Projeto Guernica

Transcrição

Projeto Guernica
SECRETARIA NACIONAL DE ASSUNTOS INSTITUCIONAIS – SNAI
DIRETÓRIO NACIONAL DO PT
PROJETO GUERNICA
GESTÃO:
2001 - 2004
MUNICÍPIO:
FICHA DE IDENTIFICAÇÃO
U.F.:
BELO HORIZONTE
MG
PREFEITO:
Célio de Castro
Gabinete da Prefeitura / Comissão de Estudo e Planejamento
NOME DO RESPONSÁVEL:
CARGO:
Paulo Lote
Chefe de Gabinete
IMPLEMENTADO EM:
Março -2000
FONTE:
Página na internet da prefeitura de Belo Horizonte
N.º DE HABITANTES:
ORÇAMENTO:
2.154.161 habitantes
TEL:
FAX:
( 031 ) 3277 - 4141
( 031 ) 3224 - 3099
E – MAIL:
SITE:
[email protected]
www.belohorizonte.mg.gov.br
ÓRGÃO RESPONSÁVEL:
EMENTA:
Oficinas com os pichadores/grafiteiros visando debater sobre a pichação, abrir o leque de alternativas aos
jovens envolvidos e inibir os atos infracionais de depredação e vandalismo.
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Comissão de Estudo e Planejamento:
Cap. André Mourão Motta
José Flávio Gomes
José Március Carvalho Vale
Marcelo de Castro
Maria Inês Lodi
Sandra Seara Kruel
INTRODUÇÃO
Há um tempo as pichações no espaço público e monumentos de Belo Horizonte têm sido objeto de denúncias,
análises leigas ou acadêmicas e até de projetos esparsos, alguns já realizados. Atento a esta inquietude e
percebendo neste problema um grave desafio à Prefeitura Municipal de nossa cidade, constituiu – se uma
comissão para exame da questão. Assim, desde julho de 1999 a comissão dedica-se a pesquisas de material e
entrevistas com grafiteiros/pichadores e profissionais de diversas áreas - segurança, arquitetura, urbanismo,
história, artes plásticas, psicanálise - que possam contribuir para o assunto. São essas iniciativas isoladas dentro
da Prefeitura, os trabalhos realizados em outros estados e os depoimentos dos profissionais trazendo o esboço dos
diferentes campos do saber conceitual, que fazem hoje a base deste Projeto nomeado Guernica.
O PROBLEMA
Considerando que:
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pichação e grafite, embora constituam ato infracional, estão presentes hoje na maior parte das grandes
cidades;
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em Belo Horizonte, a pichação tem sido intensa a ponto de destruir restaurações de monumentos e tornarse onerosa tanto para o poder público quanto para particulares em geral; - os adolescentes correm um certo
risco ao se inscreverem como membros da maior parte dos grupos de pichadores, uma vez que se constata
uma associação freqüente com a violência, as drogas, as torcidas organizadas dos clubes de futebol,
havendo casos de crianças aleijadas por caírem de marquises ou sofrerem punição pela infração de alguma
regra do grupo, podemos delimitar assim nosso problema: A pichação dos adolescentes hoje em Belo
Horizonte estaria associada à falta de recursos conceituais - principalmente de ecologia, urbanismo e
história - para fazer frente aos valores veiculados pelo discurso da globalização e do mercado?
OBJETIVOS
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Abrir o debate sobre a pichação com os próprios pichadores/grafiteiros, de modo sistemático e contínuo,
de tal maneira que não só eles explicitem suas razões, como também que possam examiná-las à luz dos
conceitos fundamentais que regem o trato com a cidade, tais como os de ecologia e urbanismo.
Abrir o leque de alternativas aos jovens envolvidos com a pichação/grafite, buscando ampliar os recursos
de cada um para solucionar o problema de que se queixam, além de qualifica-los no campo da arte.
Inibir os atos infracionais de depredação e vandalismo contra o meio ambiente.
DESENVOLVIMENTO
1) - Público Alvo
Adolescentes e adultos jovens pichadores/grafiteiros através de equipamentos da Prefeitura Municipal de Belo
Horizonte (Centros Culturais, Escolas, etc).
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2) - Coordenação
Todas as atividades desenvolvidas neste projeto serão avaliadas periodicamente pela comissão do Gabinete do
Prefeito para que as diretrizes macro sejam mantidas ao longo do processo, além de possibilitar a articulação das
parcerias internas e externas.
O projeto terá a coordenação de um urbanista.
Os demais monitores responsáveis pelas oficinas com os pichadores/grafiteiros poderão optar pela supervisão
psicanalítica oferecida pela SMAD se assim o desejarem.
3) - Vetores
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Apoio e consultoria para formação da Associação dos Grafiteiros;
Apoio e consultoria aos grupos dos equipamentos da Prefeitura que já estejam realizando trabalhos com
pichadores/grafiteiros ou queiram iniciá-los;
Realização de Oficinas Culturais de Arte e História, sob a coordenação geral de um urbanista e
coordenação local de um artista plástico e um educador social, podendo haver convidados especiais, como
grafiteiros, arquitetos, historiadores, urbanistas, etc.
Organização de Mesas-Redondas mensais e um Seminário em setembro sobre o tema Pichação/Grafite
com vistas à formação dos coordenadores, ponto de reflexão, debate e divulgação do projeto.
o Mesas-redondas:cada uma será coordenada por um membro da comissão, e composta por dois
convidados especialistas, sendo pelo menos um de Belo Horizonte, mais um coordenador das
oficinas.
Possibilitar parcerias entre os diversos órgãos internos e externos à PBH já comprometidos com esta
problemática; Internas: SLU, SMDS, SMMA, SMACON, SMC, SMAD, SMED, SMAU, BHTRANS,
Conselho Municipal de Patrimônio, Assistência Militar do Gabinete; Externas: CDL, ACM, FIEMG,
RFFSA, DEMETRO, Clubes Atlético Mineiro, Cruzeiro e América.
Buscar, através de convênio com as Universidades, os coordenadores deste Projeto, em particular na área
do Urbanismo.
Delimitar espaços para apresentação do produto das oficinas, tais como um muro, uma parede, faixas,
painéis, revistas, exposições de quadros, festas de hip-hop e, inclusive, em locais pagos por comerciantes,
o que significaria uma integração destes jovens no mercado formal.
Estudar possibilidade de legislação para comercialização e distribuição da tinta spray que dificulte o
acesso dos jovens a esse material.
Trabalhar junto aos fabricantes de tinta spray para desenvolverem métodos de maior tempo de secagem
para possibilitar a remoção rápida da tinta.
OFICINAS
Numa primeira etapa, ficam delimitadas cinco áreas em Belo Horizonte, com três oficinas em cada uma, com a
média de 20 participantes:
a) Pampulha - Escola Municipal Anne Frank; Coord.: Luiza Viana (SMED); Portaria 2 do Zoológico (Confisco).
b) Noroeste - Pedreira Prado Lopes; Escola Municipal Raimundo Soares; Supervisão: Vânia Diniz (SMACON);
Coord.: Piero Bagnariol; Av. José Bonifácio.
c) Leste - Centro Cultural do Alto Vera Cruz; Supervisão: Nelayne Abdo (SMC); Coord.: Daniel Monteiro; Rua
Padre Júlio Maria, 177.
d) Nordeste - Centro Cultural São Paulo; Supervisão: Epaminondas (Administração da Regional Nordeste);
Coord.:José Senna; R. Maria Pietra Machado 123.
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e) Centro-Sul - Escola Mendes Jr. (Vila Conceição); Supervisão: Neusa Maria Santos Macedo (SMED);
Coord.:Fernanda de M.S. Macruz.
CRONOGRAMA
Março / 2000 : Lançamento do Projeto
Abril / 2000 : Início das Oficinas
7 de abril: "A arquitetura e o Muro" (a questão do espaço, da geografia humana, dos limites
da cidade); Coord.: José Március Carvalho Vale (Engenheiro); Participantes: os arquitetos
Rodrigo Andrade, Flávio Carsalade (Presidente do IEPHA) e Paulo Dimas (Diretor do
Instituto Cidade).
9 de junho: "A História e a Memória" (a questão do tempo, da arte efêmera em contraponto
ao patrimônio a preservar); Coord.: Maria Inês Lodi (Psicanalista); Participantes: Zahira
Souki (Prof. História da Arte e Diretora do Centro de Recursos Áudio-Visuais da PBH CRAV), Mariza Guerra de Andrade (Historiadora, ex-diretora do Arquivo Público Mineiro)
e Leonardo Castriota (Arquiteto, Presidente do IAB);
28 de junho: "Adolescência, transgressão e violência na cidade grande" (a questão
sociológica, as gangues dos jovens e as dificuldades de laço social) - Conferencista: Alba
Zaluar.
Início de agosto: "O Hip-Hop e o movimento afro-brasileiro" (o problema da presença dos
padrões norte-americanos do movimento hip-hop versus expressões da cultura afrobrasileira);
Agosto: "A Psicanálise e as formas contemporâneas de inscrição da letra e do nome
próprio" (a questão do sujeito e as diversas formas através das quais ele hoje se inscreve);
Setembro : Seminário
Terá como abertura uma mesa-redonda sobre "Urbanismo e Arte Contemporânea";estará
aberto a uma exposição do produto das oficinas, seja em forma de trabalhos artísticos, seja
através do relato dos participantes e coordenadores das oficinas.
JUSTIFICATIVA DO TÍTULO
"PROJETO GUERNICA: atenção aos pichadores e grafiteiros de Belo Horizonte"
Estamos considerando a pichação/grafite como uma expressão gráfica que procura a caricatura, o desenho não
convencional de letras e o jogo de cores para passar uma mensagem em murais e painéis, embora seja uma
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produção fugaz, por acontecer em paredes e muros externos. Os grafiteiros se associam freqüentemente ao
movimento Hip-Hop, que prega a não-violência ou a denúncia da violência e considera-se vanguardista.
Ora, Pablo Ruiz y Picasso (1881-1973), pintor, gravador e desenhista espanhol, é considerado um dos
maioresrepresentantes da arte contemporânea. Apoiou a causa republicana na Guerra Civil Espanhola e pintou
"Guernica" em 1937. Em 1944, Picasso aderiu ao partido comunista e criou o símbolo internacional da paz. No
pós-guerra foi o artista mais prestigiado do mundo inteiro.
Ressaltam-se duas qualidades básicas da arte de Picasso: o virtuosismo absoluto, que vai das especulações
geométricas do cubismo às linhas dóceis do Classicismo; e um humor sarcástico, que se compraz na deformação
e no caricatural. Picasso é sobretudo o gênio das metamorfoses, um virtuose e um comediante, sujeito às
inquietações do momento, como em "Guernica", mas fiel ao seu individualismo básico. Utiliza a observação do
real cotidiano. A malícia, o humor grotesco, a inventiva fantástica são qualidades constantes de sua obra gráfica,
além do traço livre e ligeiro, que dá a idéia de uma criação instintiva e fluente.
"Guernica" é uma representação dramática, grande composição de imagens convulsionadas, simbólicas
dobombardeio da cidade de Guernica na Espanha pela força aérea alemã, reconhecidamente a mais importante
obra de Picasso. Nela o artista usou de técnicas que simulavam colagem, dando a idéia de improviso. Há imagens
sobrepostas, uma certa desordem, próprio deste tom moderno onde o desenho não tem ordem. Ele quis dar a
impressão de que usou aquilo que estava no momento à sua mão: fato, instrumentos, etc. Escolheu o preto e
branco para acompanhar a técnica mais moderna do momento, que era a impressão em jornal.Localizou a arte no
contexto da época: faz uma denúncia do que estava acontecendo. É a arte do agora, do atual. Além disso, é um
mural de grandes proporções. Picasso queria chamar a atenção das pessoas, que teriam certamente que parar,
refletir sobre aquilo.
A obra de Picasso revela que ele não era amargo, brincava com a forma, desrespeitava as convenções, a
pompa.Gostava da cor sem sutileza, ou seja, fazia um uso despudorado da cor. Era a cor como manifestação ela
mesma, por exemplo, quando colocava uma mulher metade verde com um olho roxo.
No momento de "Guernica" ele estava na vanguarda, o que havia de mais destemido na arte. Usava de uma visão
mais realista das coisas, mais cortante, de uma maneira muito própria. Ele decompunha o real.
Assim também os grafiteiros querem fazer uma intervenção sobre a sociedade através de imagens grotescas e
fragmentadas, com uso exagerado de cor em grandes murais. Talvez estejam aprisionados em estereótipos, como
símbolos gráficos, a suástica, a caveira, o alfabeto convencionado pela gangue, os nomes que evocam o
demoníaco, que constituem a outra face da globalização. Mas o título "Guernica" aponta para uma resposta
diferente que um homem, ícone de nosso século, deu um dia para a insatisfação com a violência humana.
"Guernica" nos lembra a necessidade de trabalharmos arduamente, detalhe por detalhe, passo a passo, para
encontrarmos um caminho próprio articulado com o grupo social, mas não alienado a ele.
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