Arte - NEEJA Caxias do Sul
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Arte - NEEJA Caxias do Sul
0 NEEJA NÚCLEO ESTADUAL DE EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS CAXIAS DO SUL – 4ª CRE Rua Garibaldi, 660 – Centro CEP – 95080-190 Fone Fax 3221-1383 Email – [email protected] ENSINO MÉDIO COMPONENTE CURRICULAR ARTE MÓDULO ÚNICO JANEIRO 2016 1 LIGADO NA ARTE, CONECTADO NAS LINGUAGENS O Modernismo no mundo, uma tendência vanguardista que rompe com os padrões rígidos e caminha para uma criação mais livre, surgida internacionalmente nas artes plásticas e na literatura a partir do final do século XIX e no início do século XX. É uma reação às escolas artísticas do passado. Como resultado desenvolvem-se os movimentos: Expressionismo, o Cubismo, o Dadaísmo, Surrealismo e Futurismo. No Brasil, o termo “Modernismo” identifica o movimento desencadeado pela Semana da Arte Moderna de 1922. Conferências, recitais de música, declamações de poesias e exposições de quadros, realizados no Teatro Municipal de São Paulo, apresentam ao público as novas tendências das artes no país. Seus idealizadores rejeitam a arte do século XIX e as influências estrangeiras do passado. Defendem a assimilação das estéticas internacionais para mesclá-las com a cultura nacional, o que dá origem a uma arte vinculada à realidade brasileira. Porém, em dado momento, os artistas sentiram necessidade de buscar novos temas e técnicas, além de materiais para ser utilizados em seus trabalhos. As novas tendências do século XX: Arte concreta, Expressionismo abstrato, Arte Cinética, Novo realismo e Minimal art; as transformações estéticas e tecnológicas da arte no século XX: instalações, happening, performance, body art, pop art, op art, fotografia, etc. Desde então, à medida em que a sociedade se transforma, seja por grandes acontecimentos, novas descobertas e conquistas ou pela atribuição de significados novos a fatos já conhecidos, a arte também muda, se transforma e se renova. Atualmente, o contato informal que temos com obras de arte é bastante abrangente. Presente em nosso cotidiano, a arte invade ruas, calçadas, prédios, veículos, roupas, lojas. Deixam de ser exclusivas de museus, teatros e galerias para ganhar espaço em praças, edifícios, avenidas e parques. OBJETIVOS Ao final do módulo o aluno deverá: - Conhecer alguns dos principais aspectos da produção artística brasileira no século XX e algumas de suas relações com contextos mais amplos. - Elaborar produções artísticas, utilizando os elementos básicos da linguagem visual, estabelecendo relações de composição. - Estabelecer relações entre uma produção artística e seu período histórico. - Ter autonomia na realização de suas produções artísticas e apreciações estéticas. - Apreciar obras de arte e manifestações artísticas com senso crítico, relacionando-as com seu contexto histórico e sócio- cultural. - Estabelecer relações entre as manifes¬tações artísticas e outras manifestações presentes na cultura local e regional - Valorizar os mais diferentes tipos de manifestações artísticas, incluindo as da cultura popular. - Conhecer alguns dos principais aspectos da produção artística brasileira no sé¬culo XX e algumas de suas relações com contextos mais amplo; 2 - Estabelecer relações entre uma produção artística e seu período histórico. - Elaborar formas críticas de pensamento sobre manifestações artísticas e culturais. - Estabelecer critérios para a avaliação crítica de suas próprias produções ar¬tísticas e para a análise de imagens em geral. Reconhecer a pluralidade e a diversidade cultural, presentes no conjunto de manifestações artísticas produzidas na contemporaneidade e na história. - Refletir sobre imagens presentes na mídia. - Apreciar obras de arte e manifestações artísticas com senso crítico, relacionando-as com seu contexto histórico e sócio- cultural. - Ler imagens das artes através de procedimentos apropriados/específicos para este fim, estabelecendo relações com a cultura visual, transpondo este conhecimento para a vida cotidiana. - Observar e reconhecer o patrimônio cultural de seu entorno, bem como de outras etnias e culturas - reconhecer valor e atribuir sentido às produções artísticas contemporâneas, sejam brasileiras ou internacionais.. 1. MODERNISMO De forma geral, o termo modernismo é empregado para se referir a vários movimentos artísticos ocorridos em diversos países e também no Brasil, nos últimos anos do século XIX e no começo do século XX, dentro dos quais estão o expressionismo, o futurismo, o cubismo, o dadaísmo e o surrealismo. Esses movimentos, por serem muito inovadores, são também conhecidos como vanguardas artísticos. Todos eles propuseram novos caminhos para as artes plásticas, e muitos desses caminhos levaram os artistas à arte abstrata. No final do século XIX, a popularização da imagem fotográfica havia transformado a maneira de fazer pintura. A fotografia apresentava-se como solução eficiente para resolver o problema. Da representação do mundo real . Mas não podemos dizer que a abstração é consequência apenas de uma invenção de uma máquina. Naqueles anos, houve uma valorização dos aspectos decorativos da arte, o que levou alguns artistas a se dedicarem a pesquisa e à criação de padrões abstratos, empregados na decoração de objetos. Os artistas acreditavam que não era mais possível representar o mundo moderno trabalhando de maneira tradicional. As novas realidades reveladas pela ciência, as possibilidades geradas pela tecnologia, a industrialização e a multiplicação dos grandes centros urbanos haviam transformado, em curto período de tempo, o mundo ocidental. Começando na década de 1890 e com bastante força daí em diante, uma linha de pensamento passou a defender que era necessário deixar completamente de lado as normas 3 prévias. Na literatura, o movimento simbolista teria uma grande influência no desenvolvimento do modernismo, devido seu foco na sensação. Filosoficamente, a quebra com a tradição por Nietzsche e Freud prevê um embasamento chave do movimento que estaria por vir. Imagine, por exemplo, as mudanças do cotidiano da pessoas causadas pela invenção da lâmpada elétrica(1879), do cinema(1895), do avião (14-Bis, pilotado por Alberto Santos Dumont em 1906) e do automóvel ( primeiro modelo popular lançado em 1908). Não foi por acaso que os artistas se sentiram desafiados a criar novas formas de perceber o mundo, que se modificava numa velocidade surpreendente. Alguns deles preocuparam-se em expressar emoções, outros passaram a pesquisar os aspectos que estão além da realidade visível. Houve aqueles que passaram a pesquisar os aspectos formais em suas obras, como a relação entre linhas, cores e formas, dedicando-se à produção de trabalhos abstratos. 1.1 IMPRESSIONISMO O impressionismo foi um movimento artístico iniciado por volta de 1870, com a produção dos pintores franceses Claude Monet e Pierre-Auguste Renoir (1841-1919) Eles costumavam pintar paisagens a beira do ria Sena, em paris. Munidos de tubos de tinta pronta – à época uma invenção recente, Monet e Renoir estavam dispostos a captar as luzes e a atmosfera da vida ao ar livre. Para tanto precisavam ser rápidos, por isso começaram a desenvolver um tipo de pintura diferente, justapondo pinceladas de cores sem preocupação em definir as formas. Até então, os pintores estavam acostumados a fazer esboços ao ar livre, mas concluíam suas pinturas em ateliês. Sem olhar diretamente para a natureza, pintavam paisagens idealizadas, representações diferentes da realidade observada. Aos poucos, outros artistas interessados em pintar livremente – como Edgar Degas (1834-1917), Camille Pissarro (1831-1903), Paul Cézanne (1839-1906) e Alfred Sisley(18391917) -, reuniram-se a Monet e Renoir e, 1874, fizeram uma exposição de seus trabalhos. O movimento foi batizado por um crítico francês que desaprovou a exposição e, ao ver o quadro Impressão, sol nascente, de Monet, chamou-se de impressionistas. Monet é o mais representativo pintor do grupo dos impressionistas. Ele nasceu em Paris, que era o centro da cultura ocidental naquela época, e foi um mestre na pintura de paisagens. Pintava rapidamente, começando e terminando seus quadros sempre ao ar livre. Monet usava um barco como ateliê e navegava pelo Rio Sena em busca de novas paisagens. O artista notou que a variação de luz, ao longo do tempo, parecia mudar também as cores dos objetos. Para estudar a relação entre luz e as cores, fez várias pinturas de um mesmo lugar, em diferentes horários do dia e em diferentes estações do ano. EFEITOS DA COR Os artistas utilizam a cor para provocar emoções, expressar sentimentos. A emoção causada por uma cor varia de pessoa para pessoa. No entanto, a maioria concorda que o vermelho, é uma cor quente, geralmente associada ao fogo. Também é consenso que as cores resultam da mistura do vermelho com o amarelo, os tons de laranja e amarelo-ouro, são cores-vivas, fortes que podem ser relacionadas a emoções 4 positivas, como o entusiasmo e a alegria. Por sua vez, as tonalidades de azul, esverdeadas ou arroxeadas são consideradas cores frias e muitas vezes relacionadas a emoções negativas, como a tristeza. Entretanto, cada cor tem uma característica própria. O amarelo é uma cor clara e radiante. O vermelho é forte e pode servir para expressar amor ou raiva. O violeta é instável, por ser uma mistura do vermelho com o azul e, conforme a sua utilização, pode ser considerado cor quente ou fria. O azul pode criar efeito de distância e profundidade na pintura de uma paisagem. O verde representa a natureza e causa uma sensação agradável à visão. Mulher com sombrinha, de Claude Monet, 1875.Óleo sobre tela. Impressão, nascer do sol, de Claude Monet, 1872. Óleo sobre tela. 1.2 EXPRESSIONISMO Esse movimento artístico teve origem entre artistas alemães por volta de 1900. Para os expressionistas, a arte deveria ser uma manifestação do universo interior e pessoal de seu criador. Eles não acreditavam na realidade puramente visível, queriam alhar além das aparências das coisas mostrando as situações dramáticas da vida. Rapidamente essa tendência se difundiu para outros países europeus e de outros continentes, influenciando escultores, arquitetos, músicos, poetas e cineastas. Para realizar essa arte emocional, os expressionistas desafiaram a tradição renascentista, que até então vigorava na pintura, da construção do espaço com perspectiva, propondo a representação deformada da realidade e o emprego de cores intensas. Esse exagero era um dos artifícios para conseguir comunicar a emoção. Para os expressionistas a emoção não estava no tema. Sentimentos como a angústia e a tragédia podiam aparecer mesmo quando a pintura fosse apenas um retrato ou uma paisagem. Houve dois grupos mais importantes organizados em torno das ideias expressionistas. Um deles, A ponte, foi formado em Dresden, em 1905,por Kirchner e Emil Nodel, entre outros. Seus modelos inspiradores eram a pintura de Van Gogh e Edvard Munch. O outro, chamado O cavaleiro azul, formou-se em Munique, em 1911, e tinha a frente Wassily kandinsky, Franz Marc e August Macke. Esses artistas aprofundaram a forma de representar o que chamavam as “vibrações da alma” e os sentimentos. Por isso, acabaram por abandonar a representação figurativa e direcionaram-se para o abstracionismo. 5 Noite estrelada, de Van Gogh, O grito, de Edvard Munch, 1893. Van Gogh Sua vida foi marcada por fracassos. Ele falhou em todos os aspectos importantes para o seu mundo, em sua época. Foi incapaz de constituir família, custear a própria subsistência ou até mesmo manter contactos sociais. Aos 37 anos, sucumbiu a uma doença mental, cometendo suicídio. A sua fama póstuma cresceu especialmente após a exibição das suas telas em Paris, a 17 de Março de 1901. Van Gogh é considerado um dos pioneiros na ligação das tendências impressionistas com as aspirações modernistas, sendo a sua influência reconhecida em variadas frentes da arte do século XIX, como por exemplo o expressionismo, o fauvismo e o abstraccionismo. Edvard Munch Nascido na cidade de Loten na Noruega o pintor Edvard Munch viveu entre os anos de 1863 e 1944, morrendo no dia 24 de janeiro na em Ekely. Durante a sua vida ele participou do movimento estético conhecido como Expressionismo, fazendo diversas obras de grande sucesso. Seu estudo foi concluído na Escola de Artes e Ofícios de Oslo e teve influências de Gustave Courbet e Édouard Manet. As principais pinturas criadas por Edvard Munch foram: A Menina Doente em 1885, Amor e Dor em 1893, Cinzas em 1894, A Ponte, Entre o Relógio e a Cama, Auto-retrato e O Grito. A carreira de Edvard Munch foi brilhante em sua totalidade, por isso seu nome é muito reconhecido no mundo da arte 1.3 CUBISMO A partir de 1907, os críticos de arte deram o nome de cubismo aos trabalhos que vinham sendo apresentados em Paris pelos artistas Pablo Picasso (1882-1973) e Georges Braque (1882-1963). O cubismo tornou-se um importante movimento artístico do qual esses artistas foram pioneiros. Picasso e Braque pesquisaram novas maneiras de representar o mundo. Inspirados no trabalho do pintor francês Paul Cézanne (1839-1906), começaram a simplificar as formas das figuras reduzindo-as a esferas, cilindros e cubos; por isso foram chamados de cubistas. Em seguida, representaram, numa só composição, figuras ou objetos observados de ponto de vista diferentes, como se pudéssemos somar todas as imagens que vemos de um objeto quando andamos ao redor dele. Faziam isso com a intenção de incorporar a dimensão do tempo em suas pinturas. Repetindo e sobrepondo imagens variadas, usando linhas descontínuas e cores 6 acinzentadas, fragmentaram tanto as formas que era difícil reconhecer as figuras nas pinturas desse período. A colagem é uma técnica muito utilizada por artistas e ilustradores. Eles recortam imagens, textos, áreas de cores e texturas de origem diferente e colam em uma superfície. As primeiras colagens surgiram nos trabalhos de Picasso e Braque por volta de 1912. Eles passaram a utilizar materiais estranhos a pintura, como papéis, jornais e areia, aplicando-os na superfície do quadro. Desenvolveram um tipo de representação resumida, sintética, em que se mostravam as partes básicas das figuras. Antes deles, no começo do século XX, os fotógrafos já utilizavam a técnica da fotomontagem, empregando dois ou mais negativos diferentes para obter uma única imagem fotográfica. Com a fotomontagem, eles criaram imagens e efeitos inusitados ou impossíveis de obter apenas com a fotografia comum – conseguiram, por exemplo, reproduzir uma pessoa duas vezes na mesma imagem. Hoje em dia, o trabalho com o computador permite esse mesmo efeito de repetição. Até mesmo imagens em movimento podem ser recortadas e remontadas em outro cenário. A colagem é uma técnica muito explorada nas artes visuais, mesmo quando no trabalho não há uso de recursos tecnológicos. Ela envolve o ato de recortar, que é uma maneira de desenhar, de definir uma linha, uma forma. Outros artistas da época foram muito influenciados pela linguagem cubista. São exemplos o espanhol Juan gris (1887-1927) e o francês Fernand Legér (1881-1995). Juan Gris Guernica de Pablo Picasso, 1937 As Senhoritas de Avignon, 1907 Picasso: um dos indicadores do cubismo Picasso viveu 92 anos. Como começou a pintar muito jovem e só parou antes de morrer, seu trabalho passou por diversas fases. São famosas a fase azul (1901-1904) em que representou a tristeza e a melancolia dos mais pobres, e a fase rosa (1905-1907), em que pintou acrobatas e arlequins. No período de 1906 a 1907 Picasso entrou em contato com a arte africana e voltou-se para o cubismo. Aos poucos, interessou-se pelo ser humano europeu envolvido nos conflitos que desembocaram nas guerras da década seguinte. Em 1937 pintou seu mais famoso mural, cujo tema foi o bombardeio da cidade espanhola de Guernica durante a guerra Civil Espanhola (1936), no qual morreu grande parte da população. Picasso foi também gravurista e escultor. 7 1.4 O FUTURISMO O futurismo foi um movimento artístico e literário que surgiu na Itália, em 20 de fevereiro de 1909, com a publicação do manifesto Futurista, pelo poeta italiano Filippo Marinetti, no jornal Francês de Fígaro. Por trazer muitas inovações, foi chamado de arte de vanguarda. Os artistas futuristas se manifestavam contra a arte tradicional e naturalista, praticada pelos pintores ligados às escolas acadêmicas. O grupo, liderado pelo poeta Filippo Marinetti (1876-1944), viajou por vários países europeus para divulgar sua nova estética. Suas obras eram inspiradas na sociedade industrial de seu tempo: exaltavam as máquinas, a eletricidade, a velocidade e a guerra, que destruía as velhas instituições. Por isso, buscavam formas de retratar o movimento das máquinas e a agitação das pessoas que viviam e trabalhavam nas grandes metrópoles. Chamavam essas pinturas de “dinamismo”. Os artistas italianos Umberto Boccioni (1882-1916), Giacomo Balla (c. 1871-1958) e Gino Severini (18831966), entre outros, fizeram parte desse grupo. As propostas dos futuristas abrangiam várias formas de expressão. A música era inspirada nos ruídos e barulhos das máquinas. Os arquitetos desenhavam cidades utópicas com grandes estruturas, nas quais misturavam arranha-céus e usinas hidrelétricas. Marinetti revolucionou as artes gráficas com a publicação, em 1914, de Zang Tumb Tumb: ao compor seus poemas, privilegiava o som das palavras em detrimento de seu significado. Poema de Filippo Marinetti do Ruídos na rua invadem a casa, de Livro Palavras em Liberdade, Umberto Boccioni,1919. De 1919. Vôo das andorinhas, de Giácomo Balla, 1913. 1.5 O DADAÍSMO Formado em 1916 em Zurique por jovens franceses e alemães que, se tivessem permanecido em seus respectivos países, teriam sido convocados para o serviço militar, o Dada foi um movimento de negação. Durante a Primeira Guerra Mundial, artistas de várias nacionalidades, exilados na Suíça, eram contrários ao envolvimento dos seus próprios países na guerra. Fundaram um movimento literário para expressar suas decepções em relação a 8 incapacidade da ciências, religião, filosofia que se revelaram pouco eficazes em evitar a destruição da Europa. A palavra Dada foi descoberta acidentalmente por Hugo Ball e por Tristan Tzara num dicionário alemão-francês. Dada é uma palavra francesa que significa na linguagem infantil "cavalo de pau". Esse nome escolhido não fazia sentido, assim como a arte que perdera todo o sentido diante da irracionalidade da guerra. Sua proposta é que a arte ficasse solta das amarras racionalistas e fosse apenas o resultado do automatismo psíquico, selecionado e combinando elementos por acaso. Sendo a negação total da cultura, o Dadaísmo defende o absurdo, a incoerência, a desordem, o caos. Politicamente , firma-se como um protesto contra uma civilização que não conseguiria evitar a guerra. Ready-Made significa confeccionado, pronto. Expressão criada em 1913 pelo artista francês Marcel Duchamp para designar qualquer objeto manufaturado de consumo popular, tratado como objeto de arte por opção do artista. O Dadaísmo é a total falta de perspectiva diante da guerra; daí ser contra as teorias, as ordenações lógicas. Aliás, também é contra os manifestos, como afirma um dos seus iniciadores, Tristan Tzara (1896-1963), em seu manifesto Dada, 1918: "Eu escrevo um manifesto e não quero nada, eu digo portanto certas coisas e sou por princípio contra os manifestos, como sou também contra os princípios." São também palavras dele: "Que cada homem grite: há um grande trabalho destrutivo, negativo, a executar. Varrer, limpar, A propriedade do indivíduo se afirma após o estado de loucura, de loucura agressiva, completa, de um mundo abandonado entre as mãos dos bandidos que rasgam e destroem os séculos." "Liberdade: DADÁ DADÁ DADÁ, uivos das dores crispadas, entrelaçamentos dos contrários e de todas as contradições, dos grotescos, das inconsequências: A VIDA." O fim do Dadá como atividade de grupo ocorreu por volta de 1921. Principais artistas: Marcel Duchamp (1887-1968), pintor e escultor francês, sua arte abriu caminho para movimentos como a pop art e a op art das décadas de 1950 e 1960. Reinterpretou o cubismo a sua maneira, interessando-se pelo movimento das formas. O experimentalismo e a provocação o conduziram a idéias radicais em arte, antes do surgimento do grupo Dada (Zurique, 1916). Criou os ready-mades, objetos escolhidos ao acaso, e que, após leve intervenção e receberem um título, adquiriam a condição de objeto de arte. Em 1917 foi rejeitado ao 9 enviar a uma mostra um urinol de louça que chamou de "Fonte". Depois fez interferências (pintou bigodes na Mona Lisa, para demonstrar seu desprezo pela arte tradicional), inventou mecanismos ópticos. François Picabia (1879-1953), pintor e escritor francês. Envolveu-se sucessivamente com os principais movimentos estéticos do início do século XX, como cubismo, surrealismo e dadaísmo. Colaborou com Tristan Tzara na revista Dada. Suas primeiras pinturas cubistas, eram mais próximas de Léger do que de Picasso, são exuberantes nas cores e sugerem formas metálicas que se encaixam umas nas outras. Formas e cores tornaram-se a seguir mais discretas, até que por volta de 1916 o artista se concentrou nos engenhos mecânicos do dadaísmo, de índole satírica. Depois de 1927, abandonou a abstração pura que praticara por anos e criou pinturas baseadas na figura humana, com a superposição de formas lineares e transparentes. 10 Max Ernest (1891-1976), pintor alemão, adepto do irracional e do onírico e do inconsciente, esteve envolvido em outros movimentos artísticos, criando técnicas em pintura e escultura. No Dadaímo contribuiu com colagens e fotomontagens, composições que sugerem a múltipla identidade dos objetos por ele escolhidos para tema. Inventou técnicas como a decalcomania e o frottage, que consiste em aplicar uma folha de papel sobre uma superfície rugosa, como a madeira de veios salientes, e esfregar um lápis de cor ou grafita, de modo que o papel adquira o aspecto da superfície posta debaixo dele. Como o artista não tinha controle sobre o quadro que estava criando, o frottage também era considerado um método que dava acesso ao inconsciente. Man Ray (1890-1976, americano, nome real Emmanuel Radnitzky) – A pintura, seu primeiro quadro (1913) é cubista, assim como o cinema, quatro curta-metragens produzidos na década de 40, sempre andaram a reboque da grande paixão que Man Ray tinha pela fotografia. Era um experimentalista por excelência. Trancava-se horas a fio no laboratório fotográfico para pesquisar, reconstruir e testar métodos em busca de aperfeiçoamento. Mesmo sem deixar a sua paixão de lado, funda, em 1915, a primeira revista dadaísta dos Estados Unidos, The Ridgefield Gazook, e, em 1921, participa da primeira Exposição Surrealista de Fotos, em Paris. E, tentando enquadrar a fotografia na categoria de arte, escreve, em 1937, o livro Fotografia não é Arte? Fazia, assim, uma provocação tipicamente dadaísta à sociedade da época. Man Ray trabalhou, a exemplo da arte pictórica do século IX, em três gêneros: natureza morta, paisagem e retrato. Lidando com os princípios básicos da fotografia, ele inova, busca relevo, a terceira dimensão e, para alcançar isso, começa a usar a raiografia, uma técnica em que objetos são colocados sobre o papel fotográfico em um quarto escuro e expostos à luz sem utilização da câmera. Man Ray foi, na verdade, o grande defensor da fotografia como arte, uma espécie de artesão conceitual, sempre brincando com uma consciência por trás das coisas em busca da metáfora e não simplesmente jogando elementos. Com ligações que passam pelo 11 Cubismo, Dadaísmo e Surrealismo, é o artífice da foto criativa, elaborada, construída ou improvisada, tentando sempre uma aproximação entre fotografia e pintura e é o pioneiro da desconstrução da fotografia com a transformação de fotos tradicionais em criações de laboratório, usando muitas vezes distorções de corpos e formas. Mas, artísticas ou não, o fato é que as suas fotos mais ousadas não foram bem-aceitas pelo público e, em 1940, foi para Hollywood trabalhar como fotógrafo das estrelas de cinema como Ava Gardner, Marylin Monroe e Catherine Deneuve. O tão esperado reconhecimento internacional por seus experimentos só veio em 1961 com a Medalha de Ouro na Bienal de Fotografia de Veneza. E, nos anos 70, quando surge o Pós-Modernismo, Andy Warhol começa a fundir ainda mais os elementos pesquisados por Man Ray e a fotografia passa a ganhar, a partir daí, o status de obra de PARA FAZER UM POEMA DADAÍSTA - Tristan Tzara "Pegue um jornal. Pegue a tesoura. Escolha no jornal um artigo que você deseja dar ao seu poema. Recorte o artigo. Recorte em seguida com atenção algumas palavras que formam esse artigo e meta-as num saco. Agite suavemente. Tire em seguida cada pedaço um após o outro. Copie conscienciosamente na ordem em que elas são tiradas do saco. O poema se parecerá com você. arte. 12 E ei-lo um escritor infinitamente original de uma sensibilidade graciosa, e ainda que incompreendido do público." http://www.historiadaarte.com.br/linha/dadaismo.html 1.6 SURREALISMO E INCONSCIENTE O surrealismo foi um movimento artístico que envolveu poetas, pintores, cineastas, dramaturgos, escritores e filósofos do mundo todo no período entre as duas grandes guerras mundiais. Surgiu na França, na década de 1920, e era liderado pelo escritor André Breton (1896-1966). Alguns de seus integrantes já haviam vivido as experiências do dadaísmo ou do cubismo. Os surrealistas se reuniam, trocavam ideias, propunham trabalhos coletivos, organizavam exposições, faziam folhetos, boletins e chegaram até a editar uma revista: Minotauro. EM 1924, André Briton escreveu o primeiro Manifesto do Surrealismo, em que defini as principais ideias do movimento. Ele conhecia os escritos de Sigmund Freud (1856-1939), o médico que estudou, no começo do século XX, o funcionamento da mente e descobriu a existência do inconsciente e a importância dos sonhos, criando a psicanálise. O inconsciente trabalha ao lado da nossa consciência, registrando e organizando as impressões e percepções cotidianas de uma forma não racional. Quando dormimos e sonhamos, as coisas vividas durante o dia podem, muitas vezes, reaparecer em situações estranhas. No sonho não há limites de tempo e de espaço. Podemos estar ao mesmo tempo em vários lugares ou encontrar pessoas que conhecemos no passado. No sonho, essas situações tornam-se estranhamente possíveis. Breton e os surrealistas, em seus escritos e obras, criticavam a funcionalidade do mundo moderno e industrial, após a Primeira Guerra mundial. Posicionaram-se em favor do fantástico, da imaginação e do ilógico. Acreditavam que era preciso unir nossa consciência, a mente acordada, e o nosso inconsciente, o universo desconhecido dos sonhos e dos verdadeiros medos e desejos. O resultado dessa união seria um ambiente onde o sonho e a fantasia existiriam sem conflito com a realidade: a surrealidade. Porém, cada artista trabalhva de maneira singular. Alguns deles, como os pintores Salvador Dalí e René Magritte, se valiam em suas obras de uma tácica realista, com muitos detalhes, para criar cenas sem sentido. Outros ainda exploravam formas geométricas e empregavam cores de maneira livre, como Joan Miró e Hans Arp(1886-1966). Já Max Ernest (1891-1976) fazia colagens, em que usava recortes de páginas de livros e de revistas para compor associações que causassem surpresa. SONHO E IMAGINAÇÃO Alguns artistas criam em seus trabalhos mundos imaginários e fantásticos, lugares que não existem na vida real. Para representar esses lugares e transmitir a sensação de estranheza, eles precisam desenvolver habilidades técnicas. Só dominando técnicas de 13 representação, como o uso de luz e sombra, da perspectiva, da composição do espaço, é possível fazer uma representação ao mesmo tempo absurda e convincente. Há artistas que trabalham com a representação da coisas impossíveis, criando cenas engraçadas, bizarras. Outros se interessam pelos sonhos, representando cenas oníricas, isto é, situações irreais e às vezes sem sentido, como as que ocorrem quando estamos sonhando. O sonho – Salvador Dalí Desde a infância, Dalí demonstrou interesse pelas artes plásticas. No ano de 1921, entrou para a Escola de Belas Artes de São Fernando, localizada na cidade de Madri. Porém, em 1926, foi expulso desta instituição, pois afirmava que ninguém era suficientemente competente para o avaliar. Nesta fase da vida, conviveu com vários cineastas, artistas e escritores famosos, tais como: Luis Bruñel, Rafael Alberti e Frederico Garcia Lorca. Em 1929, viajou para Paris e conheceu Pablo Picasso, artista que muito influenciou a produção artística de Dalí. No ano seguinte, começou a fazer parte do movimento artístico conhecido como surrealismo. A década de 1930 foi um período de grande produção artística de Dali. Nesta fase, o artista representava imagens do cotidiano de uma forma inesperada e surpreendente. As cores vivas, a luminosidade e o brilho também marcaram o estilo artístico de Dali. Os trabalhos psicológicos de Freud influenciaram muito o artista neste período É desta fase uma de suas obras mais conhecidas “A persistência da Memória”, que mostra um relógio derretendo. Em 1934, Dali casou-se com uma imigrante russa chamada Elena Ivanovna Diakonova, conhecida como Gala. Em 1939, foi expulso do movimento surrealista por motivos políticos. Grande parte dos artistas surrealistas eram marxistas e justificaram a expulsão de Dalí, alegando que o artista era muito comercial. Em 1942, Dali e sua esposa foram morar nos Estados Unidos, país em que permaneceu até 1948. Voltou para a Catalunha em 1949, onde viveu até o final de sua vida. Em 1960, Dali colocou em prática um grande projeto: o Teatro-Museo Gala Salvador Dali, em sua terra natal, que reuniu grande parte de suas obras. Em 1982, com a morte de sua esposa Gala, Dali entrou numa fase de grande tristeza e depressão. Parou de produzir e se recusava a fazer as refeições diárias. Ficou desidratado e teve que ser alimentado por sonda. Em 1984, tentou o suicídio ao colocar fogo em seu quarto. Passou a receber o cuidado e atenção de seus amigos. Dali morreu na cidade de Figueres, em 23 de janeiro de 1989, de pneumonia e parada cardíaca. 14 1.7 O ABSTRACIONISMO A pintura abstrata caracteriza-se pela ausência de relação imediata entre as formas e as cores representadas e as formas e cores reais. Assim, uma tela abstrata não representa a realidade que nos cerca, nem narra com imagens uma cena histórica, literária, religiosos ou mitológica. Considera-se que a moderna arte abstrata tenha sido iniciada pelo pintor russo Wassily Kandinsky (1866-1944), com a tela batalha. Em pouco tempo o Abstracionismo dominou a pintura moderna e tornou-se um movimento bastante diversificado. Uma de suas principais tendências ficou conhecida como abstracionismo geométrico, pela organização geométrica das formas e das cores. As obras do pintor holandês Piet Mondrian são as mais representativas do abstracionismo geométrico. (1872-1974). Wassily Kandinsky, nascido em Moscou, no dia 4 de dezembro de 1866 , foi um dos maiores artistas do séc. XX, sua contribuição foi enorme para a criação de uma nova estética, bem como o desenvolvimento de novas técnicas. Ele inovou as artes plásticas e influenciou diversas outras, foi um libertador da arte rompendo com tudo o que era conhecido e valorizado até então. . 1.8 O FAUVISMO Durante a realização do Salão de Outono em Paris, em 1905, alguns jovens pintores foram chamados pelo crítico Louis Vauxcelles de fauves (“feras”) pela intensidade que usavam as cores puras, sem misturas ou matizes(diferentes graus de intensidade dados a uma cor, deixando mais escura ou mais clara). O fauvismo caracterizou-se pela simplificação das formas e pelo emprego das cores puras. As figuras fauvistas são apenas sugeridas e não representadas de modo realista. Da mesma forma, as cores não são as da realidade: são puras, tal como saem do tubo de tinta, o pintor não as suavizam nem cria 15 gradação de tons. Os fauvistas tiveram suas obras rejeitadas, mas deram início ao gosto das cores puras, que hoje vemos em tantos objetos do cotidiano e em peças do vestuário. Dos pintores fauvistas, Henri Matisse( 1869-1954) foi, sem dúvida, o mais expressivo.Destacou-se pela despreocupação com o realismo tanto nas formas, quanto nas cores. Em sua obra, os objetos representados são menos importantes que a maneira de representá-los. Henri Émile Benoît Matisse foi um importante desenhista, escultor e pintor francês. Nasceu em 31 de dezembro de 1869 na cidade francesa de Le Cateau-Cambrésis e faleceu em 3 de novembro de 1954 na cidade de Nice (sul da França). Foi um dos principais representantes do movimento artístico conhecido como Fauvismo. . Henry Matisse 1.9. A ESCULTURA E O MÓBILE A ideia de que o movimento poderia ser tratado de forma artística levou Alexandre Calder (1898-1876) a inventar os móbiles. O movimento dos primeiros trabalhos de Calder tinha de ser acionado manualmente pelo observador. Depois de 1932 o artista viu que, se os objetos ficassem suspensos, se moveriam pela ação das correntes do ar. Embora os móbiles pareçam simples, sua montagem é muito complexa, pois exige um sistema de peso e contrapeso bem estudado para que o movimento tenha ritmo e seja prolongado. 1.10. TENDÊNCIAS DA ESCULTURA MODERNA Podemos distinguir diferentes tendências dentro da escultura moderna. Alguns escultores permaneceram ligados ao estilo de Rodin, isto é, a representação realista. Outros deram a liberdade à imaginação, muitas vezes inspirando-se nas formas da natureza ou em esculturas mais antigas, como as africanas. Dentro dessa segunda tendência destaca-se Constantin Brancusi (1876- 1957), um dos mais importantes escultores do século XX. Ele criou formas em geral abstratas, resultantes de um rigoroso processo de simplificação das 16 características do objeto apresentado. Assim, criou formas simples, mas muito expressivas. Brancusi dava a suas obras de metal um primoroso polimento, de modo a refletirem os efeitos luminosos. 1.11. A ARQUITETURA Na primeira metade do século XX as obras arquitetônicas mais inovadoras foram, sem dúvida, os arranha-céus, a principio nos Estados Unidos e, depois, em metrópoles do mundo todo. Essas construções tornaram-se possíveis graças a um avanço técnico: o emprego do ferro em sua estrutura. Mais tarde, com o desenvolvimento do concreto armado, os arquitetos puderam projetar edifícios com formas arrojadas. Sua maior vantagem está está na alta resistência, resultante da combinação de dois materiais: o concreto – mistura de cimento, água, areia e pedra – e o ferro. Um dos marcos do início da era dos arranha-céus pode ser situado entre os anos de 1929 e 1932, com a construção do edifício PSFS, de William Lescaze (1896-1969) e George Howe (1886-1955), na Filadélfia. Destinado a escritórios, possuía 38 andares. O arranha-céu mais famoso, entretanto, é o Empire State Building, construído entre 1930 e 1931. Foram os arranha-céus projetados anos mais tarde por Mies van der Rohe (18861969), porém, que deram a esse tipo de construção um aspecto totalmente novo, semelhante ao de muitos edifícios da atualidade. 1.12. A FOTOGRAFIA O desenvolvimento da fotografia foi propiciado pela criação do daguerriótipo, em 1839, por Louis Daguerre. A primeira exibição de cinema foi feita em 1895, pelos irmãos Lumière.. Ambos os fatos alteraram profundamente a sociedade e mudaram a maneira das pessoas conceberam a arte e com ela se relacionarem. A obra de arte deixa de ser resultado exclusivo do trabalho das “mãos de artista”. Com a fotografia, por exemplo, o “artista-fotógrafo” quase já não usa as mãos, como fazia o pintor, mas sim opera a máquina e submete o filme a processos químicos até obter um negativo, do qual podem ser feitas inúmeras cópias. Henri Cartier-Bresson (1908-2004), fotógrafo importante que iniciou seu trabalho na primeira metade do século XX, é um bom exemplo de que a fotografia pode ser uma forma de arte produzida pela máquina. Seu trabalho caracterizou-se, como ele próprio dizia, pela captura do “movimento decisivo”. Para ele, o fotógrafo devia registrar na foto um instante breve, mas que revela as ações cotidianas que são curiosas, interessantes e comoventes. O fotógrafo, portanto, precisa saber olhar o mundo e estar atento para transformas em imagem fixa um momento passageiro, que às vezes dura uma fração de segundo. 17 1.13. O CINEMA COMO ARTE E COMO INDÚSTRIA Podemos considerar o cinema como a expressão mais característica de uma arte criada a partir de descobertas tecnológicas produzida em série e voltada para o consumo de grandes massas. 1.14. MODERNISMO E ABSTRAÇÃO Ao longo da história, diversos artistas, em vez de produzir desenhos e pinturas que representavam um evento histórico ou a realidade que os cercam, criaram imagens abstratas, elaborando formas nas quais não existe nenhum tipo de figuração. Em muitas culturas, há manifestações artísticas não figurativas. É o caso do trançado realizado por certas comunidades indígenas, em que o jogo entre tiras e cores diferentes compõe uma construção geométrica. Na cultura ocidental, dos gregos até o século XIX, as formas abstratas foram utilizadas na ornamentação de interiores, na decoração de objetos como vasos e nas estampas de tecidos, sendo muitas vezes constituídas de motivos geométricos. Foi apenas no início do século XX, com o Modernismo, que os artistas passaram a fazer trabalhos completamente abstratos, libertando-se da necessidade da representar narrativas ou personagens em suas obras. Os artistas expressionistas, ao empregar em suas obras cores e formas diferentes das quais se vêem nos elementos da natureza, abriram caminho para a criação da arte abstrata. Da mesma maneira, os pintores cubistas, que exploravam a decomposição da figura, também deram um passo importante em direção à arte não figurativa. De forma geral, o termo Modernismo é empregado para se referir a vários movimentos artísticos ocorridos em diversos países e também no Brasil, nos últimos anos do século XIX e no começo do século XX, dentre os quais estão o expressionismo, o futurismo, o cubismo, o dadaísmo e o surrealismo. Esses movimentos, por serem muito inovadores, são conhecidos como vanguardas artísticas. Todos eles propuseram novos caminhos para as artes plásticas, e muitos desses caminhos levaram os artistas à arte abstrata. No final do século XIX, a popularização da imagem fotográfica havia transformado profundamente a maneira de fazer pintura. A fotografia apresentava-se como solução eficiente para resolver o problema da representação do mundo real. Mas não podemos dizer que a abstração é consequência apenas da invenção de uma máquina! Naqueles anos, houve uma valorização dos aspectos decorativos da arte, o que levou alguns artistas a se dedicarem à pesquisa e a criação de padrões abstratos, empregados na decoração de objetos. Os artistas acreditavam que não era mais possível representar o mundo moderno trabalhando de maneira tradicional. As novas realidades reveladas pela ciência, as possibilidades geradas pela tecnologia, a industrialização e a multiplicação dos grandes 18 centros urbanos haviam transformado, em curto período de tempo, o mundo ocidental. Imagine, por exemplo, as mudanças no cotidiano das pessoas causadas pela invenção da lâmpada elétrica (1879), do cinema (1895), do avião (14-Bis, pilotado por Alberto Santos Dumond em 1906) e do automóvel (primeiro modelo popular lançado em 1908). Não foi por acaso que os artistas se sentiram desafiados a criar novas formas de perceber o mundo, que se modificava numa velocidade surpreendente. Alguns deles preocuparam-se em expressar emoções, outros passaram a pesquisar aspectos que estão além da realidade visível. Houve também aqueles que passaram a pesquisar os aspectos formais em suas obras, como a relação entre linhas, cores e formas, dedicando-se à produção de trabalhos abstratos. 1.16. A ARTE DO CARTAZ No século XlX, a ideia de associar palavras e imagens para divulgar eventos ou ilustrar textos espalhou-se por diferentes regiões do mundo. Desenvolveu-se ,por exempli, na Rússia, na forma de desenhos que acompanhavam as canções populares ou na arte do cartaz. As ilustrações das canções populares eram feitas com uma técnica chamada litografia, que consistia na produção de imagens numa matriz de metal ou pedra. O artista desenhava sobre a matriz com lápis gordurosos, depois molhava essa matriz com água. Como a gordura repelia a água, essa deixava molhada apenas as áreas onde havia desenho e assim as linhas desenhadas ficavam destacadas. Passo seguinte era comprimir um papel com uma prensa sobre o papel. O resultado disso era a transferência, ou a impressão. 2. CULTURA INDÍGENA O contato com o branco, desde o início da colonização, sempre foi prejudicial ao índio e à cultura indígena em geral, pois funciona como elemento destribalizador, provocando perda das terras e dos valores culturais. Com o tempo, perdeu-se a imensa diversidade cultural que as tribos representavam sem que chegassem a ser estudadas. Por outro lado, adaptados ao seu meio ambiente, não possuindo defesas contra as doenças da civilização, muitos sucumbiram pelas gripes, sarampo, sífilis e outras doenças. Assim, dos milhões que aqui habitavam na época do descobrimento do Brasil, somam hoje 350 mil. Foram 500 anos onde houve escravidão, catequização, miscigenação e dizimação. Qualquer coisa que se diga sobre os índios do Brasil será pouco. A dívida do branco civilizado para com o indígena é alta e pesada demais. Mas um fator é positivo e devemos nos orgulhar dele. Um estudo recente do geneticista brasileiro Sérgio Danilo Pena mostrou que 70% dos brasileiros que se dizem brancos têm índios ou negros entre seus antepassados. Ou seja, a maioria de nós tem sangue mestiço. Se não justifica, pelo menos o peso de nossa consciência se torna mais leve, pois somos um povo que trás no sangue a herança das minorias ou indígena ou negra. 19 2.1 Religião e Crenças As crenças religiosas e superstições tinham um importante papel dentro da cultura indígena. Fetichistas, os indígenas temiam ao mesmo tempo um bom Deus – Tupã – e um espírito maligno, tenebroso, vingativo – Anhangá, ao sul e Jurupari, ao norte. Algumas tribos pareciam evoluir para a astrolatria, embora não possuíssem templos, e adoravam o Sol (Guaraci – mãe dos viventes) e a Lua (Jaci – nossa mãe). O culto dos mortos era rudimentar. Algumas tribos incineravam seus mortos, outras os devoravam, e a maioria, como não houvesse cemitérios, encerrava seus cadáveres na posição de fetos, em grandes potes de barro (igaçabas), encontrados suspensos tanto nos tetos de cabanas abandonadas como no interior de sambaquis. Os mortos eram pranteados obedecendo-se a uma hierarquia. O comum dos mortais era chorado apenas por sua família; o guerreiro, conforme sua fama, poderia ser chorado pela taba ou pela tribo. No caso de um guerreiro notável, seria pranteado por todo o grupo. 2.2 Costumes, Produção, Artes e Habilidade Nossos índios foram dizimados. Vitimados por doenças trazidas pela civilização, ou simplesmente incorporados à nossa cultura. No entanto, a própria preservação de nossas matas e florestas dependem dele, pois ninguém melhor do que o índio sabe viver em harmonia com a natureza tirando dela o melhor proveito sem com ela sucumbir. As sociedades indígenas são diferenciadas entre si; línguas distintas, traços de caráter, mitos. Essas diferenças não podem ser explicadas apenas em decorrência de fatores ecológicos ou razões econômicas. Podemos estimar a ex Os grupos indígenas do Brasil foram classificados em 11 áreas culturais: Norte-Amazônica; Juruá-Purus; Guaporé; TapajósMadeira; Alto-Xingu; Tocantins-Xingu; Pindaré-Gurupi; Paraná; Paraguai; Nordeste e TietêUruguai. Como sabemos os indígenas tem costumes bem diferentes dos costumes de nos urbanos, um deles é morar em ocas ou malocas, que medem mais ou menos 20 metros de comprimento por 10 metros de largura e 6 metros de altura. Fazem uma espécie de parede dupla com um espaço entre ambas o que permite uma ventilação adequada, tornando o ambiente, no seu interior bastante agradável, seja no frio ou no calor. Uma aldeia é composta de várias malocas, onde habitam várias famílias. Cada maloca possui um chefe daquele grupo, que quando reunidos formam uma espécie de "colegiado". Obs.: Esta descrição descreve um tipo de aldeia e maloca, mas de acordo com o grupo indígena e região onde habitem existem outras variedades de malocas. Os índios sabem muito bem onde e como construir suas aldeias, e para cada necessidade adaptam sua construção com muita habilidade e funcionalidade. Um outro costume que os índios tem de diferente de nós, é o modo de viver deles: eles da caça, da pesca e coleta de vegetais silvestres, obedecendo aos ciclos de atividades de subsistêndica da Floresta Tropical, chuvas, enchentes, estiagem e seca. Reunem-se em grupos que podem ser: de casais, consanguíneos (parentesco), intercasamento e relações de servidão. Na maioria dos grupos o casamento pode ser dissolvido. Preservam a infância da mulher que só pode se tornar esposa após a primeira menstruação (acompanhada de 20 ritual especial, de acordo com a tribo). Não existem padrões morais de virgindade ou adultério, tudo se resolve com conversas entre parentes próximos e com acordos entre as famílias. Temos tribos matriarcais, patriarcais, monogamia (um só esposo ou esposa - com uniões que podem ser dissolvidas) e poligamia (um esposo com várias esposas, ou uma esposa com vários maridos). Eles também costumam construir seus próprios acessórios, como suas armas, fabricam arcos perfeitos, instrumentos cortantes feitos com bicos de aves, enfeites plumarios, eles costumam usar diversos tipos de cocares, braceletes, cintos, brincos, pilão que é muito utilizado na maioria das tribos, a maneira de socar varia, algumas índias socam de pé, outras de joelho. Hábeis artesãos, os índios produzem diversos tipos de artefatos para atender suas necessidades cotidianas e rituais, que assumem, hoje, o importante papel de gerador de recursos financeiros, beneficiando as Comunidades com uma renda complementar. Assim surgem fantásticos trançados que tomam a forma de cestos, bolsas e esteiras, moldam a cerâmica que dá origem a panelas e esculturas, entalham a madeira da qual nascem armas, instrumentos musicais, máscaras e esculturas, além das plumárias e adornos de materiais diversos como cocos, sementes, unhas, ossos, conchas que, com habilidade e tecnologia, são transformados em verdadeiras obras de arte. A produção de variados objetos da cultura indígena, como material, ferramentas, instrumentos, utensílios e ornamentos, com os quais um grupo humano busca facilitar sua sobrevivência, está ligada à escolha e utilização das matérias-primas disponíveis; ao desenvolvimento da técnica adequada de manufatura; às atividades envolvidas na exploração do ambiente e na adaptação ecológica; à utilidade e finalidade prática dos objetos e instrumentos produzidos. 2.3Pintura Os índios pintam seu corpo, sua cerâmica e seus tecidos com um estilo que podemos chamar "abstrato". Observam a natureza mas não a desenham, mas ao contrário do que se pensa, não devemos chamá-la de primitiva. Partem do elemento natural para torná-lo geométrico. Usam diversos tipos de cocares, braceletes, cintos, brincos. Geralmente não matam as aves para comer, usam apenas suas penas coloridas, que guardam enroladas em esteiras para conservar melhor, ou em caixas bem fechadas com cera e algodão. A Arte Plumária é exuberante e praticamente restrita aos homens. Nas tribos, onde as mulheres usam penas, são discretas, colocadas nos tornozelos e pulsos, geralmente em cerimônias especiais. 2.4 Tecidos Alguns índios, como os Vaurá, plantam algodão e fazem vários enfeites, como os usados em seus pentes. Usam uma tinta preta extraída do suco de jenipapo. 21 As vestimentas usadas pelos índios estão relacionadas às necessidades climáticas, à observação da natureza e aos seus ritos e festas. Esta é a razão de usarem quase nada para se cobrirem, uma vez que vivemos em país tropical. A sua vestimenta não está associada à aspectos morais. Algumas tribos como a dos índios tucuna (praticamente extintos) na região do Acre, recebiam correntes frias dos Andes e usavam o "cushmã" uma especie de bata (as índias eram ótimas tecelãs). Em algumas tribos como a dos VAI-VAI (transamazônica) as mulheres tecem e usam uma tanga de miçangas. 2.5 Canoas O indígena usa o leito dos rios ou o mar para transportar com rapidez, navegando em canoas ou em jangadas. As canoas maiores são construídas de troncos de árvores rijas e chamam-se igaras, igaratés ou igaraçus. As canoas ligeiras –ubás – eram feitas de grossas cascas vegetais, e movidas a remo de palheta redonda ou oval ou ainda a vela. As jangadas, pequenas e velozes, constituíam-se de vários paus amarrados uns aos outros por fibras vegetais. Madeira talhada: Fazem remos, bancos de madeira, máscaras de madeira pintada com dentes de piranha. 2.6 Cestaria As sociedades indígenas no Brasil são detentoras das mais variadas técnicas de confecção de trançados, utilizando-se delas para a confecção de cestos, que estão entre os objetos mais usados, pois estão associados a vários fins. A cestaria produzida e utilizada por uma determinada sociedade indígena está associada à sua cultura, principal característica humana. A cestaria diz respeito ao conhecimento tecnológico, à adaptação ecológica e à cosmologia, forma de concepção do mundo daquelas sociedades. O conjunto de objetos incorporados à vivência de uma determinada sociedade indígena expressa concretamente significados e concepções daquela sociedade, bem como a representa e a identifica. Enquanto arte, em cada peça produzida existe também uma preocupação estética, identificando o artesão que a produziu e aquela sociedade da qual ela é cultura material. Para uso e conforto doméstico, podem-se citar os cestos-coadores, que se destinam a filtrar líquidos; os cestos-tamises, que se destinam a peneirar a farinha e os cestos-recipientes, que se destinam a receber um conteúdo sólido ou armazená-lo, sendo também utilizados para a caça e a pesca, para o processamento da mandioca, para o transporte e para a guarda de objetos rituais, mágicos e lúdicos. Os cestos cargueiros, como diz o nome, destinados ao transporte de cargas, apresentam uma alça para pendurar na testa e têm o formato paneiriforme, com base retangular e borda redonda, sendo conhecido pelo nome de aturá. Também são muito utilizados os cestoscargueiros de três lados, jamaxim, que dispõem de duas alças para carregar às costas, tipo mochila. Em geral, esse cesto suporta até dez quilos de mandioca. 22 2.7Cerâmica No contato manual com a terra, o homem descobriu o barro como forma de expressão. A confecção de cerâmica é muito antiga e surgiu ainda no período Neolítico, espalhando-se, aos poucos, pelas diversas regiões da Terra. Tradicionalmente, a produção da cerâmica, entre os povos indígenas que vivem no Brasil, é totalmente manual. A argila (composto de sílica, alúmen e água) é a matéria-prima básica empregada na confecção da cerâmica. A técnica mais usual para produzir os vasilhames é a da união sucessiva de roletes (feitos manualmente), utilizando-se instrumentos rústicos, bem variados, para auxiliar na confecção das peças, como cacos quebrados de potes antigos para ajudar a alisar os roletes, pincéis feitos com penas de aves ou com raízes para pintar a superfície, etc.. O tratamento dado à superfície das peças varia muito de povo para povo e de acordo com o uso que será dado a cada objeto. A superfície pode apresentar-se tosca, alisada, polida, decorada (com pinturas ou de outras maneiras) e até mesmo revestida por uma outra camada de argila especialmente preparada para este fim, a que se dá o nome de engobo. Finalmente, a louça de barro, como é comumente conhecida, pode ser queimada ao ar livre (exposta ao oxigênio), ficando com uma coloração alaranjada ou avermelhada, ou pode ser queimada em fornos de barro, fechados, que não permitem o contato com o oxigênio, o que deixa uma coloração acinzentada ou negra. Desta forma são produzidos objetos utilitários (como potes, panelas, alguidares, etc.), objetos votivos ou rituais, instrumentos musicais, cachimbos, objetos de adorno e outros. Entre as sociedades indígenas brasileiras, a cerâmica é, geralmente, confeccionada pelas mulheres. Todas aprendem a fazê-la mas, como em qualquer outra atividade, há aquelas com mais habilidade e/ou criatividade. Atualmente, algumas já se utilizam de tintas e instrumentos industrializados para produzir sua cerâmica. Nem todos os povos indígenas produzem cerâmica e alguns, que tradicionalmente produziam, deixaram de fazê-lo, após o contato com não índios e com o passar do tempo. Entre alguns povos ceramistas, os objetos produzidos são simples. Entre outros, são muito elaborados e valorizados pelos membros da sociedade. 2.8 Música São amantes da música, que praticam em festas de plantação e de colheita, nos ritos da puberdade e nas cerimônias de guerra e religiosas. Os instrumentos musicais são: toró (flauta de taquara), boré (flauta de osso), o mimbi (buzina) e o uaí (tambor de pele e de madeira). Podemos comparar o homem indígena com o homem pré-histórico, pelo fato de eles terem sua própria maneira de viver, de construir seu próprio mundo, assim como o homem préhistórico o índio constrói seus próprios adereços e etc. Eles também não tem obrigação de se casar, podem ter varias mulheres ao mesmo tempo (em algumas aldeias), criam suas próprias tintas para fazer suas pinturas tanto no corpo como em suas roupas, fazem suas próprias roupas, panelas, armas e etc. 23 2.9 Curiosidades sobre o índio: Hábitos “Estranhos”: Os homens usavam o cabelo curto na testa e longo na nuca, nas orelhas e nas fontes. As mulheres o deixavam crescer até a cintura e o prendiam quando trabalhavam. Homens e mulheres tatuavam o corpo, que pintavam (com jenipapo e urucum) e untavam (com óleos). Furar o lábio inferior para colocar objetos de pedra, osso ou madeira era um símbolo de masculinidade. Os homens usavam colares de búzios, de ossos de animais e dentes de inimigos e enfeitavam-se com penas de aves. As mulheres usavam enfeites no pescoço, nos braços e nas orelhas. Homens e mulheres raspavam os pêlos do corpo – barba, sobrancelha, pêlos pubianos, etc.. A tranqüilidade relativa com que os brasis aceitavam a homossexualidade masculina e feminina escandalizou os lusitanos. Para os europeus, era também motivo de espanto que os tupinambás assumissem tendencialmente papéis sociais segundo suas inclinações sexuais profundas. Algumas mulheres tupinambás comportavam-se como aldeões e eram tratadas como tal. Vivam com suas esposas nas residências coletivas, participavam das discussões masculinas, iam à guerra, etc.. Yanomamis Como exemplo de cultura indígena, convém ressaltar a dos Yanomami, considerados um dos grupos indígenas mais primitivos da América do Sul. Os Yanomami têm como território tradicional extensa área da floresta tropical no Brasil e na Venezuela. Possuem uma população em torno de 25.000 índios. No Brasil existem cerca de 10.000 Yanomami situados nos Estados do Amazonas e de Roraima. Falam a língua Yanomami e mantêm ainda vivos os seus usos, costumes e tradições. Vivem em grandes casas comunais. A maloca consiste numa moradia redonda, com topo cônico, com uma praça aberta ao centro. Várias famílias vivem sob o teto circular comum, sem paredes dividindo os espaços ocupados. O número de moradores varia entre trinta e cem pessoas. Desde a década de 70, com a construção da estrada Perimetral Norte cortando seu território, a operação de mineradores e, hoje, a presença de milhares de garimpeiros têm resultado na destruição da floresta etrazido muitas doenças para os Yanomami, cuja população está sob séria ameaça de desaparecimento. 3. Cultura afro-brasileira Denomina-se cultura afro-brasileira o conjunto de manifestações culturais do Brasil que sofreram algum grau de influência da cultura africana desde os tempos do Brasil colônia até a atualidade. A cultura da África chegou ao Brasil, em sua maior parte, trazida pela escravidão africana na época do tráfico transatlântico de escravos. No Brasil a cultura africana sofreu também a influência das culturas europeia (principalmente portuguesa) e indígena, de forma que características de origem africana na cultura brasileira encontramse em geral mescladas a outras referências culturais. 24 Traços fortes da cultura africana podem ser encontrados hoje em variados aspectos da cultura brasileira, como a música popular, a religião, a culinária, o folclore e as festividades populares. Os estados do Maranhão, Pernambuco, Alagoas, Bahia, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul foram os mais influenciados pela cultura de origem africana, tanto pela quantidade de escravos recebidos durante a época do tráfico como pela migração interna dos escravos após o fim do ciclo da cana-de-açúcar na região Nordeste. Ainda que tradicionalmente desvalorizados na época colonial e no século XIX, os aspectos da cultura brasileira de origem africana passaram por um processo de revalorização a partir do século XX que continua até os dias de hoje. De maneira geral, tanto na época colonial como durante o século XIX a matriz cultural de origem europeia foi a mais valorizada no Brasil, enquanto que as manifestações culturais afro-brasileiras foram muitas vezes desprezadas, desestimuladas e até proibidas. Assim, as religiões afro-brasileiras e a arte marcial da capoeira foram frequentemente perseguidas pelas autoridades. Por outro lado, algumas manifestações de origem folclórico, como as congadas, assim como expressões musicais como o lundu, foram toleradas e até estimuladas. Entretanto, a partir de meados do século XX, as expressões culturais afro-brasileiras começaram a ser gradualmente mais aceitas e admiradas pelas elites brasileiras como expressões artísticas genuinamente nacionais. Nem todas as manifestações culturais foram aceitas ao mesmo tempo. O samba foi uma das primeiras expressões da cultura afrobrasileira a ser admirada quando ocupou posição de destaque na música popular, no início do século XX. Posteriormente, o governo da ditadura do Estado Novo de Getúlio Vargas desenvolveu políticas de incentivo do nacionalismo nas quais a cultura afro-brasileira encontrou caminhos de aceitação oficial. Por exemplo, os desfiles de escolas de samba ganharam nesta época aprovação governamental através da União Geral das Escolas de Samba do Brasil, fundada em 1934. Outras expressões culturais seguiram o mesmo caminho. A capoeira, que era considerada própria de bandidos e marginais, foi apresentada, em 1953, por mestre Bimba ao presidente Vargas, que então a chamou de "único esporte verdadeiramente nacional". A partir da década de 1950 as perseguições às religiões afro-brasileiras diminuíram e a Umbanda passou a ser seguida por parte da classe média carioca[1] . Na década seguinte, as religiões afro-brasileiras passaram a ser celebradas pela elite intelectual branca. Em 2003, foi promulgada a lei nº 10.639 que alterou a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), passando-se a exigir que as escolas brasileiras de ensino fundamental e médio incluam no currículo o ensino da história e cultura afro-brasileira. 3.1 Religião Os negros trazidos da África como escravos geralmente eram imediatamente batizados e obrigados a seguir o Catolicismo. A conversão era apenas superficial e as religiões de 25 origem africana conseguiram permanecer através de prática secreta ou o sincretismo com o catolicismo. Algumas religiões afro-brasileiras ainda mantém quase que totalmente suas raízes africanas, como é o caso das casas tradicionais de Candomblé e do Xangô do Nordeste; outras formaram-se através do sincretismo religioso, como o Batuque, o Xambá e a Umbanda. Em maior ou menor grau, as religiões afro-brasileiras mostram influências do Catolicismo e da encataria europeia, assim como da pajelança ameríndia[4] . O sincretismo manifesta-se igualmente na tradição do batismo dos filhos e o casamento na Igreja Católica, mesmo quando os fiéis seguem abertamente uma religião afro-brasileira. Já no Brasil colonial os negros e mulatos, escravos ou forros, muitas vezes associavam-se em irmandades religiosas católicas. A Irmandade da Boa Morte e a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos foram das mais importantes, servindo também como ligação entre o catolicismo e as religiões afro-brasileiras. A própria prática do catolicismo tradicional sofreu influência africana no culto de santos de origem africana como São Benedito, Santo Elesbão, Santa Efigênia e Santo Antônio de Noto (Santo Antônio de Categeró ou Santo Antônio Etíope); no culto preferencial de santos facilmente associados com os orixás africanos como São Cosme e Damião (ibejis), São Jorge (Ogum no Rio de Janeiro), Santa Bárbara (Iansã); na criação de novos santos populares como a Escrava Anastácia; e em ladainhas, rezas (como a Trezena de Santo Antônio) e festas religiosas (como a Lavagem do Bonfim onde as escadarias da Igreja de Nosso Senhor do Bonfim em Salvador, Bahia são lavadas com água de cheiro pelas filhas-de-santo do candomblé). As igrejas pentencostais do Brasil, que combatem as religiões de origem africana, na realidade têm várias influências destas como se nota em práticas como o batismo do Espírito Santo e crenças como a de incorporação de entidades espirituais (vistas como maléficas). Enquanto o Catolicismo nega a existência de orixás e guias, as igrejas pentencostais acreditam na sua existência, mas como demônios. Segundo o IBGE, 0,3% dos brasileiros declaram seguir religiões de origem africana, embora um número maior de pessoas sigam essas religiões de forma reservada. Inicialmente desprezadas, as religiões afro-brasileira foram ou são praticadas abertamente por vários intelectuais e artistas importantes como Jorge Amado, Dorival Caymmi, Vinícius de Moraes, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Bethânia (que freqüentavam o terreiro de Mãe Menininha), Gal Costa (que foi iniciada para o Orixá Obaluaye), Mestre Didi (filho da iyalorixá Mãe Senhora), Antonio Risério, Caribé, Fernando Coelho, Gilberto Freyre e José Beniste (que foi iniciado no candomblé ketu). 3.2 Arte O Alaká africano, conhecido como pano da costa no Brasil é produzido por tecelãs do terreiro de Candomblé Ilê Axé Opô Afonjá em Salvador, no espaço chamado de Casa do Alaká[5] . Mestre Didi, Alapini (sumo sacerdote) do Culto aos Egungun e Assògbá (supremo sacerdote) do culto de Obaluaiyê e Orixás da terra, é também escultor e seu trabalho é voltado inteiramente para a mitologia e arte yorubana.[6] Na pintura foram muitos os pintores e desenhistas que se dedicaram a mostrar a beleza do Candomblé, Umbanda e Batuque em 26 suas telas. Um exemplo é o escultor e pintor argentino Carybé que dedicou boa parte de sua vida no Brasil esculpindo e pintando os Orixás e festas nos mínimos detalhes, suas esculturas podem ser vistas no Museu Afro-Brasileiro e tem alguns livros publicados do seu trabalho. Na fotografia o francês Pierre Fatumbi Verger, que em 1946 conheceu a Bahia e ficou até o último dia de vida, retratou em preto e branco o povo brasileiro e todas as nuances do Candomblé, não satisfeito só em fotografar passou a fazer parte da religião, tanto no Brasil como na África onde foi iniciado como babalawo, ainda em vida iniciou a Fundação Pierre Verger em Salvador, onde se encontra todo seu acervo fotográfico. 3.3 Culinária A feijoada brasileira, considerada o prato nacional do Brasil, é frequentemente citada como tendo sido criada nas senzalas e ter servido de alimento para os escravos na época colonial. Atualmente, porém, considera-se a feijoada brasileira uma adaptação tropical da feijoada portuguesa que não foi servida normalmente aos escravos. Apesar disso, a cozinha brasileira regional foi muito influenciada pela cozinha africana, mesclada com elementos culinários europeus e indígenas. A culinária baiana é a que mais demonstra a influência africana nos seus pratos típicos como acarajé, caruru, vatapá e moqueca. Estes pratos são preparados com o azeite-dedendê, extraído de uma palmeira africana trazida ao Brasil em tempos coloniais. Na Bahia existem duas maneiras de se preparar estes pratos "afros". Numa, mais simples, as comidas não levam muito tempero e são feita nos terreiros de candomblé para serem oferecidas aos orixás. Na outra maneira, empregada fora dos terreiros, as comidas são preparadas com muito tempero e são mais saborosas, sendo vendidas pelas baianas do acarajé e degustadas em restaurantes e residências. 3.4 Música e dança A música criada pelos afro-brasileiros é uma mistura de influências de toda a África subsaariana com elementos da música portuguesa e, em menor grau, ameríndia, que produziu uma grande variedade de estilos. A música popular brasileira é fortemente influenciada pelos ritmos africanos. As expressões de música afro-brasileira mais conhecidas são o samba, maracatu, ijexá, coco, jongo, carimbó, lambada, maxixe, maculelê. Como aconteceu em toda parte do continente americano onde houve escravos africanos, a música feita pelos afro-descendentes foi inicialmente desprezada e mantida na marginalidade, até que ganhou notoriedade no início do século XX e se tornou a mais popular nos dias atuais.[7] 27 4. MODERNISMO NO BRASIL A SEMANA DA ARTE MODERNA A Semana da Arte Moderna deve ser vista não só como um movimento artístico, mas também como um movimento político e social. Essa arte nova aparece inicialmente por meio da atividade crítica e literária de Oswald de Andrade, Menotti Del Picchia, Mário de Andrade e alguns outros artistas que vão se conscientizando do tempo em que vivem. Oswald de Andrade alerta para a valorização das raízes nacionais que devem ser o ponto de partida para os artistas brasileiros. Assim, cria movimentos, como o Pau-Brasil, escreve para os jornais expondo suas ideias renovadoras e participa de grupos de artistas que começam a se unir em torno de uma nova proposta estética. Antes dos anos 20, são feitas em São Paulo duas exposições de pintura que colocam a arte moderna de um modo concreto para os brasileiros: a de Lasar Segal, em 1913, e a de Anita Malffati, em 1917. A exposição de Anita Malfatti provocou uma grande polêmica com os adeptos da arte acadêmica. As principais cidades brasileiras, em particular a cidade de São Paulo, conhecia uma rápida transformação como consequência do processo industrial. Foi a Primeira Mundial (1914-1918) a responsável pelo surto de industrialização e consequente urbanização. Como se percebe é um Brasil dividido entre o rural e o urbano. Mas o bloco urbano não é homogêneo, pelo contrário, o operariado urbano de origem europeia trás uma experiência de luta de classes que se organizam e como consequência São Paulo assistiu as greves em 1905, 1907 e a mais importante em 1917. O modernismo no Brasil tem como marco simbólico a Semana da Arte Moderna, realizada em São Paulo, no ano de 1922, considerada um divisor de águas na história da cultura brasileira. O evento – organizado por um grupo de artistas por ocasião do Centenário da Independência – declara o rompimento com o tradicionalismo cultural associado às correntes literárias e artísticas anteriores: o parnasianismo, o simbolismo e a arte acadêmica. A defesa de um novo ponto de vista estético e o compromisso com a independência cultural do país faz do modernismo sinônimo de “estilo novo”, diretamente associado à produção realizada sob influência de 1922. Em fim, a Semana da Arte Moderna, realizada em 1922, com a colaboração direta de pintores, poetas, escritores artistas plásticos foi a primeira tentativa formal de propor um modelo de arte nacional, após o percurso romântico de José de Alencar para descobrir a alma brasileira, através do romance O Guarani. A intenção era romper com o academismo europeu vigente, copiado e adotado no Brasil pelos primeiros produtores artísticos em cumprimento de uma política colonialista. 28 Os patrocinadores do movimento – Di Cavalcante, Clarice Lispectro, Oswald e Mário de Andrade, Augusto de Campos, Anita Malffatti, Mentti Dell Pichia -, os colaboradores indiretos – Jorge Amado, José Lins do Rego e Graciliano Ramos, dentre outros, procuravam por diversos roteiros criar uma linguagem artística que representasse os traços de uma identidade propriamente nacional, mesmo que misturada aos estilos e escolas importadas. Cada uma a sua maneira buscou o seu percurso. Da poesia concretista dos irmãos Haroldo e Augusto de Campos, passando pelas mulatas e paisagens das favelas do Rio de Janeiro de Di Cavalcante, pelos mandaracus e cactos de Anita Malffatti até a revelação dos mitos indígenas e estórias populares de Mário de Andrade e da cultura antropofágica de Oswald de Andrade. Os estudiosos tendem a considerar o período de 1922 a 1930, como se fase em que se evidencia um compromisso primeiro dos artistas com a renovação estética, beneficiada pelo contato estreito com as vanguardas europeias (cubismo, futurismo, surrealismo, etc.). Tal esforço de redefinição da linguagem artística se articula a um forte interesse pelas questões nacionais, que ganham acento destacado a partir de década de 1930, quando os ideais de 1922 se difundem e se normalizam. Ainda que o modernismo no Brasil deva ser pensado a partir de suas expressões múltiplas – no Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pernambuco, etc. – a Semana da Arte Moderna é um fenômeno eminentemente urbano e paulista, conectado ao crescimento de São Paulo de década de 1920, à industrialização, à migração maciça de estrangeiros e à urbanização. O modernismo enfraquece a partir da década de 40, quando o abstracionismo chega com mais força ao país. Seu final acontece nos anos 50, com a criação das Bienais, que promovem a internacionalização da arte brasileira. Na literatura: Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Cassiano Ricardo, Cecília Meireles, Murilo Mendes, Jorge de Lima, Manuel Bandeira, Vinícius de Moraes, Gilberto Freire. Na música: Heitor Villa Lobos, Francisco Mignone, Camargo Guarnieri. Na arquitetura: Lúcio Costa e Oscar Niemayer. Na pintura: Tarcila do Amaral, Lasar Segal, Di Cavalcante, Cândido Portinari, Pancetti, Alfredo Volpi. Na escultura: Vitor Brecheret, Bruno Giorgi e Mário Cravo. No dizer de Mário Andrade, o Modernismo brasileiro é assim sintetizado “o direito permanente à pesquisa estética; a atualização da inteligência artística brasileira; a estabilização de uma consciência crítica nacional e, notadamente, a conjunção desses três elementos num todo orgânico de consciência coletiva.” O Brasil alcança maturidade concretizando os objetivos da Semana de 22 com as Bienais, que, com a participação de artistas de renome mundial, atingem alto nível no mercado internacional de arte. 29 A CARICATURA NOS ANOS 1920 No Brasil,a caricatura, ou o desenho de poucos traços com intenção de humor, teve momentos expressivos desde o século XIX e continua, nos dias de hoje, tendo espaço importante nos jornais e revistas. Nos anos de 1920, entretanto,as revistas passam a publicar os desenhos de José Carlos de Brito e cunha (1884- 1950). Com seu desenho de traços econômicos, com os quais sabia representar com segurança e clareza pessoas e situações, documentou o costume da vida de sua cidade, o Rio de janeiro, os tipos populares, satirizou os políticos e homenageou artistas amados pelo público. Cândido Portinari O mestre Cândido Portinari. Nascido em 1903, em uma fazenda de café localizada na pequena cidade de Brodowski, interior do estado de São Paulo, Portinari demonstrava uma grande aptidão artística desde os primeiros anos de vida. Inserido no meio rural, o artista teve uma educação muito deficiente e não chegou a completar o ensino primário. Sua primeira demonstração de talento artístico foi aos 14 anos de idade, quando foi convidado a atuar como ajudante junto a um grupo de pintores italianos que estava na cidade realizando a restauração de igrejas. Aos 15 anos, Cândido Portinari deixa São Paulo e viaja para o Rio de Janeiro onde ingressa na Escola Nacional de Belas Artes (ENBA), destacando-se rapidamente entre os demais alunos. Seu sucesso era tanto que, aos 20 anos de idade, Portinari já atraia a atenção de seus colegas, professores e até mesmo da imprensa. Nessa época, o pintor também revela seu interesse por um dos movimentos artísticos que, na época, era considerado marginalizado: o modernismo. Durante o tempo que estudou na ENBA, Portinari sempre almejou ganhar um dos maiores prêmios que eram oferecidos pela instituição: a medalha de ouro do Salão da ENBA. Durante anos tentou, mas não conseguiu destaque. Em 1928, enfim, o pintor conseguiu alcançar seu objetivo e, além do prêmio, ganhou uma viagem para Paris, local em que morou por dois anos e conheceu grandes nomes da pintura daquele tempo. Em Paris também conheceu sua esposa, Maria Martinelli, que o acompanhou pelo restante de sua vida. Ao retornar para o Brasil em 1931, Cândido Portinari sentia-se renovado. Nessa época a estética de suas obras mudou radicalmente criando centenas de esboços e pintando vários quadros que eram expostos no Brasil e no exterior, como em Nova Iorque, nos E.U.A. 30 Os anos foram passando e Cândido Portinari foi deixando aos poucos as telas e dedicando-se a pintura de murais e afrescos, tendo inclusive pintado murais para a Biblioteca do Congresso de Washington e também para a Igreja de São Francisco de Assis, em Belo Horizonte. Entre suas maiores obras estão os painéis Guerra e Paz, pintados entre os anos de 1952 e 1956. Na época, os painéis foram encomendados pelo governo brasileiro como presente para a sede da Organização das Nações Unidas (ONU), localizada em Nova Iorque. Os dois painéis medem 14 m x 10 m cada e retratam cenas alegria e tristeza que impressionam pela riqueza de detalhes. Durante o ano de 1954, Cândido Portinari foi diagnosticado com uma grave intoxicação causada pelo chumbo contido nas tintas que usava. Mesmo que os médicos recomendassem que o artista deixasse a pintura, Portinari continuou pintando e viajando com frequência para exposições internacionais. Em 06 de fevereiro de 1962 Portinari falece envenenado pelo chumbo e é sepultado em um cemitério na cidade do Rio de Janeiro, local em que passou a maior parte de sua vida. Mesmo tendo uma vida relativamente curta, Cândido Portinari deixou um legado para milhares de novos artistas que surgiram ao longo do século XX. Além disso, suas obras até hoje fazem um enorme sucesso em diversos continentes, tornando-o um dos pintores brasileiros mais respeitados no exterior. Agora que você já conhece um pouco mais sobre a história desse grande artista, vamos conferir algumas das principais obras de Cândido Portinari que hoje estão em importantes museus dentro e fora do Brasil. Mestiço (1934) Lavrador de café (1934) 31 TARCILA DO AMARAL Tarsila do Amaral foi uma das mais importantes pintoras brasileiras do movimento modernista. Nasceu na cidade de Capivari (interior de São Paulo), em 1 de setembro de 1886. Na adolescência, Tarsila estudou no Colégio Sion, localizado na cidade de São Paulo, porém, completou os estudos numa escola de Barcelona (Espanha). Desde jovem, Tarsila demonstrou muito interesse pelas artes plásticas. Aos 16 anos, pintou seu primeiro quadro, intitulado Sagrado Coração de Jesus. Em 1906, casou-se pela primeira vez com André Teixeira Pinto e com ele teve sua única filha, Dulce. Após se separar, começa a estudar escultura. Somente aos 31 anos começou a aprender as técnicas de pintura com Pedro Alexandrino Borges (pintor, professor e decorador). Em 1920, foi estudar na Academia Julian (escola particular de artes plásticas) na cidade de Paris. Em 1922, participou do Salão Oficial dos Artistas da França, utilizando em suas obras as técnicas do cubismo. Retornou para o Brasil em 1922, formando o "Grupo dos Cinco", junto com Anita Malfatti, Mario de Andrade, Oswald de Andrade e Menotti Del Picchia. Este grupo foi o mais importante da Semana de Arte Moderna de 1922. Em 1923, retornou para a Europa e teve contatos com vários artistas e escritores ligados ao movimento modernista europeu. Entre as décadas de 1920 e 1930, pintou suas obras de maior importância e que fizeram grande sucesso no mundo das artes. Entre as obras desta fase, podemos citar as mais conhecidas: Abaporu (1928) e Operários (1933). No final da década de 1920, Tarsila criou os movimentos Pau-Brasil e Antropofágico. Entre as propostas desta fase, Tarsila defendia que os artistas brasileiros deveriam conhecer bem a arte europeia, porém deveriam criar uma estética brasileira, apenas inspirada nos movimentos europeus. No ano de 1926, Tarsila casou-se com Oswald de Andrade, separando-se em 1930. Entre os anos de 1936 e 1952, Tarsila trabalhou como colunista nos Diários Associados (grupo de mídia que envolvia jornais, rádios, revistas). Tarsila do Amaral faleceu na cidade de São Paulo em 17 de janeiro de 1973. A grandiosidade e importância de seu conjunto artístico a tornou uma das grandes figuras artísticas brasileiras de todos os tempos. Características de suas obras - Uso de cores vivas - Influência do cubismo (uso de formas geométricas) - Abordagem de temas sociais, cotidianos e paisagens do Brasil - Estética fora do padrão (influência do surrealismo na fase antropofágica) 32 TARCILA DO AMARAL Tarsila do Amaral foi uma das mais importantes pintoras brasileiras do movimento modernista. Nasceu na cidade de Capivari (interior de São Paulo), em 1 de setembro de 1886. Na adolescência, Tarsila estudou no Colégio Sion, localizado na cidade de São Paulo, porém, completou os estudos numa escola de Barcelona (Espanha). Desde jovem, Tarsila demonstrou muito interesse pelas artes plásticas. Aos 16 anos, pintou seu primeiro quadro, intitulado Sagrado Coração de Jesus. Em 1906, casou-se pela primeira vez com André Teixeira Pinto e com ele teve sua única filha, Dulce. Após se separar, começa a estudar escultura. Somente aos 31 anos começou a aprender as técnicas de pintura com Pedro Alexandrino Borges (pintor, professor e decorador). Em 1920, foi estudar na Academia Julian (escola particular de artes plásticas) na cidade de Paris. Em 1922, participou do Salão Oficial dos Artistas da França, utilizando em suas obras as técnicas do cubismo. Retornou para o Brasil em 1922, formando o "Grupo dos Cinco", junto com Anita Malfatti, Mario de Andrade, Oswald de Andrade e Menotti Del Picchia. Este grupo foi o mais importante da Semana de Arte Moderna de 1922. Em 1923, retornou para a Europa e teve contatos com vários artistas e escritores ligados ao movimento modernista europeu. Entre as décadas de 1920 e 1930, pintou suas obras de maior importância e que fizeram grande sucesso no mundo das artes. Entre as obras desta fase, podemos citar as mais conhecidas: Abaporu (1928) e Operários (1933). No final da década de 1920, Tarsila criou os movimentos Pau-Brasil e Antropofágico. Entre as propostas desta fase, Tarsila defendia que os artistas brasileiros deveriam conhecer bem a arte europeia, porém deveriam criar uma estética brasileira, apenas inspirada nos movimentos europeus. No ano de 1926, Tarsila casou-se com Oswald de Andrade, separando-se em 1930. Entre os anos de 1936 e 1952, Tarsila trabalhou como colunista nos Diários Associados (grupo de mídia que envolvia jornais, rádios, revistas). Tarsila do Amaral faleceu na cidade de São Paulo em 17 de janeiro de 1973. A grandiosidade e importância de seu conjunto artístico a tornou uma das grandes figuras artísticas brasileiras de todos os tempos. Características de suas obras - Uso de cores vivas - Influência do cubismo (uso de formas geométricas) - Abordagem de temas sociais, cotidianos e paisagens do Brasil - Estética fora do padrão (influência do surrealismo na fase antropofágica) 33 ANITA MALFATTI Um dos períodos de maior produção artística de Anita Malfatti foi durante sua estadia nos Estados Unidos, quando a artista se isolou numa ilha de pescadores na Costa do Maine chamada Monhegan Island (nome que serve de subtítulo a um dos quadros da época: Rochedos). Anita vivia com outros pintores que trabalhavam sob a orientação do pintor e filósofo Homer Boss, da Independent School of Art. Anita passava os dias pintando ao ar livre, e ao anoitecer ouvia as aulas inspiradas de Homer Boss. Nesse ambiente de liberdade e inspiração, a artista explorou as influências expressionistas adquiridas durante seu aprendizado anterior na Alemanha. Em obras como A Ventania e A Onda, a paisagem local é representada como uma força selvagem, agressiva e dinâmica, e o uso da deformação expressa certa inquietação do olhar humano diante da natureza. Uma das obras mais conhecidas desse período é O Farol. Nessa pintura, assim como em O Barco, a paisagem está mais harmonizada com a presença humana, através das edificações que compõem o cenário. O uso da deformação é sensivelmente menor, em contrapartida Anita utiliza exemplarmente a principal característica do seu expressionismo: as cores abundantes e vivas, a chamada “Festa da Cor”. O Farol. 1915. óleo s/ tela (46,5x61). Col. Chateaubriand Bandeira de Mello, RJ. Entre as obras que fomentaram as polêmicas em torno da lendária exposição de 1917, certamente estão muitos dos retratos pintados por Anita.Tanto nas paisagens quanto nos retratos, a cor é o 34 principal instrumento da jovem Anita Malfatti. A obra O homem de sete cores revela essa preocupação intensa, e essa técnica também irá produzir grandes telas como A boba.. A boba. 1915-16. Óleo s/ tela (61x50,5). Col. Museu de Arte Contemporânea da USP, SP. Anita utilizava modelos que posavam na Independent School of Art em troca de alguns dólares. Essas pessoas, sem nenhuma ligação com o mundo artístico, serviriam como modelos para obras como A mulher de cabelos verdes e O homem amarelo, obra que fascinou Mario de Andrade, quando este sequer conhecia Anita. 5..ARTE CONTEMPORÂNEA É um período artístico que surgiu na segunda metade do século XX e se prolonga até os dias de hoje. Após a Segunda Guerra Mundial, sobrepõe-se aos costumes a necessidade da produção em massa. Quando surge um movimento na arte, esse movimento revela-se na pintura, na literatura, na moda, no cinema, e em tantas outras artes tão diferentes. Sendo a arte transcendente, para um determinado movimento surgir é muito provável que surge antes na sociedade. A arte começa a incorporar ao seu repertório questionamentos bem diferentes das rupturas propostas pelas Arte Moderna e as Vanguardas Modernistas. Esse período evidencia-se fulminantemente na década de 60, com o aviso de uma viagem ao espaço, com forte recorrência ao brilho do vinil. Na década de 70 a arte contemporânea é um conceito a ter em conta. Surge, em fim a Op Arte, baseada na geometrização da arte, Pop Art (principais artistas: Andy Warhol e Roy Liechtestein) baseada nos ícones da época, no mundo festivo dos setentas, uma arte comercial, que mais tarde se tornaria uma arte erudita. A partir dos meados das décadas de 60 e 70, notou-se que a arte produzida naquele período já não mais correspondia à Arte Moderna do início do século XX. A Arte Contemporânea 35 entra em cena a partir dos anos 70, quando as importantes mudanças no mundo e na nossa relação de tempo e espaço transformam globalmente os seres humanos. Entre os movimentos mais célebres estão a Op Arte, Videoarte, a Happening, a Fluxus, a Pop Art, o Expressionismo Abstrato, a Arte Conceitual, a Arte Povera, o Minimalismo, a Body Art, o Fotorrealismo, a Internet Art e a Street Art ( a arte das ruas, baseada na cultura do grafiti e inspirada faccionalmente na geração hip-hop, tida muitas vezes como vandalismo). Quando se fala em arte contemporânea não é para designar tudo o que é produzido no momento, e sim aquilo que nos propõe um pensamento sobre a própria arte ou uma análise crítica da teoria visual. Como dispositivo de pensamento, a arte interroga e atribui novos significados ao se apropriar de imagens, não só as que fazem parte da história da arte, mas também as que habitam o cotidiano. O belo contemporâneo não busca mais o novo, nem o espanto, como as vanguardas da primeira metade do século XX: propõe o estranhamento ou o questionamento da linguagem e sua leitura. Geralmente o artista de vanguarda tinha a necessidade de experimentar técnicas e metodologias, com o objetivo de criar novidades e se colocar à frente do progresso tecnológico. Hoje, fala-se até em ausência do “novo”, em um retorno à tradição. O artista contemporâneo tem outra mentalidade, a marca de sua arte não é mais a novidade moderna, mesmo a experimentação de técnicas e instrumentos novos visa a produção de outros significados. Diante da importância da imagem no mundo em que estamos vivendo, tornou-se necessário para a contemporaneidade insinuar uma crítica da imagem. O artista reprocessa linguagens superfície e sua poética. Ele tem a sua disposição como instrumental de trabalho, um conjunto de imagens. A arte passou a ocupar o espaço da invenção e da crítica de si mesmo. As novas tecnologias para a arte contemporânea não significam o fim, mas um meio à disposição da liberdade do artista, para questionar o próprio visível, alterar a percepção, propor um enigma e não mais uma visão pronta do mundo. O trabalho do artista passa a exigir também do espectador uma determinada atenção, um olhar que critica. O que vai determinar a contemporaneidade é a qualidade da linguagem, o uso preciso do meio para expressar uma ideia, onde pesa experiência e informação. Não é simplesmente o manuseio do pincel ou do computador que vai qualificar a atualidade de uma obra de arte. Pelo que foi visto até o momento, concluímos que a arte é uma forma de linguagem, uma forma de expressão. Esta linguagem artística depende do espírito de cada época e retrata a filosofia do momento. A arte de hoje pretende atingir a emoção através de todos os canais de comunicação e de todas as linguagens possíveis. Portanto, encontramos obras que não se enquadram em um campo único da arte, mas englobam várias áreas. As Bienais comprovam isto. 5.1 Arte Concreta O termo arte concreta é usado por Theo van Doesburg (1883-1931), que participa do grupo e revista homônimos fundados em 1930, em Paris. No texto de introdução do primeiro número da revista Arte Concreta, pontua o que seria a base da pintura concreta: "1º A arte é universal; 2º A obra de arte deve ser inteiramente concebida e formada pelo espírito antes 36 de sua execução [...]; 3º O quadro deve ser inteiramente construído com elementos puramente plásticos, isto é, planos e cores. Um elemento pictural só significa a 'si próprio' e, conseqüentemente o quadro não tem outra significação que 'ele mesmo'; 4º A construção do quadro, assim como seus elementos, deve ser simples e controlável visualmente; 5º A técnica deve ser mecânica, isto é, exata, antiimpressionista; 6º Esforço pela clareza absoluta". Portanto, a arte concreta tenta abandonar qualquer aspecto nacional ou regional e se afasta inteiramente da representação da natureza. E, negando as correntes artísticas subjetivistas e líricas, recusa o sensualismo e a arte como expressão de sentimentos. Sem implicar uma arte figurativa, a arte concreta nasce também como oposição à arte abstrata, que pode trazer vestígios simbólicos por causa de sua origem na abstração da representação do mundo. Linha, ponto, cor e plano não figuram nada e são o que há de mais concreto numa pintura. Segundo Van Doesburg, um nu feminino, uma árvore ou uma natureza-morta pintados não são elementos concretos, mas abstrações. O que há de concreto numa pintura são os elementos formais. No entanto, Wassily Kandinsky (18661914) publica, em 1938, um artigo intitulado Arte Concreta para definir a pintura abstrata e não figurativa. A arte concreta é herdeira das pesquisas do grupo De Stijl [O Estilo], 1917/1928, de Piet Mondrian (1872-1944) e Van Doesburg, que busca a pureza e o rigor formal na ordem harmônica do universo. Além disso, parte de ideais da Bauhaus, 19191933, nos quais a racionalidade deve estar presente em todos os âmbitos sociais e nas conquistas da arte democratizadas pela indústria. O artista suíço Max Bill (1908-1994), nos anos 1950, com a Hochschule für Gestaltung (HfG) [Escola Superior da Forma], em Ulm, Alemanha, tenta levar adiante esse projeto. Para Bill - um dos principais responsáveis pela divulgação da arte concreta na América Latina -, a matemática é o meio mais eficiente para o conhecimento da realidade objetiva e uma obra plástica deve ser ordenada pela geometria e pela clareza da forma. Em 1948, o argentino Tomás Maldonado (1922), que se torna professor da Escola Superior da Forma, faz contato com Bill. Antes disso, O Manifesto Invencionista publicado em 1946, na revista Arte Concreto-Invención, em Buenos Aires, reafirma o fim da arte como representação e ilusão, e diz ainda que "a estética científica substituirá a milenar estética especulativa e idealista". Após a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a América Latina passa por um forte surto desenvolvimentista e industrial. No Brasil, são fundados os Museus de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ) e de São Paulo (MAM/SP), o Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp) e a Bienal Internacional de São Paulo. Em 1950, Max Bill realiza exposição no Masp e, no ano seguinte, sua escultura Unidade Tripartida ganha o 1º prêmio na 1ª Bienal Internacional de São Paulo, o que influencia os caminhos da arte feita no país. Em 1952, o Grupo Ruptura, integrado por Anatol Wladyslaw (1913-2004), Lothar Charoux (1912-1987), Féjer (1923-1989), Geraldo de Barros (1923-1998), Leopold Haar (1910-1954), Luiz Sacilotto (1924-2003), liderado por Waldemar Cordeiro (1925-1973), realiza exposição no MAM/SP. O grupo redige manifesto em que diz que a arte é "um meio de conhecimento deduzível de conceitos", e reafirma seu conteúdo objetivo. A Exposição Nacional de Arte Concreta, realizada em 1956/1957, reúne, além dos artistas do Grupo Ruptura, alunos de Ivan Serpa (1923-1973), que leciona pintura no MAM/RJ e de onde surge o Grupo Frente, formado por Décio Vieira (1922-1988), Rubem 37 Ludolf (1932-2010), César Oiticica (1939) e Hélio Oiticica (1937-1980). Participam também, entre outros, Lygia Pape (1927-2004), Lygia Clark (1920-1988), Amilcar de Castro (19202002) e Franz Weissmann (1911-2005). O crítico Mário Pedrosa (1900-1981) - que em 1949 escreve tese pioneira sobre a relação entre arte e psicologia da gestalt, que muito alimenta os artistas concretos - publica artigo sobre a exposição e observa a diferença entre paulistas, que seriam mais teóricos e dogmáticos, e cariocas, intuitivos e empíricos. Em 1959, liderados por Ferreira Gullar (1930), os cariocas assinam o Manifesto Neoconcreto. http://www.itaucultural.org.br/aplicExternas/enciclopedia 5..2 POP-ART Movimento principalmente americano e britânico, sua denominação foi empregada pela primeira vez em 1954, pelo crítico inglês Lawrence Alloway, para designar os produtos da cultura popular da civilização ocidental, sobretudo os que eram provenientes dos Estados Unidos. Com raízes no dadaísmo de Marcel Duchamp, o pop art começou a tomar forma no final da década de 1950, quando alguns artistas, após estudar os símbolos e produtos do mundo da propaganda nos Estados Unidos, passaram a transformá-los em tema de suas obras. Representavam, assim, os componentes mais ostensivos da cultura popular, de poderosa influência na vida cotidiana na segunda metade do século XX. Era a volta a uma arte figurativa, em oposição ao expressionismo abstrato que dominava a cena estética desde o final da segunda guerra. Sua iconografia era a da televisão, da fotografia, dos quadrinhos, do cinema e da publicidade. Com o objetivo da crítica irônica do bombardeamento da sociedade pelos objetos de consumo, ela operava com signos estéticos massificados da publicidade, quadrinhos, ilustrações e designam, usando como materiais principais, tinta acrílica, poliéster, látex, produtos com cores intensas, brilhantes e vibrantes, reproduzindo objetos do cotidiano em tamanho consideravelmente grande, transformando o real em hiper-real. Mas ao mesmo tempo que produzia a crítica, a Pop Art se apoiava e necessitava dos objetivos de consumo, nos quais se inspirava e muitas vezes o próprio aumento do consumo, como aconteceu por exemplo, com as Sopas Campbell, de Andy Warhol, um dos principais artistas da Pop Art. Além disso, muito do que era considerado brega, virou moda, e já que tanto o gosto, como a arte tem um determinado valor e significado conforme o contexto histórico em que se realiza, a Pop Art proporcionou a transformação do que era considerado vulgar, em refinado, e aproximou a arte das massas, desmitificando, já que se utilizava de objetos próprios delas, a arte para poucos. 38 Principais Artistas: Robert Rauschenberg (1925) Depois das séries de superfícies brancas ou pretas reforçadas com jornal amassado do início da década de 1950, Rauschenberg criou as pinturas "combinadas", com garrafas de Coca embalagens de produtos industrializados e pássaros empalhados. Por volta de 1962, adotou a técnica de impressão em silk-screen para aplicar imagens fotográficas a grandes extensões da tela e unificava a composição por meio de grossas pinceladas de tinta. Esses trabalhos tiveram como temas episódios da história americana moderna e da cultura popular. Roy Lichtenstein (1923-1997). Seu interesse pelas histórias em quadrinhos como tema artístico começou provavelmente com uma pintura do camundongo Mickey, que realizou em 1960 para os filhos. Em seus quadros a óleo e tinta acrílica, ampliou as características das histórias em quadrinhos e dos anúncios comerciais, e reproduziu a mão, com fidelidade, os procedimentos gráficos. Empregou, por exemplo, uma técnica pontilhista para simular os pontos reticulados das historietas. Cores brilhantes, planas e limitadas, delineadas por um traço negro, contribuíam para o intenso impacto visual. Com essas obras, o artista pretendia oferecer uma reflexão sobre a linguagem e as formas artísticas. Seus quadros, desvinculados do contexto de uma história, aparecem como imagens frias, intelectuais, símbolos ambíguos do mundo moderno. O resultado é a combinação de arte comercial e abstração. Andy Warhol (1927-1987). Ele foi figura mais conhecida e mais controvertida do pop art, Warhol mostrou sua concepção da produção mecânica da imagem em substituição ao trabalho manual numa série de retratos de ídolos da música popular e do cinema, como Elvis Presley e Marilyn Monroe. Warhol entendia as personalidades públicas como figuras impessoais e vazias, apesar da ascensão social e da celebridade. Da mesma forma, e usando sobretudo a técnica de serigrafia, destacou a impessoalidade do objeto produzido em massa para o consumo, como garrafas de Coca-Cola, as latas de sopa Campbell, automóveis, crucifixos e dinheiro. Produziu filmes e discos de um grupo musical, incentivou o trabalho de outros artistas e uma revista mensal. NO BRASIL A década de 60 foi de grande efervescência para as artes plásticas no pais. Os artistas brasileiros também assimilaram os expedientes da pop art como o uso das impressões em silkscreen e as referências aos gibis. Dentre os principais artistas estão Duke Lee, Baravelli, Fajardo, Nasser, Resende, De Tozzi, Aguilar e Antonio Henrique Amaral. A obra de Andy Warhol expunha uma visão irônica da cultura de massa. No Brasil, seu espírito foi subvertido, pois, nosso pop usou da mesma linguagem, mas transformou-a em instrumento de denúncia política e social 39 O Pop Art. utiliza as características visuais e estratégias desenvolvidas na sociedade de consumo e da comunicação em massa. "popular art "( arte popular ). Não significa arte feita pelo povo, mas produzida para o consumo de massa. Ele explora os recursos da linguagem visual - cores, superfícies amplas, o aspecto gráfico (linhas) - difundidos nas imagens das diversas mídias. Nesse período a arte sofreu grandes mudanças deixando de ser artesanal e passa a usar como material o gesso, tinta acrílica, poliéster, látex produtos de cores intensas, fluorescentes, brilhantes e vibrantes. Com esse material era feito colagens, algumas colagens repetidas, e assim eram criados Historias em quadrinhos, os mitos em Hollywood, as figuras da sociedade, os produtos do supermercado e propagandas ( impressas, cinema e vídeos). Até hoje os artistas usam as características como inspiração para a criação de propagandas e cartuns. 5.3 OP ART O termo foi incorporado à história e à crítica de arte após a exposição The responsive eye [O olhar compreensivo, MoMA/Nova York, 1965), para se referir a um movimento artístico que conhece seu auge entre 1965 e 1968. Os artistas envolvidos com essa vertente realizam pesquisas que privilegiam efeitos óticos, em função de um método ancorado na interação entre ilusão e superfície plana, entre visão e compreensão. Dialogando diretamente com o mundo da indústria e da mídia (publicidade, moda, design, cinema e televisão), os trabalhos da op art enfatizam a percepção a partir do movimento do olho sobre a superfície da tela. Nas composições - em geral, abstratas - linhas e formas seriadas se organizam em termos de padrões dinâmicos, que parecem vibrar, tremer e pulsar. O olhar, convocado a transitar entre a figura e o fundo, a passear pelos efeitos de sombra e luz produzidos pelos jogos entre o preto e o branco ou pelos contrastes tonais, é fisgado pelas artimanhas visuais e ilusionismos. O húngaro Victor de Vasarely (1908) é um dos maiores nomes da op art. A partir de 1930, em Paris, o artista começa a explorar efeitos óticos pela utilização de dominós, tabuleiros de xadrez, dados, réguas, zebras e arlequins. Mas é a partir de 1947 que envereda pela abstração geométrica. "Não foi senão em 1947", diz ele, "que o abstrato revelou-se para mim, realmente e verdadeiramente, quando me dei conta que a pura formacor era capaz de significar o mundo". A idéia de forma-cor remete diretamente à concepção de unidade plástica de Vasarely. Nessa estrutura irredutível - molécula pictural -, o pintor reencontra o ponto, do pontilhismo de Georges Seurat (1859-1891), e o quadrado de Kazimir Malevich (1878-1935), uma espécie de forma zero. A partir dessa estrutura elementar, o pintor cria uma gramática de possibilidades com o auxílio do preto e branco (com os quais trabalhou em boa parte de sua obra) e da progressiva introdução da cor. A inglesa Bridget Riley (1931) é outro grande expoente da op art. Como os demais artistas ligados ao movimento, ela investiga formas e unidade seriadas para a composição de padrões gerais, que apelam diretamente à visão, pelos seus efeitos de vibração e ofuscamento. Realiza pinturas de grande porte, cenários e a decoração do interior do Hospital Real de Liverpool. 40 A galeria Denise René, em Paris, reúne um grupo de artistas envolvido com as investigações visuais da op art, parte deles argentinos como Julio Le Parc, Marta Boto e Luis R. Tomasello (1915), além de Yvaral (1934) (filho de Vasarely), do venezuelano Carlos CruzDiez (1923) e outros. O Groupe de Recherche d?Art Visuel (GRAV), que funciona entre 1960 e 1968, foi outro pólo aglutinador da produção da op art e da arte cinética. O nome do venezuelano Jesús-Raphael Soto (1923) se destaca no grupo de artistas latino-americanos radicados em Paris. Entre 1950 e 1953, o artista cria as primeiras obras em que elementos dispostos em série no espaço produzem efeitos de movimento virtual e vibração ótica (Estudo para uma série, 1953). Mas é em 1955 que ele se lança mais diretamente em relação às pesquisas cinéticas, fundamentadas nas alterações perceptivas decorrentes, seja da posição do observador diante da obra, seja do uso de elementos suspensos a vibrar diante um fundo. Ainda que um exame atento dessa ampla produção pudesse ser capaz de revelar diferentes inflexões no interior da op art, não parece difícil entrever um programa comum constituído a partir de estímulos semelhantes: as progressões matemáticas (muitas vezes trabalhadas com o auxílio de computadores); a Gestalt; o cubismo de Georges Braque (1882-1963), Pablo Picasso (1881-1973) e Juan Gris (1887-1927); o neoplasticismo de Piet Mondrian (1872-1944); além do construtivismo da Bauhaus, de Malevich e do impressionismo, sobretudo na vertente explorada por Seurat. Os trabalhos de Vasarely, Riley e outros propagaram-se pelo mundo todo. No Brasil, realizaram experiências óticas em seus trabalhos: Lothar Charoux (1912-1987), Almir Mavignier (1925), Ivan Serpa (19231973), Abraham Palatnik (1928), entre outros. Nos anos 50 algumas pinturas de Luiz Sacilotto (1924-2003) antecipam questões que serão desenvolvidas posteriormente pela op art propriamente dita. http://www.itaucultural.org.br/ 5..4 Arte Conceitual Definição Para a arte conceitual, vanguarda surgida na Europa e nos Estados Unidos no fim da década de 1960 e meados dos anos 1970, o conceito ou a atitude mental tem prioridade em relação à aparência da obra. O termo arte conceitual é usado pela primeira vez num texto de Henry Flynt, em 1961, entre as atividades do Grupo Fluxus. Nesse texto, o artista defende que os conceitos são a matéria da arte e por isso ela estaria vinculada à linguagem. O mais importante para a arte conceitual são as idéias, a execução da obra fica em segundo plano e tem pouca relevância. Além disso, caso o projeto venha a ser realizado, não há exigência de que a obra seja construída pelas mãos do artista. Ele pode muitas vezes delegar o trabalho físico a uma pessoa que tenha habilidade técnica específica. O que importa é a invenção da obra, o conceito, que é elaborado antes de sua materialização. Devido à grande diversidade, muitas vezes com concepções contraditórias, não há um consenso que possa definir os limites do que pode ou não ser considerado como arte conceitual. Segundo Joseph Kosuth, em seu texto Investigações, publicado em 1969, a 41 análise lingüística marcaria o fim da filosofia tradicional, e a obra de arte conceitual, dispensando a feitura de objetos, seria uma proposição analítica, próxima de uma tautologia. Como, por exemplo, em Uma e Três Cadeiras, ele apresenta o objeto cadeira, uma fotografia dela e uma definição do dicionário de cadeira impressa sobre papel. O grupo Arte & Linguagem, surgido na Inglaterra entre 1966 e 1967, formado inicialmente por Terry Atkinson, Michael Baldwin, David Bainbridge e Harold Hurrel, que publica em 1969 a primeira edição da revista Art-Language, investiga uma nova forma de atuação crítica da arte e, assim como Kosuth, se beneficia da tradição analítica da filosofia. O grupo se expande nos anos 1970 e chega a contar com cerca de vinte membros. E Sol LeWitt, em Sentenças, 1969, sobre arte conceitual, evita qualquer formulação analítica e lógica da arte e afirma que "os artistas conceituais são mais místicos do que racionalistas. Eles procedem por saltos, atingindo conclusões que não podem ser alcançadas pela lógica". Apesar das diferenças pode-se dizer que a arte conceitual é uma tentativa de revisão da noção de obra de arte arraigada na cultura ocidental. A arte deixa de ser primordialmente visual, feita para ser olhada, e passa a ser considerada como idéia e pensamento. Muitos trabalhos que usam a fotografia, xerox, filmes ou vídeo como documento de ações e processos, geralmente em recusa à noção tradicional de objeto de arte, são designados como arte conceitual. Além da crítica ao formalismo, artistas conceituais atacam ferozmente as instituições, o sistema de seleção de obras e o mercado de arte. George Maciunas, um dos fundadores do Fluxus, redige em 1963 um manifesto em que diz: "Livrem o mundo da doença burguesa, da cultura 'intelectual', profissional e comercializada. Livrem o mundo da arte morta, da imitação, da arte artificial, da arte abstrata... Promovam uma arte viva, uma antiarte, uma realidade não artística, para ser compreendida por todos [...]". A contundente crítica ao materialismo da sociedade de consumo, elemento constitutivo das performances e ações do artista alemão Joseph Beuys, pode ser compreendida como arte conceitual. Embora os artistas conceituais critiquem a reivindicação moderna de autonomia da obra de arte, e alguns pretendam até romper com princípios do modernismo, há algumas premissas históricas que podem ser encontradas em experiências realizadas no início do século XX. Os ready-mades de Marcel Duchamp, cuja qualidade artística é conferida pelo contexto em que são expostos, seriam um antecedente importante para a reelaboração da crítica dos conceituais. Outro importante antecedente é o Desenho de De Kooning Apagado, apresentado por Robert Rauschenberg em 1953. Como o próprio título enuncia, em um desenho de Willem de Kooning, artista ligado à abstração gestual surgida nos Estados Unidos no pós-guerra, Rauschenberg, com a permissão do colega, apaga e desfaz o seu gesto. A obra final, um papel vazio quase em branco, levanta a questão sobre os limites e as possibilidades de superação da noção moderna de arte. Uma experiência emblemática é realizada pelo artista Robert Barry, em 1969, com a Série de Gás Inerte, que alude à desmaterialização da obra de arte, idéia cara à arte conceitual. Uma de suas ações, registrada em fotografia, consiste na devolução de 0,5 metro cúbico de gás hélio à atmosfera em pleno deserto de Mojave, na Califórnia. O brasileiro Cildo Meireles, que participa da exposição Information, realizada no The Museum of Modern Art - MoMA [Museu de Arte Moderna] de Nova York, em 1970, considerada como um dos marcos da arte conceitual, realiza a série Inserções em Circuitos 42 Ideológicos. O artista intervém em sistemas de circulação de notas de dinheiro ou garrafas de coca-cola, para difundir anonimamente mensagens políticas durante a ditadura militar. 5.5. Moda Conceitual A moda conceitual surge juntamente com a arte conceitual, onde o conceito, a idéia proposta pelo artista tem um grau maior de importância do que a própria obra de arte. Existe uma valorização do processo criativo, do conceito, antes mesmo da materialização da obra em si. É fruto de uma vanguarda surgida na Europa e nos EUA, no fim dos anos 60 e meados dos anos 70. Dentre os artistas Conceituais podemos citar: MARCEL DUCHAMP: Foi inovador (e polêmico) para época, por romper com os ideais estéticos vigentes. Retirando objetos do contexto prático para o qual foram criados e transformando-os em obra de arte. A fonte criada em 1917, a partir de um urinol é sem dúvidas suas mais notórias criações, foco de críticas na época sua obra não foi aceita pelos jurados, pois não a consideravam obra de arte. Fugindo do tradicional Duchamp foi um dos precursores da arte conceitual principalmente por ter introduziu a ideia de ready made (uso de objetos industrializados no âmbito da arte, e valorização da ideia. LAWRENCE WEINER Um dos principais artistas da arte conceitual norte-americano despontou no contexto artístico do início dos anos 60. Weiner desmaterializa a arte à medida que expõem nos museus e espaços de arte apenas as instruções para execução de sua obra de arte. Defendendo que a Obra de arte não teria que necessariamente ser “construída”, pois durante o processo de idealização ela já teria conquistado sua existência. JOSEPF KOSUTH Mais um que rompeu com o conceito de arte vigente. Compreendia que a arte poderia ser nada mais do que a ideia de arte. Valorizando a idéia, o conceito acima do próprio objeto em si. Acima imagens de obras suas expostas nas quais encontram-se (da esquerda para direita) a representação gráfica do objeto, sua materialização e conceito. 43 5.6. NET-ART Net-Arte. Como início de reflexão, é preciso distinguir net-arte de arte na internet. São dois conceitos ou ideias diferentes que se aplicam a uma ideia de arte para a internet. O primeiro centra-se numa arte realizada exclusivamente para o meio internet, o segundo é a internet encarada como meio de divulgação da arte. Ou seja, se uma encara a internet como médium artístico, a outra encara-a apenas como meio de divulgação. Nesta última temos as páginas de galerias, museus e centros artísticos, bem como de artistas, que se dedicam a uma forma de arte não digital. A net-art tem as suas origens, por um lado, na chamada arte telemática, por outro na chamada computer art. Assentando o médium internet em redes informáticas que ligam vários computadores em diversas partes do mundo, é lógico pensar no computador como o intermediário fundamental neste novo tipo de arte. Mas é necessário não confundir a generated computer art com a net-art: apesar de ambas existirem nos sistemas informáticos, são formas de arte muito diferentes. A net-arte, no seu conceito puro, vai buscar o seu fundamento à arte telemática, cujos primórdios podem ser encontrados no dadaismo e, especificamente em autores como Marcel Duchamp e Moholy-Nagy. O primeiro foi o inventor desse tipo de arte chamada mailarte ou arte postal. O segundo de uma série de imagens encomendadas por telefone. Nagy, propunha a utilização do telefone como forma de encarregar outras pessoas da execução material de obras de arte. Ao mesmo tempo que propunha a subversão do processo tradicional da criação artística (o realizador da obra passava a ser uma pessoa anónima) Nagy e os dadaístas abriam passo ao emprego nas artes plásticas de uma tecnologia de comunicação. Moholy-Nagy, com os seus Telefonbilder , sublinhava a ideia da produção anónima através de procedimentos industriais de manufactura. Marcel Duchamp, por seu lado, propunha uma arte centrada num meio de distribuição: ficou célebre em 1916 o seu Rendezvous of 6 February, quando enviou uma série de postais aos seus vizinhos de Arensbourgs. Mas o que existe de comum entre Rendezvous... de Duchamp e os Telephonebilder de Nagy? A distância. A ligação de dois pontos através do objecto artístico. No primeiro caso, uma ligação directa do artista ao fruidor, no segundo caso, através de um meio de telecomunicação e de uma terceira pessoa. Ou seja, em ambos os casos o artista e o receptor estão em espaços tempos diferentes, e a obra circula de um extremo para o outro. Contrariamente à relação clássica do observador com a obra que existe num determinado espaço-tempo criado previamente para o efeito (a parede da galeria ou do museu). Ambos projetos procuram assim aproximar o artista do observador, o emissor do receptor, superar a distância que os separa. 5.7. ARTE URBANA E GRAFITI A arte urbana engloba todo o tipo de arte expressada na rua e normalmente descreve o trabalho de pessoas que desenvolveram um modo de expressão artística mediante o uso de 44 diversas técnicas alternativas como moldes, pôsteres, adesivos, murais e grafite entre as mais importantes também tem o movimento hip hop que traz também essas formas artísticas citadas a cima. Em geral traz uma nova forma de comunicação através de texto, conteúdo e opinião social.A arte urbana, ao integrar seus elementos em locais públicos muito movimentados, tem como objetivo causar um impacto nos espectadores e costuma ter uma mensagem subversiva e anarquista criticando a sociedade com ironia e convidando à luta social, a crítica política ou, simplesmente, à reflexão. A maior referência da arte de rua é Banksy, artista ou artistas de identidade desconhecida com obras pelas principais cidades do mundo. Grafito .Grafite , grafito1 ou grafíti2 (do italiano graffiti, plural de graffito) é o nome dado às inscrições feitas em paredes, desde o Império Romano. Considera-se grafite uma inscrição caligrafada ou um desenho pintado ou gravado sobre um suporte que não é normalmente previsto para esta finalidade. Por muito tempo visto como um assunto irrelevante ou mera contravenção, atualmente o grafite já é considerado como forma de expressão incluída no âmbito das artes visuais,3 mais especificamente, da street art ou arte urbana - em que o artista aproveita os espaços públicos, criando uma linguagem intencional para interferir na cidade. Entretanto ainda há quem não concorde, equiparando o grafite à pichação,4 Grafitar prédios públicos ou privados, sem autorização dos respectivos proprietários, é atividade proibida por lei em vários países. Normalmente distingue-se o grafite, de elaboração mais complexa, da simples pichação, quase sempre considerada como contravenção. No entanto, muitos grafiteiros respeitáveis, como Os gemeos, autores de importantes trabalhos em várias paredes do mundo, aí incluída a grande fachada da Tate Modern de Londres,5 admitem ter um passado de pichadores. Na língua inglesa, contudo, usa-se o termo graffiti para ambas as expressões.6 A partir do movimento contracultural de maio de 1968, quando os muros de Paris foram suporte para inscrições de caráter poético-político, a prática do grafite generalizou-se pelo mundo, em diferentes contextos, tipos e estilos, que vão do simples rabisco ou de tags repetidas ad nauseam, como uma espécie de demarcação de território, até grandes murais executados em espaços especialmente designados para tal, ganhando status de verdadeiras obras de arte. Os grafites podem também estar associados a diferentes movimentos e tribos urbanas, como o hip-hop, e a variados graus de transgressão. Dentre os grafiteiros, talvez o mais célebre seja Jean-Michel Basquiat, que, no final dos anos 1970, despertou a atenção da imprensa novaiorquina, sobretudo pelas mensagens poéticas que deixava nas paredes dos prédios abandonados de Manhattan.7 Posteriormente Basquiat ganhou o rótulo de neo-expressionista e foi reconhecido como um dos mais significativos artistas do final do século XX. Atualmente no século XXI, muitas pessoas usam o grafite como arte em museus de arte. 45 5.8. TRANSVANGUARDA O termo transvanguarda entra no vocabulário artístico com o livro A Transvanguarda Italiana, 1980, de Achille Bonito Oliva, para designar uma tendência da arte italiana exemplificada por artistas como Francesco Clemente, Mimmo Palladino, Enzo Cucchi, Sandro Chia e Nicola de Maria. A nova orientação deve ser lida no interior do chamado neoexpressionismo internacional dos anos 1970, sobretudo em suas faces alemã e norteamericana. Na Alemanha, destacam-se os trabalhos de Jörg Immendorff, George Baselitz, A.R. Penck e Anselm Kiefer. As memórias da guerra, as marcas deixadas pelo nazismo no país e a tematização de certa identidade nacional problemática são referências para os quatro artistas, ainda que os temas conheçam inflexões distintas em cada um deles. Nos Estados Unidos, os nomes de Julian Schnabel, Robert Longo e Jonathan Borofsky podem ser lembrados como representantes de uma leitura particular do neo-expressionismo. Na Itália, o desenvolvimento de uma tendência neo-expressionista na arte é tributária de sugestões inscritas na arte povera, sobretudo do destaque que confere às forças primárias da natureza e à tematização do lugar do homem como um elemento, entre outros, da natureza mais ampla. Os trabalhos reunidos na transvanguarda - em geral, pinturas e esculturas -, mesmo que apresentem dicções distintas, e defendam a vitalidade dessas diferenças como um valor, compartilham algumas preocupações e orientações. De modo geral, os artistas realizam trabalhos figurativos em que o corpo humano tem presença destacada. Não é à toa que Clemente sublinha sua admiração por aqueles que "pensam com seus corpos". Os corpos que povoam essas telas ora se apresentam em primeiro plano de forma vigorosa - como em certos trabalhos de Sandro Chia, O Carregador de Água, 1981, por exemplo -, ora se esvanecem dando lugar a figuras algo fantasmáticas como em Não Deve Ser Dito, 1981, de Cucchi. Nota-se também em vários desses trabalhos um movimento entre os tons irônico e trágico, que o Pequeno Diabo e Filho do Filho, 1981, ambos de Chia, exemplificam de modo nítido. As telas construídas de modo geral com cores e pinceladas vigorosas abrigam, volta e meia, zonas de escuridão, deixando entrever a tentativa de equilibrar tendências opostas, na forma e no conteúdo. Contra a idéia de plano e projeto, assim como de uma tendência a pensar a história da arte como evolução linear, os artistas borram as hierarquias entre diferentes linguagens, entre "alta" e a "baixa" cultura, não conferindo privilégio a nenhum estilo e recuperando, até mesmo, perspectivas descartadas. As obras tendem à fragmentação e à combinação eclética, de distintas referências. O Carregador de Água, alude simultaneamente às alegorias barrocas, à face decorativa da obra de Marc Chagall, às gravuras japonesas e aos trabalhos de Cy Twombly, o que revela a combinação de tendências e períodos diferentes da história da arte. 5.9. HAPPENING O termo happening é criado no fim dos anos 1950 pelo americano Allan Kaprow para designar uma forma de arte que combina artes visuais e um teatro sui generis, sem texto nem representação. Nos espetáculos, distintos materiais e elementos são orquestrados de forma a aproximar o espectador, fazendo-o participar da cena proposta pelo artista (nesse sentido, o happening se distingue da performance, na qual não há participação do público). 46 Os eventos apresentam estrutura flexível, sem começo, meio e fim. As improvisações conduzem a cena - ritmada pelas ideias de acaso e espontaneidade - em contextos variados como ruas, antigos lofts, lojas vazias e outros. O happening ocorre em tempo real, como o teatro e a ópera, mas recusa as convenções artísticas. Não há enredo, apenas palavras sem sentido literal, assim como não há separação entre o público e o espetáculo. Do mesmo modo, os "atores" não são profissionais, mas pessoas comuns. O happening é gerado na ação e, como tal, não pode ser reproduzido. Seu modelo primeiro são as rotinas e, com isso, ele borra deliberadamente as fronteiras entre arte e vida. Nos termos de Kaprow: "Temas, materiais, ações, e associações que eles evocam devem ser retirados de qualquer lugar menos das artes, seus derivados e meios". Uma "nova arte concreta", propõe o artista, no lugar da antiga arte concreta abstrata, enraizada na experiência, na prática e na vida ordinária, matérias-primas do fazer artístico. De acordo com Kaprow, os happenings são um desdobramento das assemblages e da arte ambiental, mas ultrapassa-as pela introdução do movimento e por seu caráter de síntese, espécie de arte total em que se encontram reunidas diferentes modalidades artísticas - pintura, dança, teatro, música. A filosofia de John Dewey, sobretudo suas reflexões sobre arte e experiência, o zen-budismo, o trabalho experimental do músico John Cage, assim como a action painting do pintor americano Jackson Pollock são matrizes fundamentais para a concepção de happening. 5.10. HIPERREALISMO A arte moderna, embora muitas vezes imbuída de ideais revolucionários e vanguardistas dos movimentos abstracionistas, nunca recusou inteiramente a vontade de representar ou copiar a realidade. As ligações a linguagens realistas e figurativas, de carácter imitiativo ou narrativo, ligado à tradição artesanal da pintura ou da escultura, foram surgindo ciclicamente, através de várias correntes pictóricas, ao longo do século XX. Nos anos 60, esta recuperação das tendências realistas, determinadas por uma crescente rejeição do esgotado Expressionismo Abstrato e da Action Painting, surgem em correntes tão díspares como a Arte Pop, A Figuração Narrativa, o Neorrealismo e, de forma mais difusa, no Nouveaux Réalisme e na Arte Povera. Movimentos estes que têm como denominador comum a revalorização da cultura popular e dos objetos típicos da civilização urbana e industrial.O Hiper-realismo, também conhecido por Foto-realismo, Super-realismo ou Realismo Radical, constituiu a vertente americana do movimento neorrealista. Inspirandose na iconografia e na tendência para o uso de fotografias e de serigrafias característicos da Arte Pop e no naturalismo da Figuração Narrativa europeia, levou as suas premissas estéticas e formais, a uma forma extrema de figuração, bem representada pelos trabalhos dos pintores americanos integrados na exposição "22 realists", apresentada em 1970 em Nova Iorque. A partir deste momento, o Hiper-realismo assume-se como uma corrente autónoma que procurava desenvolver uma linguagem de cariz fotográfico, de dimensão mítica e monumental, possível pela idealização e extremo virtuosismo da própria técnica. Para conseguir reproduzir todos os detalhes e vibrações cromáticas e texturais, estes artistas 47 utilizavam frequentemente o aérografo e recorriam à projeção sobre as telas de diapositivos que continham as imagens a reproduzir. O carácter fotográfico desta linguagem imprimiu-lhe uma qualidade de trompe-l'oeil que a tornava especialmente adequada para a criação de pinturas ilusórias murais de grande dimensão. No entanto, esta arte realista e descritiva, só aparentemente era objetiva desprovida de qualquer emocionalidade. De facto, embora os temas fossem perfeitamente identificáveis, muitas vezes correspondiam a encenações ou manipulações de imagens reais que resultavam na construção de um olhar intencionalmente crítico sobre essa realidade. Os artistas que integraram este movimento abordaram temáticas muita diferenciadas, embora tivessem sempre partido de elementos típicos da cultura americana. Assim, se Kacere procurou desenvolver de, forma quase obsessiva, imagens de mulheres seminuas, Richard Estes preferiu as vibrantes as fachadas de lojas e Don Eddy especializou-se na representação de lustrosas e brilhantes viaturas e motos. Chuck Close tornou-se famoso pelos retratos frontais e grande dimensão, absolutamente verosímeis e executados com a precisão mecânica de um máquina fotográfica. John De Andrea foi um dos poucos artistas hiper-realista ligados à escultura, criando uma série de trabalhos em poliester e fibra de vidro pintado que eram absolutamente realistas. Durante a década de 70, esta corrente atinge os países europeus, nomeadamente a Inglaterra e a Alemanha, influenciando a obra de pintores como David Hockney e Peter Klasen. Menos ligados aos processos de reprodução de sentido fotográfico característica da corrente hiper-realista e recusando geralmente o carácter polido e virtuosístico dos pintores americanos, os pintores europeus, desenvolveram uma linguagem neorrealista cruzada com influências da Arte Pop. 5.11. INSTALAÇÃO ARTÍSTICA Instalação é um termo que, na sua origem, se referia aos procedimentos e às técnicas de exposição de obras de artes em espaços próprios (como museus ou galerias). A partir de meados do século XX passa a designar uma forma de expressão artística que engloba os campos da escultura, da pintura, da fotografia, do cinema e do vídeo podendo incluir ainda algumas manifestações performativas. Os trabalhos de instalação podem assumir escalas e formalizações muito variadas. Desde inícios do XX que se verificou a gradual eliminação e diluição das tradicionais separações entre a pintura e a escultura e o reconhecimento da dimensão espacial e temporal dos trabalhos escultóricos. A este aspeto associou-se a consciência da especificidade da relação entre os objetos artísticos e o espaço arquitetônico envolvente o que determinou a procura de fundir estas duas dimensões numa mesma realidade significante. Esta característica, que geralmente se designa por site specific, indica um processo criativo que se fundamenta na relação formal ou conceptual entre determinados objetos e os lugares onde são colocados. Assim, a 48 preservação da mensagem estética duma instalação obriga geralmente à manutenção do objeto artístico no espaço para o qual foi criado. Geralmente efêmeras, as instalações podem também ser criadas para coleções públicas ou privadas e expostas permanentemente num local predefinido. Na origem da instalação enquanto meio e técnica de criação estão algumas esculturas de grande escala, realizadas pelo artista dadaísta Marcel Duchamp para algumas galerias nova iorquinas. Outros exemplos pioneiros neste campo são as instalações criadas por artistas Pop como Andy Warhol, Claes Oldenburg (1929) e George Segal (1924-), nos finais da década de cinquenta. Na Europa, alguns autores influenciados pelo dadaísmo e pelo surrealismo, de entre os quais se destaca a precursora artista francesa Louise Bourgeois (1911- ), desenvolvem trabalhos que procuram não tanto a execução de objetos (domínio próprio da escultura), mas a definição de qualidades espaciais e a criação de ambientes. O francês Jean Tinguely acrescenta o movimento mecânico a estes objetos e instalações, dotando-os de uma interessante e insólita dimensão cinética. O grupo Fluxus teve um papel determinante no desenvolvimento e divulgação desta forma artística, destacando-se, no interior deste movimento, alguns trabalhos do alemão Joseph Beuys e do coreano Nam June Paik, os quais associavam freqüentemente às instalações a realização de happenings e de performances. Nos anos setenta, a instalação ganha um caráter muito mais complexo, procurando recriar de raiz os ambientes e os espaços envolventes. Em algumas situações procura-se atingir uma maior complexidade e alcance das intervenções, através da associação de vários artistas na transformação integral de edifícios. De entre os artistas que mais se dedicaram a esta forma expressiva destacam-se os membros do movimento italiano da Arte Povera, como Janis Kounellis e Michelangelo Pistoletto ou alguns dos representantes da corrente da Land Art, da Arte Conceptual e do Pós-modernismo, como Richard Long, Dennis Oppnheim, Franz West ou o alemão Hans Haacke (1936-). 5.12. BODY ART A utilização do corpo enquanto suporte para a criação artística, pelo seu significado e expressividade, é bastante antiga. A criação do movimento Body Art na Europa e nos Estados Unidos, no final da década de 60, representa o reconhecimento da capacidade de comunicação do corpo humano, do próprio artista ou de qualquer outra pessoa, enquanto veículo portador de ideias e de atitudes, explorando de forma direta e livre de preconceitos temas como o gEnero e a sexualidade. Foi fortemente influenciado pela cultura do corpo, da nudez, da comunicação corporal e da liberdade sexual, que marcaram os inícios dos anos 60.As manifestações de Body Art assumiam geralmente o carácter de performances, onde os artistas se exprimiam de forma pessoal, revelando tendências muito diversas. Para alguns, a violência e agressividade, expressos em atos de auto-mutilação, que atingiam por 49 vezes os limites de resistência do corpo, tinham o objetivo de chocar o espectador e de lhe provocar reações fortes. O artista assumia um distanciamento do próprio corpo, ultrapassando a dor que muitas das mutilações provocavam. Exemplo desta tendência são os trabalhos de Viennois Gunter, Rudolf Schwarzkogler (que morreu em 1969, durante uma performance), de Chris Burden e de Gina Pane.Outros artistas procuravam utilizar o corpo de forma mais experimental, como o demonstram os trabalhos precursores de Yves Klein, onde o corpo era utilizado para imprimir em grandes telas, rolando sobre elas, de Vito Acconci ou de Dennis Oppenheim. Urs Luthi e Michel Journiac, tentando ultrapassar tabus sexuais, preferiam travestir-se.A Body Art aproxima-se nos seus fundamentos, ideias e manifestações (que geralmente ultrapassam os limites físicos das galerias), da Land Art e da Performance Art e da Arte Conceptual, pois a carga ideológica normalmente prevalece sobre os aspetos materiais. Muito antes do body art As pinturas corporais estão presentes nas mais diferentes culturas, como os indígenas, hindus e africanos; e manifestam importantes eventos de determinada cultura: a luta, a caça, rituais de passagem e casamentos. Os índios utilizam materiais como o jenipapo e o urucum para fazerem pinturas em seus corpos. Todos os rituais da cultura indígena são representados através dessa expressão artística. Já na cultura africana, além de retratar rituais, a pintura corporal incorpora elementos da natureza local, retratando também a paisagem do continente. Os hindus utilizam a pintura corporal para um ritual com características mais modernas: o casamento. As noivas são pintadas com desenhos que representam a sorte e o rompimento com a "antiga família", mostrando a condição de mulher casada. Assim, as pinturas representam um ritual de passagem. Na sociedade contemporânea, a ideia de embelezar-se e expressar-se através da pintura corporal (não só pela body art) continua viva. A maquiagem e a tatuagem são exemplos desses princípios. Essas duas manifestações não são novas, mas, fundidas com as pinturas corporais das sociedades que citamos acima, elas mutaram-se. Às vezes, a arte precisa de locais mais ondulados e subjetivos que uma simples tela. Conheça as incríveis pinturas corporais do americano Craig Tracy e um pouco mais sobre a história da Body Art. Todo artista busca encontrar aquilo que lhe completa. Craig Tracy encontrou-se artisticamente na pintura corporal. Nascido em Nova Orleans, Estados Unidos, Craig não se satisfazia com a arte convencional, abandonando, deste modo, sua carreira como ilustrador. Sua primeira coleção de imagens, "The Nature Series", composta por quinze trabalhos, foi muito bem recebida. Em 2005, Craig participou do The World Body Painting Festival, que acontece anualmente na Áustria, junto com seu amigo e também artista, Jeral Tidwell, onde ganharam o primeiro lugar na categoria. Desde então, Tracy é jurado do Festival. 50 Craig trabalhando em "May". Seu trabalho é feito com airbrush, pintura a dedo, esponjas e respingos; inspirado no formato dos corpos. Confira o processo de criação das pinturas: Atualmente, Craig coordena a primeira galeria de arte dedicada exclusivamente a body painting, em Nova Orleans, sendo um espaço com fotografias e vídeos que ilustram seu trabalho desde as primeiras pinceladas até o registro final. 5.13. MINIMALISMO A palavra minimalismo reporta-se a um conjunto de movimentos artísticos e culturais que percorreram vários momentos do século XX, manifestos através de seus fundamentais elementos, especialmente nas artes visuais, no design e na música. Surgiu nos anos 60 nos Estados Unidos. As obras minimalistas possuem um mínimo de recursos e elementos. A pintura minimalista usa um número limitado de cores e privilegia formas geométricas simples, repetidas simetricamente. No decurso da história da arte, durante o século XX, houve três grandes tendências que poderiam ser chamadas de “minimalistas”: (manifestações minimalistas: construtivismo, vanguarda russa, modernismo). Os construtivistas por meio da experimentação formal procuravam uma linguagem universal da arte, passível de ser absorvida por toda humanidade. A segunda e mais importante fase do movimento surgiu de artistas como Sol LeWitt, Frank Stella, Donald Judd e Robert Smithson, cuja produção tendia ultrapassar os conceitos tradicionais sobre a necessidade do suporte: procuravam estudar as possibilidades estéticas a partir de estruturas bi ou tridimensionais. O minimalismo exerceu grande influência em vários campos de atividade do design, como a programação visual, o desenho industrial, na arquitetura. Os minimalistas produzem objetos simples em sinônimo de sofisticação. A música minimalista nasceu com a série Composições 1960, criada por La Monte Young, esta pode ser cantada apenas com duas notas. A literatura minimalista caracteriza-se pela economia de palavras, onde os autores minimalistas evitam advérbios e sugerem contextos a ditar significados. 5.14. ARTE CINÉTICA A arte cinética ou o cinetismo refere-se a uma corrente na área das artes plásticas que elabora formas e efeitos visuais para gerar movimento ou ilusão óptica. Dentre os artistas 51 mais destacados podemos citar Mracel Ducham (1887-1968), Alexander Calder (18981976), Jean Tinguely (1925), entreo outros. Basicamente o conceito de cinético está ligado ao que expressa movimento, esse termo esteve presente no Manifesto Realista de Antoine Pevsner, escultor que viveu de 1886 a 1962, e de Naum Gabo, escultor russo construtivista. Na Argentina, a revista “Madí” de 1946, também buscou atestar sobre essa expressão artística. No contexto das artes plásticas, desde as obras de figuras de animais representados em paredes criadas por Lascaux, a ideia de movimento sempre esteve presente, porém, o termo “arte cinética” é inserida no vocabulário artístico somente em 1955, em virtude da exposição “Le Mouvement”, em Paris, evento que expôs obras de Duchamp, Calder, Vasarely, Soto, Bury, entre outros. Quando estudamos a arte cinética, percebemos que o movimento é base de sua própria estruturação, esse estilo de expressão nas artes plásticas conseguiu derrubar a condição do efeito estático na pintura, lançando a ideia de uma arte que proporciona movimento à obra e não somente a ideia de movimento. Além do movimento físico, há o movimento óptico no observador, nesse sentido ficou convencionado que a op-art estaria em parte também presente na arte cinética. Os grandes grupos de artistas, em meados do século XX, se reuniam com suas obras na Galeria Denise René e no de Recherche d’Art Visuel (GRAV), Paris. No GRAV se destacou os trabalhos do venezuelano Jesús-Raphael Soto, o artista no período de 1950 a 1953, desenvolveu obras que produziam efeitos de movimento virtual e vibração ótica. Segundo Guy Brett, crítico inglês, a arte cinética estaria ligada à linguagem do movimento, tendo como fator de movimento a localização do observador perante determinada obra. A arte conseguiu reunir artistas de diferentes partes do mundo, na Itália se destacou os Grupos T e N; na Alemanha, o Grupo Zero; e nos EUA, MoMA/Nova York, que marcou a arte ótica e cinética. Dentre os brasileiros, podemos citar os falecidos artistas Lothar Charoux (1912-1987), Almir Mavignier, Ivan Serpa (1923-1973), Abraham Palatnik (1928). 5.15. A PERFORMANCE E O HAPPENING Com presença garantida nas ruas de muitas cidades, a performance e o happening são manifestações artísticas que reúnem elementos de diferentes linguagens. Tanto a performance quanto o happening têm como um de seus principais objetivos estabelecer uma relação entre arte e cotidiano. A performance é uma ação em que o artista utiliza elementos do teatro, da música, da dança, da poesia ou de mídias eletrônicas para apresentar suas criações ao público. Nas performances artísticas, uma das características mais marcantes é a liberdade do artista ao executar sua apresentação. Nessas apresentações, o corpo, os gestos, a as palavras ganham importância essencial. 52 No Brasil,o pioneiro da performance foi Flávio de Carvalho (1899 – 1973). Em 1956, o artista chamou a atenção do público ao vestir uma saia de pregas e uma blusa de mangas largas criadas por ele, e sair pelas ruas de São Paulo (SP). Intitulada New Look, essa performance causou polêmica na época. O que difere a performance e o happening é a participação do público. Se, nas performances, o público pode ou não participar da apresentação, no happening sua participação é essencial. Outras características marcantes do happening são a improvisação como condutor da cena, a participação de atores amadores e a indiferenciação entre platéia e espetáculo. 6. AS NOVAS LINGUAGENS DA ARTE 6.1 O CINEMA: ARTE E INDÚSTRIA É importante notar que a atividade artística também está ligada ao modo de produção de uma sociedade. A indústria trouxe grandes modificações a todos os campos da vida social e deu também à obra de arte um novo caráter. Ela começa a ser feita dentro do modo de produção industrial – em série e dirigida ao mercado. É por isso que o cinema pode ser apontado como a expressão mais característica de uma arte criada com base nas recentes descobertas tecnológicas, produzidas em série e voltada para o consumo da época. Assim, à semelhança de outras atividades industriais, o cinema demanda altos investimentos para produzir grande quantidade de objetos (cópias) e reduzir o custo final de cada unidade, permitindo que essa possa ser vendida por um preço acessível ao grande público. O cinema tem, entretanto, um lado artístico inegável, pois narra histórias por meio de imagens, muitas vezes de grande beleza e inesquecíveis. E isso tem acontecido desde os primeiros filmes, passando pela fase do cinema mudo - preto e branco, filme O garoto de Charlie Chaplin em 1921;da chegada do filme a cores, Cantando na chuva com o ator Gene Kelly de 1952; dos efeitos especiais e dois recursos propiciados pelo computador do filme Matrix, de 1999. É claro que as novas tecnologias criam sempre novos recursos para a produção e a reprodução de obras fotográficas, cinematográficas e, hoje em dia, para os vídeos. Portanto, para refletir sobre as novas possibilidades de criação artística, é preciso admitir que estamaos diante de questões abertas para as quais a última conclusão pode ser logo substituída por outra mais atualizada. 53 6.1.1 CINEMA CONTEMPORÂNEO A TRANSIÇÃO E O CINEMA No cinema, como tudo na vida, há um momento que é a época da transição, pois nada é eterno nesta terra dos homens. E aconteceu que no final da década de sessenta para início da década de setenta, a transição do chamado Cinema Clássico para o Cinema Contemporâneo. Quando o cinema sai daquela temática acadêmica tradicional imposta por Hollywood, entre as décadas de 20 e 60 (onde o seu apogeu foi às décadas de 40-50), para uma visão nova e renovada do cinema como um todo. É verdade que alguns autores continuaram, por algum tempo, fazendo o cinema ao estilo clássico, mas, muitas vertentes enredaram por outros caminhos apresentando obras que fugiam a tradição clássica, principalmente de Hollywood, de se contar uma história. Podemos notar nesta transição, uma grandiosa evolução no tocante à exposição de temáticas politicamente engajadas e que procuravam retratar da maneira mais fiel possível à realidade vivida pelos personagens em seus diversos meios de convivência social. Não se tratava aqui dum cinema realista como o neo-realismo italiano, por exemplo, mas, um cinema, que além de retratar a realidade, ou uma bem tramada ficção com aspectos que retratavam a realidade, porém, com duas diferenças: são obras de produções bem cuidadas e diretores e atores de primeiro escalão; mas com uma temática de questionamento político e social, embora de maneira, por vezes, indireta. Podemos dizer que os filmes do início da era Contemporânea do Cinema, não eram, por assim dizer, politicamente corretos; mas eram, sem sombra de dúvidas: questionadores, retratadores de uma sociedade, que outrora, fora mistificada e glamourizada por Hollywood. Damos o exemplo de Operação França, de William Friedkin, um filme policial que tinha uma visão mais suja e violenta da realidade das ruas de Nova York. É um filme que procura mostrar de maneira mais transparente e até mesmo ousada, para a época de seu lançamento, a dura convivência entre criminosos e a lei, retratando a figura do policial de uma forma muito mais humanizada, sem empregar às suas ações aquele tom de superheroísmo comumente encontrado nas produções das décadas anteriores. E assim, por diante, foram surgindo filmes e mais filmes com temáticas que fugiam ao classicismo natural da fase clássica. Como Laranja Mecânica, de Stanley Kubrick, na Inglaterra, que permanece até os dias de hoje como uma das fitas mais marcantes e ousadas da história, com a temática da violência e o seu tratamento. No mundo todo, este chamado cinema político / social, começou a dar as cartas e a Meca do cinema mundial, Hollywood, não poderia deixar de lado esta nova fase do cinema e embarcou em temáticas que visavam a dureza da realidade social. Filmes como O Poderoso Chefão, 1972, Taxi Driver, 1976 e Apocalypse Now, 1979, entre outros. Este último, por exemplo, que retratava a imbecilidade e a loucura proporcionada pela guerra, em um dos filmes mais fenomenais desta fase do cinema americano e mundial. Vale complementar aqui, que este filme do mestre Francis Ford Coppola, é um exemplo característico da diferença do cinema atual ao da era clássica do cinema americano: naqueles, nos filmes de guerra os protagonistas eram invariavelmente heróis; nestes, os 54 protagonistas nem sempre o são, podem ser loucos homicidas e consumidores de drogas, retirando o glamour, mas inserindo a realidade às obras, desnudando o homem daquela sua áurea de mocinho bem comportado e politicamente correto. É lógico que alguém vai dizer que, já na década de sessenta, e até em décadas anteriores, houve filmes que desmistificaram os heróis americanos; e poderiam inclusive citar a corrosiva obra-prima de Sam Peckinpah, Meu Ódio Será Tua Herança, no gênero mais autêntico e genuinamente americano que existe. Sim, é verdade! E é exatamente estes filmes, que já vinham dando os ares de suas graças, que foram, aos poucos, moldando como seria a nova fase do cinema americano e mundial. Pois uma coisa todo mundo concorda: nada surge do nada! Há que haver um pré-film Noir, um pré-neo-realismo, etc; assim como, é claro, um pré-cinema contemporâneo. A estes filmes que foram realizados no final da década de sessenta e início da de setenta, é o que chamamos de filmes de transição. Mas, o cinema autoral também, começou a colocar as duas manguinhas de fora e importantes autores fizeram grandes obras para o enriquecimento do cinema mundial. Como exemplo posso citar Woody Allen, que, entre outras obras, fez a sua maior obra-prima, a melhor história de amor cômica do cinema, Noivo Neurótico, Noiva Nervosa, 1977; e outros autores também, como Brian De Palma, Milos Forman, Roman Polanski, entre tantos, fizeram obras autorais e de temáticas atuais e que fugiam ao glamour natural das obras clássicas. Vale acrescentar também que, evidentemente, já existia o cinema autoral, principalmente na Europa, mas, na América dos grandes e poderosos estúdios, um diretor precisa ter muito peito para nadar contra a correnteza. Nesta fase também, foi intensificado o cinema de entretenimento (que sempre existiu nos EUA, mas não era tão massificado quanto nos tempos atuais), sendo que hoje em dia, o mercado é absurdamente dominado por estes filmes, na sua grande maioria descartáveis. Um dos grandes autores deste tipo de cinema é Steven Spielberg, e se somam a ele, uns três ou quatro bons autores, mas a grande maioria, infelizmente, são diretores pausmandados a cargo de produções caríssimas, mas de qualidade pra lá de duvidosas. É lógico que de tempos em tempos surgem obras de qualidade que destoa no meio dos blockbusters (arrasa-quarteirões) que dominam o mercado. Obras de gente como Quentin Tarantino e do próprio Steven Spielberg e outros que surgem do nada, mas, que infelizmente, também desaparecem da mesma forma que apareceram: ou por falta de apoios tentam sobreviver nos chamados cinemas independentes, ou seduzidos pelos dólares sucumbem aos poderosos e passam a dirigir obras de entretenimento também. 6.2 O CINEMA NACIONAL No Brasil, a estréia do cinema ocorreu no final do século XIX com a primeira exibição cinematográfica no Rio de Janeiro (RJ). A exibição de filmes, no entanto, firmou-se somente no início do século XX, quando a distribuição de energia se tornou mais estável. Nessa época, foram produzidos os primeiros filmes posados – como eram chamadas as obras de ficção – e os filmes dublados, nos quais os atores ficavam atrás da tela dublando o filma. 55 Na década de 1930 o som chegou ao cinema brasileiro e foram produzidos os primeiros filmes sonoros no país. Ainda na década de 1930, o estúdio Cinédia foi responsável pela produção de musicais de sucesso, como Alô Alô Carnaval, que revelou o talento de Carmen Miranda (1909 – 1955). Na década de 1940 ganharam destaque os filmes produzidos no estúdio Atlântida Cinematográfica. As produções desse estúdio, em geral, eram chanchadas (comédias musicais), que destacaram os atores Oscarito (1906 -0 1970) e grande Otelo (1915 – 1993) no cinema nacional. No final da década de 1940 foram produzidos filmes com excepcional cuidado técnico. O filme O Cangaceiro (1953), de Vítor Lima Barreto (1906 – 1982), ganhou o prêmio de melhor filme de aventura no Festival de Cannes, na frança. Em 1950, o cineasta Nelson Pereira dos Santos (1928), dirigiu o filme Rio 40 graus, marco inicial do Cinema Novo. A consolidação do Cinema Novo ocorreu na década de 1960 com o lançamento de filmes como Vidas secas (1964), de Nelson Pereira dos Santos (1928), e Deus e o diabo na terra do Sol (1964), de Glauber rocha (1939 – 1981). 6.3 OS VEÍCULOS DE COMUNICAÇÃO E A INDÚSTRIA CULTURAL Os veículos de comunicação são meios fundamentais para o crescimento da indústria cultural. Isso se deve ao fato de não apenas o cinema e a televisão, mas também outros meios como o rádio, o jornal e a internet serem considerados veículos de comunicação de massa. Isso significa que esses meios de comunicação são capazes de atingir um grande público e, assim, difundir produtos e ideias. Portanto,ao servir de meio de divulgação dos produtos da indústria cultural, esses veículos de comunicação colaboram para a difusão da cultura de massa, termo utilizado para designar a produção destinada ao grande público. Os veículos de comunicação de massa frequentemente são acusados de colaborar com a homogeneização do gosto popular, desrespeitando as especificidades de cada grupo e contribuindo para que a população se torne alienada, isto é, alheia ou indiferente às questões sociais, políticas e culturais, 6.4 FOTOGRAFIA O fotojornalismo de Sebastião salgado Sebastião Salgado tornou-se mundialmente conhecido por usar sua arte para retratar situações em que seres humanos vivem em condições extremas, e assim despertar a atenção da sociedade para problemas como a fome, a luta pela terra ou as más condições de trabalho. Além de caráter social, a obra de Salgado também merece destaque por seu valor estético. Os ângulos, os cenários e os personagens escolhidos pelo fotógrafo conferem um caráter realiste a sua obra e resultam em imagens simples e impactantes. Ou seja, 56 suas fotografias também fornecem informações a respeito dos lugares ou eventos registrados. Sebastião Salgado Nasceu na vila de Conceição do Capim, viveu sua infância em Expedicionário Alício, e para realizar seus estudos foi em 1963 para a Universidade de São Paulo e estudou economia até 1967 (MA). No mesmo ano, casou-se com a pianista Lélia Deluiz Wanick. Eles se engajaram no movimento de esquerda contra a ditadura militar e eram amigos de amigos do líder estudantil e revolucionário Carlos Marighella. Depois de emigrar em 1969 para Paris, ele escreveu uma tese em ciências econômicas, enquanto a sua esposa na École Nationale Supérieure des Beaux-Arts de Paris para estudar arquitetura. Salgado inicialmente trabalhou como secretário para a Organização Internacional do Café (OIC), em Londres. Em suas viagens de trabalho para a África, muitas vezes encomendado conjuntamente pelo Banco Mundial, ele fez sua primeira sessão de fotos com a Leica da sua esposa. Fotografar o inspirou tanto que logo depois ele tornou-se independente em 1973, como fotojornalista e, em seguida, voltou para Paris. Em 1979, depois de passagens pelas agências de fotografia Sygma e Gamma, entrou para a Magnum. Encarregado de uma série de fotos sobre os primeiros 100 dias de governo de Ronald Reagan, Salgado documentou o atentado a tiros cometido por John Hinckley, Jr. contra o então presidente dos Estados Unidos, Ronald Reagan no dia 30 de março de 1981, em Washington.1 A venda das fotos para jornais de todo o mundo permitiu ao brasileiro financiar seu primeiro projeto pessoal: uma viagem à África2 . Seu primeiro livro, Outras Américas,3 sobre os pobres na América Latina, foi publicado em 1986. Na sequencia, publicou Sahel: O "Homem em Pânico" (também publicado em 1986), resultado de uma longa colaboração de doze meses com a ONG Médicos sem Fronteiras cobrindo a seca no Norte da África. Entre 1986 e 1992, ele concentrou-se na documentação do trabalho manual em todo o mundo, publicada e exibida sob o nome "Trabalhadores rurais", um feito monumental que confirmou sua reputação como foto documentarista de primeira linha. De 1993 a 1999, ele voltou sua atenção para o fenômeno global de desalojamento em massa de pessoas, que resultou em Êxodos e Retratos de Crianças do Êxodo, publicados em 2000 e aclamado internacionalmente. Na introdução de Êxodos, escreveu: "Mais do que nunca, sinto que a raça humana é somente uma. Há diferenças de cores, línguas, culturas e oportunidades, mas os sentimentos e reações das pessoas são semelhantes. Pessoas fogem das guerras para escapar da morte, migram para melhorar sua sorte, constroem novas vidas em terras estrangeiras, adaptam-se a situações extremas…". Trabalhando inteiramente com fotos em preto e branco, o respeito de Sebastião Salgado pelo seu objeto de trabalho e sua determinação em mostrar o significado mais amplo do que está acontecendo com essas pessoas criou um conjunto de imagens que testemunham a dignidade fundamental de toda a humanidade ao mesmo tempo que protestam contra a violação dessa dignidade por meio da guerra, pobreza e outras injustiças. Ao longo dos anos, Sebastião Salgado tem contribuído generosamente com organizações humanitárias incluindo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, (ACNUR), a Organização Mundial da Saúde (OMS), a ONG Médicos sem Fronteiras e a Anistia Internacional. Com sua mulher, Lélia Wanick Salgado, apoia atualmente um projeto de reflorestamento e revitalização comunitária em Minas Gerais. Em setembro de 2000, com o apoio das Nações Unidas e do UNICEF, Sebastião Salgado montou uma exposição no Escritório das Nações Unidas em Nova Iorque, com 90 retratos de crianças desalojadas extraídos de sua obra Retratos de Crianças do Êxodo. Essas impressionantes fotografias 57 prestam solene testemunho a 30 milhões de pessoas em todo o mundo, a maioria delas crianças e mulheres sem residência fixa. Em outras colaborações com o UNICEF, Sebastião Salgado doou os direitos de reprodução de várias fotografias suas para o Movimento Global pela Criança e para ilustrar um livro da moçambicana Graça Machel, atualizando um relatório dela de 1996, como Representante Especial das Nações Unidas sobre o Impacto dos Conflitos Armados sobre as Crianças. Atualmente, em um projeto conjunto do UNICEF e da OMS, ele está documentando uma campanha mundial para a erradicação da poliomielite. Sebastião Salgado foi internacionalmente reconhecido e recebeu praticamente todos os principais prêmios de fotografia do mundo como reconhecimento por seu trabalho. Fundou em 1994 a sua própria agência de notícias, "As Imagens da Amazônia" , que representa o fotógrafo e seu trabalho. Salgado e sua esposa Lélia Wanick Salgado, autora do projeto gráfico da maioria de seus livros, vivem atualmente em Paris. O casal tem dois filhos. 6.5 MODA CONCEITUAL Na moda conceitual assim como na arte a ideia em si é exaltada. Elementos como; cenário, iluminação, trilha sonora, maquiagem, cabelo são de extrema relevância e são cuidadosamente trabalhados. A harmonia desses elementos apresentados, e foco que desloca-se da roupa já que esta integra-se ao cenário, à música, e passa a ser mais um instrumento utilizado pelo estilista para contar a história daquela coleção. Como o objetivo central desses desfiles não é a venda de produtos mais sim do conceito, eles também são “fonte” de tendências que servirão de base para outros estilistas que utilizarão estes conceitos para produzir coleções com cunho comercial. Acima desfile de Ronaldo Fraga SPFW Inverno 2009 inspirado no espetáculo “GIZ”, criado por Álvaro Apocalypse em 1988. Nesse desfile muito mais que uma crítica à sociedade Fraga questiona os valores da atualidade e o abandono das pessoas “comuns” fora dos padrões de beleza impostos pelo mundo da moda. Atemporal, ele cria personagens-bonecos, espelhos do homem comum, pendurados como o velho vestido esquecido no cabide. É importante percebermos a valorização que foi dada ao cenário, este mais “chamativo” que as próprias peças da coleção apresentada. .O DESPERTAR DE SENSAÇÕES Através do espanto, repulsa, admiração, encanto... é que as ideias e conceito do desfile é transmitido: Afetando nossas sensibilidades. Despertando curiosidades. Prendendo a atenção. 58 Oscar Ribeiro de Almeida Niemeyer Soares Filho Levantando questionamentos. Oscar Ribeiro de Almeida Niemeyer Soares Filho GCSE • ComIH (Rio de Janeiro, 15 de dezembro de 1907 — Rio de Janeiro, 5 de dezembro de 2012) foi um arquiteto brasileiro, considerado uma das figuras-chave no desenvolvimento da arquitetura moderna. Niemeyer foi mais conhecido pelos projetos de edifícios cívicos para Brasília, uma cidade planejada que se tornou a capital do Brasil em 1960, bem como por sua colaboração no grupo de arquitetos que projetou a sede das Nações Unidas em Nova York, nos Estados Unidos. Sua exploração das possibilidades construtivas do concreto armado foi altamente influente na época, tal como na arquitetura do final do século XX e início do século XXI. Elogiado e criticado por ser um "escultor de monumentos", Niemeyer foi um grande artista e um dos maiores arquitetos de sua geração por seus partidários.1 Ele alegou que sua arquitetura foi fortemente influenciada por Le Corbusier, mas, em entrevista, assegurou que isso "não impediu que [sua] arquitetura seguisse em uma direção diferente".2 Niemeyer se destacou por seu uso de formas abstratas e pelas curvas que caracterizam a maioria de suas obras, e escreveu em suas memórias: Não é o ângulo reto que me atrai, nem a linha reta, dura, inflexível, criada pelo homem. O que me atrai é a curva livre e sensual, a curva que encontro nas montanhas do meu país, no curso sinuoso dos seus rios, nas ondas do mar, no corpo da mulher preferida. De curvas é feito todo o universo, o universo curvo de Einstein.3 — Oscar Niemeyer Nascido no Rio de Janeiro, Niemeyer estudou na Escola Nacional de Belas Artes (atual UFRJ) e durante seu terceiro ano estagiou com Lúcio Costa, com quem acabou colaborando no projeto para o Ministério de Educação e Saúde, atual Palácio Gustavo Capanema, no Rio de Janeiro. Contando com a presença de Le Corbusier, Niemeyer teve a chance de trabalhar junto com o mestre suíço, sendo ele uma grande influência em sua arquitetura. O primeiro grande trabalho individual de Niemeyer foram os projetos de uma série de edifícios na Pampulha, um subúrbio planejado no norte de Belo Horizonte. Esse trabalho, especialmente a Igreja São Francisco de Assis, recebeu elogios da crítica nacional e estrangeira, chamando a atenção internacional a Niemeyer. Ao longo dos anos 1940 e 1950, Niemeyer se tornou um dos arquitetos mais prolíficos do Brasil, projetando uma série de edifícios, tanto no país como no exterior. Isso incluiu o projeto de diversas residências e edifícios públicos, e ainda a colaboração com Le Corbusier (e outros) no projeto da sede das Nações Unidas em Nova Iorque, o que provocou convites para ensinar na Universidade Yale e na Escola de Design da Universidade Harvard. Em 1956, Niemeyer foi convidado pelo novo presidente do Brasil, Juscelino Kubitschek, para projetar os prédios públicos da nova capital do Brasil, que seria construída no centro do país. Seus projetos para o Congresso Nacional do Brasil, o Palácio da Alvorada, o Palácio do Planalto, o Supremo Tribunal Federal e a Catedral de Brasília, todos concluídos anteriormente a 1960, foram em grande parte de natureza experimental e foram ligados por elementos de design comuns. Esse trabalho levou à sua nomeação como diretor do departamento de arquitetura da Universidade de Brasília, bem como membro honorário do Instituto Americano de Arquitetos. Devido à sua ideologia de esquerda e sua militância no Partido Comunista Brasileiro (PCB), Niemeyer deixou o país após o golpe militar de 1964 e, posteriormente, abriu um escritório em Paris. Ele retornou ao Brasil em 1985 e foi premiado com o prêmio Pritzker de arquitetura, em 1988. Entre seus projetos mais recentes se destacam o Museu de Arte Contemporânea de Niterói (1996), o Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba (2002), a Cidade Administrativa de Minas Gerais (2010) e o Centro Cultural Internacional Oscar Niemeyer, na Espanha (2011). Niemeyer continuou a trabalhar até dias antes de sua morte, em 5 de dezembro de 2012, aos 104 anos. 59 Formação e influências Durante a Segunda Guerra Mundial Niemeyer vivencia a reforma proposta pelo recém nomeado diretor do curso de arquitetura, Lucio Costa. Em sua rápida passagem pela diretoria da ENBA entre 1930 e 1931, Lucio Costa remodelou o curso de arquitetura com base nos princípios modernos vigentes na Europa. Esse novo modelo repercutiu nos estudantes, cuja turma rendeu alguns dos grandes nomes do modernismo brasileiro. 7 Durante o terceiro ano de curso, ao invés de estagiar numa firma construtora como era comum, Niemeyer decide trabalhar de graça no escritório de Lúcio Costa, Gregori Warchavchik e Carlos Leão, mesmo passando por dificuldades financeiras (sua filha Anna Maria viria a nascer em 1930).8 Niemeyer se forma Engenheiro Arquiteto em 1934. O contato com Lucio Costa seria extremamente importante para o amadurecimento profissional de Niemeyer. Foi Costa que, após uma afinidade inicial com o movimento neo-colonial, percebeu que os avanços atuais do estilo internacional na Europa eram a única manifestação verdadeira de uma arquitetura contemporânea. Seus escritos sobre a simplicidade técnica e honestidade construtiva que unem a tradicional arquitetura colonial Brasileira (tais como em Olinda e Ouro Preto) e os princípios modernistas formariam a base teórica da arquitetura que viria a ser realizado por Niemeyer e seus contemporâneos, como Affonso Eduardo Reidy, Jorge Machado Moreira entre outros. As ideias de Le Corbusier, idealizador da arquitetura moderna na Europa, formam a base inicial da arquitetura de Niemeyer. O uso de materiais novos e técnicas construtivas modernas se manifestaram durante toda a obra de Niemeyer, algumas delas demonstrando princípios básicos de Le Corbusier, tais como os cinco pontos da nova arquitetura (tais como pilotis, fachadas livres e terraços-jardim). BIBLIOGRAFIA VENTRELLA, Roseli; ARRUDA, Jacqueline. Projeto Educação para o século XXI, Série LINK da Arte. Edições Escala Educacional. São Paulo, 2010. MEIRA, Beá. Coleção Projeto Radix. Editora Scipione. São Paulo, 2006. PROENÇA, Graça. Descobrindo a História da Arte. Editora Ática. São Paulo, 2005. EJA Moderna: Educação de Jovens e Adultos. Anos finais do ensino fundamental. Editora moderna LTDA, 1ª Ed, São Paulo, 2013 www.altavista.com.br www.bulssolaescolar.com.br/culturaindigena.htm www.library.thinkqueste.org/C008259F/32.htm 60 EXERCÍCIOS 1) O Impressionismo foi um movimento artístico surgido na França no final do século XIX. A respeito deste movimento assinale a(s) alternativas correta(s). ( ) A pintura impressionista postulava uma nova concepção do espaço, sem o uso da “perspectiva científica” renascentista. ( ) Os impressionistas tiveram um sucesso imediato, tendo os pintores deste movimento recebido vários prêmios da Academia Francesa de Belas Artes. ( ) Uma explicação para o uso do termo impressionista é o fato de, durante muitos anos, os pintores deste movimento terem representado apenas crepúsculos. ( ) Um dos pintores impressionistas mais conhecidos é Claude Monet. ( X ) O uso dos pigmentos e a pintura ao ar livre são duas características marcantes do Impressionismo. 2) Muitos artistas, apesar de sua versatilidade, de sua capacidade de trabalhar com diferentes linguagens plásticas e de aderirem a diferentes movimentos e estilos, acabam identificados pelo grande público com um tipo básico de proposta estética. Diante disso, assinale o que for correto. ( X ) Pablo Picasso e Georges Braque ficaram associados à formulação do projeto pictórico conhecido como Cubismo. ( ) Salvador Dali e René Magritte criaram várias obras que fixaram as principais características do Surrealismo. ( ) Wassily Kandinsky e Piet Mondrian têm seus nomes relacionados ao Abstracionismo. ( ) Apesar de suas diferenças, Andy Warhol e Roy Lichtenstein são considerados os nomes mais expressivos da chamada Pop Art. 3) ”Todas as manhãs quando acordo, experimento um prazer supremo: o de ser Salvador Dalí.” NÉRET, G. Salvador Dalí. Taschen, 1996. Assim escreveu o pintor dos ”relógios moles” e das ”girafas em chamas” em 1931. Esse artista excêntrico deu apoio ao general Franco durante a Guerra Civil Espanhola e, por esse motivo, foi afastado do movimento surrealista por seu líder, André Breton. Dessa forma, Dalí criou seu próprio estilo, baseado na interpretação dos sonhos e estudos de Sigmund Freud, denominado “método de interpretação paranoico”. Esse método era constituído por textos visuais que demonstram imagens ( ) do fantástico, impregnado de civismo pelo governo espanhol, em que a busca pela emoção e pela dramaticidade desenvolveram um estilo incomparável. ( X ) do onírico, que misturava sonho com realidade e interagia refletindo a unidade entre o consciente e o inconsciente como um universo único ou pessoal. 61 ( ) da linha inflexível da razão, dando vazão a uma forma de produção despojada no traço, na temática e nas formas vinculadas ao real. ( ) do reflexo que, apesar do termo ”paranoico”, possui sobriedade e elegância advindas de uma técnica de cores discretas e da expressão e intensidade entre o consciente e a liberdade, declarando o amor pela forma de conduzir o enredo histórico dos personagens retratados 4) No inicio do século XX apareceram diversos movimentos artísticos em que se dispensava a representação de objetos e de temas danatureza, de maneira clara. A renúncia à figura era o caminho necessário para alcançar uma pintura pura. Wassily Kandinsky, foi opioneiro desse movimento, que tem nomes como Piet Mondrian, Malevitch entre seus primeiros representantes. Observe a reprodução da obra que representa muito bem este estilo de pintura e assinale a resposta correta. Com o arco negro Wassily Kandinsky, 1912 ( ) Barroco ( ) Surrealismo ( X) Abstracionismo ( ) Fouvista ( ) Impressionista 5) Durante muito tempo os templos, as igrejas, os palácios e as casas eram decoradas com pinturas feitas com pigmentos misturados à argamassa fresca, e úmida com que se fazia o acabamento das paredes. Que nome recebe este tipo de pintura? (X ) Afresco ( ) Aquarela ( ) Tempera ( ) Guache ( ) Óleo 62 MODERNISMO BRASILEIRO - AVALIAÇÃO QUESTÃO 01 – Um dos temas principais do Modernismo Brasileiro nas artes visuais era: a- ( ) Renascimento. b- ( ) Temas brasileiros. c- ( ) Barroco. d- ( ) Temas europeus. QUESTÃO 02 – A grande exposição que marcou o Modernismo no Brasil foi: a- ( ) Semana de teatro moderno de 1922. b- ( ) Semana musical moderna de 1922. c- ( ) Semana de arte moderna de 1932. d- ( ) Semana de arte moderna de 1922. QUESTÃO 03 – Qual grande elemento artístico não participou da semana de arte moderna de 1922? a- ( ) Artes visuais. b- ( ) Música. c- ( ) Teatro. d- ( ) Telas. QUESTÃO 04 – Qual desses movimentos não pode ser considerado como modernista brasileiro? a- ( ) Expressionismo. b- ( ) Renascimento. c- ( ) Cubismo. d- ( ) Surrealismo. QUESTÃO 05 – A presença da mulher mulata caracterizou a obra de um famoso artista brasileiro que foi: a- ( ) Di Cavalcante. b- ( ) Tarsila do Amaral. c- ( ) Anita Malfatti. d- ( ) Pablo Picasso. 63 QUESTÃO 06 – Foi um grande nome do Cubismo brasileiro: a- ( ) Di Cavalcanti. b- ( ) Tarsila do Amaral. c- ( ) Pablo Picasso. d- ( ) Vicente do Rego Monteiro. QUESTÃO 07 – São característicasda fase Pau Brasil de Tarsila do Amaral: a-( ) Cores quentes como vermelho e amarelo. b-( ) Estilização geométrica das frutas e plantas tropicais. c-( ) As flores de lis. d-( ) Formas geométricas exageradas. QUESTÃO 08 – De acordo com a teoria antropofágica os artistas brasileiros tinham que: a- ( ) Conhecer o movimentos europeus e criar em cima do mesmo uma feição brasileira. b- ( ) Negar totalmente a estética produzida na Europa. c- ( ) Criar vanguardas brasileiras. d- ( ) Adotar o Cubismo como o movimento artístico do Brasil.2 QUESTÃO 09 – Não fez parte do Modernismo Brasilieiro: a- ( ) Salvador Dalí. b- ( ) Lasar Segall. c- ( ) Anita Malfatti. d- ( ) Di Cavalcanti. QUESTÃO 10 – Qual artista provocou grande polêmica entre os acadêmicos em sua exposição no século XX? a- ( ) Di Cavalcanti. b- ( ) Tarsila do Amaral. c- ( ) Anita Malfatti. d- ( ) Vicente do Rego Monteiro. GABARITO: 1-B, 2-D, 3-C, 4-B, 5-A, 6-D, 7-B, 8-A, 9- A, 10-C 64 ARTE CONTEMPORÂNEA 1) Que movimento artístico trouxe para seu universo representativo elementos da política, publicidade e da vida cotidiana no seu dia a dia, criticando o dirigismo do homem pela propaganda e teve como um dos expoentes o artista Andy Warhol? ( ) Surrealismo ( X) Pop Art ( ) Abstracionismo ( ) Land’Art ( ) Ready Made 2) A medida que o tempo passa, a historia avança, o mundo sofre transformações sociais, culturais, políticas e econômicas. A arte como parte da cultura humana, acompanha essas mudanças. Hoje os artistas se expressam utilizando materiais inusitados, variados suportes e novas tecnologias. Quais as modalidades de arte que surgiram a partir do século XX? ( ) Afresco – Performance - Arte Postal ( X) Grafite – Instalação – Vídeo Arte ( ) Vídeo Clipe – Performance – Fotografia/Arte ( ) Mosaico – Ready Made – Escultura Mole ( ) Vídeo Arte – Assemblagem – Afresco 3) Jornal Zero Hora, 2 mar. 2006. Na criação do texto, o chargista Iotti usa criativamente um intertexto: os traços reconstroem uma cena de Guernica, painel de Pablo Picasso que retrata os horrores e a destruição provocados pelo bombardeio a uma pequena cidade da Espanha. Na charge, publicada no período de carnaval, recebe destaque a figura do carro, elemento introduzido por Iotti no intertexto, além dessa figura, a linguagem verbal contribui para estabelecer um diálogo entre a obra de Picasso e a charge, ao explorar 65 ( ) uma referência ao contexto, “trânsito no feriadão”, esclarecendo-se o referente tanto do texto de Iotti quanto da obra de Picasso. ( ) uma referência ao tempo presente, com o emprego da forma verbal “é”, evidenciandose a atualidade do tema abordado tanto pelo pintor espanhol quanto pelo chargista brasileiro. ( ) um termo pejorativo, “trânsito”, reforçando-se a imagem negativa de mundo caótico presente tanto em Guernica quanto na charge. ( ) uma referência temporal, “sempre”, referindo-se à permanência de tragédias retratadas tanto em Guernica quanto na charge. ( X ) uma expressão polissêmica, “quadro dramático”, remetendo-se tanto à obra pictórica quanto ao contexto do trânsito brasileiro.