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4 Neurociências • Volume 10 • Nº 1 • janeiro/março de 2014 Perspectiva Breves considerações sobre os transtornos alimentares Lednalva Oliveira Cordeiro Batista Os transtornos alimentares são traduzidos por dificuldades em uma pessoa se alimentar adequadamente, levando a uma perda ponderal, ou a uma dificuldade para ganhar peso de forma apropriada. Os sintomas geralmente não apontam para nenhuma condição médica geral, ou a um transtorno psiquiátrico ou à falta de alimentos. Assim, nem toda restrição alimentar voluntaria se constitui aparentemente em um transtorno. Embora os transtornos alimentares existam há muito tempo, estes são patologias consideradas típicas da contemporaneidade. O modelo etiologicamente, mais aceito atualmente para explicar a gênese e a manutenção dos transtornos alimentares é o modelo multifatorial que baseia-se na hipótese de que vários fatores biológicos, psicológicos e sociais estejam envolvidos. Evidências sugerem que fatores psicossociais desempenham um importante papel na distribuição dos transtornos alimentares interrelacionando-se. No que se refere à natureza humana sugere uma espécie de oposição à sua própria natureza, no sentido mais natural. A aceleração das descobertas nas biociências e os avanços tecnológicos produzem um «efeito de real» que ultrapassa muitas vezes o próprio desafio «futurístico» da ficção científica: descrever um futuro radicalmente diferente do presente, uma ficção do tempo no mundo. O excesso de informações causa impacto e produz incertezas ao invés de conhecimento. A era pós-moderna, leva, assim, a perpetuação do vazio e da deterioração mental. Bióloga, Psicopedagoga Clínica, Psicanalista clínica, Doutoranda em Psicologia na UCES-Buenos Aires, Clínica Psicopedagógica em Serrinha e Feira de Santana/BA. Este artigo é uma parte da minha tese de doutorado em psicologia. Correspondência: Lednalva Oliveira Cordeiro Batista, NECATI Núcleo de Estudos Capacitação e Terapias Integradas, Praça Luis Nogueira, Centro 48700-000 Serrinha BA, Tel: (75) 3261-1362, (75) 91773318/9977-3244, E-mail: [email protected] Neurociências • Volume 10 • Nº 1 • janeiro/março de 2014 Podemos teorizar que, o homem tornou-se uma espécie de deus profético, admirável quando reveste seus órgãos auxiliares, mas estes não cresceram como ele e muitas vezes o cansam bastante.” Freud, Mal estar na Civilização [16] É na adolescência que a vulnerabilidade psíquica alcança seu auge. Onde os aspectos das sociedades, inclusive da contemporânea como a cultura, a imposição de ideais, contribuem para a superficialidade dos vínculos, a fragilidade narcísica e de falhas no reconhecimento da alteridade, destacando-se que, além da influência inegável do contexto cultural na tentativa de compressão desses padecimentos psíquicos, faz-se necessária uma escuta que considere a história singular do sujeito. Mesmo consideradas como modalidades de uma patologia atual, por dar conta de uma forma de expressar as características da cultura em vigor e as consequentes novas formas de subjetivação, o surgimento da anorexia e da bulimia não ocorreu nesse século ou no século passado. Para Abuchaim [1] as descrições de restrições alimentares ou de jejuns voluntários são bastante antigas e remetem ao início do Cristianismo, quando essa prática era relacionada a milagres divinos, a devoção e a fé. Foi apenas a partir da reforma protestante, no século XVI, que a abstinência alimentar não contou mais com o apoio da Igreja Católica. Com o tempo, a anorexia e a bulimia começaram a ser estudadas pela Medicina que atribuía a essas manifestações uma gênese orgânica, sendo apenas mais tarde relacionadas a aspectos psicológicos. Os transtornos alimentares geralmente apresentam as suas primeiras manifestações na infância e/ou na adolescência. Estas alterações na conduta alimentar estão divididas em dois grupos: no primeiro grupo, estão os transtornos que podem ocorrer precocemente ainda na primeira infância e que representam alterações da relação da criança com a alimentação, a exemplo da Pica, que é um transtorno cuja a característica principal é a ingestão de substâncias sem valor nutritivos e inapropriado ao consumo humano e para o desenvolvimento humano infantil. As substâncias mais frequentemente consumidas são: terra, barro, cabelo, alimentos crus, cinzas de cigarro e fezes de animais, e o transtorno de ruminação que inclui episódios de remastigação e regurgitação repetidos que não podem ser explicados por nenhuma condição médica. Janin [22], em referência ao vazio na adolescência diz: «Curiosamente, os adolescentes que usam drogas, que bebem, que andam de bicicleta em alta velocidade, referem-se a «preencher uma lacuna», para sentir alguma coisa. E eu voltar: double vácuo. Não sinto, não me sinto, porque eles não podiam se identificar com outras pessoas que estavam conectados com eles empaticamente. Porque os outros foram tão atordoados, ou então em «seu» mundo, que não estavam disponíveis para registrar as mudanças de humor, os estados de desespero, demandas de amor. Ou talvez porque, antes de enrolar a si mesmo, a angústia do outro tornou-se intolerável» (p. 30). Salienta como os choques pais de crise adolescente e sugere que, neste momento crítico, pode ser apresentar um problema que se arrasta desde a infância em várias formas, incluindo apatia e sofrimento em silêncio. 5 6 Neurociências • Volume 10 • Nº 1 • janeiro/março de 2014 O segundo grupo de transtornos são os transtornos alimentares propriamente ditos e que surgem mais tarde, sendo os mais frequentes a anorexia e a bulimia. Adolescência, a construção da identidade, e o aparelho psíquico No desenvolvimento humano, a fase da adolescência é marcada por transformações biológicas e psíquicas. O corpo biológico exalta sua erogeneidade e sua abertura psíquica àquela que lhe é exterior. No texto Três ensaios sobre a teoria da sexualidade, Freud [17], postula que a pulsão sexual se faz presente desde a infância e que seu afluxo não é interrompido nem mesmo no período de latência, sendo apenas desviada da meta sexual e dirigida para outros alvos. Nesse sentido, na adolescência Freud utiliza o termo puberdade para referir-se a dinâmica da adolescência. Sendo nesta fase onde haverá a consolidação do processo de desenvolvimento psicossexual que teve início na infância. A pulsão, antes satisfeita através do próprio corpo, passa a ser substituída pela satisfação genital que acena para o desejo pelo outro. Então, na vida sexual infantil “até esse momento, a pulsão sexual era predominantemente autoerótica; agora encontra o objeto sexual” [17, p.196]. É o desejo pelo objeto que passa a direcionar os investimentos pulsionais para o campo exogâmico, aportando novas demandas ao psiquismo. A adolescência deve ser entendida como produto da interação de complexos fatores demandando, assim, uma verdadeira e singular exigência de trabalho psíquico. Trata-se, portanto, de reconhecer também a importância do cenário social como fonte de influência no processo adolescente. O adolescente encontra-se como um sujeito que, ao mesmo tempo em que tem que dar conta da perda da identidade infantil e das condições da infância, se vê pressionado a assumir uma nova identidade. No processo da construção da identidade, o adolescente se volta para o mundo externo num movimento ao mesmo tempo de afastamento dos pais e de aproximação a novos objetos com as quais irá se identificar. Dessa forma, a cultura mostra-se como peça fundamental nessa engrenagem por oferecer modelos identificatórios a serem investidos pelo adolescente. O campo de investimentos exogâmico ganha destaque abrindo novas perspectivas de modelos identificatórios. O corpo se tornou um valor estético, deixando de ser a sede do sentir, como que perdeu o sentimento e assim alimenta o vazio do psiquismo gerando uma falta de simbolismo de vida. A esse respeito, acrescenta que, para a consciência ser capaz de obter registros é necessário existir um sujeito capaz de sentir afeto. Na falta de um outro empático, o estímulo não é processado e o afeto transborda ou se mantém diminuído, ficando assim sem o registro psíquico e, como consequência, a abulia, expressão da tendência a inércia imposta pela pulsão de morte, ocupa o lugar do sentir. Sendo assim, a ausência da constituição de vínculos essenciais à construção dos primeiros conteúdos de consciência interfere no desenvolvimento ulterior na vida humana, e cria uma falha nas bases da subjetivação. Dentro dessa perspectiva, conclui-se que a origem da Neurociências • Volume 10 • Nº 1 • janeiro/março de 2014 consciência é a mesma da subjetividade, o que equivale dizer, da circulação da libido. Freud [15] distinguiu uma consciência oficial, que denominou de consciência secundária, que implicada na formulação “fazer consciente o inconsciente”, e uma consciência anterior, a qual chamou de neuronal, que consiste na captação da vitalidade pulsional como fundamento da subjetividade. Os conteúdos iniciais da consciência são a percepção, derivadas das marcas mnêmicas, e os afetos, os primeiros a se desenvolverem como algo novo e diferente dos processos mentais puramente quantitativos. Pode-se assim dizer, que sentir um afeto é requisito indispensável para o surgimento da consciência e esta está ligada às percepções. Para Maldavsky [45], o afeto é uma forma de qualificar, de tornar conscientes os processos pulsionais e, ao mesmo tempo, na medida em que é consequência da empatia dos progenitores, (principalmente a mãe), e também é uma forma de estabelecer um nexo com a vitalidade dos processos pulsionais destes, mas existem indivíduos nos quais essa conquista psíquica precoce não se desenvolveu ou foi prejudicada de maneira transitória ou duradoura. Nessas situações a subjetividade fica comprometida, ao menos parcialmente, e em seu lugar costumam aparecer alterações somáticas [45, p.17-8]. Nesses casos, a libido não se desloca para as zonas erógenas periféricas, como caminho para estabelecer uma circulação pulsional intersubjetiva, permanecendo aderida ao próprio corpo. Nas situações em que essa fixação é prevalente, observa-se uma tendência a processar os conflitos mediante a alteração interna, o que quer dizer através de uma mudança na economia pulsional, a qual permanece em um estado de estancamento. Maldavsky et al. [45] diz: “...Assim, as perturbações alimentares sejam elas de ordem patológicas como a anorexia e bulimia, até os simples maus hábitos alimentares não diagnosticados ou de causas inespecíficas, denunciam uma singularidade histórica de quem as apresenta”. Freud descreve que: “(...) para cada estágio do desenvolvimento está reservado (...) um especial fato determinante de ansiedade. O perigo do desamparo psíquico ajusta-se ao estádio de imaturidade inicial do ego, o perigo de perda de um objeto ajusta-se à falta de auto-suficiência dos primeiros anos da infância; o perigo de ser castrado ajusta-se à fase fálica; e finalmente o temor ao superego que assume uma posição especial, ajusta-se ao período de latência.” A influência materna nos transtornos alimentares Tomando o pré consciente, como sendo sede da representação da palavra que inclui a representação da coisa, coaduna tanto ao apelo quanto a obra do psiquismo do outro. É a interpretação materna que gesta a representação de palavra. Lacan, partindo do estruturalismo de Saussure, acredita que a cultura ganha, na teoria psicanalítica, estatuto epistemológico, assim como a linguagem, onde um “outro” é responsável pela alienação do desejo humano. Na reformulação da situação edípica, a criança é o falo da mãe na relação dual, imaginária, especular, simbiótica, narcísica. Quando o objeto falha, em um segundo momento, surge o sentimento de desvalimento. 7 8 Neurociências • Volume 10 • Nº 1 • janeiro/março de 2014 A significação é obra da função materna, que se revela ao interpretar a criatura humana marcada pelo célebre desamparo freudiano. Esse conceito revela a impotência do bebê, que não podendo saciar a exigência de satisfação da pulsão, conclama ao objeto, o outro. A mãe, ao deixar de atender às necessidades de seu bebê, abandona sua função protetora, o que pode levar a um desenvolvimento prematuro do ego, que é patológico e, nestes casos, a mente poderá se tornar uma entidade em si mesma. Tanto a formação do superego quanto o processo de identificação revelam que o objeto externo, representante da cultura, é estruturante. Se a mãe não está capacitada para esta tarefa, o bebê se constitui a partir de defesas, restando no âmago do ego o vazio que servirá como plano de fundo para inúmeras patologias. Este vazio mental, característico nas patologias atuais, representa uma alteração estrutural na continuidade do ser. Corresponde a uma ausência da condição humana dentro da mente, uma impossibilidade de transformar os afetos em pensamentos [33]. Para Melanie Klein, a atitude da criança em relação a seus objetos é inteiramente determinada por suas necessidades físicas, seus impulsos e fantasias. É por intermédio de suas sensações que a criança tem experiência de seus objetos: e a experiência sensorial constitui a base tanto para a fantasia inconsciente como a percepção consciente. De acordo com as ideias kleinianas, haveria tendências para a criança usurpar o “bom objeto”, incorporando suas qualidades, e projetar as qualidades do “mau objeto”, ou seja, introjetar o que é agradável e projetar o que é desagradável. Dentro desta linha de raciocínio, nos permite supor que o objeto oral não é apenas o que é mantido na boca, mas também incorporado, introjetado, projetado, e os mecanismos de introjeção e projeção se desenharão ligados a fantasias do bebê, do que se poderia inferir que o objeto do bebê poderia estar dentro ou fora de seu corpo e, mesmo estando fora, seria uma parte dele, sendo, ainda, indistintas as fronteiras do corpo. Só quem experimentou a dependência absoluta pode adquirir condição para adquirir força estrutural para passar pelos processos de dependência relativa, e se encaminhar para a independência total. Sem poder contar com um objeto no momento inicial de vida, como o amparo, o ser se desenvolve com a crença de que não pode contar com ninguém. Assim, a agressão existente seria mais direcionada não apenas contra o outro, mas contra si mesmo. Os aspectos que caracterizam o mal-estar hoje estão envoltos não numa problemática da perda real de objeto, mas com a inexistência dele [4]. Logo, o sofrimento e os padecimentos na atualidade se modificaram e, como assinala Costa [10] estão relacionados com um desconforto em viver, apatia, compulsividade e agressão ao próprio corpo. Reflexões sobre a restrição alimentar voluntária Dentre os Transtornos Alimentares Restritivos, na atualidade estão em destaque a anorexia e a bulimia. Para Lemos [28], juntamente com as condutas adictas, as toxicomaníacas e as afecções psicossomáticas, os transtornos alimentares estão vinculados a uma escassez da capacidade de simbolização Neurociências • Volume 10 • Nº 1 • janeiro/março de 2014 e de elaboração psíquica, a partir das quais passa a imperar a descarga e a passagem ao ato. Freud, em sua prática clínica, tomando como base as pacientes histéricas, deparou-se com questionamentos íntimos quanto à prováveis ligações existente entre o psíquico, o orgânico e o físico, uma vez que suas pacientes explicitam uma modalidade de funcionamento psíquico calcado na organização neurótica. Logo, os sintomas corporais histéricos, como a perda da visão e a paralisia dos membros, seriam a expressão simbólica de um conflito psíquico que teriam suas raízes na infância. Dessa forma, os sintomas histéricos seriam uma espécie de compromisso firmado entre os desejos e as defesas. Em parceria com Josef Breuer, Freud escreve um texto intitulado Estudos sobre a histeria, no qual ambos expõem suas experiências clinicas e seus estudos. Defendem a ideia de que o corpo pode revelar algo que está além do campo biológico. O corpo, no entendimento da psicanálise, está atravessado pela singularidade de um processo de constituição psíquica que implica considerá-lo desde a relação estabelecida com o outro, não sendo reduzido ao seu funcionamento biológico [36]. No que diz respeito ao funcionamento de pacientes anoréxicas, Scazufca e Berlinck [55], propõem uma compreensão na qual os transtornos alimentares possam ser vistos como condutas adictas. A comida, então, configurar-se-ia como um objeto de dependência em uma organização psíquica na qual o objeto é mantido no externo, protegendo assim o sujeito de se deparar com seu vazio e desamparo interno. Consideram que a bulimia estaria mais próxima da neurose, uma vez que, no ato de vomitar, seria demonstrada uma vivência de culpa. Já na anoréxica, haveria uma ilusão de autossuficiência, como se ela mesmo se bastasse e não precisasse de alimento. Para os autores, “a anoréxica anseia pela fusão narcisista com um ideal com o qual alcançaria a perfeição, a completude, a eternidade, a eliminação de todas as falhas e diferenças” [55, p.100]. Dessa forma, considera-se que os transtornos alimentares representam uma modalidade de padecimento psíquico, cujos elementos que o constituem podem ser, também, pensados a partir de aspectos vigentes da sociedade pós-moderna. Evidenciam um funcionamento que se traduz pela falta de palavras no interior da vida psíquica, de vias de ligação e, assim, o corpo é quem fala [7]. O corpo “fala”, mas não representa seus conflitos como na clínica da neurose. O fragmentário da cultura do espetáculo parece invadir com suas intensidades o espaço intrapsíquico, produzindo outra expressão de dor na ausência de recursos simbólicos. Nos transtornos alimentares as questões relativas ao corpo ocupam o primeiro plano das preocupações, e o que está em jogo nesses quadros é a ação no lugar da representação, o ato ao invés do pensamento e da simbolização. Os textos freudianos que abordam a anorexia são relevantes na medida em que trazem à tona o aspecto do traumático, ou seja, a incapacidade do aparelho psíquico em processar as excitações, e também ao relacionar a anorexia como um problema do campo da sexualidade. 9 10 Neurociências • Volume 10 • Nº 1 • janeiro/março de 2014 André [3] considera que com o afastamento da genitalidade, a satisfação é encontrada por outras vias, como por exemplo, no vômito de uma crise de bulimia, como única maneira capaz de esgotar a excitação. Assim, tanto na anorexia quanto na bulimia haveria uma relação muito próxima entre o sofrimento e o gozo, não havendo espaço para tristeza ou reconhecimento de faltas nesses sujeitos. Esta incapacidade pode gerar sérios prejuízos nos investimentos quanto ao quesito alteridade, a identidade sexual e a recusa à feminilidade. Ao abordar as questões e implicações da adolescência e sua relação com o corporal, Macedo, Gobbi e Waschburguer [36] consideram que a recusa do alimento na anorexia pode estar interligada com uma dificuldade de aceitar a emergência de um novo modelo de sexualidade, agora sob o predomínio do genital, onde essa recusa pelo alimento evidencia problemas em investir a libido nas aquisições próprias do período da adolescência, logo, “com a anorexia, é mantido o corpo infantil” [36, p.108]. Segundo Bernard Brusset [7], na anorexia está presente a ocorrência de um deslocamento para o próprio corpo daquilo que, de forma passiva, ela sofreu por parte dos pais e em especial da mãe. Dessa forma, nas palavras do autor, “somos, assim, levados à questão de saber de que maneira as experiências da futura anoréxica com a mãe foram marcadas pelo investimento narcísico e ambivalente desta” [7, p.56]. A anorexia seria um paradoxo entre o desejo e o medo de uma paciente em fundir-se com a mãe. Sugerindo ainda que a anorexia seria uma tentativa de aniquilar aquilo que constitui a natureza da existência humana: a desigualdade, a progressão do ciclo vital e a morte. Na sua forma típica, a anorexia tem início geralmente na infância ou na adolescência. O início é marcado por uma restrição alimentar progressiva com evitação de alimentos tidos como «engordantes», como os carboidratos. A anorexia tem prevalência em mulheres jovens. Os picos de incidência geralmente se dão aos 14 e aos 17 anos. Gradativamente, as pacientes passam a viver basicamente em função de dietas de comida, restringindo seu campo de interesse, levando ao gradativo isolamento social. O curso da doença é caracterizado por uma perda de peso progressiva e continuada. O padrão alimentar vai se tornando cada vez mais restrito, e, às vezes assumindo características ritualizadas, como a prática de exercícios físicos exaustivos com o objetivo de perder peso. É frequente nos transtornos alimentares a associação com outros quadros psiquiátricos, como os transtornos do humor, transtornos de ansiedade e/ou transtorno de personalidade, mesclando os seus sintomas com os da condição básica e complicando a evolução clínica. Em virtude de ter uma etiologia multifatorial, a anorexia é considerada uma condição de difícil tratamento. A integração das abordagens médica, psicológica e nutricional é a base da terapêutica. A constituição de uma equipe multiprofissional é fundamental para o sucesso terapêutico. A clínica psicanalítica nos transtornos alimentares Segundo Jeammet [23], a Psicanálise deve evoluir em sua teoria para dar conta de um modo distinto de funcionamento psíquico como o das anoréxicas. Para o Neurociências • Volume 10 • Nº 1 • janeiro/março de 2014 autor, antes o tratamento centrava-se na questão do recalcamento, do conflito simbólico; hoje, porém, a ênfase deve ser dada aos processos narcísicos e de relação com o objeto. Nesse sentido, Brusset [7], afirma que a investigação psicanalítica sobre o problema da restrição alimentar, anorexia deve ir além do proposto por Freud, como base das formações histéricas, ou seja, da fixação oral e da impossibilidade de ingresso ao gozo genital. Pinheiro [51] considera que a Psicanálise possui ferramenta que têm plenas condições para lidar com a questão das condutas alimentares, mas que, para isso, é preciso pensar e discutir novas propostas teóricas e de compreensão desse fenômeno. Dessa forma, os transtornos alimentares constitui-se um tema que necessita de constantes revisões e, ainda, de um aprofundamento de sua discussão em virtude das lacunas que aparentam existir, tanto no que diz respeito ao seu entendimento dinâmico, como da práxis empreendida para tratamento desses pacientes. Dessa forma, é apenas por meio dos cuidados e do investimento libidinal de um outro, que o ego da criança irá se constituir e passar a um estádio de maior organização, ou seja, da fase autoerótica ao narcisismo. À esse respeito, Freud aponta que o narcisismo é uma fase que se relaciona com a estruturação e constituição do ego que não está presente desde o começo da vida do indivíduo; assim, para a sua construção, é necessária uma nova ação psíquica. Freud, em sua obra O Ego e o Id, postula que a subjetividade se constrói na intersubjetividade. Freud se refere à servidão do Eu às outras instâncias. A subjetividade na anoréxia é pautada por uma dificuldade em reconhecer as insuficiências próprias do humano, por um funcionamento onipotente e com falhas no reconhecimento da alteridade, tornando-se dependente da aprovação do outro, através de um olhar de reconhecimento e de validação. Nesse sentido, na tentativa de compreensão tanto da anorexia quanto da bulimia, o narcisismo configura-se como um fator essencial. Acredidata-se que os padecimentos anoréxicos e bulímicos expressam a impossibilidade do “eu” confrontar-se com a necessária ressignificação do narcisismo imposto pelo reconhecimento da castração. Para Lacan, a identidade de uma pessoa é construída na linguagem, assim a recusa em falar, característica própria das anoréticas, seja uma recusa de assumir uma identidade, como feminina, e uma recusa de uma definição, como adulta. Segundo Miranda [49], o corpo nos fala em silêncio, expressando aquilo que não pode ser pensado e/ou dito. Corpo e mente não poderiam se separar jamais. “Um corpo que fala, muitas vezes grita, um corpo que sofre, anunciando que está vivo”. Entretanto, este é um corpo não simbolizado que, ao invés de expressar um conflito psíquico, expressa um desligamento psíquico. As patologias na atualidade, incluindo os transtorno alimentares, diferem no aspecto teórico e clínico das clássicas neuroses, psicoses e perversões. A clinica do vazio, como se refere a psicanálise contemporânea, engloba sintomas como a apatia, letargia, inapetência. A esse respeito, Maldavsky [37], acrescenta a estas patologias, a presen- 11 12 Neurociências • Volume 10 • Nº 1 • janeiro/março de 2014 ça de uma depressão sem consciência, sem tristeza, sem objeto. Este ser desvitalizado, que caracteriza o homem contemporâneo, está sofrendo o efeito de uma defesa contra Eros pela ação da pulsão de morte que busca extinguir toda a tensão vital [43]. Segundo Maldavsky [43], este desvitalizamento nos coloca diante das “Patologias do desvalimento” oriunda do desamparo psíquico. Esclarecendo que o desamparo se instala quando estímulos de origem externa ou interna através de um grande acúmulo de excitação, provocam uma angústia automática, rompem a barreira de proteção do aparelho psíquico e configuram uma situação traumática. Este acúmulo de excitações encontra o ego despreparado para acionar defesas e registrar marcas na memória. As depressões sem tristeza constitui uma das patologias denominada como clínica do vazio por Maldavsky [41]. Os sintomas predominantes são apatia, abulia, letargia, astenia e inapetência, como integrante psicossomático. Maldavsky [43], esclarece ainda que a apatia é resultante da carência do afeto, e às vezes pode ser substituída pelo pânico e, em outros momentos, pela fúria, servindo como um atalho para retornar à inércia letárgica. O mesmo autor considera que os estados de desvitalização parecem ser o efeito de uma defesa contra Eros pela ação da pulsão de morte, e que consiste em extinguir toda a tensão vital, minando a energia de reserva e despertando no ego uma angústia automática, e por fim a desvitalização. Muitos destes pacientes sentem-se como sobreviventes do abismo dos desencontros humanos. Nessas novas patologias, há um denominador comum, qual seja o predo- mínio dos Estados Mentais Primitivos. Quando estes estados permanecem, encontramos dificuldades na área da simbolização, da aquisição da linguagem, da aprendizagem e transtornos do pensamento [32]. Entendemos, portanto, que muitos dos sintomas que nos deparamos na clinica da atualidade, nada mais são do que tentativas de buscar no ambiente o holding necessário que não se concretizou no início do desenvolvimento. Há necessidade de um novo paradigma na psicanálise e, por consequência, a revisão da prática clinica. A clínica da adolescência costuma ser apontada como paradigmática daquilo que vem sendo chamado de novas patologias: as toxicomanias, os estados-limítrofres, e os transtornos alimentares. Além dessas formações sintomáticas, nos últimos tempos, outra configuração clínica vem se apresentando como argumento da queixa veiculada pelos pais, onde as manifestações de sofrimento psíquico nos jovens parecem organizadas mais em torno daquilo que, no texto freudiano, apresenta-se sob a ideia de inibição, do que nos moldes tradicionais que configuram o sintoma. Para Maldavsky [43], boa parte desses pacientes pode apresentar patologia vincular um tanto complexas, não sendo raro cenas de violência, com tendência a se repetirem, em que pese gerarem, em seguida aparece o sentimento de culpa e/ ou de vergonha. Adverte que essas cenas são antecedidas por dois momentos que ocorrem em sequência. Contudo, o mais comum é que os casos apresentem, simultaneamente, mais de uma corrente psíquica de conflitos e defesas, ou seja, que ao lado de um discurso que não representa a Neurociências • Volume 10 • Nº 1 • janeiro/março de 2014 intimidade de seus processos anímicos, a par de sua percepção aspirar mais ao apego do que à captação de elementos diferenciais, o paciente também discorra sobre manifestações neuróticas, perversas ou psicóticas. Assim como a primeira tópica deu conta das neuroses e a segunda tópica das psicoses, uma terceira tópica, da consciência, poderia dar conta da clínica do desvalimento, modificando o significado de cura em psicanálise e impondo transformações e construções no processo analítico. A clínica do desvalimento ocupa-se na observação quanto ao modo como se organiza o pré-consciente desses pacientes, o qual pode-se detectar através da linguagem, configurando três tipos bem característicos de discursos. O discurso inconsistente, também chamado sobreadaptado, caracteriza-se pela adequação do paciente aos supostos interesses do interlocutor, lembrando o Homem dos Lobos, que Freud referiu apresentar uma “dócil apatia” [31,46]. Essa modalidade de comunicação apresenta um sentido inverso do que se poderia chamar de um discurso autêntico que permite ascender, através de um conjunto de hipóteses mediadoras, aos núcleos inconscientes das manifestações clínicas revestidas de conteúdo simbólico, como as neuroses e psicoses. O discurso catártico é aquele por meio do qual o paciente procura se livrar das situações que relata sem deixar um espaço para a intervenção do analista. É comum neste tipo de discurso catártico se inclui em um clima passional, predominando estados ansiosos e reações de cólera decorrentes do sentimento de ansiedade. Ele também pode complementar-se com uma atitude queixosa ou de autocompaixão, com intenção de provocar no interlocutor o sentimento de pena como adverte Maldavsky [43]. As reações coléricas também podem resultar de alguma forma de separação ou individuação de um vínculo fusional, do qual o indivíduo se sente expulso. O discurso numérico, também chamado de especulador, é aquele que traz de volta a relação do mundo psíquico com as frequências. Através dos cálculos, o paciente procura uma identificação com o poder econômico. Por essa razão, não raro esses pacientes apresentam a tendência de identificar-se com pessoas carentes, nas quais podem projetar seu desvalimento. Porém, alerta Maldavsky [41], em momentos críticos a atividade numérica como forma de manter um apego desconectado pode fracassar, e o paciente sentir que não representa nada mais do que um número para as pessoas, até se tornar um zero à esquerda como expressão máxima do princípio de inércia. Esse universo sensorial observado nos estados de desvalimento inclui ainda as relações entre os traços de caráter e a fixação ao trauma. Esses traços próprios da formação substitutiva, caracteriopáticos, correspondem a uma alternância que evidencia três aspectos da fixação ao trauma: a decepção da aspiração de ligação libidinal como caminho para a complexização vital; a consequência disto, quer dizer, a tendência a deixar-se morrer, obtendo um gozo na auto-imolação raivosa; e, por fim, o esvaziamento de toda a energia inerente às pulsões de vida. Entre os traços de caráter mais comuns na clínica do desvalimento encontra-se a viscosidade, resultante da necessidade de apegar-se a um mundo imediato e sensível. A adesividade des- 13 14 Neurociências • Volume 10 • Nº 1 • janeiro/março de 2014 ses pacientes encontra-se relacionada com a libido intra-somática, correspondendo a uma lógica respiratória que visa à criação de um vazio por aspiração, tipo ventosa, bem diferente da lógica implicada na sucção oral. Esse traço de caráter pode ser observado em um grupo mais amplo de pacientes que apresentam a tendência de apegar-se ao analista, de elogiar o seu trabalho, sem realizar, no entanto, qualquer mudança importante. Outro traço é o cinismo [48], que compromete a possibilidade de o paciente gerar ilusões. Pessoas com esse traço de caráter costumam apresentar-se com uma fachada, aparentando uma falsa felicidade, com a qual procuram disfarçar a própria desgraça, o que significa a falta de esperança. O caráter abúlico [37], está presente em pacientes como um estado final, quando a pulsão de morte impõe a monotonia e sua tendência à inércia. Embora os pacientes, que apresentam características como a apatia, letargia, astênia ou desvitalização, ainda assim, podem apresentar ao longo da análise reações de descontrole e de fúria quando o analista consegue tirá-lo dessa condição anêmica, revelando que, por meio desse traço patológico de caráter, aspiram impor ao mundo a mais absoluta ausência de tensão vital. A esse respeito, Reick [52] diz: “É tarefa do analista observar e registrar os pequenos sinais, e estar atento quanto aos efeitos que estes provocam no paciente, como: cruzar os braços ou pernas, gestos com a mão, o tom da voz, um piscar de olhos, etc. Pois estes frequentemente revelam algo que está por trás das palavras”. Para tanto o psicanalista precisa desenvolver a capacidade de apurar a escuta e aprender a ouvir com o “terceiro ouvido” afim de captar e compreender os não ditos como forma de alcançar o que o outro possa estar pensando, sentindo e traduzindo em seu comportamento. É através da sensibilidade e flexibilidade do psicanalista durante o tratamento, através das sessões, que se torna possível promover que sejam pequenas, porém contínuas mudanças no tratamento e na vida de pacientes que experimentam o sentimento de vazio e de desvalimento. Utilizando-se de recursos analíticos, atentos à necessidade de se introduzir novas intervenções quando necessário, buscando ampliar sua capacidade de fazer ver ao paciente que o psicanalista tem condições de ajudá-lo a lidar com as pulsões de vida e de morte que movem e dão sentido a existência humana. Referências 1. Abuchaim ALG. Aspectos históricos da anorexia nervosa e da bulimia nervosa. Porto Alegre: Artes Médicas. 2002. p.1320. 2. Aulagnier P. O aprendiz de historiador e o mestre-feiticeiro: do discurso edificante ao discurso delirante. Trad. Cláudia Berlinguer. São Paulo: Escuta; 1989. 3. André J. Feminilidade adolescente. In: Cardoso M, ed. Adolescência: reflexões psicanalíticas. 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