Braskem usa gás de xisto para depender menos da

Transcrição

Braskem usa gás de xisto para depender menos da
21/03/2016
- Braskem usa gás de xisto para depender menos da Petrobrás
- Nos EUA, preço baixo desafia produtoras de petróleo de xisto
- Após euforia do PAC, empreiteiras vivem jejum de obra
pública
- Petrobras investiga gestão sindical na sua política de RH
- AGU pede a suspensão de decisões que impedem posse de
Lula
- Governo aposta em três frentes para fugir de paralisia política
- Para analistas estrangeiros, crise compromete o futuro
- Guardian: Com risco de intervenção militar, Dilma deveria
convocar eleições ou renunciar
- Barganha político-fiscal
- Petrobrás vai se desfazer de 81% de sua rede de gasodutos
- Vale lamenta morte de Roger Agnelli
1ª PARTE
NOTICIAS DO DIA 21/03
Fonte: Estadão
21/03/2016
- Braskem usa gás de xisto para depender menos da
Petrobrás
MARINA GAZZONI E RENATO JAKITAS - O ESTADO DE S.PAULO
Após anos de disputa com a petroleira para fechar acordo sobre o fornecimento de seu
principal insumo, a nafta, matéria-prima do plástico, empresa vai importar ‗shale gas‘ dos
EUA
Por 34 meses, a Braskem viveu uma queda de braço com a Petrobrás, sua principal
fornecedora e segunda maior acionista. A petroquímica tentava a todo custo costurar
com a estatal um acordo de longo prazo para o fornecimento de nafta – derivado de
petróleo que é a principal matéria-prima para o eteno, produto básico da cadeia do
plástico. A batalha terminou em dezembro, mas com um acordo só para cinco anos.
Para reduzir sua dependência do insumo – e, consequentemente, da própria
Petrobrás, que fornece 70% de toda a demanda da petroquímica –, a Braskem
decidiu diversificar: acaba de fechar um acordo para importar dos Estados Unidos
o shale gas, o chamado gás de xisto, que revolucionou a indústria global por
derrubar os custos de produção.
Importação: Porto de Aratu (BA) será reformado para receber gás dos
Estados Unidos
O projeto exigirá um investimento de R$ 380 milhões e o produto será fornecido pela
Enterprise Products, a mesma distribuidora que atende as fábricas da petroquímica
brasileira nos EUA. O gás importado vai abastecer até 15% da fábrica de Camaçari,
que se tornará uma unidade ―flex‖, capaz de utilizar gás ou nafta na produção.
A definição sobre o insumo usado em uma indústria petroquímica é um tema
sensível. Cerca de 75% do custo de produção do eteno, petroquímico que é a base
da cadeia do plástico, vem da nafta. ―A nafta perdeu competitividade em relação ao
gás. Mas esperamos períodos de volatilidade no preço do insumo, e a fábrica de
Camaçari terá flexibilidade para aproveitar esses momentos‖, afirmou o vicepresidente da unidade de petroquímicos básicos da Braskem, Marcelo Cerqueira.
Hoje, dos quatro polos produtivos da Braskem no Brasil, três são movidos a nafta. O
único que utiliza gás é o de Duque de Caxias, no Rio, que responde por 15% da
produção brasileira. A fábrica é abastecida com gás nacional e não opera a 100% da
capacidade justamente pela falta de insumo brasileiro, explica Cerqueira. Com a
parte da fábrica de Camaçari que será flex, a representação do gás poderá subir
para 20% da produção nacional da Braskem.
Para o analista do Citi, Nuno Pinto, mais que reduzir custos com a troca de insumos
básicos, a importação de gás poderá ser, no futuro, um instrumento de barganha
entre a Braskem e a Petrobrás. ―Ninguém quer estar na mão da Petrobrás. Se
amanhã eles decidirem aumentar o preço da nafta, como já fizeram, a rentabilidade
da Braskem pode cair de forma significativa.‖
O vice-presidente da Braskem, no entanto, diz que a importação de gás não reduzirá
o volume de nafta comprado da Petrobrás. ―Vamos substituir a nafta importada.‖
Competitividade. A
revolução
do shale
gas americano
mudou
a
indústria
petroquímica global. Nos sete primeiros anos da década de 2000, produzir eteno
com nafta custava até 30% menos do que usar o gás, apontam dados da consultoria
IHS, que consideram o cenário nos Estados Unidos. A partir de 2006, a relação se
inverteu e o gás chegou a custar até 75% mais barato do que a nafta. A diferença de
custos começou a cair a partir de 2014, com a queda no preço do barril de petróleo.
Ainda assim, até hoje, o gás sai na vantagem em relação à nafta.
O governo americano utilizou os benefícios do gás de xisto para fomentar a
recuperação do país após a crise do subprime, em 2008. As regras proibiam a
exportação do insumo, em uma tentativa de atrair novas indústrias para os Estados
Unidos. Com o crescimento da produção, que tornou os EUA o maior produtor de
gás do mundo, o governo flexibilizou as regras para evitar um excesso de oferta.
Desde então, distribuidoras investiram em terminais de liquefação de gás, para
viabilizar a sua exportação. A primeira remessa de gás exportado dos Estados
Unidos saiu do país em dezembro do ano passado. ―A exportação do gás de xisto é
uma festa que vai começar. Temos de estar nesse jogo‖, disse o vice-presidente da
Braskem.
Estimativas de mercado apontam que mesmo com o custo do frete marítimo, o gás
importado americano custaria, em média, 50% menos que a nafta no Brasil nos
últimos dois anos. Além da Braskem, a própria Petrobrás também anunciou que vai
importar gás dos Estados Unidos. O produto será usado para abastecer as usinas
termoelétricas da estatal.
Para o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura, Adriano Pires, há uma
tendência mundial de aumento da oferta de gás natural que deve manter os preços
do produto em baixa, puxada por novas descobertas e por mais investimentos em
liquefação de gás, que viabilizará a exportação aos mercados consumidores.
―Vamos viver a era do gás natural. As petroquímicas que mantêm uma matriz de
produção focada em nafta, como é o caso da Braskem hoje, vão perder
competitividade internacional se não migrarem para o gás‖, afirmou.
Segundo o presidente da Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim),
Fernando Figueiredo, a competitividade da Braskem é fundamental para toda a
cadeia. ―Ela está na base da pirâmide. Se o custo dela é acima do mercado
internacional, toda indústria química sente. O resultado é déficit da balança
comercial de químicos.‖
Investimentos. Para receber
o gás importado,
a Braskem terá de fazer
investimentos no seu terminal no Porto de Aratu (BA), em um trajeto de 30 km de
dutos que ligam o porto à fábrica, e criar um sistema de regaseificação na unidade.
As obras na fábrica serão feitas em outubro, quando está programada uma parada
para manutenção, mas o porto só estará apto para receber o gás americano em
outubro de 2017.
Segundo Cerqueira, há possibilidade de transformar até 30% da planta em um
sistema ―flex‖. A obra para dobrar essa capacidade deve ocorrer só em 2019. A
adaptação de outras unidades da Braskem no Brasil para receber o gás importado é
tecnicamente mais difícil, pois elas estão mais distantes do mar.
Lava Jato atinge sócios
Depois de muita briga, que chegou a contar com a ameaça da petroquímica de
suspender a produção, Braskem e Petrobrás chegaram a um acordo de cinco anos
no fim de dezembro, que prevê um preço de até 102,1% da cotação internacional da
nafta.
Além de fornecedora, a Petrobrás é a segunda maior acionista da Braskem, com
36% da empresa. Segundo apurou em janeiro o Broadcast, serviço em tempo real
da Agência Estado, o fechamento do contrato de nafta era um impasse para a venda
da fatia da Petrobrás na Braskem, que deve ser retomada neste ano.
O controlador da empresa é o grupo Odebrecht. A investigação dos dois maiores
acionistas pela Operação Lava Jato trouxe volatilidade às ações da petroquímica em
2015. ―A Lava Jato é um risco que vai continuar por algum tempo. Mas acho que o
investidor se acostumou e hoje olha mais para os negócios da empresa‖, disse o
analista do Citi, Nuno Pinto. A empresa lucrou R$ 2,9 bilhões em 2015, no maior
ganho de sua história.
VOLTAR
Fonte: Estadão
21/03/2016
- Nos EUA, preço baixo desafia produtoras de
petróleo de xisto
AGÊNCIAS INTERNACIONAIS
Com cotação pouco acima de US$ 40, empresas do gênero são afetadas pela crise das
commodities
Além do gás de xisto, os Estados Unidos viveu nos últimos anos a revolução do
petróleo de xisto, o shale oil. Um grupo de pequenas produtoras de petróleo de xisto
americanas e canadenses passou a desafiar as produtoras tradicionais de petróleo –
reunidas na Organização dos Países Exportadores de Petróleo, a Opep – com suas
estruturas altamente competitivas.
Agora, porém, com os preços do óleo pouco acima de US$ 40 e com gigantes como
a Arábia Saudita mantendo suas estruturas a pleno vapor, os produtores de petróleo
de xisto podem se ver em maus lençóis. O óleo de xisto pode não ser viável a
preços baixos e colocar em risco a saúde financeira das empresas americanas no
setor e também de seus investidores e distribuidores.
Petróleo de xisto tem desafio de competitividade
Na opinião dos analistas do Deutsche Bank ouvidos pela revista britânica The
Economist, enquanto os preços do petróleo bruto ficarem abaixo de US$ 55 o barril,
essas companhias devem passar apuros financeiros. Os analistas observam que as
empresas de energia são responsáveis por cerca de um sexto das emissões de
títulos de dívida de alto risco nos EUA.
Com o aumento dos juros pelo Federal Reserve (banco central dos EUA), a
expectativa é que o apetite pela cadeia do xisto – ativos que oferecem alta
rentabilidade, mas também risco considerável – possa diminuir. No caso do gás de
xisto, há hoje um excesso de oferta nos Estados Unidos. No entanto, há quem
garanta que haverá demanda para o gás. Reportagem da The Economist aponta
que alguns executivos do setor acreditam que a demanda crescerá pela
necessidade de gás natural para alimentar usinas termoelétricas americanas, pelas
exportações de gás para o México e pela perspectiva de que os Estados Unidos
reforcem as exportações de gás natural liquefeito para outros países.
Distribuição. Os investimentos na cadeia do xisto nos Estados Unidos não se
resumem à produção em si, mas também ao transporte de gás e petróleo. A texana
Energy Transfer, por exemplo, tinha 320 quilômetros de gasodutos e oleodutos em
2002. Agora, segundo a revista britânica, a mesma companhia tem nada menos de
114 mil quilômetros construídos, aos quais acrescentará outros 53 mil quilômetros,
graças a uma aquisição que deve ser completada ainda em 2016. No caso do
petróleo de xisto, restam dúvidas se haverá compradores.
VOLTAR
Fonte: Valor Econômico
21/03/2016
- Após euforia do PAC, empreiteiras vivem jejum de
obra pública
Por Daniel Rittner e Murillo Camarotto | De Brasília
Vivendo uma crise de reputação sem
precedentes e tendo boa parte de seus donos
arrastada para o centro da Operação Lava-Jato,
as gigantes nacionais da construção enfrentam
outra séria ameaça para o futuro de suas
atividades.
Em
situação
de
penúria
orçamentária, a União e os Estados não
celebraram um único contrato com as maiores
empreiteiras do país em todo o ano passado. O
jejum de novas obras públicas continua no
primeiro trimestre de 2016 e potencializa o
desemprego em um dos setores mais intensivos
em mão de obra.
João Santana, presidente da
Constran: "Ninguém tem capital de
giro", referindo-se à dificuldade
para suportar atrasos
A reportagem do Valor consultou sete grandes construtoras sobre o número de
contratos assinados com governos ou estatais desde o início de 2015. O teor das
respostas foi unânime: zero.
Os dados publicados em seus últimos balanços indicam que Odebrecht, Andrade
Gutierrez, Camargo Corrêa, Queiroz Galvão, OAS, Galvão Engenharia e Constran
têm pelo menos 31% de suas receitas no Brasil provenientes de obras públicas.
Algumas chegam a ter mais de dois terços do faturamento atrelados a projetos das
três esferas de governo.
Os efeitos da paralisia já são visíveis no mercado de trabalho: 175 mil vagas na
construção pesada foram eliminadas no ano passado. Com isso, o contingente de
empregados no setor recuou para os níveis mais baixos desde 2008.
Os tempos de grandes obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC),
estádios reluzentes para a Copa do Mundo e projetos bilionários de mobilidade
urbana ficaram definitivamente para trás. Além da falta de oportunidades para abrir
novos canteiros, as empreiteiras sofrem agora com atraso de pagamentos e uma
sequência de rescisões contratuais.
Uma das construtoras afetadas foi a Andrade Gutierrez. A empresa saiu do
consórcio responsável pela montagem eletromecânica da usina nuclear de Angra 3
e rescindiu o contrato para a execução de em um dos lotes da Ferrovia de
Integração Oeste-Leste (Fiol). Não deve parar por aí. Sua participação nas obras da
Linha 17Ouro do Metrô de São Paulo o monotrilho que atenderia ao aeroporto de
Congonhas depende de uma improvável revisão do contrato.
"Em última instância, tememos pela destruição das empresas nacionais", diz Pedro
Celestino Pereira, presidente do Clube de Engenharia, instituição que congrega
profissionais do ramo. Para o dirigente, é um erro encarar a dificuldade financeira
das grandes empreiteiras como um problema localizado. O atual modelo de
negócios facilita a ocorrência de um efeito-cascata. "Hoje elas são, acima de tudo,
organizadoras de contratos. Subcontratam fornecedores, projetistas e construtoras
menores."
Celestino ressalta que o drama do setor se deve mais à crise fiscal do que aos
desdobramentos da Lava-Jato. Por isso, ele defende mais moderação nos ajustes
orçamentários e a retomada de obras públicas. "Ou muda a política econômica ou a
indústria da construção pesada no país vai para o ralo", alerta o presidente.
Para atenuar os efeitos da
crise, uma das apostas tem
sido buscar mais obras fora do
Brasil.
Algumas
incursões
deram resultado. A Odebrecht
conquistou, no ano passado,
contratos para a construção
dos metrôs de Quito e da
Cidade do Panamá. Para a
OAS, um negócio fechado no
Peru impediu que o ano tivesse
passado em branco, mas não
dá para comemorar. Trata-se
de um projeto modesto: a
reforma de uma praça no
centro histórico de Lima.
Outras iniciativas esbarraram
em
dificuldades
de
financiamento e na piora da
economia internacional. Empreiteiras que miravam negócios na Venezuela e em
Angola, dois mercados tradicionalmente férteis para os grupos brasileiros,
precisaram colocar o pé no freio. Com o tombo no preço do petróleo, esses países
diminuíram o ritmo de contratações.
Outro exemplo de dificuldade no mercado externo é vivido pela Queiroz Galvão. Há
anos o grupo tenta iniciar as obras da usina hidrelétrica de Tumarín, na Nicarágua,
mas sofre com a falta de crédito. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico
e Social (BNDES) não aprovou o financiamento solicitado pela empresa, que tem a
estatal Eletrobras como sócia no empreendimento.
O temor generalizado no mercado é com a "queima" dos contratos atuais com
governos e estatais. Até agora, as receitas que entram no caixa das construtoras
ainda refletem projetos em execução. À medida que essas obras forem sendo
concluídas, a tendência é que o faturamento minguará se não houver reposição.
"Quem não conseguir se equilibrar com obras do setor privado ou em outros países,
corre o risco de quebrar", comenta o executivo de uma grande empreiteira.
A Constran, do empresário Ricardo Pessoa, já sofre com a queda no fluxo de
pagamentos dos governos. Ela está à frente de duas obras da Valec: um lote da Fiol
e outro da Ferrovia NorteSul. Para manter o cronograma original dos contratos,
deveria receber da estatal entre R$ 20 milhões e R$ 30 milhões por mês,
dependendo do ritmo de execução. Em 2015, porém, os pagamentos registraram
uma média mensal em torno de R$ 15 milhões. Neste ano, baixaram para cerca de
R$ 5 milhões. A duplicação de um trecho da BR116 no Rio Grande do Sul,
contratada pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, também
avança com lentidão.
Ex-ministro de Infraestrutura (governo Collor) e com experiência de décadas no
setor, o presidente da construtora, João Santana, explica que as empresas sempre
trabalharam com atrasos nos pagamentos do setor público e adaptavam o caixa a
essa dinâmica. Agora, os bancos estão mais restritivos com as empreiteiras e têm
liberado menos financiamento. "Hoje ninguém tem capital de giro", diz o executivo,
referindo-se à dificuldade das empresas para suportar os atrasos.
No caso da Constran, as obras privadas têm sido a salvação da lavoura. Elas já
representam 60% do faturamento eram 50% até 2014 e estão com tendência de
crescimento. A empreiteira toca a hidrelétrica de São Manoel, que está sendo
erguida no rio Teles Pires, cuja concessão foi arrematada pela EDP. Também faz
parte do consórcio que executa a Linha 6, primeira do Metrô de São Paulo 100%
privada desde o início da construção.
Com exceção de São Paulo e do Rio de Janeiro, em reta final de preparação para a
Olimpíada, outros Estados e municípios não têm recursos próprios para novos
empreendimentos de infraestrutura. "Quase todo mundo depende de repasses ou
financiamentos federais", conclui Santana.
VOLTAR
Fonte: Valor Econômico
21/03/2016
- Petrobras investiga gestão sindical na sua política
de RH
Por Cláudia Schüffner | Do Rio
A Petrobras abriu um processo de investigação
sobre denúncias envolvendo a gestão da área
de Recursos Humanos (RH) com potencial de
trazer perdas bilionárias para a estatal. O fato já
está sendo investigado pelo diretor de
Governança, Risco e Conformidade, João Elek,
a pedido de membros do conselho de
administração da companhia.
As estimativas são de que políticas de
remuneração podem ter causado
prejuízos de R$ 40 bilhões para a
Petrobras
Os autores da denúncia, que se mantêm no
anonimato por medo de represálias, apontam 11
medidas danosas e calculam que apenas duas
políticas de remuneração podem ter trazido perdas à estatal da ordem de R$ 40
bilhões. Tais fatos já são ou podem se tornar objeto de contestação judicial se todos
os empregados entrarem com ação reivindicando reconhecimento de benefícios, e
ganharem.
O número é controverso e pode não ser tão elevado. Mas a base da acusação é o
fato de os antigos gestores da empresa terem elevado as contingências trabalhistas
em 2.300% entre 2006 e dezembro de 2014, de R$ 500 milhões para R$ 12,3
bilhões. Em setembro do ano passado o valor atualizado havia saltado para R$ 14,3
bilhões, um aumento de 28 vezes em dez anos.
Essas contingências são maiores do que as perdas de R$ 6,2 bilhões com
corrupção assumidas pela empresa no balanço de 2014, publicado no ano passado,
quando a estatal registrou prejuízo de R$ 21,6 bilhões. Em junho de 2015, a estatal
tinha 79.273 funcionários próprios e 231.436 terceirizados.
A área de RH da estatal foi comandada por sindicatos da Federação Única dos
Petroleiros (FUP) desde o primeiro governo federal do Partido dos Trabalhadores
(PT), a partir de 2003. No dossiê encaminhado duas vezes à ouvidoria, são
relacionadas contingências nascidas de negociações salariais mal conduzidas por
dirigentes sindicais ocupando cargos de gerência na área de RH. Eles teriam
deixado brechas que, anos depois, permitiram que os sindicatos liderados pelos
mesmos gerentes entrassem com ações contra a estatal, dizem os autores do
documento. O grupo diz que aguarda respostas da estatal para encaminhar uma
tradução da denúncia à Bolsa de Nova York, onde a Petrobras é listada, e outras
autoridades americanas.
No texto ao qual o Valor teve acesso são mencionadas práticas de nepotismo
cruzado envolvendo parentes dos gestores do RH contratados por empresas
terceirizadas (algumas investigadas na Lava-Jato) e a prática de tratamento
privilegiado em promoções para a cúpula sindical em detrimento de funcionários
com grande especialização. O grupo se auto-intitula Pequenos Acionistas e
Empregados Preocupados (PAEP).
Os fatos mencionados ocorreram no período em que a área de RH da Petrobras foi
comandada por Diego Hernandez, um ex-sindicalista ligado à FUP que foi assessor
da presidência quando José Eduardo Dutra assumiu em 2003. Ele comandou
também a gerência executiva de RH em grande parte da gestão de José Sergio
Gabrielli. Hernandes deixou a presidência do conselho deliberativo da Petros em
março de 2015 e se aposentou, após seu nome aparecer em investigação interna da
estatal.
Antes disso, em outubro de 2009, Hernandes foi objeto de uma investigação para
apurar indícios de enriquecimento ilícito aberta na Controladoria Geral da União
(CGU). Contudo, em julho de 2010 a autoridade arquivou o processo "tendo em vista
a comprovação de que a remuneração auferida ao longo dos anos na Petrobras era
capaz de suportar a origem do patrimônio do senhor Diego Hernandes", disse a
CGU em nota. O Valor não conseguiu contato com o ex-gerente.
Junto com outros sindicalistas e decanos do RH da Petrobras, Hernandes é
apontado como o responsável por uma das mudanças na política de remuneração
dos funcionários que pode ter gerado passivo de R$ 20 bilhões para a companhia,
sendo que a estatal divulga uma estimativa de perda bem menor no balanço para
essa contingência, de R$ 3,15 bilhões no fim de 2014.
Ali a avaliação é que a chance de perda é apenas possível, classificação que não
exige constituição de provisão. Ou seja, se a empresa, de fato, perder a causa, o
efeito como despesa no balanço ocorrerá no futuro
A Petrobras informou ao Valor que não pode comentar sobre valores provisionados
referentes a processos trabalhistas. Também alegou estar em período de silêncio, já
que se prepara para divulgar o resultado financeiro do quarto trimestre hoje à noite.
Em nota, a estatal acrescentou que "continuará exercendo plenamente seu direito
de defesa durante o andamento desses processos".
O rombo potencial de R$ 20 bilhões, segundo a denúncia, começou a ser gestado
em 2007, quando a Petrobras aprovou o Plano de Cargos e Avaliação de Carreiras
(PAAC), após negociação com todos os sindicatos dos petroleiros. No Acordo
Coletivo de Trabalho daquele ano todos os funcionários da Petrobras que
trabalhavam em funções administrativas e sem exposição a riscos ocupacionais
passaram a receber um complemento sobre o salário básico depois de negociada
uma política salarial chamada Remuneração Mínima por Nível e Regime (RMNR).
Conforme a política, funcionário de mesmo nível e da mesma região que recebesse
menos que outro trabalhador passou a receber a diferença. Na prática, esse
programa de equalização, que teria tido parecer contrário do departamento jurídico
na época, acabou com o adicional de 30% a que tinham direito os trabalhadores
expostos a riscos, como os que trabalham em refinarias e plataformas de petróleo. A
Petrobras não respondeu sobre a existência de um parecer jurídico a respeito do
assunto.
Em 2012, cinco anos depois do acordo, os Sindipetros entraram com ação contra a
companhia, já que o pagamento adicional de periculosidade é previsto pela
Consolidação das Leis do Trabalho. A Petrobras perdeu em todas as instâncias e
recorreu junto ao Tribunal Superior do Trabalho (TST). Os autores alertam sobre o
impacto futuro, já que afirmam que a decisão vai representar aumento de 30% do
salário para cerca de 40 mil trabalhadores.
"O rombo é tão grande que, em caso de derrota considerado bastante provável,
considerando as inúmeras ações individuais com decisões contrárias à Petrobras e
os pareceres parciais dos ministros do TST e das instâncias inferiores da justiça que
já julgaram o caso , a Petrobras terá que pagar um passivo que, atualizado e
segundo projeções recentes do próprio Jurídico da empresa, deve ultrapassar R$ 20
bilhões", afirmam os autores da denúncia. "A ação coletiva em questão é pública e
pode ter seus detalhes consultados diretamente no TST", dizem eles.
Eles observam ainda que entre 10% e 15% do valor da ação "devem inundar os
bolsos dos advogados e diretores sindicalistas e o restante fará a alegria dos
empregados da estatal, além de quebrá-la de vez, já que esse valor equivale a um
ano muito bom de lucro líquido da empresa", referindo-se aos honorários que cabem
aos sindicatos.
A FUP foi procurada pelo Valor, mas não respondeu às perguntas enviadas por email, entre elas a que perguntava se os sindicatos recebem comissão sobre as
ações judiciais abertas contra a estatal.
Os autores da denúncia estimam ainda a possibilidade de existência de outro
passivo estimado em R$ 10 bilhões relacionado ao descanso semanal remunerado
(DSR). No balanço de 2014 a contingência é tratada apenas como possível e
calculada em R$ 1,16 bilhão. Os sindicatos, segundo os denunciantes, estariam
pleiteando da empresa a cobrança de folgas semanais a título de DSR, em função
do que consideram "uma maluca tabela de horários e regimes de trabalho"
negociada pelos sindicatos.
E afirmam que a diretoria da Petrobras "foi ludibriada com a informação de pouco
mais de R$ 1 bilhão em dívidas (que constam das notas no balanço)", quando
segundo eles "nenhum diretor sabe com precisão do que se trata". A preocupação
na Petrobras é tamanha, segundo os denunciantes, que o departamento jurídico da
estatal teria convocado recentemente uma videoconferência "de emergência" com
vários advogados do país.
"O que ocorre quando um RH assume uma gestão com determinado passivo
trabalhista e, alguns anos depois, esse valor está multiplicado em algumas centenas
de vezes? Seu gestores são destituídos ou são promovidos"?, questionam.
A resposta a essa pergunta é respondida no tópico seguinte da denúncia, quando os
denunciantes criticam um programa chamado "Avanço de Nível e Promoção"
(ANPR). Trata-se de um complicado sistema que prevê aumentos de salário e
evolução de carreira para todos os empregados da companhia a cada 12 meses (os
bens avaliados), 18 meses (avaliação mediana) e 24 meses (no caso dos mal
avaliados). Ou seja, quem tem bom desempenho recebe aumento salarial real de
4% todo ano. Quem tem desempenho ruim, recebe a cada dois anos.
Essa conta, segundo preveem os autores, pode ser cobrada em 2019. É quando
vence o prazo para questionamento judicial após cinco anos, para as regras do
Aumento de Nível, que segundo a denúncia foram alteradas unilateralmente em
2014 pela área de Gestão de Efetivos de RH da Petrobras.
A denúncia denomina "Petrolão Sindical" o fato de os gerentes do RH terem
participado nos últimos anos das negociações salariais com os Sindipetros ligados à
FUP e ao Partido dos Trabalhadores (PT) nos últimos anos, sendo eles próprios
lideranças sindicais. "É impossível não ficar com a impressão de que tanta dívida
trabalhista não tenha sido gerada de forma proposital e bem pensada. Afinal, a cada
passivo bilionário, comissões e honorários igualmente bilionários inundarão os
caixas dos sindicatos, parecendo, apenas parecendo, um engenhoso mecanismo de
financiar, através da Petrobras, os sindicatos da FUP em troca de apoio ao governo
do PT", dizem os autores.
Em tom muitas vezes irônico, os autores das denúncias chamam a atenção para o
programa de retenção de talentos da Petrobras, chamado "Algema de Ouro", cuja
finalidade original era aumentar a remuneração de geólogos, geofísicos e
engenheiros de petróleo, profissionais considerados imprescindíveis em uma época
em que a OGX, empresa de Eike Batista, contratava agressivamente. Segundo a
denúncia, o programa teve adesão de vários gerentes do próprio RH Corporativo,
além de profissionais da Comunicação e outras áreas meramente administrativas
"sem nenhum conhecimento técnico de relevância para o mercado" e que passaram
a receber indenizações de R$ 500 mil, R$ 1 milhão ou mais.
A denúncia também traz levantamento comparativo dos aumentos e promoções
recebidos por 15 dirigentes sindicais ligados à FUP com os de 15 consultores
selecionados aleatoriamente. Estes consultores são profissionais de carreira
reconhecidos como referência técnica em suas áreas. A comparação mostrou que
nos últimos seis anos, 58% dos consultores receberam o chamado avanço de nível
uma promoção. Já entre os sindicalistas, eles notam que os ligados à FUP
receberam melhor tratamento do que os associados à Federação Nacional dos
Petroleiros (FNP).
VOLTAR
2ª PARTE
NOTICIAS DO DIA 20/03
Fonte: O Globo
20/03/2016
- AGU pede a suspensão de decisões que impedem
posse de Lula
Pedido foi endereçado por José Eduardo Cardozo a ministro Teori Zavascki, do STF
POR JAILTON DE CARVALHO
AGU recorre ao STF para pedir suspensão de decisões que impedem posse de Lula - ANDRE
COELHO/17-03-2016 / Agência O Globo
BRASÍLIA — O advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, pediu neste
domingo que o ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava-Jato no Supremo
Tribunal Federal (STF), suspenda todas as decisões judiciais que impedem a posse
do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como ministro da Casa Civil. Esta é a
segunda vez que o governo recorre ao STF para derrubar decisões liminares
contrárias à posse de Lula.
Na sexta-feira, o ministro Gilmar Mendes, relator de um mandado de segurança do
PSDB e do PPS sobre o assunto, concedeu liminar para suspender a posse de Lula
e devolver os autos do inquérito sobre o ex-presidente Lula para o juiz Sérgio Moro,
da 13ª Vara Federal de Curitiba.
―A fim de evitar decisões contraditórias acerca de tema tão relevante, primando-se
pela segurança jurídica e defesa da ordem jurídico objetiva, a Advocacia-Geral da
União pugna pela excepcional concessão de medida cautelar, suspendendo-se o
andamento de todos os processos e de decisões judiciais que apresentem relação
com a matéria objeto da arguição de descumprimento de preceito fundamental, até o
julgamento final pelo douto colegiado‖, pede Cardozo em medida cautelar incidental
protocolada neste domingo no STF.
O pedido é endereçado a Teori, relator das arguições de descumprimento de
preceito fundamental (ADPF) 390 e 391, apresentadas contra a posse de Lula pelo
PSDB e pelo PPS. No pedido, Cardozo diz que ações de arguição de
descumprimento de preceito fundamental, que estão pendentes de decisão de Teori,
tem um alcance superior a mandados de segurança, ponto de partida usado por
Gilmar para impedir a posse de Lula.
―Um dia é ministro, ou dia não é (...) evidente que uma questão dessa precisa ser
decidida (...) o fato de existir habeas corpus, mandado de segurança, o diabo, não
elide a possibilidade de se utilizar da ADPF porque esses instrumentos não tem
força legal geral, não têm efeito vinculante. É a ADPF que vai permitir a solução
geral da controvérsia‖, disse Gilmar em julgamento sobre o direito de o procurador
de Justiça Welington César Lima e Silva assumir o ministério da Justiça. O trecho da
fala de Gilmar foi citado no novo recurso da AGU. Caberá a Teori decidir se os
argumentos são procedentes e, com isso, derrubar todas as liminares em vigor.
A AGU recorreu a Teori porque não teria como contestar o despacho de Gilmar no
plenário do STF nos próximos dez dias. Nesta semana, por conta do feriado
religioso, não haverá sessão do plenário no STF.
No sábado, a defesa de Lula apresentou uma petição para que Teori ―reafirme sua
competência para analisar os procedimentos referentes à Operação Lava Jato no
âmbito do STF (Supremo Tribunal Federal), especificamente sobre as que se
referem a Lula.‖ O documento é uma reação à decisão liminar dada pelo ministro
Gilmar Mendes na sexta-feira em que o magistrado suspendeu a posse do petista
como ministro da Casa Civil da presidente Dilma Roussef.
VOLTAR
Fonte: O Globo
20/03/2016
- Governo aposta em três frentes para fugir de
paralisia política
Ataques às investigações e força das ruas fazem parte da estratégia
POR CATARINA ALENCASTRO / SIMONE IGLESIAS / JAILTON DE CARVALHO
BRASÍLIA — O governo vai agir em três frentes
para tentar sair da paralisia política e econômica:
concentrar ataques no que considera abusos da
Operação Lava-Jato e do juiz Sérgio Moro; retomar
a guerra contra o presidente da Câmara, Eduardo
Cunha (PMDB-RJ); e apostar na força da militância
petista nas ruas. A reação às investigações é o
resultado mais evidente, e o novo ministro da
Justiça, Eugênio Aragão, demonstra disposição
para ampliar o controle disciplinar da Polícia Federal
(PF) para impedir vazamentos e estuda até mesmo
interpelar Moro formalmente.
Neste fim de semana, Aragão declarou que vai
afastar policiais envolvidos em divulgação de
informações sigilosas. Ele ressaltou, no entanto,
que está mirando em investigadores que cometem
crime de vazamento e não pensa em interferir no
Governo monta estratégia
conteúdo das investigações. As medidas judiciais
para sair de momento
contra Moro, ainda em estudo, seriam adotadas por
complicado e rebater
conta da divulgação da escuta que flagrou Lula e a
acusações contra Dilma e
presidente Dilma Rousseff. Na avaliação dele, por
Lula - AP/17-03-2016 /
ser detentora de foro no Supremo Tribunal Federal
Eraldo Peres
(STF), Dilma não poderia ter um diálogo liberado
para divulgação por um juiz de primeira instância. Na mesma linha, deputados do PT
anunciaram que irão ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) contra o juiz.
— Moro abusou. E o governo está respondendo aos abusos. Não é estratégia
política, é uma reação a uma investida sem limites com foco no PT. Além disso, o
governo vai retomar o ataque contra Cunha, que tem como objetivo entregar a
Temer, seu aliado, o poder — argumentou uma fonte do Palácio do Planalto.
Em entrevista à ―Folha de S.Paulo‖, o novo ministro declarou que ―cheirou
vazamento de investigação por um agente nosso, a equipe toda será trocada‖. Ao
GLOBO, Aragão disse que adotará essa conduta se houver fundada suspeita de
vazamento.
No discurso que já começou a empregar para alimentar a militância, governo e PT,
agora mais amarrados do que nunca, acusam Moro de estar empenhado em uma
cruzada persecutória contra Dilma e Lula. E de ter cometido abusos, contra os quais
o governo não pretende se calar. Paralelamente, será retomada a guerra contra o
presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que resolveu aproveitar o
enfraquecimento do governo para correr com o processo de impeachment. Eleger
Cunha como inimigo, na avaliação de interlocutores de Dilma, já se mostrou eficiente
junto à opinião pública.
APOSTA EM LULA COMO ARTICULADOR
O governo se animou com a multidão que conseguiu mobilizar em defesa da
presidente Dilma e de Lula anteontem — na Avenida Paulista, a massa ocupou 11
quarteirões, uma extensão considerável (embora bem menor do que a tomada por
manifestantes a favor do impeachment no domingo passado, correspondente a 23
quarteirões). Para aliados de Dilma, os manifestantes pró-PT mostraram a força e a
capacidade de reação que o governo ainda tem.
— Uma reação nas ruas mostra que o governo tem força e respaldo da população.
Contamos com uma importante capacidade de mobilizar as ruas. A saída da crise
certamente passa por esse caminho e por outro, que é a nossa condição de refazer
as pontes no campo institucional, restabelecendo o diálogo com o Congresso —
disse um ministro, que pediu para não ser identificado.
Ao longo de toda a sexta-feira, petistas monitoravam, de dentro do Palácio do
Planalto, a movimentação das ruas e comemoravam as adesões. Ao fim do dia, um
grande fluxo de funcionários trocava a roupa de trabalho pelas camisetas vermelhas
e marchava da sede do Executivo Federal para o Museu da República, onde se
concentrou o ato pró-governo em Brasília. Muitos apontavam a presença de Lula no
ato de São Paulo como fiador do sucesso de participação do público nos
movimentos Brasil afora.
— O Lula é o Lula. Tem jogo. Vamos para a guerra — comentou um funcionário com
um colega, ainda em horário de expediente.
Além da trincheira das manifestações, o governo aposta na habilidade que o expresidente tem como negociador político. A ―prioridade das prioridades‖, segundo
um auxiliar presidencial, é Lula conversar com os deputados minimamente próximos
ao governo que integram a Comissão do Impeachment para tentar garantir votos
pró-Dilma. A tarefa não é considerada simples porque há um desgaste imenso na
relação do Planalto com a Câmara e também porque o Executivo não tem muito a
oferecer em troca do apoio. No entanto, há forte esperança de que o ex-presidente
use de seu ―magnetismo político‖ e, nas conversas cara a cara que manterá com os
deputados, conquiste os votos de que o governo precisará para barrar o
impeachment.
— Lula vai usar a intuição, algo que está faltando em doses cavalares nesse
governo. Ele deve focar no Congresso, mas precisa dar alguma coisa que o
Congresso possa oferecer à sociedade. Tem que construir uma narrativa, porque
sabe que, do jeito que está, só pedir não adianta — disse um auxiliar do Palácio
próximo ao ex-presidente.
Além do tête-à-tête com membros da Comissão do Impeachment, Lula vai se
empenhar para evitar um desembarque definitivo do PMDB do governo. Nesse
campo, seus alvos são o vice, Michel Temer (SP), e o presidente do Senado, Renan
Calheiros (AL). A negociação, como sempre, se dará em torno de cargos e espaços
no Executivo. Quem trabalha com Dilma menciona que o ex-presidente traz na
bagagem um histórico de boa relação com a sigla do vice.
— Os espaços no governo são volúveis. Sempre há lugares que podem ser
mexidos: ministérios, superintendências etc. — aponta um assessor no Planalto.
VOLTAR
Fonte: O Globo
20/03/2016
- Para analistas estrangeiros, crise compromete o
futuro
Economistas temem cenário político caótico e queda de 'commodities'
POR LUCIANNE CARNEIRO
RIO - De um lado, a crise política. Do outro, a economia em recessão, sob influência
da queda dos preços de commmodities. Ambos os aspectos tendem a comprometer
o futuro do país, na avaliação de dois economistas estrangeiros que acompanham a
economia brasileira e de emergentes.
Professor da American University e ex-economista-chefe de Mercados Emergentes
do ABN Amro, Arturo Porzecanski diz que o Brasil vive ―um ambiente de doença‖ e
que a atual crise é a pior que o país já viveu nas últimas décadas, inclusive que a de
2002. Na sua avaliação, o cenário atual não permite planejamento a longo prazo e a
nomeação do ex-presidente Lula como ministro significou que a presidente Dilma
Rousseff ―dobrou as apostas‖. ―Ou vão os dois para o inferno ou para o céu, não há
opção‖, diz.
Já o chefe de Mercados Emergentes do Morgan Stanley Investment Management,
Ruchir Sharma, avalia que a mudança política não é suficiente para resolver a crise.
Para ele, a frustração e o ódio vistos nas ruas nos últimos dias refletem os efeitos da
recessão. Ele não vê perspectiva de crescimento para o país num horizonte de cinco
a dez anos. O motivo é a grande dependência dos preços de commodities.
PLANEJAMENTO SÓ QUANDO ACABAR CICLO VICIOSO
Para Porzecanski, crise atual tem maior consequência para o país - Divulgação / Courtesy American
University
Professor da American University e ex-economista-chefe de Mercados Emergentes
do ABN Amro diz que Brasil vive pessimismo generalizado.
Como vê a situação do Brasil hoje?
Há um panorama geral dos emergentes não muito positivo, mas é fácil exagerar o
pessimismo no caso do Brasil. Se as coisas vão bem, o investidor fica otimista, e
não há ambiente para o pessimismo se estabelecer. Mas quando a corrente vai
levando os emergentes, toda notícia negativa tem mais impacto porque alimenta o
pessimismo. No Brasil, a situação está cada dia pior. É um ambiente de doença.
É mais grave que a dos demais emergentes?
Claro. Outras nações, como Chile, Peru e Colômbia, sofreram com câmbio, Bolsa e
dívida, mas não tiveram uma crise própria. Então é um ajuste que não é
acompanhado por um pessimismo generalizado que se retroalimenta. Veja a
Argentina, onde uma mudança de governo levou a um aumento dos papéis mesmo
nesse contexto mundial. No caso do Brasil, não tem notícias boas.
Há risco de fuga de investidores?
Isso já ocorreu. Se o câmbio já está mais perto de R$ 4 que de R$ 2, alguém fugiu.
Se tivemos queda da Bolsa, por definição já ocorreu a fuga. A questão é se já
passamos pelos piores momentos. Podemos imaginar o dólar a R$ 5? Não é minha
opinião, mas o que se percebe no mercado é que, se a Dilma ficar, o dólar pode ir a
R$ 5. O humor do mercado importa porque tende a exagerar as coisas ruins e
desvalorizar as boas.
O país já viveu momentos de crise como essa?
Certamente o Brasil teve momentos muito ruins na época do Collor, do Sarney...
Nos anos 60,70, 80 e 90. Só que, naquela época, o Brasil não estava tão
interconectado com o resto do mundo. Havia, principalmente, o investimento das
multinacionais, que podiam não reinvestir, mas não iam embora. Nos últimos anos,
as nações se interconectaram de fato. Bolsa, dívidas, derivativos, tudo se globalizou
tanto que a consequência é maior. Hoje, a crise tem maiores consequências. Tem
investidores de todo o mundo fazendo todo tipo de investimento, ou não fazendo.
E frente a 2002?
A crise, agora, é bem pior. Naquela época, a herança de Fernando Henrique
Cardoso era boa. Ele tinha acabado com a inflação, resolvido a questão da dívida
externa e promovido as privatizações, liberalizado a economia. A herança que Lula
recebeu era boa. E ele teve a chance de conservar as reformas de seu antecessor
ou de jogar tudo pela janela. Naquela época, a pergunta era se faria uma mudança
radical. E Lula deu a luz verde de um ajuste e tranquilizou todo mundo. Agora, a
herança é horrível. Já no segundo mandato de Lula e, principalmente, no primeiro da
Dilma as regras do jogo mudaram para pior. Houve aumento do intervencionismo
estatal em tudo, veio uma nova estratégia desenvolvimentista.... A herança é
pesada, obviamente. Esse Banco Central é do Arminio (Fraga), esse BC perdeu sua
credibilidade. E isso não foi apenas no último ano, mas nos últimos quatro, cinco
anos. Hoje, as instituições do Estado não têm a credibilidade, a munição, o fôlego e
a capacidade para fazer uma política anticíclica. É bem complexo. Dilma teve, no
início do segundo mandato, uma chance com (Joaquim) Levy de dar uma volta total,
mas não fez. Ao mesmo tempo, a corrupção explodiu, como se viu na Operação
Lava-Jato. Dilma decidiu atar seu destino ao de Lula e dobrou as apostas. Ou vão os
dois para o inferno ou para o céu, não há opção. A opção de empurrar com a barriga
morreu.
O impeachment ficou mais provável?
Há um mês, a impressão era de o mercado estava considerando o impeachment,
mas avaliando que Dilma não seria forçada a sair. Agora, como dobrou a aposta,
pode ser mais complicado. A ida de Lula para o ministério foi uma aposta muito
arriscada. Foi como se dissesse que o Brasil não tem o problema do vírus zika e
deixasse o mosquito livre. Foi como abrir a janela para o mosquito do zika.
O senhor acredita que o atual governo tem capacidade de governar?
O que sinto de longe é que a situação não pode continuar como está. A economia
vai ficar em recessão, a inflação vai ficar alta, a moeda e outros ativos vão continuar
pressionados... Essa paralisia é muito ruim. A herança é muito importante. Se a
situação vai bem e não se faz nada, é uma coisa. Mas se vai de pior a pior e não se
faz nada, é outra. A Dilma é como a capitã de um navio. Se está entrando muita
água no navio, quem vai querer esse capitão no navio? O Brasil precisa de
mudanças importantes na política e na economia. Dilma teve a chance, no ano
passado, de fazer as coisas de forma diferente, mas perdeu a chance e o controle
da situação. A decisão dos últimos dias revela que ela se preocupa mais com a
situação política do PT e de seu querido Lula do que a do país. Isso ficou bem claro.
Um outro governo teria condições de governabilidade?
Se o processo é legítimo, o povo está pronto a abrir as portas a outra liderança. É
muito difícil agora a Dilma dizer: ―Agora sou a nova Dilma, vou fazer tudo certo‖.
Qual é sua perspectiva para o Brasil a longo prazo?
Numa situação como agora, não dá para falar a longo prazo, está todo mundo só
olhando o dia após dia, não tem perspectivas. Qualquer coisa pode acontecer nos
próximos meses. O Brasil perdeu o grau de investimento, não teve as mudanças
necessárias, a recessão continua, o desemprego está aumentando e a inflação
continua alta. Só é possível fazer planejamento de longo prazo quando acabar o
ciclo vicioso e começar o virtuoso. Hoje, a reação é apenas de curtíssimo prazo.
MUDANÇA POLÍTICA PODE AJUDAR, NÃO É O PRINCIPAL
Ruchir Sharma: frustração e ódio nas ruas reflete custo alto da recessão - Divulgação / Geraint Lewis
Chefe de mercados emergentes do Morgan Stanley Investment Management diz que
país sente efeito de queda das commodities.
Como vê a crise no Brasil?
Estudos mostram que, quando um líder ou partido está no poder há mais de dez
anos, é geralmente negativo para o país. Assim, uma possível mudança de liderança
é geralmente positiva para a maioria dos países. Logo, o mercado financeiro está
certo em avançar na esperança de uma troca de governo no Brasil. Só que isso é
verdade para a maioria dos países, mas, olhando os últimos cem anos, nada afetou
mais o Brasil que os preços de commodities. Não há outro país no mundo com uma
relação tão forte entre o que ocorre nos preços de commodities e a taxa de
crescimento. Quando os preços de commodities sobem, o Brasil vai bem. Quando
caem, o Brasil vai mal. A relação entre o PIB per capita do Brasil e dos Estados
Unidos é a mesma hoje do que era há cem anos. Isso porque nesse período os
preços de commodities se mantiveram no mesmo nível, já ajustados pela inflação.
Meu ponto é que muitos têm se animado com a possibilidade de mudanças no
campo político e de que isso será bom para o país. Isso é verdade para a maioria
dos países. Mas, no caso do Brasil, mesmo se tiver mudança política é preciso
contar com os preços de commodities. Para ser otimista com o Brasil, é preciso
estar otimista com o preço de commodities, quase excluindo todo o resto. A
mudança política agora pode ajudar na margem, mas não é o principal fator. Algo
muito dramático precisa ocorrer para a mudança política ter um efeito maior porque
historicamente não tem.
Que tipo de mudança dramática?
É preciso alguma reativação do investimento doméstico. O problema do Brasil é que
está em um círculo vicioso. O tamanho do Estado é muito grande, o maior em
qualquer mercado emergente. É precisa que isso se reduza para permitir o recuo da
carga tributária. Com isso, aliviaria o setor privado e permitiria seu crescimento. Isso
é um projeto muito grande, que demora muitos anos para se fortalecer e mostrar
resultados.
Qual é o custo da crise política?
A crise tem um custo, mas também cria oportunidades. Finalmente o câmbio está se
tornando mais competitivo. O Brasil historicamente sofreu com uma moeda cara e
agora se vê um sinal positivo. Uma coisa que se deve tomar cuidado é não deixar a
moeda se apreciar demais. O otimismo de curto prazo valorizou a moeda, mas o
melhor é que a moeda fique barata. Quando o real está acima de R$ 4, muitos veem
barganhas no Brasil. Isso é preciso para incentivar investimentos. O fato de o real ter
voltado a R$ 3,60 não é um bom sinal. Para ajudar o Brasil, é preciso estar acima de
R$ 4, tanto para atrair investimentos quanto para estimular a indústria.
Como vê a perspectiva para o Brasil a longo prazo?
Não estou tão otimista com o Brasil a longo prazo. Não espero uma grande
retomada dos preços de commodities nos próximos cinco a dez anos. E é muito
difícil ser otimista com o Brasil se não se está otimista com os preços de
commodities.
Como descreve o Brasil em seu próximo livro, “The Rise and Fall of Nations:
Forces of Change in the Post-Crisis World” (A ascensão e queda das nações:
forças de mudança em um mundo pós-crise, em tradução literal)?
Houve algumas melhorias, mas o Brasil ainda aparece em uma situação não muito
boa. O conceito do livro é avaliar a possibilidade de avançar ou cair nos próximos
cinco a dez anos a partir da avaliação de dez aspectos, de política a geografia,
passando por endividamento e desigualdade. Acho que o Brasil ainda está do lado
mais feio. As coisas estão melhores hoje do que quando lancei o primeiro livro, em
2012, porque as expectativas foram revistas. Há um reconhecimento de que as
coisas precisam melhorar. Fora isso, é muito difícil ser otimista com o Brasil porque
ainda vai mal em outras coisas. A mais importante é a ligação entre os preços de
commodities e o desempenho da economia. Mas há outros pontos. O investimento é
muito baixo. A taxa em relação ao PIB está há muito tempo abaixo de 20%,
enquanto em países emergentes está acima de 25%. Outro aspecto ruim é que o
Brasil é a economia mais fechada do mundo. A relação entre o comércio e o PIB nos
países emergentes costuma ser em média de 70%, mas no Brasil é de 20%. A
moeda ficou mais barata, mas precisa estar acima de R$ 4 para atrair investimentos.
O nível de R$ 3,60, que está agora, ainda é caro. Por outro lado, admiro os negócios
no Brasil. Apesar da dominância das commodities na economia, o setor privado
criou muitas indústrias além delas. Este é um sinal positivo.
O que espera da economia brasileira?
Não acredito que o Brasil está na lista dos países que vão ascender nos próximos
cinco anos, não apostaria nisso. A recessão vai acabar, claro, porque nenhum país
pode continuar recuando como agora, o Brasil vive a pior recessão em muitas
décadas. Mas não apostaria que a história do Brasil seja de crescimento nos
próximos anos.
Qual é o custo dessa recessão?
Em qualquer recessão, o custo é muito alto. Por isso há tanta frustração e tanto ódio
nas ruas.
O Brasil perdeu seu grau de investimento pelas três principais agências de
classificação de risco. Qual pode ser o impacto disso?
Não vejo nenhum impacto porque as agências estão sempre atrás da curva (dos
investidores). Quatro anos atrás, quando estava pessimista com o Brasil, as
agências eram otimistas. Não me importo com o que as agências de risco dizem,
elas são muito ruins em previsões.
VOLTAR
Fonte: Estadão
20/03/2016
- Guardian: Com risco de intervenção militar, Dilma
deveria convocar eleições ou renunciar
ESTADÃO CONTEÚDO
Jornal inglês afirma que 'uma das preocupações óbvias é que esses protestos, se não
controlados, podem virar violência generalizada'
O jornal britânico "The Guardian" defende que, se Dilma Rousseff não conseguir
restaurar a calma no Brasil, a presidente deveria convocar novas eleições ou
renunciar. De acordo com o editorial publicado na edição de domingo do jornal, "uma
das preocupações óbvias é que esses protestos, se não controlados, podem resultar
em violência generalizada com risco de intervenção militar".
O editorial, que leva a marca "The Observer", argumenta que a democracia
brasileira ainda é jovem e as raízes podem não ser robustas o suficiente para
enfrentar um quadro de "completo fracasso político e emergência econômica".
O texto diz que o Brasil é o mais novo exemplo da reversão da "guinada à esquerda"
na América Latina e lembra que outros governos de esquerda da América Latina têm
problemas, como a Venezuela, cujo governo está "de joelhos", diz o jornal. "Como o
Brasil mostra, líderes da esquerda cometeram muitos erros. Mas não é a ideologia
que é rejeitada - é a sua incompetência e ilegalidade".
Vale lembrar que, ao contrário de outras publicações europeias, como "The
Economist" e "Financial Times", que têm linha editorial mais conservadora e
inclinada à direita, o "Guardian" é o principal jornal inclinado à esquerda no Reino
Unido.
VOLTAR
Fonte: Estadão
20/03/2016
- Barganha político-fiscal
Nada pode ser legitimamente invocado para justificar a irresponsabilidade fiscal que
está sendo tramada com o objetivo de aliviar os gastos dos Estados para honrar sua
dívida com a União. As medidas em adiantada fase de discussão, como a redução
substancial das prestações mensais que os Estados se comprometeram a pagar ao
governo federal, não se destinam a abrir caminho para o necessário ajuste estrutural
das finanças estaduais. Ao contrário, elas coonestam a má gestão financeira e, pior,
tornam ainda mais graves os já profundos desequilíbrios financeiros do governo
Dilma Rousseff.
O objetivo dessas medidas é mera e claramente político. Elas são frutos da
combinação da crise política que a cada dia torna menos viável a sobrevivência do
governo Dilma com as dificuldades dos governadores dos Estados para cumprir as
obrigações financeiras sob sua responsabilidade. Além de destinada a socorrer
preferencialmente governadores aliados de Dilma na luta para preservar seu
mandato, a redução das parcelas das dívidas estaduais é um claro instrumento de
barganha.
Em troca da redução, ainda que temporária, dos encargos financeiros dos Estados,
o governo do PT quer o apoio dos governadores para a única - e péssima para o
País - proposta que ainda consegue defender para evitar o crescimento ainda mais
rápido do rombo financeiro federal: a recriação da Contribuição Provisória sobre
Movimentação Financeira (CPMF), fartamente criticada por seu impacto sobre os
custos de produção e sobre a renda das famílias.
Segundo as informações disponíveis, o governo pretende enviar ao Congresso
Nacional projeto que cria o desconto de 20% nas prestações das dívidas dos
Estados com o Tesouro Nacional. Mas, nas negociações da proposta no Congresso,
o Palácio do Planalto poderá aceitar a elevação do desconto para 40% do valor da
prestação. A contrapartida exigida pelo Palácio do Planalto é a aprovação da volta
da CPMF.
Aprovada, a redução das prestações traria alívio adicional para as finanças de todos
os Estados e do Distrito Federal. O governo já aceitou alongar por 20 anos a dívida
dos Estados com o Tesouro e por 10 anos o pagamento dos financiamentos
concedidos pelo BNDES. Estima-se que, por conta do alongamento do prazo dessas
dívidas, os governadores terão à sua disposição um adicional de R$ 12 bilhões só
em 2016. Em três anos, a redução dos gastos financeiros dos Estados alcançaria R$
37 bilhões.
O alongamento da dívida é medida de alcance geral, mas a redução do valor das
prestações mensais beneficiará especificamente dois governos estaduais: o do Rio
de Janeiro, chefiado por Luiz Fernando Pezão, o principal defensor da manutenção
da aliança de seu partido, o PMDB, com o governo Dilma; e o de Minas Gerais, do
petista Fernando Pimentel. O governo do Rio Grande do Sul, chefiado pelo também
peemedebista José Ivo Sartori, seria indiretamente beneficiado.
Para tentar dar um certo ar de rigor fiscal, o Ministério da Fazenda anuncia que
estabelecerá regras mais duras para a contenção de gastos - especialmente com o
funcionalismo, principal fonte dos problemas financeiros dos Estados - e criará
mecanismos para que os governadores possam cortar outras despesas.
São medidas que deveriam ser utilizadas normalmente pelos gestores públicos, não
apenas em situações excepcionais. Mas, decerto inspirados nos maus exemplos do
governo federal - cujas finanças foram destroçadas na gestão Dilma Rousseff -,
vários governadores as ignoraram e foram além, gastando muito mais do que
podiam, gerando a grave crise financeira que agora tentam resolver com a
colaboração do Tesouro Nacional.
Os relatórios do Tesouro e do Banco Central sobre as finanças públicas não deixam
dúvidas, porém, que o governo Dilma não tem condições de dar essa colaboração
sem tornar ainda mais graves seus próprios problemas. Mas a presidente e seus
auxiliares estão preocupados apenas com a preservação de seus cargos, não com
as contas do Tesouro.
VOLTAR
Fonte: Estadão
20/03/2016
- Petrobrás vai se desfazer de 81% de sua rede de
gasodutos
MARIANA SALLOWICZ, ANTONIO PITA E FERNANDA NUNES / RIO - O ESTADO DE S.PAULO
Depois de vender a NTS, a estatal deve negociar no segundo semestre do ano a
Transportadora Associada de Gás (TAG)
Após a conclusão da venda da Nova Transportadora do Sudeste (NTS), a Petrobrás
deve negociar, no segundo semestre deste ano, a subsidiária Transportadora
Associada de Gás (TAG), que reúne a infraestrutura de gasodutos nas Regiões
Norte e Nordeste do País. A previsão é repetir o modelo de venda adotado na NTS.
A empresa vai se desfazer de 81% da rede de gasodutos. A Petrobrás chegou a
avaliar vender NTS e TAG juntas.
Pesou na divisão da rede de dutos
em duas empresas a avaliação de
que
o
comprador
poderia
se
transformar em um monopolista
privado da rede de dutos do País.
―Juntas, as duas empresas são
muito grandes. Além do que, a
necessidade de investimentos nas
distintas regiões é diferente. A
gente tem visto uma estratégia da
Petrobrás de maximizar o valor na
venda desses dois ativos‖, afirmou
uma fonte próxima à negociação.
Mas, apesar de oferecer as duas
empresas separadamente, não há
restrição, por parte da petroleira,
em
fechar
com
um
mesmo
comprador para a NTS e a TAG.
O plano de negócios da Petrobrás
para o período de 2016 a 2020 está
sendo elaborado já levando em
Medida visa a evitar monopólio no mercado de
gás
conta
as
previsões
de que a
empresa vai perder espaço no
mercado de gás
natural
e de
energia elétrica.
Hoje, a Petrobrás produz o gás, é dona da rede de transporte do produto, participa
da maioria das distribuidoras estaduais de gás e também de usinas térmicas, que
utilizam o gás como combustível. A ideia é concluir o plano de negócios antes de
decidir o comprador das duas empresas transportadoras.
Mudanças. A Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustível (ANP) vê
com bons olhos a mudança. Desde 2013, a resolução 51 proíbe a mesma empresa
de ser dona e usuária de um gasoduto, simultaneamente. A medida visa a limitar a
atuação da Petrobrás no setor e abrir o mercado a operadoras privadas. Mas,
mesmo depois de aprovada a resolução, nada mudou. A Petrobrás continuou
ocupando as duas posições e controlando o mercado de gás, porque nenhuma outra
empresa se habilitou a concorrer com ela.
Desinvestimento. Esse setor é o principal foco do programa de desinvestimentos
da estatal, de US$ 14,4 bilhões somente neste ano. Além das subsidiárias de
infraestrutura, a companhia negocia a venda de terminais de regaseificação e usinas
termoelétricas movidas a gás – processo tocado pelo Bradesco. Há também
negociações ―emperradas‖ para a venda da Liquigás, subsidiária de distribuição de
GLP, gás de botijão, tocada pelo Itaú Unibanco.
O ex-diretor da ANP e professor do Grupo de Economia da Energia da UFRJ, Helder
Queiroz, identifica dois grupos de possíveis compradores dos gasodutos da
Petrobrás: investidores em infraestrutura e proprietários de usinas térmicas, que
utilizam o gás como combustível.
Para os dois grupos, diz ele, a compra de uma rede existente é mais vantajosa do
que a instalação de uma nova, porque assim os investidores evitam todo o processo
de licenciamento e o risco inerente a qualquer projeto. ―Para o consumidor, quanto
mais agentes econômicos, melhor, porque os preços tendem a ser mais
competitivos‖, disse Queiroz.
VOLTAR
Fonte: Jornal do Comércio (RS)
20/03/2016
- Vale lamenta morte de Roger Agnelli
Em nota à imprensa divulgada neste domingo
(20), a Vale lamentou a morte do seu expresidente Roger Agnelli, 56 anos, após queda de
um avião na tarde do sábado, no Jardim São
Bento, zona norte de São Paulo. No acidente
aéreo também faleceram a mulher de Agnelli,
Andrea, os filhos João e Anna Carolina, a nora e o
genro.
Agnelli comandou a companhia
por 10 anos
"Foi com imenso pesar que a Vale recebeu a
notícia do falecimento neste sábado, 20/3, de Roger Agnelli, aos 56 anos, presidente
da empresa no período de julho de 2001 a maio de 2011", diz a nota. "A Vale e seus
empregados se solidarizam com a dor dos familiares e amigos do executivo que
tanto contribuiu para o desenvolvimento da nossa empresa."
Segundo a nota, durante os dez anos em que Roger presidiu a Vale a companhia se
consolidou como a maior produtora global de minério de ferro e a segunda maior
mineradora do mundo. "Foi durante sua gestão que a Vale intensificou sua
estratégia de expansão global, que levou a Vale a um novo patamar no mercado
global de mineração", diz a nota.
O acidente ocorreu logo após a decolagem, ainda nas proximidades do Aeroporto do
Campo de Marte - antes, o monomotor estava estacionado no hangar da Infraero. O
voo tinha como destino o Aeroporto Santos Dumont, no Rio. O avião, de prefixo
PRZRA, está registrado em nome de Agnelli. O avião decolou às 15h20min e caiu
três minutos depois, na altura do número 110 da Rua Frei Machado no Jardim São
Bento. Pouco tempo depois, o Corpo de Bombeiros enviou 15 viaturas ao local.
Dilma emite nota de pesar pela morte de Agnelli
A presidente da República Dilma Rousseff publicou uma nota esta manhã na rede
social Facebook, lamentando a morte de Roger Agnelli:
Foi com grande pesar que recebi a notícia do falecimento do empresário Roger
Agnelli, sua mulher, filhos, genro e nora, em acidente aéreo.
Agnelli dedicou sua carreira profissional a grandes empresas brasileiras, sempre
comprometido com o desenvolvimento do País. Perdemos um brasileiro de
extraordinária visão empreendedora.
Neste momento, manifestamos nossa solidariedade a seus parentes e amigos.
VOLTAR