RELATÓRIO DE ACTIVIDADES International Course on

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RELATÓRIO DE ACTIVIDADES International Course on
RELATÓRIO DE ACTIVIDADES
International Course on Research & Development in
Agriculture & the Environment
Practices & Processes in Soil & Water
21st Nov – 12th Dec 2006
The Volcani Center
Bet Dagan - Israel
Beja, 2006
International R&D Course on Agriculture and the Environment: Practices & Processes in Soil and Water
The Volcani Center – Bet-Dagan - Israel from 21st November – 12th December 2006
Introdução
Após o conhecimento no COTR do programa anual de acções de formação realizada por
Israel para países terceiros, o técnico Jorge Maia candidatou-se, através da Embaixada
de Israel em Portugal, ao curso de formação “Agriculture & Environment: Practices and
Processes in Soil and Water” organizado numa iniciativa conjunta entre o Ministério
dos Negócios Estrangeiros (MASHAV), através do Centro de Cooperação Internacional
para o Desenvolvimento da Agricultura (CINADCO) e o Ministério da Agricultura,
através da Organização Israelita de Investigação Agrária (ARO).
O curso teve uma duração de 22 dias e decorreu entre os dias 21 de Novembro e 12 de
Dezembro de 2006, nas instalações do Ministério da Agricultura em Bet-Dagan – Israel.
Os principais objectivos do curso estavam relacionados com a interacção entre a
Agricultura e o Ambiente e a experiência de Israel neste assunto, cujos principais tópicos
foram: rega com recurso a águas marginais (salinas e residuais), processos de reciclagem
de água, contaminação dos recursos hídricos e conservação da água e do solo.
1º Dia – 21.11.2006
O primeiro dia foi de apresentação do curso com todos os candidatos e a coordenação
do curso, composta pela Sr.ª Sigal Parson e Eng. Ovadia Keidar (ARO), na sala de
conferências do City Hotel.
Conforme anexo, o programa de curso incluiu actividades em todos os dias da semana,
excepto os sábados, único dia livre da semana.
O curso foi constituído por 24 elementos maioritariamente de China, Índia, Etiópia,
Nigéria, Camarões e Turquia, mas também com elementos de Bósnia & Herzegovina,
Ucrânia, Uzbequistão, Myanmar e Sri Lanka.
Após a reunião de apresentação foram trocadas algumas ideias entre os participantes e a
Organização do Curso, a qual se centrou sobre sistemas de rega de aspersão e
localizada, quais poderiam ser mais baratos e mais eficientes. Tentou-se mostrar que
ambos têm vantagens e inconvenientes, mas que acima de tudo se deve ter cuidado com
a qualidade do material e com o correcto dimensionamento.
Foi ainda referido por um representante da Etiópia, um professor assistente responsável
pelas cadeiras relacionadas com hidráulica agrícola e técnicas de regadio, numa das
principais universidades do país, que na Etiópia apenas 5% de cerca de 16 milhões de ha
potencialmente regados, são regados actualmente
O dia seguinte foi iniciado com a sessão inaugural, com foto de família incluída (foto de
capa), durante a qual cada um dos formandos fez uma breve apresentação profissional,
durante cerca de 10 minutos.
Nota de Rodapé:
Este curso foi mostrando a maneira de Israel promover a agricultura e disseminar os seus
desenvolvimentos tecnológicos e científicos a grande parte do mundo.
Após a reunião inicial, verificou-se a ausência de outros técnicos de língua oficial portuguesa ou
espanhola. Isto leva a considerar, por um lado, que os técnicos destas áreas, da Península Ibérica, da
América Latina e dos PALOP, ou não têm possibilidade de participar, ou então, principalmente no caso
da América Latina, Espanha, seguindo o exemplo de Israel, tem desenvolvido este tipo de acções.
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Perante isto, o COTR deverá seguir o caminho, a exemplo do que faz Israel e Espanha, do
desenvolvimento de formação na área de regadio para os PALOP, principalmente. O COTR já tem uma
experiência acumulada que lhe permite desenvolver actividades para técnicos PALOP para mostrar a sua
experiência e a tecnologia de regadio. Por certo, se Portugal não tomar esta posição, algum país a tomará!
2º Dia – 22.11.2006
O segundo dia de curso, que na realidade foi o primeiro dia de trabalho, permitiu tomar
contacto com a realidade do trabalho desenvolvido pela ARO – Agricultural Research
Organization, no Volcani Center em Bet Dagan, Israel.
As sessões de trabalho iniciaram com a apresentação das infraestruturas do Ministério
de Agricultura no Volcani Center, onde decorreram a maioria das actividades. A
apresentação dos participantes antecedeu a apresentação da ARO.
Durante a apresentação foi referido que a ARO está constantemente em alteração, em
função das novas realidades que vão aparecendo. Assim, actualmente a missão da ARO
está relacionada com:
1. Mercado competitivo – melhoria da produção agrícola;
2. Aumento do uso eficiente da água de rega;
3. Redução da mão-de-obra nas actividades agrícolas – mecanização;
4. Redução do uso de pesticidas – protecção do ambiente.
Tentam sempre que possível responder às necessidades do agricultor. Por exemplo, a
diminuição da qualidade da água no sul de Israel, levou ao desenvolvimento de um estudo
que permitisse dar resposta ao agricultor de como usar água de qualidade limitada, e
quantas vezes essa água poderia ser utilizada, de modo a reduzir as perdas de água.
ARO é composta por seis divisões: solo, água e ciências do ambiente, plantas, protecção
das plantas, pós-colheita, ciências animais e engenharia agrícola. ARO tem dois campos
experimentais em Newe Yaar e Gilat. Mais informação no vídeo promocional da ARO.
Foi feita uma apresentação sobre agricultura e ambiente, durante a qual foi referido que
uma agricultura racional poderá apoiar e melhorar o ambiente. A agricultura é muitas
vezes acusada como fonte de poluição e consumidora de recursos como água e é
colocada normalmente num plano pouco favorável.
Foram feitas algumas referências ao uso da água e à sua produtividade em Israel.
Conseguiram melhorar a taxa de consumo de 9000 m3/ha.ano (1950) para cerca de 6000
m3/ha.ano em 1990. A produtividade da água passou 1,5 kg/m3 (1950) para cerca de 2,5
kg/m3 em 1990.
Um dos principais problemas com o qual estão lidando actualmente está relacionado
com o uso de efluentes em agricultura. Existem alguns riscos, mas como a qualidade
destes aumenta continuamente, a produção agrícola ajusta-se cada vez mais ao uso de
efluentes. O uso de reguladores na aplicação de efluentes, tem ajudado a diminuir o
risco do uso de efluentes.
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Entre outros assuntos, foi feita ainda uma referência à agricultura e poluição das águas
em que foi referido que os nitratos e os pesticidas continuam a ser os principais
problemas em águas subterrâneas em zonas agrícolas.
O uso de lamas de estações de tratamento poderá ser uma solução para o caso da
agricultura. Existem também alguns riscos, associados aos metais pesados, que existem
nessas lamas e que podem degradar os solos. Isso é um problema que apenas surge no
caso de se usarem lamas industriais. Nestes casos, deve-se evitar o seu uso em
agricultura e tratadas em separado.
O orador defendeu ainda que a agricultura não é uma actividade que provoque o
aumento dos gases com efeito de estufa. Referiu ainda que o aquecimento global é uma
utopia. É natural que existam aumentos de temperatura locais devido à actividade
humana, mas essa influência nunca se estenderá à escala mundial – o planeta tem
mecanismos de autorregulação.
Durante este dia foi ainda proferida uma conferência sobre o tema – “Global Dimming
and Brightening and their inluence in agriculture” pelo Dr. Shep Cohen.
A sessão, conduzida por Shep Cohen, que também trabalha no Volcani Center, permitiu
mostrar a sua actividade e a sua área de interesse, relacionada com análises climáticas
sobre as variações do clima, ao nível da análise do parâmetro radiação.
Por isto, sem dúvida que esta sessão se apresentou uma das mais interessantes, pois
estava mais directamente relacionada coma actividade desenvolvida pelo signatário no
COTR.
Referiu que o clima está a mudar! Mas que importa, qual o problema? Sempre mudou!
É de esperar que continue a mudar.
Tem usado e interpretado dados de radiação em todo o mundo e tem verificado que
existe uma redução na radiação solar desde 1950, tem-se registado uma evolução
negativa. Perante estes factos não poderá ser feita uma extrapolação directa para o
futuro, que levaria a um escurecimento acentuado da atmosfera nos próximos anos.
Referiu que têm sido desenvolvidos muitos trabalhos em Halocarbonatos e seu efeito na
atmosfera que provocam um efeito de estufa (aquecimento), mas ninguém tem estudado
o efeito dos aerossóis que podem conduzir a um arrefecimento da atmosfera associados
à formação de maior quantidade de nuvens.
A entrada de informação sobre radiação solar nos modelos actuais de previsão sobre
alterações climáticas poderá melhorar as previsões sobre o potencial aquecimento
global. Verificou que em Bet Dagan a temperatura tem aumentado cerca de 1ºC em
cada 10 anos, ao contrário das previsões de 2ºC por cada 100 anos – mas isto é uma
situação local.
Em agricultura, tem estudado o uso de protecções em pomares, contra a acção de
granizo e de insectos, e analisado o efeito no consumo de água (Fig. 1). A preocupação
principal é analisar qual poderá ser a poupança de água quando um pomar é
ensombrado. Qual a influência da percentagem de ensombramento. Houve casos em que
reportaram uma poupança de 40% de água apenas com 10% de ensombramento.
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Figura 1 – Uso de Rede de ensombramento para redução consumo água
Conseguiram mostrar que a redução da radiação não provocou influência na condutância
estomática durante a manhã, nem durante a tarde, mas aumentou a condutância estomática
durante o meio-dia. Apesar de ter reduzido a evaporação pela acção combinada da
componente aerodinâmica e de radiação, a redução do consumo não foi significativo, pelo
aumento da condutância estomática durante o meio-dia. Para além disto, colocaram uma
tina classe A debaixo da rede protecção (cor branca) e verificaram uma redução na
evaporação de 40-50% que confirma a redução de ET em cerca de 30-40%.
Não foi esclarecida uma questão relacionada com o comportamento, no caso do uso de
rede de ensombramento de cor verde escura.
3º Dia – 23.11.2006
Inicialmente foi feita uma apresentação sobre a rega com recurso a águas residuais,
apresentada pelo Dr. Ben-Hur. Referiu que as águas residuais são compostas 99,9% de água
e apenas 0,1% de compostos orgânicos e inorgânicos – é água, tecnicamente falando.
No caso específico de Israel tem monitorizado frequentemente as águas residuais que
usam e verificaram que após tratamento, o pH e a CE (com recurso a tratamento
secundário), não sofreu alterações significativas, apenas o TSS e a DOM (matéria
orgânica dissolvida), tiveram uma redução significativa.
O processo normal de tratamento de águas residuais consiste em:
−
−
−
−
Oxidação;
Filtragem de elementos grosseiros;
Ultrafiltragem;
Osmose inversa.
Estes dois últimos são processos algo dispendiosos mas que acabam por dar à água
qualidade para consumo humano.
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A salinidade foi referida como devendo ser analisada sobre dois pontos de vista diferentes:
− Hidráulica – contaminação dos lençóis freáticos;
− Agronómica – Zona Radicular.
Em relação à taxa de infiltração dos solos, fizeram um estudo em solos argilosos e
arenosos, cujo objectivo consistiu em analisar o comportamento de águas residuais e
água não residual e a sua influência nestes dois tipos de solos.
Uma das situações contemplava a aplicação de água sobre o solo seco e outra sobre o
solo humedecido previamente com uma taxa de aplicação de 1 mm/h. A aplicação de
água foi feita a uma taxa de aplicação de 50 mm/h.
No caso de solos argilosos, a taxa de infiltração reduziu drasticamente em solo seco,
com ambos os tipos de água. Em solo previamente humedecido a taxa de infiltração
manteve-se estável até cerca do nível de 40 mm de água aplicados.
Em solo arenoso, a taxa de infiltração manteve-se inalterada com água não residual, em
solo previamente humedecido. O uso de água tratada levou a uma redução da taxa de
infiltração após 60-70 mm de água aplicados.
O Dr Eran Raveh, que tem desenvolvido o seu trabalho em citrinos no Sul de Israel
(Estação Experimental de Gilat), apresentou os seus últimos trabalhos sobre o combate
de stress salino devido à rega com recurso a água com elevados índices de sais.
Refere que 40% dos citrinos Israelitas são cultivados no Deserto do Negev, estes
citrinos dão origem a cerca de 50% da produção nacional.
Os sintomas de toxicidade dos sais nos citrinos aparecem muito antes de serem
visualmente notados. Poderão aparecer árvores ligeiramente menores, a produção
poderá cair um pouco. Mas visivelmente, acontecem com o aparecimento de manchas
amareladas. Quando assim é, a situação já é bastante gravosa. Normalmente, o efeito
tóxico é muito raro de aparecer, pois inicialmente aparecem os problemas associados ao
efeito osmótico.
Na região de Gilat com uma precipitação média de 220 mm/ano, a rega é essencial para
a produção de citrinos. A rega é feita com água da estação de SHAFDAN (água
reciclada) com índices médios de sais de:
− 223 mg/l de Cl;
− 149 mg/l de Na e
− 100 mg/l de Ca.
Perante esta realidade, o primeiro passo foi saber se nesta região, perante estas
condições, se estaria realmente na presença de um problema. De 1993-2002 analisaram
a presença de cloritos nas folhas e repararam que a partir de 1999 esses valores
dispararam. A razão não foi identificada, mas poderá estar associada a:
− Deixaram de usar variedades mais tolerantes;
− Preço da água aumentou e por isso deixaram de usar tanta água para
lavagem do perfil;
− Alterações no sistema de rega de aspersão para rega localizada;
− Passou a utilizar-se água de qualidade limitada;
− Aumento irracional da fertilização.
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Perante a alteração de sistema de rega, para rega localizada, tentaram analisar o nível de
sais na zona do raio do gotejador. Verificaram que junto ao gotejador as medições da
condutividade eléctrica (CE) era de 2-4 ds/m, mas a cerca de 65 cm do gotejador as
medições disparavam para 1000 ds/m.
Para combater este problema colocaram mulch sobre a zona de maior quantidade de sais
de modo a evitar a lixiviação desses sais para zona radicular, por acção da chuva. Um
estudo futuro consistirá em fazer variar a inclinação do plástico (mulch) colocado na
linha de árvores. Inclinado para o interior da linha de ambos os lados ou inclinado para
o meio da entrelinha de ambos os lados.
Curioso é que em outro projecto que desenvolveram para provar que havia uma relação
directa entre a CE no tronco e a presença de cloritos, acabaram por identificar uma
relação directa entre a CE no tronco com o teor de humidade do solo. Este estudo será
alvo de projecto futuro.
Um caso de extensionismo que desenvolveram está relacionado com uma ferramenta
expedita para determinar a CE do solo, no campo. Precisam de um medidor de CE e um
copo de plástico, com uma colher de sopa de leite em pó de bebé (4 cm3 aprox.) e 100
cm3 de água destilada. A análise da CE desta solução tem uma relação directa com as
medições obtidas através de análises laboratoriais.
“Girdling”: Processo que consiste em retirar uma pequena parte da epiderme em redor
de todo o tronco para impedir a passagem de parte de açúcares para as camadas
inferiores da planta, promovendo o desenvolvimento de flores, frutos e o próprio
tamanho dos frutos. Esta técnica tem a grande desvantagem de aumentar a sensibilidade
dos citrinos ao sódio e aos cloretos.
Durante a tarde foi feita uma visita à central de tratamento de águas residuais de
SHAFDAN. Este plano de tratamento de águas residuais está em funcionamento há
cerca de 30 anos, com um caudal de reciclagem médio d e 347000 m3/dia e um caudal
anual de 127 Mm3.
Figura 2 – Reactor biológico de tratamento de águas residuais
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O processo consiste no tratamento de efluentes por um reactor biológico (bactérias e
oxigénio) (Fig. 2) e por um tratamento terciário que consiste em colocar a água em
bacias de infiltração para recarregar os lençóis freáticos (usados apenas para
agricultura), com água resultante que tem qualidade de consumo humano.
Após o jantar houve uma sessão à noite sobre Israel a sua Agricultura apresentada por
Meir Bazelet.
Israel é um país com uma área de cerca de 20000 km2 e uma população de 6 milhões.
Para esta área e população dispõe de um precipitação muito limitada, que varia de 770
mm/ano no Norte a cerca de 30 mm/ano no sul (Eilat). Esta limitação de água tem-se
tornado cada vez mais um problema, pelo crescimento da população e pelo
decrescimento de solo disponível para infiltrar água (crescimento urbano).
A empresa pública MEKOROT é responsável por gerir todo o sistema de água. A água
é bombada do Lago da Galileia para a zona de Tel Aviv onde é distribuída mais para
Sul, e durante o Inverno usada para recarregar os aquíferos.
Israel possui uma área agrícola de 380000 ha, dos quais cerca de 60% (200000 ha
aprox.) são de regadio. Cerca de 70% da água é usada em agricultura. Enfrentam o
problema de terem cada vez menos agricultores em actividade e terra para cultivar. Por
isto o serviço de extensionismo tem vindo a diminuir.
4º Dia – 24.11.2006
O dia foi preenchido com a apresentação dos países dos diferentes formandos. De
seguida foi feita a descrição do projecto que deverá ser entregue no fim do curso. O
signatário ficou incluído no grupo sob o tema “Water Saving” em colaboração com
Idlys e Zhang (China), Girmay (Etiópia), Musa (Nigéria) e Sagara (Sri Lanka).
5º Dia – 25.11.2006
Dia livre
6º Dia – 26.11.2006
As sessões foram iniciadas com a apresentação sobre químicos orgânicos tóxicos para o
ambiente (solo e água) pelo Dr Zev Gerstl.
O principal objectivo da sessão foi introduzir o tema, permitindo a familiarização dos
principais termos.
Em 2001 o uso de pesticidas ultrapassou os 32000 milhões de USD, o que mostra um
sector economicamente muito forte, com um mercado enorme, e que devido aos
interesses económicos, existem muitas resistências à implementação de soluções
fortemente ambientalistas.
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Actualmente, têm um projecto que consiste na análise da contaminação de poços em
redor de Tel Aviv, que tenta desenvolver e mostrar a forma de minimizar os impactos
ambientais da acção de arrastamento de águas em profundidade com poluentes industriais.
A tarde iniciou com a visita à biblioteca do Volcani Center, onde foi possível consultar
publicações físicas e electrónicas que poderiam ajudar no desenvolvimento do projecto
(Fig. 3).
Figura 3 – Recepção na Biblioteca do Volcani Center
Foi ainda visitado o centro NOSHEM (Fig. 4), que é um projecto (Projecto NOSHEM)
que tem como principal finalidade apoiar crianças e jovens que demonstrem apetências
pelas ciências, em particular pela agricultura, para que comecem a integrar-se no meio
agrícola e que desenvolvam algumas actividades na área da agricultura de uma forma
espontânea ou em colaboração com investigadores da ARO.
Figura 4 – Centro Informático NOSHEM
A tarde continuou com a apresentação sobre os efeitos da aplicação de águas residuais
na fertilização com N, P e K (Dr Asher Bat-Tal) em que se tentou mostrar que o uso de
águas residuais, pode permitir a redução ou mesmo a anulação da aplicação de
fertilizantes ou de alguns tipos de fertilizantes artificiais. Consciencializar mentes que a
utilização de águas residuais é diferente de regar com água não residual, e que esta
questão deve ser sempre contabilizada com recurso a análises laboratoriais.
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O azoto disponível nos efluentes está disponível para as plantas e deve ser
contabilizado. As perdas potenciais que existem devem continuar a ser investigadas, de
modo a serem minimizadas. Existem potenciais contaminações dos solos e lençóis
freáticos, caso não seja feito o uso racional, em regadio, que poderá pôr em causa a sua
utilização.
Durante o período livre da noite foi mostrado o trabalho desenvolvido pelo COTR em
Portugal a alguns dos participantes do curso (Fig. 5).
Figura 5 – Apresentação do Filme Promocional do COTR
7º Dia – 27.11.2006
Iniciou-se a visita técnica ao Norte com destino ao Lago da Galileia, onde nasce o Rio
Jordão, principal fonte de água fresca que abastece Israel.
Durante a visita foi visitado o Kibbutz onde está sedeado a NETAFIM, um dos
principais fabricantes de rega localizada do mundo.
A apresentação começou com alguns conceitos sobre rega e produtividade da água e
ainda que a rega localizada apresenta as maiores eficiências de aplicação e distribuição
possíveis.
Foi ainda feita uma referência básica aos conceitos de fertilização – Lei dos Mínimos e
fertirrega que estão a divulgar e a instalar por todos os cantos do mundo.
A visita à exploração começou pela entrada numa estufa, onde estavam a ser produzidos
morangos em hidroponia, com datas de sementeira iguais, mas com crescimentos e
entrada em frutificação diferentes, resultado de diferentes dosagens de fertilizantes. A
polinização dentro da estufa é feita com abelhas domésticas que vivem dentro da estufa
e que são alimentadas com complemento artificial (Fig. 6).
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Figura 6 – Interior da estufa de hidroponia
Os efluentes da rega da hidroponia são tratados por radiação ultravioleta e voltam a ser
utilizados na hidroponia. Utilizam como substrato a fibra de coco.
De seguida foi apresentado um projecto que estão desenvolvendo, muito
interessante, que consiste em utilizar gotejadores de pressão nula, com um caudal de
1 l/h, em zonas de agricultura com carácter familiar, para difundir principalmente
pela Ásia e África (Fig. 7).
Figura 7 – Sistema de Rega localizada de pressão nula
Consiste em utilizar um depósito cheio de água em cima de um barril de 200 l, que
permite uma carga de 1 m de coluna de água. Com essa carga os gotejadores
(denominados de pressão nula) funcionam de forma uniforme em linhas de 25 a 30 m de
comprimento. O sistema desenvolvido tem ainda a vantagem de permitir fazer
fertirrigação.
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À entrada das instalações existe uma
exposição de equipamento utilizado para
aplicar fita porta-gotejadores no solo e
juntamente com a exposição existe uma
estação meteorológica automática muito
básica, conjuntamente com uma tina
evaporimétrica classe A, com um medidor
de nível manual instalado (Fig. 8). O mais
interessante é que esta ideia de usar uma
estação meteorológica automática para
calibrar a tina evaporimétrica era a mesma
ideia que se tentava por em prática no seio
do grupo de projecto “Water saving”, que
pode a relativo baixo custo implementar
uma metodologia de cálculo das
necessidades em água das culturas em
qualquer parte do mundo.
Figura 8 – Sistema integrado de medição ETo
Na entrada do complexo existe um sistema de avaliação e exposição de diferentes tipos
de aspersores, que não se chegou a visitar, mas que indica ser uma bancada de campo de
teste de diferentes aspersores que estão desenvolvendo (Fig. 9).
Figura 9 – Bancada com diferentes tipos de aspersores
Durante a tarde chegou-se ao Lago da Galileia, principal fonte de água não residual de
Israel. Esta água é bombada de um desnível de 200 m em relação ao nível médio das
águas do mar.
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Junto ao Lago da Galileia foi feita uma visita à estação experimental de culturas
tropicais – TZEMACH.
Na estação experimental, principalmente, desenvolvem trabalhos com investigação e
experimentação em Bananas e Abacate. Instalaram junto a uma estação meteorológica
do Instituto de Meteorologia Israelita, um campo de ensaios de abacate, em que cada
planta está individualizada num lisímetro, em que os excedentes da rega são recolhidos
e contabilizados por cada linha de plantas. Cada um dos vasos de planta tem um tubo
vermelho de acesso ao fundo que permite controlar os excessos que se possam estar
acumular (Fig. 10).
Figura 10 – Estação lisimétrica de jovens abacates
O posto meteorológico tem uma tina evaporimétrica classe A à superfície e outra a cerca
de 3 ou 4 m de altura que permite simular as condições evaporimétricas ao nível da copa
das bananeiras (Fig. 11).
Figura 11 – Tina evaporimétrica classe A instalada em altura (ar livre e em cobertura)
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Um projecto que estão a desenvolver desde há alguns anos refere-se à cobertura das
bananas para optimizar a produção, começaram por introduzir as bananeiras em estufas,
mas durante o Verão aquecia em demasia, o que condicionava o desenvolvimento da
cultura. Então, desenvolveram uma estrutura com rede transparente a cerca de 4 m de
altura que durante o Verão tem um efeito de sombra, não aquecendo tanto como o
plástico e reduz a evaporação em cerca de 30 – 40% e isto leva a uma redução no
consumo de água de rega da mesma ordem. A precipitação na zona é de cerca de 400
mm.
Dentro de uma plantação de bananeiras com cerca de 10 anos estão desenvolvendo um
projecto de análise de dotação de rega:
• 2000 mm/ano – 100% das necessidades de acordo com as metodologias
internacionais;
• 70% das necessidades totais;
• 55% das necessidades totais;
• 130% das necessidades totais.
Verificaram que 130% e 55% têm um comportamento idêntico para as bananeiras, isto é
ambas as dotações reduzem a produção para níveis similares, talvez porque o excesso de
água provoca alguma toxicidade sobre as raízes.
Verificaram que a dotação de rega de 70% reduz ligeiramente a produção, mas leva a
uma poupança muito significativa da água de rega.
Dentro do pomar instalaram uma tina classe A para comparar os valores de evaporação
à mesma altura fora e dentro da cobertura e verificaram que a evaporação reduzia em
cerca de 40% dentro da cobertura. Esta situação acontece devido ao efeito conjugado da
radiação, que reduz durante a manhã dentro da cobertura, e do vento que reduz durante
a tarde, associados ao aumento da humidade relativa dentro da cobertura.
8º Dia – 28.11.2006
Segundo dia da visita ao Norte de Israel, que começou com a visita à estação de
bombagem que alimenta todo o sistema de abastecimento de água a Israel, desde o
Norte, no Lago da Galileia até ao Sul, no deserto do Negev, e até mesmo à ponta Sul do
país em Eilat, no Mar Vermelho (anexo em inglês).
Foi ainda visitado muito a Norte, junto ao Líbano e à Síria, o parque natural que é
conservado com um parque natural para paragem de aves migratórias, no seu percurso entre
a Europa e África. Algumas das aves têm causado graves problemas aos agricultores. Por
isso, refere o gestor do parque, que esse local deve ser mais apoiado pelos agricultores, que
nos últimos anos deixaram de fornecer fundos suficientes para que a aves se mantenham
apenas ali e não vão para as suas terras à procura de alimento (Fig. 12)!
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Figura 12 – Parque Natural de Hulla Valley
9º Dia – 29.11.2006
A manhã começou com a apresentação do Dr Bar-Tal sobre os efeitos da aplicação de
águas residuais na concentração de Fósforo e Potássio.
Foi feita uma referência ao Fósforo como sendo o elemento muito importante na
construção de proteínas, reacções energéticas e como componente do DNA e RNA. É
um elemento móvel nas plantas, mas pouco móvel no solo.
Um estudo de dois anos, sobre o efeito da aplicação de águas residuais em vinha, mostrou
que a concentração de Fósforo no solo, mais que duplicou na camada até 60 cm.
Em 4 anos de experimentação com o uso de diferentes tipos de qualidade de águas de
rega e sua análise em profundidade, mostrou que o uso de águas residuais aumentou a
concentração de Fósforo para 7 mg/kg de solo à superfície e para 40 mg/kg de solo a
cerca de 40 cm de profundidade.
Os restantes tipos de água utilizados mantinham os níveis de Fósforo em valores
constantes de 30 mg/kg e 10 mg/kg, respectivamente.
A sessão acabou sem que fosse feita referência à situação do Potássio, quer nos
efluentes, quer o seu efeito no solo.
Ainda durante a manhã foi feita uma apresentação sobre os aspectos microbiológicos e a
sua influência no ciclo do azoto no solo. Referindo alguns aspectos no comportamento
das bactérias, fundamentalmente, e nas acções que ocorrem no solo. Por exemplo, um dos
principais problemas que ocorrem na nitrificação é o arrastamento por acção da água para
lençóis freáticos e para águas superficiais. Por exemplo, também um alto pH da solução
do solo leva à volatilização do amónio, que passa a gás e perde-se para atmosfera.
A razão C/N é muito importante para a acção das bactérias, quando muito alta, vai fazer
com que as bactérias roubem azoto ao solo para completar o seu ciclo.
Refere ainda que os nitratos são muito problemáticos porque facilmente são reduzidos a
nitritos e esses bloqueiam o transporte de oxigénio pela hemoglobina nos seres vivos.
Por outro lado, foram ainda referidas algumas reacções das plantas para que as bactérias
tenham bom ambiente para desenvolverem a sua actividade, como o caso do
desenvolvimento de lectoglobina, com funções idênticas à hemoglobina nos animais,
com a função de transportar oxigénio para junto dos nódulos.
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Foi feita ainda uma referência à degradação da matéria orgânica, mostrando que os
compostos estáveis se degradam rapidamente em função da temperatura, do tipo de solo
e do grau de humidade.
O Dr Pinchas Fine fez referência à utilização de lamas residuais e o seu uso em
agricultura. Estas lamas são resultado do tratamento secundário das águas residuais, por
processos mecânico-biológicos como foi referido anteriormente, que é feito em
SHAFDAN. Neste processo mostra que existem duas filosofias distintas, ambas válidas,
para utilizar e seguir os riscos.
Os americanos por um lado fazem a análise e o controlo dos riscos associados à
aplicação destas lamas. Os europeus, principalmente na Europa do Norte, apenas se
preocupam em utilizar lamas na quantidade necessária para repor os elementos que as
plantas retiram do solo.
A principal limitação está associada à “lei dos mínimos”, isto é, aplicam a quantidade
necessária para repor o elemento mínimo em falta. Para o restante recorrem a fertilizantes.
Apresentam o resultado de um ensaio feito no campo do agricultor, na Europa, que
mostra, em cevada (produção de 5,4 ton/ha), a potencialidade para reduzir os custos finais
de produção em cerca de 80€/ha, principalmente associados à poupança de fertilizantes.
Em trigo, em Israel, desenvolveram experimentação durante dois anos no uso de várias
quantidades de lamas por ha e vários tipos de lamas. Apenas a aplicação de 50 ton/ha de
lamas não tratadas apresenta uma redução de produção no segundo ano.
Refere ainda outros trabalhos de experimentação nesta área e as várias vantagens na
aplicação de lamas. Por exemplo, o uso de lamas alcalinizadas permite aumentar o pH
do solo para cerca de 10, que associada a uma adição de NH4+ permite controlar a
contaminação dos solos de estufas devido ao “fusarium”. O problema é que o pH do
solo nestes níveis pode literalmente “matar” o solo, e a toxicidade para as plantas pode
surgir muito mais facilmente. O solo fica sem dúvida mais vulnerável!
O dia continuou com a apresentação do CINADCO – Centre for International
Agricultural Development Cooperation.
O Centro funciona sob a alçada conjunta de:
- Ministério dos Negócios Estrangeiros;
- Ministério da Agricultura e Desenvolvimento Rural.
Está essencialmente vocacionado para a transferência de conhecimento, actualmente
com o orçamento muito limitado que dispõem não permite a construção de
infraestruturas. A transferência de tecnologia é feita através de:
- Cursos em Israel;
- Cursos no local;
- Investigação de curta duração;
- Investigação de longa duração (Doutoramento).
Possuem dois centros de investigação:
- Shefayim e
- Volcani Center.
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O dia concluiu com a noite de Folclore, que consistiu em juntar todos os participantes
de todos os cursos a decorrer em Israel, no Centro de Formação de Shefayim. Juntaramse cerca de 100 pessoas de 34 países de todos os cantos do mundo. Foi sem dúvida uma
das experiências que ainda enriqueceu mais o curso (Fig. 13).
Figura 13 – Noite de Folclore em Shefayim
10º Dia – 30.11.2006
Workshop “Análises de Solos, Água e Plantas” – Estação Experimental de Gilat
O dia foi passado por completo na estação Experimental de Gilat, a sul de Tel Aviv,
onde foram feitas algumas considerações sobre a recolha de amostras e análises em
solos (Fig. 14) e plantas, não foi, no entanto, feita nenhuma referência à água de rega.
Figura 14 – Recolha Amostras de Solos
Foram mostrados alguns métodos de tratamento/preparação de amostras de plantas e
solos, algumas das análises que são feitas pela Estação Experimental e explicado o
funcionamento da maioria dos equipamentos utilizados.
Toda a informação poderá ser consultada no Field Report N.º4.
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11º Dia – 01.12.2006
Visita a Jerusalém, que incluiu a visita durante cerca de 3 horas ao monumento
edificado pelo povo Israelita em memória do Holocausto – Yad-Vashem. A seguir ao
plano de abastecimento de água a Israel, este foi o segundo maior investimento do
Governo Israelita.
Figura 15 – Fim do dia em Jerusalém
12º Dia – 02.12.2006
Dia Livre – Permitiu colocar todos os relatórios em dia.
13º Dia – 03.12.2006
Durante a manhã assistiu-se a uma sessão sobre a conservação do solo e da água em
bacias hidrográficas, da responsabilidade de Dr Yoram Benyanimi.
A sua comunicação baseou-se essencialmente nos aspectos relacionados com a
conservação devido à acção da água da chuva. Defende que se forem tomadas medidas
de protecção contra a energia dissipativa da água da chuva, a maioria dos problemas de
conservação do solo não existirão.
Um dos problemas que refere é o facto das previsões para a decisão sobre medidas de
conservação a desenvolver, serem feitas com base estatística de eventos de precipitação
ocorrida no passado. A frequência do passado é o resultado da probabilidade desses
eventos voltarem a ocorrer no futuro, deixando pouca margem de manobra para o
aparecimento de extremos e sua quantificação.
Uma ideia importante que surgiu é o facto de referir que técnicas de conservação, como
o caso de covachos, que promove a infiltração da água no solo, serem importantes. No
entanto, têm que ser sempre dimensionados para a máxima precipitação provável!!!
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Durante a tarde voltou a sessão a ser orientada pelo Dr Minz, para continuar a falar de
aspectos relacionados com a microbiologia das águas residuais.
Uma das ideias importantes que referiu, foi o facto de ser uma ciência com muito por
descobrir, sabe-se que existem 1010 células de microrganismos por cada grama de solo.
Em laboratório apenas se consegue criar cerca de 0,5% do que existe no solo, o que é de
facto uma grande limitação.
Refere que as principais motivações para continuar a trabalhar nesta área estão
relacionadas com:
- Crescente falta de água;
- Degradação da qualidade da água;
- Necessidade de uma agricultura sustentável.
Nota de Rodapé:
A presença em Israel vai mostrando que existem vários problemas, que com o decorrer do tempo vão sendo
identificados, e que a investigação se vai sempre aprontando para solucionar através de experimentação.
Em Portugal, fica a ideia de que a investigação não funciona nas suas potencialidades, porque parece não
serem identificados problemas para resolver, ou realmente eles não existem!!!
14º Dia – 04.12.2006
Primeiro dia da visita ao sul de Israel.
Inicialmente foi feita uma visita ao Kibbutz Hafetz Haim, onde foi possível verificar o
trabalho que tem sido desenvolvido no tratamento de águas residuais para uso em
agricultura. O tratamento é composto pela passagem da água por vários reservatórios de
tratamento, até que a água atinge um determinado nível de qualidade que permite a sua
utilização em agricultura.
Comercializam água para outros agricultores. Produzem algodão com rega subterrânea,
forragens e cereais. Culturas de consumo em fresco não podem ser regadas com esse
tipo de água (Fig. 16).
Figura 16 – Fardos de algodão esperando pelo melhor preço mercado
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Foi feita uma visita a Ramat Hovav, que é uma estação de tratamento de
desperdícios químicos perigosos, instalada já no meio do deserto. As principais
actividades estão relacionadas com tratamento de resíduos perigosos, monitorização
de tratamento de solos, monitorização da qualidade do ar e aconselhamento técnico.
Não recebem materiais radioactivos, explosivos ou com contaminação patogénica.
Foi ainda feita a visita ao Centro de Investigação do Deserto. Este Centro pertence à
Universidade Ben Gurion, está instalado em pleno Deserto do Negev. Numa zona onde
a precipitação média anual é de 80 mm, a utilização eficiente da água é a principal
preocupação.
O Instituto tem desenvolvido diversos trabalhos de investigação na reutilização das
águas residuais. Um dos trabalhos que fizeram referência está relacionado com a
reutilização das águas domésticas, apenas da água dos efluentes da cozinha é reciclada e
utilizada na rega dos jardins que existem no Kibbutz (Fig. 17).
Figura 17 – Processo de reciclagem de águas domésticas
Antes de percorrer o Deserto do Negev até chegar a Eilat, foi ainda visitado outro
centro da Universidade Ben Gurion – Instituto de Investigação da Água Zuckerberg,
que desenvolve actividades na área da Aquacultura, Nitrificação e Digestão
anaeróbica.
O Instituto tem desenvolvido esforços, nesta zona árida, nas áreas referidas, mas
inclui também o desenvolvimento de instalações mais eficientes, mais conservadoras
do consumo de energia, como seja o caso do edifício central, com aquecimento
sobre o efeito do sol, que durante o Verão cobrem com filme prateado para aumentar
a reflectividade (Fig. 18). Mais informação poderá ser consultada no relatório de
visita (Anexo).
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Figura 18 – Cobertura do edifício administrativo central
15º Dia – 05.12.2006
Segundo dia da visita ao sul de Israel.
O dia iniciou perto de Eilat, onde foi possível visitar o Kibbutz Yotvata. Aqui foi possível
observar várias experiências que desenvolveram. Conseguem produzir e têm toda a linha
de montagem do seu próprio leite que colocam nas grandes superfícies comerciais de
Israel. Contam com a colaboração de poucos funcionários, para cuidar de cerca de 500
vacas leiteiras, cruzadas de Frísia com a raça Damasco (raça autóctone da região).
Desenvolveram um programa de produção de biogás com os excrementos animais, que
usam nas instalações fabris. Esses excrementos são ainda, por fim, aproveitados como
fonte de nutrientes para a agricultura (Fig.19).
Figura 19 – Estação de Biogás no Kibbutz Yotvata
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Na unidade experimental do Kibbutz, foi ainda possível observar o trabalho que tem
sido desenvolvido, com recurso a lisímetros individuais, na análise e controlo do efeito
da salinidade e Boro em palmeiras (Fig. 20).
Figura 20 – Estação lisimétrica em Palmeiras
Antes da visita ao Mar Morto, foi possível conhecer os trabalhos experimentais que
estão sendo desenvolvidos na estação Experimental de Yair (Fig. 21).
Figura 21 – Estação Experimental Yair
Na estação para além de desenvolverem trabalho experimental, a estação dá apoio aos
agricultores da região e tenta solucionar os seus problemas. Um dos principais
problemas que a região enfrenta actualmente, está relacionado com a falta de
disponibilidade de areia para continuar a desenvolver estufas no deserto. Os leitos dos
rios começam a não ter resposta em disponibilidade de areia para as crescentes procuras.
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Para isso, têm que tentar encontrar
soluções, para esta falta de solo.
Inicialmente,
optaram
por
desenvolver soluções com solos
orgânicos,
mas
esta
solução
rapidamente se mostrou muito
dispendiosa para a grande maioria dos
agricultores. Então, actualmente, têm
estado a tentar desenvolver uma nova
solução que consiste em aplicar
mulch sobre o solo e com os restos
orgânicos, ou quaisquer outros
compostos que possam funcionar
como solo, aplicam sobre uma ligeira
depressão, que vai ser a zona onde
toda a parte radicular se vai
concentrar (Fig. 22).
Figura 22 – Mulch criado para produção de
pimento em estufa
16º Dia – 06.12.2006
O dia em Bet Dagan começou com a segunda parte da sessão sobre rega com recurso a água
de efluentes. Têm conduzido várias experiências com diversos tipos de águas e em diferentes
solos. No caso de solos argilosos calcários fizeram medições de escorrimento superficial e
erosão, em algodão regado por aspersão, não encontraram diferenças significativas.
No caso de solos não calcários e arenosos verificou-se que o uso de águas de efluentes
aumentou o escorrimento de 30 para 50%, comparando com o uso de água fresca. No
entanto, não se verificou perda de solo significativa ⇒ sem nenhuma explicação
aparente, pelo que continuará a ser tema de investigação!
Ainda durante a manhã foi feita uma apresentação sobre o comportamento e
importância do Boro nas plantas, pelo Dr Uri, que tinha sido o responsável pelo
worshop que decorreu em Gilat.
O Dr Uri pelo trabalho que apresentou na sessão, e pelo trabalho que mostrou no
worshop em Gilat, parece ser uma pessoa com conhecimentos técnicos, que poderá
desenvolver algum trabalho de formação na parte de análises de plantas para o curso de
fertirrigação do COTR.
Mostra que o Boro, apesar de ser um micronutriente, tem funções muito importantes na
planta como o transporte de açúcares, lenhificação e metabolismo de alguns compostos
importantes.
Espécies vegetais como a beterraba sacarina apresentam elevados níveis de Boro na sua
composição.
A questão de ser um micronutriente mostra que precisa apenas de pequenas concentrações
na planta para satisfazer as suas necessidades, pelo que facilmente elevadas concentrações
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levam à toxicidade. Esse é o problema que a agricultura Israelita enfrenta actualmente,
devido às elevadas concentrações de Boro que se registam na água de rega.
Este problema tem sido levado mais em consideração ainda, no caso dos citrinos, pois é
uma cultura bastante sensível a altas concentrações de Boro no solo.
Fizeram um trabalho de experimentação durante 8 anos, em lisímetros, sobre a questão
do Boro no solo, que começava a ser um grande problema. Esse problema surgiu,
principalmente, porque os detergentes domésticos apresentavam grandes concentrações
de Boro. O facto de se ter conseguido reduzir a concentração de Boro nos detergentes,
veio atenuar esta preocupação (desde os últimos 3 anos).
No caso da Estação Experimental de Gilat estão a desenvolver uma experiência em 20
talhões individualizados, sobre o efeito combinado entre a salinidade e a acção do Boro.
Na parte da tarde foi apresentada uma comunicação sobre aspectos económicos
relacionados com a água.
O primeiro indicador que consideram, em Israel, para qualquer estudo, é que para
produzir em auto-suficiência (e essa parece ser a sua meta, pela forma como apresentam
as situações!) precisam de 1000 m3/ano e pessoa, este valor contabiliza também a água
da chuva.
Esta situação parte do princípio que para produzir um Kg de grão é necessário a
aplicação de 1 m3/ano, e que cada pessoa precisa de 1000 kg/ano para viver. Perante
esta situação existe uma necessidade de 7300 milhões m3/ano para uma disponibilidade
de 3100 milhões de m3/ano.
A diferença de 4200 milhões de m3/ano é compensada com a importação de água virtual
(importações agrícolas) que corresponde a cerca de 3800 milhões de m3/ano e 400
milhões de m3/ano que provêm de outras fontes.
O palestrante defende que cada país deve tentar ser o mais auto-sustentável possível.
Em caso de dificuldade internacional, cada país começa por limitar as exportações e isso
afectará as importações de cada país.
A disponibilização de água para a agricultura tem vindo a diminuir. Actualmente é
disponibilizada, em Israel, cerca de 2000 milhões de m3/ano (?????):
− 60% para agricultura (metade água não residual e outra metade água
marginal);
− 25% para consumo urbano;
− 5% para indústria;
− 10% para países vizinhos.
A redução da disponibilidade de água não levou à redução do valor do produto porque
ouve melhorias tecnológicas:
− Rega localizada;
− Culturas intensivas;
− Novas variedades.
O custo actual da água em Israel é de:
− 1,3 NIS/m3 (0,24€/m3) para água não residual;
− 0,8 NIS/m3 (0,15€/m3) água reciclada.
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Após o jantar houve uma sessão extra sobre o tema do uso eficiente da água para
agricultura em Israel.
O orador refere que Israel enfrenta uma crónica falta de água. A chuva é pouco
uniforme em termos de distribuição geográfica, e a distribuição anual da precipitação
bastante irregular. Existem períodos de seca, cada vez mais frequentes.
Principais fontes de água:
− Lago da Galileia;
− Aquífero costeiro – Mediterrâneo;
− Aquífero Central – cruza o Norte e Centro de Israel, ao centro na vertical
do país.
As fontes de água são todas propriedades do estado. Uma das medidas tomadas é que
todos os agricultores pagam o mesmo preço pelo m3 de água, quer estejam perto ou
longe da fonte de água. Para que os agricultores do Sul possam ser da mesma forma
competitivos – os agricultores do Norte pagam pelos do Sul.
Para tentar resolver o problema da falta de água, uma das hipóteses que mais
rapidamente foi tomada, foi a compra de água à Turquia. Após começarem a fazer
planos de investimento, os economistas chegaram à conclusão que o m3 ficaria cerca de
duas vezes mais caro do que o processo de dessalinização. Chegaram então a um acordo
com a Turquia e ambas as partes desistiram dessa ideia. Também porque a Turquia
chegou à conclusão de que precisava dessa água.
17º Dia – 07.12.2006
Preparação do Projecto com sessões de pesquisa na Biblioteca e sala de computadores.
18º Dia – 08.12.2006
Preparação do Projecto que decorreu na sala de computadores do hotel.
19º Dia – 09.12.2006
Dia livre – Permitiu concluir o Projecto e os relatórios de campo que estavam por
terminar.
20º Dia – 10.12.2006
Conclusão do Poster e preparação da apresentação do Projecto.
21º Dia – 11.12.2006
O dia começou com a apresentação dos trabalhos desenvolvidos pelos 4 grupos (Fig. 23):
- Grupo 1 – “Impact of MarginaI Waters, Organic Wastes and Industrial ByProducts on Soil Quality” – Impacto do Uso de Águas Marginais, Compostos
Orgânicos e Sub-Produtos na Qualidade do Solo.
- Grupo 2 – “Improvement of Soil and Water Conservation in Rainfed Areas” –
Contributo para a Melhoria da Conservação do Solo e da Água em zonas de
Sequeiro.
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- Grupo 3 – “Effects of Effluents and Compost Application on Soil Health” – O
Efeito da Aplicação de Efluentes e Compostos na Qualidade do Solo.
- Grupo 4 – “Water Saving” - Poupança de água.
Figura 23 – Sessão de apresentação dos projectos
Antes da Cerimónia de Encerramento foi apresentada a situação actual da Cooperação
Internacional executada pelo programa MASHAV (www.agri.gov.il).
Os programas MASHAV de cooperação são de 3 tipos:
− Cursos Internacionais de E&D (MASHAV + ARO + CINADCO);
− Missões no Mundo (1 a 2 semanas);
− Bolsas de Estudo para estudantes e Investigadores (8 meses).
Por fim foram entregues os diplomas de curso durante a cerimónia de encerramento do
curso, com representantes diplomáticos de praticamente todos os países. Por limitações
de agenda não houve representante diplomático de Portugal!
Figura 24 – Cerimónia de entrega de Certificado
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Anexos:
− Programa de Curso (em Inglês);
− Resumos extraídos das sessões apresentadas (em Português, com 32
páginas);
− CD com apresentações (1);
− CD com Fotos sobre o Curso;
− CD “Research – for Tomorrow’s Agriculture” editada ARO (em Inglês);
− Publicação sobre a companhia MEKOROT (em Inglês);
− Publicação “Israel’s Agriculture” editada por The Israel Export &
International Cooperation Institute;
− Publicação “Sprinkler Irrigation” editada pelo Estado de Israel em 2004
(em Inglês);
− Publicação “Drip Irrigation” editada pelo Estado de Israel em 2005 (em
Inglês);
− Publicação “Fertilization Combined With Irrigation (Fertigation)”
editada pelo Estado de Israel em 2005 (em Inglês);
− Programa de Cursos Internacionais para 2007 (em Inglês);
− Carta da Embaixada de Portugal em Israel de resposta ao convite
endereçado pelo CINADCO para cerimónia de encerramento do curso
(em Inglês).
Relatório elaborado por Jorge Maia em 02 JAN 2007.
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