NICOLAU VON ZINZENDORF

Transcrição

NICOLAU VON ZINZENDORF
Mobilizadores
Grandes
NICOLAU VON ZINZENDORF
Ilustração: Rogério Chimello
GRanDes MoBILIZaDoRes
Por Silvano Barbosa
A
vida de Nicolau Von Zinzendorf em conexão com a história dos Morávios torna claro o que acontece
quando uma visão poderosa alcança corações que estão preparados e desejosos de serem usados
por Deus. Ela também mostra que profundo compromisso e verdadeiro amor a Deus estão na base de
qualquer movimento bem sucedido. O objetivo deste artigo ao analisar esta história é extrair princípios
missionários que possam ser usados no cumprimento da missão dada por Deus ao remanescente.
A Formação de Um Líder
Nunca devemos subestimar a importância vital do papel desempenhado pelos líderes de qualquer movimento de sucesso. Uma análise precisa da vida deles vai evidenciar que os seus ideais, valores, princí-
pios, expectativas e até mesmo suas falhas são os
mesmos reproduzidos pelos movimentos que eles
ajudaram a formar. Este fato pode ser observado à
medida que estudamos a vida do Conde Nicolau Von
Zinzendorf e o seu impacto na história dos Morávios.
Na sua época, ele foi reconhecido como “certamente o maior evangélico Germânico desde Lutero”1. Atualmente, ele é visto por muitos como um
homem cujas ideias estavam pelo menos duzentos
anos à frente do seu tempo, uma vez que “o que ele
diz é frequentemente tão moderno quanto se ele
estivesse entre nós e falasse a nós como seu contemporâneo”2. Pouco depois do seu nascimento, a
sua mãe escreveu na Bíblia da família:
Em 26 de maio, no ano de 1700, cerca de 6 horas
da tarde de quarta-feira, o Deus Todo-Poderoso me
abençoou em Dresden com o presente do meu filho
primogênito, Nicolau Ludwig. Que o Pai de Misericórdia governe o coração desta criança para que ela
possa andar irrepreensivelmente no caminho da
virtude. Não permita que nenhum mal tenha controle sobre ele, e que o caminho dele seja fortalecido na Sua Palavra. Para que o bem venha ao encontro dele neste mundo temporal e na eternidade.3
Seu pai morreu apenas seis semanas após o seu
nascimento, mas isso não mudou o fato de que ele
veio de uma ascendência ilustre. A casa de Zinzendorf
era uma remota família de grande importância no ducado da Áustria e foi contada entre as doze famílias
nobres que davam suporte a dinastia Austríaca.4
Da parte da sua mãe, ele herdou talento e piedade. Ela foi criada sob o pietismo de Spener e o
próprio Philip Jacob Spener foi um dos padrinhos
do batismo de Zinzendorf. Ela se sentia “em casa”
com a Teologia Dogmática Latina e lia as Escrituras
nas línguas originais Hebraico e Grego. Em 1704,
ela casou-se novamente e se mudou, deixando Zinzendorf para ser criado pela avó, mas continuou a
se envolver na vida dele através de correspondências e visitas. A influência da sua avó foi tão importante em seus anos formativos que posteriormente
ele escreveu acerca dela: “Eu recebi meus princípios dela. Se não fosse ela, nada daquilo em que
estamos envolvidos hoje estaria acontecendo. Ela
foi uma pessoa que aplicou a si mesma a tudo o
que interessa ao Salvador”5.
Zinzendorf respondeu rapidamente à influência
religiosa que estava sendo colocada sobre ele. Aos
quatro ou cinco anos de idade, ele ajuntava cadeiras
e falava ao Seu grande amigo, o Salvador. Aos seis,
ele conduzia reuniões de oração.6 Aos dez anos, ele
foi enviado para Halle e isso lhe deu a chance de
interagir com muitos filhos de outros nobres, sem
destruir a sua fé. Com quinze anos, já era capaz de
fazer discursos públicos compostos por ele mesmo
em grego, hebraico, latim, francês e alemão.
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Foi durante este período que ele fundou a famosa “ordem do grão de mostarda”. Os jovens que pertenciam a essa organização faziam três juramentos: (1) ser bondoso para todas as pessoas; (2) ser fiel a
Cristo e (3) levar o evangelho aos gentios.7
Em setembro de 1716, Zinzendorf foi para a universidade de Wittenberg, onde permaneceu até 1719.
Sendo parte da nobreza, se esperava que ele se preparasse para ocupar alguma função importante no Estado. Portanto, solicitaram que ele dedicasse atenção especial às leis. Entretanto, seu prazer estava na teologia. De acordo com o seu próprio testemunho, “minha mente se inclinava
continuamente para a cruz de Cristo. Minhas conversas sempre se direcionavam a este assunto; e desde que a teologia e a cruz eram os meus temas
favoritos, eu tratava assuntos não relacionados a isso superficialmente”8.
Na primavera de 1719, foi decidido em família que Zinzendorf deveria
seguir o costume dos jovens nobres e concluir a sua educação fazendo
uma extensiva viagem ao exterior. Foi durante essa viagem que a observação de uma pintura na galeria de arte de Dusseldorf aprofundou
e desenvolveu a determinação formada em sua infância: devotar a sua
vida ao serviço de Cristo.9 A obra de arte que foi feita por Domenico Feti
e recebeu o título “Ecce Homo” (Eis o Homem) mostra Jesus com uma
coroa de espinhos na cabeça. Embaixo da pintura o artista pintou as palavras: Eu fiz isso por você. O que você tem feito por mim?10 Uma cópia
da pintura é apresentada ao lado.
Quando voltou para Hennersdorf, em obediência à sua avó,
ele se tornou o Conselheiro de
Justiça a serviço do Governo Eleitoral. Mas, a sua real ambição era
adquirir uma propriedade que ele
pudesse usar como um centro
de influência. Por isso, em abril
de 1722, ele comprou da sua avó,
Berthlsdorf, uma antiga vila que
funcionava como uma paróquia
deste 1346.11
Naquela época, a Alemanha
ainda era uma sociedade semifeudal em que muitas pessoas
viviam nas terras dos nobres, que
apontavam pastores para o povo.
Zinzendorf colocou o seu amigo
John Andrew Rothe como o pastor
da vila. Zinzendorf já havia ocupado por vários anos, e com grande
aceitação, o púlpito da Igreja da
Trindade em Gorlitz e também
estava acostumado fazer cultos
em seu apartamento em Dresden, durante os fins de semana,
das 15h de domingo às 07h da
segunda. Agora ele decidiu trabalhar de perto com o pastor local
para fazer de Bertholdsdorf uma
vila modelo.12
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Em setembro do mesmo ano,
ele tomou um outro importante
passo em conexão com os seus
planos. Casou-se com a Condessa Erdmuth Dorothy Reuss, a qual
tinha igualmente devoção pietista
e estava de pleno acordo com a
sua inclinação religiosa.
Agora, os principais eventos na
vida que estavam formando o líder
do movimento que viria a ser conhecido como a Igreja Morávia já tinham acontecido. A semente plantada cedo em sua vida agora estava
prestes a florescer completamente.
O Estabelecimento de uma
Comunidade
Por volta de 1724, a poderosa
pregação do pastor Rothe estava
causando uma grande impressão
sobre o distrito ao redor de Bertholdsdorf. Ele também costumava manter conversas informais
com o povo após o sermão e o
estilo de adoração era bem atrativo. Havia música em abundância
acompanhada pelo organista Tobias Friedrich. Uma casa publicadora foi estabelecida com o propósito de produzir e circular todo
tipo de publicações religiosas, especialmente a Bíblia. Ao mesmo
tempo, instituições de educação
baseadas em princípios cristãos
foram estabelecidas para a instrução de crianças.13 Eles também planejavam fundar uma academia para os filhos dos nobres.
Em poucos meses a comunidade
já tinha crescido para trezentas
pessoas.
Nesse período, os descendentes espirituais de John Huss que
viviam na região da Boêmia e se
identificavam como Morávios estavam sofrendo grande perseguição religiosa. Muitos foram executados ou obrigados a fazer um
juramento de renunciar a sua fé e
unir-se à Igreja Romana. Aqueles
que não renunciavam a fé e permaneciam na Morávia passaram
a existir como a “Semente Escondida” mantendo as suas reuniões em secreto e passando as
suas tradições de pai para filho.14
Outros faziam tudo o que podiam
para fugir. Sabendo das inclinações de Zinzendorf para o Pietismo15, muitos refugiados Morávios
pediram permissão para cons-
truir as suas casas em Hutberg,
o mesmo lugar onde Zinzendorf
e os seus amigos do “Pacto dos
Quatro Irmãos” estavam fazendo
planos para construir um grande
prédio com espaço suficiente para
acomodar vários empreendimentos.16 Ele concordou e eles passaram a chamar a comunidade de
Herrnhut, Vigías do Senhor.
A partir de 1725, Zinzendorf
começou a trabalhar no desenvolvimento da sua comunidade. Sob
as suas instruções, o pastor Rothe
iniciou este processo pregando
um sermão sobre Romanos 12:78 que tinha o objetivo de apontar
membros leigos para vários diferentes ministérios17. Em 2 de fevereiro de 1725, foi feita uma reunião
de quatro horas para designar ministérios para sete homens e sete
mulheres representando Berthelsdorf (a paróquia) e Herrnhut (a
comunidade dos refugiados).
O próximo estágio de desenvolvimento aconteceu em 12 de maio
de 1727, quando Zinzendorf preparou um documento legal para
ser assinado por todos os residentes da sua propriedade. A segunda
parte do documento foi definida
como “The Brotherly Agreement”
(O Acordo Fraternal), e deveria ser
assinada apenas por aqueles que
voluntariamente queriam ser parte da comunidade religiosa.18
O estabelecimento de pequenos grupos, em 1727, para cuidado
pastoral é considerado um terceiro
passo no desenvolvimento da igreja Morávia Renovada. O objetivo
de Zinzendorf era lidar com a vida
spiritual e interpessoal na comunidade.19 Cada grupo era dirigido
por um diretor que era responsável pelo cuidado pastoral das pessoas que participavam dele.
Zinzendorf continuou trabalhando incansavelmente por unidade e reconciliação. Em 1727,
ele abriu mão do seu posto em
Dresden para poder se devotar
inteiramente à sua comunidade,
e todo o esforço deu frutos. Pas-
sou a existir um crescente senso
de reavivamento e unidade. Em
seus cultos, eles decidiram fazer
uma conferência bíblica, ao invés
das reuniões regulares de oração
e louvor, e o livro de João, que fala
fortemente acerca de unidade e
amor, foi escolhido.
Em 5 de agosto, Zinzendorf e
doze anciãos passaram a noite
inteira visitando Hennersdorf e
Berthholdsdorf, e à meia-noite fizeram uma reunião de oração em
Hutberg, na qual muitas pessoas
participaram. Nos dias seguintes,
o poder de Deus se manifestou
poderosamente em seus cultos
de louvor. Não houve qualquer demonstração barulhenta, mas um
silencioso espírito de alegria tomou conta de toda a comunidade.20
Em 13 de agosto, aconteceu
uma memorável reunião de Santa
Ceia. Aparentemente, não houve
qualquer manifestação especial
do Espírito Santo, mas havia um
profundo senso da Sua presença. Eles sabiam que algo singular
havia acontecido. O “pentecoste”
dos morávios havia acontecido.
Depois desta experiência, eles
estabeleceram uma vigília de oração que durou cem anos.21 Herrnhut tornou-se uma comunidade
dinâmica de cristãos. A antiga
Igreja Morávia agora havia sido
renovada e restaurada.
Um Movimento Missionário
Pioneiro
A experiência pentecostal de
13 de agosto de 1727 renovou o
ardor missionário de Zinzendorf e
ele ficou tão apaixonado pela missão quanto quando era um jovem
estudante. Agora, ele e os seus
morávios prepararam-se para
agir sob o conceito de que ser um
cristão é ser envolvido na missão
a todo o mundo.
Em 16 de agosto de 1732, foi
decidido numa reunião que Tobias Leupold e David Nitschmann
seriam enviados como missionários para as West Indies (Amé-
rica Central). Às três da manhã
de quinta-feira, 21 de agosto de
1732, eles aguardavam em frente
à casa de Zinzendorf. Nenhum irmão ou irmã estava lá para vê-los
partir. O Conde os levou até Bautzen e de lá eles caminharam até
Copenhagen. A missão morávia
havia começado.22
A pregação deles aos escravos
requereu paciência e perseverança. Reuniões públicas não eram
permitidas e as pessoas só podiam ser visitadas após o pôr-do-sol. Em 30 de setembro de 1736,
três conversos foram batizados,
Pedro, André e Natanael, e a primeira congregação resultante da
missão na Ilha de São Tomé foi
formada.23
Em 1733, três jovens morávios foram para a costa ártica da
Groelândia e começaram o trabalho entre os esquimós. Seis anos
depois, no domingo de páscoa de
1739, Kayarnak, o primeiro esquimó cristão, foi batizado com a sua
esposa Anna, seu filho, Mateus, e
sua filha, Aima. Eles também estabeleceram uma igreja que perdurou por muitos anos.
Os morávios estabeleceram
presença nos Estados Unidos,
no estado da Geórgia, a partir de
1735 e em Nova Iorque e Cunnecticut, em 1740. Bethelehem foi
organizada em 1742 e uma extensiva evangelização dos índios continuou nos anos seguintes. Milhares de nativos americanos foram
convertidos.
Em julho de 1737, Jorge Schmidt chegou à Cidade do Cabo e, num
vale silencioso, há 160 km ao leste
da cidade, ele estabeleceu a mais
antiga estação missionária da África do Sul. Em 31 de março de 1742,
Willem, o primeiro africano nativo,
foi batizado.
Em 1738, George Dahne foi ao
Suriname. Ele viveu dois anos sozinho na floresta cercado por animais selvagens e canibais. O seu
primeiro converso foi batizado seis
anos após a sua chegada.
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Os missionários morávios sofreram todo o tipo
de provações, mas nada podia pará-los. Eles eram
missionários de sustento próprio e enfrentaram
prisão, perseguição, naufrágios, pragas, privação e
morte, mas todas estas coisas somente aumentaram o fervor e o zelo deles. Eles preferiam morrer
a viver sem dar fruto. De fato, a morte acompanhou
estes missionários quase em cada passo do caminho. No século XVIII, o percentual de morte entre
eles foi bem alto, mas sempre havia alguém para
ocupar os lugares vazios. Em São Tomé, 160 missionários morreram em 50 anos (1732-1782). Em
São Croix, entre 1733 e 1735, eles tiveram 22 mortes. No Suriname, 50 missionários morreram em
um ano após a chegada.24 Em Labrador, o grupo
inteiro pereceu.25
Durante um período de 28 anos, os morávios
enviaram missionários para 28 países e uma em
cada treze pessoas da sua comunidade foi enviada como missionária.26 Quando Zinzendorf morreu,
em 1760, não menos que 226 missionários haviam
sido enviados para alcançar todos os continentes. A
sua visão já havia sido completamente assimilada
pela “Irmandade” e estava tão enraizada neles que
a sua morte fez pouca diferença no programa.
Os Princípios para Fazer Missão
O resultado mais visível e expressivo do encontro entre Zinzendorf e os morávios está registrado
na história do movimento missionário. Muitas das
suas crenças e práticas em relação à missão têm
sido usadas como um manual de sucesso na tarefa
missionária. Ao analisarmos a sua história, pode-se concluir que alguns dos seus fatores de sucesso foram:
ESPIRITUALIDADE – Os morávios levavam o
compromisso deles com Deus a sério e expressaram isso de várias maneiras. Em Herrnhut, havia
pelo menos três reuniões com toda a congregação,
pelo menos três vezes ao dia. Aos domingos havia
cultos de adoração e louvor das cinco da manhã às
nove da noite.27 Entretanto, as reuniões públicas
não substituíam a devoção pessoal que consistia
de oração, leitura da Bíblia e meditação. Este relacionamento íntimo e compromisso profundo com
Deus estavam na base de tudo o que eles fizeram
como missionários. E isso não podia passar despercebido.
VIVER A FÉ ANTES DE PREGÁ-LA – Zinzendorf
disse: “deixe as pessoas verem o tipo de homem
que vocês são e eles serão forçados a perguntar, ‘O
que faz um tipo de homem como este’?”28 Para ele,
missionários deveriam viver como modelos de vida.
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UMA VIDA HUMILDE – Em uma carta datada
de 12 de abril de 1712, Zinzendorf expressou a
sua teoria de missão. O primeiro ponto enfatiza
que o missionário nunca deve exercer autoridade sobre os que estão sendo evangelizados, mas
deve viver uma vida humilde entre eles e conquistar a sua estima e consideração pelo poder
do Espírito. A vida dos missionários morávios foi
caracterizada pela simplicidade. Para Zinzendorf,
o missionário não deve buscar nada para si mesmo, nenhum lugar de honra ou fama. Ele deve ser
cego a toda armadilha de orgulho e presunção.
Ele deve estar satisfeito com sofrer, morrer e ser
esquecido.29
CRISTO, O PRIMEIRO E O PRINCIPAL – Zinzendorf observou que os pagãos não precisavam ser
convencidos da existência de Deus, o que eles já
acreditavam. O que eles não sabiam é que o Salvador havia morrido por eles. Ele instruiu os seus
missionários a começarem com uma abordagem
cristocêntrica, indo direto ao ponto e pregando o
Cristo crucificado. “Fale a eles acerca do Cordeiro
de Deus até não poder mais”, ele escreveu a George Schimidt.30
COMUNIDADES DE MISSIONÁRIOS DE SUSTENTO PRÓPRIO – Zinzendorf acreditava que o
missionário deveria exercer uma profissão no campo missionário e a sua vida lá deveria ser simplesmente uma extensão da sua prática doméstica.31
Eles acreditavam que diligência, economia, pontualidade e consciente atenção aos detalhes são
qualidades essenciais ao sucesso econômico.
CONTEXTUALIZAÇÃO – Ao fazer missão, os morávios sempre tentaram apresentar a mensagem
de maneira relevante à cultura que eles estavam
tentando alcançar. Eles reconheciam que pessoas
são diferentes e precisam ser abordadas de diferentes maneiras. Ele também aconselhava os seus
missionários a não forçarem os costumes e tradições de Herrnhut que eram estranhos às culturas
nativas no campo missionário.
PREOCUPAÇÃO SOCIAL – Zinzendorf sempre
encorajou o crescimento moral e a melhoria na
condição social das conversos. Por isso, os governos das terras onde os morávios serviam tinham
grande consideração pela presença deles e muitas
vezes pediam veementemente para que eles se
estabelecessem em seus territórios. Eles também
tinham ministérios de saúde voltados à cura e ensinavam os seus conversos a cuidarem dos idosos,
viúvas e órfãos.
EDUCAÇÃO – O estabelecimento de escolas era
uma característica proeminente nos campos missionários em que os morávios se estabeleciam e eram vistos como um método chave para ganhar os jovens para
Cristo e treiná-los nos Seus caminhos. Eles construíram
escolas de grande reputação na Alemanha, Inglaterra e
Estados Unidos. O presidente George Washington contatou pessoalmente o diretor da Escola da Pensilvânia
com o objetivo de reservar vagas para as suas duas
sobrinhas.32
A ESCOLHA DOS MISSIONÁRIOS – Embora Zinzendorf fizesse parte da nobreza, a maioria dos
seus missionários eram extraídos da classe trabalhadora. Para ele um bom missionário precisa de
quatro qualidades: bom conhecimento das Escrituras, bom discernimento, disposição amigável e
um coração cheio do amor de Deus.33
O PAPEL DO LÍDER – Atrás da vasta extensão
do trabalho missionário dos morávios está a mão
de Zinzendorf dirigindo e organizando. Sua visão,
suas estratégias, seus hinos e o seu grande coração mantiveram o pulso da missão batendo.34
Como um grande general, ele conhecia na teoria
e na prática a realidade do campo de batalha. Ele
tornou claro aos missionários a mensagem que
eles deveriam pregar, as regras que eles deveriam adotar e o propósito que eles estavam perseguindo.
CONCLUSÃO:
Muito antes de se estabelecerem em Herrnhut, os morávios já
eram uma comunidade firmemente estabelecida na Bíblia. Desde
o martírio de John Huss em 1415 eles vinham suportando dureza e
perseguição por causa da verdade. Entretanto, sob a liderança de
Zinzendorf, eles tornaram-se um dinâmico movimento missionário e
passaram a enxergar o mundo, objeto o final do interesse de Deus,
como sendo parte da responsabilidade deles. Zinendorf foi uma fonte
de inspiração, informação e estratégias, que os levou a acreditar que o
verdadeiro objetivo era alcançar o mundo inteiro para Deus.
A vida de Zinzendorf é uma clara demonstração de que não há limites para a utilidade daquele que, pondo de parte o próprio eu, abre
margem à operação do Espírito Santo e vive uma vida inteiramente
consagrada a Deus.35
SILVANO BARBOSA
O pastor Silvano Barbosa é o editor da revista Foco na Pessoa. Graduou-se em Teologia no IAENE em 1998 e concluiu o mestrado em Teologia Pastoral no UNASP, em
2010. Atualmente está cursando PhD em Missão e Ministério na Andrews University.
Foi pastor distrital por cinco anos nas associações Paulista Leste e Mineira Sul.
Também atuou no sul de Minas como Secretário Ministerial e departamental de
Publicações por três anos. Em seguida, serviu por quatro anos como departamental de Ministério Pessoal e Escola Sabatina nas associações Norte Paranaense e
Paulista Central. É casado com a enfermeira Lea Sampaio, com quem tem dois
filhos, Davi e Liz.
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1 LEWES, A. J. Zinzendorf, the Ecumenical Pionner. EUA, Filadélfia: The Westminster Press, 1962, p. 12.
2 Idem, 12.
3 WEIN, John R. Count Zinzendorf, the Story of His Life and Leadership in the Renewed Moravian Church. Bethlehem, PA:
Pierce & Washabaugh, 1989, p. 13
4 Idem, p. 13.
5 FREEMAN, Arthur J. An Hermeneutical Theology of the Heart: The Theology of Count Nicolaus Von Zinzendorf. Bethlehem:
PA, Board of Communications Moravian Church in America, 1998, p. 31.
6 LANGTON, Edward. History of the Moravian Church. Inglaterra, Londres: George Allen & Unwin LTD, 1956, p. 63.
7 Idem, p. 65.
8 WEIN, John R. Count Zinzendorf, the Story of His Life and Leadership in the Renewed Moravian Church Bethlehem, PA:
Pierce & Washabaugh, 1989, p. 35.
9 HAMILTON, J. Taylor. A History of the Church Known as The Moravian Church. Bethlehem: PA, Times Publishing Company Printers, 1900, p. 21.
10 Disponível em: <http://christians.com/inspirational/ecce_homo>
11 WEIN, John R. Count Zinzendorf, the Story of His Life and Leadership in the Renewed Moravian Church Bethlehem, PA:
Pierce & Washabaugh, 1989, p. 55.
12 HAMILTON, J. Taylor. A History of the Church Known as The Moravian Church. Bethlehem: PA, Times Publishing Company
Printers, 1900, p. 23.
13 LANGTON, Edward. History of the Moravian Church. Londres: George Allen & Unwin L TD, 1956, p. 69.
14 SCOTLAND, Nigel. Christianity Outside The Box. Eugene, OR: Casvade Books, 2012, p. 119.
15 Muitos veem o Pietismo como uma das melhores expressões do Luteranismo.
16 WEIN, John R. Count Zinzendorf, the Story of His Life and Leadership in the Renewed Moravian Church. Bethlehem, PA:
Pierce & Washabaugh, 1989, p. 66.
17 FREEMAN, Arthur J. An Hermeneutical Theology of the Heart: The Theology of Count Nicolaus Von Zinzendorf. Bethlehem,
PA: Board of Communications Moravian Church in America, 1998, p. 258.
18 Idem, p. 258.
19 Ibidem, p. 258.
20 LANGTON, Edward. History of the Moravian Church. London: George Allen & Unwin LTD, 1956, p. 75.
21 PIERSON, Paul. The Dynamics of Christian Mission. Pasadena, CA: Willian Carey International University Press, 2009, p. 190.
22 LEWES, A. J. Zinzendorf, the Ecumenical Pionner. Philadelphia: The Westminster Press, 1962, p. 79.
23 Idem, 82.
24 HUTON, J. E. A history of Moravian Missions. London: Moravian Publication Office, 1923, p. 166.
25 SCOTLAND, Nigel. Christianity outside the Box. Eugene, OR: Casvade Books, 2012, p. 122.
26 PIERSON, Paul. The Dynamics of Christian Mission. Pasadena, CA: Willian Carey International University Press, 2009, p. 191.
27 SCOTLAND, Nigel. Christianity Outside the Box. Eugene, OR: Casvade Books, 2012, p. 129.
28 HUTON, J. E. A history of Moravian Missions. London: Moravian Publication Office, 1923, p. 166.
29 LEWES, A. J. Zinzendorf, the Ecumenical Pionner. EUA: Philadelphia: The Westminster Press, 1962, p. 92.
30 DANKER, William D. Profit for the Lord. Grand Rapids, MI: William B Eerdmans Publishing Company, 1971, p. 32.
31 Idem, p. 32.
32 SCOTLAND, Nigel. Christianity outside the Box. Eugene, OR: Casvade Books, 2012, p. 130.
33 HUTON, J. E. A history of Moravian Missions. Inglaterra, Londres: Moravian Publication Office, 1923, p. 191.
34 LEWES, A. J. Zinzendorf, the Ecumenical Pionner. EUA: Philadelphia: The Westminster Press, 1962, p. 89.
35 WHITE, Ellen G. Conselhos aos Pais, Professores e Estudantes. Tatuí: São Paulo, Casa Publicadora Brasileira, 2000, p. 409.
foco na pessoa 20
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