o golpe de 2016 - Portal Novos Rumos

Transcrição

o golpe de 2016 - Portal Novos Rumos
“CANALHA, CANALHA,
CANALHA”: A HOMENAGEM
DE REQUIÃO A AÉCIO FICA
PARA A HISTÓRIA
DILMA SAI DA
PRESIDÊNCIA
MUITO MAIOR
DO QUE ENTROU
Ano 02 nº 13 Setembro 2016
www.portalnovosrumos.com.br
O GOLPE DE 2016
O BRASIL CAI NUM ABISMO PROFUNDO,
SOCIAL, ECONÔMICO E POLÍTICO
O Senado deu salvo conduto ao suspeito e golpista
Michel Temer ao rasgar a Constituição
NOVOS RUMOS NEWS | Nº13 SETEMBRO 2016
ÍNDICE
02
03
O SENADO DEU SALVO CONDUTO AO SUSPEITO
MICHEL TEMER AO RASGAR A CONSTITUIÇÃO
06
WAGNER: TEMER DEVIA TER SIDO PRESO POR
CONSPIRAÇÃO
07
LA JORNADA: OLIGARQUIA CORRUPTA RETOMOU O
PODER NO BRASIL
08
OEA SE MANIFESTA E SUGERE QUE IMPEACHMENT
FOI GOLPE
09
FUNDAÇÃO INTERNACIONAL DE DIREITOS HUMANOS
DECRETA: FOI GOLPE!
11
“QUEDA DE DILMA FOI ORDENADA POR WALL
STREET”
14
MUJICA: VIMOS NO BRASIL A CONSUMAÇÃO DE UM
GOLPE DE ESTADO
15
SAFATLE: BRASIL PASSA A SER GOVERNADO POR
ASSOCIAÇÃO DE CORRUPTOS
16
O QUE ESTÁ PASSANDO PELA CABEÇA DE JOAQUIM
BARBOSA AO CHAMAR O GOLPE DE “IMPEACHMENT
TABAJARA”?
17
“GOLPE DE 2016 É O MAIOR RETROCESSO DA
DEMOCRACIA NO BRASIL DESDE 1964”
18
EUA, QUE APOIARAM O IMPEACHMENT, QUEREM
RELAÇÃO MAIOR COM O BRASIL
19
SOBRE GOLPE, PAPA DIZ QUE BRASIL ATRAVESSA
‘MOMENTO TRISTE’
20
GABEIRA DEFENDE O GOLPE E DIZ QUE O PMDB
QUER APENAS ROUBAR EM PAZ
21
“CANALHA, CANALHA, CANALHA”: A HOMENAGEM
DE REQUIÃO A AÉCIO FICA PARA A HISTÓRIA
22
DILMA SAI DA PRESIDÊNCIA MUITO MAIOR DO QUE
ENTROU
23
VERISSIMO E O GOLPE: TEVE CARA DE GOLPE, CHEIRO
DE GOLPE E PENTEADO DE GOLPE
24
IMPRENSA MUNDIAL VÊ “GOLPE” E DIZ QUE BRASIL
RECUA NO TEMPO
“CANALHA, CANALHA,
CANALHA”: A HOMENAGEM
DE REQUIÃO A AÉCIO FICA
PARA A HISTÓRIA
DILMA SAI DA
PRESIDÊNCIA
MUITO MAIOR
DO QUE ENTROU
Ano 02 nº 13 Setembro 2016
www.portalnovosrumos.com.br
O GOLPE DE 2016
O BRASIL CAI NUM ABISMO PROFUNDO,
SOCIAL, ECONÔMICO E POLÍTICO
O Senado deu salvo conduto ao suspeito e golpista
Michel Temer ao rasgar a Constituição
editora
Vilson Teixeira
Jornalista/Editor - Reg. 11795
Presidente da Editora Novos Rumos Ltda
Editoração/Artes: WDNR
Redação:
[email protected]
A revista é publicada mensalmente pela
Editora Novos Rumos Ltda, e não se
responsabiliza por conceitos
emitidos em artigos assinados.
NOVOS RUMOS NEWS | Nº13 SETEMBRO 2016
03
O SENADO DEU SALVO CONDUTO
AO SUSPEITO MICHEL TEMER AO
RASGAR A CONSTITUIÇÃO
Por Marcelo Auler
E
m 1996, o delegado de
Polícia Federal Roberto
Jaureguiber Prel Júnior,
através de um habeas corpus,
conseguiu trancar uma ação penal
em que ele era acusado de torturar
Carlos Abel Dutra Garcia, – um crime que até hoje o único punido foi
a própria vítima.
Na época, a então juíza da 13ª
Vara Federal Criminal do Rio de
Janeiro, Maria Helena Soares Reis
Franco, já falecida, advertiu-o com
um recado: “O senhor livrou-se da
Ação Penal, mas jamais se livrará da
dúvida que o acompanhará o resto
da vida. Gostaria de vê-lo provar a
inocência no curso da ação. Não
livrar-se dela deste jeito”.
Recordo-me deste fato, do
qual o atual juiz federal Alexandre
Libonati de Abreu é testemunha,
agora que o Senado Federal acaba
de rasgar a Constituição que todos
os senadores juraram cumprir.
Derrubaram uma presidente
eleita com 54 milhões de votos e
entregaram a Presidência da República a Michel Temer, sobre o qual
recaem diversas dúvidas jamais por
ele dirimidas a contento.
Tal como o delegado, Temer
nunca foi condenado, mas também
jamais esclareceu de forma clara e
límpida acusações que lhes foram
feitas, como ficou demonstrado na
série de matérias que o Diário do
Centro do Mundo e o Blog Marcelo
Auler mostraram recentemente com
relação ao Porto de Santos.
Mais ainda. Ao ser confirmado
no cargo de presidente por meio de
um golpe parlamentar, já que não se
conseguiu provar que a presidente
afastada, Dilma Rousseff, cometeu
qualquer crime de responsabilidade, Temer passa a ter uma espécie
de salvo conduto com relação às
recentes acusações que lhes foram
feitas.
Na presidência, só poderá responder por crimes cometidos durante o seu mandato, que oficialmente começa nesta quarta-feira,
31 de agosto.
Com isso, o Congresso está trocando, pelo golpe, uma presidente
jamais acusada de desonestidade
ou corrupção por um político
que teve seu nome envolvido em
escândalos passados e presentes.
Basta ver que a vice-procuradora
Geral da República, Ela Wiecko
de Castilho demitiu-se do cargo
de confiança que ocupava simplesmente por ter desagradado a
Rodrigo Janot ao dizer o que todos
já sabiam:
NOVOS RUMOS NEWS | Nº13 SETEMBRO 2016
“Eu estou incomodada com essas coisas que estão acontecendo
no Brasil. Não me agrada ter o Temer como presidente. Ele não está
sendo delatado? Eu sei que está”.
04
Temer nunca foi processado.
Mas também jamais se livrou das
sérias suspeitas de envolvimento
em ilícitos. Sobre ele recaem dúvidas sérias.
As primeiras delas com relação
às propinas pagas no Porto de Santos, quando a Companhia Docas
do Estado de São Paulo (CODESP)
era presidida por um afilhado seu,
Marcelo de Azeredo (1985-1988).
O atual vice-presidente em
exercício, ao contrário da presiden-
te que ele ajudou a derrubar, não
teve coragem de sequer prestar um
depoimento como testemunha na
Polícia Federal.
vernos do período da redemocratização do país, não teve analisada a
sua variação patrimonial, que não
foi pequena, diga-se.
Fugiu dos questionamentos,
dos esclarecimentos e deixou permanecer a dúvida. Esta, como disse
a juíza ao delegado na ditadura,
permanecerá para sempre.
Ao ser confirmado em um cargo para o qual não foi eleito, terá
outros benefícios. Na cadeira de
presidente não poderá ser investigado pelas recentes denúncias que
surgiram ao longo das delações
premiadas da Lava Jato. Não foram
poucas.
Dilma foi capaz de enfrentar por
mais de 14 horas o debate com 81
senadores, mostrado ao vivo e a cores pela televisão. Já Temer, quando
deputado federal e presidente da
Câmara, convidado pelo delegado
federal Cássio Nogueira a prestar
um depoimento, na condição de
testemunha, em dia, hora e local
que ele mesmo indicasse, jamais
respondeu. Faltou-lhe coragem,
como em tantas outras ocasiões.
É o mesmo homem que fugiu da
Olimpíada com medo de vaias.
Deixou de lado o espírito cívico
de, pelo menos, ajudar a esclarecer
uma suspeita de desvio de verbas
públicas e corrupção.
Se ficou livre de um julgamento
por suspeita de envolvimento em
corrupção, deve isso a dois procuradores da República – Geraldo
Brindeiro (2001) e Roberto Gurgel
(2011) – e a omissão do próprio
Supremo Tribunal Federal que arquivou os pedidos de investigação
que pudessem esclarecer o envolvimento do então deputado.
Não apenas isso. Enquanto seu
afilhado político, Marcelo de Azeredo, foi pego pela Receita Federal
que confirmou as denúncias feitas
em 2 000 pela ex-companheira dele
Érika Santos, Temer, graças às suas
relações políticas com todos os go-
Foi acusado de beneficiar-se das
obras de ampliação do Aeroporto
de Guarulhos, denúncia sobre a
qual existem investigações que
correm em segredo.
Também Marcelo Odebrecht
confessou que, a pedido do então
vice-presidente, em um jantar no
Palácio Jaburu, repassou R$ 10 milhões ao PMDB, sendo R$ 4 milhões
para seu atual ministro da Casa Civil,
Eliseu Padilha e o restante para o
presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (FIESP), Paulo
Skaf, então candidato do PMDB ao
governo do estado. Tudo dinheiro
não contabilizado..
Sérgio Machado, ex-presidente
da Transpetro, denunciou Michel
Temer (PMDB), por lhe pedir recursos ilícitos para a campanha de
Gabriel Chalita (PMDB) à prefeitura
de São Paulo, em 2012.
Outros a apontarem-no como
envolvido na corrupção foram o
ex-senador Delcídio do Amaral e
o empresário Julio Camargo, que
intermediou negócios bilionários
na Petrobras e confessou ter pago
propina a integrantes do PMDB,
entre os quais o deputado Eduardo
Cunha (PMDB-RJ).
Delcídio apontou Temer como
o “grande patrocinador” da ida
de Jorge Zelada para a área internacional da Petrobras, que seria
o elo do PMDB no esquema de
corrupção.
Ao rasgar a Carta Magna, o
Senado colocou no lugar de uma
mulher honesta e escolhida pelo
voto popular um cidadão sobre o
qual recaem suspeitas sérias. E que
já está cercado de ministros e assessores sob os quais as suspeições
também são grandes.
Tudo com respaldo de parte
de uma população que foi às ruas
pedir o fim da impunidade e da
corrupção.
Estaremos dando início a mais
um período obscuro na democracia que conquistamos com muita
luta e muito sangue. Apertem os
cintos.
Fonte: Diário do Centro do Mundo
NOVOS RUMOS NEWS | Nº13 SETEMBRO 2016
05
WAGNER: TEMER DEVIA TER SIDO
PRESO POR CONSPIRAÇÃO
Ex-ministro da Casa Civil Jaques Wagner disse que se “a democracia brasileira fosse mais
madura”, o futuro do agora presidente Michel Temer “podia ser mais sombrio”; em resposta
ao discurso do novo presidente de que não é golpista, Wagner afirmou que “ele vai ser chamado a vida inteira de golpista, vai ser chamado de presidente interventor, porque não tem
legitimidade”; Jaques Wagner sugeriu ainda que em países com democracia consolidada há
mais tempo Temer poderia ser preso por conspiração; “Na verdade, quem devia estar preso
era ele, porque conspirou... É porque a gente é generoso demais. O Palácio do Jaburu virou
o centro da conspiração”
O
NOVOS RUMOS NEWS | Nº13 SETEMBRO 2016
ex-ministro da Casa
Civil de Dilma Rousseff
disse que se “a democracia brasileira fosse mais madura”, o futuro do agora presidente
Michel Temer “podia ser mais
sombrio”. Em resposta ao discurso
do novo presidente de que não é
golpista, Wagner afirmou que “ele
vai ser chamado a vida inteira de
golpista, vai ser chamado de presidente interventor, porque não
tem legitimidade”.
06
Jaques Wagner sugeriu ainda
que em países com democracia
consolidada há mais tempo Temer
poderia ser preso por conspiração.
“Na verdade, quem devia estar
preso era ele, porque conspirou.
E em qualquer democracia mais
madura... É porque a gente é generoso demais. Na verdade, o Palácio
do Jaburu virou o centro da conspiração. Não foi um julgamento,
foi uma eleição indireta fantasiada
de julgamento de impeachment”.
O ex-governador da Bahia
lembra ainda que Temer não tinha eleitorado suficiente para se
eleger deputado federal por São
Paulo. “O interventor que vai assumir, todo mundo sabe, fala para
quem quiser ouvir que não tinha
condições de se eleger deputado
federal em São Paulo. Então eu
acho que são anos complicados
para a política brasileira, porque
a falta de legitimidade deixa o governante muito claudicante”, disse
o ex-ministro ao Bahia Notícias.
Wagner diz que o impeachment “financiado por segmentos
da elite conservadora brasileira e
parte da classe política brasileira”
só ocorreu porque o grupo liderado pelo senador Aécio Neves
(PSDB-MG) não aceitou a derrota
nas eleições presidenciais de 2014.
“Não se conformaram que o
Partido dos Trabalhadores e a sua
coligação, que um simples operário e depois que uma mulher
assumisse a presidência da República. Quatro derrotas parece que
foi muito para eles. E eles tinham
certeza de que, terminando o
mandato dela, as chances da gente fazer o quinto mandato com
o presidente Lula voltando era
muito grande. Então eu diria que
bateu o desespero. E é claro isso
quando você percebe que, desde
o resultado da eleição de 2014...
Primeiro eles acharam que iam
ganhar, até porque houve uma
divulgação dos resultados começando pelo Sul. E a gente sabe
que muitos foram comemorar em
Minas Gerais com Aécio [Neves]
e voltaram com o rabo entre as
pernas porque o resultado não
foi o que esperaram. E aí falaram
das urnas, falaram de crime eleitoral, e desde fevereiro ou março
de 2015 inventaram a tese do
impeachment sem crime e foram
forçando a barra pra inventar um
crime que se encaixasse”, discorre
Jaques Wagner.
Fonte: Brasil 247
LA JORNADA: OLIGARQUIA
CORRUPTA RETOMOU O
PODER NO BRASIL
Editorial do jornal mexicano afirma que o impeachment
de Dilma consuma “o terceiro de uma série de golpes de nova
geração”, citando os casos de Manuel Zelaya, deposto em
2009 em Honduras, e Fernando Lugo, três anos mais tarde, no
Paraguai; o jornal mexicano diz por fim que “a destituição de
Dilma Rousseff constitui a anulação do elementar princípio
democrática da soberania do mandato popular e representa o
gravíssimo acesso ao poder de redes de corrupção oligárquica’”
O
editorial do jornal mexicano La Jornada desta sexta-feira (02/09)
condena o impeachment Dilma
Rousseff e afirma que seu afastamento definitivo da Presidência
brasileira representa o acesso de
“redes de corrupção oligárquica”
ao poder.
O jornal diz que são “praticamente nulas” as possibilidades de
que a ex-mandatária volte ao poder, mas afirma que a perspectiva
de Michel Temer consolidar-se na
Presidência também não parece
provável. Além de um “ínfima
popularidade” do chefe de Estado
recém-empossado, La Jornada
aponta seu programa econômico
“antipopular”, que inclui perda de
direitos trabalhistas e a eliminação
de programas sociais estabelecidos nos governos de Lula e Dilma
Rousseff.
Dentre as razões para o impeachment, segundo o editorial,
estiveram a “mudança brusca” da
política econômica nos governos
do Partido dos Trabalhadores e
um desejo de parlamentares de
encerrar as investigações da Operação Lava Jato.
O jornal fala também nas diferentes reações em torno da
questão. De um lado, segundo o
editorial, estão a Unasul (União
de Nações Sul-Americanas), que
propôs uma reunião sobre a destituição de Dilma, e a decisão dos
governos de Venezuela, Bolívia,
e Equador de retirar seus embaixadores no Brasil. Do outro lado,
veio a declaração do porta-voz
do Departamento de Estado dos
EUA, John Kirby, que classificou o
impeachment como uma “decisão
do povo brasileiro”. Para La Jornada, “semelhante pronunciamento
marca claramente o agrado de
Washington diante de uma manobra legalista que nada teve de
democrática”.
A publicação afirma que o impeachment de Dilma consuma “o
terceiro de uma série de golpes de
nova geração”, citando os casos de
Manuel Zelaya, deposto em 2009
em Honduras, e Fernando Lugo,
três anos mais tarde, no Paraguai.
O jornal mexicano diz por
fim que “a destituição de Dilma
Rousseff constitui a anulação do
elementar princípio democrática
da soberania do mandato popular
e representa o gravíssimo acesso
ao poder de redes de corrupção
oligárquica’”.
Fonte: Opwera Mundi
NOVOS RUMOS NEWS | Nº13 SETEMBRO 2016
07
OEA SE MANIFESTA E SUGERE QUE
IMPEACHMENT FOI GOLPE
“A CIDH expressa a sua preocupação frente às denúncias sobre irregularidades, arbitrariedade e ausência de garantias do devido processo nas etapas do procedimento”,
informou a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos
Estados Americanos (OEA), em seu primeiro comunicado oficial após a destituição da
presidente Dilma Rousseff; a comissão informou ainda que irá analisar um pedido formulado pela defesa de Dilma que requer uma decisão cautelar contra seu afastamento
NOVOS RUMOS NEWS | Nº13 SETEMBRO 2016
E
08
m seu primeiro comunicado oficial após o afastamento da presidente
Dilma Rousseff pelo Senado, a Comissão Interamericana de Direitos
Humanos (CIDH), que faz parte da
Organização dos Estados Americanos (OEA), sugeriu que houve um
golpe de estado no Brasil.
“A CIDH expressa a sua preocupação frente às denúncias sobre
irregularidades, arbitrariedade e
ausência de garantias do devido
processo nas etapas do procedimento”, informou a instituição
em comunicado, segundo reportagem de Juliano Basile.
“A Comissão reconheceu que o
julgamento político está previsto
em normas de países da América
Latina e que pode ser realizado
pelo Poder Legislativo em várias
dessas nações. Mas, de acordo
com o comunicado, as garantias
mínimas de defesa nos procedimentos devem ser respeitadas,
‘principalmente se esses procedimentos puderem afetar os direitos
humanos de uma pessoa’”, informa
Basile.
“O cumprimento desses princípios tem particular relevância
nos assuntos que versam sobre
funcionários públicos eleitos por
voto popular, como é o caso da
presidente Dilma Rousseff”, diz
ainda o comunicado. A CIDH também informou que vai analisar um
pedido de medida cautelar contra
a destituição de Dilma, apresentado pela defesa.
Nesta sexta-feira, o Senado
aprovou uma lei que autoriza
Michel Temer a cometer as chamadas “pedaladas fiscais”, pretexto
para a destituição de Dilma. No
mundo, a imprensa internacional
se mostra escandalizada com o
golpe ocorrido no Brasil.
Fonte: Brasil 247
FUNDAÇÃO INTERNACIONAL DE
DIREITOS HUMANOS DECRETA: FOI
GOLPE!
Sediada em Madri, a Fundação Internacional de Direitos Humanos divulgou nota, em
que afirma que reconhece apenas Dilma Rousseff como presidente legítima do Brasil;
na nota, afirma-se que a democracia está ameaçada na América Latina por grupos que
resistem a perder seus privilégios
S
ediada em Madri, a Fundação Internacional de
Direitos Humanos divulgou nota, em que afirma que
reconhece apenas Dilma Rousseff como presidente legítima do
Brasil.
Na nota, afirma-se que a democracia está ameaçada na América
Latina por grupos que resistem a
perder seus privilégios. Confira,
abaixo, em espanhol:
Fundación Internacional de
Derechos Humanos y movimientos del Frente Brasil Popular se
manifiestan en apoyo a Dilma
A través de una carta pública,
los movimientos que integran el
Frente Brasil Popular expresaron
su repudio a la decisión del Senado para destituir a Dilma Roussef, la presidenta electa: “Hoy la
resistencia apenas comienza. En
las calles y en las instituciones. En
los locales de estudio, trabajo y
vivienda. Antes de los que piensan
los usurpadores, el pueblo brasileño será capaz de rechazar sus
planes y retomar el camino de los
grandes cambios”, manifiestan los
movimientos en la nota.
“La mayoría de los senadores
brasileños se arrodillaran frente al
fraude y a la mentira, aprobando
un golpe parlamentario contra
la Constitución, la soberanía y la
clase trabajadora.
Los golpistas quieren, entre
otras medidas, reducir inversiones
en salud, educación y vivienda,
eliminando derechos laborales,
acabar con la vinculación de la jubilación básica al salario mínimo,
enterrar la reforma agraria y vaciar
programas sociales, señala en su
misiva el Frente Brasil Popular.
El golpe blando
Para nadie en Brasil era un secreto que el impeachment contra
Rousseff se trataba de un “golpe
blando”, tal como lo calificó el
premio Nobel de la Paz, Adolfo
Pérez Esquivel: “Los golpes blandos ya se pusieron en práctica
en el continente en países como
Honduras (con Manuel Zelaya) y
NOVOS RUMOS NEWS | Nº13 SETEMBRO 2016
09
NOVOS RUMOS NEWS | Nº13 SETEMBRO 2016
Paraguay (con Fernando Lugo).
Ahora, la misma metodología, que
no necesita a las Fuerzas Armadas,
se está utilizando aquí en Brasil”,
manifestó.
10
El abogado de defensa de
Rousseff, José Eduardo Cardozo,
calificó el proceso judicial como
“una gran farsa” y un golpe contra
la democracia. Durante el proceso,
incluso se filtraron grabaciones
secretas en las que se desprendía
la premisa de que el impeachment
solo fue un intento de frenar las investigaciones del megaescándalo
de corrupción en la estatal Petrobras que golpeó tanto al partido
de Rousseff como al de Temer.
“Hay que resolver esa mierda.
Hay que cambiar el gobierno para
cortar esta sangría”, afirmaba en
las grabaciones el exministro de
Planificación, Romero Jucá, que
debió renunciar tras revelarse el
audio. El entonces ministro de
Transparencia, Fabiano Silveira,
también cayó tras otra filtración en
la que se evidenciaba que criticaba
la investigación de la corrupción
en Petrobras.
Aunque la defensa de Rousseff
solicitó a la comisión del Senado
incluir tales grabaciones entre
las pruebas a ser analizadas para
demostrar que el impeachmet
carecía de fundamento; el senador
Antonio Anastasia (encargado de
elaborar el informe final y favorable al impeachment) rechazó
el pedido y consideró los hechos
“ajenos al objeto del proceso”.
La Fundación Internacional de
Derechos Humanos también se ha
manifestado en contra y mediante
un comunicado en redes sociales
han expresado su rechazo al golpe de estado camuflado bajo un
ropaje institucional, perpetrado
como el único objetivo de desconocer los resultados electorales.
En consecuencia anuncian que
reconocen única y exclusivamente
a la señora Dilma Rousseff como
autoridad democráticamente
electa de la República de Brasil.
Fonte: Brasil 247
NOVOS RUMOS NEWS | Nº13 SETEMBRO 2016
11
“QUEDA DE DILMA FOI ORDENADA POR WALL
STREET”
Em artigo publicado pela primeira vez em junho, mas reeditado um dia após a consumação do impeachment no Brasil, o renomado professor e economista canadense
Michel Chossudovsky, da Universidade de Ottawa, afirma que a queda de Dilma foi
ordenada por Wall Street e tenta desmascarar “os atores por trás do golpe”; segundo ele,
em breve o Brasil de Michel Temer e Henrique Meirelles voltará a conversar com o Fundo
Monetário Internacional de pires na mão; ele afirma ainda que o golpe de 2016 contou
com farto aparato de propaganda fornecido pelos meios de comunicação brasileiros
E
m artigo publicado pela
primeira vez em junho,
mas reeditado um dia
após a consumação do impeachment no Brasil, o renomado professor e economista canadense Michel
Chossudovsky explica por que a
queda de Dilma foi ordenada por
Wall Street e tenta desmascarar “os
atores por trás do golpe”.
“O controle sobre a política
monetária e a reforma macroeconômica eram os objetivos últimos
do golpe de Estado. As nomeações
principais do ponto de vista de Wall
Street são o Banco Central, que
domina a política monetária e as
operações de câmbio, o Ministério
da Fazenda e o Banco do Brasil”, diz
o artigo, ressaltando que, desde o
governo FHC, passando por Lula
e Temer, Wall Street tem exercido
controle sobre os nomes apontados para liderar essas três instâncias estratégicas para a economia
brasileira.
“Em nome de Wall Street e do
‘consenso de Washington’, o ‘go-
verno’ interino pós-golpe de Michel
Temer nomeou um ex-CEO de Wall
Street (com cidadania dos EUA)
para dirigir o Ministério da Fazenda”,
diz o artigo, referindo-se a Henrique
Meirelles, nomeado em 12 de maio.
Como observa o artigo, Meirelles, que tem dupla cidadania
Brasil-EUA, serviu como presidente
do FleetBoston Financial (fusão do
BankBoston Corp. com o Fleet Financial Group) entre 1999 e 2002 e
foi presidente do Banco Central sob
o governo Lula, entre 1º de janeiro
de 2003 e 1º de janeiro de 2011.
Antes disso, o atual ministro
da Fazenda, que volta ao poder
sob o governo Temer após ter sido
dispensado por Dilma em 2010,
também atuou por 12 anos como
presidente do BankBoston nos EUA.
Já o atual presidente do Banco
Central, Ilan Goldfajn, nomeado
por Temer em 16 de maio, tem
dupla cidadania Brasil-Israel e foi
economista-chefe do Itaú, maior
banco privado do Brasil. Segundo o
artigo, Goldfajn “tem laços estreitos
tanto com o FMI [Fundo Monetário
Internacional] quanto com o Banco
Mundial”.
NOVOS RUMOS NEWS | Nº13 SETEMBRO 2016
“Goldfajn já havia trabalhado no
Banco Central sob Armínio Fraga,
bem como sob Henrique Meirelles.
Ele tem estreitos laços pessoais com
o prof. Stanley Fischer, atualmente
vice-presidente do Federal Reserve
dos EUA [além de ex-vice-diretor
do FMI e ex-presidente do Banco
Central de Israel]. Desnecessário
dizer que a nomeação de Golfajn
ao Banco Central foi aprovada pelo
FMI, pelo Tesouro dos EUA, por Wall
Street e pelo Federal Reserve dos
EUA”, afirma o artigo.
12
Fraga, por sua vez, atuou como
presidente do Banco Central entre
4 de março de 1999 e 1º de janeiro
de 2003. Ele foi diretor de fundos
de cobertura (hedge funds) por seis
anos na Soros Fund Management
(associada ao magnata George
Soros), e também tem dupla cidadania Brasil-EUA.
“O sistema monetário do Brasil
sob o real é fortemente dolarizado.
Operações da dívida interna são
conducentes a uma dívida externa
crescente. Wall Street tem o objetivo de manter o Brasil em uma
camisa de força monetária”, explica
o professor canadense.
[Meirelles] estava em conflito de
interesses. Sua nomeação foi acordada antes da ascensão de Lula à
presidência”, escreve o autor.
Por isso, afirma o artigo, quando
Dilma Rousseff aponta um nome
não aprovado por Wall Street para
a presidência do Banco Central, a
saber, Alexandre Antônio Tombini,
cidadão brasileiro e funcionário de
carreira no Ministério da Fazenda, é
compreensível que os interesses financeiros externos se articulem aos
interesses das elites brasileiras para
mudar o quadro político no país.
Além disso, Meirelles foi um firme defensor do controverso Plano
Cavallo da Argentina na década de
1990: “um ‘plano de estabilização’
de Wall Street que causou grandes
estragos econômicos e sociais”, segundo o professor Chossudovsky.
Contexto histórico
No início de 1999, na sequência
imediata do ataque especulativo
contra o real, diz Chossudovsky,
o presidente do Banco Central,
Francisco Lopez (que havia sido
nomeado em 13 de janeiro de 1999,
a Quarta-feira Negra) foi demitido
pouco depois e substituído por
Armínio Fraga, cidadão americano
e funcionário da Quantum Fund de
George Soros em Nova York.
“A raposa tinha sido nomeada
para tomar conta do galinheiro”,
resume o artigo, afirmando que,
com Fraga, os especuladores de
Wall Street tomaram o controle da
política monetária do Brasil.
Sob Lula, o apontamento de
Meirelles para a presidência do Banco Central do Brasil dá seguimento
à situação, diz o artigo, destacando
que o nomeado já havia atuado
anteriormente como presidente e
CEO dentro de uma das maiores
instituições financeiras de Wall
Street. “A FleetBoston era o segundo maior credor do Brasil, após o
Citigroup. Para dizer o mínimo, ele
De acordo com ele, “a estrutura
essencial do Plano Cavallo da Argentina foi replicada no Brasil sob
o Plano Real, ou seja, a imposição
de uma moeda nacional conversível dolarizada. O que este regime
implica é que a dívida interna é
transformada em uma dívida externa denominada em dólar”.
Quando Dilma sobe à presidência em 2011, Meirelles é retirado
da presidência do Banco Central.
Como ministro da Fazenda de
Temer, ele defende a chamada
“independência do Banco Central”.
“A aplicação deste conceito
falso implica que o governo não
deve intervir nas decisões do Banco
Central. Mas não há restrições para
as ‘Raposas de Wall Street’”, diz o artigo, acrescentando que “a questão
da soberania na política monetária
é crucial” e que “o objetivo do golpe
de Estado foi negar a soberania do
Brasil na formulação de sua política
macroeconômica”.
De fato, sob o governo Dilma, a
“tradição” de nomear uma “raposa
de Wall Street” para o Banco Central
foi abandonada com a nomeação
de Tombini, que permaneceu no
cargo de 2011 até maio de 2016,
quando Temer assume a presidên-
cia interina do país.
A partir daí, Meirelles, no Ministério da Fazenda do governo
interino, “aponta seus próprios
comparsas para chefiar o Banco
Central [Goldfajn] e o Banco do Brasil [Paulo Caffarelli]”, diz o artigo do
Global Research, sublinhando que
o novo ministro havia sido descrito
pela mídia dos EUA como “market
friendly” (“amigo do mercado”).
Conclusão
“O que está em jogo através
de vários mecanismos – incluindo
operações de inteligência, manipulação financeira e meios de propaganda – é a desestabilização pura
e simples da estrutura estatal do
Brasil e da economia nacional, para
não mencionar o empobrecimento
em massa do povo brasileiro”, afirma Chossudovsky.
Segundo a tese do renomado
professor, “Lula era ‘aceitável’ porque seguiu as instruções de Wall
Street e do FMI”, mas Dilma, com
um governo mais guiado por um
nacionalismo reformista soberano,
não pôde ser “aceita” pelos interesses financeiros dos EUA, apesar
da agenda política neoliberal que
prevaleceu sob seu governo.
“Se Dilma tivesse decidido manter Henrique de Campos Meirelles,
o golpe de Estado muito provavelmente não ter ocorrido”, afirmai o
analista.
“Um ex-CEO/presidente de uma
das maiores instituições financeiras
dos Estados Unidos (e um cidadão
dos EUA) controla instituições
financeiras-chave do Brasil e define a agenda macroeconômica e
monetária para um país de mais de
200 milhões de pessoas. Chama-se
um golpe de Estado… dado por
Wall Street”, conclui Chossudovsky.
Michel Chossudovsky, escritor
premiado, é professor (emérito) de
Economia da Universidade de Ottawa, fundador e diretor do Centro
de Pesquisa sobre a Globalização
(CRG) e editor da organização
independente de pesquisa e mídia Global Research. Ele lecionou
como professor visitante na Europa
Ocidental, no Sudeste Asiático e na
América Latina, serviu como conselheiro econômico para governos de
países em desenvolvimento e tem
atuado como consultor para várias
organizações internacionais. Ele é
o autor de onze livros, publicados
em mais de vinte línguas. Em 2014,
foi premiado com a Medalha de
Ouro de Mérito da República da
Sérvia por seus escritos sobre a
guerra de agressão da OTAN contra
a Iugoslávia.
Fonte: Sputnik
NOVOS RUMOS NEWS | Nº13 SETEMBRO 2016
13
MUJICA: VIMOS NO BRASIL A
CONSUMAÇÃO DE UM GOLPE DE
ESTADO
NOVOS RUMOS NEWS | Nº13 SETEMBERO 2016
“O que vimos foi a consumação de um golpe de Estado que estava anunciado já
há algum tempo”, disse o ex-mandatário uruguaio José “Pepe” Mujica; aos 81 anos,
ele afirmou ainda que já viu “muitos castelos de ilusões irem ao chão”, em referência à
possibilidade de que a conjuntura possa levar ao fim dos programas sociais iniciados
pelos governos de Lula da Silva e Dilma Rousseff no Brasil
14
“O que vimos foi a consumação
de um golpe de Estado que estava
anunciado já há algum tempo”,
disse o ex-mandatário uruguaio
José “Pepe” Mujica, durante evento realizado na sede da organização PIT-CNT (Plenária Intersindical
de Trabalhadores – Convenção
Nacional de Trabalhadores, uma
das mais importantes do país).
Mujica, de 81 anos, disse também que já viu “muitos castelos
de ilusões irem ao chão”, em referência à possibilidade de que a
conjuntura possa levar ao fim dos
programas sociais iniciados pelos
governos de Lula da Silva e Dilma
Rousseff no Brasil. Em referência
a outras situações políticas conturbadas na América Latina e no
mundo, o hoje senador uruguaio
afirmou que “a humanidade está
diante de um desafio de proezas”.
Durante o seu governo, Mujica
manteve uma relação bastante
próxima com a presidenta Dilma Rousseff. Ambos militaram
na luta armada e foram presos
políticos na época das ditaduras
da segunda metade do Século
XX, em seus respectivos países –
Dilma fez parte da organização
VAR-Palmares, sendo presa e
torturada entre 1970 e 1972, enquanto Mujica foi integrante do
grupo MLN, também conhecido
como Tupamaros, e passou doze
anos numa solitária, durante os
anos da ditadura uruguaia (19731985).
“Pepe” Mujica expressou durante o encontro que “a luta pelo
Brasil não é só uma questão de
solidariedade, é uma questão
de defesa dos interesses latino-americanos”.
Para ele, “esta luta pelo Brasil
também é nossa, e nós vamos
acompanhá-la”, sentenciou o ex-presidente e atual senador pelo
partido MPP, que finalizou sua
intervenção no evento indicando que a direita brasileira, que
recuperou o poder no Brasil com
a derrubada de Dilma, “não vai
levar esse prêmio grátis, para eles
tampouco vai ser fácil, sobretudo
para convencer o povo a aceitar
sua legitimidade”.
Fonte: Carta Maior
SAFATLE: BRASIL PASSA A SER
GOVERNADO POR ASSOCIAÇÃO DE
CORRUPTOS
“Coube a Dilma Rousseff a oração fúnebre da Nova República. Com seu ‘Só temo a
morte da democracia’, terminam mais de 30 anos de uma redemocratização falha e
bloqueada. Ela terminou em meio a um processo farsesco, que seguiu todos os ritos
jurídicos apenas para tentar esconder que não tinha sustância alguma”, diz Vladimir
Safatle, professor de filosofia da USP; “O Brasil achou que poderia virar uma democracia
sem se confrontar com seu passado autoritário recente, sem expurgar seus representantes e seus filhos. Ele acorda agora com um ‘governo’ que é apenas uma associação
de corruptos contumazes tentando desesperadamente se salvar”
O
colunista Vladimir
Safatle, professor de
filosofia da Universidade de São Paulo, diz, em artigo
publicado, que o impeachment
da presidente Dilma Rousseff
encerra 30 anos de democracia
e que, agora, o Brasil passa a ser
governado por uma associação de
corruptos que tentam se salvar.
“Coube a Dilma Rousseff a
oração fúnebre da Nova República. Com seu ‘Só temo a morte da
democracia’, terminam mais de 30
anos de uma redemocratização
falha e bloqueada. Ela terminou
em meio a um processo farsesco,
que seguiu todos os ritos jurídicos
apenas para tentar esconder que
não tinha sustância alguma. Ao
final, Dilma foi afastada por um
crime que nunca fora visto como
crime, mas como uma prática
normal utilizada por todos os
presidentes da república e por 17
governadores em exercício sem
maiores consequências. Mesmo
o Ministério Público acabou por
reconhecer não haver crime de
responsabilidade, mas isto já não
fazia a menor diferença”, diz ele.
“O Brasil achou que poderia
virar uma democracia sem se
confrontar com seu passado autoritário recente, sem expurgar seus
representantes e seus filhos. Ele
acorda agora com um ‘governo’
que é apenas uma associação de
corruptos contumazes tentando
desesperadamente se salvar, lide-
rados por um ‘presidente’ citado
três vezes na Operação Lava Jato
como beneficiário direto de corrupção e condenado pelo TRE-SP
por doações ilegais. Uma figura
especializada em conspirações,
acostumada aos bastidores escuros do poder, liderando uma casta
política disposta a usar de toda
violência estatal necessária para
compensar sua falta absoluta de
legitimidade e seu medo atávico
de eleições. Não por acaso, no
dia do golpe (mais um 31, agora
31 de agosto) não vimos massas
nas ruas a comemorar a queda
do governo, mas o prenúncio de
um Estado policial: manifestantes
sendo presos e espancados por
uma PM cujo comportamento é
digno de uma manada de porcos.”
Fonte: Brasil 247
NOVOS RUMOS NEWS | Nº13 SETEMBRO 2016
15
O QUE ESTÁ PASSANDO PELA
CABEÇA DE JOAQUIM BARBOSA
AO CHAMAR O GOLPE DE
“IMPEACHMENT TABAJARA”?
Por Paulo Nogueira
A
melhor definição do
golpe veio de alguém absolutamente improvável:
Joaquim Barbosa.
Golpe Tabajara.
NOVOS RUMOS NEWS | Nº13 SETEMBRO 2016
Barbosa disse isso, e muitas
outras coisas, no Twitter. E suas considerações viralizaram. Centenas, às
vezes milhares de retuítes.
16
do golpe. Sem o Mensalão, e sem
Barbosa especificamente, o impeachment de 2016 não teria ocorrido.
As mesmas forças conservadoras das quais Barbosa fala agora já
haviam se agrupado então. Barbosa
foi o Moro de então, o grande acusador, o impiedoso perseguidor das
forças progressistas.
Ele tocou em pontos chaves do
golpe Tabajara. Não só em português, mas em inglês e francês.
Como Moro, se tornou um ídolo
da classe média manipulada pela
imprensa que, anos depois, tomaria
as ruas do país para pedir o impeachment de verde-amarelo.
Tocou no papel da mídia como
desestabilizadora do governo Dilma. Traçou um retrato devastador
— e real em cada letra — de Temer,
“um homem conservador, ultrapassado, desconectado do país”,
alguém que é comparável à velha
figura dos “caudilhos”.
Por falar tudo que a plutocracia
queria que fosse dito, Barbosa foi
capa de revistas, apareceu interminavelmente em telejornais, dominou as manchetes dos diários por
um longo tempo.
Virou até máscara de carnaval.
Afirmou a impotência do STF.
“Em matéria de impeachment, o
STF pode fazer pouquíssimo. E fez
pouquíssimo.”
Barbosa descreveu como poucos o golpe. Mas o mais extraordinário não é isto, e aí entramos no
terreno da psiquiatria.
É como se ele simplesmente
ignorasse seu papel na construção
O que ocorreu com ele? Como
uma transformação tão vertiginosa?
Tem planos políticos? Também
é possível. Mas com sua interpretação do golpe Tabajara ele jamais
ganhará um voto do público que o
amava. Nas redes sociais você vê as
mesmas pessoas que o veneravam
atirar-lhe pedras agora.
Jamais a mídia lhe dará espaço
para falar as coisas que vem falando.
Essa é uma das perguntas mais
fascinantes destes nossos tempos.
A única coisa concreta é que ele
está certo, absolutamente certo nas
coisas que disse.
Ele estaria arrependido? É possível. Mas esta hipótese não se
sustenta sem que Barbosa peça
claramente desculpas pelo mal que
causou à democracia.
Apenas se esqueceu de dizer o
quanto foi importante na construção do golpe Tabajara.
Fonte: Diário do Centro do Mundo
“GOLPE DE 2016 É O MAIOR
RETROCESSO DA DEMOCRACIA NO
BRASIL DESDE 1964”
O jornalista Mário Magalhães afirma que “a conspiração comandada por suspeitos
e acusados dos crimes mais cabeludos derrubou uma mulher inocente, contra quem
inexiste indício de ter se apropriado de bens públicos”, enquanto “o capo do conluio
no parlamento, o correntista Eduardo Cunha, permanece protegido por seu mandato
na Câmara”; para ele, o julgamento foi “farsesco” e evidenciou que a presidente não
cometeu crime de responsabilidade; “O governo Temer nasce irrevogavelmente ilegítimo. O golpe vagabundíssimo de 2016 é mais um na história do país. O golpe de 2016
é o maior retrocesso da democracia brasileira nos últimos 52 anos”, diz
O
jornalista Mário Magalhães afirma que “a
conspiração comandada por suspeitos e acusados dos
crimes mais cabeludos derrubou
uma mulher inocente, contra quem
inexiste indício de ter se apropriado de bens públicos”, enquanto “o
capo do conluio no parlamento, o
correntista Eduardo Cunha, permanece protegido por seu mandato
na Câmara”. Para ele, o julgamento
foi “farsesco” e evidenciou que a
presidente não cometeu crime de
responsabilidade.
“Impeachment sem crime de
responsabilidade constitui golpe
de Estado, com ou sem blindados
e tropas nas ruas. Governo ruim
não configura crime de responsabilidade. Deve ser derrotado pelos
cidadãos, em eleições diretas. Um
colégio de 81 senadores violentou a soberania do voto popular.
Em 2014, 54.501.118 brasileiros
sufragaram Dilma. Assume de vez
o Planalto quem não se elegeu
presidente, e sim vice. O missivista
Michel Temer encabeça um governo de enrolados na Operação Lava
Jato, sem ministra, sem ministro
negro, com venda de patrimônio
nacional e intenção de fulminar
conquistas dos pobres. O governo
Temer nasce irrevogavelmente
ilegítimo. O golpe vagabundíssimo
de 2016 é mais um na história do
país. O golpe de 2016 é o maior
retrocesso da democracia brasileira
nos últimos 52 anos. Frustrou-se
a esperança de que prevaleceria
a vontade expressa nas urnas. No
lugar das diretas, indireta”, diz.
Fonte: Brasil 247
NOVOS RUMOS NEWS | Nº13 SETEMBRO 2016
17
EUA, QUE APOIARAM O
IMPEACHMENT, QUEREM
RELAÇÃO MAIOR COM O BRASIL
NOVOS RUMOS NEWS | Nº13 SETEMBRO 2016
O porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, John Kirby, declarou ontem
(31), que os Estados Unidos mantêm a confiança no Brasil: “Estamos confiantes de que
vamos continuar a forte relação bilateral que existe entre os nossos dois países, como as
duas maiores democracias e economias do hemisfério”; desde o início desse processo,
administração de Barack Obama apoiou a deposição da presidente Dilma Rousseff
18
O
porta-voz do Departamento de Estado
norte-americano, John
Kirby, declarou, em entrevista, ao
comentar o impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff, que os
Estados Unidos mantêm a confiança
no Brasil: “Estamos confiantes de
que vamos continuar a forte relação
bilateral que existe entre os nossos
dois países, como as duas maiores
democracias e economias do hemisfério”.
Kirby acrescentou que Brasil e
Estados Unidos são parceiros comprometidos. “Nós cooperamos com
o Brasil para tratar de questões de
interesse mútuo nos desafios globais mais prementes do século 21.
Pretendemos continuar esta colaboração muito essencial”, afirmou.
Ao ser indagado pelos jornalistas sobre se os Estados Unidos
fariam alguma declaração oficial sobre a decisão do Senado brasileiro,
John Kirby disse que não tinha nenhuma comunicação diplomática
para divulgar hoje. O impeachment
aprovado pelo Senado “foi uma decisão tomada pelo povo brasileiro e,
obviamente, nós respeitamos isso”,
disse o porta-voz do Departamento
de Estado norte-americano.
Sobre um possível encontro
entre os presidentes Michel Temer
e Barack Obama, durante a reunião
do G20, na China, John Kirby sugeriu aos jornalistas que consultassem
a Casa Branca. Também não quis
fazer qualquer comentário sobre
uma possível viagem de Temer para
visitar Obama, em Washington.
Fonte: Brasil 247
NOVOS RUMOS NEWS | Nº13 SETEMBRO 2016
19
SOBRE GOLPE,
PAPA DIZ QUE
BRASIL ATRAVESSA
‘MOMENTO TRISTE’
Papa também afirmou que não deve visitar Brasil em
2017, como estava previsto; Francisco já havia enviado
carta de apoio a Dilma após impeachment
O
papa Francisco disse
que o Brasil atravessa
um “momento triste” e
afirmou que provavelmente não
visitará o país em 2017, como tinha
sido cogitado sobre o roteiro de
sua próxima viagem pela América
Latina.
O comentário sobre a situação
política brasileira ocorreu durante
a inauguração de uma estátua de
Nossa Senhora Aparecida, considerada padroeira do Brasil, nos Jardins
Vaticanos, em Roma.
“Estou contente que a imagem
de Nossa Senhora Aparecida esteja nos jardins. Em 2013, eu tinha
prometido voltar ao Brasil. Não sei
se será possível, mas, pelo menos,
agora terei [a santa] mais perto de
mim”, disse o pontífice.
Em seguida, ele convidou as
pessoas a rezarem “para que Nossa
Senhora Aparecida siga protegendo todo o Brasil, todo o povo brasileiro, neste momento triste”.
No último 2 de agosto, a Ansa
divulgou que o papa havia escrito
uma carta de apoio à presidente
eleita Dilma Rousseff, destituída do
seu cargo há três dias, condenada
no processo de impeachment por
crimes de responsabilidade fiscal.
Em declaração à Ansa, Dilma
confirmou que recebera a carta
de Francisco, mas se negou a dar
mais detalhes sobre o conteúdo
da conversa. “Digo apenas que
não foi uma carta oficial”, afirmou a
petista. “Não foi uma carta do Papa
em sua condição de representante
do Vaticano. Não tem importância
[o conteúdo]. Não é uma carta para
ser divulgada”, disse.
Em maio, Francisco recebeu no
Vaticano a atriz Letícia Sabatella,
que lhe entregou um documento
contra o impeachment de Dilma
redigido pelo advogado Marcello
Lavenére.
Dilma e o papa se reuniram em
2013, quando ele visitou o Brasil
para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), no Rio de Janeiro, em
sua primeira viagem internacional.
Em fevereiro do ano seguinte, a
petista esteve em Roma para a cerimônia que oficializou Dom Orani
Tempesta como cardeal. Nascido
na província de Buenos Aires, na
Argentina, Jorge Mario Bergoglio
tem ligação próxima a movimentos
sociais na América Latina.
Fonte: Ópera Mundi
GABEIRA DEFENDE O GOLPE E DIZ QUE O PMDB
QUER APENAS ROUBAR EM PAZ
Em artigo publicado, Fernando Gabeira diz que o Brasil agora é governado pelas raposas
do PMDB, mas afirma que isso é preferível do que o PT; “O sonho das raposas é continuar
depenando o galinheiro”, diz ele, lembrando que esses animais políticos poderão roubar
até o último centavo da Nação; Gabeira, no entanto, afirma que essa roubalheira é menos
pior do que o “projeto hegemônico” do PT
NOVOS RUMOS NEWS | Nº13 SETEMBRO 2016
E
20
m artigo publicado, o jornalista Fernando Gabeira
afirma que o Brasil passou a ser governado por raposas
do PMDB dispostas a depenar o
galinheiro, mas afirmou que isso é
melhor do que o PT, partido que ele
já integrou.
“O objetivo da cúpula do PMDB
é o de bloquear investigações e
neutralizar o trabalho das instituições que combatem a corrupção no
Brasil”, diz ele. “Nessa empreitada,
contam com o deslumbramento
de Temer, para quem um pedaço
do mandato presidencial é um presente dos céus. E com a timidez dos
tucanos, que temem romper uma
aliança num momento de recons-
trução. O sonho das raposas é continuar depenando o galinheiro. Se
as pessoas não se derem conta, elas
liquidam os avanços das instituições
de controle e continuarão roubando
o país até o último centavo. Se o
quadro é tão ameaçador, não teria
sido melhor manter o mandato do
PT até 2018?”, questiona.
“Acontece que são forças com
objetivos diferentes. As raposas do
PMDB querem apenas enriquecer
em paz. O PT tinha um projeto hegemônico que passava pelo crescente
controle do Parlamento, dos juízes
e, também, se tudo desse certo, da
própria imprensa”, afirma.
Fonte: Brasil 247
“CANALHA, CANALHA, CANALHA”: A
HOMENAGEM DE REQUIÃO A AÉCIO FICA PARA
A HISTÓRIA
Por Kiko Nogueira
C
om a contundência que
lhe é peculiar, Roberto
Requião foi direto ao coração da besta em seu último pronunciamento no julgamento do
impeachment.
“Não pretendo, nesta sessão,
moderar a linguagem ou asfixiar o
que penso. Não vou reprimir a indignação que me consome. ‘Canalha!
Canalha! Canalha!’”, falou.
Requião não se dirigiu nominalmente a ninguém, mas não
precisou. No plenário, Aécio Neves,
ao lado de Antonio Anastasia, sabia
que era para ele. O câmera da TV
Senado também. Teve a gentileza de
focalizar Aécio mais adiante no discurso, escarrapachado na poltrona,
visivelmente desconfortável.
Em 2 de abril de 1964, o avô de
Aécio, Tancredo, deu o mesmo grito
para Auro de Moura Andrade, que
declarou vaga a presidência da República quando João Goulart estava
em Porto Alegre (ouça abaixo).
“A Constituição Federal está
sendo rasgada e estamos diante de
um golpe de Estado”, disse Requião.
“Duvido que um só de nós esteja
convencido de que a Presidente Dilma deva ser impedida por ter cometido crimes. Não são as pedaladas ou
a tal irresponsabilidade fiscal que a
excomungam. O próprio relator da
peça acusatória praticou-as à larga,
só que lá, em Minas, não havia um
providencial e desfrutável Eduardo
Cunha nem um centrão querendo
sangue, salivando por sinecuras e
pixulecos.”
Prosseguiu: “A inocência do relator é a mesma de Moura Andrade,
declarando vaga a presidência. Ah!,
as palavras de Tancredo coçam-me
a garganta. Este Senado está prestes
a repetir a ignomínia de março de
64. O que se pretende? Que daqui
a alguns anos se declare nula esta
sessão, como declaramos nula a sessão que tirou o mandato de Goulart,
e peçamos desculpas à filha e aos
netos de Dilma?”
Assim como o depoimento de
Dilma na farsa do impedimento foi
seu ápice, aquele foi o de Roberto
Requião. Aécio sai dessa fraude
ainda menor do que entrou.
Canalhas. Canalhas. Canalhas.
Fonte: Diário do Centro do Mundo
NOVOS RUMOS NEWS | Nº13 SETEMBRO 2016
21
DILMA SAI DA PRESIDÊNCIA
MUITO MAIOR DO QUE ENTROU
dia foi invariavelmente protagonista
na destruição da democracia.
4) Temer é um usurpador que
levou ao núcleo do poder o que
existe de mais corrupto e atrasado
na política brasileira.
Ficou claro que, daqui por diante, as forças progressistas mostrarão o mar de lama da plutocracia
nacional.
Isto tem o poder de mudar a
história. A narrativa golpista, de
GV a Dilma, sempre se alicercou no
combate — farisaico, cínico, mentiroso — à corrupção.
Por Paulo Nogueira
P
arecia que a melhor hora
de Dilma tinha sido seu
discurso na véspera do
julgamento final do Senado.
NOVOS RUMOS NEWS | Nº13 SETEMBRO 2016
Mas não.
22
Em clareza, grandeza, Dilma se
superou na entrevista que concedeu pouco depois de definido o
golpe.
Ela declarou guerra ao golpe.
Não guerra no sentido militar
convencional. Ninguém está falando de pegar em armas ou coisa do
gênero.
Trata-se de guerra política.
O primeiro e essencial passo é
dar às coisas o nome que elas têm,
sem lantejoulas e sem metáforas.
Uma amostra do que Dilma disse
com a contundência indispensável:
1) É golpe. É golpe parlamentar,
mas é golpe. Com exclamação.
2) Por trás do golpe estão as
velhas forças conservadoras de
sempre, os reacionários que conspiraram contra Getúlio, JK, Jango,
Lula e, finalmente, a próprio Dilma.
3) Os golpistas tiveram uma contribuição milionária da “imprensa
facciosa”. De novo, é uma repetição
de golpes anteriores, em que a mí-
As delações comprovaram que
os principais tagarelas anticorrupção são exatamente os homens
mais corruptos da vida pública
nacional.
O caso mais simbólico é o de
Aécio: jamais ele terá condições
de falar em corrupção, como fez a
carreira toda, sem provocar gargalhadas ao redor.
Aécio se tornou um ícone da
corrupção plutocrata das mesmas
dimensões de Eduardo Cunha.
Ele roubava, só que ninguém
noticiava na mídia plutocrata.
Aécio parece ainda viver numa
realidade paralela. Numa entrevista
nesta quarta aos amigos da Globo-
news, citou o eminente senador Cássio Cunha Lima como um expoente
do universo político brasileiro.
Ora, ora, ora.
Cunha Lima é um corrupto notório. Foi cassado como governador da
Paraíba e só conseguiu concorrer a
senador porque a lei da Ficha Limpa
só passou a valer depois da eleição.
Não bastasse isso, um homem de
sua equipe teve que jogar dinheiro
do alto de um prédio para evitar um
flagrante de compra de votos. Pobres paraibanos ganhavam dinheiro
de Cunha Lima para votarem nele.
O episódio passou à história como
o caso do Dinheiro Voador.
Esta é a probidão dos plutocratas.
Sabe-se agora quem são os reais
corruptos, os parasitas que tomam
dinheiro público para montar patrimônios bilionários e deixar o Brasil
eternamente na condição de um
inferno da desigualdade.
Dilma jogou luzes onde sempre
houve sombras. Os ladrões são
aqueles que todos nós conhecemos,
e que se fazem de paladinos da
moral para enganar a sociedade e
assim poder roubar cada vez mais.
Para a democracia brasileira, a
fala de Dilma como ex-presidente é
algo que traz esperanças em doses
colossais para que deixemos um dia
de ser a republiqueta das bananas
a que os plutocratas querem nos
sujeitar pela eternidade.
Fonte: Diário do Centro do Mundo
VERISSIMO E O GOLPE: TEVE
CARA DE GOLPE, CHEIRO
DE GOLPE E PENTEADO DE
GOLPE
O escritor Luis Fernando Verissimo ironiza quem protesta contra a palavra golpe e levanta questões importantes; “Por que o Tribunal de Contas da União acordou
do seu sono profundo para examinar as contas de Dilma,
depois de ignorar as contas de todos os presidentes do
Brasil desde o Getúlio Vargas?; ele disse ainda que Michel
Temer escreveu uma cartinha dizendo-se decorativo e
ganhou de presente um país inteiro
E
m artigo publicado, o
escritor Luis Fernando
Verissimo ironizou quem
protesta contra o uso da palavra
golpe para definir o impeachment
da presidente Dilma Rousseff.
o Tribunal de Contas da União
acordou do seu sono profundo
para examinar as contas de Dilma,
depois de ignorar as contas de todos os presidentes do Brasil desde
o Getúlio Vargas?”, questionou.
“Teve cara de golpe, cheiro de
golpe, penteado de golpe, mas há
controvérsias”, escreveu.
Ele disse ainda que Michel
Temer escreveu uma cartinha
dizendo-se decorativo e ganhou
de presente um país inteiro.
Verissimo também levantou
questões importantes. “Por que
Fonte: Brasil 247
NOVOS RUMOS NEWS | Nº13 SETEMBRO 2016
23
IMPRENSA MUNDIAL VÊ “GOLPE” E DIZ
QUE BRASIL RECUA NO TEMPO
Imprensa alemã vê “derrota” e “declaração de falência” de um país com o processo de
impeachment; uma nação “que queria ser moderna” recua no tempo e se coloca ao lado
de Honduras e Paraguai como países onde “presidentes eleitos foram afastados de forma
questionável”, afirmam jornais alemães sobre o afastamento de Dilma; para o britânico
The Guardian, “a batalha [de Dilma] se assemelha cada vez mais a de um animal ferido
cercado por predadores se preparando para matar”
Por Deutsche Welle
A
aprovação do processo de
impeachment da presidente Dilma Rousseff pelo
Senado é um dos principais destaques
da imprensa europeia nesta quinta-feira (12/05).
NOVOS RUMOS NEWS | Nº13 SETEMBRO 2016
Com o título “Um país perde”, o site
Spiegel Online afirma que “o drama
em torno da presidente é um vexame para um país afundado na crise”.
Para o correspondente Jens Glüsing,
“o grande e orgulhoso Brasil terá que
se resignar a, no futuro, ser citado
por historiadores ao lado de Honduras e Paraguai – e não só por causa
de apresentações bizarras de seus
representantes populares. Também
em Honduras e Paraguai, presidentes eleitos foram afastados de forma
questionável do cargo.”
24
Para ele, o “espetáculo indigno”
apresentado pelos políticos brasileiros
“prejudicou de forma duradoura as
instituições e a imagem do país”. O
jornalista afirma que Dilma não está
sendo acusada de nenhum crime, a
não ser que se considere a maquiagem orçamentária uma infração.
“Mas aí todos os seus antecessores e
também muitos governadores teriam
de ser expulsos do cargo.”
Discurso de Dilma
após decisão do Senado
Na análise do semanário Die Zeit,
o afastamento de Dilma é “a declaração de falência do Brasil”. O jornalista
Michael Stürzenhofecker afirma que o
país queria se apresentar como uma
nação moderna com os Jogos Olímpicos, mas o processo de afastamento
de Dilma é um “recuo aos velhos
tempos” e também os 31º Jogos não
serão realizados numa “democracia
sem máculas”.
“O processo contra Rousseff não
é jurídico, mas político”, afirma o jornalista, que lembra a baixa popularidade de Dilma e a sua falta de apoio
político. “O que mais move as pessoas,
porém, é a casta política corrupta. O
paradoxal nisso é que Rousseff precisa
sair porque atacou o problema. Os
investigadores da Lava Jato acusaram
muitos de seus partidários. Também
ela foi investigada, mas nada foi
provado.”
Por fim, a análise lembra que há
muitos acusados de corrupção entre
aqueles que afastaram a presidente
e elogia Dilma por ter deixado os
investigadores agirem com relativa
liberdade, sem interferir. “Isso é incomum para uma líder política que enfrentou uma pressão desse tamanho.”
Para o jornalista, o processo todo “é
uma derrota para o Brasil, e a recém-adquirida confiança nas instituições
e na democracia está abalada. Com o
impeachment, o país está a caminho
de se tornar a maior república de
bananas do mundo”.
Imagens do anúncio
da decisão do Senado
No Süddeutsche Zeitung, a análise “Estes homens derrubaram a
presidente” apresenta uma relação
de todos os envolvidos no processo.
“Na opinião de muitos juristas, as
acusações são tênues, muitos chefes
de Estado antes de Rousseff agiram
de forma semelhante e não foram
afastados do cargo. A queda de presidente é muito mais o resultado de
intrigas políticas, costuradas pelos
adversários de Rousseff.”
Em seguida, o jornalista Benedikt
Peters apresenta o vice-presidente
Michel Temer como o grande vencedor do processo e lembra que personagens-chave do impeachment,
como o deputado Eduardo Cunha,
são, “ao contrário de Rousseff”, acusados de corrupção.
O Frankfurter Allgemeine Zeitung analisa o processo como “uma
marcante guinada à direita” e afirma
que “o sucessor Michel Temer precisa
carregar um peso enorme no chão de
uma legitimidade frágil”. O jornalista
Matthias Rüb afirma que o país necessita urgentemente de estabilidade
política e lembra os problemas da
economia brasileira.
Para ele, a herança do PT não é
grandiosa depois de quase 13 anos
de domínio, e o partido deve assumir
a responsabilidade pelo atual desastre. Ainda assim, e apesar da grande
recessão, “o maior país da América
Latina está longe de se transformar
num Estado mafioso e falido como a
Venezuela”, e o combate à pobreza é
uma conquista permanente.
Para o jornalista, o Brasil tem
divisas suficientes, e os setores primário e secundário são estáveis.
“Uma mudança rápida para melhor é
possível. Mas, para isso, é necessário
estabilidade política e disposição
para reformas da parte do presidente
interino, Michel Temer. Que Rousseff
e os grandes do PT continuem falando de golpe e anunciem oposição
contínua também fora das instituições políticas é algo irresponsável”,
comenta.
“Vocês conseguem fazer a
tristeza diminuir”, diz
Dilma a apoiadores
No Reino Unido, o jornal The
Guardian diz que a primeira mulher a
presidir o Brasil foi afastada pelo voto
de senadores que colocaram problemas econômicos, a paralisia política
e irregularidades fiscais à frente do
voto de 54 milhões de brasileiros
que elegeram a representante do PT
em 2014.
“O impeachment é mais político
do que jurídico”, escreve a publicação
britânica. Os senadores, diz, tiveram
uma postura mais sóbria do que os
deputados, que protagonizaram
cenas “triunfantemente feias”.
Em artigo intitulado “Uma guerreira até o fim: Dilma Rousseff – pecadora e santa na luta do impeachment”,
o correspondente Jonathan Watts diz
que apesar de ser menos “corrompida”
que seus acusadores, a “teimosia” e a
“natureza fechada” da presidente a
deixaram sem os instrumentos necessários para enfrentar a crise.
“Traída por seu companheiro de
chapa, condenada por um Congresso
contaminado por corrupção e insultada pelo abuso que sofreu como
prisioneira da ditadura militar, a líder
do Partido dos Trabalhadores sofreu
um grande golpe nesta quinta-feira,
quando o Senado votou pelo seu
impeachment”, escreve.
Segundo o The Guardian, a presidente protestou contra a misoginia
e prometeu lutar até o “amargo fim”.
“Mas a batalha dela se assemelha cada
vez mais a de um animal ferido cercado por predadores se preparando
para matar”, diz o texto.
A publicação argumenta que a
crise política e econômica não é culpa apenas de Rousseff, mas também
de um Congresso fragmentado, que
não permitiu a construção de uma
coalizão.
O passo a passo do
impeachment
O El País, que nesta quarta-feira
publicou um editorial chamando o
processo de impeachment de “irregular”, destaca que os senadores falaram
sobre as manobras fiscais, mas se
concentraram no “catastrófico curso
da economia” para justificar os votos.
A sessão plenária, que teve uma
“extensão maratoniana”, transcorreu
sem os excessos “chocantes” e “ridículos” vistos durante a votação do
processo na Câmara dos Deputados,
em abril.
O francês Le Monde diz que Temer
e sua comitiva estavam prontos para
o “sacrifício”. “O homem, puro produto
do sistema político brasileiro, conhecedor das intrigas parlamentares,
descrito pela comitiva da presidente
brasileira como um ‘conspirador’,
‘traidor’ e um ‘ejaculador precoce’,
que pensa há meses no trono, está
prestes a chegar ao degrau mais alto
do poder”, afirma a publicação.
Desconhecido do público, o filho
de imigrantes libaneses encarna a
esperança do fim da crise, diz o Le
Monde, que acrescenta que Temer
herda uma situação dramática, mas
tem a confiança do mercado financeiro. O artigo questiona se presidente
interino será capaz de conciliar uma
sociedade dividida pelo processo de
impeachment, já que ele é citado na
Operação Lava Jato.
Para o Corriere della Sera, o Senado disse “sim” ao impeachment,
mas Dilma ainda tem esperança de
retorno. Segundo o jornal italiano, o
caminho do presidente interino não
será fácil. Temer terá que enfrentar a
resistência de parlamentares do PT
que anunciaram a “obstrução sistemática” de todas as propostas feitas
por ele.
“O Brasil vive o segundo ano consecutivo de recessão severa e tudo
está num impasse há meses devido
à crise política”, diz a publicação. Temer vai pedir que o Congresso apoie
uma forte manobra para colocar as
finanças públicas em ordem e nomear
novos ministros. “É preciso resultados rápidos, que justifiquem uma
inversão que tem levantado muitas
dúvidas, mesmo fora do país.”
Fonte: Brasil 247
NOVOS RUMOS NEWS | Nº13 SETEMBRO 2016
25
marketing profissional
rumo certo para o sucesso
Credibilidade | Profissionalismo | Baixo Custo
O Rumo Certo Mkt não é apenas um disparador
de newsletters, ele dispara, hospeda e promove
suas campanhas tranzendo diariamente
milhares de pessoas para visitarem seus flyers.
Rumo Certo Mkt trabalha com nuvem de IP's
Randômicos Compartilhados para melhor
entrega dos e-mails.
Com o baixo custo que o Rumo Certo Mkt
ofereçe, você pode fazer semanalmente
disparos para seus clientes.
Disparos Personalizados
No seu nome ou de sua empresa
Você pode usar seu banco de e-mails para
fazer os disparos, ou do Rumo Certo Mkt.
RumoCertoMkt
Sistema nuvem de IP’s Randômicos
www.rumocertomkt.com.br
[email protected]