Turismo - antonella kann

Transcrição

Turismo - antonella kann
Turismo
Refúgio caribenho
Todas as vezes que coloquei o
pé em St. Barth, minúscula ilha das
Antilhas, situada ao extremo nordeste do mar do Caribe, tive a sensação
imediata de que estava pisando num
dos lugares mais a salvo do turismo
de massa. Apesar de estar a apenas
20 quilômetros de distância, ou digamos assim, a 12 minutos de vôo
de St. Marteen, St. Barth pertence
à França e preserva esta identidade
com muita garra e em tudo: a maioria
dos 7 mil habitantes só fala o idioma
de Molière, a moeda é o euro, o código de área do telefone é 33, o provedor da internet é wanadoo e, é claro,
os croissants e as autênticas baguetes
confeccionados na ilha não perdem
para nenhuma boulangerie de Paris.
St. Barth é tipicamente francesa em
cada pedacinho de seus 25 quilômetros quadrados e até o último grão de
suas 14 praias de areia branca cintilante. Onde, aliás, o topless é de praxe
e a prática do nudismo tolerada.
Gozar deste selo de exclusividade
é um privilégio que não sai barato.
Pequena ilha vulcânica bordada de praias
semidesertas sob o sol das Antilhas,
St. Barth esbanja charme com sotaque francês
Por Antonella Kann
Nem para os locais que dependem
da importação e muito menos para os
200 mil turistas que conseguem passar férias em St. Barth. Porque tudo lá
é sofisticado. Pensou em hotel? Tem
uma boa variedade deles, estrelados
e maravilhosos, um mais lindo que o
outro. Mas se prepare para derreter
o cartão de crédito: dificilmente você
vai encontrar uma diária com menos
de três dígitos. Quer relaxar, se embelezar, abusar de mordomias? O que
mais tem na ilha é spa de luxo, como
o do hotel Guanahani, com cada tratamento de fazer até Cleópatra babar
de inveja. Almoçar ou jantar maravilhosamente bem? Não faltam estabelecimentos gastronômicos: do italiano
ao créole, quase 40 restaurantes ostentam especialidades internacionais
e se gabam dos cardápios franceses.
Do foie gras fresco passando por caviar e bife de kobe, é impossível não
perder o juízo e mais alguns trocados
em várias degustações.
Mas este selo de exclusividade
também tem lá as suas compensa-
Vista aérea sobre a praia de Colombier, uma das mais lindas da ilha
FotoS antonella kann
Como chegar
Não há vôos diretos do Brasil para St. Barth.
É preciso voar até Miami. A American
Airlines e a TAM têm vôos diários e diretos,
saindo do Rio e São Paulo. É preciso pegar
uma conexão para St. Marteen (A American
Airlines tem um vôo direto e diário) e de lá
ainda embarcar num pequeno avião da companhia Air Caribe ou Winair. São 12 minutos de vôo até St. Barth e há muitos vôos por dia.
As tarifas podem ser consultadas no site e dependendo do horário, encontram-se preços de
até 15 euros, mais taxas/trecho simples. Porém, a tarifa publicada é de cerca de US$177,
além das taxas de ida e volta. É importante lembrar que os brasileiros precisam de visto
para St. Barth. newconcepts.ca/winair.htm ou [email protected]
Novembro | Dezembro 2008 Diálogo Médico 11
FotoS antonella kann
Turismo
Roteiro das praias
A mais deserta: Colombier É preciso deixar
o carro no alto do morro e descer uma trilha
íngreme por cerca de 20 minutos até chegar à
areia. O difícil acesso torna a praia semideserta, mas como o local é protegido, inúmeros
veleiros ancoram por lá.
A mais badalada: St. Jean Ponto nobre,
onde fica o Hotel Eden Rock e lugar que
atrai a maioria dos turistas, nem que seja para
fotografar o “cartão postal” mais conhecido da
ilha. A praia é pequena e fica muito abarrotada de gente, principalmente na alta estação.
Mas o mar é manso, ideal para deixar crianças à vontade nas águas transparentes.
A mais protegida: Lorient Situada ao
norte da ilha, nunca há muito movimento e
raramente fica cheia. As pedras impedem que
grandes ondas se formem, o que torna a praia
um convite ao nado e menos propícia ao surfe. É o lugar ideal para estender uma canga
e curtir o sol de St. Barth sem ser molestado
pela presença de muita gente.
A mais conservada: Gouverneur Ladeira
acima e muita ladeira abaixo até chegar nesta
praia aconchegante e protegida por muita
vegetação. Não há praticamente nenhuma
construção ao redor e a impressão é de que
A mais concorrida: Saline Em cada
extremidade, de Norte e Sul, tem um
cantinho para os nudistas. Há também uma
minúscula praia no canto norte, porém para
acessá-la, somente a nado ou escalando as
pedras na maré baixa. Faixa grande de areia,
águas mansas e convidativas ao banho.
Foto Divulgação
A mais clássica: Anse des Flamands Linda e
freqüentada apenas pelos turistas e hóspedes
das vilas de aluguel e hotéis que estão à beira
da praia, esta faixa de areia se presta a longas
caminhadas e boas braçadas no mar manso.
Em alguns trechos, dá para pegar ondas.
ela permanece selvagem. As águas são
mansas e dá para nadar de um canto ao
outro. Bastante estreita, a faixa de areia
não é das melhores para caminhar.
A capital Gustavia tem como caracteristica arquitetônica os telhados avermelhados
legenda legenda legenda legenda legenda legenda
FotoS antonella kann
Turismo
Compras e passeios
A maioria das butiques chiques fica em Gustavia, na beira do cais do
porto. Há marcas internacionais como Vuitton, Cartier, Bvlgari, Max Mara,
Hermes, Façonnable, Lacoste e muitas outras grifes de renome. As lojinhas com preços mais acessíveis ficam atrás da Baía de St. Jean, próximo
ao Eden Rock Hotel. Há um pequeno shopping onde podem ser encontrados vários artigos de banho e praia, moda, artefatos e muitos souvenirs.
La Cave du Port Franc Gustavia
Há 200 mil garrafas à venda neste distribuidor de bebidas. No atacado
ou varejo. Rótulos como Petrus, a mais de 2.600 euros a garrafa, e Cheval
Blanc, Château Rotschild são rótulos visíveis assim que se entra na charmosa adega. Tel. +33 05 9027 6527, +33 06 9041 8464.
[email protected]
L’Atelier Route de Saline
Camisetas e cangas pintadas a mão por um artista local, Etienne Jaeger.
Criações em serigrafias. Preços a partir de 5 euros.
Tel. +33 05 9021 8909. latelier.com@wanadoo
Absolutely Wine
Curso de introdução ao vinho. Preço 40 euros com degustação por pessoa.
Uma hora e meia de aula para aprender o básico sobre como melhor
apreciar a bebida usando o olfato e o paladar. Precisa agendar.Tel. +33 05
9052 2096. [email protected]
A praia de Colombier
ções. Não apenas para os moradores,
que tiram proveito do altíssimo nível
de turismo e do farto poder aquisitivo
de sua clientela, como também para
os próprios visitantes que podem
desfrutar de praias semidesertas,
serviços de primeira e acomodações
confortáveis.
Porque lá em St. Barth não ancoram – nem de longe – aqueles gigantescos transatlânticos. Simplesmente não há espaço físico disponível
na ilha e este gênero de turismo não
condiz com a arte de viver dos “les
St. Barth”, como se autodenominam
os cidadãos locais. Só de imaginar
uma invasão bárbara desta magnitude, qualquer hoteleiro ou restaurateur
levanta os braços para o céu e irradia
“Oh, mon Dieu! Ça serait l´horreur!”
(Oh, meu Deus! Seria um horror!”).
Outra justificativa para não deixar
entrar o turismo de massa é que só
há uma estrada circundando a ilha
e, diga-se de passagem, já circulam
carros demais, principalmente na
chamada Saison, a alta estação que
se estende do Natal à Páscoa. Nesta época, em determinados pontos,
você vai encarar até engarrafamentos
e dificuldade para estacionar nos arredores de algumas praias.
Aliás, falando em praias, são elas
o programa de maior audiência em
St. Barth. Em seguida, vem o quesito
gula. Mas o que mais se vê é o turista
estirado numa toalha, entregue aos
raios de sol sem pudor ou medo de in-
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solação, lendo na beira da piscina do
hotel, ou dormindo debaixo de uma
barraca à beira d’água. Em St. Barth,
as praias têm predicados e atributos
muito diferentes umas das outras
e vale a pena conferir. Se você tiver
tempo de sobra, vá a duas a três por
dia. De preferência, leve água, canga,
protetor e uma besteirinha para beliscar, pois mesmo as que ficam mais
próximas da civilização não oferecem
qualquer apoio. Esqueça a água de
coco, lá (apesar de todo o luxo) não
tem. São todas assim, salvo exceções,
como a praia de St. Jean, onde fica
o descolado Nikki Lounge, ou a dos
Flamands, em cuja ponta norte está
localizado o hotel Isle de France. Mas
isso significa que você vai ter que
Onde comer
Le Wonk Chinês
Em ambiente charmoso. Experimente o
pato, os camarões e arrisque sem susto
o menu do dia. Tel. +33 05 9027 5252.
lewonk-saintbarth.com
Nikki Beach
Peixes, carnes e petiscos. Restaurante
lounge descontraído à beira
da praia de St. Jean. Pode haver
desfile de moda, estilo surpresa.
Tel. +33 05 9027 6464
L’Entracte
De saladas a sashimis, passando por
suculentos steaks e pizzas, preparadas
na sua frente. Ambiente descontraído,
freqüentado pelos locais.
Tel. +33 05 9027 7011.
Bartholomeo
Fica no Hotel Le Guanahani. Gastronômico. Especialidades meridionais e também
antilhesas. Tel. +33 05 9027 6660.
On the Rocks
Está no Hotel Eden Rock. Abre só para o
jantar. Tem cardápio sofisticado e ambiente
chique, porém descontraído. É imperdível
a vista sobre a praia, com a baía de St. Jean
e o mar translúcido, cheio de peixes
se manifestando sob luzes de holofotes.
Insista para uma mesa na beira da
varanda. Reserva imprescindível.
Tel. +33 05 9029 7999.
edenrockhotel.com
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Turismo
Onde ficar
Hotel Guanahani & Spa
Privacidade total e belíssima vista são alguns dos atributos dos chalés
individuais espalhados dentro de uma propriedade linda, em frente
ao mar. Duas praias particulares, um spa e um restaurante gastronômico atraem uma seleta clientela. Tel. +33 05 9027 6660.
leguanahani.com, [email protected]
Foto antonella kann
Les Mouettes
Apenas sete bangalôs charmosos e rústicos, com varanda e quitinete, bem à beira d’água numa das praias mais tranqüilas e belas da
ilha. Há ondas para surfe, mas o mar é manso. A opção é especialmente compensadora não apenas pelas tarifas muito em conta, mas
também porque esta praia dificilmente fica lotada. A padaria e o
supermercado estão do outro lado da rua. Tel. +33 05 9027 7791.
[email protected], st-barths.com/hotel-les-mouettes
Enseada dos Flamands, vista de um dos mirantes mais conhecidos da ilha
tinho sombreado a poucos metros
da areia. Além disso, não precisa se
preocupar com os capacetes: deixálos encostados no estribo faz parte
da rotina e ninguém vai bancar o espertinho e surrupiá-los. Aliás, no que
diz respeito à segurança, St. Barth dá
um banho. O tempo inteiro em que
estive na ilha, a sensação é de que
neste pedacinho do mundo este tipo
de problema não existe. Ninguém
tranca os carros, e objetos como toalhas, bolsas de praia e apetrechos de
banho podem ser deixados em cima
do banco sem o menor problema.
Na volta, ao sobrevoar todos aqueles telhados vermelhos e casinhas
brancas, marca registrada das construções em St. Barth, me dei conta de
que não é apenas o luxo que domina
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esta ilha cheia de charme e gente bonita, sofisticada e sexy. A preocupação
em manter intacta a filosofia que enaltece a maneira simples de viver bem é
o que mais impressiona. O “le St. Barth”, o bon vivant, dá, sim, importância
à preservação do meio ambiente e preserva o lugar, luta por não querer destoar a harmonia que existe entre a ilha
e quem a visita. É o respeito a tudo
que começou a ser imposto desde que
um famoso personagem, hoje parte da
historia de St. Barth, o piloto Remy de
Haenen, pousava com seu avião pela
primeira vez na ilha e abria as portas para o turismo. Foi ele quem, em
1945, construiu meia dúzia de quartos
em cima de uma rocha para hospedar
os primeiros turistas. Voilá! De lá para
cá, pouca coisa mudou.
FotoS Divulgação
sentar num restaurante da praia. E
pagar caro por uma simples cervejinha gelada. Pequenas, aconchegantes, pitorescas, protegidas, as praias
em St. Barth não deixam a desejar. A
água tem uma temperatura agradável,
o mar é manso e gostoso para nadar
e você vai conseguir ter uma grande
faixa de areia só sua para curtir.
Apesar de poder alugar desde o
charmoso Smart a um Mini Cooper,
o melhor meio de locomoção é sem
duvida o quadriciclo. De fácil manuseio, ele acomoda duas pessoas
e permite explorar a ilha à vontade.
Enquanto de carro um dos problemas pode ser encontrar uma vaga,
com o quad (o francês importou a
mania do diminutivo até para o Caribe) você consegue ficar naquele can-
Eden Rock Hotel
Este é um dos estabelecimentos mas antigos da ilha e o único
Relais & Châteaux. Com apenas 29 suítes, é também reputado
pelo seu restaurante e virou ícone em St. Barth devido à localização
privilegiada, praticamente colado ao aeroporto e emoldurado por
duas praias. Porém, o barulho constante dos aviões decolando e
aterrissando pode perturbar o sono de quem não gosta de madrugar.
Tel. +33 05 9029 7999. edenrockhotel.com
Hotel St. Barth
Situado praticamente na areia de uma das praias mais lindas da
ilha, com mar manso e convidativo ao banho. Tem vários tipos de
acomodações, alguns com vista para o mar e outros espalhados no
meio de um enorme jardim. Há desde o quarto standard ao chalé
com dois quartos. Ideal para famílias com crianças pequenas.
Tel.+33 05 9027 5860. isle-de-france.com
Hotel Carl Gustaf
Localizado no alto da colina, com vista deslumbrante sobre Gustavia
e seu porto, este charmoso hotel é um dos mais tradicionais da ilha.
Tem seu próprio iate de 52 pés à disposição dos clientes. Dá para
chegar a pé até o centro. Tel. +33 05 9029 7900. hotelcarlgustaf.com,
[email protected]
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