Dossier de Imprensa

Transcrição

Dossier de Imprensa
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Accio, um fascista susceptível, é a causa do desespero dos seus pais.
Conflituoso, impulsivo e explosivo, arranja facilmente sarilhos, enfrentando cada
batalha como se fosse uma guerra.
O seu irmão, Manrico, é um comunista fascinante. É bonito, carismático, amado
por todos, mas igualmente perigoso…
No dia-a-dia de uma pequena cidade italiana nos anos 60 e 70, os dois irmãos
lançam-se em crenças políticas opostas, estão apaixonados pela mesma mulher
e, em permanente confronto, vivem um período das suas vidas pleno de fugas,
retornos, conflitos e grandes paixões.
É uma história sobre o crescimento de dois irmãos e 15 anos de história da Itália
passam, enquanto vemos as vivências de Accio e Manrico, tão diferentes mas
tão iguais…
Cattleya - Itália - 2007 - 100’ - 1.85 : 1 – cor
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Daniele Luchetti
Filmografia
2007 Mio fratello è figlio unico
Cannes Film Festival – Un Certain Regard
2003 Dillo con parole mie
2000 12 pomeriggi (documentario-performance)
1998 I piccoli maestri
Venice Film Festival - in competition
1995 La scuola
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1994 L’unico paese al mondo(collective film)
1993 Arriva la bufera
1991 Il portaborse
Cannes Film Festival - in competition
1990 La settimana della Sfinge
San Sebastian Film Festival - in competition
competition
1988 Domani accadrà
Cannes Film Festival – Un Certain Regard, Camèra d’Ormention
Stefano Rulli e Sandro Petraglia
(Argumentistas)
Stefano Rulli nasceu em Roma em 1949. Escreveu os seus primeiros guiões nos
anos 70, a trabalhar como argumentista e assistente de realização em Nel Piu
Alto dei Cieli, de Silvano Agosti e em Il Gabiano, de Marco Bellocchio. Em 2005
Rulli escreveu e realizou um documentário chamado Un Silenzio Particolare, que
também protagonizou. Também escreve regularmente para televisão.
Sandro Petraglia nasceu em Roma em 1947 e começou a trabalhar em cinema
nos anos 70. Sozinho, trabalhou com Nanni Moretti (Bianca), Peter Del Monte
(Giulia e Giulia, Étoile), Paolo e Vittorio Taviani (Fiorile), Daniele Luchetti
(Domani, Domani) e Roberto Faenza (L’Amante Perduto). Um dos seus
trabalhos mais recentes é o argumento do filme La Ragazza del Lago, de
Andrea Molaioli. Sandro também escreve para televisão.
Rulli e Petraglia trabalharam pela primeira vez juntos nos anos 80, quando
escreveram uma trilogia sobre a vida nos subúrbios de Roma: Il Pane e le Mele
(1980), Settecamini da Roma (1981), e Lunario d’Inverno (1982). A equipa
atingiu um enorme sucesso em 2003 com A Melhor Juventude, realizado por
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Marco Tulli Giordana. Rulli e Petraglia trabalharam também para Marco Risi
(Mery Per Sempre), Daniele Luchetti (Il Portaborse, La Scuola), Francesco Rosi
(La Tregua) e Gianni Amelio (Il Ladro di Bambini, Le Chiavi di Casa)
Elio Germano (Accio)
Elio Germano nasceu em Roma em Setembro de 1980. Começou a ter aulas de
teatro ainda muito novo. Sempre gostou de representar mas também de
escrever histórias, algumas das quais publicadas. Gosta de rap e hip-hop e tem
uma banda que se chama “Bestie Rare”. Estreou-se como protagonista em Il
Cielo In Una Stanza, realizado por Carlo Vanzina. Da sua filmografia como actor
fazem parte Concorrenza Sleale, de Ettore Scola, Respiro, de Emanuele
Crialese, Quo Vadis Baby, realizado por Gabriele Salvatores, e Romanzo
Criminale, de Michele Placido.
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Outros créditos incluem Liberi, de Tavarelli, Sangue Libero, de Rienzo, Melissa
P, de Luca Guadagnino, Do You Like Hitchcock?, de Dario Argento.
Foi nomeado duas vezes para melhor actor secundário (um para o Nastro
d’Argento, outro para o David di Donatello Award), pelo filme What Will Happen
To Us?, de Veronesi, em 2004.
Recentemente protagonizou com Daniel Auteuil Napolèon, realizado por Paolo
Virzi, e ganhou o prémio David di Donatello para melhor actor, o Ciak d’Oro, um
Globo de Ouro e foi nomeado para melhor Actor Europeu 2007 pelo seu papel
em O Meu Irmão é Filho Único.
Podemos vê-lo também em IIl Mattino Ha L’oro in Boca, de Francesco Paterno,
Ill Passato è Una Terra Straniera, realizado por Daniele Vicari e Come Dio
Comanda, de Gabriele Salvatores, baseado no livro de Niccolò Ammaniti.
Elio gosta de fazer parte do processo criativo e sente que é um instrumento que
se move de acordo com o realizador.
Filmografia
Il Passato è una terra straniera - Daniele Vicari (2008)
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Come Dio comanda - Gabriele Salvatores (2008)
Tutta la vita davanti - Paolo Virzì (2008)
Il Mattino ha l'oro in bocca - Francesco Patierno (2008)
Mio fratello è figlio unico - Daniele Luchetti (2007)
Nessuna qualità agli eroi - Paolo Franchi (2007)
Sangue - Libero Di Rienzo (2007)
N (Io e Napoleone) - Paolo Virzì (2007)
Melissa P. - Luca Guadagnino (2005)
Mary - Abel Ferrara (2005)
Quo vadis baby? - Gabriele Salvatores (2005)
Romanzo Criminale - Michele Placido (2005)
Che ne sarà di noi? - Giovanni Veronesi (2003)
Ora o mai più - Lucio Pellegrini (2002)
Liberi - Gianluca Maria Tavarelli (2002)
Respiro - Emanuele Crialese (2001)
Ultimo stadio - Ivano De Matteo (2001)
Concorrenza sleale - Ettore Scola (2000)
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Il cielo in una stanza - Enrico and Carlo Vanzina (1999)
Riccardo Scamarcio (Manrico)
(Manrico)
Riccardo Scamarcio nasceu em Trani em Novembro de 1979, filho de um pintor,
mudou-se para Roma aos 18 anos e estudou representação no Centro
Sperimentale di Cinematografia. A sua carreira começou na série de televisão
italiana Compagni di Scuola. Contudo, a sua estreia no grande ecrã foi no filme
A Melhor Juventude (2003), de Mario Tullio Giordana. O seu grande sucesso foi
em 2004, em Three Steps Over Heaven, que levou à sequela I Want You, pela
qual ganhou o Globo de Ouro da Foreign Press Association para Melhor Jovem
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Actor. Entrou ainda em Romanzo Criminale, realizado por Michele Placido
(2005), Manuaale d'Amore 2, de Giovanni Veronesi (2007) e Go Go Tales, de
Abel Ferrara (2007).
Uma estrela internacional em ascensão, Riccardo Scamarcio vai protagonizar
Eden is West, a estrear. Também foi escolhido para o novo projecto de Ferrara,
um film noir baseado no livro Pericles The Black Man, de Giuseppe Ferrandino.
Protagoniza também o recente thriller Colop D'Occchio, de Sérgio Rubini, onde
encarna um artista.
Filmografia
Eden Is West - Costa-Gavras
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Colpo d'occhio - Sergio Rubini (2008)
Prova a volare – Lorenzo Cicconi Massi (2007)
Mio fratello è figlio unico - Daniele Luchetti (2007)
Ho voglia di te - Luis Prieto (2007)
Go go tales - Abel Ferrara (2007)
Manuale d’ amore 2 - Giovanni Veronesi (2007)
Texas - Fausto Paravidino (2005)
Romanzo Criminale - Michele Placido L’uomo perfettoby Luca Lucini (2005)
Tre metri sopra il cielo - Luca Lucini (2003)
Il motore del mondo - Lorenzo Cicconi Massi (2003)
Ora o mai più - Lucio Pellegrini (2002)
La meglio gioventù - Marco Tullio Giordana (2002)
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Entrevista com Daniele Luchetti
Como e quando decidiu dedicardedicar-se a este projecto?
De início, o desafio não era tanto compreender como fazer este filme mas
identificar as razões profundas que me fizeram ler o romance com tanta paixão.
A resposta a esta pergunta pode ser encontrada no filme. Tendo identificado
num longo e complexo romance uma linha que me ligava profundamente à
história foi a chave para começar o projecto. Eu tinha a certeza que a
personagem de Pennachi não era apenas uma parte da sua biografia mas
também uma parte de uma biografia italiana geral. Uma fatia de Itália inventada
pelos excluídos: irmãos mais novos e crianças para quem nunca ninguém tinha
tempo. Jovens inteligentes que enveredaram pelo mau caminho, que
obedeceram a ordens superficiais apenas porque estavam à procura de uma
identidade ou de um amigo que os ouvisse, que passasse tempo com eles. Este
factor humano, não necessariamente político, permitiu-me encontrar o meu
próprio caminho pessoal e emocional enquanto construía a história.
O Meu Irmão é Filho Único não é um filme político. É um filme sobre seres
humanos que amam, sofrem, riem e que também se envolvem na política. O
filme não toma um partido político: fala das pessoas que tomam partidos. Eu
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acredito ser esta a minha chave – encontrar o elemento humano que é pessoal e
emocional no seu âmago.
Quando escreveu o guião voltou a trabalhar com Sandro Petraglia e Stefano
Rulli. Como é que esta relação mudou, se chegou
chegou a mudar, ao longo dos anos.
Mantiveram o mesmo tipo de linguagem e técnicas de escrita?
A minha relação com o Sandro e o Stefano é saudável e vital. Temos as nossas
contradições, discussões, mas cada um de nós defende a sua posição.
Costumamos dizer que eles têm a missão de guiar o barco sempre em frente
enquanto a minha é a de explorar aqui e ali e de vez em quando fazê-los mudar
de rumo. O resultado destas duas rotas é o nosso caminho comum. Quando
começámos a trabalhar nesta história, disse-lhes que a minha intenção era fazer
um filme mais real e autêntico do que os outros que tinha feito. Eles
compreenderam isto, encorajaram-me e ajudaram-me durante a escrita quando
eu me desviava da minha intenção original.
O filme encaixa no género italiano, de acordo com a melhor tradição do cinema
italiano, que também se foca nas mudanças sociais e civis do país. Pensa que
este tipo de história poderá reflorescer, ou está só marcada por episódios
esporádicos?
Honestamente, nunca me preocupei com o facto de cair num género ou se o
filme faz parte de um tipo de género italiano. Faz parte porque, evidentemente, a
minha forma de narrar tende a retratar as personagens de uma forma
espontânea e apaixonada. Eu nunca me sinto superior em relação às
personagens, mas sim narro o engenho delas com verdadeiro respeito. Realizei
outros filmes com a intenção de entretenimento de uma forma quase sistemática
(por exemplo, o La Scuola). Desta vez, contudo, o sorriso é provocado pela
afeição. Uma afeição com a qual necessito de criar empatia e interesse nas
personagens, mesmo quando a história já não é engraçada, mas pesada e
emocionalmente intensa.
Os actores principais são muito novos e bembem-sucedidos (Germano
(Germano e
Scarmacio), enquanto os outros já têm muitos anos de experiência (Zingaretti,
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Finocchiaro, Popolizio, Bonaiuto). O resultado é um
um grupo muito eficaz. Que
instruções deu aos protagonistas?
Antes de mais, pedi-lhes que esquecessem os “truques” do ofício. Tentei ajudálos nisto destacando uma série de hábitos de representação que são parte do
“ofício” mas não têm autenticidade. Uma vez clarificada esta questão, quando
estávamos a filmar, tentei eliminar todas as causas típicas de atritos e
distracções que o plateau cria naturalmente para os actores. Retirei todas as
indicações de posições e expressões. Juntamente com o cameraman e com o
director de fotografia, dei aos actores total liberdade de movimentos no plateau.
Filmei muitas vezes sem ensaiar, pedindo ao camera simplesmente para seguir
o que estava a acontecer, como se fosse um acontecimento real, sem decidir de
antemão qual seria o plano. Para manter a espontaneidade que eu queria, filmei
muitas vezes com várias cameras que captavam ao mesmo tempo uma
sequência “ao vivo”. Isto deu aos actores mais liberdade, libertando-os das
obrigações técnicas do plateau. Para manter a espontaneidade entre um take e
o outro, os diálogos ou até a completa dinâmica da cena eram alterados. Isto
deu-me a frescura e espontaneidade que eu procurava e também muito mais
material para editar. Os actores eram livres, sim, mas para fazer o que eu
queria. Tudo isto teve lugar enquadrado num plano prévio que foi discutido com
cada uma das personagens.
Ao longo do filme, várias músicas dos anos 60 e 70 marcam
marcam a passagem do
tempo. A música final é de Nada, mas numa esplêndida versão acústica. De
acordo com que critério, além das suas preferências, é que escolheu a música e
as canções?
Escolhi um caminho simples, que foi pensar apenas na eficiência das cenas.
Quando precisava de fazer uma alusão à atmosfera desses anos, fazia-o sem
ter medo de usar as músicas simples que ficavam no ouvido dessa época.
Quando queria intensificar uma emoção mais complexa não tinha medo de pedir
a Piersanti para intensificar os acordes emocionais. Obviamente, tudo isto foi
moderado pelo meu gosto pessoal.
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Críticas
Meu irmão, meu rival: laços que ligam e que afastam
O conflito social nos filmes italianos – a luta de classes, as guerras ideológicas,
disputas políticas, seja o que for – é muitas vezes expresso através da rivalidade
entre irmãos. Se imaginarmos a nação como uma indisciplinada família
disfuncional, então o melhor símbolo da sua crise interna de certeza que seria o
de dois irmãos rivais, Rómulo e Remo a lutar.
O Meu irmão é Filho Único, realizado por Daniele Luchetti a partir de um guião
que escreveu com Sandro Petraglia e Stefano Rulli, é uma refrescante adenda
menor à nobre tradição do cinema fraternal italiano. Um espécimen mais leve,
mais longo pode ser encontrado em A Melhor Juventude (2003) uma mini-série
que também foi escrita por Petraglia e Rulli. Nessa história, o amor e o conflito
fraternal são a plataforma para uma longa e complexa crónica da transformação
da Itália durante quatro décadas, desde os anos 60 até agora. O alcance de O
Meu irmão é Filho Único é menos amplo e mais focado na perspectiva
psicológica do que na sociológica, mas tal como A Melhor Juventude, vai buscar
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a sua energia à agitação dos anos 60 e segue dois irmãos, separados à
esquerda e à direita pela força centrífuga dos tempos.
Manrico (Riccardo Scamarcio), o filho mais velho de uma família de classemédia que vive numa pequena cidade fora de Roma, segue o ofício do pai na
fábrica e logo se torna comunista, como se fosse um requisito. A militância é
uma boa forma de atrair mulheres, incluindo Francesca (Diane Fleri), uma
burguesa particularmente atraente, e o romance de radicalismo de esquerda
assenta bem ao charme e auto-confiança de Manrico, à maneira de Byron.
O seu irmão mais novo, Accio (Elio Germano), é mais do tipo intelectual (há
também uma irmã no meio, mas como em quase todos os filmes deste tipo, ela
co-existe à margem da história). Accio é melhor aluno que Manrico e também
naturalmente céptico. Depois de ser expulso do seminário, inclina-se, por instinto
e por acaso, na direcção do fascismo.
Está composto o cenário para uma peça moralista ou para um intenso
melodrama familiar mas, felizmente, nenhum deles se materializa. Em vez disso,
mesmo quando a narrativa se desvia para a violência ou a dor, a visão de
Luchetti é fresca e pouco convencional. Ele parece apontar para a estética do
momento, indefinida – de cortar a respiração – que caracteriza os jovens filmes
italianos dos finais dos anos 60 e princípios dos anos 70, filmes como Fists in
the Pocket e China is Near, de Marco Bellocchio.
O problema é que o esforço do realizador para inspirar o imediatismo e a pressa
nas histórias dessa agitada era, empresta a O Meu Irmão é Filho Único um
inevitável ar nostálgico. A ausência de perspectiva que dá ao filme o seu ritmo
engraçado – estamos tão perto das personagens que não conseguimos ver para
além delas – também soa a algo um pouco evasivo. Que tempos loucos,
aqueles! Sim, mas já sabíamos isso. Diz-nos algo de novo, ou então leva-nos a
crer que, 40 anos depois, devíamos importar-nos com isso.
Ainda assim, a nostalgia destes tempos loucos tem os seus atractivos mesmo
que – ou até especialmente se – não estivemos lá. E ainda que muito de O Meu
Irmão é Filho Único pareça familiar, as personagens são interessantes e vívidas
o suficiente para ganhar a nossa simpatia. O desempenho de Germano é
especialmente
ágil
e
encantador;
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ele
convence-nos
que
Accio
é
assustadoramente volátil, mesmo antes de mostrar que ele é constante e
sensível, e depois faz o truque ao contrário.
E há momentos provocadores quanto baste e pormenores que desvendam os
sabores da época e lugar: Accio perde a virgindade com a mulher do seu mentor
político debaixo de um edredão bordado com uma cara semelhante à de
Mussolini. O pai de Accio e Manrico a ostentar um crucifixo num encontro
político; e, mais memorável, uma orquestra de estudantes de esquerda a tocar
uma versão Marxista “corrigida” do Hino da Alegria e a ser interrompida por um
gang fascista que defende Beethoven da forma que tiver de ser. Esta cena,
violenta, ardente e absurda, apresenta um quadro do que há de melhor em O
Meu Irmão é Filho Único: Accio e Manrico, ao mesmo tempo aliados e inimigos,
ligados e separados pelo amor, pela política e pela arte.
A. O. Scott, New York Times, Março de 2008
Daniele Luchetti mantém-se sereno e vencedor em O Meu Irmão é Filho Único,
um micro-conto sobre os conturbados anos 60 e 70 em Itália, visto do prisma de
uma família politicamente dividida. Escrito pelo duo d’ A Melhor Juventude, que
nos trouxe os anos pós II Guerra Mundial de uma forma forte e comovente, o
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filme dá-nos um humor quente que clarifica a vista desafiadora da esperança,
mesmo quando os acontecimentos se tornam trágicos.
Tanto Luchetti como os produtores tiveram a sensibilidade de evitar fazer um
filme político, o que significa que, em vez do comentário mordaz, há um lado
brincalhão mais contido, provavelmente incapaz de gerar debate.
Para aqueles que sentem que a Itália ainda tem de enfrentar o seu passado
fascista, O Meu Irmão é Filho Único é mais uma prova viva, através do uso de
humor consensual quando lida com membros desorientados da extrema direita
disfarçando o carácter insidioso desta forma de nostalgia.
O curioso adolescente Accio não está destinado a permanecer muito tempo no
seminário. O filho mais novo de uma família de classe-média que vive no sul de
Roma, Accio regressa à casa da família, frustrando o desejo de tranquilidade
dos pais e envolve-se em desordeiras querelas com o prodigioso irmão mais
velho, Manrico.
Depois de uma transição maravilhosamente conseguida, um mais velho Accio já
se encontra sob a influência do líder local do partido fascista, Mario. Mais como
uma revolta contra os princípios esquerdistas da sua família do que como uma
vocação verdadeira, a solidariedade de Accio com os seus camaradas fascistas
(peregrinações à campa de Mussolini, pequenos ataques em grupo) é
enfraquecida pela sua falta de compromisso doutrinal.
As suas ligações começam a mudar quando Mario e os seus gangsters marcam
como alvo Manrico, que é agora um líder comunista numa fábrica local. Luchetti
injecta finalmente uma nota sinistra durante a actuação dos estudantes do “Hino
da Alegria” de Beethoven; o hall está cercado de camisas-negras, que estão
contra os sentimentos marxistas expressos no libretto, que foi alterado. Isto leva
a uma dissolução que marca a separação definitiva de Accio e os seus antigos
camaradas.
Nunca verdadeiramente comprometido com nada, Accio basicamente deambula
por ali, seguindo à distância os avanços de Manrico na direcção de politicas
mais radicais enquanto nutre uma paixão pela namorada do irmão, Francesca.
Logo depois, o guião torna-se mais dividido, com um sentido indefinido da
passagem do tempo e das personagens, como a da irmã, Violetta e a da mãe de
família (a fantástica Angela Finocchiaro, que consome todas as atenções
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quando aparece). Ainda assim, Luchetti dá-nos um indispensável “murro” no fim,
reforçando a ideia de que as crenças políticas são meros elementos decorativos
no que toca ao mínimo de respeito humano. (…)
O papel de Accio, de uma vigorosa energia que carrega uma doçura
conquistadora, foi feito à medida para Germano, que nunca esteve tão bem. Faz
uma dupla maravilhosa com o apaixonante Scamarcio.(…)
A história passa-se em Latina, uma cidade criada por Mussolini e um local
perfeito para uma família em busca de estabilidade num mundo instável. A
fotografia de Claudio Collepiccolo envolve-se nas personagens sem se impor, e
a selecção das músicas pop dos anos 60 e 70 de Nada e Little Tony
acompanham na perfeição.
JAY Weissberg , Variety, 18 de Maio 2007
O fluente e sentido filme italiano de Daniele Luchetti é a história de dois irmãos
nascidos depois da guerra, que se tornam adultos nos anos 60 e se separam na
paranóica, violenta e amarga atmosfera política da Itália dos anos 70. O filme
tem a qualidade independente e comunicativa do cinema italiano mais recente,
como A Melhor Juventude e Romanzo, este último com os mesmos
protagonistas Elio Germano e o belíssimo Riccardo Scamarcio. (…)
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Accio (o irmão mais novo) começa a apaixonar-se pela bonita namorada do
irmão Manrico. Estas cenas são agradáveis e até hilariantes, com toda a gente a
falar ao mesmo tempo e recriam de certa forma o espírito de I Vitelloni, de Fellini
e as primeiras obras de Coppola e Scorcese, que continham o mesmo espírito.
À medida que o filme progride, contudo, torna-se mais pesado e mais
consciente. Accio torna-se fascista e Manrico marxista e a sua separação e,
depois, parcial reconciliação, é dolorosa e complexa. Sem nunca perder as suas
qualidades, o filme torna-se fraccionado e menos empolgante, enquanto nos
agarra com seu trágico destino, e a razão para a escolha de dois actores para o
papel de Accio é explicada com uma imagem muito comovente no final. O Meu
Irmão é Filho Único mostra a tremenda energia da qual os filmes
italianos contemporâneos são capazes.
Peter Bradshaw, The Guardian, 4 de Abril 2008
Baseado no romance de Antonio Pennacchi, ‘Il Fasciocomunista’, e escrito pelo
famoso duo de autores Sandro Petraglia e Stefano Rulli, esta é uma enérgica,
perspicaz, divertida e inteligente meditação sobre a herança fascista italiana.
Cruzando os anos 60, segue as experiências de dois irmãos divididos
politicamente. (…)
Sem ser tão longo e aprofundado quanto a magna obra de Petraglia e Rulli, A
Melhor Juventude, cobre no entanto o mesmo território de uma forma divertida,
sério-cómica. Uma boa parte da leveza e humor do filme provém dos actores,
principalmente dos deliciosos, afiados e atractivos desempenhos de Vittorio
Emanuele Propizio e Elio Germano, que representam Accio enquanto
adolescente e adulto.
É uma visão fundamentalmente doméstica e satírica de uma destrutiva “guerra
civil” que serve como gentil crítica a um mais sério e pesado exame ao passado
italiano (incluindo o dos próprios escritores), que consegue evocar, mas nunca
de forma trivial, os loucos, mortais conflitos da história política recente italiana.
Energicamente realizada é apenas ligeiramente afectada por um final
desnecessariamente sentimentalista.
Wally Hammond, Time Out London, Abril 2008
2008
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Os filmes sobre o amadurecimento político podem parecer o mais velho
subgénero do plano da filmografia europeia, mas quando é bem feito, porque é
que não havemos de gostar? Nem todos os filmes têm de ser inovadores, para a
faixa etária dos 20 anos, cheios de tendências pós-modernas e ecoar as últimas
canções indie-rock.
(…)
O filme do realizador Daniele Luchetti, dá-nos uma verdadeira ideia do que seria
vivermos as nossas crenças políticas e enfrentar quaisquer glórias ou
consequências advindas. Como em quase todos os filmes italianos, evoca as
sensuais, intimas dinâmicas de uma família, com Accio a debater-se, a abraçar,
a esmurrar e a amaldiçoar os seus parentes normalmente, no dia-a-dia. Embora
o filme não afaste totalmente o sentimento de estar ultrapassado (podia ter sido
feito em qualquer altura dos últimos 40 anos), é uma memorável, muitas vezes
comovente, obra intemporal.
Desson Thomson, Washington Post, 11 de Abril 2008
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Accio…………………………………………......Elio
Accio
Germano
Manrico
Scamarcio
Manrico……………….………………………….Riccardo
co
Francesca………….…….................................Diane
Fleri
Francesca
Violetta…………….…….…………….…………Alba
Rohrwacher
Violetta
Mãe…………...................................................Angela
Finocchiaro
Mãe
Pai………………………………….……………..Massimo
Popolizio
ai
Mario Nastri……………………………….……...Luca
Zingaretti
Nastri
Bella……………………………….………………Anna
Bonaiuto
Bella
Padre Cavalli……………………………….…….Ascanio
Celestini
Cavalli
Prof. Montagna…………………………………..Claudio
Botosso
Montagna
Accio com anos…………………………….…….Vittorio
Emanuele Propizio
anos
Bombacci……………..……………..…………….Ninni
Bruschetta
Bombacci
Daniele Luchetti…………. …………..realização
realização
Daniele Luchetti, Sandro Petraglia, Stefano Rulli……………….……..argumento
argumento
Baseado na obra de Antonio Pennacchi
Francesco Frigeri….………………….…………direcção
direcção de arte
Maria Rita Barbera……………………....…………..guarda
.guarda.guarda-roupa
Franco Piersanti…………………………………………..música
música
Claudio Collepiccolo……….………………..direcção
.direcção de fotografia
Bruno Pupparo……………..………………………………som
som
Mirco Garrone………….…………………………..montagem
montagem
Gianni Costantin…………….casting/a
casting/assistente
casting/assistente de realização
Bruno Ridolfi…………………………….produtor
produtor executivo
Matteo De Laurentiis………………produtor
produtor executivo da Cattleya
Gina Gardini….………………………..produtora
produtoraprodutora-delegada
Riccardo Tozzi, Giovanni Stabilini, Marco Chimenz…………………..…..produção
produção
Fabio Conversi………………..……………………co
coco-produtor
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