SISTEMAS DE PASTEJO NA EXPLORAÇÃO PECUÁRIA BRASILEIRA

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SISTEMAS DE PASTEJO NA EXPLORAÇÃO PECUÁRIA BRASILEIRA
SISTEMAS DE PASTEJO NA EXPLORAÇÃO PECUÁRIA
BRASILEIRA
Carlos Guilherme Silveira Pedreira
Sila Carneiro da Silva
Gustavo José Braga
João Menezes de Souza Neto
André Fischer Sbrissia
Departamento de Zootecnia, USP-ESALQ, Piracicaba, SP
Introdução
A indústria pecuária nas regiões tropicais tem passado por mudanças
importantes em tempos recentes. No Brasil o final do século XX foi marcado
pela necessidade de reavaliação de postura e procedimento em diversos
setores, em função da estabilidade econômica. Nesse contexto, o setor
primário foi forçado a direcionar esforços para a tecnificação e para o aumento
de eficiência do processo produtivo. Uma das atividades do setor que talvez
tenham sido atingidas com mais intensidade foi a pecuária, que, no Brasil é
essencialmente baseada no uso de pastagens.
Como em todos os setores, a busca por soluções para problemas que
antes eram crônicos e assumidos como inerentes e inevitáveis, teve início com
a conscientização de que sobrevivência era sinônimo de eficiência. Numa
atividade em que escala de produção e margem de lucro têm que ser
entendidas com exatidão, a demanda por tecnologia aumentou
significativamente. Começou-se, em muitos casos, a discutir o "sistema" de
produção animal e a entender a sua natureza multi-disciplinar e, aos poucos,
aceita-se o fato de que custo baixo não é sinônimo de lucro máximo. Esses
sistemas precisam sim ser retro-alimentados com investimento em recursos
produtivos e tecnologia, e, ao mesmo tempo em que as pressões sociais e
governamentais requerem a conscientização ecológica e o produto animal de
qualidade, as econômicas demandam que sejam viáveis. Em uma palavra,
deve haver sustentabilidade.
Nos países desenvolvidos, tais pressões têm, em anos recentes
determinado grandes mudanças de procedimento na indústria pecuária.
Sistemas intensivos de produção em confinamento têm sido associados a
problemas de doenças e de poluição de mananciais e em muitas situações, a
"volta aos pastos" está sendo conclamada. Isso coloca o setor produtivo diante
do dilema de ter que manter os níveis de produtividade, estrutura de custos,
gerenciamento dos sistemas etc, pelo menos em níveis semelhantes àqueles
praticados nos sistemas confinados. Ocorre que, na pastagem, o manejo da
alimentação que é crítico para o bom manejador de pastos, passa a ser todo
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um novo universo para o pecuarista habituado a gerenciar ingredientes de
rações. Embora o pasto pastejado seja a fonte de alimento mais barata para
os rebanhos de ruminantes, a falta de conhecimento sobre como usá-lo, pode
custar caro. Às vezes caro demais.
As literaturas científica e técnica são ricas em publicações sobre
produção e manejo de pastagens, sobretudo no que diz respeito a espécies de
clima temperado. Nos últimos anos, muito tem se avançado no campo das
espécies tropicais. Sistemas de pastejo (entendidos como a combinação
integrada dos componentes animal, planta, solo, clima, manejo, e mercado)
têm sido concebidos e testados na tentativa de se chegar a receitas ótimas,
mas logo se percebe que as individualidades de cada sistema, definem
obrigatoriamente individualidades filosóficas na sua condução.
Dentre os componentes mais estudados os métodos de pastejo têm
recebido grande atenção por parte da pesquisa. A diversidade de espécies de
plantas forrageiras tropicais, aliada à diversidade de ambientes em que serão
utilizadas, impossibilita a proposição de receitas para cada combinação.
Assim, é fácil reconhecer que, mais importante do que saber "o que acontece",
é mais importante saber "por que acontece", e, portanto, a adoção bem
sucedida de tecnologia de manejo de pastagens passa obrigatoriamente pelo
entendimento das bases biológicas que regem as respostas das plantas
forrageiras às estratégias de desfolha (i.e., métodos de pastejo) dentro dos
sistemas de produção.
Respostas morfofisiológicas de plantas forrageiras ao pastejo
As funções primárias das plantas superiores são capturar a luz do sol
para assegurar o suprimento de energia para crescimento e absorver água e
nutrientes minerais do solo através de suas raízes. A morfologia da planta
forrageira é adaptada para esses fins, mas também é influenciada pelas
estratégias que garantem sua sobrevivência sob pastejo (Hodgson, 1990). A
freqüência e intensidade com que a comunidade de plantas é pastejada
depende do manejo da pastagem (Lemaire & Chapman, 1996).
Uma vez que existem síntese e morte contínuas de tecidos numa
pastagem em crescimento, todo material que não é colhido acaba morrendo e
é perdido. Esta dinâmica de crescimento e morte pode ser origem de perdas
consideráveis na produção. Numa pastagem cujo intervalo médio de
aparecimento de folhas é de cerca de 10 dias e que mantém três folhas vivas
por perfilho, por exemplo, uma quantidade equivalente à massa de folhas vivas
de toda a pastagem senesce e é substituída a cada mês. Assim, em contraste
com outras culturas que só são colhidas no final de seu ciclo, as pastagens
devem ser colhidas regularmente (Nabinger, 1997). A maior contribuição para
o acúmulo de massa seca das plantas vem do carbono assimilado através da
fotossíntese. O total de carbono assimilado é conhecido como produtividade
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primária bruta. Deste valor é subtraída a perda respiratória de manutenção e de
crescimento de partes não colhíveis (e.g., órgãos subterrâneos), sendo a
diferença entre esses valores conhecida como produtividade primária líquida, e
este é o valor que realmente importa nos estudos de produtividade de culturas
(Hopkins, 1995). Embora em plantas forrageiras, altas taxas fotossintéticas não
sejam sinônimo de alta produção colhível (Parsons et al., 1983a; Johnson &
Parsons, 1985), a quantificação e o entendimento do processo fotossintético
são passos essenciais para entender os efeitos do manejo sobre a
produtividade das pastagens (Parsons et al., 1988a), já que durante o pastejo
há um conflito de interesses entre o animal e a planta. O pasto precisa manter
área foliar para continuar crescendo, e as folhas são consumidas pelos
animais. Este conflito torna-se mais evidente em pastagens mantidas sob
lotação contínua (Parsons et al., 1983a).
O padrão de desfolha pode afetar a fotossíntese, pois altera a
proporção de folhas de diferentes idades no pasto (Parsons et al., 1988a). Isto
passa a ter importância à medida que folhas mais velhas têm o seu potencial
fotossintético reduzido e, dependendo da intensidade da desfolha, ocorre uma
exposição à luz de folhas com diferentes idades e, consequentemente, de
diferentes capacidades fotossintéticas. Quando uma determinada proporção
de folhas é removida de um perfilho, segue que durante a rebrota, no caso de
lotação rotacionada, há um aumento na proporção de folhas novas de alta
capacidade fotossintética (Parsons et al., 1988). Já no caso de lotação
contínua as folhas novas é que estão sendo removidas em maior proporção.
Isso poderia indicar que pastos sob lotação rotacionada teriam uma vantagem,
em termos de assimilação fotossintética, em relação a pastos sob lotação
contínua. No entanto a situação é um pouco mais complexa e, como será visto,
existem fatores compensatórios que tendem a equilibrar essa situação.
Lotação contínua
Uma das principais características de pastagens mantidas sob lotação
contínua é sua capacidade de estimular o perfilhamento (Bircham e Hodgson,
1983; Parsons et al., 1983a). Parsons et al. (1983b) verificaram que pastagens
de Lolium perenne mantidas com IAF próximo de 1 apresentaram
aproximadamente 40000 perfilhos/m2, enquanto que pastagens mantidas sob
lotação rotacionada, segundo Jones et al. (1982), têm cerca de 10000 a 15000
perfilhos.
A alta densidade populacional de perfilhos favorece a interceptação
eficiente da luz, que é prerrogativa básica para altas taxas fotossintéticas.
Numa pastagem sob lotação contínua, mantido um mesmo IAF, mantém-se
proporções relativamente constantes de folhas de diferentes idades no dossel.
Na Tabela 1 encontra-se um resumo das diferentes categorias de folhas e de
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suas respectivas contribuições para a fotossíntese num pasto de azevém
mantido num IAF próximo de 1.
Tabela 1 - Contribuição de diferentes componentes do pasto para a área foliar
e fotossíntese líquida de uma pastagem de Lolium perenne mantida
em IAF próximo de 1. (F1, folha em crescimento; F2, folha mais
jovem completamente expandida; F3, folha madura)
Categoria
F1
F2
F3
Bainha
Área foliar
(%)
16,2
26,4
20,3
37,1
Fotossíntese líquida
(%)
38,3
38,9
17,5
4,5
Eficiência fotossintética
-2
-1
(g C02 m (área foliar) h )
2,2
1,4
0,8
0,1
Adaptado de Parsons et al. (1983a).
As folhas que estão em crescimento (F1) e as mais jovens
completamente expandidas (F2) contribuem com quase 42% da área foliar do
dossel e sua contribuição é de quase 77% da fotossíntese da pastagem. De
maneira contrária, a bainha corresponde a 37% da área foliar, sendo que sua
contribuição para fotossíntese é menor que 5%.
Se as bainhas não fossem tão ineficientes do ponto de vista
fotossintético, elas poderiam compensar a área de lâmina foliar reduzida
(Parsons et al., 1983a) que se observa em pastagens sob lotação contínua
mantidas num baixo IAF, pelo simples fato de que a bainha normalmente
escapa da desfolha (De Lucia Silva, 1974). Esta compensação seria mais
evidente em pastagens submetidas a um pastejo mais intenso, onde a
interceptação de luz seria mais eficiente que em pastos submetidos a desfolhas
mais lenientes. A baixa eficiência fotossintética das bainhas é explicada pelo
fato de que as mais jovens estão circundadas por até 5 bainhas mais velhas
(Parsons et al., 1983a), que interceptam maior quantidade de luz, mas podem
estar mortas. Desta forma a boa cobertura de solo, característica de pastagens
mantidas com IAF baixo, promove a interceptação de luz por tecidos que
contribuem muito pouco para a fotossíntese. No entanto, pastagens mantidas
num IAF baixo possuem folhas mais jovens que se formam sob altas
intensidades luminosas, livres do sombreamento das folhas mais velhas e,
portanto, possuem uma alta eficiência fotossintética (Woledge, 1973; Woledge,
1978).
A Figura 1 (Parsons et al., 1983b), mostra o balanço entre fotossíntese,
consumo e perdas em pastos mantidos nas condições de IAF alto (3) e baixo
(1). A fotossíntese bruta no pasto desfolhado lenientemente foi maior que no
pasto desfolhado mais intensamente (300 vs. 209 kg de CH20 ha-1d-1). Apesar
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disso, o consumo de forragem por hectare foi maior no pasto mantido num IAF
baixo (38 vs. 53 kg CH20 ha-1d-1). Isso resultou num aproveitamento de 13% da
fotossíntese bruta no pastejo leniente comparado com 25% no pastejo intenso.
Pastejo Leniente
Pastejo Leniente
Pastejo Intenso
300 (100%)
Fotossíntese Bruta
209 (100%)
106 (35%)
Respiração
81 (39%)
30 (10%)
Crescimento e
respiração
radicular
21 (10%)
38 (13%)
Consumo
53 (25%)
126 (42%)
Senescência
e Morte
54 (26%)
Figura 1 - Fluxo de carbono em pastagens de Lolium perenne, sob lotação
contínua, submetidos a duas intensidades de desfolha. Adaptado de
Parsons et al., (1983b). As unidades estão em kg de CH2O ha-1d-1.
A diferença entre as eficiências de pastejo não foi resultado de perdas
diferentes do pasto por respiração ou partição de fotoassimilados para o
sistema radicular. Embora uma maior quantidade de carbono tenha sido
perdida através da respiração no pasto mais alto, a proporção da fotossíntese
bruta utilizada para respiração foi similar (35% vs. 39%) em ambos os casos.
Da mesma maneira a quantidade de carbono que foi para o sistema radicular
também foi maior no pasto alto, apesar da proporção entre os dois ter sido
similar (10%). A principal diferença entre os dois foi o fato de que o tecido
produzido no pasto mais baixo foi rapidamente consumido. Isto é
particularmente importante no caso do azevém que apresenta uma rápida taxa
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de renovação de folhas que, se não forem colhidas, senescem e morrem (Hunt,
1965; Morris, 1969; Robson, 1973).
A produção de tecido no pastejo leniente foi substancialmente maior
que no pastejo intenso (164 vs. 107 kg CH20 ha-1 d-1) (Figura 1), mas somente
uma pequena porção do tecido produzido foi colhida. Já no pastejo mais
intenso uma proporção maior foi colhida, gerando uma eficiência de utilização
maior. Na pastagem mantida com o IAF mais elevado, a fotossíntese bruta está
próxima do máximo. As perdas de material devido às taxas respiratórias são
também próximas do máximo, embora a proporção entre respiração e
fotossíntese, mantenha-se em torno de 45% para qualquer valor de IAF. Em
valores altos de IAF a taxa de produção bruta de tecidos (também chamada de
troca líquida de carbono ou produção líquida primária) é maximizada. No
entanto, para manter esse alto IAF, apenas uma pequena proporção do tecido
foliar produzido pode ser colhido, e uma alta proporção morre antes de ser
colhido (Parsons e Chapman, 1998).
Essa situação parece ser conflitante com o que foi descrito nos estudos
de Brougham (1956, 1958), que concluiu que a máxima taxa de acúmulo
líquido ocorre quando um pasto em rebrota intercepta 95% da luz incidente. No
entanto existem diferenças fundamentais entre a fisiologia de pastos em
crescimento e aqueles mantidos num mesmo IAF (Parsons et al., 1983b).
Numa pastagem em processo de rebrota (Figura 2), a taxa de produção de
novos tecidos aumenta à medida que a fotossíntese bruta também aumenta.
Nessa condição, ocorre um atraso entre a produção de tecidos e os processos
de senescência e morte (Parsons et al., 1983b), ou seja, a senescência só
começa a ocorrer a partir do ponto B (Figura 2), um pouco antes do dossel
atingir a taxa máxima de acúmulo líquido. Assim, como observado por
Brougham (1958), altas taxas de fotossíntese bruta estão associadas com
máximas taxas de acúmulo líquido (ponto C na Figura 2), o que significa dizer
produção potencialmente colhível sob corte ou lotação rotacionada.
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Figura 2 - Balanço entre a taxa de fotossíntese bruta, respiração, senescência
e a taxa de acúmulo líquido de forragem num pasto em período de
rebrota. Adaptado de Parsons (1980).
De maneira contrastante, num dossel mantido num IAF suficiente para
interceptar quase toda luz incidente, não há vantagem entre a taxa de produção de
tecido e a senescência foliar (Parsons et al., 1983b), já que um dossel mantido num
IAF elevado, mesmo tendo alta taxa fotossintética e, consequentemente alta produção
bruta de forragem, possui também uma alta taxa de senescência (a partir do ponto C
na Figura 2). Além disso, se o dossel continuar crescendo, ou seja, interceptar quase
toda luz incidente, a senescência aumenta a ponto de ser igual à produção bruta, o que
significa acúmulo líquido de forragem igual a zero (ponto D na Figura 2).
Mantendo-se um dossel num IAF alto sob lotação contínua é inevitável que
apenas uma pequena proporção do tecido produzido seja colhido, de tal forma que
uma grande quantidade de material permanece no pasto para contribuir com a
fotossíntese e, posteriormente, com a senescência foliar. Desta forma a quantidade de
forragem consumida é baixa. Já na pastagem mantida sob IAF baixo o consumo é
maior, mesmo sendo o dossel mantido num IAF menor que o requerido para 95% de
interceptação de luz (Parsons et al., 1983b).
Na Figura 3 (Parsons et al., 1983b) é mostrada a relação entre os principais
fatores fisiológicos interferindo na produção bruta e no consumo de forragem numa
pastagem onde o dossel é mantido sob diferentes intensidades de pastejo. São
aparentes as principais limitações de pastagens mantidas sob lotação contínua. Altas
taxas fotossintéticas e altas taxas de produção bruta de tecidos não podem estar
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associadas com alta produção colhível e alta eficiência de colheita. Conforme a
intensidade de pastejo é aumentada, e o dossel é mantido num menor valor de IAF
(Figura 3), o consumo de forragem por hectare aumenta, assim como uma maior
proporção da forragem produzida é colhida.
Figura 3 - Efeito da intensidade do pastejo (baseado no IAF médio que o pasto
está sendo mantido) no balanço dos principais componentes
fisiológicos que afetam o crescimento e a utilização de pastagens
sob lotação contínua (Adaptado de Parsons et al., 1983b).
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Assim sendo, devido principalmente à rápida renovação de folhas no
pasto (Hunt, 1965; Davies, 1977), a maximização da produção por hectare
(quantidade colhível) não depende da maximização da fotossíntese e da taxa
de produção bruta de tecidos, pelo fato de que os pastos também apresentam
alta taxa de senescência. A máxima produção colhível é conseguida num IAF
abaixo do ótimo para produção de biomassa, mas que permite a melhor
oportunidade de colheita de material vivo (Parsons et al., 1988).
Lotação rotacionada
A capacidade fotossintética do dossel após uma desfolha depende da
quantidade de área foliar residual e da capacidade fotossintética das folhas
remanescentes. Num dossel que atingiu IAF elevado, as folhas que
permanecem após o pastejo não são adaptadas à alta luminosidade incidente
sobre elas, resultante da remoção das folhas superiores que as sombreavam,
pois foram formadas em condições de baixa luminosidade (Prioul et al.,
1980a,b) e temperatura (Robson et al., 1988). Desta forma, o IAF residual tem
baixa capacidade fotossintética apesar da alta incidência de radiação. Como
conseqüência, a rebrota inicial é lenta até que um número suficiente de folhas
tenha se expandido e passe a contribuir substancialmente para a fotossíntese
da cultura (Nabinger, 1997).
A quantidade de área foliar residual é função da intensidade da
desfolha, determinada pelo resíduo pós-pastjo ou pela altura de corte no caso
de uma desfolha mecânica. Numa desfolha severa, em que a maior parte do
tecido fotossintetizante é removido, a fixação de carbono pode ser insuficiente
para assegurar a manutenção dos tecidos remanescentes e para a síntese de
nova área foliar. Nessa condição a produção de novas folhas necessita ser
suportada pela mobilização de reservas. Uma vez que ocorrem “perdas” de
carbono pela respiração, determinadas pela síntese dos novos tecidos, há uma
perda inicial de massa de forragem (balanço de C negativo). Este balanço de
carbono apenas se tornará positivo depois que a área foliar produzida a partir
das reservas for suficiente para assimilar uma quantidade de carbono que
exceda as perdas por respiração e senescência. Como resultado, quanto mais
severa for a desfolha maior será a fase de balanço negativo de carbono
(Parsons et., 1988; Nabinger, 1997). Os carboidratos de reserva podem ser
translocados de perfilhos não desfolhados para perfilhos desfolhados, e é
razoável assumir que isto ajuda na recuperação do crescimento destes últimos.
Segundo Hodgson (1990), provavelmente essa "ajuda" é mais importante sob
lotação contínua, onde os perfilhos são pastejados individualmente ou em
pequenas touceiras, do que sob pastejo intermitente onde a maior parte dos
perfilhos no piquete é desfolhado num curto período de tempo. No método de
lotação rotacionada, para qualquer valor de IAF, o pasto cresce mais
rapidamente na rebrota do que no pastejo (período de ocupação). A redução
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geral em termos de carbono acumulado é cerca de 22% e parece ser devida a
dois fatores: a remoção de folhas jovens fotossinteticamente mais eficientes,
deixando principalmente folhas velhas e ineficientes e ao distúrbio provocado
pelo pisoteio dos animais que afeta a taxa de interceptação e
consequentemente a taxa de fotossíntese (Grant e King, 1983).
Os trabalhos de Brougham (1956, 1958) mostraram bem o efeito da
intensidade de desfolha sobre a restauração do IAF e a interceptação de luz.
Nesses experimentos, um dossel com altura média de 22 cm foi desfolhado a
12,5; 7,5 ou 2,5 cm. Os resultados mostraram que a intensidade do pastejo
determinou uma grande redução na quantidade de luz interceptada
imediatamente após o corte e que um período de tempo maior foi necessário
para a pastagem atingir um IAF capaz de interceptar a maior parte da radiação
incidente. Trabalho de Parsons et al. (1988a) mostra o mesmo padrão de
recuperação do IAF, e o efeito da intensidade de desfolha (Figura 4a) sobre a
fotossíntese do dossel lembra a curva proposta por Brougham (1956, 1958)
para a interceptação de luz. Em um dossel que sofreu desfolha severa (curva 2
da figura 4a), a taxa fotossintética é substancialmente reduzida e ocorre uma
demora até que a taxa máxima de fotossíntese seja atingida. Numa desfolha
mais leniente (curva 4), a taxa fotossintética é menos reduzida pela desfolha e
a taxa fotossintética máxima é restabelecida rapidamente. Por outro lado, a
intensidade de desfolha tem um efeito parecido sobre a taxa de senescência
(Figura 4b). Sob desfolha severa (curva 2), a taxa fotossintética do dossel é
substancialmente reduzida, e dessa maneira ocorre um atraso até que a
senescência comece aumentar. Sob desfolha mais leniente (linha 4) o efeito é
semelhante àquele para a taxa de produção bruta, ou seja, a taxa máxima de
senescência foliar é restabelecida de forma mais rápida.
A intensidade de desfolha tem um grande efeito sobre as taxas de
crescimento (Figuras 4c e 4d). Como a taxa de senescência foliar é atrasada
em relação à taxa de produção bruta de tecidos, a taxa de crescimento
instantâneo (dw/dt) (Figura 4c), é sempre positiva, o que leva a concluir que o
dossel realiza, independente da desfolha, um acúmulo líquido positivo de
forragem. A intensidade de desfolha tem efeito marcante também na taxa
média de crescimento (W-Wo)/)t (Figura 4d). Após uma desfolha severa a taxa
média de crescimento aumenta drasticamente. No entanto, como descrito por
Parsons e Penning (1988), a taxa média de crescimento sofre pouca alteração,
mantendo-se em níveis altos após seu valor máximo ter sido atingido. Após
uma desfolha intermediária, uma taxa média de crescimento alta também é
mantida, embora isso ocorra num período mais curto de tempo. Já sob
desfolhas mais lenientes, as taxas de crescimento não só são menores como
também declinam com o passar do tempo.
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Figura 4 - Efeito da intensidade da desfolha sobre a taxa de produção bruta de
tecido (a), taxa de senescência foliar (b), taxa de crescimento
instantânea (c) e a taxa de crescimento médio (d) ao longo do
tempo, considerando a rebrota iniciando de seis diferentes valores
de IAF (0,5; 0,8; 1,1; 3,4; 5,3; 6,8 - numerados de 1 a 6,
respectivamente). Adaptado de Parsons et al., (1988a).
Os padrões de mudança nos principais processos envolvidos durante o
crescimento de uma pastagem foram descritos em detalhe usando pastagens
no estádio vegetativo em ambiente controlado (McCree e Troughton, 1966;
Robson, 1973). Os estudos realizados por Parsons e Penning (1988)
corroboram esses resultados (Figura 5).
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Figura 5 - Efeito da duração da rebrota sobre os principais processos
envolvidos no acúmulo líquido de forragem: fotossíntese bruta;
produção bruta de tecido e senescência. Adaptado de Parsons e
Penning (1988).
A fotossíntese, e consequentemente a capacidade de produção bruta
de tecido, aumentam rapidamente após a desfolha. Porém há um atraso entre
um aumento correspondente na senescência foliar e, como resultado, há
momentos onde altas taxas de produção bruta de tecido estão associadas a
baixas taxas de morte de tecidos. Essa vantagem relativa da taxa de produção
bruta sobre a taxa de senescência não implica, todavia, necessariamente numa
maior capacidade produtiva (Parsons e Penning, 1988). Uma conseqüência
imediata da defasagem temporal entre estes dois processos é que ocorre uma
mudança na taxa de crescimento instantâneo (dw/dt), que descreve a curva
sigmóide de acúmulo líquido de forragem. Para maximizar a produção deve-se
questionar como o prolongamento do período de rebrota afeta a taxa média de
crescimento (Maeda e Yonetani, 1978; Watanabe et al., 1984). Isso é definido
como o incremento líquido em peso (W-W0), dividido pelo tempo de rebrota. O
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objetivo é colher a forragem quando a taxa média de crescimento for máxima
(Parsons e Penning, 1988). O efeito da duração da rebrota sobre a taxa média
de crescimento está mostrado na Figura 4(d). Após uma desfolha severa, a
taxa média de crescimento aumenta rapidamente com um grande aumento
também na taxa de crescimento instantâneo. Porém, nas últimas fases da
rebrota, mudanças na taxa média de crescimento são resultantes das altas
taxas de crescimento instantâneo verificadas no início da rebrota. Desta forma,
até mesmo assumindo-se que toda forragem acumulada fosse colhida, a taxa
média de produção líquida seria praticamente insensível às variações no
período de rebrota após ter atingido seu valor máximo. Isto ocorre,
principalmente, pelo fato de que a taxa máxima de crescimento médio ocorre
após a taxa máxima de crescimento instantâneo e antes da massa máxima
(Parsons e Penning, 1988). Embora seja possível, em teoria, identificar um
momeno ótimo para a colheita com a finalidade de atingir a taxa máxima de
crescimento, é importante considerar como este conhecimento poderia ser
aplicado na prática.
Em países de clima temperado tem sido intensificado o uso de
variáveis-guia que descrevem, tão bem quanto possível (embora nenhuma
delas individualmente o faça por completo) o que se convencionou chamar de
"condições de dossel" (altura, massa, IAF, resíduo) quer seja na orientação do
manejo ou caracterizações de tratamentos experimentais (Grant et al., 1988;
Parsons e Penning, 1988; Smetham, 1995). Isto é importante para a definição
da intensidade e da eficiência com que a pastagem está sendo colhida. Porém,
no caso de lotação rotacionada, se não forem levadas em conta a produção e
as perdas de tecido durante o período de rebrota, essas características são
insuficientes para estimar o consumo de matéria seca pelos animais (Parsons
et al., 1988).
Alguns parâmetros ecofisiológicos para se estipular o momento ideal
de corte (ou pastejo), tais como, interceptação luminosa de 95% (Tainton,
1974; Korte et al., 1984) e início do aumento na taxa de senescência foliar
(Hunt, 1965; Mares Martins, 1977) têm sido usados com algum sucesso. No
entanto, como mostra o trabalho de Parsons e Penning (1988), a taxa média de
crescimento é relativamente insensível à duração do período de rebrota após
um período mínimo de descanso, razão pela qual a atenção deve ser voltada
aos chamados aspectos de "estrutura" do pasto, em particular a relação
haste/folha. Em geral, em principalmente em espécies de clima temperado,
contrariamente à lotação contínua, desfolhas severas sob lotação rotacionada
(baixo IAF residual) não são eficientes em controlar o desenvolvimento das
hastes, principalmente quando o período de rebrota é muito longo. As hastes
não só são difíceis de pastejar como também, em períodos de longa rebrota, a
densidade populacional de perfilhos pode diminuir, prejudicando a rebrota
subsequente da pastagem (Tainton, 1974; Smetham, 1995).
210 - Simpósio Sobre Manejo Estratégico da Pastagem, UFV, Viçosa, 14-16/11/2002
Os métodos de pastejo e a produtividade da pastagem
Alguns trabalhos têm mostrado que cada um dos métodos de pastejo
comumente utilizados possui vantagens relativas. No entanto, maior eficiência
num dado processo tende a ser compensada, em maior ou menor grau, pela
redução na eficiência em outros (Hodgson, 1990). Os trabalhos de Bircham e
Hodgson (1984) e Grant e King (1984) mostraram que ajustes na taxa de
crescimento por perfilho em resposta a mudanças no manejo, ocorreram mais
rapidamente que mudanças na população de perfilhos. Além disso, o processo
de auto-desbaste (‘self thinning’) foi mais rápido que a reconstituição na
população de perfilhos. Isto pode explicar, em parte, o reporte por Jones et al.
(1982) de que pastagens sob lotação rotacionada possuíam uma menor
densidade populacional de perfilhos quando comparadas àquelas sob lotação
contínua. Por outro lado, pastagens sob lotação rotacionada apresentam
maiores taxas fotossintéticas, durante o período de rebrota, quando
comparadas a pastagens sob lotação contínua (Parsons e Penning, 1988). Isso
é explicado pelo fato de que pastagens sob lotação contínua, mesmo
possuindo alta densidade populacional de perfilhos, possuem pequena área de
lâmina foliar com baixa eficiência fotossintética, pois as folhas mais novas é
que são mais freqüentemente consumidas e grande parte dessa área foliar é
formada por tecidos de baixa eficiência fotossintética, principalmente bainhas
(Parsons, 1983a).
Reconhecidas as vantagens e limitações de cada um dos métodos
pode-se, então, compara-los. É importante, no entanto, que se entenda de que
maneira essa comparação pode ser feita. Segundo Parsons et al. (1988), a
melhor forma seria plotar as taxas médias de crescimento em função de algum
atributo que não variasse, dado qualquer valor para freqüência e intensidade
de desfolha. Assim, utilizando modelos mecanísticos, esses autores
relacionaram a taxa média de crescimento em função do seu IAF médio (Figura
6). Nesse cenário, para qualquer valor de freqüência e intensidade de desfolha
existe apenas um valor para a taxa de crescimento e IAF médio.
Simpósio Sobre Manejo Estratégico da Pastagem, UFV, Viçosa, 14-16/11/2002211
Figura 6 - Relação entre a taxa média de crescimento da pastagem e IAF
médio sob lotação rotacionada rebrotando a partir de IAF de 0,5;
0,8; 1,1; 3,4; 5,3 e 6,8 (numeradas de 1 a 6, respectivamente) e
uma pastagem sob diferentes valores médios de IAF sob lotação
contínua. Adaptado de Parsons et al., (1988).
Desta forma, quando os métodos são comparados dentro de um
mesmo critério (parâmetro), as produções em ambos são similares. Além disso,
a máxima taxa de crescimento e o maior potencial de produção por hectare são
atingidos, nos dois métodos, com um valor médio de IAF que é baixo, resultado
de um equilíbrio ótimo entre a produção bruta de tecidos, taxa média de
crescimento e taxa de senescência (Parsons et al., 1988). Esses mesmos
autores estabeleceram uma relação funcional entre as taxas dos principais
processos envolvidos no crescimento com o IAF médio do dossel (Figura 7).
Existe similaridade das curvas com resultados previamente obtidos para
lotação contínua (Bircham e Hodgson, 1983; Parsons et al., 1983a; Johnson e
Parsons, 1985).
Taxa média do processo (kg de MO ha-‘ dia-1)
212 - Simpósio Sobre Manejo Estratégico da Pastagem, UFV, Viçosa, 14-16/11/2002
Figura 7 - Balanço entre fotossíntese bruta, produção bruta de tecido e a taxa
média de crescimento da pastagem sob lotação rotacionada,
baseados numa mesma variação de IAF médio. Os valores de 1 a 6
indicam, respectivamente, IAF residual igual a 0,5; 0,8; 1,1; 3,4; 5,3
e 6,8. Adaptado de Parsons et al., (1988).
Normalmente tem sido proposto que a defasagem temporal entre as
variações na fotossíntese líquida e a taxa de morte foliar poderia beneficiar a
produtividade sob lotação intermitente. É evidente que esse )t causa um
aumento na taxa de crescimento instantâneo (dw/dt) num dado momento ou
num determinado IAF, conforme o dossel tem seu IAF aumentado. Entretanto,
isso simplesmente possibilita o aumento da massa total de forragem (W) mas
não em produção colhível (Parsons et al., 1988a). Isso pode conduzir a um
aumento de até 20% em lotações intermitentes sobre a taxa média de
crescimento (W - Wo)/)t do dossel (Figura 6).
A produção máxima pode ser obtida no período que precede um
aumento na taxa de mortalidade de folhas. Isto pode ser conseguido na prática
conhecendo-se a taxa de aparecimento de folhas ou sua relação com a soma
térmica do período (graus-dia), por exemplo. Para assegurar a rápida
Simpósio Sobre Manejo Estratégico da Pastagem, UFV, Viçosa, 14-16/11/2002213
restauração da área foliar e da fotossíntese, o dossel deve manter uma alta
densidade populacional de perfilhos, e para evitar períodos de baixo potencial
fotossintético observados durante o pastejo (King et al., 1984), os períodos de
ocupação devem ser curtos (Parsons e Penning, 1988).
Eficiência de utilização da forragem sob pastejo
A eficiência de utilização da forragem pode ser definida como a
proporção da produção bruta que é removida pelos animais antes que se inicie
o processo de senescência, a qual é função também da proporção do
comprimento da lâmina que não é colhida pelo pastejo e senesce (Lemaire e
Chapman, 1996). A otimização da eficiência de utilização da forragem depende
de um entendimento do tempo de vida da folha na pastagem e dos fatores que
influenciam a intensidade de desfolha. Como demonstrado por Mazzanti e
Lemaire (1994), a proporção do comprimento da folha que escapa do pastejo e
eventualmente senesce, pode ser estimada pela proporção entre o tempo de
vida das folhas e o intervalo de desfolha, o qual determina o número máximo
de vezes que uma folha pode ser removida. Sob lotação contínua, a proporção
do comprimento da folha removida a cada desfolha é relativamente constante,
sendo, segundo Mazzanti e Lemaire (1994), em torno de 50%. Por exemplo,
considerando um tempo de vida médio de 40 dias para a Festuca arundinacea
e um intervalo médio de desfolha de 20 dias, espera-se uma eficiência teórica
de utilização máxima de 75%. Esse valor é consistente com a máxima
eficiência de utilização obtida por Mazzanti e Lemaire (1994) de 73% em
pastagens de festuca sob lotação contínua. Esses autores mostraram também
que a deficiência de nitrogênio resultou em baixa utilização da forragem (57%)
quando comparado com os 73% obtidos com o suprimento ótimo de N. Isto é
explicado pelo fato de que com um baixo suprimento de N o intervalo de
desfolha é maior (28 dias contra 20 dias no suprimento ótimo de N) como
conseqüência da menor taxa de lotação utilizada para manter o pasto no
mesmo IAF. Desta forma é possível inferir que, em pastagens mantidas num
IAF constante sob lotação contínua, qualquer redução na produção de tecido
foliar causada por deficiência no suprimento de N, causará redução na taxa de
lotação, que por sua vez, contribuirá para menor eficiência de utilização da
forragem (Figura 8).
214 - Simpósio Sobre Manejo Estratégico da Pastagem, UFV, Viçosa, 14-16/11/2002
Figura 8 - Representação esquemática do efeito do suprimento de fatores de
crescimento na eficiência de utilização de forragem sob lotação
contínua (Adaptado de Mazzanti e Lemaire, 1994).
Segundo Lemaire e Chapman (1996) a magnitude dessa redução na
eficiência de utilização é dependente do tempo de vida das folhas das diferentes
espécies de gramíneas, e isto deve ser considerado quando do planejamento de
sistemas que visem otimizar a eficiência de colheita. Esses mesmos autores
afirmaram que, teoricamente, a redução na eficiência de pastejo induzida pela
diminuição no crescimento e, consequentemente, na taxa de lotação, poderia ser
maior para espécies com um curto período de vida das folhas.
Sob lotação intermitente, a freqüência de desfolha é determinada pela
freqüência com que se move os animais de um piquete para outro, o que, por sua vez,
é função do tamanho do piquete, do número de piquetes, da taxa acúmulo líquido e da
taxa de lotação (Lemaire e Chapman, 1996). Assim, nesse método de colheita da
forragem, a duração média do período de descanso pode ser ajustada de forma a
Simpósio Sobre Manejo Estratégico da Pastagem, UFV, Viçosa, 14-16/11/2002215
minimizar a perda de tecidos foliares devido à senescência, desde que a taxa de
lotação e a duração do período de pastejo sejam suficientes para remover a máxima
proporção da forragem acumulada. Nesse método, pode ser possível manter uma alta
eficiência de utilização apesar da diminuição no crescimento e, por conseqüência, na
taxa de lotação. Desta forma, a redução na taxa de lotação que resulta na
extensificação do sistema pode levar ao uso da lotação rotacionada com um
apropriado período de descanso (mais curto que a duração média de vida da folha) no
lugar de um sistema que use lotação contínua. Na lotação rotacionada pode ser
possível manter um equilíbrio estável entre consumo da forragem e o crescimento e
assim evitar o acúmulo excessivo de material senescente e o desenvolvimento de
áreas de rejeição com alto conteúdo de material morto. A senescência, ainda assim, é
algo inevitável em função da necessidade de se priorizar a produção animal, o que
conduz necessariamente a ofertas de forragem muito acima da capacidade de
ingestão do animal (Nabinger, 1997). Na Tabela 2 são mostradas as eficiências
globais do uso de lotação rotacionada (Parsons e Penning, 1988) e lotação contínua
(Leafe et al., 1974 e Parsons et al., 1983a,b) na mesma área e sob as mesmas
condições, na Inglaterra. O total de carbono assimilado pela fotossíntese na duração
média de rebrota (19-23 dias - azevém) é maior que os valores obtidos sob regime de
corte. A proporção da fotossíntese bruta utilizada para respiração de manutenção e
crescimento da planta e respiração das raízes já foi mostrada em vários estudos com
diferentes tipos de manejo (Robson, 1973; Leafe et al., 1974; Parsons et al., 1983a,b)
ser próxima de 50%. Além disso, é feita uma estimativa da produção bruta de tecido
assumindo-se que uma proporção similar da fotossíntese bruta seja consumida por
estas vias, quer seja sob corte ou pastejo (Parsons e Penning, 1988).
Tabela 2 - Comparação da eficiência global de produção sob corte (não freqüente e
intenso (IAF 1)), lotação contínua num IAF de 1 (intenso) e 3 (leniente) e
lotação rotacionada com três períodos de rebrota (curta - 12-13 dias),
(média - 19-23 dias) e longa (30-34 dias) para o azevém perene. Os
números entre parênteses indicam a eficiência de utilização da forragem
Lotação contínua
Manejo
Corte Intenso Leniente
(a) Fotossíntese bruta
60,0
37,6
54,0
(b) Produção bruta de tecido (estimado) 30,0
18,8
27,0
(c) Produção:
Corte (t/ha)
12-15
Pastejo (t/ha)
9,6
6,9
Eficiência de colheita:
c/a(%)
20-25
25,5
12,7
Lotação rotacionada
Curta
Média
Longa
48,6
62,0
69,1
24,3
31,0
34,5
c/b(%)
39,5
40-50
51,0
Fonte: Adaptado de Parsons e Penning (1988).
25,5
9,8
9,6
13,2
9,4
15,5
10,2
19,7
15,1
(21,2)
30,2
(42,5)
14,7
29,5
216 - Simpósio Sobre Manejo Estratégico da Pastagem, UFV, Viçosa, 14-16/11/2002
Sob corte, normalmente tem-se obtido algo em torno de 12-15 t de MO
ha-1 ano-1 (Leafe et al., 1974; Morrison et al., 1980) para aquele ambiente e
aquela espécie. Isso representa uma eficiência máxima de utilização de 25%
da fotossíntese bruta e 50% da produção bruta estimada. A quantidade colhida
por pastejo na rotação média (a mais freqüentemente usada em países de
clima temperado) é igual à obtida na mesma pastagem sob lotação contínua.
Sob lotação contínua, a baixa produção obtida, em relação aos cortes, não é
resultado de uma menor eficiência de colheita, mas sim de uma menor taxa de
produção bruta (Parsons et al., 1983a). Sob lotação rotacionada, entretanto, há
uma clara oportunidade de se atingir maiores potenciais de produção. No
entanto, convém lembrar que quando uma grande proporção desta produção é
de hastes, como na rotação média e longa (Tabela 2), a lotação rotacionada
pode ser, paradoxalmente, tida como menos eficiente, já que os animais
podem relutar em consumir hastes. Embora o potencial de produção aumente
com o período de rebrota, a eficiência global do processo diminui.
Frequência e intensidade de desfolha
Sob lotação rotacionada onde os animais pastejam por um período que
varia de 12 a 72 horas, a freqüência de desfolha está intimamente relacionada
com o intervalo de desfolha, o qual é determinado pelo sistema de produção da
fazenda como um todo. A intensidade de desfolha em tais sistemas pode ser
expressa como a proporção do comprimento inicial de folhas que foi removida
até o fim do período de ocupação. Isso é verdade em situações onde o
período de pastejo é suficientemente curto para que se possa ignorar o
processo de crescimento durante o período de pastejo. A intensidade de
desfolha depende diretamente da taxa de lotação e da duração do período de
pastejo, que são dependentes do tipo de manejo adotado (Lemaire e
Chapman, 1996).
Wade (1991) estudou a freqüência de desfolha de perfilhos individuais
em três métodos de pastejo (em faixas, lotação rotacionada e lotação
contínua). Suas observações permitiram concluir que as relações entre
freqüência de desfolha e densidade de lotação verificadas por Wade e Baker
(1979) em lotação contínua permaneceram válidas para lotações intermitentes.
A recíproca do intervalo médio entre duas desfolhas sucessivas do mesmo
perfilho equipara-se à proporção de tecido pastejado a cada dia, o qual, por
sua vez, pode ser interpretado como a proporção da área do pasto que foi
pastejada pelos animais naquele dia (Wade et al., 1989). Desta forma, foi
possível mostrar que num pastejo em faixas, com uma densidade de lotação de
aproximadamente 150 x 103 kg de peso vivo (PV) ha-1, toda área de pasto
disponível aos animais foi pastejada em quatro ocasiões no dia (400% da área
pastejada no dia), enquanto que sob lotação contínua (taxa de lotação variando
de 1,3 x 103 a 8,1 x 103 kg de PV ha-1 ), apenas 6 a 20% da área foi pastejada
Simpósio Sobre Manejo Estratégico da Pastagem, UFV, Viçosa, 14-16/11/2002217
a cada dia (Figura 9). Sob lotação contínua, a área pastejada por dia foi
aproximadamente igual a intervalos de desfolha de 5 a 16 dias, valores estes
que estão dentro das variações relacionadas por diversos autores para Lolium
perenne (Hodgson, 1966; Hodgson e Ollerenshaw, 1969; Barthram e Grant,
1984) e para Festuca arundinacea (Mazzanti e Lemaire, 1994). Apesar dos
manejos aparentemente contrastantes, os pontos estão dentro de uma mesma
reta, refletindo apenas a proporção da área pastejada em função da taxa de
lotação.
Figura 9 - Relação entre a área pastejada por dia e a densidade de lotação em
pastagens sob lotação contínua ( ), rotacionada (Σ) e em faixas (ν).
PV, Peso vivo. Adaptado de Wade (1991).
Mazzanti e Lemaire (1994) mostraram que a freqüência de desfolha depende
principalmente da taxa de lotação. Esses autores verificaram que as diferenças na
freqüência de desfolha em Festuca arundinacea (sob lotação contínua) submetida a
diferentes doses de N não foram devidas à adubação nitrogenada, mas sim a uma
maior taxa de lotação exigida nos tratamentos com maiores níveis de N a fim manter o
mesmo índice de área foliar, e que a intensidade média de desfolha é uma proporção
relativamente constante (35%) do comprimento do perfilho (Figura 10). Aqui também é
possível visualizar os métodos com sendo diferentes pontos de um mesmo
“continuum” de resposta e não como processos diferentes como tem sido assumido
genericamente (Lemaire e Chapman, 1996).
218 - Simpósio Sobre Manejo Estratégico da Pastagem, UFV, Viçosa, 14-16/11/2002
Figura 10 - Relação entre a profundidade do bocado e o tamanho do perfilho
estendido em pastagem sob lotação contínua (Ο) e rotacionada
(Τ). Adaptado de Wade (1991).
Aplicação de conceitos: Métodos de pastejo e algumas de suas
implicações práticas sobre o potencial produtivo dos sistemas de
produção animal
O principal objetivo de um sistema de produção animal em pastagens,
independente do método de pastejo utilizado, é obter lucro. Nenhuma operação
de manejo tem sentido se o fluxo de caixa for negativo. O método a ser
utilizado deve ser operacional e flexível o suficiente para proporcionar
vantagens de seu uso e reduzir riscos, entre os quais aqueles influenciados
pelas condições climáticas (Rouquette Jr., 1993). O manejador deve ter
familiaridade com as adversidades climáticas, e com os padrões de
precipitação e temperatura. Estas ocorrências influenciarão o crescimento da
forragem e os períodos de pastejo onde podem ocorrer sub- e super pastejo.
Na maioria dos sistemas, há uma faixa de tempo limitada onde a taxa de
lotação está equiparada à produção de forragem. Desfolha excessiva ou
superpastejo seguido de um seca prolongada podem reduzir os recursos
Simpósio Sobre Manejo Estratégico da Pastagem, UFV, Viçosa, 14-16/11/2002219
forrageiros por vários anos. Além do clima, a produtividade do pasto está
influenciada pelas condições de solo e a fertilidade da área e seu manejo
podem influenciar o ajuste da taxa de lotação (Rouquette Jr., 1993). Qualquer
que seja o método de pastejo, ele conceitualmente implica num certo grau de
controle sobre o pasto e os animais. Dois dos principais métodos de pastejo
são a lotação continua e a lotação rotacionada, que, para o manejador
representam "pacotes" contrastantes de manejo da pastagem, no que diz
respeito ao aspecto organizacional do sistema.
Bransby (1991) afirmou haver alguns benefícios quanto ao uso da
lotação rotacionada em relação à lotação contínua mas cuidados devem ser
tomados quanto à variação experimental encontradas na literatura, pois
evidências de trabalhos bem delineados mostram pouco ou nenhum benefício
quanto ao pastejo rotacionado. A principal vantagem da lotação rotacionada é a
maior taxa de lotação possível de ser obtida, mas, em muitos casos, esta
vantagem é neutralizada por uma redução do desempenho animal.
Matches e Burns (1995) mencionaram que, em geral, nas regiões
temperadas, uma resposta animal por área de 8-10% maior é obtida na lotação
rotacionada quando comparada à lotação contínua. Nos trópicos, em sistemas
com desempenhos animais menores, a lotação contínua pode ser superior à
rotacionada. As diferenças relativas às vantagens de um método em relação a
outro são prejudicadas por deficiências nos trabalhos de pesquisas que os
comparam, que frequentemente envolvem apenas um nível de taxa de lotação,
oferta de forragem ou pressão de pastejo para cada método e estes fatores
podem ter seus efeitos confundidos com os do método de pastejo empregado.
Há um número elevado de variações no pastejo com lotação rotacionada
(incluindo número de piquetes, frequência, etc.) que podem influenciar o
resultado deste método de pastejo numa comparação com a lotação contínua
(Bransby, 1991; Matches e Burns, 1995; Rodrigues e Reis, 1997).
As principais vantagens da lotação rotacionada são o aumento da taxa
de lotação, redução da seleção e de áreas de pastejo desuniforme no piquete,
aumento da sobrevivência de espécies e consorciações de plantas que não
toleram o pastejo de lotação contínua, oportunidade de conservação de mais
forragem e maior tempo de utilização da forragem (Bransby, 1991; Matches e
Burns, 1995). A melhor capacidade de suporte é uma consequência da maior
produção de forragem devido ao aumento do intervalo de desfolhações. Esta
prática aumenta a produção mas força o animal a comer toda a planta,
resultando em dietas de menor valor nutritivo e menor ganho de peso. O
pastejo mais uniforme é feito às custas de menor desempenho animal. O
resultado líquido é que a diferença no ganho por área torna-se muito pequena
ou indiferente (Bransby, 1991). Sob lotação rotacionada, o excesso de
forragem pode ser conservado como feno ou silagem para ser usado quando
houver escassez de forragem. A intensificação da produção de forragem
através do uso da lotação rotacionada não adiciona mais produtividade no
220 - Simpósio Sobre Manejo Estratégico da Pastagem, UFV, Viçosa, 14-16/11/2002
período de crescimento mas pode haver um aumento de 11-22% na colheita
por hectare de nutrientes digestíveis totais (NDT) (Pigden e Greenshieds,
citados por Matches e Burns, 1995). O aumento da proporção de forragem
ofertada que é consumida em cada piquete, ou seja, sua eficiência de
utilização, geralmente favorece altas produções animais por hectare. Perdas
devido ao pisoteio, morte, e decomposição de forragem não pastejada são
reduzidas com mais pastejos (Matches e Burns, 1995).
A lotação rotacionada proporciona uma forragem com características
qualitativas variáveis, quando o período de ocupação do piquete é maior que
um dia. Há um declínio constante e diário no valor nutritivo da forragem
presente no piquete (Blaser et al. citados; Matches e Burns, 1995). Num
primeiro momento, na entrada dos animais ao piquete, estes têm acesso a uma
forragem com elevada quantidade de folhas, de alta qualidade. A forragem
remanescente nos dias sucessivos tem sua composição morfológica
continuamente alterada e seu valor nutritivo progressivamente diminuído, com
maior proporção de hastes, e valor nutritivo inferior ao do dia anterior.
Nas condições do Brasil central, geralmente, pastejo de lotação
contínua ocorre em áreas maiores e mais extensivas, porém também é
utilizado em propriedades de produção intensiva onde há pastos menores. A
taxa de lotação pode ser fixa ou variável durante a estação de crescimento
(Matches e Burns, 1995). Este método de pastejo apresenta um menor
investimento em cercas e aguadas além de, em teoria, exigir menor número de
decisões de manejo, o que tornaria mais fácil a sua aplicação correta. A lotação
contínua proporciona ao rebanho uma melhor oportunidade de seleção de
forragem durante o pastejo e, se isso for possível, a possibilidade de seleção
frequentemente resulta em melhor desempenho animal que aqueles
proporcionados pela lotação rotacionada. Quando a lotação contínua é utilizada
trabalhando-se com taxa de lotação variável reduz-se a severidade do
aparecimento de áreas de sub e superpastejo.
As maiores limitações normalmente atribuídas ao método de lotação
contínua são sua menor capacidade de suporte devido a desfolhas mais
frequentes, maior seletividade de forragem e desuniformidade de pastejo e
menor persistência de espécies que são sensíveis à desfolhação frequente. A
menor taxa de lotação pode ser uma observação válida mas ela é compensada
por um melhor desempenho animal, resultando em ganhos por área
semelhantes ao pastejo rotacionado com taxas de lotação menores. A
desuniformidade de pastejo resulta de uma maior seleção que é o que
proporciona melhor desempenho animal. A persistência de espécies em
lotação contínua pode ser conseguida com espécies mais adaptadas e com
ajustes da taxa de lotação para adequar altura e frequência de desfolhações
Bransby (1991).
O método de lotação rotacionada é preconizado como mais eficiente
que o de lotação contínua, por promover uma maior e mais vantajosa produção
Simpósio Sobre Manejo Estratégico da Pastagem, UFV, Viçosa, 14-16/11/2002221
animal, o aumento da eficiência de utilização da pastagem e melhor controle de
parasitas. Os resultados práticos, no entanto, mostram que o desempenho
animal é variável, podendo ser maior, ou menor, ou ainda sem diferenças,
parecendo que o principal efeito é um aumento da capacidade de suporte. Kee
et al. (1991) compararam os dois métodos com num trabalho de pastejo de
capim-bermuda [Cynodon dactylon (L.) Pers.] cv. Tifton 44, por 2 anos e
observaram que no primeiro ano, quando houve melhor condição climática e
maior precipitação, o desempenho animal foi melhor em menores taxas de
lotação, quando o método de pastejo era de lotação contínua e o inverso,
quando o método de pastejo era de lotação rotacionada e não observaram
diferenças entre os métodos no segundo ano, quando as condições climáticas,
com menor precipitação, não foram favoráveis a um bom crescimento da
forrageira (Figura 11). Além disso, a utilização foi mais afetada pela taxa de
lotação que pelo método de pastejo. No primeiro ano, quando as chuvas
favoreceram um crescimento mais vigoroso da forragem, as características
qualitativas foram melhores sob lotação contínua, com taxas de lotação
menores e quando as taxas de lotação eram maiores no rotacionado. Quando
o crescimento foi limitado pela seca não houve diferença entre os métodos. A
conclusão a que os autores chegaram é que a taxa de lotação e a condição
climática (chuvas) são mais importantes que o método de pastejo.
0,90 kg
0,85 kg
0,80 kg
0,75 kg
Contínuo (1989)
GPD (kg)
0,70 kg
Rotacionado (1989)
0,65 kg
Média rotacionado e
contínuo (1990)
0,60 kg
0,55 kg
0,50 kg
0,45 kg
0,40 kg
8,00
12,00
Lotação (cab./ha)
16,00
Figura 11 - Ganho de peso em função do método de pastejo em diferentes
taxas de lotação, em 2 anos de experimentação (Kee et al., 1991).
222 - Simpósio Sobre Manejo Estratégico da Pastagem, UFV, Viçosa, 14-16/11/2002
No sul dos EUA, Rouquette Jr. (1993) afirmou que a lotação
rotacionada não se mostrou sempre viável economicamente em pastagens de
gramíneas perenes, de crescimento na estação quente, quando foi utilizada a
taxa de lotação variável. Naquele cenário, as pastagens não respondem aos
propósitos idealizados do pastejo rotacionado mas sim conferem melhor
flexibilidade no tocante a atender à demanda animal com um suprimento
adequado de forragem. Segundo aquele autor, o método de lotação
rotacionada pode elevar a produção por área somente em pastagens que são
capazes de produzir uma adequada quantidade de forragem de elevado valor
nutricional.
O método de pastejo, para ser eficiente com um balanço adequado
entre a quantidade e a qualidade de forragem, e maior eficiência de utilização
pelo animal deve idealmente ser combinado com a adoção da taxa de lotação
variável. Isso pode ser feito tanto em lotação rotacionada como em lotação
contínua mas requer múltiplos pastos na propriedade. Animais e forragem
devem interagir de forma complementar as necessidades de cada um, o que
implica em que as práticas de movimentação do rebanho entre as pastagens,
ocorram sempre que necessárias e justificadas, em função das necessidades
da planta e animal e não em função de um calendário ou épocas de mudanças
programadas. O manejador deve tomar decisões regularmente, unindo práticas
de melhoria da produção de forragem com os requerimentos animais
(Rouquette Jr., 1993).
A produção de carne ou leite nos diferentes métodos de pastejo poderá
ser satisfatória e semelhante em qualquer sistema se houver quantidade e
qualidade de forragem. Escolhas baseadas no conhecimento da biologia da
espécie forrageira e do tipo de animal e desempenho desejado são
necessários para tomar as decisões acertadas. A escolha do método de
pastejo também deve considerar a prática de manejo e habilidade do produtor
em avaliar as plantas forrageiras e a resposta animal o tempo todo (Matches e
Burns, 1995). A sofisticação que envolve certos sistemas, muitas vezes
desnecessária, exigindo constante acompanhamento técnico, além de
frequentes decisões de manejo, é frequentemente o fator limitante a sua
adoção, uma vez que resultados semelhantes podem ser obtidos por
processos mais simples e de menor custo (Rodrigues e Reis, 1997). As plantas
para pastejo diferem em morfologia, qualidade inerente, taxa de declínio do
valor nutritivo, e persistência sob desfolhação. Espécies cespitosas, de porte
alto, normalmente adaptam-se melhor à desfolha intermitente característica da
lotação rotacionada, enquanto que espécies de porte baixo, prostradas ou
estoloníferas, são mais usadas sob lotação contínua (Rodrigues e Reis, 1997).
Estas diferenças, além da estação de crescimento adequada, unidas com o
manejo dos animais e fatores como época de parição, intervalo entre partos,
idade de desmama, e condição animal, definem a flexibilidade de manejo que
deverá ser possível para obter a resposta animal desejada.
Simpósio Sobre Manejo Estratégico da Pastagem, UFV, Viçosa, 14-16/11/2002223
Os métodos de pastejo apresentam variação dentro do mesmo prática
de pastejo. A lotação contínua pode ser utilizada com taxa de lotação fixa
(Figura 12a) ou variável (Figura 12b). Os animais têm acesso a toda a área de
pastejo e a taxa de lotação pode variar ou não em função do manejo e da
estacionalidade de produção.
( a ) P a s te jo d e lo ta ç ã o c o n t ín u a ( ta x a d e lo ta ç ã o fix a ) .
1 U A /h a
1 ,5 U A /h a
1 U A /h a
1 ,5 U A /h a
( b ) P a s te jo d e lo ta ç ã o c o n t ín u a ( ta x a d e lo ta ç ã o v a r iá v e l)
1 U A /h a
1 ,5 U A /h a
1 ,2 U A /h a
1 ,3 U A /h a
Figura 12 - Pastejo de lotação contínua, com taxa de lotação fixa e variável
(Adaptado de Matches e Burns, 1995).
Na lotação rotacionada tem-se um maior número de variações, ou
modalidades, o "rotacionado convencional" (Figura 13) onde os animais ficam
em um piquete por um tempo, período de ocupação, e são então mudados
para outro piquete e após outro período de ocupação são mudados novamente
de piquete e assim sucessivamente até voltarem no primeiro piquete após um
período, tempo em que o os animais ficaram nos demais piquetes, que é o
período de descanso. Uma variação desse método o pastejo em faixa (Figura
14a), onde os animais têm acesso restrito dentro do piquete, e com
movimentação de cercas, o animal vai pastejando faixas restritas da área do
piquete. Este método, usado em sistemas mais intensivos, principalmente em
pecuária de leite, é preconizado em propriedades onde a qualidade do manejo
é elevada, com o objetivo de aumentar da eficiência de utilização da forragem.
A lotação rotacionada convencional e o pastejo em faixa melhoram a produção
por área, enquanto com lotação contínua há um favorecimento da quantidade
de gordura no leite (Tabela 3). Esses resultados demonstram que uma
utilização mais intensiva da forragem favorece a produção por área (resposta
quantitativa) enquanto que um pastejo mais seletivo favorece a composição do
leite (resposta qualitativa).
224 - Simpósio Sobre Manejo Estratégico da Pastagem, UFV, Viçosa, 14-16/11/2002
( a ) P a s te jo
1
lo ta ç ã o
r o ta c io n a d a
(ta x a
U A /h a
( b ) P a s te jo
1
d e
d e
d e
lo ta ç ã o
1
lo ta ç ã o
r o ta c io n a d a
(ta x a
U A /h a
f ix a ) .
U A /h a
d e
lo ta ç ã o
1 ,5
U A /h a
v a r iá v e l) .
Figura 13 - Pastejo de lotação rotacionada, com taxa de lotação fixa e variável
(Adaptado de Matches e Burns, 1995).
Tabela 3 - Produção de leite e concentração de gordura no leite em resposta
ao método de pastejo (Castle e Watson, citados Matches e Burns,
1995).
Produção de leite (kg/vaca/dia)
Método
Em faixa
Rotacionado
convencional
Contínuo
Leite
Semana
(1-5)
Semana
(6-10)
Semana
(11-15)
Semana
(16-20)
21,9
18,9
17,4
12,5
20
Semanas
(média)
17,7
23,7
20,0
16,3
11,6
17,9
15.500
3,54
23,9
19,5
14,5
8,5
16,6
11.500
4,20
kg/ha
Gordura
(%)
12.400
3,59
Simpósio Sobre Manejo Estratégico da Pastagem, UFV, Viçosa, 14-16/11/2002225
Uma outra variação da lotação rotacionada é o "pastejo primeiro-último"
ou "de ponta" (Figura 14b) onde um lote de animais, normalmente de maior
exigência, pasteja primeiro o piquete e em seguida um outro lote de menor
exigência, pasteja a mesma área. Somente após o pastejo do segundo lote é
que inicia o período de descanso do piquete.
(a)Pastejo de lotação rotacionada, em faixa.
(b)Pastejo de primeiro-último
Último
grupo
água e cochos
(c)Creep grazing
Primeiro
grupo
água e cochos
(d)Creep grazing avançado
Vacas e
Bezerros
bezerros
Vacas e bezerros
bezerros
água e cochos
(e)Pasto diferido
Pasto
diferido
água e cochos
Pasto
diferido
Figura 14 - Métodos de pastejo (Adaptado de Matches e Burns, 1995.
Este método permite favorecer uma categoria animal de maior
exigência, que assim consome forragem de melhor qualidade (Tabela 4). As
maiores limitações deste método são a maior dificuldade de manejo, com o uso
de dois grupos na mesma área e locais de uso comum, aguadas e cochos,
dispostas de forma que todos os piquetes tenham acesso sem que os lotes não
se misturem durante o pastejo.
226 - Simpósio Sobre Manejo Estratégico da Pastagem, UFV, Viçosa, 14-16/11/2002
Tabela 4 - Comparação de respostas de grupos de pastejo (primeiro e último)
em pastejo rotacionado (Blaser et al., citados Matches e Burns,
1995)
Grupo
Primeiro pastejo
Segundo pastejo
Diferença
Média
Total
Ganho de peso novilhos
Diário (kg)
Total (kg/ha)
0,61
0,37
0,24
0,49
---
267
161
106
--428
Produção de leite
(kg/vaca/dia)
13,1
8,5
4,6
10,8
---
Uma variação dos métodos de pastejo que pode ser usada tanto em
lotação contínua como em rotacionada é o "creep grazing". Aqui os bezerros
têm acesso a uma área restrita onde há forragem de melhor qualidade (Figura
14c). Esse método favorece o melhor desempenho dos bezerros e maior peso
na desmama desses animais. Uma variação desse sistema é o "creep grazing
avançado", onde os bezerros têm acesso ao pasto que ainda será pastejado
pelas vacas e assim ingerindo forragem de melhor qualidade, como no pastejo
primeiro-último (14d).
Uma estratégia de manejo do pastejo bastante utilizada no Brasil
central é o pastejo diferido (Figura 14e). Essa modalidade de utilização da
pastagem consiste em fechar algumas áreas de pastagem, retirando os
animais durante parte da estação de crescimento (normalmente a segunda
metade) e colocá-las novamente em uso num período de menor produção de
forragem. Além de gerar uma reserva de alimento, aumentando o suprimento
de forragem em épocas que normalmente são de escassez, essa técnica
permite viabilizar estratégias de suplementação concentrada, como o uso de
mistura múltipla (sal proteinado) e suplementação em condições de pasto
(semi-confinamento), que só produzem bons resultados quando há boa oferta
de forragem na seca, mesmo que esta seja de menor qualidade.
A simplicidade, a flexibilidade de manejo e a manutenção da
persistência e produtividade da pastagem a longo prazo são características
que não devem ser esquecidas ao se escolher um método de pastejo. Os
métodos de pastejo devem estar integrados a um sistema de produção animal
a pasto, onde se obtém uma interação bem definida entre forragem e opções
de manejo do rebanho, de maneira a se encontrar a melhor produção animal e
atingir os objetivos econômicos. Os requerimentos nutricionais do rebanho
deverão ser considerados em primeira instância no planejamento do programa
de manejo forrageiro. Em um rebanho, existem exigências variáveis para as
diferentes categorias de animais e mesmo dentro de uma categoria a exigência
varia com o peso, estado fisiológico ou desempenho esperado. Vacas de corte
Simpósio Sobre Manejo Estratégico da Pastagem, UFV, Viçosa, 14-16/11/2002227
em início de lactação (Figura 15) têm sua exigência aumentada, sendo este
período (ou um pouco antes dele), o mais crítico na sua alimentação para que
seja novamente coberta e entre em gestação, principalmente em rebanhos que
se deseje uma alta porcentagem de nascimentos. Animais em crescimento têm
sua exigência de manutenção aumentada com o aumento de seu peso corporal
e o sistema (incluindo o método de pastejo) deve atender as exigências
crescentes desses animais.
5,5
4,5 kg de leite
kg de NDT requeridos diariamente
Mantença
5,0
4,5
4,0
Manutenção da vaca seca
3,5
Concepção
Parição
Desmame
3,0
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
Mês do ciclo de produção
Figura 15 - Exigências diárias de NDT de vacas de corte de 450 kg
produzindo 4,5 kg de leite/dia (Adaptado de Thompson, citado por
Matches e Burns, 1995).
Sistemas de pastejo podem ser desenvolvidos para diferentes
categorias do rebanho (vacas, animais em crescimento, engorda, fêmeas para
reposição, etc.) para prover alimento em todos os períodos críticos do ciclo
produtivo. Por exemplo, o planejamento do sistema de pastejo para vacas de
cria deve contemplar épocas específicas de parição, de forma a unir taxas de
228 - Simpósio Sobre Manejo Estratégico da Pastagem, UFV, Viçosa, 14-16/11/2002
lotação elevadas com máxima capacidade de suporte da pastagem, máxima
exigência animal com o máximo consumo de nutrientes da forragem e datas de
desmame com abundante forragem de qualidade para os bezerros
desmamados. Diferentes estratégias podem ser empregadas para atingir tais
objetivos. O uso de leguminosas exclusivas ou consorciadas com gramíneas,
geralmente resulta em maior produção por animal e em alteração na
estacionalidade de produção de forragem, além do que as leguminosas
mantêm melhor valor nutritivo no período da seca. O uso de forragens com
diferentes padrões de "maturação", na mesma pastagem ou em áreas
diferentes da propriedade pode proporcionar melhor eficiência global no
sistema. As forragens de "maturação mais rápida" são usadas primeiro e então
pode-se usar as de "maturação mais lenta" (e.g., plantio de aveia e azevém no
inverno) ou usar intensivamente pastagens de "maturação rápida" e reservar
áreas de forragem de "maturação mais lenta" para o período de seca (pastos
de Panicum e Brachiaria numa mesma propriedade).
A idade da forragem a ser pastejada pode ser manipulada de forma a
privilegiar categorias mais ou menos exigentes e alterar a taxa de lotação da
propriedade. Pastejos com menor frequência de desfolha da forragem
aumentam a produção total de forragem durante a estação de crescimento,
elevando a taxa de lotação mas resultam em forragens de menor
digestibilidade e concentração de proteína bruta e deveriam ser usadas para
categorias menos exigentes. Desfolhas mais frequentes, seriam ideais para
categorias mais exigentes. O uso de adubação, principalmente nitrogenada,
pode aumentar a produção em diferentes épocas durante a estação de
crescimento. Essa prática de manejo pode ser usada para aumentar a
capacidade de suporte da pastagem, sendo uma ferramenta de manejo
importante para melhorar a distribuição da produção estacional de forragem.
O uso de pastejo diferido, armazenando a forragem no campo até o
momento de sua utilização também pode ser uma prática viável. Os períodos
de acúmulo podem ser usados como uma ferramenta de manejo para
determinar qualidade e quantidade de forragem reservada. Geralmente, as
produções aumentam com o aumento do período de vedação mas a qualidade
é reduzida. Períodos curtos de vedação geram forragem com maior
participação de tecido jovem e melhor qualidade, o que é desejável para
animais mais exigentes como animais em crescimento (Matches e Burns,
1995). Outras estratégias que podem ser usadas incluem a sobresemeadura
de forragens de inverno em campos nativos ou milheto (Pennisetum
americanum) e sorgo para pastejo (Sorghum halepense) no início da estação
de crescimento em pastagens de verão, o que proporciona maior capacidade
de suporte e desempenho animal.
Simpósio Sobre Manejo Estratégico da Pastagem, UFV, Viçosa, 14-16/11/2002229
Considerações finais
Parece não ser apropriado engajarmo-nos em discussões com relação
a superioridade de um método de pastejo sobre qualquer outro sem que alguns
pontos sejam levados em consideração. Em estudos com espécies forrageiras
de clima temperado onde se compararam a lotação contínua e a rotacionada, é
evidente que os métodos fazem parte de um mesmo “continuum” de respostas,
e que não são antagônicos ou mutuamente exclusivos como frequentemente
se sugere. Uma produtividade teórica superior em até 20% poderia ser
esperada, para espécies de clima temperado, com a utilização de lotação
rotacionada, como demonstrado por Parsons et al. (1988a). No entanto,
Parsons e Chapman (1998) e Grant et al. (1988) afirmaram que, na prática,
esta vantagem é relativa, pois a eficiência de utilização pelos animais pode ser
baixa. Embora Lemaire e Chapman (1996) afirmem que comparações entre os
dois métodos sejam pouco eficientes em acrescentar ao conhecimento para
espécies de clima temperado, alguns aspectos estão por ser elucidados em
muitas espécies de clima tropical, cuja fenologia, especialmente no que diz
respeito ao florescimento e ao alongamento de hastes, difere significativamente
daquela das espécies de clima temperado. Além disso, apesar do elevado
potencial para geração de novas tecnologias para otimizar o manejo de
espécies forrageiras tropicais, especialmente no Brasil central, fatores do
contexto socio-econômico (como, por exemplo, o profissionalismo do produtor
e os aspectos mercadológicos) podem influenciar na viabilidade de adoção de
práticas já suficientemente provadas e aprovadas em outros ambientes.
As gramíneas tropicais, muitas das quais
que apresentam
alongamento vegetativo de hastes, aparentemente apresentam uma melhor
adaptação e consequentemente uma maior produção, sob lotação rotacionada.
No entanto, as comparações entre métodos tradicionalmente feitas com
plantas tropicais têm sido pouco elucidativas uma vez que não têm investigado
a essência biológica dos processos envolvidos.
Assim, identifica-se a
necessidade de novos enfoques na pesquisa com espécies forrageiras
tropicais, utilizando a aplicação de conceitos de ecologia, fisiologia, e
morfologia para que o fundamento biológico norteie as discussões, conclusões,
e recomendações.
230 - Simpósio Sobre Manejo Estratégico da Pastagem, UFV, Viçosa, 14-16/11/2002
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