SP As espécies de Leporinus com cromossomos sexuais ZZ/ZW (ZW Leporinus) formam um grupo monofilético e apresentam uma interessante distribuição, estando presentes praticamente em todas as grandes bacias hidrográficas sul-americanas. Assim, o objetivo do estudo foi avaliar o padrão de distribuição biogeográfica das espécies do grupo ZW Leporinus. Foram amplificados dois genes mitocondriais (Citocromo B e Citocromo oxidase I) e três nucleares (o gene de ativação da recombinação 1 e 2 e a cadeia pesada 6 da miosina, isoforma alfa do músculo cardíaco) para 15 linhagens (9 espécies nominais). Foi construída uma árvore calibrada, pelo surgimento da Cordilheira Oriental há 12 Milhões de anos. Além disso, foi realizada uma análise estatística de dispersãovicariância (S-DIVA). A linhagem das espécies de Leporinus com cromossomos sexuais ZZ/ZW possui uma história evolutiva complexa, onde o ancestral do grupo habitou as paleo-bacias existentes há mais de 12 Ma. Duas grandes linhagens foram recuperadas no grupo (Além de Leporinus muyscorum, que divergiu inicialmente pela separação da bacia do Rio Magdalena), a linhagem do proto-Amazonas-Orinoco e a do leste do Escudo Brasileiro. A especiação no proto-Amazonas-Orinoco foi dada principalmente por processos paleogeográficos, como a formação das bacias do Orinoco e do Tocantins. No entanto, o processo de diversificação no leste do Escudo Brasileiro foi predominantemente hidrogeológico, com capturas de cabeceiras entre a bacia do Rio São Francisco e as bacias costeiras, assim como entre as bacias do Rio São Francisco e do Paraná. Outro processo importante para os rios do leste do Escudo Brasileiro foi a dispersão por meio de paleo-bacias no período de baixo nível do mar. Órgão financiador: FAPESP, CNPq, CAPES 111 (Nº 034) DNA BARCODING DA ICTIOFAUNA DA BACIA DO RIO DOCE Laís Carvalho Gomes1, Naiara Guimarães Sales1,3, Tiago Casarim Pessali2, Gilberto Nepomuceno Salvador2, Daniel Cardoso Carvalho1 1. Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Programa de Pós-graduação em Zoologia de Vertebrados, Laboratório de Genética da Conservação, Belo Horizonte, MG; 2. Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Museu de Ciências Naturais, Belo Horizonte, MG; 3. University of Salford, School of Environment and Life Sciences, Salford, Manchester Os rios neotropicais abrigam uma grande e diversa ictiofauna, entretanto, o conhecimento acerca dessa biodiversidade ainda permanece escasso. A Bacia do rio Doce, localizada em dois hotspots brasileiros (Mata Atlântica e Cerrado), possui 72 espécies de peixe de água doce que estão atualmente ameaçadas por impactos ambientais como barragens, introdução de espécies, poluição e assoreamento. O presente estudo teve como objetivo a identificação molecular de espécies de peixes presentes nesta bacia. A identificação molecular utilizando o método DNA Barcoding (650 pb do gene mitocondrial COI) foi obtida para 70 espécies, correspondendo a aproximadamente 70% da diversidade já descrita para a bacia. As espécies analisadas representam 41 gêneros, 19 famílias e cinco ordens: Characiformes (42,1%), Siluriformes (40,4%), Perciformes (9,4%), Gymnotiformes (4,7%) e Cyprinodontiformes (3,4%). Utilizando o modelo de distância K2P implementado na plataforma on-line do BOLD foram obtidas as distâncias médias entre espécies, gêneros e famílias, correspondendo respectivamente a 2,76%, 11,24% e 20,48%. Divergências intraespecíficas elevadas (>2%) foram encontradas para 24 espécies: Astyanax aff. fasciatus, Astyanax aff. bimaculatus, Astyanax cf. scabripinnis, Astyanax sp., Astyanax cf. taeniatus, Characidium gr. timbuiense, Characidium sp., Crenicichla lacustris, Gymnotus sp., Harttia sp., Hoplias gr. malabaricus, Hypostomus affinis, Knodus moenkhausii, Leporinus copelandii, Loricariichthys castaneus, Neoplecostomus sp., Pareiorhaphis sp., Poecilia reticulata, Prochilodus costatus, Rhamdia aff. quelen, Trachelyopterus striatulus, Trichomycterus aff. alternatus, Trichomycterus aff. immaculatus, Trichomycterus sp. Essas espécies apresentaram múltiplos clados no cladograma (Neighbor Joining), Barcode Index numbers (BINs) distintos e assim representando possíveis exemplos de espécies crípticas ou equívocos na identificação morfológica. A utilização do DNA Barcoding também demonstrou elevada similaridade de espécies identificadas somente em nível de gênero com espécies já descritas, como entre Brycon sp. e Brycon ferox; Imparfinis sp. e Imparfinis minutus; Pimelodella sp. e Pimelodella lateristriga. A biblioteca de Barcodes de DNA representa o primeiro trabalho utilizando uma abordagem integrativa para as espécies de peixe da Bacia do rio Doce, contribuindo para a descrição correta de sua biodiversidade. Órgãos financiadores: BrBol, CNPq, FAPEMIG, FIP PUC Minas. 112 (Nº 035) RECONSTRUÇÃO GENÉTICA DA INTRODUÇÃO DA PIRAMBEBA (Serrasalmus brandtii) NA BACIA DO JEQUITINHONHA Daniel Fonseca Teixeira¹, Adriana Heloísa Pereira¹, Francisco Andrade Neto2, Daniel Cardoso Carvalho¹ 1. Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Programa de Pós-Graduação em Biologia de Vertebrados, Laboratório de Genética da Conservação, Belo Horizonte, MG; 2. Projeto Jequictio, Belo Horizonte, MG Invasões biológicas representam uma das principais causas da redução da biodiversidade global. Estima-se que os custos envolvendo danos causados por invasões biológicas ultrapassem 46 bilhões de dólares, anualmente. Devido à irreversibilidade do processo de invasão biológica, a maior parte dos esforços vem sendo aplicada no entendimento da rota introdutória e sucesso de propagação de espécies invasoras, no intuito de evitar novas introduções. Dessa forma, análises moleculares podem ser aplicadas na reconstrução da introdução de uma espécie, elucidando sua origem, rota introdutória e número de introduções (pressão de propágulo). A pirambeba (Serrasalmus brandtii), uma espécie nativa do rio São Francisco, foi registrada na bacia do rio Jequitinhonha em 2008 e, desde então, tem alterado a estrutura da comunidade de peixes, provocando grandes perdas na pesca da região. O presente trabalho utilizou a região controle do DNA mitocondrial para a determinação da rota introdutória e caracterização da diversidade genética da pirambeba nas bacias do São Francisco e Jequitinhonha. A metodologia do DNA Barcoding (650 pb do gene mitocondrial citocromo oxidase subunidade 1 - COI) foi utilizada para a certificação da correta identificação taxonômica da espécie. Foram analisados 95 espécimes de S. brandtii provenientes do alto, médio e baixo São Francisco (população nativa) e 38 espécimes do médio e baixo Jequitinhonha (população introduzida). O DNA Barcoding identificou a pirambeba coletada na bacia do rio Jequitinhonha como S. brandtii. A população invasora apresentou reduzida diversidade genética (Hd=0,643; quatro haplótipos) quando comparada com a população nativa (Hd=0,873; 27 haplótipos). Devido a haplótipos privados detectados à jusante do barramento da usina hidroelétrica de Irapé, temos evidências para um ato introdutório distinto nessa localidade. A reduzida diversidade genética nas populações invasoras sugere baixo número de propágulos e possivelmente dois atos introdutórios: um acima da barragem de Irapé e outro representando a população introduzida do médio e baixo Jequitinhonha, à jusante do barramento. Além disso, o haplótipo mais representativo na população à montante de Irapé, local do primeiro registro da pirambeba na bacia do Jequitinhonha, é compartilhado por espécimes provenientes do rio Paraopeba, localizado no alto da bacia do São Francisco, sendo este o provável ponto de origem da primeira introdução. A introdução da pirambeba não pode ser revertida no rio Jequitinhonha. Entretanto, a reconstrução da introdução dessa espécie invasora pode dar suporte para a priorização de pontos de fiscalização, ajudando a prevenir novas introduções da S. brandtii em locais ainda não afetados. Órgãos financiadores: FIP PUC Minas, FAPEMIG, CEMIG (Peixe-Vivo) 113 (Nº 036) FILOGENIA MOLECULAR DA FAMÍLIA CURIMATIDAE NA BACIA DO RIO MADEIRA Najila Nolie Catarine Dantas Cerqueira1, Bruna Soares2, Dayana Tamiris Brito dos Santos1, Fernando Berton Zanchi 3, Carolina R. C. Doria1, Christian Andrias Cramer4, Rubiani de Cassia Pagotto1 1. Universidade Federal de Rondônia, Departamento de Biologia, Porto Velho – RO; 2. Instituto Nacional de Pesquisa da Amazônia –INPA, Manaus - AM; 3. FIOCRUZ- RO, Porto Velho – RO,4. Universitat Marburg- Alemanha. A família Curimatidae é considerada um grupo com grande estabilidade cariotípica com 2n= 54 cromossomos divididos entre metacêntricos e submetacêntricos, o que sustenta a hipótese de monofilia para o grupo. Analises moleculares com DNA mitocondrial também caracterizam a família Curimatidae como um grupo monofilético, sendo grupo irmão de Prochilodontidae. Porém, tanto estudos citogenéticos quanto moleculares demonstram divergências entre alguns gêneros desta família. O presente trabalho teve por objetivo realizar analise filogenética em algumas espécies da família Curimatidae com base nas sequencias obtidas de parte do gene mitocondrial Citocromo c Oxidase subunidade I COI. Foi obtido tecido muscular de 22 espécimes pertencentes a 7 espécies (4 gêneros) coletados na Bacia do Rio Madeira, no estado de Rondônia. O DNA foi extraído seguindo o protocolo de extração fenol/clorofórmico e as sequências parciais do gene COI foram obtidas utilizando-se iniciadores descritos na literatura. Utilizou-se os programas: GENEIOUS 6.0.6 para edição das sequências, o MEGA 6 para alinhamento, BIOEDIT 7.0.9.0 para cálculo das distâncias genéticas e MRBAYES para a construção da árvore filogenética. Dos 5 espécimes de Potamorhina altamazonica estudados, 4 foram alocados junto com Psectrogaster essequibensis e um espécime, junto com o gênero Curimata. Em 2 espécimes de P. altamazonica foram encontrados valores superiores a 3%, indicativo de diversidade interespecífica, sugerindo a necessidade de maiores estudos relativos a P. altamazonica. Órgão financiador: CNPq; Convênio Santo Antônio Energia/IEPAGRO – UNIR 114 (Nº 037) DIVERSIDADE GENÉTICA E ESTRUTURA POPULACIONAL DE Arapaima gigas NA BACIA ARAGUAIA-TOCANTINS Carla de Andrade Vitorino1, Juliana Araripe2, Issakar Lima Souza3, Vladimir Pavan4 Margarido & Paulo Cesar Venere5 1. Doutoranda do Programa de Pós-graduação em Ecologia e Conservação da Biodiversidade da Universidade Federal de Mato Grosso, Cuiabá-MT. 2. Universidade Federal do Pará, Instituto de Estudos Costeiros de Bragança, Bragança-PA. 3. Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, Cascavel, PR .4. Universidade Federal de Santa Catarina, Departamento de Biologia Celular, Embriologia e Genética, Florianópolis-SC. 5. Universidade Federal de Mato Grosso, Instituto de Biociências, Cuiabá-MT. Arapaima gigas (pirarucu) é uma das poucas espécies de peixes listadas na Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies da Fauna e da Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção, e tem apresentado diversos níveis de estruturação populacional em estudos realizados na região amazônica. No entanto, não se tem conhecimento sobre os níveis de diversidade genética e estruturação populacional para esta espécie na bacia AraguaiaTocantins. Diante disso, o presente trabalho objetivou avaliar a diversidade genética de pirarucus procedentes desde lagos marginais do médio rio Araguaia, até um trecho do médio rio Tocantins, no município de Itupiranga-PA. Um total de 149 indivíduos, de quatro localidades, foi avaliado utilizando-se cinco primers para amplificação de sequências do tipo ISSR, que produzem múltiplas bandas, gerando um padrão de “fingerprint” bastante útil para estudos populacionais, enquanto 294 amostras de cinco localidades foram avaliadas com sete marcadores SSR. Foram obtidos 168 loci, com os ISSR, com uma variação de 67 (39,9%) a 86 (51,2%) loci polimórficos. Com os marcadores SSR, 28 alelos foram identificados, com uma frequência de 2 a 8 alelos por loco. A heterozigosidade esperada variou de 0,080 a 0,190 com os ISSR, e de 0,037 a 0,679 com os SSR, para as diferentes populações. A AMOVA mostrou 52,63% de variação interpopulacional e 47,37% de variação intrapopulacional para o marcador ISSR, enquanto que para os SSR a variação dentro das populações foi maior do que entre as populações (40,08% e 59,92%, respectivamente). Os índices de FST par-a-par variaram de 0,286 a 0,726 para o marcador ISSR, e de 0,050 a 0,600 para os SSR. Os valores de FST obtidos, com ambos os marcadores, foram significantes para todos os pares de populações (p<0,05). O teste de Mantel mostrou que a estruturação observada não é explicada somente pela distância geográfica, tanto para os marcadores ISSR quanto para os microssatélites. Os resultados obtidos, tanto com os marcadores ISSR, quanto com os SSR, indicam que as populações da bacia Araguaia-Tocantins encontram-se estruturadas, ou seja, existe pouco fluxo gênico entre elas, e apresentam baixa diversidade genética. Esse baixo nível de variabilidade pode ser explicado tanto pela pesca predatória a que estas populações vêm sofrendo ao longo dos anos, como também pode ser uma característica natural dessas populações. Independentemente das causas da baixa diversidade genética detectada, é importante destacar a fragilidade genética dessas populações, pois qualquer alteração ambiental (natural ou não) pode reduzir ainda mais esses valores, colocando em risco a existência das mesmas. Assim, os dados obtidos são importantes para o estabelecimento de ações voltadas para o manejo e conservação dos estoques naturais de pirarucus no sistema Araguaia-Tocantins. Órgão financiador: FAPEMAT e CAPES 115 (Nº 038) AVALIAÇÃO DA ESTRUTURA GENÉTICA POPULACIONAL DO SURUBIM (Pseudoplatystoma fasciatum) EM RIOS DO MARANHÃO William Rodrigues de Lima¹, Deboranh Suellen Lobo Campos¹, Juniele Paulina dos Santos¹, Lígia Tchaika2 & Luis Fernando Carvalho Costa¹ 1. Universidade Federal do Maranhão, Departamento de Biologia, São Luis-MA; 2. Universidade Estadual do Maranhão, Departamento de Química e Biologia, São LuisMA Bagres do gênero Pseudoplatystoma são reconhecidos por realizarem migrações durante o período reprodutivo mais conhecido como piracema. O início da migração coincide com o período chuvoso e o aumento no nível fluvial. Enquanto os peixes sobem os rios através dos canais principais, ocorre a maturação reprodutiva, depois a desova e dispersão dos zigotos até as zonas inundadas que oferecem refúgio e alimento para os indivíduos imaturos. A migração é um evento cíclico que se repete todos os anos para espécies como o Pseudoplatystoma fasciatum. Para esta espécie, é esperado encontrar uma população panmítica ou estruturada, de acordo com seu potencial de dispersão, existência de barreiras geográficas ou comportamento de homing. Estudos que objetivam responder estas questões sobre a estruturação populacional fornecem informações importantes para a conservação de espécies e podem auxiliar nas decisões para criação, manejo e reestruturação de unidades de conservação. Estudos prévios remontam à incerteza da panmixia em Pseudoplatystoma nos diversos sistemas hidrográficos onde as espécies ocorrem. Assim, investigamos a existência de estruturação populacional em P. fasciatum em duas bacias hidrográficas do Maranhão. Foi sequenciado um fragmento da região controle (DNA mitocondrial) de 215 amostras coletadas no sistema hidrográfico PindaréMearim e rio Munim. Utilizamos o índice de fixação (FST) e AMOVA para avaliar a estruturação populacional, e distâncias genéticas (distância p) para verificar a divergência dentro e entre as populações amostradas. Os resultados evidenciam baixa estruturação populacional quando consideradas apenas os seis pontos amostrais do Pindaré-Mearim. Por outro lado, encontramos elevada estruturação genética quando comparamos as populações do Pindaré-Mearim e Munim. A divergência genética foi estimada incluindo sequências de P. fasciatum do GenBank de rios no Amazonas e do Suriname. P. fasciatum do Pindaré-Mearim, divergiu 3,5 % de P. fasciatum do Suriname e 3,4 % do Amazonas. A população do rio Munim teve divergência de 3,9 e 3,8% em relação ao Suriname e Amazonas, respectivamente. A distância genética entre as populações do Pindaré-Mearim e Munim foi de 1,1%. Diante disso, concluímos que as amostras de P. fasciatum do Maranhão são bem diferenciadas geneticamente tanto entre si quanto em relação aos peixes da bacia Amazônica e da região das Guianas, onde encontrou-se valores de divergência genética similares aos encontrados para diferenças interespecíficas usando este marcador. Essas informações devem ser consideradas nos projetos de conservação e manejo de P. fasciatum nestes rios. Órgão financiador: FAPEMA 116 (Nº 039) IDENTIFICAÇÃO POR DNA BARCODING SUGERE A OCORRÊNCIA DE ESPÉCIES CRÍPTICAS EM PEIXES DE RIOS DO MARANHÃO Raimunda Alves Silva1, Keila Gardênia Oliveira Cruz1, Antonio Marcos Silva Pereira1, Nivaldo Magalhães Piorski2, Jorge Luiz Silva Nunes2, Elmary da Costa Fraga3 & Luis Fernando Carvalho Costa2 1.Universidade Federal do Maranhão, Centro de Ciências Agrárias e Ambientais, Chapadinha-MA; 2. Universidade Federal do Maranhão, Departamento de Biologia, São Luis-MA; 3. Universidade Estadual do Maranhão, Centro de Estudos Superiores de Caxias, Caxias-MA. O Brasil possui uma megadiversidade de peixes de água doce. O Maranhão abriga uma diversidade ictiológica em grande parte desconhecida pela comunidade científica. Métodos que identifiquem espécies, de maneira correta e rápida, são cada vez mais úteis e necessários. O DNA barcoding corresponde a um pequeno fragmento do gene mitocondrial COI, que pretende tornar-se um identificador único e padrão de todas as espécies animais. Assim, objetivou-se neste trabalho, fazer a identificação de peixes das ordens Characiformes, Perciformes e Siluriformes de rios do Maranhão (Tocantins, Pindaré, Parnaíba e Munim) usando o gene COI. O fragmento do gene foi sequenciado, e as sequências alinhadas no programa Bioedit. As distâncias genéticas (Kimura-2Parâmetros) foram calculadas no Mega 6. Todas as sequências foram comparadas no banco de dados BOLD SYSTEMS. Foram geradas 176 sequências para os Characiformes (Anostomidade, Chilodontidae, Cynodontidae, Erythrinidae, Prochilodontidae e Serrasalmidae), 29 sequências para os Perciformes (Cichlidae e Sciaenidae) e 39 para os Siluriformes (Auchenipteridae, Doradidae, Loricariidae e Pimelodidae). Em Characiformes, a média da divergência interespecífica (19,9%) foi 46 vezes maior do que a intraespecífica (0,43%). Em Perciformes, a divergência intraespecífica foi de 0,5%, sendo 24 vezes menor que a interespecífica (12,40%). Nos Siluriformes, a média de divergência intraespecífica (0,04%) foi 485 vezes menor que a interespecífica (19,4%). Para uma efetiva identificação de espécies, por meio do DNA barcoding, é necessário que haja pouco polimorfismo intraespecífico quando comparado ao interespecífico. A taxa de sucesso na identificação de Characiformes foi de 99,5%. Em Siluriformes, este valor foi de apenas 48%, e em Perciformes foi de 65%. Esses dois últimos grupos apresentaram casos de incompatibilidade entre a identificação molecular e a morfológica, e muitos casos em que não houve sequências similares no BOLD, mas apenas no NCBI. Houve casos sugestivos de ocorrência de espécies crípticas (ex. Hoplias malabaricus, Sorubim lima, Cichlasoma orientale, Crenicichla sp., Crenicichla menezesi, Plagioscion squamosissimus e Australoheros facetus), cujos valores de divergências interpopulacionais foram maiores do que 2%. Assim, confirmamos a eficiência do DNA barcoding para identificação de espécies de peixes Characiformes de rios maranhenses, não ocorrendo o mesmo os bagres e Perciformes, que, apresentaram, em muitos casos, valores de divergência muito altos, provavelmente, pelo fato de não haver sequências com o mínimo de 98% de similaridade no BOLD SYSTEMS. Órgão financiador: FAPEMA 117 (Nº 040) DIVERSIDADE GENÉTICA EM Gymnotus Linnaeus, 1758 (GYMNOTIFORMES: GYMNOTIDAE) DO PANTANAL DE MATO GROSSO, BRASIL Gisele da Silva Ferreira Braga1, Lucélia Fernanda Leite1, Débora Karla Silvestre Marques2, Daniela Cristina Ferreira1, Liano Centofante1 & Paulo Cesar Venere1 1.Universidade Federal de Mato Grosso, Instituto de Biociências, Laboratório de Genética Animal, Cuiabá-MT. 2. Pesquisadora Embrapa-Pantanal. A fauna de peixes é representada por um grupo de vertebrados bastante numeroso e diversificado. Peixes da ordem Gymnotiformes são amplamente distribuídos, desde o Sul da Argentina, à porção Norte do México. O gênero Gymnotus é o mais especioso da família Gymnotidae, conhecidos popularmente como “peixes elétricos” ou “tuviras”. Essas espécies são comumente exploradas como iscas vivas na região do Pantanal matogrossense pelo seu alto valor comercial, sendo um recurso econômico importante para a região. Espécies desse grupo apresentam características peculiares, em especial, pelo seu corpo alongado, órgão de descarga elétrica e seu padrão de coloração que é uma característica bastante utilizada para a identificação do grupo. No entanto, sua semelhança morfológica dificulta a taxonomia precisa dessas espécies. O objetivo deste trabalho foi de caracterizar geneticamente com base no DNA Barcoding espécies de tuviras (Gymnotus spp.) do Pantanal matogrossense. Sendo, o DNA barcoding uma ferramenta que vem revelando de maneira rápida e eficiente a identificação de diversas espécies animais, utilizamos o gene mitocondrial Citocromo Oxidase subunidade I (COI) para a identificação de espécies comercializadas como iscas vivas na região. Para isso, realizouse o sequenciamento do fragmento COI de 244 indivíduos, oriundos de três localidades do Pantanal de Mato Grosso: Poconé, Barão de Melgaço e Cáceres e uma amostragem de Corumbá (Mato Grosso do Sul). As sequencias foram analisadas utilizando o modelo Kimura 2 parâmetros (K2P) e uma representação gráfica foi gerada com o algoritmo Neighbor Joining. As análises revelaram três grupos distintos de Gymnotus para a região de estudo: G. paraguensis, G. pantanal e G. sylvius. G. paraguensis foi o grupo mais representativo (84,4%) e G. pantanal a espécie com o menor número de espécimes (7%). Estimativas de divergência par a par de sequências entre os grupos foram: G. paraguensis x G. sylvius= 5%; G. paraguensis x G. pantanal= 7,2%; G. sylvius x G. pantanal=7,7%. Dentro dos grupos a distância genética não variou significativamente. Estes dados contribuem para a melhor identificação de Gymnotus encontrados na região do Pantanal de Mato Grosso que vem aumentando a comercialização destas iscas vivas que até pouco tempo eram proibidas para coletas extrativistas. Além disso, esse conhecimento é valioso para a preservação destas espécies que até então eram subestimadas no que refere às leis que normatizam sua captura. Órgão financiador: CNPq/FAPEMAT/CAPES. 118 (Nº 041) DIVERSIDADE GENÉTICA DE ESTOQUES DE REPRODUTORES DE Colossoma macropomum MEDIANTE O USO DE MARCADOR MICROSSATÉLITE Eric Costa Campos¹, Annaiza Braga Bignardi² Mariana Stucki Alves¹, Caroline Michele Marinho Marciano¹, Pedro Aurélio Tataíra da Costa¹, Milene Rodrigues Dias1, Denise Rocha Ayres2, Mário Luiz Santana Júnior2, Nelson Mauricio LoperaBarrero³, Jayme Aparecido Povh4 1. Graduando em Zootecnia – UFMT, Campus Universitário de Rondonópolis-MT, GMAT (Grupo de Melhoramento Animal de Mato Grosso). Bolsistas PIBIC do CNPq; 2. Professores do curso de Zootecnia – UFMT, Campus Universitário de RondonópolisMT, GMAT; 3. Departamento de Zootecnia – UEL, Londrina-PR; 4. Departamento de Zootecnia – UFMS, Campo Grande-MS. O Tambaqui (Colossoma macropomum) nativo da bacia Amazônica é o organismo áquatico mais produzido no Mato Grosso. Um manejo genético-reprodutivo inadequado pode acarretar a diminuição da variabilidade genética da espécie, assim, gerando dificuldades de sobreviver no ambiente de cultivo. Foi avaliada a diversidade genética em duas populações: Selecionada para Ganho de Peso (SGP) e uma população Não Seleção (NS) utilizando os seguintes primers: Cm1A11, Cm1C8, Cm1D1, Cm1E3, Cm1E8, Cm1H8, Cm1G7, Cm1F4, Cm1F5 e Cm1F7. Foi extraído DNA de 272 amostras de nadadeira caudal. O DNA genômico foi amplificado em um volume de reação de 20 ul, foram utilizados: tampão 1X Tris-KCl, 2,0 mM de MgCl2, 0,8 μM de cada primer, 0,2 mM de cada dNTP, uma unidade de Platinun Taq DNA Polimerase e 20 ng de DNAs, as reações foram amplificadas em termociclador Bio-Rad. O DNA foi desnaturado a 94ºC por 4 minutos e em seguida, realizados 30 ciclos, cada uma consistindo de: 30 segundos de desnaturação a 94ºC, 30 segundos de anelamento a 56ºC e um minuto de extensão a 72Cº, após foi realizado uma extensão final a 72ºC por 10 minutos. As amostras amplificadas foram submetidas à eletroforese em gel de poliacrilamida. Para a visualização dos alelos microssatélite, foi utilizado à coloração com nitrato de prata. Para as análises estatísticas, foram calculadas para cada locus usando o programa GENEPOP 4.2. Do total dos 10 loci utilizados, foi obtido um total de 42 alelos. Todos foram polimórficos e os tamanhos estimados dos alelos variaram entre de 150 (Cm1E8) à 298pb (Cm1H8). A população SGP teve a heterozigosidade observada nos loci Cm1A11, Cm1C8, Cm1D1, Cm1E8, Cm1H8 e Cm1F5. A heterozigosidade observada média foi ligeiramente superior (0,5138 ± 0,1913) na população SPG que na NS (0,4798 ± 0,2669) (teste de Duncan, p <0,05). Os coeficientes positivos de endogamia (FIS) nos loci Cm1A11 (SGP: FIS = 0,05 e NS: FIS = 0,14), Cm1C8 (SGP: FIS = 0,27 e NS: FIS = 0,13), Cm1E3 (SPG: FIS = 0,12), Cm1D1 (NS: FIS = 0,01), Cm1H8 (SPG: FIS = 0,56 e NS: FIS = 0,82), Cm1G7 (SPG: FIS = 0,06), Cm1F7 (SPG: FIS = 0,79 e NS: FIS = 0,22), Cm1F5 (SPG: FIS = 0,31 e NS: FIS =0,61), Cm1F4 (SGP: FIS = 0,22 e NS: FIS = 0,23) indicam deficiência de heterozigotos. Em contraste, as estimativas de FIS negativas nos loci Cm1E3 (NS: FIS = -0,22), Cm1D1 (SGP: FIS = -0,07), Cm1E8 (SGP: FIS = -0,06 e NS: FIS = -0,16), Cm1G7 (NS: FIS = -0,40) indicam excesso de heterozigotos. Foi observada uma variabilidade genética adequada na população SGP. O monitoramento genético utilizando marcadores microssatélites na formação de reprodutores é fundamental para manter variabilidade e evitar os seus efeitos indesejáveis na estrutura das populações. Órgão financiador: CNPq 119 (Nº 042) DNA BARCONDING COMO FERRAMENTA MOLECULAR PARA O ENSINO DE GENÉTICA E IDENTIFICAÇÃO DE FRAUDES EM PESCADO Núbia Cristina Ferreira Guimarães¹; Adriana Heloisa Pereira¹; Daniel Cardoso Carvalho1 1. Laboratório de Genética da Conservação, Programa de Pós-Graduação em Biologia de Vertebrados da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais O aumento no comércio e consumo internacional de peixes e frutos do mar em diferentes níveis de ofertas e demanda, têm levado a fraudes econômicas, com casos de substituições de pescado de determinadas espécies. No setor comercial, a aplicação da taxonomia molecular para autenticação de alimentos é destinada principalmente a proteger os consumidores contra a fraude. Na comercialização do pescado nem sempre é possível a caracterização morfológica do produto, onde na maior parte se apresentam congelados ou processados. A genética forense utilizando a metodologia do DNA Barcoding foi utilizada para identificação de pescado comercializado em Belo Horizonte e Região Metropolitana utilizando como marcador, o gene mitocondrial (COI) por ser um identificador genético universal. Cinquenta amostras comercializadas como atum (n=1), bacalhau do porto (n=4), bacalhau (n=2), dourado do mar (n=2), kani (n=1), merluza (n=3), peixe prego (n=1), pescadinha (n=4), salmão (n=18), sardinha (n=1) e surubim (n=12) provenientes de mercados foram coletadas e analisadas por alunos da graduação em ciências biológicas (PUC Minas) durante as aulas práticas da disciplina de genética, entre os anos de 2013 e 2015. A taxa de substituições observada foi de 28.6%, incluindo fraudes na comercialização de bacalhau, dourado do mar, merluza, peixe prego e surubim. A mais alta taxa de substituição foi observada para amostras de surubim, sendo que das 12 amostras analisadas, 10 foram consideradas fraudes, com substituições por espécies pertencentes a outros gêneros (Sciades couma, Zungaro zungaro, Brachyplatystoma rousseauxii, Brachyplatystoma filamentosum e Ariopsis seemanni). A identificação de pescado utilizando métodos moleculares é importante para detecção de fraudes intencionais e para o ensino de genética. Os alunos envolvem-se com práticas de genética forense, sendo estimulados a utilizar metodologias de extração, amplificação, sequenciamento e análise de sequencias de DNA. Dessa forma, a aplicação prática de genética forense se torna interessante do ponto de vista social, econômico e para a conservação da ictiofauna neotropical. Órgão Financiador: 120 (Nº 043) DIVERSIDADE GENÉTICA E COMPORTAMENTO REPRODUTIVO DA ESPÉCIE AMEAÇADA DO PEIXE PACAMÃ (Lophiosilurus alexandri) Adriana Heloísa Pereira¹, Ronald Kennedy Luz², Izabela Santos Mendes¹, Daniel Cardoso de Carvalho² 1. Programa de Pós-Graduação em Biologia dos Vertebrados da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais- Laboratório de Genética da Conservação; 2. Universidade Federal de Minas Gerais Escola de Veterinária, Departamento de Zootecnia, Laboratório de Aquacultura O pacamã (Lophiosilurus alexandri) é um peixe da ordem Siluriforme ameaçado de extinção e endêmico da bacia do Rio São Francisco. Devido a sua carne sem espinhos intramusculares e seu elevado valor de mercado nos anos de 2013 e 2014 foram capturadas matrizes para o estabelecimento de uma população em cativeiro e o desenvolvimento do pacote tecnológico para sua produção. No sentido de entender melhor o comportamento reprodutivo do pacamã, vinte e uma matrizes foram marcadas e suas desovas coletadas para posterior sequenciamento da região controle do DNA mitocondrial, em um sistema de criação controlado. Quatro tanques contendo as seguintes proporções de reprodutores foram estabelecidos: 4 fêmeas e 2 machos (Tanque 1), 4 fêmeas e 1 macho (Tanque 2), 3 fêmeas e 2 machos (Tanque 3) e 4 fêmeas e 2 machos (Tanque 4). Quarenta e uma desovas foram coletadas em ninhos protegidos por machos assim que detectadas por 2 anos. Além disso, foram analisadas 47 amostras de pacamã coletadas no médio São Francisco para o estabelecimento da diversidade genética natural para a espécie. Os resultados obtidos demonstram que não houve padrão reprodutivo entre os tanques, já que em alguns tanques apenas uma fêmea efetuou todas as desovas (apenas 1 haplótipo detectado em todas as desovas – Tanque 2) em diferentes estações reprodutivas e em outros todas as fêmeas participaram efetivamente das desovas ocorridas (Tanque 3 e 4). No tanque 1, apenas duas fêmeas participaram das desovas. No tanque 2, a média entre desovas de uma mesma fêmea foi de 10,66 dias, evidenciando capacidade de desovas múltiplas. A diversidade genética no rio (Hd= 0.963) foi similar a diversidade encontrada nos reprodutores (Hd=0.952). Entretanto, a diversidade genética na geração F1 foi reduzida para 0.8585, já que apenas 66% das fêmeas procriaram. A perda da diversidade genética devido a reprodução desigual de matrizes representa uma ameaça a manutenção, a longo prazo, de populações em cativeiro e de sua utilização para programas de repovoamento. Dessa forma, a utilização de ferramentas moleculares para a detecção de matrizes não reprodutivas e seu correto manejo deve garantir a integridade genética do plantel além de contribuir para a compreensão do comportamento reprodutivo da espécie. Órgão Financiador: 121 (Nº 044) A POSSIBLE CRYPTIC ECUADOREAN SPECIES OF Mugil (ACTINOPTERYGII: MUGILIDAE) SUGGESTED BY CYTOGENETIC AND MOLECULAR DATA Mauro Nirchio1,2, Claudio Oliveira3, Zoila Raquel Siccha-Ramirez3, Viviani França Sene3, César Quezada Abad2, Omar Rogerio Sánchez Romero2, Patricio Fredy Quizhpe Cordero2, Ricardo Britzke2,3, Anna Rita Rossi4, Valentina Milana4, Luciana Sola4 1. Escuela de Ciencias Aplicadas del Mar, Universidad de Oriente, Isla de Margarita, Venezuela; 2. Universidad Técnica de Machala, Ecuador; 3. Departamento de Morfologia, Instituto de Biociências Universidade Estadual Paulista, 18618-970 Botucatu, SP, Brazil; 4. Dipartimento di Biologia e Biotecnologie “C. Darwin”, Sapienza-Università di Roma, Via Alfonso Borelli 50, 00161 Roma, Italia Mugilidae have a conservative 48 uniarmed karyotype, with the exception of the species (M. curema and M. margaritae) of the Mugil curema species complex, that show karyotypes mainly, or exclusively, composed of bi-armed chromosomes and a conserved fundamental number of 48. The cytogenetic analysis of putative Mugil curema from Puerto Hualtaco, Ecuador, revealed a karyotype characterized by 2n=46 and composed by 2 metacentric, 2 submetacentric and 42 subtelocentric/acrocentric elements, FN=50. The metacentric chromosome pair number one was clearly identifiable, whereas the homologues belonging to the subtelocentric and acrocentric series could not be unequivocally identified due to their uniformly decreasing size. C-banding revealed the presence of heterochromatic blocks at the centromeres of most chromosomes and at the telomeric regions of some of them. Ag-NORs showed the presence of black dots on the telomeric region of a st/a chromosome pair. Dual FISH revealed that the 18S rDNA probe yielded two hybridization signals on the same location of the Ag-positive signals; whereas the 5S rDNA probes hybridized on one medium-sized chromosome acro/subtelocentric pair and did not co-localize with the major rDNA clusters. Mapping of the (TTAGGG)n telomeric repeats showed the expected telomeric signals on both telomeres of all chromosomes and additional positive signals were not detecte. The alignment of the Ecuadorean sequences of the mitochondrial cytochrome oxidase I (COI) gene with the sequences of M. curema, M. margaritae and Mugil sp available in GenBank confirmed that the putative M. curema from Ecuador belongs to a different and well supported molecular lineage within the M. curema species complex. Both cytogenetic and molecular data therefore suggest the existence of a cryptic species that requires to be further investigated to be formally described as a new species. Órgão Financiador: 122 (Nº 045) INFERÊNCIAS CROMOSSÔMICAS E MOLECULARES EVIDENCIAM DIVERGÊNCIA EVOLUTIVA RECENTE EM PEIXES DO GÊNERO Apareiodon Eigenmann, 1916 (CHARACIFORMES, PARODONTIDAE) Josiane Baccarin Traldi1, Marcelo Ricardo Vicari2, Juliana de Fátima Martinez3, Daniel Rodrigues Blanco4, Roberto Laridondo Lui5, Cristiane Kioko Shimabukuro Dias6, Roberto Ferreira Artoni2, Claudio de Oliveira6 & Orlando Moreira Filho1 1. Universidade Federal de São Carlos, São Carlos-SP; 2. Universidade Estadual de Ponta Grossa, Ponta Grossa-PR; 3.Universidade Federal de São Carlos, Sorocaba-SP; 4. Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Santa Helena-PR; 5. Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Cascavel-PR; 6. Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, Botucatu-SP Historicamente, a descrição das espécies da família Parodontidae tem sido feita através da taxonomia morfológica. Com o avanço das técnicas citogenéticas e moleculares, a associação destes dados de diferentes naturezas tem produzido resultados robustos para a sistemática e taxonomia do grupo. Esta associação mostra uma tendência mundial em analisar populações naturais a partir de diferentes perspectivas. Neste contexto, o presente trabalho visou contribuir para o conhecimento da diversidade genética existente na família Parodontidae, apresentando uma análise integrada de dados citogenéticos (clássicos e moleculares) e da sequência parcial do gene da citocromo C oxidase I (DNA Barcode) de quatro espécies de Apareiodon da bacia do rio Tocantins, Brasil: A. cavalcante, Apareiodon sp. 1, Apareiodon sp. 2 e A. machrisi. Apesar das quatro espécies aqui estudadas compartilharem uma macroestrutura cariotípica conservada, exclusividades evolutivas podem sugerir a ocorrência de três espécies: A. cavalcante, Apareiodon sp. 2 e A. machrisi. Apareiodon sp. 1 não pôde ser diferenciada de A. cavalcante, pois estas espécies compartilham os caracteres cromossômicos empregados. Os dados moleculares, por sua vez, indicam a formação de três grupos: um grupo formado pelos indivíduos de A. machrisi e Apareiodon sp.1; um grupo formado pelos indivíduos de A. cavalcante; e um grupo formado pelos exemplares de Apareiodon sp. 2. Os resultados obtidos indicaram que estes dois níveis de organização biológica (cromossômico e molecular) possuem taxas evolutivas distintas nessas espécies, assim como ocorre para outras espécies de peixes. Os marcadores utilizados indicam que estes quatro conjuntos de indivíduos apresentam divergência recente, sendo A. cavalcante, Apareiodon sp. 2 e A. machrisi espécies nominais. Portanto, Apareiodon sp. 2 representa uma possível espécie nova a ser descrita. Os exemplares de Apareiodon sp. 1, por sua vez, possivelmente constituem uma população de A. machrisi que reteve os caracteres cromossômicos ancestrais. Órgão financiador: FAPESP, CAPES e CNPq Apoio de coleta: ICM-Bio (licença No 10538-1) 123 (Nº 046) CARIÓTIPO E DNA BARCODE INDICAM QUE DOIS MORFOTIPOS DE Hypancistrus sp. "pão" (SILURIFORMES: LORICARIIDAE) DO RIO XINGU SÃO A MESMA ESPÉCIE Adauto Lima Cardoso1, Hagi Lopescu Silva Carvalho1, Thayse Cristine Melo Benathar1, Suellen Maria Gales Serrão2, Cleusa Yoshiko Nagamachi1,4, Julio Cesar Pieczarka1,4, Leandro Melo de Sousa3, Jonathan Stuart Ready2, Renata Coelho Rodrigues Noronha1 1. Laboratório de Citogenética, Instituto de Ciências Biológicas, Universidade Federal do Pará, Belém, PA, Brasil; 2. Laboratório de Lepidopterologia e Ictiologia Integrada, Instituto de Ciências Biológicas, Universidade Federal do Pará, Belém, PA, Brasil; 3. Faculdade de Ciências Biológicas, Universidade Federal do Pará, Campus de Altamira, Altamira, PA, Brasil; 4. Pesquisador do CNPq A família Loricariidae representa um importante componente da fauna íctica do Rio Xingu, incluindo espécies endêmicas, mas a sua diversidade não é claramente compreendida e é ameaçada por diversas atividades antrópicas nas últimas décadas. O gênero Hypancistrus Isbrucker and Nijssen (1991) abriga seis espécies formalmente descritas e várias não descritas. Dois morfotipos de Hypancistrus sp. “pão” ocorrem no Rio Xingu e são denominados de “L66” e “L333” no comércio ornamental. Porém, a identidade desses dois morfotipos como espécies independentes é questionável. Visando resolver esta questão nós descrevemos seus cariótipos usando coloração convencional, bandeamento C, impregnação das regiões organizadoras de nucléolo com AgNO3 e hibridização in situ fluorescente com sondas de DNA ribossomal (rDNA) 5S e 18S. Além disso, foi sequenciada parte do gene citocromo oxidase I (COI – DNA barcode). Todos os indivíduos de Hypancistrus sp. “pão” possuem 52 cromossomos, sendo 40 metasubmetacêntricos e 12 subtelo-acrocêntricos. Heterocromatina constitutiva foi detectada em região centromérica de todos os cromossomos, em grandes blocos nas regiões 2q, 3p, 4q e 5q e em pequenas bandas na região distal de vários pares cromossômicos. Sítios ativos de rDNA 18S foram detectados na região distal de 2q e sítios inativos foram identificados na região distal de 21q. rDNA 5S foi localizado na região intersticial de 1p e na região distal de 4q. O par cromossômico 21 exibe um polimorfismo representado por dois tipos de cromossomos: o tipo A é um submetacêntrico grande que possui uma banda heterocromática na região distal do braço curto, além disso, possui sítios inativos de rDNA 18S em região terminal, sendo adjacente a um bloco heterocromático no braço longo; o tipo B é um cromossomo pequeno sem a presença do longo bloco de heterocromatina e dos sítios inativos de rDNA 18S no braço longo. Dois tipos de genótipos relacionados a este polimorfismo foram detectados: o homozigoto AA e o heterozigoto AB. O homozigoto BB não foi identificado, provavelmente por ser raro ou por representar uma condição deletéria. Nenhum heteromorfismo cromossômico associado a sexo foi identificado. O alinhamento das sequências de COI revelaram clara separação de Hypancistrus sp. “pão” do seu congênere H. zebra e de outros loricarídeos. Além disso, todos os espécimes identificados como “L66” e “L333” foram agrupados juntos, indicando que não existe divergência entre os dois morfotipos. Os presentes dados indicam que Hypancistrus sp. “pão” é uma espécie válida e que os dois morfotipos representam polimorfirmos intraespecíficos. Órgão financiador: CNPq,CAPES, FAPESPA, Projeto Arapaima 124 (Nº 047) DELIMITAÇÃO DE ESPÉCIES UTILIZANDO DNA BARCODE E ANÁLISES CITOGENÉTICAS EM REPRESENTANTES DE Eigenmannia Jordan & Evermann, 1896 (GYMNOTIFORMES: STERNOPYGIDAE) Nadayca Thayane Bonani Mateussi1, Cristian Andrés Araya Jaime1,2, Claudio Oliveira1 & Fausto Foresti1 1. Instituto de Biociências, Universidade Estadual Paulista Júlio Mesquita Filho campus Botucatu - SP; 2. Departamento de Ciencias del Mar, Universidad Catolica del Norte, Coquimbo - Chile A metodologia de DNA barcode consiste na utilização de um fragmento do gene Citocromo c oxidase I (COI) na identificação e delimitação de espécies. Essa metodologia tem se mostrado bastante eficiente no processo de delimitação de grupos taxonômicos, fornecendo evidências sobre as Unidades Taxonômicas Operacionais (Operational Taxonomy Units - OTU), através do reconhecimento de padrões genéticos dentro dos grupos, e assim dando suporte para os estudos taxonômicos tradicionais. Eigenmannia apresenta oito espécies consideradas válidas e esse gênero é reconhecido como taxonomicamente confuso devido ao baixo nível de diferenciação morfológica entre suas espécies, o que tem dificultado a descrição formal das mesmas. Este baixo nível de diferenciação morfológica contrasta fortemente com a variabilidade da macroestrutura cariotípica, com variação do número diploide de 28 a 40 cromossomos e dos sistemas cromossômicos de determinação do sexo descritos para o gênero. Neste contexto, analisamos 33 sequências de um fragmento parcial do gene COI de seis espécies de Eigenmannia — E. microstoma, E. limbata, E. virescens, E. aff. trilineata, Eigenmannia sp.1 e Eigenmannia sp.2 — com o objetivo de avaliar se os cariomorfos reconhecidos por análises citogenéticas correspondem às espécies reconhecidas pela abordagem de DNA barcode. Esta análise resultou no reconhecimento de seis agrupamentos (OTUs independentes), com baixa variação intraespecífica e valores de divergência genética (K2P) variando entre 2,5 e 17,5% entre os OTUs. As informações resultantes do presente estudo contribuem para um melhor conhecimento da diversidade observada das espécies de Eigenmannia, fornecendo evidências moleculares para o reconhecimento de novas espécies. Sendo assim, concluímos que a utilização conjunta de análises citogenéticas e de DNA barcode pode melhorar a identificação e delimitação das espécies/cariomorfos em Eigenmannia, evidenciando o potencial destas abordagens para estudos taxonômicos e filogenéticos. Órgão financiador: Becas-Chile; Capes; CNPq; FAPESP. 125 (Nº 048) DIVERSIDADE GENÉTICA EM Pygocentrus nattereri (PISCES: CHARACIFORMES: SERRASALMINAE). Elisangela Bellafronte1, Thais Kelly Souza Teixeira da Silva1, Renata Claudino Oliveira1, Sandra Mariotto2, Livia Mondin3, Waldo Troy3, Paulo César Venere1, Liano Centofante1, Daniela Cristina Ferreira1. 1. Universidade Federal do Mato Grosso, Instituto de Biociências, Cuiabá-MT; 2. Instituto Federal do Mato Grosso, Campus Cuiabá-Bela Vista-MT; 3. Universidade Estadual do Mato Grosso, Campus Tangará da Serra-MT. Pygocentrus nattereri popularmente conhecido como piranha cajú ou piranha vermelha, é uma espécie de peixe de água doce da família Characidae. Prefere ambientes lênticos, possui hábito alimentar onívoro consumindo invertebrados, insetos, material vegetal, pássaros que estão na água e peixes, notadamente espécies de pequeno porte e os que estão moribundos ou feridos, até mesmo àqueles pertencentes ao seu próprio cardume. Estudos vêm revelando que populações de P. nattereri de diferentes bacias hidrográficas possuem distintos cariomorfos. Portanto, o presente trabalho tem por objetivo analisar geneticamente populações de piranha vermelha coletadas ao longo dos rios do estado do Mato Grosso, pertencentes à bacia do Alto Paraguai em busca de diferenças populacionais e inter-específicas relevantes. Foram realizadas coletas em vários pontos ao longo dos rios Paraguai e Cuiabá, nas cidades de Santo Antônio de Leverger, Cáceres, Barra do Bugres e Poconé e realizadas as preparações para obtenção de cromossomos mitóticos, técnica de bandamento C, AgRONs, FISH com DNA ribossômico 5S e análise das sequências de DNA barcode (citocromo oxidase I). Todas as populações apresentaram a mesma constituição cariotípica. O número diploide obtido foi de 60 cromossomos (24m+22sm+2st+12a), o bandamento C revelou bandas centroméricas em praticamente todo os cromossomos do complemento, algumas poucas bandas teloméricas e uma banda mais evidente coincidente com os sítios de DNAr 5S, localizados no braço longo do par 4, metacêntrico. A análise das sequencias de citocromo oxidase I revelaram homologia com as sequências de P. nattereri depositadas no site BOLD (Barcode of Life Data System). Apesar do mesmo número diploide, a população de piranha vermelha caracterizada no presente estudo para a bacia do Paraguai revelou morfologia cromossômica distinta das populações da bacia Amazônica (20m+28sm+2st+10a) e bacia do Araguaia (14m+22sm+14st+10a). Estes resultados mostram que populações de P. nattereri em distintas bacias hidrográficas brasileiras possuem consideráveis diferenças cromossômicas, entretanto estas mesmas populações não possuem sequencias de COI depositadas no site BOLD, que poderiam ser utilizadas para comparação. A utilização de um maior número de marcadores citogenéticos e moleculares podem indicar que P. nattereri pode ser considerada um complexo de espécies. Órgao financiador: FAPEMAT/CNPq 126 (Nº 049) CARACTERIZAÇÃO GENÉTICA EM ESPÉCIES DE PIRANHAS (PISCES: CHARACIFORMES: SERRASALMINAE) EM RIOS MATOGROSSENSES. Elisangela Bellafronte1, Renata Claudino Oliveira1, Lívia Alice de Carvalho Mondin3, Sandra Mariotto2, Waldo Troy3, Paulo Cesar Venere1, Liano Centofante1, Daniela Cristina Ferreira1. 1. Universidade Federal do Mato Grosso, Instituto de Biociências, Cuiabá-MT; 2. Instituto Federal do Mato Grosso, Campus Cuiabá-Bela Vista-MT; 3. Universidade Estadual do Mato Grosso, Campus Tangará da Serra-MT. Os serrasalmíneos, pertencentes à família Characidae, são conhecidos popularmente como piranhas e pacús. São peixes de água doce, estritamente Neotropicais, amplamente distribuídos pela América do Sul, principalmente na bacia Amazônica, mas algumas espécies podem ser encontradas ainda nas bacias do Paraná-Paraguai, Araguaia, São Francisco e Orinoco. O presente trabalho objetivou analisar geneticamente espécies de piranhas coletadas ao longo dos rios do estado do Mato Grosso, pertencentes à bacia do Alto Paraguai, reunindo dados inéditos em uma região onde a sua ictiofauna ainda é pouco explorada, em busca de diferenças populacionais e inter-específicas relevantes. Foram realizadas coletas em vários pontos ao longo dos rios Paraguai e Cuiabá, nas cidades de Santo Antônio de Leverger, Cáceres, Barra do Bugres e Poconé e realizadas as preparações para obtenção de cromossomos mitóticos, técnica de detecção da distribuição da heterocromatina constitutiva, AgRONs, FISH com DNA ribossômico 5S e análise das sequencias de DNA barcode (citocromo oxidase I). Foram detectadas duas espécies do gênero Serrasalmus: S. maculatus e S. marginatus, e embora apresentem o mesmo número cromossômico (2n=60), exibiram marcadores espécie específicos. Serrasalmus maculatus apresentou 24m+20sm+4st+12a, o bandamento C revelou várias bandas heterocromáticas nas regiões centroméricas, teloméricas e intersticiais e uma banda mais evidente coincidente com os sítios de DNAr 5S, presentes no braço longo do par 7, metacêntrico. Serrasalmus marginatus apresentou 18m+26sm+4st+12a, o bandamento C revelou poucas bandas heterocromáticas, presente principalmente nas regiões centroméricas dos pares acrocêntricos e uma banda mais evidente coincidente com o DNAr 5S, presentes no braço longo do par 12, submetacêntrico. As AgRONs revelaram para as duas espécies marcações na região centromérica de até seis pares de cromossomos acrocêntricos. A análise das sequencias de citocromo oxidase I de S. maculatus e S. marginatus revelaram homologia com as sequencias do site BOLD (Barcode of Life Data System) para estas mesmas espécies. Estas duas espécies de Serrasalmus já foram caracterizadas citogeneticamente, para a bacia do rio Amazonas (S. maculatus) e para a bacia do rio Paraguai (S. marginatus, citado como S. spilopleura), entretanto para esta última foram apenas descritos o número e morfologia cromossômicos, AgRONS e bandamento C. Segundo os dados do DNA barcode (BOLD), S. maculatus parece estar distribuído pelas bacias do Amazonas, Paraná-Paraguai, Baixo Paraná (Argentina) e Alto Paraná, enquanto S. marginatus apenas pelas bacias do Paraná-Paraguai e Alto Paraná. Órgao financiador: FAPEMAT/CNPq 127 (Nº 050) ORIGEM ADAPTATIVA RECENTE DO PEIXE CAVERNÍCOLA Ancistrus cryptophthalmus Izabela Santos Mendes1, Alex Schomaker Bastos2, Francisco Prosdocimi2, Rodrigo Lopes Ferreira3, Paulo dos Santos Pompeu4, Daniel Cardoso Carvalho1 1. Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Programa de Pós-graduação em Biologia de Vertebrados, Laboratório de Genética da Conservação, Belo Horizonte, MG; 2. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Bioquímica Médica Leopoldo de Meis, Laboratório de Genômica e Biodiversidade, Rio de Janeiro, RJ; 3. Universidade Federal de Lavras, Departamento de Biologia, Laboratório de Ecologia Subterrânea, Lavras, MG; 4. Universidade Federal de Lavras, Programa de Pós-graduação em Ecologia Aplicada, Laboratório de Ecologia de Peixes, Lavras, MG A fauna cavernícola abriga grande diversidade de espécies com adaptações evolutivas a condições extremas. Estudos sobre essas espécies são importantes para o entendimento de processos evolutivos e de adaptações ao ambiente cavernícola, com pouca luz e recursos energéticos. Ancistrus cryptophthalmus Reis, 1987 é um peixe loricarídeo de pequeno porte, encontrado no interior de cavernas e possui características troglomórficas como disfunção dos olhos e despigmentação quando comparado à espécie de superfície não descrita (Ancistrus sp.). Ancistrus cryptophthalmus e Ancistrus sp. foram consideradas espécies distintas devido às características morfológicas, entretanto utilizando a metodologia do DNA Barcoding nenhuma divergência genética foi encontrada. A fim de investigar o status taxonômico de Ancistrus cryptophthalmus, foram sequenciados os mitogenomas de um representante da população da caverna e um representante da população de superfície (Ancistrus sp.), usando a metodologia de sequenciamento de nova geração (NGS) (Illumina). Investigou-se também a estrutura genética de duas populações cavernícolas de rios distintos e comparou-se à uma população de superfície utilizando 570pb da região controle do DNA mitocondrial (Dloop), uma região hipervariável. Foram observados oito haplótipos utilizando a região controle e uma estrutura genética entre as populações de caverna e de superfície, com valores não significativos. O sequenciamento dos mitogenomas apresentaram uma elevada similaridade genética entre as duas morfo-espécies. Os resultados obtidos representam a primeira evidência molecular que a espécie cavernícola A. cryptophthalmus possui uma origem adaptativa recente da morfo-espécie Ancistrus sp. Esse estudo contribui para o entendimento do mecanismo evolutivo que conduz a formação de espécies adaptadas a condições extremas como apresentadas pelos ambientes cavernícolas. Órgãos financiadores: FIP PUC Minas 128 (Nº 051) ENTENDENDO OS PROCESSOS EVOLUTIVOS DE ZUNGARO (SILURIFORMES: PIMELODIDAE) ATRAVÉS DA ANÁLISE COMPARATIVA DO GENE MITOCONDRIAL CITOCROMO OXIDASE I (COI) E DA REGIÃO CONTROLE D-Loop. Pires, Antonio1; Galetti Jr, Pedro1 Ramirez, Jorge1; Carillo-Avila, Maurício2; Troy, Waldo3; Arenhart, Neusa4; Freitas, Patrícia1 1. Laboratório de Biodiversidade Molecular e Conservação, Departamento de Genética e Evolução, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, SP, Brasil. 2. Facultad de Ciencias Exactas y Naturales, Universidad Surcolombiana, Neiva, Colombia. 3. Universidade do Estado do Mato-Grosso, Departamento de Ciências Biológicas, Tangará da Serra, MT, Brasil. 4. Secretaria de Estado do Meio Ambiente, Mato-Grosso. MT, Brasil. O gênero Zungaro, Bleeker, 1858 (Siluriformes: Pimelodidae), pertence a um grupo de peixes popularmente denominados jaús, composto por duas espécies válidas: Zungaro jahu que ocorre na bacia dos rios Paraná-Paraguai e Zungaro zungaro encontrada na bacia dos rios Amazonas e Orinoco. Este gênero é conhecido por compreender um dos maiores bagres da américa do Sul podendo chegar à 1,30 metros e 150Kg. Na região do MatoGrosso, no rio Juruena, indivíduos de jaús adultos tem sido capturados por pescadores com um tamanho menor do que o descrito na literatura e o permitido para pesca, levantando incertezas sobre a classificação desta espécie nesta região. Neste sentido, o presente trabalho se propôs a caracterizar geneticamente uma população de jaús coletada no rio Juruena e populações de jaús provenientes de diferentes rios das bacias ParanáParaguai e Amazonas-Orinoco, utilizado os marcadores mitocondriais Citocromo Oxidase I (COI), e D-Loop. As amostras das foram obtidas por colaboradores e posteriormente e estocadas em álcool 70% acervo do banco de tecidos do Laboratório de Biodiversidade Molecular e Conservação (LabBMC) de direntes localidades pertencentes a Bacia Amazônica e Orinoco e Bacia Paraguai e Paraná. O DNA destas foram extraídas segundo o protocolo de fenol/clorofórmio e foram amplificados através de PCR as sequências Citocromo Oxidase I (COI) Citocromo B (Cytb) e D-Loop e posteriormente submetidas ao sequenciamento na Macrogen®. As sequências foram comparadas nos bancos de dados BOLD e NCBI identificadas como de Zungaro e foram editadas e alinhadas por softweres de bioinformática e posteriormente criadas arvores de distância genética em diferentes modelos e Redes Haplotípicas. Os Resultados obtidos sugerem à existência de três espécies distintas para o gênero Zungaro: Z. zungaro, Z. jahu, e uma possível nova espécie no rio Juruena. Devido o grande distanciamento genético com 2,4% para oCitocromo Oxidase I (COI) e 5% para D-Loop segundo o modelo K2p. Este distanciamento genético também foi refletido no gráfico de Barcoding gap o qual as médias das distâncias intraespecíficas e interespecíficas não foram sobrepostas evidenciando um “Gap”. Resultado o qual permite dizer que esta distância pode ser utilizada para diferenciação espécie-especifico. Órgão financiador: CAPES. 129 (Nº 052) IDENTIFICAÇÃO MOLECULAR (DNA BARCODING) DO PESCADO COMERCIALIZADO COMO “CAÇÃO” NO SUDESTE DO BRASIL Julia Rocha Sousa1, Lorena Freitas Lima1, Daniel Cardoso Carvalho1 1. Laboratório de Genética da Conservação, Mestrado em Biologia dos Vertebrados, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, Belo Horizonte – MG. A comercialização de pescado com nome comum de grande abrangência pode mascarar a venda de espécies ameaçadas, com pesca proibida ou até mesmo fraudes. O nome comum “cação”, por exemplo, refere-se a qualquer espécie de peixe da classe Eslasmobranchii, englobando raias e tubarões. O reconhecimento molecular do pescado por técnicas moleculares, como o DNA barcoding, tem evidenciado casos de fraudes no comércio de peixes no Brasil. No presente trabalho, foram analisadas 31 amostras de postas, filés e lombo rotuladas como “cação”, provenientes de 25 marcas/revendas que são comercializadas na região sudeste do Brasil. Parte do gene COI foi amplificado utilizando os primers Fish F1 e Fish R1 para o sequenciamento bi-direcional. As sequências de DNA obtidas, com média de 592 pares de base, foram analisadas e comparadas com o banco de dados GenBank e BOLD para sua identificação molecular. A identificação por DNA barcoding revelou que todas as amostras de cação pertencem a Prionace glauca (cação-azul), uma espécie de ampla distribuição oceânica, mas considerada quase vulnerável pela Lista Vermelha da IUCN. Entretanto, apenas 6 marcas indicaram no rótulo o nome científico Prionace glauca. Apesar da grande variação do preço dos produtos comercializados como “cação” (14.70 a 53.89 reais/kg), apenas uma espécie foi identificada em todas as amostras. Esse resultado indica elevada pressão de pesca das principais marcas de pescados do Brasil em apenas uma espécie de elasmobrânquio, já considerada quase vulnerável. A utilização de metodologias que permitam uma detecção precisa de espécies comercializadas com nomes comuns de grande abrangência é uma importante ferramenta para conservação de espécies com relevância comercial. Órgão financiador: CNPq, Br-Bol, FIP (PUC Minas) 130 (Nº 053) DANO GENÔMICO E O STATUS DE CONSERVAÇÃO DE Mugil curema Valenciennes 1836 (ACTINOPTERYGII: MUGILIDAE) EM CINCO ESTUÁRIOS PERNAMBUCANOS, REGIÃO NORDESTE DO BRASIL Anderson Rodrigues Balbino de Lima¹, Mônica Lúcia Adam², Rodrigo Augusto Torres¹ & Uedson Pereira Jacobina¹ 1. Laboratório de Genômica Evolutiva & Ambiental, Universidade Federal de Pernambuco, Centro de Ciências Biológicas, Recife-PE; 2. Universidade Federal de Pernambuco, Centro Acadêmico de Vitória, Vitória-PE A perda da diversidade biológica pode ser um reflexo da degradação ambiental, principalmente em locais com grandes contingentes demográficos. No Nordeste do Brasil, a maioria das regiões metropolitanas estão concentradas em zonas costeiras, ocasionando a liberação de uma grande quantidade de poluentes e ameaçando a sobrevivência de inúmeras espécies, como os peixes. Neste estudo, tentamos avaliar possíveis danos no DNA em um dos recursos pesqueiros mais consumidos pelas comunidades ribeirinhas nesta região, a tainha (Mugil curema). Metodologias de Ensaio Cometa (EC) e Teste do Micronúcleo (MN) foram utilizadas em populações desta espécie, provenientes de cinco estuários Pernambucanos (rios Goiana e Jaguaribe no litoral Norte), (rios Sirinhaém e Formoso no litoral Sul) e (rio Capibaribe na região metropolitana). Para fins de comparação, uma amostra controle foi coletada no estuário do Rio Una (local de preservação ambiental), litoral sul do estado de São Paulo. Nossos resultados mostram que o estuário mais afastado da região metropolitana, o Rio Formoso, quando comparado ao grupo controle, foi quem apresentou os menores níveis de danificação genômica (P > 0,05). Já os demais estuários apresentaram níveis elevados de danificação quando comparados ao controle (P < 0,05). Em especial, o estuário do rio Capibaribe, localizado na capital Pernambucana, foi aquele que apresentou um dos maiores níveis de dano genômico (P = 0,0001). Tais dados caracterizam-no como o mais impactado entre os cinco avaliados. Estes dados também apontam para uma forte associação entre níveis elevados de danificação genômica (macro e microlesões no DNA) em locais próximos a grandes contingentes demográficos e industriais. Consequentemente, este cenário de impactação pode também estar afetando a comunidade biótica como um todo, incluindo as comunidades humanas ribeirinhas que tem este recurso como forma de subsistência. Estes resultados demonstram a efetividade do uso de metodologias de EC e MN como protocolos rápidos e precisos na avaliação de ecossistemas marinhos, principalmente em regiões fortemente impactadas pelas atividades antrópicas. Órgãos financiadores: FACEPE, CNPq e CAPES 131 (Nº 054) TESTES DE PROTOCOLOS DE EXTRAÇÃO DE DNA E PCR (BARCODE) DA ICTIOFAUNA ACOMPANHANTE NA PESCA DE CAMARÃO EM ITACARÉ (BA) Letícia Oliveira Barbosa¹, Somira Santana de Souza1, Débora Diniz Bezerra1 & Ana Karina de Francisco1 1. Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, campus Jequié A pesca de camarão é uma atividade comum em regiões litorâneas do Brasil, possuindo importância econômica, histórica, social e cultural, sendo realizada em larga escala. Em Itacaré (BA) essa pesca é realizada pela técnica de arrasto, onde se utiliza um barco do tipo traineira, que lança uma rede de arrasto em alto mar. Esta rede age de forma predatória, capturando além de camarões, outras espécies de organismos, sendo que os peixes têm a maior incidência, e são denominados de ictiofauna acompanhante. Esses organismos não são aproveitados para comercialização, e são descartados. Sua identificação é de grande valia para auxiliar no controle da pesca. Esta identificação pode ser realizada geneticamente utilizando a técnica de DNA Barcoding, que consiste na utilização de pequenas sequências de genes padronizados como o gene mitocondrial Citocromo C Oxidase subunidade I (COI). O objetivo deste trabalho foi testar protocolos de extração de DNA e PCR (Polimerase Chain Reaction) com o intuito de identificar a ictiofauna acompanhante oriunda da pesca de camarões em Itacaré. As coletas foram realizadas em Itacaré-BA no período de Dezembro de 2014 e Julho de 2015 e os indivíduos foram separados por identificação morfológica. Para a extração do DNA genômico utilizou-se tecido muscular e nadadeiras. Foram testados os protocolos Wizard® Genomic DNA Purification Kit (Promega), DNA salina, fenol clorofórmio modificado e fenol clorofórmio adaptado. Para amplificação utilizou-se os primers universais de barcode LCO1490 e HCO2198, e Lep-F1 e Lep-R1, os quais amplificam um fragmento de 650 pb do gene COI. Foram realizadas modificações nas concentrações, conjunto dos primers e ciclos no termociclador. As extrações e amplificações de DNA em amostras da primeira coleta não apresentaram resultados pelo fato do armazenamento errôneo do material (congelamento inapropriado e demora na retirada de tecido). Em amostras da segunda coleta conseguiu-se sucesso na extração de DNA com o protocolo fenol clorofórmio adaptado e amplificação do fragmento do gene COI utilizando os primers Lep-F1 e Lep-R1. Este resultado pode ser devido ao fato do material ter sido triado logo após a coleta. Os primers universais LCO 1490 e HCO 2198 não demonstraram eficácia na amplificação da sequência barcode em nenhuma amostra. Esses dados poderão auxiliar na identificação dos peixes marinhos capturados pela pesca de arrasto de camarões em Itacaré, visando à conservação das espécies, além de produzir novos dados sobre a ictiofauna acompanhante. Órgão financiador: FAPESB 132 (Nº 055) PLASTICIDADE FENOTÍPICA EM SUBPOPULAÇÕES DE Astyanax goyacensis DA BACIA DO RIO ARAGUAIA Renata Cristina Claudino de Oliveira1, Carla Andrade Vitorino1, Vladimir Pavan Margarido2 e Paulo César Venere1 1.Universidade Federal de Mato Grosso – Departamento de Biologia e Zoologia/IB Campus de Cuiabá. 2. Universidade Estadual do Oeste do Paraná Astyanax goyacensis se apresenta amplamente distribuída pelos córregos afluentes da bacia do rio Araguaia. Geralmente habitam riachos, com grupos ocupando seus cursos mais altos, muitos dos quais isolados, o que torna essa espécie interessante para estudos populacionais, uma vez que mostram padrões corporais distintos nos diferentes ambientes onde são observados. Nesse contexto, o uso de diferentes marcadores cromossômicos e moleculares fornecem dados que podem ser decisivos na identificação desses indivíduos. Dessa maneira, três lotes de Astyanax goyacensis, amostrados em diferentes córregos afluentes dos rios Araguaia e Mortes, foram analisados por dados citogenéticos, morfométricos, merísticos, padrões moleculares com base nos marcadores Citocromo Oxidase I (COI), 16S e ISSR (Inter Simple Sequence Repeat). As análises morfométricas mostraram que há diferença significativa entre as populações estudadas (p<0,0001) e a análise de função discriminante (DFA) entre machos e fêmeas mostrou que não há dimorfismo sexual na espécie. Os dados citogenéticos revelaram 2n=50 cromossomos (6m+12sm+24st+8a), para todos os indivíduos estudados e as demais técnicas citogenéticas (AgRONs, CMA3, DAPI, e FISH com sondas para 5S e 18S), revelaram poucas diferenças entre os lotes estudados. A distância genética obtida pelo DNA barcode (< 2%) revelou que os grupos de organismos amostrados pertencem à uma mesma espécie. Para o marcador ribossomal 16S, a mesma situação foi evidenciada. Dos 131 loci encontrados para o ISSR, 128 foram polimórficos, com altos valores para heterozigosidade esperada. A análise de variância molecular (AMOVA) mostrou 31,71% de variação intrapopulacional e 68,29% de variação interpopulacional. O FST foi alto entre todas as populações (FST≥0,68). A dissimilaridade genética não teve correlação com a distância geográfica com base no teste de Mantel. Esse estudo integrado em Astyanax goyacensis demonstrou que a espécie se apresenta estruturada em sua distribuição, com características particulares que devem estar associadas aos diferentes ambientes amostrados. Os dados indicam que os grupos estudados representam uma única unidade evolutiva dentro do gênero, reforçando a hipótese de que a plasticidade fenotípica é o fenômeno responsável pelas diferenças observadas. Órgão financiador: FAPEMAT/CNPq