em Cativeiro e Cultivo do Pirarucu

Transcrição

em Cativeiro e Cultivo do Pirarucu
Projeto Estruturante do Pirarucu da Amazônia
Manual de Boas Práticas de
e Cultivo do Pirarucu
em Cativeiro
Porto Velho | Novembro 2010
Projeto Estruturante do Pirarucu da Amazônia
Manual de Boas Práticas de
e Cultivo do Pirarucu
em Cativeiro
Porto Velho | Novembro 2010
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Índice
Reprodução de Pirarucu
Histórico da Produção de Pirarucu em Cativeiro
Pirarucu em seu Ambiente Natural
Reprodução em Cativeiro
Pesquisa Pratica com Êxito
Estratégias de Manejo de Reprodutores
Equipamentos e como utilizá-los: A Captura
Alimentação de Reprodutores
Doenças
Reprodução “Natural”
Identificação de Sexo
Condições Climáticas e Físicas Necessárias
Ambientes Apropriados para Reprodução Formação de Casais
Agrupamento de Pirarucu Estratégias de Agrupamento
Preparação para as Desovas
Desovas
Condições Físicas Importantes em Tanques de Reprodução
Capturar Ovos, Larvas ou Alevinos?
Larvicultura e Alevinagem em Laboratório
Tratamento de Doenças
Produção de Zooplâncton Treinamento alimentar
Produção Extensiva
Produção Extensiva
Manejo e Transporte
Densidades Máximas Recomendadas para Transporte
Comentários do Autor
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Reprodução de Pirarucu
Introdução
A reprodução controlada e a produção de
juvenis saudáveis são fundamentais para
viabilização de qualquer indústria que tem
como objetivo produzir uma espécie animal
em cativeiro. No caso do pirarucu, espécie
com grande potencial reconhecido para
desenvolvimento de uma nova indústria,
ficou claro que a produção de alevinos de
qualidade era o entrave principal na produção
em escala desse animal. O pirarucu continua
sendo reconhecido pelo IBAMA como espécie
ameaçada. A pressão da pesca de peixes
adultos, devido ao valor da carne de pirarucu,
é constante. Uma procura crescente e oferta
limitada de alevinos agravam mais ainda o
problema de captura ilegal de animais silvestres
da natureza. Alevinos também são vendidos
com alto custo. Infelizmente, sofrem alto índice
de mortalidade. A situação pede melhoras com
certa urgência. A produção de pirarucu para
consumo em cativeiro, com alevinos necessários
produzidos em cativeiro, é a maneira lógica e
sustentável para resolver o problema.
Informação e entendimento sobre a biologia e o
comportamento dessa espécie ainda não foram
adequados para viabilizar a industrialização
de sua produção em cativeiro. Devido a essa
urgência para comercialização de carne de
pirarucu, a tecnologia sobre sua reprodução em
cativeiro teve que começar com a aprendizagem
básica sobre o comportamento e o histórico
natural do pirarucu.
Durante a última década, a proposta de
conhecer melhor esse animal e desenvolver
técnicas úteis e práticas para viabilizar a
produção em cativeiro dessa espécie vem
sendo o objetivo do profissional especialista
em aquicultura, Martin Richard Halverson. As
técnicas utilizadas pelo autor para entender
melhor o comportamento reprodutivo do
pirarucu foram baseadas no estudo científico de
comportamento de animais silvestres, a etologia.
Todos os comportamentos possíveis dos animais
estudados são catalogados para análise dos seus
significados. Este registro dos comportamentos
continua sendo complementado e reavaliado até
hoje. Muitas observações e aprendizagens foram
possíveis devido a oportunidades de observar o
pirarucu de perto, sem ser visto pelos animais.
Citando um exemplo, para observar detalhes de
uma fêmea chocando seus ovos no seu ninho,
é necessário chegar perto e permanecer em
silêncio por horas. Assim foi observado que os
peixes utilizam um sistema de comunicação
sonoro. Foi possível ver e ouvir a chamada, até
sentindo as vibrações transmitidas pela terra,
o som feito por um movimento brusco da sua
cauda. Esta chamada provocou o macho vir e
ficar no lugar da fêmea enquanto ela subiu para
respirar.
As experiências trabalhando com reprodução,
alevinagem e engorda de várias espécies de
peixe em cativeiro, lições aprendidas em
laboratórios de reprodução de tilápia e channel
catfish, assim como de outras espécies, foram
fundamentais para poder enxergar e entender o
significado dos comportamentos envolvidos na
reprodução do pirarucu. Hoje, sabemos que a
reprodução de pirarucu tem muito em comum
com a reprodução dessas duas espécies acima
citadas. É de grande importância agradecer a
algumas pessoas que se dedicaram em trabalhar
com pirarucu e ofereceram oportunidades
para aprender junto com eles: Paulo Teodoro
Oliveira, Jaime Brum, Jacob Kehdi, João
Roberto Garcia, Eduardo Ono, Ângelo
Coutinho, Elthon Lago e João Menandro Fair.
Agradecimento especial a Roberta Figueiredo
do SEBRAE/RO pela sua visão e dedicação
no caso do pirarucu e a todos os envolvidos no
Projeto Estruturante do Pirarucu da Amazônia
do SEBRAE.
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Histórico da Produção de Pirarucu
em Cativeiro
As tentativas de estabelecer produção em escala
comercial de pirarucu em cativeiro, em geral,
encontraram dificuldades e, até agora, não
existe uma indústria bem-sucedida produzindo
essa espécie em cativeiro. Apesar do fato de
que alevinos de pirarucu foram produzidos
em cativeiro durante a década de 1950, por
um grupo de biólogos que trabalhou dentro
do projeto federal do DNOCS no Ceará (1), a
produção comercial de pirarucu em cativeiro
não deslanchou. Naquela época, não existia
tecnologia adequada, muito menos elementos
de uma cadeia produtiva de piscicultura para
estimular e sustentar uma indústria produzindo
esse peixe em cativeiro. Alevinos produzidos
dentro do projeto do DNOCS foram soltos
em lagoas e reservatórios para controlar uma
população indesejável de piranhas, onde
sobreviveram e cresceram bem até que todos
foram eliminados por pescadores. Devido
à disponibilidade limitada, alevinos de
pirarucu sempre foram caros. Frequentemente
capturados da natureza e geralmente de baixa
qualidade, apresentando enfermidades variadas,
como verminose e parasitos protozoários
nas brânquias, mostrando-se malnutridos e
malpreparados para entrar em engordas, não
tiveram muita chance de sobreviver em cativeiro.
Produtores enfrentando estas dificuldades
geralmente ficaram desanimados com as
experiências com pirarucu.
Na natureza, peixes adultos cuidam dos filhotes
constantemente durante os primeiros meses
de vida, protegendo-os de um grande leque
de predadores nativos da Bacia Amazônica.
Mesmo com este cuidado, peixes pequenos
são vulneráveis aos insetos, pássaros, peixes,
tartarugas, cobras, jacarés e até outros pirarucus.
Reservatórios utilizados em sistemas extensivos
de cultivo ao redor da Região Norte do Brasil
acabam formando ecossistemas ricos em fauna,
incluindo estes predadores capazes de comer
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pirarucu. Sem a proteção dos pais, muitos
peixes pequenos estocados nesses reservatórios
sumiram. A não realização de práticas de
manejo apropriadas em geral dificultou as
tentativas de cultivo intensivo dessa espécie
em cativeiro. Rações adequadas para peixes
carnívoros somente apareceram no mercado
brasileiro em anos recentes, com interesse
crescente no cultivo comercial de outras
espécies carnívoras nativas, como o pintado e
outras espécies de peixes marinhos.
Estratégias extensivas que funcionaram melhor
envolviam estocagem de alevinos maiores em
reservatórios junto com peixes forrageiros.
Nesta situação, pirarucus crescem rapidamente,
alcançando maturidade sexual em 4 ou 5 anos
quando pesam de 50 a 100 kg. Apesar das
dificuldades citadas, principalmente durante
a última década, a produção de pirarucu
vem aumentando, resultando em estoques
significativos de peixes em cativeiro. Como
os pirarucus reproduzem naturalmente em
reservatórios, que apresentam condições
parecidas com seu ambiente natural, alevinos
produzidos extensivamente em reservatórios
viraram a primeira geração de pirarucu
produzido em cativeiro. Existem peixes
hoje em cativeiro varias gerações removidas
dos seus ancestres selvagens. Esses peixes
servem hoje como base genética de uma nova
indústria. Produtores que controlaram melhor
a reprodução desses animais ganharam mais
experiência com pirarucu, repassando sua
produção limitada de alevinos para outros
produtores, e aumentando mais ainda os
estoques e alimentando o interesse no pirarucu.
Anos de observação de pirarucu em cativeiro
vêm trazendo maior conhecimento do processo
reprodutivo da espécie. Experimentação e
manipulação dentro do ambiente de cativeiro
foram fundamentais na identificação dos fatoreschaves que estimulam a reprodução do pirarucu.
Trabalhos com pesquisa e desenvolvimento
realizados dentro do setor privado, incluindo a
piscicultura Só Peixes da Amazônia em Pimenta
Bueno, Rondônia, vêm mostrando resultados
animadores. Hoje, a reprodução de pirarucu em
cativeiro é bem mais previsível, sendo já uma
realidade a produção em escala de alevinos de
alta qualidade. Alevinos de qualidade utilizados
em projetos de engorda de pirarucu mostraram
claramente a sua importância, com crescimento
rápido, conversão alimentar boa, uniformidade
de tamanho e alta taxa de sobrevivência em
sistemas tradicionais de cultivo, criando assim
uma nova realidade para a longa espera da
indústria de criação de pirarucu em cativeiro.
Com fornecimento seguro de alevinos de
qualidade, surgiu a oportunidade para a
montagem de testes a campo com diferentes
rações, sistemas produtivos e estratégias
de engorda. Análise dos resultados destas
experiências em “unidades de observação”
serve para indicar boas práticas para engorda de
pirarucu. Ao longo dos últimos três anos, estes
trabalhos com reprodução e engordas foram
realizados dentro do Projeto Estruturante da
Pirarucu da Amazônia do Sebrae.
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Pirarucu em seu Ambiente Natural
Em seu ambiente natural, durante a época de chuva, o pirarucu explora as áreas alagadas da Bacia
Amazônica, nadando tranquilamente no meio da vegetação em busca de comida. Mostrando
grande flexibilidade no seu comportamento alimentar, esse peixe possui uma boca enorme que
produz uma sucção explosiva, sendo possível ouvir o momento da captura de peixes, cardumes de
camarão ou outros pequenos animais de longas distâncias. O pirarucu também é capaz de filtrar
organismos pequenos da água utilizando seus “rastros branquiais”.
Estrutura
da Cavidade
Oral do
Pirarucu
Quando faltam alimentos preferidos, o peixe separa crustáceos, moluscos e outros organismos
bênticos do substrato. Aparentemente sua língua óssea ajuda quebrar alimentos como moluscos ou
crustáceos.
Na época da seca, as águas que alagaram o mato voltam para os rios. Os pirarucus evitam os canais
principais dos rios, preferindo permanecer em lagos marginais
Lagos marginais do Rio Araguaia
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O nível de água desses lagos diminui durante
a seca, podendo secar completamente. Os
pirarucus estão entre as poucas criaturas que
sobrevivem nesses lagos no final da época seca, e
consomem todos os organismos que são capazes
de engolir. Sua tolerância de adensamento e
baixa qualidade de água são expressões de sua
capacidade genética adaptada para sobreviver
sob essas condições difíceis.
O início da época chuvosa sinaliza o ciclo
reprodutivo do pirarucu, repleto com seus
rituais misteriosos definidos durante centenas
de milhões de anos de existência. Sua coloração
normal, que varia entre marrom, castanho ou
esverdeada, e depende da coloração da água
onde se encontra, toma detalhes de vermelho
intensificado na lateral dos animais.
Casal de Pirarucu fora da época de reprodução.
Macho fora
da Época de
Reprodução.
Macho Durante
a Época de
Reprodução.
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Tranqüilos em compartilhar espaço com outros
pirarucus antes das chuvas, agora pancadas
barulhentas das caudas perturbam o reino do
pirarucu. Dirigidos por hormônios fluindo em
resposta às chuvas, machos e fêmeas entram em
lutas agressivas para mostrar quais são os mais
fortes. Passam dias ou até semanas definindo e
defendendo territórios. As chuvas continuam,
os hormônios aumentam, e encontros de grupos
de peixes agora são motivos para mostrarem-se
concorrentes, exibindo uma dança elaborada.
De alguma forma, somente quem pertence a
sua espécie entende a superioridade dessas
demonstrações, acabando por definir quais
animais se acasalam, e nesse contexto, ganharão
direitos reprodutivos. Pares monogâmicos
formados desses peixes dominantes, os “casais
alfas” começam a nadar juntos, procurando
locais aptos dentro dos seus territórios
respectivos para escavar seu ninho. Através de
observações de peixes reproduzindo em lagos
natural e em cativeiro, acredita-se que o número
de casais podendo se formar é limitado pela
área.
As chuvas aumentam as áreas alagadas, juntando
lagos pequeno e expondo áreas novas aptas
para construção de ninhos. Assim, outros
peixes acabam formando casais e reproduzindo
somente depois dos peixes dominantes. A
qualidade da água desses lagos no início da
época da chuva ainda não é boa, frequentemente
sendo inadequada para sobrevivência de ovos
ou larvas, que requerem níveis de oxigênio
dissolvido bem mais altos do que os adultos.
Quando a água da chuva começa a aumentar
o volume dos lagos, as condições melhoram.
Acredita-se que os peixes dominantes,
que reproduzem antes do que os outros,
ganham uma vantagem distinta em termos da
probabilidade de sobrevivência de suas proles.
Alagamento da Floresta Amazônica, com sua
cama rica em matéria orgânica e vegetação,
fornece material abundante para sustentar
“blooms” de plâncton e outros organismos
aquáticos, que são alimentos de filhotes de
pirarucu. Foi observado em cativeiro que
alevinos de pirarucu mais velhos e maiores
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comem alevinos menores. Em um mundo cheio
de predadores, idade e tamanho são atributos
importantes, principalmente para filhotes. Pares
dominantes reproduzem antes dos outros,
bem quando a qualidade de água e a fonte de
alimentos estão ficando adequadas, conferindo
maior sobrevivência.
O casal defende seu território e escolhe um local
em solo firme em que o macho escava com sua
boca um ninho circular de aproximadamente
40 cm de diâmetro, com centro mais fundo
de uns 20 cm. Fêmeas depositam ovos verdes,
relativamente grandes com +/- 2,5 mm de
diâmetro. Os ovos sentam no centro do ninho,
onde o macho os fecunda. Os ovos aderentes
formam uma massa circular e coesiva (veja
Fotos), não por coincidência sendo exatamente
o tamanho e o formato da boca do macho, fato
relevante no momento em que aparece uma
ameaça, pois o macho coloca a massa inteira
em sua boca, levando-a para outro lugar seguro.
Massa de ovos de
uma desova.
Ovos de Pirarucu
fecundados.
A fêmea é guardiã principal do ninho,
parando com sua cabeça em cima do ninho
e movimentando a água sobre o ninho com
suas nadadeiras peitorais. Uma fêmea é capaz
de permanecer no ninho até 45 minutos
sem subir para respirar. O macho a substitui
momentaneamente enquanto ela sobe para
respirar. Ele vigia o perímetro em volta do
ninho, geralmente de 5 a 10 metros da fêmea.
Normalmente, os pais não se alimentam durante
esse período. O macho respira com mais
frequência, pois gasta mais energia. Caso um
predador se aproxime ou alguma outra ameaça
seja percebida, o macho é capaz de catar a massa
de ovos do ninho em um instante, levandoos na boca. Ele pode devolver os ovos para o
ninho logo em seguida, ou levá-los para outro
ninho escavado por perto. Também é capaz
de manter os ovos (ou larvas) na boca por um
tempo maior, até a hora da eclosão ou mesmo
após elas. Os ovos demoram +/- cinco dias para
eclodir, e as larvas (veja Foto) permanecem
mais quatro dias até que fiquem prontas para
sair nadando do ninho, acompanhadas pelo pai.
Sem intervenção pelo pai, o processo inteiro de
uns nove dias acontece dentro do ninho.
Larvas saiem do ninho e sobem pela primeira
vez, acompanhadas pelo macho. Ele agora tem
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uma cor preta, transformação que acontece
somente no final da incubação da prole. Forma
uma bela coloração o vermelho brilhante sobre
o preto. As larvas de um cm de comprimento,
agora são escuras também, ainda com uma
mancha verde na barriga o último vestígio do
saco vitelino. Formam uma “nuvem” preta,
abrindo e fechando, nadando lentamente perto
da cabeça do pai em busca de alimento. A
invasão das águas alagando a floresta e sua cama
de vegetação garantem produção de plâncton. É
a fêmea agora que vigia o perímetro, espantando
possíveis predadores. Assim a família nada pela
floresta alagada, mantendo o contato íntimo
entre pai e filhotes durante o primeiro mês, e
permanecendo juntos até dois meses. Os filhotes
crescem rapidamente, nunca deixando de filtrar
o plâncton, mas fazendo a transição para outros
alimentos maiores, incluindo larvas, insetos,
crustáceos e peixes pequenos.
Apesar dos cuidados constantes dos pais, os
números vêm diminuindo diariamente devido a
ataques de predadores. Pescadores tipicamente
capturam de 50 a 500 alevinos de 7 a 10 cm de
uma desova na natureza.
*Enquanto a literatura sugere que a língua óssea
do pirarucu deve servir para segurar ou esmagar
presas, possivelmente esse órgão curioso é
utilizado para segurar a massa de ovos. A massa
de ovos é lisa e delicada. Respiração aérea do
macho enquanto segura uma massa de ovos
seria difícil sem a engolir ou perdê-los. A língua
áspera do pirarucu provavelmente serve para
segurar uma massa de ovos, principalmente
durante a respiração.
Reprodução em Cativeiro
Potencial Produtividade
Teoricamente, mais de 40.000 ovos poderiam
ser coletados em uma única desova. Fêmeas
adultas desovam perto de 200 ovos por kg do
seu peso, e existem fêmeas de mais de 200 kg.
De outra forma, uma desova pesando 1.000 g
teria 45.000 ovos, sendo que são +/- 45 ovos
hidratados por grama, existindo relatos de
desovas deste tamanho. Fêmeas desovam até
sete vezes por ano. Fazendo as contas, parece
ser possível produzir até 300.000 ovos de uma
fêmea em um ano. Ainda não chegamos perto
deste nível de produção, mas esses resultados
mostram um potencial bem animador.
A realidade da produtividade de alevinos é
bem inferior o seu potencial. Utilizando uma
estratégia semi-extensivo, em tanques de
cativeiro com controle de qualidade de água e
de predadores, uma única desova tipicamente
produz de 1.000 a 4.000 alevinos pequenos de
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5 cm. Intervenção antecipada de um processo
produtivo em que ovos ou larvas são tirados
diretamente da proteção dos pais, parecido
com as práticas utilizadas com tilápia e catfish,
aumenta significativamente a renda. Captura de
larvas recém-eclodidas do ninho já rendeu até
12.000 larvas. Desovas de mais de 20.000 ovos
já foram capturadas. Uma das consequências
interessantes da remoção antecipada de ovos
e larvas é de que o casal volta a desovar depois
da remoção da sua prole, sendo possível uma
desova em média a cada 21 dias. Com coletas
de rotina, um casal desova até sete vezes em um
ano, num período de cinco meses. A incubação
de ovos em laboratório demonstrou eclosão de
70%.
Enquanto todo isso é positivo, varias fatores
atrapalham realização de produção mais
sucedida, mesmo com orientação técnica
e estratégia bem planejada. Planteis de
reprodutores geralmente incluem peixes que
não cresceram perto do seu potencial, devido
falta de comida. Enquanto um peixe de cinco
anos poderia pesar mais de 100 kg, muitas
vezes não chegam perto disso. Não podemos
esperar produção positiva de reprodutoras mal
nutridas. Muitos potenciais reprodutores foram
comprados em lotes pequenos de alevinos,
e são de fato irmãos. Não podemos esperar
bons resultados cruzando irmãos. Estruturas
e recursos físicos inadequadas não ofereçam
condições ótimas para reprodução e produção
de alevinos. Falta de experiência dificulta
aplicação de boas práticas de manejo. Com
otimização da tecnologia disponível, atualmente
produtores dedicados poderiam esperar uma
produtividade de 10.000 alevinos (ou mais) por
fêmea adulta por ano. Eventualmente podemos
esperar produção de até 50.000 alevinos por
fêmea por ano.
Pesquisa Pratica com Êxito
Experiências com manejos de reprodutores
de pirarucu em cativeiro, com o objetivo de
estimular sua reprodução, mostraram resultados
de todas as formas. As que não funcionaram
e ensinaram como não fazer e os acertos que
indicaram quando estávamos no caminho
certo. Estas “pesquisas práticas” sempre foram
montadas com o objetivo de desenvolver
estratégias que produzirão resultados positivos
e reproduzíveis. Quando começaram
acontecer muitas desovas, abriu-se uma grande
oportunidade para aprender rapidamente em
como lidar com a larvicultura, alevinagem e
treinamento alimentar em escala.
de pirarucu em cativeiro, fez com que hoje
exista uma tecnologia apropriada para produção
econômica de alevinos de pirarucu de qualidade
e em quantidades necessárias para deslanchar
uma indústria. Produtores seguindo essas
recomendações terão as ferramentas necessárias
para produzir alevinos de pirarucu com êxito,
evitando problemas maiores, e participando
no início de uma atividade ainda inovadora
e excitante. Procurar novas descobertas e
melhorar a base tecnológica existente é desafio
que unifica todos os participantes dessa
atividade. Bom serviço e boa sorte para todos!
A pressão de ter dezenas de milhares de larvas
de pirarucu de repente entrando no laboratório
de uma vez forçou a procura de técnicas mais
eficientes e convenientes. A consolidação do
corpo de informação relacionado à reprodução
17
Estratégias de Manejo de Reprodutores
Cuidados com manejo de peixes adultos:
Captura e transporte de pirarucu sempre
foram arriscados. As histórias sobre tentativas
de capturar e transportar pirarucus grandes,
relata uma grande incidência de mortalidade
de peixes e pessoas machucadas. Peixes adultos
são grandes, com força explosiva, capazes de
machucar eles próprios ou as pessoas que
resolvem manuseá-los. Sendo respiradores de ar,
correm risco de afogamento durante o manejo
dentro da água. Equipamentos adequados,
equipes de cinco ou mais pessoas experientes
e fortes e uma boa estratégia são importantes
ferramentas na hora de capturar e transportar
pirarucu.
Captura de Reprodutor com Rede de Arrasto
(2 peixes na rede)
Em geral, deveriam ser observadas as seguintes orientações na captura e manejo de pirarucus
grandes:
- Utilização de equipamentos adequados, incluindo rede resistente, macas e tanques de transporte.
- Tentar capturar um ou poucos peixes na rede, removendo os peixes imediatamente da água.
- Trabalhar em águas rasas.
- Colocar peixes dentro de “macas” para transporte fora da água, de um tanque para outro ou até um
tanque de transporte.
Os animais são bem resistentes. Em Rondônia, um grupo de 65 peixes adultos foi capturado
em vários locais e transportado até a piscicultura Só Peixes da Amazônia sem perder um único
exemplar. Durante três anos de manejo desse plantel, mudando peixes de um tanque para outro,
não houve uma única mortalidade, nem um acidente com funcionários requerendo atendimento
médico.
Equipamentos e como utilizá-los:
Redes devem ser altas (cinco ou seis
metros), pois assim a rede acaba formando
uma bolsa, que dificulta fuga por cima ou por
baixo. Pirarucus grandes geralmente saltam
quando sentem que estão presos e a área da
rede fica apertada. Redes equipadas com bolsa
adicional construído no fundo fazem com que
os peixes demorem mais para saltar, dando mais
tempo para fechar a rede antes da inevitável
18
tentativa explosiva a fugir. O comprimento
necessário dependerá do tamanho dos tanques
utilizados. Redes devem ser fabricadas de linha
bem resistente. Serve linha multi-filamenta
de 210-096, ou parecida. Malhas de 25 a 50
mm são mais apropriadas. Redes de alevinos
não são adequadas, pois malhas menores não
vêm com linhas muito resistentes. Redes que
rasgam durante a captura raspam a pele dos
peixes, machucando-os. Estresse de captura
já é significativo para os peixes. Passando pelo
processo repetidamente pode ser insuportável.
Puxando e fechando a rede rapidamente acelera
o processo da captura, diminuindo risco de
acidentes.
Macas servem para carregar peixes
manualmente fora da água
Carregando Peixe Grande em Maca
A maca deve ser fabricada de material liso
para não machucar o animal e resistente para
não permitir queda de peixes. O Transporte
é realizado sem água. Saídas de água (cortes
pequenos ou telas) no fundo da maca são
importantes para drenagem rápida de água
da mesma. A maca fechada deve ficar escura,
deixando os peixes mais tranqüilos. Devem ser
de aproximadamente 2 a 2,5 m de comprimento,
60 cm de altura e 60 cm de largura. Um pano de
lona resistente de 2,5m x 1,8 m, com dois painéis
de 60 cm x 60 cm costurados e arrendados
para fechar os fundos servem para fabricar uma
maca. Cabos de corda ou madeira podem ser
utilizados. Os peixes são colocados dentro das
macas com a barriga para baixo. A abertura
superior deve ser mantida fechada para evitar
que os peixes escapem. Quatro a seis pessoas
são necessárias para carregar um peixe adulto
com segurança. Os animais devem sair da maca
pela frente, deslizando pela barriga até entrar na
água do tanque recipiente. É bom trabalhar com
várias macas e equipe adequada no manejo de
vários peixes.
exposto no interior do tanque, pirarucu não
tem como se machucar. Dimensões do tanque
devem ser de aproximadamente 2,5m de
comprimento x 70cm de largura (medida de
abertura da armação de ferro superior) x 90
cm de altura. Tanques podem ser maiores ou
menores dependendo do tamanho dos peixes.
Importante é que o peixe não fique com a cauda
dobrada, nem com muito espaço livre, podendo
virar. Material deve ser lona resistente, liso e
impermeável para segurar água. Tanques mais
resistentes podem ser fabricados utilizando duas
camadas de lonas - uma interior de material
plastificado e liso e uma exterior de material
bem resistente.
Renovação de água para manter água limpa
é necessário. Aeração não é necessário. Um
pano de rede amarrada por cima evita qualquer
possibilidade em pular fora. Tanques deveriam
ser posicionados perpendiculares à direção de
movimento do veículo.
Transporte Adequado para Pirarucu (TAP)
é tanque simples, pequeno e portátil para
transporte de um indivíduo adulto. Fabricado
de lona, suspenso em armação de ferro, o
tanque fica em cima de caminhões ou outros
veículos (veja Foto). Com espaço mínimo
para se mexer, e sem material rígido ou áspero
19
Assim os tanques balançam, sem sair água deles. Deve encher para manter 20 cm de borda livre,
cobrindo completamente o peixe com água, sem que a barriga do peixe encoste-se ao fundo do
tanque.
Peixes agüentam viagens longas com esse sistema de transporte. Peixes são removidos do TAP com
a maca, sendo necessário colocar a maca dentro do TAP e o peixe dentro da maca, erguendo a maca
para escoar água antes de remover o peixe.
A Captura
Planejamento para a captura e transporte
de peixes grandes é importante, sendo
necessário providenciar todos os equipamentos
necessários, equipe de trabalho e hora prevista
do serviço. Não se deve capturar pirarucus
quando a temperatura da água é menos de
23 graus C, nem acima de 32 graus C, sendo
aconselhável trabalhar de amanha durante os
meses mais quentes.
Abaixar o nível do tanque de onde vai
retirar os peixes na preparação da captura é
importante. Em águas de mais de um metro de
profundidade, pirarucus podem saltar e atingir
as pessoas no tórax, no pescoço ou na cabeça,
sendo potencialmente letal. Reduzir a área
do tanque facilita a visualização dos peixes e
melhora a eficiência da captura.
Captura de Pirarucu com Rede de Arrasto
com Água Baixa
- Deve se passar rede de arrasto em áreas livres
de obstáculos. Desenroscar uma rede presa
em toco ou outro objeto fixo é extremamente
perigoso com pirarucus grandes dentro da
rede. Peixes assustados podem se machucar
gravemente ao bater em objetos sólidos também.
- Nunca se deve deixar os pescadores ficarem
atrás da rede. Os peixes “atacam” a rede com
força. Também não devem entrar na rede,
principalmente quando a rede está em processo
final de fechamento.
Fechando Rede de Arrasto com Segurança
20
- A melhor posição das pessoas na hora de
fechar uma rede com pirarucu grande é nas duas
pontas da rede e totalmente fora da água.
- Tentar capturar um ou poucos peixes em cada
fechamento da rede. Peixes não removidos
imediatos da rede precisam de espaço para se
manter em posição normal para não sofrer risco
de afogamento.
- É quase impossível segurar um peixe adulto
dentro da água com as mãos. São fortes e lisos.
Podem ser removidos da água com um puçá
(veja seqüência de fotos), com uma rede (de
dormir) ou colocando-o diretamente na maca.
Um problema comum é que falta pessoal para
segurar a rede e também retirar os peixes.
Captura de Peixe com Puçá
Colocando Peixe na Maca
- Uma técnica boa para realizar a captura é
remover peixes da água com a própria rede,
colocando o peixe no chão, com a barriga para
baixo. É possível remover dois peixes adultos
com essa técnica, com seis pessoas fortes, desde
que não tenha barranco alto. Com mais de dois
peixes na rede, precisa de mais pessoas para
remover os peixes e colocar rapidamente em
macas.
-Tanques com “praias”, ou saídas com declives
suaves facilitam as despescas. Terras bem
gramadas são mais macias para acolchoar peixes
no chão. Um colchão velho é excelente para
proteger os peixes durante manejos.
Tirando Peixe da Água com Própria Rede
21
- Tanques com “praias”, ou saídas com declives suaves facilitam as despescas. Terras bem gramadas
são mais macias para acolchoar peixes no chão. Um colchão velho é excelente para proteger os
peixes durante manejos.
- Geralmente pirarucus não mordem fora da água. A cauda é perigosa! Os peixes batem muito forte
lateralmente com a cauda enquanto sentados de barriga para baixo, podendo quebrar pernas. Uma
pessoa deve segurar a cabeça, sentando em cima do animal, com a cabeça do peixe entre as pernas.
Os peixes respiram fora ou dentro da água, da mesma maneira; levantando a cabeça, exalando
pelo opérculo, e abrindo a boca para inalar. A pessoa segurando a cabeça não deve atrapalhar esse
movimento. Uma pessoa encostada de cada lado do centro do animal segura seus movimentos, sem
ficar exposta a cauda. Peixes deitados de lado podem pular e se machucar. É importante manter os
peixes de barriga para baixo.
Alimentação de Reprodutores
Tudo indica que é importante alimentar bem
os reprodutores. Precisam ser bem nutridos
para produzir ovos e larvas de qualidade e em
quantidade. Como o potencial produtivo de cada
fêmea dependerá do tamanho dela, o crescimento
é importante. Sendo animais carnívoros, preferem
comer peixes frescos ou vivos. Pirarucus em
cativeiro aprendem rapidamente a ficar esperando
comida quando tratados sempre no mesmo
local. “Domesticando” peixes a comer na mão é
interessante, pois a falta de interesse pela comida é
sinal que estão mais interessados em reproduzir do
que em comer. Preferem comer peixes pequenos, ou
pedaços de peixes maiores. Peixes ou pedaços de 200300 g são ideais. É possível tratar reprodutores com
ração, desde que a ração seja para peixes carnívoros, e
de alta qualidade. Geralmente rações comerciais têm
tamanho de “pellets” aquém do tamanho adequado
para peixes grandes, e acaba sobrando. Qualidade
de água é importante em tanques de reprodução,
principalmente durante a época de reprodução, e
evitar sobras de alimentos é fundamental. Uma
prática utilizada por vários produtores é de misturar
ração comercial com peixe moído, formando bolas.
Dificilmente existe uma ração com qualidade
nutricional igual a um peixe vivo. Custos de produção
podem ser determinantes na hora de resolver
a questão do alimento mais adequado para os
reprodutores. Estocagem de peixes forrageiros vivos,
juntos com reprodutores é interessante do ponto de
22
vista nutricional. Problema com essa prática é que
peixes forrageiros podem ser ameaças aos ovos ou
filhotes de pirarucu. Uso de ração e peixes forrageiros
é interessante com grupos de peixes juvenis, sendo
alimentados como reprodutores futuros. Os peixes
forrageiros limpam as sobras de ração e ajudam
manter os peixes saudáveis e crescendo bem. Pelo
menos durante a época reprodutiva, tratar peixes
acasalados manualmente com peixes frescos é a
melhor opção. Bons resultados foram conseguidos
tratando peixes frescos à vontade, uma vez por dia,
sendo perto de 1% do seu peso por dia.
Doenças
Reprodutores bem tratados dificilmente apresentam doenças graves. Ocasionalmente podem
aparecer parasitos externos, como Argulus ou “piolho”. Essas enfermidades podem ser tratadas com
o produto Masoten, seguindo orientações do fabricante.
Reprodução “Natural”
A possibilidade de trabalhar com “desovas
induzidas” de pirarucu é duvidosa. Nenhuma
tentativa conhecida em estimular desovas
com aplicação de hormônios resultou em uma
desova bem-sucedida. O órgão reprodutivo
de pirarucu não apresenta condição apta para
desovas induzidas A maioria das espécies de
peixe comercialmente importante e produzida
em cativeiro realiza desovas completas, onde
todos os ovos são do mesmo padrão, e todos são
expulsos juntos, ou em poucas horas. “Desovas
induzidas” geralmente envolvem aplicações
de dosagens “pesadas” de hormônios com o
objetivo de desencadear a desova completa de
todos os ovos que ocupam o ovário de uma vez.
A extrusão manual de ovos, prática utilizada
com muitas espécies sendo induzidas, seria
muito difícil com pirarucu. A captura de peixes
grandes é bem estressante para eles. Apertar a
barriga de uma fêmea gigante para extrusão de
pequenas quantidades de ovos repetidamente
é inviável. A maturação e a desova de ovos
de pirarucu são parceladas, significando que
somente uma porção dos ovos do ovário chega a
amadurecer junto.
Peixes com esse tipo de ovário geralmente não
respondem bem a essa estratégia de indução
hormonal, e também não precisam desse tipo de
indução. Caso mais conhecido é do tilápia, peixe de
desova parcelada, reproduzido no mundo inteiro sem
uso de hormônios. Grande motivo para acreditar que
não é necessário aplicar hormônios para estimular a
reprodução de pirarucu é que já foi possível realizar
até sete desovas em um ano de uma única fêmea
sem uso de hormônios. A “desova natural” funciona
com pirarucu, desde que condições adequadas sejam
fornecidas aos peixes.
Uma rotina de administração crônica de
hormônios com implantes ou administração oral
para estimular desovas fora da época normal de
reprodução de pirarucu poderia ser interessante.
Ainda acredito que teria que manipular condições
ambientais para viabilizar essa estratégia, sendo
possível realizar desovas sem uso de hormônios.
Como é o caso na natureza, existem animais
geneticamente inferiores, sem condições de
reproduzir, ou pouco eficientes. Em plantéis
de reprodutores de projetos comerciais, seria
aconselhável selecionar indivíduos e linhagens de
peixes mais aptos para reprodução, eliminado do
plantel animais menos produtivos.
Ovário Maduro de Pirarucu
23
Identificação de Sexo
Muitos trabalhos com pirarucu já foram realizados
com o objetivo de distinguir seu sexo, uma vez
que fora da época de reprodução não apresentam
características externas que indicam imediatamente o
sexo do animal.
Coloração avermelhada na parte ventral
da cabeça é característica dos machos adultos
durante a época reprodutiva (veja Fotos), enquanto
essa parte das fêmeas permanece branca. Machos
mostram diferenças distintas de coloração quando
estão cuidando de filhotes, ficando preto com
vermelho vivo. Machos e fêmeas do casal mostram
os comportamentos bem diferenciados descritos
anteriormente.
Macho
Fêmea
Como a marcação requer captura dos peixes e é
estressante para o animal, é importante aproveitar a
oportunidade de realizar marcação de peixes durante
qualquer manejo necessário deles. Quando for
possível, é melhor fazer a marcação fora da época
de reprodução. Peixes identificados como macho
e fêmea durante a época reprodutiva não deveriam
ser capturados somente para marcar, sendo indicada
marcação posteriormente. Marcação definitiva pode
ser feita com marcadores PIT implantados na base
anterior da nadadeira dorsal. Outra opção é utilizar
marcadores simples de plástico, que são baratos e
duráveis.
24
Marcadores Externos de Peixe
Utilizamos marcadores rosa para identificar fêmeas
e amarelas para machos. Podem ser colocados no
mesmo local em frente da nadadeira dorsal, e são
visíveis durante a respiração dos animais. A vantagem
do marcador externo é que a identificação, depois é
bem menos invasiva, não sendo necessário capturar
os peixes. Por enquanto, o sistema mais fácil, seguro,
barato e disponível a todos para identificação de sexo
seria de marcadores externos de plástico. Outra opção
é trabalhar com ambos.
Canalização, ou introdução de cateter ou sonda
urinária no oviduto, processo utilizado na avaliação
de ovócitos de outros peixes, não é possível com
pirarucu sem machucar o animal devido ao formato
do poro genital.
Laparoscopia é processo cirúrgico envolvendo
remoção de uma escama no local da gônada (ventrolateral, do lado esquerdo), cortando com bisturi a
pele, musculatura e peritônio e introduzindo um tubo
rígido com lente ocular para visualização direta do
ovário ou testículo. Esse procedimento está sendo
empregado no Estado do Ceará, dentro do projeto de
pirarucu do DNOCS para sexagem de juvenis de 8
ou 10 kg (3).
Hormônios sexuais, incluindo testosterona e
estrogênio podem ser analisados para distinguir
machos de fêmeas. Em Peru essa técnica foi
empregada para identificar sexo de peixes adultos
e juvenis (2). Análise desses hormônios no Brasil
mostrou resultados mais
Análise de DNA, com
“Hormônios
sexuais,
incluindo
complexos. A relação
o objetivo de distinguir
entre a concentração
testosterona e estrogênio podem o sexo do pirarucu seria
dos dois hormônios foi
método confiável e menos
ser
analisados
para
distinguir
muito diferente do que
estressante de sexagem. O
os resultados do estudo
desafio de identificar o sexo,
machos de fêmeas”. (...)
peruano, com peixes
analisando tecidos, como pele
de casais já formados mostrando um padrão bem
ou escama, foi objetivo de vários estudos realizados
diferente do que peixes “solteiros”. Esse fato mostra
nos últimos anos, mas essa tecnologia ainda não está
que acontecem mudanças significativas com a
disponível para identificação do sexo de pirarucu.
concentração de hormônios depois da formação
do casal. Assim, medição de hormônios ou seus
Ultrassom convencional não consegue atravessar
precursores deve ser avaliado com cuidado, ciente do as escamas para observar órgãos internos. Ultrassom
fato que as concentrações dessas substâncias variam
com sonda trans-retal, de espessura fina para entrar
muito ao longo do ciclo reprodutivo do pirarucu, e
no reto do animal é equipamento interessante
entre animais, dependendo da sua posição social do
para visualizar os órgãos sexuais. Serve para
grupo.
sexagem imediata e também para avaliação do
desenvolvimento das gônadas. Sondas “transretais”
O estudo no Peru com análise de vitelogenin,
de boi, ovinos, ou seres humanos não são adequadas.
substância ligada com desenvolvimento e maturação
Equipamento especializado é necessário para realizar
de ovócitos e presente somente em fêmeas, foi
esses exames.
confiável para identificação de sexo de pirarucu.
Limitação dessas estratégia é que somente foi
***Desenvolvimento de um exame rápido e não
definitiva para sexagem de peixes adultos. Problema
invasivo, com resultado saindo na beira do tanque
é que às vezes não sabemos se um animal é adulto ou seria ideal para facilitar tomada de decisões imediatas
não.
a respeito do manejo de reprodutores.
25
Condições Climáticas e Físicas Necessárias
Pirarucus reproduzem dentro da Bacia Amazônica durante a época de chuva. Existem certas
condições que são requerimentos absolutos para que aconteça a reprodução. Basicamente, peixes
saudáveis formarão casais reprodutivos quando tiverem substratos adequados para construção
de ninhos, em um metro de água, com transparência adequada para os peixes se ver, temperatura
da água acima de 29o C, e pancadas de chuvas fortes. Sobrevivência das proles depende de uma
qualidade de água adequada, alimento suficiente e proteção contra predadores. O processo
reprodutivo é complexo, com uma etapa do processo necessária para desencadear outra, uma
seqüência de estímulos ambientais desencadeando respostas comportamentais dos peixes, cujos
acertos em harmonia com as mudanças ambientais são necessários para garantir sobrevivência dos
filhotes.
Ambientes Apropriados para Reprodução
Precisamos lembrar e entender aquilo que acontece na natureza. Lá, o ambiente aquático do
pirarucu sofre grandes mudanças com o processo reprodutivo de pirarucu englobando essas
mudanças. Os animais que conseguem reproduzir no momento certo, no local certo, aproveitando
qualidade de água adequada que confere sobrevivência dos seus ovos e larvas, em seguida as larvas
tendo acesso a alimento suficiente, serão aqueles cujos genes continuarão sobrevivendo. Formação
de casais é a etapa inicial do processo reprodutivo de pirarucu. Desova e incubação são outras
etapas, e cuidar dos filhotes é ainda outra. Acontece que o ambiente ideal para formação de casais
não é o mesmo que o ideal para sobrevivência de ovos, que não é ideal para alimentação de filhotes.
Então, no ambiente de cativeiro seria necessário controlar e oferecer ambientes apropriados durante
todo o processo para que todas as necessidades sejam atendidas. Foram realizadas pesquisas práticas
testando várias estruturas e situações para avaliar a importância das condições ambientais e suas
conseqüências na reprodução.
Formação de Casais
A importância em identificar o sexo de reprodutores dependerá da estratégia produtiva empregada
na hora de juntar grupos de peixes reprodutores. Formação de casais é necessário para acontecer
a reprodução natural. Sabendo o sexo de cada animal, seria possível estocar um casal por tanque.
Como dois (um macho e uma fêmea) é o número mínimo necessário para acontecer reprodução,
26
uma divisão dessas aparentemente seria o uso
mais eficiente de um plantel de reprodutores.
Acontece que qualquer macho não forma
um casal produtivo com qualquer fêmea.
Poderíamos trocar parceiros até conseguirmos
uma química aceitável entre os dois. Também
acontece a formação de casais que reproduzem,
mas com baixa produtividade. A eficiência
dessa estratégia, então, ainda é questionável.
Estratégia que vem funcionando melhor é a
de colocar vários peixes juntos, deixando-os
escolher seus próprios pares. Casais formados
dessa maneira têm grande chance de reproduzir
e produzir números maiores. Casais formados
assim podem ser removidos de tanques de
formação de casais e colocados em tanques de
desova.
Muitas descobertas foram possíveis através de
observação de peixes em tanques pequenos
e em águas claras. Tanques pequenos não
são os preferidos dos pirarucus, mas facilitam
muito nossa observação deles. Observação
dos peixes e seus comportamentos em águas
com transparência limitada é difícil. Água
transparente é necessário para enxergar todas
as suas atividades. Mas, como os pirarucus
são bem conscientes daquilo que acontece
fora da água, pelo menos perto das bordas
dos tanques, a água transparente faz com que
os peixes percebam a nossa presença, o que
influencia seu comportamento. Em tanques
com água transparente, grupos maiores de
peixes mostram dificuldades em formar casais e
reproduzir. Análise subjetiva dessa observação é
que a visibilidade maior dentro da água faz com
que os peixes não tenham sossego, sentindo e
respondendo à presença dos outros peixes ainda
longe deles. Acontecem muitas brigas e nada de
reprodução.
Tanques revestidos com lonas de PVC ou
PEAD foram montados para manter água clara
com proposta de avaliar as conseqüências.
Muitas observações interessantes foram
possíveis nesses tanques, incluindo a
confirmação do fato de que os machos removam
ovos dos seus ninhos, levando e segurando-os na
boca por tempo prolongado. A primeira desova
inteira capturada do ninho e colocada em uma
incubadora em cativeiro saiu de um tanque
revestido de plástico. Manipulação de qualidade
de água em tanques pequenos revestidos
é rápida, facilitando análise do impacto de
mudanças químicas e físicas da água.
A ideia de fabricar e instalar ninhos artificiais
com a esperança de estimular desovas vem de
uma técnica improvável utilizada na indústria
americana para estimular a reprodução de
catfish (animal que por coincidência produz
massas de ovos muito parecidas com as do
pirarucu). A técnica emprega ninhos artificiais
fabricados com latas de leite metálicas. Machos
escolhem e defendem essas latas de 20 litros
como seus ninhos preferidos. As fêmeas entram
para desovar, e os machos chocam as massas
de ovos, que ficam colados no fundo. Coleta
dos ovos é manual, sendo possível monitorar
e coletar ovos de dezenas ou até centenas de
“latas” por dia.
Vários modelos de ninhos foram fabricados
de concreto, madeira e plástico. Nenhum
desses ninhos foi utilizado pelos pirarucus.
Outra estratégia foi construir armações de
madeira de 3m x 3m, enchendo-as de terra
e areia e colocando estes ninhos dentro dos
tanques revestidos de plástico. Os resultados
foram positivos. Essas áreas foram escolhidas
pelos pirarucus para escavar seus próprios
ninhos. Assim os tanques plásticos, com suas
águas transparentes, serviram para facilitar
a observação da reprodução e avançar a
tecnologia. Os peixes continuaram desovando
dentro desses ninhos por três anos consecutivos,
mas não com grande freqüência, nem
com desovas grandes. Água transparente é
interessante para facilitar observação, e boa para
incubação de ovos, mas não tem plâncton para
sustentar larvas.
Aparentemente, o ato da escavação do ninho
pelo macho e a aprovação da estrutura pela
fêmea é importante; as fêmeas exigem ninhos
autênticos, escavados pelo seu parceiro
para desovar. Pirarucus gostam de solos
firmes, podendo conter areia ou cascalho, e,
27
frequentemente o fundo de ninhos ativos de pirarucu contém uma pedra, raiz ou outro material
duro. Possivelmente, durante a escavação o macho precisa de um sinal de que o fundo do ninho
seja firme mesmo, ou tem instinto de procurar uma “ancora” para segurar a massa de ovos. Às vezes
vários ninhos são escavados, um ao lado do outro. Na procura de local ideal para construir seu
ninho, o macho às vezes escava vales compridos. Em solos mais firmes, a parte exterior do ninho fica
menor. Em terras mais soltas, a parte exterior do ninho acaba tendo diâmetro maior. A profundidade
de água onde escava o ninho é pouco variável, sendo mais ou menos de um metro.
Agrupamento de Pirarucu
(Definição da Estrutura Social)
Uma das perguntas mais ouvidas é sobre a
relação de número de fêmeas e machos que
devem ser colocados juntos para maximizar
a produtividade. As questões de como os
peixes adultos se relacionam quando colocados
juntos em tanques é realmente fundamental. A
estrutura social que os peixes formam define
quais peixes terão direitos reprodutivos. O fato
é que dificilmente mais de um casal se formará
em um mesmo tanque, independente do
número de peixes e a relação entre número de
fêmeas e machos. Em tanques maiores, tanques
mais compridos, com mais curvas ou mais
estruturas, aumenta a possibilidade de formar
mais de um casal por tanque. Muitas estratégias
já foram testadas, com o objetivo de identificar
situações mais eficazes e mais eficientes, com
resultados variáveis. Uma descrição de várias
estratégias testando estruturas de populações
e tanques e seus resultados, segue abaixo. Há
muitas possibilidades ainda não testadas que
poderiam funcionar bem.
Estratégias de Agrupamento
Muitos peixes estocados juntos teriam pouca
probabilidade em reproduzir. Aparentemente,
as lutas e as danças que normalmente acabam
definindo quais animais seriam os Peixes Alfas
que formam casais não acontecem. A confusão
causada pelo excesso de contatos é demais e os
peixes não conseguem estabelecer casais, etapa
necessária para reprodução. Quando foram
colocados 30 peixes adultos em um tanque
de um hectare, não reproduziram durante um
ano. Outras histórias parecidas suportam essa
28
teoria. Certamente o problema é uma questão
de densidades excessivas. Assim, os mesmos 30
peixes em um reservatório de 30 hectares teriam
condições para formar muitos casais.
Não é conhecida a área mínima necessária para
formar um casal quando existem vários peixes
no mesmo tanque. Nesse mesmo grupo de 30
peixes, quando foram colocados seis peixes de
sexo desconhecido em um tanque de 4.000
m2, um casal se formou quando começaram as
chuvas e reproduziu em seguida. Dificilmente
teriam dois casais se formando em tanques
comuns de até 10.000 m2, independente do
número de peixes presentes e da relação entre
número de fêmeas e machos. Para melhorar
a eficiência e reduzir custos, uma estratégia
lógica é identificar o número mínimo de peixes
necessário e o tamanho mínimo dos tanques.
Colocando somente dois peixes (um macho
e uma fêmea) em um tanque, sem ser casal
formado, pode resultar em casal reprodutivo ou
não. A probabilidade foi de 30% dos tanques
produzindo casais reprodutivos durante o
primeiro ano em uma piscicultura testando
essa estratégia. Com sistema 100% confiável
de sexagem dos peixes, esse sistema seria mais
eficaz. Não é o caso que qualquer dois animais
de sexo oposto vão acasalar. Mesmo formando
casais, essa estratégia produziu desovas bem
menores do que outras estratégias. Nossa
idéia de cortar esta etapa natural de escolha e
formação de casais compatíveis não produziu os
melhores resultados.
Colocando um casal formado em um tanque,
a probabilidade de ter reprodução aumentou
significativamente, com 67% dos pares
reproduzindo durante o primeiro ano.
A estratégia utilizando tanques especificamente
para formação de casais, com captura de casais
e reestocagem em outro “tanque de desova”, vem
funcionando bem. Por motivos não conhecidos,
certos tanques foram melhores para formação
de casais. Tanques maiores, com mais estruturas,
plantas ou áreas para esconder são preferidos
para formação de casais.
Tanques pequenos servem para reprodução de
pirarucu. Tanques com 200 m2 (10m x 20m)
tiveram muitas desovas em Rondônia, incluindo
desovas repetitivas (três em um ano), e desovas
grandes. Tanques pequenos (200 m2) com 2
peixes de 150 kg teriam 15 toneladas por hectare
de biomassa, sendo muito peixe em pouca água,
situação que acaba sobrecarregando o tanque
e comprometendo a qualidade da água. A seu
favor, a renovação de água para melhorar sua
qualidade é rápida e eficiente devido ao seu
pequeno volume. Outro problema com tanques
pequenos é que não dá para estocar mais de dois
peixes por tanque. Três peixes foram colocados
em dois tanques de 200 m2, um tanque com
dois machos e uma fêmea, outro tanque com
duas fêmeas e um macho. Dois dias depois,
apareceram mortos um dos dois machos, e uma
das duas fêmeas. Pirarucus adultos brigam e se
matam quando apertados em tanques pequenos!
Portanto, tanques pequenos servem para receber
casais formados, mas não devem ser utilizados
para a formação de casais.
O sistema do DNOCS, construído
originalmente para reprodutores de pirarucu,
era uma bateria de tanques de 100 m2 (10m x
10m), com um canal ligando todos os tanques.
Não foram altamente produtivos. Certamente
o mesmo sistema com tanques maiores seria
mais produtivo. Como os tanques tinham
saídas, as lutas entre os peixes não resultaram
em mortalidade (pelo menos não foi relatada
nenhuma mortalidade dos reprodutores).
Onde grupos de peixes são estocados juntos, os
tanques devem ter tamanho adequado, ou saídas
para que os peixes submissos tenham como fugir
dos agressores.
Comenta-se sobre um sistema de Motel,
com um tanque ou reservatório maior com
tanques pequenos ligados, com esperança
dos peixes entrarem nos tanques pequenos
para reproduzir. Peixes podem reproduzir em
tanques pequenos, desde que não tenham uma
opção melhor. Acredito que essa estratégia
não é eficaz, pois a tendência dos peixes mais
fortes é lutar para defender a área maior e não
29
entrar em áreas apertadas. O sistema seria mais
interessante se a área comum fosse menor
do que os tanques motéis, ou sem condições
para reproduzir. Lembrando que os peixes
precisam de substratos adequados (terra
firme), e profundidade apropriada (1 metro),
poderia montar um sistema onde os hotéis
oferecem condições propícias e a área comum
não, servindo somente para a fuga de peixes
submissos.
Com o objetivo de melhorar a eficiência
produtiva de um tanque, avaliar a influência
da presença de outros peixes além do casal e
prevenir lutas mortais foi construído divisores
ou cercas de madeira dentro dos tanques. Esses
divisores foram equipados com comportas,
para poder controlar acesso e contato entre os
peixes. Resultados em geral foram piores do
que em tanques sem divisores. Uma estratégia
que funcionou foi a de colocar três peixes em
um tanque de 600 m2com três divisões, com
as comportas mantidas abertas. Um casal se
formou e reproduziu três vezes em um ano. Os
peixes foram vistos se misturando, com lutas
acontecendo de vez em quando. O terceiro peixe
era um macho que passava a maior parte do seu
tempo na área do lado da área escolhida pelo
casal para construir seu ninho.
Tanques maiores são mais produtivos, mas
também mais caros para construir. Avaliação
do tamanho ideal de tanques vai depender da
disponibilidade e custo de terra, da água e de
construção. Logicamente o valor dos peixes
produzidos teria que ser considerado. O tanque
mais produtivo conhecido foi um de 12.000
m2, onde foram estocados seis peixes adultos.
Foi deixada aberta uma saída (manilha de 80
cm), de onde saíram três peixes, ficando outros
três, sendo dois machos e uma fêmea. Seis,
e possivelmente sete, desovas de uma única
fêmea foram registradas nesse tanque em cinco
meses. O tanque é mais de 50 vezes maior do
que os tanques de 200 m2. Não produz 50
vezes mais do que os tanques menores, mas sua
produtividade mostra a potencial produtividade
de um casal quando tem espaço maior.
30
Um problema dos tanques maiores é que a
observação dos peixes, bem como a captura de
ovos, larvas ou alevinos, é bem mais complicada.
Resumindo, os sistemas que juntaram muitos
peixes não deram bons resultados. Com altas
densidades e grupos maiores a confusão não
facilita a reprodução, mas pelo menos não acaba
em mortalidades. Produção ou engorda de
plantéis de reprodutores poderiam trabalhar
com densidades altas. Tanques de formação
de casais teriam que trabalhar com densidades
menores, e em tanques de desova, deveria
reduzir para dois ou três peixes. Enquanto
um segundo macho com o casal estimula
desovas, vários peixes causam confusão. O
instinto do pirarucu é de lutar (principalmente
entre os machos), e lutas breves e seguras são
adequadas para estimular o processo, sendo
possível provocar esta situação sem machucar os
participantes.
*Fora da época reprodutiva a interação
social entre animais adultos muda bastante.
A convivência é muita mais tranqüila. Casais
interagem com outros peixes. Linhas invisíveis
que marcam territórios defendidos em lutas
mortais durante a época reprodutiva, fora dessa
época desaparecem. Os cuidados necessários
para proteger peixes durante a época produtiva
podem ser relaxados.
31
Preparação para as Desovas
Onde tem adultos juntos, desovas podem
acontecer. Enquanto a época de chuva define a
época reprodutiva de pirarucu, ocasionalmente
podem acontecer desovas fora da época
normal. Em regiões onde as épocas de chuva
e a da seca são menos distinta, peixes podem
estar “preparados” em praticamente qualquer
época do ano. Fundamental é a observação
dos reprodutores, aprendendo reconhecer
as mudanças físicas e comportamentais que
acontecem e sinalizam a preparação para a
reprodução.
Manchas de água turva aparecerão na hora dos
peixes escavarem seus ninhos, tipicamente perto
da beira do tanque. É o serviço principalmente
do macho; a fêmea pode participar. Ele já está
mais vermelho do que ela. Às vezes aparece a
cauda dele fora da água, ou pelo menos cria uma
turbulência na superfície enquanto escava com
sua boca. A boca do macho fica avermelhada,
machucada pelo serviço. Os peixes respiram
com maior freqüência devido ao exercício físico
envolvido, subindo a cada cinco minutos ou
menos enquanto trabalham.
Normalmente, no início da época das chuvas
as temperaturas são altas. Quando começa
a chover, o comportamento dos peixes se
modifica. As cores mudam, machos e fêmeas
ficam visivelmente mais avermelhados.
Sinalizam que estão competindo para
estabelecer territórios com pancadas das
caudas na superfície da água. Peixes se agregam,
nadando em círculos, um em volta do outro.
Sem água transparente, poderia não se enxergar
este comportamento. Começam a correr um
atrás do outro. De repente, dois peixes começam
a nadar juntos, um paralelo ao outro. As cores
se intensificam. A formação do casal acontece
com facilidade, às vezes não se percebe que
aconteceu. Dois peixes vermelhos nadando
juntos é sinal provável do acasalamento. Agora
lutas com outros peixes são mais freqüentes e
mais agressivas. Turbulência forte na beira do
tanque mostra onde um peixe está atacando
outro. O casal já formado luta para se manter.
Agora as lutas com outros peixes podem ser bem
agressivas. Ninhos são defendidos com muita
seriedade. Às vezes uma desova é depositada
em um ninho recémescavado. Tipicamente,
escavação e acabamento de ninhos é trabalho
mais prolongado, podendo durar uma a algumas
semanas antes de receber a primeira desova. A
manutenção de ninhos é serviço intermitente
durante a estação inteira, até cinco meses do ano.
Casais formados podem reproduzir logo em
seguida, principalmente aqueles formados
no meio da época reprodutiva. Ou, esses
comportamentos podem durar semanas. Sem
estímulos ambientais ou as condições básicas
adequados, o processo parece estacionar, sem
prosseguir para a próxima etapa.
32
Perceber que tem um casal escavando um ninho
é importante. Tipicamente o “ninho principal”
acaba sendo mantido durante a estação inteira,
e às vezes por vários anos em seguida. Marcar o
local exato do ninho é interessante, pois é o local
onde a captura de ovos ou larvas pode ser feita,
e é necessário saber onde os peixes estão para
poder avaliar seu comportamento. Às vezes dois
ou três ninhos são escavados, um perto do outro,
sendo nesse caso um “local principal”, e não um
ninho único.
Desovas
As desovas normalmente acontecem um ou dois dias depois de uma chuva forte, quando a água está
com 290C. Aparentemente a fêmea passa várias vezes por cima do ninho durante a desova, com o
macho fecundando cada parcela da desova. Não sabemos quanto tempo demora para ela terminar
sua desova. Os dois peixes aparecem perto do ninho com frequência durante a desova. Depois de
terminar a desova, começa a rotina de chocar, com a fêmea parada com sua cabeça em cima do
ninho. Ela é capaz de ficar até 45 minutos sem subir para respirar. A tomada de ar dela normalmente
acontece poucos metros do ninho. É possível distinguir uma diferença no comportamento
respiratório dela, sendo que agora sua tomada de ar é rápida, e que o movimento do seu corpo não
é linear como é normalmente na hora de aparecer na superfície, sendo mais inclinado e sempre
descendo em direção ao ninho.
O macho, por sua parte, fica vigiando um perímetro, geralmente de 5 a 10 metros do ninho. Ele
respira com frequencia. Aparecendo ao redor do ninho, chegando a encostar sua cabeça com a da
fêmea, em cima do ninho. Durante a respiração da fêmea, ele fica no lugar dela em cima do ninho.
Dificilmente um ninho com ovos ou larvas encontra-se sem o pai ou a mãe vigiando a prole com a
cabeça encostada no ninho.
Condições Físicas Importantes em Tanques
de Reprodução
A água dos tanques de desova deve ser de boa qualidade, com oxigênio dissolvido o mais perto
possível do ponto de saturação. Ovos e larvas recémnascidos precisam de níveis adequados de
oxigênio. Foram registradas desovas saudáveis acontecendo em águas bem ácidas, neutras e
levemente alcalinas (de pH de 5 a 8). Água verde com fitoplâncton pode atrapalhar desovas e
sobrevivência. Água turva também não é ideal, apesar de uma turbidez leve e temporária não ser
um grande problema. Pode ser necessário renovar água para evitar esses problemas. Substratos
adequados para escavação de ninhos é fundamental. Precisa de terra firme, podendo ser misturado
com areia ou cascalho. Solo com argila fina que causa turbidez da água não é interessante. Solo
muito orgânico ou “turfa” não é bom, nem areia solta. Ausência de predadores aquáticos no tanque
é importante, principalmente se a estratégia não é a de remover ovos ou larvas imediatamente. Água
transparente é aceitável, desde que essa situação não continue por tempo prolongado, pois plantas
aquáticas tendem tomar conta desses tanques, não sendo desejável. Algumas plantas aquáticas não
atrapalham. Peixes adultos gostam de sombra. Passam tempo nas beiras dos tanques onde tem
sombra. Sombras artificiais podem ser colocadas em tanques que não oferecem sombra natural.
Captura de ovos ou larvas do ninho é mais complicada com água transparente, pois os peixes
adultos conseguem enxergar nossa presença, dando oportunidade para o macho coletar a prole na
boca.
33
Capturar Ovos, Larvas ou Alevinos?
Uma estratégia melhor de como capturar ovos
do ninho promete ser o avanço que aumentará
significativamente a produtividade de alevinos
de pirarucu. Até agora a captura e a incubação
de ovos permanecem um desafio complicado,
mesmo que já tenham sido feitas com sucesso.
A captura de larvas recém eclodidas do ninho
já é uma estratégia consagrada. Uma estratégia
mais antiga é a de esperar que os adultos criem
os filhotes até um tamanho maior. Pescadores
de peixes silvestres gostam de peixes maiores
e mais fortes, de 8 a 15 cm. Produtores
de pirarucu em cativeiro capturam peixes
menores, tipicamente de 5 a 8 cm, aumentando
significativamente o número capturado por
desova. Um problema em esperar para capturar
peixes maiores é que a grande variedade de
predadores é difícil controlar e esses comem
filhotes de pirarucu sem parar. Outro problema
é que as larvas precisam de comida após sair
do ninho. Para produzir plâncton suficiente
para alimentar as larvas, é necessário adubar o
tanque para estimular produção de plâncton.
Isso é um pouco arriscado, pois as larvas
novas respiram com suas brânquias por alguns
dias, e a adubação tem como conseqüência
abaixar o oxigênio dissolvido, sendo perigoso
para as larvas. A adubação também faz com
que o tanque fique com qualidade de água
comprometida pa ra a próxima desova. O tempo
necessário para os pais criarem esses filhotes
é tempo perdido, no sentido de que não vão
reproduzir novamente até que saiam do tanque
todos seus filhotes. Às vezes não é fácil capturar
todos os filhotes, pois eles ficam mais rápidos e
mais espertos a cada dia.
Captura de ovos do ninho ainda é
estratégia difícil de ser realizada, devido ao
comportamento do macho em catar a massa
de ovos em sua boca. Aparentemente a fêmea
não faz isso. É possível capturar o macho com
34
os ovos na boca utilizando rede de arrasto.
O macho segura a massa até o momento em
que ele entra em pânico e salta. O processo é
traumático e perigoso para a massa delicada. Há
risco de perder ou machucar os ovos. Existe a
possibilidade de o macho engolir a massa. Outra
estratégia utilizada é a de remover ovos do ninho
no momento do macho subir para respirar.
Precisa estar escondido muito perto do ninho
para conseguir chegar até ele antes do macho. A
massa de ovos pode ser removida da água com as
mãos e colocada dentro de uma bacia com água.
A distância do ninho mantida pelo macho
aumenta depois do nascimento das larvas,
dando mais tempo para chegar até o ninho
antes de chegar o macho. Geralmente o macho
não fica no lugar da fêmea, em cima do ninho
enquanto a fêmea respira quando o ninho está
com larvas. É menos provável que o macho
resolva catar as larvas do ninho, enquanto é
uma certeza que nossa entrada em seu ninho
provoca essa reação quando ainda está com
ovos. Melhores resultados foram conseguidos
entrando no ninho diretamente de um
esconderijo que fica bem perto do ninho, sem
os peixes saberem da presença da pessoa antes
de sua entrada na água. Muito cuidado deve ser
tomado na hora de entrar no ninho, achando
a beirada do ninho com o pé sem pisar dentro.
As larvas são muito delicadas. Sentir a presença
das larvas no ninho com a mão pode ser difícil,
já que são muito pequenas. Larvas devem ser
removidas do ninho com uma peneira plástica
de tamanho médio (diâmetro de 20 cm) com
tela bem fina, de menos de 1 mm.
(Fotos à direita, acima)
Larvas recém nascidas
Larvas dois dias pós-eclosão
Não se deve raspar a peneira no fundo do ninho para evitar esmagar as larvas. Um movimento com
a mão livre para empurrar água com as larvas dentro da peneira (sem encostar a mão no ninho)
funciona bem. Devem ser transferidos para uma bacia, sendo importante não tirar as larvas da água,
depois as larvas com a água da bacia podem ser despejadas dentro de um saco ou outro contêiner.
Ovos, larvas e alevinos agüentam bem o transporte em sacos fechados com oxigênio.
Precisa manter água de transporte e de tanques recipientes saturados com oxigênio dissolvido,
perto de 7 ppm (veja Foto). Cuidados normais empregados com outros peixes tropicais devem ser
observados, mantendo a temperatura do tanque original (normalmente de 28 a 300C), evitando
choque térmico e outras mudanças bruscas entre a água do tanque de origem a água de transporte e
a água de tanques recipientes. Assim, a água deve ser trocada aos poucos na hora de soltar.
Captura de Larvas do
Ninho
35
Uma estratégia, que é mais prática para produtores menos experientes, a é de capturar larvas na hora
que saem do ninho. É relativamente fácil enxergar o momento em que as larvas saem do ninho, pois
o macho muda de cor, ficando preto. Ele sobe com as larvas em volta dele, e sai nadando lentamente
pela superfície do tanque. Nesse momento, as larvas são lentas e vulneráveis, a prole fica fácil de
capturar. Como as larvas ainda não estão se alimentando, não é necessário se preocupar com a
presença de comida nos tanques delas. É um momento propício para realizar a captura. Devem
ser capturadas sem passar o segundo dia, pois o consumo do saco vitelino acaba e precisam ser
alimentadas imediatamente, quando seu sistema digestivo termina sua formação. Larvas devem ser
capturadas de manhã para evitar temperaturas elevadas da água superficial. Ferramenta preferida é
puçá de 60 a 80 cm diâmetro, com cabo leve e comprido (4 m) e tela resistente de 1 mm ou menos.
Um lance perfeito com o puçá captura todas as larvas da desova em uma vez (veja Foto).
Captura de pós-larvas
com puçá
É importante evitar bater no macho com o puçá, pois um susto grande pode fazer com que ele
abandone a prole, que pode se perder. O puçá com as larvas não devem ser removidos da água,
sendo possível remover lãs do puçá com uma bacia, trazendo água e larvas juntas dentro da
bacia com água. Em seguida, são colocados dentro de um saco de transporte ou outro contêiner
adequado, observando os cuidados descritos para ovos ou larvas.
36
Larvicultura e Alevinagem em Laboratório
Larvas dentro do laboratório poderiam ser
alojadas em tanques redondos ou calhas,
sendo que uma superfície interna lisa, como
de plástico, fibra de vidro, pedra, ou aço inox é
importante. Tanques redondos são preferidos,
pois facilitam limpeza. Tanques redondos de
1.000 a 1.500 litros funcionam bem e servem
para todas as fases do processo (veja Foto).
Tanque Redondo de 1.000 l com Alevinos de 10 cm
Tanques maiores podem ser interessantes para
alevinos maiores. Devem ser equipados com
uma saída de 1,5 ou 2 polegadas no centro do
tanque, com cano vertical furado no centro e o
externo com cotovelo móvel para poder regular
o nível do tanque. Entrada pode ser de 1,5 ou
2 polegadas. Telas removíveis de tamanhos
diferentes, confeccionadas em tubos e colocadas
em volta do cano furado servem para conter os
peixes de tamanhos diferentes, deixando passar
sujeira. A tela adequada para larvas recémeclodidas é de menos de 1 mm.
Até 10.000 larvas recém-eclodidas podem ser
estocadas em um tanque de 1.500 litros. O nível
da água deve ser mantido em 20 a 40 cm de
profundidade. Depois de começar a se alimentar
bem, com 10 dias após a eclosão, deve-se reduzir
a densidade pela metade, ou de 3.000 por m3,
aumentando a profundidade para 40 a 80 cm.
Para manter peixes de cinco cm no laboratório,
é recomendado reduzir a densidade para 2.000
por m3. Com oito cm, uma densidade de 1.000/
m3 é apropriada. Larvas e pós-larvas precisam
de bons níveis de oxigênio dissolvido, perto da
saturação, e sem ser supersaturada. Pequenos
alevinos começam a respirar ar com poucos
dias de vida, mas a transição da respiração
aérea não é imediata. Depois de 12 a 15 dias
após a eclosão, os peixes não precisam mais
de oxigenação ou aeração da água. Água deve
ser limpa e livre de sólidos em suspensão. As
brânquias de larvas de pirarucu são externas, e
bem sensíveis a problemas de qualidade de água
como amônia elevada, oxigênio baixo e água
turva. Sujeira deve ser aspirada do fundo pelo
menos duas vezes por dia. Evitam correntezas
de água, exceto na hora de limpar os tanques,
quando rotação suave da água dos tanques pode
ser utilizada para remoção de sujeira.
Limpeza deve incluir todas as superfícies e a tela.
Renovação de água para larvas de uma troca
por hora é suficiente. É necessário aumentar a
renovação de água comensurada com o tamanho
dos peixes.
Depois do 5º dia após a eclosão, as larvas
começam se alimentar. Aceitam náuplias de
artemia ou zooplâncton de menos de 200
micras. Espécies de zooplâncton menores são
37
melhores, sendo que juvenis de cladóceros são
os preferidos. Deveria evitar fontes de plâncton
rico em juvenis de copépodes, pois essas podem
machucar as larvas. As larvas comem pouco
nos primeiros dias, mas seu consumo aumenta
rapidamente. A oferta de zooplâncton vivo
garante que o alimento fique suspenso na coluna
de água, onde as larvas procuram comida por
instinto (veja Foto).
Pirarucu de 3 a 4 cm se alimentando de
zooplâncton
Zooplâncton vivo não suja o tanque igual
outros alimentos, sendo grande vantagem para
evitar problemas com doenças. Não tem outro
alimento tão perfeito para pirarucus pequenos.
Oferta de zooplâncton deve ser de duas em duas
horas, e não pode ser à vontade. Zooplâncton
deve ser peneirado na hora de tratar, passando
água com plâncton por uma peneira de um mm
para remover organismos maiores. Para facilitar
quantificação das refeições o plâncton peneirado
pode ser colocado em cima de outra peneira
fina de 50 micras. Esse processo de “deságua” do
plâncton deixa uma massa de plâncton vivo, que
pode ser quantificado para ajudar em medição
padronizada dos tratos.
Pirarucus são capazes de comer mais do que
devem, e grandes quantidades de plâncton
colocadas de uma vez com as larvas pode ser
prejudicial ou fatal. A regra é de refeições leves
e freqüentes. A melhor maneira de ajustar a
quantidade de plâncton a ser oferecida é de
examinar as barrigas dos peixes durante a
alimentação. A porcentagem do zooplâncton,
sendo oferecido que é consumível, é difícil
de ser calculada. Existem organismos que o
pirarucu não consegue ou prefere não ingerir.
A barriga de todos os peixes deve ser
visivelmente arredondada depois da refeição,
sem atrapalhar a natação dos peixes (veja Foto).
38
Pirarucu de 4 cm após alimentação com
zooplâncton
Peixes comendo em excesso têm dificuldades
em nadar, com a tendência de virar de barriga
para cima. Avaliar a concentração de plâncton
sobrando na água é hábito importante.
Colocando plâncton em cada tanque, aos
poucos, em 10 a 15 minutos devem encher as
barrigas, sobrando uma concentração leve de
plâncton na água. Basicamente, depois das de
horas, não deve ter mais plâncton (consumível)
na água e as barrigas não vão estar mais
redondas. Os peixes podem passar a noite sem
comer, sendo que de 6 a 8 horas sem comer é o
certo.
*Peixes machucados ou mortos, com ponta da
cauda esbranquiçada, indicam que os peixes
estão se mordendo, geralmente devido a
problemas nutricionais (alimento inadequado
ou fome). O metabolismo do pirarucu é
impressionante! Basicamente não são canibais,
mas a fome faz com que eles se mordam. Falta
de comida crônica faz com que os peixes
emagreçam e passem mal. Classificação
de peixes para manter peixes do mesmo
padrão juntos é necessário somente quando
alimentação inadequada facilita crescimento
desuniforme. Quando peixes de tamanhos bem
diferentes são misturados, podem aparecer
peixes machucados com caudas mordidas. Esse
problema se torna mais grave quando os peixes
não são bem alimentados com alimentos de
qualidade. Às vezes, forçando a transição de
plâncton para ração antes de todos os peixes
estarem prontos, pode causar crescimento
desuniforme. Isso indica que ajustes no manejo
são necessários. Peixes podem ser classificados
com classificadores que utilizam barras ou canos
paralelos, ou manualmente. Bem-alimentados,
crescimento uniforme facilita muito o manejo
de alevinos de pirarucu, sendo desnecessário
trabalho com classificação. Boa alimentação é a
chave principal na produção desse animal.
“Boa alimentação é a chave principal na produção
desse animal”.
Tratamento de Doenças
Pirarucus bem tratados e mantidos em água
de boa qualidade com manejo adequado dos
tanques não apresentam problemas graves com
doenças. Uma única desova de larvas capturadas
dentro do ninho e criadas no laboratório, usando
as técnicas descritas aqui foi vendida com 11 a
12 cm, com uma sobrevivência de 99%, sem uso
nenhum de medicamentos.
Banhos diários de uma hora com 100 ppm de
base de oxitetraciclina impedem problemas
eventuais com bacterioses em peixes pequenos.
No caso de aparecerem parasitos nas brânquias
dos alevinos, podem ser administrados banhos
de Masoten, de acordo com recomendações do
fabricante. Banhos de sal em concentração de
1% por 24 horas são eficazes também.
39
Produção de Zooplâncton
Zooplâncton é o grupo de animais aquáticos bem pequenos que aparecem em corpos de água
naturais e tanques escavados, e são alimentos naturais e perfeitos para alevinos de pirarucu.
Produção de zooplâncton é prolífico, e pode ser capturada em tanques de engorda de outros peixes,
ou em tanques especializados para esse fim. Tanques não recebendo ração devem ser adubados.
Zooplâncton é facilmente capturado, puxando uma rede de plâncton. Redes de plâncton podem ser
confeccionadas (veja desenho):
Fabricação de Rede de Plâncton
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Uma armação fabricada de ferro redondo (barra
de 3m) de 1/4 a 3/8 polegadas deve ser dobrada
e amarrada ou soldada nos pontos para formar
um retângulo de 1 m x 50 cm, e serve como boca
da rede. A tela deve ser de 100 a 200 micras,
sendo que um material barato e adequado
é tecido chamado de organza, facilmente
disponível em lojas de tecidos. O tecido deve
ser cortado e costurado em forma de cone, com
aplicação de cola de sapato nas emendas para
vedar e fortalecer. Uma garrafa de 2 litros, com
fundo cortado é amarrando no final do funil
da rede com borracha, serve para esvaziar o
conteúdo. Duas garrafas PET amarradas na parte
superior da armação servem como boias, com
uma corda comprida para puxar. O Plâncton
fica concentrado na garrafa no fundo da rede, e
deve ser colocado em baldes de 20l com água
para transporte rápido até o laboratório, onde
pode ficar estocado por algumas horas em
incubadoras, tanques com aeração ou sacos com
oxigênio. Melhor é alimentar com zooplâncton
recém capturada.
e aumentar produtividade de plâncton. Matéria
orgânica fornece outros micronutrientes que
adubam a produção de fitoplâncton, estimula
produção de uma grande variedade de outros
microrganismos que o zooplâncton é capaz de
ingerir e as partículas de matéria orgânica são
consumidas diretamente pelo zooplâncton,
dando uma resposta mais rápida. Popular entre
produtores de alevinos são as farinhas de origem
animal e os farelos vegetais (carne, sangue, arroz,
semente de algodão, entre outros), e estercos
(boi, cama de frango etc.).
Melhor opção dependerá da disponibilidade e
do custo dos vários materiais. Quantidade de
adubos aplicada em tanques sem peixes vivos
pode ser mais liberal, sendo que não tem perigo
de matar os peixes. Produtos devem ser bem
distribuídos nos tanques. Muitos produtores
preferem misturar os materiais em água antes de
lançar nos tanques, principalmente os adubos
químicos. Adubação pesada é capaz de produzir
plâncton suficiente para 100.000 alevinos de
pirarucu em um hectare de água (10.000 m2)
Produção de zooplâncton pode ser realizada
durante uma estação. De adubo: 200 kg de P,
através de adubação orgânica e/ou química
300 kg de N (lembrando que esses produtos
da água. As possíveis receitas para produção
são diluídos, 200 kg de P significa 1.000 kg de
de zooplâncton são infinitas. Basicamente,
produto de 20% pureza), e quatro toneladas de
produção eficiente de zooplâncton requer
farinha de carne seriam suficientes, distribuídas
produção de fitoplâncton, as microplantas que
ao longo do ano. Substituindo outros farelos
esverdeiam a água e que servem como base
vegetais com menos proteína, teria que aplicar
da cadeia alimentar. O zooplancton consome
mais (5 a 6 toneladas), com mais ainda de
o fitoplâncton. Correção de pH estimula
esterco seco (10 a 15 toneladas). Requerimentos
a produção dos plânctons, e geralmente
variam, pois a variabilidade entre a qualidade
aplicações de 1 a 4 toneladas de calcário agrícola de água, de solo, de materiais, de adubação
por hectare são necessários para aumentar
prévia do tanque etc., é grande. Avaliação diária
alcalinidade da água para 20 a 30 mg/l. É
da produção de plâncton e o consumo dos
necessário aplicar macronutrientes para produzir peixes definem a necessidade em aumentar ou
fitoplâncton, sendo N (nitrogênio), P (fósforo) e diminuir aplicações e área dedicada à produção
K (potássio). Importantes são o N e P. Aplicação de plâncton.
de adubos químicos na forma de fertilizantes
agrícolas é eficaz e conveniente. Aplicação de
matéria orgânica pode ser utilizada para acelerar
41
Treinamento alimentar
Ensinar peixes carnívoros a se alimentarem
exclusivamente de rações secas é atividade
bastante complicada para algumas espécies,
menos com outras. Pirarucu deve ser uma
das espécies mais fáceis de todas, sendo que
o animal não é totalmente carnívoro. O fato
de o pirarucu ser peixe filtrador, que continua
consumindo zooplâncton por muitos meses,
facilita muito esse trabalho. Técnicas complexas
utilizadas com outras espécies de peixes
carnívoras, envolvendo fabricação de uma
seqüência de rações úmidas, que contem peixe
moído ou outras carnes, não são necessárias.
O grupo é eficiente e a distribuição dos
alimentos disponível é justa. Cada indivíduo
não tem vantagem sobre o outro, pois a entrada
do zooplâncton na boca é cega e aleatória.
Assim, o grupo não para. Continua em frente.
Apresentação de ração enquanto os peixes se
alimentam assim é fútil, pois os peixes não
param para olhar e a maior parte da ração seria
desperdiçada, caindo até o fundo e poluindo o
tanque. Quando atinge um tamanho de 7 cm, os
peixes começam a procurar presas individuais,
parando para olhar e catar organismos da água.
Este é o momento correto para começar a
realizar o “treinamento” (veja Foto).
A transição de zooplâncton para ração comercial
no caso de pirarucu é direta. Fundamental em
desenvolver esse processo simplificado foi a
identificação do “período crítico” para realizar
a transição. Existe um momento certo em que
os peixes mudam de comportamento e fica fácil
executar a transição com peixes desse tamanho,
que é de +/- sete cm.
Pós-larvas pequenas de pirarucu formam
cardumes bem organizados por instinto. Seu
comportamento alimentar é de nadar em frente,
um peixe ao lado do outro, um para cima, outro
para baixo, cada um abrindo e fechando a boca,
sem identificar visualmente sua presa (veja
Foto).
Cardume de Pirarucu de 3 cm Procurando
Plâncton
42
Peixes de 7 cm Prontos Para Treinamento
Alimentar
Como o pirarucu mantém interesse no zooplâncton, mas já procura organismos de tamanho
maior, é questão simplesmente de oferecer uma ração de tamanho apropriado (de 0,5 a 0,8 mm),
com sabor de zooplâncton. Zooplâncton vivo peneirado para escoar água, depois misturado com
ração extrusada desse tamanho, é consumido entusiasticamente pelo pirarucu. Gradualmente, o
zooplâncton é removido da dieta. Em mais ou menos dez dias, os peixes aprendem a comer a ração.
A primeira marca de ração que apareceu com qualidade adequada para facilitar este trabalho foi a
ração Aquaxcell da Purina. Depois do treinamento, os peixes devem ser tratados de 4 a 5 vezes por
dia, novamente não deixando que eles se alimentem totalmente à vontade. Peixes de 9 a 10 cm são
bem-alimentados consumindo de 5 a 6% do seu peso por dia (veja Foto). A quantidade de plâncton
disponível faz com que essas quantidades variem.
Pirarucu de 9 cm comendo
ração extrusada
43
Produção Extensiva
Produtores com menos experiência, ou sem laboratórios, podem produzir pirarucu de qualidade
sem laboratório. Simplesmente capturando pós-larvas (alevinos pequenos) já nadando,
transferindo-as para tanques adubados e realizando a transição para a ração seca dentro do próprio
tanque, é processo simples, rápido e eficaz. Tanques escavados expostos aos pássaros devem ser
cobertos com redes antipássaros para proteger contra predadores voadores. Para evitar presença de
peixes invasores, entradas devem ser equipadas com telas resistentes de 350 micras para filtrar ovos,
larvas e peixes maiores. Esses filtros devem ser limpos com frequencia. Produtores mais experientes
podem manter peixes pequenos dentro do laboratório por períodos curtos antes de soltar os peixes
em tanques escavados, aumentando sobrevivência durante essa fase mais delicada. Produção
de alevinos em tanques externos requer mais cuidados com adubação, com monitoramento
constante de concentração de plâncton consumo dos peixes, de qualidade de água, e proteção
contra predadores. Estocagem de cinco peixes por m2 funciona. Treinamento alimentar requer
mais atenção, pois sem estar confinada em tanques pequenos, a ração não vai cair em suas bocas.
Persistência é necessária.
Produção Extensiva
Uma tática que funciona para viabilizar a produção de pirarucu são as parcerias. Produtores
com casais formados entregam larvas e pós-larvas a produtores especializados que possuem
estruturas maiores, laboratórios e condições para lidar com produção mais intensiva e canais para
comercialização de alevinos.
Manejo e Transporte
Captura de alevinos de pirarucu, com redes de arrasto em tanques escavados, ou com puçás em
tanques menores, é relativamente fácil comparado com outros peixes. Dificilmente pulam, e ficam
na coluna de água. Como andam perto da superfície em grupos, fica fácil a captura parcial em
tanques escavados. Importante é não fechar peixes dentro de redes, sacos ou tanques sem espaço
aberto em cima. Pirarucus morrem afogados quando não conseguem respirar na superfície. Quando
colocados em baldes ou outros contêineres para transporte de um tanque para outro, é importante
não colocar muitos peixes, pois precisam de espaço para subir e respirar.
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Alevinos de pirarucu podem ser transportados em tanques de transporte ou em sacos com oxigênio
(veja Fotos).
Saco plástico
com alevinos de
pirarucu
Tanque de
transporte com
câmara de ar
Não precisam de cuidados especiais em sacos de transporte. Em caixas de transporte, não precisam
de oxigênio ou aeração. Não é necessário adição de sal em água de transporte. Como é necessário
manter um espaço aberto para respiração aérea, a tendência da água é balançar dentro do tanque
parcialmente cheio, o que é perigoso para os peixes. Estratégia que funciona bem é a de colocar e
inflar uma câmara de ar de caminhão dentro da caixa, fazendo com que a câmara fique flutuando
na água, apertando a parte superior do tanque. Assim, a água não balança muito, e fica aberto o
espaço no centro para respiração. Com renovações adequadas para manter água limpa, esse sistema
é utilizado para transportar alevinos de pirarucu de longas distâncias sem mortalidades.
Densidades Máximas Recomendadas para
Transporte São:
Sacos Fechados:
Peixes pequenos de 10 a 14 cm: 50-75 gramas por litro de água, com 25% água e 75% oxigênio
Peixes maiores de 15 a 20 cm: 75-100 gramas por litro de água, com 25% água e 75% oxigênio
Caixas abertas:
Peixes pequenos de 10 a 14 cm: 20-30 g por litro de água
Peixes maiores de 15 a 20 cm: 30-40 g por litro de água
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Comentários do Autor
Informações vindas de histórias e
principalmente de observações diretas de
pirarucu em cativeiro, acabaram estimulando
muitas teorias sobre a reprodução dessa
espécie. Essas teorias tiveram que ser testadas
e verificadas. O entendimento da natureza da
reprodução de pirarucu foi aplicado na formação
de estratégias sobre como industrializar a
produção de alevinos de pirarucu. Assim,
juntaram-se os pedaços desse grande quebracabeça, que acabam descrevendo uma
tecnologia adequada para orientar uma atividade
bastante complexa. Alevinos de pirarucu
produzidos em cativeiro mostram sobrevivência
e produtividade muito superior aos peixes
capturados na natureza. A oportunidade para
desenvolver projetos com melhoramento
genético de pirarucu é clara, prometendo
melhorar ainda mais a qualidade de peixes
produzidos em cativeiro.
A sobrevivência dessa espécie na natureza
dependerá da continuação do processo de
seleção natural, que vem funcionando durante
os 300 milhões de anos de existência do
pirarucu. Vale reforçar a importância de se
respeitar as leis ambientais referentes a pesca
de pirarucu, não se praticando a captura ilegal
dessa espécie maravilhosa!
Acreditamos que avanços com a tecnologia
sustentável da piscicultura são fundamentais
para o futuro dessa espécie e de todas as
espécies aquáticas. Esse trabalho é oferecido
com a esperança de que nessas ideias sobre o
pirarucu sejam úteis para quem deseja trabalhar
com seriedade com reprodução desse animal.
Acreditamos que este documento sirva para
orientar produtores novatos e esclarecer algumas
dúvidas de produtores mais experientes. Apesar
disso, não é tão simples quanto uma receita de
bolo. A atividade não é para qualquer pessoa.
O assunto é complexo, e a produção de peixe
dá muito trabalho! As responsabilidades
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envolvidas em produzir alevinos de pirarucu são
muitas e constantes.
Os peixes não vão reproduzir o ano todo,
mas os cuidados não param. Peixes não tiram
férias! Existem produtores responsáveis que
vão obter sucesso com a atividade, e outros
que não vão realizar os cuidados necessários
para que a atividade seja viável econômica e
ecologicamente. Todos os detalhes envolvidos
na produção de alevinos de pirarucu descritos
neste documento representam soluções a para os
muitos problemas sentidos durante as tentativas
de descobrir como fazer o pirarucu reproduzir,
como produzir mais, como perder menos e,
finalmente como simplificar todo processo. O
resultado é que ficou muito mais fácil produzir.
Sofremos enquanto os peixes não reproduziram,
quando aconteceram mortalidades, mas nunca
desistimos. Sempre achamos soluções que
deixaram o trabalho mais rentável, menos
frustrante e menos trabalhoso. “Se problemas
acontecem, significa que algo errado está sendo
feito e que pode ser resolvido”. Como produtor,
esta mantra deve ser seu guia. Esperamos que as
teorias divulgadas e os desafios sugeridos sirvam
para estimular outras investigações e pesquisas.
Enquanto várias observações e aprendizagens
já foram transformadas em estratégias práticas,
atualmente sendo aplicadas na produção de
alevinos de pirarucu, certamente teria muito
espaço para novas descobertas, esclarecimentos
e melhoramento da tecnologia. Continuaremos
trabalhando com o objetivo de aperfeiçoar as
tecnologias aplicadas na produção de pirarucu
em cativeiro, acreditando em um grande
futuro para essa espécie. Comunicações serão
bem-vindas, sabendo que juntos sempre
conseguiremos realizar mais nossos objetivos.
Martin Halverson
Alevinos saudáveis pronto para entrar na engorda
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