capacidade de resposta da cedec-ce aos abalos

Transcrição

capacidade de resposta da cedec-ce aos abalos
1
[
D
i
g
i
t
e
FAMETRO - FACULDADE METROPOLITANA DE FORTALEZA
u
CURSO: PÓS-GRADUAÇÃO EM SEGURANÇA PÚBLICA E DEFESA CIVIL m
a
FRANCISCO ALAIRTON BEZERRA JÚNIOR
c
i
t
a
ç
ã
o
d
o
d
CAPACIDADE DE RESPOSTA DA DEFESA CIVIL DO ESTADO DO o
CEARÁ: Aos Abalos Sísmicos.
c
u
m
e
n
t
o
o
u
o
r
FORTALEZA/CE
2010
e
s
u
m
o
d
2
FRANCISCO ALAIRTON BEZERRA JÚNIOR
CAPACIDADE DE RESPOSTA DA DEFESA CIVIL DO ESTADO DO CEARÁ: Aos
Abalos Sísmicos.
FORTALEZA
2010
3
FRANCISCO ALAIRTON BEZERRA JÚNIOR
CAPACIDADE DE RESPOSTA DA DEFESA CIVIL DO ESTADO DO CEARÁ: Aos
Abalos Sísmicos.
Monografia apresentada ao Curso de
Pós-graduação em Segurança Pública e
Defesa Civil da Faculdade Metropolitana
da Grande Fortaleza como requisito para
obtenção do Título de Especialista. Sob
orientação do Prof. Luiz Cláudio Araújo
Coelho (MS).
FORTALEZA
2010
4
B574c Bezerra Júnior, Francisco Alairton.
Capacidade de resposta da defesa civil do estado do Ceará: aos
abalos sísmicos/ Francisco Alairton Bezerra Júnior. – Fortaleza, 2010.
80f.
Monografia (trabalho de conclusão do curso de Especialização em
Segurança Pública e Defesa Civil, 2010.)
Orientador(a): Profº Ms. Luís Cláudio Araújo Coelho.
1. Defesa Civil. 2. Segurança Pública. I. Titulo
CDD 363.35
5
CAPACIDADE DE RESPOSTA DA DEFESA CIVIL DO ESTADO DO CEARÁ: Aos
Abalos Sísmicos.
TERMO DE APROVAÇÃO
Por
FRANCISCO ALAIRTON BEZERRA JUNIOR
Este estudo monográfico foi apresentado no 21 do mês junho de 2010, como
requisito parcial para a obtenção do título de Especialista em Segurança Pública e
Defesa Civil da Faculdade Metropolitana da Grande Fortaleza, tendo sido aprovado
pela banca examinadora composta pelos professores.
BANCA EXAMINADOR
__________________________________
Profº Luiz Claudio Araújo Coelho, Ms.
Orientador
__________________________________
Profª Lise Alcântara Castelo, Ms.
Examinadora - FAMETRO
__________________________________
Profº José Ananias Duarte Frota, Ms.
Examinador - FAMETRO
6
Dedico este trabalho a Jesus Cristo e a
todos
os
Coordenadores,
Gerentes,
Técnicos e Funcionários da Defesa Civil
do Estado do Ceará e a todas as pessoas
que
tem
interesse
em
relacionados a Defesa Civil.
estudos
7
Agradecimento
Aos meus pais Alairton e Regina pela educação passada e apoio em toda minha
vida.
A minha esposa Elizabeth e meus filhos Wesley e Jeferson, pelo incentivo diário na
busca do conhecimento.
Ao meu orientador da monografia o Professor Luís Cláudio Araújo Coelho que com
dedicação e esmero me orientou neste trabalho.
Aos colegas de trabalho do Corpo de Bombeiros Militar e da Defesa Civil do Ceará e
em especial ao Prof. Brandão dado a sua experiência em sismologia, que contribuiu
muito na realização deste trabalho de pesquisa.
A todos que contribuíram direta ou indiretamente na conclusão desse trabalho
monográfico.
8
RESUMO
Este estudo científico tem como objetivo compreender o trabalho da Defesa Civil do
Ceará - CEDEC na prevenção dos efeitos danosos causados pelos abalos sísmicos
no nordeste brasileiro. Intensificando nos municípios cursos de capacitação e
orientação as comunidades onde surge indício de abalo sísmico. Foram várias
viagens pelo interior do estado do Ceará, visitando os municípios de Sobral,
Alcântara e Meruoca, colhendo relatos da comunidade afetada, bem como, fotos das
áreas atingidas. A problemática encontrada foi o desconhecimento das pessoas em
relação aos abalos sísmicos, e o receio em morar em localidade onde ocorrem
sismicidades quase que constante, dado a muitas notícias sobre terremotos pelo
mundo, onde são vitimadas muitas pessoas. Daí a preocupação da CEDEC
(Coordenadoria Estadual de Defesa Civil) em tranqüilizar as pessoas que fazem
parte COMDEC (Coordenadoria Municipal de Defesa Civil), bem como na formação
de NUDEC’s (Núcleo Comunitário de Defesa Civil). A metodologia da pesquisa foi
exploratória, descritiva, num procedimento de estudo de caso, pesquisa bibliográfica
e documental, tendo como resultado a visita aos municípios já mencionados para
orientar e tranqüilizar as comunidades por meio de cursos e fóruns. Concluísse que
há muito a ser pesquisado sobre abalos sísmicos e que reassentar as famílias
residentes em áreas consideradas de risco em áreas seguras na região norte do
Ceará, requer muito argumento para conscientizá-los a morar em outro lugar, porém,
mais seguro.
Palavras chave: Abalos sísmicos. Comunidades. Defesa Civil.
9
ABSTRAT
This scientific study aims to understand the work of the Civil Defense of Ceará CEDEC in preventing the adverse effects caused by the earthquake in northeastern
Brazil. Intensifying training courses in the counties and communities where the
orientation of seismic evidence emerges. Several trips to the interior of Ceará state,
visiting the cities of Sobral, Alcântara and Meruoca, collecting accounts of the
affected community, as well as pictures of the affected areas. The problem
encountered was the lack of people in relation to earthquakes, and the fear of living
in an area where seismic activity occur almost constant as many stories about
earthquakes around the world, where many people are victimized. Hence the
concern of CEDEC (State Civil Defense Coordination) in reassuring people that are
part COMDEC (Coordination Municipal Civil Defense) and the formation of NUDEC's
(Community Center for Civil Defense). The research methodology was exploratory,
descriptive, a procedure in a case study, literature search and documentation,
resulting in a visit to the cities already mentioned to guide and reassure communities
by offering courses and forums. Conclude that there is much to be researched about
earthquakes and that resettlement of families living in areas considered at risk in safe
areas in the northern region of Ceará, requires much argument to educate them to
live anywhere else, but more secure.
Keywords: earthquakes. Communities. Civil Defense.
10
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - Áreas de atuação e sedes das Regionais de Defesa Civil ............... 39
FIGURA 2 - Mapa de Sismicidade no Brasil. Fonte ―Decifrando a Terra‖ ............ 40
FIGURA 3 - Colisão entre as placas Sulamericana, a placa de Nazca e
a placa Africana. As setas azuis mostram a direção e o sentido do
movimento das placas .......................................................................................... 41
FIGURA 4 - Mecanismos de colisão da Placa Sulamericana, a oeste
com a Placa de Nazca (A) e do afastamento a leste, da Placa Africana
(B) ........................................................................................................................ 42
FIGURA 5 - Falhas geológicas profundas ou zonas de fraqueza na
Província Borborema. As setas vermelhas representam os esforços
compressivos originados nas bordas da placa Sulamernicana ............................ 43
FIGURA 6 - Mapa de Pernambuco mostrando a Zona de Cisalhamento
Pernambuco em branco e as falhas associadas em preto. As setas
laterais vermelhas representam a compressão sofrida pela placa
Sulamericana e as bolinhas vermelhas são os locais onde já ocorreram
abalos sísmicos .................................................................................................... 43
FIGURA 7 - Municípios que realizaram a Conferência Municipal de
Defesa Civil .......................................................................................................... 53
FIGURA 8 - I Ciclo Itinerante de debates sobre a Atividade Sísmica do
Maciço Meruoca-Rosário...................................................................................... 54
FIGURA 9 - II Fórum Itinerante de Defesa Civil – Sismologia ............................ 55
11
LISTA DE TABELA, QUADROS E GRÁFICO
TABELA 1 – Registro de terremotos no Brasil..................................................... 32
QUADRO 1 – Magnitude e Intensidade ............................................................... 27
QUADRO 2 - Terremotos mais destrutíveis no mundo ........................................ 28
QUADRO 3 -Calendário das Primeiras Conferências Municipais/Regionais
de Defesa Civil no Ceará ..................................................................................... 45
GRÁFICO 1 - Percentual de municípios que realizaram ou não realizaram
a Conferência Municipal de Defesa Civil .............................................................. 53
12
LISTA DE SIGLAS
A.A.P.G - American Association of Petroleum Geologists.
CBMCE - Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Ceará
CEDEC - Coordenadoria Estadual de Defesa Civil
CODC - Curso Operacional de Defesa Civil
CMDCs - Conferências Municipais de Defesa Civil
COMDEC - Coordenadorias Municipais de Defesa Civil
GESCAP - Grupo Especial de Socorro às Vitimas de Calamidade Pública
NUDEC - Núcleo Comunitário de Defesa Civil
REDEC - Regionais de Defesa Civil
SAAb - Secretaria de Agricultura e Abastecimento
SAS - Secretaria da Ação Social
SINDEC - Sistema Nacional de Defesa Civil
STDS - Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Social
UNB - Universidade de Brasília
USP - Universidade de São Paulo
13
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................... 15
2 GEOTECTÔNICA: ALGUNS CONCEITOS .............................................. 18
2.1 Deriva dos Continentes ............................................................. 18
2.2 Tectônica de Placas................................................................... 19
2.3 Abalos Sísmicos ........................................................................ 25
3 TERREMOTOS NO MUNDO .................................................................... 26
3.1 Escala Richter ............................................................................ 26
3.2 Históricos dos terremotos no mundo ...................................... 28
3.3 Históricos dos terremotos no Brasil ........................................ 31
3.4 Regiões brasileiras e abalos sísmicos .................................... 32
4 HISTÓRIA DA DEFESA CIVIL NO CEARÁ ............................................. 36
4.1 Histórico dos Abalos Sísmicos no Ceará ................................ 39
4.2 Por que ocorrem terremotos no Nordeste? ............................ 40
4.3 Apoio da Defesa Civil do Ceará às Pessoas Afetadas
pelos Abalos Sísmicos ................................................................... 45
5 METODOLOGIA ....................................................................................... 58
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................... 60
7 RECOMENDAÇÕES ................................................................................. 62
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................ 63
GLOSSÁRIO ................................................................................................ 65
14
APÊNDICE: Questionário aplicado a COMDEC Sobral ............................... 70
ANEXOS: ..................................................................................................... 72
15
1 INTRODUÇÃO
Dado a contínua transformação do planeta Terra e em processo de
constante movimento, faz com que haja um conjunto de fenômenos naturais como:
os abalos sísmicos, os terremotos e as erupções vulcânicas.
Inicialmente, algum conceito acerca da deriva dos continentes traça um
panorama do que aconteceu com o planeta Terra; que ainda acontece; que atuam
tão lentamente e que são praticamente imperceptíveis numa escala de tempo
humano.
E num segundo momento conceituam-se as tectônicas de Placas, dando
uma visão ao leitor sobre a dinâmica e as conseqüências danosas provocadas pelos
choques das placas.
A referida pesquisa busca trazer fatos ocorridos historicamente no mundo,
no Brasil e principalmente no Ceará, para mostrar as diferenças em graus de danos
em países que estão próximos das bordas de placas, bem como, os que estão
intraplacas e dos que estão sobre fraturas geológicas.
Em particular centrarmos o foco no estado do Ceará, onde se tem a
população, principalmente do interior, que é atingida há muitos anos com a seca,
que mata animais e deixam as pessoas em situação de pobreza total e que muitas
vezes sobrevive apenas com os benefícios sociais ofertados pelo Governo Federal e
de vez em quando o quadro se inverte e tem-se no Ceará, chuvas de grandes
proporções que atingem a população desprevenida, como o ocorrido no ano de
2009, onde 119 (cento e dezenove) municípios decretaram situação de emergência
(CEDEC Ceará, 2009). Por conta dos altos índices pluviométricos registrados,
causando destruição por onde passava, fazendo com que o estado necessitasse de
uma demanda de 80 (oitenta) milhões de reais para reconstrução de todo cenário
destruído (Portaria nº 137 - MI, de 4 de junho de 2009).
16
Devido ao seu tamanho geográfico, o Estado do Ceará, com 148.825,602
km² (IBGE, 2009), contingente populacional de 8.547.809 de pessoas (IBGE, 2009),
condições climáticas e ao grau de desenvolvimento está sujeito, diariamente, a um
número
elevado
de
desastres.
Estes
provocam
muitas
mortes,
feridos,
incapacidades físicas, além de causar vultosos danos às propriedades, bens,
serviços, à produção agrícola, à pecuária e também, de forma muito clara, profundos
efeitos e conseqüências desastrosas ao meio ambiente.
No entanto, vale a pena chamar a atenção para o fato de que o Ceará
não apresenta, afortunadamente, grandes e graves desastres súbitos de evolução
aguda, tais como furacões, erupções vulcânicas, tsunamis etc. Todavia o Estado
sofre, de Norte a Sul e de Leste a Oeste, inúmeros outros tipos de desastres, como
os vendavais, as enchentes e inundações, as enxurradas, as erosões marinhas, as
voçorocas, os deslizamentos, as estiagens e secas típicas do semi-árido, além dos
abalos sísmicos que recentemente aterrorizaram a população da região Norte do
Estado.
Os abalos sísmicos na região norte do Ceará, em particular nos
municípios de Sobral, Meruoca e Alcântaras tiveram início no dia 28 de janeiro de
2008 até os dias atuais, já foram registrados mais de 2.800 tremores de terra. Dado
a vulnerabilidade das moradias construídas em áreas de risco que estão em lugares
íngremes das serras da Meruoca e Alcântara. Os moradores correm o risco de ter
suas casas destruídas por desmoronamento de terra ou rochas. Mas, relutam em
continuar nas moradias. Daí o grande desafio dos agentes de defesa civil em
remover esses moradores da área de risco e levá-los para morar em áreas seguras.
1.1 Objetivos:
Analisar as ações da Defesa Civil Estado do Ceará, diante dos abalos
sísmicos ocorridos na recente atividade sísmica iniciada em janeiro de 2008 em
Sobral, Alcântara e Meruoca.
17
1.2 Objetos Específicos:
 – Estudar o fenômeno natural de movimento de placas tectônicas
causador de desastres sismológicos;
 – Estudar as ações da Defesa Civil frente às ocorrências sísmicas;
 – Investigar os danos/vulnerabilidades presentes na região norte do
Estado do Ceará.
18
2 GEOTECTÔNICA: ALGUNS CONCEITOS
O planeta terra está em constante transformação. E atua tão lentamente
que são praticamente imperceptíveis numa escala de tempo humana. A natureza
dinâmica da terra revela os fenômenos como: os abalos sísmicos, os terremotos e
as erupções vulcânicas.
Neste capitulo, conceituam-se o movimento dos continentes e os efeitos
das placas tectônicas que produzem uma mobilidade geológica atestada por uma
atividade ígnea que produz deformação nas rochas (Loczy; Ladeira, 1980)
2.1 Deriva dos Continentes
Segundo Wegener (1912 apud Hellman, 1999), que apresentou a teoria
do deslocamento continental ao mundo em 1912, no encontro da Sociedade
Geológica de Frankfurt, propondo que os continentes "tem movimento" lentamente
sobre as bacias oceânicas, havendo colisões um com outro e seguidas separações.
Que foi apresentado em 1915 às idéias de Wegener em um livro, e em 1926, teve
um resumo lido nos Estados Unidos, numa conferência patrocinada pela American
Association of Petroleum Geologists (A.A.P.G.). Apesar de vários outros geólogos
terem proposto a mobilidade continental (até um americano: Frank Taylor), o
tratamento dado por Wegener foi o mais desenvolvido, conforme informações
abaixo:
I - Os continentes são constituídos de material menos denso que o das
bacias oceânicas.
II - O material que compõe o assoalho oceânico também existe sob os
continentes, e a diferença de densidade entre os continentes permite que eles
"flutuem" em equilíbrio isostático sobre o substrato oceânico mais denso.
19
III - Os continentes são capazes de se movimentar sobre o substrato
porque este se comporta, no tempo geológico, como um líquido altamente viscoso.
IV - As cadeias de montanhas, rifts, arcos de ilhas oceânicas são maiores
feições geológicas da terra e os terremotos, vulcões são os maiores fenômenos
geológicos que causam movimento horizontal e interação entre os continentes.
Montanhas são formadas pôr compressão nos bordos de continentes em
movimento.
V – Na formação inicial da Terra era coberta pôr uma camada fina,
contínua de material continental, a qual gradualmente se quebrou em pedaços que
foram se espessando por "amontoamento". Durante o período Mesozóico, alguns
dos maiores continentes estavam reunidos num grande supercontinente chamado
Gondwanaland.
A Teoria da Isostasia é reafirmação dos dois primeiros pontos. O terceiro
ponto, o conceito de substrato móvel, era um conceito geológico já estabelecido,
mas não aplicado para explicar grandes movimentos horizontais. Apenas os dois
últimos pontos continham realmente algo novo, apesar de Wegener ter emprestado
o termo Gondwanaland de Suess; mas enquanto Suess dizia que parte deste
supercontinente já tinha "afundado", Wegener argumentava que ele ainda estava
entre nós, em pedaços.
2.2 Tectônica de Placas
Em decorrência da movimentação constante das placas tectônicas sobre
o manto, houve a separação entre a África e a América do Sul, movimento esse que
aconteceu em todo o planeta. Pode-se dizer que a posição dos continentes vem se
modificando no decorrer da história da Terra, constatação essa que é resultado de
estudos recentes dos cientistas, realizados principalmente a partir de meados do
século XX.
20
Foi
formulado
pelo
cientista
alemão
Alfred
Lothar Weneger,
a
extraordinária Teoria da Deriva dos Continentes. Segundo essa teoria, a última
deriva continental teve início há cerca de 200 milhões de anos, ainda na Era
Paleozólca, quando havia um continente ―mãe‖, chamado Pangéia, e um gigantesco
oceano, chamado Pantalassa. Em decorrência da movimentação das placas
tectônicas ao longo da Era Mesozóica (no período Jurássico) o Pangéia fragmentouse em dois continentes: o Laurásia (formado pela atual América do Norte e Eurásia)
e o Gondwana (formado pelas atuais América do Sul, África, Índia, Austrália e
Antártida). Entre os dois, formou-se um mar relativamente raso: o Mar Tétis.
E ainda na Era Mesozóica (no período Cretáceo), o Laurásia e o
Gondwana também se fragmentaram, gerando os continentes atuais. A Índia, por
exemplo, soltou-se de Gondwana, formando uma ilha. Já na Era Cenozóica (no
período Quaternário), as formas dos continentes estavam em processo semelhante
às formas atuais. Nessa era, a Índia colidiu-se contra o continente asiático com
tamanha pressão que o choque entre as placas resultou na formação da cordilheira
do Himalaia, onde fica o Monte Everest, o mais alto do planeta. Uma das evidências
mais banais da deriva continental é o ―encaixe‖ quase perfeito entre os litorais leste
da América do Sul e oeste da África.
• O Pangéia foi um único supercontinente, há cerca de 200 milhões de
anos na era Paleozóica.
• Há cerca de 130 milhões de anos o Pangéia fragmentou- se em
Laurásia (América do Norte e Eurásia) e Gondwana (América do Sul, África, Índia,
Austrália e Antártida). No período Mesozóico.
• Houve a separação entre a América do Norte e a Eurásia e entre a
América do Sul, a África, a Oceania e a Índia, que se tornou uma ilha no Oceano
Índico: há cerca de 84 milhões de anos, na era Mesozóica.
• Por fim, na era Cenozóica, a Índia colidiu com a Ásia, juntando-se ao
continente.
21
É relativamente recente, o conceito das Placas Tectônicas, e revolucionou
a Ciência do século 20. Este conceito propõe que todos os terremotos, atividade
vulcânica, e processos de construção de montanha são causados pelo movimento
de blocos rígido chamado placas que compõem a capa da superfície da Terra, ou
litosfera (lithosphere).
Alfred Wegner, em 1912, colocou sua teoria que a crosta terrestre era
segmentada em doze grandes zonas que denominou de placas tectônicas, que
estão em contínua modificação, e que os continentes se formaram a partir de um
único continente chamado Pangea.
A partir do Pangea, os movimentos de deriva foi o que deu lugar a
formação dos atuais continentes.
De acordo com Tassinari (2003 apud Brandão, 2007, p. 19). O movimento
dos continentes é um processo contínuo e marca o deslocamento de placas em uma
velocidade que varia de 3 a 7 centímetros ao ano; não há um consenso entre os
cientistas, que existe divergência de autor para autor. No entanto, parece
consensual o avanço de estudos e pesquisas que comprovam tais movimentos de
placas:
A constatação da existência das placas deu uma nova roupagem às antigas
idéias de deriva Continental, explicando satisfatoriamente muitas das
grandes feições geológicas da Terra, como as grandes cordilheiras de
montanhas, como os Andes, e respondendo a questões, por exemplo, sobre
as concentrações de sismos e vulcões atuais ou sobre as rochas que já
estiveram no fundo dos oceanos e estão hoje no topo de grandes cadeias
montanhosas, como os Himalaias.
A formação dos dorsais meso-oceânicas ou grandes cordilheiras se dá
pela consolidação do magma ao longo das linhas de fratura que se encontram nos
limites das placas. O manto se aproxima da crosta litosférica, em função das
correntes de convecção, facilitando o fluxo do magma que atua como uma cunha,
provocando o afastamento das placas e expandindo o fundo oceânico. Esse Dorsal
Meso-Oceânico e essa imensa cadeia de montanhas submarinas constitui um
22
sistema contínuo ao longo do planeta Terra que se estende por 84.000 km e
apresenta uma largura de até 1.000 km.
Dentro da Teoria das Placas Tectônicas, a superfície da Terra está
composta de uma dúzia de grandes placas e outras várias de menor tamanho.
Em seguida razões que levaram a formação do conceito das placas
tectônicas e da deriva dos continentes:
* Há um alargamento dos mares, quando o magma esfria e se solidifica
no solo submarino, os minerais magnéticos do material novo se solidificam de
acordo com a polaridade do campo magnético da Terra na ocasião de seu
resfriamento.
* E quando o campo magnético da Terra reverte sua polaridade, o novo
magma se solidifica adquirindo a polaridade inversa.
* É assim que a crosta oceânica possui o registro da própria formação,
com a primeira mudança de polaridade registrada próximo ao limite entre as placas,
onde a lava atinge a superfície e as mais antigas, próximas das margens
continentais, formadas quando o oceano era jovem em torno de 180 a 200 milhões
de anos.
* demonstrando que os continentes devem ter se movido em direções
opostas abrindo espaço para o oceano desde a Era Jurássica.
* Outra confirmação do conceito veio pelo estudo da distribuição de
estruturas geológicas que passam de um continente para outro.
* A partir de um estudo os Geologistas da Universidade de Cambridge
usaram o computador para colocar todos os continentes e ilhas da Terra juntos
como num quebra-cabeça, considerando contornos submarinos. O resultado foi
impressionante, apresentando muito poucos buracos e sobreposições.
23
* Na comparação da estrutura e composição das rochas e solo dos
continentes que o modelo indica terem sido um só, confirmando que o modelo é bem
próximo ao correto.
* E finalmente o estudo da fauna marinha e flora das diferentes áreas
durante os anos também apresenta provas do movimento dos continentes.
Segundo Alfred Wegner, 1912. São quatro, os modelos de Interação entre
as Placas Tectônicas:
Subducção - ocorre quando duas placas de espessura semelhante
entram em contato entre si.
Deslizamento - se produz no momento em que duas placas oceânicas
entram em contato, ou também uma placa continental e uma oceânica.
Extrusão - este fenômeno ocorre na junção de duas delgadas placas
tectônicas que deslizam em direções opostas, como é o caso do contacto de duas
placas do fundo oceânico.
Acrecencia - acontecem quando existe um leve impacto entre uma placa
oceânica e uma continental.
Já nas zonas de extrusão surge uma ''nova crosta'', enquanto nas zonas
de subducção as placas que penetram por baixo se fundem, por efeito do calor
liberado na interação entre as placas baixas sob condições de elevada pressão,
dando lugar ao magma. O que explicaria a freqüência de vulcões ativos situados
nestas zonas de subducção.
São de três tipos de limites entre as placas:
* Quando elas se afastam, no meio do oceano, nova crosta se forma com
o material expelido do interior da Terra;
* Quando uma placa avança para baixo de outra, parte da placa é
consumida pela alta temperatura das camadas inferiores;
24
* Quando as placas se movem em direções opostas, causando falhas.
Acredita-se que o afastamento da geração de nova crosta entre placas
formou os atuais oceanos da Terra; e que a convergência de placas deu origem a
cadeias de montanhas.
Os oceanos da Terra estão em diferentes estágios de formação:
* O Oceano Pacífico é antigo e está havendo uma diminuindo em ambos
os lados, o que poderá resultar na colisão da Ásia com as Américas.
* Há um crescimento do Oceano Índico no oeste e diminuindo no leste.
* E encontra-se em expansão o Atlântico em ambos os lados.
* Já o Mar Vermelho é o embrião de um futuro oceano.
A colisão da placa da África com a da Europa originaram a formação dos
Alpes. Há restos de crosta oceânica ali, indicando que havia um oceano onde agora
há uma cadeia de montanhas. O mesmo acontece na região dos Himalaias, causado
pela colisão das placas da Índia e da Ásia.
Nos limites das placas tectônicas, ocorrem com bastante freqüência os
terremotos.
O lado oeste da América do Sul está sobre área de compressão de
placas.
E o lado oeste da África, por exemplo, está sobre o centro de uma placa e
os movimentos tectônicos não se manifestam.
Fonte: www.coladaweb.com
25
2.3 Abalos sísmicos
Os abalos sísmicos ou terremotos são tremores na superfície terrestre,
provocados por eventos que ocorrem no subsolo e nas camadas interiores do
planeta: os choques entre as placas tectônicas.
Hipocentro: é a região do interior da crosta terrestre de onde origina o
terremoto.
Epicentro: é o ponto da superfície terrestre de maior proximidade do
centro de um abalo sísmico, ou seja, é o principal local que sofre com as vibrações
do abalo.
Os terremotos de grande intensidade costumam ocasionar danos
materiais e até a perda de muitas vidas humanas. Geralmente, as conseqüências
dos terremotos são mais graves quando atingem países pobres, nos quais a infraestrutura das cidades não está preparada para os tremores. As pessoas perdem
tudo, desde seus móveis e suas modestas casas até seus parentes, e são pouco
amparadas pelo governo. As tragédias decorrentes de terremotos são um fator
agravante da pobreza em algumas regiões, como é o caso dos recentes terremotos
ocorridos no Haiti em Janeiro de 2010, no Chile em Fevereiro de 2010, e na China
em Abril de 2010.
No entanto em países desenvolvidos, como os Estados Unidos e o Japão,
os governos e as construtoras investem na infra-estrutura, construindo prédios
providos de uma compensação estrutural adequada, planejados para agüentar
grandes oscilações do terreno. Nesses países, avançados aparelhos sismológicos
permitem detectar os eventos sísmicos a tempo de avisar as populações e evitar
catástrofes maiores. Os terremotos submarinos podem causar a formação de
maremotos (tsunamis) especialmente em áreas de colisão entre placas tectônicas.
26
3 TERREMOTOS NO MUNDO
Para melhor compreensão dos efeitos do terremoto no Mundo, conceituase a magnitude e freqüência por meio da Escala Richter.
3.1 Escala Richter
Escala Richter foi desenvolvida em 1935 pelos sismólogos Charles
Francis Richter e Beno Gutenberg, ambos os membros do California Institute of
Technology (Caltech), que estudavam sismos no sul da Califórnia e a primeira
escala apontou o grau zero para o menor terremoto passível de medição pelos
instrumentos existentes à época. Atualmente, a sofisticação dos equipamentos
tornou possível a detecção de tremores ainda menores do que os associados ao
grau zero, e tem ocorrido a medição de terremotos de graus negativos.
De acordo com o Centro de Pesquisas Geológicas dos Estados Unidos,
teoricamente, a Escala Richter não possui limite. Aconteceram três terremotos com
magnitude maior do que nove na Escala Richter desde que a medição começou a
ser feita. De acordo com outras fontes, como a Enciclopédia Britânica, tal marca
nunca foi alcançada. Conforme apresentado no Quadro 1, a seguir:
Descrição Magnitude
Micro
Muito
pequeno
Pequeno
< 2,0
2,0-2,9
3,0-3,9
Efeitos
Frequência
Micro tremor de terra, não se sente[3
~ 8000 por dia
Geralmente não se sente mas é
detectado/registado.
Frequentemente sentido mas
raramente causa danos.
~1000 por dia
~49000 por ano
27
Tremor notório de objetos no interior de
Ligeiro
4,0-4,9
habitações, ruídos de choque entre
objetos. Danos importantes pouco
~ 6200 por ano
comuns.
Pode causar danos maiores em
Moderado
5,0-5,9
edifícios mal concebidos em zonas
restritas. Provoca danos ligeiros nos
800 por ano
edifícios bem construídos.
Pode ser destruidor em zonas num raio
Forte
6,0-6,9
de até 180 quilômetros em áreas
120 por ano
habitadas.
Grande
7,0-7,9
Importante
8,0-8,9
Excepcional
9,0-9,9
Pode provocar danos graves em zonas
mais vastas.
Pode causar danos sérios em zonas
num raio de centenas de quilômetros.
Devasta zonas num raio de milhares de
quilômetros.
18 por ano
1 por ano
1 a cada 20 anos
Extremamente
Extremo
> 10,0
Nunca registrado.
raro
(Desconhecido)
Quadro 1 - Magnitude e intensidade
Fonte: wikipedia.org
28
3.2 Histórico dos terremotos no mundo:
Conforme apresentado anteriormente, terremoto é a vibração da terra
causada por pedaços ou placas da crosta da Terra que repentinamente se move. A
crosta, a camada externa e fria do globo terrestre. Esta crosta contém muitas
aberturas pequenas e grandes chamadas falhas geológicas. Embora essas falhas
podem ser longas em centenas de milhas, normalmente você não pode ver as
aberturas porque elas são enterradas no subterrâneo e porque os pedaços de crosta
são comprimidos muito apertadamente. As forças poderosas que comprimem esses
pedaços da crosta também causam os terremotos. Uma força repentina na rocha
agita a terra. Essas vibrações são chamadas ondas sísmicas ou terremoto. Quando
isso acontece a energia acumulada durante um longo tempo é liberada sob forma de
ondas elásticas propagando-se em todas as direções. Causando transtorno às
populações. Dentre os terremotos mais destrutivos da história destacam-se,
conforme quadro 2, a seguir:
Data
Local
23/jan/1556 Shansi, China
Mortos Graus
830 mil
8
Comentários
Abalo sísmico mais letal de todos os
tempos
Oficialmente 255 mil mortos, mas
27/jul/1976 Tangshan, China
255 mil
7.5 estima-se
que
655
mil
pessoas
morreram
09/ago/1138 Alepo, Síria
230 mil N/D
26/dez/2004 Costa oeste de Sumatra
227 mil
9.0
Maior desastre da era moderna. Ondas
gigantes devastaram mais de 12 países
29
12/jan/2010 Haiti
223 mil
22/mai/1927 Próximo à Xining, China 200 mil
22/dez/0856 Dangan, Irã
200 mil
16/dez/1920 Gansu, China
200 mil
23/mar/0893 Ardabil, Irã
150 mil
7
7.9 Causou grandes fraturas
8.6 Grandes fraturas e deslizamentos
Após
01/set/1923 Kanto, Japão
143 mil
o
terremoto,
tsunamis
7.9 incêndios devastaram a cidade de
Tóquio
05/out/1948 Ashgabat, Turkmenistão 110 mil
10 /set/1290 Chiili, China
28/dez/1908 Messina, Itália
7.3
100 mil
70 a 100
mil
e
7.2 Grandes tremores e tsunamis
12/mai/2008 Leste de Sichuan, China
88 mil
7.9
08/out/2005 Paquistão
86 mil
7.6
08/nov/1667 Shemakha, Caucasia
80 mil
18/nov/1727 Tabriz, Irã
80 mil
30
01/nov/1755 Lisboa, Portugal
70 mil
25/dez/1932 Gansi, China
70 mil
7.6
31/mai/1970 Peru
66 mil
7.9 Muitas enchentes e soterramentos
22/ago/1268 Silícia, Ásia Menor
60 mil
11/jan/1693 Sicília, Itália
60 mil
30/mai/1935 Quetta, Paquistão
30 a 60
mil
Gigantesco maremoto destrui Lisboa
7.5
04/fev/1783 Calábria. Itália
50 mil
20/jun/1990 Irã
50 mil
7.7
26/dez/2003 Bam, Irã
31 mil
6.5
A cidade de Quetta foi completamente
destruída
A Cidade histórica de Bam foi
completamente destruída
28/fev/2010 Chile
700
8.8 Santiago
14/abr/2010 China
617
7.1 Quinghai
QUADRO 2: Terremotos mais destrutíveis no mundo.
Fonte: Apolo 11.com
31
3.3 Histórico dos terremotos no Brasil:
Há tempos, imaginou-se que o Brasil estivesse a salvo dos terremotos por
não estar sobre as bordas das placas tectônicas - os movimentos dessas placas
constam como sendo uma das principais causas dos terremotos.
Portanto, sabe-se que os tremores podem ocorrer inclusive nas regiões
denominadas "intraplacas" como é o caso do Brasil, que está situado no interior da
Placa Sul-Americana. Nessas regiões, os tremores são mais amenos, com pouca
intensidade e dificilmente chegam 4,5 graus de magnitude.
Os tremores sentidos no Brasil em nosso país decorrem da existência de
falhas (pequenas rachaduras) proveniente do desgaste da placa tectônica ou são
reflexos de terremotos com epicentro em outros países da América Latina.
Pelo exposto, no Brasil os abalos sísmicos têm características diferentes
dos terremotos que ocorrem, por exemplo, no Japão e nos Estados Unidos, pois
nestes países, há o encontro de duas ou mais placas tectônicas - e as falhas
existentes entre elas são, normalmente, os locais onde acontecem os terremotos
mais intensos.
Embora a atividade sísmica ou sismicidade brasileira seja menos
freqüente e bem menos intensa, não deixa de ser significativa e nem deve ser
desprezada, já aconteceram vários tremores com magnitude acima de 5,0 na Escala
Richter, indicando que o risco sísmico não deve ser simplesmente ignorado.
Referidos tremores de terral só começaram a ser detectados com
precisão a partir de 1968, quando foi instalada uma rede mundial de sismologia.
Brasília foi escolhida para sediar o arranjo sismográfico da América do Sul. Existem,
atualmente, 40 estações sismográficas em todo o país, sendo que o aparelho mais
potente é o mantido pela Universidade de Brasília.
Desde o início do século 20, que há relatos de abalos sísmicos no Brasil.
Segundo informações do "Mapa tectônico do Brasil", criado pela Universidade
32
Federal de Minas Gerais em nosso país existem 48 falhas, nas quais se concentram
as ocorrências de terremotos.
E segundo dados levantados a partir da análise de mapas topográficos e
geológicos, as regiões que apresentam o maior número de falhas são o Sudeste e o
Nordeste, seguidos pelo Norte e Centro-Oeste, e, por último, o Sul.
A região Nordeste é a que mais sofre com abalos sísmicos. E o segundo
ponto de maior índice de abalos sísmicos no Brasil é no Estado do Acre. Toda via
mesmo quem mora em outras regiões não deve se sentir imune a esse fenômeno
natural.
3.4 Regiões brasileiras e abalos sísmicos
No Brasil, os tremores de terra só começaram a ser detectados com
precisão a partir de 1968, quando houve a instalação de uma rede mundial de
sismologia.
Embora grande parte dos sismos brasileiros seja de pequena magnitude
(4,5 graus na Escala Richter), a história tem mostrado que, mesmo em "regiões
tranqüilas" podem acontecer grandes terremotos. Apesar de não ser alarmante, o
nível de sismicidade brasileira precisa ser considerado em determinados projetos de
engenharia, como centrais nucleares, grandes barragens e outras construções de
grande porte, principalmente nas construções situadas nas áreas de maior risco.
O maior terremoto que o país já teve ocorreu há mais de 50 anos, na
Serra do Tombador, no Mato Grosso: atingiu 6,6 graus na Escala Richter. Mas há
outros registros:
TABELA 1 : Registros de terremotos no Brasil
Município/estado
Ano
magnitude
Mogi-Guaçu, São Paulo
1922
5,1 graus
Tubarão, Santa Catarina
1939
5,5 graus
33
Litoral de Vitória, Espírito Santo
1955
6,3 graus
Manaus, Amazonas
1963
5,1 graus
Noroeste do Mato Grosso do Sul
1964
5,4 graus
Pacajus, Ceará
1980
5,2 graus
Codajás, Amazonas
1983
5,5 graus
João Câmara, Rio Grande do Norte
1986
5,1 graus
João Câmara, Rio Grande do Norte
1989
5,0 graus
Plataforma, Rio Grande do Sul
1990
5,0 graus
Porto Gaúcho, Mato Grosso
1998
5,2 graus
Divisa entre Acre e Amazonas
2007
6,1 graus
Itacarambi, Minas Gerais
2007
4,9 graus
Irauçuba, Ceará
2008
4,3 graus
Fonte: <educacao.uol.com.br/geografia/terremoto> (2010)
Os terremotos podem ser originados de duas formas, por tectonismo e
vulcanismo. Mas são comumente conhecidos como tremores de terra ou
formalmente, abalos sísmicos.
O primeiro é oriundo de movimentos das placas tectônicas, esses podem
ser divergentes ou convergentes, dessa forma a acomodação dessas placas geram
os abalos sísmicos ou terremotos.
O segundo dá origem aos terremotos a partir de erupções vulcânicas, que
correspondem à liberação de uma grande quantidade de energia acumulada no
interior da Terra.
Porém existem lugares que são mais propícios a incidências de abalos,
nesse caso a possibilidade maior são nas bordas das placas tectônicas ou regiões
onde elas se encontram. A ocorrência de terremotos pode ser monitorada, no
entanto, é difícil de realizar previsões precisas do lugar e momento exato em que
esse fenômeno pode acontecer.
34
Os abalos são medidos em uma escala de 0 a 9, que corresponde à
quantidade de energia liberada. Os terremotos podem ser medidos, o método de
avaliação desse fenômeno foi elaborado pelo sismólogo norte-americano Charles
Francis Richter, seu nome é utilizado para designar a escala.
São registrados anualmente aproximadamente 300 mil terremotos com
escalas que variam em uma média entre 2 e 2,9 graus na escala Richter. Desse
número alguns acontecem em território brasileiro.
O Brasil presenciou recentemente dois abalos sísmicos, o primeiro
ocorreu em 2007 em um vilarejo localizado ao norte do Estado de Minas Gerais,
esse evento gerou a primeira vitima fatal decorrente de terremotos na história do
país.
O segundo evento corresponde a três ocorrências em 2008 no norte do
Ceará, registrando 3,9 graus na escala Richter. Os moradores dos municípios de
Sobral, Alcântara e Meruoca, ficaram apavorados e passaram a noite acordados na
rua.
Segundo informação do chefe do Laboratório de Sismologia da Defesa
Civil, os terremotos vão continuar e alertou que a população deve conviver com o
fenômeno.
Diante do exposto e de outros fatos ocorridos em anos passados fica
evidente que o território brasileiro não está totalmente livre da ocorrência de abalos
sísmicos, nesse sentido existe uma possibilidade real da incidência de terremotos de
maiores proporções em uma das inúmeras cidades do Brasil, a escala mais elevada
registrada no País ocorreu em 1955, no Estado de Mato Grosso com 6,6 na Escala
Richter.
O professor Allaoua Saadi (2002). Através do Departamento de Geografia
do Instituto de Geociência da Universidade Federal de Minas Gerais, afirmou que
foram encontradas 48 falhas geológicas em toda extensão do território brasileiro. E
que toda polêmica acerca da ―imunidade‖ do Brasil em relação à ocorrência de
terremotos foi derrubada.
35
São nessas falhas que acontecem os terremotos, por meio do movimento
das placas tectônicas. As falhas se formaram há milhões de anos em um longo
processo geológico. As placas atuais são resultados da junção de placas, uma
sobreposta a outra, e muitas vezes a acomodação não realiza um perfeito encaixe,
com isso há a formação de trincas, lacunas, rachaduras e falhas, e quando há
ruptura resulta em terremotos.
Pelo que foi visto nessa pesquisa, Saadi (2002) afirmou que a
concentração maior das falhas está presente no Nordeste e Sudeste. Apesar das
novidades oriundas desse estudo, ainda se tem informações superficiais, uma vez
que foram identificadas somente as grandes falhas e existem ainda inúmeras outras
pequenas fissuras.
Para consolidar esse trabalho, Saadi (2002) utilizou vários recursos,
dentre os principais estão: análise de mapas topográficos e geológicos, imagens de
satélites e radar, além de livros e pesquisas sobre o assunto.
O pesquisador em questão relatou a existência da possibilidade de
acontecer terremotos, porém com menor freqüência e intensidade em relação a
outros lugares do globo.
36
4 HISTÓRIA DA DEFESA CIVIL NO CEARÁ
No decorrer de sua história, o Estado do Ceará, vem apresentando um
quadro vulnerável de desastres naturais que se intensificam nos estados da região
nordeste, com predominâncias nas secas e inundações, dado a localização
geográfica da região nordeste.
As autoridades sempre se preocuparam com essas calamidades e o
Governo do Estado, atento aos efeitos desses fenômenos, que ano após ano
assolavam a população cearense. Dando inicio as ações de DC em 1971, e a
criação através do Decreto nº 9.537, de 31/08/1971, o Grupo Especial de Socorro às
Vitimas de Calamidade Pública (GESCAP), Com a gerência da, então, Secretaria de
Agricultura e Abastecimento (SAAb), cujo objetivo era centralizar e coordenar as
providências de socorro, em caso de calamidade pública oficialmente declarada no
território do Estado.
Houve alteração na denominação do GESCAP, para Coordenadoria
Estadual de Defesa Civil do Ceará (CEDEC). Em 16 de dezembro de 1982, a Lei nº
10.766, na qual continuou subordinada a SAAb.
Tendo em vista a globalização sobre a missão da Defesa Civil no país e
no estado do Ceará, o então ―Governo das Mudanças‖, através do Decreto nº
18.876, de 16 de outubro de 1987, estabeleceu que a CEDEC passasse a fazer
parte da estrutura da recém criada Secretaria da Ação Social (SAS).
Durante esse período não eram trabalhados os norteadores, prevenção e
preparação, ficando as ações apenas ao período de anormalidade, onde eram
realizadas entrega de cestas básicas e colchonetes para vítimas de enchentes no
período de chuvas intensas no estado e distribuição de água, através de carros
pipas, para vítimas da estiagem no período de seca. Como esse tipo de trabalho
estava contemplado na Política Pública de atendimento à população nos trabalhos
feitos pela SAS, o Governo entendeu que seria de bom entendimento manter as
duas instituições na mesma pasta de trabalho, já que as ações eram afins.
37
Mais precisamente em 07 de fevereiro de 2007, atendendo a uma
exigência da Constituição Federal de 1988, que em seu art. 144, parágrafo 5º diz:
―aos Corpos de Bombeiros Militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe
à execução de atividades de defesa civil‖ (CF 88), o Governo do Estado do Ceará,
através da Lei nº 13.875, artigo 64, transferiu as atribuições da Coordenadoria
Estadual de Defesa Civil (CEDEC) da Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento
Social (STDS) para o Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Ceará (CBMCE).
Começou a partir desta data, o empenho no processo de capacitação dos
militares do CBMCE que comporiam a CEDEC, com a ajuda e experiência dos
profissionais civis que já faziam parte da mesma, pois a quadra invernosa estava se
aproximando e os profissionais do CBMCE não tinham ainda o conhecimento
necessário ao atendimento às vítimas, embora já acompanhassem a CEDEC nos
trabalhos de resgate nos períodos de calamidade. Porém a responsabilidade recaída
ao CBMCE exigia uma ação mais intensa de preparação do pessoal e em abril de
2007, foi implementado o primeiro curso operacional de defesa civil (CODC),
utilizando as estruturas do Colégio Militar do Corpo de Bombeiros (CMCB), voltado
aos profissionais do CBMCE, no intuito de melhor qualificá-los na nova função que
assumiriam dentro da nova estrutura agregada à corporação.
Propiciando ao aprendizado um ambiente de socialização de informações
referentes ao assunto para colocar o pessoal em situação confortável de
atendimento às pessoas afetadas frente aos possíveis desastres que ocorressem no
estado do Ceará, seguindo os parâmetros do Decreto 5.376, de 17 de fevereiro de
2005, registrados no artigo 12, inciso V, que diz: ―Capacitar recursos humanos para
as ações de defesa civil.‖ (SINDEC, 2005).
Na atual gestão, a Defesa Civil do Estado do Ceará, parte integrante do
Corpo de Bombeiros Militar do Ceará, conta com 65 pessoas em seu quadro de
pessoal, sendo 43 militares e 22 civis, distribuídos nas seguintes funções:
 01 Coordenador Executivo;
 01 Coordenador Executivo Adjunto;
 02 Engenheiros;
38
 07 Gerentes (Resposta, Minimização, Convênios, Homologação,
Hidrologia, Sismologia, Ação Comunitária)
 18 Supervisores Técnicos de Área;
 10 Motoristas;
 04 Gerentes;
 15 Assistentes Administrativos;
 01 Secretária;
 06 Terceirizados.
E na visão holística do Comandante Geral do CBMCE e Coordenador
Geral da DC do Ceará, Coronel João Vasconcelos Sousa, essa é apenas uma
parcela do efetivo, pois na visão do mesmo, a partir de 2007, quando o órgão
passou aos cuidados da corporação, ganhou um efetivo de 1800 técnicos, que é o
atual contingente do CBMCE.
Ainda, para dar um melhor pronto-atendimento nas ações de defesa civil,
como forma de amenizar os efeitos das calamidades, o estado do Ceará foi dividido
em 11(onze) regionais de Defesa Civil (REDEC), localizadas nos quartéis do
CBMCE distribuídos pelo estado, com o objetivo de agilidade nas respostas as
atividades de defesa civil nos municípios enquanto os supervisores de área chegam
ao local para dar continuidade ao processo já iniciado pela COMDEC do município
afetado juntamente com a respectiva REDEC, conforme distribuição da figura 1 a
seguir:
39
Figura 1 - Áreas de atuação e sedes das Regionais de Defesa Civil
Fonte: CEDEC, 2010
4.1 Histórico dos abalos sísmicos no Ceará:
―O Brasil é um país abençoado por Deus porque aqui não há terremotos‖.
Quem nunca ouviu esta frase? Infelizmente isso não é verdade. Como mostra a
Figura 2, há mais terremotos no Brasil, do que se pensa ou pensava. Nas últimas
décadas, o Nordeste é a região do país que vem registrando o maior número de
abalos sísmicos. Recentemente, a população da cidade de Alagoinhas no agreste
de Pernambuco, a cerca de 230 km do Recife, ficou apavorada com os tremores de
terra que ocorreram em um pequeno espaço de tempo. Foram mais de 60 abalos
sísmicos de magnitudes que variaram de 2,5 a 3,2 na escala Richter, entre os dias 8
e 10 de março passado. Aliás, abalos sísmicos não são raros no Nordeste. Os
primeiros registros históricos de terremotos no Nordeste datam de 1724 em Salvador
(BA). Desde essa época, muitos abalos sísmicos foram registrados em todos os
estados do Nordeste do Brasil. Dentre as localidades mais atingidas destacam-se
Caruaru e Belo Jardim, em Pernambuco, João Câmara e Parazinho, no Rio Grande
40
do Norte, Pacajus, Sobral, Alcântara e Meuroca no Ceará, e algumas cidades do
recôncavo baiano.
Figura 2 - Mapa de Sismicidade no Brasil. Fonte ―Decifrando a Terra‖.
Fonte: www.comciencia.br (maio de 2010)
4.2 Por que ocorrem terremotos no Nordeste?
A superfície terrestre é composta por placas litosféricas rígidas, que
incluem crosta continental e oceânica, chamadas de placas tectônicas. Essas placas
flutuam sobre uma camada viscosa da parte mais externa do manto, que os
geocientistas chamam de astenosfera. As placas tectônicas se distribuem na
superfície terrestre como se fossem peças de um quebra-cabeça. Se uma peça
dessas se move, vai colidir com as suas vizinhas. Essa colisão provoca dois tipos de
41
terremotos, os terremotos de borda de placa, mais fortes, como os que ocorrem no
Chile e os terremotos intraplaca, historicamente mais fracos, como os que ocorrem
no Nordeste. A placa em que viaja é a Placa Sulamericana, que colide com a Placa
de Nazca a oeste (Figura 3), e a leste, ela se afasta da Placa Africana, como
mostram as setas azuis divergentes da Figura 3. A colisão a oeste é do tipo zona de
subducção (Figura 4A), onde a placa de Nazca que é oceânica e mais densa
mergulha sob a placa Sulamenricana, que é continental e menos densa. Já na borda
leste, o mecanismo envolve uma célula de convecção que faz o magma ascender à
superfície afastando as duas placas, dando origem à cadeia meso-atlântica,
mostrada na Figura 4B. Diante disto é fácil compreender que a Placa Sulamericana
está submetida a um regime compressivo provocado pelo empurrão da Placa de
Nazca de oeste para leste, e pela ascensão magmática na cadeia meso-atlântica,
que a empurra para oeste.
Figura 3 - Colisão entre as placas Sulamericana, a placa de Nazca e a placa Africana. As setas
azuis mostram a direção e o sentido do movimento das placas.
Fonte: www.comciencia.br (maio de 2010)
42
Figura 4 - Mecanismos de colisão da Placa Sulamericana,
Placa de Nazca (A) e do afastamento a leste, da Placa Africana (B).
Fonte: www.comciencia.br (maio de 2010)
a
oeste
com
a
Essa compressão a que está submetida a Placa Sulamericana, é a
principal responsável pela maioria dos abalos sísmicos que ocorrem no Nordeste.
Estando sobre uma unidade geológica muito antiga, mas cheia de falhas, chamada
Província Borborema (Figura 5), o Nordeste é sismologicamente instável. As falhas
mais extensas e profundas constituem verdadeiras zonas de fraqueza da crosta
terrestre, que os geocientistas chamam de suturas, tendem a se movimentar,
provocando diversos abalos sísmicos. Uma dessas suturas corta o estado de
Pernambuco desde o Recife até a divisa com o estado do Piauí. Essa grande falha
geológica, de pelo menos 550 milhões de anos, constitui uma sutura vertical da
ordem de 30 km de profundidade. Na terminologia geológica é denominada Zona de
Cisalhamento Pernambuco ou Lineamento Pernambuco (Figura 6).
43
Figura 5 - Falhas geológicas profundas ou zonas de fraqueza na Província Borborema. As
setas vermelhas representam os esforços compressivos originados nas bordas da placa
Sulamernicana.
Fonte: www.comciencia.br (maio de 2010)
Figura 6 - Mapa de Pernambuco mostrando a Zona de Cisalhamento Pernambuco em branco e
as falhas associadas em preto. As setas laterais vermelhas representam a compressão sofrida
pela
placa
Sulamericana e as bolinhas vermelhas são os locais onde já ocorreram abalos sísmicos.
Fonte: www.comciencia.br (maio de 2010)
44
Ao longo da Zona de Cisalhamento Pernambuco os sismos se distribuem
às vezes sobre a própria zona de cisalhamento (Figura 6), às vezes acima ou abaixo
da mesma, associado a alguma falha de menor extensão.
Comparados com os terremotos que ocorrem na borda oeste da placa
Sulamericana, os abalos sísmicos do Nordeste são muito menos intensos, devido à
sua situação intraplaca. Não há, como no Chile, uma placa mergulhando por baixo
da outra provocando grandes terremotos. O Nordeste brasileiro está longe das
bordas da placa. Os terremotos são de magnitude baixa e ocorrem provocando
pequenos abalos, às vezes em grande quantidade. É bom que seja assim, pois é um
sinal de que o esforço está sendo dissipado em doses homeopáticas, não permitindo
o acumulo de grande quantidade de energia, capaz de provocar sismos de maior
magnitude.
Até agora não há como prever de uma maneira efetiva a hora e o local
exato dos abalos sísmicos. Com todo o avanço da tecnologia na construção de
sensores sofisticados, no momento é impossível precisar, principalmente o dia e a
hora do evento sísmico. Com relação aos locais dos sismos se sabe que em geral
os eventos ocorrem sempre associados a falhamentos ou suturas. No Nordeste o
monitoramento dos sismos é feito através de estações sismográficas controladas
pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte, que tem o único observatório
sismológico da região. Eventualmente a Universidade de São Paulo (USP), através
do Instituto Astronômico e Geofísico, e a Universidade de Brasília (UnB) realizam
pesquisas sismológicas na região. No entanto, os conhecimentos ainda são poucos
uma vez que a pesquisa nessa área ainda é incipiente. Não se sabe ainda, por
exemplo, se o esforço acumulado na placa está sendo completamente dissipado
através desses pequenos abalos. Será que regionalmente a placa não está
acumulando esforço para depois liberar toda essa energia de uma só vez, apesar
dos pequenos abalos? A resposta a essa pergunta só acontecerá com intensa
pesquisa e apoio dos órgãos públicos.
45
4.3 Atuação e apoio da Defesa Civil do Ceará às Pessoas Afetadas pelos
Abalos Sísmicos.
As ações realizadas pela CEDEC no atendimento aos primeiros abalos
sísmicos em Alcântara, Meruoca e Sobral, tiveram início em 28 de janeiro de 2008.
O chefe do Laboratório de Sismologia. Sr Brandão juntamente com os técnicos da
CEDEC, realizaram Questionários Sísmicos no período de 10 a 14 de março de
2008 na Meruoca (Anexos B e C), de 17 a 21 de março de 2008 em Sobral (Anexos
D e E) e de 24 a 28 de março de 2008 em Alcântara (Anexos F e G).
Houve a preparação para as Conferências Municipais de Defesa Civil –
CMDCs do Ceará que se iniciou com os Workshops de implantação das Regionais
de Defesa Civil – REDECs, nos meses de setembro e outubro de 2009.
Com a orientação e o apoio dos técnicos da CEDEC, 145 (cento e
quarenta e cinco), dos 184 (cento e oitenta e quatro) municípios do Estado, se
mobilizaram para realizar suas conferências. Foram 91(noventa e uma) conferências
municipais e 13 (treze) conferências regionais entre os meses de novembro de 2009
e março de 2010, mobilizando 6.474 (seis mil quatrocentos e setenta e quatro)
pessoas, conforme quadro 3, figura 7 e o gráfico 1 a seguir.
Quadro 3 Calendário das Primeiras Conferências Municipais/Regionais de
Defesa Civil no Ceará
DATA
MUNICÍPIO SEDE
11/11/2009
Piquet Carneiro
16/11/2009
Iguatu
2/12/2009
Guaramiranga
3/12/2009
Santana do Acaraú
MUNICÍPIOS (CONFERÊNCIA REGIONAL)
Solonópole,
Mombaça,
Pedra
Pompeu, Dep. Irapuan Pinheiro
Orós, Cariús, Jucás, Milhã
Cruz, Morrinhos
Branca;
Senador
46
3/12/2009
4/12/2010
Palhano
Jijoca
de
Jericoacoara
4/12/2009
Iracema
8/12/2009
Mulungu
9/12/2009
Sobral
9/12/2009
Limoeiro do Norte
9/12/2009
Acopiara
10/12/2009
Bela Cruz
10/12/2009
Chorozinho
10/12/2009
Marco
10/12/2009
Alto Santo
10/12/2009
Barreira
11/12/2009
Apuiarés
11 e 12/dez/2009
Fortaleza
11/12/2009
Amontada
Potiretama
47
13/12/2009
Redenção
14/12/2009
Tejuçuoca
14/12/2009
Miraíma
14/12/2009
Aracati
15/12/2009
Tururu
15/12/2009
Paracuru
15/12/2009
Ibicuitinga
15/12/2009
Itapipoca
15/12/2009
Aracoiaba
16/12/2009
Acaraú
16/12/2009
Russas
16/12/2009
Baturité
17/12/2009
São
João
Jaguaribe
17/12/2009
São Luís do Curu
17/12/2009
Ipueiras
do
48
18/12/2009
Tabuleiro do Norte
18/12/2009
Novo Oriente
18/12/2009
Barroquinha
21/12/2009
Aurora
23/12/2009
Quixelô
6/1/2010
Coreaú
7/1/2010
Boa Viagem
13/1/2010
Ibaretama
14/1/2010
Quixadá
15/1/2010
Uruburetama
18/1/2010
Barro
19/1/2010
Acarape
19/1/2010
Quixeré
20/1/2010
Massapê
20/1/2010
Tianguá
Ubajara, Ibiapina
21/1/2010
Crato
Altaneira;
Antonina
do
Norte;
Araripe;
Assaré;
Campos Sales; Farias Brito; Nova Olinda; Potengi;
49
Saboeiro; Santana do Cariri; Salitre
21/1/2010
Itapajé
21/1/2010
Umirim
21/1/2010
Jaguaretama
21/1/2010
Horizonte
22/1/2010
Alcântaras
22/1/2010
Granja
22/1/2010
Juazeiro do Norte
25/1/2010
Itaiçaba
26/1/2010
Canindé
26/1/2010
Jaguaruana
26/1/2010
Viçosa do Ceará
26/1/2010
Barbalha
27/1/2010
Aratuba
27/1/2010
Baixio
27/1/2010
Uruoca
Umari
50
27/1/2010
Beberibe
27/1/2010
Trairi
27/1/2010
Irauçuba
27/1/2010
Pereiro
27/1/2010
Quixeramobim
28/1/2010
Palmácia
28/1/2010
Monsenhor Tabosa
28/1/2010
Santa Quitéria
28/1/2010
Capistrano
28/1/2010
Cariré
28/1/2010
Camocim
28/1/2010
Paraipaba
28/1/2010
Pentecoste
28/1/2010
Cedro
28/1/2010
Caucaia
28/1/2010
Jaguaribe
Varjota, Reriutaba, Forquilha
51
29/1/2010
Groaíras
29/1/2010
Pacujá
29/1/2010
Itarema
29/1/2010
São
Gonçalo
do
Amarante
29/1/2010
Icó
1/2/2010
Pacoti
3/2/2010
Hidrolândia
4/2/2010
Abaiara
5/2/2010
Milagres
5/2/2010
Caridade
5/2/2010
Ocara
10/2/2010
Caririaçu
11/2/2010
Guaraciaba do Norte
12/2/2010
Chaval
23/2/2010
Ipaumirim
Croatá, Ipu, São Benedito
Várzea Alegre
52
25/2/2010
Maracanaú
Pacatuba, Guaiuba
25/2/2010
Madalena
Choró
25/2/2010
General Sampaio
25/2/2010
Tamboril
25/2/2010
Brejo Santo
26/2/2010
Itaitinga
26/2/2010
2/3/2010
TOTAL
QUADRO 3
Fonte: CEDEC, 2010
Lavras
Jati, Penaforte, Porteiras, Mauriti,
da
Mangabeira
Crateús
104
41
Missão Velha
53
Figura 7 - Municípios que realizaram a Conferência Municipal de Defesa Civil.
Fonte: CEDEC, 2010
Gráfico 1 - Percentual de municípios que realizaram ou não realizaram a Conferência Municipal
de Defesa Civil.
Fonte: CEDEC, 2010
A mobilização municipal para as CMDCs foi feita pelos coordenadores e
agentes de Defesa Civil dos municípios, que elaboraram os regimentos das
conferências de acordo com suas peculiaridades e demandas. As CMDCs foram
convocadas, em sua maioria, por Decretos dos prefeitos municipais, que também
baixaram portarias de nomeação dos membros das comissões organizadores das
conferências.
54
As CMDCs foram, em conjunto, a maior mobilização social na área de
Defesa Civil já realizada no Estado do Ceará. Foi realizada a Conferência Estadual
em Fortaleza e a Federal em Brasília, onde na maioria das propostas aprovada
foram do Estado do Ceará. Mostrando com isso o empenho e a dedicação dos
técnicos e funcionários da CEDEC, bem como, o apoio das COMDEC’s, conforme
disposto nas figuras 8 e 9, a seguir:
Meruoca
Figura 8 - I Ciclo Itinerante de debates sobre a Atividade Sísmica do Maciço Meruoca-Rosário
Fonte: CEDEC/Laboratório de Sismologia, 2010.
Realização do “I CICLO ITINERANTE DE DEBATES SOBRE A ATIVIDADE
SÍSMICA DO MACIÇO MERUOCA-ROSÁRIO”.
Período: 27 a 31 de janeiro de 2009.
Municípios: Meruoca, Alcântaras e Sobral.
Entidades convidadas a participar do evento: UVA, UFC, UFRN, UnB,
COMDEC’s, E CORPO DE BOMBEIROS.
55
O Laboratório de Sismologia da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil –
CEDEC, ligada ao Corpo de Bombeiros Militar do Estado do Ceará planejou,
organizou e realizou o I CICLO DE DEBATES SOBRE A ATIVIDADE SÍSMICA DO
MACIÇO MERUOCA-ROSÁRIO, levando-se em conta o primeiro ano de atividade
sísmica na região de Sobral, ou seja, / início dia 28/01/08. Um ano, portanto.
Auditório da Prefeitura de Sobral
Figura 9 - II Fórum Itinerante de Defesa Civil – Sismologia –COMDEC – NUDEC
Fonte: CEDEC / Laboratório de Sismologia, 2010.
Realização
do
―II FÓRUM
ITINERANTE
DE
DEFESA
CIVIL
–
SISMOLOGIA –COMDEC – NUDEC.
Período: 04 a 07 de Maio de 2010.
Municípios: Meruoca, Alcântaras e Sobral.
Entidades participantes: CORPO DE BOMBEIROS, CEDEC, REDEC,
COMDEC’s, UVA, UFC, UFRN e UnB.
O Laboratório de Sismologia, juntamente com o Núcleo de Ação
Comunitária da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil – CEDEC, do Corpo de
Bombeiros Militar do Estado do Ceará planejaram, organizaram e realizaram o II
56
FÓRUM ITINERANTE DE DEFESA CIVIL – SISMOLOGIA – COMDEC – NUDEC,
levando-se em conta o segundo ano de atividade sísmica na região de Sobral, ou
seja, / início dia 28/01/08. Neste segundo fórum, uma temática nova, foi
apresentada, pois se tratava de uma novidade na qual cada comunidade local terá
oportunidade de trabalhar e iniciar as atividades de defesa civil, partindo através da
criação do Núcleo Comunitário de Defesa Civil – Nudec.
Foi idealizado pela Coordenadoria Estadual de Defesa Civil – CEDEC, e
está sendo posto em prática pela Secretaria de Educação do Município de Sobral,
um concurso de redação para os alunos do ensino fundamental, onde os mesmos
terão a oportunidade de se manifestarem a respeito dos eventos sísmicos
acontecidos naquela região. Nas dependências do auditório do SENAC em Sobral,
foi ministrada uma palestra a 45 (quarenta e cinco) professores da rede pública
municipal, objetivando o nivelamento das informações e conhecimentos a respeito
da história da sismicidade mundial, brasileira e cearense, como também a parte da
segurança sísmica em si. Para tal, e como forma de recompensa aos vencedores
deverá ser propiciada uma viagem a Fortaleza com o intuito de visitação à capital
cearense, como também, desenvolver atividades e conhecimentos dentro do
Laboratório de Sismologia desta CEDEC.
Ao longo dessa semana, teve-se a oportunidade de ouvir e responder as
perguntas que não tinham sido respondidas ainda. Fiz-se a distribuição de cartilhas
aonde recomendamos as melhores maneiras de enfrentar os eventos sísmicos.
Realizou-se entrevistas em rádios locais para maiores esclarecimentos a respeito
dos fatos e também da nossa programação a ser seguida.
Os parceiros mais próximos foram as Comdec’s (COORDENADORIAS
MUNICIPAIS DE DEFESA CIVIL), que através dos senhores coordenadores,
prontamente apoiados pelos Prefeitos Municipais ajudaram na realização dos
trabalhos. Os professores de Geologia da UVA Maria Palmira Soares Mesquita,
Joaquim Mariano Neto e os professores de Psicologia da UFC José Olinda Braga e
Luis Aquiles Rodrigues Furtado, tiveram um papel importante no contato com a
população diretamente atingida.
57
Tivemos a companhia dos professores de Psicologia da Universidade
Federal do Cará (UFC) em Sobral - Antônio Maia Olsen do Vale e do Professor
Antônio Aldenor Feitosa Marques, representando a Universidade Estadual Vale do
Acarau - Uva, que ministraram palestras aos afetados pelos tremores de terra.
O intuito dos fóruns itinerantes é de rememorar e de evocar os
acontecimentos registrados durante esses dias de atividade sísmica nessa região,
realizamos, individualmente, em cada município, para que não caia no esquecimento
os momentos difíceis pelos quais passaram a população. Nesse sentido, e fazendo
exercitar as principais fases de Defesa Civil que são a PREVENÇÃO e a
PREPARAÇÃO, visto que, em se tratando desse assunto não se sabe ainda prever
os terremotos. Como tal, e por ser um fenômeno recorrente, há essa necessidade de
fazer com que a população passe a conviver sem se descuidar, tomando os devidos
cuidados ao enfrentamento do problema. A Região Norte do Estado do Ceará,
historicamente apresenta uma freqüência significativa de eventos sísmicos e, se faz
necessário periodicamente a realização de encontros inerentes a Sismologia.
58
5 METODOLOGIA
Tipo de estudo
A pesquisa proposta por esse trabalho teve por finalidade mostrar as
ações realizadas pela CEDEC e pelas COMDEC’s, sob a ótica da Prevenção e
Preparação tendo como objetivo uma pesquisa exploratória, descritiva, num
procedimento de estudo de caso, pesquisa bibliográfica e documental. Quanto à
abordagem: pesquisa qualitativa (Apêndice A) e quantitativa (Anexo A).
Local de pesquisa e período
Os locais pesquisados foram a CEDEC, com sede no bairro Centro, em
Fortaleza, o Laboratório de Sismologia e a REDEC 03 e as COMDEC’s de Sobral,
Meruoca e Alcântara. Período da pesquisa de 12 de janeiro à 07 de junho de 2010.
Sujeitos
Foram sujeitos dessa pesquisa os moradores dos municípios da Meruoca
(Anexos B e C), de Sobral (Anexos D e E), e de Alcântara (Anexos F e G) na
realização de um Questionário Sísmico e o Coordenador Municipal da Defesa Civil, o
Sr. Jorge respondeu a um questionário (Apêndice A) relacionado na atuação da
COMDEC Sobral, diante das recorrentes sismicidades da região norte do Ceará.
59
Instrumentos e procedimentos
Conforme dispostos no anexo, questionários sísmicos e entrevista. Os
questionários foram realizados no período de 10 a 28 de março de 2008 – Fonte:
Laboratório de Sismologia/CEDEC e a entrevista com o Coordenador da COMDEC
Sobral foi realiza no dia 20 de maio de 2010. Participei do DEFENCIL/SP, onde se
adquiriu conhecimento sobre Defesa Civil, fui palestrante nas Conferências
Municipais, participação do II fórum Itinerante de Sismologia e dos Cursos
Operacionais de Defesa Civil – CODC. Diante do exposto a tipologia quanto aos
objetivos utilizada na monografia foi de caráter descritivo e exploratório, pois se
tentou através de literatura variada, manuais técnicos, sites institucionais, estudo de
caso e pesquisa de campo apresentar a problemática do tema proposto.
60
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com o exposto na pesquisa,, não há como prever a ocorrência
de terremotos, embora haja maneiras de identificar lugares propícios ao
desenvolvimento de tal fenômeno. E que as ações da CEDEC e das COMDEC’s tem
surtido efeito, após as visitas dos técnicos da CEDEC, psicólogos da UVA e técnicos
da UFRN e da UnB nas comunidades atingidas.
Por se tratar de um trabalho de cunho técnico, há uma escassez de
bibliografia relacionada a abalos sísmicos no nordeste e quase não existem livros
nas universidades sobre o assunto em questão. Obtive muitas informações na
internet e no Laboratório de Sismologia da CEDEC.
O presente trabalho apresentou a evolução da Defesa Civil na
capacitação de seus técnicos e funcionários para desempenhar cursos na capital e
nos municípios, agindo preventivamente na preparação das comunidades, deixandoas mais seguras a possíveis desastres. De modo geral, a partir de janeiro de 2008. A
cultura de Defesa Civil focada na prevenção de desastres somente se consolidará
através da implementação de programas nos quais estejam associados o saber
científico e o saber popular, focados no sentido de consolidar o processo de
percepção de riscos e entendimento da problemática dos desastres, dos danos,
prejuízos e consequências adversas que os mesmos determinam, sendo, dessa
forma, atingido um grau de conscientização no qual a sociedade (estratos da
população, inclusive governamental) decide pela importância e prioridade real das
medidas e ações preventivas.
Necessária se faz a existência de uma política pública comprometida com
a consolidação da cultura de Defesa Civil no Estado do Ceará. Uma política que
possibilite a participação ampla e efetiva da população vulnerável à ocorrência de
desastres, de modo que a comunidade organizada possa se apropriar de modo
consciente os recursos disponíveis para o aumento da sua capacidade para reduzir
61
os efeitos dos desastres, tornando o restabelecimento da normalidade social mais
rápido e eficiente após a ocorrência dos eventos adversos.
62
7 RECOMENDAÇÕES
Diante dos relatos apresentados neste trabalho de pesquisa recomendase o seguinte:
1. Reassentar as famílias residentes em áreas consideradas de risco em
áreas seguras na região norte do Ceará;
2. Estabelecer parceria com a Universidade e NUTEC, para o
desenvolvimento de tecnologia destinada a construção de moradias seguras
adequadas as área susceptíveis aos tremores.
3. Fiscalização efetiva no intuito de evitar especulação imobiliária a fim de
proibir construções em áreas de encosta.
4. Realização
de
campanhas educativas
esclarecedoras
sobre
a
ocorrência dos sismos e a maneira de se proteger dos possíveis abalos.
5. Estabelecer parceria com a Universidade Federal do Ceará – UFC /
Curso de Psicologia para o desenvolvimento de um programa de apoio e assistência
psicológica a população vulnerável das regiões com possibilidade de ocorrência de
sismos.
63
REFERÊNCIAS
BRANDÃO, Francisco das Chagas Melo, Evidências sísmicas no Ceará: a
história do tremor de terra em Pacajus, Fortaleza – Ceará. 2007;
CASTRO, A. L. C. (Org.). Glossário de Defesa Civil. Estudos de Riscos e
Medicina de Desastres. 2. ed. Brasília: Departamento de Defesa Civil. Ministério
do
Planejamento
e
Orçamento.
1998.
Disponível
em:
<http://www.defesacivil.sp.gov.br/documentos/biblioteca/documentos/glossario.rtf>.
Acesso em abril. 2009;
______. Apostila sobre Implantação e Operacionalização de COMDEC. 4ª
Edição, p. 08, 2007;
CORREIA, Paulo de Barros, Origem dos terremotos no Nordeste. Disponível em:
<http://www.comciencia.br/comciencia/?section=8&edicao=55&id=694> Acesso em
05/05/2010;
FRANÇA,
George
Sand.
(Disponível
em
<http://noticias.uol.com.br/ultnot/
2008/02/29/ult23u1320.jhtm>) acesso em 07/03/2009;
HELLMAN, H. Grandes Debates da Ciência: Dez das maiores contendas de todos
os tempos. Trad.: José Oscar de Almeida Marques. São Paulo; Ed. UNESP. pg. 183
- 203. (1999).
LOCZY, Louis de. LADEIRA, Eduardo A. Geologia Estrutural e Introdução à
Geotectônica. Editora Edgard Blücher. Ltda – São Paulo, 1ª edição, 1980.
NOTÍCIA
sobre
terremoto.
Disponível
em:
<http://educacao.uol.com.br/
geografia/terremoto-2.jhtm> acesso em 07/03/2009;
SAADI, Allaoua. Especialista no estudo de placas tectônicas, professor da
Universidade Federal de Minas Gerais.
64
WEGENER, A. The Origin of Continents and Oceans.London, Methuen & Co. Ltd.
120p. (1966).
65
GLOSSÁRIO:
ABALO SÍSMICO
Movimentos naturais da crosta terrestre, que se propagam por meio de vibrações.
Podem ser percebidos diretamente pelas pessoas ou por meio de instrumentos
especiais chamados sismógrafos. Anualmente são registrados cerca de 1 (um)
milhão de abalos sísmicos, do quais cerca de 5.000 são percebidos pelo homem e
20 a 30 são de efeitos danosos. A intensidade dos terremotos é bastante variável, e
os fatores que nela mais influem são: a magnitude da energia liberada, a distância
do epicentro, a profundidade do hipocentro e as características das rochas. Assim,
quanto maior a distância, menor a intensidade e, quanto mais resistentes as rochas,
menores os danos causados. A intensidade pode variar desde a imperceptível pelo
homem até aquela cujos efeitos podem destruir cidades inteiras, como os famosos
terremotos ocorridos em Lisboa (1755), San Francisco (1906), Tóquio (1923) e
Manágua (1972). Atualmente, a escala mais utilizada para medir a intensidade dos
abalos sísmicos é a Escala de Mercalli, que mede os danos provocados por
terremotos. Os danos podem ser humanos, materiais ou ambientais (geológicos).
Nos primeiros casos, podem ocorrer mortes, ferimentos, desmoronamentos de casas
e edifícios, ruptura de tubulações de água, gás ou esgoto, incêndios etc. No
segundo caso, os efeitos no relevo são geralmente pequenos (embora em alguns
casos possam ser de grandes proporções). Normalmente são do tipo deslizamento,
desmoronamento, formação de fendas no solo etc. (V. Escala de Richter).
ACIDENTE GEOLÓGICO
Acidente relacionado com a ocorrência de um fenômeno geológico (terremoto,
erupção vulcânica, escorregamento de solo ou outro), que pode ser causa de danos
ou prejuízos, caracterizando um desastre.
66
CINTURÃO SÍSMICO
A atividade sísmica é mais intensa nas áreas de grandes falhas geológicas e nas
bordas das placas tectônicas do que no interior das mesmas. As regiões instáveis
desenham estreitas faixas ao redor do Planeta. Uma das faixas desenvolve-se no
hemisfério Norte, começando na embocadura do rio Tejo (Lisboa-Portugal) e
prolonga-se ao longo da bacia do Mediterrâneo até atingir a Anatólia e a Armênia,
quando se bifurca em dois ramos. O ramo norte prossegue pelo Cáucaso,
Turquestão Russo, Turquestão Chinês, atingindo o lago de Baikal, e o ramo sul
prossegue pelas bordas exteriores do planalto do Iran, atinge o Himalaia e depois as
ilhas de Java, Molucas e Nova Guiné, prosseguindo por arquipélagos do Oceano
Pacífico, como os de Salomão, Fidji, Samoa e Sandwich, atingindo a Venezuela e
depois, pelas Antilhas, Cabo Verde e Açores, retorna a Portugal. A outra faixa
contorna o Oceano Pacífico, ao longo dos Andes, prosseguindo pelo litoral oeste da
América Central e da América do Norte, até o Alasca, e daí pelas Alentas e pela
Península de Kamchatba e pela costa asiática desce do Japão à Nova Zelândia e
leste da Austrália. Ocorrem também abalos sísmicos ao longo da imensa fratura da
África Central que se inicia no lago Zambeze, prolonga-se pela Etiópia, pelo delta do
Nilo e pela Península do Sinai até atingir o Mar Morto. Ocorrem também terremotos
na Islândia (na extremidade norte da Dorsal Atlântica) e nos Pirineus.
ESCALA DE MERCALLI
A gravidade com que um sismo (tremor de terra) atinge uma região e afeta as
pessoas, objetos e o terreno. Pode ser determinada através de uma escala de
intensidade e a mais comum é a de MERCALLI, que possui doze níveis crescentes.
As maiores intensidades ocasionadas por sismos brasileiros atingiram o grau VII. I
— não sentido; detectado apenas por aparelhos especiais (sismógrafos); II —
sentido por poucas pessoas, geralmente situadas em edifícios altos; objetos
suspensos podem balançar suavemente; III — sentido por pessoas dentro de casa;
ruídos semelhantes à passagem de caminhão pesado; a duração pode ser
estimada; IV — sentido dentro e fora de casa; pode acordar pessoas; vibrações de
louças; janelas e portas; rangido de paredes; V — sentido por muitas pessoas;
67
quebram-se louças; portas e janelas são abertas ou fechadas repentinamente;
objetos instáveis podem cair; VI — sentido por todos; pessoas abandonam suas
casas; excitação geral; mobílias pesadas podem mover-se; danos leves como queda
de reboco; VII — assusta todos; pequenos danos em edifícios bem construídos;
consideráveis danos em construções ruins; queda de telhas e platibandas; VIII —
Medo geral, próximo ao pânico; consideráveis danos em construções de qualidade
regular, inclusive com colapso parcial; IX — pânico geral; danos consideráveis em
estruturas de grande porte; parte das estruturas podem deslocar-se dos alicerces;
quebra de tubulações subterrâneas; X — rachaduras no solo e ondulações em
pavimentos de cimento e estradas asfaltadas; grandes deslizamentos de terra;
trilhos entortados; XI — praticamente nenhuma estrutura de alvenaria permanece
erguida; pontes destruídas; grandes rachaduras no terreno; tubulações subterrâneas
inutilizadas; XII — danos totais, praticamente todos os tipos de construções são
grandemente danificadas ou destruídas; objetos são atirados para cima.
ESCALA DE RICHTER
Quantifica o grau de energia liberada durante um terremoto, considerando a
amplitude das ondas sísmicas, a distância epicentral e a sensibilidade dos
instrumentos de registro. É uma escala logarítmica, que teoricamente não apresenta
limites. Pode conter grau negativo, para representar o evento muito pequeno, até
valores próximos de nove, devido aos superterremotos. Cada grau da escala
corresponde à liberação de cerca de 30 vezes mais energia que o anterior, como,
por exemplo, um tremor de magnitude 5.0, que libera cerca de 900 vezes mais
energia que um de grau 3.0. Variações de Magnitude: 2 a 2.9 — perceptível por
instrumento; tremor sentido sobre uma área limitada; anualmente ocorrem cerca de
300.000; 3 a 3.9 — geralmente perceptível; anualmente ocorrem cerca de 49.000; 4
a 4.9 — leve; pode causar destruição do sistema de energia; ocorrem anualmente
cerca de 6.200; 5 a 5.9 — danos leves; ocorrem anualmente cerca de 820; 6 a 6.9
— destrutivo; causa destruições consideráveis; ocorrem cerca de 120 ao ano; 7 a
7.9 — grande; causa grandes destruições; ocorrem cerca de 18 ao ano; 8 ou mais
— mundial; destruição total; ocorrem cerca de 11 ao ano.
68
FALHA GEOLÓGICA
Fratura nas rochas da crosta terrestre, ao longo das quais os blocos contíguos se
movimentaram. A amplitude desse movimento pode variar de milímetros até
centenas de metros. Terremotos catastróficos têm ocorrido nas zonas de domínio de
grandes falhas geológicas ativas, como, por exemplo, na região da Califórnia (USA),
associados à falha de San Andreas.
MAREMOTO
Movimento produzido pela propagação de ondas sísmicas através da massa
oceânica. Geralmente tem alto poder destrutivo. (V. tsunami).
SISMICIDADE
Grau de freqüência e intensidade sísmica de uma zona determinada. De acordo com
a sismicidade, distinguem-se: 1) regiões sísmicas — sujeitas a terremotos
freqüentes e intensos, como o Chile e Japão; 2) regiões assísmicas, freqüentemente
livres de terremotos, como o Brasil. (V. zona sísmica).
SISMÓGRAFO
Aparelho usado para registrar terremotos ou sismos. Por meio do sismograma,
pode-se saber o tipo de onda vibratória e sua intensidade.
SISMOLOGIA
Ramo da Geofísica que se ocupa do estudo dos terremotos e da estrutura da Terra,
através do estudo das ondas sísmicas e daquelas geradas artificialmente.
SISMÔMETRO
Instrumento que transforma as vibrações do terreno em impulsos elétricos. Esses
sinais são enviados a um sistema de registro ou sismógrafo.
69
TERREMOTO
Movimento súbito do terreno, ocasionado pela passagem de ondas sísmicas. Os
terremotos mais freqüentes são originados por processos naturais, como a ruptura
de um bloco de rochas, através de uma falha geológica. Explosões artificiais,
erupções vulcânicas, deslocamento de terrenos e escorregamento de taludes podem
provocar sismos menores. Os terremotos podem ser causados por explosões,
impacto de meteoritos, grandes escorregamentos ou erupções vulcânicas. Os
terremotos naturais, de efeito mais destrutivo, estão associados a processos
tectônicos, quando ocorrem pela liberação repentina de tensões acumuladas no
interior da crosta terrestre. (V. abalo sísmico).
TSUNAMI
Onda marinha gigante causada por um movimento súbito de grande escala, no
fundo do mar, devido geralmente a terremotos ou erupções vulcânicas submarinas.
Caracteriza-se por apresentar grande velocidade de propagação (até 950 km/h),
comprimento longo de ondas (até 200 km/h) e baixas amplitudes de ondas no mar
aberto, podendo, porém, alcançar mais de 30 metros de altura ao atingir enseadas
costeiras afuniladas. É um dos fenômenos geológicos de efeito mais devastador.
Termo japonês adotado universalmente para designar as perigosas ondas sísmicas
marinhas ou maremotos ocorrentes, principalmente na região do Pacífico. (V.
maremoto).
70
APENDICE 1 – Questionário aplicado a COMDEC Sobral
Pesquisa realizada no dia 20 de maio de 2010, com o Sr. Jorge Vasconcelos
Trindade – Coordenador Municipal da Defesa Civil de Sobral.
QUESTIONÁRIO
1) O que foi feito no campo preventivo pela Defesa Civil, em relação às
comunidades afetadas por abalo sísmico?
Foram feitas visitas às residências com distribuição de panfletos, além de
prestar orientação à população sobre a natureza dos tremores, e os cuidados
necessários que devem ser tomados quando ocorrerem novos eventos. Foi firmado
uma parceria junto ao Projeto RONDON, onde a operação foi batizada de ―tremor de
terra‖, tendo como área de atuação o distrito de Jordão, devido à proximidade do
epicentro.
2) Qual a causa dos abalos sísmicos no Ceará?
Técnicos em sismologia da UFRN – Universidade Federal do Rio Grande
do Norte, estiveram no local afetado belos abalos, e ainda instalaram 08 (oito)
estações sismológicas. Um estudante do curso de Física da UVA – Universidade
Estadual Vale do Acaraú, foi destacado para a UFRN, onde encontra-se cursando
mestrado em sismologia, para que possa estudar as causas dos abalos sísmicos na
região.
3) Houve ou está havendo um trabalho na área da psicologia do desastre?
Profissionais da área de psicologia da UFC – Universidade Federal do
Ceará, ministraram palestras como o tema ―Compreendendo a Ansiedade e o Medo‖
para os agentes de Defesa Civil e comunidade afetada.
4) Qual foi o maior dano as comunidades afetadas durante o período sísmico
na Região Norte?
71
Não houve registros de danos em grandes proporções. Devido o evento
adverso não ser comum nesta região, moradores foram afetados psicologicamente,
deixando suas residências e montando tendas com medo de um desmoronamento
das residências. Em algumas casas foram registradas leves rachaduras devido aos
abalos sísmicos.
5) Existe um mapeamento das áreas de risco e plano de ação para atuação em
caso de terremotos?
Membros da COMDEC, em parceria com o Corpo de Bombeiros e o
Projeto RONDON, fizeram todo mapeamento do distrito de Jordão. O plano de ação
foi feito logo nos primeiros registros de abalos sísmicos.
6) Quais as secretarias municipais e empresas privadas que podem da
assistência a REDEC 03 durante um desastre sísmico?
Por experiência durante as enchentes registradas no ano de 2009, todas
as secretarias municipais e empresas privadas colaboraram no atendimento e
assistência às famílias afetadas neste município.
7) Quais as dificuldades encontradas durante a atuação dos agentes de Defesa
Civil junto as comunidades afetadas?
Por ser um evento adverso natural, não há possibilidade de prever o desastre,
nem orientar a população para se proteger.
8) Que ações estão sendo realizadas para tranqüilizar as pessoas que moram
em localidade de ocorrências sísmicas?
Foi realizada distribuição de panfletos com orientações sobre tremores de
terra, realizado audiência pública e recentemente aconteceu o II Fórum Itinerante
realizado pela Defesa Civil do Estado.
72
ANEXO A - QUESTIONÁRIO SÍSMICO
Fonte: Laboratório de Sísmologia/CEDEC
1.1
QUESTIONÁRIO SÍSMICO
1.1.1 DADOS GERAIS
1.1.1.1 Nome do Observador:
_______________________________________________________
Endereço do Observador:_____________________________________________________
Local:____________________________________________________________________
Data:______/______/_______ Tempo___________________________________________
Onde Estava:................................................................Dentro de Casa ( ) Fora de Casa ( )
Posição no Momento do Abalo......Em Pé ( ) Sentado ( ) Trabalhando (
1.1.1.1.1
) Outros (
DADOS MACROSSÍSMICOS
Sentido por outras pessoas:..........................................Poucas ( ) Muitas ( ).....Todas ( )
)
73
Acordou alguém: .................................................................................. Sim ( ).......Não ( )
Assustou alguém: .................................................................................. Sim ( ).......Não ( )
Barulho de Objetos:.Janelas ( )Louças ( )Portas ( )Móveis ( )Telhado ( )Assoalho ( )
Objetos balançaram ou foram deslocados: ........................................... Sim ( )......Não ( )
Objetos tombaram ou caíram: .............................................................. Sim ( )..... Não ( )
Observou quebra de reboco: ................................................................ Sim ( )......Não ( )
Objetos trincados: ................................................................................ Sim ( )......Não ( )
Observou rachaduras: ........................................................................... Sim ( )......Não ( )
Danos considerados em construções depreciadas: ............................... Sim ( )......Não ( )
Danos consideráveis em construções regulares: ................................... Sim ( )......Não ( )
Quanto tempo durou ________________________________________________________
Outras informações _________________________________________________________
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
Assinatura do Entrevistado___________________________________________________
Responsável..........................................................................................Data____/____/_____
Data de atualização: 12/03/2008
74
ANEXO B – Questionário sísmico da Meruoca (estatística)
Fonte: Laboratório de Sísmologia/CEDEC
75
ANEXO C – Questionário sísmico da Meruoca (Gráficos)
Fonte: Laboratório de Sísmologia/CEDEC
76
ANEXO D Questionário sísmico de (Sobral)
Fonte: Laboratório de Sísmologia/CEDEC
77
ANEXO E – Questionário sísmico de Sobral (Gráficos)
Fonte: Laboratório de Sísmologia/CEDEC
78
ANEXO F – Questionário sísmico de Alcântara (Estatística)
Fonte: Laboratório de Sísmologia/CEDEC
79
ANEXO G – Questionário sísmico de Alcântara (Gráficos)
Fonte: Laboratório de Sísmologia/CEDEC

Documentos relacionados

Origem dos terremotos no Nordeste

Origem dos terremotos no Nordeste Até agora não há como prever de uma maneira efetiva a hora e o local exato dos abalos sísmicos. Com todo o avanço da tecnologia na construção de sensores sofisticados, no momento é impossível preci...

Leia mais