angustia de socavones

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angustia de socavones
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Março 2013
NOSSOS SANTOS
MARIA AO PÉ DA CRUZ
Principalmente a partir
do século XVII até cerca da
metade do século XX, prevaleceu claramente na Ordem a devoção a Nossa
Senhora das Dores, a tal
ponto que, na Igreja, era
considerada como nota característica, específica e
originária da nossa vocação de Servos de Maria.
Por volta de meados do
século XX, nova tendência
foi-se delineando com o
intuito de recuperar o
equilíbrio que, nos primórdios da Ordem, caracterizava a nossa espiritualidade
mariana, colocando o rico tesouro da devoção a Virgem
das Dores no contexto de outros aspectos referentes à
vida e a missão de Santa Maria.
Essa sábia obra de restauração, às vezes eivada de
tensões vivazes, mas construtivas, foi codificada no texto
atual das nossas Constituições.
MIGALHAS DE HISTÓRIA
«A sexta espada foi quando Maria viu o Filho privado
de sua vida física. Já era a hora nova.
E a mãe, contemplando o rosto do Filho, via-o morrer
aos poucos e desfalecer na palidez da morte.
Então, traspassada de dor mortal, respirou profundamente e disse ao Filho: Filho amado, chega a hora do
teu passamento. Meu filho, tu foste obediente, bom,
amável, doce e piedoso com tua mãe, mais do que todos
os filhos. Nesta hora, pois, escuta tua mãe desolada.
Meu filho, tu falas com o ladrão. Fala também com tua
mãe que está sufocada de dor.
Filho, tu sabes que nós somos um só amor, uma só
carne, uma só vontade. Escuta, pois, minhas súplicas e
faze-me morrer contigo. Onde estiver o teu espírito, lá
esteja também o meu. Onde estiver o teu coração, lá
esteja o meu também. Sejamos ambos conduzidos ao
mesmo suplício, a mãe sofredora e o filho crucificado.
Vejo-te a chorar e eu também choro. Vejo-te angustiado e eu também estou. Vejo-te morrer e eu também morro. Por isso, responde-me, filho meu, porque quero morrer contigo».
NICCOLÒ DI AREZZO, Planctus Domine nostre (1395),
in Fontes Histórico-Espirituais dos Servos de Maria.
II. De 1349 al 1495, pp. 555-556.
1233 —2013
Ano 6 - N. 3
MENSAGEM DO PRIOR GERAL
Irmãos e irmãs!
Dia 11 de fevereiro, na memória de Nossa Senhora de Lourdes, recebemos a inesperada
notícia da histórica e humilde declaração de renúncia do ministério de bispo de Roma e de sucessor de São Pedro, do Papa Bento XVI. Tal notícia nos entristeceu
e, ao mesmo tempo, nos fez compreender a grandeza e a humildade do papa, ao qual agradecemos
infinitamente por todo o bem que fez. Desde ontem,
dia 28 de fevereiro, às 20h, a sé romana, a sé de
São Pedro está vacante à espera do conclave que
elegerá o novo Sumo Pontífice. Obrigado, Bento
XVI!
Dia 13 de março, seis meses antes do início do
Capítulo, convocarei oficialmente o 213° Capítulo
Geral da Ordem dos Servos de Maria, que terá
início no dia 13 de setembro do corrente ano em
nosso convento de Pietralba/Weißenstein, Bolzano,
Itália. Com esse ato, iniciamos também o processo
de eleição dos Delegados de todas as jurisdições
da Ordem, que vão participar do Capítulo. Pedimos
a todos que rezem para que Deus volte o seu olhar
sobre nós e desperte nossa sensibilidade para
escutar a voz do Espírito e acolher com fé a sua
Palavra. Obrigado, irmãos!
Dia 22 de março, nós Servos de Maria celebramos a festa da Virgem Maria ao pé da Cruz (Iuxta
crucem). Essa festa é conhecida em muitos lugares
como “Sexta-feira das Dores”, e o nosso povo a celebra em altares adrede preparados, tomando sucos
de fruta e promovendo procissões com a imagem
de Nossa Senhora das Dores. São os mais pobres
que sentem mais esta festa, porque sabem que Ela
foi pobre como eles, que sofreu muito, que foi paciente e humilde. Os pobres sofrem com Ela na crucifixão do Filho e se alegram com Ela na Ressurreição do Senhor. Isso o exprimia muito bem o romance A Planície em Chamas do grande escritor
mexicano Juan Rufo, que colocava na boca do padre que falava ao povo estas palavras: “Nossa Virgem, nossa mãe, que não quis saber dos nossos
pecados, que esquece a culpa dos nossos pecados,
que gostaria de carregar-nos em seus braços para
que nossa vida não fosse ferida, está aqui conosco,
aliviando nossa fadiga e as doenças da alma e do
nosso corpo dilacerado, ferido e suplicante”. Obrigado, Santa Maria!
Dia 31 de março celebramos a Páscoa da Ressurreição, a verdadeira festa da vida. Ao lado do
mistério da cruz, a Ressurreição de Cristo é o fundamento e o centro da fé cristã. É a plenitude da
nossa esperança, da esperança que nos exorta a renovar o nosso modo de viver.
Isso porque não podemos dizer que acreditamos
na Ressurreição se vivemos amargurados e pessimistas. Não podemos proclamar que Cristo está vivo e
ficar indiferentes diante da cultura da morte. Cristo deu
-nos a vida e no-la deu em abundância. Preparemonos, pois, para celebrar o evento da Cruz e da Ressurreição, mediante o qual o amor de Deus redimiu o
mundo e iluminou a história. Obrigado, Senhor!
“A Luz de Cristo ressuscitado e glorioso dissipe as
trevas do nosso coração e do nosso espírito. Cristo é
a luz do mundo! Demos graças a Deus!” .
jovens e para o aprofundamento de sua identidade como Servos de Maria”. Dia 20, o Prior Geral foi alvo de
festa da comunidade, na missa e no jantar: nesse dia
ele completava 31 anos de profissão solene .
ROMA, PFT “MARIANUM”
Em 9 de março, nas dependências da Pontifícia Faculdade Marianum, no contexto da cátedra “Mulher e
Cristianismo”, será lançado o livro «Tantum aurora
est». Donne e Concilio Vaticano II, que teve como organizadores Marinella Perroni, Alberto Melloni e Serena Noceti .
Feliz Páscoa!
Frei Ángel
Em Jesus está o segredo de todo método e de toda eficácia:
Ele, Jesus, é a luz verdadeira que vem ao mundo, é o Filho do Deus
vivo, o Revelador do Deus invisível, o protótipo da humanidade,
o centro da história e do mundo, a meta do nosso caminho,
o companheiro de viagem, o amigo fiel, o arrimo surpreendente,
o apoio confortante, a esperança que não decepciona.
Ele é nossa alegria inefável”.
Card. Angelo Bagnasco
DO CONSELHO E DOS SECRETARIADOS GERAIS
ROMA, SÃO MARCELO COMISSÃO PARA O INSTRUMENTUM LABORIS
De 11 a 14 de março, a comissão composta dos freis Ermes M. Ronchi (VÊN),
Paul M. Addison (ISL) e Hubert M.
Moons (CAN/GEN) reúne-se com o Prior
geral, frei Ángel M. Garnica, no convento romano de São Marcelo, para redigir o Instrumentum laboris do Capítulo Geral de 2013.
DAS JURISDIÇÕES E CONVENTOS
MANILA (FILIPINAS) - “CENTRO DE ESTUDOS SANTO ALEIXO”
Junto com a festa dos Sete Santos Fundadores, o
Centro de Estudos Santo Aleixo (SACS) de Manila celebrou também seu 15º aniversário de fundação, ocorrido
dia 15 de fevereiro.
A Eucaristia, presidida por frei Jesus M. Diaz, primeiro
conselheiro do Vicariato, foi concelebrada pelos freis Michael Angelo M. Baco e Zacharias M. Tampus, e pelo
pe. Ronaldo Bañas, superior local dos Servos dos
Pobres, cujos seminaristas estudam no Centro.
É a primeira vez que a instituição celebra o aniversário de sua fundação, ocorrida no mandato do
então delegado provincial frei Rhett M. Sarabia. O
Centro de Estudos mantém cursos de filosofia, ciências
religiosas, mariologia, língua italiana e música sacra e
é filiado ao “Laguna north-western College”, mas existe
fundada esperança de tornar-se autônomo.
ROVATO (ITÁLIA) – CELEBRAÇÕES QUARESMAIS
ROMA, SÃO MARCELO – CURSO PARA FORMADORES
Dia 15 de fevereiro chegou ao convento de São
Marcelo, proveniente de Ruteng, Indonésia, frei Orlando M. Acosta Morales (MEX). Até o final de maio frequentará o curso para formadores promovido pela
Pontifícia Universidade Salesiana, do qual participam
cerca de cinquenta pessoas, entre religiosos e religiosas de várias congregações de todo o mundo .
ROMA, COMUNIDADE DE FORMAÇÃO SANTO ALEIXO
FALCONIERI – VISITA CANÔNICA
De 18 a 20 de fevereiro, o Prior geral, frei Angel M.
Ruiz Garnica, acompanhado do conselheiro geral, frei
Eugene M. Smith, fez a visita canônica à comunidade
internacional Santo Aleixo Falconieri. Atualmente a
comunidade compõe-se de 31 frades: 5 professos solenes e 26 professos temporários. Note-se que este
ano 8 professos terminam os estudos e voltam para
suas províncias. Nos próximos meses, o professo solene frei Uvari Antony Savarimuthu (IND) defenderá a
tese de doutorado na Pontifícia Universidade Urbaniana. Os professos relataram aos visitadores a importância da comunidade internacional, que se confirma como “lugar singular e significativo para a formação dos
Toda sexta-feira da Quaresma, a comunidade de
Rovato organiza dois momentos culturais. O primeiro é
a Leitura da Dei Verbum, dirigida por frei Francesco M.
Geremia (VEN) (A verdade na Bíblia?; Leituras bíblicas.
Lectio divina). O segundo momento é a Leitura do livro
de Jó, dirigido pela Pastora da Igreja Batista, Lídia
Maggi (Altíssimo, potentíssimo, tremendíssimo; Rezar
no momento de desespero; Quando a teologia suprime
a vida; Repleto de inquietações).
SÃO PAULO - NUOVA CASA DE PROFESSADO
JINJA (UGANDA) - NOVICIADO
Em 7 de fevereiro último, em São Paulo, na nossa
igreja paroquial Nossa Senhora das Dores foi celebrada uma solene eucaristia de abertura e recepção da
comunidade formadora dos professos temporários .
De 1º a 8 de fevereiro, frei Camille M. Jacques,
secretário da Ordem, ministrou aula de liturgia servita
aos nove noviços da comunidade de “St. Mary Source
of Life”, em Jinja: 8 noviços são da Delegação da África do Leste e 1 é da Província Vêneta .
ORURO (BOLÍVIA) – ESTÁTUA DA VIRGEM DO SOCAVÓN
O grande desejo
dos habitantes de Oruro, principalmente dos
católicos,
tornou-se
realidade. Foi inaugurada uma estátua da
Virgem do Socavón,
em Oruro, no alto da
colina Santa Bárbara, a
3.850 metros acima do
nível do mar. Da base
à ponta da coroa a
estátua mede 45,40 m.
É uma das mais altas
do mundo dedicada à
Virgem Maria. A idéia
foi lançada em 1998.
Do comitê organizador
fazia parte também o
então reitor do santuário, frei Alfonso M.
Massignani (falecido
em 2000).
REGGIO EMILIA (ITÁLIA) - 7° CENTENÁRIO DOS SERVOS
DE MARIA
O sétimo centenário da chegada dos Servos de Maria a Reggio Emília teve o melhor início que se podia
esperar. Na esplêndida basílica de Nossa Senhora da
Ghiara, o bispo da cidade recém-chegado, dom Massimo Camisasca, quis honrar Nossa Senhora celebrando a santa missa
solene.
Na igreja lotada
de fiéis, e na presença das autoridades locais e de
muitos
representantes da Família
Servita (irmãs e
leigos da OSSM somavam cerca de 70
pessoas), o bispo
agradeceu a comunidade dos nossos
frades pelos sete
séculos de cura do
santuário, pelo silencioso, humilde,
fiel e constante serviço aos fiéis, e pela administração do sacramento da
Penitência, dedicando boa parte do seu tempo para
ouvir confissões. O evento prestou-se também para
celebrar a memória dos Sete Santos Fundadores.
Enzo Fontana
INDONÉSIA – VISITA DOS FREIS MICHAEL M. GUIMON
(USA) E DANIEL-ANDRÉ M. TROTTIER (CAN)
Cumprindo a programação da conferência norteamericana (NAC), que abrange também os professos
da fundação indonésia, recebemos estas notícias do
frei Daniel-André M. Trottier: «Entre outras coisas,
por uma semana, nas manhãs de segunda à sexta,
ministrei aos noviços um curso de conversação em
língua inglesa.
Agora abordarei os temas das Constituições e da
espiritualidade da Ordem. As irmãs Servas de Maria de
Galeazza pediram-me para ministrar também às suas
noviças quatro horas de aula sobre esses mesmos temas… Para mim, o desafio é ter que falar em italiano...
Ainda bem que trouxe comigo uma cópia italiana das
Constituições, com os comentários de frei Faustino M.
Faustini».
PROFISSÕES, ORDENAÇÕES E ANIVERSÁRIOS
♦ Parabéns aos freis Gabriele M. Paccanaro (VEN)
e Venanzio M. Ramasso (PRG) que celebram 60 anos
de profissão solene; aos freis Emilio M. Bedont, Luigi
M. Lago, Benito M. Moresco (VEN), Giuseppe M.
Scattolini (PRG) e Anselmo M. Vásquez Becker (SMA)
che celebram 50 anos de ordenação presbiteral .
DA FAMÍLIA SERVITA
SERVAS DI MARIA DE CHIOGGIA - BURÚNDI
De 27 de janeiro a 1° de fevereiro, frei Camille M.
Jacques, secretário da Ordem, visitou a comunidade
das Servas de Maria de Chioggia, composta das irmãs
M. Antonella Zanini, M. Celeste, M. Patricia, M. Alejandra, M. Rocío, às quais ministrou um curso de can-
to e sobre a Liturgia das horas, além de traduzir para o
francês (nos momentos livres) as Constituições das
Servas de Maria de Chioggia e uma breve biografia do
seu fundador. Frei Camille encontrou-se também com
três possíveis candidatos à Ordem e visitou o Núncio
Apostólico em Burúndi, dom Franco Coppola, e o arcebispo de Gitega, dom Simon Ntamwana. O arcebispo de Gitega falou da necessidade de formação mariológica para o clero e os fiéis e propôs que os Servos
de Maria assumam uma paróquia no terreno extremante com as imãs Servas de Maria, numa área onde
há uma presença significativa de seitas cristãs e de
muçulmanos.
CÁDIZ (SPAGNA) – OSSM DE NOSSA SENHORA DAS DORES
Em 28 de janeiro último, dia da memória de São
Tomás de Aquino, a assembleia
plenária do Município de Cádiz,
acolheu e aprovou
definitivamente a proposta da Comissão
de Honorificências e Condecorações e concedeu a Medalha
de Ouro da cidade de Cádiz à
imagem da Virgem das Dores,
uma vez que há
mais de dois
séculos e meio a
Virgem protege
a Cidade. A proposta da Medalha foi lançada
em 2011 por iniciativa da Confraria do “Nosso Pai Jesus dos Aflitos e de Maria Santíssima dos Angustiados” e recebeu impulso decisivo na coroação canônica
da imagem da Virgem em 17 de setembro de 2011, da
qual participou também o nosso Prior Geral.
RENÚNCIA DE BENTO XVI
AO MINISTÉRIO DE BISPO
DE ROMA
No consistório ordinário público para a
canonização da alguns beatos, realizado às 11 horas do dia 11 de fevereiro
de 2013, na memória de Nossa Senhora de Lourdes, na Sala do Consistório do Palácio Apostólico
do Vaticano, o Santo Padre Bento XVI proferiu as seguintes
palavras perante os cardeais presentes :
Caríssimos Irmãos,
convoquei-vos para este Consistório não só por causa
das três canonizações, mas também para vos comunicar
uma decisão de grande importância para a vida da Igreja.
Depois de ter examinado repetidamente a minha consciência diante de Deus, cheguei à certeza de que as
minhas forças, devido à idade avançada, já não são idóneas para exercer adequadamente o ministério petrino.
Estou bem consciente de que este ministério, pela sua
essência espiritual, deve ser cumprido não só com as
obras e com as palavras, mas também e igualmente sofrendo e rezando. Todavia, no mundo de hoje, sujeito a
rápidas mudanças e agitado por questões de grande relevância para a vida da fé, para governar a barca de São
Pedro e anunciar o Evangelho, é necessário também o
vigor quer do corpo quer do espírito; vigor este, que, nos
últimos meses, foi diminuindo de tal modo em mim que
tenho de reconhecer a minha incapacidade para administrar bem o ministério que me foi confiado.
Por isso, bem consciente da gravidade deste acto,
com plena liberdade, declaro que renuncio ao ministério
de Bispo de Roma, Sucessor de São Pedro, que me foi
confiado pela mão dos Cardeais em 19 de Abril de 2005,
pelo que, a partir de 28 de Fevereiro de 2013, às 20,00
horas, a sede de Roma, a sede de São Pedro, ficará vacante e deverá ser convocado, por aqueles a quem tal
compete, o Conclave para a eleição do novo Sumo
Pontífice.
CAGLI (ITÁLIA) - ROTATÓRIA DEDICADA À B. CECÍLIA
EUSEPI
A câmara municipal de Cagli (PU) decidiu dedicar à
Beata Cecília Eusepi uma rotatória da área urbana,
situada no cruzamento da via Mameli com a via Giovanni Santi, isto é, na avenida que dá acesso ao polo
escolástico. Quando criança, Cecília transcorreu algum tempo em Cagli, principalmente no povoado de
Secchiano, na casa de uma tia, irmã do seu pai. Nesse povoado ainda
moram alguns parentes dela e sua
lembrança continua
viva na memória e
na devoção do povo.
Caríssimos Irmãos, verdadeiramente de coração vos
agradeço por todo o amor e a fadiga com que carregastes comigo o peso do meu ministério, e peço perdão por
todos os meus defeitos. Agora confiemos a Santa Igreja à
solicitude do seu Pastor Supremo, Nosso Senhor Jesus
Cristo, e peçamos a Maria, sua Mãe Santíssima, que assista, com a sua bondade materna, os Padres Cardeais
na eleição do novo Sumo Pontífice. Pelo que me diz respeito, nomeadamente no futuro, quero servir de todo o
coração, com uma vida consagrada à oração, a Santa
Igreja de Deus.
CARTA DO PRIOR GERAL
AO
SANTO PADRE
Apenas conhecida a notícia da abdicação do Papa, o
Prior geral frei Ángel M. Ruiz Garnica enviou a Bento XVI a
seguinte carta:
Santidade,
não podemos negar que a
Declaratio, com a qual comunicou ontem a renúncia ao
ministério de Bispo de Roma,
Sucessor de São Pedro,
deixou-nos surpresos e entristecidos.
Na oração e na reflexão
logo compreendemos que
esta nossa desorientação era
causada pela falta de hábito
de ver em ação um amor a
Cristo e à Igreja tão grande,
e de apreciar o espetáculo da
“liberdade que temos em Cristo Jesus” (Gal 2,4).
Obrigado, Santo Padre! Realmente nos sentimos
confirmados na fé e na caridade.
Em meu nome, do Conselho geral e de toda a Ordem dos Servos de Maria Lhe agradecemos por
todas as palavras e gestos deste luminoso Pontificado e nos unimos à Sua oração confiando a Santa
Igreja aos cuidados de seu Sumo Pastor, Nosso Senhor Jesus Cristo, e por meio da iluminação do Espírito Santo – através da intercessão de Maria – pela
eleição do Seu sucessor.
A grandeza da Sua humildade, Santo Padre, não
pode ofuscar a Sua pessoa, certamente imersa no
sofrimento: por isso Lhe asseguramos a oração à
santa Maria Nossa Senhora.
In Domina nostra.
ULTIMA AUDIÊNCIA GERAL
DO
(27 de fevereiro de 2013)
PAPA
Agradeço-vos por terdes vindo em tão grande
número a esta minha última Audiência Geral. De
coração,
obrigado!
Sinto-me
verdadeiramente
comovido e vejo a Igreja viva! E acho que devemos
dizer obrigado também ao Criador pelo bom tempo que
nos dá agora, ainda no Inverno.
Como fez o Apóstolo Paulo no texto bíblico que
ouvimos, também eu sinto em meu coração que devo
sobretudo agradecer a Deus, que guia e faz crescer a
Igreja, que semeia a sua Palavra e assim alimenta a fé
no seu Povo. Neste momento, alarga-se o horizonte do
meu espírito e abraça toda a Igreja espalhada pelo
mundo; e dou graças a Deus pelas «notícias» que pude receber, nestes anos de ministério petrino, acerca
da fé no Senhor Jesus Cristo, da caridade que circula
realmente no Corpo da Igreja e o faz viver no amor, e
da esperança que nos abre e orienta para a vida em
plenitude, para a pátria do Céu. Sinto que tenho a todos comigo na oração, num presente que é o de Deus,
onde reúno cada encontro, cada viagem, cada visita
pastoral. Reúno tudo e todos na oração, para os confiar ao Senhor, pedindo-Lhe que tenhamos pleno
conhecimento da sua vontade, com toda a sabedoria e
inteligência espiritual, e possamos comportar-nos de
maneira digna d’Ele, do seu amor, dando frutos em
toda a boa obra (cf. Col 1, 9-10). Neste momento, reina
em mim uma grande confiança, porque sei, sabemos
todos nós, que a Palavra de verdade do Evangelho é a
força da Igreja, é a sua vida. O Evangelho purifica e
renova, dá frutos por todo o lado onde a comunidade
dos fiéis o escuta e acolhe a graça de Deus na verdade
e na caridade. Esta é a minha confiança, esta é a minha alegria.
Quando, no dia 19 de Abril de quase oito anos atrás,
aceitei assumir o ministério petrino, uma certeza firme
se apoderou de mim e sempre me acompanhou: esta
certeza de que a Igreja vive da Palavra de Deus.
Naquele momento, como já disse várias vezes, as palavras que ressoaram no meu coração foram: Senhor,
porque me pedis isto…, uma coisa imensa!? Este é um
grande peso que me colocais sobre os ombros, mas se
Vós mo pedis, à vossa palavra lançarei as redes, seguro de que me guiareis, mesmo com todas as minhas
fraquezas. E, oito anos depois, posso dizer que o Senhor me guiou verdadeiramente, permaneceu junto de
mim, pude diariamente notar a sua presença. Foi um
pedaço de caminho da Igreja que teve momentos de
alegria e luz, mas também momentos não fáceis; sentime como São Pedro com os Apóstolos na barca no
lago da Galileia: o Senhor deu-nos muitos dias de sol e
brisa suave, dias em que a pesca foi abundante; mas
houve também momentos em que as águas estavam
agitadas e o vento contrário – como, aliás, em toda a
história da Igreja – e o Senhor parecia dormir. Contudo
sempre soube que, naquela barca, está o Senhor; e
sempre soube que a barca da Igreja não é minha, não
é nossa, mas é d’Ele. E o Senhor não a deixa afundar;
é Ele que a conduz, certamente também por meio dos
homens que escolheu, porque assim quis. Esta foi e é
uma certeza que nada pode ofuscar. E é por isso que,
hoje, o meu coração transborda de gratidão a Deus,
porque nunca deixou faltar a toda a Igreja e também a
mim a sua consolação, a sua luz, o seu amor.
Estamos no Ano da Fé, que desejei precisamente
para reforçar a nossa fé em Deus, num contexto que
parece colocá-Lo cada vez mais de lado. Queria convidar todos a renovarem a confiança firme no Senhor, a
entregarem-se como crianças nos braços de Deus, seguros de que aqueles braços nos sustentam sempre e
nos permitem caminhar todos os dias, mesmo no
cansaço. Queria que cada um se sentisse amado por
aquele Deus que entregou o seu Filho por nós e nos
mostrou o seu amor sem limites. Queria que cada um
sentisse a alegria de ser cristão. Numa bela oração,
que se recita diariamente pela manhã, diz-se: «Eu Vos
adoro, meu Deus, e Vos amo com todo o coração.
Agradeço-Vos por me terdes criado, feito cristão...».
Sim! Estamos contentes pelo dom da fé; é o bem mais
precioso, que ninguém nos pode tirar! Agradeçamos ao
Senhor por isso mesmo todos os dias, com a oração e
com uma vida cristã coerente. Deus nos ama, mas espera que também nós O amemos!
Mas não é só a Deus que quero agradecer neste
momento. Um Papa não está sozinho na condução da
barca de Pedro, embora recaia sobre ele a primeira
responsabilidade. Eu nunca me senti sozinho, ao
carregar as alegrias e o peso do ministério petrino; o
Senhor colocou junto de mim tantas pessoas que, com
generosidade e amor a Deus e à Igreja, me ajudaram e
estiveram ao meu lado. E em primeiro lugar vós, amados Irmãos Cardeais: a vossa sabedoria, os vossos
conselhos, a vossa amizade foram preciosos para mim;
os meus Colaboradores, a começar pelo meu Secretário de Estado que me acompanhou fielmente ao longo destes anos; a Secretaria de Estado e a Cúria
Romana inteira, bem como todos aqueles que, nos
mais variados sectores, prestam o seu serviço à Santa
Sé: são muitos rostos que não sobressaem, permanecem na sombra, mas precisamente no silêncio, na
dedicação quotidiana, com espírito de fé e humildade,
foram para mim um apoio seguro e fiável. Um pensamento especial para a Igreja de Roma, a minha diocese! Não posso esquecer os Irmãos no Episcopado e
no Presbiterado, as pessoas consagradas e todo o
Povo de Deus: nas visitas pastorais, nos encontros,
nas audiências, nas viagens, sempre senti grande solicitude e profundo afecto; mas também eu amei a todos e cada um sem distinção, com aquela caridade
pastoral que é o coração de cada Pastor, sobretudo do
Bispo de Roma, do Sucessor do Apóstolo Pedro. Todos os dias tinha presente cada um de vós na oração,
com o coração de pai. Depois, queria que a minha saudação e o meu
agradecimento chegassem a todos:
o coração de um Papa abraça o
mundo inteiro. E queria expressar a
minha gratidão ao Corpo Diplomático junto da Santa Sé, tornando
presente a grande família das
nações. Aqui penso também a todos
aqueles que trabalham por uma boa
comunicação, e agradeço-lhes o
seu serviço importante.
Neste momento, queria agradecer verdadeiramente
do coração também às inúmeras pessoas, de todo o
mundo, que nas últimas semanas me enviaram
comoventes sinais de atenção, amizade e oração. Sim!
O Papa nunca está sozinho, pude experimentá-lo agora mais uma vez e duma maneira tão grande que toca
o coração. O Papa pertence a todos, e muitíssimas
pessoas se sentem estreitamente unidas a ele. É
verdade que recebo cartas dos grandes do mundo –
dos Chefes de Estado, dos líderes religiosos, dos representantes do mundo da cultura, etc. –, mas recebo
também muitíssimas cartas de pessoas simples que
me escrevem simplesmente com o seu coração e me
fazem sentir o seu afecto, que brota do facto de estarmos unidos com Jesus Cristo, na Igreja. Estas pessoas não me escrevem como se faz, por exemplo, a
um príncipe ou a um grande que não se conhece; mas
escrevem-me como irmãos e irmãs ou como filhos e
filhas, com o sentido de um vínculo familiar muito afectuoso. Aqui pode-se tocar com a mão o que é a Igreja:
não uma organização, uma associação para fins religiosos ou humanitários, mas um corpo vivo, uma comunhão de irmãos e irmãs no Corpo de Jesus Cristo,
que nos une a todos. Poder experimentar a Igreja deste
modo e quase tocar com as mãos a força da sua
verdade e do seu amor é motivo de alegria, num tempo
em que muitos falam do seu declínio. Mas vejamos
como a Igreja está viva hoje! Nestes últimos meses,
senti que as minhas forças tinham diminuído, e pedi a
Deus com insistência, na oração, que me iluminasse
com a sua luz para me fazer tomar a decisão mais
justa, não para o meu bem, mas para o bem da Igreja .
Dei este passo com plena consciência da sua gravidade e também novidade, mas com uma profunda
serenidade de espírito. Amar a Igreja significa também
ter a coragem de fazer escolhas difíceis, dolorosas,
tendo sempre diante dos olhos o bem da Igreja e não a
nós mesmos.
Permiti-me, aqui, voltar mais uma vez àquele 19 de
Abril de 2005. A gravidade da decisão esteve precisamente no facto de que, daquele momento em diante,
me comprometera sempre e para sempre com o Senhor.
Sempre: quem assume o ministério petrino deixa de ter
qualquer vida privada. Pertence sempre e totalmente a
todos, a toda a Igreja. A sua vida fica, por assim dizer,
totalmente despojada da dimensão privada. Pude experimentar, e estou a experimentá-lo precisamente agora,
que um recebe a vida precisamente quando a dá. Eu
disse, antes, que muitas pessoas que amam o Senhor,
amam também o Sucessor de São Pedro e estão-lhe
afeiçoadas; que o Papa tem verdadeiramente irmãos e
irmãs, filhos e filhas em todo o mundo, e que se sente
seguro no abraço da vossa comunhão; é assim, porque deixou de
se pertencer a si mesmo, pertence a
todos e todos pertencem a ele. Mas o
«sempre» é também um «para sempre»: não haverá mais um regresso à
vida privada. E a minha decisão de
renunciar ao exercício activo do ministério não revoga isto; não volto à
vida privada, a uma vida de viagens,
encontros, recepções, conferências,
etc. Não abandono a cruz, mas permaneço de forma nova junto do Senhor Crucificado.
Deixo de trazer a potestade do ofício em prol do governo
da Igreja, mas no serviço da oração permaneço, por assim dizer, no recinto de São Pedro. Nisto, ser-me-á de
grande exemplo São Bento, cujo nome adoptei como
Papa. Ele mostrou-nos o caminho para uma vida, que,
activa ou passiva, está votada totalmente à obra de Deus. Agradeço a todos e cada um ainda pelo respeito e
compreensão com que acolhestes esta decisão tão importante. Continuarei a acompanhar o caminho da
Igreja, através da oração e da reflexão, com aquela dedicação ao Senhor e à sua Esposa que procurei diariamente viver até agora, e quero viver sempre. Peço que
me recordeis diante de Deus, e sobretudo que rezeis
pelos Cardeais, chamados a uma tarefa tão relevante, e
pelo novo Sucessor do Apóstolo Pedro. Que o Senhor o
acompanhe com a luz e a força do seu Espírito! Invocamos a materna intercessão da Virgem Maria, Mãe
de Deus e da Igreja, pedindo-Lhe que acompanhe cada
um de nós e toda a comunidade eclesial; a Ela nos entregamos, com profunda confiança.
Queridos amigos! Deus guia a sua Igreja; sempre a
sustenta mesmo e sobretudo nos momentos difíceis.
Nunca percamos esta visão de fé, que é a única visão
verdadeira do caminho da Igreja e do mundo. No nosso
coração, no coração de cada um de vós, habite sempre
a jubilosa certeza de que o Senhor está ao nosso lado,
não nos abandona, está perto de nós e nos envolve
com o seu amor. Obrigado!

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