MR: Aporte de las Ciencias Básicas y de Diagnóstico
Transcrição
MR: Aporte de las Ciencias Básicas y de Diagnóstico
Aportes de las ciencias básicas y de diagnóstico Dr. Manuel Alvarez Presidente Es con verdadero placer que les doy la bienvenida a todos ustedes. Este Simposio virtual sobre la Enfermedad de Chagas, la cual sigue siendo un importante problema de nuestro Continente, tiene como fin la presentación de distintos trabajos especialmente elegidos, que nos ayudarán en la actualización del Diagnóstico de dicha enfermedad. El estudio de las Ciencias Básicas del Trypanosoma cruzi , es de prioridad nacional y debería seguir si éndolo, as í como en todos los pa íses de Latinoamérica, que sufren esta endemia. La Enfermedad de Chagas (Trypanosomiasis Americana) constituye un gran problema biomédico social en el continente americano. Es una de las parasitosis de mayor morbilidad entre sus habitantes, especialmente en aquellos de bajo nivel económico que viven en las áreas rurales sometidas a temperaturas extremas y cuyas viviendas posibilitan el albergue del insecto transmisor de la infecci ón, ya que en zonas urbanizadas el control de la transmisión vertical, transfucional y/o inmunosuprimidos, está debidamente normatizado. Es por todas estas razones que este Simposio Virtual será de gran ayuda para el intercambio de opiniones entre profesionales de distintos países de nuestro continente, y nos dará a todos una perspectiva m ás actualizada de los avances y aportes que se desarrollan en cada región. Quisiera agradecer a todos los autores por enviar sus trabajos, como así también a las autoridades del Simposio por hacer efectivo el mismo. Dr. Manuel Alvarez Director Técnico Asistente - Instituto Nacional de Parasitología - "Dr. Mario Fatala Chab én" Tope Relatos Papel das citocinas proinflamatorias e do tipo T1 (Interferon-gama e TNF alfa) na Patogenia da Cardiopatia Chagasica Cronica humana. Dr. Edecio Cunha-Neto y cols Expressão imunohistoquímica de moléculas de adesão e antígenos de histocompatibilidade na miocardite chagásica crônica. Dr. Luiz Alberto Benvenuti Diagnostico anatomopatologico da doença de Chagas. Dr. Edison Reis Lopes Niveles plasmaticos de CK y receptores solubles en la infeccion chagasica humana y experimental. Drs. Beatriz Basso, Liliana Cervetta y Edgardo Moretti Tope Papel das Citocinas proinflamatórias e do tipo T1 (Interferon-gama e TNF-alfa) na Patogenia da Cardiopatia Chagásica Crônica humana Edecio Cunha-Neto*, Renata C. Ferreira*, Lúcia Abel*, Jorge Kalil*# *Laboratório de Imunologia, Instituto do Coração (InCor), Hospital das Clínicas Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo #Disciplina de Imunologia Clínica e Alergia, Departamento de Clínica Médica Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo Introdução A patogênese da cardiomiopatia chagásica crônica (CCC) ainda é assunto de intenso debate, pois não são conhecidos os fatores de susceptibilidade ou "pontos-chave", que levam 30% dos indivíduos a desenvolver a CCC após a infecção pelo Trypanosoma cruzi enquanto que os restantes 70% permanecem na forma indeterminada (IND), sem dano cardíaco clinicamente significativo. A principal característica do tecido cardíaco na CCC é uma miocardite difusa, incluindo a destruição das fibras cardíacas e substituição por fibrose cicatricial, associada a um considerável infiltrado inflamatório difuso, composto por linf ócitos T e macrófagos, num processo que lembra a reaçã o de hipersensibilidade retardada. Estas células inflamatórias têm sido implicadas como os efetores da destruiçã o do tecido cardíaco, na aparente ausência do T. cruzi . Utilizando-se t écnicas ultra-sensíveis, como o PCR (1) e a imuno-histoquímica (2), encontram-se indícios da presença do T. cruzi no coração de pacientes com CCC; entretanto, tais indícios também s ão encontrados no coração de chagásicos portadores da forma indeterminada (3;4). No coração de pacientes da forma indeterminada, sem sintomas cardíacos, identifica-se uma miocardite focal (5) onde a inflamação é bem menos intensa e pode estar associada com restos parcialmente destruídos do parasita (6). Além disso, em pacientes CCC ou IND, outros órgãos são parasitados pelo T. cruzi de forma análoga ao coração (7-9), sem apresentarem sinais de destruição ou dano funcional. Em conjunto, estes dados sugerem que a simples presença do T. cruzi não é suficiente para a indução da miocardite difusa e da destruição do tecido cardíaco. Há algumas décadas, foi postulada a hipótese auto-imune da patogênese da CCC, onde a agressão ao tecido cardíaco na CCC na ausência do T. cruzi in situ seria consequência de uma resposta imunológica contra algum antígeno do T. cruzi , que apresentasse reação cruzada imunológica com um componente cardíaco. A favor dessa hipótese, Ribeiro-dos -Santos et al. demonstraram que linf ócitos T CD4+, ou auxiliadores, de camundongos cronicamente infectados com T. cruzi podem transferir a inflamação cardíaca para camundongos não-infectados (10). Também foi observado que tanto anticorpos do soro (11) quanto linfócitos T CD4+ (12) de camundongos infectados reconhecem a miosina cardíaca, a proteína mais abundante do coração (Resultados revisados em (13)). Recentemente, nosso grupo demonstrou a presença de reação cruzada imunológica entre antígenos cardíacos e do T. cruzi . Tanto linfócitos T obtidos de biópsia endomiocárdica de paciente CCC (14) como do sangue periférico (15) e anticorpos (16) reconheceram cruzadamente a miosina cardíaca, e uma proteína recombinante de T. cruzi chamada B13 (17-19). Entretanto, pouco se sabe sobre o perfil de citocinas - os mediadores respons áveis pela inflamação e efetuação imunológica - produzidas pelos linf ócitos infiltrantes do tecido card íaco, e mesmo dos linfócitos do sangue periférico desses pacientes. Animais infectados com o T.cruzi apresentam na fase aguda da infecção um perfil de citocinas proinflamatórias, como a Interleucina-12 (IL-12) induzida pelo parasita, e citocinas geradas em sua presença, como o Interferon -gama (IFN-gama) e do o Fator de Necrose Tumoral-alfa (TNF-alfa) (Revisão em (20)). O envolvimento das citocinas inflamatórias na patog ênese da cardiopatia chagásica crônica é notório. O TNF-alfa foi identificado proeminentemente no tecido cardíaco de cardiopatas chagásicos em estudos de imuno-histoquímica (21;22). O aumento do TNF-alfa plasmático tem sido associado à presença da cardiomiopatia, especialmente na forma dilatada (23;24). Esta apresenta características muito semelhantes com a doença cardíaca causada pelo T. cruzi . Os pacientes com doença de Chagas, quando comparados com pacientes com cardiomiopatia dilatada de outras etiologias, evoluem para um prognóstico pior em um curto período de tempo (25). Em função do conhecido efeito inotrópico negativo do TNF-alfa e da sua capacidade de induzir cardiomiopatia dilatada em animais experimentais (26) e em seres humanos(27) e da detecção de níveis elevados de TNF-alfa no tecido cardíaco e no sangue circulante de pacientes com insuficiência cardíaca (23;24;28), focalizamos o estudo na quantificação do próprio TNF-alfa e do Interferon-gama, sendo esta última capaz de induzir a produção do TNF-alfa. Estudamos a produção de citocinas por linfócitos do tecido cardíaco de pacientes CCC e em células do sangue periférico entre cardiopatas chagásicos, portadores da forma indeterminada (sem qualquer sinal de cardiopatia e isentos de sintomas digestivos IND) e controles normais (N), com o objetivo de identificar uma possível associação entre a produção de tais citocinas e a CCC. Todos os pacientes inclu ídos neste estudo foram acompanhados pelos Drs. Barbara Ianni, Charles Mady, Edimar Bocchi e Fernando Bacal, do Instituto do Coração, Hospital das Clínicas-Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Resultados e discussão O envolvimento das citocinas inflamatórias na patogênese da cardiopatia chagásica crônica é notório. Formas tripomastigotas de T. cruzi aumentavam significativamente a produção de IL-12 por células mononucleares de sangue periférico (CMSP) de indivíduos normais (Fig.1), provavelmente devido à habilidade das glicoproteínas do tipo mucina de tripomastigotas induzirem a produção desta citocina (Dados não mostrados e ref.(29)). A análise da produ ção de citocinas pelas CMSP de chagásicos e controles normais em resposta à prote ína B13 e à PHA (fitoemaglutinina) indicou um desvio para um perfil de citocinas do tipo T1, com altos níveis de IFN -gama e supressão recíproca de IL-4 em pacientes chagásicos, tanto CCC quanto IND (Fig.2). Quando analisamos a produção de IFN-gama pelas CMSP dos mesmos pacientes, agora classificados como altos (³ 1 ng/ml) ou baixos (<1 ng/ml) produtores da citocina, o número de altos produtores em resposta ao antígeno B13 do T. cruzi foi três vezes maior entre os cardiopatas chagásicos do que entre os portadores da forma indeterminada da Doença de Chagas (53% vs 15%, P=0.06; Fig. 3). Em resposta à PHA, o número de altos produtores foi duas vezes maior entre os cardiopatas chagásicos do que entre os portadores da forma indeterminada da Doença de Chagas (68% vs 31%, P=0.07; Fig. 3). Este resultado sugere que os pacientes cardiopatas chagásicos apresentam uma capacidade de montar uma resposta com IFN-gama (T1) mais intensa do que os pacientes portadores da forma indeterminada. A freqüência de células produtoras de IFN-gama após estímulo com PHA foi significativamente maior em CMSP de pacientes cardiopatas chagásicos do que portadores da forma indeterminada (P=0.05) ou indivíduos normais (P=0.005; Fig. 4). Este resultado sugere a existência de um n úmero aumentado de linfocitos T secretores de IFN -gama (tipo T1) no sangue periférico de pacientes cardiopatas chagásicos. Considerando a existência de um importante infiltrado inflamat ório no tecido cardíaco de cardiopatas chagásicos, passamos a estudar a produção de citocinas por linhagens de linfócitos T obtidas de biópsias endomiocárdicas de 10 pacientes cardiopatas chagásicos obtidas como descrito (14). IFN-gama e o TNF-alfa foram produzidos por 9/10 e 8/10 linhagens após estímulo por PHA, respectivamente, enquanto que IL-2 and IL -10 foram produzidas por 4/10 e 3/10 linhagens, respectivamente; IL-1a, IL-1b, IL-4, IL-6 e IL-12 não foram detectadas (Fig. 5). A produção predominante de IFN -gama e TNF-alfa pelas células do infiltrado inflamat ório de cardiopatas chagásicos pode ser a consequ ência de da migração de linfócitos T tipo T1 observados no sangue periférico (Figs.1-4). Tais linfócitos podem ter sido gerados na periferia ap ós a interação com macrófagos que, ao endocitar o T. cruzi , passsaram a expressar a molécula coestimulat ória B7 (30) e produzir IL-12 (29), um fenômeno que provavelmente acontece ao longo da infec ção crônica de baixo grau pelo T. cruzi . O perfil de produção de citocinas do tipo proinflamatório/T1 pelas células infiltrantes da les ão cardíaca na CCC é consistente com um mecanismo de destruiçã o tecidual por hipersensibilidade retardada. Tendo em vista os resultados indicando a produção significativa de TNF-alfa por células infiltrantes da lesão card íaca (Fig.5 e (21))(22) e a observa ção de altos níveis plasm áticos de TNF-alfa entre pacientes portadores de insufici ência cardíaca (23;24), estudamos os níveis plasm áticos de TNF-alfa entre chagásicos indeterminados ou portadores de diferentes graus de cardiomiopatia, pacientes portadores de cardiomiopatia dilatada idiopática e controles normais. Os valores médios de TNF-alfa plasm ático entre chagásicos indeterminados, cardiopatas leves e moderados foram semelhantes e cerca de 5 vezes maiores que os controles normais, enquanto que os valores médios entre os cardiopatas chagásicos com disfunção grave encontram-se 2 vezes maiores que aqueles grupos; e semelhantes aos identificados entre os pacientes portadores de cardiomiopatia dilatada idiopática. (Fig 6).O fato de que chagásicos indeterminados chagásicos sem disfunção ventricular já apresentavam níveis médios 5 vezes maiores que os controles sugere que a infecção cr ônica pelo T. cruzi em si é capaz de induzir esse aumento de TNF-alfa plasm ático. Já os pacientes com disfunção ventricular acentuada apresentam aumentos ainda mais intensos nos níveis de TNF-alfa plasm ático, comparáveis aos apresentados pelos portadores de cardiopatia dilatada idiopática, provavelmente em consequência dos mecanismos de baixo débito e translocação bacteriana intestinal aventados anteriormente (31). A observação de que pacientes chagásicos em geral e cardiopatas graves em especial apresentam uma propensão para a produção de citocinas inflamatórias como o IFN-gama e o TNF-alfa pode fornecer um substrato fisiopatológico para a a fibrose e disfunção cardíaca da cardiopatia chagásica crônica. O Interferon-gama, cuja produção é aumentada pela IL-12 secretada por macrófagos em resposta à infecção crônica pelo T. cruzi , é capaz de iniciar uma reação inflamatória do tipo hipersensibilidade retardada, que culmina em fibrose tecidual, que é abundante e encontra-se correlacionada com a disfunção cardíaca na cardiopatia chagásica crônica, e induz a produção do TNF-alfa por macrófagos teciduais, com seus conhecidos efeitos inotrópico negativo e indutor de cardiomiopatia em animais (26) e no homem (27). Assim, nossos dados permitem lançar a hipótese de que pacientes com maior predisposi ção a produção de citocinas inflamatórias podem ter maior predisposiçã o a evoluir para a cardiopatia chagásica ap ós a infec ção. Por outro lado, é possível imaginar o uso de terapias inibidoras da síntese e ação de citocinas em pacientes com cardiopatia chagásica crônica instalada, a exemplo de estudos com a cardiopatia dilatada idiopática (32). Figura 1. O Trypanosoma cruzi é capaz de induzir a produção de Interleucina -12 por c élulas mononucleares do sangue periférico humano. Produção de IL-12 (Média +SE) induzida por T. cruzi em CMSP humanas. CMSP de indivíduos normais,soronegativos, foram isoladas atraves de separação por gradiente de densidade (Ficoll-Hypaque) e cultivadas (5x105 /poço), na presença ou ausência de formas tripomastigotas vivas de T. cruzi ( 10.000/poço) por 48 horas. A dosagem da citocina IL-12 foi realizada com metodologia "sandwich ELISA" com anticorpos monoclonais e padrões R&D. Figura 2. Células mononucleares de sangue periférico de chagásicos estimuladas com prote ína B13 apresentam desvio para produção de citocinas T1 (Interferon -gama) e supressão de citocinas T2 (IL-4) em comparação a controles normais. *Níveis médios citocinas produzidas por 32 pacientes Chagásicos e 15 controles normais. Teste de estimulação in vitro com células mononucleares (500.000/poço) estimuladas pela proteína B13 (5 ug/ml) por 48h. A dosagem de citocinas foi realizada com metodologia "sandwich ELISA" com anticorpos monoclonais e padrões Endogen e R&D. *IFN-gama, Chagásicos x Normais, P<0.01 **IL-4, Normais x Chagásicos, P<0.05 Figura 3. Pacientes portadores de CCC apresentam maior frequência de altos produtores de IFN-gama do que chagásicos indeterminados ou controles normais, em resposta a prote ína B13 ou mitógeno PHA. Número de pacientes produzindo altos (³ 1 ng/ml) ou baixos (<1 ng/ml) níveis de IFN-gama em cada um dos grupos clínicos (19 pacientes cardiopatas chagásicos, 13 chagásicos Indeterminados e 15 controles normais). Teste de estimulação in vitro com células mononucleares (500.000/poço) estimuladas pela proteína B13 ou PHA (5 ug/ml) por 48h. A dosagem de citocinas foi realizada com metodologia "sandwich ELISA" com anticorpos monoclonais e padrões Endogen e R&D. *B13: CCC x IND, P=0.06 ** PHA: CCC x IND, P=0.07 n Figura 4. Pacientes portadores de CCC apresentam maior n úmero de c élulas produtoras de IFN-gama no sangue periférico do que chagásicos indeterminados ou controles normais, em resposta ao mitógeno PHA. Enumeração de células produtoras de IFN -gama no sangue periférico. 50.000 CMSP são incubadas com PHA por 72h em placas Millititer previamente sensibilizadas com anticorpo anti-IFN gama. A quantificação é realizada atrav és da t écnica ELISPOT com anticorpos Endogen e com o uso de um microscópio de dissecção ( aumento 32x). * P < 0.05, CCC vs. IND P < 0.005, CCC vs. N Figura 5. Produ ção de citocinas por linhagens de linf ócitos T obtidos de biópsias endomiocárdicas de 10 pacientes cardiopatas chagásicos após estímulo com PHA. Fragmentos de biópsias endomiocárdicas foram colocados em cultura com 20U/ml Interleucina 2 para crescimento dos linfócitos T. A popula ção de linfoblastos foi amplificada até 95-99% CD3+. As linhagens dos 10 pacientes (p1-p10) foram estimuladas com PHA (5 ug/ml) em presença de celulas mononucleares irradiadas e as citocinas secretadas no sobrenadante de cultura foram quantificadas após 48h com metodologia "sandwich ELISA". Figura 6. Níveis médios de TNF-alfa em chagásicos indeterminados, portadores de cardiopatia chag ásica cr ônica de vários graus de severidade, portadores de cardiopatia dilatada idiop ática e controles normais. Os níveis de TNF-alfa (média +SE) foram detectados em amostras de plasma anticoagulados com EDTA pelo m étodo de "sandwich ELISA", utilizando kit de alta sensibilidade da R&D (limite de detecção=0,5 pg/ml). Classificação pela fração de ejeção (ecocardiografia) entre os pacientes portadores de cardiopatia chagásica crônica: CCC Leve: FE ³ 0,65; CCC Moderada:FE entre 0,4 e 0,65; CCC Grave:FE £ 0,4 * P<0,001 vs N ** P<0,001 vs CCC mod, CCC leve, IND e N Referências 1. Jones,E.M., Colley,D.G., Tostes,S., Lopes,E.R., Vnencak -Jones,C.L., and McCurley,T.L. 1993. Amplification of a Trypanosoma cruzi DNA sequence from inflammatory lesions in human chagasic cardiomyopathy. Am.J.Trop.Med.Hyg. 48:348 -357. 2. Higuchi,M.L., De Brito,T., Reis,M.M., Bellotti,G., Pereira-Barretto,A.C., and Pileggi,F. 1993. Correlation between T. cruzi parasitism and myocardial inflammatory infiltrate in human chronic chagasic myocarditis: light microscopy and immunohistochemical findings. Cardiovascular Pathology 2:101-105. 3. Olivares-Villagomez,D., McCurley,T.L., Vnencak -Jones,C.L., Correa-Oliveira,R., Colley,D.G., and Carter,C.E. 1998. Polymerase chain reaction amplification of three different Trypanosoma cruzi DNA sequences from human chagasic cardiac tissue. Am.J.Trop.Med.Hyg. 59:563-570. 4. Anez,N., Carrasco,H., Parada,H., Crisante,G., Rojas,A., Fuenmayor,C., Gonzalez,N., Percoco,G., Borges,R., Guevara,P. et al. 1999. Myocardial parasite persistence in chronic chagasic patients. Am.J.Trop.Med.Hyg. 60:726-732. 5. Pereira-Barretto, A., Mady,C., Arteaga-Fernandez,E., Stolf,N., Lopes,E.A., Higuchi,M.L., Bellotti,G., and Pileggi,F. 1986. Right ventricular endomyocardial biopsy in chronic Chagas' disease. Am.Heart J. 111:307 -312. 6. Higuchi,M.D., Reis,M.M., Aiello,V.D., Benvenuti,L.A., Gutierrez,P.S., Bellotti,G., and Pileggi,F. 1997. Association of an increase in CD8+ T cells with the presence of Trypanosoma cruzi antigens in chronic, human, chagasic myocarditis. Am.J.Trop.Med.Hyg. 56:485 -489. 7. Chocair, PR, Amato-Neto V, Sabbaga E, and Torrecillas PH. 1985. Aspectos clínico-diagnósticos relativos à fase aguda da doenca de Chagas, em pacientes submetidos a transplante de rim e imunodeprimidos. .Rev Soc Bras Med Tropical 18:43-45. 8. Vazquez,M.C., Riarte,A., Pattin,M., and Lauricella,M. 1993. Chagas' disease can be transmitted through kidney transplantation. Transplant.Proc. 25:3259-3260. 9. da Silva.M., Costa,J.M., Barbosa,J.M., Cabral,F., Fragata,F.A., Correa,E.B., Borges,F.R., and Sousa,J.E. 1994. [Chronic phase of Chagas disease. Clinical aspects and course of the disease]. Arq.Bras.Cardiol. 63:281 -285. 10. dos Santos,R., Rossi,M.A., Laus,J.L., Silva,J.S., Savino,W., and Mengel,J. 1992. Anti -CD4 abrogates rejection and reestablishes longterm tolerance to syngeneic newborn hearts grafted in mice chronically infected with Trypanosoma cruzi. J.Exp.Med. 175:29 -39. 11. Tibbetts,R.S., McCormick,T.S., Rowland,E.C., Miller,S.D., and Engman,D.M. 1994. Cardiac antigen -specific autoantibody production is associated with cardiomyopathy in Trypanosoma cruzi -infected mice. J.Immunol. 152:1493-1499. 12. Rizzo,L.V., Cunha-Neto,E., and Teixeira,A.R. 1989. Autoimmunity in Chagas' disease: specific inhibition of reactivity of CD4+ T cells against myosin in mice chronically infected with Trypanosoma cruzi. Infect.Immun. 57:2640-2644. 13. Kalil,J. and Cunha-Neto,E. 1996. Autoimmunity in Chagas' disease cardiomyopathy: fulfilling the criteria at last ? Parasitol.Today 12:396 399. 14. Cunha-Neto,E., Coelho,V., Guilherme,L., Fiorelli,A., Stolf,N., and Kalil,J. 1996. Autoimmunity in Chagas' disease. Identification of cardiac myosin-B13 Trypanosoma cruzi protein crossreactive T cell clones in heart lesions of a chronic Chagas' cardiomyopathy patient. J.Clin.Invest. 98:1709-1712. 15. Abel,L.C., Kalil,J., and Cunha-Neto,E. 1997. Molecular mimicry between cardiac myosin and Trypanosoma cruzi antigen B13: identification of a B13-driven human T cell clone that recognizes cardiac myosin. Braz.J.Med.Biol.Res. 30:1305-1308. 16. Cunha-Neto,E., Duranti,M., Gruber,A., Zingales,B., De,M.I., Stolf,N., Bellotti,G., Patarroyo,M.E., Pilleggi,F., and Kalil,J. 1995. Autoimmunity in Chagas disease cardiopathy: biological relevance of a cardiac myosin -specific epitope crossreactive to an immunodominant Trypanosoma cruzi antigen. Proc.Natl.Acad.Sci.U.S.A. 92:3541-3545. 17. Gruber,A. and Zingales,B. 1993. Trypanosoma cruzi: characterization of two recombinant antigens with potential application in the diagnosis of Chagas' disease. Exp.Parasitol. 76:1 -12. 18. Buschiazzo,A., Campetella,O.E., Macina,R.A., Salceda,S., Frasch,A.C., and Sanchez,D.O. 1992. Sequence of the gene for a Trypanosoma cruzi protein antigenic during the chronic phase of human Chagas disease. Mol.Biochem.Parasitol.54:125 -128. 19. Hoft,D.F., Kim,K.S., Otsu,K., Moser,D.R., Yost,W.J., Blumin,J.H., Donelson,J.E., and Kirchhoff,L.V. 1989. Trypanosoma cruzi expresses diverse repetitive protein antigens. Infect.Immun. 57:1959-1967. 20. Cunha-Neto,E., Rizzo,L.V., Albuquerque,F., Abel,L., Guilherme,L., Bocchi,E., Bacal,F., Carrara,D., Ianni,B., Mady,C. et al. 1998. Cytokine production profile of heart-infiltrating T cells in Chagas' disease cardiomyopathy. Braz.J.Med.Biol.Res. 31:133 -137. 21. Reis,D.D., Jones,E.M., Tostes,S.J., Lopes,E.R., Gazzinelli,G., Colley,D.G., and McCurley,T.L. 1993. Characterization of inflammatory infiltrates in chronic chagasic myocardial lesions: presence of tumor necrosis factor -alpha+ cells and dominance of granzyme A+, CD8+ lymphocytes. Am.J.Trop.Med.Hyg. 48:637-644. 22. Reis,M.M., Higuchi,M.d., Benvenuti,L.A., Aiello,V.D., Gutierrez,P.S., Bellotti,G., and Pileggi,F. 1997. An in situ quantitative immunohistochemical study of cytokines and IL- 2R+ in chronic human chagasic myocarditis: correlation with the presence of myocardial Trypanosoma cruzi antigens. Clin.Immunol.Immunopathol. 83:165 -172. 23. Levine,B., Kalman,J., Mayer,L., Fillit,H.M., and Packer,M. 1990. Elevated circulating levels of tumor necrosis factor in severe chronic heart failure. N.Engl.J.Med. 323:236-241. 24. Ferrari,R., Bachetti,T., Confortini,R., Opasich,C., Febo,O., Corti,A., Cassani,G., and Visioli,O. 1995. Tumor necrosis factor soluble receptors in patients with various degrees of congestive heart failure [see comments]. Circulation 92:1479-1486. 25. Bestetti,R.B. and Muccillo,G. 1997. Clinical course of Chagas' heart disease: a comparison with dilated cardiomyopathy. Int.J.Cardiol. 60:187-193. 26. Feldman,A.M., Combes,A., Wagner D, Kadakomi S, Kubota,T., Li YY, and McTiernan,C. 2000. The role of tumor necrosis factor in the pathophysiology of Heart Failure. J.Am.Coll.Cardiol. 35:537 -544. 27. Hegewisch,S., Weh,H.J., and Hossfeld,D.K. 1990. TNF-induced cardiomyopathy [letter]. Lancet 335:294-295. 28. Torre-Amione,G., Kapadia,S., Benedict,C., Oral,H., Young,J.B., and Mann,D.L. 1996. Proinflammatory cytokine levels in patients with depressed left ventricular ejection fraction: a report from the Studies of Left Ventricular Dysfunction (SOLVD). J.Am.Coll.Cardiol. 27:12011206. 29. Camargo,M.M., Almeida,I.C., Pereira,M.E., Ferguson,M.A., Travassos,L.R., and Gazzinelli,R.T. 1997. Glycosylphosphatidylinositolanchored mucin-like glycoproteins isolated from Trypanosoma cruzi trypomastigotes initiate the synthesis of proinflammatory cytokines by macrophages. J.Immunol. 158:5890-5901. 30. Frosch,S., Kuntzlin,D., and Fleischer,B. 1997. Infection with Trypanosoma cruzi selectively upregulates B7-2 molecules on macrophages and enhances their costimulatory activity. Infect.Immun. 65:971-977. 31. Muller-Werdan,U., Engelmann,H., and Werdan,K. 1998. Cardiodepression by tumor necrosis factor -alpha. Eur.Cytokine Netw. 9:689691. 32. Sliwa,K., Skudicky,D., Candy,G., Wisenbaugh,T., and Sareli,P. 1998. Randomised investigation of effects of pentoxifylline on leftventricular performance in idiopathic dilated cardiomyopathy. Lancet 351:1091-1093. Endereço para correspondência: Dr Edecio Cunha-Neto Laboratorio de Imunologia, Instituto do Coração (Incor) HC -Fac. Medicina USP Av Dr Eneas de C. Aguiar, 500-3 o andar S ão Paulo, SP 05403-000 Brasil Fax +5511-2829350 email: [email protected] Tope Expressão imunohistoquímica de moléculas de adesão e antígenos de histocompatibilidade na miocardite chagásica crônica Dr. Luiz Alberto Benvenuti Laboratório de Anatomia Patológica do InCor A cardiomiopatia chagásica crônica constitui ainda um importante problema de saúde pública nos países latino-americanos. Ela desenvolve-se em cerca de 20 a 30% dos pacientes infectados pelo Trypanosoma cruzi, geralmente muitos anos ou décadas após o contato com esse agente, podendo apresentar-se com ou sem insuficiência cardíaca. No primeiro grupo os pacientes apresentam cardiomegalia e sinais e sintomas congestivos, secundários ao baixo débito cardíaco. No segundo grupo predominam as arritmias e transtornos da condução cardíaca, com graus variáveis de sintomatologia, não havendo insuficiência cardíaca. Na cardiomiopatia chagásica crônica, o exame microscópico do miocárdio costuma evidenciar miocardite linfocitária, com graus variáveis de intensidade de caso para caso, acompanhada de fibrose e hipertrofia dos cardiomiócitos. Ninhos de amastigotas não costumam ser encontrados. A imunotipagem das células inflamatórias, realizada por técnica imunohistoquímica, tem demonstrado que a grande maioria das células são linfócitos T, e dentre esses predominam os linfócitos T CD8+, havendo uma relação entre o número de linfócitos T CD4+ e o número de linfócitos T CD8+ de cerca de 0,3. Existe ainda considerável controvérsia concernente à patogenia da cardiomiopatia chagásica crônica. Seu desenvolvimento tardio, geralmente muitos anos ou décadas após a infecção inicial e a presença de miocardite linfocitária não relacionada à presença de ninhos parasitários, que conforme já mencionado são muito raros, sempre intrigou os pesquisadores. A teoria imunoalérgica, desenvolvida inicialmente por Margarino Torres a partir do final da década de 20, preconiza a ocorrência de reação de hipersensibilidade aos escassos parasitas presentes no miocárdio, gerando-se então a miocardite linfocitária, que seria a lesão primordial desencadeadora da cardiomiopatia. A partir do final da década de 50 Köberle desenvolve a teoria autonômica, que propõe uma completa reformulação na patogenia da fase crônica da doença. Segundo essa teoria a cardiomiopatia chagásica crônica é fundamentalmente secundária à denervação parasimpática do coração, devida ao parasitismo e destruição neuronal ocorrida na fase aguda da doença, com consequente predomínio do sistema simpático, o que levaria a dilatação e hipertrofia das câmaras cardíacas. Nesse contexto a miocardite linfocitária não seria relevante na cardiomiopatia chagásica crônica. Nos anos 70 iniciou-se o desenvolvimento das teorias de autoimunidade, com os trabalhos de Cossio na área da imunidade humoral e Teixeira na área da imunidade celular. Essas teorias preconizam a ocorrência de reação cruzada entre os cardiomiócitos e o T. cruzi, havendo resposta imunológica inicialmente dirigida contra o parasita porém levando a agressão imunológica do cardiomiócito, devida à presença de antígenos comuns entre os mesmos. Essas teorias ganharam maior impulso a partir dos anos 80, com trabalhos que vieram a identificar antígenos comuns entre os cardiomiócitos e o T. cruzi. O emprego de novas técnicas de pesquisa, particularmente a imunohistoquímica e técnicas de biologia molecular, associadas à possibilidade de estudo de biópsias miocárdicas, veio fornecer novos e importantes dados. A relevância da miocardite linfocitária na patogenia da cardiomiopatia chagásica crônica ficou patente em estudo prévio de nosso grupo, que demonstrou maior incidência e severidade da miocardite em biópsias endomiocárdicas de pacientes apresentando cardiomiopatia chagásica crônica com insuficiência cardíaca, comparada aos casos de cardiomiopatia chagásica crônica sem insuficiência cardíaca (forma arritmogênica) e aos pacientes na forma indeterminada da doença. Recentemente, com o uso de técnicas imunohistoquímicas, foi demonstrada a presença de formas isoladas do parasita, ou mais precisamente de antígenos parasitários, na maioria dos corações de pacientes portadores de cardiomiopatia chagásica crônica, tanto em material de autópsia como de biópsia miocárdica. Além disso, em trabalho prévio foi demonstrado associação entre a inflamação miocárdica (avaliada pelo número de linfócitos T CD8+) e a presença, porém não a quantidade, de antígenos parasitários no miocárdio. Adicionalmente, técnicas de biologia molecular revelaram a presença de DNA parasitário na miocardite chagásica crônica. Esses achados fortaleceram a noção da persistência do parasita no miocárdio na fase crônica da doença, hipótese já aventada préviamente, pondo em dúvida a teoria que explicava a miocardite chagásica crônica como puramente autoimune, situação em que não haveria papel ativo para o parasita na fase crônica. Uma teoria moderna sobre a patogenia da cardiomiopatia chagásica crônica deve levar em consideração todas as descobertas acima relatadas. Uma possibilidade tentadora seria a que atribui à miocardite linfocitária, provável lesão fundamental desencadeadora da cardiopatia chagásica crônica, um componente autoimune desencadeado pela presença “ in loco” do parasita ou antígeno parasitário, num contexto similar à antiga teoria imunoalérgica. Nessa apresentação relatarei os resultados de recente pesquisa de nosso laboratório referente à expressão imunohistoquímica de moléculas de adesão e antígenos de histocompatibilidade na cardiomiopatia chagásica crônica, comparativamente à rejeição aguda celular cardíaca e à cardiomiopatia dilatada idiopática. Escolhemos comparar a miocardite da cardiomiopatia chagásica crônica à rejeição cardíaca celular pois a última, particularmente nos grau moderado e bordeline severo, apresenta características histopatológicas semelhantes à primeira. O infiltrado inflamatório é predominantemente linfocitário, com graus variáveis de intensidade, associado a agressão aos cardiomiócitos. Visto de determinada perspectiva, a rejeição aguda celular pode ser considerada semelhante à miocardite autoimune, pois em ambos processos patológicos o infiltrado inflamatório linfocitário agride os cardiomiócitos, que estão apresentando antígenos recohecidos como não-próprios ao sistema imunológico do paciente. A cardiomiopatia chagásica crônica com dilatação cardíaca tem sido frequentemente citada como modelo para o entendimento da patogênia da cardiomiopatia dilatada idiopática, apesar das sensíveis diferenças morfológicas entre ambas, particularmente no que concerne à miocardite e fibrose. Entretanto, estudos em humanos, utilizando material obtido por biópsia endomiocárdica de pacientes portadores de cardiomiopatia dilatada diagnosticada clinicamente, e utilizando métodos imunohistoquímicos, têm evidenciado a presença de miocardite linfocitária bordeline num pequeno sub-grupo (cerca de 8% dos casos) e evidências de ativação imunológica no miocárdio, com aumento do número de células inflamatórias infiltrantes em cerca de 40% dos casos. Apesar desses resultados sugerirem a participação de fenômenos imunológicos na patogenia da doença, existe ainda considerável controvérsia a respeito da relação causal entre a miocardite linfocitária viral e a cardiomiopatia dilatada. Foram estudadas biópsias endomiocárdicas do ventrículo direito e fragmentos do ventrículo esquerdo de pacientes portadores de cardiomiopatia chagásica crônica, cardiomiopatia dilatada ou submetidos a transplante cardíaco. Os procedimentos que originaram esses fragmentos foram realizados com intuito diagnóstico ou terapêutico, no Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (INCOR), no período compreendido entre 1993 e 1997. Como controle utilizouse fragmentos de aurículas direitas de pacientes portadores de doença isquêmica do coração, submetidos a cirurgia de revascularização do miocárdio. Os fragmentos de tecido foram congelados em isopentano e mantidos em nitrogênio líquido até o uso o ou imediatamente seccionados em criostato, sendo então as lâminas mantidas em congelador a –70 C até o uso. O restante do material foi processado normalmente para o diagnóstico rotineiro. O grupo “ Chagas” constou de 12 casos, selecionados por preencherem os seguintes critérios: 1) paciente portador de doença de Chagas, confirmada por testes sorológicos; 2) paciente com idade igual ou superior a 18 anos; 3) corte histológico da amostra ventricular congelada apresentando cinco ou mais campos de grande aumento - 400X (CGA); 4) amostra apresentando ao exame histopatológico miocardite linfocitária crônica, com contagem de linfócitos T CD8+ por CGA igual ou superior a quatro. O grupo “ transplante cardíaco” constou de nove casos, selecionados por preencherem os seguintes critérios: 1) paciente com idade igual ou superior a 18 anos, não portador de doença de Chagas; 2) paciente submetido a transplante cardíaco há dois ou mais meses da data da obtenção da amostra; 3) corte histológico da amostra ventricular congelada apresentando cinco ou mais CGA; 4) amostra apresentando ao exame histopatológico rejeição aguda celular grau 3A (moderada, multifocal), com contagem de linfócitos T CD8+/CGA igual ou superior a quatro; 5) ausência de rejeição aguda celular de grau 2 (moderada, focal) ou superior, diagnosticada por biópsia endomiocárdica, nos 30 dias anteriores à obtenção da amostra. Todos pacientes deste grupo estavam sendo submetidos a imunosupressão, de acordo com protocolo habitual do INCOR, utilizando-se ciclosporina, corticosteróides e azatioprina. O grupo “ cardiomiopatia dilatada” constou de nove casos, selecionados por preencherem os seguintes critérios: 1) paciente portador de cardiomiopatia dilatada, segundo critérios clínicos; 2) paciente com idade igual ou superior a 18 anos; 3) corte histológico da amostra ventricular congelada apresentando cinco ou mais CGA. Como grupo “ controle” utilizou-se oito amostras coletadas prospectivamente, de casos que preencheram os seguintes critérios: 1) paciente portador de doença isquêmica do coração, submetido a cirurgia de revascularização do miocárdio no INCOR; 2) paciente com idade inferior a 60 anos; 3) possibilidade técnica de colher-se fragmento da aurícula direita durante o ato cirúrgico; 4) amostra auricular apresentando ao exame histopatológico ausência de miocardite linfocitária, com contagem de linfócitos T CD8+/CGA igual ou inferior a dois. As características das amostras selecionadas e dos pacientes dos quatro grupos encontram-se na tabela 1. Tabela 1 - CARACTERÍSTICAS DAS AMOSTRAS SELECIONADAS E DOS PACIENTES CASO B95/1703 B94/1828 B94/1768 B93/1510 B93/595 B93/338 B95/1070 B95/1051 B93/2032 B94/1536 B94/1782 B95/1008 B95/525 B94/2204 B94/1680 B94/1792 B94/1547 B94/2019 B94/1471 B95/1163 B95/690 B95/73 B96/2061 B97/104 B97/772 B97/945 B97/946 B97/955 B97/1017 B97/1458 B96/1122 B96/1141 B96/1175 B96/989 B96/1148 B96/1118 B96/751 GRUPO IDADE SEXO AMOSTRA Chagas 49 M BEM Chagas 39 M BEM Chagas 51 M BEM Chagas 47 F Crioabl. (VE) Chagas 32 M TC (VE) Chagas 30 M TC (VE) Chagas 49 M BEM Chagas 50 M BEM Chagas 55 M. Crioabl. (VD) Chagas 55 M BEM Chagas 50 M BEM Chagas 34 F. BEM TC 47 M BEM TC 48 M BEM TC 40 M BEM TC 49 M BEM TC 28 M BEM TC 53 M BEM TC 42 M BEM TC 48 F BEM TC 50 M BEM CMD 49 F BEM CMD 44 F BEM CMD 20 M BEM CMD 18 M BEM CMD 43 M BEM CMD 36 M BEM CMD 42 M BEM CMD 45 M BEM CMD 26 F BEM Controle 50 M Aur. dir. Controle 59 M Aur. dir. Controle 50 M Aur. dir. Controle 53 M Aur. dir. Controle 50 F Aur. dir. Controle 54 M Aur. dir. Controle 56 M Aur. dir. DIAG. M. discr. M. mod. M. mod. M. mod. M. mod. M. mod. M. mod. M. discr. M. mod. M. mod. M. discr. M. mod. Rej. 3A Rej. 3A Rej. 3A Rej. 3A Rej. 3A Rej. 3A Rej. 3A Rej. 3A Rej. 3A Hipertr. Hipertr. Hipertr. Hipertr. Hipertr. Hipertr. Hipertr. Hipertr. Hipertr. Hipertr. Hipertr. Hipertr. Hipertr. Hipertr. Hipertr. Hipertr. D. B. Chagas Chagas Chagas Chagas Chagas Chagas Chagas Chagas Chagas Chagas Chagas Chagas CMD CMD CMD D. isq. CMD CMD D. isq. D. reum. D. isq. CMD CMD CMD CMD CMD CMD CMD CMD CMD D. isq. D. isq. D. isq. D. isq. D. isq. D. isq. D. isq. ∆ T CGA CD8+/CGA 14 8,8 9 15,0 5 11,8 20 6,8 20 15,8 20 12,7 12 8,3 13 4,1 20 9,5 8 10,3 13 6,3 11 17,7 53 11 4,5 2 20 4,2 18 18 14,7 14 12 27,5 46 13 34,9 5 20 16,7 5 14 9,7 3 13 13,2 99 9 23,9 15 0,5 15 0,6 10 0,2 14 0,1 8 0,3 5 0,4 9 0,1 13 0,5 12 1,6 17 0,3 15 1,2 18 0,2 16 0,3 14 2,0 10 0,7 15 0,4 B96/747 Controle 48 M Aur. dir. Hipertr. D. isq. - 13 0,8 DIAG.=diagnóstico histopatológico; D.B.=doença cardíaca de base; ∆ T=intervalo entre o transplante e a coleta da amostra (meses); CGA=número de campos de aumento 400X; CD8+/CGA=número de linfócitos T CD8+ por campo de aumento 400X; TC=transplante cardíaco; CMD=cardiomiopatia dilatada; M=sexo masculino; F=sexo feminino; BEM=biópsia endomiocárdica; Crioabl.=crioablação de foco arritmogênico; VE=ventrículo esquerdo; VD=ventrículo direito; Aur. dir=aurícula direita; M. discr.=miocardite linfocitária de grau discreto; M. mod.=miocardite linfocitária de grau moderado; Rej. 3A=rejeição aguda celular de grau 3A; Hipertr.=hipertrofia; D. isq.=doença isquêmica; D.reum.=doença reumática. Nesse estudo utilizamos os seguintes anticorpos primários: 1) anti-linfócitos T citotóxicos/supressores (CD8), diluído 1:10 (Dakopatts, Dinamarca); 2) anti-ICAM-1 (CD54), diluído 1:20.000 (Chemicon International Inc., Temecula, CA, USA); 3) anti-VCAM-1 diluído 1:2.000 (R&D System, Minneapolis, MN, USA); 4) anti-LFA-1 (CD11a), diluído 1:2.000 (R&D System, Minneapolis, MN, USA) e 5) anti-HLA classe I, diluído 1:40.000 (Dakopatts, Dinamarca). As reações foram realizadas pela técnica da streptavidina-biotinaperoxidase, em cortes de congelação. O revelador utilizado foi a diaminobenzidina e as laminas contacoradas com hematoxilina. A intensidade do processo inflamatório miocárdico foi avaliada, em cada caso, pela razão entre o número de linfócitos imunoreativos frente ao anticorpo anti-CD8 e o número de campos de aumento 400X avaliados (CGA), até o máximo de 20 campos. A expressão imunohistoquímica de ICAM-1, VCAM-1, LFA-1 e HLA-I foi avaliada independentemente por dois observadores, que desconheciam a que grupo pertencia cada amostra. Atribuímos um escore para as células endoteliais e intersticiais e outro para os cardiomiócitos. As células endoteliais e intersticiais foram consideradas em conjunto, pois julgamos pouco fidedigna a distinção entre esses dois tipos celulares com a metodologia empregada. As eventuais discrepâncias entre os escores assinalados pelos dois observadores foram dirimidas por nova análise desses casos, pelos dois observadores simultaneamente. Os critérios utilizados para a definição dos escores para as células endoteliais e intersticiais foram os seguintes: 0- ausência ou ínfima positividade; 1- poucas células positivas ou numerosas células apresentando fraca coloração, claramente visíveis apenas no aumento de 100X ou superior; 2- moderado número de células positivas ou numerosas com intensidade de coloração moderada, muito evidentes no aumento de 100X; 3- numerosas células positivas, intensamente coradas, evidentes no aumento de 40X. Os critérios utilizados para a definição dos escores para os cardiomiócitos foram os seguintes: 0- ausência de positividade; 1- raras células positivas, apresentando coloração fraca ou moderada, por vezes restrita a segmentos do sarcolema, detectadas com dificuldade e apenas no aumento de 400X; 2- pequeno número de células positivas, apresentando coloração moderada, evidentes no aumento de 400X; 3- moderado número ou numerosas células positivas, intensamente coradas, já visíveis no aumento de 100X. Para a análise estatística dos escores os casos foram agrupados, somando-se aqueles com escores 0 e 1 (escore baixo) e aqueles com escores 2 e 3 (escore alto). A comparação dos escores entre os grupos foi feita pelo teste exato de Fisher. A intensidade de inflamação miocárdica, avaliada pelo número médio de linfócitos T CD8+/CGA, foi comparada entre os grupos Chagas e transplante cardíaco e entre os grupos cardiomiopatia dilatada e controle pelo teste de Wilcoxon. Análise de concordância entre os escores foi feita pelo coeficiente de correlação de Spearman, incluindo-se conjuntamente os dados dos quatro grupos. Foi considerado significante p ≤ 0,05 e, na análise de concordância, consideramos apenas os valores de r≤-0,7 ou ≥0,7. A positividade observada para as moléculas de adesão estudadas e para HLA-I esteve sempre restrita à superfície de determinados tipos celulares (membrana citoplasmática). ICAM-1 foi positivo em células endoteliais/intersticiais em todos os casos dos quatro grupos estudados, notando-se frequentemente positividade também em células endocárdicas. Os cardiomiócitos foram positivos em alguns casos dos grupos Chagas e transplante cardíaco. VCAM-1 foi positivo em células endoteliais na maioria dos casos, particularmente em vênulas e arteríolas. Casos com denso infiltrado inflamatório perivascular apresentaram, por vezes, fraca imunoreatividade em linfócitos infiltrantes. VCAM-1 nunca foi positivo em cardiomiócitos. HLA-I foi positivo em células endoteliais/intersticiais em todos os casos dos quatro grupos estudados, notando-se frequentemente positividade também em células endocárdicas. Os cardiomiócitos foram positivos em vários casos, particularmente nos grupos Chagas e transplante cardíaco. LFA-1 foi positivo exclusivamente em células arredondadas infiltrantes, consistentes com linfócitos. O número de CGA, o número médio de linfócitos T CD8+/CGA e os escores atribuídos a cada caso encontram-se na tabela 2. Tabela 2 - NÚMERO DE CAMPOS AVALIADOS (CGA), NÚMERO MÉDIO DE LINFÓCITOS T (CD8+/CGA) E ESCORES ATRIBUÍDOS A CADA CASO caso grupo B95/1703 B94/1828 B94/1768 B93/1510 B93/595 B93/338 B95/1070 B95/1051 B93/2032 B94/1536 B94/1782 B95/1008 B95/525 B94/2204 B94/1680 B94/1792 B94/1547 B94/2019 B94/1471 B95/1163 B95/690 B95/73 B96/2061 B97/104 B97/772 B97/945 B97/946 B97/955 B97/1017 B97/1458 B96/1122 B96/1141 B96/1175 B96/989 B96/1148 B96/1118 B96/751 B96/747 Chagas Chagas Chagas Chagas Chagas Chagas Chagas Chagas Chagas Chagas Chagas Chagas TC TC TC TC TC TC TC TC TC CMD CMD CMD CMD CMD CMD CMD CMD CMD Controle Controle Controle Controle Controle Controle Controle Controle CGA CD8+/ ICAM-1 ICAM-1 VCAM-1 HLA-I HLA-I LFA-1 CGA cél. end./int. cardiom. cél. end./int. cardiom. 14 8,8 2 0 1 3 3 1 9 15,0 3 0 1 3 3 2 5 11,8 2 0 1 3 2 2 20 6,8 2 0 2 3 1 2 20 15,8 3 1 1 3 2 2 20 12,7 2 0 2 2 1 2 12 8,3 2 0 0 3 2 2 13 4,1 3 0 2 3 3 3 20 9,5 3 1 3 3 3 3 8 10,3 2 0 0 2 2 1 13 6,3 3 0 1 3 2 2 11 17,7 3 1 1 3 2 2 11 4,5 2 2 0 2 2 1 20 4,2 3 1 2 3 2 2 18 14,7 2 2 0 2 1 2 12 27,5 3 1 2 3 3 3 13 34,9 3 0 2 2 2 2 20 16,7 2 0 1 3 1 1 14 9,7 2 0 3 2 2 2 13 13,2 2 1 2 3 2 3 9 23,9 3 0 2 2 2 3 15 0,5 1 0 1 2 0 1 15 0,6 3 0 0 3 1 2 10 0,2 2 0 1 2 0 1 14 0,1 1 0 0 1 0 0 8 0,3 2 0 0 2 0 1 5 0,4 2 0 0 2 0 1 9 0,1 1 0 0 2 0 1 13 0,5 2 0 0 1 0 0 12 1,6 2 0 1 3 1 1 17 0,3 1 0 0 2 0 0 15 1,2 2 0 1 3 0 1 18 0,2 3 0 1 3 0 1 16 0,3 2 0 1 2 0 1 14 2,0 2 0 1 3 0 1 10 0,7 1 0 0 2 0 0 15 0,4 2 0 1 3 0 1 13 0,8 2 0 1 3 0 1 CGA=número de campos de aumento 400X; CD8+/CGA=número de linfócitos T CD8+ por campo de aumento 400X; cél. end./int.=células endoteliais/intersticiais; cardiom.=cardiomiócitos; TC=transplante cardíaco; CMD=cardiomiopatia dilatada. No grupo Chagas, o número médio de linfócitos T CD8+/CGA variou de 4,1 a 17,7, com mediana de 9,9, média de 10,6 e desvio padrão de 4,1. Os escores para ICAM-1 em células endoteliais/intersticiais foi alto em todos os casos. Houve positividade para ICAM-1 em cardiomiócitos em 3 (25%) dos 12 casos (Figura 1A), sendo sempre o escore baixo. Notamos que os cardiomiócitos positivos encontravam-se nos focos inflamatórios ou em sua proximidade. VCAM-1 foi positivo em 10 (83,3%) dos 12 casos (Figura 1E), obtendo-se escore baixo em 8 casos (66,7%) e alto nos demais 4 casos (33,3%). Os escores para HLA-I em células endoteliais/intersticiais foi alto em todos os casos. Houve positividade para HLA-I em cardiomiócitos em todos os casos (Figura 1C), sendo o escore alto em 10 casos (83,3%) e baixo em 2 casos (16,7%). É interessante salientar que encontramos áreas desprovidas de infiltrado inflamatório, com positividade em cardiomiócitos. LFA-1 foi positivo em todos os casos (Figura 1G), obtendo-se escore alto em 10 casos (83,3%) e baixo nos demais 2 casos (16,7%). No grupo transplante cardíaco, o número médio de linfócitos T CD8+/CGA variou de 4,2 a 34,9, com mediana de 14,7, média de 16,6 e desvio padrão de 10,4. Os escores para ICAM-1 em células endoteliais/intersticiais foi alto em todos os casos. Houve positividade para ICAM-1 em cardiomiócitos em 5 (55,6%) dos 9 casos (Figura 1B), sendo o escore baixo em 7 casos (77,8%) e alto nos demais 2 casos (22,2%). Da mesma forma que no grupo Chagas, observamos que os cardiomiócitos positivos localizavamse nos focos inflamatórios ou em sua proximidade. VCAM-1 foi positivo em 7 (77,8%) dos 9 casos (Figura 1F), obtendo-se escore baixo em 3 casos (33,3%) e alto nos demais 6 casos (66,7%). Os escores para HLAI em células endoteliais/intersticiais foi alto em todos os casos. Houve positividade para HLA-I em cardiomiócitos em todos os casos (Figura 1D), sendo o escore alto em 7 casos (77,8%) e baixo nos demais 2 casos (22,2%). A positividade em cardiomiócitos ocorreu em áreas com e sem infiltrado inflamatório. LFA1 foi positivo em todos os casos (Figura 1H), obtendo-se escore alto em 7 casos (77,8%) e baixo nos demais 2 casos (22,2%). FIGURA 1. A- Positividade para ICAM-1 na membrana citoplasmática de cardiomiócito (cabeças de seta) e em células endoteliais/intersticiais (setas) no caso B95/1008 do grupo Chagas; B- Positividade para ICAM-1 no disco intercalar dos cardiomiócitos (cabeças de seta) no caso B94/1792 do grupo Transplante Cardíaco; C- Imunoreatividade para HLA-I na membrana citoplasmática dos cardiomiócitos (cabeças de seta), em células intersticiais (seta) e em células endoteliais de capilares (dupla cabeça de seta), no caso B95/1008 do grupo Chagas; DImunoreatividade para HLA-I na membrana citoplasmática dos cardiomiócitos (cabeças de seta), em células intersticiais (seta) e no endocárdio (dupla cabeça de seta) no caso B94/1792 do grupo Transplante Cardíaco; E- Células endoteliais de vênulas positivas para VCAM-1 (setas) no caso B93/1510 do grupo Chagas; F- VCAM-1 positivo em células endoteliais de vênula (seta) e em células inflamatórias infiltrantes (cabeças de seta) no caso B94/1471 do grupo Transplante Cardíaco; G- LFA-1 positivo exclusivamente em linfócitos infiltrantes no caso B93/1510 do grupo Chagas; H- LFA-1 positivo exclusivamente em linfócitos infiltrantes no caso B95/690 do grupo Transplante Cardíaco. Barra= 25µ (A-D) ou 50µ (E-H) No grupo cardiomiopatia dilatada, o número médio de linfócitos T CD8+/CGA variou de 0,1 a 1,6, com mediana de 0,4, média de 0,5 e desvio padrão de 0,5. ICAM-1 em células endoteliais e intersticiais foi positivo em todos os casos (Figura 2A). Obtivemos escore alto em 6 casos (66,7%) e baixo nos demais 3 casos (33,3%). Nenhum caso apresentou positividade para ICAM-1 em cardiomiócitos. VCAM-1 foi positivo em 3 (33,3%) dos 9 casos, obtendo-se sempre escore baixo (Figura 2E). HLA-I em células endoteliais/intersticiais foi positivo em todos os casos (Figura 2C), obtendo-se escore alto em 7 casos (77,8%) e baixo nos demais 2 casos (22,2%). Houve positividade para HLA-I em cardiomiócitos em 2 (22,2%) dos 9 casos, sempre com escore baixo. LFA-1 foi positivo em 7 (77,8%) dos 9 casos (Figura 2G), obtendo-se escore baixo em 8 casos (88,9%) e alto em 1 caso (11,1%). No grupo controle, o número médio de linfócitos T CD8+/CGA variou de 0,2 a 2, com mediana de 0,6, média de 0,7 e desvio padrão de 0,6. ICAM-1 em células endoteliais/intersticiais foi positivo em todos os casos (Figura 2B). Obtivemos escore alto em 6 casos (75%) e baixo nos demais 2 casos (25%). Nenhum caso apresentou positividade para ICAM-1 em cardiomiócitos. VCAM-1 foi positivo em 6 (75%) dos 8 casos, obtendo-se sempre escore baixo (Figura 2F). HLA-I em células endoteliais/intersticiais foi positivo em todos os casos (Figura 2D), obtendo-se sempre escore alto. Nenhum caso foi positivo para HLA-I em cardiomiócitos. LFA-1 foi positivo em 6 (75%) dos 8 casos (Figura 2H), obtendo-se sempre escore baixo. ( FIGURA 2. A- Positividade para ICAM-1 em células endoteliais de uma vênula (seta) e em células intersticiais (cabeças de seta) no caso B95/945 do grupo Cardiomiopatia Dilatada; B- Positividade para ICAM-1 em células endoteliais/intersticiais no caso B96/1175 do grupo Controle; C- Imunoreatividade para HLA-I restrita às células endoteliais/intersticiais no caso B96/2061 do grupo Cardiomiopatia Dilatada; DImunoreatividade para HLA-I presente exclusivamente em células endoteliais (setas) e intersticiais (cabeças de seta) no caso B96/989 do grupo Controle; E- Fraca imunoreatividade para VCAM-1 em células endoteliais de vaso de pequeno calibre (seta) no caso B97/104 do grupo Cardiomiopatia Dilatada; F- VCAM-1 positivo em células endoteliais de arteríolas (setas) no caso B96/989 do grupo Controle; G- LFA-1 positivo exclusivamente em raros linfócitos (cabeças de seta) no caso B97/104 do grupo Cardiomiopatia Dilatada; H- LFA-1 positivo exclusivamente em raros linfócitos (cabeças de seta) no caso B96/989 do grupo Controle. Barra= 25µ (A-D) ou 50µ (E-H) A porcentagem de escores baixo e alto de cada grupo encontra-se na tabela 3. Tabela 3 - PORCENTAGEM DE ESCORES BAIXO E ALTO DE CADA GRUPO grupo ICAM-1 ICAM-1 VCAM-1 HLA-I HLA-I LFA-1 cél. end./int. cardiom. cél. end./int. cardiom. Baix Alto Baixo Alto Baixo Alto Baixo Alto Baixo Alto Baixo Alto o Chagas 0 100 100 0 66,7 33,3 0 100 16,7 83,3 16,7 83,3 TC 0 100 77,8 22,2 33,3 66,7 0 100 22,2 77,8 22,2 77,8 CMD 33,3 66,7 100 0 100 0 22,2 77,8 100 0 88,9 11,1 Controle 25 75 100 0 100 0 0 100 100 0 100 0 cél. end./int.=células endoteliais/intersticiais; cardiom.=cardiomiócitos; TC=transplante cardíaco; CMD=cardiomiopatia dilatada. Não houve diferença entre a intensidade de inflamação miocárdica, avaliada pelo número médio de linfócitos T CD8+/CGA entre os grupos Chagas e transplante cardíaco e entre os grupos cardiomiopatia dilatada e controle. Houve diferenças entre os grupos quanto aos escores ICAM-1 em células endoteliais/intersticiais (p=0,038), VCAM-1 (p=0,002), HLA-I em cardiomiócitos (p<0,001) e LFA-1 (p<0,001). Os grupos Chagas e transplante cardíaco apresentaram maior porcentagem de escores altos comparado aos grupos cardiomiopatia dilatada e controle. Não houve diferença estatística entre os grupos Chagas e transplante cardíaco, em relação aos escores para ICAM-1 em células endoteliais/intersticiais, ICAM-1 em cardiomiócitos, VCAM-1, HLA-I em células endoteliais/intersticiais, HLA-I em cardiomiócitos e LFA-1. Houve correlação entre os escores atribuídos a ICAM-1 em células endoteliais/intersticiais e LFA-1 (p<0,001; r=0,700) e entre os escores atribuídos a HLA-I em cardiomiócitos e LFA-1 (p<0,001; r=0,763). Neste estudo o grupo controle (miocárdio "normal") expressou constitutivamente ICAM-1 em células endoteliais e intersticiais, sendo porém negativos os cardiomiócitos. É interessante notar que a maioria dos nossos casos (75%) obteve escore alto para células endoteliais/intersticiais, devido à alta sensibilidade do método imunohistoquímico utilizado, que consistiu na técnica da estreptavidina-biotina-peroxidase, com incubação do anticorpo primário por tempo prolongado (“ overnight” ). Os dados da literatura confirmam nossos achados, atestando a expressão constitutiva de ICAM-1 em células endoteliais e intersticiais no miocárdio "normal". A expressão de VCAM-1 esteve restrita às células endoteliais, particularmente de vênulas e arteríolas, conforme relatada em trabalhos prévios. A alta porcentagem de casos positivos (75%), sempre com escore baixo, deveu-se novamente à alta sensibilidade do método imunohistoquímico utilizado. Os escores baixos obtidos para LFA-1, positivo na maioria dos casos (75%) exclusivamente em linfócitos presentes no interstício do miocárdio, deveu-se ao pequeno número dessas células (média de linfócitos T CD8+/CGA de 0,7), como seria de se esperar no miocárdio “ normal” . Observamos aumento da expressão imunohistoquímica (“ overexpression” ) de ICAM-1 em células endoteliais/intersticiais na miocardite chagásica crônica, comparada ao grupo controle (miocárdio “ normal” ). Esse resultado contrasta com o obtido por estudo prévio de REIS e colaboradores, que não referiram diferença na expressão imunohistoquímica de ICAM-1 em células endoteliais no miocárdio de pacientes cardiopatas chagásicos apresentando miocardite linfocitária, comparado aos pacientes não chagásicos. Tal discrepância pode dever-se a vários fatores, como diferença na origem do material analisado, proveniente de autópsia no estudo anterior, com tempo “ post-mortem” não referido, e obtido “ in vivo” no presente trabalho, o que provavelmente conferiu maior preservação antigênica ao nosso material; à diferente técnica imunohistoquímica utilizada, mais sensível no atual trabalho; à eventual diferença na intensidade da miocardite chagásica e à diferente definição das células avaliadas nos dois estudos. É importante salientar que enquanto avaliamos conjuntamente as células endoteliais e intersticiais, por acharmos pouco fidedigna a diferenciação das mesmas pela metodologia empregada, REIS e colaboradores tentaram avaliar apenas as células endoteliais, apesar de não haver referência em seu trabalho aos critérios que permitiram distinguir as células endoteliais dos pequenos vasos (predominantemente capilares) das outras células do interstício do miocárdio. Detectamos ICAM-1 na superfície dos cardiomiócitos em 3 (25%) dos 12 casos avaliados, ao contrário do estudo prévio de REIS e colaboradores, que não referiu positividade para ICAM-1 em cardiomiócitos em nenhum dos 9 casos analisados. Tal diferença é provavelmente consequência das várias diferenças metodológicas entre os dois estudos, já anteriormente mencionadas. A expressão imunohistoquímica de LFA-1 esteve presente e restrita aos linfócitos infiltrantes, tanto no atual trabalho quanto no estudo anterior. Pela revisão bibliográfica feita, o presente trabalho é o primeiro a avaliar a expressão imunohistoquímica de VCAM-1 na miocardite chagásica crônica. O aumento da expressão imunohistoquímica de ICAM-1 em células endoteliais/intersticiais e VCAM-1 em células endoteliais de vênulas e arteríolas do grupo Chagas, comparado ao grupo controle, é compatível com o esperado aumento de adesividade e interação entre as células endoteliais e os leucócitos circulantes, promovendo o processo inflamatório observado na miocardite chagásica crônica. A indução de ICAM-1 no sarcolema dos cardiomiócitos na miocardite chagásica crônica pode promover a firme adesão entre os linfócitos infiltrantes, que expressam LFA-1 (ligante do ICAM-1) e os cardiomiócitos, fundamental para que possa haver citotoxicidade direta. Entretanto esse processo parece ter importância restrita devido à fraca positividade para ICAM-1 em cardiomiócitos, observada apenas em 3 (25%) dos 12 casos analisados, sempre com escore baixo. O aumento local na expressão de moléculas de adesão pode ser interpretado como consequente à presença de elevada quantidade de citocinas na miocardite chagásica crônica, destacando-se o papel indutor do interferon-gama, fator de necrose tumoral e interleucina-1. A comparação estatística entre os grupos Chagas e transplante cardíaco não mostrou diferenças entre os mesmos quanto aos escores atribuídos às moléculas de adesão. Em ambos houve aumento da expressão de ICAM-1 e VCAM-1 em células endoteliais/intersticiais comparado ao grupo controle, com indução de ICAM-1 em cardiomiócitos. Se tivéssemos maior número de casos para análise, talvez obtivéssemos diferença estatisticamente significante quanto à expressão de ICAM-1 em cardiomiócitos e de VCAM-1 (em células endoteliais). Essa suposição baseia-se na constatação que o grupo Chagas apresentou menor número de casos positivos para ICAM-1 em cardiomiócitos (25%), sempre com escore baixo, comparado ao grupo transplante cardíaco (62,5% de casos positivos, sendo 2 com escore alto). Além disso, o grupo Chagas apresentou menor porcentagem de escore alto para VCAM-1 (33,3%), comparado ao grupo transplante cardíaco (66,7%). Num futuro trabalho seria interessante a utilização de método que permitisse a quantificação da expressão de ICAM-1 e VCAM-1, o que certamente aumentaria a sensibilidade de detecção de diferenças entre os grupos, eliminando ainda o caráter subjetivo das avaliações semiquantitativas. Por outro lado, podemos interpretar nossos resultados, que revelaram semelhança de padrões entre a miocardite chagásica crônica e a rejeição aguda celular de grau moderado, com base no fato de que ambos processos patológicos apresentaram a mesma intensidade de atividade inflamatória, que parece ser o principal fator relacionado à expressão das moléculas de adesão. No presente trabalho demonstramos expressão imunohistoquímica de HLA-I em células endoteliais e intersticiais do miocárdio “ normal” . Por outro lado, os cardiomiócitos foram sempre negativos para HLA-I. Estes resultados estão de acordo com estudos prévios que analisaram o miocárdio “ normal” . É interessante salientar que como praticamente todas células nucleadas expressam HLA-I na superfície celular, provavelmente os cardiomiócitos do miocárdio normal o fazem em níveis muito baixos, insuficientes para detecção por métodos imunohistoquímicos, mesmo de alta sensibilidade, como o utilizado neste estudo. Por outro lado, justamente devido à alta sensibilidade do método imunohistoquímico utilizado, o grupo controle sempre apresentou escores altos para HLA-I em células endoteliais/intersticiais, o que impediria a detecção de eventual “ overexpression” dessa molécula nos demais grupos. A indução de HLA-I na superfície dos cardiomiócitos, observada na miocardite chagásica crônica, implica na exposição ao sistema imunológico de peptídeos, originados de proteínas próprias dessas células (“ self” ) ou de proteínas derivadas de antígenos replicantes intracelulares, para reconhecimento pelos linfócitos T CD8+. Apesar do T. cruzi ser um parasita intracelular, a escassez de antígenos parasitários detectados na miocardite chagásica crônica contrasta com a abundância de HLA-I em cardiomiócitos, detectada no presente estudo em todos os casos de miocardite chagásica crônica, sempre com escore alto. Portanto, acreditamos que os peptídeos apresentados pelas moléculas de classe I sejam fundamentalmente derivados do próprio cardiomiócito (“ self” ). Apesar de nas doenças autoimunes haver geralmente aumento da expressão de HLA-I nas células alvo, deve-se considerar que a simples detecção da apresentação de antígenos próprios para reconhecimento pelo sistema imunológico, via linfócitos T CD8+, como na miocardite chagásica crônica, não implica necessariamente na existência de reação autoimune. Em qualquer ambiente inflamatório, com aumento local de citocinas, como na miocardite chagásica crônica, há provavelmente aumento da expressão de HLA-I em diferentes tipo celulares, para que seja possível maior vigilância imunológica. Tal fato não implica necessariamente em quebra da tolerância imunológica, podendo os antígenos apresentados serem adequadamente reconhecidos como próprios, sem desencadeamento da resposta imunológica. A comparação entre os grupos Chagas e transplante cardíaco não revelou diferenças estatisticamente significantes quanto aos escores atribuídos para HLA-I em células endoteliais/intersticiais e em cardiomiócitos. Ambos os grupos apresentaram apenas escores altos para HLA-I em células endoteliais/intersticiais e os cardiomiócitos foram positivos em todos os casos dos dois grupos, predominando o escore alto. Da mesma forma que para as moléculas de adesão, acreditamos que essa semelhança de padrões deva ser atribuída, fundamentalmente, à mesma intensidade do processo inflamatório miocárdico nos dois grupos. Sabe-se que o aumento local de citocinas, demonstrado em estudos prévios abordando tanto a miocardite chagásica crônica quanto a rejeição aguda celular, pode promover aumento da expressão celular de HLA-I. Adicionalmente, alguns trabalhos prévios abordando diferentes graus de rejeição aguda celular têm demonstrado correlação entre a intensidade do processo inflamatório e o grau de indução de HLA-I em cardiomiócitos. Portanto, acreditamos que a indução de HLA-I na superfície celular é um fenômeno relativamente inespecífico, acompanhante do processo inflamatório e que a sua indução em cardiomiócitos na miocardite chagásica crônica não pode ser interpretada como evidência segura de reação autoimune contra os cardiomiócitos. Por outro lado, a indução de HLA-I em cardiomiócitos é obviamente compatível com a hipótese de reação imunológica, tanto na rejeição aguda celular quanto na miocardite chagásica crônica. Considerando-se conjuntamente os escores dos quatro grupos, houve correlação estatística entre os escores atribuídos a LFA-1 e a ICAM-1 em células endoteliais/intersticiais e entre LFA-1 e HLA-I em cardiomiócitos. Considerando-se que LFA-1 é o ligante do ICAM-1, estando presente apenas nos linfócitos infiltrantes, percebemos um sinergismo entre o processo inflamatório linfocitário e a expressão de ICAM-1 e HLA-I. Tal verificação reforça a hipótese de que o aumento de expressão de ICAM-1 e HLA-I é função direta do processo inflamatório. Em resumo, podemos concluir que: 1. Na miocardite chagásica crônica e na rejeição aguda celular de grau moderado houve aumento da expressão de ICAM-1 e VCAM-1 em células endoteliais/intersticiais do miocárdio, o que sugere que essas moléculas participem efetivamente no desenvolvimento do processo inflamatório observado nesses estados patológicos. 2. Na miocardite chagásica crônica e na rejeição aguda celular de grau moderado houve indução de ICAM-1 em cardiomiócitos em alguns casos, o que pode promover adesão linfocitária a essas células via receptor LFA-1 expresso em linfócitos, facilitando a ocorrência de citotoxicidade direta. 3. Na miocardite chagásica crônica e na rejeição aguda celular de grau moderado houve indução de HLA-I em cardiomiócitos em todos os casos, sugerindo apresentação de antígenos próprios (“ self” ) para reconhecimento pelo sistema imunológico via linfócitos T CD8+. 4. A miocardite chagásica crônica apresentou expressão imunohistoquímica de ICAM-1 em células endoteliais/intersticiais, LFA-1 e HLA-I com a mesma localização e intensidade da observada na rejeição aguda celular de grau moderado apresentando a mesma intensidade de inflamação miocárdica. 5. Houve menor expressão de ICAM-1 em cardiomiócitos e de VCAM-1 (em células endoteliais) na miocardite chagásica crônica, comparada com a rejeição aguda celular de grau moderado apresentando a mesma intensidade de inflamação miocárdica. Tais diferenças não foram estatisticamente significantes, havendo necessidade de estudo de maior número de casos para se confirmar ou negar essas diferenças. 6. A cardiomiopatia dilatada não apresentou infiltrado inflamatório miocárdico e exibiu expressão imunohistoquímica de ICAM-1, VCAM-1, LFA-1 e HLA-I semelhante ao miocárdio “ normal” , o que sugere a atuação de diferentes mecanismos patogenéticos comparativamente à miocardite chagásica crônica. Niveles plasmaticos de CK y receptores solubles en la infeccion chagasica humana y experimental Beatriz Basso, Liliana Cervetta y Edgardo Moretti Cátedra de Pediatría y Neonatología Facultad de Ciencias Médicas, Univ. Nac. de Córdoba y Laboratorio del Servicio Nacional de Chagas Córdoba, Argentina La Enfermedad de Chagas es una de las principales endemias en América Latina, donde existen mas de 20 millones de individuos infectados. Si bien la transmision a través del insecto vector est á disminuyendo en varios países por las medidas sanitarias adoptadas, a ún existen extensas áreas en riesgo. Por otra parte, las vías congénita y transfusional adquieren importancia epidemiológica, debido a la gran cantidad de individuos capaces de transmitir la infecci ón. La mayor incidencia de casos agudos ocurre en niños, y en la mayoría de ellos es clínicamente inaparente, (Moya y col. 1985, 1989) por lo cual es esencial contar con adecuadas herramientas diagnósticas, así como marcadores de eficacia terapéutica y predictores evolutivos. La etapa aguda está caracterizada por un estado de inmunosupresión que favorece la instalación y diseminación del parásito en el huésped . (Kierszenbaum, Moretti, Stein, 1991,1993) seguida de parasitemia y producción incrementada de mediadores inflamatorios. Uno de los interrogantes aún sin respuesta es cuales son los mecanismos del parásito y del huésped determinantes de que, pasado el período agudo, en un alto porcentaje de casos el Trypanosoma cruzi se comporte toda la vida como un comensal, mientras que en aproximadamente el 30% de las personas infectadas induce algún grado de patología card íaca o digestiva de distinta gravedad. Algunos grupos de investigación actualmente sostienen que el nivel de parasitemia inicial puede determinar, de alguna manera, la aparición de sintomatología en la fase crónica (Tarleton 1997). Por ello, si bien el desarrollo de vacunas tradicionales tanto en Enfermedad de Chagas como en otras enfermedades parasitarias, parece una meta difícil de alcanzar en el corto plazo, actualmente se piensa en estrategias basadas en la inmunointervención, a fin de prevenir el desarrollo de la patología. Para ello es necesario avanzar en el conocimiento de los mecanismos involucrados en la resistencia y en la patogenia de la enfermedad. Por las características del T. cruzi , con un estadio intracelular y otro extracelular, la infección por este parásito representa un gran desafio para el sistema inmune del hospedador. En efecto, una respuesta efectiva contra el T. cruzi requiere de la inducci ón de múltiples mecanismos efectores, entre los que se incluyen una potente respuesta de anticuerpos contra las formas extracelulares y una respuesta celular eficaz contra el estadio intracelular. Por otra parte, en los estadios iniciales de la infecci ón es esencial la respuesta innata o inespecífica, a trav és de sus efectores y moduladores celulares y moleculares. Así, las citoquinas (CK) y mediadores solubles juegan un papel fundamental durante la infecci ón, ya que su actividad determina, en gran medida el inicio, duraci ón y composici ón de las distintas vías efectoras de la respuesta inmune (Fresno et al. 1997). En los últimos años se han realizado numerosos estudios tendientes a analizar el rol que cumplen estos mensajeros químicos durante la infección por T. cruzi. Los primeros trabajos que se realizaron en este sentido asociaron la producci ón de CK liberadas por los linfocitos T helper (Th) 1, como el interferón gamma (IFN-g ) con el control de la parasitemia durante la fase aguda de la infección experimental (Reed 1988, Torrico et al. 1991). En contraste, la producción de CK de tipo Th2, en particular IL-10, se ha relacionado principalmente con un incremento en la susceptibilidad a la infección (Reed et al.1994). En consecuencia, el estudio de los niveles endógenos de algunas CK en una infecci ón dada, ayudaría a determinar el fenotipo celular principalmente involucrado en la respuesta y, eventualmente, efectuar inferencias acerca del pronostico y evolución de la infección. (Zhang & Tarleton 1996). El paradigma de la polarización Th1-Th2 en enfermedades parasitarias se visualiza en la Leishmaniasis experimental, donde claramente un aumento de CK producidas por LiTh1 (IL2, TNF alfa e IFNgama) se correlaciona con resolución de la infección, en cambio, incrementos de IL4, IL6 e IL10, sintetizadas por Li Th2 están asociadas con un mal pronostico de la enfermedad (Scott 1989). Dicha asociación entre perfil Th1 con resistencia y Th2 con susceptibilidad , no parece ser tan clara en la infecci ón por T. cruzi. , donde existiría un mayor equilibrio entre los dos tipos celulares, Th1 y Th2 y, por ende, entre las CK por ellos producidas, mas que una polarizaci ón neta de la respuesta (Zhang & Tarleton 1996). Además, la producción de CK por otras células, como por ejemplo macrófagos y células NK (respuesta inmune innata) juega un rol crucial en estadios tempranos, cuando aun no se ha desencadenado la respuesta adaptativa. Por otra parte, en infecciones humanas de diversa etiología, en los últimos años se ha centrado la atención en la medición de moléculas que pueden ser eficaces marcadores evolutivos. Se conoce que el Factor de Necrosis Tumoral alfa (TNFa ) y la Interleuquina 6 (IL6) están involucrados en procesos inflamatorios y en la patogénesis del shock s éptico (Olsson et al. 1993, Wilson et al 1998), cuando su producción está incrementada a nivel sistémico. Asimismo, la producción de receptores de CK, su liberación y la posibilidad de su medición por métodos inmunoenzimáticos (Rubin et al 1986 ) puede tener interés clínico (Moretti et al.1994, 2000). Tope Con estos antecedentes, y los resultados obtenidos en estudios previos por nuestro grupo de trabajo, decidimos abordar el estudio de los niveles plasmáticos de CK y receptores solubles en la Enfermedad de Chagas experimental (TNFa , IL-6 e IL -10)y en la infección humana (TNFa , IL-6 y receptor soluble de IL2 (IL-2R). Las determinaciones se realizaron empleando el método inmunoenzimático (ELISA). El desarrollo a nivel experimental se realizó: 1. En un modelo de vacunaci ón de ratones BALB/c con formas de cultivo de Trypanosoma rangeli, parásito muy similar al T. cruzi pero no patógeno para el hombre. Se empleó este modelo, por cuanto se demostró en estudios previos que se lograba conferir protección a los animales frente a la infecci ón por formas virulentas del T. cruzi, incluso cuando el desafío con T. cruzi se realizó por per íodos mayores de 9 meses pos inmunización( Basso et al. 1991, Introini et al. 1998). 2. En ratones infectados y tratados con Benznidazol, droga tripanomicida de uso en humanos. En todos los grupos se analizaron los niveles plasmáticos de CK en distintos períodos post infección A nivel humano, se estudiaron niños de hasta 14 años, con infección aguda demostrada por métodos parasitológicos, y otro grupo de la misma edad que cursaba la etapa indeterminada de la infección. En un subgrupo de los pacientes con infección aguda se analizaron muestras apareadas pre y post tratamiento. Como control se incluyó un grupo de niños no chagásicos. Modelo experimental: Efecto de la vacunaci ón Como se puede observar en la Fig 1, los niveles de CK en los animales previamente vacunados fueron significativamente diferentes a los s ólo infectados, en estrecha correlación con las parasitemias obtenidas en los respectivos grupos. En efecto los resultados obtenidos con TNFa (Fig 1a) muestran que, a partir del día 13 post infección (pi) los niveles aumentaron dramáticamente en los ratones sólo infectados. En cambio, los animales inmunizados mostraron concentraciones significativamente menores, aunque superiores a los ratones control, no infectados. Merece destacarse que los animales vacunados resolvieron la infecci ón, sobreviviendo en un 95% más allá de 320 días p.i. En cambio, los ratones sólo infectados murieron durante la infecci ón aguda, antes de los 25 días. La Fig 1 b muestra el perfil de IL6 a lo largo del período agudo en ambos grupos, observándose un comportamiento similar a TNFa . Nuevamente el grupo de animales infectados mostró un significativo incremento en sus niveles plasmáticos a partir del día 13 p.i. Finalmente, en la Fig. 1 c se observan las concentraciones de IL10 en ambos grupos. En los animales solo infectados esta CK mostró elevadas concentraciones plasmáticas, nuevamente asociadas a las parasitemias, mientras que los animales previamente inmunizados mantuvieron sus niveles dentro del rango de la normalidad Figura 1a Figura1b Figura 1c Tope Efecto del tratamiento A los fines de analizar el efecto del tratamiento paraciticida sobre los niveles de CK proinflamatorias, y consecuentemente, si la determinación plasmática podía ser marcador de eficacia terap éutical, se realizaron dos tipos de tratamientos, uno completo a partir del dia de la infección, con dosis controladas de Beznidazol.y el segundo incompleto, consistió en disolver la droga en el agua del bebedero. La Fig 2, resume los resultados obtenidos. Como puede observarse, los ratones que recibieron un adecuado tratamiento antiparasitario nunca presentaron parasitemia detectable, y los niveles de TNFa (2a) e IL6 (2b) se mantuvieron dentro de la normalidad durante todo el período de estudio. Por el contrario, el grupo sometido a tratamiento incompleto presentaron parasitemia detectable y valores incrementados de ambas CK. Figura 2a Figura 2b Tope Infección humana El estudio en pacientes que cursaban el periodo agudo de la infecci ón permitió analizar los niveles de las mismas CK proinflamatorias en la infecci ón natural. La Fig 3a muestra la concentraci ón plasmática de TNFa , revelando niveles significativamente incrementados con respecto a los niños no chagásicos. Por su parte, cuando estos niños recibieron tratamiento paraciticida, se observ ó una tendencia descendente de esta CK. También merece mencionarse que los niños con infecci ón en estado intermedio mostraron en promedio, niveles ligeramente incrementados de TNFa . Con respecto al estudio de los niveles séricos de IL6, (Fig. 3b) también se observó una tendencia en el grupo de niños con infección aguda a presentar niveles elevados, aunque mostrando en este caso mayor dispersión. Cuando se dosaron los niveles de IL2-R, se observó un marcado incremento de este receptor a nivel plasmático (Fig. 3c), y una disminuci ón en respuesta a una adecuada terapéutica antiparasitaria. Figura 3a Figura 3b Figura 3c Tope Los mecanismos responsables del desarrollo de patología en la enfermedad de Chagas todavía no han sido bien dilucidados, aún cuando existen diversas hipótesis, recrudeciendo en los ultimos años la discusion entre quienes defienden la patogenia autoinmune y quienes atribuyen el daño a la accion directa del parásito. Sin embargo, cada vez resulta mas evidente el rol que tienen las CK en los mecanismos fisiopatogenicos.(Tarleton 1997). Como es sabido, la síntesis de estas moléculas a nivel local tiene efectos beneficiosos para el huésped; pero cuando esta producción no es regulada, y alcanzan elevadas concentraciones a nivel sistémico, generalmente resulta perjudicial, con pérdida de proteínas, hipovolemia, coagulaci ón vascular diseminada y, en última instancia, shock seguida de muerte. En este sentido, se conoce que TNF-a e IL -6 desempeñan un rol importante como mediadores del shock en sepsis bacterianas, en fiebres hemorrágicas virales y en la patogenia de infecciones parasitarias como la malaria. (Tittus, et al. 1991, Wilson 1998) En la infecci ón experimental, hemos detectado un marcado incremento en la producci ón de TNF-a , IL-6 e IL-10 durante el período agudo, en forma paralela a la parasitemia y asociado a la muerte de los animales. Sin embargo, en el modelo desarrollado en nuestro laboratorio, la aplicaci ón de un esquema de vacunaci ón previa indujo una fuerte protecci ón frente a la infecci ón con T. cruzi, con bajas parasitemias, elevada sobrevida y un marcado descenso en la liberación sistémica de estas CK, cuyas concentraciones se acercaron a las de los animales sin infectar. En el caso de IL-10 la vacunación se asoció a niveles plasmáticos normales durante todo el curso del estudio. La estrecha asociación observada entre síntesis incrementada de CK proinflamatorias, elevadas parasitemias y muerte de los animales sugiere que tales moléculas pueden estar involucradas en la patogenia de la enfermedad en este modelo. Estos resultados concuerdan con los de otros autores, como Truyens y col (1995), quienes demostraron que la caquexia asociada a la infección por T. cruzi está mediada por la elevada producci ón de TNF-a . Por otra parte, Chandrasekar y col (1996) detectaron una importante producción de CK proinflamatorias (IL-6, TNF-a , IL-1b ) en el miocardio de ratones infectados con T. cruzi, sugiriendo que la liberación exacerbada de estas moléculas pueden contribuir al daño celular en el tejido cardíaco. En otros estudios realizados observamos que la síntesis de IFNg , CK tipo Th1 con actividad protectora, estuvo preservada en los animales inmunizados. Además concomitantemente, con la vacunación experimental se incrementó la síntesis de IL12, CK liberada por los macrófagos, que estimula la actividad lítica de las células NK y la producción de IFNg . (Meyer et al., 1997, Trinchieri, 1995). Tomados en conjunto, los resultados demuestran que la resistencia inducida por la vacunación experimental está claramente asociada a un perfil de CK favorable para la resoluci ón de la infección El efecto del tratamiento antiparasitario en la infección experimental es claramente demostrativo de la probable utilidad de la determinación plasmática de TNF e IL-6 como marcadores de eficacia terapéutica. En efecto, cuando el tratamiento se efectuó en forma controlada, y en dosis equivalentes a las utilizadas en humanos, no se detectaron parásitos circulantes en los animales y los niveles de las CK ensayadas se encontraron dentro de l ímites normales. En cambio, la administración incompleta de la droga, no eliminó las parasitemias y, consecuentemente, no redujo sustancialmente los niveles de CK proinflamatorias. Por otra parte, se confirmó lo observado con el modelo de vacunación, respecto a la asociación que existe entre bajas parasitemias, bajos niveles de IL-6 y TNF-a y resolución de la infección. Con respecto a lo que ocurre en la infección humana, los resultados obtenidos al dosar TNF-a en niños chagásicos confirman lo observado a nivel experimental y, por otra parte, muestran que en la serie estudiada por nosotros, esta CK permanece moderadamente elevada en algunos pacientes que cursaban el período indeterminado. Si este hallazgo se confirma en mayor número de pacientes, podría tener potencial interés para determinar su asociación con la evoluci ón cl ínica de la enfermedad. Actualmente nos encontramos analizando la relación entre los niveles de TNF-a y de sus receptores solubles, debido a la actividad moduladora de los mismos, que pueden neutralizar la acción inflamatoria de la CK, por lo cual se encuentran entre los potenciales candidatos terapéuticos para ser usados como "anticitoquina" en enfermedades infecciosas, autoinmunes y procesos tumorales (Olsson et al, 1993 ). El incremento en los niveles plasmáticos de IL-2R, en los niños con infección aguda, ya observado en nuestro laboratorio (Moretti et al. 1994), puede explicarse por que este receptor es marcador de activación linfocitaria, y se conoce que el T. cruzi produce, durante las primeras fases de la infección una activación policlonal que, juntamente con la inmunosupresi ón, favorece su instalaci ón y diseminación en el huésped (Montes et al 1996,1999). En resumen, independientemente de la fuente de producción o la circunstancia en que se liberan las distintas CK, el estudio de las modificaciones que sufren estas moléculas a lo largo de un proceso infeccioso es de sumo interés. En efecto, estos hallazgos nos ayudan a comprender la forma en que actúa el sistema inmune como efector de la resistencia frente al T. cruzi , aportar al conocimiento de la fisiopatogenia de la enfermedad o, inclusive, predecir la evolución de la misma y evaluar la eficacia del tratamiento. En este sentido, como ha sido propuesto en sepsis bacterianas (Buck et al,1996, Moretti et al.2000), la medición de estas moléculas puede proveer una nueva herramienta de laboratorio, de utilidad cl ínica y epidemiológica en Enfermedad de Chagas. Agradecimientos: Los autores agradecen la colaboración prestada por el Dr. Gustavo Barbieri, del Centro de Chagas y Patología Regional de Santiago del Estero, por la provisión de los sueros humanos empleados en el presente trabajo. Tope BIBLIOGRAFIA l Basso B., Moretti E. & Vottero-Cima E. 1991. Immune response and Trypanosoma cruzi infection in Trypanosoma rangeli immunized mice. Am. J. Trop. Med. Hyg. 44, 413-419. l Buck C, Bundschu J, Gallati H, et al. 1996. Interleukin 6: A sensitive parameter for the early diagnosis of neonatal bacterial infection. Pediatrics; 93: 54-58 l Chandrasekar B. Melby P., Troyer D. et al. 1996. Induction of proinflammatory cytokine expression in experimental acute chagasic cardiomyopathy. Biochem Biophys Res Commun 223:365 l Fresno M., Kopf M. & Rivas L. 1997. Cytokines and infectious diseases. Immunology Today. 18: 56 -58 l Introini M., Basso B. & Moretti E. 1998. Enfermedad de Chagas Experimental: I estudio de diferentes condiciones de imnunizaci ón sobre el curso de la infecci ón. Bol. Chil. Parasitol. 53:45-51. l Kierszenbaum F, Moretti E & Sztein M. 1993. Molecular basis of Trypanosoma cruzi induced immunosuppression. Altered expression by activated human lymphocytes of molecules which regulate antigen recognition and progression through the cell cycle. Biological Research. 26:197 -207. l Kierszenbaum F., Moretti E. & Sztein M. 1991. Trypanosoma cruzi induces suppression of DNA synthesis and inhibits expression of interleukin-2 receptors by stimulated human B lymphocytes. Immunology. 74:317-322. l Meyer Zum Büschenfelde C, Cramer S., Trumpfheller C., Fleischer B & Frosch S. 1997. Trypanosoma cruzi induces strong IL-12 and IL-18 gene expression in vivo. Correlation with IFNgamma production. Clin. Exp. Immunol. 110:378-385 l Montes C., Vottero E. & Gruppi A. 1996. T. cruzi cytosolic alkaline antigen (FI) induces polyclonal activation in murine normal B cells. Scan. J. Immunol. 44:93-100 l Montes C., Zuniga E., Minoprio P., Vottero E. & Gruppi A. 1999. A t. cruzi alkaline antigen induces polyclonal B cell activation of normal murine spleen cells by T cell independent BCR directed stimulation. Scan. J. Immunol 50:159-166 l Moretti E, Basso B, Ledesma O, Barbieri G, Correa G y Suarez L. 1994Inmunología de la Enfermedad de Chagas: Niveles séricos del receptor para Interleukina 2 en ni ños con infección aguda. Bioquimia. 19: 152-154. l Moretti E., Baigorria S., Manzanares L., Moya P. Y Basso B. 2000. Interleuquina 6, Receptor soluble de Interleuquina 2 y Proteina C Reactiva como marcadores de Sepsis neonatal.. Acta. Bioq. Clin. Latinoam.; 34:1-14 l Moya P, Paolasso R, Blanco S, Lapacet M, Sanmartino C, Basso B, Moretti E y Cura 1985. D. Enfermedad de Chagas: Resultados terapeuticos en niños en los primeros meses de vida. Medicina (Buenos Aires); 45: 553-558. l Moya P, Moretti E, Paolasso R, Basso B, Blanco S y Sanmartino C. 1989 Enfermedad de Chagas neonatal. Diagn óstico de Laboratorio durante el primer año de vida.Medicina (Bs. As.) 49:595-599 l Olsson I., Gatanaga T., Gullberg U.,Lantz M. & Granger G. A. 1993.Tumor necrosis factor (TNF) binding proteins (soluble TNF receptor forms) with possible roles in inflammation and malignancy. Eur. Cytokine Netw.. 4: 169-180 l Reed S. 1988. In vivo administration of recombinant IFN -g induces macrophage activation, immune suppression, and death in experimental Trypanosoma cruzi infections. J. Immunol 140:4342-4347 l Reed S., Bronwell C., Russo D et al. 1994. IL-10 mediates susceptibility to Trypanosoma cruzi infection. J Immunol 153:3135-3140 l Rubin L ., Kurman C., Fritz M., Biddison W., Boutin B., Yarchoan R. & Nelson D.1986. Soluble IL -2 Receptors are released from activated human lymphoid cells in vitro. J. Immunol. 135:3172-31777) l Scott P. 1989. The role of Th1 and Th2 cells in experimental cutaneous leishmaniasis. Exp Parasitol 68:372 l Tarleton R. Immunity to Trypanosoma cruzi. In "Host response to intracellular pathogens", chapter 14. 1997. R.G. Landers Company l Titus R., Scherry B. & Cerami A. 1991. The involvement of TNF, IL1 and IL6 in the immune response to protozoan parasites. Immunoparasitology Today A13-A16 l Torrico F. Heremans H., Rivera M. et al. 1991. Endogenous IFN-g is required for resistance to acute Trypanosoma cruzi infection in mice. J Immunol 146:3626-32 l Trinchieri G. 1995. Interleukin-12: a proinflammatory cytokine with immunoregulatory functions that bridge innate resistance and antigen-specific adaptative immunity. Annu Rev Immunol 13:251 l Truyens C., Torrico F, Angelo -Barrios A et al. 1995. The cachexia is associated with Trypanosoma cruzi acute infection in mice is attenuated by anti TNF-a , but not by anti -IL -6 or anti-IFN-g antibodies. Parasit Immunol 17:561 l Wilson M., Seymour R. & Henderson B. 1998. Bacterial perturbation of cytokine network. Am. Soc. Microbiol. 66:2401 -2409. l Zhang L. & Tarleton R. 1996. Characterization of cytokine production in murine T. cruzi infection by in situ immunocytochemistry.: Lack of association between susceptibility and Type II cytokine production. Europ. J. Immunol. 26: 102 -109 Tope Diagnóstico anatomopatológico da doença de Chagas Edison Reis Lopes Na América Latina, seja em aut ópsias com finalidade anatomoclínica seja naquelas com objetivo médico legal, o necroscopista tem necessidade de conhecer e saber utilizar adequadamente os métodos dos quais pode lançar mão para estabelecer o diagnóstico da infec ção chagásica e da doença de Chagas (DC). Inicialmente pode-se dividir os métodos utilizados para o diagnóstico acima referidos em parasitológicos e morfológicos ( Quadro 1). Quadro 1: Diagnóstico anatomopatológico da doença de Chagas 1. Métodos parasitológicos 1.1. Diretos (pesquisa de formas tissulares do parasita) 1.1.1. Microscopia óptica em preparados histológicos (HE, Giemsa, etc) 1.1.2. Imunohistoquímica 1.1.3. Microscopia eletrônica 1.1.4. Microscopia confocal 1.1.5. Técnicas de Biologia Molecular 1.1.5.1. Reação em Cadeia da Polimerase 1.1.5.2. Hibridação molecular 1.2. Indiretos 1.2.1. Imunodiagnóstico 1.2.1.1. Hemaglutinação indireta 1.2.1.2. Imunofluorescência indireta 1.2.1.3. Elisa 1.2.1.4. Fixação de complemento 1.2.2. Xenodiagnóstico "post mortem" 1.2.2.1. Artificial 2. Métodos morfológicos As alterações morfológicas, que a DC produz nos principais órgãos lesados, são bem conhecidas e encontram-se detalhadamente descritas especialmente em textos nacionais e de outros países da América Latina (1,2,3,4,8,9). Os achados anatomopatológicos, especialmente aqueles do coração, esôfago e cólon, com grande freq üência permitem, na quase totalidade dos casos que o anatomopatologista, baseado somente nos achados morfológicos, macro e microsc ópicos, estabeleça um diagnóstico definitivo da tripanossomíase cruzi nos chag ásicos na fase aguda ou com as formas cardíaca, digestiva, mista ou com exacerbações agudas (reativação) da fase crônica. O mesmo não sucede, em geral, nos chagásicos com a forma indeterminada e naqueles da forma cardíaca que falecem de modo súbito inesperado. Nesses últimos casos o patologista tem, com freqüência, de lançar mão de métodos parasitológicos, diretos ou indiretos, para formar o diagnóstico de infecção chagásica. A abordagem do presente texto será limitada a análise dos métodos parasitológicos que o patologista deve utilizar, para estabelecer o diagnóstico de infecçã o chagásica. Não serão aqui abordados os achados morfológicos. A respeito destes devem ser consultados textos – alguns á j anteriormente mencionados - e artigos que tratam da anatomia patológica da DC. Tope 1. M étodos parasitológicos diretos A detecção das formas amastigotas do Trypanosoma cruzi em preparados histológicos permanentes (lâminas) e mais raramente em raspados de órgãos são técnicas utilizadas desde praticamente o descobrimento da DC e constituem os métodos parasitológicos, mais utilizados, no diagnóstico anatomopatológico da infecção chagásica e da tripanossomíase cruzi. Os cortes histológicos são obtidos a partir de fragmentos de órgãos devidamente processados podendo a pesquisa de parasitas ser feita em lâminas coradas pela hematoxilina-eosina (HE) ou por outras técnicas que permitem melhor observação da morfologia do parasita, como por exemplo, as derivadas do Romanovsky como Giemsa e Leishman. Nestas condições as amastigotas aparecem a microscopia óptica como organismos ovais ou esféricos com diâmetros de aproximadamente 1,5 a 3,0 x 3,0 a 6,5 micrômetros (m m) com núcleo grande e arredondado ocupando, às vezes, um terço do corpo do parasita e cinetoplasto em forma de disco. Não há flagelo livre e sua porção intracitoplasm ática raramente é visível. Estas formas amastigotas se reproduzem binariamente a cada 12 horas, formando "ninhos" que podem chegar a albergar até 540 parasitas. Cumprido o ciclo intracelular do parasita o ninho se rompe e as formas amastigotas – ao lado das tripo-mastigotas e epimastigotas – caem no interstício, local onde podem ser encontradas isoladamente. No período inicial da infecção, na qual tanto a parasitemia como o parasitismo tecidual são intensos, facilmente são detectadas as formas amastigotas – especialmente quando estão nos ninhos – do T. cruzi, inclusive em preparados corados pela clássica HE. São mais parasitadas as células musculares estriadas e lisas, os macrófagos profissionais, as células acessórias dos órgãos linf óides, os fibroblastos e as células de Schwann. No entanto o parasita parece multiplicar -se quase esclusivamente nas células musculares onde se localizam os típicos ninhos de amastigotas. Nas demais células, não se encontram ninhos típicos; no máximo, poucos parasitas, quase sempre menos de uma dezena. Na fase cr ônica da DC o parasitismo tecidual é incomparavelmente menor que o da fase aguda, tendo mesmo se chegado a admitir, anos atrás, que o encontro de formas amastigotas do T. cruzi em tecidos de chagásicos crônicos era excepcional. Isto não foi comprovado em estudos mais recentes especialmente naqueles em que se empregaram técnicas mais sensíveis de análise. Trabalhos também tem sugerido que em chagásicos crônicos humanos haveria preponderância de parasitismo tecidual nas supra-renais, dados não confirmados por outros autores. Em tripanossomóticos imunossuprimidos, quando há reativação da DC, o parasitismo tecidual geralmente torna-se acentuado, semelhando o visto na fase aguda da enfermidade Nestes casos de reativação os dados, até agora conhecidos, sugerem que coração e encéfalo seriam os órgãos mais parasitados. A imunohistoquímica, que é um conjunto de procedimentos que utiliza anti-corpos como reagentes espec íficos para a detec ção de antígenos presentes em células ou tecidos, trouxe valiosa contribuição para o diagnóstico anatomopatológico da DC (5). Como os agentes infecciosos possuem antígenos próprios, sua detec ção nos tecidos permite diagnóstico etiológico preciso. Acresce que as técnicas imunohistoquímicas propiciam estudo mais completo e profundo da resposta tecidual desenvolvida pelo hospedeiro a infecção, através da caracterização fenot ípica das células inflamatórias, de citocinas e de outros fatores participantes do processo lesional. Deve-se ainda realçar que as referidas técnicas podem ser aplicadas, em materiais congelados, fixados (em formol ou outros fixadores habituais) e emblocados em parafina. Lamentavelmente não há disponibilidade no mercado de anticorpos comerciais para identificação do T. cruzi. Existem entretanto centros de pesquisa que possuem anticorpos específicos de excelente qualidade. A identificação do T. cruzi é feita pelo delineamento das formas amastigotas constituindo os ninhos parasitários, de material particulado intracelular (fibras musculares, neurônios, macrófagos) ou intersticial. Uma das grandes aplicaçõ es da imunohistoquímica é no diagnóstico diferencial entre o T. cruzi com outros agentes infecciosos que por suas características morfológicas podem ser confundidos com o agente etiológico da DC. Dentre estes merecem realce o Toxoplasma gondii e outros protozoários como Isospora, Microsporidium, Leishmanias sp, etc. A pesquisa de formas amastigotas do T. cruzi em preparados histológicos permanentes corados pela HE e/ou por derivados do Romanosky constitue ainda o mais eficiente, prático e econômico método para o diagnóstico anatomopatológico da infecçã o chagásica. A imunohistoquímica trouxe valioso auxílio ao diagnóstico específico do agente etiológico. Três outros métodos parasitológicos diretos podem ainda ser aplicados no diagnóstico da DC: a microscopia eletrônica, a microscopia confocal (10) e as técnicas de biologia molecular (reação em cadeia da polimerase e hibridização molecular). Nenhum constitue método de rotina sendo usados só excepcionalmente. Nos últimos anos a reação em cadeia da polimerase (PCR) vem sendo mais frequentemente empregada em estudos sobre a terapêutica da DC (nos quais há necessidade de se ter a melhor avaliação possível em rela ção ao controle da infecção) e como instrumento que tem permitido demonstrar não ser excepcional – ao contr ário do que alguns chegaram a admitir – a persistência do T. cruzi na fase crônica da DC. 2. M étodos parasitológicos indiretos Dois são os métodos parasitológicos indiretos utilizados para o diagnóstico anatomopatológico da DC: imunodiagnóstico e xenodiagnóstico. O diagnóstico da infecção chagásica pelo imunodiagnóstico é feito por métodos imunológicos que consistem em reações sorológicas que buscam revelar a pesquisa de anticorpos ou de ant ígenos no organismo. Pode-se empregar as mesmas técnicas usadas no diagnóstico sorológico da DC "in vivo". Em nossa experiência os melhores resultados para o diagnóstico sorológico "post-mortem" da infecção chagásica são obtidos quando as reações são realizadas no líquido pericárdico. Em 1978 (6) efetuamos análise comparativa entre os testes de hemaglutinaçã o, imunofluorescência e fixação do complemento no líquido pericárdico obtido a autópsia de 50 indivíduos com cardite chagásica crônica comprovada anatomopatologicamente. Em 94%, 92% e 88% respectivamente as reações de hemaglutinação, imunofluorescência e fixação de complemento foram reagentes. Os resultados além de demonstrar que todas três reações são eficientes para o diagnóstico pós-mortem da DC, sugeriram que o uso associado dos três testes pode detectar mais casos de infecção chagásica do que uma reação isolada. Em nosso entender o emprego destas reações é de grande interesse para rastrear casos de DC em necrópsias realizadas em áreas endêmicas da tripanossomíase. Outro método parasitológico indireto que se pode utilizar para o diagnóstico necroscópico da DC é o xenodiagnóstico artificial(7). Este baseia-se na multiplicação do triatomíneo lançando mão para a alimentaçã o do hematófago, de sangue previamente retirado do paciente. Em nossa experiência o teste foi positivo em 30% dos chagásicos necropsiados. Embora constituindo mais um método diagn óstico da DC o xenodiagnóstico artificial tem sua aplicação voltada especialmente para finalidades de pesquisa. Tope REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. Andrade ZA. Patologia da doença de Chagas. In : Brener Z, Andrade ZA, Barral-Netto M. Trypanossoma cruzi e Doença de Chagas. Rio de Janeiro, Guanabara-Koogan, 2000. 2. Brener Z, Andrade Z. Trypanossoma cruzi e doen ça de Chagas. Rio de Janeiro, Guanabara-Koogan, 1979. 3. Cançado JR. Doença de Chagas. Belo Horizonte, Imprensa Oficial do Estado de Minas Gerais, 1968. 4. Cançado JR. Cardiopatia chagásica. Belo Horizonte. Fundação Carlos Chagas, 1985. 5. Duarte, MIS, Pagliari, C. Moléstias Infecciosas. In: Alves VAF, Bacchi CE, Vassallo J. Manual de imuno -histoquímica. S ão Paulo: Sociedade Brasileira de Patologia, 1999, p.196-207. 6. Lopes ER, Chapadeiro E, Batista SM, Cunha Jr JG, Rocha A, Miziaral L, Ribeiro JU, Patto RJ. Póst-mortem diagnosis of chronic Chagas ’s disease: comparative evaluation of three sorological tests on pericardial fluid. Transactions of the Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene 72(3):244-246,1978. 7. Lopes ER, Chapadeiro E, Brener Z, Franciscon JU, Cardoso J, Adad SJ, Tostes Jr S. Fenodiagnóstico artificial "post-mortem" em chagásicos cr ônicos. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical 19(4):259-262, 1986. 8. Lopes ER, Chapadeiro E, Tafuri WL, Prata A. Patologia das principais doenças tropicais no Brasil. Doença de Chagas. In : Brasileiro Filho, G. Pitella, JEH, Pereira FEL, Barbosa A. Bogliolo patologia. 5 ª ed. Rio de Janeiro, Guanabara-Koogan, 1994. p.1103-1124. 9. Milei J. Patologia. In: Storino R, Milei J. Enfermedad de Chagas. Buenos Aires: Doyma Argentina, 1994. 10. Mortara RA, Silva S, Patricio FR, Higuchi MR, Lopes ER, Gabbai AA, Carrevale P, Rocha A, Ferreira M, Souza MM, Turcato Jr G, Ferraz-Neto, BH. Imaging. Trypanossoma cruzi within tissues from chagasic patients using confocal microscopy with monoclonal antibodies. Parasitology Research 85:800-808,1999. Tope