pernambuco de olho no turista
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pernambuco de olho no turista
Ano 10 - nº 116 - novembro 2015 - www. revistaalgomais.com.br R$ 10,00 PERNAMBUCO DE OLHO NO TURISTA Com a alta do dólar, aumentam as perspectivas para o turismo interno Algomais • Novembro/2015 1 2 Algomais • Novembro/2015 Algomais • Novembro/2015 3 Prioridade na educação traz sempre bons resultados. 4 Algomais • Novembro/2015 Algomais • Novembro/2015 5 editorial EDIÇÃO 116 O outro lado da moeda CAPA Oportunidades no turismo Diz a sabedoria popular que em tudo na vida há o lado bom e o ruim. E com a atual crise que o País atravessa não é diferente. Óbvio que o ideal seria usufruirmos de uma economia em crescimento, com altas taxas de emprego e produtividade, além estabilidade política. Mas a percepção – que virou até um certo clichê – de que situações problemáticas podem gerar preciosas oportunidades é um fato incontestável. E é justamente essa a perspectiva do turismo em Pernambuco. Com o dólar em alta, muitos brasileiros estão guardando o passaporte e revertendo seu roteiro de férias para dentro do País. A boa notícia, revelada pela matéria de capa desta edição, é que o nosso Estado desponta como um dos locais prediletos de muitos turistas brasileiros. Segundo o site Viajanet, é o destino nacional preferido pelos paulistas. O momento mostra-se também oportuno para conquistar os visitantes estrangeiros. Assim, em plena crise, será possível consolidar Pernambuco como destino turístico e criar condições para que, no futuro, continuemos a receber muitos turistas, independente do câmbio. E falando em futuro, cada vez mais especialistas apontam como urgente a melhoria da educação no País. Ciente disso, a Algomais tem contribuído para o debate sobre as soluções para a melhoria do ensino. Nesta edição trazemos análises sobre a necessidade de valorização do professor, feitas pelo pesquisador João Batista Oliveira – que foi palestrante convidado pela revista e a TGI no evento Pernambuco Desafiado – e pelo diretor do Instituto Ayrton Senna, Mozart Neves. Trazemos ainda novidades interessantes no campo educacional como as novas formas de intercâmbio e o sucesso dos alunos da rede municipal que ganharam a Olimpíada Nacional de Robótica. O leitor fará também um passeio com o maestro Mozart Vieira por Belo Jardim, cidade abordada na série Algomais Visita, assinada por Wanessa Campos. Também conhecerá detalhes da vida e obra de João Pernambuco, parceiro de Pixinguinha e Catulo da Paixão Cearense, que é retratado no texto primoroso de Marcelo Alcoforado. Boa leitura! @revistaalgomais facebook.com/revistaalgomais Cláudia Santos - Editora Geral [email protected] Alta do dólar motiva os brasileiros a viajarem pelo País. 16 EDUCAÇÃO Docência em debate Especialistas defendem que é necessário valorizar a carreira do professor. 26 INTERCÂMBIO Experiências no Exterior Cursos de curta duração e estágios são alternativas para os alunos. 28 ALGOMAIS VISITA Belo Jardim Maestro Mozart Vieira apresenta os atrativos naturais e culturais do município no Agreste. 34 E MAIS Entrevista 10 Economia /Jorge Jatobá 25 Arruando pelo Recife e Olinda 38 Baião de Tudo / Geraldo Freire 44 João Alberto 46 Memória Pernambucana 48 Última Página/ Francisco Cunha 50 Edição 116 - 13/11/2015 - Tiragem 12.000 exemplares Capa: Rivaldo Neto - Foto: Juarez Ventura Uma publicação da SMF- TGI EDITORA DIRETORIA EXECUTIVA Sérgio Moury Fernandes [email protected] Ricardo de Almeida [email protected] DIRETORIA COMERCIAL Luciano Moura [email protected] CONSELHO EDITORIAL Alexandre Santos, Armando Vasconcelos, Doryan Bessa, Luciano Moura, Mariana de Melo, Raymundo de Almeida, Ricardo de Almeida, Sérgio Moury Fernandes e Teresa Sales. 6 Av. Domingos Ferreira, 890, sala 805 Boa Viagem | 51110-050 | Recife/PE - Fone: (81) 3126.8181 . www.revistaalgomais.com.br REDAÇÃO Fone: (81) 3126.8156/Fax: (81) 3126.8154 [email protected] FOTOGRAFIA Juarez Ventura EDITORIA GERAL Cláudia Santos (Editora) Roberto Tavares (Consultor Editorial) ASSINATURA [email protected] Fone: (81) 3126.8161 [email protected] REPORTAGENS Cláudia Santos Rafael Dantas Camila Moura (Estagiária) EDITORIA DE ARTE Rivaldo Neto (Editor) Caroline Rocha (Estagiária) Algomais • Novembro/2015 PUBLICIDADE Engenho de Mídia Comunicação Ltda. Av. Domingos Ferreira, 890, sala 808 Boa Viagem 51110-050 | Recife/PE Fone/Fax: (81) 3126.8181 [email protected] Os artigos publicados são de inteira e única responsabilidade de seus respectivos autores, não refletindo obrigatoriamente a opinião da revista. AUDITADA POR Nossa Missão Prover, com pautas ousadas, inovadoras e imparciais, informações de qualidade para os leitores, sempre priorizando os interesses, fatos e personagens relevantes de Pernambuco, sem louvações descabidas nem afiliações de qualquer natureza, com garantia do contraditório, pontualidade de circulação e identificação inequívoca dos conteúdos editorial e comercial publicados. Algomais • Novembro/2015 7 ESCREVA PARA [email protected] cartas ONLINE www.revistaalgomais.com.br Um privilégio para mim fazer parte da edição. Meu muito obrigado pela atenção. Carlos Sinésio Algomais visita Recebi a revista, que está muito boa. A matéria ficou ótima. Um privilégio para mim fazer parte da edição. Meu muito obrigado pela atenção. Obrigado também a todos os que fazem a Algomais. Saudações. Carlos Sinésio – Recife Preservação Compartilho da beleza arquitetônica e da história que encontramos no prédio e na praça da Facvuldade de Direito do Recife, como destacou a matéria da Algomais de Agosto de 2015, "Uma casa de muitas histórias". Cabe destaque também a falta de conservação de sua fachada e de sua praça: o que não se conserva se acaba. Rui Alencar - Recife Pesqueira Se a revista Algomais já vinha esbanjando prestígio a cada edição, em seu número mais recente ela alcançou o alto da glória. E isso se deve a uma matéria de exuberante qualidade, de texto impecável e de imensurável valor econômico-cultural. A apresentação da cidade de Pesqueira foi exaltada pelo fenomenal jornalista Carlos Sinésio, que ali redigiu seus primeiros poemas e sonetos, como entrevistado nessa matéria por Wanessa Campos. Jomar Ferreira Netto - Recife 8 Algomais • Novembro/2015 Personagens Muito significativas e oportunas as matérias sobre o Garoto de ouro Paulo molim; o Fábio, da Passa disco; e a do grande mestre do Rádio e TV, Jorge José. Parabéns a todos. Renato Phaelante – Recife Errata O texto “Centenário de Antonio Bezerra Baltar”, publicado na edição de outubro, foi produzido por Luiz Antônio de Andrade Baltar. Algomais • Novembro/2015 9 entrevista MARIETA BORGES Pesquisadora fala sobre sua vida seu trabalho em prol do arquipélago pernambucano “COMO A HISTÓRIA DE NORONHA FICOU ESCONDIDA!” Entrevista a Cláudia Santos e Rafael Dantas Marieta Borges é historiadora, escritora e professora. Por décadas desbravou a história de Fernando de Noronha, que resultou na grande obra da sua vida. É também poetisa e tem vocação para percussionista. Nesta entrevista à Algomais, ela fala sobre suas origens, produções e sua luta contra o câncer. Já venceu a batalha contra dois tumores. Hoje enfrenta o terceiro. Mas a julgar pelo vigor demonstrado nesta conversa - que terminou com uma "canja" da pesquisadora, tamborilando na mesa da sua sala um frevo em homenagem ao arquipélago - certamente ganhará mais esse combate. Você nasceu aqui no Recife? Sim, na Rua da Concórdia, a rua do Galo da Madrugada. Meu pai tinha uma fábrica de placas. Foi ele quem trouxe a produção de placas para carro para o Brasil. Ele era português. A produção acabou quando ele morreu. Morávamos em cima da casa e embaixo era a fábrica. Como começou sua relação com a música? Meu irmão era o maestro Fernando Borges. A gente fazia cantorias todos 10 Algomais • Novembro/2015 os dias em casa. Papai com a guitarra portuguesa, ele com o violino, minha irmã mais velha com o piano e eu na percussão. Nascemos todos no Recife, menos a mais velha, que nasceu em Belém. Meu pai veio direto para Belém e de lá veio para cá. Minha mãe também é paraensse. Meu marido cantou 22 anos no Coral do Carmo do Recife. A primeira coisa que eu pedi a ele quando fiquei noiva foi que entrasse no coral. Foi meu presente do Dia dos Namorados. Como era o Carnaval daquela época? Caminhávamos pela rua fantasiados, minhas irmãs, meus vizinhos. No Recife, meu irmão inventou o Esperando O Galo, palco montado na Ponte Duarte Coelho, de 8 da manhã até o Galo chegar. Era uma maravilha! Tínhamos o direito de subir no palco, ficar um pouco em cima olhando. Era impressionante. Você também faz poesias? Tenho quatro livros de poesia. O primeiro eu lancei quando trabalhava no colégio Santa Maria: As Muitas Faces do Bem Querer. Tem poema para todo mundo que passou pela minha vida. Seguindo esse mesmo jeito lancei o segundo: Natal Sempre, só com poemas de Natal. Foi prefaciado pelo Monsenhor Bezerra. Depois reuni grande parte do que havia feito e apresentei às edições Paulinas, que fizeram um calendário poético com o nome de Catando Amor o Ano Inteiro. O prefácio é de Dom Hélder. Ele escreveu que no livro há versos verdadeiramente "marietanos". (risos). Há mais de 10 anos declamo esses poemas na rádio Olinda, todo domingo. O último livro de poemas foi lançado pela editora Catolicanet. Você se formou em história? Não. No tempo em que estudei o curso de história não era reconhecido. Fiz pedagogia e depois fiz seis meses de especialização. Tenho a autorização do MEC para lecionar história. Comecei a trabalhar com as disciplinas do magistério e o enfoque principal era a didática dos estudos sociais, que entrava geografia e história. Nessa brincadeira, ensinei em vários colégios. Como começou sua relação com Fernando de Noronha? Fui uma das pessoas chamadas para Tenho quatro livros de poesias. Tem poema para todo mundo que passou pela minha vida. Há mais de 10 anos eu os declamo todos os domingos pela manhã através do rádio" participar do curso primeiro e único de suplência profissionalizante em regime de magistério em Fernando de Noronha, quando não tinha ninguém formado. Todo mundo terminava o ginásio e passava a ser professor, sem saber de nada. Daí foi feito um convênio com a Secretaria de Educação, que passou a indicar pessoas com experiência de magistério. Fui uma das indicadas para dar algumas didáticas. Foi uma paixão tão grande a ida e a descoberta, que acabei retornando várias vezes para ensinar didática geral, didática da linguagem, ensinei a alfabetizar. Ficava 15 dias, porque não podia ficar o tempo todo. Como foi que se interessou pela história da ilha? Quando eu pegava as professorandas do Santa Maria, Agnes ou IEP, eu levava essas meninas para conhecer, como se fosse hoje, o Instituto Brennand e a Oficina de Ricardo Brennand. Na época, a gente ia onde era possível. Quando eu quis fazer isso em Fernando de Noronha, pedi para me dizerem um resumo da história da ilha. Então me deram uma folha de papel com os tópicos: os franceses viveram aqui, ponto. E dai? Os holandeses viveram aqui. E dai? Não existia a história da ilha? Não! Prometi que faria um livro que seria o livro texto deles. Esse é o livro da minha vida (Fernando de Noronha Cinco Séculos de História). Tem 555 páginas e tem 511 fotografias. A ilha foi descoberta na expedição em que estava Américo Vespúcio que che- gou lá como representante do fidalgo Fernão de Loronha, que nunca veio aqui. Ele ganhou a capitania, porque foi quem financiou a expedição. É o poder econômico. Abandonada, a ilha foi invadida por muita gente como os franceses. Fui à França atrás de informações, porque a França invadiu a ilha, depois em 1927 instala a Compagnie Générale Aéropostale, precursora da Air France. O grande aviador Mermoz sofreu um acidente lá, por causa disso, se fez a primeira pista de pouso em Fernando de Noronha em 1934. Fui a Air France do Rio de Janeiro. O diretor não sabia da ligação da empresa com Fernando de Noronha e disse para eu procurar a Maison de France no Rio. Lá me deram pistas inclusive do antigo aviador que havia resgatado a história da Air France e publicado duas obras. Aviadores famosos estiveram em Noronha, inclusive Saint–Exupéry (autor de O pequeno príncipe). No livro também tem a cronologia da presença holandesa. Foi a primeira. Eles viveram por 25 anos lá. E isso não se ensina no continente. Ninguém sabe. Como descobria essas informações? De várias maneiras. Uma vez cheguei no Bandepe, e o gerente me Algomais • Novembro/2015 11 entrevista MARIETA BORGES cumprimentou dizendo: “Oh, minha musa de Fernando de Noronha”. Então, outro cliente atrás de mim falou: "minha mulher nasceu lá". Virei para ele e perguntei: nasceu lá por que? Ele disse que o pai dela foi diretor do telégrafo submarino francês. Era a pintora Délia Aguiar, que morava em Olinda e eu, na época, também. Quando entrei na casa dela estava esta foto na parede (mostra foto do Zeppelin sobrevoando a ilha) tirada pelo seu pai. Fiquei emocionada, ficamos chorando feito duas bestas (risos). O livro também mostra artistas que pintaram Noronha, não é? Sim. Mostra quem pintou Noronha e porque pintou. Tem Debret, Luiz Jasmim, Tereza Costa Rego, entre outros. Eu ganhei telas de um cidadão que passou por lá e pintou o antigo armazém de produtos agrícolas. Ele me doou essas telas e disse guarde, quando houver um espaço cultural em Fernando de Noronha, você coloca. Eu guardei anos na minha casa. Meu marido ameaçava fazer uma fogueira porque era coisa demais (risos). E na hora de inaugurar o memorial, nós colocamos isso dentro do navio, tudo bem embalado e o navio (Iracema) afundou. O que mais se perdeu no naufrágio? Tudo que estava lá. Inclusive os tapetes do memorial, livros. Um desses livros eu tive a maior dificuldade para encontrar. Era de Pereira da Costa. Antes de mandar para para colocar no acervo do memorial, eu xeroquei tudinho. Foi a minha sorte. O naufrágio foi em 1998. A gente quase enlouqueceu dentro da ilha. A gente lá esperando, terminando de preparar as coisas. Aí, chega a notícia que o navio afundou. A pesquisa durou quanto tempo? Comecei 1974. Fui juntando pedaços e as coisas foram crescendo. Primeiramente, guardava esse material na minha casa, porque eu não estava ligada a órgão nenhum. Eu era professora de seis escolas diferentes. Depois de muito tempo criou-se na Universidade Federal de Pernambuco, o projeto Esmeralda, que era de apoio educacional ao território de Fernando de Noronha. Era militar. 12 Algomais • Novembro/2015 Aí, eles foram me buscar. Eu transferi meu cargo do Estado, fiquei à disposição da universidade, em 1984. Em 1988, a ilha volta para Pernambuco. Nesse ano Cláudio Marinho interinamente foi o primeiro administrador e, em seguida, foi Roberto Pandolfi. A primeira pessoa que ele chamou para trabalhar fui eu. Então levei meu cargo do Estado para a administração de lá, onde estou até hoje. Teve dois Eu comecei a pesquisa em 1974. Foi quando fui a primeira vez para Fernando de Noronha. A publicação do livro aconteceu apenas em 2013 períodos que eu saí para ser secretária de Educação em Olinda. Amo Olinda também. A publicação do livro sobre a ilha aconteceu em 2013. Quando recebeu o diagnóstico de câncer? Tive o primeiro câncer em 2004, o segundo em 2007, o terceiro em 2015. Cada um diferente do outro. Os dois primeiros de mama. Fiz inclusive recomposição da mama, porque o primeiro foi muito agressivo. Ano passado me sentia ótima, apesar de ter pulado duas fogueiras. Em abril deste ano descobri o câncer de pâncreas. Não tenho mais pâncreas, foi removida também uma parte do fígado. Mas as sequelas ficam. Com esse tratamento, tive erisipela e perdi 6,5 quilos. Mas ainda trabalha? Trabalho no Escritório de Fernando de Noronha, que fica no Centro do Recife. Mas a gente vai sair para perto da Casa da Cultur, no prédio que era da Rede Ferroviária do Nordeste. Além do livro, o que mais foi feito? Em 2012, a gente começou a imaginar a ampliação e melhoria do Memorial Noronhense. No final do ano, a gente inaugurou as melhorias todas. Com uma roupagem nova. Ao conhecer o local, a antiga cônsul dos Estados Unidos disse: “Meu Deus, esse é o lugar mais bonito de Fernando de Noronha!” Todo de painéis. Tudo iconográfico, com tradução em inglês. Lá você vai caminhando no tempo. Mostrei para ela a presença americana em Noronha. Ela disse que não sabia que havia essa força americana na ilha. Quais os planos futuros? A gente está lutando (tomara que o novo administrador dê corda), para ampliar o Memorial, reformando algumas ruínas para instalar quadros dos artistas plásticos. Só de Luiz Jasmim são 10 telas em grandes formatos. A última vez que soube delas, era que estavam encostadas no almoxarifado. Também estamos fazendo uma galeria de dirigentes de Fernando de Noronha. Tem também um projeto sobre a história do monumento português, que fica na frente ao Palácio São Miguel. Ele foi doado pelo governo português para comemorar os 25 anos da primeira travessia de hidroavião entre Portugal e Brasil feita por Gago Coutinho e Sacadura Cabral. A primeira parada deles foi em Fernando de Noronha. Fernando de Noronha tem muita história. Incrível como ficou escondida tanto tempo! Leia Mais. Veja mais conteúdo sobre Marieta Borges no site: www.revistaalgomais.com.br Muitos problemas parecem complicados e sem solução. Até chegarem a nossas mãos. A Deloitte é referência em consultoria e auditoria no Brasil e no mundo. E isso é resultado do esforço para encontrar as melhores soluções de negócio e de seu comprometimento com o desempenho de seus clientes. Isso é o que faz a Deloitte ser líder. Isso é o que faz a Deloitte ser a Deloitte. Siga-nos ©2013 Deloitte Touche Tohmatsu Novo Endereço: Rua República do Líbano 251, 28º andar | Rio Mar Trade Center | Torre B | Pina Recife/PE | CEP 51110-160 | PABX: +55 (0)81 3464.8100 Algomais • Novembro/2015 13 PENSANDO BEM PEDRO CAVALCANTE A ética da violência Engenheiro [email protected] “Fé na vida, fé no homem, fé na mulher, fé no que virá. Vamos lá fazer o que será”. O (Gonzaguinha) preceito ético legado pelos filósofos da antiguidade está em completa desagregação. Os valores morais cederam lugar à cultura da busca de interesses puramente pessoais em detrimento ao coletivo, à prática do levar vantagem, à cultura da violência. O justo e o injusto, o violento e o não violento, o humano e o desumano, dispensam fundamentos racionais para determinar o modo de agir e avaliar as ações do outro. Os apelos humanitários caíram no vazio. A lógica da brutalidade nivelou por baixo os sentimentos. Valores como compaixão, consideração, solidariedade ou responsabilidade diante do semelhante desapareceram do vocabulário. Todos se sentem vulneráveis, vivem sob o temor da represália. Os opressores se tornaram dispostos a oferecer carta aberta para os bandos de extermínio fazer o que quiserem. A disseminação da violência se multiplica, a difusão da cultura das drogas encontra campo fértil, a pobreza e a miséria se aprofundam, a corrupção moral é difundida intensamente. Há o declínio da consciência cívica, há fragilidade do sistema político, econômico e social. O meio ambiente agredido compromete a própria sobrevivência do planeta. A desesperança se avoluma. O que fazer para reverter situação tão dramática? Devemos expressar nossa indignação. Todos podem remar contra essa maré de desenganos. Cada um deve fazer a sua parte alimentada pela ética do fazer o “bem comum”, sem qual- 14 Algomais • Novembro/2015 É preciso ter coragem, persistência e não perder a esperança. Se a sociedade promove a violência é hora, pois, de responder com a cultura da paz. quer tipo de exclusão. Cada um deve compreender que o diálogo, o respeito ao próximo e a celebração da diversidade ainda são os melhores meios para evitar conflitos, aproximar homens e mulheres e resgatar a ética do bem e da virtude apregoada pelo filósofo Aristóteles que já ensinava: “O bem maior que buscamos não se encontra no mercado - a própria felicidade”. Um novo horizonte no processo de desenvolvimento social, onde predomine a liberdade no mundo espiritual/ cultural; a fraternidade no mundo econômico e a igualdade no mundo político/jurídico, poderá surgir quando os gestos se multiplicarem e se questionar a normalidade que virou loucura. Quando se estimular o desejo de melhorar a humanidade e de se construir uma sociedade que assuma cuidar de si mesmo à medida que um cuida do outro e de tudo. É preciso ter coragem, persistência e não perder a esperança. Se a sociedade promove a violência é hora, pois, de responder com a cultura da paz. Se ela ensina a explorar, é hora de servir. Se ela promove a discordância, vamos estimular a fraternidade. E assim quem sabe, responderemos como Medeia, quando o sábio lhe perguntou no meio das ruínas desoladamente: - E agora Medeia, o que resta? Levaram tudo. Ela respondeu com serenidade: Como o que resta? Resta tudo! Resta-me. Eu estou aqui. Sim. Restamos nós. Juntos, somos infinitamente mais. Mudar, transformar para que amar seja a regra e não mais exceção. UM BOTECO QUE NUNCA FECHA. ´ NO MAXIMO, MINIMIZA. Seu boteco na .pitu.com.br internet. lojaonline Algomais • Novembro/2015 15 capa A hora de vender os destinos de PE Aumento no interesse pelo Recife, Fernando de Noronha e Porto de Galinhas já é percebido pelas agências de viagens C om a alta do dólar, um dos setores que ganha força – mesmo em meio à crise – é o do turismo. O câmbio desfavorável para viajar ao exterior faz com que os brasileiros voltem os olhos com mais carinho para os destinos nacionais. E os pernambucanos para o interior do Estado. Além desse público interno, a desvalorização do real torna as cidades turísticas brasileiras atrativas para os gringos. E nessa disputa pela clientela, Pernambuco está bem posicionado. Segundo pesquisa realizada pelo Ministério do Turismo, 73,2% dos brasileiros preferem conhecer uma cidade no Brasil, sendo que 45,1% deles escolheriam ir para o Nordeste. Outro estudo, encomendado pelo site Viajanet, apontou o Recife como o destino nacional mais desejado pelos paulistas na hora de decidir viajar. Apenas Nova York e Miami tiveram índices maiores de interesse por parte dos viajantes do Estado mais populoso do País. O site Hotel Urbano também registrou no primeiro semestre do ano um aumento de viajantes para Pernambuco de 45%, a maioria interessada em Porto de Galinhas, seguido pela capital e por Fernando de Noronha. Frente às restrições financeiras, além de optar pelos destinos nacionais, os brasileiros têm feito ajustes, como 16 Algomais • Novembro/2015 Foto: Rivaldo Neto Rafael Dantas NORONHA. O ARQUIPÉLAGO SEGUE COMO O DESTINO PREFERIDO DOS TURISTAS ESTRANGEIROS. ALTA DO DÓLAR COLABORA PARA ATRAÇÃO DE VISITANTES DE OUTROS PAÍSES PARA PERNAMBUCO reduzir a quantidade de dias de viagem e escolher opções menos onerosas de lazer. Essa é a avaliação da diretora da agência Pontes Tur, Kathia Pontes. “As viagens ao exterior diminuíram muito. Muitos brasileiros que planejavam passar o reveillón em Buenos Aires, por exemplo, hoje querem vir para Pernambuco. Avaliamos que nossos destinos se tornaram mais conhecidos e divulgados após a Copa do Mundo”, destacou. O arquipélago pernambucano segue como favorito dos estrangeiros que vêm para o Estado. Para o secretário de Turismo de Pernambuco, Felipe Carreras, além da questão do câmbio, que favorece todos os destinos nacionais, há um cenário favorável para o Estado que foi construído nos últimos anos. Ele aponta que a política de incentivo a novos voos para o Aeroporto Internacional dos Guararapes, através da redução do ICMS sobre o querosene da aviação, surtiu efeitos. “Isso incrementou a quantidade de voos PORTO DE GALINHAS. BALNEÁRIO FOI O MAIS PROCURADO EM PESQUISA DO HOTEL URBANO CARRERAS. SECRETÁRIO DESTACA QUE INCREMENTO DE NOVOS VOOS TEM DADO RESULTADO para Pernambuco. Outras rotas ainda virão como fruto desse benefício fiscal”. Carreras mencionou rotas como um novo voo para São Luiz, através da Gol; e voos da Azul para Aracaju e para o interior do Ceará, que são destinos emissores. De olho no interesse do turista oriundo de São Paulo para os destinos pernambucanos, o secretário comemora também parcerias com essas companhias em voo charter desse que é o principal emissor de viajantes para o Estado. Os voos internacionais também sinalizam o bom momento para o turismo no País. A rota Recife-Buenos Aires tem alcançado uma ocupação média de 90%, sendo 80% de argentinos. Há uma movimentação do Governo do Estado junto a Tam e as operadoras de turismo para conseguir outra frequência semanal para a capital argentina. Uma conquista mais recente, lembrada por Carreras, é o voo para o Cabo Verde, que possui conexões para Amsterdã, Paris e Lisboa. Além das articulações com as companhias aéreas, o Estado terá um investimento em publicidade nos principais destinos emissores de turistas do exterior para o Brasil. As ações serão em outdoor, revistas e mídias digitais em cinco países: Itália, Espanha, Alemanha, França e Portugal. Essa ação será realizada em parceria com a agência que desenvolve as peças da TAP, com um investimento previsto de 200 mil euros. Os recursos são provenientes de uma promessa de auxilio do Governo Federal aos Estados do Nordeste para essa finalidade. Algomais • Novembro/2015 17 ANÁLISES. CAMILO SIMÕES DIZ QUE AÇÃO INTEGRADA COM MUNICÍPIOS DA RMR TEM COMO OBJETIVO AMPLIAR O TEMPO DE ESTADIA DOS TURISTAS. ANA PAULA, DA EMPETUR, DESTACA QUE O RECIFE DEIXOU DE SER VENDIDO APENAS COMO "SOL E MAR" Se as conexões aéreas estão em alta, a falta de opções de cruzeiros é um fator que tem feito o Estado perder turistas. De acordo com Kathia Pontes, esse é um dos mercados que mais tem crescido nesse período de crise. “Temos vendido muitos pacotes para cruzeiros marítimos nacionais. A maioria deles segue de Santos para o Rio de Janeiro. O turista percebeu que o cruzeiro tem um custo benefício muito bom”, afirmou. Os preços desse tipo de viagem são reduzidos pelo fato de as refeições já estarem incluídas, assim como a maior parte das atividades disponibilizadas aos hóspedes. As empresas estão trabalhando também com o dólar congelado. VITRINE. Se Fernando de Noronha e Porto de Galinhas despontam como os destinos naturais com maior apelo do Estado, os gestores do turismo local comemoram o novo posicionamento do Recife e da RMR como produto turístico. “Sempre buscamos divulgar os destinos indutores. O Recife deixou de ser apresentado apenas turismo de sol e mar. A cidade mudou e temos trabalhado na divulgação do lazer, com o projeto Recife Antigo de Coração, além de fazer um trabalho articulado sugerindo passeios nos municípios da região metropolitana. Temos visto esse momento de crise como oportunidade e para aproveitá-lo vamos fazer uma campanha abordando toda a diversidade e riqueza do Estado”, ressalta Ana Paula Vilaça, presidente da Empetur. Entre os equipamentos que ganharam notoriedade na cidade nos últimos anos estão os museus, com o Cais do Sertão e o Paço do Frevo. Essa articulação junto aos municípios vizinhos foi costurada há pouco menos de um ano através do Pacto Metropolitano do Turismo. “O resultado desse esforço é que trabalhamos hoje a venda casada da RMR. Vendemos um produto mais completo, oferecendo história, cultura, gastronomia, além do sol e mar. Preparamos roteiros integrados que começam no Recife e vão até Itamaracá. Um dos objetivos dessas 18 Algomais • Novembro/2015 ações é conseguir não apenas trazer mais turistas, como convencê-los a permanecer mais tempo aqui”, explica o secretário de Turismo do Recife, Camilo Simões. De acordo com o secretário, a permanência média do turista no Estado é de 7 a 8 dias, se estendendo um pouco mais no período de Carnaval. Ele comemora o crescimento médio anual de 6% de turistas vindos à capital pernambucana nos últimos anos. RURAL. Ancorados no turista pernambucano, os hotéis e pousadas que atuam no segmento do turismo ecológico e rural também despontam num cenário favorável. Enquanto o viajante inter- nacional tem apostado em destinos no Brasil, há uma tendência de aumentar a prática do turismo regional. “O setor tem uma perspectiva de melhoria do fluxo de turistas de lazer. Quem trabalha com o turismo de negócios, que é forte em Gravatá, por exemplo, está sofrendo com o desaquecimento do mercado”, aponta Eduardo Cavalcanti, diretor do Portal de Gravatá e vice-presidente da ABIH-PE. A associação tem trabalhado para o lançamento de uma campanha de marketing em alguns destinos emissores no exterior, mas segue com o foco no público nordestino, que é responsável pela maior fatia na ocupação hoteleira pernambucana. hub Estudo avalia infraestrutura dos aeroportos A Foto: Carlos Pantaleão Para a Consultoria Arup, todos os candidatos necessitam de investimentos para ser uma central de conexões consultoria Arup finalizou uma nova pesquisa para fundamentar a decisão da Latam sobre a escolha da cidade que sediará o hub no Nordeste. Foram avaliadas as infraestruturas dos três aeroportos que estão na disputa. Como nenhum tem características de um terminal de conexões, todos precisariam de investimentos para adaptação. Para atender as demandas do estudo, o Aeroporto Internacional dos Guararapes precisará da liberação da área hoje ocupada pela base militar. Para o secretário de Turismo de Pernambuco Felipe Carreras, tanto RECIFE. HUB DEMANDARÁ A CONSTRUÇÃO DE UM NOVO TERMINAL DE PASSAGEIROS o estudo da Arup, quanto a publicação da Oxford (que avaliou o impacto Carreras se disse convicto que o te) também tiveram recomendações de econômico) indicam que o Recife tem hub virá para a capital pernambucana expansão e a construção de um píer em condições para receber o investimento e que acredita que a decisão da Latam continuidade às infraestruturas atuais. da Latam. “A Arup, que tem expertise será técnica. Mas indicou que o adia- Independente de qual for a escolha da internacional em infraestrutura, in- mento da formalização da liberação multinacional do setor de aviação, o fidicou que o nosso aeroporto poderá dessa área militar preocupa. “Se em nanciamento dos recursos necessários receber o hub, mediante a liberação algumas semanas esse anúncio não para a construção ou adaptação desses da área da base aeronáutica. Isso já foi estiver no papel, corremos o risco de terminais aéreos está assegurada pelo sinalizado pelo Governo Federal, mas não receber o investimento. Daí po- Banco do Nordeste, Sudene e BNDES. precisa agora ser formalizado. Isso é deremos avaliar que houve alguma A Arup estima que a cidade que for necessário para passar segurança para retaliação política ao Estado”, afirma. contemplada com o hub receberá dois os investidores. Fizemos nosso dever Os demais terminais que estão na milhões de passageiros adicionais já a de casa”, conta o secretário, que par- disputa pelo hub, o Aeroporto Pinto partir de 2018. A projeção é que o núticipou da reunião com a multinacional Martins (em Fortaleza) e o Aeroporto mero de passageiros movimentados que divulgou o resultado das pesquisas. de Natal (em São Gonçalo do Amaran- em 2038 seja de 3,2 milhões. Algomais • Novembro/2015 19 lazer Portal de Gravatá celebra 30 anos investindo Tradicional empreendimento do Agreste amplia sua infraestrutura e diversifica a oferta de hospedagens D a ideia de criar um clube de campo, aproveitando o charme e o frio do Agreste pernambucano, nasceu há 30 anos o Portal de Gravatá. Hoje com 352 leitos e capacidade de receber até 1,1 mil pessoas em eventos, o empreendimento segue fazendo investimentos. Os mais recentes são a construção de casas de alto padrão dentro do terreno do hotel e a ampliação do centro de convenções e da área de lazer. Liderados pelo doutor Waldyr Cavalcanti e seus filhos no início de 1985, o Portal de Gravatá começou com 41 apartamentos e desde o início com uma infraestrutura que incluía fazenda com animais. Já nos anos 90, começaram a ser construídos apart hotéis dentro do hotel, que foram rapidamente vendidos. Com mais de 200 flats já entregues, a nova aposta dentro desse segmento é a construção de casas de alto padrão. “Neste ano comemorativo, o Portal de Gravatá está entregando as oito primeiras casas de seu novo empreendimento: um conjunto de 18 casas de alto padrão, com cinco suítes, varanda gourmet e piscina privativa”, diz o diretor Eduardo Cavalcanti. Além de surfar no interesse dos brasileiros no turismo rural e ecológico, a movimentação do hotel seguiu também a tendência pernambucana de crescimento do turismo de eventos e negócios. Para isso, o Portal dispõe de 800 metros quadrados distribuídos em um salão com capacidade para 600 lugares e 13 salas de apoio para encontros menores. No plano de investimentos está a construção de mais duas salas para 300 pessoas e a cobertura do pátio de eventos. Além do 20 Algomais • Novembro/2015 CRESCIMENTO. HOTEL TEM CAPACIDADE DE RECEBER MAIS DE MIL VISITANTES EM EVENTOS LUXO. UMA DAS APOSTAS DO PORTAL É A COMERCIALIZAÇÃO DE CASAS DE ALTO PADRÃO público corporativo, eventos como passeios pedagógicos, encontros de grupos da terceira idade e formaturas também são realizados no hotel. COMEMORAÇÃO. Para comemorar as três décadas de operação, o Portal de Gravatá tem uma programação festiva ao longo do ano, que começou em junho, mês da sua inauguração. Exposição de fotos antigas do hotel e de suas marcas, jantar para os funcionários, com palestra motivacional, e festa com condôminos já marcaram o calendário do ano. No segundo semestre, novas comemorações com foco nos fornecedores e investidores estão nos planos. Algomais • Novembro/2015 21 pesquisa Menos dívida, mais produtividade Empresas se preocupam com endividamento dos seus funcionários, mas poucas oferecem educação financeira P or que uma organização se preocuparia com a maneira como seus empregados administram suas finanças pessoais? Na verdade, por vários motivos, a começar por manter uma boa performance da produtividade. Um funcionário endividado, por exemplo, perde a concentração no trabalho, tende a ficar mais estressado e faz mais pressão por aumento de salário. Também tem mais propensão a procurar trabalhos extras, levando-o a dividir sua atenção entre os compromissos com empresa e as novas tarefas. “Não é fácil trabalhar com o cartão de crédito vencido, filho pedindo dinheiro para pagar o passeio na escola, ter que fazer compra no supermercado e enfrentar os credores ligando”, detalha Georgina Santos, consultora especializada em gestão financeira e sócia da consultoria ÁgilisRH. Empresários e executivos de Pernambuco já estão atentos a esse problema, que tende a ficar mais evidente em tempos de instabilidade econômica. Foi o que constatou a mais recente pesquisa do Termômetro ÁgilisRH, a sondagem periódica realizada pela consultoria ÁgilisRH com sócios, gestores e profissionais de recursos humanos de empresas pernambucanas. Esta edição teve como tema Finanças pessoais em momentos de crise. Das 138 pessoas que responderam à enquete, 92,8% acham que o assunto deve ser um ponto de cuidado das organizações. Embora constatem a importância do tema, as empresas, no entanto, ainda não atentaram para os reflexos da conjuntura econômica na vida de seus funcionários. Metade dos entrevistados disseram que os gerentes de sua organização não têm percebido o impacto da crise nas finanças pessoais das equipes, nem sua repercussão na produtividade. “Talvez os gerentes ainda não tenham consciência do quanto a situação eco- IMPACTO. GEORGINA: "UM FUNCIONÁRIO ENDIVIDADO TENDE A SER MENOS CONCENTRADO E FAZ MAIS PRESSÃO POR AUMENTO SALARIAL" 22 Algomais • Novembro/2015 nômica interfere no desempenho do profissional”, analisa Eline Nascimento, consultora especializada em recursos humanos e também sócia da ÁgilisRH. Outro aspecto mostrado pela pesquisa é o fato de os gestores terem uma atuação ainda tímida para auxiliar os funcionários a resolverem seus problemas financeiros ou para preveni-los da inadimplência. Quando inquiridos sobre que medidas podem auxiliar os profissionais de forma mais eficaz, apenas 24,6% responderam orientá-los de maneira personalizada a elaborar o orçamento doméstico. A maioria optou por ações mais generalizadas como discutir com a equipe os impactos da crise e preveni-los sobre as possíveis dificuldades da empresa. “Orientar o profissional de maneira individualizada dá trabalho, mas traz um benefício enorme”, recomenda Eline. Para Georgina, o resultado da pesquisa revela que os gestores estão preocupados com a questão, mas ainda existe um certo tabu de que não se pode interferir na maneira como o profissional administra as finanças pessoais. “Muitos gestores desconhecem que faz parte do seu papel orientar o funcionário sobre os riscos do endividamento, o que não significa proibi-lo de gastar”, diferencia. Tal questão também se reflete na ausência de políticas de treinamento de RH com esse foco. Quando perguntados sobre quais as ações que a empresa vem fazendo para apoiar os profissionais neste quesito, apenas 6,1% responderam que o RH da organização promove treinamento sobre orçamento doméstico. “O RH pode ajudar muito, não precisa ser um especialista em finanças para orientar”, desmistifica Eline. A pesquisa revelou ainda que 19,4% optaram por estabelecer convênios para empréstimo consignado e 20% oferecem empréstimo direto. Ambas as medidas não são referendadas pelas consultoras. Por um simples motivo: essas ações não combatem as causas que levam a pessoa a se endividar. “A melhor solução é a orientação, porque o empréstimo elimina a pressão, mas não ajuda a resolver o problema”, adverte Georgina, ressaltando que o empregado pode não pagar a dívida e ficar ainda mais endividado principalmente no momento em que estamos vivendo. “A orientação é mais barata e eficaz”, ar- AUXÍLIO. ELINE: "ORIENTAR O PROFISSIONAL É MAIS EFICAZ QUE CONCEDER EMPRÉSTIMO" gumenta a especialista. Na verdade, é a situação de pressão, que segundo Georgina, leva o indivíduo a ser mais organizado na hora de gastar. Ela compara a situação da pessoa endividada à do tabagista que só para de fumar quando pressionado. Assim, diante de uma conjuntura de crise, a pessoa que não gosta de fazer contas, se vê obrigada a se organizar, a fazer planilhas de despesas e, ao receber educação financeira, passa a administrar melhor seu orçamento. Empréstimo, segundo as consultoras, só é válido para atender um evento imprevisível (como um incêndio ou um adoecimento de um familiar), não para bancar despesas do dia a dia. A prática corporativa mostra que as organizações só têm a ganhar ao oferecer orientação financeira ao seus empregados. Além de ficarem mais concentrados e produtivos, tendem também a ser mais conscientes sobre os gastos no trabalho. “A tendência de um funcionário que cuida das finanças pessoais é fazer o mesmo na empresa, porque cria o hábito de racionalizar as despesas e otimizar os custos. É algo automático”, informa Georgina. E esses tempos de apertar os cintos podem ajudar as organizações a estabelecer um padrão mais racional nos gastos. “É uma oportunidade para que empregados e gestores mantenham a lógica do não gastar desnecessariamente”, ressalta Georgina. Como evitar as dívidas 1 - Coloque no papel todas as despesas no mês e verifique se elas não ultrapassam o total do que você recebe. 2 - Ao usar o cartão de crédito, divida em parcelas apenas as compras que não são rotineiras, como passagens áreas. Evite dividir o consumo do dia a dia, como supermercado, combustível, restaurante, porque quando se parcela o pagamento, fica-se com crédito para gastar mais. Torna-se difícil saber quanto do seu orçamento está comprometido e você pode gastar um dinheiro que não é o seu. 3 - Fazer trabalho extra (os “bicos”) nos horários livres é uma boa forma de aumentar os rendimentos. Mas cuidado para não se sobrecarregar e prejudicar sua atividade principal. 4 - Viva de acordo com o que você ganha. Antes de comprar algo, sob o argumento de que “eu mereço” ou “eu preciso”, faça a sim mesmo a pergunta “eu posso? Essa compra corresponde ao meu padrão financeiro?” 5 - Tenha sempre uma reserva para as eventualidades. 6 - Se está desempregado, saiba que pode ser difícil se recolocar no mercado na vaga almejada. Por isso seja criativo e pense em formas diferentes de ganhar dinheiro que não seja apenas na sua área de atuação Algomais • Novembro/2015 23 negócios Lei de recuperação empresarial completa uma década Especialista em direito comercial, Ivanildo Figueiredo analisa legislação que auxilia empresas a evitar a falência O setor produtivo brasileiro deveria comemorar em 2015 os 10 anos da Lei de Recuperação de Empresas e Falência. No entanto, a instauração da lei não obteve o êxito esperado. De acordo com informações do Instituto Nacional de Recuperação Empresarial, apenas 5% das empresas que pediram recuperação judicial com base na lei 11.101/2005 conseguiram se reerguer. “Essa lei busca um processo judicial de superação da crise das empresas, para evitar a falência. É como uma renegociação forçada da dívida que acontece por meio de processo judicial. No entanto, nesses 10 anos, não houve um sucesso efetivo. Esse é um processo de longo prazo, mas durante todos esses anos poucas empresas conseguiram se reorganizar”, afirma o professor de direito comercial da UFPE, Ivanildo Figueiredo. De acordo com o especialista, a média mundial de recuperação é de 30%, a partir desses processos. Em países vizinhos do Brasil, como a Colômbia, a média é de 20%. Se esse problema já era preocupante nos anos em que o País viveu de crescimento econômico, com a crise e as dificuldades de várias empresas, há uma pres- 24 Algomais • Novembro/2015 PROBLEMA. FIGUEIREDO: EMPRESÁRIO DEMORA A RECORRER À LEI, O QUE TRAZ DIFICULDADE são maior por fazer a lei funcionar. No seminário 10 Anos da Lei 11.101/2005 de Recuperação de Empresas e Falência, que foi realizado em outubro, especialistas de todo o País discutiram as razões e soluções acerca da ineficácia desse marco legal. “Identificamos que o primeiro problema é que as empresas demoram demais para entrar em processo de recuperação. Em geral, só pedem quando não há mais nenhuma alternativa e que a solução já está mais comprometida. Em segundo lugar, há uma recepção muito negativa por parte dos grandes credores. Os bancos dificultam muito a recuperação dessas empresas. Em terceiro, falta estrutura do poder judiciário para lidar com esses casos de recuperação e falência. Há muita burocracia e é muito demorado”, aponta. ECONOMIA JORGE JATOBÁ Lebret e o Recife Economista O padre dominicano Louis Joseph Lebret realizou um Estudo sobre Desenvolvimento e Implantação de Indústrias Interessando a Pernambuco e ao Nordeste, que foi publicado sobre a forma de livro, em 1955, pela então Comissão de Desenvolvimento de Pernambuco (Codepe). Um dos líderes do movimento Economia e Humanismo, Lebret lançava um olhar humano e cristão sobre o debate político-ideológico entre os adeptos do capitalismo e os do socialismo, muito presente na década dos 50 como reflexo da Guerra Fria e dos rumos do desenvolvimento econômico no mundo que emergiu após o final da Segunda Guerra Mundial. A concepção de Lebret repousava na noção de organização do espaço ou de gestão do território dentro da tradição francesa de Aménagement Territoire. A sugestão de Lebret era fortalecer uma rede de cidades tanto no entorno mais próximo quanto longínquo do Recife para filtrar ou mitigar as migrações para a capital de forma a evitar que a cidade atingisse a “monstruosidade de um milhão de habitantes” (p.94). Para o Recife em si Lebret tinha propostas para a economia e para a organização urbana e colocava o porto como estratégico para o desenvolvimento da cidade. [email protected] Lebret argumentava que o Porto do Recife teria que se expandir para o sul, limitado que estava a leste pela cidade e ao norte pela Marinha de Guerra (Escola de Aprendizes Marinheiros). O porto seria de cabotagem, pois não teria condições de receber grandes navios e deveria se expandir ao sul, na direção da bacia do Pina, onde proximamente existia um terreno favorável para acolher um estaleiro naval, tanques de combustíveis e possivelmente uma refinaria. Essa área identificada por Lebret no mapa que acompanha o estudo se situaria hoje por trás do Cais José Estelita, incluindo o Cabanga, território objeto de conflitos de interesse e de polêmicas urbanísticas que tem envolvido amplos setores da opinião pública recifense. Lebret concebia Recife então como uma cidade que deveria se industrializar, inclusive acolhendo empreendimentos pesados como uma refinaria. Essa concepção, por certo, seria hoje objeto de grande questionamento e de severas críticas por planejadores urbanos. Lebret também tinha uma preocupação com a mobilidade pois queria evitar que os trabalhadores se deslocassem grandes distâncias para chegarem ao local de trabalho e, por isso, recomendava que as áreas industriais deveriam ser construídas próximas das residenciais, constatando que no Recife “a descontinuidade é muito grande entre os locais de habitação e de trabalho da população operária” (p.95). A questão da mobilidade já era, portanto, abordada por ele. Sugere assim construir grandes anéis circulares estendendo-os até Olinda até encontrar “a grande estrada” que vai para o norte e que se conecta com a que “vai para o sul”, via de grande densidade de tráfego pela qual rodariam rápidos “trolley-bus” em faixas de 40 metros de largura. Essa era a antevisão de uma Agamenon Magalhães. Assim, Lebret argumenta que a cidade seria descongestionada “porque, de outro modo, se chegaria a uma circulação impossível com tais engarrafamentos por toda parte, que qualquer movimento seria inviável” (p.97). Se Lebret voltasse ao Recife 60 anos depois descobriria que a cidade se tornou monstruosa com 1,6 milhão de habitantes, que se desindustrializou, que sua sugestão para o Cais José Estelita e entorno seria muito polêmica, se não recusada, e que a mobilidade da cidade piorou muito apesar de terem surgido avenidas tipo Agamenon Magalhães. Descobriria também que a refinaria e o estaleiro estariam em Suape onde, de forma visionária, apontou que na “altura do Cabo existe um grande terreno para ser integrado ao Grande Recife” (p. 89). Isso se tornou realidade! Algomais • Novembro/2015 25 educação Valorizar o professor é essencial Depreciação da carreira do magistério espanta os jovens e reduz qualidade da mão-de-obra P rofessor. Uma peça-chave para o funcionamento de qualquer escola que está cada vez mais escassa no Brasil. O assunto foi abordado no evento Pernambuco Desafiado - Educação promovido pela Algomais e pela TGI. Estudos mostram que já faltam no mercado docentes de disciplinas, como física e química. Para agravar esse cenário, poucos jovens sonham com a profissão. Apenas 2% dos candidatos à universidade consideram seguir o ofício do magistério, de acordo com estudo realizado pela Fundação Victor Civita (FVC) em parceria com a Fundação Carlos Chagas (FCC). Na avaliação dos especialistas, uma realidade a ser combatida para salvar o futuro da educação brasileira. As razões que afastam os jovens do magistério são várias. Em seu recém-lançado livro Educação brasileira: uma agenda inadiável, o professor Mozart Sales, diretor do Instituto Ayrton Senna, aponta algumas: baixos salários, baixa prioridade dos cursos de licenciatura nas universidades e condições de trabalho difíceis nas escolas. Mas, ele destaca um pro- 26 Algomais • Novembro/2015 ATRATIVIDADE MOZART NEVES, DIRETOR DO INSTITUTO AYRTON SENNA, AVALIA QUE BAIXOS SALÁRIOS E DESGASTE DA IMAGEM DO PROFESSOR BRASILEIRO AFASTARAM OS JOVENS DOS CURSOS DE LICENCIATURA blema como mais grave: ausência de planos de carreira nas redes de ensino. “No Brasil os professores recebem em média 43% a menos que outros profissionais com a mesma titulação. No início da carreira essa diferença não é muito grande, apenas 11%. O que fica constatado que com o passar do tempo esse profissional fica para trás. Mais urgente que discutir remuneração é repensar um plano de carreira”, defende. O resultado dessa falta de perspectivas profissionais é que o País acumulou um déficit de 250 mil professores nos últimos 20 anos, principalmente em disciplinas como matemática, física e química, segundo dados do Inep. Sem essa mão de obra, o jeitinho brasileiro improvisa professores de uma matéria para cobrir outras nas quais não têm formação. Seis a cada 10 aulas de física das escolas brasileiras são ministradas por docentes que não são formados na disciplina, nem de áreas correlatas. Um dos aspectos da valorização desses profissional está na formação. João Batista Oliveira, doutor em pesquisa em educação e palestrante convidado no evento Pernambuco Desafiado, aponta duas características do docente que interferem no aprendizado. “O professor eficaz domina bem o conteúdo que ensina e também metodologias e técnicas mais efetivas para ensinar. Nos países com melhor desempenho no Pisa (Programa In- ALVO. OLIVEIRA: PROBLEMA É A FORMAÇÃO ternacional de Avaliação de Estudantes) a profissão é prestigiada e os professores normalmente são recrutados entre os jovens mais talentosos”. Em seu livro, Repensando a educação brasileira, ele defende estabelecer padrões elevados para atrair os jovens talentosos. Além de também discutir a questão de rever os planos de carreira, o especialista discorre sobre a urgência de criar políticas adequadas de formação. Para Neves "oxigenar os cursos de licenciatura" - que são na maioria das universidades "o patinho feio" seria uma forma de qualificar a formação. Aproximar a academia dos docentes que estão nas redes de ensino – que trariam “cheiro de escola” - e a maior presença de professores visitantes nesses cursos poderiam dinamizar o ambiente universitário. Ele defende ainda uma reformulação dos currículos das licenciaturas e uma valorização do futuro aluno desses cursos já no ensino médio, onde poderia ser acompanhado e começar a desenvolver trabalhos de pesquisa e de iniciação à docência. Ao lado da estruturação do plano de carreira e da formação acadêmica, uma unanimidade entre os especialistas é sobre a revisão do status profissional. Enquanto a imagem do professor não for reconstruída, o desinteresse dos jovens pela docência tende a continuar. 76501 34050 SHOPPING RIOMAR (81) 3032-3168 • SHOPPING RECIFE (81) 3302-3154 • SHOPPING TACARUNA (81) 3301-7496 • PLAZA SHOPPING (81) 3302-1653 e mais 57 lojas no Brasil. www.sergios.com.br @sergiosformen Algomais • Novembro/2015 27 ensino Muito além das aulas de idioma Cursos de curta duração e programas de estágio são opções para fugir do intercâmbio convencional O domínio de uma língua estrangeira deixou de ser um diferencial e se transformou quase que uma obrigação para ter melhores oportunidades no mercado de trabalho. Realizar um intercâmbio é, então, a sonhada alternativa para garantir a fluência no idioma. Basta observar o crescimento no número de brasileiros que decidiram buscar a vivência em outros países nos últimos 10 anos. Um aumento de 494%, de acordo com dados da Brazilian Educational & Language Travel Association. Mas se engana quem pensa que a experiência no exterior se resume às tradicionais aulas de língua ou mesmo ao High School. Cada vez mais, os intercambistas escolhem opções que fogem ao convencional e aproveitam para incrementar o currículo. "Estudar no exterior é um componente enriquecedor de qualquer programa educacional e transforma a visão do mundo do aluno", avalia o diretor-executivo do centro de educação internacional ABA Global Education, Eduardo Carvalho. Cursos de curta duração em universidades e estágios são algumas das possibilidades para quem passa uma temporada fora. E foi justamente nesse “combo” que o estudante de relações internacionais, Felipe Cavalcanti, 23 anos, decidiu apostar. “Eu já tinha feito High School antes, mas queria algo voltado para a graduação". Depois de muita pesquisa, Felipe encontrou na escola de extensão da American University, em Washington, o curso que 28 Algomais • Novembro/2015 UNIVERSIDADE ARTHUR ( À ESQUERDA, DE BRANCO), ESTUDOU EM HARVARD QUANDO AINDA CURSAVA O ENSINO MÉDIO NO BRASIL se enquadrava nas expectativas dele. O programa, de um semestre, aliava teoria à prática. Três vezes por semana, Felipe tinha aulas sobre economia global e negócio em importantes organizações como o FMI e a Bolsa de Nova York. Nos outros dois dias, era a vez do estudante testar os conhecimentos aprendidos em um estágio. Será que mais um intercâmbio valeu a pena? “Foi quando abri os olhos para o que eu realmente queria fazer profissionalmente." Para Arthur Danzi, 18, o contato com pessoas de nacionalidades e culturas diferentes foi a experiência mais significativa do intercâmbio. Escolher esse tópico dentre tantos outros vividos, no entanto, não deve ter sido fácil. Principalmente, quando se adiciona o fato de ele ter estudado na poderosa Harvard, uma das mais conceituadas universidades do mundo. Hoje estudante de direito, Arthur embarcou rumo aos Estados Unidos quando ainda cursava o segundo ano ensino médio. “Como estava perto o Enem e do SSA não dava para fazer um intercâmbio de seis meses ou um ano.” A alternativa, então, foi procurar um curso de curta duração e para encontrar o ideal, Arthur buscou ajuda de uma consultoria de intercâmbios. “A partir do interesse do aluno, fazemos um trabalho de pesquisa para identificar qual programa melhor se encaixa nos objetivos dele", explica a coordenadora da GlobEducar, Danyelle Ma- rina. O centro de educação e carreira, que pertence a ABA, é cerificado com o Education USA, uma selo oficial do governo americano para informações sobre estudos nos EUA. Encontrada a oportunidade, é preciso preparar o material necessário para o processo seletivo. “No caso de Harvard, o estudante precisa submeter à nota do exame de inglês, fazer uma redação, enviar uma carta de recomendação, além de preencher um for- DANYELLE. GLOBEDUCAR AJUDA ESTUDANTES NA BUSCA POR OPÇÕES DE INTERCÂMBIO mulário”, detalha Danyelle. Com tudo aprovado, Arthur seguiu para Harvard e, assim, foram dois meses (julho/agosto) frequentando as disciplinas de direito e relações internacionais. Segundo o estudante, as aulas ainda ajudaram a decidir sobre a futura profissão. “Na época, eu pensava em cursar uma das duas graduações e depois do intercâmbio, voltei um pouco mais certo em fazer direito." Ao buscar por informações sobre intercâmbio, é possível encontrar modalidades ainda mais diversas. Viajar para realizar trabalho voluntário é uma dessas. Uma boa opção para economizar. “Em geral, tem um custo mais baixo, pois o aluno não paga pelo programa em si e, normalmente, não gasta com a acomodação”, coloca Danyelle. Nos portfólios das agências ainda há espaço para os mais ousados. Que tal umas aulinhas de golfe ou mesmo de futebol enquanto estiver no exterior? Esses são alguns dos esportes dentre tantos outros oferecidos para quem faz intercâmbio. A VEZ DOS ADULTOS. As variações de intercâmbio, no entanto, não ficam restritas às novas modalidades de cursos. O público também passou por transformações. Se no passado os programas no exterior eram relacionados apenas aos jovens, hoje os adultos também buscam essa experiência. “É uma geração que não teve a oportunidade de fazer um High School antes. Em geral, eles vão depois dos filhos criados, quando se sentem no direito de achar que é a hora”, relata a diretora da agência de intercâmbio Experimento, Carolina Vieira. É o caso do consultor de empresas Antônio Jorge Araújo, 61. Depois do filho, chegou a vez dele de aproveitar uma temporada fora. “É uma pausa, um momento de desenvolvimento pessoal e profissional”, espera. No final do mês passado, ele desembarcou em Adelaide, na Austrália, onde permanecerá por cerca de três meses. E no fluxo da nova tendência de intercâmbio, também vai utilizar a estadia em outro país para, além do aperfeiçoar o inglês, adquirir novos conhecimentos. Um curso no Instituto de Governança da Austrália (AICD) foi a opção de Antônio Jorge, que coordena em Pernambuco uma instituição semelhante. Mas conseguir conciliar o sonho de fazer um intercâmbio com o trabalho não foi fácil. “É uma decisão que eu venho amadurecendo há algum tempo. Foi algo que precisou ser bem planejado com a minha família e a equipe da minha empresa.” Mesmo com essa mudança na rotina, assim como a maioria dos adultos, Antônio Jorge não pode se distanciar completamente do trabalho. Ele está apostando, então, em reuniões via internet para continuar acompanhando a empresa, enquanto estiver em terras australianas. Leia Mais. No site www.revistaalgomais. com.br traz opções para fazer intercâmbio mesmo em período de crise Algomais • Novembro/2015 29 tecnologia Alunos vencem disputa de robótica Equipe de escola municipal da capital desbancou 39 concorrentes em olímpida científica nacional Recife emPauta S e no passado, os colégios se limitavam às tradicionais disciplinas, como matemática e português, hoje a grade curricular está bem mais diversa. Exemplo disso são as aulas de robótica implantadas na rede de ensino da Prefeitura do Recife e que já vêm mostrando resultado. No início deste mês, alunos do 9º ano da Escola Municipal Rodolfo Aureliano foram os campeões da Olimpíada Brasileira de Robótica (OBR), realizada em Minas Gerais. O resultado ainda garantiu a participação de mais uma disputa, agora internacional. Para trazer o título para Pernambuco, Maryllia Félix, Emerson Almeida e Gabriel Loreiro, todos de 14 anos, projetaram um robozinho com peças encaixáveis de Lego. O LK, como é chamado, simula o trabalho de um carro de resgaste e teve de passar por vários obstáculos para conseguir a vitória. Com cerca de um mês e meio de existência, o protótipo “derrubou” 39 adversários de escolas públicas e particulares de todo o País, garantindo, assim, o primeiro lugar na disputa. 30 Algomais • Novembro/2015 CAMPEÕES RYAN, MARYLLIA, GABRIEL E ANDERSON DESENVOLVERAM PROTÓTIPO COM LEGO Os robôs deveriam percorrer um circuito cheio de manobras, lombadas e até redutores de velocidade, com o objetivo de resgatar “vítimas” (bolinhas de isopor). No tempo estipulado de 8 minutos, 5 delas foram recuperadas pelo LK. As outras engenhocas, por sua vez, acabaram caindo em “armadilhas” e não conseguiram fazer o salvamento. Qual a principal “tecnologia” utilizada pelos criadores do LK? “Nós nos dedicamos demais. Durante os dias da competição ficamos sem dormir, treinando e pensando em soluções”, conta Maryllia. E, é claro, foi preciso pôr em prática conhecimentos de física e matemática, aprendidos em sala de aula. Maryllia ficou responsável pela DIDÁTICA. DESDE A CRECHE, ALUNOS DA REDE MUNICIPAL TÊM CONTATO COM OS ROBÔS parte estratégica, enquanto Emerson se encarregava de montar e Gabriel programou o equipamento. A equipe ainda contou com a colaboração de Ryan Vinícius Morais, 14 anos, da Escola Municipal Arraial Novo do Bom Jesus. O estudante atuou como um monitor e ajudou os professores de matemática Juliana Borges e Cid Espíndola a treinar os colegas do Rodolfo Aureliano. Graças a sua participação na olímpiada mundial de robótica, no ano passado, na Rússia, Ryan ganhou experiência e pôde transmiti-la ao trio. DIDÁTICA. A preparação de todos eles aconteceu na Unidade de Tecnologia de Educação (Utec) Gregório Bezerra, na Várzea. No centro avançado de informática, os estudantes aprendem sobre velocidade, atrito, potência para poder utilizá-los na hora de montar o protótipo. “Muitos dos conceitos que aprendemos lá, ainda não vimos na sala de aula. Isso desperta o interesse e faz com que tenhamos um desempenho melhor na escola”, afirma Ryan. Com a vitória em Minas Gerais, os estudantes seguem no próximo ano rumo a Alemanha para participar da Robcup. “É nossa primeira vez e estamos muito felizes com o resultado. Agora, vamos nos preparar para fazer bonito lá fora”, espera Maryllia. Antes da viagem internacional, no entanto, uma nova parada, desta vez em Natal. Na cidade, o grupo vai participar da Fist Lego League no final deste mês. Com outros obstáculos a serem vencidos, o LK vai precisar passar por adaptações e os alunos terão mais trabalho pela frente. Até a competição, os estudantes continuam se preparando na Utec. O curso no centro é complementado com aulas nos colégios, que mesclam o ensino das matérias tradicionais com o ensino de robótica. Iniciada no ano passado, a didática faz parte do Programa Robótica na Escola e é aplicada para estudantes da creche ao 9º ano do ensino fundamental. “Os professores trabalham conciliando o conteúdo de sala de aula com a perspectiva da robótica. Então, os conceitos são aplicados de forma experimental para que o aluno possa fazer uma contextualização do que foi aprendido”, explica um dos coordenadores do programa, Cid Espíndola. Os kits e a metodologia Lego são, assim, aplicados em matérias como física, matemática, português e geografia. Os estudantes ainda têm contato com robôs humanoides quando vão a aulas no Centro de Tecnologia na Educação e Cidadania (Cetec) ou em eventos promovidos pela Secretaria Executiva de Tecnologia na Educação. Para colocar o projeto em prática e preparar os professores, a Prefeitura do Recife já investiu cerca de R$ 32 milhões. Além do resultado na OBR, o programa vem colhendo outros frutos. Na Campus Party deste ano, robôs humanoides programados pelos alunos fizeram a abertura do evento. Ainda em 2014, quando o Robótica na Escola foi implantado, uma equipe do 9º ano da Escola Municipal de Tempo Integral (EMTI) Dom Bosco venceu a etapa regional da olimpíada e pôde disputar a etapa nacional em São Paulo. Algomais • Novembro/2015 31 algomais Revista tem novo site Leitor poderá conferir todas as edições em modo flip. Retorno da Olhar Cristão é uma das novidades A tenta às necessidades de um mundo cada vez mais tecnológico, a Algomais estreou uma nova versão do seu site neste mês. A página está recheada de novidades e muito mais interativa. Através do www.revistaalgomais.com. br, os leitores têm acesso a um conteúdo exclusivo e constantemente atualizado. “Temos que estar antenados com esta área de tecnologia. Antes o site era mais institucional e agora passou a ser muito mais dinâmico”, analisa o diretor-executivo, Sérgio Moury. Com o “upgrade”, o endereço eletrônico ganhou novas seções e um design moderno. Além da edição totalmente digitalizada da revista, o público também poderá ler matérias inéditas. Na página inicial, recebem destaque os conteúdos exclusivos, complementos de matérias da versão impressa e novidades sobre a agenda cultural pernambucana. Os colunistas e as publicações especiais também estão em evidência. “O projeto desde o início foi pensado e discutido com a equipe de redação da revista. Um dos pontos levados em consideração foi trazer algo fora do comum na diagramação e disposição dos elementos na home”, destaca Juan Ropero, diretor criativo da Rubro Studio, empresa responsável pela reformulação do site. A revista chega às principais redes sociais. As notícias são chamadas no Twitter, Instagram e Facebook e os links das matérias direcionam para o site. Já aprovada por 97% do seu público, Algomais promete atingir ainda mais leitores com a reformulação do site. Uma boa notícia para os que moram fora de Pernambuco. 32 Algomais • Novembro/2015 Ano 2- nº 11 - Out/N ov 2015 - Olhar Cristão www.revis taolh arcristao.co pe rn am m.br bu co MEMÓRIA Conheça trajetóri a a reverend do o Jerônim o Gueir os R$ 8,00 COMO A ENFRENTA IGREJA A CRISE Cenário de bate na insatisfação po porta das lític igrejas e a e desequilíbrio demand a ampar econômico o aos fiéi s OlharCri stão • mar /abr/201 5 1 “Nós temos uma demanda grande de pessoas que nos procuram para ler a revista, inclusive de outros Estados e até países. Como há uma limitação na tiragem, estamos, então, disponibilizando o conteúdo online para atingir essa público”, coloca Moury. O site ainda foi pensado para a versão mobile. A página segue, então, o conceito de design responsivo, ou seja, que se adapta às dimensões da tela de celular e tablet. A qualida- de do flip (versão em PDF da revista) também foi aprimorada. “Agora, o leitor também pode selecionar, cortar e gravar qualquer matéria, além de pesquisar”, explica o gerente de TI, Alexandre Motta. Outra novidade é a volta da Olhar Cristão. A revista propõe o debate sobre o mundo cristão, além de analisar o papel da igreja na contemporaneidade. Lançada em 2013, a publicação passou a ser um veículo de circulação digital em outubro deste ano. Pelo site, ainda é possível ter acesso a conteúdos atualizados constantemente no blog da Olhar Cristão. O mesmo acontece com a Algomais Saúde, que também tem sua versão em PDF disponível. Com todas essas novidades, a expectativa é ampliar a quantidade de acessos. Assim, os espaços disponíveis para publicidade também ganham destaque. “O site será divulgado através do Google e do Facebook. Então, quem quer anunciar vai ter como ferramenta o que há de mais atual”, acrescenta Motta. GESTÃO MAIS TGI CONSULTORIA EM GESTÃO Ouvir é tão importante quanto falar www.tgi.com.br É muito comum no dia a dia da gestão empresarial que se valorize a capacidade de falar bem, principalmente quando se é líder. Ao mesmo tempo, tão importante quanto a competência no discurso é a habilidade de ouvir adequadamente o que os liderados têm a dizer. Também é compreensível que as pessoas se preocupem mais com o que vão falar do que com o que vão ouvir já que a fala pressupõe algum nível de exposição e, portanto, exige uma preparação anterior. Mas a escuta é vital e, segundo o escritor alemão Goethe, “escutar é uma arte”. No cotidiano da gestão observa-se que é a partir da escuta do outro que os gestores conseguem melhorar a qualidade da sua atuação, mobilizando o grupo em torno de questões importantes e colocando-se disponível para receber a participação coletiva. Quanto mais importante for o tema, mais se faz necessário que o gestor esteja disponível para ouvir a opinião das pessoas da equipe. Quando se consegue, de fato, qualidade de diálogo, há dois efeitos positivos. Primeiro, o envolvimento das pessoas na situação-problema ou na tentativa de sua solução e, segundo, mostra às pessoas que a empresa/organização valoriza sua opinião. E esse é um importante atestado de reconhecimento muito útil, especialmente em períodos de crise como o que vivemos. DICAS 1. Tente ouvir sem ideias preconcebidas, convicções prévias ou julgamentos de valor 2. Evite interromper enquanto o outro fala, isso atrapalha a argumentação e demonstra que a disposição para a escuta não é tão grande assim 3. Por mais ocupado que seja, deixe o celular e o computador de lado por um momento e ouça. Se não pode fazê-lo, avise e peça desculpas 4. Um bom diálogo pode acontecer em momentos formais, como em reuniões, mas também em situações informais, como em uma conversa no momento do “cafezinho”, por exemplo. O clima informal permite o aparecimento de coisas que dificilmente seriam faladas em outra situação 5. Desenvolva sua capacidade de fazer boas perguntas como, por exemplo, aquelas que não se respondem com um mero “sim” ou “não”, mas que estimulam a explicitação de ideias próprias, posicionamentos ou outros conteúdos subjetivos Algomais • Novembro/2015 33 algomais visita Terra de músicos e de belas cachoeiras Maestro Mozart Vieira mostra que Belo Jardim, além de ter vocação musical, possui uma natureza digna de um passeio Wanessa Campos, especial para Algomais É pau, é pedra, é um resto de toco... Só não é o fim do caminho, como na música de Tom Jobim, mas a estrada “carroçável” leva para as Espalhadeiras, um belo horizonte na zona rural da cidade de Belo Jardim, a 12 km do Centro, indo pela PE-166. O lugar, um verdadeiro Éden, foi indicado pelo maestro Mozart Vieira, professor de música e criador da Orquestra Meninos de São Caetano, que vai ser nosso cicerone nesse passeio. Ele recomenda levar máquina fotográfica para registrar as belezas naturais que provocam exclamações em vários tons. As Espalhadeiras são corredeiras formadas por diversos riachos que convergem para determinado ponto e, de repente, dividem-se formando diversas piscinas, quedas d´água e bicas, para deleite do visitante. Um lugar perfeito para relaxar, curtir a natureza, ouvir o barulho da água batendo nas pedras. Ali, qualquer estresse vai embora. E, para completar, a pousada rústica de seu Irineu Chaves, com 15 leitos e cardápio regionalíssimo: arrumadinho, bisteca, peixe frito, de água doce, galinha de capoeira e cerveja gelada. Perfeito para um fim de semana, um dia no campo ou, ainda, para turismo ecológico a pé ou de moto, como curtem os mochileiros. São comuns os voos rasantes das borboletas. 34 Algomais • Novembro/2015 FUNDAÇÃO O MUNICÍPIO NASCEU EM TORNO DE DUAS ÁRVORES CONHECIDAS COMO TAMBOR, MAS HOJE RESTA APENAS UMA DELAS Com esse cenário, percebe-se porque Belo Jardim é preferido para o turismo aventura, trilhas, rapel, campeonatos de moto e jet ski nas barragens. O município é privilegiado em recursos naturais: as barragens Bitury, Piedade e Pedro Moura; as cachoeiras Tira Teima, Grutião, Bitury e a dos Caboclos, além dos rios Bitury e Tabocas. O maestro Mozart recomenda um pit stop no Distrito da Serra dos Ventos, com 10 mil habitantes, ruas largas e limpas, uma igrejinha secular, que fica de costas para as casas, mirando as serras. Nas proximidades está a Comedoria Serra dos Ventos e o restaurante Águas de Março, ofere- ATRAÇÕES AS ESPALHADEIRAS (D) SÃO CORREDEIRAS QUE FORMAM PISCINAS E QUEDAS D´ÁGUA. ABAIXO A IGREJA QUE FICA DE COSTAS PARA A CIDADE E DE FRENTE PARA A SERRA cendo comidas típicas: tilápia e xerém com galinha entre outras. Casarões do século 20, preservados, predominam. Num deles está o atelier da artista plástica Ana Veloso. Para os contemplativos existem dois mirantes: Robinho e Leônidas com, respectivamente, 1,5 mil e 1,7 mil metros de altitude, de onde se avistam as cidades de São Bento do Una, Lajedo, Cachoeirinha, São Caetano e Tacaimbó, todas no Agreste. Uma das características da serra é a alta produção de confecções, especialmente jeans, para o comércio da região. O vaivém das toyotas e vans se deve, também, a esse comércio. Indo, agora, em direção à cidade pela BR-232, são vistos bonecos gigantes de agricultores e duas cabeças de cangaceiros, como se estivessem dando boas-vindas ao turista. Por trás, vemos a loja de artesanato Tareco e Mariola. Trabalhos em madeira, palha, corda, barro, bordados etc., tudo feito por artesãos locais. Belo Jardim, a 180 km do Recife, no Agreste Setentrional, com 80 mil habitantes, é uma das cidades mais progressistas de Pernambuco com seu comércio e indústria, a exemplo das Baterias Moura, Palmeiron, Frango Natto e os biscoitos Tareco e Mariola, que fazem sucesso em todo interior do Estado. Belo Jardim ficou conhecida como a Terra dos Músicos, devido à vocação artística dos belo-jardinenses, sobretudo para as bandas de música. A Sociedade Cultural Filarmônica São Sebastião, por exemplo, foi fundada em 1887, antes do Brasil República. O maestro Mozart conta um episódio que ficou na história. Em 1963, as bandas rivais, Filarmônica e Cultura, disputavam para encerrar uma festa de rua e nenhuma parava de tocar na esperança que a concorrente cansasse primeiro. Ambas não quiserem recuar e tocaram durante 15 horas seguidas. A solução foi dada pelo juiz, juntamente com o delegado e o promotor: retiraram os músicos de cena um a um, até o último... Nessa cidade nasceram músicos famosos como o cantor Otto, que fez parte do movimento Mangue Beat. A tendência dos belo-jardinenses para a música vem desde o século 19, quando foram formadas as primeiras bandas na Vila de Nossa Senhora da Conceição, passando a tradição de pai para filho. O maestro Mozart, criador da Orquestra dos Meninos de São Caetano, e que já se organiza para realizar o mesmo trabalho em Belo Jardim, é um exemplo. MARCO ZERO. Em 1853, a cidade era uma fazenda de gado pertencente ao Distrito de Jurema que, por sua vez, fazia parte de Brejo da Madre de Deus. A fazenda cresceu e os moradores, movidos pelo sentimento religioso, construíram uma capelinha em louvor a Nossa Senhora do Bom Conselho. Periodicamente, um padre vinha celebrar missas e, numa das vezes, as flores plantadas ao redor de duas árvores, conhecidas como tambor, chamaram sua atenção. O padre exclamou: "Que belo jardim!", batizando, dessa forma, o lugar que antes era chamado Capim. A árvore tambor é nativa, típica das matas do Pará, Acre, Mato Grosso e Pernambuco. Frondosa e sem cheiro, cresce até 20 metros de altura, tem maAlgomais • Novembro/2015 35 deira leve e se presta bem à fabricação de brinquedos e canoas. É conhecida, também, como tamboril ou orelha de negro. Hoje, 162 anos depois, apenas uma das árvores ainda está de pé no meio da rua, protegida por um canteiro com jeito de praça. O bairro recebeu o nome de Tambor. Ou seja, essa árvore é o Marco Zero de Belo Jardim. FESTAS. Nosso cicerone destaca, também, o lado festivo e tradicional da cidade, a exemplo da Festa Marocas, inspirada na novela Redenção dos anos 70. Ela é realizada no mês de julho, na Rua Siqueira Campos. Ciranda, coco de roda, encontro de sanfoneiros, xaxado, e as catraias (homens vestidos de mulher), além de cantores famosos, fazem a alegria da festa que dura seis dias. Uma das características desse evento é reunir os conterrâneos que moram em ou- Um maestro descobridor de talentos Arlindo Mozart Vieira do Nascimento é músico de formação. Nascido numa família de músicos, seu nome foi escolhido em homenagem ao compositor austríaco. Aos 4 anos já tocava nas feiras livres. Estudou no Conservatório Pernambucano de Música e aprimorou seu talento, na França, frequentando cursos. Ampliou seus conhecimentos de teoria musical e prática instrumental. Tem pós-graduação na área e, também, em matemática. De volta a sua cidade, em 1978, o maestro resolveu trabalhar com crianças carentes, da vizinha cidade de São Caetano, ensinando flauta doce. Idealizou e criou a Banda Meninos de São Caetano e a Fundação Música e Vida. Os 12 meninos trocaram o cabo da enxada pela flauta. Em 1978, criou o Grupo de Flauta Doce e de Danças Folclóricas e, 9 anos depois, estava criada a Ban36 Algomais • Novembro/2015 ARQUITETURA. CASARIOS ANTIGOS FAZEM PARTE DO CENÁRIO DA CIDADE DO AGRESTE tras cidades numa grande confraternização. A festa foi considerada patrimônio imaterial de Pernambuco pelo governo do Estado. São, ainda, tradicionais, as festas de São Sebastião, São João e Carnaval. A cidade oferece bons hotéis e restaurantes. Entre eles: Hotel Asa Branca, Accon, Jardim, Lux e Plaza, e os restaurantes: Sabor das Artes, Maria Comedoria, Cuba Libre, Boa Massa Pizzaria e Churrascaria Asa Branca. de Creon, na França, e foi condecorado em Bordeaux e Gironde, também na França. Além disso, coleciona moções de aplausos, medalhas e troféus de várias cidades. Atualmente, leciona licenciatura em música (criação dele) e violão, no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Campus da UFPE de Belo Jardim, a 150 crianças e adolescentes com idades de 6 a 18 anos. Pretende PROJETO. MOZART ENSINA MÚSICA A CRIANÇAS CARENTES introduzir o Curso de Extensão em Música no da dos Meninos de São Caetano. O mesmo local. Rege a Orquestra de Píprojeto foi desdobrado e surgiu a fanos de Caruaru. Mozart foi quem fez Fundação Música e Vida de São Cae- o primeiro arranjo musical para Rotano, que foi sucesso, extrapolando berto Carlos. os limites do Estado. Os Meninos de Mozart Vieira é comunicativo e São Caetano, bem como a trajetó- sensível como todo libriano. Receria do maestro, foram retratados no beu a equipe de Algomais tocando cinema. A dedicação e o trabalho violão e cantando Quem me levará de Mozart Vieira são reconhecidos sou eu, de Dominguinhos. Um show também no exterior. Recebeu o tí- fechado que aplaudimos emocionatulo de Cidadão Honorário da cidade dos numa bela manhã de setembro. ARTIGO DO MÊS GILBERTO MARQUES A vergonha de ser honesto Advogado Q uem não tiver pecado atire a primeira pedra” teria fustigado Cristo aos algozes de Madalena. Sobrou pedra nos alforjes. Jesus era mundano, andarilho, festeiro. Essencialmente político, grandes e pequenos comícios se repetiram na breve trajetória do filho de Maria. De parábola em parábola, de operações aritméticas que multiplicaram pão e peixe, água virar vinho, Lázaro ressurgir dos mortos com o: Levanta-te e anda. Fez histórias. Na Grécia o apetite capitalista do Rei, criou Midas o personagem que tocava de ouro o que tocava. A monarquia sucumbiu às formas republicanas que a Grécia sugeriu na antiguidade. Os líderes republicanos sucumbiram ao pé do monarca todo poderoso. Napoleão se fez imperador. O rei e a rainha, o príncipe e a princesa permaneceram incrustados no inconsciente coletivo. A memória genética, do servo ou cortesão, deu asa à mantença do sangue azul. Mera ficção, passe de mágica, propaganda enganosa! A tecnologia primária deu forma ao palácio, às pirâmides, ao coliseu. Mas o homem da Nave Espacial não passou do voo de Ícaro. O coito, nu e cru, acirra o crescimento demográfico sem freio e a terra fica pequena a cada dia. As fronteiras do passado foram rompidas pela espionagem cibernética. O império da lei de vigência “erga omnes” desafia o “big brother” das calçadas, esquinas e avenidas. O crime floresce nos bastidores e a fortuna de Eufrásia, herdeira ricaça do café. Plantado, colhido e pisoteado junto com escravos negros em São Paulo. O mestre Rui levara a D. Pedro II uma verba a título de aposentadoria. Compulsória após o “grito de 1889”. Teria dito o monarca deposto pela República: “a nação brasileira precisa mais desse dinheiro que eu”. E devolveu as bolsas milionárias ao portador. Óbvio que não daria recibo o imperador, nem lhe seria cobrado. Coincidência ou não, ao voltar construiu o museu com seu nome. Pomposa mansão que até hoje abriga seus pertences e sua história. O nosso Rui se pecou assim o fez em nome da vaidosa lição que deixaria na herança literária. Valeu. Joaquim voou nas asas do amor, na cidade dos artistas, antes da torre Eiffel. Voltava mais eloquente na luta pela libertação. Ambos poderiam dizer hoje. Semeia-se no coração das gerações que vem nascendo a semente da podridão... “De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto." (Rui Barbosa, no Senado, em 17 /12/1914). A multidão berra, grita, reclama e fica nisso. Pouco depois volta ao erro e elege coisa igual. riqueza fica vã e passageira, mas encanta os olhos, suja as mãos e o currículo com frequência. A reputação perde a primeira e última sílaba facilmente. E o rei é o rei enquanto pode. A multidão berra, grita, reclama e fica nisso. Pouco depois volta ao erro e elege coisa igual. E o pecado. invocado no holocausto de Cristo, volta a infernizar a humanidade. Diz a história oficial que Joaquim Nabuco foi o baluarte da abolição dos escravos – vergonha, intransponível dos ancestrais. Rui Barbosa do Código Civil, das asas de Haia. Ambos pecaram. Nabuco nasceu aqui, em Pernambuco. Rui estudou direito no Recife. O “Belo Quincas” teria sido gigolô da IBEF - PE Almoço Paletras com Marcelo Mayer - Sócio Diretor da Frisabor Tema SUPERANDO OS DESAFIOS DO CRESCIMENTO Data: 19 de novembro de 2015 Local: Mercure Recife Mar Hotel Rua Barão de Souza Leão, 451 - Boa Viagem Horário: 12h30 as 14h00 Realização: Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças de Pernambuco Algomais • Novembro/2015 37 arruando por Recife e Olinda Por que mudar os nomes das ruas? Logradouros da capital pernambucana recebem novas denominações que não respeitam a tradição nem a lei Leonardo Dantas Silva Rua da União.../Como eram lindos os nomes das ruas da minha infância/Rua do Sol/(Tenho medo que hoje se chame do Dr. Fulano de Tal)/Atrás da casa ficava a Rua da Saudade...onde se ia fumar escondido/ Do lado de lá era o Cais da Rua da Aurora.../...onde se ia pescar escondido Manuel Bandeira (1925). “C omo eram lindos os nomes das ruas da minha infância”..., confidenciava o poeta Manuel Bandeira, enquanto o poeta e compositor Antônio Maria, numa de suas crises de banzo da terra pernambucana, cantava: “Rua antiga da Harmonia, da Amizade, da Saudade, da União... são lembranças noite e dia...”. Os nomes das ruas e demais logradouros de uma cidade por vezes se perpetuam através dos séculos, como acontece com cidades portuguesas, de Lisboa, Porto ou Évora... Mas entre nós, só para atender a modismos e aos políticos de plantão, estão sempre a mudar designações tradicionais: Cais do Apolo, para Avenida Martin Luther King; Estrada da Imbiribeira, para General Mascarenhas de Morais; Estrada do Brejo, para Vereador Otacílio Azevedo; Travessa do Gasômetro, para Rua Lambari; Rua Formosa, para Conde da Boa Vista; Rua dos Sete Pecados Mortais, para Tobias Barreto; Rua do Crespo, para 38 Algomais • Novembro/2015 HISTÓRIA. A RUA DO BOM JESUS, NO RECIFE ANTIGO, JÁ SE CHAMOU RUA DOS JUDEUS INCLUSÃO. PRAÇA ARSENAL DA MARINHA PODERÁ INCLUIR O NOME NASCIMENTO DO PASSO Carlos Pantaleão/Divulgação GUARARAPES. ATÉ MESMO O AEROPORTO INTERNACIONAL DO RECIFE TEVE ACRESCENTADO O NOME DO SOCIÓLOGO GILBERTO FREYRE Primeiro de Março; Rua Lírica, para Visconde de Uruguai; Travessa João Francisco, para Cassimiro de Abreu; Beco do Quiabo, para Eurico Chaves; Beco da Facada, para Guimarães Peixoto, numa sucessão de contínuas mudanças. Nesta cidade de Santo Antônio do Recife – “Ingrata para os da terra, boa para os que não são”–, ainda conserva algumas ruas que, como nos engenhos de Ascenso Ferreira, só os nomes nos fazem sonhar: da Concórdia, da União, da Saudade, do Sossego, da Amizade, Nova, da Hora, do Progresso, Imperial, Real da Torre, Real do Poço, Flor de Santana, Direita, Velha, da Glória, da Alegria, dos Prazeres, dos Aflitos, das Graças, das Flores, da Praia, das Calçadas, do Padre Muniz, do Dique, do Porão, dos Pescadores, da Carioca, do Marroquim, do Rangel, do Observatório, do Arsenal de Guerra, da Praia, da Congregação, da Matriz, do Hospício, do Aragão, do Veras, Estreita e Larga do Rosário, do Livramento, do Fogo, das Águas Verdes, do Chora Menino, da Aurora, do Sol, da Fundição, do Futuro, das Ninfas, do Veiga, da Matriz, dos Artistas, do Lima, do Pombal, do Padre Inglês, do Cupim, do Encanamento, das Ubaias, numa sequência de nomes que a voragem do “progresso” ainda não corrompeu. Nos dias atuais, eis que um forte movimento se faz presente em favor de acrescer nomes de certas figuras às tradicionais denominações de nossas ruas e avenidas. Neste sentido, a Lei Orgânica do Município, que em seu artigo 164, estabelece que seja obrigatoriamente ouvido o Instituto Arqueológico Histórico e Geográfico Pernambucano quando da mudança de qualquer nome de rua, praça ou avenida da cidade do Recife, vem sendo atropelada pelos “Senhores Vereadores”. Fazendo ista grossa para tal dispositivo, contrariando formalmente o que determina a Lei Orgânica do Município do Recife, os chamados “representantes do povo” ensaiam agora o expediente de acrescer aos nomes tradicionais, novas denominações que nada têm a ver com a consagrada toponímia da cidade do Recife. Tal expediente teve início com a mudança da denominação do Aeroporto dos Guararapes, que, como num passe de mágica, recebeu o adendo de Gilberto Freyre, seguindo-se da Avenida Norte, hoje acrescida com o nome do Governador Miguel Arraes, e, mais recentemente, a antiga Estrada de Beberibe que veio a ser Avenida Beberibe Santa Cruz Futebol Clube! E o expediente não parou por aí... Já se encontra em pauta a mudança da Praça do Arsenal da Marinha agora acrescentada com o nome do passista amazonense Nascimento do Passo; a mudança do tradicional Largo dos Coelhos, com o nome acrescido do cantor Reginaldo Rossi... De quebra, teremos a Estrada Velha do Bongi que já tem o seu nome encomendado (!) Com tais mudanças propostas pelos nossos vereadores, logo mais teremos dezenas de tradicionais nomes de ruas e avenidas do nosso Recife, consagrados por séculos pela toponímia popular, mudados para “doutor ou vereador fulano de tal”... Tudo como previra o poeta Manuel Bandeira em 1925! Pelo andar da carruagem, a canção de Alceu Valença e Vicente Barreto, não mais contará em seus versos com o tempo presente, mas no tempo passado, por obra e graça daqueles que hoje se intitulam “fiéis representantes do Povo do Recife”. Na Madalena revi teu nome/Na Boa Vista quis te encontrar/Rua do Sol, da Boa Hora/Rua da Aurora, vou caminhar /Rua das Ninfas, Matriz, Saudade/Na Soledade de quem passou/Rua Benfica, Boa Viagem/Na Piedade, tanta dor/Pelas ruas que andei, procurei/Procurei, procurei... te encontrar/Pelas ruas que andei, procurei/ Procurei, procurei te encontrar. Algomais • Novembro/2015 39 ARTIGO JOÃO REGO* Crise e democracia [email protected] E screvi há algumas semanas um artigo (A dessacralização da política – Revista Será? Edição 12 de agosto de 2015. http://revistasera.info/a-dessacralizacao-da-politica-joao-rego/) tentando explicar o comportamento de algumas pessoas que, alinhadas com os governos do PT, sustentam-se nele como se fosse a última possibilidade de revanche sobre o passado de ditadura militar — quando a repressão envolveu com o pesado manto da tortura várias gerações. Falei sobre a dificuldade de quem sustenta sua existência em uma ideologia fechada e cheia de certezas. Tantas certezas que tudo que vem de encontro a elas deve ser sumariamente tachado como golpista, elitista e distanciado do povo e de seu sofrimento estrutural. Não importa se a realidade social e política – aquela mesma que o marxismo investigou e tocou fogo na veia de muitos, no mundo inteiro, para transformá-la – tem sido uma adversária implacável de suas crenças. O importante é continuar negando, mesmo com a má intenção de confundir os menos esclarecidos, jogando a dúvida de que esta crise é uma invenção da “mídia golpista”. Outros, até bem-intencionados, capturados por um delírio, único recurso que lhe resta para não os projetar no vazio da angústia, nele se seguram desesperadamente na vã esperança de que tudo aquilo em que investiu na sua existência de militante, ou nas suas crenças de cidadão, ainda resista. Mas é inútil. A cada investigação; a cada ato como o do TCU recentemente; a cada fase da operação Lava Jato; ou cada fio que se puxa da riqueza, indevidamente acumulada, de Lula e sua família; esta “realidade” vai sendo triturada pelas forças inexoráveis das instituições democráticas. Sim, isso tudo é democracia — em pleno funcionamento. Aquela mesma para a qual muitos tombaram ou sacrificaram grande parte de suas vidas aprisionados 40 Algomais • Novembro/2015 ou no exílio durante os anos de chumbo. É possível identificar este tipo de comportamento – as certezas ideológicas que cegam - em todo espectro partidário, inclusive nos do outro lado. Isolo o caso do PT porque é o governo que está com a responsabilidade (ou culpa?) da crise que vem há meses afetando o nosso cotidiano, cracia – sim, democracia não é um conceito ou algo idealizado, pronto e acabado. Democracia é a práxis política em estado vivo espraiando seu efeito transformador na sociedade e em nossas vidas. Todos nós somos sujeitos e objetos desta transformação. Vejo uma nova geração de juízes fazendo história (a bênção, Sérgio Moro!); vejo uma enorme onda de jovens empreendedores construindo, com competitividade global, as forças inovadoras da economia nacional; vejo o intelectual que se recicla numa tentativa necessária de sair do estado de orfandade em que a esquerda ficou após a queda do muro de Berlim — ciente de que o capitalismo não pode ficar com a corda solta, sem alternativas que o regulem. Enfim, essa “crise” que vem nos aporrinhado numa onda broxante em nosso cotidiano, causando o desemprego de milhares de pessoas, pode ser vista por esta clivagem: o velho vivendo seus estertores – agonia mortal dos moribundos – e o novo o golpeando com a espada afiada das instituições democráticas, moldando nossa democracia. Quanto tempo vai levar? Não sei, vai depender da complexa luta entre o novo e o velho e da capacidade do País em suportar este desvario governamental. Isso é irreversível? A democracia tem duas características que a constituem: a imprevisibilidade, que é sempre testada a cada eleição, e a reversibilidade. Podemos consolidá-la estruturalmente— e vimos numa pisada boa neste sentido — mas nada nos garante que esta estrutura não sofra modificações. Democracia é a práxis política em estado vivo espraiando seu efeito transformador na sociedade e em nossas vidas objeto desta breve reflexão. A essência da crise está, como bem definiu Gramsci, no fato de que o velho ainda não morreu e o novo ainda não chegou em sua plenitude. O velho aqui é uma cultura de dominação política calcada no patrimonialismo do Estado e no fisiologismo em detrimento da população que dá duro e alimenta essa máquina voraz com parte do suor do seu trabalho. Vejo o velho em todas as instâncias da sociedade: no empresário que vive para tirar vantagem das mamatas do Estado, sem querer correr o natural risco de mercado; no intelectual, que, coitado, capturado pelos seus mais nobres ideais de juventude, está ad infinitum impossibilitado de rever seus valores e teorias políticas para dar conta desta complexa e desafiante fase do capitalismo informacional; nos juristas da mais alta corte da nação que se agarram aos pomposos e inebriantes aspectos do poder – alguns deles, acreditem, se vêm e se acham sábios supremos; nos políticos ... Ah! Nesses vocês também veem. Na outra vertente, vejo o novo consolidando a prática real da demo- * João Rêgo é engenheiro, cientista político e consultor. O conteúdo deste artigo é extraído da Revista Será (www.revistasera.info) Com tantas espeCialidades, gostoso é fazer uma refeição a Cada três horas. o grupo ilha é uma rede de restaurantes com cardápios especializados. localizado no charmoso bairro de Boa Viagem, une muito sabor com um atendimento padrão ilha. excelente para um almoço de negócios ou para comemorar suas conquistas durante um happy hour. Vai ser uma experiência inesquecível. Ilha Camarões FRUTOS DO MAR | SEAFOOD Algomais • Novembro/2015 41 42 Algomais • Novembro/2015 Algomais • Novembro/2015 43 baião de tudo Geraldo Freire [email protected] LIGADO EM PERNAMBUCO CADÊ OS OVOS DO BRIGADEIRO? O brigadeiro Eduardo Gomes foi um brilhante cidadão brasileiro. Entrou na Segunda Guerra Mundial, saiu herói e depois foi por duas vezes candidato a presidente do Brasil. Perdeu primeiro para Eurico Gaspar Dutra e depois para Getúlio Vargas. Mesmo sendo reconhecido por todos como do bem, de grande espírito público, combatente das mazelas sociais e amante da liberdade, não fez sucesso na política. Bem diferente da carreira militar, onde está inclusive carimbado como Patrono da Aeronáutica. Viveu tomando conta da mãe viúva e morreu aos 84 anos. Um metro e 75 de altura, pesando menos de 70 quilos, musculoso, nariz afilado, boca pequena, cabelo arrumado, ele era daquele tipo que nos anos 70 as moças chamavam de “pão”. Muito criticado como orador, mas tão festejado pela beleza, que a mulherada cantava: “Vote no brigadeiro. Ele é bonito e solteiro.” E cadê os ovos? Ou colhões, como dizem os desbocados? Ninguém nunca abriu as pernas dele para confirmar, mas o Brasil inteiro dizia que não tinha: havia perdido na explosão de uma granada. Restou ao nosso herói a homenagem feita com o famoso doce “brigadeiro”. O doce ganhou esse nome porque, como o brigadeiro Eduardo Gomes, não contém ovos. 44 Algomais • Novembro/2015 Quando o estudante de direito Demócrito de Souza Filho foi assassinado por motivação política, na Praça do Diário, a família dele recebeu um telegrama do brigadeiro Eduardo Gomes com a frase de Victor Hugo: “Quem morre pela liberdade renasce para a eternidade.” O BOI VIRA BIFE FELICIDADE APRENDIDA Ele está pronto para o abate quando pesa 450 quilos. Para não morrer estressado, o bicho é levado por um caminho arborizado num pasto de vacas lésbicas. O boi come e bebe água até ficar bem relaxado. Depois leva choques elétricos e um disparo na nuca. É morte de gado! A pesquisa durou 15 anos. Depois de 1.600 estudos, uma universidade francesa está soltando o resultado: você pensa na felicidade, afugenta tudo que de ruim vier pra sua cabeça e pode partir para o abraço. Felicidade é uma questão de prática: exercite e seja feliz. QUER UM PÊNIS? Os urologistas estão democratizando a prótese peniana inflável. Existem hoje, no Brasil, cerca de 25 milhões de homens broxando. Desse total, perto de 11 milhões, a maioria com mais de 40 anos, está na pindaíba sexual com disfunções de moderadas a graves: não respondem mais ao Viagra e outras medicações via oral. Para esses homens, a solução é o implante de prótese peniana. E não se fala mais nisso! mais prazer! INFORMAÇÃO E SERVIÇO PARA CURTIR O QUE A VIDA TEM DE MELHOR Quatro décadas de humor Cartunista Humberto comemora 40 anos de carreira com livro que traz 580 desenhos retrando a política, o futebol e a cultura do País S e queremos que tudo fique como está, é preciso que tudo mude“. A famosa frase proferida por um dos personagens da obra O Leopardo, de Giuseppe Tomasi de Lampedusa, retrata bem a história recente do País. Uma cosntatação que também pode ser feita pelo leitor que tiver o prazer de folhear o livro De lá pra cá – A história do humor, lançado pelo desenhista, jornalista e arquiteto Humberto Araújo. A obra marca os 40 anos de atividade do artista com 580 desenhos produzidos nos últimos 13 anos de atuação na mídia, incluindo a Algomais. Ao apreciar os cartuns, temos a sensação de que, na última década, mudaram-se os personagens políticos, novas medidas econômicas foram implantadas, mas problemas que afligem o povo brasileiro permanecem os mesmos. “As charges se sucedem e se realizam pelas próprias condições políticas e sociais que se repetem”, esclarece Humberto. Mas o livro proporciona muito mais do que constatações sobre a realidade do Brasil. É um deleite se divertir com o humor desse pernambucano de Itambé, de traços sofisticados, que valoriza acima de tudo a imagem, já que ele recorre muito pouco a textos e balões. Sua produção muitas vezes impressiona pela riqueza de detalhes, como no desenho de Ariano Suassuna, cheio de referência da sua obra armorial. Ou ainda o que retrata Lula com uma tatuagem no braço do PT e fazendo outra de tamanho muito maior nas costas do PMDB, mostrando o fardo pesado da coligação partidária. Ao fundo, o paletó que despiu e a indefectível gravata vermelha do ex-presidente. Em capa dura e papel couchê, o livro ressalta a elegância do trabalho do chargista, que não é fixada da efemeridade da publicação na mídia. Humberto contou ainda com o auxílio luxuoso de um time de craques para analisar sua obra e a realidade em que está inserida como Xico Bizerra, poeta e compositor, Ivan Maurício, jornalista, o poeta e contador de histórias Jessier Quirino, o jurista José Paulo Cavalcanti Filho, Claudemir Gomes e o jornalista-escritor Marco Polo Guimarães. Admiradores do chargista podem também visitar a exposição homônima do livro no Paço Alfândega, que fica em cartaz até o dia 14 deste mês. Serviço: De lá pra cá – A história do humor, Editora Bagaço, preço: R$ 50. Algomais • Novembro/2015 45 João Alberto [email protected] CÉSAR SANTOS A NOVA CRIAÇÃO DE CÉSAR SANTOS César Santos, o chef pernambucano que é referência na gastronomia nacional, comemora os 23 anos do seu restaurante Oficina do Sabor, em Olinda, lançando um novo Prato da Boa Lembrança, usando frutos do mar. É um dos espaços que se tornou visita obrigatória dos turistas que visitam nosso Estado. ANA CECÍLIA SANTOS LEAL SEM JATINHO BRILHO FEMININO Nas suas constantes idas a Brasília, em busca de recursos para o Estado, Paulo Câmara utiliza voos de carreira, jatinho só em ocasiões especiais, em que se vê obrigado a viajar de urgência. Na maioria das idas ao interior, vai, com seus assessores de van. Nunca de helicóptero, que o governador confessa ter medo. Ana Cecília Santos Leal é um dos destaques do nosso mundo social. Hoje, está dividida entre o Recife e São Paulo, mas mantém sua atividade empresarial no Recife, junto com a educação dos filhos Pedro, Antônio e Júlia. Durante muito tempo comandou o Club Du Vin, de tão boas lembranças, e agora está à frente da representação do designer de joias Antônio Berardo e do espaço infantil Pé de Moleque. É também uma figura elegante e simpática, muito querida pelos amigos. CONSTRUÇÃO A rede internacional de materiais de construção Leroy Merlin, que tem 33 lojas no Brasil, faz prospecção para abrir uma filial no Recife, uma das três que projeta para nossa região. Af_Anuncio_SergioMiranda_Rodape_364x52mm RevistaAlgoMais_030915.pdf 46 Algomais • Novembro/2015 1 03/09/15 11:08 O que se comenta... ... por aí QUE ainda este ano abre no RioMar, filial do restaurante L'Entrecote de Paris. QUE o SPA do Sheraton Reserva do Paiva é o mais completo de toda a rede na América do Sul. QUE caiu de forma vertiginosa a ocupação dos voos da Copa Airlines e American Airlines do Recife para Miami. QUE está confirmada a eleição de Margarida Cantarelli para a presidência da Academia Pernambucana de Letras em janeiro. QUE Guilherme Uchoa admite a possibilidade de disputar a Prefeitura de Igarassu, sua cidade natal RAQUEL LYRA RAQUEL LYRA SERÁ CANDIDATA Raquel Lyra continua fazendo um elogiadíssimo trabalho como presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Assembleia Legislativa, enquanto se movimenta nos bastidores para ser candidata a prefeita de Caruaru. Vai disputar o pleito, preferencialmente pelo PSB, mas pode optar por outra legenda, caso não seja a escolhida pelo seu partido. FUTEBOL O governo do Estado já decidiu que o programa Todos com a Nota, que distribuía ingressos para jogos do Campeonato Pernambucano, acabou definitivamente. TRÂNSITO Os acidentes automobilísticos já são a quinta causa de morte no Brasil, mais que a marca mundial, onde está em nono lugar. E outros países, como a África do Sul, Tailândia e Rússia têm problemas com o grande número de acidentes com motos. INTERNACIONAL Gustavo Krause confessa que o direito internacional foi a matéria que mais o atraiu na Faculdade de Direito do Recife. E brinca: "é o único ramo do Direito que conheço." Algomais • Novembro/2015 47 memória pernambucana O que há em um nome? Autor do clássico Luar do Sertão e parceiro de Pixinguinha, João Pernambuco criou o jeito brasileiro de tocar violão Marcelo Alcoforado Não está muito longe o tempo em que os apaixonados faziam serenatas para a mulher amada, que pelas frestas das venezianas faziam escapar suspiros de amor. Lá fora, sob o brilho da lua-cheia, o cantor, com seu fiel companheiro – o violão – colado ao peito, transformando, por essas artes que só o amor explica, batimentos cardíacos em compassos musicais. Violão, esse companheiro fiel, tem uma longa história a contar. Não indiscrições, mas o relato de uma longa caminhada na estrada do tempo. O começo teria sido há quase dois mil anos antes de Cristo, na antiga Babilônia, onde já se usavam instrumentos parecidos com o violão. No Egito e em Jerusalém, o povo usava um instrumento de cinco cordas também assemelhado ao violão, ao passo que em Roma, eram corriqueiras as serenatas ao som de um instrumento de bojo e cordas também parecido com o violão. O fato é que por volta do ano 300, o instrumento já se difundira pela França e Alemanha e, mais tarde, na Idade Média, o instrumento chegara à Espanha, onde sempre foi muito executado pelos virtuoses da época e onde também ganhou a sexta corda. Em seguida, já com as características atuais, foi levado para Lisboa. Para uns, o violão descende do alaúde árabe, chegado à península Ibérica com os mouros, enquanto para outros, 48 Algomais • Novembro/2015 ele é filho da cítara romana, cujo uso se expandiu com a expansão de Roma. No Brasil, no entanto, registra-se que tudo começou com a introdução da viola, trazida pelos portugueses quando da época colonial. Não se confunda, no entanto, viola com violão. A utilização deste é das mais diversificadas, tanto na música instrumental, quanto no acompanhamento da voz. A propósito, diga-se, só como curiosidade, que durante muito tempo o violão foi tido como instrumento dos boêmios e seresteiros. Instrumento de capadócios, como dizia o seresteiro Sílvio Caldas. Por aqui, um dos pioneiros do instrumento foi João Pernambuco, um pernambucano, como se pode imaginar pelo nome. Nascido em Jatobá – atual Petrolândia – em 2 de novembro de 1883, em verdade seu nome de batismo era João Teixeira Guimarães. Ainda na infância, ele começou a tocar viola, influenciado por cantadores e violeiros locais como Bem-te-vi, Mandapolão, Manuel Cabeceira, o cego Sinfrônio, Fabião das Queimadas e Cirino Guajurema. Aos 12 anos de idade, ele já tocava em festas. E assim se fez músico, violonista e compositor que criou mais de 100 choros, e também jongos, valsas, toadas, maxixes, emboladas, cocos, canções, prelúdios e estudos. Após o falecimento do seu pai, ele se mudou para o Recife, onde trabalhou como ferreiro e em outros postos de menor importância e salário. Então, buscando dias melhores, em 1902 ele se mudou para o Rio de Janeiro, onde passou a trabalhar como operário. Não deixou, contudo, de tocar e compor. Ali travou contato com violonistas populares, ao mesmo tempo em que varava jornadas de até 16 horas diárias. Para os seus amigos e admiradores, em número sempre crescente, diga-se, sempre encontrava tempo para contar e cantar coisas de sua terra, daí o apelido de João Pernambuco. Passados seis anos, transcorria 1908, ele era considerado um dos expoentes do choro, ombreado com Quincas Lara n j e i ra s , Ernani Fi- gueiredo, Zé Cavaquinho e Sátiro Bilhar, os maiorais da época. Pode ser que você não saiba ou não se lembre de quem foi João Pernambuco, mas vai lembrar, sem esforço, de uma das músicas que ele compôs. O nome original era Engenho de Humaitá, mas depois de celebrada uma parceria com Catulo da Paixão Cearense, a música passou a se chamar Luar do Sertão. Ainda não lembra? Então eis os primeiros versos: Não há, ó gente, ó não | luar como este do sertão... É quase um hino à beleza sertaneja, mas sobre essa música há um fato não tão belo a ser comentado. Como João Pernambuco era analfabeto, costumava dar suas composições para que outros pudessem escrevê-las e, por conta disso, Luar do Sertão terminou sendo registrada exclusivamente em nome de Catulo da Paixão Cearense, o mesmo ocorrendo com outra criação, a toada Caboca di Caxangá, memorável sucesso do carnaval de 1913. Posteriormente, porém, a coautoria de João Pernambuco foi reconhecida. Sabendo dos problemas do compositor pernambucano com o apoderamento de suas canções, Heitor Villa-Lobos se propôs, de boa-fé, a registrar e transcrever várias de suas canções, o que fez sem nenhum problema. Considere-se, no entanto, que a associação com Catulo da Paixão Cearense também trouxe benefícios para João Pernambuco, como o acesso à alta burguesia e à intelectualidade, em cujas tocatas ele exibia o seu talento para figuras de proa daquela época, como Afonso Arinos e Rui Barbosa. De 1928 até 1935 João Pernambuco morou em um casarão onde funcionava uma república que abrigava, em sua maioria, músicos e jogadores de futebol. Ali ele organizava animadas e concorridas rodas de choro que contavam com a participação de Donga, Pixinguinha, Patrício Teixeira, Rogério Guimarães e, ocasionalmente, Villa-Lobos. Foi lá que ele conheceu, por intermédio do amigo Levino Albano da Conceição, um jovem violonista chamado Dilermando Reis. Mente criativa, João Pernambuco formou o Grupo de Caxangá, um estrondoso sucesso com a participação de Pixinguinha e Donga, e introduziu a percussão nordestina no Sudeste. Fez mais: participou, também com Pixinguinha, dos grupos Os Oito Batutas e Os Turunas Pernambucanos. E ainda com Donga e Pixinguinha, ele percorreu o Brasil coletando música folclórica brasileira, por encomenda de Arnaldo Guinle. Como violonista, gravou pela primeira gravadora brasileira estabelecida, Casa Edison, e também para os selos Columbia e Phoenix. A santíssima trindade dos precursores do violão brasileiro foi constituída por Quincas Laranjeiras, João Pernambuco e Levino Albano da Conceição, mas a obra violonística de João Pernambuco era de tal densidade e profundidade que, a respeito dela, disse Villa-Lobos: Bach não se envergonharia em assinar os estudos de João Pernambuco como sendo seus. Mozart de Araújo, renomado musicólogo, não poupou elogios: João Pernambuco está para o violão assim como Ernesto Nazareth está para o piano. Já o violonista Maurício Carrilho certa vez escreveu sobre João Pernambuco e sua obra: Dificilmente se encontra um violonista brasileiro, seja ele músico erudito ou popular, que não tenha em seu repertório alguma música do João. E prosseguiu: Junto com a música de Heitor Villa-Lobos, a obra de João Pernambuco tornou-se a mais legítima expressão do jeito brasileiro de tocar o violão. Foram muitos os sucessos de autoria de João Pernambuco. Com Antônio Maria fez A canção de seus olhos, O amor e a rosa e Suas mãos, esta magistralmente interpretada por Maysa. Com Catulo da Paixão Cearense fez Caboca di caxangá e Luar do sertão. Com Mário Rossi fez Aperitivo. Com Pixinguinha e Donga, Estou voltando. Com Hermínio Bello de Carvalho, Estrada do sertão. Sozinho, compôs Dengoso, Graúna, Interrogando, Rosa carioca, Sons de carrilhões, Valsa em lá... Insista-se na pergunta inicial: o que há em um nome? No de João Pernambuco, a certeza de um músico excepcional enchendo de orgulho o estado que lhe deu nome. O violão de João Pernambuco calou-se em 16 de outubro de 1947. Algomais • Novembro/2015 49 última página FRANCISCO CUNHA Recife Cidade-Parque aos 500 Anos [email protected] V ictor Hugo, o grande escritor francês, uma vez disse: “Nada como o sonho para criar o futuro. Utopia hoje, carne e osso amanhã.” A meu ver, essa frase se aplica na integra à descoberta feita pelo grupo de pesquisa do Parque Capibaribe, convênio entre a Secretaria de Meio Ambiente da Prefeitura do Recife e a Universidade Federal do Pernambuco, de que o Recife ainda pode vir a ser uma cidade-parque até completar 500 anos em 2037. Os pesquisadores do Parque Capibaribe (mais de 50 da UFPE e da UFRPE) chegaram a essa conclusão depois de projetarem a recuperação da cidade a partir do rio, começando pelo parque do seu entorno, depois sua ampliação, em cinco anos, para o parque irradiado da cidade e, por fim, na terceira cena até 2037, a cidade-parque com a ampliação da área verde atual por habitante dos ínfimos 1,2 para os 12 metros quadrados recomendados pela ONU (incorporando ao uso público cerca de 2 mil ha das áreas verdes de Dois Irmãos/Guabiraba, Brennand e Parque dos Manguezais). O fantástico desta projeção é que ela recupera a esperança ambiental, em forma de sonho possível, para uma cidade cuja carência de planejamento e de perspectivas de futuro, há décadas, fez com que não só seu tecido se fragmentasse (a ideia que me dá hoje é de um quebra-cabeças desmontado) como se fragmentasse também a ideia de cidade na cabeça das pessoas dando asas à moda, um tanto cult, de falar mal dela (#hellcife, #recifede etc). 50 Algomais • Novembro/2015 Só por isso, por trazer de volta a esperança tecnicamente embasada de uma cidade bem melhor dentro de um horizonte de tempo razoável (cerca de 20 anos), num ambiente em que a desesperança passou a imperar, já merece ser seriamente considerada e amplamente debatida. Em especial neste momento em que se começa a discutir, de forma estruturada, o O conceito do Recife CidadeParque tem o potencial de ser a diretriz estruturadora da dimensão do Recife 500 anos futuro econômico, social, ambiental e espacial da nossa capital no projeto Recife 500 Anos coordenado pela Aries – Agência Recife de Inovação e Estratégia. Até onde entendo, o conceito do Recife Cidade-Parque, esboçada a partir do Capibaribe como fio condutor e recosturador do território fragmentado, tem todo potencial de ser a diretriz estruturadora da dimensão espacial do Recife 500 Anos. Deixar passar esse verdadeiro ovo de colombo urbanístico ou não considerá-lo adequadamente seria um equívoco que não podemos nos dar o luxo perdulário de cometer. Consultor e arquiteto Algomais • Novembro/2015 51 52 Algomais • Novembro/2015