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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CENTRO TECNOLÓGICO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA AMBIENTAL MÁRCIO ALVES MACIEL MODELAGEM DO PADRÃO DE ESCOAMENTO NO CANAL DA PASSAGEM (VITÓRIA, ES) VITÓRIA 2004 MÁRCIO ALVES MACIEL MODELAGEM DO PADRÃO DE ESCOAMENTO NO CANAL DA PASSAGEM, VITÓRIA – ES. Dissertação submetida ao Programa de PósGraduação em Engenharia Ambiental da Universidade Federal do Espírito Santo, como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Ciências em Engenharia Ambiental, na área de concentração em Recursos Hídricos. Orientador: Profo Dro. Julio Tomás Aquije Chacaltana. VITÓRIA 2004 MÁRCIO ALVES MACIEL MODELAGEM DO PADRÃO DE ESCOAMENTO NO CANAL DA PASSAGEM, VITÓRIA – ES. Dissertação apresentada ao programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental da Universidade Federal Do Espírito Santo, como requisição parcial para obtenção do grau de Mestre em Ciências em Engenharia Ambiental. Aprovada em 1 de março de 2004. COMISSÃO EXAMINADORA _____________________________________________________ Profo Dr Julio Tomás Aquije Chacaltana – Orientador Profo Adjunto do DEA – CT – UFES. _____________________________________________________ Profo Dr Neyval Costa Reis Junior Examinador Interno - Universidade Federal do Espírito Santo. _____________________________________________________ Profo Dr Joseph Harari Examinador Externo – Universidade de São Paulo – USP. Dedico este trabalho a DEUS e a nossa Senhora Aparecida pela saúde, pela força, pelas oportunidades, pelos obstáculos e pelas conquistas. Aos meus pais e irmãos pelo apoio incondicional dado durante a realização deste trabalho. A UFES (Universidade Federal do Espírito Santo) e a Coordenação do Mestrado em Engenharia Ambiental pela oportunidade que me foi dada. AGRADECIMENTOS Ao chegar ao final de um trabalho de investigação como este se tem a certeza de que as dificuldades encontradas no decorrer do estudo seriam ainda maiores sem a presença e o apoio dos professores, colegas, todos os funcionários da Universidade Federal do ES (UFES), familiares e amigos. A todos gostaria de expressar neste trabalho a minha gratidão. A todos que de alguma forma contribuíram para realização deste trabalho um grande abraço. Ao Profº Dro Julio Thomas Aquije Chacaltana, pela orientação segura e pela amizade. Ao Prof Dro. Antonio Sergio Mendonça pelo apoio dado no inicio do Mestrado. A toda equipe do GEARH e EMANA, em especial aos amigos Jose Paulo, Camila, Amílcar, Fabiola, Mônica, Silvia, Daniel Izoton, Geovane, Cláudio, Andressa Curto Marques, Gelcílio, J Alan e Tereza pela amizade. Aos ”Gearhrinos”: Marco Aurélio, Célio, Professor Dro Edimilson, Professor Dro Daniel Rigo, Roberto, Felipe, Luis André, Leandro, Andresa e outros pelo apoio dado. Aos colegas do mestrado e aos que já defenderam: Tarcilo, Jorge, Rodrigo (perdigão), Maurão, Leandro Melo de Sá, Alessandro, Fernando Musso, Tadeu, Flavio, Zé Marcos, Wallace, Fernando Grobério, Manoel, Maria Helena e outros. A CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de nível Superior), pela cessão da bolsa de estudo que tanto ajudou. À Professora Dra Jane Meri Santos (coordenadora do PPGEA) e ao professor que antes coordenou (PPGEA) Dro Sérvio Túlio Alves Cassini, ao conterrâneo de Aimorés Teixeira (secretário do PPGEA) pelo apoio institucional e a todos os professores do PPGEA UFES. Aos meus Irmãos: Júlio, Nilcimar, Ailton, Rosa, Rogéria pelo apoio neste estudo. A Adineria e família pelo apoio e incentivo dado nas horas difíceis. Lista de Figuras FIGURA 1.- REGIÃO DE ESTUDO EM DESTAQUE NO RETÂNGULO VERMELHO. FONTE: (SEAMA) SECRETARIA ESTADUAL DE MEIO AMBIENTE ES VITÓRIA ...................... 12 FIGURA 2.- CONSIDERANDO UMA SEÇÃO LONGITUDINAL DE UM CANAL QUALQUER. SENDO 2 QUE A ÁREA PROJETADA DO ESCOAMENTO (A) É DADA EM [ m ], h É A DISTÂNCIA DA SUPERFÍCIE ATÉ O NÍVEL MÉDIO DO FUNDO (PROFUNDIDADE DO ESCOAMENTO) EM [ m ], Rh É O RAIO HIDRÁULICO EM [ m ] E P É O PERÍMETRO MOLHADO DO CANAL EM [ m ].ESQUEMA MODIFICADO DE SMART, 2000 (APUD KUMU 2002). ..................... 19 FIGURA 3.- REPRESENTAÇÃO ESQUEMÁTICA DA FÓRMULA DE CHÉZY PARA UM ESCOAMENTO UNIFORME EM UM CANAL ABERTO. FONTE: CHOW, 1959. ............... 27 FIGURA 4.- FORMAS E RUGOSIDADE DE FUNDO EM CANAIS DE FUNDO DE TERRA. FONTE: (G.J. ARCEMENT, JR. AND V.R. SCHNEIDER 1989) GUIDE FOR SELECTING MANNING'S ROUGHNESS COEFFICIENTS FOR NATURAL CHANNELS AND FLOOD PLAINS............................................................................................................. 32 FIGURA 5.- ALTURA DA RUGOSIDADE k E A RUGOSIDADE k s DOS GRÃOS. FONTE: KUMU (2002) ............................................................................................................. 32 FIGURA 6.-CANAL FLUVIAL (ESQUEMÁTICO), x = DIREÇÃO DO FUNDO DO CANAL, POSITIVO PARA JUSANTE; U = VELOCIDADE MÉDIA NA SEÇÃO NA DIREÇÃO x ; θ = DECLIVIDADE DO CANAL EM RELAÇÃO À HORIZONTAL (É POSITIVA QUANDO INCLINADA NO SENTIDO DO ESCOAMENTO); h = ALTURA D’ ÁGUA TOTAL (NA DIREÇÃO z ) A PARTIR DO FUNDO. FONTE: MODIFICADO DE (MELO, 1998)............................................................... 38 FIGURA 7.-CANAL DE MARÉ (ESQUEMÁTICO), ONDE x = HORIZONTAL, SITUADO NO NÍVEL DE REPOUSO DA ÁGUA; N = POSIÇÃO DA SUPERFÍCIE LIVRE DA ÁGUA (POSITIVO QUANDO ACIMA DO NÍVEL DE REPOUSO); H = H0 + N, COM H0 = PROFUNDIDADE LOCAL ( EM RELAÇÃO AO NÍVEL DE REPOUSO). FONTE (MELO, 1998)............................... 39 FIGURA 8.-FOTO ILUSTRATIVA DO MANGUEZAL DA ILHA DO LAMEIRÃO CANAL-NORTE. FONTE: (SEAMA) SECRETARIA ESTADUAL DE MEIO AMBIENTE VITÓRIA ES. ......... 40 FIGURA 9.-ILUSTRAÇÃO DE 3 ESPÉCIES ENCONTRADAS NO ECOSSISTEMA MANGUEZAL DA ILHA DO LAMEIRÃO JUNTO AO ESQUEMA DE DISTRIBUIÇÃO DA VEGETAÇÃO AO LONGO DO CANAL DA PASSAGEM. FONTE: ESQUEMA MODIFICADO (OSÓRIO T. F. 2002, DISSERTAÇÃO DE MESTRADO PIRACICABA) ......................................................... 45 FIGURA 10.-ESQUEMA DE ENERGIA SUBSIDIARIA CONDICIONANDO A ASSINATURA ENERGÉTICA DO ECOSSISTEMA MANGUEZAL ADAPTADO DE TWILLEY 1995 ( APUD CUNHA 2001)................................................................................................. 46 FIGURA 11.- ECOSSISTEMAS PRODUTIVOS. FONTE: WWW:EPA.GOV.............................. 47 FIGURA 12.- SEÇÃO TRANSVERSAL DO MODELO DE UM SISTEMA DE UM CÓRREGO DE MANGUEZAL INFLUENCIADO POR ÁGUA DOCE (R-TYPE MANGAL). FONTE: ADAPTADO DE MAZDA ET AL 1999..................................................................................... 54 FIGURA 13.- A REGIÃO DE ESTUDO COMPREENDE TODO O CANAL DA PASSAGEM, (A) E (B) CORRESPONDEM RESPECTIVAMENTE ÀS EXTREMIDADES SUL E NORTE DO CANAL DA PASSAGEM: FONTE: FOTO ES- CAR UFES ........................................................ 61 FIGURA 14.- SISTEMA ESTUARINO DO ENTORNO DA ILHA DE VITÓRIA E O DOMÍNIO DA MALHA COMPUTACIONAL UTILIZADA NA REGIÃO DE ESTUDO (RETÂNGULO VERMELHO) E NO PONTO EM VERMELHO (M3) A ESTAÇÃO MAREGRÁFICA DA VALE. ...................... 61 FIGURA 15.-PONTOS DE COLETA DE DADOS EXPERIMENTAIS E DISTRIBUIÇÃO DAS ESTAÇÕES AO LONGO DO CANAL ......................................................................... 63 FIGURA 16.-PARTE DO DOMÍNIO DA MALHA UNIFORME DE 15X15 METROS DE LADOS NA EXTREMIDADE NORTE DO CANAL, ÁGUA EM AZUL, MANGUE EM VERDE E TERRA EM MARROM. ......................................................................................................... 71 FIGURA 17.- PARTE DO DOMÍNIO DA MALHA UNIFORME DE 15X15M UTILIZADA EXTREMIDADE SUL, EM AZUL AS CÉLULAS DE ÁGUA, MANGUE EM VERDE E TERRA EM MARROM. ......................................................................................................... 72 FIGURA 18.-CONDIÇÕES DE CONTORNO DA ESTAÇÃO VALE E ESTAÇÃO CAIEIRAS. ......... 75 FIGURA 19.-CONDIÇÕES DE CONTORNO, NORTE E SUL DO CANAL DA PASSAGEM.......... 76 FIGURA 20.- BATIMETRIA TÍPICA DA REGIÃO DE ESTUDO .............................................. 81 FIGURA 21.-PONTOS DE MONITORAMENTO DA EXTREMIDADE NORTE DO CANAL DA PASSAGEM, COM MAIOR ÁREA DE VEGETAÇÃO DE MANGUEZAL. ............................. 82 FIGURA 22.-PONTOS DE MONITORAMENTO DA EXTREMIDADE SUL DO CANAL DA PASSAGEM ....................................................................................................................... 83 FIGURA 23.-RESULTADO NUMÉRICO DE VELOCIDADE NA ESTAÇÃO MARIA ORTIZ, MAGNITUDE E DIREÇÃO DA VELOCIDADE, PARA AS TRÊS MALHAS USADAS NO TESTE DE MALHA.............................................................................................................. 84 FIGURA 24.- DIFERENÇAS ENTRE AS MAGNITUDES DE VELOCIDADE DAS TRÊS MALHAS. .. 85 FIGURA 25.-DIFERENÇAS ENTRE AS DIREÇÕES DE VELOCIDADE DAS TRÊS MALHAS. ....... 86 FIGURA 26.-ELEVAÇÃO DA MARÉ AO LONGO DO CANAL DA PASSAGEM PARA AS TRÊS MALHAS USADAS DURANTE O TESTE DE MALHA. LINHA CONTÍNUA – MALHA 1, TRACEJADO E CIRCULO – MALHA 2, TRACEJADO E TRIANGULO – MALHA 3. ............ 87 FIGURA 27.-RESULTADOS DE VELOCIDADE E ELEVAÇÃO PARA A ESTAÇÃO MARIA ORTIZ. RUGOSIDADE k s = 1m . ...................................................................................... 88 FIGURA 28.-RESULTADOS DE MAGNITUDE E DIREÇÃO DE VELOCIDADE NA ESTAÇÃO MARIA k = 1m ORTIZ. RUGOSIDADE s . ........................................................................... 89 FIGURA 29.-ELEVAÇÃO DA MARÉ AO LONGO DO CANAL DA PASSAGEM, PARA UMA RUGOSIDADE DE k s = 9m . ................................................................................. 90 FIGURA 30.-REGISTRO DE ELEVAÇÃO DA SUPERFÍCIE DA ÁGUA, NAS EXTREMIDADES NORTE E SUL DO CANAL DA PASSAGEM, CORRESPONDENTE AO TERCEIRO CICLO DE MARÉ. 91 FIGURA 31.-CAMPO DE VELOCIDADES NA ÁREA DE ABRANGÊNCIA DA ZONA DE CONVERGÊNCIA, CHAMADA TOMBO DE MARÉ, DURANTE A VAZANTE. TEMPO DE SIMULAÇÃO DE 26 HORAS E RUGOSIDADE k S = 9m . ............................................. 92 FIGURA 32.-CAMPO DE VELOCIDADES NA ÁREA DE ABRANGÊNCIA DA ZONA DE CONVERGÊNCIA, CHAMADA TOMBO DE MARÉ, DURANTE A ENCHENTE. TEMPO DE SIMULAÇÃO DE 35 HORAS E RUGOSIDADE k s = 9m . ............................................. 93 FIGURA 33.-ELEVAÇÃO DA MARÉ AO LONGO DO CANAL DA PASSAGEM DURANTE A VAZANTE DA MARÉ. RUGOSIDADE DE k s = 9m ..................................................... 94 FIGURA 34.-ELEVAÇÃO DA MARÉ AO LONGO DO CANAL DA PASSAGEM DURANTE A ENCHENTE DA MARÉ. RUGOSIDADE k s = 9m . ...................................................... 94 FIGURA 35.-VELOCIDADE NO ESTREITAMENTO DA PONTE DA PASSAGEM (MARÉ VAZANTE EM UMA SIZÍGIA NO TEMPO DE SIMULAÇÃO DE 26 HORAS)...................................... 96 FIGURA 36.-VELOCIDADE NO ESTREITAMENTO DA PONTE DA PASSAGEM (ENCHENTE DE MARÉ EM UMA SIZÍGIA NO TEMPO DE SIMULAÇÃO DE 35 HORAS)............................. 97 FIGURA 37.-A INFLUÊNCIA DA RUGOSIDADE NA ELEVAÇÃO DA SUPERFÍCIE DA ÁGUA AO LONGO DA EXTENSÃO DO CANAL DURANTE A ENCHENTE DA MARÉ É VERIFICADA PELA SEGUINTES LEGENDAS: EM LINHA CONTÍNUA COM RUGOSIDADE DE MANNING DE n = 0,2 CORRESPONDENDO AO k s = 9,3 metros E EM LINHA TRACEJADA COM MANNING DE n = 0,9 CORRESPONDENDO A UM k s = 11,5 metros (TABELA 5). ...................................................................................................... 98 FIGURA 38.-INFLUÊNCIA DA RUGOSIDADE NA MAGNITUDE DA VELOCIDADE NA ESTAÇÃO MARIA ORTIZ. ................................................................................................. 100 FIGURA 39.-INFLUÊNCIA DA RUGOSIDADE NO PADRÃO DE ESCOAMENTO DA REGIÃO DE MANGUEZAL, PARA VALORES DE k s = 9 METROS SETAS VERMELHAS E k s = 11,5 METROS SETAS AZUIS. ..................................................................................... 101 FIGURA 40.-ELEVAÇÃO DA SUPERFÍCIE LIVRE AO LONGO DA EXTENSÃO DO CANAL COM RUGOSIDADE DE MANNING IGUAL A 0,3 COMPARADA À RUGOSIDADE DE 0,027 EM UMA ENCHENTE DE MARÉ. ...................................................................................... 121 FIGURA 41.-ELEVAÇÃO DA SUPERFÍCIE LIVRE AO LONGO DA EXTENSÃO DO CANAL COM RUGOSIDADE DE MANNING IGUAL A 0,3 COMPARADA À RUGOSIDADE DE 0,027 EM UMA VAZANTE DE MARÉ........................................................................................... 122 FIGURA 42.-ELEVAÇÃO DA SUPERFÍCIE LIVRE AO LONGO DA EXTENSÃO DO CANAL COM RUGOSIDADE DE MANNING IGUAL A 0,4 COMPARADA À RUGOSIDADE DE 0,027 EM UMA ENCHENTE DE MARÉ. ....................................................................................... 123 FIGURA 43.-ELEVAÇÃO DA SUPERFÍCIE LIVRE AO LONGO DA EXTENSÃO DO CANAL COM RUGOSIDADE DE MANNING IGUAL A 0,4 COMPARADA À RUGOSIDADE DE 0,027 EM UMA VAZANTE DE MARÉ........................................................................................... 124 FIGURA 44.-ELEVAÇÃO DA SUPERFÍCIE LIVRE AO LONGO DA EXTENSÃO DO CANAL COM RUGOSIDADE DE MANNING IGUAL A 0,5 COMPARADA À RUGOSIDADE DE 0,027 EM UMA ENCHENTE DE MARÉ. ....................................................................................... 125 FIGURA 45.-ELEVAÇÃO DA SUPERFÍCIE LIVRE AO LONGO DA EXTENSÃO DO CANAL COM RUGOSIDADE DE MANNING IGUAL A 0,5 COMPARADA À RUGOSIDADE DE 0,027 EM UMA VAZANTE DE MARÉ........................................................................................... 126 FIGURA 46.-ELEVAÇÃO DA SUPERFÍCIE LIVRE AO LONGO DA EXTENSÃO DO CANAL COM RUGOSIDADE DE MANNING NO VALOR DE 0,6 COMPARADA À RUGOSIDADE DE 0,027 EM UMA ENCHENTE DE MARÉ. ........................................................................... 127 FIGURA 47.-ELEVAÇÃO DA SUPERFÍCIE LIVRE AO LONGO DA EXTENSÃO DO CANAL COM RUGOSIDADE DE MANNING NO VALOR DE 0,6 COMPARADA À RUGOSIDADE DE 0,027 EM UMA VAZANTE DE MARÉ............................................................................... 128 FIGURA 48.-RUGOSIDADE COM VALOR DE MANNING DE 0,3 CORRESPONDENDO A UM k s DE 10,2 METROS............................................................................................. 129 FIGURA 49.-RUGOSIDADE COM VALOR DE MANNING DE 0,3 CORRESPONDENDO A UM k s DE 10,2 METROS............................................................................................. 130 FIGURA 50.- RUGOSIDADE COM VALOR DE MANNING DE 0,4 CORRESPONDENDO A UM k s DE 10,7 METROS............................................................................................. 131 RUGOSIDADE DE FIGURA 51.-RRUGOSIDADE COM VALOR DE MANNING DE 0,4 CORRESPONDENDO A UM k s DE 10,7 METROS............................................................................................. 132 FIGURA 52.-RUGOSIDADE COM VALOR DE MANNING DE 0,5 CORRESPONDENDO A UM k s DE 11 METROS................................................................................................ 133 FIGURA 53.- RUGOSIDADE COM VALORES DE MANNING DE 0,5 CORRESPONDENDO A UM k s DE 11 METROS........................................................................................... 134 FIGURA 54.-RUGOSIDADE COM VALORES DE MANNING DE 0,6 CORRESPONDENDO A UM k s DE 11,2 METROS............................................................................................. 135 FIGURA 55.-RUGOSIDADE COM VALORES DE MANNING DE 0,6 CORRESPONDENDO A UM k s DE 11,2 METROS............................................................................................. 136 FIGURA 56.-RUGOSIDADE COM VALORES DE MANNING DE 0,7 CORRESPONDENDO A UM k s DE 11,3 METROS. ........................................................................................ 137 FIGURA 57.- RUGOSIDADE COM VALORES DE MANNING DE 0,7CORRESPONDENDO A UM k s DE 11,2 METROS............................................................................................. 138 FIGURA 58.-RUGOSIDADE COM VALORES DE MANNING DE 0,8 CORRESPONDENDO A UM k s DE 11,3 METROS............................................................................................. 139 FIGURA 59.-RUGOSIDADE COM VALORES DE MANNING DE 0,8 CORRESPONDENDO A UM k s DE 11,3 METROS............................................................................................. 140 FIGURA 60.-RUGOSIDADE COM VALORES DE MANNING DE 0,9 CORRESPONDENDO A UM k s DE 11,5 METROS............................................................................................. 141 FIGURA 61.-RUGOSIDADE COM VALORES DE MANNING DE 0,9 CORRESPONDENDO A UM k s DE 11,5 METROS............................................................................................. 142 FIGURA 62.- FOTO EXTREMIDADE SUL DO CANAL, ENCHENTE DE MARÉ EM C E VAZANTE DE MARÉ EM D..................................................................................................... 143 FIGURA 63.- FOTO EXTREMIDADE SUL DO CANAL DA PASSAGEM PRÓXIMO À ÁREA DE PLANÍCIE DE MANGUEZAL (G), REPRESENTANDO UMA SITUAÇÃO DE ENCHENTE (F) E VAZANTE DE MARÉ (E). .................................................................................... 144 FIGURA 64.-ESTREITAMENTO DA PONTE DA PASSAGEM DO LADO DA EXTREMIDADE SUL E NORTE DO CANAL RESPECTIVAMENTE EM (H) E (I). ............................................. 145 FIGURA 65.-ALGUNS PONTOS DE LANÇAMENTOS DE ESGOTO IN NATURA ENTRE OS VÁRIOS ENCONTRADOS AO LONGO DO CANAL DA PASSAGEM. NOS CÍRCULOS VERMELHOS ENCONTRA-SE RESPECTIVAMENTE LANÇAMENTO DE ESGOTO DOMÉSTICO EM (J) E (L). ..................................................................................................................... 146 FIGURA 66.- FORMA FÍSICA DAS RAÍZES DE ÁRVORES DE MANGUE EM (M E O) E ESPÉCIES NATIVA DA MATA ATLÂNTICA EM (N). EM (M) RAÍZES FULCREAS DE FIXAÇÃO AO SOLO E EM (O) PNEUMATÓFOROS QUE EMERGEM ATÉ A SUPERFÍCIE DA ÁGUA PARA A TROCA DE GASES COM A ATMOSFERA, (N) RAÍZES DO TIPO SAPOPEMA E TABULARES. FONTE: VARESCHI 1980 (APUD LUTTGE 1997, P 35)................................................... 148 FIGURA 67.-ALTURA DE MARÉ NO GLOBO TERRESTRE. FONTE: WWW.EPA.GOV ............ 149 FIGURA 68.-UMA VISÃO GERAL SOBRE REGIME DE MARÉS NO GLOBO TERRESTRE. FONTE WWW .EPA.GOV ............................................................................................... 150 FIGURA 69.- GRANULOMETRIA DAS AREIAS DO FUNDO DO CANAL DA PASSAGEM MODIFICADO (FONTE: PAIVA & ALBINO 2000) . .................................................. 151 FIGURA 70.-LOCAL ONDE É LANÇADO O EFLUENTE NO CANAL DA PASSAGEM DA ESTAÇÃO MUNICIPAL DE TRATAMENTO DE VITÓRIA, MARCADO EM (P). FONTE: LABORATÓRIO DE ZOOPLACTON UFES (PROFESSOR LUIS FERNANDO LOUREIRO FERNANDES) ... 152 Lista de Tabelas TABELA 1: FATORES QUE AFETAM A RESISTÊNCIA AO ESCOAMENTO (CHOW, 1959; FRENCH,1986) .............................................................................................. 22 TABELA 2: RESUMOS DE MODELOS COMPUTACIONAIS, FONTE: (MARTIN 1999). ............. 51 TABELA 3. COORDENADAS DAS ESTAÇÕES MAREGRÁFICAS LONGO DA EXTENSÃO DO CANAL DA PASSAGEM: ....................................................................................... 64 TABELA 4: VALORES RECOMENDADOS PARA A RUGOSIDADE EQUIVALENTE DE FUNDO Ε (FONTE:ABBOT E BASCO (1989). ................................................................... 65 TABELA 5: COEFICIENTE DE ARRASTO ENCONTRADO NA LITERATURA ............................ 78 TABELA 6: RAIZ QUADRÁTICA MÉDIA DAS DIFERENÇAS DAS VELOCIDADES ENTRE AS MALHAS ............................................................................................................ 86 TABELA 7: A TABELA INDICA AS VARIAÇÕES DOS VALORES DE COEFICIENTES MANNING USADOS EM ESTUDOS RELACIONADOS A REGIÕES ESTUARINAS ( WOLANSKI 1980 , N=0,2 A 0,6), COM ESTES VALORES CONVERTEU-SE OS VALORES DE N PARA OS VALORES DE k s USANDO AS EQUAÇÕES (22, 23 E 24): ....................................... 103 Lista de Notações Notação A [ m2 ] Área da seção transversal af [-] Constante da equação de Colebrook bf [-] Constante da equação de Colebrook C [ m 1 2 s −1 ] Coeficiente de Chézy's f [-] Fator de fricção de Darcy-Weisbach f' [ radianos s ] O coeficiente de Coriolis τ xw ,τ yw As componentes da tensão superficial provocada pelo vento nas direções x, y respectivamente. Fr [-] Número de Froude Aceleração devido a gravidade : g = 9.81 m s 2 g [ m s2 ] h [m ] Profundidade do escoamento k [m ] Altura da rugosidade ks [m m] k s eq [ m m ] L n [m ] s m1 3 Rugosidade de grãos de areia de Nikuradse Rugosidade equivalente dos grãos de areia Comprimento do Canal Coeficiente de Manning's η [m ] Elevação da superfície livre da água Número de Reynolds Re [-] Rh [m ] S [m m] Inclinação da superfície do escoamento Sf [m m] Inclinação da linha de energia U [m s] n [ s m1 3 ] K [-] Raio hidráulico Velocidade média do escoamento Coeficiente de Manning's Constante de Von Kármán K = 0.4 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................... 10 2. OBJETIVOS ................................................................................................... 16 2.1 2.2 3. OBJETIVO GERAL ....................................................................................... 16 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ............................................................................ 16 REVISÃO DE FUNDAMENTOS BÁSICOS ................................................... 18 3.1 TIPOS DE ESCOAMENTOS ............................................................................ 18 3.1.1 Mudança da profundidade referindo-se ao tempo e ao espaço........... 18 3.1.2 Escoamentos turbulentos .................................................................... 19 3.1.3 Efeitos da gravidade ............................................................................ 21 3.2 RUGOSIDADE ............................................................................................. 22 3.2.1 Resistência ao escoamento em planície alagada com vegetação natural ............................................................................................................ 23 3.2.2 Método para calcular o coeficiente de rugosidade............................... 26 3.2.2.1 Altura da rugosidade em canais abertos ...................................... 31 3.3 ESCOAMENTOS EM CANAIS ......................................................................... 33 3.3.1 Escoamentos dentro de canais com fundo de cascalho...................... 33 3.3.2 Escoamentos em canais com vegetação no fundo.............................. 35 3.3.3 Escoamentos em rios versus escoamentos em canais sujeitos à ação de maré .......................................................................................................... 36 3.3.3.1 Escoamentos em rios ................................................................... 36 3.3.3.2 Escoamentos em canais sujeitos à ação de maré........................ 37 3.4 REVISÃO DE ESTUDOS REALIZADOS NO CANAL DA PASSAGEM E SOBRE O ECOSSISTEMA MANGUEZAL ................................................................................... 39 3.4.1 Ecossistema Manguezal ...................................................................... 43 3.4.2 Impactos antrópicos em Manguezais .................................................. 48 3.5 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA DE AUTORES QUE UTILIZARAM MODELOS COMPUTACIONAIS PARA PLANÍCIE ALAGADA, COM OU SEM VEGETAÇÃO, EM CANAIS SUJEITOS À AÇÃO DE MARÉ. ................................................................................... 50 3.5.1 Revisão de estudos anteriores ............................................................ 50 4. MATERIAL E MÉTODOS .............................................................................. 60 4.1 REGIÃO DE ESTUDO ................................................................................... 60 4.1.1 Introdução............................................................................................ 60 4.2 LEVANTAMENTO DE DADOS DE CAMPO ......................................................... 62 4.2.1 Dados experimentais ........................................................................... 62 4.2.2 Dados de elevação do nível do mar .................................................... 64 4.2.3 Características do Canal da Passagem............................................... 65 4.3 O MODELO NUMÉRICO USADO NO ESTUDO ................................................... 66 4.3.1 Introdução............................................................................................ 66 4.3.2 Modelo numérico DIVAST ................................................................... 66 4.3.3 Método de solução das equações matemáticas .................................. 69 4.3.4 Teste de malhas .................................................................................. 70 4.3.4.1 Representação do domínio físico ................................................. 70 4.4 IMPLEMENTAÇÃO DO MODELO HIDRODINÂMICO ............................................. 73 4.4.1 Condições iniciais ................................................................................ 76 4.4.2 Calibração e validação do modelo hidrodinâmico................................ 77 5. RESULTADOS............................................................................................... 80 5.1 BATIMETRIA DA REGIÃO DE ESTUDO ............................................................. 80 5.2 RESULTADOS DO TESTE DE MALHA .............................................................. 84 5.3 CARACTERÍSTICAS DO PADRÃO DE ESCOAMENTO.......................................... 87 5.3.1 Tombo da maré ................................................................................... 90 5.3.2 Velocidades no estreitamento do Canal da Passagem ....................... 95 5.4 INFLUÊNCIA DA VEGETAÇÃO DE MANGUEZAL NO PADRÃO DE ESCOAMENTO...... 99 5.4.1 Influência da rugosidade na velocidade............................................... 99 6. CONCLUSÕES ............................................................................................ 105 6.1 6.2 6.3 7. TOMBO DA MARÉ ..................................................................................... 105 SIMULAÇÃO NUMÉRICA ............................................................................. 106 RECOMENDAÇÕES ................................................................................... 107 REFERÊNCIAS............................................................................................ 110 APÊNDICES........................................................................................................ 120 ANEXOS ............................................................................................................. 147 RESUMO A região de estudo compreende toda a extensão do Canal da Passagem incluída a área alagada coberta por vegetação de manguezal. Este canal situa-se na porção nordeste da ilha de Vitória, município de Vitória (ES) Brazil, nas coordenadas (200 18’ 00” , 400 17’ 00” S) e (200 15’ 00”, 400 19’ 12“ W). O objetivo é avaliar a influência da vegetação de manguezal na hidrodinâmica do Canal da Passagem, usando o modelo computacional DIVAST. Três malhas foram implantadas na região de estudo para verificar a consistência dos resultados numéricos. A escolha da malha usada levou em consideração além da consistência dos resultados o tempo de processamento. Três estações foram colocadas na região de estudo. Duas estações para registrar as elevações da maré e uma para registrar a velocidade. Os registros das elevações de maré foram usados para fornecer as condições de contorno nas extremidades do Canal da Passagem e o registro de velocidade foi usado para aferir os resultados numéricos de velocidade. A influência da vegetação de manguezal na hidrodinâmica é introduzida no modelo via coeficiente de rugosidade de Manning. Os resultados numéricos mostraram que a vegetação de manguezal tem um importante papel na hidrodinâmica do Canal da Passagem, ocasionando um aumento na magnitude de velocidade. Os resultados numéricos mostram a presença de uma região, com velocidades quase nulas conhecidas como “tombo da maré”, que se desloca para o norte do canal durante a maré vazante e para o sul durante a maré de enchente. ABSTRACT The study region understands all the extension of the Passage Channel (Canal da Passagem), flood enclosed area covered for mangrove vegetation. This channel is in the northeast portion of the island of Vitória, city of Vitória (Espirito Santo State, Brazil) in coordinates (200 18’ 00” , 400 17’ 00” S) e (200 15’ 00”, 400 19’ 12“ W). The influence of the vegetation of mangrove in the hydrodynamics of the Canal of the Ticket is studied, using computational model DIVAST. Three meshes had been implanted in the study region to verify the consistency of the numerical results. The choice of the used mesh led in consideration beyond the consistency of the results the processing time. Three stations had been placed in the study region. Two stations to register the rises of tide and one to register the speed. The registers of the tide rises had been used to supply the conditions of contour in the extremities of the Canal of the Ticket and the speed register was used to survey the numerical results of speed. The influence of the vegetation of mangrove in the hydrodynamics is introduced in the model saw coefficient of roughness of Manning. The numerical results had shown that the mangrove vegetation has an important role in the hydrodynamics of the channel of the Ticket, causing an increase in the magnitude of speed. The numerical results show the presence of a region, with known almost null speeds as “tombo da maré”, that it is displaced northward from the canal during the tide ebb and for the south during the flood tide. Capítulo 1 INTRODUÇÃO _____________________________________________________________________________10 1. Introdução No contexto mundial as questões ambientais são predominantemente expressões das relações sociais, econômicas e políticas da sociedade (BRYON, 1994). No Brasil estas questões ambientais não são diferentes, o adensamento populacional aliado à ocupação desordenada faz com que a balneabilidade torne-se uma tarefa desafiadora para o poder público nas grandes cidades. A crescente poluição hídrica decorre do desenvolvimento acelerado e incontrolado das atividades econômicas e do crescimento demográfico, os quais não foram acompanhados pela construção equilibrada de infra-estruturas de saneamento básico. Os efeitos nocivos de poluição hídrica acabam incidindo diretamente sobre o homem, causando perturbações na saúde e alterações no comportamento das populações, na economia, indústria, turismo e no ambiente, pela degradação da paisagem e pela perturbação ou alteração dos ecossistemas. Por outro lado, o problema de adensamento populacional reflete diretamente na qualidade da água dos mananciais que abastecem as cidades, baías e estuários. A poluição das águas de baías e estuários tem comprometimento direto na qualidade da água destes ambientes. Principalmente em se tratando de estuários com floresta de manguezal (Figura 1). São vários os estudos da literatura que relatam a importância da hidrodinâmica em estuários com floresta de mangue. Em um destes estudos Wolanski et al (1980) simularam com sucesso a hidrodinâmica do sistema de manguezal em Missionary Bay, ao norte de Hinchinbrook, na porção norte da Austrália. Neste estudo verificou-se que a assimetria entre a corrente de enchente e vazante contribui para manter a profundidade, sustentando a drenagem do canal, e foi atribuída uma fricção induzida pela vegetação dentro dos manguezais. Furukawa et al (1997) estudaram as correntes de maré, o sedimento coesivo e o transporte orgânico do carbono dentro de uma planície alagada de vegetação de manguezais na Austrália. Mazda (1991) relata que a rápida degradação ou destruição de área de manguezais por toda à parte do _____________________________________________________________________________11 mundo, particularmente em paises tropicais, tem chamado a atenção para sua conservação baseada no conhecimento científico dos ecossistemas. A investigação deve ser feita não somente do ponto de vista físico, mas também do ponto de vista interdisciplinar, reconhecendo a relação entre a física, a química e os processos biológicos, especialmente dentro de uma ordem para prever e tratar as mudanças dentro do ecossistema manguezal no futuro. Machado (1994) relatou que as regiões costeiras vêm tendo um avançado processo de desenvolvimento econômico, juntamente com a ocupação desgovernada de seus ecossistemas e o uso incorreto do solo. Justamente por englobarem ambientes de grande fragilidade, as zonas costeiras acabam por, muitas vezes, sendo parcial ou permanentemente degradadas em função do desenvolvimento econômico e do adensamento populacional, o que vem ocorrendo nas regiões costeiras do Brasil. Diante destes problemas, cada vez mais vem se firmando na consciência do ser humano que os recursos físicos e biológicos do planeta são limitados e que a capacidade dos ecossistemas se recuperar de agressões não é infinita. Daí a grande preocupação com as questões ambientais e a razão de trabalhos na área ambiental. Entre essas e outras motivações, pode-se afirmar que o Canal da Passagem (Figura 1), região de estudo desta investigação, engloba uma região com um estuário com planície de mangue conectada a duas baías: Baía de Vitória e Baía do Espírito Santo; estas baías adjacentes ao Canal da Passagem possuem valores econômicos, sociais, ambientais, turísticos e de lazer para a população de seu entorno, a (Figura 1) ilustra a região de estudo: Segundo Castro (2001), ao longo da extensão do Canal da Passagem ocorre o despejo de esgotos domésticos in natura ou com tratamento inadequado, que durante a maré vazante alcançam a Baía do Espírito Santo, deteriorando a _____________________________________________________________________________12 qualidade da água do canal e afetando a balneabilidade das praias adjacentes à extremidade sul do Canal da Passagem. Cariacica Serra Baía d e Vitóri a Rio Santa Maria da Vitória Ilha do Lam eirão C Pa ana ss l d ag a em Baía do Espírito Santo Ilha de Vitória Vila velha Figura 1.- Região de estudo em destaque no retângulo vermelho. Fonte: (SEAMA) Secretaria Estadual de meio Ambiente ES Vitória Portanto, neste trabalho o enfoque será principalmente na Hidrodinâmica do Canal da Passagem. O Canal da Passagem, antes chamado de “Rio da Passagem”, é uma região que está presente no sistema estuarino da ilha de Vitória e não escapa destes problemas ambientais. Em suas águas são lançados efluentes domésticos (APÊNDICE Z) e industriais sem tratamento, comprometendo a qualidade de suas águas. Para o gerenciamento destes problemas é necessário fazer o uso de um modelo computacional descrito adiante neste trabalho. _____________________________________________________________________________13 O uso de modelos computacionais vem sendo atualmente uma prática freqüente para caracterizar a circulação em regiões costeiras, sendo usado também como ferramenta de base para o planejamento e gestão de sistemas costeiros. Os modelos bidimensionais, integrados na vertical, são os mais divulgados e podem atualmente processados em microcomputadores. A hidrodinâmica é o resultado de diversas interações: a maré, descarga de rios afluentes, a agitação marítima, o vento, a planície de maré e a fricção da vegetação de manguezal. Com as devidas técnicas de modelagem matemática é permitido conjugar estes efeitos para se obter as grandezas hidrodinâmicas fundamentais ao longo do tempo. Para o estudo destes efeitos, foi usado o modelo numérico bidimensional 2DH DIVAST - Depth Integrated Velocities And Solute Transport (Falconer, 1976) (modelos bidimensionais são utilizados em regiões onde é possível representar o valor da variável calculada por um valor médio, integrado em uma das direções). Em geral os modelos numéricos 2DH representam bem a dinâmica de maré nas regiões costeiras, em que o escoamento é razoavelmente bem misturado. Neste cenário, trabalhos têm sido desenvolvidos nas regiões do estuário do Rio Santa Maria e Canal da Passagem com o objetivo de investigar os processos físicos que regem o escoamento e os impactos de origem antrópica nesta região. O presente estudo se insere nesta linha de investigação, visando descrever a hidrodinâmica do Canal da Passagem e sua influência na qualidade da água desta região. Na realização deste trabalho, foram definidos os objetivos do trabalho, que são apresentados no capítulo 2. No capítulo 3 são apresentados os conceitos fundamentais e é realizada uma revisão bibliográfica. No Capítulo 4 encontra-se descrita a metodologia utilizada neste estudo. No Capítulo 5 encontram-se os _____________________________________________________________________________14 resultados e discussões. Finalmente, no Capítulo 6 são colocadas conclusões e recomendações para estudos futuros. Este trabalho insere-se na linha de pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental da Universidade Federal do Espírito Santo (PPGEA/UFES) intitulada “Recursos Hídricos Interiores e Costeiro” da área de concentração de Recursos Hídricos. _____________________________________________________________________________15 Capítulo 2 OBJETIVOS _____________________________________________________________________________16 2. Objetivos O presente trabalho insere-se na linha de pesquisa “Recursos Hídricos Interiores e Costeiro” da área de concentração de Recursos Hídricos do Programa de PósGraduação em Engenharia Ambiental da Universidade Federal do Espírito Santo (PPGEA/UFES). A presente dissertação tem os seguintes objetivos. 2.1 Objetivo geral Contribuir para o conhecimento do movimento das águas e do transporte de poluentes em regiões estuarinas, através do uso de modelagem matemática e numérica. 2.2 Objetivos específicos Avaliar a hidrodinâmica do canal da Passagem (Vitória –ES) em toda sua extensão. Determinar com melhor precisão a localização do Tombo da Maré. Avaliar a influência do Tombo da Maré na hidrodinâmica do canal. Avaliar a influência da vegetação de manguezal e rugosidade no padrão de escoamento. _____________________________________________________________________________17 Capítulo 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA _____________________________________________________________________________18 3. Revisão de fundamentos básicos Este capítulo inclui uma visão breve sobre os perfis da velocidade em canais abertos e fundamentos básicos para o estudo, a descrição da resistência do escoamento é dada também neste capítulo, além de uma visão geral sobre as teorias comuns a canais com cascalho no fundo e escoamentos em canais com planícies de maré e rios. Seguidamente, serão apresentados estudos realizados na região do Canal da Passagem e em ecossistema manguezal. Também será apresentada uma visão dos modelos numéricos utilizados em regiões costeiras, englobando principalmente regiões estuarinas com floresta de mangue. 3.1 Tipos de escoamentos Em geral são encontradas três maneiras comuns de classificar os tipos de escoamentos em canais: • Considerando a mudança na profundidade no tempo e no espaço. • Considerando os efeitos da turbulência. • Considerando os efeitos da aceleração da gravidade. As classificações são específicas e podem ser usadas separadamente. A escolha da classificação que deve ser usada depende do contexto. Essas classificações citadas são descritas com mais detalhes nos próximos itens. 3.1.1 Mudança da profundidade referindo-se ao tempo e ao espaço No caso em que o tempo for o critério, um escoamento pode ser classificado como sendo estacionário ou permanente; isto implica que a profundidade do escoamento não muda com o tempo ∂h ∂t = 0 (FRENCH, 1986). No caso do _____________________________________________________________________________19 escoamento ser não estacionário ou transiente, implica que a profundidade do escoamento muda com o tempo ∂h ∂t ≠ 0 . Quando o espaço for usado como o critério de classificação, então o escoamento pode ser classificado como uniforme, se a sua profundidade não muda com a distancia ∂h ∂x = 0 , ou não uniforme, se a profundidade do escoamento muda com a distância ∂h ∂x ≠ 0 (FRENCH, 1986). Abaixo a Figura 2 descreve a seção longitudinal de um canal qualquer em condições naturais: Figura 2.- Considerando uma seção longitudinal de um canal qualquer. Sendo que a área projetada do 2 h é a distância da superfície até o nível médio do fundo (profundidade do escoamento) em [ m ], Rh é o raio hidráulico em [ m ] e P é o perímetro molhado do canal em [ m ].Esquema modificado de Smart, 2000 (apud KUMU 2002). escoamento ( A) é dada em [ m ], 3.1.2 Escoamentos turbulentos A turbulência pode ser causada por taxas de escoamento excessivas (chuva prolongada), por curvas ou por superfícies rugosas do escoamento no canal (KUMMU, 2002). CHOW (1959) define que o escoamento é turbulento se as forças viscosas forem fracas em relação às forças inerciais. O efeito da inércia relativo à viscosidade pode ser representado pelo número de Reynolds; CHOW (1959) definiu como, Re = URh ν (1) _____________________________________________________________________________20 sendo U a velocidade media do escoamento [ m / s ]; Rh é o raio hidráulico [m] ; e ν é a viscosidade cinemática da água em [ m 2 s ]. Segundo Kummu, (2002) o número de Reynolds do escoamento é usado para classificar os seguintes escoamentos: • escoamento laminar Re ≤ 500; • escoamento de transição 500 ≤ Re ≤ 12500; • escoamento turbulento Re ≥ 12500. No escoamento laminar, as partículas da água parecem mover-se em trajetos retilíneo definitivo, e diluem infinitesimalmente camadas de líquido que parecem deslizar sobre camadas adjacentes. No caso em que o escoamento é turbulento, as partículas da água movem-se em trajetos irregulares, que não são retilíneos e nem fixos, ainda que o agregado represente o movimento para diante do canal inteiro (KUMMU, 2002). Entre os estados laminar e turbulento há um estado de transição (CHOW, 1959). Os escoamentos em canais naturais possuem como característica que praticamente todos são turbulentos, devido à resistência com a vegetação submergida e não submergida no canal quando for o caso, paredes laterais e rugosidade do fundo do canal. Nos escoamentos de canais abertos a velocidade não é distribuída uniformemente. Nesta investigação, será estudado o escoamento em um canal aberto influenciado por maré em ambas as suas extremidades. O canal está sujeito à rugosidade, devido a vários fatores, que altera o perfil de velocidade. Em alguns canais, nos casos em que o fundo do canal é de cascalho, o escoamento é turbulento e o perfil vertical da velocidade é suposto como um perfil logarítmico (CHOW, 1959). _____________________________________________________________________________21 Quando a velocidade é considerada uniforme em uma seção transversal, os cálculos podem ser simplificados e comparados à circunstância em que a distribuição da velocidade é logarítmica (no caso em que há vegetação ou cascalho no fundo do canal); com isso os resultados de velocidades uniformes podem ser aceitáveis para algumas situações (KUMMU, 2002). 3.1.3 Efeitos da gravidade De acordo com o efeito da gravidade no estado do escoamento é representado por uma relação entre forças inerciais, e forças da gravidade. Esta relação é representada pelo número de Froude, que CHOW (1959) definiu como, Fr = U gRh (2) Sendo g a aceleração da gravidade em [ m / s 2 ], Rh raio hidráulico em m e U a velocidade média do escoamento em [ m / s ]. O numero de Froude é usado para classificar os escoamentos, (FRENCH 1986), (GRAF1988): • escoamento subcrítico Fr < 1; • Escoamento supercrítico torrencial Fr >1; • e escoamento crítico Fr = 1. Quando no estado supercrítico do escoamento, as forças inerciais se tornam dominantes; o escoamento passa a ter uma velocidade elevada e é descrito geralmente como rápido, disparado e torrencial (CHOW, 1959). _____________________________________________________________________________22 3.2 Rugosidade O conceito exato para determinar o método para esta resistência ao escoamento em um canal aberto é muito complicado (JAVELA, 1998). Os fatores que tem grande influência na rugosidade estão mostrados na Tabela 1 abaixo: Tabela 1: fatores que afetam a resistência ao escoamento (CHOW, 1959; FRENCH,1986) _________________________________________________________________ Rugosidade da superfície: É representado pelo comprimento e forma dos grãos e pela formação do material do perímetro molhado e produz um efeito de retardo no escoamento. Vegetação: a vegetação reduz significativamente a capacidade de escoamento do canal e retarda o escoamento. Este efeito depende muito da altura, densidade, distribuição, rigidez e tipo de vegetação. Efeito de sazonalidade do crescimento de plantas aquáticas, gramas, ervas daninhas, salgueiro e arvores dentro de canais ou sobre bancos. Obstruções: queda de árvores, pedra e seixo, pontes e bloqueio por troncos tem um significativo impacto na resistência ao escoamento. Fonte e vazão: afetam a resistência ao escoamento de tal maneira que quando aumentam o coeficiente de rugosidade diminui. Entretanto, nos casos em que a altura da vazão alcança os bancos dos rios ou a planície de alagamento. O efeito pode ser o oposto do que dentro de uma situação normal. Sinuosidade: a natureza da sinuosidade pode ser notificada na relação do comprimento do talveque. A resistência ao escoamento pode ser aumentada quando a sinuosidade do canal aumenta. Gelo: é um importante fator que afeta a resistência ao escoamento especialmente nos paises nórdicos. Camadas de gelo e placas de gelo em rios podem aumentar a resistência. ________________________________________________________________ _____________________________________________________________________________23 Um dos fatores mais notáveis para a determinação da resistência ao escoamento são as variedades da formas, variedade da rugosidade e vegetação. Os fatores individuais e seus efeitos são possíveis de representar. O problema está em combinar os fatores para um único coeficiente (JAVELA, 1998). Na Tabela 1 são relacionadas às várias resistências ao escoamento encontradas em diversas situações. 3.2.1 Resistência ao escoamento em planície alagada com vegetação natural Do ponto de vista hidráulico uma vegetação pode aumentar a resistência ao escoamento e conseqüentemente aumentar o risco de alagamento. A rugosidade adicional do canal é devida ao crescimento da vegetação e à redução da capacidade dentro do canal, devido à quantidade das plantas (KUMMU, 2002). A possibilidade de turbulência aumenta em torno das árvores nas inundações, há o risco de uma árvore cair repentinamente e causar um bloqueio ao escoamento e impacto no risco de alagamento (FISHER, 1996). Em canais abertos, a vegetação causa uma perda de energia através da turbulência em torno das hastes da vegetação e cria uma força de arrasto na água movente. De acordo com Fisher (1996) a rugosidade do canal causada pelo crescimento da vegetação é ligada à densidade, ao tipo, à rigidez, à altura, à área (projetada de encontro ao sentido do escoamento) e à distribuição da vegetação. Para pequenos canais o crescimento da vegetação pode ter um impacto marcado nos níveis d’ água. Do ponto de vista biológico, os rio são habitats importantes para as plantas que estão no canal e na planície alagada. As plantas são uma fonte vital de abrigo e de alimento para peixes, invertebrados e alguns pássaros. A vegetação nas planícies alagadas e nos corredores dos rios é uma parte importante do ecossistema (MARSH, 1991). _____________________________________________________________________________24 Chow (1959) descreve a altura da rugosidade para fundo de rios naturais podendo variar de 0,03 a 0,91 m. Os fatores que afetam a resistência ao escoamento foram descritos na Tabela 1. Geralmente, a vegetação nas planícies de inundação é maior do que aquela encontrada nos canais principais. Esta vegetação tem uma maior influência sobre a resistência e profundidade do escoamento durante as enchentes em planícies de inundação. Petryk e Bosmajian (1975) propuseram um método para calcular a resistência do escoamento, baseado nas forças de arrasto devido às maiores plantas e às árvores que constituem a maior resistência nas planícies da inundação. Esses autores consideraram uma planície alagada na presença de culturas agrícolas ou arvores. As equações e os métodos foram desenvolvidos para resistência devido às árvores e obstruções (PETRYK & BOSMAJAN 1975). Abaixo temos a equação em que os autores consideraram uma rugosidade total para o coeficiente de Manning’s: C d ⋅ ∑ Ai n = nb 1 + 2g ⋅ A ⋅ L 1.4861 A 4 3 ⋅ ⋅ n P b (16) onde n é o coeficiente de rugosidade total, nb é a rugosidade do contorno, C d é o coeficiente de arrasto para a vegetação na direção do escoamento, A = área da seção transversal do canal ( m 2 ), ∑A i = número de árvores multiplicado pelos diâmetros das árvores em ( m ), g aceleração devida a gravidade (= 9.806 m/s 2 ), P é o perímetro molhado do canal em ( m ). A expressão ∑ Ai AL é igual a expressão h ∑ ni di hw em unidade m 2 m 3 , onde ∑ ni d i = o somatório do número de árvores multiplicado pelos diâmetros das árvores em ( m ), h = altura de água na planície alagada em metros, w largura da área amostral em ( m ), L = comprimento da área amostral em ( m ). A expressão ∑ Ai AL representa o bloqueio da vegetação ou a densidade da vegetação em planície de inundação. _____________________________________________________________________________25 Há diversas limitações ao uso da equação de Petryk e de Bosmajan (1975). Uma das limitações é que a velocidade do canal deve ser pequena o bastante para impedir que haja dobra ou distorção da vegetação, grandes variações na velocidade não podem ocorrer através dos canais. Para usar este método a vegetação deve ser considerada fixa, as deformações das plantas com o escoamento impossibilitam o uso de uma densidade constante no bloqueio ao escoamento, dificultando predizer a resistência das plantas. Gramas e a arbustiva vegetação rasteira são então excluídas para efeitos de cálculos. A vegetação deve também ser distribuída uniformemente no sentido lateral. De acordo com Petryk e Bosmajian (1975), a profundidade do escoamento deve ser menor ou igual à altura máxima da vegetação. Durante a enchente, as velocidades sobre a inundação podem ser relativamente elevadas, podendo ocorrer freqüentemente grande distorção da vegetação. Os tipos e as densidades da vegetação podem também variar extensamente através de uma planície alagada onde a água freqüentemente submerge a vegetação. Entretanto, quando os troncos das árvores dominam as seções de um planície alagada, este método pode ser usado para predizer o coeficiente de resistência total, n . Em seus estudos, Petryk e Bosmajian (1975) investigaram o escoamento em planície com vegetação no qual houve influência do atrito provocado pelo arrasto com as seguintes vegetações: milho, sorgo, árvores de ciprestes, carvalho e eucaliptos. A partir de 1975 outros autores implementaram esta idéia para a vegetação de mangue, que serviu de base para a maioria dos modelos numéricos contemporâneos relacionados a escoamento em planície alagada com vegetação. No presente trabalho foi desenvolvido um procedimento quantitativo para predizer os valores do coeficiente de Manning’s n como função da profundidade do escoamento e características da vegetação. Nos resultados do trabalho foram quantificados o valor de rugosidade n para a densidade de vegetação e uma _____________________________________________________________________________26 equação sem a vegetação (somente com o valor de rugosidade Manning nb do fundo do escoamento). 3.2.2 Método para calcular o coeficiente de rugosidade O coeficiente de rugosidade representa o efeito de rugosidade do canal na perda de energia do escoamento da água. Esta seção introduz alguns métodos de cálculos comuns do coeficiente de rugosidade. CHEZY, 1768 Napolean Bonaparte, durante o seu reino, incentivou a pesquisa e o desenvolvimento necessário para a construção de sistemas de distribuição de água e drenagem da cidade de Paris na França (MCPHERSON, 2000). Um dos cientistas pioneiros a iniciar este desenvolvimento foi Antonie Chézy. O autor realizou uma série de experiências no rio Sena e em canais abertos, aproximadamente no ano de 1769. Nos estudos o autor encontrou que a velocidade média da água em dutos abertos era proporcional à raiz quadrada do gradiente do canal (inclinação da superfície livre da água), da área da seção transversal do escoamento (raio hidráulico) e o inverso do perímetro molhado. De acordo com Chow (1959), Antonie Chézy provavelmente desenvolveu a primeira fórmula de escoamento uniforme, com a fórmula de Chézy que é definida como: U = C Rh S f (3) onde U é a velocidade média em [ m s ], C é o fator de resistência ao escoamento, chamado de coeficiente Chézy, S f é a inclinação da energia da linha _____________________________________________________________________________27 de grade [m m] e Rh o raio hidráulico. Para determinar o fator de Chézy várias fórmulas foram desenvolvidas (CHOW, 1959 pp.94-98). Através do esquema abaixo que representa um escoamento uniforme em um canal, Chézy desenvolveu a equação (3) (CHOW, 1959): Figura 3.- representação esquemática da fórmula de Chézy para um escoamento uniforme em um canal aberto. Fonte: CHOW, 1959. O desenvolvimento da fórmula de Chezy (equação, 3) pode ser derivado matematicamente tomando duas suposições. A primeira indica que a resistência ao escoamento por unidade de área da velocidade é proporcional ao quadrado da velocidade;ou seja, a força de resistência é igual a KV 2 onde K é uma constante de proporcionalidade. A superfície em contato com o escoamento da corrente do fundo é igual ao produto do perímetro molhado e o comprimento do canal PL (Figura 3). A força total de resistência ao escoamento é representada então por KU 2 PL (CHOW, 1959). A segunda suposição é baseada no principio básico do escoamento uniforme. No escoamento uniforme a componente da força da gravidade que causa o escoamento deve ser igual à força total da resistência (CHOW, 1959). A eficaz _____________________________________________________________________________28 componente da força de gravidade (Figura 2) é paralela ao fundo do canal e igual a wAL sin θ = wALS , onde w é o peso unitário da água, A é a área da água em contato com o solo (perímetro molhado), θ é o ângulo de inclinação e S é a inclinação do canal. Em seguida wALS = KV 2 PL , w é o peso unitário da água, A é a área da seção transversal do escoamento considerado, K é uma constante de proporcionalidade, L é o comprimento do canal, S inclinação da superfície da água, V velocidade do escoamento, P perímetro molhado, sendo A P = R h e w K pode ser representado pelo fator C então a previsão para a equação é reduzida para a fórmula de Chezy (CHOW, 1959), que pode ser representada como: U= (w K )( A P )S = C RS (4 ) Chow (1959) apresentou o uso da fórmula de Chezy (equação 3), mostrando que em um escoamento hidraulicamente suave onde a altura da rugosidade deve ser menor do que a rugosidade crítica, é expressado pela seguinte fórmula: kc = 5C ν gU (5) Quando a altura da rugosidade for aumentada até o valor crítico definido na equação (5), o elemento de rugosidade terá uma magnitude suficiente para causar um distúrbio dentro do canal (CHOW, 1959). DARCY, 1854; WEISBACH, 1845 De acordo com Chow, (1959) a velocidade média pode ser calculada usando a fórmula Darcy-Weisbach U= 8 gRh S f f (6) _____________________________________________________________________________29 onde f é o fator de fricção, Rh raio hidráulico e S f é a inclinação da linha de energia [m m] . A relação entre a altura da rugosidade e o fator de fricção, f , foi desenvolvida por Colebrook-White (apud MCPHERSON, 2000). Segundo Kummu (2002) a equação é semi-empírica, sendo válida somente para escoamento turbulento, hidraulicamente suave, em transição ou escoamento rugoso. O autor afirmou que isto pode se verificado como: k bf = −2 log + a f Rh 4 Re f f 1 e bf af (7 ) são constantes de rugosidade hidráulica e escoamento suave, respectivamente. Sendo 12< a f <15 e 0< b f <6, se tem estabilidade para diferentes tipos de seção transversal e também para diferentes tipos de rugosidade (GRAF, 1998). Se o escoamento é hidraulicamente rugoso a constante para escoamento hidraulicamente suave pode ser ajustada para b f = 0 e vice-versa (KUMMU 2002). De acordo com Chow, (1959) o escoamento hidraulicamente rugoso pode ser definido como: R = 2 log12.27 h k f 1 (8) onde k = altura da rugosidade, Rh = raio hidráulico e f = o fator de fricção. Graf (1998) ilustrou a equação do escoamento hidraulicamente rugoso como sendo: R = 2 log h + 2.2 f k 1 (9) _____________________________________________________________________________30 De acordo com Graf (1998) para um escoamento hidraulicamente suave e laminar o fator de fricção pode ser definido como: f = 24 Re (10) French (1986) ilustrou a equação para um escoamento hidraulicamente suave e laminar na seguinte expressão: f = 0.316 Re 0, 25 (11) MANNING, 1895 A fórmula de Manning tem sido usada extensivamente para todas as formas de escoamento uniforme e para o cálculo de escoamento em canais abertos (CHOW, 1959). Devido à sua simplicidade de forma e resultados satisfatórios de aplicação prática, a fórmula de Mannig pode ser escrita no SI (sistema internacional) como: U = 1 23 12 Rh S f n (12) U é a velocidade média, n é o coeficiente de resistência de Mannig [ s m1 3 ], conhecido como n Manning’s e S f é a inclinação da linha de energia. A equação acima pode ser convertida ao sistema de unidade inglesa sem afetar o valor numérico de n ; s n é exp resso em 1 3 = 0.6730 m A equação de Manning na forma inglesa é expressa da seguinte forma; _____________________________________________________________________________31 U= 1 1.49 2 3 R2 3 S = R S 0.6730n n (13) Em alguns livros a fórmula de Mannig pode ser escrita como; U= φ n R2 3 S (14) onde φ = 1.00 se for usado o Sistema Internacional (SI) e φ = 1.49 no sistema de unidade Inglesa. A fórmula de Manning’s é o resultado do processo de ajuste de curvas de natureza completamente empírica (French, 1986). De maneira prática pode-se observar um exemplo de rugosidade do fundo de canais: na (Figura 4) observam-se às formas de fundo de um canal de terra com os seus graus respectivos de rugosidade de Mannig de acordo com as feições do fundo de um canal qualquer de fundo de terra: 3.2.2.1 Altura da rugosidade em canais abertos Segundo Kummu (2002) quando um perfil da superfície de fundo é ampliado, isto pode ser observado em uma superfície que é composta de vales e picos irregulares. A altura efetiva da irregularidade k dá forma aos elementos rugosos na superfície, que são chamados de altura da rugosidade k s é (ilustrado na Figura 5). De acordo com Kummu (2002) a relação da altura da rugosidade com o raio hidráulico é conhecida como rugosidade relativa. _____________________________________________________________________________32 Figura 4.- Formas e rugosidade de fundo em canais de fundo de terra. Fonte: (G.J. Arcement, Jr. and V.R. Schneider 1989) Guide For Selecting Manning's Roughness Coefficients For Natural Channels And Flood Plains. Figura 5.- Altura da rugosidade k e a rugosidade k s dos grãos. Fonte: Kumu (2002) _____________________________________________________________________________33 A rugosidade k s dos grãos de areia determinado por Nikaradse é obtida pelo diâmetro médio dos grãos de areias (Figura 5). A altura da rugosidade média para qualquer superfície pode ser determinada experimentalmente (CHOW, 1959). Kummu (2002) em seus estudos, o autor desenvolveu uma técnica que pode ser geralmente atribuída ao elemento de rugosidade como sendo a rugosidade k seq (k s equivalente ) dos grãos de areia, foi constado neste estudo que deve se feito um experimento para verificar a distribuição de velocidade u ( z ) nas camadas sobrepostas das paredes tecnicamente rugosas. O autor mencionou que a técnica de atribuição de k s eq é representada pela seguinte fórmula: 1 k seq = expK lim 8.0 + ln y − u (z ) K y → 0 (15) onde y é a coordenada cartesiana (ordenada), u ( z ) velocidade do escoamento na profundidade z, K constante de Von Kármán = 0.4. 3.3 Escoamentos em canais Esta seção trata-se de uma breve revisão de escoamento em canais, cuja varias situações são verificadas nos itens em seguida. 3.3.1 Escoamentos dentro de canais com fundo de cascalho Diversas investigações foram feitas a respeito do escoamento acima do fundo de cascalho. Os estudos são realizados em condições de laboratório ou em rios naturais. Nesta revisão será incluída a condição de escoamentos em rios. Superfícies com o fundo de cascalho são caracterizadas pelas características morfológicas que ocorrem em diferentes escalas de rugosidade: 1)grãos individuais; 2) forma de fundo em pequena escala (em geral grupos de seixos) e 3) _____________________________________________________________________________34 forma do fundo em grande escala (agrupamento de seixos em locais rasos). A tensão de cisalhamento total que é gerada pelo escoamento acima da superfície é equilibrada pela soma dos arrastos da fricção (originados dos grãos individuais) e da forma da componente de arrasto (originada pela forma do fundo), (LAWLESS e ROBERT, 2000). Afzalimehr & Anctil (1998) estudaram a relação dos fatores de fricção com a geometria hidráulica a jusante de um rio com fundo de cascalho. Os dados de 280 rios mostraram a existência de uma força no fundo com cascalho e uma falha na formulação semilogarítmica usada para predizer corretamente o fator da fricção. Uma nova formulação semilogarítmica foi desenvolvida usando ferramentas estatísticas não-lineares. Smart (1999) investigou o perfil de velocidade turbulenta e a tensão cisalhante em rios de fundo de cascalho. A medição de campo foi feita em diversos fundos de rios com cascalhos. Para esclarecer, Smart (1999) explica três problemas; 1) define como se encontra o fundo dos atuais rios; 2) a maioria das fórmulas da engenharia de rios representatividade do é obtida parâmetro em de condições controladas; rugosidade, usando 3) como Define a base o comprimento do material que se forma no fundo dos rios. Ferro (1999) Salientou que o problema de determinar a velocidade média em rio com fundo de cascalho, a qual se relaciona diretamente com as propriedades do canal que afeta a resistência ao escoamento, ainda está longe de ser resolvido. Em outros estudos realizados por Wu and Rajaratnam (2000) foi desenvolvido um método simples para medir a tensão de cisalhamento em limites rugosos, baseado na clássica equação de distribuição da velocidade logarítmica. Smart (2001) desenvolveu uma nova técnica para estimar a rugosidade da resistência do escoamento em fundo com cascalho. Rhodes & Senior (2000) estudaram a resistência com a rugosidade de várias escalas. _____________________________________________________________________________35 3.3.2 Escoamentos em canais com vegetação no fundo A restauração de rios e canais em sua forma natural levantou uma necessidade de investigar a vegetação, os arbustos e as árvores que afetam o desempenho hidráulico. O retardo devido à vegetação é uma parte importante para projetar a planície da inundação. Estimar a resistência do escoamento da vegetação é de grande importância no gerenciamento de rios e canais, porque pode ter um efeito significativo na capacidade de transporte dos canais (JÄRVELÄ, 2002). Freeman et al (2000) realizaram testes em laboratório com vegetação de diferentes tipos de plantas, tamanhos, densidades, e combinações de plantas. Os testes incluem a variação em profundidade do escoamento, variação na velocidade, o efeito das plantas com e sem folhas e a variação das plantas submersas. Os autores desenvolveram uma metodologia para determinar a resistência da vegetação. Foi desenvolvida para a aplicação com dados de campo com estimativa das características das plantas em canais compostos. Os testes de campo adicionais foram conduzidos posteriormente para verificar a metodologia e o sistema das equações desenvolvidas nos testes de laboratório. Neste trabalho afirmam que, para plantas flexíveis, o coeficiente de arrasto é então função de um número de fatores (equação 16). CD = f Re (número de Reynolds), profundidade do escoamento, altura média da planta não flexionada, tipos de plantas, (16) flexibilidade da planta, número de plantas por m 2 . Como resultado deste estudo observou-se que as plantas se dobraram facilmente com o escoamento. Os resultados mostraram velocidades significativas ao longo do fundo do canal, causando um aumento no transporte de sedimentos. Em outros resultados foram feitas as seguintes afirmações: no canal as massas das folhas da _____________________________________________________________________________36 vegetação submergida arrastam-se, formando uma linha de corrente a jusante do escoamento, dando forma ao perfil. A deformação das plantas dificulta o uso de uma densidade constante no bloqueio ao escoamento, dificultando predizer a resistência das plantas. As variações das formas das hastes e das massas das folhas das plantas complicam a compreensão da resistência. Diversos tipos de fundo, argila, cascalho e pedras, foram usados para os testes no canal. Uma importante observação feita nos resultados é que a rugosidade no fundo não teve nenhum efeito na resistência da vegetação que foi medida. 3.3.3 Escoamentos em rios versus escoamentos em canais sujeitos à ação de maré Escoamentos em canais estão sujeitos a varias situações, sob vários efeitos, esta seção mostra as situações de escoamentos em rios e em canais de maré. 3.3.3.1 Escoamentos em rios Em rios o escoamento se dá primordialmente pela ação direta da gravidade através da componente do peso da água na direção do declive do canal. Pela sua característica fundamental, o escoamento num rio se caracteriza por um único sentido de movimento, sendo os conceitos de montante a região mais elevada, de onde a água vem, e jusante a região mais baixa, para aonde a água vai (MELO, 1998). Segundo Melo (1998) os escoamentos em rios são de regime permanente e uniforme. Admitindo que o declive não mude, a componente do peso acima referida só variará se houver alteração da quantidade de água a ser transportado rio abaixo (por exemplo, no caso em que ocorre uma chuva). Portanto, na maior parte do tempo, a forçante do escoamento em rios se mantém constante no tempo abrindo assim a possibilidade de uma resposta igualmente constante no tempo, ou seja, um escoamento do tipo permanente. Nos escoamentos em rios, as forças de _____________________________________________________________________________37 gradiente de pressão na direção do fluxo que, nesse caso, surgem quando a superfície da água se inclina em relação ao fundo do canal, tem uma participação menor quando comparadas à força motriz gravitacional. Esta característica dá origem a um tipo de escoamento no qual a componente local do peso é sempre quase exatamente contrabalançada pela força de resistência que o fundo e as paredes do canal (APÊNDICE W ) exercem sobre a água na seção considerada (MELO, 1998). De acordo com Melo (1998) esse balanço aproximado de forças faz com que haja uma relação quasi-unívoca entre a velocidade média do escoamento (ou se for mais conveniente a vazão) e o nível d água numa seção qualquer de um rio, conhecida como “curva-chave”. De fato, mesmo durante episódios de cheias, a vazão estimada diretamente a partir do nível d’água (através da curva chave) e a vazão real do rio não diferem muito nos cursos d’água naturais (MELO, 1998). Em canais fluviais a disposição mais natural para o eixo x é ao longo do eixo do canal (Figura 6), de forma que a velocidade do escoamento na direção x coincida com a declividade do canal. Abaixo em destaca um esquema de um canal fluvial: 3.3.3.2 Escoamentos em canais sujeitos à ação de maré Supondo águas de densidade aproximadamente uniforme, um canal de maré só apresentará escoamento quando surgirem diferenças no nível d’água no seu interior, independentemente da topografia do fundo. Devido ao caráter periódico da maré oceânica, o escoamento nesse tipo de canal é fundamentalmente oscilatório, ou seja, apresenta inversões periódicas e sistemáticas de sentido, não havendo, assim, a possibilidade do escoamento ser permanente. È interessante observar também que a inexistência de um sentido exclusivo de movimento torna os conceitos de montante e jusante inexpressivos para um canal de maré (MELO, 1998). _____________________________________________________________________________38 Figura 6.-Canal Fluvial (esquemático), x = direção do fundo do canal, positivo para jusante; U = velocidade média na seção na direção x ; θ = declividade do canal em relação à horizontal (é positiva quando inclinada no sentido do escoamento); h = altura d’ água total (na direção z ) a partir do fundo. Fonte: Modificado de (Melo, 1998) Num canal de maré não é possível, obter uma relação unívoca entre o nível d’ água e a velocidade média do escoamento, pois esta última, neste caso, depende do gradiente horizontal do nível e não do seu valor absoluto. Assim sendo, é possível encontrar correntes as mais variadas, inclusive com sentidos inversos, para um mesmo valor (instantâneo) do nível d’ água num canal de maré. Não há, portanto, como construir uma curva chave para esse tipo de canal (MELO, 1998). Nos canais de maré, o sistema de coordenadas usadas é um no qual o eixo - x é exatamente horizontal e coincidente com a superfície de repouso da água (Figura 7). Este é o sistema natural neste caso, pois o escoamento é o resultado de perturbações da condição de equilíbrio a qual aqui, ao contrario dos canais fluviais, corresponde à condição de repouso da água. A Figura 7 destaca um esquema de um canal de maré. _____________________________________________________________________________39 Figura 7.-Canal de Maré (esquemático), onde x = horizontal, situado no nível de repouso da água; n = posição da superfície livre da água (positivo quando acima do nível de repouso); H = h0 + n, com h0 = profundidade local ( em relação ao nível de repouso). Fonte (Melo, 1998). 3.4 Revisão de estudos realizados no Canal da Passagem e sobre o Ecossistema Manguezal Uma breve revisão será dada nesta seção destacando-se alguns estudos realizados nas proximidades e dentro do Canal da Passagem. Neste item serão tratados os assuntos relacionados ao Canal da Passagem e ao ecossistema manguezal. O Canal da Passagem, juntamente com sua área de manguezal da Ilha do Lameirão e zona estuarina constitui um criadouro natural para as diversas espécies de moluscos, crustáceos e peixes existentes neste ambiente, sendo as atividades pesqueiras e a cata de caranguejos importante suporte econômico e social para a região, que possui, ainda, indiscutível vocação natural de centro turístico. Em sua extremidade norte a há uma área denominada Estação Ecológica Municipal Ilha do Lameirão, que foi criada em setembro de 1986. Limita-se ao norte com o município da Serra e ao sul com o canal do Lameirão. A Estação Ecológica Municipal Ilha do Lameirão faz limite com os bairros Jabour e Maria Ortiz e com o Canal da Passagem e a oeste com as águas da baía de Vitória. Compreendendo uma área de 8.918 km 2 , é cortada por inúmeros canais e _____________________________________________________________________________40 está localizada ao norte da Ilha de Vitória (GUIMARAES, 1995). Constituída por uma parte insular (Ilha de Apicu ou Lameirão) e por uma parte continental com uma cobertura vegetal formada por manguezais, vegetação de restinga e remanescentes da Mata Atlântica. A Estação Ecológica é considerada uma das maiores áreas brasileiras de manguezal em região urbana (Figura 8). Desembocadura do Rio Santa Maria da Vitória, boca do estuário. Estação Ecológica Municipal do Manguezal da Ilha do Lameirão Canal da Passagem Figura 8.-Foto ilustrativa do Manguezal da Ilha do Lameirão Canal-norte. Fonte: (SEAMA) Secretaria Estadual de meio Ambiente Vitória ES. No Manguezal da Ilha do Lameirão se encontram as ilhas da Cal, Pólvora e outras cinco menores. Abrigando uma vasta fauna, a estação ecológica é rica em moluscos e crustáceos servindo de berçário para reprodução de diversas espécies. Peixes como tainhas e robalos são comuns na região. Também podem ser encontradas aves como garças, socós, martim - pescador e pequenos animais ((SEAMA) Secretaria Estadual de Meio Ambiente de Vitória ES 1992 ). _____________________________________________________________________________41 Toda essa biodiversidade pode estar ameaçada pela degradação desse ecossistema. Diante desses problemas ambientais a comunidade cientifica passou a se preocupar e a executar projetos ambientais para acompanhar a situação desse ecossistema. Um desses projetos ambientais foi o uso do modelo DIVAST (Falconer, 1976) ao longo do Sistema Estuarino da Ilha de Vitória – ES. O modelo relacionou a hidrodinâmica com a qualidade da água do Sistema Estuarino da Ilha de Vitória (ROCHA, 2000). Dando continuidade aos projetos ambientais na região do sistema estuarino da Ilha de Vitória, o estudo da região do Canal da Passagem se faz necessário. As águas que escoam na região do Canal da Passagem estão sujeitas a uma série de fatores físicos presentes no local como: batimetria, maré, correntes, temperatura e ondas. Estes fatores físicos contribuem de maneira significativa para o processo de mistura e movimentação das águas no Canal da Passagem. Neste canal tem-se observado a presença de um fenômeno intrínseco deste local, conhecido como o Tombo da maré. O primeiro pesquisador a notar a ocorrência desse fenômeno no canal foi o professor J. L. Helmer, do Departamento de Biologia da Universidade Federal do Espírito Santo. Em Rigo et al (1993) determinaram a sua provável localização no interior do Canal da Passagem: O autor fez o seguinte relato a respeito do fenômeno do Tombo da Maré: “Foi observado que existe um período de tempo no qual o canal escoa em direção à praia de Camburi. Após este período surge novamente o ” Tombo da Maré ”, agora da maré vazante. O tombo da maré vazante acontece aproximadamente na mesma região onde se deu o Tombo da maré enchente, a partir desta região o escoamento flui em duas direções opostas, para a praia de Camburi e para a Baía de Vitória”. _____________________________________________________________________________42 Em outro estudo da Baía do Espírito Santo, Rocha (2000) utilizou o modelo bidimensional DIVAST (Falconer, 1976) para relacionar a hidrodinâmica com a qualidade de suas águas. Castro (2001) aplicou o modelo DIVAST (Falconer, 1976) para determinar a influência do Canal da Passagem na balneabilidade da praia de Camburi, através do uso de traçadores. Guimarães (1995) estudou o comportamento hidrodinâmico no Canal da Passagem com um modelo hidrodinâmico unidimensional, através de dados de elevação e corrente no Canal da Passagem. Barros (2002) utilizou o modelo DIVAST (Falconer, 1976) para identificar os processos físicos na hidrodinâmica das águas no entorno da Ilha de Vitória. Verificou, através de dados experimentais de maré e velocidade, a dominância da maré vazante, identificando a assimetria de maré na região do Canal da Passagem. Em outro estudo, Chacaltana et al (2003) estudaram a hidrodinâmica do sistema estuarino no entorno da Ilha de Vitória, para verificar o padrão de escoamento da região. Usaram um modelo DIVAST (Depth Integrated Velocity And Solute Transport) (Falconer, 1976), modelo que dá solução às equações de águas rasas pelo método das diferenças finitas, em uma malha uniforme com elementos quadrados. Maiores detalhes sobre o modelo podem ser encontrados em (FALCONER 1976). Os resultados para correntes modeladas são apresentados considerando dois casos. No primeiro, para efeitos de comparação, não é considerado o alagamento do manguezal e no segundo considera-se com alagamento. Os resultados numéricos mostram que a região alagada do manguezal tem uma influência importante nas correntes, sendo responsável por um aumento de até 45% do valor das velocidades obtidas quando não se considerou o alagamento. _____________________________________________________________________________43 Paiva & Albino (2000) através de um estudo sedimentológico do material de fundo do sistema estuarino da região metropolitana de Vitória, ES determinaram os teores de matéria orgânica e granulométrica do fundo do sistema estuarino. Os resultados mostram uma areia muito fina associada às desembocaduras do Rio Santa Maria da Vitória e do Canal da Passagem, como também a região do tombo da maré determinada por (RIGO et al. 1993), sugerindo que essas regiões são propicias à deposição do material mais fino. As areias médias são encontradas na porção central do Canal da Passagem, e na extremidade sul do canal areia muito grossa e grânulos, devido ao aporte marinho trazido para o interior do canal pelas correntes litorâneas. Maiores detalhes sobre a metodologia deste trabalho podem ser encontrados no (ANEXO F). 3.4.1 Ecossistema Manguezal Os manguezais em geral são ecossistemas costeiros de transição entre os ambientes terrestres e aquáticos, característicos de regiões tropicais e subtropicais e sujeitos ao regime de marés. São constituídos por espécies vegetais lenhosas típicas adaptadas a flutuações de salinidade e a um sedimento predominantemente lodoso, com baixos teores de oxigênio. Ocorrem em regiões costeiras principalmente abrigadas e apresentam condições propícias para a alimentação, proteção e reprodução de muitas espécies de animais, sendo considerados importantes geradores de bens e serviços (SCHAEFFER-NOVELLI, 1991). Entende-se por bens os produtos retirados direta e indiretamente de determinado ecossistema. Serviços compreendem as funções ecológicas exercidas pelo mesmo, isto é, ciclagem de nutrientes e manutenção da diversidade biológica do ecossistema. No que diz respeito à energia e à matéria, são sistemas abertos recebendo, em geral, um importante fluxo de água doce, sedimentos e nutrientes do ambiente _____________________________________________________________________________44 terrestre e exportando água e matéria orgânica para o mar ou águas estuarinas (SCHAEFFER-NOVELLI, 1991). O manguezal é uma formação tropical, ocorrendo entre as latitudes 23°30' N e 23°30' S, com extensões subtropicais até 30°, quando há condições favoráveis. O maior desenvolvimento, no entanto, é encontrado na região equatorial. A flora de manguezais no Brasil é constituída por sete espécies em 4 gêneros (SCHAEFFER-NOVELLI, 1991): Rhizophora (3 espécies) Avicennia (2 espécies) Laguncularia (1 espécie) Conocarpus (1 espécie) No Manguezal da Ilha do Lameirão, presente no canal da Passagem é encontrada com mais freqüência às espécies Rhizophora, Avicennia e Laguncularia. As espécies são descritas na (Figura 9), juntamente com o esquema da vegetação ao longo do Canal da Passagem onde são mostrados os níveis de maré alta e baixa no canal. As espécies do manguezal podem sobreviver num ambiente que apresentam diversas condições estressantes, graças ao conjunto de adaptações que possuem, como raízes escora para fixação em solo frouxo, lenticelas nas raízes respiratórias e nas raízes escora, raízes com alta pressão osmótica, impedindo a entrada do sal, glândulas secretoras de sal, folhas suculentas que possibilitam a diluição do sal, e folhas coriáceas que dificultam a perda de água (SCHAEFFERNOVELLI, 1991). _____________________________________________________________________________45 Figura 9.-Ilustração de 3 espécies encontradas no ecossistema manguezal da Ilha do lameirão junto ao esquema de distribuição da vegetação ao longo do canal da passagem. Fonte: Esquema Modificado (OSÓRIO T. F. 2002, dissertação de Mestrado Piracicaba) Em termos ecológicos, o ecossistema manguezal pode ser tratado através de uma abordagem que se baseia no conceito de “assinatura energética”, proposta por Odum (1967), que considera diversos fatores abióticos atuando sobre os ecossistemas (Figura 10). _____________________________________________________________________________46 Figura 10.-Esquema de energia subsidiaria condicionando a assinatura energética do ecossistema manguezal adaptado de Twilley 1995 ( Apud CUNHA 2001). Lugo & Snedaker (1974) apresentaram uma classificação de três tipos fisiográficos de manguezais os quais apresentam características estruturais diferentes: bosques ribeirinhos, bosques de franja, ilhotes e bosques de bacia. Os outros tipos fisiográficos de manguezais (anões e de rede) são considerados tipos especiais (CINTRÓN et al., 1980). Considerando a classificação de Lugo & Snedaker (1974), o tipo de bosques de bacia é o que mais se aproxima do Manguezal da Ilha do Lameirão que se situa no Canal da Passagem (Figura 8). Embora haja alguns fragmentos de mangue que franjam a foz do rio Santa Maria da Vitória e também uma pequena franja (APÊNDICE X) que fica próxima à ponte da Passagem próxima a UFES (Universidade Federal do Espírito Santo). Neste tipo fisiográfico de bosque de bacia que se aproxima do Manguezal da Ilha do Lameirão, a renovação de água se faz de forma lenta, sendo um aspecto negativo para a qualidade de suas águas (dentro de uma ampla área limitando gradientes físicos químicos). Nesses ecossistemas manguezais são encontrados diferentes tipos de habitats disponíveis, tais como a copa das árvores, poças d' água, superfície do solo, o próprio substrato e os canais de água desses ecossistemas. A fauna encontrada é composta por espécies residentes, organismos marinhos jovens (criadouro) e visitantes marinhos e dulciaqüícolas. A proporção desses componentes numa área estuarina varia durante o ano segundo a salinidade. Peixes, aves, crustáceos, _____________________________________________________________________________47 moluscos e outros invertebrados encontram nos manguezais alimento, refúgio contra predadores e área para reprodução e crescimento. O ecossistema de manguezais são os ecossistemas mais produtivos do mundo, sendo considerados também uma importante base nutricional para cadeias alimentares de estuários e possuem grande importância comercial (CINTRÓN et al., 1980). A Figura (11) mostra o quanto de material de planta cresce nos estuários em um período de tempo dado (até 25 toneladas por hectare/ano), em comparação com outros habitats. Figura 11.- Ecossistemas produtivos. Fonte: www:epa.gov. Além disso, o manguezal é um ecossistema de grande importância, pois propicia (CINTRÓN et al., 1980): amenização do impacto do mar na terra; controle da erosão pelas raízes de mangue; retenção de sedimentos terrestres do escoamento superficial; filtro biológico de sedimentos, nutrientes e mesmo poluentes, o que impede o assoreamento e a contaminação das águas costeiras; abrigo da fauna, particularmente em estágios juvenis; exportação de matéria orgânica para cadeias alimentares adjacentes. _____________________________________________________________________________48 Os manguezais também têm grande importância econômica, devido a: Extrativismo; Agricultura; Silvicultura. Das atividades econômicas dos manguezais citadas anteriormente somente é observada no Manguezal da Ilha do Lameirão com mais freqüência, é o extrativismo, principalmente o pescado e a cata de caranguejos. A sivilcultura não se destaca neste ecossistema. Somente em casos em que foi feito aterro de área de mangue se verificou o uso da madeira. 3.4.2 Impactos antrópicos em Manguezais Segundo Bryon (1994) a degradação dos manguezais na maioria das vezes tem sido devida aos impactos antrópicos decorrentes principalmente do processo de desenvolvimento e ocupação da costa metropolitana, que apresenta a predominância de assentamentos humanos que determinam o rompimento de processos ecológicos, contribuindo para a degradação dos ecossistemas estuarinos, com rebatimento direto nos manguezais, inviabilizando o aproveitamento sustentável dos recursos ambientais dessas áreas. O principal vetor, na ocupação desses espaços, pode ser resumidamente enunciado como sendo a desconsideração dos reais valores intrínsecos dessas áreas (os usos diretos, indiretos, opcionais e de existência), o que vem gerando usos não compatíveis com a sustentabilidade dos ecossistemas. Entre esses usos incompatíveis pode-se destacar (BRYON, 1994): assentamento humanos em suas margens, expansão da malha urbana em suas margens ou periferia, diluição de esgoto e disposição de lixo nas margens dos rios ou diretamente sobre os mangues. _____________________________________________________________________________49 Ainda tratando-se do caso específico de manguezais, os impactos antrópicos mais incidentes são: obras de canalização, construção de barragens, aterros, derramamentos de petróleo, descargas de efluentes, descartes de resíduos sólidos, implantação de empreendimentos extrativistas (piscicultura, sivilcultura) e, mais recentemente, a contaminação por metais pesados. O despejo de efluentes líquidos promove perturbações estruturais de valor ecológico, além da perda de valores sociais e econômicos; porém, a adoção de medidas corretivas (remoção e tratamento dos resíduos) apresenta a possibilidade de recuperação (SCHAEFFER-NOVELLI & CINTROM, 1994). A região do Canal da Passagem, estudo de caso deste trabalho, é mostrada no capitulo de metodologia; esta região vem sofrendo ao longo dos anos alguns desses impactos citados anteriormente. Os principais impactos no canal são os despejos de efluentes que saem da estação de tratamento Municipal da CESAN (Companhia Espírito Santense de Saneamento) (ANEXO E), lançamento de efluentes domésticos sem tratamento e aterros de áreas de manguezal. Os impactos de origem antrópica, como a contaminação devido ao lançamento de efluentes domésticos sem tratamento, geram impactos, principalmente sobre a paisagem, coluna d’ água, hidrodinâmica estuarina, biota, produtores primários, solo e comunidade local. Como resultado, tem se prejuízos à qualidade da água e dos solos do estuário, além de um comprometimento da produtividade do sistema estuarino, da biodiversidade, do ciclo de vida das espécies aquáticas, dos valores estéticos e paisagísticos, da recreação e turismo (FIELDMAN, 1999). _____________________________________________________________________________50 3.5 Revisão bibliográfica de autores que utilizaram modelos computacionais para planície alagada, com ou sem vegetação, em canais sujeitos à ação de maré. Neste item serão abordadas as pesquisas realizadas anteriores ao estudo desde trabalho, pertinentes a esta dissertação. Atualmente, há uma nova tendência de estudo, que vem sendo cada vez mais divulgada na literatura, devido principalmente à importância ambiental que as áreas de alagamento com vegetação vem tendo perante o mundo. A nova tendência é o estudo da hidrodinâmica de regiões alagadas com vegetação de mangue ou outras vegetações. Com essa tendência há um aumento do interesse na conservação e reabilitação de florestas de manguezais, que ocasionará também um aumento de aplicação de modelos de qualidade da água e modelos de hidrodinâmica para o gerenciamento da poluição. 3.5.1 Revisão de estudos anteriores A modelagem da hidrodinâmica de estuários e zonas costeiras sujeitas à ação da maré conheceram nas duas últimas décadas uma grande evolução, sendo atualmente prática corrente, quer para a simples caracterização da circulação, quer como ferramenta de base para o planejamento e gestão de sistemas costeiros. Os modelos hidrodinâmicos são ainda uma das componentes de qualquer programa de investigação ambiental (BERZIN et al 1997). Os modelos bidimensionais integrados na vertical são os mais divulgados e podem atualmente ser processado em micro-computadores. Estes modelos começaram a ser desenvolvido no final dos anos 60 (Leendertse, 1967) e tiveram grande desenvolvimento cientifico nas décadas 70 e 80 (ABBOTT et al,1973 ; FALCONER 1984). Para uma visão geral citaremos um resumo de alguns modelos e as suas capacidades e aplicações, na Tabela 2 abaixo. _____________________________________________________________________________51 Tabela 2: Resumos de modelos computacionais, fonte: (Martin 1999). Modelo Branch-Network Flow Model (HSCTM-2D) Hidrodinâmica, Sedimento e Modelo de Transporte de Contaminante. FESWMS-2DH) Elemento finito na superfície de água modelada no sistema. (ECOM-3D/POM) Estuários, costas e modelos em oceanos. (MECCA) Modelo para estuário e taxa de circulação em zona costeira TELEMAC Pode modelar correntes devido à maré Dimensão do Modelo Efeito Considerado Aplicação do Modelo Unidimensional Vento, fricção no fundo, diferença de densidade. Em rios e estuários. 2D(bidimension al integrado na vertical). Força de Coriolis, maré, água doce em turbulência, gradiente de salinidade horizontal. Em hidrodinâmica de Rios e estuários. 2DH(bidimensio nal integrado na vertical). Força de Coriolis, vento, maré, escoamento de água doce. Rios com águas rasas, inundação no plano, toda extensão de estuário, mar e costas de águas rasas. 3D (Tridimensional). Efeito de maré, Vento, níveis de gradiente da densidade da água e correntes tridimensionais. Estuários, oceano e costa. 3D (Tridimensional). Maré, vento e densidade forçada por escoamento turbulento em baias. Estuários e zona costeira. 2D(bidimension al) Vento, pressão atmosférica e força de coriolis Estuários, rios e zona costeira. 2D e 1D Refração, fricção no fundo, variação na altura da onda na vertical, Quebra da onda. Estuários e zona costeira. 2D Vento, fricção no fundo, força de coriolis, maré, transporte de solutos, transporte turbulento de reynolds. Estuários e zona costeira MIKE 21 Pode modelar a transformação de ondas, correntes ondas e maré, dispersão e advecção, qualidade da água, transporte de lama e sedimentos. DIVAST Modela corrente devido a ondas e marés, predizer parâmetros de qualidade da água a partir de vazão de rios e efluentes. Diante da existência de vários modelos, será mostrada adiante uma revisão breve sobre estudos que utilizaram modelos computacionais para predizer a hidrodinâmica em regiões costeiras. Há uma grande necessidade de um _____________________________________________________________________________52 entendimento melhor dos efeitos dos impactos ambientais na qualidade da água destas regiões. Portanto, com este propósito, será mostrada em seguida uma relação de autores que utilizaram modelos em regiões costeiras, relacionados principalmente a manguezais, baías e estuários. WOLANSKI et al (1980 e 1990) Wolanski et al (1980) com um modelo matemático para o movimento de águas e sedimentos dentro do córrego do Coral em Missionary Bay, ao norte de Hinchinbrook, na porção norte da Austrália, verificaram que em regiões estuarinas tropicais dominadas por manguezais, a vegetação possui uma importante influência no padrão de circulação residual, devido à resistência ao escoamento provocada pelo atrito com a vegetação. Como principal resultado desta investigação foi observado que o arrasto provocado pela vegetação na floresta de mangue é responsável pelo padrão de assimetria observado para as velocidades das correntes nos canais de maré, que apresentaram velocidades máximas de vazante geralmente de 20% a 50% maiores que as velocidades máximas de enchente. O estudo foi realizado no canal de maré Hinchinbrook, na Austrália, cuja extensão é 44 km é um canal conectado em seus extremos sul e norte à plataforma continental da grande barreira de corais; esse canal draga um manguezal de 164 km 2 de área. A dinâmica da água dentro do canal quando banha a planície de manguezais é estudada através de um modelo numérico bidimensional integrado na vertical HYDRO, para representar a região do canal de maré e calcular suas velocidades (FALCONER, 1986). Nesse estudo, a área de mangue foi assumida como uma área de armazenamento lateral, onde a elevação do nível d’água foi considerada como sendo igual àquela da célula do canal de maré na fronteira canal - mangue. _____________________________________________________________________________53 MAZDA et al. (1995 e 1999) Mazda et al (1995) utilizaram um modelo bidimensional para investigar a assimetria de maré causada pela vegetação de manguezal em um canal de maré hipotético. Os autores apontam que o arrasto provocado pela vegetação de manguezal é o principal mecanismo no controle da elevação do nível d’água e das velocidades nesta região. Em outro trabalho realizaram um estudo sobre a dependência da dispersão dentro de um córrego de maré com densidade de vegetação franjando uma região de mangue alagada. O modelo usado foi o mesmo de Mazda et al (1999) para córrego de maré influenciado por água doce em mangue o desenho é representado na Figura (12). A circulação secundária prevalece dentro dos sistemas de manguezais alagados, causada pelo excesso de escoamento dentro de cada elevação de maré em planície alagada. Segundo Mazda et al (1999) os resultado mostraram que os materiais suspensos e dissolvidos que se movem com a circulação são depositados na planície alagada para uma fração do ciclo de maré, ou seja, escoam para fora da planície alagada na maré vazante e se dispersam no córrego. Há uma relação não linear entre o coeficiente de dispersão e a densidade da vegetação. A dispersão é alta para situações de planície sem vegetação e de alta densidade de vegetação, no caso de densidade intermediária de vegetação a dispersão é mínima. MELO et al (1997) Melo et al (1997), em estudo no sul do Brasil, mais especificamente na baia de Florianópolis, investigaram a onda de maré estacionária e a sua influência na poluição da baía. A investigação foi feita através de um modelo bidimensional numérico verticalmente integrado baseado nas equações de águas rasas. Os parâmetros considerados pelo modelo são: o coeficiente de fricção de Chezy e o _____________________________________________________________________________54 parâmetro de Coriolis. As soluções das equações são obtidas por meio de um esquema cartesiano de diferenças finitas desenvolvido por Martins (apud MELO et al, 1997, pp143-151) e que emprega o método ADI implícito direto proposto por Stelling (apud MELO et al, 1997, p.143 e p.151). Figura 12.- Seção transversal do modelo de um sistema de um córrego de manguezal influenciado por água doce (R-type mangal). Fonte: Adaptado de MAZDA et al 1999. Os resultados do modelo indicam que há um padrão de onda de maré estacionária da componente M 2 (componente de maré lunar semidiurna) dentro da baía com um antinodal situado no meio do sul da baía. Os argumentos físicos para explicar esta característica são apresentados e as implicações ambientais são de que no antinodo da onda ocorre a falta de movimento horizontal da água (em conseqüência da falta dos gradientes horizontais da pressão devido à superfície ser localmente plana). As implicações ambientais são concernentes do antinodo da componente M 2 no meio da parte sul da baía. O padrão de correntes associado com o padrão de ondas é tal que algumas partículas ou substâncias podem ser transportadas pelo escoamento acumulando em torno da região do antinodo, onde o escoamento tende a convergir. _____________________________________________________________________________55 WU et al. (2000), STRUVE et al (2003) e outros estudos. Wu et al (2000), através de um estudo experimental, modelaram a influência da vegetação de mangue no escoamento da área da seção transversal. O estudo foi realizado com um modelo matemático bidimensional integrado na profundidade; neste no modelo foram incluídos o termo da força de arrasto e a porosidade. Nesta investigação foram estudadas duas situações: a primeira em que se considerava o escoamento estacionário no canal com árvores de manguezais distribuídas no meio da extensão do canal, ao longo de ambos os lados. A segunda situação em que o escoamento de maré é direto no canal de franja de manguezal alagado. Neste estudo verificou-se que a força de arrasto e o bloqueio representam um importante papel quando a porosidade das árvores de manguezal é menor que 0.8. Nesta mesma linha de investigação, no ano de 2003 outros estudos foram realizados pelos autores Struve et al (2003), para investigar a influência do modelo de árvores de mangue na hidrodinâmica de um canal, através de um experimento em canal hidráulico com a utilização do modelo numérico DIVAST 2D hidrodinâmico integrado na profundidade, descrito e detalhado por FALCONER (1986) e WU et al (2001). Este modelo foi modificado para considerar os efeitos hidráulicos do modelo de árvores. Os resultados sugerem que o coeficiente de arrasto pode aumentar com a quantidade de árvores na superfície do escoamento, mas ainda são necessários mais dados para confirmar esta informação. Na mesma época, no Brasil, Araújo et al (2000) realizaram estudos no estuário do rio Massagana, próximo ao Porto de Suape, no Estado de Pernambuco, utilizando um sistema bidimensional horizontal 2D-H, baseado nas equações de águas rasas, desenvolvido pelo Instituto de pesquisas Hidráulicas da UFRS. _____________________________________________________________________________56 No estudo foi realizada a calibração da hidrodinâmica em estuário balizada pela propagação da maré. A calibração consistiu na comparação direta entre os sinais de maré, usando como parâmetros de ajuste a rugosidade de fundo. Os resultados representaram de maneira satisfatória um corpo d’água de escoamento complexo cuja hidrodinâmica sofre grande Influência das condições de contornos naturais. O sistema computacional foi capaz de reproduzir bem a hidrodinâmica do estuário, nas condições típicas de maré de sizígia. Em estudo mais recente sobre qualidade da água, utilizando o modelo numérico bidimensional DIVAST, Gupta et al (2003) realizaram simulação da qualidade de água do córrego do Thane na Índia cidade de Mumbay na Índia, realizando estudos para determinar a capacidade assimilativa do efluente doméstico lançado no córrego. Os resultados mostraram que a capacidade de diluição do córrego do Thane é limitada, as descargas múltiplas de efluentes domésticos deterioraram a qualidade de água significativamente. A extensão da poluição é mais experimentada na parcela interna do córrego. Os resultados da simulação feita com o modelo de DIVAST da hidrodinâmica e qualidade da água mostram que o escoamento de efluente doméstico projetado (e as cargas) são muito acima da capacidade assimilativa do córrego e, conseqüentemente, as cargas volumétricas no córrego necessitam ser restringida. A opção de deslocar a posição das descargas ao centro do córrego não rendeu nenhuma melhoria apreciável na qualidade de sua água. Nos anos 90, Kjerfve at al (1991) utilizaram o modelo numérico implícito bidimensional descrito por Wolanski et al (1980) com sucesso na simulação da circulação de águas na entrada norte da Carolina Norte, U.S. A., em um sistema de estuário que consiste de 32.2 km 2 de extensão de córrego de maré e planície de maré. A simulação resultou na assimetria de maré no escoamento longitudinal dentro da planície de maré. _____________________________________________________________________________57 Em um estudo realizado por Nakatsuji et al (2003) pesquisaram através de um modelo matemático, os processos físicos em um estuário de manguezais da Malásia. Os experimentos de campo no manguezal do estuário da Malásia foram conduzidos pela Universidade de Sains na Malásia, forneceram algumas características interessantes, peculiares a um sistema de manguezal do estuário; isto é, a variação assimétrica do escoamento de maré observado na boca do estuário, não estratificado e misturado verticalmente, depende da amplitude, da inundação e do armazenamento da maré nos ambiente alagados. A fim de simular tais fenômenos físicos, uma representação nova no modelo matemático foi desenvolvida, para o escoamento de maré e a intrusão salina nos córregos de manguezais, assim como toda a inundação no mangue. Neste trabalho o modelo proposto é composto de um modelo baroclínico tridimensional do escoamento para córregos de manguezais e de um modelo bidimensional integrado na profundidade para ambientes alagados (DIVAST). Baseado em resultados obtidos pelo modelo, as características hidrodinâmicas em estuários de manguezais franjados foram investigadas neste estudo. Para fazer experimentos de processos físicos acima mencionados, uma representação do modelo matemático é aplicada. As mudanças no tempo e espaço do escoamento e densidade nos canais de marés foram simuladas com um modelo computacional (3-D) tridimensional, e na planície alagada com o modelo computacional bidimensional (2-D) (DIVAST). Neste estudo de caso do estuário de Sungai Merbok na Malásia, os resultados do modelo mostram uma concordância boa com os dados observados, refletindo claramente algumas características dos estuários com manguezais. Por outro lado, acredita-se que uma melhoria adicional pode ser conseguida talvez fazendo o refinamento do modelo matemático, baseado em dados de campo mais confiável. _____________________________________________________________________________58 Contextualizando os objetivos deste trabalho em relação às revisões bibliográficas apresentadas anteriormente, alguns fatores como a rugosidade do fundo do canal, a fricção do mangue e o estreitamento do canal, afetam o escoamento em canais sob a ação de marés com planície de mangue (WU et al 2000). Sabendo-se que a hidrodinâmica tem grande importância na qualidade da água do Canal da Passagem, este trabalho insere-se na linha de pesquisa de trabalhos que relacionaram a hidrodinâmica com a qualidade da água. No capitulo seguinte é explicado como foi a elaboração do trabalho, isto é, quais os materiais e os métodos empregados, bem como detalhes de implementação do modelo computacional DIVAST. O modelo fui implementado para toda a extensão do Canal da Passagem incluído a área alagada coberta por vegetação de manguezal. _____________________________________________________________________________59 Capítulo 4 METODOLOGIA _____________________________________________________________________________60 4. Material e Métodos Neste capítulo será apresentada a região de estudo e a metodologia utilizada para o levantamento e análise dos dados experimentais, bem como para a implantação do modelo computacional DIVAST (Falconer, 1976) para a região do Canal da Passagem. 4.1 Região de Estudo Nestes itens em seguida serão apresentadas a metodologias de levantamento de parâmetros utilizados pelo modelo computacional DIVAST e características do canal da Passagem. 4.1.1 Introdução O principal afluente do Sistema estuarino da grande Vitória, Figura (10), é o Rio Santa Maria da Vitória, que contribui com uma descarga fluvial que varia de 3 m 3 s (durante o dia) a 20 m 3 s (durante a noite). A região a ser estudada compreende todo o Canal da Passagem, incluído a região de manguezal em torno de suas margens, retângulo na Figura (13); a região foi dividida em duas partes para um melhor detalhamento de estudo. Na Figura (13) observam-se respectivamente a extremidade sul e norte do Canal da Passagem. Este canal situa-se na porção nordeste da Ilha de Vitória, município de Vitória (ES), entre as coordenadas (200 12’ 00” W, 210 18’ 00“ S) , sendo um estreito e sinuoso braço de mar que liga a Baía do Espírito Santo à Baía de Vitória (GUIMARÃES, 1995). A Figura (14) ilustra o domínio computacional da malha (retângulo vermelho), a estação maregráfica da vale ambos utilizado no estudo e o Sistema estuarino do entorno da Ilha de Vitória. _____________________________________________________________________________61 Rio Santa Maria da Vitória Baía do Espírito Santo Canal da Passagem Manguezal da Ilha do Lameirão Baía de Vitória Canal da Passagem Figura 13.- A região de estudo compreende todo o canal da Passagem, (A) e (B) correspondem respectivamente às extremidades Sul e Norte do Canal da Passagem: Fonte: foto ES- CAR UFES Figura 14.- Sistema estuarino do entorno da Ilha de Vitória e o domínio da malha computacional utilizada na região de estudo (retângulo vermelho) e no ponto em vermelho (M3) a estação maregráfica da vale. _____________________________________________________________________________62 4.2 Levantamento de dados de campo Para que o modelo computacional simule o escoamento no Canal da Passagem, é preciso obter a profundidade do escoamento no canal e mangue (área de secagem e alagamento do manguezal), parâmetros de velocidade de corrente e elevação da superfície da água, rugosidade do canal e valores de rugosidade utilizados em áreas de manguezais. 4.2.1 Dados experimentais Com o intuito de investigar o padrão de escoamento no Canal da Passagem, foi realizado um levantamento prévio de dados e informações existentes sobre a hidrodinâmica local. Os dados experimentais obtidos incluem batimetria da região do canal e do manguezal, registros de elevação do nível do mar e velocidades de correntes. Os dados de elevação do nível do mar foram utilizados nas condições de contorno e na comparação dos resultados fornecidos pelo modelo para as simulações realizadas. O sistema estuarino do entorno da Ilha de Vitória possui um regime de micromarés, com amplitudes máximas em torno de 0,9m e 1,7m (ANEXO B) para marés de quadratura e sizígia, respectivamente. A principal componente harmônica de maré para a região é a M2, lunar semidiurna (ANEXO C) com período de 12,4h. A onda de maré que entra pela extremidade norte do canal sofre um atraso de fase de aproximadamente 1 hora em relação à onda de maré que entra pela extremidade sul do canal. Os dados utilizados neste estudo foram obtidos através de levantamentos anteriores realizados pelo GEARH/UFES (Grupo de Estudos e Ações em Recursos Hídricos da Universidade Federal do Espírito Santo) e a partir de dois levantamentos de dados em campo realizados na _____________________________________________________________________________63 região do Canal da Passagem (Figura 15) para a obtenção de informações da velocidade em situações de marés de quadratura e sizígia, em 20/08/03 e 15/09/03, na região do Canal da Passagem. Figura 15.-Pontos de coleta de dados experimentais e distribuição das estações ao longo do canal A correta resolução dos campos de velocidade pelo modelo hidrodinâmico está diretamente associada a uma boa representação do relevo de fundo para o domínio fluido modelado. No presente estudo foram utilizadas diferentes fontes de dados batimétricos. Para o levantamento de batimetria foi utilizada a carta DHN (Carta Náutica no 1401) e realizadas as medições de batimetria em de 1999 e _____________________________________________________________________________64 2000. Logo depois desse período, em 04/01/03, outro levantamento, porém com alguns ajustes na batimetria foi realizado na região de Maria Ortiz até Caeiras. As medições (direção e intensidade) de velocidade foram realizadas com um correntógrafo Sensordata (SD-6000), com precisão de ± 0,5 cm.s −1 , configurado para leitura de dados em intervalos de coleta de 5 minutos. A distribuição das estações de levantamento de dados de correntes encontra-se representada na Figura (15). 4.2.2 Dados de elevação do nível do mar As séries temporais de elevação do nível do mar para este estudo foram obtidas nas estações de monitoramento de marés instaladas ao longo do Canal da Passagem e mantidas pelo GEARH/UFES (Grupo de Estudos e Ações em Recursos Hídricos da Universidade Federal do Espírito Santo). As estações maregráficas consistem em linígrafos de pressão instalados, em tubos tranqüilizadores, com precisão de 0,2% da profundidade medida. A distribuição das estações encontra-se representada na Tabela 3 abaixo: A Tabela 3 (abaixo apresenta as coordenadas (UTM, SAD-69) das estações maregráficas ao longo do canal da Passagem). Tabela 3. Coordenadas das estações maregráficas longo da extensão do canal da Passagem: Estação Posição W Posição E Caieiras 7757322,93 360397,26 Ortiz 7759368,03 363826,47 Passagem 7755502,50 365256,51 Vale 7755968,30 370272,25 _____________________________________________________________________________65 4.2.3 Características do Canal da Passagem O Canal da Passagem está inserido no sistema estuarino do entorno da Ilha de Vitória tem aproximadamente 11 km de extensão, profundidade média em torno de 3 m e atravessa os bairros de Camburi, a UFES (Universidade Federal do Espírito Santo). Na sua extremidade norte, o canal atravessa a estação Ecológica Municipal Ilha do Lameirão e encontra-se com a Baía de Vitória ao final de seu trecho. O canal funciona como um divisor de águas, impedindo que as águas oriundas da Baía de Vitória alcancem a Praia de Camburi e vice-versa. As informações de rugosidades do fundo do Canal da Passagem foram obtidas da literatura sobre rugosidade para o fundo de canais (ABBOT e BASCO (1989) e CHOW, (1959)) e se encontra resumida na Tabela 4. Tabela 4: Valores recomendados para a rugosidade equivalente de fundo ε (Fonte:ABBOT e BASCO (1989). Terreno ou leito de terra Leito com transporte de sedimentos 0,0070m< ε < 0,0500m 0,0500m< ε < 0,1500m 0,1500m< ε < 0,4000m Leito com vegetação Leito com obstáculos Fundo com pedra ou rochoso Fundo com alvenaria Fundo com pedra lisa Fundo de asfalto Fundo com pedregulho Fundo com pedras médias Fundo com pedras Fundo com rochas 0,0003m< ε < 0,0010m 0,0010m< ε < 0,0030m 0,0030m< ε < 0,0070m 0,0070m< ε < 0,0150m 0,0150m< ε < 0,0400m 0,0400m< ε < 0,1000m 0,1000m< ε < 0,2000m Fundo com Concreto Fundo de concreto liso Fundo de concreto inacabado Fundo de concreto antigo 0,1000m< ε < 0,0005m 0,0005m< ε < 0,0030m 0,0030m< ε < 0,0100m _____________________________________________________________________________66 Para o mangue foi usado um valor próximo ao encontrado na literatura, variando o coeficiente de Manning em uma faixa de 0,2 a 0,9 em função da área ocupada na transversal pelos troncos das árvores do manguezal e da densidade. O modelo numérico DIVAST considera uma rugosidade em seu domínio como sendo homogênea. Com a implementação da rugosidade no modelo numérico DIVAST o estudo possibilita a investigação do padrão de escoamento do Canal da Passagem. 4.3 O Modelo numérico usado no estudo Nas seguintes seções será feita uma descrição mais detalhada do modelo computacional DIVAST. 4.3.1 Introdução Neste item serão apresentadas algumas informações sobre o modelo numérico DIVAST, as suas limitações de uso com as suas respectivas considerações de fenômenos físicos e as condições de contorno usadas no modelo para a simulação dos resultados numéricos. 4.3.2 Modelo numérico DIVAST Para a simulação da hidrodinâmica do Canal da Passagem, foi utilizado o modelo bidimensional (2DH) DIVAST desenvolvido por Falconer, (1976). O modelo simula a distribuição bidimensional da corrente, das elevações da superfície da água e de vários parâmetros da qualidade de água dentro do domínio modelado em função do tempo, levando em consideração as características hidráulicas governadas pela topografia do fundo, efeitos do vento de superfície e pelas condições de contorno. _____________________________________________________________________________67 As equações que governam o movimento do fluido são baseadas na conservação da massa e do momentum. As equações hidrodinâmicas que descrevem o escoamento estão na forma integrada da profundidade das equações tridimensionais de Reynolds. No modelo numérico a área de estudo é dividida em células quadradas. As forçantes nos contornos abertos são especificadas e podem ser de elevação da água ou de velocidade ou fluxo, obtidas a partir de observações de campo em posições relevantes. O método de diferenças finitas usado pelo DIVAST é baseado na técnica implícita de direção alternada, que envolve a subdivisão de cada passo de tempo em dois meios passos de tempo. Com as condições de contorno incluídas, as equações algébricas resultantes, da aplicação do método das diferenças finitas para cada meio passo de tempo, são solucionadas usando um método de eliminação de Gauss e o método de substituição recursiva. As regiões costeiras são tratadas como contornos fechados onde são impostas condições de não-escorregamento. O alagamento e a drenagem de regiões costeiras pela ação da maré também são incluídos no modelo (CHEN e FALCONER, 1992). Os efeitos da fricção, ocasionado pelo vento sobre a superfície d’água e da água com o leito, são considerados no modelo e são parametrizados segundo a lei quadrática da velocidade. O efeito de rotação da Terra é introduzido no modelo através da força de Coriolis que surge do movimento do fluido em sistemas não-inerciais. A turbulência do escoamento é tratada segundo a teoria de comprimento de mistura de Prandtl. Assim, o modelo numérico DIVAST considera os efeitos da aceleração local, aceleração advectiva, rotação da Terra (aceleração de Coriolis), gradiente de pressão, tensões provocadas pelo vento, atrito com o fundo e tensões turbulentas. _____________________________________________________________________________68 Antes de apresentar as equações governantes da hidrodinâmica utilizadas pelo modelo DIVAST (FALCONER, 1976), considerou-se as seguintes hipóteses: • Fluido incompressível • Pressão Hidrostática • Onda Longa A partir destas hipóteses e integrando a equação da continuidade e as equações de Navier-Stokes na vertical se obtêm as equações de água rasas, as que podem ser representadas da seguinte forma: ∂η ∂UH ∂VH + + =0 ∂t ∂x ∂y (17 ) 2 2 ∂p + ∂βpU + ∂βpV = fq − gH ∂η + ρa C W W 2 + W 2 − gp p + q + y ∂t ∂x ∂y ∂x ρ w x x H 2C 2 ∂2 p ∂2 p ∂2 p + + + ε 2 2 ∂x∂y ∂x 2 y ∂ ∂q + ∂βqU + ∂βqV = − fp − gH ∂η + ρa C W W 2 + W 2 y ρ w y x ∂t ∂x ∂y ∂y 2 2 2 gq p2 + q2 − + ε ∂ q + 2 ∂ q + ∂ p 2 H 2C 2 ∂y2 ∂x∂y ∂x (18) (19) sendo: p = U . H e q = V . H são as vazões unitárias ou descargas por unidade de ( ) 3 largura nas direções x e y, respectivamente m s m ; U , V componentes da velocidade média na vertical nas direções x e y respectivamente (m s ) ; g 2 aceleração devida a gravidade 9,806 m s ; H profundidade total da água (H = h + η ) ; η elevação da superfície da água acima do nível médio da superfície da água em repouso, tomado como referência; h profundidade da água abaixo do _____________________________________________________________________________69 nível médio da água; ρ a densidade do ar ( ≅ 1.292 kg m 3 ); ρ densidade do 3 1 fluido kg m ); C coeficiente de rugosidade de Chezy ( m 2 s ); C w coeficiente de resistência do ar/fluido; x, y coordenadas cartesianas (m ) ; f parâmetro de Coriolis devido à rotação da terra, f = 2Ωsenφ ( Ω = velocidade de rotação angular da W e Wy terra e φ = ângulo geográfico da latitude, Ω = 7,292x10-5 radianos/s; x as componentes da tensão de cisalhamento na superfície provocada pelo vento nas direções x, y respectivamente; ρ a densidade do fluido; β fator de correção do momentum para um perfil de velocidade vertical não-uniforme, varia entre 1,016 e 2 1,20; e ε a viscosidade turbulenta média na vertical m s . O esquema de turbulência utilizado no modelo DIVAST considera a hipótese de Boussinesq e a teoria do comprimento de mistura de Prandtl. Assim, o termo ε , que representa a viscosidade turbulenta média na vertical poder ser calculado pela relação: ε = Ce H C ( g U 2 +V 2 ) (20) sendo: Ce o coeficiente de viscosidade turbulenta, com valor aproximado de 1 para escoamentos em regiões costeiras e C o coeficiente de Chézy (Fischer, 1979). 4.3.3 Método de solução das equações matemáticas O esquema de diferenças finitas utilizado pelo DIVAST é o ADI (Alternating Direction Implicit), que é um esquema semi-implicito. A solução das equações é obtida dividindo-se cada passo de tempo em dois meios passos de tempo e considerando que no primeiro meio passo de tempo a elevação da água, a componente U da velocidade são solucionados implicitamente na direção x , e as outras variáveis são representadas explicitamente; no segundo meio passo de _____________________________________________________________________________70 tempo a elevação da água, a componente V da velocidade são solucionadas implicitamente na direção y , e as outras variáveis são representadas explicitamente. Este esquema tem precisão de segunda ordem tanto no tempo como no espaço, não tendo nenhuma restrição quanto à estabilidade, por ser implícito centrado no espaço. Entretanto, Falconer (1976) recomenda que se restrinja o passo de tempo de forma que o número de Courant υ (equação 21) seja menor que oito. υ= ∆t gh ∆x (21) sendo: ∆t o passo de tempo utilizado, ∆x o tamanho da célula, g a aceleração devido à gravidade e h a profundidade média da região em estudo. Em cada elemento da malha computacional são determinadas as elevações do nível d’água e as velocidades nas duas direções, em função das condições de contorno. As elevações η são calculadas no centro das células, enquanto que as velocidades são calculadas no centro dos lados de cada célula. 4.3.4 Teste de malhas Neste item será apresentada a malha escolhida para representar o domínio de estudo. 4.3.4.1 Representação do domínio físico O teste de malha consiste na implantação de diversas malhas sobre a região de estudo, com mais ou menos elementos, para representar a geometria da região de estudo, na procura de uma malha que garanta a consistência da solução do problema físico em questão. _____________________________________________________________________________71 O teste de malha é feito para determinar principalmente o tamanho da malha a ser usada para representar o domínio de interesse para o estudo a ser realizado. Figura 16.-Parte do domínio da malha uniforme de 15x15 metros de lados na extremidade norte do canal, água em azul, mangue em verde e terra em marrom. Segundo Stelling (1986) a acurácia da propagação da velocidade da onda de maré é influenciada por muitos parâmetros: contorno computacional, passo de tempo, comprimento da malha, batimetria, geometria, fricção do fundo, viscosidade etc. O domínio físico foi representado por uma grade ou malha de células quadradas. Cada célula foi identificada por um número (0,1,2) para _____________________________________________________________________________72 identificar as que se encontravam em terra, na água e no mangue (Figuras 16 e 17). Figura 17.- Parte do domínio da malha uniforme de 15x15m utilizada extremidade sul, em azul as células de água, mangue em verde e terra em marrom. Após ter gerado a tabela de terra (0), mangue (2) e água (1) para o domínio em estudo, foi estabelecido um mapa de rugosidades para diferenciar as rugosidades da região de mangue das rugosidades da região sem vegetação. A região de estudo foi representada através de 3 malhas uniformes com células quadradas de 10m, 12,5m e de 15m de comprimento. _____________________________________________________________________________73 O tempo de processamento para simular 75 h foi de aproximadamente 36 horas para a malha de 10 metros de lado em um micro computador, processador AMD Athlon 1 GHz e 256 MB de RAM. A necessidade de se obter os resultados em um tempo de processamento menor levou a considerar a malha de 15m de lado. Com a necessidade de escolher a melhor malha de modo a permitir um menor tempo de processamento e uma melhor reprodução da geometria da região do Canal da Passagem, que é estreito e sinuoso, com um complexo gradiente de batimetria ao longo da região de estudo, para atender as exigências de investigação e melhor representar o domínio foi feito um teste de malha para a escolha da malha a ser utilizada; mais detalhes serão apresentados no capitulo de resultados. O eixo x da malha encontra-se 160o em relação ao norte e foi definido através da condição que melhor alinhava a condição de contorno a batimetria da fronteira de mar aberto. Detalhes da malha uniforme escolhida, com 15x15m de lados, são apresentados nas Figuras (16) e (17) para as extremidades norte e sul, respectivamente, para a região do Canal da Passagem. 4.4 Implementação do modelo hidrodinâmico Os modelos numéricos hidrodinâmicos são ferramentas capazes de reproduzir os padrões de escoamento em regiões costeiras e estuarinas, auxiliando em estudos de circulação e transporte de poluentes. Entretanto, para que essas ferramentas representem de forma satisfatória as particularidades da região e o fenômeno a ser estudado, devem ser adquiridos e/ou definidos um conjunto de informações. Essas informações incluem a definição de dados geométricos da área a ser modelada, amplitude de maré, velocidades, propriedades físicas do fluido, batimetria da região, rugosidade do fundo e rugosidade na planície alagada com vegetação. A seguir, serão descritas as etapas realizadas para a implementação do modelo DIVAST na região de estudo. _____________________________________________________________________________74 Na modelagem de corpos d’água existem dois tipos de contorno que representam os limites do domínio a ser modelado, sendo necessário informar ao modelo como estes limites se comportam ao longo do tempo. Contorno fechado ou terrestre é aquele onde o domínio computacional faz fronteira com a terra ou estruturas sólidas e, portanto, define as margens do corpo d’água. Esses limites são, em geral, representados como impermeáveis, não havendo fluxo de água através dessa fronteira. Desta forma, a componente normal e a componente tangencial (condição de não deslizamento) da velocidade na fronteira de terra são assumidas como sendo nulas. Fronteiras abertas são aquelas que representam um limite do domínio do modelo, mas não um limite físico do corpo d’água. Ao contrário do contorno fechado, ao longo da fronteira aberta existe fluxo de água e/ou solutos. Desta forma, é necessário especificar como as condições hidrodinâmicas (elevação do nível d’água, velocidade normal à fronteira, vazão) e/ou as concentrações de soluto variam ao longo do tempo. Regiões onde o limite do corpo d’água varia com o tempo, como é o caso de praias com gradientes suaves e extensas planícies de maré alagáveis de acordo com as oscilações periódicas de maré, podem ser representadas no modelo computacional através de rotinas que permitam a variação desses limites entre a situação seca e a molhada. Entretanto, a correta representação dessas regiões requer um bom conhecimento da área e a disponibilidade de dados consistentes sobre a topografia do relevo a ser representado. Na abordagem representada neste estudo foram consideradas as áreas alagáveis referentes a planícies de maré e manguezais, sendo, portanto, utilizada como condição de contorno terrestre apenas a impermeabilidade da fronteira na extremidade norte do Canal da Passagem com a fronteira da baía de Vitória e ao sul fronteira com a baía do Espírito Santo. Há um decréscimo na elevação das _____________________________________________________________________________75 condições de contorno entre a estação da vale (Figura 14) e caeiras (Figura 15), sendo a condição de contorno norte de maior elevação do que a condição de contorno sul. Na simulação de resultados do modelo foi utilizada a condição de contorno de maré de quadratura senoidal, conforme apresentado na Figura 18. Condições de Contorno Elevação na estação da Vale Elecação na estação Caieiras 1.500 1.000 0.500 Elevação em (metros) 0.000 -0.500 -1.000 -1.500 0 20 40 Tempo (horas) 60 80 Figura 18.-Condições de contorno da estação vale e estação Caieiras. Neste estudo, os limites domínio do fluido a ser modelado são representados por duas condições de contorno abertas na extremidade sul do canal e extremidade norte do canal. Na Figura (19), as condições de contorno de (A) foram utilizados dados de elevação do nível d’água fornecidos pela série temporal obtida com o marégrafo instalado na estação Caeiras. As condições de contorno de (B) do domínio computacional, forma os dados de elevações do nível d’água obtidos da série temporal registrada pelo marégrafo na estação maregráfica do canal da Passagem. _____________________________________________________________________________76 Figura 19.-Condições de contorno, norte e sul do Canal da Passagem. 4.4.1 Condições iniciais Em problemas de evolução, como o do presente estudo, é necessário fornecer ao modelo as condições iniciais das variáveis físicas em todo o domínio fluido. De forma a reduzir a instabilidade numérica do modelo, as simulações realizadas neste estudo foram iniciadas a partir de momentos de preamar ou baixamar, assumindo-se um nível d’água uniforme ao longo de todo o domínio fluido e considerando nulas as componentes de velocidade em todo o domínio. _____________________________________________________________________________77 4.4.2 Calibração e validação do modelo hidrodinâmico A calibração do modelo computacional consiste em ajustar os parâmetros do modelo, obtidos empiricamente para a equação da quantidade de movimento, de forma a se obter uma melhor resposta do modelo quando comparada a uma série de dados coletados em campo para este fim. A validação do modelo é realizada através da comparação dos dados fornecidos pelo modelo com outro conjunto de dados coletados em campo, independentes daqueles usados na calibração, que serão reproduzidos através de simulações computacionais, sem que os parâmetros do modelo sejam modificados. De forma a testar a capacidade do modelo na reprodução da circulação local, os dados de elevação, direção e velocidade de correntes calculados pelo modelo foram comparados aos dados obtidos em campo para estações localizadas ao longo do estuário. Outro parâmetro a ser fornecido ao modelo numérico é o comprimento da rugosidade equivalente do fundo, utilizado no modelo DIVAST para o cálculo do coeficiente de Chézy e que representa a resistência ao escoamento causada pelo atrito com o fundo. A magnitude deste efeito varia de acordo com os diferentes tipos de sedimento e feições de fundo existentes na região a ser modelada (ANEXO D). Os dados de rugosidade do mangue e fundo do Canal da Passagem foram implementados no modelo computacional DIVAST. A rugosidade do fundo do canal será representada no modelo segundo Paiva et al (2000), que realizaram um estudo sedimentológico do material de fundo do sistema estuarino da região Metropolitana de Vitória, ES. O modelo DIVAST utiliza um valor constante para este parâmetro ao longo de todo o domínio modelado. No ajuste dos parâmetros de velocidade fornecido pelo modelo numérico foram utilizados os dados de rugosidade, onde foi comparado as rugosidades de k s = 1m, 2m, 3m, 4m, 5m, 6m, 7 m, 8m, 9m . A implementação da _____________________________________________________________________________78 rugosidade teve como referencia a (Tabela 4): Valores recomendados para a rugosidade equivalente de fundo (ABBOT e BASCO 1989 e CHOW, 1959), e da literatura sobre rugosidade para o fundo de canais; para o mangue foi usada uma faixa de valores de Manning n entre 0,2 e 0,6 (WOLANSKI, 1980), onde procurou-se adequar aos valores próximo dos encontrados na literatura (Tabela 4). A Tabela 5 mostra o coeficiente de C D (que é a força de arrasto) utilizado em modelos computacionais encontrados em literaturas: Tabela 5: Coeficiente de arrasto encontrado na literatura Autor e ano de publicação (coeficiente de arrasto) utilizado Consideraram-se três situações para o coeficiente de arrasto: 1-Coeficiente de arrasto utilizado foi de CD=4 3 NAOT ET AL.(1.996) 2- Coeficiente de arrasto mínimo: CD= mínimo de 0.0976+[(10 R2 3 2)/20.5] ou CD=(10 /R) 0,25 para R ≤10 3- Relacionou o coeficiente de arrasto aos seguintes numero de 3 Reynolds: 1.15 para 10 <R<4x10 STRUE et al (2003) Mazda et al (1995) Mazda et al (1999) Mazda (1997) Mazda e wolanski 1980 Wu et al (2001) Mazda et al (2002) K.AKATSUJI (2000) 2 Neste estudo foi considerado em um modelo experimental com árvores fictícias com um coeficiente de CD= 1 Mazda et al considerou para canais de maré uma rugosidade de 0,0026 e em região alagada com vegetação de mangue um CD=4 Em 1999 Mazda et al concluiu em seus estudos que para manguezais alagados CD=4 e sem mangue um CD=0.3 O coeficiente da força de arrasto decresce com o aumento de valores 4 de Re para um valor de Re (<10 ) e converge para 0.4 para um valor de 4 Re > 5x10 . Em 1980 em outro estudo estimou o coeficiente de rugosidade de Manning para 0.2-0.4 (SI) dentro de manguezais alagados e em coral creek entre 0.2 – 0.7 dentro de manguezais alagados. Wu et al considerou o coeficiente de arrasto CD=1.2 para um cilindro circular baseado no coeficiente em um cilindro. Em estudo mais recente Mazda et al usou o valor de 0,0026 que é usual em regiões costeiras estuarinas onde variou CD e uma faixa de 1 a 4. Relacionou o coeficiente de arrasto de CD=4 ao coeficiente de Manning de 0,4, que é uma ordem de valor muito maior do que o usado em rios. No próximo capitulo cinco, serão mostrados os resultados obtidos que vão fornecer a base para a discussão e análise dos resultados. _____________________________________________________________________________79 Capitulo 5 RESULTADOS E DISCUSSÕES _____________________________________________________________________________80 5. RESULTADOS Neste capítulo serão apresentados e discutidos os resultados sobre o padrão de escoamento no Canal da Passagem. A batimetria e os pontos de monitoramento numérico serão apresentados na seção 5.1. Os resultados do teste de malhas e da escolha da malha serão abordados na seção 5.2. As características do padrão de escoamento serão apresentadas na seção 5.3, e os resultados da influência da região de manguezal no padrão de escoamento serão abordados na seção 5.4. 5.1 Batimetria da região de estudo O Canal da Passagem é um canal sinuoso de aproximadamente 11 km de comprimento que conecta a Baía do Espírito Santo, pela extremidade sul, com a Baía de Vitória, pela extremidade norte. A batimetria do canal da passagem é mostrada na Figura (20). Esta batimetria é muito complexa, apresentando depressões (buracos) que atingem profundidades de 7 m até 11m, por exemplo, nas proximidades dos pontos 3, 144 e 177 das Figuras (21 e 22). Para referenciar os resultados obtidos pelo modelo numérico, foram distribuídos pontos ao longo do Canal da Passagem, os quais estão representados nas Figuras (21 e 22). Com relação a estas figuras, a Ponte da Passagem se encontra entre os pontos 143 e 144, a estação Maria Ortiz se localiza no ponto 50. No Canal da Passagem existe um estreitamento (APÊNDICE Y), conhecido como Ponte da Passagem, que divide o canal em duas regiões, a região Sul do canal e a Região Norte do canal, chamadas respectivamente de canal sul e canal norte. O estreitamento ocorre na proximidade do ponto 144 da Figura (22). O canal sul tem um comprimento de 3 km e apresenta profundidades que variam de 1m até 11 metros. Esta porção do canal, que não apresenta região de manguezal, é canalizada ao longo de seu comprimento. _____________________________________________________________________________81 Batimetria típica da região de estudo Legenda com valores de profundidade em metros; 0.5 -0.2 -50 -0.9 -1.6 -100 -2.3 -3 -3.7 -150 -4.4 -5.1 -200 -5.8 -6.5 -7.2 -250 -7.9 -8.6 -300 -9.3 -10 -350 -400 -450 Figura 20.- Batimetria região de150 estudo 50 típica da 100 200 250 O escoamento no canal da Passagem ocorre em duas condições típicas diferentes. Na extremidade sul o escoamento está confinado (APÊNDICE T), sujeito ao atrito das paredes e fundo do canal. E na extremidade norte o escoamento encontra os efeitos da planície de mangue, estando sujeito ao efeito _____________________________________________________________________________82 de arrasto provocado pela vegetação, ao efeito da rugosidade da planície e ao efeito da zona de convergência, chamada Tombo da Maré. Em outros resultados observou-se que o estreitamento da Ponte da Passagem (APÊNDICE Y) influencia na maré vazante e enchente, ocasionando um atraso tanto para encher quanto para esvaziar o Canal da Passagem. O canal norte tem um comprimento de 8 km e apresenta profundidades que variam de 2 a 7 metros. Nesta porção do canal se encontra a maior concentração de manguezal, a qual é periodicamente inundada durante a preamar das marés de sizígia. 24 23 22 21 20 19 18 17 16 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 1 2 15 14 13 25 26 2 7 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 62 63 61 60 56 57 58 59 Figura 21.-Pontos de monitoramento da extremidade norte do canal da passagem, com maior área de vegetação de manguezal. Na maré de quadratura a água restringe-se, na maior parte do ciclo de maré, apenas ao canal principal molhando pequena parte da planície de mangue se comparada à maré de sizígia. A região de manguezal da porção sul do canal norte, mostrada na Figura (22), se restringe a uma franja de manguezal nas laterais do canal. _____________________________________________________________________________83 64 65 66 67 76 79 78 68 69 70 71 72 73 74 75 77 80 81 82 83 84 85 86 87 88 89 90 91 92 93 94 95 96 97 98 99 1 00 1 01 1 02 10 3 1 04 1 05 1 06 10 7 1 08 10 9 1 10 1 11 11 2 11 3 1 14 12 5 12 3 12 4 11 5 1 26 116 1 21 1 22 1 17 11 8 11 9 12 0 12 7 1 28 12 9 1 30 13 1 13 2 1 33 1 34 13 5 13 613 7 1 38 1 39 140 14 1 14 2 1 43 144 14 5 1 46 14 7 14 8 1 49 1 50 15 1 1 52 1 53 1 54 1 55 15 6 15 7 15 8 1 59 1 60 16 1 16 2 16 3 1 64 1 65 1 66 1 67 1 68 16 9 Figura 22.-Pontos de monitoramento da extremidade sul do Canal da Passagem 1 7717 8 1 76 17 5 1 74 17 0 17 1 1 73 17 2 _____________________________________________________________________________84 5.2 Resultados do teste de Malha O teste da malha consistiu na comparação da elevação da onda de maré e velocidade nos pontos de monitoramento ao longo da extensão do canal para as três malhas. Como mencionado no capitulo 4, foi usada uma maré de quadratura senoidal como condição de contorno em ambas as extremidades, de 40 cm de amplitude. Os resultados das velocidades para as três malhas implantadas para a região de estudo são mostrados na Figura (23), para a estação de monitoramento Maria Ortiz, no ponto 52 da Figura (21). Maria Ortiz Magnitude da Velocidade-Numérica 12,5 x 12,5 Direção da Velocidade-Numérica 12,5 x 12,5 Magnitude da Velocidade-Numérica 15 x 15 Direção da Velocidade-Numérica 15 x 15 Magnitude da Velocidade-Numérica 20 x 20 Direção da Velocidade-Numérica 20 x 20 180 160 140 120 100 80 60 40 20 0 -20 -40 -60 -80 -100 -120 -140 -160 -180 0.16 0.14 0.12 0.10 φ V 0.08 0.06 0.04 0.02 0.00 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 TEMPO em HORAS Figura 23.-Resultado numérico de velocidade na estação Maria Ortiz, magnitude e direção da velocidade, para as três malhas usadas no teste de malha. _____________________________________________________________________________85 Com relação à magnitude e direção da velocidade, observa-se uma diferença apreciável entre os resultados da malha 3 (de 20,0 m de espaçamento) quando comparados com as da malha 2 (de 15,0 m de espaçamento) e malha 1 (de 12,5 m de espaçamento). Nesta mesma figura, é observado que a magnitude e direção da malha 1 e da malha 2 têm comportamentos parecidos. Os resultado das diferenças entre as magnitudes e direções de velocidades para as três malhas consideradas são mostrados nas Figuras (24 e 25), respectivamente: Diferença entre as magnitudes de velocidade Diferença entre as magnitudes de velocidade: Malha 2 - Malha 1 Diferença entre as magnitudes de velocidade: Malha 3 - Malha 1 Diferença entre as magnitudes de velocidade: Malha 3 - Malha 2 0.10 0.08 0.06 0.04 V (m/s) 0.02 0.00 -0.02 -0.04 -0.06 -0.08 24 25 26 27 28 29 30 31 Tempo (horas) 32 33 34 35 36 Figura 24.- Diferenças entre as magnitudes de velocidade das três malhas. As diferenças de direção para as malhas, calculadas para o período mostrado nas Figuras (21 e 22), são mostradas na Tabela 6. _____________________________________________________________________________86 Como observado na tabela 6, os menores valores do parâmetro raíz quadrática média das diferenças para a magnitude e direção da velocidade se encontram para as malhas 1 e 2. Erro relativo Diferença entre a direções das Velocidades: Malha 2 - Malha 1 Diferença entre as direções das Velocidades: Malha 3 - Malha 1 Diferença entre as direções das Velocidades: Malha 3 - Malha 2 φ (Αngulo em graus) 400 350 300 250 200 150 100 50 0 -50 -100 -150 -200 -250 -300 -350 -400 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 Tempo em Horas Figura 25.-Diferenças entre as direções de velocidade das três malhas. Tabela 6: Raiz Quadrática Média das diferenças das velocidades entre as malhas Diferenças Raiz Quadrática Média das diferenças das Velocidades Malha 2 – Malha 1 0,0068 m/s Malha 3 – Malha 1 0,0515 m/s Malha 3 – Malha 2 0,0553 m/s 35 36 _____________________________________________________________________________87 Levando em consideração que o tempo de processamento da malha 2 é menor que o da malha 1, nos leva a escolher a malha 2 como sendo a malha a ser usada para as diferentes simulações apresentadas abaixo. Esta conclusão da escolha da malha 2 é reforçada quando comparamos os resultados da elevação da maré nos pontos mostrados nas Figuras (21 e 22), para as três malhas usadas. Estes resultados estão mostrados na Figura 26. ELEVAÇÃO AO LONGO DO CANAL t = 75 h 0.5 0.4 0.3 t = 74 h 0.2 0.1 η t = 73 h 0.0 t = 72 h -0.1 -0.2 t = 71 h -0.3 -0.4 t = 70 h -0.5 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 t = 69 h Pontos de monitoramento Figura 26.-Elevação da maré ao longo do canal da passagem para as três malhas usadas durante o teste de malha. Linha contínua – Malha 1, Tracejado e circulo – Malha 2, tracejado e triangulo – Malha 3. Como observado na Figura (26), o comportamento da superfície da água é similar para os resultados da malha 1 e 2. O que reafirma a escolha da malha 2. 5.3 Características do padrão de escoamento. Registros experimentais para a elevação da maré foram usados como condição de contorno, nas extremidades norte e sul do canal da passagem. Os resultados apresentados a seguir são os obtidos com uma malha uniforme de 15m x 15 m de _____________________________________________________________________________88 lado e rugosidade de manguezal igual a k s = 1m . O tempo de simulação de 75 horas, correspondente a aproximadamente seis ciclos de maré, demora em torno de 4:40 horas, em um micro computador, processador AMD Athlon 1 GHz e 256 MB de RAM. Uma comparação entre os valores experimentais da magnitude da velocidade com os encontrados pelo modelo numérico é mostrada na Figura (27) para a estação Maria Ortiz. Estação maregráfica de Maria Ortiz Velocidade-Numérica Velocidade-Experimental Elevação-Numérica 0.9 1.0 0.8 0.8 0.6 0.7 0.4 0.6 0.2 V 0.5 0.0 ??????? (m/s) 0.4 -0.2?(metros) -0.4 0.3 -0.6 0.2 -0.8 0.1 -1.0 0.0 -1.2 0 20 40 60 Tempo (horas) Figura 27.-Resultados de Velocidade e elevação para a estação Maria Ortiz. Rugosidade k s = 1m . Apesar de não ter conseguido reproduzir os picos de vazante, os resultados numéricos conseguem acompanhar os períodos de vazante e de enchente nesta região de manguezal influenciada pelo alagamento e secagem da planície. Dos dados experimentais na estação Maria Ortiz, é observado que a vazante é mais rápida e intensa que a enchente. O período de vazante é de 4,5 horas enquanto que a enchente é de 7,8 horas, ver Figura (27). As velocidades de vazante são em média de 80 cm/s e as velocidade de enchente são em média de 35 cm/s. No gráfico da figura 27, na representação dos resultados de velocidade da vazante de maré, do modelo numérico e do experimental, observa-se que os pontos de _____________________________________________________________________________89 velocidade na vazante oscilam de maneira oposta entre si em cada instante de tempo considerado. Os resultados numéricos conseguiram, em média, reproduzir 65% dos valores experimentais dos picos de velocidade durante a vazante. Embora os resultados de velocidade durante a enchente sejam da mesma ordem de grandeza o comportamento dos resultados numéricos neste período de tempo não acompanham o comportamento do registro experimental, sendo a velocidade numérica máxima de enchente defasada com relação à experimental, como observado na Figura (28). Estação de Maria Ortiz Velocidade-Experimental Velocidade-Numérica Direção-Numérica 0.9 175 150 125 100 75 50 25 0 -25 -50 -75 -100 -125 -150 -175 0.8 0.7 0.6 V 0.5 (m/s) 0.4 φ 0.3 0.2 0.1 0.0 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 Tempo (horas) 50 55 60 65 70 75 Figura 28.-Resultados de magnitude e direção de velocidade na estação Maria Ortiz. Rugosidade k s = 1m . A influência da região de manguezal e da ponte da passagem na dinâmica do Canal da Passagem pode ser observada na Figura (29). Nesta figura é mostrada a _____________________________________________________________________________90 elevação da superfície da água para os pontos mostrados nas Figuras (21 e 22), considerando-se uma situação de enchente de maré, ver elevação da Figura (29). No canal norte, pontos de 1 até 143 nas Figuras (21 e 22), pode ressaltar-se duas características. A maior região de manguezal, que se encontra entre os pontos 1 a 80, apresenta uma elevação de maré horizontal. A outra região do canal norte, entre os pontos 81 a 143, apresenta uma estreita franja de vegetação de manguezal em ambas as margens do canal. A elevação da maré nestes pontos apresenta uma baixa declividade, quase que horizontal. Na Ponte da passagem, entre os pontos 143 e 144, pode ser observado um grande gradiente de pressão, como resultado do represamento da água da Baía do Espírito Santo durante a enchente de maré. 1.0 ELEVAÇÃO AO LONGO DO CANAL t = 75 h t = 74 h t = 73 h t = 72 h t = 71 h t = 70 h t = 69 h t = 68 h t = 67 h t = 66 h t = 65 h t = 64 h t = 63 h 0.8 0.6 0.4 η 0.2 0.0 (m) -0.2 -0.4 -0.6 -0.8 -1.0 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 Pontos de monitoramento Figura 29.-Elevação da maré ao longo do canal da passagem, para uma rugosidade de k s = 9m . 5.3.1 Tombo da maré Na Figura (30) são mostradas as elevações da superfície da água usadas nas condições de contorno, correspondente ao terceiro ciclo de maré. Os resultados da simulações apresentados correspondem a uma rugosidade de k s = 9m . _____________________________________________________________________________91 Resultados para o padrão de escoamento no canal norte são mostrados para o tempo de simulação de 26 horas, correspondente à condição de maré vazante mostrado na Figura (31), para o tempo de 35 horas, que corresponde a uma condição de maré enchente, mostrado na Figura (30). Elevações : Extremidade norte do Canal da Passagem Extremidade sul do Canal da Passagem 1.000 0.600 η (metros) 0.200 -0.200 -0.600 -1.000 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 Tempo em Horas 34 35 36 37 38 Figura 30.-Registro de elevação da superfície da água, nas extremidades norte e sul do Canal da Passagem, correspondente ao terceiro ciclo de maré. Como observado na Figura (31), há uma região de velocidade quase nula, que é mostrada no detalhe da mesma figura, seguida por uma divergência de velocidades. Na Figura (33), para o mesmo instante de tempo de 26 horas, pode ser observado o comportamento horizontal da elevação da maré na região de velocidade zero. Combinando estes resultados e lembrando que a interação entre duas ondas progressivas que se propagam em direções opostas produz uma onda estacionária onde a velocidade é nula abaixo da crista da onda, a conclusão é que esta região de baixa velocidade é o resultado da presença de uma onda estacionária, conhecida como “tombo da maré” (Rigo et al, 1993). _____________________________________________________________________________92 7760918 7760618 7760318 7760018 7759718 7759418 7759118 363312.134 363612.134 363912.134 364212.134 Figura 31.-Campo de velocidades na área de abrangência da zona de convergência, chamada tombo de maré, durante a vazante. Tempo de simulação de 26 horas e rugosidade k S = 9m . _____________________________________________________________________________93 7760914.6 7760514.6 7760114.6 7759714.6 7759314.6 7758914.6 363001.2647 363401.2647 363801.2647 364201.2647 Figura 32.-Campo de velocidades na área de abrangência da zona de convergência, chamada tombo de maré, durante a enchente. Tempo de simulação de 35 horas e rugosidade k s = 9m . _____________________________________________________________________________94 O “tombo da maré” também está presente durante a enchente da maré. No detalhe da Figura (32), pode ser observada uma região de baixa velocidade e uma convergência de velocidades. Já na (Figura 33), para o tempo de 35 horas e para a mesma região, se observa um perfil horizontal da elevação da superfície da água. η 0.9 0.8 0.7 0.6 0.5 0.4 0.3 0.2 0.1 0 -0.1 -0.2 -0.3 -0.4 -0.5 -0.6 -0.7 -0.8 -0.9 ELEVAÇÃO AO LONGO DO CANAL t = 24 h t = 25 h t = 26 h t = 27 h t = 28 h t = 29 h t = 30 h 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 Pontos de Monitoramento Figura 33.-Elevação da maré ao longo do Canal da Passagem durante a vazante da maré. Rugosidade de k s = 9m . η 0.9 0.8 0.7 0.6 0.5 0.4 0.3 0.2 0.1 0 -0.1 -0.2 -0.3 -0.4 -0.5 -0.6 -0.7 -0.8 -0.9 ELEVAÇÃO AO LONGO DO CANAL t = 37 h t = 36 h t = 35 h t = 34 h t = 33 h t = 32 h t = 31 h 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 Pontos de Monitoramento Figura 34.-Elevação da maré ao longo do Canal da Passagem durante a enchente da maré. Rugosidade k s = 9m . _____________________________________________________________________________95 É interessante mencionar que durante a maré de vazante o tombo da maré se desloca em direção à Ponte da Passagem. Enquanto que durante a maré de enchente o tombo da maré se desloca em direção à extremidade norte do canal, em momento nenhum foi encontrado que o tombo da maré se deslocou para o canal sul. Observando o perfil da elevação da superfície da água para o tempo de 25 horas da Figura (33), pode-se concluir que em alguns intervalos de tempo a água do Canal da Passagem corre em uma única direção, na direção da Baía do Espírito Santo. Interessante, ainda, é que se observa uma onda propagando-se do ponto 1 até o ponto 76 durante a vazante, que pode ser identificado como um ponto divisor da área de manguezal, de maior área de manguezal para uma franja de manguezal nas margens do canal. Observa-se que em torno deste ponto divisor acontecem os segundos maiores gradientes de pressão do canal norte. 5.3.2 Velocidades no estreitamento do Canal da Passagem Os resultados numéricos mostram a presença de um jato abaixo da Ponte da Passagem, entre os pontos 143 e 144 da Figura (21). A presença deste jato foi encontrada tanto para a vazante da maré como para a enchente e pode ser visualizado nas Figuras (35 e 36), pelos grandes gradientes de pressão que se desenvolvem entre os pontos 143 e 144. Do ponto de vista ambiental, o estreitamento do Canal da Passagem adiciona uma resistência ao escoamento, provocando maior turbulência ao escoamento e afetando o tempo de residência das águas do canal. _____________________________________________________________________________96 7757200 7757000 7756800 7756600 7756400 7756200 7756000 363400 363600 363800 364000 364200 Figura 35.-Velocidade no estreitamento da Ponte da Passagem (maré vazante em uma sizígia no tempo de simulação de 26 horas) _____________________________________________________________________________97 7757400 7757200 7757000 7756800 7756600 7756400 7756200 7756000 362800 363000 363200 363400 363600 363800 364000 364200 Figura 36.-Velocidade no estreitamento da Ponte da Passagem (enchente de maré em uma sizígia no tempo de simulação de 35 horas). O padrão de escoamento nas proximidades da Ponte de Passagem para uma situação de vazante pode ser observado na Figura (35) e para uma situação de enchente na Figura (36). No (APÊNDICE I até V) é obtido o padrão de _____________________________________________________________________________98 escoamento considerando que o valor do coeficiente de Mannig varia de (0,3 a 0,9) para o mangue comparado à rugosidade de 0,027 (1 metro). Os resultados mostrados na (Figura 37), mostra que com o aumento da rugosidade também aumenta a carga ao longo do Canal da Passagem e inverte o gradiente de pressão na extremidade sul do canal norte. Na abscissa observam-se os pontos de monitoramento ao longo do Canal da Passagem e na ordenada os níveis de elevação da superfície da água ao longo do tempo. η (metros) ELEVAÇÃO AO LONGO DO CANAL t = 36 h com Manning n=0,2 t = 36 h com Mannig n =0,9 t = 35 h com Manning n=0,2 t = 35 h com Mannig n =0,9 t = 34 h h com Mannig n =0,2 t = 34 h com Mannig n =0,9 t = 33 h com Mannig n =0,2 t = 33 h com Mannig n =0,9 t = 32 h com Mannig n =0,2 t = 32 h com Mannig n =0,9 t = 31 h com Mannig n =0,2 t = 31 h com Mannig n =0,9 0.9 0.8 0.7 0.6 0.5 0.4 0.3 0.2 0.1 0 -0.1 -0.2 -0.3 -0.4 -0.5 -0.6 -0.7 -0.8 -0.9 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 Pontos de Monitoramento Figura 37.-A Influência da rugosidade na elevação da superfície da água ao longo da extensão do canal durante a enchente da maré é verificada pela seguintes legendas: em linha contínua com rugosidade de Manning de n = 0,2 correspondendo ao k s = 9,3 metros e em linha tracejada com rugosidade de Manning de n = 0,9 correspondendo a um k s = 11,5 metros (Tabela 5). _____________________________________________________________________________99 Na (Figura 37), observa-se, que ao final da vazante e começo da enchente de maré a elevação nos tempos de 31 e 32 horas considerada (Figura 30) aumentou o nível de maré com a variação da rugosidade do mangue, o aumento foi em torno de 0.3 acima da elevação com rugosidade de Manning de 0,2 para o mangue. De forma geral, os gradientes de pressão que acontecem no estreitamento (Ponte da Passagem) são maiores durante a vazante do que aqueles que se desenvolvem durante a enchente. Ao longo da extensão do Canal da Passagem principalmente nos estreitamentos, há um aumento de velocidade devido à continuidade, que expressa, na hidrodinâmica, o princípio de conservação da massa, Q = A1 .V1 , onde Q = é chamada vazão e representa o volume de fluido que escoa através de uma seção reta por unidade de tempo, A1 = área da seção do canal por onde a água escoa e V1 velocidade do escoamento, pela fórmula observa-se que a medida que a área de escoamento é reduzida, há um aumento de velocidade do escoamento, principalmente na Ponte da Passagem. No (APÊNDICE A até H) Manning varia de 0,3 a 0,9 comparada à rugosidade de 0,027 (1 metro), a comparação é verificada para a elevação da superfície livre da água ao longo da extensão do Canal da Passagem. 5.4 Influência da vegetação de manguezal no padrão de escoamento A influência da área de manguezal no padrão de escoamento foi verificada usando-se valores de k s variando de 2 a 9 metros, o que corresponde a valores do coeficiente de rugosidade de Manning n variando entre 0,2 e 0,6 (encontrados na literatura) (Wolanski et al 1980). 5.4.1 Influência da rugosidade na velocidade Os resultados da influência da rugosidade nas velocidades são mostrados na Figura (38), para a estação de monitoramento Maria Ortiz. Observa-se nesta figura _____________________________________________________________________________100 um aumento dos valores da velocidade durante a vazante e uma diminuição dos valores de velocidade durante a enchente. A influência da rugosidade da região de manguezal no padrão de escoamento no canal norte é mostrada na Figura (39) para os valores de ks iguais a 9 metros (setas azuis) e ks iguais a 11,5 m (setas vermelhas). Nos APÊNDICES F a S são mostrados os resultados para valores de rugosidades de ks = 10 a 11,5 metros. Maria Ortiz Velocidade-Experimental Velocidade-Numérica, Ks = 1 m Velocidade-Numérica, Ks = 3 m Velocidade-Numérica, Ks = 5 m Velocidade-Numérica, Ks = 7 m Velocidade-Numérica, Ks = 9 m 0.9 0.8 0.7 0.6 V 0.5 (m/s) 0.4 0.3 0.2 0.1 0.0 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 Tempo (horas) 33 34 35 36 37 38 Figura 38.-Influência da rugosidade na magnitude da velocidade na estação Maria Ortiz. Observa-se na Figura (39) uma diminuição da velocidade na planície de mangue à medida que se aumenta a rugosidade da planície de manguezal. È bem visível na Figura (39) a diferença entre as velocidades do escoamento quando submetido a diferentes rugosidades. Em outros resultados, à medida que aumentamos a rugosidade no mangue às diferenças para as velocidades no canal principal aumentam, sendo que a rugosidade maior provoca maior velocidade do escoamento no canal principal. _____________________________________________________________________________101 7761600 7761500 7761400 7761300 7761200 7761100 7761000 7760900 7760800 7760700 7760600 363000 363100 363200 363300 363400 363500 363600 363700 363800 Figura 39.-Influência da rugosidade no padrão de escoamento da região de manguezal, para valores de k s = 9 metros setas vermelhas e k s = 11,5 metros setas azuis. _____________________________________________________________________________102 Para a obter outros resultados utilizou-se a transformação dos valores de Manning para os valores de ks (relembrando, ks é a rugosidade dos grãos de areia determinado por Nikaradse, onde é obtida pelo diâmetro médio dos grãos de areias (Figura 5). Usou-se a fórmula que relaciona o coeficiente de Manning ao coeficiente de Chezy C (BINNIE & PARTNERS. Divast manual. 1993), representada na seguinte expressão abaixo: C= H1 6 n (22) onde os valores de n podem variar de 0,02 a 0,3 para águas costeiras. É também relatado no coeficiente de fricção de Darcy Weisbach λ como: C= 8g (23) λ Para escoamentos turbulentos e rugosos (BINNIE & PARTNERS. Divast manual. 1993) pode ser usada à relação: H = 5.75 log12.27 λ ks 8 assumindo um perfil de (24) velocidade logarítmico, onde k s é igual à altura da rugosidade e pode ser relatada como características do fundo como dunas e outras feições (BINNIE & PARTNERS. Divast manual. 1993) ver (Figura 4). Estes valores de K s (Tabela 7), indica a influencia da rugosidade em destaque nas setas azul escuro e vermelho ( o campo de vetor velocidade) da Figura 39, a rugosidade de 9 e 11.5 metros, indicando o quanto o escoamento foi influenciado pela fricção do mangue como foi observado na (Figura 39). _____________________________________________________________________________103 Tabela 7: A tabela indica as variações dos valores de coeficientes Manning usados em estudos relacionados a regiões estuarinas ( WOLANSKI 1980 , n=0,2 a 0,6), com estes valores converteu-se os valores de n para os valores de k s usando as equações (22, 23 e 24): Valor de Mannig Valor correspondente de n =0,2 9,3 metros n =0,3 10,2 metros n =0,4 10,7 metros n =0,5 11,0 metros n =0,6 11,2 metros n =0,7 11,3 metros n =0,8 11,4 metros n =0,9 11.5 metros ks O capitulo seguinte engloba as conclusões do trabalho, nesta parte vão ser expostas às conseqüências dos resultados, quais os impactos para a área de aplicação. _____________________________________________________________________________104 Capitulo 6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES _____________________________________________________________________________105 6. Conclusões Neste capítulo serão apresentadas às conclusões sobre o estudo desenvolvido nesta dissertação. As recomendações e sugestões para futuros trabalhos são citadas neste capitulo. 6.1 Tombo da Maré A onda longa de gravidade é tipicamente exemplificada como sendo o somatório de constituintes harmônicos desta onda longa, sendo que cada constituinte tem um especifico período e amplitude. Contudo, quando ocorre à entrada da onda em águas rasas, o padrão da onda torna-se assimétrico (no tempo e espaço), devido ao incremento da fricção de fundo e mudanças na batimetria. O desenvolvimento da assimetria depende da trajetória do caminho físico que a onda de maré percorre. A extremidade norte do canal da passagem é uma região de geometria complexa e entrecortada por canais pequenos, o que afeta mais ainda o caminho de propagação da maré. O Canal da Passagem está sujeito a forçante de maré em suas duas extremidades, na sua extremidade norte a geometria é entrecortada por alguns canais. A onda que converge neste canal origina-se do oceano. Entretanto, o resultados apresentados na simulação do modelo numérico DIVAST mostram que a região de zona de convergência chamada tombo da maré, acontece em locais diferentes. Os resultados numéricos mostram que a zona de convergência ocorre desde a Ponte da Passagem até a extremidade norte do Canal da Passagem Figuras (21 e 22). O tombo da maré de enchente ocorre em um local próximo à Ponte da Passagem e o de vazante desloca-se para o extremo norte do Canal da Passagem. A zona de convergência é formada por uma imensa coluna de água parada que se desloca para a extremidade norte do Canal da Passagem. _____________________________________________________________________________106 As implicações ambientais desta característica intrínseca deste canal são de que na imensa coluna de água ocorre a falta de movimento horizontal da água (em conseqüência disso há falta dos gradientes horizontais de pressão na coluna de água que se desloca em direção à extremidade norte do canal). Isto indica que o tempo de residência de solutos lançados no Canal pode aumentar, com possível prejuízo na qualidade da água do Canal da Passagem. Algumas partículas ou substâncias podem ser transportadas pelo escoamento acumulado em torno da coluna de água onde o escoamento tende a convergir. Os argumentos são apresentados de modo a explicar esta característica do Canal da Passagem. A única explicação plausível é de que o canal tem características ao longo de sua extensão muito diferentes, como citado anteriormente. A Entrada pelo extremo sul é estreita e curva, o que tem efeito direto na onda de maré. Na extremidade norte a onda de maré encontra uma entrada mais aberta e afunilada, fazendo com que a água escoe com mais rapidez na vazante e enchente de maré. Outro questionamento seria a presença da floresta de mangue na extremidade norte do canal, causando uma fricção na vazante de maré e um bloqueio na enchente de maré. O estreitamento do canal e a Ponte da Passagem somada ao fator citado anteriormente (fricção do mangue e bloqueio) podem dar uma característica própria para o padrão de escoamento do Canal da Passagem. 6.2 Simulação Numérica As condições de maré foram usadas para simular em torno de 75 horas para a maré de quadratura e sizígia. A qualidade da água do Canal da Passagem, que recebe descargas significativas de efluentes, é ligada diretamente com as condições de maré, características como a zona de convergência, chamada tombo da maré, o estreitamento da Ponte da Passagem e a planície de manguezal presente na extremidade norte do canal, que contribuem significativamente para o padrão de escoamento do canal. _____________________________________________________________________________107 No gráfico da Figura (39) observa-se que a velocidade foi afetada pela rugosidade física como troncos rígidos das arvores, vários túneis de caranguejos que podem chegar a 10 metros de profundidade, onde drenam a água da planície na inundação e conferem uma rugosidade na vazante de maré. As raízes das árvores do manguezal (ANEXO A) conferem também uma turbulência a mais no escoamento nas proximidades de cada arvore. A planície de alagamento no manguezal ainda tem a presença de restos de matéria orgânica, como folhas e outros, adicionando uma rugosidade a mais na superfície do escoamento. A superfície do escoamento no manguezal é composta por grãos muito finos (em geral argila e matéria orgânica em decomposição) tendo um efeito muito pequeno se comparado aos outros fatores citados anteriormente. O modelo computacional DIVAST se mostra promissor para avaliar o padrão de escoamento no Canal da Passagem. Nas simulações feitas pelo modelo nas condições de maré de sizígia, para a malha de 15m x 15m, os resultados da influência da rugosidade nas velocidades é mostrada na Figura (39), para a estação de monitoramento Maria Ortiz. Nesta simulação obteve-se boa representação numérica, sendo que a velocidade foi realmente afetada pela faixa de rugosidade do mangue testada. Os valores de velocidade numérica conseguiram de certa forma aproximar-se dos valores de velocidades experimentais. Conclui-se, então, que a região de manguezal tem grande importância na hidrodinâmica do Canal da Passagem. Para um melhor gerenciamento da qualidade da água do canal, o conhecimento desta hidrodinâmica do manguezal é de fundamental importância, principalmente no controle de poluentes lançados no Canal da Passagem. 6.3 Recomendações Por meio dos estudos realizados foi possível identificar assuntos que merecem ser mais detalhados, a fim de aumentar os conhecimentos sobre o padrão de _____________________________________________________________________________108 escoamento do Canal da Passagem. Neste estudo foi possível relacionar a zona de convergência, chamada tombo da maré, com a rugosidade do mangue. Do ponto de vista numérico o fenômeno foi investigado e identificado. Do ponto de vista prático, há necessidade de mais investigações na região do manguezal. O uso do modelo para as regiões costeiras mostrou ser uma ferramenta indispensável. Para futuros estudos recomenda-se a inclusão do efeito da densidade da vegetação do mangue no modelo numérico, através de simulações que permitem uma alteração na densidade das arvores e sua relação com a dispersão no Canal da Passagem, para uma melhor compreensão dos efeitos do mangue. Recomenda-se também um estudo através de derivadores, para verificar como se comporta o escoamento no canal. Devem ser usados traçadores para avaliar o tempo de residência em alguns pontos do canal. Uma outra recomendação é com relação a batimetria da região de mangue. Uma medida mais apurada da batimetria da região também é necessária para que o modelo possa ter uma representação mais próxima da real. _____________________________________________________________________________109 Capitulo 7 REFERÊNCIAS _____________________________________________________________________________110 7. Referências ABBOTT, M.B., DAMSGAARD, A. AND RODENHUIS, G.S. 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Ecossistema entre a terra e o mar. Caribbean Ecological Research. São Paulo, 1994. SCHRÖDER, R.C.M. (Editor) 1990. Bestimmung von Rauheiten. At book: Hydraulische Methoden zur Erfassung von Rauheiten. Schriften 92. Deutscher Verband für Wasserwirtschaft und Kulturbau e.V. Verlag Paul Parey, Hamburg und Berlin. pp. 1-190. ISBN 3-490-09297-X, ISSN 0170-8147. S, J, F. R. A., W. Y. Influence of model mangrove trees on the hydrodynamics in a flume 2003. School of Engineering, Cardiff University, P.o. Box 925, Cardiff CF24 0YF, UK received 22 February 2002, accepted 19 february 2003 Estuaryne Coastal and Shelf Science. SMART, G.M. 2001. A New Roughness Estimation Technique for GranularBed Flow Resistance. XXIX IAHR Conference, Beijing, China, 2001. pp 44-48. SMART, G.M. 1999. Turbulent Velocity Profiles and Boundary Shear in Gravel-bed Rivers. Journal of Hydraulic Engineering, 125, 2, pp. 106-116. ISSN 0733-9429. STELLING, G.S. (1983). 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Neste (APÊNDICE A) é considerado a rugosidade no valor de 0,3 para Manning (equivalente ao k s = 10,2 metros) comparado a rugosidade de 0,027 ( equivalente ao k s = 1 metro) nos tempos de simulação para enchente de maré da (Figura 30), em todos os gráficos na barra de linha (149,9 no eixo x) é onde esta localizada a ponte da passagem: ELEVAÇÃO AO LONGO DO CANAL Elevação com Manning de 0,3 no tempo de 31 horas (ENCHENTE) Elevação com Manning de 0,3 no tempo de 32 horas (ENCHENTE) Elevação com Manning de 0,3 no tempo de 33 horas (ENCHENTE) Elevação com Manning de 0,3 no tempo de 34 horas (ENCHENTE) Elevação com Manning de 0,3 no tempo de 35 horas (ENCHENTE) Elevação com Manning de 0,3 no tempo de 36 horas (ENCHENTE) Elevação com Manning de 0,3 no tempo de 37 horas (ENCHENTE) Elevação com Manning de 0,027 no tempo de 31 horas (ENCHE NTE) Elevação com Manning de 0,027 no tempo de 32 horas (ENCHE NTE) Elevação com Manning de 0,027 no tempo de 33 horas (ENCHE NTE) Elevação com Manning de 0,027 no tempo de 34 horas (ENCHE NTE) Elevação com Manning de 0,027 no tempo de 35 horas (ENCHE NTE) Elevação com Manning de 0,027 no tempo de 36 horas (ENCHE NTE) Elevação com Manning de 0,027 no tempo de 37 horas (ENCHE NTE) η 0.9 0.8 0.7 0.6 0.5 0.4 0.3 0.2 0.1 0 -0.1 -0.2 -0.3 -0.4 -0.5 -0.6 -0.7 -0.8 -0.9 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 Pontos de Monitoramento Figura 40.-Elevação da superfície livre ao longo da extensão do canal com rugosidade de Manning igual a 0,3 comparada à rugosidade de 0,027 em uma enchente de maré. _____________________________________________________________________________122 APÊNDICE B – O resultado para o valor de 0,3 para o coeficiente Manning (equivalente ao k S = 10,2 metros) comparado a rugosidade de 0,027 ( equivalente ao k S = 1 metro) nos tempos de simulação para vazante de maré da (Figura 30): ELEVAÇÃO AO LONGO DO CANAL Elevação com Manning de 0,3 no tempo de 24 horas (vazante de maré) Elevação com Manning de 0,3 no tempo de 25 horas (vazante de maré) Elevação com Manning de 0,3 no tempo de 26 horas (vazante de maré) Elevação com Manning de 0,3 no tempo de 27 horas (vazante de maré) Elevação com Manning de 0,3 no tempo de 28 horas (vazante de maré) Elevação com Manning de 0,3 no tempo de 29 horas (vazante de maré) Elevação com Manning de 0,3 no tempo de 30 horas (vazante de maré) Elevação com Manning de 0,027 no tempo de 24 horas (Vazante de maré) Elevação com Manning de 0,027 no tempo de 25 horas (Vazante de maré) Elevação com Manning de 0,027 no tempo de 26 horas (Vazante de maré) Elevação com Manning de 0,027 no tempo de 27 horas (Vazante de maré) Elevação com Manning de 0,027 no tempo de 28 horas (Vazante de maré) Elevação com Manning de 0,027 no tempo de 29 horas (Vazante de maré) Elevação com Manning de 0,027 no tempo de 30 horas (Vazante de maré) η 0.9 0.8 0.7 0.6 0.5 0.4 0.3 0.2 0.1 0 -0.1 -0.2 -0.3 -0.4 -0.5 -0.6 -0.7 -0.8 -0.9 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 Pontos de Monitoramento Figura 41.-Elevação da superfície livre ao longo da extensão do canal com rugosidade de Manning igual a 0,3 comparada à rugosidade de 0,027 em uma vazante de maré. _____________________________________________________________________________123 APÊNDICE C - Resultado para valor de 0,4 para o coeficiente de Manning (equivalente a k S = 10,7 metros) comparado a rugosidade de 0,027 ( equivalente a k S = 1 metro) nos tempos de simulação para enchente de maré da (Figura 30): ELEVAÇÃO AO LONGO DO CANAL Elevação com Manning de 0,4 no tempo de 31 horas (enchente de maré) Elevação com Manning de 0,4 no tempo de 32 horas (enchente de maré) Elevação com Manning de 0,4 no tempo de 33 horas (enchente de maré) Elevação com Manning de 0,4 no tempo de 34 horas (enchente de maré) Elevação com Manning de 0,4 no tempo de 35 horas (enchente de maré) Elevação com Manning de 0,4 no tempo de 36 horas (enchente de maré) Elevação com Manning de 0,4 no tempo de 37 horas (enchente de maré) Elevação com Manning de 0,027 no tempo de 31 horas (enchente de maré) Elevação com Manning de 0,027 no tempo de 32 horas (enchente de maré) Elevação com Manning de 0,027 no tempo de 33 horas (enchente de maré) Elevação com Manning de 0,027 no tempo de 34 horas (enchente de maré) Elevação com Manning de 0,027 no tempo de 35 horas (enchente de maré) Elevação com Manning de 0,027 no tempo de 36 horas (enchente de maré) Elevação com Manning de 0,027 no tempo de 37 horas (enchente de maré) η 0.9 0.8 0.7 0.6 0.5 0.4 0.3 0.2 0.1 0 -0.1 -0.2 -0.3 -0.4 -0.5 -0.6 -0.7 -0.8 -0.9 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 Pontos de Monitoramento Figura 42.-Elevação da superfície livre ao longo da extensão do canal com rugosidade de Manning igual a 0,4 comparada à rugosidade de 0,027 em uma enchente de maré. _____________________________________________________________________________124 APÊNDICE D - Resultado para o valor de 0,4 para o coeficiente de Manning (equivalente a k s = 10,7 metros) comparado a rugosidade de 0,027 (equivalente a k s = 1 metro) nos tempos de simulação para vazante de maré da (Figura 30): ELEVAÇÃO AO LONGO DO CANAL Elevação com Manning de 0,4 no tempo de 24 horas (vazante de maré) Elevação com Manning de 0,4 no tempo de 25 horas (vazante de maré) Elevação com Manning de 0,4 no tempo de 26 horas (vazante de maré) Elevação com Manning de 0,4 no tempo de 27 horas (vazante de maré) Elevação com Manning de 0,4 no tempo de 28 horas (vazante de maré) Elevação com Manning de 0,4 no tempo de 29 horas (vazante de maré) Elevação com Manning de 0,4 no tempo de 30 horas (vazante de maré) Elevação com Manning de 0,027 no tempo de 24 horas (vazante de maré) Elevação com Manning de 0,027 no tempo de 25 horas (vazante de maré) Elevação com Manning de 0,027 no tempo de 26 horas (vazante de maré) Elevação com Manning de 0,027 no tempo de 27 horas (vazante de maré) Elevação com Manning de 0,027 no tempo de 28 horas (vazante de maré) Elevação com Manning de 0,027 no tempo de 29 horas (vazante de maré) Elevação com Manning de 0,027 no tempo de 30 horas (vazante de maré) η 0.9 0.8 0.7 0.6 0.5 0.4 0.3 0.2 0.1 0 -0.1 -0.2 -0.3 -0.4 -0.5 -0.6 -0.7 -0.8 -0.9 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 Pontos de Monitoramento Figura 43.-Elevação da superfície livre ao longo da extensão do canal com rugosidade de Manning igual a 0,4 comparada à rugosidade de 0,027 em uma vazante de maré. _____________________________________________________________________________125 APÊNDICE E - Resultado para o valor de 0,5 para o coeficiente de Manning (equivalente a k s = 11,0 metros) comparado a rugosidade de 0,027 (equivalente a k s = 1 metro) nos tempos de simulação para enchente de maré da (Figura 30): ELEVAÇÃO AO LONGO DO CANAL Elevação com Manning de 0,5 no tempo de 31 horas (enchente de maré) Elevação com Manning de 0,5 no tempo de 32 horas (enchente de maré) Elevação com Manning de 0,5 no tempo de 33 horas (enchente de maré) Elevação com Manning de 0,5 no tempo de 34 horas (enchente de maré) Elevação com Manning de 0,5 no tempo de 35 horas (enchente de maré) Elevação com Manning de 0,5 no tempo de 36 horas (enchente de maré) Elevação com Manning de 0,5 no tempo de 37 horas (enchente de maré) Elevação com Manning de 0,027 no tempo de 31 horas (enchente de maré) Elevação com Manning de 0,027 no tempo de 32 horas (enchente de maré) Elevação com Manning de 0,027 no tempo de 33 horas (enchente de maré) Elevação com Manning de 0,027 no tempo de 34 horas (enchente de maré) Elevação com Manning de 0,027 no tempo de 35 horas (enchente de maré) Elevação com Manning de 0,027 no tempo de 36 horas (enchente de maré) Elevação com Manning de 0,027 no tempo de 37 horas (enchente de maré) η 0.9 0.8 0.7 0.6 0.5 0.4 0.3 0.2 0.1 0 -0.1 -0.2 -0.3 -0.4 -0.5 -0.6 -0.7 -0.8 -0.9 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 Pontos de Monitoramento Figura 44.-Elevação da superfície livre ao longo da extensão do canal com rugosidade de Manning igual a 0,5 comparada à rugosidade de 0,027 em uma enchente de maré. _____________________________________________________________________________126 APÊNDICE F - Resultado para o valor de 0,5 para o coeficiente de Manning (equivalente a k s = 11,0 metros) comparado a rugosidade de 0,027 (equivalente a ks = 1 metro) nos tempos de simulação para vazante de maré da (Figura 30): ELEVAÇÃO AO LONGO DO CANAL Elevação com Manning de 0,5 no tempo de 24 horas (vazante de maré) Elevação com Manning de 0,5 no tempo de 25 horas (vazante de maré) Elevação com Manning de 0,5 no tempo de 26 horas (vazante de maré) Elevação com Manning de 0,5 no tempo de 27 horas (vazante de maré) Elevação com Manning de 0,5 no tempo de 28 horas (vazante de maré) Elevação com Manning de 0,5 no tempo de 29 horas (vazante de maré) Elevação com Manning de 0,5 no tempo de 30 horas (vazante de maré) Elevação com Manning de 0,027 no tempo de 24 horas (vazante de maré) Elevação com Manning de 0,027 no tempo de 25 horas (vazante de maré) Elevação com Manning de 0,027 no tempo de 26 horas (vazante de maré) Elevação com Manning de 0,027 no tempo de 27 horas (vazante de maré) Elevação com Manning de 0,027 no tempo de 28 horas (vazante de maré) Elevação com Manning de 0,027 no tempo de 29 horas (vazante de maré) Elevação com Manning de 0,027 no tempo de 30 horas (vazante de maré) η 0.9 0.8 0.7 0.6 0.5 0.4 0.3 0.2 0.1 0 -0.1 -0.2 -0.3 -0.4 -0.5 -0.6 -0.7 -0.8 -0.9 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 Pontos de Monitoramento Figura 45.-Elevação da superfície livre ao longo da extensão do canal com rugosidade de Manning igual a 0,5 comparada à rugosidade de 0,027 em uma vazante de maré. _____________________________________________________________________________127 APÊNDICE G - Resultado para o valor de 0,6 para o coeficiente de Manning (equivalente a k s = 11,2 metros) comparado a rugosidade de 0,027 (equivalente a ks = 1 metro) nos tempos de simulação para enchente de maré da (Figura 30): ELEVAÇÃO AO LONGO DO CANAL Elevação com Manning de 0,6 no tempo de 31 horas (enchente de maré) Elevação com Manning de 0,6 no tempo de 32 horas (enchente de maré) Elevação com Manning de 0,6 no tempo de 33 horas (enchente de maré) Elevação com Manning de 0,6 no tempo de 34 horas (enchente de maré) Elevação com Manning de 0,6 no tempo de 35 horas (enchente de maré) Elevação com Manning de 0,6 no tempo de 36 horas (enchente de maré) Elevação com Manning de 0,6 no tempo de 37 horas (enchente de maré) Elevação com Manning de 0,027 no tempo de 31 horas (enchente de maré) Elevação com Manning de 0,027 no tempo de 32 horas (enchente de maré) Elevação com Manning de 0,027 no tempo de 33 horas (enchente de maré) Elevação com Manning de 0,027 no tempo de 34 horas (enchente de maré) Elevação com Manning de 0,027 no tempo de 35 horas (enchente de maré) Elevação com Manning de 0,027 no tempo de 36 horas (enchente de maré) Elevação com Manning de 0,027 no tempo de 37 horas (enchente de maré) η 0.9 0.8 0.7 0.6 0.5 0.4 0.3 0.2 0.1 0 -0.1 -0.2 -0.3 -0.4 -0.5 -0.6 -0.7 -0.8 -0.9 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 Pontos de Monitoramento Figura 46.-Elevação da superfície livre ao longo da extensão do canal com rugosidade de Manning no valor de 0,6 comparada à rugosidade de 0,027 em uma enchente de maré. _____________________________________________________________________________128 APÊNDICE H - Resultado para o valor de 0,6 para o coeficiente de Manning (equivalente a k s = 11,2 metros) comparado a rugosidade de 0,027 (equivalente a ks = 1 metro) nos tempos de simulação para vazante de maré da (Figura 30): ELEVAÇÃO AO LONGO DO CANAL Elevação com Manning de 0,6 no tempo de 24 horas (vazante de maré) Elevação com Manning de 0,6 no tempo de 25 horas (vazante de maré) Elevação com Manning de 0,6 no tempo de 26 horas (vazante de maré) Elevação com Manning de 0,6 no tempo de 27 horas (vazante de maré) Elevação com Manning de 0,6 no tempo de 28 horas (vazante de maré) Elevação com Manning de 0,6 no tempo de 29 horas (vazante de maré) Elevação com Manning de 0,6 no tempo de 30 horas (vazante de maré) Elevação com Manning de 0,027 no tempo de 24 horas (vazante de maré) Elevação com Manning de 0,027 no tempo de 25 horas (vazante de maré) Elevação com Manning de 0,027 no tempo de 26 horas (vazante de maré) Elevação com Manning de 0,027 no tempo de 27 horas (vazante de maré) Elevação com Manning de 0,027 no tempo de 28 horas (vazante de maré) Elevação com Manning de 0,027 no tempo de 29 horas (vazante de maré) Elevação com Manning de 0,027 no tempo de 30 horas (vazante de maré) η 0.9 0.8 0.7 0.6 0.5 0.4 0.3 0.2 0.1 0 -0.1 -0.2 -0.3 -0.4 -0.5 -0.6 -0.7 -0.8 -0.9 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 110 120 130 140 150 160 170 180 Pontos de Monitoramento Figura 47.-Elevação da superfície livre ao longo da extensão do canal com rugosidade de Manning no valor de 0,6 comparada à rugosidade de 0,027 em uma vazante de maré. _____________________________________________________________________________129 APÊNDICE I - Resultado de simulação com valor de rugosidade de Manning de 0,3 para o mangue, o parâmetro de velocidade plotados em seguida nos mapas, estão no tempo de 36 horas conforme ilustrado na (Figura 30). Abaixo na Figura (48) em uma enchente de maré em sizígia, observa-se o padrão de escoamento na parte norte do Canal da Passagem: Figura 48.-rugosidade com valor de Manning de 0,3 correspondendo a um k s de 10,2 metros. _____________________________________________________________________________130 APÊNDICE J - Resultado de simulação com o valor de rugosidade de Manning de 0,3 para o mangue. Abaixo na Figura (49), observa-se o padrão de escoamento na parte sul do Canal da Passagem: Figura 49.-Rugosidade com valor de Manning de 0,3 correspondendo a um k s de 10,2 metros. _____________________________________________________________________________131 APÊNDICE K - Resultado de simulação com o valor de rugosidade de Manning de 0,4 para o mangue. Abaixo na Figura (50), observa-se o padrão de escoamento para na parte norte do Canal da Passagem: Figura 50.- Rugosidade com valor de Manning de 0,4 correspondendo a um k s de 10,7 metros. _____________________________________________________________________________132 APÊNDICE L - Resultado de simulação com o valor de rugosidade de Manning de 0,4 para o mangue. Abaixo na Figura (51), observa-se o padrão de escoamento na parte sul do Canal da Passagem: Figura 51.-Rrugosidade com valor de Manning de 0,4 correspondendo a um k s de 10,7 metros. _____________________________________________________________________________133 APÊNDICE M - Resultado de simulação com o valor de rugosidade de Manning de 0,5 para o mangue. Abaixo na Figura (52), observa-se o padrão de escoamento na parte norte do Canal da Passagem: Figura 52.-Rugosidade com valor de Manning de 0,5 correspondendo a um k s de 11 metros. _____________________________________________________________________________134 APÊNDICE N - Resultado de simulação com o valor de rugosidade de Manning de 0,5 para o mangue. Abaixo na Figura 53, observa-se o padrão de escoamento na parte sul do Canal da Passagem: Figura 53.- Rugosidade com valores de Manning de 0,5 correspondendo a um k s de 11 metros. _____________________________________________________________________________135 APÊNDICE O - Resultado de simulação com o valor de rugosidade de Manning de 0,6 para o mangue. Abaixo na Figura (54), observa-se o padrão de escoamento na parte norte do Canal da Passagem: Figura 54.-Rugosidade com valores de Manning de 0,6 correspondendo a um k s de 11,2 metros. _____________________________________________________________________________136 APÊNDICE P - Resultado de simulação com o valor de rugosidade de Manning de 0,6 para o mangue. Abaixo na observa-se o padrão de escoamento na parte sul do Canal da Passagem:: Rugosidade com valores de Manning de 0,6 correspondendo a um k s de 11,2 metros. Figura 55.-Rugosidade com valores de Manning de 0,6 correspondendo a um k s de 11,2 metros. _____________________________________________________________________________137 APÊNDICE Q - Resultado de simulação com o valor de rugosidade de Manning de 0,7 para o mangue. Abaixo na Figura (56), observa-se o padrão de escoamento na parte norte do Canal da Passagem: Figura 56.-Rugosidade com valores de Manning de 0,7 correspondendo a um k s de 11,3 metros. _____________________________________________________________________________138 APÊNDICE R - Resultado de simulação com o valor de rugosidade de Manning de 0,7 para o mangue. Abaixo na Figura (57), observa-se o padrão de escoamento na parte sul do Canal da Passagem: Figura 57.- Rugosidade metros. com valores de Manning de 0,7correspondendo a um k s de 11,2 _____________________________________________________________________________139 APÊNDICE S - Resultado de simulação com o valor de rugosidade de Manning de 0,8 para o mangue. Abaixo na Figura (58), observa-se o padrão de escoamento na parte norte do Canal da Passagem: Figura 58.-Rugosidade com valores de Manning de 0,8 correspondendo a um k s de 11,3 metros. _____________________________________________________________________________140 APÊNDICE T - Resultado de simulação com o valor de rugosidade de Manning de 0,8 para o mangue, no tempo de 36 horas (Figura 30) em uma enchente de maré em sizígia. Abaixo na Figura (59), observa-se o padrão de escoamento na parte sul do Canal da Passagem: Figura 59.-Rugosidade com valores de Manning de 0,8 correspondendo a um k s de 11,3 metros. _____________________________________________________________________________141 APÊNDICE U - Resultado de simulação com o valor de rugosidade de Manning de 0,9 para o mangue, no tempo de 36 horas (Figura 30) em uma enchente de maré em sizígia. Abaixo na Figura (60), observa-se o padrão de escoamento para na parte norte do Canal da Passagem: Figura 60.-Rugosidade com valores de Manning de 0,9 correspondendo a um k s de 11,5 metros. _____________________________________________________________________________142 APÊNDICE V - Resultado de simulação com o valor de rugosidade de Manning de 0,9 para o mangue, no tempo de 36 horas (Figura 30) em uma enchente de maré de sizígia. Abaixo na Figura (61), observa-se o padrão de escoamento na parte norte do Canal da Passagem: Figura 61.-Rugosidade com valores de Manning de 0,9 correspondendo a um k s de 11,5 metros. _____________________________________________________________________________143 APÊNDICE W – Foto extremidade sul do canal próximo à ponte da Passagem em situações de vazante e enchente de maré no mesmo local. Figura 62.- Foto extremidade sul do canal, enchente de maré em C e vazante de maré em D. _____________________________________________________________________________144 APÊNDICE X – Foto extremidade norte próximo à ponte da passagem do canal em situações de vazante e enchente de maré no mesmo local. Planície de Manguezal Figura 63.- Foto extremidade sul do Canal da Passagem próximo à área de planície de manguezal (G), representando uma situação de enchente (F) e vazante de maré (E). _____________________________________________________________________________145 APÊNDICE Y – Foto do estreitamento da Ponte da Passagem Figura 64.-Estreitamento da Ponte da passagem do lado da extremidade sul e norte do canal respectivamente em (H) e (I). _____________________________________________________________________________146 APÊNDICE Z – Lançamento de esgoto in natura direto no Canal da Passagem próximo à ponte da passagem. Figura 65.-Alguns pontos de lançamentos de esgoto in natura entre os vários encontrados ao longo do canal da Passagem. Nos círculos vermelhos encontra-se respectivamente lançamento de esgoto doméstico em (J) e (L). _____________________________________________________________________________147 ANEXOS _____________________________________________________________________________148 ANEXO A – Tipos de raízes de árvores de mangue Figura 66.- Forma física das raízes de árvores de mangue em (M e O) e espécies nativa da Mata atlântica em (N). Em (M) raízes fulcreas de fixação ao solo e em (O) pneumatóforos que emergem até a superfície da água para a troca de gases com a atmosfera, (N) raízes do tipo sapopema e tabulares. Fonte: Vareschi 1980 (apud LUTTGE 1997, p 35). _____________________________________________________________________________149 ANEXO B - Nível de elevação de maré no mundo, a seta vermelha indica que a altura de maré incidente na região Canal da Passagem é menor que 2 metros. Figura 67.-Altura de maré no globo terrestre. Fonte: www.epa.gov _____________________________________________________________________________150 ANEXO C - Figura onde mostra o regime de maré que predomina na região de estudo, a seta vermelha indica aproximadamente a localização do Canal da Passagem. O regime de marés é semidiurno: Figura 68.-Uma visão geral sobre regime de marés no globo terrestre. Fonte www.epa.gov _____________________________________________________________________________151 ANEXO D – Granulometria das areias de fundo do Canal da Passagem: Grânulos mais grossos Areia Média Areia muito fina Areia Média Grânulos mais grossos Estreitamento da Ponte da Passagem Figura 69.- Granulometria das areias do fundo do Canal da Passagem modificado (Fonte: Paiva & Albino 2000) . _____________________________________________________________________________152 ANEXO E - Lançamento de efluentes da estação Municipal de Vitória na Parte norte do Canal da Passagem. Foto do local de saída do efluente da estação de tratamento da Cesan para o Canal da Passagem (Companhia Espírito Santense de Saneamento): SERRA 7762000 Rio Snta Maria da Vitória 7761000 Estação Ecológica Municipal Ilha do Lameirão Maria Ortiz Baía de 7759000 Vitóri a Caeiras 7760000 Estação maregráfica no inicio do Canal da Passagem e Maria Ortiz Correntografo na Ilha das Caeiras e Maria Ortiz 7758000 MANGUE 7756000 0 362000 1000 363000 2000 3000 364000 do E Pa ss ag em sp irit o Àgua Ilha de Vitória 361000 Sa nto TERRA da Ba ía Ca na l 7757000 4000 365000 366000 Figura 70.-Local onde é lançado o efluente no Canal da Passagem da estação Municipal de tratamento de Vitória, marcado em (P). Fonte: Laboratório de Zooplacton Ufes (Professor Luis Fernando Loureiro Fernandes) _____________________________________________________________________________153 ANEXO F: Metodologia de estudo sedimentológico do material de fundo do sistema estuarino da região Metropolitana de Vitória, ES (PAIVA et al 2000). No estudo foram determinadas seções ao longo do Canal da Passagem e na Baía de Vitória (ANEXO D), até a sua porção noroeste, para o posicionamento de 56 estações de coleta, que foram realizadas com o auxílio de uma draga do tipo Pettersen. O material coletado passou por uma prévia preparação, que constituiu na eliminação dos sais através de lavagem em água corrente, secagem em estufa para obtenção do peso seco e quarteamento, a fim de se obter a quantidade de 50g da amostra para a determinação dos teores de matéria orgânica e da granulometria. A eliminação da matéria orgânica existente no sedimento foi realizada por dissolução. A análise granulométrica foi iniciada pela separação via úmida da fração fina (lama), utilizando-se peneira de malha 0,062 mm. Nos resultados apresentados neste estudo no canal da Passagem observam-se areias médias na porção central onde há alteração na sua geometria, sugerindo a existência de um escoamento com capacidade de transportar diâmetros maiores de partículas. Os grânulos mais grossos são também observados na extremidade sul do canal e extremidade norte próximo à boca do estuário (ANEXO D); os grânulos podem ser devidos ao aporte marinho trazido para o interior do canal pelas correntes litorâneas e de maré.