cyrela - Pedro Ulsen

Transcrição

cyrela - Pedro Ulsen
REVISTA CYRELA • ANO I • N 0 1
.
DISTRIBUIÇÃO GRATUITA
Cyrela
PARA QUEM SABE VIVER
REVISTA CYRELA • ANO I • N 0 1
O COMANDANTE
DA
NAÇÃO
PARREIRA, O HOMEM MAIS PODEROSO DO
PAÍS NO ANO DA COPA, ABRE OS BASTIDORES
DA EQUIPE QUE VAI SACUDIR A ALEMANHA
UMA VIAGEM
PELAS MARGENS
DO MAR ADRIÁTICO
AS IDÉIAS DE SIG
BERGAMIN E AS SALAS
DE DÉBORA AGUIAR
MÓVEIS DE MADEIRAS
NATIVAS DE CLAUDIA
MOREIRA SALLES
MODA DE OUTONO:
O GLAMOUR, O PRETO
E O ESTILO VITORIANO
É uma publicação trimestral da Cyrela Brazil Realty
com distribuição gratuita. Av. Brigadeiro Faria Lima, 3.400
0
10 andar – Itaim – São Paulo (SP). Tel.: (11) 4502-3000
www.cyrela.com.br
Cartadoeditor
Mariella Lazaretti
Diretora Responsável
[email protected]
Rua Andrade Fernandes, 297
CEP 05449-050 - São Paulo-SP
Tel/Fax.: (11) 3023-5509
E-mail: [email protected]
Projeto Editorial: 4 Capas Editora
É PRECISO SABER VIVER
Cyrela
A
REDAÇÃO
Editora: Marta Barbosa- [email protected]
Repórter: Pedro Ulsen
Diretor de Arte: Fábio Santos - [email protected]
Assistente de Arte: Eduardo Galdieri
Colaboraram nesta edição:
T E X T O
Alexandra Forbes, Alice Carta, Bernard Gontier, Camila Guimarães, Carla
França, Celso Masson, Luana Pavani, Lusa Silvestre e Ricardo Castilho
F O T O S
Alexandre Anes, António Rodrigues, Cristiano Mascaro, Egberto
Nogueira, Márcia Minilo, Priscila Prade, Romulo Fialdini e Tadeu Brunelli
P R O D U Ç Ã O
Cristina Esquilante (produtos) e Luana Prade (moda)
R E V I S Ã O
Noemi Fernandes
Jornalista Responsável - Mariella Lazaretti MTB 15.457
PUBLICIDADE
Diretores
Doron M. Sadka
[email protected]
Georges Schnyder
[email protected]
P R O D U Ç Ã O
G R Á F I C A
Doron Central e Compras Gráficas
I M P R E S S Ã O
Copy Press
A revista Cyrela é uma publicação distribuída
exclusivamente pela CyrelaBrazil Realty.
Dúvidas, críticas e sugestões pelo email:
[email protected]
A revista não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nos
artigos assinados. As pessoas não listadas no expediente não
estão autorizadas a falar em nome da revista ou a retirar
qualquer tipo de material sem prévia autorização emitida
pela redação ou pela Cyrela Brazil Realty. Os preços citados
nesta edição estão sujeitos a alterações sem aviso prévio.
penas o fato de ser o feliz morador de um empreendimento Cyrela Brazil
Realty já define você, leitor,como alguém que realmente sabe viver.É natural
portanto que chegue às suas mãos a primeira edição da nova revista Cyrela.
Após dez anos de circulação, nossa publicação passa por uma radical reforma gráfica e estrutural. Ganha vigor jornalístico e editorial em 112 páginas. Se aprofunda na
tarefa de oferecer um conteúdo divertido, bonito, inteligente, detalhista e confiável,
feito por um time de jornalistas, colunistas, designers e fotógrafos de primeiro time.
Afinal, a Cyrela carrega a brava missão de ser o arauto da mais admirada e respeitada organização do setor de construção civil do Brasil.Mais ainda,de ter como leitores
a população mais sofisticada e culturalmente exigente do país.
Em breves pinceladas,vejamos.Entre 1991 e junho de 2005,a empresa incorporou,em
São Paulo e no Rio de Janeiro,cerca de 122 edifícios residenciais e salas comerciais.O foco dos empreendimentos da Cyrela Brazil Realty concentra-se nas áreas urbanas nobres
de São Paulo e do Rio de Janeiro,que juntas representam 10% da população do país e detêm mais de 15% da produção de sua riqueza.Em São Paulo,a Cyrela detém a liderança
no setor residencial com participação em torno de 10% do market share.No Rio de Janeiro,
um mercado também competitivo,porém mais concentrado,a parceria da Cyrela com a
RJZ garantiu o primeiro lugar em 2004,com uma fatia de 24% do mercado.
O mesmo padrão de exigência e sucesso vale para os edifícios comerciais Cyrela.Situados nos bairros de maior efervescência de negócios de São Paulo, classificados como
Triple A,concentram-se no eixo das avenidas Brigadeiro Faria Lima e Juscelino Kubitschek.
Esbanjam padrão construtivo no acabamento e na aplicação de tecnologia avançadíssima.Seus clientes são as grandes empresas brasileiras e multinacionais.
A nova revista Cyrela não poderia fazer menos. Nessa primeira edição, abraçamos
a onda patriótica que paira sobre cada cidadão verde e amarelo e conseguimos uma
entrevista exclusiva com aquele que mandará nos nervos e nos corações do país nos
próximos três meses – Carlos Alberto Parreira. Garimpamos objetos de decoração e
design especialíssimos e capturamos das escrivaninhas de Sig Bergamin e Débora
Aguiar idéias para servir de inspiração ao decorador diletante em você.Visitamos o
atelier da designer de móveis Claudia Moreira Salles e passeamos com Emanoel
Araújo. Fomos ver de perto o belo trabalho que a TIM vem desenvolvendo com crianças desfavorecidas dentro do magnífico Auditório Ibirapuera.E ainda tivemos tempo de escolher a dedo o melhor em luxo,livros,cinema,moda,hotéis e viagem – nesta edição, um roteiro pela estonteante Adriatic Highway.
Em três meses,estaremos de volta.Até lá,aproveite cada detalhe deste exemplar.
MARIELLA LAZARETTI
20
|
Sumário
| REVISTA CYRELA • ANO I • N0 1 |
08 |
Grande Estilo
|
O SPA ITALIANO PREFERIDO DE JULIA ROBERTS E A SÃO PAULO NOTURNA DE EDUARDO MUYLAERT
16 |
Muitos Mimos
|
OS MÓVEIS INSPIRADOS EM JOAQUIM TENREIRO E FLÁVIO DE CARVALHO E A CADEIRA
FEITA EM RIPAS DE MADEIRA PELOS IRMÃOS CAMPANA
30 |
Tecnopop
|
NITIDEZ EM 50 POLEGADAS, iPOD EM ALTO E BOM SOM, E OUTROS LUXOS DA TECNOLOGIA
34 |
Ponto de Fuga
|
DE CARRO PELAS MARGENS DO MAR ADRIÁTICO, ENTRE A ITÁLIA E A ALBÂNIA
44 |
Hotéis
|
AS INOVAÇÕES DO PUERTA AMÉRICA, EM MIAMI E UM ROTEIRO DO LUXO EM PARIS
Saladeestar |
SEGUNDO HOMEM MAIS IMPORTANTE DO PAÍS ESTE ANO, CARLOS
ALBERTO PARREIRA FALA DA EMOÇÃO (E DA PRESSÃO) DE COMANDAR
O FUTEBOL BRASILEIRO NA ALEMANHA
50 |
Espaço e Idéias
|
SIG BERGAMIN, DÉBORA AGUIAR, DANIELLE PARREIRA E FLÁVIA SANTORO
ABREM SEUS PROJETOS QUE SÃO PURA INSPIRAÇÃO
64 |
Closet
|
A MODA DO PRETO, DE VOLTA EM GRANDE ESTILO, PARA UM OUTONO CLÁSSICO
70 |
Eu Prefiro
|
A SÃO PAULO DE RAÍZES DO ARTISTA PLÁSTICO EMANOEL ARAÚJO
72 |
Esboço
|
CLAUDIA MOREIRA SALLES E SEUS MÓVEIS ELEGANTES COMO AS PEÇAS CLÁSSICAS
80 |
Garfo e Taça
|
OS VINHOS ESSENCIAIS PARA QUEM QUER MONTAR UMA ADEGA EM CASA
84 |
Social Já
|
CRIANÇAS E ADOLESCENTES DA PERIFERIA FORMAM UMA BANDA SINFÔNICA
NO AUDITÓRIO DO IBIRAPUERA
92 |
Caravelas
|
MOZART AO VIVO, O LEGADO MUSICAL DE OS MUTANTES E OBRAS DA COLEÇÃO DE CHATÔ
102 |
Cyrela
|
TECNOLOGIA A PROVA NO FARIA LIMA SQUARE, IMÓVEIS PARA QUEM QUER MORAR PERTO
DO TRABALHO E A VILA MADALENA, O BAIRRO MAIS BOÊMIO E CULTURAL DE SÃO PAULO
C O L U N I S TA S
32 •
100 •
114 •
PERSPECTIVA . BERNARD GONTIER RECORDA A SELEÇÃO CANARINHO
PONTO DE VISTA . A ETIQUETA DE VIZINHANÇA, POR ALICE CARTA
PONTO FINAL . A AVENTURA DE UM NOVO APARTAMENTO
Grandeestilo
LUXOS, COMPORTAMENTO E ARTE
S A Ú D E
O SPA DOS
BONITÕES
o ponto mais privilegiado da Ilha de Capri,
em Anacapri,o Capri Beauty Farm,um dos
mais modernos e luxuosos spas do mundo,virou
o point das estrelas que buscam momentos de relaxamento.Whitney Houston,Julia Roberts e Harrison Ford já passaram por lá,e prometem voltar.
Dirigido por Francesco Canonaco,médico especialista em Ciência Alimentar,Imunologia e Medicina Estética,o spa oferece tratamentos únicos e
patenteados que combatem celulite,envelhecimento,tensão muscular,rugas e gordura localizada.O “Leg School”,por exemplo,é um programa
criado especialmente para combater as varizes
da perna,a partir de um tratamento baseado na
aplicação de água e barro.Mas não é um barro
N
qualquer. Este é rico em componentes vasoativos que melhoram o sistema linfático,a circulação nos vasos sanguíneos,o
metabolismo e a elasticidade da pele.Já
para quem deseja adquirir um maravilhoso bronzeado mediterrâneo,o“Sun Peel”
é um programa baseado na combinação
de esfoliamento químico com essência
de ervas e óleos,estimulando a produção
da elastina,colágeno e melanina.
Além de relaxar e cuidar da beleza,o
visitante ainda pode desfrutar da culinária do estrelado L’Olivo,que oferece três
pratos que vão de 800 a 1.500 calorias,
também criados pelo Professor Francesco Canonaco.A dieta é baseada na tradicional culinária mediterrânea,balanceada com cereais,vegetais,azeite,peixes.
08 09 C Y R E L A
JULIA ROBERTS (ABAIXO, À ESQ.) É
ADEPTA DO TRATAMENTO À BASE DE
APLICAÇÃO DE ÁGUA E BARRO
PARA INFORMAÇÕES: (11) 3819 1952 | [email protected]
D E S I G N
OBRAS QUE
ACENDEM
Grandeestilo
MODA, ARTE
LUXOS,
COMPORTAMENTO
E COMPORTAMENTO
E ARTE
rtista multifacetado, o paulistano
José Marton inaugura seu novo
show room em São Paulo. Isso depois
de ter a honra de ser dos seis brasileiros na exposição “Talents à la Carte”,na
Maison & Objet, do Salon International
de la Mode–Maison, no Ano do Brasil
na França,em 2005.Entre as peças à venda na nova loja estão exemplares da série Entrelinhas, cujas luminárias aprontam travessuras (foto).
Essa série conceitual de luminárias utiliza acrílico listrado,uma técnica criada por ele que remete à estamparia.Os produtos são fabricados a partir de padronagens exclusivas e permitem várias utilizações.É o caso da luminária listrada que,acesa,se torna quadriculada.Todas as peças têm tiragem limitada.
PREÇOS MÉDIOS:
MESA DE CENTRO DE MADEIRA, ACRÍLICO E LÂMPADAS: R$ 8.617
LUMINÁRIA DE ACRÍLICO COM LÂMPADA: R$ 1.502
E X P O S I Ç Ã O
A
TELAS DE PORTOCARRERO,
VICTOR MANUEL E JOSE BEDIA:
DO MODERNISMO DOS ANOS
20 À ARTE CONTEMPORÂNEA
ALÉM DO
REALISMO
SOCIALISTA
10
C Y R E L A
o contrário do que ocorre com sua música,seus charutos e seu rum,a ilha
de Fidel Castro raramente é reconhecida pela pintura que produz. Uma
exceção das artes visuais daquele país talvez seja a produção fotográfica de
Alberto Korda,autor do mais conhecido retrato de Che Guevara.Pois essa situação muda quando se visita a exposição Arte de Cuba,que permanece até
23 de abril no Centro Cultural Banco do Brasil de São Paulo (Rua Álvares Penteado 112, Centro).“Os artistas cubanos adotam diversas estratégias,
do humor à ironia e à crítica mais radical.Tudo é indagado,desde a memória
pessoal até as estratégias do poder,em obras que se caracterizam por uma acentuada densidade conceitual”,explica a curadora da exposição, Ania Rodríguez.
Estão expostas 117 obras assinadas por 61 artistas, do surgimento e consolidação da arte moderna nas primeiras décadas do século,passando pelos movimentos abstratos,as mudanças introduzidas pela revolução nos anos 60 e 70,
e a renovação e experimentação características dos 80 até a atualidade.
A
FOTOS: DIVULGAÇÃO
Grandeestilo
LUXOS, COMPORTAMENTO E ARTE
UM ANDAR É TORTO, OUTRO É TODO
BRANCO E FELPUDO E HÁ AINDA MESAS
E CADEIRAS FEITAS EM RESINA (ACIMA,
À DIR.), BANHEIRAS DE INOX...
HOTEL PUERTA AMERICA | AV. AMÉRICA, 41, TEL. (34) 917445400, WWW.HOTELPUERTAMERICA.COM
SONHOS DELIRANTES
quartos com iluminação variando do
amarelo-limão ao azul-celeste.
Nada disso é muito prático.“Para as
camareiras, é um pesadelo”, confessa
uma gerente.“Em cada andar as coisas
são dispostas de modo diferente”. Alguns quartos são mais escuros que matinê de boate, enquanto noutros a cadeira da escrivaninha é tão pesada e
baixa que só o Magic Jonhson poderia sentar-se ali para trabalhar no laptop. Mas para quem curte design passar a noite no Puerta América é como
ter um museu para si – divertidíssimo,
no mínimo. Só hóspedes podem visitar todos os 19 andares, pingando de
um em um via elevador-falante.
H O T E L
Conceitos de pernas para o ar,para agradar quem quer novidade
xistem aqueles hotéis que conhecemos, com uma cama retangular encostada
contra uma parede,cômodas com abajures,escrivaninha,pia,privada e chuveiro
no banheiro (pagando mais, incluem sofás, lareira e luxos afins). E existem aqueles
que viram essa fórmula de pernas para o ar.É o caso do Puerta América,inaugurado
em 2005 em Madri. O piso do quarto andar, para absoluto desespero dos hóspedes,
é torto. Já o do primeiro andar é felpudo e branco-neve; outro, usa a resina sintética
para fazer as vezes de mesa ou cadeira.Algumas banheiras são de inox,outras de madeira e formatos de cama variam do redondo ao trapezóide.
Essas e outras doidices saíram da imaginação dos 19 arquitetos-estrela convidados
para decorar o hotel.Rédeas e orçamentos soltos,eles puseram as mãos à obra com o
entusiasmo de crianças desacompanhadas num parque de diversões. O francês Jean
Nouvel criou a fachada furta-cor estampada com trechos de poesia.Pesos-pesados da
arquitetura mundial,como o japonês Arata Isozaki,o inglês Norman Foster e o israelita
Ron Arad,buscaram usar materiais dos mais improváveis,resultando,por exemplo,num
longo corredor de madeira laqueada vermelho-sangue, um andar forrado quase completamente por chapas de inox, e uma profusão de espelhos, paredes transparentes e
E
12
C Y R E L A
A boa notícia é que qualquer um
pode jantar – e muito bem – no restaurante Lágrimas Negras,que fica no
lobby.Uma brigada eficientíssima serve pratos como risoto de lagosta ou
um moderno leitão à pururuca num
ambiente chique sem esnobismo (longas cortinas de couro,luminárias oversize, sofás bordados, etc). O sommelier, considerado o melhor de Madri,
capricha na oferta de vinhos em taça, como o ótimo Domínio de Tares
Cepas Viejas, uma barganha a E5,50.
Louças, copos e guardanapos são de
primeiríssima e a comida,primorosa.
Por Alexandra Forbes
Grandeestilo
LUXOS, COMPORTAMENTO E ARTE
como se de repente traços e formas
se confundissem. Pessoas e coisas
adormecem e sobrevivem juntas, no silêncio da noite e na abstração inflexiva
de cada um.A paulicéia desvairada nem
parece tão desvairada assim nas fotos do
advogado (por formação) e fotógrafo (por
paixão) Eduardo Muylaert.Ele próprio é
tão cosmopolita quanto os ambientes
que gosta de esmiuçar com sua câmera:
as grandes capitais.Tudo começou nos
idos de 1970,em Paris.“Na verdade,o que
eu faço é um hobby,o que não significa
que seja uma brincadeira”,explica o artista que um dia já exerceu,com toda a
racionalidade que hoje parece avessa à
sua produção, o cargo de secretário de
Segurança Pública de São Paulo.
Apaixonado pela capital paulista,onde mora atualmente, Muylaert inaugurou na Pinacoteca do Estado a mostra
“Boa Noite Paulicéia!”,com fotos em preto e branco e direção de Marcelo Araújo.A exposição,em cartaz até 14 de maio,
é uma seqüência do seu trabalho de percorrer cidades,como Salvador,Nova Iorque,Veneza,Paris e Milão,revelando-as a
partir de recortes inesperados e às vezes
misteriosos.“Eu costumo trabalhar com
o abstrato”,conta.“Penso que nosso diaa-dia é tão racional que só a fotografia
pode me ajudar a entender melhor meu
trabalho.”Fotógrafo aplicado que é,Muylaert já expôs na Alemanha, França, Paraguai e Brasil. Pela exposição da Pinacoteca, recebeu elogios dos poetas Arnaldo Antunes, Régis Bonvicino, Paulo
Bomfim e do sociólogo José de Souza
Martins,só para citar os mais ilustres.
É
Intrépido
fotógrafo da alma
urbana,Eduardo
Muylaert mostra,na
Pinacoteca de São Paulo,
porque gosta de cidades
ABSTRAÇÃO
DA CIDADE
“
AS IMAGENS DE EDUARDO PARECEM REMETER AO PRINCÍPIO DA FOTOGRAFIA: ENTRADA RÁPIDA DE
LUZ DENTRO DE UMA CAIXA ESCURA QUE CAPTURA A IMAGEM DE FORA — METÁFORA DA MEMÓRIA.
”
ARNALDO ANTUNES
14
C Y R E L A
MUITOS
MIMOS
PEÇAS PARA QUEM NÃO ABRE MÃO DO ESTILO
OUSADIA
MODERNISTA
O artista plástico Flávio de Carvalho deixou sua marca
para além da segunda geração de modernistas de São
Paulo. Essa poltrona, por exemplo, foi inspirada em sua
ousadia. Tem composição de tiras de couro e estrutura
metálica e está à venda na Firma Casa.
Comprimento 78cm – Altura: 74cm – Profundidade: 72cm
R $ 3 . 0 0 0 |
WWW.FIRMACASA.COM.BR
COMO NA DÉCADA DE 40
Produção do designer Porfírio Valladares, a Chaise Joaquim, à
venda na Dpot, tem conforto garantido pela ergonomia do desenho. O nome da peça revela a inspiração na tendência inaugurada
na década de 40 por Joaquim Tenreiro, artesão português considerado o pai do mobiliário brasileiro. Faz uso de sobras de madeira compensada, o que ressalta seu aspecto ecológico.
Altura: 70cm - Largura: 66cm - Profundidade: 1,57m
R $ 5 . 3 8 5 |
16
17
C Y R E L A
WWW.DPOT.COM.BR
EXÓTICA
Feita em bambu, a cadeira Treliça faz parte de um projeto da designer Cecilia Dale em trazer
coleções do Vietnã, Filipinas e Myanmar (ex-Birmânia). Um luxo internacional (e baratíssimo)!
Altura: 35 cm - Largura: 73 cm - Profundidade: 45 cm
R $ 5 9 |
WWW.CECILIADALE.COM.BR
PUFE
RECICLADO
Esta peça da Futon Company é revestida em fibra de
bananeira reciclada, trançada a mão por comunidades
de artesãos. Quando tingida, recebe a cor com urdume de algodão, de forma totalmente artesanal.
Altura: 36 cm – Diâmetro: 60 cm
WWW.FUTON-COMPANY.COM.BR
FAVELA
CHIQUE
Peça feita em ripas de madeira, a Cadeira Favela é mais um achado dos irmãos Campana. Está mais do que explicado porque Fernando e Humberto são referências do design brasileiro no exterior, sobretudo em Milão,
onde estrearam. À venda na Firma Casa. | Profundidade 63cm – Comprimento 61cm – Altura 75cm
R $ 8 . 9 4 7 |
WWW.FIRMACASA.COM.BR
FOTOS: DIVULGAÇÃO
R $ 5 1 5 |
MUITOS
MIMOS
PEÇAS PARA QUEM NÃO ABRE MÃO DO ESTILO
COMO NO JAPÃO
A mesa Tókio é feita em MDF revestida de resina poliéster. Tem a assinatura de Silvio Romero,
designer que desponta com peças que nascem do compensado de madeira e ganham toques de ousadia com aço inox, vidro e outros materiais. | Altura: 74cm – Largura: 1,50m - Profundidade: 1,50m
R $ 6 . 3 5 2 |
WWW.DPOT.COM.BR
QUAL VOCÊ
PREFERE?
Essa peça de Fernando Jaeger
foi produzida com madeira
maciça de reflorestamento.
Seduz pelo revestimento, que
está disponível em mais de
100 opções entre veludos,
camurças, jacquards, sedas,
linhos, tecnomax, canelados,
couro natural e couro sintético. | Altura: 78cm – Largura:
80cm – Profundidade: 66 cm
R $ 9 0 5
EM COURO SINTÉTICO
WWW.FERNANDOJAEGER.COM.BR
18
19
C Y R E L A
ECOLOGIA
E CULTURA
Feito em madeira e couro, o
biombo Apiaka está disponível
em cores e tamanhos variados. Integra a coleção ecológica do Empório Beraldin, com
materiais que resgatam as
raízes da cultura brasileira.
Espessura: 4cm - Largura:
50cm - Altura: 1,8m
R $ 5 . 1 6 3
WWW.EMPORIOBERALDIN.COM
NOVAS COMPOSIÇÕES
Gaveteiro em couro com base de alumínio, pertence à coleção do Empório Beraldin.
Faz parte das novas propostas da marca que valorizam o artesanato brasileiro com
a utilização de novas composições, texturas e revestimentos. | Comprimento: 50cm
– Largura: 40cm – Altura: 1,35m
R $ 5 . 8 7 7
|
WWW.EMPORIOBERALDIN.COM
ELEGÂNCIA
ILUMINADA
Peça em linhas fluídas e elegantes para iluminação indireta, a Spun Light T2 Pr, à venda na Dominici, traz em sua
essência a simplicidade. A estrutura da luminária é em
alumínio pintado, com difusor
interno em vidro prensado.
Ideal para lâmpadas incandescentes de até 150W. Diâmetro:
45cm - Altura: 68cm
R $ 5 . 9 8 8
WWW.DOMINICI.COM.BR
Saladeestar
C
20
21
C Y R E L A
OS
COMANDANTE
DE
CORAÇÕE
POR RICARDO CASTILHO | FOTOS EGBERTO NOGUEIRA
Carlos Alberto
Parreira,técnico
da seleção brasileira
de futebol,fala
de convocações,
táticas e do desafio
de levar o Brasil
ao sexto título de
campeão mundial
de futebol
N
os próximos meses,Carlos Alberto Parreira vai dividir com o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva o posto de homem mais importante do Brasil. Quem
acompanha de perto o mundo dos esportes sabe que não há exagero na
afirmação.Nascemos para ser o país do futebol e a cobrança sobre Parreira é imensurável.Até o início do ano,praticamente todo mundo que teve contato com o treinador fazia questão de sugerir algum jogador para ser convocado.Hoje,para sua alegria,as mensagem são apenas de carinho,com singelos desejos de boa sorte.
A marcação sobre o treinador é muito dura.De um lado está a imprensa esportiva,que adora fingir não entender seus critérios de convocação e está sempre pronta para atacar seu estilo de jogo, considerado excessivamente de resultados, nem
sempre um espetáculo. Uma das poucas exceções é o ex-jogador Tostão, colunista
do jornal Folha de S.Paulo,que escreveu:“Temos de respeitar as escolhas do Parreira.Ele não pode mudar os nomes pelos últimos jogos,nem pelos melhores momentos”.Do outro está a pressão de torcedores que,no caso brasileiro,não se dão por satisfeitos com um segundo lugar.Mas Parreira tira tudo de letra.Profissional dos mais
tarimbados,ele é um dos mais completos,inteligentes e competentes personagens
do chamado mundo do futebol,um recordista em participações em mundiais.
Saladeestar
Com o Brasil,foi campeão como preparador físico do timaço de 1970 e,como
treinador,em 1994.Ele já esteve também
com o Brasil em 1974,com a seleção do
Kwait em 1982 – com ela foi campeão
das taças da Ásia e do Golfo,dos Emirados Árabes em 1990 e,em 1998,com a seleção da Arábia Saudita.Em 2006,portanto,vai para sua sétima Copa do Mundo.
É,ao lado de Luiz Felipe Scolari – campeão do mundo em 2002 e,atualmente,
no comando da seleção de Portugal – o
melhor treinador do país. E, para isso,
não precisa colocar terno e gravata e usar
linguagem empolada. Ele é um profundo conhecedor e estudioso do futebol.
Foi em seu apartamento na Barra da
Tijuca,no Rio de Janeiro,repleto de quadros de artistas brasileiros contemporâneos,porcelana chinesa,tapetes persas
e,acredite,nada que lembre futebol,que
Parreira concedeu a seguinte entrevista.
Em 1994,
tínhamos uma
pressão de 24
anos. Agora,
quando deveria
haver um
relaxamento,
isso não existe
22 23
C Y R E L A
Cyrella – Como foi sua entrada no mundo do futebol?
Parreira – Foi muito bem planejada desde o início,nada foi por acaso.Eu fiz Educação
Física e fui para o futebol porque eu queria ser preparador físico.Com 15 anos,eu sabia
o que queria ser e fui em busca da minha vocação.Nessa idade,eu via o Paulo Amaral
treinando o Garrincha,o Pelé,e coloquei na cabeça que era o que queria fazer.Estudei,
me formei,fui preparador físico do Vasco da Gama e cheguei à seleção brasileira em 1970.
E como chegou a técnico?
Isso já foi meio por acaso.Eu nunca pensei em ser técnico de futebol,foram me empurrando.
Comecei dirigindo a seleção de Gana.Depois,passei cinco anos no Fluminense,primeiro como preparador físico e,eventualmente,dirigindo o time entre a dispensa de um técnico e a
contratação de outro.Isso foi indo até 1975,quando fui campeão carioca com o Fluminense.
Não parei mais.Fui ser assistente do Zagalo na Seleção do Kwait,assumi seu lugar quando ele
voltou ao Brasil e a classifiquei para a Copa de 1982.Foi o grande salto da minha carreira.
Qual a principal diferença entre o seu atual momento, e o da Copa de 1994,
quando o Brasil estava na fila há 24 anos?
A ansiedade é a mesma,a cobrança é a mesma.A pressão nunca é menor.Sempre há um
fato novo e,dessa vez,segundo a imprensa e os torcedores,o Brasil é favorito.Isso nos coloca em uma posição de mais responsabilidade.Precisamos aprender a conviver com isso.
Não existe favoritismo.A Alemanha é tão favorita quanto o Brasil.Há pelo menos dez seleções que podem ganhar o mundial.Dentro do campo é tudo igual.Não há favoritismo.
Você acredita na tese defendida por alguns que o Brasil pode ser prejudicado
pela arbitragem, para não disparar no número de títulos?
Isso é bobagem. Primeiro, o nosso presidente [Ricardo Teixeira] faz parte da comissão de arbitragem.Também é muito difícil um juiz apitar de uma maneira incorreta na frente da televisão e de todo mundo. O Brasil tem que ganhar dentro
do campo. Se preocupar em jogar bola.
Você, na hierarquia do poder, é o segundo homem mais forte do país. Isso o incomoda?
Calma,apenas em época de Copa do Mundo.A visibilidade e a responsabilidade são
muito grandes. Em 1994, tínhamos uma pressão de 24 anos. Não é mensurável, mas é
subjetiva.Aonde a seleção ia era aquela angústia,tinha uma vontade muito grande.Agora,que deveria haver um relaxamento,isso não existe.Todo mundo só fala no hexa.
Inclusive o Bono, vocalista do grupo irlandês U2.
Pois é,todo mundo gosta e admira o futebol brasileiro,mas não podemos entrar nessa.A nossa grande Copa é fora do campo.
Preparar a cabeça dos jogadores,trabalhar
a cabeça.Dentro do campo,a gente pode
perder,mas nossa chance é muito grande.
Se a gente conseguir ganhar fora do campo,vai ser muito mais fácil dentro.
Você e o Zagallo não discordam nunca? Nem sobre jogadores?
Já discordamos muito.Não pode ter dois
treinadores.O Zagallo é um assessor de
luxo.Eu sou um privilegiado em contar
com ele do meu lado.É uma pessoa muito importante.Converso muito com ele.
Quantas pessoas no mundo podem ter
esse privilégio de ter o Zagallo ao lado.
Temos uma parceria de 36 anos.Isso dá
certo entre a gente, não vai dar certo com
mais ninguém,é muito difícil,ainda mais
em um ambiente de muita vaidade.Isso
só dá certo quando as pessoas se gostam,
se respeitam e tem admiração umas pelas outras.É impossível que a gente concorde nos 23 nomes.No final,prevalece
a minha opinião e acabou.
Você lê os cadernos de esportes
dos jornais?
Todos não. É impossível. Leio o do
Globo todos os dias e os demais esporadicamente.
E mesas redondas sobre futebol,
você assiste?
Muito pouco.São muitos programas.
“EU E O ZAGALLO JÁ DISCORDAMOS MUITO, NÃO PODE
HAVER DOIS TREINADORES. MAS QUANTAS PESSOAS NO
MUNDO PODEM TER O PRIVILÉGIO DE TER UM ZAGALLO DO LADO”
Saladeestar
Mas tem algum colunista, crítico de futebol que você respeita?
Tem gente bem intencionada e também aqueles que são sempre contra.Não vou citar
nomes.Eu sempre uso a frase do ex-presidente americano John Fitzgerald Kennedy. Quando perguntaram se ele sabia a fórmula infalível do sucesso,ele disse que não,“mas que
ele sabia a fórmula infalível do fracasso, que era querer agradar a todos”.Até por uma
questão de filosofia,o jornalista defende um jogador.Mas há outros interesses em jogo.
No final,você tem que seguir o seu caminho.Só tivemos sucesso em 1994,porque seguimos nossas convicções.Se eu fosse dar ouvido para tudo o que escreviam e falavam,eu
mudava o time toda semana,todo dia.Eles nunca se dão ao trabalho de compilar o que
falam,né? Eu posso citar trinta jogadores que todo mundo considerava craque e que,no
final de dez anos,sumiram e nunca jogaram na seleção brasileira.A diferença é que a imprensa esportiva não tem minhas responsabilidades nem precisa tomar decisões.
Não tenho
nada contra
o Ceni. A
pergunta é:
vale a pena
levar três
goleiros
veteranos
para a Copa?
24
25 C Y R E L A
Você costuma escutar outros treinadores? Porque, em entrevistas, vários ficam
sugerindo nomes. O Leão, por exemplo, disse que se fosse com ele, convocaria
os goleiros Marcos, Dida e Rogério Ceni. A imprensa paulista também faz pressão para a convocação do Rogério.
O Rogério Ceni,a gente conhece.Ele já esteve na seleção com outros treinadores e mesmo comigo.É um jogador conhecido.A pergunta é:até onde vale a pena você levar três
goleiros veteranos para uma Copa? Fazendo um retrospecto de todas as 17 Copas que
o país disputou, só uma vez o Brasil usou dois goleiros. Isso é coisa que ninguém se
preocupa em ver,mas falar um monte de blá,blá,blá.Foi em 1966 quando,contra Portugal,foram trocados oito jogadores.Isso é significativo.Só uma vez em 17 Copas se usou
dois goleiros.Para que levar três goleiros experientes,se você sabe que dificilmente nenhum dos três estará no próximo mundial? Por isso,é interessante levar dois veteranos
e um mais jovem,para que ganhe experiência.
Você não tem nenhum problema com o Ceni?
Não,não tenho nada.Respeito,o acho um bom goleiro,mas eu prefiro levar o Marcos
e o Dida.Um está na seleção há muito tempo.É titular do Milan há quatro anos.O outro foi pentacampeão,um dos melhores goleiros da Copa.Então,o treinador também
tem o direito de ter as suas razões e eu não vou abrir mão disso.
Futebol é histórico ou é momento? Por exemplo, o Cafu foi operado recentemente…
[irritado] Vamos falar genericamente,não vou falar de jogador por jogador.
É experiência ou momento?
Se um jogador estiver fazendo cinco gols por jogo,você o convoca no lugar do Ronaldinho ou do Adriano? Claro que não. Esse negócio de momento é muito relativo. Jogador de seleção é uma média do que ele fez em muitos anos.O Dida é titular do Milan,já participou de duas Copas do mundo.O Cafu tem 150 jogos com a seleção,três
finais de Copa do Mundo.Experiência pesa muito.Mas isso não significa que não há
renovação.Dos convocados,50% já estiveram em uma Copa e o restante,não.Tem jogador que vai para o exterior e continua mostrando bom futebol. Outros vão, voltam
e começam a arrasar por aqui,mas na
verdade fracassaram lá fora.Isso pesa.
O futebol é tão importante no país
que influencia fortemente a política. Você acha que o resultado na Alemanha pode ajudar a definir as eleições presidenciais desse ano?
A gente confunde muito as coisas.Não
vai melhorar a violência nem a fome.
Já participei de dois momentos, em
1970 e 1994. O Brasil continuou sem
hospitais, sem escola, com violência.
Se fosse melhorar, hoje estaríamos vivendo numa Suécia. O Brasil não melhorou em nada,só piorou.Não tem nada que ver política com futebol.
Em 1994, você tinha o Dunga como
uma espécie de espelho da seleção,
raçudo e determinado. Para essa Copa, você já tem o jogador que pode
exercer esse papel?
Temos alguns jogadores.Igual ao Dunga, não.Agora, nós temos o Cafu, que
é diferente do Dunga, mas igualmente respeitado pelo passado, por tudo
o que fez,pelo exemplo que é,de profissional e de jogador.O Cafu é um jogador que a gente conta.Torcemos pela sua recuperação, é importantíssimo. O cara foi campeão no Roma e
no Milan.Quantos jogadores mundiais
têm esse currículo? Foi campeão mundial pelo São Paulo,e campeão brasileiro pelo Palmeiras.Ele tem uma história bonita.Isso pesa.Se ele vai jogar
os sete jogos é outra história,mas que
precisa estar presente, isso faz com
que o grupo se fortaleça.
“O PIOR MOMENTO FOI ANTES DO MUNDIAL DE 1994, O POVO ESTAVA REVOLTADO E, EM TODO LUGAR, ERA SÓ XINGAMENTO” (RECORDA A MÁ FASE A FRENTE DA SELEÇÃO)
Saladeestar
Na Copa passada, você passou por
momentos difíceis. A cotovelada do
Leonardo no jogo contra os EUA, a
má fase do Raí, controlar o Romário. Enfim, como é segurar as barras de uma Copa do Mundo?
Esse ano, você espera repetir o mesmo clima de 1994?
O importante é conseguir manter a cal-
Esse é o meu desafio e a única maneira do Brasil ganhar a Copa.Temos que formar um
ma.O Romário não deu trabalho na Copa do Mundo.A força coletiva tem quer
ser muito boa,positiva,e era assim em
1994.O Romário foi perfeito.O Raí,não.
Ele caiu de forma, saiu do São Paulo,
foi para o Paris Saint Germain, não tirou férias. Saiu de forma exatamente
no ano da Copa.Mas,mesmo assim,ele
começou como capitão no primeiro
jogo. Só saiu do time no terceiro jogo.
Já o caso do Leonardo,faz parte do jogo e se resolve com muita conversa.
grupo consistente,otimista,de amizade,que as pessoas se respeitem e que a equipe seja mais importante do que os valores individuais.
Qual foi a pior manifestação de torcedores que você já enfrentou?
O pior momento foi antes do mundial de 1994. O povo estava revoltado e em todo
lugar era só xingamento. Em Minas, o Brasil ganhando por 4 a zero e a torcida xingando o tempo todo.Em São Paulo,foram onze mil pessoas a um treino onde se ouviam xingamentos aos cariocas. Foi o pior momento.
E a de carinho?
São várias.Mesmo em 1994,nunca andei com seguranças.Na rua,só me paravam para pedir esse ou aquele jogador.
Depois da conquista de uma Copa América, o Zagallo proferiu a célebre
frase: “Vocês vão ter que me engolir”. Em algum momento, você já pensou
em desabafar de tal maneira?
Não,eu nunca vou dar cartaz para o inimigo.Quando acabou a disputa dos pênaltis na
Copa de 1994,por um segundo eu pensei: e agora? Agora,eu vou é comemorar,curtir
a vitória.Alívio.Deixa aqueles que criticaram.O que não é bom,deletamos.
Você dorme bem antes de uma partida decisiva?
A gente sempre fica preocupado,focado.O fato de estar no futebol há 38 anos,me dá
certa segurança.Durmo,mas pensando na partida.
Você consegue diferenciar a emoção de ser campeão com um clube como o Corinthians e com a seleção brasileira?
É difícil você mensurar a emoção,não dá para mensurar a felicidade.Todo o título é muito
importante,mas fiquei muito feliz em ser campeão com o Corinthians.Mas poucas pessoas
podem bater a mão no peito e ser campeão com a seleção brasileira.E eu já fui duas vezes.
Poucas pessoas podem
bater a mão no peito por ser
campeão... eu já fui duas vezes
26
C Y R E L A
Saladeestar
O Zagallo tem uma superstição com o número 13. Você tem alguma?
Eu não tenho,mas gosto muito do número sete.Tenho muitas coincidências boas com
o número sete.Eu nasci em 43,no dia 27.O Adriano foi campeão da Copa América e
fez sete gols no sétimo jogo e com a camisa sete.O Bebeto usava a camisa sete.O Brasil começou a treinar no dia 17 de maio para a Copa de 1994,foram sete jogos,o últi-
Quais seus artistas preferidos?
mo no dia sete de julho.É um monte de sete.
Gosto muito do Romanelli,que foi o meu
professor,do Manuel Santiago,o grande
Você acha que será um problema enfrentar o Felipão na Copa?
Não,não vai ser não.Vou até torcer para que isso ocorra,porque só pode acontecer na
semifinal ou na final,sinal de que as duas seleções foram muito bem.Quando chegar
a hora,cada um faz a sua parte.Respeito,gosto dele,sou amigo dele.
O que você faz para fugir das neuras do futebol, além de pintar?
Gosto muito do mar.Tenho uma casa em Angra,vou para lá,mergulho,me faz um bem
danado.Também gosto de colecionar arte brasileira.
Qual o momento ideal para pintar?
Quando você está no dolce far niente.No atual momento não dá,a cabeça precisa estar zerada.
Gosto do número sete.
Nasci em 43, no dia 27. E,
em 1994, foram sete jogos,
o último no dia 17 de julho
impressionista brasileiro,de Portinari,de
Claude Monet.Toda vez que vou a Paris,
visito o museu d’Orsay,que possui grande acervo dos impressionistas.Adoro Monet,Van Gogh,Renoir.
O que você pretende fazer depois
da Copa?
Tem muita coisa acontecendo,mas estou focado na Copa, quero vencer e
depois decidir o que vou fazer.Resolverei com calma.
É possível ficar amigo dos jogadores?
Não vou citar nomes,mas tenho sim amigos jogadores,uns cinco ou seis.Com a
turma da Copa de 1994,mantenho um
bom relacionamento.
Você consegue dar conselhos financeiros ou dicas culturais aos jogadores?
Não,infelizmente não.Esse assunto não
é dos mais apropriados,senão depois alguém vai falar que a gente quer se intrometer na vida do cara,isso e aquilo.Eles
têm os seus gurus.Alguns se dão muito
bem, outros já se deram muito mal. Só
acho que de algum modo eles deveriam
ser preparados para gerir o seu dinheiro.Nos últimos anos,felizmente,a maioria tem gerenciado bem o que ganham.
E, com a netinha, você é um avô babão?
Totalmente.A Letícia,como o próprio nome diz,é a que traz felicidade,alegria.Corro atrás dela,sento no chão,brinco para valer.Ela só trouxe felicidade para a gente.
TECNO
POP
1
30 31
C Y R E L A
O QUE HÁ DE NOVO EM TECNOLOGIA
TELÃO EM CASA
Você não assistirá TV como antes.É que a Samsung
acaba de lançar no Brasil seu novo modelo de plasma,PL42S5S Wide Screen,de 42 polegadas.A novidade possui a exclusiva tecnologia 13 bits, capaz
de gerar até 549,7 bilhões de cores,o mais alto índice do mercado.Outro destaque é que a TV já está preparada para receber sinais transmitidos digitalmente,como TV digital e DVD de alta definição.
Na internet: www.samsung.com.br
Preço médio: R$ 10.499,00
2
EXCLUSIVIDADE
E SEGURANÇA
Essa é uma novidade para
quem leva a sério o conceito
de notebook personalizado.
A nova linha Rocky,da LG,possui um dispositivo de identificação digital do proprietário.
Ou seja,só o dono tem acesso.
A TV DOS JETSONS
Esse é um lançamento digno da família Jetson.A LG acaba de trazer para o Brasil o refrigerador multifuncional LR262TDT, que possui um televisor LCD de 13 polegadas acoplado
e um filtro de água na porta.
Na internet: www.lge.com.br
Preço médio: R$ 19.999
3
Na internet:
www.lge.com.br
Preço médio:
R$ 10.000
4
EXCELÊNCIA DIGITAL
Já está disponível no Brasil a nova Sony CyberShot DSC-T9.A novidade vem equipada com estabilização da imagem ótica,um recurso que reduz
as manchas na foto mesmo com o movimento da
mão.Além disso,tem alta sensibilidade à luz,que
atenua os borrões resultantes de pouca iluminação.
Na internet: www.sonystyle.com.br
Preço médio: R$ 2.499
iPOD EM ALTO
E BOM SOM
Depois da Clone,a Apple anuncia exclusivo sistema de falantes para seu iPod,o iPod Hi-Fi.
A novidade promete uma acústica que minimiza a vibração e
melhora a qualidade do som.
5
Na internet:
www.apple.com
Preço médio: R$ 1.599
Perspectiva
CATIÇA, PIPOCA E FERVOR
BERNARD GONTIER
É ESCRITOR, AUTOR DA
BIOGRAFIA DE EMERSON
FITTPALDI (EMMO), DO
LIVRO DE CRÔNICAS
“PARADO NO TEMPO”
E DO ROMANCE “OS
DETALHES DA HISTÓRIA”
32
C Y R E L A
O
utro dia estava lendo em um livro muito bom, cujo título agora me escapa, o
trecho de uma carta do grande pensador paulistano Mário de Andrade. Já
adianto que nem de longe o tema era futebol.E aqui vai o trecho:“De que maneira nós podemos concorrer para a grandeza da humanidade? Sendo franceses ou
alemães? Não,por que isto já está na civilização.O nosso contingente tem de ser brasileiro.O dia em que nós formos inteiramente brasileiros...”.Pronto.Agora todos somos 1.
Ou 11. E parece que foi ontem.Toda aquela onda emocional,que vem lá de trás,embalada por cânticos,ídolos e esperanças,que une as classes,as crenças,as idades e as
cores de todo aquele ou aquela,que tem na sua pasta de documentos,e no íntimo de
seu coração,a certeza e a identidade de ser brasileiro.Hoje em dia,quem se lembra daquele refrão:“...a copa do mundo é nossa,com brasileiro,não há quem possa....”? Aliás,
se pensarmos bem, nada mais atual. Depois dessa veio a inesquecível, a unânime na
lembrança de todos que a presenciaram, a Copa de 70. Sem falar no jingle de então:
“90 milhões em ação, salve a seleção...”. E a Seleção Canarinho, que há algum tempo
ostentava este carinhoso apelido,ganhou da BBC de Londres a tarja de Time do Século.Portentoso e não menos legítimo aval. 1998: a sala cheia de gente,pipoca pra todo
lado,um bando de amigos se cotizou pra alugar um telão do tamanho de um outdoor,
e eu ainda por cima mandei fazer uma camiseta especialmente para o evento: tinha
no peito a bandeira da França estampada,sobreposta pelo símbolo do super-homem
em verde-amarelo.Todo mundo achou bacana no começo do jogo.Todo mundo queria me linchar no fim do jogo.A culpa foi dessa camiseta, gritavam! Fui pra janela fumar um cigarro, que por sinal tinha um gosto amargo, que por sinal a cada baforada
me parecia o resumo das copas da minha vida e as emoções em cada uma embutida.
São nossas todos elas,em cada jogada,em cada pulo no sofá.E tem gente que ajoelha no tapete da sala e reza;tem outros que se aproximam da TV e murmuram “catiça”
quando o adversário entra na nossa área.Uns vão ao banheiro a cada 5 minutos.Sem
falar nos berros na janela,a carreata entre brados, acenos, buzinas,confraternizações
com estranhos nos botecos e nos clubes. E, curiosamente, nesse instante parece que
ninguém é estranho, isso tudo – e muito mais – é nosso. É um direito adquirido mais
forte que papel timbrado e escritura lavrada em cartório.São nossos os risos,os sorrisos e as gargalhadas,os eternos suspiros de alívio (ufa!,essa foi por pouco) e o status
de pentacampeão, por hora, inigualável e conquistado no talento e na raça.
Pra terminar, um amigo outro dia comentou: lembra da Copa de 70, cada vez
que a gente fazia gol os jogadores se abraçavam, todos juntos, perfazendo assim
um grande abraço? Lembro, disse eu, e enquanto a imagem percorria a mente,
meus olhos ficaram aí um tanto molhados.
Pontodefuga
FOTOS: DIVULGAÇÃO
Deixe-se levar pelo azul profundo do mar e pelos encantos de uma
34 35 C Y R E L A
ROTA
DO ADRIÁTICO
paisagem milenar neste road movie que começa na Itália e termina na Albânia
Pegue a Adriatic Highway...
P O R
C A M I L A
G U I M A R Ã E S
Pontodefuga
ABAIXO, OS ESCUDOS AZULEJADOS
DOS REINOS DA CROÁCIA E DA DALMÁCIA,
NO TELHADO DA CATEDRAL DE SAINT MARK,
EM ZAGREB, E UM DOS EXTREMOS DA
FORTIFICAÇÃO: A FORTALEZA LOVRIJENAC.
squeça a Rota 66! Ainda que os rolos de feno correndo ao vento e o vermelho
intenso do deserto americano tenham dominado a paisagem hollywoodiana,
experimente partir em busca do inesperado em outras paragens. Neste caso, o coração da antiga Iugoslávia, onde fica a Adriatic Highway, a estrada que liga a Itália
à Albânia. A melhor opção é percorrer o trecho croata, conhecido como Adriatic
Road (ou Jadranska Magistrala), que liga Zagreb, a capital do país, à belíssima Dubrovnik, na fronteira com a antiga Sérvia. Dentro de alguns anos, graças a um projeto da União Européia em fase de implementação, será possível chegar à Grécia,
passando pela Turquia e por Montenegro — uma razão perfeita para voltar.
Entrecortada por costões rochosos,a estrada se dobra em curvas dramáticas,incrustadas em penhascos cuja vista alterna o azul intenso do Mar Adriático com os tons
amanteigados da areia das praias e ilhas. O contraste dos telhados vermelhos com a
cor do oceano ao pôr-do-sol compensa o nervosismo que a ousadia dos motoristas
croatas provoca no percurso.A cidade velha, fortificada, é um dos lugares protegidos
pela Unesco,que a declarou patrimônio da humanidade.Foi fundada no século VII e
é circundada por uma muralha,construída com as pedras avermelhadas da região.
Partindo do Brasil, o ideal é voar até Zagreb e de lá partir em direção ao ex-
E
DUBROVNIK VISTA DE SUA
MURALHA DE 25M DE ALTURA,
CONSTRUÍDA NO SÉC VII.
tremo sul do país.Vale dedicar um
dia a conhecer a capital, tomando
o funicular até a cidade velha, para
desfrutar o charme de sua arquitetura e tomar contato com formas de
arte tradicionais, como as pinturas
que emolduram o telhado da Catedral de Saint Mark.
Dali vá em direção à região da Istria,
onde estão situadas as principais vinícolas,como nas localidades de Rijeka,
Vela Luka e Pula. A influência do do-
36 37 C Y R E L A
mínio romano se faz perceber em toda parte,com destaque para as ruínas
do velho coliseu que podem ser encontradas em Pula e para o palácio do
imperador Diocleciano,em Split — localizada na região sul,também conhecida como Dalmácia. A uma hora de
Split, no sentido para Dubrovnik, está
a Riviera Makarska,nas Montanhas Biokovo,que foi convertida em parque nacional — uma boa opção de parada
para quem aprecia caminhar.
ROVINJ É UM DOS DESTINOS PREFERIDOS DOS VELEJADORES. COM DOIS PORTOS E
CERCADA DE PEQUENAS ILHAS, ABRIGA O PRIMEIRO GRANDE HOTEL DO PAÍS, O CENTAR
A onipresença do Adriático provê frutos do mar em abundância.Há excelentes restaurantes de comida local.A cozinha é essencialmente mediterrânea,carregada nos
azeites e escoltada por vinhos de excelente qualidade,todos de produção local.
A alta temporada acontece durante o verão europeu,que vai de maio a setembro.Julho e agosto são os meses de maior movimento e setembro é o período ideal para quem
prefere evitar os inconvenientes do pico da estação,quando praias e marinas ficam superlotadas. Os esportes náuticos são grandes atrações. Os mergulhos podem variar de
cinco a 45 m de profundidade e incluem o arquipélago Pakleni Otoci,famoso pelas raras gorgônias,que são corais de tons violáceos muito intensos,únicos no planeta.
Pontodefuga
FACHADA DO TEATRO NACIONAL NA CAPITAL, ZAGREB
TERRA DE ILHAS
A Croácia se declarou república independente pouco antes do cessar-fogo da Guerra da Bósnia,em 1995.É lá que hoje você
pode realizar a fantasia de levar alguém
para uma ilha deserta,sem ter que gastar
muito,com a vantagem de poder fugir para as cidades quando se cansar do isolamento. Com duas vezes o tamanho da
Bélgica e uma população de aproximadamente cinco milhões de habitantes,este país em formato de península faz fronteira,ao norte,com a Eslovênia e com a
Hungria;ao sul,com a Iugoslávia e,a leste,com a Bósnia-Herzegovina.
Apenas 66 das 1185 ilhas são habitadas,mas todas elas estão abertas à visitação.Para quem está em busca de um
refúgio com agito noturno, o destino
ideal é o arquipélago de Krk.Ilhas intocadas como Plavnik, Kormat, Galun e
Prvicand Zec são verdadeiros oásis de
paz e tranqüilidade,aos quais a loucura das grandes cidades não pôde chegar.A surpresa fica por conta da ponte,
CASAL EM TRAJES
FOLCLÓRICOS ASSA
PÃO SEGUINDO
UM MÉTODO
TRADICIONAL DE
COZIMENTO COM
CINZAS, CHAMADO
DE PEKA
que conecta o arquipélago ao continente, diminuindo a distância que separa
as ilhas das cidades de Baska, Malinska, Ornisalj, Njivice, Krk e Punat, onde
as festas invadem a noite em bares e
danceterias ao ar livre,cheias de gente
bonita,bronzeada e de cabeça fresca.
O humor e clima da população insular é bem mais relaxado que o das cidades costeiras e definido por um termo local que equivale a preguiça:"fjaka".Brac,
38
C Y R E L A
Pontodefuga
DETALHE DA ENSEADA DE BRAC, NA REGIÃO DE SPLIT: A MAIOR DAS ILHAS CROATAS.
Hvar, Korcula e Lastovo são os destinos mais procurados, também conhecidos como “os quatro
dálmatas”,acessíveis por barco e também por balsas.Brac é famosa pelos olivais e as pedras brancas que são a base de suas construções.Hvar,cuja paisagem dominada por plantações de lavanda remete ao litoral italiano,foi eleita pela revista americana Condé Nast Traveller como uma das
40 41
C Y R E L A
No adriático,
uma ilha
deserta é um
sonho possível
SERVIÇOS
ONDE FICAR | Em Zagreb, Hotel Palace
Localizado num palácio em estilo Belle Époque, lhe permitirá
reviver a nostalgia dos loucos anos 20, a preços mais
convidativos que nos hotéis das grandes cadeias internacionais
Strossmayerov, trg 10 / +385 1 275 611
www.palace.hr
Em Split, Hotel Park
Com vista para a Baía de Bacvica, foi reformado em 2002
Splitska, 1 / +385 21 406 400
www.hotelpark-split.hr
Em Bol, Villa Giardino
Um endereço de charme, situado numa ruela próxima ao
porto. Os quartos se abrem para um lindo jardim, onde é
servido o café da manhã.
Novi Put, 2 / +385 21 635 286
Em Korcula, Hotel Korcula
O Hotel só foi inaugurado em 1912, mas o prédio é de 1872. Seu
grande terraço sobre o mar, à sombra de palmeiras, é tão
imperdível quanto seus quartos com vista para o grande oceano.
Setaliste Frana Krssinica, 12 / +385 20 711 078
www.korcula-croatia.com/hotel-korcula-korcula-croatia.htm
EM SENTIDO HORÁRIO: A PONTE QUE LIGA O ARQUIPÉLAFO DE KRK AO CONTINENTE; EM SPLIT, CAFÉ OCUPA
PÁTIO DO ANTIGO PALÁCIO DO IMPERADOR DIOCLECIANO (243-313 DC); RUÍNAS DO ANFITEATRO EM PULA
ilhas mais idílicas do planeta.Korcula,a terceira,é coberta por coníferas e há quem afirme que ali nasceu Marco Polo.Em Lastovo vê-se o modo de vida tradicional de uma população dedicada à pesca e à viticultura,que viveu isolada por mais de 40 anos – entre
1945 e 1989, a ilha foi convertida em base naval da armada iugoslava.
Para aqueles que não abrem mão do conforto,melhor rumar para as Ilhas Brijuni.São
14 ao todo, espalhadas por sete quilômetros de fauna e flora espetaculares.Além das
praias,existem florestas de carvalhos seculares e impressionantes olivais,entremeados
por monumentos históricos.Dentre eles,as ruínas de um castelo romano.
Em meio a tantas ilhas rochosas e recortadas por agudas escarpas, Susak é
uma das raras praias onde a areia impera soberana. Essa mesma areia confere
um sabor único aos vinhos produzidos com as uvas cultivadas nas extensas parreiras do local, marcado pelas construções do século XII.
INFORMAÇÕES ÚTEIS
Não há vôos diretos do Brasil para Zagreb. É preciso comprar bilhetes combinados para grandes capitais
européias, a partir das quais existem vôos diários e regulares para a Croácia. A Air France oferece boas opções
no Brasil, tanto por venda direta quanto por meio de agências de turismo. Operadoras de viagem de aventura
oferecem pacotes com escaladas, pesca esportiva, caça e exploração de cavernas para os que desejem
explorar a região montanhosa, ao sul do país. A mais conhecida delas é a Adriatica (www.adriatica.net). Outras
referências estão no site do Ministério do Turismo (www.croatia.hr). Portadores de passaporte brasileiro não
precisam de visto, podendo permanecer pelo período máximo de 90 dias.
A estrada ainda guarda como herança do conflito alguns campos minados ativos. Portanto, é importante,
ao efetuar o aluguel do carro, checar os pontos a serem evitados. O planejamento pode ser auxiliado pelo
site oficial do sistema rodoviário, que além de excelente fonte de consulta oferece calculadora de
distâncias, de gastos com pedágio e guias para o viajante. Anote: www.hac.hr.
Em Dubrovnik, Pucic Palace
É a única opção na Cidade Velha e fica a apenas 30 metros da
catedral. Sua escadaria cinematográfica é apenas um dos
seus inúmeros atributos de charme.
Ulica od Puca, 1 / +385 20 326 200
www.thepucicpalace.com
RESTAURANTES
Em Zagreb, Pod Grickim Topom
Fica no alto do centenário funicular e oferece um belo
panorama da cidade, cenário ideal para saborear os bons
vinhos de Primosten locais, acompanhados dos pratos de
inspiração clássica que compõem o seu cardápio
Zakamardijeve stube, 5 / +385 1 483 3607
Em Split, Zlana Vrata
O significado de seu nome, porta dourada, indica a sua
localização: numa das entradas no Palácio de Diocleciano
(a principal atração da cidade).
Diokleciana, 7 / +385 21 345 015
Em Bol, Ribarska Kucica
Os saborosíssimos peixes são a grande atração deste local
que fica entre o porto e um convento dominicado e que tem
nas sardinhas grelhadas a sua especialidade. É também
bastante frequentado pelos habitantes locais, o que é
sempre um importante selo de qualidade.
Hrvatshik Domobrana, 13 / +385 21 742 036
Em Korcula, Adio Mare
Bem no meio do velho vilarejo, este restaurante é um convite
à celebração da culinária tradicional. Prove a pasticada, um
cozido de carne com cebolas e uvas passas, acompanhando-a
do vinho da região, denominado Dingac.
Svetog Roka / +385 20 711 253
Em Dubrovnik, Proto
Tradicionalíssimo, aplica os mandamentos da culinária
francesa na confecção de pratos regionais, cujo sabor é
intensificado por generosas porções de alho.
Siroka ulica, 1 / +385 20 23 234
Roteiros de aventura
Consulte a maior operadora local, a Adriatica, que oferece opções
como escalada, pesca esportiva, caça e exploração de cavernas
para os que desejam explorar a sua região montanhosa.
www.adriatica.net
Para os motoristas
O planejamento da viagem — crucial devido à herança
deixada pela guerra na forma de campos minados ativos
— pode ser auxiliado pelo site oficial do sistema
rodoviário, que além de excelente fonte de consulta
oferece calculadora de distâncias, de gastos com pedágio
e guias para o viajante. www.hac.hr
Hotéis
MADRI CLÁSSICO
Charme aristocrático,compras e serviço nota 10
ocê deve pronunciar“Vila Maina”para o motorista de táxi,se quiser chegar ao clássico hotel Villa Magna Park Hyatt.Este é o nome pelo qual o hotel Hyatt é mais conhecido em Madri.Está Instalado onde durante séculos reinou o Palácio de Larios,pertencente a uma família nobre espanhola.Ali chegando,você se sentirá amparado pelo
ar aristocrático do hall,pelo mobiliário elegante e pelo serviço nota 10 da rede Hyatt.
Respire tranqüilo,você está em boas mãos:nos sorrisos,na eficiência,na impecabilidade dos quartos,nos detalhes das frutas e docinhos no criado-mudo.Entre as vantagens de
se hospedar no Villa Magna está o fato do hotel estar ao lado do magazine El Corte Inglés.
Há uma ligação para seu prédio por dentro do hotel.Basta atravessar um jardim de inverno envidraçado e cai-se bem no meio do setor de sapatos femininos.Um sonho!
O hotel está no coração de Madri, entre o Paseo de la Castellana e a Calle Serrano. As suítes são espaçosas e iluminadas, com banheiros extraordinários forrados
em mármore,com sauna e banheira.Para reuniões de negócios,há a facilidade de
inúmeros salões. No enorme hall do piso térreo, um piano e uma champanheria,
podem ser fundamentais para um bom começo de noite.
Um ponto notável do hotel é seu restaurante,tocado pelo chef francês David Millet.
Em uma cidade (e em um país) que se ufana de sua culinária e é hoje a vanguarda no
mundo,ser francês e ao mesmo tempo ter seu trabalho admirado por espanhóis é algo
raro.Millet foi discípulo do chef Jacques Le Divellec,em cujo restaurante 2 estrelas Michelin,o Le Divellec,chegou a chefe de cozinha em 1999.Sua cozinha prima pela perfeita união entre técnicas e apuro franceses e a sensualidade mediterrânea.
V
C Y CR YE RL EA L A
28
44 29
VILLA MAGNA PARK HYATT
Paseo de La Castellana, 22 Madri, Espanha.
Serviços especiais: internet wireless, telefones digitais com
possibilidades de videoconferência e linha extra de fax.
Preços: diárias a partir de E$ 300 o casal
Contatos pelo tel. (34)915. 871.234 \ fax: (34)914.312.286
www.madrid.park.hyatt.com
Hotéis
O QUARTIER MAIS DESCOLADO
De chocolates a perfumes sob medida,o roteiro do luxo e da vanguarda por quem
lássico e chique como uma pérola,o hotel Le Meurice,há seis anos
comprado pelo Dorchester Group,figura por quase dois séculos entre os hotéis mais elegantes do mundo.Além de
funcionar em um palácio ricamente
decorado possui dois atributos únicos:
tem em sua cobertura uma vista de 360
graus de Paris e está em uma das mais
privilegiadas localizações da cidade.
De suas janelas, na Rue de Rivoli, 228,
pode-se ver o Jardin des Tulleries e o
Museu do Louvre à esquerda e a Torre
Eiffel,à direita.Está a poucos passos da
avenida dos Champs-Elysées, da Òpera,da Place Vendôme e das boutiques
mais elegantes da Rue Saint-Honoré.
No entanto, a revista Cyrela quis oferecer um roteiro outstanding,elaborado
por quem conhece o riscado da cidade.
Pegamos,então,o caderninho de anotações de Sabine Freese,diretora dos concierges do Hotel Meurice que guarda os
C
endereços mais descolados das redondezas.Vale lembrar que um movimento
de grifes de vanguarda vem tomando
conta da região,desde que a famosa loja Colette instalou-se na área.De pérolas
negras, peles, baús e malas antigas de
couro, caixinhas de música, acessórios
para jardinagem até as grifes mais tradicionais e clássicas,tudo que retrata o chique estilo parisiense está na agenda pessoal de Sabine.Agora,com você.
46 47
C Y R E L A
DE PARIS
conhece a cidade como a palma da mão
Hotéis
1 | L’ECLAIREUR: 29, RUE DE VALOIS
A Bretana é distribuidora de peles Valen-
dos à mão.Aí,claro,leve suas compras pa-
Uma butique de moda situada no cora-
tino,Genny,e Birger Christensen.
ra casa em uma divertida bolsa Galliano
ção de Paris.Oferece pérolas negras do
Taiti, sofisticadas cerâmicas, artigos de
11 | VANESSA BRUNO: 12, RUE DE CASTIGLIONE
“Gazette”– um sinal definitivo de cumplicidade nos segredos très chique de Paris.
decoração e uma infinidade de acessó-
Os provadores são iluminados por mi-
rios.Representa a linha de vários desig-
núsculos candelabros na badalada bu-
16 | DIDIER/ANGELO: PASSAGE DE 2 PALILLONS,
ners,como Martin Margiela,Comme des
tique Vanessa Bruno,com as últimas ten-
5, RUE DES PETITS-CHAMPS
Garçons,Dries Van Noten...
dências da moda e acessórios. Deixar
Paris sem uma bolsa de paetês assinada
pela designer francesa,é pecado.
12 E 13 | MARIA LUISA:
RUE DU MONT-THABOR - 2, RUE CAMBON
Vanguardista da moda parisiense,a designer argentina Maria Luisa selecionou os
melhores designers da atualidade.As suas
quatro butiques na rue du Mont-Thabor e
rue Cambon trazem moda masculina,calçados Manolo Blahnik com desenhos exclusivos e lançamentos de jovens estilistas.De quebra,uma assessora de compras
pessoal pode trazer uma amostra das peças diretamente ao Hotel Le Meurice.
A cada coleção pret-a-porter,os dois estilistas celebram o preto clássico com
um toque da cor da estação tanto na coleção feminina como na masculina e linha de acessórios.A loja em si tem paredes laqueadas em preto,carpete de veludo e lustro de cristal que remete aos
antigos salões parisienses.
19 | STEPHANIE SAUNIER: 24, PLACE VENDÔME
Enquanto alguns acreditam que a alta
costura está morta, uma jovem estilista
está resgatando as suas raízes com vestidos noturnos que lembram borboletas
voando.Com certeza um talento digno
de ser incluído em seu caderninho de
incríveis e imaginosos talentos.
14 | JOHN GALLIANO: 384, RUE SAINT-HONORÉ
Assinado por Jean-Michel Willmotte,a butique de dois andares em vidro de John
Galliano oferece um mix de designs do
estilista com a sua linha de lingerie,aces-
22 | BACCARAT: 17, RUE DE LA PAIX
Eis aí o sinônimo de cristal. Entre e admire as modernas linhas das coleções
de jóias e acessórios,como os imperdíveis pingentes em forma de coração no
sórios e velas criadas com Diptyque.Não
perca os trocadores forrados em couro
texturizado-crocodilo,e os banheiros decorados com magníficos painéis borda-
mais puro vermelho Baccarat.
2 | MARCEL MARONGIU: 203, RUE SAINT-HONORÉ
Mãe sueca, pai francês, avô italiano...Opostos e contrastes como o velho
e o novo, passado e futuro, rural versus
urbano,rústico-refinado,nervoso-romântico...Isso tudo é transformado em produtos úteis e simples.Seja a linha prêt-à-porter,a de lingerie,acessórios ou de artigos
domésticos (porcelana,almofadas,tecidos xadrez etc...) há sempre algo para lá
de divertido nesta preciosidade de loja.
4 | DIANE VON FURSTENBERG: 14, RUE D’ALGER
AVon Furstenberg é creditada a invenção
do vestido wrap.Um exemplo desta criação se encontra exposto no Metropolitan
Museum of Art em NovaYork,um testemunho da sua importante influência na moda feminina,em particular a partir de 1970.
8 | BRETANA: 362, SAINT-HONORÉ
Bretana Haute-Fourrure em Paris é o lugar para se explorar o design,fazer alterações,limpar,e armazenar peles finas.
24 | MINA POE: 19, RUE DUPONT
A badalada loja de Mina d’Ornano de Art
Deco oferece acessórios feitos à mão como coloridas bolsas de couro forradas
com seda pintada,cachecóis de fita de seda trançada,e anéis em vidro de Murano
que lembram pequenos animais marinhos.
25 | ATELIER DU BRACELET PARISIEN: 7,
RUE SAINT-HYACINTHE
Relógios de pulso customizados, assim
como cintos e outros pequenos objetos
em couro em qualquer cor ou tamanho.
48 49
C Y R E L A
26 | GOYARD: 233, RUE SAINT-HONORÉ
Pare e confira o que faz do legendário estilista desde 1854 uma unanimidade em baús,
bagagem e bolsas de couro adornadas com
chiques monogramas pintados à mão.
27 | CADOULLE: 255, RUE SAINT-HONORÉ
Uma confecção tradicional e única.Fundada por Hermine Cadoulle,introduziu
o primeiro sutiã em 1889 e desde então
continua a embelezar as mulheres.Verdadeiras obras de arte. Não deixe de
agendar a sua visita.
lugar mágico onde podemos sonhar
com sapatos de contos de fada.
36 | STYL’HONORÉ: 1,
RUE DU MARCHÉ SAINT-HONORÉ
Tintas especiais para qualquer tipo de caneta.Mont-Blanc,Parker,Sheaffer,Waterman.
39 | GUERLAIN: 2, PLACE VENDÔME
Fundada em 1828, a Guerlain além de
ser uma das mais antigas casas de perfumes,também oferece produtos de beleza do mais alto padrão.
sinatura de Dominique Ropion,conhecido pela criação de Ysatis e Very Irresistible para Givenchy,e Dune para Dior.
48 | BABY TUILERIES: 326, RUE SAINT-HONORÉ
Luxuosas roupas infantis para crianças
de 0-12 anos,com assinaturas Dior,Burberry,Christian Lacroix.
49 | AU NAIN BLEU: 408, RUE SAINT-HONORÉ
Au Nain Bleu vende brinquedos há 169 anos.
Três pisos repletos de maravilhas para fazer
o“dia perfeito”de qualquer criança.
29 | HELLER: 259, RUE SAINT-HONORÉ
Uma tradicional “maroquinerie,” – loja
especializada em luxuosos artigos de
couro.A família Heller cria, modela e
confecciona à mão uma coleção completa de malas para viagem produzidas
com materiais de primeiríssima.
40 | MAITRE PARFUMEUR & GANTIER:
5, RUE DE CAPUCINES
Uma grande seleção de perfumaria perfeita para qualquer ocasião, além de
aromas para residências que criam ambientes sofisticados.
31 | MASSARO: 2, RUE DE LA PAIX
No mesmo endereço desde 1894, Mas-
42 | MAISON JEAN PATOU: 5, RUE DE CASTIGLIONE
Seu mostruário de perfumes vem em copos
saro confecciona sapatos e botas à mão
com as mesmas técnicas por mais de
100 anos.Karl Lagerfeld e a maison Coco Chanel são alguns de seus clientes.
Baccarat.Suba ao grand salon e conheça
as fragrâncias customizadas de J.M.Duriez.
32 | PIERRE HARDY: 157, GALERIE DE VALOIS
Calçados lindos e surpreendentes. Em
uma palavra: fabuloso!
agora oferecem velas com os melhores
ingredientes, concentração excepcional e cera mineral.
35 | MICHEL PERRY: 243, RUE SAINT-HONORÉ
46 | FREDERIC MALLE: 2, RUE MONT-THABOR
67 | CHRISTOFLE: 24, RUE DE LA PAIX
Christofle,fundada em 1830 é sinônimo
de prata: talheres,vasos,estojos para ci-
Uma loja encantada que nos eleva a um
Sua mais recente fragrância tem a as-
garros,caixas porta-jóias,e muito mais.
45 | THE DIFFERENT COMPAGNY: 55, RUE SAINTE ANNE
Além de seus deliciosos perfumes,eles
54 | JEAN-PAUL HÉVIN: 231, RUE SAINT-HONORÉ
Eleito o melhor biscoito de amêndoa
de Paris, Jean-Paul Hévin oferece sofisticados e deliciosos chocolates. O
salão de chá no primeiro andar é
uma ótima pedida para uma refeição
saudável e balanceada.
65 | LE PRINCE JARDINIER: 37, RUE DE VALOIS
Apelidado “o príncipe jardineiro”, o
bem-trajado Louis_Albert de Broglie
oferece utensílios, roupas e acessórios para a prática da jardinagem,
além de raras orquídeas, sementes,
gravuras e conservas.
Espaçoeidéias
OUSADIA NOS
DETALHES
Veja o que Sig Bergamin é capaz de
ão tente definir Sig Bergamin em um único conceito porque,simplesmente,seu trabalho não cabe em definições.Com 25 anos de carreira,ele é um
dos mais célebres,inventivos e admirados arquitetos
do país.Seus projetos apresentam idéias tão inovadoras que ele mesmo costuma dizer que obedece a“um
estilo somatório de ecletismo, diversidades étnicas,
humor e versatilidades”. Em resumo, ele é a criatividade em pessoa.Sabe como ninguém mesclar o erudito com o contemporâneo,o sóbrio com o ousado.
Quando senta para pensar um projeto residencial,
gosta de“viajar no roteiro dos sonhos do cliente”, sem
esquecer o que a atmosfera daquele lugar pede.
N
50 51
C Y R E L A
fazer quando tem em mãos o apartamento de um colecionador de arte
SALA DE JANTAR,
COM AS PAREDES
REVESTIDAS DE
TECIDO FRANCÊS
E UM LUSTRE
BACCARAT
EM DESTAQUE
Espaçoeidéias
POLTRONA
FORRADA COM
VELUDO FRANCÊS
E O VESTIDO DE
NAZARETH
PACHECO (À DIR.)
E COLEÇÃO DE
MINI ESCULTURAS
NA MESA DE
CENTRO (ABAIXO
À DIR.): UM LIVING
DECORADO COM
OBRAS DE ARTE
Foi assim com o apartamento de três
andares (que ilustra essas páginas),
pensado para ser o refúgio de descanso e lazer de um colecionador de arte.
Depois de um longo ano entre pranchetas,obras e acabamento,eis o resultado: uma casa aconchegante,mesmo
estando cercada de peças raras e caras por todos os lados.“O proprietário
foi comprando o que gostaria de expor
ao longo do período de produção”,conta.“Por isso,pensei num projeto neutro,
que desse espaço para o que estaria
por vir.” A sala de jantar, por exemplo,
foi pensada em função do magnífico
lustre Baccarat. Mais que isso, só uma
mesa em tampão de vidro,desenhada
pelo próprio Sig, com capacidade para doze cadeiras, e as paredes em cor
coral, revestidas com adamascado de
linho Pierre Frey – um tecido francês.
No home theater,uma brincadeira visual que ressalta a veia bem-humorada
do arquiteto:uma enorme fotografia de
uma estante em tamanho original,ou seja,4m por 3m.O retrato é de Nelson Leirner. No mesmo ambiente,uma mesa Saarinen e uma cadeira Cesca, tudo comprado na loja Forma, de São Paulo. E
quando não se espera mais nenhuma
surpresa da sala reservada para os momentos de lazer da família,eis que surge,lá no cantinho,a tela“Fragmentos do
corpo humano”,de Leda Catunda.
52 53
C Y R E L A
FOTOGRAFIA DE UMA ESTANTE EM
TAMANHO ORIGINAL, FEITA POR
NELSON LEIRNER: PITADA DE BOM
HUMOR NO HOME THEATER
Espaçoeidéias
O living bem poderia ter o clima austero de uma galeria de arte, tamanha a
quantidade de peças raras expostas.Mas
não.Sig conseguiu manter a leveza e até
uma certa informalidade nos ambientes
decorados com quadros de Volpi,Antonio Bandeira,Hércules Barsotti e uma escultura de parede assinada por Valdécio
Caldas. E se a riqueza se esconde mesmo nos pormenores,espere até ver o vestido de Nazareth Pacheco,exposto numa
espécie de cabide de acrílico,que faz par
com uma poltrona forrada em veludo
francês Colony.Ousadia nos mínimos detalhes,bem aos moldes de Sig Bergamin.
54
C Y R E L A
NA SALA PRINCIPAL, QUADROS DE
VOLPI E ANTONIO
BANDEIRA
(ABAIXO) E UM
CANTINHO
RESERVADO PARA
A TELA DE LEDA
CATUNDA NO
HOME THEATER
(À DIR.)
Espaçoeidéias
UM LUGAR PARA RELAXAR
Marrocos,Turquia ou Alhambra...tudo é inspiração para
ébora Aguiar é daquelas arquitetas que imprimem seu estilo seja no
projeto de um lavabo ou de uma mansão.Para ela,não existe proposta
que não mereça dedicação,estudos e muitas referências.Formada em 1989
pela Faculdade de Arquitetura da Mackenzie, de São Paulo, Débora assina
projetos no Brasil e nos Estados Unidos.Mais de uma vez,foi convocada para dar o tom em imóveis de famílias paulistanas, localizados em Miami. De
cinco anos para cá, outro trabalho vem ganhando a preferência da paulistana: a coordenação e consultoria de empreendimentos imobiliários.É nessas oportunidades que ela dá asas à imaginação,sem medo de errar.
No projeto das áreas sociais do edifício Çiragan,da Cyrela,Débora buscou inspiração no Oriente árabe, na Turquia, Marrocos e Alhambra. Todas as portas foram alargadas e ganharam contornos árabes nos moldes
das feitas em madeira de cedro, marca registrada dos castelos de Marrakesh.A piscina obedeceu a mesma inspiração, com piso de pastilhas bicolores, numa clara referência ao Oriente.
O projeto de um loft desse mesmo prédio,pensado para uma pessoa solteira ou um casal sem filhos, manteve a mesma linha. No ambiente destinado aos encontros com os amigos, o destaque é a mesa retangular, com
capacidade para até seis pessoas e,detalhe,sem cabeceira.Um convite para uma refeição longa e descompromissada.“A mesa tem uma altura normal, mas veja como a composição com bancos e futons dá um ar mais
aconchegante e confortável”,diz.Até parece que se trata de uma mesa de
altura diferenciada, dessas que exigem que você sente na altura do chão.
A sala em questão tem 105 m2 e um aproveitamento perfeito. Entre as
paredes de mármore travertino romano bruto está o home office.“Nada
D
56 57 C Y R E L A
JANELAS E
PORTAIS COM
CONTORNOS
ÁRABES, NOS
MOLDES DAS
FEITAS EM
MADEIRA DE
CEDRO NO
MARROCOS:
ARES DO
ORIENTE NA
ÁREA SOCIAL
DE UM EDIFÍCIO
Débora Aguiar,uma arquiteta que preza pelo conforto
Espaçoeidéias
NO PROJETO
DE UM LOFT,
COZINHA COM
PAREDES
REVESTIDAS DE
MADEIRA (À DIR.)
E SALA COM
DIVISÓRIA DE
MÁRMORE
SEPARANDO O
AMBIENTE DE
TRABALHO
(ABAIXO)
NUM LOFT PARA UM CASAL SEM FILHOS (ABAIXO),
58 59
C Y R E L A
mais prático do que ter um cantinho para o computador sempre à mão”, explica.“Mas também não queria isolar a área de trabalho do resto da sala.” A solução
então foi fazer essa separação parcial, que mantém o escritório interligado do
resto da loft, mas protegido dos ruídos de uma cena familiar.
Neste imóvel,as paredes da cozinha ganharam revestimento de madeira.Como se
trata de um loft, o pé direito é bem mais alto.A utilização da madeira, como explica
Débora,ajuda acusticamente o espaço,evitando eco,o que pode ocorrer em lugares
altos e com pisos frios como nesse caso.“É bom lembrar que espaços altos e com
chão de pedra podem se tornar frios e menos aconchegantes”,conta.“A madeira quebra esse aspecto.” A mesma lógica serviu na concepção das divisórias utilizadas como uma divisão entre a cozinha e o resto do apartamento,que é todo integrado.“Como trabalhamos o conceito de loft, projetei uma divisória vazada de madeira para
isolar um pouco mais a área da cozinha,mas sem perder a referência visual.”
O mesmo capricho pela integração dos ambientes definiu o projeto da varanda.
Débora quis fazer dessa área externa um espaço multifuncional,onde há uma extensão do apartamento na hora de receber os amigos,além de ser um local para relaxa-
ESPAÇOS INTEGRADOS E POUCAS DIVISÓRIAS
mento, arejado e aconchegante para
uma refeição. O clima oriental foi ressaltado com a mesa baixa,com futons
no lugar das cadeiras.Para garantir privacidade, essa mesa é amparada por
um biombo baixo que faz o anteparo
com o guarda-corpo do terraço e está
cercado por plantas,vasos,velas,além
de uma mini bica d água, peça típica
dos locais de relaxamento.“O fato de
projetarmos um loft sem crianças nos
deu oportunidade de priorizarmos a
sensação de espaço amplo, mesmo
dentro do apartamento.” E nada poderia definir melhor o trabalho de Débora: espaço,aconchego e ousadia.
famosos,talento para a inovação
Espaçoeidéias
DE VOLTA AOS 70
Dani Parreira e Flávia Santoro têm,mais que sobrenomes
POR PEDRO ULSEN
célebre filósofo Walter Benjamin, nascido em Berlim no final do século 19, dizia
que um homem moderno é aquele aberto a novas experiências.Esse conceito se
aplica sem restrições à decoradora carioca Dani Parreira – sim,ela é filha do técnico da
nossa seleção hexa,opa,pentacampeã.Danielle costuma dizer que seu trabalho se pauta pela liberdade em misturar estilos e procurar novas tendências.Junto com sua sócia,
a também carioca Flávia Santoro - irmã do ator Rodrigo Santoro –,ela não se prende à
fama,apresenta decorações inovadoras e,sobretudo,diversificadas.
Danielle é decoradora por formação.Há cinco anos,finalizou o curso de composição
de interiores na Universidade Santa Úrsula,no Rio de Janeiro.Ela e Flávia mantêm um
escritório na capital fluminense.“A gente gosta mesmo é de usar o contemporâneo,o que
está começando,e inovar em propostas a cada cliente.”Se isso significa abrir mão de um
estilo próprio? Danielle contesta sem hesitar:“a gente gosta muito de todos os estilos,isso é importante.Não nos prendemos a um aspecto porque,no fundo,conseguimos valorizar todos”.Para se manter sempre atualizada,Elas participam constantemente de eventos da área.Costumam ir a São Paulo em busca de novos livros de decoração e sempre
vão a mostras para verificar as tendências, no Brasil ou fora do país.
60 61
C Y R E L A
FOTO: EGBERTO NOGUEIRA
O
SALA DE CINEMA
COM DESTAQUE NO
CONTRASTE DO
PRETO NO BRANCO:
ACONCHEGO MODERNO
Espaçoeidéias
GOSTO ESPECIAL
Dani Parreira afirma que, além de se
preocupar com a inovação e com a diversificação das formas e conteúdos,
tem um gosto especial em decorar com
produtos naturais.“Quando pensamos
em paredes e tetos, gostamos de utilizar muita palha,bambu,couro e outros
materiais orgânicos”,conta.“Já com relação ao piso, preferimos o mármore,
porque ele remete ao clássico.”
Foi com esse espírito que as decoradoras do Rio de Janeiro projetaram uma
sala de cinema na mostra de decoração
Mastercasa, realizada em Itaipava (RJ).
“Nesse caso, fizemos um projeto com
muito contraste entre preto e branco,
com uma parede cor de berinjela”, explica.A idéia era que essa fosse uma sala de projeção residencial,daí a disposi-
A gente gosta de
todos os estilos,
isso é importante
DANI PARREIRA
ção dos móveis de forma mais aconchegante,de maneira a aproximar os espectadores.
A inspiração dos anos 70 também é inegável.
Já a parede cor de berinjela ressalta uma outra preferência da dupla pelas cores acentuadas.“Gostamos de quebrar a sobriedade com um tom marcante”,explica.A regra vale
para qualquer ambiente.O lavabo projetado para um apartamento moderno por exemplo,ganhou uma parede de mosaico.“Entre todos os tons,o verde é nosso favorito.”A paixão por essa cor é tanta que,nas casas das duas decoradoras,uma das paredes é,invariavelmente,verde.As sócias Danielle e Flávia trabalham agora na decoração de um espaço de descanso dentro do teatro Solar Botafogo,no Rio.Trata-se de um cyber lounge,uma
sala de espera para quem vai ao teatro.O que estar por vir? “Por ser um ambiente mais
tranqüilo,mais calmo,propusemos tons mais escuros,puxados para o preto.”
LAVABO COM
APLICAÇÃO DE
MOSAICO: TUDO
PARA QUEBRAR
A SOBRIEDADE
62
C Y R E L A
Closet
MODA: USE SEM MODERAÇÃO
Um visual vitoriano
ELA USA VESTIDO CLUBE
CHOCOLATE, SAPATO LENNY &
CIA E ANEL E BRINCOS VIVARA
64 65 C Y R E L A
e
Q
ias quentes, noites frias. O outono nos convida para uma taça de vinho, com o classicismo dos calendários europeus. Antes do cobertor, um passeio por uma cidade mais recatada e chique,que pede looks vitorianos e românticos
como folhas que se desprendem das árvores.A nova estação pede peças modernas,como sempre,mas dessa vez
gaste um pouco mais de tempo em frente do espelho em
busca do sofisticado. A alfaiataria chega com força total.
São ternos para homens,ternos para mulheres.
Brindemos a volta glamourosa do preto.A cor infalível
surge em vários tecidos,prevalecendo o poder de inovar.Dos
mais leves e soltos,como seda e renda,aos mais encorpados
e confortáveis como veludo,risca de giz e o clássico tecido
de alfaiataria.Também os cortes das peças abandonam de
uma vez o convencional.Ombros e pernas à mostra são apenas uma prévia do quão longe você pode chegar.
D
FOTOS: PRISCILA PRADE - WWW.PRISCILAPRADE.COM.BR | COORDENAÇÃO E EDIÇÃO DE MODA: LUANA PRADE - WWW.LUANAPRADE.COM.BR | MAQUIAGEM E CABELO: ANDRE BRAGA - AG FIRST
romântico para saudar a chegada do Outono
QUE
VENHA
O FRIO
Closet
MODA: USE SEM MODERAÇÃO
ELE VESTE CAMISA, TERNO E GRAVATA VERSACE
ELA USA MACACÃO RISCA DE GIZ CORPOREUM, ANEL H. STERN E BRINCOS VIVARA
66 67 C Y R E L A
Um brinde à volta
glamourosa do preto
ELE VESTE CAMISA E JAQUETA ZOOMP E CALÇA SOCIAL TNG
ELA USA VESTIDO COM TOP BORDADO E CASACO ALPHORRIA E BRINCOS H. STERN
Closet
MODA: USE SEM MODERAÇÃO
ELA USA VESTIDO ESTAMPADO TOMARA QUE CAIA E ECHARPE CORPOREUM, PULSEIRA E COLAR H. STERN E BRINCOS VIVARA | ELE VESTE TERNO, CAMISA E GRAVATA TNG. SAPATO SOCIAL HUGO BOSS
ELA VESTE CAMISA,BERMUDA E BLAZER MARIA BONITA, SCARPIN LENNY & CIA E ANEL H STERN
ELE VESTE CAMISA, CALÇA E CASACO TOMMY HILFIGER E SAPATO SOCIAL DONADELLI
ELE VESTE MALHA VERSUS, CALÇA SOCIAL E BLAZER VERSACE E RELÓGIO TOMMY HILFIGER PARA VIVARA
68 69
C Y R E L A
VESTIDO, CAMISA E BLAZER CLUBE CHOCOLATE E SANDÁLIA CARMEM STEFFENS
AGRADECIMENTOS | CLUBE CHOCOLATE: (11) 3084- 1500 • CARMEN STEFFENS : (11) 3022- 5476 • VERSACE : (11) 3088- 8588 • MARIA BONITA: (11) 3082- 6649
TOMMY HILFIGER: (11) 3064- 0953 • TNG : (11) 3083- 7350 • VERSUS: (11) 3088- 8588 • ZOOMP: (11) 3064- 1556 • COVEN: (31) 3273- 5055• HUGO BOSS:(11)3081-8833
DONADELLI: (16) 3713-3466 • LENNY & CIA: (11) 3034 -0315 • VIVARA : (11) 3097-9898 • H STERN: 0800 227 442 • ALPHORRIA: (31) 3291-1121 • CORPOREUM: (11) 3842-5337
Euprefiro...
MINHA
SÃO PAULO
O artista plástico Emanoel Araújo
elege os pontos da cidade que
melhor descrevem sua personalidade
TEM RAIZ
D
dias de lazer,passeia pelo Bexiga.E assim o artista plástico Emanoel Araújo
vem se transformando,ao longo das últimas décadas, em um autêntico baiano de São Paulo. Ele veio da Bahia para a capital paulista na década de 60.
Aqui marcou seu nome na paisagem
urbana com a reforma da Pinacoteca
do Estado.Morador do centro,não aceita a preferência de alguns paulistanos
que preferem morar em bairros distantes como Morumbi,“onde tudo está por
se criar”.“Prefiro coisas estabelecidas,
como essa arquitetura já inserida na história urbana da cidade”,conta o fundador e diretor do Museu Afro Brasil.“Gosto de me identificar com essas origens.”
70
71
C Y R E L A
EMANOEL
ARAÚJO, EM
FRENTE À OBRA
DO MUSEU
AFRO BRASIL:
GOSTO PELA
IDENTIFICAÇÃO
COM AS
ORIGENS
FOTO: TADEU BRUNELLI
a janela de sua casa,ele descortina a Praça da República.Da mesa
de trabalho, o Parque Ibirapuera. Nos
anos que vou por lá.Adoro os profiteroles, mas os tenho evitado depois de ter sofrido um infarto.Ando controlando a alimentação. Freqüento ainda o Restaurante do
EU PREFIRO...
MAM,aqui no Parque do Ibirapuera.A Figueira Rubayat tem aquele ambiente gostoso.Vou ao Antiquárius e ao Bela Sintra,ambos de comida portuguesa espiritual.Também gosto muito da comida japonesa do Koyama,na Treze de Maio,e do Cacciatore,
também no Bexiga.Outro italiano que freqüento é o Don Carlini,que fica na Mooca,
nos fins de semana em meu ateliê.É uma
um bairro com características muito especiais de velhas fábricas e de moradores que
área encravada no Centro, com fácil
acesso para a avenida Paulista,mas que
resistem,em suas casinhas,aos avanços urbanos de outros recantos.Essa área,entre
a Mooca e o Parque Dom Pedro, é muito interessante.Veja, por exemplo, o Belo Palá-
conserva um jeito pacato de cidade do
cio das Indústrias, a Casa das Retortas e o Quartel, maravilhas arquitetônicas aban-
interior,ainda com muitas casinhas da
colonização italiana.Está mais pobre e
um pouco deteriorado, mas conserva
certo charme multicultural,além de uma
Escola de Samba,a Vai-Vai.
2. UMA PRAÇA | a da República,onde moro.Tenho à frente o antigo colégio Caetano de Campos, do grande arquiteto
Ramos de Azevedo, e o abandonado
Edifício Éster,obra-prima da arquitetura paulistana da década de 1930, dos
arquitetos Vital Brasil e Adhemar Marinho.E pensar que essa arquitetura já
foi exposta no MoMa, em 1945, como
demonstração da modernidade de
São Paulo. É de estarrecer que esteja
abandonada...Tudo passa pela Praça
da República: os movimentos de greve,manifestações de professores,a Parada Gay, a Corrida de São Silvestre...
É a rota natural de São Paulo. Assim
como o Parque do Ibirapuera, onde
trabalho e faço caminhadas, de duas
donadas que,certamente,teriam um destino nobre em qualquer lugar do mundo.
5. ROUPAS | ternos, só faço com meu alfaiate,Seu Jorge,no Centro.Tenho também os
camiseiros Michel e Augusto. No dia-a-dia, visto Richards, Zara e Banana Republica.
Às vezes, (Ermenegildo) Zegna e Caramelo (européia). Sapatos, uso muito os espanhóis da Camper e os da marca portuguesa Lisbonense,que costumo trazer de alguma viagem que faço a Portugal ou Espanha.
6. CINEMA | as salas do Reserva Cultural, na Paulista. Lá, faço parte da comissão selecionadora de filmes.
7. LIVROS | leio vários ao mesmo tempo.Os títulos,em geral,são de arte,para pesquisas em
relação às minhas curadorias.Na cabeceira,tenho“Folhas de Relva”,de Walt Whitman,para
deixar a cabeça voar na grande eloqüência do poeta norte-americano.“Duelos no Serpentário”é um outro que estou lendo; uma antologia de polêmicas intelectuais entre 1850 e
1950,organizada pelo talentoso poeta carioca Alexei Bueno e pelo editor George Ermakoff..
horas, todas as manhãs.
3. FEIRA DE ARTE | a Feira do Bexiga, aos
domingos.Sempre encontro alguma coisa interessante nas minhas garimpagens.Ultimamente,tenho me interessado por coisas ou objetos para o Museu,
livros e revistas da década de 40,como
exemplares de O Cruzeiro. Quando tenho tempo e posso, ou quando tenho
algum amigo de fora,vou à feira de arte do Masp,também aos domingos,ou
na Benedito Calixto,aos sábados.
4. RESTAURANTE | La Casserole. Os garçons já me conhecem, pelos muitos
FOTOS: DIVULGAÇÃO
1. UM BAIRRO | o Bexiga, onde trabalho
1.
DETALHES DO RESERVA
CULTURAL (ACIMA) E DO
RESTAURANTE DO MAM
(AO LADO): PARADAS
OBRIGATÓRIAS EM SÃO PAULO
Esboços
C L A U D I A
M O R E I R A
S A L L E S
A BELEZA DAS
FORMAS EXATAS
Claudia Moreira Salles desenha móveis que combinam rigor, leveza e
POR CELSO MASSON
U
MÁRCIA MINILO
72 73 C Y R E L A
ma cadeira e uma estante feitas de papelão foram alguns dos primeiros móveis saídos da prancheta de Claudia Moreira Salles. O ano era
1977 e ela estagiava no Instituto de Desenho Industrial do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro,projetando o mobiliário de escolas,creches,bibliotecas e até albergues – caso das peças de papelão que lhe dariam o segundo lugar em um concurso promovido pela Câmara Americana de Comércio.
Passadas quase três décadas,muita coisa mudou na carreira dessa elegante carioca radicada em São Paulo.As formas que ela desenha,sempre pondo
a madeira em destaque,hoje fascinam a clientela exclusivíssima de lojas como a Colombo La Famiglia,de Zurique,a Espasso,de Nova York,e a S.L.Diffusion, de Paris.Ainda assim, há algo em suas peças que remete aos descartáveis móveis projetados no final anos 70: a leveza das linhas, a economia de
material e a preocupação com o conforto ditam cada uma de suas criações.
A obra de Claudia a coloca entre as grandes damas do design mundial
– e se diferencia das principais tendências contemporâneas exatamente
por ter a cara do Brasil. Ela usa e abusa de madeiras como o freijó e a sucupira da Amazônia, dando a esses materiais uma delicadeza impressionante. E, o que é melhor, sem obrigar ninguém a sentar de mal jeito.“É um
desrespeito usar o design de móveis para fazer exclusivamente arte, sem
levar em conta a função do objeto. Uma cadeira é feita para sentar. Quem
não quiser que seja assim, que vá fazer escultura”, diz Claudia.
CRISTIANO MASCARO
aconchego, celebrando madeiras nativas do Brasil
MÁRCIA MINILO
ACIMA, BIBLIOTECA
COM MESA E
CADEIRAS
DESENHADAS
POR CLAUDIA.
AO LADO, OS
RASCUNHOS
QUE LEVARAM AO
BANCO KIP, PEÇA
QUE É A SÍNTESE
DE SEU ESTILO, EM
SUCUPIRA MACIÇA
Esboço
SEM DESPERDÍCIO
A primeira encomenda recebida de um
cliente (uma marquesa batizada Dueto)
foi concebida em imbuia,madeira escura que havia caído em desuso nos anos
80 mas que trazia um certo aconchego
de “casa de avó”.A peça marcou também o início de sua ligação com a mar-
Seus móveis
têm a perene
elegância dos
clássicos
cenaria de Etel Carmona,que desde 1991
produz boa parte dos móveis que Claudia desenha.De 2000 para cá,ambas trabalham com madeiras certificadas do
Acre.Ainda que não seja propriamente
uma militante do manejo sustentável
(técnica de extração de madeira que
causa menor dano às florestas) a designer trabalha principalmente com ma-
CRISTIANO MASCARO
ZUENIR VENTURA
74 75 C Y R E L A
MÁRCIA MINILO
CROQUIS E
DETALHES DOS
RODÍZIOS
INSPIRADOS NAS
PEÇAS INDUSTRIAIS
DA ITALIANA
GAE AULENTI,
ABAIXO E À
ESQUERDA, AMBIENTES COM
POLTRONAS,
MESAS E CADEIRAS
DE CLAUDIA
do, mas ainda é difícil trabalhar com
100% de segurança”, explica. Uma vez
que consciência ecológica não é apenas um modismo, mas uma obrigação
ROMULO FIALDINI
deiras de reflorestamento como a teca,
árvore de origem asiática que vem sendo produzida em larga escala no Brasil.
Outro material usado em suas criações
é o MDF (sigla para medium density fiberboard), feito a partir da aglutinação
de fibras de madeiras como pinus e de
resinas sintéticas."Uso bastante MDF na
estrutura das peças,folheando a superfície com chapas muito finas de outra
madeira",explica.O fato de Claudia não
usar apenas madeira certificada não significa que suas peças,produzidas de forma artesanal em marcenarias categorizadas do Espírito Santo e de São Paulo,
possam ser consideradas ecologicamente incorretas."Cabe a mim,como designer, fazer a minha parte pelo meio ambiente,o que consiste tanto na busca de
matéria-prima quanto na economia de
material em meus projetos",sintetiza.“Em
mercados como o europeu, para onde
eu exporto,a certificação é exigida.No
Brasil,o manejo ecológico está crescen-
O BANCO
JANGADA, DE
2000, ANO EM
QUE A DESIGNER
PASSOU A
TRABALHAR COM
MADEIRA
CERTIFICADA DE
ETEL CARMONA,
EXTRAÍDA NO ACRE
MÁRCIA MINILO
Esboço
CARRINHO DE CHÁ
RETRÁTIL DA LINHA
NÔMADE., DE 1993.
ABAIXO, MESA DE
JANTAR FRESTA,
FEITA EM MDF E
COM O TAMPO
FOLHEADO PARA
MINIMIZAR O USO
DE MADEIRA
em seu ofício,Claudia busca no próprio
desenho das peças um uso racional da
madeira,sem desperdício e sem exageros:“O importante,a meu ver,é que haja
um uso responsável do material”.
A inspiração para o desenho de seus
móveis pode tanto vir da arte popular,
como foi o caso da escultura em madeira de um leão deitado que a levou
a desenhar um banco, quanto do design italiano,como atestam os rodízios
usados em sua linha Nômade, que remetem ao trabalho de Gae Aulenti.Seja qual for o ponto de partida,o segredo que torna suas peças tão singulares
está,em grande parte,no emprego original das madeiras que Claudia escolhe.Uma delas,chamada louro-faia,traz
pintas irregulares lembrando a da pele de um felino,o que cria uma superfície instigante visualmente.
76
C Y R E L A
“VAI COM AS OUTRAS”
Sejam de madeira ou de aço,as peças de
Claudia têm quase sempre um caráter
lúdico, guardando alguma surpresa divertida.São articulações,fundos falsos e
até“brinquedos”embutidos nos móveis.
É assim com a mesa Vai com as outras.
Seu tampo,um sanduíche de vidro,traz
no miolo bolinhas de metal que se deslocam formando desenhos abstratos conforme se move um ímã sobre a superfície.“Os móveis de Claudia têm a busca
da forma essencial,só que sem negar a
possibilidade dos detalhes. São quietos
e ao mesmo tempo expressam uma graça espirituosa. São leves e simultaneamente transmitem a solidez e o‘peso’dos
móveis antigos”,descreve com precisão
Adélia Borges,diretora do Museu da Casa Brasileira,no livro Claudia Moreira Salles – Designer (Editora BEI, São Paulo,
CRISTIANO MASCARO
Esboço
2005).Pode-se dizer ainda que a obra de
Claudia está para o mobiliário assim como a de seus cunhados João e Walter
Moreira Salles está para o cinema: arrebata sem se prender a modismos,à novidade e à pirotecnia.Na opinião de um
de seus fãs famosos,o escritor Zuenir Ventura,Claudia nunca se deslumbrou com
as novidades:"A linguagem de seus móveis tem a clareza,a economia e a perene elegância dos clássicos", define. Sergio Rodrigues, arquiteto que se consagrou também no design moveleiro, vai
além do elogio,assegurando que as peças de Claudia são verdadeiros objetos
de desejo:"Ela continua produzindo modelos de grande gabarito, não só para
Etel, como para clientes particulares, e
impressionando pessoas de gosto e proprietários de galeria que se esforçam para possuir seus móveis". É, em resumo,
um trabalho denso e atemporal.
ACIMA, MESA CUBOS
LIBRES, FEITA POR
ENCOMENDA PARA CASA
DE FAZENDA PROJETADA
POR RICARDO LEGORRETA.
A POLTRONA SUZI TEM
ENCOSTO TRANÇADO
ADE
D
I
C
I
L
SIMP ERÊNrCaçãIoA, coEassCinaOprojetosnddime ednetcoo Çiragarne, tdua-
pree
l, sob
laudia
óveis, C parando no em eríodo colonia . Para que
m
r
a
h
n
p
tá pre
ça
os”, diz
iro do
e dese
Além d um loft que es biliário brasile misturar estil o que cada pe ão
e
r
o
e
S
e
d
“
d
mo o Eu adoro o m mbém gosto eciso entend r exageros. “
ó
a
Cyrela. culo XVIII. E ta undo ela, é pr bretudo, evit oerente dos m o
g
e
c
é
s
e
p
s
,
s
o
a
e
ã
o
,
ç
d
e
in
s
a
n
b
e
o
iz
d
uncio s proporçõ uma organ Claudia com ou de
f
a
r
u
t
a
a mis , observar permitem a rtamento,
ganh a
os que
r
a
signific s critérios que ão”. Em seu ap a família, outr s favoritos, Se ar
d
ç
r
o
it
a
e
s
v
s
r
vário dos na deco eis herdado seus design aneira de e o:
v
r
m
s
veis usa ua autoria, mó s assinadas po nto à melhor ível bom-sen la
d
ças de s , claro, criaçõe Tenreiro. Qu a o imprescin ‘brigam’ visua
d
e
e
im
amigos igues e Joaqu udia recomen . Há formas qu ”, resume.
la
r
m
C
d
im
a
o
,
s
t
s
o
R
le
a
ã
ç
p
io
a
g
ecora ão subjetiv que se com
d
a
n
s
gafe onia não é t nulam e as
a
“A harm utras que se
o
,
e
ment
78
C Y R E L A
Garfo e taça
GASTRONOMIA E DICAS PARA A COZINHA
ADEGA
BEM
ABASTECIDA
FOTO: ALEXANDRE ANES
O MELHOR DA
Cada dia mais gente opta por ter sua própria adega doméstica.
80 81 C Y R E L A
cada vez mais fácil comprar bons vinhos em
lojas especializadas e supermercados.A oferta e a importação não param de crescer e,além
disso,nossa indústria nacional está cada vez mais
forte. Para aqueles que já estão no estágio de
comprar garrafas para montar uma adega em
casa,vale a pena observar algumas regras.
É
As adegas climatizadas são aliadas importantes
para a guarda dos vinhos.Elas mantêm a bebida na temperatura certa e ajudam a conservar por
mais tempo suas qualidades,retardando o envelhecimento da bebida.A Art des Caves é uma das melhores empresas do setor na fabricação dessas adegas.Antes de se decidir pela compra,porém,lembre-se que seu gosto pela bebida só tende a crescer
e escolher um modelo pequeno nem sempre é boa
solução no curto prazo.Pense no número de garrafas que consome e em quantas pretende investir.
Diversidade.Nada de investir em um só tipo,região ou qualidade de uva.O mundo
dos vinhos é tão rico, que o gostoso é fazer
descobertas. Pense em 55% de tintos; 30% de
brancos e 15% entre espumantes e Porto.
Se,pelo menos por enquanto,sua opção não
for por uma adega,saiba que vinhos não gostam de muitas mudanças e variações de temperatura.Escolha um canto da casa livre da ação
direta do calor e mantenha suas garrafas deitadas.A cozinha,pelas variações de temperatura,
não é o lugar adequado.
Antes de servir os brancos e os espumantes,
o ideal é colocá-los em um balde com gelo
por cerca de 30 minutos. Os tintos, um pouco
menos,por volta de 12 minutos,apenas para serem refrescados. Faça o mesmo com o Porto e
mais:se tiver um decanter ou uma jarra de vidro
ou cristal,passe o líquido para ela.O vinho vai
abrir e se mostrar muito mais agradável.
O copo certo faz a diferença.A bebida servida em taças de cristal bojudas e mais fechadas na ponta e com pé são as ideais. Segurando pelo pé,você não esquenta a bebida;e o
formato permite difundir e segurar os aromas,
ajudando na conservação da mesma.
1
2
3
10
VINHOS PARA SUA ADEGA
PINTAS, DOURO, PORTUGAL – importado pela Mistral (tel. 11/3372-3400). Tinto de bom
corpo, com muita fruta e elegância. US$ 139,50
ALION, RIBERA DEL DUERO, ESPANHA (MISTRAL) – Um dos melhores vinhos da Espanha,
mostra constância em todas as suas safras. US$ 99,50
SOL DE SOL, TRAIGUEM, CHILE – Wine House (tel. 11/3704-7313). Um dos grandes brancos
da atualidade, com grande complexidade. R$ 167
AFINCADO MALBEC , MENDOZA, ARGENTINA – LVMH (tel. 11/3062-8388). Vinho da casa
Terrazas, uma das mais importantes da Argentina. Vigoroso, com muita fruta, taninos bem
resolvidos e grande final. R$ 259
PIO CESARE ORNATO, BAROLO, ITÁLIA – Decanter (tel. 47/3326-0111). O Barolo é conhecido como o Rei dos vinhos. Delicioso, merece ser conhecido por todos os apreciadores. US$ 153.80
AMAYNA PINOT NOIR, SAN ANTONIO, CHILE – (Mistral). Vinho elegante, que mostra as
principais características da Pinot Noir. Complexo e muito gostoso. US$ 39
PAÇO DO CONDE RESERVA, ALENTEJO, PORTUGAL – Lusitana (tel. 11/5054-2032) – ótimo para ser degustado agora, ainda vai evoluir e dar mais prazer na degustação. R$ 93,12
ROSSO SANGERVASIO, TOSCANA, ITÁLIA – Wine House. Mistura das uvas Sangiovese e Cabernet Sauvignon que resultou em um vinho gostoso, jovem, fácil de agradar. R$ 64
ORZADA CARIGNAN ODJFELL, CHILE – World Wine (tel. 11/3315-7477). Uva originária
da região francesa do Languedoc e que no Chile mostra bons resultados. Esse Orzada é
imperdível. R$ 75
HERDADE PORTO DA BOUGA, ALENTEJO, PORTUGAL. – Adega Alentejana (tel. 11/50445760). Mistura deliciosa das castas Aragonez, Trincadeira, Cabernet Sauvignon e Alicante
Bouschet. Vinho redondo, com taninos macios e longo final. R$ 58
4
5
Mas para tirar maior proveito da bebida,fique atento a algumas questões
Garfo e taça
O MELHOR DA
GASTRONOMIA E DICAS PARA A COZINHA
TIRAMISÙ
6 PORÇÕES
Pão-de-ló; 120 g de açúcar refinado
120 g de farinha de trigo
5 ovos inteiros
50 cm de papel-manteiga
1 Preaqueça o forno a 180 °C. 2 Na batedeira, monte
as claras em neve com metade do açúcar (em picos firmes). Reserve. 3 Também na batedeira, bata as gemas
com a outra metade do açúcar até que a mistura fique
fofa e clara. 4 A essa mistura de gemas, acrescente as
claras em neve, misturando delicadamente com uma espátula. 5 Adicione a farinha de trigo, peneirando-a.
Misture de novo, delicadamente. 6 Forre uma fôrma
(aproximadamente 30 cm x 40 cm) com o papel-manteiga e espalhe a massa do pão-de-ló, deixando-a com
a espessura de 0,5 cm a 1 cm. 7 Leve a assar por 8 a
10 minutos, até que a superfície doure levemente. 8
Retire do forno, deixe esfriar, e corte com aro de 8 cm.
Deve render 12 unidades.
FOTO: ANTÓNIO RODRIGUES
XAROPE DE CAFÉ
30 g de acúcar refinado
200 ml de café bem forte
90 ml de vinho Marsala seco
1 Faça 200 ml de café bem forte. *(De preferência, expresso). 2 Adoce o café e deixe esfriar. Só aí deve-se
adicionar o vinho Marsala seco. Reserve.
SEMPRE
NA MODA
s cardápios brasileiros vivem mostrando e apostando em novas sobremesas.A cada temporada uma delas brilha.Algumas, porém, viram ícones e se mostram intocáveis.É o caso
do italiano tiramissù,uma tentadora mistura de queijo mascarpone,café e outros ingredientes,receita que reproduzimos ao lado.A criação é de Mauro
Maia,do restaurante paulistano Supra.
O
82 83
C Y R E L A
CREME DE MASCARPONE
55 g de açúcar refinado; 15 ml de água
80 g de creme de leite fresco; 3 gemas de
ovos; 165 g de queijo mascarpone italiano
1 Faça uma calda com a água e o açúcar, até que atinja 115 °C (ponto de fio). 2 Bata as gemas até que fiquem claras e fofas. Adicione a calda a 115 °C (ponto de
fio) pelas bordas do bowl da batedeira. Deixe bater até
que a mistura esfrie completamente e a mistura fique
bem clara e fofa. 3 Também na batedeira, bata levemente o queijo mascarpone para amolecê-lo. Adicione
o creme de leite fresco, aumente a velocidade e bata
até que atinja a consistência de picos médios/firmes.
4 Com uma espátula, mescle as duas misturas anteriores delicadamente, de forma a atingir um creme leve.
DECORAÇÃO E MONTAGEM
Chocolate em pó a gosto; 6 Physalis
MONTAGEM
1 Dentro de aros com a mesma largura daquele usado
para cortar o pão-de-ló, monte cada tiramisù,
iniciando com uma fatia de pão-de-ló, umedecendoos com o xarope de café e alternando com o creme de
mascarpone, de forma a acabar com o creme.
Mantenha sempre a mesma proporção entre as
camadas. 2 Leve à geladeira por 6 horas para que
fiquem firmes. 3 Na hora de servir, polvilhe o
chocolate em pó com uma peneira sobre cada tiramisù
e a superfície dos pratos, retire os aros e enfeite com
uma Physalis. 4 Obs.: Essa montagem é uma sugestão
de apresentação. Pode-se montar o tiramisù numa
travessa, cortando-o na hora do serviço, com faca e
espátula, ou mesmo com aros de vários formatos.
ARGENTINO
NA ESPANHA
em só da genialidade de Ferran
Adriá e de seus compatriotas vive a culinária espanhola.O argentino
Estania Carenzo, chef do Sudestada,
meteu sua colher na gastronomia do
país e em grande estilo. Para se diferenciar de vez,apostou suas fichas na
cozinha instigante do sudeste asiático,abrangendo os sabores do Vietnã,
Tailândia e Malásia. O local é minúsculo, simples e muito ruidoso, mas
quando os perfumados e “quentes”
pratos começam a chegar, o silêncio
é de reverência. O gasto médio, com
vinhos, fica na casa dos 40 euros.
Modesto Lafuente, 64, Madrid,
tel: 91 533 4154
FOTO: DIVULGAÇÃO
N
DIFERENTE E COMPLETA
importadora Zahil,uma das mais tradicionais e sérias do mercado nacional,acaba de abrir sua primeira loja Wine House em São Paulo.Instalada em uma espaçosa e charmosa casa no bairro do Itaim,inova em seu
layout. O cliente seleciona os vinhos em uma espécie de expositor, onde
consta uma pequena ficha técnica sobre cada um deles. Em seguida, as
garrafas selecionadas são retiradas da adega climatizada,onde ficam guardados em temperatura constante de 17 graus.No final da loja há um espaço com jardim,destinado para cursos e degustações.
Avenida São Gabriel, 201 - cj 1003, Tel.: (11) 3704-7313
A
Já
Social
TALITA, 15
ANOS, UMA
DAS 117
ALUNAS DO
INSTITUTO
MÚSICA PARA
TODOS:
”MEU FUTURO
ESTÁ AQUI”
Uma banda sinfônica formada só por crianças
84
85 C Y R E L A
NOTAS
PARA TODAS AS
CORES
em realidade o sonho de um futuro na música erudita
POR CELSO MASSON | FOTOS EGBERTO NOGUEIRA
e adolescentes da periferia de São Paulo transforma
om sua arquitetura geometricamente angulosa, que contrasta com a abóbada da vizinha Oca, o Auditório Ibirapuera já seria um magnífico presente para os paulistanos ainda que se limitasse à sua
proposta original,ou seja,a de ser uma
sala de concerto dentro do mais charmoso parque da cidade.Mas ele é muito mais que isso.Em seu subsolo,além
dos camarins de praxe,há uma biblioteca,onze salas de aula,um espaço para ensaios coletivos e uma área de convivência. Uma escola de música bem
escondida, mas pronta para revelar
grandes talentos. Quem a freqüenta
não são moradores das redondezas do
Ibirapuera.É gente que vem de longe
– e que corre atrás de um sonho.
São 117 os alunos que freqüentam os
cursos oferecidos gratuitamente na escola que faz parte do Instituto Música
para Todos,entidade criada a partir de
uma iniciativa da TIM Brasil. Presidida
C
pelo publicitário Mario Cohen, o instituto conta com um conselho nobre: o
maestro Jamil Maluf,o crítico Zuza Homem de Mello e o empresário Salomão
Scwartzman. Esses jovens da periferia
paulistana, com idades entre 9 e 18
anos,foram selecionados a partir de oficinas realizadas em escolas da rede pública,das quais participaram mais de 5
Já
Social
mil estudantes de bairros carentes.Hoje, eles têm acesso a professores qualificados,instrumentos recém adquiridos,
recebem uma cesta de alimentação e
ajuda financeira de R$ 140 mensais (restrita aos que já completaram 15 anos)
para que não precisem buscar outro trabalho. O sonho que eles estão conseguindo realizar é o de seguir uma carreira na música sinfônica.
DO RAP PARA OS CONCERTOS
“A música é uma linguagem usada por
todos os povos para superar barreiras
e diferenças. E nenhum povo domina
essa linguagem com tanto talento quanto o povo brasileiro.” A afirmação é de
Mario Cesar Pereira de Araujo,presidente da TIM Brasil,e foi feita em setembro
de 2005,época em que a empresa inaugurou o Auditório Ibirapuera – um belo projeto de Oscar Niemeyer que ficara engavetado por 50 anos até ser construído e doado pela TIM à Prefeitura de
São Paulo,a um custo de R$ 29 milhões.
O investimento consolida o trabalho
social da empresa, que teve início assim que ela pôs os pés no Brasil.
86
87
C Y R E L A
AS FLAUTAS EM AÇÃO EM UMA AULA COLETIVA E AS CURVAS QUE NIEMEYER
DESENHOU PARA O INTERIOR DO AUDITÓRIO, COM UMA ESCULTURA
SUSPENSA DE TOMIE OTHAKE AO FUNDO: ESTÍMULO À CRIATIVIDADE
Foi em abril de 2003 que o projeto TIM Música nas Escolas saiu do papel. Iniciado em São Paulo e estendido para Porto Alegre, Salvador, Recife, Belém, Rio de Janeiro e Ribeirão Preto, ele beneficia 12.500 estudantes e seus familiares. Nas oficinas que percorrem as escolas da rede pública semanalmente, os alunos têm aulas
de instrumentos, história da música, canto e expressão corporal. Mas o que as deixa realmente gratificados é a oportunidade de mostrar seus talentos em apresentações nas suas comunidades. Em São Paulo, como a TIM é gestora do Auditório Ibirapuera,o projeto saiu das escolas para ganhar um espaço autônomo,levando junto o grupo de alunos que mais se destacou nas oficinas de musicalização.
Foi assim com Ramon Sousa do Nascimento,de 12 anos.Ele reuniu um grupo de amigos para “inventar um rap”em uma das apresentações na escola em que estuda,no bairro do Campo Limpo,em São Paulo.“A professora gostou e me indicou para um teste”,diz.
“Desde que eu tive contato com a música instrumental,estou mais interessado nela do
que no rap”,afirma Ramon,que já escolheu seu instrumento favorito,o sax contralto.
O PALCO QUE DÁ PARA
O PARQUE, (ACIMA).
A “LABAREDA” QUE
SE ERGUE LOGO NA
FACHADA (À ESQ.) E UM
DOS ALUNOS DA ESCOLA
TOCANDO BOMBARDINO:
COMUNHÃO DE TALENTOS
Já
Social
O desafio é
respeitar a
cultura que
os alunos
trazem e
introduzir
outra, a
clássica
MAESTRO JOEL BARBOSA
88
C Y R E L A
A TARDE
CAI NO
IBIRAPUERA
ENQUANTO O
MAESTRO
JOEL (ABAIXO)
INCENTIVA
RAMON E SEUS
COLEGAS
Para aprender música na escola do Auditório Ibirapuera,Ramon precisou demonstrar algumas aptidões básicas.A coordenação do curso escolheu o método criado
por Carl Orff (compositor famoso pela peça Carmina Burana), uma técnica de iniciação musical que usa xilofones para que os aspirantes expressem sua musicalidade e possam ser avaliados segundo certos parâmetros como ritmo, percepção e simetria.Também foi levado em conta o interesse do aluno por música e,claro,o apoio
da família. Mas não basta ter apenas talento musical. A equipe da TIM monitora o
desempenho escolar em avaliações preenchidas pelos professores da escola em que
o aluno está matriculado.A assiduidade também conta pontos.
ALÉM DOS SONS
No início de fevereiro deste ano, cada um dos 117 alunos teve de escolher seu
instrumento favorito. Como o objetivo do projeto é formar uma banda sinfônica,
a maior oferta é de instrumentos de sopro,como saxofones,trompas,oboés e clarinetas, já que numa formação desse tipo não há violinos, por exemplo. Os alunos foram então levados a um conservatório onde puderam ver músicos já experientes em ação. Após ouvir diferentes sons, entender como é a embocadura
e o manejo das chaves de cada instrumento, fizeram suas escolhas. Em caso de
empate (muita gente prefere o saxofone ao fagote, por exemplo), o critério adotado é um teste de habilidade técnica.
A escola conta hoje com dez professores e um maestro que cuida das atividades
coletivas.“Quando há oportunidade,a gente procura fazer com que os alunos interajam com os músicos que se apresentam no Auditório”, explica a coordenadora
pedagógica Fabiana Marchesi. Ela destaca que, além da música em si, os alunos
aprendem outros ofícios ligados à atividade,como iluminação,cenotécnica e até a
serem “mestres de cerimônia”, anunciando as atrações principais dos espetáculos
que ocorrem no Auditório. Para isso, precisam estudar um pouco sobre a obra da-
Já
Social
Na escola
descobri
o quanto
gosto de
música
erudita
RAMON DO NASCIMENTO
quele artista, ler críticas, ouvir gravações e assim desenvolver uma cultura musical mais ampla.O Instituto Música para Todos pretende, dentro do
possível,contratar os alunos formados
na escola,além de encaminhá-los para programas de aperfeiçoamento e
até para vagas em outras empresas.
Para o maestro Joel Barbosa, encarregado de coordenar os ensaios em grupo, o grande desafio de lidar com alunos de comunidades carentes é “conseguir ensiná-los de maneira a respeitar a cultura que eles trazem e,ao mesmo tempo, introduzir uma cultura nova para eles, que é a da música erudita”. A julgar pelo entusiasmo da estudante Talita Pereira de Freitas, de 15
anos,esse objetivo está sendo alcançado.“Eu não conhecia música erudita,
só ouvia o que toca em rádio, música
mais comercial.Agora,meu gosto é mais
eclético”, define.Talita demonstrou interesse por flauta, sax e piano, e conta
com o estímulo dos pais, que apóiam
seu aprendizado.“Agora eu pretendo
construir meu futuro na música”.
90
C Y R E L A
C a r a v e l a
NAVEGUE PELA CULTURA: LIVROS, CINEMA, TEATRO, EXPOSIÇÕES...
WOLFGANG EM ÓLEO
DE 1.763 ATRIBUÍDO A
LORENZONI: TRAJE DE
GALA AINDA MENINO
HÁ 250 ANOS NASCIA MOZART, UM PRODÍGIO AINDA
92 93 C Y R E L A
udo já se disse sobre Wolfgang Amadeus Mozart (17561791), o compositor clássico por excelência, ponto máximo
de uma arte em sua mais absoluta perfeição formal. Existem cerca de 7.500 livros que falam de sua vida e mais de
20 mil artigos dedicados a desvendar os encantos de suas
composições. Mas foi graças a um filme, Amadeus (de Milos Forman, 1984), que ele chegou ao grande público contemporâneo. Dois séculos e meio após seu nascimento, há
novas chances para se compreender o porquê do fascínio
que ele continua exercendo. Mesmo tendo atingido seu
ápice estético com a música vocal, Mozart escreveu concertos que, segundo o pianista Marcelo Bratke, “funcionam
como uma espécie de diário íntimo e abstrato”. Sem a presença do teatro, eles ilustram, melhor do que outras obras,
os diversos períodos vividos pelo compositor. “É como se
traçassem uma linha da vida através da música, pois cada
um deles faz transparecer uma época específica. O concerto Jeunne Homme, por exemplo, traz o frescor da juventude. Já as cores noturnas do Concerto em Dó Menor
n0 24 lembram as harmonias da ópera Don Giovanni”, diz o
pianista brasileiro radicado em Londres.
PARA OUVIR EM CASA
Mozart Jubilee Edition Volume 1
Deutsche Grammophon
Coleção com 3 CDs duplos: Sinfonias, com a Orquestra Sinfônica de Viena sob o comando do maestro Ferenc Fricsay;
Concertos para Piano, apresentando solistas femininas,
como Clara Haskil e Annie Fischer; e Música de Câmara,
com os Quartetos Amadeus e Loewenguth.
NA MENINICE, UM JOVEM ATORMENTADO PELO ESTRELATO E UM MITO
QUE SOBREVIVE POR SUA OBRA TÃO INTENSA QUANTO SUA BIOGRAFIA
GÊNIOS
MAIS PRECOCE DOS
O
T
CONCERTOS
MOZART AO VIVO
Destaques da programação 2006
Sala São Paulo - Praça Júlio Prestes, s/no, Luz (11) 3337-5414
Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo
1o de abril: Serenata no 11 em Mi b maior, KV 375
John Neschling, regente Arnaldo Cohen, piano
07 a 09 de setembro:
Sinfonia no 29 em Lá maior, KV 201
Alain Lombard, regente Freddy Kempf, piano
Sociedade de Cultura Artística
Rua Nestor Pestana, 196, Centro (11) 3258-3344
22 de junho:
Quartetos para Cordas KV 590
Alban Berg Quartet
C a r a v e l a
POP
ODE UMAUGE
SOPRO
MÚSICA
NAVEGUE PELA CULTURA: LIVROS, CINEMA, TEATRO, EXPOSIÇÕES...
GRAVACÃO HISTÓRICA DE JOHN COLTRANE
CELEBRA A CRIATIVIDADE DO IMPROVISO
MÚSICA
O LEGADO MUSICAL DA BANDA MAIS INVENTIVA
DO BRASIL, AGORA EM CDS REMASTERIZADOS
MUTANTES
DE A A Z
JAZZ
O saxofonista John Coltrane (19261967) marcou a história do jazz por ter
modificado radicalmente e em um curto espaço de tempo sua maneira de tocar. Das interpretações tradicionais de
fins dos anos 50, ele avançou para a
mais pura liberdade de improvisação que
caracterizaria o jazz criativo (e nem
sempre fácil de apreciar) da década seguinte. Gravado ao vivo em 1965, o álbum duplo Live at the Half Note – One
Down, One Up, capta um desses momentos mágicos, em que o sopro atinge o auge de sua expressão.
94 95 C Y R E L A
O tempo passa, o gosto musical muda,
mas aquele som originalíssimo criado
por Rita Lee, Sérgio Dias e Arnaldo Baptista mantém o mesmo frescor que trazia na virada para a década de 1970. A
prova pode ser conferida nas recentes
reedições em CD de sete discos da banda: Os Mutantes (1968), Mutantes
(1969), Tecnicolor (1970), A Divina Comédia ou Ando Meio Desligado (1970),
Jardim Elétrico (1971), Os Mutantes e
seus Cometas no País dos Baurets
(1972) e O A e o Z (gravado em 1973 e
lançado só em 1992). Desta vez, todo o
material foi remasterizado, garantindo
um som impecável às gravações.
INSPIRADO POR BUDA
CINEMA
AO CONTAR UMA
HISTÓRIA DE CARMA,
VINGANÇA E
REDENÇÃO, O DIRETOR
BUTANÊS NETEN
CHOKLING RINPOCHE
RECORRE A UM
BANQUETE VISUAL À
MODA DE AKIRA
KUROSAWA E ZHANG YI
Novecentos anos após sua morte, o poeta visionário e mago Milarepa permanece entre as mais reverenciadas figuras tibetanas. Nascido em uma rica família de mercadores do século 11 e batizado com o nome
Thöpaga, esse predestinado perde o pai ainda menino e tem sua fortuna roubada pelo tio. Nove anos depois, sua mãe o encaminha para uma escola de magia negra, onde Thögapa adquiria as habilidades necessárias para destruir o tio usurpador. Mesmo iniciado na magia negra, ele acaba aprendendo com um monge budista o quanto a vingança é fútil, e segue uma nova jornada para superar seu carma ruim.
Este é só o começo da história contada em Milarepa, filme dirigido por Neten Chokling Rinpoche, um lama nascido
no Butão em 1973 e treinado na tradição clássica do budismo tibetano. Atualmente, Rinpoche (nome que significa
“precioso” e que foi acrescentado após ele ter sido entronado como lama) divide seu tempo entre dois mosteiros, um
na Índia (onde Milarepa foi rodado) e outro no Tibete. Seu filme de estréia foi exibido no Festival de Berlim, ocasião
em que ele declarou suas modestas ambições como cineasta: “Se e este filme inspirar uma única pessoas a ser mais
compreensiva, tolerante e paciente com as outras, estarei mais que feliz. Sob a ótica budista, este é o presente mais
precioso que eu posso oferecer ao mundo”. Milarepa ainda não tem data para estrear no Brasil.
C a r a v e l a
NAVEGUE PELA CULTURA: LIVROS, CINEMA, TEATRO, EXPOSIÇÕES...
UM DISCÍPULO DE CHATÔ
MOSTRA NA GALERIA DO SESI REVELA OLHAR REFINADO SOBRE MESTRES BRASILEIROS E INTERNACIONAIS
TELAS DE
DI CAVALCANTI
(AO LADO) E
PORTINARI
(ABAIXO).
GRAVURA DE
JOAN MIRÓ E
ESCULTURA
DE MÁRIO
CRAVO FILHO
EXPOSIÇÃO
96
C Y R E L A
O poeta e jornalista pernambucano Odorico Tavares (1912-1980) tinha 29 anos quando assumiu a direção do grupo de empresas que compunham o braço baiano dos Diários Associados, o império de comunicação construído por Assis Chateaubriand. Como se sabe, Chatô montou a maior
coleção de arte de seu tempo no Brasil (só superada décadas mais tarde pela de Roberto Marinho) e ensinou a seus comandados não só um
estilo próprio de produzir notícias mas também o
gosto pela pintura e escultura.
Seguindo o exemplo do patrão, Odorico Tavares
desenvolveu um olhar refinado para as artes plásticas. Sua casa em Salvador foi ao longo dos anos
reunindo mobiliário dos século 18 e 19, peças de
imaginária religiosa do período barroco e um impressionante acervo de telas assinadas por artistas brasileiros do primeiríssimo time – além de
alguns exemplares de Picasso, Miró e Matisse.
As 200 obras mais relevantes de seu acervo podem ser vistas em São Paulo até o dia 30 de abril
na Galeria do Sesi (Av. Paulista, 1313) na exuberante mostra Odorico Tavares: a minha casa baiana – sonhos e desejos de um colecionador, com curadoria do artista baiano Emanoel Araújo. Tratase de uma exposição complexa: “Ela narra a trajetória do personagem e não mostra apenas os Pancetti, Di Cavalcanti e Portinari, mas envolve poesia, literatura e fatos políticos e históricos da Bahia entre os anos de 40 e 70”, explica o curador.
C a r a v e l a
NAVEGUE PELA CULTURA: LIVROS, CINEMA, TEATRO, EXPOSIÇOES...
BRASILEIRAS
GUERREIRAS
DA PAZ
O Projeto 1000 Mulheres nasceu na Suíça com a ambição de mapear 153 países
e neles identificar as líderes sociais engajadas na luta por um mundo mais justo. Do total de 1000 nomes, ao Brasil
coube uma cota de 52, proporcional à
sua população. Uma garimpagem por todos os estados revelou um país pouco
conhecido, em que a ação feminina tão
vibrante quanto comovente.
MARCA
D’ÁGUA
JOSEPH BRODSKY
TRADUÇÃO: JÚLIO
CASTAÑON GUIMARÃES
COSAC & NAIFY,
96 PÁGINAS, R$ 38
98
C Y R E L A
LIVROS
CONTOS
BRASILEIROS
DE FUTEBOL
CLARA CHARF
(ORGANIZAÇÃO)
CONTEXTO, 224
PÁGINAS, R$ 29
Depois de passar 17 invernos de férias em
Veneza, Joseph Brodsky a vê “em preto-e-branco, como convém a algo que
emerge da literatura ou do inverno”. Repleta de imagens formadas por associações bastante livres, a cidade aparece ora
transfigurada em uma gigantesca orquestra, ora na leoa que protege o filhote. Como uma versão pessoal do paraíso
para Brodsky, sua Veneza é um lugar que
nos faz sentir que nem tudo está acabado – e que há sempre esperança.
CYRO DE MATTOS
(ORGANIZAÇÃO)
LGE EDITORA, 156
PÁGINAS, R$ 30
Craques do conto brasileiro falam
de dramas e paixões que o futebol
proporciona, com o estádio cheio ou
na pelada, na jogada suja do cartola, nos lances cujos minutos fazem
as horas do mundo. Falam sobre a
disputa na vida e no campo, revelam o futebol embaralhando-se num
jogo encoberto de amor e vingança.
São 19 autores reunidos, que cobrem desde a conquista do primeiro mundial para o Brasil, em 1958,
até os dribles dos meninos de rua.
Pontodevista
A ARTE DE CONVIVER
OS CACOS E O FAISÃO
É PROMOTER E EMPRESÁRIA CULTURAL DAS
MAIS RESPEITADAS DO PAÍS E AUTORA DO LIVRO
“NINGUÉM É PERFEITO, MAS PODE MELHORAR”
m qualquer situação é importante lançarmos mão das boas maneiras.A vida
em apartamentos é talvez onde este mandamento deva ser exercitado com
mais tenacidade.Afinal,estamos todos uns sobre os outros,elegantemente estabelecidos, mas vivendo juntos num mesmo espaço vertical. Sempre vivi em casas,
mas adorei quando me mudei para um apartamento. Nunca questionei as possibilidades aprazíveis de se conviver com outras pessoas,encontrando-as nos elevadores nas garagens ou nas reuniões de síndico.Mas sei que tem gente que não gosta desta eterna confraternização. Compreendo, mas acho chato.
Veja bem,o que custa ser gentil com seu vizinho? De uma coisa todo mundo que convive gosta:simpatia.Por que não ser agradável? Não precisa se estender em altas conversas,mas falar do tempo,do belo colar que ela pode estar usando...Não tira pedaço de
ninguém e afina seu entrosamento no prédio.
Há etiqueta para tudo.Com a síndica,por exemplo.Meu Deus,que conversas cacetes
os síndicos têm! Síndicos são,geralmente,o sinônimo de dor de cabeça,tarefas e gastos.
Mas quem se habilita a ser síndico é antes de tudo um bravo.Eu por exemplo,em todos
os Natais,não esqueço de mandar um presente para minha síndica.Também é preciso
ter classe e tolerância no caso de reformas.Tanto quem faz quanto quem as sofre enquanto vizinha.Quem faz,deve se mancar completamente quanto a marteladas e barulho nos fins de semana ou altas horas da madrugada como 8 da manhã.Nem todo mundo acha normal levantar às 5h30,correr quilômetros no quarteirão e sair para o escritório antes das 8.Há quem,como eu,inicie seu dia calmamente,faça seu pilates em domicílio e queira que o dia comece em ritmo Mahatma Ghandi.
Ninguém gosta das marteladas em cima da sua cabeça, mas o que fazer? Para mim
aconteceu algo desagradável,que vou contar para vocês.Marilia Gabriela mora no mesmo prédio que eu. No hall de entrada do meu apartamento eu tinha uma coleção de
pratos Companhia Das Índias deslumbrante.Ela comprou mais um andar e resolveu unir
um ao outro.Portanto vocês podem imaginar a quebradeira.Um dia ao entrar,qual não
foi a minha surpresa ao ver três pratos despedaçados no chão.Coloquei todos num saquinho, e ao me deitar, pensei, o que adianta chatear a Marilia? Nem se ela quiser me
comprar novos vai poder,pois são antigos.Ela vai ficar atrapalhada,os pedreiros vão levar uma bronca e eu de qualquer jeito jamais terei estes pratos de volta.
Guardei os cacos,porque não tive coragem emocional para livrar-me deles.E depois de dois
anos,passeando por Angra dos Reis deparei com uma senhora que fazia pratos de cimento
adornados com cacos de porcelana antigos.Seu trabalho era um luxo e servia-me como uma
luva! Ela utilizou meus cacos e fez peças diferentes e criativas. Todos que visitam minha casa
de praia perguntam aonde arranjei pratos tão lindos.Sem querer valeu a pena.
Então vamos lá:nem é preciso ser simpático para se viver civilizadamente em
um prédio;basta ser educado.Etiqueta é
abrir a porta do elevador e deixar as pessoas mais velhas passarem primeiro.É estacionar bem bonitinho na sua vaga e
não perder tempo discutindo esse assunto.É explorar toda a experiência de boas
maneiras que se adquire morando aqui
ou em qualquer outro país.Aliás, falando de qualquer país,estive em um jantar
num apartamento lindíssimo em Paris na
casa de uma amiga íntima,e vejam o que
aconteceu. Sentamos 10 pessoas para
um jantar meio formal. Na hora da copeira servir o faisão,ela tropeça e se esparrama pelo chão com a bandeja e tudo.Começaram a limpar o chão e pegar
pedaços espalhados de faisão pela sala.
Passam 5 minutos e a mesma copeira entra com um faisão perfeito e começa a
servir a todos.Eu não queria acreditar e
olhava para minha amiga que também
tinha um olhar incrédulo.
O jantar correu muito bem,e quando
todos foram embora soubemos pela
magnífica copeira que ela era amiga da
copeira do andar de baixo que também
estava servindo um jantar com faisão.
Até hoje acho que foi servido um picadinho de faisão no outro jantar.
Bom,e para finalizar,acho que hoje em
dia se voltasse a viver em uma casa me sentiria bem sozinha e negligenciada,sem a
ajuda pontual do porteiro Joãozinho para
me abrir o portão e receber os visitantes.
E
100
C Y R E L A
ALICE CARTA
Cyrela
AQUI VOCÊ ENCONTRA SEU IMÓVEL
oi-se o tempo em que vidros espelhados e elevador inteligente eram
os maiores sinônimos de um prédio moderno.Um empreendimento que de fato prima pela tecnologia precisa agora
obedecer a uma série de critérios que
já viraram até objeto de pesquisa na na
Escola Politécnica da Universidade de
São Paulo-USP. “Desde 2004, trabalhamos com uma lista de atributos que nos
ajuda a qualificar uma construção”,explica o professor Cláudio Alencar,coordenador do Grupo Real Estate de Análise de Mercado da USP. Dos 30 edifícios analisados nos últimos anos, apenas cinco conseguiram a classificação
“Triple A”,a mais alta no quesito tecnologia. Um deles é o Faria Lima Square,
empreendimento da Cyrela,previsto para ficar pronto em junho de 2006.
A modernidade no Faria Lima Square começa pela automação no controle de energia elétrica,ar-condicionado
e infra-estrutura.“Essa automação será
essencial,nas ações preventivas e corretivas,além de otimizar os gastos com
energia”,explica Hilton Rejman,gerente de projetos da Cyrela Brazil Realty.
Esse sistema poderá eleger a fonte de
energia para o sistema de ar-condicionado central, podendo ser eletricidade, gás ou diesel,dependendo do que
F
TECNOLOGIA A TODA PROVA
Faria Lima Square, empreendimento da Cyrela Brazil Realty, é o
102 103
C Y R E L A
DIVULGAÇÃO
mais moderno prédio de escritórios de São Paulo
Cyrela
AQUI VOCÊ ENCONTRA SEU IMÓVEL
representar maior economia naquele
período.Ou seja,todas essas inovações
tendem a reduzir, e muito, o custo de
condomínio.O professor Cláudio Alencar calcula que um prédio tecnologicamente avançado, com a classificação “Triple A”chega a ter 20% de redução nos custos de condomínio.
Os escritórios também foram pensados de forma diferenciada,com grandes
lajes sem pilares,o que permite qualquer
layout.O sistema de elevador segue o critério de chamada antecipada,em que o
usuário digita o andar desejado e o equipamento indica qual elevador deve ser
utilizado.O espaço no Faria Lima Square é outro importante diferencial. São
11 andares e aproximadamente 17 mil
metros quadrados de área privativa. O
número de vagas disponível por andar
chega a 54.“Também projetamos para o
empreendimento um grande diferencial,
um elevador que chega até o nível do
heliponto”,afirma Rejman.
PERSPECTIVA DO LOBBY DO FARIA LIMA SQUARE: AUTOMAÇÃO DO SISTEMA DE AR-CONDICIONADO AOS ELEVADORES
104
105
C Y R E L A
VISTA AÉREA DA REGIÃO DA NOVA FARIA LIMA (ACIMA) E PLANTA
BAIXA DO PAVIMENTO TIPO DO EDIFÍCIO (ABAIXO): ESPAÇOS SEM PILARES
Não é a primeira vez que um empreendimento da Cyrela conquista a
classificação “Triple A”. Em 2003, o Faria Lima Financial Center também foi
analisado pela equipe da Poli-USP e
conseguiu esta classificação. Buscar
novas tecnologias, aliás, é a meta de
trabalho do departamento de novos
projetos da Cyrela. “Nossa idéia é que
um empreendimento supere o outro
em inovação”,diz Rejman,que faz surpresa pelo que está por vir na nova
aposta da empresa,o The City,empreendimento que será lançado em 2007.
SERVIÇOS
O Edifício Faria Lima Square fica na avenida Brigadeiro Faria Lima, 3.624 – São Paulo. O terreno do empreendimento é de 18.395 metros quadrados, com 105 metros de frente e mais de 70
metros para a rua Leopoldo Couto de Magalhães
Jr, com acesso também pela rua Lopes Neto. Quem
assina a arquitetura do prédio é o escritório Collaço & Monteiro. Nos 14 pavimentos, as áreas para escritórios podem variar de 1.372 metros quadrados a 1.671 metros quadrados cada. O projeto ainda prevê auditório, com salas de reunião,
cinco subsolos para estacionamento, com 558 vagas no total e 14 elevadores. A fachada revestida em granito, vidro verde laminado de 11 mm e
caixilhos de alumínio bronze, garantem conforto
térmico e acústico ao empreendimento.
Mais informações no www.cyrela.com.br
Tel: (11) 4502-3303
Cyrela
AQUI VOCÊ ENCONTRA SEU IMÓVEL
UMA VILA DE
VANGUARDA
administrador de empresas Rodrigo Mendes Duarte,de 33 anos,costuma dizer que só não nasceu na Vila Madalena, mas, de resto, todos os momentos
importantes de sua vida passaram, de uma maneira ou de outra, pelo bairro. Foi
entre as ruas Wisard e a Inácio Pereira da Rocha que ele estudou, fez os amigos
de hoje, conheceu a esposa e descobriu sua vocação profissional. “Morei minha
infância e adolescência no Alto de Pinheiros, estudei no Hugo Sarmento, no Oswald de Andrade e, depois, fiz faculdade na USP”, diz. “Minha referência de lugar familiar, onde me sinto em casa, sempre foi a vila.” Rodrigo mora, atualmente, no Campo Belo, mas está prestes a dar um passo decisivo: comprou um apartamento no edifício Sarau,lançamento da Cyrela,que fica no número 771 da Fradique Coutinho. “Mais que tudo quero voltar para o lugar que me
identifico, onde pretendo ter filhos e construir meu futuro.”
Conta a história que a Vila Madalena nasceu Vila dos Farrapos.
Era,como oficialmente é até hoje,uma parte de Pinheiros,delimitada (vejam só!) pela várzea do Rio Pinheiros. Era o refúgio de indígenas que
abandonaram a parte central da cidade depois da instalação dos jesuítas, em 1554.
Imagine que os religiosos montaram uma
estrutura de catequese em Pinheiros, com
a intenção de estarem mais próximos dos
índios de Vila dos Farrapos. Já no início do século,contam os moradores mais antigos,um português comprou boa parte das terras, onde fundou o Sítio do Rio Verde.As três filhas desse dono de terras deram nome às vilas fundadas
depois:Vila Ida,Vila Beatriz e Vila Madalena.
O
106
107
C Y R E L A
O astral contemporâneo do bairro
veio depois,nos anos 70,quando estudantes da USP alugavam casas na região e montavam espécies de repúblicas. A efervescência cultural foi uma
conseqüência natural.A partir dos anos
80,os bares começaram a surgir e o clima de festa ficou completo. Caso raro
em São Paulo,a chegada de novos moradores não feriu a atmosfera de interior que ainda hoje paira na vila. Ao
contrário,esse processo de modernização ocorreu de forma pacífica. Nos
anos 90,artistas,fotógrafos e designers
montaram seus ateliês por ali,completando o ar de vanguarda.
Para conhecer a Vila Madalena,é preciso se permitir o acaso, se perdendo
pelas ruas e becos do bairro, parando
onde der vontade para um café ou uma
comprinha.Como diz o jornalista,pintor e crítico de música Enio Squeff,autor de “Vila Madalena – crônica histórica e sentimental”(Editora Boitempo,208
páginas),a Vila é para ser experimentada,intensamente experimentada.
FOTOS: TADEU BRUNELLI
De aldeia indígena a cenário cultural paulistano,eis a Vila Madalena
DETALHE DA
LIVRARIA DA VILA
(ACIMA À ESQ.),
BECOS GRAFITADOS E VISTA DE
UMA DAS PRAÇAS DO BAIRRO
(À DIR.): CLIMA
DE INTERIOR,
RITMO DE CIDADE
Cyrela
FOTOS: TADEU BRUNELLI
AQUI OS ÚLTIMOS LANÇAMENTOS
DÉLI PARIS
Rua Harmonia, 484.
Tel.: (11) 3816-5911
É um misto de café e padaria,mas também serve refeições deliciosas.O responsável pelas receitas de sotaque francês
é o chef Remy Belin. Na lista dos itens
que não podem ficar de fora de uma degustação estão os pães de nozes,de azeitona e campanha,feito com farinha integral,além das tortinhas de maçã,framboesa com amêndoas, chocolate e banana, creme de laranja. Se nada disso
animar,pare ao menos para curtir as mesinhas na calçada,onde é possível acompanhar o movimento da vila.
108
109
C Y R E L A
DOCES DE LAURA
SACOLÃO DA VILA
Rua Aspicuelta, 27.
Tel.: (11) 3811-9669
Não é exagero dizer que a torta de
pecan dessa simples e charmosa doceria é a mais saborosa da cidade.Então, se você se perder com os olhos
na vitrine de doces (o que é algo absolutamente natural!),comece por essa. E, depois, continue a extravagância com as tortas de chocolates, os
brigadeiros, o pudim de claras...
Rua Medeiros de Albuquerque, 352.
Tel.: (11) 3813-0614/3642.
Ícone de ambiente despojado,o sacolão
já foi até cenário de novela da TV Globo.
Ali convivem pacificamente bancas de frutas,um restaurante japonês,outro baiano
e uma irresistível banca de pastel.A Pastelaria Hiroy está na praça do sacolão há
dez anos.Não deixe de provar dos pastéis
com combinações especiais como o de
escarola com queijo e atum com queijo.
MAGMA
DEPÓSITO SANTA FÉ
Rua Aspicuelta, 227.
Tel.: (11) 3816-5816
Aqui está um exemplo do conceito moderno de oásis.No meio da agitação da
cidade, um lugar para relaxar, com opções de massagens e terapias alternativas para todos os gostos e bolsos.Aproveite para admirar a arquitetura do local,
inspirada nas tradicionais vilas italianas.
Rua Aspicuelta, 58.
Tel.: (11) 3031-2270
Móveis originais, com uma proposta
inovadora de ambientação com estilo, são a marca dessa loja. Com serviço de pronta-entrega,a casa dispõe
de arte nativa, objetos importados,
velas,teares,painéis e estofados,além
do mobiliário de madeira.
MORAR BEM
É ESSENCIAL
DIVULGAÇÃO
O Sarau Pinheiros,empreendimento
lançado pela Cyrela,une o conceito
de bem-estar,conforto e localização
para quem não abre mão de se sentir
no centro do mundo.Entre a Vila Madalena e Pinheiros,na Fradique Coutinho,o prédio tem projeto arquitetônico assinado pelo escritório de Marcio Curi e Azevedo Antunes.A guarita
e o portão compõem com gradil de
vidro e alumínio,dando vista ao jardim com vegetação tropical.O salão
de festas com espaço gourmet foi projetado pela arquiteta Janaína Leibovitch e está integrado à praça de apoio,
ideal para eventos informais e descontraídos.São três opções de apartamentos:com quatro dormitórios (uma suíte e 120 m2), com três dormitórios
(uma suíte e 120m2) e com três dormitórios (uma suíte, home office e
120m2).Escolha o seu!
Mais informações no www.cyrela.com.br/sarau
Rua Fradique Coutinho, 771 - (11) 3819-1665
Cyrela
AQUI VOCÊ ENCONTRA SEU IMÓVEL
POR UMA VIDA DE
CAMINHADAS
Morar perto do trabalho é a opção para quem sabe valorizar seu tempo
uma capital como São Paulo ou
Rio de Janeiro,não é muito difícil
imaginar uma pessoa que gaste duas
horas por dia se deslocando de casa
para o trabalho,e do trabalho para casa. No meio da rotina, esse tempo pode até passar despercebido, camuflado de costume.Mas em um ano,essas
duas horas de trânsito de segunda a
sexta-feira significam 480 horas,ou seja,20 dias de sua vida parado num carro. Não é de estranhar, portanto, que
tanta gente prefira definir sua vida pessoal em função do local de trabalho.
Estar a poucos minutos do escritório
é, na mais descompromissada das hipóteses,um luxo necessário para quem
faz questão de manter a qualidade de
vida,independente do tamanho da cidade onde se mora.
O administrador de empresas Maximiliano de Lacerda sabe bem o que isso significa.Há pouco mais de um ano,
ele resolveu que já era momento de otimizar seu dia,o que significava passar
menos tempo no trânsito entre a casa
e o trabalho,que fica na região da Paulista. A solução foi trocar de bairro. E
ele que chegava a gastar 1h20 no trânsito cada dia passou a morar a cinco
N
110
111
C Y R E L A
tes centros administrativos e financeiros de São Paulo, ela chegava a gastar
40 minutos.Isso porque Angélica conseguiu alterar sua hora de entrada e saída do trabalho,para evitar os horários
de pico.“Claro que a mudança melhorou a minha vida,o trânsito é imprevisível.” A virada começou quando ela
alugou um apartamento próximo ao
escritório.“É um imóvel menor, estou
longe da família,mas ir andando para
os compromissos profissionais é uma
conquista que não tem preço.” Angélica se prepara agora para comprar um
imóvel no bairro.“Não abro mão desse
conforto nunca mais.”
DIVULGAÇÃO
minutos do escritório.“Tudo mudou depois que me mudei”, diz entusiasmado.“A minha vida passou a ter mais qualidade: e já não me estresso no trânsito.”Atividades que pareciam um sonho
impossível entraram na rotina do pernambucano,que agora freqüenta academia de ginástica todos os dias e faz
cursos de idiomas duas vezes por semana.“Mas o melhor de tudo é poder
tomar meu café da manhã sossegado.”
Virada maior teve a psicóloga Angélica Teixeira.Durante mais de dois anos,
ela morou na zona Norte,trabalhando
na zona Sul. De sua casa até o escritório na Berrini, um dos mais importan-
HUMANARI
Rua Guararapes, 2073
Essa é a opção para quem busca localização numa atmosfera cosmopolita.Bem
ao lado da Berrini,o prédio tem projeto
arquitetônico de Itamar Berezin. Num
terreno de 8.200 metros quadrados,quem
morar por aqui vai dispor de espaço de
lazer incomparável, com home theater,
sauna com ducha e sala de descanso,sala de massagem,spa,fitness center,piscina coberta e aquecida com raia de 25
metros, jardim descoberto, salão de festas adulto, salão de festas infantil, churrasqueira,além de um ambiente arborizado com praça de jabuticabeiras e playground.Há opções de apartamentos de
2 e 3 dormitórios,com 111 m2 e 145 m2.
Na internet: www.cyrela.com.br/humanari
tel: (11) 5507-7996
Cyrela
AQUI VOCÊ ENCONTRA SEU IMÓVEL
Rua Sansão Alves dos Santos, 343 - (11) 5505.2625
O Mandarim surge como a novidade imobiliária que consegue traduzir a multiplicidade de estilos e de pessoas cosmopolitas de São Paulo.
Trata-se de uma torre de 40 andares que combinou design de vanguarda,equipamentos voltados ao bem-estar e toques orientais na
área de lazer.Há opções de apartamentos com um dormitório (de
46,5 m2 a 53 m2),de dois dormitórios (com uma suíte e de 75 m2),
três dormitórios (duas suítes e 108 m2),além dos lofts (com 108 m2
e 139 m2) e a cobertura duplex (com duas suítes e 202 m2).
Mais informações no www.cyrela.com.br/mandarim
Serviços by Facilities. Disponíveis unidades de 75 m2 privativos.
DIVULGAÇÃO
MANDARIM
ÇIRAGAN
Alameda Ministro Rocha Azevedo, 38 - (11) 3251.3400
O fusion é o conceito mais moderno de tendências imobiliárias.Localizado no berço
da cena contemporânea de São Paulo,esse empreendimento une imóveis residenciais
e comerciais, tendo em volta um espaço verde pensado para recuperar o verdadeiro
sentido do convívio e apreciação da natureza.Na cobertura,uma piscina de borda infinita dá o toque de sofisticação.Há várias opções de apartamentos: com dois dormitórios (77 m2),ou com um dormitório (50m2 e 55 m2),com três dormitórios (de 118 m2 e
de 126m2) e o duplex (com um dormitório,duas vagas de garagem e área que pode variar de 74m2 a 224 m2).Ainda há a opção de lofts com 82 m2 a 187 m2 privativos,todos
com duas vagas de garagem.Ao lado,e a poucos passos,está o Çiragan Office,com 48
escritórios com espaços flexíveis,podendo ter até 640m2 privativos,em 12 pavimentos e
com terraços que variam de 132 m2 a 166 m2. O design arrojado impera nas áreas de
convívio,tanto no Çiragan Home,como Çiragan Office.
Mais informações no www.cyrela.com.br/ciragan | Serviços by Facilities
PontoFinal
DUDA, MARIBEL E MERCEDES
LUSA SILVESTRE
É PUBLICITÁRIO EM
HORÁRIO COMERCIAL E
ROTEIRISTA DE CINEMA
DEPOIS QUE AS
CRIANÇAS VÃO DORMIR.
PASSOU RECENTEMENTE
POR UMA REFORMA
MONSTRO EM SUA CASA.
aí que o Duda e a Maribel compraram um apê lindo,modernoso,bem pensadinho,
invocado. O preço cabia no bolso, os móveis cabiam na casa. Haveria espaço de
sobra para filhos e amigos de filhos correrem. Haveria espaços vazios para preencher
com móveis novos, badulaques de feiras, trocinhos comprados no mercado de pulga.
Resumindo: a Maribel ia ter o que fazer,ah,se ia.
Apê com gente morando.Uma inquilina que,mesmo depois de ter sido avisada para
ir empacotando as coisas,fez cara de quem não entendeu e se fincou mais ainda na casa.No que o Duda imediatamente ligou pro advogado.Que é isso? Comprou o apartamento e não pode ir morar lá,onde já se viu.Só que a inquilina não era inquilina.Era
comodatária; morava de favor.Pior,não tinha assinado um pedaço de guardanapo que
fosse concordando com regras básicas de civilidade, regras da relação dono da casa/
mulher que morava de favor.E o Duda aguentando a situação toda,a mulher não queria sair,o financiamento,os planos de reforma,e ainda por cima a Maribel,que queria
tirar aquela bandida de lá na unha.
Seis meses depois, a mulher saiu, eles entraram. Lembra da vontade da Maribel de
empanturrar os espaços vazios da casa com achados do mercado de pulgas ? Pois bem:
as pulgas estavam lá;só faltava o mercado.Começaram a reforma.Derruba parede,muda porta de lugar,troca taco do quarto.E daí você me fala: pronto,acabou o terror.Nada. Porque a Maribel encasquetou de mudar uma janela de lugar, e ali naquele bairro
não pode relar na fachada de um imóvel que a Associação dos Moradores cai de pau.
Mudaram a janela,tiveram que desmudar,imagina só o estado do Duda.
E ainda outro problema.Na ponta do lápis,existia um vão de trinta dias entre a data
de entrega do apartamento onde eles estavam morando e o fim das obras do apartamento onde eles iam morar.A Maribel achou que dava pra adiantar a obra.E contratou
mais uma penca de pedreiros,tudo sustentado pelo Duda,pobre Duda.
Então um dia o Duda foi visitar a reforma.Pó pra tudo quanto é lado,pedra espalhada,um caos.E me chega um pedreiro com uma chave na mão.É sua,seu Duda ? Achamos ali enterrada na varanda,no meio do piso.O Duda guardou no bolso.Era uma chave antiga,de ferro,chave de Mercedes.Viu a obra,deu umas ordens,desesperou mais um
tanto,e foi comer um sanduíche.Rapidinho.
Já ia voltando pro carro no estacionamento do fast food quando viu uma Mercedes
linda,daquelas de colecionador,branquinha,chapa preta,conversível,maravilha.Sabe
esses que a frente era com farolzão quadrado ? O Duda olhou pro carro, a chave no bolso.Ele pegou na mão.Será que o acaso ia pagar todo o sofrimento com um presente desses,será que alguém lá em cima tinha intercedido em seu favor ?
Deu uma olhada ao redor,e se sentindo um adolescente,andou até o Mercedes.Pegou a chave.Mirou no fecho da porta.Enfiou.E girou pra abrir o carro.
D
Claro que não serviu. Mas já pensou ?
114
C Y R E L A