geo magazine

Transcrição

geo magazine
GEO
MAGAZINE
Junho 2014 - Edição 9
ALDEIAS HISTÓRICAS
LINHARES DA BEIRA
por Lusitana Paixão
Entrevista Histórica
MCA
por Jasafara
GUIA PR
PR1 CSC Rota das
Quintas
por Rui Duarte
ALÉM FRONTEIRAS
GEOCACHING EM
ESTRASBURGO
por Pintelho
ENTREVISTA DE CARREIRA
Sammendes
PATRIMÓNIO
Castelo de Palmela
por RuiJSDuarte
E muito mais...
O seu chapéu de aventureiro é a sua imagem de marca
e transporta com ele um interminável rol de histórias
prontas a serem partilhadas por uma das mais
conhecidas personalidades do geocaching nacional.
Por Flora Cardoso
GeoFOTO Maio 2014
Vencedor - noslenfa
GEO
MAG.
Editorial....................................................................06
Gustavo Vidal dá-nos as boas vindas à GeoMagazine
Guia Turístico São Jorge...................................08
Vamos conhecer a ilha de São Jorge, Açores
Geocaching em Timor Leste..........................16
O outro lado do geocaching, na sua vertente social
Aldeias Históricas - Linhares da Beira......26
Nota sobre Acordo Ortográfico:
Foi deixado ao critério dos
autores dos textos a escolha
de escrever de acordo (ou não)
com o AO90.
À descoberta de uma aldeia perdida no tempo
Geocaching de A a Z..........................................34
VSérgios numa estreia de rúbrica da GeoMagazine
Guia PR - PR1 Cascais........................................38
Caminhando pela Pequena Rota de Cascais
Frente a Frente.....................................................46
Insularidade Vs. Saturação - um tema pertinente
Entrevista de Carreira......................................50
Sammendes numa entrevista fantástica
Além Fronteiras...................................................62
Geocaching em Estrasburgo, por Pintelho
Geocaching nos Livros......................................70
Jasafara introduz-nos ao mundo dos livros georeferenciados
Património..............................................................76
Conhecemos o Castelo de Palmela
From Geocaching HQ with Love.................86
O quotidiano norte-americano pela lackey Annie Love
Estudo Geocaching.............................................88
Impacto do Geocaching nas várias esferas de vida
Geocaching em Famalicão..............................92
A FamaTeam apresenta-nos a região de Famalicão
Geocacher Histórico..........................................98
Uma entrevista de retrospectiva com o mítico MCA
Geocoin Portugal 2011......................................112
Continuamos a apresentar todas as moedas de Portugal
50
26
ALDEIAS Históricas
76
PATRImÓNIO
Entrevista de carreira...
Sammendes em retrospectiva. Uma fantástica entrevista com
participações especiais de muitos amigos.
8
98
GEOCACHER HISTÓRICO
MCA conta-nos tudo sobre a sua carreira no geocaching nacional, desde as primeiras aventuras até ao pedido de casamento.
16
Uma viagem por Linhares da Beira
Conhecendo o Castelo de Palmela
GUIA TURÍSTICO
Viajando por São Jorge, Açores
Geocaching em
timor leste
GEO
MAG.
Junho 2014 - EDIÇÃO 9
Editorial
por Gustavo Vidal
Este editorial é escrito na
ressaca do Evento I São Jorge GeoAventure (GC4V0H3)
que decorreu na ilha de S.
Jorge nos Açores.
Foram cinco dias muito intensos com actividades
para todos os gostos, desde BTT, Canyoning, Espeleologia, Pedestraniasmo,
Escalada e muito, muito
Geocaching.
Os Açores são o paraíso
do Geocaching!! Com uma
beleza natural de cortar a
respiração, paisagens verdejantes que se entendem
preguiçosamente até ao
Altlântico e formações vulcânicas únicas no Mundo,
proporcionam lugares deslumbrantes que são o sonho de qualquer Geocacher
amante da Natureza.
6
Não será por isso de estranhar que o Governo Regional dos Açores através da
sua Direcção Regional de
Turismo esteja a investir
forte no Geocaching como
forma de fomentar o GeoTurismo.
Prova disso está o recente
encontro em S. Miguel de
uma comitiva de Geocachers com o Presidente do
Governo Regional, Dr. Vasco
Cordeiro ou a candidatura
da Câmara Municipal de Lagoa (S. Miguel) à organização da Cerimónia de Entrega dos Prémios GPS 2013
(GC52ABK), isto, claro está,
para além do apoio financeiro da Direcção Regional
de Turismo dos Açores à
organização do I São Jorge
GeoAdventure.
gens espectaculares que
ficarão gravadas durante
muitos anos na memória de
quem as viveu e que serão
também um aperitivo para
aquilo que será a edição de
2015 deste evento, na ilha
do Pico.
Os Açores estão definitivamente na moda no que toca
a Geocaching e por isso,
a próxima edição da GeoMagazine estará centrada
neste fantástico arquipélago que atrai os Geocachers
como se de um íman se tratasse.
Na entrevista histórica, fiquem a conhecer melhor o
MCA, um dos Geocachers
pioneiros de Portugal.
Aliás, nesta edição já terão
um pequeno aperitivo disso
com uma foto reportagem
sobre São Jorge e um pequeno resumo daquilo que
se viveu naquela magnífica
ilha durante o evento. Ima-
Destaque de capa desta
edição para a entrevista
a SamMendes, uma respeitadíssima referência do
Geocaching ribatejano, que
aqui nos fala acerca da sua
carreira e das suas caches
de excelência.
Em termos nacionais, para
além do destaque óbvio
a S. Jorge, recomendo o
passeio por uma das mais
belas aldeias históricas de
Portugal, Linhares da Beira,
o património do Castelo de
Palmela, a Rota das Quintas em Cascais ou a região
de Famalicão.
Do estrangeiro, uma reportagem de Geocaching sobre
Timor-Leste e outra sobre
Estrasburgo ou a habitual
crónica de Annie Love, do
quartel-general do Geocaching com amor.
Nesta edição estreamos
uma nova rubrica que muito
vos recomendo, Geocaching
de A a Z, tendo como convidado o VSérgios. Igualmente recomendável é o Frente
a Frente entre um Geocacher que não tem mãos a
medir para dar abasto às
torrentes de caches e powertrails que são despejadas em Lisboa a cada dia,
ou um Geocacher do Corvo
com um número limitadíssimo de caches na sua ilha
que tem que fazer uma
gestão prudente das caches
por encontrar para não as
esgotar todas.
Muito mais há para descobrir nesta edição número
9 da GeoMagazine. Boas
leituras e até ao próximo
número, com grandes revelações do Arquipélago dos
Açores.
VESTE A CAMISOLA
Na nossa loja online, tens diversos
modelos de t-shirts, sweats, chapéus,
fitas de pescoço e patches Geopt.
Adquire já o teu em:
http://loja.geopt.org
GEO
MAG.
Guia Turístico
São Jorge, Açores
Por RuiJSDuarte
Ainda mal tinha chegado de
São Miguel, numa primeira incursão ao Arquipélago
dos Açores (onde tive oportunidade de praticar “geocaching familiar” do Bom),
e já estava de olhos postos
em alguns tópicos do Geopt,
em que um tal de teamjorgenses mostrava interesse em levar até São Jorge
uma vintena de geocachers
(do continente e de outras
ilhas) para a realização de
um evento local.
8
Entre uns posts e outros
acabei por, quase sem querer, sugerir que podia ser
que tivesse oportunidade
de me juntar ao grupo se
me fosse dada essa opor-
tunidade... após um email
do organizador e o definido
“Eu vou a São Jorge” foram
um sem fim de negociações,
quer em casa, quer no serviço, que acabaram por me
ser deveras favoráveis.
Primeiro dia
Com o alto patrocínio da
SATA e do mau tempo (voo
cancelado), acabámos por
chegar a São Jorge cerca
de 24 horas mais tarde que
o previsto e, da Fábrica da
Uniqueijo (visita prevista
para a tarde deste dia), só
lhe vimos a cor…, os que
chegaram de manhã tiveram certamente direito a
uma excelente visita!
O passeio para nós começou
praticamente com a visita à
Casa do Parque/Ecomuseu
de São Jorge onde fomos
apresentados aos diversos ângulos da Ilha. Tempo
muito bem passado com as
funcionárias do Museu e a
enquadrar o que iriamos ver
nos dias seguintes.
“Despachadas” as apresentações passou-se ao Geocaching “Puro e Duro”, com a
descida à Fajã do Ouvidor e
à Fajã da Ribeira d’Areia por
um bem inclinado e bonito
trilho (troço final da PR4SJO).
Foi um começo “muito forte”, numa zona de excelência e que sem surpresas é
uma das estâncias balneares da Ilha.
Ambas as Fajãs são interessantes mas a zona envolvente à Fajã do Ouvidor é
qualquer coisa de magnifico
e merece uma visita bem
prolongada (tive a oportunidade de lá voltar mais uma
vez, uns dias mais tarde,
com algum pessoal que ainda faltava chegar).
O Jantar deste primeiro dia
realizou-se no Restaurante Açor e foi de lamber os
beiços… que bueno o Arroz
de Polvo (das sobremesas
é melhor não falar que me
começa a subir o colesterol)!
GEO
MAG.
Segundo dia
Encontro marcado para o
Café Livramento que seria
o local mais visitado ao longo da semana! Grande surpresa logo ali, um pequeno
café de Vila/Aldeia mas com
um “Galão de Autor”! Coisa
mais bonita pá… sempre que
olhava para um (e olhei para
muitos ao longo dos dias)
lembrava-me de gelatarias
italianas! Nham!
O grupo compôs-se durante
o dia com a chegada dos restantes Geocachers! A partir
daqui seríamos praticamente sempre cerca de 20 praticantes (um pouco mais, um
pouco menos) a palmilhar a
ilha e a fazer crer que não ficaria uma pedra por revirar!
Foi dia para passear pelos
Concelhos das Velas e da
Calheta e após a passagem
pela “Urzelina”, a mesma
transformou-se na palavra
mais ouvida! Era Urzelina
para aqui e Urzelina para
ali… com as mais diversas
variantes à coisa.
Para a parte da tarde estava
reservado um troço do Trilho Pedestre PR3SJO: entre
Lourais e a Fajã de São João,
acompanhados por uma das
funcionárias do Parque Natural de São Jorge e o Evento
WWWFM XI—Eu amo São
Jorge… momentos bem divertidos que contaram com
a colaboração de todos os
presentes, e, com o Ilhéu do
Topo ali, a olhar para nós e
a pedir uma Geocache (não
fosse propriedade privada e
ia ver com quantas braçadas
se vencem 400 metros!).
O jantar fez-se novamente
no Restaurante Açor e visto
a Vila estar em festa fomos
dar uma voltinha aproveitando para ouvir a Banda Filarmónica!
Terceiro dia
O dia mais esperado por alguns dos presentes! ;) Havia
programa especial marcado!
O Btt!
O belo do pequeno-almoço e, siga para a Cordilheira Vulcânica Central, para
o evento “Expedição Continental ao Pico da Esperança“ organizado pelo Cláudio
(CLCortez), e em que nós, os
“Cubanos” invadimos o Pico
da Esperança para a colocação de uma sua Geocache.
Do local é possível (com sorte e bom tempo) observar
todas as ilhas que fazem
parte do Grupo Central, além
de inúmeros pontos de interesse logo ali.
Ainda antes de pegarmos
nas bikes, e rolarmos desalmadamente por ali abaixo,
fomos prestar a devida homenagem às vítimas do aci-
9
GEO
MAG.
10
GEO
MAG.
11
GEO
MAG.
dente com o avião da SATA
há alguns anos. Momentos
sempre com algum “aperto”, principalmente por termos tido um voo cancelado
por mau tempo em São Jorge e por alguns de nós (Eu
e o PauloHércules) estarem
diretamente ligados à aviação (civil e militar).
Munidos das bicicletas,
e com algumas Câmaras
GoPro espalhadas pelo pelotão, viemos serra abaixo,
num misto de (muita) loucura e liberdade.
Tivemos direito a algumas
paragens: Parque Florestal
de Santo Amaro, Parque das
Macelas e Parque Florestal
das 7 Fontes, onde fizemos
o almoço e recuperámos o
fôlego, aproveitando para
subir ao Miradouro do Pico
da Velha, um dos locais com
a melhor vista de todos os
(muitos) que visitámos ao
longo da semana.
O passeio de BTT terminou
a grande velocidade no Farol de Rosais, local de nidificação dos famosos e barulhentos Cagarros.
Uma zona com a cara das
caches do Paulo (PauloHércules) e/ou do Cláudio (CLCortez), sem duvida!
12
Esta parte terminou com
um evento de CITO e res-
pectiva recolha de algum
lixo, sempre omnipresente
onde existam seres humanos.
Visto ainda não estarmos
de rastos, siga para o Morro
das Velas, local ímpar mesmo ali à mão de semear aos
habitantes da Vila, não fosse ser necessário trepar até
lá acima! Todos, mas todos
os passos são bem dados…
para não variar a máquina
fotográfica é obrigatório e
temos muito onde a utilizar!
Para o jantar, Sopas em
Santo António! D:I:V:I:N:A:L,
ponto final parágrafo!
Surpresa reservada para a
noite, visita aos 200 metros
da bonita Gruta da Beira,
com o seu acesso bem inclinado mas facilmente vencido com a entreajuda dos
presentes.
O dia acabou “finalmente”, e
com um sorriso nos lábios!
Quarto dia
O dia da verdadeira caminhada, com início na Serra
do Topo (depois do pequeno-almoço da praxe, claro)
para onde nos dirigimos
logo pela fresca.
Este trilho (PR1SJO) liga a
Serra do Topo à Caldeira de
Santo Cristo, numa primei-
ra fase, e depois à Fajã dos
Cubres. Um trilho exigente
mas muito bonito e que me
fez lembrar algumas vezes
da minha bicicleta…
Curiosamente, e para quem
não gosta dos chamados
Power Trails, acabou por ser
este o passeio onde mais
me esforcei para encontrar
e ajudar a encontrar Geocaches.
Fruto de ir no pequeno grupo que seguia à frente lá fui
tirando umas caches para o
caminho (o Owner ia a fazer manutenção às ditas)
e olhando para o GPSr enquanto gritava as dicas para
o elemento designado para
encontrar esta ou aquela
cache. O tempo, encoberto
ao início, foi abrindo e deixou ver a paisagem realmente espetacular da zona.
Uma pequena paragem na
ponte para repor energias e
uma breve visita à Cascata
de Cima, um local “daqueles”!
Já no final do primeiro troço, à entrada da Caldeira de
Santo Cristo, uma visita ao
Centro de Interpretação do
local (aberto apenas para
nós) com direito a uma nova
apresentação da Ilha, sua
natureza e costumes das
suas gentes, e a um filme
sobre o terramoto que afectou a zona.
O almoço correu de forma
abençoada (paredes meias
com a Igreja, no adro) tal
como o café tomado lá perto! Bem falta fazia.
Outro dos pontos bem interessantes de todo o passeio
dá pelo nome de “Furna do
Poio”! Mais um daqueles sítios que nos deixa de queixo caído… uma gruta muito
bonita com um enorme espelho de água doce interior!
O destino final estava já à
vista e para lá caminhávamos, não sem antes dar um
pouco de uso ao binóculos e ao livro de campo de
aves que simpaticamente
tinham à disposição para a
observação das ditas (garajaus e patos) na lagoa da
Fajã dos Cubres.
Para a noite estava reservado o São Jorge Geocoin Fest.
Quase, quase uma festa
privada para as Geocoins do
Paulo (PauloHércules) que
fruto de uma mega operação logística, fizeram a ponte Oeiras/Velas para comparecerem ao evento. São
suas cerca de dois terços
das peças (entre GC e TB)
em exposição (terão sido
cerca de 1000, no total.) e
mais um belíssimo repasto,
GEO
MAG.
13
GEO
MAG.
Junho 2014 - EDIÇÃO 9
desta vez na Quinta do Canavial.
Era também a despedida
aos primeiros a abandonar
a Ilha, o Cláudio (CLCortez) e
família, tendo como destino
a ilha do Pico (e Faial).
Quinto dia
Sendo o dia em que poderíamos dormir mais uma
horita, levantámo-nos uma
hora mais cedo que o usual.
Tínhamos muito para fazer
e seria sem dúvida o dia
mais duro! Começamos pela
visita às duas caches que tínhamos feito depois do jantar, desta vez à luz do dia,
seguido do pequeno-almoço da praxe e do reconhecimento do que será o trajeto
da Wherigo (a ser colocada).
Havia já um local assinalado como ponto final da
mesma (reconhecimento do
CLCortez) mas por mais que
procurássemos, não demos
com o acesso… fomos portanto subindo, subindo, subindo, até que encontrámos
um novo (e perfeito) local
para o efeito.
O outro ficaria reservado
para a Multicache que queríamos colocar, isto se déssemos com ele, claro!
De volta ao centro de Velas,
e, como ainda não estávamos satisfeitos, siga para a
Fajã João Dias, aquela que
era referida como sendo a
mais dura de todas, com
direito a subida de volta ao
carro. Excelente passeata,
de nível de dificuldade algo
elevado mas que acabou
por se fazer muito bem,
graças à companhia.
14
O almoço, servido no local
onde aparecemos todas
as manhãs às 07:30 para
um Galão com grande pinta, foi providenciado pelos/
as Geocachers que não foram à Fajã e foi mesmo “à
Patrão”, a comida (frango
e pizza) estava deliciosa e
desapareceu a um ritmo
digno de figurar em alguns
records!
Incrivelmente, o melhor
estava para vir… depois de
quatro dias de atividades
fantásticas e de locais de
luxo, o Canyoning!!! Ahhaaa,
o Canyoning…
Para mim, foi o baptismo na
modalidade e fiquei fã… qual
fã, fiquei verdadeiramente
apaixonado! Choveram dicas, choveram conselhos,
todos eles bem acolhidos e
devidamente assimilados,
tendo como resultado uma
experiência
inesquecível,
vivida intensamente e que
correu de forma exemplar,
terminando (no caso do
primeiro grupo, eram dois)
com uma verdadeira sessão de solário no final da
garganta, quais lagartixas a
tomar a dose diária de vitamina D!
O jantar estava marcado
para o Restaurante Maré
Viva, com a presença de
ilustres convidados, entre
os quais o Diretor Regional
do Turismo, Dr. João Bettencort e a Dra. Janete Fonseca, Vereadora Municipal
da Juventude e Desporto,
e com direito a reportagem
no Jornal “O Breves”.
vez não iria escapar! Tinha
sido identificado pelo Bruno (Team Marretas) o local
provável para aceder a essa
zona e lá nos colocámos a
caminho, com um último
“essencial” no bolso para
proceder à colocação da segunda Multicache da Ilha.
Sem surpresa verificou-se
que o acesso também não
era o correto mas, depois de
um pouco de exploração pelos arredores e de se invadir
o espaço da Santa Casa da
Misericórdia, e, após consulta aos simpáticos trabalhadores verificou-se que
seria mesmo ali… o tal caminho passa pelo pátio da
instituição sendo de livre
passagem.
Siga, para cima era o caminho (o normal, portanto) e em poucos minutos
estávamos com mais uma
belíssima vista sobre a Vila
e sobre o porto, onde já se
encontravam o barco que
levaria os outros para a Ilha
vizinha.
Com tal tarefa concluída foi
tempo de explorar/fotografar mais um pouco do centro e de fazer umas visitas
aos postos de turismo em
busca de recuerdos. Alguns
dos locais por onde passámos na outra noite foram
também assim revisitados
de dia, e com outros olhos.
em miniatura no seu final,
entre as Fajãs lá em baixo
e os miradouros lá no topo.
Em termos de Geocaches…
enumerar e/ou nomear as
melhores caches/experiencias
encontradas/vividas
em São Jorge é um exercício
bastante complexo de se
executar (para mim), principalmente tendo em conta
que estivemos em praticamente todo o lado e procurarmos a quase totalidade
das Geocaches existentes,
sempre (mesmo sempre)
em amena cavaqueira e boa
disposição que invariavelmente relegavam as caches
em si para segundo lugar e
o respectivo “found” para
apenas uma missão a cumprir, sem mais.
Ainda assim, locais/geocaches como a “Fajã do
Ouvidor”, “Furna do Vigia”,
“Urzelina”, “Calheta”, “Ponta
do Topo”, “Velas”, “Pico da
Esperança”, “Parque Florestal de S. Amaro”, “Parque
Florestal 7 Fontes”, “Reserva Florestal de Recreio das
7 Fontes”, “Farol e Ponta de
Rosais”, “Morro das Velas”,
“Fajã de Cubres”, “Caldeira
de Santo Cristo” e “Fajã de
João Dias” são APENAS alguns dos pontos de paragem obrigatória e estarão
todos
georreferenciados
para os Geocachers que se
seguem!
Deixo um sentido Abraço e
E, acabou-se… o resto um grande Agradecimento
foram despedidas e al- ao Pedro e a todos os ouSexto dia
guma turbulência…
tros que, de uma forma ou
O sexto dia ficou marcado
pela despedida entre quem
iria enfrentar o mar e rumar
ao Pico e os que teriam uma
parte da manhã livre para
mais uma voltinha pelas
Velas.
Depois do flop que tinha
sido a tentativa de alcançar o Miradouro referenciado, no dia anterior, desta
Os dias (muito bem) passados em São Jorge revelaram
uma ilha de contrastes bem
marcados, entre os tons de
verde da vegetação (endémica e invasora) e o negro
da rocha omnipresente,
entre as descidas gigantescas e com declives enormes
para aceder a povoações
de outra, contribuíram de
forma incrível e sem reservas para tornar esta experiência em algo de verdadeiramente fenomenal!
Rui Duarte
- RuiJSDuarte
GEO
MAG.
15
GEO
MAG.
Geocaching em TimorLeste
Por José Pereira
Timor-Leste — A ilha Lafaek
Timor-Leste, oficialmente República Democrática de Timor
-Leste, é um dos países mais
jovens do mundo, e ocupa a
parte oriental da ilha de Timor,
no Sudeste Asiático, além do
enclave de Oecusse, na costa
norte da parte ocidental de Timor, da ilha de Ataúro, a norte,
e do ilhéu de Jaco, ao largo da
ponta leste da ilha. As únicas
fronteiras terrestres que o país
tem ligam-no à Indonésia, a
oeste da porção principal do
território, e a leste, sul e oeste
de Oecusse, mas tem também
fronteira marítima com a Austrália, no Mar de Timor, a sul.
Com 14 874 quilómetros quadrados de extensão territorial,
Expresso - Missão de Paz a
ções Unidas de Apoio em Timor
deravelmente menor do que o
Timor, surge na sequência do
-Leste (UNMISET). Em 20 de
mais pequeno dos estados bra-
massacre de Santa Cruz, ocor-
maio de 2002 a independência
sileiros, Sergipe. A sua capital é
rido 12 de novembro de 1991,
de Timor-Leste foi restaurada e
Díli, situada na costa norte.
e teve como principal objectivo
as Nações Unidas entregaram
chamar a atenção da opinião
o poder ao primeiro Governo
pública internacional para a
Constitucional de Timor-Leste.
causa timorense. Entre os por-
A língua mais falada em Timor
Conhecido no passado como
Timor Português, foi uma colónia portuguesa até 1975,
altura em que se tornou independente, tendo sido invadido
pela Indonésia três dias depois.
tugueses que estavam a bordo
destacam-se SAR Dom Duarte
Duque de Bragança e o Ex-pre-
Até 1999, as Nações Unidas
sidente Ramalho Eanes.
consideraram-no oficialmente
Em 30 de agosto de 1999, a
território português por descolonizar. Foi, porém, considerado
pela Indonésia como a sua 27.ª
província com o nome de “Timor Timur”. Em 30 de agosto
de 1999, cerca de 80% do povo
timorense optou pela independência em referendo organizado pela Organização das Nações Unidas (ONU).
esmagadora maioria dos timorenses votou a favor da independência, pondo fim a 24
anos de ocupação indonésia,
-Leste era o indonésio no tempo da ocupação indonésia, sendo atualmente o tétum (mais
falado na capital). O tétum e o
português formam as duas línguas oficiais do país, enquanto
o indonésio e a língua inglesa
são consideradas línguas de
trabalho pela atual constituição
na sequência do referendo pro-
de Timor-Leste.
movido pelas Nações Unidas. O
Iniciei-me no geocaching em
resultado do referendo gerou
março de 2010 com o nick Team
confrontos por parte de gru-
Pereira acompanhado pelo meu
pos pró-Indonésia. O conflito,
filho e incentivado pelo Viera.
que destruiu boa parte da infra
HP e pelo Team MaM e desde
superfície
Portugal teve um papel mui-
-estrutura do país e matou mil
então percorri o País de Norte
equivalente às áreas dos distri-
to importante na libertação
pessoas, só foi resolvido com a
a Sul à procura de caixinhas.
tos portugueses de Beja e Faro
de Timor-Leste. O Lusitânia
mobilização da Missão das Na-
Motivos profissionais obriga-
Timor-Leste
16
somadas, o que ainda é consi-
tem
GEO
MAG.
ram-me a passar sete meses
sulta popular, através da qual
às nossas Docas de Lisboa mas
nismo se poder adaptar mini-
em Timor, sendo essa uma
os timorenses decidiriam o fu-
muito mais virada para o turis-
mamente àquele clima. Levava
oportunidade única de juntar
turo do território ante duas al-
mo.
na minha bagagem o então in-
o útil ao agradável e cachar do
ternativas: autonomia especial,
outro lado do mundo! Aqui fica
integrado à República Indoné-
o meu relato dessa aventura.
sia, ou separação total desse
Nesse tempo deixei em casa os
país, com caminho livre rumo
meus dois geocachers preferidos: a Renhau (esposa) e o Gato
Cocas (filho), nunca pensei que
a separação fosse tão DURA…
Viajei para Timor em Maio de
2011 fazendo parte do Grupo
avançado do Sub Agrupamento
Bravo da GNR que ali esteve até
2012 com 12 contingentes, fazendo parte da Missão das Nações Unidas em Timor-Leste ou
UNAMET (sigla derivada do inglês United Nations Mission in
à independência. Antes de sair
de Portugal, lembrei-me de
verificar se lá estavam caches
escondidas. Foi com agrado
que vi que sim. Como sabia que
íamos fazer escala em Singapura aproveitei para tirar todas
as caches da zona central para
o caso de poder fazer alguma. A
chegada foi um verdadeiro choque… nunca tinha estado num
clima tropical… depois de sair
do aeroporto, o ar fazia lem-
A zona é toda iluminada e
atravessada por um rio onde
navegam barcos com turistas,
os inúmeros bares e pubs são
bastante cuidados e cheios de
animação. No meio desse ambiente aproveitei para deixar o
grupo e tentar fazer duas caches que ali se encontravam a
cerca de 300 metros. A primeira foi um DNF e era na base de
um candeeiro que ficava numa
ponte que atravessava o tal
rio… Parecia que o azar me
acompanhava e o tempo escasseava… mais uma tentativa e
separável amigo “amarelinho”
que estava aos pulos na mala,
desejoso de cachar naquela
parte desconhecida do mundo.
Com surpresa descobri que entre os camaradas do nosso contingente havia um geocacher
(Doxtor1) que estava inscrito na
Groundspeak desde 2010 e que
nunca tinha passado da inscrição, pois nunca tinha feito um
found! Mal tivemos tempo livre,
fomos fazer a nossa primeira
cache, GC127RK – Cristo Rei.
É uma multicache que ainda
se encontra ativa e foi feita na
companhia do Doxtor1 e Bar-
brar o ambiente quente, húmi-
FOUND!!! O meu primeiro found
do e sufocante de uma sauna.
fora do país e logo do outro lado
paz criada pelo Conselho de Se-
Singapura é verdadeiramente
do mundo na cache GL5CW-
gurança das Nações Unidas em
magnífica, com quilómetros de
WD!!! Quando chegámos a Díli o
Com o tempo, o número de
11 de junho de 1999, por meio
East Timor). Foi uma missão de
reirosTimor, que se iniciou no
geocaching já em Timor-Leste.
zonas verdes muito bem cuida-
ar parecia irrespirável devido ao
geocachers em Timor foi au-
da resolução 1246, para condu-
das. Impressionante! Existe no
clima quente e húmido. Demo-
mentando e juntaram-se a nós
ção da realização de uma con-
centro uma zona muito idêntica
ramos dias para o nosso orga-
o EOD8 e o 2PAR, entre outros.
17
GEO
MAG.
Junho 2014 - EDIÇÃO 9
Realizámos o nosso primeiro
zer a manutenção. Os owners
sozinhos, aparecem muggles
ao rapaz que fosse ter com ele
evento GC2VPQF – Meet the
desta cache e de outras que lá
o que dificulta termos um GZ
sempre que quisesse ir passear
Portuguese Geocachers a 12 de
fizemos eram da Irlanda e ti-
seguro para colocar uma cache.
pelas águas do rio ou do mar. O
maio de 2011, num bar que ti-
vemos a honra de os conhecer
Para se ter a noção, bastar dar
rapaz aceitou a oferta e, a par-
nha uma vista privilegiada para
num evento realizado mesmo
um exemplo, que ainda recor-
tir daquele dia, muitas foram
o mar e para o magnífico pôr-
perto do local onde moravam,
do com admiração. Estávamos
as viagens que os dois amigos
do-sol de Timor.
no Oceanview. Mostraram ser
numa praia, num local isola-
fizeram juntos. A amizade entre
geocachers ao mais alto nível
do da ilha, quando de repente
os dois era cada vez maior, mas,
e ficaram muito felizes por co-
me dizem que estávamos a
nhecer geocachers portugue-
ser observados. Efetivamente,
ses e por não serem os únicos
numa encosta com um declive
geocachers em Timor. Na altu-
bastante acentuado, estavam
ra tinham planos para ir para a
crianças a observar o que fa-
Mongólia, mas ficaram em Ti-
zíamos na praia e que se des-
mor.
locavam tão facilmente naquele
Ainda colocámos lá cinco ca-
terreno como um atleta numa
Uma das caches mais difíceis
que tivemos a oportunidade
de fazer foi a Dili Ridges-1 (GC21VEA) dos geocachers irlandeses Shamcock & U-Bend. É uma
cache que fica a uma altura considerável. Sendo uma cache tradicional mais parece uma multi,
pois temos de seguir pontos
de referência físicos, como por
exemplo um tanque de água da
época dos portugueses ou uma
trincheira da época da guerrilha
timorense, por onde nos temos
de orientar para chegarmos
ao GZ. Levámos duas garrafas
de água congelada cada um e
quando regressámos vínhamos
completamente a seco! O calor
durante a subida é sufocante
e a entreajuda dos membros
da equipa (EOD8, BarreirosTimor e eu) foi fundamental para
atingirmos o nosso objetivo.
Durante a subida avistámos
dois timorenses que cruzaram
o nosso trilho a carregar um
tronco enorme. Desapareceram
tal como tinham aparecido, em
da ativas. As caches lançadas
foram: GC2XGCQ – A piece of
Portugal in East Timor que lancei com o José Ribeiro na Praia
dos Coqueiros e que apenas
durou cerca de 20 dias pois foi
descoberta por muggles locais
pista de corrida! Em Timor nunca estamos sozinhos! Timor
-Leste tem uma beleza invulgar com praias de areia branca
e corais, onde o azul do mar é
deslumbrante e as caches são
raras, o que nos proporciona o
triplo do prazer quando efetua-
que incineraram completamen-
mos um found.
te o GZ.
Em Timor-Leste a população
E a GC2X725 – Praia de Cristo
protege os Lafaeks (crocodilos
Rei (earthcache) que ainda está
ativa e é do 2PAR, a GC35AWY
de água salgada), apesar de ser
perigosa devido à A Lenda do
- DILI Former Military Ammuni-
Crocodilo:
tions Storage do Doxtor1 (ainda
Reza a lenda que há muito,
ativa), cache essa onde fiz DNF
pois quando estava perto do GZ
fui chamado de urgência para o
quartel e onde já não pude regressar, devido ao regresso de-
segundos já estavam embre-
finitivo a Portugal, a GC2XHCA
nhados na densa vegetação
- FPU/GNR/EOD TEAMS – TRI-
que ali existe! Enquanto cami-
BUTE que foi a cache que mais
nhávamos debaixo do sol tórri-
me tocou até hoje. Trata-se de
do ouvíamos os “tokes” (espé-
uma homenagem a um cama-
cie de lagarto que apenas existe
rada nosso que faleceu naquele
naquela parte do planeta) com
local e que que resolvemos ho-
os seus chamamentos: “toke,
menagear daquela forma.
toke, toke”. Chegados ao local,
muito tempo, um crocodilo já
muito velhinho vivia numa ilha
perguntou aos outros animais o
que achavam da ideia. Todos lhe
disseram que era muito ingrato
da parte dele querer comer o
rapaz que o tinha salvado. O
crocodilo percebeu que estava
a ser muito injusto e ficou com
muitos remorsos. Então, resolveu partir para longe, para
esconder a vergonha. Como o
rapaz era o seu único amigo,
pediu-lhe que fosse com ele.
O rapaz saltou para o dorso do
crocodilo e deixou-se levar pelo
mar fora. A viagem já ia longa
quando o crocodilo começou a
sentir-se cansado. Já exausto,
resolveu parar para descansar, mas, naquele momento, o
seu corpo começou a crescer
e a transformar-se em pedra e
terra.
manho de uma ilha. O rapaz,
codilo já não tinha forças para
que viajava no seu dorso, pas-
apanhar peixes, por isso estava
sou a ser o primeiro habitante
quase a morrer de fome. Certo
daquela ilha em forma de cro-
dia, resolveu entrar terra aden-
codilo. E assim nasceu a ilha de
tro à procura de algum animal
Timor.
que lhe servisse de alimento.
Andou, andou, andou, mas não
conseguiu encontrar nada para
comer. Como andou muito e
ças para regressar à água. Um
conta com um único log apesar
rapaz ia a passar e encontrou
de estar ativa. O geocaching em
o crocodilo exausto. Teve pena
Timor-Leste não é fácil devido
dele e ofereceu-se para o ajudar
Usámos uma das garrafas para
ao clima, ao facto de a ilha ser
a voltar. Então, pegou-lhe pela
improvisar um container estan-
densamente povoada e onde
cauda e arrastou-o de volta à
que e que durasse o suficiente
de um momento para o outro,
água. O crocodilo ficou-lhe mui-
até os owners poderem fa-
apesar de pensarmos estar
to agradecido e, em paga, disse
logbook intacto.
Antes de tomar esta decisão,
Cresceu tanto que ficou do ta-
AMBENO 1556 que até à data
bastante danificada, mas com o
o rapaz era a melhor solução.
Como era muito velho, este cro-
não comeu nada, ficou sem for-
que vimos a cache, infelizmente
o crocodilo pensou que comer
da Indonésia chamada Celebes.
Por fim a GC30EZ1 - OECUSSI –
foi com uma alegria esfuziante
18
ches, estando duas delas ain-
um dia, a fome foi mais forte e
No ano de 2011 Timor-Leste
foi percorrida por uma onda
portuguesa de geocachers que
realizaram eventos, colocaram
caches e tudo fizeram para divulgar o geocaching junto da
comunidade
timorense,
um
grupo a que tive a honra de pertencer e onde aumentei a minha família.
José Pereira
- zekarlos
Dili Ridges-1 GC21VEA – Finalmente o GZ!!! (Da esquerda para a direita EOD8, BarreirosTimor e zekarlos).
GEO
MAG.
Fabrico manual de tais – Díli
20
Dili Ridges-3 GC22F62 Leito do Rio perto da casa do então Presidente Ramos Horta
GEO
MAG.
Coral, nas praias de Timor-Leste são aos milhares espalhados pela areia
21
GEO
MAG.
Dili Ridges-3 GC22F62 Parte da história de Portugal em Timor, um VG de 1956. (zekarlos e BarreirosTimor).
22
Dili Ridges-3 GC22F62 - Perto de uma aldeia no cimo da montanha.
GEO
MAG.
Perigo Lafaeks! (crocodilos de água salgada) Na foto BarreirosTimor e zekarlos.
23
GEO
MAG.
GC2XHCA - FPU/GNR/EOD TEAMS – TRIBUTE a cache Homenagem
24
Díli – “Baía dos porcos”
GEO
MAG.
Dili Ridges-3 GC22F62 a descida pelo leito do rio
25
GEO
MAG.
Junho 2014 - EDIÇÃO 9
26
Junho 2014 - EDIÇÃO 9
GEO
MAG.
Aldeias Históricas
Linhares da Beira
Por Flora Cardoso
27
GEO
MAG.
Junho 2014 - EDIÇÃO 9
28
Junho 2014 - EDIÇÃO 9
GEO
MAG.
29
GEO
MAG.
Junho 2014 - EDIÇÃO 9
A paisagem é montanhosa,
típica Beirã. Estamos no
sopé da vertente Nordeste
da Serra da Estrela, e mal
avistamos a placa que indica o corte à esquerda em direcção a Linhares, iniciamos
a subida da sinuosa estrada
que nos leva, curva e contracurva, até meia encosta
da Serra. É aqui que temos
encontro marcado com uma
das mais belas Aldeias Históricas de Portugal: Linhares da Beira.
Por altura da Primavera,
os tons de roxo e amarelo
tomaram conta do lugar. A
urze e a giesta em flor em
toda a encosta e no vale
circundante são um regalo
para a vista num espetáculo
natural de rara beleza!
30
O castelo, imponente e poderoso, é a peça central da
arquitetura de origem militar de Linhares da Beira.
Ocupa todo o cabeço rodeado por enormes rochedos
graníticos escarpados, e
daqui avista-se o horizonte em toda a sua plenitude.
Um lugar de incalculável
valor estratégico, a cerca
de 820 metros de altitude,
para romanos, visigodos e
muçulmanos que, ao longo
dos tempos foram sucessivamente ocupando a região.
É no entanto no contexto da
reconquista cristã que tem
origem a sua estrutura fortificada, como parte integrante de todo um sistema
defensivo que guardava a
Bacia do Mondego na retaguarda das fortificações da
raia Beirã.
A vila guarda, até hoje, o
traço característico de um
povoamento medieval, e
desde o Castelo é possível
observar o casario, edificado num formato triangular,
claramente condicionado
pela natureza acidentada
do terreno e por limitações
de espaço. Notam-se os
quarteirões irregulares, as
ruas estreitas e sinuosas,
as travessas a recortarem
as casas, aqui uma escadaria, ali um varandim.
É contudo nesta bonita desordem que reside o charme e a tipicidade de Linhares da Beira. Aqui o vizinho
vive tão perto, que há muito
se tornou parte da família.
Os habitantes, de natureza afável e conversadora,
saúdam os visitantes com
a simplicidade do gesto e da
palavra: “É bonita a nossa
aldeia, tem aqui muito que
ver! Bom dia, vá com Deus”!
Uma pequena caminhada
pelas ruelas da aldeia, le-
va-nos à descoberta de inúmeras casinhas de granito,
como manda a tradição;
nos pátios e nos balcões
não faltam as floreiras e
os vasos coloridos, a dar as
boas-vindas ao visitante.
Distinguem-se ainda algumas casas nobres, com
magníficas janelas manuelinas e portas brasonadas.
Ao cruzar o Arco entramos
na judiaria, um pequeno
bairro na transversal da rua
principal.
Linhares da Beira foi a última paragem do nosso
roteiro pelas Aldeias Históricas da raia. O sentimento
que fica, é o de ter acabado
em grande, com a visita a
uma das mais belas fortificações de Portugal. Hoje
em dia Linhares é conhecida como a Capital do Parapente, e todos os anos
centenas de aficionados da
modalidade participam no
Open de Parapente, saltando da pista oficial instalada
num penhasco, algumas
centenas de metros acima
da vila. Quanto aos geocachers, também encontrarão aqui bons motivos para
uma visita à Aldeia: Historical Villages – Linhares da
Beira [GCPA9C], escondida em 2005 pelo Walrus, é
uma das 10 caches originais
do projeto Historical Villages, que tinha por objetivo
dar a conhecer a rede de
Aldeias Históricas oficiais
de Portugal. Uma caderneta
de luxo que ainda hoje mexe
com o imaginário de muitos
geocachers! No centro da
vila, uma homenagem ao
Último Alcaide Mor de Portugal [GC4JF1X], e para os
mais aventureiros, uma investida ao mundo do Parapente [GC1WFAJ] pela mão
do cmatos, promete uma
fabulosa panorâmica sobre
Linhares e as suas muralhas.
O Castelo é de visita gratuita, o ar da Serra da Estrela
é tão puro e genuíno como
as gentes que aqui vivem.
Vale por isso a pena visitar
Linhares da Beira, e fica o
convite à descoberta.
Texto / Fotos:
Flora Cardoso
- Lusitana Paixão
Fontes:
www.tabernadoalcaide.serradaestrela.net
www.cm-celoricodabeira.pt
www.guiadacidade.pt
Junho 2014 - EDIÇÃO 9
GEO
MAG.
31
GEO
MAG.
32
GEO
MAG.
33
GEO
MAG.
Junho 2014 - EDIÇÃO 9
Geocaching de A a Z
Geocaching de A a Z é uma
nova secção da GEOMagazine onde se pretende que,
em cada número, um geocacher selecionado nos dê
a conhecer o que é para si
o Geocaching, percorrendo
e utilizando todas as letras
do alfabeto. Um perfil informal sobre a sua forma
de ver e definir o seu próprio geocaching, através
de uma completa sopa de
letras.
Nesta edição, VSergios,
geocacher de Lisboa e
também conhecido nacionalmente como um dos
Homens da Luta do Geocaching, aceitou o nosso convite para ser o pioneiro e,
desta forma, dar a conhecer o que é para si o Geocaching de A a Z.
A de Amigos
34
Esta é cliché, eu sei. “Ah e
tal, o melhor que o geocaching me trouxe foi os amigos”, dizem por aí. Há muita
coisa boa que o geocaching
nos traz, mas os amigos
são de facto o que mais
nos marca. A amizade, a
ajuda o companheirismo...
o amor! É o que nós mais
precisamos, é o que nós
mais gostamos. Portanto,
sem dúvida, A de Amigos.
B de Batota
Estou na segunda letra e
não gostava já de referir
isto... mas de facto vejo a
batota afetar muita gente
no geocaching. Mais gente
do que aquilo que eu gostava. A mim não me afeta,
e gostava que não afetasse
tanta gente. Podemos ser
mais felizes sem nos preocuparmos em demasia com
a batota dos outros. Eu não
me preocupo. Mas por outro lado também aconselho
a que cada um, ao seu alcance, faça o mínimo para
evitar a batota em demasia, estando atento a alguns logs nas suas caches
e intervindo de acordo...
mas sem insistir muito no
assunto. Espera, acho que
devia ter escolhido Bifana!
C de Conteiner
Eu sei. É container que se
escreve (é só para tomarem atenção a isso, sff). E
até prefiro que se chame só
Cache. Podia ter escolhido
tantas palavras com C, mas
é por andarmos feitos putos atrás dos Containers
que nos divertimos tanto
com o geocaching.
D de Deixa-me estar
Até tenho uma cache com
esse nome (http://coord.
info/GC3JEC9). Sim, de vez
em quando sabe muito
bem estarmos sozinhos, a
contemplar a paisagem, o
infinito... a nossa cabeça.
Respirar fundo e reorganizar as ideias. É preciso
também estarmos com nós
próprios, deixarem-nos estar! O geocaching é bom
para isso.
E de Evento
Gosto de um bom evento.
Quer dizer, o evento nem
precisa ser muito bom.
Basta ser feito com carinho
e pelo prazer do convívio,
para nos divertirmos e passarmos um dia fantástico;
aprender coisas novas, conhecer gente nova. Partilhar aventuras.
F de Fantástico
guesa de geocaching. Não
preciso fazer publicidade a
todas as ferramentas que
já foram e continuam a ser
disponibilizadas e só tenho
pena de não ter mais capacidades para contribuir
mais para a comunidade.
Mas claro, quero falar também da Geochurrascada.
Aquele evento maravilhoso
lá para Setembro que marca a entrada no novo ano
geocachiano. Um evento
simples e singelo, mas com
muita diversão. Tudo aponta para que os Homens da
Luta estejam a prever isso
para domingo, dia 21 de setembro ;) Kirikiri, kiriririri
H de Homens da Luta
Tenho um amigo que adora
a palavra fantástico. Usa-a
bem, claro. Quando uma
cache é espetacular, é Fantástica, Fantástica! A vista...
Fantástica, Fantástica! A bifana Fantástica, Fantástica!
E é isso que gosto quando
faço caches com ele, sítios
fantásticos, apesar do seu
mau Feitio (que também é
com F). Não vou dizer que
é um geocacher que agora
está em Angola, senão toda
a gente percebia que era o
Trevas.
G de... epá espera, esta é
difícil... Geopt! e também
Geochurrascada.
Foi de bom grado que vi
nascer o (sim, “o”) geopt.
org. Um novo espaço, mais
aberto e mais comunicativo
com toda a grande e crescente comunidade portu-
Os Homens da Luta são...
são uns malucos que começaram por brincar com
aquilo que realmente achavam que estava mal, e que
ía crescendo mal, no panorama do geocaching nacional, pá! Foi há uns anos. As
preocupações eram outras.
Ainda muito singelas. Era a
correria maluca ao FTF, que
na altura ainda era capaz de
ser no dia a seguir à cache
ser publicada, era as geocoins a aparecer, Geocoin
é a Reação, pá. E que depois desapareciam... Hoje
em dia as motivações para
estes homens da luta fazerem chegar a todos a palavra da Diversão e do Companheirismo já são mais
tantas outras: os founds de
sofá, os eventos uns atrás
dos outros, a água contaminada... muita coisa que
anda mal, mas que mesmo
assim as podemos aproveitar para nos divertirmos.
Estamos cá para nos divertirmos, pá!
I de Imaginação
A imaginação na construção de caches é um dos
maiores valores no geocaching. E imaginação de
muitos geocachers está
mais que comprovada por
tanta cache que tem aparecido e que leva a malta ao
rubro. E não falo só de contentores fantásticos. Falo
de belas histórias, histórias
que fascinam e embelezam
as nossas buscas. Gosto de
ver isso. E cada vez surgem
mais.
J de Jolas
Sim. Jolas e bifanas. Quantas vezes não fomos nós
nas nossas aventuras de
geocaching para a Nazaré
mas não chegamos a passar de Peniche porque nos
ficamos pelas esplanadas
a apreciar bifanas e jolas?
Perdi a conta... A corrida às
caches fica para segundo
plano, desde que já se tenha conseguido encontrar
uma ou outra cache. É geocaching sem pressa. O objetivo é a diversão, e também não me lembro desta
alguma vez ter faltado.
K de... não sei, olha, KFC
pode ser?
Pode. São muitas as vezes que o almoço passa
por ataques fortíssimos no
colesterol em prol de uma
ou duas horas de alegria
e descontração. Ou KFC
ou outra rede qualquer, ou
mesmo não almoçar se a
cache que se pretende encontrar é mais longe.
L de Liberdade
Liberdade! Como em tudo
na nossa vida, devemos
usufruir da liberdade para
fazermos o geocaching
como melhor gostamos. É
isso que é bom. Eu faço as
que eu quero, tu escondes
as que gostas, tu corres
para os rankings e eu a ver
se consigo descobrir pelo
menos uma hoje ao fim
desta tarde soalheira. Não
interfiramos em demasia
com os outros, pois estaremos a comprometer com a
liberdade deles.
Junho 2014 - EDIÇÃO 9
GEO
MAG.
M de Mariolas
Porquê? Porque é o que tenho mais saudades. Adoro
caminhar no Gerês, esse
paraíso do geocaching, e ir
deixando as mariolas, uma
após outra, para trás de
mim, e a cada passo sentir
que “Há sítios no mundo
que são como certas existências humanas: tudo se
conjuga para que nada falte
à sua grandeza e perfeição.”
Miguel Torga, Diário VII
N de Nunca viria aqui se
não fosse o geocaching
Este é daqueles chavões
que todos já ouvimos. Mas
é verdade. Se não fosse o
geocaching provavelmente os passeios ao domingo eram sempre iguais,
ou quase. Se não fosse o
geocaching, quando fossemos à Serra da Estrela, seria provável não conhecer
aquele recanto fantástico.
Ou mesmo aqui ao pé de
casa... se não fosse o geocaching não conhecia alguns dos bonitos recantos
da serra onde moro. Adoro.
O de Obrigado, Obrigado
bastante
Gosto sempre de agradecer. Por mais que a cache seja “poucachinha”, é
sempre um contributo de
um geocacher para toda a
comunidade. Por menos
que me tenha divertido, ter
tentado encontrar a cache
35
GEO
MAG.
Junho 2014 - EDIÇÃO 9
já foi uma satisfação. E se o
sideração que tenho por
é como tudo na vida. Não
meu obrigado for bastante,
estes geocachers que se
precisamos de ter os discos
então podem crer que a sa-
disponibilizam
voluntaria-
todos de todas os músicos
tisfação foi enorme.
mente e de braços abertos
do mundo, devemos ouvir
P de Partilha
a toda a comunidade, para
apenas aquilo que nos faz
um trabalho de responsa-
sentir bem. E por vezes re-
bilidade e que por vezes
petir...
requer uma grande dose de
V de Vicio
Geocaching é partilha. Não
fosse um dia, há 14 anos
atrás, o Dave Ulmer querer
partilhar a localização da
“stash” que escondeu para
todos eles.
X de X marca o local
Era o X que marcava o local. Agora são as coordenadas GPS. É o progresso
e a tecnologia ao serviço
da diversão. No geocaching
gosto de conjugar estes fa-
Não tenho vícios. A não ser
tores com a Natureza, como
este, o geocaching. Onde
prova que eles não estão cá
é que já se viu um gajo le-
para destruir nada, antes
os outros lá do newsgroup
S de Surpresa
dele, e não estávamos aqui
A surpresa é um fator forte
vantar-se às 4:00 da manhã
pelo contrário. Há que saber
na descoberta de muitos lo-
para ir numa aventura com
ponderar e usar tudo o que
cais e também, ou se calhar
tuperwares? Onde é que
a ciência e a engenharia nos
Partilhar um local querido,
principalmente, de grandes
já se viu passar 86400 se-
dão para mantermos o pla-
um local belo, partilhar uma
caixinhas. A aventura e a
gundos seguidos a procurar
história
uma
satisfação já são grandes
caixinhas? Onde é que já se
Miss Universo a falar...)
verdadeira, partilhar uma
na busca, mas quando, sem
viu sair do casamento do
Y de You are here
aventura...
partilhemos,
esperar, damos de caras
melhor amigo para ir procu-
mas apenas as coisas boas.
com uma cascata de água
rar caches? Onde é que já se
límpida e fresca ou um com
viu olhar para uma árvore e
um mecanismo engenhoso
pensar apenas em escon-
que te faz chegar às mãos a
derijos? Só pode ser vício...
os dois agora, eu a escrever
e tu a ler isto.
inventada,
Q de Quero!
Quero!
é
o
nome
da
bookmark que tenho há uns
anos com aquelas caches
de sonho que um dia conto
procurar. Se calhar deviam
caixinha, vai ser difícil desfazer aquele sorriso idiota
da cara...
A minha mulher não pode
ler isto, mas eu não me
lembro do último dia que
passou sem que eu não me
ser mais, mas já me conten-
T de Terapia
to com tantas que gostava
Que me perdoem os psi-
de achar. É o sonho a man-
Mas é um vício muito sau-
cólogos e os psiquiatras,
ter o geocaching vivo dentro
dável.
mas há lá melhor terapia
de mim. Um dia vou acordar
para uma mente devassa-
e irei procurar aquela em
Bragança e no fim do dia
passo na D. Amélia Lamas lá
da secretaria do geocaching
e levanto os 150€. E no outro dia a outra em Oliveira
de Azeméis, e vou viver o
geocaching como eu Quero!
R de Revisores
Revisores, esses arrogantes que pensam que estão
a cima de... ah espera, já me
publicaram a cache!
36
paciência. Um bem haja a
caches destas.
A sério, é extrema a con-
da que uma boa caminhada, um respirar do fresco
ar da montanha, um alegre
convívio com os amigos,
uma pausa para beber água
cristalina do riacho, enfim...
uma boa geocache!
U de Utopia
lembrasse de geocaching.
Você está aqui. É o que dizem aqueles mapas dos
grandes recintos, dos centros comerciais... aqueles
mapas de que nunca mais
precisámos,
felizmente.
Agora somos guiados fielmente pelo GPS. Mas quero
alertar para o facto de não
devermos confiar a nossa
vida apenas ao nosso pequeno aparelho recetor de
W de Wherigo
posições. Eu reparo que ao
São umas caches fantásticas, mas onde a imaginação e alguma perícia técnica
têm que reinar, senão não
passarão de umas multicache normais. Eu adoro
fazê-las com a minha filha
e outros miúdos, porque
enquanto
neta mais vivo (pareço uma
passeamos
e
Utopia é pensar que que
procuramos pistas vamos
se pode viver para encon-
tendo sempre uma história
trar as caches todas. Acho
com a qual interagir. Gosta-
que esse desejo deixa mui-
va de ver mais ferramentas,
ta gente frustrada, e não
e mais simples, disponibili-
há necessidade disso. Isto
zadas para construir mais
longo destes valentes anos
de geocaching o meu sentido de orientação ficou um
bocado ferrugento, e fico
desgostoso com isso. Podemos moderar o uso e tentar
orientar-nos cada vez mais
ligando aos nossos apurados sentidos. Vamos ficar
mais contentes connosco.
Z de Zadeus!
Bruno Gomes
- Team Marretas
GEO
MAG.
37
GEO
MAG.
GUIA PR
PR1 CSC Rota das
Quintas
Por RuiJSDuarte
38
Andava eu a remexer nos
meus apontamentos à procura de um local para ir passear em modo caminhada,
quando me apercebi que
existia uma Pequena Rota
na zona de Cascais à qual
não tinha ido fazer o reconhecimento, justamente a
primeira do Concelho, a PR1
CSC Rota das Quintas. Um
nome tão genérico que não
diz nada sobre a realidade
do passeio. Realço que apenas duas Quintas merecem
o destaque com letra capital... parece-me pouco para
se dar tal nome a uma PR.
Ainda assim, é mesmo um
dos poucos pontos negativos a realçar do passeio.
O local escolhido para o estacionamento foi a zona da
Barragem da Mula e escolhi
(invariavelmente, apercebi-me agora) o sentido dos
ponteiros do relógio para
atacar o percurso.
O primeiro quilómetro e
meio faz-se pelo interior da
interessantíssima
Quinta
do Pisão onde temos oportunidade de ver um Forno
de Cal (e seus anexos) em
excelentes condições de
conservação e uma gruta,
a Gruta de Porto Covo (tem
um portão que impede o
acesso ao interior propriamente dito), ambos munidos dos respectivos Painéis
(bem) Informativos. À che-
GEO
MAG.
gada à gruta fui recebido por
um pequeno morcego que,
depois de dar um ar de sua
graça, desapareceu rapidamente na escuridão.
Na listing da [GC12D6E]
Gruta do Porto Covo [Alcabideche] podemos encontrar mais informações sobre
estes locais (e outros dois,
nas proximidades, uma Azenha e uma Capela), além das
respectivas coordenadas,
como pontos a visitar. Uma
listing das boas e à moda
antiga, portanto.
Seguem-se 500 metros de
alcatrão apenas a servir de
ligação aos “single tracks”
que nos irão levar até Al-
corvim de Baixo. Temos aqui
uma excelente oportunidade para apreciar um pouco
da paisagem e vegetação
que podemos encontrar nas
arribas a norte do Guincho,
mas na versão “fácil”, sem a
perspectiva por vezes extremamente inclinada dos trilhos das arribas. É realmente um troço muito bonito,
com uma breve passagem à
beira da aldeia do Zambujeiro.
Nestes três quilómetros
passamos por mais duas
geocaches, [GC4T2BK] Veterinário Municipal de Cascais e [GC471AE] Astérix &
Obélix, a primeira, escondida nos metros que me-
39
GEO
MAG.
40
GEO
MAG.
41
GEO
MAG.
Junho 2014 - EDIÇÃO 9
deiam a passagem pela
zona dos cercados (o trilho
passa mesmo junto à rede)
e a entrada do recinto e a
segunda praticamente à
entrada do último “single”.
Não sendo caches excepcionais são caches bastante simpáticas, uma com um
container bem generoso e
a outra mais virada para o
disfarce e que, neste contexto, caem que nem ginjas!
Gostei bastante de ambas e
acabam invulgarmente por
ficar mesmo a matar na PR.
Um pequeno aparte para
referir que ao passar junto
da cerca do Canil tive oportunidade de ver uma jovem
a brincar alegremente, “jogando à bola” com um dos
canídeos residentes! Um
momento que me deixou
com um sorriso para o restante passeio, ver que não
42
O regresso à Barragem
Acabado o aquecimento
(cumpridos que estão os
cinco quilómetros planos)
vamos ao exercício propriamente dito! Esperam-nos
outros cinco, estes praticamente sempre a subir!
não vemos muito mais que
o chão e o verde da vegetação. Um pouco antes, ainda
no interior da localidade,
mais propriamente no Caminho do Uruguai, encontramos “O” local para habitar! Simbiose perfeita entre
a construção, a Natureza
e tudo o resto (perto da
Quinta Magnólia)... não sei
explicar melhor, é mesmo
irem lá ver com os próprios
olhos!
Passamos por Janes (o troço menos interessante do
passeio) e pela Malveira da
Serra, onde podemos encontrar mais uma geocache [GC293QZ] Fortaleza,
e é sempre em ascensão
até sermos engolidos pela
Serra. Não é assim tanto no
sentido figurado... o trilho
escolhido para o efeito é
mesmo muito arborizado e
A PR “empurra-nos” para o
interior do Parque Temático Pedra Amarela e para a
zona de influência do “SPT
- Sintra Power Trail” pelo
que neste ultimo pedaço
do trajeto existem, além da
[GC518R2] O Sobreiro de
Sintra (ainda no exterior do
recinto), várias geocaches
dedicadas ao projeto que
podem ser procuradas.
to de Prado e Serra que
obstante a vida ali não ser
(provavelmente) o melhor
período para os animais,
ainda há quem dedique algum do seu tempo a contrariar isso.
faz-se já em modo relax,
passando pelas minas e
tanques acima da mesma
e com o espelho de água a
acompanhar a ponta final
do passeio. No dia em que
fiz a visita a barragem estava na sua capacidade máxima e foi a primeira vez que
tive oportunidade de ver as
descargas.
Um belíssimo passeio, misrepresenta muito bem algumas das paisagem do
Concelho de Cascais!
está, às suas geocaches!
Rui Duarte
- RuiJSDuarte
GEO
MAG.
43
GEO
MAG.
44
GEO
MAG.
45
GEO
MAG.
46
Cada vez mais se fala da
saturação de caches nas
grandes superfícies urbanas, principalmente na
capital, onde o número de
caches continua em constante crescimento. Há quem
diga que existe uma cache a
cada esquina. Defende-se
que quantidade não é necessariamente sinónimo de
qualidade. Mas frequentemente se esquece que ainda existem zonas no nosso país em que a saída de
uma nova cache é ainda um
acontecimento esporádico,
visto com expectativa pelos
geocachers da zona, que seguem ansiosamente a saída
de cada cache nova na sua
zona.
No frente a frente desta edição é mesmo este o
tema que iremos abordar:
Saturação vs Insularidade.
Por um lado, iremos ter a
oportunidade de observar o
ponto de vista de um geocacher de Lisboa, concelho
com mais de 1500 caches, e
com novas caches a serem
publicadas quase diariamente. Frente a frente, um
geocacher da ilha do Corvo,
no Arquipélago dos Açores,
ilha composta por um concelho com apenas 12 caches disponíveis. Para além
do número reduzido de caches na sua área de acção
este geocacher depara-se
ainda com o factor do seu
isolamento geográfico, ca-
racterístico de quem reside
numa região insular.
Assim, de um lado estará
Pedro Mocisso, geocacher
de Cascais, de 27 anos, que
dá pelo nick de P14. Este
geocacher é o 2º geocacher
com mais caches encontradas no concelho de Lisboa,
sendo também o primeiro
do ranking no que concerne a caches encontradas
nos concelhos de Oeiras e
Amadora. Praticante registado em Geocaching.com
em Agosto de 2009, tem
já mais de 8700 geocaches
encontradas.
Frente a Frente, colocamos
as mesmas questões a Rui
Pimentel, geocacher da
ilha do Corvo, com 16 anos,
com o nick de discoverer
man. Registado em Maio de
2012, contabiliza umas modestas 17 caches encontradas no seu perfil, 7 delas na
Ilha do Corvo, sendo que 3
das caches da ilha são suas.
Duas vivências de geocaching diferentes, duas
ofertas
completamente
opostas, no que concerne
à quantidade de geocaches
disponíveis. Duas realidades
distintas no mesmo país,
que nos ajudarão a repensar
a forma como olhamos para
os números e para a abundância (ou não!) de geocaches com que nos cruzamos
no dia-a-dia. O que muda-
GEO
MAG.
riam estes geocachers na
realidade geocachiana das
suas áreas? Como planeiam
eles um dia de cachada?
Descubra a resposta a esta
e a outras perguntas, Frente
a Frente!
1. Tendo em conta o número
de caches existentes na tua
zona, como planeias uma
cachada?
Pedro Mocisso: As cachadas
que eu faço servem muitas
vezes para conhecer novos
locais, desde novos concelhos, serras ou pequenas
aldeias abandonadas e também tenho a curiosidade
de conhecer novas caches.
Quando planeio uma cachada tento colocar tanto ca-
ches simples como também
caches desafiantes pelo
terreno ou pela dificuldade
para que a coisa seja equilibrada.
Rui Pimentel: Como existe um número reduzido de
caches na ilha, não consigo preparar uma cachada.
Quando saem caches novas,
eu e os meus colegas Flávio.
Corvo e PauloReis17 juntamo-nos e vamos “atrás” das
caches.
2. Como acompanhas a saída das novas caches?
Pedro Mocisso: Acompanho
a publicação através de notificações de email das caches
do concelhos de Cascais,
Oeiras, Sintra, para além do
Alto Alentejo onde gosto de
saber quando saem Wherigo, Letterbox e Earthcache.
Rui Pimentel: Como existe um número reduzido de
praticantes de geocaching
na ilha, sabemos sempre
quando é que um envia uma
cache para submissão; a
partir daí vou todos os dias
ao sítio oficial do geocaching
na internet, acompanhando
a saída da cache.
3. Como fazes a gestão destas novas publicações? Vais
a correr procurar cada cache
nova ou preferes fazer uma
gestão mais conservadora
das caches por encontrar?
Pedro Mocisso: Se for muito
perto da minha casa ou do
local de trabalho tento fazer
um registo dela no próprio
dia ou no dia a seguir para
matar o vício da cache do
dia. Se estiver longe dela,
deixo para uma oportunidade em que consiga passar lá,
seja em trabalho ou pequeno passeio ou cachada.
Rui Pimentel: Se as caches
forem aceites pelos revisores durante a semana, eu
e os meus colegas planeamos bem a saída e no fimde-semana mais próximo
“embarcamos” numa nova
aventura.
4. Irrita-te ou incomoda-te
de alguma forma não conseguires encontrar todas as
caches da tua zona ou não
47
GEO
MAG.
Junho 2014 - EDIÇÃO 9
existir mais nenhuma para
procurar?
Pedro Mocisso: O Geocaching é um passatempo,
não tenho o objetivo de
fazer todas as caches e
sei que algumas nunca irei
fazer. Uma das caches que
tenho mais perto de mim,
é uma cache aquática do
Team Ribeiro: PEDRA FURADA GC4N94M; espero
um dia ter oportunidade
de fazer mergulho e quem
sabe fazer a cache, mas
não me incomoda ter a cache no GPS por fazer. Algumas vezes só tenho caches
por fazer a 8km ou 10km: é
uma boa razão para conhecer novos locais.
Rui Pimentel: Eu tenho
amigos de outros lugares,
que quando me contam as
suas aventuras com novas
caches que saíram recentemente e que eles já as
encontraram, fico incomodado por não ter também
caches novas na ilha para
as poder encontrar e poder
contar também as minhas
aventuras.
5.
Como avaliarias o rácio qualidade/quantidade
das caches existentes na
tua zona?
48
Pedro Mocisso: Infelizmente existe demasiada
quantidade e muito pouca
qualidade. Não vejo que
isto altere a curto/médio
prazo. Eu até compreendo que se queira mostrar
um Museu, Jardim ou uma
Igreja. Mas muitas vezes há
tanta pressa em colocar a
cache que não se pensa no
container, é só colocar; por
esse motivo Lisboa é uma
das cidades europeias com
mais caches/m2. Alguns
locais davam para meter
uns container engraçados,
outros não.
descobrir. Na minha opinião, a ilha do Corvo ainda
tem muitos locais espectaculares para serem colocadas novas caches.
fazer apenas caches em
certos locais ou de certos
owners. São factores que
podem fazer muita diferença na maneira de estar.
Rui Pimentel: Eu acho que
a ilha do Corvo ainda pode
ter mais caches, mas as
que existem agora estão
bem escondidas e em óptimos locais.
7. Consideras os rankings
importantes na tua forma
de ver e estar no geocaching?
Mas compreendo que para
quem viva num local mais
isolado seja uma alegria
quando sai uma cache nova
porque vai usar o GPS e fazer o found.
6. Que critérios utilizas na
colocação de nova cache?
Sentes que na tua área de
acção ainda há espaço e
pontos de interesse para
mais caches?
Pedro Mocisso: Para colocar uma cache tem que
ser um local com história,
que seja agradável ou com
algum desafio extra caso
contrário acho que não
vale a pena. Também o gz
da cache deve ser um local limpo e agradável para
todos, desde ao mais pequeno geocacher ao simples muggle. Penso que a
cidade de Lisboa e também
algumas cidades da área
da Grande Lisboa estão
entupidas de caches. Ainda existem uns locais que
poderiam ter umas caches
como por exemplo, florestas ou matas sem forçar a
quantidade.
Rui Pimentel: Eu quando
coloco uma cache nova tenho sempre dois critérios
em conta. O primeiro é se
o local onde a cache vai
ser colocada tem alguma
história ou beleza natural;
por sua vez, o segundo é
se a cache está fácil de ser
encontrada e se é perigosa
para as pessoas que a vão
Pedro Mocisso: Infelizmente existem rankings
que não são saudáveis,
porque existe pessoas que
levam isto demasiado a
sério. Ser o número 1 de
algum concelho ou Badge
para mim é-me indiferente, prefiro fazer algumas
caches boas do que ser o
número 1 da Amadora. O
único badge que pretendo
concluir é o de conhecer
todos os concelhos de Portugal continental.
Rui Pimentel: Eu, pessoalmente, não ligo muito aos
rankings pois eu sou da
opinião que o geocaching é
um jogo para nos divertirmos e para podermos descobrir novos locais e não
um jogo de competição.
Logo não acho importantes
os rankings.
8. Concordas com a ideia
de que a grande ou pequena disponibilidade de caches na zona de acção de
um geocacher e sua respectiva qualidade, são factores que ajudam a definir
a sua forma de vivenciar o
geocaching?
Pedro Mocisso: Neste momento, no distrito de Lisboa, existem mais de 4000
caches: boas ou más, é só
uma questão de procurar o
que pretendemos. No entanto, claro que podemos
Rui Pimentel: Cada geocacher coloca as caches conforme pode, mas eu sou da
opinião que quanto mais
atractivas forem as caches,
mais pessoas vão cativar
para a prática do geocaching.
9. Por fim, diz-nos: Se pudesses, o que mudarias na
realidade geocachiana da
tua zona?
Pedro Mocisso: Para mim,
um pouco mais de qualidade nos containers e menos
quantidades de caches já
seria bom, com direito a
um pouco de civismo nas
melhores caches pois já
sabemos que quando existe uma cache boa infelizmente ela não dura para
sempre.
Rui Pimentel: Se eu pudesse mudar alguma coisa
na realidade geocachiana
da ilha do Corvo era, sem
margem de dúvida, a sua
quantidade de caches, pois
volto a insistir que o Corvo
ainda tem lugares espectaculares para as colocar.
Bruno Gomes
- Team Marretas
Fotos cedidas gentilmente pelos
entrevistados
GEO
MAG.
Junho 2014 - EDIÇÃO 9
50
Entrevista de Carreira
Junho 2014 - EDIÇÃO 9
GEO
MAG.
Sammendes
Sammendes é sinónimo de tranquilidade, dedicação, superação
e convívio. Vamos conhecer uma das maiores personalidades
do geocaching nacional, nesta excelente entrevista de carreira.
51
GEO
MAG.
Junho 2014 - EDIÇÃO 9
52
O chapéu ao estilo aventureiro e o colete apetrechado não levam ninguém ao
engano: mais do que uma
imagem de marca, revelam a verdadeira personalidade do nosso amigo,
Sammendes. Por detrás
do semblante tranquilo e
discreto, uma personagem
que marca todos aqueles
que de uma ou outra forma têm a sorte de conviver
com este grande amante da
natureza, do ar livre e das
paisagens agrestes. Com
um percurso notável desde
2007, o Samuel destaca-se
num estilo muito próprio na
sua forma de praticar Geo-
caching: aqui o que conta
acima de tudo é o convívio,
a caminhada e o saboroso
desafio. E porque é também
um excelente contador de
histórias, é uma honra receber um convidado deste
calibre na GeoMagazine.
Obrigada por aceitares o
convite, e bem-vindo Sam!
GeoMagazine:
Sammen-
des, comemoras este ano
7 anos de Geocaching!
Sempre foste praticante
regular, a um ritmo moderado mas com um percurso
muito consistente. Como
caíste no “caldeirão” dos
caixotes?
Sammendes: A primeira vez
que ouvi falar de Geocaching foi mesmo através da
minha mulher (Margarida).
Somos assinantes da revista Visão e por volta dos finais de 2006 início de 2007
esta revista publicou um artigo sobre o tema, ela leu-o
e deu-mo a ler também. Por
portas e travessas conseguimos ver que a cache que
tínhamos mais próxima de
casa era a Calçada Romana
e à Portuguesa (GCMD9N),
no Alqueidão da Serra. Imprimimos a página da cache, acertamos o dia e partimos à descoberta. Como
sempre fui um entusiasta
da Cartografia, Orientação e outras coisas mais,
na altura já tinha um GPS
(GARMIN II plus). Chegados
ao local, a coisa não correu
muito bem. Embora com as
coordenadas colocadas no
GPS, não sabíamos bem o
que procurar. Ainda andamos por ali algum tempo
mas acabamos por desistir.
Dali só paramos na Nazaré,
onde nos abrilhantamos
com um peixinho grelhado
num dos restaurantes da
marginal. Mais tarde voltei
a pensar no assunto, ainda
tinha o artigo comigo, voltei a ler e coincidência das
coincidências, na manhã
seguinte, quando o despertador tocou ficou sintonizado numa estação de radio
(não sei precisar qual) onde
o tema da conversa era o
Geocaching, na altura entrevistavam alguém sobre
o assunto. Daí até o “bichinho” se instalar foi um piscar de olhos.
GM: Estiveste ligado ao
escutismo, como foi o teu
percurso nesta atividade?
S.M.: O meu percurso nos
Escoteiros teve o seu início pelos 13 anos, no CNE
e teve o seu términus por
volta dos 50 anos na AEP.
Iniciei este modo de estar na vida (é assim que eu
entendo o Escotismo: “um
modo de ser e de estar”)
como Escuta e acabei como
Escoteiro. Fui Júnior, Sénior,
Caminheiro (era assim que
na altura se designavam
os grupos etários), e mais
tarde dirigente. Como dirigente fui Chefe de Unidade
e de Agrupamento no CNE
e por último Chefe de Grupo
na AEP.
curamos que em todas as
atividades de Escoteiros
esteja presente: a habilidade manual, a formação do
carater, o desenvolvimento
físico, o serviço aos outros
e o sentido de Deus (independentemente da crença
religiosa). A lei do Escoteiro também é um poderoso auxiliar, na medida em
que é uma lei pela positiva,
onde em todos os artigos é
afirmado que, “O Escoteiro
é… e nunca o Escoteiro não
pode…”
GM: Vives em Torres Novas, mas a tua carreira profissional no mundo militar
levou-te a cumprir missões
além-fronteiras, onde já
estiveste confrontado com
duras realidades, em particular no Afeganistão. É
fácil estabelecer uma barreira física e mental entre
as responsabilidades profissionais e os momentos
de ócio e descontração?
S.M.: Em vez de ócio e descontração podemos chamar-lhes períodos de des-
canso e de camaradagem,
isto porque em missão não
há lugar para o ócio, há
sempre qualquer coisa para
fazer, e a descontração fica
guardada para casa, quando
se descontrai num teatro
de operações raramente as
coisas correm bem.
Também não existem barreiras separadoras, é natural que em missão após um
período de atividade surja
um outro de descanso, este
por sua vez é aproveitado
da melhor maneira por cada
um dos intervenientes.
Para o bem-estar do militar em missão contribuem
vários fatores onde o mais
importante para mim foi e
é o bem-estar da família;
é muito importante quem
ficou na retaguarda, e aqui
tenho de tirar o chapéu à
minha mulher que nessas
alturas teve de ser pai e
mãe em simultâneo.
Podem acontecer os mais
variados contratempos mas
sabendo nós que a família
está bem, dá-nos logo 50%
de hipóteses para a resolução de qualquer problema.
GM: O Ribatejo afirmouse nos últimos anos como
uma das regiões mais dinâmicas ao nível do Geocaching, mas nem sempre
foi assim. Como observas
a evolução da atividade,
numa zona onde começaste praticamente sozinho e
onde as tuas caches marcaram e inspiraram toda
uma nova geração?
Junho 2014 - EDIÇÃO 9
GEO
MAG.
S.M.: Não tenho um panorama geral do país para
corroborar essa afirmação,
mas que fazemos bem a
nossa parte, fazemos! De
um modo geral há por aí
muito boa gente a fazer
Geocaching e nós aqui pelo
Ribatejo não fugimos à regra.
Nos primórdios de qualquer atividade há sempre
aqueles que são os primeiros praticantes, no meu
caso particular quando iniciei a corrida aos tupperwares, já o Geocaching existia
há cerca de 6, 7 anos. Nessa
GM: É usual dizer-se que
o Escutismo é uma grande
escola de vida. Partilhas
dessa opinião? Quais são
para ti os mais importantes
valores que se retiram dessa experiência?
S.M.: Sim, partilho dessa opinião, é de facto uma
escola, uma boa escola.
Como disse anteriormente,
ao considerar o Escotismo
como um modo de ser e de
estar, valores como a verdade, a lealdade, a fraternidade, a proteção da natureza entre outros, são, ou
devem ser, uma constante
na vida de um Escoteiro.
Para que isto aconteça pro-
53
GEO
MAG.
Junho 2014 - EDIÇÃO 9
altura éramos de facto muito poucos, a coisa parecia
assim um pouco misteriosa, o meu primeiro encontro imediato de 3º grau
com uma nova espécie, foi
mais ou menos assim: vinha eu do GZ da primeira
cache que existia no Bonito,
com o plástico na mão, eis
que surge alguém a dizer: “olhe essa coisa que tem ai
é minha”. Nada mais nada
menos que o Fernando
(Ftomar).
Logo a seguir e através do
Fernando conheci o Manelov (um famoso dinossauro
da época), lá para os lados
da Ponte de Sor, mais tarde o Sérgio Cruz, poderoso
tubarão da zona, não havia
FTF que lhe escapasse, isto
apenas para referir os primeiros, os outros que me
perdoem.
Quanto às minhas caches
serem inspiradoras para
outros Geocacheres, acho
que é uma coisa natural.
A minha inspiração também foi sendo refinada em
função das caches que fui
encontrando. É muito gratificante sentir que contribuímos para que as novas
gerações de Geocacheres
façam mais e melhores caches.
GM: À semelhança do teu
percurso como Founder,
também és um Owner de
grande consistência, com
cerca de 30 caches escondidas ao longo destes 7
anos, praticamente todas
ativas e de boa saúde. Qual
é o segredo da longevidade
das tuas caches?
54
S.M.: Acho que primeiro é
preciso gostar dos lugares
onde se colocam e depois
do que colocamos.
Desde que me iniciei como
owner apenas tive que desativar duas caches a primeira foi o Moinho dos
Gafos (GC1DJRF) onde não
resultou o modo como a coloquei, não havendo alternativa quanto a mim, desisti dela, a segunda foi a Casa
Memorial General Humberto Delgado (GC15CYF) que
nunca teve uma boa relação
com a vizinhança e quando
assim é não há disfarce que
resulte. Mas ainda tenho a
esperança de a colocar novamente à luz do dia.
GM: Entre muitas criações
de sucesso, são de destacar algumas caches que
continuam a desafiar os
geocachers mais temerários: A série Arrife Twins
(GC174X7), Santa Marta Hill
(GC2GVYX), a Grande Árvore do Trancão (GC23NF6)
ou ainda a mítica 110cm de
cache (GC18Y13). De entre
todas as caches que escondeste, há alguma que seja
para ti mais especial do que
as restantes?
S.M.: Particularmente não
tenho uma cache preferida, todas elas apareceram
dentro de um determinado
contexto de a cordo com a
minha progressão no Geocaching.
Lembro a primeira, Santa
Marta Hill, preocupou-me
bastante, foi testada uma
e duas vezes para que nada
falhasse pois os examinadores seriam de alto gabarito. O FTF foi feito pelo
Manelov e o Ftomar chegou
em segundo. Os mesmos
princípios foram sendo usados para as restantes.
GM: Num episódio especial
das filmagens Out Of The
Box, onde presenteaste o
Geopt com uma espetacular reportagem sobre
a 110cm de cache, dizias
que “uma cache especial
é antes de mais, um lugar
especial que desejamos
partilhar”. Ainda existem
alguns lugares que te digam muito, e que desejas
no futuro partilhar com a
comunidade geocacher?
S.M.: Disse e continuo a
afirmar o mesmo propósito,
não coloco uma cache apenas por colocar.
Quanto a outros locais,
ainda existem alguns, no
entanto há um outro fator
não menos importante que
é a minha capacidade de as
manter de boa saúde.
Assim como eu não gosto de encontrar uma cache
mal tratada e desprezada,
quem procura as minhas
caches tem todo o direito
de as encontrar bem.
GM: Nas tuas caches mais
exigentes nunca há lugar
para facilitismo, e mesmo
quando te propões a guiar
amigos em visitas de grupo, não poupas ninguém,
nem a ti próprio, aos acessos mais agrestes e desafiantes! Este poderia ser o
teu lema? As vitórias mais
sofridas são as mais compensadoras?
S.M.: Embora corrobore
com a afirmação e de particularmente gostar muito de
uma boa luta, a coisa não é
bem assim.
Todos aqueles que guiei até
à 110, só para citar uma
delas, foram por melhores
caminhos que aqueles que
foram sozinhos. O problema é que a serra é um
sistema vivo e muito complexo, a vegetação cresce
sem controlo, é muito difícil
encontrar e tentar seguir o
caminho que nos conduziu
ao objetivo há quinze dias
ou há um mês atrás.
Este rótulo vem de uma das
primeiras atividades que
tive com pessoal do Georibatejo, mais concretamente
quando se fez o Tour dos
Arrifes uma das suas primeiras atividades.
A dada altura, aquando da
aproximação de um deles,
que tem a particularidade
de estar rodeado de tojo
que nos dá pelo peito, o
pessoal saiu dos carros e
seguiu em frente pelo meio
dos tojos, conforme indicavam os GPSs, e eu fui com
eles, é por ali, é por ali, não
regateei esforços.
Após o found e assinado
o logbook, grande parte
do pessoal dispersou pelo
mesmo caminho.
Como não me apetecia ficar mais picado, disse: “já
chega de praxe, eu vou por
aqui”.
Quem estava ainda por perto seguiu-me.
Claro que chegamos mais
rapidamente aos carros.
Ficando aqueles que ainda
estavam no meio dos tojos
a ser alvo da chacota dos
outros.
Só que eu nessa altura não
estava a guiar ninguém,
aproveitei o facto para fazer
a manutenção às caches.
Logo o facto de não haver
lugar para facilitismo quando me proponho a guiar
GEO
MAG.
55
GEO
MAG.
56
GEO
MAG.
57
GEO
MAG.
Junho 2014 - EDIÇÃO 9
amigos em visitas de grupo
não é de todo intenção minha. As condicionantes do
terreno é que determinam a
progressão.
GM: Com 4 filhos bem formados e uma esposa companheira que tem sido o teu
braço direito também nas
aventuras de Geocaching,
podes afirmar que o “saber
viver” cabe numa roulote
estacionada numa qualquer
paisagem do nosso país,
com um bom petisco à mão?
S.M.: Cabe numa roulote,
numa tenda e algumas vezes ao relento. Claro que o
petisco é uma constante,
ainda não aprendi a alimentar-me de ar e vento, embora na minha zona se diga que
é meio sustento.
GM: Tens sido presença
assídua nos mais variados
eventos de Geocaching, não
só no Ribatejo como em
muitos outros programas
em outros pontos do país.
E há sempre uma mãozinha tua junto do grelhador.
O convívio é a melhor parte
desta atividade?
58
S.M.: Sem dúvida, o convívio é sempre a melhor parte destas atividades, daí a
minha participação nelas. O
facto de por vezes ser apanhado com a mão na massa,
é uma particularidade minha, não sou capaz de ficar
na passividade vendo que
falta uma mãozinha para
ajudar aqui ou ali. Por norma
não pergunto, agarro-me à
tarefa e ponto, se não gostarem que eu esteja por ali é
só dizerem, o que me levou
a ajudar, também me faz retirar de mansinho sem qualquer problema.
GM: Tens participado em
grandes e boas aventuras,
eventualmente a mais recente terá sido Na Linha
do Douro (GC1BRPH). Qual
é a tua melhor memória
de Geocaching? Há alguma
aventura que te tenha marcado especialmente?
S.M.: A grande aventura
foi sem sombra de dúvida
Los Balconcillos (El Caminito del Rey) (GC3JHW0) em
segundo fica a La Ruta de
Los Túneles - Barca d’Alva
(GC1C1W9) sem esquecer o
GeoAcampamento (GC3DMA5), em Mondim de Basto,
organizado pelo nosso amigo Henrique, em dois anos
consecutivos.
GM: Alguma cache ou local
que esteja na tua linha de
mira e que gostarias de visitar um dia?
S.M.: Neste momento tenho
a mira fixada na Linha do Tua
(GC2NW78), tudo aponta
para uma excursão de dois
dias em autonomia. Antes
que aquela coisa fique definitivamente cheia de água.
GM: Ultrapassada a barreira
dos 50 anos, ganhamos em
experiência e confiança, ou
perdemos agilidade e tendemos a impor-nos alguns
limites?
S.M.: Não sei bem se esta é
uma pergunta ou uma afirmação. É claro que aos 50
o fulgor dos 20 anos é uma
recordação. No entanto estamos bem mais cientes dos
nossos limites, sabemos até
e aonde podemos ir.
GM: Vale das Quebradas
(GC4DE3N) é uma das tuas
mais recentes caches escondidas, e consta da lista
das Caches Nomeadas dos
Prémios GPS 2013. Na tua
opinião quais os ingredientes que levaram ao destaque desta cache?
S.M.: Para mim há que conjugar três fatores: o acesso,
o container e o local onde
está plantada.
Acho particularmente que o
Vale das Quebradas satisfaz
em pleno estes mesmos fatores.
GM: Para ti o que significam
os Prémios GPS, e como
encaras esta nomeação do
Vale das Quebradas?
S.M.: Não significam. O meu
contributo para os prémios
limita-se apenas aos favoritos que coloco nas caches
que me agradam, acho que
os prémios induzem a competição e essa não é a minha
praia, por outro lado, acho
que nem todas a caches
nomeadas têm as mesmas
oportunidades quando sujeitas a concurso. No entanto, isto não me inibiu de
assistir às duas primeiras
galas em Mondim de Basto,
foi giro nomeadamente na
primeira, com aquela inexperiência toda a tentar colocar de pé um programa em
direto, na segunda a coisa
já correu melhor. Quanto à
nomeação do Vale das Quebradas, fiquei bastante surpreendido visto que apenas
tinha sido visitada em três
ocasiões. Somava na altura
seis ou sete favoritos, e acho
que agora anda aí na casa
dos dez. Mas esta não foi a
primeira, a 110 também já
tinha sido nomeada.
GM: Inquirimos alguns colegas e amigos que se relacionam contigo, dentro e fora
do âmbito do Geocaching.
Eis os comentários que recolhemos, acerca do Sammendes:
Quando comecei nestas andanças do geocaching um
dos primeiros nomes que ouvi
falar foi do Sammendes, até
porque na altura, uma das
melhores caches da zona era
(e continua a ser) a 110 cm de
cache. Na altura olhei para o
perfil dele, pelo que vi e pelas
fotos achei que devia ser mais
um convencido e arrogante.
Puro engano. Depois de o ter
conhecido mudei completamente de opinião. Fizemos
desde então varias caches
juntos, muitas delas do próprio, nomeadamente a tal 110
cm, as caches da Gardunha,
os Arrifes, e recentemente o
Vale das Quebradas. Embora
nestes casos a sua companhia
nunca sei bem se é uma ajuda ou um estorvo, pois se por
um lado facilita a descoberta
de alguns caminhos, por outra
nos obriga a desbravar mato
com caminhos mesmo ao lado,
ao ponto de passado uma semana ainda andarmos a tirar
picos do corpo. De qualquer
forma a sua presença é sempre muito agradável, a ponto
de desde então termos feito
varias atividades que nada
têm a ver com o geocaching,
nomeadamente caminhadas,
noites de copos, e as ultimas
passagens de ano. Muitas vezes ainda a meio caminho de
uma cache dele já me dava
vontade de lhe dar com um
pau no lombo pela dureza das
mesmas, mas o facto de se repetir algumas das caches (duras, diga-se de passagem), em
vez de dedicar o tempo a fazer
outras dá para fazer uma ideia
do caráter do Samuel e das
suas caches, que juntamente
com a esposa se tornou não
GEO
MAG.
59
GEO
MAG.
Junho 2014 - EDIÇÃO 9
só num amigo geocacher, mas
num amigo de família.
Afelizardo
Falar do Samuel é fácil, já que
ele como pessoa passou de
um desconhecido a amigo de
casa. No geocaching encontramos muitos desconhecidos
que passam a conhecidos,
mas felizmente também há
pessoas como o Samuel e a
sua esposa Margarida que
devido a sua simplicidade depressa se torna amigo. Quando falo de simplicidade é só
mesmo como pessoa porque
em termos de geocaching é
TRAMADO. Tive o prazer de
fazer as caches na Gardunha
e não são muito mais fáceis
do que as dos Arrifes ou a
110cm ou a mais recente,
Vale das Quebradas. Foi com
o Samuel e a Margarida que
passei um dos melhores dias
de geocaching na aventura da
Serra da Gardunha. É também
já conhecida a forma como ele
“encanta” miúdos e graúdos,
até com a minha filhota Matilde (patita07), parecem duas
crianças a brincar, o cumprimento deles “ - Ó feia! - Ó feio
tu é que és!”
Tazadormir
60
Ora então o amigo Samuel,
o que dizer… Bem, quando o
conheci em 2011 estávamos
nós, um pequeno grupo numa
das suas caches após termos
feito da página da cache um
pequeno fórum a combinar a
coisa uma vez que era necessário o uso de equipamento
especial para aceder à mesma.
De surpresa, lá nos brindou
com a sua visita e para nós
novatos foi uma honra e até
com algum nervosismo, conhecer ali um dos dinossauros
que por aqui plantava das caches mais duras mas ao mesmo tempo também das mais
satisfatórias. Depois disso e
com a recente criação do GeoRibatejo que aconteceu nesse
mesmo mês, os geocachers da
região foram-se conhecendo
melhor e convivendo mais uns
com os outros. Nestes últimos
quase 3 anos foram inúmeras
as caminhadas, as cachadas e
os eventos na sua companhia
e até nos eventos não oficiais
do GeoRibatejo é presença assídua tanto nos GeoAbafadinhos como nas GeoPassagens
de ano em que nas últimas
duas até foi o nosso anfitrião.
Caminhante incansável seja
qual for o terreno é um exemplo de meter inveja para qualquer jovem de 20 anos. Quando nos guia até as suas caches
mais inacessíveis faz questão
de nos levar pelo pior caminho (eheheh). Sempre bemdisposto e pronto a dar uma
boa gargalhada. Ultimamente
tem vindo também a revelar
os seus dotes ao grelhador em
parceria com o António Felizardo como puderam constatar durante a Mini Super Liga
Geopt 2013 (GC4TEDW) com
aquele banquete que nos prepararam. Um amigo que, se
tiverem a oportunidade de conhecer, não é de desperdiçar.
Parabéns pela entrevista de
carreira e um abraço.
Davidsantos87
GM: Um especial agradecimento ao António, à Sandra
e ao David pelo entusiasmo
em colaborarem nesta entrevista! Que comentários
te merecem estes testemunhos Sam?
S.M.: Se eu não soubesse
que este pessoal só bebe
“água” iria achar que já estavam com o “grão-na-asa”.
Eu por deformação escotista
tento ser o mais fiel possível à Ultima Mensagem do
Chefe, aqui subentenda-se
Chefe por Baden Powell, em
que a dada altura diz: “Creio
que Deus colocou-nos neste
mundo encantado para sermos felizes e apreciarmos a
vida”; mais à frente, noutra
passagem acrescenta: “o
melhor meio para alcançar
a felicidade é contribuirmos
para a felicidade dos outros”.
Ora aqui estão incluídos estes meus amigos que deram
o seu testemunho assim
como muitos outros não referenciados. O meu obrigado
a todos eles.
GM: E afinal, que diabo se
leva desta louca corrida aos
tupperwares, no fim de contas?
S.M.: Leva-se o cheiro das
folhas esmagadas, o gosto
da água dos riachos, a textura da rocha, o ranger do cascalho e da areia debaixo das
solas, o voo dos pássaros, o
barulho da água a cair, resumindo: muitas arranhadelas,
grandes canseiras, vistas
largas, lugares deslumbrantes.
GM: Samuel, não podíamos
fechar esta entrevista sem
dar a palavra a uma pessoa
muito especial e importante na tua vida, a tua esposa Margarida! Fica a bonita
mensagem…
Como é fácil de entender, quase quatro décadas de con-
vivência com o Samuel não
se conseguem resumir em
poucas palavras e pouco tempo… No entanto, o que posso
acrescentar é que consegui
um amigo, companheiro nas
loucuras da vida, que sempre
me estende a mão, me dá um
sorriso ou uma repreensão,
me acarinha ou desafia outra
vez, que nunca esquece os
nossos quatro filhos quando
precisam de palavras amigas
ou de uma especial atenção. E
sempre sobra tempo para os
amigos naquele espaço que
nunca acaba! Seja na vida familiar, profissional ou com os
amigos, a disponibilidade do
Sammendes não tem limite,
o impossível não faz parte do
seu vocabulário. Agora, ano
após ano, desafio atrás de
desfio, vamos partilhando outras loucuras, outros desafios,
mantendo o espírito com que
iniciámos a vida em comum, e
deixando o mundo um pouco
melhor do que o encontramos,
como um dia disse Baden Powell. E não preciso de dizer
muito mais, porque as ações
valem mais que mil palavras...
Margarida Calado Mendes
GM: Muito obrigada a todos
aqueles que gentilmente
colaboraram nesta entrevista de carreira.
Samuel, foi um gosto enorme, muito obrigada por
aceitares este convite da
GeoMagazine. Contigo sentimo-nos em família!
Flora Cardoso
- Lusitana Paixão
GEO
MAG.
61
GEO
MAG.
Além Fronteiras
Geocaching em Estrasburgo
Por Pintelho
Sou um privilegiado.
Estrasburgo é a sede do
poder político da Europa
dos 28. Essa mesma Europa cheia de coisas estranhas, como uma bandeira com doze estrelas,
porque quando alargou
para quinze estadosmembro achou-se que
mais de doze estrelas não
era estético. E agora, a
28, continuam doze.
Nessa mesma Europa
a sede do Parlamento é
aqui, independentemente de três em cada quatro
semanas os Eurodeputados se encontrarem em
Bruxelas.
62
E, porque sou um privilegiado, foi-me dada a
possibilidade de participar nas comemorações
do Dia da Europa – nove
de Maio. Participei a título
profissional, num evento
que a Europa quis voltado para os jovens, o EYE
– European Youth Event
– e foi-me dada a oportunidade de conhecer
gente de uma diversidade
fantástica, feliz, a festejar
uma Europa que, a todos
os níveis, ainda tem muito a provar.
Mas, políticas comuns
aparte, durante as menos
de 48h que durou esta
aventura, a minha cabeça teve mais vezes que
lidar com a questão “esta
indumentária será adequada a esta dificuldade
de terreno?” do que com
questões como “o que
vou jantar hoje?”. Está
claro que, cada um dos
poucos momentos livres
tinha que ser passado a
conhecer a cidade, a com-
prar recuerdos mas, também, a fazer Geocaching.
Não foi muito, nem podia
ser, mas foi uma jornada
muito intensa, surpreendente e maravilhosa, que
não podia deixar de partilhar! Venham comigo até
àquele que intitulei como
“The EYE of the Geocacher”!
Parti do Porto e fiz escala
em Bruxelas. Infelizmente, uma escala demasiado
curta para “picar o ponto”.
Fiquei-me pela cerveja
belga num dos muitos
bares do aeroporto. E que
bem me soube!
Já em Estrasburgo, o pequeno aeroporto respirava juventude, com os voluntários que recebiam as
pessoas de sorriso rasgado e uma energia desmedida, t-shirt azul, que tanto acompanharia estas
quarenta e oito horas.
Do aeroporto à cidade são
cerca de quinze minutos
de comboio. Uma viagem
rápida demais para travar conhecimento com a
speaker italiana que se
sentou à minha frente.
Já na cidade, a primeira
impressão foi de uma organização germânica. A
estação central, intermodal, apesar de grande, era
bem arrumadinha, e resisti a ligar o GPSr logo ali.
A prioridade era apanhar
o elétrico até ao hotel.
Paragem rápida no hotel
para cumprir os mínimos
olímpicos do check-in, e
estava de volta nas ruas.
Pilhas carregadas e GPSr
ligado.
A minha viagem começaria pela Place de la
GEO
MAG.
République, praça onde
podemos encontrar uma
grande quantidade de
edifícios municipais e regionais da Alsácia.
Antes disso, uma nota
importante. A cidade de
Estrasburgo é relativamente pequena. Com
pouco mais de trezentos
mil habitantes, é a capital da Alsácia e sede do
Parlamento Europeu e do
Tribunal Europeu dos Direitos do Homem. Localizada muito próximo da
fronteira com a Alemanha e percorrida por um
sem número de canais, a
cidade foi fundada pelo
império romano e mudou,
sucessivamente, de mãos
entre franceses e alemães. Esta história marca
a geografia e toponímia
de Estrasburgo.
Descrevo a cidade, enquanto vou descrevendo
a forma como a percorri.
A Praça da República faz
lembrar a Boavista, no
Porto. Uma enorme rotunda, com um jardim e
estátua ao centro. É um
pouco mais pequena,
contudo. Dos lados externos, os tais edifícios
públicos. E logo ali percebi que estava na Europa.
Ao lado de cada bandeira
da França, uma bandeira
azul com as doze estrelas.
E poucas, muito poucas
bandeiras da Alsácia.
E foi neste cenário que
ganhei o meu souvenir de
França.
Com as coordenadas a
baterem um pouco ao
lado – os edifícios robustos, de pedra, ao melhor
estilo alemão, baralham
a receção de satélite em
muitas zonas da cidade –
sentei-me num banco de
jardim, na rotunda, e retirei uma porca falsa (GC22FJ8). Nada mau, pensei.
Se por aqui os containers
urbanos tiverem todos
boa camuflagem, só podem ser boas, estas 48
horas!
Decidi seguir junto ao canal que serve de fronteira
a norte da Grande Île.
A Grande Île encerra o pequeno e pitoresco centro
histórico, património da
Humanidade, e é o local onde se concentra a
maioria dos monumentos da cidade. É o ex-libris
de Estrasburgo. Naquela
hora, resisti, e fui apreciar
os canais, menos turísticos.
O passeio fica a alguns
metros de altura, evitando inundações nas cheias.
Contudo, algo prende a
atenção. A espaços, escadas levam a um carreiro
em terra batida, mesmo
ao lado do canal. Decidi
seguir, entre duas pontes, por esse carreiro, e
deparei-me com alguns
casais de namorados ou,
simplesmente, amigos.
A cidade vive os canais,
e aquele parecia-me um
dos menos movimentados. Que surpresa!
Alguns metros adiante,
enquanto procurava a segunda cache da viagem
(GC24A31), consegui ver
uma ave, em voo rasante, a pescar. E o barulho
das asas a chapinharem a
água é digno de um filme
de Holywood. Grandes
efeitos especiais!
63
GEO
MAG.
64
Segui ainda até mais uma
das inúmeras igrejas da
cidade que, devido às
distintas ocupações históricas, se divide entre o
protestantismo e o catolicismo.
A cache tinha uma série
de DNFs, e deduzi que lá
não estivesse, mas não tinha tempo para mais antes do jantar, que estava
combinado, para preparar
o painel que me levara ali.
Decidi, então, insistir um
pouco, e dei com a cache.
Apesar do erro de coordenadas – a imponência da
estrutura não faria prever
outra coisa – dei com a
magana, e de boa saúde.
Uff… A primeira Multi em
França já estava no papo
(GC1FX10).
E assim terminaria o dia
#0 da visita: sem conhecer o centro histórico,
sem conhecer a zona eurocrata mas, por esta altura, já apaixonado pela
cidade.
Tive o prazer de jantar
numa mesa com uma
italiana, uma belga e um
húngaro, os participantes
do meu painel que já tinham chegado. A conversa foi agradável. O tema
do debate e a Alsácia foram os principais motivos, acompanhados pela
tradicional tarte flambée
e um vinho branco da Alsácia. Em Roma, sê romano, e a noite terminou, no
hotel, feliz e a descansar.
Os planos para sexta-feira eram mais que muitos.
Seria O dia!
O segundo dia da viagem
amanheceu enublado e,
para mim, bem cedo. A
cidade era para se des-
frutar, e o tempo escasso.
Dormir, nestes casos, é
uma espécie de perda de
tempo.
Tudo começou com um
delicioso pequeno-almoço no hotel, de onde saí
para a zona europeia. Afinal de contas, estávamos
no dia da europa e o EYE
arrancava nessa manhã.
Numa olhadela rápida ao
GPSr apercebi-me que
podia encontrar ali uma
série de caches dedicadas
à Europa, algumas das
quais bem perto dos locais por onde eu ia andar.
Saí do elétrico junto à
entrada Agora do Parlamento Europeu, onde se
preparava a cerimónia de
abertura do evento. Contudo, e como ainda tinha
tempo, decidi contornar
a pé os canais, fotografando os bonitos edifícios
envidraçados, até à entrada do edifício Winston
Churchil, ponto de acreditação para os oradores.
De caminho, havia uma
cache mesmo junto ao
canal, com vista para o
hemiciclo (GC3Q5R3) No
canal, apesar de ser cedo,
já navegavam uns pequenos barcos para turistas,
a lembrar os famosos bateaux mouches de Paris.
Não a consegui abordar.
Estrasburgo respira saúde, e eram muitos os que
por aqueles caminhos
praticavam o seu jogging
matinal.
Fui então ao Parlamento.
Como madruguei, pude
deambular por aqueles
imensos corredores, quase vazios, cujo silêncio era
apenas quebrado pelos
jovens voluntários que,
atarantados, ultimavam
pormenores para receber
toda aquela mole humana. Os participantes ainda
não podiam aceder aos
corredores, e os speakers
dormiam, ou passeavam,
quase todos.
Espreitei a sala onde, horas depois, participaria no
debate. Enorme, formal e
austera. Não tão simpática para os oradores como
para a audiência, já que
os primeiros se sentavam
numas mesas corridas
em cima de um estrado,
sem contacto ocular entre si.
Saí e fui procurar a cache
Europa #1 (GC11GDE). No
dia da Europa.
A cache tem uma vista
privilegiada para a ponte
pedonal que liga o edifício principal ao edifício
WiC. Ao chegar ao GZ,
estava uma jovem sentada, acompanhada pela
sua bicicleta. Num banco
com provavelmente mais
de cem metros de comprimento, ela estava sentada, precisamente, no
local para onde a setinha
apontava.
“És Geocacher?” perguntei. Possivelmente, uma
participante no evento,
que aproveitava a hora
morta para procurar
umas caches, tal como
eu.
“O quê?” respondeu. Não
percebera o meu inglês.
Espero que fale inglês.
“És geocacher?”, repeti, e
apontei para o papelucho
que ela segurava entre os
dedos.
“Ah! Queres um? Sim,
claro!”, respondeu, estendendo-me um pacote de
tabaco que guardava na
mochila.
Que situação constrangedora, pensei. Mas não iria
desistir. Sentei-me junto a ela, e expliquei-lhe
que não fumava, e que
a confundira com outro
geocacher. Claro está que
tive que explicar o que era
o geocaching. Disse-me
que era de Estrasburgo
e estudava na faculdade
de enfermagem. Quando
percebeu que eu estava
no evento do Parlamento quis saber o que se
estava lá a passar, mas
manteve o ar desconfiado. Claro, esta história de
caça ao tesouro, e de ela
estar precisamente no lugar de um desses tais tesouros, soava a conversa
de engate!
Junho 2014 - EDIÇÃO 9
GEO
MAG.
Optei por uma nova abordagem. Enchi-me de esperanças de as coordenadas estarem certas,
pedi licença para procurar
debaixo dos bancos e…
uff!, apareceu no primeiro
lugar que tateei, como se
fosse completamente fácil, natural e desinteressante mas, pelo menos,
provei-lhe que esta coisa do geocaching existia
mesmo. Loguei, recoloquei e expliquei que era
para os seguintes. Perdeu
o interesse, e seguiu para
a faculdade.
Eu, contente, tinha encontrado a Europa #1, no
dia da Europa.
Dirigi-me
novamente
para a entrada Agora,
onde, a escassos metros,
se escondia mais uma
cache da série Europa.
65
GEO
MAG.
Junho 2014 - EDIÇÃO 9
Desta feita, com cerca de
cinco mil jovens em redor,
seria mais que difícil de a
resgatar.
Misturei-me na multidão.
Afinal de contas, apesar
de estar lá na qualidade
de orador, também sou
jovem, ora bolas! No final, troquei duas ou três
impressões com Atilla,
o arquiteto húngaro que
partilharia o meu painel,
e segui para o centro da
cidade. Decidi apanhar o
elétrico na paragem Wacken, nome que dirá muito
aos fãs da música mais
pesada, mas que nada
tem a ver com a mítica
aldeia alemã. Este desvio
valeu-me mais uma daquelas caches tipo porca, junto a um centro de
exposições (GC2EFGA).
Aqui, estas são as mais
comuns.
Segui caminho. Ainda não
era desta que ia para a
Grande Ilha. Com poucas
horas até ao encontro
para o nosso painel, às
14h, o plano para aquele
final de manhã era conhecer a Petite France.
A Petite France é um pequeno aglomerado de
ilhotas, cortadas pelos
canais, com todo o tipo de
casas tradicionais francesas. Pitoresca ao máximo,
é uma das zonas mais
turísticas da cidade e é,
também, uma das mais
apetecíveis para um copo
ao pôr-do-sol.
66
Encontrei lá a cache
das
Ponts
Couverts
(GC113XR), um dos símbolos da cidade, e passei
pelo restaurante mais
catita que me recordo de
ver em Estrasburgo. Ain-
da venho cá jantar logo,
pensei. As vistas, daquela
esplanada em madeira,
frente àquela casa em
madeira, na encruzilhada
entre dois canais, permitiam abraçar com a vista
todo o perfil da Grande Île,
dado que um dos canais
que ladeavam esta esplanada era o largo canal que
delimitava, a sul, a ilha.
baterias eletrónicas, tal
era o barulho de plástico
a ser castigado. Quando
olhei, era um jogo em que
dezenas de miúdos, com
um pad debaixo dos pés,
tinham que acertar, de
forma ritmada, nos locais
certos. Conceito engraçado que ainda me prendeu
a atenção durante uns
instantes.
Com alguns minutos, entrei na ilha, decidido a
subir ao miradouro da catedral e a ver, de cima, o
edifício onde, mais tarde,
tentaria brilhar. A agulha, que se ergue mais de
140m acima do chão, está
omnipresente no centro
da cidade. Quebrava aqui
o meu plano, mas valeria
a pena.
Aos poucos reuni-me com
os elementos do meu painel. Christophe (alemão),
Kim, (Taiwan), Atilla e Rok
(Eslovénia). Um moderador, dois ex-Erasmus
e dois recrutadores. Ainda Daphne e Vanessa, as
responsáveis na comissão pelo programa Erasmus+, e dinamizadoras
do painel, que tão amigavelmente nos acolheram.
Sobre a gótica catedral,
defendida por dezenas de
gárgulas, falarei adiante,
no devido espaço. Aqui,
fico-me nos mais de trezentos degraus que sobem setenta metros.
Nada mais, pois a outra
metade está inacessível,
em avançado estado de
degradação. Salva-se a
agulha porque alguns andaimes, por dentro, reforçam a estrutura, alvo de
vários incêndios. 142m
acima do solo.
Subi, mirei, fotografei,
desci e comi num café
próximo. Comer não foi
bem o termo correto. Calculei mal o tempo para
subir a catedral e tive que
emborcar o almoço. The
show must go on, e segui
direto, sem mais geocaching nem demoras, para
o Parlamento.
À entrada, parecia que
havia um concurso de
Não me lembro de estar
muito mais nervoso que
isto noutras ocasiões,
sobretudo porque estava
a ser webstreamed. Contudo, o painel correu bem
e, no final, fomos visitar o
hemiciclo, uma das salas
mais imponentes que já
visitei no estilo moderno.
O resto de sexta passou
sem geocaching. Após
a sessão, fui com Kim e
Atilla celebrar. Cristophe
tinha reunião de trabalho
em Frankfurt, ao bom estilo alemão, e perdemos
Rok no entretanto. Vanessa e Daphne estariam
com outros painéis.
Após paragem no hotel
para trocar de roupa (toca
a vestir a sweat do Geopt),
seguimos para o centro
da cidade, onde tivemos
os primeiros contactos
com a zona turística. Contudo, todos queríamos ir
jantar à Petite France, e a
grande ilha podia esperar.
Acabámos a jantar na
“minha esplanada”. A jantar e a beber duas boas
garrafas de vinho francês.
Um momento de puro deleite.
Daqui seguimos para um
centro da cidade repleto
de jovens. Com concertos, arte de rua e nada
de geocaches. Surpreendeu-me que toda aquela
juventude bebesse tão
pouco álcool, mas isso foi
só até perceber o preço da
bebida. Em contrapartida,
raros eram os que não
fumavam, fosse tabaco
ou algo mais. Bebemos
umas cervejas, conversámos sobre as diferenças
culturais entre Taiwan,
Budapeste e Braga. Percebemos o fascínio da
Kim pela “velha” Europa
e admirámo-nos com a
diferença.
Já meio embriagados, seguimos rumo ao hotel.
Era hora de repousar um
pouco. Mas não muito,
pois sábado era “O” dia
dedicado ao geocaching
e a conhecer Estrasburgo.
Acordei cerca de duas
horas após adormecer.
Doía-me a cabeça, sentia
uma sede imensa, mas
o ânimo para conhecer
o âmago de Estrasburgo
superava tudo isso.
Ergui-me, tomei um pequeno-almoço bem calórico e segui rumo ao Parc
de l’Orangerie. Este imenso parque, perto das instituições europeias, era o
cenário ideal para curar a
ressaca. E tinha seis caches, à laia de powertrail.
Junho 2014 - EDIÇÃO 9
GEO
MAG.
67
GEO
MAG.
Junho 2014 - EDIÇÃO 9
68
Antes, porém, fui procurar
a tal cache que os desportistas me impediram de
encontrar na véspera. Fácil de alcançar com a mão,
desta feita, com tempo,
rapidamente a loguei,
num local cuja vista diferente para o Parlamento,
se não fosse o geocaching, nunca conheceria.
que, ao sábado de manhã,
desfrutavam da zona,
com um mini-zoo ao ar livre, e com imensas aves,
à solta, que permitem
boas fotografias. Piquei
o ponto com uma das caches (GC11GCC) e regressei ao centro. Pelas 11h
tinha agendado um evento na Place Kleber.
No parque, a primavera já
se fazia sentir, e as árvores deitavam uma seiva
pegajosa, que deixava um
rasto branco na minha
camisola preta. Optei por
nem procurar a maioria das caches, tal era a
quantidade dessa seiva,
e dos inúmeros muggles
Antes, porém, visitei a
Place Broglie, com os
seus edifícios municipais,
quase todos Art Nouveau.
Caminhei,
finalmente,
pela Grand Île. Desfrutei
das pequenas ruelas, visitei as incontáveis igrejas,
construídas umas após
as outras, à laia de des-
pique entre franceses e
alemães. Comprei recuerdos. E visitei por dentro a
catedral de Notre Dame.
À entrada, tal como na
véspera, um vento fortíssimo, que apenas soprava
ali, na Praça da Catedral.
Mais tarde conheceria a
lenda.
Entrei. Lá dentro, tudo
gótico. Os altares, adornados em dourados,
marcavam a visita. Mas
a estrela da companhia
era, sem dúvida, o relógio
astronómico. Completo,
delicado, divertido e muito informativo. Uma peça
única no mundo.
Saí e dirigi-me à Place
Kleber. Tinha marcado um
evento aqui (GC536MZ).
No mesmo local onde ontem milhares de jovens
dançavam ao som dos
Asian Dub Foundation,
hoje não existia palco.
Fora substituído por centenas de faces gigantes,
em tom de cinza, coladas
no chão. Faces anónimas,
faces famosas. Faces de
jovens ou dos que, enquanto jovens, marcaram
a história da Europa e do
mundo. Mas o problema
estava precisamente aí.
É que, vedado, estava um
espaço de cerca de 50 x
20m e, no centro, precisamente no centro, estavam as coordenadas do
evento que eu agendara.
Dei algumas voltas. A
sweat do Geopt denunciar-me-ia em Portugal.
Mas ali, de pouco servia…
Encontrei, finalmente, o
geocacher checo Dragon
Riders. Que coincidência.
Um geocacher que estivera em Braga meses antes, e cuja primeira cache
encontrada em Portugal
fora minha. Estava ali,
com uma turma, a assistir
ao evento. E com ele levava uma aluna, também
geocacher.
Ficámos em amena cavaqueira até que, cerca
de quinze minutos após a
hora marcada, decidimos
erguer os GPSr e procurar por mais geocachers.
Surpreendentemente,
não estava mais ninguém
do evento eurocrata. Surpreendentemente, cerca
de uma dúzia de geocachers da região reuniamse ali ao lado, à espera do
owner português.
Pela primeira e única vez
durante a estadia, tive
dificuldades em comunicar em inglês. A maioria
– todos – os geocachers
da Alsácia, falavam unicamente o francês. E o Dragon Riders e a aluna foram embora logo depois
do encontro, muito antes
de terminado o evento.
Restava-me a mim, como
Owner, segurar o barco
com um francês abaixo do
básico, e sem nenhum interlocutor.
bertação. Nunca dará tréguas, dizem.
(GC1CBWR), numa ponte
Após escassos minutos
de diálogo, quase impossível, fizemo-nos a um
Voltando ao almoço, foi
algo constrangedor, tentar participar numa conversa em francês acerca
de geocaching e das atividades quotidianas dos
geocachers alsacianos,
conversa essa em que
apenas uma geocacher,
pontualmente, me tentava integrar. Aí, confesso,
senti-me perdido.
gansos provocavam os
enigma (GC1J7GT) que
havia naquela mesma
praça. Assim, com ajuda
do Owner, é fácil. O primeiro mystery encontrado em França… Com batota.
Ainda vinguei um DNF
na praça Homme de Fêr
(GCRD0Q), onde, na véspera, procurara nos sítios
errados, e pude finalmente encontrar a cache da
catedral (GC10562), mais
uma das famosas porcas,
antes de almoçar, adivinhem, uma tarte flambée.
Pelo caminho, um dos
convivas
explicou-me
que aquele vento, que se
sente apenas na fachada
principal da Catedral, não
é mais que o vento que
levou o diabo a visitar a
sua imagem, representada nas paredes da Catedral, num quadro em que
ele seduz um grupo de
virgens, com serpentes
a saírem-lhe das costas,
sem nenhuma dar por
isso. Ao ver-se retratado
no edifício, decidiu entrar
e ver se, no interior, havia mais algum culto em
sua honra, tendo aí ficado
aprisionado. Desde essa
data, o vento que o transportou remoinha pela
praça, à espera da sua li-
Entretanto, após mais
uma cache de despedida
(GCZBDB), consegui uma
dica acerca da tal geocache que se encontrava
frente à entrada Agora,
em plena YO! Village. Apanhei o elétrico, saí, apertei
o atacador e loguei a cache (GC16QK7), entre milhares de pessoas. Assim,
sim!
Olhei para o relógio e, sob
a ameaça de uma chuva
miudinha, ainda tinha cerca de uma hora.
Apanhei novamente o elétrico, saí na Praça da República, e dirigi-me a mais
uma catedral. A terceira
que visitava na cidade.
Esta, protestante, alemã,
fora da ilha mas, ainda
assim, com uma rosácea
imponente. Em obras,
sem turistas (como é possível?), a cache (GC19G1C)
apareceu com facilidade.
E o tempo, que naquela
pequena cidade estica,
ainda dava para mais uma
ali à frente. Por baixo, os
canoístas. Sim, muitos
Junho 2014 - EDIÇÃO 9
GEO
MAG.
canoístas e muitos gansos convivem naqueles
canais, com uma dose de
cumplicidade improvável.
Até ao último momento,
esta cidade mágica surpreendeu-me.
Dirigi-me à sinagoga, gigante, reflexo de mais
uma comunidade expressiva, a judaica, onde parava o elétrico, e regressei
ao hotel, onde apanhei o
autocarro para Frankfurt.
Ali, tive o azar de embarcar na porta A2 e não na
A25, residência de uma
famosa virtual. Nem tudo
são rosas.
Hoje, escrevo estas linhas
à distância de mais de um
mês, e continuo a dizer:
Estrasburgo é, sem dúvida, uma das mais surpreendentes cidades da
Europa. Se encontrei tão
poucas caches na cidade
e fiquei tão fascinado, o
que me esperaria se encontrasse cada uma das
caches que povoam os
recantos da urbe? Daquela Veneza ou Amesterdão
à escala?
Estrasburgo. Hei de te rever!
João Malheiro
- Pintelho
69
GEO
MAG.
Junho 2014 - EDIÇÃO 9
Geocaching em Livros
Este artigo pretende fazer
uma apresentação com alguns considerandos meus
dos livros que julgo serem
os únicos até agora que,
em português, são sobre
ou se referem ao geocaching.
Apesar de dois indicarem
nos respectivos sites que
estariam disponíveis na
FNAC, quando os procurei
já não estavam em stock
pelo que tive de fazer a
encomenda ou às editoras
ou no caso do “Artigo 41” à
Livraria Bertrand de Ponta Delgada. Chegaram-me
rapidamente, mas claro
que ao preço de capa (sem
desconto FNAC) teve de se
somar portes.
Como refiro mais adiante,
os dois livros de ficção embora falando sobre Geo70
caching, não o têm como
fio narrativo principal; são
contudo livros de fácil e
agradável leitura. Comprando-os estão a ajudar
jovens escritores portugueses (um do Continente e
outro de S. Miguel). Quanto
ao ensaio é o único que foi
escrito por um verdadeiro
geocacher com experiência
e é um óptimo guia sobre
este nosso hobby.
•• “Capítulo 41” de Almeida Maia
sua carreira leccionado em
todos os ciclos de ensino.
É autor da Coleção Segredos - manuais escolares
para o 1º ciclo, publicado
pela Lisboa/Raiz Editora,
estando atualmente adotados em escolas de todo
o país.
É autor do livro “Recursos
para aulas de substituição”,
publicado pela Texto Edito-
Segue-se assim a apresentação dos livros, pela ordem em que os li.
Autor
Nuno Matos Valente (faz
2012 o seu primeiro livro
•• “A Ordem do Poço do
geocaching com a team
juvenil de aventuras, inti-
Inferno” de Nuno Matos
Valente
•• “Geocaching – uma fer-
ramenta de sensibilização ambiental” de Nuno
Fonseca
Cabrestos)
res.
Publicou em Dezembro de
tulado “A Ordem do Poço
do Inferno” através da nova
Nascido em 1977, é pro-
editora “Edições Escafan-
fessor desde o ano de
dro”.
2002, tendo ao longo da
ta em Portugal.
O aparecimento de um estranho artefacto, escondido durante séculos no
Mosteiro de Alcobaça, conduz a uma aventura onde
tudo é posto em causa, em
que um antigo poço de pe-
nossa região e passamos a
maior parte das nossas ho-
Explicado desta forma, não
parece nada de especial,
mas acreditem que é muito
divertido e viciante! Como
tesouro”, mas muito mais
experimentar” pág. 18 (boa
interessante,
explicação, descontando as
porque
em tudo na vida, não é pos-
se
De D. Afonso Henriques
passa no mundo real.
ao Grande Terramoto de
O objectivo é descobrir pe-
ternativo onde os factos e
acontecimentos
formam
as peças de um puzzle que
é desconstruído e rearranjado pelo autor, recorrendo
ao humor e apelando aos
instintos aventureiros dos
no” (dezembro de 2012), de
jovens leitores.
Nuno Matos Valente, ilus-
A Ordem do Poço do Infer-
trado por Joana Raimundo
no é o primeiro de três li-
e publicado pelas Edições
vros que formam a coleção.
Escafandro.
Segue-se “O Tesouro do
Numa tarde de geocaching,
Califa” (junho de 2014) e “A
Floresta de Metal” (dezem-
Ulisses deparam-se com
bro de 2015).
uma estranha sequência de
Referências ao geocaching
aquele, que provocava tre-
equipas de geocaching da
que proporciona antes de
construir um universo al-
era
tesouro”.
Hidras uma das melhores
parecido com a “caça ao
história de Portugal para
fenómeno
de caches, numa “caça ao
ser mais exacto, Somos os
sível perceber a sensações
do Inferno” baseia-se na
estranho
uma equipa – um clã para
O geocaching é um jogo
Lisboa, “A Ordem do Poço
eventos inexplicáveis. Que
esconderijo e ir à procura
a realidade nem sempre é o
contada.
a Xana, o Leo, o João e o
muito unido, mas mesmo
ras livres a praticar.
de Portugal está muito mal
“A Ordem do Poço do Infer-
seguir as coordenadas do
tróleo vem demonstrar que
que parece e que a história
Sinopse
pa. Não somos só um grupo
“Naquela altura o nosso
grupo estava a participar
competições e as caches
nos muros…)
quenos “tesouros” escon-
“O Ulisses carregou na te-
didos, chamados caches,
cla Enter e apareceu no
que podem estar escon-
ecrã um mapa e uma lista
didos em qualquer lugar,
com os nomes das caches
como no buraco de uma ár-
do campeonato.
vore, por trás de uma pedra
de uma muro, numa fenda,
num sinal de trânsito ou
noutro sítio qualquer.
Para descobrir uma cache
escondida, é preciso usar
um aparelho de GPS que
nos indique a sua localização.
A maior parte estava riscada, o que queria dizer que
já as tínhamos encontrado.
Só nos faltavam encontrar
quatro….
A decisão de procurar caches durante aquela tarde
virou do avesso a minha
vida e dos meus amigos.
Quando se consegue en-
Transformou uns dias nor-
contrar a cache, que habi-
mais em dias inesquecíveis
tualmente é uma caixinha
e umas semanas de vidas
com objectos lá dentro,
na experiência de uma vida.
abre-se e escreve-se lá o
nosso nome, no livro de registos, Depois só temos de
a esconder no mesmo sí-
Decidimos que em primeiro lugar, iríamos procurar
uma que se chamava “O
Arco”. Só depois podería-
numa competição de geo-
tio, sempre sem deixar que
caching e, a um mês do
ninguém perceba onde es-
final da prova, estávamos
tão escondidos estes “te-
empatados no primeiro lu-
souros”. Por fim só temos
gar com uma equipa rival –
de registar a descoberta na
de imaginar que iriam par-
Os Mosquitos.
internet, num site próprio.
ticipar na descoberta mais
Eu, o Ulisses, o João e a
Qualquer pessoa que esteja
(isto é possível? Uma bónus
importante alguma vez fei-
Xana formamos uma equi-
equipada com um GPS pode
de uma só cache…)
mores de terra seguidos de
uma chuva pestilenta?
Naquele dia, quando saíram de casa, estavam longe
Junho 2014 - EDIÇÃO 9
GEO
MAG.
mos procurar a segunda, o
“Monge Morto”, porque era
n’”O Arco” que estavam escritas as coordenadas para
encontrarmos a cache do
“Monge Morto”” pág
25
71
GEO
MAG.
Junho 2014 - EDIÇÃO 9
E segue-se por mais algu-
Não me parece que o 2º vo-
edição: “Geocaching – Uma
dos Açores (só o mega é de
mas páginas uma cacha-
lume da trilogia que ainda
Ferramenta de Sensibiliza-
Lisboa porque ainda não se
da que acaba no cemitério
não li, mas cuja sinopse se
ção Ambiental”.
tinha realizado o de são Jor-
dos Monges por trás do
pode ler aqui, aprofunde o
convento de Alcobaça…De-
tema geocaching…
pois jorra petróleo! (http://
www.jn.pt/paginainicial/
pais/concelho.aspx?Distrito=Leiria&Concelho=Alcoba%E7a&Option=Interior&content_id=2362134) e o
geocaching acaba.
A
sinopse
começa
por
Um livrinho que devia fazer
A relação é mesmo Geoca-
da obra é o da introdução
parte do kit de iniciação de
ching <=> Caça ao Tesouro
ao Geocaching, atividade de
todos os geocachers
e que acaba por ser o en-
ar livre no qual se utiliza um
redo da trilogia. E sempre é
receptor de navegação por
mais emocionante encontrar o “Tesouro do Califa” do
se encontra na maioria das
caches…
“Numa tarde de geocaching
Claro que algumas aventu-
…“, mas depois e embora
ras de geocaching são qua-
se façam alguma referên-
se tão emocionantes como
cias ao mesmo e os jovens
heróis sejam geocachers, o
geocaching só está presente no início do livro. Claro
isso, especialmente se considerarmos como tesouros
os sítios que conhecemos
na sequência de se fazer
que como bons geocachers
uma caixinha…
se metem em aventuras e
A propósito. “Poço do In-
entram onde não o deveriam fazer, mas isso também já os “Cinco” da minha
geração e os protagonistas
ferno”, “Tesouro do Califa” e
“Floresta de Metal” são belos nomes para caches.
satélite (Sistema de Posicionamento Global – GPS)
para encontrar tesouros (ou
“geocaches”) colocados em
qualquer local do mundo.
Os destinatários da obra
agora editada são todos
aqueles que começam agora a descobrir e a mostrar
algum interesse por esta
atividade.
Autor
Para além de abordar as
Nascido a 29 de junho de
regras e as boas práticas
que podem contribuir para
que o Geocaching seja uma
atividade sustentável, a publicação apresenta um cariz
didáctico que desenvolve
da colecção “Uma Aventu-
a sua mais-valia enquanto
ra…” sem ser geocachers o
ferramenta de sensibiliza-
fazem. São características
1979, na cidade açoriana
de Ponta Delgada, Pedro
Filipe Almeida Maia é autor
dos romances de ficção policial Bom Tempo no Canal
– A Conspiração da Energia, laureado com o Prémio
Literário Letras em Movi-
ção ambiental.
mento 2010, e Capítulo 41
os geocachers prolongam
Minha opinião sobre o livro
até à idade adulta.
tida, que inspirou o espetá-
Ao contrário dos outros
culo de dança Atlântida.
O target do livro são os
dois este livro não é roman-
pré-adolescentes,
embo-
ce, mas sim um ensaio e é
Participa como co-autor na
ra o tenha lido com prazer.
definitivamente sobre Geo-
Como no “Capítulo 41” são
caching. Começando pelo
misturados factos históri-
nome a acabando no con-
cos com mitos e sociedades
teúdo.
inerentes aos jovens e que
secretas, neste caso e sem
querer desvendar muito da
história, ligados aos Templários.
Em resumo não é um livro
em que o enredo esteja
72
ge).
Nuno Fonseca, o objectivo
que o lixo que actualmente
Minha opinião sobre o livro
De autoria do associado
Autor
Nuno Fonseca, geocacher
(nick netuseraz) e organizador da Cerimónia de Entrega dos Prémios GPS 2013.
Sinopse
Faz uma boa introdução
sobre os conceitos básicos do geocaching, explana
as razões porque pode ser
uma “ferramenta de sensibilização ambiental”, passa
centrado no geocaching,
Os Amigos dos Açores –
por todos os assuntos rele-
mas em que o autor conhe-
Associação Ecológica di-
vantes associados e exem-
ce bem o jogo.
vulgam a sua mais recente
plifica isso tudo com caches
– A Redescoberta da Atlân-
série de livros infantis Vamos Sentir com o Necas e
assina as crónicas Pavilhão
Auricular do semanário Terra Nostra e Cronicista do
Jornal Fazendo. No género
novela, escreveu o drama
Nove Estações, selecionado para a Mostra LabJovem
2014, e foi distinguido com
o Prémio Discover Azores
2014 com a poesia Vinhas
e Epigeus.
Sinopse
O professor universitário
arqueológicas recentes que
A palavra ficara na aurícu-
rou e abriu-o com os dedos
Paolo Benevoli, que lidera
reacendem a polémica da
la. “Uma espécie de caça ao
trémulos. Nada de especial:
uma secreta investigação
passagem de outros nave-
tesouro moderna”, dissera
um aglomerado de peque-
da localização da Atlântida,
gadores pelos Açores antes
Eusébio. Para jogar, bas-
nas folhas de papel, uma
é assassinado, tal como o
dos portugueses e temas
tava um aparelho de GPS
esferográfica em forma de
seu assistente, logo após
controversos que lançam o
e vontade de se aventurar.
canivete e um porta-cha-
ser encontrada uma lápide
debate à ribalta.
Era fornecida uma refe-
ves. Limpou a transpiração
rência, ou o GC CODE, que
e saiu para a claridade.
com uma mensagem extremista no átrio do Palácio
de Sant’Ana. A seita Free
the Landscape of Atlantis
ameaça pôr a descoberto
Referências ao geocaching
“-Ah, meu! Esqueci-me de
perguntar uma cena, pá –
bateu com a palma da mão
achados arqueológicos cho-
na testa.
cantes que podem obrigar a
-Di-diga – Eusébio recom-
reescrever toda a História.
Capa da autoria de D.er Miguel Maia, com a participação de Catarina Pires.
Será que outros povos já
conheciam os Açores antes
da chegada dos navegadores portugueses? Poderão
ter deixado provas da sua
passagem? As nove ilhas
de bruma podem ser o que
resta da Atlântida perdida?
Que segredos esconderá o
fundo oceânico do Atlântico?
O alarme dispara! Movimentam-se
políticas,
autoridades
civis,
policiais
e militares; accionam-se
meios terrestres, marítimos
pôs o sorriso.
-A malta vende travel bugs
aqui?
seria consultado na internet, e eram devolvidas as
respectivas
coordenadas.
Com a massificação das
- E então? – questionou
Fernando.
- Aqui não há nada de es-
tecnologias móveis, mui-
pecial.
tos acabavam por recorrer
-Tás enganado! Anda comi-
a aplicações móveis, pois
indicavam quais os esconderijos mais próximos.
Depois de chegar ao local,
go q’eu já te mostro. Não
vieste aqui em vão – o corvino apressou-se a descer
um patamar. Num gesto
- Ah, fa-fazes geocaching
o que, por si só, podia ser
– os seus olhos brilharam.
uma façanha, era suposto
– Mas isso é fantástico!
encontrar um recipiente,
Sim, te-tenho travel bugs,
normalmente
caches ca-camuflados ou
O lojista tinha deixado bem
ma-magnéticos, geocoins,
claro que os receptáculos
tralveltags…
podiam ser de qualquer tipo
-Tá-se, meu! Era só para
ou tamanho, desde uma
- Mas, isso é…uma pedra! –
caixa de anéis até um barril.
observou John.
saber se tinham.” pág. 74
(Diálogo entre um surfista
que não sabe falar e o Eusébio (gago como dá para
perceber) um dos protagonistas da história e que no
fim do livro vai fazer uma
volta ao mundo…Sem ser
camuflado.
Normalmente resistentes à
água, lá dentro era habitual
encontrar um livro de registos, um lápis ou mesmo
objectos para troca.” Pág.
251 (o que é o geocaching
explicado a um muggle)
ágil, ajoelhou-se sobre um
monte de pedras. Remexeu-as, como se uma delas
fosse o que procurasse.
- Cá está! – levantou-se e
sacudiu as calças.
- Parece uma pedra, mas,,,
- num gesto denunciado,
abriu-a como se fosse uma
caixinha de jóias – Já viram?
- Bem! – exclamou Manuel,
- Saíste-me cá um artista…
parece mesmo uma rocha,
para se perceber que o Eu-
“-Estamos no sítio certo,
sébio é entendido em geo-
senhor Fernando – anun-
caching a passagem não
ciou John. – As coordenadas
adianta nada…)
são exactamente estas.
“Há aqui sequências de le-
- Então é este, aqui – Apon-
tras e números, Muitas!
tou.
mundo sustém a respiração
- Mostra lá isso – pediu
- Vou sozinho, pai. Ficas
com containers disfarçados
para assistir a um tumulto
Fausto. – Ora bem, só sei
aqui fora.
de pedras e tudo ☺).
nunca antes visto nas paca-
concluir que começam to-
tas ilhas.
dos pelas letras GC. Se isso
John introduziu-se ansio-
E grosso modo parece-me
samente e apalpou as pa-
que referi todas as passa-
redes. Um pingo de suor
gens que dizem respeito a
frio escorreu-lhe pela testa
geocaching. A tal lista de
quando desvendou um Tu-
GC Code lá de cima implicou
pperware dissimulado na
viagens a S. Miguel (onde se
vegetação musgosa. Suspi-
passa o grosso da acção),
e aéreos; Judiciária, GNR e
Interpol unem forças; snipers assumem posições,
tropas apertam o cerco; jornalistas ligam as câmaras,
testam os microfones… e o
Nesta história surpreendente do autor galardoado
de “Bom Tempo no Canal
– A Conspiração da Energia”, desfilam descobertas
já estava complicado, agora
é que o caldo entornou!”
pág. 222 (Complicado, menos para um geocacher!)
“Geocaching.
Junho 2014 - EDIÇÃO 9
GEO
MAG.
está muito bem disfarçado.
. Debaixo do nariz de toda
a gente – o corvino retirou
a moeda com cuidado. - …”
pág. 265 (isto do geocaching é mesmo fantástico,
73
GEO
MAG.
Junho 2014 - EDIÇÃO 9
à Terceira e ao Corvo (com
liciais misturando factos
mente não é um livro em
passagem pelas Flores).
históricos com outros não
que o enredo principal gire
Minha opinião sobre o livro
comprovados mas que fa-
à volta do geocaching. O
zem parte de mitos anti-
geocaching aqui é praticado
gos. Neste caso o mito da
por muggles e com objeti-
Embora a deslocação às caches sejam parte integrante
da intriga do livro, só muito
marginalmente o geoca-
Atlântida. Capítulos curtos,
intercalando várias partes
ching faz parte da trama do
da acção que culminam com
livro.
a explicação do mistério em
É um livro da mesma onda
dos de Dan Brown e José
Rodrigues dos Santos, po-
poucas páginas no fim do
livro.
Lê-se bem, mas definitiva-
vos que nada têm a ver com
geocaching. No desenrolar
dokus e cifras de César.
O livro refere bastantes
locais das ilhas dos Açores onde decorre o enredo,
reconhecíveis por quem já
lá esteve. Por exemplo um
do livro é também preciso
dos locais é o Monte Brasil
resolver enigmas que são
na Terceira.
de fácil identificação pelos
geocachers mas que só o
esperto Eusébio consegue
Joaquim Safara
- Jasafara
resolver como sejam su-
Caches referidas no livro Geocaching – uma ferramenta de sensibilização ambiental
waypoint
cacheName
Tipo
Distrito
Data Publish
GC8EF9
Translant Chess Cache
Traditional
Arquipélago Dos Açores
2001-05-15
GC1YFNT
The Horseman of Corvo
Traditional
Arquipélago Dos Açores
2009-09-10
GC2P52E
The Enchanted Forest - Terceira Açores
Multi
Arquipélago Dos Açores
2011-03-17
GC2TV19
A Batalha da Praia da Vitória
Traditional
Arquipélago Dos Açores
2011-04-25
GC32QY1
GEOCOINFEST Europe - Lisbon | Portugal
Event
Lisboa
2011-08-28
GC33PQK
Gruta do Carvão [São Miguel - Açores]
Earthcache
Arquipélago Dos Açores
2011-09-08
GC34WGW
Código 11.11.11 - Code 11.11.11
Event
Arquipélago Dos Açores
2011-09-27
GC34HF0
Baía de Angra do Heroísmo (Terceira)
Mystery
Arquipélago Dos Açores
2011-09-28
GC35DK2
Furnas meat stew [São Miguel - Açores]
Earthcache
Arquipélago Dos Açores
2011-10-12
GC35ND6
Saboteur - The Ultimate Mission [SMiguel - Açores]
Multi
Arquipélago Dos Açores
2011-10-18
GC374EK
Furnas Do Enxofre
Multi
Arquipélago Dos Açores
2011-11-06
GC346E2
The Kings Orders
Letterbox
Arquipélago Dos Açores
2011-12-07
GC3AQKJ
1º Evento CITO da Ilha Terceira
CITO
Arquipélago Dos Açores
2012-01-13
GC34XEV
Family Time / Tempo em Familia [S.Miguel - Açores]
Multi
Arquipélago Dos Açores
2012-01-16
GC377T9
Tomaz com Z [São Miguel - Açores]
Letterbox
Arquipélago Dos Açores
2012-01-16
GC391ZJ
The Tunnel [São Miguel - Açores]
Traditional
Arquipélago Dos Açores
2012-02-05
GC39P5Y
I am Legend
Multi
Arquipélago Dos Açores
2012-02-19
GC3DNJY
Green Meeting!
Event
Arquipélago Dos Açores
2012-03-02
GC3A118
Grupo Folclórico das Doze Ribeiras
Mystery
Arquipélago Dos Açores
2012-04-10
GC3CP4B
Duty Free @ Ponta Delgada [São Miguel - Açores]
Mystery
Arquipélago Dos Açores
2012-04-13
GC3F49P
Monkey Business!!!
Multi
Arquipélago Dos Açores
2012-05-14
GC3927V
T Rex @ Lagoa [São Miguel - Açores]
Letterbox
Arquipélago Dos Açores
2012-05-28
GC3J8NW
O Tesouro de Porto Afonso [Graciosa - Açores]
Traditional
Arquipélago Dos Açores
2012-06-01
GC3969J
LUSO [São Miguel - Azores]
Multi
Arquipélago Dos Açores
2012-07-15
GC38X4J
Faja Lopo Vaz [Flores - Azores]
Earthcache
Arquipélago Dos Açores
2012-11-28
GC51JAC
São Jorge GeoAdventure CITO [São Jorge - Açores]
CITO
Arquipélago Dos Açores
2014-04-12
Nota: Os GCCode dos CITO’s não existiam pelo que os substituí pelo do primeiro e último realizados no
arquipélago dos Açores.
74
GEO
MAG.
75
GEO
MAG.
Junho 2014 - EDIÇÃO 9
Património
CASTELO DE PALMELA
Por RuiJSDuarte
76
Junho 2014 - EDIÇÃO 9
GEO
MAG.
77
GEO
MAG.
Junho 2014 - EDIÇÃO 9
Depois de na GeoMagazine #3 termos visitado o
Castelo de S. Jorge, voltamos nesta edição à temática dos castelos de Portugal e o seu património. A
apenas algumas dezenas
de quilómetros do Castelo de São Jorge, temos no
Castelo de Palmela pano
para mangas no que diz
respeito à História do nosso País, ou não estivesse
“do outro lado do rio”, e
consequentemente bastante mais vulnerável que
o seu vizinho Lisboeta. Vamos perceber um pouco
do espaço reservado com
todo o mérito por Palmela, sua altaneira “fortificação”, nossa independência
e no nosso Geocaching,
claro!
Origens
Os muitos vestígios arqueológicos encontrados
relegam a ocupação humana na zona para os idos
anos de 310 a.C., com a
fundação de um povoado
onde hoje se situa Palmela, e, para a construção de
uma primeira posição fortificada pela mão dos Romanos cerca de 400 anos
depois (106 d.C).
78
Estudos recentes vêm
mostrar que desde essa
altura nunca mais a zona
deixou de ser ocupada,
primeiro pelos Visigodos
e posteriormente pelo
Muçulmanos (responsáveis pela construção do
primeiro verdadeiro forte,
entre os sec. VIII e IX, e
ampliado entre os séc. X
e XII).
O Castelo na História Apenas após a vitória de- (que consistia numa forcisiva na Batalha de Na- mação defensiva por parMedieval
A época da “Reconquista
cristã da península Ibérica” foi conturbada para
Palmela e seu Castelo que
foram andando de mão
em mão, entre Cristãos e
Muçulmanos...
Ora eram conquistados
pelas forças de Dom Afonso Henriques (em 1147)
ora voltavam para mãos
muçulmanas, para serem
novamente reconquistadas (em 1158), e perdidos
de seguida e... adivinharam... nova investida em
1165 (24 de Junho), beneficiando então de obras
de reforço (provavelmente
bastante necessárias).
Com a “passagem de
testemunho” entre Dom
Afonso Henriques e Dom
Sancho I (em 1185) esses
domínios foram ofertados
à Ordem Militar de Santiago (tal como Almada e
Alcácer do Sal) e, lá vieram
novamente os “infiéis”
(pela mão do califa Abu
Yusuf Ya’qub al-Mansur)
abocanhando pedaços do
território nacional, dos Algarves e até Almada (em
1191), danificando bastante as defesas de Palmela pelo caminho.
Reconquistada
algures
entre 1194 e 1205, foram
envidados os necessários
esforços na sua recuperação e confirmada a anterior doação aos monges
de Ordem Militar, que aí
instalaram a sua sede (1).
vas de Tolosa em 1212
(numa coligação “all star”
liderada por Afonso VIII de
Castela e com os exércitos
de Sancho VII de Navarra,
Pedro II de Aragão, Afonso II de Portugal, dos cavaleiros do reino de Leão
e das ordens militares de
Santiago, Calatrava, Templários e Hospitalários)
sobre o Califado Almóada
é que se reconquistaram
as terras entre o Rio Tejo
e Évora.
te de peões armados com
lanças, esperando cargas
de cavalaria inimiga).
A construção da Torre de
Menagem (em estilo gótico), para defesa da porta
principal, terá sido construída por volta de 1323,
aquando da confirmação
da atribuição do Foral à
Vila, já por Dom Dinis.
O Castelo estaria ainda
em destaque em 1484
aquando da conspiração
de Dom Diogo (duque de
Viseu) e de Garcia de Meneses (bispo de Évora)
contra Dom João II, em que
este último, sabendo dos
planos para a sua morte,
atraiu e matou o primeiro a Palmela (dizem que
ele próprio o apunhalou) e
encarcerou o segundo na
cisterna do Castelo (onde
morreria poucos dias depois).
Tratados os assuntos com
os Muçulmanos, era altura de lidar com os Castelhanos, com o seu cerco a
Lisboa (Março de 1382) e
com o incendiar/pilhar dos
arrabaldes da Vila de Palmela pelos mesmos. Foi
do alto das torres deste
Castelo que o Condestável
Dom Nuno Álvares Pereira
acendeu grandes fogueiras de forma a assinalar
perante o Mestre de Avis
o seu regresso de Fronteira (Portalegre), onde tinha
brilhantemente derrotado
os espanhóis na Batalha
dos Atoleiros, com a proporção de praticamente
1 para 3 e utilizando pela
primeira vez em Portugal
a chamada técnica de «pé
terra»» ou «pé em terra»
Durante o reinado de Dom
João I procederam-se a
obras de ampliação e reforço no castelo (1423),
juntamente com a edificação de uma Igreja (2) e do
Convento onde a Ordem
de Santiago (entretanto
emancipada de Castela) se
iria instalar, a título definitivo em 1443.
O Castelo na História
Moderna
Em 1755, altura do grande
terramoto, o Castelo seria
seriamente
danificado.
Não obstante, continuaria
ocupado pelos freires de
Palmela até ser ordenada a extinção das Ordens
Religiosas em Portugal
(no ano de 1834), passando então para as mãos do
Exército português, que
para aí destacou um contingente de militares.
GEO
MAG.
79
GEO
MAG.
80
GEO
MAG.
81
GEO
MAG.
Junho 2014 - EDIÇÃO 9
Em termos de Geocaching, o Castelo encontra-se
georreferenciado desde 2003 (...)
O seu aspecto atual começou a desenhar-se para a
Comemoração dos Centenários (os 300 anos da
Restauração da Independência em 1940 e os 800
anos da Independência de
Portugal em 1943) com
um conjunto de intervenções e derrube de construções, além de alterações nas janelas da Igreja
de Santiago, em 1945.
O convento seria reconvertido em pousada em
1945 e passou a integrar,
na década de 70, a rede
conhecida por Pousadas
de Portugal. O recinto do
Castelo tem sido, desde finais do século XX, alvo de
prospecção arqueológica
e alguns dos seus espaços
foram transformados em
alas museológicas (além
de áreas de serviço e comércio).
O castelo serviu entretanto como cenário para
algumas fitas do pequeno e grande ecrã, como o
filme “La Noche del Terror Ciego” (Tombs Of The
Blind Dead) de Amando
de Ossorio (1971) e a série juvenil “Uma aventura”
(adaptação do livro “Uma
Aventura no Castelo dos
Ventos”) de Isabel Alçada
e Ana Maria Magalhães
(2005).
82
A arquitetura do castelo,
por estar adaptado ao terreno, é-nos apresentada
como um polígono irregular e tem como reforços
das muralhas alguns torreões, quadrados e circulares.
A evolução defensiva apresentada anteriormente é
demonstrada pelas muralhas e seus três níveis:
O Interno, do séc. XII e XIII,
é obviamente a muralha
mais antiga e tem duas
torres cilíndricas além da
torre de Menagem (reforçada e aumentada no séc.
XIV ) e sua famosa cisterna.
O Intermédio, do séc. XV,
com muralhas mais robustas e onde se localizam a
praça de armas, a Igreja de
Santa Maria e o convento
e a Igreja de Santiago de
Palmela.
O Externo, do séc. XVII,
com muralhas modernas
preparadas para resistir
aos tiros de artilharia (incluindo baluartes, revelins
e tenalhas).
O Castelo está classificado como Monumento de
Interesse Nacional desde
1910.
(1) Igreja de Santa Maria
do Castelo
É considerada como sede
Evolução Defensiva e
da primeira paróquia de
Arquitectónica
Palmela e foi construída
no sec. XII. Está presentemente em ruínas (vitima
do terramoto de 1775) e
restam apenas a Sacristia,
onde foi instalado o GEsOS (Gabinete de Estudos
sobre a Ordem de Santiago) e os portais de entrada. Podemos ver alguns
exemplares de azulejos e
lápides funerárias entre
os vestígios arqueológicos
presentes no local.
(2) Igreja de Santiago de
Palmela
Santuário de construção
de tal modo simples que
dificilmente encontra paralelo no sec. XV, o que
a torna parte de um lote
bastante restrito de edifícios que terão sido incubação para o Estilo Manuelino. A sua construção ficou
terminada em 1482 tendo
sido iniciada aquando da
transferência da Ordem
de Santiago para a zona.
É nesta Igreja que está sepultado o último mestre
da referia Ordem, Jorge de
Lancastre (filho ilegítimo
de D.João II e Ana de Mendonça, dama da Rainha
Dona Joana).
Geocaching
Em termos de Geocaching,
o Castelo encontra-se
georreferenciado desde
2003 com uma “grandfathered” Virtual Cache
denominada Palmela (GCG2QA) da autoria de um
casal holandês, Chris &
Martha (Charter Member),
que nos “obriga” a subir ao
alto da Torre de Menagem
e que conta até agora com
mais de 500 visitas e mais
de 750 fotos e com uma
Wherigo Cache chamada
O Cavaleiro da Ordem de
Santiago (GC3K55K), implementada no ano passado e que se encontra
presentemente a concorrer aos Prémios GPS 2013,
contando até ao momento
com 55 favoritos e com
uma percentagem superior a 80% na preferência
de PM e que totalmente a
propósito nos apresenta à
Ordem de Santiago e nos
mostra um pouco das redondezas do castelo.
Duas caches que se complementam
realmente
muito bem e que servem
perfeitamente como cartão-de-visita a esta muito
interessante zona e quem
sabe sirvam de motivação
para uma Tour aos restantes monumentos, ali,
mesmo à mão de semear
e que nos são simpaticamente apresentados por
um roteiro implementado
no terreno pelas autoridades locais.
PS – Vejam o filme, brilhante!
(www.youtube.
com/watch?v=2JJHHMzeL0w)
Rui Duarte
- RuiJSDuarte
GEO
MAG.
83
GEO
MAG.
84
Junho 2014 - EDIÇÃO 9
GEO
MAG.
85
GEO
MAG.
Junho 2014 - EDIÇÃO 9
From Geoc
with
86
É bom ter objectivos na
vida. O que é melhor? Alcançar esses objectivos. O que
é fixe sobre o geocaching?
Quantidades infinitas de
metas que podes atingir!
Com tantas opções, podes
tornar os teus objectivos tão
fáceis ou desafiantes quanto possível. Fácil: Encontrar
três tipos de cache num dia.
Difícil: Encontrar 10 tipos de
cache num dia. Fácil: Encontrar 10 tradicionais num dia.
Difícil: Fazer uma cache de
terreno 5 numa caminhada
de 10 milhas. Fácil: fazer
um novo amigo no próximo
evento de geocaching. Difí-
cil: juntar 200 amigos para
ir fazer bruning a um local
aleatório.
Como estamos a entrar na
época principal de geocaching, estive a pensar nos
meus próprios objectivos
de geocaching. Uma vista de olhos sobre a minha
página de estatística em
Geocaching.com
fez-me
perceber que não estou
muito longe de preencher a
grelha Dificuldade/Terreno
(também conhecido como
o desafio Fizzy, ou “Fizzy
challenge”, em inglês). Claro, ainda tenho algumas das
combinações mais difíceis
por encontrar. Mas uma
coisa que nunca considerei
no passado foi criar pocket
queries que me pudessem
ajudar a encontrar aquelas caches que eu preciso…
Agora, quando sei que vou
sair para cachar, corro uma
rápida Pocket Query para
determinar se é possível
preencher mais um lugar na
grelha. Melhor ainda, ando a
planear saídas com os meus
colegas de trabalho para
ajudar a enfrentar a minha
grelha.
Decidi perguntar aos meus
colegas na Sede do Geocaching quais eram os seus
objectivos pessoais para
este ano. Tal como eu, Jon
Stanley (Moun10Bike) encontra-se a tentar completar o Fizzy challenge. Porém, está mais adiantado
do que eu, necessitando
apenas de uma cache para
completar o desafio. Também tem trabalhado numa
série de “uma cache por dia”
(encontra-se actualmente
nos 856 dias) e em encontrar uma geocache em cada
novo país que visita. Ben and
Jayme (benandjayme) estão
trabalhando no desafio local
de 50000 pés de elevação
(1.524 metros) (GC24K9Z)
Junho 2014 - EDIÇÃO 9
GEO
MAG.
caching HQ
h Love
nas montanhas de Washington. A ideia baseia-se no
conceito de completar caminhadas para geocaches
suficientes para acumular
50.000 pés de ganho de elevação. Que melhor maneira
de combinar o amor pelo ar
livre com geocaching?
Jeremy (Jeremy) diz-me que
gostaria de encontrar 100
mistérios, o que inclui completar a série Peace Sign
(GC241QM) aqui no nosso quintal. Jenn (MissJenn)
gostaria de preencher a sua
grelha de 366 dias de geocaching e tem a grelha impres-
sa na sua secretária para
ajudá-la a lembrar-se dos
dias em falta. Actualmente,
tem 299 dias preenchidos
na sua grelha. Como um
viajante de bicicleta, Reid
(reidsomething) gostaria de
encontrar todas as caches
no seu trajecto de bicicleta
para o trabalho. ScatterMyCaches (também conhecido por Derek) apenas quer
encontrar mais caches este
ano do que encontrou no
ano passado. E em relação
a uma das minhas colegas
mais recentes, Bri (briety)
gostaria de ver durante
quanto tempo conseguirá
manter a sua série continua
(actualmente em 35 dias)
enquanto se foca em sair
para o ar livre. Ela até capaz
de dar cor a um novo estado
no seu mapa de estatísticas
numas próximas férias.
Aqui na Sede, nós gostamos
de ajudar as pessoas com a
obsessão de desafios criando mais para a comunidade. No verão passado nós
fizemos o “31 em 31” para
o mês de Agosto. Encontrar
uma cache por dia durante o
mês inteiro e 31 novos souvenires eram vossos. Estamos a mexer os cordelinhos
este ano para vos desafiar
de forma diferente. Para os
coleccionadores de ícones: o
desafio deste ano será para
vocês!
Se ainda não tens, desafiote a definir as tuas próximas metas de geocaching.
Mesmo que não as atingas
todas, terás definitivamente
algumas aventuras incríveis
no processo.
Annie Love
- G Love (Lackey)
Tradução por Bruno Gomes
(Team Marretas)
87
GEO
MAG.
Resultados do estudo do
impacto do Geocaching nas
várias esferas de vida
Por InvisibleCatchers
De todos os Geocachers que
tive oportunidade de conhecer, pude verificar que
o significado da prática de
Geocaching varia de pessoa
para pessoa, no entanto,
existe um consenso quanto
a considerar que o Geocaching é uma atividade positiva e com benefícios.
Este estudo surge com a
curiosidade de perceber que
efeitos o Geocaching tem,
efetivamente, na vida das
pessoas que o praticam e se
as opiniões são generalizadas.
88
alguns dos resultados obtidos.
A recolha de dados foi realizada através de um questionário
online.
Neste,
encontravam-se duas perguntas abertas:
1. Da sua experiência pessoal, em que aspetos considera que a prática de Geocaching pode ser benéfica?
2. Quais são os principais
objetivos / motivações
quando pratica Geocaching?
É, então, o principal objetivo
deste trabalho perceber se
a prática de Geocaching tem
impacto positivo em diferentes esferas de vida, nomeadamente, no bem-estar
físico, no bem-estar mental,
na vida social e no conhecimento de uma forma geral.
As respostas a estas duas
questões merecem uma
análise minuciosa e cuidada, no entanto, quando
apresentada através de
uma “nuvem de palavras”,
cujo método consiste no
destaque das palavras que
surgem com mais frequência, percebem-se as ideias
essenciais subjacentes a
estas respostas.
Segue-se a descrição do
estudo e apresentação de
As descrições realizadas
na primeira pergunta estão
ilustradas na Imagem 1. Assim, as palavras que mais
se destacam traduzem as
opiniões de que benefícios
do Geocaching se prendem
com a oportunidade de conhecer novos locais, exercício físico, conhecimento, o
contacto com a natureza e
outras pessoas. Na Imagem
2 estão destacadas as palavras que apareceram com
mais frequência na resposta
à segunda questão. Então,
os objetivos e motivações
consistem no conhecimento de novos locais, a descoberta, aventura, natureza
e, claro, encontrar caches.
Este é, provavelmente, um
resultado expectável para
aqueles que conhecem de
perto esta atividade, mas
será este um resultado corroborado pelos restantes
dados?
Descrição da amostra e das
dimensões em análise
Neste estudo participaram
337 geocachers, dos quais
68,3% são do sexo masculino e 31,8% do sexo feminino,
com idades compreendidas
entre os 13 e os 68 anos.
De todos os respondentes,
109 (32,3%) são da zona
Norte do país, 72 (21,4%) do
Centro, 99 (29,4%) de Lisboa e Vale do Tejo, 6 (1,8%)
do Alentejo, 32 (9,5%) do
Algarve, 18 (5,3%) das Ilhas
dos Açores e da Madeira e
1 (0,3) que apresenta residência no estrangeiro.
Quando analisados os hábitos da prática de Geocaching por zona de residência, verifica-se que são as
zonas Norte, Centro, Lisboa
e Vale do Tejo e Algarve que
praticam Geocaching com
mais frequência, nomeadamente, de 1 a 3 vezes por
semana. Destaca-se, no
entanto, que nenhuma zona
se distingue pela reduzida
frequência com que pratica
Geocaching, traduzindo assim que a maioria dos res-
GEO
MAG.
pondentes são geocachers
ativos.
O questionário foi desenvolvido de modo a medir 4 dimensões nas quais o Geocaching pode ter um impacto
positivo. As dimensões são
(1) o impacto no bem-estar
físico, (2) o impacto no bem
-estar mental, (3) o impacto
na vida social e, por fim, (4)
o impacto no conhecimento.
Para avaliação do bem-estar
físico foram realizadas questões como: se com a prática
o geocacher aumentou o
exercício físico, nota melhorias a esse nível e se realiza
a atividade, maioritariamente, a pé. No bem-estar mental as questões englobavam
o aumento da sensação de
relaxamento e de emoções
agradáveis aquando a prática do Geocaching, a atenção
focada especialmente na
atividade ao invés dos problemas do quotidiano e a diversão que a prática proporciona. No impacto na vida
social foram destacadas
questões acerca do Geocaching como determinante
no aumento de amizades
e momentos de convívio,
frequência com que se está
com a família/amigos, participação em fóruns ou grupos
de Geocaching e auto perceção da melhoria da vida social desde o início da prática
do Geocaching. Por fim, o
impacto do Geocaching no
conhecimento foi avaliado
tendo por base questões
acerca do aumento de conhecimentos em História e
Geografia, capacidade de raciocínio, orientação espacial,
criatividade e utilização das
novas tecnologias. Todas as
questões tinham uma escala de 6 pontos: 1 - Discordo
Totalmente a 6 – Concordo
Totalmente.
Principais resultados
A média das respostas nas
4 dimensões situa-se acima
do valor 4, traduzindo-se
em concordância quanto ao
impacto positivo que o Geocaching tem no bem-estar
físico, bem-estar mental,
conhecimento e vida social.
No Gráfico 1 estão expostas as médias das respostas para as 4 dimensões e,
por fim, a média do fator
que avalia o impacto geral
do Geocaching (tendo por
base a junção das anteriores dimensões) segundo a
frequência com que os participantes praticam Geocaching.
Tal como esperado, quanto
mais frequente a prática de
Geocaching, mais elevados
são os benefícios percebidos
e o impacto que esta atividade tem nas várias esferas
de vida¹. Segundo podemos
identificar no gráfico, este
comportamento verifica-se
em todas as dimensões em
análise, exceto na dimensão
do impacto no bem-estar
mental. Nesta, as respostas encontram-se muito
próximas umas das outras,
traduzindo-se na unanimidade quanto ao impacto positivo, independentemente
da frequência com que se
realiza Geocaching. Verifica-se também um impacto
positivo destacado nos benefícios que o Geocaching
traz para o conhecimento.
As opiniões divergem, principalmente, na dimensão
que avalia o impacto na vida
social, sendo os que menos
praticam Geocaching que
consideram que este tem
menos impacto na sua vida
social. Os benefícios são
mais percebidos à medida
que a frequência da prática
de Geocaching aumenta. A
dimensão com valores mais
baixos, mas ainda assim na
metade positiva da escala, é
o impacto que o Geocaching
tem no bem-estar físico.
Sendo o impacto que o Geocaching tem na vida social o
mais controverso procurouse identificar um indicador
a partir do qual se verificam
89
GEO
MAG.
Junho 2014 - EDIÇÃO 9
benefícios
significativos.
Assim sendo, e com base
no número de caches encontradas, verifica-se que
são, geralmente, os geocachers com mais de 1000
caches encontradas que
identificam um impacto
mais positivo e significativo do Geocaching na vida
social².
Quando analisados esses
resultados segundo a idade, verifica-se que independentemente da frequência
com que praticam Geocaching, são os respondentes
com menos de 20 anos e
com mais de 41 anos que
avaliam mais positivamente o impacto do Geocaching
nas diferentes dimensões.
Os indivíduos entre os 21
e 30 anos apresentam resultados mais baixos comparando com os restantes,
diferenciando-se
significativamente daqueles com
mais 41 anos. Apesar disso,
importa destacar que todos
se situam acima do ponto 4
na escala de concordância
utilizada (escala de 1 a 6),
mostrando que apesar das
diferenças
identificadas,
todos os grupos concordam
com a existência de benefícios do Geocaching nas várias esferas avaliadas.
90
Percebeu-se que a auto
perceção dos respondentes
do sexo masculino e do sexo
feminino são semelhantes. Salientar, ainda, que
os resultados revelam que
o sexo masculino identifica mais benefícios quanto
ao impacto do Geocaching
em todas as 4 dimensões
quando comparado com o
sexo feminino, no entanto,
essas diferenças não são
significativas. São também
os respondentes casados
que identificam mais benefícios no Geocaching,
sendo essas diferenças
significativas quando comparados com os respondentes solteiros e em união
de facto³. Quando analisadas as respostas segundo
a zona de residência, não
se encontraram diferenças significativas, pelo que
se entende uniformidade
dos geocachers quanto aos
benefícios do Geocaching⁴.
Também entre os membros e membros premium
se identificaram diferenças quanto à perceção dos
benefícios, sendo que são
os segundos que consideram que o Geocaching
tem mais benefícios para
o conhecimento, vida social e bem estar físico⁵. Este
aspeto pode ser refletido à
luz da frequência que praticam Geocaching, de facto,
78,3% dos membros premium praticam Geocaching
mais do que uma vez por
semana, enquanto que dos
membros que constituem
esta amostra, 53,5% fazem
Geocaching com a mesma
frequência (mais de uma
vez por semana).
Curioso foi perceber o
impacto do Geocaching
quando divididos os respondentes pela existência/
inexistência de caches escondidas (como owners).
Identificou-se que os geocachers que não apenas
procuram caches mas também as escondem, percecionam mais benefícios e
um impacto mais positivo
do Geocaching no bem-estar físico, vida social e conhecimento sendo estas
diferenças significativas⁶.
No bem-estar mental as diferenças não são significativas, no entanto, uma vez
mais destaca-se o grupo de
geocachers que já esconderam caches com média
mais elevada do que aqueles que não são owners de
nenhuma cache.
As 4 dimensões em análise
explicam 37,2% da variância
da satisfação global com
as várias esferas de vida⁷.
De todas as dimensões, é
o impacto no conhecimento que revela maior correlação com a satisfação
global, sendo esta também
a que tem maior efeito na
satisfação (4,8%). Segue
o impacto no bem estarmental com mais efeito na
satisfação global (2,9%) e o
impacto no bem-estar físico (1,7%). A dimensão com
menos efeito na satisfação
global é, então, o impacto
que o Geocaching tem na
vida social (0,4%) (resultados da regressão linear na
tabela 3).
Conclusão
Segundo os dados obtidos,
importa destacar que existe concordância quanto ao
impacto positivo advindo
da prática do Geocaching.
Apesar de poderem ser notadas algumas diferenças,
que foram individualmente
identificadas anteriormente, importa concluir que
os benefícios percebidos
são transversais segundo
o sexo, idade, estado civil,
local de residência e antiguidade na prática do Geocaching.
Destaca-se que, quanto
mais frequente a prática de
Geocaching, maior é o impacto deste no bem estarmental, conhecimento, vida
social e bem estar-físico.
Assim sendo, pode considerar-se esta uma atividade benéfica para a melhoria
das várias esferas de vida,
especialmente no que respeita o bem-estar mental e
aumento do conhecimento,
tendo estas também um
efeito significativo na satisfação global destas esferas.
As vantagens aumentam
substancialmente quando
se acrescenta às buscas
do tesouro, a experiência
de esconder caches. É este
igualmente um resultado
a reforçar, uma vez que o
Geocaching parece trazer
mais vantagens àqueles
que procuram e escondem
caches.
Com isto, confirma-se o
testemunho de muitos
geocachers quanto às suas
experiências
subjetivas,
destacando o Geocaching
como uma oportunidade de
conhecer novas localidades,
de experienciar momentos
de aventura, diversão, relaxamento, aumentar conhecimentos sobre História
e Geografia entre outros,
mas também de convívio.
O Geocaching parece, assim, ser uma excelente opção de ocupar os tempos
livres e, em simultâneo,
contribuir para o desenvolvimento de bem-estar interno e externo.
Agradecimentos
Aproveito para deixar um
agradecimento especial a
todos os que participaram
neste estudo, de norte a sul
do país, ilhas e estrangeiro.
A participação de cada um
foi preciosa para concretizar os objetivos propostos.
A disponibilidade imediata
e adesão que tive, foi surpreendente, e comprovou,
uma vez mais, que o Geocaching dá muito a quem
está pronto a receber, mas
a comunidade geocachiana
também tem muito para
oferecer. Um grande OBRIGADA a todos e boas cachadas!
Adriana Paiva⁸
- InvisibleCatchers
GEO
MAG.
Imagem 1 - Da sua experiência pessoal, em que aspetos
considera que a prática de Geocaching pode ser benéfica?
Imagem 2 - Quais são os principais objetivos / motivações
quando pratica Geocaching?
¹F(4,332)=7,707, p=0,001
²F(5,331)=10,075, p=0,000
³F(3,332)=4,368, p=0,005
⁴F(4,331)=0,625, p=0,645
⁵Impacto no bem-estar físico: t(335)=-3,202, p=0,001; Impacto no bem estar-mental: t(335)=-0,752, p=0,453; Impacto na vida social: t(335)=-6,030,
p=0,000; Impacto no conhecimento: t(335)=-2,113, p=0,035
⁶Impacto no bem-estar físico: t(335)=-2,459, p=0,014; Impacto no bem-estar mental: t(335)=-1,751, p=0,081; Impacto na vida social: t(335)=-7,154,
p=0,000; Impacto no conhecimento: t(335)=-3,265, p=0,001
⁷F(4,332)=50,764, p=0,000
⁸Psicóloga, contacto: [email protected]
91
GEO
MAG.
Geocaching em
Famalicão
Por Fama Team
Vila Nova de Famalicão entra para o Geocaching em
outubro de 2006, com a
publicação da multi-cache
Lenda da Imagem da Nossa Senhora do Carmo [GCQYPP] e, só no ano seguinte, é que surge a segunda
geocache. No final de 2010
V. N. Famalicão já contabilizava 65 caches ativas e
atualmente já ultrapassamos a barreira das 200.
92
Após uma fase mais estacionária do Geocaching
neste concelho, um grupo
de geocachers famalicenses juntou-se, formando a
FamaTeam, de forma a dar
novamente vida a esta atividade no seu concelho. Foi
então que surgiu o primeiro projeto para dinamizar o
Geocaching: o FamalicãoChallenge, que contou com
a publicação de 49 caches
tradicionais mais uma cache
bónus [GC4WQW2].
O FamalicãoChallenge, desde o seu início, andou a par
do passado e do presente
do concelho. É exemplo disso a cache FamalicãoChallenge - Primeiros Povoados
em Gavião [GC4WFTX], que
dá a conhecer um antigo po-
voamento Suevo, após a invasão da Peninsula Ibérica,
no início do séc. V.
Bernardino
Machado
[GC4TM6B], eleito Presidente da República por duas
vezes, e Alberto Sampaio
[GC4TMZ0], escritor e historiador, são personalidades com origens em V. N. de
Famalicão e que marcaram
a história de Portugal. Outras grandes personalidades homenageadas por este
projeto passam pelo famalicense Cardeal Cerejeira,
que foi o 14º Patriarca de
Lisboa, e Monsenhor Abílio
Pereira [GC4TZGR] que se
formou em Teologia pela
Universidade de Coimbra e
que, durande três décadas
foi Reitor do Santuário do
Sameiro.
O FamalicãoChallenge também dá a conhecer infraestruturas que serviram para
que o concelho se tornasse
um dos mais induatrializados do país, como é o caso
da cache FamalicãoChallenge - Rede Ferroviária [GC4VBCQ]. Desde sempre que
o nome “Famalicão” esteve
relacionado com os têxteis
e tal associação não podia
GEO
MAG.
passar despercebida, sendo
assim mencionados, a história de umas das maiores
empresas têxteis do país
e também um dos principais responsáveis pela industrialização do concelho,
Narciso Ferreira [GC4TNJ2],
que chegou a ser proprietário do maior património industrial do país.
Como os têxteis estarão
sempre relacionados com
Famalicão, e vice-versa, seria então importante dar a
conhecer à comunidade de
geocachers os métodos e a
maquinaria anteriormente
utilizados, levando-os ao
Museu da Indústria Têxtil,
nome adotado para a cache
GC4WQTM que se encontra
nas suas imediações. Apesar da época repleta
de adversidades que a indústria têxtil tem vivido, o
concelho evolui e tal facto
também é referido na cache
FamalicãoChallenge - Um
Concelho Industrial [GC4TZH1].
De forma a tornar o FamalicãoChallenge um projeto
de referência e que desse a
conhecer o melhor que Famalicão tem para oferecer,
revelou-se fundamental incluir algumas das festividades e romarias existente. A
cache FamalicãoChallenge
- Festas Antoninas [GC4TM5D] retrata a maior festividade do concelho, que
acontece em junho. Outra
festividade muito relacionada com o norte do país é o
Festival da Doçaria Conventual [GC4TMZ6], festividade igualmente relembrada
neste projeto.
V. N. de Famalicão detém
um vasto património arquitetónico, inclusive edifícios
da arquitetura Românica no
concelho, tais como a Igreja de Santiago de Antas e
a Igreja de Santa Maria de
Arenoso. Outro dos edifícios
arquitetónicos com bastante importância para o desenvolvimento do concelho
na época medieval e retratado no FamalicãoChallenge
é o Mosteiro de Santa Maria de Oliveira [GC4TNJB]. O
Mosteiro de Landim, cujas
origens remontam ao decorrer do Séc. XII, que convidamos a visitar com outra
geocache ali colocada [GC4ZZDR], é hoje um exemplar
dos mais ricos e emblemáti-
93
GEO
MAG.
94
cos do estilo Românico en-
das várias espécies ani-
#18
colinas
sendo a organização dos
tre Douro e Minho.
mais que por ali habitam,
circulares em terra, que ti-
mesmos distribuídos pe-
por exemplo a salamandra,
nham o objetivo de prote-
los diferentes elementos
esquilos,
ger o dólmen, cobrindo-o
desta equipa. Os eventos
Foi a partir do Séc. XVI que
Famalicão se começou a
expandir, criando um vasto
conjunto de solares, sobretudo, no Vale do Rio Este
e, atualmente, alguns dos
raposa,
coelho
bravo e outros (geralmen-
[GC512DV],
completamente.
te podem ser encontrados
nos arredores da cache Trilho das Eiras #05 – Mata de
Posto isto, são várias as ra-
quais têm-se transforma-
zões que podem levar um
dos em casas de turismo
O percurso inclui, ainda,
rural. São exemplos disso,
miradouros naturais que
percurso. Para além das 27
e dadas a conhecer à co-
permitem vistas fabulosas
munidade de geocachers,
em várias direções, são
a Quinta de Pindela [GC-
exemplos disso as caches
[GC4V7VN].
Trilho das Eiras #11 – Torre
de Vigia [GC513V1] e #15 –
Após o sucesso obtido com
Clareira [GC50EKJ].
o FamalicãoChallenge, com
Também
a atribuição de mais de 200
favoritos, surge uma nova
investida
da
FamaTeam:
o Trilho das Eiras, que em
menos de um mês conta
com o mesmo número de
favoritos.
O Trilho das Eiras é um percurso circular com uma extensão de 9 km constituído
por 27 caches, cujos containers estão relacionados
com os temas do trilho ou
com a fauna e flora existentes.
O monte das eiras é a segunda maior área florestal
do município de V. N. de Famalicão que vai alternando
entre a área agrícola e vinícola proporcionando uma
paisagem rica e diversificada. Apesar do eucalipto ser
a espécie arbórea dominante, outros tipos de árvores
podem ser encontradas,
tais como o pinheiro bravo
a
componente
arqueológica é destacada
neste percurso uma vez
que é uma área com grande
geocacher a percorrer este
caches do Trilho das Eiras e
4 outras que já incentivavam o conhecimento deste
património, esta é uma ca-
regular, com arruamentos
e construções de planta
circular ou quadrangular,
correspondente aos primórdios da influência romana na região. Nesta área
florestal
contamos
três
castros,
nomeadamente,
são e Xiripiti [GC4WTKH],
Revolução dos Plásticos
construída, sendo possível
vica (C.I.T.O Monte das Ei-
ainda usufruir de outros as-
ras [GC4YG7K]) e diversão
petos de interesse, tornan-
(Party & Geo [GC549PG]).
do cada experiência única e
A adesão tem sido boa e diversificada. Claro está que
apesar da organização dos
te social do Geocaching, as
eventos ser proveniente
opiniões são divergentes.
de elementos FamaTeam, o
Para a FamaTeam, esta re-
sucesso de cada um depen-
sume-se em oportunidades
de dos seus participantes
de convívio e socialização
e é neles que apostamos
com pessoas conhecidas
este projeto. Até à data, os
e desconhecidas e com as
geocachers que têm parti-
quais partilhamos de interesses comuns (nomeadamente
o
Geocaching)
permitindo não apenas aumentar a nossa rede social,
(destacado pela cache Tri-
de experiências e conhe-
lho das Eiras #17 [GC50F-
cimentos
JY]), o Castro de Vermoim
numa oportunidade para
#23 [GC512RX] e o Castro
planear futuras investidas
das Eiras #22 [GC50EKZ].
de caça ao tesouro, em gru-
O último é o castro maior
po.
e a sua pedra formosa.
licãoChallenge – 1ª Impes-
com responsabilidade cí-
como proporcionar partilha
tornando visível o balneário
contro [GC4WRE7], Fama-
sagística, arqueológica e
o Castro de Santa Cristina
e também o mais escavado
atividade (Ponto de En-
a realização de atividades
No que respeita a verten-
proto urbana de estrutura
entre os amantes desta
componente natural e pai-
castrejos dotados de fortes
e uma clara organização
cipal objetivo o convívio
[GC52B99]), mas também
memorável.
várias ordens de muralhas
malicão e têm como prin-
minhada com uma elevada
concentração de vestígios
sistemas construtivos, com
têm sido concretizados no
concelho de V. N. de Fa-
Compostela [GC50N9C]).
4V7V7] e a Quinta da Costa
Junho 2014 - EDIÇÃO 9
GEO
MAG.
traduzindo-se
Motivados pelos diferen-
cipado assumem um papel
essencial com o convívio,
boa disposição e partilha,
transformando o nosso investimento em motivação
para continuar a trabalhar
para realçar o que de melhor tem o Geocaching.
Hugo Peixoto
tes benefícios identifica-
- Maçarico
dos anteriormente, surge
Adriana Paiva
e o cedro. Com alguma sor-
Num pequeno planalto é
outro projeto FamaTeam:
te, quem percorrer o trilho
possível encontrar as qua-
a realização de um even-
pode usufruir da companhia
tro Mamoas de Vermoim
to em cada mês de 2014,
- InvisibleCatchers
(elementos FamaTeam)
95
GEO
MAG.
96
GEO
MAG.
97
GEOCACHER HISTÓRICO
MCA
Por Jasafara
GEO
MAG.
Junho 2014 - EDIÇÃO 9
O MCA é um dos Geocachers pioneiros em Portugal. Registado desde 2003,
teve dois anos “muitos intensos” na actividade, mas
depois abrandou o ritmo e
dedicou-se mais a outros
hobbies como a fotografia,
o BTT, o TT, ou simplesmente à família.
O Jasafara desafiou-o a
abrir o baú das suas memórias e a partilhar com os
leitores da GeoMagazine algumas das passagens que
marcaram a sua actividade
de Geocacher. Descubramno nestas páginas da GeoMagazine.
GeoMagazine: Comecemos
pelo nick: MCA, o que significa?
MCA: O meu nick é uma homenagem a um membro da
banda Beastie Boys chamado Adam Yauch e cujo nome
artístico era MCA (provavelmente significava MC Adam
sendo que MC é um Master
of Cerimonies, algo conhecido no mundo do Rap). Os
Beastie Boys foram das
primeiras bandas de Rap
cantado por brancos e marcaram o panorama musical
durante mais de 30 anos
com o seu som inconfundível. Entretanto o verdadeiro
MCA faleceu em 2012 vítima de cancro.
GM: Para quem não te conhece, resume o teu CV. De
onde és, onde estás, para
onde vais?
100
MCA: Sou um jovem de 36
anos, aventureiro, com um
enorme gosto pela natureza e pelas verdadeiras amizades. Casado (como se vê
pelos episódios do anel e da
despedida de solteiro) e já
com 2 filhos, de 2 e 7 anos.
Sou bancário de profissão e
como hobbies tenho a fotografia, a bicicleta, as caminhadas, o geocaching e os
Citroen 2CV (o meu primeiro carro e que ainda mantenho).
GM: Não és da primeira geração de geocachers (2001
e 2002) mas apareces logo
a seguir (inscrição no Geocaching.com em 23 de Setembro de 2003) e estás
bem dentro do top 100 dos
geocacher mais antigos e
no top 10 dos mais antigos
ainda activos. Explica lá
como chegaste ao geocaching?
MCA: Descobri o Geocaching em 2003 através do
meu amigo ppinheiro pois
queria perceber como funcionava aquele aparelho
que ele tinha trazido dos
Estados Unidos e a que
chamava de GPS. Na altura
fazíamos vela juntos e ele
começou a utilizar o GPS no
barco. Fiquei curioso sobre
o aparelho e numas férias
no Algarve fui ter com ele a
Vilamoura para me mostrar
como funcionava o aparelho e o jogo (geocaching)
que tinha recentemente
descoberto.
desta cache, que se encontrava numas ruínas de um
moinho situado no quintal de uma vivenda, que na
altura não estava vedado.
Passados uns anos passei
lá e o moinho encontrava-se dentro de muros e
por isso já não acessível,
ainda que tenha um marco
geodésico no topo. Lembro-me apenas que a cache
era uma caixa micro de rolo
fotográfico e que se situava no meio de um bairro de
vivendas bastante perto da
N125.
GM: Depois registaste-te e
a primeira cache tentada a
solo na cache Amalia [Lisboa] (GCD953) não correu
muito bem.
MCA: Pois… o ppinheiro
emprestou-me o seu GPS
(era um Garmin 45XL), o
tal que tinha vindo dos Estados Unidos, e lá fui eu de
madrugada, com medo que
alguém me visse, procurar
a cache Amália. Claro que o
erro de sinal era muito e a
experiência era pouca e não
dei com a cache, mesmo
após insistência. Comecei
a não achar piada nenhuma
a esse tal de MAntunes que
escondia caches tão complicadas.
GM: Fizeste o 1º found no
início de Setembro na cache Estrela [POÇO de Boliqueime] (GCG5AK). Lembras-te alguma coisa desta
cache há muito arquivada?
Pelo local é fácil deduzir
que terá sido numas férias
pelo Algarve.
GM: Mas não desististe e
uma semana depois uma
cachada pelo Cabo da Roca
correu bem melhor, com
dois founds, um dos quais
numa cache emblemática:
The Lonely Lookout dos
Greenshades (GCGGAY). Ficaste agarrado?
MCA: Exactamente, eu estava em Montegordo e fiz
80kms para ir ter com o
ppinheiro a Vilamoura e de
seguida fomos à procura
MCA: Sim essas duas caches foram magníficas. A
do Cabo da Roca porque
envolvia descer a encosta e foi uma aventura para
quem nunca se tinha metido nesse tipo de andanças.
A Lonely Lookout foi uma
espécie de paraíso pois fizemos a caminhada sem
nada de jeito no horizonte
e quando chegamos ao local damos com uma vista
deslumbrante num sítio
muito pouco visitado. Falei
desse sítio a muitos amigos
nos anos que se seguiram,
tal foi o encanto. Tem-se
uma vista magnífica sobre
o Cabo da Roca.
GM: Fiz a pergunta anterior,
mas não preciso da resposta. Ficaste mesmo agarrado, tanto que em 2004 no
teu primeiro ano completo,
bateste-te pelo 1ª lugar no
ranking de founds. Tinhas
noção disso? 62 caches
num ano, só 4 menos do
que o Portelada!
MCA: Não tinha noção disso, até porque nunca liguei
muito aos números. Sempre preferi fazer as caches
pela aventura e não pela
estatística e ainda hoje,
após mais de 10 anos de
geocaching, tenho apenas
344 caches encontradas.
De qualquer maneira na altura havia mais tempo para
cachar, conheci muitos locais novos e graças ao geocaching fiz muitos amigos
que ainda hoje mantenho.
É algo que me marcou bastante, que me proporcionou
e continua a proporcionar
fantásticas aventuras.
GM: Participaste no 1st
CITO Event in Portugal
[Sintra] (GCHQH4) num
belo campo de lapiás. Costumas praticar TO (Trash
Out) mesmo sem a parte do
CI (Cache In)?
GEO
MAG.
101
GEO
MAG.
Junho 2014 - EDIÇÃO 9
De facto o que interessa menos no geocaching é a
caixinha. Ela é apenas um pretexto para nos levar
a um local
MCA: Hoje em dia ando
pouco pelo campo, acaba por ser quase só 1 ou 2
vezes por ano, com os expedicionários. O tempo não
permite mais. Sou muito
cuidadoso em não fazer lixo
e sempre que posso apanho
algum lixo. Nos expedicionários temos sempre essa
preocupação.
GM: Quase um ano depois
participaste no teu primeiro evento e no quarto realizado em Portugal: 3.º Encontro de Geocachers @ PT
(GCHM6E). Qual a tua relação com os eventos? Consideras-te uma pessoa e um
geocacher sociável?
102
MCA: Sim sou bastante sociável. Aliás apareci sozinho,
sem conhecer ninguém, no
encontro mensal de geocaching na Praça de Londres,
que se fazia no McDonalds,
e apresentei-me a toda a
gente. Nesse dia conheci
ilustres geocachers como o
MAntunes, o Bargão Henriques, o Lobo Astuto, o Rechena, entre outros. A partir
daí convenci o ppinheiro a
aparecer também e começámos a participar quer nos
encontros mensais quer em
caçadas conjuntas, as quais
me levaram a locais fantásticos (por exemplo a Six Feet
Under (GCH618), a Linha do
Douro (GC1BRPH) ou a Fenda da Calcedónia (GCGZCK),
entre tantos outros). Como
disse uma das coisas mais
importantes que encontrei
no geocaching foi a amiza-
de e o espírito de camaradagem. Fiz amigos para a
vida, mesmo sem estar à
procura.
GM: Para acabarmos esta
passagem pelos eventos,
notei que o teu evento
mais recorrente foi a GeoChurrascada em que participaste nas seis primeiras
edições (de 2005 a 2010).
O facto de as primeiras edições deste evento terem
sido organizado pelo pinheiro deve ter influenciado isso, não?
MCA: Sim, inicialmente ajudei o ppinheiro na organização da primeira e tentámos
juntar o maior número de
pessoas possível. Foi muito giro. Depois foi ficando
cada vez maior com o crescimento do geocaching em
Portugal e eu fui tendo cada
vez menos tempo quer para
cachar quer para aparecer
em encontros, fruto da vida
profissional e familiar cada
vez mais agitada. Já faltei a
2 ou 3, de facto.
GM: Em nome dos Homens
da Luta que não deixaram
morrer a iniciativa estás
convidado a retomares a
participação na edição de
2014.
MCA: Obrigado.
GM: Fizeste uma única Locationless (Reverse) Cache em Portugal a Roman
Bridges (GC8C49) e algumas virtuais, a primeira
das quais não era virtual
quando a fizeste, a Kir-6
at Belem (GCA262). Nesse
tempo podia-se mudar os
tipos das caches e existiam
estes dois tipos entretanto
descontinuados e passados para o Waymarking.
com. Alguns dos primeiros
geocachers preocupavamse com a pegada ecológica
que os containers deixavam. Achas que geocaching
sem Tupperware não é bem
geocaching ou para ti o
encontrar a cache não é o
mais importante?
as mais interessantes e a
procura do tesouro escondido sem sermos apanhados por muggles faz parte
da graça do jogo pelo que
acabei sempre por preferir
as tradicionais.
MCA: Excelente questão. De
facto o que interessa menos
no geocaching é a caixinha.
Ela é apenas um pretexto
para nos levar a um local,
esse sim, o que realmente
interessa, se for bem escolhido. Tenho pena que com
o crescimento exponencial
do geocaching se tenha em
muitos casos passado a dar
mais importância à caixinha
do que ao local, com a febre
das estatísticas e dos founds. De qualquer maneira
penso que o geocaching é
um jogo livre e há espaço
para que cada um o pratique de acordo com aquilo
que gosta, há apenas que
seleccionar as caches de
acordo com o que achamos
importante (um local maravilhoso a 10h de caminhada
vs um local sem interesse
nenhum mas que demora
2 min a encontrar a cache e
num dia conseguimos fazer
50 founds). Há espaço para
todos e isso é excelente. De
qualquer maneira sempre
achei as caches tradicionais
GM: Falando de “coisas”
que antes eram permitidas
nos primeiros anos, explica
lá a cache Hitch Hiker “Geo
Power Smurf” (GCHB5X).
GM: Fizeste só duas EarthCaches. Isso ajuda a responder à pergunta anterior?
MCA: Sim nunca me interessei muito por este tipo
de caches, é um facto.
MCA: Se bem me lembro
era um Travel Bug. Não sei
é se já existiam nessa altura. Infelizmente deixei-o
na Prado do Vidoal e nunca
mais se soube dele.
GM: A tua primeira participação do Geocaching@PT
em 1 de Março de 2004 foi
para organizar uma cachada à Six Feet Under, caçada
Conjunta em 2 takes. Só
passaram pouco mais de
10 anos. Lembras-te disto?
MCA: Lembro-me como se
fosse ontem. Foi uma aventura entrar para dentro da
Terra. Ouvi falar desta cache uns tempos antes no
encontro mensal e quando
vi as fotografias fartei-me
de chamar nomes a quem
tinha colocado uma cache
desta natureza. Depois fui
lentamente convencido por
várias pessoas, uma delas o
GEO
MAG.
103
GEO
MAG.
Junho 2014 - EDIÇÃO 9
MAntunes, que não era assim tão difícil e que até ia lá
comigo para me mostrar o
caminho. Acabei por aceitar
o desafio e promover uma
espécie de evento para que
outros pudessem aproveitar a oportunidade, já que
a maioria estaria como eu,
cheio de medo de lá ir sozinho. Foi uma experiência fantástica embora para
mim um esforço enorme de
auto-controle pois nunca
tinha estado tantos metros
abaixo do chão num sítio
tão fechado e com passagens cada vez mais difíceis
à medida que se vai descendo. Mas valeu cada minuto
e ainda lá voltei duas vezes
uns tempos mais tarde.
GM: Tive o prazer de te conhecer na Monsanto Subterrâneo (GCTV7D). Foste
bem acompanhado por
uma data de dinossáurios.
De alguns deles voltaremos a falar deles a propósito dos expedicionários,
mas deixo-te a foto como
pretexto para falares de estórias passadas com estes
ou outros geocachers e que
queiras compartilhar.
104
MCA: Estes são alguns dos
grandes amigos que fiz no
Geocaching. Não vou enumerar os outros todos,
porque são bastantes, mas
naturalmente as maiores
aventuras foram vividas
com os Expedicionários, em
especial o MAntunes, o Bargão Henriques, o Clcortez e
o Almeidara, ainda que em
algumas das expedições tenhamos tido o prazer de ter
mais um punhado de geocachers connosco incluindo
todos os que estão nessa
foto e muitos mais. Realço
no entanto uma aventura
que me marcou, pelo perigo
em que me meti, quando
procurámos uma cache feita especialmente para nós:
Aos grupos expedicionários
[Serra do Gerês] (GC1WRND).
Esta cache foi escondida
pela nossa amiga Silvana
e encontra-se num local
fabuloso. Com a experiência de caminhada que fui
adquirindo veio algum excesso de confiança e no dia
desta caçada, cometi o erro
de tentar subir sozinho por
um lado da montanha, diferente de toda a gente. Vime numa situação um pouco complicada em que não
conseguia progredir para
cima e tinha receio de voltar
para baixo (tenho vertigens,
imagine-se). A aventura
está bem descrita no log
dessa cache.
GM: Como peça separada a
esta entrevista estarão os
míticos episódios que têm
a ver com o teu pedido de
casamento e com a despedida de solteiro. Felizmente a tua situação matrimonial continua estável
(senão talvez não tivesses
tanto prazer em relembrar
essas ocasiões). Depois da
prenda que a tua agora esposa encontrou na primeira “cache” que encontrou
ela ficou conquistada para
o geocaching ou nem por
isso? E os teus filhos?
MCA: Ela sempre gostou
do Geocaching e na altura
fazíamos sempre juntos.
Mas como nunca foi muito
aventureira no que respeita
a subidas difíceis ou caminhadas longas, as caches
mais espectaculares que fiz
ela não estava presente. Os
meus filhos ainda não conhecem o Geocaching mas
é uma falha que terei que
corrigir, até porque tenho
caches quase à porta de
casa.
GM: Pelos posts, logs e
fotos vê-se que além do
geocaching
tens/tinhas
hobbby’s comuns a muitos
geocachers, TT, BTT, Fotografia, Caminhada… Qual
aquele com que ocupas
mais tempo actualmente
numa altura em que não
te tendo desligado do geocaching o fazes de forma
muito casual?
MCA: O hobby onde sou
mais activo é a Fotografia,
sem dúvida. Logo seguido
da bicicleta, que hoje em dia
é muito pouco BTT e muito
mais bicicleta urbana. TT já
não faço pois já não tenho
veículo 4x4 e caminhadas
faço pontualmente com os
Expedicionários (já andámos pela Peneda-Gerês,
Serra da Estrela, Linha do
Douro, Bragança, Rio Sabor,
etc).
GM: A tua participação virtual (grupo Yahoo, Geoaching@PT e GeoPT) nunca foi muito activa. Tive o
prazer de ser o responsável
pela última participação na
sequência de um relembrar
de estórias despoletado
por mim onde também se
fala bastante dos Expedicionários, mas peço que
aqui relembres a sua origem.
MCA: Os Expedicionários
são um pequeno grupo de
geocachers que costuma
fazer uma aventura anual
que consiste num fim-desemana de geocaching num
qualquer ponto do país. Ge-
ralmente elegemos caches
em locais interessantes e
com caminhadas envolvidas, ainda que no caminho
e nas redondezas façamos
algumas mais ‘acessíveis’.
Mas o objectivo é visitar
caches daquelas que ‘valem mesmo a pena’, mesmo
que isso implique caminhar
10 ou 12 horas para fazer
apenas um found. No fundo tratou-se de um conjunto de 4 amigos que começaram a ir para o Gerês
juntos: MAntunes, Bargão
Henriques, Clcortez e MCA.
Mais tarde começámos a
convidar amigos para virem connosco, chegámos a
ter um grupo grande, mas
nos últimos anos quem tem
sido mais regular tem sido o
Almeidara.
O nome expedicionário surgiu quando criámos um grupo de discussão no Yahoo
para podermos combinar
as aventuras, trocar mapas, sugerir percursos, etc..
Não sei se ainda existe mas
foi o nome que na altura
escolhemos e passámos a
chamar às nossas aventuras Expedições, geralmente como nomes pomposos
como “Expedição Tempos
e Contratempos pelo Gerês.
Mas foi fofinho.”.
Os expedicionários começaram com uma caçada que
fiz com o Manuel Antunes,
Cláudio Cortez e PH (Bargão Henriques) ao Gerês,
mais concretamente em
22/10/2005 se não estou
em erro, dia em que visitámos várias caches fantásticas entre elas a Stairway
to Heaven (GC640F) e a
Fenda da Calcedónia. No dia
seguinte fizemos a “Tou às
Aranhas” [Gerês] (GCPDB6).
Esta foi simplesmente uma
experiência fantástica para
mim, e muito dura pois não
estava habituado a caminhadas tão puxadas, uma
boa parte fora de trilhos.
Acho que os logs evidenciam alguma desta emoção
que senti pela aventura vivida e superada.
Na altura foi apenas uma
caçada conjunta de bons
amigos mas gostámos tanto que repetimos nos anos
seguintes e a certa altura
criámos o tal grupo de discussão no yahoo que apelidámos de Expedicionários.
Mas nada formal, apenas
um nome que nos é querido.
GM: A maioria das entrevistas históricas anteriores foram centradas nas
caches colocadas pelos
entrevistados. No teu caso
isso não aconteceu porque
não tens nenhuma cache
que se possa considerar
icónica. No entanto tens algumas caches não arquivadas de 6 dígitos (e algumas
já com mais de 10 anos) o
que é sempre de destacar
e és o owner da primeira
sudokucache de Portugal.
Pedia-te que passasses em
revisão as seis caches que
constam no teu perfil.
(GCH3A5) Guincho Yellow
Cache
A minha primeira cache, durou muito pouco tempo (2
meses). Era num ponto alto
por cima da praia do Abano,
no Guincho, local de TT e de
grande vista. Havia pouca
vegetação e não havia bons
sítios para a esconder. Foi
vandalizada penso que por
ser uma zona muito frequentada quer por pessoal
do TT quer por caçadores e
os cães devem tê-la apanhado. Decidi por isso não
voltar a colocá-la. Chamava-se Yellow pois o container era uma caixa plástica
amarela bastante grande.
(GCH3A5) Windmill Route
A dita caixa amarela veio
para esta cache, e está
nas fotos da descrição da
mesma (bem como o meu
velhinho GPS III+ que mais
tarde deu lugar ao GPS V).
Esta cache era para ser uma
multi, para obrigar as pessoas a fazer o trajecto de
10kms até aos moinhos, e
devia ter sido. Na altura por
ingenuidade minha achei
que ninguém ia fazer a cache se os obrigasse a andar
10km e por isso acabei por
colocá-la apenas no que
teria sido o ponto inicial da
multi, um VG com uma vista
360º sobre duas serras, e
sugerir o percurso apenas
na descrição. Julgo que a
maioria das pessoas que a
visita acaba por não fazer o
percurso, que vale mesmo a
pena, seja a pé, de bicicleta
ou de 4x4. Tem-se mantido
ao longo destes anos, acho
que só desapareceu uma
vez. Já teve inúmeros containers porque as pessoas
insistem em partir as caixas
e depois entra água. Mas
sobrevive. Já tem tantas visitas quantas caches eu tenho encontradas. E já fez 10
anos de existência!
Junho 2014 - EDIÇÃO 9
GEO
MAG.
(GCHHNB) Guincho Micro
Cache
Esta foi de facto a sucessora da Guincho Yellow cache,
pois não havia caches nesta
zona, que gosto bastante.
Era uma micro (rolo fotográfico) colocado nas paredes interiores de uma ruína. Durou bastante tempo,
embora tenha tido alguma
manutenção e tenha tido
que mudar de sítio algumas
105
GEO
MAG.
Junho 2014 - EDIÇÃO 9
vezes devido às pessoas
utilizarem o local como WC
ou para rituais com velas
e afins. Acabou por ser arquivada por falta de tempo
meu em ir recolocá-la.
(GCHT8J) Chapel with a
View
Esta situava-se numa capela no Restelo e tinha muitas
visitas de turistas. Era um
pequeno jardim em volta da
capela mas rapidamente se
tornou num sítio frequentado por drogados e começaram a aparecer vestígios
de seringas etc.. Achei por
bem desactivar a cache antes que houvesse problemas para quem a visitava
e nunca encontrei um sítio
decente alternativo para a
recolocar pelo que foi também arquivada.
(GCHT8J) Bicas Beach
106
Mais uma cache escondida
em 2004 e que ainda dura.
Já desapareceu 2 ou 3 vezes
e já teve manutenção feita
pelo meu amigo BTRodrigues por falta de tempo de
eu ir lá. Mas das últimas
vezes já fui eu que lá fui.
Encontra-se no sítio original, um pouco afastado do
trilho, e pretende levar as
pessoas a fazer um passeio
pelas arribas. Tive dúvidas
quando a coloquei sobre se
o local seria interessante
mas as pessoas têm gostado e por lá tem ficado.
(GCQGW1) Sudokache
Escondida durante a febre
dos sudoku em 2005, a ideia
era decifrar um Sudoku para
encontrar a coordenada.
O local tem uma vista fantástica sobre a grande Lisboa e é pouco conhecido e
o esconderijo tem resistido
aos tempos, nunca desapa-
receu, embora eu pense que
o local é bastante visitado e
suspeito até que nas imediações da cache haja um
local que já tenha servido
de abrigo a alguém. Continua a ter visitas após quase
10 anos.
Nunca escondi mais caches
porque não tenho tempo
para depois fazer a manutenção. Mas ainda bem que
há pessoas que o fazem e
que até adoptam as caches
dos outros pois assim estes activos não se perdem e
continuam a poder ser visitados por quem não conhece os locais.
GM: Embora não participes, vais acompanhando
os fóruns? Estás a par das
“trincas” do geocaching actual?
MCA: Não acompanho nenhum dos fóruns actualmente, embora esteja ins-
crito nos dois (ou se calhar
já há mais, não sei). Nunca
participei em nenhum tipo
de “guerra” e não estou de
todo a par do que se passa.
Prefiro manter-me longe
disso pois não foi isso que
me trouxe ao geocaching
nem que me manteve cá
por mais de 10 anos. Estou cá pelos amigos e pelas
aventuras, nada mais.
GM: Considero uma heresia
da venda do teu GPS original. Como foste capaz de te
desfazer de um GPS icónico com esse!? Qual é o teu
GPS actual?
MCA: É um facto. De qualquer maneira hoje seria
apenas uma peça de colecção pois a tecnologia
evoluiu muito. O GPS era
extremamente lento e os
mapas, que já os tinha, muito fracos comparados com
o que temos hoje. Na altura
precisei do dinheiro para fi-
lumbrantes. Nós começá-
nanciar a compra seguinte.
mos quando ainda nem ha-
Actualmente tenho um Gar-
via 100 caches em Portugal
min Dakota 20 que embora
e cada uma era uma aven-
tenha um ecrã fraquinho
tura por si só. Para mim
é um excelente aparelho.
uma cache num sítio não
Comprei logo que saiu e já
espectacular
me acompanhou em muitas
sentido de existir. Não quer
aventuras.
dizer que nunca tenha feito
GM: Ainda manténs o 2CV?
nenhuma mas sou capaz de
Fizeste muito TT com ele?
Afinal é um carro também
mítico.
MCA: Sim ainda mantenho o
2CV, mas agora como carro
de passeio. Fiz muitos kms
com ele enquanto primeiro
carro mas nunca nada de
radical, o TT que fazia foi
com os 4x4 que tive (Suzuki
Vitara, Opel Frontera e Land
Rover Defender). Em termos de geocaching os carros que mais utilizei foram
o Vitara e o Defender mas
quando a família cresceu
troquei para um carro mais
familiar.
GM: Embora tivesses sido
um dos geocachers mais
activos em 2004 e 2005,
depois quase abandonaste
o geocaching e há data de
hoje tens menos de 400
caches feitas. Embora isso
seja uma situação comum
a grande parte dos geocachers mais antigos, como é
que a explicas?
MCA: Penso que já respondi
mais acima. O que me move,
e penso que seja comum
a muitos dos geocachers
mais antigos, é a aventura
de lá chegar e a descoberta
de locais fantásticos e des-
tem
Encontro com o MCA
Junho 2014 - EDIÇÃO 9
GEO
MAG.
pouco
ter uma do outro lado da
rua e passarem anos até a
fazer. Não perco tempo a
fazer caches apenas para a
estatística. Não estou em
competição com ninguém.
Respeito aqueles que praticam o geocaching dessa
forma mas não tem nada a
ver comigo e sinceramente acho que é desvirtuar o
conceito de aventura que
está na base do geocaching.
Mas como estamos num
mundo livre cada um pratica
da forma que lhe dá prazer
e há espaço para todos.
Depois como hoje em dia
tenho pouco tempo disponível e as caches boas
implicam meses de planeamento e viagens, acabo
por fazer só meia dúzia de
founds por ano. Mas tenho
tentado fazer pelo menos
uma expedição anual, uma
espécie de balão de oxigénio para o ano seguinte.
Isso e rever os bons amigos,
companheiros de aventuras
e com os quais já partilhei
muitas alegrias e também
muito sofrimento e muita
adrenalina.
Joaquim Safara
- Jasafara
Não esteve fácil de combinar este encontro por indisponibilidades várias, mas finalmente na 25ª hora
lá consegui marcar um pequeno encontro com o entrevistado. Apesar de ser o único dos meus entrevistados históricos que já conhecia pessoalmente fiz
questão de me encontrar com ele antes da entrevista
ser publicada (e para saberem como eu levo este ritual a sério vejam na revista de Agosto o que tive de
fazer para manter a tradição).
Assim e depois de saber que ele morava mesmo ao
pé do Parque das Conchas, sítio onde eu tenho uma
cache adoptada do Almeidara um dos expedicionários
regulares nas últimas edições, foi fácil escolher o sítio.
Encontramo-nos no ponto inicial da cache (GC10YZD) A Lenda da Casa Assombrada, que tinha intenção
de repor hoje e fomos conversando até o ponto final,
que fiquei a saber que quando ele a fez não era no
sítio actual. Fomos ao GZ que infelizmente não está
em condições para a reposição da cache pelo que
terá de mudar de lugar, mas como ele tinha de fazer
uma cache para o “boneco” fomos até à (GC3EG3Y)
Fonte do Parque das Conchas que curiosamente era
onde ficava originalmente o ponto final da Lenda da
Casa Assombrada. Não trouxe o famoso bastão de
caminhada de casa (com poderes telecinéticos para
encontrar caches) mas um ramo apanhado do chão
serviu para o efeito e em menos de nada estava com
a cache da mão.
Uma cache a menos de 100m da casa dele e por fazer há dois anos. Os geocachers do antigamente são
mesmo diferentes…
107
GEO
MAG.
Junho 2014 - EDIÇÃO 9
108
Pedido de casamento
Outra peça que merece
ser autonomizada e que
antecede a da despedida
de solteiro é a da original
forma que arranjou para
pedir a namorada em
casamento.
Ou seja colocou o anel
de noivado numa “cache”
que escondeu e depois
levou a futura noiva a
descobri-la.
Ou seja chegou à cache
como namorada…
…e saiu como noiva.
GM: Sobre o pedido
de
casamento,
as
informações
são
menores.
Seria
por exemplo muito
interessante saber as
coordenadas e ter fotos
se existirem?
MCA: Aqui vou enviar-te
2 ou 3 fotos do local e da
caçada, não tenho muitas
(nota : tanto quanto
sei estas fotos estão
aqui a ser apresentadas
pela primeira vez). A
coordenada exacta da
cache não tenho, deve
estar em algum backup
antigo, mas estive a
ver as fotos e consegui
identificar o local pois
existe agora uma cache
lá, a Gião em Arcos de
Valdevez (GC1845E).
Pelas minhas fotos vêse que é o mesmo local.
Eu na altura saí do carro
‘para tirar fotografias’ e
fui esconder a cache a
80m do carro, e depois
voltei com o GPS com o
Go To já feito e disse-lhe
que havia para ali uma
cache e para ser ela a
procurar.
O pedido ocorreu no
dia 7 de Abril de 2004
por volta das 12h30,
segundo
os
meus
registos.
Despedida de Solteiro
A primeira vez que li alguma
coisa sobre o MCA julgo que
foi a propósito da sua mítica
despedida de solteiro. Uma
louca cachada pela noite
dentro com o objectivo de
bater o Record de caches
feitas num dia (oito).
Porque isso diz muito
sobre
como
era
o
geocaching em Portugal
em 2004 (imaginem os
anos anteriores…) decidi
autonomizar do corpo da
entrevista a descrição desta
épica jornada.
Assim e em primeiro lugar
importa contextualizar a
cachada no panorama das
caches existentes na altura
(15 de Outubro de 2004).
Existiam em todo o país
(continente e ilhas) menos
de 200 caches activas. Nos
distritos onde decorreu a
cachada (Setúbal e Évora)
elas eram no máximo 35
(digo no máximo porque
não verifiquei se alguma já
estaria arquivada na altura).
Compreende-se
assim
como é que a cachada
teve como pontos altos a
corrida ao FTF da Ribeira
de Canha (GCKRDF) e ao
TTF da The Lighthouse
[Sesimbra] (GCKQXP) (esta
com dois founds separados
por uma hora no primeiro
sábado após a publicação)
publicadas há nove e sete
dias respectivamente.
Como curiosidade estas
eram também as únicas
caches que ainda nenhum
dos participantes tinha
feito. E o MAntunes
continuou sem fazer a The
Lighthouse. Como não foi
ele a encontrar a cache
apenas deixou uma note.
Até hoje... Felizmente foi ele
que fez o FTF em Vendas
Novas.
E passemos a palavra
ao homenageado deste
evento. Mas a despedida
foi preparada pelo padrinho
(ppinheiro) que no seu
primeiro log também conta
quase tudo
GM: Sobre a tua despedida
de solteiro não sei se
chegaste a ver a minha
investigação em 2012
(http://goo.gl/6ACPL4)?
Parece-me que não deve
restar muito a acrescentar
mas nada como um toque
teu. Por exemplo a que
horas chegaste a casa e a
que horas estava marcado
o casamento?
MCA: Em resumo foi assim:
312Km em 10h46m entre o
ponto de encontro e a última
cache. A caçada começou
às 22h30 na Torre Vasco da
Gama de sexta para sábado,
portanto decorreu no dia
16 de Outubro (visto que
o primeiro found foi já as
00h01) e devo ter chegado a
casa pelas 10h e fui dormir.
À tarde não me lembro mas
fui tratar do fato e afins.
O casamento só foi no dia
seguinte, dia 17, Domingo,
em que acordei bem cedo
e fui tirar fotos (do noivo)
para as docas. Portanto
não foi seguido, houve uma
noite de sono normal pelo
meio.
Participantes - 8 loucos:
•• MCA (o noivo)
•• ppinheiro e Gabriela
•• 2 cotas (Diamantino e
Elvira)
•• Lobo Astuto
•• MAntunes
•• Bargão Henriques
Aqui vai a lista das 8 caches,
por ordem, com os meus
logs: (há mais informação
nos logs dos outros bem
como fotos)
Parque da Paz (Almada) 00h01m (GCJRBV)
Despedida
de
solteiro
‘Geocaching All Night Long’
Cache 1: Atravessámos o
parque em passo rápido, de
lanterna e GPS em punho,
a contar piadas e lá fomos
andando a comparar o
tamanho das leds de cada
um.... Chegados ao local toca
de ir para o meio dos picos e
lá estavam não sei quantos
gatos-pingados de cú para
o ar a enfiar a lanterna no
meio do mato. Após uns 10
minutos lá estava ela, a sorrir
para mim! A noite começava
bem.
IN: Escova para sapatos
OUT: pulseira relógio
Perdido na Mata (Barreiro)
- 01h15m (GCG4MH)
Despedida
de
solteiro
‘Geocaching All Night Long’
Cache
2:
Estacionámos
os popós e lá fomos nós
mata a dentro a ver se
encontrávamos
algum
fuzileiro ou cãozileiro. Na
realidade
encontrámos
uma mata completamente
desnudada. Parece que
alguém levou as árvores
todas! Felizmente a cache
ainda lá estava e com todos
a procurar no sítio errado lá
fui eu sorrateiramente até
ao sítio da cache. Quando
a encontrei comecei a
bater com o meu bastão no
tararuére para que todos
ouvissem o som: “Meninos,
conhecem este barulho???”
eheheheheh AH POIS É!! Sem
waas nem cartografia.
(eu acho que eles fizeram de
propósito para eu encontrar
tanta cache, só pode)
IN: 1 jogo CD-ROM e um
acesso sapo CD-ROM
OUT: Porta chaves (da
tailândia)
NOTA
IMPORTANTE:
Rechena, há um problema
com a cache, aconselho a
que vás lá com urgência. Não
divulgamos pois estragaria a
caçada a futuros visitantes.
Junho 2014 - EDIÇÃO 9
GEO
MAG.
O Castelo (Montemor-oNovo) - 03h15m (GCJEQ7)
Despedida
de
solteiro
‘Geocaching All Night Long’
Cache 3:
Esta foi giríssima, fui
à frente e enganei-me
(propositadamente)
no
caminho para que o grupo
pudesse chegar lá primeiro,
afinal já estava farto das
bocas sobre eu encontrar
sempre as caches primeiro.
Bom, quando finalmente
voltei para trás e fui pelo
caminho certo lá cheguei
atrás deles já estavam
todos em pesquisa, mas
como a noite ainda era longa
concentrei-me no meu GPS
e lá fui direitinho à cache....
“Meninos, conhecem este
barulho???” (MCA a bater
com o bastão na caixa....)
eheheheh mainada!
IN: calculadora
OUT: Bola (do PH)
The Jewell of Saphire 03h55m (GCED4F)
Despedida
de
solteiro
109
GEO
MAG.
Junho 2014 - EDIÇÃO 9
‘Geocaching All Night Long’
Cache 4:
Esta foi muito gira, a aldeia
é fantástica, especialmente
à noite e com um frio de
rachar. Ai, se não fosse o
Moscatel tinhamos morrido
todos congelados. Desta vez
fiz mesmo de propósito para
não encontrar a cache, senão
acho que me deixavam ali
mesmo... ehehehehhe
No regresso vimos um
fantasma à porta da igreja,
bolas que foi assustador!
IN: Sabonete + Shampoo + Kit
informativo SIDA
OUT: Guarda-chuva
Ribeira de Canha - 04h55m
(GCKRDF)
Despedida
de
solteiro
‘Geocaching All Night Long’
Cache 5:
Bolas que estava frio.....
brrrrrr.....
Lanternas, GPS, casacos,
LEDs, era só equipamento!
Cuidado com a água, cuidado
com a areia, e lá estava
ela (mais uma vez deixei
os outros encontrar né???
eheheh)
IN e OUT: não me alembro, já
estava cheio de sono
Mouriscas
06h43m
(GCG349)
Despedida
de
solteiro
‘Geocaching All Night Long’
Cache 6:
Mais uma, afinal tava tudo
cheio de sono e a procurar no
sítio errado. Desta vez foi a
Elvira que encontrou.
TNLN
110
The Lighthouse - 08h14m
(GCKQXP)
Despedida
de
solteiro
‘Geocaching All Night Long’
Cache 7:
Mais uma! A vista é excelente
e vimos o nascer do dia.
Obrigado por esta cache,
já não vinha a Sesimbra há
alguns anos...
TNLN
Cristo Rei - 09h16m
(GCJW6E)
Despedida
de
solteiro
‘Geocaching All Night Long’
Cache 8:
Depois de uma tentativa
falhada às 23 e tal do dia
anterior, lá voltámos (os
resistentes MCA, MAntunes,
Ppinheiro e Gabriela) às
9:16am e desta é que foi! Mai
nada para acabar em beleza!
Bom eu cá por mim fico por
aqui, já fiz 8 caches, acho
que já me posso ir casar.
Vou dormir umas horinhas,
preparar as coisas e amanhã
lá vou eu para a festança.
Depois disso, México aqui vou
eu!
Testemunhos
Só muito em cima do fecho
da entrevista me lembrei
de pedir uns pequenos
testemunhos aos restantes
expedicionários
originais
e aos participantes da
despedida
de
solteiro.
Devido ao pouco tempo
não foi possível ter aqui a
participação de todos.
Pronto... ok.... já não consigo
deixar de dar um resumo
muito resumido do como
vejo o MCA e os restantes
elementos, no seio dos
Expedicionários originais:
- O MCA é o Gentleman
- O PH é o líder natural
- O Cláudio e eu somos os
depravados.
Manuel Antunes
- Mantunes
Bem, em relação ao MCA,
ele é o mais “menino” do
grupo, o mais medricas,
o mais cauteloso e mais
prevenido. Não sai para lado
nenhum sem uma série de
equipamentos e preparação
física feita. Quando nos
surge uma dificuldade pelo
caminho, na dúvida ele é
sempre o primeiro a dizer “Pá,
eu acho melhor não...”
Por ser o mais cuidadoso é
também um Senhor. Talvez
por ser também bancário é
metódico e muito simpático.
E talvez por isso e por
estar fechado o ano inteiro
num
escritório,
quando
apanha uma Expedição dos
Expedicionários é o primeiro a
dizer que sim!
Uma excelente companhia
em qualquer situação! Tem
um espírito calmo e muito
virado para o geocaching
“antigo”, não indo em euforias
e tendo assim poucas caches
encontradas.
Amante de TT, não diz que
não a uma aventura dessas,
embora já não tenha o seu
querido Vitara.
E por fim, um bom e
verdadeiro Amigo. Alguém
com quem podemos contar.
Uma pessoa 5 estrelas!
Resumidamente é isto. Espero
que tenha sido suficiente e
que tenha passado a melhor
imagem possível de uma
excelente pessoa!
Cláudio Cortez
- clcortez
Mas que raio de bastão
de caminhada que acerta
sempre em cima da cache!
[ah é preciso explicar mais,
então pronto?]
Uma das recordações mais
divertidas dessa noite foi
a capacidade do MCA, sem
GPS, encontrar as caches,
recorrendo a um bastão de
caminhada, que eu presumo
que fosse mágico, porque
enquanto andavam todos de
rabo para o ar à procura e de
repente se ouvia o toc toc do
bastão a bater no plástico da
cache.... enfim… só pode ter
sido magia!
Foi uma noite bem passada e
divertida.
Nuno Correia
- Lobo Astuto
Eh pah… Assim? Tão de
repentemente?
A coisa que mais me lembra
foi do nascer do sol em
Sesimbra e de andarmos
todos a gozar o pagode com
o Luís que não se calava com
o “amanhã boume casar…”
mesmo na manhã do dia do
casamento.
Ahhh e aquele tipo que andou
toda a noite atrás de toda a
gente sem fazer um único
log, nem sequer de “note”
porque já tinha encontrado a
maioria senão mesmo todas
as caches.
Ou de ter, pela primeira vez,
experimentado o “ozi” com
as m888 penduradas de um
Toshiba SP4600 que já era
velho nessa altura, mas que
ainda existe e que passou
a viagem toda a enrolar o
cabo da antena do GPS na
alavanca das mudanças, até
que desisti e só desembrulhei
aquilo tudo uns dois dias
depois… Já nem me lembro
que carro é que tinha nessa
altura… E de na volta ter
parado em Coina para dormir
numa bomba da Galp, tanto
era o sono.
Olha, pronto, já não me
lembro de mais nada!
Diamantino
- 2 Cotas
Desde que me iniciei no
Geocaching, por via dos
excelentes
amigos
e
companheiros de aventura
que fui conhecendo e que
muito enriqueceram a minha
ligação a esta actividade,
fiquei definitivamente adepto
das buscas em grupo.
Nessa linha, a ideia da
despedida de solteiro do Luís
cativou-me imediatamente!
Como poderia perder a
oportunidade de partilhar
uma experiência única com
um grupo tão fantástico
de amigos? E se assim o
pensei, melhor o senti! Foram
realmente uma noite e
madrugada que dificilmente
se esquecem, num excelente
convívio, muito salutar. Da
margem sul ao estuário
do Sado, das ribeiras do
Alentejo às arribas de
Sesimbra, de cada cache se
fez uma aventura, elemento
aglutinador
de
muitas
amizades que ainda hoje
perduram!
Passados 10 anos, continuo a
não dispensar a companhia do
Luís em cada expedição anual
que realizamos. É um dos
meus parceiros inseparáveis,
com quem melhor partilho o
ritmo, o esforço, as alegrias
e as dificuldades, numa teia
de vivências que por muitos
anos perdurarão na minha
memória!
Junho 2014 - EDIÇÃO 9
GEO
MAG.
Paulo Bargão Henriques
- PH
Obrigado a todos pela
colaboração! Encontramonos numa cache por aí.
Joaquim Safara
- Jasafara
111
GEO
MAG.
Junho 2014 - EDIÇÃO 9
Geocoins Portuguesas
Portugal 2011 - Janela Gótica
Na senda do que vêm sen-
seu testemunho, direta-
Apresentadas mais algu-
votos. Houve ainda vota-
do os artigos na GeoMaga-
mente da Amazónia.
mas ideias, e é já em De-
ção para os metais a esco-
zine acerca das Geocoins
Corria ainda o ano de 2010
zembro que, baseado na
lher. Posteriormente deu-
rosácea da Igreja da Gra-
se andamento à produção
ça, em Santarém, o RKelux
de samples, pré-reservas,
da comunidade, numa altura em que se ultimam os
detalhes da arte da Geocoin
Portugal 2014, eis chegada
a hora de falar sobre uma
das mais distintas geocoins que a comunidade
produziu, a Geocoin Portugal 2011 – Janela Gótica.
Como sempre, falaremos
112
quando o mtrevas, propondo alternância entre os
brinda a comunidade com o
e reservas.
nacionais, lançava, no Geo-
seu primeiro esboço.
No final, para aquecer os
caching@PT, o projeto. De
A moeda versava sobre um
ânimos, houve direito a
dois fóruns de Geocaching
acordo com o cronograma
inicial, bem ambicioso, a
Geocoin estaria na rua em
Maio de 2011, pronta a
viver em pleno o ano para
dos mais genuínos exemplos do gótico do século
XIV em Portugal, e várias
ideias surgiram com base
no original.
alguma discussão sobre
a propriedade do projeto.
Findas as discussões, concluiu-se que o projeto, da
comunidade e para a comunidade, teria viabilidade
um pouco do processo
que seria produzida.
criativo, da produção e
A primeira proposta, ain-
das peripécias mas, nesta
da em Novembro, partiu
edição, contamos com um
do lgass, e versava o hino
contributo muito especial.
nacional, o mapa e as qui-
O Rui (RKelux), por entre
nas. Patriótica, sem dúvida.
jornalistas, jogadores de
Após algumas iterações,
Seguiu-se a votação, com
pedra só, também o seu in-
futebol e muitas tarefas
seguiram-se as ideias do
oito ideias, de três autores,
terior continha… um vitral.
de organização, lá arranjou
Maxado,
a concurso. A janela gótica
Sobre os pormenores, me-
um tempinho e deu-nos o
projetos anteriores.
viria a ganhar com 37% dos
tais, quantidades e preços,
repescadas
de
Posteriormente,
houve
ainda tempo para a apresentação de algumas novas ideias, sobretudo por
parte do RKelux e do lgass.
para continuar, em 2012.
Quando a Geocoin chegou,
tinha uma particularidade.
Criada com base numa rosácea construída de uma
deliciosos, só mesmo lendo
Busquei as imagens dispo-
to de eu ter cedido a pedi-
do Rui (Kelux), em primeira
níveis para traçar a estru-
dos do site onde a produzi-
tura em desenho vetorial,
mos, no sentido de tornar o
Geocoin Portugal 2011 por
tentando ser o mais fiel
seu preço, o mais aliciante
Kelux:
possível ao original em pe-
possível para todos, o que
Desde 1986, quando fiz
dra.
consegui, tendo em conta
a minha primeira visita a
Penso que a ideia de ter
pessoa. É sua a palavra!
Santarém (não esta do Pará
aqui relativamente perto
de Manaus, mas a original,
portuguesa, claro), sempre
me fascinou a perspeti-
das 280 geocoin produzidas para Portugal (230 dual
tone nickel / gold + 50 black
nickel), produziu mais 700
geocoins, cujos materiais
podem ser vistos na ficha
em anexo.
No final, poucos terão sido
os que não viram nesta uma
das mais belas criações
portuguesas no campo das
geocoins. Algo a que, aliás,
a comunidade sempre nos
habituou – cunhar as mais
belas moedas portuguesas!
Mais detalhes, daqueles
em mais acabamentos de
por ser determinante para
metal do que inicialmente estava previsto, sete no
A seguir à Filigrana, con-
acaba por ser uma curiosa
foi tal que o produtor, além
curso, o MTrevas, acabou
Na fase da produção houve
datado de 1380 e agora,
o sucesso desta geocoin
acabou por ser produzida
total.
plar de arquitetura gótica,
Para fechar, de referir que
gerida pelo mentor do con-
eleita na votação final.
rém é um magnífico exem-
artigo.
Assim esta Janela Gótica,
Santa Maria da Graça, ao
centro histórico de Santa-
ficha que anexamos a este
aplicações tipo vitral, su-
que esta proposta fosse
O templo, localizado no
podemos saber tudo na
a complexidade da geocoin.
va que temos da Igreja de
chegar à cidade.
alguns atrasos da parte de
quem estava responsável
por isso, pelo que acabei
por ser eu a produzi-la, o
que levou a constrangi-
coincidência estar lá sepul-
mentos da parte de alguns
tado Pedro Álvares Cabral...
utilizadores do fórum onde
o descobridor do “meu”
o concurso se fez, pelo fac-
Junho 2014 - EDIÇÃO 9
GEO
MAG.
tinua a ser a 2ª que mais
gosto, daquelas que desenhei até hoje.
João Malheiro
- Pintelho
Rui Almeida
- Kelux
Brasil.
Para além da sua imponente fachada principal, foi a
rosácea de topo, esculpida
de um único bloco de pedra
e única no mundo, que me
cativou mais a atenção.
Aquando da apresentação
de propostas no concurso
de design para a geocoin
portuguesa de 2011... penso que até foi na sequência
de uma sugestão do T@
ndre, para usar a Janela do
Capítulo do Convento de
Cristo, em Tomar.
Pela sua forma geométrica
perfeita e pelas recordações que atrás referi, preferi a rosácea e materializouse em ideia.
Dados da geocoin
Nome: Geocoin Portugal 2011 – Janela Gótica
Data: 2011
Versões:
Antique Gold RE; Satin Silver RE; Gold / Nickel RE;
Antique Silver XLE; Black Nickel / Polished Silver XLE;
Satin Gold XLE; Black Nickel (PT apenas)
Formato: circular
Tamanho: 1,75 polegadas de diâmetro; 3 mm de
espessura
Desenho: Kelux
Produção: Geocoinshop.de
113
Vota já na tua cache
favorita do ano 2013
http://gps.geopt.org
Agradecimentos
Colaboradores
Gustavo Vidal
Oscar Migueis
Pedro Santos
Flora Cardoso
João Batista
Filipe Sena
Joaquim Safara
Bruno Gomes
João Malheiro
Rui Duarte
Annie Love
Adriana Paiva
Hugo Peixoto
José Carlos Pereira
Habitat Natural
Revista Itinerante
Geoshop
GZ Hostel
Merrel
FCMP
Expedição
Nautel
Orientarte
GEO
MAGAZINE

Documentos relacionados

quando surgiu o geocaching?

quando surgiu o geocaching? te no projeto Cache in Trash Out, que

Leia mais

Panfleto do Geocaching

Panfleto do Geocaching Geocacher usa o seu GPS para procurar a cache. O GPS recebe o sinal dos satélites do Global Positioning System que lhe indicam a sua actual longitude e latitude. Contudo, o Geocacher não faz ideia ...

Leia mais

MAG. - Geopt.org

MAG. - Geopt.org uma vez mais a habitual crónica da Annie Love, desta vez a recordar a sua passagem por Lisboa em 2012, e como andar de bicicleta à noite nas ruas de Lisboa e fazer bruning na Praça do

Leia mais

geo magazine

geo magazine pmateus21 é um geocacher registado desde 2002, e um dos 20 primeiros geocachers em Portugal, em entrevista pelo jasafara.

Leia mais