Cifoplastia para pacientes com fratura osteoporótica de um corpo
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Cifoplastia para pacientes com fratura osteoporótica de um corpo
Cifoplastia para pacientes com fratura osteoporótica de um corpo vertebral Parecer técnico-científico: eficácia, segurança e informações econômicas Agosto de 2015. PARECER TÉCNICO-CIENTÍFICO TÍTULO: Cifoplastia para pacientes com fratura osteoporótica de um corpo vertebral ÓRGÃO FINANCIADOR: Sociedade Brasileira de Coluna (SBC) AUTORES: Laura Murta Amaral1, Juliana Simões Festa de Vasconcellos2, Larissa Pires Menezes3, Roberta Arinelli Fernandes4 REVISORES: Lina Herval5, Aluizio Augusto Arantes Junior6, Mauro Volpi7, Alexandre Fogaça8, Marcelo Wajchenberg9, Carlos Henrique Ribeiro10, Cristiano Menezes11, Edson Pudles12. 1 Biomédica, analista de projetos na SENSE Company; Biomédica, analista de projetos na SENSE Company; 3 Discente de biomedicina, estagiária na SENSE Company; 4 Médica, diretora médica na SENSE Company; 5 Médica, neurocirurgiã, membro da Comissão de Avaliação de Novas Tecnologias da Sociedade Brasileira de Coluna; 6 Médico, neurocirurgião, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Coluna; 7 Médico, neurocirurgião, presidente da Sociedade Brasileira de Coluna; 8 Médico, ortopedista, membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Coluna; 9 Médico, ortopedista, membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Coluna; 10 Médico, neurocirurgião, membro da diretoria e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Coluna (2013-2014); 11 Médico, ortopedista, membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Coluna; 12 Médico, ortopedista, membro da diretoria da Sociedade Brasileira de Coluna. 2 2 CONFIDENCIAL Não deve ser usado, divulgado, publicado ou propagado de outras formas sem o consentimento expresso da Sociedade Brasileira de Coluna. SUMÁRIO LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES .................................................................................................. 4 LISTA DE TABELAS.......................................................................................................................... 5 LISTA DE FIGURAS.......................................................................................................................... 6 1. DESCRIÇÃO DA DOENÇA RELACIONADA À UTILIZAÇÃO DA TECNOLOGIA ........................... 7 2. DESCRIÇÃO DA TECNOLOGIA PROPOSTA ........................................................................... 10 3. 2.1.1. Técnica cirúrgica .................................................................................................. 10 2.1.2. Indicações ............................................................................................................ 13 EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS .................................................................................................... 17 3.1. Questão do Estudo ...................................................................................................... 17 3.1.1. Intervenção ......................................................................................................... 17 3.1.2. População ............................................................................................................ 17 3.1.3. Comparação ........................................................................................................ 17 3.2. Estratégia de busca ..................................................................................................... 18 3.2.1. Fontes de dados .................................................................................................. 18 3.2.2. Vocabulário controlado ....................................................................................... 18 3.3. Critérios de seleção e exclusão dos artigos................................................................. 20 3.4. Critérios de qualidade ................................................................................................. 21 3.5. Resultados da busca realizada (eficácia e segurança)................................................. 21 3.5.1. Seleção dos artigos .............................................................................................. 21 3.5.2. Análise da qualidade dos estudos selecionados ................................................. 23 3.5.3. Descrição dos estudos selecionados ................................................................... 23 Cifoplastia versus Artrodese................................................................................................ 23 Cifoplastia versus MNC........................................................................................................ 24 4. CONCLUSÃO........................................................................................................................ 48 5. DIRETRIZ DE UTILIZAÇÃO .................................................................................................... 50 6. CONFLITO DE INTERESSE .................................................................................................... 51 7. REFERÊNCIAS ...................................................................................................................... 52 ANEXO 1. BASES DE DADOS PARA BUSCA DE EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS .................................... 61 ANEXO 2. NÍVEIS DE EVIDÊNCIA CIENTÍFICA SEGUNDO A CLASSIFICAÇÃO DE OXFORD CENTER FOR EVIDENCE-BASED MEDICINE ................................................................................................ 62 ANEXO 3. ESTUDOS EXCLUÍDOS .................................................................................................. 63 ANEXO 4. QUALIDADE DA EVIDÊNCIA DOS ESTUDOS ANALISADOS ........................................... 66 3 CONFIDENCIAL Não deve ser usado, divulgado, publicado ou propagado de outras formas sem o consentimento expresso da Sociedade Brasileira de Coluna. LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES ANS Agência Nacional de Saúde Suplementar CADTH Canadian Agency for Drugs and Technologies in Health CRD Centre for Reviews and Dissemination DMO Densidade mineral óssea EA Eventos adversos EAS Eventos adversos sérios EQ-5D EuroQol-5D EVA Escala visual analógica EVOS European Vertebral Osteoporosis Study FCV Fraturas por compressão vertebral FVOC Fraturas vertebrais osteoporóticas compressivas IC Intervalo de confiança LILACS Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde MNC Manejo não cirúrgico NICE National Institute for Health and Care Excellence PCS Resumo do componente físico PF Preço de fábrica PMC Preço máximo ao consumidor PMMA Polimetilmetacrilato PROMS Patient-related outcome measures QALY Anos de vida ajustados pela qualidade RDQ Questionário de incapacidade de Roland-Morris RM Ressonância magnética SF Short form TGA Therapeutic Goods Administration 4 CONFIDENCIAL Não deve ser usado, divulgado, publicado ou propagado de outras formas sem o consentimento expresso da Sociedade Brasileira de Coluna. LISTA DE TABELAS Tabela 1. Indicações para o tratamento com cifoplastia. ........................................................... 14 Tabela 2. Resumo das vantagens da cifoplastia em relação a vertebroplastia. ......................... 16 Tabela 4. Questão estruturada no formato PICO. ...................................................................... 17 Tabela 5. Termos utilizados nas estratégias de busca. ............................................................... 19 Tabela 6. Estratégias de busca. ................................................................................................... 20 Tabela 7. Publicações incluídas na revisão da literatura após avaliação do texto completo. .... 23 Tabela 8. Resumo das diferenças estatisticamente significativas dos resultados de eficácia de cifoplastia versus controle. Boonen, 2011 (49). .......................................................................... 27 Tabela 9. QALYS e área sob a curva ao longo dos 24 meses, comparação versus valor no baseline e MNC. Borgström, 2013 (39). .................................................................................................... 28 Tabela 10. Resultado do tratamento e estado clínico de pacientes um ano após a FCV. Movrin, 2012. (44) .................................................................................................................................... 33 Tabela 11. Estudos incluídos para análise. .................................................................................. 38 Tabela 12. Estudos incluídos para análise. .................................................................................. 42 Tabela 13. Estudos incluídos para análise. .................................................................................. 45 Tabela 14. Principais diferenças encontradas nas avaliações de medicamentos ou de equipamentos médico-assistenciais. Diretrizes metodológicas: elaboração de estudos para avaliação de equipamentos médicos assistenciais, 2013. (52) ................................................... 48 5 CONFIDENCIAL Não deve ser usado, divulgado, publicado ou propagado de outras formas sem o consentimento expresso da Sociedade Brasileira de Coluna. LISTA DE FIGURAS Figura 1 Algoritmo para o tratamento de pacientes com FVOC. .................................................. 9 Figura 3 Técnica da cifoplastia – Kasper, 2010. (22) ................................................................... 12 Figura 4. Técnicas cirúrgicas da vertebroplastia e cifoplastia. Shen 2011. (19).......................... 16 Figura 5. Fluxograma de seleção de estudos de eficácia e segurança. ....................................... 22 Figura 6. Contribuição de cada dimensão no QALY ganho no grupo cifoplastia versus MNC para as mudanças nas dimensões do SF-36. Borgström, 2013 (39). ................................................... 30 Figura 7. Contribuição de cada dimensão no QALY ganho no grupo cifoplastia versus MNC para as mudanças nas dimensões do EQ-5D. Borgström, 2013 (39). ................................................. 30 6 CONFIDENCIAL Não deve ser usado, divulgado, publicado ou propagado de outras formas sem o consentimento expresso da Sociedade Brasileira de Coluna. 1. DESCRIÇÃO DA DOENÇA RELACIONADA À UTILIZAÇÃO DA TECNOLOGIA Osteoporose é definida como uma doença sistêmica caracterizada por diminuição da massa óssea e deterioração da microarquitetura do tecido ósseo. (1) Pacientes com osteoporose apresentam maior fragilidade óssea e, portanto, maior suscetibilidade a fraturas. (2) Os principais problemas clínicos resultantes da osteoporose são dorsalgia, deformidades na coluna, diminuição da estatura e fraturas das vértebras, do rádio, do fêmur e outros ossos. (3) Fraturas vertebrais são deformidades nos corpos vertebrais identificadas por imagens da coluna vertebral e caracterizadas de acordo com a morfologia. (4) São consideradas a principal complicação da osteoporose (5) e identificadas clinicamente quando um paciente apresenta dorsalgia e radiografia da coluna com fraturas no corpo vertebral, geralmente localizadas na transição toracolombar e na região médio-torácica. (4) Fraturas vertebrais osteoporóticas compressivas (FVOC) ocorrem frequentemente em idosos, principalmente em mulheres na pós menopausa. (6) É estimado que, de 30 a 50% das mulheres e de 20 a 30% dos homens maiores de 50 anos irão desenvolver fraturas vertebrais durante suas vidas e que metade dessas pessoas apresentarão lesões múltiplas. (2,7,8) No Brasil, de acordo com um estudo realizado em um centro de referência em Recife, a prevalência de osteoporose em mulheres acima de 50 anos foi de 28,8% na coluna lombar. A prevalência de fraturas vertebrais foi de 20% entre 50 e 59 anos, 25,6% entre 60 e 69 anos, 58,3% entre 70 e 79 anos, e 81,8% entre 80 e 89 anos. (9) Existem 3 regiões mais suscetíveis a fraturas por fragilidade: vertebras, representando 27% das fraturas, e fraturas de quadril e de Coller, em 19% e 14% dos casos, respectivamente. (8) A maioria das fraturas osteoporóticas da coluna vertebral é assintomática ou resulta em uma dor mínima. Apenas um terço dos pacientes com fraturas vertebrais recebem atendimento médico e cerca de 10 a 20% dos pacientes são hospitalizados. (7) Estima-se que, em todo o mundo, cerca de 1,4 milhão de pacientes com fraturas por compressão vertebral (FCV) recebam atendimento médico por ano. (10) FCV levam à diminuição do condicionamento físico, reduzindo a atividade física e qualidade de vida que podem favorecer a ocorrência de complicações, como insuficiências respiratórias (atelectasia e pneumonia) e estase venosa (trombose venosa profunda e embolia pulmonar). (11) Em indivíduos mais velhos, as fraturas vertebrais estão associadas a um aumento no risco de morte devido a diversas condições, como fraqueza e debilidade, que são fatores relacionados 7 CONFIDENCIAL Não deve ser usado, divulgado, publicado ou propagado de outras formas sem o consentimento expresso da Sociedade Brasileira de Coluna. a fraturas vertebrais e morte. (4) Além de reduzir a qualidade de vida e provocar dores, as fraturas vertebrais estão relacionadas a um aumento na mortalidade cardiovascular. (12) Outro aspecto importante é o aumento do risco de fraturas de quadril ou outras fraturas subsequentes em pacientes que já apresentam fraturas vertebrais (4,10) Dos pacientes que recebem atendimento médico, existe uma grande incapacidade causada pela dor e pela hipercifose torácica. A maioria das fraturas nos corpos vertebrais é proveniente de atividades rotineiras, e apenas 25% é causada por quedas. (1) Fraturas osteoporóticas demandam altos custos nos sistemas de saúde mundiais. (13) O valor anual de todas fraturas osteoporóticas tem sido estimado em 20 bilhões de dólares nos Estados Unidos e cerca de 30 bilhões de dólares na União Europeia. (1) O tratamento conservador é a primeira linha de tratamento para FCV, e é eficiente na resolução da maioria dos sintomas relacionados a dor. (11) O tratamento também envolve exame adequado para diagnóstico de osteoporose e acompanhamento médico necessário. (11) Grande parte dos sintomas de dores na coluna é brando e desaparece por um período de 6 a 8 semanas a medida em que a fratura é curada. (13) O tratamento conservador viabiliza a diminuição da dor por meio de medicamentos e/ou repouso, melhora do estado funcional com a utilização de aparelhos ortopédicos e fisioterapia, além de prevenir futuras fraturas através da utilização terapêutica de vitamina D, suplementação com cálcio e agentes antirreabsotivos. (14) Bifosfonados, calcitonina, análogos de paratormônio e reposição hormonal em mulheres pós menopausa são utilizados para diminuir a perda óssea. (15) No entanto, com exceção da calcitonina, esses tratamentos não são efetivos na melhora da dor aguda. (15) Os medicamentos podem levar a diversos eventos adversos, especialmente em idosos. (15) O tratamento ambulatorial não apresenta êxito em cerca de 15% a 20% dos casos de FCV, e geralmente esses pacientes necessitam de hospitalização para administração de analgésicos por via intravenosa e repouso. (16) Porém, o repouso pode agravar a osteoporose devido à perda de massa óssea em idosos, (15) diminuindo a densidade mineral óssea de 0,25% a 1% por semana e, portanto, aumentando o risco de FCV ou outras fraturas de fragilidade. (16) Após 10 dias de repouso, um idoso saudável perde de 10% a 15% da capacidade aeróbica, o que é equivalente a quase uma década de declínio relativo a idade. (17) Na população idosa, o repouso está associado a um aumento no risco de desenvolvimento de complicações pulmonares, úlceras de decúbito, infecções do trato urinário e trombose venosa profunda. (13,16) 8 CONFIDENCIAL Não deve ser usado, divulgado, publicado ou propagado de outras formas sem o consentimento expresso da Sociedade Brasileira de Coluna. O tratamento conservador não é indicado quando ocorre dor severa ou perda de função. (13) De acordo com o projeto diretrizes, vertebroplastia e cifoplastia são técnicas utilizadas quando as fraturas no corpo vertebral são refratárias ao tratamento conservador. (18) O principal objetivo dessas técnicas é diminuir a dorsalgia e melhorar o estado funcional do paciente e, secundariamente, estabilizar a vértebra fraturada. (13) Lovi et al., 2009 (19), utilizaram um algoritmo de tratamento (Figura 1) para pacientes diagnosticados com FVOC, considerando a presença de dor, tempo decorrido da fratura até a observação e a quantidade de corpos vertebrais fragmentados no momento. O algoritmo é importante para decidir quando o tratamento conservador ou cirúrgico (vertebroplastia ou cifoplastia) é necessário em um determinado caso. (19) Figura 1 Algoritmo para o tratamento de pacientes com FVOC. Δt: Tempo decorrido desde a fratura até a observação; FCV: Fratura por compressão vertebral; 1m: 1 mês; 3ms: 3 meses; CCV: Colapso do corpo vertebral. 9 CONFIDENCIAL Não deve ser usado, divulgado, publicado ou propagado de outras formas sem o consentimento expresso da Sociedade Brasileira de Coluna. 2. DESCRIÇÃO DA TECNOLOGIA PROPOSTA A cifoplastia por balão foi introduzida na década de 90 para o tratamento da deformidade cifótica e realinhamento da coluna vertebral, baseada nos princípios da vertebroplastia. (6) Atualmente, é uma das técnicas mais confiáveis para o tratamento de FCV (20) e tem como objetivo diminuir dores de coluna causadas por osteoporose ou neoplasias relacionadas a FCV, além de fortalecer a vértebra lesionada. (13) A cifoplastia consiste em um procedimento minimamente invasivo no qual um balão inflável é introduzido percutâneamente dentro do corpo vertebral fraturado e inflado antes da injeção de cimento ortopédico polimetilmetacrilato (PMMA), fazendo com que a vértebra se expanda. (21) O balão inflado com líquido permite a restauração da altura vertebral e correção da cifose. (22) A utilização de um balão inflável dentro do corpo vertebral é a principal diferença da cifoplastia em relação à vertebroplastia. Quando o balão é inflado causa a redução (elevação) dos fragmentos da fratura e restaura a altura do corpo vertebral, enquanto forma uma cavidade que é preenchida com cimento. (23,24) Com a formação de uma cavidade óssea no corpo vertebral, a aplicação do cimento é teoricamente mais segura do que na vertebroplastia. (24,25) O cimento é aplicado sob pressão mínima ou nula através das cânulas após o esvaziamento do balão, reduzindo o risco de extravasamentos ou embolização do PMMA, consequentemente diminuindo as complicações da técnica em relação à vertebroplastia. (24) 2.1.1. Técnica cirúrgica Durante o procedimento (Figura 2) uma agulha de calibre 11 é inserida por meio de uma pequena incisão na pele abaixo do corpo vertebral. (26) A agulha é removida e um tubo é inserido. Um trocarte de 4,19mm de diâmetro é inserido pelo tubo e usado para criar um caminho até o corpo vertebral. (26) Depois da remoção do trocarte, o balão é colocado dentro do corpo vertebral por meio do tubo guiado pela fluoroscopia. O balão é inflado para comprimir o osso esponjoso de forma a criar uma cavidade dentro da vértebra. Após o esvaziamento e remoção do balão, um tubo é utilizado para injetar cimento dentro da cavidade para estabilizar o corpo vertebral. As injeções devem ser lentas, para evitar que o líquido extravase. O tubo é removido e a incisão na pele é suturada. (26) Cada nível vertebral é tratado em aproximadamente uma hora. (26) 10 CONFIDENCIAL Não deve ser usado, divulgado, publicado ou propagado de outras formas sem o consentimento expresso da Sociedade Brasileira de Coluna. De maneira geral os pacientes alcançam o alívio imediato dos sintomas, uma vez que o mecanismo de ação da técnica baseia-se na estabilização imediata da fratura do corpo vertebral em conjunto com o efeito exotérmico do PMMA. (27) 11 CONFIDENCIAL Não deve ser usado, divulgado, publicado ou propagado de outras formas sem o consentimento expresso da Sociedade Brasileira de Coluna. A B C (A)Típica fratura por compressão vertebral. (B) Fixação e inflação do balão para a formação de uma cavidade óssea e redução dos fragmentos ósseos. (C) Desinflação e remoção do balão e preenchimento das cavidades com PMMA. Figura 2 Técnica da cifoplastia – Kasper, 2010. (24) 12 CONFIDENCIAL Não deve ser usado, divulgado, publicado ou propagado de outras formas sem o consentimento expresso da Sociedade Brasileira de Coluna. 2.1.2. Indicações A cifoplastia pode ser realizada nas vértebras torácicas de T5 a T12 e em todas as vértebras lombares. (26) Contudo, principalmente no tratamento de tumores, observa-se a utilização desse procedimento fora de sua indicação (de T1 ao sacro, por exemplo). (28) O tratamento de FVOC é a indicação primária para a cifoplastia. (29) De maneira geral, a cifoplastia foi elaborada para a estabilização cirúrgica das FVOC torácicas e/ou lombares ocorridas dentro de três meses do início da dor ou da fratura (indicação chave). (30) Também são defendidas como indicações dentro do tratamento de deformidades da coluna vertebral na osteoporose, fraturas em compressão com 50% de perda do corpo vertebral ou menos, dentro das primeiras 4 a 6 semanas da fratura. (27) Em casos induzidos pelo uso de esteroides, o tempo pode ser estendido até 6 meses da fratura. (27) Apesar do procedimento ser realizado com sucesso no tratamento de fraturas subagudas ou agudas com até 6 semanas, muitos pacientes com FVOC de 3 a 6 meses também podem realizar a cifoplastia devido a fraturas subagudas dentro do corpo vertebral osteoporótico, que é remodelado pela cifoplastia. (31) Em pacientes com FVOC com dor, a cifoplastia é indicada quando há dor grave que interfere nas atividades do paciente, quando a dor não é controlada por medicamentos antiálgicos orais ou quando a dor é localizada no nível da fratura. (28) Usualmente, a cifoplastia não trata fraturas com menos do que 5 a 10% de perda de altura do corpo vertebral. (28) Além das indicações para o tratamento de FVOC, a cifoplastia é indicada em casos de hemangiomas vertebrais que causam colapsos vertebrais ou déficits neurológicos como resultado da extensão interna do canal espinal, fraturas patológicas por compressão causadas por metástases, recuperação de parafusos pediculares em casos de fraturas em pedículos ou se os parafusos se soltarem durante a colocação no pedículo. (28) As contraindicações incluem casos de infecção do corpo vertebral, infecções ativas (sepse, osteomielite, entre outras), coagulopatia, fraturas completamente cicatrizadas, instabilidade espinal, fraturas explosivas de alta velocidade, tumores ósseos e alergia a qualquer uma das substâncias utilizadas no procedimento, incluindo PMMA e agente contrastante. (27,30) 13 CONFIDENCIAL Não deve ser usado, divulgado, publicado ou propagado de outras formas sem o consentimento expresso da Sociedade Brasileira de Coluna. De acordo com o Projeto Diretrizes da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia e Sociedade Brasileira de Neurocirurgia para o tratamento por métodos de preenchimento ósseo da fratura osteoporótica da coluna vertebral, a cifoplastia pode melhorar a função física do paciente com FVOC e reduzir as dores de coluna, especialmente dentro de um curto período de tempo. (18) Tabela 1. Indicações para o tratamento com cifoplastia. INDICAÇÕES Estabilização cirúrgica das FCV osteoporóticos torácicos e/ou lombares que ocorreram três meses ou antes. (27) Fraturas por compressão vertebral com 50% de perda do corpo vertebral ou menos, dentro das primeiras 4 a 6 semanas da fratura. (27) Fraturas osteoporóticas por compressão com dor, refratárias ao tratamento conservador: (28) -Dor grave que interfira com as atividades do paciente; -Dor localizada no nível da fratura. Hemangioma vertebral doloroso (32) Metástase vertebral dolorosa (32) Fragmentos retropulsados (24) Fraturas patológicas por compressão, principalmente mieloma múltiplo (24,28) Reforço de corpo vertebral após cirurgia de estabilização (28) FCV: fraturas por compressão vertebral; Por que inserir uma nova técnica se já existe a técnica cirúrgica artrodese e vertebroplastia? Denomina-se artrodese a produção de fusão óssea de uma articulação. Esta fusão óssea permite a eliminação do movimento de um osso sobre o outro o que leva ao alívio da dor. (33) A artrodese cirúrgica pode ser realizada em qualquer segmento da coluna (cervical, torácica ou lombar) e em quase todas as articulações. (33) As técnicas cirúrgicas tradicionais de fusão, como a fusão lombar intersomática posterior (PLIF), fusão lombar intersomática transforaminal (TLIF) e a fusão lombar intersomática anterior (ALIF), são altamente invasivas e de difícil recuperação após a cirurgia. (34,35) 14 CONFIDENCIAL Não deve ser usado, divulgado, publicado ou propagado de outras formas sem o consentimento expresso da Sociedade Brasileira de Coluna. Atualmente, apesar da artrodese de coluna estar inserida no rol de procedimentos e eventos em saúde da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) para o tratamento de fraturas osteoporóticas, segundo as recomendações do Projeto Diretrizes para coluna vertebral, cirurgias que preservam a mobilidade têm tido um maior interesse por parte dos cirurgiões pois evitam as consequências da artrodese vertebral. (36) Outra técnica cirúrgica atualmente incorporada no rol de procedimentos e eventos em saúde da ANS é a vertebroplastia. De modo geral, a cifoplastia e vertebroplastia apresentam as mesmas indicações, contudo, a cifoplastia tem sido utilizada adicionalmente em pacientes em que a vertebroplastia não é indicada. Isto inclui indivíduos com fragmentos retropulsados, assim como fraturas patológicas, particularmente mieloma múltiplo, onde a integridade do córtex ósseo é incerta. (24) Vertebroplastia e cifoplastia são técnicas percutâneas diferentes (Figura 3); na primeira opção procura-se estabilizar a FCV em seu estado estático, enquanto na cifoplastia restaura-se a altura e a integridade do corpo vertebral. (27) As principais diferenças entre as técnicas podem ser observadas na Tabela 2. A vertebroplastia ainda é relativamente contraindicada em vértebras reduzidas a menos de um terço da altura original enquanto a cifoplastia é indicada para pacientes com FCV com 50% ou menos de perda do corpo vertebral. (27,37,38) Desta forma, percebe-se que a cifoplastia contempla pacientes que não podem ser tratados com a vertebroplastia. Outro ponto importante refere-se a integridade da vértebra, quando esta for duvidável, seja na base do trauma ou uma fratura patológica ou destruição, a cifoplastia é preferível em relação a vertebroplastia porque o risco de extravasamento ou embolização do cimento é menor. (24) Por fim, na vertebroplastia, a restauração da altura vertebral não é possível ou não é tão eficaz quanto a cifoplastia. (6) A vertebroplastia não melhora o equilíbrio sagital ou a cifose causada pela fratura, e suas morbidades associadas. (23,25) 15 CONFIDENCIAL Não deve ser usado, divulgado, publicado ou propagado de outras formas sem o consentimento expresso da Sociedade Brasileira de Coluna. A: Vertebroplastia. B: Cifoplastia por balão Figura 3. Técnicas cirúrgicas da vertebroplastia e cifoplastia. Shen 2011. (21) Tabela 2. Resumo das vantagens da cifoplastia em relação à vertebroplastia. Vertebroplastia Cifoplastia Relativamente contraindicada em casos em que as vértebras são reduzidas a menos de um terço da altura original (37,38) Indicada para FCV com 50% ou menos de perda do corpo vertebral (27) A restauração da altura vertebral não é tão eficaz quanto a cifoplastia (6) O balão inflado com líquido permite a restauração da altura vertebral (22) Não melhora o equilíbrio sagital ou a cifose causada pela fratura (23,25) Melhora a cifose causada pela fratura (22) FCV: Fraturas por compressão vertebral. 16 CONFIDENCIAL Não deve ser usado, divulgado, publicado ou propagado de outras formas sem o consentimento expresso da Sociedade Brasileira de Coluna. 3. EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS 3.1. Questão do Estudo Para a revisão da literatura, a questão de pesquisa foi estruturada no formato PICO (Tabela 3). Tabela 3. Questão estruturada no formato PICO. P - População Pacientes com fratura osteoporótica de um corpo vertebral. I - Intervenção Cifoplastia. C - Comparação Artrodese, manejo não cirúrgico. O - Desfechos Eficácia e segurança: sem restrição de desfechos clínicos. Desenho de Estudo Metanálises, revisões sistemáticas, ensaios clínicos, estudos observacionais e estudos de mundo real. Pergunta: A cifoplastia é eficaz e segura em pacientes com fratura osteoporótica de um corpo vertebral quando comparada à artrodese ou manejo não cirúrgico? 3.1.1. Intervenção Cifoplastia. 3.1.2. População Consideraram-se os pacientes com fratura osteoporótica de um corpo vertebral. 3.1.3. Comparação Artrodese ou manejo não cirúrgico. . 17 CONFIDENCIAL Não deve ser usado, divulgado, publicado ou propagado de outras formas sem o consentimento expresso da Sociedade Brasileira de Coluna. 3.2. Estratégia de busca 3.2.1. Fontes de dados Buscaram-se revisões sistemáticas, ensaios clínicos aleatórios e estudos observacionais que avaliaram a cifoplastia. As buscas eletrônicas foram realizadas até julho de 2015 nas bases de dados: The Cochrane Library, MEDLINE via Pubmed, Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Centre for Reviews and Dissemination (CRD) (Anexo 1). Buscas complementares foram conduzidas em websites de agências de Avaliação de Tecnologias em Saúde e instituições correlatas e suas bases de dados. Mecanismos de busca incluíram adicionalmente Google® e outras ferramentas online. Buscas eletrônicas foram complementadas por buscas manuais de referências bibliográficas e abstracts de publicações selecionadas. 3.2.2. Vocabulário controlado Na construção de estratégias de buscas, descritores, palavras-chave e termos MeSH foram utilizados para cada base de dado especificamente (Tabela 4). As estratégias de buscas encontram-se descritas na Tabela 5. 18 CONFIDENCIAL Não deve ser usado, divulgado, publicado ou propagado de outras formas sem o consentimento expresso da Sociedade Brasileira de Coluna. Tabela 4. Termos utilizados nas estratégias de busca. Linha da patologia BIBLIOTECA COCHRANE - Linha da intervenção Kyphoplasty Filtro para RS Filtro para ECR - - search*[tiab] OR review[pt] OR metaanalysis[pt] OR metaanalysis[tiab] OR meta-analysis[Mesh] (randomized controlled trial[pt]) OR (controlled clinical trial[pt]) OR ("Randomized Controlled Trials as Topic"[Mesh]) OR ("random allocation"[Mesh]) OR ("double-blind method"[Mesh]) OR ("single-blind method"[Mesh]) OR (clinical trial[pt]) OR ("clinical trials as topic"[Mesh]) OR ("Controlled Clinical Trials as Topic"[Mesh]) OR (“clinical trial”[tw]) OR ((singl*[tw] OR doubl*[tw] OR trebl*[tw] OR tripl*[tw]) AND (mask*[tw] OR blind*[tw])) OR ((“placebos”[Mesh]) OR placebo*[tw] OR random*[tw] OR (“research design”[mh:noexp]) OR (“comparative study”[pt]) OR (“evaluation studies as topic”[Mesh]) OR “evaluation studies”[pt] OR ("Drug Evaluation"[Mesh]) OR (“follow-up studies”[Mesh]) OR (“prospective studies”[Mesh]) OR (“multicenter study” [pt]) OR control*[tw] OR prospectiv*[tw] OR volunteer*[tw]) NOT ((“animals”[Mesh]) NOT (“humans”[Mesh])) PUBMED - "Kyphoplasty"[Mesh] LILACS - Kyphoplasty or cifoplastia - - CRD - Kyphoplasty - - CRD: Centre for Reviews and Dissemination; LILACS: Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde; RS: Revisão sistemática; ECR: Ensaio clínico randomizado. 19 CONFIDENCIAL Não deve ser usado, divulgado, publicado ou propagado de outras formas sem o consentimento expresso da Sociedade Brasileira de Coluna. Tabela 5. Estratégias de busca. PUBMED ("Kyphoplasty"[Mesh]) AND (((randomized controlled trial[pt]) OR (controlled clinical trial[pt]) OR ("Randomized Controlled Trials as Topic"[Mesh]) OR ("random allocation"[Mesh]) OR ("double-blind method"[Mesh]) OR ("single-blind method"[Mesh]) OR (clinical trial[pt]) OR ("clinical trials as topic"[Mesh]) OR ("Controlled Clinical Trials as Topic"[Mesh]) OR (“clinical trial”[tw]) OR ((singl*[tw] OR doubl*[tw] OR trebl*[tw] OR tripl*[tw]) AND (mask*[tw] OR blind*[tw])) OR ((“placebos”[Mesh]) OR placebo*[tw] OR random*[tw] OR (“research design”[mh:noexp]) OR (“comparative study”[pt]) OR (“evaluation studies as topic”[Mesh]) OR “evaluation studies”[pt] OR ("Drug Evaluation"[Mesh]) OR (“follow-up studies”[Mesh]) OR (“prospective studies”[Mesh]) OR (“multicenter study” [pt]) OR control*[tw] OR prospectiv*[tw] OR volunteer*[tw]) NOT ((“animals”[Mesh]) NOT (“humans”[Mesh]))) OR (search*[tiab] OR review[pt] OR meta-analysis[pt] OR meta-analysis[tiab] OR meta-analysis[Mesh])) Resultados: 265 títulos LILACS Kyphoplasty [Palavras] or cifoplastia [Palavras] Resultado: 13 títulos CRD (Kyphoplasty) Resultados: 66 títulos COCHRANE (revisões sistemáticas da Cochrane) (Kyphoplasty) Resultados: 2 títulos CRD: Centre for Reviews and Dissemination; LILACS: Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde; RS: Revisão sistemática; ECR: Ensaio clínico randomizado. 3.3. Critérios de seleção e exclusão dos artigos Foram incluídos estudos na íntegra que atenderam às seguintes características: metanálises, revisões sistemáticas, ensaios clínicos randomizados e estudos observacionais, envolvendo pacientes submetidos a cifoplastia com fratura osteoporótica de um corpo vertebral. Foi planejado que a seleção dos estudos por população, comparadores e desfechos seria feita após leitura das publicações, para que a estratégia de busca fosse mais sensível e menos específica. Por este motivo, os termos específicos para população, comparadores e desfechos não foram inseridos na estratégia de busca. Não foram utilizados limites temporais. Apenas artigos nos idiomas português, inglês, francês, espanhol ou italiano foram incluídos. 20 CONFIDENCIAL Não deve ser usado, divulgado, publicado ou propagado de outras formas sem o consentimento expresso da Sociedade Brasileira de Coluna. Não foram utilizados limites para desfechos na busca por evidências clínicas, porém, desfechos definitivos foram considerados preferencialmente em relação aos desfechos intermediários. 3.4. Critérios de qualidade Dois revisores realizaram a busca nas bases de dados utilizando a estratégia previamente definida e selecionaram os estudos para inclusão na revisão. Planejou-se, inicialmente, que, nos casos em que não houvesse consenso, um terceiro revisor seria consultado sobre a elegibilidade e ficaria responsável pela decisão final. De acordo com as Diretrizes Metodológicas para Elaboração de Pareceres Técnico-Científicos do Ministério da Saúde, os estudos incluídos na revisão foram analisados com base em critérios de qualidade e indicadores metodológicos estabelecidos por Guyatt e Rennie 2006 (39) e avaliados conforme a Classificação de Nível de Evidência Oxford Centre for Evidence Based Medicine (Anexo). 3.5. Resultados da busca realizada (eficácia e segurança) 3.5.1. Seleção dos artigos Após a realização da busca nas bases de dados, 352 títulos foram localizados. Aplicados os critérios de elegibilidade, dois revisores selecionaram 71 estudos para leitura na íntegra. Desses, 14 estudos foram selecionados e incluídos nesta revisão (Figura 4; Tabela 6). O resumo das principais características, resultados e classificações para o nível de evidência e grau de recomendação estão demostrados na Tabela 10, Tabela 11 e Tabela 12. Os estudos avaliados na íntegra e excluídos, assim como seus motivos para exclusão são apresentados no Anexo 3. 21 CONFIDENCIAL Não deve ser usado, divulgado, publicado ou propagado de outras formas sem o consentimento expresso da Sociedade Brasileira de Coluna. Figura 4. Fluxograma de seleção de estudos de eficácia e segurança. 22 CONFIDENCIAL Não deve ser usado, divulgado, publicado ou propagado de outras formas sem o consentimento expresso da Sociedade Brasileira de Coluna. Tabela 6. Publicações incluídas na revisão da literatura após avaliação do texto completo. Autores Publicação Ano Wardlaw et al. (10) Lancet 2009 Boonen et al. (40) J Bone Miner Res. 2011 Osteoporos Int. 2013 Spine 2013 J Bone Joint Surg Am. 2013 Lee et al. (44) Spine 2012 Klezl et al. (45) Eur Spine J. 2012 Health Econ Rev. 2011 Wien Klin Wochenschr. 2012 J Int Med Res. 2011 J Bone Miner Res. 2005 Osteoporos Int. 2005 Kasperk et al. (50) J Vasc Interv Radiol. 2010 Ranstam et al.(51) BMC Med Res Methodol. 2012 Borgström et al. (41) Van Meirhaeghe et al.(42) Chen et al. (43) Eidt-Koch et al. (46) Movrin et al. (47) Tang et al. (48) Kasperk et al. (12) Grafe et al. (49) 3.5.2. Análise da qualidade dos estudos selecionados A avaliação individual dos estudos se encontra no Anexo 4. 3.5.3. Descrição dos estudos selecionados Cifoplastia versus Artrodese Não foram localizadas evidências que avaliassem essa comparação. 23 CONFIDENCIAL Não deve ser usado, divulgado, publicado ou propagado de outras formas sem o consentimento expresso da Sociedade Brasileira de Coluna. Cifoplastia versus MNC Ensaios clínicos Wardlaw 2009 (10) –Estudo FREE Nível de evidência/Grau de recomendação: 1B/A Wardlaw et al., 2009 (10), avaliaram a eficácia e segurança da cifoplastia em um estudo controlado e randomizado conduzido em 21 centros de oito países entre fevereiro de 2003 e dezembro de 2005. Foram considerados elegíveis pacientes adultos com 1 a 3 fraturas vertebrais de T5 até L5, pelo menos uma fratura com edema avaliado por ressonância magnética (RM) e pelo menos uma RM que mostre uma perda de 15% ou mais da altura da vértebra. Os participantes também deveriam apresentar escore de dor nas costas medido pela escala visual analógica (EVA) ≥ 4 (escala de 010). Os pacientes foram randomizados para a cifoplastia por balão (n=149) ou manejo não cirúrgico (MNC) (n=151). Todos os participantes receberam analgésicos, fisioterapia, cintas traseiras, participaram de programas de reabilitação e foram indicados ao repouso. Fraturas subsequentes foram tratadas de acordo com a alocação original. Como desfecho primário avaliou-se a mudança do baseline para o primeiro mês no short-form (SF)-36- resumo do componente físico (PCS) entre os grupos. As escalas variam de 0 a 100 e a variação esperada é de 8-59 pontos para participantes com idade acima de 65 anos. Desfechos secundários incluíram medidas em 1,3,6 e 12 meses após a randomização de subescalas de SF36 (0-100), EuroQol-5D (EQ-5D), auto avaliação de dor nas costas através da EVA (média de dor na última semana, aonde 0 é ausência de dor e 10 pior dor imaginável). Função da coluna pela escala 0-24 de Roland-Morris (RDQ) e dias de restrição de atividades e repouso por dor nas costas durante os últimos 14 dias. Dor nas costas e uso de analgésicos foram avaliados 5-10 dias após a randomização (grupo controle) ou após a cirurgia. Eventos adversos (EAs) e eventos adversos sérios (EASs). De acordo com os resultados, um maior número de pacientes no grupo controle recebeu andadores, cintas traseiras, fisioterapia e analgésicos, durante o período de seguimento, quando comparado ao grupo cifoplastia. A melhora na média do SF-36 PCS do baseline ao 1º mês foi de 5,2 pontos (intervalo de confiança [IC 95%]: 2,9-7,4) a mais no grupo cifoplastia versus MNC 24 CONFIDENCIAL Não deve ser usado, divulgado, publicado ou propagado de outras formas sem o consentimento expresso da Sociedade Brasileira de Coluna. . (p<0,0001). Em 3, 6 e 12 meses a diferença média (IC 95%) na melhora entre os grupos foi de 4 pontos (1,6-6,3); p=0,0008, 3,2 pontos (0,9-5,6): p=0,0064 e 1,5 pontos (–0,8 a 3,9); p=0,2, respectivamente. O escore melhorou ao longo do ano em uma média de 3,5 pontos (1,6-5,4; p=0,0004) a mais no grupo da cifoplastia, quando comparado ao grupo MNC. O grupo cifoplastia ainda apresentou resultados melhores para EQ-5D na avaliação do 1º mês (diferença entre os grupos de 0,18 pontos, IC 95%: 0,08-0,28; p=0,0003) e 12 meses (0,12 pontos, IC 95%: 0,01-0,22; p=0,0252). Para o escore Roland-Morris observou-se melhora em 4 pontos (IC 95%: 2,6-5,5; p<0,0001) e 2,6 pontos (IC 95%: 1,0-4,1; p=0,0012) a mais para o grupo cifoplastia versus MNC em 1 e 12 meses, respectivamente. Grupo cifoplastia relatou 2,9 menos dias de atividade restrita por 2 semanas (IC 95%: 1,3-4,6; p=0,0004) devido a dor nas costas, em 1 mês, quando comparado ao MNC. Além disso, para a cifoplastia observou-se uma média de 2,5 menos dias de atividade restrita por 2 semanas (1,23,8; p<0,0001) ao longo do ano quando comparado ao MNC. O escore de dor nas costas diminuiu em 0,9 pontos (IC 95%: 0,3-1,5; p<0,0034) a mais no grupo cifoplastia versus MNC após 12 meses. O grupo cifoplastia também apresentou maior redução no percentual de pacientes que necessitaram de analgésicos narcóticos. De maneira geral, as subescalas de SF-36 apresentaram melhores resultados no grupo cifoplastia quando comparado ao MNC: dor no corpo (diferença entre os grupos: 9,2 pontos, IC 95%: 3,914,6, p=0,0008), função física (12,8 pontos, IC 95%: 4,8-20,2, p=0,0016), vitalidade (5,2 pontos, IC 95%: 0,2-10,1, p=0,0399) e função social (11,4 pontos, IC 95%: 4-18,9, p=0,0026). Durante o seguimento, 14% dos pacientes do grupo cifoplastia apresentaram novas fraturas (6% submetidos a novo procedimento). Além disso, em 12 meses, nova ou piora da fratura vertebral foi observada para 33% dos pacientes no grupo cifoplastia e 25% no grupo MNC (diferença 7,7%, IC 95%: -4,5 a 20; p=0,2). A frequência geral de EAs não diferiu entre os grupos, e extravasamento de cimento ocorreu em 48 pacientes. Os resultados indicam que a cifoplastia, quando comparado ao MNC, apresenta resultados satisfatórios referentes a melhora da qualidade de vida e incapacidade, além de reduzir a dor nas costas em pacientes com fraturas vertebrais dolorosas. Os dados observados neste estudos são posteriormente avaliados por Ranstam et al., 2012 (51), que aplica uma análise de caso completo, modelo de efeitos mistos, última observação 25 CONFIDENCIAL Não deve ser usado, divulgado, publicado ou propagado de outras formas sem o consentimento expresso da Sociedade Brasileira de Coluna. carregada ao final e imputação múltipla à análise por intenção de tratar para confirmar a robustez dos dados. De acordo com a avaliação, os dados de Wardlaw et al., 2009 podem ser considerados robustos, uma vez que métodos alternativos utilizados para substituir os dados ausentes produziram resultados similares. Boonen 2011 (52) –Estudo FREE Nível de evidência/Grau de recomendação: 1B/A Boonen et al., 2011 (52) compararam a eficácia e segurança da cifoplastia por balão e MNC ao longo de 24 meses nos pacientes randomizados no estudo FREE. (10) Em 24 meses, os dados de 232 pacientes estavam disponíveis (120 cifoplastia e 112 MNC). Novamente um menor número de pacientes no grupo cifoplastia versus MNC receberam andadores, cadeiras de rodas, fisioterapia, entre outros. Para o grupo cifoplastia, observou-se melhora significativa (diferença na mudança em relação ao baseline) nos sintomas físicos avaliados através do SF-36 PCS ao longo dos 24 meses (3,24 pontos, IC 95%: 1,47-5,01, p=0,0004). A diferença entre os tratamentos manteve-se significativa para 6 meses, mas não para 12 meses e 24 meses (p=0,15 para ambas as comparações). Melhora significativa foi observada ao longo dos 24 meses de seguimento para o EQ-5D no grupo cifoplastia (efeito do tratamento 0,12 pontos, IC 95%: 0,06-0,18; p=0,0002). A área entre as duas curvas EQ-5D, que representa a diferença em anos de vida ajustados pela qualidade (QALY), foi 25,9% (p=0,0007) para o primeiro ano e 15,4% (p=0,029) no segundo ano. O grupo cifoplastia também apresentou uma significativa redução no escore de dor nas costas ao longo dos 24 meses (-1,49, IC 95%: -1,88 a -1,10, p<0,0001), sendo observada uma diferença estatisticamente significativa para a avaliação em 24 meses (-0,80 pontos, IC 95%: 1,39-0,20, p=0,009). Dor corporal, avaliada através das subescalas do SF-36, também apresentou melhora significativa para o período de estudo (média do efeito do tratamento: 9,75 pontos, IC 95%: 5,18-14,3; p<0,0001). Para o escore Roland-Morris, resultados satisfatórios foram observados para o grupo cifoplastia, com uma média de diferença ao longo de 24 meses de -3,01 pontos (IC 95%: -4,14 a -1,89, p<0,0001). Para o final do seguimento não foram observadas diferenças significativas entre os tratamentos (p=0,051). 26 CONFIDENCIAL Não deve ser usado, divulgado, publicado ou propagado de outras formas sem o consentimento expresso da Sociedade Brasileira de Coluna. O resumo dos resultados de eficácia de cifoplastia versus o grupo controle, de acordo com a significância estatística, ao longo do período de avaliação, encontra-se descrito na Tabela 7. Tabela 7. Resumo das diferenças estatisticamente significativas dos resultados de eficácia de cifoplastia versus controle. Boonen, 2011 (52). Efeito do tratamento ao longo de dois anos 1 mês 3 meses 6 meses 12 meses 24 meses EQ-5D ES ES ES ES ES ES Dor nas costas ES ES ES ES ES ES SF-36 dor corporal ES ES ES ES ES ES Satisfação do paciente ES ES ES ES ES ES RDQ ES ES ES ES ES NS Atividade diária ES ES ES ES ES NS SF-36 PCS ES ES ES ES NS NS Opioides para a dor NA ES ES ES NS NS Tratamento medicamentoso para a dor NA ES ES ES ES NS Terapia não farmacológica NA SS ES ES ES NS ES: Estatisticamente significativo; NS: não significativo; NA: não aplicável. SF: short form; PCS: resumo do componente físico; EVA: escala visual analógica; RDQ: questionário de incapacidade de Roland-Morris. Não houve diferença significativa entre os grupos para o número de pacientes com novas fraturas (via radiografia) em 24 meses. Para cifoplastia, 47,5% dos pacientes apresentaram novas fraturas versus 44,1% no grupo MNC (diferença de 3,4%, IC 95%: -16,5 a -9,9; p=0,68). A diferença no número de dias com atividade restrita (período de 2 semanas) diminuiu ao longo dos 24 meses com uma média de -2,62 dias de diferença (IC 95%: -3,68 a -1,57; p<0,0001). 27 CONFIDENCIAL Não deve ser usado, divulgado, publicado ou propagado de outras formas sem o consentimento expresso da Sociedade Brasileira de Coluna. Com relação ao perfil de segurança, a frequência geral de EAs e EAS não diferiu entre os grupos. Para cifoplastia 7,4% dos pacientes apresentou uma nova fratura clínica considerada pelo investigador possivelmente ou provavelmente relacionada ao cimento (apenas 2 ocorreram no segundo ano de avaliação do estudo). Foram relatados 23 óbitos sendo 12 no grupo cifoplastia e 11 no grupo MNC. Borgström, 2013 (41)- Estudo FREE Nível de evidência/Grau de recomendação: 1B/A No estudo de Borgström et al., 2013 (41), os dados do estudo FREE (10,52) são utilizados com o objetivo de quantificar e analisar o impacto de diferentes dimensões em saúde na qualidade de vida global, utilizando dados de patient-related outcome measures (PROMs). Como desfecho primário considerou-se as diferenças entre os grupos de tratamento na melhora, em relação ao nível de saúde no período pré-cirúrgico, de acordo com o SF-36 PCS. Desfechos secundários incluíram os mesmos avaliados nos estudos originais. O total de QALY acumulado (ou escore da área sob a curva) ao longo do estudo pode ser observado na Tabela 8. Para RDQ e EVA para dor são observados resultados negativos uma vez que a diminuição dessas escalas significa uma melhora em saúde. Tabela 8. QALYS e área sob a curva ao longo dos 24 meses, comparação versus valor no baseline e MNC. Borgström, 2013 (41). EQ-5D SF-36 Tratamento Média Desvio Padrão BKP 0,90 0,67 0,07 0,77 MNC 0,66 0,75 0,08 0,50 BKP vs. MNCb 0,20 0,07 0,34 BKP 0,54 0,39 0,04 0,46 MNC 0,47 0,38 0,04 0,39 Valor pa 0,00 Erro padrão 0,05 Intervalo de confiança de 95% 28 CONFIDENCIAL Não deve ser usado, divulgado, publicado ou propagado de outras formas sem o consentimento expresso da Sociedade Brasileira de Coluna. RDQ Dor (EVA) Tratamento Média BKP vs. MNCb 0,11 BKP −13,75 MNC −10,97 BKP vs. MNCb BKP −3,42 −7,86 MNC −5,66 BKP vs.MNCb −2,12 Desvio Padrão Valor pa Erro padrão 0,03 0,05 Intervalo de confiança de 95% 0,01 0,21 10,26 −16,11 −11,39 10,19 −13,35 −8,59 −6,71 −0,50 4,03 0,38 −8,62 4,34 0,46 −6,58 −3,17 −1,08 0,02 0,00 1,57 0,53 a: valor de p é uma estimativa da chance da média da área sob a curva ser a mesma entre as formas de tratamento. b: a diferença entre cifoplastia e MNC é o resultado de um mínimo quadrado ordinário e, dessa forma, não corresponde exatamente a diferença entre os dois tipos de tratamento; SF: short form; EVA: escala visual analógica; MNC: manje não cirúrgico; KPS: cifoplastia; IC: intervalo de confiança; RDQ: questionário de incapacidade de RolandMorris; QALY: anos de vida ajustados pela qualidade. A contribuição de cada dimensão no QALY ganho em cifoplastia versus MNC foi: 35% para dores no corpo, 34% para função física e 23% para percepção geral em saúde (Figura 5). Com relação ao EQ-5D, mudanças nas dimensões de dor explicam 60% do ganho de QALY no grupo cifoplastia versus 54% no grupo MNC. Ainda para cifoplastia, 17% do ganho comparativo é dado por autocuidado, mobilidade (16%) e atividades usuais (10%). Ansiedade contribuiu negativamente com -4%, o que indica que essa dimensão melhora ligeiramente mais no grupo MNC quando comparado a cifoplastia (Figura 6). Como observado, a dor é o componente mais importante para a melhora da qualidade de vida ao longo dos 2 anos de análise. O alívio da dor no grupo cifoplastia é rápido e a maioria dos resultados positivos foram observados no primeiro mês. Contudo, a avaliação da contribuição de cada dimensão no QALY ganho durante o primeiro mês e entre o primeiro mês e 2 anos, indica que a dor passa a ser menos importante enquanto atividades usuais e autocuidado possuem maior função nas mudanças de qualidade de vida. Dessa forma, observa-se a necessidade de avaliar outras dimensões afim de evitar uma subestimação da melhora na qualidade de vida global. 29 CONFIDENCIAL Não deve ser usado, divulgado, publicado ou propagado de outras formas sem o consentimento expresso da Sociedade Brasileira de Coluna. Figura 5. Contribuição de cada dimensão no QALY ganho no grupo cifoplastia versus MNC para as mudanças nas dimensões do SF-36. Borgström, 2013 (41). Figura 6. Contribuição de cada dimensão no QALY ganho no grupo cifoplastia versus MNC para as mudanças nas dimensões do EQ-5D. Borgström, 2013 (41). 30 CONFIDENCIAL Não deve ser usado, divulgado, publicado ou propagado de outras formas sem o consentimento expresso da Sociedade Brasileira de Coluna. Van Meirhaeghe, 2013 (42) – Estudo FREE Nível de evidência/Grau de recomendação: 1B/A Van Meirhaeghe et al., 2013 (42), desenvolveram um estudo com o objetivo primário de relatar aspectos cirúrgicos e comparar desfechos clínicos e radiográficos, além de avaliar a segurança em 30 dias da cifoplastia quando comparado ao MNC. Foi considerada a mesma população do estudo de Wardlaw et al., 2009 (10) e Boonen et al., 2011 (52). De acordo com os resultados, o grupo cifoplastia apresentou uma média de 2,71 pontos (IC 95%: 1,34-4,09; p=0,0001) a mais durante os 2 anos de seguimento, com uma interação significativa entre tratamento e tempo de seguimento (p<0,0001). Pacientes do grupo cifoplastia também apresentaram melhora significativa no EQ-5D 0,10 (IC 95%: 0,05-0,15; p=0,0001), alívio da dor nas costas 1,29 (IC 95%: 0,97-1,61; p=0,0001), menores escores para o questionário RolandMorris 2,39 (IC 95%: 1,55-3,24; p=0,0001) e maior satisfação na escala Likert de 20 pontos 3,09 (IC 95%: 2,26-3,92; p=0,0001). O grupo cifoplastia apresentou maior funcionalidade através da avaliação do time up and go (efeito global do tratamento: -2,49 IC95%: -0,82 a -4,15; p=0,0036). Em 24 meses, a mudança do índice do ângulo cifótico da fratura apresentou melhora significativa no grupo cifoplastia (média 3,13° de correção para cifoplastia vs. 0,82° para o controle; p= 0,003). No seguimento de 3, 12 e 24 meses a angulação mudou -0,89, -0,65 e -0,03°, comparado com o período pós-operatório. Para o mesmo período, as medidas anterior e média da altura da vértebra no grupo cifoplastia apresentaram melhora estatisticamente significativa (6,7% e 5,9%, respectivamente) quando comparado ao grupo controle (1,1 de melhora e 1,9% de piora, respectivamente) (p=0,022 e p<0,001, respectivamente). Para avaliação da segurança, foram analisados os EAs que ocorreram nos primeiros 30 dias. Os mais comuns foram: dor nas costas (20 cifoplastia vs. 11 MNC), nova FCV (11 cifoplastia vs. 7 MNC), náusea/vômito (12 cifoplastia vs. 4 MNC) e infecção do trato urinário (10 cifoplastia vs. 3 MNC). Apenas 5 pacientes do grupo cifoplastia desenvolveram novas fraturas, contudo, não foi observada diferença significativa no número de fraturas por radiografia observados em 3 meses. Em resumo, cifoplastia leva ao aumento da qualidade de vida e média da dor por 24 horas. Além disso, foram observados resultados favoráveis para a angulação cifótica no grupo cifoplastia. 31 CONFIDENCIAL Não deve ser usado, divulgado, publicado ou propagado de outras formas sem o consentimento expresso da Sociedade Brasileira de Coluna. Movrin 2012 Movrin et al., 2012 (47), analisaram a incidência e possíveis fatores de risco de fraturas no nível adjacente comparando cifoplastia com o tratamento conservador em um estudo comparativo, prospectivo e não randomizado. O estudo incluiu 107 pacientes com FVOC entre janeiro de 2007 e dezembro de 2008. Os critérios de inclusão foram: FVOC; dor por menos de 6 semanas; dor localizada na coluna agravada com percussão no processo espinhoso da vértebra fraturada; falta de razões técnicas pelas quais a cifoplastia não poderia ser realizada; e aptidão para anestesia geral. A cifoplastia foi oferecida aos pacientes com deformidade cifótica >30°, perda progressiva da altura vertebral e dor resistente a analgésicos. Os pacientes decidiram entre cifoplastia ou tratamento conservador (grupo controle). O tratamento conservador consistiu em um período de repouso e analgesia, com a utilização de órtese toracolombar enquanto em pé. O procedimento padrão de cifoplastia foi realizado. O acompanhamento foi realizado 24h, 6 semanas, 12 semanas e 1 ano após a terapia. Dos 107 pacientes com FVOC, 46 pacientes com 51 níveis foram submetidos a cifoplastia e 61 pacientes com 64 níveis receberam o tratamento conservador. Dentre os pacientes que foram submetidos a cifoplastia, 41 (89,1%) apresentavam uma única fratura vertebral e 5 (10,9%) apresentavam fraturas múltiplas. O nível das fraturas foi de T7 a L3, e a maioria estava localizada na junção toracolombar. Dos 61 pacientes do grupo controle, 58 (95,1%) apresentavam uma única fratura vertebral e 3 (4,9%) apresentavam fraturas múltiplas. Também houve uma maior prevalência de fraturas na junção toracolombar (de T7 a L4). Os pacientes no grupo controle eram mais velhos (73,8 vs. 67,8) com menor deformidade da altura do corpo vertebral, menor ângulo cifótico antes do tratamento e menor EVA em relação ao grupo da cifoplastia. O volume de PMMA utilizado por corpo vertebral foi de 5,5 ± 1,1 ml. Em 4 casos (8,7%) houve extravasamento de cimento. Imediatamente após a cifoplastia, houve um aumento significativo na taxa média de compressão (81,1 vs. 59,4, com p<0,001). O mesmo ocorreu para o ângulo cifótico (4,1 vs.11,8, com p<0,001). A média VAS diminuiu substancialmente de 9 para 2 imediatamente após a cirurgia. 32 CONFIDENCIAL Não deve ser usado, divulgado, publicado ou propagado de outras formas sem o consentimento expresso da Sociedade Brasileira de Coluna. Após um ano, a média EVA foi menor no grupo da cifoplastia do que no grupo controle (2,0 vs. 3,8, respectivamente). Não houve diferença significativa entre o grupo controle e cifoplastia em relação à média BMD. O aumento médio no ângulo cifótico foi significativamente menor em pacientes submetidos a cifoplastia do que no tratamento conservador (5,4° vs. 10,6°). Dos pacientes submetidos a cifoplastia, apenas 3 (6,5%) desenvolveram fraturas únicas e assintomáticas. No grupo controle, as novas fraturas ocorreram em 10 (16,4%) pacientes. Em 2 pacientes as fraturas vertebrais eram sintomáticas, os outros 8 pacientes apresentaram fraturas vertebrais assintomáticas. A Tabela 9 apresenta características dos pacientes após a cifoplastia comparadas ao grupo controle. Tabela 9. Resultado do tratamento e estado clínico de pacientes um ano após a FCV. Movrin, 2012. (47) Cifoplastia (n=46) Grupo controle Valor de p Taxa de compressão após 1 ano (%) 76,0±1,74 56,7±2,05 <0,001 Taxa de deterioração da taxa de compressão em 1 ano (%) 4,9±0,67 14,7±1,18 <0,001 Ângulo cifótico após 1 ano (°) 5,4±0,58 10,6±0,72 <0,001 Aumento no ângulo cifótico em um ano (°) 1,4±0,20 4,7±0,49 <0,001 EVA após um ano 2,0±0,18 3,8±0,19 <0,001 DMO após um ano, T score 2,7±0,09 2,6±0,07 0,728 3 (6,5) 10 (16,4) 0,122 Fratura vertebral adjacente após um ano, n (%) EVA: Escala visual analógica; DMO: Densidade Mineral Óssea Tanto no grupo da cifoplastia, quanto no grupo controle, o ângulo cifótico e o DMO pareceram estar relacionadas a fraturas no nível adjacente. De acordo com os resultados, conclui-se que a cifoplastia apresenta um baixo risco de fraturas no nível adjacente. Os fatores que influenciam fraturas de nível adjacente são o grau de osteoporose e biomecanismos alterados da coluna devido a cifose. A cifoplastia, em comparação ao tratamento conservador, apresentou uma diminuição da incidência de fraturas de nível adjacente, morfologia vertebral e redução da dor. 33 CONFIDENCIAL Não deve ser usado, divulgado, publicado ou propagado de outras formas sem o consentimento expresso da Sociedade Brasileira de Coluna. Quasi experimentais Kasperk, 2005 (12) Nível de evidência/Grau de recomendação: 2B/B Kasperk et al., 2005 (12) avaliaram os desfechos clínicos após a cifoplastia através de um estudo prospectivo, não randomizado e controlado. Foram incluídos 60 pacientes com osteoporose primária e fraturas vertebrais dolorosas por mais de 12 meses (n=40 cifoplastia e n=20 MNC). Todos os pacientes em ambos os grupos receberam tratamento medicamentoso além de fisioterapia supervisionada uma vez por semana por 6 meses. Como desfecho primário avaliou-se a altura vertebral, ângulo cifótico e novas fraturas. Percepção da dor foi avaliada através de uma EVA validada para pacientes submetidos a cirurgia de coluna, e a atividade diária foi avaliada em pacientes que utilizaram o questionário European Vertebral Osteoporosis Study (EVOS). Também foram avaliados uso de medicamentos para dor e cuidados em saúde e EAs. De acordo com os resultados, observou-se aumento do ângulo cifótico no grupo controle após 6 meses (p<0,0001). A altura da vértebra foi significativamente melhor no grupo cifoplastia versus MNC tanto em 3 quanto em 6 meses (p<0,00001 para ambos). Novas fraturas ocorreram em 12,5% dos pacientes após cifoplastia e 30% do grupo controle (p=0,227). Para percepção da dor observou-se melhora no grupo cifoplastia versus controle em 3 e 6 meses (26,2 ± 2 para 44,2 ± 3,3; p=0,007 para cifoplastia em 6 meses e 33,6 ± 4,1 para 35,6 ± 4,1; valor de p não significativo para grupo controle em 6 meses). O escore EVOS também apresentou valores significativos para cifoplastia em 6 meses quando comparado ao grupo controle (43,8 ± 2,4 para 54,5 ± 2,7; p=0,031 versus 39,8 ± 4,5 para 43,8 ± 4,6, valor de p não significativo). Após a cifoplastia, em 6 meses de seguimento, o número de visitas ao especialista relacionadas a dor nas costas apresentou redução quando comparado ao grupo controle (média de 3,3 visitas/paciente e 8,6 visitas/paciente, respectivamente; p=0,0147). Além disso, observou-se redução do número de pacientes que requereram opioides no grupo cifoplastia (67,5% para 55%) e grupo controle (70% para 65%). Não foram observados casos de complicações neurológicas, embólicas ou cardiovasculares durante ou após a cifoplastia. Vazamento de cimento ocorreu em 9,7% dos casos. 34 CONFIDENCIAL Não deve ser usado, divulgado, publicado ou propagado de outras formas sem o consentimento expresso da Sociedade Brasileira de Coluna. De acordo com os resultados, conclui-se que a cifoplastia apresenta efeito positivo na morfologia vertebral e também na dor, nível de atividade do paciente e cuidados de saúde após 6 meses. Grafe, 2005 (49) Nível de evidência/Grau de recomendação: 2B/B Grafe et al., 2005 (49) apresentaram os dados em 12 meses da população inicialmente avaliada por 6 meses no estudo de Kasperk et al., 2005 (12). De acordo com os resultados, para altura vertebral, o grupo da cifoplastia apresentou aumento significativo quando comparado ao baseline (p<0,0001), enquanto que no grupo MNC observouse progressiva diminuição da altura vertebral (p<0,001). Tanto para 6, quanto para 12 meses, o grupo cifoplastia apresentou altura vertebral significativamente melhor quando comparado ao MNC (p<0,0001 para ambos). Após 12 meses, novas fraturas foram observadas em 17,5% dos pacientes do grupo cifoplastia e 50% do grupo MNC (p=0,008). Para a percepção da dor, observou-se melhora no grupo cifoplastia (26,2± 2 para 44,4± 3,1; p<0,0001) enquanto que no grupo controle não foi observado significância (33,6± 4,1 para 34,3± 4,35; p=0,8530). A melhora no escore de dor para o grupo cifoplastia foi significativamente maior quando comparado ao controle após os 12 meses de seguimento (p=0,008). Novamente o escore EVOS apresentou melhora significativa no grupo cifoplastia (43,8 ± 2,4 para 54,5 ± 3,04; p=0,0003). Para o grupo controle não foi observado resultado significativo (39,8 ± 4,5 para 44,3 ± 5,07; p=0,150). Como dito anteriormente, em 6 meses, observou-se melhora significativa para EVOS no grupo cifoplastia quando comparado ao grupo controle, contudo, em 12 meses esse resultado não foi sustentado (p=0,105). O número de visitas ao especialista relacionadas a dor nas costas foi significativamente menor no grupo cifoplastia: média de 5,3± 0,7 visitas/paciente comparado a 11,6± 2,7 visitas/paciente no grupo controle em 12 meses de seguimento (média ± erro padrão); p=0,006). Complicações neurológicas, embólicas ou cardiovasculares durante ou após a cifoplastia não foram observadas em 12 meses de seguimento. Em resumo, a cifoplastia é um método seguro, com redução da dor e estabilização das deformidades das vértebras. 35 CONFIDENCIAL Não deve ser usado, divulgado, publicado ou propagado de outras formas sem o consentimento expresso da Sociedade Brasileira de Coluna. Kasperk, 2010 (50) Nível de evidência/Grau de recomendação: 2B/B Nesta análise, Kasperk et al., 2010 (50) apresentam a análise em 3 anos dos dados de Kasperk et al., 2005 (12). De acordo com os resultados, para altura vertebral, observou-se melhora de 64,7% após 3 anos (p<0,0001 versus pré-operatório) no grupo da cifoplastia, enquanto que no grupo controle, observou-se redução de 60,9% no começo do estudo para 51,2% após 3 anos (p=0,0001). Para o mesmo período, cifoplastia apresentou um aumento significativo na altura vertebral quando comparado ao grupo controle (p<0,0001). Cifoplastia apresentou resultados favoráveis para avaliação do ângulo cifótico, com ligeira redução após 3 anos (p=0,010). Com relação a novas fraturas, a incidência após a cifoplastia foi significativamente menor ao final do seguimento (p=0,0341). Para os escores de dor observou-se melhoras significativas no grupo cifoplastia: 73,8 para 55,9 (imediatamente após o procedimento; p=0,0002), 55,6 (12 meses; p<0,0001) e 54 (36 meses; p<0,0001), enquanto que no grupo controle os resultados observados não foram significativos: 66,4 para 65,7 (12 meses; p=0,853), e 64 (36 meses; p=0,521). Além disso, a melhora no escore de dor para o grupo cifoplastia foi significativamente maior versus o grupo controle após 36 meses (p=0,023). Para o escore EVOS observou-se resultados semelhantes: grupo cifoplastia melhora de 43,8 para 54,2 (imediatamente após o procedimento; p=0,003), 54,5 (12 meses; p=0,0003) e 54,8 (36 meses; p=0,0008) e grupo controle: 39,8 para 44,3 (12 meses; p=0,150), e 43,6 (36 meses; p=0,308). Novamente não foram observados casos de complicações neurológicas ou cardiovasculares durante ou após a cifoplastia. De acordo com os resultados, conclui-se que a cifoplastia reduz a dor e melhora a mobilidade em um período de até 3 anos após o procedimento, sendo uma opção eficaz para o manejo dos pacientes com fraturas vertebrais dolorosas. 36 CONFIDENCIAL Não deve ser usado, divulgado, publicado ou propagado de outras formas sem o consentimento expresso da Sociedade Brasileira de Coluna. Observacionais Os estudos observacionais não foram descritos individualmente, porém encontram-se detalhados nas Tabela 10, Tabela 11 e Tabela 12. 37 CONFIDENCIAL Não deve ser usado, divulgado, publicado ou propagado de outras formas sem o consentimento expresso da Sociedade Brasileira de Coluna. Tabela 10. Estudos incluídos para análise. Autor, data Wardlaw, 2009 (10)/ Ranstam, 2012 (51) Boonen, 2011 (52) Borgström, 2013 (41) Van Meirhaeghe, 2013 (42) País onde estudo foi realizado 8 países (não especificado) Idem FREE (10) Idem FREE (10) Idem FREE (10) Desenho Ensaio clínico randomizado (FREE) Análise de 2 anos de FREE (10) Idem FREE (10) Idem FREE (10) Pacientes com 1 a 3 fraturas vertebrais de T5 até L5. Pelo menos uma fratura com edema avaliado por RM e pelo menos uma RM que mostre uma perda de 15% ou mais da altura da vértebra. Dor nas costas EVA ≥ 4. Idem FREE (10) Idem FREE (10) Idem FREE (10) Idem FREE (10) Idem FREE (10) Idem FREE (10) Idem FREE (10) Patient-related outcome measures Idem FREE (10) População Intervenção e comparadores Cifoplastia (n=149; 98% com fratura por osteoporose primária ou secundária) MNC (n=151; 99% com fratura por osteoporose primária ou secundária) Desfechos Resultados Diferença entre o baseline e 1º mês para o SF36 (PCS), medidas das subescalas do SF-36, EQ5D, EVA para auto avaliação de dor nas costas; RDQ, restrição de atividades diárias e repouso por dor nas costas nos últimos 14 dias. SF-36 PCS: SF-36 PCS: SF-36: Diferença média na melhora da pontuação (IC 95%) em relação ao baseline- Cifoplastia vs. MNC Diferença média na melhora da pontuação (IC 95%) em relação ao baseline- Cifoplastia vs. MNC • • • • 1 mês: 5,2 pontos (2,9-7,4); p<0,0001; 3 meses: 4 pontos (1,6-6,3); p= 0,0008; 6 meses: 3,2 pontos (0,9-5,6): p= 0,0064; • 6 meses: 3,39 pontos (1,13-5,64); p=0,003; A contribuição de cada dimensão no QALY ganho em cifoplastia vs. MNC foi: 35% para dores no corpo, 34% para função física e 23% para percepção geral em saúde; SF-36 PCS: • Grupo cifoplastia apresentou uma média de 2,71 pontos (IC 95%: 1,34-4,09; p=0,0001) a mais durante os 2 anos de seguimento. 38 CONFIDENCIAL Não deve ser usado, divulgado, publicado ou propagado de outras formas sem o consentimento expresso da Sociedade Brasileira de Coluna. • • 12 meses: 1,5 pontos (–0,8 a 3,9); p= 0,2; O escore melhorou ao longo do ano em uma média de 3,5 pontos (1,6-5,4; p=0,0004 vs. MNC) a mais no grupo da cifoplastia. • • • EQ-5D: Diferença média na pontuação (IC 95%) entre os grupos em relação ao baseline- Cifoplastia vs. MNC: • • 1 mês: 0,18 pontos (0,08-0,28); p=0,0003; 12 meses: 0,12 pontos (0,01-0,22); p=0,025. EQ-5D: • RDQ: Diferença média entre os grupos em relação ao baseline-- Cifoplastia vs. MNC • • • • • 1 mês: 4 pontos (2,6-5,5); p<0,0001; 12 meses: 2,6 pontos (1,0-4,1); p=0,0012. Fraturas: Novas fraturas com 12 meses: 14% para cifoplastia (não reportado para MNC); Nova ou piora da fratura vertebral (na radiografia) em 12 meses: 33% para cifoplastia e 25% para MNC (p=0,2). - Grupo da cifoplastia relatou 2,9 menos de dia de atividade restrita por 2 semanas (1,3-4,6; p=0,0004) devido a dor nas costas em 1 mês vs. MNC. - Grupo da cifoplastia apresentou uma média de 2,5 menos dias de atividade restrita por 2 12 meses: 1,7 pontos (0,59 - 3,98); p= 0,15; 24 meses: 1,68 pontos (-0,633,99); p=0,15; O escore melhorou ao longo dos 24 meses em uma média de 3,24 pontos (1,47-5,01; p=0,0004 vs. MNC) a mais no grupo da cifoplastia. Cifoplastia apresentou melhora significativa ao longo dos 24 meses quando comparado ao MNC (efeito do tratamento 0,12 pontos, IC 95%: 0,06-0,18; p=0,0002); A diferença em termos de QALY foi de 25,9% (p=000,7) para o primeiro ano e 15,4% (p=0,29) no segundo ano. RDQ: • • Diferença média ao longo dos 24 meses: -3,01 pontos (IC 95%: 4,14 a –1,89; p<0,0001). Diferença entre os tratamentos: • Saúde mental apresentou pequeno impacto. EQ-5D: • • Mudanças na dor explicam 60% do ganho de QALY no grupo cifoplastia vs. 54% no grupo MNC. 60% do ganho comparativo no grupo cifoplastia é dado por melhoras na dor, seguido de autocuidado (17%), mobilidade (16%) e atividades usuais (10%) quando comparado ao MNC. - A dimensão referente a dor foi a que mais impactou na qualidade de vida durante o primeiro mês. Contudo, após o primeiro mês, atividades usuais e autocuidado apresentaram maior função nas mudanças relacionadas a qualidade de vida. -Grupo cifoplastia também apresentou melhoras significativas ao longo dos 2 anos de seguimento no EQ-5D, RDQ, EVA e satisfação. Efeito do tratamento: EQ 5-D: 0,10 (IC 95%: 0,05-0,15; p=0,0001) VAS: 1,29 (IC 95%: 0,97-1,61; p=0,0001) RDQ: 2,39 (IC 95%: 1,55-3,24; p=0,0001) Satisfação: 3,09 (IC 95%: 2,26-3,92; p=0,0001) - Grupo cifoplastia apresentou maior funcionalidade através da avaliação do time up and go (efeito global do tratamento: -2,49 IC95%: -0,82 a 4,15; p=0,0036). Ângulo cifótico: • 12 meses: -2,81 pontos (IC95%: -4,23 a –1,40; p=0,0001) 24 meses: -1,43 pontos (p=0,51) Altura da vértebra • Fraturas: Em 24 meses, a mudança do índice do ângulo cifótico da fratura apresentou melhora significativa no grupo cifoplastia (média 3,13° de correção para cifoplastia vs. 0,82° para o controle; p= 0,003). Em 24 meses as medidas anterior e média da altura da vértebra no grupo cifoplastia 39 CONFIDENCIAL Não deve ser usado, divulgado, publicado ou propagado de outras formas sem o consentimento expresso da Sociedade Brasileira de Coluna. semanas (1,2-3,8; p<0,0001) vs. MNC, ao longo de 1 ano. -Escore de dor nas costas diminuiu em 0,9 pontos (IC 95%: 0,3-1,5; p<0,0034) a mais no grupo cifoplastia vs. MNC após 12 meses. - Ranstam et al., 2012 aplica análise de caso completo, modelo de efeitos mistos, LOCF e imputação múltipla à análise por intenção de tratar do estudo de Wardlaw et al., 2009 e conclui que os dados observados no estudo FREE são robustos, uma vez que métodos alternativos utilizados para substituir os dados ausentes produziram resultados similares. Segurança: • • • Limitações A frequência geral de EAs não diferiu entre os grupos. Extravasamento de cimento ocorreu em 48 pacientes. EAS que resultou em morte: n=9 para cifoplastia e n=7 para MNC. • • - Para a média do escore de dor nas costas (10 pontos), cifoplastia apresentou redução significativa ao longo dos 24 meses (-1,49 pontos, IC 95%: -1,88 a -1,10; p=0,0001). - Diferença no número de dias com atividade restrita (período de 2 semanas) diminuiu ao longo dos 24 meses com uma média de -2,62 dias de diferença (IC 95%: -3,68 a -1,57; p<0,0001). Segurança: • • Segurança: A frequência geral de EAs e EAS não diferiu entre os grupos. EAS que resultou em morte: n=12 para cifoplastia e n=11 para MNC. Ausência de cegamento para a cifoplastia; Maior taxa de descontinuação no grupo controle; MNC não foi padronizado. apresentaram melhora estatisticamente significativa (6,7% e 5,9%, respectivamente) quando comparado ao grupo controle (1,1 de melhora e 1,9% de piora, respectivamente) (p=0,022 e p<0,001, respectivamente). Novas fraturas com 24 meses: 47,5% para cifoplastia e 44,1% para MNC; Não houve diferença significativa para nova fratura vertebral (na radiografia), em 24 meses, entre os grupos. Idem FREE (10) • Inerente floor effect na conversão do SF-36 em escores de utilidade. Algoritmos de SF-36 superestimam a utilidade para estados do EQ-5D mais graves. O que leva a menores ganhos de QALY na comparação Os EAs mais comuns relatados (primeiros 30 dias) foram dor nas costas (20 cifoplastia vs. 11 MNC), nova FCV (11 cifoplastia vs. 7 MNC), náusea/vômito (12 cifoplastia vs. 4 MNC) e infecção do trato urinário (10 cifoplastia vs. 3 MNC). Idem FREE (10) 40 CONFIDENCIAL Não deve ser usado, divulgado, publicado ou propagado de outras formas sem o consentimento expresso da Sociedade Brasileira de Coluna. quando se utiliza as utilidades convertidas de SF-36 comparado ao EQ-5D; As dimensões vitalidade, limitações nas funções devido a função física e limitações nas funções devido a problemas emocionais não apresentaram uma associação significativa com os escores EQ-5D no algoritmo de mapeamento. Nível de evidência/ 1B/A 1B/A 1B/A 1B/A Grau de recomendação RM: ressonância magnética; SF: short form; PCS: resumo do componente físico; EVA: escala visual analógica; MNC: manje não cirúrgico; IC: intervalo de confiança; RDQ: questionário de incapacidade de Roland-Morris; EA: eventos adversos; EAS: eventos adversos sérios; QALY: anos de vida ajustados pela qualidade; FCV: fraturas por compressão vertebral; LOCF: last observation carried forward. 41 CONFIDENCIAL Não deve ser usado, divulgado, publicado ou propagado de outras formas sem o consentimento expresso da Sociedade Brasileira de Coluna. Tabela 11. Estudos incluídos para análise. Autor, data Chen, 2013 (43) Lee, 2012 (44) Kelz, 2012 (45) Eidt-Koch, 2011 (46) Movrin, 2012 (47) País onde estudo foi realizado Estados Unidos Coreia Reino Unido Alemanha Eslovênia Desenho Observacional retrospectivo Observacional prospectivo Observacional prospectivo Estudo multicêntrico, prospectivo, controlado, não randomizado, de mundo real Estudo prospectivo, comparativo, não randomizado Pacientes com FVC osteoporóticas Pacientes com dor nas costas aguda e grave. Uma ou duas FCV, fratura em T8 ou abaixo, sensibilidade focal nas costas após trauma menor, fratura por compressão em cunha anterior. Pacientes com FVC osteoporóticas sintomáticas Pacientes com FVC osteoporóticas dolorosas. Pacientes com FVC osteoporóticas dolorosas Cifoplastia (n=22.817), MNC (n=38.249) e vertebroplastia (n=7.686)* Cifoplastia (n=91) e MNC (n=168) Cifoplastia (n=53) e MNC (n=51) Cifoplastia (n=46) e MNC (n=36) Cifoplastia (n=46) e MNC (n=60) Sobrevida em 6 meses, 1,2 e 3 anos, complicações, hospitalização, despesas hospitalares, taxas de readmissões em 30 dias e repetição dos procedimentos. Dor e qualidade de vida e fatores de risco associados a falha do tratamento conservador nas 3 primeiras semanas. Qualidade de vida relacionada à saúde Medidas de densidade mineral óssea da lombar e novas fraturas vertebrais, fatores de risco para fraturas do nível adjacente. População Intervenção e comparadores Desfechos Sobrevida: Resultados • • 1 ano: cifoplastia 85,2%, MNC 73,1% 3 anos: 59,9%, MNC 42,3% Funcionalidade social e mortalidade Mortalidade (1 ano): - 231 pacientes completaram 1 ano de seguimento; • • Cifoplastia: 11%; MNC: 22%. EQ-5D: • Em 12 meses mais pacientes do grupo cifoplastia não apresentavam problemas em Fraturas: • 6,5% no grupo cifoplastia e 16,4% no grupo MNC 42 CONFIDENCIAL Não deve ser usado, divulgado, publicado ou propagado de outras formas sem o consentimento expresso da Sociedade Brasileira de Coluna. • O risco ajustado para a morte foi 32% menor no grupo cifoplastia vs. MNC (hazard ratio: 0,68 (IC 95% 0,66-0,70; p<0,001). - 65% foram tratados de forma eficaz com tratamento conservador durantes as 3 primeiras semanas; Funcionalidade social: • Fatores de risco para falha ao tratamento conservador: - Pacientes no grupo cifoplastia apresentaram menor tempo de hospitalização e maiores despesas hospitalares. - Pacientes do grupo cifoplastia foram menos propensos a pneumonia e úlcera de decúbito durante a hospitalização e seis meses pós operatório. • • • • Idade avançada (mais velho que 78,5 anos); Osteoporose grave (escore t menor que -2,95); Sobrepeso (IMC≥25,5); Grande taxa de colapso vertebral (mais de 28,5%); • Cifoplastia: 20,75% (IC 95% 11,59-33,30) experimentaram uma transição para um status menor (menor nível de independência) em 1 ano após a cirurgia; MNC: 52,9% (IC 95% 38,4667,07) experimentaram uma transição para um status menor (menor nível de independência) em 1 ano após a cirurgia. • • nenhum dos domínios EQ-5D quando comparado aos pacientes do grupo MNC; Melhora estatisticamente significativa no grupo cifoplastia vs. MNC: mobilidade (p=0,043), atividades diárias (p=0,003) e dor (p=0,002); Cifoplastia apresentou melhora estatisticamente e clinicamente significativa quando comparado ao MNC (0,44 e 0,25 baseline em relação a 12 meses, respectivamente; p=0,008). EVA e ODI: • • Reduções significativas em ambos os escores foram observadas nos dois grupos o final de 1 ano (p<0,001); Resultados melhores para o grupo submetido a cifoplastia vs. MNC (p<0,05). EQ-5D VAS: • Em 6 e 12 meses após a intervenção, pacientes do grupo cifoplastia apresentaram melhora significativa na percepção do estado de saúde quando comparado a pacientes do grupo MNC (p=0,002 e p=0,009, respectivamente). RDQ: • Pacientes do grupo cifoplastia apresentaram melhora clinicamente significativa (6,25 baseline em relação a 12 meses vs. 0,71; p=0,001) enquanto pacientes do grupo MNC não apresentaram fraturas do nível adjacente com 1 ano. - O grau da cifose local e densidade mineral óssea foram identificados como importantes fatores preditivos para fraturas do nível adjacente. - Observou-se melhora significativa na média de compressão imediatamente após a cifoplastia (81, 1 vs. 59,4, p<0,001), na média do ângulo cifótico (4,1 vs. 11,8, p<0,001) e na média do EVA, quando comparado o período pré-operatório e pósoperatório (9 vs. 2, p<0,001). - Após 1 ano, a média do EVA foi significativamente menor no cifoplastia vs. grupo controle (2 vs. 3,8; p<0,001). 43 CONFIDENCIAL Não deve ser usado, divulgado, publicado ou propagado de outras formas sem o consentimento expresso da Sociedade Brasileira de Coluna. apresentaram melhora significativa. Segurança: • Segurança: Extravasamento de cimento ocorreu em 3 ocasiões. • Limitações inerentes ao uso de uma base de dados administrativa para cálculo de sobrevida. Limitações Desenho retrospectivo que não permite análise de dados de qualidade de vida e escores de dor, por exemplo. Apenas pacientes que apresentaram nova fratura por compressão no raio-X realizaram a ressonância no segmento; Não randomização; Taxa relativamente alta de descontinuação (10%). Comparação entre um grupo tratado prospectivamente e uma coorte histórica Ausência de randomização; Pequeno tamanho amostral; 2B/B Ausência de randomização e cegamento; Número desigual de pacientes entre os grupos. Como não estão disponíveis dados ambulatoriais, não foram avaliadas complicações que não necessitaram de hospitalização. Nível de evidência/Grau de recomendação Extravasamento de cimento ocorreu em 8,7% dos pacientes do grupo cifoplastia. 2B/B 2B/B 2B/B 2B/B RM: ressonância magnética; SF: short form; PCS: resumo do componente físico; EVA: escala visual analógica; MNC: manje não cirúrgico; IC: intervalo de confiança; RDQ: questionário de incapacidade de Roland-Morris; EA: eventos adversos; EAS: eventos adversos sérios; QALY: anos de vida ajustados pela qualidade; FCV: fraturas por compressão vertebral; IMC: índice de massa corporal; ODI: Oswestry Disability Index. *Só foram incluídos os comparadores de interesse. 44 CONFIDENCIAL Não deve ser usado, divulgado, publicado ou propagado de outras formas sem o consentimento expresso da Sociedade Brasileira de Coluna. Tabela 12. Estudos incluídos para análise. Autor, data Tang, 2011 (48) Kasperk, 2005 (12) Grafe, 2005 (53) Kasperk, 2010 (50) China Alemanha Idem Kasperk, 2005 (54) Idem Kasperk, 2005 (54) Observacional retrospectivo Estudo prospectivo, controlado, não randomizado. Análise de 1 ano de Kasperk, 2005 (54) Análise de 3 anos de Kasperk, 2005 (54) País onde estudo foi realizado Desenho Pacientes com fraturas vertebrais osteoporóticas dolorosas. População Intervenção e comparadores Desfechos Pacientes com fraturas vertebrais osteoporóticas dolorosas. Idem Kasperk, 2005 (54) Idem Kasperk, 2005 (54) Cifoplastia (n=55), MNC (n=55) e vertebroplastia (n=58)* Cifoplastia (n=40) e MNC (n=20). Idem Kasperk, 2005 (54) Idem Kasperk, 2005 (54) EVA, SF-12, altura da vértebra, ângulo de Cobb e densidade mineral óssea Altura vertebral, ângulo cifótico e novas fraturas, percepção de dor, atividades diárias, medicação para dor, necessidade de cuidados em saúde, EA. Idem Kasperk, 2005 (54) Idem Kasperk, 2005 (54) Altura vertebral: • Melhora significativa no grupo cifoplastia. Ângulo cifótico: Resultados • Melhora significativa no grupo cifoplastia. • • Cifoplastia: melhora de 12,1%; MNC: redução de 8,2%; p=0,001; Aumento e estabilização interna pela cifoplastia resultou em redução da dor nas costas; Ângulo cifótico: EVA: • Altura vertebral: Escore significativamente menor no grupo cifoplastia Altura vertebral: • • • Cifoplastia: aumento significativo quando comparado ao baseline (p<0,0001); MNC: progressiva perda da altura vertebral (p<0,001); Altura significativamente melhor no grupo cifoplastia vs. controle em 12 meses (p<0,0001). Altura vertebral: • • • Cifoplastia: melhora de 64,7% após 3 anos (p<0,0001 vs. préoperatório); MNC: piora, com redução de 60,9% no começo do estudo para 51,2% após 3 anos; p=0,0001; Aumento significativo no grupo cifoplastia vs. grupo controle em 3 anos (p<0,0001). Novas fraturas: 45 CONFIDENCIAL Não deve ser usado, divulgado, publicado ou propagado de outras formas sem o consentimento expresso da Sociedade Brasileira de Coluna. • quando comparado com MNC, 1 semana após a cirurgia; Média estável para o grupo cifoplastia durante os 12 meses de seguimento. SF-12: • Melhora significativa (p<0,05) em todos os períodos de avaliação quando comparado ao baseline para o grupo cifoplastia. Densidade mineral óssea: • Não foram observadas melhoras significativas em ambos os grupos. • Aumento do ângulo cifótico no grupo controle após 6 meses (p<0,0001). • Novas fraturas: • Não foram observados resultados significativos. • • • • Melhora no grupo cifoplastia: 26,2± 2 para 44,4± 3,1 (p<0,0001); Melhora no grupo controle (MNC): 33,6± 4,1 para 34,3± 4,35 (não significativo); A melhora no escore de dor para o grupo cifoplastia foi significativamente maior vs. controle após 12 meses (p=0,008). Novas fraturas: • • Melhora no grupo cifoplastia: 43,8 ± 2,4 para 54,5 ± 2,7 (p=0,031); Melhora no grupo controle: 39,8 ± 4,5 para 43,8 ± 4,6 (não significativo). Escore EVOS: • • Melhora no grupo cifoplastia: 43,8 ± 2,4 para 54,5 ± 3,04 (p=0,0003); Melhora no grupo controle: 39,8 ± 4,5 para 44,3 ± 5,07 (não significativo). Medicação para dor e cuidados em saúde: • Número de visitas ao especialista relacionadas a dor nas costas: redução em 6 meses de seguimento para o grupo cifoplastia vs. controle (média de 3,3 visitas/paciente e 8,6 A incidência de novas fraturas após a cifoplastia foi significativamente reduzida vs. grupo controle após 3 anos (p=0,0341). EVA: • Escore EVOS: • Aumento do ângulo cifótico no grupo controle após 3 anos (p=0,002). Ligeira redução no grupo cifoplastia (p=0,010). EVA: EVA: Melhora no grupo cifoplastia: 26,2 ± 2 para 44,2 ± 3,3 (p=0,007); Melhora no grupo controle (MNC): 33,6 ± 4,1 para 35,6 ± 4,1 (não significativo). Ângulo cifótico: • • • Foi observado um número significativamente menor de novas fraturas, após 12 meses, no grupo cifoplastia vs. controle (p=0,084). • • Melhora no grupo cifoplastia: 73,8 para 55,9(imediatamente após o procedimento; p=0,0002), 55,6 (12 meses; p<0,0001) e 54 (36 meses; p<0,0001); Melhora no grupo controle: 66,4 para 65,7 (12 meses; p=0,853), e 64 (36 meses; p=0,521); A melhora no escore de dor para o grupo cifoplastia foi significativamente maior vs. controle após 36 meses (p=0,023). Escore EVOS: Medicação para dor e cuidados em saúde: • Número de visitas ao especialista relacionadas a dor nas costas: grupo cifoplastia • Melhora no grupo cifoplastia: 43,8 para 54,2 (imediatamente após o procedimento; p=0,003), 54,5 (12 meses; p=0,0003) e 54,8 (36 meses; p=0,0008); 46 CONFIDENCIAL Não deve ser usado, divulgado, publicado ou propagado de outras formas sem o consentimento expresso da Sociedade Brasileira de Coluna. • visitas/paciente, respectivamente; p=0,0147). Redução no número de pacientes que requereram opioides no grupo cifoplastia (67,5% para 55%) e grupo controle (70% para 65%). Segurança: Segurança: • • média de 5,3 visitas/paciente comparado a 11,6 visitas/paciente no grupo controle em 12 meses de seguimento (p=0,006). Não foram observados casos de complicações neurológicas, embólicas ou cardiovasculares durante ou após a cifoplastia; Vazamento de cimento em 9,7%. • • • Melhora no grupo controle: 44,3 (12 meses; p=0,150), e 43,6 (36 meses; p=0,308); Segurança: Não foram observados casos de complicações neurológicas, embólicas ou cardiovasculares durante ou após a cifoplastia; Vazamento de cimento em 9%. • • Não foram observados casos de complicações neurológicas ou cardiovasculares durante ou após a cifoplastia; Vazamento de cimento em 9,7%. Ausência de randomização e de um cálculo amostral oficial. Pequeno tamanho amostral. Centro único; Limitações Ausência de randomização Nível de evidência/Grau de recomendação 2B/B Ausência de randomização e de um cálculo amostral oficial. Ausência de randomização e de um cálculo amostral oficial. Pequeno tamanho amostral. Pequeno tamanho amostral. 2B/B 2B/B Não foram realizadas RM em cada um dos pacientes durante o seguimento, o que pode levar a uma subestimação das fraturas vertebrais consecutivas que não apresentaram mudanças radiomorfométricas. 2B/B RM: ressonância magnética; SF: short form; PCS: resumo do componente físico; EVA: escala visual analógica; MNC: manje não cirúrgico; IC: intervalo de confiança; RDQ: questionário de incapacidade de Roland-Morris; EA: eventos adversos; EAS: eventos adversos sérios; QALY: anos de vida ajustados pela qualidade; FCV: fraturas por compressão vertebral; EVOS: European Vertebral Osteoporosis Study. *Só foram incluídos os comparadores de interesse. 47 CONFIDENCIAL Não deve ser usado, divulgado, publicado ou propagado de outras formas sem o consentimento expresso da Sociedade Brasileira de Coluna. 4. CONCLUSÃO Foi realizada RS da literatura, com o objetivo de avaliar a cifoplastia em pacientes com fratura osteoporótica de um corpo vertebral quando comparada à artrodese ou manejo não cirúrgico. Foram localizados seis ensaios clínicos, três estudos quase-experimentais e cinco estudos observacionais envolvendo pacientes com fratura osteoporótica de um corpo vertebral. De acordo com Drummond (55), existem diferenças relevantes entre medicamentos e dispositivos médicos, que deveriam ser consideradas no momento da avaliação de tais tecnologias. Entre as diferenças, destaca-se a dificuldade em se realizar um ensaio clínico controlado randomizado. A randomização pode não ser possível, por questões anatômicas ou de indicação. O cegamento torna-se inviável em alguns casos, por questões éticas, quando se compara um procedimento minimamente invasivo ao tratamento cirúrgico convencional. Somase ainda a curva de aprendizado associada à técnica de implantação dos dispositivos, principalmente em cenários cirúrgicos. O resultado de um ECR comparando um procedimento consagrado a um procedimento novo poderia refletir diferenças entre a experiência do profissional com o novo procedimento versus o antigo, ao invés da diferença clínica entre os procedimentos. As limitações em se aplicar diretrizes baseadas em medicamentos para a incorporação de dispositivos médicos tem sido alvo de discussões em sociedades nacionais e internacionais, a fim de que se consiga adequar os padrões de avaliação e hierarquia das evidências para os dispositivos. As diretrizes metodológicas que guiam elaboração de estudos para avaliação de equipamentos médico-assistenciais do Ministério da Saúde (56) também discutem esta questão da diferença de avaliação entre medicamentos e equipamentos e tais diferenças encontram-se resumidas no Tabela 13. Tabela 13. Principais diferenças encontradas nas avaliações de medicamentos ou de equipamentos médico-assistenciais. Diretrizes metodológicas: elaboração de estudos para avaliação de equipamentos médicos assistenciais, 2013. (56) Medicamento Equipamento Médico-Assistencial Clinicamente estudados Estudos de bancada Formulação estável, uma vez desenvolvida Mudanças/melhorias constantes e interativas Consumidos no uso Também disponíveis para estudos pós uso 48 CONFIDENCIAL Não deve ser usado, divulgado, publicado ou propagado de outras formas sem o consentimento expresso da Sociedade Brasileira de Coluna. Medicamento Equipamento Médico-Assistencial Resultados geralmente não relacionados com o profissional da saúde Resultados variam conforme capacitação do profissional da saúde Permite situação com uso de placebo Na maioria dos casos, não se permite o uso de placebo ou técnica que simule placebo Complicações podem aumentar com o uso Complicações podem diminuir com o uso e aumentam ao final da vida útil Interação medicamentosa Possibilidade de mau funcionamento O desenvolvimento de novos estudos com maior rigor metodológico e maior tamanho amostral, podem oferecer auxílio adicional na tomada de decisão sobre o melhor tratamento para as indicações propostas. A revisão da literatura concluiu que as evidências disponíveis que avaliam a cifoplastia em pacientes com fratura osteoporótica de um corpo vertebral foi um método eficaz e seguro quando comparada à artrodese ou manejo não cirúrgico. A cifoplastia se torna uma importante opção terapêutica para os pacientes com fratura osteoporótica de um corpo vertebral, sobretudo nos casos com comprometimento significativo da altura do corpo vertebral, mostrando vantagens na angulação cifótica pela capacidade de restauração da altura do corpo, melhora na qualidade de vida, incapacidade e mobilidade, especialmente em pacientes idosos que não toleram longos períodos acamados. Reduz a dor nas costas em pacientes com fraturas vertebrais dolorosas, estabiliza as deformidades das vértebras e apresenta um baixo risco de fraturas no nível adjacente. 49 CONFIDENCIAL Não deve ser usado, divulgado, publicado ou propagado de outras formas sem o consentimento expresso da Sociedade Brasileira de Coluna. 5. DIRETRIZ DE UTILIZAÇÃO A Sociedade Brasileira de Coluna sugere como diretrizes de utilização para cifoplastia em pacientes com fratura osteoporótica de um corpo vertebral cobertura obrigatória para: • Casos de estabilização cirúrgica das FCV osteoporóticas torácicas e/ou lombares que ocorreram três meses ou antes; (27) • Pacientes com fraturas por compressão vertebral com 50% de perda do corpo vertebral ou menos, dentro das primeiras 4 a 6 semanas da fratura; (27) • Pacientes com fraturas osteoporóticas por compressão com dor, refratárias ao tratamento conservador: (28) Dor grave que interfira com as atividades do paciente; Dor localizada no nível da fratura; Exclui-se o seguinte caso: • Pacientes com fraturas com menos de 15% de perda de altura do corpo vertebral. 50 CONFIDENCIAL Não deve ser usado, divulgado, publicado ou propagado de outras formas sem o consentimento expresso da Sociedade Brasileira de Coluna. 6. CONFLITO DE INTERESSE O estudo foi conduzido a partir de solicitação da Sociedade Brasileira de Cirurgia de Coluna, sob seu patrocínio. Não foram feitas alterações pelo patrocinador na estrutura, conteúdo, resultados ou outros aspectos metodológicos da revisão sistemática da literatura desenvolvida. 51 CONFIDENCIAL Não deve ser usado, divulgado, publicado ou propagado de outras formas sem o consentimento expresso da Sociedade Brasileira de Coluna. 7. REFERÊNCIAS 1. Sambrook P, Cooper C. Osteoporosis. Lancet. 2006;367:2010–8. 2. Sambrook P, Cooper C. Osteoporosis. 2010;367. 3. Riera R, Trevisani VFM, Ribeiro JPN. Osteoporose - A importância da prevenção de quedas. Rev Bras Reumatol. 2003;43(6):364–8. 4. Ensrud K, Schousboe T. Vertebral fractures. N Engl J Med. 2011;364(7):1634–42. 5. Gaitanis IN, Hadjipavlou AG, Katonis PG, Tzermiadianos MN, Pasku DS, Patwardhan AG. Balloon kyphoplasty for the treatment of pathological vertebral compressive fractures. Eur Spine J. 2005;14(3):250–60. 6. 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Cahoj P a, Cook JL, Robinson BS. Efficacy of percutaneous vertebral augmentation and use of physical therapy intervention following vertebral compression fractures in older adults: a systematic review. J Geriatr Phys Ther. 2007;30(1):31–40. 110. Kasperk C, Grafe I a, Schmitt S, Nöldge G, Weiss C, Da Fonseca K, et al. Three-year outcomes after kyphoplasty in patients with osteoporosis with painful vertebral fractures. J Vasc Interv Radiol. 2010 May;21(5):701–9. 60 CONFIDENCIAL Não deve ser usado, divulgado, publicado ou propagado de outras formas sem o consentimento expresso da Sociedade Brasileira de Coluna. ANEXO 1. BASES DE DADOS PARA BUSCA DE EVIDÊNCIAS CIENTÍFICAS Bases de dados Biblioteca Cochrane Cochrane Library PubMed LILACS CRD Endereço Acesso http://cochrane.bvs.alud.org/portal/php/index.php?lang=pt LIVRE www.thecochranelibrary.com RESTRITO www.pubmed.gov LIVRE www.bireme.br LIVRE www.york.ac.uk/inst/crd LIVRE CRD: Centre for Reviews and Dissemination; LILACS: Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde. 61 CONFIDENCIAL Não deve ser usado, divulgado, publicado ou propagado de outras formas sem o consentimento expresso da Sociedade Brasileira de Coluna. ANEXO 2. NÍVEIS DE EVIDÊNCIA CIENTÍFICA SEGUNDO A CLASSIFICAÇÃO DE OXFORD CENTER FOR EVIDENCE-BASED MEDICINE Grau de Nível de recomendação Evidência A 1A Estudos de Tratamento Revisão sistemática de ensaios clínicos controlados randomizados Ensaio clínico controlado randomizado com intervalo de confiança 1B estreito B 1C Resultados terapêuticos do tipo “tudo ou nada” 2A Revisão sistemática de estudos de coorte Estudo de coorte (incluindo ensaio clínico randomizado de menor 2B qualidade) Observação de resultados terapêuticos (outcomes research); 2C Estudo ecológico 3A Revisão sistemática de estudos de caso-controle 3B Estudo de caso-controle C Relato de caso (incluindo coorte ou caso-controle de menor 4 qualidade) D Opinião desprovida de avaliação crítica ou baseada em matérias 5 básicas (estudo fisiológico ou estudo com animais) 62 CONFIDENCIAL Não deve ser usado, divulgado, publicado ou propagado de outras formas sem o consentimento expresso da Sociedade Brasileira de Coluna. ANEXO 3. ESTUDOS EXCLUÍDOS Durante leitura do título ou resumo, todos os estudos que não se enquadravam nos critérios de elegibilidade foram excluídos. Como critérios de exclusão para os estudos de eficácia e segurança foram definidos: revisões narrativas, resumos, artigos que avaliaram intervenções ou comparadores que não estavam estruturadas na pergunta PICO, assim como outras indicações para cifoplastia que não fraturas osteoporóticas. Os motivos para exclusão dos estudos lidos na íntegra estão apresentados na tabela abaixo. Autor Ano Referência Motivo da exclusão 1. Zapałowicz 2015 (57) População não está de acordo com a pergunta PICO. 2. Gan 2014 (58) Comparador não está de acordo com a pergunta PICO. 3. Maestrati 2014 (59) Comparador não está de acordo com a pergunta PICO. 4. Lee 2014 (60) Comparador não está de acordo com a pergunta PICO. 5. Yu 2014 (61) População não está de acordo com a pergunta PICO. 6. Joseph 2013 (62) População não está de acordo com a pergunta PICO. 7. Bednar 2013 (63) Desenho de estudo não está de acordo com a pergunta PICO. 8. Otten 2013 (64) Intervenção não está de acordo com a pergunta PICO. 9. Hsieh 2013 (65) Comparador não está de acordo com a pergunta PICO. 10. Ge 2013 (66) Comparador não está de acordo com a pergunta PICO. 11. Abdelrahman 2013 (67) Desenho de estudo não está de acordo com a pergunta PICO. 12. Wang 2013 (68) Comparador não está de acordo com a pergunta PICO. 13. Albers 2013 (69) Revisão narrativa. 14. McCullough 2013 (70) Comparador não está de acordo com a pergunta PICO. 15. Xu 2014 (71) Comparador não está de acordo com a pergunta PICO. 16. Schulte 2013 (72) Intervenção não está de acordo com a pergunta PICO. 17. Werner 2013 (73) Comparador não está de acordo com a pergunta PICO. 18. Wang 2013 (74) Comparador não está de acordo com a pergunta PICO. 19. Li 2014 (75) Intervenção não está de acordo com a pergunta PICO. 20. Röllinghoff 2013 (76) Intervenção não está de acordo com a pergunta PICO. 63 CONFIDENCIAL Não deve ser usado, divulgado, publicado ou propagado de outras formas sem o consentimento expresso da Sociedade Brasileira de Coluna. 21. Dong 2013 (77) Comparador não está de acordo com a pergunta PICO. 22. Tsai 2013 (78) População não está de acordo com a pergunta PICO. 23. Itagaki 2012 (79) População e intervenção não estão de acordo com a pergunta PICO. 24. Qian 2012 (80) População não está de acordo com a pergunta PICO. 25. Yang 2012 (81) Carta ao editor. 26. Wang 2012 (82) Intervenção não está de acordo com a pergunta PICO. 27. Wardlaw 2012 (83) Revisão narrativa. 28. Zairi 2012 (84) Comparador não está de acordo com a pergunta PICO. 29. Katonis 2012 (85) População não está de acordo com a pergunta PICO. 30. Bliemel 2012 (86) Estudos descritos individualmente. 31. Papanastassiou 2012 (87) Intervenção não está de acordo com a pergunta PICO. 32. Zafeiris 2012 (88) Comparador não está de acordo com a pergunta PICO. 33. Ranstam 2012 (51) Desfecho não está de acordo com a pergunta PICO 34. Robinson 2012 (89) Estudos descritos individualmente. 35. Bornemann 2012 (90) Intervenção não está de acordo com a pergunta PICO. 36. Teyssédou 2012 (91) Comparador não está de acordo com a pergunta PICO. 37. Rho 2012 (92) Intervenção não está de acordo com a pergunta PICO. 38. Zhang 2011 (93) Revisão narrativa. 39. Chatziioannou 2011 (94) Intervenção não está de acordo com a pergunta PICO. 40. Boonen 2011 (52) Revisão narrativa. 41. Piazzolla 2011 (95) Desenho de estudo não está de acordo com a pergunta PICO. 42. Schils 2011 (96) Intervenção não está de acordo com a pergunta PICO. 43. Cagli 2010 (97) Intervenção não está de acordo com a pergunta PICO. 44. Radcliff 2010 (98) Desenho de estudo não está de acordo com a pergunta PICO. 45. Yan 2011 (99) Comparador não está de acordo com a pergunta PICO. 46. Bae 2010 (16) Intervenção não está de acordo com a pergunta PICO. 47. Kim 2010 (100) Comparador não está de acordo com a pergunta PICO. 48. Rotter 2010 (101) Desenho de estudo não está de acordo com a pergunta PICO. 64 CONFIDENCIAL Não deve ser usado, divulgado, publicado ou propagado de outras formas sem o consentimento expresso da Sociedade Brasileira de Coluna. 49. Krüger 2010 (102) Comparador não está de acordo com a pergunta PICO. 50. Upasani 2010 (103) Desenho de estudo não está de acordo com a pergunta PICO. 51. Diel 2010 (104) Comparador não está de acordo com a pergunta PICO. 52. Coutinho Filho 2011 (105) Comparador não está de acordo com a pergunta PICO. 53. Mendonça 2010 (15) Comparador não está de acordo com a pergunta PICO. 54. Bouza 2014 (106) População não está de acordo com a pergunta PICO. 55. Anderson 2013 (107) População não está de acordo com a pergunta PICO. 56. Taylor 2007 (108) População não está de acordo com a pergunta PICO. 57. Cahoj 2007 (109) População não está de acordo com a pergunta PICO. 65 CONFIDENCIAL Não deve ser usado, divulgado, publicado ou propagado de outras formas sem o consentimento expresso da Sociedade Brasileira de Coluna. ANEXO 4. QUALIDADE DA EVIDÊNCIA DOS ESTUDOS ANALISADOS De acordo com as Diretrizes para Utilização de Literatura Médica - Fundamentos para a Prática Clínica da Medicina Baseada em Evidências (39), os estudos incluídos na revisão foram analisados com base em parâmetros de qualidade conforme descrito nas tabelas abaixo. 66 CONFIDENCIAL Não deve ser usado, divulgado, publicado ou propagado de outras formas sem o consentimento expresso da Sociedade Brasileira de Coluna. Parâmetros sobre como avaliar a qualidade da evidência de ensaios clínicos controlados e estudos quasi experimentais. Wardlaw, 2009 (10) Boonen, 2011 (52) Borgström, 2013 (41) Movrin, 2012 (47) Kasperk, 2005 (54) Grafe, 2005 (49) Kasperk, 2010 (110) Van Meirhaeghe, 2013 (42) O estudo foi randomizado? S S S N N N N S A alocação dos pacientes nos grupos foi sigilosa? S S S N N N N S Os pacientes foram analisados nos grupos aos quais foram randomizados (a análise foi por intenção de tratar)? S S S S S S S S Os pacientes dos dois grupos eram semelhantes com relação a fatores de prognóstico previamente conhecidos? S S S S S S S S O estudo foi cego? N N N N N N N N Parâmetros 67 CONFIDENCIAL Não deve ser usado, divulgado, publicado ou propagado de outras formas sem o consentimento expresso da Sociedade Brasileira de Coluna. Fora a intervenção experimental, os grupos foram tratados igualmente? S S S S S S S S As perdas foram significativas? N N N N N N N N O estudo apresentou estimativa de precisão para os efeitos do tratamento? S S S S S S S S Os pacientes do estudo são semelhantes aos de interesse? S S S S S S S S Os desfechos apresentados pelo estudo são relevantes clinicamente? S S S S S S S S Os potenciais conflitos de interesse foram declarados? S S S S S S S S S = sim; N=não; P = parcialmente; ND = não disponível – sem informações que permitam avaliação; NA = não se aplica. 68 CONFIDENCIAL Não deve ser usado, divulgado, publicado ou propagado de outras formas sem o consentimento expresso da Sociedade Brasileira de Coluna. Parâmetros sobre como avaliar a qualidade de estudos de coorte. Parâmetros Lee, 2012 (44) Kelz, 2012 (45) Eidt-Koch, 2011 (46) Chen, 2013 (43) Tang, 2011 (48) Os pacientes de ambos os grupos eram similares com relação aos fatores prognósticos que poderiam estar associados com o desfecho (ou houve ajuste estatístico para diferenças na análise)? S S S N S As circunstâncias e os métodos para medir o desfecho foram similares em ambos os grupos? S S S S S As perdas foram significativas? S N N N N A duração do seguimento foi adequada? S S S S S Os pacientes do estudo são semelhantes aos de interesse? S S S S S O estudo apresentou estimativa de precisão para a associação entre a exposição e o desfecho? S S S S S Os potenciais conflitos de interesse foram declarados? S S S S S S = sim; N=não; P = parcialmente; ND = não disponível – sem informações que permitam avaliação; NA = não se aplica. 69 CONFIDENCIAL Não deve ser usado, divulgado, publicado ou propagado de outras formas sem o consentimento expresso da Sociedade Brasileira de Coluna.