2˚ Fórum Latino-americano de Fotografia de São Paulo Mesa
Transcrição
2˚ Fórum Latino-americano de Fotografia de São Paulo Mesa
2˚ Fórum Latino-americano de Fotografia de São Paulo Mesa Divagações Sobre O Futuro Iatã Cannabrava: Estamos chegando ao final do 2º Fórum Latinoamericano de Fotografia de São Paulo. Um sucesso do ponto de vista da coordenação, pelo menos. Um sucesso de público saberemos pelas críticas ao longo do tempo. Mas eu queria repetir uma coisa que eu falei na abertura, que a realização com sucesso do 1º Fórum poderia ter sido um acidente. O do segundo acho que define realmente uma política clara da instituição Itaú Cultural, para com a fotografia, assim como define um comprometimento da fotografia brasileira para com os seus vizinhos latino-americanos, e vice-versa. E define claramente a importância da constituição dessas redes de conexões entre os diversos protagonistas da fotografia latino-americana. Eu estou lembrando, me veio a memória viva do último dia do Fórum passado, de 2007, onde foram demolidas por completo algumas nomenclaturas. Fotografia documental, arte... Ficou uma brincadeira aqui que durou muitos anos, as pessoas repetindo a brincadeira de que a gente deveria se dividir entre caçadores, agricultores e coletores. E acho que nesse Fórum se destruíram outras definições. Ou se não se destruíram, amenizaram. Eu vou sair do papel de apresentador e vou ocupar o papel de mediador dessa mesa que busca falar sobre o futuro. Que na verdade tem um duplo objetivo: um é brincar com essa “futurologia”, com essa ideia do que vai ser dessa fotografia que vive em constante transformação nos últimos anos, e o outro é brincar com a própria existência do Fórum, onde eu convido a todos vocês, nos minutos de debate público, a questionarem também o formato e o que foi feito aqui nesses dias. Sugestões são aceitas. E aqueles que não quiserem fazê-las publicamente por falta de tempo ou por timidez, vamos aceitar no nosso blog, nos nossos e-mails, nos nossos ouvidos, via telefone, toda e qualquer sugestão que venha a ser dada. Eu passo a bola pro Luis, que vai fazer as apresentações e me sento no meu lugar lá na mesa. Luis Weinstein: Damos inicio a esta última mesa, que pena. As novas tecnologias, a velocidade com que trafegam as informações, a multiplicação do acesso à ela, essa produção desse bem para as camadas sociais antes alejadas disso, e o volume de imagens criadas e veiculadas diariamente nos levam a questionar o futuro da imagem. Vou apresentar as pessoas aqui. Iatã Cannabrava, que começou a carreira de produtor cultural presidindo a União dos Fotógrafos do Estado de São Paulo, foi criador de projetos importantes, como Foto São Paulo em 2001 e Povos de São Paulo – Uma Centena de Olhares Sobre a Cidade Antropofágica em 2004. Coordenou o 1º Fórum Latino-Americano de Fotografia de São Paulo promovido pelo Itaú Cultural em 2007. Está à frente do festival Paraty em Foco desde 2006. Como fotógrafo, tem uma obra calçada na transformação das cidades através de sua arquitetura e em base social. Participou de mais de 40 exposições e tem oito livros publicados. É presidente e fundador também da Rede de Produtores Culturais da Fotografia do Brasil. Joan Fontcuberta, catalán de Barcelona, destaque en la escena fotográfica internacional. Un fotógrafo creativo y también un pensador que se pone muy pocos límites. Licenciado en 1978 por la Universidad Autónoma de Barcelona, donde fue profesor en la Facultad de Bellas Artes. Desde entonces recorrió importantes escuelas, como la Universidad de Harvard en los Estados Unidos. Fundador de la revista Photovision, es el autor de diversos libros, tal como El Beso de Judas, en el que plantea que el mundo real fue reemplazado por uno ficticio, donde sólo existen apariencias y discute la llamada realidad de la imagen fotográfica. En Zonas de Penumbra, el fotógrafo discute la crítica fotográfica en el medio de la producción del arte contemporáneo y recorre a otras investigaciones. Pensamientos que coinciden con una inquietud íntima y sus reverberaciones en la imagética internacional. María Iovino estudió Arte y Derecho en la Universidad de Los Andes y Crítica del Arte por la Universidad de Rosario, ambas de Bogotá. María Iovino dirigió el Departamento de Educación del Museo de Arte Moderno de Bogotá. Entre sus investigaciones sobre el arte y la fotografía destacan En Este Lugar, dedicada a la obra del fotógrafo mexicano Alfredo De Stefano y A través de las sombras, sobre el fotógrafo colombiano Fernell Franco. Además de Territorios de Infinitud, sobre la obra del artista brasileño Daniel Senise. Fue la coordinadora en Colombia del proyecto Recovering the Critical Sources of Latin American/Latino Art, del Museum of Fine Arts de Houston. Actualmente, trabaja en investigaciones y curaduría de manera independiente y como tal ha publicado varios libros y ensayos sobre temas de arte y fotografía contemporánea. Trabajos que se han presentado y difundido en diversos países. En los últimos cinco años su trabajo se ha enfocado en la producción más joven de Latinoamérica. Investigaciones que ha publicado, entre otras, la Cámara de Comercio de Bogotá. Trabajó por varios años en el mundo académico en el que dirigió varios proyectos. Finalmente, Maurício Lissovsky. Historiador, redator, roteirista e professor de Roteiro e Teoria Visual na Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro, onde coordena o curso de Audiovisual e a linha de pesquisa em Tecnologias da Comunicação Estética. Dedica-se ao estudo das relações entre imagem e história, sobretudo a imagem fotográfica. Entre os seus primeiros trabalhos está Escravos brasileiros do século XIX na fotografia de Christiano Jr., do ano de 1988, escrito em parceria com Paulo Azevedo sobre a descoberta da maior e mais antiga coleção de fotografias de escravos no Brasil. Mais recentemente publicou Só existe um Rio, em 2008, reunindo ensaios de fotógrafos contemporâneos radicados no Rio de Janeiro, e A Máquina de Esperar, em 2008 também, uma investigação filosófica sobre a origem e a estética da fotografia moderna. Iatã Cannabrava: Bom, para começar em primeiro lugar eu queria agradecer ao Itaú Cultural e toda a sua equipe, em especial na figura da Yara Kerstin. Quero agradecer ao Eduardo Brandão e a Cia de Foto, que ocupam os três andares expositivos do Itaú Cultural aqui durante o Fórum, e a exposição continua até dezembro. Queria agradecer aos meus conselheiros, a quem eu pedi ajuda sempre que eu tive dúvidas, principalmente ao Claudi, a Maria Iovino e ao Marcelo Brodsky. Queria agradecer também ao Alexandre Belém, Georgia Quintas, Ronaldo Entler e a Manu, e todo o resto da equipe que trabalhou duro nesses últimos quatro meses e que fizeram um dos pontos altos do Fórum, que foi o Fórum Virtual. Nesse momento nós temos 500 pessoas acompanhando essa transmissão ao vivo, eu estou com o número aqui na tela: 485. E queria agradecer a todos vocês. Aos que estão acompanhando pela Internet, vindos de diferentes países, àqueles que vieram pra cá, que viajaram... Nós temos aproximadamente 50 e poucos convidados estrangeiros, que vieram assistir o Fórum. Então meu muito obrigado a todos vocês. Nestes cinco dias de trabalho nós colocamos a fotografia como campo de pensamento. Ou seja, fazia parte da proposta do 2º Fórum Latino-americano de Fotografia discutir a fotografia como eixo. Inclusive ontem eu brinquei de que ficava difícil de explicar para os gringos em inglês o que queria dizer “Fora do Eixo”. Eu falei muito que essa confusão faz parte do próprio Fórum, dessa questão da identidade. A gente misturou bastante bem a discussão sobre identidade e sobre o campo da fotografia. O conceito latinoamericano de identidade foi questionado, todo tipo de fronteira foi revisitada. Mas o que sobrou de forma mais sucinta na minha memória quando eu acordei hoje de manhã foi a definição da mesa de ontem dada pelo Jorge Villacorta, do Peru, que falou que a fotografia “sin sufrimiento” é a fotografia que vigora nos dias de hoje. Eu acho que isso traz uma mensagem de que podemos nos definir como fotógrafos se for conveniente. Ou não. Podemos nos definir como Latino-americanos se for conveniente. Ou não. E me arrisco a dizer que a única coisa que sobra como uma mensagem mais ou menos constante, pouco dita, mas bastante presente, é que quem não se conectar... Esse vai ter problema. Mas as definições podem ser todas feitas... Agora há pouco a gente teve uma mesa redonda surpresa feita com o Joan Fontcuberta ali fora, sem microfone, uma coisa silenciosa. E de novo veio isso à tona, ou seja, se for conveniente nos definirmos como fotógrafos, se for conveniente nos definimos como fotógrafos latino-americanos, se for conveniente nos definimos como artistas visuais... O que importa é o conteúdo, a obra, a proposta, o conceito que está se elaborando. Eu nesse momento eu me arrisco a dizer que foi conveniente e está sendo conveniente nos definirmos como uma rede de fotógrafos latino-americanos e agregados, pensando dentro do campo da fotografia e de um campo latino-americano. Isso é conveniente para o desenvolvimento e para o fortalecimento dessa rede, que é uma rede que leva o nosso trabalho a ocupar espaços que de outra maneira seriam mais difíceis de serem ocupados. Essa é a grande finalidade de uma rede como essa. Bom, falando da mesa de hoje, a gente tinha três opções para falar de futuro. Uma era convidar as crianças, mas achamos que não era a mais adequada; a outra era convidar futurologistas, bruxos, magos. Optamos por uma terceira opção, convidar três cabeças pensantes da fotografia mundial, três pessoas que vão apimentar essa discussão que eu acho que vai ser mais do que polêmica, vai ser divertida e sedutora, como toda conversa sobre o futuro é. Uma mesa positiva, nada melhor do que isso para uma despedida. Eu acho que a gente sempre olha para o futuro com um olhar infantil das nossas lembranças difusas da descoberta do mundo. Então acho que essa mesa vai ter um espírito muito similar ao que foi esse Fórum durante esses cinco dias, um espírito para cima, positivo, alegre e uma fotografia “sin sufrimiento”. Pra dar início eu convido a Maria Iovino a apresentar a sua futurologia. Maria Iovino: Trataré de ser breve. 1492 fue un año que se recibió con pánico generalizado en este planeta. Por todas partes magos, adivinos, sacerdotes, astrónomos y profetas habían anunciado que en ese límite se acabaría el mundo. Era tanta la certeza que se tenía que era el final de los tiempos que muchos contradictorios de la profecía fueron condenados por reyes y gobernantes que cobraban la herejía con pena de muerte. La verdad que entonces se aceptaba era la que llegaba al final y no se podría negar. Y en efecto, como lo clarifica el historiador inglés Felipe FernándezArmesto: “1492, el año en que Colón emprendió, aún sin saberlo, el primer viaje de Europa a América, se acabó el mundo. Se acabó el mundo de territorios desconectados e ignorantes unos de los otros. Y nasció otro mundo: el de la globalidad” Sucesos históricos muy acelerados y violentos, pero también súper poblados de productos del ingenio y de la inteligencia. Los continentes encontrados y la tierra, como el hasta entonces temido océano, se volvieron pequeños, transitables y domables. Los nuevos propietarios de islas y continentes comenzaron a cartografiar por todos los rincones sus riquezas. Entre las que estaban, los miles de cientos de tesoros que aparecieron por todas partes. Los ganadores fueron por supuesto los navegantes aventajados, pero también los más astutos, los más fieros, los más codiciosos y los agresores mejor armados. La más excelsa inteligencia y la más reprobable brutalidad se unieron para dar luz al Nuevo Mundo, que es el que conocemos hoy, claro está, con bastantes mejoras. Este mundo también tiene anunciado su final. En eso están de acuerdo otra vez los profetas, los adivinos, los videntes y los astrónomos. Al igual que el 1492 muchos pronósticos anuncian que en el 2012, entre grandes terremotos, inundaciones y pérdidas llegará una “Era del Oro” para los pocos sobrevivientes de la faena. Pero en esta oportunidad el pronóstico del cambio se acompaña de una gran cantidad de datos científicos. Son muchas las vertientes de conocimiento que están de acuerdo en que está por comenzar un nuevo mundo, y son muchos los síntomas que lo avisan. Fernández-Armesto afirma que Colón monopolizó el relato del corte histórico que se hizo en 1492, a causa de la magnitud de las consecuencias de su hazaña. Pero hubo hechos de gran importancia también en China, África, Rusia, Europa, India y América, que avisaron que la concepción del mundo anterior a 1492 caía en un abismo. A través de esa conjunción de hechos el planeta se preparó para ingresar a un desarrollo muy distinto al que había conocido. El globo se abarcó completamente desde entonces, y entre tanto se pudo constatar progresivamente en medio de descubrimientos, desastres humanos y de bestiales actos predadores que al otro lado no habitaban cíclopes, ni monstros. Sino por el contrario, seres iguales, con culturas diversas. Con procesos y universos muy distintos y complejos de valorar y de entender. El encuentro acarreó enriquecimiento para todos, hasta para los que consideran sus perdedores. Al igual que en aquel entonces, las manifestaciones del cambio están aceleradas en este período. Otra vez hay un factor que monopoliza la atención y que opaca la importancia de muchos otros, el cambio climático. No obstante, si se revisan atentamente los registros cotidianos y noticiosos de los meses más recientes de este año y se les confronta con los que producían en un mes cualquiera de pocos años atrás, es clarísimo que estamos en las puertas de otros paradigmas. Y en solo 10 años que han transcurrido del siglo XXI, el siglo XX, con sus cientos de movimientos y cambios, ha comenzado a ser un anciano. A eso me refiero en la entrevista que está en la Internet cuando digo que ver las imágenes de la cotidianidad como a una simple rutina abunden las reiteraciones, es un desperdicio de inteligencia. La cotidianidad está llena de indicativos de un salto poderoso. Sólo el reemplazo urgente de sistemas energéticos que están pidiendo los líderes de la ecología supone pasar a otra estructura económica y social con lógicas nuevas. Y hay que hacerlo o de verdad se acaba el mundo. Pero además, y todavía mirando casos puntuales y no un panorama amplio de reformas, lo que ocurrió con la web en este siglo muestra un giro radical. Nunca hubo como en este momento la posibilidad de la múltiple convergencia en simultaneidad, en tiempo presente y en constante y acelerado movimiento. Aunque todavía se vivan guerras por las viejas fronteras y aunque todavía estas sigan siendo guerras horribles y primarias, las fronteras políticas y discursivas que conocemos hasta hoy ya son extremadamente anacrónicas. Están burladas y sobrepasadas por todas las posibilidades contemporáneas en miles de espacios, en los que esos límites no existen más. La reiteración de categorías, como latinoamericano, multimedia, contemporáneo, o chicano, por ejemplo, es manierista. Cuando cayeron las Torres Gemelas, que fue hace poco, todavía se podrían leer en diversas presentaciones de esa noticia la fuerza de unas pocas narrativas que habían guiado al mundo. El enfrentamiento maniqueo fue clarísimo. Las amenazas del fin de una Era a causa de un único evento contra los Estados Unidos, exageradísimas. Entre tantas personas que han ganado voz, que han madurado lecciones que visibilizan desde todos los flancos la decadencia de los propósitos monopolistas y la imposibilidad de permanecer en ese maniqueísmo que ya sólo le interesa al cada vez más arrinconado ultra conservadurismo. Por fortuna, entre otras fuerzas, la Internet ha propiciado el desarrollo de una forma de democracia no programada. Es muchísimo e inabarcable el conocimiento venido de muy distintos frentes que se ha puesto en manos totalmente públicas. Y eso ha desatado un fenómeno de participación y transformación colectiva exponencialmente crecente, que no se podría frenar si eso se quisiera. Los ejes son otros, y son dinámicos. Un ordenador, que es un aparato en el que una importantísima parte de la población mundial pasa mucha de las horas de cada uno de sus días, es un ejemplo muy claro. Ese es el eje de la cámara fotográfica. La información que se organiza ahí es central, quieta y finita. La realidad que ella capta en principio también. Es el aparato a través del cual se solidificó una idea de realidad por décadas. Este otro es el eje del ordenador. No está en el centro; es móvil. Y en principio se mueve hacia el infinito; un infinito positivo, un infinito negativo. Permite trabajar en muchos frentes en simultaneidad. En tiempo real, confrontados y con enormes posibilidades de intervención. Aún la fotografía organizada desde un eje central tiene otra naturaleza ahí. En este campo se vuelve un asunto vivo. Naturalmente, en el ejercicio cotidiano con estas herramientas, haya sido y tomado fuerza otra lectura de lo real. Pero por demás que es la realidad hoy, hace 10 años tampoco se contaba masivamente por registros satelitales que permitieron transitar por el planeta como con la guía “A-Z” de cualquier metrópoli. La perspectiva desde la cual se mira el mundo desde muy distintos lugares es radicalmente otra. ¿Quiénes somos nosotros hoy? Los habitantes del medio de un infinito que se extiende hacia el interior y el exterior de cada cuerpo en existencia, por microscópico que sea. Al igual que se puede contar con capturas fotográficas de cuerpos que están a cientos de miles de años luz y de los que hasta hace muy poco solo había conclusiones matemáticas, la posibilidad de registro ha llegado hasta acontecimientos energéticos increíblemente minúsculos. Son cambios maravillosos de la percepción. El espacio es otro. El 1492 la esfera terráquea se convirtió en un cuerpo navegable. En el siglo XX, con la conquista de la odisea espacial, se empezaron a navegar otras esferas más allá de este hoy pequeñísimo globo. ¿Estos cambios habrían sido posibles sin el apoyo de la fotografía en sus expresiones más fundamentales y experimentales? Definitivamente no. Como tampoco se habría desarrollado la fotografía sin ellos, las velocidades que la ha hecho. Lo mismo es válido para el futuro. Hay una relación indiscernible entre la mundialización y la cosmolización con las muy distintas expresiones de lo fotográfico, al igual que la hay entre la fotografía y el conocimiento más fino de la energía. Los paradigmas ya son otros. ¿Pero cuál es el nuevo rostro de lo real? Todavía no se ha terminado de redondear y cualquier pronóstico a ese respecto es aventurado. Creo que inclusive ingenuo. Con los pronósticos nos está pasando lo mismo que a Colón: zarpó hacia la India y llegó sin saberlo al Nuevo Mundo. Se estuviera aquí parado, el mismo no podría creer la dimensión del escenario que abrió. Fuera del control siempre está la verdad. El mismo eje del planeta cambió, y va a cambiar mucho más. Y no porque los hombres destruyeron a la Tierra, sino porque el universo se está expandiendo. Y porque además la expansión que ya había calculado Einstein se aceleró. Los reposicionamientos, como los climáticos por ejemplo, son inevitables. Están ligados a fuerzas muy superiores que no se controlan desde este lugar. Pero además, hablar de un universo también es un asunto pasado. Stephen Hawking anunció recientemente que son multiuniversos, y por demás, habitados. En muchas ocasiones, por civilizaciones con conocimientos muy superiores a los nuestros y con prácticas invasoras y predadoras. Lo que siembra la advertencia sobre la posibilidad de ataques que bajo cualquier aspecto se deben evitar. Las últimas declaraciones del genio de la física contemporánea constatan una guerra de las galaxias para la que habría que tomar precauciones. Hasta el momento Hawking ha basado sus afirmaciones en cálculos matemáticos. Pero muy seguramente en breve la imagen tecnológica hará visibilidad a sus señalamientos. ¿Qué imagen será esa? No lo sabemos. Como tampoco conocemos los retos fotográficos que está despertando. Llevamos ya muchos años en los que la imagen no puede cesar por un instante de anunciar descubrimientos, mundos inéditos y errores de interpretación de años pasados, en los que hemos vivido y de los que en ocasiones hemos sido víctimas. Al comenzar el siglo XX, se creía que la realidad tenía tres dimensiones. Einstein anunció la cuarta el 1905 y ese anuncio cambió para siempre al mundo del arte, al de la imagen y al de la cultura en general. El concepto de la relatividad alteró todos los relatos, además de que propició muchos nuevos que no se habrían podido predecir, ni siquiera cuando ya se entendía que entrábamos a otra idea de tiempo y de espacio. Esta es una imagen muy escandalosa que rompía a todos los paradigmas de corrección en el final del siglo XX antes que la física y la matemática hablaba de la relatividad del tiempo y de la realidad. Esta es una mucho más arriesgada e inimaginable, producida el 1903. Aún a pesar de la locura, que muchos veían en esta concepción de la forma, ni se sospechaba que se estaba en la puerta de la total abstracción y que esta llegaría el 1904. Pero además el arte llegaría pronto a ser inclusive efímero, y de él no quedaría más que un registro fotográfico, mientras que la fotografía podría llegar a ser algo distinto que una certificación de lo real. Muchas certezas se derrumbaron al comprobar la ciencia la relatividad del tiempo-espacio. Muchas permanecieron, porque es claro que hay aspectos muy anacrónicos que permanecen en las circunstancias que sean. Hubo que vivir siglos para que esos cambios tan importantes se produjeran y muy pronto después de avisarlos se supo que había bastante más de cuatro dimensiones. Al finalizar el siglo XX y lo que ha ocurrido en esta década, la física ha reconocido en unos casos 10 dimensiones; en otros, 11; y en otros 12. Otros afirman que son muchas más. Son cambios de envergadura gigante. Hace 1980 años, la investigación en física cuántica está avisando que la realidad no existe; la materia y la imagen, tampoco. Y que siempre nos encontramos ante proyecciones que se estructuran a partir de nuestras concepciones. Se pasó de estudiar el átomo al núcleo. Después a la partícula. Enseguida a la subpartícula, y después a la espuma cuántica, algo invisible e intangible. Un cálculo simplemente. Ya no queda realidad concreta entre las manos. La realidad se entiende hoy sencillamente como una creación individual y colectiva de carácter holográfico. Lo que quiere decir que en cuanto la imagen se refiere, hay un futuro de grandes perspectivas en ese campo del holograma. Posiblemente ya se encamine la exploración fotográfica. De esa realidad se habla ya hace varios años para un público masivo en el cine. Filmes referenciales pueden ser de Matrix, Abre Los Ojos, Mente Brillante, Eternal Sunshine Of The Spotless Mind, Inception, Alice de Tim Burton, por citar algunos. Cada vez se entiende mejor y en muchos más territorios esa concepción holográfica del mundo, que además está contribuyendo a hacer entender en simultaneidad muchos grupos de trabajo y de investigación que ni siquiera alcanzamos en conocer. Son demasiados y están alrededor del mundo entero en todos los campos de conocimiento. Por fortuna también, aún en lugares en los que por limitaciones económicas no se esperaba que nacieran propuestas de investigación. La expansión de la información y de la educación que ha comportado el desarrollo de la web es una fortuna de magnitudes que no alcanzamos a evaluar, aunque todavía estemos vinculados sobre todo por vicio a las viejas narrativas que guiaban unos pocos centros. Ya no vivimos en esa realidad. En la web, que es el territorio en el que ocurren los principales encuentros en la actualidad, las opciones de relato del mundo y de la realidad son todas las que estemos en capacidad de buscar, evaluar y construir. Pero por otra parte somos hijos de cambios importantísimos que trajo para el mundo entero el replanteamiento por la humanidad al que obligó el horror desatado por dos guerras mundiales. A pesar de estar aún astronómicamente lejos de ideales de justicia, de respeto y equidad, de cuidado del medio ambiente y a pesar de vivir constantemente con la sirena encendida por los peligros desatados por múltiples confrontaciones y problemáticas, la transformación que ha vivido el mundo en los últimos 50 años es de proporciones colosales. La posibilidad de proponer y abanderar causas está en manos de muchos más y no de unos pocos asociados exclusivamente con formas tradicionales de poder. Son muchas las miradas implicadas en el cambio. Son muchas las direcciones posibles en simultaneidad. El mismo concepto de simultaneidad hoy es otro, es muchísimo más complejo. Aun así, la ciencia está empeñada en encontrar una teoría acerca de todo. Como aclara Ken Wilber: “No es posible estructurar una teoría acerca de todo, sino de mucho más, que es bastante mejor que una teoría acerca de poco”. Para poder acceder a esas interpretaciones más amplias y comprensivas no hay más alternativa que zarpar como Colón hacia realidades que se creen conocidas o conocibles para probablemente enfrentar magnánimas sorpresas. El conocimiento avanzó muchísimo, pero el espacio creció mucho más. Si de algo se abre conciencia con los nuevos hallazgos es que se crece para volver a comenzar. Gracias. Iatã Cannabrava: Maurício? Maurício Lissovsky: Eu aceitei essa provocação de divagar sobre o futuro e fiz o que eu chamei de 10 Proposições Acerca do Futuro da Fotografia e dos Fotógrafos do Futuro. E vou tratar, devo dizer logo, de três futuros diferentes: do futuro do passado, do futuro do presente e do futuro do futuro. Eu vou passar as proposições. Eu tinha muitas imagens, e decidi que o melhor era mostrar nenhuma. Eu vou mostrar só as proposições. 1. Fotografia e Adivinhação Um dos mais famosos vaticínios sobre o futuro da fotografia foi feita por Moholy-Nagy nos tempos heróicos do modernismo. “O analfabeto do futuro”, dizia ele, “não será quem não sabe escrever, e sim quem não sabe fotografar”. Era uma boa previsão do lugar que a imagem técnica ia ocupar na nossa civilização. Mas era também uma frase de efeito para justificar seu projeto de tornar o ensino da fotografia um requisito básico na formação de artistas gráficos, designers e arquitetos. Poucos anos depois, Walter Benjamin fará uma revisão radical deste enunciado, perguntando-se: “Mas um fotógrafo que não sabe ler suas próprias imagens não é pior que um analfabeto?” O termo que desaparece de uma sentença a outra é exatamente o futuro. De Moholy-Nagy a Benjamin, o futuro deixa de ser o tempo vindouro em que viveria o analfabeto, e torna-se o próprio objeto da leitura. Trata-se agora do fotógrafo que não sabe ler o futuro em suas próprias imagens. O futuro que ali se infiltrava, escreveu o filósofo, em “minutos únicos” que só reconhecemos agora, olhando para trás. O tempo em que vive esse que é capaz de ler os indícios do futuro ocultos nas imagens é como aquele em que estão mergulhados os adivinhos. Não se trata aqui do tempo das cartomantes e dos astrólogos vulgares, que sondam apenas movidos pela curiosidade, o que ainda está por vir. Trata-se de um tempo divinatório, premonitório, que está sempre ao nosso lado, que nos é sempre contemporâneo. É sempre na forma de uma interrupção que somos tomados pela experiência desse tempo, como uma carga explosiva nas entrelinhas de nossas vidas. Vejamos um exemplo prosaico. Há esse objeto que perdemos - um chaveiro, um bilhete, mas cuja imagem nos vem junto com a convicção de que na última vez o que o notamos, tivemos a certeza de que ia perder-se. Sim, faz dias que ele zombava de nós, lá onde ele estava, tinha uma tristeza em torno dele que o traía em suas intenções de desaparecer. Não é que ele me vem agora exatamente como uma fotografia na minha lembrança? Agora, quando é tarde demais, a despeito de todas as nossas premonições? Interrupções como essas, ensina Benjamin, são como, cito: “pausas silenciosas do destino, que só tardiamente percebemos que continham o germe de uma vida inteiramente diversa daquela que nos foi concedida”. De cada fotografia emana a radiação ultravioleta que glosa o texto de nossas vidas. Em cada uma delas, inscreve-se o nosso destino. Os fotógrafos-leitores que Benjamin conclamava são profetas das entrelinhas. São fotografólogos. 2. A Fotografia Nasce da Espera Desde quando o instantâneo confundiu-se com a própria natureza da fotografia, a partir de meados dos anos 1920, as câmeras fotográficas tornaram-se mais claramente o que sempre foram. Não apenas “relógios de ver”, como as definiu Roland Barthes, mas “máquinas de esperar”. Máquinas de hesitar entre “é agora” ou “não é agora”, entre “espero mais’ e “não espero mais”. Só há fotógrafo neste intervalo indeterminado que ocorre entre o olho e o dedo. Intervalo que o filósofo Henri Bergson chamava duração ou memória, onde toda fotografia encontra sua origem e onde a subjetivação dos fotógrafos tem seu lugar. Tudo que o fotógrafo deixa de si, na imagem que acaba de realizar, são os traços dessa espera, os vestígios de sua expectativa. Só há instantâneo fotográfico porque tempo e movimento foram dali extraídos pelo fotógrafo “enquanto ele espera”. Máquinas fotográficas são como aspiradores de movimentos, sugadoras de tempo. A duração dos fotógrafos suga tempo e movimento do mundo, e essa duração, como diz Bergson, “deixa nas coisas as marcas de seus dentes”. Por que os fotógrafos esperam, as fotografias são orientadas para o futuro. Siegfried Kracauer definiu a espera, a espera que lhe interessava como um “estar-aberto hesitante”, e que nascia de um “sentido alerta ao seu próprio tempo”. Os fotógrafos modernos foram os companheiros de espera que Kracauer procurava entre os intelectuais de sua época. São foto-expectantes. 3. Toda Fotografia é uma Sobrevivente Habituamo-nos a olhar para as fotografias como portadoras pontuais de um passado já ido. Isto foi na sintética e por isso mesmo genial formulação de Roland Barthes. Mas nas últimas décadas, estamos vendo nascer uma nova fenomenologia da fotografia. O novo tempo das fotografias é multidimensional, anacrônico e policrônico. Uma mistura de tempos: nos seus indícios, nas sombras de todo o existente no mundo que ela acolhe, a fotografia foi; nos seus ícones, ela remete a um inumerável repertório de imagens e forças de figuração, que por meio da memória do fotógrafo e dos espectadores vêm impregnar a imagem. Nisso tudo “a fotografia fora”. Na sua prática, na dimensão de seu ato, nos vestígios da espera, a fotografia seria, ou poderia ter sido; na sua recepção imediata, em minhas mãos, no álbum, na tela, no porta-retratos, nas paredes do museu, sua presença ainda é. Toda fotografia que vejo agora escapou desse torvelinho de tempos. É a sobrevivente de um naufrágio. Por isso cada fotografia guarda em si a difícil pergunta sobre o propósito de sua sobrevida. A pergunta sobre o que nela, a despeito de tudo o que passou, ainda será. Fotografias são sobreviventes. Fotógrafos são fotonáufragos em missão de resgate. 4. Fotografia é Assombração Porque as fotografias são essa condensação de tempos, nunca estão inteiramente no presente ou no passado. São seres que habitam o limiar entre presente e passado, entre vivo e morto, exatamente como os fantasmas. E são, como os fantasmas, seres instáveis. Estão aqui e agora conosco, e no mesmo momento, nos fornecem o testemunho da nossa irremediável diferença em relação ao que foi. São, como disse uma vez o filósofo italiano Giorgio Agamben, dos fantasmas e dos brinquedos, são história em estado puro. São a própria operação histórica em ato, mesmerizada pela atualidade do que foi. As fotografias atravessam os tempos como os fantasmas atravessam paredes, ambos condenados a fazer a incessante mediação entre o que foi, o que é, e o que será. Fotografia é história. Ou como ousou dizer Eduardo Cadava, “não há história que não seja história da fotografia. Toda fotografia um dia irá nos assombrar. Todo fotógrafo é um caça-fantasmas.” 5. Há sempre uma fotografia que nos está destinada Walter Benjamin escreveu em 1931 que as fotografias eram capazes de aninhar o futuro em minutos únicos. O futuro está lá, aninhado como um ovo, adormecido, à espera do momento de seu despertar, quando a casca se rompe e ele é finalmente reconhecido. Esse momento é sempre um agora. O agora de uma reciprocidade entre passado e futuro, o correspondência, o agora de um reconhecimento. agora de uma É desde um agora-futuro que a fotografia que contém nossa imagem do passado está à nossa espera. Desde esse agora ela nos visa, nos encara. Aguarda pelo gesto de reconhecimento quando será então redimida. Toda fotografia, insiste, confia, pois tão seguro como estaremos todos mortos um dia, nada está perdido para a história. Tudo que foi dito, feito e sonhado tem um encontro marcado conosco. A tradição ocidental chamou a data deste encontro de Dia do Juízo Universal. As fotografias em todo o seu conjunto, e cada uma delas individualmente, mostra a face das pessoas e das coisas, tal como serão vistas no mais comum, mas igualmente único, dos dias. Um dia que finalmente é o mesmo para todos e onde todos têm a sua vez. Toda fotografia é uma versão microscópica do Juízo Final. Todo historiador é um monge redentorista. Todo fotógrafo é o anjo do apocalipse. 6. Toda fotografia é o tempo que nos resta O que se chama dispositivo fotográfico – a câmera, o fotógrafo, a disposição de fotografar – funciona na tensão entre urgência e permanência. Estas são as duas faces de uma cunha afiada que o fotógrafo procurar cravar mais fundo no coração do agora. Ali, entre o olho e o dedo, o tempo é tudo que nos resta. Um tempo suspenso do tempo. Um tempo de duração indeterminada, porém determinado a acabar. Tempo do anúncio do que já chegou, e tempo da prefiguração do que virá e da recapitulação do que já houve. Tempo que transcorre entre a escorrer de chronos e o advento de kairós, que os gregos chamavam a oportunidade. A cunha fincada pelo fotógrafo no escorrer do tempo faz dois mundos que nunca se encontram, esse mundo e o mundo por vir, coincidirem pelo intervalo que a sua espera sustenta. Enquanto as forças da urgência e da permanência sustentam o seu paradoxo, o passado reencontra sua atualidade perdida, e o presente, o sonho de sua completude. Isso é complicado, se vocês quiserem eu explico depois. Dessa grande catástrofe cósmica que ela mostrou, uma fotografia é tudo o que nos resta. Todo ato fotográfico dura o tempo que nos resta. Toda fotografia é a última, principalmente a próxima. 7. Fotografar é criar reservas de futuro O apogeu da fotografia coincidiu com a brutal aceleração temporal que marcou a era moderna, na qual mais e mais ações cotidianas passaram a resolver-se num piscar de olhos, ou num estalar de dedos. Hoje, até mesmo estas metáforas orgânicas do imediato tornaram-se caducas. Nossa cultura já está inteiramente dominada por dispositivos tecnológicos instantâneos que sustentam uma complexa rede de simultaneidades globais. Só agora, nos estertores do mundo moderno, podemos compreender qual pode ter sido o papel da fotografia em uma existência que se tornava cada vez mais instantânea. Esse papel era preservar a possibilidade do futuro como diferença pela qual vale à pena esperar. O que se constitui aí neste intervalo, na produção dessa reserva, é o tipo de liberdade necessária à sustentação de uma ética. Foi o filósofo da técnica Gilbert Simondon quem melhor definiu o sentido dessa ética: não haveria ilhas no mundo, não há uma interioridade independente de exterioridade, nenhum instante é autossuficiente, pois diz ele, “cada gesto tem um sentido de informação e é simbólico com relação à vida inteira e ao conjunto das vidas”. Nessa ética para vidas que se tornavam cada vez mais instantâneas, a espera do fotógrafo era esse esforço para reabrir no seio do agora suas múltiplas possibilidades de sentido, suas virtualidades adormecidas. Na iminência do corte que nos levará no final apenas uma imagem e um assunto; nesse intervalo, adensado pela expectativa, por mais breve que seja, resguarda-se certa imunidade do futuro. Cria-se ali uma reserva de futuro, no mesmo sentido em que se diz de uma reserva indígena ou uma reserva florestal. Uma reserva onde o tempo reencontra sua potência de interrupção. Todo fotógrafo é o guarda florestal de uma reserva de futuro, onde uma população de instantes, em vias de extinção, preserva sua capacidade de irromper em nossas vidas como acontecimento e diferença. 8. Toda fotografia está grávida de sonhos Uma história que se ocupa das imagens é, sobretudo, uma história do futuro, uma história poética. Toda descoberta em uma imagem de arquivo resulta de um olhar correspondido que atravessa as eras. É o reencontro de um porvir que o passado sonhara, e que somente nossos próprios sonhos de futuro permitem agora perceber. Os sonhos são a alma das fotografias. Os arquivos de imagens são como os brinquedos que uma criança tem em seu quarto, sobre as prateleiras ou dentro do armário. Durante a noite eles ganham vida, cultivam desavenças e afinidades, emergem subitamente e desaparecem se deixar vestígio. A história das imagens é a história da sua vida onírica. Toda fotografia é o despertar onde as luzes do dia se misturam com fiapos de sonhos que nos escorrem por entre os dedos. Todo fotógrafo sonha acordado. 9. Toda fotografia está viva A tecnologia e os meios digitais permitiram uma tremenda expansão dos recursos de manipulação, processamento, e distribuição de imagens. Elevaram ao infinito as possibilidades de apropriação, hibridação e transformação das fotografias produzidas hoje e, junto com elas, de todas aquelas produzidas outrora. Somos tomados pela estranha vertigem de que tudo que uma vez se fotografou está agora a nossa disposição. Essa montanha de imagens que se acumula infinitamente sob os nossos pés, e que não pára de crescer, nos interroga desde o mais fundo dos estratos sedimentados pela tradição, até a poeira imperceptível das milhões de fotografias que estão sendo realizadas por aparelhos celulares neste exato momento. Os recursos tecnológicos colocaram ao alcance de qualquer criança e da intuição do artista mais ingênuo a possibilidade de liberar sonhos que as imagens mantinham adormecidos em seu ventre com uma velocidade e numa escala jamais vista. Essa montanha de imagens que se eleva até encobrir o horizonte está em permanente movimento. Em toda parte, artistas e pesquisadores já se deram conta que as imagens estão vivas. De fato, dão-se conta que sempre estiveram vivas, a ponto de podermos dizer delas o que Samuel Butler disse a respeito dos ovos, em 1878: “Uma galinha” – conclui ele, após ter compreendido todas as implicações do darwinismo – “uma galinha é apenas o modo pela qual um ovo produz outro ovo”. Assim, também, agora mais do que nunca, fotógrafos são um modo pelo qual uma fotografia produz outra fotografia. O fotógrafo contemporâneo é cada vez menos um caçador de imagens. Ou é um surfista que tenta, quase sempre em vão, manter-se acima da linha d’água em meio a um tsunami de fotos feitas. Ou é um esgrimista, que como o poeta Baudelaire descreveu a si mesmo em O Sol, poema 87 de As Flores do Mal: “Ao longo dos subúrbios, onde nos pardieiros persianas acobertam beijos sorrateiros, Quando o impiedoso sol arroja seus punhais, Sobre a cidade e o campo, os tetos e os trigais, Exercerei a sós a minha estranha esgrima, Buscando em cada canto os acasos da rima, Tropeçando em palavras como nas calçadas, Topando imagens desde há muito já sonhadas.” O fotógrafo-poeta-esgrimista busca esquivar-se do ataque de imagens que tentam fazer dele mero veículo de sua reprodução. Todo fotógrafo é personagem de uma conhecida saga futurista, esgrimindo seu sabre de luz diante de um adversário muito maior, mais poderoso e bem mais velho do que ele. Observar a cena fotográfica contemporânea é contemplar os despojos desta luta. 10. O futuro da fotografia somos nós Todas as imagens vão desaparecer um dia. Mesmo as radiotransmitidas para bem longe, para os confins do Universo, hão de sucumbir no fundo insondável de algum buraco negro. Mas a crise que abalou a fotografia moderna não foi a consciência de seu fatal desaparecimento. Não foi a crise motivada pelo que o futuro lhe reservara, mas foi a crise do próprio futuro como reserva de novidade. No entanto, quanto mais difusa e vaga parece ser a presença da fotografia hoje, mais visíveis se tornam as forças que constituíram sua história. Forças que não são apenas oriundas do mundo ou do gesto do fotógrafo, mas igualmente da vontade de sobrevivência das imagens. Na fotográfica clássica, o predomínio foi do mundo e do ponto de vista; a fotografia moderna deu vez ao gesto e ao tempo. Agora, o fotógrafo contemporâneo vê-se face a face com o imaginário. As imagens digitais tornam-se mais e mais diáfanas e voláteis a cada momento, e fundamentam na reprodutibilidade infinita de que dispõem a ilusão de sua perpetuação, a crença em uma vitória possível sobre o desaparecimento. É por que visam sua sobrevivência e reforçar sua reprodutibilidade que as imagens atuais desejam o clichê. Na experiência moderna, o fotógrafo já foi essa resistência, essa demora que se interpunha entre o olho e o dedo, que investia na potência da espera como lugar de retardamento do devir instantâneo do tempo. Os fotógrafos contemporâneos têm outros desafios pela frente. O retardamento que se impõe não é mais a mesmice dos instantes, mas a reprodução instantânea dos clichês. Os antigos sabiam que imagem é o que sucede a tudo o que morre. Porém as imagens atuais estão tomadas por um delírio de onipotência, uma fantasia que encontrou na replicação infinita a justificativa autorreferente de sua existência. As imagens clichês querem passar, querem nos fazer crer que agora, mais do que nunca, a reprodução é parte indissociável da sua natureza. Mas, não se deixem enganar, elas ainda precisam de nós para ganhar impulso. Alimentam-se como vampiras do nosso elã vital, sem o qual submergiriam no tsunami do imaginário. Sugados por suas fotografias, os fotógrafos tornam-se eles próprios imagens, espectros digitais de si mesmos. Como restringir o impulso das imagens? Como produzir o atrito que perturba esse deslizamento? Como impor ao clichê a demora que revela a fragilidade da sua construção, ou evidencia as forças poderosas que agiram na sua composição? O fotógrafo clássico imaginava-se um cristal translúcido e viveu às turras com a questão indecidível da objetividade de suas imagens. O fotógrafo contemporâneo, já o percebemos na obra de um sem número de autores, é o meio turvo, é a lente refratária que retarda e desvia a passagem das imagens. É a pedra no caminho que empata o progresso dos clichês em sua marcha vitoriosa rumo aos confins do universo. A imagem no seu estado atual deseja tornar o fotógrafo um seu igual, um ser tão digital quanto ela. O fotógrafo contemporâneo, o fotógrafo do futuro, é aquele que aprendeu a dispor barricadas de opacidade no percurso das imagens. É este que procura de inúmeras e variadas maneiras, inscrever no corpo diáfano da nova imagem as dores da própria virtualização. Este fotógrafo somos todos nós, sempre que nos surpreendemos e hesitamos diante do devir-imagem que nos atinge. É de nós, apenas de nós, neste momento, que depende o futuro da fotografia. Iatã Cannabrava: Joan, é com você... Joan Fontcuberta: Buenas tardes. Maurício nos dice que el futuro de la fotografía somos nosotros, y detrás de esa sabrosa y poética afirmación subyacen otras posibilidades de especulaciones y precisamente de ese relato me gustaría imaginar que como Wells tenemos una máquina del tiempo y la graduamos para viajar al año 2020, y entonces intentar continuar preguntándonos como Maurício. Muy bien, el futuro de la fotografía somos nosotros, pero ¿Cómo seremos nosotros en el 2020?, ¿Y cómo será la fotografía entonces? Nos han precedido en este Fórum enfoques históricos, historiadores, con los que nosotros en nuestra faceta de pitonisos, de adivinos, no somos tan distintos. Ya decía Borges que a historiadores y adivinos les unen el mismo gremio, que es el tiempo. Pero que trabajan simplemente con direcciones opuestas. Como los nadadores, unos pueden dedicarse al crawl y otros pueden nadar de espaldas, pero todos tienen que ver con la natación. Vamos imaginar que tenemos una bola de cristal y que efectivamente podemos ajustarla y enfocarla a una década, a un momento determinado. Un momento determinado hacia adelante porque el futuro nos importa mucho en tanto cuanto seguramente todos tenemos la esperanza de instalarnos en él. Creo que hoy vivimos un momento decisivo - Cartier-Bresson, el instante decisivo en la historia de la fotografía. Un momento decisivo que viene dado por la constatación de unos cambios en lo tecnológico y en lo conceptual que han sacudido de una manera enérgica todo el panorama, todo el horizonte de la comunicación que evidentemente afecta a la imagen y a los fabricantes de la imagen que somos los fotógrafos. La incorporación de la tecnología digital, Internet, los satélites, las facilidades de transmisión de información, la velocidad y la aceleración con que esto sucede está apabullándonos tanto que podríamos compararlos a un impacto sísmico de la categoría del meteorito que acabó con los dinosaurios. Lo que pasó es que los dinosaurios nunca llegaron a enterarse de que había caído, de que había impactado un meteorito que iba a terminar con su género. Y el problema que muchas veces tenemos nosotros fotógrafos contemporáneos es darnos cuenta de cuáles son los indicios que pueden empezar a oler en el aire, en el color del cielo, en la abundancia de lluvias acidas. El hecho de que el ecosistema cambia y algo crucial está en juego. A diferencia de Maurício, yo voy simplemente a disparar ideas, voy a mostrar muchas imágenes, y voy a dar una serie de propuestas que no voy a tener tiempo de argumentar y de exponer en detalle. Tal vez podamos más tarde en el debate analizar o tratar con más detalle, ¿no? La primera de estas propuestas es lo que yo llamaría “Síndrome Hong Kong”. Y el subtítulo, “Por una Fotografía Errante”. El titulo procede la siguiente anécdota: Un periódico de Hong Kong despide a sus fotógrafos en staff, en plantilla y decide repartir cámaras digitales entre repartidores de pizzas. Porque detrás de esa decisión insólita hay una decisión empresarial muy sensata. Es mucho más fácil enseñar a repartidores de pizza a hacer fotografías decentes, con cámaras digitales que enseñar a fotógrafos profesionales a conducir en el tráfico de Hong Kong y llegar a tiempo a los sitios. Detrás de esta citación dramática, dentro de un darwinismo digamos tecnológico, los fotógrafos nos rasgamos las vestiduras. ¿Cómo es posible que se renuncie a la calidad?, ¿Cómo es posible que se renuncie a la profesionalidad, a la competencia? Y no nos damos cuenta, como los dinosaurios y el meteorito, que lo que está sucediendo es que está apareciendo un nuevo canon fotográfico. Que las reglas del juego están cambiando. En primer lugar, a lo mejor es mucho más importante obtener un registro fotográfico imperfecto que no obtenerlo en absoluto porque no llegamos. En segundo lugar, tal vez también es vital darnos cuenta de que lo que se ha llamado “la crisis del documental”, en el fondo es que cada vez interesa menos la descripción y más el relato. Y tal vez por eso, utilizando el símil de la literatura o de los términos literarios, más que de una fotografía documental, tendremos que hablar de una fotografía de no ficción. Los cambios de la fotografía, por lo tanto, pueden plantearse como un viaje, un tránsito. Juan Antonio Molina hablaba de que el viaje era la esencia de la fotografía y que el fotógrafo viajero era el paradigma del fotógrafo, ¿no? Y yo estoy de acuerdo, y entiendo además que la fotografía también es viaje. La fotografía viaja. La fotografía es errante. Pero añadiría a este término la riqueza polisémica que le da al castellano la palabra errante. Porque errante significa errar, vagabundear… El flâneur del francés. Pero también significa errar, equivocarse, cometer errores. Y es con esta fotografía que viaja, se equivoca, aprende de eses errores, utiliza el error como experiencia cognitiva, que empezamos a vislumbrar posibilidades de un futuro interesante. El medio va a evolucionar en el concepto y en la tecnología, en los procedimientos. Déjenme mostrar algunos ejemplos de cómo puede evolucionar la fotografía, o la imagen, ¿no? Hemos atravesado esa revolución tecnológica de lo digital y estamos empezando, estamos en los albores de otra nueva revolución, que se será la nanotecnología, es cierto. La posibilidad de implantes microscópicos, mecánicos, que van a intervenir en nuestras facultades sensoriales y fisiológicas. Soy un fanático de la ciencia ficción y lo soy porque entiendo que en la imaginación siempre hay la posibilidad, la esperanza de un cambio. De una meta que tarde o temprano el empeño, el esfuerzo, terminan consiguiendo. Uno de mis autores favoritos es Philip Dick, el autor por ejemplo de Sueñan los androides con ovejas eléctricas?, que luego fue trasladado al cine como Blade Runner. Philip Dick se interesa mucho por problemáticas de la memoria. De la historia, por lo tanto, y del futuro. Y uno de sus relatos más conocidos es de Minority Report, ¿no? Que fue llevado al cine por Steven Spielberg el 2002. En esa novela y en esa película el tema consiste en la posibilidad especulativa de que unos personajes posean unas capacidades extrasensoriales que permiten ver lo que otros están viendo, o anticipar la experiencia visual de otros individuos. Esto está en el ámbito de la ciencia ficción, pero fijémonos en lo que están haciendo algunos científicos japoneses en el campo de la neurobiología, las neurociencias, etc. Se están en estos momentos realizando experiencias en las cuales a partir de la medición del flujo sanguíneo que riega al cerebro y de la captación de determinadas ondas cerebrales se calibra la posibilidad de proyectar imágenes visuales sencillas, muy simples. Y esto evidentemente es el principio, en la medida en que podamos efectivamente proyectar una imagen que el individuo percibe es el inicio de un avance extraordinario, la máquina de proyectar sueños. Algo absolutamente espeluznante y que parece confinado al ámbito de la ciencia ficción. Pues a lo mejor en el 2020 eso es factible. Como supongo que muchos dudan de lo que estoy diciendo - y hacen muy bien -, aquí está la página web para que el que quiera lo compruebe por si solo y decida la veracidad de estas afirmaciones, ¿no? Otro caso, por ejemplo, voy a dar muy pocos porque efectivamente lo importante es pequeñas pinceladas, ¿no?, disparar ideas. Bertrand Tavernier, un cineasta francés que el 1980 realiza La Muerte en Directo. Es la historia de una mujer con una enfermedad terminal a la que un personaje, a quien se ha implantado una cámara en un ojo, la filma en un reality show hasta que esta persona fallece, sin que ella lo sepa. Bien, el argumento es lo de menos, pues también podríamos decir que estamos a muy poca distancia de que eso sea cierto. Hay implantes nanotecnológicos en el iris que permitirán que efectivamente la imagen captada por la retina sea registrada y proyectada fuera de nuestro cuerpo. De nuevo también me permito, para evitar que se me tomen por un farsante, dar las páginas web donde información detallada sobres estas posibilidades son reseñadas con mucho mayor detalle. De alguna manera esto nos lleva a un estado en el que fotografiar o firmar sean competencias que podremos hacer directamente con los ojos, simplemente con estos apósitos, con estos apéndices. Podremos grabar los sueños y visionarlos a la mañana siguiente en un televisor. Podremos codificar nuestras emociones y traducirlas en imágenes. Podremos ver lo que está viendo otra persona, es decir, podremos ver en diferido. Todo eso son experiencias que en estos momentos se están realizando. Y es cuestión de tiempo que se lleguen a buen puerto, como es cuestión de tiempo que se cure el Alzheimer o el Cáncer. Veamos cuestiones conceptuales. Vamos hacia un futuro, pero a medida que avanzamos dejamos más tiempo detrás, por lo tanto el futuro está preñado de historia, el futuro está cargado de historia. Al futuro lo alimenta al pasado. Y por lo tanto, eso amplia y enriquece nuestro repertorio como fotógrafos, como creadores. Como creadores en cualquier ámbito. Cada vez que pasa el tiempo, ese tiempo se convierte en un material de trabajo que podemos reciclar, que nos estimula, que nos enriquece. Por lo tanto cada vez los límites, los confines de la creatividad se ensanchan. Me gustaría mostrar dos ejemplos. Uno un clip que tiene que ver con la música, como la música por ejemplo utiliza el arte, pero utiliza el pasado del arte para regenerar lenguajes expresivos absolutamente novedosos e interesantes. Luego un trabajo con la misma historia de la fotografía. El clip es de un grupo musical franco-americano que se llama Hold Your Horses y es relacionado con una canción, para promocionar una canción llamada 70 Million. Son dos minutos. Me hace sonreír porque sin que sea necesaria ninguna información reconocemos unos íconos que pertenecen a nuestra tradición artística occidental. Es decir, que el futuro efectivamente está cargado de historia. Estas obras no tienen sentido sin la historia que les da soporte, no tendrían ningún tipo de vida sin la posibilidad de esas referencias del pasado. Por lo tanto, a medida en que avancemos hacia el futuro más referencias al pasado sean posibles. Y ahora mostraré un caso muy parecido, pero dentro del repertorio estrictamente fotográfico. Isabelle Le Minh, una fotógrafa francesa, veamos lo que hace. Esta foto. Apelo a vuestro conocimiento de la historia de la fotografía, porque es efectivamente una imagen familiar, ¿Qué imagen familiar es esta?, ¿Cuál puede ser? Un famoso snapshot, ¿no?, de Cartier-Bresson, una de sus imágenes más conocidas. La Gare Saint-Lazare de Paris. O esta. ¿Qué le falta? Pues le falta el ciclista, ¿no? O esta otra, de Barcelona. ¿Qué le falta? Pues le falta el niño que corretea. O la de la iglesia… Estas fotografías tienen sentido en la medida de que antes ha existido Cartier-Bresson, y no sólo eso, en la que nosotros hemos fagocitado dentro de nuestra cultura visual todo ese repertorio iconográfico que se ha fijado como imágenes maestras, ¿no? Por lo tanto, repito, el futuro está cargado de historia. Sin la historia ese futuro se empobrece. Otro punto: Globalizaciones y Zeitgeist. Tendemos a una unión, a una comunicación cada vez más aguda, la información se disemina de manera rápida y por lo tanto llegamos a ese concepto que ya vaticinó McLuhan en los años 60, “la aldea universal”. Por lo tanto, se vivimos en una aldea es lógico que compartamos maneras de hacer, que compartamos expresión, que compartamos inquietudes, métodos de trabajo, etc. Y al mismo tiempo vivimos en una misma época y ese espirito del tiempo, ese Zeitgeist también nos empuja a realizar o a conseguir logros parecidos. Como ejemplo voy a mostrar cuatro muestras de cuatro fotógrafos de diferentes países con una coincidencia asombrosa en sus planteamientos a pesar de que ninguno de ellos se conoce entre sí y que lo han hecho prácticamente en el mismo lapso de tiempo. El primer caso es la pareja formada por María Bleda y José María Rosa. Una serie que se intitula Campos de Batalla. Consiste en imágenes de lugares yermos, desangelados, sin ningún tipo de atractivo, pero que en el pasado fueron escenario de sangrientas batallas que determinaron el curso de la historia. Batallas históricas, repito, que a veces condicionaron la constitución de los Estados modernos, las fronteras que todavía persisten. Detrás de estos anodinos paisajes no hay nada que desde la perspectiva del género paisajístico no resulte atractivo, es decir, son imágenes que se justifican precisamente por el título que las complementa y que les da sentido. Y que son imágenes, como paisajes documentales, sin mayor pretensión que erigirse en registro de lugares de memoria. Les Lieux de Mémoire, de Pierre Nora. Luego vemos un holandés, Bart Michiels con El Curso de la Historia. Exactamente lo mismo. Ahora un francés, Jacques Sierpinski, Batallas. Al francés le interesan más las batallas napoleónicas. Ahora un autor venezolano, Paisajes Heroicos. A Miguel Amat le interesan todas las batallas de la época de la independencia, de la guerra contra la metrópolis española. ¿Qué está pasando aquí? Lo que consideramos identitario es simplemente la selección de las batallas, o sea, cada uno con sus batallitas. Pero en el fondo el método, el marco del trabajo, es idéntico. Tenemos por un lado que la globalización infunde esa manera de responder la creación de un programa muy similar y en todo caso lo identitario, las raizes, la historia. Lo que hace es que seleccionemos una ubicación u otra en función de nuestras raíces, de la historia que hemos vivido y de los hechos que hemos considerado importantes para nuestra comunidad. Otra idea, el futuro. Creo que el futuro vendrá marcado por lo que podríamos llamar la estética del acceso. Hemos dicho que una de las características más diferenciadas de la situación actual es la extremada acumulación de imágenes, esta densidad iconográfica exacerbada que estampa al nuestro rededor un flujo de imágenes sin cesar. El mundo se ha convertido en imágenes. Pero incluso más allá de esta interpretación hay una característica que parece todavía más crucial, que no solo el mundo está compuesto hoy de imágenes que han suplantado la realidad, lo importante es que estas imágenes son absurdamente accesibles. Son inmediatamente accesibles, transmisibles. Y esta accesibilidad trastoca completamente nuestra relación con la imagen. Diría que esta estética del acceso la podríamos explicar con la revolución parecida que supuso la instalación de electricidad o agua corriente en los hogares. De repente abrimos un grifo y sale agua. Esto es un avance importantísimo en la higiene, pues bien. La accesibilidad de las imágenes representa igualmente un avance vital en la higiene de la mirada. Si hoy queremos hacer fotografías de São Paulo, podemos salir a la calle con una cámara y enfrentarnos la realidad. Pero si tomamos nuestro ordenador y a través por ejemplo de uno de los buscadores, una referencia, Google, tecleamos “São Paulo” pues nos salen más de 6 millones y medio de imágenes. ¿La que haremos nosotros aportará alguna novedad original a las ya preexistentes?, ¿O se incluirá en ese flujo redundante de imágenes que ahí hay? En estos momentos, ¿tiene sentido seguir llenando ese vertedero de grafico que es Internet de mayor número de imágenes o más vale pararnos, detenernos y emprender una ecología visual? Esta acumulación de imágenes nos habla por un lado de la democratización del genio. Es difícil que dentro de 8 millones y medio de imágenes uno no pueda seleccionar material, que hemos cualificado material de cualidad. Hay además una problematización de la noción de obra ¿Qué será a partir de ahora cuando todas estas imágenes que ya existen, lo que corresponda a la noción de creación, a la noción de obra? Y esto además nos invita a una institucionalización de la apropiación. Si eso está disponible y está ahí lo podemos tomar. Es una práctica agresiva que las vanguardias históricas ya nos mostraron Duchamp, que toma un objeto, lo cambia de contexto y a partir de ahí nace un gesto de creación distinto. Hemos de hablar de obras huérfanas y de obras derivadas, a partir de ese momento. Me gustaría mostrar con un ejemplo, Penelope Umbrico. Penelope trabaja a partir del imaginario de Flickr, o de eBay, o de estos portales que se han hecho populares. Por ejemplo, ¿tiene sentido hacer fotos de puestas de sol, cuando en Flickr hay igualmente más de 10 millones al nuestro alcance? Pues, no hace falta. Entonces Penelope Umbrico lo que hace es tomar 10 mil imágenes al azar de Flickr sobre puestas de sol y compone un mosaico. La obra por lo tanto es una derivación de esas obras huérfanas que existían. O por ejemplo, imágenes de pantallas de televisor que se venden a través de eBay, realizadas lógicamente por fotógrafos incompetentes que disparan su flash y obtienen este efecto. Hay una sensación de que estas imágenes parecen como cielos nocturnos, con sus astros, con su luna. Hay una apropiación de esas imágenes huérfanas en una obra derivada que se constituye en ese mosaico. Ahí se introduce un elemento que va a causar mucha controversia que será el debate jurídico y moral entre el copyright y el copyleft. Otro problema que me parece crucial y que en esto terminaría es que esta situación, todo este progreso, esta concatenación, de hechos nos lleva a la necesidad de reformular que es un autor o que es un fotógrafo en definitivo. ¿Quién crea?, ¿Qué significa crear en el momento en que la creación abandona esta noción de genio individual y se tiende a compartimentar, a compartir? Y la respuesta que yo doy es que lo que sucederá es que la idea de autor como fabricante se disuelve en una idea de prescripción. O sea, de una idea de asignación de sentido. Barthes el 1968 nos habló de la muerte del autor. Y algunos teóricos actuales en Francia dicen que no fue exactamente así, que en realidad el autor no muere, sino que simula, finge su suicidio. Pienso que tampoco es así exactamente, y me gusta más no hablar de muerte ni de suicidio, que implica la desaparición física del cuerpo, sino hablar de dilución, de disolución, de porosidad del autor en un valor de prescripción. Porque en la disolución las partículas de la molécula se separan y quedan flotando en suspensión en otro fluido. Entonces me gustaría explicar esta idea de nuevo concepto de autor con dos ejemplos. El primero es uno de mis favoritos, los monos fotógrafos. Hay una gran tradición de fotografía hechas por chimpancés que ha sido negligida por la historia oficial de la fotografía. El principal pionero en estas prácticas fue un fotoperiodista que se vio a conocer durante la República de Weimar, en Alemania, Hilmar Pabel. Y el 1965 ya con Hitler al poder propuso al Berliner Illustrirte Zeitung la posibilidad de repartir Leicas entre los chimpancés del zoológico de Berlin, enseñar a los monos a apretar el disparador y que los chimpancés fotografiaran a los niños y a sus padres, a sus familias que acudían a disfrutar viendo como hacían sus travesuras. Lo interesante es que cuando Hilmar Pabel pasó factura al periódico para cobrar este reportaje le dijeron que de ninguna manera, que el autor de las fotos era el chimpancé, y que a santo de qué iba a cobrar por un trabajo de otro. La verdad es que no cobró, y no las cobró porque no la has visto él mismo. Es decir, no era el fabricante de las imágenes, no era el autor, pero en cambio sí era el prescriptor, era el que habría concebido ese sistema según el cual los chimpancés harían las fotos. Enfurecido por eso se guardó las imágenes en su archivo y más tarde el 1938 sí vendió y sí cobró el reportaje a la revista Life que lo publicó el 5 de Septiembre de 1938. Bien, aquí tenemos un caso de la diferencia entre el autor-productor y el autor-prescriptor. Voy a terminar con un ejemplo que a mí me parece un caso parecido, que es uno de mis libros fotográficos favoritos, No Mundo Maravilhoso do Futebol, realizado por Julian Germain, Murilo Godoy y Patricia Azevedo en la favela de Morro do Cascalho em Belo Horizonte. Estos tres fotógrafos y profesores de artes plásticas daban prácticas de creatividad en esta favela y se plantearon como poder dar un registro, una documentación de este lugar con todas las problemáticas que se dan en su seno. Evidentemente la respuesta tradicional sería, bueno, enviar ahí un fotorreportero, un Salgado. Entonces llegará allí, hará unas fotos magnificas, muy dramáticas y tal, pero no dejará de ser la visión de un outsider, incluso con todo el esfuerzo y todo el empeño para evitar la visión del turista. O sea, alguien que llegará, intentará aclimatarse, conocer la situación y mirarla de la mejor manera posible, pero que luego volverá a su origen y se olvidará de esa parcela desfavorecida en el mundo, ¿no? Otra manera sería repartir cámaras entre los niños y niñas de esa favela, ¿no? Y esto es lo que hicieron. Por un lado unos profesores pidieron a los niños que hicieran dibujos, y otros repartieron entre 50 niños y niñas entre 8 y 14 años, cámaras que durante dos semanas utilizaron disparando 4 o 5 rollos de película cada uno. Se eligió un tema, el fútbol, ¿por qué? Pues no hace falta que lo explique aquí en Brasil, ¿no? El fútbol para estos niños está en todas parte, o sea, tiene una presencia física en sus hogares, en la ropa que visten, en su paisaje y desde luego en sus corazones y en su espirito, en sus fantasmas, en sus anhelos. Yo creo que el fútbol aquí es una parte integral de la cultura, por lo tanto algo que se siente muy propio y que precisamente esa proximidad hace que el tema se sienta con una especial transparencia y visceralidad. Como vemos, las imágenes son imágenes errantes, imágenes con errores. Imágenes no hechas con un criterio profesional. Pero precisamente esos errores componen, gracias al valor de prescripción de los autores, una retórica expresiva que se entiende como un enfoque directo, cándido, nada pretencioso, honesto. Que es un resultado de fotos extraordinarias, resultado de una calidez, de una autenticidad. Proyectos así me hacen pensar que la causa de la fotografía documental no está perdida. Precisamente porque ha habido un enfoque inteligente de prescripción. Aquí el valor no son las fotos individuales, no tienen valor por ellas mismas. Lo importante es el proyecto en sí, el proyecto global. Eso nos confronta con la problemática que sería la dialéctica del sujeto. Es decir, quien estructura y da sentido a este proyecto no son los fabricantes físicos, materiales, de la imagen sino los prescriptores. Estos prescriptores pueden ser fotógrafos, curadores, editores, críticos, coleccionistas. El papel del prescriptor muchas veces oscila dentro de lo que son los agentes del mundo de la creación. Este proyecto a mí me parece magnifico para entender qué sucede no solo con la fotografía, sino con la creación en un sentido mucho más extenso. Revisitar la historia de la fotografía por lo tanto debe ser acometido no buscando como hemos hecho hasta ahora – una historia de los autores –, sino buscando la acción colectiva, conjunta, solidaria de todos los agentes de la prescripción. Además lógicamente de los fotógrafos. La creación por lo tanto se socializará y en ese horizonte de una creación socializada, hay que redefinir el papel del autor y el papel de la obra de arte. Hablamos de la fotografía, pero en realidad es la fotografía la que termina hablando siempre de nosotros. Me gustaría terminar con una cita que a mí me gusta mucho porque ha sido como mi estandarte: “Lo posible es una tentación que la realidad termina siempre por aceptar”. Es de Gaston Bachelard. Muchas gracias. Iatã Cannabrava: É curioso, ainda mais pros brasileiros, essa curiosidade vai chamar a atenção. Estamos vivendo um período eleitoral, onde uma das marcas que fez diferença foi a da questão da pauta trazida do meio ambiente. E misturando todas essas idéias me sobra uma sensação de que se falava aqui de meio-ambiente, de reciclagem. E eu anotei algumas coisas aqui... Que a fotografia acompanha o homem na busca por descobrir quem somos. O Lissovsky falou que o futuro da fotografia somos nós, e valeu o comentário do Joan Fontcuberta de dizer: “quem somos nós?”. E nesse sentido vejo que a fotografia do futuro é aquela que lê todas as que antecederam. Nos lê pelo que foi escrito de nós. “Toda fotografia é uma sobrevivente”, também acho que do Lissovsky, me faz pensar numa pergunta que venho fazendo há tempos aos amigos historiadores, aos amigos curadores. E que a resposta mais comum têm sido que é o tempo da reciclagem. Eu tenho feito a pergunta: “Em que tempo histórico vivemos?” Porque muito se fala do contemporâneo, se fala da fotografia contemporânea e faz 50 anos que se fala em fotografia contemporânea. E há um tempo entre o fim do modernismo que ninguém também ao certo me responde quando foi e o inicio da arte contemporânea. Inclusive um dos que me respondeu está aqui, um dos culpados está aqui, é o Horacio Fernandez. Mas a todos os que eu pergunto a resposta mais comum têm sido de que o tempo histórico de que se fala hoje é um tempo da reciclagem. E isso coincide com as falas colocadas aqui, é uma preocupação grande, não só em cuidar do planeta, mas cuidar desse planeta de ideias, dessa “overexposição” de imagens a que somos submetidos nos últimos tempos, e que se pode fazer uma reutilização de tudo isso. Me marcou muito a frase belíssima do Lissovsky, que diz que “os arquivos de imagens são como brinquedos, tomam vida ao amanhecer”. “Todo fotógrafo sonha acordado”. E aí vejo o exemplo dos chimpanzés. Perfeito, né? As imagens estão vivas e elas podem tomar um outro corpo ou um outro tempo, o que justifica ainda mais toda essa discussão que nós tivemos aqui sobre as fronteiras, tanto nacionais quanto as fronteiras de formato e de ideias. Ou seja, se você produz há 20 anos atrás as fronteiras eram umas; se você reutiliza, recicla esse material hoje, as fronteiras são outras. Mas eu não vou fazer disso uma pergunta à mesa porque eu acho que o tempo que nos sobra é mais do que valioso para que vocês me ajudem nessa tarefa árdua e dura de arrancar alguma coisa a mais do que já foi dito aqui pelos três brilhantes oradores. PERGUNTAS DO PÚBLICO Pergunta do público: Tendo em vista esse panorama que foi levantado aqui, eu acho que uma das questões complicadas para o fotógrafo hoje em dia é a seguinte: com a fotografia digital se criaram possibilidades infinitas de trabalhar a fotografia. Só que tem sempre uma questão de que o corpo humano é finito; a pessoa é finita. Então eu penso muito nisso hoje em dia quando eu estou trabalhando, quer dizer, as múltiplas possibilidades. A fotografia digital pôs de escanteio a perspectiva, trouxe a não linearidade, enfim, trouxe mil possibilidades de ação. Internet, a simultaneidade, enfim, tudo isso que nós falamos aqui. Só que nós, por mais que se possa daqui a alguns anos ter um olho, sei lá, eletrônico, nós somos ainda de corpo, nós somos finitos. E essa finitude traz também um conceito de ética, eu acho que a ética tem a ver com limites também, com a questão de finitude. Então eu queria entender, na opinião de vocês, esse mundo que está se configurando na fotografia, diante do fato de que ainda somos finitos, diante do fato que ainda existem questões éticas, decisões. O que vocês pensam disso? Maria Iovino: Mientras hacía tu pregunta pensaba que la Matrioshka tiene el origen en la Kokeshi japonesa. Se diseñó en un periodo de abundancia para hacer una metáfora de que uno vivimos de los otros. Y en ese sentido la finitud no tiene sentido. Siempre estamos pensando en los límites, la ética es no pensar en el límite, creo. Lo ético es pensar que todo continúa y que somos partes de ese reciclaje, creía yo. Hay una responsabilidad de acciones en ese sentido. Pienso que establecer un límite para la acción propia es antiético. Por lo contrario, como puede afectar mucho el límite de otro, o en el límite que estoy. Maurício Lissovsky: Uma resposta breve, eu sempre penso no fotógrafo como um paradigma de seres que habitam o meio técnico. Quer dizer, para mim o fotógrafo tem esse lugar. Quando eu falo do fotógrafo não falo só dele, mas eu falo dessa pessoa que nasce de uma técnica, sabe? Uma técnica fotográfica criou o fotógrafo. E eu acho que ele está sempre interrogado por essa técnica que ele habita, de alguma maneira. Eu tentei marcar uma posição ética quando falei que o fotógrafo moderno habitava uma técnica que sugeria a ele que as coisas podiam ser feitas rapidamente. E eu leio a história da fotografia como a história da imaginação a serviço da resistência desse imediatismo. Quer dizer, eu sempre vejo o lugar do fotógrafo como aquele que quer demorar sem tomar finalmente uma decisão que a máquina o obriga a tomar. E acho que essa resistência que ele faz a essa máquina é que criou a variedade da fotografia. E o que eu estou sugerindo hoje, hipoteticamente (foi a primeira vez que eu falei disso na minha vida), é que agora talvez o tempo não seja fundamentalmente a questão. Talvez o problema de que o mundo se tornou instantâneo, que foi o problema do século XX, não seja a questão. A questão talvez seja exatamente o fato de que as imagens estão à solta, at large, à deriva, inteiramente. E estão se reproduzindo por conta própria. E nesse sentido eu acho que a nossa finitude é um bem. Porque a nossa finitude é aquilo que nos permite de alguma maneira funcionar como um filtro. Não todos nós, quando colocamos isso no plano da ética a gente caracteriza, digamos, o que eu chamei aqui de fotógrafo contemporâneo. Que não é o fotógrafo do nosso tempo; não é o fotógrafo que está vivendo hoje. A maioria pode simplesmente estar como estão as galinhas, à serviço da reprodução das imagens. Mas eu acho que existe um lugar, e esse lugar decorre da sua própria finitude, que é o lugar que diz assim: “bom, deixa eu não ser essa transparência, deixa eu ser esse meio turvo, deixa eu ser essa lente que distorce, deixa eu ser essa coisa que não faz passar as imagens do modo como elas querem, deixa eu parar com essa replicação infinita”. Pelo menos é o que eu vejo muitos dos trabalhos que são expostos aqui, eu vejo nos esforços dos fotógrafos. Quer dizer, quando eles reciclam, eu não vejo na reciclagem apenas a colagem inventiva. Mesmo inconscientemente, o mandato ético é: “eu não posso estar plenamente a serviço dessas imagens que querem fazer de mim próprio uma imagem”. Ter a ilusão da perda da minha finitude, que é essa a ilusão que “tornar-se imagem” quer nos vender. Esse é o lugar ético, é o lugar que eu vejo que os fotógrafos estão procurando ou poderiam estar procurando, também não quero ser normativo. Eu apenas percebi isso. Joan Fontcuberta: A mí me gustaría responder en otra dirección. No quiero parecer un fetichista de la tecnología, pero el fotógrafo es el precedente del ciborg. Es decir, de un organismo biológico y tecnológico en la medida en que ese apéndice ocular permite una intensificación de la mirada y de la memoria. Entonces para mí la finitud es siempre un reto. El cuerpo es un reto para la biología, como para la ética, como para la política. Y me gusta recordar que hace tan solo 2 mil años que la esperanza de vida de un ser humano era de 40 años. Hoy en día más o menos en las sociedades desarrolladas está por encima de los 70, casi los 80. ¿Entonces cuál es la finitud? Las imágenes son mediaciones entre nosotros y el mundo, que sirven para poder sobrevivir. Sirven para que podamos manejar este mundo, nos ayudan en este sentido. Y son imprescindibles, necesarias. En esto estoy de acuerdo con Maurício, todo aquello que redunde en una mejora del control de las imágenes, evitando que estas imágenes se apropien de nosotros, en cambio nosotros nos apropiamos de ellas, me parece muy bienvenido. Por lo tanto esa posibilidad de extender la finitud de nuestra relación con la imagen me parece no sólo sensato, sino absolutamente imprescindible. Es lo que nos ha llevado hoy hasta aquí. Maria Iovino: En espacio TED hay una presentación muy bonita de Jill Bolte, la neurocientífica que tuvo el derrame cerebral. Y hay algo que no termino de comprender de la explicación que ella hace. Ella con su derrame anuló el lado de la organización de la información del cerebro y activó el del infinito. Y dice que cuando ese lado iba perdiendo potencia el mundo se iba pixelando, se iba perdiendo la coordenada. Después de que ella tiene esa experiencia, que define más detalladamente como funcionan los impulsos eléctricos, toda la organización de la imagen, toda la organización del concepto, la ubicación que nosotros tenemos en el mundo, entiendo que lo que apoya es el más infinito que el finito. Utilizar ese sistema de coordenadas que nos hace finito, que está en medio sistema biológico y físico que tenemos para aprender a ser más infinitos. Para aprender a ser más comunes. Que creo que es el desempeño futuro del mundo, y de lo que tú hablabas, del prescriptor más que del autor. Pergunta do público: Uma questão para a mesa também. Pensando na proposição do Maurício, da fotografia sobrevivente, muitas vezes é sobrevivente em outras instituições visuais, como os museus. E pensando nessa diluição autoral, numa das consequências, diante de organizadores como o Google, das imagens que estão aí à deriva, qual seria a função no futuro das instituições visuais, como os museus de arte, que de alguma maneira estão ligados a esse regime autoral? Eles têm uma função importante, inclusive, de legitimar os lugares dessas autorias. Pensando nessa mudança, dessa possibilidade no futuro, qual seria o destino? Seria outro lugar, deixaria de existir também? Se diluiriam? Acho que deixar de existir é muito duro... Maria Iovino: Sí, yo creo que precisamente eso ha puesto en evidencia la vejez de ese sistema. Hace poco, no recuerdo cual museo, creo que es el MOMA, hizo la exposición de la selección de la selección de curadurías de videos de Google. Ya completamente desvirtuada de la propuesta, ya completamente desvirtuada de la dinámica del espacio. Ya está señalando erróneamente lo que sucede ahí, y ya está creando un mundo autoral que allí no existe. Ese material también está sujeto a intervenciones, es un espacio de creación continua. Al cambiarlo al formato más viejo se desvirtúa completamente. Yo he pensado que ese sistema está en un reto muy fuerte, que es muy difícil saber que va a suceder con eso porque también es necesaria la preservación del archivo. Y cuando los escuché hablar pensaba el planteamiento acerca de la interpretación del archivo, en medio de la discusión de cuál era la función del archivo en el presente, presente extendido desde hace mucho tiempo. Cuál era la función del archivo, cuando precisamente esa memoria sea tan atacada. Los archivos son importantes, pero viven por inmanencia. Hay que estar recodificándolos, hay que estar insuflándolos otra vez de información de acuerdo al presente, de acuerdo a la dinámica con que se vibra en el presente. O hay un reto muy grande para continuar la vida de las instituciones o sencillamente aparecerán otros sistemas que se las lleven por delante. Joan Fontcuberta: A mí me gustaría decirlo de una manera muy clara. Los museos se han convertido en mausoleos o cementerios y otros se han convertido en supermercados. Lo que pasa es que nos encanta ir a pasear por los supermercados y por los cementerios. El reto del futuro es hasta qué punto habrán curadores o responsables de la gestión cultural de estas instituciones capaces de devolver a lo que son los guardianes de un canon, un papel de agitación cultural. De activar, de movilizar consciencias en vez de ser meros contenedores. Creo que hay un problema, que es la crisis del museo, que se ha hablado mucho. El museo entra en crisis porque el propio arte contemporáneo contradice la idea del museo. O sea, es imposible hacer un museo con arte contemporáneo. Porque en la medida en que lo pones en un museo ya no es contemporáneo, lo fosilizas, ¿no? Es decir, es una contradicción. Pero es una contradicción que a mi juicio se inscribe en un planteamiento más genérico y para mí, es una opinión debatible. El arte contemporáneo se está convirtiendo en un género de la cultura. O sea, está supeditado más al mercado que a valores, digamos de activación, de espiritualidad, de desarrollar sensibilidades, etc. Es como un gueto en sí mismo, autorreferencial, que se mueve según unas reglas que ya no se rigen por lo que a mí me interesa del gesto, digamos, tonificante del arte tal como yo la entiendo. Maurício Lissovsky: Bom, uma palavra só. Não quero criar o rito de que todos falam, mas eu não sei, me lembrei da formulação da Hannah Arendt, que dizia: “o mundo atual nos foi legado sem manual de instrução”, remetendo à ideia de que não sabemos mais o que fazer com a tradição. O museu foi uma resposta por essa tradição, mas também foi uma resposta pacificadora, apaziguadora: “Ah tá bom, eles cuidam disso. A gente vai se ocupar de outra coisa”. E o museu se sentou confortável também com essa “tarefa”, digamos assim. Eu acho que se há um futuro para o museu é o futuro de tentar fazer a tradição fazer sentido de alguma maneira. Não consigo lhe dar uma resposta mais curta do que essa. Pergunta do público: Eu estou sentindo uma preocupação muito grande com essa explosão nuclear da fotografia. Com o excesso de liberdade, com o medo de onde isso vai parar. Mas eu quero ver se a gente não pode colocar um pouquinho o problema ao contrário, quer dizer, dos limites, das barreiras, que tentam pôr o tempo todo para o trabalho de fotógrafo. A questão da propriedade do imóvel, que você não pode fotografar, da rua em que você não pode andar, do lugar onde você não pode entrar, como é que isso interfere nesse processo? Maurício Lissovsky: Eles fazem muito autorretrato por causa disso hoje em dia, eu acho. (risos) Joan Fontcuberta: De todas las maneras es una cuestión muy pertinente, pero que debe resolverse a dos niveles. Por un lado hay un ordenamiento jurídico que establece una cierta regulación, unas reglas del juego, y por otro lado hay lo que puede ser el sentido común y la lógica. Cuando por ejemplo nos referimos a propiedad intelectual, u originalidad. Son conceptos que primero debemos atenderos a cuál es el nivel de entronque del debate. Entonces a mí la legislación no me interesa, la legislación es una manera que nosotros nos damos para funcionar colectivamente, pero esta legislación cambia según las necesidades, según el tiempo. A mí me interesa más el concepto que subyace lo que tú lo planteas. Entonces entiendo que hoy en día la idea de propiedad intelectual está en contradicción, y hay que resolver este conflicto con esa voluntad que la tecnología hoy permite (y antes no) de compartir. De hacer que la cultura, que el conocimiento, que la creación tiendan a lo que ya algunos visionarios utópicos como Teilhard de Chardin a principios del siglo XX llamaron la noosfera, la posibilidad de conectar a sensibilidades, a pensamientos e ideas. Es que ahí hay un problema. ¿De qué manera se resuelve el problema? Hay evidentemente un litigio en el que moverse. Maurício Lissovsky: Para mim a explosão do direito de imagem, quer dizer, o fato de que todo mundo reivindica esse direito de imagem como propriedade, é decorrência do fato exatamente de que as imagens já nos possuem. Quer dizer, de tal maneira que eu já me considero de antemão uma imagem antes de ser fotografado, e por isso eu digo “não quero”. Pra mim isso é parte do problema que eu quis enquadrar aqui no final. Pergunta do público: Joan está hoy en su función de pitoniso, pero sin embargo él tiene multifunción, es como aparato multifunción; no solamente pitoniso, también es pensador y artista. Y digamos en cierta medida cara al futuro. ¿Cómo se combinan estos distintos roles y hasta qué punto es necesario y puede ayudar la parte de artista para entender el futuro? Y por otro lado, ¿hasta qué punto todas esas cosas que nos mostró sobre máquinas que piensan o que crean imágenes son en realidad un material científico o una obra de Joan Fontcuberta? Joan Fontcuberta: Siempre que me plantean esas dudas lo celebro porque significa que mi campaña abogando por la instauración de un régimen de escepticismo está causando media en el auditorio. Por lo tanto, que se dude críticamente es un buen síntoma de inteligencia. De todas las maneras reto a quien quiera que lo compruebe por sí solo, es decir, en estos momentos conseguir las información es rápido y fácil y hay unas páginas webs que dan la información de donde yo la he extraído. Si son proyectos artísticos yo he sido el primero que he picado… Y es muy normal que ahora mismo entiendan esto como una especie de defensa encubridora justamente de la posible irrealidad, fantasía, de esto que decía, ¿no? Está bien ser escéptico, pero miremos en el pasado cuantas premoniciones dados por literatos o por cineastas luego se han cumplido en la realidad. Todos conocemos los ejemplos. Hace un siglo y medio alcanzar la luna parecía un sueño descarrillado, una quimera y aparentemente ahora es realidad. O sea, la última frase que he dicho, la cita de Bachelard era esto, lo posible es algo que tarde o temprano ocurrirá, démosle tiempo, tarde o temprano ocurrirá. Y a mí me gusta esa idea de que todo puede pasar, todo es posible. Respecto a la otra parte, yo he dado unas propuestas que no necesariamente anulan otras pautas y otras formas de funcionar dentro de la imagen. O sea, el hecho de que haya autores que basen su trabajo en una acción de reciclaje no invalida que se sigan tomando fotos. Lo que intento explicar es que esa labor del reciclaje va a hacerse mucho más potente, va a abundar más precisamente porque se dan unas circunstancias climáticas que lo propician. Es decir, que antes el apropiacionismo era a lo mejor una práctica marginal y tal vez se va a convertir en el mainstream, en una práctica mucho más hegemónica. Repito, porque se dan toda una serie de situaciones que así me parece que lo van a condicionar. Pero esto es como cuando decimos “es que la fotografía digital va a matar la fotografía analógica”. ¡Claro que no! Siempre habrán como en el cuento de Astérix, un poblado de galos que resiste fieramente al invasor romano. Habrán por ejemplo, artistas como Chuck Close, el pintor hiperrealista que de repente se descuelga haciendo daguerrotipos. Entonces el daguerrotipo no desapareció, por lo menos hay uno que lo practica. Pero ya no es la técnica, el procedimiento habitual, como sí era en Francia el 1840. Muy buen, estos avances, estas nuevas maneras de proceder van a ir ganando espacio, pero evidentemente los conceptos, las practicas que ya en estos momentos tenemos, seguirán. Habrá como una manera de cada uno buscar su territorio, su espacio. Pergunta do público: Ontem em uma mesa a professora Ana fez uma pergunta à professora Gisele sobre o regime autoral Hoje a gente andou um pouco nessa discussão de alguma forma na mesa e houve a pergunta sobre o futuro do museu. A Gisele fala que de certa forma ela é generosa como autora, como ela alimenta as suas obras, ela fala isso e eu me identifico. Mas a gente está sob um estatuto, que é uma coisa que o Queiroga levantou que fica desigual de alguma forma, quer dizer, aqui a gente está celebrando de alguma forma o autor a um modelo convencional. Apesar de ele estar usando como matéria uma nova ferramenta, que é essa apropriação. Qual o futuro, que lugar a gente vai usar pra discutir? Qual o futuro do Fórum? Qual é o novo lugar dessa discussão? Iatã Cannabrava: Eu acho que o regime do autor, que é a primeira colocação que você faz não era exatamente pra mim, mas eu queria responder. O Villacorta propõe com aquela frase uma proposta que está vigente no Fórum como um todo, ou seja, não é que vale tudo, mas é que é muito mais flexível o campo de ação em que trabalhamos hoje do que nunca foi até hoje na história. Essa flexibilidade permite que haja um regime de avaliação de regra de autoria para um determinado trabalho, e outro para outro. Então é lógico que do ponto de vista jurídico isso pode ser contestado, mas como disse o Rubens Fernandez há dois anos no Paraty em Foco, a lei está atrasada há 30 anos. Então provavelmente o regime que se vai se utilizar para validar esses novos processos de criação ou de reciclagem do produto criado vão ser flexíveis, cada vez mais. E eu acho que o Fórum também vai ser cada vez mais flexível. Quem sabe a gente tenha que rever esse formato de mesa, microfone. Ou seja, nós estávamos aqui os quatro acima da plateia. Mas tem um modelo feito de auditório, construído com tijolos, cimento, concreto, que quem sabe seja sempre muito parecido. Mas hoje a gente teve uma quebra de protocolo belíssima, o Joan se ofereceu para falar com as pessoas que vieram pro lançamento do livro dele, que foi cancelado por um problema de impressão. Chegaram só 10 livros. E as pessoas tinham entendido também na nossa convocatória, por um erro nosso, que haveria uma conversa com ele sobre o livro. E ele fez a conversa. Fizemos uma rodinha ali, sem microfone, em voz baixa e foi incrível. Inclusive matou metade do assunto dessa mesa aqui. Nos deu mais trabalho ainda. E eu tiro dessa rodinha uma frase que eu queria falar em homenagem a um dos nossos leitores de portfolio, Joerg Bader, do Centre Genève de la Photographie. Ele fez uma exposição belíssima, a revanche do arquivo fotográfico. Eu acho que essa mesa de hoje tem muito a ver com essa idéia de uma revanche do arquivo fotográfico. Então vamos dar uma salva de palmas à nossa mesa, Joan Fontcuberta, María Iovino, Maurício Lissovsky. Nos encontramos aqui em Outubro de 2013 para a abertura do 3º Fórum LatinoAmericano de Fotografia de São Paulo. Muito obrigado.