Letra, tradução e informações

Transcrição

Letra, tradução e informações
FORTUNA IMPERATRIX MUNDI
FORTUNA IMPERATRIZ DO MUNDO
01. O Fortuna
01. Ó Fortuna
O Fortuna
velut luna
statu variabilis,
semper crescis
aut decrescis.
vita detestabilis,
nunc obdurat
et tunc curat;
ludo mentis aciem,
egestatem,
potestatem
dissolvit ut glaciem.
Ó Fortuna
és como a Lua
mutável,
sempre aumentas
e diminuis;
a detestável vida
ore escurece
e ora clareia
por brincadeira a mente;
miséria,
poder,
ela os funde como gelo.
Sors immanis
et inanis,
rota tu volubilis,
status malus,
vana salus
semper dissolubilis,
obumbrata
et velata
michi quoque niteris;
nunc per ludum
dorsum nudum
fero tui sceleris.
Sorte monstruosa
e vazia,
tu – roda volúvel –
és má,
vã é a felicidade
sempre dissolúvel,
nebulosa
e velada
também a min contagias;
agora por brincadeira
o dorso nu
entrego à tua perversidade.
Sors salutis
et virtutis
michi nunc contraria,
est affectus
et defectus
semper in angaria.
Hac in hora
sine mora
corde pulsum tangite;
quod per sortem
sternit fortem,
mecum omnes plangite!
A sorte na saúde
e virtude
agora me é contrária.
dá
e tira
mantendo sempre escravizado.
nesta hora
sem demora
tange a corda vibrante;
porque a sorte
abate o forte,
chorais todos comigo!
Carmina Burana significa Canções de Benediktbeuern. Em meio à
secularização de 1803, um rolo de pergaminho com cerca de duzentos poemas e
canções medievais, foi encontrado na biblioteca da antiga Abadia de
Benediktbeuern, na Alta Baviera. Havia poemas dos monges e dos eruditos viajantes
em latim medieval; versos no vernáculo do alemão da Alta Idade Média, e
pinceladas de frâncico.
O erudito de dialetos da Baviera, Johann Andreas Schmeller, editou a coleção
em 1847, sob o título de Carmina Burana.
Carl Orff, filho de uma antiga família de eruditos e militares de Munique,
ainda muito novo familiarizou-se com esse códice de poesia medieval. Ele arranjou
alguns dos poemas em um “happening” – as “Cantiones profane contoribus et choris
cantandae comitantibus instrumnetis atque imaginibus magics”- de canções
seculares para solistas e coros, acompanhados por instrumentos de imagens mágicas.
A obra já é vista no sentido do teatro musical de Orff, como um lugar de magia, da
busca de cultos e símbolos.
Esta cantata cênica é emoldurada por um símbolo de antigüidade – o conceito
da roda-da-fortuna, em movimento perpétuo, trazendo alternadamente sorte e azar.
Ela é uma parábola da vida humana, expostas a constantes transformações. Assim
sendo, a dedicatória coral à Deusa da Fortuna (“O Fortuna, velut luna”), tanto
introduz como conclui as canções seculares.
A gama expressiva de Carmina Burana estende-se da terna poesia do amor e
da natureza, e da elegância burgúndia de uma “Cour d’amours”, ao entusiasmo
agressivo (“In taberna”), efervescente joie de vivre (o solo de barítono “Estuans
interius”), e à força devastadora do coro da fortuna cercando o todo. O latim
medieval da canção dos viajantes eruditos é penetrado pela antiga concepção de que
a vida humana está submetida aos caprichos da roda-da-fortuna, e que a Natureza, o
Amor, a Beleza, o Vinho e a Exuberância da vida estão à mercê da eterna lei da
mutabilidade.
O homem é visto sob uma luz dura, não sentimental; como um joguete de
forças impenetráveis e misteriosas. Esse ponto-de-vista é plenamente característico
da atitude anti-romântica da obra.

Documentos relacionados

Ó fortuna

Ó fortuna Sors salutis Et virtutis Michi nunc contraria, Est affectus Et defectus Semper in angaria. Hac in hora Sine mora Cordum pulsum tangite; Quod per sortem Sternit fortem, Mecum omnes plangite!

Leia mais