CARINA SATIKO SASAKE - IC
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CARINA SATIKO SASAKE - IC
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO COORDENAÇÃO DE ENSINO DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO ESTUDO COMPARATIVO ENTRE MIDDLEWARES PARA TV DIGITAL CARINA SATIKO SASAKE CUIABÁ – MT 2007 UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO COORDENAÇÃO DE ENSINO DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO ESTUDO COMPARATIVO ENTRE MIDDLEWARES PARA TV DIGITAL CARINA SATIKO SASAKE Orientador: Prof. MSc. Nelcileno Virgílio de Souza Araújo Monografia apresentada ao Curso de Ciência da Computação da Universidade Federal de Mato Grosso, para obtenção do Título de Bacharel em Ciência da Computação. CUIABÁ – MT 2007 UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO COORDENAÇÃO DE ENSINO DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO CERTIFICADO DE APROVAÇÃO Título: Estudo Comparativo entre Middlewares para TV Digital Autor: Carina Satiko Sasake Aprovada em ___/___/______ Prof. MSc. Nelcileno Virgílio de Souza Araújo UFMT/ICET/DCC (Orientador) Prof. Dra. Patrícia Cristiane de Souza UFMT/ICET/DCC Prof. Dr. Ruy de Oliveira CEFET-MT DEDICATÓRIA Aos meus pais, Hiroshi e Alice, pelo apoio em todos os momentos AGRADECIMENTOS À Deus por me proporcionar saúde, força e por iluminar meu caminho. Ao Prof. Nelcileno Virgílio de Souza Araújo pela experiência compartilhada e dedicação na orientação deste trabalho de conclusão de curso. À minha família que me incentiva a continuar o aperfeiçoamento para ser uma grande profissional. Aos amigos que dividiram comigo todas as emoções durante minha formação e desenvolvimento desse trabalho. À todos que contribuíram direta ou indiretamente com a realização desse trabalho. SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS................................................................................................................................ 7 LISTA DE TABELAS ............................................................................................................................... 8 LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS............................................................................................... 9 RESUMO.................................................................................................................................................. 11 1. INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 12 1.1 APRESENTAÇÃO ............................................................................................................................... 12 1.2 OBJETIVOS ....................................................................................................................................... 13 1.2.1 Objetivo Geral......................................................................................................................... 13 1.2.2 Objetivos Específicos .............................................................................................................. 13 1.3 JUSTIFICATIVA ................................................................................................................................. 13 1.4 METODOLOGIA ................................................................................................................................ 14 1.5 CRONOGRAMA PROPOSTO ................................................................................................................ 15 1.6 CRONOGRAMA EXECUTADO ............................................................................................................ 18 2. TELEVISÃO DIGITAL...................................................................................................................... 19 2.1 HISTÓRIA DA TELEVISÃO ................................................................................................................. 20 2.2 INOVAÇÕES TECNOLÓGICAS DA TV DIGITAL ................................................................................... 22 2.2.1 Qualidade Técnica de Imagem e Som ..................................................................................... 23 2.2.2 Interatividade .......................................................................................................................... 24 2.2.3 Acessibilidade.......................................................................................................................... 27 2.2.4 Recepção ................................................................................................................................. 27 2.3 COMPONENTES DE UM SISTEMA DE TV DIGITAL INTERATIVA ......................................................... 28 2.3.1 Difusor..................................................................................................................................... 28 2.3.2 Meio de Difusão ...................................................................................................................... 28 2.3.3 Receptor .................................................................................................................................. 29 2.4 ARQUITETURA DE UM SISTEMA DE TV DIGITAL INTERATIVA .......................................................... 30 3. MIDDLEWARE .................................................................................................................................. 34 3.1 ARQUITETURA ................................................................................................................................. 35 3.2 FUNCIONALIDADES .......................................................................................................................... 39 3.3 REQUISITOS...................................................................................................................................... 40 4. PADRÕES DE MIDDLEWARE PARA TELEVISÃO DIGITAL.................................................. 41 4.1 MHP ................................................................................................................................................ 41 4.1.1 Arquitetura .............................................................................................................................. 44 4.1.2 Profiles .................................................................................................................................... 45 4.1.3 Modelos de Aplicações MHP .................................................................................................. 47 4.1.4 Ciclo de Vida de Aplicações MHP .......................................................................................... 49 4.2 DASE .............................................................................................................................................. 52 4.2.1 Arquitetura .............................................................................................................................. 54 4.2.2 Níveis....................................................................................................................................... 57 4.2.3 Modelo de Aplicações ............................................................................................................. 58 4.2.4 Ciclo de Vida........................................................................................................................... 59 4.3 ARIB ............................................................................................................................................... 61 4.3.1 Padrões ARIB.......................................................................................................................... 63 4.3.2 Arquitetura .............................................................................................................................. 64 4.3.3 BML......................................................................................................................................... 68 5. ANÁLISE DE PADRÕES DE TV DIGITAL.................................................................................... 71 5.1 MODELO DE NEGÓCIOS E DISTRIBUIÇÃO DOS PADRÕES................................................................... 71 5.2 TRANSMISSÃO DE DADOS ................................................................................................................ 73 5.3 MODELO DE APLICAÇÃO E CICLO DE VIDA ...................................................................................... 77 6. CONCLUSÕES.................................................................................................................................... 83 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................................................... 85 7 LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Seqüência de bits .......................................................................................... 19 Figura 2 – Comparação de imagem da TV analógica e digital ...................................... 23 Figura 3 – Aplicação EPG da Sky Digital utilizando interatividade local .................... 26 Figura 4 – Interatividade intermitente no canal SMS-TV ............................................. 26 Figura 5 – Interatividade permanente na aplicação de e-mail do MRSBTVD .............. 27 Figura 6 – Componentes do sistema de TV digital interativa ........................................ 28 Figura 7 – Ilustração de um Set Top Box da MIPS tecnologies .................................... 30 Figura 8 – Opções de padrões para sistema de TV digital interativa . ........................... 31 Figura 9 – Processamento do sinal em um STB interativo ............................................ 33 Figura 10 – Arquitetura do middleware ......................................................................... 36 Figura 11 – Arquitetura do middleware ......................................................................... 37 Figura 12 – Visão funcional do middleware .................................................................. 39 Figura 13 – Arquitetura do padrão DVB de TV digital ................................................. 42 Figura 14 – Arquitetura em camadas do middleware MHP .......................................... 44 Figura 15 – Camada de Software do Sistema MHP ....................................................... 45 Figura 16 – Diagrama de profiles do MHP .................................................................... 46 Figura 17 – Interface Xlet .............................................................................................. 48 Figura 18 - Associação entre atores e aplicações .......................................................... 49 Figura 19 – Ciclo de vida do Xlet .................................................................................. 50 Figura 20 – Ciclo de vida de um ator DVB-HTML ...................................................... 51 Figura 21 – Arquitetura do padrão ATSC de TV digital ............................................... 52 Figura 22 – Arquitetura DASE ...................................................................................... 55 Figura 23 – Sistema DASE e suas interconexões .......................................................... 56 Figura 24 – Modelo de display ...................................................................................... 57 Figura 26 – Ciclo de vida de aplicações ........................................................................ 60 Figura 27 – Arquitetura do padrão ISDB de TV digital ................................................ 61 Figura 28 – Sistema de transmissão digital do padrão japonês ..................................... 64 Figura 29 – Monte de protocolos do ARIB ................................................................... 65 Figura 30 – Estrutura lógica do display ARIB .............................................................. 67 Figura 31 – Relacionamento entre BML e HTML ........................................................ 69 Figura 32 – Ciclo de vida do browser BML .................................................................. 70 Figura 33 – Distribuição dos Padrões de TV Digital no mundo .................................... 72 8 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Número de televisores em algumas regiões do mundo ................................ 20 Tabela 2 – Resoluções da TV Digital ............................................................................ 23 Tabela 3 – Comparação entre TV Analógica e Digital .................................................. 24 Tabela 4 – Padrões de transmissão DVB e seus esquemas de modulação .................... 42 Tabela 5 – Divisão da especificação do middleware DASE . ........................................ 54 Tabela 6 – Padrões ARIB para transmissão terrestre .................................................... 63 Tabela 7 – Resoluções de apresentação dos Planos ....................................................... 67 Tabela 8 – Especificações referenciadas na BML ......................................................... 69 Tabela 9 – Relação dos padrões por camada dos sistemas de TV digital ...................... 74 Tabela 10 – Comparação da transmissão de dados nos padrões de TV digital ............. 77 Tabela 11 – Modelos de aplicação ................................................................................. 79 9 LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS AAC Advance Audio Coding ABERT Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão ANATEL Agência Nacional de Telecomunicações API Application Programming Interface ARIB Association of Radio Industries and Businesses ATSC Advanced Television Systems Committee BML Broadcast Markup Language B-XML Broadcast XML CDC Connected Device Configuration COFDM Codec Orthogonal Frequency Division Multiplexing CPqD Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações CSS Cascading Style Sheet DASE DTV Application Software Environment DiBEG Digital Broadcasting Experts Group DOM Document Object Model DTD Document Type Definition DVB Digital Vídeo Broadcasting EDTV Enhanced Definition Television EPG Electronic Program Guides FTA Free to air HDTV High Definition Television HTML HyperText Markup Language IP Internet Protocol ISDB Integrated Services Digital Broadcasting 10 ISDB-T Integrated Services Digital Broadcasting - Terrestrial J2ME Java 2 Micro Edition JVM Java Virtual Machine LDTV Low Definition Television MHP Muti Home Plataform MPEG2 AAC Moving Pictures Experts Group2 Advanced Audio Coding MPEG2-TS Moving Pictures Experts Group-Transport Stream NHK Nippon Hoso Kyokai NTSC National Television System Committee PAL Phase Alternation Line PES Packetized Elementary Stream PSK Phase Shift Keying QAM Quadrature Amplitude Modulation QPSK Quadrature Phase Shift Keying RCA Radio Corporation of América SBTVD Sistema Brasileiro de Televisão Digital SDTV Standart Definition Television SECAM Systeme Electronique Couleur Avec Memoire SET Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão SFN Single Frequency Network STB Set Top Box TS Transport Stream VSB Vestigial Side Band XHTML eXtensible Hypertext Markup Language XML eXtensible Markup Language XSLT eXtensible Stylesheet Language Transformation 11 RESUMO A televisão e o computador são importantes meios de acesso à informação. Mas o computador, em muitos países não é facilmente acessado por grande parte da população. Com a convergência entre esses dois meios, surgiu a televisão digital trazendo inovações tecnológicas, mas espera-se que esse novo meio de comunicação favoreça a diminuição das desigualdades sociais existentes através de serviços interativos, tais como o conteúdo televisivo alternativo, ensino à distância dentre outros serviços. A definição e construção de um padrão de sistema de TV Digital vêm demandando muito investimento e discussão mundialmente. Os sistemas de TV com transmissão digital e interativa são realidades em países como EUA, Japão e muitos países europeus. Sendo que o Brasil, em 2006, optou pelo padrão japonês para servir como inspiração ao Sistema Brasileiro de Televisão Digital (SBTVD). Será utilizada tecnologia japonesa com inovações propostas por pesquisadores brasileiros, entre essas inovações está o middleware que é um dos componentes do sistema mais facilmente adaptável às especificidades do país. O objetivo desse trabalho é estudar de forma comparativa a concepção, funcionamento, vantagens e desvantagens dos middlewares americano, europeu e japonês, respectivamente, DTV Application Software Environment (DASE), Muti Home Plataform (MHP) e Association of Radio Industries and Businesses (ARIB). Esse estudo pertence a uma área onde há necessidade de pesquisa e pode contribuir para a escolha ou desenvolvimento do padrão mais adequado a um país. O trabalho foi realizado através de pesquisa bibliográfica e os materiais utilizados são fontes bibliográficas como livros, teses, monografias, artigos e documentação dos middlewares. O estudo realizado permitiu perceber que o padrão japonês de televisão digital possui características que o tornam superior tecnicamente aos demais. Palavras-chave: televisão digital, middleware, MHP, DASE, ARIB. 12 1. INTRODUÇÃO 1.1 Apresentação Poucas tecnologias foram tão aguardadas nos ambientes mundiais de consumo como a Televisão Digital. Em um momento inicial, seria o fato tão prometido e esperado da convergência entre duas das mais fantásticas invenções do homem: a televisão e o computador. Nos últimos anos, o modo como as pessoas assistem, interagem e produzem mídia em televisão passa por um estágio de grande evolução. Os sistemas de TV com transmissão digital e interativa são realidades em países como EUA, Japão e muitos países europeus. Segundo Fernandes et al. (2004) como a televisão atinge praticamente toda a população do país, torna-se assim uma poderosa ferramenta de integração nacional capaz de modificar as relações da sociedade brasileira. O Brasil está desenvolvendo um novo padrão de televisão, aberta e gratuita, com uma tecnologia superior à atual, nomeado Sistema Brasileiro de Televisão Digital (SBTVD). Envolvido em discussões sobre qual padrão de televisão digital adotar no país, o governo brasileiro optou pelo padrão japonês em junho de 2006. Há diversas características, não são comuns a todos os padrões, que podem influenciar na escolha. Sendo que a população pode ser beneficiada ou prejudicada de acordo com essas escolhas. Este trabalho concentra-se no estudo do middleware, elemento fundamental no sistema de TV digital, estabelecendo um comparativo entre os principais padrões internacionais de middleware: europeu, americano e japonês. 13 1.2 Objetivos 1.2.1 Objetivo Geral Este trabalho tem por objetivo estudar de forma comparativa os middlewares dos padrões americano, europeu e japonês de televisão digital, respectivamente, DTV Application Software Environment (DASE), Muti Home Plataform (MHP) e Association of Radio Industries and Businesses (ARIB) visando conhecer a concepção, funcionamento, vantagens e desvantagens. 1.2.2 Objetivos Específicos Pesquisar a história da televisão digital; Identificar as inovações tecnológicas que ocorreram com o advento da televisão digital; Descrever os componentes e a arquitetura da televisão digital interativa; Definir o middleware e sua arquitetura entendendo, assim, seu papel na TV digital interativa; Descrever a estrutura e o funcionamento dos middlewares MHP, DASE e ARIB; Comparar esses middlewares analisando suas vantagens e desvantagens. 1.3 Justificativa A definição e construção de um padrão de sistema de TV Digital são tarefas fundamentais, que vêm demandando muito investimento e discussão mundialmente. 14 O Brasil atualmente necessita de pesquisas na área de conteúdo (aplicações) e de middlewares para TV Digital Interativa. A modulação, o middleware e as aplicações podem ser mais facilmente adaptados às necessidades e especificidades do país (BECKER & MONTEZ, 2004). Frente a esta realidade, a comparação entre os middlewares dos principais padrões de televisão digital tem a importância de pertencer a uma área onde há necessidade de pesquisa, descrever os padrões de middleware de forma diferente de muitas fontes bibliográficas que descrevem os padrões sem compará-los, descrever as vantagens e desvantagens de middlewares de modo a auxiliar na escolha ou desenvolvimento do padrão mais adequado às necessidades da população. 1.4 Metodologia O trabalho foi realizado através de pesquisa bibliográfica dos middlewares dos padrões americano, europeu e japonês, e também dos conceitos gerais envolvidos na área de televisão digital. Para o estudo destes middlewares, depois da análise de fontes bibliográficas comparativas e demonstrativas será feita a descrição de suas vantagens e desvantagens. Os materiais utilizados nesta pesquisa são fontes bibliográficas como livros, teses, monografias, artigos e documentação dos middlewares. 15 1.5 Cronograma Proposto Etapas 1 Etapa 1 Etapa 2 Etapa 3 Etapa 4 Etapa 5 Etapa 6 Etapa 7 Etapa 8 Etapa 9 Etapa 10 Etapa 11 Etapa 12 Etapa 13 Etapa 14 Etapa 15 Etapa 16 07/2006 2 3 4 1 08/2006 2 3 4 1 09/2006 2 3 4 Meses/Semanas 10/2006 11/2006 1 2 3 4 1 2 3 4 1 12/2006 2 3 4 1 01/2007 2 3 4 1 02/2007 2 3 4 1 03/2007 2 3 4 16 Etapa 1 – Estudo Preliminar Consiste na escolha e delimitação do tema e leitura de fontes bibliográficas para o desenvolvimento do trabalho. Etapa 2 – Introdução Escrita da metodologia e cronograma que serão usados para atingir os objetivos definidos e da relevância do trabalho. Etapa 3 – História Fazer uma retrospectiva dos fatos marcantes para a história da televisão. Etapa 4 – Inovações Tecnológicas Identificar e descrever as inovações tecnológicas que ocorreram com o advento da televisão digital. Etapa 5 – Componentes e Arquitetura da TV Digital Pesquisar e descrever os componentes e a arquitetura da TV digital interativa. Etapa 6 – Descrição dos Middlewares Corresponde à pesquisa e descrição das características gerais dos middlewares MHP, DASE e ARIB. Etapa 7 – Fundamentação Teórica Fundamentação e escrita dos elementos teóricos relevantes ao trabalho, referenciando a bibliografia científica quando pertinente. Levantamento dos assuntos que serão tratados na monografia, posteriormente. Etapa 8 – Apresentação à Banca Avaliadora Revisão, impressão e apresentação do trabalho. 17 Etapa 9 – Período de Revisão Ajustes no trabalho segundo os comentários da banca avaliadora. Etapa 10 – Estudo do middleware Estudo e descrição minuciosa da arquitetura do middleware. Etapa 11 – MHP Pesquisa e escrita da arquitetura e funcionamento do Muti Home Plataform (MHP). Etapa 12 – DASE Pesquisa e escrita da arquitetura e funcionamento do DTV Application Software Environment (DASE). Etapa 13 – ARIB Pesquisa e escrita da arquitetura e funcionamento do middleware Association of Radio Industries and Businesses (ARIB). Etapa 14 – Comparação de middlewares Captura de estudos comparativos e demonstrativos. Análise das características, vantagens e desvantagens destes middlewares. Escrita dos conhecimentos obtidos. Etapa 15 – Término da monografia Escrita das considerações finais do trabalho e levantamento de questões que mereceriam um estudo específico. Etapa 16 – Apresentação à banca avaliadora Revisão da monografia, impressão, encadernação, apresentação e correções finais. 18 1.6 Cronograma Executado Etapas 1 07/2006 2 3 4 1 08/2006 2 3 4 1 09/2006 2 3 4 Meses/Semanas 10/2006 11/2006 1 2 3 4 1 2 3 4 1 12/2006 2 3 4 1 01/2007 2 3 4 1 02/2007 2 3 4 1 03/2007 2 3 4 Etapa 1 Etapa 2 Etapa 3 Etapa 4 Etapa 5 Etapa 6 Etapa 7 Etapa 8 Etapa 9 Etapa 10 Etapa 11 Etapa 12 Etapa 13 Etapa 14 Etapa 15 Etapa 16 Não ocorreu modificação quanto às atividades a serem realizadas em cada etapa do cronograma proposto, apenas a duração dessas etapas apresentou variação na prática. Com maior destaque para a Etapa14, que foi executada em um tempo menor que o planejado, devido à coleta e leitura de materiais no decorrer das etapas anteriores. 19 2. TELEVISÃO DIGITAL A televisão digital é um sistema de transmissão, recepção e processamento de sinais em formato digital. Usa modulação e compressão digital para enviar vídeo, áudio e sinais de dados aos aparelhos compatíveis com a tecnologia, proporcionando assim transmissão e recepção de maior quantidade de conteúdo por uma mesma freqüência (canal), podendo atingir alta qualidade na imagem. Especula-se que ao longo dos próximos anos, substituirá a atual televisão analógica em todo o mundo. Como mostra a Figura 1, na televisão digital a imagem é formada por uma seqüência de código binário, isto é, de zeros (0) e uns (1). Figura 1 – Seqüência de bits (SILVA, 2003). Há uma transmissão de melhor qualidade na TV digital, tanto pela representação precisa da informação analógica como pela eliminação de ruídos. Sendo formado por apenas dois valores de bit, o sinal em uma transmissão digital pode ser reconstituído com uma qualidade superior ao sistema analógico devido a sua forma singular: sinal captado ou sinal não captado. Em uma transmissão analógica o sinal era quase sempre recebido, mesmo que para chegar até os receptores dentro das casas, parte do sinal pudesse sofrer interferências ou parte dele fosse refletido por diversos obstáculos provocando ruídos, chuviscos e sobreposição de imagens. Na transmissão digital isso não ocorre. Quando captado, o sinal não degrada enquanto puder ser recebido, além de poder ser regenerado eficientemente pelo receptor caso o sinal caia de vez. Segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL) em 2001 existiam 54 milhões de televisores no Brasil, conforme mostra a Tabela 1. Atualmente, há 20 estimativas de existirem mais de 65 milhões de aparelhos receptores do sinal televisivo. A televisão brasileira é umas das maiores do mundo, mais de 90% dos domicílios brasileiros possuem televisores e, dentre esses, 80% recebem exclusivamente sinais da televisão aberta terrestre (BRASIL, 2004). Tabela 1 – Número de televisores em algumas regiões do mundo (BRASIL, 2001). País/ Região Brasil Mercosul Chile América do Sul Estados Unidos México Canadá América do Norte Continente Americano Casa com TV (milhões) 37 47 03 65 100 18 12 130 205 Numero de Aparelhos de TV (milhões) 54 67 4 90 231 25 22 278 377 Na maioria dos casos a televisão é a única fonte de informação e de cidadania do brasileiro. A importância da televisão digital não se deve apenas a transição das tecnologias, mas também, a sua contribuição para a inclusão digital. 2.1 História da Televisão Em 1932, a Radio Corporation of América (RCA) apresentou a primeira televisão eletrônica. Um grande fator que levou a esta invenção foi a descoberta do selênio, mais de um século anteriormente, como material capaz de transformar energia luminosa em energia elétrica e a possibilidade de transmitir imagens através da corrente elétrica. Após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) houve uma aceleração nas pesquisas em televisão. Sendo que na década de 50, com o propósito de oferecer uma melhor qualidade de recepção em áreas longínquas, surgiu a televisão a cabo. 21 A história da televisão brasileira inicia nos anos 50 com a TV Tupi-Difusora. Inicialmente a televisão era preto-e-branco. Neste período somente as pessoas com maior poder aquisitivo tinham condições de ter um aparelho para receber o sinal. Nos anos 60, houve um crescimento tecnológico que proporcionou o aperfeiçoamento dos meios de transmissão, principalmente devido ao surgimento dos satélites artificiais. Em 1972, a televisão em cores foi inaugurada no Brasil, após passar por um grande dilema referente ao padrão de televisão em cores que seria adotado. Existiam as opções de adotar um dos três padrões já criados ou desenvolver uma combinação destes. O padrão americano, alemão e francês, respectivamente, National Television System Committee (NTSC), Phase Alternation Line (PAL) e Systeme Electronique Couleur Avec Memoire (SECAM). O governo brasileiro optou pela combinação dos padrões NTSC e PAL. Nesta época, a televisão era considerada um exemplo de modernidade e com as multinacionais se instalando no Brasil houve um grande crescimento de publicidade na televisão e juntamente com os programas de auditório aumentou o número de pessoas que assistiam à televisão. A história da televisão digital inicia-se nos anos 70, quando a Nippon Hoso Kyokai (NHK) juntamente com um consórcio de 100 estações comerciais, deram permissão aos cientistas do NHK Science & Technical Research Laboratories para desenvolver uma TV de alta definição 1 , que seria chamada de High Definition Television (HDTV). Somente nos anos 90, ocorreu a consolidação da tecnologia de televisão digital com o lançamento de três padrões mundiais. Em 1993, foi lançado o primeiro padrão de televisão digital, o europeu Digital Vídeo Broadcasting (DVB). Este padrão é resultado de um consórcio de entidades da indústria relacionadas à televisão (DVB, 2006). 1 É um sistema com qualidade de imagem e som comparável à qualidade dos cinemas, proporcionando aos telespectadores um maior realismo e, até mesmo, um maior envolvimento em relação ao conteúdo televisivo. 22 O segundo padrão lançado foi o norte-americano Advanced Television Systems Committee (ATSC), em 1998, por um grupo de 58 indústrias de equipamentos eletroeletrônicos (ATSC, 2006). A rede NHK se empenhou para formar o consórcio Digital Broadcasting Experts Group, mais conhecido por DiBEG (DiBEG, 2006) e desenvolver o Integrated Services Digital Broadcasting (ISDB), que foi apresentado como padrão japonês de TV digital, em 1999. Entrou em operação comercial na região de Tóquio em 2003. O Brasil propôs o desenvolvimento de um padrão nacional, mesmo sendo este inspirado em sistemas existentes em outros países, denominado de Sistema Brasileiro de Televisão Digital (SBTVD). Emissoras e indústrias de equipamentos financiaram testes de laboratório e de campo para comparar a eficiência técnica dos três padrões tecnológicos existentes (americano, europeu e japonês) em relação à transmissão e recepção dos sinais. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou em junho de 2006, o decreto que regulamentou a escolha do padrão japonês para a TV digital brasileira. O decreto prevê que a implantação do sistema digital deverá levar sete anos e que o desligamento da versão analógica ocorrerá dentro de dez anos. Também é previsto o uso de tecnologia japonesa com a incorporação de inovações desenvolvidas por pesquisadores brasileiros. Entre essas inovações estão o sistema de compressão de vídeo (MPEG-4), o middleware e aplicativos. 2.2 Inovações Tecnológicas da TV Digital A TV digital trouxe várias novidades quando comparada à TV analógica apresentando qualidades de imagem e som, interatividade, acessibilidade e recepção. Conforme Machado (1995), a digitalização do meio transforma substancialmente a própria natureza da televisão e a distingue cada vez mais das outras tecnologias que também operam com a imagem e o som. 23 2.2.1 Qualidade Técnica de Imagem e Som Ocorreu a melhoria técnica da imagem, com a nova resolução e formato. Os primeiros receptores apresentavam 240 linhas de vídeo. Atualmente, um monitor analógico de boa qualidade apresenta entre 525 e 625 linhas, sendo que na televisão digital de alta definição, chega-se a 1080 linhas. A tela dos monitores digitais tende a passar do formato 4:3, típico da TV analógica, para o formato 16:9, mais próximo do formato panorâmico de uma tela de cinema. A Figura 2 mostra o aspecto de uma imagem com 525 linhas de resolução e formato 4:3 (analógica) ao lado do aspecto de uma imagem com 1080 linhas e formato 16:9 (digital). Figura 2 – Comparação de imagem da TV analógica e digital (FERNANDES et al., 2004). Como mostra a Tabela 2, podem existir três possíveis sistemas para TV digital. O Standart Definition Television (SDTV) possui uma definição praticamente igual ao sistema analógico. O Enhanced Definition Television (EDTV) é uma opção intermediária entre o SDTV e o High Definition Television (HDTV), possuindo melhor definição, mas não ocupando toda a banda disponível. Tabela 2 – Resoluções da TV Digital adaptada de Mendes & Fasolo (2002). SDTV EDTV HDTV Linhas 480 720 1080 Pontos por Linha 640 1280 1920 Relação de Aspecto 4:3 16:9 16:9 24 A Tabela 3 apresenta uma comparação entre o número de linhas dos principais sistemas de televisão analógicos e os digitais. De acordo com a Tabela 3, mesmo no SDTV há um ganho de resolução quando comparado com os sistemas analógicos. Há uma diferença entre o número de linhas total e o número de linhas ativas nos analógicos, pois as primeiras e últimas linhas do quadro não podem ser usadas, devido ao apagamento vertical. A resolução da TV Analógica também é degradada pelo entrelaçamento de dois campos para formar um quadro, que faz com que se tenha uma sobreposição das linhas, reduzindo a resolução útil na recepção. Tabela 3 – Comparação entre TV Analógica e Digital adaptada de Mendes & Fasolo (2002). Sistema PAL-M PAL SECAM NTSC SDTV EDTV HDTV Resolução 525 linhas 625 linhas 625 linhas 625 linhas 480 linhas 720 linhas 1080 linhas Linhas Ativas 320 linhas 330 linhas 330 linhas 330 linhas 480 linhas 720 linhas 1080 linhas A televisão iniciou com som mono (um canal de áudio), evoluiu para o estéreo (dois canais, esquerdo e direito). Com a TV digital, pode-se ter seis canais (padrão utilizado por sofisticados equipamentos de som e home theaters). 2.2.2 Interatividade Outra inovação da televisão digital é a interatividade, onde o telespectador abandona a passividade para se tornar ativo frente à programação, com o poder de interagir com a televisão e elaborar o seu próprio conteúdo televisivo. Com a tecnologia da televisão digital, o receptor passa a ter chance de estender sua participação na medida em que lhe é permitido dialogar com o meio e com outros telespectadores, estabelecendo uma comunicação horizontal (JOLY, 2002). 25 O grau de interação do usuário com as aplicações, serviços e conteúdo interativos pode ser classificado em três categorias: local, intermitente e permanente (FERNANDES et al, 2004). Interatividade Local - O conteúdo é transmitido unilateralmente para o receptor de uma só vez. A partir daí, o usuário pode interagir livremente com os dados que ficam armazenados no seu receptor, não conseguindo realizar o envio de dados em direção ao emissor, pois não possui um canal de retorno no receptor digital. Um novo fluxo de dados ocorre apenas quando é solicitada uma atualização ou uma nova área do serviço é acessada. Como exemplos de aplicações para este nível de interatividade pode-se citar a configuração de legendas, jogos residentes, Electronic Program Guides (EPGs), entre outros. Interatividade Intermitente - A interatividade é estabelecida a partir da troca de informações por uma rede à parte do sistema de televisão, como uma linha telefônica. Um canal de retorno permite que o telespectador transmita fluxos de dados ao difusor, porém, a interação é unidirecional, de forma que o difusor não consegue enviar respostas ao telespectador. Por isso, o canal de retorno é considerado não-dedicado. Por ser uma comunicação de dados unidirecional, essa categoria de interatividade é muito utilizada em aplicações como votações, pesquisas de opinião e quiz, onde o usuário envia alguma informação, mas não espera nenhuma resposta do difusor pelo canal de retorno. Interatividade Permanente - O usuário da TV digital necessita de antenas receptoras e também de antenas transmissoras. Com o canal de retorno dedicado no receptor digital a comunicação dos dados deixa de ser unidirecional para se tornar bidirecional. Através deste nível de interatividade, é possível ter o acesso às funções básicas de um computador conectado à Internet e usufruir de aplicações como navegação, e-mail, chat, competições interativas (jogos multiusuários em tempo real), comércio pela TV (T-Commerce), home banking, educação à distância, etc. Outra característica importante nesta categoria de interatividade consiste no fato da comunicação fluir também entre os telespectadores. 26 A Figura 3 apresenta uma tela de aplicação EPG, ilustrando um guia de televisão da Sky Digital. Figura 3 – Aplicação EPG da Sky Digital utilizando interatividade local (QUICO, 2004). No canal SMS-TV da empresa TV Cabo, os espectadores têm a oportunidade de interagir via SMS com a programação (Figura 4). Figura 4 – Interatividade intermitente no canal SMS-TV (QUICO, 2004). A Figura 5 mostra uma interface inicial da aplicação proposta pelo consórcio MRSBTVD ao Sistema Brasileiro de Televisão Digital (SBTVD), que implementa a funcionalidade de envio e recebimento de mensagens de texto. 27 Figura 5 – Interatividade permanente na aplicação de e-mail do MRSBTVD (BRASIL,2005). 2.2.3 Acessibilidade A televisão digital trouxe novidades quanto à acessibilidade como a maior facilidade para gravação de programas devido à introdução de sinais codificados de início e fim de programas, facilitando o acionamento automático de gravadores. É uma inovação também, a possibilidade do usuário assistir ao programa no horário que desejar, com a inclusão de gravadores digitais nos receptores ou conversores e a transmissão de um mesmo programa em horários descontínuos e diversos canais. A possibilidade de o telespectador escolher o que deseja ver, como, quando e onde (DAMIANI, 2004). 2.2.4 Recepção A inovação da recepção refere-se à otimização da cobertura e a flexibilidade para ajustar os parâmetros de transmissão de acordo com as características geográficas locais. Em áreas acidentadas ou com muitos obstáculos pode ser utilizado o recurso da transmissão hierárquica, a transmissão é realizada com sinal menos robusto para receptores em locais mais favoráveis e com sinal mais robusto para recepção em todos os pontos da área de prestação do serviço. 28 2.3 Componentes de um Sistema de TV Digital Interativa O difusor, o meio de difusão e o receptor são os três principais componentes do sistema de TV digital (BECKER & MONTEZ, 2004). A Figura 6 mostra a interação desses componentes nesse sistema. Figura 6 – Componentes do sistema de TV digital interativa (BECKER & MONTEZ, 2004). 2.3.1 Difusor Segundo Becker & Montez (2004), o difusor tem como responsabilidade gerar o sinal dos programas de televisão produzidos nos estúdios dos provedores de serviços das emissoras de televisão. É composto pelos provedores de serviço de difusão e interação. O provedor de serviço de difusão envia o sinal de modo unidirecional para o canal de difusão e o provedor de serviço de interação possibilita a interação com os usuários através do recebimento e envio de dados pelo canal de retorno (interatividade). 2.3.2 Meio de Difusão Assim como na televisão analógica convencional, o sinal digital pode ser transmitido por diferentes meios para o receptor doméstico. A transmissão poder ocorrer por radiodifusão terrestre, satélite ou cabo. 29 De acordo com Becker & Montez (2004), teoricamente, a migração dos telespectadores da TV analógica para a digital é mais simples por radiodifusão terrestre, já que é utilizada nas transmissões pela TV aberta. Os telespectadores devem comprar os receptores, as grandes emissoras de televisão e suas retransmissoras devem efetuar as devidas adaptações. O sistema de TV Digital por satélite permite a captação do sinal digital pelos utilizadores residentes em regiões remotas. O alcance do sinal pode chegar aos mais recônditos lugares do planeta (BECKER & MONTEZ, 2004). Atualmente, existem vários satélites com transmissões digitais abertas, chamados de sistemas Free to air (FTA). As redes de cabo convencionais são utilizadas, nos sistemas a cabo, para transmitir os sinais digitais que chegam à casa do telespectador. Para Becker & Montez (2004), o alcance da transmissão restrita às residências interligadas fisicamente é a grande desvantagem desse meio. Nos EUA, a penetração das TVs a cabo é alta então não representa problema, o que não acontece no Brasil e em boa parte da Europa. Tanto para a televisão por radiodifusão terrestre como via satélite há dificuldade de oferecer o canal de retorno, indispensável para serviços interativos. As plataformas de cabo possuem como vantagem uma boa largura de banda para o seu canal de difusão e para o canal de retorno (BECKER & MONTEZ, 2004). 2.3.3 Receptor O receptor recebe o conteúdo e oferece a possibilidade do telespectador reagir ou interagir com o difusor. Em tecnologias de radiodifusão e satélite, uma antena capta o sinal difundido antes de ele ser processado pelo receptor. No caso da tecnologia via cabo, o sinal vai direto para o receptor (BECKER & MONTEZ, 2004). O receptor pode estar embutido em uma televisão digital ou ser um equipamento à parte. Nesse último caso, o receptor passa a ser conhecido como terminal de acesso ou Set Top Box (STB), ilustrado na Figura 7. Quando há um canal de interação para 30 promover um nível de interatividade mais intenso, o STB é conhecido como Set Top Box Interativo. Segundo Piccolo (2005), o Set Top Box é o aparelho que conectado à TV, tem a função de converter o sinal digital recebido em um sinal analógico compatível com o sinal dos aparelhos de televisão convencionais. As funcionalidades que serão agregadas por ele relacionadas à TV Digital e seu baixo custo são fatores cruciais para adoção dessa tecnologia pela população. Figura 7 – Ilustração de um Set Top Box da MIPS tecnologies. De acordo com Gomes & Lima (2005), embora alguns aparelhos digitais de TV possuam um receptor embutido, a maioria das famílias que têm TV digital tende a ter um Set Top Box separado, pois ele possui outras funcionalidades, tais como: Transmissão de vídeo em tempo real, utilizado em videoconferência; Download e upload de informações; Serviços de internet como e-mail e navegação; Jogos; Inibição de comerciais, seleção de programação e gravação de filmes. 2.4 Arquitetura de um Sistema de TV Digital Interativa Uma arquitetura de referência é usada para representar a complexidade do sistema de TV digital interativa. Nessa arquitetura, as camadas de tecnologias representam os 31 principais elementos do sistema, cada camada oferece serviços para uma camada superior e utiliza os serviços que são oferecidos por uma camada inferior (BECKER & MONTEZ, 2004). A Figura 8 apresenta uma visão arquitetural em camadas de um sistema de televisão digital interativa, identificando as diversas opções de padrões de transmissão, transporte, codificação e middleware que podem ser adotados em cada camada. Uma arquitetura corretamente representada pode assegurar que um sistema irá satisfazer uma série de requisitos relacionados à performance, confiabilidade, portabilidade, escalabilidade e interoperabilidade (GARLAN, 1996), mostrando os principais componentes, incluindo suas interações e omitindo os detalhes que não são pertinentes as interações entre os componentes. Figura 8 – Opções de padrões para sistema de TV digital interativa (FERNANDES et al., 2004). As camadas em um sistema de TV Digital Interativa são: 32 Camada de Transmissão – responsável pelo levantamento do sinal no difusor, pela sintonia do sinal no receptor, além da modulação 2 e demodulação do fluxo de transporte. Camada de Transporte – responsabiliza-se pela multiplexação de vários programas em um único fluxo de transporte, no ambiente da emissora. Enquanto no ambiente do usuário, realiza a demultiplexação do fluxo de transporte de acordo com o programa selecionado pelo telespectador, extraindo-se os fluxos elementares de áudio, vídeo e dados. Camada de Codificação – os processos de codificação 3 e compressão 4 de sinais de áudio e vídeo são realizados no ambiente da emissora (difusor) e ocorre a decodificação e descompressão desses sinais no ambiente do telespectador. Camada de Middleware – a finalidade da camada de middleware é oferecer um serviço padronizado para as aplicações, escondendo as peculiaridades e heterogeneidades das camadas inferiores (tecnologias de compressão, de transporte e de transmissão). O estudo desta camada é o foco desse trabalho e será discutida detalhadamente nos próximos capítulos. Camada de Aplicativos – consiste na camada visível para o usuário e que fará a interação direta com o mesmo, sendo suportada pelas camadas inferiores, a execução dos aplicativos é sua responsabilidade. A Figura 9 apresenta o processamento do sinal em um STB interativo. Inicialmente, a antena capta o sinal difundido por radiodifusão ou satélite (quando o meio de difusão é via cabo esta etapa não existe). Em seguida, o sintonizador digital trabalha com a recepção dos sinais das redes digitais baseadas nas modulações existentes, isolando um canal particular, para que o demodulador extraia o fluxo de transporte MPEG-2 e 2 É o processo no qual alguma característica de uma onda portadora é alterada de acordo com o sinal da informação a ser transmitida. A faixa de freqüência pode ser controlada de forma a sofrer as menores interferências, distorções e atenuações possíveis durante uma comunicação de dados. 3 Representação da informação digital usando algum código. 4 Reduz a taxa de bits para representar um dado, podendo ser realizada através de diversos algoritmos de compressão. 33 verifique a existências de possíveis erros. Este fluxo é carregado pelo demultiplexador que identifica os pacotes com formato de dados particulares como vídeo, áudio ou serviços interativos, extraindo os fluxos elementares. O decodificador converte os bits recebidos em formatos de áudio, vídeo e dados para o formato apropriado para exibição utilizado pelo equipamento televisivo (BECKER & MONTEZ, 2004). Figura 9 – Processamento do sinal em um STB interativo (BECKER & MONTEZ, 2004). 34 3. MIDDLEWARE O presente capítulo tem por intuito descrever o conceito geral do middleware fornecendo o embasamento teórico necessário ao entendimento ou à complementação das informações fornecidas nos capítulos restantes desta monografia. Atualmente, nos ambientes de negócio, há sistemas de informação heterogêneos que possuem interfaces e sistemas operacionais diferentes. A integração desses sistemas é difícil e de alto custo para a empresa. No sistema de televisão digital interativa, a compatibilidade da execução de instruções em uma variedade de tipos de terminais heterogêneos, de diferentes fabricantes, com diferentes capacidades e recursos, é o grande desafio. Uma solução para o problema de heterogeneidade e interoperabilidade entre produtos de diferentes fabricantes é conhecida pelo nome de middleware. Este consiste em um sistema distribuído de serviços, que com interfaces padronizadas (permite portar as aplicações para diversas plataformas) e protocolos também padronizados (possibilita a interoperabilidade entre os sistemas), pode oferecer aos consumidores certa independência com relação aos seus fornecedores. Segundo Bar-Haim (2002), o uso do middleware permite que haja portabilidade das aplicações, de forma que possam ser transmitidas para qualquer Set Top Box com determinado middleware adotado. As aplicações desenvolvidas para um middleware pode não servir em outro. Por isso há um grande interesse das organizações pela padronização de middlewares, pois esses possuem componentes e funcionalidade semelhantes, permitindo o desenvolvimento de um middleware integrado. De acordo com Maciel & Assis (2004), o middleware é uma camada de software que possibilita a comunicação entre aplicações distribuídas de forma transparente, porque disponibiliza serviços que diminuem a complexidade e heterogeneidade da infraestrutura computacional (protocolo, interface, plataforma de hardware, etc). 35 No middleware podem existir máquinas virtuais, que permitem ao desenvolvedor usar o mesmo código nativo para diferentes plataformas de Set Top Boxes com alterações mínimas, como uma Java Virtual Machine (JVM), por exemplo. Também podem fazer parte do middleware máquinas para apresentação de código HyperText Markup Language (HTML), JavaScript, eXtensible Hypertext Markup Language (XHTML), entre outras linguagens declarativas ou procedurais. Os middlewares disponibilizam suas interfaces (funções) através de uma Application Programming Interface (API), fazendo assim com que as aplicações tirem proveito desta abstração do hardware. Um exemplo de API é a JAVA TV 5 . Existem middlewares proprietários (Microsoft TV, Power TV, OpenTV Core, Liberty, etc) e também abertos (MHP, DASE, ARIB, etc). No caso dos middlewares abertos, estas APIs são públicas (O’DRISCOLL, 1999). 3.1 Arquitetura Nesta seção serão descritas duas arquiteturas do middleware de um sistema de televisão digital, sendo que conforme a visão dos autores há diferenças. Será detalhada apenas a camada de middleware embora esta esteja inserida na arquitetura de um sistema de TV digital de três camadas, internamente, entre a camada de aplicações e de hardware. Segundo CPqD (2006), a arquitetura interna do middleware pode ser decomposta nos elementos mostrados na Figura 10. 5 É um subconjunto da Sun Personal Java Virtual Machine, com funções específicas para implementação de aplicações para TV digital interativa. 36 Figura 10 – Arquitetura do middleware (CPqD,2006). Os seguintes elementos são apresentados nessa arquitetura (CPqD, 2006): Tratamento dos fluxos elementares – controla o acesso e o processamento dos fluxos da Camada de Transporte. É formado por: Sintonização de canal – elemento que seleciona um canal de radiodifusão e o feixe de transporte (TS) transmitido sobre o canal de radiodifusão selecionado; Manipulação dos fluxos elementares – identifica os fluxos elementares presentes no feixe de transporte (TS); Processamento das tabelas do SI – identifica e disponibiliza as metainformações dos fluxos elementares presentes no feixe de transporte (TS); Tratamento do “data broadcasting” – acessa, processa e disponibiliza os fluxos elementares de dados (Ex: carrossel de dados e fluxos IP transmitidos no canal de radiodifusão); Interface com o usuário – contém os elementos responsáveis pela interação com o usuário. É composta pelos seguintes elementos: Tratamento de eventos do usuário – trata as ações dos usuários via controle remoto, teclado, mouse etc.; Apresentação dos objetos de mídias – responsável pela apresentação visual gráfica para o usuário; 37 Acesso ao canal de retorno – disponibiliza o acesso ao canal de retorno, responsável pelo recebimento e envio de dados (interatividade) entre o receptor e o provedor de serviço de interação; Armazenamento de informações de modo persistente – armazena informações, tais como: preferências do usuário e dados recebidos; Gerenciador de ciclo de vida das aplicações – carrega, configura e controla a execução das aplicações; Sincronismo de mídias – controla e sincroniza a apresentação dos objetos multimídia; Segurança da informação – responsável pela autenticidade e integridade das aplicações; autenticidade e privacidade no envio/recepção de mensagens; certificação e outros; Mecanismo de abstração do Hardware – traduz ou interpreta uma linguagem abstrata para a linguagem específica do mecanismo sobre o qual atua, através de uma máquina computacional virtual. De acordo com Souza (2003), a arquitetura do middleware, apresentada na Figura 11, é dividida em camadas. Figura 11 – Arquitetura do middleware (SOUZA, 2003). 38 O middleware é composto pelas camadas (SOUZA, 2003): API do usuário – disponibiliza aos programadores as interfaces com as funções para a implementação de aplicações para a TV digital; API de reflexividade – oferece os mecanismos para que o middleware se adapte as requisições das aplicações devido a um protocolo ou dispositivo, por exemplo; Gerenciador de serviços e componentes – é constituído por diversos serviços relacionados aos componentes gerenciados, sendo considerado o núcleo do middleware: Serviço de diretório – responsabiliza-se pela estrutura onde os componentes podem localizar e recuperar outros componentes para seu próprio funcionamento de forma transparente, sem a preocupação com a implementação e escondendo o fato de se tratar de um sistema distribuído; Serviço de segurança e autenticação – gerencia os mecanismos para que os componentes sejam executados pelas entidades que tiverem o direito de acesso apropriado e de maneira bem definida, além de, nos serviços que requererem segurança, gerenciar técnicas criptográficas para que um remetente disfarce os dados de modo que um intruso não consiga obter nenhuma informação dos dados interceptados; Serviço de transações – provê o suporte às operações compostas por outras suboperações, de modo que uma operação somente é considerada completa ao término de todas as suboperações; Serviço de gerenciamento – gerencia os componentes através de atributos como o tempo de vida, estado associado, etc; Serviço de Comunicação – controla a interação do sistema com componentes estáticos (em repositórios) e dinâmicos (em outros sistemas); Manipulação de mídia – interface com áudio, vídeo e dados; 39 Adaptação – interface com os dispositivos de hardware que oferecem drivers para os fluxos de áudio, vídeo e dados. 3.2 Funcionalidades Como ilustra a Figura 12, o middleware possui funcionalidades categorizadas em: Serviços de Troca de Informação, Serviços Específicos de Aplicação e Serviços de Gerenciamento e Suporte (UMAR, 1997). Processos de Aplicações Middleware Serviços Específicos de Aplicação Serviços de Troca de Informação Serviços Locais Serviços de Gerenciamento e Suporte Serviços de Rede Sistema Operacional e Hardware Figura 12 – Visão funcional do middleware Serviços de Troca de Informação: enviam a resposta na rede em resposta a uma requisição. Geralmente, utilizam chamadas síncronas e assíncronas, além de facilidades para o servidor manter várias requisições concorrentes. Serviços Específicos de Aplicação: disponibilizam os serviços para as diversas aplicações como a replicação e integridade dos dados, serviços necessários para a computação móvel e aplicações multimídias distribuídas. Serviços de Gerenciamento e Suporte: provêm a administração e localização dos recursos distribuídos, incluindo serviços de diretório, segurança, falha e desempenho. 40 3.3 Requisitos Os principais requisitos para o projeto de um middleware eficaz são (SOUZA, 2003): Confiabilidade: mesmo com a falha de algum componente, o middleware deve continuar funcionando. Com isso os telespectadores poderão assistir e interagir com os programas sem sofrer negação de serviço devido a alguma falha. Segurança: o middleware deve garantir que nas transações realizadas pelo telespectador haja mecanismos seguros no recebimento e envio de dados, como também, na execução dos componentes. Extensibilidade: o middleware deve poder crescer gradativamente, suportando novos softwares e dispositivos de hardware, sem afetar o desempenho do sistema como um todo. Reflexibilidade: além da interface tradicional, o middleware deve possuir uma metainterface que possibilite a modificação de acordo com a requisição da aplicação. 41 4. PADRÕES DE MIDDLEWARE PARA TELEVISÃO DIGITAL Os padrões europeu (DVB), americano (ATSC) e japonês (ISDB) de televisão digital são adotados mundialmente. Os componentes do sistema de televisão digital são padronizados sendo que para o middleware eles definiram, respectivamente, o MHP, o DASE e o ARIB. Os middlewares de televisão digital são incompatíveis, embora existam semelhanças entre os componentes e funcionalidades equivalentes entre eles, permitindo que seja desenvolvido um middleware integrado que suporte as aplicações de diferentes padrões tornando-se necessário conhecê-las (SONG & PARK, 2006). Para isso, neste Capítulo serão descritos os middlewares dos padrões europeu, americano e japonês de televisão digital focalizando a arquitetura, modelo de aplicação e ciclo de vida. 4.1 MHP Em 1993, foi lançado o padrão europeu de TV Digital, o Digital Vídeo Broadcasting (DVB), que está em operação no Reino Unido, tendo chegado a outros quatro países da União Européia e à Austrália. É o padrão adotado pelas principais operadoras privadas de TV por assinatura via satélite. Em Portugal tem sido adotado nos canais pay-perview de televisão por cabo como alternativa ao sistema analógico. O padrão DVB é definido por diversos documentos que especificam o modo de transmissão, transporte, codificação, middleware e aplicações. Na Figura 13 é apresentada uma arquitetura de um sistema de TV digital com as opções de padrões para cada camada, as partes claras representam os componentes do padrão DVB. 42 Figura 13 – Arquitetura do padrão DVB de TV digital (FERNANDES et al., 2004). De acordo com Fernandes et al. (2004), para a camada de transmissão, os principais padrões adotados pelo DVB são: DVB-T (transmissão terrestre por radiodifusão), DVBC (transmissão via cabo), DVB-S (transmissão via satélite), DVB-MC (transmissão via microondas operando em freqüências de até 10GHz) e DVB-MS (transmissão via microondas operando em freqüências acima de 10GHz). Tabela 4 – Padrões de transmissão DVB e seus esquemas de modulação Padrão de transmissão DVB-T DVB-C DVB-S DVB-MC DVB-MS Modulação Codec Orthogonal Frequency Division Multiplexing (COFDM) 64-Quadrature Amplitude Modulation (64-QAM) Quadrature Phase Shift Keying (QPSK) 16,32 ou 64-QAM QPSK Nas camadas de transporte e codificação, o padrão DVB é baseado no Moving Pictures Experts Group-2 (MPEG-2). Akamine (2004) explica que o padrão europeu emprega como base de compressão o MPEG-2 e foi planejado para operar, no início, em um canal de 8 MHz de largura de banda e depois em 7 e 6 MHz. 43 O sinal de áudio é codificado usando MPEG2-BC e o sinal de vídeo é codificado usando MPEG-2 Vídeo, com qualidade SDTV. Na camada de transporte usa-se MPEG2 Sistemas (FERNANDES et al., 2004). Tavares (2001) acrescenta que o padrão DVB oferece seis modos de transmissão com resoluções que variam entre 1080 e 240 linhas. O Multimidia Home Plataform (MHP) é um middleware para TV Digital definido pelo DVB que apresenta um conjunto de tecnologias para implementar serviços digitais multimídia interativos (DVB, 2006). O principal objetivo do MHP é permitir o crescimento de mercados para televisão digital e serviços multimídia onde existe uma acirrada competição entre fornecedores de conteúdo e fabricantes de receptores. Além disso, o MHP objetiva explorar a crescente convergência entre transmissão broadcast, internet e consumo eletrônico. A plataforma MHP começou a ser especificada pelo DVB em 1997. No entanto, a primeira versão (MHP 1.0) foi oficialmente lançada em junho de 2000. Após um ano do lançamento da primeira versão, em junho de 2001, foi lançada uma nova especificação (MHP 1.1). Em junho de 2003, foi lançada a versão 1.1.1 do MHP, em maio de 2005 a versão MHP 1.1.2, e em dezembro de 2006 a versão atual MHP 1.1.3. A partir da versão 1.1, o MHP provê funcionalidades adicionais em relação à versão inicial, incluindo, por exemplo, a possibilidade de carregar programas interativos através do canal de retorno e adoção de modelos de aplicações baseados em linguagens procedural e declarativa. No modelo procedural, o MHP suporta a execução de aplicações Java TV 6 , conhecidas como aplicações DVB-J. No modelo declarativo, opcionalmente, o MHP suporta a execução de aplicações desenvolvidas com tecnologias relacionadas à linguagem HyperText Markup Language 7 ( HTML), as aplicações DVB-HTML. 6 A especificação Java TV é parte da plataforma Java 2 Micro Edition (J2ME) na configuração de Connected Device Configuration (CDC). 7 Trata-se de uma linguagem de marcação utilizada para produzir páginas na Internet. De modo geral são documentos de texto escritos em códigos que podem ser interpretados pelos browsers. 44 O MHP é um padrão aberto, permitindo um grau de customização por desenvolvedores. O receptor com MHP pode receber, a princípio, serviços de diferentes operadoras de TV Digital. A API está apta a trabalhar com diferentes hardwares e diversas redes de transmissão. Estende suas funcionalidades para serviços interativos em todas as redes de transmissão definidas pelo projeto DVB: satélite, cabo, terrestre e microondas. 4.1.1 Arquitetura A especificação do MHP fornece uma arquitetura de alto-nível. Conforme é apresentado na Figura 14, o sistema existe em três camadas: Recursos, Software do Sistema e Aplicações. As aplicações não podem alcançar recursos diretamente (Khadraoui et al., 2006). A camada mais baixa, Camada de Recursos, engloba os recursos de hardware e software necessários para a realização de um serviço do middleware MHP. Esses recursos devem ser acessados de forma transparente pelas aplicações DVB-J e DVBHTML. Os recursos mais comuns são: decodificador MPEG, sistema gráfico, dispositivos de entrada e saída, memória e CPU. De acordo com DVB (2006) o importante é que os recursos são fornecidos transparentemente. Uma aplicação deve poder alcançar todos os recursos localmente conectados como se fossem elementos de uma única entidade. API Aplicação Aplicação Software do Sistema ... Aplicação Gerenciador de Aplicação Recursos Figura 14 – Arquitetura em camadas do middleware MHP adaptada de DVB (2006). A segunda camada, Camada de Software do Sistema, promove o isolamento entre as aplicações interoperáveis da Camada de Aplicações (DVB-J e DVB-HTML) e os recursos de hardware e software da Camada de Recursos. De modo que as aplicações 45 acessem esses recursos de forma abstrata e mantendo a transparência, através do uso de APIs. Segundo DVB (2006) esta camada intermediária isola a aplicação do hardware, permitindo a portabilidade da aplicação. A Camada de Software do Sistema, detalhada na Figura 15, é composta também pelo gerenciador de aplicação (controla o ciclo de vida das aplicações), por protocolos de transporte (para os dados broadcast, utiliza os protocolos DSM-CC Data Carousel e DSM-CC Object Carousel, para os dados interativos, os protocolos IP e UDP) e pela máquina virtual Java. Gerenciador de Aplicação (Navegador) APIs Java Sun Protocolos de Comunicação APIs HAVI APIs DAVIC APIs específicas DVB Máquina Virtual Java SO, drivers, firmware, ... Software do Sistema (Middleware) Figura 15 – Camada de Software do Sistema MHP adaptada de López-Ardao et al. (2002). A última camada, Aplicações, promove a interface entre as aplicações MHP e o Software do Sistema, controlando a operação das aplicações. 4.1.2 Profiles O MHP introduziu o conceito de profile para ajudar na padronização, suportando as diversas aplicações e tipos de STB. Como é apresentado na Figura 16, baseia-se em três profiles. 46 Figura 16 – Diagrama de profiles do MHP (PIESING, 2006). O Enhanced Broadcast Profile foi definido desde a versão MHP 1.0, sendo considerado o mais básico dos profiles. Descreve as aplicações e STB que necessitam de interatividade local (PIESING, 2006), por esse motivo a comunicação é unidirecional, de modo que os dados são enviados da emissora até o STB (receptor) do telespectador, pelo canal de difusão. Oferece suporte para a execução de aplicações locais no STB ou recebidas pelo canal de difusão. Não suporta o Internet Protocol (IP). Segundo Draft (2002) o suporte a linguagem HTML pode ser incrementado a partir de plug-in. O Interactive Broadcast Profile também foi lançado desde a primeira versão do MHP, mas as aplicações e STB descritos neste profile dispõem de interatividade por uma comunicação bidirecional, através da utilização do canal de retorno (PIESING, 2006). Os downloads que a aplicação solicita são realizados via canal de retorno e não pelo canal de difusão, como ocorre no Enhanced Broadcast. Há APIs apropriadas que oferecem um suporte maior à interatividade. Esta configuração requer canal de retorno e suporta Internet Protocol (DRAFT, 2002). Já o Internet Access Profile é o profile destaque do MHP, tendo sido definido no MHP 1.1. Engloba STBs mais sofisticados (com maior capacidade de processamento e memória) e aplicações que necessitam de acesso à internet (PIESING, 2006). A partir deste profile surgiram as aplicações categorizadas como DVB-HTML. De acordo com 47 Draft (2002), browser para e-mail e API Java para acesso à Internet também são comuns nesta configuração. 4.1.3 Modelos de Aplicações MHP O middleware MHP suporta aplicações categorizadas como DVB-J e DVB-HTML. As aplicações MHP correspondem em sua maioria à categoria DVB-J. Essas aplicações que utilizam desenvolvimentos da empresa Sun Microsystems, como a API Java TV e Java Virtual Machine (JVM), são conhecidas como Xlets. Os Xlets são formados por classes Java que implementam um conjunto de métodos para padronizar o acesso as funcionalidades do padrão de TV Digital. Um Xlet é bastante similar a um Applet na Web ou MIDlet em celulares e outros dispositivos móveis (FERNANDES et al., 2004). Similar a applets, o Xlet, executa em páginas da internet e permite que uma fonte externa (gerenciador de aplicações), controle o ciclo de vida da aplicação. Mas ao contrário de applets, um Xlet pode ser pausado e retornar a sua execução. Para ativar os métodos que sinalizam as mudanças de estado no seu ciclo de vida, o Xlet implementa a API Java TV javax.tv.xlet, exibida na Figura 17. O Java TV ainda define um gerenciador de aplicação para gerenciar o ciclo de vida dos Xlets. Segundo Fernandes et al. (2004) o estado de um Xlet pode ser mudado pelo gerenciador de aplicação ou pelo próprio Xlet, sendo que os métodos da interface Xlet devem ser ativados por um dos dois. No último caso, o próprio Xlet notifica o gerenciador de aplicação sobre a transição de estado via um mecanismo de callback 8 , que é 8 Esta técnica é tipicamente utilizada em uma arquitetura de objetos distribuídos, quando a aplicação cliente requer um retorno do servidor, mas não quer permanecer bloqueada aguardando a resposta. Através dessa técnica, o servidor obtém uma referência para o cliente de forma que pode invocar remotamente um método do objeto cliente. Assim, quando a execução do serviço solicitado é concluída, o servidor pode notificar o cliente através da invocação do método disponibilizado pelo cliente para uso remoto. 48 configurado durante o processo de inicialização do Xlet. Assim, o estado de um Xlet é sempre conhecido pelo gerenciador de aplicação. Com o uso de outras APIs, os desenvolvedores conseguem adicionar novas tarefas ao Xlet. public interface Xlet { public void initXlet(Xlet Content ctx) throws XletStateChangeExecution; public void startXlet(Xlet Content ctx) throws XletStateChangeExecution; public void pauseXlet(Xlet Content ctx) throws XletStateChangeExecution; public void stopXlet(Xlet Content ctx) throws XletStateChangeExecution; } Figura 17 – Interface Xlet No desenvolvimento da categoria DVB-HTML foram levadas em consideração a robustez, compatibilidade com o modelo de segurança MHP e o modelo de aplicação DVB-J, minimização da redundância com a tecnologia MHP e recomendações do World Wide Web Consortium (W3C). Segundo Gil (2002), o DVB fez um grande esforço para definir um framework complexo que integrasse tecnologias do W3C para o acesso da Internet ao ambiente de TV digital. As aplicações DVB-HTML não são muito difundidas, principalmente, devido ao nível de complexidade de implementação encontrado pelos fabricantes de receptores, emissoras e desenvolvedores de conteúdo. De acordo com Gil (2002), DVB-HTML é composta de um conjunto de módulos, selecionados do conjunto total definido em W3C, que possui as diferenças críticas entre computador e televisão: poder computacional, definição da tela, distância da observação, etc. As aplicações DVB-HTML são baseadas em padrões para internet, em destaque 49 XHTML, versão de XML da linguagem HTML, entre outros padrões como: Cascadind Style Sheet (formata páginas HTML), ECMAScripts (habilita interatividade em documentos XHTML) e Document Object Model (fornece abstração que permite ECMAScript manipular estruturas e conteúdos de documentos XHTML). Aplicações implementadas em DVB-HTML são apenas conjuntos de documentos e não executam nenhum tipo de processamento lógico, com isso o ciclo de vida é associado ao ator DVB-HTML e não a aplicação DVB-HTML, como ocorre no DVB-J. O ator DVB-HTML é um processo responsável pela execução da aplicação DVBHTML. Este ator é executado dentro de um agente do usuário, de forma que mais de um elemento deste tipo pode estar presente dentro de um único agente do usuário. O agente do usuário é a aplicação responsável por interpretar um determinado formato de conteúdo, neste caso, documentos DVB-HTML. Uma aplicação DVB-HTML é constituída de vários documentos, que podem ser exibidos simultaneamente. Cada aplicação DVB-HTML é associada a um ator, conforme apresenta a Figura 18. Aplicação DVB-HTML Ator DVB-HTML Aplicação DVB-HTML Ator DVB-HTML Agente do Usuário Agente do Usuário Outra Aplicação MHP Figura 18 - Associação entre atores e aplicações adaptada de DVB (2006). 4.1.4 Ciclo de Vida de Aplicações MHP O middleware MHP, mantido no receptor, contém um componente chamado Gerenciador de Aplicações em sua Camada de Software do Sistema, como foi visto na 50 seção 4.1.1. O gerenciador tem a função de monitorar os serviços em execução, além de iniciar e parar aplicações quando apropriado. O Xlet (aplicação DVB-J) possui um ciclo de vida, apresentado na Figura 19, com quatro estados: carregado, pausado, ativo e destruído. Segundo Piesing (2006) o ciclo de vida de uma aplicação DVB-J é similar à usada por applets Java na internet, mas segue uma máquina de estados explícita em vez de uma implícita. (Não Carregado) Carregado initXlet startXlet Pausado Ativo pauseXlet destroyXlet destroyXlet destroyXlet Destruído Figura 19 – Ciclo de vida do Xlet adaptado de DVB (2006). Inicialmente, o gerenciador de aplicações recebe a sinalização de início da aplicação, então carrega o Xlet principal e cria uma nova instância através do construtor default (sem argumentos), depois o Xlet é colocado no estado Carregado (DVB, 2006). A partir daí, o Xlet já está pronto para ser inicializado, seja pelo próprio usuário, seja automaticamente. Para tanto, o gerenciador de aplicações usa o método initXlet(), passando como parâmetro o objeto XletContent. Um XletContent é um objeto utilizado pelo Xlet para comunicar ou solicitar mudanças de estado ao gerenciador de aplicações. Usando o objeto XletContent, o Xlet consegue obter propriedades do ambiente de execução e comunicar ao gerenciador de aplicação sobre as mudanças de estado. Assim, o estado do Xlet pode ser alterado tanto por ele mesmo, quanto pelo gerenciador de aplicação. Quando a inicialização estiver completa, o Xlet encontra-se no estado de Pausado, não podendo manter ou usar nenhum recurso compartilhado. Para ser ativado, o método starXlet() é utilizado. Desta forma, passa ao estado Ativo, no qual o Xlet executa as 51 funcionalidades implementadas permitindo a interação com o usuário. Nada impede que o Xlet retorne ao estado Pausado, bastando para isso utilizar o método pauseXlet(). Para um Xlet ser destruído, não importa em qual estado se encontre, deve ser utilizado o método destroyXlet(), que o move para o estado Destruído, libera todos os recursos e finaliza a execução (DVB, 2006). As aplicações DVB-HTML, são passivas, com isso o ciclo de vida pertence ao ator DVB-HTML, como é mostrado na Figura 20. Há cinco estados: carregando, ativo, pausado, destruído e morto. Carregando Ativo Morto Pausado Destruído Figura 20 – Ciclo de vida de um ator DVB-HTML adaptado de DVB (2006). O estado inicial da máquina de estado, Carregando, é responsável por acessar os recursos do sistema incluindo os referentes ao conteúdo da aplicação. Nesta fase, não são exigidos recursos de entrada/saída, e a conseqüência disso é que o conteúdo obtido não é apresentado para o usuário, pelo menos até a transição para o estado seguinte (DVB, 2006). Ao entrar no estado Ativo, o ator deve assumir que tem acesso a todo o conteúdo do documento em processamento e a todos os recursos do MHP, salvo restrições de gerenciamento de recursos e segurança. O estado Destruído é atingido pelo ator quando há perda de todos os recursos. Mesmo assim, ainda é possível continuar a execução da aplicação, caso tenham sido utilizados caches ou outros mecanismos de armazenamento temporário de conteúdo. Caso contrário, os recursos devem ser retransmitidos (DVB, 2006). 52 O estado Morto é semelhante ao anterior, com a diferença de que o ator para de ser executado e, conseqüentemente, a aplicação é finalizada. 4.2 DASE O consórcio Advanced Television Systems Committee (ATSC), em 1998, lançou um conjunto de documentos definindo o padrão norte-americano de TV Digital. Da mesma forma que o padrão DVB, o padrão ATSC é formado por um conjunto de documentos que definem os diversos padrões adotados, incluindo aqueles relacionados à transmissão, transporte, codificação e middleware (FERNANDES et al., 2004). Na Figura 21, as partes claras representam os componentes do padrão ATSC para as respectivas camadas da arquitetura de televisão digital. Figura 21 – Arquitetura do padrão ATSC de TV digital (FERNANDES et al., 2004). O padrão ATSC suporta transmissão terrestre, a cabo e por satélite. Para a transmissão terrestre é adotado a modulação 8-Vestigial Side Band (8-VSB) com canais de 6, 7 ou 8 MHz, enquanto o padrão DVB utiliza o COFDM. De acordo com Cidri (2005), a modulação 8-VSB adotada pelo mercado americano é de baixa robustez, já a modulação 53 COFDM dos mercados europeu e japonês apresenta superioridade técnica quando comparada ao modelo americano. O ATSC, atualmente, não permite aplicações móveis e portáteis para a transmissão terrestre, devido a seu esquema de modulação e também devido ao entrelaçamento temporal e inflexibilidade na configuração dos parâmetros de transmissão, que causam uma baixa imunidade a multipercurso afetando a recepção em campo e interiores (SETABERT, 2000). Mas na transmissão via cabo e satélite são adotados os mesmos padrões que o DVB, respectivamente, o 64-QAM e o QPSK. Tavares (2001) explica que o padrão ATSC comporta “dezoito modos de transmissão com diferentes níveis de resolução da imagem e formatos de tela”, mas as emissoras têm utilizado o modo HDTV e o SDTV para complementar a programação. O ATSC utiliza além do MPEG-2 com qualidade HDTV para a codificação do sinal de vídeo, a codificação Dolby AC-3 para áudio. Para a camada de transporte é especificado o MPEG2 Sistemas, o mesmo que o padrão DVB, para a multiplexação e demultiplexação dos fluxos elementares. O DTV Application Software Environment (DASE) foi o middleware especificado para definir uma camada de software permitindo a programação de conteúdos e aplicações (ATSC, 2006). Seu desenvolvimento e evolução ocorreram por meio de “níveis” ou “versões” que desdobram as anteriores, devido a sua complexidade, semelhante ao middleware MHP definido pelo padrão DVB. A especificação do DASE está organizada em oito partes, onde cada uma engloba aspectos distintos do funcionamento do DASE. A Tabela 5 apresenta a divisão desta especificação. 54 Tabela 5 – Divisão da especificação do middleware DASE. Parte Parte 1 Parte 2 Parte 3 Parte 4 Parte 5 Parte 6 Parte 7 Parte 8 Título Introdução, arquitetura e facilidades em comum Aplicações declarativas e ambiente Aplicações procedurais e ambiente API Recursos de fontes portáteis Segurança Transmissão de aplicativos Conformidade O DASE adota modelos de aplicações baseados em linguagens procedural e declarativa. No modelo procedural, o DASE suporta a execução de aplicações Java TV. No modelo declarativo, o DASE suporta a execução de aplicações desenvolvidas em uma versão estendida da linguagem HTML ou em linguagens de scripts. Sendo o DASE um middleware aberto, são fornecidas as especificações para que os criadores possam desenvolver aplicações que executem de maneira uniforme em todos os modelos e marcas de receptores. 4.2.1 Arquitetura A arquitetura para sistemas e aplicações DASE é especificada em termos de dois modelos, o DASE Content Model se aplica às aplicações DASE e o DASE Environment Model faz referência à modelagem do Sistema DASE. O DASE Content Model modela a arquitetura das aplicações DASE. O conteúdo DASE é geralmente formado como uma coleção de aplicações DASE, declarativas ou procedurais, utilizando facilidades que as duas categorias de ambientes para aplicações DASE oferecem. O DASE Environment Model, conhecido como Sistema DASE, trata da implementação das aplicações. O Sistema DASE interage com uma plataforma de serviços do receptor através da qual dispõe do hardware e software necessários ao seu correto 55 funcionamento como sistema operacional, controle dos serviços de entrada e saída e o gerenciamento de memória (DASE, 2003). Na Figura 22 é mostrada uma arquitetura de referência do middleware DASE, onde os componentes gerais são especificados, cabendo aos implementadores adequá-los de acordo com as necessidades, mas mantendo sempre o comportamento e desempenho desses componentes. Dentro do Sistema DASE podem ser observados os blocos Ambiente de Aplicações Declarativas e Ambiente de Aplicações Procedurais, que tratam do processamento e apresentação das aplicações declarativas e procedurais, respectivamente. Segundo Paes et al. (2005) o Ambiente de Aplicações Declarativas é basicamente o browser das aplicações multimídia, enquanto o Ambiente de Aplicações Procedurais é a Máquina Virtual Java e a implementação de suas APIs. O módulo Decodificação de Conteúdo Comum, nas fases de decodificação e apresentação da aplicação tem a responsabilidade de prover os serviços comuns aos dois ambientes. Enquanto o Framework de Segurança tem a função de criptografar os dados trafegados entre o receptor do usuário e a transmissora. Aplicação DASE (XHTML, CSS, ECMAScript, Java TV, etc) Sistema DASE Ambiente de Aplicação Declarativa Ambiente de Aplicação Procedural Interpretador de estilo de folha ou cascata Interpretador de código Java Byte (Máquina Virtual Java) Interpretador XHTML Interpretador ECMAScript Implementação de API de modelos de documentos e ambientes de objetos Implementação de API pJava, JMF, JavaTV, HAVI, W3C, ATSC Decodificação de conteúdo comum (PNG, JPEG, Portable Font Resource, ZIP, etc) Framework de Segurança Figura 22 – Arquitetura DASE adaptada de Paes & Antoniazzi (2005). 56 Através da interação do Sistema DASE com a plataforma de serviços do receptor são aceitos os fluxos de transporte broadcast e as entradas realizadas pelo usuário por controle remoto, mouse, trackball, teclado ou outro dispositivo acoplado ao Set Top Box. Posteriormente, o sistema gera as saídas de gráficos e áudio para apresentação na televisão do usuário (DASE, 2003). A Figura 23 apresenta a interconexão dos componentes de um sistema DASE. Sistema DASE Transporte Broadcast Entrada do usuário Plataforma de Serviços (SO, E/S, Memória) Display Áudio Figura 23 – Sistema DASE e suas interconexões adaptado de DASE (2003). O Sistema DASE define as capacidades a seguir (PAES & ANTONIAZZI, 2005): Capacidade de entrada para usuários – suporta interação com os usuários através de um dispositivo que permita serem passados como entrada todos os caracteres ASCII, ativar ou desativar funções, entre outros comandos. Capacidade de áudio e vídeo – seguindo especificações do ATSC denominadas de A/52 (Digital Audio Compression Standard) e A/53 (ATSC Digital Television) suporta decodificação em tempo real e apresentação do conteúdo do fluxo de áudio e vídeo. Capacidade gráfica – suporta a decodificação e a apresentação de conteúdo visual (não inclui vídeo) com as resoluções de 640 x 480,1920 x 1080, 1280 x 720 ou 960 x 540, as cores de 8, 16, 24 ou 32 bits, além de fornecer fontes nativas suficientes para renderizar imagens e textos. Modelo de Display – A modelagem do display foi projetada em quatro planos para exibir as imagens para o usuário com a melhor qualidade possível (DASE, 2003). Os 57 planos são ordenados como mostrados na Figura 24 e são combinados para produzir a imagem para o usuário final. O primeiro plano responsabiliza-se pela exibição de cursores em aplicações que suportem cursor em tela para a interação com o usuário. O Plano Gráfico, segundo plano, define uma série de elementos que tratam a qualidade das imagens como o formato de tela (640 x 800 pixels ou superior), cores (padrão RGB ou outro a escolha do fabricante do receptor) e o sistema de coordenadas (origem no canto superior esquerdo, com as abscissas aumentando para a direita e as coordenadas para baixo). O Plano de Vídeo trata a saída de vídeo das aplicações em execução, como o escalonamento e translação da resolução do formato de vídeo atual. Abaixo, o Plano Background, é mostrado quando os outros planos estão desabilitados ou não estão visíveis, definindo uma cor de tela como a “tela azul” que existe na televisão analógica. Figura 24 – Modelo de display (PAES & ANTONIAZZI, 2005). 4.2.2 Níveis Segundo Bezerra (2004), de modo semelhante aos profiles do MHP, o DASE foi especificado em versões que desdobram as anteriores. O DASE nível 1 foi lançado em 2002, posteriormente, vieram as versões DASE nível 2 e DASE nível 3. O DASE nível 1 especifica o básico que o sistema deve possuir: interatividade local das 58 aplicações e a inexistência de canal de retorno com a transmissora. A segunda versão, DASE nível 2, é um melhoramento da versão anterior, com o acréscimo da interatividade remota por meio de um canal de retorno além de um framework de segurança. Por último, o DASE nível 3, foi lançado com a responsabilidade de fornecer interatividade pela rede unindo a televisão com a internet (BEZERRA, 2004). 4.2.3 Modelo de Aplicações Uma aplicação DASE é um conjunto de informações que são processadas por um ambiente de aplicação para fornecer interatividade com o telespectador ou alterar o estado do ambiente da aplicação. De forma similar ao MHP, o DASE também adota modelos de aplicações baseados em linguagem procedural e declarativa. As aplicações procedurais incluem algum processamento lógico, sendo implementados através de código escrito na linguagem Java (Personal Java da Microsystem, Java Media Framework, e Java TV), a qual é capaz de processar tarefas complexas dinamicamente, além de APIs específicas do DASE. Um exemplo de aplicação procedural é o Xlet Java em conjunto com outros conteúdos multimídia como gráfico, vídeo e áudio (DASE, 2003). As aplicações declarativas são aquelas cuja função primordial é a apresentação de dados, de forma estática, através de coleções de páginas escritas em linguagens de marcação (HTML, XML, SGML, etc), folhas de estilos ou linguagens baseadas em scripts (JavaScript ou VBScript). Apesar das semelhanças quanto aos modelos de aplicações, o DASE e o MHP não são tecnologias compatíveis (BECKER & MONTEZ, 2004). Desta forma, os serviços desenvolvidos para uma das plataformas, não irá funcionar na outra. 59 O DASE possui dois tipos distintos de ambientes de execução de aplicações, dependendo do caráter declarativo ou procedural das mesmas, como mencionado na Seção 4.2.1. No Ambiente de Aplicações Procedurais (Procedural Application Environment), há os componentes que interpretam e executam o código das aplicações procedurais como a máquina virtual, bibliotecas e APIs. No Ambiente de Aplicações Declarativas (Declarative Application Environment) são processadas aplicações declarativas através dos componentes responsáveis por processar as linguagens de marcação, folhas de estilos e linguagens baseadas em scripts. Segundo Paes & Antoniazzi (2005), uma aplicação DASE não precisa ser puramente declarativa ou procedural. O DASE não especifica o modo de implementação do ambiente de aplicação em um Set Top Box específico, podendo o fabricante, produzir os que integram os dois ambientes em um único equipamento ou manter cada ambiente em um equipamento distinto (PAES & ANTONIAZZI, 2005). 4.2.4 Ciclo de Vida As aplicações declarativas e procedurais possuem um único modelo de ciclo de vida onde apenas a forma de implementação difere entre os dois paradigmas, mostrado na Figura 26, diferente do MHP que possui um ciclo de vida distinto para cada. 60 resume Não Inicializado initialize activate Inicializado suspend Ativo Suspenso terminate terminate terminate Figura 26 – Ciclo de vida de aplicações DASE adaptado de DASE (2003). O ciclo de vida de uma aplicação começa e também termina no estado Não Inicializado. Neste estado a aplicação não pode consumir nenhum recurso do ambiente, mas o sistema DASE pode consumir os recursos em cachê para reter os recursos da aplicação enquanto esta estiver no estado Não Inicializado (DASE, 2003). Pode ser atingido a partir de qualquer outro estado através de um comando de término da aplicação. O estado Inicializado ocorre depois do estado Não Inicializado e após o evento initialize ser disparado, requisitando o carregamento inicial da aplicação. Estando em Inicializado a aplicação não está sendo executada, mas pode consumir qualquer recurso do ambiente, com exceção de threads instanciadas por ela (DASE, 2003). O estado Ativo ocorre após o disparo do evento activate, gerado em resposta à inicialização bem-sucedida da aplicação, posteriormente a decodificação da entidade inicial. Neste estado, a aplicação pode consumir qualquer recurso (DASE, 2003). Somente uma aplicação pode estar ativa, então, se uma aplicação encontra-se no estado Ativo, as outras passam para o estado Suspenso através do evento suspend. Com isso muitas aplicações podem estar no estado Suspenso liberando todos os seus recursos de uso exclusivos e suspendendo todas as threads instanciadas por elas (DASE, 2003). 61 O evento resume é disparado para permitir que a aplicação retorne ao estado Ativo e o evento terminate é gerado para o término de uma aplicação por ela mesma requisitado ou devido a uma condição de erro irrecuperável. 4.3 ARIB O grupo japonês Digital Broadcasting Experts Group (DiBEG) lançou em 1997, o sistema de difusão terrestre para a televisão digital japonesa denominado Integrated Services Digital Broadcasting - Terrestrial (ISDB-T), lançando alguns anos depois, a transmissão a cabo e por satélite. O padrão japonês de TV Digital, é formado por um conjunto de documentos (similarmente ao DVB e o ATSC) que definem os padrões adotados para transmissão, transporte, codificação e middleware, que foram especificados pela organização Association of Radio Industries and Businesses (ARIB). Na camada de middleware, o padrão apresenta o nome ARIB, o mesmo da organização (ARIB, 2006). Na Figura 27 é mostrada a arquitetura do padrão ATSC de TV digital destacando com a cor mais clara, os componentes do padrão em cada camada. Figura 27 – Arquitetura do padrão ISDB de TV digital (FERNANDES et al., 2004). 62 Para a trasmissão terrestre, o esquema de modulação adotado é o COFDM com canais de 6, 7 e 8 MHz, o mesmo que o padrão DVB, mas com algumas modificações. Quanto a trasmissão a cabo e por satélite são adotados respectivamente o 64-QAM e o 8-Phase Shift Keying (8-PSK). Na transmissão a cabo o esquema de modulação é o mesmo que no padrão DVB (FERNANDES et al., 2004). De acordo com Fernandes et al. (2004) para a camada de codificação é especificado o Moving Pictures Experts Group2 Advanced Audio Coding (MPEG2 AAC) para áudio e MPEG2 com qualidade HDTV para vídeo atendendo diferentes resoluções. Enquanto para a camada de transporte é adotado o MPEG2 Sistemas, o mesmo para o padrão DVB e o ATSC. Esse padrão destaca-se pela segmentação de banda, compatibilidade com o MPEGTransport Stream (MPEG-TS), codificação de canal e total flexibilidade nos parâmetros de modulação (AKAMINE, 2004). É apontado como o mais flexível de todos os padrões por responder melhor a necessidades de mobilidade e portabilidade. No Brasil, foi eleito o melhor nos testes técnicos comparativos conduzidos por um grupo de trabalho da Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão 9 (SET) e da Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão 10 (ABERT), ratificados pelo Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações 11 (CPqD). O middleware ARIB adota um modelo de aplicação que permite a programação de conteúdo e aplicações (FERNANDES et al., 2004). O modelo de aplicação tem como base a linguagem declarativa denominada Broadcast Markup Language (BML), que é 9 A SET é uma associação científica de âmbito nacional, sem fins lucrativos, cuja finalidade é a divulgação, expansão, estudo e aperfeiçoamento dos conhecimentos técnicos, operacionais e científicos da engenharia de televisão. 10 A ABERT é uma sociedade civil sem fins econômicos, de duração indeterminada, constituída por empresas de radiodifusão autorizadas a funcionar no País e por outras pessoas físicas e jurídicas com vínculos e participação no setor. 11 É o maior centro de pesquisa da América Latina e um dos maiores pólos tecnológicos em telecomunicações e tecnologia da informação do mundo. O CPqD pesquisa, desenvolve e dá suporte para os setores governamental, elétrico, de telecomunicações e para o mercado financeiro. 63 baseada na linguagem Extensible Markup Language (XML). Através do suporte a interatividade, os serviços se tornam cada vez mais atraentes. 4.3.1 Padrões ARIB A organização Association of Radio Industries and Businesses (ARIB) é responsável pela especificação dos padrões do sistema japonês de televisão digital, Integrated Services Digital Broadcasting (ISDB). De acordo com o componente do sistema pode haver um padrão que o especifica, como é mostrado na Tabela 6. Tabela 6 – Padrões ARIB para transmissão terrestre. Codificação de vídeo Codificação de áudio Broadcasting de dados Multiplexação Acesso condicional Transmissão Receptor Diretrizes operacionais Conteúdo MPEG-2 Vídeo (ISO/IEC 13818-2) MPEG-2 AAC (ISSO/IEC 13818-7) BML (XHTML), ECMA Script Sistemas MPEG-2 (ISO/IEC 13818-1) Multi 2 Transmissão ISDB-T Receptor ISDB-T Operação de radiodifusão ISDB-T Padrão ARIB STD-B32 STD-B32 STD-B24 STD-B10, STD-B32 STD-B25 STD-B31 STD-B21 TR-B14 O padrão Data Coding and Transmission Specifications for Digital Broadcasting também denominado STD-B24, principal padrão para a especificação do middleware japonês, é dividido em três volumes cada um responsável por abordar aspectos distintos do middleware. O volume 1, Data Coding System, divide-se em três partes. A primeira parte, Reference Model for Data Broadcasting, especifica um modelo de referência de transmissão digital. A segunda parte, denominada Monomedia Coding, apresenta a codificação 64 mono-mídia 12 e a terceira parte, Coding of Caption and Superimpose, especifica a codificação da legenda sobreposta no vídeo (ARIB, 2006). Segundo ARIB (2006), o volume 2, XML-based Multimedia Coding System, fornece uma especificação de codificação multimídia baseada em XML tratando principalmente da linguagem declarativa BML. Enquanto o volume 3, Data Transmission System, aborda o sistema de transmissão digital de dados. 4.3.2 Arquitetura Um modelo de referência de transmissão digital de dados é especificado no padrão de televisão digital japonês STD-B24, Volume 1. O sistema apresenta a estrutura mostrada na Figura 28, onde são apresentadas as funções de 1 a 5. Sistema de produção Processamento de banda-base Sistema de transmissão Visor Relação de programa Sistema de controle de banda-base Codificador AV 4 1 Sistema de transmissão AV (sistema de transmissão PES) 5 2 Companhia C produz receptor Sobreposição 3 Companhia B produz receptor Produção AV/legenda Sistema de transmissão de conteúdo MPEG2-TS Produção de conteúdo multimídia Multplexação/Scramble/Modulação programa de informação EPG Informação de serviço (sistema de transmissão da seção) Companhia A produz receptor Geração do índice do 1– Codificação mono-mídia 2 – Sistema de codificação de sobreposição e legenda 3 – Codificação multimídia 4 – Sistema de transmissão de conteúdo (sistema de transmissão carrousel) 5 – Sistema de transmissão de sobreposição e legenda (sistema de transmissão PES independente) Figura 28 – Sistema de transmissão digital do padrão japonês adaptado de ARIB (2006). 12 Mídia de expressão independente (vídeo, imagem, gráfico, som e texto), ou seja, para apresentação não necessitam de outras mídias. 65 Segundo Paes & Antoniazzi (2005), neste sistema são multiplexados em um fluxo empacotado, denominado Transport Stream (TS), e transmitidos via broadcasting de rádio, os serviços de dados (áudio, vídeo e outros). Sendo que a interatividade nas comunicações é garantida através de canais interativos de redes fixas e móveis. Na Figura 29, observa-se os três tipos de sistemas de transmissão de dados suportados pelo middleware ARIB. Serviços Multimídia Serviço de áudio e vídeo Vídeo e Áudio PSI/SI ~ Índice de programa Subtítulo e sobreposição Data Stream Seção PES MPEG2-TS (pacote TS) PSI – Program Specific Information SI – Service Information Codificação Multimídia Codificação mono-mídia Formato de transmissão Carrousel Seção Cada protocolo de comunicação Dois tipos de rede (fixa/móvel) PES – Packetized Elementary Stream TS – Transport Stream Figura 29 – Monte de protocolos do ARIB adaptado de Paes & Antoniazzi (2005). Segundo ARIB (2006), um deles é o sistema de transmissão de dados que utiliza o Packetized Elementary Stream (PES). Este sistema é denominado data stream. De acordo com Fernandes (2004), neste sistema, antes da multiplexação e formatação em pacotes de transporte, as seqüências elementares de bits passam por um processo de organização em segmentos PES de tamanho variável, com a finalidade de viabilizar a sincronização das seqüências elementares de bits de um mesmo programa. Para Paes & Antoniazzi (2005), este sistema serve para ser utilizado em serviços que necessitem de controle de tempo na decodificação e reprodução (vídeo, áudio e legendas) ou em sistemas que precisam ser sincronizados com outros fluxos. 66 Outro sistema de transmissão de dados suportado pelo ARIB é o que utiliza seções, denominado data carrousel (ARIB, 2006). Este sistema é utilizado para serviços de armazenagem de informação, onde os dados que serão transmitidos várias vezes podem ser armazenados após o primeiro download e reutilizados sempre que necessário (PAES & ANTONIAZZI, 2005). Segundo Tome (2006) a linguagem declarativa desenvolvida pelo ISDB, a Broadcast Markup Language (BML) é muito simples por isso pode suportar o data carrousel. De acordo com ARIB (2006), no último sistema suportado pelo ARIB, os dados são armazenados diretamente no payload do pacote Transport Stream (TS). Segundo Paes et al. (2005), os receptores que suportam serviço multimídia, além das funções básicas de um receptor normal de televisão, devem possuir as funções de recepção e armazenamento, display e comunicação com o serviço de broadcasting de dados. Para ser possível a utilização de receptores de baixo custo, há restrições em sua capacidade de armazenamento de serviços multimídia, por isso a existência do serviço que armazena somente as informações dos dados transmitidos e do que armazena as informações dos dados e o vídeo, normalmente transmitido em broadcasting. Um segundo dispositivo de armazenamento, como Hard Disk (HD) ou unidade de fita, deve ser utilizado para armazenamento de vídeo e para o de dados um dispositivo de menor capacidade pode ser utilizado. No sistema de transmissão de dados do padrão japonês foram especificadas as funções de apresentação (display e playback) com a finalidade de permitir a reprodução do conteúdo multimídia exatamente como foi enviado. Essas funções foram projetadas baseadas na estrutura lógica da tela do display, apresentada na Figura 30, que é composta por plano de vídeo, plano de figura, plano de controle, plano de gráficos e textos, por último, o plano de legendas. 67 Figura 30 – Estrutura lógica do display ARIB (PAES & ANTONIAZZI, 2005). Os vídeos, figuras, gráficos e textos são apresentados pelos planos de vídeo, figura, gráficos e textos, respectivamente. Enquanto o resultado final é composto pelo plano de controle. O controle das apresentações mono-mídia, em um serviço multimídia, é realizado pela codificação das superposições e do plano de legendas (PAES & ANTONIAZZI, 2005). De acordo com (ARIB, 2006), o conteúdo a ser mostrado é mapeado em cada um dos planos através de um sistema de coordenadas retangulares. Na Tabela 7, é apresentada a especificação ARIB para esse mapeamento. Tabela 7 – Resoluções de apresentação dos Planos adaptadas de ARIB (2006). PLANO VÍDEO FIGURA CONROLE TEXTO E GRÁFICO ESPECIFICAÇÃO 1920 X 1080 X 16 – Y, Cr, Cb (4:2:2) 8 bits 1920 X 1080 X 16 – Y, Cr, Cb (4:2:2) 8 bits 1920 X 1080 X 1 – 1 bit de controle 1920 X 1080 X 24 – Y, Cr, Cb (4:4:4) 8 bits – composição α em 256 valores LEGENDAS 1920 X 1080 X 8 – 8 bits para endereçamento de mapa de cores – composição α em 256 valores Segundo Paes et al. (2005), os processos no receptor, definido pelo padrão japonês, podem ser divididos em três etapas: decodificação dos dados multimídia, decodificação 68 dos dados mono-mídia e apresentação. O padrão também define as características do sistema: os serviços oferecidos (conteúdo, acessibilidade, extensões), a interoperabilidade (interatividade), a capacidade de controle e os erros de apresentação no display. 4.3.3 BML A Broadcast Markup Language (BML) é uma linguagem de aplicação baseada em XML, definida no padrão ARIB STD B-24 volume 2, que consiste de um conjunto de tags para formato de conteúdo multimídia. As tags XML definidas em cada aplicação devem ser fornecidas pelo Document Type Definition (DTD) da aplicação e transformadas para tags BML pela eXtensible Stylesheet Language Transformation (XSLT), antes de serem apresentadas no terminal. Este processo é denominado Broadcast XML (B-XML) e tem a finalidade de processar qualquer DTD, ou seja, qualquer documento XML é transformado em documento BML (ARIB, 2006). A transmissão digital via satélite foi lançada no Japão em dezembro de 2000 com o sistema Integrated Services Digital Broadcasting – Satellite (ISDB-S), para receptores fixos. Desde então, a transmissão de dados multimídia com a qualidade digital elevada do HDTV foi fornecida usando o esquema de codificação multimídia, Broadcast Markup Language (BML), baseado em XML. Com isso os telespectadores de TV digital podem acessar estes conteúdos multimídia para obter informações detalhadas sobre programas de TV, informação sobre o tempo, serviço de notícia moderno e etc, a qualquer momento com um controle remoto de fácil uso (MATSUMURA et al., 2003). Segundo Matsumura (2003), as especificações da BML consistem em XHTML 1.0 (uma reformulação da HTML 4.0), Cascading Style Sheet (CSS) para especificar a apresentação do conteúdo, e Document Object Model (DOM) e ECMAScript para a mudança dinâmica do visual e a interação com o usuário. A Tabela 8 mostra as principais especificações referenciadas na BML. 69 Tabela 8 – Especificações referenciadas na BML. Funcionalidade Tagging rule Conjuntos Tag Estilo de apresentação Modelo de objeto Linguagem de script Especificação XML 1.0 XHTML 1.0 CSS level 1/2 DOM level 1/2 ECMAScript Especificado por W3C W3C W3C W3C ECMA Para Ogawa (2001) a BML pode incluir arquivos mono-mídia como JPEG, PNG, MNG, MPEG e Advance Audio Coding (AAC). E sendo sintaticamente baseada em XML, herda especificações de XHTML, CSS e DOM, este relacionamento é mostrado na Figura 31. <BML> <Padrão Internet> XHTML - limitação Tag + extensão TV CSS2 XHTML Baseada em XML + extensão TV DOM 0.1 + extensão TV HTML 4.0 Vestígio de especificação legal Definição de suibconjunto + extensão TV ECMAScript Redefinição <Corrente> CSS2 Extensão ECMAScript DOM 0.1 CCS2, CSS1 Padronização JavaScript, JScript DOM 0.1 Figura 31 – Relacionamento entre BML e HTML adaptado de OGAWA (2001). De acordo com Hori & Dewa (2006), a BML é o padrão de datacasting 13 japonês baseado em XML usado em todo datacasting do sistema de transmissão digital no Japão, tal como na transmissão digital via satélite ou terrestre, sendo que mais de cinco milhões de receptores BML já foram distribuídos. As exigências do usuário que foram considerados no projeto da BML são: harmonização com conteúdo da internet, declaração de conteúdo rica, apresentação excepcional e extensibilidade. Devido a esta última exigência, fora os padrões como 13 É a transmissão de dados, ligados ou não à programação, para as TVs digitais. As transmissões de datacasting são do tipo one-to-many, ou seja, um mesmo conteúdo é transmitido para diversos espectadores, que podem escolher que informações preferem acessar. 70 XHTML, CSS e ECMAScript são incluídas extensões na BML de modo que ela possa ser utilizada no datacasting futuro ( HORI & DEWA, 2006). De acordo com Song & Park (2006), o padrão ARIB STD B-24, define BML e ECMAScript como aplicação declarativa e como aplicação procedural, respectivamente. O código ECMAScript com objeto nativo, que é implementado dentro do mecanismo ECMAScript, pode ter a funcionalidade equivalente com a aplicação procedural baseada no Java de outros padrões. O browser BML do padrão japonês de TV digital segue o modelo simples do ciclo de vida porque somente uma instância do browser BML é ativada para a transmissão de todos os dados (SONG & PARK, 2006). Na Figura 32 é mostrado o ciclo de vida do browser BML. Inicializado Ativo Destruído Suspenso Figura 32 – Ciclo de vida do browser BML adaptado de Song & Park (2006). 71 5. ANÁLISE DE PADRÕES DE TV DIGITAL Os padrões de televisão digital europeu (DVB), americano (ATSC) e japonês (ISDB) necessitam de análise antes de serem adotados por um país ou servir como inspiração para o desenvolvimento de um padrão nacional. Nesta seção será realizada uma análise comparativa mostrando as vantagens e desvantagens dos sistemas de televisão digital, DVB, ATSC e ISDB, incluindo a camada de middleware, que é o enfoque principal deste trabalho. Essa análise foi realizada com base nos seguintes requisitos: modelo de negócios e distribuição dos padrões, transmissão de dados, modelo de aplicação e ciclo de vida. Nesses requisitos foram abordadas quais as características de serviço de televisão digital focalizadas pelo modelo de negócios do padrão; os países que adotam cada padrão; em relação à transmissão de dados foram analisadas a codificação de áudio, modulação, transmissão hierárquica, rede de freqüência única e segmentação de banda que apresentam diferenças mais marcantes entre os padrões; por último a comparação do modelo de aplicação, ciclo de vida e integração com a camada de transporte dos padrões de middleware descrevendo suas semelhanças e diferenças. 5.1 Modelo de Negócios e Distribuição dos Padrões O modelo de negócios do padrão americano de televisão digital, Advanced Television System Comitee (ATSC), foi direcionado para a televisão de alta definição (HDTV). O padrão ATSC, até o momento, foi formalmente adotado nos EUA, Coréia do Sul e Canadá, como são mostrados na Figura 33. No ATSC, há diversos modos de transmissão com diferentes níveis de resolução da imagem e formatos de tela, fornecendo qualidade de imagem muito superior a da transmissão analógica. Mas embora possua essa vantagem, o sistema americano de televisão digital ainda possui uma baixa adesão dos usuários, em razão do alto custo dos aparelhos de televisão de alta definição (FERNANDES et al., 2004). 72 Figura 33 – Distribuição dos Padrões de TV Digital no mundo (DIBEG, 2006). O padrão ATSC não permite aplicações móveis e portáteis, segundo seus críticos (TAVARES, 2001). De acordo com Silva (2003), este padrão limita a convergência com aparelhos celulares de Terceira Geração, de modo que a utilização da TV móvel foi abandonada. O padrão europeu, denominado Digital Vídeo Broadcasting (DVB), é o padrão adotado pela maioria dos países no mundo, conforme apresentado na Figura 33. Segundo Fernandes et al. (2004), o DVB-T suporta seis modos de transmissão com resoluções que variam de 1080 a 240 linhas, podendo ser usado para sistemas de alta definição, High Definition Television (HDTV) e sistemas móveis de baixa definição, Low Definition Television (LDTV). De acordo com Paes & Antoniazzi (2005), o DVB-T permite a recepção por dispositivos móveis, mas não funciona satisfatoriamente no modo hierárquico, quando transmite ao mesmo tempo para televisão de alta definição e sistemas móveis, segundo seus críticos. O modelo de negócios do DVB-T privilegiou a oferta diversificada de programas e outros serviços, tais como acesso a Internet e televisão por assinatura. A possibilidade 73 da utilização de Set Top Box ou televisores digitais de menor custo, no modo SDTV é uma vantagem para o consumidor (TAVARES, 2001). É amplamente divulgado que o padrão japonês de televisão digital, Integrated Services Digital Broadcasting (ISDB), é um sistema que reúne o maior conjunto de facilidades: alta definição (HDTV), transmissão de dados, recepção móvel e portátil (FERNANDES et al., 2004). O ISDB, atualmente, é adotado no Japão sendo que o Brasil, em 2006, regulamentou a escolha do padrão japonês para o Sistema Brasileiro de Televisão Digital (SBTVD). Segundo Paes & Antoniazzi (2003), embora seja baseado no sistema de transmissão europeu, segundo seus entusiastas, o sistema japonês é superior em relação à imunidade a interferências, permitindo a convivência da televisão de alta definição com a recepção móvel. Para Rodrigues & Gomes (2004), a principal vantagem do sistema de transmissão japonês é funcionar muito bem em qualquer tipo de ambiente, sendo eficiente para a televisão móvel, possibilitando a convergência total das transmissões televisivas com a Internet e com os telefones celulares da Terceira Geração. A expectativa para o modelo de negócios do padrão japonês de televisão digital, Integrated Services Digital Broadcasting (ISDB), é que seja bastante flexível, aglutinando ao serviço de televisão digital, outras aplicações, havendo uma aproximação com o sistema de acesso a informações multimídia (TAVARES, 2001). 5.2 Transmissão de Dados A arquitetura dos sistemas de televisão digital apresenta padrões diferentes em suas camadas, como são mostradas na Tabela 9. Principalmente quanto ao middleware, à codificação de áudio e modulação na camada de transmissão (terrestre), já que a codificação de vídeo e camada de transporte baseiam-se, fundamentalmente, na especificação MPEG. 74 Tabela 9 – Relação dos padrões por camada dos sistemas de TV digital. Middleware Codificação de áudio Codificação de vídeo Transporte Transmissão ATSC DASE Dolby AC3 DVB MHP MPEG2 BC ISDB ARIB MPEG2 AAC MPEG2 HDTV MPEG2 SDTV MPEG2 HDTV MPEG2 Sistemas 8-VSB (terrestre) QAM (cabo) QPSK (satélite) MPEG2 Sistemas COFDM (terrestre) QAM (cabo) QPSK (satélite) MPEG2 Sistemas COFDM (terrestre) QAM (cabo) PSK (satélite) Há diferença nos três sistemas de televisão digital quanto ao tipo de codificação utilizado para o áudio. O ATSC emprega o Dolby AC3, que é um sistema proprietário. Enquanto o DVB e o ISDB utilizam sistemas abertos, respectivamente, MPEG-2 BC (a Austrália optou pelo DVB com Dolby AC-3) e MPEG-2 AAC. O padrão proprietário Dolby não oferece suporte a edições (com codificação e decodificação de sinal) e apresenta oito fluxos de áudio. Enquanto o padrão MPEG, é aberto, oferecendo até treze fluxos de áudio e a possibilidade de edição dos sinais. O MPEG é mais robusto do que o Dolby (BEZERRA, 2004). Segundo Barbedo (2004), o MPEG-2 BC tem uma certa perda na eficiência de codificação em casos de sinais Multicanal devido a necessidade de se evitar a transferência de dois arranjos de bits separados. O MPEG-2 AAC é um aperfeiçoamento dos padrões anteriormente desenvolvidos (MPEG-BC), permitindo que se obtenha uma boa qualidade de áudio a taxas de 64 kb/s por canal para operações multicanal. Enquanto o AC-3 usa uma técnica flexível de alocação de bits para distribuí-los de maneira eficiente através das diferentes freqüências e canais, levando em conta os efeitos de mascaramento intra e inter-canais. O método de modulação, COFDM, utilizado pelo DVB e pelo ISDB leva considerada vantagem em relação ao 8-VSB do ATSC, na transmissão terrestre. Porque o COFDM transmite o sinal em portadoras, aumentando a imunidade a ruídos e reflexões (ecos) resultantes do multi percurso do sinal (TOME, 2002). 75 De acordo com Rodrigues & Gomes (2004), a modulação COFDM é tecnicamente superior à modulação 8-VSB. Uma vantagem do COFDM é a convergência para Internet e para telefonia móvel. Além disso é altamente robusto, isto porque quando ocorre alguma interferência ou desvanecimento seletivo, apenas uma pequena parte do sinal é perdida e pode ser recuperada por meio dos códigos de códigos de correção de erros. De acordo com Tome (2002), no ATSC, uma seqüência contínua de pulsos é modulada, enquanto no DVB e no ISDB os fragmentos de informação não são transmitidos de forma contínua, existindo um intervalo de guarda entre um fragmento e outro. Com isso há uma melhora na robustez contra os ecos e tem-se uma maior robustez do sinal para ser recebido por meio de uma antena interna, por exemplo. No DVB e no ISDB ocorre o espalhamento espacial, onde os bits, ao serem encaixados nas mini-portadoras, são espalhados aleatoriamente. Se alguma mini-portadora “morrer no caminho”, a informação remanescente nas demais mini-portadoras é em geral suficiente para se recuperar a informação original (TOME, 2002). O ISDB consegue obter maior robustez para ser recebido em veículos em movimento porque além do espalhamento espacial, existe também o espalhamento temporal, onde um conjunto de bits pode ser colocado num fragmento mais à frente ou mais atrás. O DVB também pode ser captado por veículos em movimento, para o ATSC é mais difícil (TOME, 2002). Segundo Rodrigues & Gomes (2004), a modulação COFDM utilizada no DVB e no ISDB é versátil, pois um grande número de parâmetros podem ser ajustados de acordo com o sistema a ser projetado, tal como, o número de sub-portadoras, tipos de código de correção de erros, intervalo de guarda, duração do símbolo, espaçamento e tipos de modulação por sub-portadora. A transmissão hierárquica só é permitida para o DVB e o ISDB, não estando disponível para o ATSC. Com essa transmissão, partes dos sinais podem ser transportadas com grau de robustez diferente. Sendo possível fazer com que parte dos sinais seja forte o suficiente para ser recebida nas áreas mais afastadas, zonas de sombra ou terminais 76 móveis, enquanto que uma outra parte seja recebida apenas por receptores melhor localizados ou antenas mais potentes (TOME, 2002). Embora tanto o DVB como o ISDB sejam baseados no uso de milhares de miniportadoras, existe uma diferença significativa entre eles. No ISDB, as mini-portadoras podem ser arranjadas livremente para formar as camadas da transmissão hierárquica. No DVB não há essa flexibilidade, conforme ao tipo de modulação escolhido existe um arranjo fixo. No 16-QAM, 50% pode estar no modo mais robusto (TOME, 2002). O DVB permite o Single Frequency Network (SFN), ou rede de freqüência única, nesse caso em vez de existir uma única antena transmissora de grande potência cobrindo uma vasta região, há uma rede de transmissoras de pequena potência, operando no mesmo canal e transmitindo, o mais sincronizadamente possível, o mesmo conteúdo (PAES &ANTONIAZZI, 2005). De acordo com Hirayama & Silveira (2005), apesar da aparente simplificação devido a utilização de uma única freqüência para todas as antenas transmissoras, as SFNs apresentam limitações de sincronismo bastante importantes, devendo as antenas estarem sincronizadas em termos de freqüência, tempo e bits. A funcionalidade de segmentação de banda é estruturada para obter a máxima racionalização do uso do canal. Teoricamente, com essa segmentação, um canal pode ser dividido para vários serviços, emissoras diferentes e reserva de parte do segmento para funcionar como um canal auxiliar para transporte de dados. Dentre os padrões em estudo, somente o ISDB possui essa funcionalidade, ele não se restringe apenas ao serviço de televisão digital, mas aplica-se também em rádio digital e televisão digital móvel, onde as vantagens da segmentação de banda tem melhor aplicação. Segundo Paes & Antoniazzi (2005), em razão da segmentação de banda e compatibilidade dos sistemas, um receptor portátil de um segmento é capaz de receber as transmissões tanto das estações de rádio quanto das estações de TV, possibilitando uma extensa gama de serviços, além da popularização da radiodifusão digital e do 77 cultivo de um novo mercado, com significativos benefícios aos radiodifusores e fabricantes de receptores. A Tabela 10 resume as características da transmissão de dados dos sistemas de televisão digital citadas no decorrer desta seção. Tabela 10 – Comparação da transmissão de dados nos padrões de TV digital Característica ATSC Método de modulação Menos imune a ecos e ruídos Não Espalhamento espacial Não Espalhamento temporal Não Parâmetros de modulação ajustáveis Não Transmissão hierárquica Não Arranjo de camadas hierárquicas (flexível) Não Rede de freqüência única (SFN) Não Segmentação de banda DVB Mais imune a ecos e ruídos ISDB Mais imune a ecos e ruídos Sim Sim Não Sim Sim Sim Sim Sim Não Sim Sim Não Não Sim 5.3 Modelo de Aplicação e Ciclo de Vida Os middlewares dos sistemas de televisão digital europeu, americano e japonês, respectivamente, MHP, DASE e ARIB, nesta seção, serão analisados sobre os aspectos do modelo de aplicação, ciclo de vida e integração com a camada de transporte. Esses middlewares não são compatíveis, então, os serviços desenvolvidos para uma das plataformas, não irá funcionar na outra. Segundo Song & Park (2006), embora incompatíveis, os diferentes padrões de middleware possuem funcionalidades equivalentes e componentes com papéis semelhantes, permitindo que eles sejam sobrepostos e que seja implementado um middleware flexível com suporte a vários padrões de transmissão de dados. 78 Segundo Coêlho (2005), o modelo de aplicação declarativo é definido usando qualquer linguagem de marcadores, tais como HTML, XHTML ou XML, como linguagens mais complexas. Sendo que XML é a mais interessante devido a fatores como a fácil integração com Java (existem APIs padronizadas), criação de novas tags por parte do desenvolvedor, padronização e manutenibilidade. Enquanto no modelo de aplicação procedural, as aplicações são similares às tradicionais de Java ou C/C++, mas possuem certas peculiaridades que as tornam bem diferentes, como o ciclo de vida diferenciado que lembra o de um Applet Java (COÊLHO, 2005). De acordo com Song & Park (2006), os conteúdos XHTML possuem características estáticas e são complementados por código script, embutido ou ligado no documento XHTML. Já no modelo de aplicação procedural, as aplicações são compiladas em byte code, este é carregado ou armazenado em formulário binário e executado, então, pelo gerenciador de execução do software. Para Tome (2006), no ambiente de desenvolvimento de aplicação procedural, os aplicativos possuem grande flexibilidade de funcionalidades, sendo criados como se fossem programas de computador (geralmente em linguagem Java), mas requerendo habilidade de programação e dificultando o lado artístico. Enquanto no ambiente declarativo há grande facilidade de criação, porém menor flexibilidade para a introdução de novas funcionalidades. O middleware MHP adota modelo de aplicação procedural baseado em Java, as aplicações procedurais são denominadas DVB-J. Enquanto a aplicação declarativa, DVB-HTML, é definida em cima de aplicação DVB-J, porque o agente do usuário (responsável pela interpretação e apresentação do conteúdo DVB-HTML), é implementado como aplicação DVB-J (SONG & PARK, 2006). As aplicações declarativas DVB-HTML são baseadas em padrões para internet, em destaque XHTML, Cascadind Style Sheet, ECMAScripts e Document Object Model. Segundo Becker et al. (2005), as aplicações DVB-J e DVB-HTML possuem a capacidade de fazer download de aplicações interativas, através de um canal de interatividade; armazenar aplicações em memória persistente (como disco rígido); 79 acessar leitores de smart cards; e controlar aplicações de internet, tais como navegador web. Segundo Song & Park (2006), o Sistema DASE consiste no Procedural Application Environment (PAE) e no Declarative Application Environment (DAE), que são conceitualmente independentes, mas compartilham o decodificador de conteúdo comum e framework de segurança. De forma similar ao MHP, o DASE adota uma máquina virtual Java como mecanismo que facilita a execução de aplicações interativas. Também de forma similar ao MHP, o DASE permite o uso de linguagens declarativas, usadas na web, como HTML e JavaScript (BECKER et al., 2005). As aplicações declarativas do DASE também utilizam linguagem de marcação, folhas de estilos ou linguagens baseadas em scripts, assim como as do MHP. O padrão ARIB é obscuro quanto à classificação das aplicações, porque classifica as aplicações BML e ECMAScript em declarativas e procedurais, respectivamente. O critério usual de classificação é se aplicação está em formato binário ou não, entretanto as aplicações BML e ECMAScript possuem formato textual (SONG & PARK, 2006). A Tabela 11 resume os modelos de aplicação mencionados, mas vale acrescentar que os modelo de aplicação são conceituais e podem não ser observados na implementação real. Tabela 11 – Modelos de aplicação Modelo Procedural Modelo Declarativo MHP DVB-J DVB-HTML DASE PAE DAE ARIB ECMAScript BML De acordo com Coêlho (2005), o gerenciador de aplicações é um módulo do middleware residente dentro do terminal de acesso que tem entre outras responsabilidades a função de controlar o ciclo de vida das aplicações, por meio do gerenciamento de seus estados; atribuir prioridades às mesmas, bem como identificar 80 eventuais falhas e adotar ações para contingência-las; definir um protocolo entre as aplicações e o sistema. Os modelos de Ciclo de Vida de vários middlewares são baseados em máquina de estado finito. As aplicações procedurais DVB-J do MHP e PAE do DASE, baseadas em Java, seguem o modelo de gerenciamento do ciclo de vida do Xlet, especificado pela API Java TV (SONG & PARK, 2006). As aplicações declarativas DVB-HTML do MHP, tem modelo de ciclo de vida diferente das aplicações procedurais DVB-J, enquanto no DASE as aplicações declarativas do DAE possuem o modelo de ciclo de vida idêntico ao das aplicações procedurais do PAE. As aplicações DVB-HTML são gerenciadas pela aplicação DVB-J especial nomeada agente do usuário. Cada conteúdo DVB-HTML é servido pelo ator que reside dentro do agente do usuário. O agente do usuário pode conter vários atores simultaneamente e esses atores podem estar em um estado diferente de ciclo de vida do DVB-HTML (SONG & PARK, 2006). Isto é importante para que o agente do usuário por si mesmo siga o modelo de ciclo de vida do Xlet, enquanto o ator siga o ciclo de vida do DVB-HTML e a informação sinalizada relacionada ao DVB-HTML seja passada através do agente do usuário. Segundo Song & Park (2006), o Browser BML do padrão ARIB B-24 segue o modelo de ciclo de vida simples, porque somente uma instância do browser BML é ativada para a sessão de transmissão global de dados. Os middlewares diferenciam-se entre si em relação à integração com a camada de transporte e a forma que os dados são transmitidos aos usuários. Os dados podem ser transmitidos através de um carrossel de dados ou de um carrossel de objetos. Esses carrosséis são protocolos de difusão de dados definidos pelo padrão DSM-CC (Digital Storage Media-Command and Control). De acordo com Becker et al. (2005), a idéia básica do carrossel de dados é de módulos de dados difundidos ciclicamente sendo que quando o receptor necessitar de 81 determinado módulo, deve apenas aguardar o instante de sua próxima repetição no fluxo de dados. Os carrosséis de objetos baseiam-se nas definições dos carrosséis de dados, porém tratam a informação na forma de objetos. Com o objeto do tipo arquivo e do tipo diretório forma-se um sistema de arquivo simples, fazendo com que o Set Top Box possa acessar arquivos de um sistema de arquivos que está sendo difundido em um carrossel de objetos como se os mesmos estivessem disponíveis localmente (BECKER et al., 2005). Para Tome (2006), conceitualmente, há uma integração entre o carrossel de dados e o carrossel de objetos de modo que o carrossel de dados serve ao carrossel de objetos como uma máquina executora de instruções em mais baixo nível, “pegando” os pacotes gerados pelo carrossel de objetos e adaptando-os de modo a viabilizar a sua transmissão através do sistema de televisão digital. Na transmissão de programas de televisão digital e interativa emprega-se o mecanismo de carrossel de dados subjacente ao carrossel de objetos, ou somente o carrossel de dados. A escolha do mecanismo considera a complexidade do middleware e seus aplicativos. O MHP utiliza o carrossel de objetos incorporando as funcionalidades do carrossel de dados. O DASE adota também o carrossel de objetos. Enquanto o ISDB adota o carrossel de dados, porque a intenção é que a BML seja uma linguagem simples. A especificação do ISDB de como os arquivos de dados devem ser encapsulados nos pacotes de transmissão é omissa, porque a definição foi feita por meio de uma patente da Panasonic, que estabelece as informações do cabeçalho dos pacotes de transmissão (TOME, 2006). Ao final da análise dos sistemas de televisão digital pode-se concluir que o padrão japonês, em relação aos fatores técnicos, é superior ao americano e o europeu. Na escolha ou desenvolvimento do padrão mais adequado às necessidades da população, os fatores econômicos, sociais, culturais e políticos podem ser levados em consideração, os quais não foram analisados nesse trabalho. 82 O governo brasileiro justificou que o padrão japonês foi escolhido por apresentar consideradas vantagens em relação ao americano e europeu: por sua superioridade técnica; compromisso de investimentos do governo japonês (cerca de US$ 2 bilhões) em fabricação de semicondutores e TVs de plasma; e também o maior tempo de transição da televisão analógica para digital, fator que para um país considerado pobre, onde a TV está instalada em mais de noventa porcento dos domicílios, resulta em menor custo ao consumidor, que terá mais tempo para comprar o aparelho de televisão digital (MEDINA, 2006). Portanto cada país deve decidir se vai adotar um padrão de televisão digital existente ou desenvolver um padrão nacional, além de realizar um estudo da implantação do sistema considerando aspectos técnicos e sociais, para que ocorram melhorias na sociedade e não o surgimento de mais um meio de diferenciação e exclusão social. 83 6. CONCLUSÕES A televisão digital foi adotada em vários países, sendo que o Brasil já iniciou o desenvolvimento do padrão nomeado Sistema Brasileiro de Televisão Digital (SBTVD). A TV Digital é uma realidade, trazendo inovações na imagem e som, interatividade, acessibilidade e recepção. Nessa monografia, os objetivos foram atingidos de forma satisfatória. Os conceitos básicos para a compreensão do sistema de televisão digital foram apresentados, como a história, inovações tecnológicas, arquitetura e componentes. Para o middleware, enfoque desse trabalho, foram definidos a arquitetura, funcionalidades e requisitos, em geral. Então, os middlewares de televisão digital americano, europeu e japonês, respectivamente, DASE, MHP e ARIB foram descritos e comparados, permitindo-se conhecer a concepção, funcionamento, vantagens e desvantagens de cada um. Abordando, principalmente, a arquitetura, modelo de aplicação e ciclo de vida. O sistema de televisão digital japonês possui várias características que o faz superior, tecnicamente, ao americano e europeu. Mas cabe lembrar, que neste trabalho não foram analisados aspectos sociais, culturais, políticos e econômicos que podem contribuir na escolha de um padrão de televisão digital por um país. O Brasil adotou como inspiração, o sistema de televisão digital japonês, com a incorporação de inovações desenvolvidas por pesquisadores brasileiros, entre essas, o middleware. Muitas pesquisas sobre televisão digital estão sendo realizadas no país. Uma sugestão para trabalho futuro é o estudo aprofundado do Sistema Brasileiro de Televisão Digital e dos middlewares brasileiros: o FlexTV (procedural) e o Ginga-NCL (declarativo). O padrão chinês, além dos padrões de televisão abordados nesse trabalho, também merece um estudo. 84 Os middlewares DASE, MHP e ARIB sem adaptações são incompatíveis. Devido a isso, os conteúdos de um padrão só são disponibilizados aos telespectadores que possuem o receptor e middleware especificado pelo mesmo padrão. Isso causa uma série de problemas tais como o custo desnecessário de portabilidade de uma aplicação de um middleware para outro; o custo de desenvolvimento de middleware duplicado para fabricantes de Set Top Box e implementadores de middleware; a necessidade dos usuários adquirirem múltiplos Set Top Box para usar serviços que são suportados por middlewares diferentes. Um outro trabalho que poderia ser desenvolvido é sobre a especificação Globally Executable MHP (GEM) e o desenvolvimento de aplicações interativas que podem ser portadas facilmente em sistemas de diferentes países. Espera-se que a televisão digital traga não apenas melhoras tecnológicas, mas também sociais e que este trabalho contribua para que as pessoas conheçam um pouco mais sobre essa inovação, adquirindo posicionamento crítico quanto aos padrões de televisão digital, além de contribuir para que novos trabalhos, nessa área de pesquisa, sejam desenvolvidos. 85 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AKAMINE, C. Análise de desempenho do sistema de TV digital DVB-T com entrelaçador temporal em canais com ruído impulsivo. Campinas: [s.n.], 2004. ANACOM, Autoridade Nacional de Comunicações. Disponível em: < http://www. icp.pt/template12.jsp?categoryId=131319>. Acesso em: 02 jan. 2007. ARIB. Data Coding and Transmission Specifications for Digital Broadcasting – ARIB STD-B24. 2006. 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