o golpe de 2016 - Portal Novos Rumos
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“CANALHA, CANALHA, CANALHA”: A HOMENAGEM DE REQUIÃO A AÉCIO FICA PARA A HISTÓRIA DILMA SAI DA PRESIDÊNCIA MUITO MAIOR DO QUE ENTROU Ano 02 nº 13 Setembro 2016 www.portalnovosrumos.com.br O GOLPE DE 2016 O BRASIL CAI NUM ABISMO PROFUNDO, SOCIAL, ECONÔMICO E POLÍTICO O Senado deu salvo conduto ao suspeito e golpista Michel Temer ao rasgar a Constituição NOVOS RUMOS NEWS | Nº13 SETEMBRO 2016 ÍNDICE 02 03 O SENADO DEU SALVO CONDUTO AO SUSPEITO MICHEL TEMER AO RASGAR A CONSTITUIÇÃO 06 WAGNER: TEMER DEVIA TER SIDO PRESO POR CONSPIRAÇÃO 07 LA JORNADA: OLIGARQUIA CORRUPTA RETOMOU O PODER NO BRASIL 08 OEA SE MANIFESTA E SUGERE QUE IMPEACHMENT FOI GOLPE 09 FUNDAÇÃO INTERNACIONAL DE DIREITOS HUMANOS DECRETA: FOI GOLPE! 11 “QUEDA DE DILMA FOI ORDENADA POR WALL STREET” 14 MUJICA: VIMOS NO BRASIL A CONSUMAÇÃO DE UM GOLPE DE ESTADO 15 SAFATLE: BRASIL PASSA A SER GOVERNADO POR ASSOCIAÇÃO DE CORRUPTOS 16 O QUE ESTÁ PASSANDO PELA CABEÇA DE JOAQUIM BARBOSA AO CHAMAR O GOLPE DE “IMPEACHMENT TABAJARA”? 17 “GOLPE DE 2016 É O MAIOR RETROCESSO DA DEMOCRACIA NO BRASIL DESDE 1964” 18 EUA, QUE APOIARAM O IMPEACHMENT, QUEREM RELAÇÃO MAIOR COM O BRASIL 19 SOBRE GOLPE, PAPA DIZ QUE BRASIL ATRAVESSA ‘MOMENTO TRISTE’ 20 GABEIRA DEFENDE O GOLPE E DIZ QUE O PMDB QUER APENAS ROUBAR EM PAZ 21 “CANALHA, CANALHA, CANALHA”: A HOMENAGEM DE REQUIÃO A AÉCIO FICA PARA A HISTÓRIA 22 DILMA SAI DA PRESIDÊNCIA MUITO MAIOR DO QUE ENTROU 23 VERISSIMO E O GOLPE: TEVE CARA DE GOLPE, CHEIRO DE GOLPE E PENTEADO DE GOLPE 24 IMPRENSA MUNDIAL VÊ “GOLPE” E DIZ QUE BRASIL RECUA NO TEMPO “CANALHA, CANALHA, CANALHA”: A HOMENAGEM DE REQUIÃO A AÉCIO FICA PARA A HISTÓRIA DILMA SAI DA PRESIDÊNCIA MUITO MAIOR DO QUE ENTROU Ano 02 nº 13 Setembro 2016 www.portalnovosrumos.com.br O GOLPE DE 2016 O BRASIL CAI NUM ABISMO PROFUNDO, SOCIAL, ECONÔMICO E POLÍTICO O Senado deu salvo conduto ao suspeito e golpista Michel Temer ao rasgar a Constituição editora Vilson Teixeira Jornalista/Editor - Reg. 11795 Presidente da Editora Novos Rumos Ltda Editoração/Artes: WDNR Redação: [email protected] A revista é publicada mensalmente pela Editora Novos Rumos Ltda, e não se responsabiliza por conceitos emitidos em artigos assinados. NOVOS RUMOS NEWS | Nº13 SETEMBRO 2016 03 O SENADO DEU SALVO CONDUTO AO SUSPEITO MICHEL TEMER AO RASGAR A CONSTITUIÇÃO Por Marcelo Auler E m 1996, o delegado de Polícia Federal Roberto Jaureguiber Prel Júnior, através de um habeas corpus, conseguiu trancar uma ação penal em que ele era acusado de torturar Carlos Abel Dutra Garcia, – um crime que até hoje o único punido foi a própria vítima. Na época, a então juíza da 13ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, Maria Helena Soares Reis Franco, já falecida, advertiu-o com um recado: “O senhor livrou-se da Ação Penal, mas jamais se livrará da dúvida que o acompanhará o resto da vida. Gostaria de vê-lo provar a inocência no curso da ação. Não livrar-se dela deste jeito”. Recordo-me deste fato, do qual o atual juiz federal Alexandre Libonati de Abreu é testemunha, agora que o Senado Federal acaba de rasgar a Constituição que todos os senadores juraram cumprir. Derrubaram uma presidente eleita com 54 milhões de votos e entregaram a Presidência da República a Michel Temer, sobre o qual recaem diversas dúvidas jamais por ele dirimidas a contento. Tal como o delegado, Temer nunca foi condenado, mas também jamais esclareceu de forma clara e límpida acusações que lhes foram feitas, como ficou demonstrado na série de matérias que o Diário do Centro do Mundo e o Blog Marcelo Auler mostraram recentemente com relação ao Porto de Santos. Mais ainda. Ao ser confirmado no cargo de presidente por meio de um golpe parlamentar, já que não se conseguiu provar que a presidente afastada, Dilma Rousseff, cometeu qualquer crime de responsabilidade, Temer passa a ter uma espécie de salvo conduto com relação às recentes acusações que lhes foram feitas. Na presidência, só poderá responder por crimes cometidos durante o seu mandato, que oficialmente começa nesta quarta-feira, 31 de agosto. Com isso, o Congresso está trocando, pelo golpe, uma presidente jamais acusada de desonestidade ou corrupção por um político que teve seu nome envolvido em escândalos passados e presentes. Basta ver que a vice-procuradora Geral da República, Ela Wiecko de Castilho demitiu-se do cargo de confiança que ocupava simplesmente por ter desagradado a Rodrigo Janot ao dizer o que todos já sabiam: NOVOS RUMOS NEWS | Nº13 SETEMBRO 2016 “Eu estou incomodada com essas coisas que estão acontecendo no Brasil. Não me agrada ter o Temer como presidente. Ele não está sendo delatado? Eu sei que está”. 04 Temer nunca foi processado. Mas também jamais se livrou das sérias suspeitas de envolvimento em ilícitos. Sobre ele recaem dúvidas sérias. As primeiras delas com relação às propinas pagas no Porto de Santos, quando a Companhia Docas do Estado de São Paulo (CODESP) era presidida por um afilhado seu, Marcelo de Azeredo (1985-1988). O atual vice-presidente em exercício, ao contrário da presiden- te que ele ajudou a derrubar, não teve coragem de sequer prestar um depoimento como testemunha na Polícia Federal. vernos do período da redemocratização do país, não teve analisada a sua variação patrimonial, que não foi pequena, diga-se. Fugiu dos questionamentos, dos esclarecimentos e deixou permanecer a dúvida. Esta, como disse a juíza ao delegado na ditadura, permanecerá para sempre. Ao ser confirmado em um cargo para o qual não foi eleito, terá outros benefícios. Na cadeira de presidente não poderá ser investigado pelas recentes denúncias que surgiram ao longo das delações premiadas da Lava Jato. Não foram poucas. Dilma foi capaz de enfrentar por mais de 14 horas o debate com 81 senadores, mostrado ao vivo e a cores pela televisão. Já Temer, quando deputado federal e presidente da Câmara, convidado pelo delegado federal Cássio Nogueira a prestar um depoimento, na condição de testemunha, em dia, hora e local que ele mesmo indicasse, jamais respondeu. Faltou-lhe coragem, como em tantas outras ocasiões. É o mesmo homem que fugiu da Olimpíada com medo de vaias. Deixou de lado o espírito cívico de, pelo menos, ajudar a esclarecer uma suspeita de desvio de verbas públicas e corrupção. Se ficou livre de um julgamento por suspeita de envolvimento em corrupção, deve isso a dois procuradores da República – Geraldo Brindeiro (2001) e Roberto Gurgel (2011) – e a omissão do próprio Supremo Tribunal Federal que arquivou os pedidos de investigação que pudessem esclarecer o envolvimento do então deputado. Não apenas isso. Enquanto seu afilhado político, Marcelo de Azeredo, foi pego pela Receita Federal que confirmou as denúncias feitas em 2 000 pela ex-companheira dele Érika Santos, Temer, graças às suas relações políticas com todos os go- Foi acusado de beneficiar-se das obras de ampliação do Aeroporto de Guarulhos, denúncia sobre a qual existem investigações que correm em segredo. Também Marcelo Odebrecht confessou que, a pedido do então vice-presidente, em um jantar no Palácio Jaburu, repassou R$ 10 milhões ao PMDB, sendo R$ 4 milhões para seu atual ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha e o restante para o presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (FIESP), Paulo Skaf, então candidato do PMDB ao governo do estado. Tudo dinheiro não contabilizado.. Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, denunciou Michel Temer (PMDB), por lhe pedir recursos ilícitos para a campanha de Gabriel Chalita (PMDB) à prefeitura de São Paulo, em 2012. Outros a apontarem-no como envolvido na corrupção foram o ex-senador Delcídio do Amaral e o empresário Julio Camargo, que intermediou negócios bilionários na Petrobras e confessou ter pago propina a integrantes do PMDB, entre os quais o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Delcídio apontou Temer como o “grande patrocinador” da ida de Jorge Zelada para a área internacional da Petrobras, que seria o elo do PMDB no esquema de corrupção. Ao rasgar a Carta Magna, o Senado colocou no lugar de uma mulher honesta e escolhida pelo voto popular um cidadão sobre o qual recaem suspeitas sérias. E que já está cercado de ministros e assessores sob os quais as suspeições também são grandes. Tudo com respaldo de parte de uma população que foi às ruas pedir o fim da impunidade e da corrupção. Estaremos dando início a mais um período obscuro na democracia que conquistamos com muita luta e muito sangue. Apertem os cintos. Fonte: Diário do Centro do Mundo NOVOS RUMOS NEWS | Nº13 SETEMBRO 2016 05 WAGNER: TEMER DEVIA TER SIDO PRESO POR CONSPIRAÇÃO Ex-ministro da Casa Civil Jaques Wagner disse que se “a democracia brasileira fosse mais madura”, o futuro do agora presidente Michel Temer “podia ser mais sombrio”; em resposta ao discurso do novo presidente de que não é golpista, Wagner afirmou que “ele vai ser chamado a vida inteira de golpista, vai ser chamado de presidente interventor, porque não tem legitimidade”; Jaques Wagner sugeriu ainda que em países com democracia consolidada há mais tempo Temer poderia ser preso por conspiração; “Na verdade, quem devia estar preso era ele, porque conspirou... É porque a gente é generoso demais. O Palácio do Jaburu virou o centro da conspiração” O NOVOS RUMOS NEWS | Nº13 SETEMBRO 2016 ex-ministro da Casa Civil de Dilma Rousseff disse que se “a democracia brasileira fosse mais madura”, o futuro do agora presidente Michel Temer “podia ser mais sombrio”. Em resposta ao discurso do novo presidente de que não é golpista, Wagner afirmou que “ele vai ser chamado a vida inteira de golpista, vai ser chamado de presidente interventor, porque não tem legitimidade”. 06 Jaques Wagner sugeriu ainda que em países com democracia consolidada há mais tempo Temer poderia ser preso por conspiração. “Na verdade, quem devia estar preso era ele, porque conspirou. E em qualquer democracia mais madura... É porque a gente é generoso demais. Na verdade, o Palácio do Jaburu virou o centro da conspiração. Não foi um julgamento, foi uma eleição indireta fantasiada de julgamento de impeachment”. O ex-governador da Bahia lembra ainda que Temer não tinha eleitorado suficiente para se eleger deputado federal por São Paulo. “O interventor que vai assumir, todo mundo sabe, fala para quem quiser ouvir que não tinha condições de se eleger deputado federal em São Paulo. Então eu acho que são anos complicados para a política brasileira, porque a falta de legitimidade deixa o governante muito claudicante”, disse o ex-ministro ao Bahia Notícias. Wagner diz que o impeachment “financiado por segmentos da elite conservadora brasileira e parte da classe política brasileira” só ocorreu porque o grupo liderado pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG) não aceitou a derrota nas eleições presidenciais de 2014. “Não se conformaram que o Partido dos Trabalhadores e a sua coligação, que um simples operário e depois que uma mulher assumisse a presidência da República. Quatro derrotas parece que foi muito para eles. E eles tinham certeza de que, terminando o mandato dela, as chances da gente fazer o quinto mandato com o presidente Lula voltando era muito grande. Então eu diria que bateu o desespero. E é claro isso quando você percebe que, desde o resultado da eleição de 2014... Primeiro eles acharam que iam ganhar, até porque houve uma divulgação dos resultados começando pelo Sul. E a gente sabe que muitos foram comemorar em Minas Gerais com Aécio [Neves] e voltaram com o rabo entre as pernas porque o resultado não foi o que esperaram. E aí falaram das urnas, falaram de crime eleitoral, e desde fevereiro ou março de 2015 inventaram a tese do impeachment sem crime e foram forçando a barra pra inventar um crime que se encaixasse”, discorre Jaques Wagner. Fonte: Brasil 247 LA JORNADA: OLIGARQUIA CORRUPTA RETOMOU O PODER NO BRASIL Editorial do jornal mexicano afirma que o impeachment de Dilma consuma “o terceiro de uma série de golpes de nova geração”, citando os casos de Manuel Zelaya, deposto em 2009 em Honduras, e Fernando Lugo, três anos mais tarde, no Paraguai; o jornal mexicano diz por fim que “a destituição de Dilma Rousseff constitui a anulação do elementar princípio democrática da soberania do mandato popular e representa o gravíssimo acesso ao poder de redes de corrupção oligárquica’” O editorial do jornal mexicano La Jornada desta sexta-feira (02/09) condena o impeachment Dilma Rousseff e afirma que seu afastamento definitivo da Presidência brasileira representa o acesso de “redes de corrupção oligárquica” ao poder. O jornal diz que são “praticamente nulas” as possibilidades de que a ex-mandatária volte ao poder, mas afirma que a perspectiva de Michel Temer consolidar-se na Presidência também não parece provável. Além de um “ínfima popularidade” do chefe de Estado recém-empossado, La Jornada aponta seu programa econômico “antipopular”, que inclui perda de direitos trabalhistas e a eliminação de programas sociais estabelecidos nos governos de Lula e Dilma Rousseff. Dentre as razões para o impeachment, segundo o editorial, estiveram a “mudança brusca” da política econômica nos governos do Partido dos Trabalhadores e um desejo de parlamentares de encerrar as investigações da Operação Lava Jato. O jornal fala também nas diferentes reações em torno da questão. De um lado, segundo o editorial, estão a Unasul (União de Nações Sul-Americanas), que propôs uma reunião sobre a destituição de Dilma, e a decisão dos governos de Venezuela, Bolívia, e Equador de retirar seus embaixadores no Brasil. Do outro lado, veio a declaração do porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, John Kirby, que classificou o impeachment como uma “decisão do povo brasileiro”. Para La Jornada, “semelhante pronunciamento marca claramente o agrado de Washington diante de uma manobra legalista que nada teve de democrática”. A publicação afirma que o impeachment de Dilma consuma “o terceiro de uma série de golpes de nova geração”, citando os casos de Manuel Zelaya, deposto em 2009 em Honduras, e Fernando Lugo, três anos mais tarde, no Paraguai. O jornal mexicano diz por fim que “a destituição de Dilma Rousseff constitui a anulação do elementar princípio democrática da soberania do mandato popular e representa o gravíssimo acesso ao poder de redes de corrupção oligárquica’”. Fonte: Opwera Mundi NOVOS RUMOS NEWS | Nº13 SETEMBRO 2016 07 OEA SE MANIFESTA E SUGERE QUE IMPEACHMENT FOI GOLPE “A CIDH expressa a sua preocupação frente às denúncias sobre irregularidades, arbitrariedade e ausência de garantias do devido processo nas etapas do procedimento”, informou a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da Organização dos Estados Americanos (OEA), em seu primeiro comunicado oficial após a destituição da presidente Dilma Rousseff; a comissão informou ainda que irá analisar um pedido formulado pela defesa de Dilma que requer uma decisão cautelar contra seu afastamento NOVOS RUMOS NEWS | Nº13 SETEMBRO 2016 E 08 m seu primeiro comunicado oficial após o afastamento da presidente Dilma Rousseff pelo Senado, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), que faz parte da Organização dos Estados Americanos (OEA), sugeriu que houve um golpe de estado no Brasil. “A CIDH expressa a sua preocupação frente às denúncias sobre irregularidades, arbitrariedade e ausência de garantias do devido processo nas etapas do procedimento”, informou a instituição em comunicado, segundo reportagem de Juliano Basile. “A Comissão reconheceu que o julgamento político está previsto em normas de países da América Latina e que pode ser realizado pelo Poder Legislativo em várias dessas nações. Mas, de acordo com o comunicado, as garantias mínimas de defesa nos procedimentos devem ser respeitadas, ‘principalmente se esses procedimentos puderem afetar os direitos humanos de uma pessoa’”, informa Basile. “O cumprimento desses princípios tem particular relevância nos assuntos que versam sobre funcionários públicos eleitos por voto popular, como é o caso da presidente Dilma Rousseff”, diz ainda o comunicado. A CIDH também informou que vai analisar um pedido de medida cautelar contra a destituição de Dilma, apresentado pela defesa. Nesta sexta-feira, o Senado aprovou uma lei que autoriza Michel Temer a cometer as chamadas “pedaladas fiscais”, pretexto para a destituição de Dilma. No mundo, a imprensa internacional se mostra escandalizada com o golpe ocorrido no Brasil. Fonte: Brasil 247 FUNDAÇÃO INTERNACIONAL DE DIREITOS HUMANOS DECRETA: FOI GOLPE! Sediada em Madri, a Fundação Internacional de Direitos Humanos divulgou nota, em que afirma que reconhece apenas Dilma Rousseff como presidente legítima do Brasil; na nota, afirma-se que a democracia está ameaçada na América Latina por grupos que resistem a perder seus privilégios S ediada em Madri, a Fundação Internacional de Direitos Humanos divulgou nota, em que afirma que reconhece apenas Dilma Rousseff como presidente legítima do Brasil. Na nota, afirma-se que a democracia está ameaçada na América Latina por grupos que resistem a perder seus privilégios. Confira, abaixo, em espanhol: Fundación Internacional de Derechos Humanos y movimientos del Frente Brasil Popular se manifiestan en apoyo a Dilma A través de una carta pública, los movimientos que integran el Frente Brasil Popular expresaron su repudio a la decisión del Senado para destituir a Dilma Roussef, la presidenta electa: “Hoy la resistencia apenas comienza. En las calles y en las instituciones. En los locales de estudio, trabajo y vivienda. Antes de los que piensan los usurpadores, el pueblo brasileño será capaz de rechazar sus planes y retomar el camino de los grandes cambios”, manifiestan los movimientos en la nota. “La mayoría de los senadores brasileños se arrodillaran frente al fraude y a la mentira, aprobando un golpe parlamentario contra la Constitución, la soberanía y la clase trabajadora. Los golpistas quieren, entre otras medidas, reducir inversiones en salud, educación y vivienda, eliminando derechos laborales, acabar con la vinculación de la jubilación básica al salario mínimo, enterrar la reforma agraria y vaciar programas sociales, señala en su misiva el Frente Brasil Popular. El golpe blando Para nadie en Brasil era un secreto que el impeachment contra Rousseff se trataba de un “golpe blando”, tal como lo calificó el premio Nobel de la Paz, Adolfo Pérez Esquivel: “Los golpes blandos ya se pusieron en práctica en el continente en países como Honduras (con Manuel Zelaya) y NOVOS RUMOS NEWS | Nº13 SETEMBRO 2016 09 NOVOS RUMOS NEWS | Nº13 SETEMBRO 2016 Paraguay (con Fernando Lugo). Ahora, la misma metodología, que no necesita a las Fuerzas Armadas, se está utilizando aquí en Brasil”, manifestó. 10 El abogado de defensa de Rousseff, José Eduardo Cardozo, calificó el proceso judicial como “una gran farsa” y un golpe contra la democracia. Durante el proceso, incluso se filtraron grabaciones secretas en las que se desprendía la premisa de que el impeachment solo fue un intento de frenar las investigaciones del megaescándalo de corrupción en la estatal Petrobras que golpeó tanto al partido de Rousseff como al de Temer. “Hay que resolver esa mierda. Hay que cambiar el gobierno para cortar esta sangría”, afirmaba en las grabaciones el exministro de Planificación, Romero Jucá, que debió renunciar tras revelarse el audio. El entonces ministro de Transparencia, Fabiano Silveira, también cayó tras otra filtración en la que se evidenciaba que criticaba la investigación de la corrupción en Petrobras. Aunque la defensa de Rousseff solicitó a la comisión del Senado incluir tales grabaciones entre las pruebas a ser analizadas para demostrar que el impeachmet carecía de fundamento; el senador Antonio Anastasia (encargado de elaborar el informe final y favorable al impeachment) rechazó el pedido y consideró los hechos “ajenos al objeto del proceso”. La Fundación Internacional de Derechos Humanos también se ha manifestado en contra y mediante un comunicado en redes sociales han expresado su rechazo al golpe de estado camuflado bajo un ropaje institucional, perpetrado como el único objetivo de desconocer los resultados electorales. En consecuencia anuncian que reconocen única y exclusivamente a la señora Dilma Rousseff como autoridad democráticamente electa de la República de Brasil. Fonte: Brasil 247 NOVOS RUMOS NEWS | Nº13 SETEMBRO 2016 11 “QUEDA DE DILMA FOI ORDENADA POR WALL STREET” Em artigo publicado pela primeira vez em junho, mas reeditado um dia após a consumação do impeachment no Brasil, o renomado professor e economista canadense Michel Chossudovsky, da Universidade de Ottawa, afirma que a queda de Dilma foi ordenada por Wall Street e tenta desmascarar “os atores por trás do golpe”; segundo ele, em breve o Brasil de Michel Temer e Henrique Meirelles voltará a conversar com o Fundo Monetário Internacional de pires na mão; ele afirma ainda que o golpe de 2016 contou com farto aparato de propaganda fornecido pelos meios de comunicação brasileiros E m artigo publicado pela primeira vez em junho, mas reeditado um dia após a consumação do impeachment no Brasil, o renomado professor e economista canadense Michel Chossudovsky explica por que a queda de Dilma foi ordenada por Wall Street e tenta desmascarar “os atores por trás do golpe”. “O controle sobre a política monetária e a reforma macroeconômica eram os objetivos últimos do golpe de Estado. As nomeações principais do ponto de vista de Wall Street são o Banco Central, que domina a política monetária e as operações de câmbio, o Ministério da Fazenda e o Banco do Brasil”, diz o artigo, ressaltando que, desde o governo FHC, passando por Lula e Temer, Wall Street tem exercido controle sobre os nomes apontados para liderar essas três instâncias estratégicas para a economia brasileira. “Em nome de Wall Street e do ‘consenso de Washington’, o ‘go- verno’ interino pós-golpe de Michel Temer nomeou um ex-CEO de Wall Street (com cidadania dos EUA) para dirigir o Ministério da Fazenda”, diz o artigo, referindo-se a Henrique Meirelles, nomeado em 12 de maio. Como observa o artigo, Meirelles, que tem dupla cidadania Brasil-EUA, serviu como presidente do FleetBoston Financial (fusão do BankBoston Corp. com o Fleet Financial Group) entre 1999 e 2002 e foi presidente do Banco Central sob o governo Lula, entre 1º de janeiro de 2003 e 1º de janeiro de 2011. Antes disso, o atual ministro da Fazenda, que volta ao poder sob o governo Temer após ter sido dispensado por Dilma em 2010, também atuou por 12 anos como presidente do BankBoston nos EUA. Já o atual presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, nomeado por Temer em 16 de maio, tem dupla cidadania Brasil-Israel e foi economista-chefe do Itaú, maior banco privado do Brasil. Segundo o artigo, Goldfajn “tem laços estreitos tanto com o FMI [Fundo Monetário Internacional] quanto com o Banco Mundial”. NOVOS RUMOS NEWS | Nº13 SETEMBRO 2016 “Goldfajn já havia trabalhado no Banco Central sob Armínio Fraga, bem como sob Henrique Meirelles. Ele tem estreitos laços pessoais com o prof. Stanley Fischer, atualmente vice-presidente do Federal Reserve dos EUA [além de ex-vice-diretor do FMI e ex-presidente do Banco Central de Israel]. Desnecessário dizer que a nomeação de Golfajn ao Banco Central foi aprovada pelo FMI, pelo Tesouro dos EUA, por Wall Street e pelo Federal Reserve dos EUA”, afirma o artigo. 12 Fraga, por sua vez, atuou como presidente do Banco Central entre 4 de março de 1999 e 1º de janeiro de 2003. Ele foi diretor de fundos de cobertura (hedge funds) por seis anos na Soros Fund Management (associada ao magnata George Soros), e também tem dupla cidadania Brasil-EUA. “O sistema monetário do Brasil sob o real é fortemente dolarizado. Operações da dívida interna são conducentes a uma dívida externa crescente. Wall Street tem o objetivo de manter o Brasil em uma camisa de força monetária”, explica o professor canadense. [Meirelles] estava em conflito de interesses. Sua nomeação foi acordada antes da ascensão de Lula à presidência”, escreve o autor. Por isso, afirma o artigo, quando Dilma Rousseff aponta um nome não aprovado por Wall Street para a presidência do Banco Central, a saber, Alexandre Antônio Tombini, cidadão brasileiro e funcionário de carreira no Ministério da Fazenda, é compreensível que os interesses financeiros externos se articulem aos interesses das elites brasileiras para mudar o quadro político no país. Além disso, Meirelles foi um firme defensor do controverso Plano Cavallo da Argentina na década de 1990: “um ‘plano de estabilização’ de Wall Street que causou grandes estragos econômicos e sociais”, segundo o professor Chossudovsky. Contexto histórico No início de 1999, na sequência imediata do ataque especulativo contra o real, diz Chossudovsky, o presidente do Banco Central, Francisco Lopez (que havia sido nomeado em 13 de janeiro de 1999, a Quarta-feira Negra) foi demitido pouco depois e substituído por Armínio Fraga, cidadão americano e funcionário da Quantum Fund de George Soros em Nova York. “A raposa tinha sido nomeada para tomar conta do galinheiro”, resume o artigo, afirmando que, com Fraga, os especuladores de Wall Street tomaram o controle da política monetária do Brasil. Sob Lula, o apontamento de Meirelles para a presidência do Banco Central do Brasil dá seguimento à situação, diz o artigo, destacando que o nomeado já havia atuado anteriormente como presidente e CEO dentro de uma das maiores instituições financeiras de Wall Street. “A FleetBoston era o segundo maior credor do Brasil, após o Citigroup. Para dizer o mínimo, ele De acordo com ele, “a estrutura essencial do Plano Cavallo da Argentina foi replicada no Brasil sob o Plano Real, ou seja, a imposição de uma moeda nacional conversível dolarizada. O que este regime implica é que a dívida interna é transformada em uma dívida externa denominada em dólar”. Quando Dilma sobe à presidência em 2011, Meirelles é retirado da presidência do Banco Central. Como ministro da Fazenda de Temer, ele defende a chamada “independência do Banco Central”. “A aplicação deste conceito falso implica que o governo não deve intervir nas decisões do Banco Central. Mas não há restrições para as ‘Raposas de Wall Street’”, diz o artigo, acrescentando que “a questão da soberania na política monetária é crucial” e que “o objetivo do golpe de Estado foi negar a soberania do Brasil na formulação de sua política macroeconômica”. De fato, sob o governo Dilma, a “tradição” de nomear uma “raposa de Wall Street” para o Banco Central foi abandonada com a nomeação de Tombini, que permaneceu no cargo de 2011 até maio de 2016, quando Temer assume a presidên- cia interina do país. A partir daí, Meirelles, no Ministério da Fazenda do governo interino, “aponta seus próprios comparsas para chefiar o Banco Central [Goldfajn] e o Banco do Brasil [Paulo Caffarelli]”, diz o artigo do Global Research, sublinhando que o novo ministro havia sido descrito pela mídia dos EUA como “market friendly” (“amigo do mercado”). Conclusão “O que está em jogo através de vários mecanismos – incluindo operações de inteligência, manipulação financeira e meios de propaganda – é a desestabilização pura e simples da estrutura estatal do Brasil e da economia nacional, para não mencionar o empobrecimento em massa do povo brasileiro”, afirma Chossudovsky. Segundo a tese do renomado professor, “Lula era ‘aceitável’ porque seguiu as instruções de Wall Street e do FMI”, mas Dilma, com um governo mais guiado por um nacionalismo reformista soberano, não pôde ser “aceita” pelos interesses financeiros dos EUA, apesar da agenda política neoliberal que prevaleceu sob seu governo. “Se Dilma tivesse decidido manter Henrique de Campos Meirelles, o golpe de Estado muito provavelmente não ter ocorrido”, afirmai o analista. “Um ex-CEO/presidente de uma das maiores instituições financeiras dos Estados Unidos (e um cidadão dos EUA) controla instituições financeiras-chave do Brasil e define a agenda macroeconômica e monetária para um país de mais de 200 milhões de pessoas. Chama-se um golpe de Estado… dado por Wall Street”, conclui Chossudovsky. Michel Chossudovsky, escritor premiado, é professor (emérito) de Economia da Universidade de Ottawa, fundador e diretor do Centro de Pesquisa sobre a Globalização (CRG) e editor da organização independente de pesquisa e mídia Global Research. Ele lecionou como professor visitante na Europa Ocidental, no Sudeste Asiático e na América Latina, serviu como conselheiro econômico para governos de países em desenvolvimento e tem atuado como consultor para várias organizações internacionais. Ele é o autor de onze livros, publicados em mais de vinte línguas. Em 2014, foi premiado com a Medalha de Ouro de Mérito da República da Sérvia por seus escritos sobre a guerra de agressão da OTAN contra a Iugoslávia. Fonte: Sputnik NOVOS RUMOS NEWS | Nº13 SETEMBRO 2016 13 MUJICA: VIMOS NO BRASIL A CONSUMAÇÃO DE UM GOLPE DE ESTADO NOVOS RUMOS NEWS | Nº13 SETEMBERO 2016 “O que vimos foi a consumação de um golpe de Estado que estava anunciado já há algum tempo”, disse o ex-mandatário uruguaio José “Pepe” Mujica; aos 81 anos, ele afirmou ainda que já viu “muitos castelos de ilusões irem ao chão”, em referência à possibilidade de que a conjuntura possa levar ao fim dos programas sociais iniciados pelos governos de Lula da Silva e Dilma Rousseff no Brasil 14 “O que vimos foi a consumação de um golpe de Estado que estava anunciado já há algum tempo”, disse o ex-mandatário uruguaio José “Pepe” Mujica, durante evento realizado na sede da organização PIT-CNT (Plenária Intersindical de Trabalhadores – Convenção Nacional de Trabalhadores, uma das mais importantes do país). Mujica, de 81 anos, disse também que já viu “muitos castelos de ilusões irem ao chão”, em referência à possibilidade de que a conjuntura possa levar ao fim dos programas sociais iniciados pelos governos de Lula da Silva e Dilma Rousseff no Brasil. Em referência a outras situações políticas conturbadas na América Latina e no mundo, o hoje senador uruguaio afirmou que “a humanidade está diante de um desafio de proezas”. Durante o seu governo, Mujica manteve uma relação bastante próxima com a presidenta Dilma Rousseff. Ambos militaram na luta armada e foram presos políticos na época das ditaduras da segunda metade do Século XX, em seus respectivos países – Dilma fez parte da organização VAR-Palmares, sendo presa e torturada entre 1970 e 1972, enquanto Mujica foi integrante do grupo MLN, também conhecido como Tupamaros, e passou doze anos numa solitária, durante os anos da ditadura uruguaia (19731985). “Pepe” Mujica expressou durante o encontro que “a luta pelo Brasil não é só uma questão de solidariedade, é uma questão de defesa dos interesses latino-americanos”. Para ele, “esta luta pelo Brasil também é nossa, e nós vamos acompanhá-la”, sentenciou o ex-presidente e atual senador pelo partido MPP, que finalizou sua intervenção no evento indicando que a direita brasileira, que recuperou o poder no Brasil com a derrubada de Dilma, “não vai levar esse prêmio grátis, para eles tampouco vai ser fácil, sobretudo para convencer o povo a aceitar sua legitimidade”. Fonte: Carta Maior SAFATLE: BRASIL PASSA A SER GOVERNADO POR ASSOCIAÇÃO DE CORRUPTOS “Coube a Dilma Rousseff a oração fúnebre da Nova República. Com seu ‘Só temo a morte da democracia’, terminam mais de 30 anos de uma redemocratização falha e bloqueada. Ela terminou em meio a um processo farsesco, que seguiu todos os ritos jurídicos apenas para tentar esconder que não tinha sustância alguma”, diz Vladimir Safatle, professor de filosofia da USP; “O Brasil achou que poderia virar uma democracia sem se confrontar com seu passado autoritário recente, sem expurgar seus representantes e seus filhos. Ele acorda agora com um ‘governo’ que é apenas uma associação de corruptos contumazes tentando desesperadamente se salvar” O colunista Vladimir Safatle, professor de filosofia da Universidade de São Paulo, diz, em artigo publicado, que o impeachment da presidente Dilma Rousseff encerra 30 anos de democracia e que, agora, o Brasil passa a ser governado por uma associação de corruptos que tentam se salvar. “Coube a Dilma Rousseff a oração fúnebre da Nova República. Com seu ‘Só temo a morte da democracia’, terminam mais de 30 anos de uma redemocratização falha e bloqueada. Ela terminou em meio a um processo farsesco, que seguiu todos os ritos jurídicos apenas para tentar esconder que não tinha sustância alguma. Ao final, Dilma foi afastada por um crime que nunca fora visto como crime, mas como uma prática normal utilizada por todos os presidentes da república e por 17 governadores em exercício sem maiores consequências. Mesmo o Ministério Público acabou por reconhecer não haver crime de responsabilidade, mas isto já não fazia a menor diferença”, diz ele. “O Brasil achou que poderia virar uma democracia sem se confrontar com seu passado autoritário recente, sem expurgar seus representantes e seus filhos. Ele acorda agora com um ‘governo’ que é apenas uma associação de corruptos contumazes tentando desesperadamente se salvar, lide- rados por um ‘presidente’ citado três vezes na Operação Lava Jato como beneficiário direto de corrupção e condenado pelo TRE-SP por doações ilegais. Uma figura especializada em conspirações, acostumada aos bastidores escuros do poder, liderando uma casta política disposta a usar de toda violência estatal necessária para compensar sua falta absoluta de legitimidade e seu medo atávico de eleições. Não por acaso, no dia do golpe (mais um 31, agora 31 de agosto) não vimos massas nas ruas a comemorar a queda do governo, mas o prenúncio de um Estado policial: manifestantes sendo presos e espancados por uma PM cujo comportamento é digno de uma manada de porcos.” Fonte: Brasil 247 NOVOS RUMOS NEWS | Nº13 SETEMBRO 2016 15 O QUE ESTÁ PASSANDO PELA CABEÇA DE JOAQUIM BARBOSA AO CHAMAR O GOLPE DE “IMPEACHMENT TABAJARA”? Por Paulo Nogueira A melhor definição do golpe veio de alguém absolutamente improvável: Joaquim Barbosa. Golpe Tabajara. NOVOS RUMOS NEWS | Nº13 SETEMBRO 2016 Barbosa disse isso, e muitas outras coisas, no Twitter. E suas considerações viralizaram. Centenas, às vezes milhares de retuítes. 16 do golpe. Sem o Mensalão, e sem Barbosa especificamente, o impeachment de 2016 não teria ocorrido. As mesmas forças conservadoras das quais Barbosa fala agora já haviam se agrupado então. Barbosa foi o Moro de então, o grande acusador, o impiedoso perseguidor das forças progressistas. Ele tocou em pontos chaves do golpe Tabajara. Não só em português, mas em inglês e francês. Como Moro, se tornou um ídolo da classe média manipulada pela imprensa que, anos depois, tomaria as ruas do país para pedir o impeachment de verde-amarelo. Tocou no papel da mídia como desestabilizadora do governo Dilma. Traçou um retrato devastador — e real em cada letra — de Temer, “um homem conservador, ultrapassado, desconectado do país”, alguém que é comparável à velha figura dos “caudilhos”. Por falar tudo que a plutocracia queria que fosse dito, Barbosa foi capa de revistas, apareceu interminavelmente em telejornais, dominou as manchetes dos diários por um longo tempo. Virou até máscara de carnaval. Afirmou a impotência do STF. “Em matéria de impeachment, o STF pode fazer pouquíssimo. E fez pouquíssimo.” Barbosa descreveu como poucos o golpe. Mas o mais extraordinário não é isto, e aí entramos no terreno da psiquiatria. É como se ele simplesmente ignorasse seu papel na construção O que ocorreu com ele? Como uma transformação tão vertiginosa? Tem planos políticos? Também é possível. Mas com sua interpretação do golpe Tabajara ele jamais ganhará um voto do público que o amava. Nas redes sociais você vê as mesmas pessoas que o veneravam atirar-lhe pedras agora. Jamais a mídia lhe dará espaço para falar as coisas que vem falando. Essa é uma das perguntas mais fascinantes destes nossos tempos. A única coisa concreta é que ele está certo, absolutamente certo nas coisas que disse. Ele estaria arrependido? É possível. Mas esta hipótese não se sustenta sem que Barbosa peça claramente desculpas pelo mal que causou à democracia. Apenas se esqueceu de dizer o quanto foi importante na construção do golpe Tabajara. Fonte: Diário do Centro do Mundo “GOLPE DE 2016 É O MAIOR RETROCESSO DA DEMOCRACIA NO BRASIL DESDE 1964” O jornalista Mário Magalhães afirma que “a conspiração comandada por suspeitos e acusados dos crimes mais cabeludos derrubou uma mulher inocente, contra quem inexiste indício de ter se apropriado de bens públicos”, enquanto “o capo do conluio no parlamento, o correntista Eduardo Cunha, permanece protegido por seu mandato na Câmara”; para ele, o julgamento foi “farsesco” e evidenciou que a presidente não cometeu crime de responsabilidade; “O governo Temer nasce irrevogavelmente ilegítimo. O golpe vagabundíssimo de 2016 é mais um na história do país. O golpe de 2016 é o maior retrocesso da democracia brasileira nos últimos 52 anos”, diz O jornalista Mário Magalhães afirma que “a conspiração comandada por suspeitos e acusados dos crimes mais cabeludos derrubou uma mulher inocente, contra quem inexiste indício de ter se apropriado de bens públicos”, enquanto “o capo do conluio no parlamento, o correntista Eduardo Cunha, permanece protegido por seu mandato na Câmara”. Para ele, o julgamento foi “farsesco” e evidenciou que a presidente não cometeu crime de responsabilidade. “Impeachment sem crime de responsabilidade constitui golpe de Estado, com ou sem blindados e tropas nas ruas. Governo ruim não configura crime de responsabilidade. Deve ser derrotado pelos cidadãos, em eleições diretas. Um colégio de 81 senadores violentou a soberania do voto popular. Em 2014, 54.501.118 brasileiros sufragaram Dilma. Assume de vez o Planalto quem não se elegeu presidente, e sim vice. O missivista Michel Temer encabeça um governo de enrolados na Operação Lava Jato, sem ministra, sem ministro negro, com venda de patrimônio nacional e intenção de fulminar conquistas dos pobres. O governo Temer nasce irrevogavelmente ilegítimo. O golpe vagabundíssimo de 2016 é mais um na história do país. O golpe de 2016 é o maior retrocesso da democracia brasileira nos últimos 52 anos. Frustrou-se a esperança de que prevaleceria a vontade expressa nas urnas. No lugar das diretas, indireta”, diz. Fonte: Brasil 247 NOVOS RUMOS NEWS | Nº13 SETEMBRO 2016 17 EUA, QUE APOIARAM O IMPEACHMENT, QUEREM RELAÇÃO MAIOR COM O BRASIL NOVOS RUMOS NEWS | Nº13 SETEMBRO 2016 O porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, John Kirby, declarou ontem (31), que os Estados Unidos mantêm a confiança no Brasil: “Estamos confiantes de que vamos continuar a forte relação bilateral que existe entre os nossos dois países, como as duas maiores democracias e economias do hemisfério”; desde o início desse processo, administração de Barack Obama apoiou a deposição da presidente Dilma Rousseff 18 O porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, John Kirby, declarou, em entrevista, ao comentar o impeachment da ex-presidenta Dilma Rousseff, que os Estados Unidos mantêm a confiança no Brasil: “Estamos confiantes de que vamos continuar a forte relação bilateral que existe entre os nossos dois países, como as duas maiores democracias e economias do hemisfério”. Kirby acrescentou que Brasil e Estados Unidos são parceiros comprometidos. “Nós cooperamos com o Brasil para tratar de questões de interesse mútuo nos desafios globais mais prementes do século 21. Pretendemos continuar esta colaboração muito essencial”, afirmou. Ao ser indagado pelos jornalistas sobre se os Estados Unidos fariam alguma declaração oficial sobre a decisão do Senado brasileiro, John Kirby disse que não tinha nenhuma comunicação diplomática para divulgar hoje. O impeachment aprovado pelo Senado “foi uma decisão tomada pelo povo brasileiro e, obviamente, nós respeitamos isso”, disse o porta-voz do Departamento de Estado norte-americano. Sobre um possível encontro entre os presidentes Michel Temer e Barack Obama, durante a reunião do G20, na China, John Kirby sugeriu aos jornalistas que consultassem a Casa Branca. Também não quis fazer qualquer comentário sobre uma possível viagem de Temer para visitar Obama, em Washington. Fonte: Brasil 247 NOVOS RUMOS NEWS | Nº13 SETEMBRO 2016 19 SOBRE GOLPE, PAPA DIZ QUE BRASIL ATRAVESSA ‘MOMENTO TRISTE’ Papa também afirmou que não deve visitar Brasil em 2017, como estava previsto; Francisco já havia enviado carta de apoio a Dilma após impeachment O papa Francisco disse que o Brasil atravessa um “momento triste” e afirmou que provavelmente não visitará o país em 2017, como tinha sido cogitado sobre o roteiro de sua próxima viagem pela América Latina. O comentário sobre a situação política brasileira ocorreu durante a inauguração de uma estátua de Nossa Senhora Aparecida, considerada padroeira do Brasil, nos Jardins Vaticanos, em Roma. “Estou contente que a imagem de Nossa Senhora Aparecida esteja nos jardins. Em 2013, eu tinha prometido voltar ao Brasil. Não sei se será possível, mas, pelo menos, agora terei [a santa] mais perto de mim”, disse o pontífice. Em seguida, ele convidou as pessoas a rezarem “para que Nossa Senhora Aparecida siga protegendo todo o Brasil, todo o povo brasileiro, neste momento triste”. No último 2 de agosto, a Ansa divulgou que o papa havia escrito uma carta de apoio à presidente eleita Dilma Rousseff, destituída do seu cargo há três dias, condenada no processo de impeachment por crimes de responsabilidade fiscal. Em declaração à Ansa, Dilma confirmou que recebera a carta de Francisco, mas se negou a dar mais detalhes sobre o conteúdo da conversa. “Digo apenas que não foi uma carta oficial”, afirmou a petista. “Não foi uma carta do Papa em sua condição de representante do Vaticano. Não tem importância [o conteúdo]. Não é uma carta para ser divulgada”, disse. Em maio, Francisco recebeu no Vaticano a atriz Letícia Sabatella, que lhe entregou um documento contra o impeachment de Dilma redigido pelo advogado Marcello Lavenére. Dilma e o papa se reuniram em 2013, quando ele visitou o Brasil para a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), no Rio de Janeiro, em sua primeira viagem internacional. Em fevereiro do ano seguinte, a petista esteve em Roma para a cerimônia que oficializou Dom Orani Tempesta como cardeal. Nascido na província de Buenos Aires, na Argentina, Jorge Mario Bergoglio tem ligação próxima a movimentos sociais na América Latina. Fonte: Ópera Mundi GABEIRA DEFENDE O GOLPE E DIZ QUE O PMDB QUER APENAS ROUBAR EM PAZ Em artigo publicado, Fernando Gabeira diz que o Brasil agora é governado pelas raposas do PMDB, mas afirma que isso é preferível do que o PT; “O sonho das raposas é continuar depenando o galinheiro”, diz ele, lembrando que esses animais políticos poderão roubar até o último centavo da Nação; Gabeira, no entanto, afirma que essa roubalheira é menos pior do que o “projeto hegemônico” do PT NOVOS RUMOS NEWS | Nº13 SETEMBRO 2016 E 20 m artigo publicado, o jornalista Fernando Gabeira afirma que o Brasil passou a ser governado por raposas do PMDB dispostas a depenar o galinheiro, mas afirmou que isso é melhor do que o PT, partido que ele já integrou. “O objetivo da cúpula do PMDB é o de bloquear investigações e neutralizar o trabalho das instituições que combatem a corrupção no Brasil”, diz ele. “Nessa empreitada, contam com o deslumbramento de Temer, para quem um pedaço do mandato presidencial é um presente dos céus. E com a timidez dos tucanos, que temem romper uma aliança num momento de recons- trução. O sonho das raposas é continuar depenando o galinheiro. Se as pessoas não se derem conta, elas liquidam os avanços das instituições de controle e continuarão roubando o país até o último centavo. Se o quadro é tão ameaçador, não teria sido melhor manter o mandato do PT até 2018?”, questiona. “Acontece que são forças com objetivos diferentes. As raposas do PMDB querem apenas enriquecer em paz. O PT tinha um projeto hegemônico que passava pelo crescente controle do Parlamento, dos juízes e, também, se tudo desse certo, da própria imprensa”, afirma. Fonte: Brasil 247 “CANALHA, CANALHA, CANALHA”: A HOMENAGEM DE REQUIÃO A AÉCIO FICA PARA A HISTÓRIA Por Kiko Nogueira C om a contundência que lhe é peculiar, Roberto Requião foi direto ao coração da besta em seu último pronunciamento no julgamento do impeachment. “Não pretendo, nesta sessão, moderar a linguagem ou asfixiar o que penso. Não vou reprimir a indignação que me consome. ‘Canalha! Canalha! Canalha!’”, falou. Requião não se dirigiu nominalmente a ninguém, mas não precisou. No plenário, Aécio Neves, ao lado de Antonio Anastasia, sabia que era para ele. O câmera da TV Senado também. Teve a gentileza de focalizar Aécio mais adiante no discurso, escarrapachado na poltrona, visivelmente desconfortável. Em 2 de abril de 1964, o avô de Aécio, Tancredo, deu o mesmo grito para Auro de Moura Andrade, que declarou vaga a presidência da República quando João Goulart estava em Porto Alegre (ouça abaixo). “A Constituição Federal está sendo rasgada e estamos diante de um golpe de Estado”, disse Requião. “Duvido que um só de nós esteja convencido de que a Presidente Dilma deva ser impedida por ter cometido crimes. Não são as pedaladas ou a tal irresponsabilidade fiscal que a excomungam. O próprio relator da peça acusatória praticou-as à larga, só que lá, em Minas, não havia um providencial e desfrutável Eduardo Cunha nem um centrão querendo sangue, salivando por sinecuras e pixulecos.” Prosseguiu: “A inocência do relator é a mesma de Moura Andrade, declarando vaga a presidência. Ah!, as palavras de Tancredo coçam-me a garganta. Este Senado está prestes a repetir a ignomínia de março de 64. O que se pretende? Que daqui a alguns anos se declare nula esta sessão, como declaramos nula a sessão que tirou o mandato de Goulart, e peçamos desculpas à filha e aos netos de Dilma?” Assim como o depoimento de Dilma na farsa do impedimento foi seu ápice, aquele foi o de Roberto Requião. Aécio sai dessa fraude ainda menor do que entrou. Canalhas. Canalhas. Canalhas. Fonte: Diário do Centro do Mundo NOVOS RUMOS NEWS | Nº13 SETEMBRO 2016 21 DILMA SAI DA PRESIDÊNCIA MUITO MAIOR DO QUE ENTROU dia foi invariavelmente protagonista na destruição da democracia. 4) Temer é um usurpador que levou ao núcleo do poder o que existe de mais corrupto e atrasado na política brasileira. Ficou claro que, daqui por diante, as forças progressistas mostrarão o mar de lama da plutocracia nacional. Isto tem o poder de mudar a história. A narrativa golpista, de GV a Dilma, sempre se alicercou no combate — farisaico, cínico, mentiroso — à corrupção. Por Paulo Nogueira P arecia que a melhor hora de Dilma tinha sido seu discurso na véspera do julgamento final do Senado. NOVOS RUMOS NEWS | Nº13 SETEMBRO 2016 Mas não. 22 Em clareza, grandeza, Dilma se superou na entrevista que concedeu pouco depois de definido o golpe. Ela declarou guerra ao golpe. Não guerra no sentido militar convencional. Ninguém está falando de pegar em armas ou coisa do gênero. Trata-se de guerra política. O primeiro e essencial passo é dar às coisas o nome que elas têm, sem lantejoulas e sem metáforas. Uma amostra do que Dilma disse com a contundência indispensável: 1) É golpe. É golpe parlamentar, mas é golpe. Com exclamação. 2) Por trás do golpe estão as velhas forças conservadoras de sempre, os reacionários que conspiraram contra Getúlio, JK, Jango, Lula e, finalmente, a próprio Dilma. 3) Os golpistas tiveram uma contribuição milionária da “imprensa facciosa”. De novo, é uma repetição de golpes anteriores, em que a mí- As delações comprovaram que os principais tagarelas anticorrupção são exatamente os homens mais corruptos da vida pública nacional. O caso mais simbólico é o de Aécio: jamais ele terá condições de falar em corrupção, como fez a carreira toda, sem provocar gargalhadas ao redor. Aécio se tornou um ícone da corrupção plutocrata das mesmas dimensões de Eduardo Cunha. Ele roubava, só que ninguém noticiava na mídia plutocrata. Aécio parece ainda viver numa realidade paralela. Numa entrevista nesta quarta aos amigos da Globo- news, citou o eminente senador Cássio Cunha Lima como um expoente do universo político brasileiro. Ora, ora, ora. Cunha Lima é um corrupto notório. Foi cassado como governador da Paraíba e só conseguiu concorrer a senador porque a lei da Ficha Limpa só passou a valer depois da eleição. Não bastasse isso, um homem de sua equipe teve que jogar dinheiro do alto de um prédio para evitar um flagrante de compra de votos. Pobres paraibanos ganhavam dinheiro de Cunha Lima para votarem nele. O episódio passou à história como o caso do Dinheiro Voador. Esta é a probidão dos plutocratas. Sabe-se agora quem são os reais corruptos, os parasitas que tomam dinheiro público para montar patrimônios bilionários e deixar o Brasil eternamente na condição de um inferno da desigualdade. Dilma jogou luzes onde sempre houve sombras. Os ladrões são aqueles que todos nós conhecemos, e que se fazem de paladinos da moral para enganar a sociedade e assim poder roubar cada vez mais. Para a democracia brasileira, a fala de Dilma como ex-presidente é algo que traz esperanças em doses colossais para que deixemos um dia de ser a republiqueta das bananas a que os plutocratas querem nos sujeitar pela eternidade. Fonte: Diário do Centro do Mundo VERISSIMO E O GOLPE: TEVE CARA DE GOLPE, CHEIRO DE GOLPE E PENTEADO DE GOLPE O escritor Luis Fernando Verissimo ironiza quem protesta contra a palavra golpe e levanta questões importantes; “Por que o Tribunal de Contas da União acordou do seu sono profundo para examinar as contas de Dilma, depois de ignorar as contas de todos os presidentes do Brasil desde o Getúlio Vargas?; ele disse ainda que Michel Temer escreveu uma cartinha dizendo-se decorativo e ganhou de presente um país inteiro E m artigo publicado, o escritor Luis Fernando Verissimo ironizou quem protesta contra o uso da palavra golpe para definir o impeachment da presidente Dilma Rousseff. o Tribunal de Contas da União acordou do seu sono profundo para examinar as contas de Dilma, depois de ignorar as contas de todos os presidentes do Brasil desde o Getúlio Vargas?”, questionou. “Teve cara de golpe, cheiro de golpe, penteado de golpe, mas há controvérsias”, escreveu. Ele disse ainda que Michel Temer escreveu uma cartinha dizendo-se decorativo e ganhou de presente um país inteiro. Verissimo também levantou questões importantes. “Por que Fonte: Brasil 247 NOVOS RUMOS NEWS | Nº13 SETEMBRO 2016 23 IMPRENSA MUNDIAL VÊ “GOLPE” E DIZ QUE BRASIL RECUA NO TEMPO Imprensa alemã vê “derrota” e “declaração de falência” de um país com o processo de impeachment; uma nação “que queria ser moderna” recua no tempo e se coloca ao lado de Honduras e Paraguai como países onde “presidentes eleitos foram afastados de forma questionável”, afirmam jornais alemães sobre o afastamento de Dilma; para o britânico The Guardian, “a batalha [de Dilma] se assemelha cada vez mais a de um animal ferido cercado por predadores se preparando para matar” Por Deutsche Welle A aprovação do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff pelo Senado é um dos principais destaques da imprensa europeia nesta quinta-feira (12/05). NOVOS RUMOS NEWS | Nº13 SETEMBRO 2016 Com o título “Um país perde”, o site Spiegel Online afirma que “o drama em torno da presidente é um vexame para um país afundado na crise”. Para o correspondente Jens Glüsing, “o grande e orgulhoso Brasil terá que se resignar a, no futuro, ser citado por historiadores ao lado de Honduras e Paraguai – e não só por causa de apresentações bizarras de seus representantes populares. Também em Honduras e Paraguai, presidentes eleitos foram afastados de forma questionável do cargo.” 24 Para ele, o “espetáculo indigno” apresentado pelos políticos brasileiros “prejudicou de forma duradoura as instituições e a imagem do país”. O jornalista afirma que Dilma não está sendo acusada de nenhum crime, a não ser que se considere a maquiagem orçamentária uma infração. “Mas aí todos os seus antecessores e também muitos governadores teriam de ser expulsos do cargo.” Discurso de Dilma após decisão do Senado Na análise do semanário Die Zeit, o afastamento de Dilma é “a declaração de falência do Brasil”. O jornalista Michael Stürzenhofecker afirma que o país queria se apresentar como uma nação moderna com os Jogos Olímpicos, mas o processo de afastamento de Dilma é um “recuo aos velhos tempos” e também os 31º Jogos não serão realizados numa “democracia sem máculas”. “O processo contra Rousseff não é jurídico, mas político”, afirma o jornalista, que lembra a baixa popularidade de Dilma e a sua falta de apoio político. “O que mais move as pessoas, porém, é a casta política corrupta. O paradoxal nisso é que Rousseff precisa sair porque atacou o problema. Os investigadores da Lava Jato acusaram muitos de seus partidários. Também ela foi investigada, mas nada foi provado.” Por fim, a análise lembra que há muitos acusados de corrupção entre aqueles que afastaram a presidente e elogia Dilma por ter deixado os investigadores agirem com relativa liberdade, sem interferir. “Isso é incomum para uma líder política que enfrentou uma pressão desse tamanho.” Para o jornalista, o processo todo “é uma derrota para o Brasil, e a recém-adquirida confiança nas instituições e na democracia está abalada. Com o impeachment, o país está a caminho de se tornar a maior república de bananas do mundo”. Imagens do anúncio da decisão do Senado No Süddeutsche Zeitung, a análise “Estes homens derrubaram a presidente” apresenta uma relação de todos os envolvidos no processo. “Na opinião de muitos juristas, as acusações são tênues, muitos chefes de Estado antes de Rousseff agiram de forma semelhante e não foram afastados do cargo. A queda de presidente é muito mais o resultado de intrigas políticas, costuradas pelos adversários de Rousseff.” Em seguida, o jornalista Benedikt Peters apresenta o vice-presidente Michel Temer como o grande vencedor do processo e lembra que personagens-chave do impeachment, como o deputado Eduardo Cunha, são, “ao contrário de Rousseff”, acusados de corrupção. O Frankfurter Allgemeine Zeitung analisa o processo como “uma marcante guinada à direita” e afirma que “o sucessor Michel Temer precisa carregar um peso enorme no chão de uma legitimidade frágil”. O jornalista Matthias Rüb afirma que o país necessita urgentemente de estabilidade política e lembra os problemas da economia brasileira. Para ele, a herança do PT não é grandiosa depois de quase 13 anos de domínio, e o partido deve assumir a responsabilidade pelo atual desastre. Ainda assim, e apesar da grande recessão, “o maior país da América Latina está longe de se transformar num Estado mafioso e falido como a Venezuela”, e o combate à pobreza é uma conquista permanente. Para o jornalista, o Brasil tem divisas suficientes, e os setores primário e secundário são estáveis. “Uma mudança rápida para melhor é possível. Mas, para isso, é necessário estabilidade política e disposição para reformas da parte do presidente interino, Michel Temer. Que Rousseff e os grandes do PT continuem falando de golpe e anunciem oposição contínua também fora das instituições políticas é algo irresponsável”, comenta. “Vocês conseguem fazer a tristeza diminuir”, diz Dilma a apoiadores No Reino Unido, o jornal The Guardian diz que a primeira mulher a presidir o Brasil foi afastada pelo voto de senadores que colocaram problemas econômicos, a paralisia política e irregularidades fiscais à frente do voto de 54 milhões de brasileiros que elegeram a representante do PT em 2014. “O impeachment é mais político do que jurídico”, escreve a publicação britânica. Os senadores, diz, tiveram uma postura mais sóbria do que os deputados, que protagonizaram cenas “triunfantemente feias”. Em artigo intitulado “Uma guerreira até o fim: Dilma Rousseff – pecadora e santa na luta do impeachment”, o correspondente Jonathan Watts diz que apesar de ser menos “corrompida” que seus acusadores, a “teimosia” e a “natureza fechada” da presidente a deixaram sem os instrumentos necessários para enfrentar a crise. “Traída por seu companheiro de chapa, condenada por um Congresso contaminado por corrupção e insultada pelo abuso que sofreu como prisioneira da ditadura militar, a líder do Partido dos Trabalhadores sofreu um grande golpe nesta quinta-feira, quando o Senado votou pelo seu impeachment”, escreve. Segundo o The Guardian, a presidente protestou contra a misoginia e prometeu lutar até o “amargo fim”. “Mas a batalha dela se assemelha cada vez mais a de um animal ferido cercado por predadores se preparando para matar”, diz o texto. A publicação argumenta que a crise política e econômica não é culpa apenas de Rousseff, mas também de um Congresso fragmentado, que não permitiu a construção de uma coalizão. O passo a passo do impeachment O El País, que nesta quarta-feira publicou um editorial chamando o processo de impeachment de “irregular”, destaca que os senadores falaram sobre as manobras fiscais, mas se concentraram no “catastrófico curso da economia” para justificar os votos. A sessão plenária, que teve uma “extensão maratoniana”, transcorreu sem os excessos “chocantes” e “ridículos” vistos durante a votação do processo na Câmara dos Deputados, em abril. O francês Le Monde diz que Temer e sua comitiva estavam prontos para o “sacrifício”. “O homem, puro produto do sistema político brasileiro, conhecedor das intrigas parlamentares, descrito pela comitiva da presidente brasileira como um ‘conspirador’, ‘traidor’ e um ‘ejaculador precoce’, que pensa há meses no trono, está prestes a chegar ao degrau mais alto do poder”, afirma a publicação. Desconhecido do público, o filho de imigrantes libaneses encarna a esperança do fim da crise, diz o Le Monde, que acrescenta que Temer herda uma situação dramática, mas tem a confiança do mercado financeiro. O artigo questiona se presidente interino será capaz de conciliar uma sociedade dividida pelo processo de impeachment, já que ele é citado na Operação Lava Jato. Para o Corriere della Sera, o Senado disse “sim” ao impeachment, mas Dilma ainda tem esperança de retorno. Segundo o jornal italiano, o caminho do presidente interino não será fácil. Temer terá que enfrentar a resistência de parlamentares do PT que anunciaram a “obstrução sistemática” de todas as propostas feitas por ele. “O Brasil vive o segundo ano consecutivo de recessão severa e tudo está num impasse há meses devido à crise política”, diz a publicação. Temer vai pedir que o Congresso apoie uma forte manobra para colocar as finanças públicas em ordem e nomear novos ministros. “É preciso resultados rápidos, que justifiquem uma inversão que tem levantado muitas dúvidas, mesmo fora do país.” Fonte: Brasil 247 NOVOS RUMOS NEWS | Nº13 SETEMBRO 2016 25 marketing profissional rumo certo para o sucesso Credibilidade | Profissionalismo | Baixo Custo O Rumo Certo Mkt não é apenas um disparador de newsletters, ele dispara, hospeda e promove suas campanhas tranzendo diariamente milhares de pessoas para visitarem seus flyers. Rumo Certo Mkt trabalha com nuvem de IP's Randômicos Compartilhados para melhor entrega dos e-mails. 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