percepção dos condutores-mirins de visitantes da

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percepção dos condutores-mirins de visitantes da
ISSN 1809-0362
PERCEPÇÃO DOS CONDUTORES-MIRINS DE VISITANTES DA
LOCALIDADE DE BAIXIO (ESPLANADA, BAHIA) SOBRE
A AVIF AUNA DOS ECOSSISTEMAS COSTEIROS
DO LITORAL NORTE DA BAHIA 1
Erivaldo de Amorim Aquino*
Edinaldo Luz das Ne ves**
Eduardo José dos Re is Dias***
Valte r Forastie ri****
Die go Mendes Lima*****
* Aluno do 6º semestre do curso de Licenciatu ra em Ciências Bio lógicas das Faculdades Jorge Amado – FJA.
E-mail: [email protected]
** Professor do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas, Instituto Superior de Educação, Faculdades Jorge Amado – FJA.
Doutorando em Botânica, Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS. E-mail: [email protected]
*** Professor do curso de Licenciatu ra em Ciências Biológicas, Institu to Superior de Edu cação, Faculdades Jorge Amado – FJA.
Doutorando em Ecologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ. E-mail: [email protected]
**** Professor do curso de Licenciatura em Ciências Biológicas, Inst ituto Supe rior de Educação, Faculdades Jorge Amado – FJA.
Mestre em Ensino, Filosofia e História da Ciência, Universidade Federal da Bahia – UFBA. E-mail: [email protected]
***** Aluno do 8 º semestre do curso de Ciências Biológicas da Faculdade de Tecnologia e Ciências – FTC. E-mail:
[email protected]
RESUMO: O presente trabalho tem como objetivo diagnosticar a percepção dos condutores-mirins de Baixio sobre a biologia e a
ecologia da avifauna dos ecossistemas costeiros do Litoral Norte da Bahia. A pesquisa foi realizada na localidade de Baixio, município
de Esplanada, inserida na Área de Proteção Ambiental do Litoral Norte da Bahia, no período de janeiro a maio de 2006. Baixio possui
vegetação de Mata Atlântica, Restinga sobre dunas e uma planície litorânea rica em lagoas e alagadiços que abrigam um a flora
aquática diversificada. Para alcançar os objetivos propostos, inicialmente, inventariaram-se as aves locais através de avistamento
em transecto. Em seguida, entrevista ram-se 20 condutores-miri ns de vis itantes de Baixio, com idade ent re 16 e 20 anos, através
da aplicação de um questionário com 11 questões di scurs ivas. Foram identificadas 110 espécies de aves, representantes de 41
famílias. De modo geral, os entrevistados conhecem os principais representantes da avifauna local, mas demonstraram pouco
conhecimento sobre a biologia e a ecologia das aves e sua importância para a manutenção da b iodiversidade. Para preench er essa
lacuna, sugere-se a implantação de um Programa de Educação Ambiental voltado para discussão dos conhecimentos sobre a
avifauna do Litoral Norte visando sua conservação.
PALAVRAS-CHAVE: avifauna, Educação Ambiental, conhecimento local.
ABSTRACT: The present work intend to make a diagnosis of the infant-conductors perception about the avifauna biology and
ecology of the coastal ecosystems at the Northern Bahia coastal zone. The research took part at Baixio, a village situated on the
Esplanada County - Bahia, which is part of the Area de Proteção Ambiental do Litoral Norte da Bahia, from January to May, 2006.
The vegetation of this area is composed by rain-forest, sand dunes covered by “Restinga” vegetation and a coastal flood rich i n
lagoons and wet lands where a diverse g roup of aquatic plants grow. Ini tially, an inventory of local bird s was made, based on eye
view observation on the pre-existing pathways. After that, the infant-conductors were requested to answer 11 di scurs ive questions.
110 bird spec ies were identified representi ng a total of 41 families. In general, the interview showed that the infant-conduct ors can
recognize the principal species of the local avifauna, but have little knowledge about the bird biology and ecology, and also about
their importance to b iodiversity conservation. To fi ll up th is gap, we suggest a c reation of an Environmental Education Program
focused in the Bahia north-coastal avifauna, and its conservation.
KEYWORDS: avifauna, Environmental Education, local knowledge.
1
Artigo ela borado com base no Trabal ho de C onclusão de Curso a presentado pelo autor principal como re quisito para a conclusão do curso de
Licenciatura em Ciê ncias Biológicas, desenvol vido sob orientação do Pro fessor Edi naldo Luz das N eves.
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E. de A. Aquino. Percepção dos condutores-mirins de visitantes da
localidade de Baixio (Esplanada, Bahia) sobre a avifauna dos
ecossistemas costeiros do Litoral Norte da Bahia
1 Introdução
Poliniza ção é o nome que se dá ao processo de tra nspo rte do grão de polén da ante ra até o estigma ,
com consequente fo rma ção de frutos e sementes. Pode o co rre r de fo rma direta ou indireta . No rmalm ente a
poliniza ção indire ta é realizada po r ve to res, como abe lhas, mo rcegos, besouros, a ves e outros a nima is.
A produção de frutos é uma estra tégia para a dispersão de sementes pelas plantas e as aves são
impo rta ntes a gentes dispe rso res. As co res vivas de muitos frutos sinalizam sua presença ou seu esta do de
matura ção e atraem aves pa ra comê -los. (POUGH; JANIS; HEISER; 2003).
As a ves, dentre todos animais, são os mais bem conhe cidos e os mais fa cilme ntes re conhe cido s
porque são comuns e a tivas durante o dia, fa cilitando seu avistamento. São singula res na posse de penas
que re vestem e isola m o co rpo, to rnando possível a regula ção da tempe ratura, e a judam no vôo. A
capa cidade de voa r possibilita às a ves o cupa r alguns há bitats negados a outros animais. (STOR ER, 2002).
As a ves possuem um gra nde po tencial no que se refe re à dispe rsão de sementes, existindo um a
tro ca que beneficia ta nto os vegeta is quanto as aves. A dispe rsão de sementes feita pelas a ves a conte ce no
ato de se alimenta r, po is algumas co mem a polpa junto com as sementes, que, mesmo inge ridas,
continuam inta ctas, já que é abso rvida a penas a polpa da fruta, sendo a semente e liminada a inda inta cta
junto com as fezes. Po rtanto, depois de tere m via jado po r quilôme tros de distâncias, as aves podem leva r
um tipo de semente de um lo cal a outro, dive rsificando a vegeta ção lo cal.
Algumas a ves têm sua die ta à base de nécta r, obtido em flo res ornitófilas de dive rsas espé cies de
vege tais. Em seu pro cesso de nutrição, as aves ne cta rivó ras a cabam polonizando as flores. Em estudo
realizado sobre a poliniza ção e fenologia de flo res no dossel, em do is tipos de flo restas na Am azônia
colo mbia na, fo i registrado que as a ves têm de 6% (terra firme ) a 8% (flo re ta inudada ) de impo rtância
rela tiva na poliniza ção de á rvo res e lianas e 18% (te rra firme ) e 8% (flo re ta inudada) na poliniza ção de
epífitas. (VAN DULMEN, 2001).
De vido às sua s estrutura s fisioló gicas, as a ves são co nside rada s boas indicado ras da qua lidade
ambienta l. Ex istem pesquisas que compro vam que as ave s transpo rtam re síduos de meta is pesados
(p.ex . chumbo e cádmio ) em sua s penas, devido ao conta to intensivo com o a r a tmosfé rico em lo ca is
co ntamina dos. (SIC K, 2001).
Em a lguns sistemas aquá ticos ex istem gra ndes quantidades de me rcúrio que pode se io niza r e
co ntamina r peixes. (VIEIRA; ALHO, 2000). Tendo em vista que a lgumas a ves têm sua die ta à base de
pe ixes e moluscos, há uma grande probabilidade de las se contamina rem. O s e feitos tóx icos de mercúrio
na s ave s resultam na re dução de consumo de alimento e , em conseqüência , na pe rda de peso , em
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progressiva fraqueza nas asas e pe rna s, pro vo cando dificuldades de voa r, cam inha r e fica r de pé .
(SC HEUHAMMER , 1987 apud VIEIR A; ALHO, 2000). Sendo assim, fica cla ra a identifica ção de a ves como
bio indica do res de qua lidade de ambientes.
Esse tra balho é de gra nde rele vâ ncia , uma vez que atividades de educa ção ambie ntal, em to do o
mundo, vêm contribuindo pa ra a melho ria da co nse rva ção ambie nta l e têm, a té mesmo, impulsionado a
pre se rva ção de a lgumas re giõe s que so frem com a amea ça de redução da dive rsidade bio lógica ,
ge ra lmente pro vo cada pela a ção humana. Um grande núme ro de pessoas não tem o de vido conhe cimento
das ca usas da re dução da Biodive rsidade e das conse qüências de la de co rre ntes.
Os e ducado res têm um pape l impo rtante e de cisivo na construçã o de alguns conceito s so bre a
prática ambie ntal. Pa ra a lo ca lidade de Baix io , fa z-se ne cessá rio viabiliza r uma discussão sobre a
co nse rva ção do fra gmento de Mata Atlântica (Ma ta do Bu) e os e cossistemas a sso ciados, espe cia lmente
po r esses ambie ntes esta rem inse ridos no dom ínio da Área de P ro te ção Ambienta l do Lito ra l No rte da
Bahia , que tem uma gra nde dive rsida de de e spé cies da fa una e flo ra , incluindo muitos endemismos e
espé cies amea çadas de extinção, como a a ve O lho -de -fo go-re ndado (Pyriglena atra).
É imprescindível desta car que
Educação Ambiental é uma das possibilidades de
reconstrução
multiface tada, não ca rtesiana, do saber humano, constituindo-se num saber construído so cialmente e cara cteristicamente multidisciplinar na estrutura, inte rdisciplina r na linguagem e transdisciplina r na sua ação. Ela deve visar
a transfo rmação do educando através do desenvolvimento de novos valores, hábitos, posturas, condutas e atos na
rela ção com o ambiente conside rado em toda a sua complexidade. (P EDRINE, 2000 apud MORADILLO; OKI,
2004).
De a co rdo com o Capítulo VI – do Me io Ambiente , Art. 225, da Co nstituição Fede ra l:
Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de
us o c omum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao
Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as
presentes e futuras gerações . (Presidência da República, 2006)
Alia do a isso , de spe rtou-se a ne cessidade de re vita liza r, nas e sco las, as discussões sobre Me io
Ambiente e Desenvo lvimento Sustentá vel. Pa ra aux ilia r os pro fesso re s na o rganiza ção do s pro je tos de
disciplina , o Ministé rio da Educa ção e C ultura o rganiza ram uma co le ção de de z vo lumes com o s
Pa râme tros Curricula res Na cio nais - PC N (MEC , 1997).
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ecossistemas costeiros do Litoral Norte da Bahia
De a co rdo com o MEC (1997), 0s cidadãos fo rmados deve riam compree nde r a re la çã o entre a
So ciedade e o Me io Ambiente , onde se inse rem, po r exemplo , a dive rsida de cultura l e ambienta l; os
lim ites da a ção humana em re la ção ao ambiente e a obse rva ção das ca ra cte rística s da paisagem da
região em que se vive .
Em pa íses como o Brasil, a distribuiçã o, o compo rtame nto e a impo rtância e co lógica da s a ve s nem
sem pre
são
suficienteme nte
conhe cida s, podendo as la cunas indica rem apenas uma
fa lta
de
le va ntamento s. (SIC K, 2001).
Conside rando -se que a a vifa una de Ba ix io é rica em espé cies pote ncialmente po linizado ras, e o
fato de a lgumas espé cies se rem utilizada s como a limentos e fo nte e conôm ica pa ra a lguns mo rado res da
comunidade, vislumbra-se a ne cessidade de impla nta ção de uma a tividade educa tiva sobre a a vifauna
lo ca l. Essa a tividade co ntribuiria pa ra sensibiliza r a comunida de a cria r e stra tégias pa ra co nhece r e
co nse rva r a a vifauna lo ca l, o que a juda ria, também, pa ra a conse rva çã o dos e cossistemas de o co rrência
desses ve rte brados.
O pre sente traba lho te ve po r o bje tivo diagnostica r a pe rcepção dos co nduto res-m irins de Baix io
so bre a bio logia e a e co lo gia da a vifa una dos e cossistemas co ste iro s do Lito ra l No rte da Bahia . Pa ra
a lcança r esse obje tivo, fo i ne cessá rio :
•
Leva nta r as espé cies de a ves da lo ca lidade de Ba ix io;
•
Ana lisa r as concepções dos conduto res-mirins so bre a impo rtância da a vifauna de Ba ix io.
2 Material e Métodos
A pesquisa fo i rea lizada na lo ca lidade de
Baix io (12°03’53”S; 37°43’12”W), município de
Esplanada , no pe ríodo de ja ne iro a ma io de 2006. Ba ixio enco ntra-se inse rida na Área de P rote ção
Ambienta l do Lito ral No rte da Bahia e está co be rta po r ve geta ção de Ma ta Atlâ ntica , Restinga, vegeta ção
so bre dunas e pla ntas a quá ticas que residem na planície coste ira .
O traba lho foi rea lizado em duas e tapa s. A primeira e tapa co nsistiu em um le vantamento das
espé cies de a ves do lo ca l pa ra pro duzir um inve ntá rio da a vifa una de Ba ix io. A se gunda e tapa da pesquisa
co nsistiu em um le vantamento qua lita tivo das pe rcepções de estuda nte s da comunidade sobre questões
que a fetam a a vifa una lo cal.
Pa ra inventa ria r a s espé cies de a ves, utiliza ram -se trilhas preex istentes na Ma ta do Bu, dunas e
no s a rredo res das lagoa s e do mangueza l. As a ves foram amostra das visua lmente com o aux ílio de
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ecossistemas costeiros do Litoral Norte da Bahia
binó culos com lentes de 7mm x 35mm o u 8mm x 40mm. Os registros a conte ce ram em qua tro ex cursões
ao campo, to ta lizando 30 ho ras de obse rva ção .
Pa ra a va lia r a pe rcepção dos mo rado res de Ba ix io sobre a a vifauna lo ca l, realizo u-se uma enque te,
com 20 pa rticipantes, a tra vés da a plica ção de um questioná rio conte ndo 11 questões discursiva s (Anexo
1). Os envo lvidos na enquete são estudantes do Ensino Fundamenta l o u Ensino Mé dio , mo ra do res das
lo ca lidades de Baix io o u Pa lame, que possuem idade entre 16 e 20 a nos. Atua lmente, a tuam como
co nduto re s do s turistas que visitam Ba ixio , principa lmente na a lta e sta ção. O título de “conduto r-mirim ”
foi obtido gra ças à pa rticipa ção desses ado lescentes em um curso de capa cita ção promo vido , na pró pria
lo ca lidade , po r uma pa rce ria e ntre os cursos de Turismo , Geografia e C iência s Bioló gicas da s Fa culdade s
Jo rge Amado - FJA, a Companhia de Desenvo lvimento Urba no do Estado da Bahia - CO NDER e a
P re feitura Municipa l de Esplanada , Ba hia no pe ríodo de abril a dezembro de 2005, com 128 ho ras de
dura ção .
3 Resultados e Discussão
3.1 Observação das aves
Fo ram obse rva das 110 e spé cies de a ves, re presenta ntes de 41 famílias nas trilhas estudadas na
região de Ba ix io, confo rme aprese ntado na tabe la 1. Essa riqueza de espé cies é conside ra da pequena , se
compa rada a de outros estudos dese nvolvidos no Brasil. (SCHER ER-NETO e t a l, 1994; SC HER ER -NETO e t
a l., 1995; ISFER , 2000; STR AUBE, 2003; POZZA; PIR ES, 2003).
Entre tanto , o presente estudo nã o te ve po r obje tivo explo ra r exaustivamente o to ta l de espé cies
de a ves reside ntes na lo ca lidade de Baix io . Ao contrá rio , visou apre senta r info rma ções pre limina res sobre
o co nhe cimento da avifauna que sirvam de base pa ra a aná lise das info rma çõe s fo rne cidas pe los
co nduto re s-m irins entre vistados.
Além disso, essa lista de espé cie s pre lim ina r presta -se ao fo rne cimento de info rma ções que
se rvirão pa ra impulsiona r o desenvo lvimento de novos estudos sobre a a vifauna do Lito ral No rte da Bahia ,
espe cia lmente visando a cria ção de e stra tégias vo ltadas ao mane jo e conse rva ção da biodive rsidade e
co nseqüe nte melho ria da qualida de de vida da s com unidades envo lvidas.
Áreas remanescentes podem pro ve r info rma ções so bre a dive rsidade dos e cossistemas o rigina is de
um Estado . (RO DRIGUES; SHEP HER D, 1992). Nesse co ntex to, o s dados aqui apre sentados são, também,
de grande impo rtância pa ra a divulga ção de info rma ções científicas sobre a Ma ta do Bu, um dos último s
remanescentes de Ma ta Atlântica em bom esta do de conse rva ção da AP A Lito ra l No rte da Ba hia .
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localidade de Baixio (Esplanada, Bahia) sobre a avifauna dos
ecossistemas costeiros do Litoral Norte da Bahia
Tabela 1. Espécies de aves avistadas na Mata do Bu e nos ecossistemas costeiros da localidade de
Baixio, Esplanada, Bahia, no período de janeiro a maio de 2006.
Família / Espécies
Nome vulgar
Alagadiços
Mata
TINAMIDAE
Crypturellus parvirostri s
inhambu-chororó
ANATINAE
Amazonetta brasiliensis
pé-vermelho
CRACIDAE
Ortalis guttata
araquã-pintada
PODICIPEDIDAE
Podilymbus podiceps
mergulhão-caçador
X
ANHINGIDAE
Anhinga anhinga
biguatinga
X
ARDEIDAE
Butorides striata
Ardea alba
Egretta thula
Socozinho
garça-branca-grande
garcinha-branca
X
X
X
CATHARTIDAE
Cathartes aurea
Cathartes burrovianus
Coragyps atratus
urubu-de-cabeça-vermelha
urubu-de-cabeça-amarela
urubu-preto
X
X
X
X
X
X
ACCIPITRIDAE
Elanus leucurus
Rosthramus sociabilis
Rupornis magnirostris
gavião-peneira
gavião-caramujeiro
gavião-carijó
X
X
X
X
FALCONIDAE
Caracara plancus
Milvago chimachima
Herpetotheres cachinnans
Falco sparverius
Carcará
carrapateiro
Acauã
Quiriqui ri
X
X
X
ARAMIDAE
Aramus guarauna
Carão
X
RALLIDAE
Porzana albicollis
sana-carijó
X
X
X
Gallinula melanops
frango-d'água-carijó
Porphyrio martinica
frango-d'água-azul
CHARADRIIDAE
Vanellus chilensis
Charadrius collaris
SCOLOPACIDAE
Arenaria interpres
quero-quero
batuíra-de-coleira
agachadeira
X
X
X
X
X
X
Maçarico-miúdo
X
X
JACANIDAE
Jacana jaçanã
Jaçanã
X
COLUMBIDAE
Columbina passerina
Columbina talpacoti
Columbina squammata
Patagioenas picazuro
Leptotila verreauxi
rolinha-cinzenta
rolinha-roxa
fogo-apagou
pomba-asa-branca
juriti-pupu
X
X
X
Calidris pusilla
X
X
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localidade de Baixio (Esplanada, Bahia) sobre a avifauna dos
ecossistemas costeiros do Litoral Norte da Bahia
Família / Espécies
Nome vulgar
Alagadiços
Mata
X
PSITTACIDAE
Aratinga áurea
aratinga-estrela
X
CUCULIDAE
Piaya cayana
Crotophaga ani
Guira guira
Tapera naevia
alma-de-gato
anu-preto
anu-branco
Saci
X
X
TYTONIDAE
Tyto alba
Suindara
X
CAPRIMULGIDAE
Chordeiles acutipennis
bacurau-de-asa-fina
X
Nyctidromus albicollis
X
X
curiango-comum
X
TROCHILIDAE
Phaethornis pretrei
Eupetomena macroura
Chrysolampis mosquitus
Chlorostilbon aureoventris
Polytmus guainumbi
Amazilia leucogaster
rabo-branco-acanelado
beija-flor-tesoura
beija-flor-vermelho
esmeralda-de-bico-vermelho
beija-flor-de-bico-curvo
beija-flor-de-barriga-branca
X
X
X
X
X
X
TROGONIDAE
Trogon curucui
surucuá-de-cauda-preta
X
ALCEDINIDAE
Chloroceryle americana
martim-pescador-pequeno
BUCCONIDAE
Nystalus maculatus
Rapazinho-dos-velhos
X
PICIDAE
Picumnus pygmaeus
pica-pau-anão-pintado
X
THAMNOPHILIDAE
Thamnophilus ambiguus
Thamnophilus torquatus
Formicivora grisea
choca-de-sooretama
choca-de-asa-ruiva
formigueiro-pardo
X
X
X
arapaçu-de-bico-pardo
X
X
DENDROCOLAPTIDAE
Xiphorhynchus picus
Lepidocolaptes angustirostri s
FURNARIIDAE
Furnarius rufus
arapaçu-de-cerrado
joão-de-barro
Synallaxis frontalis
tifli
Pseudoseisura cristata
casaca-de-couro
TYRANNIDAE
Hemitriccus margaritaceiventer
Todirostrum cinereum
Elaenia flavogaster
Elaenia cristata
Camptostoma obsoletum
Fluvicola nengeta
Arundinicola leucocephala
Machetornis rixosa
Myiozentetes similis
Pitangus sulphuratus
Myiodynastes maculatus
Megarynchus pitangua
Tyrannus melancholicus
X
maria-olho-de-ouro
ferreirinha-relógio
maria-é-dia
guaracava-de-topete
risadinha
lavadeira-mascarada
lavadeira-de-cabeça-branca
bentivi-do-gado
bentivi-penacho-vermelho
bentivi-de-coroa
bentivi-rajado
bentivi-de-bico-chato
suiriri-comum
X
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localidade de Baixio (Esplanada, Bahia) sobre a avifauna dos
ecossistemas costeiros do Litoral Norte da Bahia
Família / Espécies
Nome vulgar
Alagadiços
Mata
X
X
X
VIREONIDAE
Cyclarhis gujanensis
Vireo olivaceus
Hylophilus amaurocephalus
pitiguari
juruviara
Vite-vite-de-olho-cinza
X
HIRUDINIDAE
Tachycineta albiventer
Tachycineta leucorrhoa
Progne tapera
Progne chalybea
Stelgydopteryx ruficollis
andorinha-do-rio
andorinha-de-sobre-branco
andorinha-do-campo
andorinha-doméstica-grande
andorinha-serrador
X
X
X
X
X
X
TROGLODYTIDAE
Troglodytes musculus
corruí ra
X
X
POLIOPTILIDAE
Polioptila plumbea
balança-rabo-de-chapéu-preto
X
X
TURDIDAE
Turdus rufiventris
Turdus leucomelas
sabiá-laranjeira
sabiá-barranco
X
X
X
X
MIMIDAE
Mimus gilvus
sabiá-praia
X
COEREBIDAE
Coereba flaveola
Cambacica, caga-cêbo
X
THRAUPIDAE
Schistochlamys ruficapill us
Nemosia pileata
Thlypopsis sordida
Tachyphonus rufus
Ramphocelus bresilius
Thraupis sayaca
Thraupis palmarum
Tangara cayana
Dacnis cayana
bico-de-veludo
saíra-de-chapéu-preto
saí-canário
pipira-preta
tiê-sangue
sanhaço-cinzento
sanhaço-do-coqueiro
saíra-amarelo
saí-azul
EMBERIZIDAE
Ammodramus humeralis
Sicalis flaveola
Volatinia jacarina
Sporophila bouvronides
Sporophila nigricol lis
Coryphospingus pileatus
Paroaria dominicana
tico-tico-do-campo
canário-da-terra-verdadeiro
tiziu
estrela-do-norte
papa-capim-capuchino
galinho-da-serra
cardeal
CARDINALIDAE
Saltator maximus
Cyanocompsa brissonii
X
X
inhapim
sofrê
melro
maria-preta
FRINGILLIDAE
Euphonia chlorotica
fifi-verdadeiro
PASSERIDAE
Passer domesticus
pardal
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X
X
tempera-viola
ICTERIDAE
Icterus cayanensis
Icterus jamacaii
Gnorimopsar chopi
Molothrus bonariensis
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localidade de Baixio (Esplanada, Bahia) sobre a avifauna dos
ecossistemas costeiros do Litoral Norte da Bahia
3.2 Percepção dos condutores-mirins sobre a avifauna2
Ao se rem questio nados sobre o fa to de possuírem e de cria rem a ves em suas residências, qua tro
responde ntes (20%) mencio na ram que criam algumas e spé cies de a ves silvestres da fauna brasile ira .
Todos os co nduto re s que menciona ram cria r pássa ros, a firma ram que criam pa paga ios e que as a ve s
fo ram ca pturada s na Ma ta Atlâ ntica . Um do s co nduto res possui, a lém de um papaga io , um pe riquito :
“Sim, no caso crio um papagaio”, “Sim periquito”. Os o utros 16 respondentes (80%) menciona ram não
cria r a ves silvestres lo ca is ou exó ticas. Mesmo sendo um fato positivo que a maio ria dos conduto res não
crie anima is silve stres em ca tive iro , o resultado demonstra que a inda é ne cessá ria uma abo rdagem so bre
a captura de a ves silvestres, pa ra que os jo ve ns não sucumbam à sedução de re tira r um exempla r desse s
anima is da na tureza , quando rea liza rem trilha s com os turistas. É im po rtante também que esses jo vens
po ssam a tua r como multiplicado re s no comba te à captura de a nima is e que não pe rm itam que os turistas
re tirem a ves dos e cossistemas lo ca is.
Ao responde rem à que stão 02: “Qua l a impo rtância da s ave s pa ra o ambiente?”, somente 01
responde nte (5%) não soube identifica r a lguma função pa ra estes animais. Treze pessoa s (65%)
menciona ram a impo rtâ ncia das a ves pa ra a dispe rsão dos vege tais, principa lmente refe rindo-se à
dispe rsão das sementes: “Elas têm um papel importante na natureza”, “Elas se alimentam de frutas, e as
sementes através das fezes são geminadas”, “Elas servem de distribuidores de sementes na floresta”,
“Elas ajudam a transportar a espécie da planta para outra região”. Isso é um da do positivo , indicando que
a esco la ou a própria comunidade está info rma ndo o jo vem so bre e sse pro cesso e coló gico em que as a ves
têm pa rticipa ção.
Ainda sobre a questão 02, outros 3 respo ndentes (15%) mencio na ram o papel das a ves nas
cade ias a limenta res: “As aves são importantes, pois algumas comem alguns insetos que vivem no meio
ambiente evitando que esses insetos se multipliquem de forma descontrolada”. Este dado também indica
uma boa info rma ção sobre e co logia . Po rém, nenhum respondente elabo rou uma respo sta em que apa re ça
o pape l das a ves na s cade ias alimenta res, junto com sua a tua ção na dispe rsão de sementes. Isso indica
que os responde ntes não a presentam uma visão ma is globa l do s pro ce ssos e co ló gicos, contenta ndo -se
com fra gmentos em luga r de uma visão to ta lizado ra.
Trê s pessoas (15%) re la tam um papel esté tico e emo cio nal pa ra a s a ves: “Ela deixa o ambiente
mais bonito”. Essa visão é problemática , po is não traz info rma ções so bre e co logia e não capa cita o jo vem
a defe nde r o ambiente, po is a função do ambiente é me ramente esté tica . Então , caso a lguém disco rde da
esté tica (i.e alguém que não a che as a ves bonitas) pode rá te r libe rdade de ex te rmina r anima is e plantas.
Esse tipo de visão reduz a discussão sobre co nse rva ção ambie ntal a uma me ra questão de bele za.
Ne nhum respo ndente mencionou o pro ce sso de po liniza ção. Esse é um da do preo cupante, po is
indica que o ensino de biolo gia não está dando conta de sse conte údo . A poliniza ção costuma se r
2
As respostas dos co ndutores-mirins foram transcritas literalmente.
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E. de A. Aquino. Percepção dos condutores-mirins de visitantes da
localidade de Baixio (Esplanada, Bahia) sobre a avifauna dos
ecossistemas costeiros do Litoral Norte da Bahia
re la ciona da a inse tos como abe lhas e bo rbole tas, ta lvez isso influe ncie no fa to das a ves não se rem
pe rcebidas como po liniza do ras.
Em re la ção à questão 03: “Qua l é o ma io r problema com a s a ves da re giã o de Ba ix io?”, se is
responde ntes (30%) não soube ram de te cta r qua l é o ma io r problema com as a ves da região . Isso é um
indicado r da falta de preo cupa ção com o tema . Po rém, 10 re spondentes (50%) menciona ram que o
principa l problema com as a ves da região é a ca ça preda tó ria , que é um hábito de la ze r da ma io ria dos
jo ve ns da comunida de. Além disso, fo i também menciona do o problema da captura de a ves silvestre s
pa ra to rná-las a nima is de estima ção : “A captura das espécies”, “A caça”, “Sim, as crianças com os seus
badogues 3 matando as aves pardais e outros”. Ente nde r a ca ça preda tó ria e a captura de a ves como
problema sé rio indica que esses jo vens já pe rcebem a gra vidade da situa ção . Outro s qua tro respondentes
(20%), entre tanto , não pe rce be ram esse pro blema e indica ram que o maio r problema é causado pe las
próprias a ves, que sujam e incomodam a comunidade : “É por que eles incomoda; a zuada deles”, “Sim
por que eles ajuda a poluir as ruas principalmente os pombos e as pessoas se incomodam com isso”.
Tra ta -se de problemas típicos de ambie ntes urbano s, como a explosão popula cio nal de pombos causada
pe lo ex cesso de lixo o u pela a ção dos mo rado res de a limenta r esse s anima is. Esses problemas não afe tam
a avifauna silve stre. Os respo ndentes que indica ram este tipo de problema estão conce ntrados nos
problemas urbanos. Nenhum respondente mencio nou a de struição ou fra gmenta ção do hábitat na tura l das
a ves da região . Esse é um da do preo cupa nte, po is os conduto res não e stão info rmados sobre a
degrada ção do ambie nte em que e les se e ncontram .
A questão 04 obje tiva va sabe r se os co nduto res conhe ciam a a vifauna lo ca l: “Qua is são as a ves
que apa re cem em Ba ixio ?”, sendo as respo stas a presentada s na tabe la 2.
Tabela 02. Etnoespécies de aves citadas pelos condutores-mirins de Baixio,
Esplanada, Bahia, em maio de 2006.
Etonespécies
Andorinha
Anu
Bem-te-vi
Beija-flor
Canário
Cardeal
Curió
Garça
Gavião
Papagaio
Pássaro-preto
Pardal
Pato-d’água
Periquito
Pombo
Sabiá
Sabacu
Urubu
Respondentes
09
04
09
01
01
01
01
10
04
05
05
08
02
06
01
01
02
02
3
Badogue é um nome regio nal para estilingue, antigo brinquedo também usado como arma primitiva projetado para lançar pedras ou o utros pequenos
projéteis. É conhecido por diversos nomes, e ntre eles atiradeira, bodo que, baladeira, cetra o u setra ( http:// pt.wikipedia.org/wiki/Estilingue).
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E. de A. Aquino. Percepção dos condutores-mirins de visitantes da
localidade de Baixio (Esplanada, Bahia) sobre a avifauna dos
ecossistemas costeiros do Litoral Norte da Bahia
Somente 01 re sponde nte (5%) não so ube re sponde r quais são a s a ves que o co rrem na região de
Ba ixio . Isso indica que há uma mo tiva ção na comunidade pa ra conhe ce r a a vifauna lo ca l.
A questão 05 do questioná rio pe rgunta : “Q ual a importância dos pá ssa ros pa ra a s plantas?”. O
obje tivo dessa questão é capta r a pe rce pção do respondente sobre as re la ções entre plantas e a nimais.
Dezesse is re spondentes (80%) menciona ram que as a ves têm impo rtância pa ra a s plantas. De sse grupo ,
10 fa la ram sobre a dispe rsão de sementes, como re sultado dos seus hábitos “Sim, elas ajudam a
transportar as espécies para outro lugar”, “Sim, eles se alimentam de frutas e distribui as sementes na
floresta, assim à fauna e flora é cada vez mais preservada e diversificada”. Isso indica que esse s
co nduto re s entendem a lguns aspe ctos da
inte r-re la ção pla nta-anima l. Somente
02 respondentes
menciona ram os pássa ro s como contro lado re s bio ló gicos de inse tos que pre judicam de a lguma fo rma o
dese nvolvimento dos vege tais: “Tem, comem os insetos das plantas bebem as águas que nelas se
acumulam e a protegem”. Qua tro respo ndentes (20%) me nciona ram que sa biam que e ram impo rtantes,
só não sabiam qual se ria a impo rtâ ncia .
Os conduto res fo ram pe rguntados se há a lguma come rcializa ção de a ves na região e, em caso
po sitivo , qua l tipo de comercia liza ção pe rcebe ram. Qua tro respo ndentes (20%) menciona ram que não há
come rcia liza ção de a ves na regiã o. Já 16 respondentes (80%) menciona ram que há um comé rcio ilega l de
anima is silvestres, inclusive de a ves, pa ra outra s lo ca lidade s. Esse é um dado preo cupa nte, po is indica
que há inte resse s e co nômicos que pode rão se contrapo r as po líticas de co nse rva ção da biodive rsidade .
Fo i pe rguntado se o respondente ca ça ou conhe ce algum ca çado r. Nenhum re sponde nte afirmou
que ca ça , mas 15 respondente s (75%) co nhe cem pe ssoas que ca çam pa ra mante r sua família , devido à
falta de re cursos fina nceiros. Além desse fa to r, também menciona ram que há indivíduos que ca çam pe lo
simples fa to de ca ça r po r e spo rte .
Qua ndo pe rguntado s: “Qua is são a s ave s mais predadas pela comunidade ?”, na ma io ria dos casos
os e ntre vistados indica ram ma is de uma espé cie . Toda s as e spé cies indica das co nfe rem com as espé cies
identifica das, que co nstam no inventá rio produzido na primeira e tapa . As espé cies indicadas como as ma is
pre dadas fo ram: ro linha (n=10), papa gaio (n=09), pa rdal (n=07): “Os pardais onde as crianças tentam e
na maioria das vezes acertam com o estilingue” e pe riquito (n=06). De a co rdo com as o bse rva ções fe itas
no lo ca l, a rolinha é uma espé cie utilizada ta nto como animal de e stima ção qua nto pa ra o consumo dos
mo rado res. Qua nto ao pe riquito e papa gaio são , sem dúvida, as espé cies mais utilizada s como anima is de
estima ção . As dema is e spé cies indicadas fo ram sa ba cu (n=04), sanha ço (n=03), ga rça (n=03), azulõe s
(n=2), pombo (n=02), pa to-d’água (n=02), ca rdea l (n=2), ga linha (n=02), beija-flo r (n=1), bem-ti-vi
(n=01) e pássa ro -pre to (n=01). Esse resulta do le va -nos a suge rir, mais uma vez, a ne cessida de de no va s
a tividades de Educa ção Ambienta l que visem a mudança de compo rtamento da comunidade em relação à
co nse rva ção das espé cies de a nimais silvestres da re gião .
Na questão 09 pe rguntou-se se em Ba ix io o co rrem ga rças e de que e las se a limentam. Todos os
entre vistados re sponde ram que o co rrem ga rças na re gião . Se is (30%) respo nde ram que a s ga rças se
a lime ntam de ma riscos e 14 (70%) que as ga rças se alimentam de pe ixes: “Sim, de peixe”, “Sim,
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marisco”. Esses dados suge rem que a comunidade re conhe ce algumas a ves da região e conhe cem seus
há bito s a limenta res.
Na questão 10 do questioná rio , pe rgunto u-se se o respo ndente sabe qual é a épo ca em que ma is
fa cilmente se obse rva beija-flo res e po r quê. Dezeno ve responde nte s (95%) menciona ram que a épo ca
mais fá cil de se obse rva r be ija -flo res é na primave ra. Segundo e les, isso o co rre de vido às flo res da
esta ção . Esse dado mostra que a comunida de está info rmada so bre os beija-flo res.
Somente 01
responde nte (5%) mencionou que é no inve rno que fica mais fá cil a obse rva ção dos beija-flo res. Três
responde ntes não so ube ram po r que fica mais fá cil de se obse rva r beija-flo res na primave ra .
A que stã o 11 do questioná rio fo i estruturada da se guinte fo rma : “A galinha é uma a ve útil. E o
caga -cêbo tem a lguma utilidade ? O que faze r com ele ?”. O obje tivo dessa questão e ra ve rifica r se a lgum
co nduto r iria confronta r a impo rtância e conômica com a impo rtâ ncia e coló gica. Era espe rado que a lgum
responde nte a firmasse que o animal de sempenha um pape l no e cossistema, lo go essa se ria sua utilidade .
Ma s, esse tipo de resposta não o co rre u. Dezesse te respondentes (85%) não soube ram respo nde r sobre a
po ssíve l utilidade do caga-cêbo . Outro s 03 (15%) responde nte s ressalta ram que , mesmo não tendo
utilidade , de vem se r pre se rvados. Isso demonstra o pouco conhe cimento da comunidade sobre essa a ve ,
que é muito comum no lo ca l, mas não tem utilida de e co nômica pa ra suas vidas.
4 Considerações finais
Dentre os resultados ma is impo rtantes, de ve-se desta ca r o da quinta questão do questio ná rio, po is
a maio ria dos co nduto re s m irins (80%) so ube mencio na r a impo rtâ ncia da s a ves pa ra os vege ta is. É
im po rtante re ssa lta r que mencio na ram um tipo de ca ça pre da tó ria po r pa rte das crianças e jo vens, o que
re ve la a po uca impo rtâ ncia da da à conse rva ção da a vifa una da re gião .
Suge re-se a implanta ção de um programa de Educa ção Ambienta l sobre a a vifa una lo ca l,
obje tiva ndo a m udança de compo rtamento da comunida de de Ba ix io, no sentido de conse rva r os
e cossistemas a li existentes, visando seu uso suste ntá vel e a conseqüente me lho ria da qua lidade de vida
do s mo ra do res. P o r se r um e spa ço privilegiado pa ra a educa çã o, a esco la de ve ria toma r pa rte do
problema via bilizando o estudo da s a ves lo cais como tema curricula r.
5 A gradecimentos
À O NG P ró -Na tivo de Ba ix io e à C ompanhia de Desenvolvimento Urbano do Esta do da Bahia CO NDER pe lo apo io logístico em Ba ixio; a Ma ria José Ca ldas (Asso cia ção de Artesão s de Ba ixio ) pe lo
aux ílio na reunião com os conduto res; a Lo re na Ramos e Ca ro lina Spino la (C urso de Turismo da FJA) pela
indica çã o dos conduto res-mirins pa ra a rea liza ção deste traba lho e pe lo fo rne cimento de info rma ções
so bre a comunida de de Baix io .
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