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Saneas SUMÁRIO Saneas é uma publicação técnica quadrimestral da Associação dos Engenheiros da Sabesp AESABESP DIRETORIA EXECUTIVA João Baptista Comparini / Presidente Eliana K. I. Kitahara / Vice-Presidente Nizar Qbar / 1º. Secretário Magali Scarpelini M. Pereira / 2ª. Secretária Ivan Norberto Borghi / 1º. Tesoureiro Walter Antonio Orsati / 2º. Tesoureiro DIRETORIA ADJUNTA Cecília Takahashi Votta / Diretor Social Luiz Yukishigue Narimatsu / Diretor Técnico Cultural Gilberto Alves Martins / Diretor de Esportes Reynaldo Eduardo Young Ribeiro / Diretor de Pólos Paulo Eugênio de C.Corrêa / Diretor de Marketing CONSELHO DELIBERATIVO Alipio Teixeira dos Santos Neto, Almiro Cassiano Filho, Choji Ohara, Geraldo Gonçalves, Hélio Nazareno Padula Filho, Ivo Nicolielo Antunes Junior, José Victorio Francisco de Assis Bedusch, Nelson Luiz Stábile, Paulo Roberto Borges, Pedro Luiz Todesco Ferraz, Pérsio Faulim de Menezes, Sérgio Eduardo Nadur. CONSELHO FISCAL Antonio Soares Pereto, Marcos Clébio de Paula e Yazid Naked CONSELHO EDITORIAL Viviana Marli N. Aquino Borges (Coordenadora) FUNDO EDITORIAL EQUIPE RESPONSÁVEL PELA SANEAS Wanderley da Silva Paganini (Coordenador) Andréa Ferreira Guzzon, Fernando Gomes da Silva, Gislene Flávio Lopes, Miriam Moreira Bocchiglieri, Renato Benito Felippe Júnior e Rodolfo Baroncelli Jr. ARTE E PRODUÇÃO GRÁFICA Formato Artes Gráficas ([email protected]) JORNALISTA RESPONSÁVEL Ana Holanda Mtb 26.775; TIRAGEM: 3.500 exemplares AESABESP Associação dos Engenheiros da Sabesp Rua 13 de maio, 1.642 – casa 1 01327-002 - São Paulo, SP Fone (11) 3284 6420 – 3263 0484 Fax (11) 3141 9041 www.aesabesp.com.br [email protected] EDITORIAL 3 Planejamento e estratégia 4 AGENDA 4 CARTAS OPINIÃO 5 A Universidade e o Planejamento P&D 6 Impactos do uso de rejeitos de um dessanilizador de água na irrigação da erva-sal, sobre a planta e o solo MATÉRIA DE CAPA 11 Planejar é preciso ARTIGOS TÉCNICOS 17 Tubo corrugado de dupla parede em pead para esgoto 21 Eliminação de odores em lagoas e estações de tratamento de esgotos 25 Alternativa para limpeza de lagoas MEIO AMBIENTE 29 Barreira de contenção para algas do gênero Microcystis sp A SABESP INOVA 32 Geração de energia elétrica utilizando o biogás biogás produzido no tratamento de esgoto ENTREVISTA 38 Planejamento em duas versões EMPREENDIMENTOS E GESTÃO 41 Novos e antigos desafios HISTÓRIA DO SANEAMENTO 42 Abastecimento de água: Rio Paraíba 44 NOVIDADES - FIQUE POR DENTRO 45 ATENÇÃO E RECONHECIMENTO 46 CAFEZINHO 47 AGRADECIMENTOS Empresas patrocinadoras deste número de Saneas Kanaflex S/A Indústria de Plásticos Tel (11) 4785-2100; [email protected] Glotec Representações e Comércio Tel (11) 5571 0078; [email protected] Foto da ETA Odair Marcos Faria Fotomontagem Carlos Guena EDITORIAL Planejamento e estratégias: o desconhecido à frente Eng. João B. Comparini Presidente da Associação dos Engenheiros da Sabesp (AESABESP) “N os tempos de hoje, mais que em qualquer outro, ensinam os livros, o estabelecimento de planos estratégicos fundamentados deixaram de ser um luxo para tornar-se uma fundamental necessidade. Para os países ou organizações, das mais simples às mais complexas. Mesmo com a fluidez dos ambientes, que tem deixado uma sensação de insatisfação com as formas tradicionalmente utilizadas de planejamento pelo desacerto de previsões, cada vez mais o desconhecido à frente obriga ao aprofundamento do processo. E diferentemente da biologia, ou da competição biológica, contamos com a imaginação e o raciocínio lógico para determinar planos e estratégias, implementando, de forma deliberada, as ações que busquem os resultados almejados. Nas esferas governamentais, mesmo operando com incertezas, a visão do que se quer para o país em cada setor, daquilo É fundamental planejarque é básico e dará sustentação para o desenvolvimento, dos se e traçar estratégias campos de vantagem competitiva, de onde se almeja chegar, enfim, deve disparar políticas e diretrizes que venham a pro- que venham a eliminar, porcionar o alinhamento necessário. A prosperidade nacional no prazo mais curto, um é criada, e não herdada (Porter, M. E., 1990). Aproveitar-se do déficit de atendimento acaso, sim; não contar com ele, porém. Da mesma forma, em cada setor. No de recursos hídricos, a que chega a ponto de disputa mundial pelo domínio e exploração das fontes de água, já realidade, ocorre num cenário de escassez em diversas regiões contarmos com 30 do planeta e abundância em outros, como no Brasil, detentor milhões de brasileiros de 13% da água doce do mundo, mesmo que mal distribuída geograficamente em sua vastidão. Planejar a utilização racional sem abastecimento dessa riqueza, traçando cenários para os próximos 30, 50 ou público de água e perto 100 anos, é a tarefa. No do saneamento, básico para a sustentação do desenvolvimento nacional, é fundamental planejar-se e de 100 milhões sem traçar estratégias que venham a eliminar, no prazo mais curto, coleta de esgoto, além um déficit de atendimento que chega a ponto de contarmos com 30 milhões de brasileiros sem abastecimento público de de um enorme passivo água e perto de 100 milhões sem coleta de esgoto, além de um ambiental pela falta de enorme passivo ambiental pela falta de seu tratamento. E este não é um cenário futuro para o processo de planejamento. É a seu tratamento realidade que já vivenciamos. O tema central desta edição da revista SANEAS é o planejamento. Por vezes abstraído pelos que rejeitam a praticidade de estratégias conscientes e costumam dirigir de forma intuitiva, tem sido o tema central de inúmeras publicações. Esperamos nesta edição, mais uma vez, que os aspectos abordados contribuam para o esclarecimento de questões e para a disseminação do conhecimento, auxiliando o leitor na compreensão dos problemas atuais e a serem doravante enfrentados. Saneas / junho 2003 – 3 Cartas Cartas Meu nome é Andréia e trabalho na Biblioteca da Faculdade de Engenharia São Paulo - FESP. Através desta correspondência venho pedir a gentileza de nos enviar mensalmente, dentro do possível, a Revista SANEAS para a nossa instituição. Desde já agradeço a atenção, Andréia Medrado Biblioteca Faculdade de Engenharia São Paulo -FESP Venho a presença de V. Sa., acusar e agradecer-lhe a doação da revista “Saneas. v.1, n.13 e 14”, ao Serviço Técnico de Biblioteca e Documentação desta Faculdade de Engenharia. Solicito-lhe, se possível, a gentileza de continuar enviando como doação os novos fascículos para que os leitores possam desfrutar sempre da coleção completa. Aproveito-me da oportunidade para externarlhe protestos da mais alta consideração. Nilza Maria Rabello Marino - Diretor Técnico de Serviço / Biblioteca Sou sócio da AESABESP e pretendo enviar para apreciação um artigo técnico sobre emissários submarinos x modelagem matemática. Peço que mandem os requisitos para publicação, regras para o texto, figuras, etc… Obrigado Eng Gilberto Berzin Acho a revista excelente e gostaria de ser incluido na mala direta para recebê-la regularmente, se for possível. Jair Casagrande Vila Velha - ES Gostaríamos de agradecer a doação da revista SANEAS para a coleção desta Biblioteca. Esclarecemos que foi avaliada pelos artigos publicados nos 3 números recebidos como de interesse para a comunidade usuária da 4 – Saneas / junho 2003 FSP. Com satisfação informamos que a revista será incluida em nossa coleção nos próximos dias, suprindo a carência de publicações nacionais na área de saneamento. Sonia G G Eleutério Serviço de Aquisição - Biblioteca Faculadade de Saúde Pública / USP Recebemos em nossa Biblioteca o v.1, n.14, 2002, o qual gerou grande interesse entre nossos usuários. Dessa forma, gostaria de consultá-los sobre a possibilidade de recebermos em caráter de doação a revista Saneas para incorporá-la em nosso acervo e, se possível, receber também os fascículos já publicados para ficarmos com a coleção completa. Instituto de Geociências - USP - Serviço de Biblioteca Agradecemos antecipadamente a atenção dispensada a nossa solicitação. Érica Beatriz Oliveira Bibliotecária - Aquisição e Publicações - IGc/USP Venho a presença de V.As. para saber da possibilidade de receber todos os números atrasados e se possível a continuidade dos novos fascículos, como doação para a biblioteca de minha faculdade e meios para minhas pesquisas e trabalhos pessoais, sou aluno matriculado do curso de Gestão Ambiental da FMU, eu e meus amigos ficaríamos muito gratos e agradecidos desde já, pois o conteúdo destes fascículos nos trás informações imprecendíveis para nossas formações acadêmicas e profissionais. Ao mesmo tempo enaltece e mostra o tanto e importante a função e o papel que presta toda esta classe que essa associação, congrega e da qual queremos num futuro não muito distante fazer parte com todo orgulho, por outro lado quero enfatizar também a amostragem que isto pode dar do papel desta empresa da qual faço parte, trabalho no Escritório Regional Americanópolis, sobre a Gerência do Sr. Cristóvão, uma pessoa que muito me ajudou e incentivou a dar passos mais altos com isso procurando uma melhor qualificação de meus conhecimentos, a área do meio ambiente me deixa muito fascinado e entusiasmado com todas as perspectivas de estar atuando e ajudando mais ainda a resolver os grandes problemas desta área. Aproveito a oportunidade para externar os protestos da mais alta consideração e admiração. Nelson Lamerato Junior Tecnico de Atendimento d Clientes - Sabesp Recebemos a publicação Saneas v.01-n.14-2002 e agradecemos. Se possível, gostaríamos de receber suas próximas edições, ou permutarmos com nossa revista científica. Sidnéia Porangaba Setor de Aquisição Rede de Bibliotecas Unoeste - Divisão Técnica de Tratamento da Informação - Presidente Prudente - SP Olá Equipe da AESABESP! Primeiramente, queremos agradecer atenção que prestam para conosco (Biblioteca CIR - Faculdade de Saúde Pública - USP). Queremos acusar o recebimento da Revista Saneas, Vol. 1(12) 2001 e Vol.1(13,14)2002. Informamos que a partir de hoje(03/04/2003), estamos disponibilizando a Revista Saneas em nosso Acervo e na nossa Base SECIR. Para que os usuários possam consultá-las.Também gostariamos de saber, quando começou a ser publicada(a partir de que número e ano) a Revista Saneas? Qual o número do ISSN? E gostariamos de adquirir os Exemplares que faltam. Refiro-me as exemplares anteriores a Vol 1, número 12 de 2001.Portanto, ratificamos o recebimento dos OPINIÃO A Universidade e o planejamento Prof. Dr. Adolpho José Melfi Opinião N o próximo ano, 2004, a Universidade de São Paulo irá completar 70 anos. Mas, antes de assumir seu atual corpo, é possível dizer que sua semente seria lançada em 1827, com a criação da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco. A data oficial do surgimento da USP se deu no dia 25 de janeiro de 1934. Para sobreviver – e crescer – foi preciso não só uma estrutura, mas também um planejamento sólido. O resultado disso é uma Universidade considerada a maior instituição de ensino superior e de pesquisa do país, terceira da América Latina e classificada entre as primeiras cem organizações no mundo. Por se tratar de uma instituição de ensino foi preciso, em períodos de turbulência e calmaria, jamais perder o foco: promover a pesquisa e o progresso da ciência; transmitir conhecimentos que enriqueçam ou desenvolvam o espírito; e formar especialistas em todos os ramos da cultura e em todas as profissões de base científica ou artística. Para manter a integração entre o ensino, a pesquisa e a extensão em um universo de mais de 600 cursos – freqüentados por 66.485 mil estudantes, um corpo docente de 4.801 professores e de cerca de 14 mil funcionários – foi necessário se concentrar em uma administração e uma rede de comunicação eficientes. Permeiam o planejamento desta estrutura as prefeituras dos campi universitários, a reitoria, as pró-reitorias, o conselho universitário e os órgão centrais e de serviços, além daqueles terceirizados para atender a comunidade interna. E o elo de ligação entre o público interno e externo se faz por meio da integração de todas as mídias oficiais: Rádio USP, TV USP, Agência USP, USP Online, Jornal da USP, Revista USP. Mas talvez o desafio mais recente em relação ao planejamento interno seja o crescimento de toda esta estrutura. Em 2002, a palavra que norteou nossos rumos foi “expansão”. Atentos ao aumento da demanda e às necessidades da comunidade – e sempre tendo a geração de conhecimento como meta – teve início o projeto para a criação de novos cursos e ampliação de vagas. Foi assim que, no ano passado, lançamos o projeto de um novo campus na Zona Leste, região de sensível demanda, onde vivem 4 milhões e 500 mil paulistanos. Mais um exemplo concreto de gestão interna é a ampliação de vagas tanto em cursos de graduação já existentes como em novos cursos, como parte do Plano de Expansão do Ensino Superior Público. Além disso, foram dedicados esforços contínuos para a redução da evasão, outra questão apontada pela área de planejamento. Foi assim que, também no ano passado, se iniciou um projeto de pesquisa, que continuará sendo desenvolvido nos próximos dois anos e permitirá o detalhamento do perfil do aluno que se evade. Desta forma, poderemos identificá-lo já no ano de ingresso. Esses dados possibilitarão às Unidades a proatividade na criação de programas especiais de tutoria para esses alunos. Estes são alguns exemplos da importância e dos resultados de se planejar numa instituição que tem como objetivo desenvolver o ensino vivo, acompanhar as transformações na área do conhecimento e manter-se em permanente diálogo com a sociedade, numa produtiva integração entre o ensino, a pesquisa e a extensão. ■ Adolpho José Melfi é Reitor da Universidade de São Paulo. Saneas / junho 2003 – 5 P&D Impactos do uso de rejeitos de um dessalinizador de água na irrigação da erva-sal, sobre a planta e o solo Pesquisa & Desenvolvimento Fernando Nobre Furtado Suetônio Mota Resumo Introdução O trabalho teve como objetivo estudar os impactos do uso de rejeitos de um dessalinizador de água na irrigação da Atriplex nummularia Lindl. (erva-sal), sobre a planta e o solo. O experimento realizou-se no Município de Caucaia, Ceará, integrante da Região Metropolitana de Fortaleza. Usou-se um delineamento experimental inteiramente casualizado, com quatro tratamentos e três repetições. Os tratamentos definidos foram: T1, terreno natural, irrigado com o rejeito do dessalinizador; T2, terreno com adubo orgânico, irrigado com o rejeito do dessalinizador; T3, terreno natural, irrigado com água de cacimba; T4, terreno com adubo orgânico, irrigado com água de cacimba. O rejeito apresentou Condutividade Elétrica (CE) de 5660 (S/cm e a água de cacimba, CE de 1032 (S/cm. As plantas foram irrigadas com 10 litros de água por dia, durante sete meses. A produtividade, no tratamento irrigado com o rejeito do dessalinizador, foi superior à obtida nos demais tratamentos, com valor de 25.000 Kg/ ha de matéria fresca, e diferiu estatisticamente, ao nível de 5%, apenas do tratamento irrigado com água de cacimba e uso de adubo orgânico, que obteve 14.250 kg/ ha. A Atriplex mostrou ser capaz de retirar do solo o sódio presente no rejeito do dessalinizador. Os teores de sódio e potássio encontrados no tecido da planta foram elevados, evidenciando sua eficiência em retirar sais do solo. A dessalinização da água tem sido usada como uma das opções para garantir, no semiárido do nordeste brasileiro, a remoção dos altos teores de sais dissolvidos, muitas vezes presentes na mesma. Entre as tecnologias de dessalinização, a mais indicada é o processo conhecido como Osmose Reversa, pois não envolve mudança de estado físico, como na destilação, é seletivo e pode ser operado com simplicidade. Por estes motivos, vem sendo utilizado em várias localidades da região. No entanto, a utilização desses equipamentos tem causado impactos ambientais, devido à falta de alternativas para a disposição dos rejeitos, constituídos de resíduos líquidos de elevada salinidade. É necessário que sejam encontradas soluções para o problema de geração dos resíduos dos dessalinizadores, de modo a evitar conseqüências negativas para o meio ambiente. Uma das soluções, é utilizar-se os rejeitos na irrigação de plantas halófitas (suportam altos níveis de salinidade do complexo solo-água e usam o sal no seu metabolismo), como a Atriplex nummularia Lindl., conhecida como erva-sal. A Atriplex nummularia Lindl. é uma espécie forrageira, originária da Austrália, que tem se adaptado muito bem nas regiões áridas e semiáridas da América do Sul, em particular da Argentina, Chile e Brasil. As características que lhe dão importância são: Mestre em Engenharia Civil, área de concentração em Saneamento Ambiental, pela Universidade Federal do Ceará. Professor da Universidade Estadual do Ceará e da Universidade de Fortaleza. Engenheiro Civil e Sanitarista. Doutor em Saúde Ambiental. Professor Titular do Departamento de Engenharia Hidráulica e Ambiental do Centro de Tecnologia da Universidade Federal do Ceará. 6 – Saneas / junho 2003 Pesquisa & Desenvolvimento • • • • • Alta resistência a condições de aridez; Fácil propagação; Alto poder calorífico; Baixa susceptibilidade a pragas e doenças; Suporta altos níveis de salinidade do complexo solo-água e, também, acumula significativa quantidade de sais em seus tecidos. A Atriplex nummularia é um arbusto de origem australiana, de longa vida, que constitui um recurso forrageiro. Cresce especialmente nos meses secos, podendo alcançar alturas superiores a 3 metros. Seu modo de crescer é ereto, mas se ramifica desde a base (FAO, 1996). A Atriplex se adapta bem às precipitações anuais de 100 a 250 mm, não tendo tido problemas de sobrevivência com precipitações de 50 mm/ano. Sobrevive bem em solos rasos, com texturas pesadas (pobres e arenosos), ainda que tenha melhor desenvolvimento e produtividade em solos profundos de texturas médias. É uma planta resistente a altas temperaturas, sendo a faixa de 30 a 35o C ótima para a fotossíntese; resiste às baixas temperaturas, como a faixa entre -8,0 a -12,0o C, ainda que temperaturas de inverno muito baixas podem causar a morte da plantação. O cultivo de erva-sal tem sido feito como plantio isolado. Todavia, está sendo estudada a possibilidade de seu plantio de forma consorciada com outras plantas halófitas. Não existem informações bibliográficas sobre estudos de espaçamentos desenvolvidos no semi-árido brasileiro. Por ser um arbusto de porte médio, o espaçamento utilizado nesta região tem sido de 3 m entre linhas por 3 m entre plantas. Atriplex nummularia produz sementes, todavia, o processo mais rápido de fazer o plantio é através de mudas produzidas por estacas. Ela é considerada um arbusto perene; quando irrigada, pode-se obter o primeiro corte antes de seis meses (PORTO & ARAÚJO, 1999). * T1 - o terreno natural recebeu irrigação com o rejeito do dessalinizador; * T2 - o terreno com adubação orgânica recebeu irrigação com o rejeito do dessalinizador; Figura 1 Dessalinizador de água utilizado na pesquisa * T3 - o terreno natural recebeu irrigação com água doce de cacimba; funcionou como teste em branco para o primeiro tratamento; * T4 - o terreno com adubação orgânica recebeu irrigação com água de cacimba; funcionou como teste em branco para o segundo tratamento. O número total de parcelas do experimento foi igual a 12. A área útil da parcela foi de 16 m2 e a área útil total de 192 m2. Observou-se o espaçamento de 3 metros entre os tratamentos que usaram o rejeito e os tratamentos que usaram água de cacimba. Materiais e métodos O experimento desenvolveu-se no Município de Caucaia, Estado do Ceará, integrante da Região Metropolitana de Fortaleza (Latitude: 3o 44’ 10” Sul; Longitude: 38o 39’ 11” Oeste). O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, com quatro tratamentos e três repetições: Figura 2 - Vista da área da pesquisa no final do experimento. Saneas / junho 2003 – 7 Pesquisa & Desenvolvimento Data Alimentação (µS/cm) Permeado (µS/cm) Rejeito (µS/cm) Cacimba (µS/cm) 18/05/2001 5486 96 5660 1032 21/08/2001 5750 98 5958 1333 03/01/2002 5780 96 5993 1694 Tabela 1 - Resultados das medidas de condutividade elétrica (em (S) dos quatros tipos de água envolvidos na pesquisa. Caucaia, Ceará, 2001/ 2002 O dessalinizador utilizado na pesquisa é alimentado por dois poços com salinidade entre 1.500 e 3.500 mg/L de STD. Os poços, dotados de bombas, se alternam na alimentação do dessalinizador. O dessalinizador é um modelo PS14, com uma bomba de alta pressão, 2 (dois) filtros de cartuchos de 5 micrômetros, 1 (um) conjunto de vaso de pressão com 1 (uma) membrana de 100 milímetros de diâmetro por 1 metro de comprimento (Figura 1). As análises do solo foram realizadas usando-se a metodologia constante do Manual de Métodos de Análise de Solo (EMBRAPA, 1997). O adubo orgânico indicado resultou de compostagem a 70º C de uma mistura de bagaço de carnaúba e bagaço de cana, sendo adicionado um inoculante (adubo curado Polifertil) na quantidade de 10 toneladas por hectare. Foram realizadas determinações da condutividade elétrica do rejeito e da água da cacimba, utilizados na irrigação da erva sal. Tabela 2 Peso médio, em kg por planta, de folhas, caules finos e caules grossos, cultura com sete meses, para os diversos tipos de tratamentos. Caucaia, Ceará, 2001/ 2002 Tratamento A irrigação foi efetuada com irrigador graduado de 10 L, com aplicação através de chuveiro, para evitar a erosão do solo. A irrigação observou os níveis aconselhados pela literatura, ou seja, 10 L/dia/planta. A irrigação, realizada de junho/2001 a janeiro/2002, foi feita diariamente, sempre no início e/ou no final do dia. Resultados A seguir, são apresentados os principais resultados da pesquisa (FURTADO, 2002). 3.1 Condutividade Elétrica Os resultados das medidas de condutividade elétrica dos quatros tipos de água envolvidos na pesquisa - alimentação do dessalinizador, água dessalinizada (permeado), rejeito e água da cacimba, estão indicados na Tabela 1. Observam-se elevados teores de condutividade elétrica, tanto na água de alimentação (oriunda dos poços) como no rejeito. 3.2 Produção da erva-sal Os dados de produção da matéria fresca, peso fresco médio da parte aérea, em kg por planta, são apresentados na Tabela 2. Observa-se que a maior produção média foi obtida no tratamento 01, cujo solo foi irrigado com rejeito do dessalinizador. A Figura 2 mostra uma vista da área da pesquisa, no final do experimento, após sete meses de irrigação. T1 T2 T3 T4 Média Folhas 6,0 6,5 6,0 3,5 5,5 Caules Finos 1,5 1,5 1,5 1,5 1,5 Caules Grossos 1,5 2,0 1,5 1,5 1,6 Folhas 6,5 5,5 7,0 3,0 5,5 Caules Finos 1,5 1,5 1,5 1,5 1,5 Caules Grossos 2,0 2,0 2,0 1,0 1,8 Folhas 7,5 6,5 6,5 3,0 5,9 Caules Finos 1,5 1,5 2,0 1,0 1,5 Caules Grossos 2,0 2,0 1,5 1,0 1,6 Repetições R1 R2 R3 Produção média por planta 10 9,7 9,8 5,7 8,8 Produção por tratamento 120 116,4 117,6 68,4 105,6 25.000 24.250 24.500 14.250 22.000 Produção por hectare e por tratamento 8 – Saneas / junho 2003 Pesquisa & Desenvolvimento Tratamento Componente Mínimo Máximo Média Desvio-padrão Ca 4,70 19,00 12,9000 4,8585 Mg 1,30 4,80 2,9429 1,1578 Na 0,17 1,92 0,6562 0,4152 K 0,13 1,09 0,3490 0,2120 M.O 14,48 21,90 18,1605 2,3078 CEES 0,75 8,59 2,7505 1,9272 pH 7,40 8,10 7,7667 0,2176 Umidade 1,63 5,79 3,8110 1,1795 Ca 4,80 11,80 8,2429 2,0439 Mg 1,60 4,10 2,9381 0,6659 Na 0,19 1,18 0,4581 0,2553 K 0,18 0,79 0,3714 0,1533 M.O 17,10 37,40 25,7343 4,5533 CEES 0,76 5,33 1,9367 1,1640 pH 7,10 7,90 7,3190 0,1778 Umidade 1,63 5,73 3,6510 0,9989 Ca 1,80 22,80 11,2286 5,5141 Mg 0,70 3,90 2,7381 0,8778 Na 0,15 0,64 0,3581 0,1321 K 0,17 0,42 0,2400 5,595E-02 M.O 8,48 34,40 16,3652 5,5351 CEES 0,30 2,62 1,2824 0,7569 pH 7,20 7,90 7,5714 0,1821 Unidade 1,04 3,97 2,6500 0,9454 Ca 1,50 4,20 2,7905 0,7529 Mg 1,00 3,20 1,7667 0,4747 Na 0,16 0,74 0,3733 0,1731 K 0,15 0,41 0,2743 7,820E-02 M.O 4,65 22,60 15,1219 5,1549 CEES 0,37 2,92 1,2357 0,7194 pH 6,00 7,10 6,4667 0,3929 Umidade 0,47 3,43 2,2238 0,8539 1 Tabela 3 Análise descritiva da composição do solo, por tratamento. Caucaia, Ceará, 2001/ 2002 2 3 4 Saneas / junho 2003 – 9 Pesquisa & Desenvolvimento Tratamento Data Na (mg/2g M.S.) K (mg/2g M.S.) 1 04/06/01 45,0 51,5 1 01/10/01 80,6 62,5 1 12/12/01 73,6 66,25 1 04/01/02 61,0 49,4 2 04/06/01 45,0 51,5 2 01/10/01 84,25 65,2 2 12/12/01 90,0 55,5 2 04/01/02 67,2 46,1 3 04/06/01 45,0 51,5 3 01/10/01 75,4 57,2 3 12/12/01 101,75 61,75 3 04/01/02 73,7 44,5 4 04/06/01 45,0 51,5 4 01/10/01 70,4 69,8 4 12/12/01 92,75 68,5 4 04/01/02 55,4 57,2 Tabela 4 Teores de sódio e potássio incorporados ao tecido da parte aérea da planta (em mg por 2g de M.S.). Caucaia, Ceará, 2001/ 2002 3.4 Sais Incorporados à Planta Procedeu-se a análise dos teores de sódio e potássio incorporados ao resíduo mineral da planta, cujos resultados constam da Tabela 4 Os teores de sódio e potássio encontrados no tecido da planta foram elevados, evidenciando a eficiência da mesma em retirar sais do solo. Conclusões A Atriplex nummularia Lindl. teve bom desenvolvimento quando irrigada com rejeito do dessalinizador, alcançando uma produção de 25.000 kg/ha de matéria fresca, superior à obtida nos demais tratamentos. A Atriplex mostrou ser capaz de retirar do solo o sódio presente no rejeito do dessalinizador. Os teores de sódio e potássio encontrados no tecido da planta foram elevados, evidenciando sua eficiência em retirar sais do solo. Considerando sua resistência às condições de aridez e salinidade, fácil propagação e baixa susceptibilidade a pragas e doenças, pode-se considerar a erva-sal como uma opção de planta para o semi-árido. A utilização dos rejeitos de dessalinizadores na irrigação de plantas halófitas, como a ervasal, constitui uma medida mitigadora para os impactos que os mesmos podem causar ao meio ambiente. 3.3 Composição do solo Refrências biliográficas Efetuou-se a análise da composição do solo no decorrer da pesquisa. A amostragem foi realizada por parcela, totalizando 12 (doze) amostras de solo em cada data. As variáveis mensuradas foram: cálcio, magnésio, sódio, potássio, matéria orgânica, condutividade elétrica do extrato de saturação, pH e umidade do solo. A Tabela 3 contém uma análise descritiva da composição do solo, para os quatro tratamentos. Observa-se a maior média de sódio no tratamento 01, seguida do 02, do 04, e do 03. A maior condutividade do extrato de saturação foi a do tratamento 01, seguida do 02, do 03, e do 04. A menor média de sódio, observada no tratamento 03, está de acordo com o bom desenvolvimento das plantas, obtido nesse tratamento, e confirma ser o sódio um elemento importante no metabolismo da Atriplex. 10 – Saneas / junho 2003 EMBRAPA. Manual de Métodos de Análise de Solo. 2a Edição, Embrapa - MA (Centro Nacional de Pesquisa de Solos) , Rio de Janeiro, 1997 FAO - ORGANIZACIÓN DE LAS NACIONES UNIDAS PARA LA AGRICULTURA Y LA ALIMENTACIÓN. Estudios de Caso de Especies Vegetales para las zonas áridas y semiáridas de Chile y México. Santiago, Chile, 1996. FURTADO, F.N. Aproveitamento de rejeitos de dessalinizadores de água na irrigação da Atriplex nummularia Lindl. (Erva sal). Dissertação de Mestrado. Fortaleza: Universidade Federal do Ceará, 2002. PORTO, E. R.; ARAÚJO, G. G. L. Erva Sal (Atriplex nummularia). EMBRAPA SEMI-ÁRIDO. Instruções Técnicas no 22. Petrolina, PE, 1999. CAPA Planejamento: missão, objetivo e metas Matéria de Capa Ter um plano estabelecido e uma equipe estruturada, capaz de coordenar metas definidas, pode ser a diferença entre o sucesso e o fracasso de uma organização P lanejamento é uma palavra de múltiplas qualificações –ambiental, estratégico, administrativo, financeiro, de vendas-- mas com um objetivo comum. De acordo com o dicionário Aurélio, planejamento é o trabalho de preparação para qualquer empreendimento, segundo roteiro e métodos determinados. É a elaboração, por etapas, com bases técnicas, especialmente no campo sócio-econômico, de planos e programas com objetivos definidos. Na literatura, planejar significa elaborar um plano de trabalho ou programa de ação. E planejamento é o processo mediante o qual se executa essa elaboração. Quais as ferramentas para esta tarefa? O preparo de qualquer plano ou programa exige quatro pontos de fixação: metas a atingir; conhecimentos dos meios e recursos disponíveis; coleta de dados, fatos e informações sobre a empresa campo, ou área à qual se destina o plano ou programa; e a análise de todo esse material, crítica, comparação e classificação. Na prática, planejar faz parte do crescimento de qualquer empresa, seja ela de saneamento, elétrica ou de bens de consumo. Sem metas estabelecidas, dentro de critérios, métodos e com um objetivo final, corre-se o risco de barrar o crescimento. Saber planejar pode fazer a diferença entre o sucesso e o fracasso. Efeito dominó Se o tema não tivesse o seu peso, o governo federal não se preocuparia em ter um ministério, que leva o nome “Planejamento, Orçamento e Gestão”. Sua principal função é formular estratégias nacionais, viabilizar novas fontes de recursos para os planos do governo, estabelecer políticas e diretrizes para a modernização do Estado. Como num efeito dominó, em que o macro se torna micro, governos estaduais e empresas, públicas e privadas, se compõem e se organizam dentro de um planejamento interno. Saneas / junho 2003 – 11 Matéria de Capa Do militarismo à atual democracia, o planejamento teve papel fundamental na formulação das políticas públicas. Mas suas raízes são mais antigas. As primeiras referências sobre o ato de planejar se remetem a Grécia Antiga, 500 a.C., e estavam associadas às manobras e operações militares de guerra. A professora de administração Célia Regina Simonetti Barbalho¹, da Universidade Federal do Amazonas, define muito bem o aprendizado dos gregos nos campos de batalha como estratégias de planejamento ainda atuais. “O planejamento baseia-se na análise externa do ambiente organizacional, utilizando dados quantitativos e qualitativos de longo prazo à frente, resultando em uma postura pró-ativa de seus dirigentes”, diz. E vai além. Segundo ela, busca-se, dessa forma, antever o futuro, trazendo-o para o presente e indagando-se o que deve a organização estar fazendo hoje a fim de melhor preparar-se para as incertezas e turbulências previsíveis que poderão afetar as suas atividades. Pra frente Brasil Por aqui, o boom do planejamento aconteceu na década de 50, quando o então presidente Juscelino Kubitschek (1956 a 1960) anteviu um grande desenvolvimento nacional. O cená- 12 – Saneas / junho 2003 rio encontrado era mostra da necessidade da elaboração de um plano estratégico. O setor elétrico é um exemplo disso. Naquela época, a potência elétrica instalada era de três mil MW, quase insignificante para os 60 milhões de brasileiros. Foram os projetos de construção de usinas deste período que alavancaram a capacidade energética do país na década seguinte. Em 1964, o país já tinha seis mil MW instalados e, trinta anos mais tarde, a potência era de 54 mil MW. Foi de Juscelino Kubitschek o Plano de Metas. Em seu governo se vislumbrou as necessidades estruturais para a modernização de diversos setores industriais. Planejar também foi o ponto forte nos governos militares, iniciados em 1964, com o golpe militar e a ascensão do general Humberto Castelo Branco. Herança de um sistema rígido, sempre preparado para atacar ou se defender. O que seria dos generais, nas grandes guerras, se não fosse o planejamento de estratégias? No Brasil, os militares idealizaram um país coberto por uma grande malha rodoviário. A união do norte ao sul, leste à oeste, por rodovias. Foi a época das grandes obras, planejou-se um país auto-suficiente, comprou-se tecnologia para as usinas nucleares de Angra dos Reis. É deste tempo, também, o chamado “milagre brasileiro”, comandado pelo então ministro da fazenda Antônio Delfim Neto. O país alcançou taxas de crescimento superiores a dez por cento e taxas inflacionárias de pouco mais de 14% ao ano. Seguido pela esteira da crise do petróleo, o milagre teve seu preço: a inflação suprimida foi dando sinais de retorno, nos anos 70, e os empréstimos externos, que haviam financiado o crescimento, implicaram taxas de juros muito altas e a quase inadimplência do país. Nos anos 80, o regime militar acabou e a supervalorização do planejamento deu lugar ao setor financeiro. A lição dos militares, exímios planejadores, estrategistas por formação, ficou para trás. Nos diferentes governos democráticos, o planejamento foi diminuindo seu campo de atuação. O reflexo disso pôde ser visto em todos os setores e organizações. Começou-se a ensaiar uma retomada, no início dos anos 90. O governo de Fernando Henrique Cardoso foi atacado por não planejar. Na cerimônia de posse do atual presidente da república, Luis Inácio Lula da Silva, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, se referiu, após oito anos no poder, sobre esta questão. Criticado pelo então governo de transição de não ter um Matéria de Capa O mapa das concessões no Estado de São Paulo O ano de 2004 tem como característica política a eleição dos prefeitos que exercerão seus mandatos de 2005 a 2008. O tema da renovação das concessões, com certeza, deverá fazer parte das plataformas eleitorais dos candidatos às prefeituras dos 213 municípios, cujos contratos de concessão vencem entre 2005 e 2008. Quarenta e cinco desses prefeitos terão, logo no inícios de suas gestões, de renegociar estes contratos, que o Município têm com a SABESP e com vencimento em 2005. Isso corresponde a 26,5% da população urbana de todos os municípios operados, com contrato pela SABESP. Destes 45 municípios, os nove mais populosos tem 65 % de seus moradores assim distribuídos na área urbana: – 5 municípios do Litoral - com 44% da população dos 45 municípios – 2 municípios da RMSP – com 14% da população dos 45 municípios – 2 municípios do Interior – com 7 % da população dos 45 municípios planejamento estratégico, Fernando Henrique Cardoso afirmou: “Usaram uma espécie de metáfora ao dizer que o Brasil está sem um planejamento estratégico. Existe, sim, um planejamento, só que não é aquele dos tempos bolcheviques. Não é mais um planejamento em que o Estado define metas, mobiliza recursos e faz com que as coisas aconteçam a qualquer custo. O que está em jogo não é se há um projeto nacional, mas qual é esse projeto. O meu é democrático, tem a ver com a mobilização da sociedade e não apenas do Estado”. Tempos de planejar Alguns estudiosos acreditam que, apesar do contexto histórico, o que aconteceu foi apenas uma troca de palavras: planejar deu lugar ao termo gestão. O mestre e doutor em administração, José Antônio Rosa², não aposta na propagada queda do planejamento como estra- Vencimento das concessões Número de municípios População urbana (2000) População urbana com contrato (%) 2004 1 103993 0,97 2005 45 2848577 26,53 2006 78 1740832 16,21 2007 65 1764246 16,43 2008 25 714986 venc. Gestão 214 6457648 66.80 2009 a 2012 78 1731109 16,12 2013 a 2030 60 1833529 17,08 total com contrato 352 10737272 100,00 6,66 tégia empresarial. “Sempre achei e continuo achando que o planejamento é essencial para uma administração inteligente e racional. Se o planejamento não funcionou em algum lugar é porque foi implantado de modo dogmático, com amor exagerado a algum método furado, ou porque foi executado com incompetência”, afirma José Antônio Rosa. “Executivos e empresas eficientes planejam estrategicamente ainda que nem se lembrem de dar nome ao que estão fazendo. Planejar é condição de sobrevivência num mundo competitivo”, conclui. Como num pêndulo, o planejamento foi do militarismo à democracia, do desenvolvimento estratégico à supervalorização do mercado financeiro auto-regulador. Seguindo as leis da física e seu eixo de volta, muitos especialistas na área acreditam em um retorno das ferramentas de planejamento, mesmo que com nova roupagem. São gestores, estrategistas, consultores. Quando não se tem um planejamento Saneas / junho 2003 – 13 Matéria de Capa global, perde a sociedade, perde o empresariado. As cidades, a produção, o planejamento urbano podem assumir estados caóticos sem linhas mestras. E as empresas de saneamento, que também sofreram as conseqüências do âmbito histórico, econômico e político, devem estar atentas ao cenário que surge pela frente: das necessidades ambientais às urbanas. Sem isso, não existe o planejamento da área setorial, seja nas empresas de água e esgoto, nas de transporte ou mesmo nas de energia elétrica. No caso do saneamento, a ausência de um planejamento compromete o horizonte. É preciso questionar: as regiões metropolitanas do Sul devem ser tratadas da mesma maneira das do Norte? A região Centro-Oeste vai ter algum tipo de desenvolvimento urbano diferente? Enfim, todo planejamento tem que estar ligado a um plano diretor, a guia-mestre de toda esta cadeia. E assim por diante: o plano diretor da cidade deve estar conectado ao plano diretor do estado e este ao federal. Missão Nos próximos anos, a maior empresa de saneamento do país, a Sabesp, irá colocar à prova sua capacidade de planejar. No final da década de 80, a diretoria de planejamento 14 – Saneas / junho 2003 foi extinta e foi criada uma área centralizadas de planejamento e gestão empresarial e áreas descentralizadas de planejamento operacional. Entre as tarefas futuras está sua principal missão: a renovação das concessões. E muitas delas irão vencer em curto prazo (veja box). Houve um planejamento para este cenário? Disso depende o relacionamento entre empresa e prefeituras, passando pelo investimento em tecnologia e nos próprios funcionários. São peças que se encaixam como num imenso quebra-cabeça. O investimento em pesquisa e tecnologia, por exemplo, pode ajudar a resolver pequenos problemas do diaa-dia, operacionais ou estruturais e diminuir os custos. E acreditar nesta estrutura é também apostar em sua equipe. Cursos de aprimoramento, formação e especialização fazem parte deste processo. Os conceitos estão no ambiente acadêmico, nos livros, mas a prática do planejamento também se faz acreditando em cada uma das peças da organização. A obviedade, às vezes, vale ser lembrada: não se formam planejadores da noite para o dia. Como no âmbito acadêmico em que mestre e bacharel interagem em sintonia, nas empresas é preciso que se concentre uma massa crítica pensante, que possa receber e equalizar as informações para que não se perca a visão do todo. Doutor em administração pela Faculdade Matéria de Capa Linha do tempo: o planejamento na esfera federal 1962 O cargo de Ministro Extraordinário responsável pelo planejamento foi criado em janeiro de 1962 e ocupado por Celso Furtado, então o primeiro Ministro do Planejamento. Até então, existia, desde 1956, o Conselho de Desenvolvimento, responsável pela coordenação e planejamento da política econômica. 1964 as atribuições do Ministro foram ampliadas e acrescentadas a Coordenação Econômica. 1965 foi criado o Conselho Consultivo do Planejamento como órgão de consulta do Ministério. 1968 Três anos depois, o nome do Ministério é alterado para Ministério do Planejamento e Coordenação Geral. 1974 o Planejamento deixa de ser Ministério e passa a ser uma Secretaria, com status de Ministério, ligada à Presidência da República - a SEPLAN - que se tornaria, pelo comando de seus ministros no período, o centro das decisões econômicas do país. 1980 A partir dos anos 80 houve um reordenamento das ações desenvolvidas pela então Secretaria do Planejamento, relegando-se a um segundo plano as atividades de planejamento, em favor do desenvolvimento de medidas de curto prazo, em tempos de inflação elevada. Como consequência, desencadearam-se várias mudanças organizacionais, que deram à SEPLAN características apenas de órgão coordenador das ações econômicas imediatas do governo. 1985 embora continuasse a participar efetivamente da formulação da política econômica de curto prazo, foram transferidos da SEPLAN os órgãos que formulavam, executavam e fiscalizavam a política de preços e abastecimento: a SEAP - Secretaria de Abastecimento e Preços, o CIP - Conselho Interministerial de Preços e a SUNAB - Superintendência Nacional de Abastecimento. Deixou de integrar a SEPLAN, também nessa época, o órgão de controle interno - a SECIN, Secretaria Central de Controle Interno. 1986 Posteriormente, em 1986, a SEPLAN teve transferida de sua estrutura a Secretaria de Modernização Administrativa (SEMOR), órgão que juntamente com as áreas de planejamento e orçamento, compunham o tripé do Sistema de Planejamento Federal. 1987 A partir de 1987, com nova mudança em sua administração, outro papel foi reservado à Secretaria de Planejamento: a coordenação das ações do governo federal. Com essas mudanças, a SEPLAN perdia, não só o controle da execução de ações na área econômica, como funções ligadas ao seu próprio campo de atuação. Fica a seu cargo, a concessão de recursos para o atendimento de pequenas obras ou atividades no campo social. 1988 O retorno do Planejamento ao desenvolvimento de suas ações básicas só aconteceu em 1988, quando foi novamente reformulada para atender às novas funções definidas pela Constituição Federal promulgada naquele ano. A SEPLAN volta a ser o centro das decisões de política econômica. 1990 Esta posição foi substituída, em 1990, no Governo Fernando Collor, pelo Ministério da Economia. O Planejamento perde, mais uma vez, espaço e ficaria reduzido à condição de Secretaria Nacional, subordinado ao Ministério recém criado, ocupado por Zélia Cardoso de Mello. 1992 Este cenário só muda em 1992, depois do impeachment do Presidente Collor, quando a Secretaria do Planejamento foi recriada com o status de Ministério e o nome de “Secretaria de Planejamento, Orçamento e Coordenação da Presidência da República”. 1995 com a reforma administrativa realizada pelo governo de Fernando Henrique Cardoso, a SEPLAN é transformada no Ministério do Planejamento e Orçamento. 1999 Em 1º de janeiro de 1999, no segundo mandato do Presidente Fernando Henrique Cardoso, a área de planejamento passa a se chamar Ministério do Orçamento e Gestão e, seis meses depois, Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Fonte: Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão Saneas / junho 2003 – 15 Matéria de Capa de Economia e Administração (FEA) da Universidade de São Paulo, Djalma de Pinho Rebouças de Oliveira³, traduz de forma simples este conceito. “A missão é a determinação do motivo central do planejamento, ou seja, a determinação de onde a empresa quer ir. A missão representa a razão de ser da empresa”, conclui. Mas para Rebouças também faz parte deste processo à estruturação e o debate de cenários. “O executivo pode desenvolver cenários que retratem determinado momento no futuro ou que detalhem a evolução e a seqüência de eventos, desde o momento atual até determinado momento no futuro”, ressalta. Esta seria a chave para a sobrevivência a oscilação dos mercados financeiros, as ondas das diferentes gestões políticas e aos solavancos das reestruturações. ambiente democrático é preciso disseminar a cultura do planejar, seja na elaboração dos planos de obras ou na estruturação interna. Como diria o mestre em administração José Antônio Rosa, deve-se incentivar o trabalho em equipe, implantar uma real meritocracia, cobrar resultados, mas também estimular o crescimento e, na outra ponta, desestimular o individualismo, a cultura do status e romper as barreiras hierárquicas e departamentos rígidos, que criam feudos. Enfim, a lição do planejar deve ser diária e constante, para que não se perca o rumo, o horizonte e uma estrutura que ainda credita em sua missão. Amyr Klink é um exemplo da lição a ser aprendida. Navegador audaz, planejava a próxima viagem antes mesmo de atracar no primeiro porto da recente aventura. “Para se chegar, onde quer que seja, não é preciso dominar a força, basta controlar a razão”, ensina. Cenários Bibliografia Atualmente, por exemplo, as companhias de saneamento enfrentam um cenário, que poderia ter sido previsto. Além do vencimento das concessões, há o enfrentamento da política por investimentos ambientais, o aumento da demanda e a universalização dos serviços. Um rumo, sim, mas sem regras rígidas. Para que haja um planejamento estruturado dentro de uma empresa como a Sabesp e num 16 – Saneas / junho 2003 1. Livro “Planejamento Estratégico, editora polis, autoras Célia Regina Simonetti Barbalho e Vera Silvia Marão Beraquet 2. Livro “Faça seu plano”, editora STS, José Antônio Rosa 3. Livro “Planejamento Estratégico – conceitos, metodologia, práticas”, editora Atlas, Djalma de Pinho Rebouças de Oliveira ARTIGOS TÉCNICOS Tubo corrugado de dupla parede em PEAD para esgoto Paulo Toshiaki Nishimoto � Introdução Muito esforço vem sendo feito para melhorar a eficiência da infra-estrutura de saneamento já existente em nosso país, minimizando o impacto que a falta, ou a sua ineficiência, causa na qualidade de vida das pessoas e no meio ambiente. Porém, a escassez de recursos financeiros e a carência de produtos tecnologicamente mais avançados são problemas constantes enfrentados pelos profissionais desta área. É premente a necessidade de investimentos, o que está sendo divulgado como prioridade pelos atuais governantes. Este artigo tem o objetivo de apresentar as principais características técnicas do Tubo Corrugado de Dupla Parede em PEAD (Polietileno de Alta Densidade) para Esgoto, lançado em 2002 pela Kanaflex. Artigos Técnicos O que é o tubo corrugado de dupla parede? Os tubos corrugados de dupla parede surgiram como uma solução otimizada comparada aos tubos de parede simples existentes no mercado. A estrutura da dupla parede (vide Figura 1) proporciona ao produto alta resistência mecânica e, principalmente, excelente relação peso/metro, obtendo-se desta forma menor custo do produto. Outra característica favorável neste tipo de produto é a combinação com a matéria-prima PEAD, que proporciona ao produto vantagens adicionais – barra semi-rígida, alta resistência à abrasão e ao ataque químico, entre outras. Estes produtos são largamente utilizados na Europa, EUA e Japão, nos mercados de energia elétrica, telecomunicações, drenagem e saneamento. No Brasil, desde o ano de 1998, são utilizados para proteção de cabos nos mercados de energia elétrica e telecomunicações e agora está se iniciando o uso como coletores de esgoto. O “know how” envolvido no processo de fabricação destes produtos, a tecnologia e o grau de automatização dos equipamentos são de última geração, desde a dosagem dos materiais até a produção propriamente dita (coextrusão, corrugador, sistema de refrigeração, puxador e cortador), tudo trabalhando em perfeito sincronismo (Figura 2). No passado, utilizava-se apenas sistema cerâmico. Com o crescimento da utilização dos materiais plásticos, iniciou-se a aplicação de tubos lisos de PVC. Hoje, os tubos corrugados de dupla parede em PEAD também são uma excelente solução técnica e comercial. Matéria-prima: PEAD O polietileno (PE) é um termoplástico poliolefínico, derivado do gás eteno (hidrocarboneto olefínico), que é obtido através do “cracking” da nafta do petróleo. É um material extremamente versátil, podendo diferenciar as suas características sem o uso de plastificantes ou outros aditivos, como em outros polímeros. Por esse motivo, ele é considerado o polímero sintético menos perigoso, em relação ao impacto ambiental durante a sua produção, uso e descarte. Parede interna lisa Parede externa corrugada Figura 1: vista em corte do tubo corrugado de parede dupla. � Diretor Industrial da Kanaflex S/A Indústria de Plásticos; engenheiro mecânico de produção pela Faculdade de Engenharia Industrial (FEI); Pós-graduado em Administração de Empresas pela Escola Superior de Administração de Negócios (ESAN). e.mail: [email protected] Saneas / junho 2003 – 17 saneas IVb.indd 17 ocess Cyan Process Magenta Process Yellow 17/6/2003, 08:47:35 Process Black Artigos Técnicos Extrusora camada externa Corrugador Sistema de refrigeração Puxador Cortador Extrusora camada interna Figura 2: vista superior da linha de coextrusão para fabricação do tubo corrugado de dupla parede. As principais características do Polietileno são: H H – Baixo custo; C C – Elevada resistência química; – Baixo coeficiente de atrito; H H – Fácil processamento; n – Excelentes propriedades isolantes; – Baixa permeabilidade a água e gases; Figura 3: monômero – Atóxico; de etileno. – Inodoro. O Polietileno pode ser rígido ou flexível, bastando para isso apenas modificar o comprimento da cadeia carbônica ou a quantidade de ramificações. Existem três tipos básicos de Polietileno: o Polietileno de Baixa Densidade (PEBD), o Polietileno de Média Densidade (PEMD) e o Polietileno de Alta Densidade (PEAD). O material utilizado na fabricação deste produto é o PEAD, cuja densidade varia de 0,935 a 0,960 g/cm³ e sua estrutura é praticamente isenta 3,0 cimento-amianto 2,5 fiberglass Abrasão (mm) 2,0 concreto 1,5 1,0 cerâmica PVC rígido 0,5 tubo de PEAD 0,0 0 200.0000 400.000 600.000 Número de ciclos de carga Figura 4: comparativo de abrasão entre alguns materiais de tubos. Fonte: Universidade de Darmstad - Alemanha (South German Plastics Centre in Wurzburg) de ramificações. É um plástico rígido, resistente à tração, com boa resistência ao impacto, utilizado em bombonas, embalagens, brinquedos, materiais hospitalares, tubos para distribuição de água e gás, esgoto e emissários, tanques de combustível automotivos, dutos para proteção de cabos subterrâneos, tubos drenos, entre outros. Normas Este produto foi desenvolvido baseado na norma européia prEN 13.476-1. Em julho do ano passado, foi solicitada à Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) a elaboração de norma brasileira. Enquanto se aguarda a aprovação da norma oficial da ABNT, empresas de saneamento e outras entidades estão elaborando as suas respectivas normas internas. Especificações já elaboradas: Companhia Estadual de Água e Esgotos - CEDAE / RJ e Convênio Secretaria Estadual de Saneamento e Recursos Hídricos – SESRH - Escola Politécnica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Programa de Estudos de Engenharia para Saneamento Ambiental dos Municípios do Estado do Rio de Janeiro). Especificações em andamento: Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo - SABESP e Associação Brasileira de Tubos e Sistemas Poliolefínicos - ABPE . Está também em andamento a criação de um Programa Setorial de Qualidade para Tubos de Polietileno para saneamento, que será incorporado ao Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Habitat – PBQP-h; baseada no Programa de Qualidade já existente na Associação Brasileira de Tubos e Sistemas Poliolefínicos – ABPE. 18 – Saneas / junho 2003 saneas IVb.indd 18 ocess Cyan Process Magenta Process Yellow 17/6/2003, 08:48:33 Process Black Artigos Técnicos Instalação O procedimento de instalação dos tubos corrugados de dupla parede em polietileno é semelhante ao dos tubos de PVC e os cerâmicos. Uma grande variedade de acessórios já está disponível para esses tubos corrugados, oferecendo soluções às mais diversas necessidades encontradas nas obras. Além de permitir uma perfeita intercambiabilidade com os sistemas já existentes (PVC e cerâmico). Os tubos e as conexões são acoplados através de sistema de junta elástica, mas com uma vantagem em relação ao sistema atual, que utiliza a bolsa elástica (virola): o anel é montado na ponta do tubo, evitando possíveis deslocamentos no encaixe da ponta com a bolsa da conexão, conferindo praticidade e maior segurança nas instalações. Por serem fabricados em polietileno e possuírem a estrutura corrugada, os tubos são muito mais leves do que os atuais sistemas, facilitando seu transporte, manuseio, assentamento, e evitando perdas por quebras, proporcionando condições de redução no custo total da obra. Além disso, qualquer pedaço de sobra nas instalações pode ser aproveitado com a utilização de luvas de emenda ou luvas de correr. O tempo médio de instalação de um sistema em polietileno pode corresponder à aproximadamente 1/3 do tempo gasto para instalação do mesmo sistema em PVC, variando de acordo com as particularidades de cada obra. Abaixo, na tabela 1, os tempos comparativos que foram cronometrados durante a realização dos testes de campo na Sabesp / São Vicente, onde foram instalados 160 metros de tubos corrugados DN 150, com 43 ramais de tubos corrugados DN 100. Esquema de instalação da rede coletora com ramal predial de tubos corrugados realizada na SABESP – São Vicente – SP. Características do Produto A tecnologia de fabricação dos tubos corrugados associada à utilização da matéria-prima PEAD confere melhorias nas principais características desejáveis para a aplicação do produto no saneamento, como: Elevada Resistência Mecânica: a estrutura dos tubos corrugados de dupla parede resulta em produtos com elevada classe de rigidez, se comparado com os tubos lisos coletores de esgoto, permitindo menores deformações na aplicação final do produto; Resistência Química: química e eletricamente inertes, os tubos em polietileno não sofrem ataques, à temperatura ambiente, por solos agressivos e pela maioria dos ácidos, bases, solventes e gorduras. Apresentam ainda excelente resistência Foto 1: instalação dos tubos corrugados em PEAD. Teste de campo Sabesp / São Vicente. Tabela 1: quadro comparativo dos tempos, em teste de campo – Sabesp / São Vicente. Atividade Tubo Corrugado de Dupla Parede em PEAD Tubo Liso em PVC Instalação de um segmento de rede coletora com uma chegada de ramal predial 2,7 minutos 12,1 minutos Instalação de uma coluna com curva 90º na chegada do ramal predial 1,5 minuto 3,2 minutos Instalação de um ramal predial 2,1 minutos 5,4 minutos Instalação completa de um segmento de rede coletora com um ramal predial 6,2 minutos 20,7 minutos Saneas / junho 2003 – 19 saneas IVb.indd 19 ocess Cyan Process Magenta Process Yellow 17/6/2003, 08:48:43 Process Black Artigos Técnicos para esse produto asseguram uma perfeita estanqueidade para o sistema, além de conferir praticidade e rapidez na instalação. Seu desempenho atende aos mesmos requisitos estabelecidos na Norma NBR 7362 para os tubos em PVC; Rugosidade e Declividade: o coeficiente de Manning a ser utilizado nos cálculos hidráulicos de sistemas de esgoto para esse produto é n=0,010. Devido a seu baixo coeficiente de rugosidade, menores declividades poderão ser utilizadas, sem comprometer a condição de arraste dos sólidos; Fornecimento: os tubos são fornecidos em barras de 6 metros, com um anel de borracha nitrílica e uma luva de emenda já montados em uma das extremidades. Devido à grande flexibilidade da linha de transformação do produto, outras metragens podem ser fabricadas. Considerações finais Fotos 2 e 3: Instalação do tubo coletor e ramais realizada em Cotia - SP (Dez/02). aos agentes bioquímicos (mofo, bolor, enzimas); Auto limpeza: a inércia química e a baixa rugosidade do polietileno conferem ao tubo a vantagem de ser autolimpante dificultando as possibilidades de ocorrência de incrustações em sua parede interna, evitando a longo prazo o estrangulamento da secção interna; Estanqueidade da Junta: as juntas elásticas projetadas 20 – Saneas / junho 2003 Este produto foi lançado em Abril de 2002 na Feicon - Feira Internacional da Construção, e também apresentado na Fenasan em agosto de 2002, feira voltada ao mercado de saneamento, sendo premiado com o troféu “Inovação Tecnológica” pelos visitantes. Neste período foram ministradas dezenas de palestras e realizados testes de campo em várias empresas de saneamento em todo o Brasil, das quais muitas já formalmente homologaram e estão utilizando o produto; dentre elas a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo – SABESP, a Companhia Estadual de Águas e Esgotos – CEDAE (RJ), A Companhia Riograndense de Saneamento - CORSAN, a Companhia Espírito-Santense de Saneamento – CESAN, a Companhia de Água e Esgoto do Ceará – CAGECE, a Companhia de Águas e Esgotos do Maranhão – CAEMA, a Companhia Pernambucana de Saneamento – COMPESA. A aceitação desta nova tecnologia está sendo muito grande, devido ao seu desempenho técnico, segurança e confiabilidade na instalação e preço competitivo, tornandose uma excelente alternativa quando comparada às já existentes do mercado. Neste momento em que o novo governo promete dar prioridade para investimentos em saneamento, entendemos que este será uma boa opção de material a ser utilizado em coletores de esgoto, visto que o binômio custo / benefício é extremamente favorável; contribuindo, assim, para a otimização dos recursos a serem aplicados na infra-estrutura de saneamento e conseqüente melhoria da qualidade de vida da população. Foto 4: Troféu “Inovação Tecnológica” – Fenasan 2002. OPINIÃO Eliminação de odores em lagoas e estações de tratamento de esgotos Aurélio Nunes de Oliveira Figura 1 - Bico pulverizador em operação Artigos Técnicos P oucos gases são tão potentes, quanto o gás sulfídrico (H2S), para perturbar o sentido do olfato humano. O nariz humano é capaz de detectar o seu cheiro de ovo podre a um nível de apenas 0,4 ppb (partes por bilhão), de acordo com Brown & LeMay, 1988. Esse gás é produzido, naturalmente, pela decomposição anaeróbica de qualquer tipo de material orgânico ou inorgânico que contenha enxofre (Nagl, 1996). O odor gerado pelo gás sulfídrico, seja produzido pela natureza ou pela atividade humana, representa um sério risco à saúde, em qualquer concentração. Diversos exemplos de fontes geradoras do gás, que não aquelas naturais, incluem aterros sanitários, unidades de coqueria em siderúrgicas e fábricas de produtos alimentícios, seguidas pelo tratamento de esgotos em lagoas e estações de tratamento de esgotos. Este artigo descreve a eliminação bem sucedida de odores de H2S em estações de tratamento de esgotos domésticos no estado de São Paulo. A eliminação dos odores foi possível, com a utilização de produtos airSolution, fabricados pela Ecolo, uma renomada empresa canadense e formulados pela Glotec, no Brasil, de forma a atender as necessidades específicas de clientes com problemas diversos de odor, aplicados por equipamentos especialmente projetados e construídos para esta finalidade, configurando a melhor relação custo/benefício para este tipo de aplicação. A Tabela 1, no final do artigo, permite uma visão da eficiência dos produtos airSolution, quando tratando diferentes compostos encontrados nas emissões industriais. ETE - Estação de tratamento de esgotos A eficiência dos produtos e equipamentos pôde ser comprovada em uma estação de tratamento de esgotos localizada em uma cidade da região metropolitana de São Paulo, onde os moradores ao seu redor começaram a perceber um odor irritante, procedente da mesma, logo em seguida ao início de seu funcionamento. Este odor desagradável era emanado pela estação de tratamento de esgotos domésticos, Gerente Técnico da Glotec Representações e Comércio Ltda. Engenheiro Químico formado pela Escola Superior de Química Oswaldo Cruz - 1977 Saneas / junho 2003 – 21 Artigos Técnicos Figura 2 Linha do sistema de desodorização em em ETE com RAFA que uma destas três condições mencionadas a seguir seja encontrada: - a primeira, a de que as moléculas colidam, o que é obtido pela atomização dos produtos dentro da corrente gasosa, na área afetada, neste caso, o perímetro da ETE; - a segunda, que as moléculas que estão colidindo estejam posicionadas para a transição; isto é conseguido pela atomização, nas dimensões apropriadas, permitindo formálas, mantê-las expostas e em contato; - e, por último, que a colisão tenha a energia requerida, através da velocidade, para formar o estado de transição. Figura 3 DEstaque para a roximidade da ETE com a comunidade cujo objetivo é o de tratar os esgotos gerados na cidade, evitando o comprometimento das águas do ribeirão que as recebe. O tratamento é feito em um RAFA (reator anaeróbio de leito fluidizado), cuja operação pode, em determinadas condições operacionais, criar condições anaeróbias levando à formação de H2S. Além disso, o lodo que é gerado na ETE é disposto em leitos de secagem, para sua desidratação. O processo de decomposição, que aí ocorre, cria também emissões do gás, contribuindo para o problema da estação. Para sanar este problema de forma permanente, foi implantado um Sistema de Controle de Odores que utiliza um produto adequado a esta situação. Este produto age através de um processo de neutralização, degradando e destruindo as moléculas causadoras de odores, neste caso, de gás sulfídrico e compostos orgânicos. O sucesso da operação, utilizando estes produtos, é o resultado de reações de oxidoredução. Nestas reações, um dos reagentes é reduzido (ganha um ou mais elétrons) e outro é oxidado (perde um ou mais elétrons). Uma vez que os terpenos, constituintes dos óleos essenciais, são altamente reativos, a simples exposição de uma corrente gasosa a eles, dá início a uma série de reações químicas, desde 22 – Saneas / junho 2003 Os Sistemas de Controle de Odores, bem como os produtos fornecidos, foram desenvolvidos de maneira a satisfazer estas condições. Além disto, deve-se dizer que estes produtos se constituem em uma mistura complexa de diversos ingredientes ativos, cujas reações químicas dificilmente seriam representadas através de equações químicas e que as mesmas não interferem com os processos biológicos que ocorrem no processo de digestão da matéria orgânica, limitandose a reagir com as emissões presentes no ambiente externo aos tanques e lagoas. Ao lado disto, os gases liberados nas ETEs e lagoas de tratamento de esgotos apresentam alguns tipos de reação muito interessantes, envolvendo a formação de radicais hidroxila (OH). Este radical é tão reativo quanto os terpenos e torna-se apto a sofrer reações de oxido-redução. Grupos amino-hidroxi, em colisão com sulfetos, oxidam os sulfetos a grupos amino-hidroxi-sulfatos que são, então, facilmente degradáveis em ions sulfato. Neste processo, o radical aminohidroxila é reformado e continua reagindo com a próxima molécula de sulfeto que encontra. Isto se constitui em uma reação de oxido-redução, que é utilizada para degradar e eliminar os odores de gás sulfídrico nas diversas emissões de ETEs e lagoas. Para propiciar esta reação, nesta ETE, foi instalado um Sistema de Aplicação – modelo EP 60 BR, com 19 bicos atomizadores. Os bicos são montados em postes de 3 metros de altura, posicionados em torno do perímetro da ETE, a uma distância de 5 metros, um do outro. Estes bicos pulverizam a solução do produto neutralizador de odores em gotículas de 38 micras de diâmetro, uma dimensão que proporciona duas vantagens funcionais – primeiro, a névoa Artigos Técnicos Figura 4 Instalação em uma EPC formada é suficientemente ‘leve’ para que a mesma seja arrastada pelas correntes de ar, permitindo que o produto interaja com as correntes de odor no percurso percorrido e, segundo, um menor diâmetro das gotículas corresponde a uma maior área de contato. Recentemente, um sistema de mistura foi instalado, de forma a facilitar a operação; sua função é combinar a concentração correta de produto neutralizador à quantidade de água projetada na formulação. O sistema inclui, ainda, um temporizador capaz de controlar o tempo de aplicação, cuja faixa varia de 1 a 60 segundos, e os intervalos de aplicação, com faixa de operação de 3 a 300 segundos. Os tempos, neste caso, foram estabelecidos em 20 segundos de aplicação a cada 2 minutos de intervalo, de forma a proporcionar os melhores resultados, tanto do ponto de vista econômico, quanto de eficiência. Em seguida à instalação e operação do sistema de neutralização de odores nesta ETE, o Gerente da Unidade responsável afirmou os odores desapareceram e as reclamações praticamente acabaram. e eliminando as emissões para a área externa. A aplicação do produto é também efetuada de forma temporizada, atendendo as necessidades de controle dos odores emitidos. Tendo em vista os resultados satisfatórios, evidenciados pela significativa redução no número de reclamações, o sistema foi então adquirido pela Unidade e permanece em operação até a presente data. EPC – Estação de Pré-Cloração Parque Ibirapuera Outro caso ilustrativo a ser mencionado é o da EPC – Estação de Pré-Cloração que opera em uma cidade do litoral paulista, condicionando os esgotos domésticos recebidos de cerca de 300.000 habitantes, antes de seu envio ao emissário submarino existente. As áreas de recebimento, gradeamento primário e peneiras rotativas liberam quantidades significativas e suficientemente elevadas de gás sulfídrico para provocar reclamações dos freqüentadores de um clube existente ao lado da Estação, bem como dos prédios em seu entorno. Um sistema EP 60 BR foi instalado, operando um conjunto de 22 bicos, inicialmente, por um período experimental de 30 dias, a fim de permitir a avaliação pelos engenheiros da Estação. A área mais crítica a ser coberta era a das peneiras rotativas, que são instaladas em plano superior àquele do restante da Estação, tornando ainda mais problemático o controle das emissões. Uma linha de bicos pulverizadores foi instalada acima das referidas peneiras, aplicando o produto e controlando de forma satisfatória as emissões. Os demais bicos foram instalados em torno dos poços de recepção e das grades primárias, melhorando as condições de trabalho para os operadores naqueles locais Um terceiro exemplo a ser mencionado é o do Parque Ibirapuera, área verde existente no município de São Paulo, onde o Córrego do Sapateiro, que abastece o lago localizado no interior do Parque, sofre contaminação por esgotos clandestinos conectados ao longo do percurso de sua canalização. Ao adentrar o perímetro do Parque, o córrego passa a fluir em canal aberto, liberando emissões de gás sulfídrico ao longo do percurso de 150 metros até a estação de flotação, onde a matéria orgânica é removida, em níveis ao redor de 80%, melhorando de forma significativa a qualidade da Figura 5 Unidade de controle, bombeamento e reservatório de solução. Saneas / junho 2003 – 23 Artigos Técnicos Tabela 1: Testes de neutralização realizados em diferentes compostos Produto final Gás Tempo contato Conc.inicial Conc. segundos ppm ppm Sulfeto de hidrogênio H2S 30 30 30 60 60 60 60 60 60 10 10 10 60 60 60 60 60 60 20 20 20 20 20 20 7 18 30 4 18 28 2 7 13 3 10 14 Metil mercaptana CH3SH 60 60 60 30 30 30 10 10 10 20 20 20 20 20 20 20 20 20 2 5 11 3 7 12 3 7 15 NH3 60 60 60 30 30 30 10 10 10 100 100 100 100 100 100 50 50 50 4 11 68 4 13 80 3 9 45 60 60 60 30 30 30 10 10 10 70 70 70 70 70 70 70 70 70 2 10 50 5 10 50 7 12 60 30 30 10 10 10 30 30 30 50 50 50 50 50 300 300 300 17 15 20 20 15 60 60 40 30 30 30 10 10 10 10 10 10 300 300 300 300 300 300 70 70 70 60 60 70 75 80 90 20 20 25 Amônea Metil amina CH3NH2 Acetaldeído Acetato de etila CH3COOC2H5 24 – Saneas / junho 2003 corrente que segue para o lago. Neste percurso, estas emissões perturbavam demasiadamente os moradores das residências próximas e, de forma menos constante, os freqüentadores que se aproximavam da área do canal. Em um tempo recorde de três dias, incluída a construção dos pilares de sustentação, foi instalado um sistema EP 60 BR, operando 15 bicos pulverizadores, permitindo o controle das emissões. Os bicos pulverizadores foram instalados logo acima do canal de entrada do córrego, sustentados por um cabo de aço que, por sua vez, é preso a pilares de concreto. As aplicações são feitas com intervalos adequados, conforme já mencionado no primeiro exemplo, assegurando o controle das emissões existentes. A tubulação, os bicos e o cabo de aço, praticamente não são percebidos, todavia, seus efeitos são amplamente reconhecidos por aqueles moradores e pelos freqüentadores do Parque. Lagoa de Tratamento de Esgotos Um outro exemplo, é o de uma lagoa de tratamento de esgotos domésticos, atendendo a uma população de cerca de 40.000 pessoas, cuja operação, em função das flutuações de carga, leva à formação e emissão de gás sulfídrico, gerando reclamações dos moradores da vizinhança. No local foi implantado um sistema EP 60 BR, operando um conjunto de 13 bicos, instalados em uma rede suspensa ao redor da referida lagoa. A fim de assegurar ao mesmo tempo o controle das emissões e a economicidade do processo, o sistema opera com aplicações temporizadas. Os resultados foram altamente satisfatórios, tendo sido aprovado o sistema antes mesmo do período proposto, de 30 dias. Atualmente, somente ocorrem reclamações quando é necessário desligar o sistema para manutenção da ETE. Referências Brown, T. L. & H. E. LeMay, 1988. Chemistry – The Central Science, 4th Ed. – Prentice Hall, New Jersey. Nagl, G. J., 1996. Controlling Hydrogen sulphide Emissions. Water/Engineering & Management, December, pp. 18-21 OPINIÃO ARTIGOS TÉCNICOS Alternativa para limpeza de lagoas Layre Colino Junior Resumo O presente trabalho apresenta uma alternativa para limpeza de lagoas com a utilização da própria mão-de-obra encarregada de sua operação e manutenção, a partir de um filtro em forma de “V” que pode ser feito no próprio local. O elemento filtrante utilizado é a palha de arroz por apresentar boa porosidade, maior impermeabilidade, menor adensamento por pressão hidrostática e retenção de material sólido satisfatória, o que confere grande versatilidade para o seu uso. Para a dragagem do lodo do fundo da lagoa foi construída uma embarcação do tipo jangada feita com quatro tambores e um tabuleiro, fixado sobre os mesmos, com uma abertura central onde se instalou um pequeno pórtico para controle de profundidade da bomba de sucção. O resultado obtido com esse novo processo foi plenamente satisfatório, pois foi obtida uma grande eficácia na limpeza da lagoa, sem a sua desativação e com custo bem reduzido. de contínuas modificações que ocorrem naturalmente, além das transformações que lhe são impostas pelo homem. A autodepuração é um fenômeno complexo de ações químicas, biológicas e bioquímicas, que promovem a recuperação das condições naturais dos cursos d’água (Garcez, 1976). Esse processo se inicia imediatamente após a descarga poluidora no manancial e inclui todo o processo de assimilação, decantação, digestão e oxidação dos compostos estranhos que lhe foram introduzidos, lembrando que a perda de oxigênio, a formação de gases tóxicos, etc, conseqüências ecológicas da poluição, decorrem do próprio processo de autodepuração das águas. Figura 1 - Esquema de autodepuração bacterian(Fonte Garcez, 1976) Número de coliformes Artigos Técnicos Introdução Os centros urbanos e industriais requerem elevadas quantidades de água para consumo. Após sua utilização, este volume transforma-se em águas residuárias, contendo impurezas que contribuem para o aumento da carga orgânica dos corpos d’água quando nele são lançadas sem o devido tratamento. Quanto maior for a carga poluidora do manancial, maior será a dificuldade no tratamento da água. Esse fator, associado ao crescimento vertiginoso da população, contribui entre outros aspectos, para dificultar o abastecimento dos grandes centros urbanos. Um rio, de acordo com Branco (1983), é de natureza essencialmente dinâmica, quer nos aspectos físicos, de movimentação de suas águas, quer nos aspectos biológicos, sendo sede Tempo (dias) Figura 2 - Esquema da autodepuração bioquímica (Fonte Garcez 1976) Oxigênio dissolvido O.D. Curva do Oxigêniodissolvido Mínimo O.D. t. crítico PC Curva de regeração Tempo Nas figuras 1 e 2 demonstrando resumidamente o processo de autodepuração Engenheiro civil e sanitarista; Especialização em Engenharia em Saúde Pública Gerente do Departamento Técnico da Unidade de Negócio do Médio Tietê - SABESP – Botucatu Saneas / junho 2003 – 25 Artigos Técnicos figura 3 Filtro em forma de V para facilitar o escoamento da água Figura 4 Lodo acumulado na entrado de esgoto da lagoa As lagoas de estabilização, assim consideradas porque são capazes de estabilizar a carga orgânica dos despejos domésticos (esgotos) que recebem (Dacach, 1979), vêm sendo utilizadas há muito tempo, mas somente a partir da década de 1950 começaram a ser objeto de estudos e observações mais detalhadas por parte de alguns sanitaristas, interessados em conhecer e divulgar seu emprego como solução prática, eficiente e econômica para o tratamento de despejos de pequenas e médias populações. Nessas lagoas, os despejos são lançados e mantidos durante vários dias. Esse período, denominado tempo de detenção, é necessário para que a matéria orgânica sofra, convenientemente, a ação de processos naturais de tratamento físico, bioquímico e biológico (Dacach, 1979). Embora vários fatores estejam envolvidos no tratamento das lagoas, dois se destacam por serem fundamentais: o oxigênio atmosférico e a luz solar. É sabido que o oxigênio atmosférico tende a dissolver-se nos mananciais de água até o limite de saturação. Quando o manancial não é poluído por matéria orgânica, apresenta-se saturado de oxigênio e, então, o teor deste varia com a temperatura, normalmente entre 7,6 mg/L (30° C) e 14,6 mg/L (0° C), de acordo com Hilleboe (1964). 26 – Saneas / junho 2003 Quando se descarregam na água os sólidos do esgoto, se iniciam a degradação e a decomposição devidas à atividade dos microorganismos presentes. O oxigênio é necessário a todas essas reações biológicas e bioquímicas, chamadas aeróbicas. Simultaneamente, o oxigênio da atmosfera se dissolve nessa mesma água, em decorrência do fenômeno natural de reaeração. Sendo grande a quantidade de matéria orgânica, o oxigênio proveniente da aeração é incapaz de substituir, no mesmo período, aquele utilizado na decomposição aeróbica. Quando não há oxigênio, ocorre um predomínio dos organismos anaeróbios, resultando na putrefação. Por conseguinte, quando se descarrega esgoto em águas correntes, as reações resultantes dependerão do oxigênio existente no meio. As lagoas de estabilização, devido às facilidades de manutenção e de operação, aliadas aos excelentes resultados obtidos no tratamento das águas residuárias, têm sido empregadas com muita freqüência para solução dos despejos urbanos de pequenas e médias comunidades. Porém, é importante salientar que sua manutenção e cuidados operacionais, apesar de pequenos, são indispensáveis para sua eficiência. O controle de vazão, profundidade e limpeza são fundamentais para se obter uma qualidade desejável do efluente. O lodo e o material inerte trazidos pelos esgotos por infiltração ou por uso indevido das redes coletoras, se acumula em pequenas quantidades no fundo das lagoas, porém, após vários anos de operação contínua, passa a ser preocupante, tornando-se necessária sua remoção. Os métodos existentes para limpeza de material sólido depositado no fundo das lagoas sem a desativação das mesmas, envolvem o uso de grandes equipamentos e mão de obra especializada, tornando o custo alto e muitas vezes impraticável em comunidades de pequeno porte. Estudo de caso O presente trabalho foi desenvolvido no município de Mombuca - SP, na lagoa de estabilização de esgotos, tipo facultativa, pertencente a SABESP, com o objetivo de encontrar uma alternativa para a limpeza de lagoas, com custos substancialmente reduzidos, sem a desativação do processo de tratamento de esgotos, Artigos Técnicos através da execução dos serviços com a utilização de mão de obra própria, buscando uma alternativa que pudesse ser adotada em outras localidades, independente do seu tamanho. Inicialmente, foi feito um mapeamento da lagoa para quantificação exata do lodo a ser removido. O processo consistiu na dragagem do lodo e do esgoto da lagoa para um filtro, cujo objetivo principal era reter o material sólido e devolver imediatamente à lagoa todo o líquido filtrado. O filtro, construído em “V” (figura 3) para facilitar o escoamento do esgoto, foi colocado ao lado da caixa de gradeamento, na entrada da lagoa, onde a quantidade acumulada de lodo era grande (figura 4). Como leito filtrante, utilizou-se a palha de arroz, pela sua maior impermeabilidade, boa porosidade, menor adensamento por pressão hidrostática e capacidade de retenção de material sólido satisfatória, determinada através de testes previamente realizados (figura 5). Para a dragagem, foi construída uma embarcação do tipo jangada (figura 6), feita com quatro tambores e um tabuleiro apoiado sobre os mesmos, com uma abertura no centro onde se fixou um pórtico para descida e subida da bomba, conforme conveniência. Figura 5 Leito filtrante em palha de arroz já colocada no filtro Figura 6 Embarcação tipo jangada utilizada no processo para dragagem do lodo Custos e Volumes Os custos envolvidos e os volumes removidos estão descritos na tabela abaixo. Custos e Volumes I Pessoal: Dias trabalhados = 35 a) Salário + encargos (1 encarregado +3 ajudantes) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . US$ 2.073,73 b) Alojamento / Alimentação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . US$ 427.19 II Equipamentos / Materiais / Outros a) Equipamentos (jangada, bomba etc.). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . US$ 174,36 b) Máquinas (retro-escavadeira) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . US$ 26923 c)Transporte (caminhões) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . US$ 353,85 d) Outros (peq. mat. de consumo) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . US$ 39,87 SUB-TOTAL . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . US$ 3.338,23 III- Admlnistração: B.D.I. de 40% . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . US$1.335,29 IV - Volumes Volume útil da lagoa . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1.691 m³ Volume de logo removido . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 877 m³ OBSERVAÇÃO: Considerando esses cálculos, chegamos a um custo de US$ 5,331.3 de lodo removido. Saneas / junho 2003 – 27 Artigos Técnicos A utilização desse processo poderá ser ampliada para sistemas de tratamento de água, configurando-se como uma alternativa viável para o problema de descarga de decantadores e recuperação de água de lavagem de filtros. Essa água poderá ser recuperada com custo reduzido, através da execução de pequenas obras para adequação do sistema, trazendo grandes benefícios, especialmente em relação a preservação dos mananciais e a proteção ambiental. Com relação ao lodo retido, existem estudos para sua utilização como insumo agrícola. No entanto, essa fase depende de resultados de laboratório e de experimentos de campo, que atualmente estão em desenvolvimento. Figura 7 – lodo retido no leito filtrante após dragagem Referências bibliográficas BRANCO, SAMUEL M. & ROCHA, ARISTIDES A. - Poluição, proteção e usos múltiplos de represas. São Paulo, Edgard Blucher, 1977. BRANCO, SAMUEL M. - Poluição: a morte de nossos rios, 2ª ed. São Paulo, Cetesb, 1996. CABALLERO, PEDRO J. - Información sobre lagunas de oxidación de aguas negras. Ingenieria Sanitaria, out. 1956. DACACH, NELSON G. - Saneamento Básico. Rio de Janeiro, Livros Técnicos e Científicos, 1979. Figura 8 – água devolvida à lagoa após filtragem Resultados obtidos e conclusões Os trabalhos desenvolvidos em Mombuca possibilitaram a retenção do lodo e a devolução do esgoto para a lagoa com grande eficácia (figuras 7 e 8). Foram removidos 877 m³ de lodo em 35 dias, com custos de US$ 5.33/m³. Esses resultados permitem concluir que esse novo processo para limpeza de lagoas, em função de seu baixo custo, poderá ser utilizado em sistemas de tratamento de esgotos de pequenas comunidades, principalmente onde os recursos financeiros são escassos. 28 – Saneas / junho 2003 GARCES, LUCAS NOGUEIRA - Elementos de engenharia hidráulica e sanitária. 2ª ed. São Paulo, Edgard Blucher, 1974. HAMMER, MARK J. - Sistemas de abastecimento de água e esgotos: tradução de Sérgio A. S. Almeida. Rio de Janeiro, Livros Técnicos e científicos, 1979. NEW YORK STATE DEPARTMENT OF HEALTH - Manual of instruction for sewage treatment plant operators. New York, Albany, 1962. VICTORETTI, BENOIT A. - Lagoas de estabilização 2ª ed. São Paulo, Cetesb, 1975. OPINIÃO MEIO AMBIENTE Barreira de contenção para algas do gênero microcystis sp Osmar Rivelino 1 Wagner Fernando Rocha de Souza 2 Henrique Merllo Filho 3 Figura 1 - Bloom de algas abaixo da casa de bombas Meio Ambiente INTRODUÇÃO Do ponto de vista econômico, a Região Metropolitana de São Paulo é a mais rica do país. Porém, possui graves problemas sociais, como violência, miséria e falta de infra-estrutura, resultando em uma degradação generalizada. Problemas ambientais surgem como conseqüência da urbanização desenfreada e da falta de planejamento, comprometendo a qualidade de vida da população da metrópole. Os cursos d’água da região metropolitana têm sua qualidade comprometida, em maior ou menor escala. Alguns, explorados para abastecimento, possuem níveis elevados de poluição e exigem, cada vez mais, vultosos investimentos em tecnologias avançadas de tratamento da água e em programas de preservação e recuperação de mananciais. SISTEMA RIO GRANDE No sistema Rio Grande, em São Bernardo do Campo, os problemas não são diferentes. O entorno da Represa Billings é habitado por cerca de 700 mil pessoas. O lançamento de esgotos e o desmatamento das margens do reservatório geram graves problemas ambientais, como a eutrofização, que altera a 1 Bacharel em Biologia e Pós-Graduação (Didática do Ensino Superior) pela Faculdade São Judas Tadeu Pós-Graduação (Meio Ambiente e Sociedade)- Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo Gerente de Divisão do Sistema Rio Grande - Companhia Saneamento Básico do Estado de São Paulo - SABESP E mail : [email protected] 2 Engenharia Química - Universidade Mackenzie; Pós-Graduação (Gestão Ambiental) - Faculdade de Saúde Publica - USP; Engº Químico do Sistema Rio Grande - SABESP 3 Bacharel em Química - Faculdade de Filosofia Ciências e Letras São Bernardo do Campo; Pós-Graduação (Engenharia de Produção e Administração de Operações) - Universidade Paulista - UNIP; Encarregado da ETA do Sistema Rio Grande - SABESP Saneas / junho 2003 – 29 Artigos Técnicos Figura 2 - Vista da margem da represa Figura 3 - construção da barreira Figura 4 - instalação da barreira 30 – Saneas / junho 2003 qualidade da água promovendo a redução do oxigênio dissolvido, a diminuição da biodiversidade aquática e o aumento da incidência de florações de microalgas e cianobactérias, além da perda das qualidades cênicas do manancial. As cianobactérias ou cianofíceas, popularmente conhecidas como algas azuis, são microrganismos aeróbicos fotoautotróficos. Seus processos vitais requerem somente água, dióxido de carbono, substâncias inorgânicas e luz. Por meio de fotossíntese, principalmente, essas algas obtêm energia para seu metabolismo. Entre os fatores que propiciam o predomínio das cianobactérias sobre os outros grupos fitoplanctônicos, destacam-se as características fisiológicas pelas quais elas assimilam os nutrientes (nitrogênio e fósforo) do meio aquático. O crescimento intenso desses microrganismos na superfície da água geralmente ocorre com o predomínio de poucas, ou mesmo de uma única espécie de cianobactéria produtora de toxinas, ou de outros metabólitos. Vários gêneros e espécies que formam florações produzem toxinas conhecidas por cianotoxinas. Destas, as neurotoxinas são caracterizadas por sua ação rápida, e podem levar mamíferos à morte em poucos minutos, por parada respiratória. Outras, como as hepatotoxinas, agem mais lentamente, e no caso das endotoxinas, podem provocar irritações por contato. Existe grande contribuição de efluentes no reservatório Rio Grande, braço da Represa Billings. Desta forma, fatores como a elevação dos níveis de nitrogênio e fósforo, as temperaturas atingindo de 25 a 30° C em períodos de estiagem, a incidência dos raios solares, as cargas difusas provenientes das encostas com as chuvas da época e a direção dos ventos, colaboram para as florações de cianobactérias. Esse fato pode ser constatado no segundo semestre de 2001, quando foi registrado uma das maiores florações de algas já ocorridas na Represa do Rio Grande. De acordo com o monitoramento laboratorial, observou-se tratar de uma floração de cianobactérias do gênero Microcystis sp A floração de Microcystis sp ocorre na superfície devido à presença de aerótopos (vacúolos gasosos) que ajudam na flutuação e facilitam a busca por nutrientes, luz, temperatura e oxigênio. Diante da necessidade de operar o sistema e minimizar os efeitos negativos da floração de Microcystis sp, optou-se pela instalação de uma barreira física para contenção e remoção das Artigos Técnicos algas e futura degradação natural das toxinas. Constatados os elevados custos para aquisição de barreiras utilizadas em derramamento de óleo e afins - em torno de US$ 45.000 para 300 metros - e face à situação emergencial, optou-se pela confecção de uma barreira, com recursos próprios e custo aproximado de US$ 2.000 também para 300 metros. Na montagem da barreira foram utilizados, como bóia de sustentação, blocos de isopor de 0,15 x 0,20 x 0,70 m, revestidos de geotêxtil não-tecido, 100% poliéster de grande resistência, com 4 metros de largura e lastro feito com uma corrente comum de aço, totalizando, portanto, uma barreira de 300 metros de comprimento por 3 metros de profundidade. (fig. 3) A barreira, confeccionada em aproximadamente 3 dias, foi instalada na represa com o auxílio de um barco a motor, não sendo registradas grandes dificuldades nesta etapa, a não ser na ocorrência de ventos muito intensos, durante os quais o procedimento foi interrompido. (fig. 4 e 5) Devido à resistência do material utilizado à radiação solar e à ação da água e dos ventos, não foi necessário realizar manutenções constantes na barreira. A biomassa, retida na barreira e retirada por meio de bombas de sucção, foi disposta em local apropriado, para degradação natural. Figura 5 - barreira já instalada CONCLUSÃO Figura 6 - Barreira retendo um blomm de algas do gênero microcystis sp Número de células de Microcystis sp antes e após a instalação da barreira de contenção 100000000 10000000 1000000 100000 INSTALAÇÃO DA BARREIRA Nº de cels/mL A verificação da eficiência da barragem foi realizada por meio de monitoramento laboratorial. O registro de contagem de Microcystis sp na Represa do Rio Grande foi de 41.534.350 células por ml na superfície no dia 18/08/2001, um numero nunca antes registrado neste reservatório, mas que em grande parte foram retidas pela barreira um dia após sua instalação (fig 6). Comparativamente, nas análises hidrobiológicas efetuadas na parte externa à barreira e no ponto de captação das águas, observou-se diferença em torno de 94% no total de células de Microcystis sp (gráfico 1). A eficiência da barreira foi verificada também na porcentagem de remoção de células e na concentração de microcistina (toxina liberada pelas Microcystis sp) no processo de tratamento da água. Os índices apresentaram conformidade com o parâmetro da portaria nº 1469/00 que exige uma concentração de até 1 g/L de microscistina. 10000 1000 100 10 1 3/07 3/07 11/07 17/07 24/07 31/07 7/08 15/08 18/08 21/08 28/08 4/09 11/09 18/09 25/09 2/10 9/10 Data de coleta grafico 1 - algas microcystis sp antes e após a instalação da barreira Saneas / junho 2003 – 31 A SABESP INOVA Geração de energia elétrica utilizando o biogás produzido no tratamento de esgoto A Sabesp Inova Sebastião de Paula Coura E ntre as ações de gestão energética na empresa, está sendo desenvolvido um programa para implantação de fontes alternativas de energia elétrica, com foco na utilização dos potenciais energéticos próprios, que atualmente são dissipados por processos de perdas. Está previsto o aproveitamento de potencial hidrelétrico de 7,4 MW no sistema produtor de água Cantareira, através de PCH - Pequena Central Hidrelétrica, e o aproveitamento do potencial de 3,0 MW do biogás produzido no tratamento de esgoto na ETE Barueri, através de PCT - Pequena Central Termoelétrica. Este artigo aborda a geração de energia elétrica utilizando o biogás de esgoto e a experi- ência da SABESP sobre este aproveitamento. O APROVEITAMENTO DO BIOGÁS Considerando o volume de biogás produzido e a infraestrutura existente, a ETE Barueri foi selecionada para a implantação de dois projetos de PCT supridas pelo biogás, sendo um voltado para desenvolvimento da aplicação de nova tecnologia com a utilização de microturbina de 30 kW e outro voltado para produção firme de 3.000 kW utilizando motores ciclo Otto, com cogeração. A ETE Barueri utiliza o processo de lodo ati- Gerente do Departamento de Gestão de Energia da SABESP. Formado em Engenharia Elétrica pela Escola Federal de Engenharia de Itajubá e em Mecânica de Precisão pelo Ministério do Exército. 32 – Saneas / junho 2003 A Sabesp Inova vado convencional, constituído por duas fases: líquida e sólida. Nas unidades de digestão do lodo, os lodos adensados primários e secundários são recalcados para os digestores anaeróbios. No processo de digestão do lodo, realizado pelas bactérias metanogênicas, ocorre a liberação de gás com predominância do metano, que é utilizado para a homogeneização do lodo, no tempo em que ele permanece digerindo. O excesso deste gás é enviado ao gasômetro. Além do aproveitamento energético do biogás para geração de energia elétrica e calor, para manter a temperatura nos biodigestores, garantindo assim a qualidade do processo, estes estudos e empreendimentos visam a implementação de solução ambientalmente mais correta para a disposição final do biogás a base de metano, que tem um potencial efeito estufa 24 vezes maior do que o dióxido de carbono, e integrar esta alternativa no processo de tratamento anaeróbio, tornando-o mais competitivo para atender pequenas comunidades. Na foto 2, o gasômetro da ETE Barueri, e ao fundo e à direita, os digestores de lodo. Características básicas do sistema de digestão do lodo e parâmetros operacionais: • número de digestores: 2 conjuntos de 4 unidades; • diâmetro: 33,0 m; • profundidade junto à parede: 10,0 m; • área unitária: 855,3 m²; • volume unitário: 10.492 m³; O gás gerado nos digestores é parcialmente armazenado no gasômetro. Na área vizinha ao gasômetro foram instalados os queimadores (foto 3) para a queima do gás excedente. Foto 2 – Gás de esgoto vai se transformar em energia elétrica Foto 3 – queimadores, no PCT Barueri, para queima do gás excedente. Volume de Resíduos Tratados na Região Metropolitana de São Paulo Unidades de tratamento da RMSP Capacidade instalada (m3/s) Esgoto tratado (m³/s) Produção de biogás (m3/dia) Consumo de energia (MWh/mês) Barueri 9,5 7,0 22.000 5.500 Suzano 1,5 0,7 3.000 700 ABC 3,0 1,4 1.200 2.000 São Miguel Paulista 1,5 0,5 - 750 Parque Novo Mundo 2,5 1,2 - 1.350 18,0 10,8 26.200 10.300 Total RMSP Fonte: SABESP Saneas / junho 2003 – 33 A Sabesp Inova Princípio do fluxo do sistema Caldeira Vapor Lodo concentrado Geração de Energia usando Gás Carbônico Digestão Gás de esgoto Água quente Recuperação térmica Lodo Separador de líquido Energia elétrica Gás de exaustâo & Água de resfriamento Lodo Separador de líquido A PCT com microturbina a biogás Em dezembro de 2001 foi firmado um convênio entre a SABESP e a USP - Universidade de São Paulo, através do IEE - Instituto de Eletrotécnica e Energia e do CENBIO - Centro Nacional de Referência em Biomassa, para a realização de estudos e pesquisas na geração de energia elétrica a partir de biomassa produzida no processo de tratamento de esgoto. Um dos produtos previstos neste convênio foi a instalação de uma microturbina com capacidade de 30 kW para avaliação desta tecnologia, considerando que a potência de até 100 kW é compatível com instalações de tratamento de esgoto pelo processo anaeróbio de pequeno porte. Considerações Técnicas Microturbina, fabricada pela Capstone Turbine Corporation, dos Estados Unidos Potência 30 kW, 96.000 RPM 478 kg , 58 dBA Consumo de biogás por dia: 480 m³ Número de habitantes para gerar 480 m³ de biogás por dia: 78.750 34 – Saneas / junho 2003 Aproximadamente 30% da energia contida no biogás é convertida em energia elétrica e 60% podem ser introduzidos em sistemas de reaproveitamento, como aquecimento dos digestores. Estes 30% estão diretamente ligados à eficiência das tecnologias de conversão de energia contida no biogás em energia elétrica, por motores ou turbinas. O consumo de biogás na microturbina é A Sabesp Inova da ordem de 480 m³/dia, o que representa 2% do biogás gerado na ETE Barueri, para o rendimento no sistema da ordem de 27% (fabricante). Energia útil da microturbina = P = 30 kW x 859,7(*) = 25.800 kcal / h (*) {kW = 14,33 kcal / min ==> 859,7 kcal / h) (kWh = 3413 BTU, kcal = 3,97 BTU)} Energia fornecida pelo biogás = Energia útil / rendimento = E biogás = P (kW) / n E biogás = P / 0,27 = 25.800 / 0,27 = 95.555 kcal / h Consumo de biogás = Energia fornecida pelo biogás / PCI biogás = E biogás / PCI biogás (para o biogás da ETE Barueri, com > 60% metano o PC I= 4850 kcal / Nm³ Consumo de biogás = E / PCI = 95.555 kcal/h / 4850 kcal/m³ = 472,85 m³ / dia (quantidade de biogás gerado numa comunidade de pequeno porte com 77.800 habitantes) Principais equipamentos e tecnologias utilizadas neste projeto • microturbina, 30 kW, consumo de 472,85 m³/dia de biogás de esgoto; • separadores de umidade e secador por refrigeração para desumidificação do biogás; • filtros coalescentes para eliminação de umidade e aerosóis de óleo; • filtro de carvão ativado para eliminar compostos de enxofre; • compressor de palhetas para adequar pressão do biogás na alimentação da microturbina; • transmissores de pressão, temperatura, vazão e umidade para monitoramento e proteção; • sistema supervisório para monitoramento remoto via rede interna Intranet. AVALIAÇÃO: Por ser uma tecnologia nova, é a primeira microturbina operando com biogás de esgoto na América Latina, e devido ao pouco tempo de operação, não há ainda avaliação quanto ao desempenho na conversão da energia do biogás para eletricidade e confiabilidade operacional, sempre tendo em vista o objetivo de desenvolver esta aplicação neste tipo de processo de tratamento tornando-o mais competitivo para pequenas comunidades. A PCT com motores ciclo Otto Para este aproveitamento, o projeto está concluído e o que se procura equacionar é uma oportunidade financeira para execução do empreendimento. Pela quantidade e qualidade do gás gerado atualmente na ETE Barueri, 22.000 m3/ dia e 64 % de metano, o potencial de geração é de 2,6 MW, garantindo o fornecimento de uma energia de 1.600 MWh/mês, 20 GWh/ano, que representa 30% do consumo total da ETE. O projeto desenvolvido especifica uma PCT de 3 MW , com Cogeração, motores ciclo Otto alimentados através do gasômetro. O calor será utilizado para aquecimento do digestor, melhorando a qualidade do processo com maior eficiência na digestão anaeróbia e aumentado a quantidade de biogás gerado no processo, o que elevará o potencial de geração para 2,8 MW. O sistema incorpora um processo de tratamento dos gases de escape para redução de emissão de NOx e COx. O MOTOR acionará diretamente o eixo do alternador; o sistema de arrefecimento pos- Análise do biogás produzido COMPOSIÇÃO: CH4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62,5% (( 2,0) CO2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31,0% (( 0,9) O2 + N2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6,5% (( 3,0) COMPOSTO DE ENXOFRE: (mg/m³) Sulfeto de Hidrogênio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Sulfeto de Carbonila . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Metil Mercaptan . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Etil Mercaptan . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Normal Propil Mercaptan . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Iso-Propil Mercaptan . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . T-Butil Mercaptan . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8,59 0,24 0,63 0,20 0,86 0,55 1,23 ENXOFRE TOTAL (como S) 9,369 mg/m³ ou 8,2 x 10-4% (traços) P.C.S. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5.500 kcal/m³ DENSIDADE: . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 0,874 g/L PRESSÃO:. . . . 150 a 200 mm c.a. (medida no gasômetro) VOLUME PRODUZIDO:. . . . . . . . . . . . . . . 22.000 m³/dia Saneas / junho 2003 – 35 A Sabesp Inova Característica da instalação Biogás dos digestores Separador de líquido com dreno Válvula esfera Filtro coalescente Filtro de carvão ativado Secador por refrigeração Compressor de palhetas PMT Filtro coalescente Secador por refrigeração Filtro coalescente Kit cobustível da Capstone Medidor de vazão de gás QMT Legenda PT PM PMT QT QM QMT Pressão total na rede Pressão na linha do motor Pressão na linha da microturbina Vazão total na rede Vazão do motor da DSA Vazão da microturbina 1,2 atm (p.a.) 2,0 atm 6,0 atm 48,45 m³/h 28,75 m³/h 19,70 m³/h Fonte CENBIO, 2002 36 – Saneas / junho 2003 Microturbina Capstone A Sabesp Inova Vista em corte da PCT 1500 11,0 Duto isolado Ar condicioando 1500 1200 Atenuador de ruídos / exaustão Duto Ponte rolante 6t 3100 Trilho p/ retirada do transformador Silencioso hospitalar Ø 12" Sala de painéis Leitos de cabos 1500 3100 8500 Forro falso Painel Isolamento acústico #3" Trafos 0,0 Amortecedor Caixa coletora de óleo suirá trocador de calor água-água, de forma a aproveitar o calor das camisas dos motores para o aquecimento dos biodigestores, assim como trocador de calor ar-água dos gases de escape. O consumo específico de biogás pelos motores foi calculado em 0,35 Nm3/kWh. O ALTERNADOR será síncrono trifásico, brushless, gerando na tensão de 460 V. A tensão será elevada, através de transformadores, para 23 kV, que é a de distribuição interna da ETE. O sistema elétrico será composto por painéis de transferência de carga rede-gerador para operação continuamente paralela com a concessionária. Sistema de supervisão e controle: A PCT possuirá uma sala de operação local, porém será operada remotamente pela sala de ope- Atenuador de ruídos / ventilação ração da ETE. Possuirá lógica digital, com a utilização de CLPs e software de supervisão, com monitoramento via Web e rede interna - Intranet. Condutos : O biogás será conduzido por duto de PEAD, instalados diretamente no solo, interligando o gasômetro, de capacidade de 5.000 m3 , ao sistema de tratamento do biogás da PCT. A água quente dos motores será transportada até os biodigestores através de dutos instalados em canaletas subterrâneas. Os cabos de energia elétrica e os de comando e controle serão instalados em leitos de cabos nas galerias subterrâneas existentes e em dutos de PEAD instalados diretamente no solo, interligando a sala de controle à Subestação 88/138 kV. ■ Diagrama de cogeração Chaminé By-pass 0 kg/h Temperatura 446,6 °C o gases 8 kg/h Temperatura 145°C Temperatura de saída de água ao motor 129°c vazão 190,8 m³/h Temperatura 133,7°C Conexão com sistema existente Temp. de saída: 90°C Vazão: 75.814 L/h Traocador de calor 1 Calor recuperado 896.295 kcal/h Calor dissipado 1.511.250 kcal/h Ponto 1 Torre de arrefecimento adores (3x) 867 kW / 913 kVA Circuito de aquecimento dos biodigestores Trocador de calor Ponto 2 Temperatura 121 °C Temperatura de retorno: 60°C Saneas / junho 2003 – 37 ENTREVISTA Planejamento em duas versões As cidades de Franca e São José dos Campos, interior de São Paulo, têm em comum uma economia crescente. A primeira se destaca pela indústria de calçados e a outra pela de eletroeletrônicos. Para falar sobre questões ligadas ao planejamento municipal, como plano diretor, a influência da sociedade neste processo e saneamento, Saneas entrevistou os prefeitos Gilmar Dominici (PT), de Franca, e Emanuel Fernandes (PSDB), de São José dos Campos. Franca: da indústria de calçados à prática de esportes “No Orçamento Participativo a própria população aponta as prioridades para os investimentos na cidade.” Entrevista L icenciado em Serviço Social e formado politicamente no meio sindical e comunitário, Gilmar Dominici (PT) administra a cidade de Franca desde 1997 – foi reeleito em 2000. Seu principal foco de governo é a implementação de ações da Assistência Social, Saúde e Educação. Além disso, o prefeito incentiva a geração de renda e a gestão de pequenos e micro-empreendedores, que tem como objetivo fortalecer a base da economia nacional. 38 – Saneas / junho 2003 Quais as linhas mestras do seu Plano Diretor? As linhas mestras do Plano Diretor são a ocupação racional dos espaços e edificações vazios e já dotados de infraestrutura urbana, a expansão controlada do espaço urbano para a região oeste e a implementação de Programas de Gestão Integrada, que permitem uma maior eficiência e eficácia das ações de governo. Quais os mecanismos de envolvimento da sociedade nas atividades de planejamento municipal? A sociedade tem sido envolvida diretamente nos debates que antecederam a apresentação e aprovação do Plano Diretor, por meio de audiências públicas. No momento, estamos montando os projetos que complementam o Plano, com a participação de entidades da sociedade civil. Após a elaboração dos projetos de lei, pretendemos fazer audiências públicas visando coletar contribuições e debater as questões de fundo da organização urbana e implementar o funcionamento do Conselho de Desenvolvimento de Franca, o COMDEF. Existe um órgão específico ligado à atividade de planejamento que cuida da implementação e da revisão do Plano Diretor? Temos dois organismos que lidam com o planejamento e o Plano Diretor: de um lado a Secretaria de Urbanismo e Meio Ambiente, responsável pela política urbana e , de outro, a Coordenadoria de Planejamento Estratégico, que cuida dos projetos estratégicos do governo. Quais os mecanismos de controle, avaliação e revisão do Plano Diretor? A própria lei do Plano Diretor criou prazos específicos para revisão do Plano. Porém, cabe ao citado COMDEF estabelecer mecanismos de controle, avaliação e revisão do Plano, conforme sua implementação estiver em andamento. Além disso, implantamos o Orçamento Participativo, onde a própria população aponta as prioridades para os investimentos na cidade. Como a Sabesp se insere nas atividades de planejamento e gestão do município? A questão da água é uma questão estratégica para a cidade. O próprio Plano Diretor estabeleceu mecanismos de preservação ambiental que serão aprofundados na legislação complementar. A participação da Sabesp, como concessionária, terá que ser discutida no bojo da nova concessão dos serviços de Entrevista água e esgoto, que não está longe de se encerrar. A Prefeitura deve iniciar estudos visando esta nova etapa dos serviços de saneamento local, para que a cidade possa manter seu nível de excelência nos serviços de saneamento básico, obtido em parte graças aos serviços da Sabesp. Como tem atuado o Ministério Público e os órgãos ambientais no desenvolvimento das atividades de planejamento do município? O Ministério Público atua mediante requisições da sociedade ou da própria legislação. Neste sentido, sua ação tem sido útil para evitar que o Município desvie seu olhar de problemas que eventualmente existam, mas não estão sendo priorizados. Como o poder legislativo municipal interage com o planejamento? O Poder Legislativo tem sido importante parceiro, no sentido de construir uma legislação inovadora para o planejamento da cidade, de participar ativamente nos debates sobre os instrumentos de financiamento da política urbana, como a LDO, o PPA, a LOAS etc. Além disso, o Legislativo participa da administração fiscalizando, apontando necessidades, fazendo propostas de solução para problemas etc. Calçados e agrapecuária A cidade Franca tem 300 mil habitantes e fica a nordeste do estado de São Paulo. Sua principal característica econômica é a produção de calçados masculinos e, também, com menor relevância, a agropecuária leiteira. A recente expansão de um parque comercial vem atraindo consumidores do norte e nordeste de São Paulo e sul de Minas Gerais. A cidade tem 100% de rede de água tratada e esgoto coletado e também tratado. O esporte, como o futebol e o basquete, é outro destaque nacional da cidade. São José dos Campos: serviços estruturais básicos e investimento social “Acho que daqui a 50 anos, os estados não terão tanta importância, mas as regiões, sim”. O prefeito da cidade de São José dos Campos, o engenheiro civil Emanuel Fernandes (PSDB), usa muito de sua experiência acadêmica nas linhas mestras do planejamento urbano. Para ele, planejar é um pouco “engenheirar” as coisas. E, além de trabalhar para oferecer serviços estruturais básicos, ele acredita no investimento social e no espírito empreendedor para manter São José dos Campos na posição de uma das maiores economias do Estado de São Paulo –a cidades já é responsável por 5,9% de toda produção industrial do país. Quais as linhas mestras do plano diretor municipal? São linhas mestras do Plano Diretor de São José dos Campos o crescimento e o desenvolvimento da cidade de acordo com sua infraestrutura e urbanização planejada, em permanente entendimento com os órgãos e as empresas concessionárias de serviços públicos. São José é uma cidade bem planejada pela característica de ter abrigado vários sanatórios, no passado. Isso fez, por exemplo, com que tivesse uma rede de esgoto bem desenvolvida, desde aquela época. Nosso planejamento é fazer o dever de casa, como construir avenidas largas e investir na área urbanística. Estamos com um trabalho de desfavelização. Na região central, vamos modernizar onde é possível. Na periferia, nas favelas de beira de córregos, estamos com um convênio com a CDHU e já fizemos quase 400 casas, e outro com o BID, que está em processo final. Até o final deste mandato, a idéia é acabar com 80% das favelas daqui. Temos enfocado, também, a problemática do saneamento em São José. Sempre falo que, daqui a cinco anos, não teremos mais problemas nesta área ou serão bem pequenos. Ficaremos próximos aos índices de países de primeiro mundo. Sou engenheiro e quanto ao “corpo” de São José ainda faltam algumas obras para serem feitas. E, da “alma” da cidade, acredito que falta espírito empreendedor, no sentido empresarial. E para isto é preciso ter regras e qualidade no que está sendo feito. Caso contrário, a cidade não funciona. Por exemplo, as escolas que construí, em parceria com o Estado, são melhores que a maioria das particulares. Nelas não há grade, em todos os lugares se vê um vaso de flor. Acredito que através da qualidade, você passa cultura. Em resumo, o planejamento é um pouco engenheirar as coisas. Quais os mecanismos de envolvimento da sociedade nas atividades do planejamento municipal? A participação institucionalizada se faz principalmente por meio do Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano. A população dos bairros e comunidades locais faz-se representar por seis membros do Conselho, de seis regiões de São José, e há representantes de organizações imobiliárias e técnicas, como as de engenheiros, arquitetos e urbanistas. Este Conselho, que substitui a antiga Comissão de Zoneamento, conta ainda com representantes de outros conselhos municipais, como o de meio ambiente. Saneas / junho 2003 – 39 Entrevista Qual o mecanismo de percepção para mudanças no plano diretor? A cidade já tem um planejamento organizado. As mudanças no rumo do plano diretor dependem muito de uma sensibilidade para perceber as necessidades da população. Eu insisto no espírito empreendedor e tento dar as ferramentas para isto. Por exemplo, temos um cursinho pré-vestibular para jovens carentes, com alunos do ITA. Hoje, tem 200 vagas e até o final do ano que vem vai ter 400. Temos, também, um programa de jovens talentos na Fundação Cultural. E ainda encubadoras tecnológicas, banco do povo, cursos de empreendedorismo. Bato na idéia da cidade de oportunidades. E fazemos parcerias, como a que temos com a Sabesp, por exemplo. Água, aqui, só está faltando, ainda, em dois ou três bairros isolados, mas irá chegar em todos. O planejador tem que prover uma série de coisas, mas não pode ser paternalista. A cidade precisa definir o que é público e o que é privado. E quais os mecanismos de controle e avaliação deste Plano Diretor? Os mecanismos de controle urbanístico estão estabelecidos na legislação municipal de parcelamento, uso e ocupação do solo, nos códigos de edificações, posturas municipais e nas leis ambientais. A execução de programas e projetos previstos no plano diretor vem sendo feita de acordo com prioridades refletidas em sua inclusão nos orçamentos plurianuais, diretrizes orçamentárias e orçamentos anuais. Uma revisão do Plano Diretor está programada para 2005. Como a Sabesp se insere nas atividades do planejamento? A Sabesp mantém relacionamento com a Prefeitura, em particular com a Secretaria de Planejamento e Meio Ambiente, com o objetivo de orientar e dar eficácia a seus investimentos em um planejamento integrado. Além 40 – Saneas / junho 2003 de atender às necessidades de suprimento de água com qualidade, que hoje é proveniente em dois terços de mananciais de superfície e um terço de mananciais subterrâneos, a Sabesp tem como importante desafio desenvolver o sistema de coleta e tratamento de esgotos para alcançar 100% de atendimento. Acredito que a Sabesp melhorou bastante nos últimos anos e houve uma profissionalização nos serviços. Está indo a contento para o caminho que daqui a sete, oito anos, não tenhamos mais problemas de saneamento básico. Dentro da visão de planejamento regional, como o senhor vê a iniciativa da Secretaria de Saneamento e Obras no que se refere à Comissão Regional de Gestão? Acho que daqui a 50 anos, os estados não terão tanta importância, mas as regiões, sim. O tema meio ambiente tem um valor social cada vez mais importante. Planejamento no Brasil tem que ir acertando aos poucos. De qualquer forma, a prefeitura vê como positivas as ações integradas do planejamento em âmbito regional, respeitadas as particularidades e a autonomia de cada município. Como o poder legislativo influencia no planejamento? Considero o legislativo o mesmo que a sociedade. Porque eles ficam o dia todo em contato com a população. É uma espécie de nervo que fala onde está doendo. Eles me ajudam, por exemplo, a priorizar pequenas obras. Vereadores ajudam a fazer parcerias com a população. É ele que acaba fazendo isso. Ajuda a organizar as reclamações. O poder legislativo tem influência no que vai acontecer no município. A engenharia social é como a civil: você tem que construir um valor. Você tem que encontrar um vetor para centralizar seus esforços naquilo. E o legislativo faz este trabalho de engenharia social. Qual é a interferência do Ministério Público e órgãos ambientais no desenvolvimento do planejamento municipal? O Ministério Público nos ajuda muito. Por exemplo, no caso da parceria de água. Se fosse um prefeito populista iria oferecer água e esgoto. Só que isso precisa ser uma iniciativa privada e não pública. Ao fazer isso, pode-se estar privilegiando o loteador, quem tem terreno lá. O Ministério Público fica atento a isto, ao que é público. Isso barra problemas graves, evitando este tipo de populismo. E este tipo de atitude sai caro. No caso de São José, O Ministério Público tem ajudado e colaborado a encaminhar soluções para os loteamentos clandestinos. A Cetesb, por seu lado, tem contribuído bastante com o planejamento e a gestão ambiental do município, dando apoio técnico e apresentando pareceres sobre questões específicas. Polo industrial A cidade de São José dos Campos fica a 90 quilômetros da capital paulista. A cidade abriga centros de pesquisa e desenvolvimento aeroespacial, como o Centro Técnico Aeroespacial (CTA) e o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), e um considerável pólo industrial. Com 539 mil habitantes, de acordo com dados do IBGE, e 95,8% de taxa de alfabetização, a cidade recebeu títulos de honra, reflexos de um planejamento estruturado: 9º melhor cidade para fazer negócios do Brasil; de acordo com a edição especial “100 melhores cidades para se fazer negócios”, da Revista Exame; e 7ª cidade melhor do mundo para investimentos imobiliários, segundo dados de pesquisa feita pela Revista Isto É Dinheiro. E, no ano passado, recebeu o Prêmio “Cidade Empreendedora 2001/ 2002”, realizado pelo Sebrae. EMPREENDIMENTO & GESTÃO Novos e antigos desafios Mauro Arce Empreendimento & Gestão O engenheiro elétrico Mauro Arce, atual Secretário de Energia do Estado de São Paulo. Abaixo, a entrevista, que Arce concedeu a Saneas, sobre os rumos da Companhia de Saneamento da Básico do Estado de São Paulo, universalização e planejamento da área. Nesta nova modelagem da estrutura organizacional da Sabesp, a quem cabe a atividade de planejamento e gestão dos empreendimentos? As atividades de Planejamento e Gestão de Empreendimentos são feitas, atualmente, no âmbito de cada uma das Diretorias - Produção e Tecnologia, Metropolitana de Distribuição e Sistemas Regionais, de forma a suprir as demandas atuais e futuras por serviços de saneamento, e de acordo com a disponibilidade de recursos para investimento, sempre em conformidade com as Diretrizes e Metas Estratégicas Empresariais. Quais são os grandes desafios do saneamento ambiental (passivos ambientais) no Estado? Seguramente entre os grandes desafios do saneamento ambiental no Estado de São Paulo merecem destaque: a busca da universalização do abastecimento de água e da coleta de esgotos, a elevação gradativa e contínua do tratamento dos esgotos e o equacionamento e a implementação progressiva do tratamento e destinação de lodos de ETA’s e ETE’s. Também é relevante a universalização dos serviços de coleta e, especialmente, a disposição adequada dos resíduos sólidos urbanos e industriais. A proteção e recuperação dos mananciais, especialmente os que abastecem a Grande São Paulo, constitui-se em significativo desafio, principalmente tendo em conta os aspectos sociais envolvidos, notadamente, a questão do uso e ocupação do solo. Considerando-se a busca da universalização quanto ao saneamento básico, como compatibilizar estas metas com os compromissos financeiros assumidos a curto e médio prazos? O Programa de Maximização de Resultados recentemente implantado, visa, dentre outros objetivos, a readequação financeira das amortizações vincendas no curto e médio prazos, vinculadas aos empréstimos e financiamentos de longo prazo. Esta readequação propiciará o alongamento do perfil da dívida, no que couber, bem como a substituição dos compromissos em moeda estrangeira, por moeda local, minimizando os efeitos da exposição cambial. A conjuntura macroeconômica atual, demonstrada pela queda do risco Brasil e do dólar, nos vislumbra um cenário otimista, resultando na redução do custo do serviço da dívida, o que, conseqüentemente, não deverá comprometer a busca da universalização do saneamento básico. Qual a estratégia para a manutenção e ampliação da base operacional da SABESP? Com certeza a renovação dos contratos de concessão será uma das ações mais importantes desta gestão, visto que nos próximos anos alguns terminarão, e a antecipação das negociações pode ser uma alternativa interessante, sobretudo porque esta é a sustentação da Sabesp. Neste sentido um grupo de trabalho com representantes de todas as Diretorias já está atuando com vistas a elaborar as bases de tais negociações . Quanto à busca de novas concessões, este será outro ponto de atenção, não só pela missão da empresa, como instrumento do Estado para a universalização do saneamento, mas também como caminho natural para a consolidação de sua sustentação econômica. ■ presidente da Sabesp e secretário de Energia, Recursos Hídricos e Saneamento do Estado de São Paulo Saneas / junho 2003 – 41 P&D HISTÓRIA DO SANEAMENTO Abastecimento de água: Rio Paraíba Matéria de responsabilidade do Fundo Editorial, assunto suscitado pelo Eng. Armando Fonzari Pêra A água e sua forma de abastecimento sempre foram temas de discussão quando se fala sobre cuidados e preocupações com a saúde das populações. Desde há muito, boa parte dos envolvidos com saneamento executa a busca, tratamento, adução e distribuição da água, em qualidade e volume compatível com as necessidades humanas. Na descrição transcrita, a seguir, de fragmentos da matéria escrita pelo Eng°. Plínio Penteado Whitaker, à época Diretor da Repartição de Águas e Esgotos de São Paulo (Revista ERA, ano 8, n°17 de novembro de 1946), observamos um plano de busca de água, em cenário futuro, no Rio Paraíba, quando do esgotamento da capacidade hidráulica da bacia do Tietê. NOTA Por uma questão de respeito ao artigo original, reproduzido abaixo, foi mantida a ortografia da época. História do Saneamento PD Abastecimento de água da cidade de São Paulo – Recursos Hidráulicos de São Paulo D epois que estiver totalmente utilizada a capacidade hidráulica da bacia do Rio Tietê, deverá a cidade de São Paulo contar com os recursos do Rio Paraíba. É este o maior curso dágua nas vizinhanças da bacia do Tietê superior. Nas proximidades de Guararema, onde as duas bacias mais se aproximam, o Rio Paraíba tem altitude 570 acima do nível do mar. O aproveitamento destas águas terá de ser feito por meio de elevação mecânica de cerca de 280 metros, para vencer o espigão divisor e permitir o seu lançamento no vale do Paraitinga, afluente do Tietê. Estudos cuidadosos e sistemáticos vêm sendo feitos na Bacia do Paraíba, pela Divisão de águas do Departamento Nacional de Produção Mineral do Ministério da Agricultura. No seu volumoso “ Anuário Fluviométrico” n° 4, editado em 1943, encontram-se dados completos sôbre o regimen deste rio, dos quais extraímos os dados que damos a seguir, com respeito ao Rio Paraíba. Tratando dessa bacia hidrográfica, escreve o citado Anuário (fls. 21): “Considerados os fatores geográficos, e humanos, impõe-se o fato de que esta bacia está em uma posição privilegiada, de extrema importância na evoluçção nacional. Nas proximidades de seus bordos gravitam as duas mais importantes cidades do país – Rio de Janeiro e São Paulo: no seu interior florescem numerosas cidades de densa população, animadas de grande circulação econômica as estradas que a cortam”. “A situação empresta especial significação aos seus recursos naturais, ao sistema hidrográfico e ao valioso potencial hidráulico, máxime no atual estado da economia brasileira”. 42 – Saneas / junho 2003 História do Saneamento Também na bacia hidrográfica do Rio Paraíba, é necessário que seja estudada a utilização integral da disponibilidade hidráulica, dentro de um plano coordenador que vise o abastecimento de água das cidades tributárias e de São Paulo, a produção de energia elétrica e a sua aplicação a todos os fins necessários para a economia do vale. O Rio Paraíba é formado pela confluência dos rios Paraibuna e Paraitinga, 80 quilômetros a montante de Guararema. O Rio Paraitinga tem suas nascentes em altitude 1800m. na Serra da Bocaina, maciço pertencente ao sistema da Cordilheira do Mar, quase nos limites dos Estados de São Paulo e do Rio e corre de nordeste para sudoeste. Depois de um percurso de 200 quilômetros, formando uma bacia hidráulica de 2.500 quilômetros quadrados, junta-se ao Rio Paraibuna, formando o Rio Paraíba. O Rio Paraibuna nasce na Serra do Parati, contraforte da Cordilheira do Mar, na linha divisória dos Estados de São Paulo e Rio, a 1600 metros de altitude. Tem um percurso de 160 quilômetros, com uma bacia hidrográfica estimada em 1.900 quilômetros quadrados. Até o posto de Guararema, a área total da bacia hidrográfica do Rio Paraíba, compreendendo as dos seus formadores, é de 5.300 quilômetros quadrados. As características do rio junto ao posto de Guararema são: Largura = 70 metros; Profundidade média = 0,90 m.; Velocidade média = 0,45 m/seg. No Anuário citado encontram-se tabelas (fls. 225/275) das descargas médias diárias do rio, nêsse local, durante o período decorrido entre outubro de1922 e dezembro de 1942. Em 1924/1925, época que correspondeu à intensa estiagem verificada no Vale do Tietê, a menor descarga média diária do Paraíba foi, ali, de 34,7 m³/seg., no dia 4-91925. A menor descarga medida foi de 30,9 m³/seg., em 16-8-1933 (fls.247). A Média mensal em setembro de 1925 foi de 44,8m³/seg.; a de agosto dêsse ano foi de 42,0m³/seg. – A média mensal no mês de agosto de 1933 foi de 36,3m³/seg. Sem qualquer obra de represamento, pode-se supor que a descarga mínima do Rio Paraíba seja de 30m³/seg. Com a sua vasta bacia hidrográfica, é de supor que, com açudagens bem estudadas, possa ser elevada de duas ou até três vezes a descarga mínima do rio, em qualquer tempo, de forma que dela se possa derivar, de futuro, cerca de 15m³/seg. para a bacia do Rio Tietê, sem prejuízo para o vale do Paraíba. Assim os recursos do Tietê superior poderiam ser aumentados, de futuro, com um contingente de 1.296.000.000 lts/dia, que serviriam, não só para o abastecimento de água da Capital, como ainda, depois de refluídos pelos esgotos, para a produção de energia elétrica. A julgar por esta transcrição, o tema tratado há aproximadamente 57 anos já inquietava os envolvidos num alto grau de preocupação com o planejamento de cenários futuros, com rela- ção à busca adequada de mananciais. Hoje, havemos de convir, que essas preocupações foram relegadas a um segundo plano. ■ Saneas / junho 2003 – 43 Novidades Novidades A revista digital Águaonline (www.aguaonline.com.br ) traz informações sobre água, saneamento e meio ambiente, tanto para a comunidade técnica e especialistas da área quanto para a população em geral, como opção às informações veiculadas pela imprensa tradicional ou para aprofundamento acerca dos temas. O conteúdo é renovado a cada semana e oferece informações regionais, nacionais e internacionais sobre saneamento, meio ambiente, legislação, empresas e produtos. Além das notícias sobre impactos ao meio ambiente, destaca aquelas referentes às políticas, programas, ações e investimentos na área ambiental. Traz também links e endereços de sites da área e conta com opções para interatividade com o leitor. O site existe há mais de dois anos e já conta com cerca de 16 mil leitores cadastrados e uma média mensal de 1 milhão de visitas às suas páginas. Surgido em janeiro de 2000 e auto-intitulado como “o primeiro portal do setor de saneamento básico no Brasil” e “a maior comunidade de saneamento básico da Internet”, o Saneamento Básico ( www.saneamento basico.com.br ) é uma opção de informação e conteúdo para os profissionais do setor no país. Os cerca de 260 mil visitantes mensais têm à disposição 10GB de informações armazenadas e em torno de 7 mil notícias fornecidas por mais de 200 veículos de comunicação. Além dos tradicionais consulentes, o portal atende um público diversificado em órgãos públicos, instituições financeiras, escritórios de advocacia e empresas públicas e particulares do setor de saneamento. Do mesmo autor de Xingu, o livro A Década do Impasse: da Rio 92 à Rio + 10, do jornalista Washington Novaes, uma co-edição da Estação Liderdade e Instituto Socioambiental, traz a evolução do pensamento ambiental na última década. É uma coletânea dos mais de 400 artigos que o autor escreveu para grandes jornais brasileiros, entre 1992 e 2002. Consiste na análise e reflexão sobre os temas tratados nos grandes eventos internacionais de meio ambiente, como a Conferência das Nações Unidas Sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento Humano (Rio 92) e a Cúpula Mundial de Desenvolvimento Sustentável (Rio+10). Questões como o uso dos recursos naturais, mudanças climáticas, saneamento, energia, lixo, transgênicos, comunidades indígenas, grandes ecossistemas brasileiros, biodiversidade, política e tecnologia ambientais são analisadas simultaneamente, sustentadas em informações e dados acumulados na trajetória profissional do autor que, além de jornalista, comentarista, editor e consultor em diversos veículos de comunicação, colaborou no Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, na sistematização da Agenda 21 Brasileira e foi secretário de 44 – Saneas / junho 2003 meio ambiente do Distrito Federal. O livro Esgoto Sanitário: Coleta, Transporte, Tratamento e Reúso Agrícola foi elaborado por um grupo de professores da Faculdade de Tecnologia de São Paulo - FATEC, sob a coordenação de Ariovaldo Nuvolari. Reúne, em 520 páginas, os principais aspectos hidráulicos, sanitários e ambientais dos sistemas de esgotamento sanitário, como a legislação, resoluções e normas vigentes, a preparação e a execução de obras de rede coletora, as diversas opções de tratamento, o controle de odores, a desinfecção de efluentes das estações de tratamento, os impactos ambientais dos lançamentos in natura e a modelagem dos poluentes orgânicos em corpos d`água superficiais. Além destes temas, destaca os aspectos da utilização de corpos d`água receptores de esgoto na irrigação de culturas agrícolas. Reconhecimento Reconhecimento Julieta Mascitti N asceu em São Paulo; Bacharel em Biblioteconomia, atuou na biblioteca da SABESP durante 18 anos até a sua aposentadoria em 1994. Profissional de carreira, reorganizou o acervo da biblioteca, resultante da fusão da COMASP e SANESP. Participou de Grupo de Trabalho da APB - Associação Paulista de Bibliotecários na área de engenharia para troca e aplicação de experiências. Preocupada na recuperação da informação, elaborou manualmente o índice alfabético de título dos artigos técnicos da REVISTA DAE, juntamente com as bibliotecárias do DAEE e CETESB, publicado na mesma revista, v. 48, nº 152, p. 66-88, jul./set. 1988. Seu trabalho foi decisivo para manter o acervo de nossa biblioteca, enriquecendoo com a produção intelectual da própria SABESP, tais como teses, dissertações, manuais de treinamento e operação. Quem trabalhou e teve a felicidade de se relacionar com a D. Julieta, pode testemunhar com certeza, a importância de seu trabalho na manutenção da qualidade e no profissionalismo que hoje é patente na Biblioteca Central da SABESP. Soube plantar boas sementes, soube cultivar boas atitudes e exemplos suficientes para fazer frutificar uma área que é referência no saneamento nacional. Mestre e companheira, basta conhecer o trabalho e a dedicação de quem teve a sorte de conviver profissionalmente com a mesma, a Adéria, a Beth, a Ana Maria, a Sofia e a Carmen. Atualmente a biblioteca da Sabesp aceita pedidos de empréstimos por correio, e.mail e telefone e, para o pessoal da SABESP, as solicitações podem ser feitas também pela INTRANET. A biblioteca é aberta ao público e funciona de segunda a sexta-feira, das 8:00 às 17:00h, e para o pessoal que não é da SABESP é possível solicitar livros através de outra biblioteca (empréstimo entre bibliotecas). Endereço: Av. do Estado, 561 Ponte Pequena; CEP - 01107-900, São Paulo, SP; tel.: 3388.7350 / 3388.7351 / 3388.7352; fax.: 3388.7352 e-mail: [email protected] Saneas / junho 2003 – 45 Cafezinho Cafezinho HORIZONTAIS 1. Ato de proteger, contra a destruição e qualquer forma de dano ou degradação, um ecossistema, uma área geográfica definida ou espécies animais e vegetais ameaçadas de extinção 3. Separação física entre um composto e um fluido, por ação da gravidade 7. Originado fora de um organismo 8. Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis 10. Processo de diminuição de concentração de um composto ou substância, num determinado volume, que pode ocorrer por processos físicos, químicos ou físico-químicos. 11. Variedade da qualidade encontrada em um ambiente ou numa população 14. Conselho Nacional do Meio Ambiente 15. Esquema de uma organização onde se assinalam as disposições e inter-relações das suas unidades constitutivas 17. Ato de um animal matar o outro com o objetivo de alimentar-se 2 1 4 3 5 7 8 9 10 11 12 13 15 14 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 Solução 26 46 – Saneas / junho 2003 VERTICAIS 1. Ato ou efeito de planejar 2. Motivo ou indício que presume a possibilidade de um fato (est.) 4. Variação recorrente num sistema que o faz retornar periodicamente ao seu ponto de partida 5. Decomposição de um material em componentes mais simples por organismos vivos 6. Degradação da qualidade ambiental em decorrência de atividades que prejudiquem a saúde e o bem estar da população, a fauna, a flora e outros recursos naturais 9. Distância vertical entre um ponto determinado e um nível de referência 12. Processo do enriquecimento das águas por nutrientes que alimentam o crescimento vegetal 13. Conjunto de ações e medidas que visam a melhoria da saúde e conforto humanos, assim como a proteção dos sistemas ecológicos e recursos naturais 14. Caracterizada pelo racionalismo, conduz a uma visão mecanicista da natureza; doutrina de René Descartes 16. Gerir, dirigir ou administrar 17. Instrumento básico da política de desenvolvimento e de expansão urbana, obrigatório para cidades com mais de vinte mil habitantes 18. Época de águas baixas nos leitos dos rios; à situação oposta dá-se o nome de cheia 19. Quebra de compostos orgânicos nitrogenados por microrganismos, produzindo nitratos e nitritos 20. Organismo que vive no interior de um outro, chamado hospedeiro, ou sobre ele, obtendo os nutrientes a partir dele 1. Preservação; 2. Probabilidade; 3. Decantação; 4. Ciclo; 5. Biodegradação; 6. Poluição; 7. Exógeno; 8. IBAMA; 9. Cota; 10. Diluição; 11. Heterogeneidade; 12. Eutroficação; 13. Saneamento; 14. CONAMA; 15. Organograma; 16. Gerenciar; 17h. Predação; 17v. planodiretor; 18. vazante. 19h. Nutriente; 19v. nitrificação; 20 parasita; 21. Transmissão; 22. Cenário; 23. Extinção; 24. Enchente; 25. Paradigma; 26. Higrófilo. 6 19. Qualquer uma das substâncias do ambiente utilizada pelos seres vivos para seu sustento 21. Comunicação ou movimento de um órgão ou mecanismo para outro 22. Construção teórica ou experimental, simulando eventos ou situações reais, de modo a estudar seu desenvolvimento e conseqüências 23. O fim de uma linhagem de organismos 24. Grande cheia que ocorre nos rios 25. Modelo de interpretação da realidade; verdade estabelecida; filosofia básica que norteia as ações de uma sociedade 26. O que vive em lugares abundantes em água AESabesp realiza XIV Encontro Técnico A Associação dos Engenheiros da Sabesp - AESABESP realiza nos próximos dias 5 , 6 e 7 de Agosto o seu XIV Encontro Técnico e a XIV FENASAN- Feira Nacional de Materiais e Equipamentos para Saneamento.O objetivo é promover o intercâmbio de novas tecnologias e conhecimentos relativos ao Saneamento e Meio Ambiente entre os profissionais da SABESP - Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo,profissionais do setor público e privado nacional e internacional e instituições de ensino. O Encontro Técnico deste ano, cujo tema é: “ÁGUA AO ALCANCE DE TODOS “ , será realizado no Pavilhão de Exposições Amarelo do EXPO CENTER NORTE , que dispõe de uma área de 8.500 m², e abrigará também a FENASAN, feira que procura apresentar produtos e serviços destinados ao saneamento básico e preservação do meio ambiente. Maiores informações, bem como as fichas para inscrição, podem ser obtidas no site: www.aesabesp.com.br Agradecimentos Paulo Massato Yoshimoto Ricardo Guilherme de Araújo Osvaldo Ioshio Niida Nelson Rodrigues Nucci Luiz Yukishigue Narimatsu Wanderley Wesley Shouga Mendes Odair Marcos Faria Francisco Costa Maria Lúcia dos Santos Tiballi Aderia Tomoe Shintani Antonio Carlos Basic Kravosac Lucina R. Cortez Thais Ferreira Lima