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por Por Raul Juste Lores, em Hangzhou
Cidade chinesa enche de luzes o
Grande Canal para se transformar
em uma veneza do oriente
H
paisagem
iluminada
Pontes e antigos
templos (à esq.)
receberam
iluminação especial
que deram vida ao
antigo canal
32 [ REVISTA DA FOLHA ] 23 de Agosto de 2009
angzhou vive dias de
Veneza. Sem a beleza
ou o charme da italiana, a cidade chinesa, a 190 km
de Xangai, quer transformar
seus canais em uma atração turística internacional. Não pensou pequeno: contratou um dos
maiores iluminadores do mundo para redesenhar a paisagem
do Grande Canal.
Projetores de iluminação
LED dão um tom azul-esverdeado às arvores ao longo de seu
leito e iluminam antigos templos e pavilhões, casas de chá e
fábricas abandonadas. Dão cor
até aos decrépitos conjuntos habitacionais da época comunista.
Em vez de gôndolas, 50 barcos que emulam as embarcações imperiais chinesas,
circulam com os turistas pelas águas –alguns até servem
jantar a bordo enquanto se vê
o espetáculo começar.
O Grande Canal sempre foi
comparado à Grande Muralha
como um feito da engenharia chinesa. Com 1794 km de
extensão, o equivalente à distância em linha reta entre São
Paulo e Salvador, ele servia para escoar a produção agrícola
entre Pequim ao norte com a
rica cidade de Hangzhou no
centro-leste do país.
Sua construção começou há
2.500 anos, mas só foi finalizado mais de mil anos depois,
no ano de 609.
Com a expansão ferroviária
chinesa entre os séculos 19 e 20,
o Grande Canal perdeu boa parte de sua importância. No século passado, como quase tudo na
China, ficou bastante avariado.
Em Hangzhou, ele se transformou em um rio poluído, cercado de construções feias.
Em 2007, a Prefeitura de
Hangzhou (6,5 milhões de habitantes) decidiu recuperar o
canal e começou a despoluir as
suas águas. Ao contrário do rio
Tietê, a limpeza foi bastante
rápida. Dois calçadões foram
criados ao longo do canal, assim como a vegetação vizinha.
No início do ano passado, a
empresa Zhongtai foi contratada para fazer um estudo para
iluminar as margens do canal.
A firma especializada chegou
ao francês Roger Narboni, responsável por mais de cem grandes projetos de iluminação pública na Europa, das catedrais
de Notre Dame, Rouen e Reims
a grandes espaços públicos em
Toulouse e Atenas.
Narboni, que nunca havia visitado a China, convenceu as autoridades a fazer um projeto que
é menos Las Vegas, mais Paris.
Luz em movimento
A iluminação realça a névoa
comum na noite de Hangzhou
e realça as curvas do canal. Cabos de aço luminosos de 11 m de
altura emergem do rio iluminados em azul ou vermelho.
Pavilhões e templos tradicionais chineses, recentemente restaurados, têm iluminação especial. Os restaurantes
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turismo
MONGÓLIA
Pequim
JAPÃO
CHINA
Xangai
Hangzhou
ÍNDIA
Dica
É preciso visto para entrar na
China. Para fazer o documento,
o turista precisa de passaporte
com validade mínima de seis
meses e formulário preenchido
com uma fotografia recente 3x4.
Informações no site da embaixada:
http://br.china-embassy.org
inaugurados ao longo do canal são obrigados a respeitar
o projeto determinado pela
equipe de Narboni.
As 19 pontes que cortam o canal receberam luz branca –duas
delas têm mais de mil anos. Elas
ganharam murais embaixo, que
contam a história do canal e da
China, devidamente iluminados.
As Árvores do calçadão também ganharam efeito com a
mesma luz azul-esverdeada
que predomina no projeto.
Molduras retangulares distribuídas de forma irregular
iluminam ainda 40 prédios
habitacionais de arquitetura
estalinista chinesa construídos
entre os anos 70 e 80.
Enquanto a iluminação no
calçadão é controlada e estática,
no canal ela muda de cores ao
longo da noite. Varia também se
é inverno ou verão. Toda a ilumi-
QUEM LEVA
Ublierti amenat vivilium oremus ius, ut quam
nos ex moltil cerra L. Uloccid imus auconsus
se crentiam pore oc tam orestra nonsum su
cont. Misqui cres adeliquam Vivive, Cupio
verem querum cone cene hebus, spertuam intraci emoludelin re crudem tatia videpera, ac
verferr idelis. Sat, nonondi emquem la ommo
egero me conclum sistra sum inti, prici factoritam iam mena, tatrendit gravo, sederim
moviviu rbisuli capectu scremov erendamdis
ina, poponsilne fuiderte nenihicul ut vesili.
nação é controlada por computador, da intensidade às cores.
“Do primeiro desenho que
fiz até o início da iluminação,
tudo levou dois meses, algo
que levaria mais de um ano
em qualquer país europeu”,
compara Narboni.
Dançando no Canal
Os funcionários da prefeitura
que acompanharam a reportagem no passeio, abusando
do pragmatismo chinês, afirmaram que o projeto trata “de
criar um produto turístico internacional”. Hangzhou atrai
mais de 30 milhões de turistas
chineses por ano para visitar
seu grande lago do Oeste, cenário de 99% das produções de
época na TV chinesa.
Já a arquiteta Hong Wan,
supervisora da iluminação da
Zhongtai, diz que a obra vai
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além do turismo. “Os mais jovens têm interesse pelo passado da China, pela nossa história, então recuperar o Grande
Canal é motivo de orgulho.”
Hong aponta para os calçadões, que começam a ficar
cheios de gente às 6h da tarde
para começar a ver a iluminação
em ação. Pequenas multidões
levam aparelhos de som para
ficar dançando e se exercitando
ao longo do canal iluminado.
O projeto custou o equivalente
a R$ 30 milhões –mas a prefeitura está gastando o equivalente a
R$ 1 bi por ano para despoluir os
canais e recuperar suas margens.
Apesar do sucesso popular das
luzes, ele ainda não se traduz no
incremento do número de turistas do exterior. Nos cinco barcos
que navegavam o canal durante
a visita, o repórter da Revista
era o único estrangeiro.
As árvores
também ganharam
efeitos luminosos
ao longo do
trajeto dos barcos
turísticos

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