50 jogadores 01

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50 jogadores 01
50 JOGADORES 01
EDITORIAL
“Não nos iludamos: a dignidade da profissão de futebolista depende
de todos. De ti também. Não fiques de fora da nossa equipa”
Joaquim Evangelista
Presidente do SJPF
A cerimónia da FIFA 2012 é passado. Cristiano Ronaldo é presente e futuro. Onde ele está,
está o melhor futebol. Sobre isso não nos iludamos. E até Messi, um dia que Cristiano
Ronaldo deixe Espanha, terá saudades…
Joaquim Evangelista | Presidente da Direção
Áreas de Intervenção
Assessoria Jurídica e Fiscal
Formação e Qualificação Profissional
Protecção Social e Seguros
Defesa da Saúde
Fundo de Garantia Salarial
Fundo de Solidariedade Social
Estágio do Jogador
Football Jobs - O Portal do Emprego
Futebol Feminino, Futsal e Futebol de Praia
Acordos e Benefícios
02 JOGADORES 50
O ano de 2012, infelizmente, não é de
boa memória para os portugueses e
consequentemente para os jogadores de
futebol. Foi uma ano difícil marcado pela
crise económica e pela intervenção da troika.
O Sindicato dos Jogadores Profissionais de
Futebol, apesar disso, procurou desenvolver
a sua atividade ao serviço dos jogadores de
futebol e do futebol em geral.
Privilegiou o apoio direto e a cooperação
institucional e como se poderá constatar pelo
balanço que consta desta revista podemos, de
consciência tranquila, afirmar que o resultado
final é positivo.
Importa destacar algumas iniciativas,
nomeadamente, o 10.º Estágio do Jogador, o
protocolo assinado com a Liga, a constituição
do Fundo de Garantia Salarial para as
competições profissionais e não profissionais.
Paralelamente prosseguiu-se o combate
diário à praga do incumprimento salarial
mobilizando as instituições do futebol para a
introdução de mecanismos de fiscalização e
garantia.
Agora é tempo de perspetivar o futuro.
As dificuldades aguçam o engenho e no
futebol terá de existir muito para superar os
problemas. A fronteira entre o descalabro e a
sobrevivência depende de nós. No que nos toca
podemos garantir o mesmo empenho na defesa
dos interesses dos jogadores de futebol.
CRISTIANO RONALDO
Sou suspeito para falar de Cristiano Ronaldo.
Sou português e seu admirador. E esta
admiração ultrapassa, em muito, os aspetos
desportivos. Na verdade Cristiano Ronaldo é
um exemplo de empenhamento, superação,
humanismo e solidariedade. É alguém que, ao
contrário de outros, tudo o que tem deve-o a
si próprio. Estas qualidades no mundo atual
deveriam ser exaltadas mas, infelizmente, há
quem se entretenha a promover o acessório e o
fútil. Ora, Cristiano Ronaldo é um jovem com as
qualidades e defeitos dos outros jovens. E na
maioria das vezes exigimos a Cristiano aquilo
não exigimos a nós próprios. Esta forma de
pensar é injusta e desleal.
São inaceitáveis os juízos de valor que alguns
dirigentes internacionais fazem sobre Cristiano
Ronaldo e sinto indignação. Revolta-me,
sobretudo, os comentários originários de
alguns que nada acrescentam ao futebol.
Mas o futebol tem uma dimensão planetária
e os mais jovens reconhecem em Cristiano
Ronaldo o seu ídolo. E Cristiano é-o por mérito
próprio. Cristiano Ronaldo promove como mais
ninguém, o futebol e o desporto, e isso deveria
ser reconhecido pelos diversos agentes do
futebol. Sobretudo aqueles que se limitam a
ocupar uma cadeira num organismo desportivo
qualquer e que são notícia porque foram a uma
Gala onde o melhor jogador do mundo esteve
presente.
A cerimónia da FIFA 2012 é passado. Cristiano
Ronaldo é presente e futuro. Onde ele está está
o melhor futebol. Sobre isso não nos iludamos.
E até Messi, um dia que Cristiano Ronaldo
deixe Espanha, terá saudades…
50 JOGADORES 03
memória
cristiano
pela sexta
no onze ideal
ronaldo
vez consecutiva
da fifa | fifpro
Edição e propriedade
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Especial
Gala FIFA FIFPro
P.08
Dossier
Retrospetiva | Sindicato em revista
P.18
Jovens Talentos
Luís Gustavo e Tiago Ferreira
P.50
As Nossas Internacionais
Cláudia Neto
P.54
portugueses
estrangeiros
41%
59%
Estudo SJPF
Utilização de jogadores | I e II Liga
P.34
Diretor
Joaquim Evangelista
Diretor adjunto
Vitor Crisóstomo
Redação
A Bola TV
Gabinete de Comunicação
Design
Gabinete de Comunicação
Paginação
Bruno Teixeira
Fotografia
Bruno Teixeira, Picasa,
ASF, Lusa, EPA
Colaboradores
Gustavo Pires,
José Neto e Manuel Sérgio
Impressão
Moreplace
Tiragem
2500 Exemplares
Dep. Legal 256825/07
04 JOGADORES 50
03 Editorial 04 Índice 05 Memória: A Bola TV
06 Opinião: João Vieira Pinto 08 Especial: Gala FIFA / FIFPro
16 FIFPro Who’s Who: Rinaldo Martorelli 18 Dossier: Balanço 2012
32 Em Campo: Tirsense, Fafe, Boavista, Sp. Espinho, Fabril e Os Limianos
34 Estudo SJPF 36 Gabinete Jurídico 38 Prémios
42 Estudos vs Profissão: Sandro (V. Setúbal)
44 O Capitão: Hugo (Beira-Mar) 46 Área Técnica: João de Deus (Oliveirense)
48 Apito: Paulo Baptista 50 Jovens Talentos: Luís Gustavo e Tiago Ferreira
52 Opinião: Gustavo Pires 53 Onze Remates: Serginho e Rui Lima
54 As Nossas Internacionais: Cláudia Neto 56 Opinião: Manuel Sérgio
57 Clipping 58 Glórias: Luís Figo 60 Lazer: Automóveis, Relógios e Jogos
65 O Meu Estádio: Bonfim 66 Regresso à Infância: Paulo Torres
membro
O MEU ESTÁDIO Bonfim P.65
Lazer
Porsche Carrera 4 e 4S P.60
Imagem
merecedora
de ser acolhida,
com aconchego,
no acervo histórico
da comunicação
social portuguesa.
Formalmente, foi desta forma que se assinalou o início das emissões regulares de A Bola TV no
canal 12 do MEO, passavam 12 horas do dia 12 de outubro de 2012. O diário desportivo de inimitável
prestígio e tradição sorri, orgulhoso, com o nascimento de rebento ao qual o futuro reserva longa e
aventurosa caminhada. Nesse seu trajecto, ao mais recente canal televisivo português incumbe vasta
responsabilidade mas também imensurável ao fazer-se acompanhar do nome A Bola, designação que
soube, desde o longínquo início do ano de 1945, granjear admiração e reconhecimento de gerações de
portugueses independentemente da ocupação, formação, crença, raça e localização. A Bola, jornal de
todos os desportos, foi, é e será o jornal de e para todos os portugueses. Assim como a sua televisão...
50 JOGADORES 05
opinião joão vieira pinto
CRISTIANO
NASCIDO PARA GANHAR
Por JOÃO VIEIRA PINTO
Diretor da Federação Portuguesa de Futebol para as Seleções A e Sub-21
JOSE COELHO/LUSA
No Sporting de 2002/03 existia um conjunto
muito razoável de jogadores consagrados,
nomes com história feita no clube e no futebol
português. Era comum haver miúdos das
camadas jovens a treinar connosco. Creio que
a maioria deles sentia um misto de orgulho e
temor. Não será fácil, para um jovem de 16,
17 ou 18 anos, estar de repente a tentar fintar
um André Cruz, um Paulo Bento, um Beto, um
Pedro Barbosa. Ou a tentar marcar tanto como
o Jardel.
Com o Cristiano era diferente. Aos 17 anos
já era um rapaz irreverente, sem medo de
assumir riscos, de jogar para a frente e,
consequentemente, de cometer alguns erros.
À qualidade técnica que ficava imediatamente
à vista já somava a vontade de ganhar que até
hoje o guia dentro de campo. E estou a falar
dos treinos!
Nos jogos em que foi participando, toda esta
atitude tinha os seus reflexos naturais. Marcou
logo na estreia, contra o Moreirense, e foi
crescendo com consistência dentro de uma
equipa, repito, composta por jogadores de
grande valia e experiência.
Na inauguração do novo Estádio José Alvalade,
no início da época seguinte, tive a felicidade de
marcar dois golos ao Manchester United, mas
foi dele que mais se falou nos dias seguintes. É
06 JOGADORES 50
famosa a história da viagem de avião do United
para Inglaterra, durante a qual os jogadores
convenceram Alex Ferguson a contratar o
Cristiano. E lá foi ele!
Voltámos a contactar com maior frequência
quando assumi as funções de diretor da
Federação Portuguesa de Futebol. Ao longo de
mais de um ano já foram bastantes as ocasiões
em que estivemos juntos na Seleção Nacional,
com um Europeu pelo meio.
É fácil para mim, hoje,
perceber porque Luiz
Felipe Scolari o escolheu
para capitão de equipa.
É um líder por natureza
e mantém uma excelente
relação com os colegas.
Quem vive o grupo por dentro conhece o peso
do Ronaldo em todo um conjunto de aspetos
que passam despercebidos ao público e aos
observadores em geral. É fácil para mim, hoje,
perceber porque Luiz Felipe Scolari o escolheu
para capitão de equipa. É um líder por natureza
e mantém uma excelente relação com os
colegas. É um rapaz brincalhão nas horas em
que se pode brincar, e transforma-se, na hora
de competir, num modelo de concentração
quase inimitável. Além disso, incute aos
colegas esse sentido de responsabilidade e
essa indomável vontade de vencer.
O Cristiano é uma pessoa simples e
preocupada com os menos favorecidos.
Recentemente soubemos, por exemplo, que
se tornou embaixador da “Save the Children”,
instituição que zela por uma boa alimentação
de crianças de todo o mundo. Mas ele ajuda
muito mais pessoas e instituições, embora
a maior parte das iniciativas não seja do
conhecimento público. Como deve suceder com
os verdadeiros beneméritos.
Ronaldo tem, na corrida anual à Bola de
Ouro, um adversário cuja qualidade todos
reconhecemos. Já ganhou e já perdeu.
Trata-se, contudo, de um futebolista com uma
incrível regularidade de exibições e golos,
ano após ano. O Cristiano sabe que num jogo
menos conseguido pode deitar muita coisa
a perder, e por isso nunca facilita. Porque
nasceu para ganhar e tem muitas épocas pela
frente na carreira, tenho a certeza que voltará
a ser reconhecido como melhor futebolista do
mundo.
50 JOGADORES 07
Especial Gala fifa | FIFpro
2012
gala fifa
fifpro
Pelo sexto ano consecutivo, Cristiano
Ronaldo integra o onze ideal do ano. Além do
internacional português, a formação de sonho
reúne ainda Casillas (Real Madrid), Daniel
Alves (Barcelona), Piqué (Barcelona), Sérgio
Ramos (Real Madrid), Marcelo (Real Madrid),
Xabi Alonso (Real Madrid), Xavi (Barcelona),
Iniesta (Barcelona), Messi (Barcelona) e Falcao
(At. Madrid). O avançado colombiano, ex-FC
Porto e atualmente no Atlético de Madrid,
é o único jogador deste 11 que não pertence
aos quadros do Barcelona ou do Real Madrid.
Já Lionel Messi, 25 anos, foi eleito pelo
quarto ano consecutivo o melhor jogador do
Mundo. Na luta pela Bola de Ouro, o argentino
arrecadou 41,60 por cento dos votos,
Cristiano Ronaldo 23,68 e Andrés Iniesta
10,91 por cento.
Na categoria de Melhor Treinador do Ano,
Vicente Del Bosque (34,51 por cento dos votos)
superou José Mourinho (20,49%)
e Pep Guardiola (12,91%).
Por sua vez a sueca Pia Sundhage,
ex-selecionadora feminina dos Estados Unidos
da América, venceu a Bola de Ouro para melhor
treinador de equipas femininas em 2012
e Franz Beckenbauer foi distinguido pela FIFA
com o prémio Presidencial,
pela sua contribuição ao futebol.
Por fim, Miroslav Stoch, jogador do
Fenerbahçe, da Turquia, ganhou o prémio
Puskas para melhor golo do ano 2012 e a
norte-americana Abby Wambach foi eleita a
melhor jogadora do mundo, tendo superado a
brasileira Marta e a compatriota Alex Morgan.
08 JOGADORES 50
Fotos: Picasa
50 JOGADORES 09
Especial Gala fifa | FIFpro
defesa
Gerard Piqué, Daniel Alves e Iker Casillas
2012
defesa
Marcelo e Sérgio Ramos
meio campo
Andrés Iniesta, Xavi e Xabi Alonso
gala fifa
fifpro
ataque
Cristiano Ronaldo e Radamel Falcao
10 JOGADORES 50
1. Casillas
2. Daniel alves
3. marcelo
4. piqué
5. sérgio ramos
6. xabi alonso
7. iniesta
8. xavi
9. falcao
10. messi
11. ronaldo
bola de ouro
Lionel Messi
treinador
Vicente Del Bosque
50 JOGADORES 11
Especial Gala fifa | FIFpro
trio de sonho
Cristiano Ronaldo, Andrés Iniesta e Lionel
Messi foram os três candidatos a Melhor
Jogador do Mundo de 2012. Antes do anúncio
oficial de quem iria vencer o galardão, o
internacional português revelou o que lhe ia
12 JOGADORES 50
na alma.
“Estou de consciência tranquila. Não é algo
de vida ou de morte, pois depois a vida
continua. Se for um deles a ganhar também
será bem entregue”, afirmou.
Andrés Iniesta não escondeu a alegria de
estar entre os três finalistas. “Estou muito
feliz. O que vivi foi muito bom. Foram
momentos únicos. Espero que este ano possa
ser tão bom. Há muitos jogadores de grande
nível. Estar ao lado de Cristiano e Messi é
muito bonito”, revelou. Lionel Messi acabou
por ser o jogador mais votado e respetivo
vencedor.
“É incrível receber pela quarta vez
consecutiva este prémio. É impressionante.
Estou muito orgulhoso. Quero agradecer aos
meus colegas do Barcelona, especialmente
ao Iniesta. Agradeço também aos meus
companheiros da seleção argentina, aos
treinadores e capitães que votaram, à
minha família, amigos, à minha mulher e ao
meu filho”, disse o argentino após receber
o galardão no Palácio de Congressos de
Zurique, na Suíça.
50 JOGADORES 13
Especial Gala fifa | FIFpro
Nos bastidores
com a FIFPro
Antes da revelação dos vencedores na grande gala anual da FIFA, Ronaldo confraternizou com os
elementos da FIFPro. Pelo sexto ano consecutivo, Cristiano Ronaldo integra o onze ideal do ano.
O internacional português é, juntamente com Messi e Falcao, um dos avançados escolhidos para
a seleção FIFA FIFPro World XI de 2012.
Horas antes de subir ao palanque para receber o respetivo prémio, o avançado do Real Madrid passou
alguns momentos de descontração com elementos da FIFPro (entre os quais se encontrava Joaquim
Evangelista, presidente do Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol) e com outros jogadores
também nomeados para o onze ideal.
À semelhança do que aconteceu com os restantes futebolistas, Cristiano Ronaldo recebeu da FIFPro
um iPad Mini personalizado.
Cristiano Ronaldo
Neymar
14 JOGADORES 50
Lionel Messi
Valderrama
Andrés Iniesta
Gerard Piqué
50 JOGADORES 15
Associação dos Atletas Profissionais de São Paulo e Federação Nacional de Atletas Profissionais de Futebol
RINALDO MARTOrELlI
“Já recebi ameaças de morte por telefone”
Ex-guarda-redes do Palmeiras e do São Caetano, entre outros, Rinaldo Martorelli foi um dos principais
impulsionadores dos direitos dos jogadores no Brasil. Considera que o incumprimento salarial é o maior problema
no futebol brasileiro e revela que já foi ameaçado de morte quando o sindicato defendeu a extinção do passe.
Qual o cargo que desempenha
na Federação Nacional dos
Atletas Profissionais de Futebol
(FENAPAF)? Como é que surgiu
a oportunidade de integrar o
sindicato?
Presido a FENAPAF e o Sindicato de
São Paulo. Em 1993 quando atuava no
EC Taubaté fui convidado para fazer
parte da direção do sindicato de São
Paulo por um antigo companheiro
de Palmeiras porque era eu quem
discutia os direitos dos jogadores com
a direção e então acabei por ficar
como presidente. Presidi ao Sindicato
ainda como jogador durante quase três
anos e depois de impor resistências à
Federação de São Paulo fui obrigado
a terminar a minha carreira porque
nenhum clube local me podia contratar.
Quais são os principais serviços
prestados pela sindicato?
Pagamos os direitos de televisão aos
jogadores, atuamos nos mais variados
níveis políticos, protocolos com
universidades e escolas, orientação
profissional e jurídica, acompanhamento
profissional, centros de recuperação
física, ações para jogadores sem
contrato, etc.
16 JOGADORES 50
Qual o maior problema que afeta
os jogadores no Brasil?
É o incumprimento salarial. O
único Estado, por enquanto, que o
resolveu nas principais divisões de
futebol foi o de São Paulo. Depois
de árdua negociação conseguimos
com a Federação Paulista incluir no
regulamento da competição deste ano
a penalização dos clubes incumpridores
através da perda de pontos e o
incumprimento salarial desapareceu.
Foi o marco para trabalharmos no resto
do país.
iniciado oficial e institucionalmente no
Sindicato de São Paulo. Trabalhámos
muito com o Pelé quando este era
ministro municiando e esclarecendo os
deputados para que votassem a favor
dos jogadores.
Como acompanha o trabalho da
FIFPro? E o da Divisão América?
Sou membro do Comité Executivo
da FIFPro como representante das
Américas e presidente da Divisão, ou
seja, atuo diretamente na organização
dos sindicatos do nosso continente
que, diga-se de passagem, está muito
coordenado com os objetivos sindicais
mundiais na defesa dos jogadores.
Dar a cara e defender os jogadores
contra clubes poderosos acarreta
alguns dissabores. Já passou por
alguma situação especialmente
difícil?
Já ocorreu e ainda ocorre. Quando
defendíamos a extinção do passe
recebi várias ameaças de morte por
telefone. O ambiente era muito tenso
porque estávamos a mexer com gente
poderosa que tinha interesses que não
eram o de defender os clubes. Isso foi
de 1996 a 1998. Recentemente, quando
interviemos com dois grandes clubes
grandes (São Paulo e Corinthians), os
adeptos enviaram-me vários emails
com ameaças de morte. Felizmente
nunca aconteceu nada.
Quais as mudanças mais
importantes é que se registaram
no sindicato?
A principal conquista foi o fim do
passe no país, e foi um trabalho
Como perspetiva a relação entre os
sindicatos português e brasileiro?
Como é grande a quantidade de
jogadores brasileiros a atuar em
Portugal, temos de aproveitar e talvez
estabelecer uma comunicação semanal
mais estreita. Muitas vezes, a adaptação
nem sempre é fácil.
Qual é a sua opinião sobre o SJPF?
Vejo o sindicato português muito bem
preparado para defender os direitos
dos jogadores e no presidente Joaquim
Evangelista um líder preparado e muito
disposto a procurar o melhor para a
classe e que não tem medo de enfrentar
situações muito delicadas.
Quer deixar uma mensagem para
os futebolistas brasileiros que
jogam em Portugal?
Que os brasileiros entrem em contato
com o sindicato, orientem-se e tentem
manter-se totalmente informados sobre
os seus direitos e deveres. Que honrem
o nome de nosso país com uma conduta
profissional e ética, acima de tudo.
Rinaldo José Martorelli
Idade: 50 anos
Posição: Guarda-redes
Clubes: Sete de Setembro,
Palmeiras, Náutico, Taubaté,
São Caetano, Pelotas, Goiás,
Paysandu, Noroeste de Bauru
e Esportivo de Passos.
50 JOGADORES 17
Retrospetiva
Sindicato
em revista
dossier
Texto: Vitor Crisóstomo | Fotografia: Bruno Teixeira/SJPF, HERNANI PEREIRA/LIGA PORTUGAL, ASF, sl bENFICA e Lusa
Num ano marcado pela grave
crise financeira, que se acentua,
o Sindicato dos Jogadores
Profissionais de Futebol (SJPF)
esteve particularmente ativo.
Inúmeros acontecimentos
merecem referência no balanço
de 2012 mas um em particular
destaca-se e, infelizmente,
pela negativa. Falamos do
incumprimento salarial que
conduziu à invulgar rescisão
coletiva de 16 futebolistas da
União de Leiria. Os jogadores
18 JOGADORES 50
do emblema leiriense não
aguentaram a situação,
insustentável para muitos deles,
de não receberem ordenado ao
longo de vários meses.
O SJPF tentou por todos os
meios resolver o problema entre
a SAD leiriense e os atletas
mas tal objetivo acabou por
revelar-se infrutífero, levando os
futebolistas a avançarem para a
rescisão coletiva. Infelizmente,
uma vez mais, o incumprimento
salarial foi uma realidade no
futebol português durante 2012,
com o “caso U. Leiria” a ser o seu
expoente máximo.
Mas o ano que acabou
recentemente não trouxe só
“desgraças”. A 23 de fevereiro,
o SJPF comemorou 40 anos
de existência. Uma efeméride
marcante e que representa
quatro décadas em que o
sindicato trabalha diariamente
em prol dos direitos e dos
deveres dos jogadores.
Durante 2012, o SJPF auxiliou
inúmeros futebolistas em
questões processuais e, na maior
parte das vezes, com êxito. Em
julho, o SJPF e a Liga Portuguesa
de Futebol Profissional, atentas
à conjuntura económica adversa,
conjugaram esforços e assinaram
um acordo de parceria que
previa, entre outras medidas, a
revisão do Contrato Coletivo de
Trabalho.
No mesmo mês iniciou-se o
10.º Estágio do Jogador – Uma
Perspetiva de Emprego.
A iniciativa, dedicada a atletas
sem contrato de trabalho, permitiu
a que 44 deles arranjassem
colocação.
Como não poderia deixar de
ser, a solidariedade foi outra
das áreas à qual o sindicato não
esteve indiferente. Pelo nono ano,
organizou e promoveu a Semana
Contra o Racismo e a Violência
no Desporto. Realizada no Martim
Moniz, em Lisboa, foi um sucesso.
No âmbito social, realce para o
protocolo assinado no âmbito do
programa “Impulso Jovem” entre
o SJPF, o Governo, a Federação
Portuguesa de Futebol e a União
das Misericórdias Portuguesas que
permitirá empregar 100 jogadores
de futebol (jovens ou ex-jogadores).
Também o futebol feminino
não passou ao lado do SJPF
que nomeou Carla Couto para
embaixadora e promoveu por vários
meios, entre eles uma rubrica fixa
na revista Jogadores, o futebol
feminino.
A nível puramente desportivo,
destaque para o Euro 2012, onde
Portugal alcançou as meias-finais,
caindo apenas aos pés da Espanha
(campeã mundial e europeia).
Ainda na Europa nota para as boas
prestações nos rankings da FIFA
e da UEFA da Seleção nacional
e dos clubes portugueses. Já no
plano interno, o FC Porto sagrou-se
bicampeão, a Académica venceu a
Taça de Portugal e o 1.º Dezembro
venceu o título nacional feminino
pela 11.ª vez consecutiva.
No campo institucional nacional e
internacional, o SJPF participou
ativamente na Assembleia da
República, no Conselho Nacionao de
Desporto e nas assembleias-gerais
e workshops da FIFPro e da FIFPro
Divisão Europa. O incumprimento
salarial, o Diálogo Social Europeu,
a especificidade do Desporto e o
doping foram alguns exemplos de
temas abordados nesses encontros.
Isto e muito mais para rever no
balanço de 2012 que apresentamos
nas próximas páginas desta
edição.
50 JOGADORES 19
01 janeiro
fevereiro 02
formação
Governo
Observatório do futebol revela que clubes
desperdiçam formação.
AG fifpro
divisão europa
cria grupos de trabalho:
Sindicatos unidos
•
Portugal e Espanha discutem problemas
que afetam os profissionais de futebol.
•
fifpro/mdas
•
Sindicatos refletem sobre organização
administrativa e financeira.
Regime Fiscal das
sociedades desportivas;
Profissionalização
dos árbitros;
Proteção dos jovens
talentos desportivos.
Executivo
apresenta
Liga
Yannick Djaló sjpf sempre presente
Mário Figueiredo
eleito presidente
Racismo futebol unido
Aniversário
Ronaldo
no onze
do ano
Conselho nacional do desporto
plenário
20 JOGADORES 50
FIFPro Black book
50 JOGADORES 21
03 março
abril 04
FIFPro,UEFA, EPFL e ECA
Carla Couto
Acordo
histórico
embaixadora
1.º Dezembro
campeão
SJPF reúne
com plantel
do Leixões
Saná
apoiado
pelo sindicato
fifpro|uefa memorando
vitor damas
Jogadores prestam homenagem.
leixões
Plantel unido contra os salários
em atraso.
união de leiria
“Greve” aos treinos.
22 JOGADORES 50
SJPF visita
seleção
feminina
rescisão coletiva União de leiria
proteção
das seleções
e jovens
jogadores
Relatório com 29
recomendações
legislativas para
o Governo.
FC Porto bicampeão
50 JOGADORES 23
05 maio
junho 06
espanha
II Liga
equipas b
aprovadas
Seleção espanhola
sagra-se bi-campeã europeia.
Euro 2012
Portugal
cai nas meias finais
Andrés iniesta
O médio espanhol
foi considerado o melhor
jogador da competição.
Futsal
incumprimento salarial sjpf no parlamento
Benfica
sagra-se campeão
dia mundial do refugiado
champions
Raúl Meireles, Bosingwa,
Hilário e Paulo Ferreira
sagram-se campeões.
Cardozo
Melhor marcador da I Liga.
antidoping
SJPF presente no seminário
de Estrasburgo.
24 JOGADORES 50
Lista
de convocados
Euro 2012
fpf
assembleia
geral
AG FIFPro Divisão Europa
50 JOGADORES 25
07 julho
agosto 08
estágio
88 participantes
44 colocações
Cunha Rodrigues
preside órgão
de controlo da UEFA
10º Estágio do Jogador
Carla Couto
despede-se
da seleção
Proença
na final
do Europeu
Liga e sindicato parceria
estágio do jogador perspetiva de emprego
Fundo de
garantia salarial
8º torneio FIFPro
Competições Profissionais:
500 mil euros;
Competições Não Profissionais:
100 mil euros.
União de Leiria
Pauleta
Pedro
eleito o 13.º melhor
estrangeiro de sempre
da liga francesa
em processo especial
de revitalização.
26 JOGADORES 50
50 JOGADORES 27
09 setembro
trofense
Em processo especial
de revitalização.
Miguel Lourenço
Melhor Jogador
Jovem da Liga
Zon Sagres
outubro 10
James Rodriguez
melhor jogador
sindicato apoia
anselmo e vilela
miguel rosa
melhor jogador
II liga
CND plenário
ad CEUTA
sandro e moreno
APOIADOS PELO SINDICATO
congresso anual fifpro
Estudo 390 jogadores portugueses lá fora
portugal em 3º
Protocolo
FIFPro Divisão
Europa e EFPA
28 JOGADORES 50
Debate
formação
de agentes
desportivos
Bola TV
A Seleção Nacional chegou ao
terceiro lugar, a posição mais
alta da sua história no ranking
FIFA. Apenas as seleções de
Espanha e Alemanha estão à
frente de Portugal.
50 JOGADORES 29
11 novembro
dezembro 12
flávio
ferreira
melhor
jogador
jovem
jackson melhor jogador
boavista fc
SJPF apoia
Em processo especial
de revitalização.
Tozé Marreco e Roberto
miguel rosa melhor jogador
bruma
melhor
jogador
jovem
tribunal arbitral sjpf no parlamento
protocolo futebol cria 100 empregos
Lilian
Thuram
rabiola
melhor
jogador
II liga
e a luta contra
o racismo
FIFA FIFPro World XI
30 JOGADORES 50
Mundial futsal feminino
Portugal vice-campeão
50 JOGADORES 31
delegados
em campo
pelos jogadores
Sporting Clube de Espinho
Com o objetivo de estar sempre ao lado dos jogadores e de dar-lhes todo o
auxílio necessário, o Sindicato dos Jogadores Profissionais de Futebol (SJPF)
acompanha diariamente futebolistas dos clubes das mais variadas divisões.
Nestas páginas é possível visualizar as visitas dos delegados do SJPF João
Lucas (Zona Norte) e João Oliveira Pinto (Zona Centro) a alguns desses
emblemas. A Norte, os jogadores do FC Tirsense, da AD Fafe, do Boavista FC,
do Sp. Espinho e da AD Os Limianos (todas equipas da II Divisão) receberam
a visita de João Lucas.
Já o plantel do Grupo Desportivo Fabril do Barreiro (III Divisão, Série E) posou
para a fotografia ao lado do delegado do sindicato João Oliveira Pinto.
GD Fabril do Barreiro
Associação Desportiva Os Limianos
Futebol Clube Tirsense
Associação Desportiva de Fafe
32 JOGADORES 50
Boavista Futebol Clube
Fotografia: SJPF
50 JOGADORES 33
Infografia: Bruno Teixeira | Joaquim Rebelo
UTILIZAÇÃO DE JOGADORES
PORTUGUESES E ESTRANGEIROS
LIGA ZON SAGRES
1
II LIGA
1
Dados Globais
2
2
Valores médios por nacionalidade e escalões etários
45
Valores médios por nacionalidade e escalões etários
96
64
62
59%
41%
Dados Globais
30%
70%
53
47
40
28
24
30
25
12
3
até 23 anos
Valores médios por nacionalidade e por clube
12
24-28 anos
mais de 29 anos
12
até 23 anos
Valores médios por nacionalidade e por clube
24-28 anos
mais de 29 anos
14
11
10
10
12
9
9
8
77
77
77
12
11
8
11
11
11
10
8
10
10
10
9
6
6
9
9
8
6
5
5
8
6
4
4
10
77
6
5
12
9
8
3
3
4
3
3
2
2
2
2
4
4
4
4
4
5
5
8
6
8
6
7
7
6
6
6
5
3
2
1
benfica
sporting
fc porto
34 JOGADORES 50
nacional
marítimo
v. guimarães
gil vicente
rio ave
estoril
académica
sp. braga
beira-mar
moreirense
olhanense
p. ferreira
v. setúbal
freamunde
atlético
oliveirense
naval
leixões
sporting b
sp. covilhã
v. guimarães b
aves
penafiel
santa clara
trofense
arouca
tondela
portimonense
benfica b
belenenses
feirense
sp. braga b
u. madeira
marítimo b
fc porto b
50 JOGADORES 35
Gabinete Jurídico
esclarece
Texto: João Lobão (Jurista)
mercado de inverno
Janelas de Transferências
Está a decorrer, na maioria dos países, o período de inscrição correspondente à janela de
inverno. Deixamos-te a informação disponível.
datas
Portugal, Espanha, Inglaterra, França,
Alemanha, Itália | 1 a 31 de janeiro
Rússia | 28 de janeiro a 27 de fevereiro
Ucrânia | 31 de janeiro a 1 de março
Suíça | 16 de janeiro a 15 de fevereiro
Angola | até 28 de fevereiro
Atenção
A inscrição de jogadores desempregados
obedece a um regime especial. Atendendo
aos diferentes calendários competitivos que
se verificam no Mundo, existem diferentes
períodos de inscrição. Atenção: Informa-te.
Considerando a especificidade do assunto,
em caso de dúvidas, não hesites em
contactar o gabinete jurídico do Sindicato.
simples e transparentes.
O TMS exige a informação de detalhes sobre
o jogador a ser transferido, sobre os clubes
envolvidos e sobre todos os pagamentos
(quantias, datas e dados bancários). Todos os
detalhes devem ser identificados em provas
como documentos de identidade do jogador,
o novo contrato de trabalho e o contrato de
transferência entre o antigo e o novo clube.
Atenção: É da responsabilidade do clube que
compra o passe do jogador iniciar o processo
de transferência no TMS.
CERTIFICADOS
Certificado internacional
O certificado internacional é o documento
que permite a inscrição numa nova Federação
e a sua emissão é da responsabilidade da
Federação anterior.
Fonte: FIFA e EPFL
PERGUNTAS FREQUENTES
O que é o Transfer Matching System?
O Transfer Matching System (TMS) da FIFA é
um sistema on-line que torna as transferências
internacionais de jogadores mais rápidas,
36 JOGADORES 50
Certificado provisório
Sempre que a respetiva federação não emita
o certificado, a FIFA pode provisoriamente
fazê-lo.
O clube quer baixar o meu salário. O que
devo fazer?
O teu salário é um direito, a alteração das
condições salariais deve ser algo que tu
concordes e nunca poderá ser imposto pelo
clube.
Qualquer comportamento de pressão (treinar
à parte, não inscrever, etc) no sentido de
te forçar a baixar o ordenado deverá ser
combatido e denunciado.
Não fui inscrito para participar nas provas
oficiais.
O jogador contratado tem o direito de ser
inscrito nas provas em que o clube participa.
A não inscrição do jogador confere a este o
direito de rescindir o contrato unilateralmente
com justa causa.
O clube pediu-me para assinar um
documento sem esclarecer o seu
conteúdo. O que devo fazer?
CUIDADO! Alguns clubes aproveitam a falta
de atenção dos jogadores e a sua boa-fé para
obterem a sua assinatura em documentos que
os prejudicam. Por exemplo, é frequente o
jogador estar assinar um documento a abdicar
dos seus salários e prémios sem o saber.
Também acontece que o jogador quando assina
o contrato de trabalho, sem o saber, assina
ao mesmo tempo a sua rescisão. Para evitar
uma situação destas lê sempre o conteúdo do
documento que assinas e em caso de dúvida
contacta o gabinete jurídico do sindicato.
Vou ser emprestado e o clube vai receber
uma verba em compensação. Tenho direito
a receber alguma parte dessa verba?
Sim, os jogadores que forem emprestados e
desse empréstimo resulte o pagamento de
qualquer compensação ao clube de origem, tem
direito a receber pelo menos 7% da mesma.
Sou amador, posso mudar de clube?
Quando?
Um jogador amador pode-se inscrever noutro
clube na mesma época, desde que, exista um
acordo expresso ou declaração de dispensa do
clube ou SAD pelo qual o jogador esteja inscrito,
respeitando o formalismo previsto. Informa-te
junto do gabinete jurídico.
Durante a mesma época, posso inscreverme por quantos clubes? E jogar?
O jogador pode assinar por três clubes na
mesma época desportiva mas só poderá jogar
por dois deles.
Atenção: As regras são diferentes quando o
jogador tenha jogado num clube na qual a época
desportiva seja regulada por um calendário
competitivo diferente daquele em que se
pretende inscrever. Informa-te.
contrato, pode ser considerado como amador
decorrido o período de 30 dias após o seu último
jogo como profissional.
O treinador não conta comigo e disse-me
para procurar clube. O que devo fazer?
O treinador e o clube só podem cessar o
contrato com o jogador invocando justa causa ou
por acordo. No primeiro caso só é possível após
a instauração do respetivo processo disciplinar.
No segundo depende sempre da vontade do
jogador.
Assinei contrato mas não me deram a
cópia.
Todo o jogador deve ter a cópia do seu contrato
de trabalho. É fundamental seres ativo na
defesa dos teus direitos. O contrato de trabalho
é a garantia dos teus direitos. Se o clube, por
qualquer motivo, não fornecer a respetiva cópia
deves fazê-lo. Em caso de dúvida contacta o
gabinete jurídico.
PRAZOs
DE INSCRIÇÃO
Para jogadores amadores
Nos campeonatos amadores, estes, aceitam
inscrição de jogadores provenientes de
clubes nacionais de 2 de julho de 2012 até
1 de março de 2013, desde que, participem
em jogos oficiais apenas por dois clubes.
Para jogadores com contrato de
trabalho ou formação em competições
não profissionais
O segundo período decorre entre 2 de
janeiro de 2013 até às 16 horas de 2 de
fevereiro de 2013.
Para jogadores com contrato de
trabalho em competições profissionais
O segundo período decorre entre 1 de
janeiro de 2013 até 31 de janeiro de 2013.
Sou jogador profissional. Posso passar a
amador?
Um jogador que tenha sido inscrito como
profissional, depois de ter terminado o seu
50 JOGADORES 37
melhor jogador ii liga outubro/novembro
melhor jogador liga zon sagres outubro/novembro
1.º — Miguel Rosa (Benfica B) 16,1% | 2.º — Márcio Sousa (Tondela) 12,5% | 3.º — Joeano (Arouca) 10,2%
Nome: Miguel Alexandre Jesus Rosa | Naturalidade: Lisboa | Data de nascimento: 13 de janeiro de 1989 |Posição: médio | Número da camisola: 77 |
Clubes: Benfica (formação), Estoril, Carregado, Belenenses e Benfica B
1.º — Jackson Martínez (FC Porto) 20,1% | 2.º — Lima (Benfica) 17,9% | 3.º — James Rodríguez (FC Porto)
17,6% Nome: Jackson Arley Martínez Valencia | Naturalidade: Medellín, Colômbia | Data de nascimento: 3 de outubro de 1986 | Posição: avançado |
Número da camisola: 9 | Clubes: Independiente Medellín (Colômbia), Jaguares (México) e FC Porto | Internacional AA pela Colômbia
38 JOGADORES 50
SL Benfica
Hernani Pereira/Liga Portugal
JACKSON MARTINEZ MELHOR JOGADOR
MIGUEL ROSA MELHOR JOGADOR
50 JOGADORES 39
melhor jogador jovem liga zon sagres outubro/novembro
melhor jogador jovem ii liga outubro/novembro
1.º — Flávio Ferreira (Académica) 49,3% | 2.º — Diogo Amado (Estoril) 14,3% | 3.º — Nuno Reis (Olhanense) 13,4%
BRUMA MELHOR JOVEM
FLÁVIO FERREIRA MELHOR JOVEM
40 JOGADORES 50
Bruno Teixeira/SJPF
Bruno Teixeira/SJPF
Nome: Flávio Nunes Ferreira | Naturalidade: Oliveira do Hospital | Data de nascimento: 19 de outubro de 1991 | Posição: defesa e médio | Número da camisola: 4 |
Clubes: Académica (formação), Tourizense, Sp. Covilhã e Académica.
1.º — Bruma (Sporting B) 32,7% | 2.º — João Mário (Sporting B) 23,2% |3.º — Zézinho (Sporting B) 17,6%
Nome: Armindo Tué Na Bangna “Bruma” | Naturalidade: Bissau (Guiné-Bissau) | Data de nascimento: 24 de outubro de 1994 | Posição: avançado | Número da
camisola: 51 | Clubes: União Desportiva Internacional de Bissau (Guiné-Bissau) e Sporting (formação), Sporting B
50 JOGADORES 41
Estudos versus profissão
SANDRO
“Profissão acaba cedo e é preciso preparar o futuro”
Aos 35 anos, Sandro
pendurou as botas e
assumiu a coordenação
do futebol de formação
do Vitória de Setúbal, o
seu clube do coração. Não
esconde que a mudança
de funções não é fácil e
aconselha os jovens a não
abandonarem os estudos.
Como está a decorrer a passagem
de jogador para coordenador do
futebol de formação?
Está a correr bem, continuo ligado
ao futebol e a sentir diariamente o
cheiro do balneário. São funções
recentes e ainda aperta a saudade
de jogar futebol mas aos poucos vou
ultrapassando essa saudade.
Como é que é o seu dia-a-dia
nestas funções?
Começa cedo. Chego ao estádio por
volta das nove horas e às 10 tenho
treino com uma parte da equipa
de juniores que infelizmente não
está a estudar. Almoço e depois
desempenho trabalho de secretaria
onde tento organizar e melhorar as
condições dos escalões da formação.
Além disso, neste momento, estou
temporariamente a treinar a equipa
de iniciados cujos treinos começam
às 19h45.
Foi o momento exato para deixar
42 JOGADORES 50
os relvados?
Não sei, são opções que temos de
tomar. Sei que tinha condições para
continuar a jogar mas considerei que
os convites que recebi para continuar a
jogar não eram os melhores para mim.
Então, surgiu a oportunidade de iniciar
um novo projeto e tendo em conta que
continuaria ligado ao futebol e, acima
de tudo, regressava a casa decidi
aceitar pendurar as botas.
Teve pena de não terminar a
carreira no Vitória de Setúbal?
Tive, esse sempre foi o meu desejo e
nunca o escondi. Foi aqui que comecei
e onde passei grande parte da minha
vida. É a minha cidade e o meu clube.
Teria tido o maior orgulho em ter
terminado aqui a carreira. Ainda tentei
e lutei por isso mas não foi possível.
Não guardo mágoa nem rancor a
ninguém.
Nos últimos anos, preparou-se,
de alguma forma, para o fim da
carreira de jogador profissional?
Infelizmente não. Tive muitos
colegas, mais velhos, que na altura
me aconselharam a tirar cursos e a
preparar o futuro mas, à semelhança
do que acontece com a maioria dos
jogadores, dizemos que sim mas não
fazemos nada por isso no imediato. E
depois, quando chega o momento do
abandono não estamos tão preparados
como devíamos estar. Agora, é correr
atrás do prejuízo e preparar-me da
melhor maneira possível para o que
aí vem.
Sempre pensou continuar ligado
ao futebol?
Sim, sempre tive esse desejo. É a única
coisa que sei fazer e sempre “respirei”
este mundo. Se neste momento tivesse
que fazer outra coisa penso que seria
muito mais difícil.
Abandonou os estudos cedo?
Deixei de estudar aos 17 anos. Fiquei
com o nono ano de escolaridade.
Felizmente que mais tarde retomei os
estudos e tirei o 12.º ano.
É difícil conciliar os estudos com
o futebol?
Chega a uma altura em que não
é fácil, principalmente nos clubes
mais pequenos. Nos clubes grandes
é um problema menor porque
fazem acordos com escolas e assim
conseguem incluir os jogadores em
turmas especiais. Geralmente quando
se chega aos juniores é preciso
optar e no Vitória, como em muitos
outros clubes, não há acordos com as
escolas — pelo menos na minha altura
não havia — e escolhi apostar em ser
jogador. Felizmente, mais tarde, tive o
discernimento de concluir o 12.º ano, o
que considero importante. Infelizmente
há muitos jogadores e miúdos que não
o conseguem.
Texto: Vitor Crisóstomo
O SJPF está a criar uma estrutura
de formação online que combate,
em parte, a dificuldade provocada
pela mobilidade (mudança de
clube ou até de país) dos atletas.
Parece-lhe uma boa ideia?
É uma excelente ideia. Por mais bom
jogador que se possa ser é preciso ter
a noção de esta profissão acaba cedo e
é preciso preparar o futuro.
O SJPF está também a criar um
cheque-formação para que os
jogadores possam frequentar
determinados cursos. Pode ser
algo apelativo para os jogadores?
Tudo o que seja para formar e ajudar
os jogadores é bem-vindo. Tenho que
dar os parabéns ao sindicato que ao
longo destes anos tem vindo a arranjar
condições e ajudas a muitos jogadores.
Tendo agora em conta o seu cargo,
aconselha os jovens aspirantes a
jogadores a não abandonarem os
estudos?
Sim, incentivo-os a não deixarem de
estudar.
Nome: Sandro
Idade: 35 anos
Posição: Médio
Clubes: Os Pelezinhos e V.
Setúbal (formação), V. Setúbal,
Hércules, Villarreal, Salamanca,
V. Setúbal, FC Porto, Manisaspor,
V. Setúbal, Ceuta e Naval.
50 JOGADORES 43
o capitão
HUGO
“O capitão é uma peça importante no balneário”
Aos 36 anos, Hugo é
um dos jogadores mais
experientes da I Liga.
Capitão do Beira-Mar,
o defesa central diz que
gosta de capitanear a
equipa e não esconde
que ficou surpreendido
por ter sido o escolhido
do treinador para
desempenhar o cargo
quando chegou a Aveiro.
A nível pessoal, que balanço
é que faz da presente época
desportiva?
Não consigo dissociar o individual
do coletivo. Como tal, e não
estando as coisas coletivamente
a correr como foi planeado e
como merecíamos, a nível pessoal
também haverá melhorias a
fazer. É nesse sentido que todos
devemos trabalhar, melhorando
individualmente para que isso se
reflita no coletivo.
É o atual capitão do Beira-Mar. Como é que foi
escolhido para o cargo?
Ficou surpreendido?
Fui escolhido para cargo quando
cheguei ao clube por Leonardo
44 JOGADORES 50
Jardim, o treinador de então.
Fiquei totalmente surpreendido,
porque havia colegas que já
estavam há mais tempo, com
mais anos de casa e alguns deles
figuras do clube.
Além do Beira-Mar, foi
capitão nos outros clubes
por onde passou?
Só nas camadas jovens do
Sporting de Braga.
capitão tem de ser uma pessoa
responsável, rigorosa e capaz de
transmitir esses valores aos seus
colegas.
Considera que o capitão
é uma peça-chave na gestão
de um balneário?
É mais uma peça, que,
conseguindo transmitir
determinados valores aos
componentes do balneário, acaba
por ser uma peça importante,
Do meu ponto de vista, um capitão
tem de ser uma pessoa responsável,
rigorosa e capaz de transmitir esses
valores aos seus colegas
Gosta de ser capitão?
Sim.
Quais são as características
de um bom capitão?
A questão de se ser bom ou mau
capitão é relativa. Cada um terá
o seu ponto de vista, o que torna
a questão subjetiva. Do meu, um
embora não uma peça-chave.
Qual é o papel do capitão
na integração dos novos
jogadores no clube?
É um papel limitado, mas muito
importante, fazendo-os sentir o que
é o clube e o que são as dinâmicas
da equipa e do grupo. Tentar fazer
Texto: Vitor Crisóstomo | Fotografia: EDUARDO OLIVEIRA/ASF
com que se adaptem o melhor e o
mais depressa possível.
Há algum capitão de equipa
que tenha como exemplo?
Só posso falar dos capitães
que conheci. E felizmente tive
a oportunidade de ter bons
capitães, como o Artur Jorge,
que teve um papel importante
na minha integração e na minha
adaptação ao futebol sénior no
Sporting de Braga. Depois, o
Pedro Barbosa, no Sporting.
Como tem visto a atuação
do Sindicato no futebol
português?
Tem vindo a ser uma atuação
cada vez mais interventiva, mais
próxima, o que é benéfico para os
futebolistas e para a modalidade.
Já alguma vez precisou de
recorrer ao Sindicato?
Já. E fiquei satisfeito.
Hugo
Idade: 36 anos
Posição: Defesa
Clubes: . Braga, Sampdoria
(Itália), Sporting, V. Setúbal
e Beira-Mar
50 JOGADORES 45
ÁREA TÉCNICA
JOÃO DE DEUS
“A tendência para o erro é cada vez menor”
Após a boa campanha ao
serviço do Atlético, João de
Deus foi contratado para
orientar a Oliveirense. Natural
de Setúbal, o técnico não
esconde a sua admiração
por José Mourinho e defende
que o erro e o individualismo
ocupam cada vez menos
espaço no futebol.
Na I e II ligas só há um
treinador estrangeiro
(Jokanovic, no União da
Madeira). É sinal do valor do
treinador português?
Há duas razões objetivas para
que esse fenómeno aconteça.
A primeira tem a ver com a
qualidade dos treinadores
portugueses e parece-me
que nesta altura é unânime
em considerar os treinadores
portugueses dos melhores do
Mundo. A segunda razão tem a
ver com o facto de que quem cá
está conhece melhor a realidade
portuguesa. Penso que a classe
dirigente tem cada vez mais a
noção de que quem conhece bem
a realidade estará mais apto para
conseguir alcançar melhores
resultados.
A reintrodução das equipas
B foi uma boa medida para a
46 JOGADORES 50
competição?
Mais do que para a competição
foi uma boa medida para o futebol
português porque se criou espaço
para o crescimento do jovem
jogador português. Numa altura em
que estamos numa crise profunda
a emergência do jovem valor
nacional tem que ser potenciada
em detrimento da importação
de “matéria-prima”. É evidente
que também traz outro tipo de
problemas como mais deslocações,
mais despesas e mais problemas
financeiros para os clubes. Parece-me que entre o deve e o haver
a balança pende para o lado da
formação do jogador português.
O horário dos jogos tem
particular influência no
rendimento dos atletas?
Não. Por exemplo, discute-se muito
o facto de alguns jogos serem
realizados de manhã. Mas, todas as
equipas profissionais treinam quase
sempre de manhã, logo do ponto
de vista fisiológico o jogador está
predisposto a jogar de manhã.
Foi jogador profissional. Nota
que o futebol mudou com o
passar dos anos?
Noto que a tendência para o erro
e para a individualidade é cada
vez menor. Hoje, pelo menos nos
campeonatos profissionais, já não
existem equipas desorganizadas
e os jogadores acabam por ser
muito equivalentes — só os clubes
com maior poderio financeiro é
que contratam “matéria-prima” de
melhor qualidade. Depois tudo o que
está à volta do fenómeno futebol
também evoluiu bastante.
Se calhar, uma
das poucas coisas
boas desta crise é
que os dirigentes
ponderam mais e
melhor na altura
de prescindir
dos serviços dos
treinadores
A relação treinador/jogador tem
vindo a alterar-se?
Pela minha experiência por
conversas que tenho com colegas
a relação treinador/jogador tende
a ser cada vez mais próxima e as
motivações/frustrações de ambas
as partes estão cada vez mais
esbatidas e só assim faz sentido.
Todos devem remar para o mesmo
objetivo.
Os dirigentes estão mais
Texto: Vitor Crisóstomo | Fotografia: HELENA VALENTE/ASF
pacientes com os treinadores e
não recorrem tanto à chamada
chicotada psicológica, ou isto
é daquelas “coisas” que não há
volta a dar?
Se calhar, uma das poucas
coisas boas desta crise é que
os dirigentes ponderam mais e
melhor na altura de prescindir dos
serviços dos treinadores. Muitas
das vezes o treinador é o menos
culpado da situação adversa que
momentaneamente possa estar
criada.
Tem alguma referência
enquanto treinador?
É vulgar dizer-se que as referências
são os que ganham e eu gosto
dos treinadores que ganham mais
vezes. Tenho muito orgulho em José
Mourinho ser o melhor treinador
do Mundo e é a minha grande
referência, não em termos de treino
e trabalho porque infelizmente não
conheço a realidade do seu trabalho
mas fundamentalmente por ser um
treinador da minha terra que provou
o seu valor e que conseguiu chegar
ao topo.
Nome: João de Deus
Idade: 36 anos
Clubes como treinador:
Cabo Verde (selecionador), Ceuta,
Farense, Atlético e UD Oliveirense
50 JOGADORES 47
Apito
PAULO BAPTISTA
“Há um défice de árbitros jovens”
Árbitro da primeira
categoria desde 1995,
Paulo Baptista, da
Associação de Futebol de
Portalegre, defende que
a arbitragem portuguesa
atravessa uma fase de
mudança, que o futuro
será risonho para o setor e
que a atividade passará a
ser mais apelativa para os
jovens.
Qual é o estado da arbitragem em
Portugal?
Em termos estruturais está numa
fase de profunda mudança. Esta
época marca o ano zero, de uma
“nova” arbitragem que a médio prazo,
estou convicto, será profícua. No
presente, não posso deixar de frisar
as nomeações do Pedro Proença,
nomeadamente para as finais da Liga
dos Campeões e do Campeonato da
Europa, sinal evidente do prestígio
internacional que a arbitragem
portuguesa tem além-fronteiras.
Foi benéfica a passagem da
arbitragem da Liga para a FPF?
Essa mudança deveu-se ao facto de a
lei assim o exigir. Existir duas cúpulas
da arbitragem era impensável, até
pelos constrangimentos que isso criava.
Com a passagem para a FPF, estão
de novo criadas as bases para que a
arbitragem seja uma só, a começar
48 JOGADORES 50
pela formação e uniformização de
critérios iguais para todos os árbitros
a nível nacional, o que não acontecia
até aqui. Ter toda a arbitragem
centralizada no órgão máximo do
futebol português será positivo, até por
questões de coerência.
Na sua opinião quais são
as medidas que devem ser
implementadas para melhorar o
setor?
Estão a ser desenvolvidas várias
medidas. Penso que os organismos
competentes estão atentos. O facto
de existirem mais árbitros em campo
nos jogos europeus pode facilitar a
tarefa do árbitro. A implementação
de algumas tecnologias, como por
exemplo, a colocação de tecnologias na
linha de baliza. A profissionalização dos
árbitros, dando-lhes mais condições
para que disponham de mais tempo,
para melhorar a preparação física,
técnica e psicológica.
Quais são os grandes desafios da
arbitragem?
O Conselho de Arbitragem da FPF está
empenhado em ter mais e melhores
árbitros e apostado na formação
de novos árbitros com mais meios
ao seu dispor. Melhorar e alterar a
imagem que a arbitragem portuguesa
tem intramuros, uma vez que
internacionalmente, e como já referi,
está muito bem cotada.
E como avalia o estado do futebol
português?
O futebol português é competitivo e a
prová-lo estão os bons desempenhos
a nível internacional, tanto dos
clubes portugueses como da
Seleção Nacional. O nosso futebol é
reconhecidamente um dos melhores
do mundo e é um dos únicos setores
de atividade em que Portugal se
encontra no top. Ao nível interno, têm
sido os mesmos clubes a manter a
hegemonia, mas nota-se que não há
facilidades em ganhar os jogos.
Considera que existe uma boa
relação entre os diversos agentes
do futebol português?
Atualmente as relações tendem a
melhorar, assim seja o desejo de todos.
O futebol é uma indústria em que, só
com todos os agentes em sintonia, se
poderá obter excelentes resultados.
Como é que deve ser uma relação
árbitro/jogador?
Deve ser uma relação salutar e de
respeito. Árbitros e jogadores entram
em campo com as suas missões bem
definidas. Os jogadores perceberem (e
atualmente é isso que acontece) que
os árbitros são agentes que procuram
que as leis sejam cumpridas e que
algumas vezes, tal qual os jogadores,
também falham. Da mesma forma, nós
árbitros, percebermos que os jogadores
sendo profissionais, procuram também
Texto: Vitor Crisóstomo
dar o seu melhor na procura dos
objetivos para as suas equipas.
Tem notado se os jogadores têm
mudado o seu comportamento
para com os árbitros?
Sim e essa alteração foi ganha com a
atitude que nós árbitros e jogadores
conseguiram na valorização da relação
mútua, mas também porque houve
uma evolução de mentalidades na
forma de encarar o próprio jogo. Hoje
existe mais “profissionalismo”.
Seria positivo que todos os clubes
tivessem na sua estrutura ex-árbitros para auxiliarem
jogadores, técnicos e dirigentes?
Poderia ajudá-los a perceberem melhor
o trabalho dos árbitros e sensibilizá-los
mais, naquilo que são as leis de jogo
e as perspetivas que por vezes temos
dos lances.
Ser árbitro é uma atividade
apelativa para os jovens?
Há um défice de árbitros jovens. Com a
mudança estrutural implementada este
ano ao nível dos quadros nacionais,
estou em crer que passará a ser uma
atividade bastante apelativa para os
jovens.
Paulo Baptista
Idade: 43 anos
Associação: Portalegre
Profissão: Gerente de armazém
50 JOGADORES 49
jovens talentos
FC Porto B | Defesa | 19 anos
LUÍS
GUSTAVO
Natural de Braga, foi viver para o
Brasil aos cinco anos, é internacional
português e alinha no Barcelona B.
50 JOGADORES 50
ALVARO ISIDORO/ASF
Ferando Couto, Jorge Costa, Pepe, Ricardo Carvalho ou Bruno Alves
são apenas alguns exemplos de defesas centrais que fizeram escola
no FC Porto. Aos 19 anos, Tiago Ferreira – internacional por Portugal
em vários escalões da formação – parece ser o próximo jogador a
seguir as pisadas dos futebolistas atrás mencionadas. Apesar da
sua juventude tem liderado com autoridade o quarteto defensivo da
formação B azul e branca. É uma das vozes de comando da equipa.
Titular indiscutível (enverga a camisola 45), Tiago Ferreira faz
lembrar fisicamente o catalão Carles Puyol e Ricardo Carvalho na
forma como se impõe no relvado e aos adversários. Classe, elegância
e tecnicamente evoluído são alguns dos seus atributos. Além disso,
raramente recorre à falta o que agrada a qualquer treinador.
Já cobiçado internacionalmente e com contrato durante mais algumas
épocas, o jovem futebolista que antes de chegar ao FC Porto passou
por Infesta, Pasteleira e Boavista, sonha em afirmar-se no FC Porto,
à semelhança do que aconteceu com os seus ídolos Bruno Alves e
Pepe. Para já, continua a ganhar estatuto no Dragão. Sem surpresa,
Tiago Ferreira foi agraciado com o Dragão de Ouro 2011/12 relativo à
categoria Atleta Jovem do Ano.
TIAGO
FERREIRA
Defesa central de largo futuro, Tiago
Ferreira é considerado uma das grandes
pérolas da formação azul e branca.
PEDRO TRINDADE/ASF
Barcelona B | Médio | 20 anos
Luís Gustavo nasceu a 28 de setembro de 1992. Aos cinco anos foi viver
para o Brasil e aos oito começou a jogar futebol. O facto de ser filho de
Marcílio dos Santos, ex-jogador do Sporting de Braga e que atuou em
Portugal durante nove anos, ajudou-o a ganhar o gosto pelo futebol. No
Brasil, entre os oito e os 12 anos jogou nas escolinhas do Cruzeiro, CFR
(Clube de Futebol Romualdo) e Corinthians. Aos 13 foi convidado pelo
Barcelona a deslocar-se à Catalunha para prestar provas. Foi aprovado e
integrado nos iniciados e ficou a viver no La Masia (local de residência
para jogadores do Barça). Na Catalunha conheceu aquele que é o seu
grande ídolo: Deco. Há sete anos que está nos escalões de formação do
Barcelona. Começou como número 10 mas atualmente é o número seis da
equipa B do colosso catalão, posição do seu agrado. “No Barcelona o 6 é
um jogador muito importante pois o jogo passa quase todo por ele” explica.
Segundo os técnicos do Barça, Luís Gustavo é defensivamente muito forte
e tecnicamente muito bom. Além de Deco, Thiago e Busquets são as suas
referências. Gosta do FC Porto porque era a equipa que mais ganhava
quando era pequeno. Internacional português não tem dúvidas em afirmar
que se lhe pedissem para escolher entre as seleções principais do Brasil e
Portugal que optaria pela portuguesa. Razão? A sua ligação muito forte a
Portugal e o desejo de seguir as pisadas do ídolo Deco.
50 JOGADORES 51
opinião
ASF
Vitor Garcez/ASF
CARLOS VIDIGAL JR/
“No quadro económico, político e social do futebol
moderno ao treinador já não lhe chega
ser simplesmente bom. Ele tem de ser excelente,
ele tem de ser um génio, um génio do futebol”
jogo de futebol é um ato
de confronto entre duas
equipas. Só existe jogo se o
confronto se consumar na
disputa pelo resultado que determina a própria
sobrevivência da equipa. Nesta conformidade,
a competição desportiva cumpre o princípio
básico da dialética de confronto que determina
a lógica do pensamento estratégico. Este,
enquanto ato de reflexão criativa num ambiente
agónico que questiona a própria sobrevivência
da equipa, projeta-se para além do planeamento
estratégico que se limita a estabelecer o processo
metodológico que visa atingir determinados
objetivos mais ou menos integrados.
Através do planeamento estratégico o treinador
prevê, programa, organiza, executa e controla,
todas as decisões relativas à condução do
treino. Assim sendo, qualquer manual do tipo
do “Dossier do Treinador de Futebol” — um
livro de José Carvalho e Paulo Correia com
prefácio de Manuel Sérgio e editado pela
Prime Books — coloca o treinador perante um
conjunto de variáveis que deve considerar a fim
de organizar a vitória. Mas, ao treinador não lhe
52 JOGADORES 50
chega ser conhecedor das questões burocráticas
mais ou menos estandardizadas relativas ao
planeamento estratégico. Ao treinador, para além
dos procedimentos próprios do planeamento
estratégico, compete-lhe pensar estrategicamente
o jogo a fim de surpreender a equipa adversária.
Quer dizer, o pensamento estratégico da condução
do jogo antecede o planeamento estratégico da
condução do treino. Porque, se o planeamento
estratégico parte de constantes sobre as quais o
treinador idealiza uma série de acontecimentos
desejáveis que, depois, procura fazer acontecer, já
o pensamento estratégico, na sua complexidade,
depende da capacidade intuitiva do treinador
que lhe permite ganhar verdadeira vantagem
competitiva sobre o adversário.
Em conformidade, diremos que, sendo necessário
que os treinadores dominem toda a teoria
prescritiva que decorre dos manuais, todavia, o
domínio dessa teoria não é suficiente para ganhar
o jogo. Porque, num ambiente competitivo de todos
contra todos, qualquer manual prescritivo conduz
os adversários às mesmas ou a soluções muito
parecidas. Nestas circunstâncias, o vencedor será
aquele que for capaz de surpreender o adversário
pela criatividade do pensamento estratégico. Quer
dizer, para além de qualquer dossier e da sorte
determinada pelos favores dos deuses, ainda
fica uma grande margem de manobra para a
ação criativa e inovadora do treinador no sentido
de surpreender o adversário. E esta margem
de manobra será tanto mais importante quanto
maior for a capacidade do treinador, para além
dos mecanismos de coordenação e conjugação do
trabalho, pensar estrategicamente o jogo.
Este virtuosismo do treinador decorre da sua
capacidade intuitiva, isto é, da maneira como
utiliza e conjuga a razão do planeamento
estratégico com a emoção do pensamento
estratégico porque, nas circunstâncias do jogo
que é o campeonato, a emoção é um dispositivo
fundamental da razão. Quando esta qualidade está
presente em grau excecional e é demonstrada
por meio de resultados extraordinários, o termo
génio é aplicado para descrever a personalidade
do treinador. Assim sendo, no quadro económico,
político e social do futebol moderno ao treinador já
não lhe chega ser simplesmente bom. Ele tem de
ser excelente, ele tem de ser um génio, um génio
do futebol.
s, 30 anos
Arouca, guarda-rede
Oliveirense, médio,
SERGINHO
Queen
My Name is Khan
Coca-Cola
RUI LIMA
Grupo de música favorito?
Um filme?
Uma bebida?
Audi
Marca de automóveis?
Salsa
Marca de roupa?
PES 2013
George Clooney
Massa à Bolonhesa
Jogo de PC ou consola?
Ator
e atriz preferidos?
Prato favorito?
Raúl Cardoso/A
SF
O génio do treinador
Sporting CP
Gustavo pires Presidente do Fórum Olímpico de Portugal
34 anos
Música de dança e rock
O Gladiador
Ice Tee de limão
Porsche
Bray Steve Alan
Call of Duty
Denzel Washington
Angelina Jolie
Arroz de Polvo
Jogar playstation
Hobbie?
Brincar com os filhos
Michel Preud’Homme
Ídolo?
Paulo Futre
Fisioterapeuta
Se não fosse futebolista profissional
o que gostaria de ser?
Qualquer profissão
ligada ao futebol
50 JOGADORES 53
As nossas internacionais
CLÁUDIA NETO
“É preciso que os grandes clubes
apostem no futebol feminino”
Há cinco épocas, Cláudia Neto, 24 anos, assinou
pelo Prainsa Zaragoza, de Espanha. Para Cláudia
foi a realização de uma ambição. “Sempre tive
o desejo de emigrar. Além do campeonato
espanhol, também gosto do alemão e do
francês”, explica a média à revista Jogadores.
Adora futebol desde pequena. “Foi o meu pai
quem me pegou o bichinho”, revela admitindo
que só começou a levar o futebol “a sério”
quando ingressou no Prainsa. Cláudia não
esconde que inicialmente a estada em Espanha
não foi fácil. “Custou-me as saudades da família
e ter que viver sozinha”, revela.
Incentivada pelos pais a dedicar-se ao futebol
feminino – “a minha mãe é a minha fã número
um”, diz – a jogadora concorda que o futebol
ainda não é uma realidade fácil para as
mulheres. “Ainda temos uma sociedade com
uma mentalidade muito machista. Há muita
gente que critica e que pensa que o futebol não
é para mulheres mas, apesar disso, acho que já
houve uma evolução bastante positiva”, afirma
a centrocampista.
Cláudia dedica-se a 100 por cento ao futebol
e apesar de dizer que não tem ídolos na
modalidade aprecia Cristiano Ronaldo. “Gosto
da sua ambição” adianta.
Para a internacional portuguesa, a
competitividade é a principal diferença entre
o futebol feminino em Portugal e Espanha.
“O futebol espanhol é mais competitivo, tem
jogadoras profissionais – vivem do futebol –, ao
contrário de Portugal. Além disso, em Espanha
54 JOGADORES 50
há a aposta dos grandes clubes o que faz com
que haja um maior investimento e assim as
jogadoras têm mais condições para praticar a
modalidade e evoluir.”
Na opinião de Cláudia, Portugal só pode seguir
por um caminho. “Mais divulgação, uma maior
aposta na formação e essencialmente que os
grandes clubes apostem no futebol feminino
para que possa haver um maior investimento”,
explica.
Até à data, Cláudia ainda não concretizou o seu
maior sonho no futebol feminino: representar
Portugal na fase final de um europeu ou mundial.
Congratula o Sindicato dos Jogadores
Profissionais de Futebol pela divulgação que
faz da modalidade e regista com agrado a
nomeação do sindicato de Carla Couto para
embaixadora do futebol feminino. “A Carla é
a pessoa certa para ocupar este cargo, tem
anos de experiência, leva uma vida a lutar
pelo futebol feminino e sabe o que tem de ser
feito para que possamos saltar para um novo
patamar”, conclui.
Nome: Cláudia Neto
Nacionalidade: Portuguesa
Naturalidade: Portimão
Idade: 24
Altura: 1,66 m
Peso: 56 kg
Posição: Média
Clubes: UAC Lagos (futsal) e Prainsa
Zaragoza
Texto: Vítor Crisóstomo
50 JOGADORES 55
clipping
opinião
“Através do meu convívio com José Maria Pedroto e
com Jorge Nuno Pinto da Costa, estou entre os que
assistiram ao nascimento ‘deste’ FC Porto. E escrevi
‘deste’, porque há que assentar, antes do mais, num
ponto nodal: Jorge Nuno Pinto da Costa e José Maria
Pedroto refundaram o FC Porto”
Evangelista escreve carta
a instâncias do futebol
Lilian Thuram
e a luta contra o racismo
MANUEL SÉRGIO Filósofo do Desporto
O FC Porto
o que é preciso dizer...
á mais de 40 anos que me
iniciei, colaborando na Imprensa,
como crítico desportivo,
procurando conciliar o
respeito pelos meus adversários com a defesa
das conclusões a que me levam o estudo e a
investigação. Guardo, por isso, ciosamente, a
minha identidade e a minha independência
— o que me leva a escrever que, através do
meu convívio com José Maria Pedroto e com
Jorge Nuno Pinto da Costa, estou entre os
que assistiram ao nascimento “deste” Futebol
Clube do Porto. E escrevi “deste”, porque há
que assentar, antes do mais, num ponto nodal:
Jorge Nuno Pinto da Costa e José Maria Pedroto
refundaram o Futebol Clube do Porto. Serão
muitos, neste passo, os que arremetem e com
razão: “Mas quantas vezes falou você, com José
Maria Pedroto?”. Respondo, em verdade: Talvez,
em números redondos, uma dúzia de vezes. Mas
foi o suficiente para concluir que germinava, na
mente do “Zé do boné”, a mais poderosa obra de
reconstrução de um clube, jamais levada a cabo,
no nosso país.
Quando o treinador do Porto manifestou interesse
em falar comigo, surpreendeu-me, de facto. O
56 JOGADORES 50
professor João Mota, seu adjunto, seu “amigo de
todas as horas” e também meu querido amigo,
esclareceu-me: “O Sr. Pedroto é assim: se encontra
uma pessoa que traz consigo ideias novas,
respeitantes ao futebol, imediatamente aproxima-se
dela. É de uma curiosidade rara”.
E acrescentou a sorrir: “E vai convidá-lo a ir ter
com ele à pastelaria Petúlia. É fatal!”. Tudo se
passou como o João Mota previu e, numa das
minhas idas ao Porto, lá fui à Petúlia, para a minha
primeira conversa inesquecível com José Maria
Pedroto. A impressão imediata que dele tive foi a
de uma pessoa que não cativava, nem aduladores,
nem clientelas. Não procurava ser hipocritamente
bem-educado. Era-o, mas por uma delicadeza
que lhe saía da alma. Demais, era frontal, direto e
de grande sagacidade e honestidade. Por isso, as
perguntas choveram, como em dia de temporal: “Ó
Manuel Sérgio, diga-me cá: por que diz você que
não existe Educação Física? E por que acha que a
preparação física, no treino desportivo, tem de ser
repensada? E o que tem a ver o futebol com as
ciências humanas? Qual é então a metodologia que
propõe para o treino desportivo?
Sem procurar transviar-me das questões
levantadas, respondi ao que me era solicitado,
com alguma galhardia e a lucidez possível (que
não é muita). Ele fitou-me com aprazimento, mas
não deixou de acrescentar: “Tudo o que me está
a dizer é bonito de ouvir, mas nada resulta, sem
uma sólida organização”. E após uma breve pausa:
“E vai ser o Jorge Nuno a criar a organização que
eu prevejo para o Futebol Clube do Porto”. Há 33
anos, pela generosidade de José Maria Pedroto,
ouvi eu o segredo das vitórias deste clube (que
é hoje, no que ao futebol diz respeito, um dos
melhores do mundo): a organização — que supõe
liderança, disciplina e o saber que a Sociedade
do Conhecimento inapelavelmente exige. O que
distingue o “Porto” dos outros clubes de futebol,
em Portugal, não são os favores dos árbitros (os
nossos árbitros não temem cotejo com o que de
melhor se encontra, na arbitragem, por esse mundo
além) nem escondidos conluios com qualquer
entidade tenebrosa — o que o distingue é a
organização, à luz de um conhecimento atualizado.
Este é o segredo das vitórias do FC Porto, no meu
modesto entender. É evidente que me esqueci de
realçar, na indispensável liderança, a pertinácia, a
resistência, a astúcia de Jorge Nuno Pinto da Costa.
A sua vivacidade loquaz é o mais aparente de uma
sabedoria que se adivinha...
Contratual Stability
Respect of Contracts
Tozé Marreco foi
apoiado pelo SJPF
Revista do SJPF
citada pela imprensa
Roberto recorreu
ao Sindicato para rescindir
com a Naval 1.º de Maio
50 JOGADORES 57
glórias
LUÍS FIGO
Foi o segundo Bola de Ouro português a seguir a Eusébio. Deu os primeiros toques
n’Os Pastilhas, um clube de bairro na Cova da Piedade, no concelho de Almada.
Texto: Vítor Crisóstomo | Fotografia: Nuno Ferrari/ASF
Luís Filipe Madeira Caeiro Figo
nasceu a 4 de novembro de 1972,
em Lisboa. Despediu-se dos
relvados em 2009 mas parece que
foi ontem. Para trás ficou uma
carreira ímpar com passagens
marcantes por Sporting, Barcelona,
Real Madrid e Inter de Milão.
Desde tenra idade que se viu que
Figo tinha jeito para o futebol.
Jogava n’Os Pastilhas e certo
dia foi aos treinos de captação
do Sporting. No velhinho Estádio
José de Alvalade viram o potencial
do miúdo e “agarraram-no”. Figo
cumpriu todos os escalões de
formação do Sporting e estreou-se
na Primeira Divisão, pela mão de
Raúl Águas, a 1 de abril de 1990,
em Alvalade, frente ao Marítimo.
Membro ilustre da chamada
Geração de Ouro ganhou
protagonismo no clube e na
Seleção Nacional. Bobby Robson
e Carlos Queiroz lapidaram o
diamante que tinham em mãos.
Luís Figo envergou a camisola
verde e branca até 1995. Nesse
período conquistou uma Taça
de Portugal (vitória ante o
Marítimo por 2-0). Saiu a “custo
zero” do Sporting depois de não
ter conseguido acordo para a
renovação do contrato com o
58 JOGADORES 50
presidente leonino Sousa Cintra.
Com o passe na mão tornou-se um
alvo dos colossos europeus. Assinou
por Juventus e Parma e essa dupla
assinatura impediu-o de jogar em
Itália durante dois anos. Foi então
contratado pelo Barcelona de
Johan Cruyff. Figo não tremeu no
clube catalão e apesar de todas as
estrelas do Barça impôs-se como
titular indiscutível. Tornou-se um
símbolo do principal emblema da
rescisão do jogador ao Barcelona
no valor de 60 milhões de euros
(recorde mundial na altura) e
trouxe-o para a capital espanhola.
Em Barcelona, Figo passou de
amado a odiado e alvo de todos os
insultos.
Em Madrid reforçou o seu estatuto
de jogador de nível mundial e em
2000 ganhou a Bola de Ouro da
France Football e em 2001 a Bola
de Ouro da FIFA. Nas cinco épocas
Para a história fica o seu golo frente
à Inglaterra no Euro 2000 que iniciou
a reviravolta que permitiu a Portugal
derrotar os ingleses por 3-2,
depois de estar a perder por 2-0
Catalunha e chegou a capitão de
equipa. No Barcelona conquistou
ligas, taças do Rei e supertaças
espanholas e europeias, além da
Taça dos Vencedores das Taças.
Amado na Catalunha tornouse arma eleitoral em Madrid.
Florentino Pérez prometeu
contratá-lo caso fosse eleito
presidente do Real Madrid. E das
palavras passou à ação. A 24 de
julho de 2000, pagou a cláusula de
em que representou a formação
merengue venceu, entre outras
conquistas, a liga espanhola,
a Liga dos Campeões e a Taça
Intercontinental.
No final da temporada de 2004/05,
rumou ao Inter de Milão. Quatro
épocas depois de chegar a Itália
pendurou as botas. Saiu em alta
à semelhança do valor do seu
futebol. Abandonou os relvados
como tetracampeão de Itália e com
Texto: Vitor Crisóstomo | Fotografia: CHRISTOPHER COURTOIS/EPA
José Mourinho como o seu último
treinador. Desde então trabalha
como diretor de relações externas
do Inter de Milão.
Ícone da Seleção.
Habituado desde cedo às andanças
das seleções nacionais, Figo
pertenceu à chamada Geração
de Ouro, sagrando-se campeão
mundial de sub-20 em 1991,
em Lisboa. Nesse mesmo ano
estreou-se na Seleção A frente ao
Luxemburgo (1-1). Foi o início de
uma caminhada que o transformou
no futebolista que mais vezes
envergou a camisola das quinas
(127 internacionalizações, 32
golos). Representou Portugal nas
fases finais dos europeus de 1996,
2000, 2004 e 2008 e nos mundiais
de 2002 e 2006.
Anunciou a retirada da Seleção
no final do Euro 2004 mas voltou
atrás e representou ainda Portugal
no Mundial de 2006, na Alemanha.
Então terminou sim a sua carreira
com a camisola de Portugal.
Atualmente desempenha ainda o
cargo de embaixador da Seleção
Nacional. A nível social criou uma
fundação com o seu nome que
com as suas ações procura ajudar
jovens desfavorecidos.
50 JOGADORES 59
LAZER
carros
Mais leve, mais rápido, mais ágil
Porsche Carrera 4 e Carrera 4S
O salão de Paris foi o mote para o lançamento
dos novos Porsches 911 Carrera 4 e Carrera
4S, versões com tração às quatro rodas da
nova geração 911. O 911 Carrera 4 Coupé é
comercializado por 124 733 euros e o Cabrio
por 138 775 euros. Já na variante 4S, os
preços arrancam nos 144 672 euros para o
Coupé e nos 158 185 euros para o Cabrio.
O Porsche 911 Carrera 4 Coupé está equipado
com seis cilindros boxer de 3,4 litros e 350
cv, acelera dos zero aos 100 km/h em 4,5
segundos (Cabrio em 4,7s) e alcança a
velocidade máxima de 285 km/h (Cabrio 282
km/h). Os consumos combinados são de 8,6
l/100 km (CO2 de 203 g/km) para o Coupé
e 8,7 l/100 km (CO2 de 205 g/km) para o
Cabrio.
Já o Porsche 911 Carrera 4S Coupé apresenta
seis cilindros boxer de 3,8 litros, 400 cavalos
de potência e acelera dos zero aos 100
km/h em 4,1 segundos (Cabrio em 4,3 s). A
velocidade máxima é de 299 km/h (Cabrio 296
60 JOGADORES 50
km/h). O consumo combinado é de 9,1 l/100
km (CO2 de 215 g/km) para o Coupé e 9,2
l/100 km (CO2 de 217 g/km) para o Cabrio.
Qualquer um destes quatro modelos ostenta
as mesmas características que as versões de
tração traseira.
Ou seja, a construção de peso reduzido,
a suspensão, os motores e as caixas de
velocidade são idênticas, sendo a única
excepção as modificações respeitantes à
tração integral. Isto significa que, apesar
de um nível de motor mais alto ou de uma
melhor dinâmica de condução, os quatro novos
modelos consomem significativamente menos
combustível do que os seus antecessores.
A característica que mais distingue o 911 de
tração integral continua a ser a sua traseira
mais larga: comparando com o 911 Carrera de
tração atrás, cada uma das cavas das rodas
traseiras estende-se por mais 22 milímetros
para o exterior e os pneus traseiros aumentam
dez milímetros cada.
Ficha técnica
Porsche Carrera 4 Coupé
Cilindrada (cc)
Potência (CV)
Velocidade máxima (km/h) 0-100 km/h (s) Consumo médio (l/100 km)
Emissões de CO2 (g/km) Preço (euros)
3400
350
285
4,5
8,6
203
Desde 124 733
Todos os novos modelos possuem, de série,
uma caixa manual de sete velocidades,
enquanto a caixa Porsche Doppelkupplung
(PDK) está disponível como opção.
50 JOGADORES 61
LAZER
LAZER
relógios
jogos
Desfrutar do futebol
AUDEMARS PIGUET O modelo Royal Oak Offshore Titânio Grande Complicação é um relógio contemporâneo em titânio e cerâmica que só será produzido por encomenda
e por unidade por um só artesão.
SPEAK-MARIN O novo Renaissance anuncia as horas de forma grandiosa e marca o início de uma nova era para Peter Speake-Marin (daí o nome Renaissance).
Preço de venda: 370 000 francos suíços (antes de impostos ou taxas).
BAUME & MERCIER A Clifton é uma coleção de referência que espelha o lema da Baume & Mercier: “Aceitar nada menos que a perfeição. Fabricar apenas relógios
da mais elevada qualidade”.
Para controlar o
tempo
A par do PES, FIFA é um dos melhores
videojogos de futebol de todos os
tempos. Todos os anos os adeptos
deste título aguardam ansiosamente
pela chegada do mesmo. E geralmente
as expectativas não saem defraudadas.
FIFA 13 está mais perfeito que os seus
antecessores.
“As inovações vão revolucionar a
FIFA 13
inteligência artificial, o drible, o
controlo de bola e as colisões criando
uma verdadeira batalha pela posse de
bola em todo o campo e acrescentando
liberdade e criatividade ao ataque”,
explicou David Rutter, produtor
executivo de FIFA 13. E teve razão.
Nesta versão, os jogadores
protagonizam arranques mais rápidos e
62 JOGADORES 50
mais de 500 clubes licenciados
oficialmente, o jogo mais dinâmico
e realista, os avançados mais
inteligentes, os treinos de habilidade,
as atualizações automáticas tendo
em conta o mundo real e a narração
e os comentários em português
constituem os pontos fortes de FIFA
13. Jogue e divirta-se!
de música, transmitem as principais
notícias do festival e assinalam os
seus feitos nas provas principais.
À medida que vai avançando no
jogo libertará novos automóveis e
adversários mais difíceis de derrotar.
Tome atenção ao tipo de piso
onde vai correr e opte por um
carro que melhor se adequa às
características do traçado. Por
vezes, a melhor escolha é um
veículo com tração às quatro
rodas. É importante que os
jogadores variem de carro e
comprem novos bólides para se
manterem competitivos.
Forza Horizon
Velocidade sem limites
CORUM O novo Admiral’s Cup Legend 42, bicolor em azul metalizado e ouro rosa ou aço, inspira-se na primeira versão do modelo de 1983. A produção será limitada
a 400 exemplares (300 em aço e 100 em ouro).
JAEGER-LECOULTRE A colaboração entre a Jaeger-LeCoultre e a Aston Martin comemorou o oitavo aniversário com a apresentação do AMVOX7, um cronógrafo
sedutor e cujo mostrador reproduz o desenho da grelha do radiador dianteiro do Vanquish.
GIRARD-PERREGAUX O novo Girard-Perregaux 1966 aposta na sobriedade com um diâmetro de 41 milímetros.
dribles mais frequentes aumentando
a dinâmico do jogo. Também a bola
“reage” de maneira diferente à
força do remate e à habilidade do
jogador (dominar corretamente a
“redondinha” é meio caminho andado
para definir o sucesso ou não de uma
jogada).
Em suma, pode dizer-se que os
Em Forza Horizon esqueça as pistas
fechadas e prepare-se para acelerar
e queimar pneu pelos mais diversos
tipos de piso. O argumento do jogo
desenrola-se em redor do festival
Horizon, no Colorados, nos Estados
Unidos da América. Aqui, encontrará
de tudo, desde paisagens a perder de
vista a estradas com tráfego intenso.
O condutor é sempre o protagonista.
Se não quiser participar em
nenhuma competição pode sempre
agarrar na máquina e simplesmente
passear. Será recompensado se
atingir altas velocidades ou evitar
acidentes. As estações de rádio, além
50 JOGADORES 63
O MEU ESTÁDIO
Estádio DO bonfim
Octávio Machado
ASF
Características:
ção: 18.694
Medidas: 107M x 69 M - Lota
Inauguração: 1962
Orgulho vitoriano
O Estádio do Bonfim é um
dos recintos desportivos mais
emblemáticos do futebol português.
Inaugurado em 1962, substituiu
o Campo dos Arcos como a casa
do Vitória Futebol Clube, emblema
vulgarmente conhecido como Vitória
de Setúbal.
Pode dizer-se que o Estádio do
Bonfim foi construído em três
fases: A primeira coube a Mário
Ledo e diz respeito à aquisição de
terrenos, terraplanagens, drenagens e
arrelvamento do retângulo; a segunda
a Magalhães Mexia, presidente
da Câmara e a Jacinto Frade,
presidente da direção do Vitória, com
a construção da bancada poente e
anexos do lado nascente; por fim,
a terceira fase, deve-se a Manuel
Constantino de Goes, que fechou o
Estádio. Muitos dos adeptos do clube
setubalense que voluntariamente
ajudaram na edificação do recinto.
Também um pouco por toda a
cidade de Setúbal foram colocados
“mealheiros” para a angariação de
fundos.
O Estádio do Bonfim foi inaugurado
64 JOGADORES 50
Nacionalidade: Portuguesa
Naturalidade: Setúbal
Idade: 63 anos
Posição: Médio
Clubes: Palmelense (formação),
V. Setúbal, FC Porto e V. Setúbal
Internacional A por Portugal
a 16 de setembro de 1962 e contou
com a presença do Presidente da
República Américo Thomaz.
Em 2012, o Estádio do Bonfim
celebrou os 50 anos de existência.
Além das cerimónias oficiais realce
para o encontro entre as velhas
glórias do Vitória e do Benfica. Félix
Mourinho, pai de José Mourinho
e antigo guardião sadino, deu o
pontapé de saída. Curiosamente Félix
Mourinho participou no encontro de
inauguração do Bonfim, em 1962, que
opôs o V. Setúbal à Académica (0-1).
O Estádio teve capacidade para cerca
de 30 000 espectadores mas após
a colocação de cadeiras individuais
a lotação oficial foi reduzida para
cerca de 21 000 lugares. Atualmente
comporta 18 694 espetadores. Até à
data grandes jogadores já pisaram
o relvado do Bonfim e envergaram
o jersey listado na vertical verde e
branco. Jaime Graça, Jacinto João,
Matine, Tomé, Carlos Cardoso, Vítor
Baptista, Diamantino, Jordão, Manuel
Fernandes, Yekini, Octávio Machado,
Quim, Hélio, Silvino e Aparício, entre
muitos outros, são alguns exemplos.
Texto: Vitor Crisóstomo | Fotografia: CHRISTOPHER COURTOIS/EPA
50 JOGADORES 65
regresso à infância
Quando teve noção de que gostava de futebol?
Desde muito pequeno. Comecei em Évora por volta dos sete anos.
A bola era um vício tremendo.
Onde é que jogava na sua infância?
Na rua, nos intervalos da escola... Na escola, como não podíamos
jogar com bolas pesadas, fazíamos bolas de papel coladas com fita-cola. Jogávamos ainda nos corredores em jogos de dois contra dois.
Na rua jogávamos até ficar noite.
Dividiam-se as equipas por clubes?
Jogava muitas vezes com o pessoal que trabalhava nas obras quando
eles deixavam o trabalho. Eram equipas de cinco ou seis para cada
lado. Todos me queriam nas suas equipas. Mas o que interessava era
a bola rolar.
O “gordo” é que ia à baliza?
Não, curiosamente eu gostava muito de ir à baliza por causa de um
guarda-redes que jogava no Juventude de Évora. Depois deixava a
baliza e ia para a frente.
Jogavam por algum troféu?
Jogávamos até não podermos mais. Nunca nos cansávamos. Quando
tínhamos sede íamos ao poço buscar água e depois lá continuávamos
a jogar.
Tinha alguma alcunha?
Era o Paulinho. Quando fui para o Sporting começaram
a chamar-me de PT.
Quem era o seu ídolo?
O João Oliveira Pinto [atual delegado do SJPF para a Zona Centro].
É engraçado porque eu pensava que o João era filho do Manuel
Fernandes. Era um verdadeiro craque.
Paulo Torres
Defesa, 41 anos, ex-Sporting e Salamanca, entre outros.
Internacional A e atual treinador do Torreense.
“O que interessava era a bola rolar”
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INÁCIO ROSA/LUSA
Primeiro a bola ou a namorada?
A bola sempre em primeiro lugar. Só quando fui para o Sporting é que
começaram a aparecer as namoradas.
Muitos joelhos esfolados?
O problema não era os joelhos. Rasgar a roupa e os ténis
é que era lixado.
Havia algum vizinho chato que não gostava de ver
a malta a jogar à bola?
Não, pelo contrário. Tinha vizinhos que paravam para me ver jogar.
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