Realismo

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Realismo
Realismo
As novas ideologias
Os efeitos da industrialização logo repercutiram na sociedade. As péssimas condições de
vida e de trabalho dos operários nas fábricas fomentaram a criação de diversos sindicatos que
reivindicavam condições mais dignas nas linhas de montagem das indústrias.
Determinados a aumentar cada vez mais seus lucros, a burguesia industrial parecia
incindível diante da terrível exploração do trabalho humano. Esse impasse fez surgir várias
teorias sociais. Algumas delas justificavam a organização da nova sociedade industrial, outras,
identificadas com os trabalhadores, denunciavam a exploração burguesa, pregando a construção
de uma sociedade mais livre, democrática e justa, assim surge o socialismo utópico.
O realismo está conectado a um momento em que surgem as primeiras lutas sociais
contra o imperialismo capitalista. Muitos artistas se preocupam em reagir contra as
excentricidades do romantismo e suas idealizações amorosas, seu patriotismo conservador. O
realismo ironiza a beleza ideal e propõe uma beleza real e objetiva.
Como nos diz Umberto Eco:
" Enquanto toma forma a sensibilidade decadente, pintores como Courbet e Millet
voltam-se ainda para uma interpretação realista da realidade humana e da natureza,
democratizando a paisagem romântica e reconduzindo-a à cotidianeidade feita de trabalho,
fadiga, humildes presenças de camponeses e populares." (ECO, 2004)
“A mulher é uma criatura normal sobre a qual fizeste uma bonita imaginação”
Gustave Flaubert
Autor do romance realista Madame Bovary de 1857
Durante a primeira metade do século XIX, enquanto se dava o embate entre
Neoclassicismo e Romantismo, o Realismo, força que iria dominar a arte na segunda metade do
século, começou lentamente a emergir. Com as primeiras moeduras da Idade da Máquina, os
anacronismos do Neoclassicismo e o escapismo do Romantismo, não conseguiram se afirmar
frente ao gume cortante do Realismo.
Num sentido, o Realismo tinha sempre feito parte da arte ocidental. Durante a
Renascença, os artistas superaram suas limitações técnicas e representaram a natureza com
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acuidade fotográfica. Artistas como De van Eyck a Vermeer e Velázquez, se aproximaram da
realidade visual com habilidade consumada. Porém, antes do Realismo, os artistas do século XIX
modificavam seus temas idealizando-os ou tornando-os sensacionais. O “novo” Realismo insistia
na imitação precisa de percepções visuais sem alteração. O tema do Realismo também era
totalmente diferente.
Os artistas se limitavam a fatos do mundo moderno à medida que os experimentavam
pessoalmente; somente o que podiam ver ou tocar era considerado real. Deuses, deusas e heróis
da Antigüidade estavam out. Camponeses e a classe trabalhadora urbana estavam in em tudo, da
cor ao tema. O Realismo trazia para a arte uma sensação de sobriedade emudecida.
Realismo Francês
O pai do movimento realista foi Gustav
Courbet (1819-77). Homem de grande pragmatismo
que desafiou o gosto convencional por pinturas
históricas e temas poéticos, insistindo que “a pintura é
essencialmente uma arte concreta e tem de ser
aplicada às coisas reais e existentes”. Quando lhe
pediram que pintasse anjos, respondeu: “Nunca vi
anjos. Se me mostrarem um, eu pinto”.
Gustave Courbet, Auto-Retrato
Seu credo era “tudo que não aparece na retina está fora do domínio da pintura”. Como
resultado, Gustav Courbet se limitava a temas próximos ao lar, como “Enterro em Ornans”, tela
de 6,6 m de comprimento retratando um funeral na província, utilizando tons terrosos e frios.
Nunca antes tinha sido realizada em tamanho épico – reservado para obras históricas grandiosas
– uma pintura sobre gente comum. Os críticos esbravejaram, afirmando que a obra era
tristemente vulgar.
Quando um júri de arte recusou-se a exibir o que Courbet considerava sua mais
importante obra, “interior do Meu Ateliê”, o pintor construiu uma galeria particular para
exposições (na verdade, um barracão), chamado “Pavilhão do Realismo” – o primeiro espetáculo
solo que já houve.
Nada em Courbet era contido, ele defendia em altos brados a classe trabalhadora, e foi
preso por seis meses por danificar um monumento napoleônico. Detestava a teatralidade da arte
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acadêmica; suas figuras monótonas ocupadas em tarefas cotidianas, expressam o que Baudelaire
denominou “heroísmo da vida moderna”.
Gustave Courbet, Um enterro em Ornans, 1850
Musée d'Orsay, Paris
A escola de Babizon
Paisagens campestres francesas
John Constable, A Catedral de Salisbury vista do jardim
Jean-François Millet, As respigadoras, 1857
do bispo (1823)
Museu de Orsay, Paris
A partir de 1830, um grupo de jovens pintores influenciados pelo paisagista inglês John
Constable, passou a se reunir perto da aldeia de Barbizon, dedicando-se a produção de uma
pintura sensível e inovadora, que traria um novo frescor para a produção artística francesa. Esse
grupo ficou conhecido como Escola de Barbizon e os nomes mais famosos associados a ela
foram Millet e Corot.
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Aquarela
A aquarela foi inventada pelos antigos egípcios, tendo sido usada pelo artista
renascentista Dürer para colorir desenhos. Essa tinta se popularizou na metade do século XIX na
Inglaterra, como importante instrumento, adequado para a pintura de paisagens. Anteriormente,
era muito utilizada na elaboração de
esboços, mas, neste período, a aquarela
foi finalmente reconhecida como técnica
de potencial próprio.
Embora a maioria dos artistas
iniciantes comece a pintar com aquarela
por sua simplicidade e limpeza, ela é na
Aquarela de Willian Turner, c. 1802/1841
verdade, um meio muito exigente. Suas
características
significativas
são
a
fluidez e a transparência da tinta, que permite que o fundo branco transpareça. Cézanne, Sargent,
Dufy, Grosz, Klee e principalmente Winslow Homer e John Marin são artistas que utilizaram a
aquarela com destreza e grande habilidade.
Mas, sem dúvida, foi o pintor William Turner quem mais explorou as possibilidades da
aquarela, tendo produzido em torno de 19.000 telas. O certo é que a aquarela exerceu grande
influência sobre o trabalho de Turner que se dedicou, sobretudo, a experimentação em camadas
cromáticas delgadas e sobrepostas, buscando captar a luminosidade. Muitos historiadores da arte
acreditam que seu trabalho teria influenciado os pintores impressionistas.
Peça de Joseph M. Willian Turner que segundo o especialista na obra deste autor, Henry
Weymss, foi pintada entre 1802 e 1841, em papel de boa qualidade, forte o suficiente para que o
pintor aplicasse as camadas de água na tinta. A tela forma um lote de quatorze quadros
pertencentes ao barão belga Guy Ullens, que começou a colecioná-las há mais de vinte anos,
quando as peças ainda eram baratas.
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