Compreensão da sinalética Serão os sinais de
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Compreensão da sinalética Serão os sinais de
Compreensão da sinalética Serão os sinais de segurança compreendidos? M. Emília C. Duarte F. Rebelo IADE. UNIDCOM. Av. D. Carlos I, nº4 1200-649 Lisboa, Portugal, Tel. (+351) 21 393 96 00, Fax: (+351) 21 397 85 61, e-mail: [email protected] Faculdade de Motricidade Humana da Universidade Técnica de Lisboa, Laboratório de Ergonomia. Estrada da Costa 1495-688 Cruz Quebrada, Portugal Tel. (+351) 21 419 67 77 e-mail: [email protected] Sumário Este estudo avalia as taxas de sucesso de compreensão do significado de sinais utilizados em segurança. As avaliações foram feitas através do método de resposta aberta com um contexto onde normalmente estes sinais são utilizados. Um total de 30 adultos com vida activa participou neste teste. Os procedimentos e os critérios de avaliação adoptados foram adaptados aos sugeridos pela ISO, nas normas ISO 3864-1 e ISO 9186 [2001]. Os resultados indicam que a maioria dos sinais não é correctamente compreendido pelos participantes, o que nos leva a colocar algumas questões pertinentes: Até que ponto os símbolos e pictogramas têm verdadeiro sucesso na transmissão de uma mensagem específica? Quais são as suas limitações inerentes, como meio de comunicação? Palavras-chave Pictograma, Compreensão, Interface, Design, Ergonomia 1. INTRODUÇÃO O uso de linguagens gráficas, símbolos, ícones ou pictogramas, desde que bem concebidas tem, entre outras vantagens, a capacidade de transmissão de informação a indivíduos com dificuldades em ler mensagens escritas, ou com conhecimento inadequado da linguagem usada e uma maior rapidez de transmissão tanto em grandes como em pequenos formatos. Em alguns casos as vantagens são óbvias, como nas situações de interacção com interfaces de dimensões reduzidas, como é o caso dos actuais sistemas tecnológicos de informação e comunicação, ou em situações de uso e/ou manipulação de substâncias perigosas, ou ainda, em situações de emergência onde o tempo de decisão escasseia. Nestes casos, onde o uso da linguagem verbal pode ser um obstáculo ao bom desempenho humano, devem ser usados pictogramas. Os pictogramas englobando, num sentido lato e comum, os símbolos e os ícones, são definidos pela ISO 7001 como uma figura, perceptível visualmente, que é usada para transmitir informação independentemente da linguagem. Noutros casos porém, as vantagens da transmissão de mensagens, gerais e de segurança em particular, através sinais e de pictogramas podem ser pequenas, se pensarmos que uma compreensão errada pode provocar erros muito perigosos. Para tentar evitar, ou minimizar, tais erros e os inerentes problemas de acessibilidade e de usabilidade dos sistemas, a concepção de uma mensagem gráfica, para qualquer interface, deverá ser abordada de forma interactiva ou participativa. O mesmo é dizer que, o utilizador final deverá assumir o papel de parceiro de concepção, disponibilizando-se para responder a inquéritos, para a realização de testes empíricos ou para a avaliação de maquetes ou protótipos, entre outros métodos considerados importantes para avaliar a usabilidade e acessibilidade dos projectos. Este tipo de métodos de concepção deve ser utilizado, não apenas no momento da concepção inicial mas, também, para determinar se alguns sinais e pictogramas devem ser redesenhados. Este procedimento deverá ser repetidamente aplicado até se alcançarem valores aceitáveis de compreensão. O sucesso dos pictogramas depende, não só, da velocidade com que são detectados mas, especialmente, do facto de a sua mensagem ser correctamente compreendida. A compreensão é pois um dos critérios de maior importância para a avaliação da qualidade do pictograma. Nesse sentido, um dos primeiros passos do processo deverá ser o testar da compreensão do significado dos pictogramas, pelos prováveis utilizadores desse sistema, bem como o seu entendimento das tarefas previstas. O American National Standard Institute com a norma ANSI Z535.1-5 [1991] e a Organization for International Standardization com a ISO 3864 [1984], fornecem taxas de sucesso de compreensão, que funcionam como critério para avaliação da qualidade de um pictograma. Segundo estas normas, os pictogramas devem alcançar, respectivamente, um critério de pelo menos 85% ou 67% de sucesso de compreensão (respostas correctas) e um critério não superior a 5% de confusão crítica (resposta oposta à correcta), para serem aceites. Para fazer uma avaliação das taxas de compreensão, de vários sinais de segurança, este estudo assentou na pesquisa de informação junto de uma amostra da população de prováveis utilizadores. Algumas características desses utilizadores, tais como, o nível de escolaridade, a experiência com computadores, entre outras, permitirão antecipar as principais dificuldades da população face às interfaces. No presente estudo foram obtidas taxas de compreensão para vários sinais de segurança, (que pretendem transmitir mensagens de categorias como: obrigação; proibição; emergência; perigo; luta contra os incêndios e substâncias perigosas), referentes a uma população de adultos com vidas activas. Os resultados obtidos demonstram que, na sua maioria, as taxas de sucesso de compreensão não atingem os valores estipulados pelas normas para serem considerados aceitáveis, logo, serão obstáculos à usabilidade e acessibilidade dos sistemas onde forem inseridos, bem como prováveis promotores de insegurança e baixa produtividade dos sistemas. 2. MÉTODO Em relação à compreensão de pictogramas têm sido frequentemente usados dois métodos de avaliação: o de escolha múltipla e o de resposta aberta. Na ANSI Z 535.1.5 [1991], ambos os testes são aceites, apesar de ser dada preferência aos testes de resposta aberta. No presente estudo, será usado o teste de resposta aberta. [Wogalter et al 1998] sugerem que o método de resposta aberta é melhor para testes de compreensão realizados de acordo com a ISO 9186 [2001]. Estes autores mencionam algumas preocupações quanto ao teste de escolha múltipla, devido sobretudo à escolha das opções que funcionam como distracção (respostas erradas), pois estas podem influenciar a avaliação da compreensão. Mas também devido ao facto da fraca validade ecológica do mesmo, pois as operações envolvidas num teste de escolha múltipla não reflectem o processo habitual dos indivíduos quando se deparam com um pictograma no mundo real. Não são habituais situações do quotidiano, onde os indivíduos tenham que escolher as respostas entre um conjunto de alternativas. No método de resposta aberta, existirão sempre, influências subjectivas na avaliação da correcção das respostas obtidas, por isso, seria desejável que as respostas fossem avaliadas por mais do que um júri. Para este trabalho foi constituído um júri, composto por 2 professores de design visual que procederam à avaliação independente de todos os sinais. Caso não haja divergências, sobre a avaliação obtida pelos 3 avaliadores, deverá ser discutida até que se alcance uma avaliação consensual. Outra questão que se coloca é a apresentação ou não do pictograma inserido num contexto. Sobre este assunto, [Wogalter et al 1998] afirmam que no mundo real os pictogramas existem inseridos num contexto, que afecta necessariamente a sua compreensão. Sem a existência de pistas contextuais, os resultados obtidos podem ser falsos, pois sem o contexto presente, os indivíduos poderão criar, eles próprios, um contexto (quadro mental) que pode não coincidir com o contexto real. O contexto é definido como a informação relacionada com os ambientes prováveis, nos quais os pictogramas irão aparecer. Neste trabalho, o contexto é manipulado com a existência de fotos onde é visível a aplicação do pictograma num contexto realista. Dewar, [1994], também mencionado por Wogalter et al [1998], afirma que o uso de fotos é um bom método para fornecer indicações de contexto. Uma vez que um dos propósitos dos pictogramas é fornecer informação a pessoas com dificuldades no uso da linguagem, um contexto pictórico e não verbal parece ser uma solução óbvia. No entanto, são necessários alguns cuidados com as fotos apresentadas, [Wogalter et al 1998] pois as fotos podem afectar as interpretações, uma vez que as imagens podem enfatizar certos objectos ou comportamentos. Assim, uma foto elucidativa do contexto deve mostrar o ambiente em vez de pessoas. Se eventualmente, a foto ilustrar pessoas, não deve mostrar essas pessoas envolvidas num comportamento proibido ou indesejável para o qual o símbolo alerta, pois isso poderia falsear a resposta do indivíduo. 2.1. Amostra Participaram, neste estudo, um total de 30 indivíduos, de ambos os sexos (13 homens e 17 mulheres), residentes na área da grande Lisboa. As suas idades variam entre os 21 e os 62 anos, com uma média de idades de 44 anos. Todos os respondentes têm uma vida activa com uma distribuição por diferentes profissões. A maioria dos respondentes, 33,3%, são técnicos profissionais de nível intermédio, 20% são pessoal administrativo e similares, seguidos de 13,3% de operários, artífices e trabalhadores similares, mais 10% de especialistas das profissões intelectuais e científicas, 10% de operadores de instalações e máquinas e trabalhadores da montagem e os restantes 13,4% são divididos por pessoal dos serviços, vendedores, trabalhadores não qualificados, militares e profissionais liberais. A sua escolaridade varia entre o 1º ciclo básico e o mestrado. Dos 30 inquiridos, 20% têm o ciclo básico, 6,7% têm o 2º ciclo, 6,7% têm o 3º ciclo, 36,7% têm o ensino secundário ou equivalente, 16,7% têm o bacharelato, 10% a licenciatura e 3,3% têm o mestrado. 2.2. Protocolo - Materiais / Instrumentarium Foram seleccionados 17 pictogramas, constantes em sinais de segurança comercializados em Portugal. (fig. 1). A selecção dos sinais foi feita após um inquérito, realizado a um pequeno grupo de cerca de 10 pessoas, escolhidas aleatoriamente entre alunos, professores e funcionários e colegas dos autores que visava, primeiro, saber se sabiam o significado daqueles sinais e, segundo, calcular por estimação a percentagem de pessoas que, no seu entender, iriam compreender correctamente o seu significado. Com base nessa informação foram escolhidos 15 sinais com piores resultados prévios e 2 com melhores resultados (A5 e F1) para servirem de termo de comparação. Um sinal (D2) foi excluído por ter sido considerado redundante para o estudo. Um outro critério seguido foi a obrigação de inclusão de sinais de diferentes tipologias e com diferentes níveis de associação de perigo. Na lista seguinte estão listados todos os sinais avaliados e a sua respectiva tipologia. SINAIS DE OBRIGAÇÃO – Referentes: A1 – Obrigatório usar protector; A2 – Obrigatório manter a porta fechada; A3 – Obrigatório avisar antes de por em funcionamento; A4 – Obrigatório consultar instruções; A5 – Obrigatório usar máscara de protecção; SINAIS DE EMERGÊNCIA – Referentes: B1 – Lava-olhos de emergência; SINAIS DE PROIBIÇÃO – Referentes: C1 – Proibida a entrada a pessoas com pacemaker; C2 – Proibido desligar; C3 – Proibido reparar a máquina em funcionamento SINAIS DE PERIGO – Referentes: D1 – Perigo de raios laser; D2 – Perigo de temperaturas altas; D3 – Perigo de objectos fixos a baixa altura; SINAIS DE LUTA CONTRA OS INCÊNDIOS – Referentes: E1 – Manta apaga fogos; E2 – Porta cortafogo; SINAIS PARA IDENTIFICAÇÃO DE EMBALAGENS – Referentes: F1 – Perigoso para o ambiente; F2 – Irritante; PARA ARMAZENAMENTO E TRANSPORTE DE MATERIAIS PERIGOSOS – Referente: G1 -Inflamável em contacto com a água. A1 A2 A3 A4 A5 B1 C1 C2 C3 D1 D3 D4 E1 E2 F1 F2 G1 Figura 1 – Sinais avaliados neste estudo Estes sinais foram apresentados impressos numa folha, na sua cor real, com uma dimensão aproximada de 6x6cm e identificados com um número para posterior avaliação. Foram acompanhados de uma fotografia a cores, obtida de catálogos, revistas, Internet ou de locais reais, que representem o ambiente onde o símbolo poderá ser colocado. Todo este material foi aplicado em páginas A4 brancas, inseridas em saquetas protectoras. Foi elaborada uma folha de registo (formulário), divida em duas zonas. Uma zona para registo das perguntas de carácter demográfico e uma outra zona, onde consta o número do pictograma e o espaço para o investigador registar as respostas ao questionário relativo à interpretação e compreensão do pictograma. Foi usada uma máquina de filmar, com boa qualidade de registo áudio e um tripé. 2.3. Procedimento A recolha de dados foi efectuada, através de uma conversa directa com os voluntários filmada, realizada numa sala com iluminação suficiente para leitura de pormenores e de cores e protegida de barulho para não perturbar a gravação áudio. A abordagem aos participantes foi iniciada com uma explicação genérica dos objectivos do presente estudo, complementadas com instruções orais, acompanhadas de uma exemplificação do que deverão fazer. Um pictograma de proibido fumar serve de exemplo para ilustrar a tarefa. De seguida foram dadas aos respondentes, numa sequência aleatória, as folhas onde estavam impressos os sinais juntamente com uma foto ilustrativa do contexto provável onde este se poderá encontrar. Perante isto, os indivíduos responderam ás seguintes perguntas: Qual é o significado do pictograma? O que se deve fazer ao avistar este sinal? Já conhecia o pictograma? Em que outros contextos o costuma encontrar? Foram também colocadas perguntas, de estimação ou de avaliação, para saber o grau de certeza com que foram dadas cada uma das respostas. A pergunta será: qual o grau de certeza que tem sobre a resposta que deu? E a resposta será dada sobre escala do tipo Likert: 0- Certeza Total; 1- Com muita certeza; 2Com alguma certeza; 3- Com pouca certeza; 4- Sem nenhuma certeza (palpite). Não foram colocadas restrições de tempo. O inquérito terminou com o preenchimento de um questionário que visa a identificação do perfil do respondente: sexo; idade, profissão, número de anos nessa profissão, nível de escolaridade, formação complementar, passatempos preferidos, experiência com sistemas homem-computador, hábitos de uso de sistemas tecnológicos de comunicação e informação, máquinas que utiliza nas tarefas profissionais, tipo de transporte utilizado quotidianamente, entre outros dados de interesse. 3. RESULTADOS Foram avaliadas 3 aspectos distintos: a compreensão do significado do pictograma; a compreensão do significado da forma e cor do sinal e também a adequação comportamento declarado. A compreensão foi avaliada e classificada, de forma idêntica à sugerida pela ISO 9186 (2001), numa das 5 categorias seguintes: 1. Correcto ou quase correcto. (prob. estimada> 80%); 2. Muito provável (prob. estimada> 66% <80%); 3. Provável (prob. estimada> 50%> 66%); 4. Outra resposta/errado; não sabe; 5. Resposta oposta. Foi realizada a contagem das frequências de cada uma das categorias, esse valor foi, de seguida, transformado em percentagem e posteriormente ponderado de acordo com os valores propostos pela ISO 9186 [2001]. A percentagem obtida para as respostas da categoria 1 foi mantida em absoluto. A percentagem obtida para as respostas da categoria 2, foi multiplicada por 0,75 e a da categoria 3 foi multiplicada por 0,5. Estes valores foram somados e foi-lhe retirada a percentagem obtida na categoria 5. Todas as respostas da categoria 4 têm valor 0, e por isso não são contabilizadas. O valor final corresponde à classificação, ou taxa de sucesso, para aquele sinal e serve para verificar a sua aceitabilidade, face aos critérios definido pela ISO 3864 [1984]. Para ser aceite deverá ultrapassar os 67% e não exceder 5% de respostas opostas. Os valores obtidos são apresentados na tabela seguinte. (tabela 1) A1 A2 A3 A4 A5 B1 C1 C2 C3 D1 D3 D4 E1 E2 F1 F2 G1 Compreensão do pictograma G1 90,00% A5 82,50% D3 75,83% Aceitável Não aceitável F1 F2 A2 A4 C1 D1 D4 A1 C3 A3 E2 B1 C2 E1 Adequação do comportamento A5 79,17% A5 D1 A2 A4 F1 A1 A3 E2 E1 G1 B1 F2 D4 A2 C1 D3 F1 A4 D1 C3 E2 A1 B1 A3 C2 G1 64,17% 45,00% 41,67% 30,00% 25,00% 24,17% 20,00% 10,00% 3,33% -1,67% -3,33% 57,50% 50,83% 50,00% 43,33% 39,17% 38,33% 36,67% 30,00% 15,00% 10,83% 10,00% 3,33% 2,50% 1,67% 0,00% Tabela 2 – Tabela classificativa dos sinais face aos critérios de aceitabilidade da ISO 3864. Compreensão do pictograma Respostas opostas Compreensão da forma e cor 30,00% 55,83% 15,83% 50,00% 82,50% 8,33% 46,67% 1,67% 18,33% 42,50% 75,83% 39,17% -23,33% 15,83% 65,83% 58,33% 90,00% 3,33% 24,17% 41,67% 20,00% 30,00% 64,17% -3,33% 78,33% 70,00% 72,50% 45,00% 70,83% 69,17% 3,33% 10,00% 25,00% 96,67% -1,67% 26,67% 65,83% 58,33% 55,83% 50,00% 46,67% 42,50% 39,17% 30,00% 18,33% 15,83% 15,83% 8,33% 1,67% -23,33% Compreensão da forma e cor F2 96,67% C1 78,33% C3 72,50% D3 70,83% C2 70,00% D4 69,17% Respostas opostas 6,67% 3,33% Adequação do comportamento 10,00% 50,00% 2,50% 36,67% 79,17% 3,33% 43,33% 1,67% 15,00% 30,00% 39,17% 50,83% -11,67% 10,83% 38,33% 57,50% 0,00% Respostas opostas 3,33% 6,67% 13,33% Tabela 1 – Taxas de sucesso na compreensão dos sinais de segurança Podemos verificar, na tabela 2, quais os sinais que podem ser considerados aceitáveis face aos critérios da referida norma. Para se ter uma ideia sobre qual é a resposta mais frequente, foi calculada a moda das respostas obtidas. Nas 51 respostas obtidas, correspondentes aos três critérios avaliados (Compreensão do pictograma; compreensão da forma e cor do sinal e adequação do comportamento) nos dezassete sinais, a resposta do tipo 4 (Errado, não sabe, outra resposta) foi a mais obtida, com uma frequência de 34 vezes ou 66,66%; a resposta do tipo 1 (Correcto ou quase correcto - probabilidade> 80%) foi a segunda resposta mais frequente, com 15 respostas ou 29,41%, sendo as respostas do tipo 3 (Provável - probabilidade> 50% <66%) as menos frequentes, com 2 respostas ou 3,92%. As respostas do tipo 2 (Muito provável - probabilidade> 66% <80%) e do tipo 5 (Resposta oposta) nunca foram consideradas moda de resposta. A certeza declarada pelos indivíduos, sobre as repostas dadas, foi compilada numa tabela (tabela 3). Esta avaliação permite saber quais são os sinais que colocam mais dúvidas aos respondentes. Tota A1 A2 A3 A4 A5 B1 C1 C2 C3 D1 D3 D4 E1 E2 F1 F2 0,00% 13,30% 0,00% 0,00% 33,30% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 3,30% 13,30% 3,30% 6,70% 0,00% 3,30% 36,70% Muita 16,70% 10,00% 3,30% 6,70% 26,70% 3,30% 10,00% 0,00% 23,30% 3,30% 20,00% 6,70% 10,00% 3,30% 23,30% 36,70% Alguma Pouca 23,30% 36,70% 13,30% 26,70% 36,70% 33,30% 33,30% 23,30% 36,70% 13,30% 40,00% 43,30% 30,00% 13,30% 30,00% 20,00% 33,30% 23,30% 33,30% 26,70% 0,00% 16,70% 13,30% 26,70% 36,70% 36,70% 16,70% 23,30% 40,00% 23,30% 23,30% 6,70% Nenhuma 26,70% 16,70% 50,00% 40,00% 3,30% 46,70% 43,30% 50,00% 3,30% 43,30% 10,00% 23,30% 13,30% 60,00% 20,00% 0,00% Tabela 3 – Certeza das respostas dadas A divulgação do sinal entre os participantes também foi avaliada. Através das respostas dadas sobre se já conheciam o sinal, antes de efectuarem este teste, podemos ficar a saber quais são os mais desconhecidos e os mais familiares. Dos sinais avaliados, apenas 2 (A5 – 50% e F2 – 97%) obtêm mais de 50% de respostas positivas face ao seu conhecimento prévio. Todos os restantes são desconhecidos da maioria dos respondentes. Os sinais A1, A4, B1, D1, D4, E1, E2 e F1 são desconhecidos por mais de 90% dos participantes, destacando-se também os sinais A3, C1, C2 e C3 com 100% de desconhecimento. 4. DISCUSSÃO DOS RESULTADOS No que diz respeito à compreensão do significado do pictograma, apenas 3 dos 17 sinais avaliados obtêm uma classificação superior a 67% (Sinais G1; A5 e D3). Os sinais F1, F2, A2 e A4 obtêm uma percentagem superior a 50%, mas inferior ao exigido pela ISO. Do total de 17 sinais avaliados 10 ficam abaixo dos 50% de sucesso de compreensão. Devem ser especialmente estudados os sinais B1=8,33%; C2=1,67% e E1=-23,33%, pois o insucesso é imenso. Nesta categoria, o sinal E1 obteve 26,67% de respostas opostas, o que excede muito os 5% recomendados pela norma. Ao avaliar as taxas de sucesso da compreensão da forma e cor do sinal, os resultados são ligeiramente melhores. Nesta avaliação, são 6 os sinais que obtêm um valor superior a 67%, ficando também 10 com percentagens inferiores a 50%. Nesta categoria deve ser dada especial atenção aos sinais: E2=10%; E1=3,3%; G1=-1,67% e B1=-3,3%, pois obtêm valores muitíssimo baixos, alguns até negativos, de sucesso de compreensão da forma e cor. O sinal B1 obteve 6,67% de respostas opostas. Avaliando as respostas dadas sobre qual o comportamento adequado a ter ao avistar o sinal, obtemos valores bem mais baixos, apenas um sinal obteve um valor superior a 67%, o sinal A5 com uma taxa de sucesso de 79,17%. São 13 os sinais que ficam abaixo dos 50%, sendo que 7 destes obtêm percentagens entre os 15% e os 0%. O sinal E1 é um caso preocupante pois obteve 13,33% de respostas opostas nesta categoria, tal como o sinal B1 que obteve 6,67%. Neste conjunto de sinais, é de destacar o caso do sinal G1, que obtém uma classificação de 90% no entendimento do pictograma, mas que obtém -1,67% na compreensão da forma e da cor do sinal e 0% na adequação do comportamento. O que nos leva a pensar que grande parte da mensagem não foi de facto compreendida e que existem grandes possibilidades de ser adoptado um comportamento inadequado. Nenhum dos sinais obtém uma classificação satisfatória nas 3 categorias. É também preocupante o caso dos sinais B1 e E1, pois são aqueles que obtém menores classificações em geral e maiores taxas de respostas opostas, tal como foi descrito anteriormente. Perante estas taxas de compreensão, não ficamos surpreendidos ao constatar que a moda de resposta (mais frequente) foi quase sempre 4 (errado, não sabe ou outra resposta). Na classificação do entendimento do significado do pictograma, a resposta 4 foi mais frequente em 11 dos 17 sinais avaliados. Na classificação do entendimento do significado da forma e cor do sinal, a resposta 4 foi mais frequente em 10 dos 17 sinais. E quanto ao comportamento, a resposta 4 foi mais frequente em 13 dos 17 sinais. A maioria dos respondentes não conhecia os sinais que lhes foram mostrados. Os sinais A5 e F2 são dos poucos que já eram do conhecimento dos respondentes, com 50% e 97% de respostas positivas respectivamente. Todos os outros obtêm mais de 70% de respostas negativas. É de destacar o caso do sinal G1, que obteve 43% de repostas positivas, mas perante os resultados obtidos, é possível supor que a maioria destas pessoas terá ignorado a cor azul do sinal tendo respondido como se ele fosse laranja, sendo esse sinal do seu conhecimento. Os valores de insucesso são coerentes com as baixas certezas declaradas sobre as respostas dadas. Apenas o sinal F2, que já era conhecido por 92% dos respondentes obteve 36,7% de respostas com certeza total; 36,70% com muita certeza e 20% com alguma certeza. O sinal A5, que era conhecido por 50% dos respondentes obteve 33,30% de respostas com certeza total; 26,70% com muita certeza e 36,70% com alguma certeza. No extremo oposto encontramos os sinais A3; A4; B1; C1; C2; D1; E2, que obtiveram mais de 40% de respostas com nenhuma certeza, ou seja, por palpite. 5. CONCLUSÃO A informação transmitida graficamente deve ser rapidamente entendida, sem ambiguidade, especialmente se disser respeito a mensagens de segurança. Os resultados deste estudo oferecem-nos boas pistas para responder às questões colocadas no resumo: Até que ponto os símbolos e pictogramas têm verdadeiro sucesso na transmissão de uma mensagem específica? Quais são as suas limitações inerentes, como meio de comunicação? Quanto ao sucesso na transmissão de uma mensagem específica podemos concluir que, é muito difícil, um sinal obter uma taxa de sucesso satisfatória, numa população universal. O que levanta alguns entraves à sua standardização ou universalização, tão necessárias numa sociedade cada vez mais global. Nenhum dos respondentes deste estudo tinha tido formação específica sobre sinais de segurança, o que poderá explicar o insucesso. Quanto ás limitações inerentes, estes resultados confirmam a necessidade do sinal ser acompanhado de um texto, tal com é sugerido na literatura. A maioria dos sinais é pouco conhecida pelos indivíduos que não tiveram formação em segurança ou que não trabalham em locais onde sinais deste tipo são frequentes. Estudos deste tipo podem ser muito proveitosos na concepção de interfaces homem-máquina, pois podem auxiliar a avaliar as taxas efectivas de compreensão de mensagens transmitidas através de pictogramas em interfaces gráficos. Como o objectivo principal do pictograma é promover um comportamento adequado, podemos afirmar, talvez de uma forma idealista, que todos os pictogramas, sinais ou ícones existentes em interfaces deveriam ser testados com utilizadores reais antes de serem incluídos nos sistemas. Este tipo de testes é demorado, e contém alguma percentagem de subjectividade na avaliação das respostas, mas os resultados são compensadores pois permitirão uma concepção interactiva e promoverão a usabilidade dos sistemas. Wolff & Wogalter [1998] referem o estranho facto de que, apesar da existência destas normas, e de estudos que evidenciam estas problemáticas, os pictogramas continuam a ser aplicados sem nenhuma avaliação face aos futuros utilizadores. Para finalizar as conclusões principais, devem ser referidos dois aspectos importantes deste estudo. Primeiro, foram avaliados sinais de segurança e não especificamente ícones ou pictogramas existentes em interfaces de sistemas homem-máquina. Os resultados obtidos não podem ser generalizados a todo o universo de aplicações, mas dão-nos importantes alertas para não sobrestimarmos as capacidades de compreensão do utilizador comum. O segundo aspecto tem a ver com a inferência estatística que se poderá fazer, correlacionando as taxas de sucesso de compreensão obtidas, com variáveis como a experiência dos utilizadores com interfaces homem-máquina; a escolaridade; a profissão, entre outros aspectos interessantes. Essa análise será efectuada numa fase posterior deste estudo. Tal como o alargamento da amostra incluindo jovens universitários e pessoas com paralisia cerebral, alargando assim o estudo a pessoas com necessidades especiais. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [Anderson 00] Anderson, John R. Cognitive Psychology and its Implications. 5ª Edição. Worth Publishers, New York,2000. [ANSI 91] American National Standard Institute, Accredited standard on safety colours, signs, symbols, labels, and tags. Z535.1-5. 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