INSTITUTO DE ARQUITETOS DO BRASIL
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INSTITUTO DE ARQUITETOS DO BRASIL
INSTITUTO DE ARQUITETOS DO BRASIL _________________________________________________________________________________ MUSEU DA IMAGEM E DO SOM - MIS Autor (es): Elizabeth Diller e Ricardo Scofidio (Diller Scofidio + Renfro) Capital cultural e turística do Brasil, o Rio de Janeiro, que por muitos séculos foi capital do Império e da República, vive um processo de intensa transformação econômica e social e busca recuperar sua influência nacional e internacional. A cidade, que abriga os maiores museus históricos do país e serve de palco para belos exemplares da arquitetura colonial, eclética, art decó, art nouveau e modernista, experimentou, nas últimas décadas, um período de grande decadência, desde que, não por coincidência, a capital da República foi transferida para Brasília. O modernismo, tão expressivo até a década de 1960 na cidade, marcou quase o fim do pensamento sobre a arquitetura na cidade, que sempre foi considerada a principal caixa de ressonância cultural do Brasil. Mas, mesmo a especulação imobiliária e a decadência econômica que viriam depois da transferência da capital para Brasília, não tiraram o brilho de uma cidade que, como poucas, mistura de forma harmônica elementos naturais e intervenções humanas. A metrópole que foi descrita assim pelo escritor austríaco Stefan Zweig, em seu livro “Brasil, o país do futuro”: “O Rio de Janeiro é uma natureza que se tornou cidade e é uma cidade que se dá a impressão de natureza”. Na qualidade de natureza-cidade e cidade-natureza, o Rio de Janeiro foi a primeira candidata do mundo ao título de Patrimônio da Humanidade na UNESCO na categoria Paisagem Cultural – as escolhidas serão divulgadas ainda este ano. Neste momento, por volta de 2008, em que o mundo tornou a voltar os olhos para a beleza e a cultura do Rio, impulsionado principalmente pelas notícias sobre o combate à violência e os novos investimentos em infraestrutura, a Fundação Roberto Marinho foi convidada pelo Governo do Rio de Janeiro, através da Secretaria de Estado de Cultura, para conceber um novo museu para a cidade, o Museu da Imagem e do Som (MIS). O convite surgiu da experiência comprovada da instituição, que sempre trabalhou com patrimônio e cultura, na realização de museus. Entre 2001 e 2008, a Fundação Roberto Marinho desenvolveu e implementou dois equipamentos culturais em São Paulo: o Museu da Língua Portuguesa e o Museu do Futebol. Essas iniciativas marcaram o início, no país, de uma nova tipologia de museus, que estruturam seu conteúdo sobre uma narrativa e não apenas sobre um acervo físico existente. Além disso, usam plataformas midiáticas e tecnológicas para transformar o percurso de visitação em uma experiência. O Museu da Língua é o primeiro do mundo dedicado a uma língua, maior patrimônio imaterial de uma nação. O do Futebol conta a história do país pelo viés sociológico desse esporte, que é um dos elementos fundadores da identidade brasileira. Lançados com estrondoso sucesso, com projetos arquitetônicos que valorizam a importância histórica e cultural das edificações que os abrigam (uma estação de trem e um estádio de futebol), esses dois museus de São Paulo são hoje os mais visitados do Brasil. Mas como transpor o pensamento museológico das duas instituições paulistas para um espaço carioca? Várias reflexões surgiram na Fundação Roberto Marinho a partir desta demanda do governo. E, a partir delas, foi concebido o projeto da nova sede do Museu da Imagem e do Som. RUA DO PINHEIRO, Nº 10 CEP 22220-050 FLAMENGO RIO DE JANEIRO _________________ [email protected] BRASIL TEL. +5521 2557-4480 INSTITUTO DE ARQUITETOS DO BRASIL _________________________________________________________________________________ Em Copacabana, o novo prédio do MIS Para auxiliar a concepção curatorial da nova sede do MIS, teve início um extenso trabalho de mapeamento das coleções. No processo, um número impressionante de preciosidades e materiais inéditos sobre a cultura brasileira foi identificado por um grupo de pesquisadores. A vocação do Museu, somada à relevância do conteúdo recém-descoberto, já dava indícios da magnitude do projeto. Se no campo curatorial as surpresas eram deliciosas, no campo da arquitetura havia o forte desejo – tanto do Governo do Estado quanto da Fundação Roberto Marinho – de que o projeto da nova sede representasse um pensamento mais profundo sobre as expressões contemporâneas da cidade. Com o intuito de conhecer as visões de grandes arquitetos sobre as potencialidades desse novo monumento, foi realizado um Concurso Internacional de Ideias. Em 2009, o Rio de Janeiro ainda não havia se tornado a cidade que sediaria a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016, mas, ainda assim, o interesse de arquitetos nacionais e internacionais pelo projeto foi surpreendente. RUA DO PINHEIRO, Nº 10 CEP 22220-050 FLAMENGO RIO DE JANEIRO _________________ [email protected] BRASIL TEL. +5521 2557-4480 INSTITUTO DE ARQUITETOS DO BRASIL _________________________________________________________________________________ O edital trazia premissas importantes, que foram interpretadas de forma singular por cada um dos participantes. Por estar situado na Praia de Copacabana, um dos endereços mais famosos do país, o MIS tinha, desde o início, potencial para virar um ícone. A vista da praia e do calçadão de Burle Marx – uma das maiores obras de arte do país –, acessível hoje somente a moradores e turistas de maior poder aquisitivo, nos prédios residenciais e hotéis da orla, deveria ser democratizada. O escritório americano Diller Scofidio + Renfro venceu o concurso já no início de sua apresentação. Apesar de nunca terem visitado o Brasil, os arquitetos compreenderam a importância da rua para a cultura carioca e propuseram a construção de um boulevard vertical, que se ergue em toda a parte externa do edifício. A arquitetura proposta para o Museu da Imagem e do Som tem a praia de Copacabana como outra fonte de inspiração. Delimitado por uma grande parede de montanhas e evidenciado pelo marcante calçadão de Burle Marx, o litoral revela a complexa dinâmica da cidade, onde natureza e intervenções humanas estão intimamente associadas. O espaço público e o movimento descompromissado dos passeios a pé pela orla são, sem dúvida, elementos chaves da cultura carioca que foram incorporados ao projeto. Ao conectar o espaço democrático da praia com um passeio livre pelo prédio, o boulevard vertical elimina as fronteiras entre a cidade – onde a cultura acontece – e o museu – onde ela é interpretada. Gera também espaços de encontro e convivência, trazendo a expressividade das ruas para o espaço simbólico. Além da paisagem do entorno, o modernismo brasileiro é outra referência – que prevê um diálogo com a exuberância escultórica das obras de Oscar Niemeyer, encontradas em diversos pontos do Rio, e tem a intenção de fazer jus ao legado do arquiteto. O MIS herda também o DNA do paisagismo de Burle Marx. A partir da interpretação do calçadão do artista, com seu jogo de contrastes entre o preto e o branco, surge a paleta de cores do projeto. Com isso, o museu definitivamente finca raízes na cultura da cidade. Um ponto estruturante do partido arquitetônico surge do dilema de se implantar um edifício na Avenida Atlântica, onde a incidência de luz é muito forte durante todo o dia. Por ser um museu fundamentalmente midiático, o MIS exige o controle completo da luminosidade em seu interior. Para resolver a questão, os arquitetos RUA DO PINHEIRO, Nº 10 CEP 22220-050 FLAMENGO RIO DE JANEIRO _________________ [email protected] BRASIL TEL. +5521 2557-4480 INSTITUTO DE ARQUITETOS DO BRASIL _________________________________________________________________________________ propuseram a releitura de um componente marcante na arquitetura local, o cobogó, que originalmente era feito de cerâmica. O novo cobogó ganhou ares contemporâneos – que lhe deu um caráter adicional: a tridimensionalidade – e passou a compor a fachada do museu. Inúmeros elementos tubulares filtram a luz que entra nas áreas de exposição de longa duração. Além disso, esses cobogós, ou elementos vazados, adicionam uma nova camada à museografia. Devido aos ângulos de inclinação desses novos cobogós que estruturam a fachada, o olhar do visitante é direcionado, em cada um dos espaços, para diferentes trechos da paisagem. Além de lentes da arquitetura, estes elementos funcionam como lentes simbólicas, levando o público a perceber, de maneira poética, que o que está fora do museu é tão importante culturalmente quanto o que ganhou forma e está representado em seu interior. Assim, a paisagem externa é incorporada às exposições, complementando a experiência museográfica. Já na entrada do museu, um hall vazado descortina pequenos trechos do que há por vir nos demais andares. Esta provocação desperta a curiosidade do visitante sem revelar as surpresas que o aguardam ao longo do percurso. A riqueza interior é ainda complementada pela cuidadosa escolha dos materiais e revestimentos. A riqueza surge a partir de texturas reveladas pelo contraste entre preto e branco, que nunca são apresentadas de forma sólida, usando materiais como madeira e granitina, em tonalidades que variam de off white a preto ebanizado. A cor aparece em alguns detalhes quase que como um “truque” que quebra a monocromia do prédio. O edifício configura-se, desta forma, como um elegante invólucro e moldura para a exposição e o conteúdo do museu, explosivos em cores e formas. Em um terreno de 1.270 m2, foi possível projetar um edifício de aproximadamente 10 mil m2. O programa de uso do museu, bastante diverso, inclui salas para a exposição de longa duração e para as mostras temporárias, auditório, áreas para acolhimento e serviços para o público, locais destinados a atividades educativas e de pesquisa, área administrativa, restaurante, café e loja. Espaços tradicionais ganharam também novas dimensões no MIS. Para mostrar a importância da música na vida noturna da cidade, nada melhor do que reproduzir uma boate dentro do museu e levar seus visitantes a experimentar o clima do ambiente. Durante o dia, a boate funciona como um espaço museográfico experimental, mas, à noite, assume seu papel original. O auditório, tão presente em equipamentos culturais, ganhou uma nova função: servirá de palco para futuras manifestações artísticas e culturais da cidade. Assim, além de guardar e preservar os registros dessas manifestações, o MIS será também o espaço ideal para que elas aconteçam. Com 300 lugares, o auditório é multifuncional, capaz de se transformar em cinema, teatro, sala de conferências e casa de shows. Além da complexidade do programa, outros desafios foram exaustivamente trabalhados: a acessibilidade plena a pessoas com deficiência em todos os espaços do museu, o cumprimento de critérios para a certificação LEED (Liderança em Energia e Design Ambiental) em nível ouro e a limitação da altura do prédio – que não deveria ser responsável pelo aumento de áreas sombreadas no calçadão e na areia da praia. Todos esses requisitos foram atendidos sem que o projeto perdesse o charme da proposta criativa inicial. A responsabilidade de conceber um museu com esta essência era tão grande que as equipes de arquitetura, engenharia, museografia e conteúdo decidiram trabalhar de forma integrada, em um processo de criação coletiva. Assim como incorpora as características culturais da cidade, o projeto arquitetônico abraça, também de forma simbiótica, o conteúdo e a museografia. Mesmo elementos secundários de RUA DO PINHEIRO, Nº 10 CEP 22220-050 FLAMENGO RIO DE JANEIRO _________________ [email protected] BRASIL TEL. +5521 2557-4480 INSTITUTO DE ARQUITETOS DO BRASIL _________________________________________________________________________________ estrutura do prédio tornaram-se suportes para as experiências propostas. As bordas de laje, escadas, corrimões e guarda-corpos foram trazidos para o percurso expositivo e assumiram o protagonismo em algumas das salas do museu. O resultado disso é uma perfeita imersão do visitante em um espaço único e envolvente. O resultado alcançado com o projeto do MIS é único. Além do casamento perfeito entre arquitetura, museografia e conteúdo, a própria cidade, seu cotidiano, sua expressividade artística, seus movimentos, colaboram para fazer do MIS um espaço singular. Em um dos endereços mais simbólicos do país, epicentro de nossa expressão cultural, o museu vai materializar aspectos sutis e inconscientes da forma “carioca” de ser. Com a construção da nova sede, o MIS deixa de ser apenas um centro de documentação e assume todas as características de um museu total – que envolve atividades de coleta, registro, identificação, preservação, conservação, estudo, classificação e devolução à comunidade de bens culturais –, resgatando assim a essência de sua proposta original. Nesse sentido, o MIS pretende ser o museu da identidade carioca. Por meio do piano de Ernesto Nazareth, do bandolim de Jacob, da batuta de Villa-Lobos, do saxofone do Pixinguinha, dos figurinos de Carmen Miranda (cujo museu, hoje no bairro do Flamengo, será incorporado à nova sede), das panorâmicas de Augusto Malta, de manchetes e ilustrações de jornais, entre tantas outras preciosidades, o MIS apresenta ao público a história do Rio de Janeiro e de suas diversificadas manifestações culturais. Com o audacioso projeto do Museu da Imagem e do Som, esperamos que os moradores possam redescobrir o Rio, em um passeio afetivo por sua memória. Esperamos também que os milhares de turistas em visita à cidade, tanto os brasileiros de outros estados quanto os estrangeiros que virão especialmente para os eventos internacionais que serão realizados nos próximos anos na cidade – possam vivenciar seu cotidiano de forma intensa e sentir, a fundo, o que é ser carioca. RUA DO PINHEIRO, Nº 10 CEP 22220-050 FLAMENGO RIO DE JANEIRO _________________ [email protected] BRASIL TEL. +5521 2557-4480 INSTITUTO DE ARQUITETOS DO BRASIL _________________________________________________________________________________ Pranchas Planta baixa – indicação de esquadrias e detalhes – 1º pavimento RUA DO PINHEIRO, Nº 10 CEP 22220-050 FLAMENGO RIO DE JANEIRO _________________ [email protected] BRASIL TEL. +5521 2557-4480 INSTITUTO DE ARQUITETOS DO BRASIL _________________________________________________________________________________ Planta baixa – indicação de esquadrias e detalhes – 2º pavimento Planta baixa – indicação de esquadrias e detalhes – 3º pavimento Planta baixa – indicação de esquadrias e detalhes – 4º pavimento RUA DO PINHEIRO, Nº 10 CEP 22220-050 FLAMENGO RIO DE JANEIRO _________________ [email protected] BRASIL TEL. +5521 2557-4480 INSTITUTO DE ARQUITETOS DO BRASIL _________________________________________________________________________________ Planta baixa – indicação de esquadrias e detalhes – 5º pavimento Planta baixa – indicação de esquadrias e detalhes – 6º pavimento RUA DO PINHEIRO, Nº 10 CEP 22220-050 FLAMENGO RIO DE JANEIRO _________________ [email protected] BRASIL TEL. +5521 2557-4480 INSTITUTO DE ARQUITETOS DO BRASIL _________________________________________________________________________________ Planta baixa – indicação de esquadrias e detalhes – Cobertura Fachada leste RUA DO PINHEIRO, Nº 10 CEP 22220-050 FLAMENGO RIO DE JANEIRO _________________ [email protected] BRASIL TEL. +5521 2557-4480 INSTITUTO DE ARQUITETOS DO BRASIL _________________________________________________________________________________ Planta baixa – indicação de esquadrias e detalhes – 1º subsolo Planta baixa – indicação de esquadrias e detalhes – Mezanino Técnico do 1º Subsolo RUA DO PINHEIRO, Nº 10 CEP 22220-050 FLAMENGO RIO DE JANEIRO _________________ [email protected] BRASIL TEL. +5521 2557-4480 INSTITUTO DE ARQUITETOS DO BRASIL _________________________________________________________________________________ 2º subsolo Mezanino RUA DO PINHEIRO, Nº 10 CEP 22220-050 FLAMENGO RIO DE JANEIRO _________________ [email protected] BRASIL TEL. +5521 2557-4480 INSTITUTO DE ARQUITETOS DO BRASIL _________________________________________________________________________________ Corte Faça o download das pranchas aqui RUA DO PINHEIRO, Nº 10 CEP 22220-050 FLAMENGO RIO DE JANEIRO _________________ [email protected] BRASIL TEL. +5521 2557-4480 INSTITUTO DE ARQUITETOS DO BRASIL _________________________________________________________________________________ Ficha Técnica Autor (es): o Elizabeth Diller o Ricardo Scofidio RUA DO PINHEIRO, Nº 10 CEP 22220-050 FLAMENGO RIO DE JANEIRO _________________ [email protected] BRASIL TEL. +5521 2557-4480