As operações especiais nos conflitos contemporâneos
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As operações especiais nos conflitos contemporâneos
ESCOLA DE COMANDO E ESTADO-MAIOR DO EXÉRCITO ESCOLA MARECHAL CASTELLO BRANCO Maj Inf ANDRÉ MENDONÇA SIQUEIRA As operações especiais nos conflitos contemporâneos Rio de Janeiro 2014 Maj Inf ANDRÉ MENDONÇA SIQUEIRA As operações especiais nos conflitos contemporâneos Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Ciências Militares. Orientador: Ten Cel Guitián Rio de Janeiro 2014 S618o Siqueira, André Mendonça. As operações especiais nos conflitos contemporâneos./André Mendonça Siqueira. - 2014. 58 f. : il ; 30cm. Trabalho de Conclusão de Curso - Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, Rio de Janeiro, 2014. Bibliografia: f. 55-58. 1. Operações Especiais. 2. Forças Especiais. 3. Conflito Contemporâneo. 4. Guerra Irregular. 5. Estado-Maior. I Título CDD: 355.4 Maj Inf ANDRÉ MENDONÇA SIQUEIRA As Operações Especiais nos Conflitos Contemporâneos Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Escola de Comando e Estado-Maior do Exército, como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Ciências Militares. Aprovado em de de 2014. COMISSÃO AVALIADORA _________________________________________________ José Maria Guitián - Dr. Presidente Escola de Comando e Estado-Maior do Exército _________________________________________________ André Vicente Scaffuto de Menezes - Dr. Membro Escola de Comando e Estado-Maior do Exército _________________________________________________ Felipe Drumond Moraes - Dr. Membro Escola de Comando e Estado-Maior do Exército “Bendito seja o SENHOR, minha rocha, que adestra minhas mãos para a batalha.” Sl 155:1 AGRADECIMENTOS Ao Senhor dos Exércitos que me conduziu nessa peleja, à minha esposa Renata e meus filhos Daniel e Samuel pela compreensão nos momentos de ausência, e ao TC Guitián pelas orientações objetivas, claras e precisas. RESUMO O fim da Guerra Fria estabeleceu os Estados Unidos da América como única superpotencia militar. À nova ordem mundial agrega-se a redução do Estado, o advento de novas tecnologias informacionais e a ploriferação de grupos de interesses difusos de ordem ideológica, étnica e religiosa. Nesse escopo, emerge no seio das sociedades um novo ator nos conflitos contemporâneos, o individuo. A população passa a ser o centro de gravidade, criando um ambiente propicio para a guerra irregular. Desde 1989, os Estados Unidos se envolveram em conflitos de caráter eminentemente irregular, ou com largo emprego de forças especiais na execução das campanhas militares. Primordial aos oficiais integrantes dos EstadosMaiores dos altos escalões do Exército é conhecer as missões, tarefas e capacidades que essa tropa tem de multiplicar o poder de combate e flexibilizar a solução de problemas militares. Este trabalho visa a apresentar os conflitos contemporâneos os quais as forças especiais americanas participaram, extraindo os principais fatores de sucesso para o Teatro de Operações no conflito contemporâneo, sugerindo adoções por parte das operações especiais brasileiras e facilitando o entendimento dos oficiais de Estado-Maior para o emprego eficiente das forças especiais nas Operações Conjuntas. Palavras Chaves: Operações Especiais, Forças Especiais, Conflito Contemporâneo, Guerra Irregular e Estado-Maior ABSTRACT The end of the Cold War established the United States as the sole military superpower. The new world order brings the reduction of the state, the advent of new information technologies and the proliferation of diffuse interests groups of ideological, ethnic and religious purposes. In this scope, emerges within societies a new actor in contemporary conflicts, the individual. The population becomes the center of gravity, creating a supportive environment for irregular warfare. Since 1989, the United States became involved in conflicts of highly irregular character, or broad application of special forces in the execution of military campaigns. Paramount to the members of the staffs of higher echelons of Army officers is to know the missions, tasks and capabilities that this troop has to multiply combat power and flexibility military problems. This work aims to present contemporary conflicts which American special forces took part, extracting the key success factors for the theater of operations in conflict contemporary, suggesting adoptions by Brazilian special operations and facilitating the understanding of the officers of the general staff for the efficient use of special forces in Joint Special Operations. Key Words: Special Operations, Special Forces, Contemporary Conflict, Irregular Warfare and Staff. LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS CENTCOM Comando Central Americano DOFEsp Destacamento Operacional de Forças Especiais EUA Estados Unidos da América F Op Esp Força de Operações Especiais F Esp Forças Especiais FTC Força Terrestre Componente ONU Organização das Nações Unidas OTAN Organização do Tratado do Atlântico Norte SOCCENT Comando Central de Operações Especiais SOCEUR Comando Europeu de Operações Especiais URSS União das Repúblicas Socialistas Soviéticas SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .............................................................................................10 1.1 TEMA ............................................................................................................11 1.2 PROBLEMA ..................................................................................................11 1.2.1 Alcances e limites .......................................................................................14 1.2.2 Justificativa .................................................................................................15 1.3 HIPÓTESE....................................................................................................15 1.4 OBJETIVOS ESTABELECIDOS ...................................................................16 1.5 REFERENCIAL TEÓRICO ...........................................................................16 1.6 METODOLOGIA EMPREGADA ...................................................................18 2 EMPREGO DE FORÇAS ESPECIAIS 1990-2000 .......................................20 2.1 OPERAÇÃO JUST CAUSE..........................................................................20 2.2 GUERRA DO GOLFO..................................................................................22 2.3 OPERAÇÃO PROVIDE COMFORT.............................................................27 2.4 OPERAÇÃO SILVER ANVIL........................................................................30 3 EMPREGO DE FORÇAS ESPECIAIS 2001-2013.......................................32 3.1 GUERRA DO AFEGANISTÃO.....................................................................32 3.2 GUERRA DO IRAQUE.................................................................................39 3.3 RESGATE DO CAPITÃO PHILLIPS............................................................44 3.4 OPERAÇÃO LANÇA DE NETUNO..............................................................45 4 CONCLUSÃO ...............................................................................................48 REFERÊNCIAS ............................................................................................55 10 1 INTRODUÇÃO As operações especiais tem ganhado cada vez mais evidência nos conflitos atuais. Cada vez mais, nações e organismos internacionais de defesa empregam suas forças de operações especiais (F Op Esp) como peça de manobra nos teatros de operações. (BRASIL. Exército. 1º Batalhão de Forças Especiais, 2013). As novas tecnologias, equipamentos armamentos condicionam as capacidades e o emprego de elementos de operações especiais. Aliado a isso a globalização em todos os campos de poder sugere adoção de novas estratégias e táticas de combate. Todo esse acervo encontra-se a disposição de atores não estatais que cada vez mais se encontram requerendo seus direitos e impondo suas ideologias por meio de conflitos assimétricos. (RAMONET, 2003). O Estado perde espaço para as organizações não governamentais, empresas multinacionais, grupos étnico-religiosos, grupos sociais diversos, organizações criminosas, e minorias, caracterizando o Estado-Mínimo. Esses universos encontram terreno fértil na positivação dos Direitos Humanos, assim como na liberdade conferida pela democracia, instituída no estado democrático de direito dos países ocidentais, para a condução de ações de natureza militar ou não de guerra irregular. (US ARMY INTELLIGENCE CENTER, 2010). A população é estabelecida como centro de gravidade, havendo necessidade de operar em ambientes urbanos hostis com o mínimo de coordenação e controle, onde o oponente se difunde no seio da sociedade, tornando, mormente, os conflitos duradouros no tempo e indefinido no espaço. Paralelo a isso, a cobertura da mídia nos conflitos afeta diretamente a opinião pública. As condutas militares individuais passam a influenciar cada vez mais os níveis político, estratégico e operacional, surgindo o conceito de “cabo estratégico”. A strategic corporal is a soldier that possesses technical mastery in the skill of arms while being aware that his judgment, decision-making and action can all have strategic and political consequences that can affect the outcome of a given mission and the reputation of his country. (LIDDY, 2005, p-140). 11 Sugere-se, nesse contexto, o emprego de operações cirúrgicas, ou pontuais com o mínimo de efeitos colaterais na vida de civis, ou de pessoas não envolvidas nas forças beligerantes. (BRASIL. Exército. ESTADO MAIOR, 2013). Os ambientes e cenários difusos advindos desse quadro confere às Operações Especiais um emprego sem igual na história. 1.1 TEMA As operações especiais nos conflitos contemporâneos. 1.2 O PROBLEMA A guerra sempre se constituiu em ferramenta na resolução de conflitos humanos. Ao longo do tempo, as formas como ela é conduzida, têm variado em função do desenvolvimento das sociedades envolvidas e dos respectivos períodos históricos. Nesse escopo, não se constitui dessemelhança as operações especiais. Desde os primórdios, sugere-se que exércitos mais fracos não enfrentem o inimigo de frente (SUN TZU, 2010). O primeiro relato histórico refere-se a um reconhecimento especial realizado por doze homens das tribos de Israel em Jericó, para a posterior investida judaica na então terra prometida. (NÚMEROS, 13, 1-30). Não raras foram as ocorrências posteriores. No Brasil, por exemplo, em meados do século XVII, as operações especiais se confundiram com a formação da nacionalidade. Brancos, negros e índios foram organizados, desenvolvidos, instruídos e empregados por Antônio Dias Cardoso, Vidal de Negreiro e Felipe Camarão, em guerra irregular, utilizando táticas de guerrilha contra o invasor holandês, promovendo o sentimento de nação. (BRASIL, Exército, Centro de Comunicação Social do Exército, 2013). 12 Da mesma forma, a Espanha, no Sec XIX, empreendeu a guerra irregular contra a invasão napoleônica na Península Ibérica, sendo, pela primeira vez na história, empregado o termo guerra de guerrilha. Con el Dos de Mayo, revuelta que se propagó rapidamente por todo el país, se inicia la Guerra de Independencia, que habría de prolongarse hasta 1813. La guerra en España fue en muchos sentidos diferente a todas las demás guerras napoleónicas. Los enfrenamientos en campo abierto entre ejércitos regulares fueron escasos y la guerra de guerrillas, cuya denominación es acunhada por primera vez aqui, tuvo una importancia decisiva. (ESPANHA 2008, p-3). Na I Grande Guerra Mundial, Lawrence da Arábia empregou intensamente ações de guerrilha e sabotagem nas linhas de suprimento turcas em favor dos árabes. (VISACRO, 2010). Na II Grande Guerra, os aliados intensificaram as operações especiais contra os países do Eixo. As ações de comandos na retaguarda das linhas alemães foram amplamente empregadas para desmantelar a indústria militar, incluindo a destruição de aeronaves em solo. Da mesma forma, operações de forças especiais (F Esp) foram determinantes na resistência francesa. No pós-guerra, as forças especiais foram criadas no Brasil. A necessidade foi visualizada após o êxito no teatro de guerra europeu. Após a realização do curso nos EUA, foram criados, em 1956, o Curso de Operações Especiais, que se desmembrou em Curso de Ações de Comandos e Curso de Forças Especiais. Os primeiros concludentes compuseram o Destacamento Operacional de Forças Especiais (DOFEsp), embrião do 1º Batalhão de Forças Especiais. (BRASIL. Exército. 1º Batalhão de Forças Especiais, 2013). A Guerra Fria, período de disputa política, econômica e militar entre as duas maiores potencias pós II Grande Guerra Mundial, Estados Unidos da América (EUA) e União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), proporcionou relativo equilíbrio de poder. As superpotências militares ameaçadas por seus intensos arsenais nucleares travaram embates, mormente clandestinos, utilizando-se de Operações Especiais, e mantendo o mundo seguro de grandes conflitos. No Brasil, organizações de esquerda, com objetivo de impor ao país um governo comunista e ditatorial, utilizavam técnicas de guerrilha urbana e rural. As ações do Exército para o desmantelamento desses grupos contaram com grande assessoramento e emprego de tropas de operações especiais. 13 Com a queda do Muro de Berlim em 1989 e a extinção da antiga URSS em 1991, o equilíbrio relativo de poder foi quebrado. A hegemonia norte-americana, representando o capitalismo vitorioso, configurou-se como única superpotência econômica e militar do globo capaz de lançar força em intervenções intercontinentais, responsável pela manutenção da ordem mundial, significando que se opor a essa nação seria fazer uso de guerra irregular. (ALEXANDER, 1999). Mantenedora das instituições internacionais como a Organização das Nações Unidas (ONU) ou a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), os Estados Unidos capitanearam combates em favor da nova ordem mundial, seja para restabelecer um país, no caso da Guerra do Golfo; seja para fortalecer um organismo de influência no continente europeu como na Iugoslávia. (RAMONET, 2003). Em ambos os casos, acirrou-se os ressentimentos contra os americanos, principalmente de radicais mulçumanos. Aliado ao apoio incondicional aos israelenses, quanto ao desrespeito às resoluções da ONU e ao desmantelamento dos palestinos, esse rancor traduziu-se no atentado terrorista mais cruel da história, a queda das Torres Gêmeas em setembro de 2001. Após o atentado, os Estados Unidos da América declararam a Guerra Total ao Terror, com amplo emprego de forças de operações especiais no que se convencionou Combate ao Terrorismo. (RAMONET, 2003). Nesse intuito, essa nação empenhou-se, à revelia das instituições internacionais, nas Guerras do Iraque e do Afeganistão, repercutindo em conflitos contemporâneos com características peculiares, com amplo emprego de operações especiais. Destaca-se o emprego de forças de operações especiais na Operação Lança de Netuno, no Paquistão, em 2011, que resultou na morte do líder da rede terrorista internacional Al Qaeda. Nesse contexto, o Brasil incrementou suas tropas de operações especiais, mais particularmente o 1º Batalhão de Forças Especiais, tropa especializada na condução da guerra irregular e no combate ao terrorismo. Foi criado a partir da unidade supracitada o Comando de Operações Especiais com sede em Goiânia, Grande Unidade de emprego estratégico do Exército Brasileiro, pronta a desencadear operações especiais nos cenários e ambientes contemporâneos. Dessa forma, constitui intenção desse trabalho responder ao seguinte questionamento: Fruto das experiências norte-americanas como poderia ser 14 empregadas as operações especiais no Brasil e qual sua contribuição na resolução dos conflitos contemporâneos? 1.2.1 Alcances e Limites Inicialmente, este trabalho visa, de forma superficial, apresentar os conflitos contemporâneos mais notórios, ocorridos após a Guerra Fria, os quais os Estados Unidos participaram conduzindo operações especiais, por ser a maior potência militar mundial e estar constantemente em combate. Na seqüência, destacou-se como essas forças foram empregadas e, descreveu-se os fatores fundamentais para o êxito das operações especiais. Uma vez destacada a imprescindibilidade das operações especiais nos conflitos modernos, fruto de sua crescente importância, foi estabelecido um paralelo com as possibilidades de emprego no Brasil e esporadicamente apresentou-se sugestões de aperfeiçoamentos adequadas à realidade nacional. Limitou-se no estudo de operações especiais do Exército, Força Aérea ou Naval americanas que sejam afetas às capacidades dos comandos e forças especiais do Comando de Operações Especiais, do Exército Brasileiro, excetuando, portanto, as Operações Psicológicas. Não foi fruto de pesquisa, também as operações especiais, cujas capacidades são dos Comandos Anfíbios da Marinha de Guerra, do Pára-SAR da Força Aérea, ou mesmo das tropas de operações especiais das Polícias Militares. Como conclusão, destacou-se os ensinamentos e apresentou-se as sugestões de adestramento e emprego das operações especiais nos conflitos contemporâneos, estabelecendo um paralelo com as possibilidades de emprego no Brasil e apresentando sugestões de aperfeiçoamentos adequadas à realidade nacional. 15 1.2.2 Justificativas No Exército Brasileiro, em geral, dentre os militares não especializados em ações de comandos e operações de forças especiais, se tem pouco conhecimento das capacidades das operações especiais na resolução de conflitos. Seja no combate convencional, na guerra irregular ou no combate ao terrorismo, a gama de formas de utilização de um Destacamento Operacional de Forças Especiais multiplica o poder de combate de uma força armada. Setorialmente, por intermédio do Ministério da Defesa, o governo brasileiro vem unificando o emprego das Forças Armadas para o emprego conjunto. Dentro da estrutura do Teatro de Operações há a Força Conjunta de Operações Especiais que pode receber áreas de operações ou ainda destacar seus elementos operacionais para atuar em proveito das Forças Componentes, seja terrestre, naval ou aérea. Nesse contexto, é de fundamental importância que oficiais de Estado-Maior, assessores de alto nível e integrantes dos comandos conjuntos saibam utilizar os recursos que as operações especiais podem fornecer ao combate moderno. É importante para os comandantes em potencial das FT conjuntas, Estados-Maiores e Forças Singulares entenderem o papel das FOpEsp nas preparações operacional e de inteligência do espaço de combate. Agencias do Governo e a FOpEsp provavelmente estarão na área a medida que a FT conjunta se forma e as forças se desdobram e se preparam para as operações. (JONES, REHON, 2004, p-62). Analisando todos os aspectos considerados, pode-se concluir que o assunto é relevante, pertinente e atual, pois se propõe a pesquisar como as forças de operações especiais estão sendo utilizadas, e a fornecer subsídios para que oficiais assessores de alto nível possam propor, planejar e empregar forças especiais na plenitude de suas capacidades. 1.3 HIPÓTESES As operações especiais são empregadas como apoio às forças de operações conjuntas em todas as hipóteses de emprego e suas contribuições são imprescindíveis para o êxito nos conflitos contemporâneos. 16 1.4 OBJETIVOS ESTABELECIDOS O presente trabalho apresenta objetivos delineados em geral e específicos. - Apresentar os conflitos contemporâneos mais notórios com amplo emprego de operações especiais. - Apresentar as formas de emprego de operações especiais e seus efeitos para o êxito nos conflitos contemporâneos. - Apresentar propostas para emprego das operações especiais no Brasil, destacando as particularidades do cenário nacional. - Apresentar algumas propostas de integração entre as Forças Especiais e as forças regulares para emprego da Força Terrestre no Amplo Espectro. - Concluir evidenciando sua a importância nos conflitos contemporâneos e propondo como se poderia empregar as operações especiais. 1.5 REFERENCIAL TEÓRICO As operações especiais são: operações conduzidas por forças militares e/ou paramilitares especialmente organizadas, equipadas e adestradas, visando a consecução de objetivos militares, políticos, econômicos ou psicológicos relevantes, por meio de alternativas militares não convencionais. Podem ser conduzidas tanto em tempo de paz quanto em períodos de crise ou conflito armado; em situações de normalidade ou não normalidade institucional; de forma ostensiva, sigilosa ou coberta; em áreas negadas, hostis ou politicamente sensíveis; independentemente ou em coordenação com operações realizadas por forças convencionais; em proveito de comandos de nível estratégico, operacional ou, eventualmente, tático. (BRASIL, Exército, Comando de Operações Especiais, 2012). Nesse contexto, podem ser divididas em três tipos específicos, ação direta, ação indireta e reconhecimento especial. As ações indiretas compreendem: conjunto de atividades destinado a estruturar, prover, instruir, desenvolver e dirigir o apoio local, a fim de contribuir com a consecução de objetivos políticos ou estratégicos de mais longo prazo. No campo militar, as ações indiretas orientam-se, basicamente, para as operações de guerra irregular, por meio da organização, expansão e emprego em combate de forças irregulares nativas. (BRASIL, Exército, Comando de Operações Especiais, 2012). 17 Considerando as operações de guerra irregular como dentre outras, ações (...) políticas, e em áreas sob controle atual, ou potencial de uma força, ou país com objetivos antagônicos aos objetivos nacionais (BRASIL, Exército, Estado-Maior, 1991), certamente as operações especiais tem emprego exponencial nos conflitos, por meio do emprego do operador de forças especiais, o multiplicador de força, especialista na condução da guerra irregular. Certamente a guerra é a continuação da política por outros meios (Clausewitz, 1984). Nesse sentido, há fortes vínculos entre um conflito e a política . Na guerra irregular a conexão entre guerra e política aparece mais nítida . A guerra irregular é, num certo sentido, a guerra do político, não do soldado (HEYDTE, 1990). Fazendo transparecer que o elemento, normalmente civil predisposto a se engajar nesse combate, o faz com forte vínculo político. Assim como o operador especial que se opõe a seus pressupostos ideológicos possui características diversas para multiplicar as opiniões adversas ao oponente. Todavia há duas formas de se visualizar o combate não convencional. Ainda, conforme (HEYDTE, 1990), na estratégia militar, particularmente a relativa aos conflitos, a guerra irregular como forma de guerra, ou como forma de conduzir a guerra (no contexto de uma beligerância mais ampla) desempenha um papel significativo. SUN TZU (2010) aponta que “o ataque direto é ortodoxo. O ataque indireto é heterodoxo [...] O ortodoxo e o heterodoxo se originam reciprocamente, como um círculo sem começo nem fim.” evidenciando a importância das operações especiais na guerra. Liddell Hart acerta em sua estratégia de aproximação indireta, que o combate não se caracteriza por oposição de forças que visam à destruição do oponente. …destruction (of the enemy force) may not be essential for a decision, and for fulfillment of the war aim. In the case of a state that is seeking not conquest but the maintenance of its security, the aim is fulfilled if the threat be removed – if the enemy is led to abandon his purpose. (HART, 1967, p-338). Nesse caso, as operações especiais tornam-se essenciais para moldar o ambiente operacional, atingir centros de gravidade e demover o oponente de seus propósitos, motivações e ideais, com o mínimo de emprego de força. 18 Assim, seja num quadro de defesa externa, especificamente irregular, como na resistência, ou no contexto de defesa interna, como nas operações contra forças irregulares, as operações especiais tem um papel fundamental para o êxito na resolução dos conflitos contemporâneos. 1.6 METODOLOGIA EMPREGADA No que diz respeito à metodologia empregada, ressalta-se que a presente pesquisa será indutiva. Procurar-se-á a aproximação das observações em planos abrangentes, indo das constatações particulares às leis e teorias, procurando estabelecer um vínculo entre as operações especiais e o êxito das operações. Os procedimentos serão históricos, no sentido de observar a variável independente, operações especiais nos conflitos contemporâneos, e também comparativos, pois se concentrarão sobre os reflexos das operações especiais para o êxito na resolução dos conflitos, procurando apontar vínculos entre as operações e o êxito alcançado. Será realizada uma pesquisa qualitativa. Estudar-se-á as ações desenvolvidas pelas forças de operações especiais por meio de documentos, artigos, livros, relatos e entrevistas. A pesquisa histórica posicionará as operações especiais no tempo conduzindo-a aos dias atuais e a descritiva apresentará as características dos ―modus operandis‖. A pesquisa bibliográfica será baseada nos documentos já tornados públicos em relação ao tema de estudo: publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas, entrevistas com oficiais instrutores de nações amigas, monografias, teses, material cartográfico, meios de comunicação orais, rádio, gravações em fita magnética e audiovisuais, filmes e televisão. A finalidade dessa modalidade é observar como as operações especiais estão sendo empregadas. A seguir, visando estudar as hipóteses de emprego do Exército será realizada a pesquisa documental na qual serão sugeridas as formas de emprego das operações especiais no âmbito nacional. 19 Cabendo a pesquisa explicativa, trazer à luz os fatores que conduziram as ações ao sucesso, sugerindo-os às operações especiais brasileiras ou apresentando oportunidades de melhoria. 20 2 EMPREGO DE FORÇAS ESPECIAIS 1990-2000 2.1 OPERAÇÃO JUST CAUSE Após a guerra fria, e os quinze anos de reformulação da doutrina militar, desde a Guerra do Vietnam, os EUA verificaram a importância de suas Forças de Operações Especiais no novo cenário global nos diversos níveis de poder. O Gen Carl W. Stiner do Exército americano atesta ainda a necessidade de integração e conhecimento da atividade de forças especiais pelas forças regulares para potencializar seu emprego ao afirmar que: Special Operations Force is ideally suited to support our nation’s national security strategy in today’s complex, interdependent, multipolar word. Leaders of every service at every level must be familiar with the role and capabilities Special Operations Forces provides. (STINER, 1991 p6). STINER (1991) aponta que “o valioso atributo das Forças Especiais é a habilidade de ser empregada em três cenários político-militar distintos: tempo de paz, resposta a crises e conflito”. Em 1989, no Panamá numa situação de tempo de paz, os Estados Unidos desencadearam uma operação complexa contra o sistema repressivo de Manuel Noriega. Os principais objetivos eram capturar o Chefe de Estado e estabelecer um governo democrático naquele país. A diretriz era cumprir a missão, aplicando um combate esmagador, minimizando as perdas de civis, a devastação de propriedades, e nesse ímpeto acresce a importância das Forças de Operações Especiais para o desenvolvimento de operações cirúrgicas. As Forças Especiais foram fundamentais ao sucesso da operação Just Cause. Constituíram-se nos olhos e ouvidos da força regular para a neutralização de 27 alvos essenciais do regime panamenho (STINER ,1991). Forças Especiais infiltraram-se antes do dia 20 de dezembro de 1989, dia D, e ocuparam as instalações chaves, sítios de comunicações, além de negar o terreno ao inimigo, garantindo as principais pontes da cidade e impedindo a reação das 21 tropas panamenhas, ante as 27 ações de tropas pára-quedistas americanas na cidade (SCALES, 1994). Tropas leves com ações tipos Comandos, os Rangers, relizaram ações diretas em aeródromos e no aeroporto internacional da Cidade do Panamá, e neutralizaram companhias de resistência das Forças de Resistência Panamenha, permitindo a infiltração das forças convencionais naquele país. Verifica-se então o emprego de forças especiais antes da ação propriamente dita, sendo os ouvidos para colher informações importantes para o planejamento de uma operação, e os olhos para escolher locais estratégicos facilitando a ação da força regular que irá executar a operação, sendo fundamentais para o comando e controle do mais alto escalão enquadrante. Durante a operação, ao empregar destacamentos para ação de combate em proveito da força regular, no caso concreto, prover segurança ao negar pontos essenciais ao inimigo, os EUA utilizaram um instrumento multiplicador do seu poder de combate, que viria a ser empregado nos combates vindouros, a integração de tropas convencionais com forças de operações especiais. Nesse escopo, destaca-se ainda a experiência e a liderança dos comandantes do teatro de operações Gen Thurman, Commander-in-Chief, South Command e do Commander of Joint Task Force South, Gen Stiner conhecedor das Operações Especiais como nenhum outro general à época. Ressalta-se nessa operação o sucesso fruto da integração entre as forças convencionais e as forças especiais Acerca dessa importância e do êxito que esse recurso obtém nas operações, ADAMS (1998) cita (USSOCOM, 1996): First break down the wall that has more or less between special operations and the other parts of our military…Second, educate the rest of the militaryspread a recognition and understanding of what SOF does…and how important that is don…Last integrate SFO efforts into the full spectrum of our military capabilities. Desta forma, ressalta-se a importância dos Estados-Maiores brasileiros, dos diversos níveis, tenham a percepção de que forças especiais não são empregadas somente isoladas. O emprego conjunto de forças especiais com tropas convencionais multiplica o poder de combate e facilita o comando e controle dos mais altos escalões enquadrante. 22 2.2 GUERRA DO GOLFO O emprego das Forças Especiais destina-se a apoiar, ampliar ou evitar uma confrontação militar formal (BRASIL, 2012). Com o propósito de apoiar a ofensiva aliada contra o Iraque, na Guerra do Golfo, em 1990, empregou-se Forças Especiais na Operação Desert Shield e Desert Storm. Após a invasão iraquiana no Kuwait, os americanos empreenderam a Operação Desert Shield, visando persuadir o Iraque quanto a uma possível invasão à Arábia Saudita e, simultaneamente, concentrar meios e tropas para uma ação ofensiva contra as Forças Armadas Iraquianas, a Operação Desert Storm: Missions assigned to CENTCOM for Desert Shield were to deter further Iraqi aggression, defend Saudi Arabia, enforce UN sanctions and, eventually, develop an offensive capability to liberate Kuwait. The Desert Storm military objective was to free Kuwait from Iraqi control by exercising that offensive capability. (YEOSOCK, 1991, p.4). Nesse contexto, as Forças Especiais desembarcaram na Arábia Saudita com as primeiras tropas da 82ª Divisão Paraquedista (Airborne) e foram as primeiras tropas empregadas pelo Central Command, Comando Central Americano para apoiar o seu Plano de Campanha. A preocupação do Gen Schwarzkopf, comandante do CENTCOM era com a habilidade para o combate por parte das tropas que compunham a coalizão. (SCALES, 1994). Para isso uma das primeiras missões delegadas ao Special Operations Command Central (SOCCENT) foi o treinamento individual e de pequenas frações de forças que compunham a coalizão de países. Operações de Defesa Interna no Exterior (Foreign Internal Defense), Guerra Convencional e Não-Convencional foram os assuntos ministrados aos árabes. O adestramento aplicado pelas forças especiais foi essencial para o sucesso do comando e controle das forças de coalizão e constava-se de comunicações, apoio aéreo aproximado, coordenação de planejamentos conjuntos e combinados, instruções químicas, biológicas e nucleares, reconhecimentos e vigilâncias (STINER 1991). Tal emprego reveste-se de importante multiplicador do poder de combate ao inserir em tropas regulares, táticas, técnicas e procedimentos de tropas de operações especiais, sendo um incremento à força como um todo. 23 Esta integração foi assegurada, no Brasil, por ocasião da Operação Arcanjo no Complexo do Alemão, Rio de Janeiro em que os Destacamentos de Forças Especiais aplicaram treinamento de Operações em Ambiente Urbano, Técnicas de Entrada, Tiro em Área Edificada, e Conduta com a População dentre outros (BRASIL 2012). Da mesma forma as Forças Especiais treinam os contingentes brasileiros que compõem as tropas da ONU no Haiti. Dessa forma, sugere-se que essa integração seja permanente, por meio de adestramentos da força terrestre. Equipes Operacionais de Forças Especiais podem ser destacadas, por curtos períodos, para, sob controle operacional, ministrarem instruções às brigadas operacionais dos comandos militares de área. Durante a Desert Shield, o SOCCENT se empenhou em reconstituir as forças kuwaitianas. Inicialmente formaram o Batalhão de Forças Especiais e um comando de brigada. Como o rendimento foi muito bom conseguiram formar ainda mais 04 brigadas de infantaria. Com a presença de um movimento inscipiente de resistência kuwaitiana, as Forças Especiais realizaram a Unconvetional Warfare: Activities conducted to enable a resistance movement or insurgency to coerce, disrupt or overthrow a government or occupying power by operating through or with an underground, auxiliary and guerrilla force in a denied area. Core activity of ARSOF. core activity and organizing principle for SF core activity of IW. (HASLER, 2011, p-16) Tais atividades são clássicas nas Forças Especiais brasileiras, tanto adestramento e o assessoramento de tropas convencionais, quanto organizar, desenvolver, equipar, instruir, dirigir e controlar forças locais em operações de guerra de guerrilha e em operações especiais, até um efetivo de 1500 homens. (BRASIL, 2006, p5-2). Os kuwaitianos realizaram operações em seu território ocupado por meio de técnicas operacionais de infiltração ensinados pelos SEALs, forças especiais da marinha norte americana, assim designados por operarem em sea, air and land. Esse fato evidencia um fator primordial no emprego de forças especiais que é a capacidade de inserir pessoal e material especializado em áreas hostis ou sob o controle do inimigo ou dela exfiltrar-se, empregando meios terrestres, aéreos, aquáticos ou subaquáticos. Indo ao encontro da capacidade das forças especiais do Exército Brasileiro. (BRASIL, 2006, p5-2). 24 O papel das Forças Especiais foi imprescindível para a Força Aérea americana. Ações Diretas foram realizadas para a destruição de quatro radares, no sudoeste do Iraque que permitiram o vôo de aeronaves de combate sem serem detectadas e a aproximação das bases de mísseis SCUD (ESTADOS UNIDOS, 2007, p-49). Neste tipo de Operação encerra a sinergia que as Forças Especiais pode fornecer a um combate conjunto, atuando em proveito da Força Aérea. As ações diretas avultam de importância em face das limitações da Força Aérea e podem ser concebidas para apoiar e/ou complementar uma campanha aeroestratégica, particularmente nas etapas iniciais de conquista da superioridade aérea, contribuindo para a supressão da defesa aeroespacial inimiga. (BRASIL, 2012, p3-1). Essa capacidade é afeta às forças de operações especiais do Exército Brasileiro. Assim como os Destacamentos de Ações de Comandos, os DOFEsp são aptos a realizarem investida contra alvos de valor estratégico no interior da área de operações. O Batalhão de Ações de Comandos (BAC) é a unidade orgânica do Comando de Operações Especiais especificamente organizada, equipada e adestrada para a realização de ações diretas. O planejamento e a execução desse tipo de operação especial constituem sua destinação precípua. A fração básica de emprego do BAC é o destacamento de ações de comandos (DAC). Todavia, as peculiaridades da missão podem exigir uma força valor subunidade ou unidade. Tropas de forças especiais, também, estão aptas a realizar ações diretas, sobretudo, quando a situação tática: permitir o emprego de menores efetivos; requerer menor poder de choque; ou exigir a redução de danos colaterais indesejáveis. Em muitos casos, Destacamentos de Operações Especiais de constituição híbrida, combinando elementos de forças especiais e ações de comandos, podem ser a melhor opção. (BRASIL, 2012, p3-2). Todavia os rústicos e inofensivos, na visão do General Schwarzkopf, mísseis SCUD foram estrategicamente usados por Saddam Hussein. A despeito da tentativa do comandante do CENTCOM de minimizar seus efeitos, mais de 30 mísseis haviam sido lançados contra Arábia Saudita e Israel, causando pressões no Governo Bush. Para evitar uma possível entrada de Israel na guerra, os EUA empreenderam uma forte campanha aérea em vão. Mesmo após a consecução da superioridade aérea, a Coalizão não conseguia destruir os mísseis SCUD devido a sua mobilidade. Dessa forma, novamente recorreu-se aos recursos que somente as tropas de forças especiais oferecem ao Teatro de operações. By the end of January, the diplomatic pressure on the Bush Administration was such that General Powell ordered General Schwarzkopf to use Special Operations Forces to hunt SCUDs and stop them from being fired at Israel. (ESTADOS UNIDOS, 2007, p-52). 25 Uma Força Tarefa Conjunta de Operações Especiais composta por unidades de operações especiais do Exército e da Força Aérea (Joint Special Operation Task Force - JSOTF) recebeu a missão de encerrar os ataques de mísseis SCUD sobre Israel. Operaram de uma base na Arábia Saudita e realizavam a infiltração em duas viaturas, com 08 operadores em cada. Pelo ar, helicópteros Black Hawks acompanhavam as movimentações. As equipes se moviam de noite e descansavam de dia. A informações das plataformas de SCUD eram repassadas às equipes da Força Aérea, que realizavam o ataque guiado pelos Operadores de Forças Especiais no solo, e destruíam os mísseis. A Operação foi um sucesso e o comandante do CENTCOM acresceu a essa Força Tarefa, tropa de Rangers (tipo comandos) e o 160th Special Operations Aviation Regiment Helicopters. Após o início da ofensiva, a JSOTF continuou os ataques às plataformas de SCUD, às suas linhas de comunicação e outras instalações de comando e controle iraquianas (ESTADOS UNIDOS, 2007). Mesmo antes do início dos combates em solo, a Operação Desert Storm, Forças Especiais foram infiltradas na retaguarda profunda, em território iraquiano, para a realização de Reconhecimento Especial. Tal operação: Son aquellas misiones que suponen la proyección y aplicación de una capacidad de la fuerza militar en una zona hostil o potencialmente hostil, con la finalidad de proporcionar información sobre los dispositivos enemigos en profundidad, así como sobre determinados medios de interés especial susceptibles de convertirse en objetivos de las fuerzas convencionales tales como:- capacidades, intenciones y actividades de un actual o potencial enemigo,- elementos del sistema de Mando y Control enemigo, Sus armas especiales u otros objetivos de interes,- meteorologia, hidrografia o características geográficas de una zona o área de interes,- daño producidos por una acción de combate propia o aliada, y en su caso, la posible evaluación,- situación en una zona determinada antes de la intervención de fuerzas convencionales. (ESPANHA, 2000, p.2-3). A inteligência produzida pelas forças especiais foi fundamental para os planejamentos estratégicos e para o sucesso dos comandantes táticos executarem seus planos, STINER (1991). Acerca desse emprego, o General Schwarzkopf numa conferencia a cerca das operações em Riad, Arábia Saudita relata: I shouldn’t forget these fellows. That SF stands for Special Forces. We put Special Forces deep into the enemy territory. They went out on strategic reconnaissance for us, and they let us know what was going on out there. They were the eyes that were out there, and it’s very important that I not forget those folks. (SCHWARZKOPF, 1991). 26 Anos depois, relativo ao emprego do exército americano na Somália, o Chefe do Departamento de Avaliações Militares Regional da Agência de Inteligência de Defesa relata que: Quando fomos à Somália em dezembro de 1992, tínhamos urn banco de dados baseado em uma única fonte sobre as forças militares locais. Nossa tentativa de usar os meios padronizados de coleta e estratégias foi bemsucedida apenas em parte porque esses meios convencionais não podiam nos dar o tipo de informações especificas que necessitávamos. Não havia divisões de carros de combate ou de fuzileiros motorizados somalianos, nenhum sistema de defesa aérea, nenhurna marinha e nenhurna força aérea. Os somalianos tinham alguns caminhões e jipes com armas coletivas e alguns blindados. Era necessário alguém para localizá-Ios e contá-Ios em terra e para descobrir se funcionavam. Eventualmente, recebemos essa informação e ainda melhor inteligência sobre as capacidades das forças do cIã das unidades das Forças Especiais dos EUA. (WHITE, 2004, p-24). O Exército Brasileiro possui tal capacidade, estando prevista na Base Doutrinária do 1º Batalhão de Forças Especiais, conforme prevê BRASIL (2006): Destacam-se como principais missões das Eqp Op FEsp neste tipo de operação: 1) Ações a objetivos profundos, para levantar e reconhecer: a) movimento tático, estratégico e concentração de tropa do inimigo; b) atividades recentes e atuais, localização, dispositivo, composição, valor, moral e particularidades do inimigo; c) instalações militares do sistema de comando e controle (C2), de guerra eletrônica e de telecomunicações; d) instalações do sistema de defesa aeroespacial e tráfego aéreo (bases aéreas, sítios de mísseis superfície - ar, radares de vigilância, etc); e) instalações do sistema de apoio logístico; f) instalações de controle de energia (elétrica / nuclear); g) instalações industriais (material de guerra, siderúrgicas, química, biológica etc); h) sistemas de transporte (rodoviário, ferroviário, aéreo e aquático); i) portos, terminais petrolíferos e obras de arte; j) campos de prisioneiros de guerra (CPG); k) zonas de lançamentos, aeródromos e zonas de pouso para helicópteros; e l) outros Elementos Essenciais de Inteligência (EEI) de interesse para a manobra do escalão considerado. (BRASIL, 2006, p.10-1). Normalmente essa operação é desencadeada em situação de crise ou tempo de guerra, ESPANHA 2000. Todavia o Exército Brasileiro mantém a capacidade de suas Forças Especiais executarem operações similares, em tempo de paz, em território nacional, designadas Reconhecimento e Avaliação de Área: Reconhecimento e Avaliação de Área é uma operação de Reconhecimento Especial, que é conduzida por elementos especializados de operações especiais (Forças Especiais) em território nacional ou sob nosso controle, em áreas hostis, politicamente sensíveis ou não, visando a obtenção e/ou levantamento de Elementos Essenciais de Inteligência (EEI), de nível estratégico-operacional, de forma ostensiva, sigilosa ou clandestina, através do emprego de técnicas operacionais específicas combinadas com meios terrestres e/ou aeroespaciais. (BRASIL, 2006, p.10-2). As Forças Especiais podem ser empregadas em Reconhecimento e Avaliação de Área em Operações de Garantia da Lei e da Ordem ou Operações Contra Forças Irregulares, por exemplo. E como no Reconhecimento Especial na 27 Guerra do Golfo, seus produtos podem servir de subsídio para as diretrizes e os planejamentos estratégicos do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, assim como para as diretrizes e planos operacionais do Comandante do Teatro de Operações e facilitar a execução por parte das Forças Tarefas Componentes, dos Grandes Comandos enquadrantes até o nível das pequenas frações de nível tático. Por ocasião da Operação Desert Storm, as forças especiais foram empregadas também com destacamentos infiltrados para acompanhar os batalhões da coalizão. Os destacamentos que adestraram as tropas infiltraram com elas, para as batalhas. Alguns acompanharam unidades sauditas de engenharia para assessorar na limpeza de campo de minas em áreas importantes a serem utilizadas pela coalizão como pistas de pouso (ESTADOS UNIDOS, 2007, p-46). Ademais, missões de Busca e Salvamento esporadicamente foram dadas as forças especiais, principalmente a pilotos abatidos em combate. Similarmente, por ocasião de uma Operação Contra Forças Irregulares no Brasil, convém que oficiais de ligação, operadores de forças especiais componham os Estados-Maiores da Força Terrestre Componente (FTC), assim como destacamentos operacionais de forças especiais estejam sob comando operacional dos Grandes Comandos tanto para adestramento como para emprego junto das tropas convencionais. 2.3 OPERAÇÃO PROVIDE COMFORT A Operação Provide Comfort no nordeste do Iraque e Sul da Turquia deveuse a permanência de Sadam Hussein no poder após a liberação do Kuwait. Temendo a oposição shiita a Sadam, aliado ao fundamentalismo islâmico no Irã, os americanos permitiram a permanência de Sadam para o equilíbrio regional. Da mesma forma, os Curdos, outra oposição, eram povos que lutavam pela formação de um estado nacional. O recrudescimento do regime de Sadam fez com que milhares se refugiassem na Turquia. Para se alinhar a OTAN que queria evitar um encorajamento à formação de um estado curdo na Turquia, os estados Unidos empreenderam a referida operação: 28 U.S. and coalition forces moved into southern Turkey and helped set up refugee camps, deliver food and water, and provide rudimentary medical care. They quickly averted what could have been a humanitarian disaster. With a strong allied presence watching over them, the Kurds were induced to return in safety to their homes by the end of July with only minimal losses. (ESTADOS UNIDOS, 2010, p.430). Logo, a operação foi realizada com objetivos políticos e humanitários. Nesse escopo avultou-se o papel das Forças Especiais. Segundo Gen Carl W. Stiner do Exército americano: These soldiers, sailors and air men are quiet, professionals instruments of US policy. They are forward employed, performing their respective missions every day of the year from the grass-roots level-where the problems are – to the ambassadorial level, giving advice, providing assistance and coordinating requirements, all in support of US interests. (STINER, 1991 p15). Ressalta-se então, o emprego das forças especiais como instrumento da política de um país. BRASIL (2012) assegura que as operações especiais diferem das convencionais nos níveis de risco físico e político que envolvem o cumprimento da missão (p 2-2). Relativo às questões humanitárias, socorreram e aliviaram as condições miseráveis dos refugiados curdos. Essa tropa tornou-se a melhor opção do Exército pelo treinamento que possuem em culturas diversas e pela experiência em organizar e estabelecer relações com os nativos. Outro aspecto a ressaltar ainda nessa operação foi a utilização de especialistas em saúde angariando o respeito e apoio dos curdos assim como sua grande capacidade de organização logística (ESTADOS UNIDOS, 2010). Este emprego vai ao encontro do entendimento brasileiro. BRASIL (2012) afirma que “não raro, as operações especiais requerem o envolvimento, direto ou indireto, de forças convencionais e/ou outras agências governamentais”. E foi esse fator essencial para o sucesso da operação. As Forças Especiais foram o elo de entendimento e coordenação de esforços, facilitando o entendimento entre órgãos não governamentais e organizações voluntárias privadas como a Cruz Vermelha e Crescente Vermelho: Over time, useful working relationships developed among the Special Forces, the NGOs, PVOs, other allied soldiers in the encampments, and the Kurdish family and clan leadership. Tents were erected, food and water became routinely available, medical support matured, and the dying ceased. (ESTADOS UNIDOS, 2010, p-432). 29 Neste particular, descortina-se um enfático emprego das forças especiais no combate contemporâneo, as Operações Interagências. Elas são definidas por: Interação das Forças Armadas com outras agências com a finalidade de conciliar interesses e coordenar esforços para a consecução de objetivos ou propósitos convergentes que atendam ao bem comum, evitando a duplicidade de ações, a dispersão de recursos e a divergência de soluções, em favor da eficiência, eficácia, efetividade e menores custos. (Brasil, 2013, p-1-2). E estão englobadas no ambiente que se convencionou chamar de amplo espectro das operações. O Gen Araújo caracteriza as forças vocacionadas a esse contexto: Dessa forma, as forças a serem empregadas nesses ambientes devem estar aptas à condução de operações simultâneas ou sucessivas, combinando atitudes ofensiva, defensiva, de pacificação, de Garantia da Lei e da Ordem, de apoio às instituições governamentais e internacionais, de assistência humanitária, em ambiente interagências. (Araújo, 2013, p-17). Assim, a F Ter deverá estar apta a conduzir Operações no Amplo Espectro, ou seja, conduzir ações que combinem as atitudes ofensiva, defensiva, de pacificação, e de apoio aos órgãos governamentais e internacionais (em Garantia da Lei e da Ordem e na assistência humanitária, por exemplo), de forma simultânea ou sucessiva. Tal requisito de emprego está presente na quase totalidade das situações, em um ambiente de cooperação interagências, e influi no preparo de todos os escalões da F Ter. (Brasil, 2013, p2-4). JONES, REHOM, (2004, p-62) afirma que a FOpEsp e as agências tem experiência em trabalhar juntas. Ambas entendem o valor da unidade de esforço e trabalham juntas para atingir os objetivos comuns sem se preocuparem em obter claramente a unidade de comando. A proposta de manual brasileiro de Operações Especiais indica a destinação de forças especiais brasileira em missões dessa natureza ao assertar que: As FOpEsp possuem capacidades únicas. São flexíveis e versáteis, quer estejam atuando isoladamente ou em complemento a outras forças. Podem ser desdobradas em qualquer ambiente operacional, com elevado grau de autonomia e sob condições de elevado risco. Em face de suas possibilidades, seu emprego abrange todo o espectro das operações militares, desde o tempo de paz até as situações de crise ou conflito armado. (BRASIL, 2012, p2-6). Da mesma forma, a caracterização do ambiente operacional em que as forças especiais operam indica a possibilidade de empregá-las em missões análogas. Segundo (BRASIL, 2012, p-2-19), as características são complexidade, não linearidade, instabilidade, imprevisibilidade, heterogeneidade, mutabilidade e dinamismo; com presença de níveis variáveis de intensidade de conflito, ameaças provenientes de atores estatais e não estatais, população civil (favorável, neutra e 30 hostil), idiossincrasias culturais (“terreno humano”), onipresença da mídia, assédio de organismos de defesa dos direitos humanos, Outras agências estatais presentes no interior da área de operações, Atuação de organizações não governamentais (ONGs), restrições / limites legais, limites impostos pela opinião pública, controle de danos sobre bens civis e meio ambiente, disponibilidade de moderna tecnologia (capacidades ampliadas: ver, atirar, manobrar, comunicar-se), grande volume de dados (sobrecarga de informação), velocidade da informação e disseminação da informação em escala global. Depreende-se com o emprego de forças especiais americanas nesse tipo de operação, que as forças especiais brasileiras podem ser empregadas pelos altos escalões como instrumento facilitador da coordenação dos comandos nas operações interagências. Pela habilidade de operar na dimensão humana, as forças especiais podem criar ambientes de trabalhos propícios a colaboração, compreensão e convergência de esforços entre diversas agências nacionais em prol da missão, seja ela de segurança de grandes eventos ou de garantia da lei e da ordem, por exemplo. 2.4 OPERAÇÃO SILVER ANVIL Em 1992, um golpe de estado em Serra Leoa, África, deixou as condições de segurança imprevisíveis para cidadãos de vários países. A instabilidade política no país requereu por parte da comunidade internacional a evacuação de seus nacionais. Nesse escopo, o Comando de Operações Especiais americano na Europa, o Special Operations Command Europe (SOCEUR), conduziu a Operação de Evacuação de Não-Combatentes, a Operação SILVER ANVIL. Dentro de 15 horas um destacamento operacional foi acionado de um exercício em Stuttgart, Alemanha para cumprir essa missão. Nesse período, foram realizados a análise da missão, o planejamento, o aprestamento do material, equipamento armamento, munição, inclusive suprimento de acompanhamento para estoque, emissão de ordens e deslocamento para a área de operações. O Destacamento Operacional de Forças Especiais é a tropa que está apta a ser empregada por meio do método da estratégia indireta, que é aquela o qual 31 deverá ser buscada a utilização preponderante de ações políticas, econômicas e psicológicas, coadjuvadas por ações militares (BRASIL, 2004, p-3-6). A estratégia indireta é, ainda, a opção decorrente da inferioridade de meios militares e/ou da falta de liberdade de ação e da convicção de que o conflito pode ser solucionado sem emprego da violência Ressalta-se que ao empregar esse tipo de estratégia e tropa, o governo americano atesta que, ainda que suas forças armadas possuam capacidade para obter superioridade e liberdade de ação na área de operações, as forças especiais lhe asseguram, por suas expertizes, e característica de ações de baixa assinatura e visibilidade, a certeza do cumprimento da missão. The coup in Sierra Leone had created an unstable security environment, but SOF quickly developed a rapport with the local military and arranged for a safe evacuation with no incidents. They evacuated over 400 American citizens, third country noncombatants, and USAF MEDCAP team members in the following two days. (ESTADOS UNIDOS, 2007, p-76). Semelhantemente, as forças especiais brasileiras são empregadas em missões dessa natureza, a exemplo do Destacamento Tigre, que em 2004 dentro de 12 horas estava se deslocando por um C-130 da força aérea brasileira de Goiânia para a Costa do Marfim, na África, com a missão de evacuar nacionais, e proporcionar segurança a embaixada e ao corpo diplomático brasileiros naquele país. Pela capacidade de permanecer em territórios hostis com o mínimo de direção e controle, de por meio da inteligência etnográfica para obter apoio da população e estabelecimento de rapport com lideranças civis e militares locais, as forças especiais se constituem em instrumento fundamental do Estado para segurança de seus cidadãos não combatentes no exterior. 32 3 EMPREGO DE FORÇAS ESPECIAIS 2001-2013 3.1 GUERRA DO AFEGANISTÃO Após o maior atentado terrorista da história, a Queda das Torres Gêmeas, as Forças Especiais norte-americanas se voltaram para a Estratégia americana de Global War on Terrorism. O Governo americano atribuiu a Al Qaeda, a autoria da ação e determinou que o Talibã, grupo de governo afegão, que apoiava o grupo terrorista, entregasse Osama Bin Laden e seus assessores. O Talibã refugou o intimado. Logo, os Estados Unidos intentando sufocar o patrocínio e impedir a utilização do Afeganistão como refúgio seguro para terroristas internacionais, resolveu invadir o País e retirar o grupo dominante do governo (ESTADOS UNIDOS, 2007, p-87). Os primeiros dois anos de combate podem-se dividir em quatro fases. A primeira travou-se um combate aéreo sem eficiência, seguido da fase onde iniciouse o emprego de forças especiais. The initial air and missile strikes seem to have been no more effective than their predecessors in 1998 had been. There were simply too few discrete high-value strategic targets in Afghanistan critical to the grip of the Taliban regime, with the possible exception of the lives of the leaders themselves. This ineffectualness changed quickly beginning October 19, when several 12-man American Special Forces Operational Detachment A Teams helicoptered through difficult mountains in the darkness to link up the leaders of the Northern Alliance. Soon there would be 18 A Teams plus 4 companylevel (B Teams) and 3 battalion-level command units (C Teams) in Afghanistan, about 300 soldiers all told. (Estados Unidos, 2010, p-469). O SOCCENT havia confeccionado um plano de Guerra Não Convencional, Unconventional Warfare (UW), que até mesmo os Estados-Maiores convencionais perceberam a necessidade de emprego de forças especiais para complementar as operações convencionais em curso (ESTADOS UNIDOS, 2007). O plano de guerra não convencional em suma compreendeu algumas fases: U.S. Army Special Forces doctrine described seven phases of a U.S. sponsored insurgency: psychological preparation, initial contact, infiltration, organization, buildup, combat operations, and demobilization. Other government agencies, such as the State Department or the Central Intelligence Agency, took the lead role in the first three phases. U.S. SOF and DOD would typically take the leading role in the next three phases: organizing the insurgent forces; buildup (training and equipping the insurgent forces); and conducting combat operations with the insurgents. The final 33 phase would be demobilization, which would involve a variety of U.S. agencies and the newly-installed government, so the “lead agency” for demobilization would vary depending on the situation. (ESTADOS UNIDOS, 2007, p-87). Atesta-se que essas fases são constantes da doutrina brasileira de condução da guerra não convencional. O desenvolvimento de um movimento revolucionário patrocinado por país estrangeiro pode abranger sete fases. Estas fases não se processam, necessariamente, na seqüência indicada e muitas podem ocorrer simultaneamente. Primeira fase: Preparação Psicológica -Antes da infiltração, caso o prazo disponível e a segurança o permitam, são conduzidas operações psicológicas visando a preparar a população da área para receber os destacamentos operacionais do BFEsp. Segunda fase: Contato inicial 1) Antes da infiltração dos destacamentos operacionais, é conveniente que condições favoráveis sejam desenvolvidas na área operacional selecionada. O contato inicial de elementos de Forças Especiais com o chefe das Forças Irregulares favorece o desenvolvimento dessas condições para a subseqüente recepção e assistência ao destacamento operacional infiltrado. 2) É valiosa a presença de representantes do movimento revolucionário, evacuados da Área Operacional da Guerra Irregular para a Base de Operações do Batalhão de Forças Especiais, tendo em vista a orientação inicial (estudo de área) dos destacamentos operacionais e para acompanharem estes destacamentos durante a fase da infiltração. A falta desses elementos, no entanto, não impossibilita a infiltração dos destacamentos operacionais. Terceira fase: Infiltração - Iniciase quando o destacamento abandona sua área de isolamento a fim de entrar em uma área controlada pelo inimigo. O estabelecimento das comunicações com a Base de Operações do Batalhão de Forças Especiais (BOBFEsp) deve ser realizado nesta fase. Quarta fase: Organização - A organização e o desenvolvimento do Comando de Área começam imediatamente após a infiltração, bem como tem início a avaliação da área e a organização dos meios das forças irregulares. Quinta fase: Expansão 1) As forças de guerrilha, de sustentação e subterrânea são expandidas.2) Todas as atividades aumentam em raio de ação, intensidade e valor tático ou estratégico para apoiar os objetivos do Teatro de Operações. 3) A divisão da área em setores pode tornar-se necessária, o que possibilita maior segurança e o incremento do potencial operacional. Sexta fase: Emprego em combate - As forças irregulares são empregadas em ações de combate visando a atingir os objetivos da guerra irregular, planejados pelo Comando do Teatro de Operações. Esta fase continua até que ocorra a junção com as forças regulares, o término das hostilidades ou a desmobilização. Sétima fase: Desmobilização -Uma vez cessada a ação armada do movimento revolucionário, a ordem da desmobilização de suas forças cabe ao comando superior. Fatores políticos, econômicos, psicossociais e militares são normalmente considerados antes de qualquer providência nesse sentido. O planejamento da desmobilização já deve ser iniciado durante a primeira fase. Durante todas as fases, deve haver a preocupação em não realizar qualquer ação que possa comprometer a desmobilização. (BRASIL, 2006, p-5-4 ). Todavia o ensinamento maior dessa ação americana que devemos absorver é o esforço das instituições civis e militares, abrangendo um planejamento além de conjunto, interagência, para a execução do plano, com participação de órgãos similarmente: Ministério das Relações Exteriores e Gabinete de Segurança 34 Institucional da presidência da República por meio da Agência Brasileira de Inteligência. A terceira fase, a busca de líderes do Talibã e da Al Qaeda nas montanhas de Tora Bora, se repete até os dias atuais, e contou com a participação preponderante de equipes de Forças Especiais. Dentre outros o emprego clássico de Forças Especiais, vem sendo amplamente utilizado pelos Operational Detachment A (ODA), é condensado no relato abaixo: o 3º Grupo de Forças Especiais do Exército dos Estados Unidos enviou o destacamento operacional nº 316 para a Província afegã de Konar — uma área tribal localizada junto à volátil fronteira com o Paquistão. O pequeno grupo, inicialmente composto por apenas seis homens, tinha a tarefa de capturar e eliminar membros da insurgência talibã. Seu trabalho exigiu a aproximação e o estabelecimento de relações amistosas com os moradores de uma pequena vila chamada Mangwel. Nos meses que se seguiram, aqueles poucos soldados dedicaram-se à missão precípua das forças especiais, cooptando o apoio da população local em proveito de suas ações. Convencido de que mesmo uma equipe muito pequena poderia “fazer milagres”, desde que seus subordinados fossem capazes de interpretar e compreender as idiossincrasias do complexo ambiente tribal afegão, o Major Jim Gant, comandante do destacamento, buscou integrar progressivamente sua fração na vida e nos costumes dos habitantes locais. Os norte-americanos deixaram crescer a barba, incorporaram indumentárias da etnia pashtun em seus uniformes, procuraram aprender o dialeto de uso corrente, saber mais sobre a cultura nativa e o islã, cultivando a empatia e interagindo com a população em um nível bem pessoal. Gant concluiu que, a despeito de todo o poderio militar dos Estados Unidos, sua relação com os habitantes locais não poderia ser simplesmente imposta pela força. Ao contrário, demandava um autêntico e metódico processo de persuasão. Por esse motivo, assegurou que seus homens se mantivessem engajados na conquista do terreno humano. Entre um combate e outro, o destacamento frequentou a escola do vilarejo, brincou com as crianças, construiu um poço e experimentou boas conversas sentado com os anciãos até tarde da noite. Cônscio de que as belicosas tribos afegãs jamais se submeteram a um poder estrangeiro, Gant procurou exercer aquilo que denominou “influência sem autoridade”, definindo as principais tarefas em relação aos líderes locais segundo os verbos: ouvir; entender; aprender; influenciar. Com o passar do tempo, em Mangwel, os integrantes do Destacamento 316 compreenderam que “a mais confiável e duradoura influência acontece ao agirmos como parceiros, não como culturas alienígenas superiores, distantes e estranhas”. Por fim, os habitantes locais não só passaram a rejeitar a influência talibã, como também se predispuseram a pegar em armas contra os insurgentes. (VISACRO, 2012, p-2). Dessa forma, o emprego de Forças Especiais começou a alterar o quadro das Operações no Afeganistão. As equipes assessoraram as ações da Aliança do Norte, acompanhavam nas missões a pé, sobre moares, pick-up e colocavam seus meios a disposição das tropas locais: GPS, óculos de visão noturna, designadores laser, principalmente os fogos aéreos solicitados com munições guiadas com a laser. 35 Líderes importantes do governo anterior ao Talibã, como Hamid Karzai, que se tornara primeiro-ministro e presidente do País, retornaram ao país para combater o Talibã. A motivação das tropas comandadas por esses líderes foram determinada pela inteligência etnográfica e pela operacionalidade das forças especiais que realizaram trabalhos em equipe com empatia e admiração dos nativos. Quando Karzai conquistou a cidade de Tarin Kowt, o Talibã viu o perigo que essa insurgência opunha a seu regime. Enviou 80 viaturas e 500 homens para retomar a cidade e eliminar a ameaça. Um operador de forças especiais com 12 homens de Karzai fornecendo segurança ocupou um Posto de Observação sobre a ponte de entrada da cidade com um designador laser e mirou sobre a coluna de carros talibãs, guiando o ataque de um caça F-14 Tomcat acionado de um portaavião (ESTADOS UNIDOS, 2010, p-472). Reflete-se nesse caso um aspecto imprescindível das forças especiais que é a capacidade de realizar ações ofensivas com mínimo de efeito colateral a elementos civis, a instalações e ao meio ambiente fato que deve ser levado em consideração nos combates contemporâneos. O resultado do emprego de forças especiais com forças locais foi percebido nos anos iniciais de combate no Afeganistão: O aspecto mais interessante da guerra até agora foi a capacidade das FOpEsp de operar neste ambiente. As FOpEsp puderam se "infiltrar" nas fileiras das Forças da Aliança e criar uma potente força moral; equilibrando o aspecto físico com o mental e moral. Estas equipes foram verdadeiramente adaptáveis e suas atividades permitiram o que William Lind chama de "exploração de arrasto". Isto é, os elementos de exploração (as FOpEsp neste caso) arrastaram o resto da força em direção a menor resistência para obter uma considerável vitória através da manobra. Estavam capacitadas pela tecnologia a um nível nunca visto (comunicações diretas com aeronaves e munições dirigidas de precisão). (WILCOX, WILSON, 2004, p-44). Uma vez que as formações terrestres da Aliança do Norte foram reforçadas por equipes das Forças Especiais provendo informação precisa e em tempo hábil sobre alvos as aeronaves de ataque, a resultante assimetria negou as forças do Talibã a capacidade de controlar ou defender pontos capitais de terreno. Causando grandes perdas ao Talibã durante qualquer concentração de forças que fizesse para defender ou contra-atacar e a vantagem assimétrica da seleção de alvos com base em terra e os ataques aéreos dos EUA, tomaram as forças terrestres da Aliança do Norte invencíveis. O Talibã e a Al Qaeda não tinham nada comparável para se oporem à vantagem americana. (MEIGS, 2004, p-4). 36 Nesse ínterim, a integração das Forças Especiais com a Força Aérea foi fator de sucesso, assim como na Guerra do Golfo. No entanto, a Guerra no Afeganistão trouxe um ingrediente novo para a Força Aérea americana: Integrating air power and special operations is not new. In fact, SOF and the joint air community are adept at close integration, and the men on the ground did a great job working with air support. However, at the operational level of war, integration on a noncontiguous battlefield with large indigenous maneuver forces was a new challenge to many. (ESTADOS UNIDOS, 2007, p-43). Ressalta-se a importância das forças especiais para a coordenação de fogos em Teatro de Operações não contíguos, características das operações de amplo espectro, e das guerras assimétricas e irregulares. Patrulhas da OTAN empregavam Observadores Avançados de Fogos em suas missões. Da mesma forma, americanos, assim como espanhóis, infiltravam controladores de fogos da força aérea, Tactical Air Control Party, com equipes operacionais de forças especiais para prover a segurança das interdições realizadas em proveito de todo teatro de operações CENTCOM: In Afghanistan during OEF, U.S. forces operated in a noncontiguous battlefield and discovered numerous challenges to coordinating fire with maneuver when no traditional boundary lines demarcated areas of operation. We will discuss these challenges, how commanders overcame them, and offer insights for further improvement. These are key future challenges and offer insights to potential solutions. While these challenges and subsequent insights have a special operations perspective, many have value to future conventional force operations on noncontiguous battlefields. (FINDLAY, GREEN, BRAGANCA, 2003, p-8). Mais uma vez foi estreita a integração das Forças Especiais do Exército com o Grupo de Aviação de Operações Especiais da Força Aérea. Remete-nos a necessidade que temos de formar um Grupo de Aviação dedicado às Operações Especiais, tanto no âmbito do Exército Brasileiro, no que tange à aviação de asa rotativa, quanto à de asa fixa da Força Aérea Brasileira. Outra necessidade refere-se ao treinamento de tropas para a participação nesse tipo de missão. Essa necessidade foi percebida durante as surtidas aéreas no Afeganistão: Até momento, nossas FA tem obtido resultados inconclusivos nos seus esforços para enfrentar o conceito de Guerra de 4ª Geração. Temos o potencial para enfrentar a 4GW ao aprendermos com as FOpEsp e suas experiências, e ao aplicá-Ias em novas formas, com base no nosso pessoal e suas idéias. (WILCOX, WILSON, 2004, p-49). 37 Ainda sobre o sucesso das operações especiais, o adestramento conjunto sem dúvida se reveste de fundamental importância para seu emprego efetivo: The integration of airpower with special operations has significant doctrine, organizational, and training implications. As the Joint SOF trainer, Special Operations Command Joint Forces Command (SOCJFCOM) sent SOF joint training teams (JTTs) to assist joint special operations commanders in OEF. They shared insights, practices, and knowledge of the best tactics, techniques, and procedures (TTPs) to employ SOF. While successful, SOF JTTs could have done more to improve air-ground fire integration (FINDLAY, GREEN, BRAGANCA, 2003, p-8). A quarta fase, foi a Operação Anaconda, a qual empregou-se forças convencionais dos Estados Unidos com pequenas equipes de Forças Especiais das Forças Aliadas. Inicialmente, ao invadir o Afeganistão, os estados Unidos não perceberam a diferença dessa guerra, para a travada por ocasião da invasão do Kuwait ocupado pelo Iraque na Guerra do Golfo. Como afirma (HEYDTE, 1990): Há situações em que encontramos guerra irregular como forma de guerra e não apenas como forma de condução da guerra; sob certas circunstâncias, uma guerra convencional limitada pode se formar uma forma excepcional de condução da guerra irregular. (...) alguns teóricos efetivamente reconhecem a guerra irregular como uma guerra real, mas não a querem ver como uma forma de guerra, e tão somente como uma forma de condução no contexto de uma guerra maior. Esse fato vai ao encontro da percepção equivocada dos americanos. Na primeira, a guerra irregular foi utilizada como forma de apoio, complemento e economia de meios a uma operação convencional. No Afeganistão, a guerra irregular deveria ser de fato a estratégia de emprego. Não somente os combatentes do Al Qaeda ridicularizaram os soldados americanos. Nossos aliados afegãos também não elogiaram o desempenho de nossos soldados. Pode-se concluir que os combatentes do Al Qaeda foram bem-sucedidos ao emboscar os americanos e ao escapar da área. A Operação Anaconda foi uma tentativa de criar um campo de batalha linear, por generais que pensavam de forma clausewitziana ao empregar os princípios da guerra de atrito contra um inimigo evasivo. Embora ainda não saibamos com certeza os resultados desta operação, está claro que esta batalha teve menor proporção do que se pensava, com base nos informes. Tentamos aplicar as táticas de 2GW contra um inimigo que aplicava, outra vez, 4GW (como no Vietnã), e o resultado foi um fracasso. (WILCOX, WILSON, 2004, p-45) Com isso os Estados-Maiores em todos os níveis, principalmente nos níveis estratégicos devem conhecer as peculiaridades da guerra irregular para empregar a 38 arte da guerra na perfeita compreensão dos problemas militares e no correto emprego dos meios militares e não militares. Desta forma, sugere-se que operadores de forças especiais componham, no Ministério da Defesa, o Estado-Maior conjunto das Forças Armadas para o assessoramento no Planejamento Estratégico Militar, em suas três etapas: a avaliação da conjuntura e elaboração de cenário, resultando na correta hipótese de emprego; o exame de situação e planejamento, e o controle das operações militares. Essa leitura irá determinar se o ambiente operacional requer o emprego de forças especiais como apoio, complementação e economia de meios, ou como principal estratégia a adotar. Ao avaliar os primeiros anos de operação americana no Afeganistão: General Moore fez referência as lições aprendidas dos erros soviéticos. Enquanto é verdade que nossos soldados estão bem adestrados, também é verdade que até agora não desdobramos um grande numero de tropas não adestradas no Afeganistão. O que não demonstramos ainda é que somos capazes de travar a Guerra de 3a Geração (a de manobra), sem mencionar a de 4GW. Até agora, só as FOpEsp, inclusive aliadas, tem demonstrado a capacidade de realizar operasções da guerra de manobra (...) Botas no terreno são um fator importante mas, vale mais a pena ter botas "inteligentes" no terreno. Há uma grande demanda pelas FOpEsp. Essas forças vem se adestrando para operar neste tipo de ambiente por mais de 40 anos; portanto não é de se estranhar que essas pequenas equipes estejam habilitadas para a guerra não convencional. Suas equipes e capacidades excelentes são capazes de realizar mais neste tipo de ambiente do que divisões completas de forças convencionais, com grande presença logística e alvos atrativos. (WILCOX, WILSON, 2004, p-42). Outro aspecto importante a ser do conhecimento dos oficiais de EstadoMaior na confecção de planos e diretrizes, principalmente o Plano de Emprego Estratégico Conjunto das Forças Armadas (PEECFA) e seus anexos, é saber identificar quais as demandas e missões das diversas funções de combate e das operações complementares podem ser atendidas pelo emprego Destacamentos de Ações de Comandos e Destacamentos Operacionais de Forças Especiais. Atualmente o Talibã e a Al Qaeda continuam a operar clandestinamente no território do Afeganistão, e Guerra no Afeganistão não tem previsão de término The U.S. military has been involved in Afghanistan since the fall of 2001 whenOperation Enduring Freedom (OEF) toppled the Taliban regime and attacked the AlQaeda terrorist network hosted in Afghanistan by the Taliban. A significant U.S.military presence in the country could continue for a number of years as U.S., NorthAtlantic Treaty Organization (NATO), Coalition, and Afghan National Army (ANA)forces attempt to stabilize the country by defeating the insurgency, facilitating reconstruction, and combating Afghanistan’s illegal drug trade. (FEICKERT, 2006, p-1). 39 No entanto, esforços de formação das Forças de Segurança Afegã para assumir o comando de seu país já tem data para fim de 2014, assim como a saída da OTAN do país. NATO’s primary objective in Afghanistan is to enable the Afghan authorities to provide effective security across the country and ensure that the country can never again be a safe haven for terrorists. Since August 2003, the NATO-led International Security Assistance Force (ISAF) has been conducting security operations, while also training and developing the Afghan National Security Forces (ANSF). Launched in 2011, the transition to full Afghan security responsibility is due to be completed at the end of 2015, when ISAF’s mission will end. NATO will then lead a follow-on mission to train, advise and assist the ANSF with the aim to continue supporting the development and sustainment of the Afghan security forces and institutions. Wider cooperation between NATO and Afghanistan will also continue within the framework of the NATO-Afghanistan Enduring Partnership, signed in 2010 at the Lisbon Summit. NATO’s Senior Civilian Representative in Afghanistan carries forward the Alliance's political-military objectives there, liaising with the Afghan government, civil society, representatives of the international community and neighbouring countries. (NATO, 2014) É certo que o problema no país não é relacionado somente ao caráter militar e sim de outras esferas do poder. No entanto, no que tange a esse aspecto, se inicialmente fosse adotado a guerra não convencional, talvez a conseqüência não seria a fuga para as montanhas na fronteira com o Paquistão e o ressurgimento do Talibã a partir de 2005, como movimento insurgente, adotando novas táticas, advindas da Guerra do Iraque, como Explosivos Improvisados e Homens-Bombas. 3.2 GUERRA DO IRAQUE Em 2003 os Estados Unidos e suas Forças Especiais se engajaram em outra guerra, a do Iraque. Como Saddam Hussein era suspeito de possuir armas de destruição em massa, realizava extermínio contra etnias xiitas e curdas e tinha contato com organizações terroristas internacionais, dentre outras a Al Qaeda, os Estados Unidos resolveram invadir o País e substituir o governo vigente. O CENTCOM americano por ocasião da invasão planejou ataques simultâneos de forças convencionais em várias direções. Sob seu comando empregou as operações especiais durante a invasão com forças especiais da marinha, Navy Seals na conquista e segurança das plataformas energéticas de petróleo e gás na península de Al Faw, visando a garantia de funcionamento. 40 Determinou ao SOCCENT que realizasse seu planejamento. Este, por meio do Combined Joint Special Operation Task Force (CJSOTF) infiltrou Forças Especiais do Exército no norte do Iraque para realizar contato com os Peshmerga, as forças da etnia Curda e conduzir a guerra não convencional, para engajar os Corpos de Exércitos localizados norte do País. Reflete-se aqui a multiplicação de força que uma equipe de pequeno efetivo de militares pode oferecer, realizando a guerra não convencional, cumprindo missões estratégicas de abrir novas frentes contra corpos de exército inimigo. É imprescindível aos integrantes de Estado Maior saberem que para realizar esse tipo de operação, é preciso atender certos requisitos como os abaixo previstos na doutrina das Forças Especiais brasileira: A AOGI deve possuir: atrativos operacionais que justifiquem o seu estabelecimento; e condições de subsistência para as forças irregulares localizadas em seu interior. Atrativos operacionais Condições de subsistência: - Presença de alvos e objetivos que dêem razão tática à sua existência - População local: densidade demográfica, tendências políticas e suscetibilidade às campanhas de operações psicológicas. - Disponibilidade de recursos locais. - Acesso ao apoio externo. - Menor capacidade de ingerência do aparelho de segurança do Estado. - Adequação fisiográfica da área de operações: existência de locais de homizio, refúgios ativos e espaço para manobra. (BRASIL, 2012, p-4-16). Outro aspecto importante das tropas de forças especiais é relativo a grande capacidade de comando e controle sobre as operações. No Norte do Iraque, além de controlar suas operações em conjunto com as forças curdas, receberam ainda uma pletora de meios em pessoal, material, transporte e apoio de fogo. In the north, the Air Force airdropped a reinforced battalion of the 173d Airborne Brigade, airlanded an M1A1 tank–equipped company team to support it, and then sustained this host and their Kurdish Peshmerga allies by air as well. Again much of the necessary fire support came from airborne PGMs. All these resources—tanks, paratroopers, Peshmerga, and PGMs— operated under the supervision of the handful of special operators already deployed in the north, inducing the Army’s Vice Chief of Staff, General John (―Jack‖) M. Keane, to quip that it was like attaching a naval carrier battle group to a SEAL team. (ESTADOS UNIDOS, 2010, p-489) Durante a invasão, destacamentos de forças especiais eram empregados ainda para localizar e destruir plataforma de mísseis que eram lançados contra Israel. Em paralelo à suas missões, monitoravam o avanço de tropas convencionais, cujo objetivo era conquistar e prover a segurança de campo de petróleo em Rumaylah, intervindo se Saddam Husein tentasse fazê-lo antes da chegada das tropas. (ESTADOS UNIDOS, 2010, p-483). 41 Outro ponto a ser abordado é a forma de emprego das Forças Especiais. Ora sob o comando direto do CENTCOM ora sob o comando do SOCCENT, o emprego de forças especiais permite subordinação e formações distintas para o emprego no combate conjunto. O mais alto comando enquadrante deve possuir oficiais em seu EstadoMaior com experiência e conhecimento em operações especiais para determinar a quem e como as forças especiais estarão subordinadas, para que seus efeitos atendam da melhor maneira o Teatro de Operações como um todo. Uma importante consideração organizacional para todas essas opções de emprego é que o QG tenha experiência em operações especiais e sistemas para apoiar o planejamento, o controle e o apoio operacional da FOpEsp. Esse conhecimento garante que a FOpEsp seja melhor empregada dentro das capacidades existentes para apoiar o combate conjunto. (JONES, REHOM, 2004, p-61). As forças especiais em geral podem ser empregadas de três formas distintas. Normalmente o Comandante da Área de Operações ou do Teatro de Operações tem o controle das Forças de Operações Especiais por meio do Comando de Operações Especiais, que é mais uma força componente. As Forças Singulares nesse caso exerce o controle administrativo de suas tropas. Outra opção é o Comando de Operações Especiais fornecer os Destacamentos, e/ou Forças Tarefas, e/ou Forças Tarefas conjuntas de Operações Especiais para as Forças Singulares e/ou de Forças Tarefas Conjuntas Subordinadas realizarem suas operações. Podem ainda como força apoiada receberem, se for o caso, forças convencionais para suas missões. O comandante do Comando de Operações Especiais é, em geral, o comandante de apoio que coloca as FOpEsp a disposição para serem empregadas pelos comandantes regionais de área. Ele poderá também ser designado pelo Secretário de Defesa, em certas situações, como o comandante que recebe o apoio para conduzir ou coordenar operações. (JONES, REHOM, 2004, p-61). A terceira forma de emprego das forças de operações especiais é sob controle direto do mais alto escalão, como foi empregado pelo CENTCOM na invasão do Iraque. Essa forma é mais adequada para operações altamente sigilosas ou quando o comando quiser um alto grau de flexibilidade para responder a situações em outro local da área de operações. 42 As Forças Especiais tem área de responsabilidade em toda área de operações do mais alto escalão enquadrante e atuam em missões políticas e de alto risco e complexas: Contudo, elas são forças de grande demanda e baixa densidade que recebem, seguidamente, missões políticas delicadas ou operacionalmente complexas e de alto risco. Essas missões exigem urn grande conhecimento de planejamento e execução de operações especiais. (JONES, REHOM, 2004, p-60) Depreende-se que ainda que as Forças de operações Especiais cumpram missões táticas, as finalidades das missões atribuídas às Forças Especiais devem ser sempre de nível político, estratégico, e no mínimo, operacional de alto risco, a despeito de estar sub-empregando recursos humanos selecionados, altamente adestrados e motivados. Acerca de quando as forças especiais devem ser empregadas para determinadas missões é importante ter em mente que se constitui de importante vetor de preparação do campo de batalha para todos os escalões, principalmente os mais elevados, assim como para outros órgãos governamentais devendo ser empregados anteriormente a eclosão dos conflitos. As FOpEsp podem apoiar outras agências governamentais nas atividades de preparação de inteligência do campo de batalha e conduzir a preparação operacional do campo de batalha sob 0 controle do comandante regional de área. Quando realizando a preparação operacional a FOpEsp conduz atividades pré-crises para obter acesso e entendimento da área de responsabilidade e realiza operações como força avançada para estabelecer as condições para as operações militares previstas. É importante para os comandantes em potencial das FT conjuntas, estadosmaiores e Forças Singulares entenderem o papel das FOpEsp nas preparações operacional e de inteligência do espaço de combate. Agencias do Governo e a FOpEsp provavelmente estarão na área a medida que a FT conjunta se forma e as forças se desdobram e se preparam para as operações. (JONES, REHOM, 2004, p-62). Em 2005 a situação no Iraque mudou de um ataque convencional com operações simultâneas de Forças Especiais para apoiar, complementar ou economizar meios, para a luta contra insurgentes ao novo governo estabelecido, caracterizando assim as Operações Contrainsurgência. In late 2005 and into 2006, the Army and Marine Corps teamed up to reenergize the doctrine necessary to prepare, intellectually and practically, for counterinsurgency operations in Iraq and Afghanistan. These operations reemphasized population control, police-like functions, information operations, and nation building. (…) Even the U.S. Army Special Warfare Center and School at Fort Bragg, North Carolina, traditionally the Army center tasked to prepare to wage insurgencies and counterinsurgencies, had become dominated in recent years by special operations elements that conducted direct-action missions. Those more ―glamorous‖ missions had 43 received much of the attention and funding for the past decade. (ESTADOS UNIDOS, 2010, p-504-505). Mais uma vez a guerra, a exemplo do Afeganistão se apresentou como Guerra de 4ª Geração, com inimigos não estatais e que requeriam métodos pouco ortodoxos para a resolução dos problemas militares, ou seja, o emprego de forças especiais seria mais proeminente que outrora. Em 2007, durante as operações de contra-insurgência no Iraque, os Estados Unidos tiveram forte oposição no bairro Sadr City em Bagdá. Gen Petraeus, inicialmente deixou as áreas shiitas com o Primeiro Ministro iraquiano Maliki para negociar enquanto as Forças Especiais americanas com forte apoio de inteligência e apoio aéreo cerrado impuseram pesadas baixas à milícia Sadr e impuseram a fuga de muitos líderes para o Irã desmantelando os focos de insurgência em meados de 2008 (WEST, 2009). Segundo Woodward (2008) as Forças Especiais foram empregadas com autoridade para operarem onde quiser e alcançaram resultados extraordinários na eliminação ou captura de cerca de 70 por cento dos alvos de alto valor, mormente as lideranças de grupos terroristas. Basicamente as forças Especiais foram empregadas na captura de líderes e fornecendo inteligência para os grandes escalões. Reportando a realidade nacional, em um contexto de prevenção e combate ao terrorismo, as forças de operações especiais da Força Conjunta de Operações Especiais ou a Força Tarefa Conjunta de Operações Especiais podem ser destacadas para realizar o desmantelamento de redes e células, prisão de líderes de grupos terroristas ou de facções do crime organizado, ressalta-se nesse contexto a liberdade de ação, principalmente em termos territoriais, transpondo limites e zonas de ação impostas às tropas regulares. Conforme Eric Denécé, citado por BRASIL (2012), as forças de operações especiais não são simplesmente uma infantaria de elite, mas tropas formadas para agir de modo diferente das forças convencionais, indo além da doutrina militar tradicional. No referido emprego vislumbra-se ainda a necessidade de contar com apoio aéreo cerrado o que se traduz em um grupo de aviação de asa fixa ou rotativa destinado unicamente às operações especiais com procedimentos específicos a esse tipo de operação. 44 3.3 RESGATE DO CAPITÃO PHILLIPS Em abril de 2009, a modernização de uma antiga forma de usurpação ocorreu na costa do oceano Índico. O navio mercante Maersk Alabama, que levaria suprimentos de ajuda humanitária ao Quênia, foi seqüestrado por piratas somalis, e seu comandante, o capitão Richard Phillips, foi mantido refém, à deriva, no bote salva-vidas da embarcação. O fato levou o governo a empregar os Navy Seals para resgatar o cidadão americano. Todavia, a real intenção dessa ação militar foi garantir a liberdade de comércio marítimo, numa região primordial para a economia norte-americana e mundial. The incident was a stark example of the threat international piracy poses to the freedom of commercial maritime navigation. ―Seventy percent of the Earth is covered by water. Eighty percent of the world’s population lives near an ocean and 90 percent of all international trade travels by sea,‖ said CAPT Robert Rupp, Commander, Office of Naval Intelligence. ―So what happens on the water, above the water or under the water is the U.S. Navy’s concern, and as the flagship for Naval Intelligence, it is our concern.‖ (ESTADOS UNIDOS, OFFICE OF NAVAL INTELLIGENCE PUBLIC AFFAIRS, 2014). Inicialmente, o U.S. Naval Forces Central Command deslocou um navio contratorpedeiro, o USS BAINBRIDGE, para o local da crise. Esse navio serviu de base-mãe para uma equipe de forças especiais que realizou um salto a grande grande altitude HAHO, (Hight Altitud and Hight Open), e ainda salto Tandem, ou seja, salto duplo com passageiro, com expertise técnica importante para a missão. A Inteligência foi primordial para o sucesso da operação. A agência de inteligência da Marinha fez a interface entre a comunidade de informações e a Casa Branca, além de alimentar a tropa no local da crise dos modus operandis dos somalis e suas ações subseqüentes. We sit at the nexus between the Intelligence Community and the U.S. Navy, and our ability to inform the White House at the same time we are informing a cruiser or destroyer commanding officer what threat is happening is truly significant. (ESTADOS UNIDOS, OFFICE OF NAVAL INTELLIGENCE PUBLIC AFFAIRS, 2014). Esse fato foi imperativo para a decisão de resolução da crise por meio do emprego de caçadores. Em meio a negociação, um dos piratas se machucou e foi transferido para o contratorpedeiro. Durante os cuidados médicos foi entrevistado por um integrante da equipe Seals, com técnicas de interrogatório que conduziam a 45 desistência do seqüestro. Todavia quando a vida do refém estava em risco iminente e o barco salva-vida ficou numa posição de exposição dos três piratas que ainda estavam dentro, os caçadores abriram fogo e abateram simultaneamente os seqüestradores (Estados Unidos, 2014). Essa ação destacou a relevância das forças especiais para combater uma modalidade de crime atual de caráter econômico global. Esse fato vai ao encontro da própria definição desse tipo operações cujo espectro transcende a esfera militar. são operações conduzidas por forças militares e/ou paramilitares especialmente organizadas, equipadas e adestradas, visando a consecução de objetivos militares, políticos, econômicos ou psicológicos relevantes, por meio de alternativas militares não convencionais. Podem ser conduzidas tanto em tempo de paz quanto em períodos de crise ou conflito armado; em situações de normalidade ou não normalidade institucional; de forma ostensiva, sigilosa ou coberta; em áreas negadas, hostis ou politicamente sensíveis; independentemente ou em coordenação com operações realizadas por forças convencionais; em proveito de comandos de nível estratégico, operacional ou, eventualmente, tático. (BRASIL, Exército, Comando de Operações Especiais, 2012). Destaca-se nessa ação a capacidade das forças especiais de inserir pessoal e material na área-problema com técnicas de infiltração não dominadas por tropas convencionais, como o salto livre a grande altitude. Outro aspecto, refere-se a habilidade de realização de tiro de precisão com atiradores de escol, os snipers, que além desse atributo, possuem grande capacidade de observação se constituindo em execelente fonte de inteligência. Da mesma forma a ação enfatiza a importância do estreito relacionamento entre as operações especiais e a inteligência, sendo a consciência situacional fundamental para ações diretas dessa natureza. Dentro das atividades de prevenção e combate ao terrorismo estão o apoio de inteligência, o antiterrorismo, o contraterrorismo e a administração de conseqüência. Verificou-se que o apoio de inteligência foi primordial para que a equipe de forças especiais realizasse o contraterrorismo resgatando o refém. 3.4 OPERAÇÃO LANÇA DE NETUNO Em maio de 2011, o governo americano desencadeou uma operação fruto de anos de trabalho de inteligência da CIA (Central Inteligence Agency), a Operação 46 Lança de Netuno, que teve por finalidade a captura e/ou eliminação de Osama Bin Laden, líder da maior organização terrorista internacional, a Al Qaeda (MILITARY POWER REVIEW, 2014). A missão foi delicada, pois envolvia o emprego de força militar no Paquistão, onde o terrorista se homiziava, mais precisamente na cidade de Abbottabad, ao norte de Islamabad, capital do País. Para isso, foi designado novamente, fruto do sucesso do resgate do Captain Phillips, um destacamento de Forças Especiais da marinha de guerra norte-americana, o DevGru, US Navy Special Warfare Development Group (OWEN, 2014). O comandante do destacamento tinha ligação com os mais altos escalões enquadrante e a missão era controlada diretamente por Washington. O presidente e o secretário da defesa influíram diretamente em como aquela missão seria cumprida (OWEN, 2014). O secretário de Defesa Robert Gates era a favor do ataque aéreo, pois evitaria que forças terrestres americanas entrassem no Paquistão e tornaria a missão menos ofensiva à soberania do país. Já o presidente não descartara o ataque terrestre. A decisão adveio do emprego de veículo aéreo não-tripulado (VANT), que fotografou um helicóptero militar paquistanês Huey nas cercanias da propriedade de Bin Laden, o que provavelmente teria como destino a academia militar paquistanesa sediada naquela cidade. Dessa forma, foi aprovado o assalto a casa, por meio de uma infiltração helitransportada. A missão foi exaustivamente ensaiada em maquete de tamanho real com detalhes da casa de Bin Laden, incluindo as árvores do quintal. As equipes ficaram em um período de isolamento nos Estados Unidos e só se deslocaram para a Base de Operações em Jalalabad, no Afeganistão após os ensaios e a apresentação do Brifin (Briefing Final), atividade a qual um destacamento de forças especiais apresentam às autoridades dos mais altos escalões, os planejamentos e a execução da operação. Assistiram ao Brifin, um grupo de autoridades, composta pelo almirante Mike Mullen, chefe da Junta de Chefes de Estado-Maior, pelo almirante Eric Olson, comandante do Comando de Operações Especiais em Tampa, e por um antigo comandante do DEVGRU, o vice-almirante Bill McRaven, chefe das Operações Especiais Conjunta. 47 Ressalta-se novamente o emprego dessa tropa em missões de grande sensibilidade, com as mais altas autoridades políticas do País engajadas diretamente na sua execução. Nesse caso envolvia as relações exteriores dos Estados Unidos numa região conturbada da Ásia. A capacidade de realização de ações cirúrgicas sem grande repercussão à população civil e a integração com a inteligência foram primordiais para o sucesso, aliado ao emprego de tecnologias avançadas e ação interagências. O Estado viu nas suas forças especiais a ferramenta ideal para finalizar anos de esforço do poder norte-americano na guerra total ao terrorismo. 48 4 CONCLUSÃO A queda do Muro de Berlim e o conseqüente final dos embates ideológicos de poder entre os Estados Unidos e a extinta União das Repúblicas Socialistas Soviéticas trouxeram novas perspectivas ao combate contemporâneo. Novos atores envolvidos, mormente não estatais, lutando por causas religiosas, étnicas, separatistas, deslocaram o combate dos campos de batalhas para o seio da população. Essas variantes proporcionam uma nova dimensão ao combate, a guerra não convencional. Diante disso, os Estados Unidos viram nas operações especiais o instrumento, necessário à resolução de conflitos contemporâneos, apto a ser empregado em tempo de paz, resposta a crises e em conflito armado, principalmente no combate ao terrorismo, em todos os níveis de decisão e planejamento. No Panamá, integração de operações de forças especiais com tropas convencionais foi o fator de sucesso de uma operação complexa como a JUST CAUSE. Verifica-se que a consciência situacional sólida, baseada nas informações e no assessoramento fornecido por equipes de forças especiais infiltradas, foram fatores determinantes na operação militar realizada. Sugere-se que as forças especiais empregadas na produção do conhecimento estratégico necessário aos mais altos escalões do Ministério da Defesa para a realização do Exame de Situação e Planejamento no seio do EstadoMaior Conjunto das Forças Armadas. Outro ponto de destaque é o emprego de forças especiais com tropas convencionais. Os conflitos contemporâneos evidenciam a necessidade de integrar habilmente operações convencionais e especiais a fim de assegurar o êxito da campanha militar, sobretudo a consecução de objetivos políticos de longo prazo (VISACRO, 2012), assim a doutrina básica de emprego de forças especiais deixa de ser prerrogativa exclusiva de seus membros. As operações especiais não são alheias às operações convencionais nem o contrário, elas se complementam. Sugere-se então que o emprego de forças especiais seja matéria a ser ministrada nas escolas militares, desde a formação e aperfeiçoamento de comandantes de pequenas frações de nível tático: pelotão e 49 subunidades, até as de Estado-Maior para familiarizar os comandantes de unidades e os integrantes de Estados-Maiores em todos os níveis como os comandantes de Grande Unidade, Forças Componentes e Teatro ou Área de Operações, com o emprego de operações especiais. Agora que a ameaça não convencional é tão ligada à defesa nacional, lideres militares devem ser treinados. As organizações militares devem ser capazes de trabalhar em um campo de atividades bem mais amplo do que aquele do ambiente militar convencional. (MEIGS, 2003, p-7) Por ocasião da Guerra do Golfo, as forças especiais tiveram missões mais amplas. Inicialmente a capacitação das forças da coalizão foi a maior preocupação do comandante em chefe das forças armadas americanas naquele teatro de operações. Além disso, coube às forças especiais a missão de restituição das forças afegãs, incluindo suas forças especiais. Denota-se uma capacidade das forças especiais pouco utilizada no âmbito do Exército Brasileiro: o adestramento, tanto das tropas convencionais, quanto com as tropas convencionais. Sugere-se o adestramento das forças especiais junto às tropas convencionais, a exemplo do proposto na integração combinada das F Op Esp americana no Centro de Adestramento de Combate: a integração das FOpEsp com as forças convencionais no nível tático da guerra e o compartilhamento do espaço de combate tem aumentado a necessidade de adestrar esse relacionamento nos centros de adestramento de pessoal. Embora a doutrina combinada empregue, em geral, esses meios altamente capazes em uma FT de FOpEsp combinada e compartimentalizada, as experiências e lições aprendidas com as operações Iraqi Freedom/Enduring Freedom têm motivado um relacionamento integrado entre as unidades convencionais e as FOpEsp (...) o cenário inclui: - as FOpEsp atuando como assessores para a coalizão, a nação hospedeira ou forças irregulares na área da equipe de combate de brigada; - unidades de FOpEsp sob o controle tático da equipe de combate de brigada, ou equipes de combate de brigada sob o controle tático das FOpEsp, por curtos períodos de tempo para executar ações contra alvos que exigem uma resposta imediata; a tarefa da equipe de combate de brigada é prover uma força de reação para auxiliar a FOpEsp na área de ação e conduzir uma coordenação eficaz apropriada; - as unidades da equipe de combate de brigada e de FOpEsp trocam inteligência valiosa e acionável, que responde às necessidades prioritárias de inteligência e afeta a linha de ação da equipe de combate de brigada; - a equipe de combate de brigada estabelece contato ou troca de oficiais de ligação com a equipe combinada de FOpEsp; - áreas de fogo proibido ao redor do Destacamento Operacional A da FOpEsp ou missões de alvos que exigem uma resposta imediata da FOpEsp na área de retaguarda da equipe de adestramento de combate; - a equipe de adestramento de combate coordena operações aéreas em apoio às necessidades das FOpEsp combinadas; - a equipe de combate de brigada recebe ordens para proporcionar segurança ou apoio logístico para o destacamento operacional da FOpEsp durante as operações ou numa base de 50 operação avançada. O apoio deve incluir a previsão e distribuição de artigos de subsistência e combustíveis, óleos e lubrificantes, e a evacuação médica; - entrada imprevista de aeronaves na área de operações da equipe de combate de brigada; - operações de FOpEsp que afetam ou provêem apoio às operações dentro da área da equipe de combate de brigada; e o comandante ou estado-maior da equipe de combate de brigada está ciente das capacidades das equipes combinadas de FOpEsp e pode integrar suas operações nas operações convencionais. (WALLACE, LIVSEY, TOBLETEN, 2005, p-10) Com a proeminência nacional no cenário global, as tropas brasileiras serão mais requisitadas a compor forças internacionais, tropas da ONU ou coalizões, com a presença de forças especiais de outros países, e portanto devem estar aptas a atuarem ambientes, operando com forças especiais de outros países. Da mesma forma, a própria forças especiais brasileiras devem estar aptas a compor as forças combinadas e conjuntas de forças especiais dessas organizações internacionais. Apresenta-se uma imprescindibilidade do emprego de forças especiais no combate contemporâneo ao abordar a capacidade de utilizar as técnicas de infiltração para se inserirem nas áreas de operação, nos combates não lineares e na retaguarda profunda, em combates lineares. Aliadas às técnicas operacionais de inteligência, ao profundo conhecimento do terreno humano e às operações psicológicas, realizadas em proveito de suas missões, essa tropa torna-se fundamental em qualquer campanha por permanecer, por tempo indeterminado, em áreas hostis, ou sob o controle do inimigo com mínimo de direção e controle. Da mesma forma, a imprescindibilidade das forças especiais se dá por ser a única tropa apta a organizar, desenvolver, equipar, adestrar, instruir e empregar forças irregulares compostas por elementos nativos. Podendo esse recurso ser utilizado em prol de operações convencionais linear, ou não, e como apoio, complemento ou economia de meios. A importância dessa tropa acresce no emprego da guerra irregular como forma de condução da guerra. Certamente esse recurso seria fundamental em caso de uma invasão ao território nacional por motivos ambientais, ou outros, mais particularmente relativos à Amazônia brasileira. A conveniência de assegurar que as forças convencionais adquiram predicados comumente associados a forças não convencionais (...) É resposta a uma vocação estratégica geral. (Brasil, 2013, p-6). Independente do local da invasão, as forças de ocupação exerceriam domínio sobre o ambiente amazônico e as forças armadas brasileiras não teriam 51 condições de se opor, de forma regular ao invasor, que provavelmente seria uma coalizão de países com aval de instituições internacionais. Tampouco o invasor deixaria operativas as instituições nacionais vigentes. A exemplo do Afeganistão e Iraque, para a consecução dos objetivos políticos propostos, pressupõe-se a derrubada do governo vigente e o estabelecimento de outro, adepto aos efeitos políticos desejados dos invasores. O esforço de guerra, nesse caso, se assemelharia aos modus operandis do Talibã, dos insurgentes no Iraque, assim como da resistência francesa na II Guerra Mundial. A única forma de reação e expulsão do invasor seria por meio da condução da guerra irregular. Sendo as forças especiais a única tropa especializada nesse tipo de combate não convencional, cresce de importância no emprego, no adestramento de tropas convencionais e principalmente no desenvolvimento de doutrina, independente do ambiente operacional a ser desenvolvido o combate, seja selva amazônica, os pampas gaúchos, o cerrado do planalto central ou a caatinga nordestina. A conveniência de assegurar que as forças convencionais adquiram predicados comumente associados a forças não convencionais pode parecer mais evidente no ambiente da selva amazônica. Aplicam-se eles, porém, com igual pertinência, a outras áreas do País. Não é uma adaptação a especificidades geográficas localizadas. É resposta a uma vocação estratégica geral. (Brasil, 2013, p-6). Ressalta-se que a tropa de forças especiais é aquela cuja capacitação a caracteriza como tal, e não a caracterização gramatical do termo. Por exemplo, na América do Sul, há tropas chamadas forças especiais, mas não tem competência para conduzirem a guerra irregular, nem possuem expertises como o domínio do terreno humano, da consciência situacional ou das operações de informação. São chamadas como tal, pois se classificam como especiais. Em alguns casos são tropas de combatentes comandos, especialistas na condução de ações diretas, como os comandos peruanos, que realizaram a ação de resgate dos reféns na embaixada do Japão naquele país, todavia não tem capacidade de operar a guerra irregular. Paralelamente, as outras forças singulares nacional não possuem tropas de forças especiais, são especializados em missões pontuais de curta duração, sendo ações diretas tipos comandos. 52 Quanto à operação conjunta, aspecto determinante no combate contemporâneo, não se emprega forças armadas isoladas, nem em prol de uma mesma finalidade, mas sim elementos com capacidades complementares, integrando e conjugando esforços para consecução dos efeitos políticos e militares desejados. Nessa moldura, vimos as Forças Especiais americanas, no Afeganistão, como instrumento imprescindível a essa finalidade. Ações diretas, em prol da Força Aérea, permitiram a conquista da superioridade aérea, da mesma forma, uma vez infiltrada, puderam aperfeiçoar os ataques aéreos, garantindo eficiência, diminuindo o fratricídio, o número de baixas entre os civis e impressionando as forças nativas, motivando-as para o combate. Outro recurso das forças de operações especiais conjuntas foi a infiltração por terra e o grupo de operações especiais da aviação fornecendo segurança. É primordial que para isso haja uma interoperabilidade em termos de equipamento, instrução, adestramento conjunto. Sugere-se uma maior aproximação das tropas de operações especiais com os grupos de aviação de combate da Força Aérea. Decerto é que, o ideal seria a formação de um Comando de Operações Especiais Conjunto. Seria ativado desde o tempo de paz, como o COMDABRA, e seria composto por tropas de operações especiais do Exército da Marinha e da Força Aérea. Dessa força, haveria grupos de aviação de combate e de transporte voltados para as operações especiais realizando operações de reconhecimento, ataque ao solo, ressuprimento aéreo, lançamento de pessoal, dentre outras. Quanto ao Combate ao terrorismo, percebe-se que as forças especiais americanas dão ênfase, não às ações contraterroristas, visando o gerenciamento de crise, mas sim à infiltração de equipes de pequenos efetivos para identificar as ameaças. O maior ensinamento sugerido às forças de operações especiais brasileiras é o emprego de forma preventiva com identificação de redes e células, ou seja, o monitoramento, o emprego proativo, e não somente de forma reativa após o estabelecimento da crise. O Brasil às vésperas de grandes eventos como a Copa do Mundo e as Olimpíadas deveria infiltrar operadores especiais para integrado com a inteligência realizar reconhecimento e avaliação de área na Tríplice fronteira, por exemplo, para 53 identificar possíveis redes e células, patrocinadores, apoios e monitorar o planejamento de atos terroristas, agindo assim de forma preventiva. Outra sugestão baseada no emprego de operações especiais americana é o prefeito entendimento que deve ser utilizada para garantir as políticas do estado. These soldiers, sailors and air men are quiet, professionals instruments of US policy. They are forward employed, performing their respective missions every day of the year from the grass-roots level-where the problems are – to the ambassadorial level, giving advice, providing assistance and coordinating requirements, all in support of US interests. (STINER, 1991 p-3) Apesar de instrumento militar, suas missões são realizadas no nível tático, operacional e estratégico, porém seus efeitos são projetados nos níveis mais elevados, principalmente o estratégico e normalmente podem estrapolar o campo do poder militar, a atuar sobretudo no político, incluindo a diplomacia e o campo econômico. Por ocasião do emprego de Forças Especiais na península de Al Faw, visando à garantia de funcionamento, vemos aqui o emprego de forças especiais com finalidades político-econômicas a nível global, uma vez que interrompida o fornecimento desse combustível, atingiria diretamente a produção industrial americana, e indiretamente a economia mundial, pelo provável aumento no preço do petróleo e conseqüente nos demais derivados e produtos. Por fim, os conflitos contemporâneos têm características eminentemente irregulares e as forças especiais se acresce de importância, tanto na execução de suas missões clássicas, quanto no planejamento, assessoramento, adestramento, complemento e apoio às tropas convencionais. Atestamos que as operações especiais americanas foram primordiais para os conflitos contemporâneos aos quais os Estados Unidos da América se envolveram, principalmente no combate ao terrorismo, ao eliminar o líder da maior rede terrorista internacional, Osama Bin Laden. Adotar seus ensinamentos nas Forças de Operações Especiais brasileira incrementaria as capacidades da Força Conjunta de Operações Especiais e das demais Forças Componentes no interior do Teatro ou Área de Operações. Nesse particular todos os militares, principalmente integrantes dos EstadosMaiores, devem ter a expertise de empregar as forças especiais para uma maior 54 projeção do poder militar brasileiro, em prol das missões constitucionais das Forças Armadas e de uma maior projeção do Brasil no cenário internacional. 55 REFERÊNCIAS ADAMS. Thomas K. US Special Operations Forces in Action: The Challenge of Unconventional Warfare.http://books.google.com.br/books. Acesso em 02 Dez 2013 ALEXANDER, Bevin. A Guerra do Futuro. 1 ed. Rio de janeiro: Biblioteca do Exército , 1999. 224p ARAÚJO. Mario L. A. Operações no Amplo Espectro: Novo Paradigma do Espaço de Batalha. Doutrina Militar Terrestre. Brasília, DF, 1ª Ed, Jan 2013. BRASIL. Estratégia Nacional de Defesa. Ministério da Defesa, Brasília, DF, 2ª Ed, 2008 ______. Exército. Estado-Maior. EB20-MC-10.201: operações em ambiente Interagências. 1. ed. Brasília, DF, 2013. ______. Exército. Estado-Maior. C 124-1: Estratégia. 4. ed. 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