Figura 6 - Serviço Florestal Brasileiro
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Figura 6 - Serviço Florestal Brasileiro
Ministério do Meio Ambiente. Serviço Florestal Brasileiro. Concurso de Monografias - III Prêmio Serviço Florestal Brasileiro em Estudos de Economia e Mercado Florestal. Aproveitamento comercial, para fins energéticos e com alto valor agregado, da poda de galhos de Araucaria angustifolia (Bertoloni) Otto Kuntze. como forma de promover o manejo sustentável de florestas nativas na Região Sul do Brasil. Subtema: Mercado Florestal - Produção, comercialização e consumo de produtos florestais madeireiros e não madeireiros nos biomas brasileiros. Categoria Profissional Brasília, Janeiro de 2016 Aproveitamento comercial, para fins energéticos e com alto valor agregado, da poda de galhos de Araucaria angustifolia (Bertoloni) Otto Kuntze. como forma de promover o manejo sustentável de florestas nativas na Região Sul do Brasil. Monografia apresentada ao Seviço Florestal Brasileiro como requisito para inscrição no III Prêmio Serviço Florestal Brasileiro em Estudos de Economia e Mercado Florestal na Categoria Profissional, Subtema Mercado Florestal: Produção, comercialização e consumo de produtos florestais madeireiros e não madeireiros nos biomas brasileiros. Brasília, Janeiro de 2016 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Países com as maiores taxas de desmatamento entre 2010 e 2015. ........ 6 Tabela 2 – Receitas oriundas da atividade proposta em um cenário com coletas realizadas até 8 km do pátio de estocagem. ............................................................. 61 Tabela 3 – Custos oriundos da atividade proposta em um cenário com coletas realizadas até 8 km do pátio de estocagem. ............................................................. 62 Tabela 4 – Lucro oriundo da atividade proposta em um cenário com coletas realizadas até 8 km do pátio de estocagem. ............................................................. 62 Tabela 5 – Lucro oriundo da atividade proposta por classe de propriedade. ............ 63 LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Taxa Anual de Variação da Área de Florestas por País (1990-2015) ......... 6 Figura 2 – Diagrama de causalidade da dinâmica da ocupação de áreas originais de florestas naturais por florestas homogêneas, no Brasil. ............................................ 12 Figura 3 – Comparação de floresta conservada e impactada quanto as variáveis número de indivíduos e altura. .................................................................................. 14 Figura 4 – Poda em Araucária executada de forma inadequada. ............................. 17 Figura 5 - Modelo de crescimento com eixo ortotópico,monopodial em Araucaria angustifolia. ............................................................................................................... 27 Figura 6 – Organograma do modelo produtivo. ......................................................... 40 Figura 7 – Fluxograma das atividades e processos do modelo................................. 44 Figura 8 - Motopoda e serrote acoplados em bastão telescópico para podas em altura. ........................................................................................................................ 49 Figura 9 - Morfologia da base dos ramos, indicando a crista da casca e o colar. ..... 50 Figura 10 – Crescimento da Araucária. ..................................................................... 51 Figura 11 – Modelo de veículo utilizado para o transporte ........................................ 53 Figura 12 – Modelo esquemático de um grafo. ......................................................... 54 Figura 13 - Cronograma anual de atividades. ........................................................... 58 SUMÁRIO Resumo ...................................................................................................................... ix 1. Introdução ............................................................................................................... 5 1.1. Saldo Anual da Área Ocupada por Florestas ................................................... 5 1.2. Dinâmica da Ocupação de Áreas Originais de Florestas Naturais por Florestas Homogêneas, no Brasil ............................................................................ 7 2. Desenvolvimento ................................................................................................... 18 2.1. Objetivo Geral ................................................................................................ 18 2.1.1. Objetivos Específicos............................................................................ 18 2.2. Referencial Teórico ........................................................................................ 19 2.2.1.Manejo de Recursos Florestais ............................................................. 19 2.2.2. Energia da Biomassa Florestal ............................................................. 22 2.2.3. Aspectos Sócio-Econômicos do Manejo de Espécies Florestais para Fins Energéticos ............................................................................................. 24 2.2.4. Classificação Botânica, Morfologia, Fisiologia e Região de Ocorrência da Araucaria ................................................................................................... 26 2.2.5. Potencial Econômico da Araucária ....................................................... 29 2.2.6. Aspectos Legais do Manejo Florestal de Araucaria angustifolia ........... 32 2.2.7. Energia da Biomassa de Araucaria angustifolia. .................................. 35 2.2.8. Manejo de Galhos e Acículas da Araucaria angustifolia para Fins Energéticos ..................................................................................................... 36 2.3. Premissas, Ressalvas e Fatores Limitantes................................................... 38 3. O Modelo Proposto ............................................................................................... 39 3.1. O Alicerce do Modelo: Tripé da Sustentabilidade .......................................... 40 3.1.1. Aspectos Ambientais ............................................................................ 40 3.1.2. Aspectos Econômicos........................................................................... 41 viii 3.1.3. Aspectos Sociais................................................................................... 42 3.2. Desenvolvimento do Modelo .......................................................................... 43 3.2.1. Licenciamento da Atividade .................................................................. 44 3.2.2. Seleção de Multiplicadores ................................................................... 45 3.2.3. Seleção da Região................................................................................ 46 3.2.4. Cadastros dos Proprietários ................................................................. 46 3.2.5. Treinamento dos Proprietários .............................................................. 46 3.2.6. Inventário Florestal e Definição das Unidades de Produção Anuais .... 47 3.2.7. Execução da Poda ................................................................................ 47 3.2.8. Baldeio ou Arraste da Matéria-Prima e Transporte até os Pátios de Estocagem ...................................................................................................... 51 3.2.9. Pátios de Estocagem ............................................................................ 53 3.2.10. Processamento e Embalagem dos Toretes ........................................ 55 3.2.11. Comercialização dos Produtos ........................................................... 56 3.2.12. Repasse do Faturamento ................................................................... 56 3.2.13. Monitoramento dos Resultados Através de Indicadores ..................... 56 3.2.14. Publicidade dos Resultados ................................................................ 56 3.3. Cronograma Anual de Atividades ................................................................... 57 3.4. Possíveis Incrementos ao Modelo ................................................................. 58 4. Simulação do Modelo ............................................................................................ 59 4.1. Metodologia Utilizada ..................................................................................... 59 4.2. Resultados ..................................................................................................... 61 5. Considerações Finais ............................................................................................ 64 6. Referências Bibliográficas ..................................................................................... 65 ix Resumo Devido à importância ecológica de Araucaria angustifolia e da grande exploração madeireira que a espécie sofreu, ao longo dos tempos foram sendo criadas leis que restringem ou impedem a exploração madeireira da espécie. Com esta restrição, a espécie tem sido vista como indesejada pelos produtores rurais, que muitas vezes destrõem a regeneração natural antes que se tormem indivíduos adultos. Urge, portanto, a necessidade de alternativas viáveis que possibilitem o uso dos recursos fornecidos pela espécie, favorecendo sua conservação, geração de renda e manutenção do homem no campo. O presente trabalho tem como objetivo propor e avaliar o aproveitamento comercial, para fins energéticos e com alto valor agregado, dos galhos do pinheiro. Na presente proposta são definidos aspectos operacionais do modelo, contemplando questões de logística, responsabilidades, técnicas silviculturais e segurança. São descritas asetapas necessárias para a implantação do modelo de manejo dos galhos da araucária, iniciando pelo licenciamento da atividade, passando pela seleção dos multiplicadores e da região de estabelecimento do modelo produtivo, cadastro e treinamento dos proprietários, inventário florestal e definição das unidades de produção anuais, execução da poda, baldeio ou arraste da matéria prima e transporte até os pátios de estocagem, definição dos pátios de estocagem, processamento e embalagem dos toretes, comercialização dos produtos, repasse do faturamento, monitoramento dos resultados e sua divulgação. O modelo proposto tem como alicerce o tripé da sustentabilidade. A extração de um recurso florestal pouco utilizado com finalidades comerciais, como é o caso dos galhos de Araucaria angustifolia pode configurar importante fonte de renda para o produtor rural viabilizando a conservação da floresta e promovendo a utilização de uma fonte renovável de geração de energia em substituição a outras fontes. Além disso, a poda tem como vantagens a promoção do aumento no número de ramos e da produção de pinhas. A proposta contempla o manejo de um recurso florestal não utilizado, gerando emprego e renda no campo, favorecendo o bem estar social dos produtores rurais diretamente envolvidos na atividade, bem como das comunidades do entorno, possibilitando ainda que as próximas gerações se mantenham no campo. Palavras chave: Pinheiro, manejo, energia. 5 1. Introdução 1.1. Saldo Anual da Área Ocupada por Florestas Segundo Food and Agriculture Organization - FAO (2015), 93% das florestas do mundo são nativas (natural forest), totalizando 3,7 bilhões de hectares. Já os 7% restantes, ou seja, 278 milhões de ha, são oriundos de plantios florestais. Entre 2010 e 2015 as florestas nativas apresentaram uma taxa anual de redução em área de 6,6 milhões ao ano. Apesar da taxa ser relativamente alta em termos absolutos, esta apresentou considerável queda se comparada ao período de 1990 a 2000, no qual o valor anual de redução foi de 8,5 milhões de ha/ano. Entre 2010 a 2015 a América do Sul caracterizou-se como a região com as maiores taxas absolutas de desmatamento do planeta, com 2,4 milhões de hectare/ano, valor inferior a 3,5 mi ha/ano obtido entre 1990 e 2000. É interessante ressaltar também que o Brasil, no mesmo período, possuiu o menor saldo anual de área de floresta do mundo (FAO, 2015). Este indicador é alcançado através da subtração do que foi desmatado pelo que foi plantado (seja plantios comerciais ou regeneração), a tabela 1 e a figura 1 apresentam mais detalhadamente tal fato. 6 Tabela 1 - Países com as maiores taxas de desmatamento entre 2010 e 2015. Saldo Anual de Área com Floresta # País Area (1000 ha) % da Área de Floresta em 2010 1 Brasil 984 0,2 2 Indonésia 684 0,7 3 Myanmar 546 1,7 4 Nigéria 410 4,5 5 Tanzânia 372 0,8 6 Paraguai 325 1,9 7 Zimbabwe 312 2,0 8 Congo 311 0,2 9 Argentina 297 1,0 10 Venezuela 289 0,5 Fonte: Adaptado de FAO (2015). Figura 1 - Taxa Anual de Variação da Área de Florestas por País (1990-2015) Fonte: Adaptado de FAO (2015) 7 Apesar das taxas apresentadas considerarem tanto florestas naturais quanto plantadas, é interessante ressaltar a distinção que há entre ambas, principalmente se a floresta plantada for estabelecida para propósitos econômicos. As florestas naturais contribuem para a conservação da biodiversidade, para a manutenção da composição florística e da fauna, para a dinâmica e estrutura ecológica, além de ser fonte de madeira e produtos florestais não madeireiros – PFNM. Paralelamente as florestas plantadas são geralmente estabelecidas para propósitos econômicos, controle de erosão e/ou proteção do solo e da água (FAO, 2015). As Florestas plantadas bem manejadas além de providenciar produtos (madeira, resinas, frutos, etc...), pode também ofertar serviços ecológicos (controle de erosão, sequestro de carbono, etc...) e ajudar a reduzir a pressão pela exploração desenfreada das florestas naturais (FAO, 2015; DEAN, 1996). Os números acima mostram que a legislação ambiental mais rígida adotada no Brasil, iniciada na década de 60 com a edição do Código Florestal de 1965, Lei n.º 4.771, com o intuito de barra o desmatamento não obteve o êxito esperado. 1.2. Dinâmica da Ocupação de Áreas Originais de Florestas Naturais por Florestas Homogêneas, no Brasil O aumento da demanda por produtos e subprodutos de origem vegetal madeireira após a II Guerra Mundial impulsionou o desenvolvimento da indústria de processamento de matéria prima lenhosa, consequentemente o uso de Eucaliptos cresceu consideravelmente no Brasil. Os consumidores de matéria prima lenhosa viram nas florestas homogêneas de Eucaliptos uma alternativa de redução de custos, frente o insumo oriundo do desmatamento das florestas nacionais. 8 Entretanto, o país possuía pequena área cultivada com este gênero, concentrada especialmente no estado de São Paulo, onde estavam as principais indústrias transformadoras desta matéria-prima (DEAN, 1996). A legislação da época, no que tange a manutenção, preservação e uso dos recursos naturais, representada pelo Código Florestal de 1934 instituído pelo decreto nº 23.793, incentivava o estabelecimento de plantios florestais homogêneos, permitindo a substituição de áreas com florestas naturais por áreas com florestas homogêneas. Tal fato pode ser observado a partir do artigo 51 do referido decreto. Art. 51. É permitido aos proprietários de florestas heterogenias, que desejarem transformá-las em homogêneas, para maior facilidade de sua exploração industrial, executar trabalhos de derrubada, ao mesmo tempo, de toda a vegetação que não houver de subsistir, sem a restrição do art. 23, contanto que, durante o inicio dos trabalhos, assinem, perante a autoridade florestal, termo de obrigação de replantio e trato cultural por prazo determinado, com as garantias necessárias. (Decreto n. 23.793, de 23 de janeiro de 1934). Apesar de o quadro legal ser favorável para o desenvolvimento dos plantios florestais homogêneos - permitindo até a substituição de florestas heterogêneas por homogêneas, independente do bioma – no início da década de 60 as políticas nacionais de incentivo ao plantio florestal não forneciam ainda subsídios suficientes para a expansão das áreas de florestas homogêneas. Em contrapartida, a demanda por matéria prima florestal aumentava substancialmente, devido ao crescimento do número de produtores de bens industriais consumidores de matéria-prima florestal. Como consequência deste desequilíbrio entre oferta e demanda, ocorreu uma aceleração no processo de desmatamento da cobertura de vegetação nativa do Brasil, sem mesmo ocorrer a substituição por florestas homogêneas. Ainda nesta 9 década já se tinha em mente que: a implantação de florestas homogêneas impulsiona a manutenção das florestas nativas do País (DEAN, 1996). Com o intuito de acelerar a expansão dos plantios florestais e, consequentemente, aquecer a economia e preservar a cobertura de vegetação nativa do país, o governo militar da época adotou algumas medidas legais. Dentre elas podemos destacar: Promulgação do Código Florestal de 1965, Lei n.º 4.771. Este obrigou a reposição de áreas desmatadas (podendo esta reposição ser por florestas homogêneas) e a concessão de incentivos fiscais para pessoas físicas e jurídicas que realizassem plantio de florestas; Instituição da Lei n.º 5.106, em 1966, que estabeleceu uma nova conjuntura de incentivos fiscais para reflorestamentos. Os contemplados poderiam abater até 50% do Imposto de Renda, mediante a comprovação que tal valor foi aplicado em plantações florestais; e Criação em 1967 do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal - IBDF, órgão federal incumbido de formular, orientar e executar a política florestal no País (GONÇALVES, 1990 apud GONÇALVES, 2006). Aprovação do regulamento da Lei 5.106, de 2 de setembro de 1966 (como já mencionado) e do Decreto-lei nº. 1.134, de 16 de novembro de 1970, que dispunha sobre os incentivos fiscais para o desenvolvimento florestal no país: Dos Empreendimentos Florestais: Art. 1º Os empreendimentos florestais que possam servir de base à exploração econômica, à conservação do solo e dos regimes das águas, e que contribuam para o desenvolvimento florestal do País, através do florestamento 10 ou reflorestamento, poderão ser objeto dos incentivos fiscais de que trata este Regulamento. § 1º Os empreendimentos florestais a que se refere este artigo serão objeto de projetos específicos, anuais ou plurianuais, elaborados de acordo com o presente Regulamento. § 2º Os projetos de empreendimentos florestais deverão ser submetidos, previamente, ao Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestal IBDF, a fim de poderem ser considerados como aptos a receber incentivos fiscais. Art. 2º Os empreendimentos florestais poderão ser realizados por pessoas físicas ou jurídicas, residentes ou domiciliadas no País (DECRETO n.º 68.565, 1971. Artigo 23). Em detrimento da conjuntura legal da época, as plantações de Pinus e Eucaliptos no Brasil passaram de 1,66 milhões de hectares em 1970 para aproximadamente 6,00 milhões de hectares em 1985. Este avanço das áreas plantadas deu-se principalmente na região sul e sudeste (BACHA, 1992). No curto prazo, devido aos incentivos, as Florestas Nativas deram lugar para os Plantios de Pinus e Eucaliptos. Entretanto, a partir do momento em que tais plantios passaram a produzir, a demanda por madeira passou a ser suprida em parte pela oferta dos plantios, reduzindo assim a pressão sobre as florestas naturais, exercida pela indústria madeireira. Vale ressaltar que, apesar desta redução, a supressão em áreas originais de florestas nativas para introdução de plantios florestais homogêneos continua até os dias de hoje (embora em menor intensidade). Outro fato relevante é que a manutenção das florestas homogêneas em áreas originalmente de florestas naturais impede o reestabelecimento do ecossistema pré- 11 existente. Sobre uma visão sistêmica, a partir de um diagrama de causalidade 1, pode-se vislumbrar uma pequena parte da dinâmica envolvida no processo mencionado (figura 2). 1 O Diagrama de Causalidade é uma das ferramentas usadas na prática sistêmica, sendo ele uma representação gráfica de um determinado fenômeno que permite explorar a dinâmica de variáveis inter-relacionadas (Anderson e Johnson, 1997 p.51). Resumidamente, o Diagrama é construído através de um ou mais feedback loops considerando os conceitos de reforço e balanço. O Loop de Reforço (do inglês: Reinforning Loop), representado pela letra R no centro do loop, tem um comportamento similar de uma bola de neve descendo uma montanha, ou seja, à medida que o tempo passa esta se torna cada vez maior (comportamento exponencial). Já o Loop de Balanço (do inglês: Balancing Loop), representado pela letra B no centro do loop, apresenta um funcionamento parecido ao de um ar condicionado, ou seja, a retroalimentação em um modelo (ou sistema, ou processo, ou blackbox) a partir de uma variável resposta obtida em um tempo n, contribui para que este, em um tempo n+1, mantenha-se mais próximo de um equilíbrio pré-estabelecido, em comparação ao tempo n (achamos muito similar ao comportamento de uma função seno ou cosseno). O sinal de negativo na ponta da flecha que conecta duas variáveis representa uma relação inversa entre uma variável e outra. A partir do número de “negativos” em um determinado loop é possível estabelecer se seu comportamento é de reforço ou balanço. Loops com número par de “negativos” apresentam feedback de reforço. Já loops com número impar de “negativos” apresentam feedback de balanço. 12 Figura 2 – Diagrama de causalidade da dinâmica da ocupação de áreas originais de florestas naturais por florestas homogêneas, no Brasil. . Fonte: Os Autores A partir do diagrama de causalidade apresentado, é possível verificar que as florestas homogêneas contribuem tanto para a manutenção quanto para a supressão e/ou impedimento do processo de regeneração das florestas naturais. Evidentemente que os plantios homogêneos de Pinus e Eucaliptos ganharam notável valor econômico, pois passaram a ser cada vez mais demandados pela indústria madeireira nacional, especialmente no sul do Brasil – região com grande extensão pertencente ao Bioma Mata Atlântica, onde a extração de árvores nativas foi legalmente proibida, salvo algumas exceções. Paralelamente, as árvores nativas da mata atlântica foram gradativamente deixando de ter valor econômico, uma vez que seu comércio foi se extinguindo. 13 A atual conjuntura legal prevê a proteção contra o corte de árvores nativas do bioma mata atlântica (salvo algumas exceções). Esta mesma proteção impede sua regeneração, uma vez que o estabelecimento de árvores nativas em determinada área torna-a economicamente improdutiva. Desta forma, grandes e pequenos agricultores não estão dispostos a permitir a regeneração de árvores nativas, ao menos que estas possam lhes render dividendos. Dentro deste contexto enquadra-se perfeitamente o caso da espécie Araucária (Araucaria angustifolia), espécie que além de possuir madeira de qualidade e de alto poder calorífico fornece alimento (pinhão) através de suas sementes. É comum ouvir dos proprietários de imóveis rurais a seguinte expressão, referindo-se à Araucária: “essa árvore tem que cortar enquanto é pequena porque depois que cresce dá cadeia”. Mesmo se tratando de uma espécie protegida pela legislação ambiental, os proprietários se aproveitam da impraticabilidade da fiscalização deste tipo de atitude, para manter sua área produtiva. Souza (2009) através de observações de indivíduos juvenis de araucária em diferentes tipos de fragmentos de Floresta Ombrófila Mista – FOM obteve conclusões consideráveis a cerca do futuro da Araucária. Este autor observou que em fragmentos intactos de FOM a quantidade de indivíduos de araucária juvenis era muito baixa, ou até mesmo nula. Tal fato sugere que quando os indivíduos adultos de Araucaria angustifolia morrerem não haverá contingente necessário para o restabelecimento da espécie. Em contrapartida, nas observações de fragmentos com alterações antrópicas (retirada de indivíduos de Araucária e consequente abertura de clareiras) observou-se grande número de juvenis da espécie com 14 potencial para restabelecimento do dossel após a morte de indivíduos senis. Na Figura 3 é apresentada a relação entre o número de indivíduos e altura em uma floresta impactada e outra conservada. Figura 3 – Comparação de floresta conservada e impactada quanto as variáveis número de indivíduos e altura. Fonte: Souza (2009) O maior número de indivíduos juvenis (consequentemente com menores alturas) em florestas impactadas pôde ser explicado a partir de levantamento fotogramétrico. Uma câmera deixada no chão com lente capaz de registrar todo o hemisfério a sua frente, observou que o surgimento de clareiras promove o desenvolvimento de indivíduos juvenis capazes de garantir a prosperidade da espécie, uma vez que tais indivíduos necessitam de luz para sua sobrevivência e desenvolvimento. Outro aspecto interessante desta espécie é a desrama natural dos galhos, sendo estes passíveis de uso bioenergético. Dentro do contexto social da área de abrangência da Araucaria angustifolia observou-se, nos últimos anos, alta taxa de êxodo rural, sendo esta motivada 15 principalmente pela falta de perspectiva econômica encontrada pelo pequeno agricultor (ANJOS et al., 2005). Sendo assim, o manejo adequado da Araucária, além de gerar benefícios econômicos contribuindo para a manutenção das populações tradicionais no campo, pode colaborar para a perpetuação da espécie símbolo do sul do País. O mesmo proprietário que corta uma plântula de Araucária dificilmente eliminaria uma muda de Pinus regenerando naturalmente no campo, tendo em vista seu potencial produtivo e agregador de renda à propriedade. Da mesma forma, caso o manejo sustentável de florestas naturais fosse uma prática incentivada no sul do Brasil, de forma a agregar valor à propriedade rural, certamente nem a Araucária, nem muitas outras espécies florestais nativas seriam eliminadas pelos proprietários rurais ainda na fase de plântula. O proprietário rural tende a despender maiores cuidados com aquilo que lhe traz retorno financeiro dentro da propriedade. O aproveitamento econômico das florestas naturais faria do proprietário rural o principal agente de conservação e multiplicação das áreas de florestas nativas. Para dar inicio a este novo sistema de manejo sustentável e preservação do meio ambiente, será proposto e avaliado neste trabalho o aproveitamento comercial, para fins energéticos e com alto valor agregado, dos galhos da Araucaria angustifolia. A finalidade deste produto será para produzir calor em churrasqueiras, lareiras, salamandras, fogões à lenha, etc. A parte cilíndrica do galho será 16 seccionada em pequenas peças (40cm de comprimento) para uso residencial e comercializadas em sacos de até 10kg. Por meio de campanhas de marketing ambiental pretende-se agregar ainda mais valor a estes produtos, incentivando as pessoas a consumirem em suas casas um combustível renovável, biodegradável e que protege a árvore símbolo da região sul do Brasil. Vale ressaltar, que o aproveitamento de galhos da Araucária é adotado atualmente em algumas propriedades rurais familiares. Contudo, a boa prática de manejo é deixada de lado na maioria dos casos, geralmente por falta de conhecimento técnico de quem executa. Desnecessário dizer que isso causa danos à árvore, perda de produtividade, dentre outros fatores negativos. 17 Figura 4 – Poda em Araucária executada de forma inadequada. Fonte: GARIBA CITY (2013) Voltando aos aspectos positivos, a poda artificial, realizada de forma adequada, aumenta a qualidade da madeira e consequentemente seu valor comercial. Deste modo, caso o manejo sustentável das florestas com Araucária se torne uma prática convencional, futuramente, a matéria-prima produzida terá maior valor agregado e poderá ser utilizada para fins mais nobres. A efetiva aplicação prática deste estudo pode se tornar o primeiro passo na consolidação do manejo sustentável de florestal nativas na região sul, que vem se mostrando como a melhor forma de conservação dos recursos naturais do País, com a grande vantagem de agregar valor à propriedade rural e reduzir o êxodo rural. 18 2. Desenvolvimento 2.1. Objetivo Geral Propor e avaliar o aproveitamento comercial, para fins energéticos e com alto valor agregado, dos galhos do pinheiro (Araucaria angustifolia), como forma de incentivar o manejo sustentável de florestas nativas na Região Sul do Brasil. 2.1.1. Objetivos Específicos Propor um modelo de aproveitamento comercial, para fins energéticos e com alto valor agregado, dos galhos do pinheiro (Araucaria angustifolia); Definir os aspectos operacionais do modelo, contemplando questões de logística, responsabilidades, técnicas silviculturais e segurança; Descrever as etapas necessárias para a implantação do modelo desde o licenciamento da atividade até a divulgação e publicidade dos resultados; Analisar a viabilidade econômica do modelo proposto; Sugerir possíveis incrementos, de modo a potencializar os efeitos positivos, expandir ou aperfeiçoar o modelo produtivo; Demonstrar que é possível gerar emprego e renda a partir do aproveitamento dos galhos de Araucaria angustifolia, contribuindo para a permanência do homem no campo; Descrever como é possível promover a conservação da espécie Araucaria angustifolia, bem como de todas as espécies do Bioma Mata Atlântica através do manejo sustentável; 19 Estabelecer o marco inicial no manejo sustentável de florestas nativas na Região Sul do Brasil. 2.2. Referencial Teórico 2.2.1.Manejo de Recursos Florestais Entende-se por manejo florestal o conjunto de técnicas que visa a retirada de algumas árvores ou alguns produtos da floresta, assegurando a manutenção da cobertura florestal e a manutenção da biodiversidade local. Segundo Silva (1996, p.15), o objetivo de um plano de manejo não deve ser atender apenas a legislação florestal, mas, sim, definir, claramente, para que a floresta será manejada. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente (MMA), o manejo florestal sustentável é “a administração da floresta para obtenção de benefícios econômicos, sociais e ambientais, respeitando-se os mecanismos de sustentação do ecossistema objeto do manejo e considerando-se, cumulativa ou alternativamente, a utilização de múltiplas espécies madeireiras, de múltiplos produtos e subprodutos nãomadeireiros, bem como a utilização de outros bens e serviços florestais.” Entre as medidas para o manejo responsável, é importante que durante a definição do Plano de Manejo Florestal atributos de valor ambiental, sócio-cultural e econômico sejam identificados e levados em consideração. Isso inclui não apenas a aplicação de técnicas adequadas de manejo, mas também a adoção procedimentos de gestão florestal que considerem a conservação da biodiversidade, a proteção do solo, dos mananciais e ecossistemas frágeis e os benefícios sociais (FSC). 20 O bom manejo inclui uma exploração cuidadosa (de baixo impacto ambiental), a aplicação de tratamentos silviculturais à floresta para regenerar e fazer crescer outra colheita, e o monitoramento, para ajudar o manejador na tomada de decisões técnicas e administrativas (Silva, 1996). Em praticamente todas as regiões com florestas do mundo existe o reconhecimento da importância da exploração madeireira, enquanto uso da terra, mas, ao mesmo tempo, esta é uma atividade que gera muita polêmica. As discussões em torno das políticas relativas ao setor frequentemente tratam o manejo simplesmente como uma questão de desenvolvimento econômico e bem-estar social versus conservação e estabilidade ambiental global (SCHULZE et al., 2008). De acordo com o FSC, a implementação de estratégias de manejo florestal seguindo princípios e critérios pré-estabelecidos acarreta em aperfeiçoamento dos mecanismos legais existentes, considerando-se tanto a imperfeição dos mecanismos legais quanto as exigências técnicas para o manejo. Isso porque os aspectos ambientais estão diretamente ligados ao planejamento e às técnicas empregadas. Segundo Schulze et al. (2008), para que a exploração florestal seja de impacto reduzido, o planejamento é fundamental. Partindo-se de um inventário pormenorizado dos recursos florestais de uma determinada área, a colheita é baseada no conhecimento das árvores a serem cortadas, na topografia e nas áreas adjacentes àquela que será explorada, como por exemplo, as zonas de amortecimento ao longo de cursos d’água. O inventário fornece informações precisas sobre local, porte e formato de cada árvore de interesse comercial nos talhões manejados e permite selecionar as 21 árvores matrizes, descartar as defeituosas, traçar estradas secundárias e dimensionar pátios de estocagem com base no volume a ser cortado e na distribuição das árvores, bem como nos obstáculos como ribanceiras íngremes e cursos d’água. É no inventário que as árvores que apresentam cipós em excesso são identificadas. Isto é importante porque os cipós entrelaçando as copas de várias árvores podem provocar suas quedas e, também, aumentam o risco de acidentes envolvendo a equipe (SCHULZE et al., 2008). Os aspectos econômicos do manejo responsável são favorecidos se bem gerenciados. O primeiro ponto que se destaca é o conhecimento dos custos e dos investimentos. Uma vez que se tem noção dos custos de implementação e dos investimentos necessários, a execução de projetos economicamente rentáveis tornase mais viável (FSC). Barreto et al. (1998) observaram que a planejamento da derrubada e arraste ajudou a reduzir os desperdícios de madeira observados na exploração não manejada, na qual 2,18 m³/ ha (6,8% do volume derrubado) foram perdidos durante a derrubada. Com a utilização de processos de avaliação voluntários e independentes ,a certificação FSC garante que o manejo florestal madeireiro ou não-madeireiro de empreendimentos de qualquer tamanho e local do planeta, siga determinados padrões que consideram aspectos econômicos, ambientais e sociais. Estes padrões visam assegurar a conservação da floresta, demais recursos naturais, e a manutenção ou melhora da qualidade de vida dos trabalhadores e comunidades relacionados com a atividade florestal (GOMES e PINTO, 2008). Com relação aos aspectos sócio-culturais, devem ser levadas em consideração tanto a questão dos trabalhadores quanto a dos moradores do entorno 22 e comunidades envolvidas. Com relação aos trabalhadores, estes devem ter assegurados seus direitos trabalhistas e cumprimento de normas de saúde e segurança. Com relação às comunidades que vivem em áreas próximas às manejadas, os projetos de manejo responsável devem levar em consideração a preservação dos aspectos sociais e, para isto, tais comunidades são consultadas para que sejam tomadas medidas para garantir o direito de posse, uso tradicional dos recursos naturais e conservação de suas terras (FSC). 2.2.2. Energia da Biomassa Florestal O homem utiliza o fogo desde os tempos remotos, além da tração animal e da energia gerada pelos ventos e quedas d’água para atender às necessidades básicas. É fato conhecido de todos que o desenvolvimento da humanidade está intimamente associado ao aumento do consumo energético e com o uso racional e controlado das diversas fontes de energia (SOARES et al., 2006). Em seu estudo, SIMIONI (2007) verificou que para o segmento de geração de energia de biomassa, os investimentos tendem a aumentar, visando o aproveitamento dos resíduos florestais e das indústrias de base florestal para a geração de energia térmica e elétrica. Neste sentido, um dos fatores determinantes é a identificação da disponibilidade e do potencial de geração de resíduos na região. Segundo Silva et al. (2010), a madeira, na sua forma direta como lenha ou como carvão vegetal, é um combustível vital para o preparo de alimento para um enorme número de famílias e comunidades em diversas regiões do planeta. Estimase que, a cada seis pessoas, duas utilizam a madeira como a principal fonte de 23 energia, particularmente para famílias de países em desenvolvimento, sustentando processos de secagens, cozimentos, fermentações, produções de eletricidade, etc. Em países em desenvolvimento, a questão da sustentabilidade da biomassa assume especial importância. Contudo, em sua atual forma de utilização causa impactos negativos à saúde humana e ao meio ambiente. Contudo, oportunidades vêm surgindo para o desenvolvimento e utilização da energia da biomassa “aperfeiçoada” e moderna, com benefícios em termos de qualidade dos serviços de energia e impactos na saúde humana e no meio ambiente (KAREKESI et al, 2005). A tendência é que a produção e geração de energia de biomassa passe ser uma das principais alternativas para a substituição do petróleo e seus derivados no Brasil, com ênfase para a biomassa florestal destinada ao atendimento das demandas residenciais urbanas, rurais, do setor industrial, em especial a siderurgia (GRAUER e KAWANO, 2001). Um dos fatores limitantes ao aproveitamento dos resíduos florestais é o tratamento não adequado dispensado aos resíduos florestais e industriais (SIMIONI, 2007). A energia gerada pela biomassa florestal apresenta vantagens ambientais, devido à substituição de combustíveis fosseis e redução da emissão de gases de efeito estufa; além das vantagens sociais, devido à geração de emprego local (JACOVINE et al., 2001). Além destes aspectos, Santiago (2013) ressalta o aspecto econômico, pois os custos da geração de energia podem ser reduzidos pelo emprego de combustíveis mais econômicos e de produtos residuais. Isto porque há a possibilidade de gerar energia com as cascas que permanecem na floresta após a colheita da madeira e resíduos florestais, tais como galhos de pequenos diâmetros das copas das árvores que são vendidos a terceiros. 24 2.2.3. Aspectos Sócio-Econômicos do Manejo de Espécies Florestais para Fins Energéticos A madeira como lenha sempre ofereceu contribuição para o desenvolvimento da humanidade, sendo a sua primeira fonte de energia, inicialmente empregada para aquecimento e cocção de alimentos. Ao longo dos tempos, passou a ser utilizada como combustível sólido, líquido e gasoso, em processos para a geração de energia térmica, mecânica e elétrica (BRITO, 2007). A produção de carvão vegetal, no Brasil, é destinada ao uso em vários segmentos da indústria (siderurgia, metalurgia, cimento, etc.), bem como para utilização residencial urbana e rural. A principal utilização, no entanto, é na indústria de siderurgia (BRITO, 1990). De acordo com Couto (2002), a biomassa florestal, é uma forma de energia limpa, renovável, equilibrada com o meio ambiente rural e urbano, descentralizadora de população e geradora de empregos (nos meios rural e urbano). Um fator limitante relacionado à utilização da madeira para energia com maior eficiência é a falta de conhecimento das suas propriedades energéticas e a forma inadequada de sua utilização, uma vez que a eficiência de conversão sofre grande influência da madeira. Características como densidade básica, teores de carbono fixo, materiais voláteis e cinzas, como também a composição elementar, poder calorífico, além da produtividade estão entre os principais critérios de seleção da madeira para essa atividade (SANTOS et al., 2003). 25 Tetto et al. (2009) verificaram que a participação do grupo energia na cadeia produtiva da madeira vem crescendo de forma contínua, a partir do ano 2003 no Paraná. O potencial de aproveitamento de biomassa do mundo é suficiente para atender a demanda de energia global em 2050, o que depende da disponibilidade de terra. Atualmente, a quantidade de terra dedicada ao cultivo de biomassa energética é 25 milhões de hectares, apenas 0,19% da área terrestre. Neste contexto, o Brasil desponta apresentando o maior potencial (fontes de recursos e matéria-prima) de desenvolvimento de projetos sustentáveis de produção de biomassa (OLIVEIRA, 2012). Neste contexto, Afonso Júnior et al. (2006) estudaram a viabilidade econômica de um povoamento florestal com eucalipto em terras próprias para lavoura, indicando que o plantio mostrou-se viável economicamente, para um valor médio da terra inferior a US$ 1.000,00 por ha. Além dos povoamentos florestais com finalidade energética, é possível o aproveitamento de resíduos florestais para a geração de energia. O aproveitamento de resíduos de madeira para a geração de energia elétrica tem atratividade diretamente relacionada ao preço negociado pela energia, ao preço da matéria prima, e a atratividade do aproveitamento de resíduos para geração de produtos para fins energéticos está diretamente relacionada ao preço dos resíduos e à produtividade do equipamento (WIECHETECK, 2009). Queiroz e Silva (2005) verificaram que a venda dos resíduos da exploração florestal gera uma renda bastante alta para a condição de floresta de eucalipto com ciclo de corte de 14 anos. Já com relação ao nó-de-pinho, Almeida et al (2009) 26 verificaram que o mercado se comportou com uma razoável estabilidade nas últimas duas décadas, com um leve encolhimento devido a fatores relacionados à demanda. 2.2.4. Classificação Botânica, Morfologia, Fisiologia e Região de Ocorrência da Araucaria A Araucaria angustifolia (Bertoloni) Otto Kuntze., pertence à família Araucariaceae, ordem Coniferae e classe Coniferopsida. É uma árvore perenifólia, com 10 a 35 m de altura e 50 a 120 cm de diâmetro à altura do peito (DAP), atingindo excepcionalmente 50 m de altura e 250 cm ou mais de DAP, na idade adulta. (CARVALHO, 2003; p. 801). É conhecida popularmente como pinheiro do Paraná, araucária, pinho, pinheiro, pinheiro brasileiro, entre outros nomes. A forma da copa da araucária indica estágio ontogênico, sendo observadas alterações à medida que a planta passa pelos estágios de juvenilidade, maturidade e senescência. Árvores jovens apresentam copa com formato cônico e árvores adultas e senescentes copa em forma de taça ou umbela. Os ramos primários são cilíndricos, curvos para cima, sendo que os inferiores são maiores que os superiores ambos apresentam ramos secundários (grimpas) alternos e agrupados no ápice (REITZ e KLEIN, 1966). De acordo com Seitz (1995), a gema terminal cresce indefinidamente em altura, originando monopodiais), conforme a figura 5. troncos verticais retos (ortotópicos, 27 Figura 5 - Modelo de crescimento com eixo ortotópico,monopodial em Araucaria angustifolia. Fonte: Seitz (1995). A araucária é uma espécie característica da Floresta Ombrófila Mista, na América do Sul e ocorre naturalmente no sul e sudeste do Brasil da longitude 41º31’ W à 54º 30’ W e da latitude 19º30’ S à 31º30’S, maior ocorrência nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, além de parte da província de Missiones, Argentina (GOLFARI,1971). Há uma variação na estrutura demográfica da araucária ao longo da sua área de ocorrência, reforçando a importância de considerar os diferentes ambientes para elaboração de uma estratégia de conservação da espécie (PUCHALSKI et al., 2006; p. 146). O clima parece ser um fator condicionante para o estabelecimento da araucária, superando em importância as condições do solo. Condições de clima onde as temperaturas médias anuais são maiores do que as existentes dentro da sua área de ocorrência natural, possivelmente interferem em alguma etapa do seu ciclo reprodutivo, impedindo a sua regeneração natural e estabelecimento (PUCHALSKI et al., 2006; p. 144). A araucária é uma planta dióica, podendo ser, em raros casos, uma planta monóica, por trauma ou doenças. Suas estruturas reprodutoras são organizadas em 28 estróbilos masculinos e femininos. Geralmente, observa-se uma maior percentagem de pinheiros de sexo masculino que pinheiros do feminino em uma mesma área. A espécie é alógama e polinizada pelo vento (CARVALHO, 2003; p. 802). O período de liberação dos grãos de pólen é concentrado, ocorrendo de forma intensa e rápida, durando poucos dias após seu início. As condições de temperatura, umidade e vento influenciam na liberação do pólen (CUSTODIO et.al., 2012). Embora não apresente nectário, nas reentrâncias deixadas pela junção das brácteas escamiformes férteis e estéreis na superfície do estróbilo aparece uma gota receptora constituída de uma substância pegajosa. Quando os grãos de pólen caem sobre esta gota pegajosa, ficam aderidos e encontram umidade para iniciar a formação do tubo polínico (REITZ et al., 1988). O ciclo reprodutivo da araucária é de 19 a 20 meses da liberação de pólen até a maturação das sementes. Há apenas dois estágios de desenvolvimento de estróbilos femininos nas plantas, indicando que o ciclo não passa de dois anos (MANTOVANI et al., 2004; p. 792). A maturação das pinhas se dá de fevereiro a dezembro, conforme as diversas variedades. Os pinhões são encontrados de março a setembro, no Paraná; de abril a julho, em São Paulo e em Santa Catarina; e de abril a agosto, no Rio Grande do Sul. Árvores isoladas iniciam a produção de sementes entre dez e quinze anos, e em povoamentos, a produção de sementes começa a partir de 20 anos (CARVALHO, 2003; p. 802). O período de oferta de sementes coincide com o período das menores precipitações e de temperaturas, ressaltando a importância desta espécie para a 29 fauna, pois este é um período de menor abundância de recursos alimentares na floresta (MANTOVANI et al., 2004; p. 793). A frutificação é anual e a abundância varia entre locais. O pinheiro-do-paraná leva mais de 200 anos em produção. Apresenta ciclos de produção, com anos de contra-safra após dois ou três anos consecutivos de alta produção de sementes. (MATTOS, 1972; CARVALHO, 2003). As sementes da araucária são recalcitrantes, ou seja, não toleram a desidratação no armazenamento e podem ser armazenadas em temperatura de 5ºC ou em geladeira doméstica, por até 5 meses, quando acondicionadas em recipientes de vidro ou plástico (MEDEIROS, 2001). A percentagem de germinação das sementes inteiras varia de 60 a 75% e nas sementes escarificadas (corte na ponta) de 92% e 95% (MOREIRA-SANTOS e CARDOSO, 2003; CARVALHO, 2003). 2.2.5. Potencial Econômico da Araucária A Araucaria angustifolia apresenta, historicamente, grande papel sócioeconômico, tanto pela utilização de sua madeira que é de excelente qualidade, quanto dos pinhões, que são de alto valor nutritivo. A araucária, assim como a maioria das coníferas, apresenta anéis de crescimento anuais bem definidos. A largura dos anéis é fator do crescimento, que é influenciado por alguns fatores externos, tais como: duração do período vegetativo, temperatura, manejo silvicultural, umidade, qualidade do solo e luminosidade. O crescimento, por sua vez, pode influenciar nas propriedades físicas, químicas e tecnológicas da madeira (ROSA et al., 2013). 30 A madeira da araucária possui boas características físicas e mecânicas em relação à sua massa específica e é indicada para caixotaria, construções em geral, móveis, laminados, tábuas para forro, ripas. caibros, fôrmas para concreto, palitos para fósforo, lápis, carpintaria comum, marcenaria, tanoaria, molduras, guarnições, compensado, mastros de navios, pranchões, postes, cabos de vassouras, tabuinhas para telhados, entre inúmeros usos (MAINIERI e CHIRNELO , 1989 apud CARVALHO, 2003). Devido à alta qualidade de sua madeira para construções e do alto teor de celulose para fabricação de papel, a araucária foi durante décadas um dos produtos mais importantes na exportação brasileira (DANNER et al. 2012). Beltrame et al. (2010) verificaram que a madeira de Araucaria angustifolia não apresentou diferenças entre os estratos fitossociológicos (superior, médio e inferior) quando submetida ao ensaio de resistência ao impacto e flexão estática, indicando uma madeira homogênea para essas propriedades. A partir dos ensaios de compressão axial ou paralela e compressão perpendicular, ou autores verificaram uma variação dos valores das propriedades mecânicas entre os estratos fitossociológicos, com maior resistência mecânica para as madeiras pertencentes ao estrato médio e superior. A madeira pode ser classificada de moderada resistência mecânica, quando comparada com outras espécies já estudadas. O nó de pinho, segmento do galho, originário da inversão dos galhos embutidos no tronco é mencionado por Santos et al. (2003) como um dos principais produtos florestais não madereiros explorados no Brasil. Este é produto utilizado como fonte energética, tanto em usos domésticos e comercial, que, embora venha se observando uma queda em sua produção (TETTO, 2008) 31 As sementes de araucária, os pinhões, possuem excelelente valor nutricional e são consumidos após cozidos e descascados ou em forma de farinha que é utilizada em receitas regionais, sendo fonte de amido, fibras, magnésio e cobre (CORDENUNSI, 2004). A estrutura da cadeia extrativa do pinhão é bastante simplificada, não se verificando nenhum processo industrial, a exemplo do que acontece com outras amêndoas. Possivelmente um dos obstáculos à comercialização de um volume maior deste produto, deve-se à indisponibilidade de técnicas mais aprimoradas para sua conservação e industrialização (SANTOS et al., 2002). Com relação à produção de pinhão, esta varia de acordo com a região e as condições ambientais. Segundo Figueiredo Filho et al. (2011) na região Centro-Sul do Paraná, na floresta a produção média de pinhões por árvore foi de 11,39 kg, aproximadamente 3 vezes maior que no plantio florestal, que teve uma produção média de 3,76 kg. Isto indica que árvores mais antigas e com copas maiores são capazes de produzir mais pinhões. Contudo, a produção por unidade de área é maior no plantio, pois o mesmo tem uma maior quantidade de árvores por hectare. Santos et al. (2002) observam que o pinhão alcança um preço final baixo, que é um reflexo de sua abundância em relação ao consumo nas reguões produtoras. Os intermediários são responsáveis por mais da metade do total de acréscimo de preço no produto para o consumidor final. De acordo com Danner et al. (2012) o pinhão possibilita a geração de mais renda que a madeira da araucária, quando utilizadas técnicas de manejo adequadas. O cultivo da araucária com interesse econômico do pinhão é uma 32 ferramenta eficaz que possibilita o aumento dos plantios e a diminuição da exploração das araucárias remanescentes. 2.2.6. Aspectos Legais do Manejo Florestal de Araucaria angustifolia A araucária encontra-se na lista de espécies ameaçadas de extinção (IUCN, 2013). Segundo a IUCN (União Internacional para Conservação da Natureza), a araucária já perdeu 97% do seu ambiente de origem no Brasil. De acordo com o artigo 225 da Constituição Federal, “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações.” Em seu parágrafo 4º, o mesmo artigo trata do Bioma mata atlântica, ao qual a floresta ombrófila mista: “A Floresta Amazônica brasileira, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal MatoGrossense e a Zona Costeira são patrimônio nacional, e sua utilização far-se-á, na forma da lei, dentro de condições que assegurem a preservação do meio ambiente, inclusive quanto ao uso dos recursos naturais.” A lei nº 11.428, de 22 de dezembro de 2006 (Lei da Mata Atlântica) vetou a possibilidade de manejo de espécies nativas em florestas naturais .Além desta, o decreto 6660 de 2008, em seu artigo 39 trás o texto: “Nos termos do art. 11, inciso I, alínea “a”, da Lei no 11.428, de 2006, é vedada a autorização de que trata o caput nos casos em que a intervenção, parcelamento ou empreendimento puserem em risco a sobrevivência in situ de espécies da flora ou fauna ameaçadas de extinção, tais como: I – corte ou supressão de espécie ameaçada de extinção de ocorrência restrita à área de abrangência direta da 33 intervenção, parcelamento ou empreendimento; ou II -corte ou supressão de população vegetal com variabilidade genética exclusiva na área de abrangência direta da intervenção, parcelamento ou empreendimento”. No seu artigo 2º, parágrafo 2º, o decreto diz que “para os fins do disposto neste artigo, é vedada a exploração de espécies incluídas na Lista Oficial de Espécies da Flora Brasileira Ameaçadas de Extinção ou constantes de listas dos Estados, bem como aquelas constantes de listas de proibição de corte objeto de proteção por atos normativos dos entes federativos” No estado do Paraná, a lei 11054 de 1995 (Lei Florestal do Estado), trás em seu artigo 37 o texto: “As áreas atualmente revestidas de formações florestais nativas, sem intervenção, em que ocorre o Pinheiro Brasileiro ou Pinheiro do Paraná (Araucaria angustifolia), não poderão ser desmatadas de forma a provocar a eliminação permanente dessas florestas, tolerando-se somente a exploração racional desta, observadas as prescrições ditadas pela técnica, com a garantia de permanência dos maciços em boas condições de desenvolvimento e produção.” No parágrafo 1º, é especificado que “deverão ser mantidos, a título de porta-sementes e de material genético, o mínimo de dez indivíduos em média por hectare nas áreas remanescentes da exploração.” Em caso de senilidade, constatada pela autoridade competente, de acordo com o parágrafo 2º, os indivíduos “poderão ser substituídos através de adensamento ou enriquecimento, neste caso com população mínima média de 100 indivíduos por hectare, constatadas sua existência pela autoridade florestal até cinco anos após seu plantio.” Entretanto, a pesquisa realizada por Muller et al. (2007) revelou que a legislação sobre a exploração e utilização dessa espécie é desconhecida pela população em geral e, por esta razão a comunidade rural paranaense considera 34 desinteressante o plantio de pinheiro pelas restrições impostas à sua utilização econômica. Neste trabalho, 32,6% dos entrevistados conheciam “alguém que cortou ou arrancou pinheirinhos recentemente”, enquanto 35,24% informaram desconhecer essa atitude. No entanto, 32,16% se esquivaram de responder. Em Santa Catarina, o Código Florestal do Estado, instituído pela lei nº14.675, de 13 de abril de 2009, no artigo 290 diz que compete ao CONSEMA “no prazo de 1 (um) ano, a contar da publicação desta Lei, regulamentar as condições do manejo florestal sustentável do palmito (Euterpe edulis), da bracatinga (Mimosa scabrella), da araucária (Araucaria angustifolia) e da erva mate (Ilex paraguariensis), no Estado de Santa Catarina.” A Lei nº 15.167, de 11 de maio de 2010, cria o Programa de Reflorestamento do Pinheiro Brasileiro (Araucaria angustifolia) no Estado de Santa Catarina, no artigo 2º regulamenta que “os proprietários de terras que possuem Araucaria angustifolia localizada de forma isolada e fora da Área de Preservação Permanente - APP - poderão promover o seu aproveitamento madeireiro mediante reflorestamento, que deverá observar as seguintes condições: I - para cada árvore explorada deverá haver 50 m² (cinquenta metros quadrados) de área de plantio florestal da espécie Araucaria angustifolia, efetuado sobre área de pastagens ou lavouras e fora de Área de Preservação Permanente - APP, podendo estar em consórcio com espécies nativas da Floresta Ombrófila Mista (Mata de Araucárias); II - quando o reflorestamento atingir 1,50 (um metro e cinquenta centímetros) de altura média e densidade mínima de 5 (cinco) araucárias a cada 50 m² (cinquenta metros quadrados) de plantio, o proprietário poderá requerer a vistoria ao órgão ambiental competente para obtenção do Documento de Origem Florestal DOF, informando o número de árvores isoladas a serem exploradas; III – de posse do protocolo do requerimento, o proprietário efetuará o corte das araucárias 35 isoladas, armazenando as toras no interior da propriedade; IV - o órgão ambiental terá o prazo máximo de 90 (noventa) dias após o protocolo do requerimento para realizar a vistoria, que deverá levantar os seguintes dados: a) a metragem cúbica exata da madeira em tora no pátio, a fim de fornecer o crédito para o Sistema DOF; b) a conferência da localização dos cepos das árvores extraídas informando a coordenada UTM de cada cepo, comprovando se estão fora de área de floresta; c) a conferência de área de plantio, informando as coordenadas UTM de cada vértice da área, possibilitando o fechamento do polígono da área reflorestada; d) informar o Datum utilizado na obtenção das coordenadas.” No Rio Grande do Sul, de acordo a Lei Estadual nº. 9.519, de 21 de janeiro de 1992 que institui o Código Florestal do Estado do Rio Grande do Sul, em seu artigo 35 consta que “o órgão florestal competente deverá proibir ou limitar o corte das espécies vegetais consideradas em via de extinção, raras ou endêmicas, delimitando as áreas compreendidas no ato”. 2.2.7. Energia da Biomassa de Araucaria angustifolia. Em árvores de Araucaria angustifoliaa biomassa em um plantio de 27 anos a biomassa foi de 198,62 Mg ha-1, a sequência de acúmulo de biomassa nos diferentes componentes obedece à seguinte ordem: madeira do tronco (51,5%), casca do tronco (14,7%), raiz (13,0%), galhos vivos (11,8%), grimpas (ramos aciculados) (8,6%) e galhos mortos (0,5%). (SCHUMACHER et al. 2010). A madeira de coníferas, sendo resinosa é de fácil ignição e se queima rapidamente apresentando uma chama alta e forte, porém a rápida queima requer 36 frequente atenção (BRITO e BARRICHELO, 1979). O poder calorífico da madeira do pinheiro-do-Paraná chega a 4.788 Kcal/Kg, de acordo com Quirino et al. (2005). Entre os produtos que podem ser obtidos da araucária, encontra-se o nó-depinho, que tem grande importância econômica. De acordo com o IBGE (2010), no ano de 2010 foram produzidas 10.612 toneladas de nó-de-pinho no Brasil. O poder calorífico gerado pela queima do nó-de-pinho pode ultrapassar 8000 calorias (BOITEUX 1947 apud CARVALHO, 2003). Por possuírem alto poder calorífico, os nós de pinho são utilizados como fonte de combustível para queima em churrasqueiras, fogões a lenha e lareiras. As grimpas da araucária também pode ser consideradas boa fonte de energia, com poder calorífico de 19,60 MJ.kg-1 (GABARDO et al. 2011). Menezes (2013) estudou o poder calorífico da maravalha de A. angustifolia e observou um poder calorífico superior e inferior de 17,32 MJ.kg -1 e 17,00 MJ.Kg-1, respectivamente. A casca grossa, esponjosa e resinosa de indivíduos adultos também possui poder calorífico considerável, sendo bastante usada para energia em fogões domésticos (CARVALHO, 2003). 2.2.8. Manejo de Galhos e Acículas da Araucaria angustifolia para Fins Energéticos Para que a floresta seja funcional, é necessário que sejam adotados métodos de manejo silvicultural. Neste sentido, Rossot (2007) afirma que as ações de manejo possibilitam a melhoria da floresta em termos de estrutura, composição florística, manutenção da capacidade de reprodução e perpetuação das espécies, além de 37 ordenar os recursos florestais (madeireiros e não-madeireiros) de forma a atingir uma produção com rendimento sustentado. Vários trabalhos vêm sendo realizados com o objetivo de estimar a viabilidade da utilização de resíduos da poda de árvores para diferentes finalidades. Neste sentido, Vale et al. (2005) caracterizaram madeiras de galhos de árvores e verificaram que uma das características favoráveis para o uso da madeira para produção energética é a maior quantidade de massa por unidade de volume. Assim, espécies de maiores massas específicas seriam as mais indicadas. Espécies que não têm massas específicas altas podem ser transformadas em briquetes, aumentando assim a quantidade de calor por unidade volumétrica. Outros usos seriam como: composto orgânico (compostagem) e para a confecção de pequenos objetos (cinzeiros, cabos de ferramentas, enfeites, porta-jóias). O nó-de pinho, que origina-se na região de inserção do galho no tronco da árvore é utilizado como fonte de combustível para queima em fogões a lenha, churrasqueiras e lareiras. Os galhos de Araucaria angustifolia também podem ser usados como material combustível, por possuírem alto poder calorífico e inflamabilidade (BEUTLING, 2013). Shumacher et al. (2011) verificaram que a biomassa de galhos vivos, galhos secos e grimpas correspondem a 23,45; 0,94 e 17,04 Mg/ha, respectivamente, em um povoamento de Araucaria angustifolia com 27 anos. A araucária possui alta capacidade de rebrota, o que pode ser observado pelas inúmeras brotações após o corte. Além disso, desrama natural é deficiente, sendo recomendada a poda dos galhos para a obtenção madeira de melhor qualidade. A poda pode ser feita a partir do 3º ano (poda verde) quando plantados 38 em sítios adequados (CARVALHO, 2003). Wendling et al. (2009) verificaram que as brotações podem ser induzidas pela poda. Entre os métodos avaliados, a decepa juntamente com a poda de ramos foram os que proporcionaram maior produção de brotações. Verifica-se que a exploração de galhos e grimpas do pinheiro possibilita a produção de cerca de 41,5 Mg/ha, que pode ser transformada em renda para os proprietários rurais, com a vantagem de ser fonte de energia renovável. Além disso, o manejo silvicultural da espécie é uma forma eficiente de conservação da espécie e da floresta com araucária. 2.3. Premissas, Ressalvas e Fatores Limitantes A poda dos galhos de Araucaria angustifolia induz a brotação (WENDLING et al., 2009). Em diversas espécies vegetais, existe incremento na frutificação bem como na produção de sementes em função da poda (FACHINELLO et al., 2008; SILVA et al., 2012). Em Eucalyptus grandis, Zani Filho et al. (1980) verificaram que o corte drástico da copa além de não provocar a morte da árvore, causa uma duplicação na quantidade de brotações. Aplicando a poda mais severa foi possível coletar maior quantidade de frutos por árvore. Desta forma, verifica-se que com um número menor de árvores mantém-se uma produção equivalente. Ainda que não hajam estudos conclusivos sobre o aumento na produção de pinhas em função da poda, é provável que isto ocorra, já que a poda favorece a brotação. De uma forma geral, a poda possibilita a modificação no vigor da planta, equilibra a tendência da planta de produzir maior número de ramos vegetativos entre 39 outras vantagens (FACHINELLO et al., 2008). Além destes aspectos, a paralisação ou diminuição do crescimento vegetativo resulta no acúmulo de carboidratos pelas plantas, que serão posteriormente utilizadas no florescimento (LARCHER, 2000). 3. O Modelo Proposto O modelo produtivo proposto se assemelha ao Sistema de Negócio Formatado, no qual o detentor de uma marca se utiliza de franquias para multiplicar o seu negócio. No caso em tela, o Serviço Florestal Brasileiro-SFB será o detentor da marca e selecionará multiplicadores encarregados de reproduzir, conforme os padrões exigidos, o modelo pré-estabelecido. Os multiplicadores serão, preferencialmente, as empresas de extensão rural dos Estados, as quais possuem coordenadorias regionais (CR) distribuídas estrategicamente em todas as regiões. Estas empresas, por sua vez, cadastrarão núcleos de proprietários rurais (NP) interessados em implementar o modelo em sua propriedade. A Figura 6 apresenta o organograma do modelo produtivo proposto. 40 Figura 6 – Organograma do modelo produtivo. Fonte: Os autores. A seguir serão apresentados os principais aspectos que norteiam e fundamentam o modelo produtivo, relacionados especialmente ao tripé da sustentabilidade, além dos aspectos operacionais do modelo, contemplando questões de logística, responsabilidades, técnicas silviculturais e de segurança. Também serão apresentados o cronograma anual e a analise de viabilidade econômica do modelo. 3.1. O Alicerce do Modelo: Tripé da Sustentabilidade 3.1.1. Aspectos Ambientais A sustentabilidade ambiental é a manutenção da capacidade de sustentação dos ecossistemas, o que implica a capacidade de absorção e recomposição dos ecossistemas em face das agressões antrópicas (SACHS, 1993). De acordo com Wackernagel e Rees (1996), a sustentabilidade é baseada na utilização dos serviços da natureza tendo como princípio a manutenção do capital natural, isto é, o aproveitamento dos recursos naturais dentro da capacidade de carga do sistema. 41 Desta forma, pode-se dizer que, para que a atividade humana seja ambientalmente sustentável, deve possibilitar que o ecossistema envolvido na atividade tenha sua capacidade de recomposição assegurada. A importância do manejo de produtos florestais não-madeireiros surgiu junto com o conceito de sustentabilidade, na Rio-92 (FIEDLER et al., 2010), pois o uso dos recursos florestais sem a necessidade de derrubada de árvores caracteriza-se como uma forma de uso da floresta dentro da capacidade de carga do ecossistema. Assim, uma vez que a espécie Araucaria angustifolia possui boa capacidade de produzir ramos novos após a poda (CARVALHO, 2003), a utilização de seus galhos, independentemente da finalidade, consiste em atividade sustentável do ponto de vista ambiental, pois o recurso é renovado em curto espaço de tempo. Somado a estes fatores, a utilização proposta, ou seja, para fins energéticos, também caracteriza-se como ecoeficiente, pois trata-se de uma fonte renovável de energia com possibilidade de substituir fontes não renováveis. 3.1.2. Aspectos Econômicos Devido ao aumento da preocupação com o meio-ambiente que vem ocorrendo nos últimos anos, os produtos florestais não-madeireiros vêm assumindo papel de destaque, pois se apresentam como fonte alternativa de renda possuindo potencial de incentivo econômico para frear a devastação das florestas (FIEDLER et al. 2010). Há um embate onde por um lado o problema ambiental é tido como decorrente de externalidades econômicas próprias do excesso de desenvolvimento 42 (tecnologia agressiva e consumo excessivo) e, por outro lado, de sua falta (crescimento demográfico e baixo PIB per capita) (NASCIMENTO, 2012). Entretanto, não basta que um projeto tenha sustentabilidade ambiental. Para que seja sustentável a médio ou longo prazo, faz-se necessário que gere algum benefício econômico, especialmente quando se trata de atividade envolvendo comunidades. A sustentabilidade econômica sugere o aumento da eficiência da produção e do consumo com economia crescente de recursos naturais, com destaque para recursos permissivos como as fontes fósseis de energia e os recursos delicados e mal distribuídos, como a água e os minerais (NASCIMENTO, 2012). Neste contexto, a extração de um recurso florestal pouco utilizado com finalidades comerciais, como é o caso dos galhos de Araucaria angustifolia pode configurar importante fonte de renda para o produtor rural viabilizando a conservação da floresta. Esta modalidade de manejo contempla a chamada ecoeficiência, por promover a utilização de uma fonte renovável de geração de energia em substituição a outras fontes. 3.1.3. Aspectos Sociais De acordo com Cavalcanti (1995), a sustentabilidade é a possibilidade de se obterem continuamente condições iguais ou superiores de vida para um grupo de pessoas e seus sucessores em dado ecossistema. Neste contexto, a situação sustentável é aquela em que o meio ambiente é menos perceptivelmente degradado, ainda que como saibamos, o processo não pare eleve ao declínio inflexível do estoque de energia disponível na terra. 43 O conceito de ecodesenvolvimento surgiu para responder à demanda existente de harmonizar os processos ambientais com os socioeconômicos, com a maximização da produção dos ecossistemas para favorecer as necessidades humanas presentes e futuras (JACOBI, 1999). Propostas que contemplem o manejo de um recurso florestal não utilizado ou pouco utilizado, gerando emprego e renda no campo favorecem o bem estar social dos produtores rurais diretamente envolvidos na atividade, bem como das comunidades do entorno, possibilitando ainda que as próximas gerações se mantenham no campo. Assim sendo, a presente proposta contempla o aspecto social do desenvolvimento sustentável. 3.2. Desenvolvimento do Modelo O modelo em questão é composto por atividades e processos que serão descritas no presente subitem. O fluxograma exposto na Figura 7 apresenta um breve resumo sobre tais atividades e processos que compõem o modelo. 44 Figura 7 – Fluxograma das atividades e processos do modelo. Fonte: Os Autores 3.2.1. Licenciamento da Atividade Os procedimentos para licenciamento ambiental da atividade deverão ser definidos, em conjunto pelos órgãos estadual/municipal de meio ambiente e Serviço Florestal Brasileiro, preferencialmente formalizando-os em Instrução Normativa específica. Nesta IN serão descritos os documentos e procedimentos necessários ao licenciamento da atividade, bem como os diplomas legais, sua validade e condicionantes. 45 3.2.2. Seleção de Multiplicadores Todas as atividades propostas no presente modelo serão multiplicadas e coordenadas, preferencialmente, pelas empresas de extensão rural dos estados (EMATER, EPAGRI, etc), as quais possuem coordenadorias regionais distribuídas estrategicamente em todas as regiões. Outras instituições como Cooperativas, secretarias de desenvolvimento regional, ONG´s, etc, poderão ser eleitas pelo Serviço Florestal Brasileiro, mediante credenciamento e capacitação prévios. Estes multiplicadores ficarão responsáveis por todo o processo produtivo do modelo, desde o estudo de mercado, monitoramento e publicação dos resultados alcançados. A seguir estão elencadas algumas das atividades responsabilidade dos multiplicadores: Elaborar o estudo do mercado; Elaborar os cronogramas anuais; Logística; Aquisição dos equipamentos coletivos; Treinamentos diversos; Recolhimento e processamento da matéria-prima; Embalagem e distribuição do Produto; Fiscalização; Extensão rural; Educação ambiental. que serão de 46 3.2.3. Seleção da Região O modelo produtivo poderá ser desenvolvido em termos de micro ou macro região, dependendo da quantidade de remanescentes florestais existentes. Poderão ainda ser desenvolvidos dentro de um conjunto de microrregiões que não necessariamente componham a mesma macrorregião. Alguns fatores que devem ser observados no processo de delimitação da região estão relacionados à quantidade de matéria-prima que se pretende produzir e à capacidade do mercado em absorver a produção. É recomendável realizar um estudo de mercado que servirá de base para delimitar a região de aplicação do modelo. 3.2.4. Cadastros dos Proprietários O processo de seleção e cadastramento dos proprietários rurais interessados em desenvolver o modelo produtivo em sua propriedade será efetuado pelos multiplicadores e poderá ter por base outros cadastros existentes, como projetos de extensão rural semelhantes, listas de cooperativas, etc. Os compromissos serão formalizados por meio e contrato, no qual constarão todas as responsabilidades das partes, a vigência e demais considerações importantes. 3.2.5. Treinamento dos Proprietários Os proprietários cadastrados deverão ser capacitados para desenvolver as atividades propostas. Os treinamentos incluem aspectos técnicos das atividades, 47 como técnicas adequadas para realização de podas e traçamento dos toretes, bem como questões de segurança, prevenção de incêndios e educação ambiental. 3.2.6. Inventário Florestal e Definição das Unidades de Produção Anuais Antes de iniciar o ciclo produtivo deverão ser definidas, dentro da propriedade rural participante, as unidades de produção anuais. A UPA (unidade de produção anual) consiste em uma gleba da propriedade que será explorada no ano corrente. O número de UPA’s deverá ser definido com base no tamanho do remanescente da propriedade e na quantidade de árvores de Araucária passíveis de exploração de seus galhos. O inventário florestal (IF) é a ferramenta para estimar o número de árvores e a distribuição geográficas de Araucárias, dentro da propriedade, para melhor delimitar as UPA’s. O IF pode ser informal, com base apenas no conhecimento pelo proprietário do remanescente florestal, ou através de técnicas pertinentes da Engenharia Florestal. O ideal é que a propriedade rural conte com, pelo menos, 5 UPA’s, de modo que depois de 5 anos, quando todas as UPA’s tiverem sido exploradas, a primeira volte a ter condições de fornecer matéria-prima, seja pelo ingresso de novas plantas no sistema (regeneração natural ou artificial), seja pelo crescimento de novos verticilos nas árvores exploradas no ciclo anterior. 3.2.7. Execução da Poda A execução da poda terá inicio no mês de março e poderá ocorrer até o mês de maio, de acordo com o cronograma pré-estabelecido pelos multiplicadores. 48 Este período foi definido criteriosamente considerando vários aspectos importantes, quais sejam: O período vegetativo da espécie - nesta época a atividade vegetativa da Araucária encontra-se reduzida, tendo em vista a baixa disponibilidade de água e baixas temperaturas, características da região de sua ocorrência; Período de entressafra – Nesses meses os recursos da propriedade encontram-se subaproveitados por ser tratar do período de entressafra. Há poucas atividades sendo desenvolvidas neste período, evitando que o novo modelo produtivo concorra com atividades produtivas de melhor rentabilidade; Período de coleta de Pinhão – Nos mês de março inicia-se o período de coleta de pinhão. Desta forma as duas atividades (poda e coleta de pinhão) poderão ocorrer de forma simultâneas; Maior demanda por energia – O período coincide com as estações mais frias na região sul, época na qual a demanda por produtos combustíveis (lenha) é maior. Realizando a poda neste período, os produtos estarão no mercado no momento de maior demanda pelo mercado consumidor. A poda deverá ser executada com ferramentas de serras, como por exemplo, serrotes manuais, motosserras ou moto-podas (Figura 8). Estas ferramentas poderão ser acopladas em bastões telescópicos para alcançar dos galhos mais 49 altos. Da mesma forma o serviço poderá ser executado com escadas ou através da escalada. Figura 8 - Motopoda e serrote acoplados em bastão telescópico para podas em altura. Fonte: PRODUTOS STIHL A poda deverá ser realizada de acordo com as melhores práticas silviculturais, observando, principalmente, a morfologia da base dos ramos (crista e colar), compartimentalização e oclusão dos cortes. O processo de compartimentalização das lesões ocorre tendo como base as células do colar. Se este colar for lesionado, perderá sua eficiência protetora, pois os microrganismos irão penetrar pelas células adjacentes ao lenho (células lesionadas). O Colar é a região inferior da base do ramo, na sua inserção com o tronco. Quando ele é pouco perceptível, indica franca atividade assimilatória; quando se destaca do tronco, indica um processo de rejeição do ramo, ou seja, a árvore está preparando defesas para a compartimentalização da lesão que ocorrerá. 50 A Crista é o acumulo de casca na parte superior da base do ramo devido ao crescimento em diâmetro do ramo e do tronco. Auxilia na definição da posição do plano de corte a ser feito. Este plano de corte deve preservar a crista e o colar, por isso sua posição é levemente inclinada em relação ao tronco. A Figura 9 ilustra a morfologia da base dos ramos. Figura 9 - Morfologia da base dos ramos, indicando a crista da casca e o colar. Fonte: Prefeitura de São Paulo (2012) As melhores práticas silviculturais no que se refere às podas serão abordadas nos treinamentos prévios fornecidos pelos multiplicadores e deverão ser aplicadas no âmbito do modelo como requisito fundamental de renovação contratual do proprietário participante. Deverão ser podados apenas os exemplares de Araucária que apresentarem a forma cilíndrica ou cônica (árvores jovens em processo de desrama natural), 51 conforme Figura 10, respeitando sempre a proporção máxima de 40% da copa verde. Figura 10 – Crescimento da Araucária. Fonte:http: //www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/ritmo-de-regeneracao-das-araucarias-e-preocupante0216q6xu4dor9miinmqf76enw Após a realização da poda ocorrerá o baldeio ou arraste da matéria prima. 3.2.8. Baldeio ou Arraste da Matéria-Prima e Transporte até os Pátios de Estocagem A maneira como a matéria prima será retirada dependerá das condições do terreno (relevo, condições do solo, etc.). 52 Para situações favoráveis (relevo plano e solos drenados) ocorrerá o traçamento2 dos galhos através de motosserra e/ou machado e/ou facão, com o intuito de deixar a lenha com dimensões apropriadas para seu uso final, no local da poda. Além de já dimensionar o produto, os resíduos como folhas e ponteiras ficaram em campo, contribuindo assim para a ciclagem de nutrientes da floresta. Os toretes serão então baldeados por cavalos (munidos de compartimentos de transporte) ou por máquinas (tratores, tobatas, etc) - dependendo da disponibilidade da propriedade - até a margem da estrada de onde partiram para o pátio de estocagem. Este método de extração assemelha-se muito ao descrito como Sistemas de Toras Curtas, ou Cut-to-lenght, por Robert (2012). Já para situações desfavoráveis (relevo acidentado e/ou solos encharcados) ocorrerá o arraste dos galhos por cabos amarrados em cavalos ou máquinas até a margem da estrada de onde partiram para o pátio de estocagem. Entretanto, antes do transporte para o pátio de estocagem os galhos serão traçados em toretes (com motosserra) para impedir a realização de transporte dos resíduos, e contribuir também no fator de empilhamento dos toretes, maximizando assim cada viagem até o pátio de estocagem. Este sistema de extração é muito similar ao de toras longas, ou Tree-length, descrito por Robert (2012). Os toretes serão carregados manualmente ou através de pequena pá carregadeira, dependendo do volume a ser coletado. O tipo de veiculo utilizado para o transporte será um caminhão basculante 6x4 com caçamba com capacidade de 2 O galho deverá ser seccionado em toretes de 40 cm, dimensão esta apropriada para os diversos usos residenciais. No caso de toretes com diâmetro superior a 10 cm, estes deverão ser rachados, em duas ou quatro partes, com auxílio de facão ou machado. 53 carga de ação indireta de 30 m³ (Figura 11). Este tipo de caçamba contribui muito no descarregamento da carga, uma vez que é realizada pela ação da gravidade. Figura 11 – Modelo de veículo utilizado para o transporte Fonte: Rodotec Ltda. 3.2.9. Pátios de Estocagem Os pátios de estocagem são os locais onde serão armazenados os toretes. Os pátios devem estar localizados em locais que propiciem o menor trabalho de baldeio da matéria-prima e o recolhimento dos produtos por parte da entidade executora. A localização aproximada do pátio de estocagem deve basear-se na da teoria de grafos. A teoria dos grafos consolidou-se com o desenvolvimento da computação e de processadores com maior velocidade. Esta teoria baseia-se na relação existente entre vértices ou nós com arcos, sendo muito utilizada em distintas áreas do conhecimento (CHRISTOFIDES, 1975). Na figura 12 pode-se observar a estrutura característica de um grafo, no qual os vértices são locais e os arcos estradas ou caminhos. 54 Figura 12 – Modelo esquemático de um grafo. Fonte: Santos et. al. (2013) Em alguns problemas esquematizados por grafos, o objetivo é localizar um vértice central, onde a soma das distância de todos os vértices até este é a menor possível. Estes problemas são intitulados de p-mediana, ou de minisum location problem (CHRISTOFIDES, 1975). Desta forma, o pátio de estocagem pode ter sua localização aproximada obtida através da resolução de um problema de p-mediana utilizando o modelo matemático de Revelle e Swain, apontado por Pollock et al. (1994). Tal modelo é expresso por: Onde: 55 Os pátios devem ser cobertos e apresentar o piso seco. Do contrário a matéria-prima deverá ser coberta por lonas ou outra cobertura que proteja o material da umidade. 3.2.10. Processamento e Embalagem dos Toretes O processamento consiste na retirada das acículas dos galhos (espinhos). A retirada das acículas poderá ser realizada com facão ou foice de modo a deixar o galho totalmente limpo. Depois da retirada das acículas os toretes serão acondicionados em embalagens3 (preferencialmente de papel) de 5 ou 10 quilogramas e estarão prontas para o consumo. O produto somente poderá ser embalado com baixa umidade, ou seja, depois de armazenado (pelo menos 20 dias) em local seco e protegido das chuvas. 3 A embalagem deverá ser desenvolvida pelo SFB, no âmbito da campanha de marketing ambiental do produto, apresentando suas características ecológicas e sustentáveis e sua forma de exploração. 56 Tendo em vista que o material será utilizado predominantemente em residências, as embalagens deverão estar livres de resíduos como restos de cascas, espinhos, poeira, pedras, insetos, etc. 3.2.11. Comercialização dos Produtos Representantes treinados, contratados pelos multiplicadores, ficaram encarregados de oferecer o produto em estabelecimentos como: Postos, Distribuidoras de bebidas, Supermercados, etc. 3.2.12. Repasse do Faturamento Depois de comercializados os produtos, a entidade executora deverá realizar o fechamento de caixa, balanço anual e o repasse dos lucros aos proprietários participantes. 3.2.13. Monitoramento dos Resultados Através de Indicadores O Serviço Florestal Brasileiro deverá criar indicadores de resultados a fim de monitorar anualmente os resultados gerados pelo modelo produtivo aqui proposto. Estes indicadores deverão contemplar aspectos ambientais, sociais e econômicos. 3.2.14. Publicidade dos Resultados Ao encerrar o cronograma anual os multiplicadores deverão disponibilizar os resultados e indicadores para o SFB, que por sua vez reunirá e compilará todas as informações de todas as regiões participantes, dando a devida publicidade. 57 O SFB ficará responsável pela criação da campanha de marketing do modelo produtivo, que deverá ser aplicada pelos multiplicadores, como ocorre de forma similar com as franquias. Nessa campanha será desenvolvida a logomarca e todo material de divulgação do modelo e de seus produtos, como folders, flyers, camisetas, etc, enfatizando os aspectos ecológicos e sustentáveis do produto e do modelo produtivo. A logomarca poderá ser criada no âmbito de um concurso. Empreses poderão ser associadas ao modelo produtivo por meio de patrocínio, apoio, financiamento ou qualquer outra forma semelhante. Esse financiamento servirá para subsidiar a aplicação e fortalecimento do modelo produtivo. 3.3. Cronograma Anual de Atividades O inicio do cronograma anual se dá no mês de janeiro com o licenciamento ambiental da atividade. A poda se inicia no mês de março de forma que os produtos sejam ofertados ao consumidor final já no inicio do período do outono, se estendendo durante todo o inverno, fase de maior demanda por este tipo de produto. Este cronograma também possibilita ao agricultou a utilização de recursos e geração de renda justamente na fase de menor atividade produtiva dentro da propriedade. A Figura 13 ilustra o cronograma anual de atividades. 58 Figura 13 - Cronograma anual de atividades. ITEM ATIVIDADE A Licenciamento Ambiental da Atividade B Seleção dos multiplicadores e Delimitação das Regiões C Cadastramento dos Propritários e Inventário Florestal D Treinamento dos participantes E Preparação das Ferramentas e do Pátio de Estocagem F Poda G Baldeio e arraste H Processamento e Embalagem I Comercialização J Fechamento e Repasse dos Lucros anuais K Publicação dos Resultados ANO Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Fonte: Os Autores 3.4. Possíveis Incrementos ao Modelo A proposta apresentada é um modelo básico que poderá ser incrementado à medida que o processo amadurece. Estes incrementos servirão para potencializar os efeitos positivos, expandir ou aperfeiçoar o modelo produtivo. Abaixo seguem alguns destes incrementos: Convênios com instituições financeiras para buscar benefícios aos proprietários participantes; Condicionar a participação do proprietário à realização do CARCadastro Ambiental Rural; Convênios com órgão municipal/estadual de meio ambiente buscando um modelo simplificado para aproveitamento de material lenhoso (derrubado ou morto naturalmente) e Documento de Origem Florestal; 59 Doação de mudas de Araucária e campanhas de educação ambiental voltada aos participantes; 4. Simulação do Modelo Com o intuito de verificar a viabilidade do modelo foi realizada uma breve análise econômica da aplicação do mesmo. Para isso foi avaliado um cenário no qual a distância média das propriedades até o pátio de estocagem é de 8 km. Evidentemente que o único pilar do modelo sujeito a simulação é o econômico, por ser, de certa forma, passível de demonstração matemática, enquadrando-se então dentro do campo das ciências formais, conforme Cupani (2009). Segundo este mesmo autor há ainda as ciências factuais (na qual enquadram-se os pilares social e ambiental) que são baseadas em fatos. A corroboração das ciências factuais somente é possível através da observação de algo concreto, sendo assim, os pilares sociais e ambientais só poderão ser corroborados a partir da observação quando implementados. Entretanto, os indícios da literatura, no que tange a estes dois pilares, são favoráveis. 4.1. Método Utilizado A avaliação econômica foi realizada utilizando-se do conceito de lucro anual por hectare. Desta forma, todas as atividades geradoras de receitas e custos foram dimensionadas para um hectare e/ou ano. Todas as cotações de preços foram realizadas por telefone e/ou orçamento via email. Tais cotações e orçamentos foram solicitados para atividades terceirizadas. 60 As receitas oriundas dos toretes foram estimadas a partir da produtividade média anual do volume dos galhos da copa por hectare, multiplicado, pelo preço de mercado da lenha empacotada. Para obtenção da produtividade média anual do volume de galhos considerou-se 5% da produtividade média anual volumétrica do tronco (10 m³/ha/ano para o tronco e consequentemente 0,5 m³/ha/ano para os galhos), tal estimativa foi baseada em Webb et al. (1984). Entretanto, antes da multiplicação foi necessário transformar o volume de lenha para massa, através do fator de densidade 0,6. Os custos resumem-se as atividades de transporte, armazenamento e embalagem. Foi realizado um orçado com base no km rodado em estrada de terra. Neste custo já está ponderado, em cada quilômetros rodado, as paradas para descanso, carregamento e descarregamento. Para o cálculo do custo de transporte dos galhos de um hectare foi necessário obter a distância rodoviária do raio de abrangência do projeto, ou seja, o produto do raio linear pela razão deslocamento em rodovia / deslocamento em linha reta. Comumente é utilizado o valor de 1,5 para tal razão. Considerou-se a distância rodoviária do raio de abrangência como a distância média de viagem. Já o número de viagem por hectare foi obtido através da razão do volume produzido por hectare pela capacidade de carga do caminhão. No tange a atividade de armazenamento o orçamento foi realizado levando em conta o funcionamento de um barracão de 20 m x 20 m, em área rural, já incluído demais gastos como água e luz, dentre outros. Para obter o custo de armazenamento por hectare foi necessário realizar a divisão do valor anual dos gastos do barracão pela área de abrangência do projeto. Esta área foi calculada 61 através da equação que fornece a área do círculo (utilizando raio igual a 8 km), multiplicado pelo fator 0,2 referente ao percentual de reserva legal do bioma Mata Atlântica. Já o custo com embalagem foi obtido através do gasto unitário de embalar um saco de lenha de 5 kg. Vale ressaltar que todas as atividades são totalmente terceirizadas, com exceção da poda e baldeio ou arraste que são remuneradas através do lucro obtido (optou-se por não incluir estas atividades no custeio devido à falta de informações precisas sobre o custo destas). 4.2. Resultados Na tabela 2 é apresentada a estimativa das receitas oriundas da atividade proposta em um cenário com coletas realizadas até 8 km do pátio de estocagem. Tabela 2 – Receitas oriundas da atividade proposta em um cenário com coletas realizadas até 8 km do pátio de estocagem. RECEITAS Produtividade média (Araucária) (m³/ha/ano) Volume de copa (m³/ha/ano) Produtividade da poda (kg/ha/ano) Preço da lenha (R$/kg) Receita média com lenha dos galhos (R$/ha) 10,00 0,50 300,00 1,30 390,00 Fonte: Os Autores A tabela 3 apresenta a estimativa dos custos oriundos da atividade proposta em um cenário com coletas realizadas até 8 km do pátio de estocagem. 62 Tabela 3 – Custos oriundos da atividade proposta em um cenário com coletas realizadas até 8 km do pátio de estocagem. CUSTOS TRANSPORTE Custo Transporte Estrada de Chão (R$/km) Capacidade de Carga (m³) Fator de Empilhamento Distância Média em Linha Reta Até o Pátio (km) Fator deslocamento rodoviário/linha reta Distância Média Até o Pátio (km) Número de Viagens por Hectare Custo de Transporte (R$/ha) ARMAZENAMENTO Aluguel Anual de Barracão (R$/ano) Área de Abrangência do Projeto (ha) Área de Reserva Legal com Araucária Custo de Armazenamento (R$/ha) EMBALAGEM Empacotamento da Lenha (R$/saco de lenha) Tamanho do Pacote (kg) Custo Embalagem (R$/ha) TOTAL Custo Total (R$/ha) 10,00 30,00 1,50 8,00 1,50 12,00 0,03 3,00 40.000,00 20.106,24 4.021,25 9,95 0,75 5,00 45,00 57,95 Fonte: Os Autores Levando em conta as receitas e os custos, a tabela 4 apresenta o lucro por hectare obtido com a atividade proposta em um cenário com coletas realizadas até 8 km do pátio de estocagem. Tabela 4 – Lucro oriundo da atividade proposta em um cenário com coletas realizadas até 8 km do pátio de estocagem. LUCRO Torete (R$/ha/ano) 332,05 Fonte: Os Autores Para finalizar, foi realizada uma simulação do lucro na pequena, média e grande, conforme classificação do INCRA: 63 Pequena Propriedade - o imóvel de área compreendida entre 1 (um) e 4 (quatro) módulos fiscais . Para fins de cálculos utilizado o módulo central igual 2 módulos fiscais; Média Propriedade - o imóvel rural de área superior a 4 (quatro) e até 15 módulos fiscais. Para fins de cálculos utilizado o módulo central igual 8,5 módulos fiscais; Grande Propriedade - o imóvel rural de área superior 15 (quinze) módulos fiscais. Para fins de cálculos utilizado o módulo central igual 20 módulos fiscais; Considerou-se, ainda, que o manejo será aplicado somente na área de reserva legal da propriedade, correspondente à 20% da área do imóvel. De acordo com os resultados das simulações, o modelo proposto poderá gerar até R$26.564,23 por ano, em grandes propriedades. Já nas médias propriedades esse valor corresponde à R$11.289,80 por ano, enquanto que as pequenas propriedades poderão contar com mais R$2.656,42 em seu orçamento anual (Tabela 5) Tabela 5 – Lucro oriundo da atividade proposta por classe de propriedade. Classe da Propriedade Pequena Média Grande Módulos Fiscais <4 4 < 15 > 15 MFm édio MF central (ha)1 2 20 8,5 20 20 20 1 - Tamanho do módulo rural médio dos municípios em SC Fonte: Os Autores Área RL (ha) 8 34 80 Lucro total (R$) 2.656,42 11.289,80 26.564,23 64 Vale ressaltar que nestes cálculos não foram incluídos os custos referentes à mão-de-obra da poda e do baldeio e/ou arraste, tendo em vista a dificuldade de obtenção destas informações, e que estas atividades serão executadas pelos próprios proprietários participantes. O lucro obtido, com visto, não é compatível com outras atividades agrícolas. Entretanto, a atividade em questão é realizada em áreas de reserva legal, tornandose então um bônus para os produtores que atualmente não o possuem. Existe, ainda, a possibilidade de aproveitamento comercial das grimpas que são retiradas juntamente com os galhos podados. Este material possui grande potencial calorífico e pode ser industrializado na forma de briquete, agregando ainda mais valor ao modelo produtivo. 5. Considerações Finais O presente estudo demonstrou que a legislação ambiental mais rígida e restritiva à exploração sustentável de florestas nativas não foi eficiente no combate ao desmatamento e, consequentemente, à conservação dos recursos naturais na Região Sul do Brasil. Por outro lado, diversos autores apontam que o manejo sustentável é uma das formas de valoração dos recursos naturais, que por sua vez é uma das melhores formas de promover a conservação da natureza, agregar valor à propriedade rural, aumentar a renda do produtor rural e reduzir o êxodo rural. O modelo proposto demonstrou todos estes aspectos positivos do manejo sustentável e no curso do trabalho buscou-se associar suas características ao tripé 65 da sustentabilidade. Deste modo, pode-se dizer que o modelo proposto é ambientalmente correto, socialmente justo e economicamente viável. Por fim, o aproveitamento comercial da poda de galhos de Araucária pode ser o primeiro passo rumo à cultura do manejo florestal sustentável na Região Sul do Brasil, incentivando a pesquisa científica sobre espécies nativas e novas tecnologias aplicadas às florestas naturais. 6. Referências Bibliográficas AFONSO JUNIOR, P. C.; FILHO, D. O.; COSTA, D. R. Viabilidade econômica de produção de lenha de eucalipto para secagem de produtos agrícolas. Engenharia Agrícola, Jaboticabal, v. 26, n. 1, p. 28-35, 2006. ALMEIDA, A. N.; SANTOS, A. J.; SILVA, J. C. G. L.; BITTENCOURT, A. M.. Análise do mercado dos principais produtos não-madeiráveis do estado do Paraná. Floresta, v. 39, n. 4, 2009. ANDERSON, V. 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