pdf em Português
Transcrição
pdf em Português
ISSN 2179-4413 Volume 1 / Número 1 / Abril/Jun - 2010 IMPORTÂNCIA ECOLÓGIA DA ESCORPIOFAUNA DO COMPLEXO ALUÍZIO CAMPOS Bruno Halluan Soares de OLIVEIRA1,2; Andréia Kethely Marinho SILVA1,2; Iara Cristina da Silva LIMA1,2; Helder Neves de ALBUQUERQUE1,2,3 1. Ciências Biológicas da Universidade Estadual da Paraíba – [email protected] 2. Fundação Universitária de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão) 3 Orientador. Doutorando em Agronomia CCA/UFPB/Areia [email protected] RESUMO: Os escorpiões fazem parte da ordem dos artrópodes podendo ser encontrados em todos os continentes, exceto na Antártida. São animais bem sedentários apresentando uma das mais baixas taxas metabólicas encontradas entre os artrópodes. Atualmente são conhecidas 1.500 espécies de escorpiões, sendo que apenas 25 podem causar acidente mortal, distribuídas em nove famílias: Bothriuridae, Buthidae, Chactidae, Chaerilidae, Diplocentridae, Ischnuridae, Luridae, Scorpionidae e Vaejovidae. Destas nove, quatro são encontradas em nosso país (Bothriuridae, Buthidae, Chactidae e Ischnuridae. Estudos em ecologia e inventários de fauna de escorpiões no Brasil são muito escassos, pois, a maioria dos trabalhos são relacionados a acidentes escorpiônicos. Os estudos de levantamento da escorpiofauna são importantes devido a fatores que ligam com o regime de chuvas, temperatura e disponibilidade de alimentos, dentre outros fatores ambientais. De forma a suprir parte das necessidades, foi estabelecido um estudo para inventariar e mapear a ocorrência de espécies de escorpiões em duas áreas correspondentes a área do Complexo Aluízio Campos na cidade de Campina Grande-PB, mostrando o encontro de espécies como indicadoras de áreas preservadas, analisando a situação de preservação da área. Palavras-chave: escorpiofauna, indicadoras, Complexo Aluízio Campos. ABSTRACT: Scorpions are in the order of arthropods they could be found all over the world, brit Antarctica. They are animals very sedentary presenting one of the most low metabolic rates among arthropods. Currently, there are known 1.500 species, but only 25 of them can cause fatal accident, distributed in nine families: Bothriuridae, Buthidae, Chactidae, Chaerilidae, Diplocentridae, Ischnuridae, Luridae, Scorpionidae e Vaejovidae. From these nine species, four are found in our country (Bothriuridae, Buthidae, Chactidae e Ischnuridae. Studies in ecology and inventory scorpions’ fauna in Brazil are much very rare, because, most of papers are related to accidents involving this animals. The studies from survey by scorpions’ fauna are important due to factors that relate with rainfall, temperature and food availability, among others environmental factors. So to cover most needs, it was established a study to inventory and mapping the occurrence by scorpions’ species in two areas corresponding to Aluizio Campos Complex in Campina Grande-PB, showing the presence of species like indicators as preserved areas, analyzing the situation of preservation area. Keywords: scorpiofauna, indicators, Aluizio Campos Complex 1. INTRODUÇÃO Os escorpiões constituem uma ordem dos artrópodes pertencente à classe dos aracnídeos, onde se incluem também aranhas, ácaros, opiliões, pseudo-escorpiões, e outros grupos menores, sendo estes provavelmente os primeiros aracnídeos que surgiram, com um registro fóssil que data do período Siluriano (RUPPERT et al, 2005). Ainda segundo Ruppert (2005), foram também um dos primeiros grupos de artrópodes que conquistaram terra firme, mas ao longo de sua história, eles pouco se modificaram. A maioria das espécies de escorpiões é grande quando comparada com outros aracnídeos, medindo de 3 a 9 cm de comprimento, em média (CRUZ, 1999). A menor espécie é a cavernícola Typhlochactas mitchelli, que tem somente 9 mm de comprimento, e a maior é a africana Hadogenes troglodytes, que atinge 21 cm, no entanto, alguns escorpiões do período Carbonífero atingiam comprimentos de 86 cm (RUPPERT et al, 2005). Esses animais possuem uma ampla distribuição geográfica, ocorrendo em todos os continentes, exceto na Antártida. São encontrados em todas as latitudes de temperadas a tropicais, 36 http:///www.rbic.com.br ISSN 2179-4413 Volume 1 / Número 1 / Abril/Jun - 2010 vivem em terra firme e em quase todos os ecossistemas terrestres, como desertos, savanas, cerrados, florestas temperadas e tropicais e zona intertidal, sendo algumas espécies podendo até suportar temperaturas vários graus abaixo de 0ºC (CRUZ, 1999). São geralmente discretos e noturnos, escondendo-se durante o dia, havendo também registros de espécies diurnas. Encontram-se sob pedras, madeiras, troncos podres, alguns se enterram no solo úmido das matas, outros na areia dos desertos, havendo também espécies que habitam cavernas, outras vivem ao longo das praias e na zona entre marés (RUPPERT et al, 2005). Os escorpiões são predadores generalistas, que se alimentam de uma grande variedade de presas com as quais convivem no mesmo hábitat (CRUZ, 1999). Ainda segundo Cruz (1999), a dieta dos escorpiões pode variar, desde anelídeos e moluscos até vertebrados, sendo que as presas mais freqüentemente ingeridas são aranhas e insetos, principalmente baratas e grilos. O canibalismo pode ocorrer em conseqüência da competição pelo espaço e é freqüentemente observado em cativeiro, quando o alimento é pouco e o espaço também; contudo, se forem bem alimentados e o substrato for abundante, o canibalismo dificilmente acontecerá (CANDIDO, 1999). Possuem uma baixa taxa metabólica que reduz a perda de água durante a respiração e possibilita ao escorpião uma inatividade que pode ser prolongada durante os períodos desfavoráveis do ano. Alguns podem ficar muitas semanas sem água e comida (CRUZ, 1999). A perda de água é minimizada pela excreção de restos nitrogenados na forma de guanina, além da eliminação de fezes extremamente secas (RUPPERT et al, 2005). Possuem também inimigos naturais, tais como vírus, riquétsias, fungos, nematóides, ácaros, etc. (CANDIDO, 1999). Dentre os seus predadores estão camundongos, quatis, macacos, sapos, lagartos, corujas, seriemas, galinhas, algumas aranhas, formigas e os próprios escorpiões. Um fato interessante é que os escorpiões são fluorescentes na presença de luz ultravioleta, observando-se também que a fluorescência do animal é solúvel em álcool, ou seja, o álcool torna-se fluorescente quando um escorpião morto é aí colocado (CANDIDO, 1999). A reprodução dos escorpiões se inicia com um ritual de acasalamento, onde o macho, após a aceitação da fêmea a segura pelos palpos assumindo a posição de passeio a dois (promenade à deux). Macho e fêmea então, de “mãos dadas” deslocam-se para todos os lados, a procura de local propício onde o macho deposita o espermatóforo, e em seguida, o macho auxilia a fêmea a posicionar sua abertura genital sobre a parte do espermatóforo voltada para cima; nesse contato é transferida a massa de espermatozóides para a abertura genital da fêmea (CRUZ, 1999). Ao nascer, os jovens têm somente alguns milímetros de comprimento, e rastejam imediatamente sobre o dorso da mãe onde aí permanecem durante a primeira muda, que ocorre em uma a quatro semanas (RUPPERT et al, 2005). Os escorpiões jovens deixam então gradualmente a mãe e tornam-se independentes. A visão dos escorpiões é pouco desenvolvida, capaz de distinguir apenas luz e sombra. (CANDIDO, 1999). Espécies que vivem em cavernas podem até ser cegas, porém possuem fendas sensoriais que estão localizadas nas pernas e estas percebem a movimentação do solo. Possuem cerdas localizadas principalmente nos palpos e que são muito sensíveis à movimentação do ar e ao tato, usadas na localização de presas e inimigos, apresentando também um par de estruturas chamadas de pentes, localizadas ventralmente, que percebem as vibrações do solo (RUPPERT et al, 2005). Atualmente são conhecidas 1.500 espécies de escorpiões, sendo que apenas 25 podem causar acidente mortal, distribuídas em nove famílias: Bothriuridae, Buthidae, Chactidae, Chaerilidae, Diplocentridae, Ischnuridae, Luridae, Scorpionidae e Vaejovidae. Destas nove, quatro são 37 http:///www.rbic.com.br ISSN 2179-4413 Volume 1 / Número 1 / Abril/Jun - 2010 encontradas no Brasil: Bothriuridae, Buthidae, Chactidae e Ischnuridae (CRUZ, 1999). Os escorpiões perigosos para o homem são da família Buthidae, que é a maior família, com mais de 500 espécies distribuídas em todo o mundo (SANTOS, 1999). No Brasil, apenas três espécies são consideradas perigosas e que assumem maior importância médica, todos do gênero Tityus (presença de saliência pontiaguda no aguilhão): Tityus serrulatus (encontrado em São Paulo, Espírito Santo, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia, Goiás e Paraná), Tityus bahiensis (encontrado em São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Goiás e nos estados do sul) e Tityus stigmurus, muito comum no nordeste do país (NOGUEIRA, 2008). Na Paraíba, segundo Nogueira (2008), até o presente, as espécies de escorpiões mais comuns são Tityus stigmurus (THORELL, 1877; LOURENÇO, 1981), Bothriurus rochai (MELLO LEITÃO, 1932), Bothriurus asper (POCOCK, 1893) e Rhopalurus iglesiasi (WERNER, 1927), sendo os três últimos menos graves. Existindo também Tityus neglectus e Tityus trivittatus spp (ALBUQUERQUE et al, 2004). Em um estudo recente sobre o levantamento da fauna de escorpiões no município de Campina Grande, observou-se a presença de oito espécies de escorpiões, sendo distribuídas em duas famílias: Buthidae, com três gêneros (Tityus, Rhopalurus e Ananteris) e Bothriuridae, com apenas um gênero (Bothriurus). As espécies encontradas foram: Tityus stigmurus (este com 70,3% de ocorrência), Rhopalurus agamemnon, Rhopalurus rochae, Rhopalurus iglesiasi e Rhopalurus debilis, Bothriurus rochai e Bothriurus asper e Ananteris mauryi (NOGUEIRA et al, 2008). Os estudos em ecologia e inventários de fauna de escorpiões no Brasil são muito escassos. A maioria dos trabalhos com esses animais são relacionados com acidentes escorpiônicos e às espécies de interesse médico. De forma a suprir parte das necessidades, foi estabelecido um estudo para inventariar e mapear a ocorrência de espécies de escorpiões em duas áreas correspondentes a área do Complexo Aluízio Campos na cidade de Campina Grande-PB. Este estudo analisou duas áreas com uma diferença significativa de presença e ação antrópica e de urbanização, a fim de observar se há diferença de ocorrência de espécies em cada área. 2. MATERIAL E MÉTODOS 2.1 Área de estudo O estudo foi realizado em uma área do município de Campina Grande, o Complexo Aluízio Campos. A cidade está situada em uma altitude de aproximadamente 550 metros acima do nível do mar, na região oriental do Planalto da Borborema, distante 130 km de João Pessoa – capital paraibana, cuja vegetação nativa engloba áreas de Caatinga. A cidade situa-se na fronteira entre microrregiões de clima e vegetação diferentes. Ao nordeste, a paisagem é verde e arborizada, típica do brejo presente nas partes mais altas do planalto. Ao sudeste, encontra-se uma paisagem típica do agreste, com árvores e pastagens. As regiões oeste e sul do município são dominadas pelo clima e vegetação do Cariri, com vastas áreas de vegetação rasteira (Caatinga) e clima seco. (IBGE, 2008). O crescimento desordenado desse município provocou a ocupação de terrenos desobedecendo às normas ambientais, invadindo locais susceptíveis e importantes para a conservação de seus recursos biológicos. O resultado foi a redução das áreas de mata conservada com fins ecológicos, paisagísticos, recreativos e que possam diminuir o superaquecimento do ar atmosférico, como conseqüência temos o surgimento de uma “Ilha de calor” na sede do município. 38 http:///www.rbic.com.br ISSN 2179-4413 Volume 1 / Número 1 / Abril/Jun - 2010 O Complexo Aluísio Campos (CAC) é uma área sujeita a tais impactos, sendo uma área de 30 hectares, localizada na BR 104/sul, no bairro do Ligeiro, no município de Campina Grande, Paraíba. O CAC é dividido em duas sub-áreas, sendo uma com dois hectares e a outra com 28. A área em geral é composta basicamente de vegetação rasteira e algumas árvores típicas de brejo e cariri, possuindo também lagos e áreas alagadas. A área com dois hectares está sendo destinada à construção de um Memorial ao ex-promotor e ex-deputado federal Aluísio Afonso Campos, que morreu em 2002, deixando em testamento essa área total de 30 ha, a Fundação Universitária de Apoio ao Ensino, Pesquisa e Extensão (FURNE), com fins ligados ao meio científico e a projetos relacionados à educação ambiental, beneficiando também a população e a comunidade local (QUEIROZ et al, 2009; SILVA et al, 2009). Nesse Memorial haverá um espaço onde mostrará um pouco da vida de Aluísio Campos com bens e objetos pessoais, que ali estão guardados. No mesmo local serão construídos laboratórios de cunho científico, acervos contendo exemplares da fauna e flora local, e materiais didáticos visando a conscientização ambiental. Ainda possui também, uma horta e um espaço onde funcionará um laboratório para a produção de medicamentos fitoterápicos. O Centro pretende receber estudantes e grupos que queiram conhecer este espaço, onde receberão orientações sobre a fauna e flora local e a importância de preservar a natureza. A área de 28 ha está sendo destinada à construção de um Horto Florestal. Esta área possui lagos, áreas alagadas, vegetação típica de mata ciliar, com algumas árvores encontradas no brejo e cariri, havendo também gramíneas e vegetação rasteira. Não é possível ainda caracterizar o local, pois não foi feito nenhum tipo de estudo cientifico. Alguns locais foram utilizados à criação de gado sendo estes então um pouco devastados, além também da urbanização, pois se encontra estradas e nestas já foram observados animais mortos por atropelamento. O estudo contemplou duas localidades, sendo uma de cada área do Complexo, ambas de 100m. A escolha de um local de cada área é dada por a área de 2 ha destinada ao Memorial, denominada Área I é uma área onde há constante presença e ação humana; e a área de 28 ha destinada ao Horto Florestal, denominada Área II é uma área semi-preservada, ou até mesmo preservada, mas que não se encontra ação humana significativa, mesmo sendo parte desta área devastada pela criação de gado. A área I está situada a 7° 16 ' 54,5'' S e 35° 53' 13''W, sendo delimitada a leste pela BR 104, possuindo um lago rodeado por uma área aberta, com predominância de gramíneas. A área II está sitiada a 7° 16' 34'' S e 35° 53' 7,8'' W, também com a presença de um lago, sendo a vegetação arbustiva e havendo a presença de bastante folhiço e pedras em alguns pontos. 2.2. Etapa de Campo O trabalho de campo foi realizado durante o período de 20 de maio a 29 de julho de 2009 e 06 de fevereiro a 29 de março de 2010, sendo que o primeiro período de tempo na área I e o segundo período de tempo na área II. Na área I foram realizadas apenas buscas ativas, que consiste em realizar varreduras em possíveis locais onde possam servir de hábitat para esses animais, como telhas empilhadas, pedras e cascas de árvores, dentre outras. As varreduras ocorreram semanalmente das 08h30min às 10h30min, totalizando um total de duas horas de esforço por semana. Na área II foram instaladas 20 armadilhas de solo do tipo pitffal traps, sendo estas dispostas em duas fileiras distantes 10m entre si, denominadas linha A e linha B respectivamente. Cada fileira 39 http:///www.rbic.com.br ISSN 2179-4413 Volume 1 / Número 1 / Abril/Jun - 2010 continha 10 armadilhas com uma distância de 2m umas das outras. Para melhor eficiência, foram confeccionadas cercas-guias, com uma lona preta de 10 cm de altura. Estas foram colocadas na fileira, presas com hastes de ferro de modo que passasse pelo meio da armadilha, dividindo em dois lados iguais, como mostra na figura 1. Figura 1 – Detalhe individual da armadilha de solo Para confecção das armadilhas, foram utilizadas garrafas plásticas de 2l cortadas ao meio (20 cm de profundidade), estas foram enterradas ao solo e sobre elas foram postas bandejas de ovos sustentadas por pedaços de bambu, afim de que o sol e a chuva não penetrem diretamente na armadilha. Enquanto instaladas, eram feitas vistorias nas armadilhas, também fazendo observações nas proximidades das armadilhas. Na área II foi feita apena uma busca ativa no dia 20 de fevereiro de 2010 no período matutino. Essa busca ocorreu ao vasculhar embaixo de pedras, fezes bovinas e folhiço. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram capturados no total 43 escorpiões, sendo identificados como sendo da espécie Tityus stimurus (06 espécimes) e dos gêneros Bothriurus (21 espécimes) e Rhopalurus (16 representantes). Na área I, onde há bastante presença e ação humana, foram encontradas apenas escorpiões da espécie Tityus stigmurus, mostrando que essa espécie está bem adaptada à vida em ambientes urbanos. Já na área II, onde não se encontra ação humana significativa, foi encontrada apenas uma espécie de T. stigmurus, predominado a presença de Bothriurus sp. e Rhopalurus sp. A presença desses dois gêneros em áreas naturais, e de sua ausência em áreas onde há presença humana mostra sua enorme sensibilidade à presença e ação do homem, mostrando também que esses gêneros são típicos de áreas livres de antropização, podendo considerá-los como indicadores de áreas naturais. São poucos os relatos que trazem essa temática (eg. NOGUEIRA et al, 2008), mostrando a importância de estudos mais aprofundados sobre a ecologia desses animais. Levando em consideração à área do Complexo Aluísio Campos, destinada ao Horto Florestal, podemos demonstrar a importância desse estudo. Onde encontramos uma área nativa natural que precisa ser preservada, antes que o processo de urbanização chegue a tais áreas, sendo já observada a criação de gado em determinados locais. http:///www.rbic.com.br 40 ISSN 2179-4413 Volume 1 / Número 1 / Abril/Jun - 2010 Observou-se ainda que houve maior predominância desses animais na Linha B nas armadilhas, totalizando 11 escorpiões, em comparação à Linha A que obteve 9 escorpiões. Talvez isso ocorresse por a Linha B estar mais próxima à vegetação fechada. Mas a predominância em níveis quantitativos ficou com a busca ativa, que totalizou 23 espécimes, sendo estes encontrados em grande maioria embaixo de fezes bovinas, talvez por esta manter certa umidade exigida por esses animais. Analisando a Tabela 1, pode-se ter uma visão geral dos espécimes coletados, sendo divididos por método de captura. Espécies Tityus stigmurus Bothriurus sp. Rhopalurus sp. Busca Ativa 5 9 9 Linha A - 7 2 Linha B 1 5 5 6 21 16 Armadilhas Total Tabela 1:. Número de espécimes coletados por armadilha e espécie de escorpião Podemos notar o grande número de Bothriurus em comparação ao T. stgmurus e ao Rhopalurus, sendo esse gênero o principal indicador de áreas preservadas (NOGUEIRA, 2008) É interessante salientar também que estes não fazem parte do mesmo nicho ecológico, mostrando ainda a grande variedade de habitas e nichos presentes no Complexo Aluízio Campos, demonstrando uma área rica em diversidade tanto de fauna como de flora, mostrando a importância de estudos mais aprofundados na área. 4. CONCLUSÕES Com os resultados obtidos neste estudo, pode-se demonstrar que: há importância ecológica do Complexo Aluízio Campos, uma vez foram identificados escorpiões do gênero Bothriurus e Rhopalurus como habitantes naturais da área; pela presença de escorpiões dos gêneros Bothriurus e Rhopalurus, existe um indicativo de área livre de grande antropização, o que proporciona um dado científico a mais para a criação ou transformação do Complexo Aluízio Campos, em uma área protegida, mais especificamente em um Horto Florestal. a área deve ser mais estudada para que outros dados sobre a fauna de invertebrados possa ser avaliada de forma mais ampla. 5. RERERÊNCIAS ALBUQUERQUE, I.C.S.; ALBUQUERQUE, H.N.; ALBUQUERQUE, E.F.; NOGUEIRA, A.S.; CAVALCANTI, M.L.F. Escorpionismo em Campina Grande-PB. Revista de Biologia e Ciências da Terra. v.4, n.1, 2004. http:///www.rbic.com.br 41 ISSN 2179-4413 Volume 1 / Número 1 / Abril/Jun - 2010 BARRAVIERA, B. Venenos: aspectos clínicos e terapêuticos dos acidentes por animais peçonhentos. Rio de Janeiro: EPUB. 1999. 87p. CANDIDO, D.M. (1999). Escorpiões. IN: JOLY, C.A.; BICUDO, C.E.M. orgs. Biodiversidade do Estado de São Paulo, Brasil: síntese do conhecimento ao final do século XX, 5: invertebrados terrestres. São Paulo: FAPESP, 1999, p. 24-34. CRUZ, E.F.S. (1999). Biologia dos escorpiões. IN: BARRAVIERA, B.. Venenos: aspectos clínicos e terapêuticos dos acidentes por animais peçonhentos, Rio de Janeiro: EPUB, p. 135-150. IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/. Acesso em: 14 de fevereiro de 2010. LIRA-DA-SILVA, R.M.; JORDÃO, G.M.; SILVA, T.F.; CANDIDO, D.M.; BRAZIL, T.K. Ocorrência de Rhopalurus debilis (C.L. KOCH, 1840) (Scorpiones, Buthidae) no estado da Bahia, Brasil. Biota neotropica. v.5, n.1, 2005 MACHADO, G. ; BONATO, V ; MARTINS, E.G. . Dinâmica populacional e uso de habitats por três espécies de escorpiões (Arachnida: Scorpiones) em um fragmento de Cerrado no sudeste do Brasil. In: III Encontro de Aracn_ologos do Cone Sul, 2002, C_ordoba. III Encontro de Aracn_ologos do Cone Sul, 2002. MARTINS, M.N.; MORIMOTO, F.T.S. Levantamento da escorpiofauna na floresta estadual de Assis – SP. In: Anais do IX Congresso de Ecologia do Brasil, 2009. NOGUEIRA, A.S.; ALBUQUERQUE, H.N.; ALBUQUERQUE, I.C.S.; MENEZES, I.R. Inventário preliminar da escorpiofauna no município de Campina Grande – Paraíba. Revista de Biologia e Farmácia. v.3, n.1, p. 74-84, 2008. POLIS, G.A. 1990b. Ecology. Pp. 247{293. In: The Biology of Scorpions. (G.A. Polis, ed.). Stanford University Press QUEIROZ, R.N.M.; OLIVEIRA, B.H.S.; SILVA, A.K.M.; ALVES, L.S.; ALBUQUERQUE, H.N. Levantamento preliminar da fauna do Complexo Aluísio Campos, em Campina Grande, Paraíba. In: Anais do IV Congresso de Pesquisa e Inovação da Rede Norte e Nordeste de Educação Tecnológica, Belém-PA, 2009. RUPPERT, Edward E.; FOX, Richard S.; BARNES, Robert D. Zoologia dos Invertebrados: uma abordagem funcional-evolutiva. 7. ed. São Paulo: Roca, 2005. SANTOS, W.R. (1999). Venenos escorpionídeos: bioquímica e farmacologia. IN. BARRAVIERA, B., Venenos: aspectos clínicos e terapêuticos dos acidentes por animais peçonhentos, Rio de Janeiro: EPUB, p. 233-241. http:///www.rbic.com.br 42 ISSN 2179-4413 Volume 1 / Número 1 / Abril/Jun - 2010 SCHMIDT, G..O. Levantamento dos escorpiões (Arachnida: Scorpiones) na restinga da Praia da Pinheira, Palhoça, Santa Catarina, Brasil. Trabalho de conclusão de curso. Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2008. SILVA, A.K.M.; OLIVEIRA, B.H.S.; QUEIROZ, R.N.M.; ALVES, L.S.; COSTA, B.G.; ALBUQUERQUE, H.N. Perspectivas e possibilidades oferecidas pelo Complexo Aluísio Campos, em Campina Grande – PB. In: Anais do IV Congresso de Pesquisa e Inovação da Rede Norte e Nordeste de Educação Tecnológica, Belém-PA, 2009. SILVA, P.S.; BATISTA, H.R.; PEREIRA, C.M.; CHALKIDIS, H.M.; NOGUEIRA, R.G.; SOUZA, D.C.; AGUIA, J.; SÁ, C.S.; ALMEIDA, L.P.; COELHO, T.A. Escorpiofauna na área do Instituto Gestor de Pesquisa da Amazônia (IGPA), Localidade Cucurunã, Santarém, Pará, Brasil. In: Anais do XXVIII Congresso Brasileiro de Zoologia, Belém-PA, 2010. http:///www.rbic.com.br 43
Documentos relacionados
Livro "Os Escorpiões" - NOAP/UFBA
A Ordem Scorpiones representa apenas 1,5% dos aracnídeos conhecidos, com 18 famílias, 163 gêneros e aproximadamente 1500 espécies no mundo. A estimativa total da diversidade é de 7000 espécies (CO...
Leia mais