Expectativa de vida da pessoa com deficiência vem aumentando
Transcrição
Expectativa de vida da pessoa com deficiência vem aumentando
ApaeSalvador Ano 11 - n.º 55 julho/agosto/setembro de 2007 Expectativa de vida da pessoa com deficiência vem aumentando Páginas 4 e 5 Avanços na medicina e inclusão social são fatores que têm contribuído para aumentar a expectativa de vida da pessoa com deficiência Apae oferece novos serviços de fisioterapia Teste do Pezinho completa 15 anos Autodefensora tem planos para gestão Página 3 Página 7 Página 8 Editorial apaenotícias Congresso SBPC A Apae Salvador participou do 41º Congresso Brasileiro de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial, que aconteceu entre 4 e 7 de setembro, no Centro de Convenções da Bahia. A Instituição montou um estande na área de exposição do evento para divulgar os serviços que oferece à população, através do Laboratório de Análises Clínicas (Labac), do Centro de Diagnóstico e Pesquisa (Cedip) e do Centro Médico (Cemed). O congresso é o mais importante evento científico da sua área e é promovido anualmente pela Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/ Medicina Laboratorial (SBPC/ML). Trata-se de uma importante oportunidade para informar aos profissionais da área de saúde sobre os serviços que a Apae oferece na área médico-laboratorial. Sonhos Solidários A doceria Doces Sonhos realizou, no período de 3 a 15 de outubro, durante a semana da criança, a campanha Festival das Crianças Doces Sonhos, com a finalidade de reverter parte da renda obtida com a venda de tortas geladas para a Apae Salvador. O valor arrecadado será destinado para as ações sócioeducativas desenvolvidas pela Instituição. Brincadeira é coisa séria Como parte das comemorações do mês das crianças, a Apae Salvador em parceria com a Superintendência dos Desportos da Bahia, realizou no dia 19 de outubro, no Clube Recreativo Campomar, em Piatã, o projeto Brincadeira é Coisa Séria. Durante o evento, 600 crianças e adolescentes com idades entre dois e 16 anos compartilharam experiências e alegrias da arte de brincar. Pilates O Centro Médico da Apae Salvador inaugurou em setembro, mais um serviço na área de fisioterapia, o Pilates. A técnica, desenvolvida no início do século XX, para reabilitar vítimas da Primeira Grande Guerra, trata de problemas de postura e de coluna, em crianças e adultos e proporciona aos usuários resultados rápidos, como o aumento do tônus muscular, resistência cardiorespiratória e melhoria postural. Para as crianças, o Pilates é indicado a partir dos seis anos de idade. Antes de iniciar as sessões, os alunos passam por uma avaliação. Os interessados podem marcar a avaliação pelo telefone (71) 3354-4833. Seminário Regional A Apae Salvador, com o apoio da Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República – Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência – CORDE, realizou nos dias 8 e 9 de novembro, no Hotel Mercure, Rio Vermelho, o III Seminário Regional: políticas públicas no contexto da inclusão da pessoa com deficiência nas áreas de educação e mercado de trabalho. Quando estamos completando quase 40 anos de vida, paramos um pouco para refletir o que fizemos e o que ainda está em nossas mentes por fazer, e que não foi possível concretizar. A Instituição tem crescido bastante na área de saúde, na melhoria da qualidade de vida das pessoas com deficiência e no atendimento à família. E quais são as perspectivas para os idosos que estão chegando? Como nossa Instituição é nova, ainda não temos esta clientela, mas temos realmente que começar a pensar. Durante seus 39 anos, a Apae vem trabalhando com crianças, desde bebês, até a idade adulta e precisa enfrentar este novo desafio, promovendo espaços de lazer, terapêuticos, fisioterápicos para oferecer aos idosos, qualidade de vida. Já começamos um trabalho de Pilates, RPG, Escola de Postura para 3ª Idade, beneficiando pessoas da comunidade. Também estamos desenvolvendo o projeto Família Saudável, em parceria com a Fundação Bahiana para o Desenvolvimento das Ciências (FBDC), onde iremos trabalhar a saúde da família, para que todos possam ter uma vida mais saudável para cuidar e também orientar seus filhos. Já alcançamos resultados positivos no trabalho social que vem sendo feito com as famílias dos nossos alunos. Tivemos a oportunidade de ver uma apresentação de dança do grupo “Arte em Movimento”, formado por mães da Instituição, na Semana do Excepcional, e não podemos deixar de registrar as mudanças de comportamento, a alegria que transparecia nos seus rostos. Mas a felicidade maior era de seus filhos na platéia. Como eles vibravam! Ações como estas elevam a auto-estima das pessoas e tem sido um trabalho constante da Apae para com a família. A valorização do ser humano deve existir em todos os ambientes para que ele alcance a terceira idade de forma saudável e plena, em todos os seus aspectos. Ilka Carvalho Superintendente da Apae ApaeSalvador Uma publicação da Apae Salvador Endereço: Rua Rio Grande do Sul, 545 - Pituba - Salvador - Bahia - Fone: (71) 3270-8300 Home-Page: www.apaesalvador.org.br E-mail: [email protected] Presidente: Derval Freire Evangelista Vice-presidente: Renato Teixeira Monteiro 1o secretário: Hércules Viana Pio 2a secretária: Vilma Cerqueira Lima 1o Tesoureiro: José Ramos dos Santos 2o Tesoureiro: Alair Terra do Amaral Superintendente: Ilka Santos de Carvalho Assessora Institucional: Ângela Ventura Projeto editorial/edição/redação: Em Pauta Comunicação e Marketing – Tel: (71) 3342-3445 Jornalista Responsável: Clarissa Amaral – DRT/BA 956 Projeto Gráfico e editoração eletrônica: Virginia Yoemi Fujiwara Fotolito e impressão: Venture Gráfica e Editora – (71) 3331-0555 APAE Salvador Jul/Ago/Set/2007 Saúde Apae oferece novos serviços fisioterápicos A Apae Salvador ampliou mais serviços na área de saúde. O serviço de fisioterapia agora abrange diversas especialidades: Estimulação Precoce, Fisioterapia Ortopédica, Traumatológica e RPG, Fisioterapia Neurológica, Fisioterapia Uroginecológica, Escolas de Postura para Crianças e Adolescentes e também para a Terceira Idade. A equipe de fisioterapeutas trabalha em conjunto com os médicos da área, ortopedistas e fisiatras, e que conta com tecnologia de ponta para diagnóstico de problemas posturais e da coluna vertebral, a exemplo dos exames: Avaliação Postural Computadorizada (APC), Baropodometria Eletrônica e Goniometria Computadorizada. A estimulação precoce é um dos principais atendimentos oferecidos pela Apae Salvador na área de fisioterapia. O atendimento é dedicado a crianças de zero a dois anos (acima desta idade são encaminhados para a fisioterapia neurológica), que possuem atraso no desenvolvimento neurológico, cognitivo e/ou motor. Esta modalidade inclui ainda crianças com Síndrome de Down, bebês prematuros, paralisia cerebral, hidrocefalia, deformidades congênitas. Na Apae o paciente encontra tratamento ortopédico e fisioterápico em traumatologia, especialidades voltadas para a prevenção ou tratamento de doenças que envolvem os aparelhos locomotores (ossos, músculos, articulações e ligamentos), como em casos de entorses, fraturas, tendinites e contusões. No tratamento, os fisioterapeu- Exames auxiliam diagnóstico RPG é uma das técnicas oferecidas tas utilizam aparelhos para eletroterapia e realizam exercícios terapêuticos e de toque. Na Reeducação Postural Global (RPG) o paciente consegue avanços no realinhamento do corpo e trata as dores provocadas, geralmente, por problemas de coluna, como lordoses, cifose e escoliose. O tratamento é indicado para pessoas com idade a partir dos oito anos. A fisioterapia neurológica é uma especialidade que trata as doenças que envolvem o sistema nervoso central e acometem crianças e adultos. Esse tipo de fisioterapia é indicada para pacientes com paralisia cerebral, síndromes neurológicas e vítimas de acidentes vasculares cerebrais (derrames). Já a fisioterapia uroginecológica é indicada para o tratamento das disfunções genito-urinárias e sexuais, como incontinência urinária e disfunções do assoalho pélvico. Além das diversas especialidades de fisioterapia, o Centro Médico (Cemed) da Apae Salvador oferece também exames que auxiliam no diagnóstico de problemas posturais e de coluna. A Avaliação Postural Computadorizada (APC) é um exame que avalia, através de um software (um programa de computador)e analisa os aspectos morfológicos da postura humana. Ou seja, permite um exame mais profundo da postura de uma pessoa. Através do sistema, pode-se medir as distâncias entre pontos anatômicos, oferecendo assim um diagnóstico mais preciso da postura e favorecendo o acompanhamento da sua evolução. Outro exame que auxilia no diagnóstico e no tratamento de problemas posturais é a Baropodometria Eletrônica. Este, também não-invasivo, é utilizado para visualizar, gravar e analisar as alterações das pressões e forças dos pés, além de alterações da postura e avaliação do equilíbrio. Do mesmo modo que a APC, trata-se de um software altamente sofisticado, desenvolvido para visualizar imagens coloridas e dados estatísticos. A Goniometria Computadorizada é um método de avaliação utilizado para medir os ângulos articulares do corpo humano. Escolas de postura atende jovens e idosos Além das terapias convencionais, a Apae mantém duas escolas de postura. Uma é dirigida a crianças e adolescentes com problemas posturais. Os cursos têm duração de quatro meses. A terapia inclui aulas teóricas e práticas com distribuição de um manual. O conteúdo teórico é passado de forma lúdica. Ao final do tratamento os alunos-pacientes recebem um certificado e saem com uma nova visão sobre a importância da postura para o desenvolvimento das atividades diárias. Jul/Ago/Set/2007 Dirigida às pessoas com mais de 50 anos e que apresentam alterações na postura e/ou movimento, a Escola de Postura para Terceira Idade tem o objetivo de melhorar a capacidade funcional nas atividades do dia a dia. Além de alongamentos e exercícios terapêuticos, a programação abrange exercícios, orientações posturais para dormir, sentar, abaixar etc. As turmas são formadas por apenas três alunos e, como a escola para criança e adolescente, as aulas são bastante lúdicas. Exame detectada problemas nos pés APAE Salvador Especial Aumenta a expectativa de vid Avanços na medicina e práticas de inclusão in A terapia ocupacional é um dos avanços que proporcionam longevidade e qualidade de vida as pessoas com deficiência O s avanços registrados na medicina, as novas tecnologias, o acesso à informação e, sobretudo, o processo de inclusão social são os principais fatores que vêm contribuindo para aumentar a expectativa de vida da pessoa com deficiência mental. Não existem estatísticas oficiais no Brasil, mas os profissionais que trabalham nessa área são categóricos em afirmar que a pessoa com deficiência mental está vivendo mais e muito melhor. Para se ter idéia dessa evolução, no início do século XX, a expectativa de vida da pessoa com Sindrome de Down era de 18 anos. Hoje, segundo a médica geneticista Tatiana Amorim, do Serviço de Referência em Triagem Neonatal da Apae Salvador, a média, em países, como a Austrália, por exemplo, é de 72 anos, APAE Salvador enquanto para as pessoas ditas normais é de 80 anos, neste mesmo país. Para a médica, diversos fatores contribuem para essa transformação. Entre eles, Tatiana destaca o acesso à saúde e a inclusão social dessas pessoas que antes sofriam tremendamente com o preconceito e eram afastadas tanto do convívio social quanto das inovações da medicina. Para ela, os avanços da medicina contribuíram enormemente para isso. “O aprimoramento nas técnicas de reabilitação e as cirurgias cardíacas, o desenvolvimento e utilização de vacinas especiais, a exemplo da vacina contra gripe, pneumonia, varicela (catapora) e a hepatite A, são fatores de extrema importância neste processo”, lembra a médica, acrescentando que neste período, a assistência médica passou a ser mais cuidadosa. Por outro lado, explica Tatiana, todo esse arsenal médico poderia não estar beneficiando as pessoas com deficiência mental, não fossem os avanços psicossociais. “A qualidade de vida dos deficientes melhorou, porque eles assumiram uma postura cidadã, exigindo atendimento de ponta em todas as áreas”, observa a médica. Até alguns anos atrás, lembra Tatiana, existia tecnologia de saúde, mas não era investida nessas pessoas. Na Inglaterra, por exemplo, segundo a médica, não se opera portador da Síndrome de Down. “Na França, não se opera coração de pessoas com Down, porque acham que não vale a pena investir em indivíduos não produtivos. E trata-se de um país desenvolvido! Mas de maneira geral isso é exceção à tendência atual, que é a de que essas pessoas tenham seu espaço garantido na família e no ambiente social”. Jul/Ago/Set/2007 da da pessoa com deficiência nfluenciam na melhoria da qualidade de vida A inclusão pelo trabalho é outro fator ... ... que contribui para a longevidade Na opinião da médica, os avanços psicossociais são determinantes e impulsionam o deficiente para uma posição em que ele se beneficia melhor dos avanços da saúde, e da educação. “E isso faz com que essas pessoas vivam mais”, avalia. Para a psicóloga Isabella Queiroz, do Serviço de Referência em Triagem Neonatal (SRTN), da Apae Salvador, os aspectos psicosssociais são tão importantes para a melhoria da qualidade de vida e longevidade da pessoa com deficiência quanto os avanços da medicina. A aceitação e o estabelecimento de vínculos com a família e a sociedade contribuem bastante para o aumento da expectativa de vida dessas pessoas. Segundo ela, o fato de serem concebidos como sujeitos capazes de demandar algo para sua própria existência, é fundamental nesse processo. Atualmente, avalia a psicóloga, com a prática da inclusão, tem sido possível ampliar os laços familiares e sociais dessas pessoas, principalmente daquelas inseridas no mercado de trabalho. “Trabalhando, de forma remunerada ou voluntária, eles criam vínculos sociais mais amplos e adquirem mais autonomia”, garante a psicóloga. As técnicas de terapia ocupacional são utilizadas em bebês Jul/Ago/Set/2007 Instituições devem se preparar para nova realidade O aumento da expectativa de vida da pessoa com deficiência reflete diretamente no trabalho desenvolvido pelas instituições que atendem a este segmento da população. Para a médica geneticista Tatiana Amorim, o envelhecimento trata-se de uma questão para começar a ser debatida com rapidez, pois ao tempo em que esses indivíduos vivem mais, vão ter dificuldade de encontrar quem possa cuidar deles. “Quando os pais morrem, a maioria não tem quem cuide deles”, pondera a médica. Em vários países, a solução encontrada foi a criação de moradias individualizadas, onde essas pessoas passam a viver de forma independente, mas sob a responsabilidade de um cuidador, que cozinha e faz as atividades que eles não podem realizar sozinhos. A experiêcia da Apae de Bauru, em São Paulo, é outro exemplo de ação bem-sucedida nessa área. O projeto, denominado Casa Lar, é voltado para pessoas com deficiência mental que perderam os vínculos familiares, e atende hoje a 10 pessoas. Para implantar o projeto a instituição adquiriu uma casa com recursos próprios e firmou parceria com a Secretaria de Ação Social de São Paulo para a manutenção da Casa Lar. Em sistema de mutirão, reformou, fez adaptações, pintou e mobiliou o prédio. O projeto desenvolvido tem como filosofia básica o trabalho supervisionado das moradoras para reproduzir o clima de afetividade e solidariedade do ambiente familiar, preservando a identidade de cada residente. APAE Salvador Inclusão Semana do Excepcional promove reflexão sobre deficiência mental Como acontece anualmente, a Apae de Salvador promoveu, entre 21 a 28 de agosto, a Semana do Excepcional, instituída nacionalmente pela Federação Nacional das Apaes, com o objetivo de chamar a atenção da sociedade para as potencialidades que podem ser desenvolvidas pela pessoa com deficiência mental. Durante este período foram realizadas diversas atividades e ações de mobilização para possibilitar uma reflexão maior sobre a cidadania dessas pessoas. O ponto alto da programação aconteceu no dia 21, às 14:30h, na sede da Instituição, na Pituba, quando foram comemorados os 15 anos de implantação do Teste do Pezinho, na Bahia. Antes, porém, entre 13 e 14h, a Apae Salvador inaugurou a sua programação de entrevistas pela Internet, através de “Chat”, que contará com a participação de técnicos e profissionais das várias áreas de atuação da Instituição. O primeiro “Chat” teve a participação da médica geneticista Helena Pimentel. Durante o período da entrevista, a médica respondeu a perguntas dos internautas, esclareceu dúvidas e passou orientações importantes sobre as doenças que podem levar à deficiência mental. Trata-se de mais um canal de comunicação que a Apae Salvador oferece para disseminar informações importantes na área de prevenção da saúde. As atividades Alunos e familiares em atividades desse dia foram encerradas com a eleição dos aprendizes Ricardo Simões e Rosileny Brito para a autodefensoria, representando os alunos e aprendizes, na direção da Instituição. No dia 22, a programação teve continuidade com o I Encontro Inclusivo de Capoeira, realizado para estimular o efetivo intercâmbio social e cultural entre 150 alunos e aprendizes da Apae Salvador com mestres, professores e alunos de capoeira de escolas regulares. Neste mesmo dia, os alunos e aprendizes da Apae Salvador visitaram o Parque de Sauípe. Além de proporcionar momentos de lazer e grande descontração, a visita envolveu os alunos em ações de educação ambiental e preservação da natureza, agregando valor ao seu aprendizado diário. O Encontro das Artes movimentou o palco do teatro dos Correios APAE Salvador Uma mesa redonda, realizada em 24 de agosto, reuniu no auditório da Apae Salvador, na Pituba, mais de 80 convidados para discutir o tema Inclusão: das intenções à ação. O evento cumpriu a sua finalidade, que era a de possibilitar a troca de informações sobre a proposta de inclusão da pessoa com deficiência mental, entre representantes das escolas parceiras da Apae, instituições de ensino superior e representantes de várias ONGs. Para o presidente da Apae Salvador, Derval Evangelista, o evento abriu espaços para novas idéias, novos desejos, novas intenções de tornar todos iguais. Os participantes puderam discutir e esclarecer dúvidas sobre o processo inclusivo das pessoas com deficiência mental. No dia 27, a programação prosseguiu com a oficina de fazeres, realizada simultaneamente no Centro Educacional Especializado (Ceduc) e no Centro de Formação e Acompanhamento Profissional (Cefap). O trabalho envolveu alunos, aprendizes e familiares em atividades sócio-pedagógicas em grupo, com temas dos processos de aprendizagem que os professores desenvolvem em sala de aula. Já no dia 28 de agosto, a programação da Semana do Excepcional, contou com a palestra da psicóloga e psicanalista Carmem Lúcia Lavigne, que tratou da importância da interação familiar no desenvolvimento da pessoa com deficiência. Encerrando as atividades da Semana, o Encontro das Artes reuniu no auditório dos Correios, alunos, colaboradores, convidados e familiares. O evento contemplou a apresentação de diversas manifestações culturais produzidas pelos alunos, aprendizes e o grupo de mães da Apae Salvador. A programação incluiu a apresentação da Cia. de Dança Opaxorô, com a coreografia O Malandro, baseada na peça Ópera do Malandro, de Chico Buarque, e ainda apresentações de ginástica rítmica e do grupo de dança “Arte em Movimento”, formado por mães de alunos e aprendizes. Jul/Ago/Set/2007 Saúde Artigo Teste do Pezinho completa 15 anos na Bahia A expressão inadequada Diariamente, muitas mães levam seus filhos para fazer acompanhamento médico e psicossocial A Apae Salvador comemorou em agosto os 15 anos de realização do Teste do Pezinho, na Bahia. Desde que foi instituído, o Serviço de Referência em Triagem Neonatal (SRTN) da Instituição já realizou o teste em 1,5 milhão de crianças no Estado, totalizando mais de 5 milhões de exames. Único serviço credenciado pelo Ministério da Saúde na Bahia para a realização do Teste do Pezinho, o SRTN da Apae Salvador realiza, através do SUS, em convênio com o Ministério da Saúde, Governo do Estado e Prefeituras Municipais, a Triagem Neonatal nos 417 municípios baianos. Pelo SUS, o teste identifica três doenças. Uma delas é o hipotireoidismo congênito, que é uma disfunção da glândula tireóide. Pode acontecer na idade adulta, mas algumas crianças podem nascer com um mau funcionamento da tireóide, ou até mesmo sem essa glândula, e isso pode provocar sérios problemas no desenvolvimento, podendo levar ao retardo mental se não for tratada. Outra doença detectada é a fenilcetonúria, doença genética um pouco mais rara onde a criança nasce com uma dificuldade de metabolizar um aminoácido que está presente no leite materno, na carne, no frango. A anemia falciforme, apesar de não provocar retardo mental, entra na triagem porque é uma doença genética muito freqüente na população baiana. Pesquisa já investigou 2 mil casos de doenças genéticas em Monte Santo Mais de 2 mil pessoas com suspeitas de possuir doenças genéticas, já foram investigadas pela equipe de pesquisadores do projeto Genética no Sertão: Estudo de doenças genéticas monogâmicas freqüentes no município de Monte Santo – BA. A equipe coletou dados de 250 adultos com deficiência mental, sem causas definidas, atendidos pelo Centro de Atenção Psicossocial (Caps) do município, e avaliou os laços familiares dos pacientes atendidos pelo Serviço de Referência em Triagem Neonatal (SRTN) da Apae e do Hospital das Clínicas. “A base de dados da pesquisa já conta com informações de mais de 2 mil pessoas avaliadas em 18, dos 40 povoados que circundam Monte Santo”, informa a médica geneticista Jul/Ago/Set/2007 do Serviço de Referência em Triagem Neonatal (SRTN) da Apae Salvador, Tatiana Amorim, uma das pesquisadoras do projeto. Os resultados preliminares da pesquisa indicaram que do universo já investigado, foram detectados: um caso de fenilcetonúria, um de hipotireoidismo congênito e 54 suspeitas desta mesma doença que ainda se encontram em fase de investigação. Os dados preliminares da pesquisa foram apresentados, no início de outubro, no Congresso Latino-Americano de Erros Inatos do Metabolismo, realizado no Uruguai. Segundo Tatiana Amorim o grande número de casamento entre pessoas da mesma família é a hipótese mais provável para a alta incidência de doenças genéticas na região. É tempo de pensar Nós, muitas vezes, durante a luta pela inclusão social da pessoa com deficiência, usamos expressões para classificar algumas situações, que não condizem com o fato em si, a exemplo da expressão educação inclusiva. Em verdade a educação sempre foi de todos, jamais precisou do recorte aqui citado, o que existe de fato e se faz necessário é um processo que inclui aqueles à educação, que ao longo do tempo estiveram e estão excluídos da mesma por preconceitos e conveniências políticas. A educação por natureza é inclusiva, portanto se torna redundante e dispensável a ênfase que se dá através da expressão inadequada. Tais inadequações refletem a carência de avaliações periódicas no que se diz e se propõe dentro do movimento com propósito de corrigir erros e atualizar o que já não cabe em nosso tempo. Expressões, como a supracitada, passam despercebidas nas sombras de outras mais eloqüentes, porque mexem com brios a exemplo de “mongolóide, “aleijado” e outras. A educação desde os primórdios é pensada para todos, os seus tecelões jamais fizeram acepção de pessoas, portanto a identificação de um processo inclusivo relativo àqueles que estão fora dela é pertinente, porém a utilização de expressão que nos faz supor que ela se tornou agora o que sempre foi, não. Por que desse jeito negamos o espírito democrático da educação que está embutido em seu gênesis independentemente de quaisquer sistemas políticos ou econômicos. Os discursos enfáticos em favor de uma suposta educação inclusiva tentam corrigir uma coisa distorcendo outra. As palavras e expressões são muito mais importantes do que comumente pensamos, pois as mesmas refletem o quanto uma civilização é atenta ou desatenta quanto a certas coisas e como as vêem. Portanto, é importante que a ênfase seja dada em defesa de incluir todos, a educação, mas não de tornar inclusiva o que é por natureza, ou seja, a própria educação. Fausto Joaquim Autor dos livros: Águia sem asas e Diga ao mundo que sou Deus. APAE Salvador Entrevista: Rosileny Brito dos Santos “Defenderei os interesses dos alunos e reivindicarei mais professores especializados nas escolas públicas” A aprendiz, Rosileny Brito dos Santos, 36 anos, é a mais nova auto-defensora da Apae Salvador. Eleita em setembro, Rosileny ingressou na Apae em 1989. Neste período, participou do Programa de Qualificação Profissional e iniciou um estágio na sede da Instituição, em 1999. Três anos mais tarde, foi contratada pela rede McDonald´s. Atualmente, é monitora do Curso de Copa e Cozinha, promovido pela Cefap e, à noite, freqüenta as aulas do Programa Brasil Alfabetizado, na Escola Municipal Francisco Mangabeira, onde cursa a 2ª série do Ensino Fundamental. Nesta entrevista, ela fala sobre os seus planos para representar os alunos e aprendizes na auto-defensoria da Apae Salvador. Apae Salvador – Como você encara a missão de representar os alunos e aprendizes da Apae de Salvador junto à diretoria administrativa da Instituição? Rosinely Santos - Foi muito boa a oportunidade que a Apae me deu de trabalhar junto à diretoria. Achei muito bom, porque, junto com eles, irei defender os interesses dos alunos, informar sobre o que estão precisando, o que não estão. Ajudá-los a resolver a carteira de passe, reivindicar mais professores especializados nas escolas para ensinar aos alunos que têm mais dificuldades, porque, às vezes, as pessoas não sabem que a gente tem dificuldade para ler. Em qualquer lugar que a gente vai, a gente tem que saber ler as orientações que estão escritas. Só que as pessoas não sabem e ficam insistindo, ali, ali, ali. E não vêm procurar saber o porquê e ficam insistindo, insistindo. Lá onde eu moro, tem um lugar que vende picolé e tem uma placa dizendo os sabores, mas só que eu não sei ler. Só que a dona vem até a mim e ela fica: “olhe ali, ali”. Então, com esse negócio, resolvi que não vou mais comprar picolé. AS – Então, você quer mudar a mentalidade dessas pessoas para que elas entendam as dificuldades enfrentadas pelos deficientes mentais? RS - Ajudar para que as pessoas entendam mais, lutar pela carteira de passe para os alunos e outras coisas. AS - Quais as sugestões que você pretende apresentar à diretoria para melhorar e beneficiar a vida dos seus colegas? RS - Carteira de passe e mais professores capacitados nas escolas públicas e que as escolas aceitem os alunos deficientes para poder ensinar mais a ler e escrever. Ter uma escola separada só para isso, porque a professora não vai dar conta de ensinar os que sabem e os que não sabem. Porque, ou bem ela ensina aos normais, que sabem, ou bem dá mais atenção aos que não sabem. Devia ter assim uma escola mais preparada, mais capacitada para isso. Mesmo que a gente estude com os normais, eu acho que fica mais difícil para quem não sabe. AS - O que você está achando de ser auto-defensora? RS - Estou gostando, está sendo muito bom trabalhar junto com a diretoria, estou adorando muito. Foi uma oportunidade que eu não tinha e eles me deram e agora estou assumindo esta oportunidade. AS - Como você tem trabalhado? o que é que você tem feito? RS - Eu tenho me reunindo com os alunos e conversando com eles para saber como eles estão, com os que foram para o mercado de trabalho e também com os que não foram. Eles me disseram que estão muito bem. Eu tenho perguntado para eles as dificuldades que eles têm tido, e eles me disseram que está tudo ótimo. Às vezes eu faço uma reunião com eles. Já fiz com a metade dos aprendizes da manhã e estou pretendendo marcar com os da tarde, mas ainda não tive tempo, porque eu não sou só auto-defensora também sou monitora de sala. Agora mesmo o senhor me encontrou aonde? Ali no refeitório, pois eu estava resolvendo uma coisa ali para poder colocar os alunos da sala para trabalhar, para fazer as atividades da sala. Ai eu marco assim aos pouquinhos, e os aprendizes já estão me perguntando: que dia você vai marcar? Ai eu digo ainda não marquei, porque você sabe, né? Ainda não tive tempo, eu sou monitora de sala. Então, eu faço aos pouquinhos, porque assim dá tempo de fazer. AS – O que você acha do trabalho que a Apae faz? RS - É um trabalho ótimo, muito bem feito, porque os alunos que não tinham independência e agora têm. Alguns já sabem caminhar sozinhos, resolver suas vidas. AS – O que foi que você aprendeu aqui que lhe deu autonomia para sair e resolver as suas coisas? RS - Aprendi a como me comportar em público, como pegar um ônibus, sair, assim para resolver os meus assuntos. Hoje, algumas coisas que tenho para eu resolver, eu vou só. AS - Você também acompanha os seus colegas? RS - Eu também acompanho os meninos, quando eles precisam, eles vêm e falam comigo. Aí, peço autorização a Jacira, que fala com Faraíldes e ela me autoriza. AS – Que tipo de trabalho você já levou os meninos para resolverem? RS - Carteira de passe, médico. AS – O que você pensa das pessoas que tratam os deficientes mentais com preconceito? RS - Eles ainda não conhecem a forma dos deficientes. Não, quando eles vêem a gente, ficam pensando que nós vamos agredir, bater e não é isso. Isso é ruim para gente, porque ficamos meio abatidos com esse tipo de reação. Alguns acham que nós não somos iguais a eles e que, por isso, não devem andar com a gente. AS – Você já sofreu algum tipo de preconceito? RS - Quando sofro, descarrego logo. Eu digo logo: maluco? Maluco não sou eu não, maluco são vocês. AS – Como foi a sua experiência no trabalho? RS - Lá no Mc Donald’s é assim: eles mostram tudo para gente. Primeiro, eles sentam, batem um papo, fazem uma reuniãozinha e depois chamam e dizem: você vai fazer isso. Eles me colocaram para fritar batata, eu fui peguei e comecei a colocar na fritadeira, fui botando no saco ai quando os clientes chegavam e pediam: “eu quero sem sal, eu quero com sal”. Na hora em que ficavam muchas eu ficava com medo de jogar fora. Ai eles me diziam: “não, pode jogar fora”. Eu também lavava o banheiro, limpava o chão e a área externa. Fazia meu trabalho numa boa, eu gostava de trabalhar.
Documentos relacionados
45anos - APAE Salvador
Opaxorô comemora15 anos e leva cultura inclusiva para o interior da Bahia Com o patrocínio da Petrobras, o projeto Caravana de Inclusão Cultural tem como proposta cênica levar a cultura inclusiva ...
Leia maisEscolas Especiais - Federação das Apaes do Estado do Paraná
Com sede em Curitiba, a FEAPAEs tem ainda caráter cultural, assistencial e educacional direcionado às pessoas portadoras de deficiências.
Leia mais