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Artigo Original – Original Article
ÍNDICES RANQUEADORES PARA A PREMIAÇÃO EM INOVAÇÃO:
UMA COMPARAÇÃO METODOLÓGICA
RANKING FOR AWARDS IN INNOVATION: A METHODOLOGICAL
COMPARISON
Juliana Benício
Doutoranda em Engenharia de Produção pela Universidade Federal Fluminense, UFF
Mestre em Economia pela Universidade Federal Fluminense, UFF
Diretora da Faculdade Cenecista de Rio Bonito, FACERB, Rio de Janeiro, Brasil.
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi realizar uma análise da importância de se melhor
conhecer a dinâmica da inovação, aprofundando-se nas suas relações de causalidades entre as
variáveis envolvidas no processo inovativo, variáveis ainda de difícil identificação, visto que,
percebe-se, por meio da observação empírica, a multiplicidade de possibilidades da gênesis do
processo inovativo nas diferentes empresas de diferentes atividades econômicas. Observou-se
ainda, a investigação das metodologias utilizadas pela Forbes e pela FINEP para a premiação
de empresas inovativas, procurando identificar em que medida tal ranqueamento se baseou no
Manual de Oslo, e, seguindo caminho contrário, investigando que soluções foram encontradas
para o ranqueamento que poderiam ser introduzidas na avaliação agregada de atividades
inovativas.
Palavras-chave: índices ranqueadores; processo de inovação; empresas inovativas.
ABSTRACT
The objective of this study is analyze the importance of better understand the dynamics
of innovation , deepening their relations in causalities among the variables involved in the
innovation process , variables still difficult to identify , because of the multiple possibilities of
the genesis of the innovation process in different companies from different activities.
Observed, also, the research methodologies used by Forbes and the FINEP prize for the
innovative companies seeking to identify to what extent such a ranking is based on the Oslo
Manual , and followed other way , investigating what solutions were found for the ranking
could be made in the aggregate valuation of innovative activities.
Keyworks: Ranking; innovation process; innovative companies.
AMPLIANDO, v. 1. n. 1. Jul./Dez.2014
Juliana Benicio
1. Introdução
O conceito de inovação e a compreensão de sua dinâmica no sistema econômico vêm
se modificando ao longo do tempo. Para Karl Marx (1974), o progresso técnico era a arma
dos empresários na busca por lucro; motor do capitalismo. Schumpeter (1978) também
defendeu que a inovação assume papel central no sistema. O conceito de destruição criativa
desenvolvido pelo autor assume que a economia de mercado revitaliza-se o tempo todo, de
dentro para fora, sucateando velhas empresas debilitadas e redirecionando seus recursos para
novas e mais produtivas. Desta forma, para Schumpeter, o impulso fundamental que
explicaria o movimento da máquina capitalista decorre da inovação: novos bens de consumo,
novos métodos de produção ou transporte, novos mercados ou novas formas de organização
industrial que as empresas capitalistas criariam incessantemente. O desenvolvimento
tecnológico talvez seja a única dimensão possível de identificação na realidade econômica
que estaria associada, indiscutivelmente a uma visão de progresso.
Normalmente se vê o problema de como o capitalismo administra as
estruturas existentes, enquanto o relevante é saber como ele as cria e
destrói. Enquanto não reconhecer isso, o pesquisador realizará um trabalho
sem sentido. E quando o reconhece, sua visão da prática capitalista e de
seus resultados sociais muda consideravelmente. (SCHUMPETER 1978,
114)
Atualmente, existe um consenso entre os pesquisadores sobre a importância de se
melhor conhecer a dinâmica da inovação, aprofundando-se nas suas relações de causalidades
entre as variáveis envolvidas no processo inovativo. Contudo, a compreensão das forças que
agem a favor da dinâmica inovativa está intrinsicamente ligada ao entendimento de como as
empresas aprendem e modelam suas ideias (CHRISTENSEN et RAYNOS, 2003). Desta
forma, a definição destas variáveis ainda é de difícil identificação, visto que, percebe-se, por
meio da observação empírica, a multiplicidade de possibilidades da gênesis do processo
inovativo nas diferentes empresas de diferentes atividades econômicas.
Diante destes desafios, o Manual de Oslo (FINEP, 2009), editado pela OCDE, é um
esforço internacional para a padronização do conceito e tem avançado na busca pela criação
de indicadores para a mensuração da atividade que dêem conta de interpretar com mais
profundidade a dinâmica inovativa nas empresas. Apesar da crescente compreensão da
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importância da inovação para o desenvolvimento das empresas a criação destes indicadores
ainda é bastante complexa, devido a alguns fatores como:

Diversidade de fatores geradores da inovação;

Multiplicidade de processos inovativos gerados pelas especificidades das
diferentes tecnologias;

Dificuldade de coleta de dados para critérios com alto teor de subjetividade;

Intangibilidade de bens que favorecem o processo inovativo.
Desta forma, uma análise da dinâmica inovativa acaba tendo melhor aplicação no
nível micro que no nível macro, visto que, no agregado, a padronização de critérios subjetivos
necessários para uma análise comparativa são mais difíceis de serem coletados.
Por outro lado, existe a real necessidade da criação de indicadores capazes de
mensurar a atividade inovativa, dado que tais indicadores possibilitariam:

A compreensão da evolução da atividade inovativa ao longo do tempo;

A comparação da dinâmica inovativa entre setores econômicos; tornando-se
importante ferramenta para a condução do investimento público;

A comparação intra-setor, visando indicar a necessidade de investimento
interno, por parte da empresa.
Nesta mesma linha, ressalta-se a dificuldade de se premiar empresas inovativas, dado
que a criação de um índice capaz de gerar um ranqueamento entre as empresas avaliadas
necessita de critérios baseados nos mesmos indicadores capazes de mensurar a atividade
inovativa.
Sendo assim, o presente estudo tem como objetivo a investigação das metodologias
utilizadas pela Forbes e pela FINEP para a premiação de empresas inovativas, procurando
identificar em que medida tal ranqueamento se baseou no Manual de Oslo, e, seguindo
caminho contrário, investigando que soluções foram encontradas para o ranqueamento que
poderiam ser introduzidas na avaliação agregada de atividades inovativas.
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2. A Mensuração da Inovação Tecnológica sob a Perspectiva Histórica do Manual de
Oslo
O Manual de Oslo é a principal diretriz internacional para a mensuração da inovação
científica e tecnológica. Em todas as versões deste manual buscou-se a padronização da
definição de escopo a ser considerado na análise da atividade inovativa, tendo em vista a
necessidade da real interpretação da dinâmica desta atividade. A uniformização no tratamento
dos dados e a uniformização metodológica permitem a comparação da atividade inovativa nas
diferentes regiões, empresas e países. Desta forma, os resultados encontrados nas análises
podem ser comparados ao longo do tempo, proporcionando a avaliação da evolução da
atividade inovativa, assim como a mensuração do distanciamento entre empresas e setores
econômicos na produção da inovação.
Desde sua criação, o Manual de Oslo busca avançar no sentido de criar diferentes
ferramentas metodológicas que melhor interprete a atividade inovativa. A dificuldade no trato
com esta atividade está na subjetividade do conceito, visto que inúmeras variáveis podem
influenciar a forma com que a inovação é gerada ou desenvolvida nas empresas. Além disso,
tais variáveis, maioria das vezes, são de difícil mensuração, dado seu caráter subjetivo e até
mesmo de identificação para que sejam consideradas na análise.
Inicialmente, o conceito de inovação estava diretamente relacionado com a capacidade
das empresas de investirem em Pesquisa e Desenvolvimento. Principalmente no pós-2ª guerra
mundial, com o desaquecimento da indústria militar, o governo americano passou a
considerar a produção inovativa como um importante fator favorecedor do crescimento das
empresas americanas e sua difusão pelo mundo. A concepção anterior era a orientação dos
fundos públicos para a investigação de base e para a educação de nível superior visando
alcançar a supremacia militar, com alguma derrama no tecido produtivo, particularmente na
indústria e nos transportes. Posteriormente, essa política passou a ser revista e os
investimentos públicos foram aos poucos sendo realocados para o âmbito das empresas
(MENDES, 2011). Gastos do Governo Americano em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D)
passaram a ser dispendidos na indústria e universidades, ao invés de serem concentrados em
laboratórios do governo federal. Como resultado desta política, a partir de 1980, apenas
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12,2% da produção de P&D era gerada no setor público, 13,2% ocorreram em universidades,
e 71,1% foi produzida na indústria (MOWERY, 2001).
Considerando esta primeira etapa, a criação de um manual que fornecesse diretrizes às
análises do campo inovativo, estava diretamente relacionado à necessidade de mensuração da
capacidade das empresas e países em investirem em Pesquisa e Desenvolvimento. Em 1963, a
OCDE cria o Manual Frascati, um documento internacionalmente aceito que passou a servir
como uma linguagem comum para discussões de política científica e tecnológica para a
compreensão do papel da ciência e tecnologia no desenvolvimento econômico. O manual
inclui definições de conceitos básicos de P&D, diretrizes de coleta de dados, e classificações
para a compilação de estatísticas que se tornaram um padrão reconhecido em estudos de P&D
em todo o mundo (OCDE, 2002).
Contudo, a partir da década de 70, observou-se um o acirramento da competitividade
das indústrias, justificado pela inserção do Japão e da Alemanha. Estas economias
apresentaram um espetacular desenvolvimento industrial e com um modelo científico e
tecnológico totalmente diverso do descrito anteriormente (CARACOSTAS et MULDUR,
1997). Passou-se a observar que a promoção das tecnologias-chave nos diferentes setores
econômicos (principalmente eletrônica, informática, aeronáutica, militar e da energia) era
fator determinante para a ampliação da capacidade competitiva das empresas (Figura 1). Esta
mudança de configuração trouxe com ela a necessidade de reformulação da relação causal
entre P&D e inovação, incorporando ao debate novas variáveis, tão importantes como o
investimento em P&D, que pudessem explicar políticas de promoção à inovação bem
sucedidas.
A terceira fase (Figura 1), dominante atualmente, pode-se caracterizar pelo casamento
entre sociedade e inovação, começou no início da primeira metade dos anos 90. Nesta fase a
competitividade industrial deverá ser encarada como uma oportunidade para fazer crescer a
contribuição da ciência e da tecnologia para o crescimento, o emprego e para uma difusão
rápida das inovações, valorizando as potencialidades do conhecimento e do saber. Portanto, o
acúmulo de conhecimento dos envolvidos no processo inovativo, passa a ser encarado como
fator central para a dinamização e sustentabilidade da inovação ao longo do tempo (NELSON,
R., 1991). O conhecimento e a inovação são elementos chave para essa fase.
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Desta forma, conclui-se que nos últimos tempos emergiu um novo modelo da ciência e
da tecnologia, o qual favorece a investigação num contexto de aplicação socioeconômica.
Este modelo favorece as redes de atores heterogêneos, a interdisciplinaridade e o questionar
permanente sobre as finalidades e os resultados de parcerias que se organizam e se desfazem
em função das prioridades sociais e económicas. Neste sentido, passou-se a observar que os
fatores que influenciam a dinâmica inovativa se encontram em um ambiente de alta
subjetividade visto que a inovação passa a assumir uma personificação. Por este motivo, o
esforço de padronização e disseminação de diretrizes relacionadas à P&D do manual Frascati,
neste contexto apresentado, não é mais suficiente para fornecer ferramentas explicativas do
processo inovativo. Neste contexto, necessitava-se avançar, no sentido de incorporar à análise
um conceito de inovação que correspondesse às demandas apresentadas pelo novo tempo.
Demandas essas basicamente relacionadas à endogeinização da inovação na dinâmica
competitiva e à construção social das tecnologias.
Numa altura em que a inovação é reconhecida como um processo interativo,
articulando aspectos científicos, técnicos, organizacionais, comerciais e sociais, e associando
um conjunto alargado de atores privados e públicos, a investigação é, assim, obrigada a
alargar o seu campo de ação. Por este motivo, e sob essa conjuntura, em 1993, a OCDE lança
o Manual de Oslo tendo como principal objetivo a divulgação de diretrizes internacionais para
medir a inovação. A segunda edição, de 1997, incorpora, em anexo, coleção de dados da
inovação não tecnológica. A terceira e última edição do manual de Oslo, de 2005, inclui
inovações organizacionais e de marketing, ou seja, incorporam o conceito que as inovações
organizacionais não são apenas um fator de suporte para inovações em produtos e processos;
mas também podem ter um impacto importante no desempenho da empresa como um todo.
Figura 1: Evolução das políticas de investigação de inovação a partir de 1945.
Fonte: CORACOSTA et MULDUR, 1997.
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Diante deste contexto, o Manual de Oslo define a inovação como a implementação de,
um novo ou significativamente melhorado, produto (bens ou serviços) ou processo, um novo
método de marketing, ou de um novo método organizacional na prática de negócios, na
organização do local de trabalho ou nas relações externas (FINEP, 2005). Tal conceito não
apenas “se liberta” da relação de causa-consequência entre P & D e inovação, como também
incorpora a ideia de que a atividade inovativa não precisa, necessariamente, ser algo
totalmente novo.
Além disso, o Manual de Oslo incorpora a noção de que qualquer (e cada) economia
tem um Sistema Nacional de Inovação (SNI) que para ser compreendido, precisa de
indicadores que quantifiquem seus estoques e fluxos de conhecimento. Tais referências
esbarram na subjetividade de seus conceitos e dificuldade de mensuração, tendo em vista o
caráter qualitativo destes indicadores.
Considerando esse debate contemporâneo, acerca da subjetividade relacionada aos
indicadores que possam medir a inovação, o Manual de Oslo busca, na padronização de
diretrizes, medidas que deem conta de uniformizar as investigações e pesquisas na área da
inovação. Segundo Holbrook et Hughes (2011) o Manual de Oslo é tanto um livro-texto
sobre a natureza da inovação e sistemas nacionais de inovação, como também um roteiro
sumarizado de perguntas socioeconômicas sobre a natureza da inovação numa economia de
livre mercado. Portanto, espera-se que premiações e ranqueamentos de empresas inovadoras
sigam a metodologia analítica e tenham como base, critérios relacionados aos indicadores
propostos no Manual de Oslo.
Neste sentido, o presente estudo avança na investigação das metodologias utilizadas
pelo prêmio da FINEP e do ranqueamento da Revista Forbes das empresas mais inovadoras.
O que se buscará investigar é se tais metodologias são baseadas nos princípios propostos pelo
Manual de Oslo. Caso contrário, buscar-se-á investigar o porquê desta rejeição.
3. Metodologias para o ranqueamento das empresas mais inovativas
O presente estudo selecionou dois prêmios de inovação que utilizam diferentes
metodologias para o ranqueamento das empresas concorrentes. O primeiro deles, o “The
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World’s Most Innovative Companies”, publicado pela Forbes1 é um ranqueamento baseado
em um índice que leva em conta a capacidade de inovar das empresas e o quanto o mercado
aposta no desenvolvimento de novos produtos dessas companhias. O segundo, segundo,
Prêmio FINEP de inovação, realizado pela FINEP2, fornece prêmios em dinheiro às empresas
vencedoras de diferentes categorias. Estes prêmios foram escolhidos pela sua visibilidade
internacional, no caso da lista da Forbes e pela visibilidade nacional, no caso do prêmio
FINEP.
3.1 – The World’s Most Innovative Companies
O Ranking da Empresa Mais Inovativa do Mundo promovido pela revista Forbes tem
como principal objetivo ordenar empresas em termos de seu potencial inovativo; ou seja,
uma empresa apresenta uma melhor posição na ordenação quanto maior seja a aposta dos
investidores de que esta empresa tenha capacidade crescer futuramente. A metodologia do
índice busca medir o quanto os investidores têm apostado na alta do preço das ações de uma
empresa, tendo em vista suas expectativas de futuros resultados inovadores (novos produtos,
serviços e mercados). Desta forma, o ranking de inovação avalia a aposta de investidores no
acréscimo de preço nas ações de uma empresa, acima do valor de seu negócio atual - tendo
como base a expectativa de resultados inovadores, que podem ser desde novos produtos,
serviços e até mercados.
O livro base para fundamentação metodológica do índice da Forbes, The Innovator’s
DNA (Dyer, GregersenetChristensen, 2011), tem como questionamento motor o entendimento
da dinâmica geradora das inovações radicais3. A metodologia proposta no livro para o
ranqueamento das empresas mais inovativas pode ser descrita em três etapas.
1
Revista americana conhecida pela publicação de suas listas que ranqueiam concorrentes em diferentes áreas
como: empresas mais inovativas, 100 maiores celebridades, 400 pessoas mais ricas do mundo, empresas lideres
do mundo entre outros.
2
Financiadora de Estudos e Projetos, FINEP, é uma empresa pública brasileira vinculada ao Ministério da
Ciência e Tecnologia.
3
Segundo Lastres (1995) inovações radicais são aquelas que representam um produto, processo ou forma de
organização totalmente novos.
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A primeira etapa do ranqueamento caracteriza-se pela avaliação do atual valor de
mercado da empresa. Tal análise é feita tendo como base os dados da HOLT 4, onde analistas
estimam o fluxo de caixa5 para os próximos dois anos considerando-se a receita do atual
negócio. Para tal estimativa os especialistas também tomam como base a lucratividade e a
taxa de reinvestimento da empresa no momento da análise.
Na segunda etapa, HOLT projeta um fluxo de caixa para os próximos 38 anos com
base em um algoritmo de desconto6. O conceito do algoritmo incorpora a noção do senso
comum de que a competição é o alicerce principal do mercado livre. Neste sentido, mudanças
tecnológicas e na dinâmica do mercado, ocasionadas pela competição, atuam contra a
manutenção de altas taxas de lucro ao longo do tempo. O algoritmo de desconto estima o
atual valor das empresas estimando o fluxo de caixa futuro das empresas com base nos
pressupostos seguintes (Dyer, GregersenetChristensen, 2011, 265):

Os comportamentos da lucratividade e das taxas de retorno dos anos
passados estimam o nível da taxa de retornofutura –firmas com altas
lucratividades e taxas de retorno mantem estes índices no futuro. Contudo, a
experiência histórica comprova que a maioria das firmas apresenta uma
regressão da média, mostrando que as taxas de retorno gradualmente
diminuem. Além disso, observou-se que quanto maiores os lucros, maior
será a taxa de declínio.

Vulnerabilidade da Taxa de Retornodos anos passados estimam o
nível da taxa de retorno futura–quanto maior a variação da taxa de retorno
apresentada pela empresa estudada, mais rápido o decréscimo da taxa de
retorno médio apresentado.

Taxa de crescimento da empresa no passado estima a taxa de
reinvestimento futura – quanto mais rápido for a aceleração da taxa de
crescimento recente da empresa, maior a taxa de reinvestimento do caixa.
Na terceira etapa calcula-se valor presente líquido (VPL) do fluxo de caixa futuro
gerado pelas etapas 1 e 2. Sendo assim, compara-se o VPL dos fluxos de caixa futuros das
empresas com o valor de mercado atual. Caso uma empresa apresente uma capitalização de
mercado corrente acima do VPL dos fluxos de caixa, a metodologia adotada considera que
4
Uma divisão do CreditSuisse, que mantem uma base de dados para auxiliar na tomada de decisão de
investidores.
5
Direitos dos proprietários do Patrimônio Líquido medido pelos fluxos do Lucro Operacional, incluindo
Impostos, antes de qualquer remuneração aos donos de capital.
6
Tradução livre para “fade algorithms”.
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esta empresa tem um prêmio de inovação associado ao valor de suas ações. Quanto maior esta
diferença, maior o prêmio de inovação, portanto melhor sua posição no ranking.
A Tabela 1 apresenta as 10 primeiras companhias colocadas no ranqueamento feito
pela metodologia descrita acima:
Tabela1: Companhias mais Inovativas do Mundo segundo índice da revista FORBES7
2011
Ranking
Empresa
Prêmio de Inovação
1
Salesforce.com
2
Amazon.com
3
IntuitiveSurgical
4
Tencent Holdings
5
Apple
6
Hindustan Unilever
7
Google
8
Natura Cosméticos
9
Bharat Heavy Electricals
10
Monsanto
Fonte: FORBES, 2011
75.1
58.9
57.6
52.3
48.2
47.7
44.9
44.5
43.6
42.6
Os autores da metodologia defendem que a principal vantagem do ranqueamento é que
ele evita que empresas sejam selecionadas com base na performance passada8, visto que neste
método as empresas conseguem uma melhor posição no ranking, quanto maior a demanda por
suas ações. Portanto, tal método identifica as empresas que os investidores escolhem em suas
carteiras de investimento e que, por este motivo, são as corporações que eles consideram ter
maior potencial inovativo atualmente e no futuro.
Os
próprios
autores
assumem
fragilidades
no
método
como
(Dyer,
GregersenetChristensen, 2011), por exemplo o fato de se não poder correlacionar o índice
gerado pelo prêmio de inovação com a taxa de retorno futura. O prêmio de inovação
7
Membros da lista devem ter, pelo menos, U$ 10 bilhões em capitalização de mercado, gastar pelo menos 1% de
sua base de ativos em P & D e ter sete anos de dados públicos.
8
Segundo os autores da metodologia do índice das Forbes o índice da BusinessWeek apresenta este problema.
Os executivos são solicitados a identificarem as empresas mais inovativas segundo suas opiniões e, desse modo,
seria um índice de popularidade, contaminado pelas informações do passado.
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caracteriza-se por ser um índice que relaciona a expectativa dos investidores com o valor
estimado da empresa com base no comportamento recente de suas receitas, lucratividade e
crescimento. Sendo assim, este índice não tem caráter de previsão9.
Contudo, o grande problema desta análise está na aceitação de que uma valorização de
ações está apenas ligada à percepção dos investidores que estas empresas inovaram. A
valorização das ações das empresas tem interpretações difusas e pode estar relacionada a
diferentes fundamentos como: mudança de cenário macroeconômico, uma aposta especulativa
em busca de diversificação da carteira, alteração do comportamento dos concorrentes, entre
outros. Desta forma, relacionar a apostas dos investidores em empresas no mercado de ações
com a crença de que os mesmos fazem isso por acreditarem que inovações implementadas
pelas empresas irão gerar lucros futuros é bastante infundada teoricamente. Conclusivamente,
o índice proposto pela Forbes é um índice que avalia a aposta dos investidores no crescimento
das empresas, e não um índice que mede a inovação. Por este motivo, a lista da Forbes
poderia se chamar Lista das Empresas que os Investidores mais Apostam no Mercado.
3.2 – O Prêmio da FINEP
A FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos) é uma empresa pública vinculada ao
governo federal brasileiro, e uma importante articuladora das políticas de promoção à
inovação do Ministério de Ciência e Tecnologia. Ela atua financiando, difundindo
conhecimento ao ambiente institucional e provendo prêmios como formas de fomentar a
inovação.
Os financiamentos são alocados tendo em vista a necessidade de se dinamizar a
inovação diante de uma visão estratégica de desenvolvimento. Os fundos setoriais de Ciência
e Tecnologia dão conta de interpretar as demandas específicas de cada região do país
promovendo o financiamento de pesquisa e desenvolvimento e articulando a transferência de
conhecimento para as empresas regionais.
9
Os autores defendem que a partir da análise histórica pode-se perceber uma correlação entre altos prêmios de
inovação com maiores taxas de crescimento.
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A difusão do conhecimento ao ambiente empresarial como principal forma de se
promover atividades inovativas é apoiado pela FINEP por meio de programas como Prime10,
14 Bis11, PNI12 (Programa Nacional de Incubadoras e Parques Tecnológicos), que não apenas
financiam um empreendimento, mas também acompanham a condução do processo. Esses
programas têm como principal objetivo financiar atividades específicas na empresa que
contribuirão para a sua sustentabilidade econômica e atuam apoiando:
(I) A inovação em empresas;
(II) As Instituições Científicas e Tecnológicas (ICTs);
(III) A cooperação entre empresas e ICTs;
(IV) As ações de C&T para o Desenvolvimento Social
Os prêmios promovidos pela FINEP têm como principal objetivo reconhecer esforços
feitos pelas empresas brasileiras em produzir inovação e manter-se competitiva ao longo do
tempo. Dentre os prêmios da FINEP13, destaca-se o Prêmio FINEP de Inovação. Este prêmio
ocorre em âmbito nacional e é oferecido anualmente pela instituição.
Prêmio FINEP de Inovação Tecnológica visa estimular os esforços inovadores das
empresas no campo tecnológico, premiando projetos que gerem resultados de impacto para a
sociedade brasileira. Com isso, a FINEP desenvolve uma ação de sensibilização no ambiente
empresarial, induzindo-o a ampliar seus investimentos na área tecnológica em conformidade
com as diretrizes do Ministério da Ciência e Tecnologia e a política operacional da empresa.
Participam do Prêmio, as empresas e instituições públicas ou privadas, com sede no
País, que tenham introduzido novos conceitos na geração, absorção e uso das tecnologias de
processos e produtos, e que representem progresso significativo para a sua modernização. Os
participantes são empresas que se inscrevem voluntariamente, que podem concorrer em mais
uma categoria, devendo, para tanto, apresentar propostas específicas. O Gráfico 1 mostra a
10
Apoia empresas nascentes com até dois anos de vida com recursos de subvenção econômica, durante 12
meses. As empresas que atingirem as metas estabelecidas nos planos de negócios poderão candidatar-se
posteriormente a um empréstimo do Programa Juro Zero.
11
Identifica, planeja e promove projetos inovadores que utilizem a imensa oportunidade aberta pelos eventos
esportivos de 2014 e 2016 para alavancar empresas brasileiras no país e no exterior e projetar uma imagem
positiva do Brasil.
12
Apoio ao planejamento, criação e consolidação de incubadoras de empresas e parques tecnológicos.
13
Pode-se citar o Prêmio Inovar ( para empresas gestoras de fundos de seed / venture capital /
privateequity e profissionais dessa indústria atuantes no Brasil).
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evolução do número de empresas inscritas para concorrerem ao prêmio desde sua fundação,
no ano de 1999, quando o prêmio era promovida apenas na região Sul do país.
Gráfico 1: Evolução no número de inscrito no prêmio FINEP de inovação
Fonte: (ROSSINO, 2006).
O prêmio é organizado em duas etapas, a primeira regional, e a segunda nacional.
Cada etapa tem um vencedor por categoria. As empresas podem se inscrever nas seguintes
categorias propostas, descritas nas tabelas 2 e 3.
Tabela 2: Descrição das Categorias da Etapa Regional
Categoria
Podem Participar
Micro/Pequena
Empresa
Empresas brasileiras com faturamento bruto em 2010 de até R$16 milhões,
representadas pelo conjunto de suas ações inovadoras implementadas há pelo
menos 3 (três) anos.
Média Empresa
Empresas brasileiras com faturamento bruto em 2010 acima de R$16 milhões
e até R$90 milhões, representadas pelo conjunto de suas ações inovadoras
implementadas há pelo menos 3 (três) anos.
Instituição
Científica
&Tecnológica –
ICT
Centros, departamentos, laboratórios ou outras unidades organizacionais de
instituições de pesquisa públicas ou privadas, sem fins lucrativos, cujo
conjunto de estratégias e/ou atividades de pesquisa e desenvolvimento, em
determinado setor, tenham sido desenvolvidas para atender às necessidades
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de mercado demandadas por empresas brasileiras há pelo menos 3 (três)
anos.
Tecnologia Social
(*)
Instituições Científicas e Tecnológicas - ICTs, públicas ou privadas,
Organizações Não Governamentais, OSCIPs, cooperativas e instituições
públicas e privadas sem fins lucrativos, por meio de projetos inovadores no
âmbito das tecnologias sociais, implantadas há pelo menos 3 (três) anos.
Inventor Inovador
Pessoa física que seja inventor em uma patente (invenção ou modelo de
utilidade) concedida pelo INPI e em vigor na data do julgamento do prêmio.
(*)Tecnologias sociais são produtos, técnicas ou metodologias reaplicáveis, desenvolvidas
em interação com a comunidade e que representem efetivas soluções de transformação social.
Fonte: (FINEP, 2011)
Tabela 3:Descrição das Categorias da Etapa Nacional
Categoria
Podem Participar
Grande
Empresa
Empresas brasileiras com faturamento bruto em 2010 superior a
R$90 milhões, representadas pelo conjunto de suas ações inovadoras
implementadas há pelo menos 3 (três) anos.
Inovar
Empresas gestoras de fundos de seed, venture capital e
privateequity, constituídos no mínimo há dois anos sob as instruções
CVM 209 ou 391, e que sejam não proprietários e não exclusivos.
Demais
Categorias
Cada vencedor regional concorre automaticamente, em uma segunda
etapa, ao Prêmio Nacional dentro de sua categoria.
Fonte: (FINEP, 2011)
A metodologia do prêmio segue as seguintes etapas. Na primeira fase são constituídas
comissões julgadoras específicas por região. Na segunda fase, etapa nacional, a comissão
julgadora será composta, na sua maioria, pelas representações das comissões regionais. A
avaliação das comissões são altamente subjetivas. Cada avaliador é solicitado que dê uma
nota de 1 a 5 para cada critério anteriormente definido por categoria (Tabela 4).
As comissões das duas etapas são formadas por renomados profissionais das áreas de
ciência, tecnologia e comunicação, e por empresários e representantes de entidades do Setor
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Tecnológico. A escolha desses avaliadores busca um equilíbrio quanto à representatividade
das diversas regiões e instituições.
A coordenação da comissão julgadora de cada região ficará a cargo da organização do
Prêmio FINEP de Inovação Tecnológica.
Tabela 4: Critérios avaliados por categoria
Categoria
Critério
Dados quantitativos dos últimos três anos, considerando: faturamento e
seu crescimento anual; percentual do faturamento obtido com a
inovação; recursos humanos qualificados contratados; margem
operacional e seu crescimento; e recursos investidos em novos
equipamentos adquiridos para a inovação.
Micro/Pequena,
Média e Grande
Empresa
Gestão da inovação nos seus sistemas de produção.
Esforço sistêmico e organizado da empresa em buscar, selecionar,
desenvolver, avaliar e introduzir no mercado novos produtos,
processos e/ou serviços.
Parcerias com entidades no desenvolvimento
(universidades, centros de pesquisa etc.).
da
inovação
Dados quantitativos dos últimos três anos (capacitação de recursos
humanos e capacitação laboratorial).
Apresentação de resultados e dos impactos econômicos, ambientais e
sociais dos projetos desenvolvidos.
Instituição
Científica e
Tecnológica
Volume de recursos captados e número de operações e investimentos
em processos da inovação.
Parcerias estabelecidas com empresas e/ou centros de pesquisa para o
desenvolvimento da inovação.
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Juliana Benicio
Interação com a comunidade no processo de desenvolvimento da
tecnologia social.
Apresentação de resultados e dos impactos econômicos, ambientais e
sociais da reaplicação da tecnologia.
Tecnologia Social
Reaplicabilidade e Sustentabilidade da Tecnologia
Características da inovação.
Parcerias desenvolvidas no processo de desenvolvimento e aplicação
da inovação efetuada.
Apresentação do impacto social e ambiental da inovação desenvolvida.
Tipo de inovação, campo de aplicação, ganhos técnicos em relação às
tecnologias existentes (originalidade).
Inventor Inovador
Patente concedida no exterior.
Investimento pessoal no processo da inovação desenvolvida e no
processo de sua introdução no mercado.
Retorno Financeiro esperado após o processo de introdução da
invenção no mercado, ou seja, depois desta se tornar uma inovação.
Inovar
Condições estabelecidas pela Área de Investimento da FINEP, que
norteiam a concessão do Inovar desde sua criação, para inclusão como
categoria
especial
do
Prêmio
FINEP.
Acessar http://www.finep.gov.br/premioinovar.
Fonte: (FINEP, 2011)
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Juliana Benicio
Depois de dadas as notas para cada critério a ser avaliado, essas notas são somadas
intracategorias e o ranqueamento é feito. No caso de empate entre duas ou mais propostas
finalistas, o desempate se da pela pontuação dada a cada um dos critérios, na ordem
apresentada na tabela 4. Persistindo o empate, a comissão julgadora decidirá, por consenso, o
resultado final. O júri é soberano e do resultado do seu julgamento não caberá nenhum tipo de
recurso.
Os vencedores nos últimos 10 anos podem ser consultados na Tabela 5. A FINEP não
disponibiliza em seu site as notas recebidas pelas empresas.
Tabela 5:Vencedores dos últimos 10 anos
2010
2009
2008
2007
2006
2005
2004
Grandes
Média
Pequena
EMBRACO Unidade
Compressor
2 es e
Soluções
para
Refrigeração
(SC)
Treetech
Sistemas
Digitais
Ltda (BA)
SoftwellSolu
tions em
Informática
Ltda. EPP
(BA)
2
Natura
Opto
Eletrônica
(SP)
2
Brasilata
Angelus
Indústria de
Produtos
Odontológico
s (PR)
Engineering
Simulation
Scientific
Software
Ltda. (SC)
Instituição
de Ciência e
Tecnologia
Tecnologia
Social
Inventor
Inovador
C.E.S.A.R Centro de
Estudos e
Sistemas
Avançados
do Recife
(PE)
Oficina
Escola de
Lutheria da
Amazônia
(AM)
Julio Abel
Segalle (SP)
Fundação
Certi (SC)
Embrapa
Clima
Temperado
(RS)
Roberto
Zagonel (SC)
Centro
Internacional
de
Tecnologia
de Software CITS (PR)
CristáliaProd
utos
2
Químicos
Farmacêutic
os
Nanox
Tecnologia
(SP)
Empresa
Brasileira de
Pesquisa
Agropecuária
(DF)
Mectron Engenharia
2
Indústria e
Comércio
Ltda
Nuteral
Indústria de
Formulações
Nutricionais
Ltda. (CE)
Centro
Nacional de
Pesquisa do
Algodão Embrapa
Algodão (PB)
Ouro Fino
Participaçõe
2
se
Empreendim
entos
Megatécnica
Ind. e Com.
de Máquinas
Ltda. (GO)
2
Bematech
Ind. e Com.
PipeWay
Engenharia
Parque de
Desenvolvim
ento
Tecnológico
(PADETEC)
(CE)
Centro de
Estudos e
Instituto
Palmas de
Desenvolvim
ento e
Socioeconom
ia Solidária
(CE)
Instituto
Palmas de
Desenvolvim
ento e
Socioeconom
ia Solidária
(CE)
Empresa
Brasileira de
Pesquisa
Agropecuária
- Embrapa
Milho e
Sorgo (MG)
José Luiz
Vieira Mattos
Laboratório
de Moluscos
Marinhos
(UESC)
KentaroTak
aoaka
Gestão da
Inovação
EMBRACO
- Unidade
Compressore
s e Soluções
para
Refrigeração
(SC)
Jaírton
Dupont (RS)
Paulo
Ferrara de
Almeida
Cunha
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de
Equipament
os
Eletrônicos
Ltda
2003
2002
2001
Ltda. (RJ)
Smar
Equipament
2
os
Industriais
Ltda
Polymar
Indústria
Comércio
Importação e
Exportação
Ltda. (CE)
Empresa
Brasileira de
2
Compressor
es S/A Embraco
(SC)
Brapenta
Eletrônica
Ltda (SP)
2
Vallée
S/A
(MG)
Pollux
Sistemas
Industriais de
Visão (SC)
Sistemas
Avançados
do Recife
(C.E.S.A.R.)
(PE)
Instituto de
Tecnologia
para o
Desenvolvim
ento (Lactec)
(PR)
Instituto de
Pesquisas
Tecnológicas
(IPT) (SP)
Fonte: Elaboração própria a partir de dados da(FINEP, 2011)
A partir desses dados, é importante destacar uma característica do prêmio FINEP. O
prêmio recicla seus vencedores a cada ano (Tabela 6). Tal característica é suportada pela
metodologia do prêmio, onde a subjetividade foi incorporada ao método analítico.
Tabela 6: Empresas que mais venceram os prêmios FINEP nos últimos 10 anos nas
diferentes categorias14
Categoria
Empresa Vencedora
Pequena Empresa
Não ocorreu um padrão de
repetição
Não ocorreu um padrão de
repetição
EMBRACO
C.E.S.A.R - Centro de
Estudos e Sistemas
Avançados do Recife (PE)
Média Empresa
Grande Empresa
Instituição de Ciência e
Tecnologia
Tecnologia Social
Número de vezes
vencedora
EMBRAPA15
2x
2x
2x
14
As categorias Gestão da Inovação e Inventor inovador não foram consideradas nesta análise. Gestão da
Inovação foi desconsiderada pelo fato do prêmio só ser oferecido no ano de 2010. E o prêmio de Inventor
Inovador não foi considerado, pois tal prêmio é oferecido à pessoa física não tem um caráter de repetição.
15
Duas divisões diferentes da Embrapa venceram os prêmios. A EMBRAPA Clima temperado venceu em 2009
e EMBRAPA Milho e Sorgo venceu em 2006.
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Juliana Benicio
Fonte: Elaboração própria a partir de dados da (FINEP, 2011)
Pode-se observar que o ranqueamento feito pela FINEP tem metodologia bastante
diversa da feita pela Forbes. Enquanto a primeira baseia-se em uma análise subjetiva de sua
comissão julgadora; o segundo baseia-se em uma análise de mercado feita a partir de dados
disponíveis. Além disso, o primeiro apenas avalia empresas inscritas, enquanto que o segundo
tem como base empresas de capital aberto e que, portanto, divulgam seus balanços anuais.
É importante salientar que para a geração de um ranqueamento de credibilidade feito
por meio da metodologia do prêmio FINEP é necessária a difusão e padronização dos
conceitos relacionados à dinâmica inovativa a serem avaliados pela comissão julgadora, para
evitar o fato de cada membro da comissão julgadora utilizar experiências pessoais na nota
escolhida, minimizando, assim, a subjetividade da análise.
4. Caracterização das Metodologias
Conforme pode ser verificado as metodologias propostas pelos ranqueamentos
descritos têm enfoques diferentes. Enquanto o prêmio da Forbes foca sua metodologia em
como o mercado recebe e avalia as empresas inovadoras, o prêmio FINEP ordena as empresas
inovadoras com base na avaliação de uma comissão julgadora que, por sua vez, têm como
fundamentação de análise conceitos difundidos no arcabouço teórico de inovação,
principalmente o Manual de Oslo.
Desta forma, pode-se propor a segmentação das metodologias de ranqueamento em
dois grupos classificatórios.
O primeiro, Ranqueamento segundo apreciação do mercado, busca, por meio de
sua metodologia afastar-se da subjetividade da análise do ser humano. Baseia-se em dados de
mercado que interpretem a propensão inovativa das empresas avaliadas. Neste sentido, tal
ranqueamento, tem como fundamento básico a crença de que o mercado é sábio em
identificar, de forma eficiente, os movimentos inovativos. No caso da Forbes, o ranqueamento
baseia-se em valores de ações, balanços patrimoniais, valor de faturamento esperado, entre
outros; dados, que segundo metodologia proposta, capazes de identificar o potencial inovativo
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da empresa avaliada. Como se pode notar, esta metodologia não tem qualquer
comprometimento de forma com os pressupostos difundidos pelo Manual de Oslo.
O segundo, Ranqueamento por comissão julgadora, tem uma grande relação com os
conceitos difundidos pelo Manual de Oslo. O ranqueamento depende da avaliação de uma
comissão julgadora. Tal julgamento, por sua vez, segue um roteiro predefinido fundamentado
pelos pressupostos do Manual de Oslo. Ressalta-se que por depender da avaliação de seres
humanos acerca de critérios estabelecidos, tal ranqueamento apresenta um viés subjetivo e
que, neste sentido apresenta pouca transparência.
Figura 2: Descrição das metodologias de ranqueamento das empresas inovadoras
Ranqueamento
segundo
apreciação do
mercado
• Forbes
• Evita subjetividade na análise
• Baseada em dados do mercado
• Pouco comprometimento com fundamentação
teórica do Manual de Oslo
Ranqueamento
por comissão
julgadora
• FINEP
• Confluência com o Manual de Oslo
• Subjetividade
• Pouca transparência
Fonte: Elaboração Própria
Diante do exposto, observa-se que os dois prêmios apresentados representam, cada
uma deles, uma metodologia para a formação de rankings em inovação. As diferentes
metodologias para premiar a inovação, seguem pressupostos diferentes. A confluência com
esforço mundial de padronização dos conceitos básicos relacionados à inovação está presente
em um dos métodos, porém, neste método, a subjetividade da análise também trouxe falta de
transparência ao resultado.
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Os dois grupos metodológicos descriminados foram representados por dois prêmios,
FINEP e FORBES, como forma de caracterizar os principais pressupostos dos métodos.
Contudo, cabe ressaltar, que existe uma tendência no mundo de se realizar prêmios em
inovação e que esses escolhem um dos dois caminhos apresentados como tendência.
5. Considerações finais
Existe uma difusão na mídia da necessidade de se premiar empresas inovativas. No
Brasil, os diferentes jornais como Valor Econômico e Brasil Econômico estão, recentemente,
realizando prêmios deste tipo para as maiores empresas brasileiras. Neste sentido, a
classificação metodológica de como se premiar empresas inovadoras, conforme feito neste
estudo, auxiliam na difusão das possibilidades neste campo e agregam valor, à medida que
trazem ao debate os pontos fortes e fracos de cada grupo classificado.
Conclusivamente, a escolha de uma metodologia, influenciará diretamente no
ranqueamento feito. Além disso, vislumbra a importância do esforço mundial de se continuar
as pesquisas que buscam criar indicadores para medir a inovação. O estudo apresentado
mostrou que prêmios, como o da FORBES, estão buscando outros caminhos, além daqueles
trilhados pelo Manual de Oslo. Desse modo, cabe-se destacar que, o esforço mundial de
padronização, como o feito pelo Manual de Oslo, não estão dando conta de fornecer suporte
metodológico às demandas do mercado; por este motivo outros caminhos metodológicos
estão sendo buscados.
6. Referências Bibliográficas
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CHRISTENSEN, Clayton; RAYNOR, Michael (2003). O Crescimento pela Inovação. 3ª
edição, São Paulo: Campus.
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Mastering the Five Skills of Disruptive Innovators. Boston, Harvard Business Review
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ROSSINO, A. E. (2006). O PRÊMIO FINEP DE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA. Dissertação
apresentada ao Curso de Mestrado. Niterói.
SCHUMPETER, Joseph (1978). CanCapitalismSurvive?New York: HarperCollins.
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