Sorveteria_216_Maquetación 1
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LONGARONE 30 novembro á 3 dezembro 2014 Mostra Internazionale del Gelato Artigianale A cidade italiana de Longarone, localizada no meio dos Alpes, na região de Veneto, foi sede da 55ª Edição de uma feira especializada que tem como protagonista o sorvete em sua mais alta qualidade. A revista Sorveteria Confeitaria Brasileira foi convidada a participar junto com um grupo de industriais sorveteiros e fornecedores de equipamentos do setor. A experiência foi muito proveitosa. O vôo saiu de São Paulo, fez escalas em Paris e Veneza e de lá um transfer levou o grupo por aproximadamente 100 km até o hotel alpino em Borca de Cadore. As primeiras paisagens mostraram uma planície, com plantações à beira da estrada, campos verdes e árvores com folhagens em diferentes tons dourados, por causa do outono. O acesso à rodovia começou a mostrar um relevo acidentado, no horizonte os Alpes e entre eles pequenos povoados que salpicavam a paisagem de montanha. Longarone está situada nesse mundo idílico de picos nevados. É uma cidade pequena e seu reconhecimento está baseado em ser a cidade representante da região que deu a maior quantidade de sorveteiros artesanais ao Veneto, à Europa e à América. Forte capital simbólico da Feira A MIG, mais conhecida como a Feira de Longarone, conta com o afeto manifesto de expositores e visitantes. Ana Galibert, diretora da Revista Sorveteria, em Longarone 6 Sorveteria Confeitaria Brasileira Nº 216 2014 O prédio que a sedia pode ser considerado de pequenas dimensões se o compararmos com outros grandes pavilhões feriais da Itália. Ainda assim seria injusto qualificá-la como “menor”. Muito pelo contrário, o que demonstra a MIG no decorrer de sua história é uma admirável fidelidade de seus protagonistas. Hoje conta com 200 expositores que oferecem equipamentos, matérias primas, acessórios, serviços, embalagens, cursos e concursos, atividades profissionais para o sorvete artesanal. Sua vitalidade é indiscutível. Historicamente foram os sorveteiros das localidades de Belluno, Cadore e Zodano que difundiram a produção de sorvetes, primeiro na Itália e depois na Europa e além mar. Em 1959 a Comunidade de Longarone é encarregada de organizar a primeira edição da feira. Isto atraiu uma grande atenção de toda a comunidade, dos sorveteiros da região e também do exterior. Lá se deram as bases de uma associação de sorveteiros italianos no exterior. A exposição foi crescendo e em 1962, Sorveteria Confeitaria Brasileira Nº 216 2014 7 FEIRAS No hotel Antelao a diretora da revista Sorveteria, Ana Galibert, com o grupo de sorveteiros brasileiros convidados para visitar a MIG 8 Sorveteria Confeitaria Brasileira Nº 216 2014 FEIRAS Novidade: sorvete de erva mate elaborado com matéria prima gaúcha quando já estava programada a realização da quinta edição aconteceu a grande tragédia natural que destruiu a maior parte da cidade e impediu a realização da feira. Uma imensa massa de água e lama não pode ser contida pela barreira que estava nas proximidades da cidade. Muitos morreram naquele nove de outubro. Mas por sobre os escombros as forças vivas da cidade e os sorveteiros entre elas, juraram recuperar tudo o que fora perdido. Para 1966 começa a discutir-se sobre os valores nutricionais do sorvete e a defini-lo como um alimento de alto valor energético. Em 1968, a MIG volta à cidade que lhe deu origem, é a edição de renascimento, da firme vontade de ressurgir. Em 1970 é instituído o concurso internacional Coppa d´Oro para sorveteiros artesanais. Outro fator que revela a adesão do setor por esta mostra é a reação das associações de profissionais sorveteiros como a UNITEIS, ITAL e AGIA (organizações que reúnem artesãos da Alemanha, Holanda e Áustria) reconheceram na MIG, sua “casa natural” enquanto a Confederação que reúne as organizações de sorveteiros dos países da União Européia, ARTGLACE, fixou sua própria sede na feira de Longarone. A edição 2014 teve uma visitação de aproximadamente 25.000 visitantes. Muitos italianos que têm suas sorveterias na Alemanha, Holanda, Áustria ou Suíça de reencontraram para confraternizar, para fazer contato com a inovação e para viver esse espírito festivo de quem se sente parte de uma mesma família. Sorveteria Confeitaria Brasileira Nº 216 2014 9 FEIRAS 10 Sorveteria Confeitaria Brasileira Nº 216 2014 FEIRAS FEIRAS Oscar de Bona Presidente da Feira de Longarone Longarone sedia a feira que identifica os sorveteiros italianos espalhados pelo mundo. A revista Sorveteria Confeitaria Brasileira entrevistou o Pte. da entidade que explicou o sentido histórico desta feira que é formadora de profissionais de alta qualidade. Também destacou a quantidade de jovens brasileiros que trabalham em gelaterias de italianos na Europa. A entidade Feira de Longarone organiza onze manifestações que estão diretamente vinculadas com as atividades e produções que se desenvolvem nessa região dos Alpes. Feiras como agricultura de montanha, pesca, caça, sabores alpinos, esportes de montanhas, e outros. A MIG, Mostra Internazionale del Gelato, é uma feira paradigmática porque atende a um alimento que é quase uma marca registrada da Itália, o gelato. A feira é uma expressão do cuidado e atenção com que se vem desenvolvendo o gelato na Itália e também é o ponto de encontro de tantos sorveteiros italianos que emigraram desde o final do século XIX para os países da Europa e América. A cada ano regressam muitos de seus descendentes a Longarone para reencontrar-se com seus fornecedores e amigos. Como nasceu a feira de Longarone? A cada ano regressavam para esta região para passar os meses de inverno uma grande quantidade de sorveteiros italianos que tinham aqui suas casas. Depois de trabalhar a maior parte do ano fora de sua terra, na Alemanha, Áustria, Suíça, ou América regressavam para descansar. Nos anos cinquenta não havia a mobilidade que há hoje. Para poder fazer contato com os fornecedores de equipamentos tinham que viajar para a 12 zona de Emilia Romagna, Bologna, Milano, Firenze, Verona, Padova o a outros pontos do país. Foi então que surgiu a ideia, entre um grupo de pioneiros, de aproveitar o tempo de descanso e convocar as empresas fornecedoras para mostrar seus equipamentos. Viram que a cidade de Longarone era apta para isto e aí começou esta atividade comercial. É importante destacar que muitas marcas reconhecidas de equipamentos para elaboração de sorvetes nasceram e se fizeram conhecidas a partir da feira de Longarone. Este sucesso alcançado pelas empresas expositoras é reconhecido hoje por seus titulares que agradecem ao feito de haver contado com uma feira profissional de qualidade. À feira chegavam centenas de sorveteiros que necessitavam a cada temporada trocar seus equipamentos, acessórios, vitrines, freezers, elaboradoras, etc. Essa identidade que os sorveteiros sentiram com a MIG se aprofundou pelo fato de que se reencontravam com seus colegas, pelo menos, uma vez por ano. Assim nasceu uma mística muito forte e um laço de amizade extraordinário tanto dos visitantes como dos expositores. O único objetivo da MIG é ser uma referência do gelato artesanal de qualidade. A feira foi crescendo e salvo alguns momentos de menor participação, sempre teve um número importante de fornecedores seleciona- Sorveteria Confeitaria Brasileira Nº 216 2014 FEIRAS dos do setor. Este ano temos chegado a duzentos expositores, o que significa muito para uma feira hiper especializada. Será por isso que se percebe na feira um clima de entusiasmo e alegria? Exatamente, a atmosfera na que se desenvolvem os negócios na MIG e de grande harmonia. Se vive até com maior intimidade que em qualquer outra feira onde, pelas dimensões maiores, tudo se torna mais impessoal. Em Longarone todos se conhecem e todos esperam o momento de reencontro. Este é o espírito da família da montanha. De quais nacionalidades são os visitantes? Italianos, austríacos, alemães, eslovenos, australianos, sulafricanos. Também contamos nesta edição com um importante contingente de brasileiros. Neste caso devo destacar um aspecto. Nos últimos quinze anos cerca de 18.000 jovens do estado de Santa Catarina se fixaram em postos de trabalho em sorveterias de italianos na Alemanha. Isto porque na Alemanha houve um momento em que não havia interesse em trabalhar nas sorveterias e então começaram a buscar mão de obra estrangeira. Santa Catarina conta com uma população importante de imigrantes italianos. Graças a convênios de amizade entre Longarone e o estado de Santa Catarina começamos a procurar e contactar aos parentes perdidos desde um século atrás. Esses jóvens com família italiana na Alemanha quando viram que podian encontrar um tra- balho, com remuneração várias vezes maior do que a de seu país, sentiram-se motivados a fazer esta experiência de trabalho na Europa. Hoje, depois de desenvolver um trabalho em profundidade e com conhecimento vão regressando ao Brasil e muitos deles abrem alí seus locais para produzir sorvete artesanal. Esta é a razão pela qual temos convidado as autoridades da região de Santa Catarina para honrar este vínculo e este intercâmbio. Outros países são parte de um projeto do Ministério de Desenvolvimento Econômico do Governo Italiano com o ente de todas as feiras italianas tendo como horizonte a Expo Milão 2015. Esse projeto tem como objetivo promover o conhecimento da atividade produtiva do país e gerar negócios nas feiras. Nós escolhemos convidar a sorveteiros da Rússia e Turquía. Por outro lado temos recebido uma importante delegação de compradores chineses que já haviam estado dois anos atrás e que tem voltado pois estão interessados na oferta que encontraram em Longarone. Como vê o futuro da MIG? Há dois anos estávamos preocupados pelos efeitos da crise em todas as atividades econômicas, inclusive as feiras. Hoje podemos dizer que a MIG se mostra forte e muito consolidada com um grupo de expositores que além de serem fortes, estão ampliando seus espaços. Hoje temos a melhor feira desde sua fundação em 1959. E parece que estamos marcando uma contratendência com o que passa no mundo das exposições. FEIRAS Brasileiros na Feira de Longarone O entusiasta Marcelo Rorato Marcelo Rorato “Não adianta ser bonito se não for bom” É um jovem empresário sorveteiro de 40 anos que mora na cidade de Assis, no estado de São Paulo. É formado em marketing e também em música, e segundo falam, é um excelente baterista. No entanto, sua grande paixão é o sorvete. Há cinco anos desenvolve um projeto original e muito criativo que tem o sorvete artesanal como protagonista. Como você encara a atividade do sorvete? A atividade do sorvete para mim é um trabalho prazeroso. Tenho minha própria Sorveteria onde elaboro com receitas próprias diferentes gostos e sabores, além disso, iniciei um novo projeto vinculado diretamente com o mundo dos eventos. Neste projeto ofereço um serviço diferenciado dentro de eventos como casamentos, aniversários, formaturas, batizados, reuniões empresariais, etc. Nelas eu apresento uma mesa de degustação com uma ampla variedade de taças decoradas muito bem apresentadas, com muito detalhes, com pessoal qualificado bem vestidos, inclusive com luvas. Nada do que apresentamos é simples, tudo leva muito trabalho de arte e combinação de sabores e cores. Sundae, Califórnia, e outros com frutas e coberturas. Como é a logística? Este é o segredo do sucesso. O sorvete é preparado com exclusividade, para cada apresentação preparamos um novo lote de sorvetes. Algumas horas antes do evento o sorvete é preparado e colocado em freezer lacrado. O processamento deve ser rápido porque dele depende o sucesso da apresentação. Com o 14 sorvete pronto, vou para o local da festa onde montamos uma estrutura que me permite apresentar um show com o sorvete. Quinze minutos após o jantar eu e minha equipe entramos na sala de festa e montamos tudo. Quais os motivos você apresenta? Temos muitas formas de servir e para isso meus clientes podem ver um folder com as alternativas da nossa apresentação. A idéia é preparar porções exclusivas para cada convidado. Para as crianças monto a taça com motivos infantis, silhuetas de animais ou personagens... Para os adultos há uma infinidade de variações que consigo preparar abusando de frutas, caldas e guloseimas. De onde surgiu essa ideia? Trabalhei onze anos na Vigor e sete anos na York. Essas empresas investem muito forte na degustação de seus produtos e, com elas aprendi que a degustação é importante para diferenciar uma empresa de alimentos. Sorveteria Confeitaria Brasileira Nº 216 2014 FEIRAS Qual é o seu público? Meu público é muito variado pois cada festa ou evento recebe diferentes convidados. Em cada caso devo definir com o cliente o que ele deseja para seu evento. Cada trabalho é individualizado e personalizado. Qual é a resposta do público? É surpreendente. Cada vez que faço um evento os resultados são incríveis. As pessoas gostam demais. A possibilidade de ter taças decoradas tão atrativas provoca uma reação muito forte nos convidados da festa. E depois, os comentários de todos é minha melhor publicidade. Cada festa tem dois protagonistas, o dono da festa e o sorvete. Que tipo de comentários fazem os clientes? Eles ficam muito satisfeitos. Na verdade, o balcão dos sorvetes é uma grande atração na festa. Um comentário do qual vou me lembrar sempre foi o de uma cliente ligada ao mundo fashion que me falou: "tudo isso não adiantaria nada se não fosse bom porque, além de ser bonito, deve ser gostoso" Av. Armando Sales de Oliveira 187, Assis, São Paulo, Brasil. Telefones (18) 3324-6675 / 8650 Celular (18) 99722-6274 FEIRAS Nilson Gemelli Proprietário de Sorvetes Gemelli – Lajeado – Brasil Qual é sua participação na AGAGEL? Eu fui presidente e neste momento faço parte do Conselho Consultivo. AGAGEL é uma entidade que tem quinze anos e seus membros trabalham muito para que o produto sorvete seja cada vez mais valorizado e se amplie o consumo. No Estado do Rio Grande do Sul temos aproximadamente 650 estabelecimentos que fabricam sorvetes. Desde pequenos e unipessonais até grandes empresas industriais. O Brasil hoje consome uma média de 6 kg per capita ao ano. Temos muito para crescer e para isso há que se fazer um trabalho conjunto com todos os sorveteiros da região. O casal Gemelli em Longarone Qual é sua avaliação sobre a MIG de Longarone? É uma feira bem diferente de tudo o que conhecemos no Brasil. É uma feira focada no tema do sorvete artesanal e tudo o que se expõe tem a ver con isso. O visitante pode encontrar produtos de excelente qualidade tanto nas matérias primas como nos equipamentos. Estar aqui é uma grande oportunidade para repensar todos os processos. O que lhe chamou a atenção? A combinação de sabores tradicionais com toques inesperados. É uma novidade interessante que se consegue a partir de novas matérias primas. Por que é importante esta feira? Porque é uma fonte de inspiração para todos aqueles que fazem sorvete artesanal mas também para os que fabricam com processos industriais porque oferece algumas propostas que podem ser incorporadas e que lhe darão valor agregado ao produto final. O que encontrou na feira? Encontrei muitas marcas líderes em matérias primas, frutas secas, frutas processadas mas também equipamentos para sorvetes artesanais. Além das fabricadoras vi uma quantidade de pequenas máquinas de grande praticidade para obter recheios e processar frutas. Isto permite ampliar as propostas de sabores e fazer novas combinações para que o consumidor se encontre com surpresas. 16 Que mensagem leva a seus colegas de AGAGEL? Creio que nosso concorrente não é o sorveteiro que trabalha em minha região. A verdadeira concorrência é de produtos. Se queremos fazer subir o consumo de sorvetes devemos competir com as batatas fritas, ou com a cerveja. Nossos colegas devem ser considerados aliados para poder pensar novas estratégias. E para isso há que visitar feiras como a de Longarone, consultar revistas especializadas, discutir idéias novas e depois passar a executá-las. Se pensarmos que o mercado de sorvete deve crescer e que está composto por vários nichos como sorvete artesanal, semi industrial, industrial, e por sua vez, cada um deles se sub divide em outras categorías como o sorvete gourmet ou o gelato italiano podemos dar-nos conta de que há que desenvolver a criatividade e definir o que o mercado necessita. Como está a Sorvetes Gemelli hoje no mercado? Está com uma estrutura consolidada, forte. Nós começamos em 1970, o primeiro ano em que o Brasil foi campeão mundial de futebol, como empresa familiar. Hoje, com a experiência destas décadas podemos dizer que seguimos sendo uma empresa familiar mas com uma gestão profissional. Isto significa não só saber comprar equipamentos ou matérias primas, não é só saber fabricar sorvetes. Trata-se de algo mais importante: reunir os conhecimentos para ver como se comporta o mercado que queremos alcançar. Quando a Sorvetes Gemelli conseguiu identificar o nicho de mercado ao qual iria dirigir seus produtos começou um caminho de crescimento que continua até hoje. Sorveteria Confeitaria Brasileira Nº 216 2014 FEIRAS João Torosian Jr. Empresa Torogel Joao Torosian nasceu na capital de São Paulo, mas cresceu em Presidente Prudente, talvez seja isto que fez dele uma pessoa calma na hora de falar, sem o stresse próprio daqueles que vivem nas grandes cidades e dotado de uma grande simpatia. João se formou em odontologia, profissão que exerceu por quase uma década. No entanto a vida o levou por outros caminhos e num belo dia decidiu mudar seu trabalho diário de doze horas em um consultório para voar pelo mundo em procura de equipamentos para elaboração de sorvete. Por que mudou de profissão? Sempre quis ser dentista mas viver condenado a estar dentro de uma sala fechada por doze horas a cada dia se revelou desgastante. Tive uma oportunidade interessante e minha esposa me apoiou para que desse o salto e mudasse para outra atividade absolutamente diferente. Iniciei como vendedor de equipamentos para sorveterias. Isso foi entre 1990 e 1991. Lá dirigi meu foco na montagem de sorveterias tipo italianas com máquinas importadas. Nesses anos se iniciava a moda das “gelaterías”, um local de vendas para um tipo diferente de consumidores. Depois chegou a crise ao país e para poder fazer frente à mesma, incorporei os equipamentos para padarias e confeitarias. Foi um acerto porque hoje estes tres setores caminham juntos. De onde importa as máquinas? Da Itália, França e Portugal. São todos produtos para uma linha de empresários que gosta de destacar-se por sua qualidade. Da Itália trago as plantas elaboradoras de Frigomat, da cidade de Piacenza. Da França importo as formas, estampas de uma empresa que se chama Decor e que tem sede em París. De Portugal ofereço as vitrines e balcões. A empresa se chama Jordão, está localizada na cidade de Guimaraes, vizinha de Oporto. É uma empresa de grandes dimensiões que vende ao mundo inteiro. Tudo o que está dirigido ao mercado brasileiro está preparado técnicamente para esse mercado. Nossos produtos são diferenciados independentemente do mercado consumidor que vai abastecer, porque o que importa é a qualidade do equipamento e seu rendimento. Como contamos com linhas de crédito João Torosian próprias e do governo com 10% ao ano, isto é muito atrativo para o empresário. Qual é sua abordagem na hora de fazer um novo cliente? Muitos livros de marketing dizem que não devemos nos envolver com a vida de nossos clientes. Eu não consigo fazer isto. Pelo contrário, penso totalmente diferente. Quando entro em contato, quero conhecer a pessoa, porque dessa maneira entramos em sintonia, em confiança, eu posso compreender o que necessita, e o outro pode ler melhor o que eu quero oferecer. O que precisa um empresário para ter sucesso neste setor? Devemos reciclar nossos conhecimentos todos os anos, nos movimentar dentro do mercado. Ir às feiras, conhecer e fazer contatos. Ver o que estão fazendo nossos concorrentes. Há que saber o que acontece no próprio país e no mundo. Como incide a tecnologia na elaboração? É muito importante hoje. Devemos conseguir produtos de boa qualidade e também usando bem do tempo. A mão de obra especializada é difícil de conseguir. Quando existem máquinas que são capazes de substituir algumas ações humanas é muito positivo. A capacitação do dono de uma sorveteria é indispensável porque será ele quem conduzirá o pessoal de sua empresa e se não sabe elaborar e formular bem os sorvetes não terá êxito ainda quando conte com excelente tecnologia. Sorveteria Confeitaria Brasileira Nº 216 2014 17 FEIRAS Mario Sucena Sorvetes Eskimo House Um futuro de crescimento Mario Sucena, formado em administração de empresas. Foi gerente de uma empresa de produtos eletrônicos durante dez anos e foi diretor financeiro de uma empresa de Produtos dietéticos. Essa experiência lhe foi de grande utilidade em 1991, quando iniciou sua própria empresa fornecedora de sorvetes para o mercado institucional. É o único dono ainda que haja uma segunda geração que se prepara para incorporar-se à atividade. A sede fica em Pirituba, no estado de São Paulo. Como voce viu a evolução do mercado sorveteiro no Brasil desde que começou com sua empresa? Houve uma atração muito forte pelo consumo do sorvete de um modo geral, mas também pelos produtos de sorvetes premium e paletas mexicanas. A tecnologia melhorou muito nesses últimos anos e, o aceso às máquinas e matérias primas foi um fator preponderante da qualidade. Quais são os segredos para o êxito da Eskimo? Não há segredo. Eu diria que a chave é a associação de preço e qualidade. Como está composta a sua empresa? Atualmente temos quinze funcionários e a mão de obra é totalmente formada na empresa. É muito difícil encontrar mão de obra qualificada ou especializada em sorvete no Brasil, existem poucos cursos para profissionais e por isso eu acho que devemos treinar dentro da empresa. Como é a produção da sua empresa? Eu só produzo sorvete de massa, 30.000 litros dirigidos ao mercado institucional (restaurantes, eventos) a granel. Hoje, temos uma média de 1500 clientes e oferecemos 60 sabores por encomenda. Os mais 18 pedidos são os de creme, chocolate, coco, morango, limão e os dietéticos. Qual é a situação do sorvete dietético? O sorvete dietético foi desenvolvido em 1994 para uma empresa onde trabalhei e foi nesta empresa que aprendi a fazê-lo. Representa 5% de minha produção. São poucos os sabores disponíveis mas, é uma tendência neste momento e deve estar presente como produto alternativo. Quais equipamentos você tem na sua indústria? Tenho máquinas contínuas e descontínuas. Minha linha industrial é nacional e meu fornecedor de equipamentos é a Polos que, pelo tempo que estamos trabalhando juntos, já considero como um parceiro. Tambem tenho duas máquinas da Top Taylor de excelente qualidade. Como é a logística de distribuição? Eu trabalho principalmente nas regiões de São Paulo, Campinas e Litoral Norte, mas podemos crescer mais. Sorveteria Confeitaria Brasileira Nº 216 2014 FEIRAS Como você avalia a situação da crise geral na economia? Como somos uma empresa de pequeno porte temos muitas chances de crescer, principalmente pela relação preço qualidade , mas aquelas empresas de maior produção devem avaliar como será o futuro próximo, pois a situação que se desenha poderá ser difícil. O preço das matérias primas, dos equipamentos e a situação do consumo, são variáveis que cada industrial deve olhar com cautela. Eu acho que vamos ter os próximos dois anos muito difíceis. O que você achou da visita à MIG? Eu já fui convidado por duas vezes pelo governo italiano para visitar feiras de sorvete. Para mim é uma honra porque tudo o que se pode aprender visitando uma feira técnica de qualidade é incrível. Sempre podemos recolher novas idéias, comparar o que estamos fazendo e aplicar novos critérios. Expositores da MIG Gian Maria Emendatori. MEC 3 Gian Maria Emendatori “Queremos mostrar nosso apoio e nosso protagonismo como empresa líder” Por que participam desta feria? Desde 1984 estamos presentes e consideramos que é um espaço que devemos ocupar para poder entrar em contato pessoal com os compradores que chegam da Alemanha, Holanda e Áustria. Nosso stand ocupa uma grande superfície porque queremos mostrar nosso apoio e nosso protagonismo como empresa líder na produção de ingredientes para a sorveteria artesanal e a pastelaria. MEC 3 está presente em 130 países. Nestes dias estamos apresentando novidades em sabores que seguramente vão marcar as tendências nos sabores que se produzirão na temporada 2015 no mundo. É por isso que em nosso stand temos o slogan “los Campeones del Gusto”. Quais produtos estão apresentando? Os produtos Quella, em suas diferentes versões, são únicos. Cookies é o sabor mais pedido nas sorveterias, agora na versão “black”, em branco e negro para criar um sorvete muito doce que une a delicadeza da cremosidade do chocolate branco à enérgica crocância do extradark. Também oferecemos o “Cheesecake” acompanhado de um livreto com seis formulações para combinar sorvete com torta. Alguns outros sabores são realmente surpreendentes, por exemplo o pesto de mandorla, sambuca, maracujá, ricotta e a baunilha natural. E quanto às novas tendências? A tendência de produtos orgânicos está presente em MEC 3 com sua linha Bio. Este tipo de produto, ainda que seja menos requisitado do que o convencional, cada vez conta com maior número de adeptos que estão dispostos a pagar a diferença por um produto certificado. A linha MEC 3 Bio compreende cinquenta e seis produtos entre bases, pastas, variegatos e produtos adicionais como as granolas. Sorveteria Confeitaria Brasileira Nº 216 2014 19 FEIRAS FABBRI, matérias primas para sorvetes Humberto Fabbri A palavra de Humberto Fabbri, Presidente Fabbri, a histórica marca de matérias primas para sorvetes, foi uma das empresas fundadoras da feira de Longarone. Em entrevista com seu Presidente, Umberto Fabbri, manifestou seu afeto por esta mostra profissional. “Nossa empresa participou desde a primera edição antes do desastre que destruiu a cidade”. Fabbri voltou à MIG depois de doze anos de ausência e se sente muito feliz por fazer parte novamente. Por que regressaram à MIG? Fabbri participa de diferentes feiras da Itália e por isso vamos tomando as decisões de acordo com as circunstâncias do mercado. À MIG chegam importantes compradores da Alemanha. Para Fabbri que conta com uma empresa de distribução naquele país é importante hoje estar presente aqui. Quais novidades trouxeram a Longarone? Estamos trazendo um tipo de sorvete que é clássico nos países mussulmanos. Um sorvete que se mastiga. É preparado com uma guarnição de granela, de pistache e variegato de amarena. Este sabor está pensado para satisfazer os desejos dos consumidores mussulmanos que vivem na Alemanha e que são muito, mas também pode agradar a qualquer tipo de consumidor. Fruteiro: As polpas de fruta com a melhor qualidade Reportagem com PierFrancesco Maugeri Qual é o foco de sua empresa? Somos uma empresa muito jovem que pretende processar e comercializar a excelente fruta brasileira para o mundo. Quando iniciaram? Em 2007 començamos a nos organizar, em 2009 definimos a linha de produção de processamento de frutas que começou fortemente em 2010. As frutas são açaí, (da Amazônia), acerola, abacaxi, cajú, coco, goiaba, manga, maracujá, papaia, e outras que têm uma grande aceitação na Itália. Como é o processamento? O processamento é simples mas bem feito para que chegue em perfeitas condições a seu destino. A fruta é selecionada, limpa e é extraída a polpa, depois é pasteurizada, para evitar a atividde enzimática, e subme- 20 PierFrancesco Maugeri tida a um choque térmico. Depois é embalada e colocada em túneis de congelamento rápidamente evitar qualquer atividade bacteriológica. Elevamos rapidamente a 10º e depois vão para as camaras de congelamento a -20º. A essa temperatura são mantidas em todo o processo de choque térmico. Despachamos para a Europa estes produtos a -20º. Para o processo de distribuição contamos com duas grandes áreas de estoque do produto, uma em Milão e outra em Rotterdam que atende a Europa do norte e central. Sorveteria Confeitaria Brasileira Nº 216 2014 FEIRAS AROMITALIA, o bom sabor do gelato Entrevista a Cristiano Ferrero Nós temos participado históricamente na feira de Longarone alternando os anos. Esta feira tem uma história que a torna diferente a todas as outras. Nasceu pouco antes de um desastre natural que afetou de modo radical a cidade. A feira se propôs então a superar aquela tragédia e gerar nova vitalidade na região. Deste rincão da Itália emigraram antes de 1900 muitos técnicos que sabiam fazer sorvete e com seus conhecimentos se instalaram em diferentes países da Europa. Na metade do século vinte houve uma oleada de sorveteiros que se dirigiu à América. Longarone é a expressão do gelato artesanal, convoca a todos os sorveteiros de Veneto e a todos os que emigraram e se instalaram no exterior. Por que participaram da feira? Nós gestionamos diretamente o mercado da Alemanha, e como reorganizamos a equipe de vendas quisemos apresentar ao mercado. Quais produtos estão promovendo? Os veteados permitem preparar sabores novos que brincam com o paladar. Não é uma decoração mas um ingrediente que surpreende ao paladar e permite surpreender a quem o degusta. Cristiano Ferrero e seu filho no estande da MIG um trabalho de base para que se entenda a importância do uso do frio, a escolha e bom uso das tecnologias e o melhor aproveitamento das matérias primas. E na Argentina? Na Argentina começamos no ano de 78 e para nós foi muito importante porque foi a plataforma para o desenvolvimento de nosso produto na América do Sul. Fizemos contato com os mercados do Chile, do Peru, Colômbia, Equador. Argentina é reconhecida pela qualidade de seu sorvete tanto na America latina como em todo o mundo. Como é a experiência da Aromitalia no Brasil? Para nós é uma realidade que nos obrigou a estudar bem nossas ações. É um mercado com tipos de sorvetes diferentes. O picolé é o produto mais consumido por lá. Temos conseguido elaborar um picolé com uma textura e um sabor à italiana. Isto gerou a atenção de um público consumidor que quantitativamente é extraordinário. A liderança do picolé se soma agora à grande moda da paleta mexicana. E o mercado mexicano? Lá também estamos realizando um trabalho muito interessante, pois existe um público consumidor gigantesco e precisam de produtos de qualidade. Estamos falando de aproximadamente 50.000 pontos de fabricação de sorvetes, mas de uma qualidade que precisa crescer a partir de capacitação, renovação das técnicas de elaboração e substituição de matérias primas. É necessário Sorveteria Confeitaria Brasileira Nº 216 2014 21 FEIRAS Carpigiani, sempre um passo adiante Entrevista com Achille Sassoli Por que reservaram um lugar em Longarone? Participamos para manter o contato com o mercado da Alemanha e com os jovens sorveteiros que chegam para conhecer melhor a cultura do sorvete. O Que estão apresentando em Longarone? Um novo equipamento. A máquina GK3 que permite uma produção combinada de batidos e sorvetes soft-serve (líquidos e fáceis de servir). É uma máquina de grande praticidade que ocupa pouco espaço e que realiza várias operações de forma independentes. Sistema de pasteurização e despacho de batidos totalmente automáticos. O sorveteiro pode ver o sorvete enquanto o elabora. Não fabrica só sorvete, pode também elaborar creme confeiteiro, geléias, molhos e outros produtos. Carpigiani está propondo tecnologias para a moderna sorveteria com 60% de sorvete nas cubas, mini porções, torta gelada, confeitaria a temperatura ambiente e doceria. Carpigiani sempre demostrou muito interesse na capacitação do sorveteiro? Carpigiani tem uma universidade e 8.000 inscritos de todo o mundo, com cursos para profissionais e para novos talentos. O campus principal esta na região italiana de Emilia Bologna, e em outros doze pontos do mundo. A última sede para cursos foi inaugurada em Dubay. Na America Latina atuamos através de concessionárias em São Paulo e em Buenos Aires. Quais são as tendências no mundo do sorvete? Em relação às tendências no mundo do sorvete pensamos que haverá uma verdadeira revolução no uso das redes sociales (facebook, tweeter, etc) como ferramenta de marketing. Carpigiani terá um aplicativo que vai revolucionar as formas de consumo. 22 Achille Sassoli Outra tendência é a ampliação da gama de produtos, as porções individuais e variedade de novas combinações de sabores. Para o inverno se prepara uma maior produção de produtos à base de chocolate. Em relação à confeitaria, cada vez mais se combinará com a sorveteria. Quais as ações de marketing Carpigiani está desenvolvendo no mercado? Nossa ação hoje é o Gelato Gordura, um evento considerado a fórmula 1 do mundo do sorvete. Está planejado para ser realizado em uma praça pública com o objetivo de que em três dias 100.000 pessoas provem o sorvete elaborado por 16 mestres pertencentes ao país sede do evento e considerados destacados em sua profissão. Cada um elabora seu “cavalo de batalha”. O evento já foi realizado em Roma, Valência, Merlburne, Khalifa, Texas, Berlim e Rimini. Foi um sucesso incrível acompanhado pela televisão e os meios de comunicação, o que tem conseguido tornar famosos os sorveteiros que participaram. A tal ponto foi importante que em 2015 o realizaremos na Ásia, em 2016 no Brasil e em 2017 retornará a Europa. Sorveteria Confeitaria Brasileira Nº 216 2014 FEIRAS Pregel liderando as tendências Entrevista com Marco Casol Por que estão em Longarone? A história de Longarone começou em Doldo, nas montanhas, muito perto de onde estamos agora. Minha bisavó começou, junto com muitos outros, a elaborar sorvete com leite, avelãs e mel. Não tinham muitos produtos. O começo foi duro e com um grande esforço pessoal elaboravam o sorvete que depois vendiam em carrinhos. Com os anos a evolução e o crescimento lhes permitiram abrir sorveterias na Alemanha, Áustria e outros países. Este é o berço do sorvete e por isso a feira de Longarone tem um significado tão especial para os que vêem de família de sorveteiros. De modo que eu venho a cada ano e visito meu pai que vive aqui. Como está organizada a Pregel? Eu vivo em Carolina do Norte mas a empresa tem dezesseis filiais pelo mundo. Entre elas Canadá, Estados Unidos, México, Colômbia, Equador, Brasil, Alemanha, Suíça, Polônia, Austrália, e outras. O Que deseja oferecer nesta feira? Eu gosto da ideia de oferecer às novas gerações que chegam a Longarone uma mensagem do que significa a cultura da culinária italiana e dentro dela, o que representa o sorvete, como alimento. É importante transmitir a paixão que puseram nossos antepassados ao elaborar este produto que se transformou em um sinônimo de nosso país. Por que isto poderia ser importante? Porque é uma tendência hoje de todos os consumidores. Querem saber mais sobre o que comem, como está elaborado, que produtos o integram. Que história levan dentro. Por outro lado, alimento e saúde são dois temas que estão presentes em todos os eventos do setor. A indústria não pode desconhecer isto e por isso está fazendo investimentos em desenvolvimentos novos que tenham produtos que ofereçam qualidade, que prometam ser saudáveis e atrativos e que tenham algum laço com o passado, com origens artesanais. Muitos seguem pedindo o “Pino Pingüino”… Sim, é um de nossos produtos de maior sucesso. Todas as suas variedades em chocolate e avelã, ou Marco Casol (Pregel) com A. Galibert (Publitec) mandorla ou o de chocolate crocante continuam sendo de uma grande demanda. Há outras variedades deste personagem que já é um ícone. Mas além disso trouxemos novos produtos, sorvetes com o sabor gengibre e outras frutas exóticas. Estas inovações são desenvolvidas em qual laboratório? Temos duas fábricas e dois centros de desenvolvimento. Um na Itália, na região de Regio Emilia e outro nos Estados Unidos. Como é a realidade do sorvete nos países da América latina? No Brasil, por exemplo, o sorvete e especialmente, o sorvete artesanal, é um fenômeno novo e deve ser incorporado à cultura. Isto leva tempo. Por isso temos um centro de treinamento em Campinas. Há que se mostrar às pessoas que nem todos os sorvetes são iguais e dar-lhes para provar para que percebam as diferenças. Na Argentina as coisas são totalmente diferentes. Lá o mercado está maduro, há muitas pessoas que o conhece. São produzidos com qualidade e os consumidores exigem que seja bom. Pregel tem uma parcela desse mercado e nos interessa seguir crescendo. Sorveteria Confeitaria Brasileira Nº 216 2014 23 FEIRAS “Esta feira é um anel de brilhantes” Entrevista com Vicenzo Bravo Qual é a sua função na empresa? Sou Administrador delegado da empresa e integrante da família fundadora. Por que Bravo apoia a feira de Longarone? Bravo participa de Longarone porque é uma feira que nos representa. Foi a partir daqui que se difundiu o bom sorvete no mundo. Por exemplo, na Argentina existe uma gelateria que se chama El Piave. Os fundadores nasceram aqui, em Longarone. Uma parte dessa família, chamada Bortolot se foi para Argentina e outra parte para a Alemanha. Esta feira reúne a todas estas pessoas que se foram pelo mundo. Cada vez que chegavan do exterior, vinham com o dinheiro de seu trabalho e compravam aqui as máquinas e as novidades para aplicá-las em seus negócios. Depois da feira pegavam férias e mais tarde voltavam a seus países de adoção. Longarone ficava nas mãos de todos os lugares da região e por isso esta feira é uma referência para muitos. Há outras feiras na Itália que também tratam o tema do sorvete… Sim, mas esta feira é um anel de brilhantes, tem um valor diferenciado. É um centro de negócios mas também um reencontro, e um sentimento para todos os que fazemos parte. Creio que todavia, apesar do crescimento do mundo virtual e das redes sociais, é fundamental o trato pessoal, ao ver a cara do outro. Esta é uma feira para afiançar as relações e os vínculos. Nas feiras da Europa já não se concretizam vendas. Aqui mostramos os músculos. As vendas se realizam em outro momento, nas visitas aos clientes mas, sem esta presença seria muito difícil alcançar os resultados que temos hoje. Existem semelhanças entre o sorvete italiano com outros do mundo? Eu acredito que se em Longarone temos o berço do sorvete, há uma segunda cuna na Argentina. Lá, todavia, podemos encontrar receitas ancestrais, tradicionais, de muitos que levaram as fórmulas da Itália e tem uma excelente elaboração. 24 Na Argentina, todavia, estão as tipologias do sorvete: base branca, base amarela, base negra, que na Itália se simplificaram. O conhecimento que o mercado argentino tem do sorvete exige que quando queremos vender uma máquina ofereçamos toda a informação. Não bastam as palavras, temos que mostrar como funciona a máquina porque o comprador sabe o que quer. O sorveteiro argentino é exigente. Sorveteria Confeitaria Brasileira Nº 216 2014 FEIRAS Pernigotti Entrevista com Davide Baldini É uma empresa de grande prestígio fornecedora de chocolates, torrones e semi elaborados de alta qualidade para o setor sorveteiro. Seu fundador foi o italiano Stefano Pernigotti que em 1968 abriu sua tenda na cidade de Novi Ligure. Até 1980 foi propriedade da família Pernigotti, depois passou às mãos do grupo Averna e, neste momento está sendo adquirida pelo Grupo Toksöz, de capital turco. A empresa se encontra-se em fase de expansão para ampliar seu mercado mundial. Por que a gianduia é tão importante? Historicamente a empresa elaborou produtos de chocolates mas a partir de uma crise do cacau que aconteceu pouco tempo depois do começo da empresa os piamonteses para superar isto elaboraram a gianduia, uma mistura de cacau, avelã e leite. Este produto foi um verdadeiro sucesso. Toda a região de Piamonte se caracteriza por produzir a melhor avelã por isso toda a que nós usamos tem certficação de origen controlada. Estão trabalhando na América latina? Sim, especialmente no Brasil. Fornecemos para uma das mais importantes cadeias de sorveterias do estado de Santa Catarina, Sorveterias Max. Também estamos no Uruguai e na Argentina com produtos de bombons para o setor da confeitaria. Quais produtos caracterizam a Pernigotti? Pernigotti é uma das três empresas mais importantes fornecedoras de semi elaborados para sorveteria e a produtora do famoso “Gianduiotto”, um bombom de avelã. Poderíamos dizer que é um bombom de nutella, mas de melhor qualidade. O nome deriva de Gianduia, a famosa máscara do carnaval piamontés. Também oferecemos chocolate amargo e chocolate com leite. Que produtos demandam os sorvetes? O sabor Gianduia, as avelãs em seus diferentes tipos, o pistache e os cremes de baunilha e de chocolate. Estamos em Longarone porque é uma feira que atrai compradores do Leste da Europa, da Alemanha e sorveteiros da região de Vêneto. Vimos muitos clientes novos. Estamos apresentando novos concentrados de fruta e também uma base que se chama Energy para colocar diretamente em um soft drink que pode ser com refrigerantes ou com cerveja. Sorveteria Confeitaria Brasileira Nº 216 2014 25