Resumo...........................................................

Transcrição

Resumo...........................................................
SUMÁRIO
Resumo.................................................................................................................................4
Lista de Ilustrações...............................................................................................................5
Introdução.............................................................................................................................6
Prometeu...............................................................................................................................8
Prometeu sendo Acorrentado..............................................................................................16
Prometeu Acorrentado........................................................................................................19
Conclusão............................................................................................................................24
Referências..........................................................................................................................25
Oscar Alexandre Detling 4
RESUMO
Este trabalho tenta expor a origem do conflito humano. Para tentar compreender
melhor os desígnios que regem o conflito, averiguamos mais atentamente Hobbes e
Rousseau, sobretudo no que se refere ao homem original, à socialização humana e aos
mecanismos de conflito pré-existentes ou motivados. Trazemos duas chaves que são
importantes para que se faça sentido tal exploração: a primeira de Rousseau para quem a
desigualdade é geradora de conflito e a segunda de Hobbes, a igualdade é o fator que leva
à guerra de todos; Anunciamos uma breve discussão sobre o Estado como condição
normativa à socialização. Observamos ao longo do texto e pelas próprias justaposições
sugeridas que o conflito não pode ser apenas observado pela ótica da razão pois todo ponto
estudado tem seu respectivo contraponto que muitas vezes serve de base a elaboração de
novas teorias. Adicionamos um componente a mais, a emoção e para a elaboração destas
observações o trabalho de Adorno e de Hirschman é de fundamental importância. Assim,
procura-se demonstrar que o conflito é fruto do processo de civilização ou ainda de
endoculturação, e que este por sua vez, educa e condiciona nossas emoções formando um
caldo propício ao surgimento do conflito.
Palavras-chave: Conflito, Civilização, Rousseau, Hobbes, Hirschman.
Oscar Alexandre Detling 5
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Fig. 1 – Füger, Heinrich Friedrich. Prometeu leva o fogo à humanidade; 1817........9
Fig. 2 – Baburen, Dirck van. Prometeu sendo acorrentado por Vulcano; 1623.......17
Fig. 3 – Rubens, Pieter Pauwel. Prometeu acorrentado; (1577-1640).....................19
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INTRODUÇÃO
Este trabalho busca de maneira modesta investigar as causas do conflito humano, ou
melhor, sua origem.
Para tanto, procedeu-se a leitura crítica de Sergio Adorno em Conflitualidade e
violência – reflexões sobre a anomia na contemporaneidade, de Albert Hirschman em As
paixões e os interesses, de Thomas Hobbes em Leviatã ou Matéria, Forma e Poder de um
Estado Eclesiástico e Civil, de Jean-Jacques Rousseau em Discurso sobre a origem e os
fundamentos da desigualdade entre os homens, de Francisco Weffort em Os Clássicos da
Política volume 1, de Edgar Morin em As Grandes Questões do Nosso Tempo e de Ésquilo
em Prometeu acorrentado, todos os livros e autores mencionados constam no fim do
trabalho.
O leitor pode notar que o “norte” que guia a confecção do trabalho é a obra de
Ésquilo, Prometeu acorrentado; não sem motivo, a meu ver, Ésquilo traz a tona em sua
tragédia uma faceta muito importante do comportamento humano, o conflito.
Ainda que tal leitura seja feita de maneira tendenciosa, estou convicto que não é
realizada de maneira forçada.
A história de Prometeu é em larga medida a história do próprio homem.
Assim, a lanterna que nos guia pelas escuras cavernas da razão em busca deste
conhecimento será a de Prometeu em sua longa descida até o homem.
Para tentar compreender melhor os desígnios que regem o conflito, averiguamos
mais atentamente Hobbes e Rousseau, sobretudo no que se refere ao homem original, à
socialização humana e aos mecanismos de conflito pré-existentes ou motivados. Nestes
autores duas chaves são importantes para sua compreensão, a primeira em Rousseau para
quem a desigualdade é geradora de conflito e a segunda para Hobbes, a igualdade é o fator
que leva à guerra de todos.
Aliamos a este embrulho a presença do Estado, como condição normativa à
socialização.
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Mas vamos perceber ao longo do texto que o conflito não pode ser apenas
observado pela ótica da razão, todo ponto estudado tem seu respectivo contraponto que
muitas vezes serve de base a elaboração de novas teorias.
Um componente adicional e que em minha opinião se mostra determinante é a
emoção. Assim, procuro demonstrar que o conflito é fruto do processo de civilização, e que
este por sua vez, educa e condiciona nossas emoções formando um caldo propício ao
surgimento do conflito.
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PROMETEU.
“Só os mortos verão o fim da guerra.”1
“(…) o que se deve pensar, a esse respeito, sobre a
espécie de desigualdade que reina entre todos os povos
policiados, pois é manifestante contra as leis da natureza,
seja qual for a maneira por que a definamos, uma criança
mandar num velho, um imbecil conduzir um sábio, ou um
punhado de pessoas regurgitar superfluidades enquanto a
multidão faminta falta o necessário.”(HOBBES, 116)
Vítima da ira de Zeus, o titã Prometeu é acorrentado a um rochedo; condenado por
transgredir os intentos divinos e dar aos homens primitivos o fogo e todas as realizações
decorrentes desta graça. Portador de dons tais como a visão do futuro, Prometeu pontifica a
queda de Zeus em uma artimanha já em andamento; Sabedor destes perigos, Zeus ameaça
Prometeu a lhe contar a verdade e quem intenta tal ação; ignorando as ameaças e
bravejando aos céus Prometeu se nega e é uma vez mais condenado, desta vez a torturas,
uma águia lhe comeria o fígado diariamente até que se subjuga-se aos poderes superiores de
Zeus.
Um assunto árduo.
Indubitavelmente a sociedade humana é investigada todo o tempo, se não por
teóricos famosos, por nós mesmos. Muitas são as lentes pelas quais podemos ver o objeto
de estudo, a sociedade. Porem, dificilmente em qualquer um dos olhares que lancemos
sobre ela ausentamo-nos do conflito.
A analogia buscada com Prometeu é simples, o fogo dado aos homens simboliza
aqui o surgimento da sociedade e a pena a ser cumprida, ou melhor, o fígado comido
diariamente não são outros que não nossos conflitos.
O conflito está presente a todo instante, quase todas as ações humanas impactam
homens e natureza ao redor, fruto deste ponto de contato surge o conflito. Mas porque
agimos sempre desta maneira frente ao outro, frente à natureza?
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Atribuída a Platão pelo general Douglas MacArthur; citação contestada
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Seria esta uma reação natural, instintiva ou fruto de uma condição redundante a
nossa forma de viver a vida em sociedade?
São inúmeros os ângulos de
observação, mas parecem que todos
convergem para um mesmo ponto, e é
este vértice que iremos investigar.
Para tanto, valemo-nos de
alguns autores que em momentos
diferentes
da
humanidade
se
debruçaram sobre este mesmo tema,
da
junção
de
suas
observações
tentaremos encontrar um eixo, ou
melhor um meio termo que possa de
alguma forma nos ajudar a lançar
alguma luz sobre o assunto.
Provavelmente, para tentarmos
compreender
melhor
o
conflito
tenhamos em alguma instância que
tentar entender o próprio homem,
claro que não em sua totalidade pois Figura 1 - Prometeu leva o fogo à humanidade
seria heresia tal pretensão, precisaríamos observar o homem em estado de natureza, ou
melhor, o homem original...
Em primeiro lugar, é importante salientar que quando imaginamos o homem em
qualquer outro contexto tomamos como base o homem atual, aquilo que conhecemos,
portanto, estas transposições devem ser cuidadosas e muito bem dosadas para se evitar
incorrer em erros crassos.
Assim, pode-se traçar algumas linhas diferentes de observação do homem. Primeiro,
por ser nosso objeto de estudo deve ser observado como tal; Devidamente delimitado e
contextualizado, convêm voltarmos às origens ancestrais, ou melhor, ao homem original.
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Entende-se por homem original, segundo Rousseau (Rousseau in Os Pensadores,
1999) que o homem original é bom e que foi a sociedade que o corrompeu2, possui
temperamento robusto, reforçado pela seleção natural, que elimina os fracos e que as
doenças são produzidas pela vida social.3O que distingue este homem do animal é a
liberdade e a capacidade de aperfeiçoar-se. A liberdade é um dom da natureza.
Mas deve-se atentar à ausência de civilização, ou ainda, nossa visão de homem
natural em comparação ao homem selvagem, não se pode traçar esta transposição sob o
risco de cometermos os erros como mencionado acima. Devemos construir uma nova
“entidade” a fim de tentar procurar a essência da questão.
Na concepção de Rousseau4 o primeiro sentimento do homem foi o de sua
existência, sua primeira preocupação a de sua conservação; o grande passo entre o
isolamento individual e as relações com os semelhantes é representado pelo uso da
linguagem. Mas aqui, não menciona-se o progresso como realização, apresenta-se antes
como decorrência da necessidade de preservação, desta forma Rousseau nos indica que o
progresso não é inerente ao homem natural.
Dedutivamente, conclui-se que esta socialização não é natural, a sociedade é
instituída por uma convenção. Esta convenção é composta por indivíduos díspares que
podem assim ser observados: Os bons, que conservam a simplicidade do estado original e
os maus, marcados pela corrupção social em desequilíbrio com a civilização, os bárbaros.
Ausentes do estado natural, os homens não sabem permanecer na felicidade
original. Os homens originais são bons, a evolução social a corrompeu.
Prometeu corrompe o homem.
A pergunta neste ponto passa a ser qual das duas maneira de viver é mais
insuportável, a vida social ou a natural?
A Sociabilidade não está inscrita na natureza original. O homem não tem
necessidade de outrem. Não sofre nem a dor nem a miséria, que o tornariam digno de
piedade. O estado de natureza caracteriza-se pela suficiência do instinto, o estado de
sociedade pela suficiência da razão. O homem não é então nem bom nem mau, ignora tanto
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as virtudes quanto os vícios. O estado de natureza é mais vantajoso para ele e lhe
proporciona mais felicidade do que o estado social. 5
A desigualdade é quase nula no estado da natureza. Em nenhuma de suas formas
possui grande realidade ou influência. A maioria das desigualdades resulta, com efeito, do
hábito e da educação e, consequentemente , da sociedade que exercita ou não as forças do
corpo e as do espírito. 6
Neste quadro expositivo, é importante salientar que para Rousseau a primeira forma
de sociedade é a família, e como consequência esta é a forma de uma primeira propriedade.
A existência da propriedade promove o desenvolvimento da desigualdade7, desigualdade
esta que separa ricos dos pobres, separação esta baseada em leis. Como forma de manter a
situação social e conservar aquilo que se adquiriu, legitimando a posse, são promovidas
instituições além das naturais, (Rousseau in Os Pensadores, 17) “Daí a formação de
associações e de governantes; daí a perda da liberdade e do direito natural.”
Desdobrando este pensamento o autor menciona a criação dos magistrados, e com
eles a situação decorrente dos fracos e poderosos, a ineficácia do primeiro pacto, ou ainda,
sua deficiência pelo qual os indivíduos se constituem em sociedade promove a criação de
um Governo. Esta ligação não é arbitraria, se dá por intermédio de um pacto entre o povo e
seus chefes sob leis fundamentais. A distinção fundamental entre soberano e governante
reside no contrato social, que é mais vantajoso ao rico que ao pobre, aos quais apenas
oferece a segurança da pessoa. A origem da sociedade e das leis promoveram novos
entraves aos fracos (Rousseau in Os Pensadores, 100) “destruíram irremediavelmente a
liberdade natural, fixaram para sempre a lei da propriedade e da desigualdade, fizeram de
uma usurpação sagaz um direito irrevogável e, para lucro de alguns ambiciosos, daí por
diante sujeitaram todo o gênero humano ao trabalho, à servidão e a miséria.”
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Uma informação relevante pode ser lida na página 98. “Assim, os mais poderosos ou os mais
miseráveis, fazendo de suas forças ou de suas necessidades uma espécie de direito ao bem alheio, equivalente,
segundo eles, ao de propriedade, seguiu-se à rompida igualdade pior desordem; assim as usurpações dos
ricos, as extorsões dos pobres, as paixões desenfreadas de todos, abafando a piedade natural e a voz ainda
fraca da justiça tornaram os homens avaros, ambiciosos e maus. Ergue-se entre o direito do mais forte e o do
primeiro ocupante um conflito perpétuo que terminava em combates e assassinatos. A sociedade nascente foi
colocada no mais tremendo estado de guerra; o gênero humano, aviltado e desolado, não podendo mais voltar
sobre seus passos nem renunciar às aquisições infelizes que realizava, ficou às portas da ruína por não
trabalhar senão para a sua vergonha, abusando das faculdades que o dignificam.”
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Conclui assim que a desigualdade não é legítima do ponto de vista natural.
“Sem prolongar inutilmente esses detalhes, cada qual
deve ver como, por serem os laços da servidão formados
unicamente pela dependência mútua dos homens e pelas
necessidades recíprocas que os unem, é impossível subjugar
um homem sem antes tê-lo colocado na situação de não viver
sem o outro, situação essa que, por não existir no estado de
natureza, nele deixa cada um livre do jugo e torna inútil a lei
do mais forte.”8
A segurança é tão importante para Rousseau, quanto a liberdade. As duas vantagens
do contrato social consistem em oferecer, a cada cidadão, a segurança de vida e em garantir
a posse de seus bens.
A chave que guia nossas intenções quando mencionamos Rousseau consiste na
dificuldade de se distinguir o homem como deveria ser do homem que se transformou.
A desigualdade9 é geradora de conflito.
Contrapondo-se ao pensamento de Rousseau, buscamos em Hobbes o peso no outro
prato da balança.
Hobbes não vê o homem natural como selvagem, é o mesmo homem que vive em
sociedade de forma atemporal. Afirma que os homens são absolutamente iguais e que cabe
a um Estado repressor controlar e reprimir suas ações naturais e racionais que geram a
guerra como mecanismo de autopreservação e da enfrentamento ao desconhecido.
A igualdade é o fator que leva à guerra de todos. Aqui ele afirma que dois ou
mais homens podem querer a mesma coisa, e por isso todos vivemos em tensa competição.
Em Leviatã10 lê-se que Hobbes reduz a liberdade a uma determinação física,
aplicável a qualquer corpo, eliminando assim o valor da liberdade como uma aspiração
humana.
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É este o último grau de desigualdade, o ponto extremo que fecha o círculo e toca o ponto de que
partimos; então, todos os particulares se tornam iguais, porque nada são, e os súditos, não tendo outra lei além
da vontade do senhor, nem o senhor outra regra além de suas paixões, as noções do bem e os princípios da
justiça desfalecem novamente; então tudo se governa unicamente pela lei do mais forte e, consequentemente,
seguindo um novo estado de natureza, diverso daquele pelo qual começamos, por ser esse um estado de
natureza em sua pureza, e o outro, fruto de um excesso de corrupção. (113) 10
Ver referências bibliográficas.
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Quando o indivíduo firmou o contrato social, renunciou ao
seu direito de natureza, isto é, ao fundamento jurídico da guerra de
todos. É que, neste direito, o meio (fazer o que julgasse mais
conveniente) contradizia o fim (preservar a própria vida). O homem
percebeu que, como todos tinham esse direito tanto quanto ele, o
resultado só podia ser a guerra – “e a vida do homem [era]
solitária, pobre, sórdida, embrutecida e curta. Mas, dando poderes
ao soberano, a fim de instaurar a paz, o homem só abriu mão de seu
direito para proteger a sua própria vida. Se esse fim não for atendido
pelo soberano, o súdito não lhe deve mais obediência – não porque o
soberano violou algum compromisso (isso é impossível, pois o
soberano não prometeu nada), mas simplesmente porque
desapareceu a razão que levava o súdito a obedecer. Esta é a
“verdadeira liberdade do súdito.” (Weffort, 68).
Deduz que no estado de natureza todo homem tem direito a tudo e tem liberdade de
usar seu próprio poder (Weffort, 55) “da maneira que quiser, para a preservação de sua
própria natureza, ou seja, de sua vida; e consequentemente de fazer tudo aquilo que seu
próprio julgamento e razão lhe indiquem como meios adequados a esse fim.”
Liberdade neste contesto significa ausência de oposição, aplicando-se tanto as
criaturas racionais quanto irracionais.
Para ele,
“O estado de natureza é o modo de ser que caracterizaria o
homem antes de seu ingresso no estado social. No estado de natureza
a “utilidade é a medida do direito”, isso significa que lavado por
suas paixões o homem precisa conquistar o bem, portanto o
altruísmo não seria natural. O natural seria o egoísmo, inclinação
geral do gênero humano, constituído por um “perpétuo e irrequieto
desejo de poder e mais poder que só termina com a morte”. Apesar
de adepto do despotismo político, Hobbes afirma que “todos os
homens são naturalmente iguais”. Esta igualdade baseia-se no
desejo natural da autopreservação. Com isso se estabelece o direito
fundamental da auto conservação. Assim como existe igualdade cada
um é lobo do outro e terminamos com uma guerra de todos contra
todos. Assim o estado natural exige uma saída com base no próprio
instinto de conservação da vida. Deixando a si o instinto de
conservação é abertura para a violência que o reitera e, ao mesmo
tempo, para a paz tática que prometa conservação. É esse o campo
da lei natural.” (Hobbes in Os Pensadores, 13)
O homem é lobo do homem.
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A entrada do homem em sociedade só se dá pelo instinto de preservação (ponto este
que se assemelha a Rousseau), não é do gênero humano a cooperação natural. A razão
humana busca a paz, porem, percebendo sua impossibilidade prepara-se para a guerra,
sendo lícito emprega-la.
Para que a vida seja viável, impõe-se a sociedade civil onde os homens são levado a
estabelecer contratos entre si e a transferir seus direitos a outros, esta promessa vale
enquanto a conservação da vida não estiver sendo ameaçada e que não veja nenhum outro
poder grande o suficiente para ameaça-lo. Não ha prazer algum no convívio social pelo
contrário, contrapõe-se a Aristóteles que afirma ser o homem um animal social. (Hobbes in
Os Pensadores, 57)
Entre os dois autores alguns pontos de atrito podem ser observados em suas teorias,
para Hobbes a “antítese fundamental do Leviatã é a da vaidade, raiz de todos os apetites
naturais, e do temor da morte violenta, fonte da razão e da moralidade. A vaidade é o desejo
e todo desejo leva a desejo de poder: ela engendra o desprezo que conclama à vingança: o
estado de natureza é uma guerra de qualquer homem contra qualquer outro homem.
Rousseau opor-se-á vivamente a essa teoria.” (Hobbes in Os Pensadores, 59) O estado de
natureza de que fala Rousseau não é o estado de guerra a que se refere Hobbes, pois o
homem é acessível a piedade, e não devemos concluir com Hobbes que, por não ter
nenhuma ideia de bondade, seja o homem naturalmente mau.
Mesmo Rousseau, cuja visão da natureza humana estava muito distante daquelas de
Hobbes, rende tributo à ideia abrindo o Contrato Social com a frase: ”Tomando os homens
como eles são e as leis como deveriam ser, desejo investigar se pode-se encontrar um
princípio legítimo e certo de governo.”
Mesmo a ideia original e insistente inicial do tema de se olhar o homem “como ele
realmente é” tem uma explicação simples. Um sentimento surgiu no Renascimento e
tornou-se uma firme convicção durante o século XVII: a filosofia moral e os preceitos
religiosos não podiam mais ser responsabilizados por reprimir as paixões destrutivas dos
homens, surge o apelo à coerção e à repressão. A tarefa de conter, pela força se necessário,
as piores manifestações e as mais perigosas consequências das paixões é entregue ao
Estado. Qualquer ordem social e política estabelecida é justificada pela sua mera existência.
Suas possíveis injustiças são apenas retribuições pelos pecados do Homem Degradado.
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Mas a invenção crucial de Hobbes é seu conceito transacional peculiar do Pacto,
que é totalmente estranho em espírito àqueles antigos sistemas autoritários
A solução repressiva ao problema colocado pelo reconhecimento das paixões
desregradas do homem apresenta grandes dificuldades. Imaginar uma autoridade ex
machina que de alguma forma suprima a miséria e a destruição que os homens infligem uns
aos outros como resultado de suas paixões significa na verdade fingir que não existem, em
vez de solucionar, as próprias dificuldades que foram descobertas.
A ideia de uma sociedade unida pelo amor próprio, em vez de pela caridade passa a
ser viável a pesar de ser pecaminosa.
Uma designação específica de função dessa espécie
sublinha o Pacto hobbesiano, que é concluído apenas porque
os “Desejos, e outras paixões dos homens”, tais como a
busca agressiva de riquezas, glória e domínio, são superados
por aquelas outras “paixões que predispõe os homens à
Paz”, que são “Medo da Morte, Desejo das coisas que são
necessárias a uma vida confortável; e uma Esperança na sua
diligência em obtê-las”. A totalidade da doutrina do contrato
social é, nesse sentido, uma derivação da estratégia
compensatória. Hobbes precisa apelar para elas apenas uma
vez, com o propósito de fundar um Estado tão organizado que
os problemas criados pelos homens passionais são resolvidos
de uma vez por todas. Com essa tarefa em mente, foi
suficiente para ele definir a domesticação e as paixões a
serem domesticadas numa base ad hoc. Mas muitos
contemporâneos de Hobbes, ao mesmo tempo que
compartilhavam as sua preocupações acerca da situação do
homem e da sociedade, não adotavam uma solução radical e
sentiam, além disso, que a estratégia compensatória era
necessária numa base contínua, do dia-a-dia. Com esse
objetivo, uma formulação mais geral e permanente da
designação de função era claramente conveniente. Tal
formulação sugeriu de fato e tomou a forma de opor os
interesses dos homens às suas paixões e de contrastar os
efeitos favoráveis que se seguem quando os homens são
guiados pelos seus interesses ao estado calamitoso das coisas
que prevalece quando os homens soltam as rédeas das suas
paixões. (HIRSCHMAN, 53)
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PROMETEU SENDO ACORRENTADO
Ao longe ouve-se o bater de asas e o som surdo do martelo, Hefesto agrilhoa
Prometeu o titã ao rochedo.
Nestas breves páginas podemos ter um vislumbre ainda que parco, dos pensamentos
que nortearam o debate sobre o homem. Não nos convêm aqui postular se este ou aquele
pensador está com a razão mas, o amálgama de ideias servirá como base ao nosso
raciocínio.
Pois bem, o homem está em pé e os cravos que nos prendem à civilização são
gigantes.
Um fato nos incomoda: A desigualdade é geradora de conflito e a igualdade é o
fator que leva à guerra de todos.
Posso bem com estas duas afirmações então deduzir que o conflito é inerente ao
homem, que qualquer uma das saídas que se coloquem em minha frente a está situação
redunda na sua antítese. Mas, como bem observa Morin (1994) é importante estar atento a
componente alucinatória da percepção e devemos estar alertas quanto a sua resistência.
“Não só porque toda a percepção é sustentada,
ajudada, por uma componente alucinatória; não só porque
esta componente pode deformar a visão, mas também porque
não há diferença intrínseca, no plano da representação, entre
alucinação e percepção. A visão do alucinado tem os mesmos
caracteres de realidade que a percepção real para o nãoalucinado.” (MORIN, 15)
Para perceber esta realidade é necessário compreender que a percepção visual não é
um puro e simples reflexo do que é visto ou mesmo sentido.
Mitificar o homem como naturalmente sociável ou antissocial nos impede de
identificar onde está o conflito, e de contê-lo. Ao mesmo tempo que fechar os olhos à
tensão que há na convivência com os demais homens e conceber a relação social como
harmônica é absurdo. Por isso Hobbes acrescenta um apelo à experiência pessoal.
Utilizando o raciocínio de Weffort (2006) precisamos referendar à lex naturalis ou
lei natural, que é o preceito geral estabelecido pela razão no qual se proíbe a um homem
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fazer tudo o que possa para destruir sua vida ou privá-lo dos meios necessários para
preservá-la.
“(...) A primeira parte desta regra encerra a lei
primeira e fundamental de natureza, isto é, procurar a paz, e
segui-la. A segunda encerra a suma do direito de natureza,
isto é, por todos os meios que pudermos defendermo-nos a
nós mesmos.” (WEFFORT, 61)
Mas
esta
afirmação
ou
condição tem seu braço no Estado, ou
ainda analogamente poderia se usar a
figura do rochedo no qual Prometeu é
acorrentado, e a lei, instrumento deste
mesmo Estado agiria semelhante aos
cravos.
E ainda que os fundamentos
jurídicos não fossem suficientes o
Estado, dotado de espada traçaria as
linhas divisórias.
Figura 2 Prometeu sendo acorrentado por Vulcano
“(...) Cedo e transfiro meu direito de governar-me a
mim mesmo a este homem, ou a esta assembleia de homens,
com a condição de transferires a ele teu direito, autorizando
de maneira semelhante todas as suas ações. Feito isso, à
multidão assim unida numa só pessoa se chama Estado, em
latim civitas. É esta a geração daquele grande Leviatã, ou
antes (para falar em termos mais relevantes) daquele Deus
Mortal, ao qual devemos, abaixo do Deus Imortal, nossa paz
e defesa. (...)” (WEFFORT, 62)
Oscar Alexandre Detling 18
Assim, Hobbes desenvolve essa ideia, e monta um Estado que é condição para
existir a própria sociedade. A sociedade nasce com o Estado. Mesmo porque, que poderia
ter acontecido ao gênero humano se fora abandonado a si mesmo?
Na primeira parte do trabalho, procuramos colocar as luzes sobre o enfoque do
homem primeiro, natural, desprovido de seus próprios pertencimentos. Depois o homem
fruto da condição social, molde e artesão da sua vida; agora, depara-se com o conflito.
Oscar Alexandre Detling 19
PROMETEU ACORRENTADO
Figura 3 - Prometeu acorrentado
“Mefistófeles define a sí como “uma parcela daquela
força que sempre determina o mal e sempre produz o bem.”
(HIRSCHMAN, 41)
Primeiro o homem é o grande artífice de sua condição, não imputa a Deus ou a
natureza tal condição. Uma vez sabedor destas situação pode conhecer sua condição tanto
miserável quanto os meios de alcançar a paz.
Pode-se assim conceber algumas igualdades e desigualdades entre os homens que
por ventura alavancariam os conflitos. Uma que mostra nossas diferenças naturais tais
como idade, saúde, força física e etc; outra que depende de convenção social sendo assim
denominada moral ou política, já que é autorizada por outros homens e esta presente em
privilégios.
A resposta a primeira diferença fica enunciada na própria questão, ela é passível de
análise e demostra diferentes formas de ser interpretada de acordo com cada cultura
Oscar Alexandre Detling 20
humana. A segunda diferença que abordamos traz uma abordagem implícita, a saber porque
a natureza foi submetida a leis e esta por sua vez concede o direito a violência.
Aqui o conflito parece tomar forma de perpetuação de uma certa hierarquia, a
manutenção de certos privilégios. Gozando das leis, fazemos uso do aparato Estatal para
promover o bem estar, e quando não se precipita nesta direção os fatos, pode-se usar o
embate psicológico, físico da violência, sendo ambos por coerção de forças brutais ao
espírito.
Seguindo uma linha de elaboração mais livre, o conflito de alguma maneira não
parece estar inserido no cerne da formação social, de alguma forma parece aqui presente
como alicerce que sustenta a estrutura.
A lei, o Estado e sua espada aparecem como um anjo salvador contra os malefícios
do além. (seja lá o que estivermos pensando por malefícios e opor além), em nosso
cotidiano da mesma forma, procuramos nos esquivar do conflito “desumano” com outros
que querem nos tomar, machucar ou simplesmente cooptar nossa consciência.
Estabelece-se assim um embate contínuo onde o indivíduo se vê constantemente
ameaçado, um homem em constante conflito.
A imagem de Prometeu acorrentado no rochedo pro grilhões poderosos, tendo o
fígado dilacerado pela águia dia após dia retrata a meu ver esta condição.
Nós os homens estamos presos ao vínculo social seja lá por qual estrutura for e
temos diariamente que lutar para que partes do nosso corpo não seja arrancada pelo conflito
social.
Neste ponto, podemos chegar a termo com Rousseau (in Os Pensadores, 44), onde
escreve repelindo o conceito de uma ordem natural previamente definida evitando que o
conceito caia em um fatalismo conformista, defende o critério ético acima de todos os
valores. “A busca da verdadeira lei natural está em separar o que há de original e de
artificial na natureza atual do homem.”
Mas se o conflito fosse só uma questão de consciência seria previsto e resolvido nos
bancos de nossas escolas.
Quando falamos de conflito, não nos esqueçamos do componente emocional.
Lemos em Hobbes (in Os Pensadores, 12), que o ponto de ação inicial do homem
esta no esforço ou no empenho, “afirmando que o movimento, que consiste no prazer e no
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desgosto, é uma solicitação ou provocação para se aproximar do que agrada ou para se
retirar do que desagrada; e essa solicitação é o esforço ou o começo interno do movimento
animal”. E pela própria condição inicial de sua colocação conclui que é uma condição
determinista.
Temos assim um antagonismo declarado, a razão e a emoção.
Sobre a razão muito já foi dito mas sobre a emoção buscamos inspiração na obra de
Hirschman (2002), ao citar outros pensadores, para Vico, a marcha progressiva da história
era prova suficiente de que de alguma maneira as paixões dos homens conspiram para o
progresso geral da humanidade ou para o Espírito do Mundo, em Espinosa, nada podia estar
mais afastado da sua mente do que o pensamento de que as paixões podiam ser refreadas e
manipuladas de modo útil colocando-se uma paixão contra a outra, para Hume, “a razão é e
deveria ser somente a escrava das paixões” e ainda para o mesmo pensador podemos ler
que não há paixão, por conseguinte, capaz de controlar a afeição interessada, a não ser a
própria afeição, por uma alteração da sua direção. Mas essa alteração deve acontecer
necessariamente com base na mínima reflexão; como é evidente que a paixão é mais bem
satisfeita pela sua repressão do que pela sua liberdade, e que preservando a sociedade
fazendo muito mais progressos na aquisição de propriedades do que na condição solitária e
desamparada (...); Para Bossuet tanto o interesse quanto a paixão corrompem o homem, já
para spinoza: “ Todos os homens certamente buscam o seu benefício, mas raramente como
determina a justa razão; na maioria dos casos o apetite é seu único guia, e nos seus desejos
e julgamentos daquilo que é benéfico eles são levados pelas suas paixões, que não levam
em consideração o futuro ou nenhuma outra coisa.”
“A Avareza, ou o desejo de ganho, é uma paixão
universal que opera em quase todas as épocas, em todos os
lugares, e sobre todas as pessoas”. (HUME in
HIRSCHMAN, 75)
Paixão e razão.
Talvez esteja ai nosso grande dilema e o motor gerador das nossas dificuldades.
Mas antes que possamos concluir o pensamento, é significativo abordar o trabalho
de Adorno (1998) que estuda em seu artigo o ensaio de Dahrendorf.
Oscar Alexandre Detling 22
Com uma acidez crítica, Adorno analisa Darhendorf que toma como tema de “a
generalização de um sentimento de insegurança e medo diante da escalada do crime na
sociedade contemporânea” (Adorno, 19) e como tese central a institucionalização dos
conflitos sociais. A obra de Dahrendorf caminha (segundo Adorno, 22) para um caminho
que já nos é conhecido, “a liberdade de escolha de um lado, e as ligaduras, ou seja os
vínculos que atam os indivíduos à sociedade”.
Prometeu depois de um longo silêncio.
Minha resposta é esta: há de chegar o dia em que,
malgrado a pertinácia de sua alma, Zeus passará a ser
extremamente humilde, pois os festejos nupciais já
programados custar-lhe-ão o fim do trono e do poder com seu
inevitável aniquilamento; será então inteiramente consumada
a maldição de seu pai, Cronos, contra ele. E nenhum deus
além de mim será capaz de revelar-lhe com total clareza o
meio de conjurar o seu desastre e perdição! Somente eu tenho
a ciência do porvir e o poder de evitar sua consumação.
Depois, se ele quiser, troveje sem parar fiando-se no estrondo
que satura os ares, agitando nas mãos o dardo afogueado;
nenhum socorro o impedirá de despenhar-se ignobilmente
numa queda inevitável, tão formidável há de ser seu
adversário que a esta hora já começa a preparar-se,
prodigioso ser com que a luta é árdua, descobridor de um
fogo muito mais potente que os raios dele e de um estrondo
colossal, capaz de sobrepor-se até ao seu trovão (diante dele
próprio flagelo marinho que abala a terra – sim, refiro-me ao
tridente, arma de Poseidon – voará em pedaços). No dia em
que afinal for atingido o alvo e tiver fim a minha longa
provação, Zeus ficará sabendo qual é a distância imensurável
entre reinar e servir! (Ésquilo, 56)
Observamos até aqui, o embate de teóricos que tentam sob esforço delimitar o
homem, o meio em que vive e as relações de poder que estabelece.
Porem, todo novo pensamento, toda nova abordagem consiste em uma nova tese e
esta por sua vez tem presente a antítese e a síntese.
Inúmeras formas de se abordar o conflito podem ser levantadas, defendidas e
rebatidas insistentemente. A meu ver, o componente mais singular e determinante é a
emoção.
Oscar Alexandre Detling 23
É difícil e quiçá impossível traçar o homem ancestral, primeiro a forma com que ele
se relacionava com seus pares, há indícios porem são apenas indícios, assim, basear a
explicação de nossa condição atual em suposições teóricas sobre algo que não vivemos, não
possuímos documentações ou mesmo nenhuma forma de registro é sem dúvida alguma uma
pretensão desmedida.
Em sociedade, invariavelmente o homem se comporta de acordo com a situação
social em que foi criado, reflete a história de seus antepassados e se comporta da maneira
com que foi condicionado ou da forma que melhor lhe provier. Esta condição marca as
inúmeras diferenças presentes no planeta. Mas mesmo na mais remota cultura encontramos
o conflito.
Deduzo assim que mesmo com os sentidos nublados pelas cores culturais algo se faz
presente em todos os homens, é portanto comum a todos, a emoção.
Força na qual a razão pode apenas resvalar e mesmo a mais moderna técnica de
mapeamento cerebral não consegue explicar.
Uma vez em sociedade, educamos nossos impulsos originais, nossos sentimentos e
emoções. Tal educação inibe a explosão de sentimentos e de emoções presentes em cada
um de nós.
Cada qual a sua maneira, encontra mecanismos de escape para estas pressões.
Não raro, o conflito ser uma delas.
Assim, a meu ver, o conflito e resultado do processo de civilização humano,
inerente a ele, uma vez que este processo de civilização constitui-se no fator educativo e
transformador.
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CONCLUSÃO
Um sopro, nada mais. Poucas linhas que de nada servem se não tentarmos perceber
quão expressivo é o tema. Crenças e tradições varridas para longe, os breves instantes que
preencheram estas páginas moldaram a forma como vemos o mundo hoje.
Centenas de anos depois e ainda buscamos encontrar um “espírito” que anime esta
grande máquina, estas engrenagens.
O conflito humano sempre foi tema de nossas vidas, de nossas histórias e de nossas
tragédias no sentido grego do termo.
Acreditar que as emoções contidas, reprimidas ou condicionadas são ou melhor, é a
mola propulsora que anima a discórdia não é um ponto de convergência, ou mesmo de
chegada.
O assunto não se encerra, pelo contrário, se amplia. Abre a porta em uma direção
diferente.
Mostra o espaço provável pelo qual fluem ideias como a de Cultura de Paz tão
presentes em nossos dias.
Assim, concluo com um retrato de meu tempo, um relato pessoal e temporal de
como vejo meus dias, minha história e a sociedade em que vivo; ainda que seja muito
estreita tal visão é parte de um todo e como um holograma reflete a onipresença do gênero
humano.
Tomo a liberdade de tomar as palavras usadas até aqui como minhas, mesmo as que
foram de Hobbes, Rousseau e etc., tomo a liberdade de por alguns instantes sentir-me como
Prometeu, preso a ferros ao rochedo, sentindo todos os dias o furor do pássaro que me
dilacera a alma.
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REFERÊNCIAS
ADORNO, Sergio. Conflitualidade e violência – reflexões sobre a anomia na
contemporaneidade. São Paulo:1998, Tempo Social.
ÉSQUILO. Prometeu acorrentado; tradução do grego, introdução e notas, Mario da
Gama Kury. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2009.
HIRSCHMAN, Albert O. As paixões e os interesses. Rio de Janeiro: Record, 2002.
HOBBES, Thomas. Leviatã ou Matéria, Forma e Poder de um Estado Eclesiástico e
Civil. In: Os Pensadores. São Paulo: Nova Cultural, 1999. MORIN, Edgar. As Grandes Questões do Nosso Tempo. Lisboa: Editorial Notícias,
1994.
ROUSSEAU, Jean-Jacques. Discurso sobre a origem e os fundamentos da
desigualdade entre os homens. In: Os Pensadores, v.2. São Paulo: Nova Cultural, 1999.
WEFFORT, Francisco C. organizador. Os Clássicos da Política, v.1. São Paulo:
Ática, 2006.
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