Umidade Relativa do Ar
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Umidade Relativa do Ar
Física do Ambiente Agrícola Profs: Jarbas H. de Miranda & Quirijn de Jong van Lier 10/04/2003 Página: 1 UMIDADE RELATIVA DO AR O ar atmosférico sempre contém quantidade variável de vapor de água conforme a temperatura, região, estação, etc. Esse vapor, resultante da evaporação das águas dos mares, rios e lagos, sobretudo pela ação do calor solar, sobe na atmosfera e passa a fazer parte de sua composição. Devem-se ao vapor de água diversos fenômenos relevantes na vida de animais e plantas, como a chuva, neve, etc. O tempo depende não apenas dos ventos, mas também da umidade. Muitas vezes no verão nós dizemos que o ar está úmido, pesado. O ar "pesado" tem grande umidade relativa; ele contém quase tanta umidade quanto pode conter. Quando um espaço contém todo o vapor d'água que pode conter à sua temperatura, sua umidade relativa é de 100 por cento. Se um metro cúbico de ar contém 7 gramas de vapor d'água, mas pode conter 14 gramas, sua umidade relativa é de 50 por cento. Umidade relativa de um volume de ar é a relação entre a quantidade de vapor de d'água que ele contém e o que conteria se estivesse saturado. (b) (a) FIGURA 1 - Região com elevada umidade relativa do ar (a) e região com baixa umidade relativa do ar (b) A quantidade de vapor d'água necessária para saturar um volume aumenta com a temperatura. A temperatura em que o vapor d'água fica saturadochama-se ponto de orvalho. No inverno rigoroso, ao ar livre, o ar que você expira é tão úmido que, esfriando-se bastante, pode ficar abaixo do ponto de orvalho. Então ele se condensa formando uma névoa. Física do Ambiente Agrícola Profs: Jarbas H. de Miranda & Quirijn de Jong van Lier 10/04/2003 Página: 2 No frio do inverno o ar pode conter pouca umidade; seu ponto de orvalho é baixo. No verão o ar pode conter mais vapor d'água; portanto seu ponto de orvalho é mais alto. Algumas vezes, no inverno, e mesmo no verão (em dias úmidos e chuvosos), o vapor d'água do ar se condensa nos vidros dos automóveis, por de ntro, impedindo a boa visibilidade. Os valores da umidade relativa normalmente encontrados próximo à superfície da terra estão em torno de 60%; já em um deserto, onde a temperatura sobe, por vezes, a valores maiores que 45º C, a umidade relativa é de apenas 15%. FIGURA 2 - Umidade Global - 27/04/1995 - Castanho corresponde a baixa umidade Um fato interessante ligado à umidade relativa é que o homem sente-se melhor em um ambiente com umidade baixa - mesmo a despeito de forte calor - do que em lugares de umidade relativa elevada e temperaturas menores. Nestes últimos, o suor custa mais a evaporar, razão pela qual a sudorese, ainda que abundante, não provoca resfriamento sensível. Uma sudorese muito menor em ambiente de ar seco permite, ao contrário, uma evaporação rápida do suor e uma conseqüente diminuição de temperatura. Se você vive num lugar em que o ar é seco no verão, isto é, a umidade relativa é baixa, você sua livremente e pode suportar temperaturas superiores a 37º C. Num lugar de muita umidade você sente calor mesmo a 25º C. Não é o calor, é a umidade que faz você sentir-se mal. O seu conforto depende da temperatura do ar como de sua umidade relativa. Física do Ambiente Agrícola Profs: Jarbas H. de Miranda & Quirijn de Jong van Lier 10/04/2003 Página: 3 Higrômetro Algumas substâncias com capacidade de absorver a umidade atmosférica servem como elemento básico para a construção de higrômetros. Entre elas estão o cabelo humano e sais de lítio. No higrômetro construído com cabelo humano, uma mecha de cabelos é colocada entre um ponto fixo e outro móvel e, segundo a umidade a que está submetida, ela varia de comprimento, arrastando o ponto móvel. Esse movimento é transmitido a um ponteiro que se desloca sobre uma escala, na qual estão os valores da umidade relativa. Outro tipo de higrômetro é o que se baseia na variação de condutividade de sais de lítio, os quais apresentam uma resistência variável de acordo com a água absorvida. Um amperímetro com sua escala devidamente calibrada fornece os valores de umidade do ar. Outra maneira de medir a umidade relativa é calcular a velocidade de evaporação da água. Para isso, dois termômetros idênticos são expostos ao ar: um traz o bulbo descoberto; outro tem o bulbo coberto por gaze umedecida. A temperatura do segundo termômetro é, pelo arranjo, inferior à do primeiro, porque a água evaporada da gaze resfria o bulbo. Quanto menor a umidade do ar, tanto maior é o resfriamento da gaze. A partir da diferença de leitura entre os dois termômetros, e com a ajuda de uma tabela, pode ser encontrado o valor da umidade relativa (Figura 3) Psicrômetro Aspirado Psicrômetro (a) (b) FIGURA 3 - Tipos de psicrômetros (com ventilação forçada (a) e sem ventilação forçada (b) Física do Ambiente Agrícola Profs: Jarbas H. de Miranda & Quirijn de Jong van Lier 10/04/2003 Página: 4 ALGUNS CONCEITOS BÁSICOS EQUILÍBRIO HIGROSCÓPICO Os grãos são materiais higroscópicos, isto é, têm capacidade de ceder ou absorver a temperatura e umidade do ar que os envolve. Para cada espécie de grão existe um equilíbrio higroscópico, que depende da temperatura e do estado higrométrico do meio ambiente, seja no campo ou no interior do silo e armazém. Equilíbrio higroscópico significa um balanceamento entre a temperatura e umidade do grão e a temperatura e umidade relativa do ar. Em qualquer par de temperaturas iguais ocorre uma igualdade de tensões entre a percentagem de umidade dos grãos e a umidade relativa do ar. No momento em que houver equivalência no deslocamento da umidade, ocorrerá o equilíbrio higroscópico. RESPIRAÇÃO DO GRÃO O grão ao respirar absorve oxigênio, ao mesmo tempo em que liberta calor, umidade e anidrido carbônico, sendo este processo acompanhado de uma perda de substância. Esta respiração não aumenta apenas a perda de substância mas conduz ainda, pela elevação da temperatura da massa de grãos, a ações microbianas que podem provocar danos muito graves e irreversíveis. Convém salientar que o processo de respiração se acelera por si próprio, pois a umidade absorvida, associada ao processo de elevação de temperatura, eleva o conteúdo de água do grão, sendo este aumento provocado pela intensidade da respiração. A umidade e o calor resultantes deste processo criarão condições favoráveis ao crescimento de mofos, com a deterioração iniciando-se em poucas horas. MIGRAÇÃO DE UMIDADE Maior causadora dos danos que ocorrem ao grão estocado, a migração de umidade relaciona-se com a temperatura e teor de umidade do grão, umidade e temperatura do ar atmosférico. No inverno, o ar frio e denso que se situa junto à parede do silo gera um fluxo de ar que circulará no interior do silo ou armazém, de cima para baixo. Simultaneamente, o ar existente entre os grãos, no fundo e centro do silo, absorve calor dos grãos quentes, fazendo com que o ar suba. A combinação do fluxo do ar frio e denso próximo às paredes Física do Ambiente Agrícola Profs: Jarbas H. de Miranda & Quirijn de Jong van Lier 10/04/2003 Página: 5 com o fluxo de ar quente que sobe no centro do silo, faz o ar circular. Esta circulação do ar chama-se "Corrente de Ar de Convecção". Subindo pela parte central da massa de grãos, o ar aquecido absorve a umidade dos grãos armazenados. Quando o ar se aproxima da superfície da massa armazenada, a umidade se condensa no grão frio da superfície, gerando ali uma zona de alto teor de umidade e uma crosta de grãos em deterioração. Mesmo em grãos com teores de umidade seguros, de 10% à 13%, a migração de umidade ocorre de forma natural em sistemas de armazenagem convencionais. A migração de umidade favorece a atividade de fungos e insetos, ao estabelecer condições propícias ao aumento da atividade de respiração dos grãos, através da multiplicação e crescimento de focos de aquecimento. No verão, o processo ocorre no sentido inverso ao do inverno. Umidade e temperatura influenciam decisivamente no desenvolvimento de fungos. Assim, a umidade do grão e a temperatura devem ser mantidas uniformes e sob controle, visando sua perfeita conservação em silos ou armazéns graneleiros. COMPOSIÇÃO DO AR O ar é uma mistura de gases e vapor de água. O ar seco é composto de nitrogênio (78%) e oxigênio (21%), sendo o percentual restante (1%), composto por dióxido de carbono e quantidades diminutas de outros gases, tais como: hidrogênio, hélio, néon, argônio e outros. Num dado volume de ar a percentagem de vapor d’água varia de um mínimo de 0% até um máximo de 4%, em detrimento dos elementos componentes da atmosfera. O conteúdo de vapor d’água é maior no equador do que nos pólos e diminui com a altitude tornando-se quase desprezível acima de 10.000m. O ar seco é mais pesado que o ar úmido em virtude do peso molecular de seus componentes: Oxigênio Pm = 32 g, Nitrogênio Pm = 28 g e Vapor d’água Pm = 18 g (O peso de uma molécula de vapor d’água é = 5/8 do peso de uma molécula de ar seco). A percentagem dos componentes da atmosfera diminui com o acréscimo de vapor d’água. O ar saturado (4% de vapor d’água) possui cerca de: Nitrogênio 75 %, Oxigênio 20 % e Argônio 0,90% Física do Ambiente Agrícola Profs: Jarbas H. de Miranda & Quirijn de Jong van Lier 10/04/2003 Página: 6 DIAGRAMA PSICROMÉTRICO As propriedades psicrométricas do ar são representadas graficamente em um diagrama, cujo uso permite a análise gráfica dos dados e processos psicrométricos, facilitando assim a solução de muitos problemas práticos referentes às características do ar, que de outro modo exigiriam soluções matemáticas mais complexas. DESCRIÇÃO DOS PARÂMETROS PSICROMÉTRICOS: Temperatura de Bulbo Seco (Ts) É a temperatura medida por um simples termômetro no ar ambiente e expressa em (ºC). Temperatura de Bulbo Úmido (Tu) É a temperatura indicada por um termômetro, cujo bulbo é mantido úmido por uma gaze embebida em água (umedecida), exposto a uma corrente de ar, sendo expressa em (ºC). Temperatura do Ponto de Orvalho (To) É a temperatura na qual se inicia a condensação da umidade do ar, quando o mesmo é resfriado, sendo expressa em (ºC). Umidade Relativa (UR) É a relação entre a pressão de vapor de água contida no ar e a pressão de vapor saturante para a mesma temperatura, expressa em (%). Entalpia (E) É a quantidade total de calor contida no ar, expressa em (kcal/kg de ar seco). Umidade Absoluta (UA) É o peso do vapor de água contido no ar, expressa em (g/kg de ar seco). Volume Específico (VE) São os metros cúbicos que correspondem a 1 kg de ar seco, expresso em (m³/kg de ar seco). Física do Ambiente Agrícola Profs: Jarbas H. de Miranda & Quirijn de Jong van Lier 10/04/2003 Página: 7 Ponto de Referência (O) Situado no ponto de encontro por exemplo, entre os 35ºC e 60% de umidade relativa, é a referência para traçar as linhas dos parâmetros psicrométricos. Quilos de Ar Seco Constituem a base de todos os cálculos psicrométricos, e permanecem constantes durante todos os processos. As temperaturas do bulbo seco, úmido, ponto de orvalho e a umidade relativa, estão relacionados de forma tal que, quando se conhece duas delas, se pode determinar todos os dados restantes. Quando o ar está saturado, as temperaturas do bulbo seco, úmido e ponto de orvalho, são iguais. Pelo diagrama psicrométrico típico pode-se observar a interligação existente entre algumas das propriedades fundamentais do ar. Observa-se que as linhas verticais do diagrama são as linhas de temperatura constante do bulbo seco (Ts), enquanto que as horizontais são linhas de temperatura constantes do ponto de orvalho (To) e de umidade constante absoluta (UA). As linhas diagonais espaçadas estreitamente são linhas de temperatura constante do bulbo úmido (Tu), e as linhas de maior inclinação e espaçamento são linhas de volume constante específico (VE). As linhas curvas do diagrama, que vão da parte esquerda inferior para a direita superior, são linhas de Umidade Relativa constante (UR). A linha curva, limitando o diagrama do lado esquerdo, é a linha de UR 100%, sendo conhecida como a curva de saturação. O ar, sob qualquer condição, cujo ponto de referência possa ser registrado ao longo da curva de saturação, é ar saturado. Os valores para as linhas de temperaturas Ts e Tu são dados na sua intersecção com a curva de saturação. Os valores para a temperatura Ts são dados também na base do diagrama e o volume específico é descrito utilizando a inclinação de sua própria linha. Os valores das linhas de temperatura To são lidos na curva de saturação e a umidade absoluta correspondente, é lida na linha vertical no lado direito do diagrama. A entalpia do ar (E), a qualquer temperatura ºC dada, é determinada seguindo-se a linha Tu para a escala de entalpia acima da curva de saturação, sincronizando com a base e, com a linha de entalpia auxiliar, à direita do diagrama. Física do Ambiente Agrícola Profs: Jarbas H. de Miranda & Quirijn de Jong van Lier 10/04/2003 Alguns sites para consulta: http://www.agrotecnologia.com.br/ http://orion.cpa.unicamp.br/portal/index.php http://ce.esalq.usp.br/dce/base.htm Deficite de Saturação (∆e) Temperatura de Ponto de Orval ho (To) Página: 8 Física do Ambiente Agrícola Profs: Jarbas H. de Miranda & Quirijn de Jong van Lier 10/04/2003 Página: 9 Medi da e Es ti mati va da Umi dade do Ar – Gráfi co Ps i crométri co