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XXV CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOTECNIA
ZOOTEC 2015
Dimensões Tecnológicas e Sociais da Zootecnia
Fortaleza – CE, 27 a 29 de maio de 2015
Extrato etanólico do caroço da manga como antioxidante em rações para suínos na fase de
terminação1
Mango seed ethanol extract as antioxidant in diets for pigs at finishing phase
Pedro Henrique Watanabe2, Lina Raquel Santos Araújo3, Eloisa Helena Mendes Vieira4, Rennan Romullo
Silva Pinheiro4, Bárbara Brasileiro Vasconcelos Rodrigues5 Juliana Mendes Melo5, Guilherme Araújo
Kubota5, Andreza Vasconcelos Vieira5
1
Parte de tese de doutorado do segundo autor, financiada pela Fundação Cearense de Apoio ao Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (FUNCAP)
2
Professor adjunto do Departamento de Zootecnia, Universidade Federal do Ceará (UFC), Fortaleza/CE, Brasil
3
Doutoranda do Programa de Doutorado Integrado em Zootecnia - PDIZ – Universidade Federal do Ceará (UFC), Fortaleza/CE,
Brasil. Bolsista da Coordenação de Apoio a Pessoal de Nível Superior – CAPES. e-mail: [email protected]
4
Graduando em Zootecnia, Universidade Federal do Ceará (UFC), Fortaleza/CE, Brasil. Bolsista do Programa de Educação Tutorial
5
Graduanda em Zootecnia, Universidade Federal do Ceará (UFC), Fortaleza/CE, Brasil. 6Graduando em Zootecnia, Universidade
Federal do Ceará (UFC ), Fortaleza/CE, Brasil.
Resumo: Nesse trabalho objetivou-se avaliar o efeito da inclusão de extrato etanólico do caroço da
manga na ração sobre o desempenho de suínos na fase de terminação. Os parâmetros avaliados foram:
peso final, ganho de peso diário, consumo diário de ração e conversão alimentar. Foram utilizados 32
suínos machos castrados, de linhagem comercial, com peso inicial de 69,93 ± 4,86 kg, distribuídos em um
delineamento em blocos casualizados, em função do peso inicial, com quatro tratamentos e oito
repetições. Os tratamentos consistiram em: ração sem adição de antioxidante e composta basicamente por
milho e farelo de soja (controle); ração com adição de 200 ppm do antioxidante sintético butilato de
hidroxitolueno (BHT); ração com 200 ppm de ECAR e ração com 400 ppm de ECAR. Não houve
diferença significativa entre os tratamentos nos parâmetros analisados. A adição de ECAR como
antioxidante na ração não afeta os parâmetros de desempenho de suínos na fase de terminação.
Palavras–chave: aditivo, antioxidante natural, mangiferina, nutrição, butilato de hidroxitolueno
Abstract: This study was aimed to evaluate the effect of mango seed ethanol extract (ECAR) inclusion in
the diets on the performance of pigs at finishing phase. The parameters evaluated were: final weight, daily
weight gain, daily feed intake and feed conversion. A total of 32 barrows of a commercial strain, with
initial weight of 69.93 ± 4.86 kg, were distributed in a randomized block design, based on the initial
weight, with four treatments and eight replicates. The treatments were: diet without antioxidant; diet with
200 ppm of synthetic antioxidant butylated hydroxytoluene (BHT); diet with 200 ppm of ECAR and diet
with 400 ppm of ECAR. There was no significant difference among treatments in the evaluated
parameters. The addition of ECAR as antioxidant in diet does not affect the performance of pigs at
finishing phase.
Keywords: additive, natural antioxidant, mangiferin, nutrition, butylated hydroxytoluene
Introdução
A adição de antioxidantes aos ingredientes ou às rações, além de reduzir as perdas decorrentes do
processo depreciativo da peroxidação lipídica, também visa assegurar a manutenção do valor energético
das fontes lipídicas utilizadas e não permitir que os produtos da oxidação de triacilgliceróis altere a
aceitabilidade da ração pelos animais (Fischer et al., 2005). Dessa forma, esses aditivos, sejam eles
sintéticos ou naturais, além de não promover efeitos adversos ao desempenho animal, são utilizados
sempre com o intuito de que os animais possam expressar seu máximo potencial genético, sem apresentar
acréscimos significativos aos custos de produção.
Atualmente, existe uma grande quantidade de compostos, tanto naturais quanto sintéticos, com
propriedades antioxidantes, seu uso em alimentos deve cumprir certos requerimentos, dentre estes a
segurança para a saúde. Os antioxidantes sintéticos comumente usados nas rações são o butilato de
hidroxianisol (BHA) e o butilato de hidroxitolueno (BHT). Porém, relatos de uma possível ação
carcinogênica dessas substâncias têm levado os consumidores a rejeitar produtos que contenham estes
antioxidantes (Luna et al., 2010). Devido a isso, muitos estudos têm sido realizados a fim de detectar a
atividade antioxidante de produtos naturais, como é o caso do resíduo da manga (Mangifera indica L.). A
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literatura relata que o caroço de manga oriundo do processamento do fruto, pode se tornar uma boa fonte
de antioxidantes naturais a ser utilizado na alimentação de animais não ruminantes com efeitos estendidos
sobre a qualidade da carne (Freitas et al., 2012).
Diante do exposto, o objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da inclusão de extrato etanólico
obtido do caroço da manga na ração sobre o desempenho de suínos na fase de terminação.
Material e Métodos
O extrato etanólico do caroço da manga utilizado foi preparado no Laboratório de Extratos
Naturais do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal do Ceará. Os caroços foram obtidos da
indústria de processamento de polpas de frutas situada no município de Aquiraz, as variedades de manga
utilizadas foram tommy e jasmim. O material foi expostos ao sol por 48 horas, depois submetidos à
secagem em estufa (55 °C), por um período de 72 horas. O material foi triturado e submetido à extração
exaustiva a frio em hexano e posteriormente em etanol (Barreto et al., 2008). Para isso, o resíduo moído
foi colocado em recipientes de vidro, adicionou-se hexano em quantidade suficiente para mantê-lo
imersos durante sete dias à temperatura ambiente (25 ºC). Após a extração, o material foi filtrado, seco
em estufa a 55 °C por 24 hora, recolocados em recipiente de vidros e imersos em etanol por 7 dias. Após
esse período o material foi filtrado e o extrato concentrado em rotoevaporador (Marconi MA120/TH) a 50
°C, rotação de 60 rpm, sob pressão reduzida para recuperação do solvente e obtenção do extrato
etanólico.
O experimento foi realizado no Setor de Suinocultura do Departamento de Zootecnia da
Universidade Federal do Ceará (UFC), foram utilizados 32 suínos machos castrados, de linhagem
comercial, com peso inicial de 69,93 ± 4,86 kg, distribuídos em delineamento em blocos ao acaso, em
função do peso inicial, com quatro tratamentos e oito repetições de um animal. O período experimental
compreendeu a fase de terminação, dos 118 dias aos 145 dias de idade, totalizando 27 dias. Os animais
foram alojados em um galpão experimental, composto por baias individuais de piso compacto que foram
equipadas com um bebedouro tipo chupeta e um comedouro semiautomático, sendo abastecidos quatro
vezes ao dia de três em três horas, sendo o primeiro abastecimento às sete horas da manhã e o último às
quatro horas da tarde.
Os tratamentos foram definidos por rações experimentais isonutrientes que foram formuladas de
acordo com as exigências nutricionais para suínos machos castrados com alto potencial genético de
desempenho superior e peso entre 70 a 100 kg (Rostagno et al., 2011). Os tratamentos consistiram de:
ração sem antioxidante (controle); ração com adição de 200 ppm do antioxidante sintético butilato de
hidroxitolueno (BHT); ração com adição de 200 ppm de extrato etanólico do caroço da manga (ECAR);
ração com adição de 400 ppm de ECAR. Em função dos tratamentos, o ingrediente inerte da ração foi
substituído proporcionalmente pelos antioxidantes nos níveis determinados.
Ao início e no final do período experimental, os animais foram pesados, bem como a ração
fornecida e as sobras. A partir dos dados de consumo de ração e peso dos animais foram obtidos os
valores de peso final, consumo diário de ração, ganho diário de peso e a conversão alimentar dos animais.
Os dados foram submetidos à análise de variância (ANOVA) pelo programa estatístico SAS versão 9.2 e
as médias comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
Resultados e Discussão
Não foram observadas diferenças significativas entre os tratamentos para todas as variáveis de
desempenho avaliadas (Tabela 1). Assim como os resultados observados no presente trabalho, Freitas et
al. (2012) ao avaliarem o extrato etanólico da casca e do caroço da manga para frangos de corte, também
não observaram efeito da adição destes antioxidantes na ração sobre o desempenho das aves. Da mesma
forma, Silva et al. (2015) também não observaram efeito da adição de vitaminas antioxidantes na ração
sobre o desempenho de suínos na fase de terminação.
A quantidade de alimento ingerido voluntariamente está relacionada à palatabilidade da ração. No
presente trabalho, como não houve diferença na quantidade de alimento consumido, observa-se que a
adição do extrato do caroço da manga não alterou a palatabilidade das rações testadas. Por outro lado, o
processo de lipoperoxidação resulta na formação de substâncias, que conferem odor e sabor desagradável
ao alimento, o que diminui sua palatabilidade. É provável que o período em que as rações foram
estocadas não foi suficiente para que ocorresse um intenso processo de lipoperoxidação capaz de afetar
fortemente o consumo de ração e influenciar os demais parâmetros.
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Tabela 1. Peso final, consumo diário de ração, ganho diário de peso e conversão alimentar de suínos na
fase de terminação, alimentados com rações contendo antioxidantes.
Peso Final
Consumo diário de ração
Ganho diário de peso
Tratamentos
Conversão alimentar
(kg)
(kg)
(kg)
Controle
92,80
2,16
0,856
2,54
200 ppm BHT
98,86
2,33
0,925
2,52
200 ppm ECAR
93,44
2,28
0,869
2,62
400 ppm ECAR
96,77
2,37
0,896
2,65
Média
95,47
2,98
0,946
3,17
1
CV (%)
Valor de P
6,49
10,90
13,11
10,16
0,1646
0,2205
0,2040
0,2274
BHT – butilado de hidroxitolueno; ECAR – Extrato etanólico do caroço da manga. 1Coeficiente de variação.
Conclusão
A adição de extrato etanólico do caroço manga na ração não afetou os parâmetros de desempenho
de suínos na fase de terminação.
Literatura citada
BARRETO, J.C.; TREVISAN, M.T.S.; HULL, W.E.; ERBEN, G.; BRITO, E.S. de; PFUNDSTEIN, B.;
WURTELE, G.; SPIEGELHALDER, B.; OWEN, R.W. Characterization and quantitation of
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Animal Brasileira, v.6, n.4, p.227-232, 2005.
FREITAS, E.R.; BORGES, A.S.; TREVISAN, M.T.S.; WATANABE, P.H.; CUNHA, A.L. da;
PEREIRA, A.L.F.; ABREU, V.K.; NASCIMENTO, G.A.J. do. Extratos etanólicos da manga como
antioxidantes para frangos de corte. Pesquisa Agropecuária Brasileira, v.47, n.8, p.1025-1030, 2012.
LUNA, A.; LÁBAQUE, M.C.; ZYGADLO, J.A.; MARIN, R.H. Effects of thymol and carvacrol feed
supplementation on lipid oxidation in broiler meat. Poultry Science, v.89, n. 2, p.366-370, 2010. DOI:
10.3382/ps.2009-00130
ROSTAGNO, H.S. ALBINO, L.F.T.; DONZELE, J.L.; GOMES, P.C.; OLIVEIRA, R.F.; LOPES, D.C.;
FERREIRA, A.S.; BARRETO, L.S.T. Tabelas brasileiras para aves e suínos: Composição de
alimentos e exigências nutricionais. 3 ed., Viçosa: UFV/DZO, 2011. 252p.
SILVA R.A.M.; PACHECO G.D.; VINOKUROVAS S.L.; OLIVEIRA E.R.; GAVIOLI D.F.; LORAZO
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antioxidantes para suínos em terminação. Ciência Rural, v.45, n.2, p. 311-316, 2015.
http://dx.doi.org/10.1590/0103-8478cr20140048
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