Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro Escola
Transcrição
Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro Escola
Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro Escola Nacional de Botânica Tropical COMPOSIÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DAS FORMAÇÕES DE MUSGOS DAS ÁREAS DE DEGELO ADJACENTES À BAÍA DO ALMIRANTADO, ILHA REI GEORGE, ANTÁRTICA Filipe de Carvalho Victoria 2005 Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro Escola Nacional de Botânica Tropical COMPOSIÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DAS FORMAÇÕES DE MUSGOS DAS ÁREAS DE DEGELO ADJACENTES À BAÍA DO ALMIRANTADO, ILHA REI GEORGE, ANTÁRTICA Filipe de Carvalho Victoria Dissertação apresentada ao Programa de Pósgraduação em Botânica, Escola Nacional de Botânica Tropical do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Botânica. Orientadores: Dra. Denise Pinheiro da Costa (IPJBRJ) Dr. Antonio Batista Pereira (ULBRA) Rio de Janeiro 2005 Victoria, Filipe de Carvalho Composição e distribuição das formações de musgos das áreas de degelo adjacentes à Baía do Almirantado, Ilha Rei George, Antártica./Filipe de Carvalho Victoria – Rio de Janeiro, 2005. vi, 111 p. il. Dissertação (Mestrado em Botânica) Escola Nacional de Botânica Tropical – ENBT/IPJBRJ, Pós-Graduação em Botânica, 2005. Orientadora: Denise Pinheiro da Costa 1. Ecologia de comunidades 2. Musgos 3. Antártica I. Filipe de Carvalho Victoria II. ENBT – Pós-Graduação III. Título AGRADECIMENTOS À meus pais, Jorge e Helena, pelo amor, carinho e apoio que me deram durante minha vida, principalmente pelo incentivo para progredir em meus estudos. À minha esposa, Margéli, minha inspiração de vida, por sua alegria e confiança que nunca deixaram que as dificuldades afetassem na busca do sucesso. Este trabalho também é seu. Aos meus segundos pais, Aidê e Daltro, pelo carinho, incentivo e força para prosseguir os estudos, mesmo tão longe de casa. Ao meu irmão, Alexandre Félix, pelo conforto nas estadas em casa e pelas palavras de ânimo. À Dra. Denise Pinheiro da Costa, minha orientadora, pelos ensinamentos passados durante a realização deste trabalho. Ao Dr. Antônio Batista Pereira, que desde a graduação até o momento sempre abriu as portas para que eu pudesse viver a ciência. Ao Dr. Gilberto M Amado. Filho pela leitura crítica e às valorosas sugestões incorporadas. Ao Dr. Lubomir Kovacik, da Universidade de Commenius-Eslovakia, pelo apoio em campo e por disponibilizar suas magníficas fotos para ilustrar o presente trabalho. Ao MMA, CNPq, PROANTAR e a Capes pelo apoio financeiro e oportunidade de iniciar a carreia profissional. Agradeço a todos que, de alguma forma contribuíram para a realização deste trabalho, cuja lembrança sempre estará preservada comigo para sempre. IV RESUMO A Ilha Rei George, localizada no arquipélago Shetland do Sul, Antártica (61º50`- 62º15`S e 57º30`- 59º00`W), possui 65 km de comprimento, largura variando de 4 a 40 km e temperaturas médias de 0,1 a -3,6°C. A distribuição das comunidades vegetais e formas de crescimento dos musgos da Antártica dependem da luz, temperatura, ventos, precipitação, brisa marinha e proximidade às colônias de aves, acrescido das condições pedogeomorfológicas, como estabilidade da superfície, tipo de rocha e erosão eólica. Estabelece-se assim nítidos limites de sobrevivência, fazendo com que certas espécies de musgos sejam altamente especializados a geomorfologia local. Durante os verões austrais 2002/2003 e 2003/2004 foram realizadas coletas aleatórias e estudos fitossociológicos, nas áreas de degelo adjacentes a Estação Brasileira Comandante Ferraz e a Estação Polonesa Henri Arctowski, ambas na Baía do Almirantado, no interior da Ilha Rei George, objetivando estudar a estrutura das comunidades de musgos nas áreas de degelo. Foram amostrados 39 espécies no estudo fitossociólogico, sendo 28 espécies de musgos, 6 espécies de fungos liquenizados, 2 fanerógamas e uma espécie de macroalga continetal. As famílias mais representativas foram Bryaceae, Polytrichaceae, Andreaeaceae e Pottiaceae. As espécies mais freqüentes foram Sanionia uncinata (Hedw.) Loeske e Polytrichum juniperinum Foi possível descrever as associações de musgos na região de Arctowski, constatando a ocorrências de cinco formações principais. Dentro destas formações foram reconhecidas e descritas as associações entre as espécies mais freqüentes e abundantes da amostragem. Foram observados quatro tipos de formas de vida e suas respectivas freqüências, tufos (59%), coxim (31%), tapete (7%) e trama (3%). Os tapetes, tufos e tramas predominam nas regiões próximas ao nível do mar e em áreas alagadas pelo degelo, devido a maior disponibilidade de substrato estável. Os coxins são mais freqüentes a partir dos 100 m, principalmente nos afloramentos rochosos, uma vez que esta forma de crescimento é mais resistente a ação dos ventos. Mais da metade das espécies apresenta uma forma de vida, enquanto que 15% duas formas e 3% três formas, o que era esperado devido as condições limítrofes da região. São apresentados os resultados desta abordagem na forma de quatro artigos científicos. V ABSTRACT The Island King George, located in the Shetland archipelago of the South, Antarctica (61º50` - 62º15`S and 57º30` - 59º00`W), possess 65 km of length, the 40 width varying of 4 km and average temperatures of 0,1 -3,6°C. The distribution of the vegetal communities and life-forms Antarctic mosses depend on the light, temperature, winds, precipitation, sea breeze and proximity to the colonies of birds, increased of the geomorphologic conditions, as stability of the surface, type of rock and aeolian erosion. One establishes thus clear limits of survival, making with that certain species of mosses highly are specialized the local geomorphology. During austral summers 2002/2003 and 2003/2004 random collections and ecological studies had been in the ice-free areas adjoining the Brazilian Station Commander Ferraz and the Polish Station Henri Arctowski, both in the Admiralty Bay, inside of the King George Island, objectifying to study the structure of the communities of mosses in the ice-free areas. Were found 39 species in the phytossociologycal approach, 28 mosses, 6 lichens, 2 phanerogams and one continental algae. Bryaceae, Polytriochaceae, Andreaceae and Pottiaceae were the most frequent families found in this study. Sanionia uncinata (Hedw.) Loeske and Polytrichum juniperinum were most abundant species in the area. It was possible to describe the associations of mosses in the region of Arctowski, being evidenced the occurrences of five main formations. Inside of these formations they had been recognized and described the associations between the species most frequent and abundant of the sample. Four types of life-forms and its respective frequencies had been observed, tufts (59%), cushion (31%), carpet (7%) and tram (3%). The carpets, tufts and trams predominate in the regions next to the level to the sea and in areas flooded for the thawing, which had the biggest steady substratum availability. The cushions are more frequent from the 100 m, mainly in the rocky outcrops, a time that this form of growth is more resistant the action of the winds. More than a half of species presents only one life-form, while that 15% two forms and 3% three forms, what he was waited due the bordering conditions of the region. The results of this boarding in the form of four scientific articles are presented. VI SUMÁRIO AGRADECIMENTOS...............................................................................................................IV RESUMO......................................................................................................................................V ABSTRACT................................................................................................................................VI 1.INTRODUÇÃO.........................................................................................................................9 1.1 Estudos Botânicos Antárticos.................................................................................10 1.2 Flora Antártica........................................................................................................11 1.3 Estrutura das comunidades vegetais antárticas...................................................12 2.MATERIAL E MÉTODOS....................................................................................................14 2.1 Área de estudo..........................................................................................................14 2.2 Trabalho de Campo.................................................................................................15 2.2.1. Amostragem.........................................................................................................15 2.2.2. Análise dos dados.................................................................................................16 2.2.3. Coleta de material................................................................................................16 2.3 Identificação das coletas..........................................................................................17 3.CAPÍTULO I - Characterization of plant communities in ice-free areas adjoining the Polish Station H. Arctowski, Admiralty Bay, King George Island, Antarctic. ...............................18 3.1 Introduction.............................................................................................................19 3.2 Material and Method...............................................................................................20 3.3 Results.......................................................................................................................20 3.4 References.................................................................................................................22 4. CAPÍTULO II – Composição e distribuição das formações de musgos nas áreas de degelo adjacentes a região de Arctowski, Ilha Rei George, Antártica..............................................23 4.1 Introdução................................................................................................................24 4.2 Materiais e Métodos................................................................................................26 4.3 Resultados.................................................................................................................28 4.5 Referências...............................................................................................................42 5. CAPÍTULO III – Associações Líquens - Musgos nas áreas de degelo adjacentes a Punta Thomas e Italia Valley, Ilha Rei George, Antártica................................................................45 5.1 Introdução................................................................................................................46 5.2 Materiais e Método..................................................................................................47 5.3 Resultados.................................................................................................................48 5.4 Referências...............................................................................................................52 5.5 Anexos.......................................................................................................................55 7. CAPÍTULO VI – Formas de vida das espécies de musgos nas áreas de degelo da Ilha Rei George, Antártica.......................................................................................................................59 8 6.1 Introdução................................................................................................................61 6.2 Materiais e Métodos................................................................................................63 6.3 Resultados e Discussão............................................................................................64 6.4 Referências...............................................................................................................72 6.5 Anexos.......................................................................................................................75 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................................79 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGÁFICAS....................................................................................81 9. ANEXOS I..................................................................................................................87 10. ANEXOS II..............................................................................................................94 9 1.INTRODUÇÃO A Antártica compreende todas as terras localizadas abaixo do paralelo 60O. Foi o último continente a ser descoberto pelo homem e, por isso, o conhecimento dos recursos naturais e biológicos está ainda em fase inicial de exploração. Ao mesmo tempo representa a possibilidade de que erros cometidos durante a exploração de outros continentes sejam evitados, permitindo que o ambiente natural seja preservado com o mínimo de perturbações. Por esta razão, nos termos do Tratado Antártico, a Antártica é definida como o “continente para ciência” (ATCPs, 1996). Segundo Ochyra (1998), a Antártica é a única região do mundo que possui biota terrestre compreendendo quase que unicamente organismos de nivel organizacional menos complexos (principalmente microorganismos, fungos, algas e briófitas). Existem na Antártica apenas duas fanerógamas nativas, Deschampsia antarctica Desv. (Poaceae) e Colobanthus quitensis Kunth (Caryophylaceae), ocorrendo somente nas áreas mais quentes do continente (Lewis-Smith, 1984a). O bioma antártico pode ser dividido em zonas latitudinais, que correspondem a regiões climáticas distintas (Fig. 1). Esta divisão têm sido interpretada de diversas formas (Skottsberg, 1960; Godley, 1960; Wace, 1960), mas até o momento o sistema apresentado por Greene (1964) e detalhado por Lewis-Smith (1984b), exposto a seguir, tem tido ampla aceitação. (1) Zona Subantártica, ou Antártica fria, segundo Longton (1988), compreende oito grupos de pequenas ilhas isoladas a oeste da Georgia do Sul e a leste da Ilha Macquarie, incluindo também as ilhas Marion e Prince Edward, Ilha Crozet, Ilha Kerguelen, Ilha Heard e Ilhas MacDonald, dispersas no vasto oceano do Sul. Apresenta clima oceânico temperado fresco (Rakuza-Suszczewski et al. 1993) com padrões de temperatura acima do ponto de congelamento por pelo menos metade do ano e com precipitações superiores a 90 cm por ano. A vegetação é própria da tundra, composta principalmente por ervas lenhosas e criptógamas. (2) Zona Antártica Marítima ou Antártica gelada, segundo Longton (1988), compreende a costa oeste da Península Antártica e os arquipélagos vizinhos (Shetlands do Sul, Orkney dos Sul e Ilhas Sandwich do Sul), bem como a Ilha Bouvetøya (aprox. 55° S). Possui clima oceânico gelado e úmido, com médias mensais excedendo 0°C, principalmente nos meses de inverno, e precipitações de 35-50 cm anuais, sendo as 10 chuva comuns no verão austral. Possui somente duas espécies de plantas vasculares e com floras de musgos e liquens relativamente ricas e diversas. (3) Zona Antártica Continental ou Antártica frígida, segundo Ochyra (1998), compreende as demais regiões do continente, incluindo a costa oriental da Península Antártica e as regiões mais ao sul da Ilha Alexander. O clima é particularmente árido com temperaturas médias mensais nunca excedendo o ponto de congelamento e precipitações ca 10-15 cm anuais. Esta zona é muito pobre floristicamente, sendo as plantas vasculares ausentes e as criptógamas esparsas, representadas quase unicamente por liquens. 1.1 Estudos botânicos na Antártica O primeiro trabalho botânico na Antártica foi realizado por J. Torrey (1823 Apud Putzke & Pereira, 2001), quando descreveu uma espécie de Usnea (líquen). J. Eights, entre 1829-1830, foi o primeiro a coletar liquens, briófitas, algas marinhas e gramíneas na Antártica Marítima. Em 1843, J. D. Hooker realizou coletas na recém descoberta Ilha Cockburn próximo à Península Trinity, enquanto participava da Expedição Antártica de Ross, tendo sido publicados os resultados em Hooker &Wilson (1844). Na Expedição Polar Alemã, empreendida entre 1882-83, foram realizadas importantes coletas de material botânico nas Georgias do Sul, por H. Will e Mosthaff, especialmente junto a Royal Bay. Este material foi remetido a C. Müller, o qual publicou o resultado em 1890 (Putzke & Pereira, 2001), e ao "Institut für Systematische Botanik”, da Universidade de Graz, Áustria, onde permaneceu ignorado até meados do século XX. Após a expedição de J. D. Hooker, novas coletas na Antártica foram realizadas por Racowitza, botânico da Expedição Antártica Belga de 1897-1899. O material incluía quinze espécies e duas variedades de musgos descritas por Cardot (1900, 1901). Carl Skottsberg fez inúmeras coletas em sua viagem com a Expedição Antártica Sueca entre 1901 e 1903, as quais serviram de base ao trabalho de Cardot (1908), onde são incluídos também resultados de coletas realizadas por outras expedições, gerando a primeira lista de espécies de musgos para a região. O Ano Geofísico Mundial de 1957-1958, importante evento científico que estabeleceu a cooperação internacional na exploração do Pólo Sul (ATCPs, 1993), aumentou em muito o trabalho com a vegetação na Antártica, especialmente porque 11 especialistas se encarregaram das coletas. Surgiu, então, a primeira lista de briófitas, publicada por Steere (1961) e suplementada por Greene (1968). Finalmente, o trabalho de Dodge (1973), reuniu a totalidade de liquens conhecidos para as áreas de degelo da Antártica Marítima até o final da década de 60. 1.2 Flora Antártica Na Antártica, as Magnoliophyta, estão representadas apenas por Deschampsia antarctica Desv. (Poaceae) e Colobanthus quitensis (Kunth) Bartl. (Caryophyllaceae). A brioflora está dividida em dois grupos taxonômicos, Marchantiophyta (hepáticas), com 22 espécies e Bryophyta (musgos), com aproximadamente 60 espécies. Muitos outros nomes já foram citados para a região, que, em sua maioria, representavam erros na identificação (Ochyra, 1998; Putzke & Pereira, 2001). Estes nomes dificultam os trabalhos florísticos, especialmente no gênero Bryum, onde a quantidade de nomes inválidos ou sinonimizados é muito grande. Entretanto, os trabalhos de Ochyra & Ochi (1986) e Kanda (1986), esclarecem a taxonomia deste grupo. A maioria das hepáticas da região é de fácil identificação utilizando os trabalhos de Ochyra & Vána (1989a) e Bednarek-Ochyra et al. (2000), que apresentam chaves, ilustrações e descrições para as espécies que ocorrem na Antártica. Os musgos são mais numerosos que as hepáticas, possuem maior biomassa no continente, participando de extensas formações e associações, e, portanto, são melhor estudados. A primeira tentativa de reunir o que havia sido publicado sobre a brioflora foi feita por Steere (1961), que elaborou uma revisão preliminar das briófitas da Antártica. Greene (1968) apresenta uma lista dos musgos até então conhecidos, porém Robinson (1972), foi quem realizou um dos primeiros trabalhos sobre os musgos da Antártica com chaves para identificação. Na década de 70/80, os musgos antárticos passaram a ser mais intensamente estudados e surgem, então, os trabalhos de: Ando (1973, 1976), Bell (1973a,b,c; 1974; 1976, 1977a,b), Clark (1973a,b), Greene (1973, 1975), Greene et al. (1970), Matteri (1977a,b), Newton (1974a,b,c; 1977a,b; 1979a,b), Ochi (1976, 1979). Na década de 80, muitos trabalhos foram elaborados com os musgos antárticos, destacando-se: Kanda (1987), Ochyra (1985), Ochyra & Ochi (1986), Ochi (1982), que descrevem as espécies de musgos para pequenas áreas da Antártica Marítima. Para a Ilha Rei George, Putzke & Pereira (1990) citam 39 (trinta e nove) espécies, com chaves, descrições, ilustrações e dados ecológicos. Somente no final da década de 90, surge a 12 primeira compilação de dados sobre os musgos de uma grande região da antártica com o trabalho de Ochyra (1998), que apresenta uma monografia sobre os musgos da Ilha Rei George, reconhecendo 58 espécies para a região. Em relação aos demais criptógamos, apenas um gênero de algas macroscópicas terrestres é conhecido para a Antártica, com apenas duas espécies: Prasiola crispa (Lightfoot) Menegh., que é ornitocoprófila e P. cladophylla (Carmich.) Menegh., que é ornitocoprófoba. Os fungos macroscópicos, segundo Pereira (1990), estão representados, até o momento, por 10 espécies, já para os fungos liquenizados, segundo Øvstedal & Lewis-Smith (2001), são conhecidas 360 espécies. 1.3 Estrutura das comunidades vegetais antárticas A distribuição das comunidades vegetais e as formas de vida dos musgos da Antártica, conforme Putzke et al. (1995), dependem principalmente da luz, uma vez que tem-se um período de verão com aproximadamente 20 horas/ luz por dia e um período de inverno com apenas duas horas/dia de luz. Segundo Allison & Lewis-Smith (1973), a temperatura, ventos, precipitação, brisa marinha e colônias de aves, são condições que associadas a fatores locais, tais como a estabilidade da superfície, tipo de rocha e erosão eólica, são críticos para sua ocorrência, estabelecendo nítida definição nos limites de sobrevivência, fazendo com que certas espécies sejam altamente especializadas e os seus nichos, às vezes, tão restritos que podem ser bons indicadores das mudanças ambientais. Segundo Redon (1985), as formações vegetais possuem um grande número de espécies com centro de dispersão localizado na Península Antártica, nas Shetlands do Sul, na Geogia do Sul e ocasionalmente nas Ilhas Malvinas e Terra do Fogo. Para Lewis-Smith (1972) estes centros são caracterizados por três tipos de formações de briófitas: 1- Formação de tufos de musgos (onde raramente são encontradas grandes tufos, com predomínio de espécies do gênero Polytrichum Hedw.; 2-Formação de tapetes de musgos, composto especialmente por Sanionia uncinata (Hedw.) Loeske, Warnstorfia sarmentosa (Wahlenb.) Hedenäs e W. laculosa (Müll. Hal.) Ochyra & Matteri; 3- Formação de musgos aquáticos, composta por Bryum pseudotriquetrum (Hedw.) Schwaegr. e W. sarmentosa, encontrados em lagos ricos em guano. Além de formações mistas. Estas formações geralmente ocorrem na Antártica marítima. As similaridades florísticas deste domínio foram abordadas por diversos autores (Lewis-Smith, 1972; 13 Lewis-Smith & Giminham, 1976; Allison & Lewis-Smith, 1973; Kanda, 1986, 1987). Ochyra (1998), comenta sobre estas formações na Ilha Rei George, citando um breve apanhado destas, mas não aborda as similaridades com outras regiões da Antártica. Todas estas formações são diretamente e indiretamente afetadas pela presença do homem. A manutenção da vida de pesquisadores e militares dentro e fora das estações e refúgios no continente antártico envolve um alto consumo de combustíveis e produção de resíduos em solo austral, que mesmo quando devidamente tratados, deixam marcas na biota antártica que ainda não foram claramente estudadas (ATCPs, 1993). Portanto para estudar as formações vegetais é necessário a priori conhecer a composição da vegetação da região (Pereira & Putzke, 1990). Para a Ilha Rei George isto é possível utilizando os trabalhos de Ochyra & Vaña (1989a e b) e BednarekOchyra et al (2000) para hepáticas e Redon (1985) e Dodge (1973) para liquens, e como só existem duas espécies fanerogâmicas para a região, pode-se estudar esta vegetação, descobrindo como estão relacionadas através de levantamentos fitossociológicos. A primeira tentativa de descrever a estrutura das comunidades vegetais antárticas foi realizado por Skottberg (1912), que reconheceu e classificou algumas comunidades de liquens e musgos na Antártica, utilizando principalmente a fisionomia da formação. Somente três décadas depois as caracterizações receberam uma abordagem analítica e quantitativa (Allison & Lewis-Smith, 1973). Lewis-Smith & Grimngham (1976), apresentam as comunidades de musgos antárticos separados em três unidades hierárquicas principais. A. Formações: Categoria mais abrangente na hierarquia, o critério fisionômico é usado como base para a delimitação, onde também a forma de vida é muito importante. B. Sub-formações: a unidade base desta categoria é a forma de vida do componente predominante em diferentes sítios de amostragem. Para os musgos são distinguidos os acrocárpicos (eretos) e os pleurocárpicos (prostados). Para os liquens são conhecidas as formas crostosas, foliosas e fruticulosas. C. Associações: Baseada na ocorrência de um ou mais espécies em dominancia em um determinado número de amostras. Aparentemente, grandes manchas de vegetação podem apresentar uma única associação, sendo as diferenças representadas por espécies pouco freqüentes. Assim sendo, a composição específica e a preferência por habitat demonstram pequenas variações. 14 D. Sociation: Baseada na dominância de uma ou mais espécies em associação dentro das amostras. Furmanczyk & Ochyra (1982) preferem usar o termo variante para esta unidade. Hu (1998) classifica as comunidades baseado nas espécies dominantes em cada amostra, não fazendo referência a forma de vida, ao contrário dos autores acima. As formações são baseadas na espécie(s) mais freqüente(s) em um dado número de amostras. Este esquema facilita comparar as relações dos vegetais em áreas distintas, pois elege as associações como a identidade das comunidades. O presente trabalho reuniu atividades de campo e laboratório que visaram realizar o estudo fitossociológico utilizando a técnica de quadrados (Braun-Blanquet, 1932), a fim de: - descrever as formações de musgos que ocorrem na área de estudo, bem como as associações observadas em cada formação; - descrever as formas de vida das espécies de musgos que ocorrem nas adjacências da estação poloneza Henrik Arctowski e na Península Keller, baseando-se nas coletas realizadas, na revisão de material coletado em expedições antárticas anteriores e nas descrições das espécies de musgos da região apresentadas na literatura usual. - subsidiar o Projeto “Composição florística e distribuição das comunidades vegetais em áreas de degelo adjacentes à Baia do Almirantado, Ilha Rei George, Antártica”, na elaboração de mapas das formações vegetais da região, bem como na reunião de dados sobre as plantas que crescem em áreas de degelo na Antártica que possam contribuir para a compreensão dos ecossistemas antárticos como um todo; 2. MATERIAL E MÉTODOS 2.1 Área de estudo 2.1.1 A Ilha Rei George A Ilha Rei George situa-se entre as coordenadas 61°50` - 62°15`S e 57°30`- 59° 00`W, no setor oeste da Península Antártica (Fig. 2). Seu clima é determinado pela passagem de sucessivos sistemas ciclônicos, transportando o ar aquecido e úmido, fortes ventos e grande volume de precipitação (Bintanja, 1992). As características da região são típicas de um clima marítimo, com pequena variação na temperatura atmosférica 15 durante o ano, alta umidade relativa do ar e grande cobertura de nuvens (RakusaSuszczewski et al., 1993). Segundo Ferron et al. (2001), o clima pode ser classificado como polar oceânico do hemisferio sul (de a cordo com a classificação de Koppen). Segundo Ochyra & Vãna (1989a), a vegetação de Rei George é típica do Norte da Antártica marítima, possuindo estreita afinidade com as demais ilhas do arquipélago Shetland do Sul, com as Ilhas Orcadas do Sul e com as ilhas a noroeste da Península Antártica. A região é destituída de extensiva cobertura de fanerógamas, somente comunidades dominadas por criptógamas são encontradas, em sua maioria desenvolvendo-se sob influencia das condições oceânicas, ocupando as praias e as faces das montanhas voltadas para o mar (Ochyra, 1998). Entretanto a vegetação de Rei George, difere daquelas encontradas em regiões onde ainda existe atividade vulcânica (Dixon, 1920; Longton & Holdgate, 1967; Lewis-Smith, 1984a, 1984b), como nas Ilhas Sandwich e na Ilha Deception, onde a vegetação se desenvolve ao redor de fumarolas, geralmente dominadas por espécies ainda não conhecidas em outras regiões da Antártica como Anisothecium hookeri (Müll Hal.) Broth. e Marchantia beteoana Lehm. & Lindb. (Ochyra, 1998; Putzke & Pereira, 2001). A cobertura vegetal mais luxuriante é encontrada na Baía do Almirantado (Fig. 3), a maior baía da ilha. Sua topografia contribui para a formação de condições microclimáticas favoráveis ao desenvolvimento das comunidades vegetais. Segundo Marsz & Rakusa-Suszczewski (1987) a cadeia de montanhas ao redor da Baía do Almirantado protege a área da ação de ventos e da precipitação, além de servir de escoamento da água oriunda do degelo, disponibilizando assim, quantidade considerável de áreas para a colonização das plantas (Ochyra, 1998, Rakusa-Suszczewski, 2002). 2.2 Trabalho de Campo Foram estudadas as áreas de degelo nas adjacências da Baía do Almirantado, durante a Operação Antártica XXI e XXII, no período do verão austral entre os meses de dezembro e janeiro dos anos 2002-2003, nas regiões da Península Keller e Arctowski, respectivamente. A partir do levantamento, utilizando-se o método de quadrados de Braun-Blanquet (1932), adaptado às condições da Antártica (Putzke et al., 1995), foram amostradas as comunidades de musgos na região da estação polonesa Henrik Arctowski (Fig. 4). 2.2.1 Amostragem 16 Foram dispostos 240 quadrados na região estudada, utilizando os seguintes critérios: fisionomia, cobertura vegetal e a geomorfologia. Em pequenas manchas de vegetação, foram dispostos quadrados amostrais utilizando-se um acetato com um quadrado de 25x25 cm impresso, também quadriculado em 2,5x 2,5 cm, posicionandose em pé nas proximidades da mancha de modo a esta ficar sobreposta ao acetato, e com base em uma tabela de números aleatórios fixava-se os quadrados de amostrais. Nas manchas maiores utilizou-se transectos de 100m (Fig. 6) onde a cada 10 m era disposto um quadrado (Fig. 7), o número de transectos variou de acordo com o tamanho do campo de musgos. 2.2.2 Análise dos dados Nos quadrados foram avaliados o grau de cobertura e a freqüência contando a porcentagem de área que as espécies ocupavam no quadrado. O grau de cobertura foi medido em cada quadrado individualmente, segundo Kanda (1986), com adequações ao método de Braun-Blanquet (1932), como segue: grau 5 - de 100 a 75% de cobertura da espécie no quadrado; grau 4 – de 75 a 50% de cobertura; grau 3 – 50 a 25% de cobertura; grau 2 – 25 a 10% de cobertura; grau 1 – de 10 a 1% de cobertura. Nos caso de ocorrerem espécies em cobertura inferior a 1% lhes eram atribuídas grau 0,5. Para comparar a composição das formações de musgos observadas no estudo, além da frequência e grau de cobertura, foram calculados os indice de diversidade de Shannon-Weaner (H’), considerando tanto o número de espécies por formação como a equabilidade entre elas. O calculo dos parâmetros diversidade e riqueza foi realizado através do software EstimateS (Colwell, 2003) 2.2.3 Coleta de material A coleta e identificação das espécies de musgos e liquens presentes nos quadrados foram realizadas paralelamente. Também foram coletadas eao acaso, espécimes nos arredores dos quadrados, principalmente se estas não ocorriam nos quadrados, objetivando conhecer a distribuição das espécie. As amostras de briófitas foram obtidas utilizando-se faca, com exceção para as espécies saxícolas que foram coletadas com auxílio de martelo de geólogo e em ambos os casos teve-se o cuidado de sempre retirar parte do substrato juntamente com os 17 espécimes. A metodologia de coleta, herborização e preservação do material seguiu a descrita por Yano (1984). Além dos estudos fitossociológicos as formações vegetais e associações foram localizadas através de coordenadas utilizando GPS e mapa geomorfológico da região. Na Península Keller (Fig. 5) foram somente coletadas espécies de musgos e avaliadas suas formas de vida, bem como em que condições de substrato estas se desenvolviam. 2.3 Identificação das espécies coletadas O sistema de classificação adotado para a Divisão Bryophyta é o de Buck & Goffinet e para a Divisão Marchantiophyta é o de Crandall-Stotler & Stotler (in Shaw & Goffinet 2000). Para a identificação dos musgos e outros briófitos, foram avaliados os caracteres de importância taxonômica, baseada nos trabalho de Crum (1976), Dixon (1920), Hooker & Wilson (1844), Ochyra & Vãna (1989a, b) e utilizando as chaves artificias de identificação, encontradas em Bednarek-Ochyra et al. (2000), Ochyra (1998), Pereira & Putzke (1994) e Putzke & Pereira (1990 e 2001). Para identificar as espécies de liquens foram utilizados os trabalhos de Dodge (1973) Øvstedal & Smith (2001) e Redon (1985). Parte complemetar da metodologia, bem como os resultados e a discussão desta dissertação estão apresentadas na forma de artigos científicos, divididos em capítulos, como segue: Artigo 1. Characterization of plant communities in ice-free areas adjoining the Polish Station H. Arctowski, Admiralty Bay, King George Island, Antarctic (Aceito para publicação nos Anais do V° Simpósio Antártico y I° Latino americano de investigaciones antárticas, Buenos Aires, Argentina). Artigo 2. Composição e distribuição das comunidades de musgos nas áreas de degelo adjacentes a região de Arctowski, Ilha Rei George, Antártica (A ser submetido ao The Journal Hattory Botanical Laboratory). Artigo 3. Associações Líquens - Musgos nas áreas de degelo adjacentes a Punta Thomas e Italia Valley, Ilha Rei George, Antártica (A ser submetido à revista Pesquisa Antártcia Brasileira). Artigo 4. Formas de vida das espécies de musgos nas áreas de degelo da Ilha Rei George, Ilhas Shetland do Sul, Antártica (A ser submetido à revista Polar Biology). 18 CAPÍTULO I. Characterization of plant communities in ice-free areas adjoining the Polish Station H. Arctowski, Admiralty Bay, King George Island (Isla 25 de Mayo), Antarctic. (Artigo aceito para publicação nos Anais do Vº Simpósio Antártico argentino y Iº Simpósio latinoamericano de pesquisas antárticas, Buenos Aires, Argentina) 19 Characterization of plant communities in ice-free areas adjoining the Polish Station H. Arctowski, Admiralty Bay, King George Island (Isla 25 de Mayo), Antarctic. Victoria, F.C.1; Costa, D.P.1;Pereira, A.B.2 1 Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro. 915 Pacheco Leão St., Rio de Janeiro, RJ, Brasil. 2 Universidade Luterana do Brasil, Biology Department. 101Miguel Tostes St., Canoas, RS, Brasil. Research developed with funds from MMA/CNPq/CIRM, through PROANTAR. Palavras-Chaves: Comunidades Vegetais, áreas de degelo, Antártica. Keyword: Plant Communities, ice-free areas, Antarctica. Resumo Durante a Operação Antártica XXIII foram realizados estudos botânicos nas áreas de degelo adjacentes a Estação Polonesa Henrik Arctowski, na Baía do Almirantado, Ilha Rei George, Antártica. Por meio de coletas aleatórias e análises fitossociológicas foi possível classificar a vegetação em quatro comunidades vegetais distintas. É apresentado um mapa com a distribuição de cada comunidade na região. Abstract During the XXIII Expedition Antarctica, botanical studies in the ice free areas adjoining the Polish Station Henrik Arctowski, in the Admiralty Bay, King George Island, Antarctica, had been made. Using random collections and phytossociological analysis it was possible to classify the vegetation in 4 distinct plant communities. A map with the distribution of each community in the region is presented. Introduction King George Island (61º50`- 62º15`S and 57º30`- 59º00`W), located in the South Shetland archipelago (Marine Antarctic), is approximately 65 km long and has widths varying from 4 to 40km. The clime of the region is determined by the crossing of cyclonic succeeding systems that transport moist warm air, seeing that the atmospheric temperature varies little along the year (Ferron et al, 2001). The Polish Antarctic Station Henrik Arctowski (62° 10´S - 58° 28´W) is facing the entrance of the Admiralty Bay, in a sheltered area, with different climatic conditions from those found around the island. The composition and distribution of plant communities are not well known there, what justifies the aims of this work. 20 Materials and Methods In order to map the plant communities of the region, during the XXIII Brazilian Antarctic Expedition (2003/2004), botanical material were randomly and systematically sampled, together with phytossociologic data survey of the ice-free areas adjoining H. Arctowski station. Six sampled areas were outlined for this study: (1) A beach adjoining the H. Arctowski Station; (2) Punta Thomas and adjoining scarps; (3) A beach adjoining the Ecology Glacier; (4) Italy Valley; (5) The Ridges of Panorama Ridge and (6) Jardine Peak and its adjoining ridges. The choice of those areas was based on Putzke et al. (1998). Quadrats of 25x25cm were randomly thrown in those areas and the dominance degree of each species found was calculated according to Braun-Blanquet (1964). In the areas of low plant coverage and in communities found above 120m, only random samples were made, followed by note taking of species occurrence associated with their substrate. The characterization of the communities was based on species of highest abundance in the samples (Kanda, 1986). The collected species were identified based on the work of Bednarek-Ochyra et al. (2000), Putzke & Pereira (2001), Ochyra (1998) and Redon (1985), and the exsiccates were stored in the Herbarium of the Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro (RB), with duplicates for eventual interchange. Results For the ice-free areas adjoining the H. Arctowski Station the following communities were recognized (Fig. 1): 1. Communities of Cryptogam - Phanerogam They have the largest diversity, mainly formed by phanerogams, lichens, mosses and hepaticas growing associated in steady cryosoil and swampy soils. The lichens can be fruticulose, crustose and muscicolous kind, and the most representative species are: Usnea antártica Du Rietz and U. aurantiaco-atra (Jacq.) Bory which are abundant in the rocky emergences, where there is also Rhizocarpon geographicum (L.) DC., in places where the rocks have little or none vegetation at all. Among the mosses it should mainly be noted carpets of Sanionia uncinata (Hedw.) Loeske, and some cushions of Syntrichia princeps (De Not.) Mitt and Hennediella antarctica (Ångstr.) Ochyra & Matteri. Other mosses like Polytrichum juniperinum Hedw., P. piliferum Hedw., Pohlia sp and Bryum sp. may be found forming tufts in very small populations. Phanerogams Deschampsia antarctica Desv. (Poaceae) and Colobanthus quitensis (Kunth.) Bart. (Caryophylaceae), are abundant, specially, next to bird colonies, usually in the beaches. 21 2. Communities of Deschampsia - Cryptogams Communities Deschampsia - cryptogams are typically from Skua Cliff and Jersak Hills, between 60 –100m, forming a transition zone from cryptogamsphanerogams communities. Characteristic in this communities are tufts of mosses of P. juniperinum and large carpets of Sanionia uncinata, while Syntrichia príncipes (De Not.) Mitt and S. saxicola (Card.) Zand. appear in rocky emergences, always associated with Usnea aurantiaco-atra (Jacq.) Bory, U. antarctica Du Rietz and cushions of Andreaea depressinervis Card. Among the hepaticas it should be pointed out Cephaloziella cf varians (Gottsche) Steph. and Lophozia excisa (Dicks.) Dumort. associated with carpets of S. uncinata and tufts of Chorisodontium acyphyllum (Hook. f. & Wils.) Broth., usually in very wet areas where water from defrosting gets accumulated. Here turfs of Colobanthus quitensis are rare. 3. Communities of Lichens - mosses Mostly found above 120m, being very frequent in unstable rocks and soil, specially in the walls of Jardine Peak, in the scarps of Jersak Hill, in moraines north of Ecology Glacier and in the far north of Punta Thomas. Those communities are characteristically saxicolous where there are hight densities of Usnea antarctica and U. aurantiaco-atra. The predominant mosses are Schistidium antarctici (Card.) L. I. Savicz & Smirnova, Syntrichia princeps, S. saxicola, Andreaea regularis Müll. Hal. and Andreaea gainii Card., all happening in a cushion like shape. Due to the short availability of soil or due its instability, Deschampsia antarctica or Colobanthus quitensis is hardly found in those areas, as they are dependent of that substrate. 4. Fragment communities of Lichens – Cushions of mosses Areas with isolated species or in very low density. It has with fragmented distribution, probably happening in all recent exposed areas. The vegetation is mainly cushions of Syntrichia princeps, S. saxicola and Andreaea sp., and fruticulose lichens such as Usnea antarctica and U. arantiacoatra, all developing in unstable cryosoils or even in the moraines, present from 5 to 100m. Those fragments are well visible especially in the beach facing Ezcurra small bay, where there is also isolated turfs of Deschampsia antarctica and Colobanthus quitensis, and in small patches next to Ecology Glacier, seeing that in other parts they are less clear due the layer of ice and snow that cover the adjoining areas. Possibly those fragments show up when defrosting is well ahead. 22 62° 10´ Fig. 1 Plant communities distribution map in the ice-free areas adjoining H. Arctowski Station. I- Cryptogams-Phanerogams communities. II- Lichens-mosses communities. III- Deschampsia-Cryptogams communities. IV- Lichens-cushions of mosses fragments. References Bednarek-Ochyra, H. Vãna, J., Lewis-Smith, R. I., Ochyra, R., 2000. The liverwort of Antarctica. Polish Academy of Science, Institute of Botany, Cracow, 237 pp. 23 Braun-Blanquet, J., 1964. Pflanzensociologie. 3. Aufl. Wien, Springer, 865 pp. Ferron, F. A., Simões, J. C., Aquino, F. E., 2001. Série Temporal de Temperatura atmosférica para a Ilha Rei George, Antártica. Revista do Departamento de Geografia, 14: 25-32. Kanda, H., 1986. Moss communities in some ece-free areas along the Söya Coast, East Antarctica. Memoirs of National Institute of Polar Researche, Special Issue, 44: 229240. Ochyra, R., 1998. The Moss Flora of King George Island, Antarctica. Polish Academy of Science, Institute of Botany, Cracow, 279 pp. Putzke, J., Lopes-Putzke, M. T. & Pereira, A. B., 1997. Mosses communities of Rip Point in Northern Nelson Island, Antarctica. Pesquisa Antártica Brasileira Rio de Janeiro, RJ: 3: 104-115. Putzke, J. & Pereira, A. B., 2001. The Antarctic Mosses with special reference to the Shetland Island. Canoas, 196 pp. Redon, J., 1985. Líquenes Antárticos. I.N.A.C.H. Santiago de Chile. 165 pp CAPÍTULO II. Composição e distribuição das formações de musgos nas áreas de degelo adjacentes a região de Arctowski, Baía do Almirantado, Ilha Rei George, Antártica. (Artigo a ser submetido ao The Journal of Hattori Botanical Laboratory) 24 COMPOSIÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DAS FORMAÇÕES DE MUSGOS NAS ÁREAS DE DEGELO ADJACENTES A REGIÃO DE ARCTOWSKI, BAÍA DO ALMIRANTADO, ILHA REI GEORGE, ANTÁRTICA. Filipe de Carvalho Victoria1 Antonio Batista Pereira2 Denise Pinheiro da Costa1 Abstract: The phytosociology of the moss vegetation in the ice-free areas of Aldmiralty Bay (King George Island, South Shetland Islands, Antarctica) was investigated during the 2003/2004 summer season. A total 7 of formations are recognized and 12 associations defined in the Antarctic moss tundra and the Antarctic moss swamp. These are described and their distribution in the area, as well given the species richness and diversity index for each formation found in this study. INTRODUÇÃO A Ilha Rei George (61o 50´S, 62o 15´W) está localizada no Arquipélago Shetlands do Sul (Antártica Marítima). No interior da ilha localiza-se a Baía do Almirantado, uma região abrigada com microclima muito distinto do encontrado em outras partes da ilha, especialmente em relação aos ventos (Pereira & Putzke 1994). Em 1 Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Pacheco Leão St., Rio de Janeiro. Brazil. Universidade Luterana do Brasil, Miguel Tostes 101, Canoas. Brazil. 2 25 consideração a intensa atividade humana, foi criada nesta região a Área Antártica Especialmente Gerenciada (Antarctic Special Managed Area -ASMA) da Baía do Almirantado (Fig. 1), objetivando minimizar o impacto sobre a biota (Simões et al., 2001). As áreas de degelo adjacentes a Estação Antártica Polonesa Henrikk Arctowski na costa oeste da Baía do Almirantado, apresentam um gradiente altitudinal que varia do nível do mar (praias) atingindo ca. 500 msm (Jardine Peaks). As praias de Arctowski são formadas, principalmente, por rochas e sedimento vulcânico, sendo observadas ossadas de baleias ao longo da praia. Estas ossadas são remanescentes da indústria do óleo de baleia, muito comum na região entre os séculos IX e XX (Cardot 1910, Holdgate 1964, Hooker 1847). Principalmente no verão a Baía do Almirantado é habitada por inúmeras espécies de animais, como focas, pingüins e outras aves marinhas. Os musgos e os liquens desenvolvem-se no verão, após a neve do inverno anterior desaparecer (Putzke et al. 1995). Segundo Rakusa-Suszczewski (2002), as temperaturas médias pouco variam durante o ano, estando geralmente em torno dos 0º C, porem a região possui uma variação diurna alta (Cygan, 1981), no verão a temperatura varia de –5º C a 13º C, podendo chegar a -30° C no inverno. Segundo Kowalski (1985), os ventos e a umidade podem abaixar significantemente a sensação térmica. Estudos com comunidades vegetais na Antártica possuem uma história muito recente quando comparadas com os estudos em regiões tropicais e temperadas. Entretanto, existem áreas com excelentes descrições de sua vegetação, como por exemplo, as Ilhas Shetlands do Sul (Lindsay 1971, Furmanczy & Ochyra 1982, Hu 1998), Ilhas Signy (Lewis-Smith 1972), Ilha Nelson (Putzke et al. 1995), Ilha Elephante (Allison & Lewis-Smith 1973, Pereira & Putzke 1994), entre outras. Em geral estes autores descreveram as unidades de vegetação em suas fisionomias, agregando os dados de estudos florísticos e, às vezes, ecológicos (como em Allison & Lewis-Smith 1973, Pereira & Putzke 1994 e Hu 1998). Entretanto nenhum trabalho apresenta mapas com a distribuição destas comunidades em suas respectivas áreas, exceto Furmanczy & Ochyra (1982) que apresentam mapas com a distribuição de parte das comunidades vegetais da Baía do Almirantado. Geralmente as descrições das comunidades vegetais em áreas de degelo da Antártica marítima não fornecem dados que possibilitem comparar estas sob o ponto de vista fitossociológico. A estimativa visual não demonstra nem qualitativa, tampouco 26 quantitativamente, a abundância e freqüência das espécies dentro das comunidades, o que dificulta identificar como estas relacionam-se e estão agrupadas dentro destas comunidades. A partir dos dados publicados por Furmanczy & Ochyra (1982) e Kanda (1986), reconhece-se que as comunidades vegetais nas áreas de degelo da Antártica possuem um caráter fisionômico de fácil identificação, onde a espécie dominante destaca-se seja pela sua forma de vida ou mesmo por sua coloração, como por exemplo, os tapetes de Sanionia uncinata (Hedw.) Loeske, com ampla distribuição na Baía do Almirantado, ou ainda os tufos de Polytrichum juniperinum Hedw. que são facilmente reconhecidos nos terraços marinhos da região de Arctowski (Ochyra 1998). Porém existem muito mais além do observado superficialmente. Alguns sítios podem apresentar espécies que a primeira vista não parecem figurar na amostra, ou ainda esconder importantes associações, na maioria das vezes duas ou mais espécies de musgos com aspecto e coloração parecidos. Estes detalhes somente são identificados através de um método de amostragem, que, com maior fidelidade, demonstrem quais são os membros dominantes dentro da comunidade, e ainda quem aparece associado, em menor e maior grau, a estes. Com uma análise criteriosa destes dados é possível entender como as espécies envolvidas no estudo estão relacionadas entre si e com o ambiente em que estão inseridas, bem como o nível em que estas relações estão ocorrendo. O objetivo deste trabalho é descrever e discutir as formações de musgos dominantes e suas respectivas associações nas áreas de degelo da região de Artctowski. MATERIAL E MÉTODOS Para a realização deste trabalho, a equipe do Projeto “Comunidades vegetais das áreas de degelo da Antártica”, participantes da Operação Antártica XXII do Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR), durante o verão austral 2003/04, estudaram as comunidades de criptógamos, com ênfase nas comunidades de briófitas adjacentes a estação poloneza H. Arctowski e da praia próxima ao Glaciar Ecology (Fig.2), as quais foram devidamente mapeadas e identificadas. Foram realizados levantamentos fitossociológicos em um gradiente altitudinal de 0 à 250 msm, seguindo o método de amostragem de Braum-Blanquet (1932), adaptados às condições da Antártica. Para tanto foram utilizando quadrados de 25 x 25 cm, subdivididos em 100 quadrículas de 2,5 x 2,5 cm, estes quadrados foram dispostos 10 metros de distância um do outro seguindo a marcação de um transecto de 100 metros, totalizando 20 transectos com 200 quadrados. 27 Em áreas com menor biomassa vegetal ou em pequenas manchas de vegetação os quadrados forma dispostos com auxílio de uma matriz de acetato (25 x 25 cm), com base em uma tabela de números aleatórios, totalizando 40 quadrados assim dispostos. Ambos os procedimentos de coleta de dados serviram para verificar cobertura e freqüência das espécies de musgos nas áreas de degelo. O grau de cobertura seguiu Kanda (1986) e a freqüência (Putzke et al., 1995). Foi adotado o esquema de caracterização de Hu (1998) para a determinação do tipo de comunidade, principalmente por utilizar as associações como a unidade básica para a classificação das comunidades, diferente dos demais autores que utilizam as formas de vida (fisionomia) para este fim. Concomitantemente com a amostragem fitossociológica foram realizadas coleta dos musgos que ocorriam em cada quadrado para estudo de laboratório, para identificar os taxa a nível específico. Para a identificação das briófitas utilizou-se Putzke & Pereira (1990), Putzke & Pereira (2001), Ochyra (1998) e Bednarek-Ochyra et al (2000). 28 Fig. 1. Localização da área de estudo. Acima o continente Antártico, destacando as Shetlands do Sul. Abaixo à esquerda a Ilha Rei Geoge e à direita a Baía do Almirantado, mostrando os limites da Área Antártica Especialmente Gerenciada (linha tracejada) e os limites da Área de Interesse Científico Especial (linhas paralelas). (Adaptado de Simões et al. 2004) 29 Foram utilizadas análises estatísticas, com o auxílio do programa EstimateS 5.0 para obtenção dos índices dos parâmetros fitossociológicos (Chaos 2004, Colwell 2003). Foi adotado o índice de Shannon, para estimar a diversidade e seu correspondente índice de equabilidade, de acordo com Hu (1998), para fins de comparar os resultados obtidos com os deste autor. Para ilustrar a importância das espécies na amostragem total, foi utilizado o índice de importância ecológica (Lara & Mazimpaka 1998), que combina os parâmetros de abundância (cobertura e freqüência) sendo o indíce assim discriminado: IIE= F(1+C) Onde: F é a freqüência relativa da espécie na área ou habitat, é dado pelo número de ocorrências (x) dividido pelo número total das amostras consideradas (n): F=100x/n C é a cobertura média da espécie nas amostras: C=S(ci)/x; onde ci é a classe de cobertura e x o número de pontos amostrais que a espécie ocorre, são similares aos usados por Braun-Blanquet (1964). Os nomes das localidades apresentadas neste trabalho seguem a nomenclatura oficial de acordo com Simões et al (2004). RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram observadas 40 espécies na amostragem dos quadrados, sendo 28 de musgos, 2 hepáticas, 2 angiospermas, 1 alga e 7 espécies de fungos liquenizados. Sanionia uncinata (Hedw.) Loeske a espécies de musgo mais importante na análise total das amostras (240 quadrados), apresentando o maior índice de importância ecológica (Tabela 1). A família com maior riqueza de espécies foi Bryaceae, com sete (7) espécies, seguida de Andreaeaceae, Polytrichaceae e Pottiaceae com três espécies amostradas cada uma (Fig. 2). O gênero Bryum ocorreu com maior número de espécies amostradas (4), seguida de Andreaea e Pohlia, com três espécies cada, Polytrichum e Syntrichia apresentaram duas espécies nas amostras. As famílias e suas respectivas espécies mais freqüentes foram Amblystegieaceae, com a ocorrência de Sanionia uncinata, Polytrichaceae, com Polytrichum juniperinum, Bryaceae, com Bryum pseudotriquetrum, Pottiaceae, com Syntrichia princeps e Andreaceae, com Andreaea gainii como espécie mais freqüente. 30 LISTA DE ESPÉCIES BRYOPHYTA AMBLYSTEGIACEAE Sanionia uncinata (Hedw.) Loeske ANDREAEACEAE Andreaea depressinervis Card. Andreaea gainii Card. Andreaea regularis Müll. Hal. BARTRAMIACEAE Bartramia patens Brid. Conostomum magellanicum Sull. BRACHYTHECIACEAE Brachythecium austrosalebrosum (Müll. Hall.) Kindb. BRYACEAE Bryum amblyodon Müll. Hall. Bryum orbiculatifolium Card. & Broth. Bryum pallescens Schelich. ex Schwägr. Bryum pseudotriquetrum (Hedw.) P. Gaertn., B. Mey. & Scherb. Pohlia cruda (Hedw.) Lindb. Pohlia drummondii (Müll. Hall.) A.L. Andrews Pohlia nutans (Hedw.) Lindb. DICRANACEAE Chorisodontium aciphyllum (Hook. f. & Wilson) Broth. DITRICHACEAE Ceratodon purpureus (Hedw.) Brid. Ditrichum hyalinum (Mitt.) Kuntze Ditrichum lewis-smithii Ochyra 31 GRIMMIACEAE Racomitrium sudeticum (Funck) Bruch & Schimp. Schistidium falcatum (Hook. f. et Wils.) B. Bremer MEESIACEAE Meesia uliginosa Hedw. POLYTRICHACEAE Politrichastrum alpinum (Hedw.) G.L.Smith Polytrichum juniperinum Hedw. Polytrichum piliferum Hedw. POTTIACEAE Hennediella heimii (Hedw.) R. H. Zander Syntrichia princeps (De Not.) Mitt Syntrichia saxicola (Card.) R. H. Zander SELIGERACEAE Dicranoweisia brevipes (Müll. Hall.) Card. MARCHANTIOPHYTA CEPHALOZIELLACEAE Cephaloziella varians (Gottsche) Steph. LOPHOZIACEAE Lophozia excisa (Dicks.) Dumort. ALGAS Prasiola crispa (Lightfoot) Menegh. 32 FANERÓGAMAS Colobanthus quitensis (Kunth) Bartl Deschampsia antarctica Desv. LIQUENS Caloplaca sp Cladonia sp Cornicularia sp Leptogium sp Rizocarpum geograficum (L.) DC Usnea antarctica Du Rietz Usnea aurantiaco-atra (Jacq.) Bory Onze espécies apareceram como dominantes em uma ou mais vezes na amostragem (Tabela 1) e 10 espécies foram observadas na amostra em freqüência e abundânica baixa, figurando nas comunidades como espécies eventualmente encontradas (Tabela 2), estas freqüentemente apresentavam cobertura menor que 1%. Os restantes das espécies observados ocorreram com maior freqüência, mas em baixa cobertura e, execetuando-se Colobanthus quitensis, nenhuma destas apareceu em dominância nos quadrados. Os musgos foram as espécies dominantes em 75% dos quadrados dispostos no estudo, nas demais amostras ou liquens ou a gramínea Deschampsia antarctica possuíam cobertura dominante. Polytrichum juniperinum S. uncinata e D. antarctica, ocorreram como dominantes mais de uma vez na mesma amostra. 33 Tabela 1. Espécies mais importantes na abordagem fitossociológica realizada na região de Arctowski. Nº de quadrados = número de quadrado em que a espécie foi observada; Qdominante = quantidade de quadrados que a espécie ocorreu em cobertura dominante; F = freqüência das espécies em 240 quadrados amostrados; IIE = índice de importância ecológica da espécie na amostra total. Espécies Musgos Sanionia uncinata Polytrichum juniperinum Syntrichia princes Bryum pseudotriquetrum Andreaea gainii Ditrichum hyalinum Bartramia patens Outros Deschampsia antarctica Usnea antarctica Usnea aurantiaco-atra Chephaloziella varians Nº Quadrados Qdominante F (%) IIE 177 146 21 55 18 13 6 76 29 6 18 5 1 1 74 60 8,75 22,51 7,5 5,4 2,5 215,20 153,54 22,96 52,4 24,54 11,1 1,625 190 66 16 8 55 25 5 0 79,17 27,5 6,66 3,33 245,8 77,29 15 7,05 Tabela 2. Espécies eventualmente encontradas na amostragem. Nº de quadrados = quantidade de quadrados que a espécie foi observada; Cr = Cobertura da espécie nos quadrados amostrados; F = freqüência das espécies na amostragem; IIE = índice de importância ecológica da espécie na amostra total. Espécies Andreaea depressinervis Bryum amblyodon Cladonia aff metacularifera Cornicularia sp Lophozia excisa PohliaTabela drumondii (Cont. 2) Schistidium falcatum Brachythecium austrosalebrosum Chorisodontium aciphyllum Dicranoweisia brevipes Pohlia cruda Nº Quadrados 1 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2 Cr (%) 15 5 3 4 2 2 2 5-10 10-25 10-25 5-10 F(%) 0,41 0,41 0,41 0,41 0,41 0,41 0,41 0,83 0,83 0,83 0,83 IIE 1,25 0,83 0,83 0,83 0,83 0,83 0,83 1,66 2,03 2,03 1,66 FORMAÇÕES DE MUSGOS OBSERVADAS NA REGIÃO DE ARCTOWSKI Foram reconhecidas 5 formações de musgos na região de estudo (Tabela 3), sendo que quatro destas ocorrem em áreas bem drenadas e rochosas (tundra antártica). 34 Somente uma formação foi observada em áreas alagadas (pântano antártico), como segue: 1. Formação Sanionia uncinata. Sanionia uncinata é a espécie com maior biomassa na Ilha Rei George, ocorrendo em um gradiente geomofológico, desde os topos de planaltos até as encostas, bem como nas praias. Na região de Arctowski esta espécie forma extensos tapetes na praia adjacente a estação polonesa (Fig. 3I). Entretanto, a formação aqui evidenciada ocorre somente em áreas com substrato estável, composta por 24 táxons (E= 0,75203; H’= 2,39). São freqüentemente observadas as seguintes associações nesta formação. 1.1 Associação Sanionia uncinata – Deschampsia antarctica Possui ampla distribuição, ocorrendo desde o nível do mar até 120 msm, principalmente próximo a Pingüim Ridge e Skua Cliff, ao redor das colônias de Skua e de pingüim Adélia (Pygoscelis adeliae). Está bem representada no limite da tundra com o pântano antártico. Associação mais freqüente na área de estudo, com ampla distribuição, exceto nas áreas de afloramento rochoso. Ocorre em ambiente relativamente úmido, com linhas de drenagem próximas que alimentam pequenos lagos ou poças, onde as espécies se desenvolvem. Sanionia uncinata possui cobertura em torno de 70% nos quadrados, enquanto Deschampsia antarctica varia entre 20 a 30%. Não são raros liquens fruticulosos, como Usnea antarctica e U. aurantiaco-atra próximos a esta associação, principalmente próximo às encostas, porém a cobertura destes liquens não excede 15%. Também são encontrados coxins de Syntrichia princeps e tufos de Polytrichum juniperinum e P. piliferum em cobertura aproximada de 15%, e alguns poucos indivíduos de Brachythecium austrosalebroum, Ditrichum hyalinum, ambos com cobertura menor que 5%. 1.2 Associação Sanionia uncinata – Polytrichum juniperinum Distribuída principalmente em torno das encostas de Skua Cliff, caracteriza-se pela ocorrência próximos aos ninhos de Skua da região. Ocorre sobre substrato pedregoso com muitos afloramentos, mas com partes de solo estável bem drenado. A cobertura de S. uncinata fica em torno dos 50%, cobrindo o solo entre as rochas, já P. juniperinum recobre 25%, principalmente nas rochas adjacentes aos tapetes de S. uncinata. É comum ocorrerem entre os tufos de P. juniperinum, Chorisodontium acyphyllum e Cephaloziella varians, 35 sempre associados, cobrindo cerca de 20% do quadrado, quando presentes. Está é uma associação tipicamente ornitocoprófila, por ocorrer junto aos ninhos de Skua, porém podem também ocorrer em fragmentos na praia, próximos a associação anterior, em menor freqüência. 1.3 Associação Sanionia uncinata – Usnea antarctica Esta associação é a menos freqüente da formação, estando limitada às partes mais altas das encostas próximas a praia (ca. 70msm), principalmente na face de Skua cliff voltada para a estação H. Arctowski. Sanionia uncinata ocorre em menor freqüência em relação as associações anteriores, com cerca de 35% de cobertura. Já Usnea antarctica ocorre nas rochas soltas ou não que circundam os tapetes dos musgos, em uma cobertura de 15%. Podem ocorrem outros liquens, como Rizocarpum geographicum e Usnea aurantiaco-atra, porém raramente com cobertura superior a 5%. 1.4 Associação Sanionia uncinata – Andreaea gainii Esta associação ocorreu apenas nas amostras lançadas em Ornithologists Creeck (5/40), proxímo a praia, junto a ninhos de skuas. Alguns líquens muscícolas ocorrem associadas a estas duas espécies de musgos dominantes, sendo os mais importantes Usnea antarctica e Caloplaca sp. Andreaea gainii ocorre entre o tapete de S. uncinata, sobre pequenos fragmentos de rocha. Esta mesma associação foi registrada em formações de Sanionia uncinata da Ilha Nelson, ilha vizinha a Rei George (Putzke et al. 1995). 1.5 Associação Sanionia uncinata – Colobanthus quitensis Encontrada em apenas três sítios amostrados. A cobertura do musgo está em torno de 30% enquanto de C. quitensis pode atingir os 25%. Nesta associação S. uncinata freqüentemente ocorre em tufos, podendo ser encontrados tufos de P. piliferum entre as duas espécies, mas em cobertura muita baixa, cerca de 1%. 1.6 Associação Sanionia – Deschampsia – Cladonia Associação limitada ao bordo dos afloramentos sobre pequenos fragmentos de rocha, geralmente os tapetes de S. uncinata estão sobre a rocha e os céspedes de D. antarctica sobre a camada orgânica formada por indivíduos mortos de musgo. O líquen fruticuloso Cladonia sp está associado aos tapetes de musgo, porém fixados na rocha 36 abaixo. S. uncinata possui a maior cobertura da associação, cerca de 60%, podendo, às vezes, ocorrer em freqüência igual à máxima observada para Cladonia sp, em torno de 30%. Deschampsia antarctica apresenta céspedes vistosos, que podem dar a falsa impressão de dominância na associação, mas na contagem dos quadrados foi observado que a cobertura desta espécies varia entre 15% e 20%. 1.7 Associação Bartramia patens – Deschampsia antarctica Ocorreu em um único quadrado com ambas as espécies dominantes apresentando cobertura aproximada de 25%. Além destas ocorrem também Polytrichastrum alpinum, Polytrichum juniperinum, P. piliferum, Sanionia uncinata, Syntrichia princeps, Messia uliginosa todas com cobertura não superior a 5%. Duas espécies de liquens ocorreram nesta amostra, Leptogium sp e Cladonia sp, com a mesma cobertura das espécies de musgos não dominantes nesta associação. A hepática Lophozia excisa é encontrada em conjuntos compactos e enegrecidos entre os tufos de Bartramia patens, sempre com cobertura menor que 1%. 2. Formação Sanionia uncinata –Deschampsia antartica – Polytrichum juniperinum Esta formação é típica de Rakusa Point e Ornithologists creek (Fig. 3.II). Devido ao substrato mais estável das áreas mais próximas a praia, S. uncinata e D. antarctica desenvolvem-se abundamente, utilizando o substrato ricamente ornitogênico para se fixarem. Polytrichum juniperinum ocorre entre os céspedes de D. antarctica, em solos com inúmeras partículas de rocha. Foram observadas 18 espécies (E= 0,73001; H’=2,11), porém somente 3 espécies ocorriam associadas, como descrito abaixo. 2.1 Associação Sanionia uncinata -Deschampsia antarctica -Polytrichum juniperinum Esta bem representada em toda a formação, com as mesmas características da fisionomia acima, com distribuição limitada as encostas entre Rakusa Point e Ornithologist creek. S. uncinata, D. antarctica e P. juniperinum apresentam coberturas similares, variando de 25 a 30% para cada espécie. São comuns também os coxins de Syntrichia princeps e Hennediela antarctica, porém ambas nunca excedendo os 5% de cobertura. Os liquens são raros, mas podem ocorrer Cladonia sp crescendo sobre S. uncinata, geralmente matando o musgo. 3. Formação Polytrichum juniperinum 37 Formação limitada as áreas mais altas de Skua cliff, ca. 100 msm (Fig. 3III), ocorrendo em sítios bem drenados e de substrato rochoso, com alguma deposição de solo nas fendas entre rochas. Foram observadas 21 espécies nesta formação (E=0,79487; H’=2,42), em duas associações distintas. 3.1 Associação Polytrichum juniperinum Formada praticamente pelos tufos de Polytrichum juniperinum, com cobertura próxima aos 40%. Geralmente ocorrem diversos liquens, com cobertura menor que 1% e geralmente estes crescem em fragmentos de rochas próximos aos tufos do musgo supra citado. Podem ocasionalmente ocorrer, pequenos tufos de Sanionia uncinata e Bartramia patens, mas nunca com cobertura superior aos 5%. Cephaloziella varians também ocorre, sua cobertura é igual a dos demais musgos da associação. Coma exceção de P. juniperinum, geralmente as demais espécies ocorrem em solo pedregoso ou diretamente sobre rocha, uma vez que o solo é escasso. 3.2 Associação Polytrichum juniperinum – Sanionia uncinata- Usnea antarctica Associação mais freqüente, com a mesma distribuição da formação, facilmente observada, visto que os tufos de P. juniperinum são exuberantes em contraste com os liquens, formando um degrade do verde para o cinza. Sanionia uncinata ocorre em tufos lado a lado com P. juniperinum e Usnea antarctica recobre as rochas expostas. P. juniperinum apresenta cobertura de ca. 25%, enquanto Sanionia uncinata e Usnea antarctica nunca ultrapassam os 20%. Andreaea gainii pode ocorrer junto a esta associação, geralmente próximo aos talos de Usnea antarctica, sobre as rochas, sua cobertura varia entre 5% a 25%. São raros, mas podem ocorrer o líquen Rizhocarpum geographicum e a cariofilacea Colobanthus quitensis, em cobertura de 1% e 5% respectivamente. 4. Formação Syntrichia princeps – Deschampsia antarctica – Prasiola crispa Formada principalmente por coxins de Syntrychia princeps, próximos às colônias de pingüins Adélia de Rakusa Point (Fig. 3IV). Uma formação pequena representada, por 8 espécies (E=0,88004; H’=1,83), sendo que 5 espécies foram observadas ocorrendo eventualmente nas amostras. É comum em Rakusa Point, onde ocorrem uma das maiores colônias de Pingüins Adélia da região. Somente a associação entre Syntrichia princeps, Deschampsia antarctica e a alga Prasiola crispa foi 38 observada. O musgo apresentando 20% de cobertura, enquanto a angiosperma D. antarctica cerca de 15% e a alga continental P. crispa cerca de 10%. 5. Formação Bryum pseudotriquetrum Formação das áreas alagadas e interior das linhas de drenagem da região de Arctowski. Esta distribuída por toda a face sul desta área, am altitudes inferiores aos 30 msm, ocorrendo principalmente nas praias adjacentes ao glaciar Ecology (Fig. 3V). O substrato destas praias é predominatemente rochoso, isto deve-se principalmente a ausência ou escassez de vegetais acumuladores de materia orgânica, como Colobanthus quitensis, Deschampsia antarctica e Sanionia uncianta, sendo os dois últimos apresentando somente individuos pequenos, em cobertura abaixo dos 1%. A diversidade desta formação é baixa se comparadas às comunidades de tundra de mesma altitude (E= 0,62554; H’1,50), sendo observadas 11 espécies crescendo geralmente ao redor das linhas de drenagem. A espécie dominante desta formação é Bryum pseudotriquetrum é encontrada tanto no interior de linhas de drenagem como em suas margens, com cobertura entre 40-60%. 5.1 Associação Bryum pseudotriquetrum Esta associação ocorre, principalmente, nas adjacências de pequenas linhas de drenagem ou ao redor de lagos originados do degelo na face mais ao sul da Estação polonesa, com a mesma distribuição da formação supra (Fig. 2V). Geralmente se destacam os tufos de musgos, sendo Bryum pseudotriquetrum a espécie dominante, frequentemente acima dos 50% de cobertura, freqüentemente associada aos musgos Bryum pallecens e Syntrichia princeps e a alga continental Prasiola crispa. Dentro das linhas de drenagem somente foram observados os tufos de B. pseudotriquetrum. 5.2 Associação Bryum pseudotriquetrum - Sanionia uncinata Associação comum nas linhas de drenagem mais ao sudoeste da região, na porção de praia mais próxima do glaciar Ecology. Nesta área a vegetação dispõem-se em fragmentos esparsos de baixa diversidade, freqüentemente em conjuntos formados por 3 espécies associadas. Geralmente são observados os musgos Bryum pseudotriquetrum e Sanionia uncinata associados, em cobertura não superior aos 25% cada, junto com Deschampsia Antarctica ou Pohlia nutans ou ainda Colobanthus 39 quitensis, em cobertura igual ou inferior aos 1% cada, porém raramente estas são encontradas juntas na mesma amostra. 5.3 Associação Bryum pseudotriquetrum - Cephaloziella varians Associação rara onde o musgo Bryum pseudotriquetrum e a hepática Cephaloziella varians observada em dois quadrados dispostos no pântano presente na praia anexa à Ecology. Desenvolve-se no interior de um pequeno lago, entre a faixa de praia, composta por seixo e outras rochas, e a associação descrita acima. Cerca de 40% da amostra e composta pelo musgo, enquanto a hepática cobre entre 10 e 25% dos quadrados amostrados com esta associação presente. 5.4 Associação Conostomum magellanicum - Sanionia uncinata Associação presente na praia entre Ornithologist Creek e o glaciar Ecology, em uma região pedregosa de pouca drenagem. Conostomum magellanicum ocorre em cobertura próxima aos 50% rodeado por tapetes de S. uncinata. Esta última espécie ocorre com cobertura aproximada de 25%, a maior cobertura deste musgo amostrada em área alagada. O substrato onde estas duas espécies de musgos são encontradas é formado por rochas que, provalvelmente, foram carreadas dos terraços marítimos próximos (por exemplo, Skua Cliff). Geralmente estas rochas são facilmente removidas junto com S. uncinata quando esta é coletada, evidenciando a importância desta espécie em agregar partículas de rocha para a consolidação do substrato. Em uma pequena camada de solo entre as rochas, são encontrados tufos enegrecidos de Cephaloziella varians, que, pela coloração, confundem-se facilmente com o solo e as rochas ao redor. 5.5 Associação Pohlia drummondii - Cephaloziella varians - Sanionia uncianta Associação encontrada em um único quadrado na margem de uma linha de drenagem entre Skua Cliff e as morainas ao norte da geleira Ecology, em um fragmento isolado de vegetação a ca. 40 m da associação acima descrita. Os dados coletados nesta amostra foram comparados com o restante da vegetação em redor, sendo constatado que se tratava de um conjunto associado desta três espécies e, apesar de uma única amostra, resolvemos descrevê-la. Tufos de Pohlia drummondii recobriam cerca de 75% do quadrado, enquanto as demais espécies da associação em torno de 25%. A hepática ocorria em tufos frouxos entre os musgos, ao contrário dos demais sítios onde esta foi 40 observada. O substrato, composto por solo e grandes fragmentos de rocha, com maior drenagem comparado aos sites das demais associações de áreas alagadas. A brioflora da Baía do Almirantado é bem conhecida (Putzke & Pereira 1990, Putzke & Pereira 2001, Ochyra 1998), sendo citadas 58 espécies de musgos para a região. Destas somente 28 espécies foram observadas no levantamento fitossociológico, em um total de 240 quadrados amostrados, evidenciando as diferenças entre as abordagens florísticas e fittosiológicas. Já eram esperados que o maior número de pertencessem às famílias Andreaeaceae, Bryaceae, Polytrichaceae e Pottiaceae, uma vez que são as famílias mais ricas na Antártica Marítima (Allison & Lewis-Smith 1973). A família Grimmiaceae apresenta 11 espécies conhecidadas para as Ilhas Shetlands do Sul, porém somente duas espécies foram encontradas. Isto pode estar relacionado com a maior ocorrência desta família, principalmente do gênero Schistidium, em áreas de substrato rochoso acima dos 250 msm (Ochyra 1998), que não foram amostradas neste trabalho. Sanionia uncinata e Polytrichum juniperinum foram as espécies de musgos mais freqüentes na amostragem, o que já era esperado devido S. uncinata ser a espécie com maior biomassa na Antártica Marítima (Putzke & Pereira 2001) e P. juniperinum, que para Ochyra (1998), possui sua maior população na Baía do Almirantado. Das formações de musgos encontradas, duas ocorrem em outras áreas já estudadas da Península Antártica. A formação Sanionia uncinata foi observada por Putzke et al. (1995), na Ilha Nelson (como Sanionia uncinata “sociation”) e por Hu (1998) na Península Fields (Ilha Rei George). A formação Bryum pseudotriquetrum foi observada por Kanda (1986), sob a denominação de Bryum pseudotriquetrum “sociation”. Furmanczy & Ochyra (1982) estudaram a vegetação de Jasnorzewski Gardens, concentrando seus esforços na praia adjacente a estação polonesa, descrevendo a vegetação desta área como algo parecido com a formação Sanionia uncinata– Deschampsia antarctica – Polytrichum juniperinum, porém não são apresentados dados quantitativos. Portanto, na ausência dos índices fitossociológicos, não pode ser comparado a formação apresentada por este autor com a formação Sanionia unicinata observada neste presente trabalho. As demais formações e suas respectivas associações são diferentes das descritas nos trabalhos sobre este tema. 41 As formações distribuídas em áreas montanhosas, com predominância de substrato rochoso apresentam elevados índices de riqueza, equabilidade e diversidade de espécies e as formações encontradas próximo ao nível do mar, embora mais viçosas, possuem índices mais baixos (Tabela 3.). Isto é claramente exemplificado comparando os índices de diversidade das formações Sanionia uncinata e Polytrichum juniperinum. A primeira formação possui maior distribuição, desde de Skua Cliff até as proximidades da estação polonesa, sendo observadas 24 espécies (H’=2,39). A formação Polytrichum juniperinum está limitada às encostas de Skua Cliff, com distribuição inferior comparada a formação Sanionia uncinata, onde foram observadas 21 espécies (H’=2,42). Hu (1998) obteve resultados semelhantes com a distribuição das comunidades de musgos na Península Fields, também na Ilha Rei George, porém com maior similaridade de espécies dominantes nas formações de tundra e nos pântanos, o que não acontece na região de Arctowski. Em formações próximas as colônias de pingüins e as linhas de drenagem a diversidade e a riqueza foram nitidamente menores que nas áreas secas ou sem colônias de aves ativas. Nestas áreas a diversidade é geralmente menor em função do substrato. Próximo às colônias de aves o solo é rico em nitratos, devido à concentração de guano, portanto somente as poucas espécies tolerantes ao guano desenvolvem-se nestas áreas. As formações de áreas alagadas estão restritas as praias adjacentes à geleira Ecology, ocorrendo em linhas de drenagem estreitas que recebem a água do degelo das encostas e platô anexos, como Skua Cliff e Ornithologist creek. A água entra como fator limitante para a diversidade nestes sítios uma vez que neste substrato prevalecem as espécies que sobrevivem por longos períodos submersos na água do degelo. Segundo Kanda et al.(1991), a colonização deste substrato implica em um conjunto de adaptações morfológicas, portanto somente as espécies que possuem esta condição conseguem se desenvolver, a exemplo de Bryum pseudotriquetrum que é tratado por este autor como uma espécie altamente adaptada a vida aquática ocorrem em abundância nas linhas de drenagem da região estudada. Tabela 3. Número de espécies (R), equabilidade (E) e diversidade específica (H’) para as formações de musgos encontradas na região de Arctowski. Formação Sanionia uncinata. Sanionia uncinata –Deschampsia antartica – Polytrichum juniperinum R 24 18 E 0,75203 0,73001 H’ 2,39 2,11 42 Polytrichum juniperinum Syntrichia princeps – Deschampsia antarctica– Sanionia uncinta Bryum pseudotriquetrum 21 8 11 0,79487 0,88004 0,62554 2,42 1,83 1,50 Estudos como estes são necessários para o monitoramento ASMA da Baía do Almirantado, contribuindo com o mapeamento das comunidades vegetais nesta região e, podendo assim, subsidiar o planejamento das atividades humanas na região 7 70 6 60 5 50 4 40 3 30 2 20 1 10 0 0 Representatividade (%) 80 Riqueza Frequência Am Li qu en s Al ga s 8 bl ys te gi An ac ea dr ea e e Ba ac ea rtr am e Br ac ia ce hy ae th ec ia ce ae Br y ac D ic ea ra na c D ea itr e ic ha G ce rim ae m ia c M ee eae si ac Po ea lyt ric e ha ce ae Po tti S e a ce ae lig er ac ea e Nº de espécies minimizando o impacto sobre a vegetação. Fig. 2. Representatividade de riqueza e freqüência das famílias nos quadrados amostrados na região de Arctowski, Baía do Almirantado, Ilha Rei George, Antártica. 58° 30´ Punta Thomas H. Arctowski Enseada Ezcurra Panorama II Skua Cliff I Punta Rakusa I II I Ornithologist creek IV 62° 10´ V Jardine Jersak Hills Glaciar Ecology 43 Fig. 3. Sudoeste da Baía do Almirantado, destacando as formações de musgo da região de Arctowski. I. Formação Sanionia uncinata. II. Formação Polytrichum juniperinum. III. Formação Sanionia uncinata – Deschampsia Antarctica – Polytrichum juniperinum. IV. Formação Syntrichia princeps – Deschampsia antarctica – Sanionia uncinata. V. Formação Bryum pseudotriquetrum. Agradecimentos As atividades de campo para este estudo somente foram possíveis devido ao apoio da Secretaria da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (SECIRM), do Ministério da Marinha do Brasil, órgão este que gerencia as atividades de pesquisas de brasileiros no continente antártico por meio do Programa Antártico Brasileiro (PROANTAR). Gostaríamos de agradecer as agências de fomento CAPES e CNPq pela bolsa de pós-graduação para o primeiro autor deste trabalho e ao apoio a pesquisa, também agradecemos a coordenação da Escola Nacional de Botânica Tropical, Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, pelo apoio a dissertação de mestrado na qual este trabalho esta incluído. REFERÊNCIAS Allison, J. S. & R. I. Lewis-Smith. 1973. The vegetation of Elephant Island, South Shetland Islands. Brit. Antarct. Surv. Bull. 33-34: 185 - 212. Bednarek-Ochyra, H., J. Vãna, R. I. Lewis-Smith & R. Ochyra. 2000. The liverwort of Antarctica. Polish Academy of Science, Institute of Botany, Cracow. Braun-Blanquet, J. 1932. Plant Sociology: The study of plant communities. McGrawHill, New York. Cardot, J. 1910. Musci. Note sur les mousses rapportées par l´Expédition du “Nimrod”. British Antarctic Expedition, 1907-09. Rep. Scient. Invests. Bio. 1(4): 77-79. Chao, A. 2004. Species richness estimation. In N. Balakrishnan, C. B. Read & B. Vidakovic, (eds.). Encyclopedia of Statistical Sciences. Wiley, New York. Colwell, R. K. 2004. EstimateS: Statistical estimation of species richness and shared species from samples. Version 7. User's Guide and application published at: http://purl.oclc.org/estimates. Cygan, B. 1981. Charactristics of meteorological conditions at the Arctowski Station during yhe summer season of 1979/1980. Pol. Polar Res. 2:35-46. 44 Furmanczm, K. & R. Ochyra. 1982. Plant communities of the Admiralty Bay (King George Island, South Shetland Islands, Antarctic) I. Jasnorszewski Gardens. Pol. Polar Res. 3(1-2): 25-39. Holdgate, M. W. 1964. Terrestrial Ecology in the Marine Antarctic. In R. Carrik, M. W. Holdgate & J. Prévost (eds.), Biologie Antarctique: 181-194. Hermann, Parris. Hooker, J. D. 1847. The Botany of the Antarctic voyage of H.Mdiscovery ships Erebus and Terror in the years 1839-1843.I. Flora Antarctica. Reeve Brothers, London. Hu, S-S. 1998. Moss communities types and species diversity of Southern Fields Peninsula (King George Island, South Shetland Islands) Antarctica. J. Hattori Bot. Lab. 84: 187-198. Kanda, H. 1986. Moss communities in some ice-free areas along the Söya Coast, East Antarctica. Mem.Natl. Inst. Polar Res., Special Issue. 44: 229-240. Kanda, H. & S. Ohtani. 1991 Morphology of the aquatic mosses collected in lake Yukidori, Langhovde, Antarctica Proc. NIPR Symp. Polar Biol. 4, 114-122 Kovalski, D. 1985. Wind structure at the Arctowski Station. Pol. Polar Res. 20: 203220. Lara, F. & V. Mazimpaka. 1998. Sucession of epiphytic bryophytes in a Quercus pyrenaica forest from Spanish Central Range (Iberian Peninsula). Nova Hedwigia 67: 125-138. Lewis-Smith, R. I. 1972. Vegetation of the South Orkney Island with particular references to Signy Island. Brit. Antarc. Surv. Bull. 33-34: 89-122. Lindsay, D. C. 1971. Vegetation of the South Shetland Island. Brit. Antarc. Surv. Bull. 25: 59-83. Ochyra, R. 1998. The moss flora of King George Island Antarctica. Polish Academy of Sciences. Cracow. Pereira, A. B. & J. Putzke. 1994. Floristic composition of Stinker Point, Elephant Island, Antarctica. Kor. J. Polar Res. 5(2): 37-47. Putzke, J. & A. B. Pereira. 1990: Mosses of King George Island, Antarctica. Pesq. Antárt. Bras. 2(1): 17-71. Putzke, J. & A. B. Pereira. 2001. The Antarctic Mosses, with special references to the Shetland Islands. Canoas. Ed. ULBRA. _______, M. T. L. Putzke & A. B. Pereira. 1995. Moss communities of Rip Point in Northern Nelson Island, South Shetland Islands, Antarctica. Polar Biol. 2: 20 –40. 45 Rakusa – Suszczewski, S. 2002. King George Island. South Shetland Islands, Maritime Antarctic. In Beyer, L. & M. Bölter (eds.) Geoecology of Antarctic Ice-Free Coastal Landscapes. Ecologycal Studies. vol. 154, Berlin. Simões, J. C., F. A. Ferron, M. Braun, J. Arigony-Neto & F. E. Aquino. 2001. A GIS for the Antarctic Specially Managed Area (ASMA) of Admiralty Bay, King George Island, Antarctica. Geo-Spatial Inf. Sc.Quar. 2: 8-14. __________, J. Aragony-Neto & U. F. Bremer. 2004. Uso de mapas antárticos em publicações. Pesq. Antárt. Bras. 4: 191-197. 46 CAPÍTULO III. Associações líquens-musgos nas comunidades vegetais do sudoeste da Baía do Almirantado, Ilha Rei George, Antártica. (Artigo a ser submetido a Revista Pesquisa Antártica Brasileira) Associações Líquens-Musgos nas Comunidades Vegetais do Sudoeste da Baía do Almirantado, Ilha Rei George, Antártica. (Associações/Comunidades Vegetais/Antártica) Filipe de C. Victoria1, Margéli P. de Albuquerque1, Antonio Batista Pereira2 1 Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, 22460-030 Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Universidade Luterana do Brasil, 92420-280 Canoas, RS, Brasil. 2 Abstract The phytosociology of the plant communities in the Admiralty Bay ice-free areas (King George Island, South Shetland Islands, Antarctica) was investigated during the 2003/04 summer seasons. In this study was found association among lichen and mosses, where the lichens species are dominance in the samples. A total of 10 associations are recognized. For each association found in this work are given descriptions and comments for ecology and distribution of these in study area. 47 Introdução Considerando a fisionomia e a composição florística das comunidades vegetais das áreas de degelo da Baía do Almirantado (62o 03’ 40” – 62o 05’ 40” S e 58o 23’ 30” – 58o 24’ 30” W), constata-se que estas são muito diferentes das encontradas em outras ilhas da Antártica Marítima, pois o ambiente abrigado desta região (Fig. 1) faz com que as comunidades vegetais sejam influenciadas por condições climáticas muito diferentes de áreas expostas, principalmente, aos ventos e a brisa marinha, determinando um microclima com características peculiares (Ferron et al. 2001). Segundo RakusaSuszczewski et al. (1993), a localização geográfica da Baia do Almirantado juntamente com a configuração geomorfológica das áreas adjacentes, com elevações entre 150 e 600 m, influenciam a meteorologia local e as condições climáticas locais. O clima da região também sofre influência das correntes oceânicas e ventos provenientes do oeste (Marsz & Rakusa-Suszczewski, 1987). Na antártica o verão é curto e frio, com temperatura máxima em torno de 0º C, ocorrendo, durante este período, incessantes chuvas e precipitação acentuada de neve (Cygan, 1981, Rakusa-Suszczewski et al., 1993). Para Pereira & Putzke (1994), estas condições, em conjunto com as impostas pelo inverno escuro e prolongado limitam a ocorrência de espécies vegetais na região, especialmente plantas com flor, uma vez que estas condições impedem o ciclo reprodutivo. Por isso, apenas duas espécies de Angiospermas são conhecidas na Antártica, Deschampsia Antarctica Desv. e Colobanthus quitensis Kunth. Já em relação as espécies de musgos e liquens estes são mais resistentes, desenvolvendo-se bem sob as condições polares, sendo justamente por isso são os principais constituintes da flora antártica (Ochyra & Vána, 1989; Putzke & Pereira, 2001). Os liquens possuem grande representatividade na Antártica, foram ,até o momento, pouco estudados se considerada sua contribuição na composição florística das áreas de degelo na Antártica (Pereira, 1990). Os trabalhos de taxonomia e fitossociologia são geralmente parciais, sendo que Redon (1985) e Øvstedal and LewisSmith (2001) são os trabalhos mais abrangentes, possibilitando a identificação da maioria das espécies. As comunidades liquênicas estão bem representadas na tundra antártica, sendo seu principal componente os liquens fruticulosos (Ochyra, 1998; Pereira & Putzke, 1994). Na Baía do Almirantado estas comunidades são floristicamente muito diversas 48 (Ochyra, 1998), compreendendo associações entre liquens ou liquens-musgos em ampla distribuição na região, geralmente ocupando as faces das rochas expostas dos terraços marinhos soerguidos (Schaeffer et al., 2002) e nas rochas próximas as colônias de aves (Pereira & Puztke, 1994). Segundo Giminghan & Lewis-Smith (1970), uma característica destas associações é a quase ausência de musgos, que, quando presentes, geralmente são coxins de espécies nitrófilas que se desenvolvem freqüentemente em fendas nas rochas, como por exemplo, Hennediella antarctica (Ångstron) Ochyra & Matteri, Syntrichia princeps (De Not.) Mitt., Schistidium antarctici (Card.) L.I. Savicz & Smirnova (Ochyra,1998), ou ainda outras espécies com nichos similares (LewisSmith & Córner, 1973). Para complementar o conhecimento das comunidades vegetais nas áreas de degelo da Baía do Almirantado, são apresentadas e descritas as comunidades entre liquens e musgos observadas no estudo fitossociológico realizado na região. Material e Métodos Foram estudadas as comunidades vegetais das adjacências da Estação Antártica Polonesa Henrik Arctowski, durante o verão austral 2003/2004. O estudo das comunidades vegetais iniciou a partir do levantamento de dados fitossociológicos, utilizando-se o método de quadrados de Braun-Blanquet (1932), adaptado às condições da Antártica (Kanda, 1986 e Putzke et al. 1995). A partir do lançamento de 240 quadrados de 25 x 25 cm, em um gradiente altitudinal que variou desde o nível do mar até ca. 250 msm, foram caracterizadas as associações com base nos quadrados onde os liquens apresentavam cobetura dominante em relação às demais espécies vegetais. As amostras de liquens foram obtidas, sempre que possível, de espécimes com ascomas bem desenvolvidos (apotécios ou peritécios). A coleta das espécies saxícolas foi realizada com auxílio de martelo de geólogo e das muscícolas e/ou terrícolas, utilizando-se faca, para que parte do substrato fosse retirada juntamente com os indivíduos. Foram coletadas as espécies de musgos que possuíam a maior cobertura ou que apareceram com maior freqüência associado a uma das espécies de líquen dominante. Para a determinação das amostras foram utilizados os trabalhos de Dodge (1968), Redon (1985), Ochyra (1998), Putzke et al. (1995) e Putzke & Pereira (1990). O material coletado foi herborizado e depositado no herbário do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro (RB). 49 A descrição das associações liquens-musgos seguiu o proposto por Kanda (1986), Pereira & Putzke (1994) e Putzke et al. (1995), com as modificações feitas por Hu (1998). Resultados Dos 240 quadrados dispostos no sudoeste da Baía do Almirantado, 35 compreendiam associações entre liquens e musgos. Em sua maioria o líquen dominante foi do tipo fruticuloso, mas também foram encontrados liquens fruticosos e talosos. Geralmente estas associações ocorreram em terrenos pedregosos e rochosos, com boa drenagem, salvo as associações com o líquen Leptogium sp, que freqüentemente estavam próximas a linhas de drenagem. Foram encontradas 11 associações entre liquens e musgos, descritas a seguir. Associação Usnea aurantiaco-atra - Andreaea gainii Freqüente nas encostas de Jersak Hills, entre rochas ou sobre estas, estando limitada a áreas bem drenadas, esta associação somente foi observa acima dos 250 msm. A região apresenta relevo montanhoso, com alguns picos, dificultando o acúmulo de neve, contribuindo assim para a boa drenagem da área. Usnea aurantiaco-atra (Jacq.) Bory foi encontrada em todos os quadrados dispostos nesta região, com cobertura entre 25-50%, geralmente sobre afloramentos rochosos (Fig. 2a). Os talos deste líquen, bem vistosos, destacam-se das demais espécies de liquens da área. O musgo Andreaea gainii Card. foi observado junto ao líquen dominante na maioria das amostras, com cobertura próxima aos 20%, freqüentemente crescendo em coxim, porém foram encontrados alguns tufos entre as rochas. Outros musgos como Schistidium antartici (Card) L.I. Savicz & Smirnova e Pohlia cruda (Hedw.) Lindb. foram também observados próximos a esta associação, ocorrendo geralmente em fendas o que dificultou estimar a cobertura destas espécies. Associação Usnea antarctica - Polytrichum juniperinum - Andreaea gainii A partir dos 150 msm e em direção ao nível do mar foi observado que U. aurantiaco-atra foi reduzindo em freqüência sendo substituída gradualmente por Usnea antarctica. Du Rietz. Entre 150 e 30 msm tornou-se freqüente amostras deste líquen associado à Polytrichum juniperinum Hedw. e Andreaea gainii (Fig. 2b), geralmente em encostas, ou ainda nos afloramentos rochosos dos terraços marinhos da região. O líquen 50 dominava as amostras, com cobertura próxima aos 50%, ocorrendo sobre rocha ou fragmentos desta enterrados no substrato. Os musgos, com cobertura próxima aos 25% cresciam associados, sendo que P. juniperinum em tufos sobre o solo entre rochas e A. gainii em coxim, diretamente sobre a rocha. Esta associação geralmente ocorria em terreno de boa drenagem, ás vezes esta ocorreu em rochas no interior de linhas de drenagem, freqüentemente nas partes mais altas de Skua Cliff. O líquen dominante ocorria diretamente na rocha, junto a coxins de A. gainii, em cobertura significantemente reduzida ao quadrados amostrados em áreas drenadas. P. juniperinum ocorreu no interior da linha de drenagem, geralmente na base das rochas onde o líquen fixava-se, associado a pequenos tufos de Sanionia uncinata (Hedw.) Loesk. com cobertura nunca superior aos 10%. Além das espécies dominantes, eventualmente foram observados outras espécies nos quadrados onde esta associação ocorreu. Em áreas mais úmidas foram constatadas Chorisodontium acyphyllum e Cephaloziella varians (Gottsche) Steph., ambas espécies em cobertura inferior a 1%. Nas áreas mais secas também ocorreram Bryum amblyodon Müll. Hal. e Cladonia sp com cobertura relativamente baixa, em torno de 5% cada uma. Associação Usnea spp - Syntrichia princeps - Polytrichum juniperinum Associação freqüente nas áreas mais baixas de Skua Cliff (ca.. 50 msm), podendo ser encontrada ao nível do mar, principalmente nas proximidades das colônias de pingüim papua (Pygoscelis papua). Os liquens U. antarctica e U. aurantiaco-atra ocorrem em abundância nas rochas e nas encostas desta região, ambas dividiram a cobertura nas amostras, como algo em torno de 45%. Nas amostras lançadas mais próximas as colônias de pingüins (Fig. 3a), estas espécies de liquens diminuíram em freqüência e cobertura até 10metros do início da pinguneira, depois disso não foram mais amostradas. Os musgos mais freqüentes desta associação foram Syntrichia princeps (De Not) Mitt. e Polytrichum juniperinum, com cobertura próxima a 15% e 20% respectivamente. Geralmente entre as espécies dominantes encontram-se tapetes de Sanionia uncinata e céspedes de Deschamspsia antarctica Desv., com cobertura média de 10% para cada espécie. A alga continental Prasiola crispa ocorreu nas amostras mais próximas às colônias de pingüins, geralmente associada aos liquens, em cobertura menor que 5%, entretanto nas amostras onde não ocorrem liquens esta alga foi a espécie dominante, geralmente associada a D. antarctica. 51 Associação Cladonia sp – Sanionia uncinata - Polytrichum juniperinum Pequena associação encontrada no platô a sudoeste da estação polonesa, nas proximidades da Cruz de Puchalski. As espécies mais freqüentes foram Cladonia sp, S. uncinata, sempre associados (Fig. 3b) e pequenos tufos isolados de Polytrichum juniperinum, com cobertura próxima a 30% e 25% respectivamente. Além das espécies dominantes também foram encontradas U. antarctica, em pequenos talos sobre fragmento de rocha, Ditrichum hyalinum (Mitt.) Kuntze, associado aos tufos de P. juniperinum, e Andreaea depressinervis Card., esta última somente em um único quadrado e com cobertura inferior a 10%. As demais espécies que figuraram nesta associação possuíam cobertura entre 10 e 15%. Associação Usnea antarctica – Syntrichia princeps Ocorrendo de forma descontínua, desde a face de Skua Cliff voltada à estação H. Arctowski, até as proximidades de Rakusa Point. Usnea antarctica ocorre sobre afloramentos rochosos, com cobertura aproximada aos 50%, enquanto Syntrichia princeps ocorre associada a Prasiola crispa, sobre substrato pedregoso (Fig. 4a). Estas espécies foram observadas em cobertura próxima dos 15%, 5% respectivamente. Em algumas amostras S. princeps ocorria intimamente associada a D. Antarctica, mas raro esta última espécie em cobertura maior que 5%. A descontinuidade desta associação pode estar relacionada com a presença das colônias de aves, uma vez que S. princeps e P. crispa ocorrem preferencialmente próximos (ca. 10m) as nidificações das aves antárticas, como em Rakusa Point (Fig. 4b). U. antarctica e D. antarctica também ocorrem próximas as colônias de aves, porém a maiores distancias. Associação Usnea antarctica– Schistidium spp Encontra-se em uma área de vegetação fragmentada, onde as espécies ocorrem distantes umas das outras. Situada a oeste da estação polonesa a cerca de 350 msm, em uma encosta que segue de Jersak Hills até a parte mais baixa de Jardine Peak (Fig. 5a-b). Figuram nesta associação duas espécies de musgos, Schistidium falcatum (Hook. f. et. Wills) B. Bremer e Schistidium urnulaceum (Müll Hal.) B.G. Bell, e uma espécie de líquen, Usnea antarctica (Fig 6a), aparentemente, mais abundante. Como se trata de uma comunidade dispersa, com baixa densidade de indivíduos, foi difícil a amostragem fitossociológica, portanto não pode ser aferida a cobertura das espécies. 52 Associação Usnea antarctica-Cladonia sp-Polytrichum juniperinum Confunde-se fisionomicamente com a associação Cladonia sp – Polytrichum juniperinum, porém as duas associações possuem orientações distintas. A descrita anteriormente ocorreu nas amostras voltadas para a Punta Thomas. A associação Usnea antarctica – Cladonia sp – Polytricum juniperinum (Fig. 6b) ocorreu nas amostras mais ao sul, voltadas para a praia do glaciar Ecology. As duas espécies de liquens que dominam esta associação ocupam os espaços entre os tufos de P. juniperinum, seja na rocha, como no caso de U. antarctica, seja sobre outros musgos como no caso de Cladonia sp. Esta última geralmente cresce sobre tapetes secos de S. uncinata, ou mesmo na base de caulídios de P. juniperinum. Cladonia sp. possui cobertura em torno de 50%, enquanto U. antarctica 70%. Os tufos de P. juniperinum possuem cobertura média de 20%, as demais espécies observadas não ultrapassam os 10% de cobertura na amostra. Associação Leptogium – Sanionia uncinata – Liquens. Associação encontrada na face de Skua Cliff voltada para Rakusa Point, em áreas com pouca ou nenhuma drenagem, sobre substrato pedregoso. Leptogium sp ocorre sobre musgos (Fig. 7a), principalmente Polytrichastrum alpinum e Andreaea gainii, com cobertura maior que 50%, enquanto os musgos em média apresentam 20% de cobertura. S. uncinata ocorre associada a outro líquen que geralmente ocasiona a necrose do musgo (Fig. 7b). Este líquen foi observado em todas as amostras em início de desenvolvimento, não sendo assim possível sua determinação. A cobertura desta associação variou de 5% a 50%. Tapetes de S. uncinata também são encontrados submersos em pequenas poças d´agua oriundas do degelo, porém em cobertura menor do que quando associada com o líquen. Associação Leptogium sp - Polytrichum juniperinum Está bem representada no platô anterior a Rakusa Point, em uma área encharcada devida a confluência de inúmeras linhas de drenagem do local. É comum encontrar Leptogium sp. copetindo com o musgo Sanionia uncinata, onde geralmente o líquen foi encontrado somente sobre musgo sem vida. A cobertura média observada para Leptogium sp. foi de 75%. Polytrichum juniperinum foi observado crescendo sobre substrato orgânico, úmido e enegrecido, provalvelmente resultante da deposição de matéria orgânica carreada das regiões mais altas, pela ação da água de degelo. Este 53 musgo foi observado na área com cobertura em torno de 20%. Ainda podem ocorrer associados aos tufos de P. juniperinum, Bryum pseudotriquetrum (Hedw.) Schwaegr., Polytrichum piliferum Hedw. e pequenos céspedes de D. Antarctica, geralmente com cobertura inferior a 1%. Associação Usnea antarctica - Polytrichum piliferum Esta associação foi encontrada em Ornithologist Creek, em amostras lançadas em uma pequena faixa entre a praia e uma pinguineira, ocorrendo sobre substrato pedregoso em encostas da região. Usnea antarctica possuí cobertura próxima aos 75%, enquanto Polytrichum piliferum em média 10%. Ainda podem ser encontras entre os talos do líquen, Hennediella antarctica, Bartramia patens Brid. e Bryum pallecens Schelich, com cobertura em torno de 4%. Acima das encostas, onde foram encontradas estas espécies, existem colônias de Petrel gigante (Macronectes giganteus), sendo que no lado oposto a esta formação foram observadas associações somente entre musgos, estando provavelmente a associação Usnea Antarctica – Polytricum juniperinum limitada a esta área. Referências Bibliográficas Braun-Blanquet J. 1932. Plant Sociology: The study of plant communities: New York, McGraw-Hill, 439 p. Cygan B. 1981. Charactristics of meteorological conditions at the Arctowski Station during yhe summer season of 1979/1980. Pol Polar Res 2:35-46. Dodge CW 1968. Lichenological notes on the flora the Antarctic Continent and the subantarctic island VII and VIII. Nova Hedwigia 15 (2 - 4): 285 - 332. ________1973. Lichen Flora of the Antarctic Continent and adjacent Islands. Phoenix Publishing, Canaan, New Hamshire, 398 p Ferron FA, Simões JC and Aquino FE. 2001. Série Temporal de Temperatura atmosférica para a Ilha Rei George, Antártica. Revist Dep Geo 14: 25-32. Hu SS. 1998. Moss communities types and species diversity of Southern Fields Peninsula (King George Island, South Shetland Islands) Antarctica. J Hattori Bot Lab 84: 187-198. 54 Kanda H. 1986. Moss communities in some ice-free areas along the Söya Coast, East Antarctica. Mem Natl Inst Polar Res Spec Issue 44: 229-240. Lewis-Smith RI and Corner RWM. 1973. Vegetation of the Arthur Harbour- Argentine Islands region of the Antarctic Peninsula. Br Antarct Surv Bull 33 and 34: 89-122 Marsz A and Rakusa-Suszczewski S. 1987. Charakterystyka ekologiczna rejonu Zatoki Admiralicji. Kosmos (Warsaw) 36(1): 103-127. Ochyra R. and Vãna J. 1989. The hepatics of King George Island, South Shetalnd Islands, Antarctica, with particular references to the Admiralty Bay region. Pol Polar Res 10(2): 183-210. Ochyra R. 1998. The Moss Flora of King George Island, Antarctica. Polish Academy of Science, Institute of Botany, Cracow, 279 p. Øvstedal, DO and Lewis-Smith RI. 2001. Lichens of Antarctica and South Georgia. British Antarctic Survey. London, 190 p. Pereira AB. 1990. A new occurence of Usnea in Antarctica. Pesq Antárt Bras 2(1): 1-4. Pereira AB. and Putzke J. 1994. Floristic composition of Stinker Point, Elephant Island, Antarc. Korian Journ Polar Res 5(2):37-47. Putzke J. and Pereira AB. 1990. Mosses of King George Island. Pesq Antárt Bras 2(1):17-71. _________. 2001. The Antarctic Mosses with special Reference to the South Shetland Islands. Canoas, RS: Editora da ULBRA. 196 p. _________, Lopes-Putzke MT and Pereira AB. 1995. Mosses communities of Rip Point in Northern Nelson Island, Antarctica. Pesq Antárt Bras 3(1): 104-115. Rakusa-Suszczewski S, Mietus M and Piasecki P. 1993. Weather and climate. In Rakusa-Suszczewski, S. The maritime Antarctic Coastal Ecosystem of Admiralty Bay. Polish Academy of Sciences. Crakow. p. 17-25. Redon J. 1985. Liquens Antarticos. Publicação do Instituto Antártico Chileno (INACH), Santiago de Chile. 123 p. Schaeffer CER, Francelino MR, Simas FNB and Albuquerque-Filho MR. (orgs.). 2002. Ecossistemas terrestres da Baía do Almirantado - Monitoramento ambiental na Antártica marítima. NEPUT. Viçosa. Minas Gerais. 95 p. 55 56 Fig. 1. Região estudada (linha tracejada) na Baía do Almirantado, Ilha Rei George, Antártica. (Adaptado de Simões et. al. 2004) 57 A B Fig. 2. A Associação Usnea aurantiaco-atra – Andreaea gainii. B. Associação Usnea Antarctica – Andreaea – Polytrichum juniperinum.(Fotos: Filipe Victoria) A B Fig. 3. A. Colônia de Pygoscelis Papua em Ornithologist Creek, onde foi observada a associação Usnea spp – Syntrichia princeps - Polytrichum juniperinum. B. Talo Cladonia sp, associado a Sanionia uncinata. (Fotos: Filipe Victoria) 58 A B Fig. 4. A. Syntrichia princeps e Prasiola Crispa crescendo sobre pequenos fragmetos de rocha. B. Colônia de Pygoscelis adeliae em Rakusa Point, região onde é encontrada a associação Usnea Antarctica – Syntrichia princeps. (Fotos: Lubomir Kovacik) A B Fig. 5. Jardine Peak (a esquerda) e Jersak Hill (a direita) sites onde foram observadas a associação Usnea aurantiaco-atra – Schistidium spp. (Fotos: Filipe Victoria) 59 A B Fig. 6. A.Associação Usnea antarctica – Schistidium spp. B. Associação Usnea Antarctica – Cladonia sp – Polytrichum juniperinum. (Fotos: Filipe Victoria) A B Fig. 7. A Leptogium sp (mais escuro) associado à Andreae gainii (em maior abundância na imagem) e Polytrichastrum alpinum (ao centro). B. Sanionia uncinata como hospedeiro de um líquen não determinado. (Fotos: A. Filipe Victoria; B . Lubomir Kovacik) 60 CAPÍTULO IV. Formas de Vida das Espécies de Musgos nas Áreas de Degelo da Ilha Rei George, Ilhas Shetland do Sul, Antártica. (Artigo a ser submetido à Revista Polar Biology) FORMAS DE VIDA DAS ESPÉCIES DE MUSGOS NAS ÁREAS DE DEGELO DA ILHA REI GEORGE, ILHAS SHETLAND DO SUL, ANTÁRTICA. Filipe de Carvalho Victoria1 Denise Pinheiro da Costa1 61 Antonio Batista Pereira2 1 Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro, Rua Pacheco Leão 915, 22460-030, Rio de Janeiro, RJ, Brasil; e-mail: [email protected] 2 Laboratório de Micologia, Universidade Luterana do Brasil, Rua Miguel Tostes 101, Sala 121, São Luiz, Canoas, RS, Brasil Abstract. The distribution of the bryophyte species and life-forms of mosses of Antarctica depend on the light, temperature, winds, precipitation, sea breeze and proximity to birds colonies, increased of the surface conditions, as stability of the surface, type of rock and erosion. One establishes thus clear limits of survival, making with that certain species of mosses are highly specialized to geomorphology means. During austral summers 2002/2003 and 2003/2004 random collections and phytosociologycal studies adjoining the Brazilian Station Comandante Ferraz and the Polish Station Henrik Arctowski, both in the Admiralty Bay, inside King George Island, objectifying to study the structure of the communities of mosses in the ice-free areas. More than half of the species presents only one growth-form, while that 15% two forms and 3% three forms, what he was waited due the bordering conditions of the region. It is presented a scheme for characterization of growth-forms to moss species of ice-free areas. Key-words. Life-forms, Mosses, Antarctic. INTRODUÇÃO 62 A terminologia “forma de crescimento” foi primeiramente utilizado por Meusel (l935), que o define como toda a característica de uma planta que somente possa ser determinada por uma analíse de sua morfologia. Segundo Warming (1896, Apud Mägdefrau 1982), entende-se como forma de vida o hábito de uma planta em harmonia com suas condições de vida. A literatura botânica mescla os dois termos forma de crescimento e forma de vida, Giesenhagen (1910, Apud Mägdefrau 1982) e Herzog (1916, Apud Mägdefrau 1982), por exemplo, usam o termo forma de crescimento no sentido de forma de vida, de acordo com a definição de Meusel (1935). Segundo Mägdefrau, (1982) esta confusão, pode ser evitada se adotarmos como forma de crescimento no sentido de Mesuel (1935), ou seja, como um termo estritamente morfológico baseado em homologia, e forma de vida segundo Warming (1896, Apud Mägdefrau 1982),, no sentido ecológico, baseado em analogias. Segundo Gimingham & Robertson (1950), a classificação das formas de vida das briófitas foi amplamente utilizada para análise dos tipos de comunidades de briófitas nos mais variados ambientes. Ainda para este autor as comunidades derivadas de habitats similares, embora visivelmente diferindo na composição específica, exibem alguma uniformidade estrutural expressa pelos vários tipos de formas de vida, como por exemplo, tramas, tufos, tapetes entre outros. Já as comunidades de habitats distintos tendem, a mostrar tipos estruturalmente divergentes, em que as formas de vida podem ser diferentes, tal como os coxins em campos rupestres e campos de altitude, e os tapetes e tramas em florestas, existindo assim certa dependência entre as formas de vida e os seus habitats (Gimingham & Lewis-Smith 1970). Podemos então distinguir para as espécies de musgos aquelas que se desenvolvem verticalmente a partir do substrato, conhecidos como musgos ortrotrópicos e aqueles que crescem horizontalmente ao substrato conhecidos como plagiotrópicos, 63 formas de vida caracterísiticas. Por exemplos os musgos plagiotrópicos geralmente desenvolvem-se em tapetes e tramas, assim como musgos ortotrópicos usualmente crescem em tufos e coxins, porém muitos podem mudar sua forma de crescimento, devido a pressões ambientais ou a própria plasticidade fenotípica (Schofield 2001). A classificação das formas de vida proposta por Gimingham & Robertson (1950), foi criada principalmente para simplificar a classificação morfológica proposta por Meusel (1935). Uma característica essencial é de estar baseada somente na morfologia, e assim livre dos caracteres estruturais adaptativos. Logo, para estes autores, as formas de vida e o tipo de substrato não estão relacionados, uma vez que o sistema utilizado não considera a forma observada na natureza com as condições observadas em campo, com exceção de Mägdefrau (1982) e Bates (1998), que ainda tentam relacionar estes parâmetros. Portanto, a idéia de discutir as formas de vidas encontradas em uma amostragem fitossociológica realizada na Ilha Rei George, em um ambiente de estresse, como a tundra antártica, parte da tentativa de responder como estas formas de vida estão distribuídas nos distintos substratos encontrados nesta região. MATERIAL E MÉTODOS A Ilha Rei George, localizada no arquipélago Shetland do Sul, Antártica (61º50`- 62º15`S e 57º30`- 59º00`W), possui 65 km de comprimento, largura variando de 4 a 40 km e temperaturas médias de 0,1 a -3,6°C. Durante os verões austrais 2002/2003 e 2003/2003 foram realizadas coletas de musgos, através de levantamentos fitossociológicos seguindo o método de amostragem de Braum-Blanquet (1932), adaptados às condições da Antártica (Kanda 1986), nas áreas de degelo adjacentes as estações antárticas Comandante Ferraz (Brasil) e Henrik Arctowski (Polônia), ambas na Baía do Almirantado (Fig. 1). Foram amostrados 100 64 quadrados em um gradiente altitudinal, partindo da praia, seguindo em direção as localidades de maior altitude, onde ainda o relevo permitia esta abordagem (ca. 250 msm). A partis dos 250 msm somente foram realizadas coletas aleatórias. Em cada dos quadrados foram observadas a forma de vida que as espécies de musgos apresentavam, bem como e o tipo de substrato em que ocorriam. Os resultados obtidos em campo foram complementados com dados de Kanda (1987), Ochyra (1998) e Puztke & Pereira (2001), principalmente para aquelas espécies que se conhece a ocorrência para a região estudada, mas não foram amostradas. A classificação das formas de vida seguiu Gimingham & Birse (1957), Gimigham & Lewis Smith (1970) e Mägdefrau (1982), com modificações (Tab. 1). Para uma melhor visualização e ilustração das formas de vida observadas, foram realizados cortes em diferentes direções, com auxílio de lâmina, para expor a inserção dos gametófitos, bem como o ponto de fixação destes no substrato (Fig. 2). A distribuição das espécies e formas de vida observadas neste estudo, em função do substrato rochoso e orgânico foi analisada pelo teste T-student (Zar, 1984) através do Software Statistica 6.0 (Statsoft, 2001). RESULTADOS E DISCUSSÃO Para as 58 espécies de musgos que ocorrem na área estudada foram caracterizadas quatro (4) formas de vida: coxim, tufo, tapete e trama (Tabela 1), predominando tufos (59%) e coxins (31%). Este predominio relaciona-se com o tipo de substrato dispónivel nas áreas de degelo da região (Tabela 2), uma vez que estas formas de vidas ocorrem preferêncialmente em terrenos rochosos e pedregosos (Kanda, 1986). Tabela 1. Caracterização das formas de vida dos musgos nas áreas de degelo adjacentes as estações antárticas Henrri Arctowski e Comandante Ferraz. Coxim (a) Coxim grande. Geralmente atingindo diâmetros Eixos partindo de um ponto central, crescendo maiores que 5 cm. Ex. Andreaea regularis, 65 Syntrichia princeps. radialmente, resultando em uma hemisféra mais ou menos compacta. Geralmente crescendo em (b) Coxim pequeno. Nunca atingindo diâmentros maiores que 5 cm. Ex. Andreaea gainii, afloramento rochosos ou particulas deste. Andreaea depressinervis, Schistidium antarctici. Tufo Eixos principais eretos com ramos similares, (a) Tufo curto. com altura menor que 1 cm. Podem ser denso, quando ocorrem muito próximos e os paralelos ao eixo principal, formando tufos contínuos. fílidios das plantas vizinhas misturam-se com as Crescem em solo ou sobre partículas finas de rocha. da outra, ou ainda esparso, quando a individualidade de cada planta é facilmente reconhecida. Ex. Brachythecium austrosalebrosum, Bryum pseudotriquetrum. (b) Tufo alto. Tufos com altura superior a 1 cm. Geralmente esparsos. Ex. Andreaea gainii, Polytrichum juniperinum, Polytrichum strictum, Polytrichastrum alpinum. Tapete Eixos principais e secundários longos, densos, rastejantes, com crescimento horizontal ascendente, rizóides, se presentes, restritos à porção basal do eixo principal. Crescem em áreas alagadas pelo degelo, freqüentemente sobre solo rochoso. Trama Eixo principal crescendo horizontalmente ao substrato, freqüentemente ramificado, bem aderido e fixo por rizóides e ramos secundários. Geralmente com crescimento limitado. Ex. Brachythacim austrosalebrosum, Sanionia uncinata, Warnstorfia laculosa. Ex. Orthotheciella jungermannioides. varia, Platydictya Tapetes e tramas são menos freqüentes nas regiões polares, devido às condições encontradas para o desenvolvimento destas formas de vida na região (Lewis-Smith & Gimingham 1976). A maior parte da Baía do Almirantado constitui-se de terrenos irregulares e pedregosos, com exceção de Sanionia uncinata, as demais espécies de musgos que formam tapetes, só ocorrem assim sobre seixo. No total 7% das espécies da região podem ocorrer como tapetes e apenas 3% como trama (Fig. 3). A maioria das espécies apresenta uma única forma de vida, contudo foram observadas 10 espécies com mais de uma forma de crescimento (Fig. 4), como Andreaea gainii que foi observada em duas formas distintas, e Platydictya jungermannioides, que não foi observada na amostragem, mas segundo Ochyra (1998), ocorre em três formas de vida distintas. 66 Tabela 2. Lista das espécies de musgos nas áreas de degelo adjacentes as Estações H. Arctowski e Comandante Ferraz, com suas formas de vida e respectivos substratos e local de ocorrência. Espécie Forma Andreaea depressinervis Card. de vida Coxim, Andreaea gainii Card. Tufo Coxim, Substrato Afloramento Encostas; Praia rochoso; Seixo. a ± 20m Anisothcecium cardotii (R. Br. bis.) Ochyra Tufo Afloramento rochoso; Fendas em rochas; Seixo. Afloramento rochoso; Fendas em rochas; Seixo. Seixo e Solo Bartramia patens Brid. Tufo Solo; Seixo; Brachythecium austrosalebrosum (Müll. Hal.) Kindb. Tufo, Solo; Seixo Brachythecium glaciale Shimp. Tapete Tapete Solo; Seixo Bryum amblyodon Müll. Hal.. Tufo Solo; Seixos Bryum argenteum Hedw. Tufo Solo; Seixos Bryum orbiculatifolium Cardot & Broth. Tufo Solo; Seixos Bryum pallescens Schelich. ex Schwägr. Tufo Solo; Seixos Bryum pseudotriquetrum (Hedw.) P. Gaertn., B. Mey. & Scherb. Tufo Solo; Seixos Campylium polygamus (Schimp.) C. E. O. Jensen. Ceratodon purpureus (Hedw.) Brid. Trama Tufo Solo Solo; Seixos Chorisodontium aciphyllum (Hook. f. & Wilson) Broth. Conostomum magellanicum Sull. Tufo Tufo Seixo Solo; Seixo Dicranoweisia brevipes (Müll. Hal.) Cardot Tufo Dicranowesia crispula (Hedw.) Milde Coxim Seixo, Fendas em rochas Afloramentos, Tufo Andreaea regularis Müll. Hal. Coxim, Tufo Local (Cont. Tabela 2) Picos; Encostas; Praia a ± 20m Picos; Encostas; Praia a ± 20m Platô, Encostas e Praia ±20m Praia a ± 20m; Encostas Praia a ± 20m; Platô Praia a ± 20m; Platô Praia a ± 20m; Platô; margem de linhas de drenagem Praia a ± 20m; Encostas; Fendas em rocha Praia a ± 20m; Platô; margem de linhas de drenagem Praia a ± 20m; Platô; margem de linhas de drenagem Margem de linhas de drenagem; Interior de linhas de drenagem Praia ±20m Praia a ± 20m; Platô; margem de linhas de drenagem Platô Praia a +20m; Platô; margem de linhas de drenagem Platô, Encostas Platô, Encostas 67 Dicranowesia grimmiaceae (Müll. Hal.) Broth. Coxim Didymodon gelidus Cardot Tufo Seixo e fendas em rochas Afloramentos, Seixo e fendas em rochas Seixo e Solo Distichium capillaceum (Hedw.) Bruch & Schimp. Tufo Seixo e Soloe Ditrichum hyalinum (Mitt.) Kuntze Tufo Ditrichum lewis-smithii Ochyra Tufo Encalypta rhaptocarpa Schwägr. Tufo Grimmia reflexidens Müll. Hal. Tufo, Hennediella antarctica (Ångström) Ochyra & Matteri Coxim* Coxim Seixo, Fendas em rochas Seixo; Fendas em rocha Seixo, Fendas em Rohas Seixo, Fendas em Rochas Hennediella heimii (Hedw.) R. H. Zander Tufo, Holodontium strictum (Hook. f. & Wilson) Ochyra Tufo Seixo; Afloramentos rochosos Seixo; Fendas em rochas; Afloramentos rochosos Seixo e Solo (Cont. Tabela 2) (Mitt.) Lindb. Hypnum revolutum Coxim Afloramentos Meesia uliginosa Hedw. Tufo Seixo; Solo Muelleriella crassifolia (Hook. f. & Wilson) Dusén Coxim Afloramentos Orthotheciella varia (Hedw.) Ochyra Platydictya jungermannioides (Brid) H.A. Crum Trama Tufo*, Seixo e Solo Solo Coxim Platô, Encostas Praia +20m, Platô, Encostas Platô e Praia a +20m Encostas e Praia a +20m Platô; Encostas Platô e Encostas Platô, Encostas e praia a +20m Platô; Encostas Platô, Encostas; Picos Platô e Encostas Platô e Encostas Praia a +20m; Platô; margem de linhas de drenagem Platô e Praia ± 20m Praia Praia Tapete*, Pohlia cruda (Hedw.) Lindb. Trama* Tufo Pohlia nutans (Hedw.) Lindb. Tufo Polhia wahlenbergii (F. Weber & D. Mohr.) A.L. Andrews Tufo Seixo e Solo Polhia. drummondii (Müll. Hal.) A.L. Andrews Tufo Seixo e Solo Politrichastrum alpinum (Hedw.) G.L.Sm. Polytrichum juniperinum Hedw. Tufo Tufo Seixo; Solo Seixo; Solo Polytrichum piliferum Hedw. Tufo Seixo; Solo Polytrichum strictum Menzies ex Brid. Tufo Seixo, Solo, Fendas em Seixo; Fendas em Rochas Seixo, Fendas em rochas Encostas Encostas; Praia a ±20m; Margem das linhas de drenagem Platô e Praia ± 20m Platô e Praia ± 20m Platô, Encostas Platô; Encostas; Praia a ±20m Platô; Encostas; Praia a ±20m Praia ±20m, Platô e 68 Racomitrium sudeticum (Funck) Bruch & Schimp. Coxim rochas Afloramentos Sanionia uncinata (Hedw.) Loeske Tufo, Seixo; Solo Tapete Schistidium amblyophyllum (Müll. Hal.) Ochyra & Hertel Coxim Schistidium antarctici (Cardot) L.I. Savicz & Smirnova Coxim Schistidium cupulare (Müll. Hal.) Ochyra Coxim Schistidium falcatum (Hook. f. & Wilson) B. Bremer Tufo Tufo Schistidium halinae Ochyra Coxim Schistidium occultum (Müll. Hal.) Ochyra & Matteri Coxim Schistidium rivulare (Brid.) Podp. (Cont. Tabela 2) Tufo Schistidium steerei Ochyra Coxim Schistidium urnulaceum (Müll. Hal.) B. G. Bell Coxim Stegonia latifolia (Schwägr.) Venturi ex Broth. Tufo Syntrichia filaris (Müll. Hal.) R.H. Zander Tufo, Coxim Syntrichia princeps (De Not.) Mitt Tufo, Tapete, Syntrichia saxicola (Cardot) R.H. Zander Coxim Coxim Warnstorfia laculosa (Müll. Hal.) Ochyra & Matteri Warnstorfia sarmentosa (Wahlenb.) Hedenas Seixo; Afloramentos rochosos Seixo; Afloramentos rochosos Seixo; Afloramentos rochosos Seixo; Afloramentos rochosos Seixo; Afloramentos rochosos Seixo; Afloramentos rochosos Seixo; Afloramentos rochosos Seixo; Afloramentos rochosos Seixo; Afloramentos rochosos Solo, Fendas em rochas Seixo; Afloramentos rochosos Seixo; Afloramentos rochosos Enconstas Platô e Encostas Praia; Praia a ± 20m; Platô; Encostas Encostas; Picos Encostas; Picos Encostas; Picos Encostas; Picos Encostas; Picos Encostas; Picos Encostas; Picos Encostas; Picos Encostas; Picos Praia ao nível do mar Encostas; Picos Encostas; Picos; Praia a ± 20m Encostas; Picos Tufo, Seixo; Afloramentos rochosos Seixo Tapete Tapete Seixo Praia ±20m Praia ±20m *Dados não observados em campo, somente encontrados na literatura. A distribuição das formas de vida em relação do substrato evidenciou uma preferência das espécies em coxins pelo substrato rochoso (t=9,03, gl=6, p=0,012), o que ocorre também com os tufos (t=12,63x, gl=6, p=0,006), apesar das diferenças 69 encontradas para esta forma de vida terem sido menores (Fig. 5). Os tapetes ocorreram preferencialmente em substrato orgânico (t=38,5, gl=6, p=0,0001), o que também foi observado para as espécies em trama que foram coletadas (t=25,42, gl=6, p=0,0001). As regiões estudadas apresentaram pequenas diferenças na distribuição das formas de vida, relacionadas principalmente pelo substrato prevalente ao nível do mar. Em Arctowski (Fig. 1a) há maior disponibilidade de solo nas praias, quando comparada a Península Keller, que apresenta em sua faixa litorânea subtrato rochosos e seixos (Putzke & Pereira 1990). Segue abaixo alguns comentários sobre as formas de vida encontradas em cada região. Região de Arctowski Ao nível do mar predominam os tapetes, tufos e tramas, principalmente em áreas alagadas pelo degelo, devido a maior estabilidade do substrato, presença de matéria orgânica e disponibilidade de água. Nas proximidades da estação polonesa existe um extenso campo de musgos, composto principalmente por Sanionia uncinata, Bryum pseudotriquetrum, Syntrichia princeps, Warstorfia laculosa associada a liquens e a gramínea Deschampsia antarctica Desv. (Furmanczy & Ochyra 1982). Os tapetes de S. uncinata são mais freqüentes e sobrepõem os demais tapetes da tundra, como Brachythacim austrosalebrosum. Também ocorrem tapetes de W. laculosa em associação com os tufos de Bryum pseudotriquetrum e Bryum amblyodon, sempre em linhas de drenagem ou em pequenos lagos alimentados pelo degelo, como por exemplo nas encostas de Skua cliff. O único coxim encontrado nesta região foi de S. princeps, ocorrendo mais próximas as pinguineiras, geralmente em fragmentos rochosos circundados por inúmeros céspedes de D. antarctica. 70 Acima dos 150 msm, no planalto de Jersak Hills e nas encostas de Jardine Peak, são freqüentes os coxins de Schistidium, sendo S. antarctici o coxim mais freqüente nesta área, principalmente nos afloramentos rochosos, uma vez que esta forma de vida é mais resistente à ação dos ventos e necessita de uma área reduzida para sua fixação. Nas encostas próximas a Panorama Ridge e em Itália Valley as espécies do gênero Andreaea estão bem representadas, geralmente ocorrendo em coxins, eventualmente em tufos no interior das fendas das rochas. Pohlia cruda foi o único tufo que ocorre em maior altitude na região, encontrado em fendas a uma altura superior aos 120 msm, no Pico de Jardine Peaks. Acima dos 130 m somente formam observados coxins de Andreae regularis, geralmente esparsos e em associação com o líquen fruticuloso Usnea au1rantiaco-atra (Jacq.) Bory. Península Keller Na Península Keller (Fig. 1b) Polytrichastrum alpinum impera nas formações rochosas próximas ao nível do mar e até ca. do 100 msm, formando ou tufos altos e esparsos, nas áreas com melhor drenagem como em Denais Stack, como também podem ocorrer em tufos curtos e densos em fendas ou entre rochas, em depósitos de substrato orgânico. São freqüentes tufos das espécies dos gênero Bryum e Pohlia, de uma forma geral entre os céspedes de D. antarctica e Colobanthus quitensis, próximos ao nível do mar em toda a extensão da praia. Coxins não são raros próximos a estes tufos, porém são limitados ao substrato mineral, mais frequente aos 120 msm, onde já não ocorrem fanerógamas, sendo comum coxins de A. regularis e A. depressinervis, associadas a diversos líquens fruticulosos, porém estes são menores e quebradiços e facilmente se rompem ao serem retirados do substrato. Em Punta Plaza são comuns os tapetes como B. austrosalebrosum e S. 71 uncinata, este ultímo se estende até as proximidades da estação brasileira, formando tapetes quase contínuos, ocorrendo sobre rocha fragmentada e até mesmo sobre ossadas de baleia, muito comuns na região. Os tapetes geralmente não ocorrem em altitudes superiores aos 60 msm, principalmente por esta região apresentar maior extensão de substrato mineral em comparação com a região de Arctowski. Estes resultados já eram esperados, visto que as formas de vida das briófitas relacionam-se com as condições ambientais, como por exemplo natureza do substrato, umidade e intensidade luminosa, entre outros (Horikawa & Ando, 1952; Gimingham & Brise, 1956). Segundo Mägdefrau (1982), a luz inibe o prolongamento dois eixos dos talos, por esta razão tufos curtos e coxins ocorrem com maior freqüência nos habitats com maior incidência luminosa, uma vez que possui o crescimento de eixo principal menor em relação aos ramos secundários. Na tundra úmida são comuns as tramas e os tapetes devido esta formas apresentarem maior número de rizóides, que possibilita a retenção da água do degelo e da precipitação (Allison & Lewis-Smith 1973). Tufos densos também são comuns na tundra, pois estas formas apresentam muitos rizóides, possibilitando maior capilaridade (Longton 1988). Segundo Vitt (1989), espécies de musgos pleurocárpicos estão melhores adaptadas aos ambientes mesoúmidos, ocorrendo geralmente como trama ou tapete, uma forma que possibilita o aproveitamento de água e nutrientes lixiviados pelo degelo (Pereira & Putzke 1994), uma vez que ocupa maior área sobre o substrato, na região de Arctowski temos o exemplo de S. uncinata que praticamente domina estes substratos. Já espécies acrocárpicas, ocorrem com maior freqüência sobre forma de tufos e coxins, que possibilita o acúmulo de água e nutrientes próximos aos rizóides e reduz o movimento de ar próximo aos filídios (Gimingham & Birse 1957; Longton 1988). A condução de água nos tecido em musgos acrocárpicos é aparentemente mais eficiente em substratos 72 bem drenados em relação aos tecidos de musgos pleurocárpicos (Frey, 1971 Apud Robinson et al., 1989), tornando estes musgos mais tolerantes ao estresse hídrico. As análises estatísticas demostraram a preferência dos coxins e tufos nas encostas e afloramentos rochosos, e uma significativa redução na freqüencias destas formas de vida quando o substrato é predominantemente orgânico e úmido, onde os tapetes e tramas ocorrem em maior quantidade. Por isso os tufos e os coxins de musgos são mais freqüentes, nas áreas de degelo das áreas estudadas, em virtude do substrato mineral, com baixa retenção hídrica, prevalecer nesta região. Em contra partida são os tufos e coxins que contribuem para a consolidação do subtrato orgânico (Longton, 1982), propiciando o estabelecimento das espécies pleurocárpicas, com forma de vida prostada ao substrato. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Allison SE, Lewis-Smith RI (1973). The vegetation of Elephant Island, South Shetland Island. Brit Antarct Surv Bull 33-34: 185-212. Bates JW (1998). Is “Life-form”a useful concept in Bryopjyte ecology? Oikos 82: 223237 Braun-Blanquet J (1932). Plant Sociology: The study of plant communities. New York, McGraw-Hill. Furmanczyk K, Ochyra R (1982). Plant communities of the Admiralty Bay (King George Island, South Shetland Islands, Antarctic) I. Jasnorszewski Gardens. Pol Polar Res 3(1-2): 25-39. Gimingham CH, Birse EM (1957). Ecological studies on growth-form in Bryophytes. Journ Ecol 45: 533-545. 73 Gimingham CH, Robertson ET (1950). Preliminary Investigations on the Structure of Bryophitic Communities. Trans Brit Bryol Soc 1: 330-344 Gimingham CH, Lewis-Smith RI (1970). Bryophite and lichen communities in the maritime Antarctic. In: Holdgate R. Antarctic ecology. Acad Press, London, pp 752-785. Horikawa Y Ando H (1952). A short study on the groth-form of bryophytes and its ecological significance. Hikobia 1: 119-129. Kanda H (1986). Moss communities in some ice free areas along the Soya Coast, East Antarctica. Mem Natl Inst Polar Res Tokyo Special Issue 44: 229-240. Kanda H (1987). Handbook of Antarctic mosses. National Institute of Polar Research, Tokyo, pp 1-83. Longton RE (1982). Bryophyte vegetation in polar regions. In: Smith AJE (ed). Bryophyte Ecology. Chapman and hall, London, pp 123-165. ________(1988). Life-history strategies among bryophytes of arid regions. J Hattori Bot Lab 64: 15-28. Mägdrefrau K (1982). Life-forms of bryophytes. In: Smith AJE (ed). Bryophyte Ecology. Chapman and Hall, London, pp 45-58 Meusel H (1935). Wuchsformen und Wuchstypen der europäischen Laubmoose. Nova Acta Leopold NF 3-123. Ochyra R (1998). The moss flora of King George Island Antarctica. Polish Academy of Sciences. Cracow Pereira AB, Putzke J (1994). Floristic composition of Stinker Point. Elephant Island, Antarctica. Kor Journ Polar Res 5(2): 37-47 Putzke J, Pereira AB (1990). Mosses of King George Island. Pesq Antárt Bras 2(1): 1771. 74 Putzke J, Pereira AB (2001). The Antarctic Mosses with special reference to the Shetland Island. Canoas. Ed. ULBRA. Robinson AL, Vitt DH, Timoney KP (1989). Patterns of community structure and morphology of bryophytes and lichens relative to edaphic gradients in the subarctic forest-tundra of Northwestern Canada. Bryologist 92(4): 495-512. Schofield WB (2001). Introduction to bryology. The Blackburn Press, New Jersey Statsoft Inc (2001). Statistical data analysis software system. Version 6. www.statsoft.com Vitt DH (1989). Distribution patterns, adaptative strategies and morphological changes of mosses along elevational and latitudinal gradients on South Pacific Islands. In: Crovello T, Nimis PL (eds.) Advances in Quantitative Phytogeography. The Hague Zar JH (1999). Biostatistical Analysis. Fourth Edition. Prentice Hall, New Jersey 75 B B A A 76 Fig. 1. Localização da área de estudo. Acima o continente Antártico evidenciando as Shetlands do Sul (retângulo) e em destaque a Ilha Rei George. Abaixo a Baía do Almirantadado, onde as áreas cinzas representam as áreas de degelo da região, A. Região de Arctowski. B. Península Keller (Adpatado de Simões et al. 2004) A B C D E F 77 Fig. 2. Formas de vida das áreas de degelo da Baía do Almirantado, Ilha Rei George Antártica. A. Coxim. B. Coxim (secção transversal). C. Tufo curto. D. Tufo alto. E. Tapete (detalhe). F. Tapete (secção transversal). (Fotos: Filipe Victoria). 70 60 59% 50 40 31% 30 20 7% 10 3% 0 Tufo Coxim Tapete Trama Fig. 3. Porcentagem de espécies de musgos pela forma de vida das áreas de degelo da Baía do Almirantado, Ilha Rei George, Antártica. 78 82% 3% 15% Espécies com uma forma de vida Espécies com duas formas de vida Espécies com três formas de vida Fig. 4. Porcentagem das espéciesde musgos com uma, duas e três formas de vida, nas áreas de degelo da Baía do Almirantado, Ilha Rei George, Antártica. 40 35 30 25 20 15 10 5 0 p=0,006 dp=7,77 p=0,012 dp=14,4 Spp Coxim Spp Tufo p=0,001 dp=0,77 p=0,001 dp=0,77 Spp Tapete Spp Trama Rochoso Orgânico 79 Fig. 5. Número de espécies por forma de vida em relação do substrato encontrado nas áreas de degelo da Baía do Almirantado, Ilha Rei George Antártica (dp= desvio padrão). CONSIDERAÇÕES FINAIS São conhecidas 58 espécies de musgos para a Ilha Rei George, distribuídas em 16 famílias e 36 gêneros, sendo Bryaceae, Grimmiaceae e Pottiaceae as famílias com maior número de espécies (Ochyra, 1998). Destes musgo somente 28 espécies foram encontradas na amostragem fitossociológica realizado nas áreas de degelo do sudoeste da Baía do Almirantado (região de Arctowski). As famílias mais freqüentes na amostragem foram Bryaceae, Polytrichaceae, Andreaeaceae e Pottiaceae. As espécies de musgos mais freqüentes na amostragem foram Sanionia uncinata (Hedw.) Loeske e Polytrichum juniperinum, isto já era esperado, pois S. uncinata é a espécies de maior biomassa na Antártica (Putzke & Pereira, 2001) e P. juniperinum ocorrem em maior abundância na Baía do Almirantado (Ochyra, 1998). Foram reconhecidas para a Baía do Almirantado, 5 formações de musgos, utilizando o esquema de classificação de Hu (1998), sendo possível a comparação dos resultados obtidos neste trabalho com os obtidos pelo autor supra citado. As formações encontradas no domínio da tundra seca compreendiam espécies com maior biomassa e ampla distribuição na região, ocorrendo desde o nível do mar até próximo aos 250 msm. As formações encontradas nas áreas alagadas possuíam menor diversidade específica e estão restritas as praias. Os resultados obtidos corroboram com os trabalhos de Allison & Lewis-Smith, 1973; Furmanczyk & Ochyra, 1982; Lewis-Smith & Corner, 1973; Putzke & Pereira, 1994 e Hu 1998, de que existe, sob o aspecto fisionômico, uma estreita relação de 80 similaridade na composição florística das áreas de degelo entre as ilhas do arquipélago Shetland do Sul, ocorrendo as mesmas espécies e praticamente nas mesmas condições. Entretanto somente duas formações reconhecidas no presente trabalho foram encontradas em outras regiões da Antártica Marítima. Isto demonstra que, apesar de fisionomicamente parecidas, as formações de musgos possuem relações diferentes, associando-se com as demais espécies vegetais e líquens de modos distintos, influenciados pelas condições microclimáticas estabelecidas em cada ilha. Como uma área abrigada, dos ventos e da ação direta das precipitações, a Baía do Almirantado, oferece condiçõe especiais para o desenvolvimento das espécies vegetais observadas (Pereira & Putzke, 1990). Portanto esperava-se que as associações encontradas nesta região fossem distintas das encontradas em áreas desabrigadas como na Ilha Nelson (Putzke, et al. 1995) e na Península Fields (Hu, 1998). As formações de musgos que possuíam maiores índices de diversidade encontram-se em áreas de maior disponibilidade de subtrato rochoso, como nas encostas rochosas e nos seixos litorâneos, assim como as áreas de maior ocorrência de espécies em tufos e coxins. A formação Sanionia uncinata e a formação Polytrichum juniperinum apresentaram maior riquezade específica (24 e 21, respectivamente). Apesar de menor número de espécies e menor área de ocorrência, a formação Polytrichum juniperinum apresentou-se mais diversa (H’=2,42), principalmente por estar distribuída nas áreas de maior concentração de substrato rochoso. Foram caracterizadas 10 associações entre líquens e musgos, geralmente com maior cobertura dos líquens fruticulosos, seguido dos coxins de musgos. As formas de vida observadas na região de estudo distribuiem-se de modo diferenciado de acordo com o substrato. Os coxins os tufos matêm dependência o subtrato rochoso (Allison & Lewis-Smith, 1973 e Longton, 1982), ocorrendo nos afloramentos próximos ao nível do mar até as enconstas ca. 250 msm. Os tapetes e as tramas dependem da disponibilidade de solo para se fixarem, por isso são comuns nas áreas proximas ao nível do mar, onde ocorre a maior parte da deposição do restos orgânicos e minerais oriudos das áreas de maior diversidade, como as encostas e os platôs. Nesta áreas ocorrem agrupametos significativos de líquens que iniciam o processo de degradação da rocha, fornecendo minerais as espécies de musgos próximas (Longton, 1984). Estes musgos acumulam estes mineriais e quando os indivíduos morrem seus resíduos são carreados pela água do degelo que correm nas linhas de drenagens, sendo levados as próximidades das praias ou então acumulando nas raízes de 81 Deschampsia antarctica que estão pelo caminho (Davis, 1981), contribuíndo com a consolidação do substrato orgânico (Longton, 1982). São nestas linhas de drenagens onde ocorrem formações de musgos muito particulares (Longton, 1982; Ochyra, 1998). As espécies que ocorrem nestas áreas estão adaptadas a vida áquatica, pelo menos por curtos períodos, e, segundo Kanda (1991) são estas mesmas espécies que acumulam a matéria orgânica para a formação do solo. Fica notório nesta discussão a importância de cada formação no ambiente terrestre. Espera-se, assim que os dados compilados neste trabalho fornecem subsídios para o planejamento e a organização das ativídades científicas dos pesquisadores e militares envolvidos com o Programa Antártico Brasileiro. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Allison, J. S. & Lewis-Smith, R.I. 1973. The vegetation of Elephant Island, South Shetland Islands. British Antartic Survey Bulletin 33/34: 185 - 212. Ando, H. 1973. Studies on the genus Hypnum Hedw. II. Journal of Science of the Hiroshima University, Series B, Div. 2 (Botany) 14(3): 165-207. _______ 1976. Studies on the genus Hypnum Hedw III. Journal of Science of the Hiroshima University, Series, B, Div. 2 (Botany) 16(1): 1- 46. ATCPs. 1993. Protocol on Environmental Protection to the Antarctic Treaty, with Annexes. Polar Record 29(170): 256-275; SCAR Bulletin 110, July 1993. ATCPs. 1996. A proposal prepared by Brazil and Poland, in co-ordination with Ecuador and Peru, that AdmiraltyBay, King George Island (South Shetland Island) be designated as an Antarctic Specially Managed Area (ASMA). Twentieth Antarctic Treaty Consultative Meeting, Utrecht, 29 April – 10 May 1996. Bednarek-Ochyra, H. Vanã, J., Lewis-Smith, R. I. & Ochyra, R. 2000. The liverwort of Antarctica. Polish Academy of Science, Institute of Botany, Cracow, 237p. Bell, B. G. 1973a. Notes on Antarctic bryophytes: 1. New records from the Antarctic botanical zone. British Antarctic Survey Bulletin 36: 131-132. 82 ______ 1973b. A synoptic flora of South Georgian mosses: II. Chorisodontium, Dricanoloma, Dicranum, Platyneurum and Conostonum. British Antarctic Survey Bulletin 37: 33-52. ______ 1973c. Notes on Antarctic bryophytes : II. Records of Racomitria from the Antarctic botanical zone. British Antarctic Survey Bulletin 37: 91-94. ______ 1974. A synoptic flora of South Georgian mosses: V. Willia and Racomitrium. British Antarctic Survey Bulletin 38: 73-101. ______ 1976. Notes on Antarctic bryophytes: VI. The Genus Dicranoweisia on Signy IsIand, South Orkney Islands. British Antarctic Survey Bulletin44: 07-100. ______ 1977a. Notes on Antarctic bryophytes: VIII. Two species of Campylopus originally described from South Georgia. British Antarctic Survey Bulletin 46: 136-137. ______ 1977b. Notes on Antarctic bryophytes.: IX. A previously unreported botanical collection made on South Georgia during the German International Polar-Year Expedition , 1882-83 . British Antarctic Survey Bulletin 46: 137-139. Bintanja, R. 1992. Glaciological and meteorological investigations on Ecology Glacier, King George Island, Antarctica (summer 1990-1991). Circump Journal 1-2: 5971. Braun-Blanquet, J. 1932. Plant Sociology: The study of plant communities. New York, McGraw-Hill, 439p. Cardot, J. 1900. Note préliminaire sur les moussesrecueillies par l’Expédition Antarctique Belge. Revue Bryology 27(3):38-46. ________ 1901. Mosse et coup d’oeil sur la flore bryologique des Terre Magellaniques. Results Voyage S.Y. Belgique 6. Botanique, 44p. ________ 1908. La flore bryologique des Terres Magelaniques, de la Géorgie du Sud et de l’Antarctique, Wissenschafftliche Ergebnisse Scwedischen SúdpolarExpedition 4 (8): 298p. Clarke, G. C. S. 1973a. A synoptic flora of South Georgian mosses: III. Leptotheca, Philonotis, Mielichhoferia and Pohlia. British Antarctic Survey Bulletin 37: 5379. ________ 1973b. Notes on Atarctic bryophytes: III. The type specimen of Pohlia (C. Muell.) Wijk et Marg. British Antarctic Survey Bulletin 37: 97-98. 83 Colwell, R. K. 2004. EstimateS: Statistical estimation of species richness and shared species from samples. Version 7. User's Guide and application published at: http://purl.oclc.org/estimates. Crum, H. 1976. Mosses of the Great Lakes Forest. Michigan, Rev. Ed., University of Michigan, 404p. Davis, R.C. 1981. Structure and function of two Antarctic terrestrial moss communities. Ecological Monographs 51: 125-143. Dixon, H. N. 1920. Contributions to Antarctic bryology; mosses of Deception Island. Bryologist 23 (5): 65-71. Dodge, C. W. 1973. Lichen flora of the Antarctic Continent and adjacent islands. Phoenix Publishing, Canaan New Hampshire, 398p. Ferron, F. A., Simões, J. C. & Aquino, F. E. 2001. Série Temporal de Temperatura atmosférica para a Ilha Rei George, Antártica. Revista do Departamento de Geografia 14: 25-32. Furmanczyk, K. & Ochyra, R. 1982. Plant communities of the Admiralty Bay (King George Island, South Shetland Islands, Antarctic) I. Jasnorszewski Gardens. Polish Polar Research 3(1-2): 25-39. Godley, E. J. 1960. The botany of southern Chile in relation to New Zealand and the Subantarctic. In: A. Pantin (ed.), A discussion on the biology of the southern cold temperate zone. Proceedings of the Royal Society of London, Series B. 152: 457475. Greene, S. W. 1964. Plants of the land. In: R. Priestley, R.J. Adie & G. de Q. Robin (eds.), Antarctic research. A review of British scientific achievements in Antarctica, London, Butterworth, 239-253. _______ 1968. Studies in Atarctic bryology: 1. A basic check: list for mosses. Revue Bryologiqhe et Lichénologique, Nouvelle Série 36(1-2):132-138. _______ 1973. A synoptic flora of South Georgia mosses: I. Dendroligotrichum, Polytrichum and Psilopilum. British Antarctic Survey Bulletin. 36: 1-32. _______ 1975. The Antarctic moss Sarconeurum glaciale (C. Muell.) Card. et Bryhn in southern South America British Antarctic Survet Bulletin 41/42: 187-191. Greene, D. M., Brown, P. D. & Pacey, J. M. 1970. Antarctic moss flora: I. The genera Andreaea, Pohlia, Polytrichum, Psilopidum and Sarconeurum. British Antarctic Survey Scientific Reports 64: 1-118. 84 Hooker, J. D. & Wilson, W. 1844. Musci Antarctici, being characters wit brief descriptions of the new species of mosses discovered during the voyage of H. M. Discovery Ships, Erebus and Terror, in the southern circumpolar regions, together with those of Tasmania and New Zealand Lond. Journal of Botany 3: 533-556. Hu, S-S. 1998. Moss communities types and species diversity of Southern Fields Peninsula (King George Island, South Shetland Islands) Antarctica. Journal of the Hattori Botanical Labotatory. 84: 187-198. Kanda, H. 1986. Moss communities in some ice free areas along the Soya Coast, East Antarctica. Memoirs of National Institute of Polar Research, Special Issue 44: 229-240. ________ 1987. Catalog of moss specimen from Antarctica and adjacent regions. National Institute of Polar Research. Tokyo Press. 186p. Lewis-Smith, R. I. 1872. Vegetation of the South Orkney Island with particular references to Signy Island. British Antarctic Survey Scientific Reports 68: 1-124 ________ 1984a. Terrestrial plant biology of the sub-Antarctic and Antarctic. In: R. M. Laws (ed.), Antarctic Ecology, vol 1. London, Academic Press: pp. 61-162. ________ 1984b. Colonization and recovery by criptogams followin recent volcanic activity on Deception Island, South Shetland Islands. British Antarctic Survey Bulletin 62: 25-51. ________ & Gimingham, C.H. 1976. Classification of cryptogamic communities in the maritime Antarctic.British Antartic Survey Bulletin 33-34: 89-122. Longton, R. E. 1982. Bryophyte Vegetation in Polar Regions. In: A. J. E. Smith (ed.) Bryophyte Ecology. Chapman and Hall, London, p. 122-165. _______ 1988. The biology of polar bryophytes and lichens. Cambridge-Sydney, Cambridge University Press. 391p. _______ & Holdgate, M.W. 1967. Temperature relationship of Antarctic vegetation. In: Smith J.E. (ed.). A discussion of the Antarctic terrestrial ecossystem. Philosophical trasactions os the royal Society of London, Series B 252: 237250. Marsz, A. & Rakusa-Suszczewski, S. 1987. Charakterystyka ekologiczna rejonu Zatoki Admiralicji. Kosmos. (Warsaw) 36(1): 103-127. Matteri, C. M. 1977a. A synoptic flora of South Georgian mosses: VII. Pottia. British Antarctic Survey Bulletin 46: 23-28. 85 _________ 1977b. Notes on Antarctic Bryophytes: X. The genus Pottia from the Antarctic Botanical Zone. British Antarctic Survey Bulletin 46: 140-143. Newton, M. E. 1974a. A synoptic fllora of South Georgian mosses: IV. Bartramia and Breutelia. British Antarctic Survey Bulletin 38: 59-71. _________ 1974b. Taxonomic notes on Cheilothela (Lindb.) Broth. and Dicranella (C. Muell.) Schip. Journal of Bryology 8 (2): 265-268. _________ 1974c. Notes on Antarctic Bryophytes: IV. Encalypta Hedw. British Antarctic Survey Bulletin 39: 1-6. _________ 1977a. A synoptic flora of South Gerorgian mosses: VI. Cheilothela, Dicranella, Distichum, Myuriella and Catagonium. British Antarctic Survey Bulletin 46: 1-21. _________ 1977b. Notes on Antarctic Bryophytes: VII. The occurrence of Distichum B.S.G. and Dicranella (C. Muell.) Schimp. In the Antarctic Botanical Zone. British Antarctic Survey Bulletin 46: 131-135. _________ 1979a. A taxonomic assessment of Brachythecium on South Georgia. British Antarctic Survey Bulletin 48: 119-132. _________ 1979b. A synoptic flora of South Gerorgian mosses: VIII. Caliergon and Brachytecium. British Antarctic Survey Bulletin 48: 133-157. Ochi, H. 1976. On the taxonomic status of Bryum inconexum in Antarctica. Miscelanea Bryology Lichenology 7(6): 116-117. ________ 1979. A taxonomic review of the genus Bryum, Musci in Antarctica. Memoirs of National Institute of Polar Research, Special Issue 11: 70-80. ________ 1982. A revision of the Bryoideae, Musci in Southern South America. Journal Faculty Education Tottori University Natural Sciences 31: 11-47. Ochyra, R. 1985. On the Antarctic species of the family Orthotrichaceae. Lindbergia 11: 141–146. _______ 1998. The moss flora of King George Island Antarctica. Polish Academy of Sciences. Cracow, 279p _______ & Ochi, H. 1986. New or otherwise interesting species of the genus Bryum (Musci, Bryaceae) in the Antarctic. Acta Botanica Hungarica 32 (1 - 4): 209-219 _______ & Vãna, J. 1989a. The hepatics of King George Island, South Shetalnd Islands, Antarctica, with particular references to the Admiralty Bay region. Polish Polar Research 10(2): 183-210 86 _______ 1989b. The hepatics reported from the Antarctic and an outline of their phytogeography. Polish Polar Research 10(2): 211-229. Øvstedal, D.O. & Lewis-Smith, R.I. 2001. Lichens of Antarctica and South Georgia. British Antarctic Survey. London, 190 p. Pereira, A. B. 1990. A new occurence of Usnea in Antarctica. Pesquisa Antártica Brasileira 2(1): 1-4. _________ & Putzke, J. 1994. Floristic composition of Stinker Point. Elephant Island, Antarctica. Korian Journal of Polar Research 5(2): 37-47. Putzke, J. & Pereira, A. B. 1990. Mosses of King George Island. Pesquisa Antártica. Brasileira 2(1): 17-71. _______, Lopes-Putzke, M. T. & Pereira, A. B. 1995. Mosses communities of Rip Point in Northern Nelson Island, Antarctica. Pesquisa Antártica Brasileira 3(1). 104115. _______ & Pereira, A. B. 2001. The Antartic Mosses with special reference to the Shetland Island. Canoas. Ed. ULBRA. 196p. Rakusa-Suszczewski, S. 2002. King George Island. South Shetland Islands, Maritime Antarctic. In: Beyer, L. & Bölter M. (eds.) Geoecology of Antarctic Ice-Free Coastal Landscapes. Ecologycal Studies, vol. 154, Berlin. _________, Mietus M. & Piasecki, J. 1993. Weather and climate. In: S. RakusaSuszczewski (ed.), The Maritime Antarctic coastal ecosystem of Admiralty Bay. Warsaw, Department of Antarctic biology, Polish Academy of Sciences, p. 19-25. Redon, J. 1985. Liquenes Antárticos. Publicação do Instituto Antártico Chileno (INACH), Santiago de Chile. 123p. Robinson, H. E. 1972. Observations on the origin and taxonomy of the Antarctic moss flora. In: Llano G. A. (ed.) Antarctic terrestrial biology. Antarctic Research Series. Vol. 20. Washington, American Geophysical Union. 163-177. Shaw, A. J. & Goffinet, B. 2000. Bryophyte Biology. Cambridge University Press, England. 476p. Skottsberg, C. 1912. Einige Beemrkungen über Die Vegetationsverhältnisse des Graham-Landes. Schwedisches In: Skottbergs, C. Südopolar-Expedition Wissenschaftliche 1901-1903. Lithograohiches Institu des Generalstabs. 16p. Vol. Ergebmisse 4(13). der Stockholm, 87 __________. 1960. Remarks on the plant geography of the southern cold temperate zone. In: Pantin A. (ed.), A discussion on the biology of the southern cold temperate zone. Proceedings of the Royal Society of London, Series B 152: 447457. Steere, W. C. 1961. A preliminary review of the bryophytes of Antarctica. In: Science in Antarctica Part 1. The life science in Antarctica. Washington, D.C. National Academy of Science – National Research Concil, p. 20-33. Wace, N. M. 1960. The botany of the southern islands. In: Pantin A. (ed.), A discussion on the biology of the southern cold temperate zone. Proceedings of the Royal Society of London, Series B 152: 475-490. Yano, O. 1984. Briófitas. In: Fidalgo O. & Bononi V.L.R. (Coords.), Técnicas de coleta, preservação e herborização de material botânico. Manual 4. Instituto de Botânica, São Paulo, p. 27-30. 88 ANEXOS I 89 Antártica Marítima Subantártica Antártica Continental Fig. 1. Zona climáticas do Pólo Sul, indicando a localização da área de estudo (ponto cinza) na Zona Antártica Marítima (Adaptado de Ochyra, 1998). 90 Fig. 2. Acima a Península Antártica, destacando a Ilha Rei George (elipse) e abaixo o arquipélago das Shetland do Sul, com a Baía do Almirantado. (Cedido por NUPAG-UFRGS) 91 Fig. 3. ASMA Baía do Almirantado, Ilha Rei George, Antártica. As setas indicam as áreas estudadas (Cedido por NUPAG-UFRGS) 92 N Cobertura vegetal Fig. 5. Mapa de cobertura vegetal da Península Keller, Baía do Almirantado, Ilha Rei George, Antártica (coordenadas geográficas estão em UTM). (Cedido Carlos Shaeffer-UFV) 92 93 Fig. 6. Transecto sendo disposto na região de Arctowski, Baía do Almirantado, Ilha Rei George, Antártica. (Foto: Filipe Victoria) Fig. 7. Exemplo de amostragem por quadrados realizado na região de Arctowski, Baía do Alirantado, Ilha Rei George, Antártica. (Foto: Filipe Victoria) 93 94 ANEXOS II (Normas para publicação) 94