JKI Data Sheets

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JKI Data Sheets
2013, 26
ISSN 2191-1398
DOI 10.5073/jkidspdd.2013.026
JKI Data Sheets
Plant Diseases and Diagnosis
Portuguese
Sabine WERRES / Seçil AKILLI / Salih MADEN
Phytophthora em Aesculus hippocastanum
L. (castanheiro da índia)
Julius Kühn-Institut, Federal Research Centre for Cultivated Plants
Impressão
A série de livre acesso,, JKI Data Sheets – Plant Diseases and Diagnosis« é uma publicação de língua
inglesa que publica uma súmula de estudos originais, faz a descrição dos patogénios, apresenta aspetos
inovadores de diagnóstico e relatórios das causas bióticas e abióticas das doenças das culturas e dos
seus prejuízos.
Todos os manuscritos submetidos para publicação nas JKI Data Sheets são sujeitos a revisão por pelo
menos dois “referees” independentes, preservando o anonimato do(s) autor(es).
Todas as contribuições são disponibilizadas através da licença Comum Criativa. Esta permite usar
e distribuir todo ou partes do trabalho sem qualquer encargo desde que seja usado para fins não
comerciais, nome do(s) autor (es) e fonte(s) e sem que haja modificação do trabalho.
Editor-Chefe:
Dr. Georg F. Backhaus, Präsident und Professor
Julius Kühn-Institut, Bundesforschungsanstalt für Kulturpflanzen
Erwin-Baur-Str. 27
D-06484 Quedlinburg
Alemanha
Editor: Dr. Olaf Hering, Informationszentrum und Bibliothek
Julius Kühn-Institut
Königin-Luise-Str. 19
D-14195 Berlin
Alemanha
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Submissão dos manuscritos: Consulte o website do Jornal:
http://pub.jki.bund.de/
ISSN: 2191-1398
DOI: 10.5073/jkidspdd.2013.026
JKI Data Sheets - Plant Diseases and Diagnosis
S. WERRES / S. AKILLI / S. MADEN - Phytophthora em Aesculus hippocastanum L.; 2013, 26; DOI 10.5073/jkidspdd.2013.026
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Importância de Aesculus hippocastanum
Na Europa Aesculus hippocastanum L. (castanheiro-da-índia) é uma espécie arbórea muito utilizada
na beira das estradas, nos parques, nos becos e nos jardins. Esta árvore cresce predominantemente
em zonas de clima temperado (mapa da distribuição de A. hippocastanum ver
http://www.discoverlife.org). O castanheiro-da-índia não é uma espécie nativa da Europa Central. É
originária das florestas montanhosas da Grécia, Albânia e Bulgária a partir de onde foi introduzida
na zona ocidental durante o séc.XVI. O castanheiro-da-índia pode atingir a idade de 200 anos.
Existem diferentes cultivares de Aesculus hippocastanum: Baumannii,‘Globosum’ e ‘Pyramidalis’.
Aesculus hippocastanum* é um parente do híbrido de flor vermelha A. x carnea* (castanheiro
vermelho da índia), sendo “Briottii” uma das suas cultivares mais famosas.
*Cultivadas em parques e áreas urbanas em Portugal.
Phytophthora spp.
A partir de tecidos de árvores de castanheiro-da-índia que apresentavam sintomas característicos
de doença e de amostras de solos foram isoladas as seguintes espécies de Phytophthora:
Espécies de
Phytophthora
Sintomas da Doença
Referências
cactorum
cancro com exsudação
Caroselli, 1953; Werres et al. 1995; Intini et al., 2002
cambivora
podridão radicular
Brasier & Strouts, 1976
citricola
cancro da casca
cancro com exsudação
Brasier & Strouts, 1976; Werres et al.,1995
citrophthora
necrose da casca com
exsudação
Akıllı et al., 2011
kernoviae
http://www.fera.defra.gov.uk/plants/plantHealth/pestsDiseases/phytophthora/
documents/pKernoviaeHost.pdf
megasperma
podridão radicular
Brasier& Strouts, 1976
obscura1
cancro com exsudação
Grunwald et al., 2011
ramorum2
cancro dos ramos
Sansford & Woodhall, 2007
http://rapra.csl.gov.uk/objectives/wp1/naturalhostresults.cfm
spec.
raízes mortas
Anonymous, 1970
1
descrito inicialmente como P. syringae (Werres et al., 1995)
2
na União Europeia P. ramorum é um organismo regulado (ver capítulo “Medidas de Quarentena”)
Em ensaios de patogenicidade com folhas destacadas verificou-se que Aesculus hippocastanum
também podia ser infetado por P. kernoviae.
A maior parte das espécies de Phytophthora isoladas de castanheiros-da-índia doentes apresentam
uma larga gama de hospedeiros. Esta situação significa que não se pode excluir o ataque de
árvores de outras espécies nas áreas circundantes a árvores doentes.
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Sintomas da Doença (ver figuras)
As espécies de Phytophthora podem atacar diferentes tecidos das plantas e causar diferentes
sintomas da doença no Aesculus hippocastanum. Os sintomas mais comuns são:
Copa: amarelecimento e redução da dimensão das folhas, murchidão; geralmente toda a copa
apresenta sintomas da doença
Tronco: cancro com exsudação, necrose do câmbio; o exsudado pode ser observado em manchas
na casca (“manchas negras”) mas também pode aparecer em grandes áreas negras em torno do
tronco
Raízes: podridão radicular
Geralmente é na copa onde se observam os primeiros sintomas visíveis da doença, segue-se o
aparecimento das exsudações, principalmente na base do tronco. Os sintomas da doença podem
levar anos a aparecer ficando despercebidos até ao seu aparecimento.
Possibilidade de Confusão de Sintomas
Os sintomas da doença apresentados no capítulo anterior não são específicos das infeções
causadas por Phytophthora. Outros patogénios, como por exemplo, Peudomonas syringae pv.
Aesculi podem causar sintomas muitos semelhantes.
Bactérias, insetos e danos causados por ação mecânica também podem originar exsudados;
fungos como Verticillium spp. podem causar murchidão (principalmente num único ramo),
Armillaria spp. causa ocasionalmente cancro com exsudações. A determinação da causa correta
da doença é feita em laboratório através do exame das amostras.
Desenvolvimento da doença
O desenvolvimento da doença pode ser muito lento e continuar ao longo de muitos anos.
Phytophthora spp. pode causar a morte dos castanheiros-da-índia, mas não acontece em
todos os casos. A morte da árvore depende da sua tolerância genética, da sua fisiologia, das
condições climáticas e do seu estado geral, podendo, por vezes, sobreviver e recuperar do
ataque de Phytophthora. Muitas vezes os castanheiros-da-índia infetados morrem devido a
infeções secundárias, causadas por patogénios que atacam hospedeiros enfraquecidos. Se estes
patogénios forem fungos da madeira, então a segurança das árvores deixa de estar garantida.
Diagnóstico
Não é possível identificar a infeção causada por Phytophthora só pelos sintomas da doença.
Diferentes técnicas de diagnóstico, como isolamento direto, métodos moleculares e serológicos
ajudam na identificação de Phytophthora sp. como a causa da doença. Informação sobre o
diagnóstico de Phytophthora em árvores ou em geral é fornecida pelo link
http://forestphytophthoras.org/key-to-species, http://www.phytophthoradb.org,
http://phytophthora-id.org/ e em Martin et al. (2012).
Para obter ajuda neste diagnóstico é favor contatar os serviços oficiais (ver o próximo capítulo).
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O que fazer em caso de suspeita de árvores infetadas?
Contatar as autoridades nacionais responsáveis: addresses.pdf
Gestão e controlo
Para controlo direto com aplicação de produtos químicos é favor contatar as autoridades nacionais
(ver capítulo acima). Se possível, aplicar as seguintes medidas culturais, as quais poderão ajudar a
evitar a infeção e a preservar a sanidade das árvores: Evitar o encharcamento, fertilizar de acordo
com as necessidades das plantas e promover o arejamento do solo. O corte de ramos e pernadas
não deve de ser executado na época de chuvas para permitir o rápido restabelecimento dos
tecidos da zona afetada. Evitar danos no tronco, como por exemplo, os causados por maquinaria
pesada. Embora as espécies de Phytophthora possam infetar e invadir os tecidos das plantas
ativamente, qualquer tipo de ferida potencia a infeção. A plantação de flores perto do tronco pode
dar origem a solo mais húmido e consequentemente aumentar o risco da infeção, podendo ainda
contribuir para o incremento do inóculo de Phytophthora spp. se as plantas forem hospedeiros das
espécies que atacam o castanheiro-da-índia.
Medidas de Quarentena
A Organização Europeia e Mediterrânica de Proteção de Plantas (OEPP) considera P. ramorum e
P. kernoviae como organismos nocivos. Encontram-se ambos inscritos na Lista de Alerta da OEPP.
Para mais informação pode consultar http://www.eppo.int/QUARANTINE/Alert_List/alert_list.htm.
Na União Europeia P. ramorum é um organismo regulado de acordo com a Commission Decision
2002/757/EU.
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Literatura consultada
Akıllı, S., Ulubaş-Serçe, Ç.; Katırcıoğlu, Y., Maden, S., 2011. Phytophthora citrophthora, a new
pathogen causing decline on horse chestnut in Turkey. For. Path. 42 (4) 299–304.
Anonymous, 1970. Report on forest research for the year ended March 1970. Report on forest
research for the year ended March 1970. CABI: 19711101986
Brasier, C. M., Strouts, R. G., 1976. New records of Phytophthora on trees in Britain, part 1:
Phytophthora root rot and bleeding canker of horse chestnut (Aesculus hippocastanum). European
Journal of Forest Pathology 6 (3):129-136.
Caroselli, N. E., 1953. Bleeding canker disease of hardwoods. Scientific Tree Topics 2(1): 1-6.
Denman, S., Kirk, S., Whybrow, A., Orton, E., Webber, J. F., 2006. Phytophthora kernoviae and P.
ramorum: host susceptibility and sporulation potential on foliage of susceptible trees. Bulletin
OEPP 36 (2): 373-376.
Grünwald, N. J., Werres, S., Goss, E. M., Taylor, C.R., Fieland V.J., 2012. Phytophthora obscura sp. nov., a
new species of the novel Phytophthora subclade 8d. Plant Pathology 61 (3): 610–622.
Martin, F.N., Abad, Z.G., Balci, Y., Ivors, K., 2012. Identification and Detection of Phytophthora:
Reviewing Our Progress, Identifying Our Needs. Plant Disease 96(8): 1080-1103.
Sansford, C.E., Woodhall, J.W, 2007. Datasheet for Phytophthora ramorum. PPP 11824. Sand Hutton,
York: Central Science Laboratory, Department of Environment, Forestry, and Rural Affairs. 43 p.
http://www.suddenoakdeath.org/pdf/pram_PRA_UK.pdf. (April 2010).
Werres, S., Richter, J., Veser, I., 1995. Studies on diseased and dead horse chestnuts (Aesculus
hippocastanum L.) in public green spaces. Nachrichtenblatt des Deutschen Pflanzenschutzdienstes
47 (4): 81-85.
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Links para mais informação
Aesculus hippocastanum:
http://en.wikipedia.org/wiki/Aesculus_hippocastanum
http://www.baumkunde.de/
Phytophthora em Florestas:
http://forestphytophthoras.org/
P. ramorum:
www.suddenoakdeath.org
http://rapra.csl.gov.uk/,
http://www.eppo.int/QUARANTINE/Alert_List/alert_list.htm
P. kernoviae:
http://www.eppo.int/QUARANTINE/Alert_List/alert_list.htm
http://www.fera.defra.gov.uk/plants/plantHealth/pestsDiseases/phytophthora/pKernoviae/
Phytophthora chaves de identificação:
http://apsjournals.apsnet.org/doi/abs/10.1094/PDIS-08-11-0636
Agradecimentos
A Ficha foi elaborada pelo Grupo de Trabalho 1 do European COST Action FP0801
http://www.cost.eu/domains_actions/fps/Actions/FP0801.
Autores
Sabine WERRES1, Secil AKILLI2, Salih MADEN3
Julius Kuhn-Institut – Federal Research Centre for Cultivated Plants (JKI), Institute for Plant
Protection in Horticulture and Forestry (JKI-GF), Messeweg 11/12, 38104 Braunschweig, Germany
[email protected]
2
Çankırı Karatekin University, Faculty of Science, Department of Biology, Turkey
[email protected]
3
Agricultural Faculty of Ankara University, Department of Plant Protection 06100, Kalaba
Ankara,Turkey
[email protected]
1
Tradução
Ana Cristina MOREIRA, Maria Costa FERREIRA
Instituto Nacional de Investigação Agrária e Veterinária
Av. da República, Quinta do Marquês
2784-505 Oeiras
Portugal
[email protected]; [email protected]
JKI Data Sheets - Plant Diseases and Diagnosis
S. WERRES / S. AKILLI / S. MADEN - Phytophthora em Aesculus hippocastanum L.; 2013, 26; DOI 10.5073/jkidspdd.2013.026
Sintomas da infeção de Phytophthora em Aesculus hippocastanum
(castanheiro-da-índia)
Esquerda: Árvore (direita) infetada com Phytophthora sp. mostrando folhas com uma coloração verde-claro (2)
Centro: Ramos apresentando declínio causado por Phytophthora sp. (2)
Direita: Árvore em declínio infetada com P. citrophthora (1)
Exemplos de cancro com exsudação e necrose cambial causada por Phytophthora na base do tronco
Da Esquerda para a Direita:
- Cancro com exsudação causado por Phytophthora sp.(2)
- Cancro com exsudação causado por P. citrophthora (1)
- Necrose cambial causada por Phytophthora sp. (2)
- Necrose cambial causada por P. citrophthora (1)
Fotos: (1) – S. AKILLI, S. MADEN; (2) – S. WERRES
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