plano de desenvolvimento sustentável parapopulações
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plano de desenvolvimento sustentável parapopulações
SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO E INTEGRAÇÃO REGIONAL – SEDIR COMPANHIA DE DESENVOLVIMENTO E AÇÃO REGIONAL – CAR BANCO MUNDIAL PROJETO DE DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL DO ESTADO DA BAHIA BAHIA PRODUTIVA ANEXO 3 PLANO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL PARAPOPULAÇÕES INDÍGENAS DEZEMBRO / 2013 PLANO DE DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL PARA POPULAÇÕES INDÍGENAS 1. Introdução As políticas de Governo Federal e Estadual voltadas para os povos e comunidades tradicionais, são vistas como ações de promoção do desenvolvimento social inclusivo. Entre as comunidades tradicionais os Povos Indígenas, com formas próprias de interrelacionamento com seus respectivos ambientes geográficos, formam um dos núcleos mais importantes dessa diversidade. O Governo da Bahia e o Banco Mundial estão comprometidos em fazer com que os benefícios do Projeto Bahia Produtiva alcancem esses grupos sociais mais vulneráveis e que osseus investimentos sejam de acordo com as demandas e necessidades dessas populações. As ações do Bahia Produtiva voltada para os Povos Indígenas serão pautadas nos princípios, regras e diretrizes da Constituição Federal, que reconhece o direito à diferença e à autodeterminação, o direito originário sobre seus territórios de ocupação tradicional e o direito de usufruto exclusivo sobre as riquezas naturais de seus territórios, podendo explorá-las desde que seja garantida a sustentabilidade ambiental. Será também considerada a Política Operacional - O.P. 4.10 do Banco Mundial,que garante os processos dos Diálogos Sociais, dentre eles as consultas livres, previamente informadas às comunidades indígenas, observando os seguintes aspectos: Evitar potenciais efeitos negativos às comunidades ou, se forem inevitáveis, minimizá-los, mitigá-los ou compensá-los; Garantir aos povos indígenas que os benefícios sociais e econômicos culturalmente adequados sejam assegurados; Respeitar seus direitos consuetudinários sobre a terra, seus valores culturais, suas práticas de manejo de recursos naturais; Apoiar suas prioridades de desenvolvimento; Fortalecer suas comunidades, suas organizações e seu protagonismo; Respeitar seus conhecimentos. O Bahia Produtiva procurará interagir durante a sua implementação com os programas e projetos de iniciativa dos governos Federal e Estadual e com organizações não governamentais que atuam na sua área de abrangência. Este Plano apresenta o perfil social, econômico, cultural, político, demográfico dos povos indígenas do Estado da Bahia, que vai orientara estratégia de atendimento a essas populações, que vivem, em geral, da agricultura de base familiar e, em menor escala, do extrativismo e do artesanato, que se caracterizam por limitações fundiárias, ambientais e de tecnologias sociais. 2 2. Caracterização das Populações Indígenas no Estado da Bahia A história dos povos indígenas no Estado da Bahia é caracterizada por processos decaráter belicoso com a sociedade colonial portuguesa; tentativas posteriores de aldeamento em missões religiosas; subsequente extinção das missões, expulsão e dispersão das populações aldeadas; invasão e grilagem de seus territórios de ocupação tradicional e das áreas de aldeamento e desterritorialização das populações indígenas; assimilação, aculturação e negação do reconhecimento de identidades indígenas; etnogênese, diferenciação e ressurgimento étnico; negociações e disputas prolongadas em torno do reconhecimento oficial de sua condição diferenciada e dos direitos à posse das terras que reivindicam. Decorrente dos contextos ambientais em que suas terras estão localizadas, a situação dos povos indígenas na Bahia é diferenciada quanto às atividades econômicas praticadas.No entanto, a agricultura de subsistência e o extrativismo vegetal e animal predominam. No que se refere à organização social, as populações indígenas não se diferenciam significativamente das comunidades campesinas baianas, com as quais mantêm contatos cotidianos e relações em geral intensa, amistosas, cooperativas e solidárias – tendência que só é rompida quando as comunidades rurais do entorno das áreas reivindicadas pelas populações indígenas são instigadas por grupos de interesse contrários à demarcação e regularização de suas áreas. As famílias nucleares constituem a unidade básica de produção em pequenos roçados, mas redes de cooperação interfamiliares são regularmente empregadas para a consecução de atividades que exigem maior investimento simultâneo de mão-de-obra. Quanto à organização política, prevalece um sistema dual de autoridade compartilhado por uma liderança responsável pelas questões políticas e seculares e uma liderança ritual. Para lidar com as políticas públicas e os órgãos governamentais, as comunidades vêm, também, se organizando celeremente em associações comunitárias. O português é a língua utilizada. A realização de rituais culturais – e principalmente do Toré – e a memória oral servem como marcas diacríticas da identidade indígena. Em 11 dos 27 Territórios de Identidade da Bahia, em maior ou menor grau, concentrase 21 etnias, das quais 16 são reconhecidas pela Fundação Nacional do Índio – FUNAI, órgão constitucionalmente responsável pelas políticas públicas dos povos indígenas, quais sejam: Arikosé, Atikum, Botocudo, Kaimbé, Kantaruré, Kariri-Xocó, Kiriri, KiririBarra, Pankararé, Pankararú, Pataxó, Pataxó Hã-Hã-Hãe, Tumbalalá1, Tupinambá, Tuxá, Xucuru-Kariri2. 1 Essa etnia foi reconhecida pela FUNAI, em dezembro de 2001. 2 A etnia Pankaru, apesar de não constar nos dados preliminares do IBGE/2010, está citado em diversos trabalhos produzidos no Estado, razão pela qual referimos aqui para posterior confirmação 3 Quadro 1 – Caracterização Geral dos Povos Indígenas Povos Indígenas 1. Atikum 2. Kaimbé 3 Caracterização Geral Na Bahia, a etnia Atikum está representada por dois grupos de famílias instaladas em assentamentos do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) nos municípios de Angical e Santa Rita de Cássia. Não há informações específicas sobre essas famílias, sua origem e organização em torno da identidade étnica. O processo de re-emergência étnica do grupo Kaimbé data da década de 1970. A Terra Indígena Massacará foi demarcada e homologada pelo Decreto nº 395 (24/12/1991) com uma extensão de 8.020 hectares. Está compreendida na área do município de Euclides da Cunha, na região Nordeste do Estado da Bahia, que é marcada pelo clima semi-árido, a seca e a concentração fundiária. O território Kaimbé apresenta as características da caatinga, o regime irregular e os longos períodos de estiagem com escassez de chuvas, solos cristalinos, os tabuleiros e serras, a devastação das matas ciliares e a erosão do solo em decorrência da exploração da terra para produção agropastoril pela população não indígena. Os Kaimbé vivem essencialmente nos vales existentes dentro de seu território, em sete localidades: Massacará, Icó da Várzea, Baixa da Ovelha, Lagoa Seca, Ilha, Icó Outra Banda e Icó Saco das Covas. São agricultores de subsistência que comercializam pequenos excedentes de produção para adquirir produtos industrializados. Sua produção agrícola concentra-se nas margens do rio da Ilha – único permanente dentro de seu território – e em cultivos de sequeiro do milho, feijão, abóbora, sendo pequena a adoção de práticas de irrigação. O artesanato em cerâmica, tecelagem e trançado é uma fonte secundária de recursos. A migração, embora menos intensa do que anteriormente à década de 1970, continua a ser uma alternativa de sobrevivência, sendo que 90% das famílias Kaimbé têm parte de seus membros vivendo fora do seu território, de forma permanente ou temporária. Os Kaimbé pleiteiam novas áreas de terras – comunidade de Muriti – situada fora do território demarcado. 3 Fontes consultadas sobre os Kaimbé: SOUZA, Jorge B. Sales, Fazendo a diferença – um estudo da etnicidade entre os Kaimbé de Massacará, UFBA, 1996.CÔRTES, Clélia, M. QUEROZ, Carine e ZEGARRA, Jorge Luís Jorge, A Água no Território Indígena Kaimbé: Relações ecosocioculturais na Bacia do Rio Itapicuru, Sertão da Bahia, SSA-Bahia: SEMOC/UCSal; CÔRTES, Clélia e NASCIMENTO, Elba Brito do. Água no território kaimbé: um estudo de aspectos físicos e sócio-históricos, SSA-Bahia: SEMOC/UCSal. Povos Indígenas 4 3. Kiriri 4. Pankararé Caracterização Geral No início do século XVIII, os Kiriri receberam em doação do rei de Portugal uma légua em quadra (12.320 hectares em formato octogonal) de terras ao redor da aldeia de Saco dos Morcegos (atualmente Mirandela). A elevação de Saco dos Morcegos a vila na segunda metade do século XIX e a implantação da administração civil promoveu um processo de indiferenciação entre índios e colonos, levou à invasão das terras indígenas por diversos segmentos da sociedade camponesa e a um forte processo de desindianização. Após a instalação de um Posto Indígena do Serviço de Proteção aos Índios em Mirandela (1949), os Kiriri passaram a reivindicar as terras doadas pelo rei. A partir dos anos 1970, organizam-se politicamente para pleitear a demarcação e extrusão de suas terras. Nos anos seguintes ocuparam fazendas e povoados (Mirandela, Gado Velhaco, Baixa da Cangalha, Marcação, Araçá, Segredo e Pau Ferro), interditaram estradas, impediram que a sede do novo município de Banzaê fosse localizada nos limites de sua terra e conseguiram que a FUNAI e o INCRA indenizassem e reassentassem os posseiros não-índios. Encontram-se hoje em duas terras: A Terra Indígena Kiriri (municípios de Banzaê e Quijingue) e a Terra Indígena Barra (distrito de Piragiba, município de Muquém do São Francisco). A primeira foi demarcada em 1981 e homologada em 1990 (Decreto no. 98.828) com extensão de 12.300 hectares, em região de clima semi-árido, relevo irregular, baixa incidência pluviométrica, cursos d’água intermitentes, em faixa de transição entre o agreste e a caatinga marcada por acentuada devastação da vegetação nativa e acelerado processo de erosão em decorrência de séculos de exploração econômica intensa. A Terra Indígena Barra (62 hectares) foi adquirida pela FUNAI em 1986 e é utilizado apenas para atividades agrícolas nas terras periodicamente inundáveis pelo rio São Francisco pelas famílias Kiriri que residem no povoado Passagem de Ibotirama. A economia Kiriri caracteriza-se pela agricultura de subsistência (mandioca, feijão e milho) e da coleta de frutos silvestres, com comercialização de excedentes no mercado regional. Os centros comerciais regionais servem para a venda de artesanato em cerâmica e trançados. As unidades produtivas são exploradas pela família nuclear, mas se recorre a redes de cooperação interfamilial através da troca de dias; cada família explora roças distantes uma das outras para se prevenir contra eventuais fracassos de safra numa ou noutra área e aproveitar os diferentes solos disponíveis. Nos períodos de seca, a migração sazonal e o trabalho em regime de empreitada ou diária são comuns. Estão organizados em doissegmentos faccionais liderados por caciques, pajés e conselheiros. Atualmente, a população Pankararé distribui-se em pequenas unidades agrícolas em torno do povoado de Brejo do Burgo, município de Nova Glória, e de um pequeno núcleo mais ao sul – o “Chico” – localizado no interior do Raso da Catarina - uma das regiões mais ricas em biodiversidade do Nordeste. As terras dos Pankararé foram recentemente demarcadas pela FUNAI com extensão de 29.597 ha. Falta, contudo, a indenização e desintrusamento de posseiros que ocupam cerca de 17.700 ha. Seu território é uma área predominantemente de caatinga, com extensões de brejo que o tornam comparativamente mais fértil que as terras vizinhas. O Raso da Catarina, por sua vez, caracteriza-se por uma vasta extensão de terrenos planos e arenosos, com ausência de cursos d’água. 4 Fontes consultadas sobre os Kiriri: Sheila Brasileiro, Enciclopédia dos Povos Indígenas no Brasil, verbete Kantaruré, Instituto Socioambiental, http://www.socioambiental.org/pib/epi/kiriri, 2003. Sheila Brasileiro, “Povo Indígena Kiriri: Emergência étnica, conquista territorial e faccionalismo”, in. Pacheco de Oliveira (org.), A Viagem da Volta: Etnicidade, política e reelaboração cultural no Nordeste Indígena, Contra Capa/LACED, 2004. 5 Povos Indígenas 5. Pankaru 5 5 Caracterização Geral Tensões e conflitos étnicos e fundiários, agravados pela atuação de lideranças políticas regionais que reprimiam manifestações de afirmação da identidade Pankararé marcam o passado recente da etnia. Com a intensificação dos contactos com os Pankararu, as manifestações rituais do Toré e do Praiá foram retomadas ativa e regularmente. Seu modo de vida econômico reproduz o modelo regional campesino. Eles são fundamentalmente agricultores de subsistência. Feijão, milho e mandioca são os produtos básicos cultivados pelas unidades familiares em pequenas roças, mas também recorrem a esquemas de trabalho cooperativo. A migração sazonal, mas sem quebra de vínculos sociais com a área de origem, para áreas agrícolas próximas, no próprio vale do São Francisco e para a cidade de São Paulo (onde vivem cerca de 300 Pankararé) é estratégia adotada para enfrentamento dos períodos secos. A criação doméstica e a caça – limitada ao Raso da Catarina e fonte principal de subsistência dos índios do núcleo do “Chico” – complementam suas necessidades alimentares. A recente criação da Estação Ecológica do Raso da Catarina, que impedirá totalmente as atividades de caça na área, constitui uma nova restrição às condições de sobrevivência dos Pankararé. Pankaru de Vargem Alegre tiveram sua identidade indígena reconhecida no início dos anos 1990. Suas terras foram demarcadas e homologadas no mesmo período, mas sua história continua a ser marcada por conflitos fundiários com grileiros e posseiros. Sua pequena comunidade corresponde a 14 famílias vinculadas a uma única família extensa. As14 famílias vivem na Aldeia Vargem Alegre, na boca da mata da Serra do Ramalho, e na Agrovila 19 do Projeto de Colonização Serra do Ramalho (INCRA). A TerraVargem Alegre possui 981 hectares. Antes da implantação do projeto do INCRA, a região era ocupada por uma mata complexa e virgem, a terra era fértil para a lavoura e pastos para o gado e atraía grande parte dos flagelados pelas constantes secas do Nordeste. Após a implantação do projeto do INCRA, a vegetação foi derrubada, com exceção de parte da área da Aldeia Vargem Alegre. O projeto do INCRA visava o reassentamento das populações atingidas pela construção da barragem de Sobradinho (4.000 famílias, 23 agrovilas, 256 mil hectares nos municípios de Serra do Ramalho e Carinhanha) e levou ao reassentamento dos Pankaru. Os Pankaru vivem da agricultura de sequeiro, da aposentadoria rural e do trabalho alugado nas fazendas e nos projetos de agricultura irrigada instalados pela Companhia de Desenvolvimento do Vale do São Francisco (CODEVASF). Milho, mandioca, feijão e algodão são cultivados em lotes individuais explorados por núcleos domésticos autônomos que cooperam economicamente entre si. A Agrovila 19 é a mais pobre dentre todas as do projeto e a que dispõe de menos equipamentos urbanos. Fonte consultada sobre os Pankaru: Ely Souza Estrela, Enciclopédia dos Povos Indígenas no Brasil, verbete Pankaru, Instituto Socioambiental, http://www.socioambiental.org/pib/epi/pankaru, 2003. 6 Povos Indígenas Povos Indígenas Caracterização Geral Caracterização Geral 6. Pataxó Vivem no sul da Bahia, nas aldeias Barra Velha (o maior núcleo de povoamento), Coroa Vermelha (de ocupação mais recente e estimulada pela atividade artesanal e o fluxo turístico) em Monte Pascal e nas áreas indígenas Mata Medonha (550 hectares) e Imbiriba (375 hectares), nos municípios de Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália, zona economicamente valorizada pela exploração do cacau e do turismo. A sociedade brasileira através de suas frentes de expansão predominantemente agrícolas alcançou-os em épocas históricas diversas, mas sempre de forma violenta. O aldeamento do povo Pataxó no sítio da atual Aldeia de Barra Velha data de 1861. Desde então, os Pataxó permanecem nesse local, onde durante muito tempo mantiveram-se relativamente isolados da sociedade nacional. O território compreende uma área litorânea com ocorrência de mangues e terrenos arenosos junto à costa, e faixas de campo e floresta nas áreas mais interiores. O clima é tropical, quente e úmido. Com exceção da aldeia de Coroa Vermelha, a agricultura (principalmente a mandioca e secundariamente a cana-de-açúcar, milho, arroz e feijão) é a atividade econômica dominante do grupo e é realizada em pequenas roças familiares. A criação de animais é pouco desenvolvida. A coleta de crustáceos e mariscos é praticada nos manguezais e nos arrecifes fronteiros à praia. Pratica-se também a pesca marítima, fluvial e de mangue. A produção artesanal tem se desenvolvido amplamente, tanto em termos de mercado, quanto de elaboração técnica, e vem se constituindo no principal meio de relação dos Pataxó com o mercado nacional. Para as atividades produtivas, os Pataxó se organizam em famílias nucleares; a divisão social do trabalho é pouco rígida e as tarefas que dependem de maior quantidade de força-de-trabalho são realizadas de forma cooperativa, entre várias unidades familiares. Englobam as etnias Baenã, Gueren, Kamakã, Kariri-Sapuyá, Pataxó Hã-Hã-Hãe e Tupinambá de Olivença que foram reunidos, em momentos históricos diversos, nos Postos Caramuru e Paraguassu – hoje Reserva Indígena Caramuru-Paraguaçu (54.099 hectares), situada nos municípios de Itaju da Colônia, Camacã e Pau-Brasil. Eles habitavam a chamada “Costa do Descobrimento” e o histórico de contato se caracterizou por expropriações, deslocamentos forçados, transmissão de doenças, assassinatos, a invasão das terras que lhes foram reservadas pelo Estado em 1926 (Lei estadual nº 1916/26) e um lento processo de retomada das mesmas a partir de 1980. A reserva situa-se em zona de transição entre a floresta e o campo, propícia a atividades agro-pastoris, com clima predominantemente quente e úmido e bom número de cursos permanentes de água; constitui área de grande potencial econômico e sempre foi cobiçada pelos grandes fazendeiros regionais, interessados na expansão de suas lavouras de cacau e pecuária, que empregaram diversas estratégias de ocupação: invasão, arrendamento, reivindicação de sua extinção (1957) e concessão pelo Estado da Bahia de títulos de propriedade aos antigos arrendatários (1976). Todo esse processo levou à dispersão da população indígena, sua migração para cidades próximas e à sua incorporação como mão-de-obra nas fazendas invasoras. A terra indígena permanece sub-judice. As etnias encontramse interpenetradas, mas conservam um forte sentimento identitário e se organizam em famílias étnicas, que tendem a se fazer representar por um cacique. A maior parte das áreas da reserva apresenta limitações à mecanização agrícola e carece de água nos períodos de estiagem, tendo maior aptidão para as atividades pastoril e agricultura de sequeiro. A agricultura de subsistência é a principal atividade produtiva sendo, em geral, explorada de forma compartilhada por membros de uma mesma família extensa. A criação de gado em pastos comunitários para a produção de leite e de adubo e a lavoura comercial do cacau – em áreas de grande valor econômico, recentemente recuperadas e objeto de acirrada disputas – também são relevantes. A pesca e a coleta de frutos são importantes fontes suplementares de alimentação. A caça é incipiente e o artesanato produzido de forma irregular. 7.Pataxó Hã-Hã-Hãe 6 6 Fonte consultada sobre os PataxóHã-Hã-Hãe: Maria Rosário Carvalho e Jurema Machado de Andrade Souza, Enciclopédia dos Povos Indígenas no Brasil, verbete Pataxó Hã-Hã-Hãe, Instituto Socioambiental, http://www.socioambiental.org/pib/epi/pataxo, 2005. 7 Povos Indígenas 8.Tumbalalá 7 9.Tupinambá 8 Caracterização Geral Foram reconhecidos pela FUNAI em 2001 a partir de mobilização iniciada em 1998. Ocupam um território historicamente caracterizado por missões indígenas e pela criação extensiva de gado bovino desde o século XVII, situado ao norte da Bahia (municípios de Curaçá e Abaré). Vivem no povoado de Pambú, nas aldeias de: Ibozinho, Pé de Areia, Cruzinha, Jatobá, Pambú, Missão Velha, Foice, São Miguel, Mari, Salgado, Porto da Vila, Cajueiro e Bom Passar, defronte da ilha de Assunção no Rio São Francisco. O rio, a concentração dos períodos chuvosos e a vegetação de caatinga com abundância de pastagens naturais propiciam uma economia baseada na atividade agrícola mediante técnicas de irrigação (cultivo de mandioca, feijão, cebola e arroz), a criação extensiva de caprinos e bovinos e a produção caseira de queijos e leite. A diminuição das áreas habitadas por animais silvestres e a redução do potencial piscoso e da navegabilidade do São Francisco diminuíram a importância da caça e da pesca na economia doméstica. Como pouco diferem da população regional em termos de organização social e como seu processo de auto-identificação e seus critérios de pertença ao grupo estão sendo formulados, as estimativas quanto ao seu contingente populacional são imprecisas – variando de 180 a 400 famílias. Estima-se, porém, que os Tumbalalá são em torno de 1500 índios. Atualmente existem três núcleos de índios Tupinambá, no litoral da Bahia: os Tupinambá de Olivença, os Tupinambá de Belmonte e os Tupinanbá de Itapebi. Estes núcleos se situam nos municípios de Belmonte, Buerarema, Ilhéus, Itapebi e Una. Os três grupos abrangem22 aldeias. Os Tupinambá de Olivença se assumem como “índios civilizados” e passaram a reivindicar sua identidade indígena a partir de 2000. Essa identidade foi reconhecida pela FUNAI em 2002. Seu território encontra-se em identificação por Grupo Técnico da Funai (fase inicial do processo de definição e justificativa dos limites territoriais). Os Tupinambá de Belmonte abrangem a aldeia Patiburi, no município de Belmonte e conta com uma população de 199 pessoas. Em relação aos Tupinambá de Itapebi, nenhuma providência foi tomada ainda pela FUNAI para sua identificação, tendo sido o grupo recentemente reconhecido. 7 Fonte consultada sobre os Tumbalalá: Ugo Maia Andrade, Enciclopédia dos Povos Indígenas no Brasil, verbete Tumbalalá, Instituto Socioambiental, http://www.socioambiental.org/pib/epi/tumbalala, 2003. 8 Fonte consultada sobre os Tupinambá: Susana de Matos Viegas, Terra Calada: Os Tupinambá na Mata Atlântica do Sul da Bahia, Rio de Janeiro, 7 Letras, 2007. 8 Povos Indígenas Caracterização Geral 10. Tuxá Os Tuxá foram transferidos de seu território de ocupação tradicional em virtude da construção da barragem de Itaparica pela Companhia Hidrelétrica do São Francisco (CHESF). Vivem em três áreas: uma área de 38 hectares no perímetro urbano da cidade de Rodelas, uma área no município de Banzaê, adquirida pela CHESF e uma área de 2.019 hectares no município de Ibotirama, adquirida pela CHESF (Fazendas Morrinhos e Outeiros) para constituição de reserva. A partir dos anos 1990, os atritos entre Tuxás e a população não-indígena de Rodelas se amenizaram e levaram a uma crescente participação dos indígenas na política local, atuando de modo coeso. A organização das famílias nucleares, as redes de relações interfamiliares e as manifestações rituais (a exemplo do Toré) não se alteraram e constituem mecanismos diferenciadores da etnia frente à sociedade nacional. Todavia, outros aspectos do modo de vida dos Tuxá passam por grandes transformações. Tradicionalmente pescadores e agricultores, os Tuxá dedicam-se atualmente quase que de forma exclusiva à agricultura comercial, com base na produção irrigada de cebola. Nos últimos dez anos, esse cultivo vem substituindo os cultivos de subsistência, reduzindo-os a espaços cada vez mais limitados. A introdução da agricultura comercial irrigada e o acesso ao dinheiro levam ao abandono de atividades tradicionais como o artesanato e a uma crescente dependência em relação a produtos industrializados. Os Tuxá enfrentam, porém, problemas com a extrema exigüidade do seu espaço agrícola; isto os leva a procurarem alternativas de ocupação da mão-de-obra excedente fora de suas terras, através do trabalho assalariado e dos deslocamentos migratórios. 11. Xukuru-Kariri 9 9 Foram reconhecidos pelo Serviço de Proteção ao Índio na década de 1940 e localizavam-se em Palmeira dos Índios (Alagoas). Hoje se distribuem em três núcleos: a Terra Indígena Fazenda Canto, a Área Indígena Mata da Cafurna (ambas em Alagoas) e a Fazenda Pedrosa (próxima ao povoado de Quixaba, no município de Glória, BA). O segmento assentado na Bahia tem por referência a família Sátiro e resulta de uma dissidência dos Xukuru-Kariri assentados na Fazenda Canto e aí reside desde 1987. Em 1986, para reassentá-los, a FUNAI adquiriu, em Ibotirama (BA), à Fazenda Passagem com área de 62 hectares, onde não permaneceram em virtude da disputa de terras com dois fazendeiros, da insatisfação do grupo em relação à distância dos centros urbanos e pelos riscos de enchentes periódicas da área. Em 1987, a Fazenda Pedrosa (18 hectares) foi adquirida pela FUNAI. A partir de então os Xukuru-Kariri obtiveram doações para construção de casas e cessão pela Diocese de Paulo Afonso de outra área contígua de terras (20 hectares) para usofruto do grupo, bem como investimentos do Governo do Estado da Bahia para instalação de rede de energia elétrica e sistema de irrigação. Suas terras caracterizam-se, contudo, por solos de baixíssima produtividade. Os Xukuru-Kariri da Fazenda Pedrosa mantém grande interação com os habitantes do povoado Quixaba e bons relacionamentos com outras etnias indígenas (Pankararé e Tuxá). Fonte:Xukuru-Kariri: Silvia Aguiar C.Martins, “Os caminhos das aldeias Xucuru-Kariri”, in. Pacheco de Oliveira (org.), A Viagem da Volta: Etnicidade, política e reelaboração cultural no Nordeste Indígena, Contra Capa/LACED, 2004. 9 Povos Indígenas 12. Kantaruré 13. Botucudos 10 Caracterização Geral A Terra Indígena Kantaruré foi homologada em 2001 com 1.695 hectares. Ela se localiza no norte do estado da Bahia, no município de Glória. Localiza-se em região de clima semi-árido e com baixa incidência pluviométrica; seus solos são arenosos e dos pouco férteis; a vegetação, típica de caatinga. Os Kantaruré praticam a agricultura extensiva de cultivos alimentares (mandioca, feijão e milho), voltada predominantemente para a subsistência. Os roçados são reduzidos, geralmente situados junto às residências (em geral construídas em taipa) e explorados pelo trabalho das famílias nucleares, com recurso eventual a redes de cooperação mais amplas (famílias extensas e relações de vizinhança). O criatório doméstico (aves e suínos), a caça, a pesca e o extrativismo vegetal constituem fontes complementares de subsistência. Em virtude da ocorrência de longos períodos de seca, é comum verificar migração sazonal e os contactos com o mundo exterior à terra indígena. Os Kantaruré mantêm relacionamento estreito com famílias aparentadas, residentes em localidades vizinhas, sendo freqüentes os casamentos exogâmicos. Uma parcela significativa dos Kantaruré resida fora dos limites de sua terra, em municípios vizinhos ou agrovilas implantadas pela Companhia Hidroelétrica do São Francisco. A população da Terra Indígena Kantaruré é estimada entre 315 e 353 indivíduos e se distribui em dois núcleos situados na vertente setentrional da Serra Grande – Batida e Pedras. Os Kantaruré descendem da população indígena que originalmente habitava o trecho do rio São Francisco entre a cachoeira de Paulo Afonso e a embocadura do rio Pajeú e era conhecida como Pankararu ou Pankaru. Esta população foi aldeada nos séculos XVII e XVIII por jesuítas, franciscanos e capuchinhos em missões dentre as quais se destaca Curral dos Bois (origem da atual cidade de Glória). A partir de meados do século XIX, essas missões foram extintas e a população indígena pressionada, por pecuaristas, se concentrou em dois núcleos: Brejo dos Padres (PE) e Brejo do Burgo (BA). Ao final do século XIX, os Pankararu de Brejo dos Padres deram origem aos Jiripankó (AL) e aos Kantaruré da localidade de Batida (BA). Antes mesmo da chegada dos Portugueses em terras brasileiras, os índios Tupinambá e Aimoré viviam aqui, ainda no século XII. Esses índios estavam em constantes guerras, pois constituiam nações diferentes. Os Tupinambás da nação Tupi e os Aimorés da Tapuia. Os, chefiados pelo pelo Morubixaba, moravam em aldeias que eram protegidas por Caiçaras como eram chamada as cercas que rodeavam as aldeias. Apresentavam-se como uma organização social e econômica complexa e foram estes que primeiro mantiveram contato com os Portugueses. Os Aimorés, da nação Tapuia, também conhecido por Botocudos, por causa dos batoques de madeira, cerâmica ou pedra que usavam nas orelhas e nos lábios, apresentavam uma estrutura social menos complexa do que os Tupinambás, com hábitos de vida nômade, não se fixando em um só lugar e, por isso, não possuíam aldeias e dormiam no chão , sobre as folhas. Essa etnia não dominava o cultivo de produtos agrícolas e nem a arte de navegar. Andavam em grupos de 20 a 40 índios e eram grandes guerreiros, tanto homens quanto mulheres, sendo praticamente imbatíveis nas matas. A nação Botocuda/Guerém/Tapuia, nomes dados em diferentes épocas da história, travou uma sangrenta batalha com os Portugueses na região litorânea da Bahia, atual Costa do Dendê, que ficou conhecida como a Guerra dos Guerém que durou cerca de 30 anos e terminou em 1750, contradizendo então desta forma, as teorias positivistas que estigmatizavam os índios como passivos, preguiçosos e facilmente controlados. 10 Fonte: GUIAR, Durval Vieria. Província da Bahia. 2ª Edição, Rio de Janeiro. Livraria Editora Cátedra, 1979. CAMPOS, João da Silva. Crônica da Capitania de São Jorge dos Ilhéus. Conselho Federal de Cultura. RJ. 1981, METRAUX, Alfred. A religião dos Tupiambás. São Paulo. Editora Universidade, São Paulo, 1979. CARLOS, Francisco Aguiar Neto de OLIVEIRA, Edgard Otacílio. A história da Igreja de Nossa Senhora do Amparo. Salvador-Ba, 2008. 10 Povos Indígenas 14. Pankararu 11 15. kiriri-Barra 16. Arikosé 12 Caracterização Geral A resistência organizada no litoral do Brasil (Guerra dos Geréns), culminou com a invasão da cidade histórica de Cairu, onde moravam ouvidores do Rei e figuras políticas ilustres da época que tiveram que fugir e se refugiarem nas ilhas componentes do arquipélago de Tinharé como Gamboa do Morro, Morro de São Paulo, Boipeba, Garapuá e outras, por ser esta nação indígena péssima navegadora de longas distâncias, contribuindo assim para o povoamento da referidas ilhas pela colonização Portuguesa. Até o momento dos índios terem sido pacificados por frades italianos, chefiados pelo Frei Bernardino de Milão, que acabou organizando um povoado ao sul da Bahia à margem direita do Rio Una, com cerca de 450 índios Guerém, em volta de uma capela que recebeu o nome de Capela de Nossa Senhora do Amparo, sendo denominado Povoado de Una, que em 1842 transformou-se na cidade Industrial de Valença na atual região que fica a cidade de Valença, na Bahia. Desta forma pode-se então inferir que a nação indígena ao contrário do que conta a história positivista era extremamente organizada, mantendo suas formas de resistências, religiosidade, cultura, cerimoniais, sistema de educação, enfim, os colonizadores europeus, quer fossem espanhóis, português ou holandeses não levaram em consideração o respeito pela cultura e costumes locais, impondo a força seus dogmas e preconceitos sobre o que não conheciam. Os primeiros contatos com os Pankararu foram estabelecidos com missionários que no início do século XVII avançavam de Santo Antônio da Glória - BA, sertão adentro, em busca de mais adeptos ao cristianismo. Chegando a Pernambuco, os missionários estabelecem um aldeamento à beira do rio São Francisco onde se reuniram, principalmente com os Pankararus, que se deslocaram das Ilhas de Surubabel, Acará e Várzea e da localidade de Cana-Brava, atual núcleo urbano de Tacaratu, até o local, hoje conhecido, por ``Brejo dos Padre”. São, deste período, registros que informam sobre a territorialidade do grupo, compreendida por dois marcos geográficos tomados como sagrados. A cachoeira de Paulo Afonso-BA, local onde seus ancestrais teriam sucumbido a um dilúvio e a cachoeira de Itaparica, tradicional local de sepultamento de seus mortos, logo transformados em cemitério cristão pelos missionários. Com a expulsão dos Pankararus, por causa da intrusão de pessoas que foram chegando às margens do São Francisco, os Pankararus foram colocados no seu local de origem, que tinha o nome de pontes Craunã. Em frente ao Povoado Passagem de Ibotirama, município de Muquém do São Francisco, está localizada a terra indígena Kiriri-Barra, situada a margem esquerda do Rio São Francisco, com uma extensão de 37,57 ha, distrito de Piragibá, município de Muquém do São Francisco-Bahia, desmembrada no município de Barra-Bahia, em 1990, distante 1.100 km da Administração Executiva Regional - AER/Paulo Afonso. Os índios Kiriri-Barra têm uma população relativamente pequena, com aproximadamente 100 indígenas transferidos de Mirandela, município de Banzaê-Bahia, por conta de conflitos internos. Inicialmente esta parte do imóvel Fazenda Passagem foi adquirida pela Fundação Nacional do Índio – FUNAI para ser ocupada pelos índios Xucuru-Kariri, transferidos da Terra Indígena Fazenda Canto AL, que chegaram a ocupar a referida fazenda em razão de pendências judiciais e conflitos pela sua posse, causada por fazendeiros da região e questões de inundações do Rio São Francisco. Não está disponível. 11 www.radio24hs.com.br 12 Um Estudo de Caso dos Tuxá de Rodelas, Bahia, Brasil, Cultura Material e Etnicidade dos Povos Indígenas do São Francisco, afetados por Barragens. Juracy Marques – Tese apresentada a Universidade Federal da Baia - UFBA, Programa de Pós Graduação em Cultura e Sociedade, Salvador, BA, 2008. 11 3. Localização Geográfica Os povos indígenas localizam-se nas regiões Norte, Centro-Oeste e Sul do Estado e segundo a Coordenação Executiva de Políticas para Povos Indígenas da SJCDH no Estado da Bahia registra-se 21 povos indígenas, em 135 comunidades com um total de 8.625 famílias, distribuídos em 32 municípios, localizados em 11 (onze) Territórios de Identidade: 1. Costa do Descobrimento: Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália (Pataxó); 2. Extremo Sul: Prado (Pataxó); 3. Litoral Sul: Itabuna, Itajúdo Colônia e Pau Brasil (Pataxó Hã-Hã-Hãe); 4. Baixo Sul: Camamu (Pataxó Hã-Hã-Hãe); 5. Itaparica: Glória, Ibotirama, Paulo Afonso e Rodelas (Pankararé, Tuxá e Xukuru-Kariri); 6. Velho Chico: Muquém do São Francisco (Atikum e Kiriri) e Serra do Ramalho (Pankararu); 7. Semiárido Nordeste II: Euclides da Cunha (Kaimbé), Banzaê e Ribeira do Pombal (Kiriri e Tuxá); 8. Sertão do São Francisco: Curaçá (Tumbalalá); 9. Chapada Diamantina: Utinga e Morro do Chapéu (Paiaiá). 10. Região Metropolitana de Salvador: Lauro de Freitas (Kariri-Xocó-Fulniô) 11. Bacia do Rio Corrente: Cocos (Xacriabá). Figura 1 – Localização das Terras e Povos Indígenas no Estado da Bahia 13 Quadro 2 - Povos Indígenas do Estado da Bahia - Distribuição Espacial POVO INDIGENA COMUNIDADE 1. Comunidade de Mata Medonha 48 2. Comunidade Aroeira 55 3. Comunidade Coroa Vermelha 1 . PATAXÓ Nº FAMILIAS 1200 4. Comunidade Gleba “B” 92 5. Comunidade Nova Coroa 120 6. Comunidade Juerama 60 7. Comunidade Aldeia Velha 180 8. Comunidade Imbiriba 55 9. Comunidade de Barra Velha 230 10. Comunidade Meio da Mata 54 11. Comunidade Pé do Monte 24 12. Comunidade Jaqueira 16 13. Comunidade Guaxuma 47 14. Comunidade Boca da Mata 190 15. Comunidade Gitaí 16 16. Comunidade Bujigão 97 17. Comunidade Xandó 108 18. Comunidade Campo do Boi 143 19. Comunidade Pará 45 20. Comunidade Cassiana 38 21. Comunidade Pequi 23 22. Comunidade Craveiro 45 23. Comunidade Curumbauzinho 53 24. Comunidade Tauá 56 25. Comunidade Alegria Nova 17 26. Comunidade Águas Belas 56 27. Comunidade Tibá 50 28. Comunidade Kay 85 29. Comunidade Monte Dourado 17 30. Comunidade Trevo do Parque 57 TOTAL DE FAMÍLIAS MUNICIPIO TERRIÓRIO DE IDENTIDADE Santa Cruz Cabrália Porto Seguro Extremo Sul Prado Itamaraju 3.277 14 POVO INDIGENA Nº FAMILIAS MUNICIPIO TERRIÓRIO DE IDENTIDADE 31. Comunidade Caramuru 160 Pau Brasil Litoral Sul 32. Comunidade Mundo Novo 135 33. Comunidade Braço da Dúvida 22 34. Comunidade Água Vermelha 320 35. Comunidade Ourinho 80 36. Comunidade Taquiri 18 37. Comunidade Bahetá 70 38.Comunidade Alegrias 16 39. Comunidade Panelão 123 Camacan 40. Comunidade Nova Vida 62 Camamu 41. Comunidade Caldeirão Verde 36 Serra do Ramalho Velho Chico 42. Comunidade Nova Canaã 72 Alcobaça Extremo Sul Curaçá Sertão do São Francisco Abaré Itaparica COMUNIDADE 2 . PATAXÓ HÃ HÃ HÃE TOTAL DE FAMÍLIA 3 .TUMBALALÁ 1.114 43. Comunidade São Miguel 08 44. Comunidade Salgado 18 45. Comunidade Porto da Villa 12 46. Comunidade Cajueiro 09 47. Comunidade do Fernando 28 48. Comunidade Riachinho 12 49. Comunidade Camaratu 06 50. Comunidade Missão Velha 32 51. Comunidade Jatobá 47 52. Comunidade Cruizinha 20 53. Comunidade Lagoa Vermelha 12 54. Comunidade Pedra Branca 22 55. Comunidade Teixeira 15 56. Comunidade Ibozinho 70 TOTAL DE FAMÍLIA Itajúdo Colônia 1.425 15 POVO INDIGENA 4. TUPINAMBÁ 5. KIRIRI COMUNIDADE Nº FAMILIAS MUNICIPIO TERRIÓRIO DE IDENTIDADE Ilhéus Litoral Sul 57. Comunidade Tucum 28 58. Comunidade Curupitinga 12 59. Comunidade Itapuã 50 60. Comunidade Santana 20 61. Comunidade Taba Jiri 20 62. Comunidade Acuipe de Baixo 18 63. Comunidade Sapucaeira I 19 64. Comunidade Sacupaeira II 21 65. Comunidade Campo de São Pedro 20 66. ComunidadeSapucaeira – Ramal do Badu 17 67. Comunidade Acuipe do Meio I 23 68. Comunidade Acuipe do Meio II 22 69. Comunidade Acuipe de Cima 20 70. Comunidade Santaninha 10 71. ComunidadeSerra Negra 15 72. Comunidade Serra das Trempes I 17 73. Comunidade Jaui 10 74. Comunidade Santana 11 75. Comunidade Mamão 20 76. Comunidade Serra das Trempes II 26 77. Comunidade Curupintanga 15 78. Comunidade Gravatá 17 79. Comunidade Ipiranga 43 80. Comunidade Vereme 05 81. Comunidade Canto da Patioba 42 82. Comunidade Patiburi 31 Belmonte 83. Comunidade Serra do Padeiro 141 Buerarema TOTAL DE FAMÍLIA 693 84. Comunidade Mirandela 196 85. Comunidade Gado Velhaco 46 86. Comunidade Cantagalo 38 87. Comunidade Baixa da Cangalha 19 88. Comunidade do Araçá 85 89. Comunidade Marcação 49 Una Itapebi Banzaê Semi-Árido Nordeste II 16 POVO INDIGENA 5. KIRIRI 6. TUXÁ 7. KAIMBÉ 8. ATIKUM COMUNIDADE Nº FAMILIAS 90. Comunidade Pau Ferro 72 91. Comunidade Segredo 16 92. Comunidade Baixa do Jaú 34 93. Comunidade Cajazeiras 43 94. Comunidade Lagoa Grande 30 95. Comunidade Kiriri de Barreiras MUNICIPIO TERRIÓRIO DE IDENTIDADE Banzaê Semi-Árido Nordeste II 09 Barreiras Oeste Baiano 96. Comunidade de Muquém 43 Muquém do São Francisco Velho Chico TOTAL DE FAMÍLIA 680 97. ComunidadeTuxáMuquém 22 Muquém do São Francisco Velho Chico 98. Comunidade TuxáBanzaê 37 Banzaê Semi-Árido Nordeste II 99. Comunidade Tuxá do Vale do Rio São Francisco 79 Rodelas Itaparica 100. Comunidade Tuxá de Rodelas 275 101. Comunidade Morrinhos 386 Ibotirama Velho Chico TOTAL DE FAMÍLIA 799 102. Comunidade Massacará 115 103. Comunidade Icó 34 104. Comunidade Baixa da Ovelha 26 105. Comunidade Ilha 18 Euclides da Cunha Semi-Árido Nordeste II 106. Comunidade Lagoa Seca 29 107. Comunidade Várzea 31 TOTAL DE FAMÍLIA 253 108. Comunidade Atikun 23 Santa Rita de Cássia Oeste Baiano 109. Comunidade Nova Vida Atikun de Rodelas 26 Rodelas Itaparica 110. Comunidade Nova Esperança 16 111. Comunidade Atikun 30 Curaçá Sertão do São Francisco 112. Comunidade Atikun de Angical 30 Angical Oeste Baiano TOTAL DE FAMÍLIA 125 17 Nº FAMILIAS MUNICIPIO TERRIÓRIO DE IDENTIDADE 113. Comunidade PankararúGueyá 42 Paulo Afonso Itaparica 114. Comunidade Pankarú Passagem 35 Muquém de São Francisco Velho Chico 115. ComunidadePankarú Vargem Alegre 22 Serra do Ramalho Velho Chico TOTAL DE FAMÍLIA 57 116. Comunidade Truká 10 Paulo Afonso Itaparica 117. Comunidade Truká 36 Sobradinho Velho Chico TOTAL DE FAMÍLIA 46 118. Comunidade Batida 87 119. Comunidade Baixa das Pedras 91 Glória Itaparica TOTAL DE FAMÍLIA 178 120. Comunidade Tha-fene 09 Lauro de Freitas Região Metropolitana de Salvador 121. Comunidade Fulni-ô 20 Serra do Ramalho Velho Chico 122. Comunidade Cabeceira do Rio 29 Utinga 123. Comunidade Payayá 19 Morro do Chápéu Chapada Diamantina TOTAL DE FAMÍLIA 58 124. Comunidade Tuxi 100 Abaré Itaparica 125. Comunidade Potiguara 22 Muquém de São Francisco Velho Chico 126. Comunidade Quixaba 29 127. Comunidade Serrota 56 128. Comunidade Chico 65 Glória Itaparica 129. Comunidade Ponta D'Água 79 130. Comunidade Poço 259 131. Comunidade Caraíba 41 132. Comunidade Brejo do Burgo 170 133. Comunidade Cerquinha 60 TOTAL DE FAMÍLIA 730 20. XACRIABÁ 134. Comunidade Porcos 70 Cocôs Bacia do Rio Corrente 21. KAPINAWÁ 135. Comunidade Kapinawá 22 Serra do Ramalho Velho Chico POVO INDIGENA 9. PANKARARÚ 10. PANKARÚ 11. TRUKÁ 12. KANTARURÉ COMUNIDADE 13. KARIRI XOCÓ-FULNI-Ô 14. FULNI-Ô 15. PAYAYÁ 16. TUXÍ 17. POTIGUARA 18. XUCURU-KARIRI 19. PANKARARÉ Fonte: SJCDH/SEDES, março/2013. 18 4.Situação Fundiária A questão fundiária das terras indígenas no Estado da Bahia é resultado da resistência secular ao processo de invasão e de submissão aos interesses econômicos da sociedade regional. Registra-se a ocorrência de formas de extermínio da população e de expulsão desses povos das áreas tradicionalmente habitadas. Os Governos Estadual e Federal e entidades não governamentais vemmantendo diálogos com lideranças dos movimentos sociais para tentar minimizar os conflitos, reforçando a necessidade de destinação de terras públicas para as populações indígenas. Quadro 3 - Situação das Terras Indígenas no Estado da Bahia Terras Povos Situação Jurídica Municípios Abrangidos Estimativa Populacional 2,8 Lauro de Freitas 40 1. Aldeia TháFene Kariri-Xocó 2. Aldeia Tupã 3. Aldeia Velha 4. Atikum de Cotegipe 5. Barra (Fazenda Passagem) 6. Kantaruré Truká Pataxó Atikum 7. CaramuruParaguaçu Pataxó HãHã-Hãe 8. Coroa Vermelha Pataxó Tradicional, regularizada, homologada e em revisão 9. Fazenda Altamira 10. Fazenda Bahiana 11. Ibotirama Atikum Ocupada, com processo de aquisição Dominial, adquirida 2.019,0 12. Imbiriba Pataxó 13. Maçaracá Kaimbé 14. Mata Medonha 15. Monte Pascoal Pataxó 16. Pankararé Pankararé Reservada, regularizada, homologada e adquirida Tradicional, regularizada e homologada Tradicional, regularizada e homologada Tradicional, regularizada, homologada e em revisão Tradicional, parcialmente regularizada Tradicional, regularizada 17. Pankaru de Passagem Pankarú Sem providências Kiriri Kantaruré Pataxó HãHã-Hãe Tuxá Pataxó Dominial (associação Indígena), adquirida doação Sem providências Declarada Sem providências Extensão (hectares) Dominial, adquirida, regularizada, homologada Tradicional, regulariza e homologada Tradicional, a regularizar; reservada, sub-júdice Paulo Afonso Porto Seguro Cotegipe 22 803 72 Muquém de São Francisco Glória 157 2.359 700,0 Camacã, Itaju da Colônia, e Pau Brasil Porto Seguro e Santa Cruz Cabrália Curaçá 308,0 Camamu 74 Ibotirama 639 Porto Seguro 422 2.220,0 62,0 1.811,0 54.105,0 1.493,0 397,0 8.020,0 549,0 75.000,0 47.522,0 2.430 Euclides da Cunha Santa Cruz Cabrália Itamaraju, Porto Seguro e Prado Glória, Paulo Afonso e Rodelas Muquém de São Francisco 328 4.958 53 1.002 213 5.056 1.288 26 Terras Povos Situação Jurídica 18. Quixaba 19. Kiriri Xukuru-Kariri Kiriri 20. Remanso Tuxá Dominial, adquirida Tradicional, regularizada e homologada. Dominial, adquirida 21. Rodelas Tuxá e Atikum Tuxá Sem providências 4.329,0 Sem providências Tuxá 22. RodelasCidade 23. RodelasSorobabé 24. Truká de Sobradinho 25. Tupinambá de Belmonte 26. Tupinambá de Itapebi 27. Tupinambá de Olivença 28. Tumbalalá 29. Tuxá de Banzaê 30. Vargem Alegre Extensão (hectares) Estimativa Populacional Glória Banzaê e Quijingue Muquém de São Francisco Rodelas 55 2.082 38,0 Rodelas 1.031 Sem providências ... Rodelas ... Truká Sem providências 350,0 Tupinambá Tuxá Tradicional, sem providências Tradicional, sem providências. Tradicional, em regularização Tradiciona, em regularização Dominial, adquirida Pankaru Reservada, regularizada Tupinambá Tupinambá Tumbalalá 39,0 12.299,0 Municípios Abrangidos 328,0 Sobradinho ... Belmonte ... Itapebi 47.376,0 44.978,0 Buerarema, Ilhéus e Una Abaré e Curaçá ... 110 103 89 400 4.664 1.138 414,0 Banzaê 65 981,0 Serra do Ramalho 48 Fonte: Associação Nacional de Ação Indigenista - ANAI-BA - Março de 2011. 5. Aspectos Jurídicos O marco legal atinente aos povos indígenas do Estado da Bahia guarda estreita relação com o dos demais Estados do Brasil. Dentre as normas relevantes, destacam-se: A Convenção nº 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), promulgada pelo Decreto 5051, de 18 de abril de 2004, que reconhece a tendência natural dos povos indígenas de assumir o controle de suas próprias instituições com vista à preservação da sua identidade, ao desenvolvimento da sua economia, à manutenção da língua e religião, etc., e lembra a particular contribuição dos povos indígenas e tribais à diversidade cultural, à harmonia social e ecológica da humanidade e à cooperação e compreensão internacional.13 A Constituição da República Federativa do Brasil (1988), que reconhece para os índios, no seu Artigo 231, as diversas formas de organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, proteger e fazer respeitar todos os seus bens. Assume que são terras tradicionalmente ocupadas 13 Pela Convenção 169/OIT os governos deverão: assumir a responsabilidade de desenvolver, com a participação dos povos interessados, uma ação coordenada e sistemática; consultar os interessados, particularmente, pelas suas instituições representativas, cada vez que sujam medidas legislativas ou administrativas suscetíveis de afetá-los diretamente; estabelecer os meios pelos quais os povos interessados possam participar livremente, na mesma medida que outros segmentos da população, na adoção de decisões em instituições efetivas ou organismos administrativos e de outra natureza responsáveis pelas políticas e programas que sejam concernentes; e estabelecer os meios para o pleno desenvolvimento das instituições e iniciativas dos povos. 20 pelos índios as por eles habitadas em caráter permanente, as utilizadas para suas atividades produtivas, as imprescindíveis à preservação dos recursos ambientais necessários a seu bem-estar e as necessárias à sua reprodução física e cultural, segundo seus usos, costumes e tradições. A referida Constituição veda a remoção dos grupos indígenas de suas terras, salvo, ad referendum do Congresso Nacional, em caso de catástrofe ou epidemia que ponha em risco sua população, ou no interesse da soberania do País, após deliberação do Congresso Nacional,garantindo, em qualquer hipótese, o retorno imediato logo que cesse o risco. Ademais reconhece aos índios “os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam”, entendendo essa ocupação não só em termos de habitação, mas também em relação ao processo produtivo, a preservação do meio ambiente e sua reprodução física e cultural e assegura à população indígena, suas comunidades e organizações, capacidade processual para entrar na Justiça em defesa dos seus direitos e interesses. A Lei 6001/73 – Estatuto do Índio – regula a situação jurídica dos índios e das comunidades indígenas, com o propósito de preservar a sua cultura e integrá-los, progressiva e harmoniosamente, à comunhão nacional. A Lei 10406/02 do Novo Código Civil Brasileiro que deixa de tratar o índio como incapaz, como fazia o Código Civil anterior, remetendo a matéria à legislação especial.O Projeto Formar PNGAT - Formação para Implementação da Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental em Terras Indígenas, que se constitui em mais um instrumento para esses povos e seus parceiros enfrentarem os desafios em torno dos territórios indígenas e sua gestão - decreto 7.747, sancionado em junho de 2012. A Constituição do Estado da Bahia que, em seu Capítulo XXIV, Artigo 291, dedicado ao Índio, considera dever do Estado colaborar com a União em benefício dos índios sendo-lhe vedada qualquer ação, omissão ou dilação que possa resultar em detrimento de seus direitos originários. São também compromissos do Estado: (i) preservar, na forma da lei, os recursos naturais situados fora das terras indígenas, cuja deterioração ou destruição possa prejudicar ao ecossistema e à sobrevivência biológica, social e cultural dos índios; (ii) acesso à água, sem qualquer ônus, aos povos indígenas que ocupam terras escassas em recursos hídricos; (iii) incluir no currículo das escolas públicas e privadas, de 1º e 2º graus, o estudo da cultura e história do Índio; (iv) instituir, via instrumento legal, canais permanentes de comunicação com as lideranças legítimas, livremente emanadas dos povos e das organizações indígenas, que facultem a manifestação da sua vontade política perante o Estado; (v) facilitar a relocação de posseiros não-índios em suas terras devolutas, quando a União os retirar das terras indígenas que ocupem ilegalmente. O Decreto Estadual Nº 3.471, de março de 2003, criou a categoria da escola indígena como integrante da rede estadual de ensino, reforçada com a criação do Conselho Estadual dos Direitos dos Povos Indígenas da Bahia - COPIBA, que propõe projetos para a implementação da Política Estadual de Proteção aos Povos 21 Indígenas, com ações nas áreas de saúde, educação, cultura, saneamento, habitação, agricultura, entre outras. 6. Parcerias Organizacionais O Bahia Produtiva deverá desenvolver suas ações de forma integrada com os programas e projetos de órgãosfederais que atuam diretamente com os povos indígenas. De maneira especial vai realizar trabalhos com a FUNAI, que possui dois núcleos avançados, localizados nos municípios de Porto Seguro e Itamaraju e duas administrações executivas em Paulo Afonso e Ilhéus. Também terá uma forte interação com a Secretaria Especial de Saúde Indígena – SESAI/Distrito Sanitário Especial Indígena - DSEI/Bahia, órgão vinculado ao Ministério da Saúde. Compete à FUNAI promover a educação básica aos índios; demarcar, assegurar e proteger as terras por eles tradicionalmente ocupadas; estimular o desenvolvimento de estudos e levantamentos sobre os grupos indígenas; defender as comunidades indígenas e despertar o interesse da sociedade nacional pelos índios e suas causas;gerir o seu patrimônio e fiscalizar as suas terras, impedindo as ações predatórias que ocorram dentro de seus limites e que representem um risco à vida e à preservação desses povos. A SESAI/DSEI-Bahia tem a responsabilidade de executar programas de atendimento à saúde dessas populações. Coordena e executa o processo de gestão do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (SasiSUS) no âmbito do Sistema Único de Saúde, em todo o Território Nacional. É responsabilidade dessa Secretaria, também, identificar, organizar e disseminar conhecimentos referentes à saúde indígena e estabelecer diretrizes e critérios para o planejamento, execução, monitoramento e avaliação das ações de saneamento ambiental e de edificações nos Distritos Sanitários Especiais Indígenas, em consonância com as políticas e programas do SUS. O DSEI-Bahia está situado na parte central do Estado e a maior parte de abrangência desse Distrito fica próxima ao litoral baiano, conforme Quadro 4abaixo: Quadro 4 - Polos Base – DSEI/Bahia Polo Base 1. 2. 3. 4. 5. 6. FEIRA DE SANTANA IBOTIRAMA ILHÉUS JUAZEIRO PAULO AFONSO PORTO SEGURO Quantidade de Famílias 754 416 1.505 439 1.174 3.553 Na esfera estadual o Bahia Produtiva deverá articular suas ações com outros Projetos executados pela CAR: o Projeto Mata Branca, Quilombolas, Vida Melhor, Gente de Valor. A atuação junto às populações indígenas beneficiar-se-á, ainda, de articulações 22 com a Secretaria de Educação e a Secretaria da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos. A Secretaria de Educação é responsável pela educação escolar indígena através da Coordenação de Educação Indígena e do Campo. A educação escolar Indígena responde por uma oferta específica, intra e intercultural, aos povos indígenas e o Governo do Estado, em parceria com representações formais e informais desses grupos, vem assumindo o desafio de oferecer uma educação que contemple sua especificidade e diversidade sociocultural. Os professores (num total de 336) vêm construindo uma prática educativa diferenciada em sala de aula, embasada nas raízes e experiências da vida indígena e atuando como mediadores e interlocutores das suas comunidades no processo de sistematização dos saberes e práticas. A Secretaria de Estado da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos tem por compromisso institucional construir uma cultura de Direitos Humanos que assegure a dignidade de todos os cidadãos baianos e, especificamente, dos povos indígenas, dos idosos, das pessoas com deficiência, dos consumidores e da população carcerária e está organizando a formação do Conselho Estadual dos Povos Indígenas. Na etapa de preparação do atual Plano de Participação das Populações Indígenas a Coordenação para Assuntos Indígenas da SJCDH em parceria com a CAR/Produzir apoiou os processos de organização, divulgação e mobilização das lideranças indígenas para encontros regionaiscom representações desses povos e suas instituições locais, cujos resultados permitiram subsidiar a formulação do Plano de Ação do Produzir. É importante também que o Bahia Produtiva estabeleça parcerias com entidades que já atuam junto a esses povos, tais como: Conselho Estadual dos Direitos dos Povos Indígenas do Estado da Bahia – COPIBA, Associação Nacional de Ação Indigenista ANAI-BA, Conselho Indigenista e Missionário – CIMI, Associação dos Povos Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo – APOINME, Centro de Estudo e da Cultura das Populações Afro-Indígenas Americanas - CEPAIA/Universidade Estadual da Bahia, e Programa de Pesquisa sobre Povos Indígenas do Nordeste do Brasil PINEB/Universidade Federal da Bahia. Diante de tanta diversidade cultural e da atuação de vários organismos governamentais e não governamentais em áreas indígenas o Projeto reconhece que não alcançará seus objetivos se não estabelecer ações articuladas e integradas com os demais programas e projetos de governo, desenvolvendo parcerias possíveis para definir estratégias e ações conjuntas, principalmente no que diz respeito ao levantamento de demandas, elaboração, execução e monitoramento dos subprojetos de desenvolvimento. 7. Experiência anterior da CAR com os Povos Indígenas Para atender as demandas desses povos, o Produzir III e Produzir Adicional (20072013) intensificou o apoio que já vinha sendo dado a alguns grupos e ampliou o raio de atendimento para regiões, grupos, etnias e comunidades indígenas que ainda não 23 tinham sido contempladas, obedecendo a prioridade estabelecida dentro das políticas públicas do Estado da Bahia e do Banco Mundial. O Plano de Participação das Populações Indígenas do Estado da Bahia foi elaborado em julho de 2008, mediante ampla consulta, conduzida pela CAR e o Banco Mundial, à Associação Nacional de Ação Indigenista - ANAI, ao Conselho Indigenista Missionário – CIMI, às diversas organizações indígenas e às Universidades do Estado, tendo como objetivo promover o desenvolvimento econômico, sociocultural e ambientalmente sustentável dos diversos agrupamentos dessas comunidades, com universalização do acesso a políticas públicas de cidadania e aos recursos de assistência técnica e produtiva. Decorrente desse Plano, em agosto 2008 a CAR realizou três encontros nos município de Ilhéus, Paulo Afonso e Santa Cruz Cabrália, com a participação de 190 representantes de povos indígenas, entre caciques e membros das associações comunitáriase suas instituições locais e regionais, em parceira com a Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos - SJCDH. Esses encontros possibilitaram a realização de diagnósticos participativos, produzidos pelos grupos de trabalho (CAR e lideranças indígenas), permitindo a formulação do Plano de Ação, o qual contemplou o conjunto dos territórios indígenas, envolvendo a aplicação de recursos no valor de R$ 3,1 milhões, financiando 25 subprojetos comunitários. Dando continuidade e na perspectiva de fortalecer as ações, o Programa Vida Melhor realizou um levantamento da situação dos projetos, realizando quatro encontros com a participação de 180 lideranças indígenas e suas organizações locais, nas regiões Extremo Sul, Sul, Chapada/Oeste e Norte/Nordeste, sendo oportunamente elencadas 98 demandas, dentre as quais a implantação de quintais agroflorestais, voltados para a segurança alimentar e nutricional, construção de pontes para escoamento da produção, projetos produtivos, maquinários, barragens e transporte escolar para estudantes indígenas. Ampliando, ainda mais, as ações junto às populações indígenas, a CAR/SEDIR no âmbito de seus diversos Programas e Projetos, em parceria com a Coordenação para Assuntos Indígenas da Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos, celebrou 44 convênios com associações comunitárias dos povos indígenas com recursos da ordem de R$ 5,4 milhões, beneficiando cerca de cinco mil famílias. Tanto as lições aprendidas durante a execução dos subprojetos nas comunidades indígenas, quanto às lições aprendidas durante as consultas públicas, realizadas como parte do processo de preparação do Plano de Ação para populações indígenas, apontam para a continuidade e ampliação das atividades para outras regiões, grupos, etnias e comunidades indígenas que não foram contempladas pelo Produzir. 24 Quadro 5 - Investimentosem Comunidades Indígenas – Produzir Nº Município Comunidade Subprojeto Nº de Familia 29 Valor do Situação Convênio 139.523,31 Concluida Territorio de Identidade 1 Banzaê ALDEIA TUXA FAZENDA SITIO Mecanização Agrícola com Garagem - Implantação 2 Banzaê PAU FERRO Mecanização Agrícola com Garagem - Grãos 60 136.941,96 Em Execução Semi-Árido Nordeste II 3 Belmonte PATIBURI Ovinocultura Comunitária - Implantação 35 169.367,67 Concluida Costa do Descobrimento 4 Buerarema TUPINAMBÁ DA SERRA DO PADEIRO Casa de Farinha - Elétrica - Implantação 180 123.273,05 Concluida Litoral Sul 5 Buerarema RIO UNA Ponte de Concreto - Implantação 280 169.520,86 Em Execução Litoral Sul 6 Euclides da Cunha ICÓ,VÁRZEA,LAGOA SECA,OUTRA BANDA Mecanização Agrícola com Garagem - Implantação 86 139.523,31 Concluida Semi-Árido Nordeste II 7 Glória BREJO DO BURGO Mecanização Agrícola com Garagem - Oeste - Implantação 270 162.094,94 Conveniado Itaparica 8 Ibotirama ALDEIA TUXÁ - MORRINHOS Mecanização Agrícola com Garagem - Oeste - Implantação 210 129.462,54 Concluida Velho Chico 9 Ilhéus SANTANA Mecanização Agrícola com Garagem - Implantacao 150 118.334,15 Em Execução Litoral Sul 10 Itamaraju TREVO DO PARQUE Mecanização Agrícola com Garagem - Implantacao 163 107.792,56 Concluida Extremo Sul 11 Muquém de São Francisco ALDEIA KIRIRI Mecanização Agrícola com Garagem - Oeste - Implantação 210 129.462,54 Concluida Velho Chico 12 Muquém de São Francisco PASSAGEM Motor para Barco - Aquisição 12 10.545,30 Concluida Velho Chico 13 Muquém de São Francisco FAZENDA RIACHO DE SERRA BRANCA Sistema de Irrigacao - Implantação 23 200.881,80 Concluida Velho Chico 14 Pau Brasil PATAXO-HA HA HÃE Mecanização Agrícola com Garagem - Implantação 405 136.941,96 Em Execução Litoral Sul 15 Pau Brasil CARAMURU CATARINA PARAGUAÇU Ovinocultura Comunitária - Implantação 50 180.935,67 Em Execução Litoral Sul 16 Porto Seguro AGROVILA ALDEIA VELHA Ovinocultura Comunitária - Implantação 210 171.167,67 Concluida Costa do Descobrimento 17 Porto Seguro BARRA VELHA, MEIO DA MATA Mecanização Agrícola c/ Garagem - Implantação 150 107.792,56 Paralisado Costa do Descobrimento 18 Porto Seguro ALDEIA BOCA DA MATA Mecanização Agrícola c/ Garagem - Implantação 150 107.792,56 Paralisado Costa do Descobrimento 19 Prado CRAVEIROS,AGUAS BELAS, CORUMBAUZINHO Mecanização Agrícola com Garagem - Implantação 147 107.792,56 Concluida Extremo Sul 20 Rodelas ALDEIA TUXÁ Mecanização Agrícola com Garagem - Implantação 300 117.375,83 Paralisado Itaparica 21 Santa Cruz Cabrália PATAXÓ AGRICULTURA GLEBA B Ovinocultura Comunitária - Implantação 150 143.673,61 Concluida Costa do Descobrimento 22 Serra do Ramalho ALDEIA PANKARU Mecanização Agrícola com Garagem - Oeste - Implantação 42 129.462,54 Concluida Velho Chico 23 Utinga ALDEIA PAIAIÁ Unidade de Producao de Mudas - Implantação 25 172.356,97 Em Execução Chapada Diamantina TOTAL 3.337 Semi-Árido Nordeste II 3.112.015,92 Fonte: SACC/CAR, 2013. 25 Quadro 6 - Demandas em Carteira – Programa Produzir Nº Município Comunidade Projeto Nº de Famílias 90 Territorio de Identidade 1 Banzaê MIRANDELA Cultivos Comunitários - Implantação 2 Buerarema TUPINAMBÁ DA SERRA DO PADEIRO Fábrica de Polpa de Frutas - Implantação 180 Semi-Árido Nordeste II 3 Curaçá ALDEIA TUMBALALÁ Sistema de Abast. de Água - Implantação 54 Sertão do São Francisco 4 Glória XUCURU KARIRI Barragem - Construção 20 Itaparica 5 Glória XUCURU KARIRI Sistema de Irrigação - Recuperação 20 Itaparica 6 Glória KANTARURÉ-BATIDA, BAIXA DAS PEDRAS Sistema de Irrigação - Implantação 187 Itaparica 7 Ilhéus SAPUCAEIRA Artesanato Comunitário - Implantação 96 Litoral Sul 8 Muquém de São Francisco ALDEIA TUXÁ KIONAHA Sistema de Irrigação - Ampliação 25 Velho Chico Litoral Sul 9 Pau Brasil CARAMURU CATARINA PARAGUAÇU Fábrica de Polpa de Frutas - Implantação 10 Pau Brasil CARAMURU CATARINA PARAGUAÇU Plano de Assistência Técnica e Capacitação 11 Pau Brasil ÁGUA VERMELHA 12 Prado ALDEIA PATAXÓ TIBÁ 13 Rodelas ALDEIA ATIKUM RODELAS Mecanização Agricola - Implantação 40 Itaparica 14 Rodelas ALDEIA ATIKUM RODELAS Mecanização Agrícola c/ Garagem - Implantacao 46 Itaparica 15 Rodelas ALDEIA ATIKUM RODELAS Casa de Farinha - Elátrica - Implantação 46 Itaparica 16 Rodelas ATICUM DE RODELAS Melhoria Habitacional - Implantação 75 Itaparica 17 Rodelas ATICUM DE RODELAS Sistema de Irrigação - Implantação 75 Itaparica 18 Rodelas TUXÁ ALDEIA MÃE VELHA Artesanato Comunitário - Implantacao 308 Itaparica 19 Santa Cruz Cabrália ÁGUA VERMELHA Sistema de Irrigação - Implantacao 50 Costa do Descobrimento 20 Santa Cruz Cabrália ALDEIA PATAXÓ AROEIRA Criação de Caprinos e Ovinos - Implantação 50 Costa do Descobrimento 21 Una RIO UNA Artesanato Comunitário - Implantação 22 Utinga ALDEIA PAIAIÁ Sistema Simp. de Abast. de Água - Implantação 25 Chapada Diamantina 23 Utinga ALDEIA PAIAIÁ Unidade de Múltiplo Uso - Implantação 25 Chapada Diamantina 24 Banzaê ALDEIA INDIGENA BAHETÁ Implementos Agrícolas 100 Semi-Árido Nordeste II 25 Ilhéus RIO UNA Casa de Farinha - Elétrica - Implantação 115 Litoral Sul 26 Itaju do Colônia ALDEIA INDIGENA BAHETÁ Mecanização Agrícola com Garagem - Grãos 64 Litoral Sul Total 188 Litoral Sul 30 Litoral Sul Plano de Assistência Técnica e Capacitação 50 Litoral Sul Mecanização Agrícola com Garagem - Grãos 227 115 Extremo Sul Litoral Sul 2.301 Fonte: SACC/CAR, 2013. 26 8. Lições Aprendidas Durante a realização do Plano de Participação dos Povos Indígenas no PCPR/Produzir lições foram aprendidas: O atendimento às demandas das populações indígenas favorece desenvolvimento em infraestrutura básica, produtiva e sociocultural. o Algumas dificuldades na elaboração e implantação de projetos no atendimento das demandas indígenas foram verificadas.Houve superposição de pleitos. Ás redes de relações e trocas de informação são informais entre as comunidades rurais e os agrupamentos indígenas, carecendo de uma sistemática que melhor conduza as decisões em redes e outros fóruns coletivos de diálogo. Aatuação direta dos técnicos da CAR junto aos povos indígenas no processo de acompanhamento e assistência à implantação dos subprojetos comunitários também foi fonte de importantes constatações: A agricultura de subsistência e o extrativismo vegetal e animal são as atividades econômicas predominantes. A agricultura é ainda praticada com técnicas rudimentares, o sistema de pousio é a única técnica adotada para conservação do solo, a atividade produtiva está em função do regime de chuvas. As famílias nucleares constituem a unidade básica de produção agrícola, embora existam arranjos para trabalhos em mutirão. As populações indígenas formaram, na última década, inúmeras associações comunitárias com o objetivo de participarem de políticas públicas que estabeleciam esse arranjo institucional como instrumento para sua atuação. Em sua maioria, contudo, essas associações se apresentam extremamente frágeis, do ponto de vista organizacional e, pouco atuante, ao nível comunitário. As decisões comunitárias mais relevantes continuam a ser tomadas pelas autoridades políticas tradicionais. Por conseguinte, qualquer intervenção pública junto às populações indígenas deve (i) levar em consideração e ter como referência essas autoridades tradicionais e (ii) contribuir para o fortalecimento institucional das organizações representativas da população indígena junto aos órgãos públicos. As comunidades indígenas estão longe de constituírem blocos monolíticos, solidários e sem divisões. Pelo contrário, alguns grupos indígenas se caracterizam por um processo de faccionalismo e por disputas internas de poder entre diferentes famílias, grupos de famílias e chefias. A situação indefinida sobre a posse dos territórios de ocupação tradicional constituiu, frequentemente, um obstáculo impeditivo ao atendimento das demandas de algumas etnias e aldeias indígenas. Esse fator – em associação aos interesses políticos e econômicos contrários à regularização fundiária das terras indígenas em áreas de maior valor imobiliário - dificultou o desenvolvimento das ações; onde a terra indígena está regularizada e situada em área de menor valor imobiliário o atendimento foi menos difícil. No entanto, a solução de questões 27 fundiárias, está fora da ação institucional da CAR, sendo de atribuição exclusiva da Fundação Nacional do Índio. As comunidades indígenas dispõem de serviço de saúde. Entretanto, carecem de infraestrutura básica (abastecimento de água, saneamento, habitação, eletrificação rural, estradas). Carecem de acesso a créditos, programas e políticas públicas específicas e de assistência técnica para seus subprojetos produtivos e socioculturais, com interface no fortalecimento organizacional, gestão e comercialização. Essas deficiências refletem o grau de desatenção do poder público local que, em geral, considera essa realidade como responsabilidade exclusiva dos órgãos federais. As condições de vida da população são precárias na maioria das áreas. Mesmo nas áreas demarcadas, a terra é limitada face à pressão demográfica; os plantios são pouco rentáveis; as alternativas de geração de renda limitadas; a insegurança alimentar uma constante. 9. Estratégia para Participação dos Povos Indígenas A estratégia para participação dos povos indígenas se inicia com atividades de fortalecimento que incluem a realização de diagnósticos participativos, elaboração de planos locais de desenvolvimento, atividades de capacitação de suas entidades representativas e assistência técnica, tendo em vista alcançar dois objetivos básicos: contribuir para reduzir as desvantagens organizacionais que caracterizam as comunidades indígenas em relação às comunidades de agricultores familiares e garantir que todas as comunidades indígenas possam ter oportunidades similares de se inserir e de poder pleitear, em condições isonômicas, recursos do Bahia Produtiva ou de outras políticas públicas complementares. Os agrupamentos indígenas encaminharão suas demandas ao Bahia Produtiva, obedecendo às regras gerais do Projeto. Neste sentido, a CAR envidará esforços para que as organizações indígenas sejam inseridas no processo de participação mais amplo, por meio dos Conselhos Municipais, Colegiados Territoriais ou Editais Específicos, mediante “Manifestação de Interesse” (Anexos 8 e 9), que deverão estar em conformidade com o Manual de Operação do Projeto. Depois de analisados e priorizados, serão encaminhados para análise final da CAR, a qual se encarregará de celebrar convênios para repasse dos recursos às associações beneficiadas. Essas entidades se responsabilizarão pela execução, operação, monitoramento e manutenção dos investimentos aprovados e financiados. Os tipos de investimentos serão determinados pela demanda das comunidades e podem, para fins analíticos, serem classificados em Inclusão Produtiva (investimentos produtivos, infraestrutura básica); Desenvolvimento Institucional e Apoio Técnico (estudos e diagnósticos, treinamentos e capacitações, comunicação). Uma vez aprovados os subprojetos, a CAR e as agências parceiras acompanharão a implementação dos investimentos e, posteriormente, farão, com a participação dos conselhos municipais de desenvolvimentos sustentável, colegiados territoriais e 28 instituições indígenas de caráter regional, o monitoramento das operações e da manutenção dos investimentos. Na perspectiva de dar continuidade a ações do Plano de Desenvolvimento Sustentável para Populações Indígenas, este será atualizado e ajustado às condições conjunturais para nortear as atividades a serem financiadas pelo Bahia Produtiva. O Plano subsidiará a elaboração dos subprojetos comunitários por meio de suas entidades representativas, seguindo as mesmas normas, diretrizes e estratégias gerais do Bahia Produtiva e em perfeita consonância com as cadeias produtivas prioritárias, contendo escala de prioridades e obedecendo aos seguintes princípios: I. Democratizar a distribuição dos recursos nos espaços dos territórios, de acordo com proposta do Conselho Estadual dos Povos Indígenas – COPIBA, os Conselhos de Caciques, os Municipais e os Colegiados Territoriais; II. Priorizar atividades produtivas de fortalecimento organizacional identificadas com a historicidade de cada agrupamento étnico, preservando as crenças, oscostumes e outras manifestações sócioculturais e sócioprodutivas. Em consonância com o objetivo geral do Projeto de contribuir para a inclusão econômica/produtiva sustentável da agricultura familiar e populações vulneráveis o Projeto vai apoiar o desenvolvimento sustentável dessas comunidades, por meio de uma ação articulada com os demais programas e projetos que vêm sendo desenvolvidos por organizações governamentais e não governamentais existentes no Estado da Bahia, com foco nas Cadeias Produtivas Prioritárias podendo ser incorporadas novas Cadeias, desde que sejam objeto de estudos, diagnósticos e análise de viabilidade. 10. Mobilização, Capacitação e Participação dos Povos Indígenas O Bahia Produtiva orientará suas ações no espaço rural das comunidades indígenas,na busca do fortalecimento organizacional, resgate das tradições culturais, relações de gênero, inclusão da juventude, meio ambiente, produção com geração de renda (agrícola e não agrícola) e comercialização. Diante da situação de exclusão da maior parte dos grupos indígenas e da sua forte caracterização de pobreza, um dos objetivos desse Projeto é contribuir, também, para a inclusão sociocultural e produtiva, financiando subprojetos de desenvolvimento sustentável, elaborados pelos diversos povos e suas organizações, com assessoria dos técnicos dos Escritórios Territoriais. O Bahia Produtivapromoverá processos de comunicação para mobilização e divulgação, tendo em vista possibilitar acesso a informações sobre o Projeto, discussão sobre as necessidades comuns,definição de prioridades de serviços e subprojetos. Também desenvolverá capacitação continuada para incorporação dos princípios de participação, democratização e descentralização e tomada de decisão pelos atores sociais. 29 O Bahia Produtiva investirá, ainda na potencialização e fomento das capacidades individuais e coletivas, tendo em vista o fortalecimento organizacional, gestão, produção, geração de renda e comercialização, a exemplo de: a) recursos para contratação de Assistência Técnica, a qual terá o papel de assessorar e acompanhar a execução dos subprojetos, cotidianamente; b) capacitação das entidades convenentes, das comunidades indígenas e do corpo técnico do Projeto nos temas transversais (gênero e juventude) e na formação em políticas públicas, específicas às comunidades indígenas; c) contratação de especialistas (pessoa física ou jurídica) para executar capacitações específicas em temas e subprojetos sociais mais complexos, como por exemplo: elaboração de projetos para acessar editais, gestão de associações e cooperativas, gestão de equipamentos produtivos coletivos e sociais, acesso a mercados, redes de comercialização, resgate cultural e designer de produtos do artesanato local, apresentação, rotulação e normatização de produtos. 11.Monitoramento e Avaliação O monitoramento e avaliação das ações do Projeto junto às comunidades indígenas serão feitosatravés da CAR, utilizando o Sistema de Acompanhamento de Convênios e Contratos – SACC. O controle nesse Sistema será realizado, dentre outros instrumentos, pela Ficha de Subprojeto que registra dados de localização, identificação (informações do subprojeto e da localidade proponente), recursos programados e executados, indicadores de acompanhamento da aplicação dos recursos, relação dos beneficiários diretos, pareceres de análise para financiamento e registro da supervisão de campo e o estágio do subprojeto, entre outros. Complementando as informações do SACC, as equipes dos escritórios territoriaisda CAR adotará asistemática de acompanhamento, também, por meio de relatórios e registros fotográficos das supervisões técnicas realizadas aos subprojetos. Acompanharão também as ações os Setores da Coordenação do Projeto e o Banco Mundial, através das supervisões periódicas das missões de acompanhamento. 30