A luta contra a mornidão espiritual
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A luta contra a mornidão espiritual
QD 07 - Área Especial 01 Cruzeiro Velho (61) 3964-8624 / 3233-2527 www.adcruz.org/ebd Presidente: Pastor João Adair Ferreira Dirigente e Consultor Doutrinário: Pastor Argileu Martins da Silva Superintendente: Presbítero Jorge Luiz Rodrigues Barbosa Lição 05 01 de Maio de 2011 A luta contra a mornidão espiritual Texto Áureo "No zelo, não sejas remissos; sede fervorosos de espírito, servindo ao Senhor". Rm 12.11 Verdade Aplicada A chama do Evangelho deve arder continuamente independentemente das situações externas ao nosso redor. nos nossos corações, Objetivos da Lição ► Mostrar que a "mornidão" é um estado de temperatura média entre o frio (água potável) e o quente (águas termais medicinais). ► Alertar que a "mornidão espiritual" impede o crente de alcançar a vida cristã plena. ► Conscientizar o cristão de que o estado de mornidão pode causar a morte espiritual. Textos de Referência Ap 3.14 Ao anjo da igreja em Laodicéia escreve: Estas coisas diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus: Ap 3.15 Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente. Quem dera fosses frio ou quente! Ap 3.16 Assim, porque és morno, e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca. Ap 3.19 Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê, pois, zeloso e arrepende-te. Ap 3.20 Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e com ele cearei, e ele, comigo. A Laodicéia 3:14-22 A última carta é a mais lamentável, porque a igreja, imediatamente antes do segundo advento de Cristo, estará na fase mais corrompida. Cristo se achará do lado de fora dessa igreja, e não do lado de dentro. Simbolicamente, devemos entender que a igreja que merece somente ser vomitada da boca de Cristo pode ser qualquer igreja, qualquer denominação, qualquer indivíduo que encontrou satisfação em uma coisa que não o Senhor. Por igual modo, a congregação local ou pessoa que apóstata de Cristo, está nessa situação. As pessoas podem seguir o ateísmo ou a heresia nas crenças ou na prática diária. Existem muitos crentes professos que são ateus práticos, porquanto «agem como se Deus não existisse». Em seu credo, afirmam que «Deus existe». Mas em suas vidas asseveram que «Deus não existe». Esses são os filhos espirituais da igreja de Laodicéia. Historicamente, cremos que a igreja em Laodicéia, no fim do século II d.C, provavelmente poupada de qualquer grande perseguição, após ter atingido boa situação financeira, tornou-se uma igreja com o caráter descrito nestes versículos. Profeticamente falando, essa igreja pode representar: 1. qualquer igreja que, na doutrina ou na prática, não tem a Cristo como Senhor; 2. mais especificamente ainda, a igreja, como um todo, antes da «parousia» ou segundo advento de Cristo, que será apóstata. Cremos que o remanescente fiel de Filadélfia existirá lado a lado com a igreja de Laodicéia. A «sinagoga de Satanás», aludida na carta à igreja de Filadélfia (ver Ap 3:9), pode ser o equivalente à igreja de Laodicéia. Em seu aspecto profético, a igreja laodicense representa mais do que a indiferença ou a frieza espirituais. Representa a apostasia. Nos dias anteriores à volta de Cristo as condições serão péssimas, a tal ponto que, mediante a pessoa do anticristo, a chamada cristandade adorará ao próprio Satanás, o poder espiritual por detrás do anticristo. A verdadeira igreja, porém, composta de crentes de todas as denominações, terá de viver subterraneamente, porquanto haverá a pior perseguição religiosa de todos os tempos. Nós, e certamente os nossos filhos, veremos o cumprimento desses tremendos acontecimentos. Espera-se o cumprimento dessas predições para antes do fim do nosso século XXI. A partir da carta à igreja de Tiatira, há elementos nas sete cartas do Apocalipse que falam sobre a natureza da igreja dos últimos dias; mas esta carta à igreja de Laodicéia contém a plena descrição dessa igreja. Profeticamente falando, essa é a principal revelação de que dispomos acerca da natureza da igreja dos tempos do fim. A carta à igreja de Filadélfia descreve a natureza do remanescente daquela igreja, que não se esquecera do seu Senhor, e que recebeu promessas prodigiosas de bem-estar eterno. «Soren Kierkegaard, que com tanta frequência se mostrou violentamente egoísta, amargo e psicopático, algumas vezes escreveu com singular penetração. Quando ele discutia sobre o fracasso da igreja em tornar real o cristianismo, estava levantando uma questão que os crentes de todos os séculos têm tido de enfrentar. A igreja de Laodicéia perdera o poder de fazer distinções morais e espirituais. Até mesmo quando usava grandes vocábulos, perdera o sentido dos mesmos. E já que ninguém pode gloriar-se com entusiasmo por uma verdade de cuja existência já nem temos mais consciência, os eclesiásticos dessa cidade se achavam na trágica posição de quem tem uma bandeira, mas não um país sobre o qual fazer drapejá-la. Eram, literalmente, cidadãos sem pátria, pois tinham perdido aquela terra do espírito, em que se acha a pátria da alma. O que precisavam era recuperar o lar da alma». (Hough, in loc). Cada igreja local de todos os séculos exibe algo de todas as sete igrejas do Apocalipse. Mas a igreja do fim dos tempos, com exceção do remanescente fiel, será dominada pela horrenda condição que havia na igreja de Laodicéia. Não terá coisa alguma do calor espiritual de Êfeso, do destemor de Esmirna, da lealdade ao nome de Cristo e à sua fé de Pérgamo, da fé e das boas obras crescentes de Tiatira, do remanescente imaculado de Sardes e da observância da Palavra e dos labores de Filadélfia. «Chegamos agora ao triste e terrível final do testemunho da igreja. O fato de ter sido abandonado o primeiro amor, em Éfeso, resulta agora no abandono do Senhor». (Newell, in loc). Podemos estar certos que a igreja de Laodicéia, ao invés de incorporar em si mesma qualquer bem que havia nas demais igrejas, está investida somente de todos os seus males. Não tem amor, pois abandonou seu primeiro amor (maldade em Éfeso). Habita onde está o trono de Satanás, tendo sido apanhada na imoralidade de Balaão (como sucedia em Pérgamo). Tolera e entroniza a Jezabel, por ser abertamente maligna e entregue ao paganismo (como se via em Tiatira). Poderá ter nome de ser uma igreja viva, mas na realidade está morta (como em Sardes). Não compartilha das características do remanescente fiel de Filadélfia, mas antes, na realidade, é a «sinagoga de Satanás», que perseguia aos fiéis crentes filadelfianos. Mostra-se distintamente miserável, pobre, cega e nua. Esqueceu-se da fonte de águas vivas. Haverá algum vencedor nessa igreja? 3:14 Ao anjo da igreja em Laodicéia escreve: Isto diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o principio da criação de Deus: «...anjo...» Não aponta isso para o pastor humano da igreja, e, sim, ao seu guardião angelical. As «sete estrelas» são os «sete anjos», conforme somos informados em Ap 1:20. O tema dos «anjos» deveria melhorar nossa estimativa sobre o que está envolvido no ministério angelical. Bem provavelmente muitas das manifestações de dons espirituais são angelicamente mediadas. (Ver Hb 1:14 sobre o ministério dos anjos). «...igreja...» (Quanto a notas expositivas completas sobre a «igreja», ver Ef 3:10 dando um click aqui). «...Laodicéia...» Essa era uma cidade da província romana da Ásia Menor, na parte ocidental da moderna Turquia Asiática. No século III A.C., foi fundada uma cidade no local, por Selêucida Antíoco II, quando então recebeu nome baseado no nome próprio de sua esposa, «Laodice». Nos tempos romanos, sua posição geográfica favorecia seu desenvolvimento e prosperidade. Jazia na importante intersecção de estradas principais da Ásia Menor, que de Laodicéia ia para o ocidente, até aos portos de Mileto e Éfeso, cerca de cento e sessenta quilômetros de distância. Para o oriente, essa mesma estrada conduzia ao planalto central, e, dali, até à Síria. Uma outra estrada, que atravessava Laodicéia, corria para o norte, para a capital principal, Pérgamo, e também para o sul, até às costas de Ataléia. Essas estradas encorajavam o comércio em Laodicéia, que se tornou um centro bancário e comercial. Várias indústrias surgiram ali, como a da lã, a de tabletes medicinais e a de fabrico de roupas. Após os tempos neotestamentários, aumentou mais ainda a prosperidade material de Laodicéia. Até mesmo durante os dias da república, e nos dias dos primeiros imperadores, já era uma das mais importantes e florescentes cidades da Ásia Menor. Laodicéia, na qualidade de cidade-mãe, veio a incorporar uma área onde havia nada menos de vinte e cinco aldeias, de tal modo que era uma autêntica «metrópole», conforme é chamada em inscrições daquele lugar, que sobreviveram até nós. A cidade estava sujeita a constantes terremotos, o que, eventualmente, forçou o seu abandono. Atualmente é um lugar desértico, 'mas muitas ruínas testificam sobre sua antiga grandeza. A arqueologia tem conseguido recuperar uma pista de corridas, três teatros (um dos quais tem cento e trinta e seis metros de diâmetro), além de numerosos outros itens. O trecho de Cl 4:15,16 mostra-nos que, nos tempos de Paulo, Laodicéia já contava com uma comunidade cristã. Poderia ter sido iniciada mediante o trabalho de evangelistas enviados de Éfeso, a capital cristã daquela região, talvez um trabalho patrocinado pela igreja de Colossos. Alguns estudiosos têm pensado que a epístola chamada aos Efésios, na realidade foi a carta mencionada naqueles versículos da epístola aos Colossenses; mas essa teoria não tem muita coisa que a recomende. Já que Laodice era um comum nome feminino, nos tempos do N.T., seis cidades receberam tal nome, no período helenista. Por essa razão, a Laodicéia de nosso texto era chamada de Laodicéia do Lico, isto é, do rio Lico, conforme assevera Estrabão (578). Ficava localizada na margem sul desse rio, a dez quilômetros ao sul de Hierápolis e a dezesseis quilômetros a oeste de Colossos. Existe uma epístola apócrifa de Paulo aos laodicenses, que aparece neste comentário, no fim da exposição sobre a epístola aos Colossenses. «...escreve...» A ordem de «escrever», frequente neste livro de Apocalipse (que no grego significa «revelação»), faz deste livro exatamente isso (ver Ap 1:11,18; 2:1,8,12; 3:1,7,12,14; 14,13; 10:9 e 21:5). Seu intuito não era ser um «livro selado», conforme foram vários outros apocalipses. Somente no caso do julgamento dos trovões é que ao autor sagrado foi ordenado «Não escrevas», porquanto aqueles juízos foram selados para uma revelação a ser dada no fim dos tempos. (Ver Ap 10: acerca disso). «...estas cousas...», isto é, a carta de Laodicéia, que se segue: «...diz o Amém...» Em cada uma das sete cartas do Apocalipse, Cristo recebe um título e descrições diferentes; e, em cada caso, esses elementos se aplicam especialmente à igreja que está sendo endereçada. Assim, no caso da igreja em Éfeso, Cristo é visto a andar entre as igrejas, pois sua presença e poder foram especialmente fortes na era apostólica. No caso da igreja dos mártires, Esmirna, Cristo se caracteriza como aquele que morreu, mas está vivo para sempre. No caso da corrupta igreja de Pérgamo, Cristo mostra-se como aquele que tem a espada aguda de dois gumes, com a qual promete julgamento. No caso da igreja de Filadélfia, aquele com uma «porta aberta de serviço», Cristo é visto a brandir as «chaves de Davi», que ele pode usar com toda a autoridade, para qualquer propósito que queira, especialmente para a admissão no reino de Deus. Assim também no caso presente, da igreja apóstata de Laodicéia, Cristo continua sendo o «Amém». Ele continua a ser a sua própria confirmação, a prova de seu próprio ministério e de sua pessoa, embora os membros da igreja laodicense o tivessem abandonado. Cristo continua sendo uma «testemunha fiel e verdadeira», apesar de terem rejeitado o seu testemunho e de se terem mostrado infiéis à sua causa. Cristo continua sendo o «princípio», a «causa primária», tanto da criação física quanto da criação espiritual, a despeito do fato que os crentes de Laodicéia não reivindicassem à vida eterna, por intermédio dele, não o considerando mais como o Alfa e o Ômega. «...Amém...» É possível que isso seja um eco do trecho de Is 65:16, onde Deus é chamado de «...Deus, que dirá amém...». O autor sagrado não hesita, em lugar nenhum do Apocalipse, de dar a Cristo toda a honra atribuída, nas páginas do A.T., a Deus Pai. Isso é prova insofismável de sua divindade. Em todo o N.T., a única ocorrência da palavra Amém, como nome próprio, se verifica aqui. (Ver Jo 1:51, quanto ao seu uso como confirmação ou imperativo). Essa palavra pode ser uma afirmação: «É assim». Ou pode ser um imperativo: «Assim seja!» Desenvolveu-se na prática litúrgica judaica, e era vocábulo usado nos cultos de adoração como afirmação de fé na validade ou veracidade da mensagem que era lida ou proferida. Em face do que se diz neste parágrafo, consideremos os pontos seguintes: Ao usar o termo «Amém», Cristo afirmou: 1. A validade da mensagem cristã, a qual é a Palavra de Deus para os homens. Ele mesmo é o tema central dessa mensagem. 2. Cristo é a afirmação da boa vontade de Deus para com os homens. 3. Cristo é o meio divino que confere aos homens as bênçãos motivadas por essa boa vontade; é o mediador entre Deus e o homem, e quem justifica o homem perante Deus. 4. Cristo é o «Amém» na qualidade de verdade de Deus, como aquele que transmite essa verdade aos homens. 5. O «Amém» é a garantia dada por Deus aos homens de que ele se importa com eles; o «Amém» é a expressão divina de amor. 6. O «Amém» confirma a validade do pacto de Deus, sendo o seu promulgador. 7. O «Amém» de Deus faz contraste com a corrupção contra a verdade, por parte de indivíduos como os laodicenses, que tinham esquecido a Palavra de Deus, passando a ter como seus deuses o dinheiro e o próprio «eu». O testemunho de Cristo é sempre veraz e afirmativo, sem importar os desvios dos homens. «...a testemunha fiel e verdadeira...» A sua mensagem é veraz; o seu serviço é completo, sem quaisquer falhas. Ele não retém coisa alguma, e tudo quanto ele afirma é tanto veraz por si mesmo como concorda com as exigências divinas sobre aquilo que deveria ser dito aos homens. Isso pode ser contrastado com a infidelidade dos homens, com a sua falsidade, conforme se via na igreja de Laodicéia. Jesus, o Cristo, não retém coisa alguma proveitosa, nem poupa palavra de advertência ou consolo, agindo sempre exatamente conforme é exigido pelo momento. Em Cristo é que encontramos tudo de que precisamos, pois aquilo que Deus diz aos homens, di-lo por meio de Cristo. O termo grego aqui traduzido por testemunha, também pode significar «mártir», embora seu significado original fosse, realmente, «testemunha». O presente texto não parece indicar a ideia de «mártir». «Testemunha», porém, é palavra que se coaduna com as exigências do contexto. É mister que uma testemunha seja inerentemente veraz e fiel, cumprindo sua missão segundo essas qualidades pessoais. Uma testemunha de nada vale, se não disser a verdade. A igreja de Laodicéia projetou no mundo a imagem da falsidade. Em contraste com ela, figurava a pessoa de Cristo, o verdadeiro. A igreja da apostasia, no fim dos tempos, será uma igreja falsa, que negará ao verdadeiro Cristo. Aceitará o anticristo e dará crédito à mentira. O anticristo será uma «testemunha falsa». Na introdução ao comentário, no artigo intitulado A Tradição Profética e a Nossa Era, é descrito o anticristo, o qual, segundo cremos, surgirá no palco mundial antes do fim do nosso século XXI. Quando a sua falsidade e malignidade forem desmascaradas, então os homens se lembrarão de novo da Testemunha fiel e verdadeira, Cristo. Uma testemunha precisa ter as seguintes qualidades: 1. Ser inerentemente veraz, genuína e sincera. 2. Estar segura de sua mensagem: se possível, deve ser testemunha ocular daquilo sobre o que testifica. 3. Deve ser competente para entregar a sua mensagem, convencendo aos ouvintes da realidade daquilo que diz. 4. Estar disposto a entregar sua mensagem, mostrando-se zelosa no cumprimento da sua missão. «...o princípio da criação de Deus...» Essas palavras podem ser confrontadas com a passagem de Cl 1:18. Naquele versículo, Cristo é chamado de «princípio», como a sua nona superioridade, acima de todos os outros seres, dentre uma lista de doze superioridades. Acerca disso, consideremos ainda os pontos abaixo: 1. Nessa expressão não há qualquer ideia que Cristo foi o «primeiro» dos seres criados. Isso é contrário a toda a cristologia do N.T. Aquele que é o Criador não pode, sob hipótese nenhuma, fazer parte da criação. Cristo é o Criador (ver Cl 1:16), distinto da sua criação. Cristo é «eterno» (ver Jo 1:1 e Hb 7:3), pelo que não teve «começo» dentro do tempo. 2. A palavra grega aqui usada, «arche» («princípio»), pode ter a ideia de «originador», ou seja, o «iniciador» da criação divina. Esse é o uso que se acha no evangelho de Nicodemos xviii.12, onde Satanás é chamado de «começo do pecado», o que, sem dúvida, significa o «originador do pecado», ou «iniciador do pecado». 3. Cristo é o «iniciador tanto da criação física como da criação espiritual, da antiga e da nova ordens. Ele é a fonte originária de toda a vida, física e espiritual, e, portanto, é o seu «princípio». 4. Cristo é igualmente a causa primária, da qual todas as demais causas dependem. A filosofia grega utiliza o termo «arche» com esse sentido. Em Jos. C. Apo. 2,190, Deus é chamado de «arche» ou «primeira causa». A «causa primária» é a «fonte» de toda a criação, de todos os seres, de toda a existência. 5. Espiritualmente falando, Cristo, na qualidade de Pioneiro do Caminho (além de ser o próprio «Caminho»), foi o primeiro a mostrar como a «vida espiritual» é transmitida aos homens. Isso significa que ele foi o primeiro homem a possuir tal forma de vida, da qual, então, compartilha com seus remidos. (Ver Jo 5:25,26 e 6:57). Isso também envolve um sentido escatológico: na nova criação, Cristo produzirá a nova criação, porquanto ele é o primeiro exemplar daquilo que Deus tenciona fazer com os homens. 6. Alguns intérpretes fazem conexão do que aqui é dito com o trecho de Ap 1:5 (trecho paralelo a Cl 1:18: «...primogênito dentre os mortos...»); e, nesse caso, Cristo é encarado como o primeiro ser da nova criação, que vem à luz mediante a ressurreição. 7. Dentre esses vários significados possíveis, o de número dois é o mais provável. Entretanto, isso não exclui várias das outras ideias. Cristo é o originador absoluto da criação, do que se conclui que ele também é o originador da «criação espiritual». A lição ensinada aqui é que Cristo é o Alfa de toda a criação, sua fonte de vida, bondade e bem-estar. Os membros da igreja de Laodicéia ignoravam tudo isso, colocando no lugar dele, como fonte de satisfação, ao dinheiro e ao próprio «eu». O trecho de Cl 1:16 ensina que Cristo é o Alfa e o Ômega da criação, a sua causa «primária» e também final. Isso, de acordo com a linguagem aristotélica, quer dizer a «fonte» e o «alvo» da criação. Dentro do contexto da epístola aos Colossenses, Cristo aparece como o «arche», em contraste com os «archai», ou seja, em contraste com os mediadores e poderes angelicais. Somente ele pode servir de mediador entre Deus e nós, ainda que outros «poderes» sejam seus servos, recebendo dele uma autoridade delegada. Outras ideias sobre este décimo quarto versículo: 1. Este versículo indica a familiaridade do vidente João com a epístola aos Colossenses. 2. Quando os homens perdem de vista a Cristo, como Fonte de tudo, abandonam o manancial de todas as bênçãos espirituais. Algum dia todos os homens terão de reconhecê-lo naquilo que ele é, conforme se sabe no primeiro capitulo da epístola aos Efésios e em Fp 2:8 e ss.; e isso servirá de imenso benefício para todos. 3. A autoridade suprema de Cristo é evidente neste versículo. (Pode-se comparar isso com Ap 1:18; 2:8; 3:21 e 5:13). Notemos que ele usa essa autoridade em favor do bem, e não em favor do mal, para curar, e não para destruir. 4. O titulo «Amém» mostra Cristo como a «Verdade» de Deus. Cristo é a Verdade personificada. 5. Deus não se deixou ficar sem uma «Testemunha». Na qualidade de testemunha de Deus, Cristo implica no «teísmo» essencial. Em outras palavras, Deus não somente criou mas também se faz «presente» em sua criação, mantendo «interesse» pela mesma, julgando e recompensando, intervindo e guiando. Isso nega o «deísmo», a doutrina oposta, que diz que Deus ou algum outro Poder criou, mas abandonou sua criação, deixando-a entregue às «leis naturais». 6. Todas as coisas, eventualmente, haverão de «centralizar-se» em torno de Cristo, de tal maneira que ele venha a ser «tudo para todos», conforme se aprende no primeiro capítulo da epístola aos Efésios, sobretudo em seus versículos dez e vinte e três. Portanto, ele é o «ômega» da criação. O presente versículo revela-nos que Cristo é o «Alfa» da criação. (Isso pode ser comparado com Ap 1:8, que declara: «Eu sou o Alfa e o ômega, diz o Senhor Deus...» Ver também Ap 22:13). 7. «O Primeiro Progenitor, Produtor e Causa Eficiente de toda criatura; o Autor da antiga criação, que fez tudo do nada, no começo do tempo; e também da nova criação, o Pai eterno de tudo quanto é feito nova criatura; o Pai do mundo vindouro, ou da nova era...» (John Gill, in loc). 8. As palavras de um hino egípcio dizem: «Ele é o primeiro, e existia quando nada ainda existia; qualquer coisa que existe, ele o fez após ele existir. Ele é o Pai dos Começos... Deus é a verdade, ele vive pela Verdade, ele vive na verdade, ele é o rei da verdade». 3:15 Cristãos em Laodicéia 3:14-22 Ao anjo da igreja em Laodicéia escreve: Estas coisas diz o Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o princípio da criação de Deus: 15Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente. Quem dera fosses frio, ou quente! 16Assim, porque és morno, e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca; 17pois dizes: Estou rico e abastado, e não preciso de coisa alguma, e nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu. 18 Aconselho-te que de mim compres ouro refinado pelo fogo para te enriqueceres, vestiduras brancas para te vestires, a fim de que não seja manifesta a vergonha da tua nudez, e colírio para ungires os teus olhos, a fim de que vejas. 19Eu repreendo e disciplino a quantos amo. Sê, pois, zeloso, e arrepende-te. 20Eis que estou à porta, e bato; se alguém ouvir a minha voz, e abrir a porta, entrarei em sua casa e cearei com ele e ele comigo. 21Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono, assim como também eu venci, e me sentei com meu Pai no seu trono. 22Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. A arqueologia tem se encarregado de fornecer dados bastante interessantes acerca da história relacionada com esta carta. Laodicéia era um centro bancário e produzia artigos têxteis. Também era famosa por produzir uma espécie particular de colírio (ver v.18). Era também uma estância hidromineral de águas mornas que vinham de fontes próximas à cidade (ver v.16). Assim as palavras de Cristo à igreja contêm uma confortável mensagem, bem apropriada. Mesmo que não tivéssemos o conhecimento arqueológico, ainda assim não teríamos problemas em identificar o juízo que Cristo faz da igreja. "Quem dera fosses frio ou quente!" Que condenação pior poderia existir para uma igreja do que o Senhor dizer que preferiria um cristianismo mais frio do que o encontrado efetivamente em Laodicéia. Em outras cidades da Ásia temos observado que o estado da igreja geralmente corresponde ao estado da cidade. Em Laodicéia, entretanto, isso não se repete; há um contraste entre a cidade e a igreja. A igreja é a imagem da cidade revertida como em um negativo. Financistas, médicos e fabricantes de tecidos se encontram entre os cidadãos mais notáveis da cidade; porém a igreja é considerada "miserável, pobre, cega e nua". "Laodicéia tinha falhado no propósito de encontrar em Cristo a fonte de toda a verdadeira riqueza, esplendor e visão.” A indiferença de Laodicéia é a pior condição em que uma igreja pode sucumbir. A situação de Laodicéia é pior que a de Sardes onde, pelo menos, existia um fio de vida. A única coisa boa em Laodicéia é a opinião da igreja sobre si mesma e, ainda assim, completamente falsa. Ela tem a pretensão de ter todas as coisas, mas na realidade não tem nada. Devemos lembrar-nos de que em 1:16 há sete estrelas na mão de Cristo. Nós até podemos duvidar se ela era uma igreja verdadeira. Será que a linguagem de Cristo deveria nos chocar? É difícil pensar assim, frente ao descrito no versículo 16: "Estou a ponto de vomitar-te da minha boca". É o Amém, a Testemunha fiel e verdadeira que profere estas palavras, e elas são uma parte de todas as outras ameaçadoras escrituras que falam do Senhor, desgostoso com essa geração (Sl 95:10) e zombando dos homens (Sl 2:4). Apesar disso Laodicéia tem uma chance. O fato de ser repreendida é uma prova de que o Senhor a ama (v.19); a ameaça de abandono total, caso ela não se arrependa, é contrabalançada pela promessa de reestabelecimento total, caso ela se arrependa. Por causa dessa igreja desastrada, o Senhor se apresenta, no versículo 14, como "o princípio da criação de Deus" (talvez a melhor tradução seja: a origem da criação de Deus), aquele que é capaz de descer até o caótico abismo do fracasso de Laodicéia e restaurá-la, assim como um dia ele fez com o mundo. Isso só será possível se ela quiser. A soberania divina não é, de modo algum, prejudicada por isso. Cristo é o único que pode providenciar as riquezas, as roupas e o unguento; ele é a voz persuasiva que aconselha Laodicéia a aceitar a oferta. Ele é o que vem, o que permanece, o que bate, o que chama. Sua soberania está implícita no fato de ele ser "a origem da criação'' de Deus, verdade esta que a igreja de Laodicéia já conhecia através da carta de Paulo aos Colossenses (Cl 1:15-18; 4:16). Mas a pergunta crucial para a igreja é se ela abrirá a porta e deixará Cristo entrar. "Pois a única cura para a indiferença é a readmissão do Senhor excluído." Mesmo que a igreja seja surda à chamada de Cristo, ele ainda assim se dirige a cada um dos membros individualmente, pois "quando Cristo diz: Eis que estou à porta e bato, se alguém... é clara a sua intenção de dirigir-se ao indivíduo. Mesmo que a igreja, como um todo, não dê ouvidos à sua advertência, pode ser que um indivíduo o faça. " A todas as pessoas de Laodicéia que apresentarem evidências de arrependimento, o Senhor promete, nos versículos 20 e 21, uma majestosa recompensa: "Ao vencedor, dar-lhe-ei sentar-se comigo no meu trono, assim como eu venci, e me sentei com meu Pai no seu trono." Bibliografia M. Wilcock Laodicéia (3.14-22) 14. Laodicéia ficava no entroncamento de três estradas importantes. Esta localização contribuiu para que a cidade se tornasse um centro bancário e industrial de destaque. A cidade era tão rica que quando um terremoto a danificou consideravelmente em 60-61 d.C, juntamente com outras cidades da Ásia, ela foi capaz de financiar a reconstrução com recursos próprios, sem recorrer a subsídios substanciais do tesouro imperial, como as outras cidades. A cidade era famosa pelo belo tecido negro, de lã, que era usado para fazer roupas e tapetes. Contava também com uma escola de medicina particularmente conhecida por sua pomada para tratamento dos ouvidos e pelo "pó frígio", usado para fabricar colírio. Paulo não chegou a visitar esta cidade antes da sua primeira prisão (Cl 2:1); é provável que a igreja foi fundada por Epafras, de Colossos (Cl 1:7,4:12s.). Paulo conhecia a igreja, porque de Roma escreveu uma carta aos Laodicenses (Cl 4:16), que infelizmente se perdeu. Não há dúvida que a Igreja de Laodicéia era bastante próspera e externamente em excelente situação. A carta não menciona perseguições por funcionários romanos, dificuldades com os judeus ou qualquer tipo de falsos mestres dentro da igreja. Laodicéia era muito parecida com Sardes: um exemplo de cristianismo nominal e acomodado. A maior diferença é que em Sardes ainda havia um núcleo que tinha preservado a fé viva (3:4), enquanto que toda a igreja de Laodicéia estava tomada pela indiferença. Provavelmente muitos dos membros da igreja participavam ativamente da alta sociedade, e esta riqueza econômica exerceu uma influência mortal sobre a vida espiritual da igreja. Esta coisas diz o Amém. Amém é a palavra hebraica que expressa a idéia de veracidade. Is 65:16 fala do "Deus que diz amém", o que a Septuaginta traduz como "o Deus verdadeiro". A idéia expressa por esta frase não é de que Deus é o Deus verdadeiro em contraste com deuses falsos, mas que Deus e fiel, que podemos confiar nele, que ele cumprira o acordo que fez com seu povo. Aplicando a Cristo estas palavras temos a garantia de que suas palavras são confiáveis. A frase seguinte, a testemunha fiel e verdadeira, reforça isto. Ele é verdadeiro não em contraste com o que é falso, mas é verdadeiro porque podemos confiar que ele está dizendo a verdade. O princípio da criação de Deus. Podemos traduzir esta frase de duas maneiras: o "começo" da criação, ou a "origem" da criação. Quase com certeza esta última possibilidade é a mais certa, porque para João não há dúvida de que Cristo é eterno. Ele é o primeiro e o último, o Alfa e o Omega (l:17s; 2:8; 21:6; 22:13); ele transcende toda a criação. Na carta de Paulo aos Colossenses a mesma idéia aparece também: Cristo é o primogênito de toda a criação (Cl 1:15). A ênfase no fato de que a criação é de Deus é um tema que se repete no Novo Testamento. Deus é a fonte primeira da criação; Cristo é o agente imediato. "Todas as coisas foram feitas por intermédio dele" (Jo 1:3), não por ele. "Há um só Deus, o Pai, de quem são todas as coisas e para quem existimos; e um só senhor, Jesus Cristo, pelo qual são todas as coisas, e nós também por ele" (1 Co 8:6). 15. Conheço as suas obras. A carta aos Laodicenses não contém nenhum elogio, nem críticas por ensinos falsos ou imoralidade. O problema dos laodicenses era que eles não eram nem frio nem quente. Eles não tinham a frieza da hostilidade ao evangelho ou da rejeição da fé; mas também não tinham zelo e fervor (At 18:25; Rm 11:11). Eles eram simplesmente indiferentes, cristãos de nome, acomodados. Quem dera fosses frio, ou quente! Não há nada pior que algo morno a ponto de provocar náuseas. 16. Estou a ponto de vomitar-te da minha boca. Água morna é repulsiva, serve somente para ser cuspida fora. Estas palavras soam como uma rejeição final e irrevogável da igreja, da parte de Cristo. Mas já que os versículos 18-20 são uma chamada ao arrependimento, temos de concluir que a igreja de Laodicéia não está totalmente sem esperanças de recuperação. As palavras fortes são para sacudir a igreja da sua indiferença espiritual. 17. Pois dizes: Estou rico e abastado, e não preciso de coisa alguma. A igreja se orgulhava de ser saudável e próspera. Literalmente o texto diz: "Estou rico, e adquiri riquezas". Além de se orgulhar do seu suposto bem-estar espiritual, a igreja se orgulhava de ter conseguido sua riqueza com esforço próprio. Acomodação espiritual estava acompanhada de orgulho espiritual. Sem dúvida, parte do problema da igreja era sua incapacidade de distinguir entre prosperidade material e espiritual. Uma igreja que está prosperando materialmente, externamente, facilmente pode cair no engano de que a prosperidade exterior é a medida de sua prosperidade espiritual. Nem sabes que tu és infeliz, sim, miserável, pobre, cego e nu. Esta é a condição espiritual real da igreja. Na realidade ela é um mendigo cego, sem recursos, vestido de trapos. A palavra traduzida por "nu" pode significar insuficientemente trajado. 18. Compra de mim ouro refinado pelo fogo não quer dizer, é claro, que podemos comprar bênçãos espirituais com dinheiro; a linguagem é metafórica. O profeta chamou os famintos e sedentos para comprar vinho e leite sem dinheiro e sem preço (Is 55:1). Jesus retratou o Reino do Céu como um tesouro enterrado em um campo que um homem comprou, e como uma pérola de grande valor que um comerciante comprou com dinheiro (Mt 13:44-45). Isto são comparações que descrevem o valor inestimável das bênçãos do Reino do Céu. Neste versículo Cristo está exortando a igreja que procure as verdadeiras riquezas — ouro refinado pelo fogo, que não perde o brilho. Vestiduras brancas para te vestires. A igreja é exortada a cobrir sua nudez com vestimentas de pureza e sinceridade. Colírio para ungires os teus olhos, a fim de que vejas. Este apelo é muito importante por Laodicéia ser centro médico e fabricar o "pó frígio", usado para fazer colírio. Os médicos frígios talvez ajudassem as pessoas em sua cegueira física; mas somente Cristo pode curar os olhos dos que são cegos espiritualmente. O equilíbrio da construção dos versículos 17 e l8 é óbvio: Cristo exorta a igreja a adquirir ouro para sua pobreza, vestimentas brancas para sua nudez e colírio para sua cegueira. 19. Eu repreendo e disciplino a quantos amo. As palavras ásperas com que Cristo descreveu a triste condição dos laodicenses não significam que ele os ama menos do que a outros. Sua atitude em relação à igreja não era punitiva, mas disciplinadora e corretiva. "Porque o Senhor corrige a quem ama, e açoita a todo filho a quem recebe" (Hb 12:6). Sê, pois, zeloso, e arrepende-te. Apesar de a ameaça de cuspir os cristãos mornos a ponto de dar náuseas (v. 16) soar como um julgamento final, este apelo mostra que ainda há esperança. Se os laodicenses tratarem seus olhos com o colírio que Cristo oferece, sendo então capazes de reconhecerem seu estado de pobreza e cegueira, então não será tarde demais para substituir a indiferença por zelo, arrependendo-se. 20. Eis que estou à porta, e bato. O significado destas palavras já foi muito discutido. Muitos comentadores acham que o sentido é escatológico, indicando para a promessa da iminente volta do Senhor. É verdade que a metáfora do Cristo que está à porta é um conceito escatológico familiar (Mc 13:29; Mt 24:33; Lc 12:36; Tg 5:9). Também é verdade que a idéia do banquete messiânico muitas vezes é usada como símbolo da comunhão no Reino de Deus (Lc 14:15; 22:29ss.; Mt 8:11; 22:1-4; 26:29; Ap 19:9). O presente contexto, no entanto, é diferente. Nas passagens citadas Cristo está reunindo seu povo ao redor das bênçãos do Reino messiânico; aqui o contexto é de chamada ao arrependimento. Por esta razão devemos preferir a interpretação que vê Cristo chamando os membros de uma igreja sem vida e complacente quanto à vida espiritual. Mesmo estando a igreja em um estado triste e deplorável, Cristo ainda está à porta do coração de cada indivíduo procurando entrada. O arrependimento do versículo 19 é completado pelo deixar Cristo entrar na vida. Se alguém ouvir a minha voz, e abrir aporta. Mesmo se chamando de cristãos e constituindo formalmente uma congregação cristã, na verdade os laodicenses eram espiritualmente nus, pobres, e cegos, e, como qualquer outro novo convertido, precisavam responder ao chamado de Cristo e abrir sua vida para que ele pudesse entrar. Entrarei em sua casa, e cearei com ele e ele comigo. Cristo tinha feito esta promessa: "Se alguém me ama... viremos para ele e faremos nele morada" (Jo 14:23). Uma refeição em conjunto tinha muito mais significado no antigo mundo judaico do que tem hoje em dia. Era um símbolo de afeição, confiança, intimidade. Os fariseus criticavam Jesus não só por se reunir com publicanos e pecadores, mas por comer com eles (Lc 15:2). Os cristãos de Jerusalém criticaram Pedro não por pregar o evangelho aos gentios, mas por comer com eles (At 11:3). De modo que o versículo que temos à frente contém uma promessa de comunhão a mais íntima possível. 21. Jesus promete ao vencedor que ele sentará comigo no meu trono, assim como também eu venci, e me sentei com meu Pai no seu trono. Está claro que isto é uma metáfora que descreve a vitória final dos santos. Na primeira visão que João teve, Cristo estava parado em meio aos candeeiros (1:13). Na visão da sala do trono celestial, ele é retratado como um cordeiro que está diante do trono de Deus (5:6). Aqui a vitória de Cristo é descrita em termos de entronização, com seu Pai, no trono do Pai. Geralmente o Novo Testamento diz que Cristo está entronizado à direita do Pai (At 2:34; Rm 8:34; Ef 1:20; Cl 3:1, Hb 1:3; 7:1; 10:12; 12:2; 1 Pe 3:22). O lado direito é a posição de maior honra possível. Não há maior significado na diferença entre ser entronizado à direita de Deus e estar com ele no mesmo trono, como neste versículo; ambos têm a mesma idéia teológica. O que importa de fato é que Cristo já está entronizado. Seu reino messiânico não é algo que começa com sua segunda vinda, mas já começou, apesar de ser visível somente aos olhos da fé. Isto é o que Pedro disse quando anunciou a ascensão de Cristo que seguiu à ressurreição: "A este Jesus que vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo" (At 2:36). Senhor e Cristo (Messias) são termos sinônimos com o mesmo conteúdo teológico. Deus lhe deu o nome que está acima de todo nome — Senhor — por ter ele sido obediente até em sofrimento e morte (Fp 2:9-11). Na verdade o mundo não reconhece seu senhorio e seu reino celestial, e os poderes demoníacos ainda têm permissão para atuar através das autoridades pagãs para afligir e perseguir ferozmente o povo de Deus. Aqui há uma mensagem para toda igreja que sofre perseguição: sua situação aflitiva é somente temporária; muito embora pareça que a experiência humana o contradiz, Cristo já está entronizado como Senhor e Rei; seu governo real em breve porá todos os seus inimigos sob seus pés (1 Co 15:25). Ao vencedor é dada a certeza de que ele participará deste reino quando este for estabelecido integralmente. Não está bem claro como isto acontecerá, provavelmente durante o milênio. A promessa, no entanto, não está limitada ao milênio, porque no novo sistema da época que se aproxima "eles reinarão pelos séculos dos séculos" (22:5). Não há necessidade de limitar esta promessa aos mártires, como fazem alguns comentadores. Em cada uma das sete cartas a promessa ao vencedor está dirigida a todos os discípulos de Cristo, na expectativa de que todos os discípulos fiéis hão de vencer. Bibliografia G. Ladd Carta à Igreja de Laodicéia (3.14-22) Destinatário (3.14a) A KJV (King James Version) traduz aqui: "à igreja dos Laodicenses". Essa tradução tem provocado uma série de comentários e interpretações. Mas ela praticamente não tem apoio dos manuscritos gregos. A tradução correta é: "à igreja que está em Laodicéia". Ela é similar em forma com os destinatários das outras igrejas. Laodicéia distava cerca de 60 quilômetros a sudeste de Filadélfia. Ela se localizava junto ao rio Licos, 10 quilômetros ao sul de Hierápolis e 16 quilômetros a oeste de Colossos. Fundada por Antíoco II (267-246 a.C), essa cidade foi chamada de Laodicéia em homenagem à sua esposa, Laodice. Visto que estava localizada na junção de três estradas importantes, tornou-se uma grande cidade comercial e administrativa. O fato de ser um centro financeiro, a tornou tão próspera que foi capaz de reconstruir-se depois do grande terremoto em 60 d.C. sem o subsídio imperial. Ela também era conhecida pela fabricação de roupas e tapetes de uma lã preta, brilhante e macia. Laodicéia também era famosa por causa da sua renomada escola de medicina. A igreja de Laodicéia já existia quando Paulo estava preso em Roma. Ele escreveu uma carta a ela (cf. Cl 4.16) que evidentemente se perdeu. A cidade foi conquistada pelos turcos. No lugar existe hoje uma série de ruínas, ainda não escavadas. Autor (3.146) Jesus aqui se identifica como o Amém. Isso pode ser um eco de Isaías 65.16, em que encontramos no hebraico: "o Deus do Amém" (ou "o Deus da verdade"). A palavra foi traduzida do hebraico para o grego e, tempos depois, para o inglês e outras línguas modernas. Hoje, entre os cristãos de todos os países e línguas ouvimos o mesmo "Amém!". Provavelmente há uma conexão próxima entre o uso freqüente desse termo por Jesus como está relatado nos Evangelhos. Essa palavra aparece 51 vezes nos Sinóticos e 50 vezes no Evangelho de João. Ela é traduzida como "na verdade" (sempre duplo em João) na frase: "Na verdade vos digo". O autor mais adiante se descreve como a testemunha fiel e verdadeira. Isso provavelmente é sinônimo de o Amém, que é colocado aqui "porque essa é a última das sete epístolas, para que possa confirmar o todo". O terceiro item na descrição é: o princípio da criação de Deus. Mestres heréticos têm se aproveitado dessa frase como prova de que Cristo não era eterno. Mas em Colossenses, em que Ele é designado "o primogênito de toda a criação" (1.15), é mencionado logo em seguida: "porque nele foram criadas todas as coisas [...] E ele é antes de todas as coisas" (1.16-17). Além disso, em seu Evangelho, João diz acerca do Logos: "Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez" (Jo 1.3). A frase aqui deve ser interpretada à luz dessas outras passagens. Ela significa "a origem (ou 'fonte original') da criação de Deus". Aprovação (3.15-17) No caso da igreja de Laodicéia não há palavras de aprovação ou recomendação. E um fato impressionante que não se diga nada aqui acerca dos nicolaítas ou qualquer outro grupo herético. Pelo que tudo indica, a igreja era ortodoxa. Mas era uma ortodoxia morta. O que estava errado com a igreja de Laodicéia não era um problema da cabeça, mas um problema do coração. Isso era muito mais sério. A essa igreja o Senhor disse: Eu sei as tuas obras, que nem és frio nem quente. Tomara que foras frio ou quente (15). A palavra grega para frio (psychros) é usada somente nos versículos 15-16 e em Mateus 10.42 — "um copo de água fria". Quente é zestos (somente nos w. 15-16 no NT). Essa palavra significa "quente a ponto de ferver", assim frio aqui provavelmente significa "frio a ponto de congelar". A igreja não era nem friamente indiferente nem fervorosa no espírito (cf. Rm 12.11). A reação do Cabeça da Igreja é expressa com palavras fortes: Assim, porque és morno e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da minha boca (16). Alguns alimentos são gostosos somente quando estão frios, outros somente quando estão quentes. Alguns alimentos são gostosos tanto frios quanto quentes. A maioria das pessoas gosta de suco gelado e café ou chá quente; mas quem gosta de uma bebida morna? As palavras gregas para morno e vomitar (esta é emeo, no grego) são encontradas somente aqui no Novo Testamento. A pior coisa a respeito da condição dessa igreja era sua autocomplacência: Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta (17). A igreja evidentemente refletia o comportamento da comunidade. Enriquecido significa literalmente: "acumulei riquezas" (mesma raiz de rico na frase anterior); em outras palavras: "Obtive minha riqueza com meu próprio esforço". A primeira frase expressa autosatisfação; a segunda, orgulho. Não existe um exemplo mais triste de orgulho insensível do que o que é exibido na declaração: de nada tenho falta. Que contraste com a humildade realista expressa nas palavras do hino "Preciso de Ti a toda hora". Esse é o verdadeiro espírito cristão de dependência. A avaliação de Cristo acerca dessa igreja era bem diferente da avaliação que essa igreja fez dela mesma. Ele disse: e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu. O grego é consideravelmente mais vivido: "e não sabes que thou (enfático no gr. — tu que tens te vangloriado) és o desgraçado, e desprezível, e pobre, e cego e nu". Desgraçado é encontrado somente aqui e em Romanos 7.24 (no texto grego): "Miserável homem que eu sou! Quem me livrará do corpo desta morte?". Miserável ocorre somente aqui e em 1 Coríntios 15.19: "Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens". Swete resume o restante do versículo da seguinte forma: "Os três adjetivos seguintes relatam os motivos para a comiseração; um pedinte cego [...] escassamente vestido (cf. Jo 21.7) não era mais merecedor de compaixão do que essa igreja rica e presunçosa". Pobre [...] cego [...] nu devem ser entendidos metaforicamente, descrevendo a condição espiritual da igreja. No entanto, pode haver uma alusão indireta aos recursos ostentosos da cidade onde estavam localizados. A igreja era pobre em um centro financeiro opulento, cego em uma comunidade que tinha uma excelente escola de medicina, e nu em um lugar famoso pela fabricação de roupas feitas de uma lã de alta qualidade. É possível que a Igreja dos nossos dias prospere exteriormente no meio de prosperidade material, e mesmo assim seja pobre, cega e espiritualmente nu. Exortação (3.18-20) A essa igreja opulenta, que "não tinha falta de nada", Jesus disse: aconselho-te que de mim compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças (18). O termo compres é um eco de Isaías 55.1: "vinde, comprai e comei; sim, vinde e comprai, sem dinheiro e sem preço, vinho e leite". Essa é a única maneira de comprarmos de Deus. De mim é enfático. Essas coisas necessárias podem ser adquiridas somente de Cristo. Provado no fogo ou "refinado no fogo", isto é, purificado pelo fogo. A mesma forma verbal ocorre na Septuaginta em Salmos 18.30 — "a palavra do Senhor é provada". Em Provérbios 30.5, lemos "pura" — "Toda palavra de Deus é pura". Assim, aqui significa que esse ouro é puro e genuíno. Além disso, a igreja precisava de vestes brancas, para que te vistas, e não apareça a vergonha da tua nudez. A roupa branca e pura estava em contraste com a lã preta, pela qual Laodicéia era famosa. Em terceiro lugar, Jesus aconselhou a igreja para que unjas os olhos com colírio, para que vejas. Acerca desse remédio, Charles diz: "Em nosso texto refere-se ao famoso pó da Frígia usado pela escola de medicina de Laodicéia". Não se deve deixar de notar que as três partes do versículo 18 correspondem aos últimos três adjetivos do versículo 17: "pobre", "nu", "cego". A igreja de Laodicéia achava que não precisava de nada. Na verdade, ela sentia falta das necessidades mais básicas da vida espiritual. Nesse versículo, vemos "O que é o Evangelho": 1) Riqueza divina para nossa pobreza espiritual; 2) Veste branca de justiça para nossa pecaminosidade; 3) Visão espiritual para nossa cegueira. A exortação continua: Eu repreendo e castigo a todos quantos amo; sê, pois, zeloso e arrependete (19). O castigo é um sinal do cuidado amoroso de Deus como nosso Pai celestial (cf. Hb 12.5-11). É interessante que o verbo amo aqui não é o costumeiro agapao, mas phileo, que introduz um toque meigo e sentimental — para a igreja que menos o merecia! Repreendo é "declarar culpado". Castigo é literalmente "educar uma criança". Tudo isso mostra a compaixão de Cristo em lidar com essa igreja como uma criança geniosa que precisava do amor e disciplina do Pai. Swete observa: "Talvez a condição deplorável da igreja de Laodicéia era devida à falta de correção; não há nenhuma palavra de quaisquer provas até aqui sofridas por essa igreja". Essa igreja tinha falta de "tempero" (veja comentários acerca de "quente", v. 15). Ela carecia de zelo. Assim, o Senhor disse: sê, pois, zeloso (imperativo presente, sê constantemente zeloso). Arrepende-te está no aoristo, requerendo uma ação imediata em uma decisão crucial. Pode parecer estranho que sê [...] zeloso preceda arrepende-te. Plumptre observa: "A raiz da maldade da igreja de Laodicéia e seus representantes era sua indiferença e mornidão, a ausência de qualquer zelo, de qualquer seriedade. E o primeiro passo, portanto, para coisas mais elevadas era passar para um estado em que esses elementos de vida não mais seriam manifestos pela sua ausência". A esse chamado para arrependimento "Cristo acrescenta a mensagem mais terna encontrada nessas cartas": Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e com ele cearei, e ele, comigo (20). Esse é um dos mais importantes textos do evangelho no Novo Testamento e deveria ser citado freqüentemente na evangelização pública e na abordagem pessoal. Por esse motivo, esse versículo deveria ser memorizado por todo cristão e ganhador de almas. A simplicidade do evangelho é expressa de maneira singular nessa passagem. Cristo está parado à porta do coração de cada pecador, batendo e esperando para entrar. Ele não vai demolir a porta e forçar a entrada, porque nos criou com vontade própria e não violará esse aspecto. Mas se o pecador abrir a porta, o que só ele pode fazer, o Salvador promete entrar. A grande tela de Holman Hunt, "A Luz do Mundo", é a evangelização tornada visual. A idéia de "cear" é de comunhão, e mais especificamente de uma comunhão sem pressa ao redor da mesa do jantar, quando a agitação do dia passou. O pensamento é expresso belamente pela NEB: "e sentar para jantar com ele". Esse aspecto também antevê o banquete eterno com Cristo. A comunhão é dupla. G. Campbell Morgan a descreve da seguinte forma: "Primeiro, serei seu Convidado, 'Eu cearei com ele'. Ele será o meu convidado, 'e ele comigo'. Sentarei à mesa que o seu amor prove e satisfarei o meu coração. Ele sentará à mesa que o meu amor provera e satisfará o seu coração". Recompensa (3.21) A promessa final é: Ao que vencer, lhe concederei que se assente comigo no meu trono, assim como eu venci e me assentei com meu Pai no seu trono. Esse é um eco e extensão da promessa que Jesus fez aos seus doze apóstolos em Mateus 19.28 e Lucas 22.29,30. Jesus venceu todas as tentações e provações na sua vida na terra e recebeu sua recompensa. Para aqueles que o seguem plena e fielmente até o fim, uma recompensa igual o estará aguardando. Essa promessa obviamente antecipa a vida futura. Convite (3.22) Mais uma vez os ouvintes dessas cartas são admoestados a ouvir o que o Espírito diz às igrejas. Todas as sete mensagens estão repletas de advertências e exortações salutares para os cristãos de hoje. Faríamos bem se prestássemos atenção a elas. Bibliografia R. Earle Fonte: http://www.ebdareiabranca.com/homeebd.html http://www.ebdareiabranca.com/2011/3trimestre/sumario.htm